estabelecimento de prioridades de conservaÇÃo de

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Professor Germano da Fonseca Sacarrão, Museu Bocage. Lisboa. 1994. pp. 167- 199. ESTABELECIMENTO DE PRIORIDADES DE CONSERVAÇÃO DE VERTEBRADOS TERRESTRES A NíVEL REGIONAL: O CASO DA COSTA SUDOESTE PORTUGUESA por JORGE M. PALMEIRIM Departamento de Zoologia e Antropologia. Faculdade de CiSncias. Bloco C2. Campo Grande. 1700 Lisboa. FRANCISCO MOREIRA Rua Prof. João Barreira, 2. 3C, 1600 Lisboa PEDRO BEJA Praceta Moínho da Bôba, Lote 188. 5° Dto, Casal de S. Brás . 2700 Amadora ABSTRACT Conservation priorities of terrestrial Vertebrates at national levei: the case Df Soutwestern coast Df Portugal Conservation priorities established at the international and na- tional leveis are oflen nol applicable aI lhe regional leve!. This paper describes a quantilalive melhodology lo rank species ac- cording lo lhe levei of attention Ihal Ihey deserve in regional conservalion. ln Ihis melhodology lhe species are ranked accord-

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Professor Germano da Fonseca Sacarrão, Museu Bocage. Lisboa. 1994. pp. 167- 199.

ESTABELECIMENTO DE PRIORIDADES DE CONSERVAÇÃO DE VERTEBRADOS

TERRESTRES A NíVEL REGIONAL: O CASO DA COSTA SUDOESTE PORTUGUESA

por

JORGE M. PALMEIRIM

Departamento de Zoologia e Antropologia. Faculdade de CiSncias. Bloco C2. Campo Grande. 1700 Lisboa.

FRANCISCO MOREIRA

Rua Prof. João Barreira, 2. 3C, 1600 Lisboa

PEDRO BEJA

Praceta Moínho da Bôba, Lote 188. 5° Dto, Casal de S. Brás. 2700 Amadora

ABSTRACT

Conservation priorities of terrestrial Vertebrates at national levei: the case Df Soutwestern coast Df Portugal

Conservation priorities established at the international and na­tional leveis are oflen nol applicable aI lhe regional leve!. This paper describes a quantilalive melhodology lo rank species ac­cording lo lhe levei of attention Ihal Ihey deserve in regional conservalion. ln Ihis melhodology lhe species are ranked accord-

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ing to two main components: (I) 'the vulnerability, which is cal­culated using biological variables that are related to the fragility of the populations, and (2) the relevance, which reflects the importance of the regional populations at the national and inter­nationaI leveIs, and can also incorporate any particularities af its taxonomy, biogeography, etc. The proposed methodo10gy is here illustrated with the selection of conservation priorities . for South­Western coast of Portugal.

RESUMO

As prioridades de conservação estabelecidas a nível internacional e nacional não são necessariamente as mais apropriadas para a implementação de medidas de conservação a nível regional. O presente trabalho descreve uma metodologia quantitativa para determinar prioridades de conservação de espécies ao nível re­gional. Nesta metodologia as espécies são ordenadas com base em duas componentes: (I) a sensibilidade, calculada a partir de um con­junto de variáveis biológicas relacionadas com a vulnerabilidade das populações; e (2) a relevância, que reflecte a importância das populações da região no contexto nacional e internacional, e ain­da o seu interesse biogeográfico, sistemático, etc.. A metodologia descrita é aqui ilustrada com a selecção de espécies prioritárias para acções de conservação na costa sudoeste portuguesa.

I. INTRODUÇÃO

A acção do Homem sobre uma dada região afecta de forma mais ou menos significativa as comunidades naturais que nela ocorrem. A destruição do coberto vegetal, a fragmentação dos habitats, a perturbação, etc., levam a que muitas espécies vejam as suas populações divididas e reduzidas, podendo mesmo ocorrer a sua total extinção. Assim, nos últimos anos, tem-se assistido a uma crescente preocupação no sentido de prever quais as consequências das intervenções humanas sobre as populações animais e vegetais - estudos de impacte - e de organizar espacialmente as intervenções de forma a permitir a conservação destas populações - ordenamento do território.

Um factor chave na abordagem das questões regionais de conservação consiste no conhecimento detalhado da biologia, ecologia e vulnerabilidade das espécies existentes nessa região aos diversos tipos de

Prioridades de conservação de vertebrados terrestres 169

agressão humana. Se este objectivo é de alguma forma concretizável para um conjunto relativamente reduzido de espécies, é claramente impossível para a totalidade dos taxa que ocorrem numa dada região. Desta forma, as tomadas de decisão no que diz respeito a opções de desenvolvimento e de conservação, confrontam-se na prática com uma escassez de dados de base que permitam prever a sua real repercussão nos sistemas· naturais.

Uma possível solução para estes problemas consiste na definição de prioridades de conservação, que tenham em conta simultaneamente a sensibilidade biológica das espécies e a relevância das suas populações na região em estudo. É sobre estas espécies que, em geral, deverá incidir o maior esforço de conservação.

Vários sistemas foram já propostos para a definição de prioridades de conservação da fauna de vertebrados (e.g., Hiraldo & Alonso, 1985; Burke & Humphrey, 1987, Millsap et ai., 1990). Nenhum destes sistemas é contudo de aplicação generalizada, devido às características específicas de cada área para a qual o sistema foi desenvolvido e ao tipo de informação biológica existente para as diferentes espécies. Para além disso, estes sistemas foram desenvolvidos para grandes áreas geográficas, sendo pouco apropriados para definir prioridades de conservação a nível regional.

Desta forma, procurou-se no presente trabalho, desenvolver um sistema de definição de prioridades de conservação da fauna de vertebrados, que possa ser utilizado a nível regional sobre espécies cuja biologia seja relativamente mal conhecida. Com um sistema de aplicação generalizada deste tipo, pretendeu-se desenvolver um método de trabalho expedito e prático, utilizável em estudos de impacte, planos de orde­namento, desenvolvimento de estratégias regionais de conservação, etc ..

O presente sistema de definição de prioridades foi desenvolvido no ãm­bito do plano de ordenamento da Área de Paisagem Protegida do Sudo­este Alentejano e Costa Vicentina (APPSACV) (Palmeirim et ai. , 1992). Esta área é adequada para aplicação do sistema, uma vez que é uma região geograficamente restrita, em que a ecologia da maioria das espécies que nela ocorrem é relativamente mal conhecida. A flora, fauna e valor natural da APPSACV foram já descritos por diversos autores (e.g., Ta­vares & Sacarrão, 1960, Palma et ai., 1984, Beja, 1988, Woodell, 1989).

Tavares & Sacarrão (1960) foram dos primeiros autores a salientar o grande valor natural do promontório vicentino, integrado na área coberta por este estudo.

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2. DESENVOLVIMENTO DO 'SISTEMA DE ORDENAÇÃO

Um sistema de definição de prioridades de conservação será tanto mais exacto quanto maior for o nível de conhecimentos existente sobre as espécIes nele incluídas. No entanto, um sistema com uma grande exi­gência de informação de base tende a ter uma apJicaç~o restrita.

Para o presente sistema de ordenação procurou-se determinar a sensi­bilidade relativa das diferentes espécies através de um conjunto de variá­veis biológicas geralmente disponíveis - fecundidade, idade de primeira maturação, biomassa média individual , nível trófico, etc.. Estudos recentes têm vindo a demonstrar que este tipo de variáveis se correla­cionam com a susceptibilidade para a extinção das espécies, podendo ser utilizadas para prever directa ou indirectamente a sua vulnerabilidade relativa (Laurence, 1991, Tracy & George, 1992).

