espaço mundial: contextos sociais e...

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APRESENTAÇÃO Este módulo faz parte da coleção intitulada MATERIAL MODULAR, destinada às três séries do Ensino Médio e produzida para atender às necessidades das diferentes rea- lidades brasileiras. Por meio dessa coleção, o professor pode escolher a sequência que melhor se encaixa à organização curricular de sua escola. A metodologia de trabalho dos Modulares auxilia os alunos na construção de argumen- tações; possibilita o diálogo com outras áreas de conhecimento; desenvolve as capaci- dades de raciocínio, de resolução de problemas e de comunicação, bem como o espírito crítico e a criatividade. Trabalha, também, com diferentes gêneros textuais (poemas, histórias em quadrinhos, obras de arte, gráficos, tabelas, reportagens, etc.), a fim de dinamizar o processo educativo, assim como aborda temas contemporâneos com o ob- jetivo de subsidiar e ampliar a compreensão dos assuntos mais debatidos na atualidade. As atividades propostas priorizam a análise, a avaliação e o posicionamento perante situações sistematizadas, assim como aplicam conhecimentos relativos aos conteúdos privilegiados nas unidades de trabalho. Além disso, é apresentada uma diversidade de questões relacionadas ao ENEM e aos vestibulares das principais universidades de cada região brasileira. Desejamos a você, aluno, com a utilização deste material, a aquisição de autonomia intelectual e a você, professor, sucesso nas escolhas pedagógicas para possibilitar o aprofundamento do conhecimento de forma prazerosa e eficaz. Gerente Editorial Espaço mundial: contextos sociais e ambientais

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Page 1: Espaço mundial: contextos sociais e ambientaisprepapp.positivoon.com.br/assets/Modular/GEOGRAFIA/... · O sistema político foi uma das principais causas de conflitos armados ao

APRESENTAÇÃO

Este módulo faz parte da coleção intitulada MATERIAL MODULAR, destinada às três

séries do Ensino Médio e produzida para atender às necessidades das diferentes rea-

lidades brasileiras. Por meio dessa coleção, o professor pode escolher a sequência que

melhor se encaixa à organização curricular de sua escola.

A metodologia de trabalho dos Modulares auxilia os alunos na construção de argumen-

tações; possibilita o diálogo com outras áreas de conhecimento; desenvolve as capaci-

dades de raciocínio, de resolução de problemas e de comunicação, bem como o espírito

crítico e a criatividade. Trabalha, também, com diferentes gêneros textuais (poemas,

histórias em quadrinhos, obras de arte, gráficos, tabelas, reportagens, etc.), a fim de

dinamizar o processo educativo, assim como aborda temas contemporâneos com o ob-

jetivo de subsidiar e ampliar a compreensão dos assuntos mais debatidos na atualidade.

As atividades propostas priorizam a análise, a avaliação e o posicionamento perante

situações sistematizadas, assim como aplicam conhecimentos relativos aos conteúdos

privilegiados nas unidades de trabalho. Além disso, é apresentada uma diversidade de

questões relacionadas ao ENEM e aos vestibulares das principais universidades de cada

região brasileira.

Desejamos a você, aluno, com a utilização deste material, a aquisição de autonomia

intelectual e a você, professor, sucesso nas escolhas pedagógicas para possibilitar o

aprofundamento do conhecimento de forma prazerosa e eficaz.

Gerente Editorial

Espaço mundial: contextos

sociais e ambientais

Page 2: Espaço mundial: contextos sociais e ambientaisprepapp.positivoon.com.br/assets/Modular/GEOGRAFIA/... · O sistema político foi uma das principais causas de conflitos armados ao

© Editora Positivo Ltda., 2013Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio, sem autorização da Editora.

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DIRETOR-GERAL:

DIRETOR EDITORIAL:

GERENTE EDITORIAL:

GERENTE DE ARTE E ICONOGRAFIA: AUTORIA:

ORGANIZAÇÃO: EDIÇÃO DE CONTEÚDO:

EDIÇÃO:REVISÃO:

ANALISTA DE ARTE:PESQUISA ICONOGRÁFICA:

EDIÇÃO DE ARTE:CARTOGRAFIA:

ILUSTRAÇÃO:PROJETO GRÁFICO:

EDITORAÇÃO:CRÉDITO DAS IMAGENS DE ABERTURA E CAPA:

PRODUÇÃO:

IMPRESSÃO E ACABAMENTO:

CONTATO:

Ruben Formighieri

Emerson Walter dos Santos

Joseph Razouk Junior

Maria Elenice Costa Dantas

Cláudio Espósito GodoyEliane Regina FerrettiCarina MerlinLeandro José Ribeiro GuimarãesAndré Maurício CorrêaWillian MarquesTatiane Esmanhotto KaminskiLilian RamosAngela Giseli de SouzaJoão Miguel Alves Moreira / Luciano Daniel Tulio / Marilu de Souza / Talita Kathy BoraJack Art / RaqsonuO2 ComunicaçãoSalma Nasser / Arowak© iStockphoto.com/DNY59; © Shutterstock/Denton Rumsey; © Shutterstock/Jezper; © Shutterstock/BibiDesign; © Dreamstime.com/Alexey ArkhipovEditora Positivo Ltda.Rua Major Heitor Guimarães, 17480440-120 Curitiba – PRTel.: (0xx41) 3312-3500 Fax: (0xx41) 3312-3599Gráfica Posigraf S.A.Rua Senador Accioly Filho, 50081300-000 Curitiba – PRFax: (0xx41) 3212-5452E-mail: [email protected]@positivo.com.br

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@GEO1376Brasil e pré-sal:

formação, localização

e impactos

@GEO1376

@

Dados Internacionais para Catalogação na Publicação (CIP)

(Maria Teresa A. Gonzati / CRB 9-1584 / Curitiba, PR, Brasil)

F387 Ferretti, Eliane Regina.Ensino médio : modular : geografia : espaço mundial : contextos sociais e ambientais /

Eliane Regina Ferretti ; ilustrações Jack Art, Raqsonu. – Curitiba : Positivo, 2013.: il.

ISBN 978-85-385-7428-6 (livro do aluno)ISBN 978-85-385-7429-3 (livro do professor)

1. Geografia. 2. Ensino médio – Currículos. I. Art, Jack. II. Raqsonu. III. Título.

CDU 373.33

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SUMÁRIOEspaço mundial: contextos sociais e ambientais

Unidade 1: Gênese dos conflitos

Causas: sistema político, etnia, pobreza,

violação de direitos e religião 6

Questão militar: gastos, efetivos e comercialização 11

Consequências: mortes, refugiados, minas e jovens soldados 12

Acordos de paz: acordos, manutenção e processos de paz 14

Unidade 2: Conflitos culturais e étnico-religiosos

Problemas populacionais atuais: migrações e

preconceitos (xenofobia) 17

Principais conflitos mundiais (conflitos culturais, religiosos

e minorias étnicas) 19

Crime internacional organizado (narcotráfico e pirataria) 27

Terrorismo (grupos terroristas) 28

Unidade 3: Questões ambientais

Impactos da ação da sociedade nas áreas urbanas (resíduos

sólidos, enchentes e deslizamentos), IPCC e Protocolo de Kyoto 34

Conferências internacionais

(Estocolmo-72, Rio-92, Rio +10, Rio +20) 40

Acordos internacionais relacionados ao ambiente 44

O projeto gráfico atende aos objetivos da coleção de diversas formas. As ilustrações, diagramas e figuras contribuem para a construção correta dos conceitos e estimulam um envolvimento ativo com temas de estudo. Sendo assim, fique atento aos seguintes ícones:

Fora de escala numérica

Imagem ampliada

Representação artística

Formas em proporção

Escala numérica

Imagem microscópica

Coloração artificial

Coloração semelhante ao natural

Fora de proporção

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O poder pode ser utilizado para o bem ou para o mal [...]. A bandeira

pela qual deve ser julgado o uso desse poder é a segurança no seu

mais elementar senso comum – a segurança às pessoas para que

possam viver decentemente.

SMITH, Dan. Atlas dos conflitos mundiais: um apanhado dos conflitos atuais e dos acordos de paz. Tradução de Carmen Olivieri e Regina Aparecida de Melo Garcia. São Paulo: Cia.

Editora Nacional, 2007.

Gênese 1

Espaço mundial: contextos sociais e ambientais4

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O final da Guerra Fria, marcado pela queda do Muro de Berlim em 1989 e pelo fim da União Soviética em 1991, criou a expectativa do início de um período de paz mundial. Mas, com o “fim” desse confronto entre os Estados Unidos e a URSS, a humanidade percebeu a existência de diversos outros conflitos, que até então não despertavam tanta atenção da mídia internacional em função do grande enfoque dado ao embate entre as ideologias capitalista e socialista. Para se ter uma ideia, desde essa época, houve mais de 120 conflitos armados ao redor do mundo.

Em todo o globo, uma grande variedade de fatores envolve os mais diversos tipos de conflito, tais como: guerras internas ou civis que enfocam, principalmente, a mudança do regime político-administrativo; conflitos entre dois ou mais países derivados de tentativas de separação ou conflitos internos motivados por questões separatistas; conflitos provocados por divergências religiosas ou étnicas; entre outros.

Mas quais as causas que podem contribuir para a implantação de conflitos armados? São os fatores que levaram às gêneses desses conflitos, o tema central desta unidade de estudo.

Observe as fotos a seguir e converse com seus colegas.

1. O que as fotos estão retratando?

2. Que causas podem ser identificadas em cada conflito?

Campo de refugiados em

Darfur – Sudão, 2004

Refugiados que partiram de Quigali, capital de Ruanda, rumam em direção à Gitarama, cidade localizada a aproximadamente 50 quilômetros a leste da capital, em 1994

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Confronto entre muçulmanos e hinduístas em Srinagar, na Caxemira indiana, 2012

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Grupo rebelde – Adis Abeba – Etiopia, 1991

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Ensino Médio | Modular 5

GEOGRAFIA

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Dezenas de milhões de pessoas em todo o mundo já foram afetadas por algum tipo de conflito ou perseguição, o que as levou a se deslocarem e/ou se refugiarem nos mais diversos locais, desde regiões do seu próprio país até outros países, próximos ou não.

Observe o gráfico a seguir.

Fonte 1: ONU. Instituto de Estudos para o Desenvolvimento. Relatório sobre os objectivos de desenvolvimento do milénio. 2010. Disponível em: <http://www.unric.org/html/portuguese/pdf/2010/Relatorio_ODM_2010.pdf>. Acesso em: 10 jul. 2012.Fonte 2: ONU. Agência da ONU para Refugiados – ACNUR. Estatísticas. Disponível em: <http://www.acnur.org/t3/portugues/recursos/estatisticas/>. Acesso em: 27 ago. 2012.

Número de refugiados internacionais e deslocados internos em função de conflitos – 2000/2011 (em milhões)

Causas: sistema político, etnia, pobreza, violação de direitos e religião

As origens de um conflito armado, quer seja entre países, quer seja por questões internas, são complexas e envolvem muitos fatores. E é essa gama variada de possíveis causas que dificulta a compreensão dos conflitos que, mesmo previstos, sempre surpreendem a comunidade de forma geral.

Para tentar entender a sua gênese, é necessário dividir as causas desses conflitos em diferentes grupos. Há questões políticas, econômicas, territoriais, religiosas e étnicas relacionadas à pobreza e também à violação dos direitos humanos.

O sistema político foi uma das principais causas de conflitos armados ao redor do mundo no fim do século XX. Isso porque grande parte dos países foi conduzida, por sua população, à adoção de um sistema político mais democrático. Portanto, a transição para a democracia, em muitos casos, foi marcada por conflitos armados.

Democracia. Regime de governo que reconhece o direito de todos os membros da sociedade participarem das decisões políticas, direta ou indiretamente. A democracia direta, na qual as decisões políticas são tomadas pelo conjunto de todos os cidadãos, somente é possível onde a população é pequena, como ocorria em algumas cidades da Grécia Antiga. Na moderna democracia representativa, as decisões políticas são tomadas por representantes eleitos pelo povo. SANDRONI, Paulo (Org.). Novíssimo dicionário de Economia. São Paulo: Best Seller, 1999. p. 163.

Ditadura. [...] Forma de governo em que todos os poderes se enfeixam nas mãos dum indivíduo, dum grupo, duma assembleia, dum partido, ou duma classe. [...] Qualquer regime de governo que cerceia ou suprime as liberdades individuais. DITADURA. In: FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. 3. ed. Curitiba: Positivo, 2004. p. 692.

África: um

continente

marcado por

conflitos

@GEO1395

6 Espaço mundial: contextos sociais e ambientais

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Observam-se diversas guerras no mundo no período de 1997 a 2006, com maior concentração na África e na Ásia, onde um grande número de países se encontrava em transição de sistema político.

Na análise dessa causa, a democracia não se relaciona, necessariamente, com a paz. Há países que se intitulam democráticos, mas que enfrentam conflitos internos em função de questões socioe-conômicas e também podem estar em conflito com outros países, por diversas razões.

Segundo estatísticas, no período indicado no mapa (1997-2006), 12% das democracias identifi-cadas como estáveis estavam envolvidas em guerras civis. Em relação ao regime ditatorial, cerca de 45% desses países enfrentavam guerra civil e 30% dos que estavam em transição ou com regime democrático instável estavam envolvidos em algum tipo de conflito.

A diversidade étnica também está associada às principais causas de conflitos, quer sejam armados ou não. Em alguns casos, líderes políticos de determinada etnia praticam ações de repressão a outros grupos.

No início do século XXI, grande parte dos países que apresentavam significativa diversidade étnica (mais de 50% da sua população) não estava enfrentando conflitos dessa ordem. Contudo, em alguns casos, isso pode ser usado como um potencial para o desencadeamento de conflitos, como veremos adiante.

Ruanda: um

genocídio

no centro da

África

@GEO1386

Leia o mapa a seguir.

Fonte: SMITH, Dan. Atlas dos conflitos mundiais: um apanhado dos conflitos atuais e dos acordos de paz. Tradução de Carmen Olivieri e Regina Aparecida de Melo Garcia. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 2007. p. 14-15. Adaptação.

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Sistema político (2000-2006) e conflitos (1997-2006)

GEOGRAFIA

7Ensino Médio | Modular

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O mapa a seguir retrata a relação entre diversidade étnica e conflitos no período de 1997 a 2006.

Fonte: SMITH, Dan. Atlas dos conflitos mundiais: um apanhado dos conflitos atuais e dos acordos de paz. Tradução de Carmen Olivieri e Regina Aparecida de Melo Garcia. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 2007. p. 16-17. Adaptação.

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Diversidade étnica e conflitos

O predomínio de conflitos armados em países que possuem alto índice de pobreza revela que problemas socioeconômicos (má distribuição da renda, baixo índice de desenvolvimento humano e precariedade no serviço de saneamento básico, educação e saúde pública, entre outros) contribuem também com o desencadeamento de conflitos internos.

