especial energia

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maio de 2013 | ano 11 | edição 533 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefato Uma visão popular do Brasil e do mundo Especial Energia Manifestação contra os novos leilões do petróleo Privatizar não é a solução Samuel Tosta Sociedade defende o cancelamento dos leilões que irão privatizar o petróleo e as usinas hidrelétricas

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Privatizar não é a solução

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Page 1: Especial Energia

maio de 2013 | ano 11 | edição 533 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefato

Uma visão popular do Brasil e do mundo

Especial Energia

Manifestação contra os novos leilões do petróleo

Privatizar não é a solução

Samuel Tosta

Sociedade defende o cancelamento dos leilões que irão privatizar o petróleo e as usinas hidrelétricas

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maio de 2013 | opinião

dos. Durante estes governos, mais de 150 empresas públicas acabaram sendo entregues aos empresários a preços irrisó-rios, prejudicando muito o pa-ís e os trabalhadores. Esta his-tória nós já conhecemos bem.

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Editor-chefe: Nilton Viana • Editores: Aldo Gama, Marcelo Netto Rodrigues, Renato Godoy de Toledo • Subeditor: Eduardo Sales de Lima • Repórteres: Marcio Zonta,Michelle Amaral, Patricia Benvenuti • Correspondentes nacionais: Daniel Israel (Rio de Janeiro –RJ), Maíra Gomes (Belo Horizonte – MG), Pedro Carrano (Curitiba – PR),Pedro Rafael Ferreira (Brasília – DF), Vivian Virissimo (Rio de Janeiro –RJ) • Correspondentes internacionais: Achille Lollo (Roma – Itália), Baby Siqueira Abrão (OrienteMédio), Claudia Jardim (Caracas – Venezuela) • Fotógrafos: Carlos Ruggi (Curitiba – PR), Douglas Mansur (São Paulo – SP), Flávio Cannalonga (in memoriam), João R.Ripper (Rio de Janeiro – RJ), João Zinclar (in memoriam), Joka Madruga (Curitiba – PR), Leonardo Melgarejo (Porto Alegre – RS), Maurício Scerni (Rio de Janeiro – RJ) •Ilustrador: Latuff • Editor de Arte: Marcelo Araujo • Revisão: Jade Percassi • Jornalista responsável: Nilton Viana – Mtb 28.466 • Administração: Valdinei Arthur Siqueira• Endereço: Al. Eduardo Prado, 676 – Campos Elíseos – CEP 01218-010 – Tel. (11) 2131-0800/ Fax: (11) 3666-0753 – São Paulo/SP – [email protected] • Gráfi ca:Info Globo • Conselho Editorial: Alipio Freire, Altamiro Borges, Aurelio Fernandes, Bernadete Monteiro, Beto Almeida, Dora Martins, Frederico Santana Rick, Igor Fuser,José Antônio Moroni, Luiz Dallacosta, Marcelo Goulart, Maria Luísa Mendonça, Mario Augusto Jakobskind, Milton Pinheiro, Neuri Rosseto, Paulo Roberto Fier, René Vicentedos Santos, Ricardo Gebrim, Rosane Bertotti, Sergio Luiz Monteiro, Ulisses Kaniak, Vito Giannotti • Assinaturas: (11) 2131– 0800 ou [email protected]

Para anunciar:

(11) 2131 0800

Redação Rio:[email protected]

Privatizar não é a soluçãoO BRASIL VIVE a ameaça de uma nova onda de privatiza-ções, que aparece com o no-me de leilões. É o que o gover-no pretende fazer com o petró-leo e com a energia elétrica.

No petróleo, está agendada uma nova rodada de privatiza-ções de quase 300 áreas para os dias 14 e 15 de maio. Mais de 60 empresas internacionais estão inscritas para se apropriar e ex-portar o petróleo bruto. E para novembro está prevista a priva-tização de áreas para explora-ção do petróleo na região do chamado pré-sal.

Na energia elétrica, o gover-no federal já deu ordem para preparar o leilão da barragem Três Irmãos, em São Paulo, que pertencia à Cesp e depois do vencimento da concessão em 2011 voltou para a União. Se-guindo esta lógica, tendem a ser privatizadas cerca de 10 hi-drelétricas e 20 pequenas cen-trais no próximo período.

Com esta edição especial do Brasil de Fato, queremos chamar atenção para estes fa-tos que são muito importan-tes para o destino do nosso pa-ís. Estes fatos envolvem nos-sa soberania e a possibilidade de distribuição de riquezas pa-ra o povo brasileiro. Esse patri-mônio é fruto do trabalho e lu-tas heroicas do povo, que cons-truiu um grande setor de ener-gia no Brasil.

A luta em defesa do petró-leo, juntamente com a utiliza-ção dos rios para a produção de energia elétrica nos propiciou, por muito tempo, que estas ri-quezas estivessem, em certa medida, sob controle nacional.

Foi no período dos gover-nos de Collor/Itamar e Fer-nando Henrique Cardoso que este sistema foi sendo destru-ído com o pretexto de que não servia mais para o nosso pa-ís e que o “moderno” era en-tregar para empresários priva-

editorial

Depois da privatização, a energia elétrica subiu mais de 400%, trabalhadores foram de-mitidos e recontratados com salários menores e em piores condições, e a qualidade da energia elétrica piorou muito.

