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 ESCUTANDO SENTIMENTOS  A ATITUDE DE AMAR NOS COMO MERECEMOS WANDERLEY S DE OLIVEIRA pelo Espírito ERMANCE DUFAUX

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ESCUTANDOSENTIMENTOSA ATITUDE DE AMARNOS COMO MERECEMOS

WANDERLEY S. DE OLIVEIRApelo Esprito ERMANCE DUFAUX

2 Wander leyS.deOliveir a(peloEsprito Er manceDufaux)

ESCUTANDOSENTIMENTOS AAtitudedeAmarnoscomoMerecemos Wander leySoaresdeOliveira PeloEspritoERMANCEDUFAUX LanadopelaEditoraDufax

www.editoradufaux.com.br Versodigital 2010

www.luzespirita.org.br

3 ESCUTANDOSENTIMENTOS

ESCUTANDOSENTIMENTOSA ATITUDE DE AMARNOS COMO MERECEMOS

WANDERLEY S. DE OLIVEIRApelo Esprito ERMANCE DUFAUX

4 Wander leyS.deOliveir a(peloEsprito Er manceDufaux)

Queeufaaummendigosentarseminhamesa,que euperdoeaquelequemeofende emeesforceporamar, inclusiveomeuinimigo,emnomedeCristo,tudoisto, naturalmente, nodeixadeserumagrandevirtude.O queeufaoaomenordosmeusirmosaoprprio Cristoquefao.Masoqueacontecer,sedescubro, porventura,queomenor,omaismiservel detodos,o maispobredosmendigos,omaisinsolentedosmeus caluniadores,omeuinimigo, residedentrodemim,sou eumesmo,eprecisadaesmoladaminhabondade,eque eumesmo souoinimigoquenecessrio amar? CarlGustaveJungTHECOLLECTEDWORKSOFCGJUNG volumeXI,par.520

Pugnemosporessalinhatransformadora.Crebroinstrudo, coraosensibilizado, mosoperosasegruposafetivos. Resumamosassimnossaalocuo:homenseducadosna mensagemdeJesus,instituiesinspiradasna Casado Caminho.Contraissonoh egosmoquepersista!!! EurpedesBarsanulfoOpsculo ATITUDEDEAMOR EditoraDufaux

5 ESCUTANDOSENTIMENTOS

OraopeloAmorSenhor, Estamosexaustospelosdescaminhosporqueoptamos. Escolhemosodesamoretombamosnadecepoenarevolta. Asseguranosrumosnovos. Anteoconvitedailuso,fortificanosparafugirmosdosatalhose aderirmos Verdade. Faltanosforaecoragemparaamarcomodeveramos.Porisso Te rogamosque supranossasinibies. Encorajanosazelarcomcarinhoporaquelesquedeliberadamenteno nosquerem bem. Amplianosodiscernimentonousodoequilbriocomquantos fortalecemcom amorTuaparticipaoemnossospassos. Jesus,ensinanosoamorparaquevivamosnocoraoossublimes sentimentosque hmuitolouvamosnapalavraeesquecemosouno sabemoscomoaplicar. Permitanosaprenderagostardavidaeamaransmesmos, enaltecendoomundo comacooperaonaObraExcelsadoPaie celebrandoaddivadavidaemnossoscaminhos decadadia. Pelasplicasinceraquebrotadenossaalmanestahora,dens receba, hojee sempre,agratidodequantosTedevemtantoporrecebermais quemerecemosdoTeu inesgotvelamor. Obrigada,Senhor! ErmanceDufaux

6 Wander leyS.deOliveir a(peloEsprito Er manceDufaux)

NDICEPREFCIO Escutandoaalma ErmanceDufaux pag. 10NaacsticadaalmaexistemmensagenssobreoPlanodoCriadorparanosso destino. Aprender a ouvilas exercitar, diariamente, a plena ateno aos ditames libertadores dos sentimentos. Interferncias internas e externas subtraemnos, constantemente,aapreensodessesrecadosdocorao.

APRESENTAO JaiderRodriguesdePaula pag. 14 INTRODUO ARotadosFilhosPrdigos Calderaro pag. 15Nesta hora grave pela qual passa a Terra, um destrutivo sentimento de indignidade aninhase na vida psicolgica dos homens. Rarssimos coraes escapam dos efeitos de semelhante tragdia espiritual, causadora de feridas diversas.Umadolorosasensaodeinadequaoedesvalorpessoalassomao campodasemoescomefeitoslastimveis.

1. INDIVIDUAOOUINDIVIDUALISMO? pag. 20Naindividuaoocritriocerto/erradosubstitudo pelasperguntas:convm ou no? Serve ou no serve? Questes cujas respostas vm do corao. Somente aprendendo a linguagem dos sentimentos poderemos escutar as mensagensdaalmadestinadasaoatode individuarse.

2.RECEITURIOOPORTUNO pag. 22Hmuitoespritaquefazdaatividadedoutrinriaumdepsitobancriocom intuitodesacartudodepoisdamorte.EmcasoscomoodeAnselmo,chegam aquieencontramsuascontasconcorrenteszeradas.Sendoassimjustoque perguntemsobrea razo,mas nojusto que sequeixemdeningum,a no serdesimesmos.

3.EDUCAOPARAOAUTOAMOR pag. 28O autoamor um aprendizado de longa durao. Conectar seu conceito a frmulas comportamentais para aquisio de felicidade instantnea, uma atitudeprpriadequantos seexasperamcomaprocuradoimediatismo.Amar umalioparaaeternidade.

4.INFORTNIOOCULTONOSGRUPOSDOUTRINRIOS pag. 32Quem analisa um orador, um mdium, um dirigente, um tarefeiro iluminado com as luzes da cultura esprita, enquanto em suas movimentaes doutrinrias, no imagina a dor ntima que atinge muitos deles na esfera de suasprovassilenciosasnoreinodocorao.

7 ESCUTANDOSENTIMENTOS

5.ESTUFASPSQUICASDADEPRESSO pag. 35Devido aos programas coletivos de saneamento psquico da Terra orientados pelo Mais Alto, vivemos um momento histrico. Nunca foram alcanados ndices to significativos de resgate e socorro nos atoleiros morais da erraticidade. Consequentemente, elevase o nmero de coraes que regressamaocorpocarnalsobcustdiadoremorso.

6.IDENTIDADECSMICA pag. 39Quem se ama imunizase contra as mgoas, guarda serenidade perante acusaes, desapegasedaexterioridadecomocondioparaobemestar,foca as solues e valores, cultiva indulgncia com o semelhante, tem prazer de viverecolaboraespontaneamentecom obemdetodosedetudo.

7.CARTADEMISERICRDIA pag. 41Segundo o benfeitor Calderaro, o captulo dez de O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, Os Que So Misericordiosos, deveria ser um dos textos mais estudados entre ns, os seguidores da Doutrina Esprita. Os ambientes educativos dos centros espritas que no cultivarem a misericrdia tero enormesobstculoscomoconflitoimprodutivo resultadodamaledicnciae da hipocrisia,daseveridadeedaintolerncia.

8.ESTUDANDOAARROGNCIAI pag. 46Interessante observar que uma das propriedades psicolgicas doentias mais presentesnaestruturarebeldedaarrognciaaincapacidadeparapercebla. O efeito mais habitual de sua ao na mente humana. Basta destacar que dificilmenteaceitamosser adjetivadosdearrogantes.

9.ESTUDANDOAARROGNCIAII pag. 51O reflexo mais saliente do ato de arrogar a disputa pela apropriao da Verdade. Nossa necessidade compulsiva de estarmos sempre com a razo expressaaaoegostapela possedaVerdade,isto,daquiloquechancelamos comosendoaVerdade.

10.SOMBRAAMIGVEL pag. 55Quandodigosouminhasombra nosignificaquetenhaqueviverconforme sua orientao. Apenas admitila, entender suas mensagens. A sombra s ameaa quando no reconhecida. S pode ser prejudicial quando negligenciamosidentificlacomateno,respeitoeafabilidade.

11.UMALEITURAPARAOCORAO pag. 59A Doutrina Esprita a medicao recuperativa das nossas vidas. Sua substncia ativa o Evangelho. Sua bula estritamente individual. Para cadaumhaver umadosagem eformadeaplicao.

12.SANTIDADEDOSMDIUNS pag. 61Mediunidade o instrumento da vida para desenvolvimento da santidade. Santidade esculpir no corao a sensibilidade elevada. Sensibilidade a medicaoreparadoraparaas almasque tombaram na descrenae naapatia peranteomundo, esquecendosedecooperarcomoPainaObradaCriao.

8 Wander leyS.deOliveir a(peloEsprito Er manceDufaux)

13.NOSSAMAIORDEFESA pag. 66Apiordefesadafaltadeautonomiamedirovalorpessoalpelaavaliaoque as pessoas fazem de ns. Por medo de rejeio, em muitas situaes, agimos contra os sentimentos apenas para agradar e sentirse includo. Quem se definepelooutro, necessariamentetombaremconflitosedecepes.

14.CISODEREINOI pag. 70EstudosMaioresfeitospelosCondutoresPlanetriosdenominamessasituao deregressoouinvoluocomocisodereino,odesejodoEspritoemno assumir sua condio excelsa de homem lcido e consciente perante o universo.

15.CISODEREINOII pag. 73Por essa razo, os trabalhadores do Cristo que conduzem as casas de amor, devem se munir dos recursos do Evangelho no corao, para absorverem a proteodos Servidores do Bema quesefazem dignos. Nem sempre, porm, temosobservadoessecuidado.Osprpriosaprendizestrazememsimesmos, traossimilaresdetristezaeinconformao, revoltaerebeldia,decorrentesde ciclosemocionaisdedisputaarroganteecomplexa.

16.MEDITAO:CUIDANDODACRIANAINTERIOR pag. 78As crianas so fantsticas nas relaes por no nutrirem expectativas na convivncia, desobrigandose de cobranas, ofensas, insatisfaes e aborrecimentos. Aceitar homens como so e respeitarlhes a caminhada medida salutar de paz. Aceitarse como se e sem condenaes estreis e crticasimpiedosasabasedeumavida saudvel.

17.PEDAGOGIADAFELICIDADE pag. 81Uma pedagogia de felicidade deve assentarse no autoamor em busca do self reluzente. Desenvolver as habilidades da inteligncia espiritual tais como autoconscincia, resilincia, viso holstica, alteridade, autoconfiana, curiosidade, criatividade, disciplina no adiamento das gratificaes, sensibilidade,compaixo,naturalidade.

18.SENTIMENTOEOBSESSO pag. 85O conceito de vigilncia vai muito alm de disciplinar os pensamentos. no campo do sentimento que nasce esmagadora maioria das obsesses. A capacidade de pensar livre ou decidir por ns quase nula no concerto universal.Vivemosemregimedecontnuo intercmbioeinterdependncia.

19.QUESENTIMOSSOBRENS? pag. 88O primeiro ato educativo na construo do valor pessoal diluir a iluso da inferioridade.Buscarasrazesdodesamorqueusamosconosco.OCriadornos ama como somos. Temos um nobre significado para Deus.Somente ns, por enquanto,aindano descobrimosovalorquepossumos.

9 ESCUTANDOSENTIMENTOS

20.APALESTRADECALDERARO pag. 91De onde vim? Para onde vou? Que fao na Terra? Que quero da vida? Que os centros espritas tomem como meta neste sculo dos sentimentos o compromisso de auxiliar os seres humanos a investigarem suas reais propostas existenciais, ajudandoos a viver em paz. Ainda mesmo, e principalmente,seosseusdestinosforemalhuressnossas expectativas.

EPLOGO OQUEBUSCAMOSNAVIDA? pag. 98Quanto mais conscincia de nossas necessidades e valores, mais clareza possumos diante de nossa inteno bsica, aquela que norteia a rota evolutivadoSer.Compreendamos queessaconscinciadesinoumanoo racional, mas sentida. Muita diferena existe entre dizer sei que preciso e sintoquepreciso.

