escola tÉcnica de aviaÇÃo - veteranoseear.org · artemio contou-nos que seu pai nasceu em 1892,...

233
Emblema da E.T.Av. ESCOLA TÉCNICA DE AVIAÇÃO Brig.-do-Ar Carlos G. S. Porto SUMÁRIO PREFÁCIO ESCOLA TÉCNICA DE AVIAÇÃO COLABORADORES 1 - Ignição e Aquecimento dos motores 2 - Pronto para o Táxi 3 - Antes da Rolagem 4 - Cheque Durante a Rolagem 5 - Cheque dos Motores 6 - Decolagem 7 - Cheque Após o Pouso 8 - Parada dos Motores 9 - Missão Cumprida 10 - Conclusão 11 - Estandarte da ETAv 12 - Hino da ETAv 13 - Memorial do Imigrante 14 - Meu Velho Macacão de Vôo 15 - Inauguração da Escola 16 - Visita do General Mark Clark 17 - Ajudância 18 - Centro Médico 19 - Especialidades 20 - Alunos da 6ª Turma de Formandos 21 - Alunos da 14ª Turma de Formandos 22 - Papel Paga Mosca - 13 de outubro de 1947 N° 37 23 - Passagem de Comando 24 - Mudança da E.T.Av 25 - Decreto de Aprovação do Termo de Ajuste 26 - Decreto de Autorização de Crédito Especial 27 - Decreto de Abertura de Crédito Especial 28 - Decreto de Criação de Tabela Numérica Suplementar 29 - Decreto de Transferência da Escola 30 - Decreto de Extinção da Escola 31 - 60 Anos Depois - Unidos Pela Amizade 32 - Semana da Asa - outubro de 1945 33 - Reminiscências Bibliografia: História Geral da Aeronáutica Brasileira - INCAER Trajetória Especialista - Berilo de Lucena Cavalcanti

Upload: vomien

Post on 29-Dec-2018

228 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Emblema da E.T.Av.

ESCOLA TÉCNICA DE AVIAÇÃO Brig.-do-Ar Carlos G. S. Porto

SUMÁRIO PREFÁCIO ESCOLA TÉCNICA DE AVIAÇÃO COLABORADORES 1 - Ignição e Aquecimento dos motores 2 - Pronto para o Táxi 3 - Antes da Rolagem 4 - Cheque Durante a Rolagem 5 - Cheque dos Motores 6 - Decolagem 7 - Cheque Após o Pouso 8 - Parada dos Motores 9 - Missão Cumprida 10 - Conclusão 11 - Estandarte da ETAv 12 - Hino da ETAv 13 - Memorial do Imigrante 14 - Meu Velho Macacão de Vôo 15 - Inauguração da Escola 16 - Visita do General Mark Clark 17 - Ajudância 18 - Centro Médico 19 - Especialidades 20 - Alunos da 6ª Turma de Formandos 21 - Alunos da 14ª Turma de Formandos 22 - Papel Paga Mosca - 13 de outubro de 1947 N° 37 23 - Passagem de Comando 24 - Mudança da E.T.Av 25 - Decreto de Aprovação do Termo de Ajuste 26 - Decreto de Autorização de Crédito Especial 27 - Decreto de Abertura de Crédito Especial 28 - Decreto de Criação de Tabela Numérica Suplementar 29 - Decreto de Transferência da Escola 30 - Decreto de Extinção da Escola 31 - 60 Anos Depois - Unidos Pela Amizade 32 - Semana da Asa - outubro de 1945 33 - Reminiscências Bibliografia: História Geral da Aeronáutica Brasileira - INCAER Trajetória Especialista - Berilo de Lucena Cavalcanti

PREFÁCIO

Alguns militares formados pela Escola Técnica de Aviação (ETAv) vêm, por intermédio do RESERVAER, procurando entrar em contato com seus colegas e reatar os laços de amizade nascidos numa saudosa época, em que o idealismo da juventude e a crescente evolução da Aeronáutica Militar os impulsionavam para uma empolgante

carreira.

Estamos nos referindo à década de quarenta!

O que nos levou a escrever sobre este assunto foi a mensagem do senhor Artemio Bottene, aluno da 6ª turma da ETAv, formado, em 21 de outubro de 1944, na

especialidade de motores. Dizia, e com razão, não haver encontrado em nosso site qualquer menção sobre aqueles que cuidam do avião e o fazem voar: os especialistas.

Após alguns contatos virtuais, e aproveitando as festas de fim de ano em Ribeirão Preto, viemos a conhecer o Sgt Bottene, sua esposa, dona Mercedes, e Juliana, uma das filhas do casal. O bate papo, como não podia deixar de ser, foi

comandado por ele, a relembrar o seu tempo na Força Aérea Brasileira (FAB), vivido na ETAv e na Base Aérea de Natal. Foram momentos agradáveis, temperados pelo

entusiasmo do nosso anfitrião e de sua incontida satisfação em poder conversar sobre aquela época, da qual muito se orgulha e que fora um dos principais artífices na sua

formação de soldado e de cidadão.

Natural de Piracicaba, estado de São Paulo, realizou, antes de sentar praça, o curso de pilotagem no aeroclube local, que seu pai, João Bottene, ajudara a fundar, em 26 de abril de 1938. O primeiro avião do aeroclube foi um biplano Muniz M-7, prefixo PP-TMR, muito elogiado pelo Artemio. Praticamente todos da família eram

pilotos: seu pai, seu irmão, Fleury Bottene, também formado na ETAv – 14ª turma, em 3 de março de 1945, como controlador de vôo –, os primos Tito e Pedro Bottene,

e sua irmã, Zayra Bottene.

Zayra Bottene, primeira mulher piracicabana a tirar brevê, em 1941. Voou mais de 1.000 horas, encantando a todos que acorriam para assistir suas manobras e acrobacias. É detentora do Brevê Nacional de nº 1.265 e o Internacional de nº 1.042.

Sobre Zayra, é digno citar que a Câmara Municipal de Ribeirão, em sessão de 29 de maio de 2001, prestou-lhe justa homenagem, ao reconhecer seu espírito

pioneiro em prol da aviação brasileira, outorgando-lhe o Título de Honra ao Mérito. Naquela oportunidade, ao agradecer tal honraria, disse: “Termino, recordando com

saudades do ano 1941. Foi o melhor ano de minha vida, pois naquela época

conquistei o céu, auxiliada por um anjo prateado: o avião biplano biplace Waco F3, PP- TGC, que hoje repousa no museu dos meus sonhos”.

Zayra não está mais conosco, mas seu exemplo permanece vivo no coração das pessoas que tiveram o privilégio de conhecê-la.

Os Bottene contribuíram para que muitos jovens realizassem o tão desejado sonho de pilotar um avião.

Artemio contou-nos que seu pai nasceu em 1892, era proprietário de uma oficina mecânica onde fazia reparação das locomotivas da Estrada de Ferro

Sorocabana de 1925 a 1930, e que neste ano – 1930 –, com um amigo, fez circular o primeiro automóvel a álcool do Brasil, um Ford 1929. Durante a revolução

constitucionalista de 1932, passou a converter carros e caminhões, do governo de São Paulo para uso de álcool, produzido na região de Ribeirão Preto, e construiu uma locomotiva acionada por dois motores automotivos a álcool. Fora, também, pioneiro

em utilizar tal combustível em avião, barcos e fornos de fundição.Continuando a conversa sobre as proezas de seu pai e da sua capacidade empreendedora, citou que a locomotiva Baldwin existente na Praça 7 de Setembro, em Guarulhos, inteiramente brasileira, e uma outra em Gato Preto, município de Cajamar, foram construídas por

ele nas Oficinas da Usina Monte Alegre, em Piracicaba.

Ao relembrar esse passado na presença de sua família, senti reconfortante prazer pela oportunidade de conhecer pessoas que, na sua simplicidade, tiveram importante participação na sociedade, preenchendo as lacunas existentes com denodo, capacidade criativa e muito trabalho. Os ecos dessas ações continuam

presentes e haverão de persistir através dos tempos.

Ao término da visita, presenteou o RESERVAER com seu arquivo pessoal, repleto de momentos vividos na ETAv.

Sargento Artemio Bottene: nosso especial agradecimento por colaborar na divulgação desta página tão bonita da história da Força Aérea Brasileira, que o senhor

e seu irmão, Sargento Fleury Bottene, também ajudaram a escrever.

Brig.-do-Ar Carlos G. S. Porto

COLABORADORES

Àqueles que estão prestando preciosa colaboração neste trabalho, nossos sinceros agradecimentos:

1-SARGENTO ARTEMIO BOTTENE – 21 de Outubro de 1944 – 6ª Turma

2-SARGENTO FLEURY BOTTENE – 03 de Março de 1945 – 14ª Turma

3-SRA. JULIANA BOTTENE – Filha do Sargento Artemio Bottene

4-SARGENTO NAZARENO MEDEIROS – 30 de setembro de 1947 – 63ª Turma

5-Cap Esp Av OROZIMBO PEREIRA de MELLO - 29 de agosto de 1947 – 62ª Turma

6-SO ALDO CAROPRESO – 1º Primeiro Colocado - 10 de Janeiro de 1945 (In memorian) – 11ª Turma

7-SO DURVAL SANTOS DE OLIVEIRA – 24 de Maio de 1946 – 41ª Turma – Paraninfo Amadeu Saraiva, Presidente da VASP

8-SO JOÃO NOGUEIRA

9-SO Tarcisio Ferraz Arruda – 9 de maio de 1945 – 18ª Turma

10-SO Tarcilio Fontolan – 22 de novembro de 1946 – 52ª Turma

11-SO Geraldo Silva Pinheiro – 8 de junho de 1945 – 20ª Turma

12-SO Euclides Mantagnini

13-Cap FRANCISCO REYNALDO RODAS – 21 de fevereiro de 1947 – 55ª Turma

14-CAPITÃO-MÚSICO ALBERLEI SCHLÖGL – Base Aérea de Brasília

15-SR. ROBERTO VALERY – Pesquisador Sobre a História da FAB

16-CEL.-INT.-AER. BERILO DE LUCENA CAVALCANTI

1 – Ignição e Aquecimento dos motores

Quando o Brasil declarou guerra às potências do Eixo, em 22 de agosto de 1942, tornou-se patente a necessidade de aumentar a formação não só de pilotos, mas, principalmente, de técnicos e de especialistas para os trabalhos de manutenção das aeronaves da Força Aérea Brasileira. No período em que o nosso país esteve envolvido naquele conflito, e valendo-se dos benefícios decorrentes da Lei de Empréstimos e Arrendamentos – Lend Lease Act –, cerca de 450 modernos aviões foram adquiridos pelo governo e trazidos em vôo dos Estados Unidos para o Brasil por nossas equipagens.

A Escola de Especialistas da Aeronáutica, criada em 25 de março de 1941 e sediada na Base Aérea do Galeão, enfrentava dificuldades logísticas decorrentes de sua própria localização, e pela falta de instalações apropriadas não tinha condições de suportar um aumento de pessoal em quantidade suficiente para atender, de forma

eficaz, o quadro que se delineava.

Assim, em 1943, o Presidente da República, Getúlio Vargas, pelo Decreto-Lei nº 5.983, de 10 de dezembro, aprova o termo de ajuste firmado, em 29 de setembro, pelo Ministro da Aeronáutica, Joaquim Pedro Salgado Filho, representando o governo brasileiro, e o cidadão norte americano, John Paul Riddle, para a cessão, organização e manutenção de uma Escola Técnica de Aviação, no Estado de São Paulo, nos moldes da Embry Riddle School of Aviation, com sede em Miami.

2 – Pronto para o Táxi

Para o Comando foi designado o Ten Cel Av Eng João Mendes da Silva, encarregado da administração militar, ficando a administração civil sob a responsabilidade de James Blackley.

Comando da Escola Técnica de Aviação em dia de Solenidade

3 – Antes da Rolagem

A História Geral da Aeronáutica Brasileira, obra editada pelo Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica, nos conta que a Escola ocupou as instalações da Hospedaria de Imigrantes, cedidas pelo Governo do Estado de São Paulo, situada à Rua Visconde de Parnaíba, 1.316, no bairro da Mooca, capital.

Escola Técnica de Aviação – Fachada Principal

Vista Aérea da ETAv em fevereiro de 1946

4 – Cheque Durante a Rolagem

Inaugurada em 1888, realizava a triagem de estrangeiros recém chegados ao Brasil e os encaminhava ao trabalho. Edifício imponente, bela arquitetura, de extensa área, todo ajardinado, belas árvores frondosas, amplas dependências, adequou-se perfeitamente à nova missão, com inúmeros Departamentos e Laboratórios montados com modernos equipamentos e recursos auxiliares destinados à instrução: hospital, teatro, biblioteca, estação de rádio difusão, alfaiataria, alojamentos, refeitórios e bar.

Instrução de Motores – No grupo: Evaldo Faria – Artemio Bottene – José Morais – instrutor Bill –

Leonel – Dezotti

Alunos Fleury – Cruz – Adolfo com a Instrutora de Código Morse

Instrução de Sistema Elétrico - Instrutor Stokley e os Alunos 551-João Gilberto Amaral, 540 -

Santos de Oliveira, e Estagiário - 1795 - Alvaro Nardi

Aluno Bottene (à esquerda) no Alojamento

Grupo de Alunos Controladores de Vôo Vista de um dos pavilhões

Alunos Controladores de Vôo e sua Instrutora Defronte ao Pavilhão de Aulas

Alunos de Motores e sua Instrutora em Intervalo de Instrução

Curtindo o Tempo e as Amizades Alunos no Intervalo da Instrução Adolfo, Drezza, Fleury, Lencioni e Fatori

Amizades Sinceras – Sonhadores Idealistas Nazareno Medeiros – 2ª Fila – 3º da direita para

a esquerda

Aluno 1.149 Q AT MAV Francisco Reynaldo Rodas da 7ª Esquadrilha (Abr 1946)

Equipe de Alunos da Especialidade AT MAV na aula prática de motores. Ingressaram na ETAv em 5 NOV 1945. Entre eles: Francisco Reynaldo Rodas (com a chave na mão) – Francisco Hipólito – Galba Rodolfo de Carvalho

Instrução de Motores – Da esquerda para a direita: 3S Geraldo Bragantine – Cabo E-1946 Severino João de Melo – Aluno 294 José Godinho – Instrutor Mr. Devery

Aula sobre Sistema Elétrico – Instrutor George F. Schultz – Alunos 530 José Prado de Oliveira (Centro) – 513 Edgar Munis Franco (Esquerda) – 514 Afonso Pacheco (Direita)

Saudade do cinto de guarnição – O Aluno 2360 João Nogueira, ao lado de seu colega

de óculos, esclarece:

"Grupo da minha 8ª esquadrilha, provavelmente preparados para entrar de serviço. Em pé: Aluno 2353 Paulo Rodrigues (óculos), do qual nunca mais tive notícias; Aluno 2361 Antonio Benedito de Oliveira, faleceu há cerca de vinte anos; Aluno 2335 Frederico Pimentel, era artista circense, fazia-se de palhaço nos shows das 4ª feiras, com muito sucesso. Dele também não mais tenho notícias. Agachados: embora lembre das pessoas, não mais lembro os nomes”.

Bons tempos – João Nogueira sentado à esquerda, curtindo com sua turma um momento de folga: “Vagamente lembro de alguns, sem lembrar os nomes. Grupos se formavam a olho. Normalmente, na frente da Escola (Rua Visconde de Parnaíba), os alunos ficavam paquerando as meninas do bairro, que se aventuravam em ligeiro 'footing' nas folgas do horário de almoço e à noite, quando tinha até música do serviço de alto-falante da própria Escola”.

Aluno João Nogueira (agachado à esquerda) com seus amigos: “Grupo fotografado na entrada da 8ª Esquadrilha, à qual pertencia. Lembro o nome do segundo em pé – Álvaro Ferreira da Silva –, terceiro em pé – Antonio Benedito de Oliveira –, que eram meus colegas nas aulas da especialidade (RT-TE). Dos outros lembro das fisionomias, não os nomes”.

Bons amigos – João Nogueira (sem óculos): “Essa foto foi tirada em frente ao Posto Médico da Escola. Recordo -me do companheiro, mas não de seu nome. Lembro-me que sua mãe quando o visitava trazia coisas raras na época: frutas e doces finos de primeira qualidade...Era uma festa".

Trio parada dura ou Trio pronto para a parada? João Nogueira (à direita) esclarece: “Os outros são Guido Dal Sasso e José Bessa, ambos catarinenses. Bessa licenciou-se da FAB nos anos 50, formou-se engenheiro, em Curitiba, e foi alto funcionário do Governo de Santa Catarina, na área de saneamento básico. Nosso último encontro foi por volta de 1978, em Florianópolis. Correspondemo-nos por uns tempos. Ganhei um livro de autoria dele, e não tive mais notícias”.

Aluno 703 Tarcilio Fontolan (à esquerda) nos apresenta: “o companheiro nada mais é que meu melhor e grande amigo, muito antes do ingresso na ETAv. O nome é Henrique Costa, e a foto foi tirada nos jardins da frente da Escola”.

Tarcilio Fontolan (à esquerda): “No edifício ao fundo, na parte de baixo, é onde se localizavam as instalações da administração e serviços da ETAv; na parte de cima se localizavam algumas das esquadrilhas, ou seja, os alojamentos dos alunos”.

Aluno 703 Tarcilio Fontolan

Trabalho de Grupo – Tarcilio Fontolan (primeiro da direita em pé) esclarece: “o pessoal da foto é composto por um Sgt monitor e alunos do Curso Básico de Comunicações. Abaixados, da direita para a esquerda: 1 Newton Jonston, 2 Antonio Cardia, 4 Neves; em pé, na mesma ordem: 6 Eu, 7 Osmar Gatti, 8 Adjalma, 9 Luiz Gonzaga Arruda, e 12 Moura. Foto tirada em frente ao pavilhão do curso, no interior da Escola”.

Aluno Geraldo Silva Pinheiro Pinheiro com os amigos, durante a folga da instrução

Geraldo Silva Pinheiro e sua turma – Era só alegria

Aluno Euclides Mantagnini e seus colegas de especialidade em motores e o Instrutor Bill (à esquerda)

Euclides Mantagnini com um grupo de saudosos companheiros e amigos para sempre

5 – Cheque dos Motores

Alunos Prontos para a Revista do Licenciamento Pelotão sob o Comando do Cabo Florêncio

Impulsionada pelo crescimento vertiginoso do poder aéreo naquela época, o qual exercia verdadeiro fascínio sobre os jovens, no seu primeiro ano de funcionamento estavam matriculados 4.000 alunos de diversas especialidades: sistemas hidráulicos; hélices; instrumentos; motores; aviões; soldador; manutenção, reparação e operador de Link Trainer; meteorologia; manutenção de pára-quedas; manutenção, reparação e operador de rádio; viaturas motorizadas; sistemas elétricos; chapas e metal; máquinas e ferramentas

Chegada do Correio - Alunos atentos à chamada

Pátio da Escola Técnica – Formatura para o início das Aulas

Alunos Aguardando o Inicio da Instrução

Parada Diária

Além desses cursos especializados, havia também instrução militar, educação física, atividades complementares de cunho social e visitas a Organizações Públicas e Privadas.

Almoço no Aeroporto Santos=Dumont, por Ocasião da Visita da 6ª Turma às Instalações da Cruzeiro do Sul – RJ

O preparo físico era bastante exigido - Aluno Durval de Oliveira que o diga

Semana da Pátria 1946 - Desfile de 7 de setembro - Os garbosos alunos da E.T.Av. em Uniforme de Gala Azul-

Baratéia

Juramento à Bandeira - Ainda continua pulsando em cada coração

Aluno Geraldo Silva Pinheiro puxando a fila para prestar continência ao Pavilhão

Nacional

“Foi o compromisso mais importante na vida de cada um”

De vez em quando o Sgt Brandão nos levava a passear pelas ruas próximas à Escola Aluno Tarcilio Fontolan (terceiro homem) com os colegas de Esquadrilha, sempre ligados à voz de comando do Sgt Brandão

O Sgt Brandão sempre atento: Caprichem no alinhamento! Estufa o Peito, Aluno!

Esquerda, Direita!

E o Sgt Brandão sempre marcial: Atenção! Fuzil colado ao peito! Mão esquerda na altura do ombro esquerdo! Mão direita na altura da cintura! Muito bom! Firmem a cadência!

Instrução de Ordem Unida – Uma foto para não se esquecer do instrutor (agachado sem arma) – João Nogueira (agachado segundo à direita) diz que “são colegas da 8ª Esquadrilha preparando-se para a instrução militar”.

Um dia de festa na Escola para quebrar a rotina– Demonstração de Ginástica Acrobática – Aluno Euclides Mantagnini em pé nos ombros do homem base, sob a atenção da platéia

Aluno Euclides Mantagnini levantando dois atletas – Durval de Oliveira nos conta que: “ele tinha muita força, era um atleta excepcional e gostava de lutar jiu-jitsu. Serviu durante muito tempo em Porto Alegre e atualmente reside em São José dos Campos".

2º Ten Av Ariovaldo Vilela, Secretário da ETAv, no Muniz 7, preparando-se para um vôo de treinamento – Artemio Bottene conta que "ele era amigo e muito considerado pelos alunos”.

6 – Decolagem Os cursos eram ministrados por instrutores americanos, cerca de 300, “havendo a obrigatoriedade de o aluno ser fluente na língua inglesa, nos conta o Sargento Bottene, aluno da 6ª turma, formado em 21 de outubro de 1944, como especialista em motores. Os alunos eram muito bem preparados, recebiam o que havia de melhor em conhecimento de aviação para a época”.

Sgto. ARTEMIO BOTTENE – Aluno da 6ªTurma - Técnico em Motores

Sgto. FLEURY BOTTENE – Aluno da 14ª Turma - Controlador de Vôo

Certificado de Conclusão de Curso de Motores - Artemio Bottene

Certificado de conclusão de curso de Especialista Rádio Operador Terrestre -

Nazareno Medeiros

Certificado de Conclusão de Curso de Sistemas Hidráulicos - Aldo Caropreso

Diploma outorgado pelos americanos ao Aldo Caropreso - Curso de Familiarização em Sistema Hidráulico - (gentilmente cedido ao Reservaer por sua viúva)

Convite de Formatura da 62ª Turma – 29 de agosto de 1947

Sgto. Artemio Bottene recebendo o Diploma

Sgto. Artemio Bottene Recebendo as Divisas da Madrinha Zayra (sua irmã e

aviadora)

Controladores de Vôo – Dia da Formatura – 3 Mar 1945 Sgtos. Adolfo – Fleury – Instrutora –Zayra (Aviadora e Irmã de

Fleury) e Sgto. Cruz

Solenidade de Formatura da 6ª Turma - 21 Out 1944

Guarda de Honra – Solenidade de Formatura

Familiares Aguardando o Momento para entrega das Divisas de Sargento

Mr. John Paul Riddle – Organizador da ETAv

Últimas Instruções para a Solenidade de Formatura

Formatura - 21 de outubro de 1944 - Sgto Bottene e outro Formando recebendo as Divisas da Madrinha

Sargento Orozimbo - 1º lugar em instrução militar -, recebendo o prêmio das mãos do Brig Armando de Souza e Mello Araribóia

Formatura de Francisco Reynaldo Rodas, 55ª Turma, realizada no Hipódromo da Mooca em 21 FEV 1947: Guarda de Honra – Formandos – Tropa de Alunos – Ao fundo o majestoso B-24 Liberator

Certificado de Conclusão de Curso de Especialista Eletricista de Avião – Durval Santos de Oliveira

Corpo de Instrutores da ETAv – Agachados um grupo de novos Sargentos

Uma belíssima recordação: Os Novos Sargentos com seu Comandante, Ten Cel Av Eng João Mendes da Silva, e ilustres convidados

Dia de Solenidade – Nem o pesado fuzil lhes tirava o Garbo e a Vibração – Aluno Aldo Caropreso (indicado pela seta)

Esquadrilha se posicionando para Solenidade de Formatura – A testa sempre puxa o passo, e o Aluno Geraldo Silva Pinheiro estava lá (o do meio)

Formatura de 8 Jun 1945 – Sgt Geraldo Silva Pinheiro recebendo o diploma do

Paraninfo da Turma, Secretário do governo estadual de São Paulo

A lembrança e o reconhecimento para com o instrutor militar Sgt Brandão – Aluno 703

Tarcilio Fontolan (esquerda) e Aluno Moacir

Homenagem dos Alunos ao dedicado Instrutor Sgt Brandão

Sargento Brandão e uma turma de Alunos

Formatura realizada no Hipódromo da Moóca – Inseparável turma do Aluno João Nogueira (segundo homem à direita) atenta ao toque da corneta

Formatura realizada em 22 de novembro de 1947 no Hipódromo da Moóca – Aluno 703 Tarcilio Fontolan (no meio à esquerda) e seus colegas preparando-se para o momento mais importante de sua vida. Esse dia ninguém esquece!

Formatura em 21 FEV 1947 – Com seus familiares e amigos à frente da B-24: Sgt Francisco Rodas ao lado da madrinha Josefina Grandino Rodas (sua cunhada), Iva Tosi, Nair Delgado, Euza Tozi, Gislene de Almeida, Agripina Grandino (com Maria ao colo), e o garoto João Grandino Rodas (seu sobrinho - hoje Juiz Federal e Desembargador aposentado; Professor de Direito Internacional; foi presidente do CADE; ocupa, atualmente, função na OEA e no Mercosul; e ainda é Diretor da Faculdade de Direito da USP, no Largo de São Francisco, SP). Veja o que o destinou traçou: o garoto na formatura do Sargento Rodas, e este compareceu na posse do garoto como Diretor na Faculdade de Direito da USP.

Josefina Grandino Rodas, madrinha de formatura do Sgt Francisco Reynaldo Rodas, com o filho João Grandino Rodas

7 – Cheque Após o Pouso

Próximo à Escola, havia o Hipódromo da Mooca, local onde ficavam os aviões destinados à instrução dos alunos no solo: 1 Lockheed B-34; 2 North American B-25 Mitchel; 2 Curtiss P-40E Kittyhawk; 1 Douglas A-20K Havoc; 1 Douglas B-18 Bolo; 1 Vultee A-35B Vengeance; 1 Republic P-47 Thunderbolt.

Alunos Aguardam Inicio da Instrução Instrução de Alinhamento de Metralhadora

Alunos no Intervalo da Instrução

Demonstração de ginástica olímpica pelos alunos da ETAv

Aldo Caropreso (próximo da hélice) e seus inseparáveis companheiros de Esquadrilha, junto do P-40

Aula Prática – Instrutor Lueddecke – Alunos 307 Paulo Francisco Moraes – 431 Nilo Menezes – 429 Tibério Campanella

Intervalo na Instrução Prática no "North American B-25 Mitchel" – Foto para a

posteridade

Turma da Meteorologia

Aluno João Nogueira (sentado à esquerda) no P-39 Airacobra. Ele não se lembra do nome de todos, mas não se esqueceu da fisionomia dos inseparáveis companheiros de esquadrilha: “Milton Pinto da Rocha (próximo à nacele), mineiro de Belo Horizonte. Essa aeronave era usada, segundo sei, nas aulas para os especialistas em sistemas elétricos. Parece que o P39 era pródigo em sistemas elétricos”.

Ninguém é de ferro – Instrução puxada x folguinha bem merecida – Segundo João Nogueira (à direita da foto),” é o mesmo grupo do P-39, à sombra de sua asa. O Milton Pinto da Rocha é o terceiro da direita para a esquerda”.

Enquanto se aguarda o inicio da instrução prática nas aeronaves, um pouco de ordem unida para aprimorar a disciplina – Em primeiro plano, da esquerda para a direita, João Nogueira (segundo), e o de óculos, João Batista Opits.

Paz! Ou melhor, Pás – João Nogueira (esquerda) e o Aluno 2362 Luiz Augusto Ribeiro – Outubro de 1947

Parece ‘pagação’, mas não é. Aguardando a formatura, estávamos ajudando na colocação da grama no campo de futebol, totalmente feito pelos alunos, no antigo hipódromo da Moóca, na Rua Bresser, que era um dos anexos da Escola. Ao fundo, em primeiro plano, um B-18 Bolo e um Liberator – sucata da Força Aérea do ‘my friend’ –, que serviam para instrução em diversas especialidades: chapas, soldas, eletricidade, carburadores, magnetos, montagem e desmontagem do corpo dos motores, hidráulica, etc.. O Luiz Augusto era da minha Esquadrilha, e sua cama era ao lado da minha. Faleceu tragicamente, com vários colegas, no acidente com o FAB 2040, em Anajás, na ilha de Marajó, em princípios de janeiro de 1948. Ele estava indo apresentar-se para sua primeira classificação.”

Sgt Aldo Caropreso, sorridente e feliz, pagando mistério aos seus familiares

Hipódromo da Moóca – A Galera descontraída aguardando o início da competição esportiva

Suspense! – Torcida atenta aos seus ídolos – João Nogueira está com a palavra: “logo à frente, ao lado da esposa (de óculos escuros), está Bento de Assis, corredor olímpico, detentor de vários recordes, brasileiro e sul-americano, em provas rápidas. Servia na ETAv”.

Orgulho da Esquadrilha – Equipe de Atletismo pronta para entrar em ação – Vejamos o que o Aluno João Nogueira tem a nos dizer: “a foto foi feita em uma festividade no antigo hipódromo da Rua Bresser, anexo da Escola, na minha época. Esses moços tomaram parte em várias modalidades esportivas, mas o evento principal foi um número de ginástica rítmica executado por muitos alunos. Por se tratar de um misto de ginástica e bailado, foi jocosamente chamado por muito tempo de 'balalaika', um dos temas musicais utilizados. Mas nós participamos com muito entusiasmo, apesar disso. Com relação ao grupo, vou falar de todos pela ordem:

1- Ten IG Pedro Gamaro, instrutor

2- Aluno Aventino Teixeira. Esse moço, ao formar-se, foi classificado para Porto Alegre; como ele era paraense, acertou uma troca com um gaúcho, que, por ironia, estava classificado em Belém. Infelizmente, na viagem de ida para o destino, o avião C47 – 2040 acidentou-se em Anajás, Marajó, e ele faleceu

3- Aluno Rodolpho Von Khou, não tive mais notícias dele após o período da ETAv

4- Aluno João de Oliveira, excelente atleta, competia pela Federação Paulista de Atletismo, participava de provas de 100, 200, 400m rasos

5- Só lembro o nome de guerra: Ansbert, falecido em um acidente da Vasp em Londrina, era Comandante do Avião

6- Não me lembro nome, era apelidado Catarinense

7- Por último, eu, por aqui, em S. J. Campos, já beirando os oitenta, mas com relativa saúde”.

8 – Parada dos Motores

A Escola Técnica de Aviação funcionou durante 10 anos, até 1953, quando foi extinta pelo Decreto nº 34.095, de outubro daquele ano, e fundiu-se com a Escola de Especialistas da Aeronáutica, já em sua nova sede, na cidade de Guaratinguetá.

Um aspecto interessante da sua história se refere ao Decreto nº 27.879, de 13 de março de 1950, transferindo-a para a cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, onde ocuparia as instalações na parte sudoeste da Base Aérea de Parnamirim, o que não ocorreu.

Há 60 anos, éramos assim – Aluno Bottene, 3º da direita Eternos Amigos – Saudosa Escola

Bons Tempos - Adolfo – Vasconcellos – Martins – Cruz – Fleury

Torre de Controle – Aeroporto de São Paulo

Sgto. Fleury no Controle da Torre

Alunos Controladores de Vôo- Integrantes da 14 Turma

9 – Missão Cumprida

Os militares formados por aquela Escola, em uma época de amplos desafios, ombrearam-se com seus companheiros oriundos da Escola de Especialistas do Galeão e não permitiram que a lacuna de pessoal existente aumentasse. Foram a mola propulsora e o sangue novo que permitiu à Força Aérea Brasileira manter seus aviões operando com segurança e empregando-os nas missões em defesa da liberdade, tanto na Campanha do Atlântico Sul quanto na Campanha da Itália.

Após o término da guerra, em 1945, e até 1950, chegaram outras 250 modernas aeronaves para equipar os esquadrões, o que vem ratificar a sábia decisão de se criar a Escola Técnica de Aviação, pois se assim não fosse a operacionalidade da Força Aérea estaria seriamente comprometida.

Aos especialistas de todos os tempos e de todas as turmas, a nossa homenagem e o

nosso reconhecimento.

“ETAV, forja de heróis Mostrarás ao mundo o Brasil Ressurgirás quais novos sóis

Oh! Mocidade varonil”...

“...Especialista, avante ao ar Para frente com garbo varonil Agiganta a tua obra sem par

Sob o céu deste grande Brasil...” *****

10 - CONCLUSÃO Quando o Ministério da Aeronáutica - hoje Comando da Aeronáutica - foi criado, em 20 de janeiro de 1941, a situação política internacional estava deteriorada por uma guerra em intensa atividade. Era preciso reunir e organizar os meios à disposição, implantar medidas administrativas e operacionais, criar condições para que a Força Aérea Brasileira pudesse, junto com as forças co-irmãs, ser empregada na defesa dos compromissos assumidos pelo nosso país, por ocasião das Reuniões de Consulta dos Ministros das Relações Exteriores das Repúblicas Americanas. O comportamento do Brasil era de estrita neutralidade, mas seria muito difícil sustentar tal posição, pois a tendência de um conflito dessa natureza, é generalizar-se, e o nosso país acabou sendo envolvido por ele. Para a Força Aérea a formação de pilotos e de especialistas para os serviços de manutenção das aeronaves tornou-se prioritária, era preciso incrementá-la. Foi considerando tal cenário que o Ministério, à época, entre tantas medidas essenciais implementadas na área de formação de pessoal, particularmente, criou a

Escola Técnica de Aviação. Por ocasião do seu primeiro aniversário, recebeu a seguinte citação do Ministro da Aeronáutica: "Esta Escola é o maior empreendimento que poderia ser levado a efeito pelo progresso e fortalecimento da Aviação Nacional, Estamos nós seguros e certos de que esta foi a maior etapa vencida para que pudéssemos ter uma aviação condigna". Todo esse esforço foi recompensado. Ninguém se furtou ao dever.