Para além das variáveis destinadas a indicar a sensibilidade das espécies, utilizou-se ainda um conjunto de variáveis destinadas a indicar a relevância das populações da região em estudo no contexto nacional e internacional. Estas variáveis foram definidas com base no pressuposto de que o esforço de conservação de uma dada espécie numa dada região deverá depender não só da sua sensibilidade biológica, mas também da importância relativa que a região tem para a sua conservação.

Definiram-se assim os seguintes dois conjuntos de variáveis: i) variáveis que exprimem a sensibilidade das espécies em função

das suas características biológicas (ecológicas, demográficas, etc.); li) variáveis que exprimem a relevância das populações em função da

representatividade relativa das populações existentes da região no contexto nacional e internacional, e o seu interesse biogeográfico, sistemático, etc ..

Cada variável foi dividida em várias categorias, correspondentes a uma pontuação entre O e lO. Para o cálculo dos índices de sensibili­dade e relevância relativas de cada espécie, adicionaram-se os pontos correspondentes às várias variáveis de cada grupo, e dividiu-se o total pelo número de variáveis utilizadas para o seu cálculo. Obteve-se assim uma ordenação das espécies segundo a sua sensibilidade e relevância. Para obtenção das prioridades de conservação, calculou-se um índice biológico, igual à média dos índices de sensibilidade e de relevância.

A atribuição das pontuações em algumas das variáveis é de alguma forma subjectiva. No entanto, as imprecisões causadas por esta subjec-

Prioridades de conservação de vertebrados terrestres 171

tividade são em grande parte compensadas pela utilização de um grande número de variáveis e de uma certa redundância existente entre elas.

A ordenação inicial obtida foi avaliada com base na posição relativa de espécies com vulnerabilidade relativa conhecida. Em função dos resultados obtidos, o sistema foi revisto, tendo sido alteradas algumas variáveis e incluídas outras. Uma vez que se pretendia uma ordenação global de todas as espécies, não se incluíram variáveis apenas com significado para alguns grupos.

O índice biológico reflecte conjuntamente a fragilidade biológica das espécies e a importância relativa que têm as populações que ocorrem na região. Este índice não considera o estatuto actual de ameaça das espécies, mas é simplesmente uma medida das características biológicas intrínsecas que poderão potenciar essa ameaça. Assim, para além do índice biológico procurou-se tomar em consideração na hierarquização das espécies o seu estatuto actual de ameaça. Este estatuto foi calculado com base na presença das várias espécies nos livros vermelhos português, espanhol e internacional (UICN). Esta ordenação pretende reflectir o estatuto actual das espécies, a nível global, peninsular e nacional, delineado por outros grupos de especialistas. Para o cálculo deste índice utilizou-se uma metodologia semelhante, constituída por um sistema de pontuações e a determinação final de uma pontuação média.

Para além da sensibilidade, relevância e estatuto de ameaça das espécies, um outro factor que poderá ser considerado para a definição de prioridades de conservação consiste na responsabilidade politicamente assumida por Portugal, através da assinatura e ratificação de convenções internacionais, na conservação de algumas espécies. Um índice de responsabilização política foi assim calculado com base no estatuto das espécies em convenções internacionais. Este índice não foi considerado na hierarquização final, uma vez que não reflecte necessariamente realidades biológicas definidas. Contudo, optou-se por calculá-lo a fim de propiciar um elemento adicional em processos de tomada de decisão, e também com o intuito de verificar qual a relação entre o estatuto das espécies definido biológica e politicamente.

A hierarquização final das espécies foi obtida considerando o valor do índice biológico para todas espécies com um estatuto de ameaça superior a 0, i.e., excluíram-se da ordenação todas as espécie que figuram em todos os livros vermelhos com o estatuto de não ameaçadas.

172 J. M. Palmeirim, F. Moreira & P. Beja

Contudo, incluiu-se na ordenação o pombo-das-rochas (Columba livia), espécie que apesar de não preencher este requisito, é frequentemente considerada ameaçada por degenerescência do património genético (Johnston et aI., 1988, Ragionieri et aI., 1991).

2.1 Selecção das espécies

Para a ordenação, seleccionaram-se todas as espécies de vertebrados terrestres que se sabe ocorrerem regularmente na APPSACV (n = 291; Apêndice), incluindo os peixes dulciaquícolas e migradores anfibióticos, mas excluindo as aves pelágicas [Procellariformes, ganso-patola (Sula bassalUl), etc.] e os mamíferos marinhos. O inventário faunístico foi efectuado essencialmente com base em Beja (1988), mas também em observações de campo mais recentes. Consideraram-se como de ocorrência regular todas as espécies residentes e todas as espécies invernantes ou migradoras em que pelo menos 2 indivíduos são observados anualmente na APPSACV. Com este critério, pretendeu-se excluir espécies de ocorrência acidental, para as quais o significado da APPSACV para a sua conservação é muito reduzido. Apesar da escassez de dados existentes, não se excluíram no entanto algumas espécies que se suspeita ocorrerem regularmente em número apreciável, mas para as quais se pensa existirem deficiências na cobertura efectiva dos seus locais de ocorrência durante os períodos adequados (e.g., maçarico-bastardo Tringa glareola, melro-das-rochas Monticola saxatilis, melro-de-peito­-branco Turdus torquatus, etc.).

Em relação aos morcegos, na APPSACV apenas os cavernícolas têm sido estudados com regularidade, pelo que a grande maioria das espécies não cavernícolas não foram ainda referenciadas nesta área. Para obstar a esta falta de informação, decidiu-se incluir 4 espécies de quirópteros ainda não recenseados (morcego-anão Pipistrellus pipistrellus, morcego­-de-Kuhl P. kuhli, morcego-hortelão Eptesicus serotinus e morcego--orelhudo-cinzento Plecotus austricus), mas cuja ocorrência na APPSACV é quase certa, uma vez que são espécies comuns, de distribuição alargada em todo o país (Palmeirim, 1990) e foram observados próximo da APPSACV (Rodrigues & Palmeirim, com. pess.).

Incluiu-se também na ordenação o airo (Uria aalge), o toirão (Turnix sylvatica) e o lince (Lynx pardina), apesar de a primeira espécie estar extinta como nidificante na APPSACV (Teixeira, 1984), e em relação às

Prioridades de conservação de vertebrados terrestres 173

outras duas não haver observações confirmadas recentes quanto à sua ocorrência nesta área. O toirão está provavelmente extinto no nosso país (Rufino, 1989), sendo contudo de ter em consideração a possibilidade de que ainda ocorra de forma restrita em algumas áreas de habitat adequado. O lince é uma espécie de baixa detectabilidade, especialmente em áreas de baixa densidade populacional, sendo a sua ocorrência · na APPSACV bastante provável, dada a existência de habitat aparentemente favorável, e à presença na Serra do Espinhaço de Cão de uma pequena população residual (Palma, 1978). Pegadas de lince foram recentemente detectadas numa zona adjacente à APPSACV, perto da aldeia da Vilarinha (palma, com. pess.). A inclusão destas espécies ficou a dever-se, em todos os casos, à necessida­de de serem consideradas em qualquer plano de gestão e ordenamento da APPSACV, apesar dos conhecimentos insuficientes que sobre elas existem.

Para a determinação das variáveis, não foram consideradas .entidades taxon6micas inferiores à espécie.

2.2 Descrição das variáveis

Os critérios de cálculo das variáveis utilizadas são indicados na ta­bela 1 e figura I. No conjunto utilizaram-se as 16 variáveis apresentadas seguidamente, sendo indicados exemplos de cálculo nalguns casos em que os critérios poderiam suscitar dúvidas de interpretação. Os dados utilizados para o cálculo das variáveis foram obtidos em bibliografia demasiado extensa para ser citada neste trabalho e, pontualmente, em informações prestadas por especialistas de alguns grupos faunísticos. escrita.

