(espiritismo) emmanuel - religião dos espíritos (chico xavier)

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  • 8/9/2019 (Espiritismo) Emmanuel - Religio dos Espritos (Chico Xavier)

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    Francisco Cndido Xavier

    Religio dos Espritos

    Ditado pelo Esprito

    Emmanuel

  • 8/9/2019 (Espiritismo) Emmanuel - Religio dos Espritos (Chico Xavier)

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    Francisco Cndido Xavier - Religio dos Espritos - Pelo Esprito Emmanuel 2

    ndiceReligio dos Espritos .................................................................. 51 Se tiveres amor........................................................................ 72 Aborto delituoso...................................................................... 93 Tentao e remdio ............................................................... 114 Memria alm-tmulo........................................................... 135 Beneficncia esquecida ......................................................... 15

    6 Alienao mental................................................................... 177 Ao redor do dinheiro ............................................................. 198 Cadinho ................................................................................. 219 Mais ...................................................................................... 2310 Examina a prpria aflio.................................................... 2511 Pureza.................................................................................. 2712 Sobras.................................................................................. 2913 Dizes-te ............................................................................... 3114 Censura ............................................................................... 3315 Renascimento ...................................................................... 3416 Mediunidade e dever ........................................................... 3617 Jesus e humildade................................................................ 3818 Herana ............................................................................... 4019 Corrigir................................................................................ 4220 Carrasco .............................................................................. 44

    21 Obters ................................................................................ 4622 Ante falsos profetas............................................................. 4823 Sofrimento e eutansia ........................................................ 5024 Reencarnao ...................................................................... 5225 Muito e pouco ..................................................................... 5426 Na Terra e no Alm............................................................. 5627 Palavra aos espritas ............................................................ 5828 Desce elevando.................................................................... 61

    29 Verso prtica ..................................................................... 63

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    30 Orientao esprita .............................................................. 65

    31 Veneno ................................................................................ 6732 O obreiro do Senhor ............................................................ 6933 Orao e provao............................................................... 7134 Responsabilidade e destino.................................................. 7335 Mensageiros divinos............................................................ 7536 O homem inteligente ........................................................... 7737 O Guia real .......................................................................... 7838 Perseguidos ......................................................................... 8039 Amanh ............................................................................... 8240 Servir a Deus....................................................................... 8441 O caminho da paz................................................................ 8742 Ns mesmos ........................................................................ 8943 Examinadores...................................................................... 9144 Na grande barreira............................................................... 9345 Esquecimento e reencarnao.............................................. 96

    46 Trabalha servindo................................................................ 9847 Contradio ....................................................................... 10048 Suicdio ............................................................................. 10249 O homem bom................................................................... 10450 Pena de morte.................................................................... 10651 Felicidade e dever ............................................................. 10852 A mulher ante o Cristo ...................................................... 11053 Sexo e amor....................................................................... 112

    54 Jovens................................................................................ 11455 Sonmbulos....................................................................... 11656 Ante o Alm...................................................................... 11957 Fenmeno medinico ........................................................ 12158 Ante os que partiram ......................................................... 12459 Fenmeno magntico ........................................................ 12660 Estranho delito .................................................................. 129

    61 Doenas escolhidas ........................................................... 13262 Ao sol do amor.................................................................. 134

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    63 Na grande transio........................................................... 136

    64 Meditemos......................................................................... 13865 Reencarnao e progresso ................................................. 14066 Abenoa ............................................................................ 14367 Materialistas ...................................................................... 14568 Materialismo ..................................................................... 14769 Diante das tentaes.......................................................... 14970 Na hora da crise................................................................. 15171 Justia e amor.................................................................... 15472 Essas outras crianas ......................................................... 15673 Amigos.............................................................................. 15874 Campanha na campanha.................................................... 16075 Em plena prova ................................................................. 16376 Jesus e atualidade .............................................................. 16577 Orao no dia dos mortos .................................................. 16778 Pluralidade dos mundos habitados..................................... 169

    79 Abnegao......................................................................... 17280 Doutrina Esprita ............................................................... 17481 Professores diferentes........................................................ 17782 O outro .............................................................................. 17983 Se desejas .......................................................................... 18184 Cada hora .......................................................................... 18485 No grande minuto.............................................................. 18686 Dominar e falar ................................................................. 188

    87 Contigo.............................................................................. 19088 O teste ............................................................................... 19289 Simpatia ............................................................................ 19490 Louvor do Natal ................................................................ 19691 Tempo e servio ................................................................ 198

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    Religio dos EspritosLeitor amigo:

    Temos aqui um livro diferente.

    Nem literatura, nem artifcio.

    Nem propaganda, nem exegese.

    Simples comentrio em torno da substncia religiosa de OLivro dos Espritos, em cujo texto fixou Allan Kardec a defini-o da Nova Luz.

    Desde muito, aspirvamos a realiz-lo, e isso, com a permis-so do Senhor, nos foi possvel, no curso das 91 sesses pblicaspara estudo da Doutrina Esprita, a que comparecemos, junto denossos companheiros uberabenses, no transcurso de 1959, na sededa Comunho Esprita Crist, nesta Cidade.

    Em cada reunio, o texto para exame foi escolhido pelos nos-sos irmos encarnados e, depois de apontamentos verbais entreeles, tecemos as modestas anotaes aqui expostas, nem semprenos restringindo, diante de circunstncias especiais e imprevistas,ao tema em estudo.

    Algumas foram publicadas em Reformador, revista da nos-sa venervel Federao Esprita Brasileira, e algumas outras nos

    jornais A Flama Esprita e Lavoura e Comrcio, folhas dacidade de Uberaba.

    Reunindo, porm, a totalidade de nossas humildes aprecia-es, neste volume, fizemos pessoalmente integral reviso detodas elas, assinalando-as com a ordem cronolgica em que foramgrafadas e na pauta das perguntas e respostas que O Livro dosEspritos nos apresentava.

    No temos, pois, outro objetivo que no seja demonstrar anossa necessidade de estudo metdico da obra de Kardec, no s

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    para lhe penetrarmos a essncia redentora, como tambm para que

    lhe estendamos a grandeza em novas facetas do pensamento, naconvico de que outros companheiros de tarefa comparecero lia, suprindo-nos as deficincias naturais, com estudos mais altosdos temas renovadores trazidos ao mundo pelo apstolo de Lio.

    E aguardando por essas contribuies, na sementeira da f vi-va, cremos poder afirmar, com o ttulo deste volume, que o pri-meiro livro da Codificao Kardequiana manancial to rico de

    valores morais para o caminho humano que bem pode ser consi-derado no apenas como revelao da Esfera Superior, mas i-gualmente como primeiro marco da Religio dos Espritos, embases de sabedoria e amor, a refletir o Evangelho, sob a inspiraode Nosso Senhor Jesus-Cristo.

    EMMANUEL

    Uberaba, 29 de janeiro de 1960.

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    1Se tiveres amor

    Reunio pblica de 5/1/59Questo n 887

    Se tiveres amor, caminhars no mundo como algum que

    transformou o prprio corao em chama divina a dissipar astrevas...

    Encontrars nos caluniadores almas invigilantes que a peo-nha do mal entenebreceu, e relevars toda ofensa com que temartirizem as horas...

    Surpreenders nos maldizentes criaturas desprevenidas que oveneno da crueldade enlouqueceu, e desculpars toda injria com

    que te deprimam as esperanas...Observars no onzenrio a vtima da ambio desregrada, a-cariciando a ignomnia da usura em que atormenta a si prprio, eno viciado o irmo que caiu voluntariamente na poa de fel emque arruna a si mesmo...

    Reconhecers a ignorncia em toda manifestao contrria justia e descobrirs a misria por fruto dessa mesma ignorncia

    em toda parte onde o sofrimento plasma o crcere da delinqn-cia, o deserto do desespero, o inferno da revolta ou o pntano dapreguia...

    Se tiveres amor sabers, assim, cultivar o bem, a cada instan-te, para vencer o mal a cada hora...

    E percebers, ento, como o Cristo fustigado na cruz, que osteus mais acirrados perseguidores so apenas crianas de curto

    entendimento e de sensibilidade enfermia, que preciso compre-ender e ajudar, perdoar e servir sempre, para que a glria do amor

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    puro, ainda mesmo nos suplcios da morte, nos erga o esprito

    imperecvel bno da vida eterna.

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    2Aborto delituoso

    Reunio pblica de 9/1/59Questo n 358

    Comovemo-nos, habitualmente, diante das grandes tragdias

    que agitam a opinio.Homicdios que convulsionam a imprensa e mobilizam largasequipes policiais...

    Furtos espetaculares que inspiram vastas medidas de vigiln-cia...

    Assassnios, conflitos, ludbrios e assaltos de todo jaez criama guerra de nervos, em toda parte; e, para coibir semelhantes

    fecundaes de ignorncia e delinqncia, erguem-se crceres efundem-se algemas, organiza-se o trabalho forado e em algumasnaes a prpria lapidao de infelizes praticada na rua, semqualquer laivo de compaixo.

    Todavia, um crime existe mais doloroso, pela volpia de cru-eldade com que praticado, no silncio do santurio domstico ouno regao da Natureza...

    Crime estarrecedor, porque a vtima no tem voz para supli-car piedade e nem braos robustos com que se confie aos movi-mentos da reao.

    Referimo-nos ao aborto delituoso, em que pais inconscientesdeterminam a morte dos prprios filhos, asfixiando-lhes a exis-tncia, antes que possam sorrir para a bno da luz.

    Homens da Terra, e sobretudo vs, coraes maternos cha-

    mados exaltao do amor e da vida, abstende-vos de semelhanteao que vos desequilibra a alma e entenebrece o caminho!

