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ESTIMATIVA DA PRODUÇÃO DE ENERGIA E DEFINIÇÃO DO LAYOUT DE UM PARQUE EÓLICO NA REGIÃO SUDESTE DO BRASIL Ana Carolina Jardim Salgado Martins Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica, da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção de título de Engenheira. Orientador: Profº. Ph.D. Gustavo César Rachid Bodstein Rio de Janeiro Março de 2015

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ESTIMATIVA DA PRODUÇÃO DE ENERGIA E DEFINIÇÃO DO

LAYOUT DE UM PARQUE EÓLICO NA REGIÃO SUDESTE DO

BRASIL

Ana Carolina Jardim Salgado Martins

Projeto de Graduação apresentado ao

Curso de Engenharia Mecânica, da Escola

Politécnica, Universidade Federal do Rio

de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção de título de

Engenheira.

Orientador: Profº. Ph.D. Gustavo César

Rachid Bodstein

Rio de Janeiro

Março de 2015

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ESTIMATIVA DA PRODUÇÃO DE ENERGIA E DEFINIÇÃO DO LAYOUT DE UM

PARQUE EÓLICO NA REGIÃO SUDESTE DO BRASIL

Ana Carolina Jardim Salgado Martins

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA MECÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS

PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRA MECÂNICA

Examinado por:

Prof. Gustavo César Rachid Bodstein, Ph.D.

(Orientador)

Prof. Flávio de Marco Filho, D.Sc.

Prof. Manuel Ernani de Carvalho Cruz, Ph.D.

RIO DE JANEIRO

MARÇO DE 2015

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iii

Martins, Ana Carolina Jardim Salgado

Estimativa de Produção de Energia e Definição de Layout

de um Parque Eólico na Região Sudeste do Brasil/ Ana

Carolina Jardim Salgado Martins - Rio de Janeiro: UFRJ/

Escola Politécnica, 2015.

VII 89 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Gustavo César Rachid Bodstein

Projeto de Graduação - UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de

Engenharia Mecânica, 2015

Referências Bibliográficas: p. 77

1. Energia Eólica 2. Parque Eólico 3. Metodologia 4.

Otimização I. Bodstein, Gustavo César Rachid II.

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica,

Curso de Engenharia Mecânica III. Título

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iv

AGRADECIMENTOS

A conclusão desta etapa e a elaboração deste trabalho não seria possível sem a ajuda de

algumas pessoas que foram fundamentais, não só nessa reta final, mas ao longo de todo o curso

de Engenharia Mecânica.

Primeiramente quero agradecer aos meus pais, Ricardo Salgado Martins e Alexandra

Ferreira Jardim Salgado Martins, por terem me educado com amor e carinho e terem me dado

todas as ferramentas para que eu pudesse me tornar uma pessoa integra, honesta e dedicada.

Essa conquista seria impossível sem todo o sacrifício e o suporte que tive de vocês;

Às minhas irmãs, Ana Júlia Jardim Salgado Martins, Ana Luíza Jardim Salgado Martins

e Ana Clara Jardim Salgado Martins pelo carinho e amor que sempre foram fundamentais em

todos os momentos de minha vida;

Ao meu noivo e companheiro Lucas Zurli Monteiro pela paciência, pelo

companheirismo e por me apoiar e me incentivar sempre;

Ao meu orientador Gustavo César Rachid Bodstein pela disponibilidade e orientação

não só neste trabalho, mas ao longo de todo o curso;

À Natural Energia pela excelente formação profissional que proporciona aos seus

funcionários e por ceder o espaço e as ferramentas fundamentais para a conclusão desse

trabalho;

Aos meus amigos de trabalho Leandro Nunes Mota e Daniel Agnese Ramos, pela

paciência, pelo apoio e por todo o conhecimento que partilharam comigo em cada etapa deste

projeto;

Ao Sérgio Melo e a Vanessa Gonçalves Guedes do Cepel pela preciosa ajuda neste

trabalho, estando sempre presentes ao longo de toda a sua elaboração;

Aos meus amigos do básico e da mecânica que fizeram desses cinco anos os melhores,

em especial a Fábio Antunes, Thiago Veloso, Rafael D’ Angelo, Eduardo Zech, Flávio Andre,

Hayla Miceli, Isabela de Almeida, Jorge Ricardo, Pedro Henrique Queiroz, Fernanda Schröder

e Thiago Gomes dos Santos;

A Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro e todos os seus

professores, pela excelente formação e por todos os ensinamentos ao longo desses cinco anos

de graduação, em especial aos professores Flávio de Marco e Manuel Ernani membros da banca

de avaliação deste trabalho.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos

requisitos necessários para obtenção do grau de Engenheira Mecânica.

Estimativa de Produção de Energia e Definição de Layout de um Parque Eólico na Região

Sudeste do Brasil

Ana Carolina Jardim Salgado Martins

Março de 2015

Orientador: Gustavo César Rachid Bodstein

Curso: Engenharia Mecânica

A necessidade de diversificação da matriz energética é uma realidade em todos os países do

mundo a fim de mitigar o risco de falta de energia. Neste cenário, a energia eólica é uma solução

sustentável e cada vez mais economicamente competitiva. O presente trabalho tem como

objetivo mostrar as principais etapas da elaboração de um projeto eólico, detalhando desde a

prospecção de novas áreas até a otimização através de software de simulação com base num

caso real situado na região sudeste do Brasil.

Palavras-chave: Energia Eólica, Parque Eólico, Metodologia, Otimização

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Abstract of Undergraduate Project presented to Poli/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Mechanical Engineering.

Energy Yield Assessment and Layout Definition of a Wind Power Project in the Brazilian

Southeastern Region

Ana Carolina Jardim Salgado Martins

March of 2015

Advisor: Gustavo César Rachid Bodstein

Course: Mechanical Engineer

The need to diversify sources of energy is a reality in all countries in the world in order to

mitigate the risk of power shortage. In this scenario, wind energy is a sustainable and

increasingly economically competitive solution. This project aims at showing the main stages

in the development of a wind project, detailing from prospecting of new areas to the

optimization through simulation software based on a real case located in southeastern region of

Brazil.

Keywords: Wind Power, Wind Farm, Methodology, Optimization

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ÍNDICE ANALÍTICO

ÍNDICE ANALÍTICO ......................................................................................................... VII

ÌNDICE DE FIGURAS .......................................................................................................... IX

ÍNDICE DE TABELAS ......................................................................................................... XI

CAPÍTULO I. INTRODUÇÃO ........................................................................................... 1

I.1. FATOS HISTÓRICOS RELEVANTES [3] ............................................................................. 3

I.2. OBJETIVOS ..................................................................................................................... 7 I.3. REGIÃO DE ESTUDO ....................................................................................................... 8 I.4. ESTRUTURA DESTE TRABALHO ...................................................................................... 9

CAPÍTULO II. PRINCIPAIS TIPOS DE TURBINAS EÓLICAS ............................... 10

II.1. TURBINAS DE ARRASTO ............................................................................................ 10 II.2. TURBINAS DE SUSTENTAÇÃO .................................................................................... 11 II.3. ORIENTAÇÃO DO EIXO DE TURBINAS EÓLICAS ......................................................... 12

II.4. DESEMPENHO DE UM AEROGERADOR ....................................................................... 13

II.4.1. Rendimento do Aerogerador ............................................................................. 14 II.4.2. Disponibilidade de um Aerogerador ................................................................. 14 II.4.3. Fator de Capacidade de um Aerogerador .......................................................... 15

II.5. AEROGERADORES COMERCIAIS ................................................................................ 15 II.5.1. Classe de um Aerogerador ................................................................................ 15

II.5.2. Tamanho dos Aerogeradores ............................................................................ 17

CAPÍTULO III. PARÂMETROS DE PROJETO DE UM PARQUE EÓLICO ......... 18

III.1. ESTUDO DO TERRENO E SUA INFLUÊNCIA NO COMPORTAMENTO DO VENTO ............ 18 III.1.1. Camada Limite Atmosférica ............................................................................. 19 III.1.2. Velocidade do Vento com a Altura ................................................................... 20

III.1.2.1. Perfil Logarítmico [7] .................................................................................... 20 III.1.2.2. Perfil Exponencial [7] .................................................................................... 22

III.2. ESTUDO DO VENTO ................................................................................................... 23 III.2.1. Dados de Vento ................................................................................................. 23

III.2.1.1. Séries de Reanálise ........................................................................................ 23 III.2.1.2. Séries Sintéticas ............................................................................................. 24

III.2.1.3. Medidores de Vento....................................................................................... 24 III.2.2. Potência Eólica .................................................................................................. 26

III.2.2.1. Potência Eólica em Função da Altitude e da Temperatura Ambiente ........... 27

III.2.2.2. Potência do Vento em Função da sua Velocidade ......................................... 28 III.2.3. A Velocidade do Vento ..................................................................................... 28 III.2.4. O Comportamento Probabilístico do Vento ...................................................... 29

III.2.4.1. Distribuição de Frequência da Velocidade do Vento .................................... 29

III.2.4.1.1. Função Massa específica de Probabilidade da Velocidade do Vento ....... 31 III.2.5. A Direção do Vento .......................................................................................... 32

III.3. ESTUDO DA DISPOSIÇÃO DOS AEROGERADORES ....................................................... 33 III.4. ESTUDOS DA CONEXÃO À REDE ELÉTRICA ............................................................... 34

CAPÍTULO IV. METODOLOGIA PARA ESTIMATIVA DE PRODUÇÃO EM

USINAS EÓLICAS ................................................................................................................ 35

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IV.1. ESCOLHA DO LOCAL A SER ESTUDADO ..................................................................... 35 IV.1.1. Busca de Regiões Promissoras .......................................................................... 35

IV.1.2. Topografia da Região ........................................................................................ 36 IV.1.3. Rugosidade do Terreno e do Entorno ............................................................... 36

IV.1.3.1. Método I ........................................................................................................ 37 IV.1.3.2. Método II ....................................................................................................... 39 IV.1.3.3. Método III ...................................................................................................... 39

IV.1.4. Obstáculos no Terreno e/ou ao seu Redor ........................................................ 41 IV.1.5. Acessos ao Local ............................................................................................... 41 IV.1.6. Distância da Rede Elétrica ................................................................................ 42 IV.1.7. Autorização do Proprietário .............................................................................. 42 IV.1.8. Restrições Ambientais ou Legais ...................................................................... 42

IV.2. CAMPANHA DE MEDIÇÃO ......................................................................................... 43

IV.3. DEFINIÇÃO DO COMPORTAMENTO E CARACTERÍSTICAS DO VENTO LOCAL .............. 43

IV.4. ESCOLHA DOS AEROGERADORES A USAR ................................................................. 44 IV.5. DEFINIÇÃO DO LAYOUT ............................................................................................ 44 IV.6. ESTIMATIVA DA PRODUÇÃO ..................................................................................... 45

CAPÍTULO V. SOFTWARES PARA A ESTIMATIVA DE PRODUÇÃO DE

ENERGIA EM USINAS EÓLICAS ..................................................................................... 46

V.1. WASP ....................................................................................................................... 47

V.2. WINDSIM .................................................................................................................. 48 V.3. OPENWIND ............................................................................................................... 50

CAPÍTULO VI. OTIMIZAÇÃO DA PRODUÇÃO DE ENERGIA UTILIZANDO

TRÊS TURBINAS EÓLICAS ATUALMENTE DISPONÍVEIS NO BRASIL ............... 56

VI.1. ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS DE VENTO ......................................................... 56

VI.2. AQUISIÇÃO DE CONDIÇÕES DE CONTORNO PARA SIMULAÇÃO ................................. 60 VI.2.1. Topografia ......................................................................................................... 60

VI.2.2. Rugosidade ........................................................................................................ 61 VI.2.3. Dados de Vento ................................................................................................. 62

VI.3. CÁLCULO DO POTENCIAL EÓLICO ............................................................................. 63 VI.3.1. Windmap 90m ................................................................................................... 65

VI.3.2. Windmap 116m ................................................................................................. 65 VI.3.3. Windmap 120m ................................................................................................. 66

VI.4. OTIMIZAÇÃO ............................................................................................................. 66 VI.4.1. Layer de Turbinas ............................................................................................. 67 VI.4.2. Restrições .......................................................................................................... 69

VI.4.3. Parâmetros de Otimização ................................................................................ 70

VI.5. RESULTADOS ............................................................................................................ 71

VI.5.1. Layouts .............................................................................................................. 72 VI.5.1.1. Turbina A ....................................................................................................... 72 VI.5.1.2. Turbina B ....................................................................................................... 73 VI.5.1.3. Turbina C ....................................................................................................... 74

VII.5.2. Relatório de Geração Energética ...................................................................... 75

CAPÍTULO VII. CONCLUSÕES..................................................................................... 76

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 79

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ÌNDICE DE FIGURAS

Figura I.1 - Complementariedade hidro-eólica no Brasil. Fonte: [2] ...................................... 3

Figura I.2: Desenho esquemático de uma bomba de vento. Fonte: [4] ...................................... 5

Figura I.3: Exemplo de turbinas com eixo vertical. Fonte: [5] .................................................. 6

Figura I.4 - Desenho esquemático de uma turbina eólica moderna. Fonte: [6] ......................... 7

Figura I.5 - Foto tirada com o auxílio de um DRONE da região estudada ................................ 8

Figura II.1 – Tipos de turbinas de arrasto. Fonte: [7] .............................................................. 11

Figura II.2 – Turbina de sustentação. Fonte: [8] ...................................................................... 11

Figura II.3 – Forças atuantes sobre as pás da turbina. Fonte: [8] ............................................. 12

Figura II.4 - Curva de potência de uma turbina eólica de uso comercial. Fonte: [10] ............. 14

Figura II.5 - Evolução do tamanho e da capacidade nominal dos aerogeradores comerciais.

