esmec pós-graduação em direito processual penal direito constitucional penal e proc. penal (30...

77
ESMEC ESMEC Pós-Graduação em Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Santiago Doutor em Direito. Professor do Programa de Doutor em Direito. Professor do Programa de Pós-Graduação em Direito (M/D) e da Graduação Pós-Graduação em Direito (M/D) e da Graduação da Universidade de Fortaleza. Professor da da Universidade de Fortaleza. Professor da Graduação da UFC. Graduação da UFC. Assessor Jurídico da CGJ/CE Assessor Jurídico da CGJ/CE

Upload: internet

Post on 28-Apr-2015

108 views

Category:

Documents


3 download

TRANSCRIPT

Page 1: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

ESMECESMECPós-Graduação em Pós-Graduação em

Direito Processual PenalDireito Processual Penal

Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a)h/a)

Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna SantiagoSantiago

Doutor em Direito. Professor do Programa de Pós-Doutor em Direito. Professor do Programa de Pós-Graduação em Direito (M/D) e da Graduação da Graduação em Direito (M/D) e da Graduação da

Universidade de Fortaleza. Professor da Graduação da Universidade de Fortaleza. Professor da Graduação da UFC. UFC.

Assessor Jurídico da CGJ/CEAssessor Jurídico da CGJ/CE

Page 2: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

22

Direito Penal ConstitucionalDireito Penal Constitucional

História do D. Penal se confunde com a História do D. Penal se confunde com a história do homem e a do Estadohistória do homem e a do Estado– alternativa à vingança (pública, privada ou alternativa à vingança (pública, privada ou

divina)divina)– institucionalização e consolidação das institucionalização e consolidação das

liberdades e garantias fundamentais liberdades e garantias fundamentais marco fundamental: Revolução Francesa (1789)marco fundamental: Revolução Francesa (1789)

– Constituição e Direito PenalConstituição e Direito Penal Fixação de limitesFixação de limites Fixação de bases materiaisFixação de bases materiais Legitimação da atuaçãoLegitimação da atuação Constituição: instrumento ideológicoConstituição: instrumento ideológico

Page 3: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

33

Direito Penal ConstitucionalDireito Penal Constitucional

relação forte entre o Direito Penal e o relação forte entre o Direito Penal e o Direito Constitucional: pena criminal é o Direito Constitucional: pena criminal é o instrumento mais temível do poder instrumento mais temível do poder políticopolítico– necessidade de estabelecimento de limites necessidade de estabelecimento de limites

clarosclaros– necessidade de estabelecimento de regras necessidade de estabelecimento de regras

gerais: princípiosgerais: princípios– necessidade de definição do conteúdo necessidade de definição do conteúdo

material da norma penal: bem jurídico – material da norma penal: bem jurídico – valor culturalvalor cultural

Page 4: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

44

Direito Penal ConstitucionalDireito Penal Constitucional ““Constituição é uma ordenação Constituição é uma ordenação

sistemática e racional da sistemática e racional da comunidade política, plasmada num comunidade política, plasmada num documento escrito, mediante o qual documento escrito, mediante o qual se garantem os direitos se garantem os direitos fundamentais e se organiza, de fundamentais e se organiza, de acordo com o princípio da divisão de acordo com o princípio da divisão de poderes, o poder político do Estado.” poderes, o poder político do Estado.” (Canotilho)(Canotilho)– D. Penal existe para garantir os valores D. Penal existe para garantir os valores

constitucionais e, por conseqüência, constitucionais e, por conseqüência, para garantir a sobrevivência do Estadopara garantir a sobrevivência do Estado

Page 5: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

55

Direito Penal ConstitucionalDireito Penal Constitucional

sistema penal: controle social punitivo sistema penal: controle social punitivo institucionalizadoinstitucionalizado– instituição policialinstituição policial– instituição judiciáriainstituição judiciária– Ministério PúblicoMinistério Público– instituição penitenciáriainstituição penitenciária

sistema penal é inadequado para sistema penal é inadequado para defender os direitos humanos: ataque defender os direitos humanos: ataque às conseqüências, e não às causasàs conseqüências, e não às causas

necessária convergência do Direito necessária convergência do Direito Penal: ciência do Direito PenalPenal: ciência do Direito Penal

55

Page 6: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

66

Direito Penal ConstitucionalDireito Penal Constitucional

pensamento penal vinculado ao pensamento penal vinculado ao pensamento políticopensamento político– visão recente do Direito Penal: 1789 – visão recente do Direito Penal: 1789 –

Revolução FrancesaRevolução Francesa– herança do Iluminismo (herança do Iluminismo (AufklärungAufklärung): uso da ): uso da

razão contra a autoridaderazão contra a autoridade– superação da tradição penal medievalsuperação da tradição penal medieval

nullum crimen, nulla poena sine legenullum crimen, nulla poena sine lege proporcionalidade das penasproporcionalidade das penas humanização das penashumanização das penas diferenciação entre delito e pecadodiferenciação entre delito e pecado

Page 7: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

77

Direito Penal ConstitucionalDireito Penal Constitucional

princípios constitucionais de D. princípios constitucionais de D. Penal: Penal: – explícitos ou implícitosexplícitos ou implícitos– função: orientar o legislador ordinário função: orientar o legislador ordinário

para a adoção de um sistema de para a adoção de um sistema de controle penal voltado para a controle penal voltado para a dignidade dignidade da pessoa humana da pessoa humana (art. 1°, III, CF/88)(art. 1°, III, CF/88)

– D. Penal da culpabilidade, mínimo e D. Penal da culpabilidade, mínimo e garantista: característica dos Estados garantista: característica dos Estados democráticosdemocráticos

77

Page 8: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

88

Direito Penal ConstitucionalDireito Penal Constitucional

princípios constitucionais de D. Penalprincípios constitucionais de D. Penal– ligados ao preceito incriminador: ligados ao preceito incriminador:

legalidade, taxatividade, intervenção legalidade, taxatividade, intervenção mínima (insignificância, subsidiariedade, mínima (insignificância, subsidiariedade, fragmentariedade, lesividade ou fragmentariedade, lesividade ou ofensividade), adequação socialofensividade), adequação social

– ligados ao preceito sancionador: ligados ao preceito sancionador: humanidade, proporcionalidade, humanidade, proporcionalidade, individualização, pessoalidadeindividualização, pessoalidade

88

Page 9: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

99

Princípio da legalidadePrincípio da legalidade

““Na realidade, antes de ser dada a lei, já Na realidade, antes de ser dada a lei, já havia pecado no mundo. Mas o pecado havia pecado no mundo. Mas o pecado não pode ser imputado quando não há não pode ser imputado quando não há lei”. (Rm 5,13)lei”. (Rm 5,13)

5°, XXXIX, CF/88; art. 1°, CP (5°, XXXIX, CF/88; art. 1°, CP (nullum nullum crimen, nulla poena sine legecrimen, nulla poena sine lege) - essencial ) - essencial para a estrutura jurídica do crime e da para a estrutura jurídica do crime e da pena no Estado de Direitopena no Estado de Direito

não se pode obedecer ou violar senão ao não se pode obedecer ou violar senão ao que é previamente impostoque é previamente imposto

limitação e exclusão da arbitrariedade do limitação e exclusão da arbitrariedade do poder punitivo estatalpoder punitivo estatal

99

Page 10: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

1010

Princípio da legalidadePrincípio da legalidade restrições ao legislador e ao intérprete da restrições ao legislador e ao intérprete da

lei penal - condutas ilícitas devem estar lei penal - condutas ilícitas devem estar descritas na lei penal:descritas na lei penal:– proibição da analogia para condutas proibição da analogia para condutas

incriminadoresincriminadores– proibição da utilização do costume para proibição da utilização do costume para

incriminaçãoincriminação– proibição de incriminações vagas e proibição de incriminações vagas e

indeterminadasindeterminadas corolários:corolários:

– princípio da jurisdição legal (juiz natural)princípio da jurisdição legal (juiz natural)– princípio da garantia da execução legalprincípio da garantia da execução legal– princípio da irretroatividade da lei (art. 5°, XL, princípio da irretroatividade da lei (art. 5°, XL,

CF/88)CF/88)

1010

Page 11: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

1111

Princípio da legalidadePrincípio da legalidade

não admite desvios nem exceçõesnão admite desvios nem exceções proíbe a retroatividade em prejuízo proíbe a retroatividade em prejuízo

do acusado ou condenadodo acusado ou condenado proibição de uso da MP (art. 62, § 1°, proibição de uso da MP (art. 62, § 1°,

I, I, bb, CF/88), CF/88)