PROGRAMADEBEZERRADEMENEZESPELOSVALORESHUMANOS NOCENTROESPRITA pag. 109

10 Wander leyS.deOliveir a(peloEsprito Er manceDufaux)

PREFCIO

Escutando a AlmaOuaquemtemouvidosdeouvir.OEVANGELHOSEGUNDOOESPIRITISMO,AllanKardec

CaptuloXVII, item5

Os apontamentos aqui organizados constituem indicativas s preces angustiadasde milhesdealmasqueanseiamafelicidadesemsabercomoeoquefazer paraalcanla. Inmerasdessasrogativaspartemdecoraesqueridosiluminadoscom o conhecimento esprita. Aflitos uns, desanimados outros, apesar do claro do saber doutrinrio, sentemse frustrados ao examinarem sua vida interior. Tarefas e orientao,prece eesforo,segundosuassplicas,notmsidosuficientes.Continuam, diaaps dia, carregando omartriomental sem solues oualternativas de sossegoe pazinterior. Adentramos o perodo damaioridade. O Espiritismo uma semente viosae promissoracultivadacomsacrifcioerennciaporlavradores heroicos.Contudo,deque servirassementessenoforemlanadasnoterrenofrtil?soboSolescaldantedeste momentodetransioquenoscompetelavrarochoedominaroaradoparaoplantio de um novotemponaprpriaintimidade. Operododemaioridadedas ideias espritasseralcanadocomainstaurao das atitudesdeamoremnossasrelaes.Paraisso,tornaseindispensvelaprofundara sonda dainvestigaomentalnoreinosubjetivodossentimentos. Quandoconseguirmosmelhordesenvolturaparamapearnossavidamoralcom intenes nobres, renovaremos a conduta manifestando serenidade e autocontrole. O caminho universal. o mesmo para todos: o bem e o amor. A forma de caminhar, porm, essencialmenteindividual,particular. Amensagemesprita,emmuitasocasies,difundidacomoameaaerecebida como tormenta por muitos adeptos. Ressalta excessivamente as feridas, estipulam rigidez de conduta e excessos normativos. Urge dar um novo sentido mensagem consoladora. A DoutrinaEsprita a Boa Novados temposmodernos. Suamais nobre caracterstica consoladorasomentesercomprovadaquandoseuspostuladosestiverem aservioda libertaodeconscincias,atravsdaresponsabilidadeedo amor. Nasprecesangustiadasdemuitosadeptos,ouvimosasindagaes:Oqueme falta fazer para ser feliz?, Onde estou falhando?, Ser uma obsesso que me persegue?, Por que me encontro assim?, No deveria estar melhor?, Como harmonizarpadres doutrinrios comsentimentospessoais?Easquestesmultiplicam aoinfinitotraduzindoapelos comoventesedvidassinceras.

11 ESCUTANDOSENTIMENTOS

ApedidodeDoutorBezerradeMenezes amorveltutordasdoreshumanas destinamos ao mundo fsico este volume singelo. Aqui anotamos alguns ensinos

inesquecveisquemarcaramavisitadeumasemanadoinstrutorCalderaroaoHospital Esperana,cujamissofoiarealizaodeservioscomplexosnasmaisprofundasplagas de sofrimentodaerraticidade. Nossos ncleos de amor cristo e esprita aliceraram bases seguras para informaodoutrinrianosculoXX. Competenosagorasemear oafeto,aspropostas renovadorasdocorao,odesenvolvimentodashabilidadesemocionais.OsculoXXI osculodo sentimento. Trabalharpelodesenvolvimentodospotenciaisedasvirtudeshumanas,esseo objetivo sagrado da mensagem imortalista do Espiritismo no sculo XXI. Educar para ser, educarparaconviverbemconsigo,educarparaserfeliz,eisospilaresdaharmonia interiore dafelicidade luzdoEspritoimortalnessesculodocorao. Ainformaoconsolaeinstrui.Atransformaolibertaemoraliza. Ainformaoimpulsiona.Atransformaodescobre. Osinformadospensam.Ostransformadoscriam. A teoria impulsionaa busca de novosvalores. A reeducao dos sentimentos enseja apazinterior. As diretrizes doutrinrias estimulam convenes que servem de limites disciplinadores.Arenovaodasensibilidadeconduznosaoencontrodasingularidade que permiteaplenitudentima. Inteligncia oinstrumentoevolutivoparaasconquistasdefora. Sentimento conquistaevolutivaparaaquisiesntimas. NaacsticadaalmaexistemmensagenssobreoPlanodoCriadorparanosso destino. Aprender a ouvilas e exercitar, diariamente, a plena ateno aos ditames libertadores dos sentimentos. Interferncias internas e externas subtraemnos, constantemente,aapreensodessesrecadosdocorao. Escutarossentimentosnosignificaadotlosprontamente.Masaceitlosem nossaintimidadeecriarumarelaoamigvelcomtodoseles.Aceitlossemreprimir ou se envergonhar. Essa atitude o primeiro passo para um dilogo educativo com nosso mundontimo. Somenteassimteremos umaconexo com nossarealidentidade psicolgica, possibilitando a rica aventura do autodescobrimento no rumo da singularidade aidentidade csmicadoEsprito. Escutar os sentimentos cuidar de si, amar a si mesmo. uma mudana de atitude consigo. O ato de existir ocorre nos sentimentos. Quem pensa corretamente sobrevive;quemsentenobrementeexiste.Opensamentoajanelaparaarealidade;o sentimentoopontodeencontrocomaVerdade. pelanossaformadesentir avida quenostornamossingulares,nicosecelebramosaindividualidade.Quandoentramos emsintoniacomnossa exclusividadeemanifestamosoquesomos,afelicidadeacontece emnossasvidas. OsentimentoamaiorconquistaevolutivadoEsprito.Aprendendoaescut lo, estaremos entendendomelhor a nossa alma. Noexisteum s sentimentoque no tenha importncianoprocessodocrescimentopessoal.Quandodigoamimmesmono posso sentiristo,simplesmenteestoudesprezandoaoportunidadedeautoinvestigao,

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desaber qualouquaissoasmensagensprofundasdavidamental. Oexercciodoautoamorestemaprenderaouviravozdocorao,poisnele residemosditamesparanossapazeharmonia. Os sentimentos so guias infalveis da alma na sua busca de ascenso e liberdade.O autoamorconsistenaartedeaprenderaescutlos,estudaralinguagemdo corao. Pela linguagem dos sentimentos, entendemos o apoio do universo a nosso favor.Mascomoseguir nossossentimentoscomtantasiluses?Eisaingentetarefade nossos grmios de amor espritacristo: educar para ouvir os nossos sentimentos. Radiografar nossocorao.Desenvolverestudossistematizadosdesimesmo. Temos nos esforados tanto quanto possvel para aplicar as orientaes da doutrina com nosso prximo. Mas... E ns? Como cuidar de ns prprios? A proposta libertadorade Jesusestabelece:amaiaoprximo,eacrescenta:comoatimesmo. Osimpulsosdoselfnoatendidos,comotempo,transformamseemtristeza, angstia,desnimo,mauhumor,depresso,irritao,melindreeinsatisfaocrnica. Alm dos fatores de ordem evolutiva, encontramos gravames sociais para a questo dabaixaautoestima. AsgeraesnascidasnasegundametadedosculoXXatingemoalvorecerdo sculo XXI com feridas psicolgicas profundas resultantes de uma sociedade repressiva, cujas relaes de amor, com raras e heroicas excees, foram vividas de modocondicionalatravs deexigncias. Para ser amada, acriana tevequeatender a esteretiposdeconduta.Umamorcompensatrio.Umrigorqueafastaoserhumanode sua individualidade soterrando sua vocao, seus instintos, suas habilidades e at mesmoimperfeies.Opior efeitodessarepressosocialadistnciaquesecrioudos sentimentos. Essa gerao psguerra vive na atualidade o conflito decorrente de cleres mudanasnaeducaoenacincia,queconstrangeaogigantescodesafioderesponder intrigantequesto:quemsoueu? Pacincia,ateno,perdo,tolerncia,nojulgamento,caridadeetantosoutros ensinosdoEvangelhoqueprocuramosnarelaocomoprximo,devemseraplicados, igualmente,a nsmesmos.Entosurgeapergunta:Como? Distantedensapretensoderesponder.Nossapropostaconsisteemoferecer alguns subsdios para pensarmos juntos sobre essa questo. Moveunos apenas o sentimento de ser til, compartilhar vivncias que suscitam o debate, a reflexo conjunta,ameditaoeoestudoemnossosgruposdeamorespritaecristo. Grupos dispostosacompreendera linguagememocionalsobaticadaimortalidade. TemosnoHospitalEsperanaosgruposdereencontro,quesoatividadesde psicologia da alma com fins teraputicos e educacionais verdadeiras oficinas do sentimento. No plano fsico, atividades similares podero constituir uma autntica pedagogia de contextualizao para a mensagem de amor contida no Evangelho e na codificao Kardequiana. Nestaspginasoferecemosalgunsenfoqueselementaresparaacomposiode grupos de estudos luz da mensagem renovadora do Espiritismo, cujo objetivo seja discutir o ingente desafio de aprender amar a ns mesmos tanto quanto merecemos,

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promovendo o desenvolvimento pessoal luz da imortalidade. Grupos de reencontro queseestruturem comoencantadorasoficinasdocorao. Nossos textos nada possuem de conclusivos. Ao contrrio, so sugestes singelascomintuitodeseremdebatidos,pesquisadosecontestados,visandoampliao do entendimentoeumareformulaodeconceitossobaartedesentireviver.Exaramos algumas ideias que nos auxiliam a pensar em nosso bem sem sermos egostas, conquistarmos a autonomia sem vaidade, galgarmos os degraus do autoamor sem arrogncia. Fique claro: autoamor no treinar o pensamento para beneficiar a si, mas educar osentimentoparaescutarDeusemns.DescobrirnossovalorpessoalnaObra daCriao. Tecemos nossas consideraes inspiradas em O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO. AspalavrasimorredourasdaBoaNovaconstituemocnonemaiscompleto depsicologiada felicidadeparaoshabitantesdoplanetaTerra. Faamos o mergulhointerior na fala do Mestre: Oua quemtem ouvidos de ouvir. Emoutraocasio(...)voltouseparaamultido,edisse: quemtocounasminhas vestes?(Mateus,9:29).Escutandoeauscultandoocoraofemininoquelheprocurou rico desensibilidadeeafeto. Escutemosaalmaesuasmanifestaesnocorao!Celebremosaexperincia de amarmonostantoquantomerecemos! O eminente Doutor Carl Gustav Jung asseverou: Nenhuma circunstncia exterior substitui a experincia interna. E s luz dos acontecimentos internos que entendoamimmesmo.Soelesqueconstituemasingularidadedeminhavida.(C. G. Jung, ENTREVISTAEENCONTROS;editoraCultrix).Self1 o arqutipo da totalidade, isto , tendncia existente no inconsciente de todo ser humanobuscadomximodesimesmoeaoencontrocomDeus.ocentroorganizador da psiqu. o centro do aparelho psquico, englobando o consciente e o inconsciente. Como arqutipo, se apresenta nos sonhos, mitos e contos de fadas como uma personalidadesuperior,comoumrei,umsalvadorouumredentor.uma dimensoda qualoegoevoluieseconstitui.OSelfoarqutipocentral daordem,denumerososos smbolosonricosdo Self,amaioriadelesaparecendocomofiguracentralnosonho.(trechoextradodaobraMITOPESSOALEDESTINOHUMANO doescritorespritae psiclogoAdenuerNovaes)

Sombra apartedapersonalidadequepornsnegadaoudesconhecida,cujoscontedosso incompatveiscomacondutaconsciente.(trechoextradodaobraPSICOLOGIAEESPIRITUALIDADE doescritor espritaepsiclogo AdenuerNovaes).

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NotadoMdium:ConceitosJunguianosusadospelaautoraespiritualnaobra.

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APRESENTAOCada Esprito,herdeiroefilhodoPaialtssimo,um mundoemsicomassuasleise caractersticasprprias.AndrLuiz Trechoextradodaobra OBREIROSDEVIDAETERNA PsicografadopelomdiumFranciscoCndidoXavier.

Nagrande batalha da vida, cascalhos e pepitas costumam rolarem juntos. Ao garimpeirocabeaprimaziadesaberdiferencila,afimdedaracadaumoseudestino prprio. Assim tambm so os nossos sentimentos. Necessitamos de coragem e amadurecimento perispiritual para identificlos, adquirindo condies de retirlos dapenumbradopsiquismo,eutilizloscomofator transformadordanossaexistncia. muito difcil conviver com fantasmas acicatando as nossas dificuldades, e depois nos entregarmos ao tribunal da conscincia, onde seremos condenados ao menosprezo. Quemassim vive, jornadeia nos pores da existncia, onde apenas pelas frestasda misericrdiadocriador,vrstiasdeluz. Como pode o Pai da criao esperar daqueles que assim vivem, colaborao mais efetiva?Eestescomosentiremseherdeirossevivemnamisriadesimesmos? Se somoscriadosimagemesemelhanadenossoPai,comoconciliar tantadiferenade propsitos? Ermancenessaobra,comaajudadeoutrosmensageirosdomundomaior,vem emnossosocorro,comointuitodenosorientar,concitandonosadeixardesermosos sicrios densmesmos. Primeiro, pela didtica do conhecimento, vamos retirando as escamas dos olhos,quedificultamaenxergarograndedestinopeloqualfomoscriados.Apspela busca da expresso do sentir, vamos conscientizando, paulatinamente, deste grande destino. ADoutrinaEsprita,bementendida,paransummanancialdeinformaes quenosarregimentacondiesparaestedesiderato. LouvadosejaDeusNossoPaipor nos oferecer mais essa grande oportunidade, no alvorecer de uma nova era. Bem aventuradosseremosns,sesoubermosaproveitla. JaiderRodriguesdePaula(MdicoformadopelaFaculdadedeCincias Mdicas,BeloHorizonte,MG,comespecializaoem psiquiatria,homeopatiae AdministraoHospitalar.ScioFundadorepresidentedaAssociaoMdicoEspritade MinasGerais.MdicoassistentedoHospitalEspritaAndrLuiz(BH). PsiquiatraepsicoterapeutadoInstitutode AssistnciaPsquicaRenascimento(BH). Expositoresprita,comparticipaoempalestras,seminriosecongressos nacionais einternacionais.Coautordoslivros: PORQUEADOECEMOS volumeIeII; DESAFIOSEMSADEMENTAL; HOSPITALESPRITAANDRLUIZ UMLARDEJESUS;e SADEEESPIRITISMO)

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PREFCIO

A Rota dos Filhos PrdigosVemumdiaemqueaoculpado,cansadodesofrer,com oorgulhoafinalabatido, Deusabreosbraosparareceberofilho prdigoqueselhelanaaosps.Asprovasrudes, ouvimebem, soquasesempreindciodeum fimdesofrimentoedeum aperfeioamento doEsprito,quandoaceitascomopensamento emDeus.SantoAgostinho (Paris,1862) OEVANGELHOSEGUNDOOESPIRITISMO,AllanKardec captuloXIV, item9.

