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1 UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE CIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA ANIMAL Estado Fitossanitário do Montado de Sobro Elzely Leopoldina da Silva Souza Mestrado em Ecologia e Gestão Ambiental 2012

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA ANIMAL

Estado Fitossanitário do Montado de Sobro

Elzely Leopoldina da Silva Souza

Mestrado em Ecologia e Gestão Ambiental

2012

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA ANIMAL

Estado Fitossanitário do Montado de Sobro

Elzely Leopoldina da Silva Souza

Orientador externo:

Doutor Luís Filipe Prazeres Bonifácio

Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P.

Orientadora interna:

Professora Doutora Maria Teresa Ferreira Ramos Nabais de Oliveira Rebelo

Departamento de Biologia Animal,

Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa

Mestrado em Ecologia e Gestão Ambiental

2012

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Agradecimentos

Expresso a minha sincera gratidão a todas as pessoas que contribuíram de alguma forma

para esta dissertação de mestrado, principalmente a:

A DEUS, que me carregou quando faltaram forças, pela capacidade de raciocínio e

aprendizagem.

Ao meu esposo pelo apoio incondicional, pelas palavras de incentivo, por assumir por

muitas vezes o meu papel de mãe, e por suprir minhas necessidades, e pela generosidade.

À minha querida mãe, por me ter ensinado o valor do estudo do conhecimento e do caráter,

pelas suas orações, por me passar valores, e princípios, e acima de tudo pelo seu grande

amor

Aos meus filhos Elias Júnior, e Samuel Hermom, mesmo sendo pequeninos souberam

compreender minha ausência devido aos estudos, em muitos momentos, e por todo amor

e carinho.

Ao meu pai, e meus irmãos, Elson e Hermes, que sempre acreditaram em mim, pelo apoio,

pelo amor e a todos meus familiares e amigos.

Professora Doutora Teresa Rebelo, pela atenção, pela uniformidade nos tratamentos

pessoais, pela acessibilidade, e disponibilidade pela simpatia, e pela paciência referente às

minhas limitações e pela participação crucial na realização desta tese.

Doutor Luís Bonifácio por ter aceitado orientar esta tese de mestrado, pela forma como me

acolheu no instituto, pelas dezenas de revisão deste documento, por toda a ajuda quer no

fornecimento de dados, quer no tratamento estatístico, pela flexibilidade aos horários, as

viagens ao período todo do estágio, pela compreensão e pelo seu bom humor sempre.

Doutora Eugénia Andrade, pela amizade pelo apoio, pelo acolhimento, por ter sido tão

presente em minha vida, pelas palavras de ânimo, pelos conselhos científicos e pessoais,

pela contribuição neste trabalho, pelos auxílios por estar sempre pronta a tirar minhas

dúvidas.

Doutora Conceição Boavida pela amizade pelo carinho, por toda atenção, por me fazer

enxergar minhas potencialidades, bem como pela bondade.

Mestre Joana Henriques por toda ajuda prestada, por todo o conselho científico e

sugestões essenciais à realização desta tese, e pela excelente companhia e apoio nos

trabalhos de campo, por facultar bibliografia.

Aos técnicos Adérito Matos e Francisco Martins por toda ajuda disponibilizada no trabalho

de campo.

Doutora Helena Bragança pelo apoio importantíssimo no trabalho de campo.

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A todos investigadores e funcionários do Instituto Nacional de Investigação Agrária e

Veterinária, por me receberem de forma muito simpática e simples, me fazendo sentir

como parte da equipa.

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Resumo

Uma das áreas mais atingidas pela mortalidade do sobreiro em Portugal é a Serra

de Grândola. Esta serra localiza-se no Alentejo Litoral, nos Concelhos de Santiago do

Cacém e Grândola, sendo coberta por densos sobreirais, local onde este trabalho foi

realizado.

São inúmeros os fatores que têm contribuído para o declínio do montado de sobro,

no topo da lista estão as pragas e as doenças. No presente trabalho descrevem-se

as principais e as devidas medidas de controlo. A ação dos insetos e fungos, as

elevadas intensidades de descortiçamento, a manutenção do arvoredo morto e dos

despojos de exploração abandonados no local e a não desinfeção do material,

foram vistos como aceleradores do declínio do montado.

A luta contra os insetos identificados como vetores de fungos responsáveis por

doenças terá uma participação fundamental na proteção do montado.

Considerando a importância do montado na conservação da biodiversidade e na

economia de Portugal torna-se necessário implementar medidas, como um projeto

multidisciplinar plurianual com a missão de investigar as causas do declínio do

sobreiro, avaliar a dimensão e impacto do fenómeno, implementar a aplicação

prática dos conhecimentos disponíveis e sobretudo promover uma alteração de

comportamentos na gestão dos montados. É ainda fundamental que os

proprietários promovam junto dos trabalhadores agrícolas, a implementação das

regras da gestão florestal sustentável.

Palavras-chave: Montado de sobro, declínio fitossanitário, pragas, doenças, gestão

florestal.

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Abstract

One of the areas most affected by the cork oak mortality in Portugal is the Serra de

Grândola.

This mountain is located in Alentejo Litoral, in the municipalities of Santiago and

Cacém, Grândola, covered by dense cork oaks, where this work was performed.

There are countless factors that have contributed to the decline of cork oak forests,

topping the list are pests and diseases. In this paper we describe the main and the

appropriate control measures. The action of insects and fungi, the high degrees of

stripping, maintenance of dead trees and the remains of abandoned farm on site

and no disinfection of the material, were seen as accelerators of the declining of the

cork oak forest.

The fight against the insects identified as vectors of fungi responsible for diseases

will have a key role in protecting against disease ridden. Considering the importance

of the conservation of biodiversity of cork oak forests and the value in the economy

of Portugal it is necessary to implement measures, such as a multi-year

multidisciplinary project with a mission to investigate the causes of the decline of

cork oak, assess the extent and impact of the phenomenon and to promote the

practical application of available knowledge. Mainly, the change of behavior in

managing some cork oak forests is essential, as well as the implementation, by

owners among agricultural workers, of the rules of sustainable forest management.

Key-words: Cork oak forests, phytosanitary decay, pests, diseases, forest

management.

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Índice

1. Introdução 8

1.1 Distribuição do sobreiro 9

1.2 Importância económica, social e ambiental do montado 10

1.3 A gestão dos montados 10

1.4 Causas do declínio 11

1.5 Agentes bióticos do declínio 13

1.5.1 Pragas 14

1.5.2 Doenças 16

2 . Materiais e Métodos 20

3. Resultados 29

4. Discussão 36

5. Conclusão 39

6. Referências Bibliográficas 41

7. Anexo 46

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1. Introdução

Numa colaboração entre a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), a

Autoridade Florestal Nacional (AFN), a Associação de Agricultores de Grândola

(AAG) e o Instituto Nacional de recursos Biológicos (INRB) foi iniciado em 2010

o estudo de Montados de Sobro nos concelhos de Grândola e Santiago do Cacém,

tendo para o efeito escolhidos Montados com diversos graus de declínio

fisiológico.

