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Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril Mestrado em Turismo Gestão Estratégica de Destinos Turísticos Turismo de Surf na Capital da Onda Ensaio Sobre a Sustentabilidade de uma Rota de Surf em Peniche Tânia Filipa Ramos Cabeleira Dezembro de 2011

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Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril

Mestrado em Turismo

Gesto Estratgica de Destinos Tursticos

Turismo de Surf na Capital da Onda

Ensaio Sobre a Sustentabilidade de uma Rota de Surf em Peniche

Tnia Filipa Ramos Cabeleira

Dezembro de 2011

Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril

Tnia Filipa Ramos Cabeleira

Turismo de Surf na Capital da Onda

Ensaio Sobre a Sustentabilidade de uma Rota de Surf em Peniche

Orientao do Professor Doutor Sancho Silva

Dezembro de 2011

Capa e Ilustraes: Rita Vaza

Aqui nesta praia onde

No h nenhum vestgio de impureza,

Aqui onde h somente

Ondas tombando ininterruptamente,

Puro Espao e lcida unidade,

Aqui o tempo apaixonadamente

Encontra a prpria liberdade.

Sophia de Mello Breyner Andresen (2005)

Dedicatria

memria do meu pai que me inspirou nesta viagem pelo mundo do turismo.

Turismo de Surf na Capital da Onda

Ensaio Sobre a Sustentabilidade de uma Rota de Surf em Peniche

Agradecimentos

v

Agradecimentos

A realizao da presente dissertao de Mestrado foi um caminho complexo no qual o

apoio, compreenso e motivao de vrias pessoas transformaram num percurso

objectivo e exequvel.

Todos os envolvidos no meu percurso acadmico contriburam para o nvel de

conhecimento que me permitiu elaborar a dissertao. Contudo, o meu profundo

agradecimento pela dedicao, cordialidade e eficincia, dirige-se ao Professor Doutor

Sancho Silva, que me orientou e aconselhou cientificamente, incentivando-me e

acreditando sempre nas minhas capacidades.

Neste sentido, um especial agradecimento professora Marta Castel-Branco, pela sua

dedicao no acompanhamento activo nos esclarecimentos estatsticos. Agradeo

tambm, ao professor Bruno Osrio pela disponibilidade prestada nos sistemas de

informao geogrfica.

No esquecendo o princpio dos estudos acadmicos, agradeo e reconheo a

receptividade na correco das tradues por parte da professora Norma Ferreira, que

durante a licenciatura me leccionou a unidade curricular de Ingls para o Turismo, na

Escola Superior de Tecnologia e Turismo do Mar, no Instituto Politcnico de Leiria.

A investigao do estudo no seria possvel sem a colaborao e a disponibilidade dos

entrevistados que contriburam com os seus conhecimentos e apreciaes formadas com

base na sua experincia profissional, valorizando e suportando toda a investigao

efectuada, refiro-me ao Dr. Antnio Carneiro, Presidente do Turismo do Oeste; ao Dr.

Antnio Jos Correia, Presidente da Cmara Municipal de Peniche; ao Eng.. Pedro

Bicudo, Presidente da SOS e docente e investigador no Instituto Superior Tcnico; e um

agradecimento muito especial a Pedro Martins de Lima por me ter recebido

pessoalmente, tendo sido uma experincia enriquecedora na partilha de vivncias,

conhecimentos e na transmisso de valores.

De referir tambm todos os inquiridos, designadamente a comunidade surfista local e os

visitantes surfistas de Peniche, que com muita ou pouca vontade colaboraram no

preenchimento do questionrio, muito obrigada pela cooperao.

Turismo de Surf na Capital da Onda

Ensaio Sobre a Sustentabilidade de uma Rota de Surf em Peniche

Agradecimentos

vi

Na expresso criativa agradeo Rita Vaza pelas aguarelas de mar e ao Nelson Graa

pela dedicao no design do logtipo da Rota de Surf, acrescentando valor a todo o

projecto.

A todos os meus amigos. Em especial, ao Andr que me acompanhou neste caminho,

participando e apoiando sempre e incondicionalmente. Ftima pela amizade, carinho

e motivao. Ao Jorge colega e amigo neste captulo acadmico, na partilha de dvidas

e alegrias. Aos amigos do PEPAL, nomeadamente Francisco, Gil, Guilherme e Rita

contribuindo sobretudo para encarar todo este projecto com tranquilidade e positivismo.

Cristina, amiga com respostas divertidas s incertezas e ao Marco, meu coordenador

de estgio profissional, pela ajuda no estabelecimento de contactos, pela sua

compreenso e considerao.

Por fim, mas no em ltimo lugar agradeo minha famlia, especialmente me

Teresa, irm Ctia e sobrinho David pela compreenso e persistncia em transmitir-me

fora, bem como o reconhecimento que o pai Jorge, a me e irm tiveram na minha

educao e formao de valores contribuindo para quem sou.

Turismo de Surf na Capital da Onda

Ensaio Sobre a Sustentabilidade de uma Rota de Surf em Peniche

Resumo

vii

Resumo

A dissertao Turismo de Surf na Capital da Onda: ensaio sobre a sustentabilidade de

uma rota de surf em Peniche tem como principal objectivo definir o potencial de

Peniche para o surf, avaliar as condies para a implementao de uma rota de surf,

bem como investigar o seu contributo para o desenvolvimento sustentvel e

reconhecimento nacional e internacional da regio.

A gesto de destinos e produtos tursticos assenta no planeamento de estratgias,

considerando a especificidade de cada destino para a conceptualizao dos produtos

prioritrios. A concepo de novos produtos tursticos pode conferir novas

oportunidades de negcio pela inovao no turismo. Neste sentido, o surf cada vez

mais abordado na perspectiva turstica, embora os estudos sobre os potenciais

benefcios para o desenvolvimento local sejam recentes, intensifica-se a necessidade de

implementar orientaes estratgicas para o desenvolvimento sustentado dos destinos

tursticos de surf.

O turismo de surf em Peniche encarado como uma aposta turstica local, por

conseguinte interessa investigao estudar os seus benefcios, atravs de fontes

primrias (inventrios, entrevistas, questionrio) e secundrias (investigao

documental), de modo a compreender os desafios estruturantes e as oportunidades no

desenvolvimento do surf enquanto produto turstico emergente.

A avaliao das condies para a criao de uma rota de surf em Peniche, permitiu

concluir que existem recursos endgenos excelentes, nomeadamente a qualidade e

diversidade de ondas para a prtica de surf, bem como projectos de interesse associados

matria. No entanto, algumas carncias de infra-estruturas de apoio e desafios

identificados tero de ser colmatados. Assim, a rota de surf pode ser uma proposta

impulsionadora para as condies base do turismo de surf, bem como para a visibilidade

nacional e internacional de Peniche na aposta estruturada deste produto.

Palavras-chave: Turismo, Destinos e Produtos Tursticos, Turismo de Surf,

Sustentabilidade, Rota de Surf

Turismo de Surf na Capital da Onda

Ensaio Sobre a Sustentabilidade de uma Rota de Surf em Peniche

Abstract

viii

Abstract

The dissertation "Surf Tourism in the Capital of the Wave: essay on the sustainability of

a surf route in Peniche" has as main objective to define the surf potential of Peniche,

evaluate the conditions for the implementation of a surf route, as well as investigate its

contribution to sustainable development and national and international recognition of

the region.

The management of tourism destinations and products is based on planning strategies,

considering the specificity of each destination to conceptualize the priority products.

The design of new tourism products can provide new business opportunities thought

innovation in tourism. In this sense, the surf is increasingly approached from the

perspective of tourism, although studies on the potential benefits for local development

are recent, they intensify the need to implement strategic guidelines for the sustainable

development of tourist surf destinations.

The surf tourism in Peniche is seen as a local tourism strategy, therefore interest study

its benefits through research: primary sources (inventories, interviews, questionnaires)

and secondary sources (documentary research), in order to understand the structural

challenges and opportunities in the development of surf as an emerging tourism product.

Evaluating the conditions for the creation of a surf route in Peniche, concluded that

there are excellent local resources, including the quality and diversity of waves for

surfing, as well as other projects of interest associated with the matter.

However, some lack of support infrastructure and identified challenges must be

overcome. Thus, the surf route can be a proposal with potential to promote the basic

conditions of the surf tourism, as well as provide national and international visibility to

Peniche through the structured investment in this product.

