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ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL - ESAB MBA – EXECUTIVO EMPRESARIAL EM ADMINISTRAÇÃO, FINANÇAS E NEGÓCIOS OTO BARRETO SILVA CACHAÇA PERNAMBUCANA HISTÓRIA, COSTUMES E MERCADO. VILA VELHA - ES 2010

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ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL - ESAB

MBA – EXECUTIVO EMPRESARIAL EM ADMINISTRAÇÃO,

FINANÇAS E NEGÓCIOS

OTO BARRETO SILVA

CACHAÇA PERNAMBUCANA

HISTÓRIA, COSTUMES E MERCADO.

VILA VELHA - ES

2010

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OTO BARRETO SILVA

CACHAÇA PERNAMBUCANA

HISTÓRIA, COSTUMES E MERCADO.

Monografia apresentada ao curso de MBA – Executivo Empresarial em Administração Finanças e Negócios da Escola Superior Aberta do Brasil – ESAB como requisito para obtenção do título de Especialista em Administração, finanças e negócios Empresariais, orientado pela mestranda Luciana Genelhú Zonta

VILA VELHA - ES

2010

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OTO BARRETO SILVA

CACHAÇA PERNAMBUCANA

HISTÓRIA, COSTUMES E MERCADO

Monografia aprovada em ... de ... de 2010.

Banca Examinadora

VILA VELHA - ES

2010

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos aqueles que contribuíram para o reconhecimento

da cachaça como um produto genuinamente brasileiro, que apreciam seu

sabor, e fazem a história desta maravilhosa bebida.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, que me abençoou com uma maravilhosa família, meus

tesouros Girlane, Lis, Raí e Ian, sempre ao meu lado, sempre.

Agradeço a meus pais, pelo caminho que me conduziram e possibilitaram

chegar até aqui, a meus irmãos Max e Elk, que enfrentamos juntos esta

maravilhosa luta pelo resgate da qualidade e tradição da cachaça

pernambucana, meus amigos, funcionários e colaboradores que acreditam em

mim e na Sanhaçu.

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"O futuro não é predeterminado. É,

pelo menos em parte, sujeito à

nossa influência. O nosso interesse

deve ser, pois, focalizar futuros

previsíveis tanto quantos que são

possíveis e prováveis."

Alvin Toffler

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LISTA DE FIGURAS, TABELAS E QUADROS

FIGURAS Figura 1 - Etapas de um plano de marketing .............................................................................. 15

Figura 2- Market Share nacional da indústria de cachaça .......................................................... 30

Figura 3- Os dez países com maiores áreas de orgânicos ......................................................... 36

Figura 4 - Consumo de bebidas alcoólicas no Brasil .................................................................. 43

Figura 5 - Logomarca cachaça Sanhaçu ..................................................................................... 47

TABELAS Tabela 1- diferenças entre cachaça de alambique e industrial ................................................... 31

Tabela 2 - Segmentação do púbico alvo ..................................................................................... 45

QUADROS Quadro 1 - Evolução do enfoque estratégico nas 500 maiores da revista Fortune .................... 17

Quadro 2- Análise SWOT ............................................................................................................ 44

Quadro 3- Pontuação para posicionamento de mercado ............................................................ 46

Quadro 4 - Posicionamento de mercado ..................................................................................... 46

Quadro 5 - Implementação do plano de marketing ..................................................................... 54

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LISTA DE SIGLAS

ABRABE – Associação Brasileira de Bebidas

AMCHAM – American Chamber of Commerce

AMPAQ – Associação Mineira dos Produtores de Aguardente de Qualidade

APEX – Agência brasileira de promoção de exportação e investimentos

CPT – Centro de Produções Técnicas

IBD – Instituto Bio Dinâmico

IBRAC – Instituto Brasileiro da Cachaça

INFOAM – International Fedaration of Organic Agriculture Movements

MAPA – Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento

PBDAC – Programa Brasileiro de Desenvolvimento da Cachaça

SEBRAE - Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

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RESUMO

O presente trabalho apresenta um plano de marketing para uma microempresa

familiar de cachaça de alambique orgânica, buscando entender as diferenças

mercadológicas entre os destilados de uma forma geral com foco na

aguardente de cana-de-açúcar. A produção nacional de cachaça atinge cerca

de 1,3 bilhões de litros anuais, gera uma receita próxima a US$ 500 milhões e

emprega 450 mil pessoas; é produzida em todas as regiões brasileiras, sendo

a maior parte nos estados de São Paulo, Pernambuco, Ceará, Rio de Janeiro,

Goiás, Minas Gerais e Santa Catarina. Estima-se que existam perto de 30 mil

produtores, a maioria produzindo pequenos volumes comercializados

localmente. Os produtores de grande escala utilizam modernas colunas de

destilação e sofisticados recursos de análises laboratoriais. Os produtores, de

forma geral, conseguem manter características originais para a cachaça dentro

de padrões de qualidade. Atualmente quase 15 milhões de litros são vendidos

para mais de 60 países. A cachaça Sanhaçu, empresa em estudo visa

contribuir para resgatar a tradição pernambucana em produzir cachaça de

qualidade e romper as barreiras de inserção de uma nova marca no concorrido

mercado de cachaça de alambique.

PALAVRAS-CHAVE

Cachaça de Alambique, Cachaça Pernambucana, Plano de Marketing

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS, TABELAS E QUADROS .......................................................... 6

FIGURAS .................................................................................................................... 6

TABELAS ................................................................................................................... 6

QUADROS ................................................................................................................. 6

LISTA DE SIGLAS ..................................................................................................... 7

1. PROBLEMÁTICA ................................................................................................. 10

1.1. EXPOSIÇÃO DO ASSUNTO ........................................................................................................ 10

1.2. PROBLEMA DE PESQUISA ........................................................................................................ 10

1.3. JUSTIFICATIVA PARA A ESCOLHA DO TEMA ......................................................................... 11

1.4. OBJETIVO GERAL ....................................................................................................................... 12

1.5. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................................................ 12

1.6. DELIMITAÇÃO DO TRABALHO .................................................................................................. 12

1.7. METODOLOGIA DE PESQUISA ................................................................................................. 12

2. ABORDAGEM TEÓRICA ..................................................................................... 13

2.1. O QUE É UM PLANO DE MARKETING ...................................................................................... 13

2.2. A ESTRUTURA DE UM PLANO DE MARKETING ...................................................................... 14

2.3. PLANEJAMENTO ......................................................................................................................... 15

2.4. OBJETIVOS E METAS ................................................................................................................. 21

2.5. COMPOSTO DE MARKETING .................................................................................................... 22

2.6.. IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO DE MARKETING ..................................................................... 24

2.7. AVALIAÇÃO E CONTROLE ......................................................................................................... 25

3. CONTEXTO HISTÓRICO-ECONÔMICO DA CACHAÇA .................................... 26

3.1. A HISTÓRIA DA CACHAÇA ......................................................................................................... 26

3.2. CENÁRIO NACIONAL DA CACHAÇA ......................................................................................... 28

3.3. PADRÕES DE IDENTIDADE DA CACHAÇA .............................................................................. 33

3.4. O MERCADO DA CACHAÇA ....................................................................................................... 34

3.5. O CENÁRIO NACIONAL DOS PRODUTOS ORGÂNICOS......................................................... 35

4. PLANO DE MARKETING .................................................................................... 39

4.1. SUMÁRIO EXECUTIVO ............................................................................................................... 39

4.2. ANÁLISE DE AMBIENTE ............................................................................................................. 40

4.3. DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS E METAS: .................................................................................. 48

4.4.DEFINIÇÃO DAS ESTRATÉGIAS DE MARKETING .................................................................... 48

4.5. IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO DE MARKETING ...................................................................... 52

4.7. AVALIAÇÃO E CONTROLE ......................................................................................................... 55

CONCLUSÕES ........................................................................................................ 56

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 57

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CAPÍTULO 01

1. PROBLEMÁTICA

1.1. EXPOSIÇÃO DO ASSUNTO

Este trabalho busca entender o mercado pernambucano para cachaça de

alambique, estudar os entraves para comercialização deste produto e propor

estratégias de inserção no mercado de uma nova marca através da elaboração

de um plano de marketing para uma micro empresa familiar de cachaça de

alambique orgânica.

No primeiro capítulo, são apresentados: a problemática do assunto, os

objetivos gerais e específicos, a metodologia utilizada bem como a delimitação

do trabalho. A abordagem teórica, base de sustentação para o

desenvolvimento da pesquisa, compõe o segundo capítulo, em seguida, no

terceiro capítulo é feita uma contextualização histórico-econômica da cachaça

no Brasil as características do mercado atual. No capítulo quatro, é

apresentado um plano de marketing para uma microempresa de produção de

cachaça de alambique e, por fim, as conclusões, limitações e recomendações

decorrentes deste estudo.

1.2. PROBLEMA DE PESQUISA

Qual o conhecimento da sociedade pernambucana sobre cachaça artesanal de

alambique? Por que a cachaça é tida como uma bebida de baixa qualidade em

Pernambuco? Por que o mercado de cachaça de alambique neste estado é tão

reprimido, se comparado a vizinhos como Paraíba e Ceará? Quais os desafios

de marketing que uma pequena empresa enfrenta para introduzir sua marca no

mercado?

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1.3. JUSTIFICATIVA PARA A ESCOLHA DO TEMA

Pernambuco ocupa atualmente o segundo lugar em produção de cachaça no

país, e apesar desta excelente colocação, Recife é a cidade brasileira com

maior consumo per capta de wisky, o que comprova quando não é exportada, a

cachaça produzida no estado não é aceita pelo público pernambucano como

um produto de qualidade. Estima-se que no Brasil existam perto de 30 mil

produtores, a maioria produzindo pequenos volumes comercializados

localmente. Pernambuco conta hoje apenas com 06 (seis) alambiques

devidamente regularizados pelo Ministério da Agricultura Pecuária e

Abastecimento e alguns poucos atuando de forma clandestina. Os produtores

de grande escala utilizam modernas colunas de destilação e sofisticados

recursos de análises laboratoriais.