1111

Page 12: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

1212

Uso de MP no Direito PenalUso de MP no Direito Penal

O princípio da reserva legal, informador O princípio da reserva legal, informador do direito penal, obsta que a medida do direito penal, obsta que a medida provisória crie ou exclua tipo penal. provisória crie ou exclua tipo penal. Configura-se, pois, inadmissível a Configura-se, pois, inadmissível a extinção da punibilidade, do denunciado extinção da punibilidade, do denunciado pela falta de recolhimento aos cofres pela falta de recolhimento aos cofres públicos das contribuições públicos das contribuições previdenciárias descontadas dos previdenciárias descontadas dos empregados com base em medida empregados com base em medida provisória. provisória. (STJ. Resp n. 421.119/RS. 6ª T. Min. Paulo Medina. DJU 22.09.03, p. 398)(STJ. Resp n. 421.119/RS. 6ª T. Min. Paulo Medina. DJU 22.09.03, p. 398)

1212

Page 13: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

1313

Uso de MP no Direito PenalUso de MP no Direito Penal

Medida provisória: sua inadmissibilidade em matéria penal - extraída pela doutrina consensual - da interpretação sistemática da Constituição -, não compreende a de normas penais benéficas, assim, as que abolem crimes ou lhes restringem o alcance, extingam ou abrandem penas ou ampliam os casos de isenção de pena ou de extinção de punibilidade. (STF. RE 254.818/PR. Pleno. Rel. Min. S. Pertence. DJU 19.12.02, p. 81)

1313

Page 14: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

1414

Princípio da taxatividadePrincípio da taxatividade

renovação do princípio da legalidade: renovação do princípio da legalidade: clareza e precisão na formulação do clareza e precisão na formulação do conteúdo do tipo legal e no conteúdo do tipo legal e no estabelecimento da sanção estabelecimento da sanção – evita-se o arbítrio judicial através da certeza evita-se o arbítrio judicial através da certeza

da leida lei– protege-se o Estado de Direitoprotege-se o Estado de Direito

técnica de elaboração da lei penal:técnica de elaboração da lei penal:– proibição de incriminações vagas e imprecisas: proibição de incriminações vagas e imprecisas:

garantia da igualdade, legalidade e segurança garantia da igualdade, legalidade e segurança jurídicajurídica

– limite de ilicitude não pode ficar ao arbítrio limite de ilicitude não pode ficar ao arbítrio judicialjudicial

– necessidade de estabelecimento de regras necessidade de estabelecimento de regras para a aplicação e cumprimento das sançõespara a aplicação e cumprimento das sanções

1414

Page 15: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

1515

Princípios da legalidade e da Princípios da legalidade e da taxatividadetaxatividade

Questões:Questões:– limite máximo do cumprimento de limite máximo do cumprimento de

medida de segurançamedida de segurança– uso da norma penal em brancouso da norma penal em branco– estabelecimento de penas genéricas estabelecimento de penas genéricas

(PLS 137)(PLS 137)– extinção da punibilidade pela prescrição extinção da punibilidade pela prescrição

na citação por editalna citação por edital

1515

Page 16: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

1616

Medida de segurançaMedida de segurança

HABEAS-CORPUS. MEDIDA DE SEGURANÇA substitutiva da pena. Prescrição da pretensão punitiva. O prazo prescricional da medida de segurança imposta em substituição à pena privativa de liberdade rege-se pelo tempo desta, já que, enquanto subsistente a pena corporal, é possível a imposição daquela.(STF. HC 71.253/SP. 2ª T. Rel. Min. P. Brossard. DJU 19.12.94, p. (STF. HC 71.253/SP. 2ª T. Rel. Min. P. Brossard. DJU 19.12.94, p. 35812)35812)

1616

Page 17: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

1717

Medida de segurançaMedida de segurança

HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. DOENÇA MENTAL SUPERVENIENTE. MEDIDA DOENÇA MENTAL SUPERVENIENTE. MEDIDA DE SEGURANÇA. PRAZO. DE SEGURANÇA. PRAZO.

A medida de segurança substitutiva, A medida de segurança substitutiva, imposta em razão de imposta em razão de doença mental doença mental supervenientesuperveniente, tem como limite máximo o , tem como limite máximo o tempo faltante de pena a cumprirtempo faltante de pena a cumprir.. (STJ. HC. 29.796/SP. 6ª T. Rel. Min. Hamilton Carvalhido. DJU (STJ. HC. 29.796/SP. 6ª T. Rel. Min. Hamilton Carvalhido. DJU 25.04.05, p. 364)25.04.05, p. 364)

1717

Page 18: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

1818

Medida de segurançaMedida de segurançaA prescrição de medida de segurança deve calculada pelo máximo da pena cominada ao delito atribuído ao paciente, interrompendo-se-lhe o prazo com o início do seu cumprimento. Ela deve perdurar enquanto não haja cessado a periculosidade do agente, limitada, contudo, ao período máximo de 30 anos. A melhora do quadro psiquiátrico do paciente autoriza o juízo de execução a determinar procedimento de desinternação progressiva, em regime de semi-internação. (STF. HC 97.621/RS. 2ª. T. DJe 118. 26 jun. 2009.)

1818

Page 19: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

1919

Medida de SegurançaMedida de Segurança

O STF já firmou entendimento no sentido de que o prazo máximo de duração da medida de segurança é de 30 anos (75, CP). Laudo psicológico reconheceu a permanência da periculosidade do paciente, embora atenuada, o que torna cabível, no caso, a imposição de medida terapêutica em hospital psiquiátrico próprio. Ordem concedida em parte para extinguir a medida de segurança, determinando-se a transferência do paciente para hospital psiquiátrico que disponha de estrutura adequada ao seu tratamento, nos termos da Lei 10.261/01, sob a supervisão do MP e do órgão judicial competente. (STF. HC 98.360/RS. 1ª. T. DJe 200, 23 out. 2009.)

1919

Page 20: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

2020

Norma penal em brancoNorma penal em branco

O delito descrito no artigo 1º, I da L. 8.176/1991 O delito descrito no artigo 1º, I da L. 8.176/1991 se traduz em verdadeira norma penal em se traduz em verdadeira norma penal em branco, pois limita seu alcance à prática de atos branco, pois limita seu alcance à prática de atos com combustíveis “em desacordo com as com combustíveis “em desacordo com as normas estabelecidas na forma da Lei”. normas estabelecidas na forma da Lei”. Portanto, é de rigor que a denúncia narre o Portanto, é de rigor que a denúncia narre o respectivo complemento normativo, sob pena respectivo complemento normativo, sob pena de flagrante inépcia, não bastando a simples de flagrante inépcia, não bastando a simples menção ao procedimento administrativo menção ao procedimento administrativo instaurado contra os acusados, notadamente instaurado contra os acusados, notadamente quando ausente a alusão a todos os fatos quando ausente a alusão a todos os fatos imputados aos agentes, não se subsumindo, imputados aos agentes, não se subsumindo, assim, ao artigo 41 do CPP.assim, ao artigo 41 do CPP. (STJ. HC 82.734/PE. 5ª T. Rel. Min. Jane Silva. DJU 26.11.07, p. 221.)(STJ. HC 82.734/PE. 5ª T. Rel. Min. Jane Silva. DJU 26.11.07, p. 221.) 2020

Page 21: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

2121

Norma penal em brancoNorma penal em branco

O paciente foi preso no dia 01.03.84, por ter vendido lança-perfume, configurando o fato o delito de tráfico de substância entorpecente, já que o cloreto de etila estava incluído na lista do DIMED, pela Portaria de 27.01.1983. Sua exclusão, entretanto, da lista, com a Portaria de 04.04.84, configurando-se a hipótese do "abolitio criminis". A Portaria 02/85, de 13.03.85, novamente inclui o cloreto de etila na lista. Impossibilidade, todavia, da retroatividade desta. Adoção de posição mais favorável ao réu. HC deferido, em parte, para o fim de anular a condenação por trafico, examinando-se, entretanto, no Juízo de 1. grau, a viabilidade de renovação do procedimento pela eventual prática de contrabando.(STF. HC 68.904/SP . 2ª. T. DJ 03.04.92, p. 4290.)