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    Fugi do satnico propsito de sufocar os rebentos do prprio

    seio, porque os anjos tenros que rechaais so mensageiros daProvidncia, assomantes no lar em vosso prprio socorro, e, seno h legislao humana que vos assinale a torpitude do infanti-cdio, nos recintos familiares ou na sombra da noite, os olhosdivinos de Nosso Pai vos contemplam do Cu, chamando-vos, emsilncio, s provas do reajuste, a fim de que se vos expurgue daconscincia a falta indesculpvel que perpetrastes.

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    3Tentao e remdio

    Reunio pblica de 12/1/59Questo n 712

    Qual acontece com a rvore, a equilibrar-se sobre as prprias

    razes, guardamos o corao na tela do presente, respirando oinfluxo do passado.

    assim que o problema da tentao, antes que nascido de ob-jetos ou paisagens exteriores, surge fundamentalmente de ns natrama de sombra em que se nos enovelam os pensamentos...

    Acresce, ainda, que essas mesmas ondas de fora experimen-tam a atuao dos amigos desenfaixados da carne que deixamos a

    distncia da esfera fsica, motivo por que, muitas vezes, os debu-xos mentais que nos incomodam levemente, de incio, no campodessa ou daquela idia infeliz, gradualmente se fazem quadrosenormes e inquietantes em que se nos aprisionam os sentimentos,que passam, muita vez, ao domnio da obsesso manifesta.

    Todavia, preciso lembrar que a vida permanente renova-o propelindo-nos a entender que o cultivo da bondade incessan-te o recurso eficaz contra o assdio de toda influncia pernicio-sa.

    o trabalho, por essa forma, o antdoto adequado, capaz deanular toda enquistao txica do mundo ntimo, impulsionando-nos o esprito a novos tipos de sugesto, nos quais venhamos aassimilar o socorro dos Emissrios da Luz, cujos braos de amornos arrebatam ao nevoeiro dos prprios enganos.

    Assim, pois, se aspiras vitria sobre o visco da treva quenos arrasta para os despenhadeiros da loucura ou do crime, ergue

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    no servio felicidade dos semelhantes o altar dos teus interesses

    de cada dia, porquanto, ainda mesmo o delinqente confesso, emse decidindo a ser o apoio do bem na Terra, transforma-se, poucoa pouco, em mensageiro do Cu.

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    4Memria alm-tmulo

    Reunio pblica de 16/1/59Questo n 220

    Automaticamente, por fora da lgica, elege o homem na

    contabilidade uma das foras de base ao prprio caminho.Contas maiores legalizam as relaes do comrcio e contasmenores regulamentam o equilbrio do lar.

    Dbitos pagos melhoram as credenciais de qualquer cidado,enquanto que os compromissos menosprezados desprestigiam aficha de qualquer um.

    Assim tambm, para l do sepulcro, surge o registro contbil

    da memria como elemento de aferio do nosso prprio valor.A faculdade de recordar o agente que nos premia ou nos

    pune, ante os acertos e os desacertos da rota.

    Dessa forma, se os atos louvveis so recursos de abenoadarenovao e profunda alegria nos recessos da alma, as aes infe-lizes se erguem, alm do tmulo, por fantasmas de remorso eaflio no mundo da conscincia.

    Crimes perpetrados, faltas cometidas, erros deliberados, pala-vras delituosas e omisses lamentveis esperam-nos a lembrana,impondo-nos, em reflexos dolorosos, o efeito de nossas quedas eo resultado de nossos desregramentos, quando os sentidos daesfera fsica no mais nos acalentam as iluses.

    No olvideis, assim, que, alm da morte, a vida nos aguardaem perpetuidade de grandeza e de luz, e que, nessas mesmas

    dimenses de glorificao e beleza, a memria imperecvel sempre o espelho que nos retrata o passado, a fim de que a som-

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    bra, reinante em ns, se dissolva, nas lies do presente, impelin-

    do-nos a seguir, desenleados da treva, no encalo da perfeiocom que nos acena o futuro.

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    5Beneficncia esquecida

    Reunio pblica de 19/1/59Questo n 920

    Na soluo aos problemas da caridade, no olvides a benefi-

    cncia do campo mais ntimo, que tanta vez relegamos indife-rena.

    Prega a fraternidade, aproveitando a tribuna que te componhaos gestos e discipline a voz; no entanto, recebe na propriedade ouno lar, por verdadeiros irmos, os companheiros de luta, assalari-ados a teu servio.

    Esclarece os Espritos conturbados e sofredores nos crculos

    consagrados ao socorro daqueles que caram em desajuste mental;contudo, acolhe com redobrado carinho os parentes desorientadosque a provao desequilibra ou ensandece.

    Auxilia a erguer abrigos de ternura para as crianas abando-nadas; todavia, abraa em casa os filhinhos que Deus te deu,conduzindo-lhes a mente infantil, atravs do prprio exemplo, aosanturio do dever e do trabalho, do amor e da educao.

    Espalha a doutrina de paz que te abenoa a senda, divulgan-do-a, por intermdio do conceito brilhante que te reponta da pena,mas no olvides exerc-la em ti prprio, ainda mesmo custa deaflio e de sacrifcio. para que o teu passo, entre as quatro pare-des do instituto domstico, seja um marco de luz para os que teacompanham.

    Cede aos necessitados daquilo que retns no curso das ho-ras...

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    D, porm, de ti mesmo aos semelhantes, em bondade e ser-

    vio, reconforto e perdo, cada vez que algum se revele famintode proteo e desculpa, entendimento e carinho.

    Beneficncia! Beneficncia!

    No lhe manches a taa com o veneno da exibio, nem lhetisnes a fonte com o lodo da vaidade!

    Recebe-lhe as sugestes de amor no imo do corao e, bus-cando-a primeiramente nos escaninhos da prpria alma, sentire-mos ns todos a intraduzvel felicidade que se derrama da felici-dade que venhamos a propiciar aos outros, conquistando, por fim,a alegria sublime que foge ao alarde dos homens para dilatar-seno silncio de Deus.

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    6Alienao mental

    Reunio pblica de 23/1/59Questo n 373

    Enquanto o vcio se nos reflete no corpo, os abusos da cons-

    cincia se nos estampam na alma, segundo a modalidade de nos-sos desregramentos.

    assim que atravessam as cinzas da morte, em perigoso de-sequilbrio da mente, quantos se consagraram no mundo cruel-dade e injustia, furtando a segurana e a felicidade dos outros.

    Fazedores de guerra que depravaram a confiana do povocom peonhento apetite de sangue e ouro, legisladores despticos

    que perverteram a autoridade, magnatas do comrcio que segrega-ram o po, agravando a penria do prximo, profissionais dodireito que buscaram torturar a verdade em proveito do crime,expoentes da usura que trancafiaram a riqueza coletiva necessriaao progresso, artistas que venderam a sensibilidade e a cultura,degradando os sentimentos da multido, e homens e mulheres quetrocaram o templo do lar pelas aventuras da desero, acabandono suicdio ou na delinqncia, encarceram-se nos vrtices da

    loucura, penetrando, depois, na vida espiritual como fantasmas dearrependimento e remorso, arrastando consigo as telas horripilan-tes da culpa em que se lhes agregam os pensamentos.

    E a nica teraputica de semelhantes doentes a volta aosberos de sombra em que, atravs da reencarnao redentora,ressurgem no vaso fsico cela preciosa de tratamento , na con-dio de crianas-problemas em dolorosas perturbaes.

    Todos vs, desse modo, que recebestes no lar anjos tristes, noeclipse da razo, conchegai-os com pacincia e ternura, porquanto

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    so, quase sempre, laos enfermos de nosso prprio passado,

    inteligncias que decerto auxiliamos irrefletidamente a perder eque, hoje, retornam concha de nossos braos, esmolando enten-dimento e carinho, para que se refaam, na clausura da inibio eda idiotia, para a bno da liberdade e para a glria da luz.

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    7Ao redor do dinheiro

    Reunio pblica de 26/1/59Questo n 816

    Efetivamente, perante a viso da Esfera Espiritual, o homem

    afortunado na Terra surge sempre feio de algum que enormerisco ameaa.

    Operrios da evoluo, a quem se confiou a mordomia do ou-ro, aqueles que detm a finana comum afiguram-se-nos compa-nheiros constantemente afrontados pelas perspectivas de desastreiminente, assim como os responsveis pela conduo da energiaeltrica, em contacto com agentes de alta tenso, ou, ainda, comoos especialistas de laboratrio, quando impelidos a manusear certaclasse de vrus ou de venenos, com vistas preservao e aobenefcio do povo.

    Considerando, porm, as inconvenincias e desvantagens queassinalam a luta dos que foram chamados a transportar semelhan-tes cruzes amoedadas, foroso convir que o corao voltadopara Jesus pode sustentar-se, nesse crculo de incessantes inquie-taes, na tarefa sublime da paz e da luz, da ascenso e da liber-

    dade.Isso porque, se o dinheiro nas garras da usura pode agravar os

    flagcios da orfandade e os tormentos da viuvez, nas mos justasdo bem converte o pauperismo em trabalho e o sofrimento emeducao.

    Se a riqueza entesourada sem o lucro de todos pode gerar ocolapso do progresso, o centavo movimentado ao impulso da

    caridade o avivamento do amor na Terra, por transformar-se, acada minuto, no remdio ao enfermo necessitado, no livro reno-

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    vador das vtimas do desnimo, no teto endereado aos que va-

    gueiam sem rumo e na gota de leite que tonifica o corpo subnutri-do da criancinha sem lar.