Sensibilidade

Para a determinação da ordenação correspondente à sensibilidade das espécies utilizaram-se sete variáveis.

i) Tendência global da população - Esta variável considera a ten­dência actual ou recente das populações de uma espécie, quer em número de indivíduos, quer em área de distribuição, para o conjunto da sua área de distribuição europeia. As pontuações foram dadas consoante a espécie esteja em declínio, estável ou em aumento, e consoante esta tendência seja bem conhecida ou apenas suspeitada. Espécies como o falcão­peregrino (Falco peregrinus), que sofreram a partir dos anos 40 e até aos

Índice Biológico

Sensibilidade Relevância Estatuto de ameaça

I 1. Tendência global 1. Distribuição 1. Estatuto no

da população Global Livro Vermelho 2. Tendência da 2. Distribuição em Português

população Portugal 2. Estatuto no em Portugal 3. Período de Livro Vermelho

3. Concentração da ocorrência Espanhol população 4. Singularidades 3. Estatuto no

4. Potencial reprodutor Livro Vermelho a) Fecundidade da UICN b) Idade de primeira

maturação 5. Especialização do

habitat 6. Nível trófico 7. Biomassa média

individual

Fig. I - Representação esquemática da metodologia descrita.

Índice de ~esponsabilização

Politica

1. Convenção de Bona

2. Convenção de Berna

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Prioridades de conservação de vertebrados terrestres 175

TABELA 1 - CR1TÉRlOS PARA CÁLCULO DAS VARIÁVEIS UTILIZADAS NO ESTABELECIMENTO DE PRlORlDADES DE CONSERVAÇÃO

DA FAUNA.

VARIÁ VEIS BIOLÓGICAS

Sensibilidade

1. Tendência Global da População

a) População em decréscimo 10 b) Tendência desconhecida, mas população

possivelmente em decréscimo 8 c) A população esteve em decréscimo.

mas actualmente está estável ou em aumento 6 d) Tendência desconhecida 3 e) População estável ou presumivelmente estável 2 !J População em aumento O

2 Tendência da População em Portugal

Critérios idênticos aI)

3. Concentração da População

a) Concentra-se em poucos sítios b) Concentra-se em pequeno número

em muitos sítios c) Não se concentra

4. Potencial Reprodutor

!O

5 O

(i) Fecundidade (Número médio de crias/ovos por fêmea adulta por ano)

a) < 2 b) 2 - !O c) !O - 100 ti) > 100

(ii) Idade de Primeira Maturação

a) > 3 anos b) 2 - 3 anos c) I ano ti) < I ano

5 3 1 O

5 3 I O

176 J. M. Palmeirim, F. Moreira & P. Beja

TABELA I (Continuação)

5. Especialização do Habitat

a) Espécie muito especializada, dependente de biótopos pouco abundantes

b) Nem (a) nem (c) c) Espécie plástica, ou dependente

de biótopos abundantes

6. Nfvel Tr6fico

a) Carnívoros b) Misto I (Camívoros+lnsectívoros) c) Insectívoros ál Misto II (Insectívoros+Herbívoros)

e omnívoros e) Herbívoros

7. Biomassa Média Individual

a) Mais que 10 Kg b) 6 - lO Kg c) 3 - 6 Kg ál1.5-3Kg e) 0.8 - 1.5 Kg j) 0.4 - 0.8 Kg g) 0.2 - 0.4 Kg h) 0.1 - 0.2 Kg i) 0.05 - 0.1 Kg j) 0.025 - 0.05 Kg l) Menor que 0.025 Kg

Relevância

.1. Distribuição Global

a) Península Ibérica b) Península Ibérica + sul de França c) Menos de 30% da Europa ál Distribuição alargada

2 Distribuição em Portugal

a) Localizada b) Menos de 1/3 do País

lO 5

O

lO 8 5

3 O

10 9 8 7 6 5 4 3 2 I O

lO 8 4 O

10 6

Prioridades de conservação de vertebrados terrestres 177

c) 1/3 a 2/3 do País tI) Mais de 2/3 do País

3. Per{odo de ocorrência

a) Residente b) Estivante c) Invernante tI) Migrador e) Acidental

4. Singularidades

TABELA I (Continuaçilo)

a) Existência de singularidade b) Inexistência de singularidades

ESTATUTO ACTUAL DE AMEAÇA

1. Estatuto no Livro Vermelho Português

a) Espécie em perigo (E) b) Espécie vulnerável (V) ou Indeterminada (I) c) Espécie rara (R) tI) Espécie insuficientemente conhecida (K) e) Espécie não ameaçada (NA)

2 Estatuto no Livro Vermelho Espanhol Critérios idênticos aI)

3. Estatuto no Livro Vermelho da UICN Critérios idênticos a I)

CONVENÇÕES INTERNACIONAIS

1. Convenção de Bona

a) Incluída na Convenção b) Não incluída na Convenção

2 Convenção de Berna

a) Incluída no Anexo II da Convenção b) Incluída no Anexo III da Convenção c) Não Incluída na Convenção

3 O

lO 8 4 2 O

lO O

lO 8 6 3 O

lO O

lO 4 O

178 J. M. Palmeirim, F. Moreira & P. Beja

anos 70 um forte declínio motivado pela contaminação com DDT, e consequente diminuição do potencial reprodutor (Ratcliffe, 1970), mas que actualmente se encontram em franca recuperação (Palma et aI., 1993) receberam para esta variável 6 pontos (Categoria c: a população esteve em declínio mas actualmente está estável ou em aumento).

ii) Tendência da população em Portugal - Esta variável difere da anterior, por dizer apenas respeito às populações portuguesas. As tendências das populações da maioria das espécies são mal conhecidas em Portugal, existindo poucos estudos que documentem com detalhe a sua evolução. Assim, para todas as espécies para as quais estudos populacionais não existiam, utilizaram-se as tendências indicadas nos Livros Vermelhos dos vertebrados portugueses (SNPRCN, 1990, 1991). A pontuação máxima foi dada a espécies como a águia-pesqueira (Pandion haliaetus), com uma regressão acentuada e bem documentada no nosso país (Palma, 1984) (Categoria a: população em decréscimo).

iii) Concentração da população - Esta variável foi definida assumindo que espécies cujas populações se concentram numa dada fase do seu ciclo de vida (reprodução colonial, dormitórios, migrações, etc.), são mais vulneráveis do que espécies que . não têm tendência a concentrar-se. Para espécies migradoras, a concentração da população foi determinada para o período em que a espécie ocorre na região estudada. Assim, espécies como a garça-boieira (Bubulcus ibis) e o morcego-de­-peluche (Miniopterus schreibersii) que se concentram em grandes colónias durante a época de reprodução, foram classificados para esta variável com a pontuação máxima (Categoria a: concentra-se em poucos sítios). Com 5 pontos (Categoria b: concentra-se em pequeno número em muitos sítios) foram classificadas por exemplo espécies que formam muitas colónias de criação, cada qual com um número reduzido de indivíduos em relação à população total existente numa dada área - e.g., cegonha-branca (Ciconia ciconia) e pombo-das-rochas (Columba livia). Espécies em que toda a população de uma área utiliza locais confinados para a sua reprodução - caso dos peixes e anfíbios -, e espécies que nas suas áreas de invernada tendem a concentrar-se em áreas limita­das - e.g., limícolas - receberam também 5 pontos.

