estimativa da distribuiÇÃo espacial de ... - est.ufpr.brpaulojus/mbg/misc/kindicatriz.pdf ·...

38
ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE RETENÇÃO DE ÁGUA EM UM SOLO UTILIZANDO KRIGAGEM INDICATRIZ Cassio Freitas Pereira de Almeida Paulo Justiniano Ribeiro Junior Relatório Técnico do Laboratório de Estatística Departamento de Estatística Universidade Federal do Paraná Curitiba 1996

Upload: trinhthien

Post on 12-Nov-2018

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ... - est.ufpr.brpaulojus/MBG/misc/kindicatriz.pdf · Desta amostra resulta um conjunto de dados espacialmente distribuídos, ou seja,

ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃOESPACIAL DE RETENÇÃO DE ÁGUA

EM UM SOLO UTILIZANDOKRIGAGEM INDICATRIZ

Cassio Freitas Pereira de AlmeidaPaulo Justiniano Ribeiro Junior

Relatório Técnico do Laboratório de Estatística

Departamento de Estatística

Universidade Federal do Paraná

Curitiba1996

Page 2: ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ... - est.ufpr.brpaulojus/MBG/misc/kindicatriz.pdf · Desta amostra resulta um conjunto de dados espacialmente distribuídos, ou seja,

ii

Sumário:

1- Descrição....................................................................................................... 012 - Modelagem Probabilística e Estacionaridade............................................... 043 - Descrição e Modelagem de Variabilidade Espacial...................................... 064 - Krigagem....................................................................................................... 11

4.1 - Krigagem Ordinária......................................................................... 124.2 - Krigagem Indicatriz.......................................................................... 17

5 - Resultados.................................................................................................... 256 - Referências Bibliográficas............................................................................. 297- Anexos

7.1 Anexo 1............................................................................................. 317.2 Anexo 2 ............................................................................................ 34

Page 3: ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ... - est.ufpr.brpaulojus/MBG/misc/kindicatriz.pdf · Desta amostra resulta um conjunto de dados espacialmente distribuídos, ou seja,

1

1- Descrição:

O conhecimento da variabilidade espacial dos atributos físico-hídricos do

solo é um dos fatores que pode viabilizar o manejo do solo e da água numa

agricultura irrigada.

A preocupação com o tema não é recente como mostram os artigos de

Waynick (1918 e 1919). Após um período onde a ênfase era nos delineamentos

experimentais, onde normalmente utilizavam-se blocos como forma de “controlar”

a variabilidade, os estudos que buscam compreender as relações de dependência

espacial ganharam novo impulso com o desenvolvimento e formalização das

técnicas geoestatísticas.

Notadamente a partir da década de 80 diversos trabalhos vem sendo

publicados na área de solos, como por exemplo os de Vieira (1981 e 1983),

Webster (1985) e a publicação Geoderma: an International Journal of Soil Science

onde o v. 62 (1994) dedicou-se exclusivamente ao tema.

Um experimento realizado e descrito por Moraes (1991) visou o estudo da

heterogeneidade hidráulica de uma terra roxa estruturada onde foram verificadas

as seguinte hipóteses: (1a.) há que se modificar o procedimento operacional

corrente do funil de Haines e câmara de pressão de Richards para a obtenção da

curva característica contemplando os vários tipos de problemas que ocorrem

desde a coleta da amostra até a elaboração da curva; (2a.) o solo utilizado pode

apresentar variabilidade que independentemente da metodologia utilizada, desde

que uniforme durante as análises, deverá manifestar-se pela análise estatística e

interpretação física dos fenômenos. Posteriormente os dados da variável

densidade foram utilizados por Ribeiro Jr. (1995), no estudo da variabilidade

espacial de parâmetros de solo apresentando e discutindo conceitos

geoestatísticos como: análise descritiva espacial, variografia, krigagem ordinária

e validação cruzada.

Este experimento será aqui descrito sucintamente, maiores detalhes

podem ser encontrados em Moraes(1991).

O experimento refere-se a uma área localizada no campo experimental do

Departamento de Física e Meteorologia do campus da Escola Superior da

Page 4: ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ... - est.ufpr.brpaulojus/MBG/misc/kindicatriz.pdf · Desta amostra resulta um conjunto de dados espacialmente distribuídos, ou seja,

2

Agricultura "Luiz de Queiroz" da Universidade de São Paulo, no município de

Piracicaba, Estado de São Paulo. A área experimental possui um relevo suave,

com solo classificado como Terra Roxa Estruturada Latossólica, com dimensões

de 125m por 50m.

Nesta área foi tomada uma amostra sistemática de tamanho 250. Foram

coletadas amostras de solo a uma profundidade de 25cm e com espaçamento

regular de 5m resultando numa malha de pontos amostrados de 25 linhas por 10

colunas como mostra a Figura 1:

25• 50• 75• 100• 125• 150• 175• 200• 225• 250• 24• 49• 74• 99• 124• 149• 174• 199• 224• 249• 23• 48• 73• 98• 123• 148• 173• 198• 223• 248• 22• 47• 72• 97• 122• 147• 172• 197• 222• 247• 21• 46• 71• 96• 121• 146• 171• 196• 221• 456• 20• 45• 70• 95• 120• 145• 170• 195• 220• 245• 19• 44• 69• 94• 119• 144• 169• 194• 219• 244• 18• 43• 68• 93• 118• 143• 168• 193• 218• 243• 17• 42• 67• 92• 117• 142• 167• 192• 217• 242• 16• 41• 66• 91• 116• 141• 166• 191• 216• 241• 15• 40• 65• 90• 115• 140• 165• 190• 215• 240• 14• 39• 64• 89• 114• 139• 164• 189• 214• 239• 13• 38• 63• 88• 113• 138• 163• 188• 213• 238• 12• 37• 62• 87• 112• 137• 162• 187• 212• 237• 11• 36• 61• 86• 111• 136• 161• 186• 211• 236• 10• 35• 60• 85• 110• 135• 160• 185• 210• 235• 9• 34• 59• 84• 109• 134• 159• 184• 209• 234• 8• 33• 58• 83• 108• 133• 158• 183• 208• 233• 7• 32• 57• 82• 107• 132• 157• 182• 207• 232• 6• 31• 56• 81• 106• 131• 156• 181• 206• 231• 5• 30• 55• 80• 105• 130• 155• 180• 205• 230• 4• 29• 54• 79• 104• 129• 154• 179• 204• 229• 3• 28• 53• 78• 103• 128• 153• 178• 203• 228• 2• 27• 52• 77• 102• 127• 152• 177• 202• 227• 1• 26• 51• 76• 101• 126• 151• 176• 201• 226•

Figura 1: Representação da área experimental com os pontos amostrados.

