escola superior de educação, comunicação e...
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Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto
Instituto Politécnico da Guarda
RELATÓRIO DE ESTÁGIO
LICENCIATURA EM DESPORTO
FÁBIO ALEXANDRE DE SOUSA BARBOSA
JULHO 2013
FÁBIO ALEXANDRE DE SOUSA BARBOSA
RELATÓRIO PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE LICENCIADO EM
DESPORTO
JULHO DE 2013
ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO, COMUNICAÇÃO E
DESPORTO
INSTITUTO POLITÉCNICO DA GUARDA
INSTITUTO POLITÉCNICO DA GUARDA
ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO, COMUNICAÇÃO E DESPORTO
RELATÓRIO DE ESTÁGIO
AC Milan Scuola Calcio – Boavista
Julho 2013
VII
PENSAMENTO
“O único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário”.
Albert Einstein
IX
RESUMO
O relatório que se apresenta tem como objetivo descrever todo um ano de estágio
realizado por mim na escola de futebol de formação Milan localizada no Estádio do
Bessa, no Porto.
Futebol é a modalidade mais popular do mundo, sendo praticada por todas as
culturas à escala planetária (Reilly & Williams, 2005 citado por Maia, 2010).
O estágio é um trabalho diário que envolve planeamento, intervenção e reflexão
de uma prática profissional, neste caso de um treinador adjunto de futebol, em que o
objetivo final deste é encontrar constantemente soluções para as várias situações e
problemas que surgem nesta profissão.
Apresento todo o meu processo evolutivo desde a minha chegada ao clube e a
consequente adaptação a ele até ao momento em que me é oferecida a possibilidade de
continuar na estrutura. São apresentadas as duas estruturas vigentes neste processo, o
Ipg como a instituição que me formou e me deu as armas necessárias para enfrentar o
estágio e o Milan como a instituição onde apliquei todo esse conhecimento adquirido e
onde evoluí como profissional de desporto. Fala-se acerca de liderança, feedback,
formação, linguagem, forma desportiva, a aprendizagem, a atividade física nas crianças,
atenção, concentração e outros temas que me ajudaram a fundamentar o meu trabalho e
perceber as linhas pelas quais me guiei. Existem também ligações entre o conhecimento
adquirido na licenciatura e posteriormente aplicado no dia-a-dia no estágio.
Palavras-chave: ESTÁGIO, FUTEBOL, TREINO, EVOLUÇÃO,
APRENDIZAGEM
XI
ÍNDICE
Pensamento ..................................................................................................... VII
Resumo ............................................................................................................ IX
Índice de Figuras ........................................................................................... XIII
Índice de Tabelas .......................................................................................... XIV
Introdução .......................................................................................................... 1
Ficha de Identificação ..................................................................................... 3
Apresentação da Cidade e do Clube Associado ............................................... 5
Ligaçao Aprendizagem-Prática ........................................................................ 19
A minha adaptação ao clube ............................................................................. 33
Caracterização da população ............................................................................ 37
Calendarização ................................................................................................. 39
Estágio ............................................................................................................. 41
Objetivos ...................................................................................................... 41
Programar e orientar exercícios de treino individuais e coletivos ............... 43
Realizar convocatórias .............................................................................. 47
Dar feedbacks nos treinos e jogos .............................................................. 49
Participar ativamente em palestras nos jogos e treinos ............................... 51
Orientar a ativação funcional geral da equipa no ambiente de pré-jogo
(Treino desportivo) .............................................................................................. 53
Aquecimento do Guarda-Redes, também no pré-jogo (aquecimento) ......... 54
Elaboração de Relatórios de jogo e relatórios de treino (modelos) ............. 55
Relatórios dos jogos .................................................................................. 55
Realizar observações de outras equipas ..................................................... 56
Auto-Avaliação ............................................................................................ 57
Conclusão ........................................................................................................ 59
Bibliografia ...................................................................................................... 61
Anexos ............................................................................................................. 63
XIII
ÍNDICE DE FIGURAS
Ilustração 1 – Brazão da cidade do Porto ............................................................ 5
Ilustração 2 – Logótipo do Boavista Futebol Clube ............................................ 6
Ilustração 3 – ORGANOGRAMA DA ORGANIZAÇÃO DA ESTRUTURA DA
MILAN SCUOLA CALCIO PORTUGAL ..................................................................... 8
Ilustração 4 - Convocatória .............................................................................. 47
Ilustração 5 - Logótipo do CD Candal .............................................................. 56
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 Modelo da gestão semanal do treino .................................................. 11
Tabela 2 - Calendário anual de assiduidade ...................................................... 40
Tabela 3 - Horário semanal .............................................................................. 40
1
INTRODUÇÃO
O futebol hoje em dia não é só uma modalidade desportiva como um espetáculo,
por tudo o que o envolve. Ser treinador é movimentar e gerir todos os agentes que de
uma forma direta ou indiretamente afetam a sua equipa. Como diz Meinberg (1991,
citado por Barbosa, 2011), o treinador tanto é um benévolo voluntário, com um
profissional a tempo inteiro; um anónimo treinador de clube, como um treinador de
seleção nacional; um empenhado mas não qualificado treinador, como um treinador
altamente qualificado; um treinador de jovens, como um treinador de seniores.
Treinar não é apenas preparar física e taticamente os jogadores para o jogo, nem
escolher a melhor equipa e realizar as substituições corretas, é muito mais do que isso.
Treinar é impor as ideias de jogo, interagir e motivar jogadores, tirar o máximo de
rendimento dos jogadores, estar preparado com métodos viáveis de avaliação, gerir da
melhor forma a teia da estrutura, etc… isto vai de encontro à ideia de Rosado e
Mesquita (2007, citado por Barbosa, 2011), que dizem que treinar deve ser
compreendido como orientar a aprendizagem e desenvolver capacidades com os meios
adequados à natureza desse aprendizagem e desenvolvimento. Ou como diz Mourinho
(2006) citado no mesmo documento: “para mim, o treino, em toda e qualquer
circunstância, podendo ser ou não de forma significativa aquisitivo, tem de ser sempre
uma relação íntima com aquilo que queremos para o jogo”.
Sendo o estágio uma atividade em que se coloca em prática os conhecimentos
teóricos estando constantemente a ser supervisionado, acompanhado e orientado para
que resulte uma constante evolução do estagiário levando à sua autonomia, isto porque
no dia-a-dia do estágio enfrentam-se situações semelhantes às que se vai encontrar mais
tarde no mercado de trabalho. Neste sentido, tracei como objetivos de estágio: orientar e
acompanhar uma equipa de formação e competição de futebol.
Esta proposta surgiu por intermédio de um amigo meu, Luís Fonseca, ex-aluno
do Instituto Politécnico da Guarda, que conhecia o responsável pela escola do Milan, o
Sr Nélson Antão e me aconselhou a optar por este estabelecimento como meu local de
estágio.
Este relatório surge como complemento desse estágio que se realizou durante o
ano letivo de 2012/2013 e teve início no dia 1 de Setembro de 2012 até dia 30 de Junho
tendo-se respeitado a carga horária semanal estipulada pelas normas do Estágio. Como
já referi, este estágio foi realizado nas escolas de futebol de formação do AC Milan que
têm o seu campo de treinos no Estádio do Bessa. Os objetivos propostos para este
estágio incluíam orientar, na qualidade de treinador adjunto, uma equipa de futebol de
competição dos escalões de sub15 e acompanhar as restantes de formação, observando
metodologias e planos.
Na realização deste relatório pretendo descrever as atividades realizadas durante
o período de estágio. Começo por caracterizar o concelho em que o meu estágio está
inserido. Descrevo a história da cidade do Porto e da Boavista (sitio da freguesia de
Ramalde) finalizando com a caracterização do estabelecimento de ensino e as
instalações desportivas da organização que me acolheu, bem como a instituição que me
formou. Numa última parte serão abordados os objetivos e competências desenvolvidas,
como as metodologias de trabalho, a relação entre os conhecimentos adquiridos e a
prática, todas as atividades desenvolvidas, as reuniões com os orientadores, realizando
também uma análise crítica e por fim uma conclusão.
3
FICHA DE IDENTIFICAÇÃO
Dado do aluno: Fábio Alexandre de Sousa Barbosa
Dados da Empresa: AC Milan Scuola Calcio Portugal
Morada: Rua Primeiro de Janeiro, Estádio do Bessa XXI 4100 - Porto
Período da realização: 1 de Setembro – 30 de Junho
Orientação e Supervisão:
Coordenador de Estágio do Curso – Doutor Carlos Francisco
Supervisores do Local do Estágio – Nélson Antão
Bruno Correia
5
APRESENTAÇÃO DA CIDADE E DO CLUBE ASSOCIADO
Tendo como referência a Wikipédia, a cidade do Porto, situada a nordeste da
Península Ibérica nasceu no ano de 417 tem atualmente uma população de 237.584
habitantes (resultados preliminares obtidos dos censos 2011) numa área de 41,66 km².
Esta cidade obteve um grande impulso económico
com o desenvolvimento das relações inter-regionais e através
da sua agro-indústria do vinho do Porto, tornando-se como
principal fonte económica e promotora de estruturas
económicas vigentes a nível nacional e posteriormente,
internacional (a Bolsa de Valores de Lisboa e Porto).
A cidade do Porto é conhecida como a cidade
Invicta, com o título de “Antiga, mui Nobre, sempre Leal e Invicta” que resulta dos
feitos valorosos dos seus habitantes ao longo do tempo. Foi também do seu primeiro
nome, “Porto Cale” que originou o nome de Portugal.
O Porto é mundialmente conhecido pelo seu vinho de qualidade, e portanto
alberga inúmeras caves. A sua arquitetura peculiar, antiga e contemporânea é também
uma imagem de marca assim como alguns pontos turísticos como a Torre dos Clérigos,
Fundação de Serralves, Centro Histórico, várias Casas-Museu/Museus, o Estádio do
Dragão, a Foz.
Ao nível de acessos a cidade possui o aeroporto Francisco Sá Carneiro, via-
férrea ou rodoviária. Dentro da cidade ainda há a possibilidade de se deslocar através da
rede de autocarros, comboios, metro e ainda desfrutar de um passeio agradável de Barco
Rabelo (visível na imagem número um) pelo Rio Douro.
ILUSTRAÇÃO 1 – Brazão
da cidade do Porto
A gastronomia é composta por vários pratos da tradicional culinária portuguesa.