Em geral, países subdesenvolvidos possuem menor possibilidade de estruturar seu governo de forma que possibilite o desenvolvimento de instituições que conduzam a uma decisão pacífica dos conflitos internos. Em grande parte desses países, a faixa etária que predomina é de jovens. Não acreditando nos projetos governamentais para minimizar as desigualdades sociais, em alguns casos, buscam alianças com grupos rebeldes. Estes, por sua vez, podem transmitir, em um primeiro momento, segurança, já que oferecem privilégios que não estariam ao alcance desses jovens naquele momento. Mas muitos desses grupos rebeldes exploram brutalmente a população, mesmo os que são aliados.

A relação entre pobreza e conflitos está concentrada atualmente nos países de baixo desenvolvi-mento. Comparando os países com maior IDH em 2006, cerca de 2% enfrentaram conflitos armados no período de 1997 a 2006. Dos países com IDH médio, em torno de 25% enfrentaram guerras civis nesse mesmo período. Do total de países com menor IDH em 2006, aproximadamente 50% enfrentaram conflitos armados (principalmente guerras civis) no período mapeado.

8 Espaço mundial: contextos sociais e ambientais

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A violação dos direitos humanos é mais um fator que gera conflitos. O mapa a seguir apresenta a relação dessa causa com os conflitos ocorridos no período de 2000 a 2006.

Em determinados tipos de conflito, a tendência dos líderes políticos do(s) país(es) em questão é restringir a liberdade individual, de informação, de debate e de protesto. Em alguns casos, essa forma de restrição chega aos extremos e a população passa a viver sob a égide do medo.

A violação dos direitos humanos (como está ocorrendo atualmente na Síria) atinge uma gama variada de classes, podendo envolver execuções extrajudiciais – adversários políticos, prisioneiros de guerra e socialmente excluídos –, quando grupos específicos se julgam no direito de atuar paralelamente às instituições relacionadas à segurança. Essa causa esteve presente em aproximadamente 72% das nações que enfrentaram conflitos no período de 2000 a 2006. A tortura também é comum nos conflitos, e cerca de 30% dos países indicados no mapa por esta prática estavam em guerras civis.

Finalmente, outro fator que está entre as principais causas de conflitos é a perseguição à diversi-dade religiosa. No século XX e no início do XXI, a prática de determinadas religiões foi combatida, pois era, em alguns casos, considerada como ameaça para a transição política ou socioeconômica. Como exemplo, podemos citar a atuação dos regimes comunistas, socialistas, fascistas e nacionalistas, que, durante os conflitos, perseguiam determinados grupos religiosos.

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Violação dos direitos humanos e conflitos (2000-2006)

Fonte: SMITH, Dan. Atlas dos conflitos mundiais: um apanhado dos conflitos atuais e dos acordos de paz. Tradução de Carmen Olivieri e Regina Aparecida de Melo Garcia. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 2007. p. 12-13. Adaptação.

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O mapa a seguir retrata a perseguição religiosa no período de 1900 a 2006.

Por meio da leitura dos mapas apresentados nessa unidade, responda às questões propostas.

1. Quais as principais causas dos conflitos mundiais?

2. Que continente:

a) enfrentou maior número de conflitos no período representado pelos mapas?

b) apresentou maior estabilidade política no período mapeado?

c) apresentou maior instabilidade política?

d) apresentou maior quantidade de países com baixo desenvolvimento humano, em 2006?

3. Considerando o período mapeado, há algum país que não tenha violado os direitos humanos?

4. Quais continentes concentram mais perseguições religiosas?

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Perseguição religiosa e conflitos (1900-2006)

Fonte: O’BRIEN, Joanne; PALMER, Martin. O atlas das religiões: o mapeamento completo de todas as crenças. Tradução de Mario Vilela. São Paulo: Publifolha, 2008. p. 66-67. Adaptação.

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Questão militar: gastos, efetivos e comercialização

O período da Guerra Fria foi marcado principalmente pela disputa militar entre Estados Unidos e União Soviética e pela disputa ideológica entre capitalismo e socialismo. Nesse período, a iminência de um con-fronto militar estava predominantemente instalado na Europa e na região nordeste da Ásia. Já em relação à rivalidade entre soviéticos e estadunidenses, a escala de abrangência era global. A segurança internacional estava relacionada ao equilíbrio entre essas duas potências e também a atuações multilaterais da ONU.

Esse período deixou de herança um grande arsenal, que ainda hoje compõe o poderio militar e garante a segurança de inúmeros países.

Apesar disso, a profissionalização e a privatização dos órgãos responsáveis pela segurança são fatores que influenciaram a evolução militar, tanto no que se refere à técnica quanto à tecnologia. Os governos, em geral, investiram em pesquisa e desenvolvimento a fim de capacitar seus respectivos complexos industriais militares a criar armamentos cada vez mais sofisticados e específicos. Conse-quentemente, foi necessário treinar profissionais que se tornassem especialistas em determinadas armas e que a atuação deles superasse a atuação do exército convencional.

Isso resultou num aumento significativo dos gastos com armamentos militares. O gráfico a seguir retrata a participação dos gastos no setor de defesa no PIB de dez países em 2011.

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012.

Lista dos dez países com maiores percentuais de gastos no setor de defesa, em relação ao PIB – 2011

Em 2011, nos Estados Uni-dos, os gastos com o setor de defesa corresponderam a 4,91% do valor do PIB. Contudo, em 2001, as ope-rações militares em decor-rência dos ataques de 11 de setembro resultaram em um gasto de 12% do PIB.

A ilustração ao lado apresenta os dez maio-res gastos, em bilhões de dólares, com o sistema de defesa no ano de 2011.

Fonte: THE INTERNATIONAL INSTITUTE FOR STRATEGIC STUDIES. The military balance 2012. Disponível em: <http://www.iiss.org/publications/military-balance/the-military-balance-2012/press-statement/>. Acesso em: 27 ago. 2012.

Ensino Médio | Modular 11

GEOGRAFIA

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Em muitos países, o aumento dos gastos com as forças armadas só é viabilizado por meio de medidas compensatórias, como a elevação da carga tributária e a redução do orçamento em outros setores, como os de saúde e de educação.

Além dos gastos com equipamentos, a manutenção do efetivo militar (soldados na ativa e na reserva) também é significativa, sendo utilizado como indício do poder bélico. Os gastos envolvem o treinamento, a manutenção dos soldados na ativa e também a organização de grupos – regimentos – especializados em ações mais específicas, caso seja necessário.

Muitos países considerados subdesenvolvidos tiveram mais de 100% de aumento no seu efetivo militar entre 1985 e 2003, como Mianmar, Indonésia, Guiné-Bissau, Chade, Sudão, Serra Leoa, entre outros.

Nas últimas décadas, a participação feminina nesse efetivo também vem aumentando. No entanto, ainda há poucos países que possuem o serviço militar obrigatório para mulheres, como em Israel.

A modernização dos equipamentos usados pelas forças armadas nos conflitos, deflagrados ou não, contribuiu para que o comércio internacional de armas se configurasse conforme a produção de cada país. Os principais países exportadores de armas pertencem ao G8 (com exceção do Japão) e inclui todos os mem-bros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, Rússia, China, França e Inglaterra).

A China destaca-se também como um dos principais países importadores de armas. Na mesma situação estão os Estados Unidos e a Alemanha. Austrália, Índia, Chile, África do Sul, Egito, Itália, Eritreia, Indonésia e Coreia do Sul também são considerados os principais importadores de armas.

Os Estados Unidos dominam o comércio internacional de armas. Isso ocorre devido ao alto investimento no desenvolvimento tecnológico desse setor, o que lhe assegura essa atuação. As maiores comercializações no cenário internacional dessas mercadorias ocorreram entre o início da década de 1970 e a primeira metade da década de 1980. Com o final da Guerra Fria, a comercialização diminuiu e, com o tempo, estabilizou.

A comercialização desse tipo de mercadoria é preocupante, pois grande parte das vendas vai para grupos que estão envolvidos com algum conflito. Nesses casos, a ONU estabelece o embargo de armas, o que restringe certos armamentos, mas nem sempre impossibilita a reposição de peças. Portanto, essa ação não impede o desenvolvimento de um conflito.

No período de 1996 a 2005, Indonésia, Mianmar, China, Afeganistão, Azerbaijão, Iraque, Macedô-nia, Montenegro, Sérvia, Eslovênia, Croácia, Bósnia e Herzegovina, Serra Leoa, Libéria, Líbia, Nigéria, Sudão, Eritreia, Etiópia, Somália, República Centro-Africana, Burundi, Ruanda e Angola estiveram sob embargo de armas imposto pela ONU.

Consequências: mortes, refugiados, minas e jovens soldados

Conflitos, principalmente os armados, deixam consequências tanto para a população quanto para o ambiente e para a economia dos países envolvidos.

Kandahar – Afeganistão, 2012

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Al-Qaeda e

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@GEO1384

12 Espaço mundial: contextos sociais e ambientais

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Uma consequência direta é o número de mortos nos conflitos. Apesar de a comunidade interna-cional identificar essa consequência como a mais grave, os números anunciados são estimativas, já que nem sempre os países dão informações corretas a respeito, muitas vezes por não terem condições de chegar ao número real.

Nos conflitos ocorridos entre 1997 e 2005, a estimativa é de que quatro milhões de pessoas mor-reram, e cerca de 75% eram civis.

Na maioria dos conflitos, não existe organização e/ou instituição que controle o número de civis mortos, apesar de os países realizarem a contagem da sua população por meio do recenseamento. Já nas forças armadas ou em grupos de guerrilha, o número de soldados é identificado, pois essas organizações apresentam um controle mais efetivo.or

Leia a reportagem a seguir e responda às questões propostas.

O número de pessoas mortas em virtude de guerras em 13 países, entre 1955 e 2002, foi três vezes maior que o estimado, segundo estudo divulgado [...] nos Estados Unidos.

Os autores do estudo, liderados pelo doutor Ziad Obermeyer do Institute Health Metrics and Evaluation de Seattle, afirmaram que seu método, baseado em dados obtidos antes e depois das guerras, é mais confiável do que outros utilizados até o momento.

Isso porque os estudos que levam em conta as mortes por lar – método utilizado recentemente no Iraque – foram criticados por não ser objetivos e apresentar uma tendência ao exagero.

Já os cálculos baseados em depoimentos de testemunhas ou meios de comunicação foram criticados por não estar presentes nas regiões das mortes.

O estudo do doutor Obermeyer, publicado hoje no “British Medical Journal”, calcula o número de mortes por causas violentas nos conflitos comparando a informação obtida durante as guerras por testemunhas e imprensa com dados sobre as famílias conseguidos em tempos de paz.

Desta forma, os pesquisadores obtiveram estatísticas mais confiáveis sobre 13 países – Bósnia [-Herzegovina], Zimbábue, Bangladesh, Guatemala, Geórgia, Etiópia, Filipi-nas, Namíbia, Laos, Congo, Vietnã, Mianmar e Sri Lanka –, ao longo de um período de 50 anos.

Eles utilizaram dados adquiridos durante as guerras com estudos sobre Saúde Mundial realizados posteriormente pelas Nações Unidas.

Segundo cálculos, de 1985 a 1994, 378 mil pessoas morreram por ano em virtude de guerras.

A maior diferença ocorre no caso de Bangladesh, durante o conflito pela independência.

Os pesquisadores chegaram ao número de 269 mil mortes, contra as 58 mil que se consideravam até agora.

Em artigo que acompanha ao estudo, o professor Richard Garfield, da Universidade de Colúmbia (Nova York), diz que mesmo estes números obtidos com métodos mais confiáveis subestimam o número real de mortos em guerra.

Para Garfield, grande parte das mortes não acontece em combate, mas em virtude de infecções e problemas de saúde, em consequência dos conflitos.

G1. Estudo diz que número de mortos em guerras é três vezes maior que o estimado. Disponível em: <http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL607193-5602,00.html>. Acesso em: 19 jun. 2012.

1. A notícia afirma que o “número de mortos em guerras é três vezes maior que o estimado”. Como o autor justifica essa afirmativa?

2. Que metodologias de levantamento do total de mortos em guerra foram criticadas pela equipe do doutor Ziad Obermeyer?

Estudo diz que número de mortos em guerras é três vezes maior que o estimado Levantamento foi publicado nesta quinta no “British Medical Journal”. Ele compara dados obtidos durante as guer-

ras com informações do tempo de paz

Ensino Médio | Modular 13

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Além das mortes, as minas terrestres que permanecem após o término do conflito também são um grande problema, pois desarmá-las é uma tarefa difícil e complicada. Ainda há muitos países que possuem essas minas em seus territórios, sendo uma ameaça para a população.

Em 1997, foi assinado o Tratado de Ottawa, isto é, o Tratado de Proibição de Minas, que proíbe a produção de minas terrestres antipessoais. Mas nem todos os países assinaram esse tratado, inclusive alguns que pertencem ao Conselho de Segurança da ONU, tais como Estados Unidos, Rússia e China.

Outra consequência desses conflitos está relacionada à utilização de jovens abaixo da faixa etária de recrutamento obrigatório para compor tanto as forças armadas quanto os grupos guerrilheiros, principalmente.

Os jovens soldados podem ter entre 15 e 18 anos. No entanto, há países em que o governo recruta jovens com menos de 15 anos para compor as forças armadas, como Serra Leoa, Angola, Burundi, Ruanda, Etiópia, Chade, Afe-ganistão e Mianmar.

Os grupos armados independentes também recrutam jovens com menos de 15 anos. Muitas vezes, esse recruta-mento é forçado, ou seja, o jovem é obrigado a participar, caso contrário, pode haver punição para ele ou sua famí-lia. Isso aconteceu na Colômbia, no Peru e na maioria dos conflitos ocorridos na África e na Ásia, entre 1997 e 2005, por exemplo. No caso do recrutamento por grupos armados independentes, as meninas também são recrutadas à força.

Essa situação é ainda complexa quando o conflito é fina-lizado e a função militar desses jovens deixa de existir. A sua reintegração à sociedade civil é difícil, pois muitos sofreram diversos tipos de violência, o que acaba interferindo em seu comportamento.

Os refugiados também são considerados uma conse-quência problemática dos conflitos existentes. A sua vida nos países em que solicitam asilo não é fácil, pois, muitas vezes, não dominam a língua e têm dificuldades de conseguir trabalho. Além disso, podem ser discriminados por receberem auxílio do governo, como alimentação e habitação.

Além dos refugiados internacionais, há os internos, que, por enfrentarem conflitos mais restritos, se deslocam para outras regiões de seu próprio país.

Há ainda os refugiados temporários, que aguardam ape-nas o término do conflito para retornar ao seu país. É o caso da Faixa de Gaza, onde metade da população é de refugiados, e da Jordânia, que tem um quarto da sua população com-posta de refugiados. Tanto a Jordânia quanto os territórios ocupados da Palestina receberam, cada um, cerca de 1,5 milhão de refugiados de Israel. Na Palestina, a maioria vive em campos de refugiados.