    Ningum tema, desse modo, a grave responsabilidade da pos-se efmera entre as criaturas humanas, mas que toda propriedadeseja por ns recebida como emprstimo santo, cujos benefcios preciso estender em proveito geral, atentos lei de que a felicida-de s verdadeira felicidade quando respira na construo da

    felicidade devida aos outros.Assim, pois, compreendamos, com a segurana da lgica e

    com a harmonia da sensatez, que, em verdade, no se pode servira Deus e a Mamon, mas que nossa obrigao das mais simplescolocar Mamon a servio de Deus.

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    8Cadinho

    Reunio pblica de 30/1/59Questo n 260

    Muitas vezes, na Terra, na posio de cultores da delinqn-

    cia, conseguimos escapar das sentinelas da punio.Faltas no previstas na legislao terrestre, como sejam certosatos de crueldade e muitos crimes da ingratido, muros a dentrode nossa vida particular, quase sempre acarretam a queda e aperturbao, a enfermidade e a morte de criaturas que a DivinaBondade nos pe no caminho.

    De outra feita, quando positivamente enodoados com o ferre-

    te da culpa, conseguimos aligeirar nossas penas ou delas nosexonerar, subornando conscincias dolosas, no recinto dos tribu-nais.

    Todavia, a reta justia nos espera, infalvel, e alm da morte,ainda mesmo quando tenhamos legado ao mundo vastas parcelasde cultura e benemerncia, eis que as marcas de ignomnia se nosdestacam do ser, ento expostas Grande Luz.

    Nessa crise inesperada, imploramos ns mesmos retorno e re-admisso nos cursos de trabalho em que se nos desmandaram adesero e a falncia, a fim de ressarcirmos os dbitos que oshomens no conheceram, mas que vibram, obcecantes, no imo denossas almas.

    assim que voltamos ao cadinho fervente da purgao, reto-mando nos fios da consanginidade a presena daqueles que maisferimos, para devolver-lhes em ternura e devotamento os patrim-

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    nios dilapidados, rearticulando os elos da harmonia que nos ligam

    a todos, na universalidade da vida, perante a Lei.Reverenciemos, desse modo, no lar humano, no apenas o

    templo de carinho em que se nos reabastecem as foras, no exer-ccio do bem eterno, mas igualmente a rude escola da regenera-o, em que retomamos o convvio dos velhos adversrios que nsmesmos criamos, a ressurgirem na forma de averses instintivas edesafetos ocultos, que nos constrangem cada hora lio da re-

    nncia e mensagem do sacrifcio.E por mais inquietante se nos afigure a experincia no edu-

    candrio domstico, guardemos, dentro dele, extrema devoo aodever, perdoando e ajudando, compreendendo e amparando semdescansar, pois somente aquele que se engrandeceu, entre asquatro paredes da prpria casa, que pode, em verdade, servir obra de Deus no campo vasto do mundo.

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    9Mais

    Reunio pblica de 2/2/59Questo n 716

    O mais sempre a equao nas contas da Lei Divina.

    Ao criar a criatura, determinou o Criador tudo se crie na Cri-ao.

    Por isso mesmo, a antiga legenda crescei e multiplicai-voscomparece, ativa, em todos os planos da Natureza.

    Entreguemos o fruto nutritivo aos fatores de desagregao e,em poucas horas, transmutar-se- em bolo pestfero.

    Ajudemos a semente preciosa, amparando-lhe a cultura, e, no

    curso de algum tempo, responsabilizar-se- pela fartura do celei-ro, transfigurando pntanos e charnecas em campos de flor e po.

    assim que o mesmo princpio se revela, insofismvel, emtodo o caminho humano.

    Cede a lente de teus olhos s arestas do mal e, a breve espao,no apreenders seno sombras.

    Entorpece a antena dos ouvidos no enxurro da maledicnciaconvertida em lama sonora e acordars no charco da calnia,aviltando a ti mesmo.

    Fase da lngua instrumento de crticas incessantes e acabarsguardando na boca uma placenta envenenada, servindo parturi-o da crueldade e do crime.

    Conserva os braos na estufa da preguia e terminars a exis-tncia transpirando bolor e inutilidade.

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    Entretanto, se te confias ao amor puro, buscando estender-lhe

    a claridade sublime, atravs do servio aos outros, atrairs, em teuprprio favor, a influncia benfica de quantos te observam ashoras, entre a simpatia e a cooperao, acrescentando-te possibili-dades e foras para que transformes a vida num cntico de beleza,a caminho da esfera superior.

    Do que escolhas cada dia para sentir e pensar, encontrarsauxlio para falar e fazer.

    Assim, pois, vigia o corao e fiscaliza teus atos com a lm-pada viva da lio de Jesus, porque ters sempre mais do quefaas, em colheita de treva ou luz, conforme a tua sementeira demal ou bem.

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    10Examina a prpria aflio

    Reunio pblica de 13/2/59Questo n 908

    Examina a prpria aflio para que no se converta a tua in-

    quietude em arrasadora tempestade emotiva.Todas as aflies se caracterizam por tipos e nomes especiais.

    A aflio do egosmo chama-se egolatria.

    A aflio do vcio chama-se delinqncia.

    A aflio da agressividade chama-se clera.

    A aflio do crime chama-se remorso.

    A aflio do fanatismo chama-se intolerncia.A aflio da fuga chama-se covardia.

    A aflio da inveja chama-se despeito.

    A aflio da leviandade chama-se insensatez.

    A aflio da indisciplina chama-se desordem.

    A aflio da brutalidade chama-se violncia.

    A aflio da preguia chama-se rebeldia.A aflio da vaidade chama-se loucura.

    A aflio do relaxamento chama-se evasiva.

    A aflio da indiferena chama-se desnimo.

    A aflio da inutilidade chama-se queixa.

    A aflio do cime chama-se desespero.

    A aflio da impacincia chama-se intemperana.

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    A aflio da sovinice chama-se misria.

    A aflio da injustia chama-se crueldade.Cada criatura tem a aflio que lhe prpria.

    A aflio do reino domstico e da esfera profissional, do ra-ciocnio e do sentimento...

    Os coraes unidos ao Sumo Bem, contudo, sabem que su-portar as aflies menores da estrada evitar as aflies maiores

    da vida e, por isso, apenas eles, annimos heris da luta cotidiana,conseguem receber e acumular em si mesmos os talentos de amore paz reservados por Jesus aos sofredores da Terra, quando pro-nunciou no monte a divina promessa:

    Bem-aventurados os aflitos!

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    11Pureza

    Reunio pblica de 16/2/59Questo n 632

    Bem-aventurados os puros, porque vero a Deus.

    Estudando a palavra do Mestre Divino, recordemos que nomundo, at hoje, no existiu ningum quanto Ele, com tanta pure-za na prpria alma.

    Cabe-nos, pois, lembrar como Jesus via no caminho da vida,para reconhecermos com segurana que, embora na Terra, sabiaencontrar a Presena Divina em todas as situaes e em todas ascriaturas.

    Para muita gente, a manjedoura era lugar desprezvel; entre-tanto, Ele via Deus na humildade com que a Natureza lhe ofereciamaterno colo e transformou a estrebaria num poema de excelsabeleza.

    Para muita gente, Maria de Magdala era mulher sem qualquervalor, pela condio de obsidiada em que se mostrava na vidapblica; no entanto, Ele via Deus naquele corao feminino ralado

    de sofrimento e converteu-a em mensageira da celeste ressurrei-o.

    Para muita gente, Simo Pedro era homem rude e inconstante,indigno de maior considerao; contudo, Ele via Deus no espritoatribulado do pescador semi-analfabeto que o povo menosprezavae transmutou-o em paradigma da f crist, para todos os sculos.

    Para muita gente, Judas era negociante de expresso suspeita,

    capaz de astuciosos ardis em louvor de si mesmo; no entanto, Elevia Deus na alma inquieta do companheiro que os outros menos-

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    cabavam e estendeu-lhe braos amigos at ao fim da penosa de-

    sero a que o discpulo distrado se entregou, invigilante.Para muita gente, Saulo de Tarso era guardio intransigente

    da Lei Antiga, vaidoso e perverso, na defesa dos prprios capri-chos; contudo, Ele via Deus naquele esprito atormentado, e pro-curou-o pessoalmente, para confiar-lhe embaixada importante.

    Se purificares, assim, o corao, identificars a presena deDeus em toda parte, compreendendo que a esperana do Criador

    no esmorece em criatura alguma, e percebers que a maldade e ocrime so apenas espinheiro e lama que envolvem o campo daalma o brilhante divino que vir fatalmente luz...

    E aprendendo e servindo, ajudando e amando passars, naTerra, por mensagem incessante de amor, ensinando os homensque te rodeiam a converter o charco em bero de po e a entenderque, mesmo nas profundezas do pntano, podem surgir lrios

    perfumados e puros para exaltar a glria de Deus.

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    12Sobras

    Reunio pblica de 20/2/59Questo n 715

    A sobra em todas as situaes o agente aferidor do nosso

    ajustamento Lei Eterna que estatui sejam os recursos do Criadordivididos justificadamente por todas as criaturas, a comear pelabno vivificante do Sol.

    assim que o leite a desperdiar-se, na mesa, a migalha dealimento que sonegas criancinha rf de po, tanto quanto aroupa a emalar-se, desnecessria, no recanto domstico, o agasa-lho que deves nudez que a noite fria vergasta.

    Por isso mesmo, pelo suprfluo acumulado em vo que co-meam todos os nossos desacertos perante a Bno Divina.