2121

Page 22: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

2222

Citação por editalCitação por edital

Diante do silêncio do art. 366 do Código de Diante do silêncio do art. 366 do Código de Processo Penal e da impossibilidade de Processo Penal e da impossibilidade de tornar imprescritíveis crimes assim não tornar imprescritíveis crimes assim não definidos, quando o acusado, citado por definidos, quando o acusado, citado por edital, não comparece nem constitui edital, não comparece nem constitui advogado, devem ser utilizados os advogado, devem ser utilizados os parâmetros do art. 109 do Código Penal para parâmetros do art. 109 do Código Penal para determinar o período de suspensão do prazo determinar o período de suspensão do prazo prescricional. (Súmula 415, STJ)prescricional. (Súmula 415, STJ)(STJ, HC 24.986/RJ, 9.2.2006)(STJ, HC 24.986/RJ, 9.2.2006)

2222

Page 23: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

2323

Citação por editalCitação por editalA CF não proíbe a suspensão da prescrição A CF não proíbe a suspensão da prescrição por prazo indeterminado A indeterminação do por prazo indeterminado A indeterminação do prazo da suspensão não constitui hipótese de prazo da suspensão não constitui hipótese de imprescritibilidade, pois não impede a imprescritibilidade, pois não impede a retomada do curso da prescrição, apenas a retomada do curso da prescrição, apenas a condiciona a um evento futuro e incerto. A CF condiciona a um evento futuro e incerto. A CF se limita a excluir os crimes que enumera da se limita a excluir os crimes que enumera da incidência material das regras da prescrição, incidência material das regras da prescrição, sem proibir, em tese, que a legislação sem proibir, em tese, que a legislação ordinária criasse outras hipóteses. Não cabe ordinária criasse outras hipóteses. Não cabe nem mesmo sujeitar o período de suspensão nem mesmo sujeitar o período de suspensão de que trata o art. 366 do CPP ao tempo da de que trata o art. 366 do CPP ao tempo da prescrição em abstrato, pois, "do contrário, o prescrição em abstrato, pois, "do contrário, o que se teria, nessa hipótese, seria uma causa que se teria, nessa hipótese, seria uma causa de interrupção, e não de suspensão." de interrupção, e não de suspensão." (STF, RE n. 460971/RS) – 13.2.07(STF, RE n. 460971/RS) – 13.2.07

2323

Page 24: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

2424

Princípio da intervenção mínimaPrincípio da intervenção mínima

criminalização somente se justifica se criminalização somente se justifica se constituir meio constituir meio necessárionecessário e e eficazeficaz para a para a proteção de bens jurídicos (proteção de bens jurídicos (nullum crimen, nullum crimen, nulla poena sine necessitatenulla poena sine necessitate))– Montesquieu: pena que não deriva da Montesquieu: pena que não deriva da

necessidade é tirânicanecessidade é tirânica– D. Penal mínimo: prestígio à liberdade e à D. Penal mínimo: prestígio à liberdade e à

dignidade da pessoa humanadignidade da pessoa humana– Mais leis, mais penas, mais juízes, mais Mais leis, mais penas, mais juízes, mais

policiais, mais prisões = mais presospoliciais, mais prisões = mais presos– D. Penal: desastrosa forma de intervenção do D. Penal: desastrosa forma de intervenção do

Estado na vida socialEstado na vida social

2424

Page 25: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

2525

Princípio da intervenção mínimaPrincípio da intervenção mínima

criminalização: culminação do criminalização: culminação do processo de ilicitudeprocesso de ilicitude– criminalizar: reprimir condutas sob o criminalizar: reprimir condutas sob o

ponto de vista penal; reforço da ilicitudeponto de vista penal; reforço da ilicitude– descriminalização: condutas não se descriminalização: condutas não se

revestem de dignidade penal – ilicitude revestem de dignidade penal – ilicitude tratada sob outro aspectotratada sob outro aspecto

– recurso ao D. Penal em determinados recurso ao D. Penal em determinados momentos: sanções extrapenais momentos: sanções extrapenais inadequadas inadequadas

2525

Page 26: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

2626

Princípio da intervenção mínimaPrincípio da intervenção mínima

lei penal somente deve atuar diante da lei penal somente deve atuar diante da incapacidade das outras leis não penais de incapacidade das outras leis não penais de dar a tutela aos bens jurídicos: D. Penal dar a tutela aos bens jurídicos: D. Penal como mal necessáriocomo mal necessário

inflação penal é perigosa: condena o inflação penal é perigosa: condena o sistema a uma função simbólica e sistema a uma função simbólica e negativa negativa – criação de condições mínimas de vida: criação de condições mínimas de vida:

dignidade da pessoa humanadignidade da pessoa humana redução do número de sanções redução do número de sanções

incriminadoras: racionalidadeincriminadoras: racionalidade2626

Page 27: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

2727

Princípio da intervenção mínimaPrincípio da intervenção mínima

corolários: corolários: – fragmentariedade: fragmentariedade:

apenas as ações ou omissões mais graves podem ser apenas as ações ou omissões mais graves podem ser objeto de incriminação, mormente as socialmente objeto de incriminação, mormente as socialmente intoleráveis; intoleráveis;

Direito Penal não é uma sistema exaustivo de Direito Penal não é uma sistema exaustivo de proteção de bens jurídicos – preferência pelos mais proteção de bens jurídicos – preferência pelos mais relevantesrelevantes

– subsidiariedade: antes de se recorrer ao Direito subsidiariedade: antes de se recorrer ao Direito Penal devem-se esgotar todas as formas Penal devem-se esgotar todas as formas extrapenais de controle socialextrapenais de controle social meio-termo entre o Movimento da Lei e Ordem e meio-termo entre o Movimento da Lei e Ordem e

AbolicionismoAbolicionismo

2727

Page 28: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

2828

Princípio da intervenção mínimaPrincípio da intervenção mínima

corolários:corolários:– princípio da insignificância (ou da princípio da insignificância (ou da

bagatela)bagatela) são atípicas as ações ou omissões que são atípicas as ações ou omissões que

afetam infimamente um bem jurídicoafetam infimamente um bem jurídico proporcionalidade entre a gravidade da proporcionalidade entre a gravidade da

conduta e a drasticidade da intervenção conduta e a drasticidade da intervenção estatalestatal

legislador não dispõe de meios para evitar legislador não dispõe de meios para evitar os prejuízos irrelevantes, não-merecedores os prejuízos irrelevantes, não-merecedores de penade pena

dirige-se ao aplicador da lei penal – causa dirige-se ao aplicador da lei penal – causa extralegal de exclusão da tipicidadeextralegal de exclusão da tipicidade

critérios de aferiçãocritérios de aferição 2828

Page 29: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

2929

Critério de aferição do princípio da Critério de aferição do princípio da insignificânciainsignificância

a mínima ofensividade da conduta do a mínima ofensividade da conduta do agenteagente

nenhuma periculosidade social da nenhuma periculosidade social da ação,ação,

reduzidíssimo grau de reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamentoreprovabilidade do comportamento

a inexpressividade da lesão jurídica a inexpressividade da lesão jurídica provocada provocada (HC 84.412, STF, Rel. Min. Celso de Mello, DJU 2/8/2004)(HC 84.412, STF, Rel. Min. Celso de Mello, DJU 2/8/2004)

2929

Page 30: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

3030

Princípio da insignificânciaPrincípio da insignificância

““Não subsiste o crime se, não obstante a Não subsiste o crime se, não obstante a conformidade da conduta à descrição legal conformidade da conduta à descrição legal de um tipo, as conseqüências do fato de um tipo, as conseqüências do fato sobre direitos e os interesses dos cidadãos sobre direitos e os interesses dos cidadãos e da sociedade e a culpabilidade do réu e da sociedade e a culpabilidade do réu são insignificantes.” são insignificantes.” (CP alemão, 1968, art. 6°).(CP alemão, 1968, art. 6°).

““O fato, cujo grau de periculosidade social O fato, cujo grau de periculosidade social é mínimo, não é punível, embora é mínimo, não é punível, embora apresente os caracteres formais do apresente os caracteres formais do crime.” crime.” (CP ex-Tchecoslováquia, 1961, art. 3°).(CP ex-Tchecoslováquia, 1961, art. 3°).

Page 31: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

3131

Princípio da insignificânciaPrincípio da insignificância

PENAL. HABEAS CORPUS. ESTELIONATO PENAL. HABEAS CORPUS. ESTELIONATO QUALIFICADO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. QUALIFICADO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE.INAPLICABILIDADE.I - O princípio da insignificância diz com a afetação I - O princípio da insignificância diz com a afetação ínfima, irrisória, do bem jurídico, sendo causa de ínfima, irrisória, do bem jurídico, sendo causa de exclusão da tipicidade penal.exclusão da tipicidade penal.II - A solução deve ser buscada através de II - A solução deve ser buscada através de interpretação restritiva que considere tanto o tipo interpretação restritiva que considere tanto o tipo de injusto como o bem jurídico protegido. Tudo isto de injusto como o bem jurídico protegido. Tudo isto para evitar indevida extensão.para evitar indevida extensão.III - Em sede de estelionato, não se pode considerar III - Em sede de estelionato, não se pode considerar ínfimo, irrisório, o valor de R$ 1.178,00.ínfimo, irrisório, o valor de R$ 1.178,00.(STJ. RHC 14.838/SC. 5ª Turma. Rel. Min. Félix Fischer. DJU 15.12.03, (STJ. RHC 14.838/SC. 5ª Turma. Rel. Min. Félix Fischer. DJU 15.12.03, p. 325. Unânime.)p. 325. Unânime.)

