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ESCOLA SUPERIOR DE DESENVOLVIMENTO
RURAL (ESUDER)
DEPARTAMENTO DE PRODUÇÃO AGRÁRIA
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo Produzida
pela DECA- Chimoio.
Licenciatura em Agro-Processamento
Autor:
Aldo José Mabureza
Vilankulo
Novembro, 2015
Aldo José Mabureza
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo
Produzida pela DECA- Chimoio.
Relatório de estágio apresentado ao
Departamento de Produção Agrária,
Escola Superior de Desenvolvimento
Rural - UEM, como requisito para
Obtenção do grau de Licenciatura
Em Agro-processamento.
Supervisora:
Prof.Doutora: Martha Faustina Nápoles García
UEM - ESUDER
Vilankulo
2015
Índice
Dedicatória……………………………………………………………………………..…..………i
Agradecimentos……………………………………………………………………………………ii
Lista de Abreviaturas, Siglas e Símbolos...……………………………………………………….iii
Lista de Figuras, Gráficos e tabelas……………………………..…………………………………v
Lista de Apêndices e Anexos…………………………………………………..…………………vi
Glossário……………………………………………………………………………….…………vii
Resumo…………………………………………………………………………………......……viii
I. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1
1.1. Contextualização. .......................................................................................................... 1
1.2. Problema de estudo ....................................................................................................... 2
1.3. Justificativa.................................................................................................................... 3
1.4. Objectivos...................................................................................................................... 5
1.4.1. Objectivo geral .............................................................................................................. 5
1.4.2. Objectivos específicos:.................................................................................................. 5
1.5. Hipóteses. ...................................................................................................................... 5
II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................................................... 6
2.1. Os Cereais. .................................................................................................................... 6
2.1.1. Qualidade do milho. ...................................................................................................... 7
2.2. Condições tecnológicas gerais no processamento de milho e seus derivados. ............. 7
2.2.1. Armazenamento do milho: ............................................................................................ 7
2.2.2. Fumigação: .................................................................................................................... 8
2.2.2.1. Forma de aplicação e tempo de exposição em silos metálicos. .................................... 9
2.2.3. Processamento do milho................................................................................................ 9
2.3. Balanço de massa na moagem de milho...................................................................... 11
2.4. O sistema HACCP....................................................................................................... 11
2.4.1. Perigo .......................................................................................................................... 12
2.5. Ferramentas de controlo de qualidade......................................................................... 13
III. METODOLOGIA ....................................................................................................... 13
3.1. Descrição do local de estágio. ..................................................................................... 13
3.2. Etapas do processamento do milho na empresa DECA. ............................................. 14
3.3. Determinação dos pontos críticos de controlo. ........................................................... 20
3.4. Colecta das amostras ................................................................................................... 21
3.5. Variáveis controladas e métodos de cálculos fundamentais empregados. .................. 22
3.6. Análise de dados.......................................................................................................... 24
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO. ............................................................................... 25
4.1. Resultados e discussão dos indicadores técnicos avaliados. ....................................... 25
4.1.1. Resultados da identificação dos pontos críticos de controlo (PCC’s) durante o
processo de produção..................................................................................................................... 25
4.1.2. Resultados da qualidade do milho recebido na fábrica. .............................................. 28
4.1.3. Resultados de humidade do milho transportado ao silo. ............................................. 29
4.1.4. Resultados da medição do gás de fumigação e do tempo depois da aplicação do
químico…………………………………………………………………………………………...30
4.1.5. Resultados da medição de humidade dos grãos hidratados......................................... 33
4.1.6. Resultados das taxas de extracção de farinha e farelo de milho ................................. 35
4.2. Análise ambiental dos resíduos gerados...................................................................... 36
4.3. Problemas encontrados e proposta de solução. ........................................................... 36
4.3.1. Descrição do problema................................................................................................ 36
4.3.2. Proposta de solução aos problemas descritos.............................................................. 38
4.4. Análise económica. ..................................................................................................... 39
V. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES................................................................... 39
5.1. Conclusões .................................................................................................................. 39
5.2. Recomendações ........................................................................................................... 40
VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. ....................................................................... 41
Declaração de Honra
Declaro por minha honra, que o presente trabalho de pesquisa é verdadeiro, tendo sido elaborado
usando dentre outros recursos aos quais faço referência ao longo do texto, o estágio profissional.
Vilankulo, Novembro de 2015
Autor
(Aldo José Mabureza)
i
Dedicatória
Aos meus pais José Mabureza e Amélia Sebastião Bobo Pita e meus irmãos pela motivação e
apoio que deram, tornando a realização do trabalho uma realidade.
À Prof. Doutora. Martha García, supervisora do presente trabalho, pela constante entrega aos
desafios encontrados pelo trabalho e aos técnicos da DECA pelo apoio prestado durante o
estágio.
ii
Agradecimentos
Agradeço à Deus, por me abençoar com muito mais do que eu mereço. Pela fé nas lutas,
desafios, tentações e outras situações que me refugie em ti e o senhor me guardou.
Ao meu pai manifesto imensa gratidão particularmente por iluminar o meu caminho,
sempre me ajudando na minha formação e a minha mãe, mulher de grande coração, pela moral e
carinho prestado ao longo da formação.
Ao meu primo Sacire Viagem e sua querida esposa Carla Viagem pelo apoio constante
durante a minha formação. De igual maneira aos meus tios Cliquedes, Nelsinho, Viagem, Paulo e
a minha avo Rosália, mulher que me acolhia aos finais de semana.
Ao meu amigo de longa data, Admire Bonjisse por me alojar em sua casa aquando da
realização do estágio na DECA-Chimoio.
A minha simpática e muito trabalhadora supervisora Prof. Doutora Martha García por
aceitar o desafio de me supervisionar tornado este trabalho uma realidade.
Ao Eng. Jorge Vasco Bila pela incessante força que concedeu me, e dra. Paula, MSc por
aceitar o desafio de terminar as cadeiras no tempo regulamentar do curso tornando possível a
realização do presente estudo no tempo previsto.
Aos meus colegas do curso de Agro-processamento ingresso de 2012, de modo especial
aos colegas do meu grupo de estudo Amiro Dos Santos, Jocelene Dzimba e Estêvão Zita. Aos
meus colegas, amigos (as) e companheiros (as) da escola e internato manifesto a minha gratidão
pelo apoio na efectivação do trabalho, especialmente ao Helder Chicache, Eduardo Vilanculos,
Boaze Tembe, Jaime Nhanguilugana, Aldo Gemusse, Marlene Pedroso, Fernando Chongora,
Xavier Chivale, Eunice Zunguza, Nemésio Chilundo, Leonid Zefanias, Cristina Português, Fidel
Tambo, Felipe Mahumane, Graça Chuquelane, Gercinda Nhamtumbo.
À empresa DECA, Lda. por me aceitar e ajudar a realizar o estágio como forma de
realizar o presente trabalho. De forma especial aos técnicos Travlos Mutetwa, Bonifácio e
Techaona Chandire e aos senhores Aleixo, Reuben, Ibraimo, Domingos e Catandica.
E a todos aqueles que de uma forma ou de outra tornaram possível a realização deste
trabalho.
MUITO OBRIGADO!
iii
Lista de Abreviaturas, Siglas e Símbolos
A Ampere.
AACCI Associação Americana de Química dos Cereais
ANOVA Análise de Variância.
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
APPCC Analise de Perigos e Pontos Críticos de Controlo.
ARS African Organization for Standardization.
CO Monóxido de carbono.
CV% Coeficiente de variação em %.
BPF Boas Práticas de Fabricação.
B1 Moinho de rolos para quebrar, número 1.
B2 Moinho rolos para quebrar, número 2.
DECA Desenvolvimento e Comercialização Agrícola, Lda.
DMS Diferença mínima significativa.
EN6 Estrada nacional número 6.
F Teste de Fisher.
FAO Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação.
FIM Fumigation International Mozambique.
FIPAG Fundo de Investimento do Património de Abastecimento de Água – Moçambique
FV Fonte de variação
G1 Moinho de rolos do germe.
GL Graus de liberdade
HACCP Hazard Analysis and Critical Control Point.
Hz Frequência.
Hp Horsepower.
ISO International Organization for Standardization.
LCQS Laboratório de Controle de Qualidade em Saúde
LDA Limitada.
MAWRD Minister Of Agriculture, Water and Rural Development.
MG Média geral
iv
OPAS Organização Pan-Americana de Saúde.
P Potência.
PA Pontos de amostragem.
PCC Ponto Crítico de Controlo.
P-value Representa o valor da probabilidade usada na análise da variância.
SQ Soma de quadrado.
SO2 Dióxido de enxofre.
S1 Moinho de rolos de redução, número 1.
S2 Moinho de rolos de redução, número 2.
S3 Moinho de rolos de redução, número 3.
QM Quadrado médio.
RPM Rotações por minuto.
USAID United States Agency for International Development.
V Volt.
WFP World Food Program.
v
Lista de Figuras, Gráficos e Tabelas
Figuras:
Figura n°1. Fluxograma de processamento do milho na DECA………….…………..………….20
Figura n°2. Ilustração dos pontos de amostragem e variáveis nelas medidas…….………..…….22
Figura n°3. Imagem do monitor de fosfina……………………………………….………………23
Figuran°4. Imagem das saquetas de fosfeto de alumínio.………...…………………………...…23
Gráficos:
Gráfico 1.Percentagem da qualidade do milho em função da quantidade do milho recebido na
fábrica……………………..……………………………………………………….……………..29
Gráfico n°2. Tempo da operação de fumigação no silo……………..…………….……………..32
Gráfico n°3. Taxas de extracção de farinha e farelo de milho…………………….……………..35
Tabelas:
Tabela n°1. Percentagem do constituinte total indicado nas estruturas físicas especificas do grão
de milho…………………………………………………………………………………...……….6
Tabela n°2. Balanço de massa para moagem seca de milho……………………………..………11
Tabela n°3. Etapas e os pontos críticos de controlo…………………………………….......……26
Tabela n°4. Comparação das médias de humidade nas amostras de grãos de milho transportados
ao silo…………………………………………………...…………………..…..………….……..30
Tabela n°5. Monitoria da circulação do gás de fumigação interna do silo………………….…....31
Tabela n°6. Monitoria da circulação do gás de fumigação interna do silo………………….…....32
Tabela n°7. Resultado das comparações das médias entre as humidades dos grãos de milho para a
1ª e 2ª moagem………………………………………..……………………………….…...…….34
vi
Lista de Apêndices e Anexos
Apêndices:
Apêndice n°1. Questionário usado no processo da determinação dos PCC’s……………...………I
Gráficos:
Apêndice n°4. Gráfico 1. Qualidade do milho em função do local de proveniência.…….……….II
Apêndice n°12. Gráfico 2. Balanço massico e o não aproveitamento da equipe………………...VI
Apêndice n°18. Gráfico n°3. Gráfico de controlo de variáveis………….……………….......…..IX
Tabelas:
Apêndice n°2. Tabela 1. Controlo da qualidade da matéria-prima na recepção...…………..……..I
Apêndice n°3. Tabela 2. Avaliações da qualidade de milho na recepção……….……………..….II
Apêndice n°6. Tabela 4. Controlo do tempo da operação de fumigação no silo……...…….……III
Apêndice n°5. Tabela 3. Consumo de potência activa dos moinhos de rolos……………….…...III
Apêndice n°7. Tabela 5. Informação dos dínamos dos moinhos da primeira linha……...….…...IV
Apêndice n°8. Tabela 6. Informações dos dínamos moinhos da segunda linha……...……….....IV
Apêndice n°9. Tabela 7. Balanço de massa por hora na moagem da primeira linha……….…......V
Apêndice n°10. Tabela 8. Balanço de massa por hora na moagem da segunda linha ……...….....V
Apêndice n°11. Tabela 9. Variação da qualidade de acordo com a proveniência do produto para
as peneiras ……..………………………………………………………………………………...VI
Apêndice n°13. Tabela n°10. Balanço de massa na moagem dos grãos ………………..……....VII
Apêndice n°14. Figuras da peneira, sonda metálica e elementos do medidor de humidade…...VIII
Apêndice n°15. Gráficos das cartas de controlo de qualidade para variáveis individuais……….IX
Apêndice n°16. Resultados da análise de variância da humidade das amostras do milho
transportado ao silo……………………………………………………………………..…………X
Apêndice n°17.Resultados da análise de variância da humidade das amostras do milho hidratado
para as horas estudadas. …................................……………………..…………………………...XI
Anexos:
Anexo n °1. Figura 1. Esquema da árvore decisória usada para a determinação de PCC’s….....XII
Anexo n°2. Figura 2. Fluxograma geral do processamento de milho …………...…………….XIII
Anexo n°3. Figura 3. Correntes dos moinhos e seus respectivos diâmetros nas peneiras…..…XIV
vii
Glossário
Amostra: pequena quantidade dos grãos de milho que se toma para determinar algum parâmetro.
Balanço de massa: ferramenta que permite contabilizar a matéria processada na fábrica.
Coniveia: são os transportadores tipo parafuso ou cadeia, que servem para movimentar o milho.
Degerminator: equipamento constituído de lâminas que servem para retirar o germe do grão do
milho e quebrá-lo em duas unidades.
DISHWE: equipamento constituído de peneiras, que serve para limpar o milho recebido.
Extracção: refere-se a taxa de obtenção de farinha e farelo, e dá uma ideia do funcionamento da
moagem.
Fortificação: processo que consiste em adicionar nutrientes como ácido fólico, ferro à farinha
produzida.