ESTANDARTE DA ESCOLA TÉCNICA DE AVIAÇÃO

Foto tirada por ocasião da feira de exposição realizada no Memorial do Imigrante, de 13 Out a 21 Nov de 2004, organizada pelo pesquisador Paulo Fernando Kasseb.

Ao lado do estandarte, o orgulho estampado pelo ex aluno Artemio Bottene, da 6ª Turma, formado em 21 de outubro de 1944, especialista em motores.

CAMISETA UTILIZADA NA EDUCAÇÃO FÍSICA

SO Durval Santos de Oliveira – Com orgulho, ainda guarda a camiseta que usava durante as atividades de Educação Física na Escola Técnica de Aviação, há 60 anos

HISTÓRIA DA RECUPERAÇÃO DO HINO DA ESCOLA TÉCNICA DE AVIAÇÃO

(Nota: utilizamos estas informações e áudios em busca de um arranjo atual para o Hino “Forja de Heróis”, na página da ASTRA em http://www.veteranoseear.org/zozimo/reminiscenciasetav_zozimo.htm 09/05/2017)

O Sargento Q RT TE Nazareno Medeiros, da 63ª Turma da E.T.Av., formado em 30 de setembro de 1947, atualmente residindo em Vitória, remeteu para o RESERVAER uma fita com o hino da Escola, entoado por ele. Mesmo com a voz (clique para ouvir) um pouco cansada, influenciando na entonação das notas musicais, mas com o coração ainda pulsando com a vibração daquele tempo, houve condições para que o regente da banda da Base Aérea de Brasília, Capitão Músico Alberlei Schlögl, elaborasse um primeiro arranjo ao piano.

O hino da Escola Técnica de Aviação, do qual só conhecíamos a letra, começava a ganhar sua alma, a nascer de fato na medida em que desfilavam as notas musicais tão bem arrumadas por seu regente (ouça o primeiro teste).

Nazareno ouviu, mas achou que alguns arranjos não iam bem, não combinavam. O tempo passado não colaborava com ele; não se lembrava dos acordes agora apresentados. Pensou: “É preciso posicionar melhor as notas na pauta.” Identificou que o si bemol desafinava, o fá maior estava em litígio com o dó menor, a clave de sol, usada para os sons agudos, não cumpria seu papel. Havia também os rebeldes sustenidos correndo pela pauta, mas o compasso lhe parecia familiar. Não sabia identificar qual dos três – binário, ternário ou quaternário – fora escalado, ou se havia alguma combinação entre eles. A verdade é que, ao subir ou descer na escada musical, chegou a tropeçar nos intervalos. “Tudo bem, vou afinar meu instrumento”.

Gravou novamente o hino, desta vez assobiando (clique para ouvir).

O mestre, paciente, compôs mais dois arranjos: um ao piano, mais belo que o primeiro (ouça o segundo teste), e um outro cantado por um coral (clique para ouvir).

Nazareno ouviu e gostou. No entanto, faltava ainda afinar algumas notas que, ao seu ouvido, não estavam no compasso. Tanto fez que acabou encontrando parte da cópia da partitura do hino e, na sua simplicidade, pensou: “agora sim, contando com a compreensão do Capitão Alberlei, que, paciente, tem dedicado parte de seu precioso tempo a este trabalho, espero que aceite minha modesta oferta, pois, ao recompor o hino da ETAv, todos estaremos homenageando quem o compôs e, ao ouvi-lo, reacenderemos as lembranças daquele tempo e das amizades brotadas naquela saudosa Escola”.

E assim a composição foi finalizada. O hino está idêntico ao que o Aluno 2.260, Nazareno Medeiros, da 7ª esquadrilha, garboso, entoava com seus companheiros pelo pátio da Escola.

Sob a batuta do Capitão-Músico Alberlei Schlögl e dos componentes da Banda da Base Aérea de Brasília, a quem apresentamos especial agradecimento, foi possível recuperar esta composição mágica. Seus acordes trazem recordações, reavivam nobres sentimentos, são a expressão da alma e do coração daqueles que o entoam, o grito de guerra, o testemunho fiel do amor que os mantém unidos às raízes.

Companheiros da saudosa Escola Técnica de Aviação: ouçam-no (1.48 MB) acompanhem a letra, soltem a voz e deixem que as lembranças e as emoções aflorem. Foi este hino quem lhes deu ânimo e os encorajou durante a caminhada.

VALEU, Nazareno!

HINO DA ESCOLA TÉCNICA DE AVIAÇÃO

1943 A 1953

ETAv, forja de heróis, Mostrarás ao mundo o Brasil, Ressurgirás quais novos sóis Oh! Mocidade varonil. (Bis) Nossa meta que é bem diferente Tão sublime é a beleza que encerra Só uma lei admite e consente: Paz e justiça entre os povos da Terra Amizade e respeito eis a luz Que ilumina as nações irmanadas Lema eterno que os povos conduz Tradição de mil glórias passadas !

ETAv, forja de heróis, Mostrarás ao mundo o Brasil, Ressurgirás quais novos sóis Oh! Mocidade varonil. (Bis)

MEMORIAL DO IMIGRANTE

Foi criado em 6 de abril de 1998 com a finalidade de resguardar a memória daquelas pessoas que, ao deixarem sua pátria, acompanhados ou não de sua família, chegavam ao Brasil em busca de novas oportunidades de emprego e a esperança de

uma vida melhor. Ocupa uma área da antiga Hospedaria de Imigrantes, inaugurada em 1888, em São Paulo, no Brás, a qual realizava a triagem de estrangeiros, recém chegados ao nosso país, e os encaminhava ao trabalho.

Em 1943, o governo do Estado de São Paulo cede para o Ministério da Aeronáutica as instalações da Hospedaria, que passa a abrigar a Escola Técnica de Aviação, com a finalidade de formar técnicos e especialistas para os trabalhos de manutenção das aeronaves da Força Aérea Brasileira. Mais tarde, em 1953, a Escola encerra suas atividades, e as instalações são restituídas ao governo.

Hospedaria de Imigrantes - Inicio do Século passado Memorial do Imigrante – Fachada Principal

Vista Frontal do Memorial do Imigrante Portal do Memorial do Imigrante

Cerimônia realizada no Memorial do Imigrante, em 13/Out a 21/Nov de 2004, iniciativa do pesquisador Paulo Kasseb, em homenagem à ETAv – Presentes o Comandante do IV COMAR, Maj.-Brig.-do-Ar Vilarinho, e o Comandante da EEAer, Brig.-do-Ar Scher

11 - MEU VELHO MACACÃO DE VÔO

1.944 – 60 anos!

BASE AÉREA DE NATAL – RN

Sargento Bottene – Artemio

Meu velho e Fiel companheiro, de tanta andança altaneira, pelos Céus percorri. Sobre o Mar e sobre a terra, durante a Paz e a Guerra, não me separei de ti. Mas, esta vida da gente, é como a água corrente, que passa, que vai rolando! E os amigos, os amores, as alegrias e as dores, tudo se esfuma passando. E quase choro ao pensar que um dia, quando eu faltar, passarás de mãos em mãos. Finalizar desprezado em qualquer canto do chão, como cama de um cão. No que depender de mim, não quero que seja assim. Pois faço um pedido: Na derradeira viagem para a final decolagem, quero ir contigo vestido.

INAUGURAÇÃO

A Escola Técnica de Aviação, embora tenha iniciado suas atividades em 22 de novembro de 1943, com apenas 4 alunos, a inauguração oficial ocorreu em 2 de maio de 1944, com a presença do senhor Presidente da República Getúlio Vargas. É o que

nos conta o Cel. Lucena, em sua obra “Trajetória Especialista”, fruto de intensa pesquisa realizada, escrita nos anos em que serviu na Escola de Especialistas da Aeronáutica.

Aspecto da solenidade de inauguração da Escola Técnica de Aviação em 02 de março de 1944, vendo-se o ministro Salgado Filho discursando, ao centro, o governador de São Paulo Fernando Costa e o Presidente Getúlio Vargas.

Naquela ocasião, relata Lucena, o Ministro da Aeronáutica, Joaquim Pedro Salgado Filho, proferiu seu discurso, do qual destacamos alguns trechos:

“Senhor Presidente, à crítica poderá parecer estranho que inaugure Vossa Excelência este estabelecimento depois de estar em funcionamento, mas, na aeronáutica tudo tem que ser feito com antecipação. E, assim, enquanto em outros serviços se inaugura a obra por acabar, aqui muitas vezes procedemos diferentemente. É da própria arma; a aviação tem que andar avançada, e isso tem acontecido em nosso país. Ainda mesmo agora, em que seguindo as diretrizes de Vossa Excelência, antecipou-se a remessa de forças que fora do território nacional, seguiram a lutar ao lado dos nossos aliados, em bem da salvação do mundo.

Esta escola é o maior empreendimento que poderia agora ser levado a efeito pelo progresso e fortalecimento da aviação nacional.

Força Aérea que não tem mecânicos para assisti-la é aviação destinada a ficar em terra. Daí a relevância desta realização que, só com o descortino de Vossa Excelência seria possível concretizar-se agora no Brasil, porque realmente o que estamos fazendo nesta escola, graças à cooperação norte-americana, ao esforço do general Arnold em nos ceder o material, é extraordinário.

Esse material vai a mais de quatro milhões de dólares – oitenta milhões de cruzeiros -, e o que presentemente vemos é , tão-só, o início do que está chegando em dois navios com 664 volumes, além de possantes aviões quadrimotores, que com os aparelhamentos nos trouxeram também os instrutores em número de 130.

É uma escola que, tendo uma parte cultural mínima, objetiva dar uma instrução prática, para que os alunos daqui saídos possam exercer imediatamente, com eficiência, a sua profissão das mais necessárias, não só à Aeronáutica, como também à indústria nacional, porque, se é certo que nos primeiros anos não nos será permitido dispensar mecânicos aqui formados, porque as necessidades de nossa aviação estão a exigir número muito superior aos que preparamos anualmente, mais tarde haverá essa possibilidade.

De início, formaremos 600 técnicos, mas já projetamos elevar esse número a mil, mesmo assim ficando aquém dos elementos de que estamos precisando.

Ao lado da nossa escola regular em que a parte cultural é mais aprimorada, pois levam ali os mecânicos dois anos no curso, aqui em certas especialidades serão suficientes 28 semanas para o aperfeiçoamento (...). Aqui estão sendo adestrados alunos não só para a conservação do material, como também ao resguardo das criaturas, na utilização dos aparelhos hoje indispensáveis à aviação moderna de que se servem os pilotos e os contingentes de pára-quedistas (...).

Devo dizer que eu tinha receio, pelas nossas suscetibilidades, em trazer estrangeiros para o ensino técnico em nosso país, mas verifiquei que era impossível obtermos técnicos entre nós para esse aparelhamento, o mais moderno da indústria americana; precisávamos também dos instrutores. Ao termos de dar instrução de rádio na Escola de Especialistas do Galeão, houve impossibilidade material dessa realização, por não existir um técnico em condições de ministrar essa especialidade. Foi preciso para isso, graças à dedicação e ao esforço dos nossos oficiais, retirar alguns deles da tropa para ensinar àqueles alunos. Aprimoram-se no estudo cultural, para preparar os técnicos de que precisávamos (...).

Os técnicos americanos que aqui se encontram estão admirados com a

inclinação para as especialidades demonstrada pelos nossos homens, assombrados com a sua dedicação, sua inteligência, sua curiosidade (...).”

VISITA DO GENERAL MARK CLARK

Da obra, “Trajetória Especialista”, do Cel.Int.Aer. Berilo de Lucena Cavalcanti, destacamos:

“Na formatura da 23ª Turma da E. T. Av. 21 Jul 45, esteve presente o General Mark Clark, que comandou, na 2ª Guerra Mundial, o V Exército Aliado, ao qual estava integrada a Força Expedicionária Brasileira (FEB). Desse escalão expedicionário faziam parte, como unidades da FAB, o 1º Grupo de Aviação de Caça e a 1ª Esquadrilha de Ligação e Observação”.

O general Mark Clark, comandante do V Exército americano e o General Mascarenhas de Moraes, comandante da FEB, estudam os mapas de operações, na Itália.

“Na solenidade militar, o grande cabo de guerra americano usou da palavra dizendo do prazer de se encontrar naquele instituto, onde técnicos estavam sendo graduados, congratulando-se com os funcionários e instrutores norte-americanos e brasileiros que trabalhavam em conjunto para chegar a tal resultado.

E prosseguiu: “É o mesmo quadro que trabalhou em cerrada colaboração na Europa e obrigou as tropas alemãs a conhecerem o amargor da derrota. A admiração

e respeito mútuos desenvolvidos através da luta no solo e no ar, amassados em suor e sangue, devem continuar para sempre e perpetuar os laços de amizade entre os dois países.

Ouvi falar muito de vossa cidade antes de vir a São Paulo. Quando a FEB chegou para servir na Itália, quis saber de onde vinham aqueles soldados cheios de pletora e entusiasmo que costumavam dirigir “jeeps” e caminhões de duas toneladas a oitenta quilômetros por hora. Alguém sugeriu que andassem mais devagar, mas responderam-lhe que era impossível, pois esses rapazes vinham de São Paulo, a cidade de movimento mais rápido do mundo. E eu não queria retardá-los por nada deste mundo, porque eles deram uma enorme contribuição à paz que estabelecemos na Europa. Tenho a dizer-vos que vos deveis orgulhar da vossa Força Expedicionária. Que Deus vos proteja”!

Continua, o Cel. Lucena, a narrar, durante o almoço realizado no Salão das Bandeiras da E. T. Av., a saudação de agradecimento do General Mark Clark, da qual destacamos alguns trechos:

“...Desde os dias sombrios de 1942 o Brasil marchou ombro a ombro com os Estados Unidos nesta guerra. O Brasil resolveu traduzir os seus pensamentos em ação, não se contendo com palavras.

Primeiramente cedeu suas bases, as quais possibilitaram às forças aéreas e a armada limpar os mares que contornam esta grande nação. E foram essas mesmas bases que nos ajudaram a prosseguir na guerra no norte da África.

Não ficou aí, porém, a contribuição do Brasil que nos enviou valentes tropas do ar e de terra para os combates da Itália, todas elas animadas pelo desejo de desembaraçar o mundo dos cães raivosos que queriam destruir a nossa maneira de viver e a nossa democracia.

A presença do Brasil nos campos da Europa mostrou aos alemães que o Brasil não tinha reivindicações territoriais. A única terra européia que os heróicos filhos

deste país reivindicaram para si, foi apenas a suficiente para enterrar os seus gloriosos mortos.

Lembrar-me-ei, sempre, daquele dia em que tive o privilégio de passar em revista o 6º Regimento de Infantaria composto em grande parte de elementos desta região paulista. Era o dia de Caxias, dia 25 de agosto de 1944. Lembro-me quão emocionado fiquei com o aspecto geral dos soldados, todos de olhar enérgico e decidido. E a minha emoção foi maior quando deles ouvi “Deus Salve a América”.

O general Mark Clark, comandante dos aliados na Itália, passa em revista as tropas brasileiras. (foto do Arquivo Nacional)

Como comandante estrangeiro, tenho certeza que compreendeis os meus sentimentos, quando me foi confiada a Força Expedicionária Brasileira. Havia duas maneiras de empregar a F.E.B.: reserva-la para uma ocasião mais fácil, para uma vitória certa, ou empregá-la em duras tarefas. E como havia falta de tropas, resolvi adotar esta última alternativa. E vossas tropas, nos mais duros momentos, não se queixaram. Tiveram suas perdas, passaram um rígido inverno num terreno montanhoso, num frio tão intenso que a maioria delas jamais havia visto igual. Mas continuaram. Prosseguiram com um denodo invulgar. Depois...como era lógico, estiveram o ano todo nas linhas de frente, procurando alemães onde quer que estivessem. Mais tarde, deslocamos a Força Expedicionária Brasileira para o setor central ao sul de Bologna, onde tive o prazer de visitá-la em Porreta Terme, assim como o general Mascarenhas de Morais.

... Tínhamos exatamente 1.400 soldados a mais que os alemães. Uma superioridade muito pequena para atacar em um terreno montanhoso e de obstáculos quase insuperáveis.

... Os vossos “pracinhas” atiraram-se com denodo contra um inimigo bem organizado e preparado, esculpindo no simbólico granito da vitória novas e belíssimas páginas. Ao general Mascarenhas de Morais, a 148º divisão alemã, que durante tantos meses se tinha oposto às nossas forças nas montanhas, rendeu-se. Milhares de homens, centenas de veículos e grande quantidade de material bélico foram capturados.

Como já vos disse, hoje, pela manhã, na cerimônia de graduação, a campanha na Europa se desenvolveu numa mútua camaradagem entre os combatentes brasileiros e norte-americanos. E foi com essa camaradagem que ganhamos a guerra, e será com ela que haveremos de manter a paz obtida à custa de tantos sacrifícios.

Como tive ensejo de vos dizer durante a vossa graduação, a admiração mútua que alimentamos nos campos de batalha, entre os combatentes, homens do Brasil e homens dos Estados Unidos, deve continuar durante os anos vindouros, porque da mesma forma por que ganhamos a guerra, ainda temos que ganhar a paz.

Tendes ótimas razões para vos orgulhardes da vossa Força Expedicionária Brasileira”.

Ao final apresentou sua comitiva composta pelo general Gareche Ord, colaborador na criação da E.T.Av.; general Donald Brann, chefe da 3ª divisão do 5º Exército; Ten.Cel. Crittenberg, da 10ª Divisão, que lutou na França; e de sua esposa, segundo o general Mark Clark o perseguiu até o Brasil. AJUDÂNCIA

Ficha Individual do Aluno Nazareno Medeiros

Folha de Alterações – 3º Sgt Q.RT-TE Nazareno Medeiros, quando servia na Diretoria de Rotas Aéreas

Folha de Alterações do 3º Sgt Artemio Bottene quando servia na Base Aérea de Natal

Folha de Alterações do 3º Sgt Francisco Reynaldo Rodas quando do seu ingresso na Escola Técnica de Aviação em 5 Nov 1945

Cartão de Identidade

Protocolo de Admissão – Controle da documentação de candidato

CENTRO MÉDICO

MINISTÉRIO DA AERONÁUTICA

ESCOLA TÉCNICA DE AVIAÇÃO

SÃO PAULO

CENTRO MÉDICO

CARTÃO DE SAÚDE

INSTRUÇÕES

1. – O registro será mantido nesta fórmula de todas as vacinas aplicadas em militares e civis da ESCOLA TÉCNICA DE AVIAÇÃO, sob a fiscalização do CENTRO MÉDICO.

2.- O registro das inoculações será feito no momento da mesma, pelo próprio oficial médico ou por um auxiliar: o médico aporá sempre a sua rubrica.

3. – No caso de um funcionário civil, qualquer seja seu cargo, esse detalhe será especificado no lugar para “Unidade ou Estabelecimento”.

4. – Os registros devem ser conservados junto à carteira de identidade e deverão ser apresentados ao oficial médico na ocasião do exame médico temporário.

5. – As vacinações feitas estão devidamente anotadas no livro de Registro de

Vacinação, Revacinação e Soros do Pessoal, do arquivo do Centro Médico da E. T. Av. 6. – É necessário aplicar novamente a vacina, injeção ou reação imunizadora,

caso não haja nenhuma das reações conhecidas.

Registro de Vacinação do Aluno Nazareno Medeiros

Vacina contra Varíola – 3/4/46 Vacina Tifo-Paralítica e Anotoxina Tetânica

1ª dose – 3/4/46; 2ª dose – 25/4/46; 3ª dose – 10/5/46 Vacina contra Febre Amarela – 2/10/46

Outras Vacinas Anti-gripal – 1 cc em 25/3/46

Anti-meningite – 0,3 cc em 9/4/46; 0,7 cc em 24/4/46; 1 cc em 7/5/46

O portador ao ser diplomado pela E. T. Av. não apresenta defeito físico algum, goza perfeita saúde e foi submetido à vacinação regulamentar.

São Paulo, 30 de setembro de 1947

Aluno 1730 Durval Santos de Oliveira - 1945

Aluno 192 Artemio Bottene - 1944

Aluno 120 Fleury Bottene - 1944

ESPECIALIDADES DA E.T.Av.

Montador e Ajustador de Motores – AT – AM

Carpintaria – AT – CP

Costura e Entelagem– AT – CE

Chapas e Metal– AT – CM

Eletricista– AT – EL

Instrumentos de Avião – AT – IT

Máquinas e Ferramentas– AT – MF

Pintura e Indutagem– AT – PI

Manutenção e Reparação de Pára-quedas – AT – PA

Solda– AT – SL

Vulcanização– AT – VU

Manutenção e Reparação de Viaturas– AT – VI

Manutenção de Motor e Avião– AT – MAV

Manutenção e Reparação de Motor– AT – MO

Manutenção e Reparação de Avião – AT – AV

Manutenção e Reparação de Hélice– AT – HE

Manutenção e Reparação de Sistema Hidráulico – AT - SH

Manutenção de Sistemas Elétricos – AT – SE

Manutenção e Reparação de Aparelhos Rádio – AT – RA – MR

Controladores de Vôo – AT – CV

Observador Meteorologista – AT – MT

Operador de Laboratório Fotográfico – AT – LF

Operação e Manutenção de Aparelhos Treinamento Simulado – AT – TS

Operação e Manutenção de Link Trainer – AT – LT

Operação e Manutenção de Teletipo – AT – TP

Almoxarife – EA – AL

Durante a cerimônia de formatura na E.T.Av. , era realizada a passagem da Ferramenta Simbólica. Um aluno transmitia, nesse ato solene, a um outro aluno da próxima turma a ser formada, uma chave inglesa.

12- 6ª Turma – 21 de outubro de 1944 – (33 formandos) – Boletim nº 227

Especialistas em Instrumentos de Aviões:

Jorge Martins 87,47 Azauri Jardim da Silveira 87,25 Olivio Guedes de Almeida 85,88 Christiano Fajano 85,60 Virgilio Pires Ferraz 84,97 Péricles Sandoval 80,84

Especialistas em Aviões:

Moacir Borin 87,02 Bruno Lekevicius 85,40 Francisco Dias Martins 84,78 João Batista Consolmagno 84,19 Jorge Ruegger 83,92 Luiz Gonzaga Zucchi la Farina 80,13

Especialistas em Sistemas Elétricos:

Geraldo Prado Sampaio -Primeiro da Turma

88,35

Odair Teixeira Buarque de Gusmão

86,96

Kleber Lago do Valle Mello 85,31 Luiz Antonio de Azevedo 85,06 Paulo Rubens Lopes Ribeiro Leite

84,67

Wolter Merbach 84,59 Avelino Ferri 84,00 Ayrton César de Lima 83,22 Levi Gopfert 82,83 Basílio Miguel Brito da Cunha 82,26 José Ribamar da Veiga Valle 79,15

Especialistas em Motores:

Artemio Bottene 86,01 José Francisco Dezotti 83,69 Evaldo de Faria 82,58 José Moraes 80,58 Adelino Borghetti 80,37 João Leonel Nóbrega 79,72

Especialistas em Manutenção de Pára-quedas:

Geraldo Silveira Nogueira 84,93 José Teixeira Gonçalves 82,37 Othoniel Almeida Leão 79,93 Wilson de Moura 78,81

13 - 14ª Turma – 03 de março de 1945 – (54 formandos) – Boletim nº 51

Especialistas em Sistemas Elétricos:

Romeu Sbragio 83,81 José Bonifácio de Castilho 82,50

Especialistas Controladores de Vôo: (1ª turma)

Francisco Drezza 88,68 Humberto Victorio Fatori 88,62 Jorge Siqueira Silveira 87,28 Jair Barros Ferreira 87,21 Wilson César Cantergiani 86,36 Fleury Bottene 85,64 Natalício Juvenal de Souza 85,48 Milton Cruz 84,37 Adolfo Krasilchik 84,32 Renato Lensioni 83,81 Ariel Coelho de Souza 83,58

Especialistas Operadores de Rádio:

Alcides da Silva 86,37 Gunther Seligson 86,15

Especialistas em Motores:

OlivioBergmann 85,17 Paulo de Oliveira 82,14 Walter Cavalieri 82,05 Constatino Fernandes Junior 81,35 Gilberto de Freitas 91,26 Walter Ferreira Costa 81,20 Mario Tomazeli 80,08 Alfeu Henares 79,73

Landulfo Monteiro Filho 79,26 Célio Corrêa Medina 78,73

Especialistas em Aviões:

José Hilário Primo 82,84 José Esteves Sydow 81,73 Aldrvander Bueno Marques 81,70 Geraldo Carvalho 81,44 Aquilles Ayres Amiguini 81,29 Ronaldo Egberto Cardoso Franco

80,50

Especialistas em Manutenção de Link-Trainer:

Floriano Arruda 84,00 Breno Granja Coimbra 83,12 Francisco Meissner 81,08 Hélio Alves de Carvalho 79,12

Especialista em Operador de Link-Trainer:

Ubyrajara D’Avila Ribeiro 85,83 Carlos Gomes 83,30

Especialistas em Sistemas Elétricos (Estagiários):

Florisvaldo Camocardi 89,82 Primeiro colocado

Alfredo Aquino Oliveira 84,12 Estagiário do Exército

Paulo José de Carvalho 82,79 Estagiário do Exército

Waldemar Estanislau de Oliveira

80,81 Estagiário do Exército

Mário Delfino Machado 79,03 Estagiário do Exército

Especialistas em Trabalhos de Chapas de Metal:

Miguel Calux 87,42 Estagiário do Exército

Plínio Carpes Luconi 87,41 Estagiário do Exército

Máximo Flores Derive 84,77 Estagiário do Exército

Cirillo Costa Beber 82,14 Estagiário do Exército

Urbano Dias 81,44 Estagiário do Exército

Waldemar Aguiar Teixeira 87,18 Estagiário da FAB

Especialista Controlador de Vôo:

Tácito José Grubba 86,80 Estagiário da FAB

Especialistas em Aviões:

Jarbas Agrícola 87,71 Estagiário ET Máxino Carlini 87,00 Estagiário ET Nelson Nizo Brizzi 85,92 Estagiário ET Osvaldo Vinco 83,82 Estagiário ET Alfredo Augusto Leite 82,96 Estagiário ET

A formatura da 5ª turma de alunos desta Escola, realizada no dia 7 do corrente, constituiu, como as anteriores, o grandioso espetáculo de civismo que soe coroar quinzenalmente os esforços dos que trabalham nesta casa pelo engrandecimento da aeronáutica brasileira.

Constituída desta vez de 34 alunos de várias especialidades, foi a 5ª turma paraninfada

pelo prof. Melo Morais, digno secretário da Agricultura, que, atendendo ao convite do Comandante da Escola, emprestou com sua presença maior brilhantismo às solenidades. Também estiveram presentes no palanque oficial, entre numerosas outras pessoas, o Ten. Guedes de Figueiredo, representando o Sr. Interventor Fernando Costa; Heráclito de Almeida, representante do Dr. Aguinaldo de Góes, diretor de Trânsito; Otávio Machado de Barros, representante do Sr. Secretário da Educação; José Teixeira Porto; pelo Sr. Secretário da Viação; oficialidade da Escola, instrutores, funcionários e representantes da imprensa.

Após as cerimônias de estilo, falou o Ten.Cel.Av.Eng. João Mendes da Silva, que, em rápidas palavras, apresentou as despedidas da Escola aos graduandos e concitou-os a terem sempre em mente o compromisso assumido para com a Pátria, simbolizada no Pavilhão Nacional.

O DISCURSO DO SR. JAMES BLAKELEY

A seguir, usou da palavra o Sr. James Blakeley, Diretor da Escola, e cujo discurso, a seguir transcrevemos:

“Hoje é o dia da sua formatura que representa muitos meses de esforço, cooperação e coordenação entre duas grandes nações, os Estados Unidos da América e o Brasil. Durante estes meses, Norte Americanos e Sul Americanos trabalharam estritamente unidos afim de que o ideal do Pan-Americanismo pudesse ser realizado e concretizado na sua obra futura. Os seus esforços nesta Escola foram testemunhados pelos representantes Norte e Sul Americanos que se acham diretamente interessados no progresso deste estabelecimento. É, portanto, natural que continuemos a observar as suas atividades mesmo após deixarem a Escola.

Vocês vão ingressar agora no mundo da aviação onde porão em prática muitas das coisas que aqui aprenderam como estudantes. No futuro, a sua própria reputação, a desta Escola e mesmo a do Brasil repousará no resultado dos seus esforços.

Todos os seus instrutores, as Administrações Civil e Militar lhes desejam muita felicidade, trabalho profícuo e boa viagem.”

OUTROS DISCURSOS

Também falou o Sr. John Paul Riddle, em cuja substanciosa oração exaltou a cooperação entre o General Arnold e o Governo Brasileiro, havendo louvado a dedicação do Ministro Salgado Filho. Usou a seguir o microfone o 3º Sargento Brasil Dias Cunha, orador oficial da turma, que expressou os sentimentos de seus colegas, na hora em que deixam a Escola para entrar em atividade colocando em prática os ensinamentos aqui obtidos.

PALAVRAS DO PARANINFO

Encerrando a série de orações, o prof. Melo Morais pronunciou o discurso abaixo:

“Ressoam aos meus ouvidos as palavras com que fui convidado a paraninfar a luzida e esperançosa quinta turma, que se gradua por este modelar Estabelecimento de ensino técnico. É que elas me disseram: “Creia-me, doutor Melo Morais, que este convite, que espero seja aceito por V.S. é uma demonstração sincera da gratidão pelo muito que tem feito pela nossa Escola”. E partiram do Tenente Coronel Mendes da Silva, que vive aqui, inteiramente devotado ao preparo da juventude em flor, que será amanhã o sólido esteio para consolidar a Aviação Militar ou Civil no Brasil.

Bem sei que o que se me afirmou a esse respeito traduz, mais uma cativante gentileza do que a realidade. Permita-me por isso, que eu lembre: esta admirável Escola Técnica de Aviação, que já é orgulho do País, foi criada com incrível rapidez, graças à cooperação leal dos Estados Unidos e do Governo do eminente Presidente da República, Dr. Getúlio Vargas.

A América, que Colombo pôs em destaque aos olhos da Europa de ontem, dos navegantes ousados, foi o berço da Aviação, do mais pesado do que o ar. Santos Dumont é brasileiro, descendente de lavradores paulistas. Os irmãos Wright são da terra prodigiosa de Tio Sam. Pense-se nisso e dir-se-á que havia uma predestinação para que, em São Paulo,

viesse a ser instalada, como o foi, esta Escola Técnica.

Pouco importa que Leonardo da Vinci se tenha ocupado com a questão. Ele imortalizou Mona Lisa, na tela, mas não levantou vôo em busca das alturas. O avião só abandonou o solo com Santos Dumont. Mais tarde, a América e São Paulo se entrelaçaram para a instalação deste extraordinário Estabelecimento de ensino, na Piratininga Anchieta.

Salgado Filho, com sua lúcida visão de patriota, mostra que é, de fato, notável Ministro do Ar. Fernando Costa não lhe regateia auxílio para que a Escola entre imediatamente em funcionamento. Uma plêiade de oficiais, habituada a sulcar com denodo os céus do Brasil e de outros países, integrou-se nessa obra de acendrado patriotismo. E o Senhor John Paul Riddle trouxe, pelo ar, tudo que era necessário par a novel Escola.

Não se admire, portanto, que aqui tremule ao vento a bandeira do Brasil ao lado da dos Estados Unidos. É que a Escola Técnica de Aviação de São Paulo é conseqüência da cooperação amiga das duas Américas, da do Norte e da do Sul.

Estou certo de que os graduandos de hoje jamais se esquecerão disso e serão intransigentes defensores da fraternidade americana. Por outro lado, tenho arraigada convicção de que saberão honrar os dedicados e ilustres dirigentes e professores desta magnífica Escola, patenteando lá fora, na vida prática, que saíram deste Estabelecimento devidamente habilitados a cooperar para que a Aviação no nosso país, quer na paz, quer nas agruras da guerra, seja efetivamente digna de louvores e de justificados encômios. Ela será o elo mais robusto para conservação da unidade do Brasil, que precisa permanecer estruturado da maneira como nos legaram os nossos maiores. Sem isso, ele não será uma nação rica e poderosa.

É, portanto, lícito que declare aos meus jovens paraninfados: amem ardentemente a profissão que escolheram. Exercitando-a com afinco, estarão ajudando eficientemente a forjar a grandeza do Brasil de amanhã”.