Acordos de paz: acordos, manutenção e processos de paz

Desde a criação da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1945, um dos seus principais objetivos é a manutenção da paz e da segurança internacional.

A atuação da ONU pode ocorrer com diversos objetivos: Missões de manutenção da paz (peace-keeping)

– ações militares que têm consentimento das partes envolvidas para garantir e apoiar um bom andamen-to do cessar-fogo.

Missões de restabelecimento da paz (peace--making) – envolvem negociações e mediações para reaproximar as partes de forma não coercitiva. Nes-sas negociações, pode ser aprovado o uso preventi-vo das forças militares.

Missões de imposição da paz (peace-enforcement) – ações militares coercitivas para o agressor identifica-do, quando este ameaça a paz ou quando está prestes a praticar um ato agressivo.

Missões de consolidação da paz (peace-building) – desenvolvem infraestruturas políticas, de seguran-ça e socioeconômicas para alcançar o fim do conflito. São consideradas uma forma de reconstruir o Estado.

As operações de paz, independentemente da organização que as promove, são instrumentos dinâmicos que buscam auxiliar os países que foram devastados nos conflitos.

A instauração da paz ocorre quando um acordo é estabe-lecido entre as partes envolvidas, sendo uma ação complexa, cara e demorada. Envolve a reconciliação, a construção das organizações políticas, a restauração do setor de segurança e o desenvolvimento socioeconômico – denominados quatro pilares dessa reconstrução.

As missões de paz são complexas e não têm um prazo de duração. Por exemplo, a primeira missão das forças de paz da ONU teve início em 1948, no Oriente Médio, e perdura até a atualidade, pois ainda há conflitos na região.

Segundo a própria ONU, desde 1948, houve aproximada-mente 70 forças de paz que atuaram em cerca de 45 países. Mas nem todas as missões obtiveram o sucesso esperado.

A instituição utiliza seus órgãos especializados na área de desenvolvimento (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados – ACNUR; Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD; Programa Alimentar Mun-dial – PAM, entre outros) para cooperar com ONGs locais e internacionais que atuam nas áreas envolvidas em conflito.

As

agências

da ONU

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14 Espaço mundial: contextos sociais e ambientais

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Muitos dos acordos de paz implantados pela ONU, contudo, já foram rompidos. Infelizmente, quando isso acontece e os combates reiniciam, eles são em geral mais violentos.

Quando um conflito é desencadeado, há leis que começam a regular esse tipo de evento. É a chamada lei humanitária inter-nacional (regida por decreto da ONU), que, ao lado dos direitos

humanos, tem a finalidade de minimizar as consequências do ato e assegurar aos cidadãos, envolvidos direta ou indiretamente, seus direitos. Essa lei vigora durante o período do conflito.

Os países podem utilizar suas forças armadas em defesa própria, em ações autorizadas pelo Conselho de Segurança da ONU e para segurança interna.

1. (UFPE) Essa organização foi um acordo militar ocorrido em 1949, entre Estados Unidos, Canadá, Islândia, Portugal, França, Reino Unido, Holanda, Bélgica, Itália, Dinamarca, Noruega e Luxemburgo, com a finalidade de defesa e auxílio mútuo, em caso de ataque a um dos países membros. Sua primeira intervenção armada acon-teceu na Guerra da Bósnia. A denominação correta dessa organização é:a) ONU; b) OTAN; c) OEA; d) Pacto Centro-europeu; e) Pacto de Varsóvia.

2. (UFMG) A atual distribuição geográfica das grandes religiões constitui tema cada vez mais oportuno, em razão de suas ligações com questões políticas e relacionadas a tensões e conflitos.Considerando-se essa informação, é incorreto afirmar que:a) o Islamismo, além de estar presente na imensa região que vai da África Ocidental às ilhas do Sudeste

Asiático, tem constituído núcleos ativos e crescentes, embora minoritários, em várias capitais europeias; b) o Budismo e o Confucionismo são religiões que apresentam crescimento expressivo na Ásia e no Ex-

tremo Oriente, em decorrência do sentimento nacionalista que geram; c) o Cristianismo, na Europa, está dividido em vários grandes ramos – entre eles, em especial, o Catolicismo

Romano, o Protestantismo, o Anglicanismo e o Cristianismo Ortodoxo –, enquanto, nas Américas, predo-minam os dois primeiros;

d) o Cristianismo Ortodoxo, resultante de um cisma, está presente e é influente em alguns países eslavos, tanto nos Bálcãs como no Leste Europeu, na Grécia e em algumas regiões asiáticas.

3. (UFPI) Observe a figura onde são mostrados alguns países que enfrentam conflitos geopolíticos na atua-lidade. Sobre tais conflitos, é correto afirmar que eles são:

a) por disputas de recursos naturais e energéticos;b) por disputas de poder político e tecnológico;c) étnico-religiosos e por acesso às reservas naturais;d) religiosos e por movimentos ambientalistas; e) separatistas e étnico-religiosos.

4. (UFES) Sobre os conflitos e tensões atuais, é incorreto afirmar que eles são provocados: a) pela globalização; b) pela disputa pelo poder; c) pelas crises econômicas e pela pobreza; d) pela reivindicação ou disputa de território; e) pelas desigualdades provocadas por diferenças étnicas, religiosas e culturais.

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e étnico-religiosos2

Do período da Guerra Fria, há permanências que configuram os conflitos internacionais atuais. Destes, muitos são armados, tais como:

combate aos terroristas, principalmente após o ataque de 11 de setembro de 2001. Esse com-bate envolve tanto ações pontuais (como a perseguição aos autores dos atentados) quanto ações mais amplas, que afetam uma região ou um país, tais como conflitos considerados antigos na Somália, Paquistão, Filipinas, entre outros;

conflitos relacionados à descolonização da Ásia e da África. Caracterizados pela violência e longa duração, alguns deles chegaram a atingir escala internacional;

conflitos entre Coreia do Norte e Coreia do Sul, Índia e Paquistão, Israel e Palestina, China e Taiwan, além de Rússia e Japão. As causas desses conflitos estão relacionadas a questões religiosas, políticas ideológicas, disputa de recursos naturais (água, petróleo, direito de pesca, jazidas minerais), entre outros;

conflitos antigos, com possibilidade ainda distante de resolução, tais como os que ocorrem na Colômbia, nas Filipinas, no Sri Lanka, no Nepal, os que envolvem os curdos, etc.

Além disso, há conflitos que são oriundos da migração, da fome e de preconceitos, em parte relacionados a problemas socioeconômicos.

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Problemas populacionais atuais: migrações e preconceitos (xenofobia)

Uma das principais causas do fluxo migratório internacional são as buscas por trabalho, princi-palmente as que se originam nos países pouco desenvolvidos e se direcionam para os desenvolvidos e também para os emergentes. Nesse caso, depois de estabelecida, grande parte dos imigrantes envia dinheiro ao país de origem, numa tentativa de melhorar a qualidade de vida de suas famílias.

Migração: para a ONU, significa o deslocamento que envolve mudança de local de residência, podendo ser de longa ou de curta duração. Genericamente, denomina-se migrante o indivíduo que realiza deslocamentos (tanto de partida quanto de chegada a determinado local – cidade, estado, província, país, região, etc.). As localidades que atraem a população são chamadas de polos de atração, e as que possuem significativa saída de população são denominadas polos de expulsão.

Emigrante: indivíduo que sai de um país, região, estado ou município, tanto temporária como definitivamente.

Imigrante: indivíduo que chega a um país, região, estado ou município, podendo perma-necer temporária ou definitivamente.

DIPLOMATA

O diplomata é o profissional que trata da diplomacia entre os países, ou seja, ele representa o seu país diante de outros governos. A função principal desse profissional é informar, negociar e representar. O diploma-ta é responsável por acompanhar o rumo das discussões ou negociações internacionais e conduzir as relações exteriores de um país, Estado ou sujeito de direito internacional. O profissional é preparado para tratar dos mais variados temas, como, por exemplo, paz, segurança, normas de comércio e relações econômicas e finan-ceiras, direitos humanos, meio ambiente, tráfico de drogas, fluxos migratórios, estabelecimento de relações amigáveis entre Estados e de cooperação entre os parceiros externos, entre outros. As relações diplomáticas estão definidas no plano internacional pela Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de 1961 (CVRD).

[...].Para ser um diplomata, é necessário que o profissional possua diploma de graduação em algum curso su-

perior. Após o término do curso, o candidato tem que ser aprovado no Concurso de Admissão do Instituto Rio Branco (IRBR). A partir daí, o profissional ingressa na carreira diplomática como Terceiro-Secretário e, assim, os próximos cargos são: Segundo-Secretário, Primeiro-Secretário, Conselheiro, Ministro de Segunda Classe e Ministro de Primeira Classe (Embaixador). [...].

BRASIL PROFISSÕES. Diplomata. Disponível em: <http://www.brasilprofissoes.com.br/profissoes/diplomata>. Acesso em: 28 ago. 2012.

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O mapa a seguir retrata o fluxo das transferências financeiras, as chamadas remessas, realizadas por imigrantes aos seus países de origem em 2007.

As destruições ambientais [...] não dizem respeito somente às que poderiam ser denominadas naturais e violentas, mas também os processos mais lentos, que acabam modificando a relação do ser humano com o lugar onde vive. Um exemplo de deslocamento climático involuntário é o que ocorreu no Nepal, com a desaparição dos glaciais do Himalaia. Os glaciais foram derretendo, a água transbordou os chamados rios glaciais e isso acarretou em poderosas inundações que obrigaram as populações ao deslocamento.

Tsunamis, terremotos, inundações na Tailândia, China ou Filipinas, seca no Sudão, o acidente de Fukushima, tem-pestades na Europa, todos estes acidentes naturais violentos provocaram massivos deslocamentos. [...] A degradação paulatina do meio ambiente provocada pelo homem tem também uma influência determinante neste fluxo migratório.

Um exemplo disso é o que ocorre no Brasil. [...] No Amazonas, o desmatamento trouxe consigo a ocupação das terras, mas depois, uma vez que os solos arrasados chegaram ao limite de sua capacidade, as populações que se instalaram ali não obtêm mais recursos e devem migrar.

FEBBRO, Eduardo. Já há mais refugiados ambientais que refugiados de guerra. Disponível em: <http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=19482>. Acesso em: 13 set. 2012.

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Transferências financeiras de imigrantes aos seus países de origem – 2007

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As transferências financeiras são expressivas e, indi-retamente, impulsionaram o setor econômico dos países de origem dos imigrantes. No sentido geral, o valor médio transferido por um imigrante era suficiente para que 10 pessoas do país de origem se sustentassem.

Apesar dessa cifra financeira ser significativa, não são relativa-mente os mais pobres que migram. Grande parte dos imigrantes, em seus países de origem, pertence à classe socioeconômica média.

Mas a realidade da maioria dos imigrantes no país que os acolheu nem sempre é tranquila e justa. Essas pessoas enfrentam

situações como: baixos salários, ausência de direitos (principalmente trabalhistas), discriminação e condições de vida precárias. Essas situações se complicam quando o imigrante é ilegal, isto é, quando entra no país sem a autorização oficial do governo.

Além da busca por trabalho, diversos outros fatores contribuem para que as pessoas mudem de um país para outro, que os acolha e possibilite um novo início: conflitos armados, problemas ambien-tais, perseguições (políticas, étnicas e religiosas, entre outras) e até mesmo estímulo governamental de migração de mão de obra qualificada, como o estímulo que o governo do Canadá oferece.

18 Espaço mundial: contextos sociais e ambientais

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Grande parte das migrações ocorre envolvendo poucos países, geograficamente próximos na maioria dos casos, como migrações de países latino-americanos para os EUA, da Turquia para a Europa, da Índia para a Europa e do norte da África para o sul da Europa.

As décadas de 1950 e de 1970 apresentaram intenso fluxo migratório internacional, quando vários países europeus, os EUA e o Japão incentivaram a entrada de estrangeiros em seus territórios para suprir a falta de mão de obra de menor remuneração e qualificação, isto é, os cargos não ocupados pela população local.

Já na década de 1990, o fluxo internacional foi influenciado pelo desenvolvimento técnico-científico--informacional, que contribuiu com a aceleração do processo de produção e de circulação de mercadorias, caracterizando a “migração empresarial”.

Com essa situação, um grave problema gerado pelos deslocamentos populacionais começou a se intensificar: a xenofobia (do grego “xeno” – estrangeiro – e “fobia” – medo), que, como forma de pre-conceito, está relacionada a sentimentos de aversão e de discriminação aos grupos de nacionalidade, etnia e/ou crença diferente.

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A xenofobia pode ser observada, muitas vezes, em países onde a população local já enfrenta problemas socioeconômicos e/ou não concorda em disputar emprego com imigrantes. Na Europa, por exemplo, há casos de agressão física aos imigrantes e também de depredação das suas residências.

Principais conflitos mundiais (conflitos culturais, religiosos e minorias étnicas)

Alguns conflitos possuem mais de um fator em sua gênese, isto é, mais de uma causa contribuiu para desencadeá-los e mantê-los. Nesse sentido, registram-se disputas territoriais, questões culturais ou religiosas, disputas pela exploração de recursos naturais ou para ocupar uma região considerada estratégica. Em relação aos conflitos atuais, os mais tensos estão localizados em determinadas porções do continente africano e da região da Ásia denominada Oriente Médio.

Oriente MédioA região que caracteriza o que se chama de Oriente Médio está sendo estruturada há muitos séculos,

sob a influência de fatores culturais, religiosos, históricos e econômicos, como o petróleo, o Islã, o Império Otomano, a fundação do Estado de Israel, o colonialismo europeu e a influência estadunidense. A interação entre esses fatores configurou e ainda configura uma série de desafios sociais, políticos, estratégicos e econômicos, estreitamente relacionados.

Principais

conflitos

no Oriente

Médio

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Xenofobia:

o drama dos

ciganos na

Europa

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Ensino Médio | Modular 19

GEOGRAFIA

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Antes mesmo da Primeira Guerra Mundial, as fronteiras do Oriente Médio foram sendo estabelecidas devido ao enfraquecimento do Império Otomano e aos acordos firmados pelas potências da época.

O mapa a seguir expõe o território otomano e o poder colonial na região antes da Primeira Guerra Mundial.

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Oriente Médio: domínio político antes da Primeira Guerra Mundial

À medida que o Império Otomano enfraquecia, França e Reino Unido disputavam a posse do território hoje pertencente ao Oriente Médio. Mas, além desses dois países, outros também estavam interessados na partilha desse território, o que culminou com a ocupação colonial retratada no mapa a seguir.

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Oriente Médio: domínio político entre 1919 e 1941

Fonte: SMITH, Dan. Atlas do Oriente Médio: mapeamento

completo de todos os conflitos. Tradução de Mario Vilela. São Paulo: Publifolha, 2008. p. 21.

Adaptação.