Fosfina: é o gás usado para a fumigação dos silos, o qual é tóxico as pragas e ao homem.
Fumigação: actividade que consiste na aplicação directa ou cobertura de um silo para aplicar um
químico (fumegante), como por exemplo o fosfeto de alumínio, com objectivo de eliminar as
pragas.
Humidade: refere-se a quantidade de água por unidade de massa, do grão de milho húmido ou
seco.
Indicador técnico: refere-se a uma variável inerente e característica a um processo, a qual deve
ser controlada.
Mesh: refere-se ao número de aberturas livres por polegada linear de uma peneira.
Moinho de rolos: equipamento constituído de dois rolos ajustáveis, que serve para reduzir os
grãos de milho a partículas ainda menores.
Peneira: equipamento constituídos de várias aberturas diferentes com objectivo de separar com
base na diferença de tamanho a farinha, farelo, pó de milho e outras correntes intermediárias
ainda não transformadas nestas descritas.
Separador: equipamento constituído de aberturas diferentes, no qual devido a diferença de
tamanho podem-se separar o milho e outras substâncias estranhas.
Pragas: refere-se aos insectos, gorgulho, e outros organismos que atacam o milho armazenado.
Temperamento: consistem na adição da água e sua retenção em tanque durante um determinado
tempo, de modo a permitir a penetração da água a camadas mais interiores do grão.
viii
Resumo
A farinha de milho e o farelo são produtos alimentares de grande importância na alimentação
humana e animal, respectivamente. O presente estudo teve como objectivo avaliar o processo de
obtenção da farinha de milho e farelo produzida pela DECA-Chimoio, para ajudar a encontrar os
pontos de controlo. As amostras para a determinação da humidade foram colhidas de forma
aleatória simples, sendo colhidas durante 15 dias as 8h, 11h, 14h e as 16h, numa quantidade de
300g. E a concentração do gás fosfina durante a fumigação do milho foi medida de forma
aleatória simples ao 2° e 3° dia de fumigação. O balanço massico foi realizado durante 15 dias
nas etapas de limpeza da matéria-prima e na moagem do milho, sendo que a quantidade pesada
por dia dependia da produção. Os pontos críticos de controlo foram determinados atendendo a
aplicação da árvore decisória. As amostras de humidade dos grãos transportados ao silo
apresentaram (12.99%) e os hidratados apresentaram 16, 21%, 15,66%, 15,45% e 15,22% de
humidade, os quais estão dentro dos padrões recomendados pela DECA e pela literatura. Os
tempos depois da aplicação do químico 8, 9 e 12 dias e a qualidade do milho (D e C, ou seja,
milho com muito baixa e baixa qualidade, respectivamente) mantiveram se fora dos padrões
desejados. Os problemas detectados como a mistura do milho recebido, a não aplicação do
HACCP, influenciam na eficácia das operações e a adopção das soluções propostas podem ajudar
a melhorar a qualidade total. Concluiu-se que com o presente estudo foi possível determinar os
pontos de controlo, assim como as deficiências mais importantes que afectam o mesmo. E a
qualidade dos grãos de milho, a humidade dos grãos, a concentração da fosfina, o tempo depois
de aplicação do químico e a taxa de extracção foram os indicadores técnicos do processo.
Palavras-chave: árvore decisória, farelo e farinha de milho, indicadores técnicos, balanço de
massa, pontos críticos de controlo.
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo Produzida pela DECA- Chimoio
MABUREZA, Aldo José Página 1
I. INTRODUÇÃO
1.1. Contextualização.
RODRÍGUEZ (2013) afirma que para dirigir critérios de eficiência e rendimento
industrial, aproveitamento da capacidade no equipamento existente e utilização racional dos
recursos disponíveis, em um processamento fabril, resulta necessário, contabilizar a matéria-
prima processada, assim como os produtos e outras correntes que resultem do mesmo e suas
composições.
Na área do controle de variáveis, deve se ter em conta que a indústria de cereais deve
considerar que como referenciado por PROCESS… (2006) pequenas mudanças em um processo
podem ter um impacto grande no resultado final. Variações em proporções, temperatura, fluxo,
turbulência, e muitos outros factores devem ser cuidadosamente e constantemente controlados
para produzir o produto de fim desejado com um mínimo de matérias-primas e energia.
Na área da produção de alimentos seguros, QUEIROZ et al., (2009a) afirma que o sistema
HACCP baseia-se na aplicação de princípios técnicos e científicos em todas as fases da produção
de alimentos […]. Está centrado na identificação de perigos durante o processo, estabelecendo
um plano para sua prevenção, eliminação ou redução para níveis aceitáveis, minimizando as
falhas que ocorrem quando são retiradas amostras Organização das Nações Unidas para
Agricultura e Alimentação (FAO, 2003) citado por (QUEIROZ et al., 2009b).
Segundo a Associação Americana de Química dos Cereais (AACCI, 1999) citada por
PIMENTA-MARTINS& BARBOSA (2014a) os cereais integrais são constituídos pelos grãos
intactos, moídos, partidos ou em flocos, cujos principais componentes anatómicos - endosperma,
gérmen e farelo, estão presentes nas mesmas proporções relativas em que se encontram os grãos
intactos. E para a indústria de produção da farinha de milho e farelo, no que se refere a matéria-
prima, (GERMANI, s/da) comenta que a qualidade física dos grãos de milho é o principal factor
para a indústria de moagem a seco. Diz respeito à integridade do grão em relação à presença de
trincas, fissuras, grãos quebrados e impurezas que são altamente prejudiciais ao rendimento final.
O armazenamento de grãos é parte integrante do sistema de pré-processamento de
produtos agrícolas; nesta fase os grãos são submetidos a factores físicos, químicos e biológicos,
que podem interferir na sua conservação e qualidade (BROOKER et al., 1992) citado por
(ROZADO et al., 2008a) e segundo a WORLD FOOD PROGRAM (WFP, 2011a) o milho deve
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo Produzida pela DECA- Chimoio
MABUREZA, Aldo José Página 2
ser armazenado em condições secas, ventiladas e higiénicas. Só insecticidas seguros (por
exemplo a fosfina) podem ser usados para controlo de fumigação.
É visível a necessidade contínua de se proteger os produtos armazenados contra a
deterioração evitando-se, desta forma, perdas de qualidade e quantidade durante o
armazenamento, objectivando-se atender a um mercado cada vez mais exigente (PADIN et al.,
2002) citado por (ROZADO et al., 2008b).
A farinha de milho resulta da moagem industrial dos grãos GIACOMELLI et al., (2012).
E, O objectivo da moagem é quebrar o grão, retirar o endosperma (livre de farelo e germe) e
reduzi-lo GUTKOSKI, L. C. et al (1999) citado por GIACOMELLI et al., (2012).
Deste modo é imprescindível o uso de equipamentos altamente funcionais com as
capacidades suficientes face as características da matéria-prima, grãos de milho, de modo a se
alcançar a qualidade do produto desejado, sendo para tal necessário o uso de alguma fonte de
energia de modo a realizar o trabalho solicitado. E de acordo com REDUÇÃO… (2012) precisa-
se de energia para vencer a resistência interna do material e fragmentá-lo. A energia necessária
para gerar uma fenda (corte ou fractura) no sólido depende do tipo de material (tamanho, dureza,
humidade, plasticidade, etc.) e do tipo de equipamento de redução de tamanho. Os equipamentos
usados para reduzir o tamanho de sólidos são chamados de: esmagadores, moendas ou moinhos e
trituradores. Os grãos de cereais (trigo, milho, cevada, arroz) são convertidos em farinha usando
moinhos.
É neste contexto que se desenvolveu o presente trabalho na empresa DECA, com o
objectivo de avaliar o processo de obtenção de farinha de milho e farelo. Esta empresa, dedica-se
a produção de farinha, farelo e pó de farinha como produtos principais, sendo esta empresa uma
sociedade limitada, com seus proprietários ingleses. A mesma, produz seus produtos
principalmente para o consumo interno e também exporta para outros países vizinhos.
1.2. Problema de estudo
Actualmente em indústrias alimentares, caso especial das processadoras de milho para
obter farinha, a classificação da matéria-prima é indispensável, assim como o controlo periódico
e rigoroso das correntes e subprodutos da produção é importante dado que permite balancear a
quantidade de matéria que flui ao decorrer do processo, suas características específicas e usos, de
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MABUREZA, Aldo José Página 3
tal forma que a sua quantificação permita a avaliação do processo. Neste contexto, verificou se
que está unidade produtora de farinha, possui uma base de dados incompleta face aos parâmetros
da matéria-prima exigidos pelo processo, assim como desconhece ao certo o quanto diariamente é
obtido por todas as correntes da produção, tornando difícil conhecer os resultados da operação e o
controlo do rendimento do equipamento face as suas especificações e propriedades da matéria no
processo.
De igual maneira no que se refere ao controle da segurança dos alimentos, verificou se
que esta empresa tampouco emprega o recomendado sistema HACCP, uma ferramenta tão
importante para a produção de alimentos inócuos, assim como não emprega com rigor as Boas
Práticas de Fabricação (BPF) e outras ferramentas de controlo de qualidade. Tendo em conta a
não aplicação do HACCP, este facto implica de certa forma a oferta de alimentos com algum
perigo a saúde do consumidor, facto inaceitável na actualidade em que os consumidores buscam
por alimentos seguros, nutritivos e saudáveis.
No decorrer de uma operação, as variáveis mais importantes que a caracterizam
(humidade dos grãos, consumo de potência) deveriam ser mensuradas e registadas
periodicamente com vista ao controlo da operação e o conhecimento do funcionamento das
máquinas face as propriedades dos grãos de milho. Neste sentido, assistiu se a ocorrência da
variabilidade inesperada do processo, fruto do fraco controlo dos parâmetros que a caracterizam,
o que afecta as qualidades do produto a serem alcançadas, a produção final, o tempo requerido
para o seu processamento e a eficácia no geral. Perante estes factos, surge a seguinte pergunta de
partida: até que ponto existe variabilidade na qualidade da matéria-prima, na quantidade dos
materiais intermediários e finais, assim como nas variáveis do processo para o não controlo
total do mesmo?
1.3. Justificativa
Em Moçambique e especialmente na província de Manica e arredores, o cultivo do milho
assume um papel importante no rendimento e alimentação das famílias. Alguns produtores
vendem parte da sua produção à empresa Desenvolvimento e Comercialização Agrícola, Lda
DECA e outras unidades compradoras, sendo importante o estabelecimento de uma comunicação
referente as características da matéria-prima entre o produtor e a empresa.
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo Produzida pela DECA- Chimoio
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Em conformidade com as características, capacidades do processamento e as especificações
da qualidade do produto a ser alcançado torna-se importante o rastreio e a classificação do milho,
matéria-prima para a fábrica, de modo a evitar imprevistos quanto a recepção desta, facto que é
afectado pelas exigências do seu processamento ou armazenamento.
É preciso a efectivação do presente estudo para identificar, caracterizar e quantificar as
principais correntes, subprodutos e produtos do processamento de modo a controlar o processo e
avaliar como os principais equipamentos estão sendo usados de acordo com as suas capacidades.
No que tange a aplicação do recomendado sistema HACCP, este estudo poderá ajudar a
empresa a aplicar um dos seus princípios fundamentais, que é a determinação dos pontos críticos
de controlo, permitindo a empresa conhecer os perigos potenciais aos alimentos e entre outras; as
medidas de como evitar que tais perigos entrem em contacto com os alimentos, permitindo
avaliar as principais etapas do processo onde podem ocorrer os perigos, quantificado as variáveis
nela presentes.
De modo similar também é preciso determinar das variáveis mais importantes no processo
para conhecer algumas variáveis dos equipamentos da moagem, de modo que se alcance a
qualidade do produto final desejado dado que esta é directamente influenciada pelo processo.
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo Produzida pela DECA- Chimoio
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1.4. Objectivos.
1.4.1. Objectivo geral:
Avaliar o processo de obtenção de farinha de milho e farelo na DECA utilizando balanço
de massa, análises de laboratório, e a árvore decisória para a determinação dos pontos de
controlo.
1.4.2. Objectivos específicos:
Caracterizar o processo de obtenção de farinha e farelo para a determinação dos
indicadores técnicos.
Comparar os valores dos resultados obtidos dos indicadores técnicos com os valores
preestabelecidos pela empresa e pela literatura.
Propor soluções aos problemas encontrados.
1.5. Hipóteses.
Hipótese nula (H0): As variáveis que caracterizam a operação não variam
significativamente, não afectando a qualidade total do processo.
Hipótese alternativa (H1): As variáveis que caracterizam a operação variam
significativamente, afectando a qualidade total do processo.
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo Produzida pela DECA- Chimoio
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II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Os Cereais.
PIMENTA-MARTINS& BARBOSA (2014b) afirmam que os cereais são alimentos
essenciais, proporcionando uma fonte de nutrientes nos países desenvolvidos e em
desenvolvimento. Os cereais podem ser definidos como as sementes ou grão das plantas
herbáceas pertencentes à família Gramineae PIMENTA-MARTINS& BARBOSA (2014c). E
segundo I. & B.K. (2006) os seis importantes cereais do mundo são trigo, arroz, milho, cevada,
aveia e centeio.
O Milho: como referido anteriormente, o milho é o terceiro cereal mais importante e segundo
SÁNCHEZ et al., (2011a) o milho ou Zea mays L. (o nome botânico) é uma cultura anual que
pertence a família botânica Gramineae, que inclui capins, gramas, bambús, e outras culturas -
como a mapira e a mexoeira. O milho é originário de um capim chamado teosinte do sul México.