Fonte: [11] ................................................................................................................................ 17

Figura III.1 - Parâmetros de projeto eólico .............................................................................. 18

Figura III.2 - Camada Limite Atmosférica. .............................................................................. 19

Figura III.3 - Relação entre a velocidade do vento e o expoente de potência do local. ........... 23

Figura III.4 – Biruta e Anemômetro. Fonte: [14] ..................................................................... 25

Figura III.5 - Fluxo de ar através de um cilindro imaginário de seção transversal A. ............. 26

Figura III.6 – Gráfico da variação da massa específica de potência com a velocidade do vento

.................................................................................................................................................. 28

Tabela III.7 - Frequência de distribuição da velocidade do vento dos dados reais. ................. 31

Figura III.8 – Distribuição do vento e curva de Weibull dos dados reais ................................ 32

Figura III.9 – Rosa dos ventos de frequência dos dados reais ................................................. 32

Figura III.10 - Esteira de uma turbina eólica. .......................................................................... 33

Figura III.11 - Sombra de uma turbina eólica. Fonte: [7] ........................................................ 34

Figura III.12 - Sombra dos aerogeradores numa fazenda eólica para vento frontal e diagonal à

orientação das turbinas. Fonte: [7] ........................................................................................... 34

Figura IV.1 - Mapa Eólico do Brasil. Fonte: [17] .................................................................... 35

Figura IV.2 - Topografia real da região. .................................................................................. 36

Figura IV.3 - Comportamento da Camada limite em áreas com diferentes rugosidades.

Fonte: [18] ................................................................................................................................ 37

Figura IV.4 - Rugosidade real. ................................................................................................. 38

Figura IV.5 – Influência de um obstáculo no vento. Fonte: [34] ............................................. 41

Figura IV.6 - Transporte da pá de um aerogerador. Fonte: [19] .............................................. 42

Figura IV.7 - Análise de ruídos ................................................................................................ 43

Figura V.1 – Metodologia de análise do WAsP. Fonte: [21] ................................................... 48

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x

Figura V.2 - Relação entre a velocidade e o ângulo de inclinação no WAsP e no WindSim.

Fonte: [22] ................................................................................................................................ 49

Figura V.3 - Módulos do WindSim. Fonte: [23] ...................................................................... 50

Figura V.4 - Disposição dos aerogeradores. Fonte: [26] .......................................................... 52

Figura V.5 - Resultados dos Testes. Fonte: [26] ..................................................................... 53

Figura V.5 - Resultados dos Testes (Continuação). Fonte: [26] .............................................. 54

Figura V.5 - Resultados dos Testes (Continuação). Fonte: [26] .............................................. 55

Tabela V.6 - Resultado dos testes onshore. Fonte: [26] ........................................................... 55

Figura VI.1 – Windographer Shear ......................................................................................... 57

Figura VI.2 - Windographer rosa dos ventos ........................................................................... 57

Figura VI.3 - Windographer comportamento mensal da média da velocidade dos ventos ...... 58

Figura VI.4 - Windographer comportamento diário da média da velocidade dos ventos ........ 58

Figura VI.5-Relatórios do Windographer ................................................................................ 59

Figura VI.6 - Raster de topografia ........................................................................................... 60

Figura VI.7 - Tela de interpretação da topografia .................................................................... 61

Figura VI.8 - Rater de rugosidade ............................................................................................ 61

Figura VI.9 - Tela de interpretação da topografia .................................................................... 62

Figura VI.10 - Layer de propriedades dos dados de vento....................................................... 63

Figura VI.11 - Layer para cálculo do windmap. ...................................................................... 64

Figura VI.12 - Workspace após o cálculo de um atlas eólico para uma determinada altura. .. 64

Figura VI.13 - Windmap para 90m .......................................................................................... 65

Figura VI.14 - Windmap para 116m ........................................................................................ 65

Figura VI.15- Windmap para 120m ......................................................................................... 66

Figura VI.16 - Workspace organizado para a otimização do site ............................................ 67

Figura VI.17 - Layer Properties da Turbina A ......................................................................... 68

Figura VI.18 - Layer de Turbinas ............................................................................................. 69

Figura VI.19 - Progresso da Otimização .................................................................................. 70

Figura VI.20 - Opções de otimização ....................................................................................... 71

Figura VI.21 - Layout Turbina A ............................................................................................. 72

Figura VI.22 - Layout Turbina B ............................................................................................. 73

Figura VI.23 - Layout Turbina C ............................................................................................. 74

Figura VII.1 - Fator de capacidade médio dos projetos brasileiros. Fonte: [27] ................. Erro!

Indicador não definido.

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xi

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela I.1 - Matriz energética brasileira. Fonte: [1] .................................................................. 1

Tabela II.1 - Vantagens e desvantagens dos eixos verticais e horizontais ............................... 13

Tabela II.2 - Classe dos aerogeradores. Fonte: Adaptado de [9] ............................................. 16

Tabela II.3 - Classificação dos aerogeradores pelo tamanho. Fonte: [7] ................................. 17

Tabela III.1 - Possibilidades de uso para a energia eólica de acordo com a velocidade do

vento. Fonte: [24] ..................................................................................................................... 29

Tabela III.2 - Discretização dos dados de vento em forma de frequência de distribuição dos

dados reais. ............................................................................................................................... 30

Tabela IV.1 -Classificação da superfície quanto à rugosidade. Fonte: [33] ............................ 38

Tabela IV.2 – Classificação dos comprimentos de rugosidade. Fonte: [2] .............................. 40

Tabela IV.3 - Características de três modelos de aerogeradores comerciais ........................... 44

Tabela VI.3- Relatório comparativo de produção de energia .................................................. 75

Tabela VI.4 - Capital necessário para implantação de cada parque eólico .............................. 76

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1

CAPÍTULO I. INTRODUÇÃO

Devido a abundância de recursos hídricos, a matriz energética brasileira foi montada

privilegiando usinas hidrelétricas, que atualmente correspondem a mais de 60% da capacidade

instalada do país, conforme mostra a tabela I.1

Tabela I.1 - Matriz energética brasileira. Fonte: [1]

Essa modalidade utiliza a energia potencial contida principalmente na água dos rios de

planaltos e montanhas, que ao passar pelas turbinas hidráulicas gera energia. Esta é então

transportada e distribuída para ser utilizada, de forma quase instantânea, pelos consumidores

do sistema elétrico brasileiro. Qualquer volume de água que passe pela usina sem ser

aproveitado pela unidade de geração é energia perdida através do vertimento. Como ainda não

Origem Fonte nível 1 Fonte nível 2 Nº de Usinas ( KW ) % N° de Usinas ( KW ) %

Bagaço de Cana

de Açúcar387 9.880.703 6,934

Biogás-AGR 2 1.722 0,0012

Capim Elefante 2 31.700 0,0222

Casca de Arroz 10 37.533 0,0263

Biocombustíveis líquidos Óleos vegetais 3 19.110 0,0134 3 19.110 0,0134

Carvão Vegetal 7 51.400 0,036

Gás de Alto

Forno -

Biomassa

7 107.865 0,0756

Licor Negro 17 1.785.102 1,2527

Resíduos de

Madeira46 357.725 0,251

Resíduos animais Biogás - RA 12 1.361 0,0009 12 1.361 0,0009

Resíduos sólidos urbanos Biogás - RU 11 66.595 0,0467 11 66.595 0,0467

EólicaCinética do vento Cinética do

vento238 5.139.489 3,6067 238 5.139.489 3,6067

Calor de

Processo - CM1 24.400 0,0171

Carvão Mineral 13 3.389.465 2,3786

Gás de Alto

Forno - CM8 179.290 0,1258

Calor de

Processo - GN1 40.000 0,028

Gás Natural 123 12.743.170 8,9428

Outros Fósseis Calor de

Processo - OF2 149.300 0,1047 2 149.300 0,1047

Gás de Refinaria 7 339.960 0,2385

Óleo

Combustível34 4.083.973 2,866

Óleo Diesel 1184 3.587.647 2,5177

Outros

Energéticos de

Petróleo

15 925.208 0,6492

HídricaPotencial hidráulico Potencial

hidráulico1160 89.377.775 62,723 1160 89.377.775 62,723

Nuclear Urânio Urânio 2 1.990.000 1,3965 2 1.990.000 1,3965

Solar Radiação solar Radiação solar 317 15.179 0,0106 317 15.179 0,0106

Paraguai     5.650.000 3,965        8.170.000

Argentina     2.250.000 1,5789                        5,7335

Venezuela     200.000 0,1403                        

Uruguai     70.000 0,0491                               

     Total   3609 142.495.672 100 3609 142.495.672 100

Importação

Fonte

Empreendimentos em Operação

Fóssil

TotalCapacidade Instalada

Gás natural

124 12.783.170 8,9709

Petróleo

1240 8.936.788 6,2716

Floresta

77 2.302.092 1,6155

Carvão mineral

22 3.593.155 2,5215

Agroindustriais

401 9.951.658 6,9838

Biomassa

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2

é possível armazenar a energia elétrica em grande escala, é preciso armazenar a fonte primária.

No caso da hidrelétrica, significa armazenar água nos reservatórios a montante das turbinas

hidráulicas.

Há muita controvérsia a respeito da construção de novos reservatórios, o que somado a

questões legais e ambientais, tem feito com que o número de novas hidrelétricas desta

modalidade não cresça de forma expressiva. Consequentemente a quantidade de energia

hidrelétrica armazenada vem, ao longo dos anos, se tornando insuficiente para atender à

demanda crescente. Tal efeito, faz com que o sistema seja mais dependente das chuvas.

Neste cenário, a energia eólica entra como uma fonte primária complementar ao Sistema

Interligado Nacional. A energia adicional gerada por um parque eólico permite uma maior

disponibilidade de água para ser acumulada e uma otimização do uso dos reservatórios, com o

aproveitamento desses recursos em períodos secos e em horários de ponta1 do sistema.

Na figura I.1 é possível perceber como esses recursos se comportam de forma

complementar tanto sazonalmente quanto regionalmente. De dezembro a maio, meses

tipicamente mais chuvosos, a disponibilidade de recursos eólicos é menor, enquanto nos demais

meses do ano há menor precipitação e maior abundância de vento. Quanto ao aspecto regional,

é possível observar que os maiores volumes de chuvas se concentram no interior do país e as

maiores velocidades de vento nas regiões próximas ao litoral, principalmente no Nordeste e nas

costas dos Estados do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

1 Horários com maior demanda de energia.

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3

Figura I.1 - Complementariedade hidro eólica no Brasil. Fonte: [2]

I.1. Fatos Históricos Relevantes [3]

As primeiras aplicações do vento como fonte de energia datam de 2.800 A.C., quando os

egípcios começaram desenvolveram as velas para ajudar a força dos remos dos escravos.

Eventualmente, as velas também eram utilizadas para ajudar o trabalho dos animais em tarefas

como moagem de grãos e bombeamento de água.

A primeira documentação de um moinho de vento é de 947 DC na Pérsia, próximo à

fronteira com o Afeganistão. Esse moinho contava com um eixo vertical e era usado na moagem

de grãos.

Somente no século XII foram construídos os primeiros moinhos de vento na Europa, na

costa do Mediterrâneo e no norte da França. Estes apresentavam uma mudança radical na

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4

tecnologia: ao contrário do moinho persa que tinha o eixo vertical, o europeu tinha o eixo

horizontal. Mesmo com essa modificação e um rotor vertical, havia um problema tecnológico

que precisava de solução – como direcionar o rotor para o vento.

A partir do século XIII os moinhos foram ganhando o interior da Europa e logo se tornaram

a mais importante fonte de energia, posição que foi mantida até o fim do século XIX, quando o

motor a vapor foi desenvolvido e o industrialismo moderno decolou. Até então eram as fontes

hídrica e eólica que produziam separadamente metade da energia usada, excluindo-se a energia

de animais como cavalos e bois.

O moinho de vento também desempenhou um importante papel político. Ele era uma

importante ferramenta para o desenvolvimento social pelo fato de ser um mecanismo hábil e

que diminuía o fardo das mulheres, que antes moíam seus grãos com as mãos.

Os engenheiros desenvolveram um mecanismo automático que deu uma guinada no curso

dessa fonte de energia, o nome deste sistema é o Holandês. Ele era formado de uma roda

montada perpendicularmente ao rotor e se conectava a um sistema de engrenagens na torre.

Quando a direção do vento mudava e atingia o rotor com um ângulo lateral, essa roda era

acionada e começava a girar. A cúpula se mantinha rodando até que o rotor estivesse novamente

direcionado para o vento e o vento não atingisse mais lateralmente a roda. Além de moer grãos,

o moinho também era muito utilizado para bombear água, o que contribuiu muito para mitigar

os problemas de irrigação na agricultura e para promover energia mecânica para as fábricas.

No outro lado do Oceano Atlântico, nas pradarias americanas, outro tipo de moinho de

vento desenvolvia um importante papel: a bomba de vento, uma roda de vento usada para

bombear água. Essa invenção permitiu que os fazendeiros expandissem suas pastagens e o

rebanho de gado, possibilitando a colonização das pradarias americanas.

A bomba de vento era montada sob uma torre cilíndrica ou treliçada e era direcionada

por um eixo que rodava de acordo com o vento. Ela tinha que ser lubrificada regularmente e

precisava ficar sobre constante vigilância, pois quando o vento aumentava muito ela tinha que

ser desativada através de freio acionado manualmente.

A industrialização deslanchou no século XIX e em 1854 a bomba de vento com

regulagem de potência automática desenvolvida por Daniel Halladay2 foi introduzida no

mercado. Esta máquina não necessitava de vigilância constante e foi uma grande facilitadora

da colonização americana.

