espécies vegetais utilizadas em revegetação de taludes

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ESPÉCIES VEGETAIS UTILIZADAS EM REVEGETAÇÃO DE TALUDES Recuperação de Áreas de Encostas Instáveis A maioria das ocorrências de recuperação e/ou revegetação de áreas de encosas está ligada a processos erosivos que causam sulcamentos de baixa intensidade, provocados pela ausência de cobertura vegetal e pela pequena profundidade dos solos da região. Entre essas ocorrências, estão aquelas ligadas a deslizamentos nos taludes laterais à faixa, erosões longitudinais e transversais com sulcos pouco profundos, erosões nas margens de rios e córregos e áreas encharcadas ou mal drenadas. Nesses pontos, as correções serão efetuadas no momento da implantação do canal, de acordo com Projeto Executivo, que será elaborado, para que o movimento de máquinas e a abertura da faixa não promovam a desestruturação das medidas corretivas e de recuperação planejadas. Em áreas mais instáveis, onde houver escorregamentos de massa ou onde já se iniciam processos de ravinamento, deverá ser procedida inicialmente a estabilização mecânica para posterior implementação de programa de recuperação e reabilitação ambiental. Nesses casos, dever-se-á priorizar a estabilização em detrimento da recuperação de condições originais.

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Relação de espécies vegetais utilizadas em revegetação e recuperação de áreas degradadas.

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ESPÉCIES VEGETAIS UTILIZADAS EM REVEGETAÇÃO DE TALUDES

Recuperação de Áreas de Encostas Instáveis

A maioria das ocorrências de recuperação e/ou revegetação de áreas de

encosas está ligada a processos erosivos que causam sulcamentos de baixa

intensidade, provocados pela ausência de cobertura vegetal e pela pequena

profundidade dos solos da região.

Entre essas ocorrências, estão aquelas ligadas a deslizamentos nos

taludes laterais à faixa, erosões longitudinais e transversais com sulcos pouco

profundos, erosões nas margens de rios e córregos e áreas encharcadas ou

mal drenadas.

Nesses pontos, as correções serão efetuadas no momento da

implantação do canal, de acordo com Projeto Executivo, que será elaborado,

para que o movimento de máquinas e a abertura da faixa não promovam a

desestruturação das medidas corretivas e de recuperação planejadas.

Em áreas mais instáveis, onde houver escorregamentos de massa ou

onde já se iniciam processos de ravinamento, deverá ser procedida

inicialmente a estabilização mecânica para posterior implementação de

programa de recuperação e reabilitação ambiental. Nesses casos, dever-se-á

priorizar a estabilização em detrimento da recuperação de condições originais.

Poderão ser utilizadas contenções com sacos de solo-cimento ou

gabiões para evitar novos desmoronamentos em lugares muito íngremes. Nas

travessias de rios e córregos, as margens poderão ser protegidas por mantas

de gabião para evitar a instalação de processos erosivos.

A revegetação das áreas degradadas pela construção dos

canais tem como objetivos principais evitar o carreamento de sólidos,

o surgimento de processos erosivos nas áreas trabalhadas promover

o retorno ao ciclo produtivo das áreas agrícolas e reintegrar as Áreas

de Preservação Permanente (APA) atingidas.

De acordo com as diretrizes e especificações técnicas de

projeto, a revegetação deverá ser realizada com espécies de portes

herbáceo, arbustivo e arbóreo onde possível.

Os trabalhos de revegetação deverão ocorrer paralelamente

aos serviços de recomposição, logo após o nivelamento do terreno e a

recolocação do “top-soil”. No processo de revegetação haverá a

necessidade de irrigação constante até a estabilização dos plantios.

Em face do baixo índice de precipitação os plantios deverão ser, na

medida do possível, realizados no período de chuva.

Devem ser priorizadas, para a revegetação, as áreas íngremes

e as margens de cursos d’água, consideradas por lei como de

preservação permanente, as quais apresentam maiores riscos de

danos ambientais, como erosões e assoreamentos.

