esquema de resolução do facto punível

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Teresa Quintela de Brito DIREITO PENAL II – DIA ESQUEMA DE RESOLUÇÃO DE HIPÓTESES 1. ACÇÃO OU OMISSÃO? 2. TIPICIDADE A. TIPICIDADE OBJECTIVA: Agente (crime comum ou crime específico?) Conduta típica (acção ou omissão, pura ou impura?) Resultado/consumação (nos crimes materiais: imputação objectiva do resultado à conduta); Ou mera tentativa – inacabada ou acabada? (arts. 14º, 22º e 23º)? B. TIPICIDADE SUBJECTIVA Dolo (art. 14º) Negligência (art. 15º) Elemento intelectual do dolo: erro de conhecimento sobre a factualidade típica (art. 16º/1, parte) ou antes sobre as proibições legais (art. 16º/1, 2.ª parte) Exclusão do dolo do tipo e eventual punibilidade por facto negligente (arts. 16º/3, 13º e 15º). Elemento volitivo do dolo: modalidade de dolo? C. COMPARTICIPAÇÃO CRIMINOSA (arts. 26º a 29º) Autoria (imediata, mediata e coautoria) Participação (instigação e cumplicidade) Comunicação da qualidade ou relação especial de que depende a ilicitude (crimes específicos próprios) ou o grau de ilicitude (crimes específicos impróprios) do “intraneus” aos comparticipantes “extranei” (art. 28º, n.º 1) Acessoriedade limitada (art. 29º a contrario): pessoalidade e independência da culpa, bem como da punibilidade dos comparticipantes. D. CONCURSO APARENTE DE CRIMES (especialidade, subsidiariedade ou consunção?) 3. ILICITUDE Erro sobre os elementos objectivos das causas de justificação: erro de conhecimento (art. 16º/2, 1.ª parte). Compensação do desvalor da acção do crime doloso e exclusão da culpabilidade dolosa. Art. 16º/3: evitabilidade do erro e punição do facto na forma negligente? Causas de justificação do facto (arts. 32º; 34º; 36º; 38º e 39º).

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Page 1: Esquema de resolução do facto punível

Teresa  Quintela  de  Brito    

DIREITO  PENAL  II  –  DIA    ESQUEMA  DE  RESOLUÇÃO  DE  HIPÓTESES  

   

1. ACÇÃO  OU  OMISSÃO?    

2. TIPICIDADE    

A. TIPICIDADE  OBJECTIVA:    • Agente  (crime  comum  ou  crime  específico?)  • Conduta  típica  (acção  ou  omissão,  pura  ou  impura?)  • Resultado/consumação   (nos   crimes   materiais:   imputação  

objectiva  do  resultado  à  conduta);  • Ou  mera  tentativa  –  inacabada  ou  acabada?  (arts.  14º,  22º  e  23º)?  

 B. TIPICIDADE  SUBJECTIVA  

• Dolo  (art.  14º)  • Negligência  (art.  15º)  • Elemento   intelectual   do   dolo:   erro   de   conhecimento   sobre   a  

factualidade   típica   (art.   16º/1,   1ª   parte)   ou   antes   sobre   as  proibições  legais  (art.  16º/1,  2.ª  parte)  -­‐  Exclusão  do  dolo  do  tipo  e  eventual  punibilidade  por  facto  negligente  (arts.  16º/3,  13º  e  15º).  

• Elemento  volitivo  do  dolo:  modalidade  de  dolo?    C. COMPARTICIPAÇÃO  CRIMINOSA  (arts.  26º  a  29º)  

• Autoria  (imediata,  mediata  e  co-­‐autoria)  • Participação  (instigação  e  cumplicidade)  • Comunicação  da  qualidade  ou   relação   especial   de  que  depende   a  

ilicitude   (crimes   específicos   próprios)   ou   o   grau   de   ilicitude  (crimes   específicos   impróprios)   do   “intraneus”   aos  comparticipantes  “extranei”  (art.  28º,  n.º  1)  

• Acessoriedade   limitada   (art.   29º   a   contrario):   pessoalidade   e  independência   da   culpa,   bem   como   da   punibilidade   dos  comparticipantes.    

D. CONCURSO   APARENTE   DE   CRIMES   (especialidade,  subsidiariedade  ou  consunção?)  

 3. ILICITUDE  

• Erro  sobre  os  elementos  objectivos  das  causas  de  justificação:  erro  de  conhecimento  (art.  16º/2,  1.ª  parte).  Compensação  do  desvalor  da  acção  do  crime  doloso  e  exclusão  da  culpabilidade  dolosa.  Art.  16º/3:   evitabilidade   do   erro   e   punição   do   facto   na   forma  negligente?  

• Causas  de  justificação  do  facto  (arts.  32º;  34º;  36º;  38º  e  39º).    

Page 2: Esquema de resolução do facto punível

4. CULPA  • Inimputabilidade  :  incapacidade  de  culpa  (arts.  19º  e  20º)  • Actio  libera  in  causa  (art.  20º,  n.º  4)  • Erro   sobre  os   elementos  objectivos  de  uma   causa  de   exclusão  da  

culpa:  erro  de  conhecimento  (art.  16º/2,  2.ª  parte).  Compensação  do  desvalor  da  acção  do  crime  doloso  e  exclusão  da  culpabilidade  dolosa.   Art.   16º/3:   evitabilidade   do   erro   e   punição   do   facto   na  forma  negligente?  

• Erro   sobre  a   ilicitude/   falta  de  consciência  da   ilicitude  do   facto  =  erro   moral   ou   de   valoração   (art.   17º),   que   pode   ser   directo   ou  indirecto.   Este   recai   sobre   a   existência   de   uma   causa   de  justificação   não   reconhecida   pela   Ordem   Jurídica   ou   sobre   os  limites  de  uma  causa  de  justificação,  reconhecida  pela  O.J.  embora  não  com  a  amplitude  que  o  agente  lhe  atribui.  Não  há  exclusão  do  dolo,  mas  eventual  exclusão  da  culpa  (se  o  erro  for  não  censurável)  e  mera  atenuação  especial  da  pena  do  crime  dolo)    

• Causas  de  exculpação  (arts.  33º/2;  35º/1;  e  37º)  • Crime  continuado  (art.  30º/2)  

 5. Punibilidade  

• Condições   objectivas   de   punibilidade   (v.g.   arts.   151º,   135º,  295º/1)  

• Desistência   da   tentativa   (arts.   24º   e   25º):   voluntária   ou  irrelevante?  

• Atenuação  especial  da  pena  (arts.  72º  e  73º)  • Determinação  da  medida  concreta  da  pena  (art.  71º)  • Punição  do  concurso  de  crimes  (arts.  30º,  n.º  1;  77º;  e  78º)  • Punição  do  crime  continuado  (art.  79º)  

 Não   precisam   de   percorrer   todo   este   esquema   a   propósito   de   cada  

personagem.   Importante   é   que   identifiquem   os   problemas   em   causa   em   cada  situação  e  os  resolvam,  situando-­‐os  correctamente  na  categoria  a  que  pertencem.      

 Lisboa,  15  de  Maio  de  Junho  de  2014.