2 Daniel Halladay foi um engenheiro, inventor e empresário nascido em 1826 nos Estados Unidos, que se tornou

mais conhecido pela inovação da bomba de vento.

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5

Na década de 1930, com o começo da utilização comercial da energia elétrica surgiu um

novo mercado para a utilização de turbinas eólica. Nesta época a energia ainda estava restrita

às cidades, onde os geradores eram movidos a carvão e as regiões ao redor de estações de

energia hidroelétrica, o que significava que a maior parte dos países continuava sem energia.

Com a invenção do rádio, as pessoas de todas as partes queriam ter acesso a novidade e

para isso precisavam da eletricidade. Para atender essa nova demanda dos fazendeiros um novo

tipo de turbina eólica foi desenvolvido acoplada a um dínamo gerando energia elétrica. A

madura indústria aeronáutica da época utilizou os conhecimentos em aerodinâmica para dar às

pás do rotor um perfil otimizado, melhorando muito o rendimento destas máquinas. Desta

forma, uma pequena turbina de duas ou quatro-pás passou a trabalhar como as hélices de uma

aeronave, conforme apresentado na Figura I.2. Foi a indústria aeronáutica quem batizou essas

máquinas como turbinas eólicas.

As primeiras turbinas eólicas tinham uma velocidade do rotor de cinco a dez vezes

maiores que a velocidade do vento e tinham uma eficiência rotacional capaz de acionar um

gerador sem uma caixa multiplicadora. Dessa forma, estas passaram a servir para ligar rádios e

acender lâmpadas nas fazendas americanas e no interior da Europa.

Em 1957, uma turbina com 200 kW de potência nominal e com gerador de corrente

alternada foi construída em Gedser, Dinamarca. Nesta mesma época a Dinamarca começou um

programa de medição dos ventos em todo o país.

Figura I.2: Desenho esquemático de uma bomba de vento. Fonte: [4]

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6

Durante a primeira metade do século XX dois novos tipos de turbinas eólicas foram

desenvolvidos: o rotor Savonius e a turbina Darrieus, ambos apresentados na Figura I.3.

O desenvolvimento da energia eólica teve um grande empurrão na década de 1970, com

a crise do petróleo, que atingiu diversos países e os forçou a optarem por novas fontes de energia

buscando diminuir a dependência do petróleo e do carvão.

Com o avanço dos estudos aerodinâmicos, consolidou-se o projeto de turbinas eólicas

com as seguintes características: eixo de rotação horizontal, três pás, alinhamento ativo, gerador

de indução e estrutura não flexível, como ilustrado na Figura I.4.

Figura I.3: Exemplo de turbinas com eixo vertical. Fonte: [5]

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7

Figura I.4 - Desenho esquemático de uma turbina eólica moderna. Fonte: [6]

A tendência atual é a combinação das duas técnicas de controle de potência (stall e pitch)

em pás que podem variar o ângulo de passo para ajustar a potência gerada.

Nos últimos anos, as maiores inovações tecnológicas foi o aumento do diâmetro dos

rotores o que permite a utilização destes equipamentos em locais onde antes não poderia haver

geração de energia economicamente viável. Estes avanços somente foram possíveis com o

progresso dos estudos aerodinâmicos e da ciência de materiais.

I.2. Objetivos

O presente trabalho tem como objetivo apresentar uma metodologia de análise de

projetos eólicos, que incorpora desde a busca de uma região adequada até a otimização do

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8

layout e estimativa da produção de energia, passando pela determinação dos principais

parâmetros de projeto, análise da metodologia e escolha do software mais adequado para ser

usado na simulação. O projeto foi montado utilizando dados reais de uma área litorânea, de

clima sub-úmido seco e muito calor distribuído ao longo do ano, localizada na região sudeste

brasileiro.

Especificamente, objetiva-se analisar três tipos de turbinas e otimizar, para cada tipo, a

quantidade e a posição de cada uma na região de modo a otimizar a produção de energia anual.

I.3. Região de Estudo

O site estudado no presente trabalho se localiza em uma região litorânea do sudeste

brasileiro, cujo relevo é de terras baixas, com altitudes inferiores a cem metros em relação ao

nível do mar. O clima é sub-úmido seco, com chuvas regulares no verão e muito calor

distribuído ao longo do ano. A vegetação é predominantemente rasteira. A imagem I.5 foi tirada

com o auxílio de um DRONE numa visita de prospecção à essa região.

Figura I.5 - Foto tirada com o auxílio de um DRONE da região estudada

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9

I.4. Estrutura deste Trabalho

Este trabalho é dividido em sete capítulos, sendo o primeiro esta introdução. O capítulo

II trata dos principais tipos de turbinas eólicas, fazendo um breve resumo sobre as turbinas de

arrasto e de sustentação, discutindo as vantagens e desvantagens de cada tipo de eixo,

abordando a parte de desempenho das máquinas e as características dos aerogeradores

comerciais.

O capítulo III trata dos parâmetros de projeto detalhando o estudo do terreno, o estudo

do vento, o estudo da disposição dos aerogeradores e o estudo da conexão à rede elétrica. No

capítulo IV define-se uma metodologia de projeto que aborda desde a parte de prospecção até

a etapa de definição do layout e estimativa da produção de energia, utilizando todos os dados

reais do projeto analisado.

No capítulo V, é feito um comparativo entre três softwares disponíveis no mercado,

explicando, resumidamente, a metodologia utilizada por cada um. No capítulo VI, são

apresentados os resultados da otimização realizada com um dos softwares descritos no capítulo

anterior. O capítulo VII encerra este trabalho com uma conclusão do caso estudado.

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10

CAPÍTULO II. PRINCIPAIS TIPOS DE TURBINAS EÓLICAS

As turbinas eólicas são máquinas capazes de converter a energia cinética, contida no ar em

movimento nas camadas inferiores da atmosfera, em energia mecânica e elétrica. A geração

com este tipo de tecnologia é considerada limpa, abundante, disponível em muitos lugares e

não precisa de nenhum combustível.

A tecnologia empregada nessas máquinas se desenvolveu de diversas maneiras e com o

tempo os sistemas de controle se tornaram mais baratos e mais avançados, novos perfis para as

pás do rotor foram criados permitindo maior geração de energia. Já os novos equipamentos

eletrônicos permitiram a variação da velocidade e a otimização da capacidade das turbinas.

II.1. Turbinas de Arrasto

Ao incidir na pá, o vento perde energia e desacelera, gerando uma força perpendicular

à superfície da pá, que empurra-a, fazendo o rotor girar. Essa força é conhecida como força de

arrasto, conforme mostra a equação (II.1).

𝐹𝑎 =1

2𝜌𝐶𝑎𝐴𝑉2, (II.1)

onde:

𝐹𝑎 = força de arrasto aerodinâmica [N];

𝜌 = massa específica do ar [kg/m³];

𝐶𝑎 = coeficiente de arrasto [adimensional];

𝐴 = área da pá [m²].

Essa força varia com as dimensões da pá que entram na fórmula através do coeficiente

de arrasto 𝐶𝑎.

Essas turbinas normalmente são usadas para bombear pequenos volumes de água com

ventos de baixa velocidade, uma vez que a velocidade das pás não pode ser maior que a

velocidade do vento, o que limita sua eficiência. Os três tipos principais de turbinas de arrasto

são: plana, tipo cálice e panemone, ilustradas na figura II.1

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11

Figura II.1 – Tipos de turbinas de arrasto. Fonte: [7]

II.2. Turbinas de Sustentação

Em uma turbina de sustentação, o vento ao passar sobre o lado mais longo da pá com

uma velocidade maior gera uma área de baixa pressão. A diferença de pressão entre as duas

superfícies resulta em uma força de sustentação, processo similar ao que ocorre na asa do avião,

porém, enquanto no caso do avião a força de sustentação causa a elevação da aeronave, no caso

da pá da turbina eólica, como as pás são fixadas ao cubo elas só podem se movimentar em um

plano, o que faz com que a força de sustentação gere uma rotação Conforme ilustra a figura

II.2.

Figura II.2 – Turbina de sustentação. Fonte: [8]

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12

Considerando uma velocidade do vento vista no referencial da pá de �� 𝑅𝐸𝐹 𝑃Á, incidente

a um ângulo de ataque α (ângulo entre a �� 𝑅𝐸𝐹 𝑃Á e a linha de corda), temos que a força resultante

sobre a pá (𝐹 ) pode ser decomposta em força de arrasto (�� ) e força de sustentação (�� ) conforme

ilustra a figura II.3.

Figura II.3 – Forças atuantes sobre as pás da turbina. Fonte: [8]

A força de sustentação 𝐿 pode ser expressa por:

𝐿 =1

2𝜌𝐶𝑆′𝐴𝑉2 , ((II.2)

onde:

𝐿 = força de sustentação [N];

𝐶𝑆′ = coeficiente de sustentação [adimensional].

Assim como o coeficiente de arrasto para as turbinas de arrasto, o coeficiente de

sustentação, muitas vezes chamado de coeficiente de empuxo, também depende das dimensões

e características aerodinâmicas da seção da pá.

II.3. Orientação do Eixo de Turbinas Eólicas

As turbinas eólicas podem ser construídas com o eixo vertical ou horizontal, sendo esta

última a mais usada atualmente. As vantagens e desvantagens de cada um podem ser observadas

na tabela comparativa II.1.

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13

Tabela II.1 - Vantagens e desvantagens dos eixos verticais e horizontais

Vantagens Desvantagens

Eixo

Horizontal

As pás encontram-se dis-

postas em torno do centro de

gravidade da turbina, ajudan-

do assim na sua estabilidade;

A possibilidade de controle

do ângulo de ataque faz com

que a turbina tenha um

melhor aproveitamento da

energia.

Dificuldade de operar perto do

chão devido à grande turbulên-

cia do vento;

Necessidade de reposiciona-

mento em virtude de mudança

de direção do vento, o que

implica em parar a máquina e

alinhar o eixo de acordo com a

direção do vento a montante;

Auto custo de transporte e

necessidade de pessoas com

maior nível de qualificação,

devido as grandes dimensões.

Eixo

Vertical

Fácil manutenção, devido à

baixa altura dos componen-

tes;

Não há dependência da di-

reção do vento, logo não há

necessidade de parar a

máquina e alinhar o eixo de

acordo com a direção do

vento a montante;

Não há necessidade de

dispositivo de controle de

alinhamento, uma vez que as

partes mais importantes se

encontram perto do solo.

A grande maioria destes rotores

necessita de ser instalado num

local relativamente plano;

Alguns modelos necessitam de

energia exterior para começar o

movimento de rotação.

Apresentam menor perfor-

mamce em ventos de maior

velocidade.

II.4. Desempenho de um Aerogerador

A eficiência de um aerogerador comercial depende principalmente de três fatores:

perdas que reduzem o rendimento, disponibilidade da máquina e variações da velocidade do

vento.

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14

II.4.1. Rendimento do Aerogerador

O rendimento do aerogerador se deve as perdas nos seus componentes. Dentre essas pode-

se destacar [7]:

As perdas em forma de calor no multiplicador, causadas principalmente pelo atrito entre

as engrenagens, que podem ser minimizadas através do uso de óleo de lubrificação e

refrigeração das engrenagens;

As perdas aerodinâmicas causadas pela redução de energia cinética do vento;

As perdas mecânicas, elétricas e magnéticas nos geradores, causadas respectivamente

pelo atrito das partes móveis, pelo efeito Joule e pelas perdas por histerese;

As perdas eletromagnéticas dos transformadores, devido as perdas por histerese e por

saturação magnética;

As perdas nos sistemas elétricos associadas aos fenômenos elétricos tais como efeito

Joule, dependendo do tipo de dispositivo.

A potência total de um aerogerador pode ser obtida através da curva de potência do

fabricante da máquina utilizada. Na figura II.4 pode-se observar a curva de potência de uma das

máquinas que serão testadas neste trabalho.

Figura II.4 - Curva de potência de uma turbina eólica de uso comercial. Fonte: [10]

II.4.2. Disponibilidade de um Aerogerador

Assim como qualquer máquina, os aerogeradores precisam de manutenção, o que

algumas vezes exige sua parada total (como por exemplo revisão geral do gerador, nivelamento

e balanceamento do rotor e manutenção corretiva das pás).

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15

Normalmente os fabricantes garantem uma disponibilidade mínima de 97%.

II.4.3. Fator de Capacidade de um Aerogerador

O fator de capacidade de um aerogerador é a relação entre a energia elétrica gerada e

sua capacidade de produção, de modo que depende fortemente do perfil do vento no local onde

a máquina será instalada. Usualmente utiliza-se sua verificação anual conforme mostra a

equação II.3.

𝐹𝐶 =𝐸𝐴𝐺

8760 𝑃 , (II.3)

onde:

𝐹𝐶 = fator de capacidade [adimensional ou %];

𝐸𝐴𝐺 = energia anual gerada [kWh];

𝑃 = potência nominal [kW].

II.5. Aerogeradores Comerciais

Os aerogeradores comerciais estão em constante transformação em virtude da

constante disputa comercial e evolução da tecnologia. Dentre as principais modificações

pode-se destacar a crescente evolução no tamanho e envergadura das máquinas. No Brasil, os

aerogeradores devem seguir a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que adota

a norma internacional IEC 61.400-1.

II.5.1. Classe de um Aerogerador

Os aerogeradores são classificados quanto a sua capacidade de suportar determinadas

condições de vento e turbulência. A classificação adotada internacionalmente é a da norma IEC

e pode ser observada na tabela II.2:

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Tabela II.2 - Classe dos aerogeradores. Fonte: Adaptado de [9]

Classe dos

Aerogeradores

I II III S

Vave3 (m/s) 10,00 8,50 7,50 Valores

especificados

pelo projetista Vref (m/s) 50,00 42,50 37,50

A 𝑰𝒓𝒆𝒇(%) 16

B 𝑰𝒓𝒆𝒇(%) 14

C 𝑰𝒓𝒆𝒇(%) 12

onde:

𝑉𝑟𝑒𝑓 = velocidade de referência (média no intervalo de 10 minutos) [m/s];

𝐼𝑟𝑒𝑓(%) = valor esperado médio da intensidade da turbulência a 15 m/s [%];

𝐴 = categoria para características de turbulência mais alta [adimensional];

𝐵 = categoria para características de turbulência média [adimensional];

𝐶 = categoria para características de turbulência mais baixa [adimensional].

