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ESCOLA DE GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA DEPARTAMENTO DE ECONOMIA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PROPOSIÇÕES PARA UM PROGRAMA DE GOVERNO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA CADEIA PRODUTIVA DO BAMBU NO ESTADO DO PARANÁ CURITIBA 2010

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ESCOLA DE GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA DEPARTAMENTO DE ECONOMIA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

PROPOSIÇÕES PARA UM PROGRAMA DE GOVERNO DE

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA CADEIA PRODUTIVA DO BAMBU NO ESTADO DO PARANÁ

CURITIBA

2010

FILIPE BRAGA FARHAT

PROPOSIÇÕES PARA UM PROGRAMA DE GOVERNO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA CADEIA PRODUTIVA DO BAMBU NO ESTADO DO PARANÁ

Artigo apresentado ao Curso de Especialização em Administração Pública convênio entre Secretaria de Abastecimento, Escola de Governo do Estado do Paraná e Universidade Estadual de Ponta Grossa. Orientadora: Prof. Dr(a). Cleise M.A.Tupich Hilgemberg

CURITIBA 2010

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PROPOSIÇÕES PARA UM PROGRAMA DE GOVERNO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA CADEIA PRODUTIVA DO

BAMBU NO ESTADO DO PARANÁ

Filipe Braga Farhat1 Cleise M.A.Tupich Hilgemberg2

RESUMO O Bambu, planta da família Gramineae, é encontrado em grande parte do Estado do Paraná. A partir desta planta é possível se obter uma ampla gama de produtos, de alimentos e medicamentos a combustíveis e matéria-prima para edificações. O bambu pode ser utilizado em projetos de recuperação ambiental no Estado, devido a sua eficácia no controle da erosão dos solos de propriedades agrícolas e pela sua boa performance como seqüestrador de carbono. Pode também ser utilizado igualmente em projetos geradores de emprego e renda, devido sua multifuncionalidade. Apesar disto, não há no Brasil, até o momento, um programa efetivo de incentivo ao seu uso, diferentemente do que ocorre em outros países. Este artigo tem por objetivo apresentar proposições à elaboração de um programa estadual de desenvolvimento sustentável da cadeia produtiva do bambu no Paraná. Para elaborar esta proposta foram realizadas pesquisas bibliográficas, visitas técnicas a centros especializados e indústrias de processamento de bambu, além da participação em eventos e oficinas técnicas na província de Zhejiang, na China. Este trabalho demonstra que por meio de uma política pública estratégica, o bambu pode passar a ser uma eficaz ferramenta de desenvolvimento regional. Palavras-Chave: bambu; desenvolvimento sustentável; programa de governo. ABSTRACT The bamboo is a plant of the family Gramineae, wich is found in the whole Paraná State. From this plant it is possible to obtain a wide range of products, from food and medicines to fuel and raw material for buildings. The bamboo can be used in environmental remediation projects in the state, due to its effectiveness in controlling soil erosion from agricultural properties and because of its good performance as carbon sequestration. It can also be used in projects that generate employment and income, due to its multifunctionality. Despite this facts, nowadays in Brazil there is no effective program capable to encourage its use, as it happens in other countries. This article aims to present proposals to create a state program of sustainable development of bamboo production chain in Parana. To make this proposal, it was performed a literature search, and also some visits to specialized centers and bamboo processing industries, and also a participation in some events and technical workshops realized in Zhejiang Province, China. This article shows that by using a strategic public policy, the bamboo can become an effective tool in order to improve a regional development. Keywords: bamboo; sustainable development; government program.

1 Aluno do Curso de Pós Graduação em Administração Pública e Diretor Adjunto da CPRA – Centro Paranaense de Referência em Agroecologia, autarquia vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura e do Abastecimento do Paraná – SEAB. E-mail: [email protected] 2 Professora Orientadora do Curso de Administração Pública – Departamento de Economia – UEPG. E-mail: [email protected]

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1 INTRODUÇÃO

O bambu se faz presente, com diferentes gêneros e diversas espécies e

cultivares, nativas e exóticas, em toda paisagem paranaense, assim como em muitos Estados da nação. Seu uso, no entanto, em geral é artesanal, não havendo registro de plantações com mais de um hectare no Paraná, sua presença, embora real, chega a ser despercebida e desconsiderada (Souza, 2010).

Ao contrário do Brasil, alguns países da Ásia, como a China, líder mundial no setor, possuem o bambu inserido em uma cadeia produtiva que envolve, de forma sinérgica, os setores agrícola e industrial, gerando divisas ao movimentar os mercados interno e externo, além de criar emprego e renda.

Entre outros países da América Latina, como o Chile e o Paraguai, onde o bambu possui utilização ancestral em artesanatos e habitações, na zona amazônica destacam-se a Colômbia, o Equador, a Venezuela e o Peru, por possuírem a cultura do bambu ligada principalmente à construção civil.

No Estado do Paraná, várias comunidades do meio rural, a exemplo de algumas situadas no Vale do Ribeira como Barreiro do Turvo e Ribeirão Bonito do Turvo em Cerro Azul, assistidas pela Organização Não Governamental (ONG) Aliança Empreendedora3, fazem uso artesanal do bambu na produção de artefatos para uso na propriedade como cestarias e também na produção de artesanatos, diversificando assim suas rendas familiares. Outros exemplos são a Associação Comunitária de Artesanato Gralha Azul em Cândido de Abreu, especializada na fabricação de móveis e redes de bambu e cinco pequenas fábricas situadas no distrito de Elisa, município de Xambrê que igualmente produzem móveis de bambu, como cadeiras, sofás, estantes, divisórias e outros utensílios (Ferreira, 2010).

Em termos técnicos, algumas iniciativas de bioconstruções, como estufas para proteger a produção contra intempéries e barracas para venda de olerícolas em feiras livres, foram desenvolvidas por técnicos do Centro Paranaense de Referência em Agroecologia (CPRA), autarquia vinculada à SEAB, sob a orientação do Permacultor e Bioarquiteto Guillermo Gayo, do Centro de Referência de Permacultura Takuara Renda4 no Paraguai. A técnica de construção de estufas foi difundida para todos os Colégios Agrícolas do Estado, assim como para técnicos da Embrapa Hortaliças no Distrito Federal e está disponibilizada no site da Instituição5.

Outra iniciativa de ordem técnica, por meio do Instituto de Tecnologias do Paraná – TECPAR, é o desenvolvimento tecnológico e adequação de equipamentos de laminação do bambu, onde as variáveis: tração, flexão e cisalhamento são 3 A Aliança Empreendedora é organização social sem fins lucrativos e de interesse público

(OSCIP) fundada em 2005 que atua com projetos de fomento, integração e apoio a microempreendedores de baixa renda. Atua no Vale do Ribeira com projetos de empreendedorismo rural comunitário desde 2007, incentivando o fortalecimento de produção de artesanato e produtos alimentícios da região.

4 www.takuararenda.org 5 www.cpra.pr.gov.br

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analisadas. O TECPAR realiza também, assim como a UTFPR – Universidade Tecnológica Federal do Paraná testes para avaliação de diferentes tratamentos do bambu, pós-colheita.

