escola da vida - augusto cury -

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D Dedico este livro a (o).................................... Que você aprenda as mais belas lições na escola da vida: Seja nas suas dificuldades, falhas ou vitórias. Que você cuide carinhosamente de sua história. Que a felicidade e a tranqüilidade irriguem seu ser Que você brilhe em sua inteligência onde estiver, Pois o mundo precisa de pessoas como você... _____________ __/__/__

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Dedico este livro a (o).................................... Que você aprenda as mais belas lições na escola da vida: Seja nas suas dificuldades, falhas ou vitórias. Que você cuide carinhosamente de sua história. Que a felicidade e a tranqüilidade irriguem seu ser Que você brilhe em sua inteligência onde estiver, Pois o mundo precisa de pessoas como você... _____________ __/__/__

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Page 1: Escola da Vida - Augusto Cury -

DDedico este livro a (o)....................................Que você aprenda as mais belas lições na escolada vida:Seja nas suas dificuldades, falhas ou vitórias.Que você cuide carinhosamente de sua história.Que a felicidade e a tranqüilidade irriguem seu serQue você brilhe em sua inteligência onde estiver,Pois o mundo precisa de pessoas como você...

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Page 2: Escola da Vida - Augusto Cury -
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Copyright©Editora Academia de Inteligência2002

Produtora ExecutivaSuleima Cabrera Farhate Cury

Capa e projeto gráficoDaniel G. Jericó

RevisãoCláudia J. Alves Caetano

Editoração eletrônicaAbsoluto Comunicação

Conselho editorialCleverson CaetanoDirce Cabrera FarhateÁurea AyubAdriana Moreira da Silva

C982 Cury, Augusto. Escola da Vida: Harry Porter no mundo real / Augusto Cury.São Paulo: Academia de Inteligência, 2002. 100p.; 21cm.

ISBN 85-87643-09-6.

1. Educação. 2. Literatura infanto-juvenil. I. Título.

CDD 370

Todos os direitos desta edição reservados àEditora Academia de Inteligência

Telefax: (17) 3341-8212Site: www.academiadeinteligencia com.br

E-mail: [email protected]

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edico este livro a todosque procuram viver comcoragem, sabedoria ehumildade no mundo

real.Aos que valorizam

o milagre doamor, o

espetáculo dodiálogo e a magia

da vida...

D

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Sumário

Introdução.............................................................................. 09

Falando aos Jovens.................................................................. 15

Capítulo 1O sono, a Internet e a Inteligência............................................ 17

Capítulo 2Nunca Mais o Mesmo.............................................................. 29

Capítulo 3Dois Colegas de Classe: Dois Destinos....................................... 39

Capítulo 4Uma Trágica Aventura............................................................. 53

Capítulo 5O Mestre e as Flores................................................................ 63

Capítulo 6Superando as Algemas da Emoção............................................ 73

Capítulo 7O Milagre do Amor e o Espetáculo do Diálogo.......................... 85

Capítulo 8Os Jovens, o Holocausto e os Direitos Humanos....................... 95

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Introdução

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N ada é mais importante do que procurar averdadeira felicidade, desenvolver as funções mais belasda inteligência e transformar os nossos sonhos emrealidade. Como conseguir isso? Onde conseguir isso?Somente no mundo real, somente dentro do nossopróprio ser.

A fantasia pode estimular a imaginação edesenvolver a criatividade. Porém, é no mundo real,onde há conflitos, perdas, medos, drogas, lágrimas,metas, sucessos e fracassos, que devemos encontrar overdadeiro significado da vida, libertar a nossacriatividade e cultivar nossa capacidade de pensar.

A coleção de livros “Harry Potter” escrita pelaJ.K. Rowling fez um enorme sucesso em todo o mundoentre as crianças e os adolescentes. Mexeu com ocoração e libertou a fantasia. Até os adultos viajaramno mundo mágico desses livros. Harry Potter virouum símbolo da juventude.

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Neste livro, não usarei o personagem da famosacoleção. Harry Potter será aqui representado poraqueles que viverão histórias baseadas em fatos reais.Harry Potter será o Ferdinando, o Roberto, o Lucas, oMário, você. Enfim, cada jovem.

Eles viverão aventuras, passarão dificuldades,chorarão, terão de aprender a superar falhas, conflitos,sentimento de culpa, timidez, corrigir rotas. Este livro,portanto, é dirigido a jovens de 9 a 99 anos, poistodos somos pequenos alunos na escola da vida.

Nos livros de J.K. Rowling, Harry Potter e seusamigos entraram para uma escola de bruxos; no livro“Escola da Vida - Harry Potter no Mundo Real”, osjovens entrarão na mais importante escola do mundo,a escola da vida. Ela inclui nossa família, bairro, colégio,sociedade, amigos.

Você tem medo de errar ou falhar? Pois bem,nessa escola você terá de enfrentar seus erros edescobrir que o mais importante não é errar, masaprender lições de vida em cada um desses erros.

Na Escola da Vida, os jovens terão de aprenderas funções mais importantes da inteligência, comopensar antes de reagir, expor e não impor suas idéiase trabalhar em equipe. Se quiserem brilhar na sociedadeterão de desenvolver não apenas a inteligência lógica,mas também as inteligências “Emocional”, “Múltiplas”e “Multifocal”.

O que são essas inteligências e como desenvolvê-las? Fique tranqüilo! As histórias que contarei poderãocontribuir para estimular esse desenvolvimento.

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No livro de J.K. Rowling, Harry Potter usou seusdons sobrenaturais, uma varinha mágica e umavassoura voadora para resolver seus problemas; no livro“Escola da Vida”, os jovens terão de aprender a usara “ferramenta” do pensamento para resolvê-los. Estelivro ensina a pensar.

No livro “Harry Potter e a Pedra Filosofal”,Harry Potter tinha um inimigo mortal que estava foradele, chamado de Valdemort. No livro “Escola daVida”, os jovens terão de descobrir que seus pioresinimigos estão dentro de si mesmos. Quem são eles?São seus pensamentos negativos, ansiedade,desmotivação, insegurança, baixa auto-estima.

Precisamos entender que não temos de vivernum mundo mágico para que a vida seja uma aventura.A vida por si só já é uma grande aventura. Nemnecessitamos viver perigosamente para transformá-lanuma fonte de prazer. É possível encontrar uma fontede prazer dentro de cada um de nós.

Alguns jovens estão se drogando, se deprimindoou vivendo numa bolha de solidão, porque nãoencontraram essa fonte de prazer dentro de si mesmos.Você é feliz? Sua vida tem sentido? Precisamosencontrar na Escola da Vida o verdadeiro sentido paraa vida humana...

Nada é tão belo quanto viver. Não importa sevocê tem pele branca ou negra, se é um americano oubrasileiro, um judeu ou árabe, magro ou obeso, se moraem um palácio ou em uma favela. Você é um ser único.

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Se não se equipar, estudar e se preparar, poderá umdia ser substituído profissionalmente. Mas nunca seesqueça de que como ser humano ninguém ocuparáseu lugar no palco da vida.

Você é um ser humano especial. Jamais sediminua ou se sinta incapaz.

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Falando para os jovens

Tenho ensinado,através dos meus livros e de

minhas palestras, milhares deprofessores e psicólogos desse país e

de outros. Tenho falado muito com osadultos sobre a mente dos jovens em

congressos nacionais e internacionais.Neste livro não quero falar para os adultos

sobre os jovens. Quero falar para os própriosjovens sobre o funcionamento de suas mentes.

Quero ajudá-los a viajar para dentro do seu próprioser e contribuir para transformar seus sonhos emrealidade. Quero ajudá-los a sair do banco dopassageiro e a pilotar a sua própria vida...

Um recado. Cada capítulo terá duas divisões:a primeira conterá uma história interessante quetrará algumas lições de vida; a segunda conteráum quadro chamado “Pense nisso”, que trazuma mensagem para estimular a reflexão e a

arte de pensar.Desejo-lhes uma boa viagem...

Dr. Augusto Cury

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Capítulo 1O SONO, A INTERNET

E A INTELIGÊNCIAO SONO, A INTERNET

E A INTELIGÊNCIA

“Aqueles que gastam mal o seu tempo são osprimeiros a queixar-se da sua brevidade...”

Jean De La Bruyère

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L úcio tinha fascinação por computadores.Era um internauta de primeira, mas não usava ainternet para enriquecer seus conhecimentos. Nãoviajava pelos arquivos que estimulavam o mundo dasidéias. Seu hobby era bater papo. Batia papo nas salasde seus colegas e na sala de pessoas estranhas.

Porém, no seu dia-a-dia, raramente conseguiaconversar com um estranho. Até com os conhecidosera inibido. Não conseguia falar olhando no olho dooutro, expressar suas idéias e revelar seus sentimentos.Era um bom jovem, entretanto vivia represado, isoladoem seu mundo.