3131

Page 32: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

3232

Princípio da insignificânciaPrincípio da insignificânciaO trancamento da ação penal pela via de O trancamento da ação penal pela via de habeas corpus é medida de exceção, que só é habeas corpus é medida de exceção, que só é admissível quando emerge dos autos, de forma admissível quando emerge dos autos, de forma inequívoca, a inocência do acusado, a inequívoca, a inocência do acusado, a atipicidade da condutaatipicidade da conduta ou a extinção da ou a extinção da punibilidade.punibilidade.O princípio da insignificância, como derivação O princípio da insignificância, como derivação necessária do princípio da intervenção mínima necessária do princípio da intervenção mínima do direito penal, busca afastar desta seara as do direito penal, busca afastar desta seara as condutas que, embora típicas, não produzam condutas que, embora típicas, não produzam efetiva lesão ao bem jurídico protegido pela efetiva lesão ao bem jurídico protegido pela norma penal incriminadora. norma penal incriminadora. Trata-se, na Trata-se, na espécie, de crime em que o bem jurídico espécie, de crime em que o bem jurídico tutelado é a saúde pública. Irrelevante tutelado é a saúde pública. Irrelevante considerar o valor da venda do medicamento considerar o valor da venda do medicamento para desqualificar a condutapara desqualificar a conduta..(STJ. RHC 17.942/SP. 6ª T. Rel. Min. Hélio Q. Barbosa. DJU (STJ. RHC 17.942/SP. 6ª T. Rel. Min. Hélio Q. Barbosa. DJU 28.11.05, p. 336)28.11.05, p. 336)

3232

Page 33: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

3333

Princípio da insignificânciaPrincípio da insignificância

Tratando-se de furto de uma camisa de Tratando-se de furto de uma camisa de moleton, não revela o comportamento do moleton, não revela o comportamento do agente lesividade suficiente para justificar a agente lesividade suficiente para justificar a intervenção do Direito Penal, sendo de rigor intervenção do Direito Penal, sendo de rigor o reconhecimento da atipicidade da conduta. o reconhecimento da atipicidade da conduta. Ademais, segundo os precedentes desta Ademais, segundo os precedentes desta Corte, a existência de maus antecedentes Corte, a existência de maus antecedentes não impedem a aplicação do princípio da não impedem a aplicação do princípio da insignificância, ficando, caracterizado, insignificância, ficando, caracterizado, portanto, o evidente constrangimento ilegal portanto, o evidente constrangimento ilegal a que está submetido o paciente.a que está submetido o paciente.(STJ. HC 153.538/MG. 6ª T. Rel. Min. H. Rodrigues. DJe 28.06.10)(STJ. HC 153.538/MG. 6ª T. Rel. Min. H. Rodrigues. DJe 28.06.10)

3333

Page 34: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

3434

Princípio da insignificânciaPrincípio da insignificância

AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PENAL. INSTRUMENTO. DIREITO PENAL. DESCAMINHO. PRINCÍPIO DA DESCAMINHO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INSIGNIFICÂNCIA.

A jurisprudência desta Corte Superior de A jurisprudência desta Corte Superior de Justiça é firme no sentido de que subsume-Justiça é firme no sentido de que subsume-se na insignificância, em se cuidando de se na insignificância, em se cuidando de descaminho, os tributos em valores que o descaminho, os tributos em valores que o próprio Estado expressou o seu desinteresse próprio Estado expressou o seu desinteresse pela cobrança.pela cobrança.(STJ. AgRg no Ag 487.350/PR. 6ª T. Rel. Min. Hamilton Carvalhido. DJU (STJ. AgRg no Ag 487.350/PR. 6ª T. Rel. Min. Hamilton Carvalhido. DJU

01.07.05, p. 647)01.07.05, p. 647) 3434

Page 35: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

3535

Princípio da insignificância

A habitualidade na prática de furto de coisas de pequeno valor não impede a aplicação do princípio da insignificância. Está-se a julgar o fato cometido, não as pessoas em si. Sendo o fato insignificante para o Direito Penal, pouco importa se há ou não reiteração. A insignificância, é claro, mexe com a tipicidade, donde a conclusão de que fatos dessa natureza evidentemente não constituem crime.

(STJ. HC 120972/MS. 6a. T. DJe 23 nov. 2009.)

Page 36: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

3636

Princípio da ofensividadePrincípio da ofensividade não-criminalização de condutas que não não-criminalização de condutas que não

representem uma ofensa significativa ao representem uma ofensa significativa ao bem jurídico objetivadobem jurídico objetivado

D. Penal não está autorizado a intervir D. Penal não está autorizado a intervir diante de atitudes que espelhem tão-diante de atitudes que espelhem tão-somente uma postura de ordem moral, somente uma postura de ordem moral, sem ofensa a bem jurídicosem ofensa a bem jurídico

à conduta puramente interna, ou à conduta puramente interna, ou puramente individual falta a lesividade puramente individual falta a lesividade que poderia legitimar a intervenção penalque poderia legitimar a intervenção penal

““somente se deve fazer intervir o poder somente se deve fazer intervir o poder das leis para impedir os homens de das leis para impedir os homens de fazerem mal uns aos outros” (J. Bentham)fazerem mal uns aos outros” (J. Bentham)

3636

Page 37: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

3737

Princípio da ofensividadePrincípio da ofensividadePENAL. PROCESSUAL PENAL. AGRAVO PENAL. PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL. HABEAS CORPUS. PORTE DE REGIMENTAL. HABEAS CORPUS. PORTE DE ARMA DE FOGO. TRANCAMENTO DA AÇÃO ARMA DE FOGO. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. ATIPICIDADE. NULIDADE DA PERÍCIA. PENAL. ATIPICIDADE. NULIDADE DA PERÍCIA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA POTENCIALIDADE.POTENCIALIDADE.Tratando-se de crime de porte de arma de fogo, Tratando-se de crime de porte de arma de fogo, faz-se necessária a comprovação da faz-se necessária a comprovação da potencialidade do instrumento, já que o potencialidade do instrumento, já que o princípio da ofensividade em direito penal exige princípio da ofensividade em direito penal exige um mínimo de perigo concreto ao bem jurídico um mínimo de perigo concreto ao bem jurídico tutelado pela norma, não bastando a simples tutelado pela norma, não bastando a simples indicação de perigo abstrato. Com isso, uma vez indicação de perigo abstrato. Com isso, uma vez anulado o exame balístico, resta atípica a anulado o exame balístico, resta atípica a conduta do porte de arma.conduta do porte de arma.(STJ. AgRg no REsp 998.993/RS. 6a. T. DJe 08 jun. 09.)(STJ. AgRg no REsp 998.993/RS. 6a. T. DJe 08 jun. 09.)

3737

Page 38: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

3838

Princípio da ofensividadePrincípio da ofensividadeQuando a arma de fogo é encontrada na residência Quando a arma de fogo é encontrada na residência do réu, sem porte ostensivo, não colocando em do réu, sem porte ostensivo, não colocando em risco a incolumidade pública, é de se reconhecer a risco a incolumidade pública, é de se reconhecer a ausência de lesividade ao bem jurídico protegido ausência de lesividade ao bem jurídico protegido pela lei penal. Não havendo a imperiosidade da pela lei penal. Não havendo a imperiosidade da proteção de bem jurídico, fato existente nos proteção de bem jurídico, fato existente nos chamados crimes de perigo abstrato meramente chamados crimes de perigo abstrato meramente formais, é inaceitável a intervenção penal, formais, é inaceitável a intervenção penal, porquanto inócua e estigmatizante. O princípio da porquanto inócua e estigmatizante. O princípio da lesividade ou ofensividade possui lastro lesividade ou ofensividade possui lastro constitucional exatamente no art. 5º, inciso XXXIX, constitucional exatamente no art. 5º, inciso XXXIX, CF/88, e, no âmbitoCF/88, e, no âmbito penal, qualquer tentativa de penal, qualquer tentativa de aplicação de um direitoaplicação de um direito preventivo, mostra-se preventivo, mostra-se insubmissa e desgarrada da Regra Excelsa, o que é insubmissa e desgarrada da Regra Excelsa, o que é vedado.vedado.(TAMG. Apel. n. 0329535-6. 2ª CCrim. Rel. Juiz Alexandre (TAMG. Apel. n. 0329535-6. 2ª CCrim. Rel. Juiz Alexandre Victor de Carvalho, j. 22.05.2001) Victor de Carvalho, j. 22.05.2001)

3838

Page 39: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

3939

Princípio da adequação socialPrincípio da adequação social

mesmo que a conduta se amolde ao mesmo que a conduta se amolde ao tipo legal não será considerada típica tipo legal não será considerada típica se for socialmente adequada ou se for socialmente adequada ou reconhecidareconhecida

descompasso entre o socialmente descompasso entre o socialmente permitido ou tolerado e as normas permitido ou tolerado e as normas penais incriminadoraspenais incriminadoras

dirige-se ao aplicador da lei penal – dirige-se ao aplicador da lei penal – causa extralegal de exclusão da causa extralegal de exclusão da tipicidade ou da ilicitude?tipicidade ou da ilicitude?

