estado, governo, sociedade para uma teoria geral da política

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ESTADO, GOVERNO, ESTADO, GOVERNO, SOCIEDADE SOCIEDADE Para uma teoria geral da Para uma teoria geral da política política

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Page 1: ESTADO, GOVERNO, SOCIEDADE Para uma teoria geral da política

ESTADO, ESTADO, GOVERNO, GOVERNO,

SOCIEDADESOCIEDADE

Para uma teoria geral da Para uma teoria geral da políticapolítica

Page 2: ESTADO, GOVERNO, SOCIEDADE Para uma teoria geral da política

A A grandegrande dicotomia: dicotomia:PÚBLICO x PRIVADOPÚBLICO x PRIVADO

• É denominada uma grande É denominada uma grande dicotomia por dois motivos:dicotomia por dois motivos:

• 1- Divide o universo em duas esferas 1- Divide o universo em duas esferas reciprocamente exclusivas que reciprocamente exclusivas que englobam nelas todos os entes.englobam nelas todos os entes.

• 2- Tende a convergir em sua direção 2- Tende a convergir em sua direção outras dicotomias.outras dicotomias.

Page 3: ESTADO, GOVERNO, SOCIEDADE Para uma teoria geral da política

Definição dos termos da Definição dos termos da dicotomiadicotomia

• Definidos independentemente um do Definidos independentemente um do outro, ou apenas um é definido e o outro, ou apenas um é definido e o outro ganha conotação negativa.outro ganha conotação negativa.

• 1-Defini-se o termo forte. (Ex: 1-Defini-se o termo forte. (Ex: Público=forte)Público=forte)

• 2-Consequentemente, o outro termo é 2-Consequentemente, o outro termo é o fraco (Ex: Privado=fraco)o fraco (Ex: Privado=fraco)

• 3-Fraco=não-forte. Assim, 3-Fraco=não-forte. Assim,

Privado= não-públicoPrivado= não-público

Page 4: ESTADO, GOVERNO, SOCIEDADE Para uma teoria geral da política

Os limites dos termosOs limites dos termos• Ambos delimitam-se reciprocamente no sentido de que a esfera Ambos delimitam-se reciprocamente no sentido de que a esfera

do público chega até onde começa a esfera do privado e vice-do público chega até onde começa a esfera do privado e vice-versa.versa.

• A discussão secular entre eles é geralmente acompanhada e A discussão secular entre eles é geralmente acompanhada e complicada por complicada por juízos de valor contrapostosjuízos de valor contrapostos, pois ao , pois ao aumentar a esfera do privado diminui-se a do público. Do aumentar a esfera do privado diminui-se a do público. Do mesmo modo, ao aumentar a do público, a do privado é mesmo modo, ao aumentar a do público, a do privado é enfraquecida.enfraquecida.

Onde ocorre a dicotomiaOnde ocorre a dicotomia• Em grupos sociais onde já ocorreu a Em grupos sociais onde já ocorreu a diferenciação diferenciação

entre o que pertence à coletividade e o que entre o que pertence à coletividade e o que pertence aos singularespertence aos singulares. De modo geral, entre a . De modo geral, entre a sociedade global e eventuais grupos menores, como a sociedade global e eventuais grupos menores, como a família, por exemplo.família, por exemplo.

Page 5: ESTADO, GOVERNO, SOCIEDADE Para uma teoria geral da política

AS DICOTOMIAS AS DICOTOMIAS CORRESPONDENTESCORRESPONDENTES

• Público x Privado possui relevância conceitual, Público x Privado possui relevância conceitual, classificatória e até axiológica. Nela convergem classificatória e até axiológica. Nela convergem outras dicotomias tradicionais e recorrentes que a outras dicotomias tradicionais e recorrentes que a completam e até podem substituí-las.completam e até podem substituí-las.

• A seguir, ilustramos as três principais destacadas por A seguir, ilustramos as três principais destacadas por Noberto Bobbio:Noberto Bobbio:

Sociedade de iguais X Sociedade de desiguaisSociedade de iguais X Sociedade de desiguais

Lei X ContratoLei X Contrato

Justiça Comutativa X Justiça DistributivaJustiça Comutativa X Justiça Distributiva

Page 6: ESTADO, GOVERNO, SOCIEDADE Para uma teoria geral da política

Sociedade de iguais X Sociedade Sociedade de iguais X Sociedade de desiguaisde desiguais

• Sendo o Direito um Sendo o Direito um ordenamento de relações ordenamento de relações sociais, pode-se dividir em sociais, pode-se dividir em dois tipos de relações: entre dois tipos de relações: entre iguais e entre desiguais.iguais e entre desiguais.

IGUAISIGUAIS DESIGUAISDESIGUAIS

-Irmãos-Irmãos

-Parentes-Parentes

-Amigos-Amigos

-Hóspedes-Hóspedes

-Estado-Estado

-Família-Família

-Deus versus -Deus versus homenshomens

Sociedade de Sociedade de desiguaisdesiguais• O Estado é caracterizado por O Estado é caracterizado por relações de relações de

subordinação ente governantes e governadossubordinação ente governantes e governados, , entre detentores do poder de comando e destinatários entre detentores do poder de comando e destinatários do dever de obediência, que são relações de desiguais.do dever de obediência, que são relações de desiguais.Sociedade de Sociedade de iguaisiguais• A sociedade natural dos jusnaturalistas ou a sociedade de A sociedade natural dos jusnaturalistas ou a sociedade de mercado dos economistas são relações de iguais (também mercado dos economistas são relações de iguais (também chamada de coordenação), na medida em que são elevados a chamada de coordenação), na medida em que são elevados a modelo de uma esfera privada contraposta à esfera pública.modelo de uma esfera privada contraposta à esfera pública.