Depois de mais de 9.000 anos de domesticação nas civilizações indígenas - as Mayas e as
Aztecas e outras - e séculos de viagens de exploração dos espanhóis primeiro, e depois dos
portugueses, que levaram o milho no inicio até a Nigéria e o Congo, finalmente esta cultura
chegou até o que hoje é Moçambique (SÁNCHEZ et al., 2011a).
O Milho e suas Características: `os grãos do milho são, geralmente, amarelos ou brancos,
podendo apresentar colorações variando desde o preto até o vermelho. […] Conhecido
botanicamente como uma cariopse, o grão de milho é formado por quatro principais estruturas
físicas: endosperma, gérmen, pericarpo (casca) e ponta, as quais diferem em composição química
e também na organização dentro do grão (PAES, 2006a) como mostra a tabela 1 abaixo.
Tabela 1. Percentagem do constituinte total indicado nas estruturas físicas especificas do
grão de milho. (PAES, 2006b)
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo Produzida pela DECA- Chimoio
MABUREZA, Aldo José Página 7
2.1.1. Qualidade do milho.
A qualidade do milho é fundamental para estabelecer os preços na comercialização. A má
qualidade fitossanitária dos grãos está directamente relacionada a práticas agrícolas inadequadas,
incluindo a colheita tardia, utilização de semente de má qualidade, permanência de restos de
cultura no solo e falhas no controle de doenças e pragas (SILVA, 2007) citado por (QUEIROZ et
al., 2009c).
Indicadores de qualidade: (SILVA, s/d) afirma que de modo geral, para fins comerciais, os
grãos podem ser classificados de acordo com três ou mais das seguintes características:
a) Humidade
b) Percentagem de grãos partidos ou danificados.
c) Percentagem de materiais estranhos e impurezas.
d) Presença de insectos.
e) Tipo de grão e outros
2.2. Condições tecnológicas gerais no processamento de milho e seus derivados.
Tendo em conta que é necessário boas condições tecnológicas para a produção de farinha e
derivados do milho, a AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA,
1978) define farinha de milho como o produto obtido pela torração do grão de milho (Zea mays,
L.), desgerminado ou não, previamente macerado, socado e peneirado e segundo a (WFP, 2011b)
a farinha de milho deverá ser fabricada de milho fresco de boa qualidade, livre de materiais
estranhos, substâncias perigosas a saúde, humidade excessiva, dano de insecto e contaminação
por fungos devendo obedecer a todas as leis e padrões nacionais pertinentes de alimentos.
2.2.1. Armazenamento do milho:
Em grãos armazenados o organismo mais importante é o próprio grão. Embora esteja em
estágio de dormência, tem todas as propriedades de um organismo vivo. Num sistema ideal de
armazenagem o grão e os microrganismos estão normalmente em estado de dormência; os
insectos, ácaros, ratos estão ou deveriam estar ausentes. Ao contrário, o ambiente abiótico está
sempre presente e é alterável. Ainda que lentamente, os níveis de temperatura, pressão
atmosférica, humidade relativa, CO2 e O2 sobem e descem. Uma variação anormal em qualquer
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo Produzida pela DECA- Chimoio
MABUREZA, Aldo José Página 8
um desses factores pode criar condições favoráveis ao desenvolvimento e à multiplicação
daqueles seres dormentes. (D'ARCE, s/da)
Silos metálicos: Segundo (D'ARCE, s/db) os silos de média e pequena capacidade, em
geral, são metálicos, de chapas lisas ou corrugadas, de ferro galvanizado ou alumínio, fabricados
em série e montados sobre um piso de concreto.
Secagem estacionária com ar não aquecido (ar natural): este método de secagem
normalmente é realizado em silos, sendo o único aquecimento do ar de secagem àquele gerado
pelo atrito das pás do ventilador que é usado no processo. Ocorre aquecimento de
aproximadamente 2 a 3° C do ar de secagem, o que representa 10-15 % de decréscimo da
humidade relativa do ar após a passagem pelo ventilador (SILVA et al., 2000) citado por
(FILHO, 2011a). É energicamente eficiente e resulta em um produto final de boa qualidade,
devido à baixa movimentação dos grãos no silo e pelo fato do produto não sofrer choques
térmicos e hídricos (FILHO, 2011b).
2.2.2. Fumigação:
O expurgo ou fumigação é uma técnica empregada para eliminar pragas infestantes em
sementes e grãos armazenados mediante uso de gás (LORINI, 2013a). Segundo SANTOS (1993)
citado por (FAZOLIN et al., 2010a), as principais pragas são Sitophilos Zeamais Motsch.
(Coleoptera: Curculionidae) e roedores. O gorgulho-do-milho é considerado praga primária por
atacar grãos intactos. Sua acção é mais intensa em grãos de milho, mas ele ataca também sorgo,
trigo, arroz e alguns produtos alimentícios como macarrão (REES, 1996) citado por (FAZOLIN
et al., 2010b).
No Brasil, os insecticidas fumegantes são amplamente utilizados para o tratamento
curativo de grãos armazenados, com uso da técnica de fumigação ou expurgo. Nas últimas duas
décadas, os principais fumegantes utilizados no controle de insectos-praga em grãos armazenados
foram a fosfina (PH3) e o brometo de metila (CH3Br), este último actualmente de uso proibido
por ser um depletor da camada de ozónio (PIMENTEL et al., 2007) citado por (FAZOLIN et al.,
2010c).
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo Produzida pela DECA- Chimoio
MABUREZA, Aldo José Página 9
A fosfina (PH3), proveniente de fosfeto de alumínio ou de magnésio é um biocida geral,
um gás altamente tóxico, que é liberado na presença de humidade do ar, sendo eficaz no controle
de todas as fases (ovo, larva, pupa e adultos) das pragas de sementes armazenadas (LORINI,
2012) citado por (LORINI, 2013b).
2.2.2.1. Forma de aplicação e tempo de exposição em silos metálicos.
Em silos verticais metálicos deve-se aplicar o produto, vedando com lonas […] em cima da
massa de grãos e com lonas e fitas adesivas as entradas de aeração, janelas de inspecção e demais
locais onde possa ocorrer vazamento de gás. Para temperaturas entre 15°C a 25 ºC prolongar o
tempo de exposição em 20% para sacaria, silos metálicos e graneleiros horizontais, excepto para
sementes. Para temperaturas acima de 25 ºC em silos metálicos e porões de navios o tempo de
exposição deve ser de 240 horas (http://www.protectioninsumos.com.br/)
2.2.3. Processamento do milho.
As operações unitárias envolvidas no processamento do milho podem se resumir a seguir:
Limpeza: o milho é limpado para remover material estranho de legumes, animais e de
origem mineral por peneiração e aspiração. Um imã é incluído na operação de peneiração para
remover fragmentos de metal (http://www.appropedia.org/a).
Temperamento: O milho é temperado para até 16 horas permitir estabilização da
humidade até 15 porcento aproximadamente. Subsequentemente, o segundo temperamento de 10
a 20 minutos é usado onde 1 a 2 porcento de água é adicionado para fortalecer o farelo e o germe.
Alternativamente, o milho é temperado durante 4 a 5 horas para permitir estabilização ao 16
porcento de conteúdo de humidade (http://www.appropedia.org/b).
Cálculo de quantidade de água a adicionar (requerimento de água)− 1 =( ) (SELIS, 2014).
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo Produzida pela DECA- Chimoio
MABUREZA, Aldo José Página 10
Degerminação: no de-germer, o farelo é retirado para fora, o germe solta-se ou corta-se e
o núcleo é arrombado em dois ou mais pedaços enquanto passa entre as partes móveis e
estacionárias do de-germer (http://www.appropedia.org/c).
Moagem e Peneiração: a moagem do endosperma em produtos degerminados de
primeira qualidade é alcançado em um sistema longo de redução em rolos. Qualquer germe
restante ou farelo que adere aos fragmentos de endosperma são afastados por aspiração ao longo
do sistema de redução. […] Dependendo no método de de-germing, os produtos acabados podem
requerer secagem para controlar o conteúdo de humidade deles a um nível seguro para
armazenamento (normalmente 12 a 14 por cento) (http://www.appropedia.org/d)
Adição de Nutrientes: a fortificação de alimentos com nutrientes é uma prática aceita e
empregada pelos processadores de alimentos desde a metade do século XX (REILLY, 1996)
citado por BOEN et al., (2007a). A fortificação de alimentos tem como objectivo reforçar o valor
nutritivo e prevenir ou corrigir deficiência de um ou vários nutrientes (ANVISA, 2006) citado por
BOEN et al., (2007b)
Procedimento de Adição dos Nutrientes: Micronutrientes podem ser adicionados
isoladamente ou como uma pré-mistura combinada dentro de proporções especificadas. A pré-
mistura é adicionada a uma taxa compatível com o fluxo do pó de milho ou farinha de milho ao
longo da correia de transporte (normalmente 10 – 60g/100 kg de pó ou farinha) usando
alimentadores ajustáveis (LUND, 1991) citado por (USAID, s/d).
Embalagem: três sistemas de embalagem alternativos estão disponíveis: manual, semi-
automático e automático, a seguir são descritos o sistema manual e semi-automático.
Embalagem manual: inclui a pesagem do produto, a abertura da bolsa, o recheio da
bolsa, o ajuste do conteúdo e o amoldando e marcando das bolsas cheias.
(http://www.appropedia.org/f)
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo Produzida pela DECA- Chimoio
MABUREZA, Aldo José Página 11
Embalagem semi-automática: em uma linha de embalagem semi-automática, as bolsas são
apresentadas à mão do enchedor automático em vez do equipamento mecanizado
(http://www.appropedia.org/e).
2.3. Balanço de massa na moagem de milho.
A Moagem seca é o processo geral no qual são moídos grãos de cereal em farinha que
resulta em vários subprodutos […]. O equilíbrio de massa debaixo dá uma quantia genérica de
subprodutos originado da moagem seca do milho, baseado em Bolade, 2009. (ZEIST, 2012a)
Tabela n°2. Balanço de massa para moagem seca de milho.
Input: DMC (g/kg) Massa (kg)
Grãos de milho 872 1000
Output:
Farinha de milho 870 700
Sub-produtos 870 300
Fonte: (ZEIST, 2012b) adaptado por Autor.
2.4. O sistema HACCP
O sistema APPCC/ HACCP é considerado até o momento a mais poderosa ferramenta de
gestão para o controle dos perigos, caracterizando-se por ser um sistema racional, lógico e
fundamentado no conhecimento científico (LOPES, 2002a).
A análise de perigos e pontos críticos de controlo (APPCC/HACCP) consiste em uma sequência
sistemática de passos que visam identificar e avaliar os perigos de contaminação de um alimento
desde a sua fabricação até o consumo final, com o objectivo de exercer o controlo preventivo
destes perigos, eliminando-os, reduzindo-os ou prevenindo-os (LOPES, 2002b).
As diretrizes do Codex definem um ponto crítico de controlo (PCC) como uma etapa em
que se pode aplicar um controle que seja essencial para evitar ou eliminar um perigo à inocuidade
do alimento ou para reduzi-lo a um nível aceitável (OPAS, s/da).
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo Produzida pela DECA- Chimoio
MABUREZA, Aldo José Página 12
2.4.1. Perigo
O conceito de perigo em alimentos foi definido pela comissão do Codex Alimentarius como
qualquer propriedade biológica, física ou química, que possa tornar um alimento prejudicial para
o consumo humano (BAPTISTA& VENÂNCIO, 2003a)
Classificação de perigos quanto a sua natureza: os perigos podem ser classificados de acordo
com a sua natureza e são normalmente agrupados em três categorias: biológicos, químicos ou
físicos.
Perigos biológicos: o perigo biológico é o que representa maior risco à inocuidade dos
alimentos. Nesta categoria de perigos incluem-se bactérias, fungos, vírus e parasitas patogénicos
e toxinas microbianas. Estes organismos estão frequentemente associados à manipulação dos
alimentos por parte dos operadores e aos produtos crus contaminados que sejam utilizadas como
matéria-prima nas unidades (BAPTISTA& VENÂNCIO, 2003b).
Perigos químicos: (BAPTISTA& VENÂNCIO, 2003c) afirmam que nesta categoria de
perigos inclui-se um vasto conjunto de perigos de origens diversas, desde perigos associados
directamente às características das próprias matérias-primas até perigos criados ou introduzidos
durante o processo, passando por aqueles que resultam da contaminação das matérias-primas
utilizadas. Deste conjunto de perigos químicos destacam se: pesticidas químicos (insecticidas,
fungicidas, herbicidas,…), medicamentos veterinários (antibióticos, promotores de crescimento),
metais pesados (cobre, chumbo, mercúrio,…) e alergenos(glúten, lactose,…)
Perigos físicos: Nesta categoria de perigos inclui-se um conjunto vasto de perigos que
podem ter uma origem diversa, desde objectos que podem estar presentes nas matérias-primas até
objectos que podem ser introduzidos nos produtos alimentares por via da manipulação a que os
alimentos estão sujeitos no decurso dos processos. […] Assim, entre os perigos físicos mais
frequentes é possível enumerar materiais de natureza diversa, tais como: vidros, madeiras, pedras,
metais, materiais de isolamento ou de revestimentos, ossos, plásticos e objectos de uso pessoal
(BAPTISTA& VENÂNCIO, 2003d).