É fundamental que todos nós tomemos posição neste momento tão importante para o destino da nação. Defendemos o cancelamento dos leilões que irão privatizar o petróleo e as usinas hidrelétricas

No setor do petróleo foi a mesma coisa. FHC vendeu par-te da Petrobras e só não fez pior porque foi derrotado na eleição de 2002. Não é a toa que todo este processo foi chamado de privataria tucana.

A extraordinária descober-ta de petróleo na área chamadapré-sal, nossas enormes reser-vas de água, nosso território eas riquezas naturais exuberan-tes são do povo brasileiro. Sãofundamentais para o desenvol-vimento do Brasil.

Os trabalhadores brasileirosjá provaram que são capazes decuidar de nossas riquezas. So-mos um país com enormes po-tencialidades, com possibili-dades de usar bem e distribuirestas riquezas. No entanto, is-to tudo está sendo novamenteameaçado.

Se as riquezas são tantas eboas para o país, por que entre-gar para as grandes empresastransnacionais? Se são as em-presas do Estado brasileiro, en-tre elas a Eletrobrás e a Petro-bras, que impulsionam o setorde energia em nosso país; se é oBNDES que fi nancia; se são asempresas de pesquisas do Esta-do que fazem os estudos, se sãoas empresas estatais que estãoentregando a energia aos pre-ços mais baratos, por que nãodiscutir com o povo, unir forçase buscar soluções para que tan-to o petróleo quanto a energiaelétrica fi que nas mãos do Es-tado, com soberania nacional,distribuição de riquezas e con-trole popular?

É fundamental que todosnós tomemos posição nestemomento tão importante pa-ra o destino da nação. Defen-demos o cancelamento dos lei-lões que irão privatizar o petró-leo e as usinas hidrelétricas.

Não temos dúvida de que, seconsultado, o povo brasileirodirá: privatizar não é a solução!

Latuff

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Ronaldo Pagottode São Paulo (SP)

A história do petróleo no Brasil é o resultado da combinação da luta po-pular com o investimen-to estatal.

A luta popular ocupou o lugar de pressão e com-bate a todas as iniciati-vas de privatização, mar-cada pela defesa da ex-ploração, produção e dis-tribuição realizadas pe-lo Estado, e do outro la-do, como resultado des-sas lutas, o Estado Brasi-leiro criou uma empre-sa (Petrobras), assegurou investimentos, produziu conhecimento para ex-ploração em águas pro-fundas (o Brasil é lideran-ça mundial).

Muito embora essa se-ja a dinâmica geral na nossa história, isso de-pendeu de lutas intensas que enfrentaram pautas anti-nacionais com dis-tintas propostas, con-teúdos e enfoques. Se-ria possível dividir nos-sa história nos seguintes períodos:

A descoberta do petróleo e criação da Petrobras

Por quase duas déca-das, desde meados de 1930, o Estado realizou iniciativas de perfuração de poços em todo ter-ritório para mapear ri-quezas minerais e procu-rar petróleo. Em 1938, na Bahia, foi descoberta a primeira jazida. O debate na época era sobre a re-al possibilidade do Brasil deter reservas, se tinha condições de desenvol-ver a exploração (fase de pesquisas, perfurações etc), a produção (retira-da do petróleo), distri-buir, refi nar etc.

As forças ligadas aos banqueiros, grandes em-presários atrelados aos

A luta do petróleo na história do povo brasileiroCRONOLOGIA Pressão popular criou a Petrobras em 1953, que sofre desde então pressão de setores privatistas

EUA, disputavam os ru-mos da política petroleira defendendo que o Esta-do deve liberar a atuação privada, fi cando apenas com o papel de regulador.

Do outro lado, o po-vo brasieiro, organizado em torno da campanha O petróleo é nosso, con-gregando amplos setores, tais como parte da Igreja Católica, estudantes e a UNE, o sindicalismo, in-telectuais, pequenos co-merciantes, movimentos de mulheres, movimen-to negro, dentre muitos outros, resultou em uma das mais marcantes vitó-rias populares: a estatiza-ção do Petróleo, com mo-nopólio Estatal e criando a Petrobras em 3 de outu-bro de 1953.

A vitória, com a cria-ção da Petrobras e o mo-nopólio estatal, sempre foi alvo desse setor der-rotado no período. Bra-davam que o Brasil não tinha condições de in-vestir, não tinha tecnolo-gia, conhecimento, que a

Petrobras era inefi cien-te etc.

Da constituinte à lei FHC

Ao fi nal do período do regime militar, o Brasil já alcançava boa produção, inclusive em águas semi-profundas, e as disputas da Constituinte (1987) as-seguravam o monopólio estatal. Nos anos seguin-tes, com os dois gover-nos Fernando Henrique Cardoso (FHC), as mes-mas forças privatistas re-tomaram a ofensiva, alte-rando a Constituição Fe-deral em 1996, e em 1997 promulgando uma lei de quebra do monopólio es-tatal. A Petrobras, empre-sa construída pelo povo brasileiro, quase foi pri-vatizada (se chamaria Pe-trobrax). Um período di-fícil para o povo brasilei-ro, que resistiu mas não conseguiu impedir que o bloco PSDB/DEM/PPS realizasse a maior entre-ga do patrimonio nacio-nal da história brasileira.