Essas classes abordam a maioria das aplicações, de modo que os parâmetros de

turbulência e velocidade tem por objetivo representar muitos sítios distintos sem dar muita

precisão.

As classes I, II e III definidas na norma da IEC não se aplicam as condições marítimas

nem as condições de ventos decorrentes de tempestades tropicais, tais como: furacões, ciclones

e tufões [7]. Para tais condições deve-se utilizar um aerogerador de classe S, em que o projetista

defina as condições que a máquina deve atender.

3 Na terceira edição da norma IEC 61400-3ed essa linha foi retirada da tabela, e os parâmetros de velocidade

média de longo prazo ficaram definidos como: 𝑉𝑎𝑣𝑒 = 0,2𝑉𝑟𝑒𝑓.

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II.5.2. Tamanho dos Aerogeradores

A potência e o tamanho dos aerogeradores têm aumentado significativamente conforme mostra

a figura II.5Esse aumento de dimensões é travado basicamente pela evolução tecnológica da

sua fabricação e pela disponibilidade de infraestrutura para a montagem e o transporte da

máquina.

Figura II.5 - Evolução do tamanho e da capacidade nominal dos aerogeradores comerciais.

Fonte: [11]

A tabela II.3 apresenta uma classificação de aerogeradores pelo tamanho, indicando as

respectivas faixas de potência:

Tabela II.3 - Classificação dos aerogeradores pelo tamanho. Fonte: [7]

Classificação Diâmetro (m) Área (m²) Potência, até (kW)

Pequeno 0,0 a 8,0 0,0 a 50,0 20

8,1 a 11,0 50,1 a 100,0 25

11,1 a 16,0 100,1 a 200,0 60

Médio 16,1 a 22,0 200,1 a 400,0 130

22,1 a 32,0 400,1 a 800,0 310

32,1 a 45,0 800,1 a 1.600,0 750

Grande 45,1 a 64,0 1.600,1 a 3.200,0 1.500

64,1 a 90,0 3.200,1 a 6.400,0 3.100

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CAPÍTULO III. PARÂMETROS DE PROJETO DE UM PARQUE

EÓLICO

A avaliação técnica do potencial eólico exige um conhecimento detalhado do

comportamento dos ventos. Os dados relativos a esse comportamento, que auxiliam na

determinação do potencial eólico de uma região, são relativos à intensidade da velocidade e à

direção do vento. Para obter esses dados, é necessário também analisar os fatores que

influenciam o regime dos ventos na localidade do empreendimento, como o relevo, a

rugosidade do solo e outros obstáculos distribuídos ao longo da região. A partir dessa análise,

é possível definir os principais parâmetros do projeto, ilustrados na figura III.1.

Figura III.1 - Parâmetros de projeto eólico

III.1. Estudo do Terreno e sua Influência no Comportamento do Vento

O vento é uma fonte de energia renovável gerada a partir de uma diferença de

temperatura e pressão no ar que ocorre devido à distribuição desigual da radiação solar no

planeta. Seu comportamento é fortemente influenciado pelas características topográficas e

orográficas do terreno, de modo que a produção de energia será função do espaço.

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III.1.1. Camada Limite Atmosférica

O conceito de camada limite é uma aproximação de engenharia introduzida pelo alemão

Prandtl4 em 1904 para descrever a região de contato entre o fluido incompressível em

movimento e um sólido, não possuindo qualquer formalidade física. Define-se como espessura

de camada limite a distância da superfície na qual a velocidade é 99% da velocidade do

escoamento potencial.

A camada limite atmosférica é turbulenta e pode ser estratificada em três regiões

distintas conforme mostra a figura III.2: Subcamada viscosa (região muito estreita onde os

efeitos viscosos prevalecem, o que significa que as forças de atrito do solo compensam as

demais forças que agem sobre o ar); região turbulenta (região onde os efeitos turbulentos são

responsáveis pelo transporte de momento) e por último a região de esteira, ou zona de defeito

(região onde os efeitos de inércia dominam).

Figura III.2 - Camada Limite Atmosférica.

Os ventos mais fortes e constantes ocorrem na atmosfera livre, situada a cerca de 1 km

da superfície da terra [12], onde há o balanço das forças sem o atrito e se estabelece o fluxo de

ar com a velocidade do vento de gradiente5 ao longo das isóbaras [7]. Como ainda não é possível

colocar os aerogeradores nessas altitudes, o espaço de interesse encontra-se limitado a região

turbulenta da camada limite atmosférica. Nessas alturas, o vento é diretamente afetado por

forças de atrito (devido à fricção da massa de ar em movimento com a superfície terrestre), o

que provoca uma diminuição na sua velocidade.

4 Prandtl foi um físico alemão nascido em 1875 responsável pelo desenvolvimento da base matemática para os

princípios fundamentais da aerodinâmica subsônica Entre seus estudos mais importantes estão a camada limite, os

aerofólios finos e a teoria da linha de sustentação. O número de Prandtl recebeu este nome em sua homenagem.

[28] 5 Vento de gradiente é aquele resultante do balanço entre a força do gradiente de pressão e a força de Coriolis, mas

que devido à curvatura do escoamento experimentam uma força centrífuga.

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20

Com o aumento da altura, a direção do vento também tende a variar até se alinhar com

as isóbaras6. Como nas proximidades da superfície as variações de direção são muito pequenas,

exceto em terrenos complicados, pode-se tratar essa variável como sendo constante. Deste

modo, para efeito de estudos relacionados a produção de energia eólica considera-se que a

direção do vento não varia ao longo do círculo inscrito no plano de rotação da pá (sweep area).

III.1.2. Velocidade do Vento com a Altura

Para fins de produção de energia eólica, existem dois modelos de análise do

comportamento da camada limite atmosférica: o perfil logarítmico e o perfil exponencial.

III.1.2.1. Perfil Logarítmico [7]

O perfil logarítmico é dado pelas equações (III.1) e (III.2), onde pode-se determinar a

velocidade do vento 𝑉 de acordo com a altura ℎ acima do nível do solo e a velocidade de atrito

𝑉∗, respectivamente.

𝑉 =𝑉∗

𝐾ln (

𝑧0) , (III.1)

ou

𝑉∗ =𝑉 𝐾

ln(ℎ

𝑧0) , (III.2)

onde:

𝑉∗ = velocidade de atrito [m/s];

K = constante de von Karman (K = 0,4) [adimensional];

ℎ = altura acima do solo [m];

𝑧0 = comprimento de rugosidade do solo [m].

A velocidade 𝑉∗ representa a tensão de cisalhamento da camada viscosa, e pode ser

definida como:

𝑉∗ ≡ √𝜏𝑤

𝜌 , (III.3)

onde:

𝜏𝑤 = tensão de cisalhamento na superfície do solo [N/m²];

6 Isobaras é um termo meteorológico que representa linhas de um mapa que ligam pontos de igual pressão

atmosférica, medido em bares. Além da pressão, o mapa de isobaras também pode dar informações sobre a força

do vento e direção do presente, em uma determinada área.

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𝜌 = massa específica do ar [kg/m³].

Com o comportamento logarítmico da velocidade do vento é possível estimar a

velocidade do escoamento numa determinada altura sabendo–se sua velocidade em outra altura,

conforme a equação III.4.

𝑉1

𝑉2=

ln(ℎ1𝑧0

)

ln(ℎ2𝑧0

) , (III.4)

onde:

ℎ1 = altura acima do solo do ponto 1 [m];

ℎ2 = altura acima do solo do ponto 2 [m];

𝑉1 = velocidade do vento no ponto 1 [m/s];

𝑉2 = velocidade do vento no ponto 2 [m/s].

Para alturas superiores a aproximadamente 50 m o comportamento logarítmico do vento

sofre alguns desvios, uma vez que a influência da rugosidade sobre o vento diminui, não sendo

mais a única característica da superfície relevante no comportamento do vento. Para grandes

alturas o escoamento quente da superfície adquire grande importância, fazendo com que o perfil

de velocidade passe a se comportar conforme descrito na equação III.5.

𝑉 =𝑉∗

𝐾[ln (

𝑧0) − Ψ] , (III.5)

onde:

Ψ = fator de correção do perfil atmosférico devido à influência do fluxo de calor

no solo [função empírica – adimensional].

Essa função Ψ faz a correlação da influência do fluxo de calor do solo no

comportamento da camada limite. Essa função é fortemente dependente de estratificação

atmosférica. Para condições estáveis:

Ψ = −4,7ℎ

𝐿 , (III.6)

E para condições instáveis:

Ψ = (1 − 16ℎ

𝐿)

1

4 , (III.7)

onde:

L = comprimento de estabilidade de Monin-Obukov [m²/kg].

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22

O comprimento de Monin-Obukov é um parâmetro para a estabilidade atmosférica que

relaciona o perfil da velocidade do vento à distribuição vertical da temperatura, que é similar a

velocidade do vento [7]. Esse parâmetro pode ser determinado por:

𝐿 =𝑇0

𝐾 𝑔

𝐶𝑝.𝑉∗3

𝐻0 , ( ((((((((III.8)

onde:

𝑇0 = temperatura absoluta da superfície [K];

𝐶𝑝 = calor específico do ar à pressão constante [J/(kg.K)];

𝑉∗= velocidade de atrito [m/s];

g = aceleração da gravidade [m/s²];

𝐻0= fluxo de calor na superfície [J/s].

III.1.2.2. Perfil Exponencial [7]

Outra forma de determinação da velocidade do vento em alturas diferentes é através do

perfil exponencial, também conhecido como lei de potência (power law), dado pela equação

III.9:

𝑉2 = 𝑉1 (ℎ2

ℎ1)𝛼

, (III.9)

onde:

𝛼 = expoente de potência no local [adimensional].

É possível observar que as entradas da equação III.5 são praticamente as mesmas da equação

III.4, com exceção do exponente 𝛼 que é uma variável que depende da velocidade do vento, da

rugosidade e da estabilidade atmosférica, podendo variar de acordo com a rugosidade de 0,06

(locais lisos) até 0,6 (locais com alta rugosidade). Esta lei é a mais utilizada em estudos de

produção de energia através de recursos eólicos.

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23

A figura III.3 ilustra esse comportamento exponencial, comparando os perfis de

velocidades sobre a água, vegetação rasteira e cidades, de modo que é possível perceber que

quanto menor o valor de 𝛼 mais rápido o escoamento recupera a velocidade.

Figura III.3 - Relação entre a velocidade do vento e o expoente de potência do local.

III.2. Estudo do Vento

Para poder utilizar a energia contida no vento, é necessário que haja um escoamento

permanente e razoavelmente forte de vento.

III.2.1. Dados de Vento

Como a instalação de torres anemométricas é uma etapa que necessita um certo

investimento financeiro, utiliza-se dados de reanálise ou séries sintéticas para fins de

prospecção de projetos eólicos. Uma vez que seja constatado que a região tem potencial eólico

investe-se em estações de medição de ventos para coleta e armazenamento dos dados reais de

vento.

III.2.1.1. Séries de Reanálise

As bases dados de reanálise permitem uma visão geral da climatologia global dos ventos

e podem ser utilizados como estimativas para regiões onde a quantidade de dados coletados em

superfície é muito pequena ou quando se está em fase de prospecção. Esses dados são

desenvolvidos através de modelos numéricos de previsão do tempo com base na manipulação

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24

de dados coletados em diversas fontes (como estações sinóticas, radiossondas, satélites, boias

oceânicas, dentre outras) para alimentar cada um dos pontos de grade do modelo numérico.

Neste trabalho, serão usados os dados de Merra (Modern Era Retrospective-analysis for

Research and Applications) que fazem parte de uma reanálise da NASA (National Aeronautics

and Space Administration) dos dados de satélites [13].

Devido ao alto valor de mercado dos dados de ventos reais, este trabalho se baseia em

um ano de dados de reanálise de Merra.

III.2.1.2. Séries Sintéticas

Uma das formas de se prever o comportamento das usinas é através de séries de

velocidade de vento de longo prazo. Como torres anemométricas para projetos eólicos não

costumam ter grandes períodos de medição7, uma ferramenta muito utilizada para contornar

essa situação são séries sintéticas de vento.

Através de ferramentas estatísticas, como regressões lineares, é possível utilizar uma

série de vento real de curto prazo para correlacioná-la com uma série de longo prazo, seja de

uma torre mais antigas ou até mesmo de séries de reanálise nos pontos próximos ao

empreendimento, expandindo, dessa forma, seu tempo de medição. Essa técnica é conhecida

como MCP (Measure Correlate and Predict). Para que essa ferramenta produza um resultado

satisfatório, é necessário que os pontos sejam próximos8 e tenham um perfil de vento

semelhante.

Para projetos ainda na fase de prospecção, onde não se tem nenhum dado de medição,

ainda é possível comprar séries sintéticas. Existem algumas empresas especializadas que,

através de técnicas de modelagem 3D e MCP, conseguem produzir séries sintéticas de longo

prazo para qualquer ponto no mapa brasileiro. Apesar de não serem dados precisos, já são

satisfatórios para uma primeira análise do potencial eólico presente no local estudado.

