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ESPÍRITO E O INFINITO Filosofia Espiritualista

Perse Editora

1ª edição – Outubro de 2013

J L MORENO DIAS

O Ser humano vem percorrendo um longo itinerário sobre a superfície do planeta Terra, desde a pré-história até a época atual. Agora é capaz de fazer considerações isoladas, ultrapassando as fronteiras do concreto. Quem sou? De onde vim? Por que estou aqui? Como surgiu o Universo? Como surgiu a vida? Haverá outros mundos habitados no espaço infinito? O que é a morte? O que haverá além do túmulo? Após a morte, a vida continua? O que é Deus? E a Verdade? Aumentam-se as questões, sempre e cada vez mais, e as respostas não surgem definitivas. A revelação surge como resultado do trabalho e do esforço dos estudiosos.

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Apresentação

O livro “Espírito e o Infinito” é o resultado de infindáveis pesquisas realizadas por um período bastante longo, trinta anos de estudos sobre o Espiritualismo. Em instituições espíritas, frequentei reuniões, cursos e palestras; observei que alguns questionamentos eram frequentes. Utilizei estes questionamentos como temas. A caminhada evolutiva do principio espiritual até a fase em que é promovido a Espírito. A necessidade absoluta da reencarnação no processo evolutivo, a que estamos todos inseridos. Formação e evolução do universo, do espírito, do corpo físico e dos demais corpos sutis. O processo de morte do corpo físico, a diferença entre morte e desencarnação e os diversos tipos de desencarnação. A influência que as paixões e os vícios, podem causar no desencarnado. O plano espiritual, a condição do espírito que deixa o plano material, as colônias espirituais, a situação de felicidade ou de infelicidade, ou seja, o céu ou o inferno de cada um. O intercambio entre planos, o livre arbítrio de cada espírito e o que dele resulta, a causa e efeito. As muitas moradas ou os trilhões de mundos espalhados pelo infinito que abrigam outros irmãos em menor ou em maior evolução. A inteligência suprema, criadora de tudo e de todos. Este trabalho tem como meta compartilhar um pouco do que aprendi nos meus estudos e pesquisas.

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Principio Inteligente

Em “O Livro dos Espíritos”, os imortais se definem como os seres inteligentes da criação, que povoam o universo em torno do mundo material. Como tudo que existe no universo, os espíritos também foram criados. Tiveram um início, porém sabe-se que eles nunca terão um fim. Desta forma cada um de nós é um ser único, inteligente, imaterial e acima de tudo imortal. Encarnados na matéria, os Espíritos formam a humanidade tal como a conhecemos; o corpo físico é então uma vestimenta para o Espírito que dele se separa quando estiver gasta. A Doutrina Espírita chama de "Espírito" ao "princípio inteligente" após alcançar o reino hominal, isto é, após atingir a consciência moral. O mito do paraíso perdido, constante do livro bíblico "A Gênese", pode ser intepretado como a perda da ingenuidade moral. O Espírito ao habitar um corpo sofre uma enorme quantidade de limitações geradas pelas próprias condições físicas da matéria neste universo material onde vivemos. Vivenciar estas limitações é como uma escola para os espíritos. Ao nascer em um corpo o espírito tem suas capacidades limitadas pelos sentidos do corpo humano. Não consegue se lembrar do seu passado e sobre quem ele é. Isso permite começar novamente, reaprender tudo e concertar erros. O espírito encarnado só consegue ver dentro dos limites do órgão da visão. Só consegue ouvir dentro dos