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Mas, na internet, Lúcio era um avião. Eradesinibido, solto, extrovertido, entendia de qualquerassunto. Falava até de si mesmo, era um mestre dodisfarce. Nunca revelava seus reais problemas, medose dificuldades, como quase todo internauta.

Fez inúmeros “amigos” virtuais. A maioria erasem “rosto”, ou seja, sem identidade, sem um passado,sem uma história de vida.

O mundo da internet desinibiu o homem, mas,ao mesmo tempo, tornou-o um especialista em simularseus sentimentos. Todavia, alguns revelam suasemoções sem máscaras. Esses têm chances dedesenvolver uma paixão virtual, intensa, por umapessoa do outro lado da tela. É uma loucura. Pareceque a fantasia se torna realidade: o príncipe virtual seencanta pela Cinderela internauta. Entretanto, essapaixão, freqüentemente, não tem nenhumaprofundidade, embora tenha desespero e ansiedade.

A paixão gerada pela internet, no começo,produz a fantasia de que foram feitos um para o outro,até que saem da tela, se conhecem, convivem com osdefeitos, e... Infelizmente, a maioria dos casos resultaem fracassos e produz cicatrizes.

Não procure amor platônico. Procure o amorbrando, regado com diálogo e temperado com respeitoe realidade. O amor é como uma delicada planta, senão tem raízes não suporta o calor, não resiste àsdificuldades. Bom, mas a paixão dos internautas é umaoutra história. Um dia, talvez, entre em mais detalhes.Vamos à história do Lúcio.

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Lúcio, às vezes, varava as madrugadas batendopapo na internet. Tinha de estudar de manhã, masnão se preocupava. Levantava reclamando, maslevantava. Dormia cerca de cinco horas. Às vezesmenos. Seus pais imploravam para que ele dormissecedo, mas ele se achava um super-homem.

Jamais acreditou que sua saúde física e suainteligência poderiam ser prejudicadas por dormir tãopouco. Afinal de contas, pensava ele: “No sábado edomingo eu desconto”. Dormia até ao meio-dia.

Todavia, cada vez mais perdia o interesse pelaescola. Ia mal nas provas, estudar era um sacrifício.Andava impaciente e irritado. Nem ele se agüentavade manhã. Seu humor só melhorava à noite. Sonhavaem ser um cientista. Desejava conhecer os segredosda natureza. Mas, à medida que ficava fissurado nocomputador, seu sonho ia para o espaço, pareciainalcançável.

Certa vez, foi a uma palestra de um pesquisadorda inteligência. Foi obrigado a esse evento, porque aescola o tinha programado. O palestrante eraconhecedor do assunto e, ao mesmo tempo, conheciao mundo dos jovens.

Ele interagia muito com a platéia. A certa altura,começou a fazer uma série de perguntas para os alunos,como: Quem dorme pouco? Quem acorda cansado?Quem sente sono durante o dia? Quem tem déficit dememória ou esquecimento? Quem tem baixaconcentração? Quem tem estado irritado ou ansioso?

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Por incrível que pareça, a platéia de jovensparecia uma platéia de idosos. Havia cerca de duzentosalunos de várias classes da escola e a maioria deleslevantou as mãos para quase todas as perguntas. Algunsjovens estavam tão cansados que mal conseguiamlevantar as mãos. Outros viviam bocejando na classe.Muitos estavam com a memória péssima.

O palestrante brincou com os alunos dizendo:“Vocês parecem uma platéia de velhos em final decarreira”. A turma deu gargalhada... Então, comentouque uma das grandes causas da péssima qualidade devida dos jovens da atualidade é a síndrome SPA,síndrome do pensamento acelerado. “Que bicho éesse?”, alguns brincaram!

Ele comentou que essa síndrome ocorre porquea mente dos jovens não pára de pensar, está muitoagitada, não se desliga. O pensamento agitado roubaenergia do cérebro e produz um cansaço físicoexagerado pela manhã. Além disso, a síndrome SPAgera irritabilidade, ansiedade, humor triste, insatisfação,baixa concentração e esquecimento. De manhã, aemoção dos jovens está no pólo norte, à tarde nodeserto e à noite num jardim. As mudanças de humorsão bruscas.

Comentou ainda que os adultos e os jovens domundo todo estão desenvolvendo coletivamente asíndrome SPA. Por isso, afirmou que desacelerar opensamento, aquietar a mente e controlar a ansiedadesão atitudes importantes para quem quer ter um corpoe uma mente saudável.

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Em seguida, abordou duas causas da síndromeSPA: o excesso de informação do mundo moderno eo sono não reparador. O que é o sono reparador? Nãoé simplesmente dormir, mas dormir bem, dormir osuficiente para recarregar as energias, para repor oque foi gasto durante o dia. O sono reparador alivia aansiedade. Quem dorme mal ou dorme pouco estáprejudicando sua saúde física, aprisionando a suaemoção e limitando a sua inteligência, ainda que nãoperceba.

Após esse comentário, o palestrante levou-os apensar sobre o assunto contando histórias sobre o sonodos animais. Isso despertou Lúcio.

Ele explicou que, no reino animal, há mamíferosque dormem mais e outros que dormem menos. Noentanto, cada espécie precisa de um tempo dedescanso diferente. Cada animal precisa dormir osuficiente para desenvolver suas atividades durante odia.

“Quanto tempo a girafa precisa dormir?”,perguntou aos jovens. Eles disseram que seis, cinco,dez horas. Todos erraram. “A girafa é um dosmamíferos que menos dorme. Apenas duas horasbastam para repor as baterias”, disse o pesquisador.

“E o cavalo?” Deram muitas respostas. Maserraram novamente. O cavalo também tem umperíodo curto de repouso: três horas bastam.Geralmente, cochila em pé e não cai graças a umsistema que trava seus joelhos.

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“Há alunos cochilando na minha palestra?”,indagou o palestrante. Os alunos deram risadas eapontaram os sonecas da turma. O Lúcio e mais umaleva.

Ele continuou contando que a foca passacochilando quase o mesmo período que o homem. Noresto do tempo, toma sol ou mergulha atrás de comida.“E o cachorro?” Muitos tinham um cão de estimação,mas nunca tinham reparado no sono do seu pequenoanimal. Afinal de contas, eles desprezavam seu própriosono, como prestariam atenção ao sono dos outros?Portanto, não souberam responder. Então o palestrantedisse: “O cachorro repousa cerca de 10 horas pordia”.

Em seguida, citou Jean De La Bruyère “Aquelesque gastam mal o seu tempo são os primeiros a queixar-se da sua brevidade...”

Após isso, afirmou que o sono alimenta a forçade um animal. Sem sono, o trabalho é péssimo, nãohá energia. Por isso o rei da selva, o leão, se dá aoluxo de dormir até 18 horas diariamente. Precisadormir muito para fazer grandes caçadas e magníficasarrancadas.

Então, ele voltou-se para os alunos e perguntou:“Quanto tempo vocês dormem?” As respostas foramas mais variadas, mas a maioria dormia bem menosque oito horas. E na idade em que eles estavam,precisavam de pelo menos oito horas de sono. Sedormissem nove horas seria melhor.

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As crianças e os adolescentes precisam de maisdo que oito horas diárias. Eles gastam muita energiaestudando, movimentando-se e desenvolvendo oorganismo. Todavia, a internet e a TV têm roubadodeles suas melhores horas de descanso.

Cuidado! A falta de sono pode prejudicar aconcentração e o registro das informações na memória.Alguns jovens não têm um bom rendimento intelectualnas provas porque não dormem bem. Outros sãotensos pelo mesmo motivo. Outros são irritados, nãoconseguem ouvir um “não” dos seus pais porque vivemansiosos devido à falta de sono.

Outros não têm ânimo para fazer nada, nãopraticam esportes, não criam oportunidades para sedivertirem porque não têm um sono reparador. E, aindapor cima, reclamam: “Não tenho nada para fazernessa casa”. São especialistas em reclamar. Aliás,muitos idosos são mais animados do que eles.

Quando chegam na sala de aula, dão uma belacochilada. Mas não gostam que ninguém os vejadormindo. A concentração deles é péssima. Vivemno mundo da lua. E chame sua atenção, para ver oque acontece! Viram uma fera. Alguns explodem comoum vulcão.

Quem não dorme o suficiente vive agitado, temuma necessidade compulsiva de conversar e semovimentar. A sala de aula se torna para eles umachatice insuportável. Uma verdadeira prisão.

Platão, filósofo grego, dizia que aprender deveriaser um deleite, um prazer tão agradável como tomar

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um sorvete no verão. Mas, na atualidade, a síndromeSPA e a falta de sono reparador têm feito com que aescola se torne o último lugar onde a maioria dos alunostem prazer de aprender.

Os professores sofrem as conseqüências disso.Muitos deles estão com péssima qualidade de vida porse desgastarem tanto pelos seus queridos alunos. Sãocomo cozinheiros que preparam um alimento para umaplatéia sem apetite. Por isso, a educação tem de passarpor uma verdadeira revolução.