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NOTASNOTAS

• A família é direcionada à esfera privada A família é direcionada à esfera privada quando é superada por uma organização quando é superada por uma organização mais complexa (cidade, Estado, etc.)mais complexa (cidade, Estado, etc.)

IGUAISIGUAIS DESIGUAISDESIGUAIS

-Estado de -Estado de naturezanatureza

-Esfera -Esfera econômicaeconômica

-Sociedade civil-Sociedade civil

-Estado civil-Estado civil

-Esfera política-Esfera política

-Estado político-Estado político

• Para KANT, o Para KANT, o públicopúblico refere-se ao positivismo, refere-se ao positivismo, poder poder coativocoativo, pertencente ao soberano. Já o , pertencente ao soberano. Já o privado, ao naturalismo, e se fundamenta na privado, ao naturalismo, e se fundamenta na propriedade e contrato.propriedade e contrato.

Page 8: ESTADO, GOVERNO, SOCIEDADE Para uma teoria geral da política

Lei x ContratoLei x Contrato

• Negócio jurídico.Negócio jurídico.• Lei: PÚBLICA. Contrato: PRIVADO.Lei: PÚBLICA. Contrato: PRIVADO.• Direito público: posto pelo detentor do Direito público: posto pelo detentor do

supremo poder e reforçado pela coação, supremo poder e reforçado pela coação, assume forma específica de lei.assume forma específica de lei.

• Direito privado: conjunto das normas que Direito privado: conjunto das normas que os singulares estabelecem para regular os singulares estabelecem para regular suas recíprocas relações mediante suas recíprocas relações mediante acordos bilaterais, isto é, acordos bilaterais, isto é, independentemente da regulamentação independentemente da regulamentação pública, sobre o princípio da pública, sobre o princípio da reciprocidade.reciprocidade.

Page 9: ESTADO, GOVERNO, SOCIEDADE Para uma teoria geral da política

Doutrina do Direito Doutrina do Direito NaturalNatural• Quando não há um poder público, o contrato é Quando não há um poder público, o contrato é

a forma típica com que os indivíduos a forma típica com que os indivíduos singulares regulam suas relações no estado de singulares regulam suas relações no estado de natureza.natureza.

• Por que o contrato não é encarado como um fundamento Por que o contrato não é encarado como um fundamento legítimo do Estado?legítimo do Estado?

1- Porque ele é revogável pelas partes, diferentemente do vínculo que une o Estado 1- Porque ele é revogável pelas partes, diferentemente do vínculo que une o Estado aos cidadãos, o qual é permanente e irrevogávelaos cidadãos, o qual é permanente e irrevogável

2- Porque o Estado pode requerer o sacrifício da vida dos cidadãos, que é um bem 2- Porque o Estado pode requerer o sacrifício da vida dos cidadãos, que é um bem contratualmente indisponível.contratualmente indisponível.

Page 10: ESTADO, GOVERNO, SOCIEDADE Para uma teoria geral da política

Justiça comutativa X Justiça comutativa X distributivadistributiva

• Justiça comutativaJustiça comutativa: preside às trocas. Pretende que : preside às trocas. Pretende que duas coisas sejam trocadas de forma justa, e, para duas coisas sejam trocadas de forma justa, e, para isso, ambas devem ter igual valor. O bem se troca isso, ambas devem ter igual valor. O bem se troca pelo bem (no comércio, dinheiro por mercadoria; no pelo bem (no comércio, dinheiro por mercadoria; no trabalho, a remuneração pelas tarefas) e o mal se trabalho, a remuneração pelas tarefas) e o mal se troca pelo mal (no direito civil, a justa indenização troca pelo mal (no direito civil, a justa indenização pelo dano; no direito penal, a pena pelo crime). Ela pelo dano; no direito penal, a pena pelo crime). Ela regula a sociedade de iguais.regula a sociedade de iguais.

• Justiça distributivaJustiça distributiva: a autoridade pública é : a autoridade pública é responsável pela distribuição de honras e/ou responsável pela distribuição de honras e/ou obrigações. Pretende que seja dado a cada um o que obrigações. Pretende que seja dado a cada um o que lhe cabe com base em critérios variáveis segundo a lhe cabe com base em critérios variáveis segundo a diversidade das situações ou segundo os pontos de diversidade das situações ou segundo os pontos de vista. “A cada um segundo o mérito, a necessidade vista. “A cada um segundo o mérito, a necessidade ou o trabalho”. Regula a sociedade de desiguais.ou o trabalho”. Regula a sociedade de desiguais.