Em cada ponto foram medidos os valores das seguintes variáveis:

densidade, teor de água às tensões de 5, 10, 60, 100, 306, 816, 3060 e 15300 cm

de coluna de água (cca).

Neste trabalho foram considerados os teores de água às tensões de 306

e 15300 cca relacionados com capacidade de campo e o ponto de murcha

permanente respectivamente.

O objetivo é aplicar a metodologia geoestatística, em particular a

krigagem indicatriz, para verificação da distribuição espacial para cada uma das

variáveis obtendo-se mapas que representem os valores médios, probabilidades

Page 5: ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ... - est.ufpr.brpaulojus/MBG/misc/kindicatriz.pdf · Desta amostra resulta um conjunto de dados espacialmente distribuídos, ou seja,

3

de obtenção de um valor de umidade maior que uma determinado valor de

referência e valores de umidade dado uma probabilidade fixada (quantis). Além

disso, acrescentou-se de forma resumida os conceitos básicos de geoestatística.

O capítulo 1 trata da modelagem probabilística e estacionaridade, o capítulo 2da descrição e modelagem da estrutura de variabilidade espacial, capítulo 3 da

krigagem ordinária e krigagem indicatriz e no capítulo 4 um exemplo completo de

aplicação da krigagem indicatriz.

Page 6: ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ... - est.ufpr.brpaulojus/MBG/misc/kindicatriz.pdf · Desta amostra resulta um conjunto de dados espacialmente distribuídos, ou seja,

4

2- Modelagem Probabilística e Estacionaridade:

Seja uma região onde em certos pontos foram extraídas amostras e feitas

medidas das variáveis mencionadas. Desta amostra resulta um conjunto de dados

espacialmente distribuídos, ou seja, medidas de um atributo acompanhadas de

suas coordenadas. Estas coordenadas permitem o cálculo de distâncias

(euclidianas) entre os pontos observados.

Para cada ponto xi amostrado tem-se uma variável aleatória Z distinta,

considera-se este conjunto de variáveis aleatórias um processo estocástico,

descrito da forma:

{ }Z(x ):x Did∈ ⊂ℜ , (1)

onde,

Z é a variável aleatória que varia continuamente em D;

x é a posição da variável, considerada fixa;

D é a região em estudo;

ℜd é o espaço d-dimensional (d=1, 2, 3 ou 4).

Quando d=1 os dados estão em uma transição, para d=2 em um plano e

para d=3 em um volume. Pode-se ainda considerar o tempo.

O conjunto de dados obtidos da amostragem mencionada é uma realização

{z(xi):x ∈ ⊂ ℜD 2 } do processo descrito em (1).

Nota-se que o resultado da amostragem para cada variável aleatória é

composto de uma única realização em cada ponto e portanto de cada variável, o

que torna impossível qualquer tipo de inferência sobre este processo. Isto faz com

que algum tipo de estacionaridade, condizente com o problema em questão, deva

ser assumido, de forma a possibilitar estimação de ao menos os dois primeiros

momentos da distribuição da variável aleatória, que em geral estão relacionados

com as propriedades de interesse tais como: média, correlação, covariância e de

semivariância.

Page 7: ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ... - est.ufpr.brpaulojus/MBG/misc/kindicatriz.pdf · Desta amostra resulta um conjunto de dados espacialmente distribuídos, ou seja,

5

A forma de estacionaridade usualmente assumida na análise geoestatística

é a chamada hipótese intrínseca e é definida pela condições:

i) { }E Z x Z xi h i( ) ( )+ − = 0 , (2)

ii) { }E Z x Z x hi h i[ ( ) ( )] ( )+ − =2 2γ , (3)

onde:

γ(h) é a semivariância que deve ser independente da posição dos pontos,

sendo função apenas da distância entre eles e que será discutida com mais

detalhes posteriormente.

Esta hipótese é um tipo de estacionaridade dos incrementos, que é

formulada sob a variável aleatória:

g(h) = [Z(x+h) - Z(x)],

ou seja, as diferenças entre as variáveis separadas pela distância ¨h¨.

Portanto na situação aqui considerada espera-se que os dados sejam uma

realização de um processo estocástico ao menos intrinsecamente estacionário.

Existem situações mais gerais no que diz respeito a forma de

estacionaridade que não serão discutidas aqui e que podem ser encontradas em

Isaaks & Srisvastava (1989) e Cressie (1991).

Page 8: ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ... - est.ufpr.brpaulojus/MBG/misc/kindicatriz.pdf · Desta amostra resulta um conjunto de dados espacialmente distribuídos, ou seja,

6

3- Descrição e Modelagem da Variabilidade Espacial:

Assumida a estacionaridade (hipótese intrínseca) definida em (2) e (3) e

considerando que a associação das variáveis em pontos distintos é maior a

medida que se reduz a distância entre eles, o passo seguinte é descrever e

modelar estas relações entre distâncias e associação espacial.

Um exemplo de modelo que descreve tal comportamento é dado na Figura

1, onde γ(h) é uma medida de dissimilaridade.

Figura 2: Representação da associação das variáveis em pontos

distintos em função da distância que as separa.

Várias medidas se prestam a tal descrição tais como a autocovariância e

autocorrelação, usuais na análise de séries temporais. Na abordagem

geoestatística a medida normalmente utilizada é a semivariância. É importante

notar que, ao contrário da covariância e correlação, a semivariância é uma

medida de dissimilaridade, ou seja, é maior a medida que as variáveis estão

menos associadas. Esta medida exige uma hipótese de estacionaridade menos

restritiva em relação as outras medidas possíveis, como por exemplo a

covariância, que exige estacionaridade de segunda ordem Ribeiro Jr. (1995).

Portanto a semivariância pode ser utilizada em um maior número de situações

sendo definida a partir de (3) por:

[ ]γ ( ) ,( ) ( )h i jE z x z x=

−12

2

(4)

Page 9: ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ... - est.ufpr.brpaulojus/MBG/misc/kindicatriz.pdf · Desta amostra resulta um conjunto de dados espacialmente distribuídos, ou seja,

7

onde:

xi e xj indicam a posição dos pontos na região de estimação, separados por

uma distância h.

Observa-se ainda na Figura 2 que a função inicia no valor γ(0),

denominado efeito pepita ("nugget effect"). A função se estabiliza no valor γ(a)

que denomina-se patamar total e sua respectiva distância ¨a¨ é denominada

alcance ("range"). Denomina-se patamar (“sill”) a quantidade dada por: c= γ(a) -

γ(0). Deve-se tomar cuidado no uso de programas computacionais verificando se

requerem informações do patamar ou patamar total.

Em seu comportamento típico o valor do variograma aumenta a medida

que aumenta a distância de separação entre os pontos, até estabilizar-se. Pode-

se dizer então, que o grau de dissimilaridade mantém-se constante entre os

pontos com distância maior ou igual ao alcance.