Os pequenos produtores, de forma geral, conseguem manter características

originais para a cachaça dentro de padrões de qualidade, possuem uma boa

apresentação do produto, mas não conseguem uma expressão satisfatória no

mercado.

O mercado pernambucano está apenas começando a reconhecer o valor da

cachaça produzida em alambiques, resgatando a tradição dos antigos

engenhos, aliado a todo um aparato tecnológico desenvolvido pelas

universidades de Minas Gerais, e amantes do produto de todo o país.

A necessidade dos produtores de cachaça, vivenciada pessoalmente pelo autor

desta monografia, de inserir seu produto no mercado, incentivou a criação

deste trabalho acadêmico, sua aplicação pode ajudar não só a resolver este

problema, mas proporcionar a todos os pequenos empresários do setor um

caminho a ser seguido para que juntos possamos colocar a cachaça

pernambucana no lugar de destaque que lhe é devido.

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1.4. OBJETIVO GERAL

Conhecer qual o entendimento da sociedade pernambucana sobre as

diferenças entre os diversos tipos de bebidas alcoólicas derivadas de cana-de-

açúcar, seus costumes e história e como isto se reflete no consumo e apontar

soluções com a elaboração de um plano de marketing para uma micro empresa

de produção de cachaça artesanal.

1.5. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Levantar os motivos pelo qual a cachaça é tida como um produto de

baixa qualidade;

• Estudar o mercado atual e a perspectiva de futuro neste segmento;

• Entender os hábitos pernambucanos de consumo desta bebida;

• Comparar o mercado Pernambucano com estados potenciais

consumidores do produto

• Elaborar um plano de marketing para uma micro empresa de produção

de cachaça artesanal

1.6. DELIMITAÇÃO DO TRABALHO

Estudar a história da cachaça no Brasil, com ênfase em Pernambuco, conhecer

o comportamento do mercado local e compará-lo com mercados vizinhos.

Elaborar um plano de marketing para uma microempresa familiar de produção

de cachaça de alambique orgânica.

1.7. METODOLOGIA DE PESQUISA

A pesquisa será exploratória com levantamento em livros, visitas a museus de

cachaça, visita a produtores de cachaça e pesquisa em websites de

produtores, colecionadores e estudiosos sobre o assunto.

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CAPÍTULO 02

2. ABORDAGEM TEÓRICA

2.1. O QUE É UM PLANO DE MARKETING

Um plano de marketing é uma ferramenta empresarial que em harmonia com o

plano de negócios, visa identificar oportunidades e detalhar ações necessárias

para atingir objetivos de uma empresa, podendo ser direcionado a um produto,

uma marca, um serviço ou ainda para linhas de produtos.

Conhecendo seu mercado o empresário será capaz de traçar o perfil do seu

consumidor, tomar decisões com relação a objetivos e metas, ações de

divulgação e comunicação, preço, distribuição, localização do ponto de venda,

produtos e serviços adequados ao seu mercado, ou seja, ações necessárias

para a satisfação de seus clientes e o sucesso de seu negócio.

Uma diferença fundamental entre o planejamento estratégico e o de marketing

é que o primeiro é considerado de longo prazo, com um horizonte temporal de

cerca de 5 anos, enquanto o segundo é de curto prazo, com horizonte temporal

de um ano, esta condição leva a necessidade de elaborar cenários específicos

para o planejamento de marketing e o planejamento estratégico segundo

MOREIRA (2006, p.1610). De acordo com Las Casas (2001, p. 18), “o plano de

marketing estabelece objetivos, metas e estratégias do composto de marketing

em sintonia com o plano estratégico geral da empresa”. Para Westwood (1991

p. 19): Um plano de marketing é um documento que formula um plano para

comercializar produtos e/ou serviços. O plano de marketing global da

companhia pode ser composto a partir de uma série de planos de marketing

menores para produtos ou áreas individuais. Ainda Westwood (1991), o plano

de marketing disciplina o planejador a colocar suas idéias, fatos e conclusões

de uma maneira lógica que pode ser seguidos por outros. O plano de marketing

é à base do plano estratégico, pois determina, através de estudos de mercado,

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até mesmo o que, como e quando será produzido um bem, serviço ou idéia

para a posterior venda a indivíduos ou grupos (COBRA, 1991).

A certeza de que o marketing é a ferramenta gerencial que mais influencia a

evolução do homem e da sociedade já não é mais novidade. A busca

incessante pela satisfação de necessidades e desejos, mesmo os mais

utópicos, tem levado o homem ao progresso, em termos sociais e tecnológicos,

e a resposta para a solução de determinadas necessidades. É o que todos os

administradores de marketing consideram genialidade (SCHEIDT, 2000, p.81).

Os planos de marketing oferecem vários benefícios. Um plano de marketing

bem feito ajuda os membros do departamento de marketing a reconhecer onde

seus esforços devem estar concentrados e a observar e tirar o melhor proveito

das oportunidades no mercado. Também proporciona um meio de medir o

desempenho do departamento de marketing pela comparação dos resultados

com os objetivos (CHURCHILL e PETER, 2000, p.101)

2.2. A ESTRUTURA DE UM PLANO DE MARKETING

Não existe uma estrutura fixa para se elaborar um plano de marketing, mas o

importante é que ele ser baseado em uma sólida estratégia de marketing, caso

contrário fica fadado a se tornar mais algumas folhas de papel na mesa do

empresário.

Basicamente um plano de marketing se divide em três partes conforme figura

abaixo:

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Figura 1 - Etapas de um plano de marketing

Fonte: SEBRAE-MG

Este estudo propõe a investigação do processo gerencial do marketing tanto no

desenvolvimento de novos negócios, como na elaboração de planos para

negócios já implantados.

2.3. PLANEJAMENTO

No nosso dia-a-dia estamos em constante movimento e antecipando os

resultados de nossas ações mesmo involuntariamente ou inconsciente. Porém

o ato de planejar explicitamente geralmente é menos frequente que a ação,

mesmo que não estejamos completamente cientes dessa antecipação. Assim

que tomamos conhecimento de uma ação, ou quando executamos

comportamentos bem treinados para os quais possuímos planos previamente

armazenados, ou quando o curso de uma ação pode ser livremente adaptado

enquanto ela estiver sendo executada, então, geralmente agimos e adaptamos

nossas ações sem planejá-las explicitamente.

No mundo empresarial o planejamento possibilita perceber a realidade, avaliar

as opções, construir um referencial futuro, estruturando o trâmite adequado e

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reavaliar todo o processo a que o planejamento se destina. Sendo, portanto, o

lado racional da ação.

2.3.1 – Sumário Executivo

O sumário executivo apesar de estar no início do plano de marketing, deve ser

escrito por último, visto que este deve apresentar uma visão geral do plano,

apresentando a situação atual, objetivos alcançar e estratégias para se atingir

tais objetivos.

Segundo o Prof. Dr José Dornelas, palestrante, consultor, autor de livros best-

seller e professor nas principais escolas de negócios do país, é muito mais

coerente e eficiente escrever o sumário executivo depois de se preparar o texto

básico, este sumário não deve conter mais que duas páginas e contemplar a

essência do plano.

2.3.2 – Análise de ambiente

A sintonia com o ambiente é fator determinante para a sobrevivência e o

sucesso de uma empresa, e deve ser permanentemente monitorado, nos

âmbitos externo e interno.

Este conceito pode ser sintetizado no pensamento de Sun Tsu (2008), que

afirma que se conhecemos o inimigo e a nós mesmos (ambientes externo e

interno), não precisamos temer o resultado de uma centena de combates. Se

nos conhecemos, mas não o inimigo, para cada vitória sofreremos uma derrota,

se não conhecemos nem ao inimigo nem a nós mesmos, sucumbiremos em

todas as batalhas.

Para reforçar a relevância da Análise do Ambiente, vamos destacar opiniões de

consultores internacionais, professores e empresários de sucesso. Peter

Drucker (2010, np), retrata que em épocas turbulentas as empresas não podem

pressupor que o amanhã será sempre uma extensão do presente. Pelo

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contrário, devem administrar visando mudanças que representem

oportunidades e ameaças. Uma era de turbulência é também uma era de

grandes oportunidades para aqueles que compreenderem, aceitarem e

explorarem as novas realidades. Os tomadores de decisões devem e enfrentar

face-a-face a realidade e resistirem àquilo que todos nós já conhecemos, a

tentação das certezas do passado - certezas que estão prestes a se tomar as

superstições do futuro.

Os que se acomodam e se desculpam dizendo que "Não temos certeza de

coisa alguma", devem se lembrar da famosa afirmação de Toffler: "As

mudanças são a única certeza que temos."

Para os que temem mudanças, Drucker (2010, np) adverte ainda que

mudanças são oportunidades. Podem ser vistas como ameaças por muitos

executivos - mas todas precisam ser exploradas como uma oportunidade - para

fazer algo de diferente, algo de novo e, acima de tudo, para fazer algo melhor,

algo mais produtivo e lucrativo.

A evolução do enfoque estratégico para as 500 maiores empresas da revista

Fortune. Esta evolução pode ser vista no quadro a seguir (MICKAMNN)

Era Período Enfoque

1 1910/1935 Estrutura

2 1935/1955 Produtividade

3 1955/1970 Sistemas

4 1970/1980 Estratégia

5 1980/1985 Cultura

6 1985/1989 Inovação

7 1990 Administração da Complexidade

Quadro 1 - Evolução do enfoque estratégico nas 500 maiores da revista Fortune

Fonte: "FUTURE 500: Creating Tomorrow's Organizations Today"

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Cabe destacar no quadro que, na década de 90, o enfoque é para a

Administração da complexidade. Como a complexidade é gerada pela dinâmica

do ambiente, fica evidente a necessidade de analisá-lo e monitorá-lo

sistematicamente.