    Formaes miasmticas invadem-te o lar pelos frutos apodre-cidos que recusas fome dos semelhantes; prolifera a traa namoradia, pelo vesturio que segregas a distncia de quem sofre aintemprie; multiplicam-se vboras e espinheiros na gleba queguardas, intil; arma-te a inveja ciladas soezes, ao p de patrim-nios materiais que retns, sem qualquer benefcio para a necessi-dade dos outros, e, sobretudo, os expoentes da criminalidade e dovcio senhoreiam-te a vida, nas horas vagas em que te refestelasnos braos da iluso, exaltando a leviandade e a preguia.

    No olvides, assim, que toda sobra desaproveitada nos bensque desfrutas, por efeito de emprstimo da Providncia Maior, seconverte em cadeia de retaguarda, situando-te pensamentos easpiraes na cidadela da sombra. E, repartindo com o prximo as

    vantagens que te enriquecem os dias, seguirs, desde a Terra,

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    pelos investimentos do amor puro e incessante, em direitura

    Plenitude Celestial.

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    13Dizes-te

    Reunio pblica de 23/2/59Questo n 888

    Dizes-te pobre; entretanto, milionrios de todas as procedn-

    cias dar-te-iam larga fortuna por nfima parte do tesouro de tua f.Dizes-te desorientado; contudo, legies de companheiros, cu- jo passo a cegueira fsica entenebrece, comprar-te-iam por altarecompensa leve migalha da viso que te favorece, para contem-plarem pequena faixa da Natureza.

    Dizes-te impedido de praticar o bem; todavia, multides depessoas algemadas aos catres da enfermidade oferecer-te-iam

    bolsas repletas por insignificante recurso da locomoo com quete deslocas, de maneira a se exercitarem no auxilio aos outros.

    Dizes-te desanimado, sem te recordares, porm, de que vastasfileiras de mutilados estariam dispostos a adquirir, com a maiselevada quota de ouro, a riqueza de teus ps e a bno de teusbraos.

    Dizes-te em provao, mas olvidas que, na triste enxovia dos

    manicmios, inmeros sofredores cederiam quanto possuem paraque lhes desses um pouco de equilbrio e de lucidez.

    Dizes-te impossibilitado de ajudar com a luz da palavra; noentanto, mudos incontveis fariam sacrifcios ingentes para deteralgum recurso do verbo claro que te vibra na boca.

    Dizes-te desamparado; entretanto, milhes de criaturas dari-am tudo o que lhes define a posse na vida para usar um corpo

    harmnico qual o teu, a fim de socorrerem os filhos da expiao edo sofrimento.

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    Por quem s, no lavres certido de incapacidade contra ti

    mesmo.Lembra-te de que um sorriso de confiana, uma prece de ter-

    nura, uma frase de bom nimo, um gesto de solidariedade e umminuto de paz no tm preo na Terra.

    Antes de censurar o irmo que traz consigo a prova esfogue-ante das grandes propriedades, sai de ti mesmo e auxilia o prxi-mo que, muita vez, espera simplesmente uma palavra de entendi-

    mento e de reconforto, para transferir-se da treva luz.E, ento, percebers que a beneficncia o cofre que devolve

    patrimnios temporariamente guardados a distncia das necessi-dades alheias, e que a caridade, ldima e pura, amor semprevivo, a fluir, incessante, do amor de Deus.

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    14Censura

    Reunio pblica de 27/2/59Questo n 903

    Imagina-te aplicando vasta poro de borralho sobre a planta-

    o nascente da qual esperas colheita farta; servindo lquido anti-sptico na gua destinada queles cuja sede te propes extinguir;misturando certa quantidade de cal bruta refeio do compa-nheiro de quem desejas matar a fome; deitando fel na iguariaendereada ao vizinho a quem almejas agradar ou vestindo al-gum com determinada pea forrada com alfinetes espetantes, ecompreenders, certamente, o que seja a prtica da censura incor-porada ao teu propsito de servir.

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    15Renascimento

    Reunio pblica de 2/3/59Questo n 169

    No aguardes o lance da morte para atender, em ti mesmo,

    grande renovao.Se a chama de tuas esperanas mais caras surge agora reduzi-da a p e cinza, aproveita os resduos dos sonhos mortos poradubo nova sementeira de f e caminha para diante, sem descrerda felicidade.

    Muitos desertam do quadro escabroso em que o Cu lhespermite a quitao com as Leis Divinas, deitando-lhe insultos,

    como se se retirassem de provncia infernal, mas voltaro a ele,em momento oportuno, com lgrimas de tardio arrependimento,para reajustar suas disposies, quando poupariam larga quota detempo se lhe buscassem compreender as lies ocultas.

    Outros muitos fogem de entes amados, reprochando-lhes aconduta e anatematizando-lhes a existncia, qual se se ausentas-sem de desapiedados verdugos; no entanto, voltaro, igualmentemais tarde, a tributar-lhes pacincia e carinho, a fim de curar-lhesas chagas de ignorncia e ajud-los no pagamento de dbitosescabrosos, entendendo, por fim, que teriam adquirido enormetesouro de experincia se lhes houvessem doado apoio e entendi-mento, perdo e auxlio justo, no instante difcil em que se mos-travam desmemoriados e inconscientes.

    No deixes, assim, para amanh o trabalho bendito da carida-de que te pede ao ainda hoje.

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    O caminho de angstia e a mo do insensato despontam do

    pretrito, cujas dvidas precisamos solver.Desse modo, se te no lcito possuir esse ou aquele patri-

    mnio que te parece adequado realizao do mais alto ideal,faze da tela escura em que estagias a escola da prpria sublimaoe, se no podes receber, em determinada condio, a alma queamas no mundo, consagra-lhe mesmo assim o melhor de teu culto,estendendo-lhe a bondade silenciosa, na bno da simpatia.

    No encomendes, pois, embaraos e averses loja do futuro,porque, a favor de nossa prpria renovao, concede-nos o Se-nhor, cada manh, o Sol renascente de cada dia.

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    16Mediunidade e dever

    Reunio pblica de 2/3/59Questo n 799

    No campo da mediunidade, no olvides que o dever retamen-

    te cumprido a bssola que te propiciar rumo certo.Deslumbrar-te-s na contemplao de painis assombrosos naesfera extrafsica, mas se no enxergas o quadro das prpriasobrigaes a fim de atend-las honestamente, a breve espaosofrers a espionagem das inteligncias que pervagam nas trevas,a converterem-te as horas em pasto de vampirismo.

    Escutars sublimes revelaes, inacessveis ao sensrio co-

    mum; todavia, se no estiveres atento para com as ordenaes daconscincia laboriosa e tranqila, em pouco tempo sers ouvidopelos agentes da sombra a enredarem-te os passos no fojo deperturbaes aviltantes.

    Assimilars o influxo mental de Espritos nobres, domicilia-dos alm da Terra, e transmitir-lhes-s a palavra construtiva emdiscursos admirveis; contudo, se no demonstras reta conduta frente dos outros, no exemplo vivo do trabalho e do entendimento,sem demora te encontrars envolvido nas vibraes de criaturasretardadas e delinqentes, a chumbarem-te os ps na fossa daobsesso.

    Psicografars pginas brilhantes, nas quais a cincia e a f seestampam, divinas; no entanto, se teus braos desertam do serviosantificante, transformar-te-s facilmente no escriba da vaidade eda insensatez.

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    Fornecers importantes notcias do mundo espiritual, utili-

    zando recursos ainda ignorados pela percepo dos teus ouvintes;entretanto, se foges do estudo que te faculta discernimento, serspara logo detido no nevoeiro da ignorncia.

    Se a mediunidade evidente tarefa que te assinala o roteiro,no te afastes dos compromissos que a vida te impe.

    Sobretudo, lembra-te sempre de que o talento medinico, en-cerrado nas tuas mos, deve ser a tela digna em que os mensagei-

    ros da Espiritualidade Maior possam criar as obras-primas dacaridade e da educao, porquanto, de outro modo, se buscascomprazimento na indisciplina, do pano roto de tuas energiasdescontroladas surgir simplesmente a caricatura das bnos quete propunhas veicular, debuxada pelos artistas do escrnio, que sevalem da fantasia, a detrimento da luz.

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    17Jesus e humildade

    Reunio pblica de 9/3/59Questo n 937

    Estudando a humildade, vejamos como se comportava Jesus

    no exerccio da sublime virtude.Decerto, no tempo em que ao mundo deveria surgir a mensa-gem da Boa-Nova, poderia permanecer na glria celeste e fazer-serepresentar entre os homens pela pessoa de mensageiros angli-cos, mas preferiu descer, Ele mesmo, ao cho da Terra, e experi-mentar-lhe as vicissitudes.

    Indubitavelmente, contava com poder bastante para anular a

    sentena de Herodes que mandava decepar a cabea dos recm-natos de sua condio, com o fim de impedir-lhe a presena;entretanto, afastou-se prudentemente para longnquo rinco, atque a descabida exigncia fosse necessariamente proscrita.

    Dispunha de vastos recursos para se impor em Jerusalm, aop dos doutores que lhe negavam autoridade no ensino das novasrevelaes; contudo, retirou-se sem mgoa em demanda de remotaprovncia, a valer-se dos homens rudes que lhe acolhiam a palavraconsoladora.

    Possua suficiente virtude para humilhar a filha de Magdala,dominada pela fora das sombras; no entanto, silenciou a prpriagrandeza moral para cham-la docemente ao reajuste da vida.