O estimador obtido pelo método dos momentos é dado por:

[ ]$ ( )( )

( ) ( )γ hN h

z x z xi h i= −∑ +

12

2. (5)

Para melhor esclarecimento, segue um exemplo simplificado da estimação

da semivariância (exemplo 1).

Page 10: ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ... - est.ufpr.brpaulojus/MBG/misc/kindicatriz.pdf · Desta amostra resulta um conjunto de dados espacialmente distribuídos, ou seja,

8

Exemplo 1: Cálculo do semivariograma amostral.

Suponha o espaço D unidimensional onde foram amostrados cinco pontos como

segue:

z(x1)= 7

z(x2)= 9

z(x3)= 10

z(x4)= 11

z(x5)= 13

Figura 3: Amostras no espaço D

Considerando que as amostras foram tomadas em distâncias regulares de 1m,

procede-se então os cálculos das semivariâncias, segundo o estimador dado por

(5):

γ(1) = ½ *[ (7-9)2 + (9-10)2 + (10-11)2 + ( 11-13)2 ]/ 4 = 1.25

γ(2) = ½ *[ (7-10)2 + (9-11)2 + ( 10-13)2 ]/ 3 = 3.67

γ(3) = ½ *[ (7-11)2 + (9-13)2 ]/ 2 = 8

Fazendo o semivariograma tem-se:

Figura 4: Semivariograma estimado.

Em situações reais o variograma é obtido a partir de uma quantidade

razoável de pontos, de maneira geral não menos que 50.

Page 11: ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ... - est.ufpr.brpaulojus/MBG/misc/kindicatriz.pdf · Desta amostra resulta um conjunto de dados espacialmente distribuídos, ou seja,

9

Na Figura 5 tem-se um exemplo de um semivariograma estimado para um

conjunto de dados com número grande de observações num espaço

bidimensional, onde observa-se as estimativas de semivariância para as

distâncias possíveis no conjunto amostrado.

Figura 5 : Semivariograma estimado para um conjunto de dados hipotético.

No exemplo 1 estimou-se a semivariância nas distâncias de 1m, 2m e 3m,

não sendo possível fazer o mesmo para distâncias intermediárias tal como 2.5m.

Porém, muitas vezes necessita-se de um detalhamento maior da área amostrada,

sendo necessário estimar pontos intermediários para proceder uma interpolação,

o que exigirá o calculo de $γ (h) para distâncias que podem não coincidir com as

distâncias da amostra.

Para isso pode-se ajustar um modelo sobre os pontos do semivariograma

estimado. Este modelo pode ser ajustado "a sentimento", ou seja, é selecionado e

ajustado de modo que se sobreponha da melhor maneira possível aos pontos do

semivariograma estimado. Cressie (1991) discute outros métodos de ajuste. O

modelo ajustado pode posteriormente ser posto à prova através da validação

cruzada ,discutida em Davis (1987). A Figura 6 mostra um modelo ajustado para o

semivariograma da Figura 5.

Page 12: ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ... - est.ufpr.brpaulojus/MBG/misc/kindicatriz.pdf · Desta amostra resulta um conjunto de dados espacialmente distribuídos, ou seja,

10

Figura 6: Modelo ajustado sob um semivariograma estimado.

Os modelos para o variograma devem ser monótonos não decrescentes e

positivo definidos. Outras condições são citadas por Ribeiro Jr. (1995).

Os modelos mais comumente disponíveis nos ¨softwares¨ e na literatura

são: Gaussiano, Esférico, Exponencial e Linear. Suas expressões podem ser

encontradas em Isaaks & Srisvastava (1989).

O fenômeno estudado pode ou não apresentar estruturas de variabilidade

espacial diferentes conforme a direção tomada dentro da área. Estas diferenças

podem ser percebidas comparando os semivariogramas estimados para varias

direções. Quando esta estrutura de dependência espacial é a mesma para todas

as direções ( ou seja, h é considerado como escalar), o fenômeno é dito

isotrópico, caso contrário considera-se h um vetor e o fenômeno é dito

anisotrópico.

Os casos de anisotropia devem ser considerados na estimação das

semivariâncias e ajuste do modelo, o que acarreta em modelos com mais

parâmetros conforme discutido em Ribeiro Jr.(1995).

A etapa de ajuste do modelo de semivariograma é de grande importância e

pode influenciar resultados posteriores. Deve-se portanto, ter muita cautela

verificando todas as possibilidades de ajuste para que o modelo ajustado

escolhido se aproxime ao máximo do fenômeno real e consequentemente

estimativas a serem feitas sejam mais próximas da realidade.

Page 13: ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ... - est.ufpr.brpaulojus/MBG/misc/kindicatriz.pdf · Desta amostra resulta um conjunto de dados espacialmente distribuídos, ou seja,

11

4 - KRIGAGEM:

Na maioria das vezes o interesse da análise não se limita a obtenção de

um modelo de dependência espacial, desejando-se também predizer valores em

pontos não amostrados. O interesse, pode ser em um ou mais pontos específicos

da área ou obter uma malha de pontos interpolados que permitam visualizar o

comportamento da variável na região através de um mapa de isolinhas ou

desenho de uma superfície. Para se obter este maior detalhamento da área em

estudo é necessário um interpolador.

Entre os muitos métodos de interpolação existentes pode-se citar: método

poligonal, triangulação, médias locais das amostras e inverso do quadrado das

distâncias. De modo geral estes interpoladores citados são simples e de cálculo

relativamente fácil. Por outro lado, suas principais limitações são:

poligonal - estimativas locais descontínuas.

inverso do quadrado das distâncias - não considera a anisotropia, não limita a

vizinhança, não considera a configuração

da vizinhança.

triangulação - não considera a anisotropia.

médias locais - sensível a concentração de valores e não considera a distância

entre as amostras e o ponto a ser estimado.

A proposta geoestatística de interpolação é conhecida como krigagem.

Este interpolador pondera os vizinhos do ponto a ser estimado obedecendo os

critérios de não tendenciosidade e mínima variância. Existem diversos tipos de

krigagem: a simples, ordinária, universal, indicadora, probabilística, etc.

Para o entendimento deste interpolador proposto será inicialmente

abordado em 4.1 a krigagem ordinária e no item 4.2 a krigagem indicatriz que é o

objetivo principal deste trabalho.