Osterapeutasevoluntriosdispostosaserviremaoprximonatarefadeamor e recuperao espiritual no podem dispensar uma anlise cuidadosa da passagem evanglica do Filho Prdigo, constante no Evangelho de Lucas, captulo quinze, versculosonzeatrintaedois.Essamensagemevanglicaahistriadaperegrinao humanaaolongodosevos.A histriadenossocaminharpelaconquistadahumanizao. ConsideremosoegosmocomoadoenaoriginaldoSer.Ningumescapoude experimentlo na espiral do crescimento. At certa etapa, foi impulso para frente. Depois, quandoa racionalidadepermitiu acapacidadede escolher, tornouse amatriz nozolgica das dores humanas, transformandose no hbito doentio de atender aos caprichospessoais. A centralidade dohomemnoegoestruturoua arrogncia sentimento de exagerada importnciapessoal.Perdemosocontatocomafonteinexaurveldavida o self Divino e passamos a peregrinar sob a escravido do eu. O resultado mais infeliz desse caminhar apartado de Deus foi uma terrvel sensao de abandono e inferioridade. O atodearrogar constituiu, pois,a proteoinstintiva daalma contraa sensaodemenosvalia.Essefoiseu primeiropassonoprocessoevolutivoemdireo iluso,ouseja,acriaodeumaimagem idealizada ummecanismodedefesapara no desistir , que fixou a vida mental em noes delirantes sobre si mesma. Assim nasceramnotempoasmatrizespsquicasdasmaisgraves patologiasmentais. Essa autoimagem o delrioprimitivo, um recurso que, paulatinamente, a conscinciafoiobrigadaaconstruirnoconjuntodaspercepesdesimesmaparase defenderdasensaodeindignidadeperanteavida. Nessa tica podemos pensar em psicopatologias como uma recusa em ser humano, uma desobedincia por no querer assumir o que se na caminhada do progresso. Tornarse humano significa assumir sua pequenez no todo universal, ter conscincia da cruel sensao de desconexo com o Criador e do que realmente

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representamosnocontextodobailadocsmico.Mastambmsignificaassumirsecomo FilhodeDeus,umFilhoPrdigodeheranasexcelsasqueprecisadescobrilasporsi prprioeadquirir ottulodeHerdeiroemSuaObra.Issoexigetrabalho,dinamismo, aoeresponsabilidade. Portanto, a velha questo filosfica da realidade mais velha do que se imagina.Fragmentaopsquicanoserestringeapenasaoresultadodedesajustesou traumas.Existeumdesajusteoriginal,umgatilhomilenardosprocessospsquicosdo Esprito, agravados pelas sistemticas recusas em admitir a realidade ntima no peregrinar das reencarnaes. Esse mecanismo defensivo primitivo foi trazido para a Terra por almas desobedientes que o consolidaram em outros orbes. As noes de abandono e castigo trazidas com os deportados incitaram os habitantes singelos da Terra a imitarem as atitudes de rebeldia, orgulho, revolta e desvalor. Analisar o adoecimentopsquicosemessaanamneseontolgicoespiritualdesconsideraracausa profundadasenfermidadessobaperspectiva sistmicadaevoluo. Algumaspatologiasconstitucionais,endgenas,encontramexplicaesricasna compreenso das histrias longnquas da deportao. Isso no uma hiptese to distante quanto se imagina, porque os efeitos dessa histria milenar so ativos e determinantes na atualidade em bilhes de criaturas atormentadas e enfermas. O desajusteprimrio,adificuldadeemaceitararealidadeterrena,fatorpatognicode bilhes de almas reencarnadas e de mais um conjunto de bilhes de outras fora do corpo, formando uma teia vibratria psictica no cinturo da psicosfera terrena. A energiaemanadadasensao coletivadeinferioridadeumaforaepidmicaquepuxa ohomemparatrsedificultao avanodosqueanseiampelaascenso. O tamponamento mental na transmigrao intermundos foi parcial. Os smios psquicos, quando fora do corpo pelo sono fsico, tinham noes claras do sucedido, acendendo o destrutivo pavio da inconformao ao regressarem carne, dilatando a sensao de priso, dio erebeldia. O atoderebelarse passoua ser uma constante nas comunidades que se formaram. Estamos falando de um tempo aproximadodetrintaa quarentamilanospassados. Surgem, nesse contexto emocional e psicolgico, entre dez a vinte mil anos atrs,asprimeirasmanifestaesdeperfeccionismooanseioneurticoderesgatedo perfeito dentro da concepo dos anjos decados. Um litgio que essas almas deportadasassumiramcom Deusparaprovaremagrandezaquesupunhampossuir. Quandofoidinamizadooprocessodistnico?NaTerra?Foradela?Outeramos tambmahiptesedeumaloucuraaprendida?Quecasosdepatologiasseenquadrariam no perfil psquico dos que habitavam a Terra antes da vinda dos deportados? Que componentes nas doenas severas nos permitem analislascomorebeldiaimitada ou rebeldia processual? Que natureza de obsesso envolve as patologias severas?At onde e comoa vivnciado Espritoerranteinfluencianessecontexto? Lanandoo olhar para to longe nas rotas de crescimento humano, ficamais permissvel compreender a estreiteza dos conceitos de muitas correntes das cincias psquicas, que esboam uma valorosa cartografia da mente, porm, rudimentar, incompleta.

17 ESCUTANDOSENTIMENTOS

Sem o estudo dos ascendentes espirituais, jamais teremos uma anlise judiciosadaspsicopatologias.Mormentedoscasosrarosedesafiantesquetmsurgido na transio do planeta, cujo Cdigo Internacional de Doenas insuficiente para classificar. Igualmente, imperioso considerar a relao entre psicopatologia e erraticidade. Existemignoradoslancesdedoremortepsicolgicaquesodeflagrados em aglomeraes subcrostais ou regies abissais da Terra onde transita uma semicivilizaodealmas. Autnticossmiospsquicos. Em tempo algum, como atualmente, no orbe terreno, tivemos mais que 1/5 (um quinto)desuapopulaogeralemprocessodereencarnao.Reencarnarnoto fcilquantopossaparecer. oportunidaderaraedisputada.Cadahistriaindividual requer inmeros quesitos para ser disponibilizada. Laos afetivos, urgncia das necessidadessociais,naturezadoscompromissoscomosseresdasregiesdamaldade. Os pontos de anlise que pesam para a possibilidade de um Esprito reencarnar so muito variados. H coraes que nesse trajeto de deportao, ou seja, nos ltimos quarentamilanos,estiveram nocorpomenosdevintevezes.Oquesignificaafirmarque reencarnam aproximadamente de dois em dois mil anos. Outros no reencarnam h maisdedezmilanos. Portanto, como analisar doenas mentais graves sem considerar que estagiamos na vida dos Espritos, pelo menos, dois teros do tempo da evoluo, incluindo a emancipao pelos desdobramentos noturnos?! Como ignorar a decisiva influnciadasexperinciasdaerraticidade?Enquantooshomens,luzdoEspiritismo, analisamaraizdesuaslutas ntimas,lanandooolharparaasvidaspassadas,urgeuma reflexosobreainflunciadas experinciasdoEspritoerrante. Inmerasalmasjrenascemadoecidas,isto,comoscomponentespsquicos enfermiosemefervescncia. Perdem o prazer de viver ou nunca oexperimentam em decorrncia da fora dos laos que ainda mantm com essas regies infernais da erraticidade. Assevera OLIVRODOSESPRITOS naquesto975:ParaoEspritoerrante,jno h vus. Ele se acha como tendo sado de um nevoeiro e v o que o distancia da felicidade. Maissofreento,porquecompreendequantofoiculpado.Nomaisiluses: vascoisasnasua realidade. Naerraticidade, o Esprito descortina, de um lado, todasas suas existncias passadas;deoutro,ofuturoquelheestprometidoepercebeoquelhefaltaparaatingi lo.qualviajorquechegaaocumedeumamontanha:vocaminhoquepercorreueo quelhe restapercorrer,afimdechegaraofimdasuajornada. Os profissionais da sade mental e mesmo quantos sofrem o amargor do adoecimento psquico necessitam aprofundar a sonda do conhecimento nessas desafiantes questes. Somente atravs de laboratrios de amor nos servios de intercmbios socorristas, realizados distantes de preconceitos e convenes, poder o mdico ou o pesquisador esprita deflagrar um leque imenso de observaes e informaesparaauxiliara humanidadecansadaeoprimida. Alm dos reflexos que conduzem em si mesmos, os doentes mentais cujos quadrosexibem componentes dessanaturezaainda sofrem de simbioses intrigantese

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desconhecidas atmesmopelosmaisexperientesdoutrinadores. A histria da evoluo da alma na humanidade assunto de valor na erradicao dos mais variados problemas sociais. J no basta mais uma anlise perfunctriadaslutashumanas.Imperiosoqueoscoraesmaiscomprometidoscoma arte de amar, estando ou no sob a luz da cincia, lancemse ao mister da pesquisa fraterna e da investigao educativa, em atividades que transponham os limites institucionais do exerccio medinico ou de terapias experimentais, no intuito de rasgaremvus. Umaindagaodocodificadornaquesto973de OLIVRODOSESPRITOS merece anlisenaconclusodenossosraciocnios: QuaisossofrimentosmaioresaqueosEspritosmausse veem sujeitos? No h descrio possvel das torturasmorais que constituem a punio de certos crimes. Mesmo o que as sofre teria dificuldade em vos dar delas uma ideia. Indubitavelmente,porm,amaishorrvelconsisteempensaremqueestocondenados sem remisso. por contadessesentimentodecondenao,incrustadonopsiquismodesde tempos imemoriais, quea criatura, em tese, noconsegue ou desconhece o prazer de viver,a sade. Possivelmente, a esmagadora maioria da populao terrena, por essa razo, estejasituadapsicologicamentenapassagemdoFilhoPrdigoexatamentenoversculo dezenove quediz: J no sou digno de ser chamado teu filho; fazeme como um dos teus jornaleiros. ArotaevolutivadosFilhosPrdigos quesomostodosns umpercurso de esbanjamento psquico atravs da atitude arrogante. Tal ao no poderia ser correspondida comoutrasensaosenodevaziointerior,cansaodesiedesvalimento, que so os elementos emocionais estruturadores da depresso doena da alma ou estado afetivo de penria e insatisfao. A terminologia contempornea que melhor defineessecaossentimentalabaixaautoestima,quadropsicolgicoquenosenseja ampliar ostensivamente os limites conceituais dos episdiosdepressivos, sobenfoque doEsprito imortal. Nesta hora grave pela qual passa a Terra, um destrutivo sentimento de indignidade aninhase na vida psicolgica dos homens. Rarssimos coraes escapam dos efeitos de semelhante tragdia espiritual, causadora de feridas diversas. Uma dolorosasensao de inadequaoedesvalorpessoalassomaocampodasemoescom efeitoslastimveis. Abandono, carncia, solido, sensao de fracasso e diversos tormentos da mente agrupamse na construo de complexos psquicos de desamor e adversidade consigoprprio. SalientaSantoAgostinho:Vemumdiaemqueaoculpado,cansadodesofrer, como orgulhoafinalabatido,Deusabreosbraosparareceberofilhoprdigoqueselhe lanaaos ps. Imprescindvel atestar que nossa trajetria eivada de quedas e erros no retiroudenenhumdensaexcelsacondiodeFilhosdeDeus. ACelesteBondadedo