Os montados de sobro (Quercus suber L.) são a maior mancha contínua de

arvoredo indígena que se pode encontrar em território português (Costa, 2011),

sendo considerado o ecossistema mais valioso em Portugal. O sub-coberto é

constituído por matos, culturas agrícolas ou pastos.

Portugal tem uma grande responsabilidade na manutenção destes ecossistemas

dado que cerca de um quarto da sua distribuição atual se encontra no país, onde

produz mais de metade da cortiça consumida em todo o mundo (Costa &

Pereira, 2007). O montado estabelece um ecossistema natural de grande

diversidade, o seu entendimento exige cada vez mais uma abordagem

multidisciplinar capaz de abranger todas as extensões deste complexo

ecossistema (Pereira & Pereira, 2005).

Nas últimas décadas temos vindo a assistir ao declínio generalizado do sobreiro

e as causas ainda não foram totalmente entendidas. As modificações no uso do

solo e o estresse hídrico são algumas das causas que afetam a vulnerabilidade

do montado de sobro. Por essa razão, é necessário aprofundar esse estudo para

se descobrir como combater o declínio, agindo de forma coletiva e urgente

juntamente com agentes e sociedade para promover a sustentabilidade do

desenvolvimento do sobreiro (Azul, 2011).

Têm vindo a ser efectuados estudos no sentido de determinar as causas da

morte anormal dos sobreiros especificamente nos conselhos de Santiago do

Cacém, Grândola e Sines. O estudo desenvolvido pela Estação Florestal Nacional

aponta para uma degradação progressiva dos montados devido às alterações

que tem sofrido ao longo dos tempos a sua exploração. A interpretação do

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fenómeno de declínio do sobreiro e a sua explicação é uma questão

multidisciplinar (Rebelo et al., 2009).

Neste estudo procura-se fazer uma análise dos agentes nocivos implicados no

declínio do montado, com maior importância ecológica, social, ambiental e

económica, a fim de determinar as causas para a sua vulnerabilidade e morte.

1.1 Distribuição do sobreiro

O sobreiro (Quercus suber L.) é uma espécie típica na região Mediterrânica

Ocidental, ocorrendo de forma natural em Portugal e Espanha, mas, também, em

Marrocos, no Norte da Argélia e na Tunísia. Existe, ainda, em áreas mais

limitadas do Sul de França e da costa ocidental de Itália incluindo a Sicília, a

Córsega e a Sardenha. A área total que ocupa actualmente é de cerca de 1,43

milhões de hectares na Europa e 0,85 milhões de hectares no Norte de África.

Mais de metade desta área encontra-se na Península Ibérica (Pereira et al.,

2009). (Figura 1).

Por se tratar de uma árvore que requer maior quantidade de água, se adapta a

solos de baixa fertilidade, resiste a solos com calcário e alagadiços mas não

tolera pH básico, o sobreiro encontra-se distribuído ao longo das regiões sob

influência atlântica, principalmente próximo do litoral alentejano, nas bacias

sedimentares do Tejo e do Sado, ocupando cerca de 715.922 hectares, segundo

o Inventário Florestal Nacional (AFN, 2010).

Figura 1 – Distribuição do sobreiro no mundo

(Varela, 2007) e em Portugal. Área potencial

(verde claro) e área real (verde escuro)

(Capelo & Catry, 2007).

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1.2 Importância económica, social e ambiental do montado

Em média os montados representam 12 a 14 mil postos de trabalhos de

trabalhos fabris diretos, com a extração anual de 140 mil toneladas de cortiça,

correspondente a 54% da produção mundial do setor. No entanto, o valor

económico não está unicamente associado à cortiça, existindo outros

rendimentos originados pelas florestas de sobreiro. Os sobreiros também são

grandes aliados contra a desertificação em Portugal, sendo a gestão sustentável

destes ecossistemas favorável à conservação da biodiversidade. (Rêgo et al.,

2008)

Os povoamentos de sobreiro só podem ser suportados através do uso

sustentável, com base na viabilidade de mercado, mas a falta de incentivos

económicos para a gestão em parte devido ao desinteresse global do mercado

da cortiça e outros fatores está levando os agricultores ao abandono da terra,

com consequências na perda de biodiversidade, mal uso do solo e degradação

dos ecossistemas (Bugalho et al., 2011).

1.3 A gestão dos montados

A gestão dos montados de sobro requer maior atenção, por ser um ecossistema

de grande importância para Portugal, por se encontrar em declínio e por

agregar uma das maiores riquezas do país, a cortiça, que coloca Portugal num

patamar privilegiado como o maior exportador ao nível mundial (Bureau,

2010).

Devido a este fator é necessário pensar num novo modelo de gestão que

permitirá uma maior viabilidade económica do ecossistema. Esta gestão para a

sua conservação deverá passar pela aceitação, por parte dos agricultores, de

práticas agrícolas adequadas integradoras, onde conceitos como

sustentabilidade e multifuncionalidade estejam presente (Belo et al., 2009).

No entanto, há várias zonas no país onde a regeneração natural dos sobreiros

por sementes não é bem-sucedida, apesar de estes frutificarem normalmente,

da queda da glande se dar no período habitual e do homem não a retirar ou

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utilizar. Nestas zonas parece não estar a haver desenvolvimento de novos

sobreiros compatível com a regeneração do montado de sobro. Os vários

sectores envolvidos na exploração destes ecossistemas, produtos florestais,

indústrias, serviços oficiais, têm vindo a alertar para a urgência de tomada de

medidas que obstem esta situação (Cabral et al., 1992).

É necessária uma gestão criteriosa do sub-coberto que passa por controlo de

matos, pela diminuição da competição hídrica, manutenção de níveis adequados

de nutrientes e manutenção ou promoção de boas condições de estruturas do

solo (Martins et al., 2006).

1.4 Causas do declínio

O declínio dos montados manifesta-se desde o século XX, estando diversos

fatores envolvidos neste processo, incluindo o ataque por um complexo de

doenças e pragas, sendo imprescindível um estudo multidisciplinar e

multifatorial nos ecossistemas de montados (Costa, 2011).

Na globalidade, as causas do declínio do montado são de difícil diagnóstico e

grande complexidade, uma vez que nos ecossistemas naturais elas são na maior

parte das vezes indissociáveis entre si (Ferreira, 2001).

Atualmente o declínio do montado é visto com resultado da interação de fatores

de predisposição, indução e aceleração, os fatores envolvidos são

complementares ou isolados (Sousa et al., 2007).

A mortalidade do sobreiro tem uma maior probabilidade de ocorrência nos

sistemas agro-florestais dominantemente incultos, e/ou onde os solos são mais

delgados, em exposições a sul e em declives mais aplanados nas cumeadas do

relevo. Isto é, onde pode existir menor disponibilidade de água para a árvore,

quer por competição com outras espécies, quer por inibição do

desenvolvimento radicular profundo, por difícil acesso à água subterrânea

(Costa & Madeira, 2009).