Page 11: ESTADO, GOVERNO, SOCIEDADE Para uma teoria geral da política

A cautela necessária para A cautela necessária para tais correspondênciastais correspondências

• A coincidência entre as dicotomias jamais A coincidência entre as dicotomias jamais é perfeita. Um exemplo é família: dentro é perfeita. Um exemplo é família: dentro do Estado, ela é um instituto de direito do Estado, ela é um instituto de direito privado, mas, ao mesmo tempo, uma privado, mas, ao mesmo tempo, uma sociedade de desiguais, e esta regida pela sociedade de desiguais, e esta regida pela justiça distributiva. Outro exemplo é a justiça distributiva. Outro exemplo é a sociedade internacional: é uma sociedade sociedade internacional: é uma sociedade de iguais (formalmente) e regida pela de iguais (formalmente) e regida pela justiça comutativa, habitualmente justiça comutativa, habitualmente referida à esfera do público. referida à esfera do público.

Page 12: ESTADO, GOVERNO, SOCIEDADE Para uma teoria geral da política

REGRA GERALREGRA GERAL• Excluindo os casos-limites expostos, de modo Excluindo os casos-limites expostos, de modo

geral, tem-se a seguinte regra de divisão:geral, tem-se a seguinte regra de divisão:

-DIREITO PRIVADO-DIREITO PRIVADO

-JUSTIÇA -JUSTIÇA COMUTATIVACOMUTATIVA

-SOCIEDADE DE -SOCIEDADE DE IGUAISIGUAIS

-CONTRATO-CONTRATO

-DIREITO PÚBLICO-DIREITO PÚBLICO

-JUSTIÇA -JUSTIÇA DISTRIBUTIVADISTRIBUTIVA

-SOCIEDADE DE -SOCIEDADE DE DESIGUAISDESIGUAIS

-LEI-LEI

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O uso axiológico da grande O uso axiológico da grande dicotomiadicotomia

• Público/privado possuem também um Público/privado possuem também um significado valorativo. No seu uso descritivo significado valorativo. No seu uso descritivo comum, como visto anteriormente, são comum, como visto anteriormente, são tidos como contraditórios. Do mesmo modo, tidos como contraditórios. Do mesmo modo, o significado valorativo de um tende a ser o significado valorativo de um tende a ser oposto ao do outro, no sentido de que se um oposto ao do outro, no sentido de que se um é tido como positivo, o outro será visto é tido como positivo, o outro será visto como negativo, ou vice-versa. Daí derivam como negativo, ou vice-versa. Daí derivam duas concepções diversas da relação entre duas concepções diversas da relação entre público e privado: o público e privado: o PRIMADO DO PRIMADO DO PRIVADOPRIVADO sobre o público e o sobre o público e o PRIMADO PRIMADO DO PÚBLICODO PÚBLICO sobre o privado. sobre o privado.

Page 14: ESTADO, GOVERNO, SOCIEDADE Para uma teoria geral da política

O primado do privadoO primado do privado

• Se afirma através da difusão e recepção do Se afirma através da difusão e recepção do direito romano no Ocidente. Assim, o direito direito romano no Ocidente. Assim, o direito privado romano, embora tendo sido na origem privado romano, embora tendo sido na origem um direito positivo e histórico, transforma-se um direito positivo e histórico, transforma-se através da obra secular de juristas, glosadores através da obra secular de juristas, glosadores e outros, num direito natural, até tornar-se e outros, num direito natural, até tornar-se novamente em positivo, com validade absoluta, novamente em positivo, com validade absoluta, considerando-o dessa forma como direito da considerando-o dessa forma como direito da razão, isto é, de um direito cuja validade passa razão, isto é, de um direito cuja validade passa a ser reconhecida independentemente das a ser reconhecida independentemente das circunstâncias de tempo e lugar.circunstâncias de tempo e lugar.

Page 15: ESTADO, GOVERNO, SOCIEDADE Para uma teoria geral da política

• Hegel: Hegel: direito privadodireito privado é o “ é o “direito abstratodireito abstrato” e ” e direito públicodireito público é o “direito constitucional”. é o “direito constitucional”.

• Marx: quando fala de direito e desenvolve uma Marx: quando fala de direito e desenvolve uma crítica ideológica a ele, refere-se sempre ao crítica ideológica a ele, refere-se sempre ao direito privado. A este, ele critica sua direito privado. A este, ele critica sua identificação com o direito burguês, e ao direito identificação com o direito burguês, e ao direito público, a sua concepção tradicional do Estado público, a sua concepção tradicional do Estado e do poder político.e do poder político.

• Kelsen: Kelsen: direito privadodireito privado é como relações é como relações jurídicas, como jurídicas, como relações “de direitorelações “de direito”, no ”, no sentido mais próprio e estrito do termo, sentido mais próprio e estrito do termo, enquanto o enquanto o direito públicodireito público é visto como é visto como relações de poderrelações de poder..

O primado do O primado do privadoprivado

Page 16: ESTADO, GOVERNO, SOCIEDADE Para uma teoria geral da política

• Um dos eventos que revela a persistência do direito Um dos eventos que revela a persistência do direito privado sobre o público é a resistência que o direito de privado sobre o público é a resistência que o direito de propriedade opõe à ingerência do poder soberano, e propriedade opõe à ingerência do poder soberano, e portanto ao direito por parte do soberano de portanto ao direito por parte do soberano de expropriar os bens do súdito.expropriar os bens do súdito.

• Para Bodin, é injusto Para Bodin, é injusto o príncipeo príncipe que viola sem motivo que viola sem motivo justo e razoável justo e razoável a propriedade de seus súditosa propriedade de seus súditos, pois , pois isto é uma violação das leis naturais a que todos estão isto é uma violação das leis naturais a que todos estão submetidos. submetidos.