Os pratos típicos por excelência da cidade são “as tripas” à moda do Porto, o bacalhau à
Gomes de Sá e, mais recentemente, a “Francesinha”.
E como também não podia deixar de ser, a cidade é representada pelo Futebol
Clube do Porto, um clube com imensos títulos e vitórias ao nível nacional e
internacional, em que nos últimos 20 anos conseguiu elevar o seu nome aos mais altos
patamares da história do futebol mundial.
A cidade conta não só com o Futebol Clube do Porto como também com
imensas equipas dentro do distrito, assim como o Boavista Futebol Clube.
O Boavista FC tem sede na freguesia de Ramalde, no Porto. A zona da Boavista
é geralmente conhecida pela enorme praça de Mouzinho de Albuquerque, também
chamada de Rotunda da Boavista, sendo assim a maior praça da cidade do Porto.
O sítio da Boavista alberga também dois edifícios conhecidos, a Casa da Música
e o Centro Comercial Brasília. O primeiro é a principal sala de espetáculos do Porto,
funcionando como acolhedora de inúmeros eventos, desde concertos a exposições ou
mesmo atividades educacionais.
O Boavista Futebol Clube é um clube com dinamismo
sobretudo no Futebol mas é multifacetado com rede desportiva
no ciclismo, boxe, xadrez, boccia, etc… totalizando, assim, 16
modalidades.
O seu apogeu futebolístico remonta ao ano de
2000/2001 em que se sagrou campeão da primeira liga
portuguesa, com o treinador Jaime Pacheco a comandar as tropas axadrezadas, sob a
presidência de João Loureiro.
Uns anos mais tarde passou por uma debilidade financeira, chegando inclusive à
bancarrota, e após bastantes ações comunitárias em detrimento do clube por parte dos
adeptos, o Boavista FC conseguiu erguer-se e apresenta-se atualmente na segunda
divisão zona norte, defrontando equipas como o Chaves, Varzim e Infesta.
ILUSTRAÇÃO 2 –
Logótipo do Boavista
Futebol Clube
7
Em 2010 o Boavista ligou-se às escolas de formação do AC Milan em Portugal
com o intuito de que estas tomassem a liberdade de conduzir os atletas em formação
para posteriormente colocá-los na esquipa boavisteira em troca eram utilizadas as
instalações do clube axadrezado.
A inauguração de uma escola Milan em Portugal é explicada pela cultura de
futebol intrínseca no país.
Segundo o site do Milan, a primeira escola de futebol de formação do AC Milan
abriu em Portugal utilizando as estruturas do estádio do Bessa, na Boavista no dia 27 de
Agosto de 2010. Mas é a 10.ª que o clube italiano possui fora do seu país. As escolas de
formação do AC Milan são detentoras do maior número de títulos do mundo. O projeto
das escolas de formação de jovens do AC Milan nasceu em 1999.
Esta escola italiana, através das equipas técnicas tenta transmitir a todos os
jogadores valores que admitem defender, assim como: liderança, organização,
competência, ambição, inovação, dedicação, cultura de vitória, ética, confiança,
responsabilidade social, eficiência, educação e vanguardismo.
Para além das equipas técnicas e dos administradores, os recursos humanos
abrangem também os departamentos da Fisioterapia, da Nutrição, da Psicologia, da
Pedagogia e do Scouting.
As escolas estão destinadas a jogadores dos 3 aos 18 anos, com ou sem
experiência ou pretensões desportivas futuras. Também dá lugar a treinadores
qualificados e a futuros treinadores.
A estrutura do clube é a seguinte:
Ilustração 3 – ORGANOGRAMA DA ORGANIZAÇÃO DA ESTRUTURA DA MILAN SCUOLA CALCIO
PORTUGAL
Esta escola também possui um ponto essencial que ajuda a identificar a escola de
uma forma positiva, possui modelos de trabalho os quais os treinadores devem seguir.
Modelos que ajudam a dar uma identidade própria ao clube no que toca nos processos
de jogo, comportamentos, idealizações, ambições, etc… modelos que vou passar a
explicar.
9
MODELO TREINO MILAN
Um dos princípios metodológicos do Milan é que todas as equipas se comportam
seguindo o mesmo modelo. Este modelo diz que as sessões de treino são sempre
enquadradas com os princípios gerais de treino, aplicando sempre os seguintes objetivos
nos exercícios durante uma sessão.
O Princípios dos 4 exercícios é uma orientação para o treinador que consiste
em aplicar num padrão competitivo, que treina 3 vezes por semana e com a duração de
1h por sessão constituída por 4 exercícios. Ficámos então com o seguinte:
1º Exercício - Foco especial no desenvolvimento técnico, surge através de linhas
de treino técnicas com dinâmicas, orientadas em função das necessidades de cada
posição de jogo, fugir/sair do analítico e do comum, procurar com critério variabilidade
técnica dentro do processo de jogo.
2º Exercício - Desenvolver as capacidades coordenativas, técnicas de corrida e
variabilidade de ações técnicas coletivas, a ideia passa por conseguir estabelecer
circuitos, estações em formatos de espaços reduzidos de forma a elaborar elevado grau
de toma de decisão.
3º Exercício - Fase de aplicação de um dos 4 momentos de jogo, sempre com
foco especial em exercícios de posse bola, procurar atingir sub estruturas do jogo,
recortar muito os momentos e aplicar as ideias do jogo.
4º Exercício - Fase de aplicação do jogo, estrutura-lo em função dos
objetivos/sub comportamentos a atingir em cada fase.
CARACTERIZAÇÃO NA GESTÃO DO TREINO
Partindo do princípio que cada sessão de treino tem a durabilidade máxima de
1h15 é pertinente e essencial rentabilizar ao máximo o tempo de ação/dinâmica de
treino e como tal é fulcral respeitar os seguintes passos:
Nos momentos de transições ter sempre todos os jogadores em
ação técnica;
A sessão deve de ser pensada sempre de forma a não existirem paragens
para entrega de coletes, explicação excessiva no campo;
Devem de explicar os exercícios aos jogadores no balneário de forma a
aproveitar tempo de treino;
Tentar que as botijas de água estejam próximas do espaço de treino;
Ter perceção de boa gestão do espaço de treino e comunicação
de motivação/empatia.
11
TABELA 1 Modelo da gestão semanal do treino MODELO DA GESTÃO SEMANAL DO TREINO
Treino Nº 1 - 1h15 D
ata - Escalão - Equipa técnica - Unidade -
PPrriinnccííppiiooss GGeerraaiiss PPrriinnccííppiiooss EEssppeeccííffiiccooss Objetivos Focalizado na descompressão mental Ativação lúdica com contextualização técnica Exercício 1 Espírito de grupo Técnica individual Exercício 2 Índices de concentração + baixos Posse bola complexidades baixas Exercício 3 Complexidade baixa Situação jogo – princípios de jogo 1.1 - 1.2 – 1.3 – 1.4 Exercício 4 Aperfeiçoamento técnico
Treino Nº 2 - 1h15 D
ata - Escalão - Equipa técnica - Unidade -
PPrriinnccííppiiooss GGeerraaiiss PPrriinnccííppiiooss EEssppeeccííffiiccooss Objetivos Grandes princípios orientadores de jogo Técnica coletiva/circuitos coordenativos Exercício 1 Aperfeiçoamento tático Princípios de jogo 1.1 – 1.2 - 1.3 - 1.4 Exercício 2 Índices concentração elevados Princípios de jogo 1.1 – 1.2 - 1.3 - 1.4 Exercício 3 Exigência elevada Princípios de jogo 1.1 – 1.2 - 1.3 - 1.4 Exercício 4
Treino Nº 3 - 1h15 D
ata - Escalão - Equipa técnica - Unidade -
PPrriinnccííppiiooss GGeerraaiiss PPrriinnccííppiiooss EEssppeeccííffiiccooss Objetivos Índices de concentração moderados Técnica finalização Exercício 1 Preparação para jogo Estruturas estáticas defensivas 1.1 – 1.2 – 1.3 – 1.4 Exercício 2 Correções aspetos competitivos Estruturas estáticas ofensivas 1.1 – 1.2 – 1.3 – 1.4 Exercício 3 Aperfeiçoamento das estruturas estáticas; Situação jogo – princípios de jogo 1.1 - 1.2 – 1.3 – 1.4 Exercício 4
13
MODELO DE CARACTERÍSTICAS POSICIONAIS PRETENDIDAS
Como qualquer outra equipa, o Milan tem estereotipado o tipo de jogadores que
pretende para cada posição, e uma direção específica para orientar os jogadores para
esse mesmo modelo.
Há notoriamente algumas características mentais que se repetem, isto porque a
disciplina mental é algo que é muito valorizado por nós, Milan.
GUARDA-REDES
Técnico-Táticas:
Primeiro Jogador a iniciar o ataque;
Domina o jogo com os dois pés;
Acompanha a movimentação ofensiva da equipa;
É permanentemente uma linha de passe recuada para reconstrução do ataque;
Capacidade de objetiva e inteligentemente dar continuidade aos momentos de
construção
Mentais:
Concentrado;
Comunicativo
Confiante
Físicas:
Rápido
Estatura elevada
Ágil
DEFESAS LATERAIS
Técnico-Táticas:
Dar Amplitude e Profundidade, participando nas ações ofensivas pelo corredor;
Leitura e Toma de decisão;
Receber inteligentemente mediante a variabilidade do jogo;
Dar continuidade aos momentos de organização ofensiva como de transição
ofensiva;
Mobilidade ofensiva- Desmarcações;
Criar desequilíbrios pelo sector lateral;
Dominar perfeitamente as técnicas de passe/receção, drible e cruzamento.