Alvin Toffler (1983), em seu livro, "Previsões e premissas", afirma que uma das

melhores maneiras de otimizar as decisões no presente é prospectar o futuro.

John Naisbitt (1983), mundialmente famoso pelo seu livro "Megatendências",

com mais de 7 milhões de exemplares vendidos, em um de seus seminários no

Brasil, afirmou também que saber quais são as megatendências e acompanha-

las de perto é hoje um requisito essencial a todos aqueles que buscam

excelência de resultados e não somente sobrevivência.

Michel Godet, professor de Prospectiva e Planejamento Estratégico no

Conservatoire National de Arts et Metiers de Paris, em palestra no CENPES -

Centro de Pesquisa da Petrobrás, realizado no Brasil em 1989, destacou a

importância da análise do ambiente interno da empresa, detectando com

clareza suas Forças e Fraquezas e em especial, a análise do ambiente externo

onde a prospecção de Ameaças e Oportunidades permitirão definir o

posicionamento da empresa face às questões-chave para o futuro.

George Steiner (1981), renomado consultor e professor da Universidade da

Califórnia em Los Angeles (UCLA), afirmou que a influência mais importante

sobre a política e a estratégia de uma empresa é o ambiente externo. Quanto

mais complexo, turbulento e variável for este ambiente, maior será o seu

impacto sobre a empresa. Todas as organizações, grandes e pequenas têm

que prestar mais atenção, para sua sobrevivência, a seus ambientes quando

formulam e implantam políticas e estratégias.

2.3.3 – Definição do Público Alvo

Identificar os segmentos da população ou particulares que se deseja servir,

este, segundo o SEBRAE-MG (2010, np) é o principal sentido da definição do

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público alvo. É preciso que se determine quais os segmentos que oferecem as

melhores oportunidades para o negócio.

Para o SEBRA-PR (2010, np) , a definição do público alvo é o ponto inicial para

o planejamento do seu novo negócio. Para identificar para quem você quer

vender o seu produto e serviço não basta descrever as características de sua

clientela. Apesar de ser comum a definição do público alvo apenas citando

fatores como renda, sexo, grau de escolaridade entre outras, estes parâmetros

dão apenas uma idéia superficial do mercado. É necessário identificar se o

cliente está disposto a comprar o produto ou serviço oferecido e se entre sua

lista de desejos e necessidades encontram-se o que temos a oferecer.

Além destas questões é necessário identificar se o grupo de clientes que

pretende atender é grande o suficiente para sustentar o seu negócio. No caso

de existirem concorrentes deve ser levada em consideração a divisão deste

mercado potencial em vários competidores brigando pelo mesmo cliente.

Portanto identificar a quantidade de clientes potenciais pode fazer toda a

diferença em seu planejamento.

Lee Ann Obringer (2010, np), redatora do HowStuffWorks (EUA) e Bacharel em

Jornalismo/Propaganda pela Universidade da Carolina do Norte, afirma que a

determinação do público alvo é provavelmente a parte mais importante dos

esforços em marketing, pois as ações devem ser direcionadas as pessoas

certas para que o resultado seja alcançado. Incluir o máximo de informações

psicográficas e demográficas que puder coletar é um fator chave para que se

tenha uma boa determinação deste público.

2.3.4 – Posicionamento de Mercado

Posicionar-se no mercado é definir que imagem a empresa deseja transmitir ao

seu cliente. Esta imagem deve ser bem definida e garantir diferenciais

competitivos em relação aos concorrentes.

O SEBRAE-SC (2010, np) reforça que para apresentar-se na mídia e também

para ganhar força no mercado, é de extrema importância que a empresa forme

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uma imagem perante todos: parceiros, concorrentes, fornecedores e,

principalmente, clientes. A criação e materialização da imagem se dão através

do posicionamento que irá adotar.

2.3.5. Definição da Marca

A representação da identidade de uma empresa é a sua marca, esta deve ser

simples e objetiva, transmitindo ao mercado o posicionamento da empresa

transmitindo de forma clara suas vantagens sobre a concorrência e o que tem

de oferecer a mais para seus clientes. Normalmente a logomarca é formada

por um símbolo e um nome, podendo ser adicionado um slogan, uma frase que

ressalte o posicionamento da empresa e ajude a transmitir esta imagem aos

consumidores. Um slogan curto facilita a memorização. A marca é um sinal de

presença, uma simples pegada, na teoria da comunicação um signo, um

símbolo ou um ícone, uma simples palavra pode definir uma marca.

O termo é frequentemente usado hoje em dia como referência a uma

determinada empresa: um nome, marca verbal, imagens ou conceitos que

distinguem o produto, serviço ou a própria empresa. Quando se fala em marca,

é comum estar-se a referir, na maioria das vezes, a uma representação gráfica

no âmbito e competência do designer gráfico, onde a marca pode ser

representada graficamente por uma composição de um símbolo e/ ou logotipo,

tanto individualmente quanto combinados.

O conceito de marca porém é bem mais amplo que ua simples representação

gráfica, uma empresa através de sua marca e de seu nome fantasia deve

comunicar a essencia de seu produto. Assim pretende marcar a imagem na

mente do consumidor, fazendo com que ele associe sempre a imagem a

qualidade do produto, em função disto a marca pode formar um importante

elemento temático pra a publicidade. É fundamental entender que o conceito

de marca é mais intangível do que tangível, já que o consumidor tem

sensações, experiências e percepções diferentes sobre uma mesma marca em

relação a outro consumidor.

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A definição da American Marketing Association, ainda adaptada em edições

clássicas de marketing, acrescenta a definição jurídica: “ A marca é um nome,

um termo, um sinal, ou um desenho, ou uma combinação destes elementos,

com vista a identificar os produtos e serviços de um vendedor, ou de um grupo

de vendedores, e a diferenciá-los dos concorrentes”.

Segundo Kotler (2006), talvez a habilidade mais característica dos profissionais

de marketing seja a capacidade de criar, manter, proteger e melhorar uma

marca. Para os profissionais de marketing, o estabelecimento de uma marca é

a arte e a essência do marketing.

A marca é em essência uma promessa da empresa em fornecer uma série

específica de atributos, benefícios e serviços uniformes aos compradores.

Socorrendo-nos de novo a Kotler (2006), a garantia de qualidade vem junto

com as melhores marcas, mas uma marca é um símbolo mais complexo,

podendo trazer até seis níveis de significados:

Atributos: a marca tem o poder de trazer a mente certos atributos.

Benefícios: estes são traduzidos em benefícios funcionais e emocionais.

Valores: a marca também transmite os valores da empresa.

Cultura: a marca tem o poder de representar certa cultura.

Personalidade: a marca pode projetar certa personalidade.

Usuário: a marca sugere o tipo de consumidor que pode usar determinado

produto.

2.4. OBJETIVOS E METAS

Traçar objetivos e metas para um plano de marketing é importante para

adequar e orientar o caminho a ser seguido para que a empresa esteja na

certeza de estar no caminho correto. Saber aonde se quer chegar e quantificar

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estas etapas para que o plano possa ser avaliado à medida que está sendo

executado.

O objetivo é onde queremos chegar, está relacionado à missão da empresa e

orienta suas ação, são declarações simples do que deve ser realizado pela

estratégia de marketing, as metas são a quantificação deste objetivo, são mais

específicas. As metas devem ser ousadas porém atingíveis, metas muito acima

do possível são desestimulantes.

2.5. COMPOSTO DE MARKETING

No marketing moderno, o composto de marketing é um dos principais

elementos podendo ser definido como variáveis que uma organização utiliza

para produzir a resposta que deseja junto ao seu público alvo. Para COBRA,

(1992, p.41), "a interação de uma organização com seus meios ambientes

internos e externos se realiza através do composto de Marketing”. As diversas

possibilidades podem ser reunidas em cinco grupos de variáveis: produto,

preço, praça, promoção e pessoas. Para Jerome McCarthy em seu livro Basic

Marketing (1960) e trata do conjunto de pontos de interesse para os quais as

organizações devem estar atentas se desejam perseguir seus objetivos de

marketing.

Produto: significa a combinação de bens e serviços, tudo o que se refere ao

produto ou serviço em si, como formulação física, características, produção,

qualidade, marca, design, embalagem, etc. É preciso que os produtos ou

serviços a serem ofertados tenham boa qualidade, que as características

atendam os gostos dos consumidores, e principalmente que correspondam as

promessas da marca. A partir da segmentação escolhida, podemos determinar

o que oferecer, com que amplitude, com que profundidade, com que marcas e

modelos, em que níveis de qualidade e de eque forma apresentar e oferecer ao

público (BERNARDINO, 2006, p75)

Preço: Política de preços, descontos, e formas e prazos de pagamento, ou

seja a quantidade de dinheiro que os clientes devem pagar pra obter o produto.

Ao se formular um preço, deve se ter em mente o custo total do composto de

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marketing e a concorrência. Estudar a reação do consumidor e proporcionar

descontos estimulantes aliados a prazos de pagamento e termos de crédito

efetivamente atrativos. Dentro do composto de varejo, o preço é uma variável

relevante, pois influi diretamente na rentabildade do varejista, bem como na

transmissão de uma determinada imagem ao consumidor (BERNARDINO,

2006, p.84)

Praça: tarefas necessárias para apresentar o produto ou serviço ao

consumidor, para que ele possa comprá-lo e consumi-lo, canais de distribuição,

cobertura, variedades, locais, estoque, transporte. Existem muitas formas de

distribuição de um produto ou serviço, mas as principais são distribuição direta

e distribuição indireta. Distribuição direta é quando o produtor do serviço ou

produto vende diretamente ao consumidor. Exemplos claros são as famosas

"lojas de fabrica" e os próprios prestadores de serviço que executam o serviço

diretamente ao consumidor, como os cabeleireiros e dentistas. A distribuição

indireta é quando o produtor utiliza-se de distribuidores para vender o produto

ou serviço ao consumidor, que são os casos de supermercados, conveniências

e até as próprias livrarias.

