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ANDRE TADEU GOMES DIEGO LUIZ ORO GUILHERME ALVES BORGES HELDER WAKABAYASHI OLIVIA CHAVES ESTABILIDADE EM TALUDES: PRINCIPAIS PROBLEMAS E TECNICAS DE CONTENÇÃO

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Page 1: Projeto de Taludes

ANDRE TADEU GOMES

DIEGO LUIZ ORO

GUILHERME ALVES BORGES

HELDER WAKABAYASHI

OLIVIA CHAVES

ESTABILIDADE EM TALUDES:

PRINCIPAIS PROBLEMAS E TECNICAS DE CONTENÇÃO

ITABIRA

2012

Page 2: Projeto de Taludes

ANDRE TADEU GOMES

DIEGO LUIZ ORO

GUILHERME ALVES BORGES

HELDER WAKABAYASHI

OLIVIA CHAVES

ESTABILIDADE EM TALUDES:

PRINCIPAIS PROBLEMAS E TECNICAS DE CONTENÇÃO

PROJETO DE PESQUISA AO CURSO DE

METODOLOGIA CIENTIFICA DE PESQUISA

DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE

ITAJUBA – CAMPUS ITABIRA PARA

AVALIAÇÃO E CONCLUSÃO DA

DISCIPLINA

PROF: GERALDO FABIANO DE SOUZA

MORAES

ITABIRA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

2012

Page 3: Projeto de Taludes

RESUMO

Cada vez mais, o estudo dos processos de instabilizarão de taludes e

suas formas de contenção tornam-se necessários, devido a desastrosas

consequências que os escorregamentos acarretam tanto em peritos urbanos

ou não, abortando riscos correspondentes e medidas de prevenção do controle

de movimentos de terra que possam acontecer.

Em paralelo, este trabalho tem como objetivo abortar os problemas que

envolvem estabilidade de taludes e formas de contenção, a fim de fornecer

uma panorâmica geral das técnicas usadas para este tipo de problema, com

intuito de prevenção de futuros desastres de grandes magnitudes.

PALAVRAS-CHAVE: Taludes, Técnicas de Contenção, Erosão,

Deslocamentos, Encostas.

Page 4: Projeto de Taludes

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Ilustração geral de um talude e sua terminologia empregada. 3

Figura 2.1.a – Foto anterior à destruição na pousada em Angra dos

Reis/RJ..................................................................................................... 6

Figura 2.1.b – Foto da destruição na pousada em Angra dos Reis - RJ,

após deslizamento de terra...................................................................... 7

Figura 2.1.c – Foto de futuros deslizamentos na encosta em Angra......... 7

Figura 2.1.1.a – Ilustração de deslocamento rotacional........................... 8

Figura 2.1.1.b – Ilustração de tipos de escorregamentos........................ 10

Figura 2.1.2 – Ilustração de deslocamento translacional......................... 11

Figura 2.1.3 – Ilustração de deslocamento misto..................................... 11

Figura 2.1.4 – ilustração de expansão lateral de blocos.......................... 12

Figura 2.2 – Erosão em talude n rotatória Av. Eng. Pedro Guerra com

MG 129/ITABIRA-MG................................................................................ 13

Figura 2.2.1.a – Foto de um talude com erosão em sulcos..................... 14

Figura 2.2.1.b – Foto de erosão diferenciada em parque de Vila Velha no

Paraná...................................................................................................... 14

Figura 2.2.2 – Erosão causada por sistema de drenagem....................... 15

Figura 2.3 – lustração de queda de blocos.............................................. 16

Figura 2.4 – lustração de tombamento de um maciço rochoso................ 17

Figura 2.5 – lustração de movimento de rastejo...................................... 18

Page 5: Projeto de Taludes

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Ângulo de um talude natural para tipos diferente de solo........ 4

Tabela 3. Representação dos agentes ativos e passivos.......................... 19

