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64 FOTOGRAFIA: NICOLAS MOORE/TRUNK ARCHIVE. VOGUE NOVEMBRO 2013 a era do do it-yourself as mu- lheres estão a trocar as lavan- darias por máquinas de lavar, detergentes especializados e ferros de engomar XPTO. Enfiar dois guarda-roupas numa máquina de lavar tornou-se um desporto semanal, com o mínimo de prazer. E jeito: já tingi várias camisas, encolhi pares de calças e derramei lágrimas por erros sem salvação. Ainda assim, não consigo resistir a trazer mais e mais roupa para casa. A próxima estação é o verdadeiro pesadelo de uma dona de casa desesperada. Já me apai- xonei pelas camisas brancas em algodão e os conjuntos de seda a lembrar pijamas. Os meus olhos sugam as prateleiras pelo belo e esque- cem-se do prático. Para Patrícia Barnabé, esse é o primeiro erro. “Na altura de comprar, dou atenção às etiquetas. Peças que precisem de tratamento especializado têm mesmo de ser irresistíveis.” O imaginário de estilo roqueiro da chefe da redação da Vogue pode deixar espa- ço para dúvidas, mas Patrícia é exímia a cuidar da roupa. É fã de amaciadores, escolhe os seus detergentes por cuidados (roupa escura/deli- cada), lava segundo tom e textura e, em peças novas, acrescenta saquetas de absorção de cores. “Às vezes sou malcomportada e lavo à mão tecidos que dizem que têm de ir à lavan- daria. É uma sensibilidade que ganhas com a prática.” No seu pequeno apartamento no Príncipe Real, aprendeu a distribuir até três peças por cabide e a ter sempre na gaveta um antitraça. E não viaja sem acondicionar a roupa em papel de seda. “Quando tenho uma super- peça, de designer ou de estimação, vou direta à lavandaria”, confessa a editora. “Mas não uma qualquer. Bastou-me uma peça estragada para não repetir a proeza.” Tão importante quanto seguir as regras da limpeza da roupa, descubro, é a escolha dos profissionais a quem as entrego. As empresas- -prodígio que apanham e entregam a roupa à porta de casa parecem boas de mais para ser verdade. E, na maioria, são. Centenas de recla- mações online expõem o flagelo da roupa es- tragada, a mesma que chega às mãos de Ma- nuela Macedo da lavandaria Jaguar. Situada na Graça, a Jaguar é um pequeno nicho de 50 anos de história com cheiro a roupa lavada. Manuela é a gerente, especialista em lavagem e cientista em part-time, isto porque passa o tempo a mis- turar líquidos e pós até encontrar o antinódoas perfeito para cada peça. É assim que salva 90% do material e também o porquê de todas as grandes marcas e personalidades nacionais lhe confiarem as suas peças. Comigo, Manuela partilha algumas dicas essenciais. Em nódoas só devemos aplicar água. Nada de toalhetes, sprays, álcool, nem outras mezinhas. “Quando muito, esfregue com um pouco de sabão neutro.” Para a limpe- za a seco, devem vir obrigatoriamente os fios naturais, como as sedas. Para lavar em casa, as fibras, embora “nunca acima de 30 graus, com pouco detergente e pouca roupa”. Manuela diz que as minhas adoradas camisas brancas podem ser lavadas em casa, com outras do mesmo género e pouco tempo de centrifuga- ção. No fim, devo pendurá-las num cabide a secar. Antes, e se tiverem nódoas, não escapam a uma pré-lavagem (a tal do sabão neutro). Felizmente, marcas como a Aldeia da Roupa Branca começam a aparecer para tornar diver- tidos os cuidados com a roupa. Imagine-se a retirar um pequeno sabão de um pacote de teci- do bordado a ponto cruz ao invés de uma caixa de Tide. “A marca assenta na tradição das lava- deiras portuguesas que cuidavam da roupa como ninguém”, explica-me Luís Pereira, fun- dador. “O nosso sabão para a roupa é composto somente por óleo de coco, por isso ideal para todo o tipo de roupa, e os perfumes e a água de passar são criados em Portugal com ingredien- tes de Alta Perfumaria.” O melhor desta minha penosa tarefa doméstica é, sem dúvida, o chei- ro a roupa lavada que fica pela casa. n Cansada de destruir o seu guarda-roupa, Patrícia Domingues foi aprender a lavar roupa suja. E não só. SOS roupa

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a era do do it-yourself as mu-lheres estão a trocar as lavan-darias por máquinas de lavar,detergentes especializados eferros de engomar XPTO.Enfiar dois guarda-roupas

numa máquina de lavar tornou-se um desportosemanal, com o mínimo de prazer. E jeito: játingi várias camisas, encolhi pares de calças ederramei lágrimas por erros sem salvação.Ainda assim, não consigo resistir a trazer maise mais roupa para casa.