Desde 1997, o Brasil passa a realizar leilões de blocos para a iniciativa privada. A Petrobras dis-puta com as outras em-presas do mercado mun-dial e nacional. O regime adotado é o das conces-sões, o mesmo utilizado por Portugal para explo-rar o Brasil nos idos anos de 1500 (a primeira con-

cessão no Brasil foi a do pau brasil para Fernão de Noronha). As razões para justifi car a privataria fo-ram: incapacidade do Es-tado em investir; baixos preços do petróleo; fal-ta de tecnologia; alto ris-co e incertezas quanto à existência de petróleo. Razões cuja inveracidade qualquer leitor menos in-formado pode perceber.

A farsa fi ca exposta quando o Brasil fi nancia empresas para adquiri-rem os blocos; os preços seguem em uma crescen-te desde os anos 70; o pa-ís é detentor de tecnolo-gia de ponta; as incerte-zas quanto a existência de petróleo são mentiro-sas, já que desde a década de 70 os estudos geológi-cos para apurar a existen-cia de petróleo por aqui, seja em terra, seja em al-to mar, resultaram em in-formações seguras e que confi rmam – como de-pois fi cou evidente – a existência de óleo de boa qualidade.

As mudanças: FHC derrotado e descoberta do pré-sal

A partir da derrotada continuidade do ne-oliberalismo privatista,combinada com as des-cobertas de enormes ja-zidas e a reedição daCampanha do Petróleo(sob a bandeira “O pe-tróleo tem que ser nos-so”) resultaram em re-dução dos leilões, mu-dança da lei para os po-ços do pré-sal, mas ne-nhuma alteração paraa exploração e produ-ção do petróleo fora dasáreas do pré sal. Com is-so, seguimos com du-as legislações para o te-ma: uma, herança deFHC, aplicada aos po-ços já leiloados até 2007,e para os novos leilõesde poços fora da área dopré-sal (como na roda-da de 14 e 15 de maio);e outra advinda das mu-danças com a lei da Par-tilha, aplicáveis aos po-ços do pré-sal.

Os setores que histo-ricamente defenderamo petróleo da sanha pri-vatizante seguem em lu-ta. Nesse momento paracombater novos leilões,assim como o mode-lo de produção acelera-da para atender ao mer-cado mundial crescen-te, combinando com aspautas de investimentoem energias renováveis,de baixo impacto social eambiental e integradas aum modelo de desenvol-vimento capaz de con-verter essa riqueza emmotor do enfrentamentodas dívidas sociais e his-tóricas com o povo, como povo que sempre lu-tou para que essa rique-za fosse nacional e geri-da pela União. Seguimosafi rmando que “O petró-leo tem que ser nosso”.Nenhuma privatização.Pelo fi m dos leilões!

Desde 1997, o Brasil passa a realizar leilões de blocos para a iniciativa privada. A Petrobras disputa com as outras empresas do mercado mundial e nacional

No governo FHC, as forças privatistas alteraram a Constituição e quebraram o monopólio estatal

Antônio Cruz/ABr

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maio de 2013 | energia

192 milhões de barris de petróleo.

Em abril, a produção no pré-sal chegou a 311 mil barris de óleo por dia e deverá alcançar um mi-lhão de barris diários em 2017, segundo o Plano de Negócios e Gestão da em-presa.

A estimativa é de que em 2020 os campos de produção da Petrobras no pré-sal produzam 2,1 milhões de barris de pe-tróleo por dia, o que de-verá representar 60% da produção brasileira.

LeilõesNo entanto, em fun-

ção dos leilões, que des-de 1999 já lotearam 765 blocos de petróleo das nossas bacias sedimen-tares, diversas multina-cionais continuam se apropriando dessa ri-queza estratégica.

Pelo menos 75 empre-sas privadas já foram be-nefi ciadas pelas nove ro-dadas de licitações rea-lizadas pela Agência Na-

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do Rio de Janeiro (RJ)

O pré-sal é um imen-so e valioso reservató-rio de petróleo leve no fundo do mar, a sete mil metros de profundidade e a 300 quilômetros da costa brasileira.

Essa nova fronteira exploratória está encra-vada sob uma densa ca-mada de sal, ao longo de uma faixa litorânea de 800 quilômetros, que se estende de Santa Catari-na ao Espírito Santo.

É considerada a maior descoberta mundial de petróleo nos últimos 30 anos e foi anunciada pe-la Petrobras em 2007, após uma série de pes-quisas geológicas.

O governo estima que o pré-sal contenha en-tre 70 e 100 bilhões de barris de petróleo. Is-so signifi ca multiplicar por seis as atuais reser-vas do país, descobertas ao longo dos 59 anos de

O que representam o petróleo e o pré-sal para o Brasil?ENERGIA Estima-se que, em 2020, os campos de produção no pré-sal produzam 2,1 milhões de barris de petróleo por dia

O valor do pré-sal

Alessandra Murteirado Rio de Janeiro (RJ)

Mais do que nunca, o ouro negro brasileiro es-tá sob a mira das multi-nacionais e dos imperia-listas.