Mentais:
Perspicaz
Concentrado
Comunicativo
Determinado
Desequilibrado
DEFESA CENTRAL
Técnico-Táticas:
Leitura e perceção do jogo
Realizar uma rápida e inteligente circulação de bola
Realizar coberturas ofensivas
Precisão e timing de passe
Facilidade na orientação do passe/receção com ambos os pés
Participar nos lances de bola parada
Dominar as técnicas de passe/receção, orientação corporal e cabeceamento
Físicas:
Rápido
Boa resistência aeróbia
Ágil
Boa resistência anaeróbia
15
Mentais:
Perspicaz
Concentrado
Comunicativo
Determinado
Agressivo
MÉDIOS DEFENSIVOS
Técnico-Táticas:
Através da sua compreensão, leitura e perceção de jogo, dar amplitude e
profundidade ao jogo ofensivo
Definir o ritmo de jogo nos diferentes momentos
Assumir Funções de liderança e de organização de jogo, de forma simples,
objetiva e inteligente
Mobilidade em espaços ofensivos
Dominar na perfeição a técnica de passe/receção, orientação corporal, jogo aéreo
Mentais:
Perspicaz
Concentrado
Comunicativo
Determinado
Líder
Poder de decisão elevado
Físicas:
Rápido
Boa capacidade de resistência
aeróbia
Estatura elevada
Bons índices de força
Lateralidade
Físicas:
Rápido
Boa resistência aeróbia e
anaeróbia
Estatura elevada
Bons índices de força
MÉDIOS INTERIORES
Técnico-táticas:
Através da sua compreensão, leitura e perceção de jogo, dar amplitude e
profundidade ao jogo ofensivo
Definir o ritmo de jogo nos diferentes momentos
Assumir funções de liderança e de organização de jogo, de forma simples,
objetiva e inteligente
Mobilidade em espaços ofensivos
Dominar na perfeição a técnica de passe/receção, orientação corporal, jogo aéreo
Mentais:
Perspicaz
Concentrado
Comunicativo
Determinado
Líder
Poder de decisão elevado
MEDIO ALA/EXTREMO
Técnico-Táticas
Dar amplitude e profundidade, participando nas ações ofensivas pelo corredor
Leitura e tomada de decisão
Receber inteligentemente mediante a variabilidade do jogo
Dar continuidade aos momentos de organização ofensiva como de transição
ofensiva
Mobilidade ofensiva – Desmarcações
Criar desequilíbrios pelo setor lateral
Dominar perfeitamente as técnicas de passe/receção, drible e cruzamento
Físicas:
Rápido
Boa resistência aeróbia e
anaeróbia
Estatura elevada
Bons índices de força
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Mentais:
Perspicaz
Concentrado
Comunicativo
Determinado
Desequilibrador
Imprevisível
AVANÇADO
Técnico-Táticas:
Dar profundidade ao ataque
Jogar de costas para a baliza
Dominar os tipos de desmarcação
Criar espaços e arrastamentos
Finalizar com ambos os pés e cabeça
Dominar perfeitamente as técnicas de passe/receção, drible e cabeceamento
Agressividade, objetividade e velocidade na área e no 1 x 1.
Mentais:
Perspicaz
Concentrado
Comunicativo
Determinado
Destemido
Poder de decisão
Físicas:
Rápido
Boa resistência aeróbia e
anaeróbia
Ágil
Físicas:
Rápido
Bons índices de força
Boa resistência anaeróbia
19
LIGAÇAO APRENDIZAGEM-PRÁTICA
Nas disciplinas de Aprendizagem e Controlo Motor e Desenvolvimento Motor e
Análise de Motricidade aprendemos que a análise do comportamento do movimento
corporal ou dos segmentos estão diretamente relacionados com a biomecânica e
neurofisiologia, então percebe-se que caso as ligações neurológicas estejam em
formação ao mesmo tempo que os segmentos corporais estejam em crescimento vai
resultar uma deformidade no movimento e no controlo do mesmo, assim como dificulta
a interação com o meio envolvente.
Pois, também é sabido que o movimento resulta de uma operação mental
memorizada (fase da codificação, fase do armazenamento e fase da evocação), o que
significa que na fase de desenvolvimento e crescimento em que os atletas mais novos se
encontram é normal que a aprendizagem de um movimento técnico com bola, por
exemplo, seja mais difícil de assimilar e repetir corretamente se o crescimento do atleta
esteja a ocorrer demasiado depressa. Magil (2001, citado por Carolina, 2012) refere que
“a aprendizagem motora diz respeito às alterações na capacidade de um individuo para
desempenhar uma habilidade. Pressupõe uma melhoria relativamente permanente no
desempenho como resultado da prática ou da experiência”.
Godinho et al (2002, citado por Carolina, 2012), diz que a aprendizagem é
observada “quando consideramos o comportamento na perspetiva da sua transformação
ao longo de um determinado período de tempo, por efeito da prática”.
Os atletas normalmente não respeitavam os 3 tipos de componentes de uma
habilidade motora (Magil, 2001 citado por Carolina, 2012).
Componentes relativamente à postura
Componentes relativamente ao transporte corporal
Componentes relativamente à manipulação para produzir a ação
E por isso, o ensino nestes escalões mais jovens incide numa primeira fase sobre
estes aspetos técnicos, como a receção de bola orientada, o passe, o remate, as fintas de
corpo básicas, o remate, as bolas altas, entre outros…
Estas foram algumas dificuldades que observei quando acompanhei estes
escalões. Por exemplo, notava-se bem as dificuldades no controlo de bola quanto à
posição do pé dominante, na técnica de corrida com e sem bola, no movimento corporal
desajeitado no momento da finta, na postura corporal tensa no momento de receção da
bola e muitos outros exemplos, e por isso era algo que se incidia bastante nas camadas
mais jovens e nos escalões mais velhos de formação, pois também estes tinham pouca
ou nenhuma experiencia futebolística.
Já no que diz respeito aos ensinamentos da disciplina de Atividade Física
Adaptada (a crianças, mais especificamente) ela mostrou-me com clareza que desde
cedo a criança começa a praticar atividade física. Ela ainda não tem os movimentos
corporais desenvolvidos e já tem ânsia por correr, jogar, brincar. Pode-se dizer que o
desporto para as crianças é adaptado por ser item de comparação com o desporto
praticado por adultos e por isso existe uma desvantagem/incapacidade no momento da
realização das tarefas. É útil para a recreação e processos mentais que as crianças devem
desenvolver.
Abaixo estão descritas algumas estratégias utilizadas nos atletas mais novos de
modo a proporcionar-lhes a melhor evolução e desenvolvimento desportivos (Garganta,
1995, citado por Sacadura, 2011):
A aprendizagem deverá ser faseada e progressiva, do fácil para o difícil, do
simples para o complexo;
A divisão do jogo em fases tem de respeitar sempre o que o jogo tem de
essencial, a cooperação, a oposição e a finalização;
Formas lúdicas com regras simples, com poucos jogadores e espaço reduzido,
permitindo um grande número de ações e finalizações, são as mais indicadas;
O jogo deve estar sempre presente.
21
Os exercícios propostos para as crianças devem ser simples, pois grande parte
das crianças não têm conhecimentos nem capacidades para se desenvolverem sozinhas.
Por isso os exercícios não devem ser complexos, e na altura de explicar o exercício, o
treinador deve realizar o exercício. Isto porque as crianças têm mais facilidade na
compreensão do exercício se virem como se realiza em vez de explicado verbalmente.
A diferença que reparei neste âmbito entre vários escalões é que nos mais novos
(escalões 2005/2006) eu tinha de explicar todos os processos de treino por
exemplificação enquanto nos mais velhos só era necessário em exercícios táticos novos
e complexos, todos os restantes exercícios bastava dar a instrução básica que eles
compreendiam prontamente os objetivos gerais e específicos do exercício.
No que diz respeito às etapas de evolução do ensino do futebol, estes passos são
essenciais para respeitar o desenvolvimento mental e tático da criança (Pacheco, 2001) e
Wein (1995, citado por Sacadura, 2011):
1. Relação do jogador com a bola (eu e a bola) – obter o domínio da bola e o
equilíbrio do corpo no momento do drible
2. Relação do jogador com a bola e com a baliza (eu a bola e a baliza) – concluir
eficazmente as ações de jogo (finalização) e construir a noção de defesa da
baliza
3. Relação do jogador com a bola, com a baliza e com o adversário (1 x 1) –
Construir a noção da presença do adversário
4. Relação do jogador com a bola, com a baliza, com o colega de equipa e com
o adversário (jogo coletivo) – criar o hábito de se deslocar e de estar em
constante movimento para passar e receber a bola, privilegiando o jogo a 2
5. Relação do jogador com a bola, com a baliza, com os adversários e com os
companheiros (o jogo a 3 ou mais) – jogar com os companheiros,
progredindo no terreno e tendo uma noção da ocupação racional do espaço de
jogo.
6. Relação do jogador com a bola, com a baliza, com os adversários e com a
equipa (a transição e organização defensiva e ofensiva) – desenvolver as
tarefas e as funções do jogo em equipa nos processos de transição e
organização defensiva e ofensiva, ocupando racionalmente o espaço de jogo.
Esta questão das fases de aprendizagem pude ver aplicada também porque é um
método quase obrigatório e que se deve respeitar para que a evolução do individuo seja
mais eficaz. Nos atletas mais novos os exercícios eram simples em que começavam com
adaptação a bola com a utilização de cones e obstáculos, já numa fase média em que à
partida já tinham estas questões básicas (técnica individual, adversário e baliza)
assimiladas, e entravam as questões táticas para facilitar a aprendizagem das posições
colocavam-se sinalizadores a limitar os espaços que os atletas podem ocupar para
começarem a ganhar consciência. E são este tipo de estratégias que se utilizam para
facilitar esta aprendizagem por fases, pois se colocássemos imediatamente os atletas na
última fase, eles eventualmente até conseguiam realizar o exercício mas era
incompreensível e difícil de assimilar para posteriormente aplicar em jogo.
Para que a criança evolua como pessoa, Wein (1995, citado por Sacadura, 2011)
destaca quais deviam ser os objetivos da formação:
Oferecer à criança situações ricas e variadas em contacto com a bola;
Dar ao principiante a possibilidade de se expressar, qualquer que seja o
seu nível de prática, através de seu conjunto de vários jogos que
respeitem o seu estado mental e físico
Motivar o atleta, tanto pela frequência de contactos com bola como o
número de golos que é capaz de marcar em cada um dos seus jogos
simplificados.
Por outro lado de modo a contribuir para esse crescimento, para Adelino, Bento
e Coelho (1999, citado por Sacadura, 2011), os objetivos do treinador são:
Contribuir para a formação do jovem em todas as suas facetas
Criar as premissas indispensáveis para os jovens alcançarem, em cada
etapa, o nível ótimo do seu desenvolvimento
Desenvolver o gosto e o hábito da prática desportiva regular
Desenvolver nos praticantes uma atitude positiva de participação e
persistência
Orientar as expetativas dos jovens num sentido realista
Garantir a aprendizagem e o aperfeiçoamento das técnicas básicas.