iv) Potencial reprodutor - A probabilidade de extinção de uma dada espécie depende, em grande medida, dos seus parâmetros populacionais (fecundidade, longevidade, idade de \.' maturação, mortalidade, etc.), sen-

Prioridades de conservação de vertebrados terrestres 179

do estes parâmetros utilizados frequentemente para prever as flutuações populacionais a que as espécies estão sujeitas e a possível influência do Homem sobre estas flutuações (Smies, 1983a,b). No entanto, a disponibi­lidade de dados populacionais detalhados é sempre muito reduzida, pelo que, para o presente sistema se optou por utilizar apenas dois parâmetros geralmente disponíveis: (1) fecundidade e (2) idade de primeir" matu­ração. A cada uma destas sub-variáveis foi atribuído um valor máximo de 5 pontos. Para o cálculo da primeira sub-variável, a fecundidade, consi­derou-se o número de descendentes potenciais (ovos ou crias) produzidos anualmente por cada fêmea. Para espécies cujos indivíduos têm potencial para se reproduzirem mais de uma vez por ano, como por exemplo certos passeriformes, considerou-se a totalidade de descendentes produzidos e não a dimensão média de cada ninhada. A pontuação máxima para esta sub-variável é dada para espécies com o menor potencial reprodutor.

A segunda sub-variável (2) é determinada com base na idade média de primeira maturação das fêmeas. Espécies com uma pequena idade de primeira maturação são as menos pontuadas nesta sub-variável.

v) Especialização do habitat - Esta variável mede as exigências das espécies em relação a biótopos específicos. Considera-se que espécies estritamente dependentes de biótopos pouco abundantes são mais vulneráveis que espécies também especializadas, mas dependentes de biótopos abundantes. Tal como para a variável (iii), considera-se para a determinação da especialização do habitat o período em que a espécie ocorre na região estudada. O cálculo desta variável foi seriamente limitado .pela escassez de dados disponíveis sobre a maioria das espécies. Assim, considerou-se com a pontuação máxima (Categoria a: espécie muito especializada dependente de biótopos pouco abundantes) espécies como a gralha-de-bico-verinelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax), para as quais existem estudos que inequivocamente demonstram a sua ligação estrita a um tipo de biótopo particular (Farinha, 1991). Espécies ligadas a biótopos mais abundantes (e.g., zonas húmidas, montados, etc.) foram classificadas na categoria intermédia (Categoria b: nem a nem c).

vi) Nível tr6fico - Esta variável mede a posição da espécie nas cadeias alimentares. Considera-se que as espécies são em média tanto mais vulneráveis .quanto mais alta for a sua posição nas cadeias alimen­tares. Esta suposição prende-se com a existência de efeitos de bio-acumu­lação de poluentes ao longo das cadeias alimentares (e.g., Hernández et

180 J. M. Palmeirim, F. Moreira & P. Beja

ai., 1985), e com o facto de as espécies que ocupam o topo das cadeias alimentares terem em geral densidades populacionais mais baixas que espécies a níveis tróficos intermédios e inferiores (Peters, 1983).

vii) Biomassa média individual - Espécies com maiores dimensões têm tendência a necessitar de maior quantidade de recursos, ocupar maiores áreas vitais e ocorrer em menores densidades. (Peters, 1983, Carrascal & Telleria. 1991). e portanto serem mais susceptíveis à extinção (Brown & Nicoletto. 1991). Uma vez que dados sobre a extensão de áreas vitais e densidade não existem para a maioria das espécies. e que estes são parâmetros importantes a ter em conta quanto se pretende determinar a sua vulnerabilidade. utilizou-se a biomassa média individual como parâmetro indicador. Considerou-se assim que espécies com maior biomassa média individual têm maior vulnerabilidade do que espécies com menor biomassa.

Relevância

Para a ordenação correspondente à relevância das espécies utiliza­ram-se quatro variáveis. Estas variáveis pretendem traduzir a importân­cia relativa da região para a conservação das populações nacionais e euro­peias das várias espécies. Inclui igualmente uma variável que indica se as populações que ocorrem na região apresentam alguma característica sistemática. biogeográfica. ecológica. etc .• de particular interesse. Para as espécies migradoras as variáveis relacionadas com a distribuição geo­gráfica são calculadas para o período em que a espécie ocorre na região estudada.

i) Area de distribuição global - Esta variável assume que a relevância de uma população que ocorre na APPSACV é tanto maior quanto menor for a distribuição europeia da espécie. Por exemplo. considera-se mais relevante o tritão-de-ventre-Iaranja (Triturus boseai), que devido a ser endémico da região Ocidental da Península Ibérica (Oliveira & Crespo. 1989) é cotado com 10 pontos (categoria I: espécie exclusiva da Península Ibérica). do que a salamandra (Salamandra salamandra), cuja distribuição generalizada em toda a Europa (Oliveira & Crespo. 1989) implica uma relevância mais reduzida da população existente na APPSACV. sendo portanto esta espécie cotada com O pontos (categoria 4: espécie com distribuição alargada na Europa).

Prioridades de conservação de vertebrados terrestres 181

il) Area de distribuição em Portugal ~ Uma espécie para a qual a APPSACV constitua uma fracção importante da área de distribuição é mais relevante que uma espécie com uma distribuição generalizada no país. Assim, a águia-pesqueira (Pandion haliaetus), cuja totalidade da população nidificante portuguesa ocorre na APPSACV, é cotada para esta variável com a pontuação máxima (10 pontos; categoria 1: espécie com distribuição localizada), apesar de durante o Inverno a espécie ocorrer em todo o país.

iii) Período de ocorrência - Valores mais elevados para esta variável foram dados a espécies residentes ou estivantes na área, como por exem­plo o falcão-peregrino (Falco peregrinus) (10 pontos; categoria a: espécie residente) ou o peneireiro-de-dorso-liso (Falco naumanni) (8 pontos; categoria b: espécie estivante), sendo os valores inferiores dados a espé­cies que não se reproduzem na área, como por exemplo o esmerilhão (Falco columbarius) (4 pontos; categoria c: espécie invernante) ou o falcão-da­rainha (Falco eleonorae) (2 pontos; categoria d: espécie migradora).

iv) Singularidades - Esta variável foi incluída, devido a reconhecer-se que determinadas espécies têm um interesse científico ou conservacio­nista particular (10 pontos; categoria I : espécies que apresentam na região estudada populações com características singulares relevantes), devido às suas características genéticas, sistemáticas, biogeográficas, etc., ou por apresentarem adaptações ecológicas particulares, sendo por isso de especial relevância as populações que ocorrem na APP. Foram incluídas nesta categoria, a cegonha-branca (Ciconia ciconia), cuja população nidificante na APPSACV é a única conhecida que utiliza falésias marítimas como locais de construção do ninho (Palma et ai., 1984), o pombo-das-rochas (Columba livia), cujas populações naturais se encontram em grave risco por degenerescência do património genético devido a cruzamento com formas domésticas (Jonhston et aI., 1988), e que na APPSACV parece ainda apresentar uma pureza considerável, pelo menos fenotípica (Palma, com. pess. ), e a lontra (Lutra IUlra), que na APPSACV ocorre em meio marinho (Beja, 1989), sendo a população mais meridional que ocupa este biótopo invulgar para a espécie.

Estatuto de ameaça

Para o cálculo desta variável, utilizou-se o estatuto com que as várias espécies são referidas pelos Livros Vermelhos dos Vertebrados de Portugal,

182 J. M. Palmeirim, F. Moreira & P. Beja

Espanha e V.I.C.N .. Com estes três Livros Vennelhos, procurou-se consi­derar a situação das espécies a nível nacional, peninsular e internacional. Para efeitos de cálculo das pontuações, as categorias vulnerável (V) e indeter­minado (I) foram consideradas em conjunto, tendo-se-Ihes atribuído o valor 8 (Tabela 1). Esta opção foi tomada, uma vez que a categoria indeter­minado é dada a espécies presumivelmente ameaçadas, . vulneráveis ou raras (SNPRCN, 1991), tendo-se decidido atlibuir-lhe um valor intennédio.