Page 14: ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ... - est.ufpr.brpaulojus/MBG/misc/kindicatriz.pdf · Desta amostra resulta um conjunto de dados espacialmente distribuídos, ou seja,

12

4.1 - Krigagem Ordinária:

Considerando-se a Figura 7 onde na região D contida no espaço ℜ2 define-

se o processo espacial:

{ }Z x xi( ): ∈ ⊂ ℜD 2 , (6)

onde em n pontos xi são feitas medidas de uma variável Z. Tem-se então, uma

amostra de variáveis aleatórias espacialmente dependentes (ou seja, uma

realização de (6)) { }z x xi( ): ∈ ⊂ ℜD 2 .

Figura 7: Variáveis amostradas no espaço D

Deseja-se então estimar Z(x0) que é um valor desconhecido para

determinada localização contida na região D.

Considera-se o estimador:

$( ) ( )Z x iz xi0 = ∑λ , (7)

função linear dos pontos conhecidos e onde os λi’s dados pela krigagem são

ponderadores distintos dos demais de outros interpoladores usuais mencionados

anteriormente. Distintos porque são proporcionais às “distâncias estatísticas”,

significando que, além de ponderar pelas distâncias euclidianas entre o ponto a

ser estimado e os demais pontos conhecidos, incorporam também a estrutura de

variabilidade na região de estimação. Salienta-se ainda que as distâncias

Page 15: ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ... - est.ufpr.brpaulojus/MBG/misc/kindicatriz.pdf · Desta amostra resulta um conjunto de dados espacialmente distribuídos, ou seja,

13

consideradas não são somente as distâncias entre o ponto a ser predito e os

vizinhos, mas também, as distâncias entre vizinhos. Exemplificando, suponha a

situações representadas pelas Figuras 8a e 8b, assumindo fenômenos

isotrópicos.

• x2

• x1 • x2 • x3

• x4

• A • A

• x3 • x4 • x1

Figura 8 a e b : Diferentes configurações de vizinhança.

É razoável que para a Figura 8a os pesos de cada ponto sejam

semelhantes, uma vez que estão aproximadamente a mesma distância do ponto

A e entre si. Na Figura 8b, nota-se um agrupamento de dados. Neste caso é

razoável que o peso de x1 seja maior que os pesos de x2, x3 e x4, pois estes

dados agrupados trazem informações quase redundantes de uma mesma região.

Esta característica deste interpolador é denominada ¨declustering¨,

devendo-se ao fato do preditor considerar uma medida de associação entre os

pontos xi da vizinhança. Normalmente, a medida de associação utilizada é a

semivariância, e daí a necessidade do semivariograma e do modelo ajustado.

Considerando que o modelo adotado para o semivariograma é correto e

não apresenta erros de medida, deve-se então determinar os valores de λi que

garantam as propriedades de mínima variância e não tendenciosidade.

Assumida a hipótese intrínseca, para a não tendenciosidade ser

assegurada deve-se ter:

Page 16: ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ... - est.ufpr.brpaulojus/MBG/misc/kindicatriz.pdf · Desta amostra resulta um conjunto de dados espacialmente distribuídos, ou seja,

14

[ ]E Z x Z x$( ) ( )0 0 0− = (8)

o que implica em λii∑ = 1 . A variância de estimação é dada por :

[ ] { } { }( )V a r Z x Z x E Z x Z x E Z x Z x$ ( ) ( ) [ $ ( ) ( ) ] [ $ ( ) ( ) ]0 0 0 02

0 0

2

− − −= − ,

onde o último termo é zero pela a condição (8).

A variância quando minimizada sujeita a restrição λii∑ = 1e igualada a

zero, resulta em um sistema de equações do tipo:

( ) ( )ii

i j i j

ii

x x x x$ $

$

, ,λ γ µ γ

λ

+ =

=

1

que sob notação matricial pode ser escrito:

γ γ γγ γ γ

γ γ γ

λλ

λµ

γγ

γ

1 1 1 2 1

2 2 2 2 2

1 2

1

2

1 0

2 0

0

1111

1 1 1 1 0 1

, , ,

, , ,

, , ,

,

,

,

. . .

. . .. . . . . . . . . . . .

. . .

$

$

. . .$

$

. . .

n

n

n n n n n n

=

Assim, resolvendo o sistema tem-se a estimativa:

z x z xi ii

( ) $ ( )0 = ∑λ ,

onde o estimador é BLUE (¨Best Linear Umbiesed Estimator¨).

Detalhes das demonstrações envolvidas podem ser encontradas em

Ribeiro Jr. (1995).

Page 17: ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ... - est.ufpr.brpaulojus/MBG/misc/kindicatriz.pdf · Desta amostra resulta um conjunto de dados espacialmente distribuídos, ou seja,

15

Através da krigagem ordinária obtém-se ( )$z xo , que é uma estimativa do

valor esperado da variável no ponto x0 , ou seja, [ ]E Z x( )0 .

Repetindo-se o processo de krigagem ordinária em vários pontos de modo

a formar uma malha fina é possível obter um mapa das estimativas na região

estudada, o que facilita a interpretação quanto ao comportamento espacial da

variável.

Por estimar uma média este processo de krigagem implica numa

suavização dos valores preditos para a região em estudo, além de não fornecer

uma estimativa da dispersão destas variáveis (a variância de krigagem avalia

apenas a configuração da vizinhança).

O exemplo 2 mostra o procedimento de estimação pela krigagem ordinária.

Page 18: ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ... - est.ufpr.brpaulojus/MBG/misc/kindicatriz.pdf · Desta amostra resulta um conjunto de dados espacialmente distribuídos, ou seja,

16

Exemplo 2: Seja o espaço D onde foram observados os valores conforme

listados abaixo:

x3 •

x2 • • x0 • x4

x1 • • x5 D

valores observados:z(x1)=0.90z(x2)=0.75z(x3)=0.70z(x4)=0.65z(x5)=0.25

Medindo-se as distâncias entre os pontos 1, 2, 3, 4, e 5 tem-se a matriz dedistâncias:

H=

0 1 0 2 4 2 6 2 051 0 0 1 6 2 4 2 52 4 1 6 0 15 2 62 6 2 4 15 0 1 62 05 2 5 2 6 1 6 0

. . . .. . . .. . . .. . . .. . . .

e procedendo da mesma forma em relação ao ponto 0 e os demais tem-se o

vetor de distâncias: h’= [ ]1.7, 1.4, 1.0, 1.0, 1.65

Considerando o modelo de variabilidade espacial:

γ ( ) , ,h h= +0 11 0 46 (obs: γ(0)=0) .

Monta-se o sistema de equações na forma matricial:

0 0 5 7 1 2 1 4 1 3 0 6 1 0 5 3 10 5 7 0 0 8 4 6 1 2 1 4 1 2 6 1

1 2 1 4 0 8 4 6 0 0 8 1 3 0 6 11 3 0 6 1 2 1 4 0 8 0 0 8 4 6 11 0 5 3 1 2 6 1 3 0 6 0 8 4 6 0 1

1 1 1 1 1 0

0 8 9 20 7 5 40 5 70 5 7

0 8 6 9

1

2

3

4

5

. . . .. . . .