Dados parecem evidenciar que existe uma relação entre os surtos de seca e o

incremento de mortalidade mais acentuada dos sobreiros. O desfasamento

entre a ocorrência da seca e o surto de mortalidade no sobreiro, não parece

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evidenciar ser a seca um fator primário mas sim um fator predisponente que,

conforme o grau de resiliência do ecossistema e a gestão pouco adequada,

tornará o sobreiro mais ou menos suscetível às pragas e doenças que vêm sendo

identificadas (David et al., 1992).

Temos ainda a considerar o envelhecimento da floresta, ausência de

regeneração, pragas e doenças, a manutenção do arvoredo morto no local, anos

sucessivos de seca prolongada, erros culturais e compactação do solo por

excessivo pisoteio, o desinteresse por parte dos agentes económicos,

arborização com espécies estranhas ao montado e incêndios florestais (Belo et

al., 2009).

Os incêndios, quase sempre consequência da ação antrópica, também são

susceptíveis de acentuar a degradação do ecossistema se bem que, sobreiros e

azinheiras sejam espécies resistentes às chamas e regenerem, juntamente com

outras espécies que lhe estão associadas, com grande vigor, após o fogo (Castro,

2007).

Têm sido também apontados fatores de perturbação relacionados com más

práticas de extração da cortiça, nomeadamente a utilização de tiradores de

cortiça inexperientes, a tiragem da cortiça em épocas menos apropriadas e a

entrega da extração a empreiteiros que praticam excesso de corte, uma vez que

ganham por arrobagem extraída. As pragas e as doenças acabam por vitimizar

as árvores mais vulneráveis devido a todas estas agressões (Cabral et al., 1992).

Com a modernização e mecanização da agricultura, deu-se a alteração e

degradação deste frágil ecossistema. A interferência humana no sistema do

montado não se revestiu afinal de aspectos distintos dos observados noutros

sistemas agrícolas. Resultou num declínio da biodiversidade, e este declínio

trouxe consigo a diminuição da estabilidade da paisagem criada. Num passado

próximo, o montado dependia exclusivamente de condicionalismo de políticas

agrícolas e da conjuntura socioeconómica. (Ferreira, 2001).

Durante a última década muitas recomendações e práticas para mitigar as

sequelas dos processos de declínio e para prevenir a disseminação da doença

assim como algumas técnicas têm sido aplicadas com objetivo de minimizar os

prejuízos, mas os resultados não são os esperados, pois estes métodos carecem

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de recursos financeiros e de ajuda governamental, particularmente neste

quadro de mudanças climáticas que estamos vivendo, não sabemos ao certo o

que acontecerá (Silva & Catry, 2006).

1.5 Agentes bióticos do declínio

O sobreiro vem morrendo há muito anos sem que tenham tido tomadas

quaisquer medidas no sentido de parar esta mortalidade. Vários estudos têm

sido feitos no sentido de estagnar este declínio e conhecer os insetos nocivos

que exercem maior impacte. As medidas mais urgentes que se devem tomar são

medidas de caráter sanitário para erradicar a disseminação da doença (Cabral et

al., 1992).

Têm vindo a ser efetuados estudos com o objetivo de determinar as causas da

morte súbita dos sobreiros especificamente nos conselhos de Santiago do

Cacém, Grândola e Sines, que apontam para uma degradação contínua e

progressiva dos montados, devido a diversas alterações sofridas, como más

práticas na extração da cortiça, anos sucessivos de secas prolongadas, estresse

hídrico fator este apontado como causa para o ataque de agentes patogênicos, e

desinteresse por parte dos agentes económicos (Carvalho, 2008)

Agentes bióticos e agentes abióticos têm interferido no estado funcional da

planta comprometendo o seu desempenho. A presença de agentes bióticos por

si só não resulta necessariamente em condições de pragas ou doenças, agentes

abióticos podem ocasionar situações deste tipo, mas o estado fisiológico da

planta exerce um fator principal no condicionamento da reação (Serrão, 2001)

As informações referentes aos agentes bióticos e abióticos que interagem nas

relações que se estabelecem entre praga e hospedeiro são a base de programas

de prevenção cujo fundamental objetivo será o de sustentar em níveis

admissíveis as populações das pragas com grande impacte nos ecossistemas

florestais. Acreditamos que um dos maiores problemas existentes é a não

utilização das informações que se tem adquirido ao longo destes anos de forma

prática, lembrando sempre que para solucionar problemas fitossanitários em

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uma floresta devemos primar pela gestão adequada salvaguardando os

interesses económicos e conservação da natureza (Cadahia & Robredo., 1992).

Alguns fatores bióticos estão apontados como direta ou indiretamente

associados a este processo de declínio que está intimamente associado a

padrões fitossanitários complexos, frequentemente envolvendo várias pragas e

as doenças.

1.5.1 – Pragas

Pragas primárias, são pragas anuais e o seu surgimento é sempre previsto em

grandes populações. São em muitos casos persistentes e de difícil controlo,

consequentemente causam grandes prejuízos. Poucas espécies possuem esta

categoria entre as populações, por não possuírem inimigos naturais eficientes.

A classificação de pragas pode passar por diferentes avaliações, dependendo do

sistema agrícola implantado, como exemplo a agricultura biológica, neste caso a

dinâmica das pragas está condicionada pela biodiversidade originada pelas

características do sistema (Brechelt, 2004).

Foram descritas várias espécies de insetos que atacam as folhas do sobreiro

(desfolhadores), sendo todos da família Lepidoptera: Archips xylosteana L.,

Euproctis chrysorrhoea L. (portésia), Lymantria dispar L. (lagarta do sobreiro),

Malacosoma neustria L. (lagarta de libré), Periclista andrei Konow (lagarta

verde) e Tortrix viridana L. (burgo). Duas espécies atacam a bolota, Curculio

elephas (Gyll.)(balanino) e Cydia splendana (Hübner)(lagarta da bolota), outras

duas causam dano nos ramos e raminhos, Coroebus florentinus

(Herbst)(cobrilha dos ramos) e Zeuzera pyrina L. (lagarta leopardo) e, por fim,

três espécies que atacam o tronco, Platypus cylindrus F. (plátipo), Xyleborus

dispar (F.) (xileboro) e Coroebus undatus (F.) (cobrilha da cortiça) (Sousa et al.,

2007).

Destas as mais importantes são:

Platypus cylindrus: Considerada uma praga do sobreiro, cujo processo de

colonização de um novo hospedeiro envolve o transporte de fungos específicos

e a sua inoculação nas galerias que escava no lenho da árvore. O

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desenvolvimento destes fungos providencia alimento para os insetos e provoca

o declínio do sobreiro (Figura 2). São necessárias medidas de controlo deste

inseto, a utilização de feromonas tem sido testada e parece ser uma boa opção

(Henriques et al., 2010).

É necessário tomar medidas imediatas de caráter sanitário visando um bloqueio

na disseminação de P. cylindrus, como também de outras pragas e doenças

como: evitar podas exageradas, desinfectar os instrumentos de podas, cortar e

queimar todas as árvores quando não há recuperação e evitar ferir as árvores

durante o descortiçamento (Ferreira & Ferreira 1992).