Page 6: Projeto de Taludes

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................... 1

A. Rochas.................................................................................. 1

B. Solos..................................................................................... 2

C. Taludes................................................................................. 3

1.1 Objetivos.................................................................................... 4

1.2 Justificativa................................................................................ 5

2 PRINCIPAIS TIPOS DE PROBLEMAS ENCONTRADOS E

TALUDES............................................................................................. 5

2.1 Escorregamentos....................................................................... 5

2.1.1 Escorregamento Rotacional.......................................... 8

2.1.2 Escorregamento Translacional..................................... 10

2.1.3 Escorregamento Misto................................................... 11

2.1.4 Expansão Lateral de Blocos.......................................... 12

2.2 Erosão......................................................................................... 12

2.2.1 Erosão em taludes de corte ou aterro........................... 13

2.2.2 Erosão associada a obras de drenagem...................... 15

2.3 Queda de blocos......................................................................... 15

2.4 Tombamento............................................................................... 16

2.5 Rastejo......................................................................................... 17

3 CAUSA PARA A OCORRÊNCIA DESTE TIPO DE FENÔMENO....... 18

3.1 Agentes ativos........................................................................ 20

3.2 Agentes passivos................................................................... 21

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................... 23

Page 7: Projeto de Taludes

1 INTRODUÇÃO

Atualmente a estabilidade de taludes é frequentemente objeto de estudo de

engenheiros e geólogos responsáveis por obras de construção civil. Este termo

toma força em emissoras de televisão e noticiários impressos principalmente

em períodos chuvosos do ano, como por exemplo, no mês de janeiro no ano de

2011 na região serrana do Rio de Janeiro, onde, por intensas e sucessivas

chuvas, resultou em uma grande massa de terra deslizante de encosta sobre

uma área habitada, causando centenas de mortes e severos danos materiais.

As inúmeras variáveis que diferenciam um talude, como composição,

teor de umidade, plasticidade, inclinação, cargas, enfim uma infinidade de

A. Rochas

Segundo CAPUTO (1988), a palavra rocha designa, apenas, os

materiais naturais consolidados, duros e compactos, da crosta terrestre ou

litosfera. Paro os fragmentos isolados reservam-se as denominações bloco de

rocha quando com diâmetro médio superior a 1m, matacão quando entre 1m e

25 cm e pedra entre 25 cm e 76 mm.

Na pratica geotécnica matacões correspondem a grandes blocos com

diâmetros médios variando de algumas dezenas de centímetro a vários de

metros.

Existem três tipos de diferentes de rochas, podendo dividi-las da

seguinte forma:

a. Rochas Ígneas ou Magmáticas: São rochas formadas a altas

temperaturas, a partir de material fundido em grandes

profundidades e que, às vezes, extravasa a superfície do planeta

através dos vulcões.

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Page 8: Projeto de Taludes

b. Rochas Sedimentares: São rochas formadas por materiais

derivados da decomposição e desintegração de qualquer rocha

pré-existente.

c. Rochas Metamórficas: São rochas formadas por uma rocha pré-

existente no estado solido onde passando por um processo de

transformação derivado de altas temperaturas e pressão.

B. Solos

Solo por definição é o material resultante da desintegração e

decomposição de rochas por agentes atmosféricos e biológicos, geralmente

não consolidados, variando de centímetros a dezenas de metros, sendo esta a

camada mais externa da Terra.

Dentre os principais tipos de solos existentes, citamos três:

a. Solos Residuais – são os que permanecem no local da rocha de

origem, observando-se uma gradual transição do solo ate a

rocha, denominadas de horizontes e podendo dividi-las em quatro

camadas distintas.

b. Solos Sedimentares – são os que sofrem a ação de agentes

transportadores, podendo ser aluvionares (transportados pela

água), eólicos (transportados pelo vento), coluvionares

(transportados pela ação da gravidade) e glaciares (transportados

pelas geleiras).

c. Solos de Formação Orgânica – são os de origem essencialmente

orgânica, seja de natureza vegetal (decomposição de plantas e

raízes) como de origem animal.

O compreendimento do solo quanto a sua formação, composição,

origem e características, como plasticidade e liquidez, são fatores que alteram

diretamente na escolha correta do procedimento adotada para prevenção,

contenção ou restauração de um talude.

2

Page 9: Projeto de Taludes

Um dos principais agentes decisivos na escolha da técnica aplicada a

ser em um talude é o fator solo, principalmente a sua composição e limite de

plasticidade e liquidez (LP e LL). Esses limites são obtidos através

experimentos com intuito de conhecer o teor de umidade do solo em amostra.

C. Taludes

Segundo CAPUTO (1988), entende-se como talude qualquer superfície

inclinada que limita um maciço de terra, de rocha ou de rocha e terra.