Fonte: SMITH, Dan. Atlas do Oriente Médio: mapeamento

completo de todos os conflitos. Tradução de Mario Vilela. São Paulo: Publifolha, 2008. p. 25.

Adaptação.

20 Espaço mundial: contextos sociais e ambientais

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Durante as duas guerras mundiais, era evidente o sentimento nacionalista em muitas regiões do mundo e diversos movimentos pela independência foram desencadeados, inclusive no Oriente Médio. Assim, entre 1945 e 1975, ocorreu a descolonização dessa região, marcada por conflitos armados que objetivavam, além da retomada política, as reservas petrolíferas da região. Estas foram cobiçadas pelos EUA e pela Rússia, além do Reino Unido e da França.

O mapa a seguir apresenta a independência dos países do Oriente Médio. Jo

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Fonte: SMITH, Dan. Atlas do Oriente Médio: mapeamento completo de todos os conflitos. Tradução de Mario Vilela. São Paulo: Publifolha, 2008. p. 29. Adaptação.

Oriente Médio: independência dos países – 1945-1975

No decorrer do século XX, diversos conflitos ocorreram, muitos extremamente violentos. O Oriente Médio é uma das regiões mais tensas do mundo. A riqueza obtida com o petróleo, associada a várias nações, não conseguiu, efetivamente, amenizar os conflitos e possibilitar um real desenvolvimento socioeconômico dos países. Até mesmo aqueles que possuem um PIB significativo e criaram condições de crescimento e desenvolvimento em seus territórios enfrentam esse problema, tendo em vista os gastos extravagantes dos governantes e de suas famílias.

Entre 1980 e 1988, houve a Guerra Irã-Iraque, devido a desacordos sobre o limite dos dois países no canal que dá acesso ao Golfo Pérsico. O Iraque invadiu o Irã, arruinou a cidade de Khorramshar e cercou Abadã, cidade mais ao sul, onde se localiza uma importante refinaria. O Irã ocupou os prin-cipais poços petrolíferos do Iraque. Além da disputa pelo canal, a guerra tinha cunho ideológico, em função da ditadura religiosa que governava o Irã e da não religiosa que governava o Iraque. Com um saldo de mais de um milhão de mortos, essa disputa foi considerada de grande crueldade, tanto para o ambiente quanto para os civis.

Durante a década de 1980, formaram-se vários grupos armados que não aceitavam a formação do Estado de Israel e defendiam a implantação do Estado Palestino Islâmico. Um dos grupos que atuaram nesse período foi o Hamas, formado em 1987. Esse grupo adotou a prática de realização de atentados suicidas nos conflitos. Com o objetivo principal de destruir Israel, o Hamas está estruturado com uma ala militar que recruta jovens dispostos a cometer atos suicidas e com uma política que oferece alguns serviços à população, como hospitais, escolas e creches. A intenção do grupo é estabelecer o código islâmico – a Sharia – como legislação.

Ensino Médio | Modular 21

GEOGRAFIA

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Outro grupo que surgiu na região durante essa década foi o Hezbollah, criado no Líbano em 1982, apresentando uma organização política e militar. Israel e EUA o consideram um grupo terrorista, ao contrário de boa parte da população do Líbano, que o considera um grupo de resistência ao Estado de Israel. Apesar de praticar atos violentos, o Hezbollah é dono de hospitais, escolas de enfermagem, clínicas e escolas.

O Oriente Médio é historicamente marcado por uma série de conflitos envolvendo Israel e a questão Palestina. Confira, nos mapas a seguir, as principais transformações espaciais ocorridas na região a partir de 1918.

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Israel e Palestina – 1918-2005

Fonte: SMITH, Dan. Atlas dos conflitos mundiais: um apanhado dos conflitos atuais e dos acordos de paz. Tradução de Carmen Olivieri e Regina Aparecida de Melo Garcia. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 2007. p. 64-65. Adaptação.

Esse conflito não envolve apenas uma disputa territorial embasada, historicamente, em fatores políticos e religiosos, mas também uma disputa por recursos naturais. Quando Israel ocupou a Cisjor-dânia, passou a controlar as reservas de água e instituiu um licenciamento seletivo para a construção de novos poços de captação e para a distribuição. Mas o consumo de água aumentou nessas últimas décadas, e muitos poços palestinos secaram. Israel continua controlando o uso, apesar de consumir muito mais água (média de 350 litros por dia) que os palestinos (60 litros por dia).

Outro conflito no Oriente Médio envolve uma minoria étnica – os curdos –, que, apesar de não possuírem um território físico para construir sua nação, estão unidos por fatores culturais, históricos e geográficos.

Os curdos ocupavam as regiões montanhosas no início do século XX e ficaram distantes dos conflitos desencadeados durante o processo de ocupação do Oriente Médio. Na década de 1920, a criação do Estado do Curdistão Iraquiano vigorou nos tratados que dividiram o território do Império Otomano. Mas o Estado não foi implantado, pois a Turquia não aceitou ceder parte do seu território para os curdos. Com isso, grande parte da população deixou a região e se instalou em outros países.

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Atualmente a maior parte da população curda habita Turquia, Irã e Iraque. Em 2005, o Iraque reconheceu a região montanhosa ao norte do país – composta das províncias de Erbil, Dohuk e Sulaimaniyah – como o Governo Regional do Curdistão, assegurando relativa autonomia para a população local.

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Terras curdas

Fonte: LIBRARY OF CONGRESS. The Kurdish lands. Disponível em: <http://memory.loc.gov/cgi-bin/image-services/jp2.py?data=/home/www/data/gmd/gmd7/g7611/g7611e/ct000930.jp2&res=2>. Acesso em: 13 set. 2012. Adaptação.

Região autônoma curda do Iraque

Raqsonu. 2013. Digital.

Fonte: THE LIBRARY OF CONGRESS. The Kurdish lands. Disponível em: <http://memory.loc.gov/cgi-bin/image-services/jp2.py?data=/home/www/data/gmd/gmd7/g7611/g7611e/ct000930.jp2&res=2>. Acesso em: 27 maio 2013.

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Page 24: Espaço mundial: contextos sociais e ambientaisprepapp.positivoon.com.br/assets/Modular/GEOGRAFIA/... · O sistema político foi uma das principais causas de conflitos armados ao

EuropaO continente europeu também enfrentou uma série de conflitos, alguns deles, inclusive, ainda

não foram resolvidos e outros desencadearam a criação de novos países, como os que surgiram com a desintegração da Iugoslávia.

Os países que compunham a Iugoslávia também passaram por uma série de conflitos, em especial ao longo das décadas de 1980 e 1990. Junte-se a outros colegas para realizar uma pesquisa sobre algum país que pertencia à Iugoslávia, reunindo informações, tais como: características históricas, culturais e geográficas, localização, conflitos que resultaram na independência e estrutura atual de governo e socioeconômica. Em seguida, apresentem à turma os resultados obtidos.

A Irlanda está em conflito desde 1170, quando a Inglaterra tentou ocupar toda a ilha. Esses con-flitos resultaram na fragmentação territorial dessa região, que foi dividida em Irlanda (aprovada como Estado independente pelo Reino Unido, em 1922) e Irlanda do Norte (que permaneceu sob o domínio britânico – fazendo parte, então, do Reino Unido).

A Irlanda do Norte passou assim a ser administrada pela elite protestante, que diminuiu signi-ficativamente os direitos dos católicos. A minoria católica busca a união com a Irlanda e a maioria protestante apoia sua inclusão ao Reino Unido.

Um dos grupos mais atuantes, que defende a união da Irlanda do Norte com a Irlanda, é o Exército Republicano Irlandês (IRA). Esse grupo praticou várias ações armadas reivindicando essa reintegração.

O exército inglês também praticou várias ações para coibir a atuação do IRA. Ambos os lados utilizaram a violência na defesa de suas ideias.

Em 1998, foi assinado um acordo de paz. Em 2002, foi eleito o primeiro prefeito irlandês, Gerry Adams, do partido católico Sinn Fein, considerado o braço direito do IRA. As negociações continuam e alguns integrantes do IRA ocupam atualmente cargos políticos na Irlanda do Norte.

Outro conflito que se destaca no continente é a questão basca, na Península Ibérica, envolvendo a Espanha e a França. Os bascos ocupam uma parte do nordeste da Espanha (cerca de 90% do seu território localiza-se nesse país) e do sudoeste da França e lutam pela sua independência há mais de 40 anos.

O movimento Pátria Basca e Liberdade (ETA), criado na década de 1950, agia por meio de ações de guerrilha urbana, numa tentativa de impor suas ideias separatistas. Apesar da violência de suas ações, a população apoiava o movimento.

Desde a década de 1970, a Constituição da Espanha estabeleceu certa autonomia ao País Basco. Essa autonomia acabou dividindo o grupo, pois uma parte queria continuar buscando a independência como grupo armado e outra interpretava que essa abertura política dada pela Espanha conduziria à independência mais rapidamente.

Em 1979, foi elaborado o Estatuto da Autonomia do País Basco, estruturando um parlamento que exerce o poder legislativo. Esse parlamento é composto de 75 deputados que representam os três territórios que estruturam a Comunidade Autônoma do País Basco. No entanto, apesar do nome, essa região não é considerada um país.

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A região do Cáucaso também é palco de uma série de conflitos que envolvem questões territoriais – pois é uma região estratégica entre a Europa e a Ásia –, de minorias étnicas e interesses nas reservas petrolíferas e de gás existentes. Os países envolvidos são o Azerbaijão, a Armênia, a Geórgia e a Federação Russa.

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Fonte: U. S. ENERGY INFORMATION ADMINISTRATION. Independent Statistics & Analisys: Azerbaijan. Disponível em: <http://www.eia.gov/countries/cab.cfm?fips=AJ>. Acesso em: 13 set. 2012. Adaptação.

Cáucaso – oleodutos e gasodutos

Há uma série de fatores que fazem do Cáucaso uma região muito conturbada: sua localização estratégica, ponto equidistante entre a Ásia e a Europa, situado entre os mares Negro e Cáspio; suas formas de relevo, os vales e as elevações servem de refúgio e também de trincheiras às mais variadas minorias étnicas; e sua significativa complexidade cultural, religiosa e étnica.

Com o fim da URSS e as independências da Armênia, do Azerbaijão e da Geórgia, o controle russo ficou reduzido à porção mais ao norte do Cáucaso. Para tentar conservar esse ponto estratégico, a Federação Russa mantém, ainda hoje, um significativo contingente militar, o que contribui com a instabilidade política e militar da região.

Ásia

Na Ásia, destaca-se o conflito histórico entre o Tibete e a China. Os dalai-lamas, chefes espirituais que administram o Tibete (houve vários dalai-lamas, em diferentes períodos), defendem a independência da região. Os conflitos envolvem questões étnicas e políticas, uma vez que o atual dalai-lama, por exemplo, encontra-se exilado na Índia e tem buscado a independência do Tibete.

O Afeganistão, por sua vez, enfrenta uma série de conflitos, principalmente desde sua ocupação pela União Soviética no fim da década de 1970. Já na década seguinte, guerrilheiros conhecidos como mujahedins expulsaram os soviéticos da região. Nos anos 1990, surgiu o Talibã – grupo político formado, em grande parte, pela maior etnia do território afegão (pashtun), que passou a controlá-lo, impondo uma série de restrições à população. Esse grupo, apesar de ainda ser influente, perdeu parte de seu poder após a ocupação do país pelos Estados Unidos (para capturar o principal responsável pelos ataques de 11 de setembro de 2001, o saudita Osama bin Laden, que se refugiava no Afeganistão, contando com o apoio dos talibãs).

A complexidade

do Cáucaso

@GEO1370

Ocupação

chinesa no

Tibete

@GEO1504

A guerra no

Afeganistão

e o Talibã

@GEO1372

Ensino Médio | Modular 25

GEOGRAFIA

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ÁfricaNa África, em 9 de julho de 2011, ocorreu a independência do Sudão do Sul, após um período de

12 anos de guerra civil com o Sudão. O território do Sudão convivia e convive com diferenças étnicas, culturais e naturais significativas: sua região norte é formada predominantemente por uma população árabe-muçulmana, tem clima desértico e é relativamente mais desenvolvida.

A porção sul (hoje Sudão do Sul) apresenta maioria cristã, mais de 200 grupos étnicos, florestas e pântanos e é considerada menos desenvolvida. Contudo, grande parte das reservas petrolíferas está localizada nessa região, apesar de a extração, a produção e o transporte do petróleo serem controlados pelo governo (centralizado no norte), que não investia na região sul e tentava impor a lei islâmica.

A extração do petróleo é realizada por empresas transnacionais e, para isso, muitas terras foram desapropriadas. Houve um esvaziamento populacional nas áreas próximas aos campos petrolíferos e suas matas foram devastadas, comprometendo muitos ecossistemas.

João

Mig

uel A

lves

Mor

eira

Blocos de exploração de petróleo no Sudão e no Sudão do Sul

Fonte: LE MONDE. World Politics/Geopolitics. Disponível em: <http://geopolitics.blog.lemonde.fr/category/china/>. Acesso em: 13 set. 2012. Adaptação.

País de origem das empresas e respectiva parcela explorada pelo bloco

Sudão do

Sul: já ouviu

falar?

@GEO1084

26 Espaço mundial: contextos sociais e ambientais

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Segundo a ONU, o Sudão do Sul apresenta alta taxa de mortalidade, elevado índice de analfabe-tismo (aproximadamente 84% entre as mulheres) e a maioria das crianças não frequenta a escola. Além disso, tem uma malha rodoviária precária, poucas escolas e um serviço de saúde deficitário para oferecer a uma população de quase 10 milhões de pessoas. Apesar do seu potencial agrícola, a economia está embasada na exploração do petróleo.

O país enfrenta uma série de desafios, tais como: moeda a ser adotada; definição da fronteira onde estão localizados os campos petrolíferos; localização da capital (se ficará em Juba ou se será construída uma nova capital); o que fazer com os sul-sudaneses que viviam no Sudão e que terão que voltar ao país por terem a cidadania revogada, o que poderá gerar uma migração em massa.

Crime internacional organizado (narcotráfico e pirataria)

Além dos conflitos já estudados, registram-se ainda diversas situações de tensão decorrentes do narcotráfico e da pirata-ria, que promovem confrontos armados e destruição, podendo comprometer as estruturas produtivas – tanto a agropecuária quanto a industrial –, o comércio e a prestação de serviços. Esses conflitos desencadeiam problemas sociais e comprometem ainda mais o bem-estar e a segurança da população.

NarcotráficoO narcotráfico é considerado uma atividade muito lucra-

tiva, movimentando bilhões de dólares (segundo estimativas, tem receita duas vezes maior que a indústria automobilística). Além disso, promove a desestabilização dos órgãos e/ou ins-tituições estabelecidas, por meio da corrupção, por exemplo.