Contudo, o bambu é uma planta ainda pouco pesquisada pelos institutos de pesquisa do Paraná e também do Brasil, sobretudo as espécies nativas, pouco estudadas ou simplesmente não estudadas nas universidades de agronomia e florestas, normalmente não considerada nas universidades de engenharia civil e arquitetura e consequentemente subutilizada ou não utilizada nos meios rural e urbano paranaense.

Isto não significa, porém, que a cultura do bambu não desperte interesse na sociedade, ao contrário. Após o início dos citados trabalhos com bambu pelo Governo do Paraná, dezenas de contatos chegam, todas as semanas, por meio eletrônico, ao CPRA, assim como à SEAB, oriundos de várias partes do Brasil, de pessoas físicas e jurídicas interessadas em informações e formações na cultura do bambu e seus usos.

Para responder a esta crescente demanda, este artigo tem por objetivo propor a estruturação de um Programa de Governo, de cunho estratégico, que comporte a grandeza que uma planta multifuncional como o bambu requer, visando o desenvolvimento sustentável de sua cadeia produtiva no Estado.

O bambu poderá, assim, passar a ser reconhecido no Estado do Paraná como uma cultura que agrega em sua cadeia produtiva os valores social, ambiental e econômico. Um vegetal que no meio rural proporcione diversidade de renda aos agricultores e no meio urbano, movimente indústrias diversas, além de servir de apoio à construção de moradias.

O presente trabalho inicia com uma discussão sobre a sustentabilidade aplicada à cadeia produtiva do bambu aponta detalhes das potencialidades desta gramínea, cita o exemplo da China, país líder no setor e finalmente propõe passos à estruturação de um Programa de Governo para o desenvolvimento sustentável da cadeia produtiva do bambu no Paraná. 2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA CADEIA PRODUTIVA DO BAMBU NO PARANÁ

Desenvolvimento sustentável significa equilíbrio entre os desenvolvimentos social e econômico, com distribuição de renda e respeito à fragilidade, a interdependência e as escalas de tempo próprias e específicas dos elementos naturais, ou seja, respeitar o ritmo da natureza. Viabilizar esse conceito implica em mudança de comportamento pessoal e social além de transformações nos processos de produção e consumo. Assim, faz-se necessário desencadear um processo de discussão e comprometimento do segmento da sociedade envolvido (BRASIL, 2000b).

Segundo as Bases para Discussão da Agenda 21 Brasileira (BRASIL, 2000c), não se pode pensar em mudanças em direção a práticas mais sustentáveis na agricultura impostas de fora para dentro. A necessidade de processos endógenos de mudanças a partir do nível local é praticamente um consenso entre os que discutem o desenvolvimento sustentável. Somente um processo discutido na base será capaz de gerar inovações adequadas às necessidades específicas de cada local.

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Portanto, antes que se discuta um Programa de Governo sobre o desenvolvimento sustentável da cadeia produtiva do bambu no Paraná, se faz necessário que as potencialidades dessa planta sejam primeiramente apresentadas e debatidas com a sociedade, considerando o restrito uso atual da mesma.

Essa ação está também prevista nas diretrizes da Agenda 21 para o desenvolvimento da agricultura sustentável no Brasil (BRASIL, 2000a):

1. fortalecimento de mecanismos e instâncias de articulação entre governo e sociedade civil; 2. fortalecimento da agricultura familiar frente aos desafios da sustentabilidade agrícola; 3. incentivo ao planejamento ambiental e ao manejo sustentável dos sistemas produtivos; 4. incentivo a geração e a difusão de informações e de conhecimentos que garantam a sustentabilidade da agricultura.

Com base nessa última diretriz, propõe-se primeiramente a realização de oficinas de trabalho que apresentem e debatam com a sociedade, nos meios rural e urbano, envolvendo agricultores, empresários, industriais, artesãos e outros, informações sobre as características multifuncionais do bambu, suas vantagens como planta com potencial para gerar renda e mão de obra, além de seus benefícios ambientais como controle de erosão e boa performance no seqüestro de carbono.

Diversos são os autores que discutem a sustentabilidade. Montibeller (2004) sintetiza sustentabilidade no trinômio eficiência econômica, eficácia social e ambiental.

Em 1987, a Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas publicou o Relatório Brundtland, que apresentou um conceito de desenvolvimento sustentável como “(...) aquele desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer as possibilidades de as gerações futuras atenderem às suas próprias” (BRASIL, 2000b, p. 17).

Contudo, Foladori (2001) considera que em se tratando de desenvolvimento sustentável, é importante salientar que o jargão ambientalista “garantir a vida às gerações futuras” não poderia responder às necessidades de um quinto da população mundial que passa fome, ou seja, 1,2 bilhão de pessoas e que está prioritária e forçosamente interessada em sua própria sobrevivência. Menos ainda aos já quase um bilhão de desnutridos, dos quais a maioria nem sequer terá futuras gerações.

O desenvolvimento sustentável não pode ser obra de pequena minoria em nome da grande maioria. Exige contribuição e dedicação de todos e de cada um. Por isso é essencial que todos possuam os meios, a começar pela educação fundamental que lhes permite participar da tarefa de construir o futuro sustentável (UNESCO,1999).

A educação é também o meio de divulgar conhecimento e desenvolver talentos para introduzir as mudanças desejadas das condutas, valores, estilos de vida e para suscitar o apoio público às mudanças contínuas e fundamentais que serão imprescindíveis para que a humanidade possa modificar sua trajetória, para iniciar seu caminho em direção a um futuro sustentável. A educação é em síntese a melhor esperança e o meio mais eficaz que a humanidade tem para alcançar o desenvolvimento sustentável (UNESCO, 1999).

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Em relação à educação, Ostapiv, Salamon e Gonçalves (2008), ao reconhecer no bambu um recurso natural pouco estudado no Brasil, mas dotado de excepcional potencial econômico, consideram que, sendo bem empregados, os Cursos Superiores de Tecnologia (CST) podem ser ferramentas importantes e fundamentais para o desenvolvimento tecnológico, econômico e social de uma região.

Desta forma, com base nas discussões anteriores, um Programa de Governo de Desenvolvimento Sustentável da Cadeia Produtiva do Bambu no Paraná, deverá considerar os processos endógenos para se atingir um desenvolvimento sustentável e a educação, formal e não formal, constitui instrumento eficaz para este fim.

2.1 BAMBU, PLANTA ESTRATÉGICA

A espécie vegetal vulgarmente conhecida como bambu pertence à família Gramineae. No Brasil as espécies mais comuns são: Bambusa vulgaris (bambu verde), B. vulgaris variedade vittata (bambu imperial), B. Tuldoides (bambu comum), Dendrocalamus giganteus (bambu gigante, bambu balde) e algumas espécies de Phyllostachys (bambu chinês). Essas espécies, todas de origem asiática, foram trazidas pelos primeiros imigrantes portugueses e difundiram-se facilmente pelo país (SALGADO, 1997).

Graça (1988) esclarece que no Brasil as espécies nativas são conhecidas, de acordo com a região de ocorrência, com nomes de cambaúba, cana-brava, taboca, taquara, taquari e taquaruçu.