Popularmente os taludes são chamados de barranco ou encosta, podendo ser

ele de formação natural, no caso encosta ou barranco, ou de formação artificial,

como os taludes de corte ou aterro.

A figura a seguir mostra um talude e sua terminologia empregada.

Figura 1 – Ilustração geral de um talude e sua terminologia empregada.

O ângulo da inclinação de um talude natural varia com a presença de

agua no solo, sendo este valor diferente para cada tipo de composição do

mesmo. O valor real de cada solo depende das condições locais especificas,

com o grau de compactação, homogeneidade do solo, permeabilidade da

camada superficial, presença de vibrações, existência de escavações

circunvizinhas, presença de sobrecargas adicionais, enfim uma variedade de

influencias.

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Page 10: Projeto de Taludes

Tabela 1 – Ângulo de um talude natural para tipos diferente de solo.

Fonte: Rousselet (1988).

A inclinação é crucial para obras de taludes artificiais de acordo com a

técnica de contenção e variáveis de influencia.

1.1 Objetivos

Este trabalho tem como objetivos evidenciar os principais problemas

encontrados nos taludes rodoviários e urbanos, sendo eles de origem natural

ou artificial, assim como as causas que dão origem a estes problemas.

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Page 11: Projeto de Taludes

1.2 Justificativa

Este trabalho possui uma importância relevante devido a catástrofes que

ocorrem principalmente em regiões serranas e em rodovias, onde a

compreensão do assunto ajuda a prevenir futuros desastres, evitando perdas

materiais e humanas.

2 PRINCIPAIS TIPOS DE PROBLEMAS ENCONTRADOS E TALUDES

2.1 Escorregamentos

Devido à força da gravidade, as velocidades de um escorregamento são

variáveis.

Ao longo plano de inclinação de uma vertente é um exemplo que esses tipos

de movimentos podem ocorrer. A causa desse movimento se justifica quando

existe um desequilíbrio na distribuição de forças ao longo de uma determinada

superfície, fazendo com que as forças atuantes, que favorecem o movimento,

sejam superiores às forças resistentes.

Embasado na geometria da superfície a que dão origem, os escorregamentos

podem ser classificados em rotacionais ou translacionais.

Abaixo fotos relacionadas ao acidente ocorrido na virada do ano de

2010/2011 em angra dos reis, região litorânea do rio de janeiro, onde por

deslizamento de encosta resultou em perdas materiais e de vidas humanas.

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Page 12: Projeto de Taludes

Figura 2.1.a – Foto anterior à destruição na pousada em Angra dos Reis –

RJ

Uma observação importante a ser notada na Figura 2.1.a, são os blocos

arredondados na parte inferior da pousada, onde podem ter sido de

deslizamentos antigos na região.

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Page 13: Projeto de Taludes

Figura 2.1.b – Foto da destruição na pousada em Angra dos Reis – RJ,

após deslizamento de terra.

Figura 2.1.c – Foto de futuros deslizamentos na encosta em Angra.

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Page 14: Projeto de Taludes

2.1.1 Escorregamento rotacional

Destaca-se pelo movimento de massas de solo ou rocha que deslizam

em relação ao substrato ao longo de uma ou várias superfícies de ruptura,

causadas por perda de resistência ao corte, com secção transversal curva com

concavidade voltada para cima, figura 2.3.

Esse tipo de escorregamento é um caso particular, pois ocorre

predominantemente em solos coesivos e homogêneos ou em maciços

rochosos muito fraturados.

Podendo ser superficial ou profunda, a ruptura desenvolve-se segundo

uma superfície curva originando a rotação da massa instável. Uma vez

desencadeado o movimento, a massa envolvida pode dividir-se em vários

blocos que deslizam entre si dando origem à formação de vários patamares em

escada com abertura de fendas.

Figura 2.1.1.a – Ilustração de deslocamento rotacional.

Movimenta-se em conjunto a uma velocidade variável, a massa de

material deslocado podendo envolver grande volume de material. Por vezes,

quando o material em movimento não atinge o equilíbrio no sopé da zona

instabilizada, por esta se encontrar em cima da base do talude, podem

alcançar velocidades elevadas, dando lugar a fluxos de terras ou detritos.

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Page 15: Projeto de Taludes

A superfície ou plano de ruptura é uma calota esférica mais ou menos

regular e determina uma topografia superficial côncava na zona superior e

convexa na inferior. A cicatriz em planta tem a forma de meia-lua.