. . . .

. . . .

. . . .

*

$

.

...

.

$$$$$

=

λλλλλµ

1

Resolvendo o sistema obtém-se:

i$

.

.

.

.

.

λ =

0 11120 14970 30340 31640 1194

E a estimativa é dada por:

z x z xi ii

( ) $ ( )0 = ∑λ = 0.6608

Page 19: ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ... - est.ufpr.brpaulojus/MBG/misc/kindicatriz.pdf · Desta amostra resulta um conjunto de dados espacialmente distribuídos, ou seja,

17

4.2- Krigagem Indicatriz:

Como a krigagem ordinária fornece apenas estimativa da esperança da

variável Z em pontos desconhecidos, as possibilidades de interpretação e uso

destes resultados são limitadas. A krigagem indicatriz é uma das alternativas que

possibilita a estimação, não só da esperança, mas de toda a função de

distribuição acumulada da variável em cada ponto.

A krigagem indicatriz baseia-se na transformação do conjunto de dados

em variáveis indicadoras, mantendo-se os procedimentos básicos da krigagem

ordinária.

Seja a transformação indicadora para um ponto de corte zc dada por:

{I x z z x zi c i c( , ) ( )= ≤1

0 se c.c , (9)

onde as realizações z(xi) i=1, 2, 3, ..., N das variáveis Z contínuas, espacialmente

distribuídas e espacialmente dependentes, são transformadas em variáveis

dicotômicas segundo (9).

O ponto de corte ou ”cutoff”, representado por zc, pode assumir valores

contidos em [min z(xi) , max z(xi)], podendo ser selecionado segundo um critério

do pesquisador.

O exemplo 3 mostra a transformação de um pequeno conjunto de dados

hipotéticos.

Tem-se então a esperança e variância de cada variável indicadora:

{ } [ ] [ ][ ]

E I x z n P Z x z n P Z x z n

P Z x z n F x z n

i c i c i c

i c Z i c

( , / ( ) * ( ) / ( ) * ( ) / ( )

( ) / ( ) ( , / ( ))

= ≤ + > =

= ≤ =

1 0 (10)

{ } [ ]Var I x z F x z F x zi c n Z i c n Z i c n( , / ( , / ) * ( , / )( ) ( ) ( )= −1 (11)

Page 20: ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ... - est.ufpr.brpaulojus/MBG/misc/kindicatriz.pdf · Desta amostra resulta um conjunto de dados espacialmente distribuídos, ou seja,

18

Exemplo 3:

Observando-se afigura abaixo tem-se que as colunas x e y são as

coordenadas, a coluna z são os valores observados e as colunas Ii são

as variáveis transformadas segundo (9) utilizando-se os seguintes

¨cutoff’s¨: z1=0.232, z2=0.239, z3=0.2459, z4=0.24785 e z5=0.2527.

x y z I1 I2 I3 I4 I50 0 0.2459 0 0 1 1 1

0 5 0.239 0 1 1 1 1

0 10 0.2338 0 1 1 1 1

0 15 0.2467 0 0 0 1 1

0 20 0.2541 0 0 0 0 0

0 25 0.2466 0 0 0 1 1

Portanto, como mostrado em (10), estima-se { }E I x zi c n( , / ( ) e tem-se a

estimativa de um ponto da função de distribuição acumulada condicional de Z em

zc. Foi mencionado em 4.1 que a krigagem ordinária estima a esperança de uma

variável aleatória e portanto pode-se utilizar a krigagem ordinária de uma variável

indicadora para estimar a função distribuição acumulada.

A abordagem probabilística é semelhante a de Z. Dada a região D contida

no espaço ℜ2 e definindo o processo espacial:

{ }I x z xi c( , ): ∈ ⊂ℜD 2 , (12)

A hipótese intrínseca para a variável indicadora é definida por:

{ }E I x I xi h i( ) ( )+ − = 0 (13)

Page 21: ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ... - est.ufpr.brpaulojus/MBG/misc/kindicatriz.pdf · Desta amostra resulta um conjunto de dados espacialmente distribuídos, ou seja,

19

{ }E I x I x hi h i[ ( ) ( )] ( )+ − =2 2γ (14)

onde em n pontos xi tem-se os indicadores de uma variável Z para o ponto de

corte zc. Para cada ¨cutoff¨ tem-se então, uma amostra de variáveis aleatórias

{ }i x z xi c( , ): ∈ ⊂ ℜD 2 .

Figura 9: Variáveis Indicadoras das variáveis amostradas no espaço D.

Deseja-se estimar E{I(x0)/(n)} , valor indicador no ponto x0, dado o número

¨n¨ de observações consideradas na vizinhança definida.

Propõe-se o estimador: $( ) / ( )( )I x i I xiin0 = ∑ λ ,

onde os ponderadores λi devem ser estimados de modo a garantir as propriedades

de mínima variância e não tendenciosidade, tal como na krigagem ordinária.

Assumindo a hipótese intrínseca, para a não tendenciosidade ser

assegurada deve-se ter:

[ ]E I x I x$( ) ( )0 0 0− = , (15)

que implica em λii∑ = 1 , com demonstração análoga a krigagem ordinária. A

variância de estimação é dada por:

Page 22: ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ... - est.ufpr.brpaulojus/MBG/misc/kindicatriz.pdf · Desta amostra resulta um conjunto de dados espacialmente distribuídos, ou seja,

20

[ ] { } { }( )Var I x I x E I x I x E I x I x$( ) ( ) [ $( ) ( )] [ $( ) ( )] ,0 0 0 02

0 0

2

− − −= −

onde o último termo é nulo dada a condição (15).

Semelhante à krigagem ordinária, a variância quando minimizada, sujeita a

restrição λii∑ = 1 , é igualada a zero, resultando em um sistema de equações do

tipo:

( ) ( )iii j i j

ii

x x x x$ $

$

, ,λ γ µ γ

λ

+ =

=

1

que sob notação matricial pode ser escrito:

γ γ γγ γ γ

γ γ γ

λλ

λµ

γγ

γ

1 1 1 2 1

2 2 2 2 2

1 2

1

2

1 0

2 0

0

1111

1 1 1 1 0 1

, , ,

, , ,

, , ,

,

,

,

. . .

. . .. . . . . . . . . . . .

. . .

$

$

. . .$

. . .

n

n

n n n n n n

=

Resolvendo o sistema obtém-se os λi’s que são usados no estimador:

$( , / ) $ ( )I x z n i xc i ii

0 =∑λ ,

note que ( )$ , /I x z c n0 é um estimador BLUE e está estimando [ ]E I x z nc( , / )0 .