19 ESCUTANDOSENTIMENTOS

MaisAlto, mesmocientedenossasmazelas,conferiunosabnodareencarnaocom enobrecedores propsitos de aquisio da Luz. a Lei do Amor, mola propulsora do progressoedasconquistasevolutivas. AMisericrdia, todavia, noconivente. Esperanosnocadinhoeducativodo serviopacientedoburilamentontimo.Contraosanelosdeascenso,encontramosem nossa intimidade os frutos amargos da semeadura inconsequente. So foras vivas e renitentesavencer. Sem dvida, a ignorncia cultural causa de misrias sociais incontveis, entretanto, a ignorncia moral, aquela que mata ideais e aprisiona o homem em si mesma, amaiorfontedepadecimentosdahumanidadeterrena. Oamorassimmesmoaindaumalioaaprender.Umalongaepacientelio! Quantasreencarnaesnestemomentotmporobjetivoprecpuorestabelecer o desejo de viver erecuperar aalegria de sentirse em paz!Como operar semelhante transformaosem aaplicaodacaridadeconsigomesmo? Criados para oamor, nosso destino gloriosoea integrao coma energiada vidaecomaliberdadeemseusentidodeplenitudeepazinterior.Ningumficarfora desse FatalismoDivino. Distantes do amor a si, ficaremos merc das provaes sem recursos para sustentar na vida interior os valores latentes que nos conduziro misso individual estabelecidapelo Paiemnossofavor. OautoamorbaseparaumavidaemsintoniacomamensagemdoEvangelho do Cristo.Sua proposta,alis,quenosamemostantoquantoaonossoprximo. Descobrir nosso valor pessoal na Obra da Criao assumirmonos como somos. Sois Deuses, (Joo, 10:34) eis a mensagem de incluso e o convite para uma participaomais conscienteeresponsvelnodestinodecadaumdens. Inspiradaem O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, ErmanceDufauxgarimpa prolas de raro valor com as quais, abnegadamente, oferecenos esta preciosa joia literriaparaaalma.Suasreflexesconstituemoantdotoparaavelhadoenadaqual buscamosnos desvencilhar:oegosmoesuasmltiplasmanifestaesdoentias. Felicitanos avalizla, soba gide do Esprito Verdade, paraque destine aos homensnaTerraumamensagemdepazinterior noresgatedanossacondioexcelsa deFilhos PrdigoseHomensdeBem. CalderaroHospitalEsperana,Marode2005.2

O Hospital Esperana uma obra de amor erguida por Eurpedes Barsanulfonaerraticidade.2

Calderaro o iluminado instrutor de Andr Luiz na obra NO MUNDO MAIOR, psicografia de FranciscoCndidoXavier.

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CAPTULO1

INDIVIDUAO OU INDIVIDUALISMO?Apenas,Deus,emsuamisericrdiainfinita,vospsno fundodocoraouma sentinelavigilante,quesechama conscincia.Escutaia,quesomentebonsconselhoselavos dar.OEVANGELHOSEGUNDOOESPIRITISMO captuloXIII, item10

O que certo e errado perante a crise das certezas que dominam a humanidade? Quais so as bssolas para nortear a conduta neste cenrio de transformaesclerespor quepassamassociedades? Apalavra conceito querdizer ideia quetemosdealgooualgum.Analisamosa vidaeosfatospelaticaindividualdenossasconceituaes. Nossoentendimentono ultrapassa esse limite. Alguns desses conceitos resultam da vivncia. Foram estruturadospelousodetodosnossossentidos,adquirindosignificados. Chamamolos experincia. Outros so fruto da capacidade de pensar e adquirir conhecimento. Determinam os pensamentos predominantes na vida mental. Quando criamos fixao emocionalaessepadrodopensar, nasceopreconceito. A experincia leva ao discernimento. O discernimento a porta para a compreenso.A compreensoidentificaaVerdade. O preconceito conduz ao julgamento. O julgamento sustenta os rtulos. Os rtulos distanciamdarealidade. AatitudeconstrutivanaObradaCriaodependedahabilidadederelativizar. At mesmo a experincia, por mais preciosa, necessita ser continuamente repensada, evitandoa estagnaoemclichs. A vida regida pela Suprema Lei da Impermanncia. Certo e errado so critrios sociaismutveissobaperspectivasistmica.Apesardisso,sorefernciasteis maioria dos habitantes da Terra. Funcionam como estacasdisciplinadoras. Porm, em certa etapa do amadurecimento espiritual, constituem amarras psicolgicas na descobertadarealidadepessoal,cujariquezaestnossignificadosnicosconstrudosa partirdosditames conscienciais. O Doutor Carl GustaveJung chamou deindividuao oprocesso paulatinode expressar nossa singularidade, isto , a Marca de Deus em ns; o ato de talhar a individualidade,aqueleserdistintoenicoqueestlatentedentrodens. Naindividuaoocritriocerto/erradosubstitudopor algumasperguntas: convmouno?Queroounoquero?Serveounoserve?Necessitoounonecessito? Questes cujas respostas vm do corao. Somente aprendendo a linguagem dos

21 ESCUTANDOSENTIMENTOS

sentimentospoderemosescutarasmensagensdaalmadestinadasaoatodeindividuar se.E sentimentovalormoralafervelexclusivamentepornsmesmosnotriosagrado da intimidadeconsciencial. Somosaquiloquesentimos.Asmscarasnodestroemessarealidade.Quando aprendemoso autoamor,abandonamosocrticointernoqueexisteemnsepassamos aexercer agenerosidadedoautoperdo,ouseja, aaceitaoincondicionaldacriatura ainda imperfeitaquesomos.NossaintegraocomaVerdadedependedoconhecimento dessa realidade particular: escutar a alma! Ela se manifesta na conscincia cujos sentimentosconstituemoespelho.Atravsdassensaes,noseusentidomaisamplo,a almase manifesta. Escutando a alma, conectados sua sabedoria interior, desligamos dos padres, normas, ambientes, pessoas e filosofias contrrias nossa felicidade e inadequadasao caminhoparticulardeaprimoramento. Saberoquenosconvm,saberoquetil,exigedilatadodiscernimentoaliado ao tempo. Quando usamos os rtulos certo/errado, fomentamos a culpa e a punio. Quando sabemos o que nos convm, agimos e escolhemos com responsabilidade na condiodeautoresdonossodestino.Quandoamadurecemos,percebemosquecertoe erradosetornam formasdeentender,experinciasdiversificadas. O caminho de ascenso para todos ns, Filhos de Deus, o mesmo, apenas muda a maneira de caminhar. Cada criatura tem seu passo, seu ritmo, sua histria. Refletindo sobre conceitos, teamos algumas ilaes para que no nos confundamos: grandedistnciaseparaoprocessodeindividuaodaatitudede individualismo. Na individuao encontramos a necessidade, enquanto no individualismo temosa prevalnciadointeressepessoal. Naindividuaotemosaalma;noindividualismo,apersonalidade. Naindividuaotemosaconscincia;noindividualismo,oego. Na individuao existem descoberta e criatividade; no individualismo, a imitaoea disputa. Na individuao temos o preparo e o amadurecimento; no individualismo, a precipitao. Na individuao experimentamos a realizao pessoal; no individualismo, a insaciedade. Aindividuaofrutodoamor;oindividualismoaleiradoegosmo. Na individuao floresce o crescimento espiritual; o individualismo a sementeira doegosmo. O individualista, queira ou no, tambm caminha em seu processo de individuao. Evidentemente,commenosconscinciaesuasreaisnecessidades,permitindo larga soma de interesses particularistas. Sabendo que todos rumam para o melhor, Jesus,emSuaexcelsasapincia, estabeleceu:Vsjulgaissegundoacarne,euaningum julgo (Joo, 8:15). Se Ele, que podia, no julgou, por que ns, que d'Ele seguimos os ensinos,vamosagircomoquempodeescutarosalvitresdaalmaalheianatentativade definiroquecertoouerrado?Qualdensestaremcondiodenutrircertezasea atitudedoprximouma expressodeindividuaoouumcativeirodepersonalismo?

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CAPTULO2

RECEITURIO OPORTUNOTereis,contudo,razo,seafirmardesqueafelicidade seachadestinadaaohomem nessemundo,desdequeelea procure,nonosgozosmateriais,simnobem.OEVANGELHOSEGUNDOOESPIRITISMO captuloXI item13

Desdeoseudesenlacedocorpofsico,DoutorIncioFerreiratemcomotarefa matutina receber doentes em seu consultrio no Hospital Esperana. Algumas vezes, devidoaoagravamentodosquadrospsquicos,algunspacientessoacolhidosemalas especficasderecuperao.Acompanhandoomuitasdessasvisitaesdeamor,viemos aconhecerocasoAnselmo,lderespritaexperienteevalorosopormaisdequarentae cincoanosnoTringulo Mineiro. Ao chegar ala, foi recebido por Manoel Roberto, o enfermeiro dedicado ao velhocompanheiro desde ostempos do sanatriopsiquitrico uberabense. Informado sobreo agravamentodoquadro,DoutorIncioabordouopaciente: Anselmo!Anselmo!Comopassameubomamigo? Pssimo! Porqumeufilho? Osenhortemconhecimentodoquepasseiduranteavidafsica? Sim.Estudosuafichahvriosdias. Ento deve saber que um terrvelestado de desgosto ntimo acompanhou todaaminhavida.Fiqueifirmenaatividadeespritanaesperanadeterumpoucode sossego nesteplano,masparecequenoterei,nomesmo? Cadaqualcolheoqueplantou!... Poisvoudizeraosenhor:snosuicideinocorpoporsaberdasdificuldades de tal ato. Vontade no me faltou, pois a cada dia que passava, angustiava ver minha penria. Orao, trabalho e estudo no me curaram a tormenta. Contudo, minha alternativafoi continuaratrabalhareesperarparadepoisdamorteoalvio,alibertao. Agorachegoaqui eoquetenho?Maistormenta,remdioseinternao. Ecomosesentediantedisso? Euqueromataravida,jquenotivecoragemdematarocorpo.Doutor, possvelsesuicidarporaqui?possvel?Sefor,podemeensinar?! Sossegue, homem! Depois de quatro crises ainda pensa nisso? Faa um esforo maior! Esforo?!MaisdoquefiznaTerra?Paraqu?Meusproblemascomearam ao reencarnarecontinuamdepoisdomeuretorno.Paramimchegadelutas! Todostemosproblemas,meufilho!

23 ESCUTANDOSENTIMENTOS V me dizer que o senhor, como mdico nessa casa de luz, tem algum problema! Quemestdeitadoequeixandosoueu,enoosenhor! Tenhomaisproblemasdoquevocpossaimaginar!Emverdade,Anselmo, nossosproblemasiniciaramquandoapartamosdeDeus.Issosedeuhmilniossem conta... Eusoudeportadodeoutromundo,nosou? Deixemosesseassuntoparaoutrahora esquivouseoservidor. Nuncativeprazerdevivernavidafsica.Noseienemseseibemoque isso. No devemos mesmo ser deste mundo. Contudo, se aspiro ser feliz, devo ter experimentado issoalgumdia.Osenhorconcordacomigo? Certamente! Achei que morrendo, depois de tanta dor, fruiria o bemestar, a paz. Entretanto, creioquedevoter esquecidoalgoduranteavidacorporal...Estranho,Doutor Incio!J morriecontinuocomvontadedemorrer.OqueistomeuDeus?!Quandovai terminar esteinfernonamente?Qualaminhadoena? Depresso! Depresso?!Ecomocuraristo? Aprendendoaviver. Eunotenhodepresso.Pessoascomdepressonolutamcomoeulutei. Possolheaplicarumteste,sevocdesejar. Aplique. Respondacomsinceridade:vocsentiadesnimo,inconformaoeangstia com frequncia navidafsica? Sim.Muito. Issodepresso. Mas nunca nenhum mdico jamais diagnosticou! No mximo falavam em cansao. Depressocansaodeviver,meufilho. Ecomonosentirissocomavidaquetive? Aperguntaestmalformulada,Anselmo.Melhorseriadizerassim:Ecomo no sentirissodeixandodeaceitaravidaquetive!Depressonoaceitaravidacomo ela. Masfuiresignado. Oquevocentendeporresignao? Suportarasprovasdavidacompacincia. Noisso! No?!EntooqueDoutorIncio? Vocesqueceuumaparteessencialemseuconceito.suportarasprovasda vida compacinciaejamaisdesistirdebuscarlhesasoluo. Eufizisso! alegouopaciente. Nofez! retrucouopsiquiatracomsuatpicafranquezaeironia. Fiz! Nofez!Tenhosuafichaequemoencaminhouparacmedeudetalhesde suaexistncia.Digamosquevocfezissoatporvoltadosquarentaanosdeidade,em