Neste tipo de movimento, é possível distinguir as seguintes zonas:

a. Cabeceira do talude - limite a partir do qual o movimento teve início;

b. Escarpa do talude - exibe parcialmente a superfície côncava ao longo da

qual ocorreu o movimento;

c. Pé do talude - zona de acumulação do volume de material que sofreu o

movimento.

Os escorregamentos rotacionais podem ainda ser classificados em simples,

múltiplos ou sucessivos.

No caso de ser simples, o movimento é caracterizado por uma superfície de

deslizamento ao longo da qual a massa se move como uma única unidade.

Um escorregamento múltiplo desenvolve-se de modo análogo ao

escorregamento simples, à diferença reside no fato de existirem várias

unidades deslizantes, que se movimentam paralelamente à superfície de

ruptura inicial, tornando-se, por vezes, muito difícil de distinguir este movimento

do escorregamento simples uma vez que só é possível distinguir a parte

superior do bloco deslizante.

Num escorregamento sucessivo ocorrem roturas sucessivas de pequena

profundidade, mas com grande continuidade lateral. O movimento manifesta-se

predominantemente em argilas fissuradas quando a inclinação do terreno é

próxima do estado de equilíbrio limite, ou em argilas brandas onde o

desencadear do movimento provoca a acumulação de argila remoldada que

pode fluir ao longo da ruptura, dando origem a uma perda de suporte dos

materiais situados a montante na encosta.

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Page 16: Projeto de Taludes

Figura 2.1.1.b – Ilustração de tipos de escorregamentos.

2.1.2 Escorregamento translacional ou planar

A ruptura ocorre nesse tipo de escorregamento segundo superfícies de

fragilidade planas que coincidem com superfícies de estratificação, de

descontinuidades ou de contato entre diferentes tipos de materiais.

Os movimentos são comuns em solos ou rochas, ao longo de uma

superfície de ruptura coincidente com o limite inferior do nível constituído por

material meteorizado. O material em movimento apresenta grande deformação,

e abrange várias unidades semi-independentes, uma vez que a massa se

rompe por cisalhamento e progride sobre uma superfície plana, (motivo porque

também são designados como escorregamentos planares), (Figura 2.5).

Esses escorregamentos se destacam por serem normalmente mais

rápidos que os escorregamentos rotacionais, ocorrendo habitualmente numa

zona mais superficial do talude e não envolvendo geralmente grandes

espessuras de terreno.

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Page 17: Projeto de Taludes

Figura 2.2.2 – Ilustração de deslocamento translacional.

2.1.3 Escorregamento misto

Esse escorregamento é á combinação de dois ou mais dos tipos de

movimentos simples supracitados. A ocorrência desses movimentos são

comuns em maciços heterogéneos que sejam cobertos por solos homogéneos,

ou em bancadas rochosas cuja inclinação seja favorável ao movimento e que a

superfície de ruptura corte um plano de contato entre as formações e um leito

de argilas brandas ou muito plásticas. Origina na fase inicial uma superfície de

ruptura esférica e uma cicatriz em meia-lua, mas os socalcos formados após o

início do escorregamento planar deixam de ser compressivos passando a

existir um afastamento entre eles.

Figura 2.1.3 – Ilustração de deslocamento misto.

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Page 18: Projeto de Taludes

2.1.4 Expansão lateral de blocos

A expansão lateral de blocos ocorre por deslocação, extremamente

lenta, de blocos rochosos que já se encontravam separados entre si por

descontinuidades.

Este movimento desenvolve-se devido à existência de material

subjacente de elevada plasticidade que possibilita a subsidência dos blocos

superiores ficando estes susceptíveis a sofrerem movimentos de rotação de e

translação.

Figura 2.1.4 – ilustração de expansão lateral de blocos.

2.2 Erosão

O processo erosivo acontece devido a destruição da estrutura do solo e sua

remoção, principalmente pela ação das águas de escoamento superficial,

depositando-os em áreas mais baixas do relevo. A erosão pode acontecer

tanto em encostas naturais como em taludes de corte e de aterro, pode se

apresentar por escoamento laminar, lavando a superfície do terreno como um

todo, sem formar canais definidos. Outra forma é por escoamento concentrado,

formando as ravinas e podendo chegar à configuração de voçorocas, à medida

12

Page 19: Projeto de Taludes

que atinge o lençol freático. Apesar da velocidade lenta, porém contínua e

progressiva ao longo do tempo, tem elevado poder destrutivo.