Figura 2 - Ataque de Platypus cylindrus: acumulação de serrim na base do tronco

(Foto da autora).

Coroebus undatus: A cobrilha da cortiça é um coleóptero buprestídeo cujas

larvas escavam galerias no câmbio produtor de cortiça (suberofelodérmico) e

como tal a sua acão é apenas visível aquando da tirada de cortiça. Esta fica com

sulcos bem marcados sem direção pré-definida provocando a sua

desvalorização considerável (Pereira, 2007).

Lymantria dispar: Ataca o crescimento natural da árvore, provoca perda da

frutificação e incertos crescimentos na cortiça, podendo causar desfolhas totais

ou parciais. Seus pêlos urticantes ocasionam problemas de saúde pública. Os

a

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montados instalados em solos pobres e anos de secas prolongadas favorecem o

ataque desta praga (Heitor & Pereira, 2009).

1.5.2 – Doenças

Diversos agentes patogénicos foram descritos associados a montados em

declínio: Phytophthora cinnamomi, Rands., Endothiela gyrosa Sacc.,

Biscogniauxia mediterranea De Not. Kuntze, Botryosphaeria stevensii

Schoemaker (f. anamórfica Diplodia mutila Fr. Apud Mon.), Coryneum nodomium

(Tul.) Griff. & Mube e o complexo Armillaria desempenhando, consoante os

casos, papéis determinantes neste processo, conduzindo assim à morte do

sobreiro. As referências a bactérias, vírus e nemátodes, em associação com este

processo, são escassas ou mesmo nulas (Sousa et al., 2007).

Biscogniauxia mediterranea (carvão do entrecasco) caracteriza-se pela presença

de um líquido escuro, de cheiro taninoso exsudado através da cortiça. Nos

pontos onde ocorre a exsudação, o entrecasco expõe-se húmido, amolecido e

apodera-se por uma massa micelar; por vezes o local por onde entrou o agente

são ferimentos causados por descortiçamentos: em seguida nota-se o avanço do

micélio que se espalha, frutifica e forma as placas carbonáceas, não sendo

estritamente saprófita (Figura 3) (Santos, 2003).

a

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Figura 3 - Ramo com os sintomas da doença carvão do entrecasco e placa

carbonácea (Foto da autora).

Phytophthora cinnamomi: Foi introduzida na Europa há vários séculos, por

exploradores portugueses, espanhóis ou franceses, consequentemente a

propagação aconteceu por meio do transporte de solo contaminado e viveiro

infectado. A água é um elemento fundamental na formação e dispersão dos

esporos, mas a doença pode-se desenvolver em regiões relativamente secas,

tendo sido descrita associada a várias centenas de espécies em todo o mundo.

Na Europa esta espécie tem sido alvo de muitos estudos, pensando-se estar

associada ao declínio do sobreiro e outras espécies, sendo também um fator

importante que impede a regeneração natural e reflorestamento destas espécies

(Lopes, 2007).

Armilaria sp: os organismos patogénicos pertencentes a este complexo, atacam

diversas espécies florestais, em todos os continentes.

Os sintomas que as plantas contaminada por esta doença manifestam a nível da

parte aérea, não permitem por si só, fazer um diagnóstico seguro. Outras

doenças podem apresentar sintomatologia muito semelhante. É comum

observar o aparecimento de exsudados, cancros, fendas na zona do colo, ou

ligeiramente acima. As plantas poderão enfraquecer gradualmente, tornando-se

as folhas amareladas e murchas. (Gisela, 2002).

As primeiras medidas para o controlo de parasitas no montado de sobro, dizem

respeito as medidas fitossanitárias, por exemplo: eliminação de ramos secos em

árvores não muito atacadas, erradicação de todas as árvores globalmente

doentes, eliminação dos ramos doentes a partir da parte saudável, isto inclui a

cortiça que ao ficar amontoada estabelece-se como fonte de inóculo da ferrugem

alaranjada (Figura 4).

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Figura 4 - Medidas de controlo de doenças, podas de árvores morta coberta com

lona preta, para evitar a disseminação da doença (Foto da autora).

A luta contra os insectos identificados como vectores de fungos responsáveis

por doenças terá uma participação fundamental na proteção do montado contra

as doenças.

Diversos investigadores reconhecem a importância das armadilhas de

feromonas sexuais para amostragem quantitativa, embora outra corrente de

pesquisadores considere uma tarefa difícil relacionar o número de insetos

capturados com limiares de dano econômico de pragas . No entanto, tem sido

cada vez maior o emprego de armadilhas de feromonas na monitorização e

controlo de espécies de pragas. Considera-se haver aproximadamente 100% de

eficiência destas armadilhas no recrutamento de insetos específicos (Boaretto &

Brandão, 2000).

As feromonas são substâncias químicas produzidas por insetos e servem

principalmente como estímulos a outros indivíduos da mesma espécie.

Atualmente são produzidas sinteticamente (Marques, 2011).

Conhecer melhor os mecanismos de ataque/defesa é fundamental para o

desenvolvimento futuro de métodos de controlo e prevenção do aumento das

populações destes insetos (Neves, 1992).

a

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Assim, neste trabalho foi avaliado o estado fitossanitário do sobreiro na serra de

Grândola. Especificamente pretendeu-se: i) comparar a evolução dos fatores

responsáveis pelo seu declínio entre 2011 e 2012; ii) identificar as principais

causas da morte súbita do sobreiro e iii) testar a eficácia da técnica de

armadilha com feromonas na captura de Platypus cylindrus.

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2. Material e Métodos

Durante o Outono e Inverno de 2011/ 2012, a equipa da Unidade de Silvicultura

e Produtos Florestais do Instituto Nacional de recursos Biológicos (INRB),

atualmente Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INAV),

analisou Montados de Sobro nos concelhos de Grândola e Santiago do Cacém,

numa colaboração entre a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), a

Autoridade Florestal Nacional (AFN) e, a Associação de Agricultores de

Grândola (AAG).

O nível de declínio fisiológico foi classificado numa escala de zero (0) a três (3),

correspondendo o valor mais baixo a uma árvore completamente saudável e o

valor mais alto a uma árvore doente com diversos tipos de pragas e/ou agentes

de doença. Em cada Montado selecionado foram delimitadas parcelas

quadradas, com 1 ha, num total de 16 parcelas.

A delimitação e a caracterização das parcelas foram feitas com base na medição

do azimute (em graus) e na distância entre árvores (em metros). Esta

informação permitiu a elaboração de mapas de distribuição espacial dos

sobreiros tendo sido observadas todas as árvores existentes, tendo sido

efetuada a caracterização de todas as árvores com altura superior a 1,5 m nos

seguintes parâmetros dendrométricos: PAP - perímetro a 1,30 m de altura); H –

altura da árvore; Nº pernadas ou ramos principais; Raios de copa segundo os

pontos cardeais (N, S, E, O); Tipo de descortiçamento (pau batido, meças); Nº

pernadas descortiçadas; Ano de tiragem; HD – altura de descortiçamento no

fuste; HDmáx – altura máxima de descortiçamento; descortiçamento excessivo

(Anexo 1 – Ficha de campo).

