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U U N N I I V V E E R R S S I I D D A A D D E E D D E E B B R R A A S S Í Í L L I I A A - - U U n n B B F F A A C C U U L L D D A A D D E E D D E E D D I I R R E E I I T T O O P P R R O O G G R R A A M M A A D D E E P P Ó Ó S S - - G G R R A A D D U U A A Ç Ç Ã Ã O O G GG a aa b bb r rr i ii e ee l ll a aa N NN e ee v vv e ee s ss D DD e ee l ll g gg a aa d dd o oo Estado Democrático de Direito no Brasil: a dimensão sócio-trabalhista da matriz constitucional de 1988 Projeto de Pesquisa apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Direito da Faculdade de Direito da UnB como requisito para credenciamento como professora orientadora do referido programa. B B R R A A S S Í Í L L I I A A 2 2 0 0 1 1 0 0

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GGG aaa bbb rrr iii eee lll aaa NNN eee vvv eee sss DDD eee lll ggg aaa ddd ooo

Estado Democrát i co de Dire i to no Bras i l :

a dimensão sóc io- t rabalhis ta da matr iz const i tuc ional de 1988

Projeto de Pesquisa apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Direito da Faculdade de Direito da UnB como requisito para credenciamento como professora orientadora do referido programa.

BBBRRRAAASSSÍÍÍLLLIIIAAA

222000111000

2

O fato de que, apesar de todo o sofrimento das gerações passadas, persistem novas formas de exploração do homem pelo homem (…) não significa que “falta regulamentação” ou que o Direito não existe. Significa, ao contrário, que o Direito está sendo ostensivamente e flagrantemente violado, dia a dia, para o detrimento de milhões de seres humanos (tradução livre) Voto Concorrente do Juiz Antônio Augusto Cançado Trindade para a Opinião Consultiva nº 18 – Condição Jurídica e Direitos dos Migrantes Indocumentados (17.09.2003) da Corte Interamericana de Direitos Humanos

3

SUMÁRIO

I. Justificativa ................................................................................................. 04

II. Linhas de pesquisa ................................................................................ 16

III. Objetivos ...................................................................................................18

IV. Hipóteses ...................................................................................................19

V. Procedimentos Metodológicos .............................................................20

VI. Referências Bibliográficas Preliminares ..........................................22

4

I – JUSTIFICATIVA

1.1. Introdução

Uma breve síntese histórica do sistema capitalista de produção

nos permite concluir que a orientação econômica vigente em cada

paradigma de Estado constitucional influenciou e influencia de forma

decisiva os contornos do Direito e em especial do Direito do Trabalho,

muitas vezes valorizando suas premissas teóricas básicas de sustentação,

outras tantas as desrespeitando.

Apesar das influências patrocinadas pelo sistema econômico

sobre o Direito do Trabalho, cabe ao sistema jurídico neutralizá-las

quando necessário, utilizando-se, sobretudo, de seu aporte constitucional,

no caso brasileiro presente na Constituição da República Federativa do

Brasil de 1988, cujo valor-fonte é a dignidade do ser humano.

Em outra medida, o Direito do Trabalho também deve

influenciar o meio social, sempre visando a aperfeiçoá-lo, já que seu

parâmetro de regulamentação orienta-se por critérios civilizatórios

humanísticos, todos eles fundados e amparados no sistema sócio-

democrático proposto pela Constituição Federal brasileira de 1988.

Enfim, o que se pretende demonstrar é que a efetividade da

constitucionalização dos direitos trabalhistas, em especial com a ampla

promoção do direito fundamental ao trabalho digno, permitirá maior

inclusão social e de distribuição de renda no País. Em outra medida, a

efetividade da constitucionalização dos direitos trabalhistas permitirá que

o Direito do Trabalho se revele em sua essência teleológica enquanto

mecanismo civilizatório vital ao próprio sistema capitalista de produção.

É o que se segue.

5

1.2. Fundamento e estrutura do trabalho nas relações de produção

capitalistas ao final do século XX e início do XXI

O sistema capitalista impôs ao longo de sua marcha histórica

diferenciados modelos produtivos em consonância com suas necessidades

básicas. Para cada tipo de necessidade do capital, estabelecia-se um

modelo de produção específico, sob a conjuntura de determinado

paradigma de Estado.