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo Produzida pela DECA- Chimoio
MABUREZA, Aldo José Página 13
A determinação de um PCC no sistema HACCP pode ser facilitada pela aplicação de uma árvore
decisória, como a incluída nas "Diretrizes para a Aplicação do Sistema de Análise de Perigos e
Pontos Críticos de Controle - HACCP", do Codex, que faz uma abordagem de raciocínio lógico.
A aplicação da árvore decisória dever ser flexível, de acordo com o tipo de operação (produção,
abate, processamento, armazenamento, distribuição ou outro) (OPAS, s/db). Ver anexo n°1.
A árvore decisória consiste em uma série sistemática de quatro perguntas elaboradas para avaliar
objectivamente se é necessário um PCC para controlar o perigo identificado em uma operação
específica do processo (OPAS, s/dc).
2.5. Ferramentas de controlo de qualidade.
Segundo GOMES (s/d) as sete ferramentas da qualidade podem ser utilizadas para colecta,
processamento e / ou disposição das informações sobre a variabilidade dos processos. São elas: o
diagrama de dispersão, a estratificação, planilhas de verificação (Check List), gráficos de pareto,
diagrama de causa e efeito, histograma e cartas de controlo.
Este autor afirma que o diagrama de dispersão é um gráfico utilizado para visualização do
tipo de relacionamento existente entre duas variáveis, serve para aumentar a eficiência de
métodos de controlo de processo, detecção de problemas e planeamento de acções de melhoria.
A carta de controlo é uma representação gráfica de uma característica da qualidade medida ou
calculada para uma quantidade de itens em função do número de amostra ou variável de tempo e
de acordo com VIEIRA (1990) citado por DE NEGREIROS (2012) os gráficos de controle
mostram o desempenho do processo, estando esse “sob-controle” se todos os pontos do gráfico
estão dentro dos limites de controle ou se a disposição dos pontos dentro dos limites de controle é
aleatória.
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo Produzida pela DECA- Chimoio
MABUREZA, Aldo José Página 14
III. METODOLOGIA
3.1. Descrição do local de estágio.
O presente estudo realizado com recurso ao estágio profissional foi realizada na DECA, uma
empresa localizada cidade de Chimoio, província de Manica, concretamente no bairro Tembwe,
EN6, talhão número 68, sendo uma empresa privada que iniciou as suas actividades à 15 de Abril
de 2005. A empresa dedica-se a compra e processamento do milho para obter farinha, seu
produto principal, e farelo como subproduto, tendo equipamentos da moagem de alta tecnologia
de fabrico Turco, fornecido por uma empresa denominada SELIS, a qual possui entre outras; a
certificação ISO9001. A sua capacidade instalada de moer é de 10 toneladas/ hora de milho.
3.2. Etapas do processamento do milho na empresa DECA.
O milho processado na DECA provém de diferentes distritos do nosso país (Gondola,
Sussudenga, Angónia, Nhamatanda, Catandica, Manica), assim como de outros países (Zâmbia,
Malawi), sendo transportados em veículos (camiões e camionetas) ligeiros e pesados.
Pesagem: quando os veículos chegam a fábrica regista-se a matrícula, o nome do dono do
milho, quantos sacos possui e o motorista recebe uma senha para a recepção dos sacos que
trouxe, em seguida o veículos entra na balança e regista-se o seu peso, depois este descarrega o
milho e volta a balança para pesar e a diferença entre o peso inicial e o final determina a
quantidade de milho que foi descarregada.
Recepção do milho: nesta etapa faz se a retirada de amostras do milho no camião onde são
feitos os seguintes testes:
a) Verificação da brotação do milho, de grãos danificados e grãos partidos.
b) Verificação da infestação do milho por insectos.
c) Avaliação da cor do milho que não pode ser muito amarela e do cheiro que não pode
denunciar a sua deterioração.
d) Determinação da humidade.
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo Produzida pela DECA- Chimoio
MABUREZA, Aldo José Página 15
Limpeza: os grãos são descarregados em um depósito, dai são carregados através da
coniveia e o elevador e vão sendo descarregados nos 3 DISHWE, que possui uma ceifa e dentes,
que operando permite a retirada de películas ou capa externa de grão danificados, fios do milho,
pequenas espigas e poeira, sendo que após isto o milho é conduzido pelas coniveias até a cova.
Secagem: caso o milho esteja húmido (> 18%), o mesmo passa pelo secador, onde a sua
humidade é reduzida até 12%, porém dado os custos de operação do secador, em particular o
custo do combustível (parafine) o mesmo não esta funcionando.
Separação: Depois do secador, o milho é conduzido pelo elevador até ao separador, que
contém peneiras constituídas de contém 6 ceifas (fina, grossa, muito grossa) onde é feita a
separação através do tamanho, sendo que separam-se substâncias indesejáveis como a espiga,
cheap, poeira, grãos partidos e assim os grãos de milho são conduzidos até ao silo.
Armazenamento do milho no silo: O milho é depositado no silo pela abertura da tampa
superior, este cai por gravidade até a base do silo. Está empresa possui 17 silos devidamente
equipados, com a capacidade de armazenar 1000 toneladas de milho. Os silos dispõem-se de uma
ventoinha industrial, que permite a ventilação forçada, transportando ar do ambiente para o
interior do silo e este ar sai pelas três aberturas laterais superiores; ocorrendo a secagem com ar
natural ou baixa temperatura. Este ventilador é da marca GSI, 190/380V, 50Hz, 2900RPM, 16/8
Hp. Para encher um silo são necessários 7 dias operando a 24h e dependendo da moagem são
necessários 7 dias para descarregar do silo todo o milho. Estes silos são ligados durante 12 horas
por dia, sendo das 6 horas até as 17 horas, dependendo das condições climáticas do dia como a
chuva e o nevoeiro devido ao conteúdo de humidade que pode transportar ao silo a ventoinha
pode não ser ligada.
Fumigação do milho no silo: A fumigação interna nos silos é feita por uma empresa que
presta este serviço a DECA, denominada FUMIGATION INTERNATIONAL MOZAMBIQUE
(F.I.M) usando químicos da marca Gastoxin phosphine (hydrogen phosphide) durante 7 dias, em
que põem-se um tubo por trás na ventoinha, e uma bomba externa transporta o gás de fumigação
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo Produzida pela DECA- Chimoio
MABUREZA, Aldo José Página 16
que era aluminum phosphide 57% e inertes 43% contidos nas saquetas de 1,70 quilogramas de
peso, o qual gera 330 gramas de gás fosfina por quilograma, e o mesmo vai circulando pelos
grãos no silo. As saquetas do químico, são colocadas numa quantidade de 150 saquetas em cima
do milho (AIRSPACE) e na porta (CARTOON INSIDE-FAN) são colocadas 20 saquetas, sendo
que em cima e na porta do silo são colocadas lona de plástico PVC coladas à superfície metálica
do silo, de modo que não haja fuga do gás. Após o dia da fumigação, faz se um controlo da
concentração do gás circulante sendo feito na porta principal do silo (CARTOON INSIDE-FAN) e
na tampa superior do silo (AIRSPACE).
A fumigação externa do silo é feita aplicando uma mistura dos seguintes produtos:
majestick (40 ml), sinjenta (40ml), reviver (40 ml) e 16 litro de água, no entanto o primeiro
químico não estava sendo aplicado. O produto final é aplicado 3 vezes por dia em cada silo, nas
paredes laterais externas do silo, no ventilador e nas aberturas por baixo da entrada com vista a
eliminar os besouros, gorgulhos, outros insectos que por via das aberturas podem entrar no silo.
Limpeza do Milho: de acordo com as necessidades das duas moagens, o milho é retirado
do silo e através de coniveias e elevadores, é transportado até o depósito de milho (bin silo).
Deste depósito cuja capacidade de armazenar milho é de 25 toneladas o milho é transportado para
o 1° separador. Dado que a moagem da fábrica possui duas linhas, a primeira linha é da instalada
em Setembro de 2006 e a segunda em Fevereiro de 2008, os processos a seguir são descritos em
linha 1 para a 1ª moagem e linha 2 para a 2ª moagem.
1° Separador: neste separador, que vibra, o milho é separado das substâncias estranhas
como panos, linhas de algodão, películas grossas, espiga, caroços de culturas como o feijão,
linhas de saco, através das três ceifas que possuem aberturas diferentes (grossa, média, fina), na
parte de cima são aspirados os grãos com pouco peso e poeira, dai vai ao segundo separador. Na
linha 2, o primeiro separador, é diferente do separador da linha 1, tendo maior capacidade de
separação e produz grãos de milho um pouco mais limpo em relação ao 1° separador da 1ª linha.
2ª Separador: Este é chamado de De-Stoner, através da vibração e aspiração do ar,
separa os metais (parafusos, ferrinhos, pregos de diferentes tamanhos, colares, pilhas, porcas,
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo Produzida pela DECA- Chimoio
MABUREZA, Aldo José Página 17
lâminas) presentes no milho através do imane contido logo na abertura para entrada do milho,
permite a separação de pedras de diferentes tamanhos contidas no milho. E este também retira
poeira e grãos de milho com pouco peso, assim como os podres através da sucção do aspirador
Temperamento: com vista a adicionar água, os grãos através das coniveias passam pelo
temperamento com o objectivo de facilitar a retirada da película externa do grão de milho e o
gérmen na etapa de trituração e adicionar valor ao produto final. Através dos copos que giram
recebendo água e colocando dentro da coniveia. Esta água deverá penetrar até o interior do grão
de modo a permanecer no mesmo até o produto final. Esta água passa por um filtro, onde são
retidas substâncias sólidas. Esta água adicionada, é proveniente do Fundo de Investimento do
Património de Abastecimento de Água – Moçambique (FIPAG), na ausência do fornecimento de
água da FIPAG, usa-se a água do furo de água da empresa. Depois da hidratação estes grãos vão
aos tanques externos Holding Bin onde permanecem de 6 até 12 horas para seguirem ao pilador.
Depois desta passagem pelo holding Bin, os grãos são transportados pelo elevador e
coniveias até aos depósitos do triturador (degerminator), sendo que antes de entrar no depósito
volta se a adicionar água através de um tubo no interior da coniveia, num caudal no intervalo de
14-25l/h, registando se a pressão de 0.42 bars à 15l/h, e estes grãos permanecem de 2 a 10
minutos antes de ser pilado ou degerminado.
Trituração do milho nos piladores (Degerminator): nos dois trituradores, cada
constituído de 12 lâminas, sendo 4 fixas e 8 móveis, que reduzem a dimensão dos grãos, os
principais objectivos do triturador são de retirar a película do grão, retirar o gérmen e dividir o
grão em duas partes. Nesta etapa obtêm-se grãos pequenos com pouquíssima farinha constituindo
85% da matéria que entrou no processo, e uma mistura de farelo e poucas partículas de farinha
constituindo 15% da matéria que entrou no processo. Em seguida são conduzidos a ceifa. É de
referir que o pilador na segunda linha possui um detector de metais enquanto o da primeira não
possui.
Separação nas ceifas: A ceifa possui dois compartimentos, o primeiro compartimento
recebe os grãos pequenos constituindo 85% da alimentação e através das aberturas pequenas são
separadas a farinha branca que vai a embalagem pelas coniveias passando pela adição de
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo Produzida pela DECA- Chimoio
MABUREZA, Aldo José Página 18
nutriente e os grãos retidos vão ao moinho do B1. O segundo compartimento recebe a mistura de
farelo com poucos grãos constituindo 15% da alimentação, onde é separado o farelo e os grãos
vão ao moinho G1.
Moagem: a operação de redução de tamanho, é feita em três moagens que funcionam
com gás a pressão e com a corrente eléctrica, possuem funções diferenciadas uma da outra. A
redução de tamanho ocorre em moinhos de rolos estriados. Em termos das suas características, os
moinhos são constituídos de dois reguladores da distância entre os rolos, para aproximar ou
distanciar os rolos, sendo que os rolos giram em sentidos contrários e dentro do moinho existe
uma vassoura que permite modular a passagem dos grãos.
Operação de redução de tamanho nos moinhos de rolos e classificação: deste modo,
os grãos vindos do primeiro compartimento da ceifa entram nos dois rolos do moinho
denominado B1 onde são moídos e obtêm-se grão fino, pouco farelo e farinha branca, dai vão as
peneiras que possuem aberturas diferentes onde são separadas em farinha branca, o farelo que vai
ao depósito, os grãos finos voltam a ser moídos no moinho B2, onde são obtidos farinha, pó de
farinha e farelo. Dai está mistura vai a segunda peneira onde ocorre a separação e os grãos
obtidos vão ao moinho S1. O pó de farinha, de cada vez que entra em todas nas peneiras ou sai
dela é chupado através dos tubos amarelos acoplados ao ciclone para um depósito.
No S1, os grãos são moídos e o produto vai a terceira peneira, sendo separado a farinha, farelo e
farinha em pó, os grãos retidos vão ao moinho S2, onde é moído e o produto vai a quarta e última
peneira onde também são separados em produtos como os já referenciados. E os grãos retidos vão
ao S3 onde são moídos e voltam a esta última peneira, como ilustra o fluxograma da página 20.
Durante o peneiramento a farinha é obtida por peneiras de acordo com a proveniência da corrente
nos moinhos, sendo obtida pelas aberturas de diâmetro de 0,0472cm (S3), 0,0495cm (S1&S2),
0,0666cm (Degthroughs), 0,0722 (B1) cm, 0,0727 (B2) e 0,01171cm (G1). E quanto ao farelo,
este é obtido através das peneiras com aberturas superiores à 0,01534 cm (S1&Degthroughs),
0,01171cm (G1) e 0,0722 cm (S2).