A próxima estação é o verdadeiro pesadelode uma dona de casa desesperada. Já me apai-xonei pelas camisas brancas em algodão e osconjuntos de seda a lembrar pijamas. Os meusolhos sugam as prateleiras pelo belo e esque-cem-se do prático. Para Patrícia Barnabé, esseé o primeiro erro. “Na altura de comprar, douatenção às etiquetas. Peças que precisem detratamento especializado têm mesmo de serirresistíveis.” O imaginário de estilo roqueiroda chefe da redação da Voguepode deixar espa-ço para dúvidas, mas Patrícia é exímia a cuidarda roupa. É fã de amaciadores, escolhe os seusdetergentes por cuidados (roupa escura/deli-cada), lava segundo tom e textura e, em peças

novas, acrescenta saquetas de absorção decores. “Às vezes sou malcomportada e lavo àmão tecidos que dizem que têm de ir à lavan-daria. É uma sensibilidade que ganhas com aprática.” No seu pequeno apartamento noPríncipe Real, aprendeu a distribuir até trêspeças por cabide e a ter sempre na gaveta umantitraça. E não viaja sem acondicionar a roupaem papel de seda. “Quando tenho uma super-peça, de designer ou de estimação, vou diretaà lavandaria”, confessa a editora. “Mas nãouma qualquer. Bastou-me uma peça estragadapara não repetir a proeza.”

Tão importante quanto seguir as regras dalimpeza da roupa, descubro, é a escolha dosprofissionais a quem as entrego. As empresas--prodígio que apanham e entregam a roupa àporta de casa parecem boas de mais para serverdade. E, na maioria, são. Centenas de recla-mações online expõem o flagelo da roupa es-tragada, a mesma que chega às mãos de Ma-nuela Macedo da lavandaria Jaguar. Situada naGraça, a Jaguar é um pequeno nicho de 50 anosde história com cheiro a roupa lavada. Manuelaé a gerente, especialista em lavagem e cientistaem part-time, isto porque passa o tempo a mis-turar líquidos e pós até encontrar o antinódoas

perfeito para cada peça. É assim que salva 90%do material e também o porquê de todas asgrandes marcas e personalidades nacionais lheconfiarem as suas peças.

Comigo, Manuela partilha algumas dicasessenciais. Em nódoas só devemos aplicarágua. Nada de toalhetes, sprays, álcool, nemoutras mezinhas. “Quando muito, esfreguecom um pouco de sabão neutro.” Para a limpe-za a seco, devem vir obrigatoriamente os fiosnaturais, como as sedas. Para lavar em casa, asfibras, embora “nunca acima de 30 graus, compouco detergente e pouca roupa”. Manuela dizque as minhas adoradas camisas brancaspodem ser lavadas em casa, com outras domesmo género e pouco tempo de centrifuga-ção. No fim, devo pendurá-las num cabide asecar. Antes, e se tiverem nódoas, não escapama uma pré-lavagem (a tal do sabão neutro).

Felizmente, marcas como a Aldeia da RoupaBranca começam a aparecer para tornar diver-tidos os cuidados com a roupa. Imagine-se aretirar um pequeno sabão de um pacote de teci-do bordado a ponto cruz ao invés de uma caixade Tide. “A marca assenta na tradição das lava-deiras portuguesas que cuidavam da roupacomo ninguém”, explica-me Luís Pereira, fun-dador. “O nosso sabão para a roupa é compostosomente por óleo de coco, por isso ideal paratodo o tipo de roupa, e os perfumes e a água depassar são criados em Portugal com ingredien-tes de Alta Perfumaria.” O melhor desta minhapenosa tarefa doméstica é, sem dúvida, o chei-ro a roupa lavada que fica pela casa. n

Cansada de destruir o seu guarda-roupa, PatríciaDomingues foi aprender a lavar roupa suja. E não só.

SOS roupa