Key-words: Tourism, Tourism Destinations and Products, Surf Tourism,

Sustainability, Surf Route

Turismo de Surf na Capital da Onda

Ensaio Sobre a Sustentabilidade de uma Rota de Surf em Peniche

Glossrio

ix

Glossrio

ASP Association of Surfing Professionals

BTL Bolsa de Turismo de Lisboa

CAR Centro de Alto Rendimento

CBNTPL Cluster de Bens No Transaccionveis de Produo Localizada

CDU Coligao Democrtica Unitria

EUROSIMA European Surf Industry Manufacturers Association

FENACERCI Federao Nacional de Cooperativas de Solidariedade Social

FENACERCI Federao Nacional de Cooperativas de Solidariedade Social

FPAS Federao Portuguesa de Actividades Submarinas

FPS Federao Portuguesa de Surf

ISN Instituto de Socorro a Nufragos

MEI Ministrio da Economia e da Inovao

NSW New South Wales

OMO Our Mother Ocean

OMT Organizao Mundial do Turismo

ONU Organizao da Naes Unidas

PENS Plano Estratgico Nacional de Surf

PENT Plano Estratgico Nacional do Turismo

PNB Produto Nacional Bruto

POOC Plano Ordenamento da Orla Costeira

Turismo de Surf na Capital da Onda

Ensaio Sobre a Sustentabilidade de uma Rota de Surf em Peniche

Glossrio

x

PROTOVT Plano Regional de Ordenamento do Territrio do Oeste e Vale do

Tejo

QREN Quadro de Referncia Estratgico Nacional

RTP Rdio e Televiso Portuguesa

SIC Sociedade Independente de Comunicao

SIMA Surf Industry Manufacturers Association

SOS Salvem o Surf

SPC Service & Profit Consulting

SPSS Statistical Package for the Social Sciences

TIC Tecnologias de Informao e Comunicao

USBA Unio de Surfistas e Bodyboarders dos Aores

WQS World Qualifying Series

Turismo de Surf na Capital da Onda

Ensaio Sobre a Sustentabilidade de uma Rota de Surf em Peniche

Glossrio de Surf

xi

Glossrio de Surf

Beach break Tipo de onda que rebenta na praia com substrato de areia

Beach point break Tipo de onda que rebenta num ponto de terra adjacente linha

costeira com substrato de areia

Point break Tipo de onda resultante do embate num ponto de terra natural ou

artificial adjacente linha costeira

Boat charter de turismo de surf Tipo de viagem de surf em que os surfistas

permanecem hospedados a bordo da embarcao que os transporta para ondas de

eleio

Crowd Excesso de lotao de surfistas no mar

Drop Movimento de descer a onda da crista at base

Leash ou Chop Equipamento de surf que prende a prancha ao p

Longboard Tipo de prancha de surf geralmente acima dos 2,70 metros com a sua

frente (nariz) mais arredondado, estando associado a um estilo de surf mais clssico

Offshore Vento que vem de terra em direco ao mar, alisando a crista da onda,

atribuindo-lhe qualidade

Outlets de surf Lojas de surfwear e de materiais/equipamentos de coleces

anteriores a preos reduzidos

Reef break Tipo de onda resultante do fundo/substrato martimo em que a praia

tem fundo rochoso ou de recife de coral

Point Reef Break Tipo de onda que rebenta num ponto de terra adjacente linha

costeira, sendo o tipo de fundo rochoso ou de recife de coral

Secret spots Lugares ainda no descobertos ou explorados com qualidades para o

surf

Turismo de Surf na Capital da Onda

Ensaio Sobre a Sustentabilidade de uma Rota de Surf em Peniche

Glossrio de Surf

xii

Shortboards Tipo de prancha de surf com cerca de 1,80 metros e com a sua frente

(nariz) relativamente pontiagudo, concebida para um surf mais veloz e manobrvel

Soft adventure Tipo de turismo aventura composto por actividades ao ar livre de

baixa intensidade como observao de fauna, campismo, percursos pedestres, entre

outras. Em oposio a hard adventure.

Spots de surf Locais (praias ou ondas) de qualidade para a prtica de surf

Surf media Comunicao social temtica de surf

Surf schools Escolas de surf

Surf travel companies Agncias de viagens especializadas no nicho de mercado

do surf

Surf trips Viagens de surf

Surfari Viagem de surf exploratria e de aventura

Surfcamps Tipo de alojamento temtico de surf

Surfer Surfista

Surfwear Estilo de vesturio casual ligado filosofia do surf que gerou uma

grande indstria

Swell Ondulao ocenica

Take off Movimento que permite ao surfista colocar-se de p em cima da prancha,

entrando na onda iniciando o drop

Uncrowded Ausncia de lotao de surfistas no mar

Turismo de Surf na Capital da Onda

Ensaio Sobre a Sustentabilidade de uma Rota de Surf em Peniche

ndice

xiii

ndice

Agradecimentos .............................................................................................................. v

Resumo .......................................................................................................................... vii

Abstract ........................................................................................................................ viii

Glossrio ......................................................................................................................... ix

Glossrio de Surf ........................................................................................................... xi

ndice ............................................................................................................................ xiii

ndice de Figuras ........................................................................................................ xvii

ndice de Tabelas ....................................................................................................... xviii

Captulo I Introduo ................................................................................................... 19

1.1. Enquadramento e Contextualizao do Tema ................................................ 19

1.2. Conceptualizao da Estrutura do Trabalho ................................................... 20

1.3. Objectivos e Questes do Estudo ................................................................... 22

1.4. Pertinncia do Estudo ..................................................................................... 23

Captulo II Reviso da Literatura ............................................................................... 25

2.1. Conceptualizao dos Aspectos Gerais do Turismo....................................... 25

2.1.1. Conceito de Turismo .................................................................................. 25

2.1.2. Sistema Turstico ........................................................................................ 26

2.1.3. Impactes do Turismo .................................................................................. 28

2.1.4. Planeamento em Turismo ........................................................................... 31

2.1.5. Turismo e o Desenvolvimento Sustentvel ................................................ 33

2.1.6. Destinos Tursticos: Gesto Estratgica de Marketing ............................... 36

2.2. Produtos Tursticos: Organizao, Gesto e Desenvolvimento ..................... 38

2.2.1. Conceito de Produto Turstico .................................................................... 38

2.2.2. Organizao, Gesto e Engenharia do Produto .......................................... 39

2.2.3. Desenvolvimento de Produtos Tursticos ................................................... 41

2.2.4. Tendncias e Inovao dos Produtos Tursticos ......................................... 42

2.2.5. Planeamento Estratgico e Operacional de Marketing ............................... 43

2.3. O Surf e o Turismo ......................................................................................... 45

Turismo de Surf na Capital da Onda

Ensaio Sobre a Sustentabilidade de uma Rota de Surf em Peniche

ndice

xiv

2.3.1. Breve Histria do Surf ................................................................................ 45

2.3.2. Definio do Turismo de Surf .................................................................... 51

2.3.2.1. Tipologias de Turismo de Surf ........................................................... 53

2.3.2.2. Perfil da Procura: Comportamentos e Motivaes ............................. 53

2.3.3. Surf: Mercado em Evoluo ....................................................................... 56

2.3.4. Promoo e Comunicao na Indstria do Surf ......................................... 58

2.4. Sustentabilidade do Turismo de Surf.............................................................. 60

2.4.1. Impactes do Turismo de Surf...................................................................... 60

2.4.2. Planeamento Sustentvel do Turismo de Surf ............................................ 65

2.4.3. Rotas Temticas: Relevncia para o Desenvolvimento Local.................... 69

2.4.4. Potenciais Oportunidades de uma Rota de Surf ......................................... 71

Captulo III Metodologia ............................................................................................. 73

3.1. Modelo Conceptual ........................................................................................ 73

3.2. Design do Estudo ............................................................................................ 74

3.3. Modelo de Anlise .......................................................................................... 75

3.3.1. Objectivos do Estudo .................................................................................. 76

3.3.2. Perguntas de Partida ................................................................................... 76

3.3.3. Hipteses em Estudo .................................................................................. 76

3.4. Mtodos de Observao.................................................................................. 77

3.4.1. Instrumentos de Investigao ..................................................................... 77

3.4.2. Grupos de Estudo e Respectivos Mtodos de Seleco e Amostragem ..... 79

3.4.3. Equipamentos Utilizados na Recolha de Informao ................................. 81

3.4.4. Forma de Registo e Organizao dos Dados Recolhidos ........................... 81

3.5. Mtodo de Anlise e Tratamento de Dados.................................................... 81

Captulo IV Anlise Emprica de Dados I Fontes Secundrias ............................. 83

4.1. O Surf em Portugal ......................................................................................... 83

4.1.1. Breve Histria do Surf em Portugal ........................................................... 83

4.1.2. Surf no PENT ............................................................................................. 89

4.1.3. Oportunidades do Turismo de Surf em Portugal ........................................ 92

4.1.4. O Contributo dos Eventos Desportivos de Surf ......................................... 93

4.2. Potencialidades do Surf em Peniche ............................................................... 96

Turismo de Surf na Capital da Onda

Ensaio Sobre a Sustentabilidade de uma Rota de Surf em Peniche

ndice

xv

4.2.1. Breve Histria do Surf em Peniche ............................................................ 96

4.2.2. Breve Anlise dos Principais Planos de Relevncia para Peniche ............. 99

4.2.3. Principais Espaos e Respectivas Caractersticas para o Surf .................. 101

4.2.4. Procura Turstica: Perfil dos Visitantes .................................................... 103

4.2.5. Anlise SWOT: Potencial do Turismo de Surf de Peniche ...................... 104

4.2.6. Turismo de Surf de Peniche: Desafios e Oportunidades .......................... 106

Captulo V Anlise Emprica de Dados II Fontes Primrias .............................. 107

5.1. Sistematizao dos Principais Resultados .................................................... 107

5.2. Identificao dos Principais Aspectos Quantitativos ................................... 107

5.2.1. Perfil do Surfista ....................................................................................... 108

5.2.2. Percurso do Surfista .................................................................................. 109

5.2.3. Condies de Peniche para o surf ............................................................. 111

5.2.4. Imagem e Promoo de Peniche ............................................................... 113

5.2.5. Rota de Surf em Peniche .......................................................................... 113

5.3. Avaliao e Integrao dos Contedos Qualitativos .................................... 114

5.3.1. Oferta Turstica: Avaliao Geral dos Recursos de Surf .......................... 115

5.3.2. Perspectivas Relativas ao Turismo de Surf em Peniche ........................... 116

Captulo VI Proposta de Desenvolvimento da Rota de Surf em Peniche .............. 118