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seus primeiros quinze anos de Espiritismo, depois s se queixou. Voc desistiu sem assumir que desistiu. No faliu, porm, deixou de crescer tanto quanto podia. Voc cansou por dentro, e no admitiu. Os outros trinta anos passaram na revolta e com esperana de morrer logo para fruir. Continuou sua tarefa por fora, esquivandose do dever damelhora pordentro. Instalouse o vazioea vida passou. Vocfoi trado pela famosafrasedemuitoscristos distradosqueesbanjamtempoeoportunidades. Quefrase,Doutor? Asfamosasfrasesproferidasportodosaquelesquesedeixaramabaterpelo egosmo e se cansaram das refregas doutrinrias: Agora vou cuidar de mim, dar um tempo paramimmesmo!Chegadosespritas! Nesse nterim, Anselmo modificou sua fisionomia por completo e comeou a esbravejar: J ouvi falar na segunda morte. (Nota do mdium: Vide o captulo Ovoidizao na obra medinica CARO REDIMIDO Esprito Adamastor editora INEDE.)ElaexistemesmoDoutor?Seexistir,prefiroaaterqueviver.Querovoltaraos reinosinferiores!AscoisasnoforamcomodesejeinaTerrae, pelovisto, noseroa contentoporaquitambm. Avidaoesperaricadeoportunidades.Svocnoconsegueperceber! Nadadeucertonaminhavida!Noquerotentarmais! Engano, meu filho! Talvez, nada tenha sado como voc desejou. Isso no significa que nodeucerto.Emverdade,deucertoevocnoentendeu. Setivessedadocerto,eunoestarianestascondies. Vocestnestascondiesporquenoaceitou;bemdiferente! Noaceitomaisnadadavida. Chega!Inclusivenoqueroosenhorcomoo meu mdico! Issofcilderesolver.Defato,nosoudosmelhores! Existesempreuma resposta honestanoslbiosdoDoutorIncio. Eunoqueroviver,DoutorIncio!Osenhorentende? falouaosprantos. Para mim,chegadeexistir;eunoquerosernada.Alis dissecomdionosolhos euqueroser umvermerastejantequenoprecisapensaresecuidar!Ajudeme,Doutor Incio!Mateme, peloamordeDeus! UmchoroconvulsivotomoucontadeAnselmo.Namedidaemqueaumentavao extravasamento da dor, ele se contorcia pelo leito. Doutor Incio, percebendo a gravidade, fez um sinal com a cabea e alguns enfermeiros atentos e delicados lhe sedaram comelevadadose de sonferos. Algumas tcnicas dedispersoeasperso de fluidosforamministradas quandoopacienteadormeceu.Pareciaagoraumacrianaem profundodescanso. Vamosretirlodestaala,Doutor? IndagouManoelRoberto. Vamoslevloparaasincubadoras. Paraasincubadoras?Mas... Eujseioquevaidizer,Manoel!Ocaso,porm,exigeateno. Pensava que as incubadoras fossem apenas para os que se encontram na segunda morte. Apriorisim.Casoscomoodenossoamigocomcrisestosucessivaspodem

25 ESCUTANDOSENTIMENTOS

atingiressepatamarinstantaneamente,senoconseguirredirecionarseupensamento. Estaasua quintacrise. Seeleestivessenasmosdealgumaorganizaodomal! Se estivesse l, j no seria gente. Com este estado mental, j o teriam transformado no que desejassem, inclusive em mentor de centro esprita considerandoa vastaexperinciadoutrinriaquetem. Vamos transportlo aos sagues restritos solicitou Manoel Roberto a alguns padioleiros. Amanhretornareiaocaso, Manoel. Estudaremos uma juntamdica o seu histricoelevantaremosumaanaliseprofunda. No dia seguinte, reuniramse em pequena sala nos pavilhes inferiores do nosocmiooDoutorIncio,DonaModesta,ManoelRoberto,doispsiquiatrasdaalmae alguns experientes tarefeiros dos abismos. A reunio para estudar o caso Anselmo iniciouse com a orao dirigida a Jesus. Dona Modesta, na condio de mdium, percebeuirradiaesdamentedeelevadaentidadeprotetoradosvalesdasombraeda dor.TratavasedeIsabeldePortugal,aRainhaeSantaMedospobres. Umapequena mensagemfluiupelapsicofoniadamdium, quenotinhaconhecimentodetalhadodo casoemestudo: Anselmo uma esperana dos cus. Sua alma ergueuse dos lamaais da penria e do mal, atingindo as margens seguras do desejo de ser melhor. Saindo das cavernasdoexclusivismoedasolido,formoufamliaeprojetouseaoeducandrioda convivncia. Premido pelas decepes e desgostos, ainda frgil e inseguro, resvalou novamente para o cio, criando umaredoma nocorao temerosoeassustado. Lutou quantopdepelacondutareta,considerandoafragilidadedesuasforas.OEspiritismo fez luz em sua mente, prevenindoo de quedas bruscas. Seu corao, no entanto, encontrase encharcado pela tristeza face os desatinos de outros tempos, pelos quais ainda no realizou o suficiente. Concedalhe, em nome de Jesus Cristo, o repouso temporrio. Internemno poralgunsmeses na incubadora da inconscincia sobmeu aval.PazemCristo,Isabel. Agradecemosati,ohRainhadoAmor!Osteusalvitresamorveisnoscalam fundo naalma expressou DoutorInciocomgratido. Areunioprosseguiusobainspiraodamensagemalentadora.DonaModesta expressouse: MeuDeus!Comotmaumentadooscasosdeespritasnestequadro! Nopoderiaserdiferente asseverouDoutorIncio. Como classificar semelhante estado da alma? Ser mesmo depresso? indagou ManoelRoberto. Sim.Emconceitomaisvasto,evidentemente.Nofalodadepressoqualos homenssereferemnosrespeitveiscdigosdedoenasdamedicina. Faaumasntesedoquadro,Incio solicitouDonaModesta. Ao renascer, o Espritoimprime nocorpo osreflexos de sua vidaemotiva determinando os caracteres biolgicos que melhor atendam a suas necessidades de aperfeioamento.Muitascriaturas,nestetempodetransioplanetria, passaramlongo perodoemincubaopsquicanovalessombriosnosquaisadquiriramostraosdo

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derrotismo e da no vida. Sob o jugo de mentes perversas, esses irmos, foram conduzidos aos charcos da morte interior. So hipnotizados pela ideia de no mereceremexistirapsquedaslamentveisexploradasporessashordasdomal.Assim, regressam ao corpo sem desejo de viver. Uma depresso induzida. Uma terrvel atrao para a paralisia, a culpa e a insatisfao. Desapontados e contrariados em anseios pessoais,slhesrestadesistireparar. Essaaordemmentaldoentiaquecolheramemtaisregies. Equandoencarnados? atalhouManoelRoberto. Quandoencarnados,sentemsedesajustadoscomoatodeviverelutarpela sobrevivncia.Negampsicologicamenteavidafsica,aordemsocialeoprpriocorpo. Quandoconseguemalgoqueosmotive,logoperdemoencanto.Sodesajustadoscoma vida. Quando so espritas, a situao parece ser bem pior! asseverou Dona Modesta. verdade, Modesta! Como so almas que se sentem inferiores, quando aderem ao Espiritismo e comeam uma caminhada valorosa, saltam para o outro extremo, isto , sentemse os mais valorosos do planeta. Passam a se julgar muito capazes e com muitas respostas. Fato que no deixa de ter sua parcela de verdade. Todavia,valorizamseem excessoecriamojogodasaparncias,osesteretiposcomos quais tentam crerse mais fortes que realmente sentemse. a ttica do orgulho que procuraabafarainferioridadeecarcomeomundontimo.Paraseprotegeremdeseus complexos de fragilidade, desenvolvem crenas de grandeza com as quais se sugestionamanteavidaparadarcontado prprioatodeexistir. Nocompreendi! externoucomhumildadeoenfermeiro. Muitosdelesnotmcoragemdeadmitir,masdetestamvivereser quem so. Por isso adoram as cantilenas de grandeza e as melodias da iluso. Se no conhecessem a doutrina, possivelmente, muitos deles, exterminariam a vida. lamentvel! Conhecem abundantemente sobre o mundo dos Espritos e sabem uma misriasobresiprprios... Incio, ter sido essa a razo pela qual Isabel ressaltou o progresso de Anselmo? Sim,Modesta!PelomenosnocasodeAnselmo,encontramoscrescimento. Nosdemais... insinuouDonaModesta. Anselmochegouaquiadoecido.Amaiorianemchega... concluiuomdico. Por essa razo, no podemos estipular ndices de comportamento para ningum. Sem conhecer sua histria evolutiva, acabamos nos julgamentos estreis e antifraternos acrescentouDonaModesta. Alguns dos trabalhadores presentes externaram suas participaes com sabedoria.Umpsiquiatradaalma,cooperador nasresponsabilidadesdoDoutor Incio noHospital, habituadoaoepisdio,destacou: Imperioso levar aos amigos espritas no mundo um receiturio oportuno. Nossos irmosprecisamingerircom frequncia trsmedicaesindispensveis. Quais? mostrousecuriosoManoelRoberto. Aprimeiraacreditarquemerecemafelicidade,assimcomotodososseres

27 ESCUTANDOSENTIMENTOS

humanos. E a segunda parar de encontrar motivos externos para suas dores, descobrindolhes ascausasntimas. Eaterceira?! indagoucuriosoumdospresentesaodebate. Pedindolicena,foioprprioDoutorIncioquemrespondeu: A terceira parar de pensar em felicidade para depois da morte e tentar viver a vida do modo ou mais feliz possvel. H muito esprita que faz da atividade doutrinria um depsito bancrio com intuito de sacar tudo depois da morte. Em casos como o deAnselmo,chegam aquie encontram suas contas correntes zeradas. Sendoassimjustoqueperguntemsobrearazo,masnojustoquesequeixemde ningum, a no ser de si mesmos. O LIVRO DOS ESPRITOS na questo 920 fala sobre o assuntoafirmando:dele, porm, dependeasuavizaodeseusmaleseoser tofeliz quanto possvel na Terra. e arrematou o mdico uberabense: tudo depende do bemquesemearmosedaatenoquedamossnossasreais intenesdcrescimento.

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CAPTULO3

EDUCAO PARA O AUTOAMOROamordeessnciadivinaetodosvs,doprimeiroao ltimo,tendes,nofundodo corao,acentelhadofogosagrado.Fnelon.(Bordus,1861)OEVANGELHOSEGUNDOOESPIRITISMO captuloXI item9.

Omaisingnuoatodeamorasiconsistenalaboriosatarefadefazerbrilhara luzquehemns.Permitirofulgordacriaturacsmicaqueseencontranosbastidores das mscaras e iluses. Somente assim, escutando a voz de nosso guia interior, nos esquivaremosdasfalciasdoegoquenosinclinaparaasatitudesinsanasdaarrogncia. Quando no nos amamos, queremos agradar mais aos outros que a ns, mendigamos o amor alheio, j que nos julgamos insuficientes ou incapazes de nos querer bem. Nestemomento de perspectivasalvissareirascoma chegadado sculoXXI, a esperanaacenacomhorizontes iluminadosparaacaminhadadeascensoespiritualda humanidade. O resgate de si mesmo h de se tornar meta prioritria das sociedades sintonizadascom o progresso.O bemestar do homem, no seu maisamplo sentido, se tornar o centro das cogitaes da cincia, da religio e de todas as organizaes humanas. Perante esse desafio social, sejamos honestos acerca do quanto ainda temos por laborar paraerguer a comunidadeespritaao patamar de escolacapacitadora de virtudesem favordasconquistasinteriores. Quantos se encontrem investidos da responsabilidade de dirigir e cooperar com os grupamentos do Espiritismo, priorize como compromisso essencial de suas vinhasoato corajosodetrabalharpelaformaodeambienteseducativos,motivadores daconfiana espontneaedocomprometimentopelocorao. Trabalharpelafelicidadedohomemdeveseroobjetivomaiordasagremiaes doutrinriasorientadaspelamensagemdeamordoEvangelho.Osmodeloseconceitos inspirados nosprincpiosespritas que no se adequaremcondio de instrumentos facilitadoresparaaalegriaealiberdadehaverodeserrepensados. No podemos ignorar fatores de ordem educacional e social que estimulam vivncias ntimas da criatura em sua caminhada de aprendizado. As ltimas duas geraesquesofreramdemodomaisacentuadoosprocessoshistricosecoletivosda represso atingem a meia idade na atualidade. Renasceram ao longo das dcadas de cinquenta e sessenta e se encontram em plena fase de vida produtiva, sofridas pelas sequelas psicolgicas marcantesdeautodesamor. Outrofator, maisgraveainda, soascrenasaliceradasemsucessivasvidas