Assim, na vigência do Estado Liberal de Direito, o capital se fez

forte, sem precisar da intervenção do Estado na economia para legitimar

seu poder. Em contrapartida, durante a vigência do modelo de Estado

Social de Direito, o Estado foi se fortalecendo e intervindo na economia

para regular o sistema capitalista de produção. Naquela época, a idéia de

lucro teve que se harmonizar à figura do Estado Providência. As

empresas tornaram-se grandes e auto-sustentáveis. Os produtos de

consumo pesados e duradouros. Essa nova orientação teve ressonância,

inclusive, nos padrões da estética, nas artes e na arquitetura, que passaram

a valorizar, de forma expressiva, grandes proporções1. A par disso, o

sistema de relações trabalhistas incentivava certa permanência nas relações

de emprego, conjugada com algum grau de redistributivismo do valor

econômico gerado pelo sistema. O fordismo era, afinal, o paradigma de

gestão trabalhista nos países ocidentais desenvolvidos2.

Em meados do século XX (precisamente a partir da década de

1970, na Europa Ocidental e da década de 1990, no Brasil), com a crise

estrutural do Estado Social de Direito, houve a decolada da orientação

neoliberal, movimento que trouxe consigo acentuada redução do papel do 1 Emiliano Di Cavalcanti e Tarcila do Amaral pertencem à geração modernista brasileira influenciada por uma cultura também marcada pela busca do bem-estar-social. É por isso mesmo que suas formas eram volumosas, marcadas pela riqueza das cores e protuberância de luminosidade – tudo com grandes proporções, assim como era a proposta do paradigma do Estado de Bem Estar Social em destaque. Ambos eram artistas de uma intelectualidade progressista que já trabalhavam com a idéia que o Brasil poderia se transformar num país moderno através do desenvolvimento de três pilares: industrialização, nacionalismo e bem-estar-social (pilar este que se traduziu na legislação trabalhista da década de 1930). 2 VIANA, Márcio Túlio. Alguns pontos polêmicos da terceirização. Repertório IOB de Jurisprudência: Trabalhista e Previdenciária, São Paulo, n. 8, Caderno 2, 2ª quinz. abr./1997, p. 155.

6

Estado como órgão regulador das questões sociais. Ao mesmo tempo em

que se firmava, mais uma vez na história contemporânea de produção, o

primado do mercado, reestruturava-se o Estado Liberal de Direito, desta

feita sob nova diretriz: a do neoliberalismo. O minimalismo passou a

orientar a cultura ocidental, inclusive na estética, arquitetura e arte

contemporâneas.

As empresas, em sintonia com o novo modelo de Estado,

também passaram a adotar fórmulas redutoras, sempre com vistas ao

aumento de seus lucros. Estruturou-se, assim, o padrão toyotista,

mediante a legitimação de um novo conceito de empresa, designado de

empresa-magra ou enxuta3.

Houve uma reengenharia que levou o processo produtivo a se

ocupar, predominantemente, não mais da produção em série e em massa,

típica do binômio taylorismo/fordismo, mas daquela destinada à

comercialização de produtos com alto grau de especialização, porém

produzidos em pequena escala para atender a um mercado mais localizado

e com diferenciados tipos de consumidores4.

Para que as empresas satisfizessem as necessidades específicas

do mercado, foi desenvolvida e associada ao toyotismo a terceirização

trabalhista, fenômeno que ganhou prestígio acentuado a partir de fins do

século XX, inclusive na Administração Pública.

Além da horizontalização da produção, foram implantadas

novas tecnologias de gerenciamento, com destaque para o extremado

controle interno da produção, cujos pilares são a produção enxuta (lean

production) ou queima de gorduras (downsizing) e o pronto atendimento (just

in time), ambos tendo por fim inserir a qualidade total no processo

produtivo.

3 Sobre o tema, cf.: DRUCK, Maria da Graça. Terceirização: (des)fordizando a fábrica. São Paulo: Boitempo, 1999, p. 127. 4 Idem. p. 17.

7

O sistema toyotista inclusive estabeleceu um redirecionamento

do papel e da postura dos empregados no ambiente de trabalho,

priorizando a estratégia dos trabalhos em equipe por meio das ilhas de

produção.

A qualidade total invadiu, pois, os espaços privados exercendo

uma espécie de pressão contínua sobre o trabalhador que, cada vez mais

oprimido e cansado, cada vez menos capacitado e criativo, passou a

desenvolver uma série de psicopatologias, sobretudo doenças

psicossomáticas. A mais conhecida delas é o estresse.

Foi exatamente durante o processo de crise conjuntural da

década de 1970 que os sindicatos começaram a perder força e espaço

político nos países centrais, deixando de reivindicar novos direitos, para,

tão somente, negociá-los.