Adição de Nutrientes: Durante a obtenção da farinha nas ceifas, existe um adicionador
de nutriente que serve para adicionar os nutrientes perdidos na moagem, assim como para
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo Produzida pela DECA- Chimoio
MABUREZA, Aldo José Página 19
fortificar com alguns nutrientes como o ácido fólico e o ferro, sendo que na moagem da linha 1
adiciona-se 625g por hora e a moagem da linha 2 adiciona-se 750 g por hora e em seguida a
farinha da primeira linha com a da segunda linha juntam-se no elevador, onde alcança-se
1375kg/h de nutrientes adicionados e em seguida vai a embalagem, sendo que esta farinha deve
possuir 14% de humidade. Desta produção nas duas linhas, estima-se que 52,75% da farinha
produzida provém da linha 2 e 47,25% provém da linha 1, por sinal a mais antiga.
Embalagem e armazenamento: A farinha branca é embalada em sacos plásticos de
polipropileno para 5kg e 10kg. Para a farinha de 12,5kg, 25 kg e 50 kg são usados os sacos
plásticos de nylon. Para embalar a farinha de 1 kg são usadas as embalagens de papel de cartão.
Nesta operação as balanças são previamente calibradas para embalar a quantidade específica,
sendo que o sistema de fecho das embalagens de saco plástico é por cozimento com a linha
branca excepto as de 1 quilo que são por colagem e as de 5 quilos que são por aquecimento,
sendo que aproveita-se esta embalagem para colocar o cartão que possui a data de validade da
farinha (6 meses a contar a partir do dia do fabrico). O farelo e pó de farinha são embalados em
sacos de nylon de 35 e 45 quilogramas respectivamente. Depois todos estes produtos finais são
dispostos em cima das paletes a espera da sua venda.
A seguir na página 20, está ilustrado um fluxograma que resume todas as etapas descritas
no processamento do milho.
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo Produzida pela DECA- Chimoio
MABUREZA, Aldo José Página 20
Milho
Figura n°1: Fluxograma do Processamento do Milho na DECA.
MotorCeifa 2Ceifa 1
1ª
Peneira
2ª
Peneira
Motor
3ª
Peneira
4ª
Peneira
Pó da farinha
Farelo
Farinha
branca
B1
B2
G1
S1
S2
S3
Balança Recepção 1ª limpeza Secador (milho húmido)
17 Silos de ConservaçãoBin Silo1° Separador
2° Separador Holding Bin 2 Degerminators
Separador
Adição de nutrientes
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo Produzida pela DECA- Chimoio
MABUREZA, Aldo José Página 21
3.3. Determinação dos pontos críticos de controlo.
A determinação dos pontos críticos de controlo fez-se baseando-se na parte iii.10 do
sistema HACCP do codex alimentarius, contido no manual da Organização Pan-Americana da
Saúde (OPAS), que reúne a experiência de várias instituições, como International HACCP
Alliance, HACCP Seafood Alliance e FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e
Alimentação) o qual enfatiza a aplicação de uma árvore decisória, para a identificação dos
Pontos Críticos de Controlo (PCC’s) no processo, como referenciado anteriormente na página 13,
foi aplicado de forma similar. E também usou-se um questionário aplicado aos técnicos e
supervisores da empresa (apêndice n°1).
3.4. Colecta das amostras
As amostras foram colhidas nas etapas mais importantes durante o processo produtivo. As
amostras de grãos de milho foram colhidas na unidade de produção durante o mês de Setembro,
sendo do dia 1 até ao dia 18 do mesmo mês, sendo colhidas na etapa de transporte do milho ao
silo após sua limpeza e durante a etapa de alimentação do milho ao triturador (degerminator)
após sua humidificação. As amostras de grãos de milho foram colhidas de forma aleatória
simples atendendo aos pressupostos referenciados por (FAZENDA, s/d). Estas amostras foram
colhidas de forma composta as 8h, 11h, 14h e as 16h nas respectivas etapas, sendo colhidas de
forma pontual e colocadas dentro saco de papelão, numa quantidade de 300 gramas, quantidade
esta recomendada pelo LABORATÓRIO DE CONTROLE DE QUALIDADE EM SAÚDE
(LCQS, 2010), e a figura n°2 mostra detalhadamente os pontos de amostragem.
Durante o mês de Setembro e Outubro, foi feita a medição da concentração do gás fosfina
que circula no silo durante a fumigação após a libertação do fosfeto de alumínio (ver figura n°4).
A medição era feita pontualmente uma vez por dia, no período de manha, sendo que usava-se um
instrumento especificamente feito para a medição do gás. A medição era feita em dois pontos: na
porta do silo (CARTOON INSIDE-FAN) e na tampa superior do silo (AIRSPACE). Esta
amostragem foi aleatória, tendo em conta a não previsibilidade dos operadores da empresa
(F.I.M) responsável pela operação da fumigação.
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo Produzida pela DECA- Chimoio
MABUREZA, Aldo José Página 22
Pontos de amostragem (PA) variável medida.
Figura n°2. Ilustração dos pontos de amostragem e variáveis nelas medidas.
3.5. Variáveis controladas e métodos de cálculos fundamentais empregados.
a) Determinação da humidade
As amostras dos grãos de milho foram analisadas por um instrumento altamente preciso e
flexível previamente calibrado para a medição da humidade do milho num range de 0-30%
chamado de PFEUFFER HE50, onde primeiro retirava-se uma amostra usando uma tampa numa
PA1: Recepção do milho.
PA2: Saída do Separador .
Qualidade do milho: humidade,
insectos vivos, grãos
danificados, entre outros
Humidade do milho: as 8h, 11h,
14h e 16h.
PA3:Armazenamento nos
silos.
Concentração do gás fosfina em
ppm no 2° e 3° dia, para os
pontos airspace e cartoon
inside-fan.
PA5: Degerminators da 1ª e2ª linha ou moagem.
Humidade dos grãos hidratados.
PA7: Embalagem. Quantidade em quilogramas,
de farinha, farelo, pó de
farinha.
PA4: 1° e 2° separador da 1ª e
2ª linha ou moagem.Quantidade em quilogramas de
pó de milho, milho limpo e
resíduo.
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo Produzida pela DECA- Chimoio
MABUREZA, Aldo José Página 23
quantidade aproximada de 9 g de grãos de milho e imediatamente colocada num instrumento de
medição, depois usava um dispositivo para ajudar a triturar os grãos de milho. Após a trituração o
instrumento em menos de um minuto indicava a humidade dos grãos em base húmida.
b) Determinação da concentração do gás circulante nos silos.
Usando-se do instrumento especifico UNIPHOS-250 (PM), PHOSPIDE MONITOR (ver
figura n°3), era feita a medição, furando-se a lona e introduzindo um tubo que saia do
instrumento e dai o gás fosfina entrava pelo tubo e circulava pelo instrumento, sendo que este
depois registava e mostrava a concentração do gás. O tal equipamento estava calibrado para dar a
leitura da concentração num range de 0-2000 ppm, e o tempo de espera médio para a leitura era
de 3.5 minutos.
Figura n°3. Imagem do monitor de fosfina. Figura n°4. Imagem das saquetas de fosfeto
de alumínio.
c) Determinação da quantidade de matéria que flui nas correntes de produção.
Através do princípio de conservação de massa fez-se o balanço total nas de operações de
limpeza e moagem, sendo que foram usadas balanças industriais para pesar a quantidade da
matéria.
Princípio de conservação de massa:
Massa (acumulação) = Massa (entrada) -Massa (saída) + Massa (geração) - Massa
(consumo)
Equação do balanço total de massa no separador da linha 1.
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo Produzida pela DECA- Chimoio
MABUREZA, Aldo José Página 24
Milho sujo = pó de milho+milho limpo+resíduo.
Equação do balanço total de massa separador da linha 2.
Milho sujo = pó de milho+milho limpo+resíduo.
Milho alimentado a ceifa = 85% do milho obtido no triturador + 15% do milho obtido no
triturador.
85% do milho obtido no triturador = Grãos de milho+ pouca farinha
Grãos de milho = 84% do milho obtido no triturador.
Pouca farinha = 1 % do milho alimentado ao triturador.
15% do milho obtido no triturador = Farelo+ poucos grãos.
Balanço total de massa na moagem
Milho limpo = farinha de milho+pó de milho+farelo
d) Determinação da extracção de farinha de milho e farelo.
A extracção foi determinada usando-se os valores obtidos no balanço de massa e
posteriormente foi calculada o seu valor a partir da seguinte formula:
Extracção de farinha (%) = (peso de farinha de milho) / (peso de milho limpo e humidificado)
*100.
Extracção de farelo (%) = (peso de farelo) / (peso de milho limpo e humidificado) *100.
e) Determinação da qualidade da matéria-prima.
Colectou-se amostras da matéria-prima nos veículos que chegavam a fábrica usado uma sonda
metálica a qual introduzia-se nos sacos e retirava-se o milho colocando num saco de cartão. As
amostras eram compostas e colectava-se em vários pontos da carga (cima, baixo, meio, lado
direito e esquerdo) sendo que retirava-se pelo menos 10% dos sacos escolhidos ao acaso, numa
quantidade mínima de 30 gramas por saco e em caso do número de sacos for inferior a 20
retirava-se amostras de todos os sacos como preconizado por (SILVA, s/d).
i. Teste de peneira: introduzia-se a amostra numa peneira de 4 mesh e mexia-se durante
no mínimo 15 segundos de modo a obter-se o produto que passa pelas aberturas livres
e dai verificar a presença de materiais estranhos (contaminantes).
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo Produzida pela DECA- Chimoio
MABUREZA, Aldo José Página 25
ii. Determinação da humidade: os passos para determinação da humidade são iguais
aos descritos anteriormente.
iii. Verificação da presença de insectos e grãos partidos: após o teste de peneira
detecta-se a presença de insectos e grãos partidos dado que passam pelas aberturas
livres da peneira.
iv. Verificação de grãos descolorados e danificados por insectos: através de uma
observação directa e separação destes detectou-se a presença de grãos descolorados e
furados por insectos.
3.6. Análise de dados.
Dada a necessidade de analisar os dados dos indicadores estudados para melhor interpreta-los
e de modo a perceber-se as suas características como a média, variância, desvio padrão e
coeficiente de variação usou-se o programa Microsoft Office Excel 2007 para tratar os dados da
humidade do milho transportado ao silo, da concentração do gás fosfina, dos tempos de
fumigação, do balanço massico na moagem e na secção de limpeza. Para a análise da variância
(ANOVA) e a comparação das médias (TUKEY) da humidade do milho hidratado usou-se o
programa de assistência estatística ASSISTAT versão 7.7 Beta (pt) e para obter-se as cartas de
controlo de qualidade de variáveis individuais para os dados da taxa de extracção de farinha,
dados dos tempos de fumigação após a aplicação do químico e da humidade dos grãos hidratados
usou-se o programa STATGRAPHICS Plus versão 5.0.
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo Produzida pela DECA- Chimoio
MABUREZA, Aldo José Página 26
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO.
4.1. Resultados e discussão dos indicadores técnicos avaliados.
4.1.1. Resultados da identificação dos pontos críticos de controlo (PCC’s) durante o
processo de produção.
Os resultados abaixo na tabela n°3 são frutos da aplicação da árvore decisória e demonstram
os PCC’s, encontrados pela presente pesquisa, não sendo predeterminada pela empresa.
Tabela n°3. Etapas e os pontos críticos de controlo.
Etapas Perigo identificado Perigo era
significativo
para a
segurança e
qualidade do
alimento.
Medidas de
controlo.
É um ponto
crítico de
controlo.
Armazenamento do
milho no silo e
armazéns externos.
Biológico:gorgulhos,
ovos de gorgulhos.
Sim Fumigação
interna e
controlo da
presença dos
insectos.
Sim
Químico: fosfina e
seus resíduos.
Sim
Controlo da
concentração
do químico
nas aberturas
do silo.
Sim
1ª e 2ª
linha de
produção.
1ª
Separação
(vibro
separator)
Biológico: caroços,
cascas, espigas.
Físico: linhas de
plástico, algodão.
Físico: poeira do
milho.
Sim Separação
destes, e
constante
observação do
milho nas
coniveia.
Sim
2ª Físico: pedras e Sim Separação Sim
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo Produzida pela DECA- Chimoio
MABUREZA, Aldo José Página 27
Separação
(Destoner)
metais diversos. destes,
limpeza do
separador
magnético.
Degerminação na 1ª
linha
Físico: metais das
lâminas do pilador.
Não Não existem Não
Degerminação na 2ª
linha
Físico: metais não
separados do
destoner, e metais
das lâminas do
pilador.
Sim Separação
destes e
limpeza do
separador
magnético.
Sim
Separação nas ceifas Físico: pericarpo do
grão.
Sim Separação por
agitação e
verificação da
sua ausência
na farinha
branca.
Sim
Classificação nas
Peneiras.
Físico: poeira e
pericarpo do grão.
Sim A poeira era
aspirada por
ar, e o
pericarpo
separado por
agitação.
Sim
Moagem nos moinhos
de rolos
Físicos: Metais dos
rolos.
Biológico: ovos de
gorgulhos e
Não
Sim
Não existem
Trituração dos
Não
Sim
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo Produzida pela DECA- Chimoio
MABUREZA, Aldo José Página 28
gorgulhos. mesmos.
Armazenamento Gases do escape dos
veículos (CO, SO2)
Sim Desligar o
motor se o
veículo não
estiver para
circular.