    Atento prpria dignidade, era justo mandasse os discpulosao encontro dos sofredores para consol-los na angstia e sarar-lhes a ulcerao; todavia, no renunciou ao privilgio de seguir,

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    Ele mesmo, em cada canto de estrada, a fim de ofertar-lhes alvio

    e esperana, fortaleza e renovao.Certo, detinha elementos para desfazer-se de Judas, o apren-

    diz insensato; porm, apesar de tudo, conservou-o at o ltimo diada luta, entre aqueles que mais amava.

    Com uma simples palavra, poderia confundir os juizes que orebaixavam perante Barrabs, autor de crimes confessos; contudo,abraou a cruz da morte, rogando perdo para os prprios carras-

    cos.Por fim, poderia condenar Saulo de Tarso, o implacvel per-

    seguidor, a penas soezes, pela intransigncia perversa com queaniquilava a plantao do Evangelho nascente; mas buscou-o, empessoa, s portas de Damasco, visitando-lhe o corao, por sab-lo enganado na direo em que se movia.

    Com Jesus, percebemos que a humildade nem sempre surge

    da pobreza ou da enfermidade que tanta vez somente significamlies regeneradoras, e sim que o talento celeste atitude da almaque olvida a prpria luz para levantar os que se arrastam nastrevas e que procura sacrificar a si prpria, nos carreiros empe-drados do Mundo, para que os outros aprendam, sem constrangi-mento ou barulho, a encontrar o caminho para as bnos do Cu.

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    18Herana

    Reunio pblica de 13/3/59Questo n 264

    O exemplo de ontem a raiz oculta que deita as vergnteas

    floridas ou espinhosas na rvore da tua experincia de hoje.Tens do que deste, tanto quanto recolhes compulsoriamentedo que semeaste.

    Nos pais irascveis e intolerantes, recebes os parceiros de ou-tras eras, com os quais te acumpliciaste na delinqncia, a fim deque lhes reconduzas o passo quitao perante a Lei.

    Na esposa impertinente e enferma, surpreendes a mulher que

    viciaste a distncia de obrigaes venerveis, para que, custa deabnegao e carinho, lhe restaures no esprito a dignidade doprprio ser.

    No companheiro insensato e infiel, tens o nimo defrontadopelo homem que desviaste de deveres santificantes, de modo a lhedespertares na conscincia, a preo de sofrimento e renncia, asverdadeiras noes da honra e da lealdade.

    Nos filhos ingratos, encontras, de novo, aquelas mesmas cria-turas que atiraste ao precipcio da irreflexo e da violncia, aexigirem-te, em sacrifcio incessante, a escada do reajuste.

    Nos empeos da vida social dolorosa e difcil, recuperas exa-tamente os estorvos que armaste ao caminho alheio, para quevenhas a esculpir, no santurio das prprias foras, o respeitopreciso para com a tarefa dos outros.

    No corpo mutilado ou desfalecente, impes a ti mesmo a re-sultante dos abusos a que te dedicaste, esquecido de que todos os

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    patrimnios da marcha so emprstimos da Providncia Maior e

    que sempre devolveremos em poca prevista.Herdamos, assim, de ns mesmos tudo aquilo que se nos afi-

    gura embarao e misria no clice do destino.

    Se desejas, portanto, conquistar em ti mesmo a vitria da luz,lembra-te, cada dia, de que o meirinho da morte chegar de im-proviso, reclamando-te em conta tudo aquilo que o mundo teconfia existncia, sejam ttulos nobres e afeies respeitveis,

    sejam posses e privilgios que perduram apenas no escoar dealguns dias, para que, enfim, recebas, por vera propriedade, osfrutos bons ou maus de teus prprios exemplos, que impeliro tuaalma descida na treva ou glria imortal da divina ascenso.

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    19Corrigir

    Reunio pblica de 16/3/59Questo n 822

    Toda corrigenda, antes que se exprima em palavras, h de va-

    zar-se em amor para que a vida se eleve.Seno vejamos, em comezinhos incidentes da Natureza.

    No amaldioars a gleba que o deserto alcanou, mas ofere-cer-lhe-s a graa da fonte para que retorne aos talentos da produ-o.

    No condenars o pntano em que a lama se acumulou, pro-vocando a inutilidade, mas drenar-lhe-s o leito de lodo, a fim de

    que se restaure em leira fecunda.No reprovars simplesmente a veste que os detritos desfigu-

    raram, mas mergulh-la-s na gua pura, recompondo-lhe a formapara a bno da serventia.

    No martelars indiscriminadamente a mquina, cuja engre-nagem se nega funo devida, e sim lhe examinars, com aten-o, os implementos defeituosos, de modo a recuper-la para o

    justo exerccio.No derrubars a plantao nascente que a praga invadiu, mas

    mobilizars carinho e cuidado para libert-la do elemento destrui-dor, propiciando-lhe recurso preciso ao refazimento.

    No aniquilars certa provncia corprea, porque se mostreenfermia, mas fornecer-lhe-s adequado remdio, normalizando-lhe os movimentos.

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    Repreenso sem pacincia e esperana, ainda mesmo quando

    se fundamente em razes respeitveis, semelhante ao punhal deouro fulgurando rara beleza, mas carreando consigo a visitao damorte.

    Corrigir ensinar e ensinar ser repetir a lio, com bondadee entendimento, tantas vezes quantas se fizerem necessrias.

    Unge-te, pois, de compaixo, se desejas retificar e servir.

    Lembra-te de que o prprio Cristo, embora portador de su-blimes revelaes no tope do monte, antes de ministrar a Verdade mente dos ouvintes sequiosos de luz, ao reparar-lhes a fome docorpo, deu-lhes, compassivo, um pedao de po.

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    20Carrasco

    Reunio pblica de 20/3/59Questo n 913

    Verdugo invisvel, onde se lhe evidencie a influncia, apare-

    cem a rebeldia e o azedume, preparando a perturbao e a discr-dia.

    Mostra-se na alma que lhe ouve as prfidas sugestes, ma-neira de fera oculta a atirar-se sobre a presa.

    Assimilando-lhe a faixa de treva, cai a mente em aflitiva ce-gueira, dentro da qual no mais enxerga seno a si mesma.

    E assim dominada, a criatura, ao p dos outros, a personifi-

    cao da exigncia, desmandando-se, a cada instante, em recla-maes descabidas, incapaz de anotar os sofrimentos alheios. Pisanas dores do prximo com a dureza do bronze e recebe-lhe aspeties com a agressividade do espinheiro, expelindo pragas emaldies. Onde surge, pede os primeiros lugares e, se lhos ne-gam, face das tarefas que a previdncia organiza, no se peja deevocar direitos imaginrios, condenando, sem anlise, tudo quantose lhe expe ao discernimento. Desatendida nos caprichos particu-lares com que se aproxima dos setores de luta que desconhece,mastiga a maledicncia ou gargalha o sarcasmo, lanando lodo eveneno sobre nomes e circunstncias que demandam respeito. Sealgum formula ponderaes, buscando-lhe o nimo sensatez,grita, desesperada, contra tudo o que no seja adorao a si mes-ma, na falsa estimativa dos minguados valores que carrega nofardo de ignorncia e bazfia.

    E, ento, a pessoa, invigilante e infeliz, assim transformadaem temvel fantasma de incompreenso e de intransigncia, enro-

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    dilha-se na prpria sombra, como a tartaruga na carapaa, e, em

    lastimvel isolamento de esprito, no sabe entender ou perdoarpara ser tambm perdoada e entendida, enquistando-se na incon-formao, que se lhe amplia no pensamento e na atitude, na pala-vra e nos atos, tiranizando-lhe a vida, como a enfermidade letalque se agiganta no corpo pela multiplicao indiscriminada deperigosos bacilos.

    Atingido esse estado dalma, no adota outro rumo que no

    seja o da crueldade com que, muitas vezes, se arroja ao despenha-deiro da delinqncia, associando-se a todos aqueles que se lheafinam com as vibraes deprimentes, em largas simbioses dedesumanidade e loucura, formando o pavoroso inferno do crime.

    Irmos, precatai-vos contra semelhante perseguidor, vestindoo corao na tnica da humildade que tudo compreende e a todosserve, sem cogitar de si mesma, porque esse estranho carrasco,que nos alenta o egosmo, em toda parte chama-se orgulho.

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    21Obters

    Reunio publica de 23/3/59Questo n 660

    Obters o que pedes.

    No olvides, contudo, que a vida nos responde aos requeri-mentos, conforme a nossa conduta na petio.

    Sedento, se buscas a gua do poo, vasculhando-lhe o fundo,recolhers to-somente nauseante caldo do lodo.

    Faminto, se atiras lama ao vaso que te alimenta, engolirssubstncia corrupta.

    Cansado, se procuras o leito, comunicando-lhe fogo estrutu-

    ra, deitar-te-s numa enxerga de cinzas.Doente, se injurias a medicao que se te aconselha, alteran-

    do-lhe as doses, prejudicars o prprio organismo.

    Isso acontece porque a fonte, encravada no solo, constran-gida a guardar os detritos com que lhe poluem o seio; o prato forado a reter os resduos que se lhe imponham face; o colcho impelido a desintegrar-se ao calor do incndio, e o remdio,

    aplicado com desrespeito, pode exercer ao contrria a seus fins.Ocorre o mesmo, em plena analogia de circunstncias, na es-

    fera ilimitada do esprito.

    Desesperado ou infeliz, desanimado ou descrente, no te va-lhas do irmo de que te socorres, tentando convert-lo em cobaiapara teus caprichos, porque toda alma um espelho para outraalma e teremos nos outros o reflexo de ns mesmos.

    Sombra projetada significa sombra de volta.

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    Negao cultivada pressagia a colheita de negao.

    Se aspiras a desembaraar-te das trevas, no desajustes a to-mada humilde, capaz de trazer-te a fora da usina.