23
É importante perceber e respeitar que as crianças possuem uma enorme margem
de progressão e sobretudo que cada criança tem uma evolução característica, própria e
diferente, ou seja umas evoluem mais precocemente que outras. Então um dos
objetivos do planeamento de atividade física para as crianças é gerar uma criança
saudável e divertida, que envolve gastar as energias próprias da idade e também distrai-
las das preocupações como a escola, os pais, etc; em detrimento da especialização
precoce que pode trazer alguns malefícios. Além disto, a atividade física e o desporto
estimulam o crescimento, promovendo um bom desenvolvimento muscular, pulmonar,
cardíaco e vascular. Esta também é uma das preocupações da escola, portanto passa por
deixar os miúdos contentes com a prática. Sendo assim a escola realizou e participou em
alguns eventos e convívios para que os atletas tivessem algumas experiências novas e
retirá-los de alguma monotonia. Algumas vezes fomos com todas as camadas de
formação para o Parque da cidade ter treinos mais didáticos e divertidos, outras vezes
colocámos esses mesmos atletas em torneios para ganhar alguma experiencia
competitiva e que eles adoravam, porque relembro que estas equipas de formação
apenas treinam para assim que estiverem aptos integrarem equipas de competição na
Associação de Futebol do Porto.
Nos jovens devemos privilegiar o gosto pela modalidade, a criação de hábitos
desportivos, de disciplina, higiene, aquecimento, etc. Pois o treinador acaba por ser um
complemento importante aos pais e professores do atleta, no que diz respeito à sua
educação e à sua formação como pessoa e cidadão. Até porque há vários tipos de pais e
que fazem diferentes tipos de pressão, nomeadamente nos dois polos, o pai que
pressiona o filho/atleta a ter êxito, e aquele que nem sequer se interessa sobre as
atividades do filho. Há pais que direcionam a sua pressão para o treinador, situação que
se pode tornar espinhosa caso haja desacordo, ou sobre o árbitro.
Tipos de Pais:
Desinteressados
Supercríticos
Impulsivos durantes os jogos
“Treinadores de bancada”
Super protetores
Quanto aos pais dos atletas em suma não tiveram comportamentos indignos,
embora esporadicamente um ou outro pai se exaltasse na bancada, pois também eles
estão dentro do modelo comportamental que a escola privilegia. Por outro lado, em
algumas equipas que defrontámos tinham na bancada a apoiá-los pais que ficavam
aquém de um modelo comportamental ético, em que pressionavam constantemente os
árbitros, os treinadores ou mesmo os próprios filhos/atletas, o que prejudicava todo o
ambiente de jogo e destabiliza o forro mental dos atletas instigando-os a
comportamentos violentos física e verbalmente. Algo que me entristece visto serem
atletas jovens e que mais tarde transportam estes comportamentos para o futebol
profissional, deixando o futebol um desporto feio.
No treino de formação existem algumas dualidades também no que diz respeito
ao que abordar no treino de crianças e jovens. Nas crianças mais novas 5-8 anos,
pertencentes a escalões de formação, o treino deve ter uma ação lúdica que os motive e
os entretenha, e claro sempre com uma situação de jogo para começarem a adquirir
princípios básicos, a nível tático (posições e comportamentos sem bola) técnico (passe e
algumas fintas) e também algumas regras essenciais. No treino de jovens mais velhos já
se podem incluir jogos de número reduzidos, capacidades técnicas (como a finalização,
bolas altas) e táticas (movimentações, bolas paradas)
Pude constatar este facto porque uma vez que acompanhei um grupo de crianças
(6- 10 anos) e de fato elas necessitavam mais de ações lúdicas porque demonstravam
falta de interesse em tarefas mais complexas e limitadas onde a ideia era transmitir por
exemplo aspetos táticos; enquanto nos mais velhos (de 13-15 anos) demonstravam mais
aptidões para exercícios táticos pois compreendiam melhor o que lhes era pedido e o
porquê e compreendiam também que ajudava tanto no jogo individual como coletivo
propulsionando melhores resultados desportivos. Mesmo em conversa com alguns
atletas no final do treino, ao lhes confrontar com esses mesmos aspetos eles
demonstravam assertividade na resposta e compreendiam a razão subjacente às ações e
comportamentos que lhes sugeria.
Há muito trabalho pela frente com os jovens, pois eles valorizam mais a
componente técnica e menos a tática, de modo que um dos objetivos de um treinador de
jovens é essencialmente focar que uma complementa a outra sendo indissociáveis.
25
Por exemplo Matveiev (1986, citado por Ferreira, s/d), considera a Técnica
como o modelo ideal da ação competitiva (mental, verbal, gráfico, matemático ou outro)
elaborado com base na experiência prática ou mesmo teórica. Por outro lado Weineck
(1994) citado pelo mesmo autor entende a Tática como o comportamento racional,
regulado pela própria capacidade de rendimento do praticante, do adversário e das
condições exteriores, no confronto individual ou coletivo.
Riera (1995, citado por Ferreira, s/d), entende que à noção de técnica se
encontram relacionados 3 aspetos:
A execução de uma ação;
A interação com a dimensão física onde a ação é realizada;
Eficácia da ação.
Já quanto à tática o mesmo autor fala de outras 3 ideias:
O alcance de um objetivo;
A existência de um oponente que contrarie essas conquistas;
As condições ambientais variáveis.
Castelo (1996, citado por Ferreira, s/d), torna as duas indissociáveis dizendo que
“o gesto técnico é inseparável da tática desportiva, exprimindo-se na noção de ação
(gesto) técnico-tática”.
Basicamente o que isto quer dizer é que não existe uma modalidade coletiva em
que um gesto técnico não seja utilizado para resolver um problema de jogo e que ao
mesmo tempo não existe nenhuma ação tática que possa ser resolvida sem o apoio
técnico dos atletas.
Ainda sobre o treino nos mais jovens, a intensidade e as cargas devem começar
reduzidas e ir aumentando gradualmente, de escalão em escalão. Principalmente nesta
fase da adolescência, em que todos os segmentos corporais estão em crescimento, é
preciso que haja alguma preocupação com a intensidade porque alguns exercícios
podem levar a uma atrofia ou lesão. Fora as várias lesões musculares devido ao esforço
ou traumáticas que ocorrem nas disputas da bola, na minha equipa tivemos um caso de
uma doença osteopática - Osgood-Schlatter, que consiste numa dor localizada na
tuberosidade tibial especialmente devido à tensão local, exercida pelo músculo
quadríceps durante sua contração.
Os adolescentes atletas são os mais afetados, principalmente os que praticam
atividades que envolvem maior participação do músculo quadríceps como o
basquetebol, o futebol, o ciclismo, saltos e corridas (Lourenço 2000, citado por Borges,
2011).
Depois surge uma afirmação para quem defendia a saúde dos jovens
desportistas, “a criança joga, faz educação física mas não treina”. Ou seja, esta frase
transporta a atividade física na criança para as atividades lúdicas e didáticas porque as
crianças são movidas a alegria e divertimento. Mesmo a educação física tem uma
definição distinta do treino, enquanto a primeira faz alusão a uma generalidade de ações
físicas e diversos desportos para o bem da saúde, o segundo proporciona a melhoria e
especificidade com a intuição de ganhar, de competir e de superação.
Já na Pedagogia falou-se e fala-se sobre o modo de comunicação com crianças, a
linguagem que se utiliza e se adapta de acordo com o tipo de criança que estamos a dar
o feedback.
A Pedagogia é designada como “a ciência da educação das crianças e arte e a
técnica de ensinar. De uma forma mais geral, a pedagogia é a reflexão sobre as teorias,
os modelos, os métodos e as técnicas de ensino para lhes apreciar o valor e lhes procurar
a eficácia. A pedagogia destina-se a melhorar os procedimentos e os meios com vista à
obtenção dos fins educacionais” (Ramiro Marques).
Esta arte ensina que a complexidade da linguagem do treinador para um atleta
tem de se adaptar conforme a idade e maturidade deste, ou seja, quando o treinador se
dirige para uma criança, a linguagem deve ser básica, simples, de modo a que o jovem
entenda sem grande dificuldade. O treinador deve também adaptar a fala e o tom de voz
para que a criança sinta afinidade ou autoridade de acordo com a necessidade da
situação. Por exemplo, para crianças realmente jovens (4-8 anos) é aconselhável que o
treinador/professor utilize um diálogo fantasioso, metafórico e “acriançado”.
Por exemplo, eu como durante a semana orientava uma equipa de escalões sub15
e ao sábado escalões de formação sub9, por vezes cometia o erro de utilizar
terminologia mais complexa com os mais jovens e obviamente demonstravam
27
dificuldade em me perceber e então eu tentava utilizar um vocabulário mais percetível
para eles.
À medida que o jovem amadurece o discurso muda e isto reflete-se na imagem
do jogador. Também é importante saber qual a intenção que o jogador tem na prática
desportiva para também saber que exigências colocar, e consequentemente, qual a
melhor maneira de o abordar nas ocasiões propícias de maneira a ter o melhor feedback.
Isto até admito ser fulcral, até porque dentro do grupo da minha equipa deparei-
me com situações em que alguns atletas tinham pretensões diferentes das nossas (equipa
técnica) o que levava a algum descontentamento da parte desses mesmos jogadores.
Alguns queriam jogar em posições diferentes, alguns achavam que estavam a ser
subvalorizados e portanto queriam jogar mais, ou sobrevalorizados achando que o treino
tinha altas intensidades e que não as podiam acompanhar. Uns contentam-se com o
empate ou mesmo com as “vitórias morais” e outros não, tendo que adaptando o
discurso para uns e para outros. Numa altura em que faltavam 3 jogos para acabar a
primeira fase do campeonato, antes das férias de natal, convocámos uma reunião de
equipa para traçar alguns objetivos para esta reta final e então lançámos a seguinte
questão aos jogadores: “Quantos golos vamos marcar e quantos golos vamos sofrer?” e
deparámo-nos com várias respostas desde números concretos realistas e irrealistas a
respostas do género “marcar o mais possível e sofrer o menos possível”. Conclusão,
nós, equipa técnica, lançámos os números concretos e realistas e a partir desse momento
toda a equipa lutou para o mesmo objetivo, conseguindo também observar uma maior
união e entreajuda.