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limites da audição humana, só consegue se locomover limitado por suas pernas ou pelos veículos humanos. Todas as suas virtudes e todos os seus defeitos podem ser testados e desafiados pelos instintos do corpo, pelos sentimentos primitivos do ser humano. Nossa verdadeira identidade é espiritual. Nosso corpo é apenas uma roupa. Nossa vida na Terra é apenas um curso intensivo, um estágio, ou mesmo o cumprimento de uma missão. Estamos aqui habitando uma coisa rústica, limitada e cheia de problemas e desafios que é o corpo humano. A verdadeira vida, o verdadeiro mundo não é este aqui onde vivemos. Isso aqui é apenas um instrumento material a serviço da evolução da inteligência individual: Nós. São as vivências do ser espiritual, ora no plano físico, ora no plano extrafísico, que vão enriquecê-lo em sua estrutura íntima e, simultaneamente, aprimorar seu envoltório fluídico. O princípio espiritual vai atravessar os mais rudes crivos da adaptação e seleção, assimilando os valores múltiplos da organização, da reprodução, da memória, do instinto, da sensibilidade, da percepção e da preservação própria, penetrando, assim, pelas vias da inteligência mais complexa e laboriosamente adquirida, nas faixas inaugurais da razão. Com as experiências possíveis adquiridas junto ao mineral, o princípio espiritual estaria apto a iniciar-se no reino vegetal. Neste ponto, além das aquisições da fase mineral, ele vai conquistar, na fase vegetal, os novos

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potenciais da sensibilidade, que são reações aos diferentes estímulos do meio ambiente, o desenvolvimento de respostas harmônicas. Nesse ir e vir, dentro ou fora da matéria, já existiria o princípio da reencarnação. O princípio espiritual maturado e elaborado no reino vegetal, em épocas incontáveis, teria que despertar em novas posições como exigência de seu impulso interior. Assim, ele buscará novo degrau evolutivo para afirmações, manifestando-se no reino animal. A condição que caracterizaria o princípio espiritual nesta fase seria a aquisição do instinto; a princípio, nos animais inferiores, bastante simplificados, posteriormente, nos mamíferos, pelos órgãos mais bem trabalhados, se apresentaria com mais alta e apurada eficiência, preparando para, mais à frente, ingressar no reino da razão. Acreditamos que o homem tenha conquistado a razão, o livre-arbítrio e a plena responsabilidade por seus atos há cerca de 200 mil anos. No entanto, homens pré-históricos, com a roupagem física bem semelhante à nossa forma atual, surgiram antes, há cerca de três milhões de anos, quando o córtex frontal, a área mais nobre do cérebro, já estava pronto. O desenvolvimento da consciência não se deu de forma brusca, foi sendo elaborado durante milênios em existências sucessivas nos primatas superiores e posteriormente em várias espécies do gênero Homo. André Luiz, no livro “Evolução em dois Mundos” nos diz: - O tato nasceu no principio espiritual na sua passagem

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pelas células nucleares em seus impulsos ameboides. A visão principiou pela sensibilidade do plasma nos flagelados monocelulares expostos ao clarão solar. O olfato começou nos animais aquáticos de expressão mais simples, por excitações do ambiente em que evolviam. O paladar surgiu nas plantas, muitas delas armadas de pelos viscosos que destilavam sucos digestivos. As primeiras sensações do sexo apareceram com as algas marinhas, providas não só de células masculinas e femininas que nadam, atraídas umas para as outras, mas também de um esboço de epiderme sensível, que pode ser definida como região secundária de simpatias genésicas. Após milhares de passagens pela série animal, o principio espiritual fixa, no corpo perispiritual, leis que aparecem sob a forma de instinto, que foram lentamente conquistadas por meio de existências sucessivas. As experiências, emoções e conhecimentos de todas as vidas anteriores, além do instinto, estão gravados no corpo perispiritual. É por isso que o ser humano conserva, apesar das incessantes transformações de que o corpo físico é objeto, a recordação de tudo que se passou no passado longínquo. Em ”O Livro dos Espíritos” lê-se: É nos seres inferiores da criação que o princípio espiritual elabora-se, se individualiza pouco a pouco e se ensaia para a vida. Individualizar-se, segundo o dicionário, é o mesmo que considerar-se uma coisa isoladamente. Em consonância com essas ideias, alguns pensadores evolucionistas apresentaram a hipótese da alma grupo

