(espiritismo) emmanuel - a caminho da luz (chico xavier)

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  • 7/30/2019 (Espiritismo) Emmanuel - A Caminho Da Luz (Chico Xavier)

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    Francisco Cndido Xavier

    A Caminho da Luz

    Histria da Civilizao Luz do Espiritismo

    Ditada pelo EspritoEmmanuel

    (De 17 de agosto a 21 de setembro de 1938)

    Federao Esprita Brasileira

  • 7/30/2019 (Espiritismo) Emmanuel - A Caminho Da Luz (Chico Xavier)

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    Francisco Cndido Xavier A Caminho da Luz pelo Esprito Emmanuel 2

    ISBN 85-7328-069-7

    22 edio Do 219 ao 243 milheiro

    Capa de CECCONI

    B.N. 7.362

    571-AA;000.52-O; 8/1996

    Copyright 1939 byFEDERAO ESPRITA BRASILEIRA( Casa-Mter do Espiritismo)SGAN 603 - Conjunto F

    78830-030 - Braslia - DF - Brasil

    Composio, fotolitos e impresso offset dasOficinas do Departamento Editorial e Grfico da FEBRua Souza Valente, 17 - CEP 20941-040 - Rio, RJ - BrasilC.G.C. n 33.644.857/0002-84 I.E. n 81.600.503

    Impresso no Brasil

    PRESITA EN BRAZILO

    Pedidos de livros FEB - Departamento Editorial,via Correio ou, em grandes encomendas, via rodovirio:

    por carta, telefone (021) 589-6020, ou FAX (021) 589-6838.

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    ndiceAntelquio ........................................................................................ 9Introduo ....................................................................................... 10

    I A Gnese planetria.............................................................. 13A comunidade dos Espritos Puros .................................................. 13A cincia de todos os tempos .......................................................... 13Os primeiros tempos do orbe terrestre............................................. 14

    A criao da Lua ............................................................................. 15A solidificao da Matria .............................................................. 15O Divino Escultor ........................................................................... 16O verbo na criao terrestre............................................................. 17

    II A vida organizada ............................................................... 18As construes celulares ................................................................. 18Os primeiros habitantes da Terra..................................................... 18A elaborao paciente das formas ................................................... 19As formas intermedirias da Natureza............................................. 20Os ensaios assombrosos .................................................................. 20Os antepassados do homem............................................................. 21A grande transio .......................................................................... 23

    III As raas admicas.............................................................. 24O sistema de Capela ........................................................................ 24Um mundo em transies ................................................................ 25Espritos exilados na Terra .............................................................. 25Fixao dos caracteres raciais ......................................................... 26Origem das raas brancas ................................................................ 27Quatro grandes povos...................................................................... 28As promessas do Cristo ................................................................... 28

    IV A civilizao egpcia........................................................... 31Os egpcios...................................................................................... 31A cincia secreta ............................................................................. 31

    O Politesmo simblico ................................................................... 32O culto da morte e a metempsicose ................................................. 33

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    Os egpcios e as cincias psquicas.................................................. 34

    As Pirmides ................................................................................... 35Redeno......................................................................................... 36

    V A ndia.................................................................................. 38A organizao hindu ....................................................................... 38Os arianos puros.............................................................................. 38O expansionismo dos rias ............................................................. 39Os Mahatmas .................................................................................. 40As castas ......................................................................................... 41Os rajs e os prias.......................................................................... 42Em face de Jesus ............................................................................. 43

    VI A famlia indo-europia ..................................................... 44As migraes sucessivas ................................................................. 44A ausncia de notcias histricas ..................................................... 44A grande virtude dos rias europeus............................................... 45O Mediterrneo e o Mar do Norte ................................................... 46Os nrdicos e os mediterrnicos...................................................... 47Origem do racionalismo .................................................................. 48As advertncias do Cristo................................................................ 49

    VII O povo de Israel................................................................ 50Israel ............................................................................................... 50Moiss............................................................................................. 50O Judasmo e o Cristianismo........................................................... 51O Monotesmo................................................................................. 52

    A escolha de Israel .......................................................................... 53A incompreenso do Judasmo ........................................................ 54No porvir......................................................................................... 55

    VIII A China milenria........................................................... 57A China........................................................................................... 57A cristalizao das idias chinesas .................................................. 58Fo-Hi............................................................................................... 59Confcio e Lao-Ts......................................................................... 60

    O Nirvana........................................................................................ 60A China atual .................................................................................. 61

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    A edificao do Evangelho.............................................................. 62

    IX As grandes religies do passado........................................ 64As primeiras organizaes religiosas............................................... 64Ainda as raas admicas.................................................................. 64A gnese das crenas religiosas....................................................... 65A unidade substancial das religies................................................. 66As revelaes gradativas ................................................................. 67Preparao do Cristianismo............................................................. 68O Cristo inconfundvel .................................................................... 68

    X A Grcia e a misso de Scrates ......................................... 70Nas vsperas da maioridade terrestre............................................... 70Atenas e Esparta.............................................................................. 71Experincias necessrias ................................................................. 72A Grcia.......................................................................................... 72Scrates........................................................................................... 73Os discpulos................................................................................... 75Provao coletiva da Grcia ............................................................ 75

    XI Roma................................................................................... 77O povo etrusco ................................................................................ 77Primrdios de Roma........................................................................ 78Influncias decisivas ....................................................................... 78Os patrcios e os plebeus ................................................................. 79A famlia romana ............................................................................ 80As guerras e a maioridade terrestre ................................................. 81

    Nas vsperas do Senhor................................................................... 82XII A vinda de Jesus ............................................................... 84

    A manjedoura.................................................................................. 84O Cristo e os essnios ..................................................................... 84Cumprimento das profecias de Israel............................................... 85A grande lio ................................................................................. 86A palavra divina.............................................................................. 87Crepsculo de uma civilizao ........................................................ 88

    O exemplo do Cristo ....................................................................... 88

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    XIII O Imprio Romano e seus desvios.................................. 90

    Os desvios romanos......................................................................... 90Os abusos da autoridade e do poder ................................................ 91Os chefes de Roma.......................................................................... 92O sculo de Augusto ....................................................................... 93Transio de uma poca .................................................................. 93Provaes coletivas dos judeus e dos romanos ................................ 94Fim da vaidade humana................................................................... 95

    XIV A edificao crist ........................................................... 96Os primeiros cristos....................................................................... 96A propagao do Cristianismo ........................................................ 97A redao dos textos definitivos...................................................... 98A misso de Paulo........................................................................... 99O Apocalipse de Joo.................................................................... 100Identificao da besta apocalptica ................................................ 101O roteiro de luz e de amor ............................................................. 102

    XV A evoluo do Cristianismo............................................ 103Penosos compromissos romanos ................................................... 103Culpas e resgates dolorosos do homem espiritual.......................... 104Os mrtires.................................................................................... 105Os apologistas ............................................................................... 106O jejum e a orao ........................................................................ 107Constantino ................................................................................... 107O Papado....................................................................................... 108

    XVI A Igreja e a invaso dos brbaros................................ 110Vitrias do Cristianismo................................................................ 110Primrdios do Catolicismo............................................................ 111A igreja de Roma .......................................................................... 111A destruio do Imprio................................................................ 112A invaso dos brbaros ................................................................. 113Razes da Idade Mdia ................................................................. 114Mestres do amor e da virtude ........................................................ 115

    XVII A idade medieval.......................................................... 116Os mensageiros de Jesus ............................................................... 116

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    O Imprio Bizantino...................................................................... 117

    O Islamismo.................................................................................. 117As guerras do Isl.......................................................................... 119Carlos Magno................................................................................ 119O Feudalismo ................................................................................ 120Razes do Feudalismo................................................................... 121

    XVIII Os abusos do poder religioso ..................................... 122Fases da Igreja Catlica................................................................. 122Gregrio VII ................................................................................. 123As advertncias de Jesus ............................................................... 124Francisco de Assis......................................................................... 125Os Franciscanos ............................................................................ 126A Inquisio.................................................................................. 126A obra do Papado.......................................................................... 127

    XIX As Cruzadas e o fim da Idade Mdia ........................... 128As primeiras Cruzadas .................................................................. 128Fim das Cruzadas .......................................................................... 129O esforo dos emissrios do Cristo ............................................... 130Pobreza intelectual ........................................................................ 131Renascimento................................................................................ 131Transmigrao de povos................................................................ 132Fim da Idade Medieval.................................................................. 133

    XX Renascena do mundo .................................................... 135Movimentos regeneradores ........................................................... 135

    Misso da Amrica........................................................................ 136O Plano Invisvel e a colonizao do Novo Mundo....................... 137Apogeu da Renascena.................................................................. 137Renascena religiosa ..................................................................... 138A Companhia de Jesus .................................................................. 139Ao do Jesuitismo ....................................................................... 140

    XXI poca de transio ........................................................ 141As lutas da Reforma...................................................................... 141

    A invencvel Armada .................................................................... 142Guerras religiosas.......................................................................... 143

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    A Frana e a Inglaterra .................................................................. 144

    Refgio da Amrica ...................................................................... 145Os Enciclopedistas ........................................................................ 146A independncia americana........................................................... 146

    XXII A Revoluo Francesa ................................................. 148A Frana no sculo XVIII ............................................................. 148poca de sombras.......................................................................... 149Contra os excessos da revoluo ................................................... 150O perodo do terror........................................................................ 151A Constituio .............................................................................. 151Napoleo Bonaparte ...................................................................... 152Allan Kardec ................................................................................. 153

    XXIII O sculo XIX............................................................... 155Depois da Revoluo..................................................................... 155Independncia poltica da Amrica ............................................... 156Allan Kardec e os seus colaboradores ........................................... 156As cincias sociais ........................................................................ 157A tarefa do missionrio ................................................................. 158Provaes coletivas na Frana....................................................... 159Provaes da Igreja ....................................................................... 160

    XXIV O Espiritismo e as grandes transies....................... 161A extino do cativeiro ................................................................. 161O Socialismo................................................................................. 162Restabelecendo a verdade ............................................................. 163

    Defeco da Igreja Catlica .......................................................... 164Lutas renovadoras ......................................................................... 164A Amrica e o futuro..................................................................... 165Jesus.............................................................................................. 166

    XXV O Evangelho e o futuro................................................ 168

    Concluso................................................................................ 172

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    Antelquio

    Meus amigos, que Deus vos conceda paz.