III.2.1.3. Medidores de Vento

Para obtenção de dados reais é necessário a instalação de medidores de vento. A

velocidade do vento pode ser medida por anemômetros (ilustrado na figura III.4) e a direção

7 A EPE exige um período de medição de 3 anos para que o potencial eólico do parque seja certificado. Como os

custos de manutenção de uma torre é alto, as empresas tendem a manter essas torres por períodos pouco maiores

que os exigidos. 8 O tipo de terreno vai influenciar na distância ótima entre o empreendimento e os pontos das séries de longo

prazo.

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25

por birutas (também ilustrada na figura III.4). Essas instalações coletam os dados quase que

instantaneamente e armazenam os registros utilizando intervalos discretos de normalmente 10

minutos [7].

Figura III.4 – Biruta e Anemômetro. Fonte: [14]

Existem também formas remotas de medição de vento, dentre os quais pode-se destacar

o SODAR e o LIDAR.

O SODAR (Sound Deteccion and Ranging) mede o vento através de ultrassom,

enquanto o LIDAR (Light Detection and Ranging) utiliza feixes de luz laser que ao refletirem

nos aerossóis proporcionam uma medida da velocidade. Dentre as vantagens de cada modelo

pode-se destacar:

Vantagens SODAR [15]:

menor custo de aquisição e manutenção;

exige pouca energia, podendo funcionar com painéis solares remotamente;

devido as dimensões tende a sofrer menos roubos.

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26

Vantagens LIDAR [16]:

maior precisão dos dados;

menor tamanho, o que o torna mais fácil de transportar;

capacidade de mapear ventos dentro do seu range, não apenas na direção

vertical;

funciona bem na chuva.

III.2.2. Potência Eólica

Considerando um fluxo de ar de massa m movendo-se perpendicularmente à seção

transversal de um cilindro imaginário, a uma velocidade v, conforme ilustra a figura III.5.

A

v

Figura III.5 - Fluxo de ar através de um cilindro imaginário de seção transversal A.

A energia cinética dessa massa é dada pela equação III.10:

𝐸 =m v²

2 , (III.10)

onde:

𝐸 = energia cinética [J];

m = massa de ar [kg];

v = velocidade do vento [m/s].

Sendo a potência disponível no vento 𝑃𝑜𝑡, definida como a derivada da energia no

tempo, tem-se que:

𝑃𝑜𝑡 = �� =m v²

2 , (III.11)

onde:

𝑃𝑜𝑡 = potência disponível no vento [W];

m = vazão mássica de ar [kg/s].

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27

A vazão mássica de ar é dada por:

m = 𝜌v𝐴 , (III.12)

onde:

𝜌 = massa específica do ar [kg/m³];

𝐴 = área da seção transversal [m²].

Sendo assim, substituindo a equação (III.13) em (III.12), tem-se a potência disponível

no vento que atravessa a seção transversal 𝐴.

𝑃𝑜𝑡 =1

2𝜌𝐴v3 . (III.13)

A equação (III.4) também pode ser escrita por unidade de área, descrevendo assim a

potência disponível no vento em função da velocidade do vento e da massa específica do ar no

local, denominada massa específica de potência 𝐷𝑃:

𝐷𝑃 =𝑃𝑜𝑡

𝐴=

1

2𝜌v3 . (III.14)

III.2.2.1. Potência Eólica em Função da Altitude e da Temperatura Ambiente

A potência gerada por uma turbina eólica se relaciona de forma direta com a massa

específica do ar que impulsiona o rotor. Os fabricantes costumam fornecer as curvas de potência

para condições padrão da atmosfera (15°C, nível do mar, massa específica do ar de 1,225

kg/m³). Portanto, o desempenho das máquinas nas diversas condições de operação deve ser

corrigido para o efeito da variação da massa específica com a altitude e a temperatura locais.

A relação entre massa específica, temperatura e a pressão atmosférica, obedece a lei de

estado dos gases perfeitos conforme mostra a equação III.15:

𝜌 =𝑃

𝑅 𝑇 , (III.15)

onde:

𝑃 = pressão atmosférica [Pa];

𝑅 = constante do ar ≈ 287 J/kg.K;

𝑇 =temperatura ambiente [K].

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28

A altitude também afeta a temperatura ambiente e a pressão atmosférica em cada ponto

do espaço e a massa específica também é uma função dessas duas variáveis. Uma forma de

estimar essa massa específica é [7]:

𝜌 ≈353,4 (1 −

𝑧

45271)5,2624

273,15+ 𝑇 , (III.16)

onde:

𝑧 = altitude do local [m];

𝑇 =temperatura ambiente [ºC].

III.2.2.2. Potência do Vento em Função da sua Velocidade

Conforme mostram as equações (III.15) e (III.16), pode-se perceber que existe uma

relação de proporcionalidade entre a potência disponível no vento e a velocidade do escoamento

ao cubo conforme mostra a figura (III.6). Isso significa que um aumento de 10% na velocidade

do vento representa um aumento de 30% na potência disponível.

Figura III.6 – Gráfico da variação da massa específica de potência com a velocidade do vento

III.2.3. A Velocidade do Vento

Conforme observado na seção III.2.2, a potência varia sensivelmente com a velocidade

do vento. Com isso, demonstra-se a importância da obtenção correta dos dados do vento para

que seja realizada uma estimativa confiável de energia disponível.

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29

A velocidade média anual é um bom parâmetro para pesquisar o vento, conforme ilustra a

tabela III.1. Porém, quando se trata de uma investigação do abastecimento de energia é

necessário olhar também as variações diárias, mensais e até ao longo dos anos (longo prazo).

Tabela III.1 - Possibilidades de uso para a energia eólica de acordo com a velocidade do

vento. Fonte: [24]

Velocidade média anual

10 m acima do nível do solo

Possibilidades de uso para a energia

eólica

de 3 m/s Usualmente não viável, a menos em

ocasiões especiais

3-4 m/s

Pode ser uma opção para bombas

eólicas, improvável para geradores

eólicos

4-5 m/s

Bombas eólicas podem ser

competitivas com bombas à Diesel.

Pode ser viável para geradores eólicos

isolados

Mais que 5 m/s

Viável tanto para bombas eólicas

quanto para geradores eólicos

isolados.

Mais que 6 m/s Viável para bombas eólicas, geradores

eólicos isolados e conectados à rede.

III.2.4. O Comportamento Probabilístico do Vento

O comportamento do vento não é determinístico, o que faz com que o seu estudo deva

ser realizado através de análises probabilísticas.

III.2.4.1. Distribuição de Frequência da Velocidade do Vento

A velocidade do vento é uma variável aleatória contínua, obtida por meio de medições

de vento realizadas em estações anemométricas que medem e registram, de forma continua, a

velocidade do vento em períodos discretos. Para estudos de energia eólica, esse período é,

normalmente, de 10 minutos. A velocidade média do vento em determinado período em estudo

é calculada como:

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30

�� =1

𝑛∑ 𝑉𝑖

𝑛𝑖=1 , (III.17)

onde:

𝑉 = velocidade do vento registrada [m/s];

n = número de registros [adimensional];

i = identificação do registro.

Para facilitar a análise, essas velocidades podem ser discretizadas, dividindo as

velocidades do vento em faixas de 1 m/s. A tabela III.2 mostra a discretização dos três anos de

dados de reanálise do projeto.

Tabela III.2 - Discretização dos dados de vento em forma de frequência de distribuição dos

dados reais.

Velocidade do Vento (m/s) Número de Ocorrências Frequência Relativa (%)

0 - 1 81 1,02

1 - 2 251 3,17

2 - 3 487 6,14

3 - 4 832 10,49

4 - 5 1218 15,36

5 - 6 1490 18,79

6 - 7 1350 17,03

7 - 8 1180 14,88

8 - 9 647 8,16

9 - 10 253 3,19

10 - 11 93 1,17

11 - 12 33 0,42

12 - 13 11 0,14

13 - 14 3 0,04

14 - 15 0 0,00

> 15 0 0,00

Total 7929 100

Na figura III.7 pode-se observar um histograma das frequências de distribuição da

velocidade do vento de acordo com a tabela III.2 acima.

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31

Tabela III.7 - Frequência de distribuição da velocidade do vento dos dados reais.

III.2.4.1.1. Função Massa específica de Probabilidade da Velocidade do Vento

A distribuição da velocidade do vento pode ser representada por uma função de massa

específica de probabilidade 𝑓(𝑉). Desse modo, a equação da velocidade média também pode

ser escrita como:

�� = ∫ 𝑉𝑓(𝑉) 𝑑𝑉0

. (III.18)

A função de densidade de probabilidade mais utilizada para a distribuição de vento é a

função de Weibull [7], dada pela equação III.19.

𝑓(𝑉) =𝑘

𝑐(𝑉

𝑐)𝑘−1

𝑒−(𝑉

𝑐)𝑘

, (III.19)

onde:

c = fator de escala [m/s];

k = fator de forma [adimensional].

O fator c é relacionado à velocidade média do vento no local e o fator de forma k à

variância da velocidade do vento em torno da velocidade média.

Na figura III.8 pode-se observar a sobreposição da função de Weibull, para valores de c

e k, ajustados através do método dos mínimos quadrados, referentes aos dados de vento da

tabela III.2, com a distribuição da velocidade do vento.

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32

Figura III.8 – Distribuição do vento e curva de Weibull dos dados reais

III.2.5. A Direção do Vento

Outra característica do vento que precisa ser estudada é a sua variação quanto à direção.

Para analisar graficamente esse comportamento dessa variável, divide-se as direções em setores

na rosa-dos-ventos. A figura III.9 ilustra a rosa dos ventos real do projeto.

Figura III.9 – Rosa dos ventos de frequência dos dados reais

Rosa dos Ventos de Frequência

C = 6,471 m/s

K = 2,727

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33

III.3. Estudo da Disposição dos Aerogeradores

O estudo da disposição dos aerogeradores (também chamado micrositing) é

fundamental para maximizar a eficiência de um parque eólico. Além da produção de energia, a

definição do layout do parque deve levar em conta as indicações do fabricante, o relevo do

terreno, emissão de ruídos pelas turbinas, impactos ambientais (como por exemplo reservas

ambientais e rotas de migração de aves) e os impactos da esteira formada atrás da máquina.

Ao atravessar a turbina o vento perde energia cinética e com isso tem sua velocidade

reduzida. Após a passagem pelo rotor forma-se uma região turbulenta, com a presença de

vórtices, chamada de região de esteira (ilustrada na figura III.10). O escoamento de ar tende a

se estabilizar novamente à medida que se afasta da turbina. Entretanto, quanto maior o

espaçamento entre as turbinas, maior será a área necessária para o parque ou menor a quantidade

de aerogeradores que poderão ser alocados.

Figura III.10 - Esteira de uma turbina eólica.

Essa região onde é formada a esteira é chamada de sombra (figura III.11) e deve-se

evitar posicionar outros aerogeradores nela, uma vez que quando a turbina opera nessa região,

ela deve extrair energia de uma massa de ar com menor potencial que o escoamento original,

reduzindo assim o seu desempenho. Além disso há maior intensidade de turbulência, o que gera

mais esforços mecânicos nas pás das turbinas situadas na zona de esteira e reduz a vida útil do

equipamento.

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Figura III.11 - Sombra de uma turbina eólica. Fonte: [7]

Os aerogeradores podem estar situados total ou parcialmente na sombra de outros

aerogeradores, conforme ilustra a figura III.12. A situação da sombra parcial é ainda pior, pois

faz com que sejam criadas cargas não uniformes nos rotores.

Figura III.12 - Sombra dos aerogeradores numa fazenda eólica para vento frontal e diagonal à

orientação das turbinas. Fonte: [7]

Também é importante analisar a rosa dos ventos do projeto a fim de se observar a direção

predominante e poder otimizar os espaços, reduzindo as distâncias laterais entre os

aerogeradores.

III.4. Estudos da Conexão à Rede Elétrica

O último dos principais parâmetros que devem ser analisados é a conexão à rede elétrica.

Para implementação de um parque eólico é necessário fazer estudos de estabilidade transitória

e de tensão, análise harmônica, perdas e outros que não serão discriminados por não fazer parte

do escopo deste trabalho.

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CAPÍTULO IV. METODOLOGIA PARA ESTIMATIVA DE PRODUÇÃO

EM USINAS EÓLICAS

O projeto de um parque eólico exige um estudo complexo e detalhado, onde diversos

conhecimentos e ferramentas devem ser aplicados a fim de aumentar ao máximo a energia que

será gerada pela usina. Neste capítulo define-se uma possível metodologia, aplicada a um

projeto na região Sudeste do Brasil.

IV.1. Escolha do Local a ser Estudado

A escolha do local é o passo mais importante de um projeto, sendo essencial para o seu

sucesso. Este processo requer bastante conhecimento e experiência e envolve a análise dos

diversos fatores apresentados a seguir.

IV.1.1. Busca de Regiões Promissoras

A primeira etapa da escolha do local consiste em identificar as regiões promissoras,

inicialmente através de ferramentas de sensoriamento remoto, como atlas eólicos (Ilustrado na

figura IV.1).

Figura IV.1 - Mapa Eólico do Brasil. Fonte: [17]

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36

Após a identificação no mapa, é recomendado programar uma visita técnica a região a

fim de realizar investigações complementares que contemplam consultas aos moradores, busca

por evidências objetivas (como árvores curvadas na mesma direção, formato de dunas, locais

sem moradias, dentre outras) e localização das estações meteorológicas próximas a região.

Para esse projeto foi escolhida uma área situada na região sudeste brasileira, cujas

características foram descritas na seção I.3 do presente trabalho.

IV.1.2. Topografia da Região

A topografia é fundamental para prever os impactos no escoamento de ar. Ela nada mais

é do que a descrição do terreno através de curvas de nível.

O vento que circula no topo de morros e colinas tende a ter uma velocidade maior,

devido a lei da conservação da massa, que eliminando-se os aspectos referentes a temperatura

e descolamento da camada limite, faz com que as elevações funcionem como um bocal. Neste

caso o escoamento sofre uma aceleração no topo dos morros.