3939

Page 40: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

4040

Princípio da adequação socialPrincípio da adequação socialI - A lesividade da conduta, no delito de I - A lesividade da conduta, no delito de

descaminho, deve ser tomada em relação ao valor do descaminho, deve ser tomada em relação ao valor do tributo incidente sobre as mercadorias apreendidas. II tributo incidente sobre as mercadorias apreendidas. II - Aplica-se o princípio da insignificância se o valor do - Aplica-se o princípio da insignificância se o valor do tributo devido for igual ou inferior ao mínimo exigido tributo devido for igual ou inferior ao mínimo exigido para a propositura de uma execução fiscal. III - In para a propositura de uma execução fiscal. III - In casu, não há que se falar em aplicação do princípio da casu, não há que se falar em aplicação do princípio da insignificância, por perfazer a tributação devida insignificância, por perfazer a tributação devida montante superior ao mínimo exigido para a montante superior ao mínimo exigido para a propositura de eventual ação de execução fiscal. IV - propositura de eventual ação de execução fiscal. IV - O descrito na O descrito na imputatio factiimputatio facti não pode merecer não pode merecer aprovação pela via da adequação socialaprovação pela via da adequação social. .

(STJ. HC 30480/RS. 5ª T. Rel. Min. Félix Fischer. DJU 02.08.04, p. 443)(STJ. HC 30480/RS. 5ª T. Rel. Min. Félix Fischer. DJU 02.08.04, p. 443)

4040

Page 41: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

4141

Princípio da adequação socialPrincípio da adequação socialPENAL – CRIME DE DESCAMINHO – PENAL – CRIME DE DESCAMINHO – MERCADORIA DE PEQUENO VALOR – MERCADORIA DE PEQUENO VALOR – PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA – 1. Lesões PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA – 1. Lesões econômicas insignificantes, toleradas e até econômicas insignificantes, toleradas e até estimuladas pela administração do Estado, estimuladas pela administração do Estado, que fixa local próprio para exercício da que fixa local próprio para exercício da atividade causadora, não têm capacidade de atividade causadora, não têm capacidade de movimentar o aparelho punitivo estatal. 2. Ao movimentar o aparelho punitivo estatal. 2. Ao par de não causar lesão expressiva ao Fisco, a par de não causar lesão expressiva ao Fisco, a atividade do "sacoleiro" não desperta a atividade do "sacoleiro" não desperta a repulsa social. 3. Aplicação da teoria da repulsa social. 3. Aplicação da teoria da insignificância para desconstituir o tipo do art. insignificância para desconstituir o tipo do art. 334. 4. Apelo improvido. Sentença absolutória 334. 4. Apelo improvido. Sentença absolutória ratificada. ratificada.

(TRF 1ª R. – ACR 01000535734 – MG – 2ª T.Supl. – Rel. Juiz Conv. Cândido (TRF 1ª R. – ACR 01000535734 – MG – 2ª T.Supl. – Rel. Juiz Conv. Cândido Moraes – DJU 20.02.2003 – p. 124) Moraes – DJU 20.02.2003 – p. 124)

4141

Page 42: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

4242

Reparação do danoReparação do dano

causa de extinção de punibilidade:causa de extinção de punibilidade:– crimes cometidos sem violência ou crimes cometidos sem violência ou

grave ameaça à pessoagrave ameaça à pessoa– reparação do dano ou restituição da reparação do dano ou restituição da

coisacoisa JECrim: composição civil do dano é JECrim: composição civil do dano é

causa impeditiva de causa impeditiva de prosseguibilidade da ação penal prosseguibilidade da ação penal (ação penal pública condicionada e (ação penal pública condicionada e ação penal de iniciativa privada)ação penal de iniciativa privada)

consequência do princípio da consequência do princípio da intervenção mínima do D. Penalintervenção mínima do D. Penal 4242

Page 43: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

4343

Reparação do danoReparação do dano

No estelionato, mesmo que básico, o pagamento No estelionato, mesmo que básico, o pagamento do dano, antes do oferecimento da denúncia, do dano, antes do oferecimento da denúncia, inibe a ação penal. O órgão acusador deve tomar inibe a ação penal. O órgão acusador deve tomar todas as providencias possíveis para espancar as todas as providencias possíveis para espancar as duvidas que explodam no debate judicial, pena de duvidas que explodam no debate judicial, pena de não vingar condenação. Lição de Lênio Luiz não vingar condenação. Lição de Lênio Luiz Streck: os benefícios concedidos pela lei penal Streck: os benefícios concedidos pela lei penal aos delinquentes tributários (lei 9249/95, art. 34) aos delinquentes tributários (lei 9249/95, art. 34) alcançam os delitos patrimoniais em que não alcançam os delitos patrimoniais em que não ocorra prejuízo nem violência, tudo em atenção ocorra prejuízo nem violência, tudo em atenção ao principio da isonomia. Recurso provido para ao principio da isonomia. Recurso provido para absolver o apelante. absolver o apelante.

(TARS. Apelação Crime n. 297019937. 2ª Câmara Criminal, Rel. (TARS. Apelação Crime n. 297019937. 2ª Câmara Criminal, Rel. Juiz Amilton Bueno de Carvalho, J em 25/09/1997) Juiz Amilton Bueno de Carvalho, J em 25/09/1997)

4343

Page 44: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

4444

Princípio da dignidade da pessoa Princípio da dignidade da pessoa humanahumana

Estado deve assegurar dignidade Estado deve assegurar dignidade para todos (1°, III, CF) – inerente à para todos (1°, III, CF) – inerente à atuação estatalatuação estatal

direciona a interpretação dos demais direciona a interpretação dos demais princípios constitucionais ligados à princípios constitucionais ligados à aplicação da penaaplicação da pena– pena não pode ser utilizada como meio pena não pode ser utilizada como meio

de realização de fins espúriosde realização de fins espúrios– evitar efeitos deletérios da prisãoevitar efeitos deletérios da prisão

direito público subjetivodireito público subjetivo4444

Page 45: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

4545

Princípio da humanidade da Princípio da humanidade da penapena

poder punitivo estatal não pode aplicar poder punitivo estatal não pode aplicar penas que atinjam a dignidade da pessoa penas que atinjam a dignidade da pessoa humana ou que lesionem a constituição humana ou que lesionem a constituição físico-psíquica dos condenados – pena não físico-psíquica dos condenados – pena não pode ser pode ser capitis diminutiocapitis diminutio eterna eterna

proibição de penas cruéis e infamantes, proibição de penas cruéis e infamantes, tortura, maus-tratos, pena de morte, tortura, maus-tratos, pena de morte, banimento etc. – pena não serve para banimento etc. – pena não serve para fazer sofrerfazer sofrer

Estado deve possibilitar cumprimento da Estado deve possibilitar cumprimento da pena sem degradação e dessocialização pena sem degradação e dessocialização dos presosdos presos

Constituição: art. 1°, III; art. 5°, XLI, XLVII, Constituição: art. 1°, III; art. 5°, XLI, XLVII, XLIX; Convenções e Tratados XLIX; Convenções e Tratados InternacionaisInternacionais

4545

Page 46: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

4646

Princípio da humanidade da Princípio da humanidade da penapena

O fato de o paciente estar condenado por delito tipificado como hediondo não enseja, por si só, uma proibição objetiva incondicional à concessão de prisão domiciliar, pois a dignidade da pessoa humana, especialmente a dos idosos, sempre será preponderante, dada a sua condição de princípio fundamental da República. Por outro lado, incontroverso que essa mesma dignidade se encontrará ameaçada nas hipóteses excepcionalíssimas em que o apenado idoso estiver acometido de doença grave que exija cuidados especiais, os quais não podem ser fornecidos no local da custódia ou em estabelecimento hospitalar adequado. No caso, deixou de haver demonstração satisfatória da situação extraordinária autorizadora da custódia domiciliar. Habeas corpus indeferido.