As metodologias específicas para taludes de cortes e aterros,

objeto de estudo deste relatório, são apresentadas a seguir.

As áreas de elevada declividade (acima de 45%), são

normalmente ocupadas com Neossolos, Litólicos, Luvissolos

Crômicos, pedregosos, associados a Afloramentos de Rochas.

Estas áreas receberão um tratamento de revegetação para

cobertura rápida do solo, evitando o surgimento de processos

erosivos. Para tal, será utilizado um coquetel de espécies vegetais de

gramíneas e leguminosas de rápido crescimento (consórcio de

espécies).

Segundo Pereira (2005), as gramíneas têm importância fundamental por

atuarem como plantas pioneiras na sucessão ecológica ajudando na

recuperação, proteção e revitalização do solo. Elas podem ser descritas como

espécies que apresentam um crescimento rápido, baixa exigência de fertilidade

do substrato, alta capacidade de perfilhamento e pelas características de seu

sistema radicular, que proporciona um melhor suporte mecânico para o talude

e pelo aproveitamento de cerca de 80% do nitrogênio incorporado ao solo

pelas leguminosas acelerando ainda mais seu crescimento.

Aspecto geral da família Gramineae. Fonte: Magalhães (2005).

Os taludes de corte e superfícies de “bota-fora” devem ser

revegetados por semeadura natural, seguindo as mesmas orientações

de plantio descritas para as áreas de gramíneas.

Nos taludes de corte, as covas devem possuir uma

profundidade que não permita o carreamento das sementes,

corretivos e fertilizantes por ocorrência de uma chuva intensa, típicas

da região semi-árida. Para tal, essas covas devem ser abertas com o

auxílio de uma “enxadinha de bico” afinalado.

Após os plantios, devem ser executadas medidas de

manutenção que englobem o replantio nos locais que apresentem

falhas, caso seja necessário, a adubação de cobertura, 3 a 4 meses

após o plantio, e a construção de uma cerca de arame gradeada, para

evitar o acesso de animais, principalmente, os caprinos e ovinos,

possam prejudicar a reabilitação da área. Essa cerca deve

ser provisória e mantida durante o primeiro ano, após o plantio, ou

mesmo por mais tempo, a depender do desenvolvimento da

vegetação.

Métodos de Plantio

Dentre os métodos de plantio, destacam-se: plantio de

gramíneas e leguminosas por semeadura e mudas e plantio de

espécies arbustivas e arbóreas em covas:

a) Plantio de Grama em Semeaduras e Mudas

Esse processo poderá ser utilizado em qualquer declive e

consiste no plantio manual das gramíneas por semeadura e,

dependendo do caso, por mudas ou touceiras. As sementes serão

espalhadas à lanço, por modo manual, considerando os critérios

médios de 10g/m2. A irrigação após a semeadura é fundamental para

o bom desenvolvimento do estágio

inicial de pega e crescimento das gramíneas, considerando o clima

seco da região. Em alguns casos, principalmente, nas áreas de maior

declive, poderão ser utilizada as mudas ou touceiras, à razão de 100

por metro quadrado, que serão colocadas nas covas, recobertas com

terra e compactadas manualmente. A terra restante deverá ser

espalhada entre as mudas.

b) Plantio de Capim em Faixas Oblíquas

Em taludes mais íngremes, poderá ser recomendável a

introdução de gramíneas em faixas oblíquas ou sub-horizontais, com

a finalidade de evitar escorregamentos das gramíneas plantadas e do

subsolo.

Essas gramíneas deverão ser escolhidas entre as que tiverem

maior poder de enraizamento e boa rusticidade, para se adaptarem

melhor às condições de fertilidade do saprolito — material de

horizonte C e de rocha decomposta.

A escolha das espécies mais adequadas deverá basear-se em

critérios de adaptabilidade edafoclimática (umidade do solo),

rusticidade, capacidade de reprodução, perfilhamento, velocidade de

crescimento, adaptabilidade às condições de solo e subsolo e

facilidade de obtenção de sementes.