ENTREGA DE PRÊMIOS

Serenados os aplausos, procedeu-se a entrega das divisas pelas madrinhas aos novos graduandos de curso. O paraninfo efetua então a entrega dos prêmios, a saber: “Prêmio de Disciplina F.A.B.” – Nelson Scatena. “Prêmios de Aplicação” – Sistemas Elétricos – Oswaldo Sassi; Motores – Amaurilio Leonel de Alencar Peixoto; Páraquedas – José Pereira de Mello; Aviões – Daniel Chain; Soldagens – Afrânio Pereira Duque.

Encerrando as solenidades, houve desfile dos graduados e da tropa. Na Sala de Comando, durante a recepção oferecida aos convidados, efetuou-se a entrega de artística lembrança, oferta da quinta turma ao seu paraninfo, prof. Melo Morais.

OS NOVOS ESPECIALISTAS

Foram estes os alunos que constituíram a quinta turma de especialistas:

Especialistas em Motores

Danilo Mendes de Vasconcelos

Mário Daher

Fernando Nogueira Ribeiro

Nelson Scatena

Alberto Preto

Josué Vieira

Alexandre Xakur Júnior

Amaurilio Leonel de Alencar Peixoto

Carlos Penteado Espírito Santo

Especialistas em Manutenção de Pára-quedas

Rubens Mota

José Pereira de Melo

Antonio Borges da Silva

José Almeida Azadinho

Especialistas em Sistemas Elétricos

Amadeu Berling Júnior

José Xavier

Luiz Carlos Neves D’Avila

Henrique Gambiaghi

Oswaldo Sassi

Especialistas em Aviões

Rutilo Vicente do Amaral

Brasil Dias Cunha

Daniel Chaim

Jacob Goldveig

Francisco Nogueira Cardoso

João Batista Cerqueira Mota

Amulio Martinelli

Ney de Barros Vaz

Especialistas “Soldadores”

Walter Martins de Abreu

Álvaro Média

Geraldo Barreto de Abreu

Nelson Boralli

Edwin Henry Edmond Devéze

Afrânio Ferreira

Duque Fernando de Assunção

Rubens de Almeida Portes

UMA REPORTAGEM SIMPÁTICA

Cresce cada vez mais o interesse da Imprensa de São Paulo e do Brasil, pela nossa Escola. Quase que diariamente os jornais de todo o país publicam notas e reportagens contendo elogiosas referências a esta organização de que tanto orgulho nos dá.

Muitos são os jornalistas que nos procuram e, à proporção que as nossas novidades são divulgadas, maior é o número deles, sempre desejosos de escrever alguma coisa nova a nosso respeito. Revistas, jornais e muitos órgãos de divulgação, já sabem aquilatar perfeitamente o que representa para o público o grande número de novidades que guardamos aqui dentro. O noticiário tem sido amplo e cada vez mais, o auxílio da Imprensa tem vindo ao nosso encontro para divulgar a grandeza de nossas finalidades.

Muitos nos visitam e bem cedo deixa transparecer o entusiasmo por tudo que lhes é dado observar.

Recentemente, entre muitos daqueles que nos honraram com suas visitas, convidados pela Secção de Propaganda, compareceu a esta Escola o conhecido redator aeronáutico Anésio Gaudie Ley do Amaral, que depois de uma longa e pormenorizada visita, fez publicar com a colaboração de seu colega Hilário Corrêa, na revista “Velocidade” uma simpática e carinhosa reportagem, onde é apresentada a mais interessante visão desta Escola.

Trata-se, sem dúvida, da melhor apresentação feita por elemento estranho e a atenção com que foram tratados todos os problemas, permitiu a mais franca acolhida por parte de todos os colaboradores desta Escola.

A forma feliz de nos apreciar e as referências oportunas, feitas pelos redatores de “Velocidade”, mostraram-nos que bem cedo essa nova revista aeronáutica será uma das melhores e mais bem formadas no assunto, em todo o Brasil.

O BRIGADEIRO DO AR ALTAIR ROSANI EM VISITA À E. T. Av.

O Comandante da 1ª Zona Aérea, com sede em Belém, Brigadeiro do Ar Altair Rosani, esteve em visita a esta Escola, no dia 6 do corrente.

Recebido com as honras a que tem direito, o ilustre oficial percorreu depois todas as dependências da E. T. Av. acompanhado pelo Comandante e outros Oficiais desta Escola.

NA E. T. Av. O DIRETOR DO SERVIÇO DE SAÚDE DA AERONÁUTICA

O Cel. Méd. Dr. Angelo Godinho, Diretor do Serviço de Saúde da Aeronáutica, estando nesta Capital, deu-nos o prazer de sua visita, no dia 4 p.p., fazendo-se acompanhar pelo Ten. Cel. Méd. Dr. Delfino Freire de Rezende, Chefe do Serviço de Saúde da 4ª Zona Aérea.

Depois de serem recebidos na Sala de Comando, os visitantes dirigiram-se para o Centro Médico da E. T. Av., acompanhados pelo seu diretor Ten. Ed. Dr. Fernando Martins Mendes.

UMA VETERANA DO ESPAÇO

Desde o dia 1º p.p. passou a fazer parte do Departamento de Pára-quedas, a Srta Ada Rogato, comissionada pela Secretaria de Agricultura.

A nova auxiliar da E.T.Av. possui uma folha de serviços à aviação brasileira que honra o seu sexo, pois foi brevetada pelo Departamento de Aeronáutica Civil e pela “Federation Aeronautique International”, contando já 425 horas como piloto em 15 tipos diferentes de aviões, entre os quais alguns considerados de guerra.

Ada é popularíssima nos meios aeronáuticos brasileiros, tendo-se destacado em vários concursos de acrobacia da “Semana da Aza”.

Além disso, tem ela os 3 brevês de planadores, sentindo-se à vontade no comando desses pássaros silenciosos.

No pára-quedismo, entretanto, é que a focalizada encontrou as suas melhores “chances”. Foi a primeira aluna do decano desse perigoso esporte, Charles Astor, sob as vistas de quem, realizou os primeiros saltos femininos no país. Depois, já confiada em si mesma, completou 14 saltos, um dos quais ficou marcado pela sua originalidade, por ter sido feito à noite, em conjunto com mais 5 outros pára-quedistas e sobre a Baía de Guanabara. Perante enorme multidão apareceram 6 esferas luminosas no espaço e caíram lentamente sobre o mar. Charles Astor conseguiu esse magnífico efeito, entregando uma lâmpada de pilha a cada pára-quedista, que a acionou contra a cúpula de seda, logo depois que esta se encheu de ar!

Ada tem uma estatística interessante: vem marcando desde o primeiro, os nomes dos passageiros que ela batizou no vôo e conta já 600 pessoas nesse rol. Estes dados foram obtidos no Aeroclube de São Paulo, a revelia da sua modéstia e simplicidade.

De origem humilde tem entretanto uma fibra igual a de Amélia Earhart, Jean Batten ou Amy Mollison.

Tais conquistas são conseqüência única do seu trabalho, das suas qualidades e sobretudo de sua perseverança.

SECÇÃO DOS ALUNOS

NOSSA VISITA À CRUZEIRO DO SUL

Descrita pelo aluno Aldo Caropreso

Os alunos visitantes formados à frente de um dos gigantescos quadrimotores da “Cruzeiro do Sul”, que fazem a linha regular Rio – Buenos Aires

Decolou o possante quadrimotor “Arumani”, irmão gêmeo do “Abaitará” da Cruzeiro do Sul Ltda., no aeroporto de Congonhas rumo ao Rio, às 9,40 horas de segunda-feira, dia 2 p.p., com nosso Comandante Ten. Cel. João Mendes da Silva, srs. Blakeley, Englund, Stewart, Mueller, Clews e os alunos: João Enio M. Pereira, Humberto V. Fattore, Danilo M. de Vasconcellos, Aldo Caropreso, Artemio Bottene, Francisco Drezza, Guilherme Moore, Francisco D. Martins, Nelson Melges, Onofre Gardim, Octavio B. Junior, José Moraes, João Motta, Francisco Cardoso, Oswaldo Sassi, Luiz C. N. D’Avila, Raymundo B. de Souza, Gumercindo Gimenez, Frederico Reffert e Jorge Martins, para nos proporcionar uma maravilhosa viagem e interessante visita.

Afastamo-nos de São Paulo, ganhando rapidamente altura vencida pelos quatro motores do “Arumani”, que às 10 hs. e 10 ms. estava a 2.200 metros, sobrevoando a costa. Mais 17 minutos e víamos só o oceano que se confundia com o céu: e estávamos a 2.500 metros de altitude.

O tempo estava bom e a viagem ótima.

Três colegas jogavam o “cachangá”.

O Gardim dizia parecer ouvir o toque de rancho da Escola (“miragem”).

Avistamos a silhueta de algumas montanhas, que com o mar formavam uma paisagem maravilhosa.

Às 10,47 horas já nos aproximamos do Rio. Avistamos o Corcovado, em vôo de 1.000 metros. Logo mais nosso “tapete mágico” nos levou diretamente sobre o mais belo panorama, em que tomava parte a natureza e o dinamismo dos brasileiros. A baía de Guanabara, com suas enseadas e praias que começam com o branco da espuma, passa ao verde e azul, confundindo-se no horizonte com o céu.

O “Arumani” faz a tomada de campo. Reduz os motores e desliza na pista do Aeroporto Santos Dumont, na Ponta do Calabouço, às 10,58 horas.

*

Desembarcamos. Nosso repórter fotográfico e o da Cruzeiro “batem chapas” ao lado e à frente do “Arumani”.

No Aeroporto cumprimenta-nos o Sr. John Paul Ridlle.

Nossa visita às modernas instalações da Cruzeiro, teve inicio no departamento de levantamentos aero-topográficos. Acompanharam-nos com atenciosas e detalhadas explicações os srs. Paulo Barros e Amílcar. Demonstrando que a “Cruzeiro”, com seus técnicos, engenheiros e aparelhamentos modernos, é capaz de fazer o levantamento de grandes áreas de território, com curvas de relevo exatas. O Estereoplanígrafo, foi uma das interessantes obras primas da engenharia moderna que nos foi mostrada pelo sr. Placidino com detalhadas explicações.

Aspecto do lauto almoço oferecido aos dirigentes da E.T.Av., no refeitório do aeroporto

Flagrante apanhado no Aeroporto Santos Dumont, à chegada da comitiva

Outra demonstração interessante foi a do Mult-plex (Aeroprojetor). Esse aparelho corrige as pequenas diferenças de níveis, ângulos laterais e longitudinais produzidos entre o espaço de tempo de uma e outra chapa, pelo avião.

Terminada a visita àquele departamento, rumamos às oficinas de revisão e reparação do material aéreo. Iniciamos pela secção de instrumentos, que é completa, permitindo que os aviões da “Cruzeiro” tenham sempre os instrumentos de bordo tecnicamente calibrados.

Seguiram-se as secções de Chapas, Tornearia e Solda. São completas, com

aparelhamentos modernos.

No departamento de aviões, assistimos a uma das fases de revisão do DC 3 pelos técnicos.

Em seguida, estivemos nos departamentos de: Rádio-transmissão, Hélices, Oficinas de Aprendizagem e Secção de Hidráulica.

O Departamento de Motores é como os outros: modernamente aparelhado; segue sempre as ordens técnicas. Depois de reparadas, examinadas e testadas, as peças são levadas para a montagem do motor, que passará à prova final, com diversas horas de funcionamento na câmara, à prova de vibração, na qual é permitido que o técnico observe constantemente se há variações, como sejam de: temperatura, pressão, rotação, etc.

*

Às 14 horas foi-nos oferecido um lauto almoço e “cocktail” no refeitório do Aeroporto. Usou da palavra, o representante da Cruzeiro do Sul Ltda., agradecendo nossa visita. Por nós falou o colega Raymundo Barboza de Souza (235) agradecendo e demonstrando sinceramente a sua e nossa satisfação, pela acolhida que tivéramos e pela atenção que nos era dispensada.

No hangar, às 15 horas, assistimos a uma parte da inspeção ao “Arumani”, para, em seguida, decolarmos rumo a São Paulo.

Às 16 horas fomos acompanhados pelo Dr. Paulo Souza Reis até o ponto de embarque. No “Arumani”, às 16,55 horas, demos o “adeus” às pessoas que nos haviam acompanhado e, minutos após, deixávamos o hospitaleiro solo carioca, rumo à Paulicéa.

Às 18,10 horas aterrávamos em Congonhas, satisfeitíssimos com o passeio.

“PORTO ALEGRE SAUDOSO”

Ao contemplar este “Chorão” da Escola,

Sinto saudades dos “Chorões” de minha terra.

Ambos são belos e tristes.

Com o mesmo tédio que aparentam,

afagam as superfícies das águas.

Este ... um pequeno lago com peixes dourados,

“simples fantasia”

Aquele... realidade, águas verdes do rio Guaíba

Águas que banham a “Cidade Sorriso”

Meu berço...

Minha terra natal.

(Sulista)

ALUNADAS

Por J. Siqueira e P. Zamboni

O Gaspar (437) é um “filante” de marca. Outro dia estava ele palestrando com o Flamínio (435), e a todo momento pedia um cigarro. Acerta altura o Flamínio, impaciente, observou-lhe:

- Ora, rapaz, você está fumando demais!

E o Gaspar:

- É... eu fumo, mas não “trago”.

- Bem, mas precisa trazer.

---------------------------

Dizem que agora na Lavanderia existe um novo “Calculista”, como o dos contos de Malba Tahan, que prova por a + b que você “traz” o que “leva”. Sem dúvida é um grande matemático!

-------------------------------

Consta que o próximo “show” será de “abafar”. Entre outras grandes atrações de nosso rádio, teremos entre nós Carlos Galhardo, Dorival Caimi, Izaura Garcia, etc. A “turminha de casa” também estará em frente ao micro.

Lista dos Oficiais da Escola Técnica de Aviação

Ten. Cel. Av. Eng. João Mendes da Silva – Comandante

Cap. Joaquim Bueno Brandão – Assistente Militar

1º Ten. Med. Aer. Fernando Martins Mendes – Chefe do C. M.

2º Ten. Av. Ariovaldo Vilela – Secretário

2º Ten. Med. Aer. José Gonzaga Ferreira de Carvalho

2º Ten. Med. Aer. José de Mores Camargo

2º Ten. Med. Aer. José Carlos D’Andreta

2º Ten. Med. Aer. Ruy de Carvalho Braga

2º Ten. Med. Aer. Alfredo Rocco

2º Ten. Med. Aer. Marcelo Pio da Silva

2º Ten. Pedro Celestino dos Santos

Asp. Of. Med. Aer. Olavo da Motta Cardoso

Aspirante Of. José Cabral de Almeida Amazonas

Aspirante Of. Clodoaldo Motta Accioly

Aspirante Of. Eurico Lacerda

Aspirante Of. Bdertholdo Costa Junior

Aspirante Of. Antonio José Nosé

Aspirante Of. Paulo Spitzer

Publicado Para Interesse dos Alunos, Instrutores e Auxiliares da Escola Técnica de Aviação, São Paulo, Brasil

JAMES BLAKELEY – Diretor

CORPO DE REDATORES – Temporário

Donald F. Peck.............................................Redador

Lucy Bloem................................................. Redatora Assist.

Ten. Ariovaldo Villela.....................................Redator Assist.

REDATOES ASSOCIADOS

Arman Williams.........................ARTISTA ASSOCIADO

Will H. Clews.............................ARTISTA ASSOCIADO

Sandy Saunders.........................SECÇÃO ESPORTIVA

Jack Mata..................................WHAT’S FZAING

J. Siqueira..................................ALUNADAS

P. Zamboni.................................ALUNADAS

Jeannette Chedick........................SECÇÃO DOS ALUNOS

Tip. AURORA Ltda. – São Paulo

PASSAGEM DE COMANDO

Na obra do Cel Lucena, “Trajetória Especialista”, encontramos a mensagem de despedida do Ten.-Cel.-Av.-Eng. João Mendes da Silva, por ocasião da passagem de Direção da E.T.Av. ao Cel.-Av. Bento Ribeiro Carneiro Monteiro, ocorrida em 31 de janeiro de 1949.

“Deixo a E.T.Av. após dois anos e dois meses de Comandante Interino e Agente-Diretor, além de três anos durante os quais eu fui Encarregado do Endoutrinamento dos Alunos, Chefe da Administração Militar e Representante do Ministério da Aeronáutica junto ao senhor John Paul Riddle.

A E.T.Av. é um estabelecimento onde a vida tem velocidade excepcional em face mesmo de suas próprias necessidades. Assim o tem sido desde o 22 de Novembro de 1943, quando dei a primeira aula; a partir desse momento acelerou-se vertiginosamente o ritmo da vida, pois chegou a ter 2.300 alunos, 2.100 funcionários e 321 instrutores.

À medida que o tempo passava, novos instrutores iam chegando dos Estados Unidos, novos candidatos iam sendo por mim examinados e por mim matriculados.

Entretanto, poucos eram os oficiais de que eu dispunha para o trabalho na Escola que crescia, diariamente, de modo assustador.

E assim se passaram cheios de lutas, suor, momentos de alegria e de tristeza os anos de 1944 e 1945, anos de fascinante trabalho na Escola Técnica de Aviação.

À proporção que a E.T.Av. se desenvolvia apareceram inúmeros problemas, devido:

1) ao seu funcionamento peculiar, diferente de suas congêneres da F.A.B.

2)à liberdade de ação que tinha o senhor J.P.Riddle de acordo com o seu Termo de Ajuste, documento muito comentado, mas que fora imposto pelas circunstâncias ao Ministro Salgado, como disse certa vez o Exmo Sr. Ministro Trompowsky a respeito

do mesmo:

“O contrato era oneroso para os cofres públicos, mas muito mais onerosa seria a liquidação total da nossa Marinha Mercante ou os prejuízos morais conseqüentes à inatividade da nossa Força Aérea e com os quais jamais se conformariam os nossos aviadores”. Eu próprio combati o Termo de Ajuste, mas fi-lo com pleno conhecimento junto ao Sr. J.P.Riddle; fi-lo com as pouquíssimas possibilidades de que dispunha, dentro das cláusulas e por entender que assim me comandava o patriotismo de oficial da F.A.B.; tão certo eu estava que, não só obtive pelo raciocínio e persuasão os fins que colimava em cada ocasião, como me foi possível preparar a Escola para o desfecho de 29 de Setembro de 1946, quando a mesma iniciou vida nova, em novas bases já estudadas e consubstanciadas em Organograma pronto desde Fevereiro de 1946, e em documento já apresentado como Anteprojeto de Instruções para o funcionamento da E.T.Av., em Abril de 1947”.

Na verdade, desde o primeiro dia em que comecei a desempenhar as minha funções na E.T.Av., delineei um projeto através do qual me seria possível obter e usufruir o máximo de rendimento do trabalho do Sr. J.P.Riddle e seus auxiliares sem nenhuma quebra de dispositivo do Termo, e preparar a Escola para a eventualidade de trabalhar com a cooperação de um mínimo de americanos ao findar o Termo – caso fosse obter os oficiais e formar os monitores para a substituição – ou pedir ao Exmo. Sr. Ministro a aprovação de outro Termo, com o Sr. J.P.Riddle ou um de seus auxiliares, mas radicalmente menos oneroso para o erário – caso não pudéssemos obter oficiais, pois os monitores poderíamos formar nessa segunda fase, como aliás o fizemos. A segunda solução foi escolhida pelo Exmo. Sr. Ministro.

Em março de 1946, foi denunciado pelo Exmo. Sr. Ministro Trompowsky o Termo de Ajuste do Sr. J.P.Riddle e, como já especificado acima, celebrado um contrato com o Sr. Harry Nelson Gill, que, pelo mesmo, tinha sob sua responsabilidade somente a instrução técnica da E.T.Av., ficando tudo o mais sob a responsabilidade do Comandante...

...Estava assim aprovado pelos Exmos. Srs. Presidente e Ministro o meu projeto mediante o qual, com um contrato substituindo o Termo de ajuste, havia uma economia prevista dpara o ano de Setembro de 1946 – Setembro de 1947 de Cr$ 36.000.000,00 (trinta e seis milhões de cruzeiros) ou seja 40% da despesa anterior

da Escola, que foi de Cr$ 120.000.000,00, economia esta que se acentuaria no ano de Setembro de 1947 – Setembro de 1948, à proporção que fôssemos substituindo os 321 instrutores americanos, deixados pelo Sr. J.P.Riddle, por oficiais e sargentos monitores que a própria Escola fosse formando; na realidade a economia realizada foi maior ainda que a prevista...

...Estava realizado o meu primeiro objetivo que era de preparar a E.T.Av. com uma “fase mista”, de transição, para se tornar integralmente brasileira, a partir de 31 de Dezembro de 1949, data de expiração do contrato do Sr. Gill, aproveitando a experiência dos técnicos americanos durante Setembro de 1946 a Dezembro de 1949, experiência, que, aliás, reputo indispensável à Escola mesmo após 1949, em bases, é claro, diferentes das atuais e de um pequeno grupo de 25 a 30 instrutores para o Curso de Monitores, a fim de evitar que, sem indústria aeronáutica própria onde o progresso aviatório é sentido constantemente, caiamos em atraso em relação à aeronáuticas dos outros países.

A vida continuou sobre novo aspecto, em 1947, quando ainda funcionamos sob regime de créditos especiais e, em 1948, quando estamos funcionando no Orçamento da República. A E.T.Av. consolidou-se assim em um prazo extremamente curto e hoje pode ser apresentada como uma expressão genuína do trabalho dos oficias da Aeronáutica.

Ao passar o Comando da E.T.Av. o meu trabalho se encontra próximo da sua meta....

São inúmeros os momentos de infinito prazer que temos tido na Escola, todos independentes da vontade dos homens e fruto do nosso trabalho, da nossa tolerância e compreensão mútua. A primeira graduação a 10 de agosto de 1944, as graduações seguintes até a de hoje; as vésperas de férias, quando os alunos sorridentes e satisfeitos se preparam para partir, rumo às suas cidades natais onde ostentam com garbo e satisfação o uniforme da Escola; os “shows”, as competições esportivas e os bailes dos alunos; as cerimônias religiosas na capelinha da Escola; as páscoas; as noites juninas e as férias que proporcionamos aos que não podem ir para casa, (em uma fazenda perto de São Paulo, em cima da represa de Santo Amaro); tudo enfim que dá prazer aos alunos porque a Escola existe por causa deles. Suas satisfações e prazeres, bem como com suas tristezas são também satisfações, prazeres e tristezas

para os que servem na Escola.

A Escola Técnica forneceu a coluna-mestra dos serviços de manutenção e reparação do material da Força Aérea e do Ministério. Para se ter a noção exata do esforço, é necessário considerar que os alunos trabalham 45 horas por semana, e que as férias escolares são apenas duas semanas no Natal e dez dias em Junho”.

O contrato entre o Ministério da Aeronáutica e o Sr. Harry Nelson expirou no final de 1949, passando, a partir de então, a Direção Técnica da Escola a ser exercida por um oficial da Força Aérea Brasileira. Os instrutores norte-americanos permaneceram por ainda por mais um ano.

MUDANÇAS NA E.T.Av.

A Escola Técnica de Aviação, em decorrência do seu crescimento, em 1945, ocupava vários prédios vizinhos, alugados pelo Ministério da Aeronáutica. Era necessário pensar em construir novas instalações, procurar uma área que pudesse viabilizar tal medida, mas os custos eram muito elevados.

O Prefeito de Campinas, Dr. Joaquim de Castro Tibiriçá, chegou a oferecer uma área de 60 alqueires, mas o negócio não chegou a ser concretizado. Os custos para construir a nova Escola orçavam em Cr$ 250.000.000,00 (duzentos e cinqüenta milhões de cruzeiros).

Pensou-se no Hipódromo da Mooca, no entanto, a Prefeitura de São Paulo tinha um projeto de construir um parque para os moradores daquela região.

O assunto preocupava o senhor Ministro Trompowsky, que se manifestou a respeito em uma reunião, ocorrida em 2 de janeiro de 1947, quando os oficiais foram cumprimentá-lo pelo Ano Novo:

“Aguardo o pronunciamento do Chefe do Estado-Maior para então, com maior soma de elementos, decidir a questão em audiência com o Chefe do Governo. Deixo aqui consignada a vantagem para o País de colaborarmos no progresso de regiões menos favorecidas pela natureza. O sentido de tecnicidade, se fixado em locais de mais lenta evolução, poderá trazer grandes benefícios para a Nação.

É evidente que nessa época, quando todos desejamos comprimir as nossas despesas de modo a combater a inflação e as conseqüências do após guerra, a solução do problema das instalações definitivas da E.T.Av. ou, se decidido, da Escola resultante da fusão das duas, E.E.Aer. e E.T.Av., ficará quase resolvida se for realizada em um local que já disponha de instalações prontas para receber o pessoal e o equipamento”.

Germinava a idéia de transferir a Escola para Natal.

Em 31 de março de 1947, o Ministro da Aeronáutica concedeu entrevista ao Papel Pega Mosca, da qual destacamos os trechos:

...“Na base de Parnamirim em Natal, existem cerca de 600 edificações com, praticamente, todas as facilidades necessárias à instalação da Escola Técnica, conforme demonstrou o relatório apresentado pela comissão que designei fosse estudar o assunto no próprio local e como também tive oportunidade de verificar pessoalmente”.

...Acresce ainda, - continuou o Senhor Ministro – que a reabertura de determinadas necessidades nacionais paralisadas durante a guerra, vem determinando providências do governo no sentido de desocupar e entregar os próprios nacionais ou estaduais às suas legítima finalidades”.

Um fato curioso veio modificar o rumo dos estudos em andamento e ajudar na

solução do problema.

O Prefeito de Guaratinguetá, Dr. André Broca Filho participava, em Buenos Aires, em 1949, de uma reunião sobre o desenvolvimento da Bacia do Rio da Prata e, por acaso, ouviu a conversa do Prefeito de Natal, Dr. Silvio Pedrosa, com um Senador do Rio Grande do Norte, sobre a necessidade de conseguirem a transferência das duas Escolas para Natal.

No dia seguinte, bem cedo, abandonando a reunião, decolou para São Paulo, e tão logo chegou, dirigiu-se ao Palácio do Governo e relatou ao Governador Adhemar de Barros sua intenção de localizar em Guaratinguetá as duas Escolas, na área ocupada pela Escola Prática de Agricultura. Aceita a sugestão, o Dr. Broca agenda audiência com o Diretor de Ensino, Brigadeiro Antonio Guedez Muniz, que ao reconhecer a vantagem desse oferecimento, o conduziu ao senhor Ministro, o qual concordou com a providencial proposta.

Assim, a Lei Estadual nº 696, de 5 de março de 1950, autorizou o Poder Executivo Paulista a doar à União as terras e as instalações daquela Escola.

Antes de se mudar para Guaratinguetá, a E.T.Av. abrigou a E.E.Aer. por curto período, pois com a construção da ponte do Galeão pelo Ministério da Aeronáutica, inaugurada em janeiro de 1949, foi preciso ceder espaço para a ampliação do Aeroporto do Galeão.

Em 20 de junho de 1950, a E.T.Av. forma a 94ª Turma, composta de 8 Sargentos Especialistas e 3 Sargentos Monitor Técnico. A E.E.Aer., por sua vez, forma a 21ª Turma com 92 Sargentos em cinco especialidades.

A Escola Técnica de Aviação publicou seu último Boletim em 31 de julho de 1950, e a Escola de Especialistas publica seu Boletim nº 1, em 7 de agosto do mesmo ano, registrando:

“O Coronel Bento Ribeiro assumiu o Comando da Escola de Especialistas da Aeronáutica, estacionada provisoriamente em São Paulo e que irá paulatinamente em escalões para Guaratinguetá, à proporção que as instalações em construção naquela cidade fiquem prontas.

Determinação de transferência de todo o acervo (pessoal e material) da E.T.Av. para a Escola de Especialistas em cumprimento ao constante na letra “c” do Ofício nº 0721 anteriormente transcrito).

Tal documento, datado de 28 de março de 1950, tratava da transferência de E.T.Av., da E.E.Aer. e do C.O.M. (Curso de Oficial Mecânico), estabelecendo o plano de trabalho. O item “c” determinava:

“passagem de todo o acervo (material e pessoal) da Escola Técnica para a Escola de Especialistas, devendo as transferências de carga e de pessoal, dessa Escola para a Escola Técnica de Natal, ser propostas por intermédio da Diretoria do Ensino, pelo novo Comandante da Escola de Especialistas”.

A transferência para Natal mudava de rumo.

Senado Federal Subsecretaria de Informações

DECRETO-LEI N. 5.983 – DE 10 DEZEMBRO DE 1943

Aprova têrmo de ajuste entre o Governo Brasileiro e cidadão norte americano, para instalação da Escola Técnica de Aviação

O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o artigo 180 da Constituição,

DECRETA:

Artigo único . Fica aprovado o têrmo de ajuste assinado a 29 de setembro do corrente ano pelo Ministro de Estado dos Negócios da Aeronáutica, em nome do Govêrno do Brasil, e pelo cidadão norte americano John Paul Riddle, para a cessão, organização e manutenção de uma Escola Técnica de Aviação, no Estado de São Paulo, nos moldes da Embry Riddle School of Aviation, existente na cidade de Miami, Estado da Flórida, Estados Unidos da América do Norte.

Rio de janeiro, 10 de novembro de 1943, 122º de Independência e 55º da República.

GETÚLIO VARGAS

Joaquim Pedro Salgado Filho

Senado Federal Subsecretaria de Informações

LEI N. 88 – DE 9 DE SETEMBRO DE 1947

Autoriza o Poder executivo a abrir, pelo Ministério da Aeronáutica o crédito especial de Cr$ 53.433.000,00 para atender às despesas relativas do exercício de 1947, com o contrato firmado para funcionamento da Escola Técnica de Aviação de São Paulo.

O Presidente da República:

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º E’ o Poder Executivo autorizado a abrir, pelo Ministério da Aeronáutica, o crédito especial de cinqüenta e três milhões, quatrocentos e trinta e três mil cruzeiros (Cr$ 53.433.000.00), para atender às despesas relativas ao exercício de 1947, com o contrato firmado para funcionamento da Escola Técnica de Aviação de São Paulo.

Art. 2º Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.

Art. 3º Revogam-se as disposições em contrário.

Rio de Janeiro, 9 de setembro de 1947, 126º da Independência e 59º República.

EURICO G. DUTRA

Armando Trompowsky

Corrêa e Castro

Senado Federal Subsecretaria de Informações

DECRETO N. 24.065 – DE 17 DE NOVEMBRO DE 1947

Abre pelo Ministério da Aeronáutica, o crédito especial de Cr$ 53.433.000.00 para pagamento de despesas com a Escola Técnica de Aviação de São Paulo.

O Presidente da República, usando da autorização contida na Lei nº 88, de 9 de setembro de 1947, e tendo ouvido o Tribunal de Contas, nos têrmos do art. 93, do Regulamento de Contabilidade Pública,

DECRETA:

Artigo único – Fica aberto pelo Ministério da Aeronáutica, o crédito especial de cinqüenta e três milhões, quatrocentos e trinta e três mil cruzeiros, para atender despesas relativas ao exercício de 1947, com o contrato firmado para funcionamento da Escola Técnica de Aviação de São PauIo.

Rio de Janeiro, 17 de novembro de 1947, 126º da Independência e 59º da República.

EURICO G. DUTRA.

Armando Trompowsky.

José Vieira Machado.

Senado Federal Subsecretaria de Informações

DECRETO Nº 24.538, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1948.

Cria a Tabela Numérica Suplementar de Extranumerário mensalista da Escola Técnica de Aviação, do Ministério da Aeronáutica.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando a atribuição que lhe confere o artigo 87, item I, da Constituição,

DECRETA:

Art 1º Fica criada, na forma da relação anexa, a Tabela Numérica Suplementar de Extranumerário mensalista da Escola Técnica de Aviação, da Diretoria do Ensino de Aeronáutica, do Ministério da Aeronáutica.

Parágrafo único. As funções de que trata êste artigo serão exercidas pelos servidores cujos nomes constam da relação anexa.

Art 2º A despesa com a execução do disposto neste Decreto, na importância de Cr$ 5.491.200,00 (cinco milhões quatrocentos e noventa e um mil e duzentos cruzeiros) anuais, correrá à conta da Verba I - Pessoal, Consignação II - Pessoal Extranumerário, Subconsignação 05 - Mensalista, do Anexo 15 - Ministério da Agricultura - do Orçamento Geral da República para 1948.

Art 3º Êste Decreto vigora a partir de 1 de janeiro de 1948.

Art 4º Revogam-se as disposições em contrário.

Rio de Janeiro, 19 de fevereiro de 1948, 127º da Independência e 60º da República.

EURICO G. DUTRA

Armando Trompowsky

Senado Federal Subsecretaria de Informações

DECRETO Nº 27.879, DE 13 DE MARÇO DE 1950.

Transfere a sede da Escola de Especialista de Aeronáutica e da Escola Técnica de Aviação e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , usando da atribuição que lhe confere o artigo 87, item I, da Constituição Federal, e de acôrdo com a letra b do art. 1º e o art. 26 do Decreto-lei número 9.888, de 16 de setembro de 1946,

DECRETA:

Art 1º Fica transferida para a cidade de Guaratinguetá, no Estado de São Paulo, a sede da Escola de Especialistas de Aeronáutica, que utilizará as instalações da Escola Prática de Agricultura, cedidas ao Ministério da Aeronáutica, na conformidade do convênio assinado entre êsse Ministério e o Govêrno do Estado de São Paulo, em 6 de outubro de 1949.