• Hobbes reconhece que os Hobbes reconhece que os súditos súditos são livres para fazer são livres para fazer tudo aquilo quetudo aquilo que o soberanoo soberano não proibiu, e o primeiro não proibiu, e o primeiro exemplo que lhe vem à mente é “a liberdade de exemplo que lhe vem à mente é “a liberdade de comprar e vender e de fazer outros contratos um com comprar e vender e de fazer outros contratos um com o outro”.o outro”.

O primado do O primado do privadoprivado

Page 17: ESTADO, GOVERNO, SOCIEDADE Para uma teoria geral da política

• Para Locke, Para Locke, a propriedade é um direito naturala propriedade é um direito natural, pois nasce do , pois nasce do esforço pessoal no estado de esforço pessoal no estado de natureza natureza antes da constituição de antes da constituição de poder políticopoder político, e por isso deve ter seu livre exercício garantido , e por isso deve ter seu livre exercício garantido pela lei. Através de Locke a inviolabilidade da propriedade -que pela lei. Através de Locke a inviolabilidade da propriedade -que compreende todos os outros direitos individuais naturais compreende todos os outros direitos individuais naturais (liberdade, vida) e indica a existência duma (liberdade, vida) e indica a existência duma esfera do indivíduo esfera do indivíduo autônomaautônoma em relação ao poder público- torna-se um eixo da em relação ao poder público- torna-se um eixo da concepção liberal do Estado, a mais consciente, coerente e concepção liberal do Estado, a mais consciente, coerente e historicamente relevante teoria do primado do privado sobre o historicamente relevante teoria do primado do privado sobre o público.público.

• É elevada por Constant a emblema da liberdade dos modernos É elevada por Constant a emblema da liberdade dos modernos contraposta à liberdade dos antigos, e defende que a tendência é contraposta à liberdade dos antigos, e defende que a tendência é a esfera privada se alargar em detrimento da esfera pública, a esfera privada se alargar em detrimento da esfera pública, senão ao ponto da extinção do Estado, ao menos até sua redução senão ao ponto da extinção do Estado, ao menos até sua redução aos mínimos termos. Redução que Spencer traduz como:aos mínimos termos. Redução que Spencer traduz como:

Sociedades militares do passadoSociedades militares do passado x x Soc. Industriais do Soc. Industriais do presentepresente , ,

entendida exatamente como a contraposição entre antigo entendida exatamente como a contraposição entre antigo predomínio do público e o atual predomínio do privado.predomínio do público e o atual predomínio do privado.

O primado do O primado do privadoprivado

Page 18: ESTADO, GOVERNO, SOCIEDADE Para uma teoria geral da política

O primado do públicoO primado do público• Funda-se sobre a contraposição do interesse coletivo ao Funda-se sobre a contraposição do interesse coletivo ao

interesse individual e sobre a necessária subordinação interesse individual e sobre a necessária subordinação destes em relação àqueles, bem como sobre a destes em relação àqueles, bem como sobre a irredutibilidade do bem comum à soma dos bens individuais.irredutibilidade do bem comum à soma dos bens individuais.

• ““O indivíduo deve renunciar à própria autonomia em O indivíduo deve renunciar à própria autonomia em favorecimento ao ente coletivo (nação, classe, comunidade favorecimento ao ente coletivo (nação, classe, comunidade do povo...)”.do povo...)”.

• Todas as teoria do primado do público possuem o mesmo Todas as teoria do primado do público possuem o mesmo princípio: O TODO VEM ANTES DAS PARTES. Tal idéia vem princípio: O TODO VEM ANTES DAS PARTES. Tal idéia vem de Aristóteles e é posteriormente difundia por Hegel.de Aristóteles e é posteriormente difundia por Hegel.

• ““O bem da totalidade, uma vez alcançado, transforma-se no O bem da totalidade, uma vez alcançado, transforma-se no bem das suas partes”. Em outras palavras, o máximo bem do bem das suas partes”. Em outras palavras, o máximo bem do indivíduo não é alcançado através de seu esforço pessoal, do indivíduo não é alcançado através de seu esforço pessoal, do próprio bem de cada, mas da contribuição que cada um próprio bem de cada, mas da contribuição que cada um juntamente com os demais dá solidariamente ao bem comum juntamente com os demais dá solidariamente ao bem comum segundo as regras da comunidade.segundo as regras da comunidade.

Page 19: ESTADO, GOVERNO, SOCIEDADE Para uma teoria geral da política

• O primado do público significa o aumento da O primado do público significa o aumento da intervenção estatal na regulação coativa dos intervenção estatal na regulação coativa dos comportamentos dos indivíduos e dos grupos infra-comportamentos dos indivíduos e dos grupos infra-estatais, ou seja, o caminho inverso ao da estatais, ou seja, o caminho inverso ao da emancipação da sociedade civil em relação ao emancipação da sociedade civil em relação ao Estado. O Estado foi pouco a pouco se Estado. O Estado foi pouco a pouco se reapropriando do espaço conquistado pela sociedade reapropriando do espaço conquistado pela sociedade civil burguesa até absorvê-lo completamente na civil burguesa até absorvê-lo completamente na experiência extrema do Estado total (total no sentido experiência extrema do Estado total (total no sentido exato de que não deixa espaço algum fora de si). exato de que não deixa espaço algum fora de si).