“A criança não é uma miniatura de adulto e a sua mentalidade não é só
quantitativa, mas também qualitativa diferente da do adulto, de modo a que a criança
não é só mais pequena, mas também é diferente” (Claparede citado por Weineck, 1991,
p.246) e por isso não podemos pedir o mesmo aos dois e mudar apenas a carga por
exemplo, há todo um entendimento do que é a crinça e as suas necessidades das quais
temos de separar das de um sénior e portanto ir aproximando com o tempo essas
diferenças.
Para Vygotsky (1984, citado por Oliveira, s/d) o ato de brincar possui um papel
de grande importância na constituição da inteligência infantil. Para este autor é a brincar
e a jogar, que a criança mostra a sua situação cognitiva, visual, auditiva, tátil e motora,
além da forma como aprende a entrar numa relação com os eventos, as pessoas, coisas e
símbolos.
Segundo Illich (1976, citado por Oliveira, s/d) "As atividades de recreações são
muito importantes para o desenvolvimento da criança, tanto para os aspetos físicos e
intelectuais, como para os sociais. A recreação desenvolve na criança quatro tipos de
benefício":
O benefício físico: satisfaz as necessidades do crescimento e cria a
competitividade nas crianças;
O benefício intelectual: o divertimento torna-se agente responsável pela
desinibição e produção de um estímulo mental e altamente fortificante;
O benefício social: os jogos simbolizam uma realidade inatingível;
O benefício didático: as recreações revelam certas aptidões de assuntos
considerados desinteressantes, que através de uma aplicação lúdica, ficam mais
interessantes. Além de contribuir para questões disciplinares, pois, se há
interesse pelo que se ensina, a disciplina acontece.
Eu consegui observar estas 4 componentes evolutivas a um nível prático com os
atletas de formação que participavam apenas em alguns treinos didáticos e atividades
coletivas. Apercebi-me que irremediavelmente a saúde física e a pré-disponibilidade
física para o exercício foi aumentando com a quantidade de prática da modalidade. Na
maior parte das crianças senti também uma evolução mental e intelectual
principalmente relativamente aos conteúdos abordados no treino e nos comportamentos
que também estes foram melhorando. Alguns atletas mais tímidos tiraram proveito
dessas atividades coletivas e didáticas para se integrarem socialmente nas equipas, o que
os ajuda notoriamente a sentir-se bem.
Mudando de tema e direcionar para a Psicologia do Desporto, pude observar que
nas equipas da formação, escalões mais novos, apresentam défice de atenção e
facilidade em distrair-se recorrentemente, tanto no momento da instrução do treinador
como durante as atividades.
Para Dosil (2004: 178, citado por Cid, s/d) atenção é “uma forma de interação
com o meio, na qual o sujeito estabelece contacto com os estímulos relevantes para a
29
situação do presente momento” enquanto que concentração é a “manutenção das
condições de atenção ao longo de um determinado período de tempo”.
Como Abernethy, Summers e Ford (1998: 173, citado por Cid, s/d) concluem, a
performance desportiva está “intimamente ligada ao ato de prestar atenção à tarefa (…)
os treinadores alertam constantemente os atletas para a importância de manterem a
atenção e a concentração” e para estes mesmos autores, atenção significa concentração
mental, estado de vigilância, seletividade, pesquisa mental, processamento de
informação, etc…
Existem inúmeros fatores que afetam a atenção do individuo, como:
• A Idade – a capacidade de atenção aumenta com a idade (singer, 1986)
• As Estratégias Visuais – o modo como um indivíduo observa e perceciona as
situações (Godinho, 1985)
• A Ansiedade – um nível ótimo de ansiedade eleva a capacidade de atenção
(Viana e Cruz, 1996)
• A Característica da Informação – quanto mais complexa, quanto maior o
estimulo, quanto maior a novidade ou surpresa, quanto menor intensidade e
quanto mais movimento do estímulo maior nível de atenção necessária
(Dember e Warm, 1990)
• A Experiência e nível de prática – a experiência e o nível desportivo levam a
uma melhor orientação da atenção para o estímulo que se mostra ser mais
importante (Viana e Cruz, 1996; Samulski, 1995)
Estes fatores servem de suporte para o que acabei de dizer, que as crianças
quanto mais novas menor o índice de concentração e mais facilidade em distrair-se
durante a realização da tarefa. Isto era bastante notório quando o exercício era mais
parado com mais instruções e com menos liberdade de expressão física…
Então, torna-se essencial treinar estes aspetos mentais para obter um melhor
rendimento desportivo, só que existem algumas dificuldades em encontrar “métodos e
estratégias específicos para promover uma melhor atenção” (Cruz e Gomes, 2001: 39)
embora hajam instrumentos de medição e avaliação desta capacidade.
Nesta minha experiencia deparei-me com outro problema, a minha equipa
inicialmente não mostrava índices competitivos, embora apresentasse resultados
positivos em casa. Só na fase final se verificou intensidade, concentração, respeito
tático, comunicação, evolução técnica, etc… algo que comprova a teoria de Matveiev
(1981), onde a forma Desportiva é “um processo de adaptação biológica do organismo
ao treino manifestando-se num curto espaço de tempo após um longo período de
preparação”. Estado de predisposição ótima, para a obtenção dos resultados desportivos,
que é adquirido pelo atleta em função da correspondente preparação em cada novo
escalão de preparação”. A forma desportiva “advém da interligação de vários fatores ou
dimensões – técnica, estratégico-táticos, físico ou energético-funcional, psicológico ou
mental”. (Garganta, 1998 citado por Ribeiro s/d). Pois bem, a minha equipa de facto
mostrava falta de maturidade e inclusive alguns jogadores eram instáveis
emocionalmente o que se traduzia em maus resultados, embora os treinos prevalecessem
idênticos física, técnica e taticamente.
A forma desportiva coletiva, entendida no contexto da manobra da equipa
enquanto totalidade, define-se pela maior ou menor coesão, dinâmica,
comunicabilidade, interação, coordenação, mobilidade, equilíbrio, motivação… ou seja,
no privilégio dado a uma determinada organização de jogo (Leal 2004, citado por
Ribeiro, s/d). De facto embora inicialmente não tenha avaliado estes aspetos da coesão,
da comunicação, motivação, interação no grupo desde cedo verifiquei alguns
comportamentos que não são normais num grupo unido e coeso, até porque a maior
parte destes jogadores conheceram-se neste ano e era de esperar algumas desavenças e
incompatibilidades uma vez que estamos a falar de um grupo de cerca de 20 indivíduos.
Mais tarde, depois de várias intervenções e conversas com os atletas que visavam
ajustar os seus comportamentos, realizei um questionário direcionado para a avaliação
da coesão de grupo (colocado em Anexo) e conclui que a coesão do grupo possui
valores altos e a forma desportiva coletiva melhorou (constatação obtida através dos
resultados conseguidos pela equipa).
Uma vez que a forma desportiva é notada através da observação, por não haver
ferramentas metodológicas concretas e viáveis, chegámos à conclusão de Popper (1991,
citado por Ribeiro, s/d) que sugere o seguinte: “para que os nossos sentidos nos digam
alguma coisa, temos que possuir conhecimento prévio: para podermos ver uma “coisa”,
temos de saber o que são “coisas”. Basicamente a investigação científica nos desportos
coletivos passa por elaborar um método de diagnóstico que permite avaliar o
rendimento dos atletas percebendo assim quando eles estão a agir negativa ou
31
positivamente. Esses métodos surgem para comparar a qualidade das exibições (baseada
nos comportamentos técnico-táticos e físicos). Por exemplo, verificámos que os atletas
estão numa forma ótima quando estão animicamente mais fortes e fisicamente mais
aptos.
Podemos afirmar, então, que a análise/observação da forma dos jogadores passa
por “partir do pressuposto qualitativo em que eu espero que a minha equipa seja capaz
de apresentar um determinado padrão de ações durante o jogo” (Rafael, s/d), sendo que
se essas ações não ocorrerem estamos a enfrentar uma quebra de forma, ou melhor
dizendo, o atleta está física, psicológica, técnica ou taticamente afetado.
A frase que se segue é uma reflexão do conceito de forma desportiva em
confronto com a ligação corpo-mente: “o esforço só faz sentido quando se joga
verdadeiramente; o músculo só conta se o cérebro estiver a funcionar; a velocidade só
tem importância se quem a utiliza souber travar, tal como a coragem só serve de arma
enquanto houver gente com medo” (Dias 2002, citado por Ribeiro, s/d).
33
A minha adaptação ao clube
Na primeira fase desta adaptação, houve sobretudo um reconhecimento do que
são as infraestruturas do clube e a metodologia de treino inclusivamente realizaram-se
algumas reuniões entre treinadores e departamento metodológico para uma melhor
transmissão das ideias do clube. Desde cedo reparei que o clube demonstra possuir
ligações coesas desde os administradores e diretores até aos treinadores e mesmo
jogadores sendo possível em qualquer momento a interação destes. Mesmo os pais têm
um papel ativo no dia-a-dia do clube, assistindo aos treinos e até mesmo chegando
alguns a serem os “team managers”. Desta função faz parte:
Ser intermediário entre os treinadores e os pais, caso haja alguma notícia
relevante, ou alguma situação que afete o treino;
Ser intermediário entre treinadores e árbitros em situações especiais,
como comportamentos de atletas
Preencher fichas de jogo;
Organizar a viagem para os jogos realizados fora de casa;
Tratar dos equipamentos dos atletas;
Etc…
Inicialmente, a alguns treinadores de várias camadas jovens (tanto de formação
como de competição) ainda não lhes tinham sido atribuídos treinadores adjuntos e,
graças à minha precoce chegada ao clube, pude acompanhá-los e consequentemente
observá-los.
Sendo que a minha função inicial foi simplesmente acompanhar os treinadores
principais dos vários escalões de formação e seus respetivos atletas, de modo a
compreender as diversas fases de aprendizagem e de evolução que os jogadores
atravessam. Esta observação levou-me a aperceber de alguns problemas presentes na
formação, mas também algumas virtudes. Problemas que eram mais diluídos nos
escalões de competição. O défice de atenção e a consequente facilidade em distrair-se
eram recorrentes nos jogadores (como já o disse anteriormente), tanto no momento da
instrução do treinador como durante as atividades. A disciplina e atenção eram difíceis
de implementar pela minha parte isto porque não tinha experiencia e nem fazia parte da
minha personalidade impor disciplina, mas fui-me apercebendo que para que o treino
corresse de uma forma ideal era importante que eu fosse mais autoritário até mesmo
para ajudar os treinadores que acompanhei.