    Oferece-lhe meios simples para o trabalho certo e a luz se fa-r correta na lmpada.

    Clareia para que te clareiem.

    Auxilia para que te auxiliem.

    Estuda, servindo, para que o crebro hipertrofiado no te res-seque o corao distrado.

    Indaga, edificando, para que a inrcia te no confunda.

    Fortaleamos o bem para que o bem nos encoraje.

    Compreendamos a luta do prximo, a fim de que o prximonos entenda igualmente a luta.

    Lembra-te, pois, da eficcia da prece e ora, fazendo o melhor,para que o melhor se te faa, sem te esqueceres jamais de que todarogativa alcana resposta segundo o nosso justo merecimento.

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    22Ante falsos profetas

    Reunio pblica de 30/3/59Questo n 624

    Acautela-te em atribuir aos falsos profetas o fracasso de teus

    empreendimentos morais.Recorda que todos somos tentados, segundo a espcie de nos-sas imperfeies.

    No despertars a fome do peixe com uma isca de ouro, nematrairs a ateno do cavalo com um prato de prolas, mas, sim,ofertando-lhes percepo leve bocado sangrento ou algumaconcha de milho.

    Desse modo, igualmente, todos somos induzidos ao erro, napauta de nossa prpria estultcia.

    Dominados de orgulho, cremos naqueles que nos incitam vaidade e, sedentos de posse, assimilamos as sugestes infelizesde quantos se proponham explorar-nos a insensatez e a cobia.

    preciso lembrar que todos somos, no traje fsico ou dele de-senfaixados, espritos a caminho, buscando na luta e na experin-

    cia os fatores da evoluo que nos necessria, e que, por issomesmo, se j somos aprendizes do Cristo, temos a obrigao debuscar-lhe o exemplo para metro ideal de nossa conduta.

    No vale, assim, alegar confiana na palavra de quantos nossustentem a fantasia, com respeito a fictcios valores de que seja-mos depositrios, no pressuposto de que venham at ns, na con-dio de desencarnados; pois que a morte do corpo , no fundo,

    simples mudana de vestimenta, sem afetar, na maioria das cir-cunstncias, a nossa formao espiritual.

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    No creias, desse modo, em todo Esprito diz-nos o Aps-

    tolo , porquanto semelhante atitude envolveria a crena cega emnossos prprios enganos, com a exaltao de reiterados caprichos.

    O ouvido que escuta irmo da boca que fala.

    Iluso admitida nossa prpria iluso.

    Apetite insuflado apetite que acalentamos.

    Mentira acreditada a prpria mentira em ns.

    Crueldade aceita crueldade que nos pertence.De alguma sorte, somos tambm a fora com a qual entramos

    em sintonia.

    Procuremos, pois, o Mestre dos mestres como sendo a luz denosso caminho. E cotejando, com as lies dEle, avisos e infor-mes, mensagens e advertncias que nos sejam endereados, desseou daquele setor de esclarecimento, aprenderemos, sem sombra,

    que a humildade e o servio so nossos deveres de cada hora, paraque a verdade nos ilumine e para que o amor puro nos regenere,preservando-nos, por fim, contra o assdio de todo mal.

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    23Sofrimento e eutansia

    Reunio pblica de 3/4/59Questo n 944

    Quando te encontres diante de algum que a morte parece

    nimbar de sombra, recorda que a vida prossegue, alm da granderenovao...

    No te creias autorizado a desferir o golpe supremo naquelesque a agonia emudece, a pretexto de consolao e de amor, por-que, muita vez, por trs dos olhos baos e das mos desfalecentesque parecem deitar o ltimo adeus, apenas repontam avisos eadvertncias para que o erro seja sustado ou para que a senda sereajuste amanh.

    Ante o catre da enfermidade mais insidiosa e mais dura, bri-lha o socorro da Infinita Bondade facilitando, a quem deve, aconquista da quitao. Por isso mesmo, nas prprias molstiasreconhecidamente obscuras para a diagnose terrestre, fulgemlies cujo termo preciso esperar, a fim de que o homem lhesno perca a essncia divina.

    E tal acontece, porque o corpo carnal, ainda mesmo o maismutilado e disforme, em todas as circunstncias, o sublimeinstrumento em que a alma chamada a acender a flama de evo-luo.

    por esse motivo que no mundo encontramos, a cada passo,trajes fsicos em figurino moral diverso.

    Corpos santurios...

    Corpos oficinas...Corpos bnos...

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    Corpos esconderijos...

    Corpos flagelos...Corpos ambulncias...

    Corpos crceres...

    Corpos expiaes...

    Em todos eles, contudo, palpita a concesso do Senhor, indu-zindo-nos ao pagamento de velhas dvidas que a Eterna Justia

    ainda no apagou.No desrespeites, assim, quem se imobiliza na cruz horizontal

    da doena prolongada e difcil, administrando-lhe o veneno damorte suave, porquanto, provavelmente, conhecers tambm maistarde o proveitoso decbito indispensvel grande meditao.

    E usando bondade para os que atravessam semelhantes expe-rincias, para que te no falte a bondade alheia no dia de tua

    experincia maior, lembra-te de que, valorizando a existncia naTerra, o prprio Cristo arrancou Lzaro s trevas do sepulcro,para que o amigo dileto conseguisse dispor de mais tempo paracompletar o tempo necessrio prpria sublimao.

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    24Reencarnao

    Reunio pblica de 6/4/59Questo n 617

    Reencarnao nem sempre sucesso expiatrio, como nem

    toda luta no campo fsico expressa punio.Suor na oficina acesso competncia.

    Esforo na escola aquisio de cultura.

    Porque algum se consagre hoje Medicina, no quer isso di-zer que haja ontem semeado molstias e sofrimentos.

    Muitas vezes, o Esprito, para senhorear o domnio das cin-cias que tratam do corpo, voluntariamente lhes busca o trato

    difcil, no rumo de mais elevada ascenso.Porque um homem se dedique presentemente s atividades da

    engenharia, no exprime semelhante escolha essa ou aquela dvidado passado na destruio dos recursos da Terra.

    Em muitas ocasies, o Esprito elege esse gnero de trabalho,tentando crescer no conhecimento das leis que regem o planomaterial, em marcha para mais altos postos na Vida Superior.

    Entretanto, se o mdico ou o engenheiro sofrem golpes mor-tais no exerccio da profisso a que se devotam, decerto nelapossuem servio reparador que preciso atender na pauta dascorrigendas necessrias e justas.

    Toda restaurao exige dificuldades equivalentes. Todo valorevolutivo reclama servio prprio.

    Nada existe sem preo.

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    Por esse motivo, se as paixes gritam jungidas aos flagelos

    que lhes extinguem a sombra, as tarefas sublimes fulgem ligadass renunciaes que lhes acendem a luz.

    vista disso, no te habitues a medir as dores alheias pelocritrio de expiao, porque, quase sempre, almas hericas quesuportam o fogo constante das grandes dores morais, no sacrifciodo lar ou nas lutas do povo, apenas obedecem aos impulsos dobem excelso, a fim de que a negao do homem seja bafejada pela

    esperana de Deus.Recorda que, se fosses arrebatado ao Cu, no tolerarias o

    gozo estanque, sabendo que os teus filhos se agitam no torvelinhoinfernal. De imediato, solicitarias a descida aos tormentos da trevapara ajud-los na travessia da angstia...

    Lembra-te disso e compreenders, por fim, a grandeza doCristo que, sem dbito algum, condicionou-se s nossas deficin-

    cias, aceitando, para ajudar-nos, a cruz dos ladres, para quetodos consigamos, na glria de seu amor, soerguer-nos da morteno erro bno da Vida Eterna.

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    25Muito e pouco

    Reunio pblica de 10/4/59Questo n 716

    na bno do pouco que rasgas, de imediato, a senda ide-

    al para o sol da alegria.Enquanto o muito constrangido a sopesar responsabilida-des maiores, no campo dos compromissos que envolvem o bemgeral, podes, com o fruto do teu trabalho, semear a divina felici-dade que nasce do corao.

    Dentro do pouco que te limita a existncia, atenders, dessemodo, s necessidades que, hoje, aparentemente sem expresso,

    quais sementes desvaliosas, sero, de futuro, verdadeiras messesde talentos celestiais.

    assim que solucionars modestas despesas de contedo su-blime, quais sejam:

    O copo de leite para a criana necessitada... A sopa eventual para os que passam sem rumo... O remdio para o doente esquecido...

    O socorro fraterno s mes cadas em abandono... O agasalho singelo aos hspedes da calada... O prato adequado ao enfermo difcil... O colcho que alivie o paraltico em sombra... A lembrana espontnea que ampara o menino triste... O concurso silencioso, conquanto humilde, em favor do ami-

    go hospitalizado...

    O servio discreto s casas beneficentes...

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    O livro renovador ao companheiro em desnimo... A gentileza para com o vizinho enjaulado na provao... A cooperao indiscriminada a esse ou quele setor de luta...

    No esperes, portanto, que a vida te imponha uma cruz de ou-ro para ajudar e servir.

    Lembra-te de que os chamados ricos, por se encarcerarem nasalgemas do muito, nem sempre podem auxiliar, sem delongas,presas que so de suspeitas atrozes, na defensiva dos patrimniosque foram chamados a manobrar, na extenso do progresso...

    Ora por eles, ao invs de reprochar-lhes a hesitao e a con-duta, porquanto, se tens amor, sairs de ti mesmo com o poucoabenoado que o Senhor te confia e, de pronto, obedecers aoprprio Senhor, espalhando, em Seu nome, a fora da paz e obenefcio da luz.