Conforme observa GIOVANNI ALIOTI, as mudanças

provocadas ao final do século XX, devido ao desmanche do modelo

taylorista/fordista, às transformações estruturais dos empregos e ao

processo de globalização, proporcionaram verdadeiro enfraquecimento

do vínculo jurídico estabelecido entre empregados e sindicatos, o que

pode ser comprovado pelas baixas taxas de sindicalização tanto nos países

centrais como nos periféricos naquele período5.

1.3. A “Nova morfologia do trabalho” a partir dos anos 1990

Com a reestruturação produtiva vivenciada no Brasil a partir da

década de noventa, novas diretrizes de inserção dos trabalhadores no

5 ALIOTI, Giovanni. Sindicalismo internacional: dilemas e propostas. In: CARVALHO NETO, Antônio Moreira de; CARVALHO, Ricardo Augusto Alves de. (Org.) Sindicalismo e negociação coletiva nos anos 90. Belo Horizonte: IRT (Instituto de Relações do Trabalho) da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, 1998.p. 59.

8

mercado de trabalho também se desenvolveram, culminado em uma

“nova morfologia do trabalho”6 ao final do século XX e início do XXI.

Como conseqüência da decadência do modelo

taylorista/fordista, houve uma redução do proletariado industrial

tradicional (“mestres em manufatura, carpinteiros, torneiros mecânicos,

chefes administrativos”)7 que cedeu lugar a formas mais flexíveis de

contratação trabalhista presentes nas diversas modalidades de trabalho

precarizado-toyotizado, com destaque para os “trabalhadores de

telemarketing e call center, motoboys, empregados de fast food, de

hipermercados”, entre outros. Paradoxalmente, houve um aumento no

proletariado de serviços básicos (“asseio e conservação, segurança pública

e privada, construção civil”, entre outros), sobretudo devido à ênfase nos

processos de terceirização8. Além disso, em meio às flexíveis formas de

contratação trabalhista também se destaca a maciça utilização de mão-de-

obra informal ou “subterrânea” o que, em geral, implica na maior

precariedade do mercado de trabalho.

Tendência contemporânea está no aumento do trabalho

feminino, sobretudo nos trabalhos em domicílio e doméstico e regra geral

com rebaixamento dos níveis médios de remuneração9. De certa forma, a

pressão exercida pelas mulheres sobre o mercado de trabalho, locus

6 A expressão é de Ricardo Antunes. Consultar: ANTUNES, Ricardo. Dimensões da precarização estrutural do trabalho. In: DRUCK, Graça, FRANCO, Tânia (Org.). A Perda da Razão Social do Trabalho: terceirização e precarização. São Paulo: Boitempo, 2007. p.18. 7 As profissões destacadas neste parágrafo foram selecionadas por Márcio Pochman. Conferir em: POCHMAN, Márcio. O emprego na globalização: a nova divisão internacional do trabalho e os caminhos que o Brasil escolheu. São Paulo: Boitempo, 2001. p.70. 8 Segundo Márcio Pochman, entre as décadas de 1980 e 1990 a economia brasileira perdeu perto de um milhão e meio de empregos no setor da manufatura. Nesse sentido, conferir: POCHMAN, Márcio. O emprego na globalização: a nova divisão internacional do trabalho e os caminhos que o Brasil escolheu. São Paulo: Boitempo, 2001. p.56. Ricardo Antunes registra que no ABC paulista, área de grande contingente de operariado metalúrgico no Brasil, houve redução de aproximadamente 240 mil operários nos anos de 1980 para menos de cem mil em 2007. Nesse sentido, consultar: ANTUNES, Ricardo. Dimensões da precarização estrutural do trabalho. In: DRUCK, Graça, FRANCO, Tânia (Org.). A Perda da Razão Social do Trabalho: terceirização e precarização. Op. Cit. p.14 e 18. 9 POCHMAN, Márcio. O emprego na globalização: a nova divisão internacional do trabalho e os caminhos que o Brasil escolheu. São Paulo: Boitempo, 2001. p.67.

9

determinante para a “recomposição da renda familiar”10, contribui para o

aumento do desemprego, porque a estrutura produtiva do País é incapaz

de absorver o contingente de mão-de-obra.

Outra tendência presente no atual mercado de trabalho é o

crescimento do desemprego entre trabalhadores com maior tempo de

escolaridade, sobretudo jovens e adultos com idade próxima de quarenta

anos. Paradoxalmente, quando os trabalhadores qualificados ocupam

postos de trabalho, o fazem em ocupações de menor grau de exigência

profissional, “(...) como fenômeno resultante do acirramento da

competição no mercado de trabalho, e a marginalização dos trabalhadores

com baixa qualificação”11.