Sim
QUEIROZ et al.,( 2009) identificou a etapa de armazenamento do milho como um ponto
crítico de controle dado a existência do perigo biológico como insectos-praga. E de acordo com
TITCHAONA (17 de Setembro 2015, cp) afirma que os ovos dos insectos podem passar através
de todo o processamento, pois os ovos dos insectos são tão pequenos que dificilmente podem ser
visualizados, e já houve vezes em que os ovos dada a fumigação ineficaz não foram mortos e
eclodiram depois da venda causando perdas ao cliente, que por sua vez tiveram que devolver o
produto a DECA.
As etapas de Pré- limpeza e limpeza são PCC’s devido a presença de perigos físicos e
químicos como sujidades e materiais estranhos QUEIROZ et al.,( 2009).
SAMUELS (1993) em seu estudo identificou alguns dos pontos de contaminação
principais identificado como PCC’s descritos a seguir: os caminhões de milho, maceração do
milho (humidificação no tanque de espera), secagem e ensacamento. SAMUELS (1993) comenta
que o milho recebido pelos caminhões de milho a granel são contaminados com pó, terra e
microrganismos no ar e esta é a fonte principal de microrganismos. Na maceração do milho
SAMUELS (1993) comenta que populações bacterianas podem ser controladas mantendo muito
baixo níveis de pH e altos níveis de SO2. Na etapa da secagem SAMUELS (1993) afirma que
tempo de retenção e temperatura precisam ser monitoradas para assegurar que o processo de
secagem elimine a maioria dos microrganismos e comenta que o pessoal deve ser alertado sobre a
importância da higiene pessoal e da sanidade na etapa do ensacamento.
4.1.2. Resultados da qualidade do milho recebido na fábrica.
Gráfico 1.Percentagem da qualidade do milho em função da quantidade do milho recebido
na fábrica.
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo Produzida pela DECA- Chimoio
MABUREZA, Aldo José Página 29
Dos resultados obtidos, verifica-se que o milho recebido na DECA, o qual é produzido em
vários pontos da região centro do país e comercializado em vários pontos do país como mostra a
gráfico 1 nos apêndices, em termos da sua comparação com o milho dos outros países, não
apresentou qualidade similar com o milho da Namíbia em relação ao milho da qualidade A, que
segundo MINISTER OF AGRICULTURE, WATER AND RURAL DEVELOPMENT
(MAWRD, 1994) o milho Namibiano pode apresentar-se em duas classes A (milho branco) e B
(milho amarelo), sendo que durante a pesquisa não se recebeu o milho da classe A, o qual deve
possuir dentre outras características a cor branca, no entanto o milho recebido na DECA
pertencente a classe B, o qual é proveniente maioritariamente de Angónia e Nhamatanda
encontra-se em concordância com o milho namibiano, pois o recebido possui de entre outras
características, a cor amarela e pouca presença de outras cores assim como materiais estranhos.
O milho recebido que possui a classe C, o qual é proveniente maioritariamente de
Gondola e Catandica são similares ao da classe C que é descrito pela African Organization for
Standardization (ARS, 2012) nos padrões africanos do milho, o qual apresenta altas quantidades
de materiais estranhos, grãos danificados, insectos nos grãos.
Quanto ao milho recebido da classe D, o qual foi proveniente do distrito de Manica, este não
encontra-se em nenhuma das classes de milho da Namíbia. Porém, este milho é semelhante ao
0 20 40 60 80 100
1
3
5
7
9
11
13
15
Percentagens (%) para as classes (A,B,C e D)
Dia
s de
aval
iaçã
oGráfico da qualidade do milho
classe % D
classe % C
classe % B
classe % A
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo Produzida pela DECA- Chimoio
MABUREZA, Aldo José Página 30
milho americano de última classe classificado como US.Mix Grade por apresentar mistura nas
cores de milho (branco, amarelos, castanho, e outras) e outras características como altas
percentagens de grãos danificados e materiais estranhos fora dos padrões privilegiados pelas
classes A, B e C como referenciado por GRADES… (s/d).
Em termos da comparação do milho da classe B, C e D recebido, importa referir que o milho de
classe B não possuía insectos e apresentava baixo conteúdo de humidade, enquanto que o milho
de classe C apresentava presença de insectos, grãos danificados e humidade acima de 12.5%,
entretanto o milho de classe D apresentava estes elementos em excesso em relação aos outros.
4.1.3. Resultados de humidade do milho transportado ao silo.
Tabela n°4. Comparação das médias de humidade nas amostras de grãos de milho
transportados ao silo.
Tratamento Médias de tratamento Dms MG CV % Ponto Médio
1 (8h) 13.20000 a
0.70217 12.98667 5.59 13.30000
2 (11h) 12.97333 a
3 (14h) 12.94667 a
4 (16h) 12.82667 a
Nota: As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o
Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.
Dos resultados obtidos pela ANOVA (ver apêndice n°16) observou se que não houve
diferença significativa para a probabilidade entre as amostras nas horas estudadas. E na
comparação das médias pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade não houve diferença
estatística. Contudo os resultados das médias fornecidas pelo teste de Tukey como mostra a
tabela acima, mostra que o milho recebido estava seco e possuía a humidade aceitável para o
armazenamento. No entanto, A DECA define que o conteúdo ideal de humidade para o
armazenamento na sua unidade de produção deve ser em torno de 12.5% e (SILVA et al., s/d)
afirma que o valor médio do teor de humidade para a colheita mecanizada e armazenagem segura
em % b.u do milho é de 11% no qual o milho pode ficar armazenado de forma segura durante 1
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo Produzida pela DECA- Chimoio
MABUREZA, Aldo José Página 31
ano e 9-10% para o milho ficar armazenado durante 5 anos. No entanto define que 11% é o
conteúdo comum após a secagem do milho e o Z.G. et al., (2008) comenta que as condições
húmidas e constrangimentos económicos previnem a secagem rápida dos grãos de milho para
níveis seguros de conteúdo de humidade (14% e abaixo). Autores como
(PIMENTEL&FONSECA, 2011) afirmam que o milho deverá apresentar cerca de 13 a 14% de
humidade que é o recomendado para o armazenamento.
4.1.4. Resultados da medição do gás de fumigação e do tempo depois da aplicação do
químico.
Tabela n°5. Monitoria da circulação do gás de fumigação interna do silo.
Dia (11/09/2015) - 2° Dia de fumigação.
Silo Concentração do
gás fosfina em
ppm. (FAN)
Valor
desejado
(F.I.M)
Concentração do gás fosfina
em ppm. AIRSPACE).
Valor desejado
(F.I.M)
2 1250
>600 ppm
640
Em torno de
600 ppm
3 1511 734
7 1151 629
9 1644 620
10 1215 680
15 1408 700
Media 1363,17 667,17
Desvio
Padrão191,05 45,01
Variância 36501,36 2025,76
Coef.variação
(%)
14,02 6,75
Tabela n°6. Monitoria da circulação do gás de fumigação interna do silo.
Dia 13/10/2015- 3° Dia de Fumigação.
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo Produzida pela DECA- Chimoio
MABUREZA, Aldo José Página 32
Silo Concentração do
gás fosfina em ppm
FAN.
Valor
desejado
Concentração do gás fosfina
em ppm AIRSPACE.
Valor desejado
2 940
>600 ppm
880
Em torno de
600 ppm
3 960 910
4 994 970
9 983 860
10 925 890
15 964 920
Media 961 905
Desvio
Padrão25,76 38,34
Variância 664 1470
Coef.var(%) 2,68 4,23
Gráfico n°2. Tempo da operação de fumigação no silo.
Os resultados da medição da concentração durante os dias (2° e 3° dia) estudados em silos
diferentes, como ilustrado pelas tabelas n°5 e n°6, mostram se dentro dos padrões previstos pela
0 5 10 15
4, 5, 7,13, 17
2,3, 7, 9, 10, 15
1, 8, 11, 16
12,13,14
2,3,4,9, 10,15
8,11, 16
Número de dias
grup
os d
e si
los a
valia
dos
Gráfico do tempo de fumigação
Tempo de fumigação emdias
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo Produzida pela DECA- Chimoio
MABUREZA, Aldo José Página 33
F.I.M que deve estar em torno de 600 ppm para AIRSPACE e maior que 600 ppm para
CARTOON INSIDE –FEN. E de acordo com a F.I.M no primeiro dia, os dois locais de medição
devem apresentar valores superiores a 600 ppm, e no último dia os valores podem estar em torno
de 500ppm. Quanto aos tempos de fumigação, ilustrados no gráfico n°2 acima, estes estiveram 5
vezes acima do tempo recomendado pela FIM e duas vezes dentro do tempo recomendado que
são de 7 dias, sendo que isto deve se a variabilidade da agenda desta empresa (F.I.M) quanto a
fumigação nesta empresa e outras da região centro e sul do país, o que impede que no sétimo dia
seja finalizada a fumigação. E conforme LORINI et al., (2009) citado por PARRELLA et al.,
(2011), o tempo mínimo de exposição das pragas à fosfina deve ser de 168 horas (7 dias) para as
temperaturas a 10°C. E informações relativas ao tempo de exposição contidas no site
(http:www.protectioninsumos.com.br/) acrescentam que para que se consiga a acção total da
fosfina em função do tempo de exposição necessário para o efectivo controle de insectos e cupins
em silos metálicos […] o tempo de exposição deverá ser de 240 horas (10 dias).
Estudos realizados por DOS SANTOS et al., ( s/d) mostrou que na fumigação do milho a
granel após 24 horas obteve-se concentrações próximas a 450 ppm, e após 48 horas (2 dias)
encontrou valores em torno de 525 ppm, sendo que após 72 horas (3 dias) a concentração de
fosfina esteve em torno de 350 ppm, e após 140 horas os valores ficaram em torno de 100ppm.
Vale ressaltar que neste estudo, após 30 horas, a concentração alcançou seu pico estando em
torno de 700 ppm. CAVASIN et al., (2006) citado por (ZAITON, 2014) recomenda que os
tempos e concentrações mínimas de fosfina durante a fumigação devem ser 360 ppm durante 7
dias e 700 ppm durante 5 dias.
WARRICK (2011) em seu estudo usando a fumigação com fosfina mostrou que num
primeiro dia a concentração do gás no topo do silo foi em torno de 800 ppm, no segundo dia foi
em torno de 1400 ppm, no terceiro dia em torno de 1600 ppm […] e no décimo dia e ultimo dia a
concentração foi relativamente próxima a 780 ppm. Na base do silo WARRICK (2011) registou
concentrações inferiores a 50 ppm no primeiro dia, tendo subido para próximo de 600 ppm no
segundo, no terceiro manteve se próximo a 1000 ppm, […] e décimo dia esteve em concentrações
próxima a 800ppm. Em termos gerais, pode-se afirmar que na fumigação usando silos alcança-se
melhores resultados dada à tecnologia da circulação da fosfina e os 10 dias previstos para a
operação.
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo Produzida pela DECA- Chimoio
MABUREZA, Aldo José Página 34
4.1.5. Resultados da medição de humidade dos grãos hidratados.
Tabela n°7. Resultado das comparações das médias entre as humidades dos grãos de milho
para a 1ª e 2ª moagem, para as horas estudadas.
Tratamento
(dia)
Médias de
tratamento
8 horas.
Médias de
tratamento
11 horas.
Médias de
tratamento
14 horas.
Médias de
tratamento
16 horas.
1 15.05000 a 15.60000 a 14.30000 a 14.60000 a
2 16.45000 a 14.50000 a 13.95000 a 14.10000 a
3 19.00000 a 16.85000 a 16.90000 a 15.20000 a
4 16.95000 a 17.30000 a 18.25000 a 17.15000 a
5 17.20000 a 15.80000 a 14.40000 a 14.20000 a
6 15.55000 a 16.50000 a 15.10000 a 15.75000 a
7 16.10000 a 16.05000 a 15.55000 a 17.35000 a
8 15.35000 a 15.70000 a 14.75000 a 13.75000 a
9 16.80000 a 15.10000 a 14.75000 a 14.15000 a
10 14.50000 a 15.90000 a 16.10000 a 15.90000 a
11 16.30000 a 15.60000 a 16.65000 a 16.35000 a
12 16.80000 a 15.30000 a 16.10000 a 14.65000 a
13 15.00000 a 14.80000 a 14.35000 a 14.85000 a
14 16.95000 a 14.25000 a 14.75000 a 14.50000 a
15 15.15000 a 15.70000 a 15.95000 a 15.90000 a
Dms 7.62471 6.25383 7.45893 6.75327
MG 16.21000 15.66333 15.45667 15.22667
CV % 11.77 9.99 12.08 11.10
Ponto
Médio
17.65000 15.70000 16.85000 16.10000
Dos resultados obtidos na ANOVA (ver apêndice n°17), verificou se que não houve
diferença significativa entre as amostras e na comparação das médias pelo teste de Tukey não
houve diferença entre as amostras ao nível de 5% de probabilidade como mostra a tabela n°7.