(STF. HC 83.358/SP. 1ª T. Rel. Min. Carlos Britto. J. 04.05.2004)4646

Page 47: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

4747

Princípio da humanidade da Princípio da humanidade da penapena

Se o agente foi vigiado desde logo, a mando do Se o agente foi vigiado desde logo, a mando do proprietário da loja, que suspeitava dele, o qual se proprietário da loja, que suspeitava dele, o qual se portava como se estivesse drogado, caracteriza-se o portava como se estivesse drogado, caracteriza-se o chamado crime impossível. Além do mais, o valor da chamado crime impossível. Além do mais, o valor da res furtivares furtiva (R$30,00) enseja a insignificância, a (R$30,00) enseja a insignificância, a bagatela, mormente levando em conta que a vítima é bagatela, mormente levando em conta que a vítima é proprietária de importante loja que vende materiais de proprietária de importante loja que vende materiais de construção, sendo inexpressivo eventual prejuízo que construção, sendo inexpressivo eventual prejuízo que poderia ter. Registra-se, ainda, que o réu é pessoa poderia ter. Registra-se, ainda, que o réu é pessoa pobre, perturbada, portadora do vírus HIV, devendo ser pobre, perturbada, portadora do vírus HIV, devendo ser beneficiado com o princípio da humanidade, já que beneficiado com o princípio da humanidade, já que necessita muito mais de assistência social do que de necessita muito mais de assistência social do que de repressão penal. Deram provimento ao apelo defensivo repressão penal. Deram provimento ao apelo defensivo e julgaram prejudicado o apelo ministerial. e julgaram prejudicado o apelo ministerial.

(TJRS. Apelação Crime n. 70004803086. 8ª C. Crim. Rel. Des. Umberto (TJRS. Apelação Crime n. 70004803086. 8ª C. Crim. Rel. Des. Umberto Guaspari Sudbrack. J. em 26/02/2003).Guaspari Sudbrack. J. em 26/02/2003). 4747

Page 48: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

4848

Princípio da humanidade da Princípio da humanidade da penapena

A punição do acusado deve ser em quantidade necessária e suficiente para a reprovação e prevenção, como determina o art. 59 do CP. Tem-se que, na sua aplicação, observar o importante princípio da humanidade, evitando que ela seja o “mal” contra o crime. Afinal, seu objetivo não é o de eternizar ou infernizar a situação do apenado, mas o reintegrar ao meio social. O juiz deve ter por fim neutralizar o efeito do delito como exemplo negativo para a comunidade, contribuindo com isso ao fortalecimento da consciência jurídica da comunidade, à medida que procura satisfazer ao sentimento de justiça do mundo circundante, que está em torno do delinqüente. Esta situação também se aplica em hipóteses da soma das penas na execução das condenações.

(TJRS. Agravo n. 70005465273. 6ª C. Crim. Rel. Des. Sylvio Baptista Neto. J. em 27/03/2003).

4848

Page 49: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

4949

Princípio da humanidade da Princípio da humanidade da penapena

A submissão do paciente a regime mais grave de restrição de liberdade do que o previsto no decreto condenatório caracteriza constrangimento ilegal. Precedentes do STJ. Na falta de vaga para o cumprimento da pena no regime semiaberto, estipulado na sentença, impõe-se a concessão do regime mais brando, no caso, o aberto, ou, se inexistente, da prisão domiciliar.

(STJ, HC 149.444/MG, 5a. T, DJe 29 mar. 2010)

4949

Page 50: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

5050

Princípio da humanidade da pena

• O monitoramento eletrônico (Lei n. 12.258/2010) e a humanidade da pena:– determinado pelo juiz da execução penal– casos: saída temporária no regime semiabertoe

prisão domiciliar– obrigações: receber o agente responsável pelo

monitoramento; cuidar do equipamento– sanções: regressão de regime; revogação de

autorização de saída temporária; revogação da prisão domiciliar; ou advertência

– revogação: desnecessidade; falta grave

Page 51: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

5151

Princípio da individualização da Princípio da individualização da penapena

obriga o julgador a fixar a pena conforme a cominação legal e determinar a forma de sua execução (art. 5°, XLVI, CF/88)

três etapas: legislativa, judiciária e executória

intimamente ligado ao princípio da proporcionalidade e ao princípio da humanidade

5151

Page 52: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

5252

Princípio da individualização da Princípio da individualização da penapena

Questões: Questões: – STF, HC 82.959, 23.2.06STF, HC 82.959, 23.2.06– a Lei n. 11.464/07 e a individualização a Lei n. 11.464/07 e a individualização

da pena nos crimes hediondos:da pena nos crimes hediondos: direito intertemporal e fixação de regime direito intertemporal e fixação de regime

inicial;inicial; progressão de regime x livramento progressão de regime x livramento

condicionalcondicional

5252

Page 53: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

5353

Princípio da individualização da Princípio da individualização da penapena

REGIME DE CUMPRIMENTO DA PENA. REGIME DE CUMPRIMENTO DA PENA. PROGRESSÃO. ART. 2°, § 1°, DA LEI N. PROGRESSÃO. ART. 2°, § 1°, DA LEI N. 8.072/90. Na dicção da ilustrada maioria do 8.072/90. Na dicção da ilustrada maioria do Supremo Tribunal Federal, Supremo Tribunal Federal, o regime de o regime de cumprimento da pena não se coloca no cumprimento da pena não se coloca no âmbito da individualização destaâmbito da individualização desta, o que atrai , o que atrai a impossibilidade de assentar-se a a impossibilidade de assentar-se a procedência da pecha de inconstitucional procedência da pecha de inconstitucional em relação a regra do § 1° do art. 2° da Lei em relação a regra do § 1° do art. 2° da Lei n. 8.072/90.n. 8.072/90.

(STF. HC 70.657/MS. 2ª T. Rel. Min. Marco Aurélio. J. em 29.04.1994)(STF. HC 70.657/MS. 2ª T. Rel. Min. Marco Aurélio. J. em 29.04.1994)

5353

Page 54: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

5454

Princípio da individualização da Princípio da individualização da penapena

PENA - REGIME DE CUMPRIMENTO - PROGRESSÃO - PENA - REGIME DE CUMPRIMENTO - PROGRESSÃO - RAZÃO DE SER. A progressão no regime de RAZÃO DE SER. A progressão no regime de cumprimento da pena, nas espécies fechado, semi-cumprimento da pena, nas espécies fechado, semi-aberto e aberto, tem como razão maior a aberto e aberto, tem como razão maior a ressocialização do preso que, mais dia ou menos dia, ressocialização do preso que, mais dia ou menos dia, voltará ao convívio social. PENA - CRIMES voltará ao convívio social. PENA - CRIMES HEDIONDOS - REGIME DE CUMPRIMENTO - HEDIONDOS - REGIME DE CUMPRIMENTO - PROGRESSÃO - ÓBICE - ARTIGO 2º, § 1º, DA LEI Nº PROGRESSÃO - ÓBICE - ARTIGO 2º, § 1º, DA LEI Nº 8.072/90 - INCONSTITUCIONALIDADE - EVOLUÇÃO 8.072/90 - INCONSTITUCIONALIDADE - EVOLUÇÃO JURISPRUDENCIAL. Conflita com a garantia da JURISPRUDENCIAL. Conflita com a garantia da individualização da pena - artigo 5º, inciso XLVI, da individualização da pena - artigo 5º, inciso XLVI, da Constituição Federal - a imposição, mediante norma, Constituição Federal - a imposição, mediante norma, do cumprimento da pena em regime integralmente do cumprimento da pena em regime integralmente fechado. Nova inteligência do princípio da fechado. Nova inteligência do princípio da individualização da pena, em evolução individualização da pena, em evolução jurisprudencial, assentada a inconstitucionalidade do jurisprudencial, assentada a inconstitucionalidade do artigo 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90. artigo 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90. (STF, HC n. 82.959, Pleno, (STF, HC n. 82.959, Pleno, Rel. Min. Marco Aurélio, j. em 23.2.06)Rel. Min. Marco Aurélio, j. em 23.2.06)

5454

Page 55: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

5555

Princípio da individualização da pena

• Súmula Vinculante n. 26: PARA EFEITO DE PROGRESSÃO DE REGIME NO CUMPRIMENTO DE PENA POR CRIME HEDIONDO, OU EQUIPARADO, O JUÍZO DA EXECUÇÃO OBSERVARÁ A INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 2º DA LEI N. 8.072, DE 25 DE JULHO DE 1990, SEM PREJUÍZO DE AVALIAR SE O CONDENADO PREENCHE, OU NÃO, OS REQUISITOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS DO BENEFÍCIO, PODENDO DETERMINAR, PARA TAL FIM, DE MODO FUNDAMENTADO, A REALIZAÇÃO DE EXAME CRIMINOLÓGICO.