6.1. Rota de Surf: Concepo e Planeamento ...................................................... 118

6.1.1. Marketing Estratgico............................................................................... 118

6.1.1.1. Conceito ............................................................................................ 118

6.1.1.2. Objectivos ......................................................................................... 119

6.1.1.3. Factores Crticos de Sucesso ............................................................ 119

6.1.1.4. Benchmarking / Concorrncia .......................................................... 120

6.1.1.5. Infra-estruturas de Apoio a Implementar.......................................... 122

6.1.2. Marketing-Mix ......................................................................................... 122

6.1.2.1. Produto ............................................................................................. 122

6.1.2.1.1. Posicionamento / Branding ........................................................... 123

6.1.2.2. Preo ................................................................................................. 124

6.1.2.3. Comunicao / Comunicao ........................................................... 124

6.1.2.4. Poltica de Distribuio .................................................................... 125

Turismo de Surf na Capital da Onda

Ensaio Sobre a Sustentabilidade de uma Rota de Surf em Peniche

ndice

xvi

6.1.3. Projectos Complementares ....................................................................... 125

Captulo VII Concluses e Recomendaes ............................................................. 130

7.1. Principais Concluses e Recomendaes ..................................................... 130

7.2. Limitaes do Estudo e Contributo para a rea Cientfica .......................... 133

7.3. Perspectivas de Trabalho Futuro .................................................................. 133

Referncias Bibliogrficas ......................................................................................... 135

Volume de Anexos (Separata)

Turismo de Surf na Capital da Onda

Ensaio Sobre a Sustentabilidade de uma Rota de Surf em Peniche

ndice de Figuras

xvii

ndice de Figuras

Figura 1 Etapas do Procedimento ................................................................................... 21

Figura 2 Sistema Turstico .............................................................................................. 26

Figura 3 Sistur ................................................................................................................ 27

Figura 4 Sistema Funcional do Turismo ........................................................................ 27

Figura 5 Desenvolvimento Sustentvel .......................................................................... 34

Figura 6 Relao Produto / Mercado .............................................................................. 41

Figura 7 Prioridade no Surf ............................................................................................ 61

Figura 8 Interaco dos Sectores do Turismo de Surf Sustentvel ................................ 65

Figura 9 Modelo de Anlise ........................................................................................... 75

Figura 10 Peniche Capital da Onda ................................................................................ 97

Figura 11 Logtipo Rota de Surf .................................................................................. 123

file:///C:/Users/T/Desktop/Dissertao.docx%23_Toc310127147file:///C:/Users/T/Desktop/Dissertao.docx%23_Toc310127148file:///C:/Users/T/Desktop/Dissertao.docx%23_Toc310127149file:///C:/Users/T/Desktop/Dissertao.docx%23_Toc310127150

Turismo de Surf na Capital da Onda

Ensaio Sobre a Sustentabilidade de uma Rota de Surf em Peniche

ndice de Tabelas

xviii

ndice de Tabelas

Tabela 1 Impactes Positivos e Negativos no Turismo .................................................... 30

Tabela 2 Caractersticas Psicogrficas e Demogrficas do Turista Surfista .................. 55

Tabela 3 Impactos Negativos do Turismo de Surf ......................................................... 62

Tabela 4 Impactos Positivos do Turismo de Surf ........................................................... 64

Tabela 5 Influncia da Comunidade no Turismo ........................................................... 66

Tabela 6 Turismo de Surf Sustentvel - Recomendaes .............................................. 67

Tabela 7 Etapas do Estudo.............................................................................................. 74

Tabela 8 Seces do Questionrio .................................................................................. 79

Tabela 9 Principais Objectivos do PENS ....................................................................... 93

Tabela 10 Principais Spots de Surf em Peniche ........................................................... 102

file:///C:/Users/T/Desktop/Disserta...docx%23_Toc309560215

Turismo de Surf na Capital da Onda

Ensaio Sobre a Sustentabilidade de uma Rota de Surf em Peniche

Introduo

19

Captulo I Introduo

1.1. Enquadramento e Contextualizao do Tema

A dissertao em investigao Turismo de Surf na Capital da Onda: ensaio sobre a

sustentabilidade de uma rota de surf em Peniche tem como principal objectivo avaliar

se Peniche rene condies para a implementao de uma rota de surf, bem como

investigar o seu contributo para o desenvolvimento sustentvel e reconhecimento

nacional e internacional da regio.

Neste contexto, o turismo enquanto actividade econmica assume extrema importncia

nas sociedades actuais pela sua capacidade de gerar riqueza e melhores condies de

vida s populaes. No entanto, o turismo inclui impactes negativos que devem ser

minimizados por uma gesto integrada. A gesto estratgica de destinos tursticos

fundamental para minimizar os impactes negativos, mas tambm para responder e

satisfazer as exigncias da procura, fomentando a sua competitividade. Como tal, a

criao de novos produtos tursticos resultantes da segmentao e emergentes nichos de

mercado constitui desafios para os stakeholders e novas oportunidades de negcio.

A concepo de novos produtos tursticos ligados ao conceito de sustentabilidade vinga

no mercado, como intuito de desenvolver um turismo responsvel e de qualidade, que

v ao encontro da satisfao do consumidor. Desta forma, a prpria sobrevivncia do

sector turstico est na base da preservao e promoo dos recursos naturais,

identidades culturais e tradies locais.

Neste sentido, o surf tornou-se um fenmeno social, econmico e cultural que interessa

aprofundar academicamente. Este desporto foi evoluindo ao longo dos anos e

actualmente surge a necessidade de definir o turismo de surf, conhecer o

comportamento e motivaes da sua procura turstica. A indstria do surf apresenta-se

como um mercado em evoluo, desde surfwear, surfcamps, escolas de surf, eventos

desportivos como campeonatos de surf, surf trips, entre outros modelos de negcio que

envolvem o surf e que o ligam ao sector turstico como turismo de surf.

A sustentabilidade do turismo de surf uma abordagem que interessa investigao,

procurando aprofundar os principais impactes da sua prtica nos campos econmicos,

Turismo de Surf na Capital da Onda

Ensaio Sobre a Sustentabilidade de uma Rota de Surf em Peniche

Introduo

20

socioculturais e ambientais, com o objectivo de compreender como o planeamento

sustentvel do turismo de surf pode contribuir para ajudar a consolidar um destino surf

atravs de estratgias definidas, como o potencial contributo de uma rota de surf para o

desenvolvimento local.

Em Portugal, o surf uma realidade recente por desconhecimento dos seus potenciais

benefcios de desenvolvimento local. Contudo, os seus benefcios so cada vez mais

investigados cientificamente, demonstrando a necessidade de valorizar o surf e de

implementar orientaes estratgicas para o seu desenvolvimento sustentado, dadas as

potencialidades do surf em Portugal.

O caso de estudo incide no territrio de Peniche pela potencialidade dos seus recursos

endgenos ligados ao mar smbolo da identitria local. Na estratgia do mar de

destacar a fileira da onda enquanto marca Peniche Capital da Onda. Neste sentido, o

surf assume-se como uma aposta turstica local, na medida em que confere benefcios

regio que interessam estudar, de modo a compreender os desafios estruturantes e

oportunidades no desenvolvimento do surf enquanto produto turstico emergente.

1.2. Conceptualizao da Estrutura do Trabalho

A metodologia de investigao fundamenta-se principalmente no modelo de Quivy

(1998). O procedimento contempla os trs actos: a ruptura, a construo e verificao,

com o objectivo final de concretizar uma investigao realista e devidamente suportada

nos princpios do mtodo cientfico.

Na presente introduo para alm da anterior contextualizao da temtica apresenta-se

a sistematizao dos objectivos e a definio das perguntas de partida, representando as

questes de fundo em relao s quais e investigao dever obter respostas, tal como a

estruturao do trabalho presente na figura 1 Etapas do Procedimentos, com o fim de

facilitar a compreenso e leitura da investigao.

Turismo de Surf na Capital da Onda

Ensaio Sobre a Sustentabilidade de uma Rota de Surf em Peniche

Introduo

21

Figura 1 Etapas do Procedimento

Fonte: Adaptado de Quivy (1998)

No segundo captulo correspondente reviso da literatura, procede-se teorizao da

problemtica, ou seja, o estudo das teorias e dos conceitos de autores de relevncia pelas

suas investigaes realizadas na temtica. Esta comea com uma breve contextualizao

do turismo, prosseguindo para o campo relacionado com o desenvolvimento e gesto de

produtos tursticos, restringindo a rea do turismo de surf.

Seguidamente, o terceiro captulo inicia-se com o modelo conceptual resumindo a

metodologia utilizada e estabelecendo ligao ao que anteriormente foi investigado na

reviso da literatura, expondo depois a construo do modelo de anlise, composto pela

reviso bibliogrfica e a anlise emprica de fontes I e II, respectivamente fontes

secundrias e primrias e a escolha dos mtodos de observao, terminando com a

explicao da anlise emprica de dados.

A anlise dos resultados obtidos apresenta-se no captulo IV Anlise Emprica de Dados

I Fontes Secundrias reflexo da investigao documental estudada sobre as

potencialidades do surf em Portugal e o caso de estudo surf em Peniche.