De acordo com o nível de declínio fisiológico, as parcelas observadas foram

inicialmente agrupadas do seguinte modo:

Montado de sobro sem enfraquecimento:

o Barradas da Serra 2 – BS 2 / BS 2T

o Mostardeira – M / MT

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Montado de sobro com enfraquecimento moderado

o Barradas da Serra 1 – BS 1 / BS 1T,

o Várzea dos Pereiros - VP1 /VP1T

Montado de sobro com enfraquecimento acentuado

o Tanganhal Novo – TN /TNT,

o Água Ferrenha – AF /AFT.

Figura 5 - Localização das parcelas de estudo, na serra de Santiago do Cacém (a)

e Grândola (b).

a

b

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Posteriormente, no Outono e Inverno de 2011, foi efetuada uma rigorosa

caracterização geral das parcelas, levando em consideração os seguintes

critérios: caracterização dendrométrica, caracterização fitossanitária,

localização e georreferenciamento das parcelas, caracterização do tipo e

fertilidade do solo, avaliação da diversidade micológica.

Na caracterização fitossanitária de todas as árvores das parcelas foram

inventariados os danos na copa e no tronco. No que respeita à prospeção da

copa avaliou-se: nível de desfolha (Figura 6), descoloração, pontas secas, ramos

secos, ramos com carvão do entrecasco, números de ramos secos, exsudado,

microfilia, folhas roídas, folhas enroladas, manchas nas folhas (necroses ou

cloroses ocupando mais de 30% da superfície das folhas) e presença de agentes.

Figura 6 - Níveis de Desfolha (Cadahia et al., 1991).

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Quanto aos danos no tronco, a atenção recaiu sobre a existência de manchas no

tronco (brancas ou pretas), feridas, exsudado, carvão do entrecasco (preto ou

castanho), manchas alaranjadas (pós descortiçamento), galerias irregulares,

orifícios (com ou sem serrim), dimensões dos orifícios (superior ou inferior a 4

mm), localização dos orifícios (distribuição uniforme, na base, em feridas),

carpóforos (na base ou no tronco) e presença de agentes (Anexo 1 – Ficha de

campo).

A avaliação da diversidade micológica das parcelas com diferentes graus de

enfraquecimento fisiológico (moderado e acentuado) e sem sintomas permitiu a

análise da distribuição espacial de espécies-chave (micorrizicos/patogénicos) e

a recolha de exemplares para elaboração de inóculos (esporos e/ou culturas

puras) a aplicar em viveiro.

Após esta caracterização pormenorizada, procedeu-se ao seguinte

reagrupamento das parcelas:

Montado de sobro sem perturbações

- Barradas da Serra – BS2/ BS2T;

- Mostardeira – M/ MT.

Montado de sobro com enfraquecimento moderado:

- Barradas da Serra – BS1/ BS1T;

- Várzea dos Pereiros - VP1/ VP1T.

Montado de Sobro com enfraquecimento acentuado:

-Tanganhal Novo – TN/ TNT;

- Água Ferrenha – AF/ AFT.

Uma vez identificadas as prováveis causas abióticas para os desequilíbrios

detetados e os agentes bióticos responsáveis pelo declínio, foi iniciado ainda

durante 2011 a implementação das seguintes ações corretivas:

- Adubação seletiva com azoto, fósforo, potássio e boro, especifica para

cada parcela e direcionada para corrigir as deficiências detetadas.

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- Correção da acidez excessiva do solo com a aplicação de cálcio.

- Aconselhamento para a diminuição da taxa de descortiçamento (redução

da altura máxima descortiçada).

- Instalação de armadilhas com feromonas para captura do plátipo no

centro de cada parcela (Figura 7).

- Abate e remoção das árvores mortas ou com avançado estado de

declínio, com especial cuidado onde foi detetada a presença de fitóftora, tendo

sido arrancada a raiz (Figura 8).

- Acompanhamento do abate das árvores para observação e recolha de

material.

- Podas sanitárias nas árvores que apresentam ramos mortos com

sintomas do carvão do entrecasco; Remoção ou destruição dos ramos mortos

que permaneçam no chão; Desinfeção dos instrumentos de poda e de

descortiçamento após intervenção nas árvores afetadas (álcool a 70%).

- Instalação de Capta-esporos para captura regular dos esporos presentes

no ar e sua posterior identificação em laboratório.

Figura 7 – Colocação de armadilha com feromona especifica para a captura de

Platypus cylindrus (Foto da autora).

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Estas armadilhas específicas, são usadas para monitorar o desenvolvimento das

populações de insectos. Foi também colocada uma pastilha inseticida no interior

da câmara de retenção de insetos. Esta pastilha não liberta inseticida para o

exterior da armadilha.

Figura 8 – Pastilha contendo inseticida utilizada nas armadilhas para capturar

Platypus cylindrus. (Foto da autora).

Cada uma das armadilhas colocadas foi suspensa em duas varetas de ferro de

cada lado, com cerca de 1,6m de altura, tdas em três pontos por braçadeiras de

plástico, ficando a armadilha a cerca de 0,5 m do solo. Tentou-se que não

ficassem muito próximo do tronco dos sobreiros, preferencialmente em

pequenas clareiras, fora das copas. Não foi tido em conta a exposição, relevo ou

ventos dominantes.

Assim, tendo decorrido o primeiro ano após a caracterização inicial das

parcelas, foram selecionadas uma em cada classe de declínio para nova

avaliação fitossanitária, de modo a detetar o efeito das medidas aplicadas, no

estado geral do montado.

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Figura 9 - Medidas de controlo e Gestão da Doença da Tinta; a) abate e

isolamento do material afetado; b) plantação de plantas micorrizas. (Foto da

autora).

As parcelas escolhidas para a avaliação fitossanitária que efetuamos em 2012

foram:

o Mostardeira – M (sem perturbações) (Fig. 10).

o Barradas da Serra – BS (enfraquecimento moderado) (Fig. 11).

o Água Ferrenha – AF (enfraquecimento acentuado) (Fig. 12).

Figura 10 – Esquema da parcela de acompanhamento com um hectare da

Mostardeira, com a localização relativa de todos os sobreiros.

a

b a

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Figura 11 – Esquema da parcela de acompanhamento com um hectare da

Barradas da Serra, com a localização relativa de todos os sobreiros.

Figura 12 – Esquema da parcela de acompanhamento com um hectare de Água

Ferrenha, com a localização relativa de todos os sobreiros.

Com o auxílio dos esquemas elaborados para cada parcela, onde estão

representadas todas as árvores incluídas, voltaram a ser analisados no Inverno/

Primavera 2012 os seguintes parâmetros procedendo-se, para a sua maioria a

uma avaliação qualitativa em três classes (0 – ausência; 1 – presença pouco

marcada; 2 – presença muito intensa).

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Exceção para a desfolha, em que se utilizou a escala europeia de classes (Fig. 6).