29 ESCUTANDOSENTIMENTOS

reencarnatrias que constituem slida argamassa psicolgica e emocional, agindo e reagindo, continuamente, contra os anseios de crescimento ntimo. O complexo de inferioridadeacondiocrmicacriadapelohomememseuprpriodesfavor. Nada,porm,capazdebloquearoudiminuirofluxodesentimentosnaturais edivinosqueemanamdaalmacomoapelosdebondade,serenidadeeelevao.Nema formaoeducacionalrgidaouosvelhoscondicionamentossosuficientesparatolhera escolha do homem por novos aprendizados. O self emite, incessantemente, energias sublimadas,adespeitodosfatoressociaisereencarnatriosqueagrilhoamamente aos cadinhosregenerativosdoconflitoedador. Paulo,oapstolodeTarso,asseverou:Porquenofaoobemquequero,mas omal quenoqueroessefao.(Romanos,7:19). Contraosobjetivosdavidaprofunda,temosforasvivaemnsmesmoscomo efeitosdenossosdesatinosnasexperinciaspretritas. Considerandoessamanifestao celestedoserprofundo,competenostalharcondiesfavorveisparaoaprendizado dasmensagensdaalma.Aprenderaouvirnossossentimentosverdadeiros,osreclames doEspritoquesomosnsmesmos. A palavra educao vem do latim educare ou educere. Provrbio: e. Verbo: ducare, ducere.Seusignificadotrazerluzuma ideia,levarparafora,fazersair,extrair. Essaatarefadoscentrosespritas:oferecercondiesparaqueohomemextraiadesi mesmoseu valordivinonaObradaCriao. Em nossos projetos de religiosidade no centro esprita, o autoamor deve constituir lioprimordial.Espiritualidadesignificagrandezadesentimentosparaviver. Essaaviso docentroespritaemsintoniacomaalmadoEspiritismo,umaverdadeira noode imortalidadesentidaeaplicada. O autoamor um aprendizado de longa durao. Conectar seu conceito a frmulas comportamentais para aquisio de felicidade instantnea uma atitude prpriadequantos seexasperamcomaprocuradoimediatismo.Amarumaliopara aeternidade. Que habilidades emocionais temos que desenvolver para o autoamor? Que cuidados adotar para aprendermos uma relao de amorosidade conosco? Como alcanaracondiodencleosavanadosparadesenvolvimentodosvaloresdaalma? Que iniciativastomar para queascasasespritas sejamredutos deaprimoramento de nossossentimentose escolaseficientesdecriatividadeparasuperaodenossasdores? Que tcnicas e mtodos nos sero teis para incentivar a alegria e a espontaneidade afetiva? Como implementar escolas do sentimento em nossos grupos doutrinrios de estudo sistematizados? Que temas enfocar namelhor compreenso dasmanifestaes profundasdaalma? Falase, em nossos ambientes de educao espiritual, que no somos bons ouvintes. De fato, uma das habilidades que carecemos aperfeioar nas relaes interpessoais aarte de ouvir. Mas, damesma formaque guardamos limitaes para ouvir o outro, tambm no sabemos ouvir a ns mesmos. Que tcnicas adotar para estimularnossahabilidadedeser umbomouvinte? Ouviraalmaaprenderadiscernirentresentimentoseoconjuntovariadode manifestaes ntimas do ser, sedimentadas na longa trajetria evolutiva, tais como

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instintos, tendncias, hbitos, complexos, traumas, crenas, desejos, interesses e emoes. Escutaraalmaaprenderadiscerniroquequeremosdavida,nossainteno bsica. AintenodoEspritoaforaqueimpulsionaoprogressoatravsdoleque dos sentimentos. A inteno genuna da alma reflete na experincia da afetividade humana, construindo a vastido das vivncias do corao a metamorfose da sensibilidade.Aconquistadesimesmoconsisteemsaberinterpretarcomfidelidadeo que buscamos no ato de existir,a inteno magnnima que brota das profundezas da almaemprofusode sentimentos. Os discpulos sinceros do Espiritismo reflitam na importncia do autoamor como condio indispensvel ao bom aproveitamento da reencarnao. Estar em paz consigo recursoelementarnaboaaplicaodosTalentosDivinosansconfiados. Amarsenosignificalaborarporprivilgiosevantagenspessoais,masomodo comoconvivemosconosco. Resumese, basicamente, como tratamos a ns prprios. A relao que estabelecemos como nosso mundo ntimo. Sobretudo, o respeito que exercemos quilo que sentimos. A autoestima surge quando temos atitude crist com nossos sentimentos. O amor a si no se confunde com o egosmo, porque quem tem atitude amorosaconsigo estcentradonoself.Deslocouofocodeseussentimentospara afontedesabedoriaeelevao,criandoressonnciacomoritmodeDeus.Amarseir aoencontrodo SiMesmocomodenominavaJung. Alinhavemos alguns tpicos sugestivos que podero constar no programa de debates para reeducao da vida emocional e psicolgica luz dos fundamentos do Espiritismo. Tomemos por base a anlise educacional de Allan Kardec que diz na questonmero917de OLIVRODOSESPRITOS: A educao convenientemente entendida, constitui a chave do progresso moral. Quando se conhecer a arte de manejar os caracteres, como se conhece a de manejar as inteligncias, conseguirse corrigilos, domesmo modo que seaprumam plantas novas. Essa arte, porm, exige muito tato, muita experincia e profunda observao. grave erro pensarse que, para exercla com proveito,baste o conhecimentodaCincia. Responsabilidade Somososnicosresponsveispelosnossossentimentos. Conscincia Osentimentooespelhodavidaprofundado sereexpressaos recadosdaconscincia.Nossossentimentossoaportaqueseabreparaesse mundoglorioso queseencontraoculto,desconhecido. tica para conosco Somos tratados como nos tratamos. Como sermos merecedoresdeamordooutro,senorecebemosnemonossoprprio? Juzodevalor Noexistemsentimentoscertosouerrados. Automatismos e complexos O sentimento pode ser sustentado por mecanismos alheiosvontadeeinteno. Autoamor um aprendizado Construir um novo olhar sobre si, desenvolver sentimentos elevados em relao a ns, constitui um longo caminhodeexperinciasnas fieirasdaeducao. Domniodesi Educarsentimentostomarpossedensprprios. Aceitao Sexisteamorasiatravsdeumarelaopacficacoma sombra.

31 ESCUTANDOSENTIMENTOS

Renovao do sistemade crenas Superar os preconceitos. Julgamentos formuladosapartirdosistemadecrenasdesenvolvidascombasenaopinio alheiadesdea infncia. Ao no bem Integrao em projetos solidrios. A aquisio de valor pessoale convivnciacomadoralheiatrazemgratido,estimapelasvivncias pessoais. Cuidando bem de ns prprios, somos, simultaneamente, levadosa estender ao prximo o tratamento que aplicamos a ns, independente de sermos amados, passamos a experimentar mais alegria em amar. A tica de amorasideveestarafinadacomoamoraoprximo. Assertividade Dilogo interno. Uma negociao ntima para zelar pelos limitesdo interessepessoal. Florescer a singularidade O maior sinal de maturidade. Estamos muito afastados doqueverdadeiramentesomos. Terasrdeasdesimesmo Paramuitosopersonalismosurgenesseatode gerir a vida pessoal com independncia. Pelo simples fato de no saberem comomanifestar seusdesejosesuasintenes, abdicamdocontrolentimoe submetemseaocontroleexternode pessoasenormas. Construo da autonomia Autonomia capacidade de sustentar sentimentos nobresacercadensprprios. Identificaodasintenes aprenderareconhecer oquequeremos, qual nossa busca na vida. Quase sempre somos treinados a saber o que no queremos.

Sentirsebemconsigosinnimodefelicidade,acessoliberdade.permitir que a centelha sagrada de Deus se acenda em ns. Conhecer a arte de manejar caracteres. Portanto,afelizcolocaodeFnelonmereceanossamaisardorosaateno: O amor essncia divina e todos vs, do primeiro ao ltima, tendes, no fundo do corao,a centelhadessefogosagrado. NoesqueamosarecomendaodeLzaro:OEspritoprecisasercultivado, como um campo.Todaariquezafuturadependedolaboratual,quevosgranjearmuito maisdoquebensterrenos:aelevaogloriosa(OEVANGELHOSEGUNDOOESPIRITISMO captuloXI item8).

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CAPTULO 4

Infortnio Oculto nos Grupos DoutrinriosMas,apardessesdesastresgerais,hmilharesde desastresparticulares,quepassam despercebidos:osdosque jazemsobreumgrabatosemsequeixarem. Essesinfortnios discretoseocultossoosqueaverdadeiragenerosidadesabe descobrir,semesperarque peamassistncia.O EVANGELHOSEGUNDOOESPIRITISMO CaptuloXIII item4

Com muitafrequncia, constatamse medidas e alertas de vigilncia contra o orgulho nos abenoados ambientes doutrinrios. Verdadeira campanha espontnea tomoucontadasearaemtornodoscuidadosquesedeveteracercadosefeitosnocivos do personalismo. Ningum h de contestar o valor de tais iniciativas. Entretanto, enquantoempenhamonoscontraessecostume,perceptvelpelaostentaocomaqual semanifesta, extensagamadediscpulospadececomoutrotraomoralenfermio,nem sempretoevidentenacondutahumana:abaixaautoestima.Uminfortnioocultoque solicitanossa ateno. Asensibilidadehumanatemsidoinsuficienteparadetectarocaosinteriorem que vivem inmeras criaturas, escondendose por trs das mscaras sociais, temendo tornarem conhecidosseusdramasinenarrveisqueconfiguramumautnticoquadrode loucura controlada. A mesma raiz que vitaliza a vaidade responsvel pela carncia de estima pessoal. O orgulhoqueprocurabrilhar nopalcodoprestgio, assimcomoaatitudede desamorasimesmo,somanifestaesdosentimentodemenosvaliaoucomplexode inferioridade,que tomacontademultidessemcontanoorbeterreno. Podemos facilmente confundir atitudes de baixa autoestima com comportamentos personalistas. Criaturas com escassez de autoamor lutam para preservar suas reais intenes demonstrando, para tal, pouca ou nenhuma habilidade atravs de atitudes desconectadas de seus verdadeiros sentimentos;adotam condutas defensivasquepodemserinterpretadascomoindividualismoeingratido.Nofundose debatemcomaincapacidadedeestabeleceremlimitesdeproteoaomundodosseus sentimentospessoais.Estoemconflitoereagemdemodonemsempreadequadoante aquiloquelhesconstituiameaa,deixandoclaraacomplexidadedaalmahumanaque, paraserentendidaemsuasaesereaes,solicitanosampliadacomplacnciaelargo discernimento.

33 ESCUTANDOSENTIMENTOS

Quem analisa um orador, um mdium, um dirigente, um tarefeiro iluminado comasluzesdaculturaespritase,enquantoemsuasmovimentaesdoutrinrias,no imagina a dor ntima que atingemuitos deles na esfera de suas provas silenciosas no reinodocorao. Solido, abandono, conflitos, medo, frustraes, impotncia e outros tantos sentimentos estruturamum dilaceranteestado deinstabilidadee vulnerabilidade, que retratamvelhas feridasevolutivasdaalma. Nestemomentodetormentasatrozesedefrustraessemfim,conclamemoso valorosomovimentoemtornodasideiasespritasaoservioinadiveldeincentivar o fortalecimentodaestimaedovalor pessoal.Acasaesprita, comoavanadoncleode enfermagemmoral,necessitaserolocaldaeducaoparaqueohomemselivredesuas ilusese promovase, definitivamente, a legatrio de sua Herana Csmica. Imperioso que os dirigentes tenham lucidez, porque essa misso somente ser cumprida com acolhimento fraternal,estmuloautonomia,tolernciacomoslimitesalheiosetempo. Decerto,aidolatriaeapurpurinadalisonjasoindispensveis.Oprivilgioea exaltao so incoerentes com o esprito da espontaneidade. O Espiritismo, convenhamos, combate a atitude egosta proposital, exclusivista, mas no prope a morte dos valores individuais que podem e devem fazer parte da comunidade como fator gerador de bnos, alegriase exemplo estimulador. O receio do estrelato e das manifestaes individualistas tem culminado em autnticas fobias ticas, que no educamnossastendncias.Aluzfoi feitaparailuminar, brilhar. Eningum,acendendoumacandeia,acobrecomalgumvaso,ouapedebaixo dacama;maspenanovelador,paraqueosqueentramvejamaluz.(Lucas8:16).Vs sois a luz do mundo; no se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; (Mateus 5:14). Que os tarefeiros da causa estejam atentos fala inspirada do codificador: Esses infortnios discretos e ocultos so os que a verdadeira generosidade sabe descobrir,sem esperarquepeamassistncia. Olhemosuns pelos outros com olhos de ver. Muita vez ondesupomosexistir um doente pertinaz em busca de realce, encontrase um corao ferido e cansado, confusoeamedrontadomendigandoamizadeautnticaecompreenso.Possivelmente quandosentir aforadoamorquelhesvotamossertocado.Sentindoseamado,pouco a pouco, ter motivos paraabandonar as expresses de inferioridade que lhe tortura. Porfim,descobriroquantosomosamados,incondicionalmente,peloCriadorque,em SuaGenerosidade Excelsa,nosaguardanoespritogloriosodeFilhosdeSuaObra. Oremosjuntosporesseinstantedeluz: Senhor, Tempiedadedasnossasnecessidades! Auxilianos asustentaroperdocomasimperfeiesqueaindacarregamosna intimidade. Ensinanosanosamar,Senhor!Aaceitarnoscomosomoseabuscaramelhora gradativa. Fortalece nossa capacidade de amar a fim de estendermos a luz da compaixoem relaosfalhasquecometemos.