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    26Na Terra e no Alm

    Reunio pblica de 13/4/59Questo n 807

    Interessado em desfrutar vantagens transitrias no imediatis-

    mo da existncia terrestre, quase sempre o homem aspira ga-lhardia de apresentao e a porte distinto, elegncia e domnio, noquadro social em que se expressa; entretanto, conduzido EsferaSuperior, pela influncia renovadora da morte, identifica as pr-prias deficincias, na tela dos compromissos inconfessveis a quese junge, e implora da Providncia Divina determinados favoresna reencarnao, que envolvem, de perto, o suspirado aprimora-mento para a Vida Maior.

    assim que cientistas famosos, a emergirem da crueldade,rogam encarceramento na idiotia; polticos hbeis, que abusaramdas coletividades a que deviam proteo e defesa, suplicam inibi-es cerebrais que os recolham a precioso ostracismo; administra-dores dos bens pblicos que no hesitaram em esvaziar os cofresdo povo, a favor da economia particular, solicitam raciocnioobtuso que lhes entrave a sagacidade para o furto aparentemente

    legal; criminosos que brandiram armas contra os semelhantesrequisitam braos mutilados, assinando aflitivas sentenas contrasi mesmos; suicidas que menosprezaram as concesses do Senhor,atendendo a deplorveis caprichos, recorrem a organismos que-brados ou violentados no bero, para repararem as faltas cometi-das contra si mesmos; tribunos da desordem pedem os embaraosda gaguez; artistas que se aviltaram, arrastando emoes alheiass monstruosidades da sombra, invocam a internao na cegueira

    fsica; caluniadores eminentes, que no vacilaram no insulto aoprximo, requerem o martrio silencioso dos surdos-mudos; des-

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    portistas emritos e bailarinos de prol, que envileceram os dons

    recebidos da Natureza, exoram nervos doentes e glndulas defici-trias que os segreguem a distncia de novas quedas morais;traidores que expuseram coraes respeitveis, no pelourinho dainjria, demandam a prpria deteno no catre dos paralticos;mulheres que desertaram da excelsa misso feminina, a se prosti-turem na preguia e na delinqncia, solicitam molstias ocultasque lhes impeam a expanso do sentimento enfermio, e expoen-tes da beleza e da graa que corromperam a perfeio corprea,convertendo-a em motivo para transgresses lamentveis, reques-tam longos estgios em quadros penfigosos que lhes desfigurem aforma, de modo a expiarem nas chagas da presena inquietante asculpas ominosas que lhes agoniam os pensamentos...

    Ajudai-vos, assim, buscando no auxlio constante aos outros opagamento facilitado das dvidas do pretrito, porquanto, amanh,sereis na Espiritualidade as conscincias que hoje somos, abertas

    fiscalizao da Verdade, com a obrigao de conhecer em nsmesmos a ulcerao da treva e a carncia da luz.

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    27Palavra aos espritas

    Reunio pblica de 17/4/59Questo n 798

    Espiritismo revivendo o Cristianismo eis a nossa responsa-

    bilidade.Como outrora Jesus revelou a Verdade em amor, no seio dasreligies brbaras de h dois mil anos, usando a prpria vidacomo espelho do ensinamento de que se fizera veculo, cabe agoraao Espiritismo confirmar-lhe o ministrio divino, transfigurando-lhe as lies em servio de aprimoramento da Humanidade.

    Espritas!

    Lembremo-nos de que templos numerosos, h muitos sculos,falam dEle, efetuando porfiosa corrida ao poder humano, olvidan-do-lhe a abnegao e a humildade.

    E porque no puderam acomodar-se aos imperativos do E-vangelho, fascinados que se achavam pela posse da autoridade edo ouro, erigiram pedestais de intolerncia para si mesmos.

    Todavia, a intolerncia a matriz do fratricdio, e o fratricdio

    a guerra de conquista em ao. E a lei da guerra de conquista oimprio da rapina e do assalto, da insolncia e do dio, da violn-cia e da crueldade, proscrevendo a honra e aniquilando a cultura,remunerando a astcia e laureando o crime, acendendo fogueiras esemeando runas em rajadas de sangue e destruio.

    Somos, assim, chamados tarefa da restaurao e da paz, semque essa restaurao signifique retorno aos mesmos erros e sem

    que essa paz traduza a inrcia dos pntanos. imprescindvel estudar educando e trabalhar construindo.

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    No vos afasteis do Cristo de Deus, sob pena de converterdes

    o fenmeno em fator de vossa prpria servido s cidadelas dasombra, nem algemeis os punhos mentais ao cientificismo preten-sioso.

    Mantende o crebro e o corao em sincronia de movimentos,mas no vos esqueais de que o Divino Mestre superou a aridezdo raciocnio com a gua viva do sentimento, a fim de que omundo moral do homem no se transforme em pavoroso deserto.

    Aprendamos do Cristo a mansido vigilante.Herdemos do Cristo a esperana operosa.

    Imitemos do Cristo a caridade intemerata.

    Tenhamos do Cristo o exemplo resoluto.

    Saibamos preservar e defender a pureza e a simplicidade denossos princpios.

    No basta a f para vencer. preciso que a fidelidade aoscompromissos assumidos se nos instale por chama inextinguvelna prpria alma.

    Nem conflitos estreis.

    Nem fanatismo dogmtico.

    Nem tronos de ouro.

    Nem exotismos.

    Nem perturbao fantasiada de grandeza intelectual.

    Nem bajulao s convenincias do mundo.

    Nem mensagens de terror.

    Nem vaticnios mirabolantes.

    Acima de tudo, cultuemos as bases codificadas por AllanKardec, sob a chancela do Senhor, assinalando-nos as vidas reno-vadas, no rumo do Bem Eterno.

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    O Espiritismo, desdobrando o Cristianismo, claro como o

    Sol.No nos percamos em labirintos desnecessrios, porquanto ao

    esprita no se permite a expectao da miopia mental.

    Sigamos, pois, frente, destemerosos e otimistas, seguros nodever e leais prpria conscincia, na certeza de que o nome deNosso Senhor Jesus-Cristo est empenhado em nossas mos.

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    28Desce elevando

    Reunio pblica de 20/4/59Questo n 1.018

    Desce, elevando aqueles que te comungam a convivncia, pa-

    ra que a vida em torno suba igualmente de nvel.Se sabes, no firas o ignorante. Oferece-lhe apoio para que seliberte da sombra.

    Se podes, no oprimas o fraco. Ajuda-o, de alguma sorte, afortalecer-se, para que se faa mais til.

    Se entesouraste a virtude, no humilhes o companheiro que ovicio ensandece. Estende-lhe a bno do amor como adequada

    medicao.Se te sentes correto, no censures o irmo transviado em de-

    sajustes do esprito. D-lhe o brao fraterno para que se renove.

    Se ajudas, no recrimines quem te recebe o socorro. Po a-maldioado veneno na boca.

    Se ensinas, no flageles quem te recebe a lio. Benefciocom aoite mel em taa candente.

    Auxilia em silncio para que o teu amparo no se convertaem tributo espinhoso na sensibilidade daqueles que te recolhem addiva, porque toda caridade a exibir-se no palanque das conveni-ncias do mundo sempre vaidade, em forma de serpe no cora-o, e toda modstia que pede o apreo dos outros, para exprimir-se, sempre orgulho em forma de lodo nos escaninhos da alma.

    Nesse sentido, no te esqueas do Mestre que desceu at ns,

    revelando-nos como sublimar a existncia.

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    Anjo entre os anjos, faz-se pobre criana necessitada do arri-

    mo de singelos pastores; sbio entre os sbios, transforma-se emamigo annimo de pescadores humildes, comungando-lhes alinguagem; instrutor entre os instrutores, detm-se, bondoso, entreenfermos e aflitos, crianas e mendigos abandonados, para abra-ar-lhes a luta e, juiz dos juzes, no se revolta por sofrer no tu-multo da praa o inquo julgamento do povo que o prefere a Bar-rabs, para os tormentos imerecidos.

    Todavia, por descer, elevando quantos lhe no podiam com-preender a refulgncia da altura, que se fez o caminho de nossaascenso espiritual, a verdade de nosso gradativo aprimoramentoe a vida de nossas vidas, a erguer-nos a alma entenebrecida noerro, para a vitria da luz.

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    29Verso prtica

    Reunio pblica de 24/4/59Questo n 627

    Reconhecendo, embora, a aluso de Jesus aos povos de seu

    tempo, quando traou a parbola do festim das bodas, recordemoso carter funcional do Evangelho e busquemos a verso prtica dalio para os nossos dias.

    Compreendendo-se que todos os recursos da vida so perten-ces de Deus, anotaremos o divino convite lavoura do bem, emcada lance de nossa marcha.

    Os apelos do Cu, em forma de concesses, para que os ho-

    mens se ergam Lei do Amor, voam na Terra em todas as latitu-des. Todavia, raros registram-lhes a presena.

    H quem recebe o dote da cultura, bandeando-se para as filei-ras da vaidade; quem recolhe a mordomia do ouro, descendo paraos antros da usura; quem senhoreia o tesouro da f, preferindoajustar-se ao comodismo da dvida malfazeja; quem exibe otalento da autoridade, isolando-se na fortificao da injustia;quem dispe da riqueza das horas, mantendo-se no desvo daociosidade, e quem frui o dom de ajudar, imobilizando-se nopalanque da crtica.

    Quase todos os detentores dos privilgios sublimes lhes cons-purcam a pureza.