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da espécie, segundo a qual o princípio espiritual, em suas vivências nos reinos inferiores da natureza, ainda não se encontra individualizado, ou seja, caminha evolutivamente em associação com seres da mesma espécie. Nas espécies mais simples, o princípio espiritual esta mais preso aos seus afins, formando junto deles um campo de influência coletiva, a alma grupo da espécie, que tem como finalidade controlar a espécie em que se destina. À medida que as espécies vão perdendo o contato da colônia, resultado da própria evolução, se individualizam, passando a depender unicamente de si mesmas. Segundo essa hipótese, podemos entender por que a sociedade dos insetos como as abelhas, formigas e cupins, instintivamente, desenvolvem atividades perfeitas e complexas, impossíveis de serem explicadas de outra forma. Se o princípio espiritual funciona como um design inteligente, como entender o surgimento de formas animais que não deveriam prevalecer com o tempo? São documentados pelo menos meia dúzia de casos de extinções em massa de seres vivos, desde o aparecimento da vida na Terra. A mais recente delas, há cerca de 65 milhões de anos, levou ao desaparecimento dos grandes répteis, quando um meteoro de mais ou menos 10 km de diâmetro caiu no golfo do México. É preciso entender que o princípio espiritual, como um design inteligente, traz em sua estrutura íntima um propósito de evolução, uma força que o impulsiona para frente, um significado, uma razão de ser e de existir: o progresso. Ele não traz, ao

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contrário do que pensam alguns, um mapa pronto e arrematado que lhe compete apenas copiar e seguir. Se assim fosse, estaria prevalecendo a ideia da predestinação, o que contraria o princípio da lei do esforço pessoal. Para que haja crescimento é preciso que existam escolhas, erros e acertos, que serão elementos necessários na aquisição de experiência. As espécies biológicas que surgiram e desapareceram devem ser colocadas na conta de ensaios biológicos experimentados pelo princípio espiritual, que buscava o melhor caminho para chegar ao seu destino. Não há um plano determinado; as coisas poderiam ter-se dado de uma forma diferente. Alguns caminhos poderiam ter sido tentados até que verificassem que eram becos sem saída. A evolução é criativa e não prefixada. Quanto às destruições em massa, é preciso que tudo se destrua para renascer e se regenerar, pois isso o que chamamos destruição não passa de uma transformação, que tem por fim a renovação e a melhoria dos seres vivos. A destruição em massa dos grandes répteis permitiu que um pequeno símio, do tamanho de um camundongo, que vivia fugindo dos dinossauros, encontrasse espaço para viver livremente. Esses minúsculos símios, alguns milhões de anos depois, se diversificaram nos grandes primatas que foram a matriz para o surgimento da espécie humana, há cerca de três milhões de anos. O homem, em certo aspecto, é filho da grande tragédia que culminou com a extinção em massa dos répteis pré-históricos. Allan Kardec diz: "Desconhecemos a origem e o modo de criação dos Espíritos; apenas sabemos que eles são

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criados simples e ignorantes, isto é, sem ciência e sem conhecimento, porém perfectíveis e com igual aptidão para tudo adquirirem e tudo conhecerem”. O princípio espiritual, distinto do princípio material, se individualiza e elabora, passando pelos diversos graus da animalidade. A alma se ensaia para a vida e desenvolve, pelo exercício, suas primeiras faculdades. Hoje não resta mais dúvida de que os Espíritos, em sua longa trajetória, têm percorrido os diversos reinos da natureza. De conformidade com o pensamento de Léon Denis "a alma dorme na pedra, sonha na planta, move-se no animal e desperta no homem". André Luiz, no livro “Mecanismos da Mediunidade” explica que "temos, hoje, o Espírito por viajante do Cosmo, respirando em diversas faixas de evolução, condicionados nas suas percepções, à escala do progresso que já alcançou". E que tal progresso, estampado no campo mental de cada alma, vai ser condicionado por duas variantes: "o tempo de evolução, ou seja, aquilo que a vida já lhe deu, e o tempo de esforço pessoal na construção do destino, ou seja, aquilo que ele próprio já deu à vida". No livro “No mundo maior”, André Luiz completa o seu pensamento: "Não somos criações milagrosas, destinadas ao adorno de um paraíso de papelão. Somos filhos de Deus e herdeiros dos séculos, conquistando valores, de experiência em experiência, de milênio a milênio". Assim, no reino mineral, o princípio espiritual refletiria a sua presença nas manifestações das forças de atração