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo Produzida pela DECA- Chimoio
MABUREZA, Aldo José Página 35
E embora a maioria dos valores esteja próximo a 15% de humidade, verificou-se que
algumas amostras apresentaram valores fora dos limites estatísticos como mostra o gráfico n°6 no
apêndice n°15. Segundo o site (http://www.appropedia.org/) o conteúdo de humidade do milho
após ser hidratado deve ser de aproximadamente 15%. Para a DECA, o conteúdo de humidade
ideal que deve alcançar é de ±15.5 tendo em conta 4 a 12 horas o período de permanência do
milho no holding Bin. Pesquisas realizadas por BREKKE& KWOLEK (1969) usando três lotes
de milho com diferentes humidades demonstraram que as mudanças no produto obtido do
degerminator estão em parte relacionadas com formação de rachas de stress no endosperma
enquanto o milho esta sendo temperado. Com milho de 21% de humidade ocorreu um aumento
pequeno de 0 a 5 pontos na percentagem de núcleos com rachas de stress durante o
temperamento. Com milho de 17% de humidade o aumento era 3 a 8 pontos. BREKKE&
KWOLEK (1969) concluiu que o tempo de temperamento e o nível de temperamento não teve
um efeito significativo entre os dois lotes na formação da extensão de rachas de stress. Porém, o
lote de 13% que passou por pouco temperamento, 50% dos grãos tinha rachas de stress após 2
horas, temperando no nível moderado, 70%, e no elevado nível de temperamento 80%. Contudo,
BREKKE& KWOLEK (1969) reportam que as altas percentagens de grãos com rachas de stress
aumentam o produto obtido no degerminator.
4.1.6. Resultados das taxas de extracção de farinha e farelo de milho.
Gráfico n°3. Taxas de extracção de farinha e farelo de milho.
0 20 40 60 80
1
3
5
7
9
11
13
15
Percentagens (%) das taxas de extracção
Núm
ero
de d
ias a
valia
dos
Taxa de extracção de Farelo
Taxa de extracção de Farinha
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MABUREZA, Aldo José Página 36
Dos resultados ilustrados no gráfico acima, pode-se verificar que a taxa de extracção de
farinha esteve maioritariamente dentro dos valores esperados, exceptuando-se no decimo dia que
houve uma caída brusca para taxa abaixo do normal, o que esta relacionado com a qualidade do
milho alimentado a moagem. No entanto, o padrão de extracção definida pela DECA é de
mínimo 65% e máximo 80%, sendo que esta extracção depende da qualidade do produto a ser
alcançado, dado que baixos níveis de extracção da farinha resultam em altos níveis na qualidade
do produto e altos níveis de extracção resultam em baixos níveis na qualidade, entretanto (FPMC)
citado por (ABU, 2007) comenta que as taxas de extracção de 62.5%, 78,7%, 88,7 % e 98%
corresponde as qualidades mais comuns que são: super, especial, peneirado e não peneirado
respectivamente.
RANUM et al.,( 2014) afirma que na maioria dos países, a taxa de extracção para milho
varia de 60% para 100% que dependem do produto. E o intervalo para produtos do milho amarelo
é 60-65% nos Estados Unidos. (NCM, 2008) citado por (RANUM et al., 2014) afirma que na
África do Sul, por exemplo, a taxa extracção para o milho super, peneirado e para não peneirado
são de 62%, 79-89%, e 99%, respectivamente.
Conforme ilustra o gráfico n°3 acima, pode ver verificar que as taxas de extracção de
farelo estiveram dentro dos valores esperados, exceptuando se no decimo que esteve acima do
normal, o que pode estar relacionado com a qualidade do milho alimentado a moagem. Entretanto
a DECA define que as taxas de extracção de farelo devem estar no intervalo de 10 à 40%, as
quais são dependentes do objectivo na qualidade da farinha produzida. E a
(http://www.flourmill86.com) estabelece taxas de extracção de farelo de 10 a 12%. Entretanto
além de uma parte da extracção da farinha estarem fora dos limites, registou altos níveis do não
aproveitamento da equipe instalada (apêndice 12), o que não permite a maior produção final e o
alcance do rendimento máximo dos equipamentos dado que existe capacidade para alcança-la
(apêndice 5, 7 e 8).
4.2. Análise ambiental dos resíduos gerados.
Do processamento do milho são obtidos correntes residuais como a poeira vinda da matéria-
prima, o resíduo constituído de caroços, fios de milho e dentro outros, os resíduos de vegetais
diversos que são ensacados para serem deitados, sendo que a poeira gerada ao meio ambiente
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo Produzida pela DECA- Chimoio
MABUREZA, Aldo José Página 37
danificam o mesmo e tendo em conta que os trabalhadores não usam equipamentos de protecção
(mascara, protector de ouvidos) estes estão sujeitos a ter problemas de saúde. Neste ponto a
aquisição de tecnologias que podem minimizar o efeito negativo destes resíduos e aproveitar
como combustível no campo seria ideal, assim como a recepção de matéria-prima mais limpa
fornecida pelos produtores tornaria menos poluída a empresa e o seu meio ambiente.
4.3. Problemas encontrados e proposta de solução.
4.3.1. Descrição do problema.
Problema 1: Armazenamento e pagamento indiscriminado do milho.
Na operação de recepção do milho, assistiu-se a recepção de milho de diferentes
qualidades (B, C e D), os quais possui características e condição física diferentes como o estado
de conservação e o seu tipo, no entanto a sua recepção e pagamento pelo mesmo valor
indiscriminadamente, assim como a posterior mistura e armazenamento o milho no mesmo local,
permite que haja mistura de milho com características diferentes como por exemplo, a presença
de insectos, milho com diferentes humidades e a empresa gasta dinheiro com o custo de
armazenamento para este produto de igual maneira. Além disto, esta variação na qualidade da
matéria-prima, exerce influência na variação da qualidade final da farinha ocorrendo a produção
de farinha com aparência diferente e baixa taxa de extracção devido a sua baixa qualidade.
Problema 2. Armazenamento desorganizado dos grãos nos armazéns.
Aquando da recepção do milho nos armazéns, os descarregadores do milho deixam o
milho nas paletes de forma desorganizada, não deixando espaço entre as paletes de pilhas
diferentes de modo que o operador da fumigação tenha espaço por onde andar e fumigar o milho
e em casos de fumigação com lona para poder se encolher uma pilha inteira por exemplo. Este
fato leva a diminuição das vias de acesso para o fumigador e a consequente fumigação desigual.
De modo similar, sendo o armazenamento um PCC, este problema afectaria as medidas de
controlo neste PCC.
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo Produzida pela DECA- Chimoio
MABUREZA, Aldo José Página 38
Problema 3:Fumigação ineficaz.
A empresa possui um operador que por dia faz a fumigação do milho usando dois
químicos, sendo que um deles já estava fora do prazo. Esta fumigação é feita nos armazéns, nas
laterais dos silos e outras paredes da fábrica, entretanto, observou-se que parte significativa dos
insectos não eram eliminados, observando-se sempre insectos que circulavam pelas superfícies
dos sacos e pelas superfícies laterais dos silos e consequentemente atacavam os grãos ai
armazenados. Nos silos, estes insectos não eliminados podem entrar pela ventoinha, ou pelas
aberturas da porta e espaços abertos na base do silo. E a fumigação interna não respeita os tempos
da operação preconizados após a aplicação do químico, não permitido a retirada do milho destes
silos. Do outro lado, sendo o armazenamento um PCC, as medidas de controlo deste PCC ficam
afectadas por este problema ocorrendo a danificação do milho.
4.3.2. Proposta de solução aos problemas descritos.
Solução para o problema 1:
A solução para o problema 1, passa pela adopção de medidas como o pagamento
mediante a qualidade do milho (A, B, C e D) de modo a haver uma relação entre a qualidade do
milho e seus custos de armazenamento posteriores (limpeza, fumigação), pois em alguns países
como por exemplo o Zimbabwe, o milho é armazenado nos silos de acordo com a sua qualidade,
o que permite maior organização e a certeza do alcance da qualidade do produto final, dado que
pode-se combinar o milho de diferentes qualidades para alcançar sempre o produto com
qualidade uniforme. E também propõe-se como solução a mistura da farinha de qualidade
superior 1 e 2 (apêndice n°11) para a obtenção de uma farinha de melhor qualidade e que possa
dar mais lucros a empresa e podem misturar também as outras farinhas de qualidade inferior a
esta.
Solução para o problema 2.
A solução para o problema dois passa pela organização das pessoas que descarregam o
milho, estabelecendo-se grupos de descarregadores de acordo com o tempo previsto para
descarregar e o tipo de veículo a ser descarregado, depois estabelecer que antes de descarregar,
estes tem o dever de arrumar as paletas e separar paletas de diferentes pilhas, assim permitindo
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo Produzida pela DECA- Chimoio
MABUREZA, Aldo José Página 39
maior organização durante o descarregamento e consequentemente facilitando a operação de
fumigação, que por sua vez também tornaria eficaz as medidas de controlo deste PCC.
Solução para o problema 3:
A solução para o problema 3, passa pela aquisição e uso dos três químicos recomendados,
dentro dos prazos de validade, sendo que a sua preparação e aplicação deverá ser feita mediante o
uso de materiais de preparação adequados para a dosagem exacta e a sua aplicação deverá ser
feita em todos cantos dos armazéns. E quanto ao cumprimento do tempo da fumigação após
aplicação do químico, a empresa deve capacitar seu pessoal para poder saber finalizar esta
operação. Desta forma que além de eliminar as pragas tornaria eficaz consequentemente as
medidas de controlo deste PCC.
4.4. Análise económica.
Fez uma análise de custo-benefício (teórico) para verificar até que ponto são viáveis as
propostas das soluções, na qual entendeu-se que a adopção da primeira solução poderá permitir a
empresa a ter mais lucros com a farinha de melhor qualidade, diminuir os custos de
armazenamento do milho, assim como a diminuir os custos com a compra do milho de baixa
qualidade. E tendo mais dinheiro ajudaria a comprar materiais de fumigação, capacitar seus
trabalhadores para saber finalizar esta operação assim como a alocar recursos financeiros para
implementar o sistema HACCP.
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo Produzida pela DECA- Chimoio
MABUREZA, Aldo José Página 40
V. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
5.1. Conclusões
A avaliação do processo de obtenção de farinha de milho e farelo na DECA, permitiu
determinar os pontos de controlo, assim como as deficiências mais importantes que
afectam o mesmo.
Os indicadores técnicos do processo determinados foram a qualidade dos grãos de milho,
a humidade dos grãos, a concentração da fosfina, o tempo depois de aplicação do químico
e a taxa de extracção, que demonstraram que o processo está a baixo controlo total, pois
alguns valores dos indicadores, (humidade, concentração de fosfina) estão dentro dos
padrões desejados e porém outros não (qualidade dos grãos de milho, tempo depois de
aplicação do químico e taxa de extracção) estão dentro dos padrões desejados.
Não existe controlo de variáveis importantes na etapa de moagem como a humidade da
farinha, a cor da farinha, o tamanho das partículas da farinha e o consumo de potência; o
que faz com que a empresa não possa actuar sobre esta etapa efectuando melhorias a esta
etapa e ao processo. E, existe uma mistura do milho recebido na fábrica, o que provoca a
produção da farinha e farelo com aparência diferente da esperada.
A não Instalação do HACCP influi no não controle dos PCC’s, e no não controlo de
outras operações. E as etapas de armazenamento do milho, a separação no vibro separator
e no destoner, a degerminação, a separação nas ceifas, a classificação nas peneiras, a
moagem nos moinhos de rolos e o armazenamento são PCC’s.
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo Produzida pela DECA- Chimoio
MABUREZA, Aldo José Página 41
5.2. Recomendações
À empresa DECA:
Recomenda-se que a empresa forme uma equipe multissectorial para estabelecer um
sistema HACCP e uso ferramentas de qualidade para a empresa como forma de
garantir maior segurança dos alimentos e o controle mais preciso das variáveis dos
processos de modo a garantir a produção de alimentos mais seguros e a constante
melhoria dos processos respectivamente.
Recomenda-se ainda, a empresa a destacar uma equipe especializada de modo a
avaliar e validar as soluções propostas pelo presente trabalho aquando da detecção dos
seus respectivos problemas.
À próximas pesquisas:
Para os próximos estudos relacionados a avaliação de processos industriais de
produção de farinha e farelo de milho, recomenda-se a determinar os outros
indicadores não avaliados por este estudo, como por exemplo tamanho dos grãos e a
cor da farinha, de modo a verificar a sua influência sobre a qualidade total do processo
tendo em conta o uso das ferramentas do controlo da qualidade.
Ao governo:
Ao governo, especialmente ao Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar a
aprovar e fomentar a produção de variedades de milho de maior qualidade, como o da
classe A, assim como a montar centros tecnológicos de armazenamento de milho
como forma de melhorar os níveis de qualidade da matéria-prima para as empresas
produtoras de farinha e farelo.
Avaliação do Processo de Obtenção de Farinha de Milho e Farelo Produzida pela DECA- Chimoio
MABUREZA, Aldo José Página 42
VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
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Apêndices&Anexos
I
I. APÊNDICES
Apêndice n°1. Questionário usado no processo da determinação dos PCC’s.
O questionário abaixo aplicado aos técnicos e supervisores da fábrica como recurso para
ajudar no processo da determinação dos PCC’s, possui perguntas abertas na qual o questionado
poderia tecer seus comentários em torno da pergunta e as perguntas fechadas na qual o
questionado poderia responder usando as palavras SIM ou NÃO.
A seguir são descritas as perguntas abertas.
a) Quais são as propriedades do perigo identificado e como podem influenciar se forem
consumidas ou ao equipamento?
b) Até que ponto o perigo identificado é significativo para a segurança e qualidade dos
produtos intermediários ou finais?
c) Quais são as medidas de controlo do perigo identificado e quais são especificamente os
materiais que podem ser usados para o reduzir a níveis aceitáveis o perigo ou elimina-lo?
d) Porque que a operação em causa constitui um ponto critico de controlo.
e) Quais são as consequências do não controlo deste ponto crítico?
f) Qual são as influencias do controlo deste PCC na qualidade total do processo.