Posso então afirmar que a minha fase de adaptação à escola passou pela
observação e uma ligeira interação com a maior parte das turmas que estão integradas
nestas escolas de formação. Levando-me a concluir inúmeros prossupostos intrínsecos
nas disciplinas de Aprendizagem e Controlo Motor, Desenvolvimento Motor e Análise
de Motricidade, Atividade Física Adaptada (a jovens), Pedagogia e claro, Treino
Desportivo que destaquei anteriormente.
Aos escalões de competição é exigido mais do que aos escalões de formação
(resultados, evolução tática e técnica mais rápida, maturação mental dos atletas, etc…) e
por consequência aos treinadores também, e é natural que a postura se adapte. Aos
escalões de formação é apenas desejada a evolução significativa tanto psicológica como
dentro do campo (tática, técnica e física). Sendo assim cada uma das partes sentirá um
nível de pressão diferente e consequentemente um nível interventivo diferente. Mas é
importante não haver um descuido só porque não são esperados resultados, mas sim é
importante trabalhar diariamente ao máximo.
À medida que alternavam os escalões que eu acompanhava também se notava
uma diferença significativa nos jogos lúdicos em comparação à situação de jogo, em
concreto.
35
Era de esperar que os jogadores mais velhos pretendessem mais tempo de jogo,
de competição interna e menos exercícios técnicos, por exemplo, e que os jogadores
mais novos dessem mais importância a aprender uma finta nova, uma vez que careciam
de alguns aspetos técnicos e possuíam enormes defeitos táticos por serem jogadores a
moldar.
Os escalões de formação revelam-se ser boa para um treinador iniciado porque a
maior parte dos jogadores demonstravam debilidades técnicas e fracos conhecimentos
táticos, tendo que na maior parte das vezes chamar à atenção para o básico, como:
• O posicionamento,
• A atitude a ter em alguns lances
• Como realizar da melhor maneira alguns gestos técnicos
• Qual a melhor opção (remate ou passe, e em caso de passe, qual a melhor linha
de passe) a tomar em alguns momentos.
E senti que isto era importante e benéfico pois ganhei confiança nas atitudes
pedagógicas que tinha de tomar, porque inicialmente sentia timidez e insegurança que
me impedia certas vezes de exteriorizar as ideias de jogo. Tendo então sobretudo levado
a uma maturação da minha parte.
Também observei as várias posturas dos próprios treinadores, desde o treinador
mais calmo (com menor frequência de feedback, mais observador) até ao mais
interventivo (com maior número de feedbacks de reação). Penso que as atitudes dos
treinadores variavam sobretudo com o grau de empenhamento motor dos
alunos/jogadores mas também com o escalão. Mas não só, claramente cada treinador
possui uma identidade e postura própria e que esta não afeta necessariamente a equipa,
pois existem equipas que precisam de mais instruções e outras menos mediante o nível
da sua tomada de decisão e automatismos.
Quando me colocaram definitivamente numa equipa a desempenhar o papel de
treinador adjunto nos escalões de 1998/1999 falei com o treinador principal de modo a
perceber as ideias gerais do jogo, alguns comportamentos que ele pretendia que eu
tomasse na minha interação com a equipa, qual o meu papel durante o treino, etc. Mas
ainda assim, senti que pouco a pouco o meu papel foi-se tornando mais polivalente,
começando pelo simples feedback durante o treino e jogos, terminando no papel de
próprio organizador e orientador de exercícios, fisioterapeuta, team manager,
observador (scout), treinador e preparador de guarda-redes, psicólogo, pedagogo,
treinador principal na ausência do treinador, e cheguei à conclusão que ser treinador é
isso mesmo, é entrar em todas as funções e conseguir desempenhar um pouco de todas
elas mediante algumas imprevisibilidades e necessidades momentâneas. Mas claro que a
função de treinador é treinar e orientar uma equipa para o sucesso utilizando os
melhores métodos de treino que tenha a disposição e deve haver, se possível, um
especialista em cada área para não dispersar um treinador da sua função principal.
37
CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO
Os jovens que acompanhei como já foi referido tinham entre 14 e 15 anos, dos
escalões de 98/99 sub-15 que pertenciam à escola de formação Scuola Calcio Milan,
que treinava no Estádio do Bessa, mas que vestiam azul e branco porque representavam
o Clube Desportivo do Torrão, clube com o qual o Milan realizou um contrato para os
seus jogadores representarem este clube que faz parte do Distrito do Porto.
Grande parte dos atletas ao início tinham algumas dificuldades em aceitar a
liderança e o seu comportamento não era o mais correto visto que grande parte
conheceu-se este ano. Nomeámos capitães os 2 jogadores mais experientes, fisicamente
mais corpulentos, psicologicamente mais maduros e dos quais não tínhamos razões de
queixa no que diz respeito ao comportamento.
A maioria eram de 99 e como consequência tinham certa desvantagem física e
técnica com os restantes colegas de 98 o que levou a uma maior dificuldade na
adaptação. A defesa (defesas centrais, laterais e médio defesa centro/pivôt) era o setor
mais físico porque optámos por privilegiar a defesa e em sofrer o menor número de
golos possível e só depois organizar a equipa no seu processo ofensivo.
Acho natural, nesta fase da adolescência haver lugar para a brincadeira, até
porque serve como fator de motivação, mas nestes jogadores houve inúmeros momentos
de irresponsabilidade, mau comportamento e ações imaturas tanto nos treinos, como no
balneário, bem como nos jogos, para os restantes colegas de equipa e para os outros
agentes desportivos. Algo que trabalhamos bastante ao longo da época e obtivemos
resultados.
Ao longo da época fui colocando alguns questionários aos jogadores para ter
uma melhor perceção sobre aquilo que eles sentiam relativamente a diversas situações.
O primeiro questionário visava saber a perceção dos jogadores relativamente à
qualidade de treino, dos colegas de equipa, da equipa técnica e do próprio jogador. As
questões foram criadas por mim e validadas pela psicóloga do clube. As questões foram
criadas de acordo com a informação que a equipa técnica precisava para avaliar o bem
estar dos atletas. O questionário está colocado no Dossier de Estágio
O segundo questionário foi mais direcionado para os comportamentos técnico-
táticos de cada atleta e também este questionário foi realizado por mim. Este
questionário está colocado no Dossier de Estágio
O terceiro questionário foi um Questionário de Ambiente de Grupo, (QAG)
criado por Carron et al (1985) e validado para português que utiliza a escala Likert. Este
questionário procura avaliar a coesão de um determinado grupo de trabalho e neste caso
foi a equipa que eu orientava. Decidi colocar este questionário porque a equipa se
apresentava numa fase menos boa no campeonato e haviam bastantes problemas dentro
do balneário e assim este questionário ajudou-nos a detetar o problema e a arranjar uma
solução para esta fase. Sendo que a harmonia da equipa começou a ser mais vincada.
Este questionário está colocado no Dossier de Estágio
O quarto questionário foi colocado apenas ao guarda-redes da equipa com o
intuito de avaliar os seus diversos estados de ansiedade e confrontar isso com a sua
prestação e resultados dos jogos, de modo a medir a sua importância visto que ele
estava a ter sinais de ansiedade num ambiente pré-jogo. O questionário utilizado foi o
questionário CSAI-2 (Competitive State Anxiety Inventory-2), um questionário com
variáveis multidimensionais que avalia o estado de ansiedade competitiva e foi
inicialmente criado por Martens et al (1983) e posteriormente traduzido e validado por
Raposo (1995). Este questionário está colocado no Dossier de Estágio
39
CALENDARIZAÇÃO
Nesta secção coloquei o calendário anual de assiduidade, estando preenchido
com as horas de estágio cada dia do mês. Entre os horários estipulados inicialmente,
estão também marcados alguns horários relativamente a eventos como torneios,
workshops e convívios. Também estão marcados os dias que faltei ao estágio por
doença. No total perfaz cerca de 470 horas. No mês de julho também realizei estágio,
porque assim me foi pedido, mas como não estava acordado inicialmente, não estão
marcados os dias.
Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun
1 9h-13h
18h-22h 19h-22h
9h45-13h 10h30-13h
2
18h-22h 9h45-13h 18h30-21h30
11h-13h 10h30-13h
3 19h-21h30 10h-13h 9h45-13h 9h45-13h 18h30-21h30 19h22h
4 18h-22h 7h45-12h 18h30-22h 18h-22h 11h-16h 5
18h30-21h30 10h-13h 18h30-22h 9h45-13h 19h-21h30
6 18h30-22h 10h30-13h30
7
9h-13h30 19h-21h30 18h30-22h30
9h45-13h
18h30-21h30
8 9h30-13h
19h-22h 18h30-22h
19h-21h30 11h-13h 9 18h-22h 9h45-13h 10h-12h30 10h30-13h
10 19h-21h30 10h-13h 9h45-13h 9h45-13h 19h-22h 18h30-22h 11 15h-16h30
9h45-13h
9h15-16h45
12 18h-21h 19h-22h 19h-21h30 19h-22h 9h-13h 13 18h30-22h 18h30-22h
10h30-13h30
14 18h30-20h45 9h45-14h 18h-21h 18h30-22h
8h45-13h
19h-22h30
15 10h-12h00
10h30-13h30
19h-22h Doente
19h-21h30 13h15-19h30
16 18h-22h 9h45-13h 15h-18h30 19h-22h 11h-13h Doente
17 18h40-21h 18h45-22h 10h-13h 9h45-13h 7h45-12h30 19h-21h30 18h30-22h 18 18h30-20h 8h45-12h30 18h30-22h 10h30-12h 19 18h30-21h 17h45-
22h15 19h-21h30 10h30-13h 19h-22h 8h45-12h30 18h30-22h00
20 18h15-20h30 10h-13h30
9h45-13h 18h30-22h 18h30-22h 10h30-13h30
21 18h15-20h45 9h-13h30 18h30-21h30 18h30-22h 7h45-11h30 19h30-21h30
22 9h30-12h 19h-22h 18h00-22h 19h-21h30 10h00-13h 23 18h-22h 11h-13h 11h-13h30 24 18h30-22h 10h-18h 9h45-13h 8h45-12h30
19h30-21h30
18h30-22h30
25
18h30-22h30
7h45-11h30 10h30-13h
26 19h-21h 18h-22h Lesão 9h30-13h30 27
10h-13h
18h30-22h 13h-18h Lesão
19h-22h
28 19h-20h45 9h-13h30 18h30-21h30
18h-22h
7h45-11h30
29 10h30-13h30 18h30-22h 19h-21h30
30 14h-16h30) 18h-22h 9h-17h 31 19h30-22h Páscoa 19h-22h
TABELA 2 - Calendário anual de assiduidade
Agora segue-se o Horário semanal do estágio, em que novamente o verde
corresponde à assiduidade. Este horário é um horário regular, uma vez que nem sempre
era possível a presença a estas horas, entrava por vezes mais cedo, saia mais tarde ou
mesmo eventos ou convívios que correspondiam a um maior número de horas ou em
dias que não são os assinalados a verde.