Conforme comentado anteriormente, tal esperança é igual a função distribuição

acumulada condicional para o ponto de corte zc ou seja:

[ ]$( , / ) $ ( ) / ( )I x z n E I xc n0 0= = [ ]$ ( ) / $ ( , / )( ) ( )P Z x z F x zi c n Z i c n≤ = .

Page 23: ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ... - est.ufpr.brpaulojus/MBG/misc/kindicatriz.pdf · Desta amostra resulta um conjunto de dados espacialmente distribuídos, ou seja,

21

Assim, repetindo o processo para vários zc ’s é possível estimar a função

de distribuição acumulada condicional empírica em cada ponto da áreaconforme ilustra a Figura 10.

Figura 10: Função distribuição acumulada condicional

Estimando-se a função distribuição acumulada pode-se obter mais

informações sobre a área em estudo, sendo possível construir mapas não só de

médias, mas de outras estatísticas das variáveis na região de estimação tais

como: medianas, quantis e probabilidades.

A Figura 11 mostra um fluxograma para o processo da krigagem indicatriz.

Maiores detalhes podem ser obtidos em Journel (1983 e 1984), Kim (1988) e

Isaaks & Srivastava (1989).

Page 24: ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ... - est.ufpr.brpaulojus/MBG/misc/kindicatriz.pdf · Desta amostra resulta um conjunto de dados espacialmente distribuídos, ou seja,

22

Modelar variograma

Tomar o j-ésimo cutoff

Tomar o ponto k da malha

Montar e resolver o sistema de krigagem

Outro cutoff ?

Corrigir as relações de ordem e montar a ccdf

Outro ponto namalha?

Obter o mapa desejado

SIM

Definir a malha

Definir outro cutoff?

Escolher cutoff z(c) e Transformar os dados

sim

sim

sim

Krigagem Indicatriz

(1)

(2)

(3)

(4)

(5)

(6)

(7)

(8)

(9)

(10)

(11)

Figura 11: Fluxograma da krigagem indicatriz

Page 25: ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ... - est.ufpr.brpaulojus/MBG/misc/kindicatriz.pdf · Desta amostra resulta um conjunto de dados espacialmente distribuídos, ou seja,

23

5 - Resultados:

Com os resultados de teor de água dos dois conjuntos, tensão de 306 cca

e 15300 cca, foram obtidas as variáveis indicadoras para nove pontos de corte

(“cutoff’s”) conforme mostra a Tabela 1:

“cutoff” Tensão

306 cca 15300 cca

zc1 0,232 0,17225

zc2 0,239 0,1797

zc3 0,2459 0,1871

zc4 0,24785 0,19315

zc5 0,2527 0,199

zc6 0,2579 0,2048

zc7 0,263 0,21165

zc8 0,26795 0,2178

zc9 0,2712 0,22605

Tabela 1: Relação dos valores dos pontos de corte

Os “cutoff’s” selecionados foram os decis exceto para os “cutoff’s” 1, 2, 3 e

9 da tensão 306 cca onde foram utilizados, respectivamente, os seguintes quantis

0.15, 0.25, 0.35 e 0.85.

Após a transformação foram construídos semivariogramas e ajustado os

modelos isotrópicos listados na Tabela 2:

Estes procedimentos até este ponto equivalem aos passos 1, 2, 3 do

fluxograma (Figura 11).

Page 26: ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ... - est.ufpr.brpaulojus/MBG/misc/kindicatriz.pdf · Desta amostra resulta um conjunto de dados espacialmente distribuídos, ou seja,

24

306 cca 15300 cca“cutoff” MODELO “cutoff” MODELO

zc1 γ( h ) = 0.081 + 0.0465 sph (h/24.8) zc1 γ( h ) = 0.0747+0.0153 sph(h/31.33)

zc2 γ( h ) = 0.095 + 0.0925 sph (h/18.8) zc2 γ( h ) = 0.1 + 0.06 exp (h/18.48)

zc3 γ( h )= 0.142 + 0.0855 sph(h/16.578) zc3 γ( h ) = 0.12 + 0.09 sph (h/14.56)

zc4 γ( h ) = 0.147 + 0.093 sph (h/17.2) zc4 γ( h ) = 0.123 + 0.117 sph (h/13.44)

zc5 γ( h ) = 0.12 + 0.13 exp (3h/(18.4)) zc5 γ( h ) = 0.117 + 0.133 sph (h/13.44)

zc6 γ( h ) = 0.16 + 0.08 sph (h/26.157) zc6 γ( h ) = 0.111 + 0.129 sph (h/11.76)

zc7 γ( h ) = 0.139 + 0.071 sph (h/31.63) zc7 γ( h ) = 0.111 + 0.099 sph (h/11.2)

zc8 γ( h ) = 0.11 + 0.05 sph (h/40.0) zc8 γ( h ) = 0.096 + 0.064 sph (h/11.76)

zc9 γ( h ) = 0.78 + 0.0495 sph (h/40.0) zc9 γ( h ) = 0.0756 + 0.0144 sph (h/44.4)

Tabela 2: Modelos ajustados para os nove “cutoff’s” dos dois conjuntos.

Os variogramas com os modelos ajustados estão no anexo 1. Nota-se que para

cada um dos variogramas existe um valor definido para o patamar total

correspondente a variância da variável indicadora. Exemplificando, caso tenha-se

um semivariograma para uma variável indicatriz referente ao ““cutoff””

correspondente ao primeiro decil, a variância para esta variável será:

{ }Var I x zi c n( , / , * , ,( ) = =0 1 0 9 0 09 ,

que portanto deve ser o patamar total para o variograma.

Foram obtidas estimativas compondo uma malha com espaçamento de 0,5

m (passo 4 da Figura 11) e então procedeu-se a krigagem indicatriz utilizando-se

as rotinas da GSLIB, mais especificamente o programa Ik3d (passos 5 a 11 da

Figura 11) e posteriormente, com o programa Postik, foram gerados os mapas

das Figuras 12, 13 e 14 (passo 12 da Figura 11). Para a tensão de 306 cca, os

arquivos de parâmetros utilizados na GSLIB estão no anexo 2.

Os mapas da Figura 12 referem-se às médias e medianas para a duas

tensões analisadas, 306 cca e 15300 cca. No mapa “12a” tem-se as esperanças

estimadas com valores representados por escala de cores. Assim, a região fica

mapeada em relação aos valores esperados de teor de água. Analogamente, o

mapa “12c” traz o mesmo tipo de informação referente a tensão de 15300 cca. Os

Page 27: ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ... - est.ufpr.brpaulojus/MBG/misc/kindicatriz.pdf · Desta amostra resulta um conjunto de dados espacialmente distribuídos, ou seja,

25

mapas “12b” e “12d” mostram as medianas estimadas para as tensões 306 cca e

15300 cca respectivamente.