Em meio às exclusões identificadas, há a inclusão criminosa de

crianças no mercado de trabalho12. Segundo MÁRCIO POCHMAN,

cerca de 2,8 milhões de crianças com menos de 14 anos de idade inserem-

se hoje no mercado de trabalho13.

Além disso, o mercado conta com o desenvolvimento do

trabalho no “terceiro setor”, onde formas alternativas e comunitárias de

trabalho se destacam. É nesse contexto que se apresenta o trabalho

voluntário como alternativa ao desemprego (mas, muitas vezes, o que se

percebe é que ele é utilizado à margem do Direito do Trabalho, enquanto

mecanismo de descaracterização da relação de emprego)14.

10 BORGES, Ângela. Mercado de Trabalho: mais de uma década de precarização. In: DRUCK, Graça, FRANCO, Tânia (Org.). A Perda da Razão Social do Trabalho: terceirização e precarização. São Paulo: Boitempo, 2007. p.87. 11 POCHMAN, Márcio. O emprego na globalização: a nova divisão internacional do trabalho e os caminhos que o Brasil escolheu. Op. Cit. p.54 e 63; ANTUNES, Ricardo. Dimensões da precarização estrutural do trabalho. In: DRUCK, Graça, FRANCO, Tânia (Org.). A Perda da Razão Social do Trabalho: terceirização e precarização.Op. Cit. p.20; BORGES, Ângela. Mercado de Trabalho: mais de uma década de precarização. In: DRUCK, Graça, FRANCO, Tânia (Org.). A Perda da Razão Social do Trabalho: terceirização e precarização. Op. Cit. p.87-89. 12 ANTUNES, Ricardo. Dimensões da precarização estrutural do trabalho. In: DRUCK, Graça, FRANCO, Tânia (Org.). A Perda da Razão Social do Trabalho: terceirização e precarização.Op. Cit. p.20 13 POCHMAN, Márcio. O emprego na globalização: a nova divisão internacional do trabalho e os caminhos que o Brasil escolheu. São Paulo: Boitempo, 2001. p.121. 14 ANTUNES, Ricardo. Dimensões da precarização estrutural do trabalho. In: DRUCK, Graça, FRANCO, Tânia (Org.). A Perda da Razão Social do Trabalho: terceirização e precarização.Op. Cit. p.20;

10

Enfim, é diante desta nova conjuntura sócio-econômico que se

configuram as relações empregatícias e de trabalho na atualidade. As

relações empregatícias clássicas, firmadas desde o século XIX, subsistem,

ainda hoje, porém de maneira substancialmente atenuada em contraponto

à ampla hegemonia que já detiveram décadas atrás.

Diante deste contexto é que se estabelecem novas tendências de

ocupação, mais heterogêneas, mais fragmentadas e mais flexíveis,

sobretudo se comparadas ao padrão clássico e estável do proletariado

industrial produtivo do século passado.

1.4. Trabalhos precários e a “ética do provedor” face ao imperativo

da dignidade do ser humano

O fortalecimento das ocupações precárias e ilegais a partir de

meados do século XX provoca conseqüências dramáticas na esfera

pública e privada.

Particularmente na esfera privada, dificulta que o trabalhador

reconheça o trabalho enquanto instrumento capaz de gerar-lhe dignidade

e auto-estima. Mais do que isso, dificulta que o trabalhador consolide sua

identidade social por meio do trabalho15.

Conforme explica FABRÍCIO MACIEL, o reconhecimento do

valor individual de cada pessoa está intimamente relacionado à identidade

construída por meio do trabalho. O trabalho permite ao homem

reconhecer-se em sua utilidade e fazer-se reconhecido. Em contrapartida,

“(...) aqueles que não possuem uma profissão intersubjetivamente

classificada como digna carecem de tal respeito, que é fundamental para a

auto-estima e segurança ontológica”16.

Ângela. Mercado de Trabalho: mais de uma década de precarização. In: DRUCK, Graça, FRANCO, Tânia (Org.). A Perda da Razão Social do Trabalho: terceirização e precarização. Op. Cit. p.88. 15 MACIEL, Fabrício. Todo Trabalho é Digno? Um ensaio sobre moralidade e reconhecimento na modernidade periférica. In: SOUZA, Jessé (org.). A invisibilidade da desigualdade brasileira. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006. p.294. 16 Idem. p.304.

11

O autor justifica seu posicionamento ao afirmar que, na

modernidade, o conjunto de valores institucionalizados em favor do

reconhecimento pessoal só é possível quando o homem consegue provar

sua “utilidade prática na sociedade de mercado”17.