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Estendenos Tuas mos compassivas! Ungenos com misericrdia as dores da angstiadevivertrazendopordentroassombrasdopassado! Amparanos,Divino Pastor; para jamais esquecermos as vitrias j alcanadas. Que elasnossirvamdeestmulo! Ante as lutas e conflitos da alma, abenoenossempre, Senhor,para que nunca desistamosdecombaternos. Obrigada, Jesus, por nos incluir em Teuamor infinito, semaqual noteramos forasparanossuportar. Obrigada,Senhor!Hojeesempre,obrigada!

35 ESCUTANDOSENTIMENTOS

CAPTULO 5

ESTUFAS PSQUICAS DA DEPRESSOApenasDeus,emsuamisericrdiainfinita,vospsno fundodocoraouma sentinelavigilante,quesechama conscincia.Escutaia,quesomentebonsconselhoselavos dar. svezes,conseguisentorpecla,opondolheoespritodomal. Ela,ento,secala.Um Espritoprotetor(Lio,1860)OEVANGELHOSEGUNDOOESPIRITISMO captuloXIII item1

Depresso umaintimao das Leis daVidaconvocandoaalma amudanas inadiveis.adoenaprisoquecaaaliberdadedacriatura,rebelde,viciadaemter seuscaprichosatendidos.Vciosedimentadoemmilniosdeorgulhoerebeldiaporno aceitar asfrustraes doato de viver. Emtese, depressoa reao daalma que no aceitou sua realidade pessoal como ela estabelecendo um desajuste interior que a incapacitaparaviver plenamente. Desde as crises ocasionais da depresso reativa at os quadros mais severos queavanamaossombrioslabirintosdapsicose,encontramosnocernedaenfermidade o Esprito,recusandoosalvitresdavida.Atravsdasreaesdemonstrasuainsatisfao emconcordarcomaVontadeDivina,acercadeSeusDesgnios, emflagrantedesajuste. Rebelaseanteamorteeaperda,amudanaeodesgosto,adecepoeosdesafiosdo caminho, criando um litgio com Deus, lanando a si mesmo nos leitos amargos da inconformaoe darevolta,dodioedainsanidade,daapatia edosofrimentomoral. Nestemomentodetransioemqueosavanoscientficosaclassificamdentro delimitesecdigos,necessrioampliaralentedasinvestigaesparaanalislacomo estado interior de inadequao com a vida, que limita o Esprito para plenificarse, existir,serem plenitude.Seutraopsquicopredominanteadiminuioouausnciade prazeremquaisquer nveisque semanifeste. Portanto, dilatando as classificaes dos respeitveis cdigos humanos, vamos conceitula como sendo o sofrimento moral capazdereduzirou retiraraalegriadeviver. Sob enfoque espiritual, estar deprimido um estado de insatisfao crnica, no necessariamenteincapacitante.Asmaisgravespsicosesnasceramatravsdefiletes de loucuracontroladaqueroubamdoserhumanoaalegriadecontinuarsuamarcha,de cultivarsonhoselutaspelosideaisdesobrevivnciabsica.Nessatica,tomemosalguns exemplos para ilustrar nosso enfoque de depresso luz do Esprito imortal em

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condutas rotineiras: Odesnimonocumprimentododever. Ainseguranaobsessiva. Aansiedadeinexplicvel. Asolidoemgrupo. Aimpotnciaperanteoconvitedasescolhas. Aangstiadamelhora. Aaterrorizantesensaodeabandono. Sentirseintil. Baixatolernciasfrustraes. Odesencantocomosamigos. Medodavulnerabilidade. Adescrenanoatodeviver. Ohbitosistemticodaqueixaimprodutiva. Arevoltacomnormascoletivasparaobemdetodos. Aindisposiodeconvivercomosdiferentes. Arelaodeinsatisfaocomocorpo. Oapegoaosfatospassados. Osentimentodemenosvaliaperanteomundo. Odescasocomosconflitos,anegaodossentimentos. Ainvejadosucessoalheio. Adesistnciadeserfeliz. Adecisodenoperdoar. Ainconformaoperanteasperdas. Fixaoobstinadanospontosdevista. Odesamoraosquenosprejudicam. Ocultivodopersonalismo aexacerbadaimportnciapessoal. Ogerenciamentoineficazdaculpa. Asafliesfantasmacomofuturo. Atormentadeserrejeitado. Asagrurasperanteas crticas. Rigideznasatitudesenosobjetivos. Condutaperfeccionista. Sinergiacomopessimismo. Impulsoparadesistirdoscompromissos. Pulsoparacontrolaravida. Irritabilidadesemcausasconhecidas. Todas essas aes ou sentimentos so sinais de depresso na alma, porque criamou refletemumdesajustedacriaturacomaexistncia,levandoa,paulatinamente, aroubardesimesmaaenergiadavida.SorejeiesSbiaeJustaVontadeDivina excelsaexpresso dobememnossofavornasocorrncias decadadia. Bilhesebilhesdehomens, navidafsicaeextrafsica, estodeprimidosou constroemestufaspsquicasparafuturasdepressesreconhecidaspelaticaclnica.

37 ESCUTANDOSENTIMENTOS

Arrastamseentreaanimalidadeeomundoracional.Lutamparaselivrar da pesada crislida magntica dos instintos e assumir sua gloriosa condio de filhos de Deuse cocriadoresnaObraPaternal.Vivem,masnosabemexistir.Perambulam,quase sempre, naalegria depossuireraramentealcanamoprazerdeser.Oraescravosdas lembranas do passado, ora atormentados pelo medo do futuro. Jornadeiam sob os grilhesdoego recusandoosapelosdoself. Esse conceito malevel da doena explica o lamentvel estado de inquietude interior que assola a humanidade. a algazarra do ego criando mecanismos para continuar seu reinado de iluses, obstruindo os clares de serenidade e sade imanentesdoself avontade lcidadoEspritoembuscadaliberdade. Devidoaos programascoletivos de saneamento psquicodaTerra orientados pelo Mais Alto, vivendo o momento histrico. Nunca foram alcanados ndices to significativos de resgate e socorro nos atoleiros morais da erraticidade. Consequentemente,elevaseonmerodecoraesqueregressamaocorpocarnalsob custdia do remorso. Esse estado psquico responde pelo crescimento dos episdios depressivos. Seria trgico esse fenmeno social se deixssemos de considerlo como indciodemudananosrefolhosdaalma. Conquanto no signifiquem libertaoe paz,coloca acriatura a caminho dos primeiros lampejosdeconscincialcida. O planeta em todas as latitudes experimentar uma longa noite de dores psicolgicas, em cujo bojo despontar um homem novo e melhorado em busca dos Tesouros Sublimes,aindadesconhecidosemsuaintimidade. Ao formularmos esse foco para a depresso, nossa inteno estimular a medicinapreventivacentradanoEspritoimortalenaeducao.assustadorondice de deprimidos segundo a sintomatologia oficial, no entanto, infinitamente maior o nmero daqueles que cultivam, em regime de cultura mental, os embries de futuros episdiospsiquitricos depressivos. A soluo vem da prpria mente. A teraputica est no imo da criatura. Aprender a ouvir os ditames da conscincia: eis o que pouco fazem quando se encontram sob sanso da depresso. Esse o estado denominado conscincia tranquila,ouseja,quandooselfsuperaastormentasdaculpaedomedo,daansiedade edoinstintodeposse.Aprendendoaartede ouviresseguiainfalvel,acriaturacaminha paraosossegontimo,aserenidade,aplenitude, aalegria. A sade decorre de uma relao sinrgica com o self. Dele partem as foras capazes deestabelecer o clima daalegria de ser. Do self procede a energia da vida, o tnusque permiteacriaturaampliarseuraiode interaocomanatureza outrafonte devida , expressocelestedeDeusnouniverso.Adepressoausnciadessaenergia de base, dessa fora de vitalidade e sade, ensejando a defasagem, o esgotamento. A ausnciadecontatocomoamor Leiuniversaldevidaesadeintegral responde pelosreflexosdamorte interior. Nos apelos da conscincia encontraremos o receiturio para a liberdade e a paz,oequilbrioeoprogresso.Aingestodessamedicaoamargaserabatalhasem trguas, porque aderir aos ditames conscienciais significa, antes de tudo, deixar de desejaroquesequerparafazeroquesedeve.Nessaescoladenovasaprendizagens,a

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alma far cursos intensivos de novos costumes emoes atravs do aprendizado de olharparasi. A ausncia de uma percepo muito ntida das nossas reais necessidades interioreslevanosbuscadoprazerestereotipado,aquelequeamaioriaprocurapara preencher o vazio, e no viver criativamente em paz. Depois vem a culpa e outras manifestaesdedor. Oprazerrealsomenteaquelequenosequilibraepreenchesemsofrimentos posteriores. Somenteestandoidentificadoscomosrecadosdoself,construiremosuma vida criativa, adequada ao caminho individual. Jung chamou esse processo de individuao. Descobrirnossasingularidade,sabervivlasemafrontaaomeioecoloclaa serviodobem, essasasetapasdocrescimentosistmico,integradocomoprximo,a vida e a natureza. Individuao s ser possvel acolhendo a sombra do inconsciente atravs dos braos do ego, entregandoa inteligncia espiritual do self, para transformlaemluze erguimentoconformeasaspiraesdoEsprito. Depresso condiomentaldaalmaquecomeaaresgataroencontrocoma verdadesobresimesmadepoisdemilnios noslabirintosdailuso. A felicidade terrestre relativa posio de cada um. O que basta para a felicidade de um, constitui a desgraa de outro. Haver, contudo, alguma soma de felicidadecomuma todososhomens? Com relao vida material, a posse do necessrio. Com relao vida moral,a conscincia tranquilaeafnofuturo. Conscinciatranquilaeprazerdeviver,amaiorconquistadaspessoaslivrese felizes.

39 ESCUTANDOSENTIMENTOS

CAPTULO6

IDENTIDADE CSMICAEaquiestosegundoquesemelhanteaoprimeiro: amarsoteuprximo,comoa timesmo.OEVANGELHOSEGUNDOOESPIRITISMO captuloXV item4

Chamamos de atitude amorosa o tratamento benevolente com nosso ntimo atravs da criao de um relacionamento pacfico com as imperfeies. Desenvolver habilidadesbenevolentes paraconsigoabase da vida saudvele o ponto de partida paraocrescimento emharmonia. Amar a si mesmo o cerne da proposta educativa do Ser na fieira das reencarnaes. O aprendizado do autoamor tem como requisito essencial a descoberta de nossaidentidadecsmica,ouseja,arealidadedoquesomosnaObraIncomensurvel do Pai, nossa singularidade. A singularidade a Marca de Deus que define nossa histriarealnotrajetoda evoluo.comooPainosconclamaser naSuaCriao. Importante frisar que a singularidade o conjunto de caracteres morais e espirituaispeculiarescriaturanicaquesomos. Nelaseincluemtambmasmazelas cujosprincpios foramcolocadosnohomemparaobem,conformeacentuamosSbiose Orientadores dacodificao(O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO captulo Xitem 10). Quando rejeitamos alguns aspectos dessa identidade exclusiva, nasce o conflito, que a tormentainterior da alma convocadaa transformar para melhor sua condio individual. ODoutorCarlGustavJungdefiniuessemovimentodavidamentalcomosendo individuao, isto, viver em busca da individualidade, do Si Mesmo. No se trata de viveroindividualismo,opersonalismo,masaprenderaser,permitindoaexpressode suas caractersticas divinas latentes e de sua sombra sem as mscaras sociais. Individuaovem dolatimindivduoscujosentidoindiviso,inteiro. O progresso pessoal de cada um de ns a arte de saber integrar os fragmentos da vida ntima, harmonizandoos para que reflitam as leis naturais de cooperao, trabalho e liberdade. Somente vibrando na frequncia do amor, esse movimentoeducativodaalma plenificasesemaangstiaeomartrio patrocinadores de longas e dolorosascrises nessecaminhar evolutivo. A convivncia compassivacom nossasombrasserpossvelcomaceitaodenossaidentidadecsmica.Aceitaros nossos sentimentos, desejos, aes, impulsos e pensamentos. Aceitar entrar em contatosemreprimir.Criarumaconexosem julgamentoecondenao.Aaceitaono