Nunca os jovens foram tão ansiosos e dormiramtão pouco como nesse início de milênio. Nunca a saúdeemocional deles esteve tão abalada. Nunca foram tãotristes e sujeitos a tantos conflitos.

O palestrante finalizou pedindo aos jovens quenavegassem na internet, mas que gerenciassem o seutempo. “Curtam os computadores, mas cuidem dobelíssimo tesouro que vocês receberam gratuitamente:a vida”.

Após a palestra, Lúcio compreendeu que estavadestruindo seus sonhos e prejudicando sua inteligência.Entendeu por que seu rendimento na escola estavaruim, por que ele estava impaciente e intolerante epor que não suportava ouvir a voz de certos professores.Descobriu também por que tinha perdido a garra parapraticar esporte, fazer caminhadas, sair com amigos.

Lúcio gravou uma frase que mexeu com suacabeça e o fez pensar sobre sua trajetória de vida:“Os jovens que desprezam seu sono poderão se

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tornar, um dia, adultos ansiosos, frustrados e semsucesso profissional”.

O sono alimenta a inteligência e nutre acapacidade de um homem...

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Os pesquisadores da Universidade deHarvard, nos Estados Unidos, fizeram umaexperiência e concluíram que ficar estudando ànoite e dormir pouco faz com que o cérebroguarde pouco conhecimento. As pesquisas foramconduzidas pelo Dr. Robert Stickgold.Confirmando a história anterior, a emoçãotranqüila abre as janelas da memória.

Alguns estudam muito, mas aprendempouco. Uma das causas é porque dormem mal.O sono ruim dificulta a concentração, quedificulta o registro na memória, que dificulta oaprendizado.

Toda pessoa é inteligente. Depende decomo ela é estimulada. Durmabem, aquiete o pensamento eestude descansado. Veja osresultados.

Um recado doprofessor Estressildo aosinternautas: Naveguem,mas não afundem...

ProfessorEstressildo

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Capítulo 2NUNCA MAIS O MESMONUNCA MAIS O MESMO

"O mundo é um belo livro, mas poucoútil para quem não sabe ler..."

Goldoni

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P edro e Rafael eram irmãos. A diferença deidade entre eles era de dois anos. Pedro, o mais velho,tinha quatorze anos e Rafael, doze. Desde o nascimentode Rafael, Pedro começou a sentir ciúme do irmão.

Ele o agredia freqüentemente. Chegou a feri-loalgumas vezes. Não conseguia dividir com ele seusbrinquedos. Não emprestava seus objetos. Nãopraticavam esportes juntos sem brigar. Pedro chegoua dizer ao irmão: “Eu detesto você. Não sei por quevocê nasceu”. A mãe, ao ouvir a frase, sentiu-se amulher mais infeliz do mundo. Criou os filhos paraque fossem amigos e não parceiros do ódio.

Tudo que Rafael fazia o irritava. Cantar, falar alto,abraçar os pais, tudo perturbava Pedro. Esse acreditava

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que as pessoas e até seus próprios pais preferiam seuirmão a ele. Por isso, se isolava em casa e raramenteconversava com os colegas do irmão.

Os pais amavam muito os dois. Mas Pedro nãoacreditava. Ele ia longe na sua agressividade. Sem terconsciência dos seus atos, manipulava seus pais. Todavez que queria ganhar algo, como uma roupa ou umtênis, dizia que eles gostavam mais de Rafael do quedele. Os pais entravam em desespero diante dessaafirmação. Não sabiam como mudar tamanha injustiça.

Eles conversavam freqüentemente com Pedrodizendo que o amavam igualmente. Mas não adiantava.Por isso, às vezes, cediam à pressão desse filho ecompravam o que ele desejava. Os pais não percebiamque quanto mais davam atenção exagerada a Pedro,mais ele os controlava. Pedro seguia um caminhoperigoso. Preferia os presentes ao amor dos seus pais.Preferia o “ter” ao “ser”.

De vez em quando, seu Jairo, pai de Pedro, perdiaa paciência com ele e o agredia intensamente compalavras. A família parecia estar numa guerra. Sóconseguiam ficar sem atritos quando todos estavamassistindo à TV. A TV disfarçava o relacionamentoconflitante.

Ficavam horas e horas ouvindo os personagens daTV, mas não dialogavam minutos uns com os outros.Que cena triste! Eles respiravam o mesmo ar, masnão sabiam dividir suas histórias, não sabiam superaras suas dificuldades.

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Pedro tinha um professor excelente, chamadoJéferson. Certo dia, ele fez uma pausa na aula dematemática e disse aos alunos: “Vocês estão aqui naescola clássica para aprender matemática e outrasmatérias, mas há uma outra escola mais importantedo que esta”. Os alunos, surpresos, perguntaram:“Qual, professor ?”

Ele olhou para as janelas e disse: “O mundo real,a escola da vida que pulsa lá fora.” E completou:“Aqui na sala de aula nós os preparamos para quevocês sejam felizes nessa escola.”

Os alunos queriam saber mais detalhes sobre oassunto. Então, o professor Jéferson disse-lhes: “Aqui,problemas de matemática são resolvidos com lógicae exatidão. Lá fora, os problemas da vida, como ainveja, as perdas, as frustrações, as ofensas, nãopodem ser resolvidos pela matemática lógica. Àsvezes, temos de ser flexíveis, não exigir que aspessoas sejam perfeitas, não cobrar demais e nemesperar muito delas.”

Então, fitou os alunos e afirmou: “Para resolvermosos problemas dessa escola devemos aprender apensar antes de reagir. Quem reage sem pensar, ouseja, por impulso, pode ferir a si mesmo e às pessoasque mais ama.”

Os alunos não esperavam ouvir isso de um professorde matemática. Então, percebendo o interesse deles,o professor contou uma experiência que viveu najuventude. Comentou que seus pais eram muito pobres.

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Não tinham dinheiro para comprar frutas. Certa vez,sua mãe estava doente e seu pai comprou com sacrifíciomeia dúzia de bananas para ela.

Vendo as bananas, Jéferson teve vontade de comê-las. Foi escondido ao local, pegou duas e comeu-as.Quando seu pai chegou, perguntou quem as tinhacomido. Jéferson tinha mais dois irmãos. Todosnegaram.

Como não obteve resposta, seu pai teve um ataquede nervos e obrigou Jéferson e seus irmãos a comertodas as que haviam sobrado. Como eles se recusaram,porque sabiam que elas eram para sua mãe, o pai osobrigou a comê-las com casca e tudo. Comeram...chorando. A mãe gritava para o pai: “Não faça isso!”Não adiantou.

Essa foi a noite mais triste da vida de Jéferson.Toda aquela cena foi registrada intensamente nos solosde sua memória. Ele ficou profundamentetraumatizado. Achava que era o garoto mais rejeitadodo mundo.

O professor olhou para seus alunos e disse-lhes:“Durante muitos anos senti raiva do meu pai poresse comportamento. Achava que ele me odiava.Ele quase não conversava com meus outros irmãos,mas sentia que ele os preferia a mim. Então, quandome tornei um jovem, resolvi sair de casa. Procurei-oe disse-lhe revoltado que partiria. Joguei-lhe na carao que ele havia feito há alguns anos comigo e meusirmãos, quando ele nos forçou a comer as bananas.”

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Jéferson abaixou a cabeça. Os alunos perceberamque ele estava comovido. “Meu pai, ao ouvir as minhaspalavras, chorou intensamente e disse: Comprei asfrutas para que sua mãe, comendo-as, sefortalecesse. Era o único dinheiro que eu tinha.Estava com medo de que ela morresse...”

O professor fez uma pausa. Em seguida, concluiu:Meu pai ainda me disse: “Perdoe-me, meu filho pelaminha agressividade. Você era tão novo, por issocomeu aquelas frutas como qualquer criança faria.Eu não entendi sua reação, por isso fui estúpidocom você. Mas saiba que você é um filhomaravilhoso. Eu o amo muito. Não vá embora!”

O professor fez mais um momento de silêncio e,após viajar no tempo, expressou: “Foi a primeira vezque eu e meu pai choramos juntos e dissemos quenos amávamos. A partir daí, começamos um novocapítulo em nossa história. Tornamo-nos amigos epassamos a admirar um ao outro.”

Após comentar essa história, o professor Jéfersondisse aos seus alunos: “Às vezes, as pessoas que maisamamos nos ferem sem querer. São culpadas semter culpa. Precisamos compreendê-las e perdoá-las.Também precisamos compreender nossas limitaçõese nos perdoar. Caso contrário, nos esmagamos comnosso sentimento de culpa”.

Pedro, ao ouvir essa história, ficou bastanteemocionado. Enquanto seu professor falava, passavana sua mente o filme da sua vida. Então, ele entendeuo que é a escola da vida.