Ao se aprofundar a temática em seus contornos jurídicos,

percebe-se que a trajetória de exclusão social e de flexibilização dos

contratos de trabalho não favorece a manutenção do sentido ético no

trabalho, por meio da promoção do valor da dignidade do ser

humano.

No esforço dessa verificação, o que se observa é que os

trabalhadores que laboram em ocupações ilegais (intermediação de mão-

de-obra ou trabalho em condição análoga à de escravo, por exemplo) ou

manifestamente flexíveis, com parca proteção do sistema justrabalhista

(como é o caso dos trabalhadores terceirizados, por exemplo), se

preocupam apenas e tão somente com a manutenção da vida, no sentido

do direito à manutenção de uma sobrevivência mínima18. Por essa razão, o

trabalho em si não é capaz de promover uma condição de dignidade, o que

impossibilita sua caracterização como um trabalho digno.

Em outras palavras, esse trabalhador marginalizado não busca o

sentido ético do trabalho, o que ele busca é sustentar uma “ética do provedor”.

Conforme sustenta ALBA ZALUAR, “o trabalho tem seu valor

moral vinculado ao status do trabalhador como ‘ganha-pão’ do grupo

doméstico e não à execução da atividade propriamente dita”19.

Percebe-se que nessas situações excludentes o trabalhador pouco

se importa com o valor da atividade em si. O que lhe resta é a tentativa de

17 MACIEL, Fabrício. Todo Trabalho é Digno? Um ensaio sobre moralidade e reconhecimento na modernidade periférica .Op. Cit. p.300. 18 Essa análise foi originalmente elaborada no artigo “Prostituição: apontamentos jurídicos” elaborado por: DELGADO, Gabriela Neves; SANTOS, Bruno Pereira; MOREIRA, Fernando Alencastro de Carvalho Sabato e OLIVEIRA, Maria Cecília Pinto. Apontamentos Jurídicos sobre a prostituição. Veredas do Direito. V.4. n.7. Janeiro/junho 2007. p.81-84. 19 ZALUAR, Alba. A máquina e a revolta: organizações populares e o significado da pobreza. São Paulo: Brasiliense, 1985. p. 120. In: FREITAS, Maria Vany de Oliveira. Op. Cit. p.23.

12

continuar sendo o provedor da família, quaisquer que sejam os meios

encontrados para suprir seus instintos20. Dessa maneira, a realidade se

afasta da orientação matriz do ordenamento jurídico brasileiro, pautado no

valor-fonte da dignidade da pessoa humana, seja em relação à vida, seja em

relação ao trabalho.

Ressalte-se, todavia, que todas as vezes que o trabalho afrontar a

dignidade do ser humano ele deverá ser repelido do ordenamento jurídico,

mesmo que tenha sido prestado com anuência do próprio trabalhador21.

Essa orientação inclusive não é recente, como se vê no “caso do arremesso

de anões”, famoso julgado francês em que o Estado proibiu o trabalho

degradante de anões, desconsiderando o seu consentimento quanto à

atividade que exerciam, sob a justificativa de que a nenhum ser humano é

dada a oportunidade de renunciar a dignidade “porque uma pessoa não

pode excluir de si mesma a humanidade” 22.

Resta claro, portanto, que a dignidade revela-se enquanto padrão

mínimo de sociabilidade, não sendo possível admitir-se, juridicamente,

qualquer trabalho que se afaste dessa premissa básica. Por essa razão, cabe

à Ciência do Direito “promover certa forma de sociabilidade ao proteger a

dignidade do ser humano enquanto diretriz calcada na segurança jurídica”23

e ao Estado promover políticas públicas matriciais que permitam um

desenvolvimento articulado em favor de uma “questão social totalizante”24.

20 FREITAS, Maria Vany de Oliveira. Entre ruas, lembranças e palavras: a trajetória dos catadores de papel em Belo Horizonte. Belo Horizonte: Editora PUC Minas, 2005. p.104-105. 21 José Cláudio Monteiro de Brito Filho identifica as seguintes hipóteses de trabalho indigno: trabalho forçado; trabalho em condições degradantes; trabalho com discriminação e/ou exclusão; trabalho infantil e o trabalho intermediado. Nesse sentido, consultar: BRITO FILHO, José Cláudio Monteiro de. Trabalho Decente. São Paulo: LTr, p.69. 22 DELGADO, Gabriela Neves; SANTOS, Bruno Pereira; MOREIRA, Fernando Alencastro de Carvalho Sabato e OLIVEIRA, Maria Cecília Pinto. Prostituição: apontamentos jurídicos. Op. Cit. p.81. Apud HIRONAKA, Giselda Maria Fernandéz Novaes. Responsabilidade pressuposta. 2002. Tese (Mestrado) – Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, 2002. (cópia anterior à edição). p. 209 e 214. 23 Idem. p.84. 24 Notas da palestra “O Emprego no Brasil – Diagnóstico e Perspectivas”, proferida por Márcio Pochmann, no Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região, em 01/06/2007.