A figura IV.2 mostra a topografia da região sudeste do Brasil, com destaque na parte

que contem a área a ser analisada.

Figura IV.2 - Topografia real da região.

IV.1.3. Rugosidade do Terreno e do Entorno

A rugosidade do terreno é a altura média das saliências do solo, determinada pelo

tamanho e distribuição dos elementos de rugosidade como vegetações e construções que

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37

compõe o terreno. Longos morros lisos não são considerados no cálculo da rugosidade, pois

não provocam aumento da turbulência.

Quando o fluxo de ar transita entre áreas com diferentes rugosidades, ocorre uma

modificação da camada limite que, devido à inércia da massa de ar em deslocamento, não é

instantânea. Conforme ilustra a figura IV.3, pode-se observar o comportamento do perfil de

vento quando o comprimento de rugosidade muda de Z01, que se aproxima da rugosidade de

vegetações rasteiras, para Z02, cuja comprimento de rugosidade pode representar áreas urbanas.

Essa característica é muito importante e faz com que seja possível se instalar uma turbina eólica

em um terreno de alta rugosidade, mas que opere com o vento de uma região cuja rugosidade

seja baixa, como áreas em costas de lagos e oceanos.

Figura IV.3 - Comportamento da Camada limite em áreas com diferentes rugosidades.

Fonte: [18]

Nesta seção, são descritos três métodos de determinação de rugosidades.

IV.1.3.1. Método I

Os dados de rugosidade são criados a partir de imagens do MODIS (Moderate

Resolution Imaging Spectroradiometer), que é um instrumento fundamental presente no satélite

TERRA, (um dos sistemas de observação da terra da NASA).

Para facilitar o reconhecimento de padrões e objetos homogêneos, preliminarmente,

utilizou-se imagens do Google Earth, onde foram identificados os principais elementos de

cobertura do solo (cultura / pastagens, água, mancha urbana, solo exposto e mata). Em seguida,

o mesmo ponto foi localizado na imagem MODIS, onde as amostras representativas dos temas

já com o comprimento de rugosidade atribuído, conforme a tabela VI.1, foram coletadas e

Z01 Z02

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processadas. O resultado da classificação foi uma imagem digital, onde cada pixel representa o

comprimento da rugosidade.

Tabela IV.1 -Classificação da superfície quanto à rugosidade. Fonte: [33]

Tema Classificado Comprimento de Rugosidade Atribuído (m)

Solo exposto 0,02

Mata 0,5

Mancha urbana 0,8

Cultura/Pastagens 0,03

Água 0,0001

O mapa de rugosidade utilizado neste projeto foi obtido com base neste método e pode

ser observado na figura IV.4Pela imagem é possível perceber que a rugosidade do terreno é em

sua maioria baixa, o que faz sentido, uma vez que a região apresenta em sua maior parte uma

vegetação rasteira (conforme havia sido observado na figura I.5).

Figura IV.4 - Rugosidade real.

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39

IV.1.3.2. Método II

Quando disponíveis as medições de vento no local em pelo menos duas alturas, é

possível calcular a real influência da rugosidade no perfil do escoamento e determinar o

comprimento de rugosidade do solo.

Para determinar esse comprimento é preciso analisar o comprimento da camada limite

atmosférica logarítmica, estudado no capítulo III. Como já visto na equação III.4, tem-se que:

𝑉1

𝑉2=

ln(ℎ1𝑧0

)

ln(ℎ2𝑧0

) . (III.4)

Pode-se isolar 𝑧0 e desenvolver a equação até chegar a:

𝑧0 = 𝑒(𝑉2.lnℎ1−𝑉1.lnℎ2

𝑉2−𝑉1) , (IV.1)

onde:

ℎ1= altura do solo no ponto 1 [m];

ℎ2=altura do solo no ponto 2 [m];

𝑉1= velocidade do vento no ponto 1 [m/s];

𝑉2= velocidade do vento no ponto 2 [m/s].

Assim chega-se ao comprimento de rugosidade no local em estudo. Caso haja a

necessidade de um estudo mais detalhado, pode-se fazer a determinação do comprimento de

rugosidade nas várias direções (ou por setor), pois pode haver alterações significativas do

solo.

IV.1.3.3. Método III

Nem sempre se tem acesso a mais de uma altura de medição de velocidade do vento

Nestes casos, partindo do comportamento logarítmico da camada limite, pode-se calcular o

parâmetro 𝑧0 com base em alguns parâmetros que definem um determinado comprimento de

rugosidade.

𝑧0 = 0,5ℎ 𝑆

𝐴𝐻 , (IV.2)

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40

onde:

ℎ = altura do elemento de rugosidade [m];

𝑆 = seção transversal na direção do vento do elemento de rugosidade [m²];

𝐴𝐻= área média horizontal de cada elemento [m²]

Na prática não se calcula esses valores de comprimento de rugosidade, utiliza-se como

base os comprimentos tabelados no European Wind Atlas, publicado em 1989. Este atlas atribui

classes de rugosidades, como mostrado na tabela IV.2, aos valores de comprimento de

rugosidade.

Tabela IV.2 – Classificação dos comprimentos de rugosidade. Fonte: [2]

𝑧0 Características do Terreno Classe de Rugosidade

1,00 Cidade

0,80 Floresta

0,50 Subúrbios 3

0,40

0,30 Cinturões de árvores

0,20 Árvores e arbustos

0,10 Fazenda com vegetação fechada 2

0,05 Fazenda com vegetação aberta

0,03 Fazenda com poucas árvores/edificações

0,02 Áreas de aeroportos com edificações e árvores

0,01 Áreas de pistas de aeroporto

0,008 Pasto 1

0,005 Solo arado

0,001 Neve

0,0003 Areia

0,0002

0,0001 Água (lagos, rios e oceanos) 0

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41

IV.1.4. Obstáculos no Terreno e/ou ao seu Redor

Depois da rugosidade e da topografia definidos, o próximo parâmetro a ser determinado

é a modelagem dos obstáculos na região que está sendo estudada. Considera-se como obstáculo

todo elemento que cause variações bruscas do terreno e estejam próximos ao local de interesse.

No caso de estarem distantes, fora da área do projeto, deve-se considera-los como rugosidade.

Os obstáculos atuam como quebra-ventos e seu efeito no escoamento de ar é função de

sua geometria e do número de Reynolds, o que significa que existe uma dependência das

dimensões do obstáculo e da velocidade do vento, conforme ilustra a figura IV.5.

Figura IV.5 – Influência de um obstáculo no vento. Fonte: [34]

IV.1.5. Acessos ao Local

Nesta parte da análise deve-se considerar dois aspectos: instalação e manutenção das

estações de medição anemométricas (que deve incluir visitas periódicas ao local para inspeções,

manutenções e coleta de dados) e a implantação do parque (que deve incluir a necessidade de

transporte de peças e acessórios de grande porte, conforme ilustra a figura IV.6, bem como de

guindastes para auxiliar na montagem).

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Figura IV.6 - Transporte da pá de um aerogerador. Fonte: [19]

IV.1.6. Distância da Rede Elétrica

Este aspecto pode ter um custo representativo no orçamento do projeto caso não existam

linhas de transmissão próximas ao parque. Dependendo da distância, esse fator pode ser capaz

de inviabilizar um projeto.

IV.1.7. Autorização do Proprietário

A criação desses parques eólicos vem estimulado o crescimento de diversas cidades.

São inúmeros os hotéis, pousadas, restaurantes, centros comerciais e outros empreendimentos

que acabam sendo criados para atender as necessidades das pessoas que vão para essas cidades

trabalhar no desenvolvimento e implantação do parque. Além do desenvolvimento desses novos

centros, os proprietários que arrendam suas terras recebem uma remuneração em dinheiro e

ainda podem manter suas atividades no entorno dos aerogeradores.

IV.1.8. Restrições Ambientais ou Legais

Antes da instalação das torres de medição deve-se observar quais as restrições legais e

ambientais existentes e que precisam ser atendidas pelo projeto. No âmbito ambiental pode-se

destacar a manutenção das áreas de preservação ambiental (APP), rotas de pássaros, impactos

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visuais à paisagem e a emissão de ruídos. Na figura IV.7 pode-se observar a distribuição de

ruídos para uma das máquinas que serão analisadas no capítulo de simulação. O impacto sonoro

dos aerogeradores do parque sobre a cidade é da ordem de 8dB. Segundo a norma alemã VDI

2741, o ruído deve ser limitado a 45 dB durante o dia e 35 dB durante a noite a uma distância

de 500m do aerogerador.

Figura IV.7 – Simulação do Impacto sonoro de um dos layouts.

Dentre as restrições legais pode-se destacar áreas de interesse público para outros fins, áreas

ocupadas por construções, litígio jurídico pelo terreno, dentre outros.

IV.2. Campanha de Medição

Uma vez definido o local para estudo, é hora de começar a campanha de medição de ventos.

Devido ao seu comportamento probabilístico, deve-se obter pelo menos um ano de medição

para determinar as características do vento no local [7].

IV.3. Definição do Comportamento e Características do Vento Local

Obtidas as medições de vento deve-se realizar sua análise conforme descrito e

exemplificado no capítulo de parâmetros deste projeto (capítulo III). O estudo deve contemplar

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o comportamento do vento em toda a extensão do possível parque onde serão instalados os

aerogeradores.

IV.4. Escolha dos Aerogeradores a Usar

Definido o comportamento e as características do vento local, é a hora de escolher os

aerogeradores que melhor se adequam para fazer as simulações. Normalmente, eles são

responsáveis por cerca de 70% dos custos dos projetos onshore e por isso sua escolha precisa

levar em conta aspectos técnicos e financeiros como [7]:

fabricação e assistência técnica no país ou região;

tecnologia adotada;

modelos e tamanhos disponíveis;

infraestrutura para transporte e montagem;

produção de energia do aerogerador no local;

custo de instalação do aerogerador;

custo de operação e manutenção do aerogerador.

Neste trabalho são analisadas três marcas e alturas diferentes de aerogeradores. Serão elas:

Tabela IV.3 - Características de três modelos de aerogeradores comerciais

Modelo Turbina A Turbina B Turbina C

Cut in [m/s] 3 3 3

Cut out [m/s] 25 25 25

Altura (Hub hight) [m] 89 120 116

Diâmetro do Rotor [m] 122 114 107

Classe de Turbulência 3 3A 3

Potência [MW] 2,7 2 2,3

IV.5. Definição do Layout

Essa etapa pode ser realizada de duas formas diferentes. Na primeira, mais simples, define-

se um layout fixo das turbinas e calcula-se a produção energética; na segunda forma faz-se o

layout com o auxílio de software que conforme já mencionado anteriormente, consiste em

encontrar um arranjo que maximize a eficiência da usina. Aspectos como a facilidade de acesso

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às turbinas, dificuldade de implantação da rede elétrica e distância das máquinas às residências

também devem ser levadas em conta.

IV.6. Estimativa da Produção

Passadas todas essas etapas é possível fazer uma estimativa da produção de energia da usina,

considerando sua eficiência. Essa estimativa é feita pelo próprio software de otimização.

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CAPÍTULO V. SOFTWARES PARA A ESTIMATIVA DE PRODUÇÃO

DE ENERGIA EM USINAS EÓLICAS

Um dos desafios de um projeto eólico é prever de forma confiável e precisa os

recursos eólicos. Esse desafio se torna ainda mais complicado em terrenos complexos, onde a

modelagem do escoamento não é tão trivial. Sendo assim, um dos passos mais importantes do

projeto é a escolha do software de simulação. Existem inúmeros programas disponíveis no

mercado, como por exemplo WindPro, WASP, WindSim, e OpenWind. Dentre suas aplicações,

pode-se destacar:

importar a distribuição de frequência de ventos de uma ou mais torres de

medição;

criar ou importar os resultados de simulações de escoamento de vento;

modelar a curva de potência das turbinas;

simular o posicionamento das turbinas na área do projeto;

fazer uma estimativa de produção de energia bruta e líquida;

calcular perdas por efeito esteira.

Esse processo configura uma simplificação da metodologia para a otimização de um

parque eólico e normalmente envolve encontrar um posicionamento ótimo que equilibre a

eficiência e produção de energia. Para projetos onshore, normalmente se usa um espaçamento

de cerca de 6 a 10 diâmetros do rotor na direção predominante do vento e 3 a 4 diâmetros do

rotor ao longo das direções de menor predominância do vento [20]. Já em projetos offshore, as

turbinas devem ficar mais espaçadas, uma vez que como a rugosidade é muito baixa, o efeito

esteira tende a se manter por uma distância bem maior.

Antes de escolher o modelo a ser usado, é importante analisar suas características, suas

limitações de projeto (como número máximo de turbinas que podem ser modeladas), interface

com o usuário, capacidade computacional exigida, compatibilidade com outros tipos de

arquivo, opções de suporte técnico e preço.

A seguir são detalhados três dos principais softwares disponíveis no mercado, WAsP,

WindSim e OpenWind.

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V.1. WAsP

O Wind Atlas Analysis and Application Program (WAsP) foi desenvolvido em 1987

pelo Departamento de Energia Eólica do Risoe National Laboratory na Dinamarca e é usado

como base para o cálculo de atlas eólicos em diversos programas.

Sua modelagem do escoamento é feita com base no modelo de Jackson-Hunt, que vai

além da conservação de massa e realiza a conservação do momentum através da resolução de

uma forma simplificada da equação de Navier-Stokes. A simplificação mais importante é que

as perturbações causadas pelo terreno são pequenas em um cenário onde os demais dados de

vento são constantes.