Dos países da América Latina, o Brasil tem a maior diversidade de bambus, com um total de 202 espécies, sendo 137 lenhosas e 65 herbáceas (LONDOÑO, CLARK, 2004).

Segundo Zehui (2007), inicialmente os botânicos tiveram dificuldades com a taxonomia do bambu, em relação a maioria das plantas. Isto se deu devido ao fato de que as classificações das plantas, em geral, são feitas com base nos elementos florais e no caso, o bambu possui um enigmático ciclo longo das floradas, sendo que algumas espécies levam até 120 anos para florescer.

Contudo, a classificação atual aponta que foram publicados em todo o planeta 130 gêneros de bambus lenhosos, 25 gêneros de bambus herbáceos e mais de 1.500 espécies no total (ZEHUI, 2007).

De acordo com Salgado (1991), o bambu é classificado segundo sua forma de crescimento como entouceirante, aquelas espécies que crescem sob a forma de densas touceiras, desenvolvendo-se por meio de rizomas curtos, grossos e de crescimento limitado, que afloram à superfície para originar um novo colmo. Há também a forma alastrante em que as plantas estendem-se lateralmente com rapidez graças ao desenvovimento de rizomas compridos, delgados e de crescimento ilimitado.

O sistema radicular, por ser do tipo fasciculado, bastante extenso e superficial, é eficiente no combate a erosão dos solos. Portanto seu cultivo mostra-se viável em terrenos com topografia irregular, inadequada a uma cultura mais tecnificada.

Entre as qualidades do bambu, segundo Casagrande Jr.; Umezawa e Takeda (2003) que tem atraído a atenção de pesquisadores e empresários, está a rápida

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propagação e o crescimento acelerado da planta. O bambu cresce 30% mais rápido do que espécies de árvores consideradas de rápido crescimento, sendo seu rendimento por hectare ao ano 25% maior que o da madeira, o que faz dessa planta um recurso altamente renovável.

Os bambus são as plantas de mais rápido crescimento no planeta. O recorde de crescimento diário, medido nas cercanias de Quioto, Japão, em 1956, foi de 121 cm em 24 horas, constatado para o bambu Phylostachys bambusoides, com 12 cm de diâmetro de colmo (Ueda, 1968, apud Lopez, 1974). Segundo Beraldo et al (2003) no Brasil, o crescimento do Dendrocalamus giganteus, com 14 cm de diâmetro basal, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, foi de 39 cm em 24 horas, em março de 1995.

Em propriedades rurais, segundo Salgado (1997), a utilização do bambu, é bastante variada: instalações e cercados para animais, alimento forrageiro devido a suas folhas serem ricas em proteínas, controle da erosão, delimitação de áreas, cortinas quebra-vento, cercas vivas, tutores para diversas culturas, bens utilitários como esteiras, cestos, móveis, escadas. É também reconhecido como planta de propriedades medicinais de larga utilização como febrífugo, anti-hemorrágico, calmante nas afecções nervosas e depurativo estomático, além de constituir um importante alimento ao ser humano.

Tais usos fornecem renda intrínseca aos agricultores, pois ao fazer uso do bambu como matéria prima para uma gama de itens nas suas propriedades, os mesmos deixam de gastar com a compra de outros materiais, gerando importante economia que deve ser considerada na administração rural. A exemplo disto, o CPRA desenvolveu uma estufa de bambu que custa ao agricultor, incluindo o plástico, R$ 800,00, sendo que uma de igual tamanho, de alumínio, custaria R$8.000,00, ou seja, apenas dez por cento do valor.

De acordo com Salgado (1997), do ponto de vista agronômico o plantio do bambu é economicamente interessante por se tratar de uma cultura perene, na qual os colmos são produzidos assexuadamente, ano após ano, sem necessidade de plantio, com elevado rendimento anual por unidade de área. Outra vantagem do bambu, explicada pelo autor, está na velocidade de crescimento de seus colmos, que não apresentam elementos anatômicos no sentido radial e tangencial, crescendo só em altura, ao contrário das madeiras. Em espécies tropicais, os colmos atingem suas dimensões máximas com cerca de seis meses de idade.

Do ponto de vista tecnológico, os colmos do bambu, constituídos basicamente por feixes fibrovasculares, circundados por um tecido parenquimatoso uniforme e rico em substâncias de reserva, podem ser utilizados como matéria prima para: • Celulose e papel: pelo aproveitamento do tecido fibroso na forma de fibras individualizadas; • Em síntese, o bambu é uma planta multifuncional, passível de adaptação em diferentes regiões do território paranaense, que pode ser cultivada em solos de menor aptidão e de relevos não mecanizáveis, como são por exemplo os solos do Vale do Ribeira, região de relevo ondulado que se assemelha às áreas montanhosas chinesas, como na província de Zhejiang, onde o bambu é sinônimo de prosperidade. • Álcool etílico: pela fermentação dos açúcares obtidos pela hidrólise dos carboidratos; • Amido: presente nas células do tecido parenquimatoso;

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• Alimentos: pelo aproveitamento do broto do bambu, com 30 a 50 cm de comprimento; • Construções: pelo aproveitamento de varas de variedades finas e colmos de variedades resistentes.

O bambu é uma das plantas mais úteis do mundo podendo suprir as necessidades básicas do homem. As qualidades intrínsecas de cada variedade proporcionam ao bambu diferentes usos. O estudo das propriedades físico-mecânicas, incluindo umidade, peso, resistência específica à tração, compressão e flexão, determina a sua adequação para construção estrutural ou fabricação de móveis. Suas propriedades anatômicas são cruciais para avaliar a sua utilização na fabricação de celulose ou fibras têxteis (rayon). A análise química e bioquímica, que envolve proporções de celulose, hemicelulose e lignina, além de substâncias menores, como resinas, tanino, ceras e sais orgânicos e suas variações dependendo das condições de crescimento, são as informações que fornecem as bases para novas posibilidades de uso (WIDMER, 2004; apud LONDONO, CLARK, 2004).

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Cortinas,Tapetes,esteirasCortinas,Tapetes,esteirasCortinas,Tapetes,esteirasCortinas,Tapetes,esteiras

PisosPisosPisosPisos

AlimentoAlimentoAlimentoAlimento

ArtesanatoArtesanatoArtesanatoArtesanato

VassourasVassourasVassourasVassouras

CeluloseCeluloseCeluloseCelulose

Carvão vegetalCarvão vegetalCarvão vegetalCarvão vegetal

Placas de fibrasPlacas de fibrasPlacas de fibrasPlacas de fibras

SucoSucoSucoSuco

Adubo VerdeAdubo VerdeAdubo VerdeAdubo Verde

PigmentosPigmentosPigmentosPigmentos BebidasBebidasBebidasBebidas

ForragensForragensForragensForragens

RRRRemédiosemédiosemédiosemédios

Varas (Palitos,Espetos)Varas (Palitos,Espetos)Varas (Palitos,Espetos)Varas (Palitos,Espetos)