De maneira geral, a erosão é responsável por grande parte dos problemas

que ocorrem ao longo das rodovias da malha estadual, principalmente quando

se formam as ravinas ou voçorocas, que chegam a atingir os terrenos

adjacentes. Sua ação pode se dar sobressaindo-se aos demais processos ou

combinada a outros eventos, tais como escorregamentos, cabendo-lhe o papel,

muitas vezes, de agente predisponente à ocorrência destes escorregamentos.

Figura 2.2 – Erosão em talude n rotatória Av. Eng. Pedro Guerra com MG –

129 – ITABIRA-MG

2.2.1 Erosão em taludes de corte ou aterro

Em sulcos (taludes em cortes e aterro) – correspondem a sulcos

aproximadamente paralelos, presentes normalmente nos taludes de

maior declividade e sem proteção superficial, formados pelo escoamento

de água superficial. De um modo geral este tipo de problema é comum

em solos saprolíticos, intensificando-se naqueles com predominância de

material siltoso.

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Page 20: Projeto de Taludes

Como medida preventiva para esse tipo de fenômeno, temos

implantação de sistema de drenagem superficial ou regularização do

talude, com implantação de proteção superficial.

Figura 2.2.1.a – Foto de um talude com erosão em sulcos.

Diferenciada (taludes em cortes) – processos erosivos que ocorrem em

taludes de corte constituídos por materiais com diferentes

suscetibilidades à erosão. Devido ao diferente avanço da erosão, é

comum ocorrer o descalçamento das partes superiores mais resistentes,

em consequência de uma erosão mais intensa na camada inferior.

Figura 2.2.1.b – Foto de erosão diferenciada. (Esta foto foi tirada em Vila

Velha no Paraná).14

Page 21: Projeto de Taludes

2.2.2 Erosão associada a obras de drenagem

Geralmente localizada no final de canaletas, valetas e saídas de linhas

de tubo. Erosão ocorrida quando as obras de drenagem responsáveis por

conduzir as águas superficiais para fora dos limites do corpo da estrada são

executadas de forma inapropriadas, sem as medidas necessárias para a

dissipação de energia.

Figura 2.2.2 – Erosão causada por sistema de drenagem.

2.3 Queda de blocos

Corresponde à queda livre de blocos de rocha, de detritos ou solo,

favorecida por superfícies de descontinuidade pré-existentes. Uma massa de

qualquer tamanho, de solo e/ou rocha é destacada de um talude muito

inclinado verificando-se que o deslocamento cisalhante ao longo da superfície

de rotura é mínimo ou nulo, (Figura 2.1). O deslocamento ocorre principalmente

por queda livre, por rolamento ou saltação do material, caracterizando-se estes

movimentos por serem rápidos a extremamente rápidos.

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Page 22: Projeto de Taludes

Este tipo de movimento ocorre frequentemente em formações de

características resistentes bem diferenciadas. A ação diferencial da erosão

origina uma diferença na saliência das camadas ficando os trechos mais

resistentes em forma de consola, que ao atingirem determinadas espessuras

podem colapsar por ação gravítica.

Figura 2.3 – lustração de queda de blocos.

2.4 Tombamento

Este tipo de movimento tem origem na ação de forças que impulsionam

colunas ou painéis de rocha para o exterior do maciço.

O destaque destas cunhas rochosas deve-se:

Existência de descontinuidades que, ao favorecerem a infiltração

de água para o interior do maciço, promovem o desenvolvimento

de pressões hidrostáticas elevadas;

Diferença entre as características de resistência do material que

constituí a parte superior da escarpa e o terreno subjacente,

induzindo esforços de tração na zona menos dúctil por cedência

progressiva da base de apoio dos blocos.

16

Page 23: Projeto de Taludes

As camadas não estão sujeitas de um modo uniforme aos efeitos da

alteração, sendo a área mais externa a mais afetada. Este facto traduz-se

numa variação lateral da compressibilidade da camada o que origina

assentamentos diferenciais na camada superior. Estes deslocamentos serão

máximos na parte mais externa da camada e mínimos na parte interna, sendo

este facto, só por si suficiente para desencadear movimento. Na figura 2.4,

apresenta-se um esquema deste tipo de movimento.