O WAsP funciona em basicamente dois passos, ilustrados na figura V.1. Primeiramente, o

vento medido nas torres anemométricas é extrapolado para gerar um escoamento potencial

preliminar, onde os efeitos do terreno são desconsiderados. Esses dados são armazenados como

um atlas eólico, que deverá ser atualizado na segunda etapa. Em seguida utiliza-se este

escoamento potencial e as informações do terreno (obstáculos, topografia e rugosidade) como

dados de entrada para prever o comportamento do vento em cada ponto do espaço e assim

concluir a análise do escoamento na região estudada.

Para regiões em que o terreno é relativamente plano, como o norte da Europa, onde os

fatores que mais influenciam no comportamento do vento são as variações de rugosidade e

existência de obstáculos, o programa consegue representar de forma bem aceitável a realidade.

Como o WAsP se baseia em um modelo que parte do princípio que a topografia influi pouco

no escoamento, ele acaba por não conseguir representar de forma satisfatória o comportamento

do vento em regiões de orografia complexa, isto é, cuja declividade é superior a 30% [20]. Além

dessa limitação, esse modelo também ignora efeitos de estabilidade térmica e gradientes de

temperatura.

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Figura V.1 – Metodologia de análise do WAsP. Fonte: [21]

V.2. WindSim

WindSim é um software de energia eólica que foi inicialmente desenvolvido pela

empresa de consultoria Vector AS como uma ferramenta para a construção do Atlas Eólico

Norueguês. Ele trabalha com o modelo de Computational Fluid Dynamics (CFD) para prever

o comportamento do vento em determinada região, afim de gerar um atlas eólico.

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CFD é uma metodologia numérica de solução de uma forma mais completa das

equações de escoamento de fluidos, em especial das equações de Navier-Stokes, através do

método de volumes finitos. Ao contrário da metodologia de Jackson-Hunt usada pelo WAsP, o

WindSim é capaz de simular respostas não lineares do vento em terrenos mais complexos. Isso

pode ser observado na figura V.2, onde pode-se observar a relação entre a velocidade e a

declividade do terreno (Casos A (ângulo de inclinação de 5,7º) e B (ângulo de inclinação de

11,3º)). Com o aumento do ângulo de inclinação o vento acelera, até um ponto em que o

escoamento descola (caso C (ângulo de inclinação de 21,8º)). Neste caso a recirculação

funciona como uma extensão do terreno, formando uma espécie de platô e causando perdas na

velocidade do escoamento. O gráfico no lado direito da figura V.2 mostra como cada modelo

relaciona a velocidade com o ângulo de inclinação α.

Além disso, o CFD também não faz outras hipóteses simplificadoras, como tensão de

cisalhamento e ação da turbulência só perto da superfície. Deste modo, ele consegue fornecer

informações úteis sobre as intensidades de turbulência, mudanças de direção e outras

características do escoamento de vento em terrenos complexos.

O programa pode ser rodado em um computador com alto processamento. Ele conta com

seis módulos interdependentes e ilustrados na figura V.3 [22]:

Figura V.2 - Relação entre a velocidade e o ângulo de inclinação no WAsP e no

WindSim. Fonte: [22]

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Figura V.3 - Módulos do WindSim. Fonte: [23]

V.3. OpenWind

O OpenWind é um software desenvolvido pela AWS Truepower para auxílio no

desenvolvimento, otimização e avaliação de projetos de energia eólica. Ele foi construído em

torno de uma plataforma aberta para ter o máximo de transparência e encorajar o crescimento

de uma comunidade de usuários e desenvolvedores de software que vai manter o programa na

linha de frente da tecnologia. O programa é modelado a partir de Sistemas de Informação

Geográfica (SIG), o que permite que ele seja aplicado de forma eficaz e eficiente para uma

ampla gama de projetos de parques eólicos de diferentes complexidades e tamanhos.

Embora também seja um modelo linear, diferente do WAsP e do WindSim, o OpenWind

não resolve a equação de Navier-Stokes para modelar o comportamento do vento. Ele utiliza a

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equação da continuidade para simular uma camada limite atmosférica e então realizar uma

estimativa da velocidade do vento em cada ponto da malha.

Para estimar a produção de energia, o OpenWind soma a energia produzida pelas

turbinas em mais de 72 direções e em 71 velocidades de vento (0 m/s até 70m/s com passo de

1m/s). Para cada direção e velocidade do vento, ele calcula a massa específica do ar em cada

turbina e a probabilidade de o vento vir daquela direção naquela velocidade para cada

aerogerador. Ele também calcula as perdas por efeito esteira devido as outras turbinas e

modifica a velocidade do vento em cada turbina antes de entrar com essa velocidade na curva

de potência.

O OpenWind conta com quatro modelos de efeito esteira (Park, Modified Park, Eddy-

Viscosity e Fast Eddy-Viscosity) [24], que utilizam Navier-Stokes para calcular as perdas de

energia do vento devido a interação do mesmo com as pás dos aerogeradores. Estes modelos

podem ser atualizados pela metodologia Deep Array Wake Model (DAWM) [25], que considera

a influência do parque eólico no escoamento potencial. Essa metodologia acrescenta aos

modelos anteriores a capacidade de perceber a presença do parque eólico como uma alteração

na rugosidade usada anteriormente para o cálculo do atlas eólico.

Para exemplificar como essa metodologia eleva a precisão dos modelos, foi analisada

pela AWS TruePower uma planta offshore localizada a 14km da costa oeste da Dinamarca. O

projeto consiste em 80 turbinas Vestas V809 com 1,8MW, distribuídas em uma matriz

trapezoidal regular, com um espaçamento constante de 7 X 7 diâmetros do rotor. Os dados de

vento medidos e os dados meteorológicos foram disponibilizados aos pesquisadores para a

realização de vários testes diferentes, cada uma compreendendo uma das três velocidades (6, 8

e 10 m/s) e uma das sete direções indicadas na figura V.4. O passo da velocidade é de 1 m/s e

o passo das direções de 5 graus. A direção central (reta de referência ER) foi escolhida de modo

que as turbinas sejam alinhadas uma atrás da outra ao longo da direção principal do vento. As

outras seis direções são geradas em incrementos de cinco graus em ambos os lados da direção

central. Com base nos dados, cada caso foi rodado duas vezes, uma utilizando apenas o modelo

tradicional Eddy-Viscosity (EV model) e outra acoplando a metodologia DAWM.

9 Turbina fabricada pela Vestas de 80m de diâmetro de rotor

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Figura V.4 - Disposição dos aerogeradores. Fonte: [26]

Os resultados dos testes para as sete direções, na velocidade de 10m/s podem ser

observados na figura V.5 que relaciona o percentual do escoamento potencial com o

deslocamento ao longo das colunas de aerogeradores. Os gráficos a esquerda comparam a

performance da melhor configuração DAWM (linha vermelha) com o observado (linha azul)

para cada caso e as curvas a direita comparam o desempenho do EV model (linha vermelha)

também com os medidos (linha azul). Quando o vento se encontra na direção da reta de

referência ER, o EV model consegue prever bem e até mesmo superestimar as perdas de

escoamento ao longo das primeiras colunas. Contudo, para as demais direções, este modelo

subestima as perdas por efeito esteira, e vai progressivamente tendendo a estagnação a medida

em que avança ao longo das colunas, o que demonstra que o EV model falha na descrição das

perdas por esteira quando há uma grande quantidade de aerogeradores no parque, uma vez que

o aumento do número de turbinas gera uma mudança significativa na rugosidade que fora

anteriormente considerada para o cálculo do atlas eólico. Este efeito fica mascarado na direção

da reta de referência ER, devido ao fato de grande parte das perdas ocorrerem nas primeiras

colunas onde o número de aerogeradores ainda não é suficiente para representar um erro

significativo na rugosidade desconsiderando a presença do parque.

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Figura V.5 - Resultados dos Testes. Fonte: [26]

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Figura V.5 - Resultados dos Testes (Continuação). Fonte: [26]

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Figura V.5 - Resultados dos Testes (Continuação). Fonte: [26]

Um outro teste realizado onshore na região centro-oeste dos Estados Unidos ilustra

como a metodologia DAWM representa, em menor proporção, ganhos na modelagem do efeito

esteira (figura V.6). Esse menor impacto nos resultados se deve ao fato da rugosidade em terra

ser maior em duas ou três ordens de grandeza em relação a em alto mar ser consideravelmente

mais variável.

Tabela V.6 - Resultado dos testes onshore. Fonte: [26]

Além dessas funções, este software também é capaz de realizar otimizações levando em

conta os custos da produção e realizar análise de zonas de impacto visual e de ruídos.

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CAPÍTULO VI. OTIMIZAÇÃO DA PRODUÇÃO DE ENERGIA

UTILIZANDO TRÊS TURBINAS EÓLICAS ATUALMENTE

DISPONÍVEIS NO BRASIL

A otimização é a etapa aonde se consegue testar várias configurações de layouts diferentes

até se obter aquele que se enquadre melhor nas especificações de projeto. Conforme abordado

no capítulo anterior, este trabalho foi realizado no OpenWind.

VI.1. Análise Estatística dos Dados de Vento

Após o download dos dados de vento do MERRA é necessário tratar os dados em um

programa de análise estatística Neste trabalho foi usado o software Windographer10. Essa

ferramenta gera um relatório com o georreferenciamento, dados da campanha de medição

(como início, fim, passo e duração), propriedades termodinâmicas médias (pressão, temperatura

e massa específica), rugosidade, shear, comportamento mensal e diário das médias das

velocidades dos ventos, frequência das médias e das direções e a classe da intensidade da

turbulência, conforme mostram as figuras VI.1 a VI.5.

A figura VI.1 representa o perfil de velocidade do vento (shear), através de um gráfico

de velocidade do vento pela altura. A figura VI.2 representa a rosa dos ventos de frequências

de direção dos dados de vento. A figura VI.3 é um gráfico do comportamento mensal das

velocidades médias do vento, enquanto a figura VI.4 ilustra o comportamento diário das

velocidades médias. A figura VI.5 é o relatório final gerado pelo Windographer, onde se tem

todas as informações dos dados de vento consolidadas.

10 Windographer é um software de análise de dados de vento.

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Figura VI.1 – Windographer Shear

Figura VI.2 - Windographer rosa dos ventos

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Figura VI.3 - Windographer comportamento mensal da média da velocidade dos ventos

Figura VI.4 - Windographer comportamento diário da média da velocidade dos ventos

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Figura VI.5-Relatórios do Windographer

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VI.2. Aquisição de Condições de Contorno para Simulação

VI.2.1. Topografia

Os dados de topografia deste projeto foram obtidos através de sensoriamento remoto.

Esses dados entraram no programa na forma de um raster11 de topografia, como o ilustrado na

figura VI.6.

Após a importação do raster de topografia, é necessário definir a forma como o mesmo

será interpretado pelo programa. No caso da orografia, deve-se escolher a interpretação de

elevação do terreno (Terrain Elevation) nas propriedades do layer12, conforme mostra a figura

VI.7 abaixo.

11 Dados raster são imagens que atribuem valores a cada pixel de uma imagem de acordo com uma classificação

específica. Diversos tipos de informações podem gerar arquivos raster. 12 O layer é uma camada que armazena um conjunto de dados vetoriais do mesmo tipo.

Figura VI.6 - Raster de topografia

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Figura VI.7 - Tela de interpretação da topografia

VI.2.2. Rugosidade

Os dados de rugosidade, assim como os de topografia, também foram obtidos através

de sensoriamento remoto, com uma resolução de 500m. Esses dados entraram no programa na

forma de um raster de rugosidade, como o ilustrado na figura VI.8 abaixo.

Figura VI.8 - Rater de rugosidade

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Após a importação do raster de rugosidade, é necessário definir a forma como o mesmo

será interpretado pelo programa. Neste caso, deve-se escolher a interpretação de comprimento

de rugosidade (Roughness Length) nas propriedades do layer, conforme mostra a imagem VI.9

abaixo.

Figura VI.9 - Tela de interpretação da topografia

VI.2.3. Dados de Vento

Os dados analisados e exportados do WindoGrapher são importados para o OpenWind

na forma de um arquivo .tab, que é um formato compatível tanto com o OpenWind quanto com

o WASP.

Quando há problemas no georreferenciamento dos dados, isto é, se os mesmos não

estiverem se sobrepondo corretamente, é possível realoca-los dentro do programa, alterando

manualmente as coordenadas no Met Mast no próprio Layer do arquivo, conforme mostrado na

figura VI.10.

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Figura VI.10 - Layer de propriedades dos dados de vento.

VI.3. Cálculo do Potencial Eólico

Após definir as condições de contorno para o cálculo do potencial eólico, cria-se um

layer do tipo WRG (Wind Resource Grid), no qual é calculado o atlas eólico. Após este cálculo,

o WRG passa a ser interpretado como um raster malhado, onde cada ponto apresenta as

características do potencial eólico modelado (i.e. elevação e velocidade média de vento) para

uma altura determinada pelo usuário. Devido a essa característica, o WRG também é conhecido

como windmap.

Esse atlas será usado para o cálculo da produção energética. Para a realização deste

cálculo, é necessário que a altura do windmap seja a mesma que do aerogerador (hub height).

Como serão analisados três aerogeradores com alturas diferentes, serão criados três layers

distintos, cada um com um atlas eólico diferente para cada altura correspondente (90m, 116m

e 120m).

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Nas figuras VI.11 e VI.12 abaixo pode-se observar a tela do cálculo do windmap, onde

insere-se as alturas que serão analisadas e a workspace, local onde ficam os layers com as

condições de contorno de cada caso após o cálculo do atlas eólico para uma dessas alturas.

Figura VI.11 - Layer para cálculo do windmap.

Figura VI.12 - Workspace após o cálculo de um atlas eólico para uma determinada altura.

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VI.3.1. Windmap 90m

Para atender a turbina A, cuja altura é de 90m, foi gerado o atlas eólico ilustrado na

figura VI.13 abaixo.