13

1. 5. A constitucionalização dos direitos trabalhistas e a referência

axiológica ao conceito de dignidade do ser humano

O Direito do Trabalho também sofreu influências da orientação

neoliberal passando a inserir em sua estrutura e dinâmica, fenômenos

típicos do denominado neoliberalismo, com destaque para a

desregulamentação e a flexibilização de direitos25.

Conforme os moldes propostos pelo processo de flexibilização,

é possível concluir que a Constituição Federal de 1988 retirou do “Direito

Individual do Trabalho a rigidez intocável que caracteriza suas normas ao

longo das décadas anteriores”26.

No entanto, no marco constitucional, o processo de

flexibilização de direitos deve ser amparado por um controle

jurídico democrático e prudente, fundado no princípio da

adequação setorial negociada, com firme participação sindical e,

mesmo assim, nos limites do artigo 7º, VI, XIII e XVI da

Constituição.

Mais do que isso, a orientação constitucional não permite a

supressão do patamar civilizatório mínimo de direitos trabalhistas que faz

com que um trabalho seja considerado digno.

Enfim, é exatamente pelo fato de reconhecer o caráter

social do trabalho e a condição de dignidade da pessoa do

25 São exemplos de diplomas que nitidamente flexibilizaram o mercado de trabalho nesse período: a Lei nº 8.949 de dezembro de 1994, que praticamente instigou a criação e generalização das chamadas cooperativas de mão de obra; o diploma instituidor do mencionado contrato provisório de emprego; a figura denominada de banco de horas, autorizadora do sistema de compensação anual de horas trabalhadas; a alteração normativa na lei do estágio, permitindo essa forma de contratação não protegida também para alunos de ensino médio, ainda que não profissionalizante; a figura da suspensão contratual para qualificação profissional do empregado, implementada pela Medida Provisória nº 1.726 de 30 de novembro de 1998, tornada permanente tempos depois por meio da Medida Provisória nº 2.164-41 de 24/08/2001. Uma das mais recentes investidas contra os direitos dos trabalhadores brasileiros foi a Emenda nº3 da Super-Receita que tentou anular o poder de fiscalização dos auditores-fiscais do trabalho ao condicionar sua ação ao prévio exame da situação litigiosa pela Justiça do Trabalho. A defesa da tese da exigência de manifestação prévia dos juízes do trabalho para viabilizar a atuação dos auditores-fiscais implica em altos riscos para o regular desenvolvimento do Direito do Trabalho. É só se pensar no esdrúxulo exemplo de o fiscal do trabalho constatar a presença de terceirização ilícita ou de trabalho escravo em certa empresa e de estar impedido de autuá-la de imediato. Felizmente, o Presidente da República vetou tal dispositivo. 26 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. São Paulo: LTr, 2005. p. 566-567.

14

trabalhador, além da necessidade de proteção social pelo Direito, é

que a Constituição de 1988, de orientação sócio-democrática,

enaltece o direito fundamental ao trabalho digno, além de proibir

que a desregulamentação e a flexibilização trabalhistas sejam

traduzidas como mecanismos supostamente racionais de simples

adequação do Direito às forças imperativas da economia.

A orientação constitucional de que o ser humano é valor

absoluto cria a necessidade de que a sua condição humana seja preservada,

daí a importância do valor da dignidade enquanto parâmetro axiológico

fundamental incorporado pelo ordenamento jurídico brasileiro.

É notório que a Constituição da República Federativa do Brasil

de 1988 representa um marco na história jurídica do Brasil, especialmente

por privilegiar em seu conjunto normativo, e até mesmo topograficamente,

o valor da pessoa humana, traduzido pelo princípio fundamental da

dignidade (art. 1º, III, CF/88) 27.