- Ao nível da copa:

• Desfolha (classes 0 a 3), Pontas de ramos secas (classes 0 e 1), ramos

secos (classes 0 a 2), ramos com carvão do entrecasco (classes 0 a 2),

percentagem da copa com ramos secos, exsudado (classes 0 a 2), microfilia

(classes 0 a 2), folhas roídas (classes 0 a 2).

- Ao nível do tronco:

Manchas no tronco (classes 0 a 2), feridas (classes 0 a 2), exsudado

(classes 0 a 2), carvão do entrecasco (classes 0 a 2), manchas alaranjadas após

descortiçamento (classes 0 a 2), galerias irregulares (classes 0 a 2), orifícios

(classes 0 a 2), dimensão dos orifícios (superior ou inferior a 4mm), localização

dos orifícios (distribuição uniforme, na base ou em feridas), carpóforos (classes

0 a 2).

Após a introdução dos resultados obtidos numa base de dados procedeu-se à

comparação dos valores obtidos para cada parâmetro com os valores registados

em 2011, através de análises estatísticas sumárias e não paramétricas (Teste

Mann-Whitney) ideal para comparação de pares de variáveis qualitativas

executadas com auxílio do programa Statistica (Statsoft).

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3. Resultados

Os principais problemas detetados nos montados estudados foram: carências

nutritivas graves dos solos, descortiçamento excessivo e os seguintes agentes

bióticos associados ao enfraquecimento dos montados de sobro e azinho:

Platypus cylindrus (plátipo), Phytophthora cinnamomi (fitóftora), Biscogniauxia

mediterranea (carvão do entrecasco), complexo Armillaria (armilária) e Endothiela

gyrosa (ferrugem alaranjada).

A avaliação fitossanitária realizada nas três parcelas selecionadas envolveu 381

sobreiros, uma vez que o corte sanitário entretanto efetuado levou ao corte de

41 árvores mortas.

O principal indicador do estado geral do sobreiro é o grau de desfolha da sua

copa, encontrando-se estes resultados na Tabela I, juntamente com os valores

resultantes da primeira avaliação efetuada em 2011.

Tabela I – Grau de desfolha dos sobreiros das parcelas de

acompanhamento.

DESFOLHA

PARCELA ANO 0 1 2 3 MORTA CORTADA TOTAL

Água Ferrenha 2011 0 26 50 18 14 - 108

2012 1 24 40 28 - 15 93

Barradas da Serra 2011 15 79 39 7 2 - 142

2012 12 60 48 12 - 10 132

Mostardeira 2011 24 89 29 23 7 - 172

2012 21 49 59 27 - 16 156

Analisando a evolução do estado geral dos montados, refletida na proporção do

número de árvores no estado de desfolha 3 (declínio avançado) e mortas, em

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percentagem do total de árvores, verificamos que o grau de declínio das três

parcelas acompanhadas se agravou, entre 2011 e 2012.

A parcela Água Ferrenha, com cento e oito árvores, foi a parcelas que,

proporcionalmente, registou maior mortalidade. Ainda na parcela Água

Ferrenha notamos um aumento considerável do índice de desfolha, isto vale

para todas as parcelas (Água Ferrenha, Mostardeira e Barradas da Serra), onde

a maioria das árvores apresentaram declínio (classes 2 e 3) e apenas uma

pequena percentagem que foi avaliada com zero, que corresponde a uma árvore

saudável.

O que nos chamou a atenção é que de entre as outras duas parcelas esta foi a

que apresentou o menor número de árvores mortas, num total de dez, nota-se

um aumento da classificação “pontas secas” e desfolha, não se detectou a

presença de serrim, exceto casos isolados e no geral são árvores com um

aspecto não muito saudável (quando há a presença de insetos desfolhadores),

apresentando todos os sintomas do declínio, sendo esta uma característica que

se nota mesmo a uma distância grande das árvores.

Assim, na Barradas da Serra a classificação de declínio era 6,34%, em 2011, e

passou a ser 9,09%, em 2012, de modo que a parcela passou a estar classificada

no estádio médio. O agravamento nesta parcela foi estatisticamente significativo

(Tabela II):

Tabela II – Resultados da análise estatística não paramétrica Mann-Whitney

ajustada aos resultados obtidos quanto ao nível de desfolha dos sobreiros nas

diferentes parcelas estudadas.

Parcela U Zajustado p

Barradas da Serra 8034,0 2,0385 0,0415*

Água Ferrenha 4010,0 1,0552 0,2913 (NS)

Mostardeira 10464,5 3,0622 0,0022*

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A parcela inicialmente considerada em má condição, Água Ferrenha, viu o seu

estado agravar-se também, embora ligeiramente (de 20,63% em 2011 para

30,11% em 2012), sem significância estatística (Tabela II).

Finalmente na parcela da Mostardeira, a variação foi ainda menor, pois em

2011 existiam 17,44% de sobreiros em mau estado sanitário ou mortos, tendo

decrescido em 2012 para 17,31%. No entanto, este decréscimo de sobreiros em

declínio foi acompanhado pelo decréscimo muito acentuado do número de

sobreiro saudáveis e em bom estado (classes 0+1), que passaram de 66% em

2011 para apenas 46% em 2012. Por esta razão, a análise estatística revelou um

agravamento do declínio da parcela estatisticamente muito significativo (Tabela

II).

Os resultados da avaliação da incidência do inseto plátipo nos sobreiros das

parcelas encontram-se descritos na tabela III e os resultados estatísticos na

Tabela IV.

Estes dados refletem a melhoria significativa na presença de plátipo ativo,

especialmente nas parcelas da Água Ferrenha e Mostardeira, que onde se

registava maior incidência e apresentaram um decréscimo estatisticamente

significativo da ação deste inseto (Tabela IV).

Tabela III – Incidência de Platypus cylindrus ativo nos sobreiros das parcelas de

acompanhamento.

Platypus cylindrus

PARCELA ANO sem com TOTAL

Água Ferrenha 2011 84 17 108

2012 87 6 93

Barradas da Serra 2011 136 4 142

2012 131 1 132

Mostardeira 2011 149 19 172

2012 155 1 156

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Tabela IV - Resultados da análise estatística não paramétrica Mann-Whitney

ajustada aos resultados obtidos quanto à incidência de Platypus cylindrus nos

sobreiros nas diferentes parcelas estudadas.

Parcela U Zajustado p

Barradas da Serra 9046,0 1,2860 0,1985 (NS)

Água Ferrenha 4209,0 2,2285 0,0258*

Mostardeira 11706,0 3,9808 0,0001**

No caso de Barradas da Serra a redução não atingiu níveis tão marcantes

porque, inicialmente, não registava tantas árvores afectadas.

O abate das árvores com plátipo por, na sua generalidade se encontrarem já

mortas, bem como a instalação de armadilhas com feromonas, que permitiu a

captura de centenas de insetos, tiveram reflexo na redução em 20% do número

de árvores com ataque ativo de 2011 para 2012.