Art 2º É transferida para a cidade de Natal, no Estado do Rio Grande do Norte, a sede da Escola Técnica de Aviação, que funcionará na parte sudoeste da Base Aérea de Parnamirim.

Art 3º Até que seja dada nova Regulamentação às Escolas de que tratam os artigos anteriores, o Ministério da Aeronáutica baixará Instruções provisórias para o funcionamento das mesmas, enumerando os Cursos que funcionarão em cada uma delas.

Parágrafo único. Os cursos a que se refere êste artigo são os que ora funcionam na Escola Técnica de Aviação, em São Paulo, e na Escola de Especialistas de Aeronáutica,

no Galeão, acrescidos, ou suprimidos, os que forem do interêsse da Aeronáutica e distribuídos todos pelas duas referidas Escolas, obedecida, ou não, a distribuição atual, na conformidade das conveniências do aludido Ministério.

Art 4º O Ministro da Aeronáutica providenciará a redistribuição das verbas orçamentárias que, em virtude do Presente Decreto, se fizer necessária e expedirá instruções para a transferência das Escolas.

Art 5º Êste Decreto entrará em vigor na data da sua publicação.

Art 6º Revogam-se as disposições em contrário.

Rio de Janeiro, 13 de março de 1950, 129º da Independência e 62º da República.

EURICO G. DUTRA

Armando Trompowsky

Senado Federal Subsecretaria de Informações

DECRETO Nº 34.095, DE 7 DE OUTUBRO DE 1953.

Extingue a Escola Técnica de Aviação e dá outras providências

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , usando da atribuição que lhe confere o artigo 87, item I, da Constituição Federal,

DECRETA:

Art 1º Fica extinta a Escola Técnica de Aviação, cuja sede foi transferida para Natal por Decreto número 27.879, de 13 de março de 1950.

Art 2º O Ministro da Aeronáutica determinará o aproveitamento das instalações e material

pertencentes à Escola Técnica de Aviação, de conformidade com os interêsses da Aeronáutica.

Art 3º O presente Decreto entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrários.

Rio de Janeiro, em 7 de outubro de 1953; 132º da Independência e 65º Da República.

GETÚLIO VARGAS

Nero Moura

60 ANOS DEPOIS – UNIDOS PELA AMIZADE

Francisco Drezza – Controlador de Vôo - 03 de março de 1945 - 14ª Turma – Comemorando 80 anos com seus companheiros da ETAv e familiares – Goiânia – Fotos cedidas pelo Artemio Bottene

Sgt Aldo Schmidt e Artemio Bottene, grandes amigos e bons companheiros, serviram na Base Aérea de Natal - Reencontraram-se após 60 anos, quando visitavam a feira de exposição no Memorial do Imigrante em 2004

32 - Semana da Asa - Vale do Anhangabaú

Corpo de Alunos e Equipamentos de Instrução posicionando-se para o desfile – Toque da Alvorada às 4h00, desfile às 11h00, mas valeu o esforço

Momentos de concentração – Corpo de Alunos atento ao corneteiro para o toque de Ordinário, Marche!

Muita vibração e garbo durante o desfile

A Esquadrilha no Vale do Anhangabaú em frente ao palanque – Ao centro um oficial do Exército; fazia parte do grupo de instrutores da ETAv

Desfile dos equipamentos – Em primeiro plano um rebocador de aeronave tratorando uma hélice

Carro de Combate rebocando uma estrutura de trem de pouso e bancada hidráulica, com demonstração de abaixamento e recolhimento do trem durante o desfile

Desfile dos equipamentos de instrução – “Link Trainer”

Apresentação de uma torre de metralhadora, instalada nos aviões de bombardeio, e utilizada para sua defesa

Instrutor e Alunos com os equipamentos de rádio-comunicação

REMINISCÊNCIAS

Vejamos o que os Ex-Alunos da ETAv têm para nos contar

Sou Tarcisio Ferraz Arruda, remanescente dos anos 40. Apresento-me como um simples limeirense, que se voluntariou à famosa Escola Técnica de Aviação, em setembro de 1944. Prestado o concurso e aprovado, fui incluído na 3ª Esquadrilha, tendo como comandante o Ten. Eurico e o Sargento Kalil. Hoje, agradeço o aprendizado militar e técnico desse estabelecimento. Formei-me na 18ª turma, Dia da Vitória, 08 de maio de 1945, tendo como paraninfo Maj Brig Ar Gervásio Duncan. Visitava a Escola, nesse dia, o General Arnold (USA) e o Ministro da Aeronáutica Salgado Filho.

Eu era da especialidade de Sistemas Elétricos, formado em 9 de maio de 1945, 18ª Turma da ETAv e meus companheiros de especialidade eram: Arlindo Montagnoli Filho - Antonio F. Mabilde - Carlos Moreira Araújo - Hélio Spindola Costa (orador) - José Clayton Píton - Alcides de Azevedo.

Atualmente resido na cidade de Canoas, RS, sede do 5º COMAR, na rua Anita Garibaldi, 315, Centro, CEP 92010-100. Se pudesse, gostaria de receber mais histórico da ‘chocadeira’. A ETAv era assim chamada, porque, com o Brasil declarando guerra ao Eixo, era necessário formar, de forma rápida, especialistas para suprir as necessidades da FAB, e os alunos da ETAV eram chamados ‘filhos da chocadeira’, pois se formavam mais rapidamente que os da Escola de Especialistas do Rio de Janeiro.

Nazareno Medeiros

VIAGEM A FLORIANÓPOLIS COM MEU PAI

Quando li as instruções para ingresso na Escola Técnica de Aviação, entusiasmei-me deveras, especialmente pela oportunidade de estudar eletrônica, matéria que sempre me interessou, além de prestar o serviço militar.

Talvez a combinação desses fatores levou meu pai, faroleiro aposentado, a enfrentar a minha separação da família, levando-me a Florianópolis para fazer minha inscrição de candidato, no Destacamento de Base Aérea daquela capital.

Este acompanhamento também se prendia ao fato de jamais eu haver deixado minha cidade natal – Laguna - e, assim, desconhecer como era “a cidade grande”.

Estivemos hospedados durante um, talvez dois dias, na capital catarinense, numa pensão não muito chique. Das “negociações” na Base Aérea restaram apenas a lembrança de que eu teria de regressar quando fosse chamado para os exames.

Voltamos para Laguna, onde continuei a prestar serviços na Comissão de Marinha Mercante, anexa à agência do Lloyd Brasileiro S. A..

DESPEDIDA PARA SÃO PAULO

Falha-me a memória para dizer quanto tempo esperei para saber que me deveria separar mesmo de minha família, o que se deu com a chegada de um telegrama.

Feitas as malas (acho que era só uma...) foi a hora das despedidas e da “choradeira” de meus irmãos e, especialmente de minha madrasta, a quem queria como mãe.

Nossa família morava em um local de nome Roça Grande, à margem da rodovia BR-101, pelo menos parcialmente pavimentada naquele ponto. O ônibus, avisado o motorista, parou para me apanhar.

O percurso durava umas duas ou três horas até a capital, tempo em que permaneci “matutando” qual seria o meu proceder daí para frente.

E lá fui eu, com ônibus da Empresa Auto Viação Catarinense, linha Laguna-Florianópolis.

Iria apresentar-me na Base Aérea para receber as passagens para Curitiba;

nova apresentação, outra passagem para São Paulo e, afinal, a ETAV.

Em Florianópolis, hospedei-me, não sei por quanto tempo, na mesma pensão, não conhecia outra na cidade.

Ao embarcar no ônibus, travei conhecimento com um outro candidato a aluno de nome ATILIO BORTOLON, que foi companheiro de aventura na cidade desconhecida chamada Curitiba.

Na nova apresentação “militar”, depois de indagarmos sobre como chegar a Bacacheri, viajarmos de bonde (veiculo desconhecido). Ao chegar foi frustrante: o destacamento não tinha instruções sobre a emissão de passagens e foi uma troca de telefonemas, muito difícil naquele tempo, entre Curitiba e Florianópolis. Resolvido o impasse, fomos encaminhados para S.Paulo.

Ao chegar, novas indagações para achar a Visconde de Parnaíba e depois o número da Escola. Durante o trajeto, lembro-me bem, ia guardando mentalmente as ruas por onde passávamos, numa intenção de reencontrar a origem, na hipótese de não ser atingido nosso objetivo.

ALOJAMENTO NA 7ª ESQUADRILHA

Meio difícil acertar agora como fui parar na 7ª esquadrilha.

Posso dizer que, inicialmente, passei pelo ANEXO 13, um barracão enorme com camas-beliche, e onde, durante minha permanência, roubaram-me um relógio de bolso, marca POLONO, presente de meu pai.

De nada adiantaria tentar reavê-lo, diante das circunstâncias em que me encontrava. Ainda o tenho na memória, especialmente pelo fato de que para acertar os ponteiros era necessário pressionar a “cabeça”, quando nos demais era preciso puxá-la. Aparentemente não era de grande importância, mas, várias vezes uma pressão imperceptível modificava as posições dos ponteiros.

Instalado na esquadrilha, dispúnhamos de armário particular para a guarda de nossos pertences, banheiros e cama beliche, se não me engano.

Para ser aceito como recruta era exigido exames de saúde, coisa para mim ainda novidade, mas cheguei lá.

Neste ponto, ou melhor, nesta graduação, o ordenado era de 300,00 (trezentos

cruzeiros/cruzeiro novo) não me lembro.

Recebíamos fardamento, calçado, roupa de frio, meias e etc. para enfrentarmos a instrução técnica e, após o almoço, a instrução militar.

Ficou-me na memória a figura de um terceiro sargento, chamado Sgt. GARCIA. Sua principal característica era o desejo de estar sempre EM DIA com a instrução militar. Disse, certa ocasião, que sonhava em conhecer o REGULAMENTO DISCIPLINAR DA AERONÁUTICA, inteirinho, e de cor.

Voltávamos da instrução militar já próximo do meio-dia, e, assim, logo nos preparávamos para o RANCHO.

Certa ocasião, num feriado, eu, permanecendo na Escola, ao ser servido um sanduíche avantajado, não me satisfiz e, dando volta na fila, busquei outro. Fui notado pelo militar que controlava o movimento, mas me deixou passar...

Após algum tempo no ANEXO, fui transferido para a sétima esquadrilha, no conjunto de edifícios da Escola.

Nosso “chefe supremo” era o tenente PASCHOAL, oficial jovem ainda, permanentemente cuidadoso em sua aparência pessoal, estava sempre muito bem fardado.

Tínhamos revistas semanais para a disputa da melhor esquadrilha da Escola, e, naturalmente, escala de serviço, com “cabo de dia” e auxiliares.

Permaneci nesta esquadrilha durante todo o tempo que estive na Escola.

REMINISCÊNCIAS MILITARES

Desde a admissão na Escola, éramos preparados para o posto de cabo e de sargento, antes de terminar o curso técnico.

Tínhamos as instruções normais do Exército para o preparo dos recrutas, soldados, cabos e sargentos: ordem unida, regulamentos disciplinares (lembrando o Sgt. Garcia), marchas e juramento à Bandeira.

Algumas reminiscências da época:

- Ordem Unida nas ruas do Brás (ah! se lembrasse dos nomes!) mas, em uma delas, durante um pequeno descanso, lembro-me haver sentado na calçada e experimentado deitar-me de costas, para um melhor relaxamento. E neste momento ocorreu-me que, em Laguna, jamais aconteceria um “quadro” destes.

- Um plantão noturno no antigo hipódromo da Mooca, com preparo prévio de aprendizado de senha e contra-senha. O serviço era prestado com fuzil, baioneta e munição. Ao percorrer a minha área, ultrapassei o limite e tive que fornecer a identidade com a tal senha.

- Outro tipo de plantão era dado nas dependências da esquadrilha; num destes, ao assumir, exigi que me fosse apresentado pelo “cabo de dia” anterior uma relação do material para limpeza do alojamento e dependências. Como ele não havia recebido do antecessor tal relatório, preparei um para assinarmos juntos. Algum tempo fui questionado sobre um determinado material que deveria estar presente entre os demais. Respondi que o que eu recebera se achava descrito na “parte” por mim assinada e, portanto, não me caberia qualquer responsabilidade pelo fato. Fui respeitado e nunca soube como a Escola resolveu a questão ...

- Já próximo de me formar, certo dia ocorreu que, em virtude de pressa, não troquei de uniforme para ir ao hipódromo, estando eu coberto com uma capa de chuva. No primeiro instante não me preocupei, mas, logo após, resolvi procurar o tenente Abrahão para lhe explicar o fato. Este oficial, diariamente, fazia inspeção nos uniformes dos alunos (a esta altura já éramos “formandos”) e, quando me expliquei, ouvi uma resposta que me deixou a certeza de haver mudado o seu pensamento a respeito da inspeção, declarando ele que não seria o “uniforme” (precisaria eu estar de “caqui”). E agora? O que iria ele examinar? Repassei todos os itens possíveis do exame e fiquei na expectativa dos acontecimentos. No momento adequado, o tenente Abrahão procurava pela “placa de identificação” (e eu então me convenci que ele havia antes observado que eu estava “em ordem”, quando teve uma pequena demora para a declaração que eu ouvira; acho que admirou meu conceito de cumprimento do dever).

- Na “ordem unida” havia um comando para o “grupo de combate”, formado em “coluna por três”, que, obedecido, fazia com que a coluna do centro executasse 3 “meia-volta volver!”, a coluna da esquerda 3 “esquerda volver!” e a coluna da direita 3 “direita volver!”. Executado com exatidão, o grupo de combate estaria, ao fim dos movimentos, seguindo na mesma direção, todos em perfeita “coluna por três”. Entretanto, qualquer erro, de qualquer componente, deixaria o “errado” inteiramente “perdido” e iria precisar encontrar o lugar onde estava no começo, si pior não fosse pior a situação resultante para o dito-cujo !!!

- Em meio a tudo isto de militarismo, houve também treinamento musical, ministrado pelo único oficial de cor que conheci; infelizmente não me ficou gravado o seu nome. Entretanto, com ele, ensaiamos, como um coral, uma música a que, de memória, dou o nome de “VIVA O SOL DO CÉU DA NOSSA TERRA”. A letra era reduzida (“viva o sol / do céu da nossa terra / vem surgindo / atrás da linda serra “), mas o que havia de interessante, era o fato de o nosso maestro insistir que “terminava aqui”, sendo o “aqui” a posição de suas mãos entre as pernas ...

- Ao terminarmos a instrução militar, voltávamos para a Escola e, ainda em forma, ouvíamos a chamada e a posterior (e diária) distribuição da correspondência. Cada aluno era chamado nominalmente e quando o número de cartas ultrapassava cinco, havia sempre o grito uníssono: “G I B Í !!!). A razão era uma coluna de correspondência dos leitores da revista ‘GIBI”, uma espécie de “clube do leitor”. Certo dia, sabedor que eu havia fornecido meu nome para a tal revista, um colega da esquadrilha de nome Humberto (éramos vizinhos de armário), enviou-me uma carta de mulher apaixonada, onde aparecia a frase: “nós as mulheres sofremos tanto !”. O tom com que foi escrito me pareceu algo familiar – falávamos freqüentemente –, mas fiquei na expectativa. O fato se repetiu e logo após ele acabou confessando a autoria das cartas ...

- Esquecia-me da festa de aniversário da Escola !

Quem possuir a coleção do “Papel Pega-Mosca” poderá situar, no tempo, a ocasião em que se deu o que descrevo a seguir. Primeiramente, o fato se

deu alguns dias ANTES do aniversário, ocasião de mais um treino para a apresentação de um PELOTÃO DE DEMONSTRAÇÃO.

No local em que seria realizada a festa (antigo Hipódromo da Mooca) se achava presente, entre outras pessoas de quem não recordo, um subtenente que, à boca pequena entre nós, era conhecido por “tenente jabá”, talvez pelas espinhas no rosto.

O pelotão, do qual eu fazia parte, se aproximava quando, com o microfone em mãos, o subtenente anunciou: “Eis que surge o bravo tenente Abron, com seu peloton de demonstraçon”.

Bem; foi só isto antes das evoluções que o pelotão executou e, acredito que o célebre comando das três meia-voltas também foi realizado...

REMINISCÊNCIAS TÉCNICAS

Falo agora do CURSO BÁSICO, iniciado algum tempo após ser aceito como recruta.

Era o que se chamava de INSTRUÇÃO TÉCNICA para a preparação dos futuros sargentos especialistas da FAB.

Dos cursos ministrados recordo que havia: MOTORES, TEORIA DE VÔO, FÍSICA, MATEMÁTICA, ELETRÔNICA e METEOROLOGIA, além, é claro, o de RADIOTELEGRAFIA, minha especialidade.

De motores (de avião) recordo das explicações sobre o motor a explosão e as variantes para o motor aeronáutico; conheci o motor radial, vimos como era o funcionamento em um painel preparado para vermos “em câmera lenta” os movimentos dos pistões, a admissão do combustível e coisas afins.

Em teoria de vôo as influências das condições do tempo, a velocidade, as forças atuantes na aeronave, as questões de centro de gravidade, os lemes de direção e profundidade, etc.

A meteorologia trouxe-me o conhecimento mais aprofundado das medições de velocidade e direção dos ventos, umidade do ar, pressão atmosférica; terminou com um exame de campo, onde se mostrava se realmente havíamos assimilado os ensinamentos ministrados. Lembrei-me que guardo o resultado deste exame entre

meus pertences.

Em física, matemática e eletrônica foi onde me dediquei mais, em virtude de minhas predileções, desde o tempo de estudante.

Ao fim do curso básico, éramos submetidos à CLASSIFICAÇÃO para uma especialidade. Ignoro quem tinha a responsabilidade de analisar os resultados obtidos pelos alunos durante o período decorrido.

Recordo-me, muito bem, que, certo dia, ao ser divulgadas as classificações, fui incluído entre os que iriam se especializar em HÉLICES.

Fiquei muito contrariado com isto; mas, apareceu-me um aluno se dizendo descontente com a classificação recebida de RADIOTELEGRAFIA, quando ele desejava justamente a minha classificação.

Seu nome era (e espero que ainda esteja vivo) ABILIO SERRA, há algum tempo morador em São Paulo, e que me visitou em Vitória, passados vários anos.

Fomos ter com a pessoa responsável pelas classificações (um americano, ao que me recordo) expusemos nossa situação e conseguimos fazer a troca pretendida. (eu havia estudado telegrafia quando ainda estudante ginasial).

Naquela época eu tinha perdido meu pai e desejava ser formado no menor tempo possível, por questões financeiras; assim, influenciado pela duração do curso, deixei de pleitear o de RADIOMANUTENÇÃO, meu mais ardente sonho.

Passei com isso, a pertencer a um grupo especial, freqüentando aulas de telegrafia para adquirir os hábitos da FAB, ministradas por um professor americano (teoria) e, após, por um sargento telegrafista que nos ensinou os “macetes” da operação real que iríamos enfrentar.

REMINISCÊNCIAS TÉCNICAS (ainda)

Durante o curso básico, quando recebíamos aulas de eletricidade, especialmente de eletrônica, pude sentir que me destacava entre os alunos, em virtude de estar a lidar com assunto já conhecido.

Lembro-me bem que me dedicava no estudo da eletrônica, pois era a

oportunidade para aprofundar meus conhecimentos.

O caderno de apontamentos, conservo até hoje, ainda que bastante apagado – foi escrito a lápis –, e a data de inicio registra 11 de dezembro de 1946. Nunca imaginaria que quatro anos depois seria pai pela primeira vez ...

Nesta primeira aula, noções sobre a lei de Ohm, com desenhos de pequenos circuitos.

O assunto continuou até a nona aula, quando estudamos a pilha seca e suas associações.

Na décima primeira, em 14/01/47, entrávamos em corrente alternada e muita coisa se seguiu, inclusive dando noções sobre as transmissões radioelétricas. Estudaram-se os efeitos de indutância, capacitância, resistência e as associações possíveis em corrente alternada.

Na décima sexta aula, em 21/01/47, entrávamos em transformadores, com uma seqüência de fórmulas, cálculos diversos nas aulas seguintes.

Em 29/01/47, iniciávamos a segunda fase do curso, ELETRÔNICA, sendo professor o americano de nome GEORGE BIGGS.

A vigésima terceira aula, em 31/01/47, deu inicio ao estudo das válvulas eletrônicas, passando pelos rudimentos do efeito Edison, diodos de aquecimento direto e indireto, retificação da C.A. Em 03/02/47, iniciamos o estudo da válvula de três eletrodos

Na trigésima aula, ocorrida em 08 de fevereiro de 1947, ocorreu algo para mim muito importante e que justifica palavras contidas no inicio desta “expansão”.

O professor Biggs retardou-se para começar a aula e, não sei por qual razão, li para os colegas meus apontamentos do tal caderno até o ponto em que registrava a AMPLIFICAÇÃO CLASSE “A”.

Mas, entusiasmado com o que fazia – estava à frente da turma sentada, a escrever no quadro negro – não percebi a chegada do professor, o qual, por razão inexplicada, não veio ocupar a posição em que eu me achava; sentou-se em uma das últimas cadeiras e ficou “apreciando o novo professor”.

A turma nada me falou e prossegui até o momento em que me voltei para os colegas e notei então a presença do mestre.

Imediatamente movimentei-me para lhe ceder o lugar, mas, para minha surpresa, ele disse que “estava gostando” e que eu prosseguisse. É claro que aquilo

me encheu de orgulho e continuei até o ponto em que se encerrava o assunto da AMPLIFICAÇÃO. Depois, a aula prosseguiu com os assuntos que estavam em pauta pelo mestre.

Esta fase terminou em 28/02/47, na quadragésima terceira aula, com uma sabatina onde recebi o grau 97.

No dia seguinte iniciou-se a FASE III- Equipamentos das Bases, onde trabalhamos com o transmissor RF50-A e o receptor EVPL, efetuando cálculos, medidas em componentes e instruções sobre operação com os mesmos.

O fim do ‘FUNDAMENTAL DE COMUNICAÇÒES” ocorreu em 29/03/47, sexagésima-sexta aula, com uma sabatina onde obtive grau 95. Após estes fatos é que fui classificado em “Rádio-Operação”, já próximo da formatura.

REMINISCÊNCIAS DIVERSAS

Dentre os exercícios de tropa, ocorreu uma marcha de uns dez quilômetros, mas não me lembro qual o destino.

Todos completamente equipados; e o que mais castigava era o fuzil 1908, pois, com o passar do tempo, íamos sendo vencidos pelo cansaço do braço.

Conheci, então, o artifício para aliviar tal situação: no “cinto de segurança” sobrava uma ponta vinda dos ombros, ambos os lados. Passei a tal ponta sob a coronha do fuzil, como faziam os colegas, e transferi parte do peso para os ombros, acarretando um pouco de alívio ao braço (bom macete).

.................................................................................................

Nas folgas de fim de semana – o castigo mais comum era o SD (sábado e domingo) que impedia a possibilidade de ausentar-se do recinto escolar.

Mas, como bom soldado, nunca me aconteceu.

E numa destas saídas, eu e o colega VENÂNCIO TIETZ, de Passo Fundo RS, resolvemos dar uma volta pelo centro de São Paulo, para localizar uma instituição de ensino de nome Instituto Radio Técnico Monitor, situado na rua Aurora, se me não engano.

Não se pagava passagem viajando no estribo dos bondes. E lá fomos em busca da avenida São João, e dali prosseguir andando até o endereço.

Tendo em vista a enormidade de S. Paulo, segui a sugestão de comprar guia da cidade, que me foi proveitoso por mais de uma vez.

Depois que atingimos o ponto desejado, raciocinando sobre a posição em que estávamos, resolvemos não regressar pelo mesmo caminho, mas prosseguir dando uma volta para atingirmos a S. João.

Péssima idéia: andamos e acabamos a nos perder (nem a grande referência do Banco do Estado, tão proclamada pelo Venâncio, funcionou); o Tietz, achando que “seria feio”, não permitiu que eu sacasse do bolso meu guia, e, assim, depois de algum tempo, fomos ter em local por onde passava o bonde destinado à praça Ramos de Azevedo.

Tomamos o tal bonde e retornamos à Escola.

........................................................................................

Os alunos tinham uma associação – Sociedade dos Alunos da Escola Técnica de Aviação.

Sempre arredio, não quis fazer parte dela; e sua lembrança se acha associada ao colega Waldir Bennati Ribeiro do Val, anos mais tarde, minha testemunha de casamento.

Tal associação tinha repercussões na vida da Escola, pois proporcionava festas, especialmente as de formaturas, e por umas horas de entretenimento entre o jantar e o toque de recolher, quando podíamos desfrutar de algum tempo para nós mesmos.

E vem a recordação das horas que passei, sentado à frente da Escola, num pequeno jardim, a ouvir músicas da época (sem faltar as americanas, é claro...), a

sonhar com os meus familiares em Santa Catarina.

Hoje, de vez em quando, a ouvir algumas delas a saudade retorna, lembrando também das amizades daquela saudosa época.

REMINISCÊNCIAS DIVERSAS (mais)

Ainda durante o período em que estava cursando o Básico, ao circular pela Escola, pude encontrar um grupo de alunos do curso de rádio-manutenção treinando o uso de um equipamento móvel. Tratava-se de um radio goniômetro.

O conjunto era transportado em um carrinho empurrado por eles, mostrando muito claramente a variação do posicionamento da antena receptora que, naquele instante, apontava para a localização do transmissor de uma emissora da capital.

Na época, era muito utilizado pelas aeronaves para sua orientação durante as viagens pelo Brasil, e a antena era bem visível no exterior da fuselagem dos DC-3, o mais usado nas rotas comerciais da época.

.................................................................................................

Relacionado ainda ao curso de radio-manutenção, com duração aproximada de um ano, gostava eu de me colocar junto às janelas do laboratório do curso, notadamente para ver funcionar o OSCILOSCÓPIO DE RAIOS CATÓDICOS.

Meu interesse era tão forte que permanece até hoje, mesmo após haver deixado a vida militar e haver “aportado” por Vitória (ES), já funcionário do Banco do Brasil S. A.

Nesta cidade apareceu na vitrine de uma loja de material eletrônico um desses aparelhos. Com o auxilio de um colega do Banco, como fiador, ADQUIRÍ o tal aparelho, zelosamente mantido em meu poder até hoje (2006).

MISS LEE

“Era nossa professora de língua inglesa, muito bonita, e, naturalmente, chamava a atenção de todos os alunos. Certa vez, durante uma aula, meu amigo Carlos Alberto Von Bahten observou a ela que havia uma mancha de giz em sua saia: ’Miss Lee, your skirt is dusty with chalk’. Ela muito graciosa, respondeu: ‘Oh! Thank you’, enquanto espanava com a mão aquela poeira de giz. Isto me ficou na memória. Antes de me graduar sargento, ela deixou a Escola, regressando para sua terra”.

PATRULHA

“Fazia parte dos treinamentos militares dos alunos, os patrulhamentos realizados nos dias de folga, sábados e domingos. A missão tinha por objetivo percorrer os lugares mais freqüentados da cidade, principalmente as boates paulistanas, a procura de qualquer irregularidade provocada por algum aluno mais bagunceiro. Participei uma única vez dessa escala, composta de um comandante e dez alunos. Íamos acomodados na carroceria da viatura, e nos equipávamos com cassetete e cinto de guarnição. Nós nos sentíamos constrangidos, pois seria muito desagradável encontrar um companheiro em situação de reprovável comportamento e ter de reconduzi-lo para a Escola, pois, certamente, iria receber séria reprimenda. Eram momentos de tensão. Ainda bem que não trouxemos nenhuma vítima”.

FÉRIAS ESCOLARES

Saí em férias, ao menos uma vez, indo até Laguna SC, levando comigo algumas fotos. Vale notar que me sentia tão satisfeito pelo que ocorrera em São Paulo que, quando me encontrei com aqueles amigos de infância e ginásio, levava comigo um desejo muito forte de convidar a todos eles para irem para a Escola, como eu fizera.

Isto porque Laguna era uma cidade de muito poucas chances de emprego e não dispunha de ensino superior ao Ginásio Lagunense, onde me formei. Assim, àqueles mais chegados expuz meu ponto de vista.

Não posso garantir que tenha sido esta propaganda que levou um lagunense de nome LIVIO PAGANI a aparecer na Escola; e estou citando isto aqui, apenas por haver

ocorrido uma conversa entre nós, lá na Escola.

Tudo não passou de uma observação dele sobre o trânsito paulista. Disse-me ele:

“Nazareno, puxa, mas São Paulo tem carro, hein? Tem mais de 100”! Não tive mais que um sorriso para ele, lembrando que, naquela época, o número de carros em Laguna não deveria passar de 20.

Mas, voltando ao relato de minha visita, e, ao que me parece, ainda dentro do pensamento do convite, recordo haver redigido um plágio da letra da canção “VIENE SUL MARE” (deve ser assim ...) já plagiada (ou traduzida) para ‘MINAS-GERAIS”. Permita-me transcrevê-la:

Vou partir é meu último adeus

Ao rincão em que eu vi a luz

Deixar-te-ei, doce amigo, e aos meus

Por um destino que mais me seduz

Oh! Minha Laguna !

Oh! terra querida

Teu filho parte afim de outra vida

Oh! Laguna querida !

Meus amigos que ficam reparem

Precisam educar-se também

Este meio lhes impedem que se tornem

Homens dignos, homens de bem !

O que houve de curioso foi a posse desta letra por uma garota (enorme surpresa para mim) que não quis, de forma alguma, devolvê-la ...

E, passados os dias de férias, ao retornar, fiz minha apresentação à maior autoridade da cidade, mas que não recordo quem era, voltando para a Escola.

PORTEIRA DO BRÁS

“Naquela época, havia no Brás, bairro onde se achava a Escola, uma passagem de trem, cruzando a avenida Rangel Pestana. Para evitar acidentes com os veículos que cruzavam a estrada de ferro, havia uma porteira de madeira para fechar a passagem do comboio ferroviário em benefício dos carros. Era lógico, pois o trem só de vez em quando passava por ali. Tal situação deveria ser uma dor de cabeça para os administradores da cidade, pois, certa vez, mereceu crítica num programa de rádio, intitulado ‘São Paulo no ano 2000’. Aquele programa era uma ficção sobre o progresso; tinha até informação de trens para a lua saindo de hora em hora, e ao encerrar, o locutor dizia: E continua em estudos a questão da porteira do Brás”.

FORMATURA

“Para madrinha, escolhi minha irmã Terezinha. Residia em Laguna, Santa Catarina, e certamente gostaria de vir a São Paulo para entregar as divisas de sargento, ao irmão. No entanto, a questão financeira não ajudou; senti muito. Recorri a uma funcionária da Escola e expus a minha situação, pedindo a ela para que sua irmã, Maud, aceitasse o meu convite. Não deu certo, já estava compromissada com outro formando. Embora me sobrassem opções, socorri-me da boa amizade de uma família que conhecera, onde haviam duas irmãs: Maria Aparecida Rocha, de temperamento extrovertido, e Maria da Penha Rocha, observadora e silenciosa. Convidei Maria da Penha, o que provocou ciúme em Maria Aparecida, manifestado somente no dia do baile, quando trouxe para nossa mesa um companheiro que não me era muito simpático. Aí aconteceu um fato curioso. Minha madrinha pegou uma cédula de peso argentino e propôs um pacto. Quanto romantismo! Dividiu a cédula em quatro partes, deu uma para cada um de nós, impondo a condição de ficarmos

comprometidos a atender ao chamado representado pelo recebimento de uma daquelas partes. Ainda guardo o meu pedaço. Nunca mais tive notícias dessas pessoas...

Eis a relação dos meus companheiros de especialidade RT-TE, formados em 30 de setembro de 1947, 63ª Turma da ETAv: Wilmar Lima (primeiro colocado da Escola), Nazareno Medeiros, Heron D’Ávila, Egon Baumer, Caetano de Almeida, Túlio Adão Tassinari, Célio Bueno de Miranda, Benedito Moreira da Silva, Mércio Pacheco da Rocha, Enio José Bonatti, João Ximenes de Mesquita, Antonio Carlos Paiva, Aurélio Guidi e José Alves de Oliveira.

DESPEDIDA NA ESTAÇÃO DA LUZ

Este é o último episódio de minha história na Escola Técnica de Aviação.

Formado sargento QRT-TE, minha turma foi enviada para o Rio de Janeiro, e nos apresentamos na Diretoria de Rotas Aéreas, para sabermos qual a Unidade de destino.

Tudo começou com uma reunião na estação Ferroviária da Luz; “despachados” para seus lugares, sentei-me à janela de um vagão para despedir-me especialmente da família de minha madrinha Penha e de sua irmã Aparecida.

É possível que tenha havido algumas lágrimas por parte delas, mas, afinal, o trem partiu.

Fui anotando em um “diário” os fatos que julguei interessante. Anotei a hora e dia em que vi o Pão de Açúcar (já era no dia seguinte à partida).

Não me lembro como, fiz dupla com o sargento ENIO JOSÉ BONETTI quando estávamos a procura de alojamento, conseguido – quem indicou? – numa pensão próxima a estação D. Pedro II, denominada “Pensão Marilia”, onde ocupamos o quarto número 11.

Não posso deixar de fazer um comentário a parte: enquanto por uns 20 dias ficamos na pensão, aconteceu travar conhecimento com aquela que viria a ser minha esposa.

Certo dia nos apresentamos para recebermos as designações.