Índice de responsabilização política

Para o cálculo do índice de responsabilização política utilizaram-se as Convenções de Bona e de Berna. Outras convenções e directivas de âmbito mais restrito (e.g., Directiva Aves) não foram utilizadas devido a sobrevalori­zarem a irnportãncia de certos grupos taxonómicos, nomeadamente as aves.

3. AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE ORDENAÇÃO

Qualquer método de ordenação é de certa fonna imperfeito, urna vez que se baseia em conhecimentos biológicos e ecológicos incompletos, e porque as variáveis utilizadas nem sempre se correlacionam linearmente com a proba­bilidade de extinção das populações. Para além disso, o facto de se conside­rarem simultaneamente espécies pertencentes a grupos taxonómicos muito distintos, com características biológicas diferenciadas, faz com que as variá­veis utilizadas possam não ter significado idêntico para todos os grupos con­siderados. Por exemplo, para espécies de igual biomassa, as aves tendem a apresentar menores densidades que outros grupos animais (Carrascal & Telleria, 1991), pelo que a variável (vii) - biomassa média individual - poderá tender a subestimar a sensibilidade relativa desta Classe.

Para além dos factores biológicos intrínsecos das espécies, a probabi­lidade de extinção poderá estar também dependente das fonnas de utili­zação dos recursos naturais pelo Homem (Burke & Humphrey, 1987). Por exemplo, espécies com elevado valor cinegético ou que tendam a ocorrer preferencialmente em zonas muito utilizadas pelo Homem, como é o caso do litoral, tendem a apresentar maiores probabilidades de extinção.

Apesar das dificuldades inerentes aos métodos de ordenação, é contudo cada vez mais necessário estabelecer objectivamente prioridades relativas de conservação, uma vez que, com ou sem conhecimentos biológicos detalhados, as opções de desenvolvimento têm que ser

Prioridades de conservação de vertebrados terrestres 183

tomadas quase diariamente. Os métodos ' de ordenação surgem assim como uma solução expedita, para a articulação da informação biológica disponível a cada momento e seu processamento sob uma forma facilmente utilizável por plane adores e gestores do ambiente. Neste quadro, o método desenvolvido neste trabalho parece ser eficaz, tendo produzido bons resultados como um dos elementos de base do plano de ordenamento de uma área protegida (APPSACV). ' .

3.1 Aplicação do sistema de ordenação

Inter-relações entre as variáveis

Para compreender a forma como cada variável contribui para a orde­nação final, calcularam-se as correlações ordinais de Spearman como medida de associação entre as variáveis utilizadas, e entre estas e os índices de sensibilidade, relevãncia e biológico (Tabela 2). Não foram observadas correlações muito elevadas (r,>0.5) entre as variáveis utilizadas. Os valores mais elevados foram observados entre o índice de sensibilidade e as seguintes variáveis: biomassa média individual (r,=O.57), idade de primeira maturação (r,=O.63), tendência global da população (r,=O.53), tendência da população em Portugal (r,=0.55) e nlvel trófico (r,=0.59). Foi também observada uma correlação elevada entre os índices de sensibilidade e relevância (r,=0.54).

Ordenação das espécies

A ordenação das espécies existentes na APPSACV é apresentada na ta­bela 3. Nesta tabela, apenas são indicadas as 50 espécies com maior índice biológico, uma vez que são estas que em geral deverão ser consideradas prio­ritariamente em estudos de impacte, planos de ordenamento, estratégias de conservação, etc. Em conjunto com O índice biológico são também indicados na tabela 3 o estatuto de ameaça e o índice de responsabilização política.

Os resultados da aplicação do método sobre os dados reais da APPSACV parecem sugerir que a hierarquização de prioridades reflecte bem a sensibilidade e relevãncia relativas das várias espécies ao nível regional estudado. Assim, as quatro espécies que estão extintas ou praticamente extintas na APPSACV ( Uria aalge, Lynx pardina, Pandion haliaetus e Turnyx sylvatica), são aquelas que apresentam os quatro

TABELA 2 - MATRIZ DE CORRELAÇÃO ORDINAL DE SPEARMAN ENTRE AS VARIÁVEIS ESTUDADAS:

CONC - Concentração da população; DGLOB Distribuição global; DPOR - Distribuição em Portugal; FEC - Fecundidade;

HAB Especialização do habitat; MAT - Idade de primeira maturação; OCO - Período de Ocorrência; TGLO Tendência populacional global; TPOR - Tendência populacional em Ponugal; TROF - Posição na

cadeia trófica; BIOL - indice Biológico; RELE - Relevância; SENS - Sensibilidade.' - p<O.OI (n=29I).

CONC 0.14'

OGLO -0.06 O.OS

OPOR 0.13 0.22' 0.21 ' FEC 0.10 -0.03 -0.11 0.12

HAB -0.06 0.27' 0.05 0.33' 0.17'

MAT 0.2S" 0.41" 0.22" 0.03 O.OS 0.21'

OCO -0.11 0.05 0.06 -0.24' -0.21' -0.26' 0.00

TGLO 0.14' -0.01 -0.05 0.01 0.15' 0.15' O.IS' -0.05

TPOR 0.21' 0.02 -0.01 0.05 O. IS' 0.24' 0.20' -0.04 0.56'

TROF 0.35' -0.04 0.04 -0.04 0.24' 0.00 0.44' -0.16' 0.2S' 0.33'

BIOL 0.40' 0.50' 0.45' 0.3S' 0.16' 0.32' 0.5S' 0.22' 0.41' 0.44' 0.40'

RELE 0.2S' 0.11 0.00 0.20" 0.27' 0.34" 0.27' -0.13 O.4S" 0.50' 0.29' 0.45'

SENS 0.57' 0.49' 0.06 0.24' 0.31" 0.43' 0.63' -0. 16' 0.53' 0.55' 0.59" 0.79' 0.54'

BIOM CONC OGLO OPOR FEC HAB MAT OCO TGLO TPOR TROF BIOL RELE

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Prioridades de conservação de vertebrados terrestres 185

maiores valores de índice biológico (Tabela 3). Para além disso, das 10 espécies ordenadas nos primeiros lugares, 5 são consideradas ameaçadas (E) e 3 vulneráveis (V) no livro vermelho dos vertebrados terrestres portugueses (SNPRCN, 1990). Desta forma, o sistema parece indicar satisfatoriamente espécies com estatuto crítico.

A fim de verificar se o sistema também ordena satisfatoriamente espécies com estatuto de conservação menos crítico, comparou-se o índice biológico e o estatuto de ameaça dessas espécies definido pelo Livro Vermelho dos Vertebrados Portugueses (SNPRCN, 1990, 1991). Para isso, calculou-se a correlação ordinal de Spearman entre o índice biológico e o valor que reflecte o estatuto de ameaça no re­ferido Livro Vermelho e graficou-se o valor mediano do índice biológico em função do estatuto de ameaça (Figura 2). Em ambos os casos veri­fica-se que as espécies com um maior estatuto de ameaça tendem a apresentar maiores valores do índice biológico (r,=0.40, n=291, p<O.OOI).

Estes resultados corroboram a robustez da metodologia aplicada na ordenação das espécies; as prioridades de conservação devem estar relacionadas com o estatuto das espécies, mas não ser por ele inteiramente determinado, uma vez que devem também reflectir as especificidades regionais das populações das espécies consideradas.