• Hegel: filosofia do direito que se desdobra em Hegel: filosofia do direito que se desdobra em filosofia da história em que são julgadas épocas de filosofia da história em que são julgadas épocas de decadência (onde se manifesta a supremacia do decadência (onde se manifesta a supremacia do direito privado, como a idade imperial romana) e direito privado, como a idade imperial romana) e épocas de progresso (onde o direito público se épocas de progresso (onde o direito público se sobrepõe, como a idade moderna que assiste ao sobrepõe, como a idade moderna que assiste ao surgimento do grande Estado territorial e surgimento do grande Estado territorial e burocrático).burocrático).

O primado do O primado do públicopúblico

Page 20: ESTADO, GOVERNO, SOCIEDADE Para uma teoria geral da política

Dois processos paralelosDois processos paralelos• Primado do público sobre o privado = política sobre a Primado do público sobre o privado = política sobre a

economia.economia.

• Prova disso é que o processo de intervenção dos poderes Prova disso é que o processo de intervenção dos poderes públicos na regulação da economia é designado como públicos na regulação da economia é designado como processo de “processo de “publicização do privadopublicização do privado”, que também é ”, que também é acompanhado e complicado por um processo inverso acompanhado e complicado por um processo inverso chamado de “chamado de “privatização do públicoprivatização do público”. Ao contrário do que ”. Ao contrário do que havia previsto Hegel, as relações do tipo contratual havia previsto Hegel, as relações do tipo contratual (privadas) não foram inferiorizadas, mas reemergiram à (privadas) não foram inferiorizadas, mas reemergiram à fase superior das relações políticas sob duas formas:fase superior das relações políticas sob duas formas:

Nas relações entre grandes organizações sindicais para a Nas relações entre grandes organizações sindicais para a formação e renovação de contratos coletivos e nas relações formação e renovação de contratos coletivos e nas relações entre partidos para a formação das coalizões de governo. entre partidos para a formação das coalizões de governo.

• Estado: mero mediador desses conflitos através da Estado: mero mediador desses conflitos através da representação moderna do contrato social ou em fase de representação moderna do contrato social ou em fase de degeneração.degeneração.

Page 21: ESTADO, GOVERNO, SOCIEDADE Para uma teoria geral da política

O SEGUNDO SIGFINICADO DA O SEGUNDO SIGFINICADO DA DICOTOMIADICOTOMIA

• Distinção conceitualDistinção conceitual• Habermas: “o exercício da dominação política é Habermas: “o exercício da dominação política é

efetivamente submetido à obrigação democrática da efetivamente submetido à obrigação democrática da publicidade”.publicidade”.

Público ou Público ou SecretoSecreto

Publicidade e poder Publicidade e poder invisívelinvisível• Fórmula transcendental do direito público de Kant: “ações Fórmula transcendental do direito público de Kant: “ações

relativas ao direito de outros homens que não são conciliáveis relativas ao direito de outros homens que não são conciliáveis com a publicidade são injustas”.com a publicidade são injustas”.

• Teoria dos Teoria dos arcana imperiiarcana imperii: “o poder do príncipe é tão mais : “o poder do príncipe é tão mais eficaz e condizente com seu objetivo quanto mais invisível for”, eficaz e condizente com seu objetivo quanto mais invisível for”, pois o controle público retarda a decisão e o vulgo é pois o controle público retarda a decisão e o vulgo é desprezado por ter fortes paixões que lhe impedem de formar desprezado por ter fortes paixões que lhe impedem de formar uma opinião racional do bem comum.uma opinião racional do bem comum.

Page 22: ESTADO, GOVERNO, SOCIEDADE Para uma teoria geral da política

A SOCIEDADE CIVILA SOCIEDADE CIVIL• Sociedade civil: esfera das relações sociais não reguladas Sociedade civil: esfera das relações sociais não reguladas

pelo Estado.pelo Estado.

• Estado: órgão do poder coativo.Estado: órgão do poder coativo.

• Conjunto das idéias do mundo burguês:Conjunto das idéias do mundo burguês:

• --Direitos naturais ao indivíduoDireitos naturais ao indivíduo; descoberta das ; descoberta das relações relações inter-individuais (econômicas) sem necessidade de poder inter-individuais (econômicas) sem necessidade de poder coativocoativo, visto que se auto-regulam; Thomas Paine (“a , visto que se auto-regulam; Thomas Paine (“a sociedadesociedade é criada por nossas é criada por nossas necessidadesnecessidades, e o , e o EstadoEstado, por , por nossa nossa maldademaldade, (...) pois o homem é bom”); Em suma, a , (...) pois o homem é bom”); Em suma, a dilatação do direito privado em detrimento do direito dilatação do direito privado em detrimento do direito públicopúblico ou político, que tem poder coativo. ou político, que tem poder coativo.

• Num sentido não estritamente marxiano, pode-se falar na Num sentido não estritamente marxiano, pode-se falar na sociedade civil como uma infra-estruturasociedade civil como uma infra-estrutura e no e no Estado como Estado como uma superestruturauma superestrutura..