Os treinos eram à segunda, quarta e sexta e jogo ao domingo, mas uma vez que
às segundas era impossível a minha presença por ter aulas pelo que eu compensava a
minha presença aos sábados com as equipas da formação.
Hora/Dia Seg Ter Qua Qui Sex Sab Dom 9
10 11 12 13 14 18 19 20 21 22
TABELA 3 - Horário semanal
41
ESTÁGIO
OBJETIVOS
Os objetivos inicialmente acordados foram:
• Acompanhar uma equipa de competição na função de treinador adjunto
• Observar escalões mais novos de formação
A quantidade de objetivos aumentaram com a necessidade da equipa e do clube,
evoluíram então para os seguintes objetivos:
Programar e orientar exercícios de treino individuais e coletivos
Realizar convocatórias
Dar feedbacks nos treinos e jogos
Participar ativamente em palestras nos jogos e treinos
Orientar a ativação funcional geral da equipa e do guarda-redes no ambiente de
pré-jogo
Elaborar de Relatórios de jogo e relatórios de treino
Realizar observações de outras equipas
43
PROGRAMAR E ORIENTAR EXERCÍCIOS DE TREINO
INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Neste capítulo vou apresentar e explicar alguns exercícios que criei ao longo do
ano e que resolvi aplicar por serem importantes ao nível da organização ofensiva,
finalização e transição defensiva visto serem alguns dos pontos fracos da equipa e
também exercícios utilizados no treino do Guarda-redes, uma vez que eu era o
responsável por esta tarefa.
Neste exercício o objetivo era disciplinar taticamente e sectorialmente os atletas
para que eles respeitassem as posições num processo de organização ofensiva para que
tivessem espaço para a tomada de decisão, pois em cada setor havia igualdade
numérica. Um outro objetivo era potenciar a finalização, mas não esquecendo a
transição defensiva, daí colocar para a equipa branca um contexto de 2 x 1 numa parte
final do exercício, para obrigar a outra equipa a transitar mais rapidamente.
Quanto a este exercício existe de igual modo a limitação espacial, podendo eventualmente ser quebrada com algumas ruturas com e sem bola. A ideia dos setores laterais com superioridade numérica é com apenas 2 ou 3 passes colocar logo a bola na área para um dos 2 Avançados disponíveis (vermelho e amarelo) que trabalharão independentemente um do outro e que encontram pela frente apenas um Defesa e o Guarda-redes. No setor intermédio prevalecia na mesma o 2 x 1 para privilegiar o remate fora da área ou a tabela com o avançado.
Os restantes jogadores realizavam 2 x 2 + joker para se manterem ativos e
depois entrarem no exercício.
45
Estes 2 exercícios são direcionados para a técnica do Guarda-redes, que carecia
de rapidez de execução de alguns movimentos como a saída no 1 x 1, e tinha alguns
defeitos mesmo ao nível da técnica de saída, da queda lateral, força de pés e alguma
agilidade.
Este exercício tinha à disposição 5 bolas espalhadas pela pequena-área, em que
eu sem o guarda-redes saber escolhia uma das 5 e fazia a minha corrida até ela para
rematar e ele tinha de se antecipar. A ideia era levantar-se rapidamente de uma bola e ir
imediatamente para outra, tendo que defender as 5 bolas seguidas.
O objetivo era melhorar a sua rapidez e tomada de decisão na abordagem ao
lance do 1 x 1.
Neste exercício o que era pedido era o trabalho de pés seguido de uma queda
lateral, em que o guarda-redes tinha de fazer skipping baixo até um cone, realizar um
salto (elevando os joelhos até ao peito) e de seguida novamente um skipping baixo até
ao cone, mais um salto, e logo depois uma defesa para um dos lados à minha escolha e
imediatamente após levantar-se e realizar outra defesa no sentido contrário.
47
REALIZAR CONVOCATÓRIAS
As convocatórias antecediam os jogos, e eram realizadas e entregues no último
treino antes do jogo, à sexta. As convocatórias têm informações básicas como o local do
jogo com coordenadas, horas da concentração e do jogo, data e contactos. Segue-se um
exemplar:
ILUSTRAÇÃO 4 - Convocatória
49
DAR FEEDBACKS NOS TREINOS E JOGOS
Como é sabido, há a linguagem verbal (oral ou escrita) e a linguagem não-verbal
(corporal, física, gestual). Segundo Ellis e McClintock (1993) a comunicação verbal
reúne quase sempre uma intenção deliberada na transmissão de uma mensagem. E como
tal, o transmissor procura sempre deixar clara e compreensível essa mensagem,
auxiliando-se ou não de outro tipo de linguagem, mas mesmo assim chegou-se à
conclusão que existe uma diferença entre o significado da mensagem e o significado
que o orador pretende transmitir. Isto porque as expressões faciais (ou forma não-verbal
de comunicação) podem dar a ideia contrária da afirmação, podendo elas não serem
claras e uma vez que têm de ser descodificadas pelo recetor em última análise pode ser
mal compreendidas. Para além disso, os chamados códigos paralinguísticos (o volume
do discurso, o tom, o sotaque, a velocidade e erros na fala) também influenciam a
compreensão e atenção do ouvinte, bem como o estado emocional, a personalidade,
estatuto social, etc, do orador.
Penso que é importante referir que a comunicação não-verbal se guia através de
3 pressupostos, segundo Corraze (1982):
Qualidades físicas, fisiológicas e nos movimentos do corpo;
Objetos associados ao corpo, como roupas, adereços, rituais;
A dispersão dos indivíduos no espaço (físico ou territorial).
Num estudo realizado em 1970 por Birdwhistell concluiu que apenas 35% do
significado de uma conversa correspondia a linguagem verbal e 65% a linguagem não-
verbal. Mehrabian 2 anos mais tarde, obteve resultados similares, mas separando a
linguagem verbal (7%) da linguagem para-verbal (38%) e não-verbal (55%). Esta
discrepância deve-se ao facto que a linguagem não-verbal não é tão linearmente
influenciada pela consciência.
Ao nível do treino todos estes elementos contam para uma melhor transmissão
do feedback. Daniels (2000) citado por Gui Pestana, afirma que quanto mais eficaz for o
feedback acerca de um elemento técnico mais facilmente e mais rápido será a
aprendizagem do atleta e por isso convém estar consciente destes resultados quando se
pretende transmitir conhecimento importante, para que este seja captado da melhor
forma.
O meu tipo de feedback foi evoluindo de acordo com o tipo de feedbacks que eu
percebi que o treinador principal ia administrando. Ou seja inicialmente eu apenas
abordava questões relativas ao posicionamento e ao comportamento do atleta, por
exemplo para o atleta não congestionar o jogo, para no momento da organização
ofensiva dar largura ou profundidade ao jogo, feedback para o atleta não desistir da
disputa, para vascular mais rápido a bola, para rematar, etc etc. Quando fui percebendo
as ideias de jogo que o treinador queria implantar (largura, profundidade, trocas
posicionais, coberturas defensivas, jogo rápido, cruzamentos antecipados, etc etc…) o
meu feedback foi adaptando, que resultava de uma postura mais ativa da minha parte
durante os treinos e no decorrer dos jogos. Os meus feedbacks eram de incentivo, de
correção, repreensão e de congratulação.
Fui aplicando os ensinamentos de Psicologia do Desporto que explica o
feedback como um instrumento mediador entre o treinador e o atleta e que pode ser
chamado de comunicação. Esta tem dois propósitos indissociáveis: a interação e a
integração. A interação entre 2 ou mais indivíduos pressupões claramente comunicação
verbal ou não verbal, e para que haja integração de um individuo num grupo é
necessário essa mesma comunicação de modo a que o grupo possa conhecê-lo e
consequentemente aceitá-lo ou não.
Para terminar, penso que é fulcral sublinhar alguns conselhos para obter
melhores reações ao feedback, sugeridos por Martens (1998) citado por Gui Pestana:. as
mensagens devem ser curtas, diretas, completas, específicas, positivas e construtivas,
enviar uma mensagem de cada vez para não sobrecarregar com informação e as
mensagens verbais terão de corresponder à comunicação não-verbal. É importante que
assim seja pois caso contrário o feedback torna-se impercetível e para além disso não é
aconselhável retirar a atenção e concentração do atleta do jogo.
51
PARTICIPAR ATIVAMENTE EM PALESTRAS NOS JOGOS E
TREINOS
“Definimos liderança como a capacidade de influenciar um grupo em direção ao
alcance de objetivos”
(Robbins 2002: 304).
“Os líderes precisam de ter a habilidade de influenciar o comportamento de
outras pessoas”
(Cohen e Fink 2004: 252).
O carisma e a empatia que os líderes geram nos seus seguidores podem levá-los
a superarem-se e a conseguirem resultados inesperados, simplesmente porque as
pessoas seguem o líder, confiam nele e acreditam que sob a sua liderança os melhores
resultados serão conseguidos. Ou seja, uma das principais ações do líder passa por
conduzir as emoções coletivas dos seus seguidores de forma a conseguir resultados e
efeitos superiores ao simples desempenho positivo das tarefas. A confiança dos atletas
no treinador envolve risco, de desapontamento ou abuso, porque existe vulnerabilidade.
Como para qualquer outra pessoa eles pensam: “só passo a confiar em alguém quando
acredito, por diversos motivos, que o outro não tirará vantagem das minhas
vulnerabilidades.
Basicamente um líder é um homem direto, frontal, que decide a frio, com rigor,
sem dúvidas e sem emoções. Pretendia-se, desta forma, transmitir, antes de mais, a
segurança do líder. Segurança nas suas competências e segurança nas suas decisões.