    -me grata a vossa palestra a respeito dos nossos trabalhos.Esperemos e supliquemos a bno do Alto para o nosso esforo.Dando seguimento aos nossos estudos, procuremos esforar-nospor mostrar a verdadeira posio do Evangelho do Cristo, tantavez incompreendido a no mundo, em face das religies e das

    filosofias terrenas.No dever ser este um trabalho histrico. A histria do mun-

    do est compilada e feita. Nossa contribuio ser tese religiosa,elucidando a influncia sagrada da f e o ascendente espiritual, nocurso de todas as civilizaes terrestres. O livro do irmo Hum-berto1 foi a revelao da misso coletiva de um pas; nosso esfor-o consistir, to-somente, em apontamentos margem da tarefa

    de grandes missionrios do mundo e de povos que j desaparece-ram, esclarecendo a grandeza e a misericrdia do Divino Mestre.Vamos esperar os dias prximos, quando tentaremos realizarnossos planos humildes de trabalho. Que Deus vos conceda atodos tranqilidade e sade, e a ns as possibilidades necessrias.Muito vos agradeo o concurso de cada um no esforo geral.Trabalhemos na grande colmia da evoluo, sem outra preocupa-o que no seja a de bem servir quele que, das Alturas, sabe de

    todas as nossas lutas e lgrimas. Confiemos nEle. Do seu coraoaugusto e misericordioso parte a fonte da luz e da vida, da harmo-nia e da paz para todos os coraes. Que Ele vos abenoe.

    EMMANUEL

    (Mensagem recebida em 17- 8 -1938.)

    1 "Brasil, Corao do Mundo, Ptria do Evangelho".

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    Introduo

    Enquanto as penosas transies do sculo XX se anunciam aotinido sinistro das armas, as foras espirituais se renem para asgrandes reconstrues do porvir.

    Aproxima-se o momento em que se efetuar a aferio de to-dos os valores terrestres para o ressurgimento das energias criado-ras de um mundo novo, e natural que recordemos o ascendente

    mstico de todas as civilizaes que surgiram e desapareceram,evocando os grandes perodos evolutivos da Humanidade, com assuas misrias e com os seus esplendores, para afirmar as realida-des espirituais acima de todos os fenmenos transitrios da mat-ria.

    Esse esforo de sntese ser o da f reclamando a sua posioem face da cincia dos homens e ante as religies da separativida-

    de, como a bssola da verdadeira sabedoria.Diante dos nossos olhos de esprito passam os fantasmas dascivilizaes mortas, como se permanecssemos diante de um"cran" maravilhoso. As almas mudam a indumentria carnal, nocurso incessante dos sculos; constroem o edifcio milenrio daevoluo humana com as suas lgrimas e sofrimentos, e at nos-sos ouvidos chegam os ecos dolorosos de suas aflies. Passam asprimeiras organizaes do homem e passam as suas grandes cida-des, transformadas em ossurios silenciosos. O tempo, comopatrimnio divino do esprito, renova as inquietaes e angstiasde cada sculo, no sentido de aclarar o caminho das experinciashumanas. Passam as raas e as geraes, as lnguas e os povos, ospases e as fronteiras, as cincias e as religies. Um sopro divinofaz movimentar todas as coisas nesse torvelinho maravilhoso.Estabelece-se, ento, a ordem, equilibrando todos os fenmenos e

    movimentos do edifcio planetrio, vitalizando os laos eternosque renem a sua grande famlia.

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    V-se, ento, o fio inquebrantvel que sustenta os sculos das

    experincias terrestres, reunindo-as, harmoniosamente, umas soutras, a fim de que constituam o tesouro imortal da alma humanaem sua gloriosa ascenso para o Infinito.

    As raas so substitudas pelas almas e as geraes constitu-em fases do seu aprendizado e aproveitamento; as lnguas soformas de expresso, caminhando para a expresso nica da fra-ternidade e do amor, e os povos so os membros dispersos de uma

    grande famlia trabalhando para o estabelecimento definitivo desua comunidade universal. Seus filhos mais eminentes, no planodos valores espirituais, so agraciados pela Justia Suprema, quelegisla no Alto para todos os mundos do Universo, e podem visi-tar as outras ptrias siderais, regressando ao orbe, no esforoabenoado de misses regeneradoras dentro das igrejas e dasacademias terrenas.

    Na tela mgica dos nossos estudos, destacam-se esses missio-nrios que o mundo muitas vezes crucificou na incompreensodas almas vulgares, mas, em tudo e sobre todos, irradia-se a luzdesse fio de espiritualidade que diviniza a matria, encadeando otrabalho das civilizaes e, mais acima, ofuscando o "cran" dasnossas observaes e dos nossos estudos, vemos a fonte de extra-ordinria luz, de onde parte o primeiro ponto geomtrico desse fiode vida e de harmonia, que equilibra e satura toda a Terra numa

    apoteose de movimento e divinas claridades.Nossos pobres olhos no podem divisar particularidades nes-

    se deslumbramento, mas sabemos que o fio da luz e da vida estnas suas mos. Ele quem sustenta todos os elementos ativos epassivos da existncia planetria. No seu corao augusto e mise-ricordioso est o Verbo do princpio. Um sopro de sua vontadepode renovar todas as coisas e um gesto seu pode transformar afisionomia de todos os horizontes terrestres.

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    Passaram as geraes de todos os tempos, com as suas inquie-

    taes e angstias. As guerras ensangentaram o roteiro dos po-vos nas suas peregrinaes incessantes para o conhecimentosuperior. Caram os tronos dos reis e esfacelaram-se coroas mile-nrias. Os prncipes do mundo voltaram ao teatro de sua vaidadeorgulhosa, no indumento humilde dos escravos, e, em vo, osditadores conclamaram, e conclamam ainda, os povos da Terra,para o morticnio e para a destruio.

    O determinismo do amor e do bem a lei de todo o Universoe a alma humana emerge de todas as catstrofes em busca de umavida melhor.

    S Jesus no passou, na caminhada dolorosa das raas, obje-tivando a dilacerao de todas as fronteiras para o amplexo uni-versal. Ele a Luz do Principio e nas suas mos misericordiosasrepousam os destinos do mundo. Seu corao magnnimo afonte da vida para toda a Humanidade terrestre. Sua mensagem deamor, no Evangelho, a eterna palavra da ressurreio e da justi-a, da fraternidade e da misericrdia. Todas as coisas humanaspassaram, todas as coisas humanas se modificaro. Ele, porm, aLuz de todas as vidas terrestres, inacessvel ao tempo e destrui-o.

    Enquanto falamos da misso do sculo XX, contemplando osditadores da atualidade, que se arvoram em verdugos das multi-

    des, cumpre-nos voltar os olhos splices para a infinita miseri-crdia do Senhor, implorando-lhe paz e amor para todos os cora-es.

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    IA Gnese planetria

    A comunidade dos Espritos Puros

    Rezam as tradies do mundo espiritual que na direo de to-

    dos os fenmenos do nosso sistema existe uma Comunidade deEspritos Puros e Eleitos pelo Senhor Supremo do Universo, emcujas mos se conservam as rdeas diretoras da vida de todas ascoletividades planetrias.

    Essa Comunidade de seres anglicos e perfeitos, da qual Je-sus um dos membros divinos, ao que nos foi dado saber, apenas jse reuniu, nas proximidades da Terra, para a soluo de problemasdecisivos da organizao e da direo do nosso planeta, por duasvezes no curso dos milnios conhecidos.

    A primeira, verificou-se quando o orbe terrestre se desprendiada nebulosa solar, a fim de que se lanassem, no Tempo e noEspao, as balizas do nosso sistema cosmognico e os prdromosda vida na matria em ignio, do planeta, e a segunda, quando sedecidia a vinda do Senhor face da Terra, trazendo famliahumana a lio imortal do seu Evangelho de amor e redeno.

    A cincia de todos os tempos

    No nosso propsito trazer considerao dos estudiososuma nova teoria da formao do mundo. A Cincia de todos ossculos est cheia de apstolos e missionrios. Todos eles foraminspirados ao seu tempo, refletindo a claridade das Alturas, que asexperincias do Infinito lhes imprimiram na memria espiritual, e

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    exteriorizando os defeitos e concepes da poca em que viveram,

    na feio humana de sua personalidade.Na sua condio de operrios do progresso universal, foram

    portadores de revelaes gradativas, no domnio dos conhecimen-tos superiores da Humanidade. Inspirados de Deus nos penososesforos da verdadeira civilizao, as suas idias e trabalhosmerecem o respeito de todas as geraes da Terra, ainda que asnovas expresses evolutivas do plano cultural das sociedades

    mundanas tenham sido obrigadas a proscrever as suas teorias eantigas frmulas.