A Figura 13 apresenta os mapas de probabilidades do teor de água ser

menor que um nível fixado. Nestes mapas a escala de cores representa uma

probabilidade. Assim, pode-se determinar regiões de maior ou menor

probabilidade que o teor de água seja menor que um valor de referência. Nos

mapas da Figura 13 os valores de referência foram 0,19 e 0,25

Outra representação gráfica refere-se a Figura 14, que são os mapas dequantis para as duas tensões. Para os conjuntos estudados foram selecionados

os quantis 0,2 e 0,8 que correspondem aos mapas “14a”, “14c “ e “14b”, “14d”.

Nestes mapas a escala de cor refere-se a um quantil do teor de água que pode

ser interpretado como segue: Para o mapa “14a”, a cor vermelha refere-se a

teores de umidade em torno de 0,25. As regiões marcadas por esta cor no mapa

tem probabilidade 0,2 de terem seu valor de umidade igual ou menor que o

indicado na escala. Analogamente, no mapa “14b” , as regiões com cor vermelho

tem probabilidade 0,8 de terem o teor de água menor ou igual ao valor indicado

na escala.

Analisando de outro modo, os mapas “14a” e “14c”, que tem probabilidades

fixadas em 0,2, demarcam as regiões com alta probabilidade (0,8) do teor de

água ser maior ou igual ao indicado na escala. Nesta situação tem-se o ¨alto

confiável¨. Isto significa uma probabilidade alta de se ter valores elevados de

umidade. Para o quantil 0,8 a situação é inversa, são mapeados valores cuja a

probabilidade da umidade estar abaixo deles é de 0,8. Neste caso tem-se o ¨baixo

confiável”. De forma geral pode-se dizer que fixando quantis baixos tem-se

confiança nos valores altos e para quantis alto tem-se confinaça valores baixos.

O processo de krigagem Indicatriz apresenta procedimentos e dificuldades

adicionais: a obtenção de semivariogramas e ajustes de modelos em quantidade

igual ao número de “cutoff’s” escolhidos, problemas de relação de ordem e tempo

computacional. Por outro lado, os resultados obtidos são compensadores. A

obtenção das distribuições acumuladas condicionais empíricas em cada ponto da

região permite explorá-la com mapas como os das Figuras 12, 13 e 14, que dão

mais elementos para análise e maior segurança em uma possível tomada de

decisão.

Page 28: ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ... - est.ufpr.brpaulojus/MBG/misc/kindicatriz.pdf · Desta amostra resulta um conjunto de dados espacialmente distribuídos, ou seja,

26

PR 306 cca PR 15300 cca

MÉDIAS ESTIMADAS MÉDIAS ESTIMADAS

MEDIANAS ESTIMADAS MEDIANAS ESTIMADAS

Figura 12: Mapas do teor de água do solo.a) Mapa das médias estimadas à tensão de 306 cca. b) Mapa das medianas estimadas à tensão de 306 cca. c) Mapa das médias estimadas à tensão de 15300 cca.d) Mapa das medianas estimadas à tensão de 15300 cca.

Page 29: ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ... - est.ufpr.brpaulojus/MBG/misc/kindicatriz.pdf · Desta amostra resulta um conjunto de dados espacialmente distribuídos, ou seja,

27

PR 306 cca PR 15300 cca

P ( z(u) > 0.19 ) P ( z(u) > 0.19 )

P ( z(u) > 0.25 ) P ( z(u) > 0.25 )

Figura 13: Mapas de probabilidade para o teor de água do solo.a) Mapa de probabilidade do teor de água ser maior que 0,19 à tensão de 306 cca ( P(z(u)>0.19). b) Mapa de probabilidade do teor de água ser maior que 0,25 à tensão de 306 cca ( P(z(u)>0.25).c) Mapa de probabilidade do teor de água ser maior que 0,19 à tensão de 15300 cca (P(z(u)>0.19).d) Mapa d e probabilidade do teor de água ser maior que 0,25 à tensão de 15300 cca (Pz(u)>0.25).

Page 30: ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ... - est.ufpr.brpaulojus/MBG/misc/kindicatriz.pdf · Desta amostra resulta um conjunto de dados espacialmente distribuídos, ou seja,

28

PR 306 cca PR 15300 cca

QUANTIL 0.2 QUANTIL 0.2

QUANTIL 0.8 QUANTIL 0.8

Figura 14: Mapas de quantis do teor de água do solo às tensões de 306cca e 15300cca.a) Mapa do quantil 0,2 do teor de água do solo á pressão 306 cca.b) Mapa do quantil 0,8 do teor de água do solo á pressão 306 cca.c) Mapa do quantil 0,2 do teor de água do solo á pressão 15300 cca.d) Mapa do quantil 0,8 do teor de água do solo á pressão 15300 cca.

Page 31: ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ... - est.ufpr.brpaulojus/MBG/misc/kindicatriz.pdf · Desta amostra resulta um conjunto de dados espacialmente distribuídos, ou seja,

29

6- Referências Bibliográficas:

CRESSIE, N.. Statistics for Spatial Data. John Wiley & Sons, 1991.

DAVIS, B.M.. Uses and abuses of cross-validation in geostatistics.

Mathematical Geology, New York, 19(3): 241-8, 1987.

DEUTSCH, C.V. & JOURNEL, A.G.. GSLIB: Geostatistics softwarelibrary and user's guide. New York: Oxford University Press,1992.

GEODERMA: AN INTERNATIONAL JOURNAL OF SOIL SCIENCE. Pedometrics-92:

Developments in Spatial Statistics for Soil Science, Special Issue.

Netherlands: Elsevier, v. 62, n. 1-3,1994.

ISAAKS, E.H. & SRISVASTAVA, R.M.. An introduction to appliedgeostatistics. New York: Oxford University Press, 1989.

JOURNEL, A.G.. Non-parametric estimation of spatial distributions.

Mathematical Geology, New York, 15(3): 445-468, 1983.

JOURNEL, A.G.. A place on non-parametric geostatistics. In VERLY et. al.,

ed. Geostatistics for natural resources caracterization, vol.1, pag

307-55, Riedel, Dordrecht, Holland, 1984.

KIM, Y.C.. Geostatistics for highly skewed data. Department of Mining

and Geological Engineering. The University of Arizona, 1988.

MORAES, S.O.. Heterogeneidade hidráulica de uma terra roxaestruturada. Piracicaba, 1991. 141p. Tese, (Doutorado) - Escola

Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", USP.

Page 32: ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ... - est.ufpr.brpaulojus/MBG/misc/kindicatriz.pdf · Desta amostra resulta um conjunto de dados espacialmente distribuídos, ou seja,

30

RIBEIRO JR, P.J.. Métodos geoestatísticos no estudo variabilidadeespacial de parâmetros físicos do solo. Piracicaba, 1985. 100p.