Varas de BambuVaras de BambuVaras de BambuVaras de Bambu

CombustíveisCombustíveisCombustíveisCombustíveis

Móveis LaminadosMóveis LaminadosMóveis LaminadosMóveis Laminados

Carvão vegetalCarvão vegetalCarvão vegetalCarvão vegetal

Artigos de tecidoArtigos de tecidoArtigos de tecidoArtigos de tecido

Madeira serrada ou tábuaMadeira serrada ou tábuaMadeira serrada ou tábuaMadeira serrada ou tábua

ArtesanatosArtesanatosArtesanatosArtesanatos

TecidosTecidosTecidosTecidos

AndaimesAndaimesAndaimesAndaimes

Usos das diferentes partes do bambu

Alças para bolsasAlças para bolsasAlças para bolsasAlças para bolsas

ArtesanatosArtesanatosArtesanatosArtesanatos

Fios de tecFios de tecFios de tecFios de tecelagemelagemelagemelagem

RizomaRizomaRizomaRizoma

BainhasBainhasBainhasBainhas

Parte Parte Parte Parte

inferiorinferiorinferiorinferior

Parte Parte Parte Parte

superiorsuperiorsuperiorsuperior

GalhosGalhosGalhosGalhos

BrotosBrotosBrotosBrotos

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FolhasFolhasFolhasFolhas

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Parte Parte Parte Parte

meiomeiomeiomeio

6666

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30303030--------40%40%40%40%

5555----10%10%10%10%

Base

ArtesanatosArtesanatosArtesanatosArtesanatos

Figura 1: Usos das diferentes partes do bambu Fonte: Ding Xingeui, China National Bamboo Research Center (CBRC; Prof. Xhu Zhaohua, INBAR e Ms. Zhou Yan, CRC

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A agricultura familiar pode, com o estratégico negócio dos brotos e colmos, diversificar suas plantações, ampliar seus rendimentos e reduzir a dependência nas propriedades de materiais não produzidos por ela, como o aço e polímeros (OSTAPIV, FAGUNDES, 2007).

Em síntese, o bambu é uma planta multifuncional, passível de adaptação em diferentes regiões do território paranaense, que pode ser cultivada em solos de menor aptidão e de relevos não mecanizáveis, como são por exemplo os solos do Vale do Ribeira, região de relevo ondulado que se assemelha às áreas montanhosas chinesas, como na província de Zhejiang, onde o bambu é sinônimo de prosperidade.

Na China de hoje, como se vê na Figura 1, o bambu é utilizado na fabricação de alimentos, bebidas como sucos e cervejas, papel e celulose, tecidos, carvão, combustíveis, móveis, artesanatos, obras de artes, pisos e laminados, contruções, produtos medicinais, cosméticos, adubo verde, forragens, cortinas, tapetes e esteiras, e um sem número de utensílios de uso doméstico, assim como no paisagismo e jardinagem nos meios urbano e rural. A multifuncionalidade do bambu pode ser vista nas bicicletas de bambu de fabricação chinesa (FIGURA 2) e na cúpula de bambu do pavilhão da Índia na Expo 2010 Shanghai (FIGURA 3).

Figura 2: Bicicleta com quadro de bambu exposta no stand da rede Inbar na Expo 2010 Shanghai China Fonte: Do autor.

Com base nos conhecimentos que se tem dessa gramínea e a exemplo da

China, o bambu pode ser encarado como uma opção estratégica de diversificação à agricultura familiar paranaense. Pode ocupar áreas consideradas de baixo Índice de Desenvolvimeto Humano (IDH) e ser eficiente tanto na recuperação ambiental, quanto no aumento da renda.

2.2 O EXEMPLO DA CHINA.

A China é o país de maior tradição no uso do bambu com cerca de 4 mil diferentes usos tradicionais, com importante papel na economia rural em países em desenvolvimento (Hsiung, 1988 apud Beraldo, Pereira, 2007).

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CHUNG (2003) apud Ostapiv e Fagundes (2007) declara que a história do bambu na China remonta à Idade da Pedra, período neolítico. O bambu sempre foi um recurso vital para a economia chinesa, devido a escassez de componentes florestais naquele país e também por possuir a China uma ecologia frágil e grande deficiência no suprimento de madeira para o mercado interno.

Figura 3: Cúpula de bambu do Pavilhão da Índia na Expo 2010 Shanghai Fonte: Do autor Em Beijing, capital da China, situa-se a sede da Rede Internacional de

Bambu e Ratan (INBAR), uma organização intergovernamental que se dedica a aperfeiçoar e promover os benefícios sociais, econômicos e ambientais do bambu e do ratan, este último, palmácea de onde se extraem fibras para a fabricação de móveis e artesanatos. Inbar conecta uma rede global de parceiros governamentais e privados, sem fins lucrativos, em mais de 50 países para definir e implementar uma agenda global para o desenvolvimento sustentável por meio do bambu e do ratan (INBAR, 2010).

Bambu e ratan são essenciais para a vida de 1,5 bilhão de pessoas, cerca de um quarto da população mundial atual. Para muitos deles, a vida é uma luta constante contra a pobreza e a privação. Trabalhos com bambu e ratan podem significar uma fonte estável de renda para um número crescente de micro, pequenas e médias empresas, colaborando para que saiam da pobreza de forma sustentável (INBAR, 2010).

Ao considerar o bambu um recurso sustentável, a rede INBAR em sua missão busca melhorar o bem estar dos produtores e consumidores desta gramínea, por meio do apoio a pesquisa e desenvolvimento estratégico e adaptado; da difusão da diversidade de usos do bambu na redução da pobreza e gestão sustentável dos recursos naturais e da assistência para intervenções de desenvolvimento bem sucedido (INBAR, 2010).

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A exemplo disso, anualmente uma grande oficina de trabalho, com representantes de diversas nações, patrocinado pelo MOST - Ministério de Ciência e Tecnologia da China e organizado pela rede INBAR, é realizado naquele país com a finalidade de promover, de forma bastante abrangente, diversos aspectos da cadeia produtiva do bambu.

Finalmente, em sua nova estratégia, a rede INBAR busca contribuir especialmente para a realização de alguns dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) das Nações Unidas, a saber, 1 (erradicação da pobreza), 7 (meio ambiente) e 8 (sociedade) de forma integrada e coordenada (INBAR, 2010).

A rede INBAR possui sua sede na China, por ser ela o país com maior desenvolvimento tecnológico em torno do bambu. Graças à política de abertura adotada nos últimos anos, a China buscou desenvolver eficazmente suas indústrias de bambu, em harmonia com a prosperidade econômica da nação e do meio ambiente.

Contudo, sustentabilidade não se alcança copiando modelos de sucesso. A própria rede INBAR sugere que os programas sejam adaptados às realidades locais, considerando todas as especificidades existentes em cada região, a começar pelas espécies de bambu disponíveis, suas potencialidades e limitações, o nível de industrialização existente, o mercado e uma série de fatores que sugerem cautela ao se pensar na elaboração de um Programa de Governo que tenha por fim o desenvolvimento sustentável dessa gramínea.

Smith (2001) chama a atenção para o fato de que muitos reconhecem o grande potencial de industrialização do bambu, ainda que poucos países tem sido capazes de desenvolver indústrias em grande escala ou repetir o sucesso das indústrias chinesas de Lin'an e Anji em Zhejiang e em outras províncias.