Com a descoberta do pré-sal, as novas reservas de petróleo já identifi ca-das farão do país um dos oito maiores produtores do mundo.

Enquanto grandes na-ções petrolíferas, co-mo Noruega, Reino Uni-do, México e Irã, vivem uma curva decrescente de produção, o Brasil é o país que mais rápido au-menta suas reservas no planeta.

Só com o volume de óleo recuperável do pré-sal, o país poderá triplicar suas reservas provadas nos próximos anos, se-gundo estudos recentes da Secretaria de Petró-leo e Gás do Ministério de Minas e Energia (MME).

ProduçãoO governo prevê que já

nos próximos sete anos o Brasil dobre sua produ-ção de petróleo, que está hoje em torno de 2,2 mi-lhões de barris por dia.

A Petrobras é respon-sável por cerca de 90% desse volume, mesmo após quase duas déca-das de desregulamenta-ção do setor.

Por isso, a estatal tem sido alvo constante da mídia e dos grupos eco-nômicos privados, que fazem campanha cerra-da para desestabilizar a empresa, de olho no pré-sal e nas novas fron-teiras produtoras que serão postas a leilão nos próximos dias.

Desde que começou a explorar o pré-sal nas Bacias de Campos e de Santos, a partir de 2008, a Petrobras já extraiu

Em abril, a produção no

pré-sal chegou a

311 mil

barris de óleo por dia

e deverá alcançar

1 milhão

de barris diários em 2017

cional de Petróleo (ANP) até 2008.

Metade delas são multinacionais que le-vam para fora do país o que produzem aqui, ter-ceirizando atividades, precarizando condições de trabalho e expondo trabalhadores e o meio ambiente a riscos cons-tantes.

“Além de ser uma questão de soberania nacional, o petróleo de-ve ser explorado de for-ma sustentável para ge-rar riquezas que sejam investidas em benefício do povo brasileiro, afi r-ma João Antônio de Mo-raes, coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP).

Para ele, os leilões de concessão fazem exata-mente o contrário: entre-gam o nosso petróleo pa-ra as empresas privadas e nações imperialistas, que se fartam no consumo de energia às custas da mi-séria que ainda atinge boa parte do planeta.

“Por isso, defendemos o controle estatal não só do petróleo, como de to-dos os recursos energéti-cos”, destaca Moraes.

existência da Petrobras. Quase um terço des-

sa riqueza, no entanto, já foi entregue às em-presas privadas, nos lei-lões de concessão rea-lizados pela ANP antes de 2007. Segundo estu-do do Dieese, dos cer-ca de 150 quilômetros quadrados de bacia se-dimentar que formam o pré-sal, 28,03% foram li-citados pela Agência.

Um dos principais be-nefi ciados foi o empre-sário Eike Batista, que montou a petrolífera OGX especialmente pa-ra disputar a 9ª Rodada de Licitação, em 2007.

Com a ajuda de ex-executivos contratados da Petrobras, ele arre-matou blocos valiosos na chamada franja do pré-sal, que multiplica-ram a sua fortuna.

Multinacionais tam-bém adquiriram nos lei-lões áreas exploratórias do pré-sal, como as nor-

te-americanas ExxonMobil e Anadarko, a bri-tânica BG, a espanholaRepsol e as portuguesasGalp e Petrogal.

Em 2007, o gover-no retirou dos leilões osblocos localizados nopré-sal e em dezembrode 2010 sancionou a leique criou novas regrasde exploração, garantin-do o controle do Estadosobre essas reservas.

A Petrobras tornou-se operadora única dopré-sal, com participa-ção mínima de 30% emcada bloco, e o modelode exploração passou aser o de partilha, que ga-rante à União parte dopetróleo produzido pe-las empresas que parti-ciparem dos consórcios.No regime de concessão,que regula a exploraçãode petróleo no Brasil fo-ra da área do pré-sal,as empresas fi cam comtudo o que produzem.(AM)

O governo prevê que nos próximos sete anos o Brasil dobre sua produção de petróleo

ABr

Page 5: Especial Energia

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Alexania Rossatode São Paulo (SP)

Depois de cinco anos sem leilões de petróleo, o governo federal, por meio da Agência Nacio-nal do Petróleo (ANP), retoma os leilões pe-la 11ª Rodada de Licita-ções, prevista para 14 e 15 de maio, no Rio de Ja-neiro.

Serão ofertados 289 blocos de petróleo em áreas fora da camada do pré-sal, localizados em 11 estados brasileiros e distribuídos em 11 ba-cias sedimentares, que envolvem 155 mil Km² de área, equivalente a 60% da área geográfi ca do estado de São Paulo.

Os blocos em águas profundas de apenas duas das 11 bacias, Per-nambuco-Paraíba e Es-pírito Santo, possuem reservas estimadas em 5 bilhões de barris, equi-valente às reservas do Golfo do México. Outras duas bacias, Pará-Mara-nhão e Foz do Amazo-nas, podem chegar a 30 bilhões de barris segun-do a ANP. Considerando todas as 11 bacias, o vo-lume poderá ultrapassar 40 bilhões de barris.