Tenho quase certeza que minha madrinha de formatura apareceu por lá, influenciando na escolha dos nossos destinos.

De inicio, declarei que desejava a unidade da FAB que ficasse mais ao sul, visando permanecer próximo dos meus familiares. Mas, como as designações seguiam a ordem dos primeiros aprovados na Escola, a localidade mais setentrional onde havia vagas era ................. ,e para lá foi designado o sargento PAIVA, aquele que não me era muito simpático e ocupou a mesma mesa no baile de formatura.

E para mim sobrou Salvador (BA).

Para a apresentação em Salvador, precisei seguir até Recife, sede da Segunda Zona Aérea.

Fiquei em Recife por uns dois dias, até conseguir transporte pela FAB para Salvador, onde servi por dois anos. Depois fui servir em Aracajú (SE) e Florianópolis (SC), onde ocorreu meu desligamento, indo ser escriturário no Banco do Brasil.

O B R I G A D O ! ! !

Emblema da E.T.Av.

ESCOLA TÉCNICA DE AVIAÇÃO Brig.-do-Ar Carlos G. S. Porto

SUMÁRIO PREFÁCIO ESCOLA TÉCNICA DE AVIAÇÃO COLABORADORES 1 - Ignição e Aquecimento dos motores 2 - Pronto para o Táxi 3 - Antes da Rolagem 4 - Cheque Durante a Rolagem 5 - Cheque dos Motores 6 - Decolagem 7 - Cheque Após o Pouso 8 - Parada dos Motores 9 - Missão Cumprida 10 - Conclusão 11 - Estandarte da ETAv 12 - Hino da ETAv 13 - Memorial do Imigrante 14 - Meu Velho Macacão de Vôo 15 - Inauguração da Escola 16 - Visita do General Mark Clark 17 - Ajudância 18 - Centro Médico 19 - Especialidades 20 - Alunos da 6ª Turma de Formandos 21 - Alunos da 14ª Turma de Formandos 22 - Papel Paga Mosca - 13 de outubro de 1947 N° 37 23 - Passagem de Comando 24 - Mudança da E.T.Av 25 - Decreto de Aprovação do Termo de Ajuste 26 - Decreto de Autorização de Crédito Especial 27 - Decreto de Abertura de Crédito Especial 28 - Decreto de Criação de Tabela Numérica Suplementar 29 - Decreto de Transferência da Escola 30 - Decreto de Extinção da Escola 31 - 60 Anos Depois - Unidos Pela Amizade 32 - Semana da Asa - outubro de 1945 33 - Reminiscências Bibliografia: História Geral da Aeronáutica Brasileira - INCAER Trajetória Especialista - Berilo de

Lucena Cavalcanti

PREFÁCIO

Alguns militares formados pela Escola Técnica de Aviação (ETAv) vêm, por intermédio do RESERVAER, procurando entrar em contato com seus colegas e reatar os laços de amizade nascidos numa saudosa época, em que o idealismo da juventude e a crescente evolução da Aeronáutica Militar os impulsionavam para uma empolgante

carreira.

Estamos nos referindo à década de quarenta!

O que nos levou a escrever sobre este assunto foi a mensagem do senhor Artemio Bottene, aluno da 6ª turma da ETAv, formado, em 21 de outubro de 1944, na

especialidade de motores. Dizia, e com razão, não haver encontrado em nosso site qualquer menção sobre aqueles que cuidam do avião e o fazem voar: os especialistas.

Após alguns contatos virtuais, e aproveitando as festas de fim de ano em Ribeirão Preto, viemos a conhecer o Sgt Bottene, sua esposa, dona Mercedes, e Juliana, uma das filhas do casal. O bate papo, como não podia deixar de ser, foi

comandado por ele, a relembrar o seu tempo na Força Aérea Brasileira (FAB), vivido na ETAv e na Base Aérea de Natal. Foram momentos agradáveis, temperados pelo

entusiasmo do nosso anfitrião e de sua incontida satisfação em poder conversar sobre aquela época, da qual muito se orgulha e que fora um dos principais artífices na sua

formação de soldado e de cidadão.

Natural de Piracicaba, estado de São Paulo, realizou, antes de sentar praça, o curso de pilotagem no aeroclube local, que seu pai, João Bottene, ajudara a fundar, em 26 de abril de 1938. O primeiro avião do aeroclube foi um biplano Muniz M-7, prefixo PP-TMR, muito elogiado pelo Artemio. Praticamente todos da família eram

pilotos: seu pai, seu irmão, Fleury Bottene, também formado na ETAv – 14ª turma, em 3 de março de 1945, como controlador de vôo –, os primos Tito e Pedro Bottene,

e sua irmã, Zayra Bottene.

Zayra Bottene, primeira mulher piracicabana a tirar brevê, em 1941. Voou mais de 1.000 horas, encantando a todos que acorriam para assistir suas manobras e acrobacias. É detentora do Brevê Nacional de nº 1.265 e o Internacional de nº 1.042.

Sobre Zayra, é digno citar que a Câmara Municipal de Ribeirão, em sessão de 29 de maio de 2001, prestou-lhe justa homenagem, ao reconhecer seu espírito

pioneiro em prol da aviação brasileira, outorgando-lhe o Título de Honra ao Mérito. Naquela oportunidade, ao agradecer tal honraria, disse: “Termino, recordando com

saudades do ano 1941. Foi o melhor ano de minha vida, pois naquela época conquistei o céu, auxiliada por um anjo prateado: o avião biplano biplace Waco F3,

PP- TGC, que hoje repousa no museu dos meus sonhos”.

Zayra não está mais conosco, mas seu exemplo permanece vivo no coração das pessoas que tiveram o privilégio de conhecê-la.

Os Bottene contribuíram para que muitos jovens realizassem o tão desejado sonho de pilotar um avião.

Artemio contou-nos que seu pai nasceu em 1892, era proprietário de uma oficina mecânica onde fazia reparação das locomotivas da Estrada de Ferro

Sorocabana de 1925 a 1930, e que neste ano – 1930 –, com um amigo, fez circular o primeiro automóvel a álcool do Brasil, um Ford 1929. Durante a revolução

constitucionalista de 1932, passou a converter carros e caminhões, do governo de São Paulo para uso de álcool, produzido na região de Ribeirão Preto, e construiu uma locomotiva acionada por dois motores automotivos a álcool. Fora, também, pioneiro

em utilizar tal combustível em avião, barcos e fornos de fundição.Continuando a conversa sobre as proezas de seu pai e da sua capacidade empreendedora, citou que a locomotiva Baldwin existente na Praça 7 de Setembro, em Guarulhos, inteiramente brasileira, e uma outra em Gato Preto, município de Cajamar, foram construídas por

ele nas Oficinas da Usina Monte Alegre, em Piracicaba.

Ao relembrar esse passado na presença de sua família, senti reconfortante prazer pela oportunidade de conhecer pessoas que, na sua simplicidade, tiveram importante participação na sociedade, preenchendo as lacunas existentes com denodo, capacidade criativa e muito trabalho. Os ecos dessas ações continuam

presentes e haverão de persistir através dos tempos.

Ao término da visita, presenteou o RESERVAER com seu arquivo pessoal, repleto

de momentos vividos na ETAv.

Sargento Artemio Bottene: nosso especial agradecimento por colaborar na divulgação desta página tão bonita da história da Força Aérea Brasileira, que o senhor

e seu irmão, Sargento Fleury Bottene, também ajudaram a escrever.

Brig.-do-Ar Carlos G. S. Porto

COLABORADORES

Àqueles que estão prestando preciosa colaboração neste trabalho, nossos sinceros agradecimentos:

1-SARGENTO ARTEMIO BOTTENE – 21 de Outubro de 1944 – 6ª Turma

2-SARGENTO FLEURY BOTTENE – 03 de Março de 1945 – 14ª Turma

3-SRA. JULIANA BOTTENE – Filha do Sargento Artemio Bottene

4-SARGENTO NAZARENO MEDEIROS – 30 de setembro de 1947 – 63ª Turma

5-Cap Esp Av OROZIMBO PEREIRA de MELLO - 29 de agosto de 1947 – 62ª Turma

6-SO ALDO CAROPRESO – 1º Primeiro Colocado - 10 de Janeiro de 1945 (In memorian) – 11ª Turma

7-SO DURVAL SANTOS DE OLIVEIRA – 24 de Maio de 1946 – 41ª Turma – Paraninfo Amadeu Saraiva, Presidente da VASP

8-SO JOÃO NOGUEIRA

9-SO Tarcisio Ferraz Arruda – 9 de maio de 1945 – 18ª Turma

10-SO Tarcilio Fontolan – 22 de novembro de 1946 – 52ª Turma

11-SO Geraldo Silva Pinheiro – 8 de junho de 1945 – 20ª Turma

12-SO Euclides Mantagnini

13-Cap FRANCISCO REYNALDO RODAS – 21 de fevereiro de 1947 – 55ª Turma

14-CAPITÃO-MÚSICO ALBERLEI SCHLÖGL – Base Aérea de Brasília

15-SR. ROBERTO VALERY – Pesquisador Sobre a História da FAB

16-CEL.-INT.-AER. BERILO DE LUCENA CAVALCANTI

1 – Ignição e Aquecimento dos motores

Quando o Brasil declarou guerra às potências do Eixo, em 22 de agosto de 1942, tornou-se patente a necessidade de aumentar a formação não só de pilotos, mas, principalmente, de técnicos e de especialistas para os trabalhos de manutenção das aeronaves da Força Aérea Brasileira. No período em que o nosso país esteve envolvido naquele conflito, e valendo-se dos benefícios decorrentes da Lei de Empréstimos e Arrendamentos – Lend Lease Act –, cerca de 450 modernos aviões foram adquiridos pelo governo e trazidos em vôo dos Estados Unidos para o Brasil por nossas equipagens.

A Escola de Especialistas da Aeronáutica, criada em 25 de março de 1941 e sediada na Base Aérea do Galeão, enfrentava dificuldades logísticas decorrentes de sua própria localização, e pela falta de instalações apropriadas não tinha condições de suportar um aumento de pessoal em quantidade suficiente para atender, de forma eficaz, o quadro que se delineava.

Assim, em 1943, o Presidente da República, Getúlio Vargas, pelo Decreto-Lei nº 5.983, de 10 de dezembro, aprova o termo de ajuste firmado, em 29 de setembro, pelo Ministro da Aeronáutica, Joaquim Pedro Salgado Filho, representando o governo brasileiro, e o cidadão norte americano, John Paul Riddle, para a cessão, organização e manutenção de uma Escola Técnica de Aviação, no Estado de São Paulo, nos moldes da Embry Riddle School of Aviation, com sede em Miami.

2 – Pronto para o Táxi

Para o Comando foi designado o Ten Cel Av Eng João Mendes da Silva, encarregado da administração militar, ficando a administração civil sob a responsabilidade de James Blackley.

Comando da Escola Técnica de Aviação em dia de Solenidade

3 – Antes da Rolagem

A História Geral da Aeronáutica Brasileira, obra editada pelo Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica, nos conta que a Escola ocupou as instalações da Hospedaria de Imigrantes, cedidas pelo Governo do Estado de São Paulo, situada à Rua Visconde de Parnaíba, 1.316, no bairro da Mooca, capital.

Escola Técnica de Aviação – Fachada Principal

Vista Aérea da ETAv em fevereiro de 1946

4 – Cheque Durante a Rolagem

Inaugurada em 1888, realizava a triagem de estrangeiros recém chegados ao Brasil e os encaminhava ao trabalho. Edifício imponente, bela arquitetura, de extensa área, todo ajardinado, belas árvores frondosas, amplas dependências, adequou-se perfeitamente à nova missão, com inúmeros Departamentos e Laboratórios montados com modernos equipamentos e recursos auxiliares destinados à instrução: hospital, teatro, biblioteca, estação de rádio difusão, alfaiataria, alojamentos, refeitórios e bar.

Instrução de Motores – No grupo: Evaldo Faria – Artemio Bottene – José Morais – instrutor Bill –

Leonel – Dezotti

Alunos Fleury – Cruz – Adolfo com a Instrutora de Código Morse

Instrução de Sistema Elétrico - Instrutor Stokley e os Alunos 551-João Gilberto Amaral, 540 -

Santos de Oliveira, e Estagiário - 1795 - Alvaro Nardi

Aluno Bottene (à esquerda) no Alojamento

Grupo de Alunos Controladores de Vôo Vista de um dos pavilhões

Alunos Controladores de Vôo e sua Instrutora Defronte ao Pavilhão de Aulas

Alunos de Motores e sua Instrutora em Intervalo de Instrução

Curtindo o Tempo e as Amizades Alunos no Intervalo da Instrução Adolfo, Drezza, Fleury, Lencioni e Fatori

Amizades Sinceras – Sonhadores Idealistas Nazareno Medeiros – 2ª Fila – 3º da direita para

a esquerda

Aluno 1.149 Q AT MAV Francisco Reynaldo Rodas da 7ª Esquadrilha (Abr 1946)

Equipe de Alunos da Especialidade AT MAV na aula prática de motores. Ingressaram na ETAv em 5 NOV 1945. Entre eles: Francisco Reynaldo Rodas (com a chave na mão) – Francisco Hipólito – Galba Rodolfo de Carvalho

Instrução de Motores – Da esquerda para a direita: 3S Geraldo Bragantine – Cabo E-1946 Severino João de Melo – Aluno 294 José Godinho – Instrutor Mr. Devery

Aula sobre Sistema Elétrico – Instrutor George F. Schultz – Alunos 530 José Prado de Oliveira (Centro) – 513 Edgar Munis Franco (Esquerda) – 514 Afonso Pacheco (Direita)

Saudade do cinto de guarnição – O Aluno 2360 João Nogueira, ao lado de seu colega

de óculos, esclarece:

"Grupo da minha 8ª esquadrilha, provavelmente preparados para entrar de serviço. Em pé: Aluno 2353 Paulo Rodrigues (óculos), do qual nunca mais tive notícias; Aluno 2361 Antonio Benedito de Oliveira, faleceu há cerca de vinte anos; Aluno 2335 Frederico Pimentel, era artista circense, fazia-se de palhaço nos shows das 4ª feiras, com muito sucesso. Dele também não mais tenho notícias. Agachados: embora lembre das pessoas, não mais lembro os nomes”.

Bons tempos – João Nogueira sentado à esquerda, curtindo com sua turma um momento de folga: “Vagamente lembro de alguns, sem lembrar os nomes. Grupos se formavam a olho. Normalmente, na frente da Escola (Rua Visconde de Parnaíba), os alunos ficavam paquerando as meninas do bairro, que se aventuravam em ligeiro 'footing' nas folgas do horário de almoço e à noite, quando tinha até música do serviço de alto-falante da própria Escola”.

Aluno João Nogueira (agachado à esquerda) com seus amigos: “Grupo fotografado na entrada da 8ª Esquadrilha, à qual pertencia. Lembro o nome do segundo em pé – Álvaro Ferreira da Silva –, terceiro em pé – Antonio Benedito de Oliveira –, que eram meus colegas nas aulas da especialidade (RT-TE). Dos outros lembro das fisionomias, não os nomes”.

Bons amigos – João Nogueira (sem óculos): “Essa foto foi tirada em frente ao Posto Médico da Escola. Recordo -me do companheiro, mas não de seu nome. Lembro-me que sua mãe quando o visitava trazia coisas raras na época: frutas e doces finos de primeira qualidade...Era uma festa".

Trio parada dura ou Trio pronto para a parada? João Nogueira (à direita) esclarece: “Os outros são Guido Dal Sasso e José Bessa, ambos catarinenses. Bessa licenciou-se da FAB nos anos 50, formou-se engenheiro, em Curitiba, e foi alto funcionário do Governo de Santa Catarina, na área de saneamento básico. Nosso último encontro foi por volta de 1978, em Florianópolis. Correspondemo-nos por uns tempos. Ganhei um livro de autoria dele, e não tive mais notícias”.

Aluno 703 Tarcilio Fontolan (à esquerda) nos apresenta: “o companheiro nada mais é que meu melhor e grande amigo, muito antes do ingresso na ETAv. O nome é Henrique Costa, e a foto foi tirada nos jardins da frente da Escola”.

Tarcilio Fontolan (à esquerda): “No edifício ao fundo, na parte de baixo, é onde se localizavam as instalações da administração e serviços da ETAv; na parte de cima se localizavam algumas das esquadrilhas, ou seja, os alojamentos dos alunos”.

Aluno 703 Tarcilio Fontolan

Trabalho de Grupo – Tarcilio Fontolan (primeiro da direita em pé) esclarece: “o pessoal da foto é composto por um Sgt monitor e alunos do Curso Básico de Comunicações. Abaixados, da direita para a esquerda: 1 Newton Jonston, 2 Antonio Cardia, 4 Neves; em pé, na mesma ordem: 6 Eu, 7 Osmar Gatti, 8 Adjalma, 9 Luiz Gonzaga Arruda, e 12 Moura. Foto tirada em frente ao pavilhão do curso, no interior da Escola”.

Aluno Geraldo Silva Pinheiro Pinheiro com os amigos, durante a folga da instrução

Geraldo Silva Pinheiro e sua turma – Era só alegria

Aluno Euclides Mantagnini e seus colegas de especialidade em motores e o Instrutor Bill (à esquerda)

Euclides Mantagnini com um grupo de saudosos companheiros e amigos para sempre

5 – Cheque dos Motores

Alunos Prontos para a Revista do Licenciamento Pelotão sob o Comando do Cabo Florêncio

Impulsionada pelo crescimento vertiginoso do poder aéreo naquela época, o qual exercia verdadeiro fascínio sobre os jovens, no seu primeiro ano de funcionamento estavam matriculados 4.000 alunos de diversas especialidades: sistemas hidráulicos; hélices; instrumentos; motores; aviões; soldador; manutenção, reparação e operador de Link Trainer; meteorologia; manutenção de pára-quedas; manutenção, reparação e operador de rádio; viaturas motorizadas; sistemas elétricos; chapas e metal; máquinas e ferramentas

Chegada do Correio - Alunos atentos à chamada

Pátio da Escola Técnica – Formatura para o início das Aulas

Alunos Aguardando o Inicio da Instrução

Parada Diária

Além desses cursos especializados, havia também instrução militar, educação física, atividades complementares de cunho social e visitas a Organizações Públicas e Privadas.

Almoço no Aeroporto Santos=Dumont, por Ocasião da Visita da 6ª Turma às Instalações da Cruzeiro do Sul – RJ

O preparo físico era bastante exigido - Aluno Durval de Oliveira que o diga

Semana da Pátria 1946 - Desfile de 7 de setembro - Os garbosos alunos da E.T.Av. em Uniforme de Gala Azul-

Baratéia

Juramento à Bandeira - Ainda continua pulsando em cada coração

Aluno Geraldo Silva Pinheiro puxando a fila para prestar continência ao Pavilhão

Nacional

“Foi o compromisso mais importante na vida de cada um”

De vez em quando o Sgt Brandão nos levava a passear pelas ruas próximas à Escola Aluno Tarcilio Fontolan (terceiro homem) com os colegas de Esquadrilha, sempre ligados à voz de comando do Sgt Brandão

O Sgt Brandão sempre atento: Caprichem no alinhamento! Estufa o Peito, Aluno!

Esquerda, Direita!

E o Sgt Brandão sempre marcial: Atenção! Fuzil colado ao peito! Mão esquerda na altura do ombro esquerdo! Mão direita na altura da cintura! Muito bom! Firmem a cadência!

Instrução de Ordem Unida – Uma foto para não se esquecer do instrutor (agachado sem arma) – João Nogueira (agachado segundo à direita) diz que “são colegas da 8ª Esquadrilha preparando-se para a instrução militar”.

Um dia de festa na Escola para quebrar a rotina– Demonstração de Ginástica Acrobática – Aluno Euclides Mantagnini em pé nos ombros do homem base, sob a atenção da platéia

Aluno Euclides Mantagnini levantando dois atletas – Durval de Oliveira nos conta que: “ele tinha muita força, era um atleta excepcional e gostava de lutar jiu-jitsu. Serviu durante muito tempo em Porto Alegre e atualmente reside em São José dos Campos".

2º Ten Av Ariovaldo Vilela, Secretário da ETAv, no Muniz 7, preparando-se para um vôo de treinamento – Artemio Bottene conta que "ele era amigo e muito considerado pelos alunos”.

6 – Decolagem Os cursos eram ministrados por instrutores americanos, cerca de 300, “havendo a obrigatoriedade de o aluno ser fluente na língua inglesa, nos conta o Sargento Bottene, aluno da 6ª turma, formado em 21 de outubro de 1944, como especialista em motores. Os alunos eram muito bem preparados, recebiam o que havia de melhor em conhecimento de aviação para a época”.

Sgto. ARTEMIO BOTTENE – Aluno da 6ªTurma - Técnico em Motores

Sgto. FLEURY BOTTENE – Aluno da 14ª Turma - Controlador de Vôo

Certificado de Conclusão de Curso de Motores - Artemio Bottene

Certificado de conclusão de curso de Especialista Rádio Operador Terrestre -

Nazareno Medeiros

Certificado de Conclusão de Curso de Sistemas Hidráulicos - Aldo Caropreso

Diploma outorgado pelos americanos ao Aldo Caropreso - Curso de Familiarização em Sistema Hidráulico - (gentilmente cedido ao Reservaer por sua viúva)

Convite de Formatura da 62ª Turma – 29 de agosto de 1947

Sgto. Artemio Bottene recebendo o Diploma

Sgto. Artemio Bottene Recebendo as Divisas da Madrinha Zayra (sua irmã e

aviadora)

Controladores de Vôo – Dia da Formatura – 3 Mar 1945 Sgtos. Adolfo – Fleury – Instrutora –Zayra (Aviadora e Irmã de

Fleury) e Sgto. Cruz

Solenidade de Formatura da 6ª Turma - 21 Out 1944

Guarda de Honra – Solenidade de Formatura

Familiares Aguardando o Momento para entrega das Divisas de Sargento

Mr. John Paul Riddle – Organizador da ETAv

Últimas Instruções para a Solenidade de Formatura

Formatura - 21 de outubro de 1944 - Sgto Bottene e outro Formando recebendo as Divisas da Madrinha

Sargento Orozimbo - 1º lugar em instrução militar -, recebendo o prêmio das mãos do Brig Armando de Souza e Mello Araribóia

Formatura de Francisco Reynaldo Rodas, 55ª Turma, realizada no Hipódromo da Mooca em 21 FEV 1947: Guarda de Honra – Formandos – Tropa de Alunos – Ao fundo o majestoso B-24 Liberator

Certificado de Conclusão de Curso de Especialista Eletricista de Avião – Durval Santos de Oliveira

Corpo de Instrutores da ETAv – Agachados um grupo de novos Sargentos

Uma belíssima recordação: Os Novos Sargentos com seu Comandante, Ten Cel Av Eng João Mendes da Silva, e ilustres convidados

Dia de Solenidade – Nem o pesado fuzil lhes tirava o Garbo e a Vibração – Aluno Aldo Caropreso (indicado pela seta)

Esquadrilha se posicionando para Solenidade de Formatura – A testa sempre puxa o passo, e o Aluno Geraldo Silva Pinheiro estava lá (o do meio)

Formatura de 8 Jun 1945 – Sgt Geraldo Silva Pinheiro recebendo o diploma do

Paraninfo da Turma, Secretário do governo estadual de São Paulo

A lembrança e o reconhecimento para com o instrutor militar Sgt Brandão – Aluno 703

Tarcilio Fontolan (esquerda) e Aluno Moacir

Homenagem dos Alunos ao dedicado Instrutor Sgt Brandão

Sargento Brandão e uma turma de Alunos

Formatura realizada no Hipódromo da Moóca – Inseparável turma do Aluno João Nogueira (segundo homem à direita) atenta ao toque da corneta

Formatura realizada em 22 de novembro de 1947 no Hipódromo da Moóca – Aluno 703 Tarcilio Fontolan (no meio à esquerda) e seus colegas preparando-se para o momento mais importante de sua vida. Esse dia ninguém esquece!

Formatura em 21 FEV 1947 – Com seus familiares e amigos à frente da B-24: Sgt Francisco Rodas ao lado da madrinha Josefina Grandino Rodas (sua cunhada), Iva Tosi, Nair Delgado, Euza Tozi, Gislene de Almeida, Agripina Grandino (com Maria ao colo), e o garoto João Grandino Rodas (seu sobrinho - hoje Juiz Federal e Desembargador aposentado; Professor de Direito Internacional; foi presidente do CADE; ocupa, atualmente, função na OEA e no Mercosul; e ainda é Diretor da Faculdade de Direito da USP, no Largo de São Francisco, SP). Veja o que o destinou traçou: o garoto na formatura do Sargento Rodas, e este compareceu na posse do garoto como Diretor na Faculdade de Direito da USP.

Josefina Grandino Rodas, madrinha de formatura do Sgt Francisco Reynaldo Rodas, com o filho João Grandino Rodas

7 – Cheque Após o Pouso

Próximo à Escola, havia o Hipódromo da Mooca, local onde ficavam os aviões destinados à instrução dos alunos no solo: 1 Lockheed B-34; 2 North American B-25 Mitchel; 2 Curtiss P-40E Kittyhawk; 1 Douglas A-20K Havoc; 1 Douglas B-18 Bolo; 1 Vultee A-35B Vengeance; 1 Republic P-47 Thunderbolt.

Alunos Aguardam Inicio da Instrução Instrução de Alinhamento de Metralhadora

Alunos no Intervalo da Instrução

Demonstração de ginástica olímpica pelos alunos da ETAv

Aldo Caropreso (próximo da hélice) e seus inseparáveis companheiros de Esquadrilha, junto do P-40

Aula Prática – Instrutor Lueddecke – Alunos 307 Paulo Francisco Moraes – 431 Nilo Menezes – 429 Tibério Campanella

Intervalo na Instrução Prática no "North American B-25 Mitchel" – Foto para a

posteridade

Turma da Meteorologia

Aluno João Nogueira (sentado à esquerda) no P-39 Airacobra. Ele não se lembra do nome de todos, mas não se esqueceu da fisionomia dos inseparáveis companheiros de esquadrilha: “Milton Pinto da Rocha (próximo à nacele), mineiro de Belo Horizonte. Essa aeronave era usada, segundo sei, nas aulas para os especialistas em sistemas elétricos. Parece que o P39 era pródigo em sistemas elétricos”.

Ninguém é de ferro – Instrução puxada x folguinha bem merecida – Segundo João Nogueira (à direita da foto),” é o mesmo grupo do P-39, à sombra de sua asa. O Milton Pinto da Rocha é o terceiro da direita para a esquerda”.

Enquanto se aguarda o inicio da instrução prática nas aeronaves, um pouco de ordem unida para aprimorar a disciplina – Em primeiro plano, da esquerda para a direita, João Nogueira (segundo), e o de óculos, João Batista Opits.

Paz! Ou melhor, Pás – João Nogueira (esquerda) e o Aluno 2362 Luiz Augusto Ribeiro – Outubro de 1947

Parece ‘pagação’, mas não é. Aguardando a formatura, estávamos ajudando na colocação da grama no campo de futebol, totalmente feito pelos alunos, no antigo hipódromo da Moóca, na Rua Bresser, que era um dos anexos da Escola. Ao fundo, em primeiro plano, um B-18 Bolo e um Liberator – sucata da Força Aérea do ‘my friend’ –, que serviam para instrução em diversas especialidades: chapas, soldas, eletricidade, carburadores, magnetos, montagem e desmontagem do corpo dos motores, hidráulica, etc.. O Luiz Augusto era da minha Esquadrilha, e sua cama era ao lado da minha. Faleceu tragicamente, com vários colegas, no acidente com o FAB 2040, em Anajás, na ilha de Marajó, em princípios de janeiro de 1948. Ele estava indo apresentar-se para sua primeira classificação.”

Sgt Aldo Caropreso, sorridente e feliz, pagando mistério aos seus familiares

Hipódromo da Moóca – A Galera descontraída aguardando o início da competição esportiva

Suspense! – Torcida atenta aos seus ídolos – João Nogueira está com a palavra: “logo à frente, ao lado da esposa (de óculos escuros), está Bento de Assis, corredor olímpico, detentor de vários recordes, brasileiro e sul-americano, em provas rápidas. Servia na ETAv”.

Orgulho da Esquadrilha – Equipe de Atletismo pronta para entrar em ação – Vejamos o que o Aluno João Nogueira tem a nos dizer: “a foto foi feita em uma festividade no antigo hipódromo da Rua Bresser, anexo da Escola, na minha época. Esses moços tomaram parte em várias modalidades esportivas, mas o evento principal foi um número de ginástica rítmica executado por muitos alunos. Por se tratar de um misto de ginástica e bailado, foi jocosamente chamado por muito tempo de 'balalaika', um dos temas musicais utilizados. Mas nós participamos com muito entusiasmo, apesar disso. Com relação ao grupo, vou falar de todos pela ordem:

1- Ten IG Pedro Gamaro, instrutor

2- Aluno Aventino Teixeira. Esse moço, ao formar-se, foi classificado para Porto Alegre; como ele era paraense, acertou uma troca com um gaúcho, que, por ironia, estava classificado em Belém. Infelizmente, na viagem de ida para o destino, o avião C47 – 2040 acidentou-se em Anajás, Marajó, e ele faleceu

3- Aluno Rodolpho Von Khou, não tive mais notícias dele após o período da ETAv

4- Aluno João de Oliveira, excelente atleta, competia pela Federação Paulista de Atletismo, participava de provas de 100, 200, 400m rasos

5- Só lembro o nome de guerra: Ansbert, falecido em um acidente da Vasp em

Londrina, era Comandante do Avião

6- Não me lembro nome, era apelidado Catarinense

7- Por último, eu, por aqui, em S. J. Campos, já beirando os oitenta, mas com relativa saúde”.

8 – Parada dos Motores

A Escola Técnica de Aviação funcionou durante 10 anos, até 1953, quando foi extinta pelo Decreto nº 34.095, de outubro daquele ano, e fundiu-se com a Escola de Especialistas da Aeronáutica, já em sua nova sede, na cidade de Guaratinguetá.

Um aspecto interessante da sua história se refere ao Decreto nº 27.879, de 13 de março de 1950, transferindo-a para a cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, onde ocuparia as instalações na parte sudoeste da Base Aérea de Parnamirim, o que não ocorreu.

Há 60 anos, éramos assim – Aluno Bottene, 3º da direita Eternos Amigos – Saudosa Escola

Bons Tempos - Adolfo – Vasconcellos – Martins – Cruz – Fleury

Torre de Controle – Aeroporto de São Paulo

Sgto. Fleury no Controle da Torre

Alunos Controladores de Vôo- Integrantes da 14 Turma

9 – Missão Cumprida

Os militares formados por aquela Escola, em uma época de amplos desafios, ombrearam-se com seus companheiros oriundos da Escola de Especialistas do Galeão e não permitiram que a lacuna de pessoal existente aumentasse. Foram a mola propulsora e o sangue novo que permitiu à Força Aérea Brasileira manter seus aviões operando com segurança e empregando-os nas missões em defesa da liberdade, tanto na Campanha do Atlântico Sul quanto na Campanha da Itália.

Após o término da guerra, em 1945, e até 1950, chegaram outras 250 modernas aeronaves para equipar os esquadrões, o que vem ratificar a sábia decisão de se criar a Escola Técnica de Aviação, pois se assim não fosse a operacionalidade da Força Aérea estaria seriamente comprometida.

Aos especialistas de todos os tempos e de todas as turmas, a nossa homenagem e o nosso reconhecimento.

“ETAV, forja de heróis Mostrarás ao mundo o Brasil Ressurgirás quais novos sóis

Oh! Mocidade varonil”...

“...Especialista, avante ao ar Para frente com garbo varonil Agiganta a tua obra sem par

Sob o céu deste grande Brasil...” *****

10 - CONCLUSÃO Quando o Ministério da Aeronáutica - hoje Comando da Aeronáutica - foi criado, em 20 de janeiro de 1941, a situação política internacional estava deteriorada por uma guerra em intensa atividade. Era preciso reunir e organizar os meios à disposição, implantar medidas administrativas e operacionais, criar condições para que a Força Aérea Brasileira pudesse, junto com as forças co-irmãs, ser empregada na defesa dos compromissos

assumidos pelo nosso país, por ocasião das Reuniões de Consulta dos Ministros das Relações Exteriores das Repúblicas Americanas. O comportamento do Brasil era de estrita neutralidade, mas seria muito difícil sustentar tal posição, pois a tendência de um conflito dessa natureza, é generalizar-se, e o nosso país acabou sendo envolvido por ele. Para a Força Aérea a formação de pilotos e de especialistas para os serviços de manutenção das aeronaves tornou-se prioritária, era preciso incrementá-la. Foi considerando tal cenário que o Ministério, à época, entre tantas medidas essenciais implementadas na área de formação de pessoal, particularmente, criou a Escola Técnica de Aviação. Por ocasião do seu primeiro aniversário, recebeu a seguinte citação do Ministro da Aeronáutica: "Esta Escola é o maior empreendimento que poderia ser levado a efeito pelo progresso e fortalecimento da Aviação Nacional, Estamos nós seguros e certos de que esta foi a maior etapa vencida para que pudéssemos ter uma aviação condigna". Todo esse esforço foi recompensado. Ninguém se furtou ao dever.