Smith (2001) considera ainda que, na China, o bambu tem alcançado notável eficiência na utilização de todas as partes da planta que sai da floresta - com taxas de conversão da matéria-prima, muitas vezes superior a 95%, incluindo ramos e folhas, bem como os colmos. Desta forma, como todas as partes do bambu são aproveitadas no processamento industrial, as empresas são capazes de comprar apenas a parte exata do bambu de que necessitam para o seu produto em particular e conseguir baixos custos unitários de produção. Na Figura 4, observa-se varetas de bambu extraídas do terço médio das plantas.

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Figura 4: Varetas de bambu usadas na fabricação de cortinas e esteiras, estocadas a céu aberto na China. Fonte: Do autor (2010).

Figura 5: Processamento primário de bambu na Província de Zhejiang China. Fonte: Do autor.

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Figura 6: Réguas de bambu após processamento em indústria chinesa. Fonte: Do autor. Esta, e outras especificidades na produção e processamento, como

exemplicado nas Figuras 5 e 6, explicam o porquê de não se poder simplesmente copiar o modelo chinês que ao longo de muitos anos foi estabelecido e chegou a um nível de eficácia bastante considerável. Por outro lado, se o Paraná pretende buscar um modelo próprio deve pensar em políticas de investimento em infraestrutura na área.

Segundo Amaral Filho (2001) uma política de investimento em infraestrutura é importante para uma região ou para uma economia, por criar condições favoráveis à formação de aglomerações de atividades mercantis. Contudo, para que a mesma tenha sucesso sobre o produto e a renda, deve estar inserida numa estratégia global de desenvolvimento regional, com mecanismos administrativa, econômica e politicamente fundamentados, para evitar a formação de “enclaves” ou a aglomeração de indústrias desprovidas de coerência interna nas suas interconexões.

De acordo com Dagnino e Thomas (2001), há uma crítica ao automatismo e ao mecanicismo dos conceitos de transferência e de difusão de tecnologias que constituem um jogo complexo, não completamente controlado pelos policy makers, agentes responsáveis pela elaboração de política pública.

Uma opção seria alocar potencial de pesquisa e capacitar pessoas para a geração de tecnologias ad hoc, a fim de solucionar adequadamente os problemas locais. O desenvolvimento dessas pesquisas, orientadas para a satisfação das necessidades sociais pode, ao mesmo tempo, mediante a diferenciação de produtos, gerar novas oportunidades de mercado. Essa estratégia implica a possibilidade de se desenvolver e de se tornar coeso um sistema regional de inovação (em escala latino-americana), via a transformação das necessidades sociais em mecanismo indutor de inovações baseadas na interação usuário/produtor, consumidor/produtor e a consolidação de trajetórias sociotécnicas locais (DAGNINO, THOMAS, 2001).

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Essas medidas de geração de tecnologias específicas voltada aos problemas locais foram essenciais na China, onde, segundo Ostapiv e Fagundes (2007), o bambu é tido como um importante componente florestal, que combina, em seu plantio, manejo e aplicações de ecologia, economia e benefícios sociais. Isso proporciona uma rara oportunidade de desenvolvimento sustentado às mais diversas e distantes populações de um país de dimensões continentais, muito semelhante, neste sentido ao Brasil.

Assim, com as informações disponíveis e os conhecimentos adquiridos sobre o bambu, considerando a sabedoria chinesa na utilização desta planta, assim como as ressalvas já mencionadas, sugere-se alguns passos na elaboração de um Programa de Governo para o desenvolvimento sustentável da cadeia produtiva do bambu no Estado do Paraná. 3 RESULTADOS 3.1 OS CUIDADOS NO PREPARO DO PROGRAMA DE GOVERNO

Com base no que foi estudado e nos locais visitados, assim como nos contatos realizados, pensou-se em alguns passos para a elaboração de um Programa de Governo, de cunho estratégico, para o desenvolvimento sustentável da cadeia produtiva do bambu no Paraná. Tais passos são sugeridos com o objetivo de se obter um produto final confiável e de qualidade. Espera-se demonstrar que o bambu pode ser uma eficaz ferramenta de desenvolvimento regional.

A busca de respostas para uma série de indagações deve inspirar a estruturação desse Programa de Governo:

• Como iniciar um plantio de bambu, sem o respaldo de uma usina de processamento que garanta a comercialização deste produto?

• Como investir na construção de uma usina de processamento de bambu, sem a garantia da matéria prima a ser processada?

• Considerando a multifuncionalidade desta gramínea, qual de seus usos deve receber melhor atenção?

• O uso do bambu para planos habitacionais é viável? • Dentro das muitas possibilidades de transformação do bambu, por

onde começar? • Quais espécies de bambu a serem trabalhadas? • Quais as perspectivas de mercado? • Qual o perfil do consumidor? • Qual o momento ideal para iniciar um Programa de Governo de

desenvolvimento sustentável da cadeia produtiva do bambu no Estado do Paraná?

• Qual o custo de implantação deste Programa de Governo? • Existe viabilidade econômica? • Como atrair investidores? • Em que local do Estado este Programa de Governo deve iniciar? • Que benefícios sociais trará? • Qual será sua dimensão? • Que formas de tratamento de bambu são mais eficazes?

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• Que cuidados ambientais deveriam ser tomados? • Que vantagens sociais o bambu pode trazer a uma comunidade que

passe a considerá-lo como planta de valor econômico? • Existem ganhos ambientais? • Que mudança se espera no que tange a biodiversidade?

Essas e outras indagações sugerem a composição de uma equipe

multidisciplinar, referendada pelo Governo do Estado, ao mesmo tempo que reforçam a idéia apresentada anteriormente de que a educação, formal e informal, será a ferramenta básica para se chegar aos resultados esperados.

Esse Programa, em linhas gerais, terá a função de orientar agricultores e técnicos de diversas áreas, do governo e da iniciativa privada, assim como empresários, sobre a dinâmica necessária para se conseguir a sustentabilidade da cadeia produtiva do bambu no Estado.

Para isto acontecer se faz necessário prever: 1. Definição da estrutura administrativa, que responda e dê fluxo ao

dinamismo do programa; 2. Criação de uma dotação orçamentária que garanta os investimentos e

custeios necessários, incluindo pesquisa, ensino, capacitação, trabalhos de extensão e divulgação;

3. Criação de uma rede operacional que permita que as ações sejam conectadas e ao mesmo tempo socializadas.

O instrumento formalizador para dar encaminhamento ao referido Programa de Governo é o Plano Plurianual 2008 -2011 (PPA) (PARANÁ, 2010).

O PPA deve ser a expressão formal do caminho escolhido pelo Governo eleito pela sociedade paranaense para solucionar os problemas existentes.

O PPA estabelece, de forma regionalizada, diretrizes, objetivos e metas físicas e financeiras da administração pública organizadas em programas. Os programas, por sua vez, conjugam ações para atender a um problema ou a uma demanda da população. O PPA tem duração de quatro anos, começando no início do segundo ano do mandato do Chefe do Poder Executivo e terminando no fim do primeiro ano de seu sucessor, de modo que haja continuidade do processo de planejamento, mesmo no caso de troca de governo (PARANÁ, 2010).