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Pensava tanto que seus pais gostavam mais deRafael que cria que aquilo era uma verdade. Cuidado!Uma mentira contada cem vezes se torna uma falsaverdade. E, na mente humana nem precisa de tantasvezes...

Os pais de Pedro ficavam aborrecidos e, às vezes,choravam às escondidas ao ver seus filhos secomportando como inimigos. Mas o professor Jéfersoncontou uma historia que fez uma ponte entre a escolaclássica e a escola da vida. Tal ponte levou Pedro arepensar seus comportamentos.

Ele começou a observar como seus pais o tratavame como tratavam Rafael. Ficou observando durantedias. De repente, pelo fato de exercitar sua inteligência,uma luz brilhou. Ele entendeu o que nunca quisentender. Entendeu que o ciúme que sentia do irmãonão tinha fundamento. Compreendeu que suaagressividade com ele e com seus pais era injusta.

Ficou claro sobre o amor de seus pais. Percebeuque os manipulava e os feria profundamente quandodizia que eles preferiam o Rafael. Entendeu que, emalguns momentos, Rafael recebia mais atenção ecarinho deles porque estava precisando. Em outros,era ele quem recebia mais atenção e carinho dos seuspais.

Pedro quis abraçar seus pais e dizer-lhes que osamava. Pediu desculpa pelas chantagens que fazia.Abraçou o Rafael e, com a voz trêmula, disse-lhe: “Vocêé meu único irmão. Quero ser seu amigo. Um dia,

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certamente, precisaremos um do outro”. Pedropassou a elogiá-lo. Ele, que era tão egoísta, começoua usar, de vez em quando, a sua mesada para compraralgumas coisas de que o Rafael gostava. Rafael ficouboquiaberto com as novas atitudes do irmão.

Pedro superou seus conflitos porque fez umaexcelente descoberta. Descobriu que mais do queroupas, tênis, relógios, som, o que ele mais precisavaera do amor dos seus pais e de seu irmão. Entendeuque o dinheiro compra roupas, mas não o amor;compra o título do clube, mas não a alegria; compra obilhete da festa, mas não o prazer. O dinheiro nãocompra a essência das coisas.

O relacionamento naquela família sofreu umagrande revolução. Quem diria que um garoto poderiamudar assim o seu destino e o dos seus familiares.Antigamente, ele ficava zangado quando ouvia um“não” ou recebia uma bronca. Agora, embora fiqueum pouco chateado, o “não” dos seus pais não éinterpretado como uma punição ou rejeição.

Pedro começou a ver o mundo de maneira diferente.Aprendeu a não ser o dono da verdade. Deixou de seruma pessoa isolada na escola e começou a interagircom os colegas. Ele era fechado, se achava feio e estavacom a auto-estima próxima de zero. Todavia, tornou-se lentamente um ser humano seguro e agradável.Todos queriam estar próximos dele.

Quem aprende a pensar antes de reagir nunca maisé o mesmo...

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Muitos jovens sofrem por antecipação. Osproblemas não aconteceram e eles já estão sedeprimindo. Sofrem pela prova que não aconteceu,pelo encontro que não ocorreu, pelo fora que talveznunca levem.

Ninguém pode ser um grande líder, se nãoaprender a liderar a si mesmo. Ninguém podetransformar seus projetos em realidade, se ficaratordoado com as distâncias que tem de percorrer.Saiba que as maiores distâncias a serempercorridas estão dentro de nós.

Se você quer ser um vencedor, preste atenção:todos querem o pódio, mas muitos desprezam afadiga dos treinos. Todos querem a vitória, masmuitos não valorizam os exercícios...

Para um grande líder, avitória é uma conseqüência e asderrotas, um estímulo paratreinar...

Que conclusãobrilhante! O professorEstressildo é uma fera!

ProfessorEstressildo

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Capítulo 3DOIS COLEGAS DE

CLASSE: DOISDESTINOS

DOIS COLEGAS DECLASSE: DOIS

DESTINOS

"O futuro tem muitos nomes. Para os fracos, é oinatingível. Para os temerosos, o desconhecido. Para

os valentes, é a oportunidade..." Victor Hugo

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R oberto estava no primeiro ano do colégio.Ele se julgava o bom do pedaço, gostava de controlara turma. Era musculoso, se achava o bonitão da classe.Falava alto e não tinha medo de agredir seus colegas eprofessores. Parecia alguém muito forte, mas narealidade era frágil. Sua força era apenas umamaquiagem.

Os agressivos sempre são frágeis. Por quê?Porque usam sua força física no lugar das suas idéias.Usam o poder no lugar do diálogo. O diálogo é a armados fortes e a agressividade é a ferramenta dos fracos.

Roberto não suportava ser contrariado oucriticado. Ninguém podia apontar-lhe um defeito. Sealguém o confrontasse, ele freqüentemente resolvia a

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intriga na brutalidade. Por isso todos se submetiam aele e ao pequeno grupo que liderava.

O maior defeito de Roberto era a maneira comotratava alguns alunos mais tímidos da classe. Eledebochava deles e os ofendia na frente dos outros.Havia um colega que era o preferido de Roberto para“tirar o sarro”. Ele era calado, gordinho e de baixaestatura. Seu nome era Edson.

Edson não sabia reagir às brincadeiras maldosasde Roberto. Quase todos os dias ele o humilhava efazia a classe toda dar longas gargalhadas dele. Ao vê-lo se aproximar, gritava bem alto: “Lá vem o botijãode gás”. Às vezes, dava um grito imitando um filhotede elefante. A turma se esborrachava de rir.

Edson, constrangido, chorava. Chorava semlágrimas, pois não tinha coragem de derramá-lasperante os colegas. Havia alguns mais sensíveis quenão concordavam com as atitudes de Roberto. Maseles eram dominados por Roberto. Edson era o palhaçode um circo do qual nunca quis participar.

Ele pensou algumas vezes em mudar de classeou deixar de estudar. Tinha pavor de entrar na sala deaula. Lia vários livros, até que um dia leu um livrochamado “Revolucione Sua Qualidade de Vida”*. Nesselivro, algumas frases levaram-no a uma grande reflexão:“Os perdedores paralisam-se diante das perdas e dasfrustrações, os vencedores começam tudo de novo. Opior inimigo do homem é ele mesmo. O destinoraramente é inevitável, mas sim uma escolha. Escolhaser livre e inteligente”.

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*Cury, Augusto. Revolucione sua Qualidade de Vida.Editora Sextante, Rio de Janeiro, 2002

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Ao ler essas palavras, compreendeu que Robertonão era seu maior inimigo. Entendeu que o medo, ainsegurança e o sentimento de inferioridade dentro desi mesmo eram seus piores inimigos. Ficou claro quenão podia ser escravo dos seus conflitos.

E foi mais longe. Compreendeu que o destinofreqüentemente depende da gente. Não é uma coisaimposta e inevitável, mas sim uma questão de escolha.Portanto, ele não era obrigado a sentir-se inferior,diminuído e desprezado. Por isso, tomou uma decisão.Escolheu ser uma pessoa livre e inteligente. Escolheunão sofrer mais pelas agressividades dos seus colegas.

Edson deixou de ser paralisado pelos problemas.Começou a usar cada ofensa como gotas para irrigara sua coragem. E você? Seus problemas o paralisamou o tornam mais livre?

A partir daí, Edson parou de se deprimir. Quandoalguém o humilhava, ele não se deixava atingir. Nãofazia da sua emoção uma lata de lixo. Não deixavaque a violência e a insensibilidade dos outros odestruíssem.

Por causa dessas atitudes uma revolução ocorreuem sua vida. Superou pouco a pouco a sua timidez.Começou a ser mais solto e extrovertido. O garotovirou uma fera. Começou a fazer perguntas na sala deaula e a debater com os professores o que não entendia.Todos ficaram impressionados com sua coragem.

Roberto e sua turma, ao perceber a atitude deEdson, aumentaram o tom das brincadeiras. Um dia,

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ao vê-lo passar, Roberto colocou sutilmente um dospés na sua frente e o fez tropeçar diante de todos. Oscadernos voaram e ele se esborrachou no chão. Foium ato violento. Todavia, ninguém o ajudou a selevantar. Ninguém recolheu sequer um de seuscadernos.

Novamente, toda a turma morreu de rir. Edsonnão revidou. Mesmo humilhado, preferiu o silêncio.Ele era pequeno por fora, mas grande por dentro.Aprendeu a proteger sua emoção.

A turma toda fez o colegial junta. Após esseperíodo, se separaram. Eles moravam em São Pauloe aos poucos perderam o contato uns com os outros.Edson e Roberto ficaram vinte anos sem se ver.