Esse total, somado aos 14 bilhões de barris de reservas já provadas pela Petrobrás, e mais as descobertas nas áreas de pré-sal, podem che-gar a 100 bilhões de bar-ris de petróleo. O pré-sal é a maior descober-ta mundial das últimas décadas e isso desper-ta o interesse do capital internacional, que pres-siona o Brasil para que coloque à disposição as reservas e intensifi que a produção e exportação de petróleo bruto.

Leilões do petróleo ferem a soberania nacionalPRIVATIZAÇÃO Rodada organizada pela ANP nos dia 14 e 15 de maio ofertará 289 blocos

Os leilões previstos vêm para atender es-tas pressões e tem ba-se na Lei da Conces-sões 9.478/1997, cria-da pelo governo de Fer-nando Henrique Cardo-so para impor o mode-lo neoliberal de privati-zação. “Essa mesma lei será usada pela ANP pa-ra este crime de lesa-pá-tria, o leilão dos poços de petróleo e gás. A em-presa que ganhar passa-rá a ser dona de tudo, o país deixará de ter sobe-rania sobre estas áreas”, afi rmou João Pedro Sté-dile, da coordenação na-cional do MST.

Ele argumenta que a Petrobras fez todas as pesquisas, o mapea-mento e a quantifi cação do volume de petróleo, no entanto com os lei-lões, qualquer empresa estrangeira poderá ex-plorá-las. “Ou seja, será entregar de mão beija-da para a iniciativa pri-vada anos e anos de es-tudos feitos pelos traba-lhadores da empresa. E pior ainda, será entregar uma das maiores rique-zas do povo brasileiro”, argumentou.

Pressão internacionalAs reservas estimadas

pela ANP para 11ª Ro-dada de Licitações pode chegar a 40 bilhões de barris, três vezes mais do que a Petrobras já ha-via descoberto nos últi-mos 59 anos de pesqui-sa. Por isso, 64 grandes empresas do mundo to-do querem se apropriar destas áreas do petróleo brasileiro. É a maior dis-puta já envolvida em lei-lões no Brasil e segundo o coordenador do MST “estamos diante de um cenário que aponta para a desnacionalização de uma indústria extrema-mente estratégica para a soberania nacional, pois implicará na redução da participação do Estado na exploração e produ-

ção de petróleo, fragili-zando o desenvolvimen-to nacional”.

Se considerarmos co-mo base os dados con-solidados no relatório fi nanceiro da Petrobras de 2012, o custo médio para produção de um barril fi cou em R$ 27,22 (13,92 de dólares). Com o pagamento de royal-ties e participação es-pecial, o custo fi cou em R$ 66,16/barril (33,83 de dólares). O preço médio de exportação da Petro-

bras foi R$ 184,02 (94,37 de dólares).

Grande parte da pro-dução das áreas a serem leiloadas será para ex-portação. Isso signifi ca que cerca de 63% de to-da a riqueza gerada nes-tas áreas a serem leilo-adas serão apropriadas como lucro para enri-quecimento das trans-nacionais que vencerem o leilão, pois 15% repre-senta o custo de produ-ção para as empresas e 22% será destinado para

pagamento de royaltiese participação especial.

Caso os 40 bilhões debarris se confi rmem, econsiderando um fatorde recuperação médiode 25% sobre os 40 bi-lhões, as corporações seapropriarão, nos próxi-mos 30 anos de contrato,de cerca de 10 bilhõesde barris, o que signifi -cará um lucro próximo aR$ 1,16 trilhões, cerca deR$ 40 bilhões para o bol-so das empresas ao ano,caso seja extraído em 30anos. “É este o objetivoda pressão exercida pelocapital internacional pa-ra que o governo realizeos leilões. Sem contar asreservas de pré-sal quetambém serão leiloadasem novembro”, fi nalizouJoão Pedro.

As reservas estimadas pela ANP para o leilão podem chegar a 40 bilhões de barris, três vezes mais do que a Petrobras descobriu nos últimos 59 anos

“A realização do leilão vai entregar de mão beijada para a iniciativa privada anos e anos de estudos feitos pelos trabalhadores da empresa”

Samuel Tosta

Manifestação no centro do Rio de Janeiro contra os leilões do petróleo

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maio de 2013 | energia

mais cara será das 18 às 21 horas e custará cinco vezes mais, exatamen-te nos horários em que os trabalhadores chegam em casa do trabalho.

A tarifa intermediá-ria será cobrada das 17 às 18 horas e das 21 às 22 horas, e custará três ve-zes mais que a tarifa fo-ra de ponta. Já a tarifa fo-ra de ponta, cobrada nos demais horários, custará 55% da tarifa de referên-cia, ainda não especifi ca-da pela Aneel.