    Lembrando-nos, porm, mais detidamente, de quantos soube-ram receber a intuio da realidade nas perquiries do Infinito,busquemos recordar o globo terrqueo nos seus primeiros dias.

    Os primeiros tempos do orbe terrestre

    Que fora sobre-humana pde manter o equilbrio da nebulo-sa terrestre, destacada do ncleo central do sistema, conferindo-lhe um conjunto de leis matemticas, dentro das quais se iammanifestar todos os fenmenos inteligentes e harmnicos de suavida, por milnios de milnios? Distando do Sol cerca de149.600.000 quilmetros e deslocando-se no espao com a velo-

    cidade diria de 2.500.000 quilmetros, em torno do grande astrodo dia, imaginemos a sua composio nos primeiros tempos deexistncia, como planeta.

    Laboratrio de matrias ignescentes, o conflito das foras te-lricas e das energias fsico-qumicas opera as grandiosas cons-trues do teatro da vida, no imenso cadinho onde a temperaturase eleva, por vezes, a 2.000 graus de calor, como se a matriacolocada num forno, incandescente, estivesse sendo submetidaaos mais diversos ensaios, para examinar-se a sua qualidade e

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    possibilidades na edificao da nova escola dos seres. As descar-

    gas eltricas, em propores jamais vistas da Humanidade, des-pertam estranhas comoes no grande organismo planetrio, cujaformao se processa nas oficinas do Infinito.

    A criao da Lua

    Nessa computao de valores csmicos em que laboram osoperrios da espiritualidade sob a orientao misericordiosa doCristo, delibera-se a formao do satlite terrestre.

    O programa de trabalhos a realizar-se no mundo requeria oconcurso da Lua, nos seus mais ntimos detalhes. Ela seria ancora do equilbrio terrestre nos movimentos de translao que oglobo efetuaria em torno da sede do sistema; o manancial deforas ordenadoras da estabilidade planetria e, sobretudo, o orbe

    nascente necessitaria da sua luz polarizada, cujo suave magnetis-mo atuaria decisivamente no drama infinito da criao e da repro-duo de todas as espcies, nos variados reinos da Natureza.

    A solidificao da Matria

    Na grande oficina surge, ento, a diferenciao da matriapondervel, dando origem ao hidrognio.

    As vastides atmosfricas so amplo repositrio de energiaseltricas e de vapores que trabalham as substncias torturadas noorbe terrestre. O frio dos espaos atua, porm, sobre esse labora-trio de energias incandescentes e a condensao dos metaisverifica-se com a leve formao da crosta solidificada.

    o primeiro descanso das tumultuosas comoes geolgicasdo globo. Formam-se os primitivos oceanos, onde a gua tpida

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    sofre presso difcil de descrever-se. A atmosfera est carregada

    de vapores aquosos e as grandes tempestades varrem, em todas asdirees, a superfcie do planeta, mas sobre a Terra o caos ficadominado como por encanto. As paisagens aclaram-se, fixando aluz solar que se projeta nesse novo teatro de evoluo e vida.

    As mos de Jesus haviam descansado, aps o longo perodode confuso dos elementos fsicos da organizao planetria.

    O Divino Escultor

    Sim, Ele havia vencido todos os pavores das energias desen-cadeadas; com as suas legies de trabalhadores divinos, lanou oescopro da sua misericrdia sobre o bloco de matria informe, quea Sabedoria do Pai deslocara do Sol para as suas mos augustas ecompassivas. Operou a escultura geolgica do orbe terreno, ta-

    lhando a escola abenoada e grandiosa, na qual o seu coraohaveria de expandir-se em amor, claridade e justia. Com os seusexrcitos de trabalhadores devotados, estatuiu os regulamentosdos fenmenos fsicos da Terra, organizando-lhes o equilbriofuturo na base dos corpos simples de matria, cuja unidade subs-tancial os espectroscpios terrenos puderam identificar por toda aparte no universo galctico. Organizou o cenrio da vida, criando,sob as vistas de Deus, o indispensvel existncia dos seres doporvir. Fez a presso atmosfrica adequada ao homem, antecipan-do-se ao seu nascimento no mundo, no curso dos milnios; esta-beleceu os grandes centros de fora da ionosfera e da estratosfera,onde se harmonizam os fenmenos eltricos da existncia planet-ria, e edificou as usinas de ozone a 40 e 60 quilmetros de altitu-de, para que filtrassem convenientemente os raios solares, mani-pulando-lhes a composio precisa manuteno da vida organi-

    zada no orbe. Definiu todas as linhas de progresso da humanidade

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    futura, engendrando a harmonia de todas as foras fsicas que

    presidem ao ciclo das atividades planetrias.

    O verbo na criao terrestre

    A cincia do mundo no lhe viu as mos augustas e sbias naintimidade das energias que vitalizam o organismo do Globo.Substituram-lhe a providncia com a palavra "natureza", emtodos os seus estudos e anlises da existncia, mas o seu amor foio Verbo da criao do princpio, como e ser a coroa gloriosados seres terrestres na imortalidade sem fim. E quando serenaramos elementos do mundo nascente, quando a luz do Sol beijava, emsilncio, a beleza melanclica dos continentes e dos mares primi-tivos, Jesus reuniu nas Alturas os intrpretes divinos do seu pen-samento. Viu-se, ento, descer sobre a Terra, das amplides dos

    espaos ilimitados, uma nuvem de foras csmicas, que envolveuo imenso laboratrio planetrio em repouso.

    Da a algum tempo, na crosta solidificada do planeta, comono fundo dos oceanos, podia-se observar a existncia de um ele-mento viscoso que cobria toda a Terra.

    Estavam dados os primeiros passos no caminho da vida orga-nizada. Com essa massa gelatinosa, nascia no orbe o protoplasma

    e, com ele, lanara Jesus superfcie do mundo o germe sagradodos primeiros homens.

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    IIA vida organizada

    As construes celulares

    Sob a orientao misericordiosa e sbia do Cristo, laboravam

    na Terra numerosas assemblias de operrios espirituais.Como a engenharia moderna, que constri um edifcio pre-

    vendo os menores requisitos de sua finalidade, os artistas daespiritualidade edificavam o mundo das clulas iniciando, nosdias primevos, a construo das formas organizadas e inteligentesdos sculos porvindouros.

    O ideal da beleza foi a sua preocupao dos primeiros mo-

    mentos, no que se referia s edificaes celulares das origens. por isso que, em todos os tempos, a beleza, junto ordem,

    constituiu um dos traos indelveis de toda a criao.

    As formas de todos os reinos da natureza terrestre foram es-tudadas e previstas. Os fluidos da vida foram manipulados demodo a se adaptarem s condies fsicas do planeta, encenando-se as construes celulares segundo as possibilidades do ambiente

    terrestre, tudo obedecendo a um plano preestabelecido pela mise-ricordiosa sabedoria do Cristo, consideradas as leis do princpio edo desenvolvimento geral.

    Os primeiros habitantes da Terra

    Dizamos que uma camada de matria gelatinosa envolvera o

    orbe terreno em seus mais ntimos contornos. Essa matria, amor-fa e viscosa, era o celeiro sagrado das sementes da vida. O proto-

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    plasma foi o embrio de todas as organizaes do globo terrestre

    e, se essa matria, sem forma definida, cobria a crosta solidificadado planeta, em breve a condensao da massa dava origem aosurgimento do ncleo, iniciando-se as primeiras manifestaesdos seres vivos.

    Os primeiros habitantes da Terra, no plano material, so asclulas albuminides, as amebas e todas as organizaes unicelu-lares, isoladas e livres, que se multiplicam prodigiosamente na

    temperatura tpida dos oceanos.Com o escoar incessante do tempo, esses seres primordiais se

    movem ao longo das guas, onde encontram o oxignio necess-rio ao entretenimento da vida, elemento que a terra firme nopossua ainda em propores de manter a existncia animal, antesdas grandes vegetaes; esses seres rudimentares somente reve-lam um sentido - o do tato, que deu origem a todos os outros, emfuno de aperfeioamento dos organismos superiores.

    A elaborao paciente das formas

    Decorrido muito tempo, eis que as amebas primitivas se asso-ciam para a vida celular em comum, formando-se as colnias deinfusrios, de polipeiros, em obedincia aos planos da construo

    definitiva do porvir, emanados do mundo espiritual onde todo oprogresso da Terra tem a sua gnese.

    Os reinos vegetal e animal parecem confundidos nas profun-didades ocenicas. No existem formas definidas nem expressoindividual nessas sociedades de infusrios; mas, desses conjuntossingulares, formam-se ensaios de vida que j apresentam caracte-res e rudimentos dos organismos superiores.

    Milhares de anos foram precisos aos operrios de Jesus, nosservios da elaborao paciente das formas.

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    A princpio, coordenam os elementos da nutrio e da con-

    servao da existncia. O corao e os brnquios so conquista-dos e, aps eles, formam-se os prdromos celulares do sistemanervoso e dos rgos da procriao, que se aperfeioam, definin-do-se nos seres.