Roberto casou-se, teve dois filhos. Como levavatudo na brincadeira, parou a faculdade. Foi trabalhar.Achava que ficaria rico, que o mundo se submeteria àsua força. Grande engano! O mercado de trabalhonão procurava pessoas fortes na força física, mas fortesna sua inteligência. Ele arrumou um emprego, masnão ficou nele mais do que um ano. Teve atritos comalguns funcionários e, por isso, foi despedido. Arrumououtro, mas não se dedicava, não se comprometia coma empresa. Depois de seis meses, foi novamentedespedido. Não parava em emprego algum.

Roberto gastava todo dinheiro que ganhava,nunca pensava no futuro. Montou um negócio próprio,mas não planejou direito o investimento. Ele foi vítimade uma ferida mortal dos negócios: gastava mais do

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que ganhava. Um ano e meio depois, faliu. Foi umpéssimo aluno na escola da vida, colecionou umfracasso atrás do outro.

Nos últimos tempos, estava desempregado eansioso. Há dois anos fazia serviços temporários aquie acolá. Sentia-se muito envergonhado. Atrasava oaluguel da casa. O dinheiro que ganhava não davapara sustentar seus filhos. Precisava ser ajudado porparentes. Carro, nem pensar. O seu estava quebradona garagem há seis meses. Não tinha dinheiro paraconsertá-lo.

Fez entrevistas em várias empresas na esperançade que alguma o chamasse. Mas nada. Um dia,desanimado, leu em um jornal que uma empresa estavacontratando novos funcionários. Mais do que depressase arrumou e foi até ela.

Era uma grande empresa. Possuía mais de milfuncionários. Seu escritório era enorme. A fachadaera de vidro azul espelhado. Suas salas eram espaçosas.Roberto ficou encantado. Entretanto, havia uma grandefila de pessoas sendo entrevistadas. Entrou na fila eesperou. Após seis longas horas chegou sua vez.

Logo antes de ser chamado para a entrevista,viu uma pessoa vindo em sua direção ecumprimentando a faxineira e o guarda do prédio.Pensou consigo: “Esse coitado pensa que sendo gentilconseguirá um emprego aqui”. Distraiu-se um pouco,deu alguns passos e, sem perceber, tropeçoujustamente na pessoa que fazia aqueles cumprimentos.

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Caiu ao chão e a pessoa na qual tropeçou pediudesculpas e gentilmente o levantou.

Ao se levantar, Roberto olhou fixamente paraela. Parecia que a conhecia. Em seguida, um estalidona memória. Descobriu que era o Edson. Ele estavamais magro, bem arrumado, mas sem terno e gravata.Ao se reconhecerem, se abraçaram.

Roberto tinha perdido o ar prepotente devidoàs turbulências que passara na escola da vida. Masdiante do Edson não podia deixar de tirar umacasquinha. Fez uma pergunta tentando humilhá-lo. “Eaí, Edson, há quanto tempo você está na fila?”perguntou-lhe.

Edson respondeu: “Desde às sete da manhã.”Roberto fez os cálculos e exclamou: “Caramba! Vocêjá está há mais de oito horas aqui. A sua situação émais grave que a minha. Edson respondeu com bomhumor: “É, acho que preciso mais dessa empresado que você”.

Ao se despedirem, Roberto, mantendo umacerta pose, disse-lhe: “Para conseguir um empregoaqui, o cara tem de ser bom. Mas não desanime,você pode conseguir”. Edson lhe perguntou: “Vocêconhece o dono? Pode falar sobre mim?” Orgulhosoe simulando, Roberto disse-lhe: “Eu o conheço, masnão sei se posso dar-lhe uma força. Vou tentar.”Despediram-se.

Um homem bem vestido, vendo de longe aconversa íntima dos dois, se aproximou de Roberto:“De onde o senhor conhece o Dr. Edson?”

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Roberto disse-lhe: “Dr. Edson? Ele não é doutor.É um desempregado que está há oito horas na fila.”O homem olhou para ele e comentou: “O senhor estáequivocado. O homem com quem estavaconversando é o dono da empresa..”.

Roberto ficou chocado. Engoliu em seco aquelaspalavras. Não podia acreditar. Seu rosto ficouavermelhado. Em segundos, passou pela sua cabeçatudo o que ele havia feito ao seu colega. Saiu mudo delá. Achava que nunca seria contratado. Teve uma longanoite de insônia.

No outro dia, recebeu, logo pela manhã, umtelefonema da empresa. Estava sendo chamado parauma segunda entrevista. Receoso, dirigiu-se apressadopara lá. Ao se apresentar na secretaria, recebeu orecado de que Dr. Edson queria falar pessoalmentecom ele.

Pensou que seria sua vez de ser humilhado peloEdson. Imaginou que ele devolveria toda a agressividadeque recebeu. Ao entrar em sua sala estava sem cor.Edson manteve o silêncio. Com voz trêmula, Robertoiniciou a conversa: “Desculpe-me por tudo que fizvocê passar na escola. Eu sempre fui injusto comvocê”.

Edson o interrompeu e disse-lhe: “Não sepreocupe. Você e outros colegas me causaramsofrimentos, mas eles nutriram a minha força. Tivede aprender a proteger a minha emoção parasobreviver. Tive de ter metas na minha vida para

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poder me superar. Vocês não sabiam o que estavamfazendo.”

Os olhos de Roberto começaram a lacrimejar.Edson estava sendo gentil, mas ele pensou que jamaisconseguiria um emprego na empresa. Em seguida,Edson continuou: “Não chore! Olhei a sua ficha e vique você tem dois filhos. Sei que passou por váriasdificuldades e ficou desempregado um bom tempo.Gostaria de dar-lhe uma oportunidade...”

Roberto ficou pasmo. Edson continuou:“Gostaria que você trabalhasse como auxiliar na áreade recursos humanos. Essa área cuida, entre outrascoisas, de seleção, contratação e do bem estar dosfuncionários”.

Assustado, Roberto comentou: “Trabalhar naárea de recursos humanos? Como poderei cuidar dobem estar das pessoas se não tive habilidade parame manter nos outros empregos e se não sei tratarbem as pessoas?”

Edson, interrompendo a reflexão de Roberto,continuou: “A vida também o maltratou. Transformecada erro que cometeu numa lição de vida. Vocêferiu e foi ferido pela vida. Você humilhou e foihumilhado por ela”.

Após esse comentário, Edson citou uma frasedo escritor Victor Hugo: “O futuro tem muitos nomes.Para os fracos, é o inatingível. Para os temerosos, odesconhecido. Para os valentes, é a oportunidade...”“Agarre essa oportunidade e prove que você mudou,”completou o amigo.

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Essas palavras ecoaram dentro do Roberto comouma bomba. Ele aceitou o desafio. Estavaimpressionado com a mudança do seu colega de classe.Ele era tão tímido e frágil, mas agora era tão inteligente,seguro, determinado.

Logo depois, Edson contou-lhe um dos segredosque mudou sua vida: “Saiba que o pior inimigo estádentro de você. O destino raramente é inevitável,mas sim uma escolha. Escolha ser livre e inteligente”.Assim, recomendou-lhe o livro que o ajudou nos temposde colégio.

Roberto inicialmente se tornou um funcionárioauxiliar. Voltou a estudar, mas agora com dedicação.Foi muito difícil trabalhar e estudar ao mesmo tempo,mas ele passou a ser controlado por uma meta.Terminou a faculdade e, em seguida, fez alguns cursosde pós-graduação.

Todos os dias ele se esforçava para ser umfuncionário exemplar. Falhava algumas vezes, masprocurava expressar as suas idéias sem temor. Elesempre foi individualista, mas pouco a pouco começoua ter prazer em trabalhar em equipe. Ele estimulava aspessoas a emitir sua opinião sobre seu trabalho.Quando alguém o corrigia, ao invés de reagir comagressividade como antes, agradecia. O resultado?

Aquele homem rude foi lapidado em suainteligência. Foi transformando em sua maneira depensar. Aprendeu a ser pequeno para se tornar grande.Após seis anos na empresa, foi promovido a gerente

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de recursos humanos. Após mais três anos, assumiu oposto de diretor dessa área.

A história de Roberto é um exemplo sólido deque dentro do homem mais bruto há um diamante aser encontrado e lapidado. Do ponto de vistapsicológico, o ditado “Pau que nasce torto morre torto”está errado. Embora não seja uma tarefa fácil, todostêm possibilidade de mudar.

Roberto não deixou escapar a oportunidade.Tinha tudo para ser um fracassado. Estava destinadoa ser um derrotado, uma pessoa problemática a vidatoda. Todavia, como o destino é uma questão deescolha, fez a escolha certa.

Escolheu respeitar os outros e se respeitar.Escolheu corrigir as rotas da sua vida. Optou por serlivre dentro de si mesmo. Tornou-se, assim, umexecutivo brilhante. Foi capaz de fazer dos seus errosum forte alicerce para construir uma nova história. Equanto a você? O que você faz com seus erros efracassos?

Roberto, além disso, aproveitou bem todos oscursos e treinamentos dados pela empresa. Aprendeua ter compromissos emocionais com ela. Não eraalguém que só se preocupava com seu salário no finaldo mês.