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A sociedade A sociedade civilcivil

• Grupos de luta de emancipação, formação de contra-poderes.Grupos de luta de emancipação, formação de contra-poderes.• Três figuras: Três figuras: pré-condiçãopré-condição do Estado (o que ainda não é do Estado (o que ainda não é

estatal), estatal), antíteseantítese do Estado (o que se opõe como alternativa do Estado (o que se opõe como alternativa ao Estado) e da ao Estado) e da dissoluçãodissolução e fim do Estado. e fim do Estado.

• É nela onde surgem e se desenvolvem os conflitos É nela onde surgem e se desenvolvem os conflitos econômicos, sociais, ideológicos, religiosos que as instituições econômicos, sociais, ideológicos, religiosos que as instituições estatais têm a obrigação de resolver.estatais têm a obrigação de resolver.

• Organizações de classe -> grupos de interesses (defesa dos Organizações de classe -> grupos de interesses (defesa dos direitos civis, de libertação da mulher, ...): Partidos políticos, direitos civis, de libertação da mulher, ...): Partidos políticos, os quais selecionam e transmitem as demandas da sociedade os quais selecionam e transmitem as demandas da sociedade civil para se tornarem objeto de decisão política.civil para se tornarem objeto de decisão política.

• Quando as demandas não são atendidas -> ingovernabilidadeQuando as demandas não são atendidas -> ingovernabilidade• Ingovernabilidade -> Crise de legitimidadeIngovernabilidade -> Crise de legitimidade• Opinião pública: pública expressão do consenso e dissenso. Opinião pública: pública expressão do consenso e dissenso.

Sem ela, a esfera civil perderia sua própria função e Sem ela, a esfera civil perderia sua própria função e desapareceria.desapareceria.

Page 24: ESTADO, GOVERNO, SOCIEDADE Para uma teoria geral da política

A interpretação MarxianaA interpretação Marxiana• Substitui “sociedade natural” por “sociedade Substitui “sociedade natural” por “sociedade

civil”, pois a toma como conjunto das relações civil”, pois a toma como conjunto das relações interindividuais que estão fora ou antes do Estado, interindividuais que estão fora ou antes do Estado, subtraindo desse modo seu papel pré-estatal subtraindo desse modo seu papel pré-estatal (defendido pelos jusnaturalistas).(defendido pelos jusnaturalistas).

• Coincide com o estado de natureza hobbesiano, Coincide com o estado de natureza hobbesiano, que é “a guerra de todos contra todos”.que é “a guerra de todos contra todos”.

• Na tradição jusnaturalista, chama-se “sociedade Na tradição jusnaturalista, chama-se “sociedade civil” aquilo que hoje é dito “Estado”.civil” aquilo que hoje é dito “Estado”.

• Transferência da imagem de estado de natureza Transferência da imagem de estado de natureza hipotética para a realidade histórica da hipotética para a realidade histórica da burguesiaburguesia (classe politicamente emancipada).(classe politicamente emancipada).

• ““Homem egoísta” como sujeito: dele só pode Homem egoísta” como sujeito: dele só pode nascer uma sociedade anárquica, ou melhor, nascer uma sociedade anárquica, ou melhor, despótica. despótica.

Page 25: ESTADO, GOVERNO, SOCIEDADE Para uma teoria geral da política

Marx X GramsciMarx X Gramsci• Não diversamente de Marx, também Gramsci Não diversamente de Marx, também Gramsci

considera as ideologias como parte da superestrutura; considera as ideologias como parte da superestrutura; mas diversamente de Marx, que chama a sociedade o mas diversamente de Marx, que chama a sociedade o conjunto de relações econômicas constituitivas da base conjunto de relações econômicas constituitivas da base material, Gramsci chama de sociedade civil a esfera na material, Gramsci chama de sociedade civil a esfera na qual agem os aparatos ideológicos que buscam exercer qual agem os aparatos ideológicos que buscam exercer a hegemonia e, através dela, obter o consenso.a hegemonia e, através dela, obter o consenso.

• Neste ponto, Gramsci, inconscientemente, recupera o Neste ponto, Gramsci, inconscientemente, recupera o significado jusnaturalista de sociedade civil como significado jusnaturalista de sociedade civil como sociedade fundada sobre o consenso. Porém, difere-se sociedade fundada sobre o consenso. Porém, difere-se dela ao dizer que a sociedade de consenso não é por dela ao dizer que a sociedade de consenso não é por excelência o Estado, mas, sim, a que surge a partir da excelência o Estado, mas, sim, a que surge a partir da extinção do Estado.extinção do Estado.

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O sistema HegelianoO sistema Hegeliano• Sociedade civil como momento intermediário da eticidade, Sociedade civil como momento intermediário da eticidade,

posto entre a família e o Estado, permite a construção de posto entre a família e o Estado, permite a construção de um esquema triádico que se contrapõe aos dois modelos um esquema triádico que se contrapõe aos dois modelos diádicos precedentes: o aristotélico, baseado na dicotomia diádicos precedentes: o aristotélico, baseado na dicotomia família/Estado e o jusnaturalista, baseado na dicotomia família/Estado e o jusnaturalista, baseado na dicotomia estado de natureza/ estado civil.estado de natureza/ estado civil.