A seguir são descritas as perguntas fechadas.
i) Qual é o perigo identificado?
ii) Até que ponto a substancia identificada na operação constituí um perigo?
iii) Este perigo constitui um risco ou inocuidade do alimento?
iv) Esta operação constitui um ponto crítico de controlo?
Apêndice n°2. Tabela 1. Controlo da qualidade da matéria-prima na recepção.
Dia__ /10/2015
Veiculo ID Chegada(hora) Proveniência Peso Qualidade Observações
Fonte: DECA, adaptado por AUTOR.
II
Apêndice n°3. Tabela 2. Avaliações da qualidade de milho na recepção.
Item de
avaliação
A B C D (alimentação)
Selles to meet
bill
Humidade ≤12.5% ≤13% ≤14.5%
Screenings ≤2.5% ≤4% ≤8
Grãos
danificados por
insectos
Ausência Ausência Poucos Muito
Insectos Ausência Ausência Poucos Muito
Contaminação Ausência Ausência Ligeiro Muito
Mau odor Ausência Ausência Ligeiro Muito
Cor Branca Branca e mistura Amarela e
Mistura
Mistura
Fonte: DECA, adaptado por AUTOR.
Apêndice n°4. Gráfico 1. Qualidade do milho em função do local de proveniência.
Fonte: AUTOR
0 5 10 15 20 25 30
Nhamatanda
Gondola
Changara
Macate
Catandica
Manica
Gorongosa
Chemba
Percentagens(%) de cada classe de milho
Loc
ais d
e pr
ovin
ienc
ia d
o m
ilho
Rastreio da qualidade do milho
D
C
B
A
III
Apêndice n° 5. Tabela 3. Consumo de potência activa dos moinhos de rolos.
A tabela abaixo mostra o consumo de potência activa, calculado com base em dados da
intensidade da corrente eléctrica (A) colhidos de uma em uma hora (10 vezes), durante 5 dias e
de acordo com a fórmula a baixo. Sendo que os valores mostrados por cada dia, são valores
médios calculados. E no geral esta potência foi menor que a potência instalada que é 11 e 15kW.
P (kW) =(1,72* V *cosφ *A)/1000
Fonte: AUTOR.
Apêndice n°6. Tabela 4. Controlo do tempo da operação de fumigação no silo.
Numero dos silos Tempo de fumigação em
dias
4, 5, 7,13, 17 7
2,3, 7, 9, 10, 15 9
1, 8, 11, 16 12
12,13,14 8
2,3,4,9, 10,15 7
8,11, 16 12
Dia Moinhos da linha 1 Moinhos da linha 2
B1 B2 G1 S1 S2 S3 B1 B2 G1 S1 S2 S3
1 7,45 6,9 4,41 7,86 5,76 4,5 7,65 7,72 7,91 10,8 7,75 4,41
2 7,56 7,15 4,83 7,5 5,64 4,63 7,46 7,4 7,85 9,22 7,84 4,32
3 6,25 5,52 3,43 6,67 4,29 4,22 6,8 6,613 7,24 9,44 6,57 4,33
4 6,81 5,76 3,84 6,91 5,33 4,74 7,15 8,22 8,35 9,26 7,66 4,57
5 7,38 6,75 3,78 7,39 4,51 4,4 6,98 7,69 8,35 8,93 6,91 4,24
Média 7,09 6,4 4,1 7,3 5 4,5 7,2 7,5 7,94 9,5 7,3 4,37
Var 0,24 0,4 0,2 0,2 0 0,03 0,1 0,3 0,17 0,4 0,3 0,01
Desv 0,49 0,7 0,5 0,4 1 0,18 0,3 0,5 0,41 0,7 0,5 0,11
Coef.va(%) 6,96 10 12 5,9 12 4,01 4,3 7 5,15 6,9 6,9 2,56
IV
Média 9,166666667
Desvio padrão 2,316606714
Variância 5,366666667
Coeficiente de
variação (%)
25,27207324
Fonte: AUTOR.
Apêndice n° 7. Tabela 5. Informação dos dínamos dos moinhos da primeira linha.
Moinho/Info Volt Kw Hz Cos φ 1/min A
B1 380 15 50 0.83 960 30,5
B2 380 11 50 0.83 955 23
G1 380 11 50 0.83 955 23
S1 380 15 50 0.83 960 30,5
S2 380 11 50 0.83 955 23
S3 380 11 50 0.83 955 23
Fonte: AUTOR.
Apêndice n° 8. Tabela 6. Informações dos dínamos moinhos da segunda linha.
Moinho/Info Volt Kw Hz Cos φ 1/min A
B1 380 15 50 0.83 960 30,5
B2 380 15 50 0.83 960 30,5
G1 380 15 50 0.83 960 30,5
S1 380 15 50 0.83 960 30,5
S2 380 15 50 0.83 960 30,5
S3 380 15 50 0.83 960 30,5
Fonte: AUTOR.
V
Apêndice n°9. Tabela 7. Balanço de massa por hora na moagem da primeira linha, (7-15
horas), 8 horas de trabalho.
Dia
Milho sujo
(kg/h)
Milho limpo
(kg/h)
pó de
milho(kg/h) Resíduo (kg/h)
1 3333,3425 3317,1875 5, 405 16,155
2 3339,8425 3317,1875 4,66 17,995
3 3347,6425 3317,1875 7,135 23,32
4 4007,62375 3985,46875 7 16
5 4020,015417 3985,46875 8,143333333 26,40333333
Média 3609,693333 3584,5 6,734583333 19,97466667
Desvio padrão 368,975854 366,0327154 1,474138402 4,659021326
Variância 136143,1809 133979,9487 2,173084027 21,70647971
Coefi. vari(%) 10,22180612 10,21154179 21,88908101 23,32465119
Fonte: AUTOR.
Apêndice n°10. Tabela 8. Balanço de massa por hora na moagem da segunda linha, (7-15
Horas), 8 horas de trabalho.
Dia
Milho sujo
(kg/h)
Milho limpo
(kg/h)
Pó de milho
(kg/h) Resíduo (kg/h)
1 3344,4775 3317,1875 5,35 16,89
2 3342,6675 3317,1875 5,15 20,33
3 3350,6575 3317,1875 7,905 25,565
4 4004,68875 3985,46875 6,495 12,725
5 4012,75875 3985,46875 6,943333333 20,3466667
Média 3611,05 3584,5 6,368666667 19,17133334
Desvio padrão 363,0481041 366,0327154 1,143388847 4,752961856
Variância 131803,9259 133979,9487 1,307338055 22,59064641
Coefi. vari(%) 10,05380995 10,21154179 17,95334733 24,79202553
Fonte: AUTOR.
VI
Apêndice n° 11. Tabela n°9. Variação da qualidade de acordo com a proveniência do
produto para as peneiras.
Moinhos B1 B2 G1 S1 S2 S3 DEGERM
Qualidade H4 H2 H6 H1 H3 H5 H7
Fonte: AUTOR
Legenda da qualidade:
H1- qualidade superior 1.
H2- qualidade superior 2.
H3- qualidade média 3.
H4- qualidade média 4.
H5- qualidade inferior 5.
H6- qualidade inferior 6.
H7- qualidade inferior 7.
Apêndice n°12. Gráfico 2. Balanço massico e o não aproveitamento da equipe.
Fonte: AUTOR.
01000020000300004000050000600007000080000
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Qua
ntid
ade
em k
ilogr
amas
Número de dias
Gráfico da relação matéria processada vs não aproveitamento doequipamento
Milho sujo
Não Aproveitamento Equipe
Farinha
Farelo
VII
Apêndice n° 13. Tabela n°10. Balanço de massa na moagem dos grãos, (7-15horas de
moagem).
Dias/pro
duto
Milho
sujo
Não
Aproveita
mento
Equipe
Milho
limpo
(ML)
(kg)
Farinha
de
milho
(FM)
(kg)
Pó de
milho
(kg)
Farelo
(F/ML)
(kg)
Extra
cção
de
Farin
ha
(FM/
ML)
(%)
Extracç
ão de
Farelo
(F/ML)
(%)
154302,9
9425697,006 53885 33775 160 19950 62,67 37,01
252539,8
2627460,174 52435 33375 160 18900 63,65 36,04
3 53860 26140 53860 36900 160 16800 68,51 31,19
4 51120 28880 51120 34160 160 16800 66,82 32,86
5 53570 26430 53570 35480 240 17850 66,23 33,32
6 53205 26795 53205 36205 200 16800 68,04 31,575
7 53925 26075 53925 38025 150 15750 70,51 29,20
8 62415 17585 62415 41105 310 21000 65,85 33,64
9 58520 21480 58520 39280 340 18900 67,12 32,29
10 58640 21360 58640 32585 260 25795 55,56 43,98
11 55425 24575 55425 37215 360 17850 67,14 32,20
12 53075 26925 53075 37080 245 15750 69,86 29,67
13 56150 23850 56150 40040 360 15750 71,31 28,04
14 67795 12205 67795 51320 200 16275 75,69 24,01
15 63767,5 16232,5 63767,5 43537,5 280 19950 68,27 31,28
Media56554,0
2133
23445,978
67
56519,1
666738005,5 239
18274,6
666767,15
32,4254
1753
Desvio- 4615,21 4615,21 4636,04 4612,16 74,21 2586,93 4,33 4,33
VIII
padrão
Variânci
a
228215
81,8
22821581,
8
230280
74,7
227915
44,82
5900,71
4286
717025
1,66720,14 20,14
Coef.var
iação
(%)
8,160 19,68 8,20 12,13 31,05 14,15 6,456 13,37
Fonte: AUTOR.
Apêndice n° 14. Figuras da peneira, sonda metálica e elementos do medidor de humidade.
Figura1. Imagem da peneira Figura 2. Imagem da sonda metálica.
Figura n°3. Imagem do medidor de humidade. Figura n°4. Imagem dos elementos do
medidor de humidade.
IX
Apêndice n°15. Gráficos das cartas de controlo de qualidade para variáveis individuais.
Gráfico n. °4. Carta de controlo de qualidade para a taxa de extracção de farinha.
hidratados.
Gráfico n. °5. Carta de controlo de qualidade para o tempo da operação de fumigação.
Apêndice n°19. Resultados da análise de var
Gráfico n. °6. Carta de controlo de qualidade para a humidade dos grãos hidratados.
Taxa de extracção de f arinha
Número de dias
Per
cent
age
ns (
%)
C T R = 67,15
U C L = 78,06
LC L = 56,24
0 3 6 9 12 1555
59
63
67
71
75
79
Te m p o d e fu m ig a ç ã o
N ú m e ro d o s g ru p o s d e s i lo s e m fu m ig a ç ã o
Nú
me
ro d
e d
ias
C T R = 9 ,1 7
U C L = 1 7 ,1 5
L C L = 1 ,1 9
0 1 2 3 4 5 60
3
6
9
1 2
1 5
1 8
Humidade dos grãos hidratados
Número de amostrasVal
ores
de
hum
idad
e em
%
CTR = 15,64
UCL = 19,24
LCL = 12,03
0 20 40 60 80 100 12012
14
16
18
20
22
X
Apêndice n°16. Resultados da análise de variância da humidade das amostras do milho
transportado ao silo.
Tabela n°14. Resultados da ANOVA das amostras de grãos de milho transportados ao silo.
FV GL SQ QM F p-value F-crit
Tratamentos 3 1.09333 0.36444 0.6919 ns 0.5608 0.071
Resíduo 56 29.49600 0.52671
Total 59 30.58933
** Significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < 0.01)
* Significativo ao nível de 5% de probabilidade (0.01 ≤ p <0 .05)
ns não significativo (p ≥0 .05)
Apêndice n°17. Resultados da análise de variância da humidade das amostras do milho
hidratado para as horas estudadas.
Tabela n°15. Resultado da ANOVA das amostras dos grãos de milho às 8 horas.
FV GL SQ QM F p-value F-crit
Tratamentos 14 37.33200 2.66657 0.7321 ns 0.7173 0.339
Resíduo 15 54.63500 3.64233
Total 29 91.96700
Tabela n°16. Resultado da ANOVA das amostras dos grãos de milho às 11 horas.
FV GL SQ QM F p-value F-crit
Tratamentos 14 19.13467 1.36676 0.5578 ns 0.8587 0.339
Resíduo 15 36.75500 2.45033
Total 29 55.88967
XI
Tabela n°17. Resultado da ANOVA das amostras dos grãos de milho às 14 horas.
FV GL SQ QM F p-value F-crit
Tratamentos 14 39.92867 2.85205 0.8182 ns 0.6437 0.339
Resíduo 15 52.28500 3.48567
Total 29 92.21367
Tabela n°18. Resultado da ANOVA das amostras dos grãos de milho às 16 horas.
FV GL SQ QM F p-value F-crit
Tratamentos 14 35.41867 2.52990 0.8854 ns 0.5876 0.339
Resíduo 15 42.86000 2.85733
Total 29 78.27867
XII
II. ANEXOS
Anexo n°1. Figura 1. Árvore decisória usada para a determinação de PCC’s.
Fonte: (OPAS, s/d).
Anexo n°2. Figura 2. Fluxograma geral do processamento de milho para obtenção de
farinha e subprodutos. (página a seguir).
Fonte: http://www.appropedia.org/ - (adaptado por Autor.)
XIII
XIV
Anexo n°3. Figura 3. Correntes dos moinhos e seus respectivos diâmetros nas peneiras.
Fonte: DECA.