A incidência da doença do carvão do entrecasco, de uma maneira geral,

apresentou uma ligeira melhoria, o que está diretamente relacionado com o

abate dos sobreiros que se encontravam mortos aquando da prospecção de

2011 e à realização de podas sanitárias, que removeram grande parte das

ocorrências desse ano, no entanto não impediu que tenham sido detetada novas

infecções em 2012 (Tabela V).

A parcela da Barradas da Serra é a que continua com menor número de

infecções, apesar de ter sido a única em que se registou um ligeiro aumento da

incidência da doença, apesar de não significativo (Tabela VI).

Na parcela Mostardeira entre todas, foi a parcela que menos demonstrou

declínio da doença. Mas houve também uma redução.

30

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Tabela V – Incidência de Carvão do Entrecasco nos sobreiros das parcelas de

acompanhamento.

Carvão do Entrecasco

PARCELA ANO sem com TOTAL

Água Ferrenha 2011 81 22 108

2012 73 20 93

Barradas da Serra 2011 134 6 142

2012 125 7 132

Mostardeira 2011 146 25 172

2012 134 22 156

Tabela VI - Resultados da análise estatística não paramétrica Mann-Whitney

ajustada aos resultados obtidos quanto à incidência do carvão do entrecasco nos

sobreiros nas diferentes parcelas estudadas.

Parcela U Zajustado p

Barradas da Serra 9146,0 0,3923 0,6949 (NS)

Água Ferrenha 4782,50 0,0248 0,9802 (NS)

Mostardeira 13269,0 0,1330 0,8942 (NS)

A grande quantidade de novos casos de doença na Água Ferrenha e na

Mostardeira está relacionada com erros de gestão do montado, pois as árvores

que foram abatidas ainda não tinham sido removidas do povoamento,

permitindo assim a disseminação da doença para os sobreiros das imediações.

As boas práticas indicam explicitamente que os despojos das podas sanitárias

devem ser queimados na propriedade e as ferramentas desinfetadas com

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produtos não proibidos pelo código internacional de Práticas Rolheiras (Barros

et al., 2006). Com efeito, estas são medidas de caráter preventivo e

indispensável, havendo rigor no cumprimento das normas poderíamos ter um

cenário diferente do que estamos presenciando (Santos, 2003).

Quanto à incidência de cancros nos sobreiros das parcelas avaliadas, a taxa

continua muito baixa (Tabela VII) e foi não significativa (Tabela VIII).

Tabela VII – Incidência de Cancros nos sobreiros das parcelas de

acompanhamento.

Cancros

PARCELA ANO sem com TOTAL

Água Ferrenha 2011 91 3 108

2012 89 4 93

Barradas da Serra 2011 140 0 142

2012 130 2 132

Mostardeira 2011 160 5 172

2012 155 1 156

Tabela VIII - Resultados da análise estatística não paramétrica Mann-Whitney

ajustada aos resultados obtidos quanto à incidência de cancros nos sobreiros

nas diferentes parcelas estudadas.

Parcela U Zajustado p

Barradas da Serra 9100,00 1,4591 0,1445 (NS)

Água Ferrenha 4322,50 0,3986 0,6902 (NS)

Mostardeira 12562,50 1,5773 0,1147 (NS)

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Da análise do declínio na parcela Água Ferrenha, notou-se uma pequena

variação, entre os anos, com o aparecimento de um caso novo.

Na parcela Barradas da Serra houve uma redução não significativa da doença,

apesar do aparecimento de dois novos casos da doença.

Na parcela Mostardeira a melhoria foi razoavelmente baixa, com aparecimento

de um caso novo da doença.

A única parcela onde foi possível avaliar a variação na incidência de cobrilha da

cortiça foi a Barradas da Serra, pelo fato de ter sido descortiçada entre as

prospecções (Tabela IX), tendo-se verificado um agravamento muito

significativo (Tabela X).

Tabela IX – Incidência de Cobrilha da cortiça nos sobreiros das parcelas de

acompanhamento.

Cobrilha da cortiça

PARCELA ANO sem com TOTAL

Barradas da Serra 2011 130 10 142

2012 102 30 132

Tabela X - Resultados da análise estatística não paramétrica Mann-Whitney

ajustada aos resultados obtidos quanto à ocorrência de cobrilha da cortiça nos

sobreiros, após descortiçamento, nas diferentes parcelas estudadas.

Parcela U Zajustado p

Barradas da Serra 7800,00 3,6203 0,0003**

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4. Discussão

O descortiçamento efetuado entre as inspeções fitossanitárias revelou cobrilha

em árvores que nos descortiçamentos anteriores não tinham sido afetadas,

aumentando de forma significativa a incidência deste problema.

O descortiçamento é uma operação muito delicada que inevitavelmente

enfraquece o sobreiro, quando mais não seja nos primeiros dois anos. Foram

detetadas feridas no tronco de grande número de árvores resultantes desta

operação, o que ainda mais a enfraquece e a torna susceptível ao ataque por

pragas (cobrilha e formiga da cortiça) e são pontos de entrada para as doenças,

tais como o carvão do entrecasco.

O descortiçamento do sobreiro é um processo ancestral que só pode (e deve)

ser feito por especialistas, os descortiçadores; para não danificar a árvore, há

que ter habilidade manual e muita experiência. É executado em seis etapas e por

um conjunto de dois homens para a mesma árvore: abrir, separar, traçar e

extrair (Bureau, 2010).

Diversos investigadores defendem que os agentes do declínio não perdoam

falhas dos descortiçadores, aproveitando-se da mais pequena ferida causada no

tronco, por isso a existência da frase “descortiçamento uma operação delicada”,

não apenas pelo ataque que o mesmo sofrerá mais por vários outros fatores

como o enfraquecimento natural da árvore nos meses após o descortiçamento

(Barros et al., 2006).

A aceitação do princípio de que se pode trabalhar de forma ecológica e

economicamente racional com controle de insetos, resultou na conhecida e atual

era da Protecção Integrada de Pragas (IPM).

Apesar dos diversos casos de sucesso no uso de feromonas em IPM, nem sempre

os resultados são os esperados, possivelmente pela utilização de dados básicos

inadequados e pela falta de conhecimentos que influenciam sua eficácia.

Estudos realizados comprovam que as armadilhas de feromonas diminuem sua

atração após 40 dias no campo e aos 60 dias não possuem efeito nenhum na

atração de adultos. (Melo et al. 2011).

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Diante dos resultados obtidos com as armadilhas de feromonas cresce a

necessidade de um conhecimento mais aprofundado sobre esta técnica, sobre a

atração exercida no inseto. Estudos comprovam que a altura e posicionamento

das armadilhas e coloração influenciam na captura de insetos, sendo estas cores

azul e verde com tinta esmalte sintético, predominando sobre o amarelo, branco

e vermelho (Bavaresco, 2005).

Mas não é o bastante, pois estudos comprovam que o uso de armadilhas com

feromonas permite detetar a presença da praga na área monitorada mas não

determina o local dos focos. Uma das épocas importantes para localizar

visualmente a presença da pragas é na altura da poda. Portanto, a associação

dos métodos de monitoramento é necessária para efetuar o controle localizado

e na época adequada (Kovaleski, 2002).