Segundo especia-listas, essa medida es-tá sendo implementa-da para forçar um con-sumo de energia me-lhor distribuído duran-te o dia, evitando os ho-rários de pico, permitin-do às distribuidoras de energia postergar inves-timentos na melhoria de rede e recebendo pela amortização dos inves-timentos que na reali-dade não aconteceram, ou seja, com as medi-das, as distribuidoras de energia aumentarão su-as receitas sem fazer no-vos investimentos. “Para o trabalhador, ou paga mais caro, ou usa ener-gia em horários alterna-tivos. Essa novas tecno-logias são novas formas de aumentar a lucrativi-dade do setor e atender aos interesses dos gru-pos empresariais”, alerta o professor Dorival.

mais barata para permi-tir recentemente uma re-dução de 16% nas tarifas da população, agora se-rão penalizados com de-missões”, alertam os sin-dicalistas.

Esta tendência de re-estruturação e de possí-veis privatizações pro-duz uma série de con-sequências. Para Wilson Marques de Almeida,

defi nidos pelo Operador Nacional do Sistema. O ano de 2013 é o ano-tes-te para implementação deste novo sistema e nos meses de janeiro a abril a bandeira permaneceu vermelha.

Segundo o professor doutor em engenharia Dorival Gonçalves Junior, da Universidade Federal de Mato Grosso, a Aneel, responsável pela imple-mentação das mudan-ças, seguirá atendendo aos interesses do merca-do. “Basta ver quem são as fi guras que coman-dam a agência. A tendên-cia é de piora na quali-dade do serviço, aumen-to nas tarifas, maior ex-ploração dos trabalhado-res do setor elétrico e no-vas privatizações”, alerta o professor.

Preço distintos por horário de consumo

Já para benefi ciar as empresas distribuidoras, a Aneel aprovou a mo-dalidade tarifária bran-ca, onde as tarifas serão cobradas conforme ho-rário de consumo. Serão três diferentes preços de tarifas cobradas duran-te o dia conforme o ho-rário de consumo: a ta-rifa de ponta, a interme-diária e fora de ponta. A

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Elisa Estroniolida Redação

Apesar das medidas positivas anunciadas pe-la presidenta Dilma no fi -nal de 2012, que permiti-ram a redução média de 16% nas contas de luz às residências, nos próxi-mos anos as tarifas ten-dem a continuar aumen-tando muito. As empre-sas privadas que contro-lam a energia elétrica, principalmente as distri-buidoras e a Agencia Na-cional de Energia Elétri-ca (Aneel) estão aprovan-do várias alterações que a partir de 2014 passarão a vigorar e serão imple-mentadas em todo o Bra-sil, aumentando as tarifas de energia elétrica para todos os brasileiros.

A Aneel aprovou o sis-tema de bandeiras tari-fárias, com as bandeiras verde, amarelo e verme-lho, uma clara estratégia para benefi ciar as empre-sas geradoras. A medida entrará em vigor a partir de janeiro de 2014 e re-presentará um aumen-to nas tarifas de R$ 15 pa-ra cada 1.000 kWh consu-midos quando a bandeira for amarela ou R$ 30 para cada 1.000 kWh consumi-do quando for vermelha. Considerando que a tari-fa média das residências brasileiras, sem impos-tos é de R$ 330 para cada 1.000 kWh, se a bandeira for vermelha signifi cará 9% de aumento.

A principal argumen-tação é que em períodos com pouca água armaze-nada nos lagos das barra-gens o custo da energia se torna mais caro, o que não é verdade. Para de-fi nir que tipo de bandei-ra deverá valer para cada mês, será levado em con-sideração “dois custos”

da Redação

Outra questão em cur-so é o intenso aprofunda-mento da reestruturação do trabalho dos traba-lhadores no interior das empresas de energia. Es-te processo está ocorren-do em todas as empresas públicas e privadas. No entanto os trabalhado-res das empresas públi-cas estão sendo atacados para reduzir seus ganhos aos patamares mais bai-xos, semelhante aos pa-gos nas empresas priva-das de energia.

Para as empresas do sistema Eletrobrás, que possuem em torno de 27.000 trabalhadores, o plano diretor anunciou que irá demitir cerca de 5.000 trabalhadores até 2017. “Os trabalhadores que colocaram a energia

Aumento nas contas de luz e diminuição na qualidadeTARIFAS Aneel aprova novo sistema de tarifas que deve benefi ciar empresas geradoras

Demissões e aumento da exploraçãoTrabalhadores de empresas públicas de energia têm ganhos reduzidos“A tendência

é de piora na qualidade do serviço, aumento nas tarifas, maior exploração dos trabalhadores do setor elétrico e novas privatizações”

Com as medidas, as distribuidoras de energia aumentarão suas receitas sem fazer novos investimentos

da Federação dos Tra-balhadores nas Indús-trias Urbanas do Estadode São Paulo (Ftiuesp), aprimeira consequênciaque a mudança de con-trolador pode ocasionarao trabalhador é a per-da de emprego e ainda adiminuição de postos detrabalho.