ESTANDARTE DA ESCOLA TÉCNICA DE AVIAÇÃO

Foto tirada por ocasião da feira de exposição realizada no Memorial do Imigrante, de 13 Out a 21 Nov de 2004, organizada pelo pesquisador Paulo Fernando Kasseb.

Ao lado do estandarte, o orgulho estampado pelo ex aluno Artemio Bottene, da 6ª Turma, formado em 21 de outubro de 1944, especialista em motores.

CAMISETA UTILIZADA NA EDUCAÇÃO FÍSICA

SO Durval Santos de Oliveira – Com orgulho, ainda guarda a camiseta que usava durante as atividades de Educação Física na Escola Técnica de Aviação, há 60 anos

HISTÓRIA DA RECUPERAÇÃO DO HINO DA ESCOLA TÉCNICA DE AVIAÇÃO

(Nota: utilizamos estas informações e áudios em busca de um arranjo atual para o Hino “Forja de Heróis”, na página da ASTRA em http://www.veteranoseear.org/zozimo/reminiscenciasetav_zozimo.htm 09/05/2017)

O Sargento Q RT TE Nazareno Medeiros, da 63ª Turma da E.T.Av., formado em 30 de setembro de 1947, atualmente residindo em Vitória, remeteu para o RESERVAER uma fita com o hino da Escola, entoado por ele. Mesmo com a voz (clique para ouvir) um pouco cansada, influenciando na entonação das notas musicais, mas com o coração ainda pulsando com a vibração daquele tempo, houve condições para que o regente da banda da Base Aérea de Brasília, Capitão Músico Alberlei Schlögl, elaborasse um primeiro arranjo ao piano.

O hino da Escola Técnica de Aviação, do qual só conhecíamos a letra, começava a ganhar sua alma, a nascer de fato na medida em que desfilavam as notas musicais tão bem arrumadas por seu regente (ouça o primeiro teste).

Nazareno ouviu, mas achou que alguns arranjos não iam bem, não combinavam. O tempo passado não colaborava com ele; não se lembrava dos acordes agora apresentados. Pensou: “É preciso posicionar melhor as notas na pauta.” Identificou que o si bemol desafinava, o fá maior estava em litígio com o dó menor, a clave de sol, usada para os sons agudos, não cumpria seu papel. Havia também os rebeldes sustenidos correndo pela pauta, mas o compasso lhe parecia familiar. Não sabia identificar qual dos três – binário, ternário ou quaternário – fora escalado, ou se havia alguma combinação entre eles. A verdade é que, ao subir ou descer na escada musical, chegou a tropeçar nos intervalos. “Tudo bem, vou afinar meu instrumento”.

Gravou novamente o hino, desta vez assobiando (clique para ouvir).

O mestre, paciente, compôs mais dois arranjos: um ao piano, mais belo que o primeiro (ouça o segundo teste), e um outro cantado por um coral (clique para ouvir).

Nazareno ouviu e gostou. No entanto, faltava ainda afinar algumas notas que, ao seu ouvido, não estavam no compasso. Tanto fez que acabou encontrando parte da cópia da partitura do hino e, na sua simplicidade, pensou: “agora sim, contando com a compreensão do Capitão Alberlei, que, paciente, tem dedicado parte de seu precioso tempo a este trabalho, espero que aceite minha modesta oferta, pois, ao recompor o hino da ETAv, todos estaremos homenageando quem o compôs e, ao ouvi-lo, reacenderemos as lembranças daquele tempo e das amizades brotadas naquela saudosa Escola”.

E assim a composição foi finalizada. O hino está idêntico ao que o Aluno 2.260, Nazareno Medeiros, da 7ª esquadrilha, garboso, entoava com seus companheiros pelo pátio da Escola.

Sob a batuta do Capitão-Músico Alberlei Schlögl e dos componentes da Banda da Base Aérea de Brasília, a quem apresentamos especial agradecimento, foi possível recuperar esta composição mágica. Seus acordes trazem recordações, reavivam nobres sentimentos, são a expressão da alma e do coração daqueles que o entoam, o grito de guerra, o testemunho fiel do amor que os mantém unidos às raízes.

Companheiros da saudosa Escola Técnica de Aviação: ouçam-no (1.48 MB) acompanhem a letra, soltem a voz e deixem que as lembranças e as emoções aflorem. Foi este hino quem lhes deu ânimo e os encorajou durante a caminhada.

VALEU, Nazareno!

HINO DA ESCOLA TÉCNICA DE AVIAÇÃO

1943 A 1953

ETAv, forja de heróis, Mostrarás ao mundo o Brasil, Ressurgirás quais novos sóis Oh! Mocidade varonil. (Bis) Nossa meta que é bem diferente Tão sublime é a beleza que encerra Só uma lei admite e consente: Paz e justiça entre os povos da Terra Amizade e respeito eis a luz Que ilumina as nações irmanadas Lema eterno que os povos conduz Tradição de mil glórias passadas !

ETAv, forja de heróis, Mostrarás ao mundo o Brasil, Ressurgirás quais novos sóis Oh! Mocidade varonil. (Bis)

MEMORIAL DO IMIGRANTE

Foi criado em 6 de abril de 1998 com a finalidade de resguardar a memória daquelas pessoas que, ao deixarem sua pátria, acompanhados ou não de sua família, chegavam ao Brasil em busca de novas oportunidades de emprego e a esperança de

uma vida melhor. Ocupa uma área da antiga Hospedaria de Imigrantes, inaugurada em 1888, em São Paulo, no Brás, a qual realizava a triagem de estrangeiros, recém chegados ao nosso país, e os encaminhava ao trabalho.

Em 1943, o governo do Estado de São Paulo cede para o Ministério da Aeronáutica as instalações da Hospedaria, que passa a abrigar a Escola Técnica de Aviação, com a finalidade de formar técnicos e especialistas para os trabalhos de manutenção das aeronaves da Força Aérea Brasileira. Mais tarde, em 1953, a Escola encerra suas atividades, e as instalações são restituídas ao governo.

Hospedaria de Imigrantes - Inicio do Século passado Memorial do Imigrante – Fachada Principal

Vista Frontal do Memorial do Imigrante Portal do Memorial do Imigrante

Cerimônia realizada no Memorial do Imigrante, em 13/Out a 21/Nov de 2004, iniciativa do pesquisador Paulo Kasseb, em homenagem à ETAv – Presentes o Comandante do IV COMAR, Maj.-Brig.-do-Ar Vilarinho, e o Comandante da EEAer, Brig.-do-Ar Scher

11 - MEU VELHO MACACÃO DE VÔO

1.944 – 60 anos!

BASE AÉREA DE NATAL – RN

Sargento Bottene – Artemio

Meu velho e Fiel companheiro, de tanta andança altaneira, pelos Céus percorri. Sobre o Mar e sobre a terra, durante a Paz e a Guerra, não me separei de ti. Mas, esta vida da gente, é como a água corrente, que passa, que vai rolando! E os amigos, os amores, as alegrias e as dores, tudo se esfuma passando. E quase choro ao pensar que um dia, quando eu faltar, passarás de mãos em mãos. Finalizar desprezado em qualquer canto do chão, como cama de um cão. No que depender de mim, não quero que seja assim. Pois faço um pedido: Na derradeira viagem para a final decolagem, quero ir contigo vestido.

INAUGURAÇÃO

A Escola Técnica de Aviação, embora tenha iniciado suas atividades em 22 de novembro de 1943, com apenas 4 alunos, a inauguração oficial ocorreu em 2 de maio de 1944, com a presença do senhor Presidente da República Getúlio Vargas. É o que

nos conta o Cel. Lucena, em sua obra “Trajetória Especialista”, fruto de intensa pesquisa realizada, escrita nos anos em que serviu na Escola de Especialistas da Aeronáutica.

Aspecto da solenidade de inauguração da Escola Técnica de Aviação em 02 de março de 1944, vendo-se o ministro Salgado Filho discursando, ao centro, o governador de São Paulo Fernando Costa e o Presidente Getúlio Vargas.

Naquela ocasião, relata Lucena, o Ministro da Aeronáutica, Joaquim Pedro Salgado Filho, proferiu seu discurso, do qual destacamos alguns trechos:

“Senhor Presidente, à crítica poderá parecer estranho que inaugure Vossa Excelência este estabelecimento depois de estar em funcionamento, mas, na aeronáutica tudo tem que ser feito com antecipação. E, assim, enquanto em outros serviços se inaugura a obra por acabar, aqui muitas vezes procedemos diferentemente. É da própria arma; a aviação tem que andar avançada, e isso tem acontecido em nosso país. Ainda mesmo agora, em que seguindo as diretrizes de Vossa Excelência, antecipou-se a remessa de forças que fora do território nacional, seguiram a lutar ao lado dos nossos aliados, em bem da salvação do mundo.

Esta escola é o maior empreendimento que poderia agora ser levado a efeito pelo progresso e fortalecimento da aviação nacional.

Força Aérea que não tem mecânicos para assisti-la é aviação destinada a ficar em terra. Daí a relevância desta realização que, só com o descortino de Vossa Excelência seria possível concretizar-se agora no Brasil, porque realmente o que estamos fazendo nesta escola, graças à cooperação norte-americana, ao esforço do general Arnold em nos ceder o material, é extraordinário.

Esse material vai a mais de quatro milhões de dólares – oitenta milhões de cruzeiros -, e o que presentemente vemos é , tão-só, o início do que está chegando em dois navios com 664 volumes, além de possantes aviões quadrimotores, que com os aparelhamentos nos trouxeram também os instrutores em número de 130.

É uma escola que, tendo uma parte cultural mínima, objetiva dar uma instrução prática, para que os alunos daqui saídos possam exercer imediatamente, com eficiência, a sua profissão das mais necessárias, não só à Aeronáutica, como também à indústria nacional, porque, se é certo que nos primeiros anos não nos será permitido dispensar mecânicos aqui formados, porque as necessidades de nossa aviação estão a exigir número muito superior aos que preparamos anualmente, mais tarde haverá essa possibilidade.

De início, formaremos 600 técnicos, mas já projetamos elevar esse número a mil, mesmo assim ficando aquém dos elementos de que estamos precisando.

Ao lado da nossa escola regular em que a parte cultural é mais aprimorada, pois levam ali os mecânicos dois anos no curso, aqui em certas especialidades serão suficientes 28 semanas para o aperfeiçoamento (...). Aqui estão sendo adestrados alunos não só para a conservação do material, como também ao resguardo das criaturas, na utilização dos aparelhos hoje indispensáveis à aviação moderna de que se servem os pilotos e os contingentes de pára-quedistas (...).

Devo dizer que eu tinha receio, pelas nossas suscetibilidades, em trazer estrangeiros para o ensino técnico em nosso país, mas verifiquei que era impossível obtermos técnicos entre nós para esse aparelhamento, o mais moderno da indústria americana; precisávamos também dos instrutores. Ao termos de dar instrução de rádio na Escola de Especialistas do Galeão, houve impossibilidade material dessa realização, por não existir um técnico em condições de ministrar essa especialidade. Foi preciso para isso, graças à dedicação e ao esforço dos nossos oficiais, retirar alguns deles da tropa para ensinar àqueles alunos. Aprimoram-se no estudo cultural, para preparar os técnicos de que precisávamos (...).

Os técnicos americanos que aqui se encontram estão admirados com a

inclinação para as especialidades demonstrada pelos nossos homens, assombrados com a sua dedicação, sua inteligência, sua curiosidade (...).”

VISITA DO GENERAL MARK CLARK

Da obra, “Trajetória Especialista”, do Cel.Int.Aer. Berilo de Lucena Cavalcanti, destacamos:

“Na formatura da 23ª Turma da E. T. Av. 21 Jul 45, esteve presente o General Mark Clark, que comandou, na 2ª Guerra Mundial, o V Exército Aliado, ao qual estava integrada a Força Expedicionária Brasileira (FEB). Desse escalão expedicionário faziam parte, como unidades da FAB, o 1º Grupo de Aviação de Caça e a 1ª Esquadrilha de Ligação e Observação”.

O general Mark Clark, comandante do V Exército americano e o General Mascarenhas de Moraes, comandante da FEB, estudam os mapas de operações, na Itália.

“Na solenidade militar, o grande cabo de guerra americano usou da palavra dizendo do prazer de se encontrar naquele instituto, onde técnicos estavam sendo graduados, congratulando-se com os funcionários e instrutores norte-americanos e brasileiros que trabalhavam em conjunto para chegar a tal resultado.

E prosseguiu: “É o mesmo quadro que trabalhou em cerrada colaboração na Europa e obrigou as tropas alemãs a conhecerem o amargor da derrota. A admiração

e respeito mútuos desenvolvidos através da luta no solo e no ar, amassados em suor e sangue, devem continuar para sempre e perpetuar os laços de amizade entre os dois países.

Ouvi falar muito de vossa cidade antes de vir a São Paulo. Quando a FEB chegou para servir na Itália, quis saber de onde vinham aqueles soldados cheios de pletora e entusiasmo que costumavam dirigir “jeeps” e caminhões de duas toneladas a oitenta quilômetros por hora. Alguém sugeriu que andassem mais devagar, mas responderam-lhe que era impossível, pois esses rapazes vinham de São Paulo, a cidade de movimento mais rápido do mundo. E eu não queria retardá-los por nada deste mundo, porque eles deram uma enorme contribuição à paz que estabelecemos na Europa. Tenho a dizer-vos que vos deveis orgulhar da vossa Força Expedicionária. Que Deus vos proteja”!

Continua, o Cel. Lucena, a narrar, durante o almoço realizado no Salão das Bandeiras da E. T. Av., a saudação de agradecimento do General Mark Clark, da qual destacamos alguns trechos:

“...Desde os dias sombrios de 1942 o Brasil marchou ombro a ombro com os Estados Unidos nesta guerra. O Brasil resolveu traduzir os seus pensamentos em ação, não se contendo com palavras.

Primeiramente cedeu suas bases, as quais possibilitaram às forças aéreas e a armada limpar os mares que contornam esta grande nação. E foram essas mesmas bases que nos ajudaram a prosseguir na guerra no norte da África.

Não ficou aí, porém, a contribuição do Brasil que nos enviou valentes tropas do ar e de terra para os combates da Itália, todas elas animadas pelo desejo de desembaraçar o mundo dos cães raivosos que queriam destruir a nossa maneira de viver e a nossa democracia.

A presença do Brasil nos campos da Europa mostrou aos alemães que o Brasil não tinha reivindicações territoriais. A única terra européia que os heróicos filhos

deste país reivindicaram para si, foi apenas a suficiente para enterrar os seus gloriosos mortos.

Lembrar-me-ei, sempre, daquele dia em que tive o privilégio de passar em revista o 6º Regimento de Infantaria composto em grande parte de elementos desta região paulista. Era o dia de Caxias, dia 25 de agosto de 1944. Lembro-me quão emocionado fiquei com o aspecto geral dos soldados, todos de olhar enérgico e decidido. E a minha emoção foi maior quando deles ouvi “Deus Salve a América”.

O general Mark Clark, comandante dos aliados na Itália, passa em revista as tropas brasileiras. (foto do Arquivo Nacional)

Como comandante estrangeiro, tenho certeza que compreendeis os meus sentimentos, quando me foi confiada a Força Expedicionária Brasileira. Havia duas maneiras de empregar a F.E.B.: reserva-la para uma ocasião mais fácil, para uma vitória certa, ou empregá-la em duras tarefas. E como havia falta de tropas, resolvi adotar esta última alternativa. E vossas tropas, nos mais duros momentos, não se queixaram. Tiveram suas perdas, passaram um rígido inverno num terreno montanhoso, num frio tão intenso que a maioria delas jamais havia visto igual. Mas continuaram. Prosseguiram com um denodo invulgar. Depois...como era lógico, estiveram o ano todo nas linhas de frente, procurando alemães onde quer que estivessem. Mais tarde, deslocamos a Força Expedicionária Brasileira para o setor central ao sul de Bologna, onde tive o prazer de visitá-la em Porreta Terme, assim como o general Mascarenhas de Morais.

... Tínhamos exatamente 1.400 soldados a mais que os alemães. Uma superioridade muito pequena para atacar em um terreno montanhoso e de obstáculos quase insuperáveis.

... Os vossos “pracinhas” atiraram-se com denodo contra um inimigo bem organizado e preparado, esculpindo no simbólico granito da vitória novas e belíssimas páginas. Ao general Mascarenhas de Morais, a 148º divisão alemã, que durante tantos meses se tinha oposto às nossas forças nas montanhas, rendeu-se. Milhares de homens, centenas de veículos e grande quantidade de material bélico foram capturados.

Como já vos disse, hoje, pela manhã, na cerimônia de graduação, a campanha na Europa se desenvolveu numa mútua camaradagem entre os combatentes brasileiros e norte-americanos. E foi com essa camaradagem que ganhamos a guerra, e será com ela que haveremos de manter a paz obtida à custa de tantos sacrifícios.

Como tive ensejo de vos dizer durante a vossa graduação, a admiração mútua que alimentamos nos campos de batalha, entre os combatentes, homens do Brasil e homens dos Estados Unidos, deve continuar durante os anos vindouros, porque da mesma forma por que ganhamos a guerra, ainda temos que ganhar a paz.

Tendes ótimas razões para vos orgulhardes da vossa Força Expedicionária Brasileira”.

Ao final apresentou sua comitiva composta pelo general Gareche Ord, colaborador na criação da E.T.Av.; general Donald Brann, chefe da 3ª divisão do 5º Exército; Ten.Cel. Crittenberg, da 10ª Divisão, que lutou na França; e de sua esposa, segundo o general Mark Clark o perseguiu até o Brasil. AJUDÂNCIA

Ficha Individual do Aluno Nazareno Medeiros

Folha de Alterações – 3º Sgt Q.RT-TE Nazareno Medeiros, quando servia na Diretoria de Rotas Aéreas

Folha de Alterações do 3º Sgt Artemio Bottene quando servia na Base Aérea de Natal

Folha de Alterações do 3º Sgt Francisco Reynaldo Rodas quando do seu ingresso na Escola Técnica de Aviação em 5 Nov 1945

Cartão de Identidade

Protocolo de Admissão – Controle da documentação de candidato

CENTRO MÉDICO

MINISTÉRIO DA AERONÁUTICA

ESCOLA TÉCNICA DE AVIAÇÃO

SÃO PAULO

CENTRO MÉDICO

CARTÃO DE SAÚDE

INSTRUÇÕES

1. – O registro será mantido nesta fórmula de todas as vacinas aplicadas em militares e civis da ESCOLA TÉCNICA DE AVIAÇÃO, sob a fiscalização do CENTRO MÉDICO.

2.- O registro das inoculações será feito no momento da mesma, pelo próprio oficial médico ou por um auxiliar: o médico aporá sempre a sua rubrica.

3. – No caso de um funcionário civil, qualquer seja seu cargo, esse detalhe será especificado no lugar para “Unidade ou Estabelecimento”.

4. – Os registros devem ser conservados junto à carteira de identidade e deverão ser apresentados ao oficial médico na ocasião do exame médico temporário.

5. – As vacinações feitas estão devidamente anotadas no livro de Registro de

Vacinação, Revacinação e Soros do Pessoal, do arquivo do Centro Médico da E. T. Av. 6. – É necessário aplicar novamente a vacina, injeção ou reação imunizadora,

caso não haja nenhuma das reações conhecidas.

Registro de Vacinação do Aluno Nazareno Medeiros

Vacina contra Varíola – 3/4/46 Vacina Tifo-Paralítica e Anotoxina Tetânica

1ª dose – 3/4/46; 2ª dose – 25/4/46; 3ª dose – 10/5/46 Vacina contra Febre Amarela – 2/10/46

Outras Vacinas Anti-gripal – 1 cc em 25/3/46

Anti-meningite – 0,3 cc em 9/4/46; 0,7 cc em 24/4/46; 1 cc em 7/5/46

O portador ao ser diplomado pela E. T. Av. não apresenta defeito físico algum, goza perfeita saúde e foi submetido à vacinação regulamentar.

São Paulo, 30 de setembro de 1947

Aluno 1730 Durval Santos de Oliveira - 1945

Aluno 192 Artemio Bottene - 1944

Aluno 120 Fleury Bottene - 1944

ESPECIALIDADES DA E.T.Av.

Montador e Ajustador de Motores – AT – AM

Carpintaria – AT – CP

Costura e Entelagem– AT – CE

Chapas e Metal– AT – CM

Eletricista– AT – EL

Instrumentos de Avião – AT – IT

Máquinas e Ferramentas– AT – MF

Pintura e Indutagem– AT – PI

Manutenção e Reparação de Pára-quedas – AT – PA

Solda– AT – SL

Vulcanização– AT – VU

Manutenção e Reparação de Viaturas– AT – VI

Manutenção de Motor e Avião– AT – MAV

Manutenção e Reparação de Motor– AT – MO

Manutenção e Reparação de Avião – AT – AV

Manutenção e Reparação de Hélice– AT – HE

Manutenção e Reparação de Sistema Hidráulico – AT - SH

Manutenção de Sistemas Elétricos – AT – SE

Manutenção e Reparação de Aparelhos Rádio – AT – RA – MR

Controladores de Vôo – AT – CV

Observador Meteorologista – AT – MT

Operador de Laboratório Fotográfico – AT – LF

Operação e Manutenção de Aparelhos Treinamento Simulado – AT – TS

Operação e Manutenção de Link Trainer – AT – LT

Operação e Manutenção de Teletipo – AT – TP

Almoxarife – EA – AL

Durante a cerimônia de formatura na E.T.Av. , era realizada a passagem da Ferramenta Simbólica. Um aluno transmitia, nesse ato solene, a um outro aluno da próxima turma a ser formada, uma chave inglesa.

12- 6ª Turma – 21 de outubro de 1944 – (33 formandos) – Boletim nº 227

Especialistas em Instrumentos de Aviões:

Jorge Martins 87,47 Azauri Jardim da Silveira 87,25 Olivio Guedes de Almeida 85,88 Christiano Fajano 85,60 Virgilio Pires Ferraz 84,97 Péricles Sandoval 80,84

Especialistas em Aviões:

Moacir Borin 87,02 Bruno Lekevicius 85,40 Francisco Dias Martins 84,78 João Batista Consolmagno 84,19 Jorge Ruegger 83,92 Luiz Gonzaga Zucchi la Farina 80,13

Especialistas em Sistemas Elétricos:

Geraldo Prado Sampaio -Primeiro da Turma

88,35

Odair Teixeira Buarque de Gusmão

86,96

Kleber Lago do Valle Mello 85,31 Luiz Antonio de Azevedo 85,06 Paulo Rubens Lopes Ribeiro Leite

84,67

Wolter Merbach 84,59 Avelino Ferri 84,00 Ayrton César de Lima 83,22 Levi Gopfert 82,83 Basílio Miguel Brito da Cunha 82,26 José Ribamar da Veiga Valle 79,15

Especialistas em Motores:

Artemio Bottene 86,01 José Francisco Dezotti 83,69 Evaldo de Faria 82,58 José Moraes 80,58 Adelino Borghetti 80,37 João Leonel Nóbrega 79,72

Especialistas em Manutenção de Pára-quedas:

Geraldo Silveira Nogueira 84,93 José Teixeira Gonçalves 82,37 Othoniel Almeida Leão 79,93 Wilson de Moura 78,81

13 - 14ª Turma – 03 de março de 1945 – (54 formandos) – Boletim nº 51

Especialistas em Sistemas Elétricos:

Romeu Sbragio 83,81 José Bonifácio de Castilho 82,50

Especialistas Controladores de Vôo: (1ª turma)

Francisco Drezza 88,68 Humberto Victorio Fatori 88,62 Jorge Siqueira Silveira 87,28 Jair Barros Ferreira 87,21 Wilson César Cantergiani 86,36 Fleury Bottene 85,64 Natalício Juvenal de Souza 85,48 Milton Cruz 84,37 Adolfo Krasilchik 84,32 Renato Lensioni 83,81 Ariel Coelho de Souza 83,58

Especialistas Operadores de Rádio:

Alcides da Silva 86,37 Gunther Seligson 86,15

Especialistas em Motores:

OlivioBergmann 85,17 Paulo de Oliveira 82,14 Walter Cavalieri 82,05 Constatino Fernandes Junior 81,35 Gilberto de Freitas 91,26 Walter Ferreira Costa 81,20 Mario Tomazeli 80,08 Alfeu Henares 79,73

Landulfo Monteiro Filho 79,26 Célio Corrêa Medina 78,73

Especialistas em Aviões:

José Hilário Primo 82,84 José Esteves Sydow 81,73 Aldrvander Bueno Marques 81,70 Geraldo Carvalho 81,44 Aquilles Ayres Amiguini 81,29 Ronaldo Egberto Cardoso Franco

80,50

Especialistas em Manutenção de Link-Trainer:

Floriano Arruda 84,00 Breno Granja Coimbra 83,12 Francisco Meissner 81,08 Hélio Alves de Carvalho 79,12

Especialista em Operador de Link-Trainer:

Ubyrajara D’Avila Ribeiro 85,83 Carlos Gomes 83,30

Especialistas em Sistemas Elétricos (Estagiários):

Florisvaldo Camocardi 89,82 Primeiro colocado

Alfredo Aquino Oliveira 84,12 Estagiário do Exército

Paulo José de Carvalho 82,79 Estagiário do Exército

Waldemar Estanislau de Oliveira

80,81 Estagiário do Exército

Mário Delfino Machado 79,03 Estagiário do Exército

Especialistas em Trabalhos de Chapas de Metal:

Miguel Calux 87,42 Estagiário do Exército

Plínio Carpes Luconi 87,41 Estagiário do Exército

Máximo Flores Derive 84,77 Estagiário do Exército

Cirillo Costa Beber 82,14 Estagiário do Exército

Urbano Dias 81,44 Estagiário do Exército

Waldemar Aguiar Teixeira 87,18 Estagiário da FAB

Especialista Controlador de Vôo:

Tácito José Grubba 86,80 Estagiário da FAB

Especialistas em Aviões:

Jarbas Agrícola 87,71 Estagiário ET Máxino Carlini 87,00 Estagiário ET Nelson Nizo Brizzi 85,92 Estagiário ET Osvaldo Vinco 83,82 Estagiário ET Alfredo Augusto Leite 82,96 Estagiário ET

A formatura da 5ª turma de alunos desta Escola, realizada no dia 7 do corrente, constituiu, como as anteriores, o grandioso espetáculo de civismo que soe coroar quinzenalmente os esforços dos que trabalham nesta casa pelo engrandecimento da aeronáutica brasileira.

Constituída desta vez de 34 alunos de várias especialidades, foi a 5ª turma paraninfada

pelo prof. Melo Morais, digno secretário da Agricultura, que, atendendo ao convite do Comandante da Escola, emprestou com sua presença maior brilhantismo às solenidades. Também estiveram presentes no palanque oficial, entre numerosas outras pessoas, o Ten. Guedes de Figueiredo, representando o Sr. Interventor Fernando Costa; Heráclito de Almeida, representante do Dr. Aguinaldo de Góes, diretor de Trânsito; Otávio Machado de Barros, representante do Sr. Secretário da Educação; José Teixeira Porto; pelo Sr. Secretário da Viação; oficialidade da Escola, instrutores, funcionários e representantes da imprensa.

Após as cerimônias de estilo, falou o Ten.Cel.Av.Eng. João Mendes da Silva, que, em rápidas palavras, apresentou as despedidas da Escola aos graduandos e concitou-os a terem sempre em mente o compromisso assumido para com a Pátria, simbolizada no Pavilhão Nacional.

O DISCURSO DO SR. JAMES BLAKELEY

A seguir, usou da palavra o Sr. James Blakeley, Diretor da Escola, e cujo discurso, a seguir transcrevemos:

“Hoje é o dia da sua formatura que representa muitos meses de esforço, cooperação e coordenação entre duas grandes nações, os Estados Unidos da América e o Brasil. Durante estes meses, Norte Americanos e Sul Americanos trabalharam estritamente unidos afim de que o ideal do Pan-Americanismo pudesse ser realizado e concretizado na sua obra futura. Os seus esforços nesta Escola foram testemunhados pelos representantes Norte e Sul Americanos que se acham diretamente interessados no progresso deste estabelecimento. É, portanto, natural que continuemos a observar as suas atividades mesmo após deixarem a Escola.

Vocês vão ingressar agora no mundo da aviação onde porão em prática muitas das coisas que aqui aprenderam como estudantes. No futuro, a sua própria reputação, a desta Escola e mesmo a do Brasil repousará no resultado dos seus esforços.

Todos os seus instrutores, as Administrações Civil e Militar lhes desejam muita felicidade, trabalho profícuo e boa viagem.”

OUTROS DISCURSOS

Também falou o Sr. John Paul Riddle, em cuja substanciosa oração exaltou a cooperação entre o General Arnold e o Governo Brasileiro, havendo louvado a dedicação do Ministro Salgado Filho. Usou a seguir o microfone o 3º Sargento Brasil Dias Cunha, orador oficial da turma, que expressou os sentimentos de seus colegas, na hora em que deixam a Escola para entrar em atividade colocando em prática os ensinamentos aqui obtidos.

PALAVRAS DO PARANINFO

Encerrando a série de orações, o prof. Melo Morais pronunciou o discurso abaixo:

“Ressoam aos meus ouvidos as palavras com que fui convidado a paraninfar a luzida e esperançosa quinta turma, que se gradua por este modelar Estabelecimento de ensino técnico. É que elas me disseram: “Creia-me, doutor Melo Morais, que este convite, que espero seja aceito por V.S. é uma demonstração sincera da gratidão pelo muito que tem feito pela nossa Escola”. E partiram do Tenente Coronel Mendes da Silva, que vive aqui, inteiramente devotado ao preparo da juventude em flor, que será amanhã o sólido esteio para consolidar a Aviação Militar ou Civil no Brasil.

Bem sei que o que se me afirmou a esse respeito traduz, mais uma cativante gentileza do que a realidade. Permita-me por isso, que eu lembre: esta admirável Escola Técnica de Aviação, que já é orgulho do País, foi criada com incrível rapidez, graças à cooperação leal dos Estados Unidos e do Governo do eminente Presidente da República, Dr. Getúlio Vargas.

A América, que Colombo pôs em destaque aos olhos da Europa de ontem, dos navegantes ousados, foi o berço da Aviação, do mais pesado do que o ar. Santos Dumont é brasileiro, descendente de lavradores paulistas. Os irmãos Wright são da terra prodigiosa de Tio Sam. Pense-se nisso e dir-se-á que havia uma predestinação para que, em São Paulo,

viesse a ser instalada, como o foi, esta Escola Técnica.

Pouco importa que Leonardo da Vinci se tenha ocupado com a questão. Ele imortalizou Mona Lisa, na tela, mas não levantou vôo em busca das alturas. O avião só abandonou o solo com Santos Dumont. Mais tarde, a América e São Paulo se entrelaçaram para a instalação deste extraordinário Estabelecimento de ensino, na Piratininga Anchieta.

Salgado Filho, com sua lúcida visão de patriota, mostra que é, de fato, notável Ministro do Ar. Fernando Costa não lhe regateia auxílio para que a Escola entre imediatamente em funcionamento. Uma plêiade de oficiais, habituada a sulcar com denodo os céus do Brasil e de outros países, integrou-se nessa obra de acendrado patriotismo. E o Senhor John Paul Riddle trouxe, pelo ar, tudo que era necessário par a novel Escola.

Não se admire, portanto, que aqui tremule ao vento a bandeira do Brasil ao lado da dos Estados Unidos. É que a Escola Técnica de Aviação de São Paulo é conseqüência da cooperação amiga das duas Américas, da do Norte e da do Sul.

Estou certo de que os graduandos de hoje jamais se esquecerão disso e serão intransigentes defensores da fraternidade americana. Por outro lado, tenho arraigada convicção de que saberão honrar os dedicados e ilustres dirigentes e professores desta magnífica Escola, patenteando lá fora, na vida prática, que saíram deste Estabelecimento devidamente habilitados a cooperar para que a Aviação no nosso país, quer na paz, quer nas agruras da guerra, seja efetivamente digna de louvores e de justificados encômios. Ela será o elo mais robusto para conservação da unidade do Brasil, que precisa permanecer estruturado da maneira como nos legaram os nossos maiores. Sem isso, ele não será uma nação rica e poderosa.

É, portanto, lícito que declare aos meus jovens paraninfados: amem ardentemente a profissão que escolheram. Exercitando-a com afinco, estarão ajudando eficientemente a forjar a grandeza do Brasil de amanhã”.

ENTREGA DE PRÊMIOS

Serenados os aplausos, procedeu-se a entrega das divisas pelas madrinhas aos novos graduandos de curso. O paraninfo efetua então a entrega dos prêmios, a saber: “Prêmio de Disciplina F.A.B.” – Nelson Scatena. “Prêmios de Aplicação” – Sistemas Elétricos – Oswaldo Sassi; Motores – Amaurilio Leonel de Alencar Peixoto; Páraquedas – José Pereira de Mello; Aviões – Daniel Chain; Soldagens – Afrânio Pereira Duque.

Encerrando as solenidades, houve desfile dos graduados e da tropa. Na Sala de Comando, durante a recepção oferecida aos convidados, efetuou-se a entrega de artística lembrança, oferta da quinta turma ao seu paraninfo, prof. Melo Morais.