Ao consagrar a dignidade da pessoa humana como fundamento

do Estado Democrático de Direito, a Constituição de 1988 “[...]

reconheceu categoricamente que é o Estado que existe em função da

27 Para se alcançar a extensão do conceito do que se entende por “direito fundamental ao trabalho digno”, nos moldes constitucionais, é preciso, num primeiro momento, e mesmo que de forma sintética, identificar o que é a dignidade da pessoa humana. Segundo INGO WOLFGANG SARLET, a dignidade é uma “(...) qual idade in tr ínse ca e d i s t in t iva r e conhec ida em cada ser humano que o faz mere c edor do mesmo respe i to e cons ideração por par t e do Estado e da comunidade , impl i cando , nes t e s en t ido , um complexo de d i r e i to s e dever e s fundamenta i s que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer a to de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garant i r as condi ções exis t enc ia i s mín imas para uma v ida saudáve l , a l ém de prop i c iar e promover sua par t i c ipação a t iva e co - r e sponsáve l nos des t inos da própr ia exis t ênc ia e da v ida em comunhão com os demais s e r e s humanos”27. (Grifos do autor). ALEXANDRE DE MORAES também define a dignidade: “A dignidade da pessoa humana é um valor espiritual e moral inerente à pessoa, que se manifesta singularmente na autodeterminação consciente e responsável da própria vida e que traz consigo a pretensão ao respeito por parte das demais pessoas, constituindo-se em um mínimo invulnerável que todo estatuto jurídico deve assegurar, de modo que apenas excepcionalmente possam ser feitas limitações ao exercício dos direitos fundamentais, mas sempre sem menosprezar a necessária estima que merecem todas as pessoas enquanto seres humanos”27. Sobre o tema, consultar: SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na Constituição Federal de 1988. .Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2004. p. 143; MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil interpretada. São Paulo: Atlas, 2002. p.128-129.

15

pessoa humana, e não o contrário, já que o ser humano constitui a

finalidade precípua, e não meio da atividade estatal”28.

Tida como “[...] um valor supremo que atrai o conteúdo de todos

os direitos fundamentais do homem”, a dignidade deve ser efetivada sob

os mais diferenciados aspectos no contexto societário, seja no tocante ao

próprio interesse individual da pessoa, seja nos planos econômico ou

social29.

É nesse sentido que a Constituição descreve as diversas

dimensões do princípio da dignidade, especialmente em seu art. 170, ao

determinar que a ordem econômica assegure a todos uma existência digna

e, em seu art. 193, ao exigir que a ordem social tenha como objetivos o

bem-estar e a justiça social30.

O que se observa é que a orientação constitucional assegura

amplitude temática ao princípio da dignidade, não admitindo que ela tenha

caráter normativo vinculante apenas sob o ponto de vista individual. Pelo

contrário, insiste na aplicação multidimensional do princípio, a fim de que

a pessoa humana possa se afirmar plenamente enquanto sujeito de direitos

na sociedade circundante31.

Percebe-se, portanto, que a Constituição de 1988 não apenas

destaca a dignidade enquanto seu valor-fonte, mas também propõe,

enquanto ideal, o alcance de uma existência digna pelo ser humano,

especialmente por meio da concretização dos direitos fundamentais.

Baseando-se nestas reflexões, o projeto de pesquisa ora

proposto objetiva analisar a dimensão sócio-trabalhista da matriz

constitucional de 1988, fundada na dignidade do ser humano, e como ela

28 SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na Constituição Federal de 1988. Op. Cit. p. 65. 29 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 18. ed. São Paulo: Malheiros, 2000. p. 109. 30 Idem. Ibidem. 31 DELGADO, Mauricio Godinho. Princípios de direito individual e coletivo do trabalho. São Paulo: LTr, 2001, p. 121.

16

se concretiza (ou deveria se concretizar) no marco de um Estado

Democrático de Direito, sobretudo considerada a realidade brasileira.

II – LINHAS DE PESQUISA

O projeto de pesquisa ora apresentado se integra

concomitantemente às seguintes linhas de pesquisa do Programa de Pós-

Graduação em Direito da UnB: linha 2 (Constituição e Democracia:

teoria, história, direitos fundamentais e jurisdição constitucional) e linha 4

(Globalização, Transformações do Direito e Ordem Econômica).

Em relação à linha 2 (Constituição e Democracia: teoria,

história, direitos fundamentais e jurisdição constitucional), a vinculação se

faz presente já que o projeto de pesquisa objetiva avaliar a dimensão

teórica do direito fundamental ao trabalho digno, cuja matriz é

constitucional.

Em relação à linha 4 (Globalização, Transformações do Direito e

Ordem Econômica), o projeto de pesquisa se direciona à mesma temática,

mas utilizando como referencial o Direito do Trabalho brasileiro inserido

no marco do sistema capitalista de produção.

Portanto, o eixo teórico da pesquisa é o direito fundamental ao

trabalho, enfocado a partir de seus fundamentos, estruturas e paradoxos

perante o contexto do mundo capitalista contemporâneo.