Figura 2.4 – lustração de tombamento de um maciço rochoso.

2.5 Rastejo

O Rastejo (Creep), ainda que não seja habitualmente considerado um

movimento de vertente, constitui uma outra situação particular de fluxo, que se

caracterizada por um movimento ocorrer a uma taxa extremamente lenta. O

rastejo é imperceptível, sendo deduzida por meio da instrumentação ou com

base em indícios que provoca no meio.

Este tipo de movimento afeta maciços terrosos, provocando deformações

contínuas que se manifestam ao longo do tempo através da progressiva

inclinação de árvores ou postes existentes nos taludes.

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Page 24: Projeto de Taludes

Figura 2.5 – lustração de movimento de rastejo.

3 CAUSA PARA A OCORRÊNCIA DESTE TIPO DE FENÔMENO

O balanço entre as forças internas e forças externas que atuam sobre os

taludes determinam nas situações de instabilidade que as forças

destabilizadoras superaram as forças estabilizadoras, ou resistentes,

resultando deste fato o movimento. Os movimentos de terreno nos taludes são

controladores por diversos fatores que influenciam as forças internas e

externas atuantes.

Nesta secção são abordados e desenvolvidos os conceitos de agentes

desencadeadores, e de agentes controladores, bem como os seus efeitos e

influências nos maciços.

Os agentes ativos ou eletivos (fatores desencadeantes) são os fatores

externos responsáveis pelo desencadear do movimento, colocando o talude

num estado de instabilidade ativa;

Os agentes passivos ou predisponentes (causas ou fatores condicionantes),

dependem da natureza, estrutura e morfologia do maciço que controlam e

determinam as características do movimento (geometria, velocidade e duração)

a partir do momento em que este se inicia. Os agentes controladores com base

nas propriedades físicas e resistentes dos materiais relacionados estritamente

com a sua litologia, e nas suas características morfológicas e geométricas,

determinam a predisposição de um talude à instabilidade

18

Page 25: Projeto de Taludes

Tabela 3. Representação dos agentes ativos e passivos

Agentes Influencias e Efeitos

Agentes

Ativos

Precipitação

Variações nas pressões intersticiais.

Saturação do solo.

Erosão.

Modificações nas

condições

hidrogeologicas

Variação na distribuição do peso dos

materiais e do estado de tensão do

talude

Aumento das pressões intersticiais.

Aplicação de cargas

estáticas

ou dinâmicas.

Variação na distribuição do peso dos

materiais e do estado de tensão do

talude;

Aumento das pressões intersticiais.

Modificações

morfológicas ou

geométricas dos

taludes.

Variação das forças devidas ao peso

Modificações no estado de tensão.

Erosão

Variações geométricas do talude

Alteração na distribuição do peso dos

materiais e no estado de tensão do

talude

Ações Climáticas

Alteração da percentagem de água no

terreno

Ocorrência de fendas e planos de

instabilidade

Diminuição das propriedades

resistentes

Agentes

Passivos

Relevo Distribuição do peso do terreno

Litologia (composição

mineralógica e

textura)

Densidade

Resistência

Comportamento Hidrogeológico

Estrutura geológica e

estado de tensão

Resistência/deformidade

Comportamento descontinuo e 19

Page 26: Projeto de Taludes

anisotrópico

Zonas de fraqueza

Comportamento Hidrogeológico

Geração de pressões intersticiais

Desflorestação

Modificações no balanço

hidrogeológico

Alteração

Modificações físicas e químicas

Erosão externa e interna

Fonte: Lina Manuela Pereira de Matos, (2008).

3.1 Agentes Ativos

A influência das condições climáticas nos movimentos de terreno

relacionam se fundamentalmente com o volume, intensidade e distribuição da

precipitação. A presença de água diminuiu a resistência dos materiais,

nomeadamente por modificação de estado físico dos solos argilosos,

proporcionando o incremento das pressões intersticiais e favorecendo

processos de erosão interna e externa. A água pode igualmente promover

alterações mineralógicas ao nível dos materiais constituintes.