A estrutura organizacional do tráfico internacional de drogas apresenta métodos modernos de produção em larga escala, de administração e de distribuição. Mas essa prática criminosa só se sustenta graças a uma grande rede de cola-borações que se espalha tanto pelos países que produzem a mercadoria ilegal quanto por aqueles que a consomem.

O tráfico ilegal de drogas, muitas vezes, contribui para ações terroristas, como é o caso das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (FARC), que têm o narcotráfico como fonte de renda para se manter e comprar armas.

A ONU apresentou três convenções com o objetivo de sistematizar as ações de controle sobre a circulação inter-nacional de drogas, assegurando o uso médico e científico e prevenindo a distribuição por meios ilícitos:

Convenção única sobre entorpecentes, 1961 – Nova Iorque (EUA) – combate o uso abusivo de drogas. Desenvolveu duas ações de intervenção e controle: limitação da posse e uso para finalidades medicinais e científicas e combate ao tráfico por meio de cooperação internacional.

Convenção sobre substâncias psicotrópicas, 1971 – Viena (Áustria) – estabelece um sistema de

controle internacional para essas substâncias, além de criar formas de controle para diversas drogas sintéticas.

Convenção contra o tráfico ilícito de entorpe-centes e substâncias psicotrópicas, 1988 – Vie-na (Áustria) – fornece métodos contra a lavagem de dinheiro, além de informações para a cooperação internacional por meio da extradição de traficantes.

PiratariaA denominada pirataria moderna envolve várias ativi-

dades ilegais, como a venda ou a distribuição de produtos não autorizados pelos fabricantes, que é considerada crime. É uma atividade altamente lucrativa, que envolve produtos como roupas, utensílios domésticos, bebidas, livros, remé-dios, calçados, música e softwares, principalmente.

Muitas atividades são organizadas e financiadas por grupos mafiosos que agem internacionalmente. Mas infe-lizmente o consumidor tem participação no processo, pois a procura por produtos mais baratos é grande.

A produção e a comercialização de produtos piratas des-respeitam as convenções internacionais, pois os direitos autorais dos que detêm a marca ou a propriedade intelectual e/ou industrial não são respeitados. Além disso, muitos produtos são fabricados utilizando mão de obra barata.

Atualmente, a pirataria moderna marítima, por sua vez, é focada no sequestro de embarcações e exigência de resgates. Essa prática tornou-se frequente em alguns locais, como no Mar do Caribe, no Golfo da Guiné, no litoral da Somália e no Sudeste Asiático. Segundo dados fornecidos pela Agência Marí-tima Internacional, o litoral da Somália e o Estreito de Málaca (entre a Ilha de Sumatra e a Península Malaia) são os locais mais perigosos.

Nessas regiões os grupos estão combi-nando as técnicas de pirataria marítima a ações terroristas, para obtenção de cargas poluentes e/ou perigosas.

Piratas: a

história dos

bandidos de

alto-mar

@GEO1374

Ensino Médio | Modular 27

GEOGRAFIA

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Terrorismo (grupos terroristas)

As atuações terroristas envolvem quase sempre ações violentas, podendo ser aleatórias, quando a intenção é espalhar a instabilidade e o medo, não existindo um alvo prévio. Podem-se citar como exemplo as bombas em metrôs, parques, etc.

Há também ações terroristas que visam a um alvo específico, muitas vezes relacionado a questões políticas, religiosas e/ou culturais. Como exemplo, podem-se citar as atividades da Al Qaeda, das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e do Hezbollah, que atua no Líbano.

As organizações terroristas se diferenciam em função das causas que as regem. As nacionalistas objetivam a independência de um território, tendo como principal motivação a ideologia. A trans-formação da filosofia religiosa em prática política fundamenta as organizações terroristas de cunho religioso, que usam a violência em defesa da fé. Há também as que são patrocinadas pelo Estado e que são usadas como uma forma de intervenção em conflitos. Nesse caso, muitas vezes, são contratados mercenários para agirem.

Com base nas informações da reportagem a seguir, responda às questões propostas.

ONU suspeita que terroristas estejam por trás de ataques na Síria

FOLHA DE S.PAULO. ONU suspeita que terroristas estejam por trás de ataques na Síria. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1092701-onu-suspeita-que-terroristas-estejam-por-tras-de-ataques-na-siria.shtml>. Acesso em: 14 jul. 2012.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, voltou a dizer nesta sexta-feira que está preocupado com um pos-sível envolvimento de grupos terroristas “organizados e com um objetivo concreto” nos atentados realizados no dia 10 de maio em Damasco.

“Os recentes atentados em Damasco sugerem que foram cuidadosamente orquestrados. Vendo sua escala e sofisticação, se pode pensar que foram perpetrados por um grupo concreto, com organização e um objetivo concreto”, assegurou Ban a um grupo de jornalistas na sede central da ONU.

Na véspera, o principal responsável da ONU chegou a dizer que por trás dos ataques, que deixaram mais de 50 vítimas fatais, poderia se encontrar o grupo terrorista Al Qaeda, embora nesta sexta tenha evitado mencionar o nome da organização.

“Estamos tentando investigar quem compõe este terceiro elemento após os ataques”, disse Ban, em uma declaração na qual deixou entrever que nem as forças governamentais nem as da oposição síria estariam re-lacionadas com os atentados.

O secretário-geral se mostrou preocupado perante o impacto que esse tipo de ataque pode ter sobre o trabalho dos observadores que compõem a Missão de Supervisão das Nações Unidas na Síria, encarregada de vigiar o cumprimento do plano de paz idealizado pelo enviado especial para o país árabe, Kofi Annan.

“Ao mesmo tempo, estou preocupado porque esta si-tuação já aconteceu em países vizinhos, como o Líbano”, disse Ban, enquanto seu porta-voz, Martin Nesirky, se limitou a confirmar que o organismo considera que os atentados na Síria levam “a marca terrorista com a qual estamos familiarizados de outros lugares”.

1. Quais os argumentos utilizados pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, sobre a origem dos atentados realizados em 10 de maio de 2012 em Damasco?

2. Pesquise em jornais, revistas ou outros meios de

comunicação sobre a gênese dos conflitos na Síria,

que culminaram na Missão de Supervisão da ONU

nesse país, e registre aqui um resumo da situação

com base nas principais informações que encontrar.

Os EUA e

as ações

terroristas

@GEO1390

28 Espaço mundial: contextos sociais e ambientais

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Com a intenção de combater as ações terroristas, a ONU formulou algumas diretrizes que foram aceitas pela comunidade internacional:

dissuadir os Estados de apoiarem as organizações terroristas; desencorajar os grupos descontentes com alguma situação a utilizarem o terrorismo como forma de alcançar os seus objetivos;

defender os direitos humanos em todas as situações; dificultar o acesso a recursos de que os grupos terroristas necessitam para praticar os atentados; auxiliar os Estados no desenvolvimento e na prática de ações de prevenção ao terrorismo.

1. (UFPA) Sobre a natureza e a dinâmica dos confli-tos no continente europeu, considere as afirma-tivas a seguir.

I. Na Europa Ocidental, os conflitos étnicos na-cionais, como a disputa na Irlanda do Norte e também na região basca da Espanha, não geraram reconfigurações territoriais, uma vez que a prosperidade econômica e a melhoria do padrão de vida têm diminuído o apoio da sociedade aos movimentos de contestação, o que possibilitou acordos de paz como o que se firmou na República do Eire.

II. Na Espanha, a diversidade étnica foi historica-mente contestada por governos ditatoriais, en-tretanto, a partir dos anos 1980, a concessão de autonomia pelo poder central aos governos das províncias, tal como o que acontece na re-gião Basca e na Catalunha, vem possibilitando uma convivência relativamente pacífica entre as principais etnias do país.

III. Na Península Balcânica, a derrocada dos re-gimes socialistas fez emergir antigas rivalida-des étnicas, pois algumas repúblicas, como a Sérvia, sob a justificativa de proteger suas minorias, invadiram repúblicas vizinhas, como a Croácia e a Bósnia e Herzegovina; nesta úl-tima houve uma grande limpeza étnica, com a morte de milhares de pessoas e a fragmen-tação territorial.

IV. Na antiga Tchecoslováquia, a derrubada do governo socialista possibilitou a fragmenta-ção violenta do país, pois as duas maiores etnias, Tchecos e Eslovacos, mergulharam o país numa terrível guerra civil, como a que aconteceu na antiga Iugoslávia.

V. A Rússia herdou da ex-URSS uma frágil uni-dade político-territorial, uma vez que várias minorias étnicas, como os Chechenos, rei-vindicam a independência de regiões, como a do Cáucaso. Esses movimentos são forte-mente reprimidos pelo governo russo por-que, além de encorajarem outros movimen-tos separatistas no país, podem levar à perda de recursos naturais estratégicos (reservas de petróleo).

Estão corretas as afirmativas:

a) I e II.

b) I, II e III.

c) I, III e IV.

d) II, III e V.

e) III, IV e V.

2. (UFMG) A instabilidade político-social que vem ocorrendo na América do Sul pode, segundo al-guns especialistas, colocar em risco a democracia na região.

Considerando-se essa instabilidade político-so-cial, é incorreto afirmar que:

a) O PIB tem registrado em alguns países uma expansão superior à média regional, mas, em parte destes, o percentual da população que vive abaixo da linha de pobreza continua a au-mentar.

b) A América do Sul se transformou, nos úl-timos anos, no principal foco de interesse externo dos Estados Unidos, o que tem es-timulado manifestações populares pautadas na defesa da soberania dos países que a constituem.

Ensino Médio | Modular 29

GEOGRAFIA

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c) A expectativa das populações em relação à implantação da democracia no subcontinente incluía a aproximação dos padrões de qualida-de de vida existentes em países no Hemisfério Norte, de igual regime.

d) A região convive com a prática da corrupção, a interrupção de mandatos de presidentes le-gitimamente eleitos e o descompasso entre as propostas de campanha eleitoral e os progra-mas sociais e econômicos implantados poste-riormente.

3. (UNIOESTE – PR) Em alguns países da Europa Ocidental, medidas estão sendo adotadas para restringir a entrada de migrantes, sob a justi-ficativa de que esses trabalhadores tomam o emprego dos trabalhadores nativos. Quanto à veracidade dessa alegação, assinale a alterna-tiva correta.

a) É uma justificativa verdadeira, pois os migran-tes são trabalhadores altamente qualificados que assumem postos de gerência e adminis-tração nas empresas europeias.

b) É uma justificativa falsa, pois os trabalhado-res migrantes cumprem funções que os tra-balhadores locais não aceitam realizar, como trabalho manual. A alegação serve mais para esconder a incapacidade das economias euro-peias em manter o padrão de desenvolvimen-to social adquirido ao longo das últimas qua-tro décadas.

c) É uma justificativa verdadeira, pois os traba-lhadores locais são preteridos aos migrantes, já que esses são mais baratos e bem vistos pela sociedade europeia, e boa parte são oriundos das antigas colônias africanas.

d) É uma justificativa falsa, pois não há desem-prego na Europa Ocidental, portanto, os mi-grantes obtêm empregos, mas não desempre-gam os trabalhadores nativos.

e) É uma justificativa falsa, pois os migrantes vão para a Europa apenas porque estão fugindo das guerras e conflitos na África e Ásia, não porque precisam de emprego.

4. (UNIOESTE – PR) No mês de agosto de 2008, en-quanto ocorriam as Olimpíadas de Pequim, eclo-diu um conflito bélico envolvendo as ex-repúbli-cas soviéticas da Rússia e da Geórgia. Sobre esse conflito, assinale a alternativa correta.

a) O estopim da crise foi a disputa pelo território da Crimeia, que faz parte da Geórgia e abriga uma base marinha russa na cidade portuária de Sebastopol.

b) Trata-se de um conflito cujo posicionamento internacional está polarizado em dois blocos bem definidos: por um lado a Rússia vem rece-bendo apoio dos países que formam a União Europeia e, por outro lado, a Geórgia conta com os Estados Unidos como aliados.

c) O conflito foi motivado pelo recrudescimen-to do combate pelas forças armadas geor-gianas contra os separatistas da Ossétia do Sul, região que declarou independência da Geórgia e desde então contou com apoio dos russos.

d) A ação militar desencadeada pela Rússia con-tra a Geórgia teve o objetivo de dissuadir este país de integrar a OTAN (Organização do Tra-tado do Atlântico Norte), o que resultaria no fortalecimento da presença norte-americana na fronteira russa.

e) A invasão do território georgiano pela Rússia foi uma retaliação em resposta ao apoio da Geórgia (aliada dos Estados Unidos) à inde-pendência do Kosovo, ex-província da Sérvia.

5. (UFMG) Na atualidade, o terrorismo vem-se constituindo em uma preocupação crescente no cenário internacional.

Considerando-se essa informação, é incorreto afirmar que os atos terroristas:

a) instituem uma nova forma de agressão ao pa-trimônio humano e material de um país, sem que algum outro Estado possa ser formalmen-te responsabilizado pelo ato.

b) levam à perda do significado das fronteiras, uma vez que o combate e a prevenção contra tais atos têm sido organizados, de forma con-junta, no âmbito regional ou continental.

c) são protagonizados por atores que não se su-bordinam às instituições supranacionais legiti-madas como promotoras da paz e da seguran-ça do planeta.

d) trazem instabilidade às populações de paí-ses desenvolvidos, que usufruem de serviços públicos eficientes, de elevado padrão de vida e de instituições democráticas consoli-dadas.

30 Espaço mundial: contextos sociais e ambientais

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6. (PUC – RS) O mundo sofreu mudanças marcantes após os atentados de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos. Entre essas alterações, é cor-reto apontar:

a) o deslocamento da política externa norte-ame-ricana, que passou de uma atitude interven-cionista para uma posição de distanciamento em relação aos países do Oriente Médio;

b) a assinatura imediata da Agenda 21, pelos Es-tados Unidos da América do Norte, como um caminho viável de aceleração da economia, abalada pelo evento;

c) o maior controle na movimentação e entrada de pessoas nas fronteiras da América do Norte e da Europa Ocidental, com restrições para a emissão de vistos, mesmo para turistas, e co-brança de elevadas taxas de segurança em mui-tos dos aeroportos e portos internacionais.

d) a ação dos Estados Unidos, com o apoio da In-glaterra, na invasão do Iraque imediatamente após o episódio, para buscar armas biológicas e capturar os líderes talibãs.

e) a declaração da União Europeia no sentido de considerar a Coreia do Norte, a Síria, a Vene-zuela e o Irã como países pertencentes ao Eixo do Mal, e a consequente retirada do apoio fi-nanceiro e militar do Bloco.

7. (ENEM) A figura apresenta as fronteiras entre os países envolvidos na Questão Palestina e um cor-te, no mapa, da área indicada.

Adaptado da revista Hérodote, números 29 e 30.

Com base na análise dessa figura e considerando o conflito entre árabes e israelenses, pode-se afirmar que, para Israel, é importante manter ocupada a área litigiosa por tratar-se de uma região:

a) de planície, propícia à atividade agropecuária;

b) estratégica, dado que abrange as duas mar-gens do Rio Jordão;

c) habitada, majoritariamente, por colônias isra-elenses;

d) que garante a hegemonia israelense sobre o Mar Mediterrâneo.

e) estrategicamente situada devido ao relevo e aos recursos hídricos.