Ao chegar no trabalho, percebia-se de longe asua mudança. Ele cumprimentava todos os funcionáriospor quem passava. Fazia questão de apertar as mãose dar um bom dia para os empregados menos

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graduados. Foi valorizado, por isso, aprendeu avalorizar cada ser humano.

Na escola da vida, o mundo dá muitas voltas.As lições estão em cada curva da vida. Não deixe asoportunidades passarem...

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Você quer um jardim sem espinhos? Nãoexiste! Deseja uma vida sem dificuldades?Impossível! Há um lugar onde não existemproblemas, mas ninguém quer morar lá. Nocemitério.

Ricos e pobres, reis e súditos, grandes epequenos têm suas dificuldades, seus momentosdifíceis, seus dias amargos. Ao tropeçar, oimportante é se levantar, se superar e continuar...

Mesmos nos dias mais tristes de sua vida,há soluções que você ainda não encontrou. Abra-se! Areje sua emoção! Não se desabe quandoalguém o ofender, criticar, tolher, atrapalhar.Um problema só se torna um monstro capaz dedestruí-lo se você o alimentar...

Dica do professorEstressildo: Quem écontrolado pelo medo,paralisa-se. Quem écontrolado pelos sonhos,nunca deixa decaminhar. Faz da vidauma aventura... Professor

Estressildo

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Capítulo 4UMA TRÁGICA

AVENTURAUMA TRÁGICA

AVENTURA

"Uma pessoa inteligente aprende quando erra, umapessoa sábia aprende quando os outros erram."

Augusto Cury

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F erdinando Magellan era português naturalizadoespanhol. Era um homem corajoso, determinado edisposto a conquistar o que ninguém havia alcançado.Certa vez teve um grande sonho. Queria dar a voltaao mundo pelos mares.

A tarefa era muito mais ousada do que conquistarhoje alguns dos planetas que circundam o Sol. Naépoca, os oceanos guardavam segredosincompreensíveis. O formato da Terra era um mistério.Não havia tecnologia para suportar as tempestadesmarítimas.

Na alma de Ferdinando pulsava o desejo deexplorar o desconhecido. Ele olhava para o mar que

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se estendia diante dos olhos e se encantava com apossibilidade de explorá-lo. Ele sonhava com água ebarcos todos os dias. Quanto mais aumentava o desejode navegar pelo mundo, mais perdia o prazer de andarem terra firme.

Como era marinheiro e tinha influência na corteda Espanha, convenceu o rei a financiá-lo. Seu sonhopenetrou na mente do rei e criou raízes no territórioda sua emoção. Assim, obteve dinheiro necessário paraa grande aventura. A maior aventura de um homemde sua época.

No início da expedição, eram cinco barcos e265 homens dispostos a tudo para alcançar a façanha.Ferdinando gritava: “O mundo é nosso! Correremostodos os riscos para conquistá-lo”. Ele incendiava oânimo dos marinheiros. Eufóricos, todos bebiam vinhoe zombavam das ondas do mar. Ao partirem, olhavampara os homens que estavam no porto e seconsideravam acima dos mortais.

Todo começo é assim. Quando alguém abre umaempresa, ele e seus empregados ficam animados esonham com grandes conquistas. Alguns já vêemgrandes somas de dinheiro nas mãos sem antescomeçar a trabalhar.

Do mesmo modo, quando um político ganha aeleição para presidente, alguns ficam tão eufóricos aoseu lado que desprezam os problemas futuros e o tratamcomo se ele fosse um super-herói. Ser otimista é ótimo,mas o excesso de euforia pode gerar um otimismo

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exagerado que nos faz míopes para enxergar certasdificuldades. Foi assim com Ferdinando e os homensque o seguiam. Eles não imaginaram os sofrimentosintensos que viveriam.

À medida que entravam em alto mar, estavamconscientes de alguns perigos, mas não de algunsgraves obstáculos. Estavam preparados para algumasturbulências, mas não para as mais importantes. Osproblemas surgiram e Ferdinando, como um líder, osanimava a resolvê-los. Sob seu comando, todoscontrolavam seu desespero e se dispunham a continuara jornada.

Porém, os problemas aumentaram. A viagemfoi longa e, como não havia como conservar osalimentos, eles foram se deteriorando e diminuindo.Então chegou a fome que gerou agressividade e atritosentre os navegantes. Tiveram de diminuir a ração diáriade comida. Depois chegaram as doenças. Quem delastrataria? Não havia médicos nem medicamentosavançados na época. Depois chegou a tristeza.Abatidos pela fome e debilitados pelas doenças, osmarinheiros já não cantavam. Ninguém batia palmasnem tinha espírito aventureiro.

Por fim, chegou a saudade. Os mais jovenslembravam-se da cama gostosa de suas casas e dacomida perfumada e quente de suas mães. Os queadoeciam se tornavam um estorvo para os demais.No começo, formavam uma grande família, agoradesprezavam uns aos outros como se fossem estranhosnum espaço tão pequeno.

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Um homem deve aprender a chorar. Os quechoram não represam a sua dor, por isso aliviam a suaalma. Nos barcos de Ferdinando os que choravam eramtratados como fracos. Ninguém se importava com eles.No continente ficaram os amigos, os filhos, os pais, anamorada, a flor da macieira. No mar estava odesespero de homens que perderam a sensibilidade.

A escola da vida trouxe grandes lições. Foramtão intensas as dificuldades que a aventura se tornouum tormento. O mar ficou pequeno para tantosofrimento. Se tivessem chance de voltar atrás, amaioria não teria embarcado. Mas agora não haviacomo retornar. Estavam no meio do oceano.

Um dos marinheiros, que estava no barco deFerdinando, chamado Sancho, ficou muito debilitado.Delirava e dava gritos ensurdecedores que abafavam oburburinho das ondas. Dizia: “Me levem para casa!Não me deixem morrer!” Sancho queria beijar seuspais, ver as flores arrebentando na primavera, sentir ocheiro da chuva irrigando a terra seca. Era um belíssimodelírio.

Ferdinando Magellan se aproximou de Sanchoe se ajoelhou no seu leito. Balbuciando as últimaspalavras, Sancho lhe disse: “Capitão, leve-me paracasa”. Em seguida, fechou seus olhos nos braços deFerdinando.

O capitão sentiu um nó na garganta e um apertono peito. Cada homem que perdia apunhalava suaalma. Olhava para os colegas famintos e sedentos e

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ficava inconsolado. Cada grito que ouvia repercutiana sua emoção. Jamais imaginou que a grandeaventura se tornaria uma grande tragédia.

Não bastasse a fome, as doenças, a escassez deágua e o calor intenso, o oceano mostrou sua fúria.Tempestades abateram os pequenos barcos. As ondasorgulhosas invadiram o convés, romperam o mastro,fenderam o casco. O resultado? Homens foramabraçados pelo oceano e silenciados por ele. Morreramquase todos.

Apenas um dos barcos, chamado Vitória, voltou.E nele havia apenas uma tripulação de 15 pessoas.Eles conseguiram dar a primeira volta ao mundo emtrês anos. Isso aconteceu em 1522, quando algunsmarinheiros aportaram em Sevilha, na Espanha. Foium grande feito, mas não havia heróis, só homenssem fôlego. O sonho se tornou em pesadelo.

Ferdinando estava no barco Vitória, quasecompletou a travessia. Mas não resistiu. Faleceu antesde retornar à Espanha. Ele chorou silenciosamente asua derrota. Nos filmes de ficção, os heróis,freqüentemente, são coroados pelas suas aventuras.Mas, na escola da vida, os heróis sofrem asconseqüências dos seus atos.

A vida é uma grande aventura, mas viverperigosamente pode trazer sérias conseqüências. Todosdevemos correr riscos para executar nossos sonhos.Por exemplo, todos devemos ser corajosos paraconquistar as pessoas que amamos, para ajudar os

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outros, para cursar uma boa faculdade, para ser umexcelente profissional, para ser um grande empresário.

Devemos ter garra para romper nosso orgulho,destruir nossa timidez, dominar nosso medo, repensarnossas verdades, superar nosso comodismo. Isso écorrer riscos saudáveis. Todavia, nunca devemos correrriscos que coloquem em perigo nossas vidas e a dosoutros.

Seja um grande empreendedor. Alguém capazde criar, inventar, fazer coisas que ninguém fez. Tenhasonhos que promovam a vida e que o transformemnão num herói, mas num eterno aprendiz...

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Em 1992, a Assembléia Geral da ONUdeclarou o dia 22 de março de cada ano como o“Dia Mundial da Água”. Alguns pensam quea água é inesgotável. Mentira!

Apesar de 70% da superfície da terra serocupada pela água, 97,5% dessa água é salgadae só 2,5% do total é água doce. Além disso,tirando a água das geleiras (69%) e aarmazenada no subsolo (30%), sobra menos de1% de toda a água doce disponível para uso. Ouso abusivo da água e a contaminação dosmananciais estão provocando uma grande faltada mesma.