“A privatização signi-fi cou, entre outros, o au-mento da tarifa, perdade parte importante damão de obra qualifi ca-da, cerca de 50% dos pos-tos de trabalho foram eli-minados e a terceiriza-ção avançou, o núme-ro de acidentes triplicoue as condições de traba-lho foram precarizadas.Passivos ambientais fo-ram negligenciados e atémesmo abandonados àsorte da morosidade dajustiça”, denunciou. (EE)

Para as empresas do sistema Eletrobrás, o plano diretor anunciou que irá demitir cerca de 5.000 trabalhadores até 2017

Empresas privadas e Aneel estão aprovando alterações para aumentar as tarifas de energia elétrica

João Zinclar

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maio de 2013 energia |

Governadores do PSDB foram contra a redução das tarifas de energia

No início do ano, o go-verno federal anunciou a diminuição de 16% na tarifa de energia elétrica para as residências. Esta decisão, a partir da Me-dida Provisória 579, que posteriormente foi trans-formada na Lei 12.783, evitou a privatização das empresas estatais de energia com investimen-tos amortizados e contra-tos vencendo até 2015.

Entretanto, apenas as empresas do sistema Ele-trobrás, que controlavam 13.909 MW, aceitaram a renovação. As empre-sas Cemig, Copel e Cesp, controladas pelos gover-nos do PSDB, e a Celesc, sob comando do DEM, com potencial de 10.150 MW, não aceitaram a re-novação e se colocaram contrárias à redução da tarifa de energia. E são estas usinas que podem ser privatizadas nos pró-ximos anos.

Segundo Liciane, essa recusa evidenciou a pre-ferência dos governos tu-canos em favorecer o ca-pital fi nanceiro ao não aceitarem reduzir o valor da venda da energia de R$ 95,00/MWh para R$ 32,00/MWh.

“Estas estatais têm grande parte das ações privatizadas e controla-das por especuladores in-ternacionais. No momen-to em que não aceitarem a renovação, esses gover-nos mostraram que pre-ferem favorecer os ren-tistas ao invés de garantir empregos nas indústrias”, esclareceu.

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A privatização da ener-gia elétrica nos anos 1990 causou grande mal ao povo brasileiro, com au-mentos constantes nas contas de luz, redução na qualidade do serviço, ter-ceirizações e precariza-ção das condições de tra-balho no setor.

Hidrelétricas e distri-buidoras acabaram nas mãos de empresas como as estadunidenses AES e Duke, a francesa Suez Tractebel e a espanhola Iberdrola, cujas matrizes no exterior receberam lu-

Ministério e Aneel se movimentam para privatizarENERGIA Para a coordenadora nacional do MAB, Liciane Andrioli, o governo deve tomar medida para impedir os leilões

Lucros extraordinários para as transnacionais da energiaA AES Tietê teve um lucro total de R$ 5,2 bilhões e no mesmo período a empresa enviou aos seus acionistas R$ 5,5 bilhões, 105% do lucro total

Guilherme Weimannde São Paulo (SP)

A usina hidrelétri-ca Três Irmãos, locali-zada em Andradina, in-terior de São Paulo, po-de abrir uma série de pri-vatizações de hidrelétri-cas nos próximos anos. A usina, antes controlada pela estatal Companhia de Energia de São Paulo (Cesp), teve seu contrato de concessão vencido em 2011 e já está sob proprie-dade da União.

Por lei, com o fi m das concessões, o governo deveria abrir uma no-va licitação para leiloar a usina. No entanto, movi-mentos sociais e sindicais questionam a lei de lici-tações, criada no âmbito das medidas neoliberais dos anos 1990, pois além de Três Irmãos, que de-verá ser privatizada nos próximos meses, estão previstas as licitações de mais 11 usinas, como Ilha Solteira e Jupiá da Cesp, Jaguara, Três Marias, São Simão, Volta Grande da Cemig, e Governador Pa-rigot da Copel, além de 23 Pequenas Centrais Hi-drelétricas, representan-do 12% do potencial hi-dráulico brasileiro insta-lado.

Para a coordenadora nacional do Movimento dos Atingidos por Barra-gens (MAB), Liciane An-drioli, o governo deve to-mar medida para impe-dir os leilões e permane-cer com o controle das usinas, reduzindo as tari-fas ao povo brasileiro.

“Assim como ocor-reu com a renovação das concessões das estatais no início do ano, o gover-no tem poderes para im-pedir estas privatizações. Se a lei é privatista en-tão devemos mudá-la. É uma obrigação do gover-no com o povo brasileiro”, apontou.

opinião | Gilberto Cervinski

cros extraordinários. A AES é um caso exem-

plar, que pode servir co-mo regra para saber o que acontece na energia elétrica controlada por empresas privadas. Nove hidrelétricas situadas no rio Tietê foram privatiza-das em 1999 para a AES, por R$ 936 milhões, tor-nando-se AES Tietê.

Todas estas usinas já possuem mais de 30 anos, portanto já estão amortizadas, mas a ener-gia é vendida a R$ 182,00/MWh através de contratos

bilaterais para AES Ele-tropaulo, empresa con-trolada pelo mesmo gru-po, que repassa tudo para as contas de luz da popu-lação. No entanto, as em-presas federais do siste-ma Eletrobrás entregam energia para as distribui-doras a R$ 32,00/MWh, valor seis vezes menor.

Nos últimos sete anos, a AES Tietê teve um lucro total de R$ 5,2 bilhões, e no mesmo período a em-presa enviou aos seus acionistas R$ 5,5 bilhões, 105% do lucro total.

Além de vender a ener-gia mais cara, tudo é en-viado para fora. Ou seja,as empresas privadas es-tão surfando nos altos lu-cros, por isso pressionamo governo para privatizaro restante das usinas.