I Introduo

Contextualizao do Estudo

Objectivos e Questes

Pertinncia do Estudo

II Reviso da Literatura

Desenvolvimento e Gesto de Produtos Tursticos

Turismo de Surf

III Metodologia

Modelo Conceptual

Modelo de Anlise

Mtodos de Observao

Mtodo de Anlise de Dados

IV Anlise Emprica de Dados - Fontes Secundrias

Potencialidade do Surf em Portugal

Caso de estudo surf em Peniche

V Anlise Emprica de Fontes Primrias

Principais Resultados

Anlise Descritiva de Quantitativos

Avaliao e Integrao dos Contedos Qualitativos

VI Proposta de Desenvolvimento da Rota de Surf em Peniche

Concepo e Planeamento

VII Concluses e Recomendaes

Principais Concluses

Limitaes do Estudo

Perspectivas de Trabalho Futuro

Turismo de Surf na Capital da Onda

Ensaio Sobre a Sustentabilidade de uma Rota de Surf em Peniche

Introduo

22

No captulo V Anlise Emprica de Dados II Fontes Primrias so expostas as

interpretaes dos dados quantitativos obtidos pela aplicao do questionrio e dados

qualitativos, particularmente o inventrio e as entrevistas, a fim de, respectivamente

identificar os locais e respectivas condies para a prtica de surf e fundamentar a

investigao documental realizada na reviso da literatura.

O captulo relativo proposta de desenvolvimento da rota de surf pretende contribuir

para alguns elementos cruciais para a sua criao e implementao trabalhando

sobretudo os aspectos de base conceptuais e de estratgia de comunicao.

Finalmente, so consideradas as concluses e recomendaes finais, alm de se

evidenciarem as limitaes do estudo e por fim, as perspectivas de trabalho futuro.

1.3. Objectivos e Questes do Estudo

a) Objectivos do Estudo

No seguimento da problemtica de investigao evidenciam-se os seguintes objectivos

gerais da investigao:

Avaliar se existem condies para criar uma rota de surf em Peniche?

Investigar o contributo de uma rota de surf em Peniche?

Mas tambm os objectivos especficos:

a) Caracterizar o territrio e avaliar as potencialidades para a prtica do surf em

Peniche;

b) Aprofundar o conhecimento sobre as potencialidades e os desafios do

desenvolvimento do surf e turismo de surf em Peniche;

c) Estudar o potencial perfil de segmento de mercado da rota de surf na poca alta;

d) Aferir como a criao de uma rota de surf pode contribuir para o desenvolvimento

sustentvel da regio;

e) Averiguar se a rota do surf pode valorizar a promoo turstica da regio;

f) Desenvolver as bases de planeamento da rota de surf;

Turismo de Surf na Capital da Onda

Ensaio Sobre a Sustentabilidade de uma Rota de Surf em Peniche

Introduo

23

b) Perguntas de Partida

A relao entre as abordagens e as questes especficas que pretendo investigar relativas

problemtica traduzem as seguintes perguntas de partida:

Existem condies (recursos, servios, infra-estruturas e mercado) para criar uma

rota de surf em Peniche?

A rota de surf pode contribuir para o desenvolvimento sustentvel da regio e para o

seu reconhecimento nacional e internacional?

1.4. Pertinncia do Estudo

Aps reflexo profunda sobre eventuais teorias que justificassem aprofundamento e

estudo especfico surgiu a ideia da criao de uma rota de surf em Peniche,

consolidando a escolha da temtica. As motivaes prendem-se com o facto de me

assumir como iniciante desta modalidade, a qual reveste num interesse pessoal muito

forte. Por outro lado, a leitura de artigos e notcias sobre o surf, onde se referem os

impactes socioeconmicos e tursticos que a modalidade pode acarretar, completou o

interesse na efectivao da presente pesquisa. A escolha de Peniche como caso de

estudo do produto surf baseou-se no reconhecimento emprico das potencialidades da

regio para a prtica do surf, bem como pela visibilidade da aposta do turismo ligado

aos desportos de onda parte da Cmara Municipal de Peniche.

Neste sentido, mais do que um desporto, o surf assume cada vez mais importncia

econmica, social e cultural. A indstria do surf tem um enorme potencial de

crescimento no s pelo nmero de praticantes estimados cerca de dez milhes de

surfistas em todo o mundo, como pelos cerca de dez bilies de dlares por ano em

negcios relacionados com o desporto (Buckley, 2002a). Em termos sociais e culturais

o surf est cada vez mais associado ao bem-estar e estilo de vida saudvel pelo contacto

com a natureza e melhor nvel de vida. A busca pela onda perfeita representa a essncia

do surf, ligando a modalidade desportiva ao turismo. O turismo de surf tem vindo a ser

alvo de estudos cientficos de modo a investigar o seu contributo para a sustentabilidade

do destino turstico, tal como aprofundar os impactes positivos e negativos e o

Turismo de Surf na Capital da Onda

Ensaio Sobre a Sustentabilidade de uma Rota de Surf em Peniche

Introduo

24

conhecimento do perfil e comportamento do visitante surfista, servindo de base a este

estudo cientfico e possibilitando o desenvolvimento da temtica, embora a carncia de

estudos com incidncia no pas basicamente por falta de reconhecimento das

potencialidades que o surf representa no contexto nacional.

A imensa extenso da costa portuguesa afirma-se pelas suas condies nicas para a

prtica de surf, atribuindo ao pas enquanto destino de surf uma nova centralidade

europeia (Nunes, 2010). O surf um dos sectores que pode combinar crescimento

sustentado, potencializando novas oportunidades para a economia do mar (Ado e Silva,

2009). O turismo de surf no pas pode conferir vantagens competitivas na medida em

que o surf contribui para a reduo da sazonalidade, visto que Portugal detm condies

para a prtica da modalidade o ano inteiro (Ado e Silva, 2009). Por outro lado, os

eventos de surf contribuem para a afirmao e projeco da imagem do pas tanto ao

nvel interno como externo. Quando se fala do surf nas nossas praias, falamos muito

mais do que um desporto: evocamos um estilo de vida e uma relao como o mar que

para ns, portugueses, natural e ancestral (Silva, in SurfTotal, 2011).

O caso de estudo a investigar incide no contributo de uma rota de surf para Peniche. A

escolha da regio resulta da emergncia de actividades relacionadas com o mar, de

onde se destaca o papel do surf, cuja notoriedade observada atravs dos eventos que

vo ocorrendo, assim como os nichos de negcio e de mercado a implantados (Cmara

Municipal de Peniche, 2009e,p.121). O surf deve ser encarado como uma oportunidade

e enquanto factor contributivo para a consolidao da imagem de Peniche ancorada na

Estratgia do Mar (Cmara Municipal de Peniche, 2009e, p.121). O estudo do turismo

de surf em Peniche reflexo do seu potencial para a prtica desportiva nutica.

Portanto, o levantamento das suas condies dos locais para a prtica de surf, boas

prticas e aprofundamento do perfil do surfista justificam a necessidade de elaborar esta

investigao, organizando os recursos existentes para se desenvolver um produto

turstico sustentado e vivel, articulando com outros projectos estruturantes com o

intuito de responder s necessidades tursticas da regio.

Turismo de Surf na Capital da Onda

Ensaio Sobre a Sustentabilidade de uma Rota de Surf em Peniche

Reviso da Literatura

25

Captulo II Reviso da Literatura

2.1. Conceptualizao dos Aspectos Gerais do Turismo

O presente captulo tem como objectivo principal introduzir as noes bsicas de

turismo para que o leitor possa compreender o encadeamento das temticas na

sequncia do geral para o particular. O interesse em retratar o conceito de turismo e os

modelos do sistema turstico assenta na compreenso da complexidade das interaces

no turismo e na necessidade de planear para atingir um desenvolvimento sustentvel,

minimizando os impactes negativos e maximizando os positivos, com o intuito de

desenvolver um turismo responsvel e de qualidade.

2.1.1. Conceito de Turismo

A complexidade do turismo advm da sua multidisciplinaridade e heterogeneidade, na

medida em que envolve diferentes sectores de actividade, dificultando uma definio

universal. Todavia o conceito de referncia para o estudo estatstico, advm da

Organizao Mundial de Turismo [OMT], que em 1999 definiu como as actividades

realizadas pelos visitantes durante as suas viagens e estadas em lugares distintos do seu

ambiente habitual, por um perodo de tempo consecutivo inferior a 12 meses, com fins

de lazer, negcios ou outros motivos no relacionados com o exerccio de uma

actividade remunerada no local visitado, (Turismo de Portugal, 2008, p.18). De notar o

facto de existir uma predominncia da definio assente na procura turstica, sobretudo

devido dificuldade de determinar as actividades constituintes da oferta turstica

prestadas aos turistas e aos residentes locais. O turismo como indstria compsita e

transversal especialmente afectado pela procura turstica, visto a sua elasticidade em

oposio rigidez da oferta turstica.

Turismo de Surf na Capital da Onda

Ensaio Sobre a Sustentabilidade de uma Rota de Surf em Peniche

Reviso da Literatura

26

Figura 2 Sistema Turstico

2.1.2. Sistema Turstico

O turismo apresenta-se sob a forma de um sistema complexo composto por elementos

que estabelecem entre si relaes de interdependncia. O equilbrio do sistema turstico

depende do prprio equilbrio do funcionamento dos diversos elementos. Assim,

considera-se que a relao turstica um sistema de sistemas (Lain, 1980 citado por

Cunha, 2003, p.112). Existem diversos modelos e vrios autores que traduzem o sistema

funcional do turismo, todavia este subcaptulo incidir nos autores Leiper (1990), Beni

(2007) e Cunha (2003). A escolha deve-se relevncia destes autores no mbito do

ensino superior em turismo, a fim de desenvolver uma abordagem integrada e

progressiva da perspectiva sistmica do sector turstico.