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significa acomodao ou adeso passiva, mas entender, investigar e redirecionar esse patrimniosemrigidezedesamor.cuidarbemde simesmocomternuraerespeitoao patrimnioadquirido,incluindoosmauspendores. Aceitaoamaneiracarinhosadetratarnossaintimidade,semrivalidade. Aceitarse confundido com passividade, irresponsabilidade. O conceito exatamenteoinverso,poisquandoeuaceitoascoisascomoso,resgatominhaforae poder transformador. Se ns no nosaceitamos, magoamosa ns mesmos, por isso o autoamor tambm autoperdo. Perdoar ter uma atitude de compaixo que nos distancie dos julgamentos e crticas severas e inflexveis. O remdio ser aprender a amar a vida que temos, o que somos, o que detemos e viver um dia aps o outro, cultivandonaintimidadeacertezadequeopercursoquefizemos deveservistocomoo melhor e mais proveitoso s necessidades que carregamos. a nossa marca personalizadanaObradaCriaopelaqual devemosrespondercomsisomoral. CertamenteasLeisDivinas,atodoinstante,conspiramparaqueafinemosessa singularidade com a Frequncia de Deus, sempre elevandonos e progredindo. A propostadoautoamor,impelenos,sobretudo,aconhecernossoritmoevolutivo,nossa capacidade pessoaldeajustarmonosaessamelodiauniversal. Ningumconsegueultrapassarseuslimitespessoaisdeumaparaoutrahora.A palavra limite quer dizer o pontomximo. Em termos espirituais, s daremos conta daquiloque podemos. Nem mais nem menos. O martriorepresenta algum querendo dar alm do que consegue, idealizando caminhos, cobrando d si o impossvel. Uma posturade inaceitaodesuacondiontima,gerandoinsatisfaesedesequilbrios. Quandonoamamosansmesmos,vivemosmercdainflunciadospalpites e reprimendas. Aaprovao alheia mais importantequea aprovaointerior. Nessa situaoescasseiamestimaeconfianaasiprprio,queimpossibilitamaexpressoda condio particular. Assim sentimonos prisioneiros adotando mscaras com as quais procuramos evitararejeiosocial,fazendonosinfelizeserevoltados. Ningum pode definir para ns o quanto ou o como deveramos. Podemos ouvir opinieseconselhos, corretivoseadvertncias, porm, o exercciodoautoamor nosensinaratirar decadasituaoaquiloque, defato, nossertilaocrescimento. Cadapessoaousituaodenossasvidascomoocinzelqueauxiliaraesculpiraobra incomparvel da ascenso particular. Mas recordemos: apenas um cinzel! Apenas instrumentos!Poisatarefaintransferveldetalharcomcadaumdens,escultoresda individuao. Quem se ama, imunizase contra as mgoas, guarda serenidade perante acusaes, desapegase da exterioridade como condio para o bemestar, foca as solues e valores, cultiva indulgncias com o semelhante,, tem prazer de viver e colaboraespontaneamente comobemdetodosedetudo. Porlongotempoaindaexercitaremosesseamoransmesmos, alfabetizando nossas habilidades emocionais para um relacionamento intrapessoal fraterno, equilibrado. AprimeiracondioparanosengajarmosnaLeidoAmoressacaridade conosco,oencontrodoselfdivino,semoqualficaremosdesnorteadosnolabirintodas experinciasdirias, mercdepessoasefatos,adiandooInstanteCelestedesintonizar nossospassoscomapaz interiorquetodos,afanosamente,estamosperseguindo.

41 ESCUTANDOSENTIMENTOS

CAPTULO7

CARTA DE MISERICRDIAComoquevedesumargueironoolhodovossoirmo,quando novedesuma travenovossoolho? Ou,comoquedizeisaovosso irmo:Deixametirarumargueiroao teuolho,vsquetendesnovosso umatrave? Hipcritas,tiraiprimeiroatraveaovossoolho edepois, ento,vedecomopodereistiraroargueirodoolhodovossoirmo.(S.Mateus,7:3 5) OEVANGELHOSEGUNDOOESPIRITISMO captuloX item14

Umdosefeitosmaisinconfessveisdaarrognciaemnossosrelacionamentos anossafaltadehabilidadeparaconvivercomhonestidadeemocionalperanteobrilho dos xitosalheios. Com rara facilidade, sob ao fascinadora da arrogncia, julgamonos os melhores naquilo que fazemos. Esse um efeito dos mais perceptveis do estado orgulhoso de ser, isto , a propriedade mental de luz toldar a viso para enxergar o quantonosiludimoscomas fantasiasdoego. O senhorAllanKardecteveensejodedestacar: Comefeito,comopoderum homem,bastantepresunosoparaacreditar naimportnciadasuapersonalidadeena supremacia das suas qualidades, possuir ao mesmo tempo abnegao bastante para fazer ressaltaremoutremobemqueoeclipsaria,emvezdomalquepoderiareallo? (OEVANGELHOSEGUNDOOESPIRITISMO CaptuloX item10). Namaioriadasvezes,omritoalheioaindarecebidononossocoraocomo uma ameaa ou atmesmo uma afronta. Raramente, admitimos tal verdade. O hbito milenarde racionalizarnossossentimentosconstituiumacouraapsicolgicaenrijecida peloorgulho. O orgulho vos induz a julgarvos mais do que sois; a no suportardes uma comparao que vos possa rebaixar; a vos considerardes, ao contrrio, to acima dos vossos irmos, quer em esprito, quer em posio social, quer mesmo em vantagens pessoais, que o menor paralelo vos irrita e aborrece. Um esprito protetor, Bordus, 1863(OEVANGELHOSEGUNDOOESPIRITISMO CaptuloIX item9). A educao dos sentimentos depende de abundante honestidade emocional paraconduzirnosverdadesobrensmesmos.Semconscinciadesuasrazes,jamais admitiremosapresenadocimeedainveja monstrosroedoresdapazinterior. Combalidosporantigasfrustraes,desgostososconoscomesmo,sentimonos desvalorizados, tomados por uma sensao de inutilidade e abandono que tentamos mascarar com alegrias fictcias e conquistas perecveis. Nesse clima psicolgico, como cultivarempatiaeentusiasmocomasvirtudesalheias?

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Os relacionamentos a todo instante sofre os efeitos indesejveis da carga vibratria dessas desconhecidas sombras ntimas, criando estados de desconforto que estipulam a antipatia ou mesmo a averso, sem que haja, de nossa parte, qualquer inteno nesse sentido. So reflexos automticos que trazemos na vida mental, com enormepoderdeao sobreasatitudes,semquedissotenhamosconscincia. E o que mais grave: por desconhecer a natureza dessas emoes, vemos o argueiro noolhoalheio,sendoquetemosumatraveemnossavisoespiritual,conforme aassertivaevanglica.Sentimosqueasrelaesnovobem,masporincapacidadeou faltade habilidadeemanalisaransprprios,instintivamentefazemosumaprojeona tentativa dedescobrirdoladodefora,aquiloque,emverdade,estdentrodens. Que nenhum discpulo de Jesus, perante os fracassos e perdas na vida interpessoal,julguesederrotadooumalintencionado.NosserviosdaObraCristnos quais somos colaboradores iniciantes, jamais devemos nos permitir desacreditar nas intenes sinceras que sustentam nossos ideais de ascenso. Quase sempre, elas constituem nossa nica garantia legtima em direo aos projetos de iluminao espiritualqueabraamos. Seassimnospronunciamosporque,mesmoentreosdiscpulosdaBoaNova, anobrezadeintenesnosuficienteparaimpedir osefeitoslamentveisdaaltivez quecarregamosemnossoscoraes.Pormuitotempoainda,lutaremostenazmentena colheita infeliz dos reflexos de prepotncia e competio, que assinalam nossos impulsosunsperante osoutros. um processo natural da evoluo. Nada h de errado em sentir o que sentimos. O problema surgequandorebelamos em aceitar einvestigar aexistnciade semelhantes atitudesdecadahora. No agimos assim por mal deliberadamente. So as compulses morais que geramos nasexperinciassucessivasdaambioedaloucuranasvitriasperecveis. Perdoarenosperdoarsempreserasoluo.Olhemosparanscomlealdade, mas, igualmente,comcarinhoemisericrdia.Somosalmarecmegressasdasfileirasdo mal. Estamos, a exemplo do FilhoPrdigo da passagemevanglica, retomando nossos caminhos apsasatitudesenfermiasdoesbanjamentopsicolgicoeemocional,quenos aprisionaram nasrefregasdovazioexistencial. Segundo o benfeitor Calderaro, o captulo X de O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, Os Que So Misericordiosos, deveria ser um dos textos mais estudados entre ns, os seguidores da Doutrina Esprita. Os ambientes educativos dos centros espritas que no cultivarem a misericrdia tero enormes obstculos com o conflito improdutivo resultado da maledicncia e da hipocrisia, da severidade e da intolerncia. Tolerncia, indulgncia, perdo, compaixo e benevolncia so algumas das expresses morais imprescindveis no trato de uns para com os outros. Sem essas atitudesde amor,comonossuportaremos? A comunidade doutrinria esprita avizinha o momento de seu desabrochar para a maior idade. A conscincia da extenso de nossas enfermidades nos levar a concluirmos que nosso movimento libertador um hospital de vastas propores e especificidade. Como doentes em busca da cura, reconheceremos as necessidades do

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amor, sem o qual adiaremos nossaaltamdica. E que manifestao de amoraplicado maispalpvelpodeexistirquea misericrdia? Nada di tanto aos seguidores sinceros de Jesus quanto a ofensa no intencional, as rusgas no desejadas, as perdas afetivas, as reaes inesperadas de ingratido, o vcio em colecionar certezas irremovveis que traduzem prepotncia, a indiferenaeomenosprezo. Soosfrutosdaausnciademisericrdianocoraohumano. Enquantoprocurarmosascausasdasdecepesdenossasrelaesnoestudo das imperfeies,noencontraremosrespostassatisfatriassnossasindagaesenem consolo para nossa alma. Somente compreendendo sinceramente quais lies evanglicas deixamos de aplicar em cada passo do caminho, obteremos alento, orientaoeestmulo.Misericrdiaparacomasimperfeiesalheias,piedadeparacom nossasfaltas! Portanto, as casas espritas orientadas pelas atitudes de amor adotem sem demora o projeto da misericrdia fraternal. Grupos que se renam em vivncias de honestidade emocional.Quetenhambondadeparatratardeseussentimentosediscuti losemequipe. Sinceros, porm, acolhedores. Grupos que possam olhar de frente para a arrogncia que ainda nos domina, eque tenham coragem deconfrontla em pblico. Gruposquesaibampedirperdo.Conjuntosdoutrinriosdispostosaestimularobrilho dasqualidadesunsdos outrosedispostoscompaixocomosdefeitosemotivadospela aboliodarigidez mrbida. NoHospitalEsperana,DonaModestadesenvolveumaatividadedefidelidade aos sentimentos. Chamase Tribuna da Humildade. um recurso teraputico em pacientes depoisdecertotempodetratamentoemocional.Depoimentos,cartas,pedidos deperdo, histriasdevida,fracassosevitriassoapresentadoscomoformadecuidar dos sentimentossecretos,noadmitidosduranteavidafsica. Gostaramosdepassaraosamigosdeidealnacarneasntesedeumacartaque foi lidapordestacadolderespritaaoocupar,oportunamente,aTribuna.Noimportao quesepassououoquevir,nossointuitopensarmos,atodoinstante,queaaplicao damisericrdiaavirtudequeabrandanossoscoraeseotestemunhodalevezaem nossas almas. Senhoresesenhoras,irmosdedoutrina,paznaalma. Vir aquifalardemeus sentimentosumahonra.Slamentoquetenhadescobertototardeobemquemefaz falardoquesinto. Avidafsicabrindoumecomabnodeseresprita.Trsdcadase meiaem ininterruptaeafanosaatividadedoutrinria. Sou uma vtima de mim mesmo. incrvel como ouvi tantas e tantas vezes, assim comoacreditoquetenhaocorridoigualmentecommuitosaquipresentes,sobrea importncia de perdoar e, no entanto, tal esclarecimento ficou apenas no crebro. Impermevelaocorao. TenhoaprendidosobrecustdiadeDonaModestaque,quando alembranade algumvememnossamenteedespertamaussentimentos,estamosmagoados.Segundo ela, a mgoa que permanece por mais de uma hora em nossa cabea, desce para o corao.Es Deussabequandosairda...

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omeucaso!Deixeiamgoapormais deumahoranacabea! Talvezalgumpossaperguntar:porqueapenassessentami