Mais de um bilhão de pessoas estãosofrendo pela falta de água. Não adesperdice. Daqui a alguns anosum barril de água valerá maisdo que um barril de petróleo.Socorro! Estou com sede!

Preocupe-se com aeducação ambiental.Economizar água é umaatitude inteligente... Professor

Estressildo

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Capítulo 5O MESTRE E AS

FLORESO MESTRE E AS

FLORES

"Aquele que aprende, mas não pensa está perdido.Aquele que pensa, mas não aprende está em grande

perigo..." Confúcio

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H avia um homem muito especial, que eraseguido por multidões. Ele viveu há cerca de dois milanos e, sem derramar uma gota de sangue de qualquerpessoa, mudou o mundo. Qual é o seu nome? Édesnecessário dizer... A história é contada antes edepois dele. Ele conquistou o coração das pessoas etransformou sua maneira de pensar. Se você quiserajudar alguém, não o controle, primeiro conquiste oseu interior, depois o ensine a pensar.

Na época em que ele viveu, o egoísmo e oindividualismo faziam parte da rotina das pessoas. Cadaum procurava apenas seus próprios interesses. O amorfoi sufocado e esquecido. A tolerância e o perdão eramjóias raras, difíceis de ser encontradas.

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Ele não teve privilégios sociais. Nasceu entreos animais. Foi perseguido aos dois anos de idade.Não lhe deram a chance de brincar. Na adolescênciafoi um carpinteiro. Construía objetos de madeira etelhados. Carregava pesadas toras. Tinha calos e bolhasnas mãos, mas não reclamava. Trabalhou com martelo,pregos e madeira. Vejam isso: trabalhou com asmesmas ferramentas que um dia o destruíram.

Ele não freqüentou os bancos de uma escola,mas freqüentou a escola da vida. Nessa escola, eleaprendeu a enfrentar o preconceito, o medo e asfragilidades humanas. Foi um grande aluno, por issotornou-se um grande mestre. Enquanto entalhava amadeira, analisava o coração das pessoas e percebiacada uma das suas dificuldades.

Com trinta anos de idade resolveu revelar seuspensamentos. Era de se esperar que ele fosse umapessoa agressiva, ansiosa e infeliz, pois atravessoumuitas dificuldades desde a infância, mas, revelou-segentil, tranqüilo e feliz.

Ele não usava lousa e giz, mas era tão inteligenteque as pessoas paravam tudo o que faziam para ouvi-lo. O mestre da escola da vida falava com poesia. Suaspalavras colocavam combustível no ânimo das pessoas,reacendiam sua esperança.

Era sociável, gostava de festa e de jantares. Todosqueriam dar um jeito de ficar ao seu lado. Era umfantástico contador de histórias. Sua mente era muitocriativa. Sua imaginação era fértil como as terras às

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margens do Nilo. Contava histórias tão interessantesque as crianças e os jovens não piscavam os olhos aoescutá-las.

Certa vez, algumas crianças queriam seaproximar dele para ouvi-lo, mas os seus amigosíntimos as impediram. Os seus amigos não ocompreendiam, por isso freqüentemente oatrapalhavam. Dessa vez, ele lhes deu uma grandelição. Tomou as crianças nos seus braços, acariciou-as. Após essa atitude, olhou para seus discípulos eatacou suas mentes limitadas. Disse-lhes: “Se vocêsnão forem simples como essas crianças, não entrarãono meu reino”.

Para o mestre, na escola da vida não haviadiplomas, todos deviam se comportar como alunos.Ninguém poderia entender suas mensagens se não secomportasse como uma pequena criança. Por quê?Porque uma criança é uma esponja que absorve tudono meio ambiente. A infância é a melhor fase para seaprender. Perder a capacidade de aprender é umdesastre. O orgulho, os preconceitos e a auto-suficiência destroem essa capacidade.

Uma das maiores lições que ele queria que todosaprendessem é a não discriminar qualquer ser humano.Ele valorizou os deficientes, os cegos, os paralíticos eos que viviam à margem da sociedade. Os leprososeram pessoas deformadas, cheias de úlceras. Algunsexalavam um odor desagradável, pois não haviatratamento na época. Eles estavam doentes no corpo

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e solitários na alma. Todos os rejeitavam, dos amigosaos familiares. Todavia, para a nossa surpresa, essemestre fez deles seus íntimos companheiros.

Alguns dias antes de morrer, ele estava na casade um homem. Lá ninguém tinha coragem de entrar.Na casa de um leproso chamado Simão. O mestredos mestres teve longas conversas com ele. Sentou-seà mesa e comeu da sua comida. Simão não podiaacreditar que alguém tão famoso pudesse dar tantaimportância para si. De fato, ele gastou os momentosmais importantes de sua vida com as pessoas menosimportantes da sociedade. Viveu os patamares maisaltos da inteligência emocional.

Sua inteligência deixava os homens pasmados.Ele não buscava ser um líder político ou religioso, eleapenas queria conquistar o amor do homem. Por isso,diferentemente de alguns líderes políticos e religiososda atualidade, ele não controlava ninguém. Nãoobrigava ninguém a segui-lo. Não os pressionava commilagres ou com sua eloqüência. Ele só aceitavaseguidores se eles aprendessem o alfabeto do amor.Você conhece esse alfabeto?

Embora fosse muito poderoso, ele preferia serreconhecido como o mestre da sensibilidade. O que éter sensibilidade? É valorizar as pequenas coisas e fazerdelas um espetáculo aos nossos olhos.

Quando alguém está no auge da fama,freqüentemente se preocupa com os aplausos dasmultidões, com os autógrafos, com os shows e

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discursos. Mas ele era diferente dos famosos daatualidade. Não se preocupava com os aplausos,preferia dar uma atenção especial às pequenas coisas.

As multidões o espremiam, todos queriam fazê-lo rei. De repente, ele parou de caminhar e silenciou-se. As pessoas acharam que ele ia fazer mais umdiscurso vibrante. Mas, ao invés disso, teve um gestosurpreendente. Ele foi em direção a algumas flores.Olhou atentamente para elas e começou a admirá-lasprofundamente. Ninguém entendeu nada.

Para o espanto de todos, após admirá-las, falouem voz delicada e firme: “Olhai os lírios dos campos.Eles não tecem uma roupa, mas nem o rei Salomãose vestiu como um deles”.

Todos ficaram calados. Sabiam que o reiSalomão, que havia vivido há muitos séculos, erapoderoso e tinha centenas de pessoas que o serviam.Suas vestes reais eram tecidas com fios de ouro. Elasse perguntavam: “Como pequenos lírios podem sermais belos do que as vestes desse grande rei?”

Aos olhos do mestre da sensibilidade aquelaspequenas flores a quem ninguém dava importância,que cresciam nos campos sem ninguém cultivar, erammais belas que as vestes de um grande rei. Para ele, aspequenas coisas eram tanto ou mais importantes doque as grandes. Os lírios representam tudo aquilo queparece pequeno, mas que é tão importante para anossa vida.

Sua vida tem tido lírios? Você tem dado valor àspequenas coisas ao seu redor? Tem feito de um

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pequeno diálogo com seus amigos um espetáculo aosseus olhos? Você tem tido o prazer de conhecer omundo dos seus professores, descobrir suas aventuras,suas vitórias, suas derrotas? Você tem tido o prazer deconversar com seus pais sobre o passado deles? Seráque vocês não estão próximos fisicamente e distantesinteriormente?

Você precisa de lírios na sua vida. Converse comseus pais, pergunte sobre os momentos mais tristes eos mais alegres de suas vidas. Mesmo um pai rígido eagressivo tem ouro dentro da rocha da sua emoção.Saia do superficialismo.

Converse com seus amigos sobre seus sonhos,suas metas, suas frustrações. Um grande amigo valemais do que uma grande fortuna. Critique menos eelogie mais. Elogie seus pais, seus irmãos, seus colegas.O elogio cultiva os lírios do coração.

Na escola da vida devemos dar importância vitalàs pequenas coisas. Por exemplo, raramente as pessoasgastam tempo observando as borboletas. Parece queelas não têm importância alguma. Mas você sabia quequanto mais espécies de borboletas existirem num certoambiente, mais preservado ele estará?

Foram encontradas 250 espécies diferentes deborboletas em áreas arborizadas da cidade de SãoPaulo. Parece muito, mas não é. A poluição de SãoPaulo destruiu cerca de 500 espécies. Se o ambientefosse puro, o número de espécies encontradas estariaem torno de 750.

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As borboletas são as dançarinas do ar. Elasprocuram o néctar das flores, o rico suprimento queas alimenta. Após sugá-lo, batem em retirada paraoutras flores, polinizando o jardim e facilitando aprodução de mais plantas. Elas são tão pequenas, mastão importantes.