O modelo sugerido por

Leiper (1990) citado por

Cooper et al. (2007) expe

na Figura 2 uma abordagem

mais simples com base na

regio emissora, na regio

em trnsito e na regio

receptora. Estas interaces

ocorrem num vasto ambiente

externo (exemplificando:

sociedade, economia, poltica,

entre outras). Neste modelo apresentam-se trs elementos bsicos: o turista enquanto

actor principal e dinmico; os elementos geogrficos, que compreendem a regio

emissora, a regio em trnsito e a regio receptora, (isto , destino turstico); por ltimo,

o sector turstico abrangendo empresas e organizaes tursticas. Este esquema embora

mais simples que os que se seguem, apresenta grande flexibilidade na sua aplicao,

permitindo identificar os diferentes sectores na cadeia produtiva.

Fonte: Adaptado de Leiper, 1990, citado por Cooper et al., 2007, p.37

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Reviso da Literatura

27

Figura 3 Sistur

Figura 4 Sistema Funcional do Turismo

Beni (2007) na figura 3 Sistur permite aprofundar as relaes constituintes do processo

turstico atravs de trs componentes correspondentes a subsistemas: a organizao

estrutural, (de notar a ausncia

deste componente nos outros

dois esquemas), as relaes

sistmicas e as aces

operacionais. A organizao

estrutural representa tanto o

sector pblico como o privado

na gesto e organizao do

sistema, atravs de

investimentos indispensveis

estruturao da oferta turstica.

Quanto s aces operacionais

compreendem as interaces

do mercado, na medida em que

a oferta turstica equivalente produo, atravs da distribuio leva o consumidor

deciso de compra, retratando o consumo da procura turstica, isto , os visitantes. No

que respeita ao conjunto das relaes

sistmicas em turismo permitem determinar o

Sistur [como] um sistema aberto. Realiza

trocas com o meio que o circunda e, por

extenso, independente, nunca auto-

suficiente, (Beni, 2007, p.53). Desta forma,

considera-se que o turismo desenvolve-se em

funo de diversos factores dos quais depende

e afecta positiva ou negativamente.

O esquema da Figura 4 desenvolvido por

Cunha (2003) apresenta a procura turstica

como sujeito do subsistema, ou seja, o

visitante. Por outro lado, a oferta turstica

Fonte: Adaptado de Beni, 2007, p.50

Fonte: Adaptado de Cunha, 2003, p.114

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Reviso da Literatura

28

enquanto objecto do subsistema, compreende os destinos tursticos, que por sua vez

suportam os transportes, as empresas e servios tursticos, as organizaes tursticas e a

promoo e informao. Neste contexto, a relao representada no esquema assenta na

viso sistmica em que a promoo e informao influenciam o processo de deciso de

compra do visitante, deslocando-se por meio de transportes aos destinos (centros

receptores), onde se concentram as empresas de servios tursticos e organizaes

tursticas, tendo em vista a satisfao dos consumidores.

Concluindo, o desenvolvimento do turismo pressupe a concertao de interesses dos

quatro principais intervenientes do turismo do sistema: populao local, sector pblico,

empresas e turistas, com base em princpios de gesto integrada. O turismo um

sistema dinmico impulsionado por foras positivas e negativas cujos efeitos tm de ser

compreendidos por todos os intervenientes (Cunha, 2003, p.116), caso contrrio

provoca constrangimentos ao equilbrio do sistema do turismo.

2.1.3. Impactes do Turismo

Mathieson e Wall (1982) citam que a indstria do turismo um sistema aberto e

compsito, composto pela diversidade de variveis e de relaes que compreende o

processo de viagens tursticas, repercutindo em impactes positivos e negativos nos

principais campos econmico, ambiental e sociocultural num determinado destino

turstico.

De acordo com Sancho et al. (1998) o turismo influencia tremendamente a economia

dos pases e regies onde se desenvolve pela sua dinamizao e diversificao, quer ao

nvel nacional, regional ou local. Relativamente aos benefcios econmicos

identificados pelos autores Mathieson e Wall (1982), (1) equilbrio da balana de

pagamentos, (2) criao de riqueza, (3) criao de emprego, (4) melhoria das estruturas

econmicas, (5) impulsionador da actividade empresarial, Sancho et al. (1998)

acrescenta a contribuio do turismo para o Produto Nacional Bruto [PNB] e para o

aumento e distribuio de rendimentos, bem como os efeitos multiplicadores do turismo

geram valor acrescentado e capacidade de desenvolver outras actividades econmicas.

Os custos do turismo no sector econmico devem ser igualmente, de modo que os

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Ensaio Sobre a Sustentabilidade de uma Rota de Surf em Peniche

Reviso da Literatura

29

autores Mathieson e Wall (1982) identificam (1) dependncia do sector turstico, (2)

inflao dos preos e especulao imobiliria, (3) aumento de propenso para importar,

(4) sazonalidade e baixa taxa de retorno de investimento, (5) a criao de outros custos

externos, especificamente aumento dos custos relativos recolha de lixo e dos custos de

manuteno e conservao das atraces tursticas.

A relao entre o turismo e o ambiente natural particularmente ambivalente

(Mathieson & Wall, 1982, p.131-132). O patrimnio natural constitui uma das razes

para o desenvolvimento turstico pela motivao de conhecer paisagens nicas e

simblicas. No obstante, o turismo exerce enorme presso nos recursos naturais

provocando uma relao de conflito, dado que o turismo depende do meio ambiente, o

seu desenvolvimento causa danos considerveis. Neste sentido, Sancho et al. (1998)

define como principais consequncias positivas (1) a revalorizao ambiental, (2) a

preservao ambiental e cultural, (3) a incluso de padres de qualidade, (4) a

sensibilizao para iniciativas de planeamento. Os aspectos negativos resultantes do

turismo dizem respeito s presses ambientais e culturais exercidas, nomeadamente o

congestionamento, a poluio e contaminao (do ar, da gua, sonora), a falta de

integrao da arquitectura na paisagem local, a destruio da fauna e da flora (Sancho et

al., 1998; Mathieson & Wall, 1982).

A actividade turstica envolve o contacto entre diferentes bagagens culturais e

socioeconmicas entre a populao local e os visitantes, dessa diferena resulta

geralmente a motivao para viajar, conhecendo novas culturas e tradies, contudo

pode dar-se o sentimento de averso e rejeio (Sancho et al., 1998; Ferreira, 2009). Os

impactes socioculturais tornaram-se especialmente evidentes com a massificao do

turismo tendo consequncias negativas, como o efeito de demonstrao - a imitao de

comportamentos, a mudana de linguagem usada no destino, a prostituio, a droga, o

jogo e muitas vezes o vandalismo (Rtz, 2002 citado por Ferreira 2009, p.112),

afectando a qualidade da estada do visitante e a qualidade de vida da populao local.

Acrescentam-se ainda aos impactes negativos as diferenas sociais entre populao

local e visitantes; o choque de culturas; a aculturao; o aumento da criminalidade; a

mercantilizao e objectificao dos aspectos culturais (Sancho et al., 1998; Ferreira

2000; Mathieson & Wall, 1982).

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Ensaio Sobre a Sustentabilidade de uma Rota de Surf em Peniche

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30

No que respeita aos impactes positivos socioculturais definidos por Sancho et al. (1998)

consideram-se (1) a melhoria das condies de vida da populao pelo incremento de

infra-estruturas e facilidades, (2) a recuperao e conservao dos valores culturais, (3)

efeito de demonstrao positivo, que poder ser o incentivo pela procura de melhores

condies de vida ou igualdade pela populao residente, (4) o fomento da tolerncia

social, pela formao de novos contactos e conhecimento. UNEP (2000) adiciona na sua

abordagem (1) o cultivar do orgulho das tradies culturais; (2) a promoo do

artesanato; (3) a realizao de eventos culturais e festivais, onde as populaes locais

so os protagonistas; (4) a reduo da emigrao dos locais rurais para as grandes

cidades; (5) a criao de novos postos de trabalho; e (6) o desenvolvimento de novos

acessos, servios e infra-estruturas, (UNEP, 2000 citado por Ferreira, 2009, p.112).

Em suma, o reconhecimento dos potenciais riscos provocados pelo turismo nos campos

analisados permite a criao de uma estratgia de polticas para o turismo e

planeamento com base nos princpios da sustentabilidade, podendo os destinos tursticos

desfrutarem dos benefcios que o turismo pode gerar (Edgell et al., 2008). O quadro

seguinte apresenta uma sntese dos impactes positivos e negativos no turismo

explicitados anteriormente.

Tabela 1 Impactes Positivos e Negativos no Turismo

Impactes Positivos Negativos

Econmicos

Equilbrio da balana de pagamentos;

Criao de riqueza e crescimento econmico;

Oportunidades de diversificao para as economias locais;

Criao de emprego;

Melhoria das estruturas econmicas;

Impulsionador da actividade empresarial, particularmente Pequenas e Mdias

Empresas;

Atrai investimento estrangeiro;

Contribuio para o PNB;

Aumento e distribuio de rendimentos;

Efeito multiplicador dos recursos totais da economia.

Dependncia do sector turstico;

Inflao dos preos e especulao imobiliria;

Aumento de propenso para importar;

Descontinuidade da actividade turstica (Sazonalidade);

Baixa taxa de retorno de investimento;

Tendncia de lucros empresariais para o estrangeiro;

Criao de outros custos externos.

Ambientais

Revalorizao ambiental;

Preservao ambiental e cultural;

Incluso de padres de qualidade;

Sensibilizao para iniciativas de planeamento.