    As formas intermedirias da Natureza

    A atmosfera est ainda saturada de umidade e vapores, e aterra slida est coberta de lodo e pntanos inimaginveis.

    Todavia, as derradeiras convulses interiores do orbe locali-zam os calores centrais do planeta, restringindo a zona das influ-ncias telricas necessrias manuteno da vida animal.

    Esses fenmenos geolgicos estabelecem os contornos geo-grficos do globo, delineando os continentes e fixando a posiodos oceanos; surgem, desse modo, as grandes extenses de terrafirme, aptas a receber as sementes prolficas da vida.

    Os primeiros crustceos terrestres so um prolongamento doscrustceos marinhos. Seguindo-lhes as pegadas, aparecem osbatrquios, que trocam as guas pelas regies lodosas e firmes.

    Nessa fase evolutiva do planeta, todo o globo se veste de ve-getao luxuriante, prodigiosa, de cujas florestas opulentas edesmesuradas as minas carbonferas dos tempos modernos so ospetrificados vestgios.

    Os ensaios assombrosos

    Nessa altura, os artistas da criao inauguram novos perodos

    evolutivos, no plano das formas.

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    A Natureza torna-se uma grande oficina de ensaios monstruo-

    sos. Aps os rpteis, surgem os animais horrendos das eras primi-tivas.

    Os trabalhadores do Cristo, como os alquimistas que estudama combinao das substncias, na retorta de acuradas observaes,analisavam, igualmente, a combinao prodigiosa dos complexoscelulares, cuja formao eles prprios haviam delineado, execu-tando, com as suas experincias, uma justa aferio de valores,

    prevendo todas as possibilidades e necessidades do porvir.Todas as arestas foram eliminadas. Aplainaram-se dificulda-

    des e realizaram-se novas conquistas. A mquina celular foi aper-feioada, no limite do possvel, em face das leis fsicas do globo.Os tipos adequados Terra foram consumados em todos os reinosda Natureza, eliminando-se os frutos teratolgicos e estranhos, dolaboratrio de suas perseverantes experincias. A prova da inter-veno das foras espirituais, nesse vasto campo de operaes, que, enquanto o escorpio, gmeo dos crustceos marinhos, con-serva at hoje, de modo geral, a forma primitiva, os animaismonstruosos das pocas remotas, que lhe foram posteriores, desa-pareceram para sempre da fauna terrestre, guardando os museusdo mundo as interessantes reminiscncias de suas formas ator-mentadas.

    Os antepassados do homem

    O reino animal experimenta as mais estranhas transies noperodo tercirio, sob as influncias do meio e em face dos impe-rativos da lei de seleo.

    Mas, o nosso raciocnio ansioso procura os legtimos antepas-sados das criaturas humanas, nessa imensa vastido do proscnioda evoluo anmica.

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    Onde est Ado com a sua queda do paraso? Debalde nossos

    olhos procuram, aflitos, essas figuras legendrias, com o propsi-to de localiz-las no Espao e no Tempo. Compreendemos, afinal,que Ado e Eva constituem uma lembrana dos Espritos degre-dados na paisagem obscura da Terra, como Caim e Abel so doissmbolos para a personalidade das criaturas.

    Examinada, porm, a questo nos seus prismas reais, vamosencontrar os primeiros antepassados do homem sofrendo os pro-

    cessos de aperfeioamento da Natureza. No perodo tercirio aque nos reportamos, sob a orientao das esferas espirituais nota-vam-se algumas raas de antropides, no Plioceno inferior. Essesantropides, antepassados do homem terrestre, e os ascendentesdos smios que ainda existem no mundo, tiveram a sua evoluoem pontos convergentes e da os parentescos sorolgicos entre oorganismo do homem moderno e o do chimpanz da atualidade.

    Reportando-nos, todavia, aos eminentes naturalistas dos lti-mos tempos, que examinaram meticulosamente os transcendentesassuntos do evolucionismo, somos compelidos a esclarecer queno houve propriamente uma "descida da rvore", no incio daevoluo humana.

    As foras espirituais que dirigem os fenmenos terrestres, soba orientao do Cristo, estabeleceram, na poca da grande malea-bilidade dos elementos materiais, uma linhagem definitiva para

    todas as espcies, dentro das quais o princpio espiritual encontra-ria o processo de seu acrisolamento, em marcha para a racionali-dade.

    Os peixes, os rpteis, os mamferos, tiveram suas linhagensfixas de desenvolvimento e o homem no escaparia a essa regrageral.

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    A grande transio

    Os antropides das cavernas espalharam-se, ento, aos gru-pos, pela superfcie do globo, no curso vagaroso dos sculos,sofrendo as influncias do meio e formando os prdromos dasraas futuras em seus tipos diversificados; a realidade, porm, que as entidades espirituais auxiliaram o homem do slex, impri-mindo-lhe novas expresses biolgicas. Extraordinrias experin-

    cias foram realizadas pelos mensageiros do invisvel. As pesqui-sas recentes da Cincia sobre o tipo de Neanderthal, reconhecendonele uma espcie de homem bestializado, e outras descobertasinteressantes da Paleontologia, quanto ao homem fssil, so umatestado dos experimentos biolgicos a que procederam os pre-postos de Jesus, at fixarem no "primata" os caractersticos apro-ximados do homem futuro.

    Os sculos correram o seu velrio de experincias penosassobre a fronte dessas criaturas de braos alongados e de pelosdensos, at que um dia as hostes do invisvel operaram uma defi-nitiva transio no corpo perispiritual preexistente, dos homensprimitivos, nas regies siderais e em certos intervalos de suasreencarnaes.

    Surgem os primeiros selvagens de compleio melhorada,tendendo elegncia dos tempos do porvir.

    Uma transformao visceral verificara-se na estrutura dos an-tepassados das raas humanas.

    Como poderia operar-se semelhante transio? Perguntar ovosso critrio cientfico.

    Muito naturalmente.

    Tambm as crianas tm os defeitos da infncia corrigidos

    pelos pais, que as preparam em face da vida, sem que, na maiori-dade, elas se lembrem disso.

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    IIIAs raas admicas

    O sistema de Capela

    Nos mapas zodiacais, que os astrnomos terrestres compul-

    sam em seus estudos, observa-se desenhada uma grande estrela naConstelao do Cocheiro, que recebeu, na Terra, o nome de Cabraou Capela. Magnfico sol entre os astros que nos so mais vizi-nhos, ela, na sua trajetria pelo Infinito, faz-se acompanhar, i-gualmente, da sua famlia de mundos, cantando as glrias divinasdo Ilimitado. A sua luz gasta cerca de 42 anos para chegar faceda Terra, considerando-se, desse modo, a regular distncia exis-tente entre a Capela e o nosso planeta, j que a luz percorre o

    espao com a velocidade aproximada de 300.000 quilmetros porsegundo.

    Quase todos os mundos que lhe so dependentes j se purifi-caram fsica e moralmente, examinadas as condies de atrasomoral da Terra, onde o homem se reconforta com as vsceras dosseus irmos inferiores, como nas eras pr-histricas de sua exis-tncia, marcham uns contra os outros ao som de hinos guerreiros,

    desconhecendo os mais comezinhos princpios de fraternidade epouco realizando em favor da extino do egosmo, da vaidade,do seu infeliz orgulho.

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    Um mundo em transies

    H muitos milnios, um dos orbes da Capela, que guardamuitas afinidades com o globo terrestre, atingira a culminncia deum dos seus extraordinrios ciclos evolutivos.

    As lutas finais de um longo aperfeioamento estavam deline-adas, como ora acontece convosco, relativamente s transiesesperadas no sculo XX, neste crepsculo de civilizao.

    Alguns milhes de Espritos rebeldes l existiam, no caminhoda evoluo geral, dificultando a consolidao das penosas con-quistas daqueles povos cheios de piedade e virtudes, mas umaao de saneamento geral os alijaria daquela humanidade, quefizera jus concrdia perptua, para a edificao dos seus eleva-dos trabalhos.

    As grandes comunidades espirituais, diretoras do Cosmos, de-

    liberam, ento, localizar aquelas entidades, que se tornaram perti-nazes no crime, aqui na Terra longnqua, onde aprenderiam arealizar, na dor e nos trabalhos penosos do seu ambiente, as gran-des conquistas do corao e impulsionando, simultaneamente, oprogresso dos seus irmos inferiores.

    Espritos exilados na Terra

    Foi assim que Jesus recebeu, luz do seu reino de amor e dejustia, aquela turba de seres sofredores e infelizes.

    Com a sua palavra sbia e compassiva, exortou essas almasdesventuradas edificao da conscincia pelo cumprimento dosdeveres de solidariedade e de amor, no esforo regenerador de simesmas. Mostrou-lhes os campos imensos de luta que se desdo-

    bravam na Terra, envolvendo-as no halo bendito da sua miseri-crdia e da sua caridade sem limites. Abenoou-lhes as lgrimas

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    santificadoras, fazendo-lhes sentir os sagrados triunfos do futuro e

    prometendo-lhes a sua colaborao cotidiana e a sua vinda noporvir.