A infiltração de água origina fluxos superficiais e subterrâneos que

conduzem ao aumento do volume de água na zona saturada e consequente

subida do nível freático, assim como a geração de forças de percolação que,

caso se orientem paralelamente ou em direção ao exterior do talude

contribuem para a sua instabilização. A quantidade de água que se infiltra no

terreno depende da água pré-existente (posição do nível freático e grau de

saturação), da permeabilidade e transmissividade do terreno, da topografia e

de outras características externas como a densidade de vegetação.

Dependendo destes fatores podem gerar-se estados de desequilíbrio que dão

origem a instabilidades nos taludes. O comportamento hidrogeológico dos

materiais depende de parâmetros intrínsecos, tais como a litologia e grau de

fraturarão, e extrínsecos, relacionados com as condições climáticas regionais,

que influenciam o grau de alteração.

20

Page 27: Projeto de Taludes

Em zonas de baixas temperaturas, os processos de gelo-degelo são

igualmente responsáveis por fenômenos de instabilidade de taludes. No caso

do processo de gelo- degelo se desenvolver período curto, ocorre um aumento

repentino do teor em água, o que em materiais soltos, conduz facilmente ao

desequilíbrio.

Os sismos também podem estar na origem de movimentos de vertente e

mesmo reativar antigos escorregamentos em estado de equilíbrio limite.

A ação humana assume um papel fundamental entre os fatores que modificam

as condições de estabilidade de um talude. As terraplenagens (escavações e

aterros) efetuadas na modelação do terreno para implantação de uma obra

modificam o estado de tensão do maciço, devido a alterações na geometria e

nas condições hidrogeológicas.

As propriedades geomecânicas controlam a resistência ao corte do

material. Os solos, devido ao seu caráter homogêneo e isótropo, apresentam

menor complexidade na sua caracterização, enquanto nos maciços rochosos, a

sua resistência e comportamento resulta das propriedades da matriz rochosa e

das descontinuidades.

O relevo assume um papel importante verificando-se que é necessário

existir uma inclinação mínima que desencadeie o movimento gravitacional.

Regiões com relevo mais acidentados (montanhosos) são potencialmente mais

propícias à ocorrência de movimentos de terrenos designadamente de alguns

dos seus tipos. No entanto, este fator não deverá ser considerado

determinante, dado que podem ocorrer instabilizações de grande dimensão em

zonas com pendentes suaves.

3.2 Agentes Passivos

A estrutura geológica, estratigrafia e litologia controlam a potencialidade

dos movimentos nos diferentes tipos de materiais. A existência de superfícies

de fraqueza (descontinuidades e contactos entre diferentes materiais), a

constituição mineralógica, a resistência e a deformabilidade, o grau de

alteração e fratura, a porosidade e a permeabilidade são fatores, que

favorecem a rotura do material, podendo ser responsáveis pelo desencadear

do movimento.

21

Page 28: Projeto de Taludes

A existência de água assume uma ação primordial por diminuir as

características de resistência dos materiais, designadamente:

Reduzindo a resistência ao corte, por geração de pressões intersticiais e

anulamento de tensões neutras negativas;

Aumentando os esforços de corte por incremento do peso do terreno e

formação de forças instabilizadoras em descontinuidades.

A influência dos agentes controladores nos aspectos relacionados com o

comportamento geomecânico dos solos e das rochas revelam-se

essencialmente na redução da resistência ao corte e no aumento dos esforços

de corte.

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

22

Page 29: Projeto de Taludes

NILSSON, Thomas (2010). Uma metodologia preventiva e multidisciplinar

para prevenção de taludes rodoviários, COMBRAMSEG 2010. Jundiaí/ SP,

Brasil. 8 p.

M. LINHARES, Raquel, (2011). Analise de Estabilidade de Talude

Rodoviário em Solo Residual. UFRJ, Rio de Janeiro/ RJ, Brasil. 46 p.

M. MARINHO, Fernando, (2010). Conceitos sobre Estabilidade de Taludes. USP, São Paulo/SP, Brasil. 58 p.

M. M. JUNIOR, Dirceu,Taludes Rodoviários – Orientação para Diagnósticos

e Soluções de Problemas. IPT/Instituto de Pesquisa Tecnológica. 58 p.

ROSSI MANHAGO, Simone, (2008). Técnicas de Revegetação de Talude de

Aterro Sanitário. UFRRJ, Rio de Janeiro/RJ, Brasil. 18p.

F. CARDOSO, Dr. Francisco. (2002). Sistema de Contenção. USP, São

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