Presses ambientais e culturais;

Congestionamento;

Poluio (ar, gua, sonora);

Falta de integrao da arquitectura na paisagem local.

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31

Socioculturais

Incremento de infra-estruturas e facilidades (melhoria das condies de vida);

Recuperao e conservao dos valores culturais;

Efeito de demonstrao positivo;

Fomento da tolerncia social;

Cultivar do orgulho das tradies culturais;

Promoo do artesanato;

Realizao de eventos culturais e festivais;

Reduo da emigrao dos locais rurais para as grandes cidades;

Criao de novos postos de trabalho.

Diferenas sociais entre populao local e visitantes;

Choque;

Aculturao;

Aumento da criminalidade;

Mercantilizao e objectificao dos aspectos culturais.

Fonte: Elaborao prpria

2.1.4. Planeamento em Turismo

Edgell et al. (2008) expe que o conceito de planear implica uma relao entre o futuro

e a compreenso das actuais tendncias e do ambiente envolvente, contemplando os

aspectos econmicos, ambientais, sociais e culturais que influenciam um determinado

destino turstico, sendo um passo necessrio para a criao de polticas no turismo.

O primeiro passo alude para a criao de um quadro geral composto por uma eficaz

estratgia de polticas para o turismo, essas guidelines pressupem uma orientao para

o futuro e harmonizao dos interesses de todos os stakeholders, com o propsito de

propiciar benefcios mximos aos interessados na regio, ao mesmo tempo em que

deve minimizar os impactos negativos (Goeldner et al. 2002, p.294).

A integrao das polticas do turismo e o planeamento fundamental para a gesto de

um destino, visto que o planeamento um processo mais conciso e prtico, explicando

o como e desenvolvido para um determinado espao de tempo (Goeldner et al. 2002,

p.337). Portanto, o planeamento estratgico assume-se como o processo destinado a

optimizar os benefcios do turismo, para que o resultado seja o equilbrio entre a

qualidade e a quantidade da oferta e o nvel adequado da procura, sem comprometer o

desenvolvimento socioeconmico e ambiental local nem a sua sustentabilidade (Edgell

et al., 2008, p.297). Esta ferramenta de gesto serve para determinar objectivos para os

destinos tursticos e suas organizaes assentando nos conceitos de qualidade, eficincia

e eficcia. Pressupe ainda a integrao e cooperao entre todos os stakeholders para

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Reviso da Literatura

32

uma gesto eficaz que se ajuste s tendncias actuais e competitividade dos mercados

(Edgell et al., 2008).

No que concerne ao processo de planeamento o seu dinamismo prev reformulaes

necessrias em resposta s mudanas externas e internas. Logo, Goeldner et al. (2002)

considera a seguinte sequncia do processo de planeamento em turismo (1) definir o

sistema turstico, (2) formulao objectivo, (3) recolha de dados, (4) anlise e

interpretao, (5) plano preliminar, (6) aprovao do plano, (7) plano final e (8)

implementao.

Na perspectiva de Edgell et al. (2008) o processo inclui (1) a viso, (2) a misso, (3)

metas, (5) objectivos, (6) estratgias e (7) aces, tendo em vista a melhoraria do

processo acrescentar uma anlise SWOT, monitorizao e avaliao.

Por sua vez, Cooper et al. (2007) afirma que o processo de planeamento em turismo

contm (1) reconhecimento e preparao do estudo, (2) definio dos objectivos ou

metas para a estratgia, (4) levantamento de dados existentes, (5) implementao de

novas pesquisas, (6) anlise de dados primrios e secundrios, (7) formulao de plano

e polticas de aco iniciais, (8) recomendaes, (9) implementao, (10)

monitoramento de reformulao do plano.

Como tal, a diversidade de processos de planeamento em turismo no difere

consideravelmente podendo adaptar-se a metodologia ao objecto e dimenso territorial

a planear. De notar a importncia da sua flexibilidade adaptando-se s mudanas nos

mercados tursticos ou mesmo introduo de novos produtos tursticos. Alm disso,

importa reforar a relevncia da monitorizao e da avaliao, uma vez que o processo

contempla dinamismo e continuidade, pressupondo uma permanente actualizao,

atravs da redefinio permanente de objectivos, envolvendo a interaco entre um

conjunto de actores. Assim, o planeamento contempla uma viso de consecutiva

avaliao, com o objectivo de avaliar os resultados da execuo, as alteraes da

envolvente e da estratgia dos actores, e desencadear a redefinio de objectivos e

meios considerada necessria (Perestrelo, 2000, p.9).

Em concluso, actualmente essencial ter uma viso global e sistmica de determinada

realidade, pois os cenrios so dinmicos e esto em permanente alterao. O

Turismo de Surf na Capital da Onda

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33

planeamento estratgico envolve atitudes proactivas ligadas anlise prospectiva. O

planeamento em turismo prope-se a desenvolver a sustentabilidade para o futuro,

traduzindo-se na qualidade dos produtos tursticos e dos destinos que o compem e no

incremento dos benefcios que um turismo responsvel possibilita (Edgell et al., 2008).

2.1.5. Turismo e o Desenvolvimento Sustentvel

A expanso da indstria do turismo resultou na necessidade de procurar um equilbrio

entre o crescimento da actividade turstica e o consumo do meio ambiente e dos valores

socioculturais que caracterizam os destinos tursticos (Vignati, 2008, p.39), reflexo da

consciencializao dos limites dos recursos e da relao insustentvel entre o homem e

o seu meio envolvente.

Segundo Vignati (2008) a preocupao com a sustentabilidade tem vindo a evoluir de

forma mais completa ao longo dos anos. Iniciando-se cerca de 1960 com as primeiras

discusses ambientais, que marcam o princpio da conscincia ambiental. A criao da

Comisso Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento data de 1984, com o

objectivo de criar propostas de soluo para as questes ambientais atravs de

cooperao internacional e consciencializao para a problemtica. Mais tarde, no

relatrio de Brundtland surge a primeira definio que mencionava a poltica de

sustentabilidade como aquela que atenda s necessidades de hoje, sem comprometer a

capacidade das geraes futuras atenderem s suas prprias necessidades [Organizao

da Naes Unidas (ONU), 1987 citado por OMT, 2003, p.23].

Em 1992, a abordagem do desenvolvimento sustentvel tornou-se mais completa com a

realizao da Conferncia das Naes Unidas sobre o Meio Ambiente e o

Desenvolvimento, no Rio de Janeiro. Neste encontro foi aprovado um conjunto de

aces que levavam ao desenvolvimento sustentvel pelos pases das Naes Unidas. O

programa Agenda 21 aprovado nesta conferncia generalizou a prtica de polticas de

desenvolvimento sustentvel por toda a populao. Do mesmo modo a OMT adaptou os

princpios de sustentabilidade ao turismo definindo:

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Reviso da Literatura

34

Socialmente Justo

Ecologicamente Equilibrado

Economicamente Vivel

O desenvolvimento do turismo sustentvel atende s necessidades dos turistas

de hoje e das regies receptoras, ao mesmo tempo em que protege e amplia as

oportunidades para o futuro. visto como um condutor ao gerenciamento de

todos os recursos, de tal forma que as necessidades econmicas, sociais e

estticas possam ser satisfeitas sem desprezar a manuteno da integridade

cultural, dos processos ecolgicos essenciais, da diversidade biolgica e dos

sistemas que garantem a vida. (OMT, 2003, p.24).

Vignati (2008) afirma que a sustentabilidade no turismo proporciona aos destinos

tursticos obter mais-valias particularmente a melhoria da competitividade, atingir e

superar a satisfao dos visitantes, o fomento da gerao de riqueza e a criao de

emprego e por ltimo, a valorizao do patrimnio natural e cultural, incluindo as

tradies culturais.

O desenvolvimento sustentvel abrange vrias dimenses ambientais, econmicas,

sociais, polticas e culturais, repercutindo-se em preocupaes com o presente e o futuro

e com a produo e o consumo, visto que no turismo a produo e consumo tendem a

ter lugar em reas onde os recursos naturais ou artificiais so frgeis (Cooper et al.,

2007, p.269), um exemplo de interesse nesta investigao so as reas costeiras, alm

disso porque o ambiente e a cultura so

usados como componentes principais do

produto, sem estarem sujeitos a mecanismos

de preos que se aplicam a muitos recursos

naturais (Cooper et al., 2007, p.269).

Os seus principais fundamentos do

desenvolvimento sustentvel assentam na

viabilidade econmica, na equidade social e

no equilbrio ecolgico. Neste contexto, a

equidade social representa um dos maiores

desafios tendo implicaes directas nos

problemas ambientais pelas presses exercidas.

Figura 5 Desenvolvimento Sustentvel

Fonte: Elaborao Prpria

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Reviso da Literatura

35

De acordo com Cooper et al. (2007) a sustentabilidade envolve um processo de

reconhecimento e de responsabilidade, na medida da consciencializao para a

vulnerabilidade dos recursos usados e consequentemente na gesto inteligente dos

mesmos recursos.

A gesto sustentvel de destinos tursticos promove um posicionamento consistente pela

implementao de padres de qualidade e consequente capacidade competitiva. Edgell

et al. (2008) refere que o turismo sustentvel implica atingir um crescimento de

qualidade, no esgotando o ambiente natural e construdo e preservando a cultura,

histria e o patrimnio das comunidades locais.