Fora isso, coinciden-temente ou não, Três Ir-mãos é uma das últimasusinas que falta para aAES conseguir o mono-pólio de exploração norio Tietê.

Gilberto Cervinskié da coordenaçãonacional do MAB

João Zinclar

A usina hidrelétrica de Três Marias, localizada na bacia do rio São Francisco, em Minas Gerais

Governo deve tomar medida para impedir os leilões

Page 8: Especial Energia

maio de 2013 | energia08

As organizações so-ciais e sindicais que or-ganizam os trabalhado-res do campo e da cida-de defendem um Projeto Energético Popular.

Esse projeto tem co-mo centro a soberania energética, compreen-dida como direito do po-vo brasileiro de planejar, organizar e controlar a produção e a distribui-ção social da energia e da riqueza ali gerada.

Essas organizações entendem que a energia tem importância estra-tégica em função da po-tencialidade e capacida-de dos trabalhadores ge-rar extraordinários volu-mes de riqueza. Se bem utilizada, pode servir para melhorar a vida de todos e resolver os gran-des problemas do povo.

No entanto, se coloca-da a serviço das corpora-ções transnacionais se-rá um ataque à sobera-nia nacional. Isso servi-rá apenas para extrair e cumular o máximo de va-lor nas mãos dos gran-des grupos empresariais. Além disso, aumenta-rá a desnacionalização da economia, a domina-ção e a exploração sobre o povo brasileiro.

LeilõesOs leilões têm como

objetivo tornar o Brasil um grande exportador de petróleo bruto, que será carregado nos na-vios e levado para fora sem pagar nada de im-postos. Isso porque a Lei Kandir, criada nos tem-pos de FHC, isenta de impostos exportações de matérias-primas. In-sistir nesta lógica é um

Em defesa da soberania nacionalENERGIA Organizações defendem projeto que tenha como centro a soberania energética

opinião | Robson Formica

crime, porque as em-presas deixarão no pa-ís uma pequena parce-la da produção na forma de royalties e participa-ção especial.

É necessário desen-volver uma estratégia de industrialização em nosso país de toda ca-deia do petróleo. Isso re-quer a produção de pla-taformas, refi narias, de-senvolvimento da in-dústria química e petro-química para gerar em-pregos ao povo brasilei-ro. Assim, pode-se agre-gar o máximo de valor.

Isso somente é possí-vel se o petróleo for mo-nopólio estatal, com a Petrobras 100% públi-ca e com controle social. No entanto, esta estraté-gia não interessa às em-presas estrangeiras.

EnergiaNa área da energia

elétrica, se quisermos reduzir as tarifas e me-lhorar a qualidade da energia elétrica também devemos impedir a pri-vatização das hidrelétri-

cas. A primeira batalha é contra a privatização da usina de Três Irmãos.

Privatizar signifi ca perda de soberania, au-mento de tarifas, dimi-nuição da qualidade dos serviços e demissão de trabalhadores.

Para reduzir as tarifas das residências e melho-rar a qualidade, temos também que enfrentar as empresas privadas, suas tarifas e a Aneel.

Precisamos valori-

zar as empresas estatais brasileiras, valorizar os trabalhadores, sem de-missões, terceirizações e precarizações. Além dis-so, precisamos garantir os direitos dos atingidos e lutar para que a ener-gia esteja sob controle do Estado.

Qualquer forma de pri-vatização da energia, de petróleo, gás ou hidrelé-tricas, deve ser interrom-pida imediatamente.

O petróleo tem que

ser nosso, do povo bra-sileiro. A presidenta Dil-ma pode e deve suspen-der os leilões. Entregar o petróleo às transnacio-nais certamente não é a vontade dos brasileiros.

Por isso convocamos todo povo brasileiro a lutar contra os leilões de privatização do petróleo e das usinas.

Será necessário seguir a luta, porque o minis-tro de Minas e Energia, Edison Lobão, e a ANP já

anunciaram que em no-vembro serão leiloadas asáreas de pré-sal.

Organizações entregam carta a Dilma

Nesta semana, cercade 50 organizações docampo e da cidade as-sinaram uma carta a serentregue à presidentaDilma pedindo o cance-lamento do leilão do pe-tróleo e das usinas hi-drelétricas que não ha-viam sido renovadas.

A Plataforma Operá-ria e Camponesa paraEnergia, a Via Campesi-na, os movimentos so-ciais e as centrais sindi-cais, sindicatos de pe-troleiros e organizaçõesda juventude estão rea-lizando diversas mobili-zações para impedir osleilões de petróleo.

As mobilizações acon-tecem em Brasília, Rio deJaneiro, São Paulo, MinasGerais, Ceará e Paraná,entre outros locais e se-guirão durante o ano to-do para tentar impedir ospróximos leilões.

Robson Formicaé militante do MAB-PR

As mobilizações acontecem em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Ceará e Paraná, entre outros locais

A energia tem importância estratégica em função da potencialidade e capacidade dos trabalhadores gerar extraor-dinários volumes de riqueza

Samuel Tosta

É necessário desenvolver uma estratégia de industrialização no país de toda a cadeia do petróleo