    Aqueles seres angustiados e aflitos, que deixavam atrs de sitodo um mundo de afetos, no obstante os seus coraes empe-dernidos na prtica do mal, seriam degredados na face obscura doplaneta terrestre; andariam desprezados na noite dos milnios dasaudade e da amargura; reencarnariam no seio das raas ignoran-

    tes e primitivas, a lembrarem o paraso perdido nos firmamentosdistantes. Por muitos sculos no veriam a suave luz da Capela,mas trabalhariam na Terra acariciados por Jesus e confortados nasua imensa misericrdia.

    Fixao dos caracteres raciais

    Com o auxlio desses Espritos degredados, naquelas eras re-motssimas, as falanges do Cristo operavam ainda as ltimasexperincias sobre os fluidos renovadores da vida, aperfeioandoos caracteres biolgicos das raas humanas. A Natureza ainda era,para os trabalhadores da espiritualidade, um campo vasto deexperincias infinitas; tanto assim que, se as observaes domendelismo fossem transferidas queles milnios distantes, no seencontraria nenhuma equao definitiva nos seus estudos debiologia. A moderna gentica no poderia fixar, como hoje, asexpresses dos "genes", porquanto, no laboratrio das forasinvisveis, as clulas ainda sofriam longos processos de acrisola-mento, imprimindo-se-lhes elementos de astralidade, consolidan-do-se-lhes as expresses definitivas, com vistas s organizaesdo porvir.

    Se a gnese do planeta se processara com a cooperao dos

    milnios, a gnese das raas humanas requeria a contribuio do

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    tempo, at que se abandonasse a penosa e longa tarefa da sua

    fixao.

    Origem das raas brancas

    Aquelas almas aflitas e atormentadas reencarnaram, propor-cionalmente, nas regies mais importantes, onde se haviam locali-zado as tribos e famlias primitivas, descendentes dos "primatas",a que nos referimos ainda h pouco. Com a sua reencarnao nomundo terreno, estabeleciam-se fatores definitivos na histriaetnolgica dos seres.

    Um grande acontecimento se verificara no planeta

    que, com essas entidades, nasceram no orbe os ascendentesdas raas brancas.

    Em sua maioria, estabeleceram-se na sia, de onde atravessa-ram o istmo de Suez para a frica, na regio do Egito, encami-nhando-se igualmente para a longnqua Atlntida, de que vriasregies da Amrica guardam assinalados vestgios.

    No obstante as lies recebidas da palavra sbia e mansa doCristo, os homens brancos olvidaram os seus sagrados compro-missos.

    Grande percentagem daqueles Espritos rebeldes, com muitasexcees, s puderam voltar ao pas da luz e da verdade depois demuitos sculos de sofrimentos expiatrios; outros, porm, infeli-zes e retrgrados, permanecem ainda na Terra, nos dias que cor-rem, contrariando a regra geral, em virtude do seu elevado passivode dbitos clamorosos.

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    Quatro grandes povos

    As raas admicas guardavam vaga lembrana da sua situa-o pregressa, tecendo o hino sagrado das reminiscncias.

    As tradies do paraso perdido passaram de geraes a gera-es, at que ficassem arquivadas nas pginas da Bblia.

    Aqueles seres decados e degradados, a maneira de suas vidaspassadas no mundo distante da Capela, com o transcurso dos anos

    reuniram-se em quatro grandes grupos que se fixaram depois nospovos mais antigos, obedecendo s afinidades sentimentais elingsticas que os associavam na constelao do Cocheiro. Uni-dos, novamente, na esteira do Tempo, formaram desse modo ogrupo dos rias, a civilizao do Egito, o povo de Israel e as cas-tas da ndia.

    Dos rias descende a maioria dos povos brancos da famlia

    indo-europia; nessa descendncia, porm, necessrio incluir oslatinos, os celtas e os gregos, alm dos germanos e dos eslavos.

    As quatro grandes massas de degredados formaram os pr-dromos de toda a organizao das civilizaes futuras, introdu-zindo os mais largos benefcios no seio da raa amarela e da raanegra, que j existiam.

    de grande interesse o estudo de sua movimentao no curso

    da Histria. Atravs dessa anlise, possvel examinarem-se osdefeitos e virtudes que trouxeram do seu paraso longnquo, bemcomo os antagonismos e idiossincrasias peculiares a cada qual.

    As promessas do Cristo

    Tendo ouvido a palavra do Divino Mestre antes de se estabe-

    lecerem no mundo, as raas admicas, nos seus grupos insulados,

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    guardaram a reminiscncia das promessas do Cristo, que, por sua

    vez, as fortaleceu no seio das massas, enviando-lhes periodica-mente os seus missionrios e mensageiros.

    Eis por que as epopias do Evangelho foram previstas e can-tadas alguns milnios antes da vinda do Sublime Emissrio.

    Os enviados do Infinito falaram, na China milenria, da celes-te figura do Salvador, muitos sculos antes do advento de Jesus.Os iniciados do Egito esperavam-no com as suas profecias. Na

    Prsia, idealizaram a sua trajetria, antevendo-lhe os passos noscaminhos do porvir; na ndia vdica, era conhecida quase toda ahistria evanglica, que o sol dos milnios futuros iluminaria naregio escabrosa da Palestina, e o povo de Israel, durante muitossculos, cantou-lhe as glrias divinas, na exaltao do amor e daresignao, da piedade e do martrio, atravs da palavra de seusprofetas mais eminentes.

    Uma secreta intuio iluminava o esprito divinatrio dasmassas populares.

    Todos os povos O esperavam em seu seio acolhedor; todos Oqueriam, localizando em seus caminhos a sua expresso sublime edivinizada. Todavia, apesar de surgir um dia no mundo, comoAlegria de todos os tristes e Providncia de todos os infortunados, sombra do trono de Jess, o Filho de Deus em todas as circuns-tncias seria o Verbo de Luz e de Amor do Princpio, cuja genea-logia se confunde na poeira dos sis que rolam no Infinito.2

    2 Entre as consideraes acima e as do captulo precedente, devemosponderar o interstcio de muitos sculos. Alis, no que se refere histo-ricidade das raas admicas, ser justo meditarmos atentamente noproblema da fixao dos caracteres raciais. Apresentando o meu pensa-mento humilde, procurei demonstrar as largas experincias que osoperrios do Invisvel levaram a efeito, sobre os complexos celulares,chegando a dizer da impossibilidade de qualquer cogitao mendelista

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    nessa poca da evoluo planetria. Aos prepostos de Jesus foi necess-ria grande soma de tempo, no sentido de fixar o tipo humano. Assim,pois, referindo-nos ao degredo dos emigrantes da Capela, devemosesclarecer que, nessa ocasio, j o primata hominis se encontrava arre-gimentado em tribos numerosas. Depois de grandes experincias, foique as migraes do Pamir se espalharam pelo orbe, obedecendo asagrados roteiros, delineados nas Alturas. Quanto ao fato de se verificara reencarnao de Espritos to avanados em conhecimentos, em

    corpos de raas primignias, no deve causar repugnncia ao entendi-mento. Lembremo-nos de que um metal puro, como o ouro, por exem-plo, no se modifica pela circunstncia de se apresentar em vaso imun-do, ou disforme. Toda oportunidade de realizao do bem sagrada.Quanto ao mais, que fazer com o trabalhador desatento que estraalhano mal todos os instrumentos perfeitos que lhe so confiados? Seudireito, aos aparelhos mais preciosos, sofrer soluo de continuidade.A educao generosa e justa ordenar a localizao de seus esforos em

    maquinaria imperfeita, at que saiba valorizar as preciosidades em mo.A todo tempo, a mquina deve estar de acordo com as disposies dooperrio, para que o dever cumprido seja caminho aberto a direitosnovos. Entre as raas negra e amarela, bem como entre os grandesagrupamentos primitivos da Lemria, da Atlntida e de outras regiesque ficaram imprecisas no acervo de conhecimentos dos povos, osexilados da Capela trabalharam proficuamente, adquirindo a provisode amor para suas conscincias ressequidas. Como vemos, no houveretrocesso, mas providncia justa de administrao, segundo os mritosde cada qual, no terreno do trabalho e do sofrimento para a redeno.(Nota de Emmanuel)

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    IVA civilizao egpcia

    Os egpcios

    Dentre os Espritos degredados na Terra, os que constituram

    a civilizao egpcia foram os que mais se destacavam na prticado Bem e no culto da Verdade.

    Alis, importa considerar que eram eles os que menos dbitospossuam perante o tribunal da Justia Divina. Em razo dos seuselevados patrimnios morais, guardaram no ntimo uma lembran-a mais viva das experincias de sua ptria distante. Um nicodesejo os animava, que era trabalhar devotadamente para regres-sar, um dia, aos seus penates resplandecentes. Uma saudade tortu-rante do cu foi a base de todas as suas organizaes religiosas.Em nenhuma civilizao da Terra o culto da morte foi to alta-mente desenvolvido. Em todos os coraes morava a ansiedade devoltar ao orbe distante, ao qual se sentiam presos pelos maissantos afetos. Foi por esse motivo que, representando uma dasmais belas e adiantadas civilizaes de todos os tempos, as ex-presses do antigo Egito desapareceram para sempre do plano

    tangvel do planeta. Depois de perpetuarem nas Pirmides os seusavanados conhecimentos, todos os Espritos daquela regioafricana regressaram ptria sideral.

    A cincia secreta

    Em virtude das circunstncias mencionadas, os egpcios trazi-

    am consigo uma cincia que a evoluo da poca no comportava.