Cooper et al. (2007) alude para o aparecimento de novos produtos tursticos ligados ao

conceito de sustentabilidade comeou a partir de 1980, apontando o ecoturismo e o

turismo alternativo como formas de turismo de natureza com base na conservao do

meio ambiente, incluindo a diversidade biolgica e ainda comunidades locais de

caractersticas tradicionais, pressupondo a educao dos turistas para o meio ambiente e

sua conservao. Em oposio ao turismo massificado estes novos produtos tursticos

de pequena escala esto associados a estratgias de marketing, reflectindo a maior

consciencializao ambiental e a necessidade de ligao com o meio ambiente e cultural

tradicional.

Em suma, o desenvolvimento turstico sustentvel est indiscutivelmente na base da

prpria sobrevivncia do sector pela capacidade de preservar e promover os recursos

dos quais a actividade turstica depende. Mas tambm pelo fomento de polticas para a

qualidade possibilitando uma competitividade do destino turstico e satisfao do

visitante. A responsabilizao para a sustentabilidade passa por todos os stakeholders

envolvidos no sistema turstico, trazendo benefcios para o destino e igualmente a todos

os intervenientes. O desenvolvimento de novos produtos tursticos ligados ao conceito

de sustentabilidade vingam no mercado, evidenciando formas de conservar recursos

naturais, identidades culturais e tradies locais, reflectindo uma maior conscincia para

as questes apresentadas e o efeito das estratgias de marketing.

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36

2.1.6. Destinos Tursticos: Gesto Estratgica de Marketing

No que concerne definio de destino turstico, Leiper (1995) citado por Buhalis

(2000) afirma que os destinos so lugares para onde as pessoas viajam e onde escolhem

permanecer por um perodo de tempo com o intuito de experienciar certas atraces. Por

sua vez, Cooper, Fletcher, Gilbert, Shepherd and Wanhill (1998) citados por Buhalis

(2000) definem destinos tursticos como o centro de facilidades e servios de encontro

com as necessidades dos turistas. Porm, a definio mais completa de destinos

tursticos considera que so determinados espaos geogrficos que oferecem

experincias tursticas1, sendo compostos por produtos tursticos, como servios,

atraces e recursos tursticos, que pela sua centralidade e oferta estruturada atraem

visitantes. Um destino turstico pressupe uma gesto, imagem e percepo que revelem

a sua competitividade. Este concentra diversos stakeholders desde organizaes,

empresas e grupos que tm relaes de competio e cooperao, at a populao local,

uma vez que a criao de um destino turstico consiste numa via para alcanar a

melhoria de condies de vida, crescimento econmico e consequentemente

desenvolvimento local (OMT, 2007a, p.1).

O marketing de destinos funciona como um mecanismo de gesto estratgica para

potencializar os destinos e maximizar os seus benefcios. Na vertente de Seaton e

Bennett (1999) o marketing de destinos assume especial importncia no seio do

marketing turstico, considerando as suas principais operaes como (1) avaliao dos

mercados actuais e previso das tendncias dos mercados, (2) analisar o destino e a sua

atractividade perante os mercados, (3) desenvolver objectivos estratgicos e marketing-

mix, (4) desenvolver uma organizao para implementar os objectivos e (5) avaliar e

mensurar os resultados.

De acordo com Middleton and Hawkins (1998) citado por Buhalis (2000) a perspectiva

de marketing essencialmente uma orientao geral de gesto, reflectindo atitudes

corporativas que, no caso do turismo, supem equilibrar os interesses dos stakeholders

com os interesses de sustentabilidade de um destino, tal como responder s necessidades

e expectativas dos consumidores, pois os destinos tursticos devem diferenciar os seus

1 Ver Volume de Anexos I Elementos que compem as experincias do destino.

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37

produtos e desenvolver parcerias entre sector pblico e privado numa relao de

cooperao.

O marketing tem tambm um papel predominante na criao e gesto da imagem de

marca de um destino turstico. Cada destino tem determinadas caractersticas ou

produtos intrnsecos que marcam a sua imagem e qual corresponde um determinado

tipo de procura turstica. Como tal, a marca do destino o processo de

desenvolvimento de uma identidade e personalidade nicas que diferenciam de todos os

destinos concorrentes (Morrison & Anderson, 2002 citado por Cooper & Hall, 2008,

p.218).

Desta forma, a imagem de um destino igualmente fundamental para o processo de

escolha de um destino, visto que o consumidor cria uma imagem e expectativas antes da

realizao da prpria viagem (Buhalis, 2000). Segundo Swarbrooke & Horner (2007) o

que estimula a deciso de compra de um destino so os determinantes pessoais,

respeitante s atitudes, percepes, conhecimento, experincia e at circunstncias do

prprio visitante e aos determinantes externos, nomeadamente a influncia dos meios de

comunicao e das estratgias de marketing, opinio dos amigos e familiares e todo o

meio poltico, social, econmico e tecnolgico. Posteriormente, na fase ps-compra

urge a avaliao da satisfao resultante do consumo, na qual decorrem as intenes

comportamentais quer sejam de fidelizao ou de recomendao, demonstrando que a

imagem do destino mais afectada pelo passa-palavra do que a maioria das outras

influncias (Seaton & Bennett, 1999, p.365). Neste contexto, Buhalis (2000) refere que

o grau de satisfao do turista medido pela avaliao da experincia versus as

expectativas e percepes antes da viagem.

Portanto, o sucesso de um destino passa pela diversificao e diferenciao da oferta

turstica e pela criao de uma imagem consolidada e um conhecimento geral do destino

utilizando a informao sobre os seus servios e produtos de forma efectiva, quanto

melhor for esse conhecimento e a sua aplicao ao processo de deciso do visitante

melhor ser a experincia e consequentemente o grau de satisfao.

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38

2.2. Produtos Tursticos: Organizao, Gesto e Desenvolvimento

A presente abordagem gesto e desenvolvimento de produtos tursticos contempla a

sua definio enquanto elemento central do marketing de turismo, devendo ser alvo de

estratgias particulares pelas suas especificidades para que corresponda s expectativas

do mercado a que se dirige. Na verdade, a formulao do produto, tem implicaes na

gesto das operaes e servios e na lucratividade, reflectindo-se no s no marketing-

mix, mas tambm nas polticas e na estratgia de crescimento a longo prazo (Middleton,

2001). A compreenso do planeamento de marketing permite a integrao das decises

e de aces de marketing.

2.2.1. Conceito de Produto Turstico

Existem diversas definies de produto turstico que realam os seus atributos

intangveis, caractersticos do marketing de servios, no qual o consumidor tem um

papel de co-produtor, interagindo no processo de produo e consumo, reflectindo a

inseparabilidade do produto. Este pode encerrar em si um componente ou um conjunto

de componentes, isto , um pacote, ou ser produto total de um destino (Cooper & Hall,

2008).

Gilbert (1990) define produto turstico como uma amlgama de diferentes bens e

servios ofertados como experincia ao turista (Gilbert, 1990 citado por Cooper &

Hall, 2008, p.27). Nesta definio de destacar a amlgama de componentes denotando

a diversificao dos produtos tursticos, para alm de ser considerado como o total da

experincia do visitante revelando o carcter abstracto do produto.

Middleton (2001) expe que o produto turstico comporta (1) atraces no destino e

meio ambiente, (2) instalaes e servios do destino, (3) acessibilidade ao destino, (4)

imagens do destino e (5) preo ao consumidor. Tocquer e Zins (2004) acrescentam na

sua constituio a populao local e animao e ambiente. Logo, o produto turstico

composto por um conjunto de elementos tangveis e intangveis.

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Tocquer e Zins (2004) referem que o produto o elemento central do marketing

turstico por representar a oferta ao visitante existente ou potencial com o objectivo de

satisfazer as suas necessidades, conferindo-lhe benefcios. As pessoas no compram

produtos, elas compram a expectativa de benefcios. Os benefcios que so os

produtos (Levitt, 1969 citado por Middleton, 2001, p.134).

Como tal, identifica-se um ponto de convergncia nas definies apresentadas

nomeadamente considerar o produto uma amlgama de componentes tangveis e

intangveis, considerando o produto compsito e complexo. A sua complexidade deriva

da intangibilidade do produto que determina que este no pode ser testado antes do

consumo, sendo que a complementaridade de componentes indica a globalidade da

avaliao do produto, para alm da variabilidade procedente do factor humano, porque o

mesmo produto depende de quem e onde se oferece o servio. A satisfao do

consumidor confere-lhe determinados benefcios que devem ser o foco da comunicao

ao consumidor.

No que concerne concepo de um produto turstico, Middleton (2001) distingue trs

nveis: (1) o produto principal correspondendo ao servio essencial na satisfao das

necessidades do mercado-alvo; (2) o produto formal ou tangvel, transformando em

servios tangveis para venda; e por fim (3) o produto valorizado, que engloba todos os

elementos tangveis e intangveis da oferta num produto integrado e adaptado ao cliente

final agregando valor acrescentado que os torna mais atractivos e competitivos. Assim

sendo, a concepo de produtos tursticos corresponde ao procedimento de inventrios e

respectiva avaliao dos recursos atractivos do destino, posteriormente agregando os

recursos em produtos tursticos, criando um porteflio dos mesmos, podendo optimizar

os seus benefcios e adaptar o seu marketing-mix (Buhalis, 2000).

2.2.2. Organizao, Gesto e Engenharia do Produto

A gesto de produtos tursticos j existentes implica uma constante preocupao em

inovar e modificar produtos para que se mantenham como vantagem competitiva e de

diferenciao face concorrncia. Neste contexto, Tocquer & Zins (2004) mencionam

que interessa ao responsvel de marketing proceder a uma anlise da posio actual do

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40

produto, de modo a compreender qual o grau de satisfao que o produto proporciona,

qual a eficcia dos produtos da concorrncia e qual a posio do produto no seu ciclo de

vida2, pois medida que os produtos e destinos progridem no ciclo de vida necessitam

de uma constante reformulao e revitalizao (Cooper & Hall, 2008, p.96). O

entendimento da avaliao futura do produto interessa por permitir antecipar o que

poder afectar e suceder ao produto no mercado.