Desta forma, um Programa de Governo de Desenvolvimento Sustentável da Cadeia Produtiva do Bambu no Estado do Paraná deve ser incluído no PPA, sendo que o prazo válido para o Estado do Paraná encaminhe o PPA à Assembléia Legislativa é de 30 de setembro, a cada quatro anos, sendo o prazo para votação pelos deputados é até dia 31 de dezembro, a cada quatro anos.

A seguir apresentam-se alguns passos para orientar a estruturação desse Programa de Governo, que inserido numa relação ganha ganha: aumento da biodiversidade das propriedades agrícolas e diversificação da renda, espera-se que possa ser providencial instrumento de desenvolvimento sustentável regional no Paraná.

3.1.1 Elaborar o Estado da Arte da Cadeia Produtiva do Bambu no Paraná.

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Promover um diagnóstico georreferenciado que retrate o que já existe em termos de bambu no Estado, plantios, usos e organizações envolvidas é o primeiro passo. Desta forma, sugere-se: • Realizar levantamento dos gêneros, espécies e cultivares de bambus existentes no Paraná, assim como suas potencialidades, seus usos e suas localizações no Estado. • Identificar o uso do bambu em comunidades tradicionais e a existência de pessoas ou entidades com experiência no ramo. • Identificar universidades e institutos de pesquisa envolvidos com o cultivo e uso do bambu. 3.1.2 Constituir uma equipe multidisciplinar

Para maximizar acertos é importante que uma equipe multidisciplinar seja

constituída para a elaboração do Programa de Governo. O`Donnell (2010) adverte que se pode formar grupos de trabalho em minutos,

contudo, equipes que geram resultados positivos de forma consistente levam tempo e cuidado para ser formadas. Esse é o trabalho de um líder consciente e inspirador.

O`Donnell (2010) ao tratar de um novo paradigma de liderança, considera a busca de outros modelos de administração que permitam àqueles que possuem características e habilidades naturais de liderança desenvolverem-se espontaneamente, pois o líder não é aquele que tem cargo de comando. Nesse caso específico de uma equipe multidisciplinar sendo constituída para o Programa de Governo, a escolha de seu líder poderia ser dialogada com as autoridades do Estado, com o objetivo de se alcançar em menor tempo os melhores resultados.

O autor considera que um dos grandes mitos a serem desfeitos no novo paradigma de liderança é a idéia de que é preciso ter uma designação formal para ser líder, pois graças a esse conceito, a liderança tem sido vista mais como uma posição do que como atitude, visão e conduta. Nessa linha, a própria equipe multidisciplinar poderia propor seu líder às autoridades do governo.

Em termos técnicos, esta equipe deverá contar, entre outros, com profissionais das áreas de pesquisas em agricultura, floresta e indústria; por botânicos encarregados da classificação dos bambus existentes no estado, sendo fundamental a análise da relação taxonomia x características de campo e potencialidades industriais e por fim, além do fundamental apoio de profissionais da área administrativa, profissionais das áreas social, econômica e ambiental que orientem a sustentabilidade do Programa de Governo.

Da parte do Estado, espera-se que a equipe seja composta por integrantes:

• da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, devido a sua capilaridade, ao contar com técnicos distribuídos em todas as regiões do Estado, que atuam em suas empresas vinculadas, além do CPRA, o Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER) e Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR); • da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMA), devido

a estrutura de técnicos e também aos viveiros de sua empresa vinculada, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP);

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• da Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia (SETI), com os Instituições de Ensino Superior IES (Universidade Estaduais) e o TECPAR, a ela vinculado;

• da Secretaria de Estado da Indústria, do Comércio e Assuntos do Mercosul (SEIM), por se tratar de uma cadeia produtiva que envolve industrialização e comércio;

• da Secretaria de Estado da Educação com seus 22 Colégios Agrícolas distribuídos em todo o Estado;

• do Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (LACTEC) por ser um centro de pesquisa tecnológica de referência.

Caberá ao Governador a definição da Secretaria que liderará o Programa.

3.1.3 Definir parcerias

Devido a característica de multifuncionalidade do bambu, importante se faz a

busca de parceiros de diferentes ramos de atividades, dispostos a colaborar com o plano de ações a ser desenhado pelo Programa de Governo. De agricultores com visão empreendedora a artesãos, empresários, industriais ou comerciantes, todos poderão dar suas contribuições ao Programa.

Assim, com o apoio dos dados obtidos no Estado da Arte do Bambu no Paraná, uma seleção criteriosa de parceiros deve ser vislumbrada com especial atenção às universidades, institutos de pesquisas e associações que atuem na área.

As diversas redes sociais existentes, atuantes no ramo, nacionais e internacionais podem ser evocadas.

A rede INBAR, embora o Brasil ainda não seja país signatário, poderá ser convidada como parceira.

No Brasil foi criada a Rede Social do Bambu. Trata-se de uma rede de informações, relacionamentos e divulgação, comunidades de prática e aprendizagem, ponto de encontro de agricultores, pesquisadores, botânicos, arquitetos, engenheiros, artistas, construtores, designers, decoradores, ecologistas, artesãos, gastrônomos, músicos, médicos, educadores e todos os interessados no cultivo e produção, no manejo sustentável, no consumo consciente ou na utilização variada, profissional ou amadora, do bambu (Rede Social Bambu, 2010).

Outra iniciativa nacional foi a criação da Rede Brasileira do Bambu (RBB)6. A Rede Brasileira do Bambu é uma rede nacional de pesquisa e desenvolvimento tecnológico integrada por pesquisadores, técnicos e profissionais de Universidades, Institutos de Pesquisa, entre outras organizações que representa uma nova modalidade de trabalho, pois congrega o esforço de diferentes especialistas e, sobretudo, trabalha melhor as suas divergências. Trata-se assim de uma rede jovem que visa inserir o bambu no desenvolvimento do país e, como principal sucedâneo universal ao uso crescente das nossas reservas de madeira nativa, pode contribuir para a melhoria de vida de sua população.

No ano de 2005, em Brasília DF, houve uma reunião que tratou do estado da arte das pesquisas do bambu no Brasil. Na ocasião da reunião, os participantes levantaram a necessidade de implantação de uma rede de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, P&D&I voltada para o bambu no Brasil. O encontro

6 www.redebrasileiradobambu.com.br

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aconteceu nas dependências do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e teve o apoio da Secretaria Nacional de Florestas do Ministério do Meio Ambiente. – SNF/MMA.

Em 2008, o Centro de Pesquisa e Aplicação de Bambu e Fibras Naturais da Universidade de Brasília - CPAB/UnB, órgão criado em 2007 pela UnB, pleiteou recursos financeiros junto à Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério de Ciência e Tecnologia – SEPED/MCT para a implantação da RBB. Outro provável parceiro será o Centro de Saberes e Cuidados Socioambientais da Bacia do Prata, constituído a partir de uma série de diálogos entre especialistas em educação ambiental que ocorreram em 2006, quando foi firmado o Acordo de Cooperação Técnica, Científica e Financeira entre o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Itaipu Binacional e Fundação Parque Tecnológico Itaipu (FPTI), com a presença do Comitê Intergovernamental Coordenador dos Países da Bacia do Prata (CIC). (CENTRO DE SABERES E CUIDADOS SOCIOAMBIENTAIS DA BACIA DO PRATA, 2010).