Dissertaçào (Mestrado em Estatística) - Escola Superior de Agricultura

"Luiz de Queiroz", USP.

VIEIRA, S.R.; NIELSEN, D.R.; BIGGAR, J.W.. Spatial varialility of field-

measured infiltration rate. Soil Science Society of American Journal,Madison, 45(2): 1040-8, 1981.

VIEIRA, S.R.; HATFIELD, J.L.; NIELSEN, D.R.; BIGGAR, J.W.

Geostatistical theory and applications to variability of some agronomical

properties. Hilgardia. Berkeley, 51(3): 1-75, 1983.

WAYNICK, D. D.. Variability in soil and its significance to past and future

soil investigations. University of California Publications inAgricultural Sciences, vol. 3, No. 9, pp. 243-270, 1918.

WAYNICK, D. D.; SHARP, L.T.. Variability in soil and its significance to past

and future soil investigations. II. Variations in nitrogen and carbon in

field soil and their relation to the accuracy of the field trial. University ofCalifornia Publications in Agricultural Sciences, vol. 4, No. 5, pp.

121-139, 1919.

WEBSTER, R. Quantitative spatial analysis of soil in the field. Advances inSoil Science. New York, 3:1-70, 1985.

Page 33: ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ... - est.ufpr.brpaulojus/MBG/misc/kindicatriz.pdf · Desta amostra resulta um conjunto de dados espacialmente distribuídos, ou seja,

31

Anexo 1

Page 34: ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ... - est.ufpr.brpaulojus/MBG/misc/kindicatriz.pdf · Desta amostra resulta um conjunto de dados espacialmente distribuídos, ou seja,

32

VARIOGRAMAS INDICADORES PARA PRESSÃO 306 CCA

CUTOFF 1 CUTOFF 2

CUTOFF 3 CUTOFF 4

CUTOFF 5 CUTOFF 6

CUTOFF 7 CUTOFF 8

CUTOFF 9

Page 35: ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ... - est.ufpr.brpaulojus/MBG/misc/kindicatriz.pdf · Desta amostra resulta um conjunto de dados espacialmente distribuídos, ou seja,

33

VARIOGRAMA INDICADOR PARA PRESSÃO 15300 CCA

CUTOFF 1 CUTOFF 2

CUTOFF 3 CUTOFF 4

CUTOFF 5 CUTOFF 6

CUTOFF 7 CUTOFF 8

CUTOFF 9

Page 36: ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ... - est.ufpr.brpaulojus/MBG/misc/kindicatriz.pdf · Desta amostra resulta um conjunto de dados espacialmente distribuídos, ou seja,

34

Anexo 2

Page 37: ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ... - est.ufpr.brpaulojus/MBG/misc/kindicatriz.pdf · Desta amostra resulta um conjunto de dados espacialmente distribuídos, ou seja,

35

Parameters for IK3D *******************

START OF PARAMETERS:306test.dat \data file1 2 0 3 \column for x,y,z and variabledirect.ik \direct indicator input (soft)-1.0e21 1.0e21 \data trimming limits306sinkr.out \output file of kriging results0 \debugging level: 0,1,2,3ik3d.dbg \output file for debugging91 0.0 0.5 \nx,xmn,xsiz241 0.0 0.5 \ny,ymn,ysiz1 0.0 5.0 \nz,zmn,zsiz1 30 \min, max data for kriging45.0 \maximum search radius0.0 0.0 0.0 1.0 1.0 \search: ang1,2,3,anis1,20 \max per octant (0-> not used)0 2.5 \0=full IK, 1=Med IK (cutoff)1 \0=SK, 1=OK9 \number cutoffs0.232 0.15 1 0.6353 \cutoff, global cdf, nst, nugget 1 24.8 0.3647 \it, aa, cc 0.0 0.0 0.0 1.0 1.0 \ ang1,ang2,ang3,anis1,20.239 0.25 1 0.5067 \Cutoff, global cdf, nst, nugget 1 18.8 0.4933 \ it, aa, cc 0.0 0.0 0.0 1.0 1.0 \ang1,ang2,ang3,anis1,20.2459 0.35 1 0.6242 \cutoff, global cdf, nst, nugget 1 16.578 0.3758 \ it, aa, cc 0.0 0.0 0.0 1.0 1.0 \ang1,ang2,ang3,anis1,20.24785 0.40 1 0.6125 \cutoff, global cdf, nst, nugget 1 17.2 0.3875 \ it, aa, cc 0.0 0.0 0.0 1.0 1.0 \ ang1,ang2,ang3,anis1,20.2527 0.50 1 0.48 \cutoff, global cdf, nst, nugget 2 6.133 4 0.52 \ it, aa, cc 0.0 0.0 0.0 1.0 1.0 \ ang1,ang2,ang3,anis1,20.2579 0.60 1 0.6667 \cutoff, global cdf, nst, nugget 1 25.877 0.3333 \ it, aa, cc 0.0 0.0 0.0 1.0 1.0 \ ang1,ang2,ang3,anis1,20.263 0.70 1 0.6619 \cutoff, global cdf, nst, nugget 1 31.63 0.3381 \ it, aa, cc 0.0 0.0 0.0 1.0 1.0 \ ang1,ang2,ang3,anis1,20.26795 0.80 1 0.6875 \cutoff, global cdf, nst, nugget 1 40.0 0.3125 \ it, aa, cc 0.0 0.0 0.0 1.0 1.0 \ ang1,ang2,ang3,anis1,20.2712 0.85 1 0.6118 \cutoff, global cdf, nst, nugget 1 40.00 0.3882 \ it, aa, cc0.0 0.0 0.0 1.0 1.0 \ang1,ang2,ang3,anis1,2

Page 38: ESTIMATIVA DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE ... - est.ufpr.brpaulojus/MBG/misc/kindicatriz.pdf · Desta amostra resulta um conjunto de dados espacialmente distribuídos, ou seja,

36

Parameters for POSTIK (obtenção das estimativas “e-type”)******************** START OF PARAMETERS:pr306in.out \input from IK3D306ppet.out \output file1 0.5 \output option, output parameter9 \number of cutoffs0.2284 0.23475 0.2428 0.24785 0.2527 0.2579 0.263 0.26795 0.2769 \the cutoffs0 1 0.75 \volume support, type, varredpr306 \global distribution3 5 -1.0 1.0e21 \ivr, iwt, tmin, tmax0.0 1.0 \minimum and maximum Z value2 1.5 \lower tail: option, parameter1 1.0 \middle : option, parameter2 0.5 \upper tail: option, parameter50 \maximum discretization