Sabemos que a atração sexual tem grande importância pelo seu alto poder de

seleção, as armadilhas sexuais têm grande desenvolvimento em virtude de sua

eficácia, constituindo valioso meio de estimativa do risco de certas pragas ao

nível da parcela facultando ao proprietário a determinação do número e da

intensidade dos tratamentos inseticidas de numerosas pragas.

Permite inclusivamente colocar em prática a “previsão negativa”, ou seja, a

tomada de decisão de não efetuar tratamentos inseticidas quando o número de

capturas for inferior ao nível económico de ataque (Amaro, 2003).

Testes de patogenicidade revelaram que o telemorfo de Diplodia mutila não

necessita de tecido vivo para se desenvolver e que, mesmo sem se poder afirmar

que é estritamente saprófita, tem seguramente um comportamento saprofítico

predominante (Santos, 2003). Tem sido diagnosticado grande impacte do fungo

no processo de declínio do montado, contudo, os nossos resultados não o

permitem confirmar.

Como já mencionámos é fundamental conhecermos a doença e o seu agente

causador, para então encontrarmos um meio de luta adequado. Inúmeras

técnicas e medidas de controlo, nomeadamente a instalação de novos

povoamentos, mobilização do solo, plantação biodiversa, etc., podem ser usadas.

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Contudo, sabemos que estas são medidas que poderão mitigar o declínio mas

não irão excluir, pois outras causas estão ligadas a fatores edáficos. Para cada

doença deve aplicar-se uma medida de controlo específica. Para os fungos em

geral existem várias medidas, tanto luta genética, como química, mas ambas

deixam a desejar pois a falta de resultados consistentes levantam dúvidas

relativamente à eficácia de sua implementação, podendo dizer-se que

necessitam de um reforço da investigação e da extensão, (Barros et al., 2006).

Caso contrário, seremos vencidos por este complexo de agentes nocivos. Torna-

se necessário antes de tudo conhecer não só a espécie, mas o comportamento da

praga e sua sincronia com a fase suscetível das alterações climáticas e sua

sobrevivência entre as estações (Bento, 2007).

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5. Conclusões

Temos que considerar que as intervenções realizadas foram executadas com

êxito, observando-se um melhoria ligeira no estado sanitário das parcelas,

tendo-se de um modo geral com os abates e podas evitado que os agentes

tenham alastrado para outros sobreiros (Quercus suber L.) sãos.

Foi possível constatar o potencial regenerador desta espécie, com a presença de

grande número de sobreiros jovens, que neste ensaio sofreram a poda de

formação.

Em relação às podas sanitárias é necessário um rigor maior, pois enquanto as

árvores abatidas continuarem no mesmo local a probabilidade de contaminar

outras árvores é grande.

A medida com maior efeito positivo foi a instalação, no centro de cada parcela,

de uma armadilha iscada com feromonas específicas para Platypus cylindrus,

como forma de monitorizar e de controlar a sua expansão para outras árvores

não atacadas. Este fato é tão mais importante considerando que esta praga vem

assumindo papel primário no declínio e mortalidade dos sobreiros e até ao ano

de 2010 não existia nenhum meio eficaz para o controlar.

Este é o primeiro estudo que comprova a eficácia do conjunto armadilha-

atraente e a correlação com o decréscimo da incidência de plátipo ativo no

povoamento de sobreiros.

Para trabalhos futuros sugerimos este mesmo método mas, complementaríamos

com colheita em massa (método de controle, no qual se utiliza a feromona

sintética em um grande número de armadilhas, com o intuito de se capturar o

maior número possível do inseto-praga alvo). Refira-se, principalmente, os

insetos-praga que utilizam feromonas de agregação, considerando-se que neste

caso, são atraídos além de machos, as fêmeas.

Com estas medidas, é possível reduzir boa parte dos descendentes que seriam

produzidos. Ressaltando que nosso objetivo com as armadilhas foi tão somente

testar a sua eficácia, tendo por isso usado armadilhas iscadas, para um sistema

de amostragem.

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Estas armadilhas demonstraram-nos ser ferramentas importantes à gestão.

Podem ser usadas na detecção prematura de pragas, no levantamento de áreas

infestadas, na determinação de limiares de ação e na estimativa populacional. Os

trabalhos preliminares revelaram o potencial deste meio para limitar as

populações de plátipo.

Este estudo deverá ser prolongado no tempo, pois a resposta das árvores é

muito lenta e, por outro lado, deverá também ser alargado a outras áreas de

sobreiro em diferentes localizações geográficas.

Sabemos que o montado de sobro, para além de constituir um importante

produto de exportação, garante emprego a milhares de portugueses, e a elevada

biodiversidade que os montados preservam, também faz com que sejam

considerados um modelo de desenvolvimento sustentável, conciliando a

exploração e a conservação.

Além disso, constituem uma atividade econômica capaz de preservar a

ruralidade, mantendo o tecido social em zonas frequentemente marginais. De

momento, a cortiça é um dos produtos mais importantes da economia nacional .

Pelo fato dos montados serem um excelente exemplo, de como um sistema agro-

silvo-pastoril tradicional pode ser sustentável, preservando os solos e, desse

modo, contribuindo para evitar a desertificação.

O mínimo que podemos fazer a um ecossistema tão valioso, e generoso é

proteger uma árvore que nos dá tanto exigindo tão pouco em troca...talvez

apenas um pouco de respeito.

Em síntese, os dados que obtivemos não são suficientes para amenizar e estimar

uma melhoria no declínio do sobreiro em Portugal, pois se trata de um estudo

exploratório e ainda há muito que fazer. Ainda assim, os resultados obtidos

permitem-nos uma esperança de que estamos no caminho certo, sabendo que

temos muito para fazer para chegar a um patamar de regeneração total dos

montados.

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ANEXO I

Ficha de caracterização fitossanitária das árvores

(exemplo da ficha criada em Mostardeira)

5. CARACTERIZAÇÃO FITOSSANITÁRIA DAS ÁRVORES DATA: 27/04/2012 PARCELA Nº Mostardeira

2. ESTADO DO TEMPO

NEBULOSIDADE - Nuvens Altas

PRECIPITAÇÃO - 0

DANOS NA COPA DANOS NO TRONCO OBS

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AMOSTRAS DE SOLO Nº,

AMOSTRAS FOLIARES Nº,

AMOSTRAS DE CORTIÇA Nº,

FOTOGRAFIA Nº, INSTALAÇÃO DE DENDROMETRO,

MEDIÇÃO DO DENDRÓMETRO NA

INSTALAÇÃO

1 1 1 1 0 5 0 0 1 0 0 0 0 1 1 0 0 0 1 2 3 0 0 serrim /abatida

2 2 1 1 1 15 0 0 1 0 0 0 0 1 1 0 0 0 1 4 3 0 0 formiga

3 2 1 1 0 5 0 0 1 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 4 0 0 0

4 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 serrim / formiga

5 2 2 2 0 10 1 0 1 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 serrim/formiga

6 1 1 1 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0

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