As espécies definidas como de conservação prioritária apresentam índices de responsabilização política elevados. No entanto, fica claro da análise da tabela 3, que algumas espécies que não são consideradas prioritárias em convenções internacionais podem merecer, pelo menos a nível regional, um estatuto de conservação importante.

3.2 Limitações do método

Apesar dos aparentes bons resultados obtidos com a aplicação do presente método, há que ter em conta as dificuldades inerentes a qualquer método objectivo de estabelecimento de prioridades de conservação. Com efeito, a qualidade dos resultados depende em grande medida dos seguintes aspectos:

i) rigor da informação biológica disponível; ii) relação entre as variáveis utilizadas e a probabilidade de extinção

das espécies; iii) peso relativo das diferentes variáveis;

o u .-Ol} 'o ...... o .-~ il) u .--o ~ .......

7

6

5

4

3

2

1

O NA K R V/I E

Estatuto Fig. 2 - Mediana e distância inter-quartis do Índice Biológico em função do estatuto de ameaça das espécies no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. NA - Não ameaçadas (0=216); K - Insuficientemente conhecidas (n~18); R - Raras (n~21); VII - Vulneráveis ou Indeterminadas (n~24); E - Em Perigo (n~12).

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Prioridades de conservação de vertebrados terrestres 187

TABELA 3 - PRIORIDADES DE CONSERVAÇÃO DA FAUNA DA APPSACV.

fndice Estatuto índice Biológico Ameaça Político

Uria aalge 8.0 3.3 2 Lynx pardina 6.9 10.0 5 Pandion haliaetus 6.9 6.7 10 Turnix sylvatica 6.5 6.0 5 Ciconia ciconia 6.4 5.3 10 Lutra Zurra 5.9 6.3 5 Rhinolophus mehelyi 5.9 4.3 10 Pyrrhocorax pyrrhocorax 5.7 2.7 5 F alco naumanni 5.4 7.3 10 Myotis blythii 5.4 6.0 10 Alosa fallax 5.4 5.3 2 Barbus sclateri 5.2 4.0 2 Chondrostoma lusitanicum 5.2 4.0 2 Myotis myotis 5.1 8.7 10 Miniopterus schreibersii 5.0 5.3 10 Vipera latastei 5.0 2.7 5 Circaetus gallicus 5.0 2.0 10 Aquila adalberti 4.9 10.0 10 Neophron percnopterus 4.9 5.3 10 Porzana pusilla 4.9 5.3 5 Myotis nattereri 4.9 4.3 10 Hieraaetus fasciatus 4.9 4.0 10 Rhinolophus ferrumequinum 4.8 6.0 10 Bubo bubo 4.8 4.0 5 Accipiter nisus 4.8 3.7 10 Apus melba 4.8 2.0 5 Calandrella rufescens 4.8 1.0 5 Macroprotodon cuccullatus 4.8 1.0 2 Rhinolophus hipposideros 4.7 6.0 10 Falco peregrinus 4.7 4.0 10 Emys orbicularis 4.7 2.0 5 Hemydactylus turcicus 4.7 1.0 2 Gyps fulvus 4.6 4.7 10 Tetrax tetrax 4.6 4.0 5 Microtus cabrerae 4.5 4.7 2 Sterna sandvicensis 4.5 2.7 5

188 J. M. Palmeirim. F. Moreira & P. Beja

TABELA III (Continuação)

índice Estatuto índice Biológico Ameaça Político

Burhinus oedicnemus 4.4 2.0 10 Ardea purpurea 4.3 5.3 5 Elanus caeruleus 4.3 4.0 10 Circus pygargus 4.2 5.3 10 Corvus corax 4.2 2.7 2 Falco eleonorae 4.2 2.0 10 Prunel/a col/aris 4.1 2.0 5 Ciconia nigra 4.0 6.7 10 Ixobrychus minutus 4.0 2.7 5 Botaurus stellaris 3.9 6.7 5 Streptopelia turtur 3.9 5.3 2 Felis silvestris 3.8 5.3 5 Numenius arquata 3.7 3.3 7 Pipistrellus savii 3.7 2.0 10

iv) existência de factores de pressão humana directos sobre as espécies. independentes das características biológicas e que aumentem a sua probabilidade de extinção. Desta forma. recomenda-se que:

i) a ordenação seja aferida com base na opinião de especialistas dos diversos grupos taxonómicos. devendo ser sujeitas a uma análise mais detalhada espécies com baixa prioridade de conservação consideradas pelos especialistas como ameaçadas;

ii) a ordenação deverá ser efectuada com base em informação actualizada. de forma a enquadrar nova informação biológica tornada disponível e a eventual mudança de estatuto das espécies.

Apesar das vantagens dos métodos de ordenação. o estabelecimento de prioridades de conservação a nível regional deverá sempre ter em conta um conhecimento tão detalhado quanto possível das espécies e das regiões a que se aplica.

AGRADECIMENTOS

Desejamos desta forma expressar o nosso agradecimento a todos os que nos ajudaram a recolher a grande quantidade de informação

Prioridades de conservação de vertebrados terrestres 189

necessária à realização deste trabalho, em especial ao Dr. Luís Palma, que nos 'cedeu dados pessoais que recolheu ao longo dos anos e ao Gonçalo Oliveira, que participou na realização do Plano de Ordenamento da APPSACV. Agradecemos também à Dr.' Filomena Magalhães e aos Drs. António Mira, Octávio Paulo e João Gil a colaboração prestada na recolha de dados sobre alguns grupos de vertebrados.

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Prioridades Ife conservação de vertebrados terrestres 191

APÊNDICE

LISTA DOS TAXA CONSIDERADOS PARA O ESTABELECIMENTO DE PRIORIDADES DE CONSERVAÇÃO DA FAUNA NA APPSACV

OSTHEICHTYES

Anguilliformes Anguilla anguilla

Clupeiformes Alosa fal/ax

Cypriniformes Barbus selater; Carassius auratus Carassius carassius Chondrostoma lusitanicum Cyprinus carpia Leuciscus pyrenaicus Cobitis maroccana

Cyprinodontiformes Gambusia holbrooki

Gasterosteiformes Gasterosteus aculeatus

Perciformes Lepomis gibbosus Micropterus salmoides

AMPHIBIA

Caudata Pleurodeles waltl

Salamandra salamandra

Triturns bascai

Triturus marmoratus

Taxa

Enguia

Savelha

Barbo do Sul Pimpão

Boga-portuguesa Carpa Escalo do Sul Verdemã

Gambúsia

Esgana-gata

Perca-sol Achigã

Salamandra-de­-costelas-salientes Salamandra-de-pintas­-amarelas Tritão-de-ventre­-laranja Tritão-marmorado

Pontuação ~ _média

3.54

5.43

5.23 2.90 2.90 5.16 2.68 4.30 2.47

1.97

3.10

2.10 2.47

4.70

3.18

4.21 3.97

192 J. M. Palmeirim, F. Moreira & P. Beja

Anura Alytes cisternasii Diseoglossus galganoi

Pelobates eultripes Pelodytes punetatus

Bufo bufo Bufo ealamita Hyla arborea Hyla meridionalis Rana perezi

REPTILIA

Testudines Emys orbicularis

Mauremys leprosa

Sauria Hemydactylus turdeus Tarentola mauritanica Blanus cinereus Aeanthodaetylus erythrurus

Laeerta lepida Podareis hispanica Psammodromus algirus Psammodromus hispanicus

Chalcides bedriagai

Chaleides ehalcides

Serpentes Coluber hippoerepis Coronella girondiea Elaphe sealaris Macroprotodon cuccullatus Malpolon monspessulanus Natrix maura