A partir de 2006, ministérios e secretarias do Meio Ambiente da Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai, ministérios da Educação do Brasil e Paraguai, ministério da Agricultura y Ganadería do Paraguai, organizações não governamentais e universidades dos cinco países da Bacia do Prata também passaram a fazer parte da iniciativa (CENTRO DE SABERES E CUIDADOS SOCIOAMBIENTAIS DA BACIA DO PRATA, 2010).

A missão do Centro é contribuir com ações de educação regional para responder aos desafios socioambientais globais, regionais e locais, em sintonia com documentos planetários, para construir um futuro sustentável no território pratense (CENTRO DE SABERES E CUIDADOS SOCIOAMBIENTAIS DA BACIA DO PRATA, 2010).

Por fim, o limite do número de parceiros estará relacionado com os benefícios que cada parceria poderá aportar ao Programa, sejam elas dos governos municipais, estaduais e federal, assim como da iniciativa privada, ou ainda de organismos internacionais. Ações de ensino, pesquisa e extensão, serão a chave do sucesso de um Programa de Governo de Desenvolvimento Sustentável da Cadeia Produtiva do Bambu no Paraná.

3.1.4 Elaborar um programa de pesquisa, educação e capacitação contínua

Por não ser o bambu considerado como cultura de valor econômico no Brasil, a mesma é pouco estudada nas Escolas de Agronomia ou Florestas e não considerada pela maioria dos institutos de pesquisas. Para se suprir esta lacuna serão necessários projetos de pesquisa, educação contínua e capacitação, contando com ações de extensão como dias de campo e rodadas de debates junto às comunidades rurais assim como a empreendedores do setor industrial.

A realização de uma oficina de trabalho internacional poderá auxiliar e inspirar a equipe responsável pelo desenvolvimento do Programa de Governo. Neste evento, representantes da China, país sede do INBAR e detentor da mais tradicional cadeia produtiva de bambu do planeta, poderão mostrar também a agricultores e empresários paranaenses a potencialidade do bambu como cultura de valor econômico. Da mesma forma Engenheiros e Arquitetos que atuam no Brasil, Equador, Colômbia, Paraguai e Peru e Chile, entre outros países, poderão

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apresentar suas experiências em relação ao uso do bambu como opção para construções sustentáveis.

A troca de saberes tradicionais ou científicos, de diferentes instituições ligadas ao bambu, aliada aos resultados do Estado da Arte será de grande valia para a elaboração desse Programa de cunho estratégico. Tal evento será uma oportunidade também para se apresentar e debater o Projeto de Lei da Câmara - PLC 326/2009 que Dispõe sobre a Política Nacional de Incentivo ao Manejo Sustentado e ao Cultivo do Bambu e especialmente o Projeto de Lei da Deputada paranaense Cida Borghetti de 2006 sobre o incentivo à cultura do bambu no Estado do Paraná, até o momento não efetivado7.

Por ser o bambu uma planta pouco estudada no Paraná e de uso restrito e artesanal, a elaboração de um Programa de Governo que venha ressaltar a importância ambiental, social e econômica desta cultura exigirá um plano de capacitação continuada voltado a todos os envolvidos.

As ações desse plano deverão se dar do pré-plantio a pós-colheita do bambu. Definição de espécies a serem trabalhadas; época e técnicas de plantio; métodos mais eficazes de propagação; manejo mais adequado para a condução das lavouras; época e técnicas de colheita; tratamentos a serem utilizados para a conservação do bambu; uso culinário dos brotos, propriedades nutritivas e medicinais do bambu e comercialização. Tais temas sugerem capacitações contínuas. Da mesma forma na área industrial, capacitações sobre maquinários, técnicas de processamento e conservação do bambu serão necessárias. Nesta área, recomenda-se o desenvolvimento de máquinas e equipamentos com apoio das universidades e institutos de pesquisas envolvidos.

3.1.5 Estabelecer as diretrizes do Programa de Governo Definida a equipe e os parceiros, com base nos conhecimentos adquiridos no Estado da Arte e na oficina de trabalho internacional, importante se estabelecer as diretrizes do Programa de Governo ao responder as seguintes questões: Onde se pretende chegar com o Programa de Governo? Que princípios deverão ser respeitados? Como atrair investidores? Que resultados se esperam com a implementação do Plano? Em quanto tempo se pretende atingir os objetivos? Como garantir um comércio justo? Qual a escala de plantio adequada para as necessidades do mercado? Como se evitar o estabelecimento de monoculturas? Tais reflexões remetem à necessidade de se estabelecer diretrizes que orientem o desenvolvimento do Programa, que estabeleçam objetivos e metas. Nas diretrizes, os envolvidos no Programa devem estabelecer os resultados esperados e os alvos a serem perseguidos pela canalização de esforços e recursos (ANSOFF, 1983, apud LIMA, TOMIELLO E SILVEIRA, 2004).

7 Disponível em http://www.cidaborghetti.com.br/projetoslei.php

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Para elaboração e execução do Plano Plurianual e dos Orçamentos toda ação finalística8 do Governo deverá ser estruturada em Programas orientados para a consecução dos objetivos estratégicos definidos para o período do Plano.

Cada Programa deverá conter: I - objetivo; II - órgão responsável; III - valor global; IV - prazo de conclusão; V - fonte de financiamento; VI - indicador que quantifique a situação que o programa tenha por fim modificar; VI - metas correspondentes aos bens e serviços necessários para atingir o objetivo; VII - ações não integrantes do Orçamento necessárias à consecução do objetivo; IX - regionalização das metas. Desta forma, o estabelecimento de diretrizes do programa é fundamental para que os condutores do processo, assim como seus parceiros, sintam-se seguros quanto ao futuro do mesmo e, também, para que haja uniformidade de pensamento entre os diferentes agentes, especialmente no que tange ao caráter de sustentabilidade do programa.

Por outro lado, as Diretrizes são igualmente importantes para que, nos momentos de mudanças de governo, o andamento das ações não sofra solução de continuidade ou desvio de objetivos.

Paralelo ao estabelecimento das Diretrizes, sugere-se a implantação de áreas didáticas para a promoção da cultura do bambu como um Jardim do Bambu e uma Casa Demonstrativa.

3.1.5.1 Planejar e implementar um “Jardim do Bambu”.

O jardim do bambu será espaço que contenha canteiros demonstrativos,

plantados com as diferentes espécies e cultivares de bambu já presentes no Estado, ou capazes de serem introduzidas. Este espaço didático terá como escopo mostrar aos visitantes informações sobre a origem, as propriedades e os usos possíveis de cada cultivar.

3.1.5.2 Planejar e construir uma “Casa Demonstrativa”. Segundo Klein (2010) em se tratando de construções com bambu, existem

pouquíssimos profissionais que trabalham com este material na área da construção civil. Os profissionais que trabalham tem suas informações obtidas através de redes criadas na grande rede mundial de computadores ou bibliografias importadas e não nas universidades de engenharia civil e arquitetura. As normas ou padronizações de materiais e procedimentos técnicos inexistem.