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e coesão com que as moléculas se ajuntam em característicos sistemas cristalográficos. No reino vegetal, mostraria maiores aquisições pelo fenômeno de sensibilidade celular. No reino animal, o princípio inteligente somaria novas aquisições refletidas nos instintos. No reino humano, todo esse cabedal de experiências estaria ampliado pelos novos lastros da conscientização, a carregar com ele, raciocínio, afetividade, responsabilidade e outras tantas condições que caracterizam esta fase. Acredita-se que antes de unir-se ao elemento material primitivo do planeta (o "protoplasma", na expressão de Emmanuel) dando início a vida no orbe, o princípio espiritual encontrava-se nos cristais, completando seu estágio de individualização em longuíssimo processo de autofixação, ensaiando, aos poucos, os primeiros movimentos internos de organização e crescimento volumétrico. Até hoje constitui fato pouco explicado pela ciência acadêmica, de determinadas substâncias arranjarem-se sob a forma de cristais perfeitamente arrumados segundo linhas geométricas definidas, o que não deixa de ser uma organização, ainda que não um organismo. "O cristal é quase um ser vivente", disse Gabriel Delanne. Naturalmente que não iremos pensar numa inteligência própria da matéria. Todavia, o cientista Jean Emille Charon declarou que "o comportamento das partículas interatômicas revela vida incipiente". Após a peregrinação pelos minerais, o princípio espiritual vai se identificar com os vírus, logo a seguir com as bactérias rudimentares, as algas unicelulares e,

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sucedendo-as, com as algas pluricelulares. Passa então a vivenciar as experiências nos vegetais mais complexos, melhor estruturados, onde ele vai adquirir a capacidade de reagir direta ou indiretamente a qualquer mudança exterior e depois a faculdade de sentir, captar e registrar as alterações do meio que o cerca. Mais tarde, assinala-se o ingresso da "energia pensante", no reino animal. Vai desdobrar-se entre os espongiários, os celenterados, os equinodermos e crustáceos, anfíbios, répteis, os peixes e as aves, até chegar aos mamíferos. Neste imenso percurso estará enriquecendo a sua estrutura energética, aprimorando o seu psiquismo rudimentar e assimilando os valores múltiplos da organização, da reprodução, da memória, da autopreservação, enfim, dos diversos instintos, preparando-se para a sublime conquista da razão. Instinto são impulsos naturais involuntários pelo qual os seres executam certos atos de forma mecânica, sem conhecer o fim ou o porquê desses atos. Em muitos animais, especialmente nos animais superiores já esta identificada uma inteligência rudimentar. Além dos atos instintivos, observa-se, às vezes, atitudes que demandam certo grau de perspicácia e lucidez. Seria uma forma primitiva de inteligência relacionada apenas a coisas que importam à autopreservação do animal. André Luiz diz que nos animais superiores observa-se um pensamento descontínuo e fragmentário, a partir do qual vai desenvolver-se o pensamento contínuo do reino humano. E que, para alcançar a idade da razão, com o título de homem, dotado de raciocínio e

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discernimento, o ser automatizado em seus impulsos, no caminho para o reino angélico, despendeu nada menos que um bilhão e meio de anos. Com a conquista da razão, aparece o raciocínio, a lucidez, o livre-arbítrio e o pensamento contínuo. Até então, o progresso tinha uma orientação centrípeta, ou seja, de fora para dentro; o ser crescia pela força das coisas, já que não tinha consciência de sua realidade, nem tampouco liberdade de escolha. Ao entrar no reino humano, o princípio inteligente - agora sim, Espírito - está apto a dirigir a sua vida, a conquistar os seus valores pelo esforço próprio, a iniciar uma evolução de orientação centrífuga, ou seja, de dentro para fora. Mas a conquista da inteligência é apenas o primeiro passo que o Espírito vai dar em sua estadia no reino humano. Ele deverá agora iniciar-se na valorosa luta para conquistar os valores superiores da alma: a responsabilidade, a sensibilidade, a sublimação das emoções, enfim, todos os condicionamentos que permitirão ao Espírito alçar-se à comunidade dos Seres Angélicos.