OS NOVOS ESPECIALISTAS

Foram estes os alunos que constituíram a quinta turma de especialistas:

Especialistas em Motores

Danilo Mendes de Vasconcelos

Mário Daher

Fernando Nogueira Ribeiro

Nelson Scatena

Alberto Preto

Josué Vieira

Alexandre Xakur Júnior

Amaurilio Leonel de Alencar Peixoto

Carlos Penteado Espírito Santo

Especialistas em Manutenção de Pára-quedas

Rubens Mota

José Pereira de Melo

Antonio Borges da Silva

José Almeida Azadinho

Especialistas em Sistemas Elétricos

Amadeu Berling Júnior

José Xavier

Luiz Carlos Neves D’Avila

Henrique Gambiaghi

Oswaldo Sassi

Especialistas em Aviões

Rutilo Vicente do Amaral

Brasil Dias Cunha

Daniel Chaim

Jacob Goldveig

Francisco Nogueira Cardoso

João Batista Cerqueira Mota

Amulio Martinelli

Ney de Barros Vaz

Especialistas “Soldadores”

Walter Martins de Abreu

Álvaro Média

Geraldo Barreto de Abreu

Nelson Boralli

Edwin Henry Edmond Devéze

Afrânio Ferreira

Duque Fernando de Assunção

Rubens de Almeida Portes

UMA REPORTAGEM SIMPÁTICA

Cresce cada vez mais o interesse da Imprensa de São Paulo e do Brasil, pela nossa Escola. Quase que diariamente os jornais de todo o país publicam notas e reportagens contendo elogiosas referências a esta organização de que tanto orgulho nos dá.

Muitos são os jornalistas que nos procuram e, à proporção que as nossas novidades são divulgadas, maior é o número deles, sempre desejosos de escrever alguma coisa nova a nosso respeito. Revistas, jornais e muitos órgãos de divulgação, já sabem aquilatar perfeitamente o que representa para o público o grande número de novidades que guardamos aqui dentro. O noticiário tem sido amplo e cada vez mais, o auxílio da Imprensa tem vindo ao nosso encontro para divulgar a grandeza de nossas finalidades.

Muitos nos visitam e bem cedo deixa transparecer o entusiasmo por tudo que lhes é dado observar.

Recentemente, entre muitos daqueles que nos honraram com suas visitas, convidados pela Secção de Propaganda, compareceu a esta Escola o conhecido redator aeronáutico Anésio Gaudie Ley do Amaral, que depois de uma longa e pormenorizada visita, fez publicar com a colaboração de seu colega Hilário Corrêa, na revista “Velocidade” uma simpática e carinhosa reportagem, onde é apresentada a mais interessante visão desta Escola.

Trata-se, sem dúvida, da melhor apresentação feita por elemento estranho e a atenção com que foram tratados todos os problemas, permitiu a mais franca acolhida por parte de todos os colaboradores desta Escola.

A forma feliz de nos apreciar e as referências oportunas, feitas pelos redatores de “Velocidade”, mostraram-nos que bem cedo essa nova revista aeronáutica será uma das melhores e mais bem formadas no assunto, em todo o Brasil.

O BRIGADEIRO DO AR ALTAIR ROSANI EM VISITA À E. T. Av.

O Comandante da 1ª Zona Aérea, com sede em Belém, Brigadeiro do Ar Altair Rosani, esteve em visita a esta Escola, no dia 6 do corrente.

Recebido com as honras a que tem direito, o ilustre oficial percorreu depois todas as dependências da E. T. Av. acompanhado pelo Comandante e outros Oficiais desta Escola.

NA E. T. Av. O DIRETOR DO SERVIÇO DE SAÚDE DA AERONÁUTICA

O Cel. Méd. Dr. Angelo Godinho, Diretor do Serviço de Saúde da Aeronáutica, estando nesta Capital, deu-nos o prazer de sua visita, no dia 4 p.p., fazendo-se acompanhar pelo Ten. Cel. Méd. Dr. Delfino Freire de Rezende, Chefe do Serviço de Saúde da 4ª Zona Aérea.

Depois de serem recebidos na Sala de Comando, os visitantes dirigiram-se para o Centro Médico da E. T. Av., acompanhados pelo seu diretor Ten. Ed. Dr. Fernando Martins Mendes.

UMA VETERANA DO ESPAÇO

Desde o dia 1º p.p. passou a fazer parte do Departamento de Pára-quedas, a Srta Ada Rogato, comissionada pela Secretaria de Agricultura.

A nova auxiliar da E.T.Av. possui uma folha de serviços à aviação brasileira que honra o seu sexo, pois foi brevetada pelo Departamento de Aeronáutica Civil e pela “Federation Aeronautique International”, contando já 425 horas como piloto em 15 tipos diferentes de aviões, entre os quais alguns considerados de guerra.

Ada é popularíssima nos meios aeronáuticos brasileiros, tendo-se destacado em vários concursos de acrobacia da “Semana da Aza”.

Além disso, tem ela os 3 brevês de planadores, sentindo-se à vontade no comando desses pássaros silenciosos.

No pára-quedismo, entretanto, é que a focalizada encontrou as suas melhores “chances”. Foi a primeira aluna do decano desse perigoso esporte, Charles Astor, sob as vistas de quem, realizou os primeiros saltos femininos no país. Depois, já confiada em si mesma, completou 14 saltos, um dos quais ficou marcado pela sua originalidade, por ter sido feito à noite, em conjunto com mais 5 outros pára-quedistas e sobre a Baía de Guanabara. Perante enorme multidão apareceram 6 esferas luminosas no espaço e caíram lentamente sobre o mar. Charles Astor conseguiu esse magnífico efeito, entregando uma lâmpada de pilha a cada pára-quedista, que a acionou contra a cúpula de seda, logo depois que esta se encheu de ar!

Ada tem uma estatística interessante: vem marcando desde o primeiro, os nomes dos passageiros que ela batizou no vôo e conta já 600 pessoas nesse rol. Estes dados foram obtidos no Aeroclube de São Paulo, a revelia da sua modéstia e simplicidade.

De origem humilde tem entretanto uma fibra igual a de Amélia Earhart, Jean Batten ou Amy Mollison.

Tais conquistas são conseqüência única do seu trabalho, das suas qualidades e sobretudo de sua perseverança.

SECÇÃO DOS ALUNOS

NOSSA VISITA À CRUZEIRO DO SUL

Descrita pelo aluno Aldo Caropreso

Os alunos visitantes formados à frente de um dos gigantescos quadrimotores da “Cruzeiro do Sul”, que fazem a linha regular Rio – Buenos Aires

Decolou o possante quadrimotor “Arumani”, irmão gêmeo do “Abaitará” da Cruzeiro do Sul Ltda., no aeroporto de Congonhas rumo ao Rio, às 9,40 horas de segunda-feira, dia 2 p.p., com nosso Comandante Ten. Cel. João Mendes da Silva, srs. Blakeley, Englund, Stewart, Mueller, Clews e os alunos: João Enio M. Pereira, Humberto V. Fattore, Danilo M. de Vasconcellos, Aldo Caropreso, Artemio Bottene, Francisco Drezza, Guilherme Moore, Francisco D. Martins, Nelson Melges, Onofre Gardim, Octavio B. Junior, José Moraes, João Motta, Francisco Cardoso, Oswaldo Sassi, Luiz C. N. D’Avila, Raymundo B. de Souza, Gumercindo Gimenez, Frederico Reffert e Jorge Martins, para nos proporcionar uma maravilhosa viagem e interessante visita.

Afastamo-nos de São Paulo, ganhando rapidamente altura vencida pelos quatro motores do “Arumani”, que às 10 hs. e 10 ms. estava a 2.200 metros, sobrevoando a costa. Mais 17 minutos e víamos só o oceano que se confundia com o céu: e estávamos a 2.500 metros de altitude.

O tempo estava bom e a viagem ótima.

Três colegas jogavam o “cachangá”.

O Gardim dizia parecer ouvir o toque de rancho da Escola (“miragem”).

Avistamos a silhueta de algumas montanhas, que com o mar formavam uma paisagem maravilhosa.

Às 10,47 horas já nos aproximamos do Rio. Avistamos o Corcovado, em vôo de 1.000 metros. Logo mais nosso “tapete mágico” nos levou diretamente sobre o mais belo panorama, em que tomava parte a natureza e o dinamismo dos brasileiros. A baía de Guanabara, com suas enseadas e praias que começam com o branco da espuma, passa ao verde e azul, confundindo-se no horizonte com o céu.

O “Arumani” faz a tomada de campo. Reduz os motores e desliza na pista do Aeroporto Santos Dumont, na Ponta do Calabouço, às 10,58 horas.

*

Desembarcamos. Nosso repórter fotográfico e o da Cruzeiro “batem chapas” ao lado e à frente do “Arumani”.

No Aeroporto cumprimenta-nos o Sr. John Paul Ridlle.

Nossa visita às modernas instalações da Cruzeiro, teve inicio no departamento de levantamentos aero-topográficos. Acompanharam-nos com atenciosas e detalhadas explicações os srs. Paulo Barros e Amílcar. Demonstrando que a “Cruzeiro”, com seus técnicos, engenheiros e aparelhamentos modernos, é capaz de fazer o levantamento de grandes áreas de território, com curvas de relevo exatas. O Estereoplanígrafo, foi uma das interessantes obras primas da engenharia moderna que nos foi mostrada pelo sr. Placidino com detalhadas explicações.

Aspecto do lauto almoço oferecido aos dirigentes da E.T.Av., no refeitório do aeroporto

Flagrante apanhado no Aeroporto Santos Dumont, à chegada da comitiva

Outra demonstração interessante foi a do Mult-plex (Aeroprojetor). Esse aparelho corrige as pequenas diferenças de níveis, ângulos laterais e longitudinais produzidos entre o espaço de tempo de uma e outra chapa, pelo avião.

Terminada a visita àquele departamento, rumamos às oficinas de revisão e reparação do material aéreo. Iniciamos pela secção de instrumentos, que é completa, permitindo que os aviões da “Cruzeiro” tenham sempre os instrumentos de bordo tecnicamente calibrados.

Seguiram-se as secções de Chapas, Tornearia e Solda. São completas, com

aparelhamentos modernos.

No departamento de aviões, assistimos a uma das fases de revisão do DC 3 pelos técnicos.

Em seguida, estivemos nos departamentos de: Rádio-transmissão, Hélices, Oficinas de Aprendizagem e Secção de Hidráulica.

O Departamento de Motores é como os outros: modernamente aparelhado; segue sempre as ordens técnicas. Depois de reparadas, examinadas e testadas, as peças são levadas para a montagem do motor, que passará à prova final, com diversas horas de funcionamento na câmara, à prova de vibração, na qual é permitido que o técnico observe constantemente se há variações, como sejam de: temperatura, pressão, rotação, etc.

*

Às 14 horas foi-nos oferecido um lauto almoço e “cocktail” no refeitório do Aeroporto. Usou da palavra, o representante da Cruzeiro do Sul Ltda., agradecendo nossa visita. Por nós falou o colega Raymundo Barboza de Souza (235) agradecendo e demonstrando sinceramente a sua e nossa satisfação, pela acolhida que tivéramos e pela atenção que nos era dispensada.

No hangar, às 15 horas, assistimos a uma parte da inspeção ao “Arumani”, para, em seguida, decolarmos rumo a São Paulo.

Às 16 horas fomos acompanhados pelo Dr. Paulo Souza Reis até o ponto de embarque. No “Arumani”, às 16,55 horas, demos o “adeus” às pessoas que nos haviam acompanhado e, minutos após, deixávamos o hospitaleiro solo carioca, rumo à Paulicéa.

Às 18,10 horas aterrávamos em Congonhas, satisfeitíssimos com o passeio.

“PORTO ALEGRE SAUDOSO”

Ao contemplar este “Chorão” da Escola,

Sinto saudades dos “Chorões” de minha terra.

Ambos são belos e tristes.

Com o mesmo tédio que aparentam,

afagam as superfícies das águas.

Este ... um pequeno lago com peixes dourados,

“simples fantasia”

Aquele... realidade, águas verdes do rio Guaíba

Águas que banham a “Cidade Sorriso”

Meu berço...

Minha terra natal.

(Sulista)

ALUNADAS

Por J. Siqueira e P. Zamboni

O Gaspar (437) é um “filante” de marca. Outro dia estava ele palestrando com o Flamínio (435), e a todo momento pedia um cigarro. Acerta altura o Flamínio, impaciente, observou-lhe:

- Ora, rapaz, você está fumando demais!

E o Gaspar:

- É... eu fumo, mas não “trago”.

- Bem, mas precisa trazer.

---------------------------

Dizem que agora na Lavanderia existe um novo “Calculista”, como o dos contos de Malba Tahan, que prova por a + b que você “traz” o que “leva”. Sem dúvida é um grande matemático!

-------------------------------

Consta que o próximo “show” será de “abafar”. Entre outras grandes atrações de nosso rádio, teremos entre nós Carlos Galhardo, Dorival Caimi, Izaura Garcia, etc. A “turminha de casa” também estará em frente ao micro.

Lista dos Oficiais da Escola Técnica de Aviação

Ten. Cel. Av. Eng. João Mendes da Silva – Comandante

Cap. Joaquim Bueno Brandão – Assistente Militar

1º Ten. Med. Aer. Fernando Martins Mendes – Chefe do C. M.

2º Ten. Av. Ariovaldo Vilela – Secretário

2º Ten. Med. Aer. José Gonzaga Ferreira de Carvalho

2º Ten. Med. Aer. José de Mores Camargo

2º Ten. Med. Aer. José Carlos D’Andreta

2º Ten. Med. Aer. Ruy de Carvalho Braga

2º Ten. Med. Aer. Alfredo Rocco

2º Ten. Med. Aer. Marcelo Pio da Silva

2º Ten. Pedro Celestino dos Santos

Asp. Of. Med. Aer. Olavo da Motta Cardoso

Aspirante Of. José Cabral de Almeida Amazonas

Aspirante Of. Clodoaldo Motta Accioly

Aspirante Of. Eurico Lacerda

Aspirante Of. Bdertholdo Costa Junior

Aspirante Of. Antonio José Nosé

Aspirante Of. Paulo Spitzer

Publicado Para Interesse dos Alunos, Instrutores e Auxiliares da Escola Técnica de Aviação, São Paulo, Brasil

JAMES BLAKELEY – Diretor

CORPO DE REDATORES – Temporário

Donald F. Peck.............................................Redador

Lucy Bloem................................................. Redatora Assist.

Ten. Ariovaldo Villela.....................................Redator Assist.

REDATOES ASSOCIADOS

Arman Williams.........................ARTISTA ASSOCIADO

Will H. Clews.............................ARTISTA ASSOCIADO

Sandy Saunders.........................SECÇÃO ESPORTIVA

Jack Mata..................................WHAT’S FZAING

J. Siqueira..................................ALUNADAS

P. Zamboni.................................ALUNADAS

Jeannette Chedick........................SECÇÃO DOS ALUNOS

Tip. AURORA Ltda. – São Paulo

PASSAGEM DE COMANDO

Na obra do Cel Lucena, “Trajetória Especialista”, encontramos a mensagem de despedida do Ten.-Cel.-Av.-Eng. João Mendes da Silva, por ocasião da passagem de Direção da E.T.Av. ao Cel.-Av. Bento Ribeiro Carneiro Monteiro, ocorrida em 31 de janeiro de 1949.

“Deixo a E.T.Av. após dois anos e dois meses de Comandante Interino e Agente-Diretor, além de três anos durante os quais eu fui Encarregado do Endoutrinamento dos Alunos, Chefe da Administração Militar e Representante do Ministério da Aeronáutica junto ao senhor John Paul Riddle.

A E.T.Av. é um estabelecimento onde a vida tem velocidade excepcional em face mesmo de suas próprias necessidades. Assim o tem sido desde o 22 de Novembro de 1943, quando dei a primeira aula; a partir desse momento acelerou-se vertiginosamente o ritmo da vida, pois chegou a ter 2.300 alunos, 2.100 funcionários e 321 instrutores.

À medida que o tempo passava, novos instrutores iam chegando dos Estados Unidos, novos candidatos iam sendo por mim examinados e por mim matriculados.

Entretanto, poucos eram os oficiais de que eu dispunha para o trabalho na Escola que crescia, diariamente, de modo assustador.

E assim se passaram cheios de lutas, suor, momentos de alegria e de tristeza os anos de 1944 e 1945, anos de fascinante trabalho na Escola Técnica de Aviação.

À proporção que a E.T.Av. se desenvolvia apareceram inúmeros problemas, devido:

1) ao seu funcionamento peculiar, diferente de suas congêneres da F.A.B.

2)à liberdade de ação que tinha o senhor J.P.Riddle de acordo com o seu Termo de Ajuste, documento muito comentado, mas que fora imposto pelas circunstâncias ao Ministro Salgado, como disse certa vez o Exmo Sr. Ministro Trompowsky a respeito

do mesmo:

“O contrato era oneroso para os cofres públicos, mas muito mais onerosa seria a liquidação total da nossa Marinha Mercante ou os prejuízos morais conseqüentes à inatividade da nossa Força Aérea e com os quais jamais se conformariam os nossos aviadores”. Eu próprio combati o Termo de Ajuste, mas fi-lo com pleno conhecimento junto ao Sr. J.P.Riddle; fi-lo com as pouquíssimas possibilidades de que dispunha, dentro das cláusulas e por entender que assim me comandava o patriotismo de oficial da F.A.B.; tão certo eu estava que, não só obtive pelo raciocínio e persuasão os fins que colimava em cada ocasião, como me foi possível preparar a Escola para o desfecho de 29 de Setembro de 1946, quando a mesma iniciou vida nova, em novas bases já estudadas e consubstanciadas em Organograma pronto desde Fevereiro de 1946, e em documento já apresentado como Anteprojeto de Instruções para o funcionamento da E.T.Av., em Abril de 1947”.

Na verdade, desde o primeiro dia em que comecei a desempenhar as minha funções na E.T.Av., delineei um projeto através do qual me seria possível obter e usufruir o máximo de rendimento do trabalho do Sr. J.P.Riddle e seus auxiliares sem nenhuma quebra de dispositivo do Termo, e preparar a Escola para a eventualidade de trabalhar com a cooperação de um mínimo de americanos ao findar o Termo – caso fosse obter os oficiais e formar os monitores para a substituição – ou pedir ao Exmo. Sr. Ministro a aprovação de outro Termo, com o Sr. J.P.Riddle ou um de seus auxiliares, mas radicalmente menos oneroso para o erário – caso não pudéssemos obter oficiais, pois os monitores poderíamos formar nessa segunda fase, como aliás o fizemos. A segunda solução foi escolhida pelo Exmo. Sr. Ministro.

Em março de 1946, foi denunciado pelo Exmo. Sr. Ministro Trompowsky o Termo de Ajuste do Sr. J.P.Riddle e, como já especificado acima, celebrado um contrato com o Sr. Harry Nelson Gill, que, pelo mesmo, tinha sob sua responsabilidade somente a instrução técnica da E.T.Av., ficando tudo o mais sob a responsabilidade do Comandante...

...Estava assim aprovado pelos Exmos. Srs. Presidente e Ministro o meu projeto mediante o qual, com um contrato substituindo o Termo de ajuste, havia uma economia prevista dpara o ano de Setembro de 1946 – Setembro de 1947 de Cr$ 36.000.000,00 (trinta e seis milhões de cruzeiros) ou seja 40% da despesa anterior

da Escola, que foi de Cr$ 120.000.000,00, economia esta que se acentuaria no ano de Setembro de 1947 – Setembro de 1948, à proporção que fôssemos substituindo os 321 instrutores americanos, deixados pelo Sr. J.P.Riddle, por oficiais e sargentos monitores que a própria Escola fosse formando; na realidade a economia realizada foi maior ainda que a prevista...

...Estava realizado o meu primeiro objetivo que era de preparar a E.T.Av. com uma “fase mista”, de transição, para se tornar integralmente brasileira, a partir de 31 de Dezembro de 1949, data de expiração do contrato do Sr. Gill, aproveitando a experiência dos técnicos americanos durante Setembro de 1946 a Dezembro de 1949, experiência, que, aliás, reputo indispensável à Escola mesmo após 1949, em bases, é claro, diferentes das atuais e de um pequeno grupo de 25 a 30 instrutores para o Curso de Monitores, a fim de evitar que, sem indústria aeronáutica própria onde o progresso aviatório é sentido constantemente, caiamos em atraso em relação à aeronáuticas dos outros países.

A vida continuou sobre novo aspecto, em 1947, quando ainda funcionamos sob regime de créditos especiais e, em 1948, quando estamos funcionando no Orçamento da República. A E.T.Av. consolidou-se assim em um prazo extremamente curto e hoje pode ser apresentada como uma expressão genuína do trabalho dos oficias da Aeronáutica.

Ao passar o Comando da E.T.Av. o meu trabalho se encontra próximo da sua meta....

São inúmeros os momentos de infinito prazer que temos tido na Escola, todos independentes da vontade dos homens e fruto do nosso trabalho, da nossa tolerância e compreensão mútua. A primeira graduação a 10 de agosto de 1944, as graduações seguintes até a de hoje; as vésperas de férias, quando os alunos sorridentes e satisfeitos se preparam para partir, rumo às suas cidades natais onde ostentam com garbo e satisfação o uniforme da Escola; os “shows”, as competições esportivas e os bailes dos alunos; as cerimônias religiosas na capelinha da Escola; as páscoas; as noites juninas e as férias que proporcionamos aos que não podem ir para casa, (em uma fazenda perto de São Paulo, em cima da represa de Santo Amaro); tudo enfim que dá prazer aos alunos porque a Escola existe por causa deles. Suas satisfações e prazeres, bem como com suas tristezas são também satisfações, prazeres e tristezas

para os que servem na Escola.

A Escola Técnica forneceu a coluna-mestra dos serviços de manutenção e reparação do material da Força Aérea e do Ministério. Para se ter a noção exata do esforço, é necessário considerar que os alunos trabalham 45 horas por semana, e que as férias escolares são apenas duas semanas no Natal e dez dias em Junho”.

O contrato entre o Ministério da Aeronáutica e o Sr. Harry Nelson expirou no final de 1949, passando, a partir de então, a Direção Técnica da Escola a ser exercida por um oficial da Força Aérea Brasileira. Os instrutores norte-americanos permaneceram por ainda por mais um ano.

MUDANÇAS NA E.T.Av.

A Escola Técnica de Aviação, em decorrência do seu crescimento, em 1945, ocupava vários prédios vizinhos, alugados pelo Ministério da Aeronáutica. Era necessário pensar em construir novas instalações, procurar uma área que pudesse viabilizar tal medida, mas os custos eram muito elevados.

O Prefeito de Campinas, Dr. Joaquim de Castro Tibiriçá, chegou a oferecer uma área de 60 alqueires, mas o negócio não chegou a ser concretizado. Os custos para construir a nova Escola orçavam em Cr$ 250.000.000,00 (duzentos e cinqüenta milhões de cruzeiros).

Pensou-se no Hipódromo da Mooca, no entanto, a Prefeitura de São Paulo tinha um projeto de construir um parque para os moradores daquela região.

O assunto preocupava o senhor Ministro Trompowsky, que se manifestou a respeito em uma reunião, ocorrida em 2 de janeiro de 1947, quando os oficiais foram cumprimentá-lo pelo Ano Novo:

“Aguardo o pronunciamento do Chefe do Estado-Maior para então, com maior soma de elementos, decidir a questão em audiência com o Chefe do Governo. Deixo aqui consignada a vantagem para o País de colaborarmos no progresso de regiões menos favorecidas pela natureza. O sentido de tecnicidade, se fixado em locais de mais lenta evolução, poderá trazer grandes benefícios para a Nação.

É evidente que nessa época, quando todos desejamos comprimir as nossas despesas de modo a combater a inflação e as conseqüências do após guerra, a solução do problema das instalações definitivas da E.T.Av. ou, se decidido, da Escola resultante da fusão das duas, E.E.Aer. e E.T.Av., ficará quase resolvida se for realizada em um local que já disponha de instalações prontas para receber o pessoal e o equipamento”.

Germinava a idéia de transferir a Escola para Natal.

Em 31 de março de 1947, o Ministro da Aeronáutica concedeu entrevista ao Papel Pega Mosca, da qual destacamos os trechos:

...“Na base de Parnamirim em Natal, existem cerca de 600 edificações com, praticamente, todas as facilidades necessárias à instalação da Escola Técnica, conforme demonstrou o relatório apresentado pela comissão que designei fosse estudar o assunto no próprio local e como também tive oportunidade de verificar pessoalmente”.

...Acresce ainda, - continuou o Senhor Ministro – que a reabertura de determinadas necessidades nacionais paralisadas durante a guerra, vem determinando providências do governo no sentido de desocupar e entregar os próprios nacionais ou estaduais às suas legítima finalidades”.

Um fato curioso veio modificar o rumo dos estudos em andamento e ajudar na

solução do problema.

O Prefeito de Guaratinguetá, Dr. André Broca Filho participava, em Buenos Aires, em 1949, de uma reunião sobre o desenvolvimento da Bacia do Rio da Prata e, por acaso, ouviu a conversa do Prefeito de Natal, Dr. Silvio Pedrosa, com um Senador do Rio Grande do Norte, sobre a necessidade de conseguirem a transferência das duas Escolas para Natal.

No dia seguinte, bem cedo, abandonando a reunião, decolou para São Paulo, e tão logo chegou, dirigiu-se ao Palácio do Governo e relatou ao Governador Adhemar de Barros sua intenção de localizar em Guaratinguetá as duas Escolas, na área ocupada pela Escola Prática de Agricultura. Aceita a sugestão, o Dr. Broca agenda audiência com o Diretor de Ensino, Brigadeiro Antonio Guedez Muniz, que ao reconhecer a vantagem desse oferecimento, o conduziu ao senhor Ministro, o qual concordou com a providencial proposta.

Assim, a Lei Estadual nº 696, de 5 de março de 1950, autorizou o Poder Executivo Paulista a doar à União as terras e as instalações daquela Escola.

Antes de se mudar para Guaratinguetá, a E.T.Av. abrigou a E.E.Aer. por curto período, pois com a construção da ponte do Galeão pelo Ministério da Aeronáutica, inaugurada em janeiro de 1949, foi preciso ceder espaço para a ampliação do Aeroporto do Galeão.

Em 20 de junho de 1950, a E.T.Av. forma a 94ª Turma, composta de 8 Sargentos Especialistas e 3 Sargentos Monitor Técnico. A E.E.Aer., por sua vez, forma a 21ª Turma com 92 Sargentos em cinco especialidades.

A Escola Técnica de Aviação publicou seu último Boletim em 31 de julho de 1950, e a Escola de Especialistas publica seu Boletim nº 1, em 7 de agosto do mesmo ano, registrando:

“O Coronel Bento Ribeiro assumiu o Comando da Escola de Especialistas da Aeronáutica, estacionada provisoriamente em São Paulo e que irá paulatinamente em escalões para Guaratinguetá, à proporção que as instalações em construção naquela cidade fiquem prontas.

Determinação de transferência de todo o acervo (pessoal e material) da E.T.Av. para a Escola de Especialistas em cumprimento ao constante na letra “c” do Ofício nº 0721 anteriormente transcrito).

Tal documento, datado de 28 de março de 1950, tratava da transferência de E.T.Av., da E.E.Aer. e do C.O.M. (Curso de Oficial Mecânico), estabelecendo o plano de trabalho. O item “c” determinava:

“passagem de todo o acervo (material e pessoal) da Escola Técnica para a Escola de Especialistas, devendo as transferências de carga e de pessoal, dessa Escola para a Escola Técnica de Natal, ser propostas por intermédio da Diretoria do Ensino, pelo novo Comandante da Escola de Especialistas”.

A transferência para Natal mudava de rumo.

Senado Federal Subsecretaria de Informações

DECRETO-LEI N. 5.983 – DE 10 DEZEMBRO DE 1943

Aprova têrmo de ajuste entre o Governo Brasileiro e cidadão norte americano, para instalação da Escola Técnica de Aviação

O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o artigo 180 da Constituição,

DECRETA:

Artigo único . Fica aprovado o têrmo de ajuste assinado a 29 de setembro do corrente ano pelo Ministro de Estado dos Negócios da Aeronáutica, em nome do Govêrno do Brasil, e pelo cidadão norte americano John Paul Riddle, para a cessão, organização e manutenção de uma Escola Técnica de Aviação, no Estado de São Paulo, nos moldes da Embry Riddle School of Aviation, existente na cidade de Miami, Estado da Flórida, Estados Unidos da América do Norte.

Rio de janeiro, 10 de novembro de 1943, 122º de Independência e 55º da República.

GETÚLIO VARGAS

Joaquim Pedro Salgado Filho

Senado Federal Subsecretaria de Informações

LEI N. 88 – DE 9 DE SETEMBRO DE 1947

Autoriza o Poder executivo a abrir, pelo Ministério da Aeronáutica o crédito especial de Cr$ 53.433.000,00 para atender às despesas relativas do exercício de 1947, com o contrato firmado para funcionamento da Escola Técnica de Aviação de São Paulo.

O Presidente da República:

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º E’ o Poder Executivo autorizado a abrir, pelo Ministério da Aeronáutica, o crédito especial de cinqüenta e três milhões, quatrocentos e trinta e três mil cruzeiros (Cr$ 53.433.000.00), para atender às despesas relativas ao exercício de 1947, com o contrato firmado para funcionamento da Escola Técnica de Aviação de São Paulo.

Art. 2º Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.

Art. 3º Revogam-se as disposições em contrário.

Rio de Janeiro, 9 de setembro de 1947, 126º da Independência e 59º República.

EURICO G. DUTRA

Armando Trompowsky

Corrêa e Castro

Senado Federal Subsecretaria de Informações

DECRETO N. 24.065 – DE 17 DE NOVEMBRO DE 1947

Abre pelo Ministério da Aeronáutica, o crédito especial de Cr$ 53.433.000.00 para pagamento de despesas com a Escola Técnica de Aviação de São Paulo.

O Presidente da República, usando da autorização contida na Lei nº 88, de 9 de setembro de 1947, e tendo ouvido o Tribunal de Contas, nos têrmos do art. 93, do Regulamento de Contabilidade Pública,

DECRETA:

Artigo único – Fica aberto pelo Ministério da Aeronáutica, o crédito especial de cinqüenta e três milhões, quatrocentos e trinta e três mil cruzeiros, para atender despesas relativas ao exercício de 1947, com o contrato firmado para funcionamento da Escola Técnica de Aviação de São PauIo.

Rio de Janeiro, 17 de novembro de 1947, 126º da Independência e 59º da República.

EURICO G. DUTRA.

Armando Trompowsky.

José Vieira Machado.

Senado Federal Subsecretaria de Informações

DECRETO Nº 24.538, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1948.

Cria a Tabela Numérica Suplementar de Extranumerário mensalista da Escola Técnica de Aviação, do Ministério da Aeronáutica.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando a atribuição que lhe confere o artigo 87, item I, da Constituição,

DECRETA:

Art 1º Fica criada, na forma da relação anexa, a Tabela Numérica Suplementar de Extranumerário mensalista da Escola Técnica de Aviação, da Diretoria do Ensino de Aeronáutica, do Ministério da Aeronáutica.

Parágrafo único. As funções de que trata êste artigo serão exercidas pelos servidores cujos nomes constam da relação anexa.

Art 2º A despesa com a execução do disposto neste Decreto, na importância de Cr$ 5.491.200,00 (cinco milhões quatrocentos e noventa e um mil e duzentos cruzeiros) anuais, correrá à conta da Verba I - Pessoal, Consignação II - Pessoal Extranumerário, Subconsignação 05 - Mensalista, do Anexo 15 - Ministério da Agricultura - do Orçamento Geral da República para 1948.

Art 3º Êste Decreto vigora a partir de 1 de janeiro de 1948.

Art 4º Revogam-se as disposições em contrário.

Rio de Janeiro, 19 de fevereiro de 1948, 127º da Independência e 60º da República.

EURICO G. DUTRA

Armando Trompowsky

Senado Federal Subsecretaria de Informações

DECRETO Nº 27.879, DE 13 DE MARÇO DE 1950.

Transfere a sede da Escola de Especialista de Aeronáutica e da Escola Técnica de Aviação e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , usando da atribuição que lhe confere o artigo 87, item I, da Constituição Federal, e de acôrdo com a letra b do art. 1º e o art. 26 do Decreto-lei número 9.888, de 16 de setembro de 1946,

DECRETA:

Art 1º Fica transferida para a cidade de Guaratinguetá, no Estado de São Paulo, a sede da Escola de Especialistas de Aeronáutica, que utilizará as instalações da Escola Prática de Agricultura, cedidas ao Ministério da Aeronáutica, na conformidade do convênio assinado entre êsse Ministério e o Govêrno do Estado de São Paulo, em 6 de outubro de 1949.

Art 2º É transferida para a cidade de Natal, no Estado do Rio Grande do Norte, a sede da Escola Técnica de Aviação, que funcionará na parte sudoeste da Base Aérea de Parnamirim.

Art 3º Até que seja dada nova Regulamentação às Escolas de que tratam os artigos anteriores, o Ministério da Aeronáutica baixará Instruções provisórias para o funcionamento das mesmas, enumerando os Cursos que funcionarão em cada uma delas.

Parágrafo único. Os cursos a que se refere êste artigo são os que ora funcionam na Escola Técnica de Aviação, em São Paulo, e na Escola de Especialistas de Aeronáutica,

no Galeão, acrescidos, ou suprimidos, os que forem do interêsse da Aeronáutica e distribuídos todos pelas duas referidas Escolas, obedecida, ou não, a distribuição atual, na conformidade das conveniências do aludido Ministério.