Page 56: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

5656

Princípio da individualização da Princípio da individualização da penapena

SENTENÇA PENAL. Condenação. Tráfico de entorpecente. Crime hediondo. Pena privativa de liberdade. Substituição por restritiva de direitos. Admissibilidade. Previsão legal de cumprimento em regime integralmente fechado. Irrelevância. Distinção entre aplicação e cumprimento de pena. HC deferido para restabelecimento da sentença de primeiro grau. Interpretação dos arts. 12 e 44 do CP, e das Leis n. 6.368/76, 8.072/90 e 9.714/98. Precedentes. A previsão legal de regime integralmente fechado, em caso de crime hediondo, para cumprimento de pena privativa de liberdade, não impede seja esta substituída por restritiva de direitos.(STF. HC 84.928/MG. 1ª T. Rel. Min. Cezar Peluso. J. 27.09.2005)

5656

Page 57: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

5757

Princípio da individualização da Princípio da individualização da penapena

Súmula 715, STF: Súmula 715, STF:

A pena unificada para atender ao A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo art. cumprimento, determinado pelo art. 75, CP, não é considerada para a 75, CP, não é considerada para a concessão de outros benefícios, concessão de outros benefícios, como o livramento condicional ou o como o livramento condicional ou o regime mais favorável de execução.regime mais favorável de execução.

5757

Page 58: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

5858

Princípio da individualização da pena

• O livramento condicional consiste na última etapa da execução da pena visando a ressocialização do apenado, atendidos os requisitos do art. 83 do CP, vedado, contudo, expressamente, o benefício para reincidentes específicos. A vedação legal à concessão do livramento condicional ao reincidente específico não padece de inconstitucionalidade por ofensa ao princípio da individualização da pena por atender aos fins repressivos da reprimenda.

• (STJ HC 139511/RJ. 5a. T. DJe 03 nov. 2009)

Page 59: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

5959

Princípio da individualização da Princípio da individualização da penapena

A quantidade da pena-base, fixada na primeira fase do critério trifásico, não pode ser aplicada a partir da média dos extremos da pena cominada para, em seguida, considerar as circunstâncias judiciais favoráveis e desfavoráveis ao réu, porque este critério não se harmoniza com o princípio da individualização da pena, por implicar num agravamento prévio (entre o mínimo e a média) sem qualquer fundamentação. O Juiz tem poder discricionário para fixar a pena-base dentro dos limites legais, mas este poder não é arbitrário porque o caput do art. 59 CP estabelece um rol de oito circunstâncias judiciais que devem orientar a individualização da pena-base, de sorte que quando todos os critérios são favoráveis ao réu, a pena deve ser aplicada no mínimo cominado; entretanto, basta que um deles não seja favorável para que a pena não mais possa ficar no patamar mínimo.

(STF. HC n. 76.196/GO. 2ª T. Rel. Min. Maurício Corrêa. J. 29.09.1998) 5959

Page 60: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

6060

Princípio da individualização da pena

Embora a nova redação do art. 112 da LEP não mais exija a realização de exame criminológico, cabe ao magistrado verificar o atendimento dos requisitos subjetivos à luz do caso concreto, podendo, por isso, determinar a realização da perícia, se entender necessário, ou mesmo negar o benefício, desde que o faça fundamentadamente, quando as peculiaridades da causa assim o recomendarem, em observância ao princípio da individualização da pena, previsto no art. 5.º, XLVI, CF. "Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada." (Súmula n. 439 STJ)

(STJ. HC 159644/SP. 5a. T. DJe 14 jun. 2010)

Page 61: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

6161

Princípio da individualização da pena

• Impossibilidade de que a pena venha a ser fixada, por conta de reconhecimento de circunstância atenuante, em patamar inferior ao mínimo legal. A segurança jurídica penal não se revela apenas na segura descrição típica, mas também na previsibilidade das sanções. Função preventiva da sanção que vem expressa no art. 59, caput, in fine, CP.

• (STF. 93.455/RS. 1a. T. DJE 142, 01 ago. 2008)

Page 62: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

6262

Princípio da pessoalidade da Princípio da pessoalidade da penapena

impede-se a punição por fato alheio, impede-se a punição por fato alheio, ou seja, somente o autor da infração ou seja, somente o autor da infração penal pode ser apenado (art. 5°, XLV, penal pode ser apenado (art. 5°, XLV, CF/88)CF/88)

intimamente ligado ao princípio da intimamente ligado ao princípio da culpabilidadeculpabilidade

6262

Page 63: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

6363

Princípio da pessoalidade da Princípio da pessoalidade da penapena

O inciso XLV do art. 5° da CF/88 viola O inciso XLV do art. 5° da CF/88 viola o princípio da pessoalidade da pena, o princípio da pessoalidade da pena, ao determinar que a reparação do ao determinar que a reparação do dano e a decretação do perdimento dano e a decretação do perdimento de bens poderão ser estendidas aos de bens poderão ser estendidas aos sucessores e contra eles executadas, sucessores e contra eles executadas, nos termos da lei, até o limite do nos termos da lei, até o limite do patrimônio transferido?patrimônio transferido?

6363

Page 64: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

6464

Princípio da pessoalidade da Princípio da pessoalidade da penapena

Pena. Personalização. Alcance. Art. Pena. Personalização. Alcance. Art. 153, § 13, CF/67. O princípio de que 153, § 13, CF/67. O princípio de que ninguém senão o responsável deve ninguém senão o responsável deve sofrer as conseqüências do ato sofrer as conseqüências do ato criminoso refere-se à pena em sentido criminoso refere-se à pena em sentido estrito, e não a seus desdobramentos estrito, e não a seus desdobramentos sociais. sociais.

(STF. RE 107.023/DF. 2ª T. Rel. Min. Francisco Rezek. J. em 11/10/1985.)(STF. RE 107.023/DF. 2ª T. Rel. Min. Francisco Rezek. J. em 11/10/1985.)

6464

Page 65: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

6565

Princípio da pessoalidade da pena

• Fazendo-se necessária a constrição dos bens da empresa utilizada pelos denunciados como instrumento para a prática dos crimes que lhes foram imputados e evidenciando-se que vultosos valores haviam sido transferidos para contas correntes da mãe de um deles (ora recorrente), seus bloqueios não ofendem o princípio da pessoalidade da responsabilidade penal, pois, nessa hipótese, não foram bloqueados os ativos do terceiro (recorrente), mas sim da própria empresa cujos ativos foram originariamente constritos.

• (STJ. RMS 22953/PR. 6a. T. DJe 08 jun. 2009)

Page 66: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

6666

Princípio da proporcionalidadePrincípio da proporcionalidade

medida de justo equilíbrio entre a medida de justo equilíbrio entre a gravidade do fato praticado e a sanção gravidade do fato praticado e a sanção impostaimposta

pena adequada à magnitude da lesão ao pena adequada à magnitude da lesão ao bem jurídico e à culpabilidade do agente bem jurídico e à culpabilidade do agente

penas devem ser necessárias, úteis, penas devem ser necessárias, úteis, adequadas e merecidasadequadas e merecidas

merecimento de pena x restrição da merecimento de pena x restrição da liberdadeliberdade

dignidade do bem jurídico x necessidade dignidade do bem jurídico x necessidade de tutela penalde tutela penal 6666

Page 67: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

6767

Princípio da proporcionalidadePrincípio da proporcionalidade

Questões:Questões:– proporcionalidade e dosimetria da pena;proporcionalidade e dosimetria da pena;– proporcionalidade e RDD;proporcionalidade e RDD;– proporcionalidade e crimes de menor proporcionalidade e crimes de menor

potencial ofensivo;potencial ofensivo;– proporcionalidade e proibição de proporcionalidade e proibição de

aplicação do JECrim à Lei Maria da aplicação do JECrim à Lei Maria da PenhaPenha

6767

Page 68: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

6868

Princípio da proporcionalidadePrincípio da proporcionalidade

HABEAS CORPUS. MAJORAÇÃO DA PENA-BASE. HABEAS CORPUS. MAJORAÇÃO DA PENA-BASE. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS. POTENCIAL LESIVO DA CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS. POTENCIAL LESIVO DA CONDUTA. PROPORCIONALIDADE. O juiz de primeira CONDUTA. PROPORCIONALIDADE. O juiz de primeira instância, em razão das conseqüências do crime - instância, em razão das conseqüências do crime - grande quantidade de drogas apreendida e potencial grande quantidade de drogas apreendida e potencial lesivo da conduta -, elevou a pena-base, lesivo da conduta -, elevou a pena-base, fundamentadamente. Não há que se falar em fundamentadamente. Não há que se falar em ilegalidade. Precedentes. A situação de alguém que ilegalidade. Precedentes. A situação de alguém que porte uma pequena quantidade de droga não é porte uma pequena quantidade de droga não é comparável à de quem seja encontrado com grande comparável à de quem seja encontrado com grande quantidade de entorpecentes. quantidade de entorpecentes. A importância de se A importância de se valorarem as circunstâncias do crime na dosimetria valorarem as circunstâncias do crime na dosimetria da pena decorre justamente da necessidade de que da pena decorre justamente da necessidade de que as sanções sejam proporcionais à lesividade das as sanções sejam proporcionais à lesividade das condutascondutas. . Habeas corpusHabeas corpus indeferido. indeferido.