Sapo-parteiro-ibérico Rã-de-focinho­-pontiagudo Sapo-de-unha-negra Sapinho-de-verrugas­-verdes Sapo comum Sapo-corredor Rela Rela-meridional Rã-verde

Cágado-de-carapaça­-estriada Cágado

Osga-turca Osga Cobra-cega Lagartixa-de­-dedos-denteados Sardão Lagartixa-ibérica Lagartixa-do-mato Lagartixa-do-mato­-ibérica Cobra-de-pernas-de­-cinco-dedos Cobra-de-pernas-de­-três-dedos

Cobra-de-ferradura Cobra-lisa-bordalesa Cobra-de-escada Cobra-de-capuz Cobra-rateira Cobra-de-água­-viperina

4.59

4.36 4.32

3.32 4 .04 2.97 4.18 4.41 4.11

4.68 4.82

4.65 4.04 3.47

3.82 4.25 3.43 3.18

3.47

4.43

3.47

3.60 3.68 3.54 4.77 3.10

4.68

P r':widades de conservação de vertebrados terrestres 193

Natrix natrix Vipera lataste;

AVES

Podicipediformes Tachybaptus ruficollis

Pelecaniformes Phalacrocorax carbo

Phalacrocorax aristotelis

Ciconiiformes Botaurus stellaris lxobrychllS minutus Nycticorax nycticorax Bubu/cus ibis Egretta garzetta Ardea cinerea Ardea purpurea Cicania nigTa Cicania ciconia

Anseriformes Anas penelope Anas strepera Anas erecca Anas platyrhynchos Anas acura Anas querquedula Anas c/ypeata Aythya ferina

Accipitriformes Pernis apivorus Elanus caeruleus Milvus migrans Milvus milvus Neophron percnopterus Gyps fulvus Circaetus gallicus Circus aeruginosus

Cobra-de-água-de-colar Víbora-cornuda

Mergulhão-pequeno

Corvo-marinho-de­-faces-brancas Corvo-marinho-de­-crista

Abetouro Garça-pequena Goraz Garça-boieira Garça-branca Garça-real Garça-vermelha Cegonha-preta Cegonha-branca

Piadeira Frisada Marrequinho Pato-real Arrabio Marreco Pato-trombeteiro Zarro-comum

Falcão-abelheiro Peneireiro-cinzento Milhafre-preto Milhafre-real Abutre do Egipto Grifo Águia-cabreira Tanaranhão-ruivo­-dos-paúis

3.82 4.96

2.90

3.66

6.21

3.91 3.96 3.50 4.77 4.77 3.07 4.31 3.98 6.36

3.32 2.97 3.29 3.32 3.32 3.35 3.40 2.47

2.60 4.34 3.60 3.32 4.89 4.61 4.95

3.54

194 J. M. Palmeirim, F. Moreira & P. Beja

Circus cyaneus Circus pygargus Accipiter gentilis Accipiter nisus Buteo buteo Buteo rufinus Aquila adalberti Hieraaetus pennatus Hieraaetus fasciatus Pandion haliaetus

Falconiformes Falco naumann; Falco tinnunculus Falco columbarius F alco subbuteo Falco eleonorae Falco peregrinus

Galliformes Alectoris rufa Coturnix coturnix

Gruiformes Rallus aquaticus Porzana porzana Porzana pusilla Gallinula chloropus Fulica alra Tetrax tetrax Turnis sylvatica

Charadriiformes Haematopus ostralegus Himantopus himantopus Burhinus oedicnemus Charadrius dubius

Charadrius hiaticula

Charadrius alexandrinus

Eudromias morinellus Pluvialis apricaria Pluvialis squatarola

Tartaranhão-azulado Tartaranhão-caçador Açor Gavião Águia-d' asa-redonda Búteo-fiouro Águia-imperial . Águia-calçada Águia de Bonelli Águia-pesqueira

Peneireiro-das-torres Peneireiro-vulgar Esmerilhão Ógea Falcão-da-rainha Falcão-peregrino

Perdiz-comum Codorniz

Frango-d' água Franga-d' água-grande Franga-d' água-pequena Galinha-d'água Galeirão Sisão Toirão

Ostraceiro Perna-longa Alcaravão Borrelho-pequeno­-de-coleira Borrelho-grande­-de-coleira Borrelho-de-coleira­-interrompida Tarambola-carambola Tarambola-dourada Tarambola-cinzenta

3.65 4.21 3.46 4.75 3.32 3.15 4.90 3.18 4.91 6.90

5.38 3.82 3.00 2.68 4.18 4.71

3.25 3.21

3.06 2.31 4.86 2.75 3.41 4.62 6.46

3.16 4.31 4.40

1.97

4.46

4.04 2.84 3.44 3.27

Prioridades de conservação de vertebrados terrestres

Vanellus vanellus Calidris canutus Calidris alba Calidris minuta Calidris ferruginea

Calidris maritima Calidris a/pina Gallinago gallinago Scolopax rusticola Limosa limosa

Limosa lapponica Numenius phaeopus Numenius arquata Tringa totanU$ Tringa nebularia Tringa ochropus Tringa g/areola Actitis hypoleucos Arenaria interpres Larus melanocephalus Larus ridibundus Larus fuscus Larus argentatus Sterna sandvicensis Chlidonias niger Urin aalge

Columbiformes Co/umba livia Columba oenas Columba palumbus Streptopelia turtur

Cuculiformes Clamarar glandarius Cuculus canorus

Strigiforrnes Tyto alba Bubo bubo Athene noctua Strix a/ueo Asio flammeus

Abibe Seixoeira Pilrito-d' areia Pilrito-pequeno Pilrito-de-bico­-comprido Pilrito-escuro Pilrito-comum Narceja Galinhola Maçarico-de-bico­-direito Fuselo Maçarico-galego Maçarico-real Perna-vermelha Perna-verde Bique-bique Maçarico-bastardo Maçarico-das-rochas Rola-da-mar Gaivota-dó-mediterrãneo Guincho Gaivota-d' asa-escura Gaivota-argêntea Garajau-comum Gaivina-preta Airo

Pombo-da-rocha Pombo-bravo Pombo-torcaz Rola

Cuco-rabilongo Cuco

Coruja-das-torres Bufo-real Mocho-galego Coruja-do-mato Coruja-da-nabal

195

2.71 3.12 3.06 3.34

3.48 4.18 4.11 3.35 2.81

3.48 3.62 3.09 3.69 3.54 3.12 3.25 2.82 2.22 2.59 3.09 2.50 2.93 4.12 4.52 3.06 7.96

5.82 1.32 2.47 3.85

1.78 2.79

3.46 4.77 3.25 3.32 2.25

196 J. M. Palmeirim, F. Moreira & P. Beja

Caprimulgiformes Caprimulgus ruficollis Noitib6-de-nuca-vermelha 4.27

Apodiformes Apus apus Andorinhão-preto 2.57 Apus pallidus Andorinhão-pálido 4.09 Apus melba Andorinhão-rea! 4.75

Coraciiformes Alcedo atthis Guarda-rios 3.32 Merops apiaster Abelharuco 3.23 Coracias garrulus Rolieiro 3.41 Upupa epops Poupa 3.18

Piciformes Jynx torquilla Torcicolo 3.23 Picus viridis Peto-verde 2.82 Dendrocopus major Pica-pau-malhado-grande 2.82 Dendrocopus minor Pica-pau-malhado-pequeno 3.48