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    Aqueles grandes mestres da antigidade foram, ento, compe-

    lidos a recolher o acervo de suas tradies e de suas lembranasno ambiente reservado dos templos, mediante os mais terrveiscompromissos dos iniciados nos seus mistrios. Os conhecimen-tos profundos ficaram circunscritos ao circulo dos mais graduadossacerdotes da poca, observando-se o mximo cuidado no pro-blema da iniciao.

    A prpria Grcia, que a buscou a alma de suas concepes

    cheias de poesia e de beleza, atravs da iniciativa dos seus filhosmais eminentes, no passado longnquo, no recebeu toda a verda-de das cincias misteriosas. Tanto assim, que as iniciaes noEgito se revestiam de experincias terrveis para o candidato cincia da vida e da morte - fatos esses que, entre os gregos, erammotivo de festas inesquecveis.

    Os sbios egpcios conheciam perfeitamente a inoportunidadedas grandes revelaes espirituais naquela fase do progressoterrestre; chegando de um mundo de cujas lutas, na oficina doaperfeioamento, haviam guardado as mais vivas recordaes; ossacerdotes mais eminentes conheciam o roteiro que a Humanidadeterrestre teria de realizar. A residem os mistrios iniciticos e aessencial importncia que lhes era atribuda no ambiente dossbios daquele tempo.

    O Politesmo simblico

    Nos crculos esotricos, onde pontificava a palavra esclareci-da dos grandes mestres de ento, sabia-se da existncia do Deusnico e Absoluto, Pai de todas as criaturas e Providncia de todosos seres, mas os sacerdotes conheciam, igualmente, a funo dosEspritos prepostos de Jesus, na execuo de todas as leis fsicas e

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    sociais da existncia planetria, em virtude das suas experincias

    pregressas.Desse ambiente reservado de ensinamentos ocultos, partiu,

    ento, a idia politesta dos numerosos deuses, que seriam ossenhores da Terra e do Cu, do Homem e da Natureza.

    As massas requeriam esse politesmo simblico, nas grandesfestividades exteriores da religio.

    J os sacerdotes da poca conheciam essa fraqueza das almasjovens, de todos os tempos, satisfazendo-as com as expressesesotricas de suas lies sublimadas.

    Dessa idia de homenagear as foras invisveis que controlamos fenmenos naturais, classificando-as para o esprito das mas-sas, na categoria dos deuses, que nasceu a mitologia da Grcia,ao perfume das rvores e ao som das flautas dos pastores, emcontacto permanente com a Natureza.

    O culto da morte e a metempsicose

    Um dos traos essenciais desse grande povo foi a preocupa-o insistente e constante da morte. A sua vida era apenas umesforo para bem morrer. Seus papiros e afrescos esto cheios dosconsoladores mistrios do alm-tmulo.

    Era natural. O grande povo dos faras guardava a reminiscn-cia do seu doloroso degredo na face obscura do mundo terreno. Etanto lhe doa semelhante humilhao, que, na lembrana dopretrito, criou a teoria da metempsicose, acreditando que a almade um homem podia regressar ao corpo de um irracional, pordeterminao punitiva dos deuses. A metempsicose era o fruto dasua amarga impresso, a respeito do exlio penoso que lhe fora

    infligido no ambiente terrestre.

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    Inventou-se, desse modo, uma srie de rituais e cerimnias

    para solenizar o regresso dos seus irmos ptria espiritual.Os mistrios de sis e Osris mais no eram que smbolos das

    foras espirituais que presidem aos fenmenos da morte.

    Os egpcios e as cincias psquicas

    As cincias psquicas da atualidade eram familiares aos mag-nos sacerdotes dos templos.

    O destino e a comunicao dos mortos, assim como a plurali-dade das existncias e dos mundos, eram para eles problemassolucionados e conhecidos. O estudo de suas artes pictricaspositivam a veracidade destas nossas afirmaes. Num grandenmero de afrescos, apresenta-se o homem terrestre acompanhadodo seu duplo espiritual. Os papiros nos falam de suas avanadascincias nesse sentido e, atravs deles, podem os egiptlogosmodernos reconhecer que os iniciados sabiam da existncia docorpo espiritual preexistente, que organiza o mundo das coisas edas formas. Seus conhecimentos, a respeito das energias solarescom relao ao magnetismo humano, eram muito superiores aosda atualidade. Desses conhecimentos nasceram os processos demumificao dos corpos, cujas frmulas se perderam na indife-

    rena e na inquietao dos outros povos.Seus reis estavam tocados do mais alto grau de iniciao, en-

    feixando nas mos todos os poderes espirituais e todos os conhe-cimentos sagrados. por isso que a sua desencarnao provocavaa concentrao mgica de todas as vontades, no sentido de cercar-lhes o tmulo de venerao e de supremo respeito. Esse amor nose traduzia, apenas, nos atos solenes da mumificao. Tambm oambiente dos tmulos era santificado por um estranho magnetis-mo. Os grandes diretores da raa, que faziam jus a semelhantes

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    consagraes, eram considerados dignos de toda a paz no silncio

    da morte.Nessas saturaes magnticas, que ainda a esto a desafiar

    milnios, residem as razes da tragdia amarga de Lord Carnar-von e de alguns dos seus companheiros que penetraram em pri-meiro lugar na cmara morturia de Tut Ankh Amon, e ainda porisso que, muitas vezes, nos tempos que correm, os aviadoresingleses observam o no funcionamento dos aparelhos radiofni-

    cos, quando as suas mquinas de vo atravessam a limitada at-mosfera do vale sagrado.

    As Pirmides

    A assistncia carinhosa do Cristo no desamparou a marchadesse povo cheio de nobreza moral. Enviou-lhe auxiliares e men-

    sageiros, inspirando-o nas suas realizaes, que atravessaramtodos os tempos provocando a admirao e o respeito da posteri-dade de todos os sculos.

    Aquelas almas exiladas, que as mais interessantes caracters-ticas espirituais singularizam, conheceram, em tempo, que o seudegredo na Terra atingia o fim. Impulsionados pelas foras doAlto, os crculos iniciticos sugerem a construo das grandes

    pirmides, que ficariam como a sua mensagem eterna para asfuturas civilizaes do orbe. Esses grandiosos monumentos teriamduas finalidades simultneas: representariam os mais sagradostemplos de estudo e iniciao, ao mesmo tempo que constituiriam,para os psteros, um livro do passado, com as mais singularesprofecias em face das obscuridades do porvir.

    Levantaram-se, dessarte, as grandes construes que assom-bram a engenharia de todos os tempos. Todavia, no o colossode seus milhes de toneladas de pedra nem o esforo hercleo do

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    trabalho de sua justaposio o que mais empolga e impressiona a

    quantos contemplam esses monumentos. As pirmides revelam osmais extraordinrios conhecimentos daquele conjunto de Espritosestudiosos das verdades da vida. A par desses conhecimentos,encontram-se ali os roteiros futuros da Humanidade terrestre.Cada medida tem a sua expresso simblica, relativamente aosistema cosmognico do planeta e sua posio no sistema solar.Ali est o meridiano ideal, que atravessa mais continentes e me-nos oceanos, e atravs do qual se pode calcular a extenso dasterras habitveis pelo homem, a distncia aproximada entre o Sole a Terra, a longitude percorrida pelo globo terrestre sobre a suarbita no espao de um dia, a precesso dos equincios, bemcomo muitas outras conquistas cientficas que somente agora vmsendo consolidadas pela moderna astronomia.

    RedenoDepois dessa edificao extraordinria, os grandes iniciados

    do Egito voltam ao plano espiritual, no curso incessante dos scu-los.

    Com o seu regresso aos mundos ditosos da Capela, vo desa-parecendo os conhecimentos sagrados dos templos tebanos, que,por sua vez, os receberam dos grandes sacerdotes de Mnfis.

    Aos mistrios de sis e de Osris, sucedem-se os de Elusis,naturalmente transformados nas iniciaes da Grcia antiga.

    Em algumas centenas de anos, reuniram-se de novo, nos pla-nos espirituais, os antigos degredados, com a sagrada bno doCristo, seu patrono e salvador. A maioria regressa, ento, aosistema da Capela, onde os coraes se reconfortam nos sagradosreencontros das suas afeies mais santas e mais puras, mas gran-de nmero desses Espritos, estudiosos e abnegados, conservaram-

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    se nas hostes de Jesus, obedecendo a sagrados imperativos do

    sentimento e, ao seu influxo divino, muitas vezes tm reencarnadona Terra, para desempenho de generosas e abenoadas misses.

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    VA ndia

    A organizao hindu

    Dos Espritos degredados no ambiente da Terra, os que se

    gruparam nas margens do Ganges foram os primeiros a formar osprdromos de uma sociedade organizada, cujos ncleos represen-tariam a grande percentagem de ascendentes das coletividades doporvir.

    As organizaes hindus so de origem anterior prpria civi-lizao egpcia e antecederam de muito os agrupamentos israeli-tas, de onde sairiam, mais tarde, personalidades notveis, como asde Abrao e Moiss.

    As almas exiladas naquela parte do Oriente muito haviam re-cebido da misericrdia do Cristo, de cuja palavra de amor e decuja figura luminosa guardaram as mais comovedoras recorda-es, traduzidas na beleza dos Vedas e dos Upanishads. Foramelas as primeiras vozes da filosofia e da religio no mundo terres-tre, como provindo de uma raa de profetas, de mestres e inicia-dos, em cujas tradies iam beber a verdade os homens e os povos

    do porvir, salientando-se que tambm as suas escolas de pensa-mento guardavam os mistrios iniciticos, com as mais sagradastradies de respeito.