Provavelmente eram estes traços de personalidade que me faltavam, ou melhor, talvez
não estivessem tão bem vincados.
Inicialmente, quanto a mim e às palestras em que participava, eu permanecia
calado, porque nunca antes me tinha dirigido a jogadores com o intuito de os motivar,
de os repreender ou por outra razão qualquer. Aos poucos fui intervindo com algumas
afirmações sobre questões que o treinador se esquecia, pois antes de cada palestra eu e
ele reuníamo-nos 5 minutos para discutir os temas que fazia sentido abordar e frisar
durante a palestra.
Mesmo durante os treinos era hábito termos 3 momentos de instrução, a primeira
para dar início ao treino para informar a equipa dos objetivos do treino, outra para
descansar antes de partir para a parte fundamental do treino e para chamar à atenção que
pretendíamos colocar à prova o que fora aprendido anteriormente durante o treino e
outra no final para fazer umas últimas chamadas de atenção, notificar os atletas sobre
algum evento que poderia ocorrer, falar sobre os jogos, etc…
Tendo que orientar sozinho alguns treinos, no momento das instruções consegui
expressar-me bem, mas mantive a informação no básico. Já no que diz respeito aos
primeiros jogos que orientei sem o apoio do treinador principal, embora quisesse fazer
um discurso motivante para os atletas, não senti que a minha liderança fosse forte o
suficiente para eles ficarem empolgados ou concentrados. Neste sentido da motivação,
eu criei um vídeo motivacional recorrendo a gravações feitas em alguns jogos, porque a
equipa vinha numa série de maus resultados e achei importante colocar o vídeo para eles
próprios se lembrarem do que outrora foram capazes de fazer e nunca duvidarem das
suas capacidades. O vídeo acabou por trazer efeitos positivos com uma vitória fora
nesse mesmo dia e uma contínua e alta moral e confiança.
Mais para a frente já conseguia dosear mais facilmente os momentos em que
tinha de ser mais autocrata e os que tinha de me mostrar mais democrata conseguindo
assim obter resultados mais positivos, mas isto também só aconteceu porque sendo a
minha participação mais ativa, os jogadores aperceberam-se das minhas capacidades de
gerir a equipa e confiavam nelas.
53
ORIENTAR A ATIVAÇÃO FUNCIONAL GERAL DA EQUIPA NO
AMBIENTE DE PRÉ-JOGO (TREINO DESPORTIVO)
O Milan tem um modelo de aquecimento que espera que os treinadores
privilegiem e apliquem no ambiente de pré-jogo.
Respeitando esse modelo, o que me restava apenas fazer era dar o feedback
acerca da intensidade, do empenho, dos gestos técnicos, da concentração, atenção e
sobretudo do estado anímico dos atletas.
MODELO DE ATIVAÇÃO PARA O JOGO:
1ª Fase – Exercício dirigido para os objetivos técnicos específicos como o
passe, drible, receção e cabeceamento;
2ª Fase – Mobilização articular como os movimentos sem bola;
3ª Fase – Exercício de posse de bola ao encontro dos elementos estruturais
pretendidos;
4ª Fase – Exercício de finalização.
AQUECIMENTO DO GUARDA-REDES, TAMBÉM NO PRÉ-
JOGO (AQUECIMENTO)
A mim cabia-me dar o aquecimento do guarda-redes porque nunca tivemos ao
dispor de um Treinador especializado que acompanhasse para os jogos. Mas em
conjunto com o Treinador especializado presente nos treinos, desenvolvi um modelo de
ativação do guarda-redes para os jogos.
1ª Fase – nesta fase ele realizava o aquecimento com os colegas, fazendo
trabalho de técnica individual dos membros inferiores como o passe, drible, receção
e cabeceamento;
2ª Fase – Mobilização articular com bola, como corrida lateral e encaixar a
bola no peito, saltos e apanhar a bola no ar, etc…
3ª Fase – Técnica de guarda-redes, com saídas e quedas laterais.
4ª Fase – voltava a participar com o resto do coletivo, tendo que defender os
remates dos colegas no exercício de finalização
55
ELABORAÇÃO DE RELATÓRIOS DE JOGO E RELATÓRIOS DE
TREINO (MODELOS)
Os relatórios dos treinos passaram apenas por registar os exercícios que foram
aplicados na sessão, os seus objetivos e variáveis.
RELATÓRIOS DOS JOGOS
Já os relatórios de jogo são os relatos por escrito do que se sucedeu nos jogos
disputados para o campeonato, destacando quais foram os titulares e os suplentes, o
sistema utilizado, os pontos fortes e fracos da equipa, a organização ofensiva e
defensiva, assim como a transição, a prestação da equipa nas bolas paradas, o
comportamento dos vários agentes desportivos e a avaliação individual de cada jogador
numa escala de 1 a 5.
REALIZAR OBSERVAÇÕES DE OUTRAS EQUIPAS
Hoje em dia no futebol, a capacidade de observação das capacidades e
potencialidades de jogadores, de modo a detetar talentos. Os clubes precisam de um
departamento de scouting, especializado e formado nesta área de modo a conseguir tirar
o melhor proveito, pois quem pertence a esta área possui as mais variadas técnicas e
instrumentos que tornam a observação mais fidedigna e científica. Isto é, se não se sabe
o que se quer observar, como e quando, estaremos apenas a olhar, o que nos ajuda a
concluir que, durante a observação de um jogo, um scout deve sempre saber o que quer
analisar sobre o jogador ou equipa, que métodos de observação tem e em que momentos
do jogo pretende observar.
A certa altura foi-me pedido que realizasse umas observações de uma equipa, e
eu escolhi uma que ficasse perto de casa, neste caso foi o Clube Desportivo de Candal, e
consequentemente elaborasse um relatório de observação, e para isso tive de idealizar
um estereótipo de relatório para poder utilizar para facilitar a observação do jogo. Posto
isto, o modelo do relatório está colocado no Dossier de Estágio.
ILUSTRAÇÃO 5 -
LOGÓTIPO DO CD CANDAL
57
AUTO-AVALIAÇÃO
Chegando ao fim deste ano letivo em que realizei o meu estágio curricular, chego
à conclusão que evoluí bastante ao nível da minha formação como profissional de
desporto e sinto-me apto para continuar a enveredar por este caminho. Inicialmente o
que me ajudou foi perceber as minhas dificuldades e encontrar uma forma de as superar
pois não podia de nenhuma forma estagnar. Comecei tímido dentro da instituição que
me acolheu mas toda a gente dentro dela ajudou-me a superar este estado de timidez.
Senti-me à vontade com o treino e com os jogos, com a sua prescrição e com a
interação com todos os agentes, posso mesmo dizer que é dos meus pontos fortes, bem
como aspetos de assiduidade, pontualidade e interesse.
Sinto-me confortável, também, em lidar com crianças e em motivá-las para o
exercício.
Ter agido em 2º plano, como treinador adjunto, deu-me confiança pois a pressão
não estava tão presente e assim deu para evoluir, até que esta função de 2º plano deixou
de estar tão vincada, sendo assim possível passar para 1º plano, tendo uma atividade
mais presente.
O meu ponto fraco é as metodologias de scouting uma vez que foi a primeira vez
que lidei com esta matéria e nunca ela foi abordada durante a licenciatura.
Outro ponto fraco é a autoridade que imponho, que nunca foi muito forte, mas
penso que o facto de ter começado do zero influenciou e que para o ano uma vez que
vou ter como oportunidade de assumir uma equipa como treinador principal, este traço
ganhe raízes mais fortes.
59
CONCLUSÃO
Os objetivos propostos foram alcançados, tendo ido mais longe e criando alguns
objetivos específicos durante o ano, mediante as minhas necessidades e as da equipa.
Foi gratificante este ano porque pude finalmente interagir com um grupo e pude,
também, verificar os efeitos do treino nos atletas e a minha vocação.
Relativamente a este relatório, ele tem o trabalho realizado por mim durante este
ano com fundamentação teórica e tem descrita a minha evolução.
A instituição que me acolheu apresente excelentes condições tendo em conta o
número de equipas que apresenta, a organização e a conciliação de treinos, espaço e
material disponível ocorriam sempre da melhor forma e em sintonia. A estrutura como
fornece documentos com as suas ideias de jogo, filosofias e métodos de treino facilita
todo o processo de treino e planeamento. As próprias pessoas dentro da organização são
atenciosas, disponíveis e amistáveis o que a torna mais forte, assim como a minha
relação com o treinador principal foi baseada na confiança, amizade e solidariedade o
que acabou por ser uma relação coesa.
Um dos pontos fracos do estágio é o balanço entre as aulas e o estágio, uma vez
que quem pretende acompanhar os treinos semanais de uma equipa fora da Guarda vê-
se impossibilitado caso um dos treinos seja à segunda ou terça, sendo que estes dias
estão planeados com aulas. No entanto, ao contrário dos restantes cursos é possível
acabar a licenciatura em apenas 3 anos e ter o estágio também ele concluído.
Na fase final do estágio, em que a época terminou, foi-me oferecido um cargo
para continuar na estrutura no próximo ano, como treinador principal de uma equipa de
formação, o que me agradou, porque sempre foi o meu objetivo começar na formação.
61
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Vila-Chã, C. (2012). Apontamentos fornecidos pelo docente.
Segue-se uma lista dos jogadores, que fizeram parte desta equipa que
acompanhei, divididos por posições:
Guarda Redes: Diogo Pereira
Nota: Alguns destes jogadores desistiram a por razões diferentes e outros
juntaram-se no período de transferências.
Defesas:
João Costa DC/MD
Gonçalo Costa DC
André Monteiro DD/DE
João Gonçalo DD/DC
Afonso Florim DE
Pedro Teixeira DC
Médios:
Carlos Miguel MD/MI
Miguel Sousa MI
Bernardo Bernardo MI
Jorge Ferreirinha MI
Gonçalo Cunha MI/MO
Rui Esperança MD
Isaac Fernandes MI
Avançados:
Rodrigo Barbosa EE
Tomás Barbosa ED/PL
Miguel Cruz EE/PL
Bruno Coimbra PL
André Cardoso PL
Sebastião Carvalho EE
Legenda:
DC - Defesa Centro DE – Defesa Esquerdo DD – Defesa Direito
MDC – Médio Defensivo MI – Médio Interior MO – Médio Ofensivo