• O que diferencia a sociedade civil de Hegel daquela de O que diferencia a sociedade civil de Hegel daquela de seus predecessores não é tanto o seu retrocesso em seus predecessores não é tanto o seu retrocesso em direção à sociedade pré-estatal, quanto a sua identificação direção à sociedade pré-estatal, quanto a sua identificação com uma forma que é estatal, porém imperfeita. A com uma forma que é estatal, porém imperfeita. A sociedade civil hegeliana representa o primeiro momento sociedade civil hegeliana representa o primeiro momento de formação do Estado, o Estado jurídico-administrativo.de formação do Estado, o Estado jurídico-administrativo.

• Sociedade civil = figura histórica (“Estados antigos não Sociedade civil = figura histórica (“Estados antigos não continham em seu seio uma sociedade civil” e “... a continham em seu seio uma sociedade civil” e “... a descoberta da sociedade civil pertence ao mundo descoberta da sociedade civil pertence ao mundo moderno”)moderno”)

• Mais que uma sucessão entre fase pré-estatal e fase Mais que uma sucessão entre fase pré-estatal e fase estatal da eticidade, a distinção hegeliana entre sociedade estatal da eticidade, a distinção hegeliana entre sociedade civil e Estado representa a distinção entre um Estado civil e Estado representa a distinção entre um Estado inferior e um Estado superior.inferior e um Estado superior.

Page 27: ESTADO, GOVERNO, SOCIEDADE Para uma teoria geral da política

O sistema HegelianoO sistema Hegeliano

• A razão pela qual Hegel colocou o conceito de A razão pela qual Hegel colocou o conceito de Estado acima do conceito a que se tinham Estado acima do conceito a que se tinham vinculado os seus predecessores deve ser vinculado os seus predecessores deve ser buscada na exigência de explicar por que se buscada na exigência de explicar por que se reconhece ao Estado o direito de solicitar dos reconhece ao Estado o direito de solicitar dos cidadãos o sacrifício de seus bens (através cidadãos o sacrifício de seus bens (através dos impostos) e da própria vida (quando dos impostos) e da própria vida (quando declara a guerra). O que caracteriza o Estado declara a guerra). O que caracteriza o Estado com respeito à sociedade civil são as relações com respeito à sociedade civil são as relações que apenas o Estado, e não a sociedade civil, que apenas o Estado, e não a sociedade civil, estabelece com os outros Estados.estabelece com os outros Estados.

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A tradição jusnaturalistaA tradição jusnaturalista• O modelo aristotélico mostra que o Estado é o O modelo aristotélico mostra que o Estado é o

prosseguimento natural da sociedade familiar, de prosseguimento natural da sociedade familiar, de sociedade doméstica ou família e o modelo hobbesiano sociedade doméstica ou família e o modelo hobbesiano (ou jusnaturalista), para o qual o Estado é a antítese do (ou jusnaturalista), para o qual o Estado é a antítese do estado de natureza, da estado de natureza, da societas naturalissocietas naturalis constituída constituída por indivíduos hipoteticamente livres e iguais por indivíduos hipoteticamente livres e iguais

• O modelo aristotélico, por exemplo, se percebe em O modelo aristotélico, por exemplo, se percebe em Bodin: “O Estado é a sociedade civil que pode subsistir Bodin: “O Estado é a sociedade civil que pode subsistir por si só sem associações ou organismos, mas não sem por si só sem associações ou organismos, mas não sem família” família”

• Outro modelo jusnaturalista, de Kant: : “O homem deve Outro modelo jusnaturalista, de Kant: : “O homem deve sair do estado de natureza, no qual cada um segue os sair do estado de natureza, no qual cada um segue os caprichos da própria fantasia, e unir-se com todos os caprichos da própria fantasia, e unir-se com todos os demais... submetendo-se a uma constrição externa demais... submetendo-se a uma constrição externa publicamente legal...: vale dizer que cada um deve, publicamente legal...: vale dizer que cada um deve, antes de qualquer outra coisa, ingressar num estado antes de qualquer outra coisa, ingressar num estado civil”. civil”.

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A tradição jusnaturalistaA tradição jusnaturalista

• Sempre no significado de Estado político Sempre no significado de Estado político distinto de qualquer forma de Estado não distinto de qualquer forma de Estado não político, a expressão “sociedade civil” foi político, a expressão “sociedade civil” foi comumente empregada também para comumente empregada também para distinguir o âmbito de competência da distinguir o âmbito de competência da Igreja ou do poder religioso, na Igreja ou do poder religioso, na contraposição sociedade civil/ sociedade contraposição sociedade civil/ sociedade religiosa que se agrega à tradicional religiosa que se agrega à tradicional sociedade doméstica/ sociedade civil. sociedade doméstica/ sociedade civil. Ignorada na antiguidade clássica, esta Ignorada na antiguidade clássica, esta distinção é recorrente no pensamento distinção é recorrente no pensamento cristão. cristão.

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Sociedade civil como Sociedade civil como sociedade civilizadasociedade civilizada

• Com Ferguson e os escoceses a sociedade civil significa Com Ferguson e os escoceses a sociedade civil significa sociedade civilizada que encontra um quase sinônimo em sociedade civilizada que encontra um quase sinônimo em polishedpolished. A obra de Ferguson descreve a passagem das . A obra de Ferguson descreve a passagem das sociedades primitivas às sociedades evoluídas, é uma história sociedades primitivas às sociedades evoluídas, é uma história do progresso. A do progresso. A civil societycivil society de Ferguson é civil não porque de Ferguson é civil não porque se distingue da sociedade doméstica ou da sociedade natural, se distingue da sociedade doméstica ou da sociedade natural, mas porque se contrapõe às sociedades primitivas. mas porque se contrapõe às sociedades primitivas.