Promoção: todas as tarefas de comunicação que visam promover o consumo

do produto ou serviço, promoção de vendas, publicidade, força de vendas,

relações públicas, marketing direto, propaganda, etc. Refere-se aos diferentes

métodos para divulgar a marca, empresa ou produto.

Pessoas: são essencias para a vida da empresa, colaboradores que tenham

um total conhecimento do posicionamento da empresa, objetivos e metas são

necessárias para que a qualidade do atendimento, do produto e dos serviços

prestados estejam de acordo com o planejado.

Treinamentos, confraternizações e politicas motivadoras, visto que uma boa

remuneração não é suficiente para manter colaboradores sempre dispostos a

proporcionar um excelente atendimento e participação ativa. Os colaboradores

devem coompreender que quanto maior a satisfação do cliente, melhores as

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vendas e os lucros, mais estável estará a empresa e o seu futuro mais

promissor.

Estes cinco fatores do mix de marketing estão inter-relacionados, decisões e

ações em uma área afetam outras, uma empresa que decide trabalhar com a

estratégia de preço baixo para conquistar mercado, deve estar atenta como dar

suporte nos outros elementos para não ocorra um desequilíbrio que pode ser

prejudicial a saúde financeira da empresa. Cada elemento do mix de marketing

pode ter infinitas possibilidades, pode-se dar foco a distribuição por atacadistas

ou vendas diretas a consumidores finais, preço baixo ou eleger apenas

produtos para classes de maior poder aquisitivo, enfim a administração deve

selecionar uma combinação de fatores que vão satisfazer tanto a empresa

quanto o público alvo.

2.6.. IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO DE MARKETING

Para que o plano de marketing tenha efeito é preciso de um cuidadoso e bem

estruturado processo de implementação, Zinkhan e Pereira (1994) revisaram a

história da pesquisa em estratégia de marketing, concluindo que a omissão de

trabalho nas áreas de implementação e controle são as mais preocupantes. No

planejamento de marketing, a implementação eficaz é imprescindível. Para

Simkin (1996), muitos autores possuem uma visão míope com relação ao

planejamento de marketing, pois percebem-no apenas como a etapa final do

processo, quando a ênfase está na implementação do composto de marketing,

e não na análise ou no desenvolvimento de uma estratégia de mercado. Para

David (2002), a principal ameaça para a implementação bem sucedida de uma

estratégia é a resistência à mudança. As resistências às mudanças podem vir

das mais diversas formas, desde uma sabotagem de máquinas, faltas ao

trabalho e falta de vontade de cooperar. A resistência é natural por parte do ser

humano, mas o principal fator é a falta de compreensão do porquê da

mudança, isto leva aos administradores a antes de implementar o plano de

marketing, preparar os colaboradores. Existe, porém uma necessidade real por

parte dos empresários, de assegurar que a implementação dos planos de

marketing seja realizada de forma eficiente e eficaz, em geral, um valioso

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capital humano e financeiro é investido no plano e o resultado depende

bastante de fatores com quem e de que forma serão realizadas as ações

propostas. Walker, Boyd e Larréché (1996) acreditam que quatro conjuntos de

variáveis internas afetam a habilidade de um negócio em implementar suas

estratégias, a saber: o ajuste entre as estratégias de marketing perseguidas em

determinados mercados e as estratégias corporativas da empresa, os

relacionamentos administrativos entre as unidades de negócio e as matrizes da

corporação, a estrutura organizacional das unidades de negócio e seus

mecanismos de coordenação, e o conteúdo do plano de marketing para cada

mercado.

McDonald (1992) apresenta dez principais razões para as falhas na

implementação de planos de marketing: confusão entre táticas e estratégias de

marketing, isolamento da função de marketing das operações, confusão entre a

função de marketing e o conceito de marketing, barreiras organizacionais, falta

de análises aprofundadas, confusão entre processo e resultado do processo,

falta de conhecimento e habilidades, falta de uma abordagem sistemática para

o planejamento de marketing, dificuldade em priorizar objetivos e presença de

culturas organizacionais hostis.

2.7. AVALIAÇÃO E CONTROLE

A Avaliação de plano de marketing pode ser realizada de formas diferentes,

isoladas ou inter-relacionadas:

• Avaliação qualitativa (adaptação ao mercado e á empresa e coerência

com o posicionamento.

• Avaliação quantitativa (vendas, quota de mercado e resultados).

• Formulação de orçamentos previsionais (margem bruta, resultados

líquidos, cash flow, retorno do capital investido e pay-back do investimento).

• Método do ponto crítico.

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CAPÍTULO 03

3. CONTEXTO HISTÓRICO-ECONÔMICO DA CACHAÇA

3.1. A HISTÓRIA DA CACHAÇA

Existem várias versões para o surgimento da aguardente, a mais aceita provém

dos gregos, que utilizavam os destilados para fins medicinais. O processo de

obtenção da aguardente, ou ácqua ardens, água que pegava fogo foi

aprimorado pelos árabes, que inventaram e desenvolveram o processo de

destilação semelhante ao existente atualmente. A tecnologia de obter

destilados se espalhou por diferentes regiões, adaptando-se as matérias

primas existentes. Assim, a Escócia passou a produzir o whisky (a base de

cevada ou milho), Itália o grappa (uva), Alemanha o kirsch (cereja), Rússia a

vodka (centeio), Japão e China o sakê (arroz), Portugal a bagaceira (uva),

México a tequila (algave), Brasil a cachaça (cana-de-açúcar), dentre outros

(AMPAQ, 2004).

A origem da palavra “cachaça” é polêmica. Uma versão leva ao termo ibérico

cachazza, tipo de vinho barato consumido em Portugal e Espanha, outra

considera que veio da fêmea do cachaço, porco selvagem cujas carnes duras

eram amaciadas com a aguardente. E ainda, outra versão considera que veio

da “cagaça”, garapa azeda do vinho da cana-de-açúcar servida aos escravos

pelos senhores de engenho que ao ser destilada passou a ser denominada

cachaça (APEX, 2002; ALMEIRA, 2004; SILVEIRA, 2004).

Existem duas versões aceitas para o surgimento da cachaça no Brasil, a

primeira e mais romântica, alega que os escravos erraram o ponto do açúcar e

para feitor não percebesse, esconderam o tacho na senzala, que durante a

noite fermentou, evaporando o álcool e condensando no telhado da senzala,

caindo na forma de gotículas, surgindo assim o apelido “pinga”, bem como o

nome aguardente, pois os pingos caiam sobre as costas maltratadas dos

escravos que estavam em carne viva e ardia. Experimentando este líquido,

notaram que possuía efeitos relaxantes, ajudando-os a suportarem as árduas

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tarefas do dia-a-dia, esta versão, a mais contada em mesas de bar e pelos

amantes da bebida é a mais divulgada, porém não é aceita pelos historiadores,

visto que, como dito anteriormente, o processo de destilação já havia sido

desenvolvido há bastante tempo, sendo dominado inclusive pelos portugueses,

na destilação da bagaceira, proveniente do bagaço da uva, e, junto com as

caravelas, no período de colonização, mestres alambiqueiros vieram trazidos

de Portugal, para adaptar o processo para a obtenção de um destilado a partir

do caldo de cana no século XVI, sendo assim a primeira bebida destilada do

país que, inicialmente consumida pelos escravos, passou, com o

aprimoramento de sua qualidade, a ser consumida pelos senhores de engenho

e por toda a sociedade.

Entre os séculos XVI e XVII, a cachaça apresentou crescente importância para

a economia do Brasil Colônia, o que por outro lado passou a ser uma ameaça

para Portugal, interessado em exportar o vinho e a bagaceira produzidos por lá.

Portugal então tentou inibir a produção, comércio e consumo da cachaça e,

como não obteve resultados, começou a taxar a bebida, a qual por volta de

1755 era responsável por grande arrecadação de impostos destinados à Lisboa

(AMPAQ, 2004). Naquela época a produção da cachaça se multiplicou, os

engenhos de açúcar passaram a dar maior importância à fabricação da

cachaça que se tornou, inclusive, moeda corrente para compra de escravos na

África.

No século XIX, a cachaça atingiu grande prestígio ao ser considerada símbolo

da brasilidade e patriotismo frente às lutas contra o colonialismo e imperialismo

português, a exemplo da Revolução Pernambucana e Inconfidência Mineira.

Contrastando-se a este cenário, ao final daquele mesmo século, com a

abolição da escravatura e ascensão da economia cafeeira, se instaurou uma

onda de preconceito a tudo que fosse relativo ao Brasil, a moda prevalecente

era a européia e a cachaça foi deixada de lado.

Somente em 1922, com a Semana da Arte Moderna, se inicia o resgate à

brasilidade em diversos campos e em decorrência deste contexto abre-se

espaço, novamente, para se buscar a valorização e divulgação da cachaça.

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Algo semelhante ocorreu com a tequila no México que, inicialmente, bebida

apenas por índios, passou, por meio de um amplo trabalho de conscientização

e valorização nacional, a ser motivo de orgulho para o povo mexicano

(SILVEIRA, 2004; BEZERRA, 2003).

A ciência moderna esclareceu vários pontos ou segredos dos antigos

alquimistas, reações químicas e metabolismos. Células foram estudadas, os

processos foram acelerados em nome de um mercado competitivo, mas

principalmente a essência foi mantida, a arte não se deixou abater pela ciência,

graças aos produtores de cachaça de alambique de qualidade, que em suas

fábricas persistem certos valores que têm raízes na alquimia, como a busca da

perfeição, harmonia com a natureza, persistência, silêncio e reflexão. Milhares

de produtores de cachaça de alambique sobrevivem heroicamente nesta

atividade. E há também aqueles que não dependem da produção para

sobreviver, o fazem por puro prazer, produzem e aperfeiçoam seu produto

como um respeitoso ritual, que personifica sua busca de integração entre

filosofia, ciência, razão e sensibilidade.