Art 4º O Ministro da Aeronáutica providenciará a redistribuição das verbas orçamentárias que, em virtude do Presente Decreto, se fizer necessária e expedirá instruções para a transferência das Escolas.

Art 5º Êste Decreto entrará em vigor na data da sua publicação.

Art 6º Revogam-se as disposições em contrário.

Rio de Janeiro, 13 de março de 1950, 129º da Independência e 62º da República.

EURICO G. DUTRA

Armando Trompowsky

Senado Federal Subsecretaria de Informações

DECRETO Nº 34.095, DE 7 DE OUTUBRO DE 1953.

Extingue a Escola Técnica de Aviação e dá outras providências

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , usando da atribuição que lhe confere o artigo 87, item I, da Constituição Federal,

DECRETA:

Art 1º Fica extinta a Escola Técnica de Aviação, cuja sede foi transferida para Natal por Decreto número 27.879, de 13 de março de 1950.

Art 2º O Ministro da Aeronáutica determinará o aproveitamento das instalações e material

pertencentes à Escola Técnica de Aviação, de conformidade com os interêsses da Aeronáutica.

Art 3º O presente Decreto entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrários.

Rio de Janeiro, em 7 de outubro de 1953; 132º da Independência e 65º Da República.

GETÚLIO VARGAS

Nero Moura

60 ANOS DEPOIS – UNIDOS PELA AMIZADE

Francisco Drezza – Controlador de Vôo - 03 de março de 1945 - 14ª Turma – Comemorando 80 anos com seus companheiros da ETAv e familiares – Goiânia – Fotos cedidas pelo Artemio Bottene

Sgt Aldo Schmidt e Artemio Bottene, grandes amigos e bons companheiros, serviram na Base Aérea de Natal - Reencontraram-se após 60 anos, quando visitavam a feira de exposição no Memorial do Imigrante em 2004

32 - Semana da Asa - Vale do Anhangabaú

Corpo de Alunos e Equipamentos de Instrução posicionando-se para o desfile – Toque da Alvorada às 4h00, desfile às 11h00, mas valeu o esforço

Momentos de concentração – Corpo de Alunos atento ao corneteiro para o toque de Ordinário, Marche!

Muita vibração e garbo durante o desfile

A Esquadrilha no Vale do Anhangabaú em frente ao palanque – Ao centro um oficial do Exército; fazia parte do grupo de instrutores da ETAv

Desfile dos equipamentos – Em primeiro plano um rebocador de aeronave tratorando uma hélice

Carro de Combate rebocando uma estrutura de trem de pouso e bancada hidráulica, com demonstração de abaixamento e recolhimento do trem durante o desfile

Desfile dos equipamentos de instrução – “Link Trainer”

Apresentação de uma torre de metralhadora, instalada nos aviões de bombardeio, e utilizada para sua defesa

Instrutor e Alunos com os equipamentos de rádio-comunicação

REMINISCÊNCIAS

Vejamos o que os Ex-Alunos da ETAv têm para nos contar

Sou Tarcisio Ferraz Arruda, remanescente dos anos 40. Apresento-me como um simples limeirense, que se voluntariou à famosa Escola Técnica de Aviação, em setembro de 1944. Prestado o concurso e aprovado, fui incluído na 3ª Esquadrilha, tendo como comandante o Ten. Eurico e o Sargento Kalil. Hoje, agradeço o aprendizado militar e técnico desse estabelecimento. Formei-me na 18ª turma, Dia da Vitória, 08 de maio de 1945, tendo como paraninfo Maj Brig Ar Gervásio Duncan. Visitava a Escola, nesse dia, o General Arnold (USA) e o Ministro da Aeronáutica Salgado Filho.

Eu era da especialidade de Sistemas Elétricos, formado em 9 de maio de 1945, 18ª Turma da ETAv e meus companheiros de especialidade eram: Arlindo Montagnoli Filho - Antonio F. Mabilde - Carlos Moreira Araújo - Hélio Spindola Costa (orador) - José Clayton Píton - Alcides de Azevedo.

Atualmente resido na cidade de Canoas, RS, sede do 5º COMAR, na rua Anita Garibaldi, 315, Centro, CEP 92010-100. Se pudesse, gostaria de receber mais histórico da ‘chocadeira’. A ETAv era assim chamada, porque, com o Brasil declarando guerra ao Eixo, era necessário formar, de forma rápida, especialistas para suprir as necessidades da FAB, e os alunos da ETAV eram chamados ‘filhos da chocadeira’, pois se formavam mais rapidamente que os da Escola de Especialistas do Rio de Janeiro.

Nazareno Medeiros

VIAGEM A FLORIANÓPOLIS COM MEU PAI

Quando li as instruções para ingresso na Escola Técnica de Aviação, entusiasmei-me deveras, especialmente pela oportunidade de estudar eletrônica, matéria que sempre me interessou, além de prestar o serviço militar.

Talvez a combinação desses fatores levou meu pai, faroleiro aposentado, a enfrentar a minha separação da família, levando-me a Florianópolis para fazer minha inscrição de candidato, no Destacamento de Base Aérea daquela capital.

Este acompanhamento também se prendia ao fato de jamais eu haver deixado minha cidade natal – Laguna - e, assim, desconhecer como era “a cidade grande”.

Estivemos hospedados durante um, talvez dois dias, na capital catarinense, numa pensão não muito chique. Das “negociações” na Base Aérea restaram apenas a lembrança de que eu teria de regressar quando fosse chamado para os exames.

Voltamos para Laguna, onde continuei a prestar serviços na Comissão de Marinha Mercante, anexa à agência do Lloyd Brasileiro S. A..

DESPEDIDA PARA SÃO PAULO

Falha-me a memória para dizer quanto tempo esperei para saber que me deveria separar mesmo de minha família, o que se deu com a chegada de um telegrama.

Feitas as malas (acho que era só uma...) foi a hora das despedidas e da “choradeira” de meus irmãos e, especialmente de minha madrasta, a quem queria como mãe.

Nossa família morava em um local de nome Roça Grande, à margem da rodovia BR-101, pelo menos parcialmente pavimentada naquele ponto. O ônibus, avisado o motorista, parou para me apanhar.

O percurso durava umas duas ou três horas até a capital, tempo em que permaneci “matutando” qual seria o meu proceder daí para frente.

E lá fui eu, com ônibus da Empresa Auto Viação Catarinense, linha Laguna-Florianópolis.

Iria apresentar-me na Base Aérea para receber as passagens para Curitiba;

nova apresentação, outra passagem para São Paulo e, afinal, a ETAV.

Em Florianópolis, hospedei-me, não sei por quanto tempo, na mesma pensão, não conhecia outra na cidade.

Ao embarcar no ônibus, travei conhecimento com um outro candidato a aluno de nome ATILIO BORTOLON, que foi companheiro de aventura na cidade desconhecida chamada Curitiba.

Na nova apresentação “militar”, depois de indagarmos sobre como chegar a Bacacheri, viajarmos de bonde (veiculo desconhecido). Ao chegar foi frustrante: o destacamento não tinha instruções sobre a emissão de passagens e foi uma troca de telefonemas, muito difícil naquele tempo, entre Curitiba e Florianópolis. Resolvido o impasse, fomos encaminhados para S.Paulo.

Ao chegar, novas indagações para achar a Visconde de Parnaíba e depois o número da Escola. Durante o trajeto, lembro-me bem, ia guardando mentalmente as ruas por onde passávamos, numa intenção de reencontrar a origem, na hipótese de não ser atingido nosso objetivo.

ALOJAMENTO NA 7ª ESQUADRILHA

Meio difícil acertar agora como fui parar na 7ª esquadrilha.

Posso dizer que, inicialmente, passei pelo ANEXO 13, um barracão enorme com camas-beliche, e onde, durante minha permanência, roubaram-me um relógio de bolso, marca POLONO, presente de meu pai.

De nada adiantaria tentar reavê-lo, diante das circunstâncias em que me encontrava. Ainda o tenho na memória, especialmente pelo fato de que para acertar os ponteiros era necessário pressionar a “cabeça”, quando nos demais era preciso puxá-la. Aparentemente não era de grande importância, mas, várias vezes uma pressão imperceptível modificava as posições dos ponteiros.

Instalado na esquadrilha, dispúnhamos de armário particular para a guarda de nossos pertences, banheiros e cama beliche, se não me engano.

Para ser aceito como recruta era exigido exames de saúde, coisa para mim ainda novidade, mas cheguei lá.

Neste ponto, ou melhor, nesta graduação, o ordenado era de 300,00 (trezentos

cruzeiros/cruzeiro novo) não me lembro.

Recebíamos fardamento, calçado, roupa de frio, meias e etc. para enfrentarmos a instrução técnica e, após o almoço, a instrução militar.

Ficou-me na memória a figura de um terceiro sargento, chamado Sgt. GARCIA. Sua principal característica era o desejo de estar sempre EM DIA com a instrução militar. Disse, certa ocasião, que sonhava em conhecer o REGULAMENTO DISCIPLINAR DA AERONÁUTICA, inteirinho, e de cor.

Voltávamos da instrução militar já próximo do meio-dia, e, assim, logo nos preparávamos para o RANCHO.

Certa ocasião, num feriado, eu, permanecendo na Escola, ao ser servido um sanduíche avantajado, não me satisfiz e, dando volta na fila, busquei outro. Fui notado pelo militar que controlava o movimento, mas me deixou passar...

Após algum tempo no ANEXO, fui transferido para a sétima esquadrilha, no conjunto de edifícios da Escola.

Nosso “chefe supremo” era o tenente PASCHOAL, oficial jovem ainda, permanentemente cuidadoso em sua aparência pessoal, estava sempre muito bem fardado.

Tínhamos revistas semanais para a disputa da melhor esquadrilha da Escola, e, naturalmente, escala de serviço, com “cabo de dia” e auxiliares.

Permaneci nesta esquadrilha durante todo o tempo que estive na Escola.

REMINISCÊNCIAS MILITARES

Desde a admissão na Escola, éramos preparados para o posto de cabo e de sargento, antes de terminar o curso técnico.

Tínhamos as instruções normais do Exército para o preparo dos recrutas, soldados, cabos e sargentos: ordem unida, regulamentos disciplinares (lembrando o Sgt. Garcia), marchas e juramento à Bandeira.

Algumas reminiscências da época:

- Ordem Unida nas ruas do Brás (ah! se lembrasse dos nomes!) mas, em uma delas, durante um pequeno descanso, lembro-me haver sentado na calçada e experimentado deitar-me de costas, para um melhor relaxamento. E neste momento ocorreu-me que, em Laguna, jamais aconteceria um “quadro” destes.

- Um plantão noturno no antigo hipódromo da Mooca, com preparo prévio de aprendizado de senha e contra-senha. O serviço era prestado com fuzil, baioneta e munição. Ao percorrer a minha área, ultrapassei o limite e tive que fornecer a identidade com a tal senha.

- Outro tipo de plantão era dado nas dependências da esquadrilha; num destes, ao assumir, exigi que me fosse apresentado pelo “cabo de dia” anterior uma relação do material para limpeza do alojamento e dependências. Como ele não havia recebido do antecessor tal relatório, preparei um para assinarmos juntos. Algum tempo fui questionado sobre um determinado material que deveria estar presente entre os demais. Respondi que o que eu recebera se achava descrito na “parte” por mim assinada e, portanto, não me caberia qualquer responsabilidade pelo fato. Fui respeitado e nunca soube como a Escola resolveu a questão ...

- Já próximo de me formar, certo dia ocorreu que, em virtude de pressa, não troquei de uniforme para ir ao hipódromo, estando eu coberto com uma capa de chuva. No primeiro instante não me preocupei, mas, logo após, resolvi procurar o tenente Abrahão para lhe explicar o fato. Este oficial, diariamente, fazia inspeção nos uniformes dos alunos (a esta altura já éramos “formandos”) e, quando me expliquei, ouvi uma resposta que me deixou a certeza de haver mudado o seu pensamento a respeito da inspeção, declarando ele que não seria o “uniforme” (precisaria eu estar de “caqui”). E agora? O que iria ele examinar? Repassei todos os itens possíveis do exame e fiquei na expectativa dos acontecimentos. No momento adequado, o tenente Abrahão procurava pela “placa de identificação” (e eu então me convenci que ele havia antes observado que eu estava “em ordem”, quando teve uma pequena demora para a declaração que eu ouvira; acho que admirou meu conceito de cumprimento do dever).

- Na “ordem unida” havia um comando para o “grupo de combate”, formado em “coluna por três”, que, obedecido, fazia com que a coluna do centro executasse 3 “meia-volta volver!”, a coluna da esquerda 3 “esquerda volver!” e a coluna da direita 3 “direita volver!”. Executado com exatidão, o grupo de combate estaria, ao fim dos movimentos, seguindo na mesma direção, todos em perfeita “coluna por três”. Entretanto, qualquer erro, de qualquer componente, deixaria o “errado” inteiramente “perdido” e iria precisar encontrar o lugar onde estava no começo, si pior não fosse pior a situação resultante para o dito-cujo !!!

- Em meio a tudo isto de militarismo, houve também treinamento musical, ministrado pelo único oficial de cor que conheci; infelizmente não me ficou gravado o seu nome. Entretanto, com ele, ensaiamos, como um coral, uma música a que, de memória, dou o nome de “VIVA O SOL DO CÉU DA NOSSA TERRA”. A letra era reduzida (“viva o sol / do céu da nossa terra / vem surgindo / atrás da linda serra “), mas o que havia de interessante, era o fato de o nosso maestro insistir que “terminava aqui”, sendo o “aqui” a posição de suas mãos entre as pernas ...

- Ao terminarmos a instrução militar, voltávamos para a Escola e, ainda em forma, ouvíamos a chamada e a posterior (e diária) distribuição da correspondência. Cada aluno era chamado nominalmente e quando o número de cartas ultrapassava cinco, havia sempre o grito uníssono: “G I B Í !!!). A razão era uma coluna de correspondência dos leitores da revista ‘GIBI”, uma espécie de “clube do leitor”. Certo dia, sabedor que eu havia fornecido meu nome para a tal revista, um colega da esquadrilha de nome Humberto (éramos vizinhos de armário), enviou-me uma carta de mulher apaixonada, onde aparecia a frase: “nós as mulheres sofremos tanto !”. O tom com que foi escrito me pareceu algo familiar – falávamos freqüentemente –, mas fiquei na expectativa. O fato se repetiu e logo após ele acabou confessando a autoria das cartas ...

- Esquecia-me da festa de aniversário da Escola !

Quem possuir a coleção do “Papel Pega-Mosca” poderá situar, no tempo, a ocasião em que se deu o que descrevo a seguir. Primeiramente, o fato se

deu alguns dias ANTES do aniversário, ocasião de mais um treino para a apresentação de um PELOTÃO DE DEMONSTRAÇÃO.

No local em que seria realizada a festa (antigo Hipódromo da Mooca) se achava presente, entre outras pessoas de quem não recordo, um subtenente que, à boca pequena entre nós, era conhecido por “tenente jabá”, talvez pelas espinhas no rosto.

O pelotão, do qual eu fazia parte, se aproximava quando, com o microfone em mãos, o subtenente anunciou: “Eis que surge o bravo tenente Abron, com seu peloton de demonstraçon”.

Bem; foi só isto antes das evoluções que o pelotão executou e, acredito que o célebre comando das três meia-voltas também foi realizado...

REMINISCÊNCIAS TÉCNICAS

Falo agora do CURSO BÁSICO, iniciado algum tempo após ser aceito como recruta.

Era o que se chamava de INSTRUÇÃO TÉCNICA para a preparação dos futuros sargentos especialistas da FAB.

Dos cursos ministrados recordo que havia: MOTORES, TEORIA DE VÔO, FÍSICA, MATEMÁTICA, ELETRÔNICA e METEOROLOGIA, além, é claro, o de RADIOTELEGRAFIA, minha especialidade.

De motores (de avião) recordo das explicações sobre o motor a explosão e as variantes para o motor aeronáutico; conheci o motor radial, vimos como era o funcionamento em um painel preparado para vermos “em câmera lenta” os movimentos dos pistões, a admissão do combustível e coisas afins.

Em teoria de vôo as influências das condições do tempo, a velocidade, as forças atuantes na aeronave, as questões de centro de gravidade, os lemes de direção e profundidade, etc.

A meteorologia trouxe-me o conhecimento mais aprofundado das medições de velocidade e direção dos ventos, umidade do ar, pressão atmosférica; terminou com um exame de campo, onde se mostrava se realmente havíamos assimilado os ensinamentos ministrados. Lembrei-me que guardo o resultado deste exame entre

meus pertences.

Em física, matemática e eletrônica foi onde me dediquei mais, em virtude de minhas predileções, desde o tempo de estudante.

Ao fim do curso básico, éramos submetidos à CLASSIFICAÇÃO para uma especialidade. Ignoro quem tinha a responsabilidade de analisar os resultados obtidos pelos alunos durante o período decorrido.

Recordo-me, muito bem, que, certo dia, ao ser divulgadas as classificações, fui incluído entre os que iriam se especializar em HÉLICES.

Fiquei muito contrariado com isto; mas, apareceu-me um aluno se dizendo descontente com a classificação recebida de RADIOTELEGRAFIA, quando ele desejava justamente a minha classificação.

Seu nome era (e espero que ainda esteja vivo) ABILIO SERRA, há algum tempo morador em São Paulo, e que me visitou em Vitória, passados vários anos.

Fomos ter com a pessoa responsável pelas classificações (um americano, ao que me recordo) expusemos nossa situação e conseguimos fazer a troca pretendida. (eu havia estudado telegrafia quando ainda estudante ginasial).

Naquela época eu tinha perdido meu pai e desejava ser formado no menor tempo possível, por questões financeiras; assim, influenciado pela duração do curso, deixei de pleitear o de RADIOMANUTENÇÃO, meu mais ardente sonho.

Passei com isso, a pertencer a um grupo especial, freqüentando aulas de telegrafia para adquirir os hábitos da FAB, ministradas por um professor americano (teoria) e, após, por um sargento telegrafista que nos ensinou os “macetes” da operação real que iríamos enfrentar.

REMINISCÊNCIAS TÉCNICAS (ainda)

Durante o curso básico, quando recebíamos aulas de eletricidade, especialmente de eletrônica, pude sentir que me destacava entre os alunos, em virtude de estar a lidar com assunto já conhecido.

Lembro-me bem que me dedicava no estudo da eletrônica, pois era a

oportunidade para aprofundar meus conhecimentos.

O caderno de apontamentos, conservo até hoje, ainda que bastante apagado – foi escrito a lápis –, e a data de inicio registra 11 de dezembro de 1946. Nunca imaginaria que quatro anos depois seria pai pela primeira vez ...

Nesta primeira aula, noções sobre a lei de Ohm, com desenhos de pequenos circuitos.

O assunto continuou até a nona aula, quando estudamos a pilha seca e suas associações.

Na décima primeira, em 14/01/47, entrávamos em corrente alternada e muita coisa se seguiu, inclusive dando noções sobre as transmissões radioelétricas. Estudaram-se os efeitos de indutância, capacitância, resistência e as associações possíveis em corrente alternada.

Na décima sexta aula, em 21/01/47, entrávamos em transformadores, com uma seqüência de fórmulas, cálculos diversos nas aulas seguintes.

Em 29/01/47, iniciávamos a segunda fase do curso, ELETRÔNICA, sendo professor o americano de nome GEORGE BIGGS.

A vigésima terceira aula, em 31/01/47, deu inicio ao estudo das válvulas eletrônicas, passando pelos rudimentos do efeito Edison, diodos de aquecimento direto e indireto, retificação da C.A. Em 03/02/47, iniciamos o estudo da válvula de três eletrodos

Na trigésima aula, ocorrida em 08 de fevereiro de 1947, ocorreu algo para mim muito importante e que justifica palavras contidas no inicio desta “expansão”.

O professor Biggs retardou-se para começar a aula e, não sei por qual razão, li para os colegas meus apontamentos do tal caderno até o ponto em que registrava a AMPLIFICAÇÃO CLASSE “A”.

Mas, entusiasmado com o que fazia – estava à frente da turma sentada, a escrever no quadro negro – não percebi a chegada do professor, o qual, por razão inexplicada, não veio ocupar a posição em que eu me achava; sentou-se em uma das últimas cadeiras e ficou “apreciando o novo professor”.

A turma nada me falou e prossegui até o momento em que me voltei para os colegas e notei então a presença do mestre.

Imediatamente movimentei-me para lhe ceder o lugar, mas, para minha surpresa, ele disse que “estava gostando” e que eu prosseguisse. É claro que aquilo

me encheu de orgulho e continuei até o ponto em que se encerrava o assunto da AMPLIFICAÇÃO. Depois, a aula prosseguiu com os assuntos que estavam em pauta pelo mestre.

Esta fase terminou em 28/02/47, na quadragésima terceira aula, com uma sabatina onde recebi o grau 97.

No dia seguinte iniciou-se a FASE III- Equipamentos das Bases, onde trabalhamos com o transmissor RF50-A e o receptor EVPL, efetuando cálculos, medidas em componentes e instruções sobre operação com os mesmos.

O fim do ‘FUNDAMENTAL DE COMUNICAÇÒES” ocorreu em 29/03/47, sexagésima-sexta aula, com uma sabatina onde obtive grau 95. Após estes fatos é que fui classificado em “Rádio-Operação”, já próximo da formatura.

REMINISCÊNCIAS DIVERSAS

Dentre os exercícios de tropa, ocorreu uma marcha de uns dez quilômetros, mas não me lembro qual o destino.

Todos completamente equipados; e o que mais castigava era o fuzil 1908, pois, com o passar do tempo, íamos sendo vencidos pelo cansaço do braço.

Conheci, então, o artifício para aliviar tal situação: no “cinto de segurança” sobrava uma ponta vinda dos ombros, ambos os lados. Passei a tal ponta sob a coronha do fuzil, como faziam os colegas, e transferi parte do peso para os ombros, acarretando um pouco de alívio ao braço (bom macete).

.................................................................................................

Nas folgas de fim de semana – o castigo mais comum era o SD (sábado e domingo) que impedia a possibilidade de ausentar-se do recinto escolar.

Mas, como bom soldado, nunca me aconteceu.

E numa destas saídas, eu e o colega VENÂNCIO TIETZ, de Passo Fundo RS, resolvemos dar uma volta pelo centro de São Paulo, para localizar uma instituição de ensino de nome Instituto Radio Técnico Monitor, situado na rua Aurora, se me não engano.

Não se pagava passagem viajando no estribo dos bondes. E lá fomos em busca da avenida São João, e dali prosseguir andando até o endereço.

Tendo em vista a enormidade de S. Paulo, segui a sugestão de comprar guia da cidade, que me foi proveitoso por mais de uma vez.

Depois que atingimos o ponto desejado, raciocinando sobre a posição em que estávamos, resolvemos não regressar pelo mesmo caminho, mas prosseguir dando uma volta para atingirmos a S. João.

Péssima idéia: andamos e acabamos a nos perder (nem a grande referência do Banco do Estado, tão proclamada pelo Venâncio, funcionou); o Tietz, achando que “seria feio”, não permitiu que eu sacasse do bolso meu guia, e, assim, depois de algum tempo, fomos ter em local por onde passava o bonde destinado à praça Ramos de Azevedo.

Tomamos o tal bonde e retornamos à Escola.

........................................................................................

Os alunos tinham uma associação – Sociedade dos Alunos da Escola Técnica de Aviação.

Sempre arredio, não quis fazer parte dela; e sua lembrança se acha associada ao colega Waldir Bennati Ribeiro do Val, anos mais tarde, minha testemunha de casamento.

Tal associação tinha repercussões na vida da Escola, pois proporcionava festas, especialmente as de formaturas, e por umas horas de entretenimento entre o jantar e o toque de recolher, quando podíamos desfrutar de algum tempo para nós mesmos.

E vem a recordação das horas que passei, sentado à frente da Escola, num pequeno jardim, a ouvir músicas da época (sem faltar as americanas, é claro...), a

sonhar com os meus familiares em Santa Catarina.

Hoje, de vez em quando, a ouvir algumas delas a saudade retorna, lembrando também das amizades daquela saudosa época.

REMINISCÊNCIAS DIVERSAS (mais)

Ainda durante o período em que estava cursando o Básico, ao circular pela Escola, pude encontrar um grupo de alunos do curso de rádio-manutenção treinando o uso de um equipamento móvel. Tratava-se de um radio goniômetro.

O conjunto era transportado em um carrinho empurrado por eles, mostrando muito claramente a variação do posicionamento da antena receptora que, naquele instante, apontava para a localização do transmissor de uma emissora da capital.

Na época, era muito utilizado pelas aeronaves para sua orientação durante as viagens pelo Brasil, e a antena era bem visível no exterior da fuselagem dos DC-3, o mais usado nas rotas comerciais da época.

.................................................................................................

Relacionado ainda ao curso de radio-manutenção, com duração aproximada de um ano, gostava eu de me colocar junto às janelas do laboratório do curso, notadamente para ver funcionar o OSCILOSCÓPIO DE RAIOS CATÓDICOS.

Meu interesse era tão forte que permanece até hoje, mesmo após haver deixado a vida militar e haver “aportado” por Vitória (ES), já funcionário do Banco do Brasil S. A.

Nesta cidade apareceu na vitrine de uma loja de material eletrônico um desses aparelhos. Com o auxilio de um colega do Banco, como fiador, ADQUIRÍ o tal aparelho, zelosamente mantido em meu poder até hoje (2006).

MISS LEE

“Era nossa professora de língua inglesa, muito bonita, e, naturalmente, chamava a atenção de todos os alunos. Certa vez, durante uma aula, meu amigo Carlos Alberto Von Bahten observou a ela que havia uma mancha de giz em sua saia: ’Miss Lee, your skirt is dusty with chalk’. Ela muito graciosa, respondeu: ‘Oh! Thank you’, enquanto espanava com a mão aquela poeira de giz. Isto me ficou na memória. Antes de me graduar sargento, ela deixou a Escola, regressando para sua terra”.

PATRULHA

“Fazia parte dos treinamentos militares dos alunos, os patrulhamentos realizados nos dias de folga, sábados e domingos. A missão tinha por objetivo percorrer os lugares mais freqüentados da cidade, principalmente as boates paulistanas, a procura de qualquer irregularidade provocada por algum aluno mais bagunceiro. Participei uma única vez dessa escala, composta de um comandante e dez alunos. Íamos acomodados na carroceria da viatura, e nos equipávamos com cassetete e cinto de guarnição. Nós nos sentíamos constrangidos, pois seria muito desagradável encontrar um companheiro em situação de reprovável comportamento e ter de reconduzi-lo para a Escola, pois, certamente, iria receber séria reprimenda. Eram momentos de tensão. Ainda bem que não trouxemos nenhuma vítima”.

FÉRIAS ESCOLARES

Saí em férias, ao menos uma vez, indo até Laguna SC, levando comigo algumas fotos. Vale notar que me sentia tão satisfeito pelo que ocorrera em São Paulo que, quando me encontrei com aqueles amigos de infância e ginásio, levava comigo um desejo muito forte de convidar a todos eles para irem para a Escola, como eu fizera.

Isto porque Laguna era uma cidade de muito poucas chances de emprego e não dispunha de ensino superior ao Ginásio Lagunense, onde me formei. Assim, àqueles mais chegados expuz meu ponto de vista.

Não posso garantir que tenha sido esta propaganda que levou um lagunense de nome LIVIO PAGANI a aparecer na Escola; e estou citando isto aqui, apenas por haver

ocorrido uma conversa entre nós, lá na Escola.

Tudo não passou de uma observação dele sobre o trânsito paulista. Disse-me ele:

“Nazareno, puxa, mas São Paulo tem carro, hein? Tem mais de 100”! Não tive mais que um sorriso para ele, lembrando que, naquela época, o número de carros em Laguna não deveria passar de 20.

Mas, voltando ao relato de minha visita, e, ao que me parece, ainda dentro do pensamento do convite, recordo haver redigido um plágio da letra da canção “VIENE SUL MARE” (deve ser assim ...) já plagiada (ou traduzida) para ‘MINAS-GERAIS”. Permita-me transcrevê-la:

Vou partir é meu último adeus

Ao rincão em que eu vi a luz

Deixar-te-ei, doce amigo, e aos meus

Por um destino que mais me seduz

Oh! Minha Laguna !

Oh! terra querida

Teu filho parte afim de outra vida

Oh! Laguna querida !

Meus amigos que ficam reparem

Precisam educar-se também

Este meio lhes impedem que se tornem

Homens dignos, homens de bem !

O que houve de curioso foi a posse desta letra por uma garota (enorme surpresa para mim) que não quis, de forma alguma, devolvê-la ...

E, passados os dias de férias, ao retornar, fiz minha apresentação à maior autoridade da cidade, mas que não recordo quem era, voltando para a Escola.

PORTEIRA DO BRÁS

“Naquela época, havia no Brás, bairro onde se achava a Escola, uma passagem de trem, cruzando a avenida Rangel Pestana. Para evitar acidentes com os veículos que cruzavam a estrada de ferro, havia uma porteira de madeira para fechar a passagem do comboio ferroviário em benefício dos carros. Era lógico, pois o trem só de vez em quando passava por ali. Tal situação deveria ser uma dor de cabeça para os administradores da cidade, pois, certa vez, mereceu crítica num programa de rádio, intitulado ‘São Paulo no ano 2000’. Aquele programa era uma ficção sobre o progresso; tinha até informação de trens para a lua saindo de hora em hora, e ao encerrar, o locutor dizia: E continua em estudos a questão da porteira do Brás”.

FORMATURA

“Para madrinha, escolhi minha irmã Terezinha. Residia em Laguna, Santa Catarina, e certamente gostaria de vir a São Paulo para entregar as divisas de sargento, ao irmão. No entanto, a questão financeira não ajudou; senti muito. Recorri a uma funcionária da Escola e expus a minha situação, pedindo a ela para que sua irmã, Maud, aceitasse o meu convite. Não deu certo, já estava compromissada com outro formando. Embora me sobrassem opções, socorri-me da boa amizade de uma família que conhecera, onde haviam duas irmãs: Maria Aparecida Rocha, de temperamento extrovertido, e Maria da Penha Rocha, observadora e silenciosa. Convidei Maria da Penha, o que provocou ciúme em Maria Aparecida, manifestado somente no dia do baile, quando trouxe para nossa mesa um companheiro que não me era muito simpático. Aí aconteceu um fato curioso. Minha madrinha pegou uma cédula de peso argentino e propôs um pacto. Quanto romantismo! Dividiu a cédula em quatro partes, deu uma para cada um de nós, impondo a condição de ficarmos

comprometidos a atender ao chamado representado pelo recebimento de uma daquelas partes. Ainda guardo o meu pedaço. Nunca mais tive notícias dessas pessoas...

Eis a relação dos meus companheiros de especialidade RT-TE, formados em 30 de setembro de 1947, 63ª Turma da ETAv: Wilmar Lima (primeiro colocado da Escola), Nazareno Medeiros, Heron D’Ávila, Egon Baumer, Caetano de Almeida, Túlio Adão Tassinari, Célio Bueno de Miranda, Benedito Moreira da Silva, Mércio Pacheco da Rocha, Enio José Bonatti, João Ximenes de Mesquita, Antonio Carlos Paiva, Aurélio Guidi e José Alves de Oliveira.

DESPEDIDA NA ESTAÇÃO DA LUZ

Este é o último episódio de minha história na Escola Técnica de Aviação.

Formado sargento QRT-TE, minha turma foi enviada para o Rio de Janeiro, e nos apresentamos na Diretoria de Rotas Aéreas, para sabermos qual a Unidade de destino.

Tudo começou com uma reunião na estação Ferroviária da Luz; “despachados” para seus lugares, sentei-me à janela de um vagão para despedir-me especialmente da família de minha madrinha Penha e de sua irmã Aparecida.

É possível que tenha havido algumas lágrimas por parte delas, mas, afinal, o trem partiu.

Fui anotando em um “diário” os fatos que julguei interessante. Anotei a hora e dia em que vi o Pão de Açúcar (já era no dia seguinte à partida).

Não me lembro como, fiz dupla com o sargento ENIO JOSÉ BONETTI quando estávamos a procura de alojamento, conseguido – quem indicou? – numa pensão próxima a estação D. Pedro II, denominada “Pensão Marilia”, onde ocupamos o quarto número 11.

Não posso deixar de fazer um comentário a parte: enquanto por uns 20 dias ficamos na pensão, aconteceu travar conhecimento com aquela que viria a ser minha esposa.

Certo dia nos apresentamos para recebermos as designações.

Tenho quase certeza que minha madrinha de formatura apareceu por lá, influenciando na escolha dos nossos destinos.

De inicio, declarei que desejava a unidade da FAB que ficasse mais ao sul, visando permanecer próximo dos meus familiares. Mas, como as designações seguiam a ordem dos primeiros aprovados na Escola, a localidade mais setentrional onde havia vagas era ................. ,e para lá foi designado o sargento PAIVA, aquele que não me era muito simpático e ocupou a mesma mesa no baile de formatura.

E para mim sobrou Salvador (BA).

Para a apresentação em Salvador, precisei seguir até Recife, sede da Segunda Zona Aérea.

Fiquei em Recife por uns dois dias, até conseguir transporte pela FAB para Salvador, onde servi por dois anos. Depois fui servir em Aracajú (SE) e Florianópolis (SC), onde ocorreu meu desligamento, indo ser escriturário no Banco do Brasil.

O B R I G A D O ! ! !