8. (ENEM)

Um professor apresentou os mapas acima numa aula sobre as implicações da formação das fron-teiras no continente africano. Com base na aula e na observação dos mapas, os alunos fizeram três afirmativas:

I. A brutal diferença entre as fronteiras políti-cas e as fronteiras étnicas no continente afri-cano aponta para a artificialidade em uma divisão com objetivo de atender apenas aos interesses da maior potência capitalista na época da descolonização.

II. As fronteiras políticas jogaram a África em uma situação de constante tensão ao despre-zar a diversidade étnica e cultural, acirrando conflitos entre tribos rivais.

III. As fronteiras artificiais criadas no contexto do colonialismo, após os processos de inde-pendência, fizeram da África um continente marcado por guerras civis, golpes de estado e conflitos étnicos e religiosos.

É verdadeiro apenas o que se afirma em:

a) I. b) II.

c) III. d) I e II.

e) II e III.

Ensino Médio | Modular 31

GEOGRAFIA

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Questões ambientais3

A relação entre produção de mercadorias e ambiente existe desde que o ser humano ocupou determinado espaço geográfico e começou a usar os recursos naturais para sua sobrevivência.

À medida que os modos de produção foram evoluindo, a relação da sociedade com o ambiente foi se modificando, mas, até a segunda metade do século XX, os problemas ambientais não eram prioridades para a população e os governos. Somente após a Conferência de Estocolmo (1972), essa relação passou a ser estudada e analisada sob o enfoque de que impactos ambientais são gerados pelo uso e pela ocupação do ambiente.

Dos debates ocorridos nessa conferência, resultou o Relatório da Comissão Brundtland – Nosso Futuro Comum (1987), disseminando a utilização da expressão “desenvolvimento sustentável”, que será trabalhada mais adiante.

Para isso, foram elaborados alguns princípios com base no conceito de sustentabilidade, envolvendo diversos níveis de organização socioeconômica, admitindo que as práticas locais afetam o global. Com isso, o ambiente passou a ser interpretado como um sistema, em que seu funcionamento equilibrado está relacionado com a continuidade dos aspectos sociais, econômicos, políticos e culturais da sociedade.

As questões ambientais também passaram por fases, iniciando-se com certo radicalismo nas décadas de 1970 e 1980, período em que se cogitava manter o ambiente sem uso para preservá-lo, independentemente da oferta dos recursos hídricos e das necessidades da humanidade.

Atualmente, outra expressão que também tem sido utilizada é “sociedade sustentável”, em que cada sociedade define seus padrões de consumo e produção, o bem-estar de sua população e de seu ambiente respeitando princípios básicos da sustentabilidade ecológica, econômica, social e política.

Para verificar as ações praticadas pelos países, foi desenvolvido o Índice de Desempenho Ambiental (EPI) pelas universidades de Yale e Columbia (EUA). Para o cálculo, são coletadas informações sobre a saúde da população, água potável, saneamento básico, qualidade do ar e vitalidade dos ecossistemas (efeitos da poluição no ar, nos recursos hídricos, biodiversidade e hábitat, recursos naturais produtivos e mudanças climáticas).

Espaço mundial: contextos sociais e ambientais32

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O mapa a seguir apresenta o EPI em 2012.

Segundo o relatório Estado do Mundo 2002, da organização não governamental Worldwatch Institute (WI), o planeta Terra está muito degradado. O relatório expõe que a disputa por determi-nados recursos naturais, como água, petróleo, minérios e madeira, é a causa de cerca de um quarto dos conflitos desencadeados entre 2000 e 2001. Além disso, ele analisa os aspectos positivos e negativos resultantes da relação entre o desenvolvimento social mundial e o ambiente no período de 1992 a 2002:

aspectos positivos – diminuição da mortalidade infantil; aumento da expectativa de vida; redução do analfabetismo; produção de alimentos em índice superior ao aumento da popula-ção; crescimento do PIB mundial, entre outros;

aspectos negativos – expansão da erosão do solo; redução das áreas de florestas nativas; aumento de casos de doenças transmitidas pela água, de mortes relacionadas com a Aids, da dívida externa dos países considerados subdesenvolvidos, das emissões de carbono, da destruição da camada de ozônio, da degradação dos recifes de corais, entre outros.

Mar

ilu d

e So

uza

Índice de Desempenho Ambiental – 2012

Fonte: YALE UNIVERSITIES. Environmental Performance Index. Disponível em: <http://epi.yale.edu/epi2012/map>. Acesso em: 19 jul. 2012. Adaptação.

Ensino Médio | Modular 33

GEOGRAFIA

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Independentemente de como é chamado – desenvolvimento sustentável, sustentabilidade ou sociedade sustentável –, um ponto de consenso é a necessidade urgente de a sociedade planejar e gerenciar o uso de seus recursos naturais. E isso só será obtido quando forem enfrentados alguns desafios ligados às principais questões socioambientais do presente e aos interesses econômicos.

Impactos da ação da sociedade nas áreas urbanas (resíduos sólidos, enchentes e deslizamentos), IPCC e Protocolo de Kyoto

As áreas urbanas são consideradas as principais geradoras de problemas ambientais, em fun-ção da concentração populacional, do alto consumo e, principalmente, da falta de políticas públicas ambientais. Assim, ocorrem várias situações que podem comprometer a saúde da população (como é o caso de algumas doenças ambientais) e o funcionamento equilibrado do ambiente.

O mapa e o gráfico a seguir retratam as principais doenças ambientais que predominam no mundo.

Talit

a Ka

thy

Bora

Doenças ambientais

Fonte: ATLAS do meio ambiente: aquecimento global, destruição das florestas, escassez de água. Curitiba: Instituto Polis/Le Monde Diplomatique Brasil, 2008. p. 60. Adaptação.

Natureza

em nossos

cálculos

econômicos

@GEO1387

Uma das causas das doenças ambientais é a má qualidade da água consumida, considerada agente transmissor de muitas doenças. Algumas das doenças transmitidas pela água não levam à morte, mas deixam a pessoa debilitada, suscetível a outros males.

34 Espaço mundial: contextos sociais e ambientais

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Talit

a Ka

thy

Bora

Leia o mapa “Doenças ambientais”, apresentado anteriormente, e os mapas “Acesso à água potável: estimativas – 2010” e “Acesso à rede sanitária: estimativas – 2010” a seguir e, com o auxílio de um atlas, responda às questões propostas.

As dez principais doenças ambientais

Fonte: UNICEF; WORLD HEALTH ORGANIZATION. Progress on drinking water and sanitation – 2012 update. Disponível em: <http://www.childinfo.org/files/JMPreport2012.pdf>. Acesso em: 14 set. 2012. Adaptação.

Fonte: ATLAS do meio ambiente: aquecimento global, destruição das florestas, escassez de água. Curitiba: Instituto Polis/Le Monde Diplomatique Brasil, 2008. p. 60.

Acesso à água potável: estimativas – 2010

Ensino Médio | Modular 35

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1. Que regiões apresentam os maiores índices de doenças ambientais?

2. Como é o acesso à rede sanitária e à água potável nessas regiões?

3. Qual é a situação do Brasil nessas temáticas?

Talit

a Ka

thy

Bora

Fonte: UNICEF; WORLD HEALTH ORGANIZATION. Progress on drinking water and sanitation – 2012 update. Disponível em: <http://www.childinfo.org/files/JMPreport2012.pdf>. Acesso em: 14 set. 2012. Adaptação.

O lixo sólido também é um dos problemas mais constantes e presentes nas cidades, pois resulta em volumes extremamente altos, expondo o nível de consumo da população local. Em função disso, surge um sério problema que é a destinação final desses resíduos.

Acesso à rede sanitária: estimativas – 2010

36 Espaço mundial: contextos sociais e ambientais

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A maioria das cidades destina o lixo sólido sem nenhum tratamento em locais inadequados e não institucionalizados, contribuindo, assim, para a poluição e a contaminação do solo, dos lençóis de água e dos rios, principalmente. A fim de minimizar os problemas ambientais, o município pode estruturar um aterro sanitário. Para isso, ele deve preparar a área para receber o lixo, impermeabilizando o solo e retendo o chorume proveniente da decomposição dos resíduos.

O lixo sólido pode ainda ser incinerado controladamente em incineradores com filtros específicos, para que os gases produzidos durante a queima não poluam ou contaminem o ar. A vantagem, nesse caso, é que a redução do lixo é alta, compreendendo mais de 85% de seu volume. Porém, o processo de incineração possui alto custo em todas as suas fases (implantação, manutenção e operação), sendo, portanto, pouco utilizado.

Aterro sanitário em São Paulo – SP, 20 1Aterro sanitário em São Paulo – SP, 2011Aterro sanitário em São Paulo – SP, 2011

Puls

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do lixodo lixo

A minimização do problema do lixo sólido exige campanhas que envolvam o setor público, o qual deve se respon-sabilizar pela coleta e destinação final adequada, entre outras obrigações, e a população, que deve se conscienti-zar da extrema necessidade de reciclar corretamente os resíduos sólidos.

Outro problema que afeta tanto as áreas urbanas quanto as rurais são as enchentes e as inundações.

Características

de aterros

sanitários,

aterros

controlados e

lixões

@GEO825

“[...]É importante compreender que as enchentes dos rios são fenômenos naturais, que ocorrem com frequência vari-

ável e muitas vezes inesperada. Em muitas situações, o leito maior do rio é ocupado (principalmente em locais onde as enchentes demoram a acontecer novamente), fazendo com que a enchente do rio se transforme em inundação, com perdas humanas e patrimoniais. A enchente é um fenômeno natural, ao passo que a inundação é o resultado da ocupação de áreas que pertencem ao rio e desrespeito aos ciclos naturais dos ambientes aquáticos, mesmo que a inundação se dê de forma pouco frequente e esporádica.

[...]”

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Controle de inundações. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/ aguas-urbanas/controle-de-inundações>. Acesso em: 18 dez. 2012.

Ensino Médio | Modular 37

GEOGRAFIA

Page 38: Espaço mundial: contextos sociais e ambientaisprepapp.positivoon.com.br/assets/Modular/GEOGRAFIA/... · O sistema político foi uma das principais causas de conflitos armados ao

Quando a sociedade ocupa determinada área sem respeitar o ciclo natural de cheia dos rios – as chamadas áreas de várzeas –, os problemas socioambientais e econômicos são potencializados, tanto nas cidades quanto no campo.

FFranco da Rocha – SP, 2011FFranco da Rocha – SP, 2011

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Governador Valadares – MG, 2012Governador Valadares – MG, 2012Governador Valadares – MG, 2012

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Além de enchentes e inundações, outro problema poderá ser desencadeado em virtude de chuvas intensas e contínuas: o deslizamento de encostas. Esse é um termo genérico utilizado para designar o movimento de descida de solo, rocha e materiais diversos, sob efeito da gravidade. Pode ocorrer em áreas ocupadas ou não. Mas, em geral, ocorre quando as pessoas ocupam de forma irregular regiões que deveriam ser mantidas com vegetação nativa, em função da alta declividade.

Pesquise os eventos de enchentes e/ou inundações ocorridos em seu município: período de ocorrência, consequências, duração e frequência. Em seguida, elabore e apresente para a turma um painel com as informações, incluindo algumas fotografias. Após as apresentações, junte-se aos colegas e organizem uma exposição na escola.

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@GEO1238

Desastres

naturais e

responsabilidade

política

@GEO1377

Os desmoronamentos

de terras no Brasil

@GEO831

38 Espaço mundial: contextos sociais e ambientais

Page 39: Espaço mundial: contextos sociais e ambientaisprepapp.positivoon.com.br/assets/Modular/GEOGRAFIA/... · O sistema político foi uma das principais causas de conflitos armados ao

Desde a Conferência de Estocolmo (1972), as questões ambientais, sejam elas urbanas ou rurais, estiveram presentes na maioria dos debates. Devido a essas preocupações, a Organização Meteoro-lógica Mundial (OMM) e a Organização das Nações Unidas (ONU), por meio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), estabeleceram, em 1988, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change), no qual os países-membros das duas instituições participam.

Para esse órgão, as mudanças climáticas podem ser decorrentes de fenômenos naturais, mas também podem ser ocasionadas pelas atividades humanas, como o lançamento de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera. Mas o IPCC não desenvolve recomendações para serem transformadas em programas nem monitora ou desenvolve pesquisas relacionadas ao clima. As informações são adquiridas pela OMM e pelo Pnuma.

O IPCC é estruturado em uma equipe responsável em obter inventários nacionais de gases de efeito estufa e grupos de trabalho:

Grupo I – encarregado de avaliar o comportamento do sistema climático e as mudanças do clima;

Grupo II – analisa a inter-relação dos sistemas naturais e socioeconômicos;

Grupo III – encarregado de analisar as ações que podem contribuir para a diminuição dos GEE.

A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança no Clima (UNFCCC) foi estruturada e assinada na Rio-92, por mais de 150 países, e entrou em vigor em 2004. Seu objetivo principal é tentar estabilizar a emissão dos gases de efeito estufa.

O mapa a seguir apresenta os signatários da UNFCCC e também do Protocolo de Kyoto.

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Signatários da UNFCCC e do Protocolo de Kyoto

Fonte: UNITED NATIONS. COP4. Disponível em: <http://unfccc.int/cop4/sp/index.html>. Acesso em: 12 ago. 2012. Adaptação.

Desastres:

como avaliar

os riscos e

evitar graves

consequências?

@GEO1541

GEOGRAFIA

39Ensino Médio | Modular

Page 40: Espaço mundial: contextos sociais e ambientaisprepapp.positivoon.com.br/assets/Modular/GEOGRAFIA/... · O sistema político foi uma das principais causas de conflitos armados ao

O Protocolo de Kyoto também foi idealizado na Rio-92 e implantado efetivamente em 1997, na cidade de Kyoto (Japão). A principal meta era reduzir em torno de 5,2% – relativo a 1990 – a emissão dos GEE entre o período de 2008 e 2012. Nem todos os países assinaram o protocolo em 1997, e os que o fizeram se comprometeram a cumprir as recomendações. Pelo documento assinado, só os paí-ses considerados desenvolvidos são obrigados a diminuir a emissão de gases que contribuem para o aumento do aquecimento global.

Cada país tem uma meta de redução, conforme sua estrutura urbano-industrial. Os países que emitem mais gases receberam níveis específicos de redução. Já países em desenvolvimento, como Brasil, Argentina, Índia, China e México, não receberam metas de redução.

Entre as ações propostas, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) permite relações entre o Norte e o Sul para contribuir com o desenvolvimento sustentável – os créditos de carbono. Os países que se comprometeram a reduzir as emissões dos GEE foram autorizados a comprar os créditos de carbono de países em desenvolvimento cujas emissões estejam abaixo do nível exigido.