A cachaça, entretanto, apenas recentemente, a partir do Decreto 4.072 de

janeiro de 2002, é que passou a ser uma definição de bebida alcoólica

tipicamente brasileira: “Cachaça é a denominação típica e exclusiva da

aguardente de cana produzida no Brasil, com graduação alcoólica de 38% a

54% em volume a 20 graus Celsius e com características sensoriais

peculiares.” (VANNUCHI, 2002).

3.2. CENÁRIO NACIONAL DA CACHAÇA

Segundo dados disponibilizados pelo Programa Brasileiro de Desenvolvimento

da Cachaça (PBDAC), estima-se que o Brasil produza 1,3 bilhões de litros de

cachaça por ano, o que equivaleria ao consumo anual de 12 litros de

aguardente por brasileiro acima de 18 anos.

Praticamente toda esta produção é escoada para o mercado interno, sendo a

cachaça a segunda bebida alcoólica mais consumida no país, somente

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perdendo para a cerveja, e a terceira bebida destilada mais consumida no

mundo, apenas perdendo para a vodka e o soju (PBDAC, 2002; APEX, 2002).

Este setor, infelizmente, ainda é bastante precário quando se trata de

estatísticas oficiais, além de ser iniciante quanto à articulação entre produtores.

Ademais, caracteriza-se por ter uma produção bastante pulverizada, o que

dificulta a mobilização do empresariado em prol do desenvolvimento da

indústria.

Para enfrentar a dificuldade advinda da falta de articulação, a maioria dos

estados tem criado suas associações. Em nível nacional, o PBDAC foi criado

em 1997, com incentivo do Governo Federal, pelos produtores de cachaça

dentro da Associação Brasileira de Bebidas (ABRABE), com o objetivo de

valorizar a imagem da cachaça, como uma bebida exótica e de excelente

aceitação, organizar o setor e capacitar os produtores para o mercado

internacional de bebidas, fornecendo suporte técnico e comercial (AMCHAM,

2002).

Com relação ao market share nacional, segundo dados da AC Nielsen (apud

CACHAÇA, 2001), a cachaça 51 (Muller) de São Paulo e a cachaça Pitú de

Pernambuco se destacam, sendo responsáveis por quase metade deste

market share. A marca 51, entretanto, ainda é mais forte, ficando com

praticamente um terço do mercado.

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Figura 2- Market Share nacional da indústria de cachaça

Fonte: AC Nielsen (apud CACHAÇA, 2001) 18

Cabe salientar que a cachaça industrial é responsável pela maior parte da

produção nacional (aproximadamente 80%) e custa entre R$ 2,00 e R$ 3,00

por litro. Já a cachaça artesanal, considerada de maior qualidade pelos

apreciadores da bebida, não chega a 20% da produção total de cachaça, mas

possui preços bem superiores, entre R$ 10,00 e R$ 40,00 por litro

(SEBRAE/MG, 2001; BEZERRA, 2003).

Embora não exista diferenciação legal entre a cachaça industrial e a cachaça

de alambique, o quadro abaixo destaca as principais diferenças entre as duas

bebidas:

CARACTERÍSTICAS CACHAÇA DE

ALAMBIQUE

CACHAÇA INDUSTRIAL

Tamanho Produção até 5.000

litros por dia

Produção até 500.000 litros

por dia

Equipamentos Alambique Coluna de destilação

Material Cobre Aço Inox

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Características Permite separação de

produtos de cabeça,

coração e cauda

Produto padronizado, sem

separação da cabeça,

coração e cauda

Permite a eliminação da

cabeça e da cauda

(produtos prejudiciais à

saúde)

Não permite a eliminação da

cabeça e da cauda

Vantagens do cobre:

catalisador de reações

importantes na

qualidade da bebida,

melhor condutor de calor

Vantagens do inox: maior

facilidade de higienização,

evita contaminação por

excesso de cobre e maior

durabilidade

Colheita da cana Manual, sem queima Normalmente se queima a

cana para se obter maior

rendimento na colheita, que

pode ser manual ou

mecânica

Fermentação Fermento natural

produzido na própria

fazenda

Fermento industrial, com

produtos químicos (sulfato

de amônia, superfosfato,

anti-espumante, antibióticos

e micronutrientes)

Armazenamento Normalmente em dornas

de madeira por 6 a 24

meses

Normalmente em aço

carbono revestido de asfalto

hidrolisado ou aço inoxidável

Produto Aroma equilibrado,

frutado, com muita

oleosidade e paladar

adocicado naturalmente

Aroma alcoólico, paladar

adocicado pela adição de

açúcar

Tabela 1- diferenças entre cachaça de alambique e industrial

Fonte: CPT (2003)

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A ABRABE avalia que o mercado consumidor de cachaça no Brasil apresenta-

se consolidado, tendendo a uma desaceleração no seu crescimento, o que

estaria associado a uma queda do consumo desta bebida em detrimento do

aumento do consumo da cerveja, bebida preferida pelos brasileiros e,

principalmente, pelos jovens, além do preconceito que atribui o consumo de

cachaça às pessoas de baixa renda (OLIVEIRA et al, 2001). A idéia de que a

cachaça é uma bebida de pessoas de baixa renda e incultas também é

abordada pelo PBDAC (2002), que associa ao surgimento da elite dos barões

do café, por volta de 1850, uma mudança de hábitos de consumo do povo

brasileiro que passa a valorizar apenas o que é europeu, enfatizando-se o

preconceito contra os produtos nacionais. Apesar de não ser valorizada

nacionalmente, na intensidade desejada pela indústria, a cachaça pode ser

comparada aos melhores destilados do mundo, ganhando destaque entre um

público consumidor sofisticado.

O mercado mundial e também o brasileiro atualmente, de melhor poder

aquisitivo, está ávido por produtos denominados “naturais”. A preocupação com

o aquecimento global, a preservação das reservas ecológicas são assuntos

abordados diariamente em todos os ambientes. O produto artesanal tem mais

apelo comercial, permitindo ao micro, pequeno e médio produtor, a chance na

competição com o chamado “produto industrial”, sendo imprescindível para isso

a qualidade de seu produto.

O consumo crescente de cachaça de qualidade e a possibilidade de

exportação estão exigindo que o processo de fabricação de seja baseado em

práticas criteriosamente determinadas para obtenção de um produto mais

padronizado e com qualidade comprovada nos aspectos físico químicos e

sensoriais, seguindo as exigências predeterminadas na legislação. A qualidade

requer conhecimentos científicos e tecnológicos apurados, competência,

sensibilidade e dedicação, para tanto, universidades, principalmente em Minas

Gerais, tem ofertado cursos de graduação e pós-graduação sobre o tema, além

de instituições não governamentais, como a AMPAQ e o CTC (Centro de

Tecnologia da Cachaça), vêm oferecendo formação em operadores de

máquinas para produção de cachaça artesanal de alambique, e em mestre

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alambiqueiro, desenvolvendo e disseminando processos científicos para a

produção do destilado, que até bem pouco tempo atrás era empírico, baseado

na tradição e no conhecimento de mestres alambiqueiros, com muita

experiência e pouco conhecimento científico. Tais atitudes vem unir a

experiência dos velhos profissionais com a base cientifica, resultando em

produtos cada vez mais padronizados e de alta qualidade.

3.3. PADRÕES DE IDENTIDADE DA CACHAÇA

O SEBRAE (2002) define diferentes termos para a cachaça brasileira:

• CACHAÇA DE ALAMBIQUE: É a bebida com graduação alcoólica de

38% 54% v/v, à temperatura de 20ºC, obtida pela destilação do mosto

fermentado de cana-de-açúcar, em alambique de cobre, sem adição de açúcar,

corante ou outro ingrediente qualquer. Corresponde à fração denominada

coração, que vem a ser à parte destilada, de mais ou menos 80% do volume

total, que fica entre as frações “cabeça” e “cauda” ou “água fraca” (Pinto, 1991);

Além disso, o teor máximo de metanol permitido é de 0,250 mL por 100mL de

álcool anidro, e o conteúdo de cobre não deve ultrapassar a 5mg por litro do

produto. A água utilizada na elaboração da aguardente de cana deve ser do

tipo potável e ainda satisfazer os seguintes requisitos:

Teor máximo de ferro 0,3mg/L

Teor máximo de manganês 0,1mg/L

Dureza total máxima (em carbonato de cálcio) 100,0mg/L

Oxigênio dissolvido 2,0mg/L

• CANINHA INDUSTRIAL: É a bebida com graduação alcoólica de 38% a

54% v/v, à temperatura de 20ºC, obtida do destilado alcoólico simples de cana-

de-açúcar, podendo ser adicionada de açúcares até seis gramas por litro e

adicionada de caramelo para a correção da cor (Pinto, 1991);

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• AGUARDENTE DE CANA: Termo usado para denominar,

genericamente, os destilados brasileiros obtidos da cana-de-açúcar: cachaça e

caninha industrial (Pinto, 1991)

3.4. O MERCADO DA CACHAÇA

O Programa Brasileiro de Desenvolvimento de Aguardente de Cana – PBDAC

elaborou uma pesquisa fazendo uma visão crítica do mercado de cachaça,

analisando alguns pontos desfavoráveis (PBDAC, 1996), como pode se

observar a seguir:

• Inexistência de padrão de qualidade

O não cumprimento à legislação e a falta de controle técnico-administrativo de

produção, ocasionam a fabricação de produto de baixa qualidade. Fato este

que ocorre devido à ignorância e/ou dificuldade ao acesso de técnicas

contemporâneas disponíveis aos produtores.