• Como na maior parte dos escritores em que sociedade civil Como na maior parte dos escritores em que sociedade civil tem o significado principal da sociedade política não está tem o significado principal da sociedade política não está excluído também o significado de sociedade civilizada, em excluído também o significado de sociedade civilizada, em Rousseau o significado prevalente de sociedade civil como Rousseau o significado prevalente de sociedade civil como sociedade civilizada não exclui que esta sociedade seja sociedade civilizada não exclui que esta sociedade seja também, em embrião, uma sociedade política diferente do também, em embrião, uma sociedade política diferente do estado de natureza, embora na forma corrupta do domínio estado de natureza, embora na forma corrupta do domínio dos fortes sobre os fracos, dos ricos sobre os pobres, dos dos fortes sobre os fracos, dos ricos sobre os pobres, dos espertos sobre os ingênuos, numa forma de sociedade espertos sobre os ingênuos, numa forma de sociedade política da qual o homem deve sair para instituir a república política da qual o homem deve sair para instituir a república fundada sobre o contrato social.fundada sobre o contrato social.

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O debate atualO debate atual

• O significado predominante foi o de sociedade O significado predominante foi o de sociedade política ou Estado, usado, porém em diversos política ou Estado, usado, porém em diversos contextos conforme a sociedade civil ou política contextos conforme a sociedade civil ou política tenha sido diferenciada da sociedade tenha sido diferenciada da sociedade doméstica, da sociedade natural, da sociedade doméstica, da sociedade natural, da sociedade religiosa. Ao lado deste, o outro significado religiosa. Ao lado deste, o outro significado tradicional foi o que aparece na seqüência tradicional foi o que aparece na seqüência sociedades selvagens, bárbaras e civis, que sociedades selvagens, bárbaras e civis, que constituiu, um esquema clássico para o constituiu, um esquema clássico para o delineamento do progresso humano. No debate delineamento do progresso humano. No debate atual, como se disse ao início, a contraposição atual, como se disse ao início, a contraposição permaneceu. permaneceu.

Page 32: ESTADO, GOVERNO, SOCIEDADE Para uma teoria geral da política

O debate atualO debate atual• Porém com Maquiavel, considerado como o Porém com Maquiavel, considerado como o

fundador da ciência política moderna, o Estado fundador da ciência política moderna, o Estado é mostrado como o máximo poder que se é mostrado como o máximo poder que se exerce sobre os habitantes de um determinado exerce sobre os habitantes de um determinado território e do aparato de que alguns homens território e do aparato de que alguns homens ou grupos se servem para adquiri-lo e ou grupos se servem para adquiri-lo e conserva-lo. O Estado assim entendido não é a conserva-lo. O Estado assim entendido não é a Estado-sociedade, mas o Estado-máquina. A Estado-sociedade, mas o Estado-máquina. A contraposição entre a sociedade e o Estado contraposição entre a sociedade e o Estado que alça vôo com o nascimento da sociedade que alça vôo com o nascimento da sociedade burguesa é a conseqüência natural de uma burguesa é a conseqüência natural de uma diferenciação que ocorre nas coisas e, ao diferenciação que ocorre nas coisas e, ao mesmo tempo, de uma consciente divisão de mesmo tempo, de uma consciente divisão de tarefas, cada vez mais necessária. tarefas, cada vez mais necessária.

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O debate atualO debate atual• Nestes últimos anos pôs-se a questão de saber se a Nestes últimos anos pôs-se a questão de saber se a

distinção entre sociedade civil e Estado, que por dois distinção entre sociedade civil e Estado, que por dois séculos teve curso, teria ainda a sua razão de ser. A séculos teve curso, teria ainda a sua razão de ser. A contraposição entre sociedade civil e Estado continua a contraposição entre sociedade civil e Estado continua a ser de uso corrente, sinal de que reflete uma situação ser de uso corrente, sinal de que reflete uma situação real. Embora prescindindo da consideração de que os real. Embora prescindindo da consideração de que os dois processos são contraditórios, pois a conclusão do dois processos são contraditórios, pois a conclusão do primeiro conduziria ao Estado sem sociedade, isto é, ao primeiro conduziria ao Estado sem sociedade, isto é, ao Estado totalitário, e a conclusão do segundo a Estado totalitário, e a conclusão do segundo a sociedade sem Estado, isto é, à extinção do Estado, o sociedade sem Estado, isto é, à extinção do Estado, o fato é que eles estão longe de se concluir e, exatamente fato é que eles estão longe de se concluir e, exatamente por conviverem não obstante a sua contraditoriedade, por conviverem não obstante a sua contraditoriedade, não são suscetíveis de conclusão. Sob outro aspecto, não são suscetíveis de conclusão. Sob outro aspecto, sociedade e Estado atuam como dois momentos sociedade e Estado atuam como dois momentos necessários, separados, mas contíguos, distintos, mas necessários, separados, mas contíguos, distintos, mas interdependentes, do sistema social em sua interdependentes, do sistema social em sua complexidade e em sua articulação interna. complexidade e em sua articulação interna.