A exemplo da Casa Demonstrativa realizada pela rede INBAR e pela Universidade Católica na cidade de Guayaquil, no Equador em 2004 e também da

8 Entende-se por ação finalística aquela que proporciona bem ou serviço para atendimento direto a demandas da sociedade.

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Casa construída por INBAR e parceiros no Parque do Bambu Púrpura, em Beijing, China, é possível realizar um projeto, envolvendo parceiros diversos, na construção de um modelo sustentável de residência que possa ser apresentado à sociedade (INBAR, 2010).

Esta casa, a ser edificada nas cercanias do “Jardim do Bambu” deverá ser mobiliada e decorada com artigos de bambu e nela deverá haver um local apropriado para exibição de vídeos que instruam sobre a cultura do bambu e seus múltiplos usos, além de contar a história do projeto de construção do jardim do bambu e da própria casa.

Um exemplo de aplicação de alta tecnologia aliada a um produto de uso tradicional foi a German Chinese House (Figura 7 e 8), apresentada na Expo 2010 Shanghai, China. Desenhada pelo alemão Markus Heinsdorff, a "Casa Sino-Alemã" além de se destacar pela arquitetura inovadora é também um exemplo de uso do bambu como material de construção natural.

Figura 7: German Chinese House na Expo 2010 Shanghai China Fonte: Do autor

Figura 8: Detalhe do teto da German Chinese House na Expo 2010 Shanghai China Fonte: Do autor

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3.1.6 Definir os locais onde o Programa de Governo será implementado.

Um ponto delicado é a definição do local, ou locais, em que o Programa

iniciará no Estado. É importante recorrer a estudos de aptidão agrícola ou zoneamento ecológico-econômico que indiquem quais as espécies prioritárias que podem ser plantadas em cada região. A existência de iniciativas com atividades no ramo e empresários determinados a investir no setor são fatores primordiais. Após o estudo do diagnóstico de cada região, recomenda-se assim o estabelecimento de um plano piloto na área que apresente as maiores facilidades para o desenvolvimento do Programa. Esta decisão deverá contar com o apoio das instituições de pesquisa que do projeto participem.

O tamanho da área dependerá de seus objetivos. Em geral, não há necessidade de que esta área piloto seja grande. Bastam cerca de 20 ha considerados produtivos de bambu e uma pequena unidade de processamento. O importante é que tanto a produção no campo quanto o processamento possuam qualidade e eficiência, respectivamente, sendo que os resultados deverão ser demonstrados em uma série de eventos voltados a agricultores, técnicos, empresários e autoridades políticas de todo o Paraná.

3.1.7 Decidir espécies e usos de bambu a serem trabalhados

O desafio está em se saber por onde iniciar a produção. Com emprego de tecnologias diversas, com o uso de maquinários simples ou complexos, enfim, com diferentes investimentos, o bambu pode dar origem a uma série de itens que vão de artesanatos a pisos com padrão de exportação. A escolha do que se pretende produzir dependerá e influenciará uma série de fatores como a escolha da matéria prima existente ou passível de ser introduzida, as necessidades existentes e o mercado mais promissor.

Não se recomenda iniciar com sistemas complexos como pisos. O ideal, entre as opções possíveis é verificar qual a que encontrará melhor eco na sociedade. A experiência internacional, aliada aos conhecimentos nacionais e locais serão determinantes na escolha da matéria prima.

Cada espécie possui vantagens e limitações no que tange ao uso. Segundo Graça (1988), as diferentes espécies de bambu tem suas peculiaridades em termos de tamanho, espessura, forma, cor, resistência etc. tornando umas mais apropriadas para certos fins que outras. Portanto necessário se fará usar diferentes estratégias de uso para diferentes cultivares. Esta análise, aliada às necessidades do mercado local, poderá definir a escolha do material.

3.1.8 Definir produção e distribuição de mudas Uma vez definida a escolha da espécie ou das espécies que farão parte do

Plano Piloto, envolver os Colégios Agrícolas do Estado, as estações do IAPAR, os viveiros do IAP e o CPRA com sua parceria com a Colônia Penal Agrícola – CPA para que, numa ação sinérgica, possam estabelecer viveiros de produção de mudas de bambu distribuídos em todo o estado para o início dos plantios.

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4 CONSIDERAÇÕES Espera-se que este artigo alcance seu objetivo de sugerir a estruturação de

um Programa de Governo, de cunho estratégico, que comporte a grandeza que uma planta multifuncional como o bambu requer, visando o desenvolvimento sustentável de sua cadeia produtiva no Estado.

Almeja-se conseguir instigar as autoridades governamentais para que as idéias a respeito do bambu, contidas em todos aqueles que investiram um pouco de seu tempo em estudos, pesquisas e viagens na busca de informações sobre esta planta promissora, possam sair do papel e que se possa colher no Paraná, num rápido espaço de tempo, como rápido é o crescimento do bambu, os frutos de um Programa de Governo que traga sustentabilidade ao campo e às cidades.

Deseja-se que a rede envolvida no assunto se comporte como as raízes do bambu que entrelaçadas tragam resistência e força, união e equilíbrio para que a iniciativa do governo encontre eco em parceiros da sociedade e que desta forma os entraves sejam vencidos.

Espera-se, finalmente, que a exemplo dos colmos do bambu, ao mesmo tempo flexíveis e resistentes, a equipe de trabalho que terá sob sua a responsabilidade esse Programa de Governo, encontre as soluções adaptadas para os desafios que surgirem no desenvolvimento do Programa em nosso Estado.

O bambu nos ensina, os chineses nos inspiram e nos apontam o caminho, nossos irmãos latino-americanos nos sugerem e com todas estas ferramentas, propomos apenas alguns cuidadosos passos para o estabelecimento de uma cadeia produtiva sustentada do bambu no Estado do Paraná. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARAL F°, J. (2001) A endogeneização no desenvolvimento econômico regional e local. Planejamento e Políticas Públicas, IPEA, Brasília, n. 23, p. 262-286. ANSOFF, H. I; McDONNELL, E. (1983) Implantando a administração estratégica. São Paulo: Atlas. ANSOFF, H. I.; McDONNELL,E. (2004) Implantando a administração estratégica. In: LIMA, A.J; TOMIELLO, N; SILVEIRA, R. R. Metodologias de um planejamento estratégico: uma discussão preliminar para IES. In: IV Colóquio internacional sobre gestão universitária na America do Sul, Florianópolis. Disponível em: <http://www.inpeau.ufsc.br/>. Acesso em 16 ago 2010. BERALDO, L. A. et al. Bambu: características e aplicações. In: BERALDO, L.A; FREIRE,W.J (coord.). Tecnologias e materiais alternativos de construção. . Campinas: Editora da Unicamp, 2003, p. 253-299. BRASIL (2000) Agricultura Sustentável. Brasília: Ministério do Meio Ambiente. BRASIL (2000) Gestão dos Recursos Naturais: subsídios à elaboração da Agenda 21 brasileira. Brasília: Ministério do Meio Ambiente.

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