• Informação

A falta de dados concretos sobre a atividade de produção e comercialização

mascara qualquer tentativa de desenvolvimento setorial. Por essa razão, são

necessárias ações conjuntas e uniformes para a obtenção de resultados reais

sobre as dificuldades existentes e as peculiaridades do setor.

• Desenvolvimento tecnológico

Há poucos centros de pesquisa, assim como falta de incentivo a investimentos

em novos produtos e em melhorias no processo. Os centros de pesquisas

precisam, por iniciativa própria, melhorar os equipamentos e dispor-se à troca

de experiência.

• Informalidade

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Há inúmeros de pequenos produtores sem qualquer tipo de orientação. A falta

de estrutura acaba refletindo na qualidade do produto e, conseqüentemente, na

sua imagem.

• Preconceito

A imagem do produto vem lutando para alcançar seu devido valor no mercado.

É preciso conscientizar os produtores que a imagem é uma forma de dar

sustentabilidade e consistência a introdução da cachaça no mercado

internacional.

É imprescindível o apoio das entidades governamentais para a divulgação da

cachaça no e a sua inclusão na Política Industrial, Tecnológica e de Comércio

Exterior. Aumentando, dessa forma, a credibilidade no setor e a seriedade ao

PBDAC.

3.5. O CENÁRIO NACIONAL DOS PRODUTOS ORGÂNICOS

Embora ainda pequeno se comparado ao mercado convencional de alimentos,

os produtos orgânicos não podem ser mais classificados apenas como um

nicho de mercado alternativo para os cultos ou ecologistas, quase a totalidade

dos países no mundo já produzem desta forma e o resultado pode ser

encontrado nos mercados de massa.

Roupas, vinhos, frutas, verduras, comida congelada, cosméticos e até a

brasileiríssima cachaça já estão nas prateleiras, este cenário abre novas

possibilidades de negócios, principalmente para os países com vocação

exportadora, como o Brasil.

O relatório “The Word of Organic Agriculture: Statistics and Emerging Trends”

de 2008, publicados pela Infoam (International Federation of Organic

Agriculture Movements) mostra que o consume mundial de orgânicos vem

crescendo ano após ano, a área plantada aumentou em 1,8 milhões de

hectares entre 2005 e 2006, por sua vez, as vendas globais de bebidas e

alimentos orgânicos aumentaram 57% de 2002 a 2006, pulando de US$ 23

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bilhões para US$ 40 bilhões. O gráfico a seguir mostra países produtores de

orgânicos pelo mundo, destacando-se a Austrália, com suas áreas de pasto

orgânico:

0

2

4

6

8

10

12

14

Austrália

China

EUA

Argentina

Itália

Uruguai

Espanha

Brasil

Alemanha

Reino Unido

milhões de hectares

Figura 3- Os dez países com maiores áreas de orgânicos

Fonte: Infoam 2006

A busca por produtos saudáveis, seguros e ambientalmente corretos e

confiáveis concentra-se nos Estados Unidos e Europa, que são responsáveis

por mais de 90% do consumo de orgânicos no mundo.

A produção interna de adubos como biofertilizantes e compostagem têm

ajudado a baratear os custos dos alimentos orgânicos visto que a crise

econômica, estoques de alimentos no menor nível da história, alta recorde de

insumos, em especial dos fertilizantes, pressionados pela elevação dos preços

do petróleo, este é o quadro que a agricultura mundial tem convivido nos

últimos meses e cujo efeito está na elevação dos custos de produção e dos

preços dos alimentos, e não há previsão de mudança no curto prazo, tanto na

produção interna quanto nos preços dos fertilizantes, que dobraram de valos

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nos últimos 18 meses, segundo a fundação Getúlio Vargas, apenas de janeiro

a agosto, os insumos tiveram alta de 15%.

3.5.1. Legislação de Orgânicos

O decreto 6.323 de 2003 regulamenta a Lei dos Orgânicos, os principais

pontos são:

• Estabelecimento do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade

Orgânica

• Obrigatoriedade de cadastramento dos produtores no sistema, como

forma de identificar a origem dos itens comercializados.

• Obrigatoriedade de certificação orgânica, exceto para produtos vendidos

diretamente em feiras livres.

• Permissão para a produção paralela, na mesma propriedade, de

produtos orgânicos e não orgânicos, desde que haja separação dos processos

produtivos. Não poderá haver contato dos orgânicos com materiais e

substâncias cujo uso não sejam autorizados

• Proibição da venda no mercado interno de orgânicos produzidos para

exportação. A regra vale para componentes ou processos proibidos na

regulamentação brasileira

• Autorização aos agricultores familiares para realizarem a venda direta ao

consumidor, desde que tenham cadastro junto ao órgão fiscalizador

competente.

3.5.2 Os Benefícios da agricultura orgânica

A agricultura orgânica traz não só benefícios para quem consome, mas

também para quem produz alimentos biologicamente corretos, entre eles

podemos citar:

• Agricultura sustentável: o cultivo orgânico é fundamentado na obtenção

de uma agricultura sustentável, que é aquela onde as plantas encontrarão no

solo todos os recursos de que necessitamos para o seu desenvolvimento,

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38

dispensando portanto, as adubações químicas e as pulverizações com

agrotóxicos. Logo pela agricultura sustentável, o sucesso da cultura passa a

ser função do fornecimento de matéria orgânica ao solo, visando aumentar a

atividade biológica dos diversos organismos existentes. A teoria da Trofobiose,

elaborada pelo pesquisador Francis Chaboussou afirma que uma planta bem

nutrida, sadia e vigorosa, não hospeda pragas, dispensando portanto o uso de

fertilizantes químicos.

• Equilíbrio biológico: Os microorganismos presentes no solo são

favorecidos pelo fornecimento de matéria orgânica criando condições

favoráveis para seu desenvolvimento e multiplicação, proporcionando a

existência de uma grande diversidade. Em conseqüência disso, haverá um

substancial aumento das transformações dos minerais em nutrientes para as

plantas

• Preservação do ecossistema: A flora retira do solo quase tudo que

necessita para sobreviver, assim além de ser o suporte físico o solo funciona

também com fonte de água e nutrientes. Na Agricultura Orgânica são adotadas

medidas que permitam que as características físicas, químicas e biológicas do

solo sejam adequadas para cada tipo de cultura, e a médio-longo prazo,

dependendo do estágio inicial do solo, os recursos naturais do solo são

mantidos e desenvolvidos para que haja um equilíbrio biológico natural. Em

conseqüência disto, o ecossistema será preservado e a propriedade se tornará

mais produtiva.

• Produtos saudáveis: como os nutrientes existentes no solo são naturais,

uma vez que foram transformados pela ação dos microorganismos, as plantas

os absorverão e produzirão produtos de qualidade diferenciada e mais

saudáveis.

• Preço diferenciado: os produtos orgânicos são em média 40% mais

caros que os convencionais, proporcionando uma melhor renda para o

produtor.

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39

CAPÍTULO 04

4. PLANO DE MARKETING

4.1. SUMÁRIO EXECUTIVO

Este Plano de Marketing refere-se a Cachaçaria Barreto Silva ltda., que opera

com o nome fantasia SANHAÇU. A empresa existe há 3 anos, porém está há

apenas 2 no mercado, devido a morosidade burocrática em legalizar uma

fábrica de bebidas alcoólicas. A agroindústria está localizada em Chã Grande,

distante 86 km de Recife, na metade do caminho entre Recife e Caruaru (a

capital do forró, como os pernambucanos gostam), fica também distante 15 km

de Gravatá, umas das principais cidades turísticas do estado, reconhecida pelo

seu clima ameno o ano inteiro.

A propriedade foi adquirida pela família há 16 anos, e neste tempo um trabalho

de reflorestamento e recomposição da fauna e flora local foi estabelecido. O

que resultou na obtenção do selo de PRODUTO ORGÂNICO, concedido pela

empresa Certivida, filiada a Bioagricert da Itália.

A atual situação em que se encontra a empresa, gerando lucros abaixo do

esperado para os sócios, fez com que um dos sócios, atual gerente

administrativo procurasse se aprofundar mais no assunto de gestão de

microempresas familiares para que os resultados comecem a surgir de forma

mais significativa.

Após o estudo realizado, os sócios decidiram investir em propaganda

colocando um outdoor na estrada que liga a Recife, além de várias pequenas

ações destacando-se o fortalecimento das degustações em bares e

restaurantes.

Com estas ações a Sanhaçu pretende aproximar-se ainda mais dos

concorrentes mais expressivos, aumentar o faturamento, melhorar o

relacionamento com os distribuidores e colaboradores.

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40

4.2. ANÁLISE DE AMBIENTE

4.2.1 Fatores Econômicos

A alta carga tributária é um dos maiores entraves para aumento da

participação e sobrevivência das pequenas fábricas de cachaça artesanal no

Brasil. A tributação pelo regime de lucro real ou lucro presumido tem um

impacto devastador para o setor, principalmente para micro e pequenas

empresas e contribui para o aumento da informalidade. Nesse sentido, o

IBRAC – Instituto Brasileiro da Cachaça vem trabalhando para o retorno da

Cachaça ao SIMPLES e em outras ações que possibilitem a uma participação

dos micros e pequenos produtores no mercado interno e externo

O IBD - Instituto Biodinâmico, referência nacional em certificação de orgânicos

no Brasil afirma que a agricultura orgânica no Brasil apresenta um crescimento

estimado de 30% ao ano e potencial para atingir 3 milhões de hectares no curto

prazo. Além disto, temos o maior potencial de produção do mundo, sendo o

único país com uma reserva de 90 milhões de há agriculturáveis.l

Esta tendência mundial pelo consumo de alimentos saudáveis atinge também o

setor de cachaça artesanal, visto que o número de produtores triplicou nos

últimos 3 anos (dados da AMPAQ – Associação Mineira dos Produtores de

Aguardente de Qualidade).