    Contudo, quando mais se acreditam indenes de responsabili-dade e trabalho, eis que surge o sofrimento por mensageiro maisjusto, convocando bons e menos bons, felizes e infelizes, credorese devedores, vtimas e verdugos ao servio da perfeio, e, sacu-

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    didos nos refolhos do prprio ser, os pobres retardatrios anseiam

    libertar-se do egosmo e da sombra, consagrando-se, enfim, obrado bem de todos, em cuja exaltao possvel reter a celestealegria.

    Entretanto, ainda a, repontam, desditosos, espritos rebeldes,agressivos e ingratos.

    Para eles, porm, a vida, nessa fase, reserva to-somente acessao do ensejo de avano e reajuste, porquanto, jugulados

    pela prpria loucura, so forados na treva a esperar que o futurolhes oferte ao caminho o tempo expiatrio em crceres de dor.

    Desse modo, se a luta vos concita a servir para o Reino deDeus, com a aflio presidindo os vossos novos passos, tende napacincia a companheira firme, a fim de que a humildade, porexcelsa coroa, vos guarde o corao na beleza e na alvura dacaridade em Cristo, que vos far vestir a tnica da paz no banque-

    te da luz.

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    30Orientao esprita

    Reunio pblica de 27/4/59Questo n 802

    Declaras-te necessitado de orientao para que te faas me-

    lhor ante o Cristo de Deus; todavia, o Espiritismo, em nos reve-lando a Vida Maior, expe claramente a essncia e o plano denossas obrigaes.

    Todos somos frteis em peties ao Senhor, invocando-lheauxlio, esquecendo-nos, contudo, de que no campo das necessi-dades humanas clama o Senhor igualmente por nossos braos.

    No peas, assim, a outrem para que te empreste os ouvidos.

    Ouamos o apelo da Esfera Superior que nos pede melhoriapara que o mundo melhore.

    Do degrau de conhecimento a que te elevas, descortinars ovale imenso em que se movem nossos irmos nos labirintos daexperincia.

    Muitos enlouqueceram de dor sobre o atade de um corao,em troca do qual dariam a prpria vida, outros jazem parafusados

    em catres de sofrimento. Multides deles mascaram-se de alegria,despedaados intimamente por lminas de aflio e remorso, eoutros muitos se alistam, a servio das trevas, arrastando-se,espantados, na lama taciturna do crime...

    Contempla as estradas que se entrecruzam na sombra. Hquem agoniza no desespero, quem se afoga no vcio, quem cam-baleia de angstia, quem se requeima, sem perceber, no fogo da

    ambio desmedida, quem transfigura a orao em blasfmia equem mitiga a sede nas prprias lgrimas.

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    Desce do pedestal em que te levantas e estende-lhes mos a-

    migas.Quem sabe?

    possvel que semelhantes companheiros de luta estejamcontigo, entre as paredes da prpria casa.

    Envolvidos no nevoeiro da iluso e da ignorncia, rogam-tesocorro na cartilha do exemplo, para que se libertem do desajustea que se escravizam.

    No te queixes, nem te revoltes.

    No censures, nem firas.

    Ampara-os a todos, como e quanto puderes.

    No importa pertenam a outros lares, outros credos, outrasraas, outras bandeiras...

    A caridade, filha de Deus, no tem ponto de vista. Recorda

    que o Senhor, cada dia, te situa a presena no lugar certo, ondepossas servir mais e melhor, no momento justo.

    Desse modo, no solicites ao irmo do caminho te trace rotei-ro s atividades, porque o prximo est vinculado a problemasque desconheces.

    Lembra-te de que somos chamados a ajudar e sublimar hoje esempre, e de que, se ests anotado entre os homens pela feio

    que aparentas, perante a Verdade sers conhecido pelo que s.Empenha-te, pois, em merecer a aprovao da tua conscincia

    pelo bem que pratiques e pela justia que faas, pela paz queentesoures e pela tarefa que realizes, porquanto, se te devotas aoservio da perfeio em ti mesmo, percebers, no que tange aoaprimoramento dos outros, que, seja onde for e com quem for, aBondade de Deus far sempre o resto.

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    31Veneno

    Reunio pblica de 4/5/59Questo n 938

    Corrosivo no corao, a surgir do conbio entre a revolta e o

    desnimo, tisna o manancial da emotividade e sobe cabea emforma de nuvem. E, chegado ao crebro, transfigura o pensamentoem plasma sutil de lodo, conturbando a viso que se envolve emclamoroso desequilbrio.

    A vitima, desse modo, no mais enxerga o bem que o Cu es-palha em tudo, para ver simplesmente o mal que traz consigo, eimagina, apressada, espinheiros e pntanos onde h flores e bn-os, mentalizando o crime onde brilha a virtude. Em funestodelrio, chega a lanar de si escrnio e vilipndio prpria Natu-reza que revela a Bondade Infinita de Deus.

    Mas o agente sombrio no descansa nos olhos, porque invadeos ouvidos, procurando a maldade nas palavras do amor, e des-cendo, letal, para a zona da lngua, converte a boca em fossa deazedia e amargura, concitando os ouvintes ao imprio da sombra,como se pretendesse escurecer o Sol e enlutar as estrelas.

    Desde ento, julga achar em toda criatura expoente do vcio,aceitando a suspeita em lugar da esperana e exaltando a mentira,com que faz de si mesma um campo deplorvel de aspereza eloucura.

    Paralisando as mos na preguia insensata, acusa o mundo e avida, sem doar-lhes a menor expresso de auxlio e entendimento.

    E atingindo o apogeu da demncia cruel, acalenta, infeliz, odesejo da morte, com a qual se precipita cova do suicdio, para

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    Francisco Cndido Xavier - Religio dos Espritos - Pelo Esprito Emmanuel 68

    sofrer, depois, a expiao tremenda do insulto Lei Divina e da

    injria a si mesma.Guardai-vos, pois, assim, no clima luminoso do servio cons-

    tante, amando e perdoando, ajudando e aprendendo, porquantoesse veneno que corri a alma humana, dela fazendo, enfim, tristecharco de trevas, chama-se pessimismo.

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    32O obreiro do Senhor

    Reunio pblica de 8/5/59Questo n 897

    Cada criatura mora espiritualmente na seara a que se afeioa.

    assim que, se o justo arrecada prmios da retido, o delin-qente, em qualquer parte, recolhe os frutos do crime.

    O obreiro do Senhor, por isso mesmo, onde surja, conheci-do por traos essenciais.

    No cogita do prprio interesse.

    No exige cooperao para fazer o bem.

    No cria problemas.

    No suspeita mal.

    No cobra tributos de gratido.

    No arma ciladas.

    No converte o servio em fardo insuportvel nos ombros docompanheiro.

    No transforma a verdade em lmina de fogo no peito dossemelhantes.

    No reclama santidade nos outros, para ser til.

    No fiscaliza o vintm que d.

    No espia os erros do prximo.

    No promove o exame das conscincias alheias.

    No se cansa de auxiliar.

    No faz greve por notar-se desatendido.

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    No desconhece as suas fraquezas.

    No cultiva espinheiros de intolerncia.No faz coleo de queixas.

    No perde tempo em lutas desnecessrias.

    No tem a boca untada com veneno.

    No sente cleras sagradas.

    No ergue monumentos ao derrotismo.

    No se impacienta.

    No se exibe.

    No acusa.

    No critica.

    No se ensoberbece.

    Entretanto, freqentemente aparece na Seara Divina quemcondene os outros e iluda a si mesmo, supondo-se na posse deimaginria dominao.

    O obreiro do Senhor, todavia, encarnado ou desencarnado,em qualquer senda de educao e em qualquer campo religioso,segue frente, ajudando e compreendendo, perdoando e servindo,para cumprir-lhe, em tudo, a sacrossanta Vontade.

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    33Orao e provao

    Reunio pblica de 11/5/59Questo n 663

    A orao no suprime, de imediato, os quadros da provao,

    mas renova-nos o esprito, a fim de que venhamos a sublim-losou remov-los.

    Repara o caminho que a nvoa amortalha, quando a noite es-cura te distancia do Sol.

    Em cima, nuvens extensas furtam-te aos olhos o painel dasestrelas e, em baixo, espinheiros e precipcios ameaam-te os ps.

    Debalde, consultars a bssola que a treva densa embacia.

    Se avanas, possvel te arrojes na lama de covas escancara-das; se paras, provvel padeas o assalto de traioeiros ani-mais...

    Faze, porm, pequenina luz, e tudo se modifica.

    O charco no perde a feio de pntano e a pedra mantm-sepor desafio que te adverte na estrada; entretanto, podendo ver,surgirs, transformado e seguro, para seguir frente, vencendo as

    armadilhas da sombra e as aperturas da marcha.Assim, tambm, a orao nos trilhos da experincia.

    Quando a dor te entenebrece os horizontes da alma, subtrain-do-te a serenidade e a alegria, tudo parece escurido envolvente ederrota irremedivel, induzindo-te ao desnimo e insuflando-te odesespero; todavia, se acendes no corao leve flama da prece,fios imponderveis de confiana ligam-te o ser Providncia

    Divina.

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    Exteriormente, em torno, o sofrimento no se desfaz da cata-

    dura sombria; a morte, ainda e sempre, o vu de dolorosa sepa-rao; a prova o mesmo teste inquietante e o golpe da expiaocontinua sendo a luta difcil e inevitvel, mas estars, em ti pr-prio, plenamente refeito, no imo das prprias foras, com a visoespiritual iluminada por dentro, a fim de que compreendas, acimadas tuas dores, o plano sbio da vida, que te ergue dos labirintosdo mundo bno do amor de Deus.

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    34Responsabilidade e destino

    Reunio pblica de 15/5/59Questo n 470

    O