Assim, os países que emitem menos e possuem limites de emissões – permitidas e não usadas – podem vender esse excesso a países com emissões acima dos padrões acordados. Essa negociação funciona como uma espécie de venda. Para reduzir (em índices numéricos) as emissões de gases que produzem o efeito estufa, os países desenvolvidos que poluem mais que o permitido pelo acordo de Kyoto podem comprar “créditos” dos países que não atingem o limite permitido ou que têm áreas de conservação florestais.

Por exemplo, uma empresa de um país considerado em desenvolvimento ou pouco desenvolvido pode realizar um projeto com o objetivo de reduzir emissões de gases poluentes em suas indústrias e solicitar avaliação de órgãos internacionais. Caso esse projeto seja aprovado, ele pode gerar créditos, que, por sua vez, poderão ser comprados por empresas de países desenvolvidos que gastam acima do permitido ou negociados na bolsa de valores.

Conferências internacionais (Estocolmo-72, Rio-92, Rio +10, Rio +20)

A Conferência de Estocolmo (organizada pela ONU), realizada entre os dias 5 e 16 de junho de 1972, é considerada um marco para as questões ambientais. Nela foi debatida a relação entre sociedade e ambiente de forma a demonstrar que nem todos os recursos naturais são infinitos e que o uso indiscriminado, sem um planejamento, desencadeia uma série de problemas que afeta a própria sociedade.

Nesse mesmo ano, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT – Massachusetts Institute of Tecnhnology) publicou os resultados de um estudo alertando a sociedade para os problemas ambientais oriundos dos processos de urbanização e industrialização. Esse documento ficou conhecido como “Desenvolvi-mento zero”, pois propunha a paralisação do crescimento econômico. Isso iria com-prometer os países pouco desenvolvidos, que buscavam no crescimento econômico a possibilidade de oferecer melhorias na qualidade de vida de suas populações.

Os debates durante a conferência foram acirrados, pois os países mais desenvolvidos defendiam o “desenvolvimento zero” e os pouco desenvolvidos, o “desenvolvimento a qualquer custo”. Os prin-cipais temas debatidos estavam relacionados com o clima, como chuva ácida e controle da poluição do ar. O evento contou com a presença de representantes de 113 países e mais de 400 instituições governamentais e não governamentais.

O encontro terminou sem a efetivação de uma proposta mais concreta. Com a crise do petróleo, ocorrida em 1973, os problemas ambientais foram deixados em segundo plano.

A ONU organizou um novo estudo, coordenado pela primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, e em 1987, a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CMMAD) publicou o relatório Nosso Futuro Comum, também conhecido como Relatório Brundtland.

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40 Espaço mundial: contextos sociais e ambientais

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Esse relatório tentou conciliar o crescimento e o desenvolvimento econômico com a preservação do ambiente, utilizando, pela primeira vez, a expressão “desenvolvimento sustentável”, conceito fundamentado no “desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”.

Além disso, ressaltou a incompatibilidade entre o atual padrão de produção e consumo da sociedade e o desenvolvimento sustentável, enfatizou o aquecimento global e a destruição da camada de ozônio e apresentou ações que os países deveriam desenvolver, além de metas a serem executadas em nível internacional.

As principais ações estatais que conduziriam ao desenvolvimento sustentável eram:

controle da urbanização desordenada;

limitação do crescimento populacional;

diminuição do consumo energético;

preservação da biodiversidade;

desenvolvimento de fontes alternativas de energia;

melhoria na oferta de alimentos, energia e água a longo prazo;

melhoria na oferta dos serviços básicos, como escola, moradia, saúde, etc.Em termos internacionais, as metas envolviam o banimento à guerra, implantação de programas de

desenvolvimento sustentável pela ONU, proteção dos ecossistemas supranacionais, como os oceanos e a Antártica, entre outras.

O Relatório Brundtland fomentou uma série de debates no mundo todo, o que influenciou a ONU a convocar uma Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente e o Desenvolvimento, em 1992, e a cidade indicada para sediar o evento foi o Rio de Janeiro. Essa conferência ocorreu entre os dias 3 e 14 de junho e ficou conhecida como Rio-92 ou Eco-92. Chefes de mais de 100 países participaram da Rio-92, na chamada Cúpula da Terra, e as organizações não governamentais (mais de 9 mil, envolvendo aproximadamente 22 mil pessoas) participaram do Fórum Global, de forma paralela.

O Fórum Global aprovou a Carta da Terra ou Declaração do Rio, que defendia a proposta de que os países desenvolvidos deveriam ter maior responsabilidade nas ações que objetivavam a preservação ambiental.

Durante a Eco-92, foram organizadas a convenção sobre biodiversidade, a convenção sobre mudan-ças climáticas (que resultou na elaboração do Protocolo de Kyoto) e a convenção sobre desertificação, além de uma declaração de princípios e um plano de ação.

O plano de ação foi chamado de Agenda 21, documento oriundo de um acordo estabelecido entre os 179 países para a minimização dos problemas ambientais. A Agenda 21 é considerada um programa de implantação de um modelo de desenvolvimento sustentável global.

Uma das principais marcas deixadas pela Rio-92 foi a articulação da comunidade internacional em geral sobre o aquecimento global.

Após 10 anos, a África do Sul sediou a Rio +10, em Johanesburgo. Esse evento ficou conhecido como a Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável. Dessa vez, 189 chefes de Estado par-ticiparam, além de várias organizações não governamentais.

Nos debates, foram incluídos aspectos sociais da preservação do ambiente, e um dos temas mais importantes estava relacionado às propostas de redução em 50% do número de indivíduos que vivem abaixo da linha de pobreza até 2015, isto é, pessoas que vivem com menos de 1 dólar por dia. Além dessas propostas, foram discutidos temas sobre saneamento básico, fornecimento de água, biodiver-sidade, agricultura, saúde e energia, principalmente.

Durante o evento, foi cobrada a prática dos compromissos firmados na Rio-92, principalmente os relacionados com a Agenda 21. Mas os resultados não foram expressivos, pois muitas metas e obje-tivos não foram desenvolvidos e alguns não foram cumpridos, como a redução da dívida dos países pouco desenvolvidos pelos desenvolvidos. Além disso, os EUA e os países que integram a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) não assinaram o acordo que estimulava o uso de 10% de fontes energéticas renováveis.

O conceito

de sustenta-

bilidade

@GEO1382

Ações

globais para

a proteção

ambiental

@GEO1389

Ensino Médio | Modular 41

GEOGRAFIA

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Leia a notícia a seguir e responda às questões propostas.

Rio +15 quer que países ricos reduzam emissõesOs países em desenvolvimento também têm que assumir compromissos de redução das emissões de gases

de efeito estufa, disseram hoje vários dos participantes da conferência internacional Rio +15, na qual foram avaliados os êxitos obtidos pela Cúpula da Terra nos 15 anos desde a ECO-92.

O representante oficial do Brasil insistiu que os maiores compromissos têm de ser assumidos pelos pa-íses ricos. No entanto, muitos participantes disseram que todas as nações têm de contribuir no combate ao aquecimento global e aceitar metas de redução de emissões. “Os países em desenvolvimento não podem ser responsabilizados pelas emissões passadas, mas têm de assumir compromissos para reduzir as emissões atuais e futuras”, afirmou o ex-secretário do Meio Ambiente do Rio de Janeiro, Alfredo Sirkis.

“Se é verdade que o Brasil realizou grandes avanços para reduzir o desmatamento da Amazônia, não en-tendo por que não assume um compromisso para reduzir as emissões”, acrescentou Sirkis. Enquanto isso, a secretária do Meio Ambiente do estado mexicano de Jalisco, Martha Ruth del Toro, disse à Agência Efe que assumir compromissos não seria difícil em seu país, porque os mexicanos já estão fazendo esforços para reduzir emissões. “A diferença é que poremos isso no papel”, disse a secretária, uma das participantes do encontro.

Apesar de o objetivo da reunião ser debater as consequências da chamada Cúpula da Terra, organizada pelo Rio de Janeiro em 1992, o diálogo se desviou rumo à necessidade de novos compromissos. Do encontro de 15 anos atrás saíram vários dos principais acordos mundiais para defesa do meio ambiente. Segundo os partici-pantes da Rio +15, em sua maioria líderes empresariais e de ONGs, a Cúpula da Terra teve grandes resultados, principalmente com os acordos que depois foram reunidos no Protocolo de Kyoto.

Os chamados Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL) foram destacados como um dos principais frutos da cúpula. Através deles, países pobres realizam projetos de desenvolvimento sustentável financiados com recursos de países ricos, que, em troca, obtêm créditos em suas metas de redução de emissões.

“Esses mecanismos nos deram ferramentas com as quais podemos ter acesso a recursos de que não dispomos para financiar nossos projetos de desenvolvimento sustentável”, afirmou Martha Ruth del Toro. Os participantes da Rio +15 afirmaram que a Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que está sendo negociada e que definirá novas metas de redução de emissões, tem que envolver todos os países, inclusive os não desenvolvidos.

Sirkis alertou que atualmente a China é o maior responsável pelas emissões de gases de efeito estufa, à frente dos Estados Unidos. Disse ainda que o Brasil, devido aos incêndios florestais em seu território, também aparece entre os países que mais emitem gás carbônico, principal responsável pelo aquecimento global. O ativista cana-dense Maurice Strong, que foi secretário da Cúpula da Terra no Rio de Janeiro, assegurou em teleconferência que a crítica situação ambiental do planeta exige hoje um grau inédito de colaboração entre todos os países.

Por sua vez, o secretário-executivo da Comissão Interministerial de Mudanças Climáticas do Brasil, José Domingos Miguez, reiterou a posição do país no sentido de realizar esforços para combater o aquecimento, embora sem aceitar a imposição de metas. Miguez admitiu que o problema brasileiro são os incêndios florestais, mas alegou que o país já conseguiu reduzir o desmatamento da Amazônia em 50% em 2005 e em 25% em 2006.

Defendeu, no entanto, que, embora todos os países sejam responsáveis pelo combate ao aquecimento global, nem todos podem ser cobrados da mesma forma.

TERRA. Rio +15 quer que países ricos reduzam emissões. Disponível em: <http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI1922175-EI8278,00.html>. Acesso em: 14 jul. 2012.

1. Uma das maiores conquistas da Rio +15 foram os Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL). Explique o que esses mecanismos significam.

2. De acordo com a notícia, qual seria um dos maiores problemas do Brasil a respeito de seu papel na intensi-ficação do aquecimento global?

42 Espaço mundial: contextos sociais e ambientais

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Em 2012, o Rio de Janeiro sediou novamente a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio +20, tendo dois temas principais: a estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável e a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e na erradicação da pobreza.

Leia o artigo a seguir, o qual traz uma breve reflexão a respeito dos discursos teóricos existentes em conferências como a Rio +20, e responda às questões.

A COR DO CRESCIMENTO ECONÔMICO

Mesmo após o término da Rio +20, um dos principais temas da conferência permaneceu pouco palpável. Em meio a muitas críticas, emergiram apenas definições teóricas para o conceito de economia verde

Ninguém sabe, ninguém viu. A Rio +20 acabou e um dos conceitos-chave da conferência, o de economia verde, permaneceu obscuro, em meio a críticas e definições teóricas.

“O conceito de economia verde ainda é uma ideia utópica, quase uma abstração.” Foi o que disse o engenheiro agrônomo Gonçalo Guimarães, da Universidade Federal do Rio de janeiro [...].

Para o economista Joan Martinez Alier, da Universidade Autônoma de Barcelona (Espanha), o uso da expressão é apenas estratégia de marketing. Segundo ele, formulações teóricas verdes vêm sendo discutidas há décadas — e, até o momento, o que observamos é apenas a intensificação dos problemas socioambientais ao redor do globo. “Desenvolvimento sustentável, economia verde, chame como quiser. Nada disso funciona na prática”, opinou o economista. “E, cedo ou tarde, as Nações Unidas vão precisar de um novo relações públicas para renovar o slogan.”

Anantha Duraiappah, economista do Programa de Dimensões Humanas das Mudanças Ambientais Globais, de Bonn (Alemanha), tende a concordar. “Economia verde é o termo da moda”, disse em sua palestra durante o fórum do Conselho Internacional para a Ciência (ICSU, na sigla em inglês), outro evento paralelo à Rio +20.

Mas Duraiappah, que é uma das principais cabeças por trás do novíssimo Índice de Riqueza Inclusiva, avançou na discussão ao afirmar que, sim, é possível adotar, na prática, medidas relevantes para evoluirmos rumo a um novo equilíbrio entre sociedade e natureza. “Tecnicamente isso já é possível”. Porém, ressalvou o economista malásio, “vivemos uma inércia político-institucional que impede qualquer mudança profunda”.

O economista inglês Tim Jackson, da Universidade de Surrey (Inglaterra), critica a noção de economia verde, porque ela tenderia a repetir a lógica do crescimento como objetivo prioritário. “É a psicologia humana que está na essência dos dilemas econômicos atuais”, afirmou.

Ele ressaltou que a lógica da economia contemporânea é o louvor ao individualismo e ao consumismo. “Mas será que nós, humanos, devemos ser reduzidos a seres racionais hipnotizados pelo consumo?”, questionou. “Evolução civilizatória não é a acumulação de riqueza, e sim a convivência harmônica entre os indivíduos.”

[...]

KUGLER, Henrique. A cor do crescimento econômico. Disponível em: <http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/2012/06/a-cor-do-crescimento-economico>. Acesso em 17 set. 2012.

1. O que você entendeu por economia verde? A que visão de mundo está associado o discurso relativo à “economia verde”?

2. Quais mudanças precisam ser adotadas em direção a uma sustentabilidade mais efetiva?

Ensino Médio | Modular 43

GEOGRAFIA

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Forme uma equipe com seus colegas e pesquisem sobre as decisões tomadas em uma das seguintes conferências, conforme a orientação do professor: Estocolmo-72, Rio-92, Rio +10, Rio +15 e Rio +20.

Essas decisões devem estar relacionadas ao ambiente: programas, planos, acordos, etc. Em seguida, elaborem painéis expondo essas decisões.

Após a apresentação, debatam com as outras equipes os resultados das conferências sobre o ambiente.

Acordos internacionais relacionados ao ambiente

Além das conferências organizadas pela ONU, vários países e instituições governamentais e não governamentais promovem debates envolvendo as questões ambientais em nível tanto global como local.

Desses debates resultam documentos em que as partes envolvidas (no caso o governo, meios de produção e a própria população) se comprometem a cumprir ações que venham a contribuir com a minimização dos problemas socioambientais. Muitos desses acordos são transformados em projetos de lei para que a estrutura governamental (federal, estadual e/ou municipal) aprove e a lei seja instituída.