4.2.2 Fatores Sócio-culturais:

O mercado brasileiro de bebidas tem uma série de pequenas e

interessantíssimas particularidades. A primeira é que Recife (PE) é a cidade

que detém o maior consumo de whisky per capita em todo o mundo. Os dados

são da prestigiada publicação inglesa “The Whisky Magazine” . .Isto indica o

potencial consumo para bebidas destiladas, bem como a busca pelo status de

beber destilados de qualidade. Pernambuco é também o segundo maior

produtor brasileiro de cachaça, hierarquia alcançada graças a PITÚ, empresa

com 70 anos de mercado, que popularizou a bebida quando parou de produzir

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41

o destilado em alambique e começou a apenas estandardizar e engarrafar a

aguardente produzida pelas grandes destilarias de álcool, reduzindo

consideravelmente o preço do produto, afetando diretamente a qualidade do

mesmo.

O surgimento de confrarias femininas para apreciação de cachaça de

qualidade em todo o Brasil vem quebrando o preceito de que cachaça é bebida

para homem, para público masculino ainda é o maior consumidor de cachaça,

apesar do surgimento de confrarias femininas em todo o Brasil para

desmistificar esta afirmação. A exemplo da Confraria do Barão, de São Paulo,

A idéia partiu da empresária Daniela Zurita, dona da Agro Z, produtora da

cachaça e filha do presidente da Nestlé, Ivan Zurita. "São todas amigas ou

amigas das amigas. Para participar da confraria, só mesmo sendo indicada",

explica Daniela, que atraiu cerca de 100 participantes para os encontros. São

mulheres dispostas a derrubar dois preconceitos: o de que cachaça é coisa pra

macho e de que aguardente não combina com ambiente de classe.

4.2.3 Fatores Políticos/legais:

A partir da regulamentação da Lei nº. 8.918, de 14 de julho de 1994, que

dispõe sobre a padronização, a classificação, o registro, a inspeção, a

produção e a fiscalização de bebidas, o governo brasileiro vem buscando inibir

a produção clandestina de cachaça, visto que 90% dos pequenos fabricantes

não respeitam as normas sanitárias de produção o que prejudica o conceito de

qualidade do produto, gerando problemas de segurança alimentar pois o

consumidor não sabe o que está consumindo e muito menos sua procedência,

gerando também um grave problema de mercado, visto que produtores

informais não pagam impostos.

4.2.4 Fatores Tecnológicos:

A tecnologia de produção de cachaça de alambique vem sendo amplamente

fomentada por universidades mineiras, que ofertam cursos de graduação e

pós-graduação no setor. Livros e publicações sobre produção e qualidade da

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cachaça são cada vez mais comuns, porém o consumo ainda está ligado à

manutenção da cultura da produção, alambiques antigos e engenhos

recuperados, que utilizam rodas d'água como força motriz, e cultivam as

antigas tradições, respeitando a legislação atual são bastante valorizados pelo

público especialista em identificar bons produtos.

4.2.5 Concorrência:

Indiretamente a cachaça de alambique concorre com todas as bebidas

alcoólicas, nacionais e importadas. O Brasil como país tropical é grande

consumidor de cerveja, seguido pela cachaça que a cada dia atinge valores

mais significativos como mostra o artigo da revista Pequenas empresas

Grandes Negócios transcrito abaixo:

De um lado do balcão, o número de "loiras geladas" diminuiu. Desde o fim de

2008, o reajuste médio de 6% no preço da bebida deixou o consumo menos

encorpado. A venda de cerveja encolheu 1,8% em janeiro, o equivalente a 14,1

milhões de litros. Ao mesmo tempo, o consumo de cachaça não dá sinais de

ressaca: uma das marcas mais tradicionais do país, a Velho Barreiro, da IRB

Tatuzinho 3 Fazendas, vendeu 10% mais no primeiro mês de 2009, sobre igual

período do ano anterior.

Assim como a cerveja, o preço da cachaça aumentou. Em algumas situações,

o valor do litro passou de R$ 3 para R$ 6 em 12 meses. Mas isso não foi

empecilho para as vendas. "Para o dono do bar, que vende a dose por R$

0,50, o litro gera um faturamento de R$ 9. Mesmo com o aumento, ele continua

ganhando muito", diz Adalberto Viviani, consultor especializado no mercado de

bebidas.

A diferença na curva de vendas de cerveja e cachaça em janeiro permite

considerar uma migração no consumo de uma bebida para outra. "Para o

consumidor classe C, que é o maior público tanto da cerveja quanto da

cachaça, vale mais a pena tomar uma dose de pinga que gastar nove vezes

mais (com a cerveja)", diz o consultor.

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43

Figura 4 - Consumo de bebidas alcoólicas no Brasil

Fonte: PBDAC

Diretamente as cachaças de alambique concorrem entre si, com mais de 40 mil

fábricas espalhadas em todo o Brasil (apenas 12 em Pernambuco), com 90%

de informalidade no setor.

A análise da concorrência será vista no item 4.2.9

4.2.6 Fatores Internos:

A empresa é dirigida pelos três sócios, dois dos quais atuam diretamente na

produção e comercialização do produto. A empresa conta ainda com um

funcionário permanente, que durante o período de safra, o que ocorre entre os

meses de setembro a fevereiro atua na produção direta, e na entressafra atua

no engarrafamento, além de funcionários temporários, que durante a safra

atuam na produção (2 pessoas) e corte da cana (2 pessoas). Além disto, 2

vendedores autônomos contribuem na distribuição no produto no setor do litoral

sul e interior do estado, promotoras de vendas fazem degustação e são

contratadas sempre que requisitadas, sendo remuneradas por diárias.

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44

Para a produção da cachaça foram adquiridos o que existe de mais moderno

no Brasil para fabricas artesanais, o alambique é de cobre, com aquecimento

por caldeira a vapor, o que proporciona um controle rigoroso durante o

processo de destilação, os tonéis de descanso são de freijó, madeira nacional

amena que transmite pouco aroma, cor e sabor ao produto, não agredindo

suas características originais.

4.2.7 Análise de oportunidades e ameaças, forças e fraquezas

Internas

Fortalezas (Strengths) Fraquezas (Weaknesses)

Produto Orgânico

Qualidade percebida pelos

consumidores do produto

Infra-estrutura interna montada

União da família – Membros da

família integrados ao negócio

Degustações

Diversidade de embalagens

Falta de representantes experientes

Infra-estrutura comercial débil

(distribuição)

Desequilíbrio na tomada de decisões

(razão e emoção)

Externa

s

Oportunidades (Opportunities) Ameaças (Threats)

Mercado domestico (com foco em

PE) – 80%

Mercado externo

Não desenvolvimento de

distribuidores (não encontrar

distribuidores aptos para vender o

produto);

Impostos

Não se precaver das sanções do

governo

Selecionar melhor os funcionários

Amadorismo dos dirigentes

Quadro 2- Análise SWOT

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45

4.2.8 Definição de público alvo

A tabela abaixo segmenta o público alvo especificando onde cada um

deles poderá ser atendido:

Segmento Onde será atendido

1. Homens com nível de

escolaridade superior

com idade de 30 ou

mais.

Mercados, Redes de Supermercados, Bares e

Restaurantes, Padarias e Delicatessen, E-

commerce

2. Mulheres com nível

de escolaridade superior

com idade de 30 ou

mais.

Bares e Restaurantes, Padarias e Delicatessen, E-

commerce

3. Turistas brasileiros

acima de 30 anos.

Redes de Supermercados, Bares e Restaurantes,

Padarias e Delicatessen, E-commerce, Lojas de

Artesanato

4. Turistas estrangeiros

acima de 30 anos que

freqüentam as praias de

Pernambuco

Redes de Supermercados, Bares e Restaurantes,

Padarias e Delicatessen, E-commerce, Lojas de

Artesanato

5. Consumidores de

produtos orgânicos em

Recife

Feiras de orgânicos, Redes de Supermercados,

Restaurantes específicos

Tabela 2 - Segmentação do púbico alvo

4.2.9 Posicionamento de mercado

A Cachaça Sanhaçu decidiu orientar seu negócio para um público apreciador

de cachaça de qualidade, que esteja preocupado não só com a qualidade do

produto, mas com o respeito ao meio ambiente em sua produção. No Nordeste

existem apenas outras três marcas com o diferencial do selo orgânico de

qualidade. Comparando com os concorrentes, a Sanhaçu analisa o mercado da

seguinte forma:

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46

Conce

ito

Exc

elen

te

Muito Bom

Bom

Reg

ular

Ruim

Pés

simo

Pon

tuação

5 4

3 2

1 0

Quad

ro 3- Pontuaç

ão para posicionam

ento de mercado

Estado

Alambique

Orgânica

Distribuição em

PE

Divulgação

Embalagem

Preço

Qualidade (sabor)

Tempo de

mercado

Efeitos Colaterais

Visitação á fábrica

Soma

Cacha

ça Triumpho

PE

X

5

4 4

4 3

4 4

5 33

Cacha

ça Serra Limpa

PB

X

X

4 1

2 6

5 6

5 1

30

San

haç

u

PE

X

X

3 3

5 2

5 1

5 3

27

Cacha

ça Brejo de Bois

AL

X

X

3 1

4 3

2 3

5 5

26

Cacha

ça Serra das Almas BA

X

X

2 2

2 3

3 5

5 4

26

Cacha

ça Água Doce

PE

X

4

3 2

3 3

3 3

4 25

Cacha

ça da Serra

PE

X

4

3 2

3 2

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1 23

Cacha

ça Pitu

PE

5 5

1 5

0 5

0 0

21

Quad

ro 4 - Posicionam

ento de merca

do

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47

De acordo com esta análise comparativa, a Sanhaçu sabe que precisa:

• Melhorar a distribuição de seus produtos

• Melhorar a divulgação

• Estruturar a visitação à fábrica

4.2.10 Definição da marca

Para a Sanhaçu, a marca precisa remeter o cliente para o trabalho ecológico

realizado, preservação ambiental bem como a fauna nativa. O nome

SANHAÇU surgiu a partir do trabalho de reflorestamento realizado na

propriedade rural onde está localizada a fábrica, após 16 anos de intensa

recuperação da flora, a fauna nativa começou retornar, encontrando na

propriedade um oásis, próprio para a reprodução e permanência sem o risco de

predadores humanos. Entre as diversas espécies que retornaram, destacam-se

o teju, timbu, raposa, coelho do mato, vários tipos de cobras e uma infinidade

de pássaros, dentre eles o sanhaçu, escolhido para representar as demais

espécies.