    Os arianos puros

    Era na ndia de ento que se reuniam os arianos puros, entreos quais cultivavam-se igualmente as lendas de um mundo perdi-

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    do, no qual o povo hindu colocava as fontes de sua nobre origem.

    Alguns acreditavam se tratasse do antigo continente da Lemria,arrasado em parte pelas guas dos Oceanos Pacfico e ndico, e decujas terras ainda existem pores remanescentes, como a Austr-lia.

    A realidade, porm, qual j vimos, que, como os egpcios,os hindus eram um dos ramos da massa de proscritos da Capela,exilados no planeta. Deles descendem todos os povos arianos, que

    floresceram na Europa e hoje atingem um dos mais agudos pero-dos de transio na sua marcha evolutiva. O pensamento moderno o descendente legitimo daquela grande raa de pensadores, quese organizou nas margens do Ganges, desde a aurora dos temposterrestres, tanto que todas as lnguas das raas brancas guardam asmais estreitas afinidades com o snscrito, originrio de sua forma-o e que constitua uma reminiscncia da sua existncia pregres-sa, em outros planos.

    O expansionismo dos rias

    Muitos sculos antes de qualquer prenncio de civilizaoterrestre, os rias espalharam-se pelas plancies hindus, dominan-do os autctones, descendentes dos "primatas", que possuam umapele escura e deles se distanciavam pelos mais destacados caracte-res fsicos e psquicos. Mais tarde, essa onda expansionista procu-rou localizar-se ao longo das terras da futura Europa, estabelecen-do os primeiros fundamentos da civilizao ocidental nos bosquesda Grcia, nas costas da Itlia e da Frana, bem como do outrolado do Reno, onde iam ensaiar seus primeiros passos as foras dasabedoria germnica.

    As balizas da sociedade dos gregos, dos latinos, dos celtas e

    dos germanos estavam lanadas.

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    Cada corrente da raa ariana assimilou os elementos encon-

    trados, edificando-se os primrdios da civilizao europia; cadaqual se baseou no princpio da fora para o necessrio estabeleci-mento e, muito cedo, comearam no Velho Mundo os choques desuas famlias e tribos.

    Os Mahatmas

    Da regio sagrada do Ganges partiram todos os elementos ir-resignados com a situao humilhante que o degredo da Terra lhesinfligia. As arriscadas aventuras forneceriam uma noo de vidanova e aqueles seres revoltados supunham encontrar o esqueci-mento de sua posio nas paisagens renovadas dos caminhos; lficaram, apenas, as almas resignadas e crentes nos poderes espiri-tuais que as conduziriam de novo s magnificncias dos seus

    parasos perdidos e distantes.Os cnticos dos Vedas so bem uma glorificao da f e da

    esperana, em face da Majestade Suprema do Senhor do Univer-so. A faculdade de tolerar e esperar aflorou no sentimento coleti-vo das multides, que suportaram heroicamente todas as dores eaguardaram o momento sublime da redeno. Os "mahatmas"criaram um ambiente de tamanha grandeza espiritual para o seupovo, que, ainda hoje, nenhum estrangeiro visita a terra sagradada ndia sem de l trazer as mais profundas impresses acerca desua atmosfera psquica. Eles deixaram tambm, ao mundo, as suasmensagens de amor, de esperana e de estoicismo resignado,salientando-se que quase todos os grandes vultos do passadohumano, progenitores do pensamento contemporneo, deles a-prenderam as lies mais sublimes.

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    As castas

    O povo hindu, no obstante o seu elevado grau de desenvol-vimento nas cincias do Esprito, no aproveitou de modo geral,como devia, o seu acervo de experincias sagradas.

    Seus condutores conheciam as elevadas finalidades da vida.Lembravam-se vagamente das promessas do Senhor, anteriores sua reencarnao para os trabalhos do penoso degredo. A prova

    disso que eles abraaram todos os grandes missionrios dopretrito, vendo neles os avatares do seu Redentor. Viasa foiinstrumento das lies do Cristo, seis mil anos antes do Evange-lho, cuja epopia, em seus mnimos detalhes, foi prevista pelosiniciados hindus, alguns milnios antes da organizao da Palesti-na. Krishna, Buda e outros grandes enviados de Jesus ao planomaterial, para exposio de suas verdades salvadoras, foramcompreendidos pelo grande povo sobre cuja fronte derramou oSenhor, em todos os tempos, as claridades divinas do seu amordesvelado e compassivo. Mas, como se a questo fosse determi-nada por um doloroso atavismo psquico, o povo hindu, embora assuas tradies de espiritualidade, deixou crescer no corao oespinho do orgulho que, alis, dera motivo ao seu exlio na Terra.

    Em breve, a organizao das castas separava as suas coletivi-dades para sempre. Essas castas no se constituam num sentido

    apenas hierrquico, mas com a significao de uma superioridadeorgulhosa e absoluta. As fortes razes de uma vaidade poderosadividem os espritos no campo social e religioso. Os filhos legti-mos do pas do-se o nome de rias, designao original de suaraa primitiva, e o seu sistema religioso, de modo geral, chama-se"ria-Darma", que eles afirmam trazer de sua longnqua origem, eem cujo seio no existem comunidades especiais ou autoridadecentralizadora, seno profunda e maravilhosa liberdade de senti-mento.

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    Os rajs e os prias

    Na verdade, esses sistemas avanados de religio e filosofiaevocam o fastgio da raa no seu mundo de origem, de onde foiprecipitada ao orbe terreno pelo seu orgulho desmedido e infeliz.

    Os arianos da ndia, porm, no se compadeceram das raasatrasadas que encontraram em seu caminho e cuja evoluo deviarepresentar para eles um imperativo de trabalho regenerador na

    face da Terra; os aborgenes foram considerados como os priasda sociedade, de cujos membros no podiam aproximar-se semgraves punies e severos castigos.

    Ainda hoje, o esprito iluminado de Gandhi, que obrigado aagir na esfera da mais atenciosa psicologia dos seus irmos deraa, no conseguiu eliminar esses absurdos sociais do seio dogrande povo de iniciados e profetas. Os prias so a ral de todos

    os seres e so obrigados a dar um sinal de alarme quando passampor qualquer caminho, a fim de que os venturosos se afastem doseu contgio malfico.

    A realidade, contudo, que os rajs soberanos, ao influxo damisericrdia do Cristo, voltam s mesmas estradas que transita-ram sobre o dorso dos elefantes ajaezados de pedrarias, comomendigos desventurados, resgatando o pretrito em avatares deamargas provaes expiatrias. Os que humilharam os infortuna-dos, do alto de seus palcios resplandecentes, volvem aos mesmoscaminhos, cheios de chagas cancerosas, exibindo a sua misria e asua indigncia.

    E o que de admirar-se que nenhum povo da Terra temmais conhecimentos, acerca da reencarnao, do que o hindu,ciente dessa verdade sagrada desde os primrdios da sua organi-zao neste mundo.

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    Em face de Jesus

    Nos bastidores da civilizao, somos compelidos a reconhe-cer que a ndia foi a matriz de todas as filosofias e religies daHumanidade, inclusive do materialismo, que l nasceu na escolados charvacas.

    Um pensamento de gratido nos toma o ntimo, examinando asua grandeza espiritual e as suas belezas misteriosas, mas, acima

    dos seus iogues e de seus "mahatmas", temos de colocar a figuraluminosa dAquele que a luz do mundo e cuja vinda Terra severificaria para trazer a palma da concrdia e da fraternidade, paratodos os coraes e para todos os povos, arrasando as fronteirasque separam os espritos e eliminando os laos ferrenhos dascastas sociais, para que o amor das almas substitusse o preconcei-to de raa no seu reinado sem-fim.

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    VIA famlia indo-europia

    As migraes sucessivas

    Se as civilizaes hindu e egpcia definiram-se no mundo em

    breves sculos, o mesmo no aconteceu com a civilizao ariana,que ia iniciar na Europa os seus movimentos evolutivos.

    Somente com o escoar de muitos sculos regularizaram-se assuas migraes sucessivas, atravs dos planaltos da Prsia. Do Irprocederam quase todas as correntes da raa branca, que represen-tariam mais tarde os troncos genealgicos da famlia indo-europia.

    Conforme afirmvamos, os arianos que procuravam as novasemoes de uma terra desconhecida eram, na sua maioria, osespritos revoltados com as condies do seu degredo; poucoafeitos aos misteres religiosos que, pela fora das circunstncias,impunham uma disciplina de resignao e humildade, no cuida-ram da conservao do seu tradicionalismo, na nsia de conquistarum novo paraso e serenarem, assim, as suas inquietaes angus-tiosas.

    A ausncia de notcias histricas

    A reside a razo do escasso conhecimento dos historiadores,acerca dos rias primitivos que lanaram os marcos da civilizaoeuropia.