Das convenções internacionais, o documento mais importante é a Agenda 21, delineada na Rio-92, que se caracteriza por estruturar um processo participativo que engloba o poder público, a sociedade e o setor privado. A agenda de compromissos, ações e metas foi desenvolvida, inicialmente, em nível global como um plano de ação estratégico, em que os países se comprometeram conciliar proteção e preservação ambiental à justiça social e à eficiência econômica, sob os princípios do desenvolvimento sustentável.

Para isso, cada país ficou responsável pela elaboração da Agenda 21 Federal (por exemplo, Agenda 21 Brasileira) e da Agenda 21 Local, a qual deve envolver as características e necessidades de cada região.

A Agenda 21 Global foi organizada em 40 capítulos, e o texto constitui base para a estruturação de objetivos, ações, atividades e meios de implementação, sendo considerada um programa dinâmico. Ela está dividida em quatro seções:

Dimensões sociais e econômicas – sugere políticas internacionais que subsidiem a sus-tentabilidade nos países, além de apresentar propostas de melhorias na qualidade de vida da população, estratégias de combate à miséria e à pobreza, sugestões de mudanças nos padrões de produção e consumo, entre outros.

Conservação e gestão dos recursos para o desenvolvimento – subsidia o planejamento do uso de recursos naturais (principalmente água, solo e energia) e substâncias tóxicas e do descarte de resíduos.

44 Espaço mundial: contextos sociais e ambientais

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Fortalecimento do papel dos principais grupos sociais – apresenta ações para promo-ver a participação efetiva de organizações não governamentais, indígenas, jovens, comunida-de científica e tecnológica, sociedade em geral, setor privado, entre outros.

Meios de implementação – sugere instrumentos jurídicos internacionais e nacionais e me-canismos financeiros, existentes ou que deverão ser criados, objetivando a implantação de programas e projetos.

O Brasil comprometeu-se, assim como os demais países participantes da Rio-92, a elaborar sua própria agenda, baseando-se em suas características ambientais, socioeconômicas, culturais e políticas. A fase de elaboração, que durou de 1996 a 2002, envolveu cerca de 40 mil pessoas e foi coordenada pela Comissão de Desenvolvimento Sustentável e pela Agenda 21 Nacional (CPDS). A fase de implementação teve início em 2003, como Programa do Plano Plurianual (PPA 2004-2007), tendo maior força política e institucional.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente, as principais ações do Programa Agenda 21 Brasileira visam à promoção do conteúdo da Agenda 21 Global e uma maior participação da sociedade, além de elaborar e implementar as Agendas 21 Locais e manter um processo de formação continuada sobre essas agendas.

Além da Agenda 21, a Declaração Universal dos Direitos Humanos configura como documento que subsidia as questões ambientais. Ela foi elaborada em 1948 pela ONU, definindo e detalhando os direitos humanos que devem ser seguidos por todos os países-membros. E, para que cada país respalde esses direitos, um ambiente de qualidade constitui uma das principais metas.

A Declaração sobre o Ambiente Humano – Declaração de Estocolmo – da ONU, firmada em 1972, contém princípios que devem ser praticados para que o ambiente e o ser humano tenham seus direitos preservados.

As Metas do Milênio foram elaboradas na Conferência sobre Metas de Desenvolvimento, realizada pela ONU, com base na Agenda 21, na Cúpula de Desenvolvimento das Nações Unidas (Copenhague, 1995) e em conferências realizadas ao longo da década de 1990. Para cada objetivo, foram estabelecidas metas que deveriam ser concretizadas até 2005. São oito metas: erradicação da pobreza e da fome; universalização do acesso à educação primária; promoção da igualdade entre os gêneros; redução da mortalidade infantil; melhoria da saúde materna; combate à Aids, malária e outras doenças; promoção da sustentabilidade ambiental; e desenvolvimento de parcerias para o desenvolvimento.

A Declaração de Collevecchio é resultado do Fórum Econômico Mundial realizado em Davos, na Suíça. Foi endossada por mais de 200 instituições sociais e instiga as instituições financeiras a aceitar seis compromissos: com a sustentabilidade; de não provocar dano ambiental; com a responsabilidade; com a prestação de contas; com a transparência; e com a sustentabilidade dos mercados e da governança.

O Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança é oriundo da Convenção sobre Diversidade Biológica, sendo considerado um documento de extrema importância na conservação da biodiversidade no cenário internacional.

Já o Protocolo de Kyoto estabelece metas para a redução de emissão dos gases de efeito estufa nos países industrializados. Essas metas são estabelecidas individualmente, isto é, levam em consideração a situação de cada país.

O mapa a seguir apresenta outras convenções internacionais que envolvem a produção, o comércio e o descarte de substâncias perigosas, como produtos químicos, poluentes orgânicos persistentes, descarte de resíduos no mar, entre outros.

GEOGRAFIA

Ensino Médio | Modular 45

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1. (UFCG – PB) O progresso e o desenvolvimento modernos, que se instalaram, sob a forma indus-trial, nas sociedades e nos territórios a partir da Revolução Industrial do século XVIII mostraram--se extremamente dilapidadores da natureza. Constatou-se, notadamente a partir dos anos sessenta do século passado, que há uma profun-da discrepância entre os parâmetros de funcio-namento das economias capitalistas modernas e a capacidade de regeneração dos ecossistemas. Foi nesse contexto que emergiram a questão ecológica, os movimentos ambientalistas, as propostas de desenvolvimento sustentável, entre outros.

Sobre o desenvolvimento sustentável, responda:

a) Qual a principal ideia defendida no modelo de desenvolvimento sustentável?

b) Por que a ideia de sustentabilidade se opõe à lógica própria de funcionamento do capitalis-mo?

2. (PUC-RIO – RJ)

O Protocolo de Kyoto

O Protocolo de Kyoto é um instrumento para implementar a Convenção das Nações Unidas so-bre Mudanças Climáticas. Seu objetivo é que os países industrializados (com a exceção dos EUA que se recusam a participar do Acordo) reduzam (e controlem) até 2008-2012 as emissões de gases que causam o efeito estufa em aproximadamente 5% abaixo dos níveis registrados em 1990. (...)

Fonte: www.wwwf.org.br (sítio visitado em 27/05/2006).

Em relação ao protocolo destacado, responda ao que se pede.

a) Explique dois impactos ambientais associados ao aumento médio da temperatura da Terra que impulsionaram a ratificação do Protocolo de Kyoto, em 2001.

b) Indique dois motivos para a recusa norte-ame-ricana em ratificar o protocolo.

Talit

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Fonte: ATLAS do meio ambiente: aquecimento global, destruição das florestas, escassez de água. Curitiba: Instituto Polis/Le Monde Diplomatique Brasil, 2008. p. 78. Adaptação.

Convenções internacionais que regulamentam a produção, o comércio e o descarte de substâncias perigosas

46 Espaço mundial: contextos sociais e ambientais

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3. (UFPR)

Existem hoje problemas que possuem signifi-cado não mais nacional e sim global, tais como: a poluição da atmosfera, a propagação da radio-atividade, os armamentos nucleares, a degrada-ção de importantes recursos naturais, o endivi-damento de países do Terceiro Mundo, a pobreza crescente em determinados países subdesenvol-vidos, o aumento do fluxo de migrações inter-nacionais, etc. Os limites dos Estados-nações já não constituem mais o espaço privilegiado para a resolução dos problemas cruciais.

Adaptado de VESENTINI, J. W. A nova ordem mundial. 2. ed. São Paulo: Ática, 1996. p. 62-63.

Com base no enunciado e nos conhecimentos de geografia política, assinale a alternativa correta.

a) Os problemas ambientais estão entre os mais intensamente globalizados, mas as negocia-ções do Protocolo de Kyoto demonstraram que o enfraquecimento do Estado-nação é re-lativo, pois decisões unilaterais tomadas por um único país podem comprometer a eficácia das soluções adotadas.

b) A dívida externa é um problema global cuja solução depende de decisões nacionais sobe-ranas, posto que os países em desenvolvimen-to necessitam declarar moratória de suas dívi-das, como fez o Brasil, para forçar o sistema financeiro a renegociá-las.

c) A crise diplomática iniciada com a nacionali-zação total da exploração de hidrocarbonetos na Bolívia é um exemplo recente do enfraque-cimento dos Estados-nações no contexto da globalização.

d) A globalização fragiliza os países em desenvol-vimento, cuja necessidade de investir em armas nucleares para garantir sua soberania esbarra nas exigências dos tratados internacionais.

e) O declínio dos Estados-nações tem relação di-reta com o aumento da pobreza mundial, pois já não é mais possível financiar o estado do bem-estar social no contexto da globalização.

4. (FURG – RS) Sobre a questão ambiental, é incor-reto afirmar que:

a) o desenvolvimento sustentável constitui um meio para compatibilizar o crescimento socioeconômi-co, com a preservação dos recursos naturais;

b) a partir da Revolução Industrial, houve um au-mento crescente da demanda por recursos na-turais e da quantidade de dejetos produzidos;

c) a degradação ambiental surgiu somente após a Revolução Industrial;

d) desde que o homem dominou o fogo, a hu-manidade vem promovendo alterações contí-nuas e substanciais na atmosfera;

e) as alterações ambientais geradas pelas gran-des metrópoles se espalham para muito além dos seus limites.

5. (FFFCMPA – RS) Na conferência do meio ambien-te em Estocolmo, Suécia, 1972, surgiu a ideia de um modelo de desenvolvimento denominado de ecodesenvolvimento. Mais recentemente, sur-ge uma nova expressão desenvolvimento sus-tentável que é entendido como

a) um modelo de desenvolvimento que o FMI elabora, para implantar nos países que lhe são devedores.

b) um processo de desenvolvimento, destinado a satisfazer as necessidades atuais da huma-nidade, sem comprometer a possibilidade das gerações futuras de satisfazer as próprias ne-cessidades.

c) um processo de equilíbrio entre o comércio e a indústria.

d) um modelo de desenvolvimento, baseado nas práticas indígenas do Alto Xingu.

e) um modelo de produtividade que garantirá maior produtividade dos cultivares, visando ao bem-estar da humanidade no século XXI.

6. (UNIOESTE – PR) Na sociedade atual, a necessida-de de satisfazer demandas crescentes de produ-ção e consumo tem provocado graves danos ao ambiente natural. Levando em conta essa afir-mação, assinale a alternativa incorreta.

a) Nas sociedades pré-industriais, a economia es-tava baseada nas atividades primárias e no uso de um arsenal tecnológico rudimentar, fazendo com que o impacto da ação humana sobre o ambiente natural ficasse restrito à escala local.

b) A forma de organização social e desenvolvi-mento econômico dos Estados Unidos é a mais bem-sucedida do mundo; logo, uma saída para superar o subdesenvolvimento e elevar o padrão de vida da população e, ao mesmo tempo, evitar maiores impactos ambientais está em entender o modelo norte-americano de produção e consumo para países de rela-tiva importância econômica e populacional, como China, Índia e Brasil.

Ensino Médio | Modular 47

GEOGRAFIA

Page 48: Espaço mundial: contextos sociais e ambientaisprepapp.positivoon.com.br/assets/Modular/GEOGRAFIA/... · O sistema político foi uma das principais causas de conflitos armados ao

c) A circulação de pessoas e mercadorias pelo território brasileiro é predominantemente feita através do transporte rodoviário, o que demanda a elevação do consumo de petróleo e resulta em impacto econômico e ambiental desfavorável.

d) A degradação ambiental atingiu níveis tão alarmantes a partir da segunda metade do sé-culo XX que a ONU promoveu a Conferência de Estocolmo, em 1972, e a Conferência Mun-dial para o Meio Ambiente e o Desenvolvimen-to, em 1992, no Rio de Janeiro, para debater o assunto.

e) O desmatamento da Amazônia, caso continue no ritmo vigente, desencadeará alterações no processo de evapotranspiração, na distribui-ção das precipitações e no escoamento das águas pluviais.

7. (UFPE) O homem deste milênio tem uma nítida percepção do poder da sociedade moderna em alterar o ambiente econômico, social e natural. Em parte, as rápidas mudanças do último século ocorreram de forma consciente; outras surpreen-deram, agradável ou desagradavelmente. Sobre esse tema, é incorreto dizer que:

a) o sistema industrial atual, em diversos países do mundo, vem respondendo ao problema da poluição com soluções que vão desde o sim-ples controle dos efluentes até conceitos de “produção mais limpa”;

b) uma das surpresas desagradáveis foi o poder destrutivo e insustentável dos sistemas de pro-dução e do consumo;

c) torna-se cada vez mais eminente a necessida-de de compreender a relação existente entre os sistemas humanos e os sistemas naturais;

d) a melhoria tecnológica reduz, em parte, o des-perdício dos recursos naturais e, consequente-mente, a poluição ambiental;

e) as ações antrópicas sobre o sistema natural, apesar de acarretarem efeitos desagradáveis, provocam, nos espaços rurais, a diminuição do assoreamento fluvial e a intensificação da erosão.

8. (UDESC) No Brasil, um dos principais impac-tos ambientais que ocorrem em ecossistemas naturais é a devastação das florestas, notada-mente das tropicais, as mais ricas em biodiver-sidade.

Entre as causas desses impactos ambientais po-de-se citar, exceto:

a) propagação do fogo resultante de incêndios;

b) extração da madeira para fins comerciais;

c) implantação de projetos de mineração;

d) construção de usinas hidrelétricas;

e) instalação de grandes projetos urbanos de drenagem hídrica planejada.

9. (UFRGS – RS) Mesmo divergindo sobre as causas do fenômeno, a comunidade científica é unânime: o Ártico está derretendo. Um conjunto de Estados vê no aquecimento global um caminho para trans-formar o Polo Norte, vislumbrando as enormes ri-quezas que poderão emergir das profundezas.

Em relação aos interesses geopolíticos naquela região, considere as seguintes afirmações. I. A possibilidade de exploração econômica do

Ártico reativa a disputa entre Estados Unidos e Rússia pelas profundezas do oceano gelado.

II. O desaparecimento das geleiras permitirá a exploração de minérios (diamante, ouro, pra-ta, cobre, chumbo, zinco) hoje inacessíveis.

III. O derretimento do gelo abre caminho para transformar o Polo Norte numa enorme bacia petrolífera e numa rota marítima internacional.

Quais estão corretas?

a) Apenas I.

b) Apenas III.

c) Apenas I e II.

d) Apenas II e III.

e) I, II e III.

10. (UFAL) A desertificação é, na atualidade, um dos graves problemas enfrentados pelas áreas rurais de diversas regiões do planeta. Entre as causas da desertificação, podemos citar:1. A expansão das florestas equatoriais sobre as

áreas semiáridas.2. As práticas inapropriadas de mineração.3. A utilização da pecuária extensiva.4. O desmatamento em áreas com vegetação nativa.5. O uso intensivo do solo, sobretudo na agricul-

tura tradicional.

Estão corretas apenas:

a) 1 e 3 b) 4 e 5

c) 1, 2 e 3 d) 1, 4 e 5

e) 2, 3, 4 e 5

48 Espaço mundial: contextos sociais e ambientais