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Existências Multiplas

Para tornar-se perfeito precisa o Espírito evoluir ao máximo em dois pontos, intelectual e moral. Para conseguir atingir o objetivo é preciso seja colocado em muitas situações e posições, e que aproveite de forma construtiva as oportunidades. Não é possível que isto se dê ao longo de uma só existência, necessário que aconteça ao longo de muitas existências, a quantidade de existências necessárias é variada depende de cada um abreviar ou dilatar este tempo, se empenhando mais ou menos. No “Livro dos Espíritos” Kardec faz as seguintes considerações: Os homens trazem, ao nascer, a intuição do que já haviam adquirido. São mais ou menos adiantados, segundo o número de existências por que passaram ou conforme estejam mais ou menos distanciados do ponto de partida: precisamente como, numa reunião de pessoas de todas as idades, cada uma terá um desenvolvimento de acordo com o número de anos vividos. Para a vida da alma, as existências sucessivas serão o que os anos são para a vida do corpo. Deus, na sua justiça, não podia ter criado almas mais perfeitas e outras menos perfeitas. Mas, com a pluralidade das existências, a desigualdade que vemos nada tem de contrário à mais rigorosa equidade. Se a existência presente deve ser decisiva para a sorte futura, qual é, na vida futura, respectivamente, a posição do selvagem e a do homem civilizado? Estarão

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no mesmo nível ou estarão distanciados no tocante à felicidade eterna? O homem que trabalhou toda a vida para melhorar-se estará no mesmo plano daquele que permaneceu inferior, não por sua culpa, mas por que não teve o tempo nem a possibilidade de melhorar? O homem que praticou o mal, por não ter podido esclarecer-se, é culpado por um estado de coisas que dele em nada dependeu? Trabalha-se para esclarecer os homens, para moralizá-los e civilizá-los. Mas, para um que se esclarece, há milhões que morrem cada dia, antes que a luz consiga atingi-los. Qual é a sorte destes? Qual é a sorte das crianças que morrem em tenra idade, antes de poderem ter feito o mal ou o bem? Se estiverem entre os eleitos, por que esse favor, sem nada terem feito para merecê-lo? Por que privilégio foram elas subtraídas às tribulações da vida? Admiti as existências sucessivas, e tudo estará explicado de acordo com a justiça de Deus. Aquilo que não pudemos fazer numa existência, fazemos em outra. É assim que ninguém escapa à lei do progresso. Cada um será recompensado segundo o seu verdadeiro merecimento, ninguém é excluído da felicidade suprema, a que pode aspirar, sejam quais forem os obstáculos que encontre no seu caminho. O princípio da reencarnação ressalta de muitas passagens das Escrituras, encontrando-se especialmente formulado, de maneira explícita, no Evangelho:

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...Seus discípulos então o interrogaram, e lhe disseram: Por que dizem, pois os escribas que é necessário que Elias venha primeiro? E Jesus, respondendo, lhes disse: Em verdade, Elias virá primeiro e restabelecerá todas as coisas. Mas eu vos declaro que Elias já veio, e eles não o conheceram, antes o fizeram sofrer tudo quanto quiseram. Assim também eles farão morrer ao Filho do Homem. Então entenderam os discípulos que era de João Batista que ele lhes havia falado. ...Jesus respondendo a Nicodemos, disse: Em verdade, em verdade te digo que se um homem não nascer de novo, não pode; ver o reino de Deus. Nicodemos lhe disse: Como pode um homem nascer, quando está velho?Pode ele entrar de novo no ventre de sua mãe e nascer outra vez?Jesus respondeu: Em verdade, em verdade te digo que, se um homem não nascer da água e do espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do espírito, é espírito. “Não te maravilhes de eu te haver dito: necessário vos é nascer de novo”. A reencarnação está hoje provada através dos casos de lembranças de vidas anteriores em crianças, de pesquisas hipnóticas de regressão da memória, de avisos mediúnicos de renascimentos com sinais e condições posteriormente verificados. Embora as ciências oficiais ainda relutem em aceitar essas provas, a Ciência espírita as considera válidas e espera para breve a sua aceitação oficial. – Platão, em A República, apresentou o famoso Mito da Caverna para explicar a vida espiritual. Kardec nos oferece, nas considerações