Figura VI.13 - Windmap para 90m

VI.3.2. Windmap 116m

Para atender a turbina C, cuja altura é de 116m, foi gerado o atlas eólico ilustrado na

figura VI.14 abaixo.

Figura VI.14 - Windmap para 116m

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VI.3.3. Windmap 120m

Para atender a turbina B, cuja altura é de 120m, foi gerado o atlas eólico ilustrado na figura

VI.15 abaixo.

Figura VI.15- Windmap para 120m

VI.4. Otimização

Nesta etapa utiliza-se o atlas eólico de cada altura para estimar a produção energética de

uma determinada configuração com um modelo específico de aerogerador. Este cálculo é um

processo interativo, no qual o programa testa inúmeros arranjos possíveis a fim de se obter

aquele que atende as especificações do projeto (que pode ser minimizar perdas de arranjo,

maximizar o fator de capacidade, meta de produção energética...).

Partindo de um layout inicial, o programa cria uma lista de todos os pontos do WRG

que não contém restrições. Feito isso, o OpenWind então ordena de forma decrescente esta lista

de acordo com a velocidade média de cada ponto. A partir daí, o programa causa perturbações

no layout original de duas maneiras diferentes:

(i) primeiro são aplicadas grandes variações nas posições dos aerogeradores. Essas

variações só ocorrem se não causarem grandes diminuições na velocidade do

vento;

(ii) se estas grandes variações não funcionarem, o programa aplica pequenas

perturbações gaussianas aleatórias nas coordenadas X e Y dos aerogeradores.

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Uma vez que um novo layout foi criado, ele é testado com a função objetivo definida

para a otimização (que pode ser Geração Líquida ou Custo da Energia) e as usinas que,

aparentemente, pioraram sua produção são movidas de volta para a posição inicial. Se o

programa entende que esse novo layout, parcialmente perturbado, pode ser melhor que o

anterior, ele fará novos testes com a função objetivo. Esse processo pode ser realizado até 3

vezes por iteração. Se um layout perturbado performar melhor do que o original, em qualquer

momento, ele é adotado como o novo layout e o processo recomeça.

Portanto, pode-se observar que o programa jamais irá definir o layout ótimo, mas sim,

um layout otimizado e mais adequado ao seu recurso eólico em relação ao layout original. Para

que esse processo iterativo seja possível, define-se um layer de turbinas que deverá conter todas

as restrições do seu posicionamento conforme ilustra a figura VI.16.

Figura VI.16 - Workspace organizado para a otimização do site

VI.4.1. Layer de Turbinas

Neste layer, define-se todas as variáveis do aerogerador, como as curvas de potência

(que podem ser selecionadas a partir da biblioteca do programa) para uma faixa de valores da

densidade do ar (essa faixa engloba a maioria das condições usuais de um possível local de

projeto), a altura do aerogerador, o diâmetro do rotor e o espaçamento mínimo entre as

máquinas.

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Como o recurso eólico da região estudada não é bem comportado, isto é, o vento

apresenta uma grande variação quanto à direção, deve-se utilizar um espaçamento circular para

cada turbina. Dessa forma é possível reduzir a imprevisibilidade das perdas aerodinâmicas

durante a fase de operação da usina. Como as pás do aerogerador devem sempre estar

perpendiculares à direção predominante dos ventos, a turbina deve realizar o chamado sector

management, o que significa parar a operação e, através de um sistema de guinada (yaw system),

virar sua nacele para voltar a ficar perpendicular novamente. Neste trabalho será utilizado um

espaçamento circular com raio igual a sete vezes o diâmetro do rotor

Para cada modelo de turbina deve-se preencher o Layer Properties com as

características da mesma, conforme exemplificado para a turbina A na figura VI.17 abaixo.

Figura VI.17 - Layer Properties da Turbina A

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VI.4.2. Restrições

A etapa de definição das restrições consiste em indicar ao software as áreas que não podem

conter máquinas, seja por serem áreas alagadas, pela proximidade com edificações, dentre

outras. Neste projeto, existem apenas três tipos de restrições, que são:

restrições de fronteira: que proíbem a alocação de máquinas em uma região próxima à

fronteira do terreno. Essa distância vai depender do investidor e do projeto, mas neste

projeto foi adotado um valor de 200m;

restrições de áreas alagadas: que proíbem a alocação de máquinas dentro da área

alagada, mas permitindo a alocação em seu entorno;

restrições de edificações: que proíbem a alocação de máquinas nas proximidades de

construções. Neste trabalho foi utilizado um espaçamento igual à altura do aerogerador

mais a pá, a fim de proteger os proprietários caso ocorra uma queda da torre, mas não

existe uma regulamentação específica sobre isso.

Assim como as demais propriedades, as restrições entram como um layer dentro do layer

de turbinas. Esses layers se comunicam entre si obedecendo uma hierarquia lógica estabelecida

pelo próprio programa.

Figura VI.18 - Layer de Turbinas

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VI.4.3. Parâmetros de Otimização

Para realizar a otimização do layout é necessário definir os critérios de convergência a

serem adotados. Primeiramente o OpenWind busca um layout inicial que atenda às restrições

impostas no projeto. Feito isso, o programa analisa possíveis variações no arranjo, tendo como

limite para o número de interações os critérios de convergência adotados (número de interações

e número de interações sucessivas sem ganho). Esse processo de otimização pode ser assistido

em tempo real na tela, conforme ilustra a figura VI.20. Além disso, o software é capaz de ir

adicionando aerogeradores no site sempre que as perdas de arranjo forem inferiores e o fator de

capacidade for superior a valores estipulados no projeto.

Para este projeto, conforme ilustrado na figura VI.21 abaixo, foi utilizado como critério

de convergência 1000 (mil) interações e um máximo de 200 (duzentas) interações sucessivas

sem ganho. Este valor pode ser maior ou menor de acordo com a qualidade esperada para os

resultados do projeto e a demanda de processamento que tal qualidade exigiria. Também foi

adotado um fator de capacidade mínimo de 30% (trinta por cento) e uma perda máxima de 10%

(dez por cento).

Figura VI.19 - Progresso da Otimização

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Figura VI.20 - Opções de otimização

VI.5. Resultados

Passada todas as etapas supracitadas o programa gera o layout e um relatório de

produtividade energética da turbina selecionada.

Esse relatório completo retrata a simulação do layout em um período de um ano de

operação. Dentre as principais informações, ele apresenta a Geração Bruta e Líquida, fator de

capacidade, quais as perdas consideradas, qual a eficiência do layout escolhido quanto ao

espaçamento e ao relevo, densidade do ar média no parque entre outras.

Além de informações sobre o parque, o relatório apresenta também o funcionamento de

cada turbina individualmente, como velocidade média do vento, perdas de efeito esteira,

densidade do ar média na altura do rotor, geração e fator de capacidade.

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VI.5.1. Layouts

Quando os critérios de convergência são atingidos, se obtêm o layout final, com os

aerogeradores alocados e o georreferenciamento de cada turbina em uma configuração ótima

para os parâmetros de projeto.

VI.5.1.1. Turbina A

Para o modelo de turbina A, o layout final contém nove aerogeradores dispostos como

mostra a figura VI.22 a seguir.

Figura VI.21 - Layout Turbina A

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VI.5.1.2. Turbina B

Para o modelo de turbina B, o layout final contém dez aerogeradores dispostos como mostra a

figura VI.23 a seguir.

Figura VI.22 - Layout Turbina B

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VI.5.1.3. Turbina C

Para o modelo de turbina C, o layout final contém sete aerogeradores dispostos como mostra a

figura VI.24 a seguir.

Figura VI.23 - Layout Turbina C

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VII.5.2. Relatório de Geração Energética

Ao fim do processo de otimização, o programa gera um relatório de geração energética

com as características do projeto para cada turbina, conforme mostra a tabela VI.3 abaixo.

Tabela VI.3- Relatório comparativo de produção de energia

Turbina A Turbina B Turbina C

Número de turbinas 9 10 7

Potência instalada

[MW] 24,3 20 16,10

Geração de energia

líquida anual

[GWh/ano]

57,53 60,21 41,98

Fator de Capacidade

[%] 30,38 38,16 29,75

Perdas de arranjo [%] 3,76 3,64 2,69

Pode-se observar que o número de turbinas não é o mesmo para cada modelo, isto se

deve ao fato dos valores obtidos serem relativos ao layout ótimo de cada máquina.

Comparando os resultados é possível observar que a Turbina B foi a que obteve o maior

número de aerogeradores instalados, maior fator de capacidade e a maior geração líquida anual

de energia. A Turbina A vem logo atrás em termos de geração de energia e número de

aerogeradores, porém com perdas de arranjo superiores e um fator de capacidade 20% menor.

A Turbina C fica bem atrás em termos de fator capacidade e número de turbinas, mas apresenta

perdas bem menores. A variação do número e da posição das turbinas se deve as características

de cada fabricante, como altura e eficiência.

A decisão de qual layout é melhor vai depender também do aspecto financeiro para

implantação do projeto. Considerando que no Brasil o custo de implantação de um projeto

eólico é da ordem de R$4.000/kW [7], o capital inicial necessário para a construção de cada

parque pode ser observado na tabela VI.2 abaixo.

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Tabela VI.4 - Capital necessário para implantação de cada parque eólico

Turbina A Turbina B Turbina C

Potência instalada

[MW] 24,3 20 16,10

Custo de implantação

[em milhões de reais] 97,2 80,0 64,4

VI.6. Conclusões

Através da otimização realizada com o auxílio do software OpenWind foram obtidos os

resultados para três máquinas distintas, conforme foi mostrado na tabela VI.3, onde é possível

observar a turbina B, cuja altura era de 120 m, o diâmetro do rotor era de 114 m e a potência

era de 2 MW, teve o maior fator de capacidade, cerca de 38 %, e a maior geração anual de

energia, cerca de 60,21 GWh/ano, a um custo de implantação de R$ 80 milhões. As demais

turbinas tiveram fatores de capacidades entre 29% e 31%.

De acordo com o Boletim das Eólicas de dezembro de 2014, que foi divulgado pela Câmara de

Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), o fator de capacidade anual médio de 2014 dos

parques eólicos brasileiros em operação foi de 37%, valor superior ao de países que têm uma

indústria eólica mais consolidado como por exemplo os EUA, Espanha e a China, onde os

fatores de capacidade em 2013 foram de 32,1%, 26,9% e 23,7% respectivamente, conforme

mostra a figura VI.24.

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Figura VI.24 - Fator de capacidade médio dos projetos brasileiros. Fonte: [27]

Pode-se então concluir que o projeto analisado tem um fator de capacidade superior à média

dos projetos brasileiros, o que o torna atrativo no mercado nacional. A nível internacional é

possível observar que o projeto pode ser considerado ainda mais competitivo.

37%

32%

27%

24%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

Brasil EUA Espanha China

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CAPÍTULO VII. CONCLUSÕES

Este trabalho tinha como objetivo apresentar uma metodologia de análise de projetos

eólicos que incorporasse desde a busca de uma região promissora até a otimização do layout e

estimativa da produção de energia. A área escolhida para a simulação se localiza na região

litorânea da região sudeste do Brasil, tem um relevo plano, vegetação rasteira e clima sub-

úmido seco.

Após a simulação das três turbinas e a otimização da posição e da quantidade de

aerogeradores com o auxílio do software OpenWind foi possível observar a turbina B, cuja

altura era de 120 m, o diâmetro do rotor era de 114 m e a potência era de 2 MW, teve o maior

fator de capacidade, cerca de 38 %, e a maior geração anual líquida, cerca de 60,21 GWh/ano,

com um custo de implantação. Conforme mencionado na seção VI.6 as demais turbinas tiveram

fatores de capacidades entre 29% e 31%, valores pouco inferiores à média brasileira, mas

competitivos a nível internacional.

Pode-se então concluir que a metodologia aplicada foi eficiente e que o projeto com a

turbina selecionada através da simulação é atrativo e competitivo a nível nacional e

internacional.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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<marcusslilprojects.blogspot.com.br>. Acesso em: 09 fev. 2015

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2015.

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de Janeiro: Synergia, 2013.

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Tese (Mestrado) – Escola Politécnica, UFRJ, Rio de Janeiro, 2008.

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[17] CEPEL. Centro de Pesquisas de Energia Elétrica, Atlas do Potencial Eólico Brasileiro.

2001

[18] ANEEL, Atlas de Energia Elétrica do Brasil. 1ª ed. Disponível em:

<http://www.aneel.gov.br/arquivos/PDF/livro_atlas.pdf> Acesso em: 15 jan. 2015.

[19] Pastre, Semirreboque Transporte de Pás Eólicas. Disponível em:

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[21] Caldas, D. M., Estudo do Potencial Eólico e Estimativa de Geração de Energia de

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WAsP. Projeto Final (Graduação em Engenharia Elétrica) – Escola Politécnica,

UFRJ, Rio de Janeiro, 2010.

[22] WindSim Getting Started. Disponível em: <www.windsim.com> Acesso em 14 jan.

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[23] WindSim Website. <www.windsim.com> Acesso em 14 jan. 2015.

[24] OpenWind User Manual. Disponível em: <www.awstruepower.com> Acesso em: 13

jan. 2015.

[25] AWS Truepower, The OpenWind Deep-Array Wake Model: Develompment and

Validation. Disponível em: <www.awstruepower.com> Acesso em 13 jan. 2015.

[26] Barthelmie, R.J., Pryor, S. C., Frandsen, S. T., et al, Quantifying the Impact of Wind

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[27] CCEE, Boletim das Eólicas – dez/2014. Disponível em: <www.ccee.org.br> Acesso

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[28] Wikipedia, Ludwing Prandtl. Disponível em: <www.pt.wikipedia.org> Acesso em: 03

fev. 2015