Dever-se-á ter em conta que os taludes mais profundos podem

atingir o subsolo que se caracteriza pela baixa capacidade de suporte.

Assim, as espécies a serem utilizadas devem ser tolerantes ao déficit

hídrico, e aos outros fatores climáticos mais importantes —

temperatura, insolação e baixa umidade relativa. Além disso, em

alguns casos, devem apresentar tolerância ao excesso de salinidade

do solo.

c) Espécies Recomendadas

Entre as gramíneas, algumas espécies são altamente

recomendadas para semeadura em áreas a serem recuperadas,

devido à grande resistência à intempéries. Destacam-se:

- braquiária (Brachiaria spp.) – gramínea perene, herbácea, ereta,

entouceirada, glabra, estolonífera e rizomatosa de 40 a 80cm de

altura, que se propaga tanto por sementes quanto por meios

vegetativos. É uma espécie agressiva e muito resistente à seca.

- capim-de-rhodes (Chloris gayana) – é uma gramínea perene

estolonífera, que se adapta perfeitamente ao nordeste. Além dos

colmos verticais emite vigorosos estalões que enraizam entre os nós,

dando origem á nova touceira. Ocupa o terreno rapidamente, resiste

bem ao pisoteio ao fogo e à seca. Adapta-se a vários tipos de solos,

com exceção dos terrenos úmidos. Altamente recomendada para as

condições do semi-árido.

- grama-bermuda (Cynodon dactylon) – é uma gramínea de

crescimento agressivo que suporta pisoteio. É de crescimento rasteiro

e recomendada para climas áridos, adaptando-se aos mais distintos

tipos de solos. É recomendada para a região nordestina, onde

também é conhecida como capim-de-burro ou capim-estrela.

- capim-angolinha (Eriochloa polystachya) – gramínea com alto poder

de disseminação e resistente a áreas salinizadas. É indicada para

conservar e vegetar canais de terra, cujas faces encontram-se

expostas.

-macambira (Bromelia laciniosa) - é uma planta da família das

bromeliáceas, do gênero Bromélia. Possui vários usos que vão desde

a utilização da planta para evitar a erosão, até como alimento para o

gado.

Quanto às espécies nativas é importante a colaboração de

órgãos de pesquisa, no sentido de orientar campanhas de coleta de

sementes e os próprios plantios, uma vez que não são comuns em

larga escala, como acontece em outras regiões do país.

Devem ser previstos programas de plantio envolvendo, por

exemplo, alunos de escolas na coleta de sementes e propágulos

(Estratégia de Educação e sensibilização ambiental). É importante,

também, estimular a instalação de viveiros comunitários e

particulares, para produção de mudas em escala comercial e, pouco a

pouco, introduzindo na região a cultura

dos plantios de espécies nativas.

Já foi relatado o alto poder de contenção de encostas que possui

a macambira. Embora seja espinhosa, sua utilização é altamente

recomendada para plantio em aterros. Porém, seu plantio não é

aconselhável em áreas urbanas, uma vez que por conta do seu

formato, há o acúmulo de água em suas folhas. Tornando-se assim

um potencial vetor de transmissão do mosquito da dengue.

Macambira (Bromelia laciniosa)

BIBLIOGRAFIA

BRASIL. Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional – Projeto Básico Ambiental. 2005.

LONDE, Patrícia Ribeiro; BITAR, Norma. A.P.B. Importância do Uso de Vegetação para Combate à Erosão em Taludes do Lixão Desativado no Município de Patos de Minas (MG). UNIPAM. Patos de Minas. 2011.

MAGALHÃES, A. de F. Avaliação do desempenho de Técnicas de Bioengenharia na Proteção e Conservação da Cobertura Final de Taludes em Aterros de Disposição de Resíduos Sólidos Urbanos: Estudo de Caso para o Aterro Sanitário de Belo Horizonte, MG. 2005. 169 f.. Dissertação (Mestrado em Saneamento, Recursos Hídricos e Meio Ambiente). Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2005.