Daí contextualizar-se a pesquisa a partir da Idade

Contemporânea, mais especificamente no tocante ao processo de

evolução do sistema capitalista, face à impossibilidade de se demarcar,

com profundidade, em um estudo dedicado a questões específicas,

tempos, movimentos e fases ao longo de toda a história da humanidade.

A necessidade jusfilosófica de serem estabelecidas novas

perspectivas para o trabalho pressupõe o desenvolvimento preliminar de

17

pesquisa sobre o conceito de Estado e a estrutura dos paradigmas do

Estado Contemporâneo. Isto porque referido estudo constitui subsídio

para o entendimento integral da proposta apresentada, já que o núcleo da

pesquisa concentra-se na análise do trabalho no Estado Democrático de

Direito.

A partir do percurso da análise genérica do trabalho, passa-se à

segunda etapa da pesquisa, que visa progressivamente imprimir maior

especificidade ao objeto de estudo. Assim, será analisado o processo de

crise do valor trabalho na sociedade capitalista contemporânea, sobretudo

a partir da década de 1970, na Europa Ocidental, e no Brasil, a partir de

1990.

À guisa de conclusão, a proposta de pesquisa objetiva reiterar a

dimensão sócio-trabalhista da matriz constitucional de 1988, fundada na

dignidade do ser humano, enquanto elemento indispensável para a

constituição, crescimento e realização do sujeito-trabalhador em sua

identidade social e honradez, considerado o marco do Estado

Democrático de Direito.

18

III – OBJETIVOS

3.1. Objetivo geral

Analisar a dimensão sócio-trabalhista da matriz constitucional

brasileira de 1988, fundada na dignidade do ser humano, e como ela se

concretiza (ou deveria se concretizar) no marco de um Estado

Democrático de Direito, sobretudo considerada a realidade do Brasil.

3.2. Objetivos específicos

• Avaliar em que medida os direitos constitucionais trabalhistas

contribuem para a promoção do trabalho digno e, conseqüentemente,

para a efetivação do desenvolvimento econômico e social, tanto em um

cenário abstrato, como na realidade brasileira.

• Analisar a forma através da qual o Brasil vem concretizando as

diretrizes sócio-trabalhistas constantes da Constituição Federal de 1998.

19

IV- HIPÓTESES

• A Constituição Federal de 1988, no Brasil, apresenta matriz sócio-

trabalhista que considera a dignidade do ser humano dentro dos marcos

de um Estado Democrático de Direito;

• Os direitos constitucionais trabalhistas, no marco constitucional de

1988, contribuem para a efetivação do desenvolvimento econômico e

social e para a promoção do trabalho digno.

• A efetividade dos direitos constitucionais trabalhistas contribui

para melhor assegurar Justiça Social no País.

20

V – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Os procedimentos metodológicos para a construção de uma

pesquisa do tipo ora proposto por este projeto são necessariamente

complexos, envolvendo diversificada e profunda investigação

bibliográfica que possibilite o desenvolvimento de múltiplas reflexões

sobre o tema em foco. A título de exemplo, as leituras que subsidiarão

esta pesquisa incluem os seguintes temas: Direito Constitucional, Direito

do Trabalho, Sociologia do Trabalho e História do Brasil e do mundo

contemporâneos.

Não basta, todavia, que se proceda à leitura de textos e à análise

de dados estatísticos. Caberá ao pesquisador proceder à construção

interpretativa sobre as questões que norteiam sua investigação. Dessa

forma, há que se combinar a construção do saber com a interpretação

sobre o próprio saber.

Um dos objetivos primordiais de qualquer pesquisa é o da

verificação de suas hipóteses. Ou seja, é pressuposto metodológico para

qualquer teorização a ser desenvolvida que o objeto de estudo esteja

previamente delimitado.

Partindo-se de referida premissa, destaca-se que a proposta

teórica, ora formulada, possui conteúdo bem definido, ou seja, parte do

pressuposto de que a concretização da dimensão sócio-trabalhista da

Constituição Federal de 1988, fundada na dignidade do ser humano, é

fundamento para se viabilizar o Estado Democrático de Direito no Brasil.

A pesquisa também parte do pressuposto de que qualquer

conhecimento teórico na área do Direito do Trabalho, que se pretenda

universal, deve estar instruído por reflexões filosóficas e sistemáticas dos

fundamentos do trabalho no mundo contemporâneo.

21

Eventuais pesquisas acadêmicas de docentes da graduação e da

pós-graduação, sob orientação desta professora, serão integradas ao longo

do tempo, examinando aspectos específicos relacionados ao presente

tema de investigação.

22

VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS PRELIMINARES

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