Buhalis (2000) refere que todos os elementos de atraco turstica esto sob a imagem

de marca do destino, sendo fundamental conhecer o produto core, bem como os

produtos de suporte para cada mercado-alvo. A competitividade do produto turstico no

processo de deciso do consumidor baseia-se na sustentabilidade de produtos e no

desenvolvimento de produtos inovadores, pela necessidade de diferenciar produtos com

enfoque na sua singularidade. Assim, o objectivo centra-se na gesto correcta para que

os produtos tenham a capacidade de manter o destino na fase de maturidade e

consolidao, evitando os estgios de estagnao, saturao ou declnio.

A escolha de uma estratgia de produto baseia-se no posicionamento, ou seja, o espao

que o produto ocupa na mente do consumidor e na constante adaptao do marketing-

mix, ajustando o produto s necessidades do consumidor. Logo, Seaton e Bennett

(1999) afirmam que o desenvolvimento de novos produtos difere da gesto para manter

os produtos j existentes no mercado, tal como o planeamento do produto difere se

dirigidos a mercados existentes ou novos. O quadro desenvolvido por Holloway e Plant

(1992) mostra a estreita relao entre o mercado e o produto, permitindo compreender

que a gesto do produto deve ter em considerao as estratgias do produto em relao

s caractersticas do mercado que pretende satisfazer.

2 Ver Volume de Anexos II Ciclo de Vida do Produto.

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Introduo de novo produto no mercado

existente

Lanamento de um novo produto num mercado

novo

Modificao de um produto j existente para o seu mercado

presente

Reposio do produto actual para atrair novos mercados

Figura 6 Relao Produto / Mercado

Fonte: Holloway e Plant, 1992 citado por Seaton e Bennett, 1999, p.131

O presente quadro permite identificar as quatro estratgias relativas formulao da

estratgia, mais concretamente: a criao de um produto novo num mercado j

existente; a criao de um produto novo num mercado novo; a modificao de um

produto j existente no seu mercado actual; por ltimo, relanar o produto existente em

novos mercados.

Concluindo, a gesto do produto considera o controlo contnuo do seu desenvolvimento,

pela avaliao do seu posicionamento no ciclo de vida do produto, adaptando a sua

estratgia de marketing-mix e formulando a sua estratgia de acordo com as

necessidades identificadas e a relao do produto com o mercado.

2.2.3. Desenvolvimento de Produtos Tursticos

O desenvolvimento de novos produtos representa a principal forma de inovar em

turismo, sendo essencial para o crescimento do sector. Os novos produtos so

importantes para a diversificao, incremento das vendas e lucros e vantagem

competitiva (Cooper & Hall, 2008, p.29).

Produto

Mercado

Existente

Existente

Novo

Novo

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42

Relativamente ao lanamento de novos produtos tursticos Tocquer e Zins (2004)

referem como etapa inicial a procura de ideias de produtos j existentes. Por

conseguinte, Seaton e Bennett (1999) apontam para algumas formas de obter ideias para

novos produtos tursticos:

Ideias provenientes de produtos j existente;

Identificando a insatisfao com produtos existentes;

Resultado do crescimento num mercado existente expandindo o produto;

Na busca de solues para necessidades no satisfeitas ou latentes;

Atravs de inovaes tecnolgicas;

Explorao de modas;

Realizao de brainstorming para identificar tendncias tursticas e prever

necessidades futuras.

Seguidamente, a filtragem das ideias j que nem todas renem a capacidade de ser

comercialmente viveis. O processo segue com o desenvolvimento do conceito de

produto e dos respectivos benefcios conferindo-lhe factor diferencial e concorrencial de

acordo com as necessidades da demanda. Antes de lanar o referido produto

fundamental fazer um estudo de viabilidade para compreender a rentabilidade do

produto. Caso haja viabilidade poder proceder-se ao desenvolvimento do produto, a

realizao de um teste de mercado antes do lanamento de um produto torna-se

prudente. O processo de adopo essencial no lanamento de um produto, visto que

vai da tomada de conscincia experincia e consequente adopo pela inteno de

repetio na sua utilizao. Finalmente, o processo de difuso pela consequente

aceitao dos turistas.

2.2.4. Tendncias e Inovao dos Produtos Tursticos

A perspectiva contempornea de considerar a experincia turstica enquanto produto

turstico espelha as tendncias dos produtos tursticos e os novos hbito de consumo,

uma vez que o turista procura o consumo de experincias autnticas pela atmosfera do

lugar. Os mercados tursticos maduros procuram produtos tursticos autnticos,

(Cooper & Hall, 2008, p.29).

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A crescente economia da experincia associada ao produto turstico reflecte a

mudana do valor econmico para a venda de experincias ao invs de posse de bens

materiais e servios (Pine & Gilmore, 1999 citado por Cooper & Hall, 2008, p.29),

resultando na objectificao e mercantilizao dos aspectos tursticos, remetendo para a

procura da satisfao da experincia personalizada, originando criao de memrias.

Importa referir a mudana de paradigma do turista que passa de passivo a activo e

participativo, tal como a ideia de que a experincia transforma o visitante, assim as

experincias so pessoais, memorveis, evocando uma resposta emocional medida

que o turista entra numa relao multifacetada entre os actores e o cenrio de destino da

experincia, (Cooper & Hall, 2008, p.29).

No que concerne s inovaes nos produtos, as mudanas actuais resultantes das

Tecnologias de Informao e Comunicao [TIC], particularmente o e-commerce

(comrcio electrnico) e consequentemente as mudanas no comportamento do

consumidor, cada vez mais exigente e individualizado, resultam na abordagem ao

marketing de relao, na medida em que existe reciprocidade no contacto entre

empresas e consumidores, pela importncia que o consumidor detm no seio de uma

empresa ou organizao, mas tambm resulta no crescimento de pacotes tursticos

electrnicos como dymanic packing, criando just in time um pacote de produtos e/ou

servios desejados por um preo final.

Resumindo, as tendncias e inovaes dos produtos tursticos reflectem a mudana

comportamental da demanda, devendo a oferta adaptar-se s necessidades dos

consumidores. A valorizao da experincia turstica enquanto produto permite a

valorizao dos recursos naturais e culturais, ajudando a criar uma identidade local. Por

sua vez, as inovaes tendencialmente tecnolgicas permitem a resposta

personalizao que o consumidor actual exige, sendo o e-commerce uma aposta

crescente no mbito dos modelos de negcios actuais.

2.2.5. Planeamento Estratgico e Operacional de Marketing

O conceito de planeamento estratgico de marketing de uma determinada organizao

turstica alude ao processo de gesto, com vista a desenvolver e manter a adequao de

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um plano de decises e aces, que consiste na anlise do mercado e do seu ambiente;

na identificao dos problemas e das oportunidades; na seleco dos mercados-alvo; na

escolha de um posicionamento; na definio de um programa de marketing, designado

de marketing-mix, com intuito de atingir determinados objectivos, que naturalmente

sero alvo de monitorizao e avaliao revertendo em oportunidades (Tocquer & Zins,

2004).

O processo de planeamento estratgico de marketing envolve o desenvolvimento de um

plano de marketing estratgico e de marketing operacional. O plano de marketing

estratgico o elemento chave do processo de planeamento estratgico de marketing a

longo prazo, inclui a misso e viso da empresa, a anlise de mercado, a definio dos

objectivos, a seleco dos mercados-alvo, a escolha de um posicionamento e a

formulao de uma estratgia. Por sua vez, o plano operacional de marketing diz

respeito s decises de marketing-mix, tendo a caracterstica de ser anual.

Tocquer & Zins (2004) demonstram que as principais vantagens do planeamento

estratgico de marketing advm da identificao de problemas e oportunidades,

permitindo uma tomada de decises com base em informao til no presente e no

futuro, permitindo um melhor aproveitamento dos recursos e uma melhor progresso

dos objectivos, revertendo num processo de avaliao mais eficaz e na fixao de

prioridades.

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2.3. O Surf e o Turismo

O Turismo de Surf uma aventura dentro de outra aventura 3

O surf tornou-se um fenmeno social, econmico e cultural que interessa aprofundar

academicamente. Este desporto foi evoluindo ao longo dos anos, sendo interessante

explorar a sua histria. O turismo de surf surge nos anos 70 e 80, marcado pelo

incremento do marketing que transformou este desporto num mercado lucrativo.

Actualmente surge a necessidade de definir o turismo de surf, conhecendo as tipologias

que engloba, tal como conhecer o comportamento e motivaes da procura turstica

deste segmento. A indstria do surf apresenta grande evoluo e importncia econmica

nos dias de hoje, especialmente no mercado de surfwear. A comunicao e promoo da

indstria do surf efectivada pelos meios da publicidade e dos surf media, reflectindo-

se no consumo do surf enquanto mercadoria objectificada, porm a realidade

essencial permanece a mesma: homem e onda (Kampion & Brown, 2003, p.25).

2.3.1. Breve Histria do Surf

a) A origem do surf

A origem do surf permanece desconhecida. No entanto, ressalta a certeza de que o surf

est intimamente ligado cultura havaiana. Por conseguinte, os polinsios que

exploraram o Havai deram origem a uma nova