NOME: SANHAÇU

SLOGAN: O SABOR DA CACHAÇA

MARCA:

Figura 5 - Logomarca cachaça Sanhaçu

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4.3. DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS E METAS:

4.3.1 Objetivos

1. Implementar vendas pela Internet – divulgar com todos os contatos que

já existe esta possibilidade, twitter, orkut, links patrocinados, EFETIVAR AS

VENDAS PELA Internet

2. Fazer portfólio para sanhaçu (fotos dos restaurantes onde vendemos,

bares)

3. Ser reconhecida no Estado de Pernambuco e Região Nordeste por sua

qualidade e atuação na agricultura familiar e outros setores que se faça

necessário com atuação imparcial e responsável

4. Ter representantes atuantes nos mercados de RJ, DF e SP

5. Aumentar as vendas em boletos bancários

6. participação em todas as feiras de Pernambuco (fazer um calendário

anual de feiras – inscrição)

7. Paisagismos da fábrica / loja da fábrica

4.3.2 Meta

1. Atingir em 01 janeiro - 2011 um mínimo de 600 litros vendidos/mês

4.4.DEFINIÇÃO DAS ESTRATÉGIAS DE MARKETING

Para realizar uma estratégia de marketing bem feita e completa, é necessário

considerarmos o composto de marketing, formado por cinco elementos

essenciais, conhecidos como os cinco P’s do marketing:

• Produto;

• Preço;

• Praça;

• Promoção;

• Pessoas.

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49

4.4.1 Produto

A cachaça Sanhaçu encontra-se no estágio de crescimento, visto que já possui

dois anos de mercado, e sua marca já é pouco conhecida do público

pernambucano, por isso, a Sanhaçu deve focar em divulgação, principalmente

em degustações em bares e restaurantes, onde os clientes poderão provar da

cachaça e verificar o seu principal ponto forte: o sabor.

4.4.2 Preço

A Sanhaçu sabe que o consumidor de cachaça de qualidade possui poder

aquisitivo alto, pertencentes em sua maioria as classes A e B, e que estão

preocupados não só com sua saúde, mas com o meio ambiente e a forma de

interação da produção com o mesmo. Apesar disto, para se tornar mais

competitivo, a Sanhaçu possui a seguinte política de descontos e promoções:

• Revendedores recebem um desconto de 10% para pagamentos à vista,

para compras mínimas de R$ 300,00

• Clientes da loja da fábrica participam de promoções semanais, onde

pequenos brindes (copos para cachaça com a logomarca, canecas, canetas,

bonés e camisas) são distribuídos de acordo com o valor da compra;

• Para compras pela internet acima de R$ 200,00 o frete é gratuito (OBS:

o preço da internet é 25% acima do preço de fábrica, para não concorrer com

os distribuidores);

• Nas feiras e degustações, o preço para os clientes é o preço de fábrica

(previamente acordado com o dono do estabelecimento).

4.4.3 Praça

A praça foi dividida em duas partes, ações dentro da fábrica e fora da fábrica:

Para ações dentro da fábrica:

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• Sinalizar desde a estrada principal até a entrada da fábrica para que os

visitantes não se percam

• Estruturar a loja da fábrica para que fique aconchegante, mantendo o ar

de propriedade rural.

• Estruturar as visitas para dias de chuva.

Para ações fora da fábrica

• Fortalecer os contatos com os distribuidores

• Organizar os vendedores para otimizar seus trabalhos

4.4.4 Promoção

Estratégias de promoção de vendas a serem realizadas:

• Colocação de um outdoor na BR-232, principal via de acesso que liga

Recife ao interior do estado, estrada que também dá acesso à fábrica, para

estimular a visitação à agroindústria;

• Degustação em bares e restaurantes de Recife, no interior do estado (no

inverno) e praias do litoral sul (no verão);

• Manter e ampliar a rede de contatos (mala direta) via internet;

• Realizar panfletagem durante as degustações;

• Participar de todas as feiras possíveis em Recife (Fenearte, Fenahall,

Salão Internacional da Cachaça)

4.4.5 Pessoas

Com o intuito de formar os colaboradores e melhorar o atendimento nos pontos

de venda direto (feiras e degustações), a sanhaçu deve promover:

• Treinamento com os funcionários fixos – atendimento aos clientes na

loja da fábrica e atividades específicas para o bom funcionamento da fábrica;

• Treinamento com as promotoras de vendas – atendimento ao cliente em

parceria com o SEBRAE - PE;

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51

• Treinamento para os funcionários temporários – Procedimentos para

produção orgânica e cultura da empresa;

• Política de remuneração – para estimular as vendas nas degustações,

as promotoras de vendas receberão um percentual sobre o que

comercializarem (5%);

• Na loja de fábrica o funcionário que estiver atendendo também receberá

um percentual sobre o que comercializar (3%)

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4.5. IM

PLE

MENTAÇÃO DO PLA

NO DE MARKETING

Açõ

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Res

ponsá

vel

Custo

Estim

ado

Período

Jul/10

Ago/10

Set/10

Out/10

Nov/10

Dez/10

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Fev/11

Mar/11

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Mai/11

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vendas pe

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ssibilida

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EFETIVAR

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R$ 2.000,00

Fazer po

rtfólio para sanhaçu

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os, bares)

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R$ 200,00

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R$ 300,00

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toda

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de

Pernambuco (fazer um

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de feiras – inscrição)

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R$ 5.000,00

Paisagism

os da fábrica / loja da fábrica

Max

R$ 5.000,00

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53

Treinam

ento

com

os

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rios

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R$ 1.000,00

Treinam

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vend

as

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R$ 1.000,00

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funcionários

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R$ 1.000,00

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outdoor na BR-232,

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12.000

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Degustação em

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R$ 3.000,00

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bares e restauran

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interior do estado (no inverno)

Elk

R$ 4.000,00

Degustação

em bares

e restau

rantes

praias do litoral sul (no verão

);

Elk

R$ 4.000,00

Man

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pliar a rede de contatos (mala

direta) via internet;

Elk

R$ 500,00

Rea

lizar

panfletagem

durante

as

degustações;

Elk

R$ 2.000,00

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54

Fortalecer

os

contatos

com

os

distribuido

res

Glória

R$ 2.000,00

Organ

izar os vend

edores pa

ra otimizar

seus trabalhos

Glória

R$ 2.000,00

Sinalizar desde

a estrada

principal até a

entrada da

fáb

rica para que

os visitantes

não se percam

Oto

R$ 2.000,00

Quad

ro 5 - Im

plemen

taçã

o do plano de marketing

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4.7. AVALIAÇÃO E CONTROLE

A capacidade de lidar com incertezas, aliada a um bom planejamento e

implementação do Plano, permitirá a adoção de ferramentas de controle mais

adequadas e percepção das necessidades de ajustes do Plano de marketing quando

necessário. Inicialmente a Sanhaçu definiu os seguintes padrões de desempenho:

• Avaliar o faturamento realizado comparado com o projetado mensalmente;

• Pesquisa do nível de satisfação dos clientes com a visitação à fábrica,

dependências e produtos, através de um questionário simples aplicado ao final de

cada visita;

• Acompanhamento das vendas mensais a clientes antigos

• Avaliar as vendas nas degustações e os resultados da política de

remuneração

• Acompanhamento da captação de novos clientes pelos vendedores.

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56

CONCLUSÕES

A cachaça é a bebida mais tradicional do país, produzida e encontrada em todas as

regiões, símbolo de independência, e de resistência a opressões tributárias

portuguesas vem se tornando, ao longo dos anos, novamente, uma bebida estimada

por adeptos a destilados de qualidade.

Tomando por base, somente os engenhos devidamente registrados, em 2004, a

produção anual do Brasil foi de 1,3 bilhões de litros, Pernambuco destaca-se devido

ao grande volume de cachaça industrial produzido. O fato de ser um produto

largamente consumido e de alta rentabilidade, faz com que os produtores não se

interessem em introduzir uma tecnologia adequada no processo produtivo do

produto. Grande parte de nossa aguardente de cana não tem um padrão de

qualidade definido e a implantação de uma tecnologia adequada agregando valor ao

produto, faz surgir um novo processo produtivo do produto. Ou, até mesmo, um novo

produto “cachaça de qualidade”.

A cachaça Sanhaçu, produzida pela família Barreto Silva desde 2007, está

encaixada em um cenário onde apesar da valorização de produtos ecologicamente

corretos, acompanhando uma tendência mundial pela procura de alimentos

respeitem o meio ambiente, encontra-se em uma região (Pernambuco) onde a

cachaça é sinônimo de pobreza, discórdia familiar.

Pernambuco, historicamente reconhecido como o estado que iniciou o processo de

produção de destilado de cana-de-açúcar no Brasil, hoje conta apenas com seis

empresas devidamente registradas de produção de cachaça de alambique, em um

universo de 40 mil fábricas. Ainda assim as marcas que resistem são pouco

expressivas e com debilidades mercadológicas, obrigando seus proprietários a

possuírem uma outra fonte de renda.

A elaboração deste plano de marketing visa contribuir com todos os produtores de

cachaça de alambique pernambucana, e que juntos possam enfrentar os desafios de

conquistar e conscientizar os clientes da qualidade deste destilado pernambucano.

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