(STF. HC 86.384/PE. 2ª T. Rel. Min. Joaquim Barbosa. J. em (STF. HC 86.384/PE. 2ª T. Rel. Min. Joaquim Barbosa. J. em 18.10.2005.)18.10.2005.)

6868

Page 69: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

6969

Princípio da proporcionalidadePrincípio da proporcionalidade1. Considerando-se que os princípios fundamentais

consagrados na Carta Magna não são ilimitados (princípio da relatividade ou convivência das liberdades públicas), vislumbra-se que o legislador, ao instituir o Regime Disciplinar Diferenciado, atendeu ao princípio da proporcionalidade.

2. Legitima a atuação estatal, tendo em vista que a Lei n. 10.792/03 busca dar efetividade à crescente necessidade de segurança nos estabelecimentos penais, bem como resguardar a ordem pública, que vem sendo ameaçada por criminosos que, mesmo encarcerados, continuam comandando ou integrando facções criminosas que atuam no interior do sistema prisional – liderando rebeliões que não raro culminam com fugas e mortes de reféns, agentes penitenciários e/ou outros detentos – e, também, no meio social.

(STJ. HC 40.030/RJ. 5ª T. Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima. J. 07.06.2005).6969

Page 70: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

7070

Princípio da proporcionalidadePrincípio da proporcionalidade

Condenado o réu ao cumprimento de pena Condenado o réu ao cumprimento de pena de reclusão em regime semi-aberto, mostra-se de reclusão em regime semi-aberto, mostra-se desproporcional admitir que aguarde o desproporcional admitir que aguarde o julgamento de apelação enclausurado, ainda julgamento de apelação enclausurado, ainda que na apelação do Ministério Público se que na apelação do Ministério Público se pretenda a alteração do regime de pretenda a alteração do regime de cumprimento da pena, após já haver cumprido cumprimento da pena, após já haver cumprido quase a metade da reprimenda, mormente quase a metade da reprimenda, mormente quando a jurisprudência dos tribunais quando a jurisprudência dos tribunais superiores apontam para a correção do superiores apontam para a correção do julgado monocrático.julgado monocrático.

(STJ. HC 44.734/SP. 5ª T. Rel. Min. José Arnaldo da Fonseca. J. em (STJ. HC 44.734/SP. 5ª T. Rel. Min. José Arnaldo da Fonseca. J. em 18.10.2005)18.10.2005)

7070

Page 71: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

7171

Princípio da proporcionalidade

• A redação do art. 289 do Código Penal respeita o princípio da proporcionalidade ao apenar mais severamente aquele que promove a circulação de moeda falsa para obter vantagem financeira indevida, e aplicar pena mais branda ao agente que, após receber uma cédula falsa de boa-fé, repassa-a para não sofrer prejuízo.

• (STJ HC 124039/SC. 5a. T. DJe 22 mar. 2010.)

Page 72: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

7272

Princípio da proporcionalidade

Súmula 338, STJ: A prescrição penal é aplicável nas medidas sócio-educativas.

• Súmula n. 719, STF: A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea.

Page 73: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

7373

Princípio da culpabilidadePrincípio da culpabilidade

não há pena sem culpabilidade, e ela não há pena sem culpabilidade, e ela não pode ultrapassar a medida de não pode ultrapassar a medida de culpabilidade – limita a aplicação da culpabilidade – limita a aplicação da penapena

afastamento da responsabilidade afastamento da responsabilidade objetiva - objetiva - nullum crimen sine culpa nullum crimen sine culpa

responsabilidade penal é pelo responsabilidade penal é pelo fatofato e e não pelo autornão pelo autor

princípio da dignidade da pessoa princípio da dignidade da pessoa humana, da intervenção mínima e da humana, da intervenção mínima e da pessoalidadepessoalidade 7373

Page 74: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

7474

Princípio da culpabilidadePrincípio da culpabilidade

Art. 319-A, CP:Art. 319-A, CP:““Deixar o Diretor de Penitenciária Deixar o Diretor de Penitenciária

e/ou agente público, de cumprir seu e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente com outros presos ou com o ambiente externo:externo:

Pena: detenção, de 3 (três) meses a Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.” 1 (um) ano.”

7474

Page 75: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

7575

Princípio da culpabilidadePrincípio da culpabilidade

Denúncia que não descreve a conduta Denúncia que não descreve a conduta criminosa dos acusados não merece ser recebida criminosa dos acusados não merece ser recebida (art. 43, I, do CPP). A simples condição de sócio (art. 43, I, do CPP). A simples condição de sócio de empresa não é conduta, mas sim estado, e, de empresa não é conduta, mas sim estado, e, portanto, não pode gerar o desencadeamento de portanto, não pode gerar o desencadeamento de ação penal, sob pena de estar-se consagrando ação penal, sob pena de estar-se consagrando responsabilidade penal objetiva. A teoria do responsabilidade penal objetiva. A teoria do delito, através do princípio da culpabilidade, delito, através do princípio da culpabilidade, dispõe que toda responsabilidade penal deve ser dispõe que toda responsabilidade penal deve ser pessoal, subjetiva, ou seja, dependente do pessoal, subjetiva, ou seja, dependente do dolo/culpa do agente. Sem um “atuar social dolo/culpa do agente. Sem um “atuar social voluntário”, fica defesa a movimentação da voluntário”, fica defesa a movimentação da máquina persecutória estatal.máquina persecutória estatal.

(TJRS. Habeas Corpus n. 70009448259. 5ª C. Crim. Rel. Des. (TJRS. Habeas Corpus n. 70009448259. 5ª C. Crim. Rel. Des. Amilton Bueno de Carvalho. J. em 08/09/2004) Amilton Bueno de Carvalho. J. em 08/09/2004) 7575

Page 76: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

7676

Princípio da culpabilidadePrincípio da culpabilidade

A ilusão fiscal, concernente ao crime de descaminho, A ilusão fiscal, concernente ao crime de descaminho, deve ser apurada em relação a cada um dos deve ser apurada em relação a cada um dos adquirentes das mercadorias internalizadas adquirentes das mercadorias internalizadas conjuntamente dentro de dado veículo. Caso conjuntamente dentro de dado veículo. Caso contrário, tem-se por violado o princípio da contrário, tem-se por violado o princípio da culpabilidade, determinante da responsabilidade culpabilidade, determinante da responsabilidade pessoal de cada um dos agentes do delito. Diante da pessoal de cada um dos agentes do delito. Diante da irregular atribuição, indiscriminada, do valor global do irregular atribuição, indiscriminada, do valor global do tributo a todos os ocupantes de determinado meio de tributo a todos os ocupantes de determinado meio de transporte, deve-se promover a divisão equânime de transporte, deve-se promover a divisão equânime de tal montante entre os acusados para se aferir a tal montante entre os acusados para se aferir a aplicabilidade do princípio da insignificância (art. 20, aplicabilidade do princípio da insignificância (art. 20, Lei 10.522/02). Lei 10.522/02). (STJ. HC 121.164/RS. 6ª T. DJe 07 dez. 2009)(STJ. HC 121.164/RS. 6ª T. DJe 07 dez. 2009)

7676

Page 77: ESMEC Pós-Graduação em Direito Processual Penal Direito Constitucional Penal e Proc. Penal (30 h/a) Prof. Dr. Nestor Eduardo Araruna Santiago Doutor em

7777

(85) 8705.7549(85) [email protected]

twittertwitter: @nestoreas: @nestoreas

7777

Obrigado!Obrigado!