    Caminheiros do desconhecido erraram pelas plancies e mon-tanhas desertas, no como o povo hebreu, que guardava a palavra

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    divina com a sua f, mas desarvorados e sem esperana, contando

    apenas com as prprias foras, em virtude do seu carter livre einsubmisso

    Suas incurses, entre as tribos selvagens da Europa, datam demais ou menos dez milnios antes da vinda do Cristo, no obstan-te a humanidade localizar-lhe a marcha apenas quatro mil anosantes do grande acontecimento da Judia. que, em vista de suasituao psicolgica, os primitivos rias do Velho Mundo no

    deixaram vestgios nos domnios da f, nico caminho, daquelestempos, atravs do qual poderia uma raa assinalar sua passagempela Terra. No guardavam a histria verbal de uma religio queno possuam. Mais revoltados e enrijecidos que todos os demaiscompanheiros exilados no orbe terrestre, suas reminiscncias davida pregressa nos planos mais elevados, qual a que haviam expe-rimentado no sistema da Capela, traduziam-se numa revolta nti-ma, amargurada e dolorosa, contra as determinaes de ordem

    divina. Apenas muito mais tarde, com a contribuio dos mil-nios, os celtas retornaram ao culto divino, venerando as foras daNatureza, junto dos carvalhos sagrados, e os germanos iniciaram asua devoo ao fogo, que personificava, a seus olhos, a potnciacriadora dos seres e das coisas, enquanto outros povos comearama sacrificar vtimas e objetos aos seus numerosos deuses.

    A grande virtude dos rias europeus

    A misericrdia do Cristo, porm, jamais deixou de acompa-nhar esse grande povo no seu atribulado desterro. Ao influxo dosseus emissrios, as massas migratrias da sia se dividiram emgrupos diversos, que penetraram na Europa, desde o Peloponesoat as vastas regies da Rssia, onde se encontram os antepassa-

    dos dos gregos, latinos, samnitas, mbrios, gauleses, citas, iberos,romanos, saxnios, germanos, eslavos. Essas tribos assimilaram

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    todos os elementos encontrados em seus caminhos, impulsionan-

    do-lhes os passos nas sendas do progresso e do aperfeioamento.Enquanto os semitas e hindus se perderam na cristalizao doorgulho religioso, as famlias arianas da Europa, embora revolta-das e endurecidas, confraternizaram com o selvagem e nissoreside a sua maior virtude. Assimilando os aborgenes, engendra-ram as premissas de todos os surtos das civilizaes futuras.Nessa movimentao para o estabelecimento de novo "habitat",organizaram as primeiras noes polticas da vida coletiva, ele-gendo cada tribo um chefe para a direo de sua vida em comum.A agricultura, as indstrias pastoris, com elas encontraram osprimeiros impulsos nas estradas incertas dos que descendiam do"primata" europeu. Com as organizaes econmicas, oriundas dotrato direto com o solo, deixaram perceber a lembrana de suaslutas no antigo mundo que haviam deixado. Bastou que inaugu-rassem na Terra o senso da propriedade, para que o germe da

    separatividade e do cime, da ambio e do egosmo lhes destru-sse os esforos benfazejos...

    As rivalidades entre as tribos, na vida comum, induziram-nasaos primeiros embates fratricidas.

    O Mediterrneo e o Mar do Norte

    Por essa poca, novos fenmenos geolgicos abalam a vidado globo.

    Precisava Jesus estabelecer as linhas definitivas da grande ci-vilizao, cujos primrdios se levantavam; e dessas convulsesfsicas do orbe surgem renovaes que definem o Mediterrneo eo Mar do Norte, fixando-se os limites da ao daqueles ncleos deoperrios da evoluo coletiva.

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    O Cristo sabia valorizar a atividade da famlia indo-europia,

    que, se era a mais revoltada contra os desgnios do Alto, era tam-bm a nica que confraternizava com o selvagem, aperfeioando-lhe os caracteres raciais, sem esmorecer na ao construtiva dasoficinas do porvir. Atravs dos milnios, aliviou-lhe os pesares nocaminho sobrecarregado de lutas e dores tenazes. Assim, enviou-lhe emissrios em todas as circunstncias, atendendo-lhe os secre-tos apelos do corao, no labor educativo das tribos primitivas docontinente. Suavizou-lhe a revolta e a amargura, ajudando a re-construir o templo da f, na esteira das geraes. Nos bosques daArmrica, os celtas antigos levantaram os altares da crena entreas rvores sagradas da Natureza. Doces revelaes espirituaiscaem na alma desse povo mstico e operoso, que, muito antes dossaxes, povoou as terras da Gr-Bretanha.

    A reencarnao de numerosos auxiliares do Mestre, em seuslabores divinos, opera uma nova fase de evoluo no seio da

    famlia indo-europia, j caracterizada pelas mais diversas expres-ses raciais. Enquanto os germanos criam novas modalidades deprogresso, o Lcio se ergue na Itlia Central, entre a Etrria e aCampnia; a Grcia se povoa de mestres e cantores, e todo oMediterrneo oriental evolve com o uso da escrita, adquirido naconvizinhana das civilizaes mais avanadas.

    Os nrdicos e os mediterrnicos

    O fenmeno das trocas e os primeiros impulsos comerciaislevantam, todavia, longa srie de barreiras entre as relaes dessespovos. De um lado, estavam os nrdicos e de outro permaneciamos mediterrnicos, em luta acrrima e constante. A rivalidadeacende nessas duas faces os fogos da guerra, sob os cus tran-

    qilos do Velho Mundo. Uns e outros empunham as armas primi-tivas para as lutas de extermnio e destruio das hostes inimigas,

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    e a linha divisria dos litigantes se alonga justamente no local

    onde hoje se traam os limites da Frana e da Alemanha contem-porneas.

    como se explica essa intensidade de averso racial entre asduas naes, contadas entre as mais progressistas e operosas doplaneta. Tal situao psicolgica entre ambas haveria de tornar-seem fatalidade histrica, oriunda dos atritos entre o Germanismo ea Latinidade, nas pocas primitivas. O que se no justifica, porm,

    a perpetuao dessas animosidades no curso do tempo, pelo quese impe, como imperativo constante, a concentrao de todos ospensamentos no objetivo da fraternidade geral.

    Origem do racionalismo

    Os arianos da Europa, como ficou esclarecido, no possuram

    grandes ascendentes religiosos na sua formao primitiva, emvista do senso prtico que os caracterizou nos primeiros temposde sua organizao.

    O racionalismo de suas concepes, a tendncia para as cin-cias positivas e o amor pela hegemonia e liberdade so, dessamaneira, elucidados dentro da anlise dos seus primrdios. Emmatria de religio, quase todos os seus passos foram orientados

    pelos povos semitas e hindus, mas, pelo cultivo da razo, puderamaperfeioar a Cincia at s culminncias das conquistas moder-nas.

    O mundo, se muitas vezes perdeu com as suas inquietaes ecom as suas lutas renovadoras, muito lhes deve pela colaboraodecidida e sincera no labor do pensamento, em todas as pocas eperodos evolutivos.

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    As advertncias do Cristo

    A sua confraternizao com os terrcolas primrios, encontra-dos no seu caminho, constitui uma divida sagrada da Humanidadepara com os seus labores planetrios.

    O Senhor da semeadura e da seara no lhes desconhece essagrande virtude e por isso que as exortaes de toda natureza sopor ele enviadas do Alto, nos tempos que correm, s naes euro-

    pias, a fim de que se preservem do extermnio e da destruioterrestre, arrancando-as do primitivismo para um elevado nvel deaperfeioamento nos grandes trabalhos construtivos da evoluoglobal; se erraram muito, foram igualmente muito sinceras, por-que a sua inquietao era por levantar um novo paraso para simesmas e para os homens terrestres, com cujas famlias fraterni-zaram-se desde o princpio. Faltaram-lhes os valores espirituais deuma perfeita base religiosa, situao essa para a qual concorre-ram, inegavelmente, na utilizao do livre-arbtrio; mas o Cristo,nas dolorosas transies deste sculo, h de amparar-lhes as ex-presses mais dignas e mais puras, espiritualmente falando, e, nomomento psicolgico das grandes transformaes, o fruto de suasatividades fecundas h de ser aproveitado, como a semente nova,para a civilizao do porvir.

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    VIIO povo de Israel

    Israel

    Dos Espritos degredados na Terra, foram os hebreus que

    constituram a raa mais forte e mais homognea, mantendo inal-terados os seus caracteres atravs de todas as mutaes.

    Examinando esse povo notvel no seu passado longnquo, re-conhecemos que, se grande era a sua certeza na existncia deDeus, muito grande tambm era o seu orgulho, dentro de suasconcepes da verdade e da vida.

    Consciente da superioridade de seus valores, nunca perdeu

    oportunidade de demonstrar a sua vaidosa aristocracia espiritual,mantendo-se pouco acessvel comunho perfeita com as demaisraas do orbe. Entretanto, em honra da verdade, somos obrigadosa reconhecer que Israel, num paradoxo flagrante, antecipando-ses conquistas dos outros povos, ensinou de todos os tempos afraternidade, a par de uma f soberana e imorredoura. Sem ptriae sem lar, esse povo herico tem sabido viver em todos os climassociais e polticos, exemplificando a solidariedade humana nas

    melhores tradies de trabalho; sua existncia histrica, contudo, uma lio dolorosa para todos os povos do mundo, das conse-qncias nefastas do orgulho e do exclusivismo.

    Moiss

    As lendas da Torre de Babel no representam um mito naspginas antigas do Velho Testamento, porque o exlio na Terra

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    no pesou tanto s outras raas degredadas quanto na alma orgu-

    lhosa dos judeus, inadaptados e revoltados num mund