Passeriformes Calandrella brachydactyla Calhandrinha 3.16 Calandrella rufescens Calhandrinha-das-marismas 4.79 Galerida cristata Cotovia-de-poupa 2.18 Galerida theklae Cotovia-do-monte 3.91 Lullula arborea Cotovia-pequena 2.54 Alauda arvensis Laverca 2.70 Riparia riparia Andorinha-das-batteiras 3.38 Ptyonoprogne rupestris Andorinha-das-rochas 3.23 Hirundo rustica Andorinha-das-chaminés 2.29 Hirundo daurica Andorinha-daurica 2.72 Delichon urbica Andorinha-dos-beirais 2.29 Anthus campestris Petinha-dos-campos 2.43 Anthus trivialis Petinha-das-árvores 1.75 Anthus pratensis Petinha-dos-prados 1.93 Anthus spinoletta Petinha-ribeirinha 1.75 Motacilla flava Alvéola-amarela 3.16 Motacilla cinerea Alvéola-cinzenta 2.68 Motacilla alba Alvéola-branca 2.9 Troglodytes troglodytes Carriça 2.75 Prunella modularis Ferreirinha 2.68 Prunella collaris Ferreirinha-alpina 4.11 Erithacus rubecula Pisco-de-peito-ruivo 2.56 Luscinia megarhynchos Rouxinol 2.43 Luscinia svecica Pisco-de-peito-azul 2.68

Prioridades de conservação de vertebrados terrestres 197

Phoenicurus ochruros Phoenicurus phoenicurus

Saxicola rubelra Saxicola torquata Oenanthe oenanthe Oenanthe hispanica Monticola saxatilis Monticola solitarius Turdus torquatus Turdus merula Turdus pilaris Turdus philome/os rurdus viscivorus Cettia cetti Cistico/a juncidis Locustella naevia Locustella luscinioides Acrocepha/us schoenobaenus Acrocephalus scirpaceus

Acrocephalus arundinaceus

Hippo/ais po/yg/otta Sy/via undata Sy/via conspicillata Sy/via cantil/ans Sy/via me/anocepha/a

Sylvia communis Sy/via borin Sy/via atricapilla Phylloscopus bonelli Phylloscopus sibilatrix Phylloscopus collybita Phylloscopus trochilus Regulus regulus Regulus ignicapillus Muscicapa SITiata Ficedula hypoleuca Aegitha/us caudatus Parus cristatus Parus caeruleus Parus major Sitta europaea

Rabirruivo-preto Rabirruivo-de-testa­-branca Cartaxo-da-norte Cartaxo-comum Chasco-cinzento Chasco-ruivo Melro-das-rochas Melro-azul Melro-de-peito-branco Melro-preto Tordo-zomal Tordo-músico Tordoveia Rouxinol-bravo Fuinha-dos-juncos Feiosa-malhada Feiosa-unicolor Felosa-dos-juncos Rouxinol-pequeno­-dos-caniços Rouxinol-grande­-dos-caniços Feiosa-poliglota Felosa-do-mato Toutinegra-tomilheira Toutinegra-carrasqueira Toutinegra-de­-cabeça-preta Papa-amoras Felosa-das-figueiras Toutinegra-de-barrete-preto Feiosa de Bonelli Felosa-assobiadeira FeIosa-comum FeIosa-musical Estrelinha Estrelinha-real Papa-mascas-cinzento Papa-moscas-preto Chapim-rabilongo Chapim-de-poupa Chapim-azul Chapim-real Trepadeira-azul

2.91

1.53 1.68 2.18 1.68 3.00 i.IO 3.98 1.68 2.32 1.78 1.57 2.75 2.68 3.04 1.91 2.06 2.06

2.81

2.81 2.93 3.18 3.54 3.31

2.82 1.68 1.68 2.68 2.45 1.68 2.68 1.68 2.16 2.16 1.68 1.68 2.54 2.68 2.18 2.18 2.68

198 J. M. Palmeirim, F. Moreira & P. Beja

Certhia brachydactyla Trepadeira-comum 2.68 Oriolus oriolus Papa-figos 2.29 Lanius excubitor Picanço-real 3.04 Lanius senator Picanço-barreteiro 2.43 Garrulus glandarius Gaio 2.68 Pica pica Pega 2.43 Pyrrhocorax pyrrhocorax Gralha-de-bico-vermelho 5.71 Corvus monedula Gralha-de-nuca-cinzenta 3.12 Corvus carone Gralha-preta 2.40 Corvus corax Corvo 4.18 Sturnus vulgaris Estorninho-malhado 1.43 Sturnus unicolor Estorninho-preto 2.68 Passer domesticus Pardal-comum 1.75 Passer montanus Pardal-montês 2.32 Petronia petronia Pardal-francês 3.20 Estrilda astrild Bico-de-lacre 2.27 Fringilla coelebs Tentilhão 2.32 Serinus serinus Chamariz 2.32 Carduelis chio ris Verdilhão 2.32 Carduelis carduelis Pintassilgo 2.32 Carduelis spinus Lugre 1.57 Carduelis cannabina Pintarroxo 2.32 Loxia curvirostra Cruza-bico 2.32 Coccothraustes coccothraustes Bico-grossudo 2.32 Emberiza cirlus Escrevedeira 2.32 Emberiza cia Cia 2.32 Emberiza hortulana Sombria 2.07 Miliaria calandra Trigueirão 2.32

MAMMALIA

Insectivora Erinaceus europaeus Ouriço-cacheiro 2.75 Crocidura russula Musaranho-de-

-dentes-brancos 2.25 Suncus etruscus Musaranho-anão-

-de-dentes-brancos 2.75 Taipa occidentalis Toupeira 3.72

Chiroptera Rhinolophus ferrumequinum Morcego-de-ferradura-

-grande 4.75 Rhinolophus hipposideros Morcego-de-ferradura-

-pequeno 4.68

Prioridades de conservação de vertebrados terrestres 199

Rhinolophus mehelyi Morcego-de-ferradura--mourisco 5.91

Myotis nalterer; Morcego-de-franja 4.90 Myotis myotis Morcego-rato-grande 5.11 Myotis b/ythii Morcego-rato-pequeno 5.41 Myotis daubentonii Morcego-de-água 3.18 Pipistrellus pipistrellus Morcego-anão 3.25 Pipistrellus kuhli Morcego-de-Kuhl - 2.68 Pipistrellus savii Morcego-de-Savi 3.69 Eptesicus serotinus Morcego-hortelão 2.82 Plecotus austriacus Morcego-orelhudo-

-cinzento 2.90 Miniopterus schreibersii Morcego-de-peluche 5.04 Tadarida tenioris Morcego-rabudo 3.40

Lagomorpha Lepus capensis Lebre 2.47 Oryctolagus cuniculus Coelho-bravo 2.40

Rodentia Arvicola sapidus Rata-de-água 2.40 MicTOtus cabrerae Rato-de-Cabrera 4.52 Microtus lusitanicus Rato-cego 2.62 Microtus duodecimcostatus Rato-cega-mediterrânico 2.62 Apodemus sylvaticus Rato-do-campo 1.75 Rattus rattus Ratazana 2.25 Rattus norvegicus Ratazana-de-água 2.32 Mus musculus Rato-caseiro 1.75 Mus spretus Rato-das-hortas 1.75 Eliomys quercinus Leirão 1.90

Camivora Vulpes vulpes Raposa 3.25 Mustela nivalis Doninha 2.82 Mustela putorius Toirão 3.46 Martes foina Fuinha 3.25 Meles meles. Texugo 3.40 Lutra Zulra Lontra 5.93 Genetta genetta Geneta 3.18 Herpestes ichneumon Sacarrabos 3.69 Felis silvestris Gato-bravo 3.82 Lynx pardina Lince-ibérico 6.90

Artiodactila Sus scrofa Javali 3.04