Infelizmente, são muito sensíveis à poluição. Seno ambiente que você freqüenta não encontrar alegresborboletas dançando no ar, saiba que o ar que vocêrespira é ruim e sua qualidade de vida está afetada.Você tem o direito de respirar um ar puro. Não secale. Reclame dele para as secretarias das prefeituras.

Quantas espécies de borboletas você tem vistona região onde mora? Talvez você tenha tempo paraassistir à TV e ver filmes que trazem cenas de violência,mas não tem alguns segundos para admirar aspequenas coisas que o circundam.

Gaste tempo com aquilo que gera um prazersaudável. Há homens milionários que constroempalácios e imensos jardins, mas não têm tempo paraadmirar suas flores. São ricos financeiramente, masmiseráveis no território da emoção. Seja rico dentrode você, no único lugar que não é admissível serpobre...

Os discípulos do mestre da sensibilidade estavampreocupados com seus milagres, com posição social epoder político. Mas ele mostrou que o maior milagre éaquele que se esconde nas pequenas coisas.

Não se esqueça das pequenas coisas. Elasescondem os segredos da felicidade...

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Parece que alguns jovens são imutáveis.Quebram a cara, mas não mudam. Tropeçam cemvezes, mas ainda andam pelo mesmo caminho.São mestres da teimosia.

Dão sempre as mesmas respostas para osmesmos problemas. Não conseguem questionaras suas opiniões. Não abrem as janelas de suasmentes para ver o mundo de outra maneira. Porquê?

Um dos motivos é o excesso de informação nãotrabalhada. Ter muitas informações, mas pensarpouco, não é muito útil. Consumir informações ébom, idéias é melhor. Não engula o que os outrosdizem a você. Seja crítico! Debata as idéias emsala de aula e nos ambientes sociais.

Acredite! O caminho paraexpandir a inteligência étransformar as informaçõesem conhecimento e oconhecimento em experiência.E aí, garotão? Quer fazerdiferença? Ande nessecaminho!

ProfessorEstressildo

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"Modificar a história não é modificar apenas umfeito. É anular suas conseqüências que tendem a ser

infinitas..." Jorge Luis Borges

Capítulo 6SUPERANDO AS

ALGEMAS DA EMOÇÃOSUPERANDO AS

ALGEMAS DA EMOÇÃO

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M arcos não tinha grandes motivos parater conflitos. Sua família tinha um bom nível financeiro,seus pais eram cultos e amorosos. Marcos era sociávele possuía vários amigos. Nunca fora abandonado,agredido ou sofrera alguma doença física grave.Portanto, tinha tudo para ser um jovem feliz esaudável.Ninguém poderia imaginar que ele desceriaao último grau da miséria e do sofrimento humano.

Seus pais e irmãos gostavam de festas, mas eleera isolado. Raramente fazia programa com eles. Tinhaum comportamento auto-suficiente. Não suportava queninguém lhe apontasse um erro ou lhe desse um

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conselho. Queria liberdade total. Dizia freqüentemente:“Eu sei me cuidar”.

Aos 13 anos brigou com a irmã porque elanamorava um rapaz que usava maconha. O atrito foifeio. Disse a ela: “Não quero que você namore umdrogado”.Quem observava a rigidez e agressividadede Marcos poderia apostar que ele nunca usaria drogas.

Entretanto, Marcos não era muito seguro. Seusamigos exerciam uma influência muito grande sobreele. Além disso, não tinha metas na vida, não sepreocupava com seu futuro. Não sonhava em ser ummédico, um advogado, um engenheiro, um cientista,um empresário ou um trabalhador que construísse comdignidade a sua vida. Como a maioria dos jovens, viviasem projeto de vida. Vivia porque estava vivo.

Certa vez, numa festa, alguns amigosofereceram-lhe maconha. Ele rejeitou. Mas o maiorteste sempre está na segunda ou terceira vez. Em outraoportunidade, os amigos insistiram e o gozaram,dizendo: “Vejam o caretão da mamãe!”

Envergonhado, e já alcoolizado pelas cervejasque tinha tomado, ele cedeu. Queria ser aceito pelogrupo. Aí mora o perigo. Resolveu, então, dar umatragada. Mas disse consigo: “Será só dessa vez”.Porém, como freqüentemente acontece, a primeiravez abriu as portas para a segunda e para a terceiravez... Após dois meses, fumar maconha passou a sernormal. Mas dizia: “Eu fumo só de vez em quando”.

Começou a fumar aquilo que aparentementedetestava. Todos os conselhos dos seus pais e dos seus

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professores caíram por terra diante da influência dosamigos. Não havia traficante na parada, mas sim omedo de sentir-se rejeitado. Como todo usuário dedroga, nunca pensou que ficaria dependente. Queriasó curtir o momento.

É sempre assim. O filme não muda. Tudocomeça lentamente. É como nadar em alto mar a partirdas ondas da praia. Cada vez mais as ondas levam obanhista suavemente para mais longe. De repente,descobre-se que se está muito distante da praia. Então,vem o sufoco.

Marcos começou a usar um baseado, cigarro demaconha, todos os finais de semana. Depois de seismeses, começou a usá-lo no meio da semana. Quandoum amigo o contestava, para aliviar sua consciência,ele dava a velha desculpa: “O cigarro causa maisprejuízo do que a maconha e é liberado.”

Marcos cometeu um grave erro. Tentava justificaro uso de uma droga por outra. O cigarro é socialmenteaceito e comercialmente livre, mas é uma droga. Amedicina estudou muito mais os efeitos do cigarro doque os da maconha, por ser ele usado largamente emtodo o mundo. A medicina acompanhou a vida demédicos fumantes na Inglaterra por décadas. Atravésdessa e de inúmeras outras pesquisas produzidas pormilhares de cientistas, sabemos que o cigarro é umadas piores drogas que o homem já conheceu.

Sabe-se que ele causa diversos tipos de câncer:na boca, na garganta, nos pulmões. Milhares de

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pessoas morrem diariamente devido às conseqüênciasdo cigarro. Enquanto você está lendo este livro, morremvárias pessoas por causa dele. Além do câncer, o cigarroprovoca inúmeros outros transtornos. Ele produzdoenças respiratórias graves, como o enfisemapulmonar. Quem tem enfisema vive miseravelmente.Clama pelo ar, mas ele não entra em sua correntesanguínea. Por quê? Devido à destruição das célulasdos pulmões.

E a maconha? Sabemos que ela prejudicaseriamente a saúde, mas como foi estudada bem menosdo que o cigarro, muitos dos seus efeitos permanecemdesconhecidos.

De qualquer forma, já sabemos que alguns efeitosda maconha são muito prejudiciais. Ela abaixa aimunidade, a defesa do organismo, facilitando asinfecções. Impregna no cérebro e diminui aconcentração e o registro da memória. E,principalmente, controla e aprisiona a motivaçãohumana. O que significa isso? Vejamos.

Existe um nome esquisito chamado detetrahidrocanabinol. Esse nome representa a substânciaativa da maconha que atua no cérebro. Devido ao fortepoder tranqüilizante dessa substância, a maioria daspessoas que usa maconha vai, ao longo dos anos,perdendo a motivação para estudar, trabalhar e correratrás dos seus sonhos e projetos de vida.

Infelizmente, por desconhecimento, raramentealguém comenta que o maior prejuízo da maconha é a

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destruição do ânimo, da garra, da capacidade de lutarde uma pessoa.

Marcos começou a fumar maconha todos os dias,perdeu o ânimo para fazer programas saudáveis efaltava muito nas aulas.

Jamais pensou em usar cocaína. Um dia lheofereceram um papelote. Ele recusou. “Cocaína, nempensar”. Em um outro ambiente, alguns colegasnovamente insistiram. Como tinha fumado maconhae bebido algumas doses de uísque naquela noite,resolveu experimentar. Usou a primeira, a segunda, aterceira vez... Em dois anos entrou de cabeça. Suavida social tornou-se péssima.

Não estudava, dormia até tarde, não lia um livro,não fazia uma nova amizade. Brigava todos os diascom seus pais. Eles choravam freqüentemente. Masas lágrimas deles não o comoviam. Queriam que elese tratasse, mas, como muitos usuários de cocaína,achava que não era dependente.

A cocaína, diferentemente da heroína, não causadependência física, mas apenas psicológica. Um jovemdependente de heroína é humilde, pois em umasemana sente os efeitos da dependência do organismo:dores musculares intensas, vômitos, febre, convulsões.Por isso, ele procura ajuda facilmente.

Um jovem que usa cocaína, pelo fato de não terdependência física, é mais orgulhoso. Raramente achaque está dependente. Ele pára de usar dois ou trêsdias, sem problemas. De repente, sente os sinais da

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dependência psíquica: angústia, ansiedade, irritação,depressão. Mas raramente reconhece que esses sãosinais da sua dependência. Então, ele procura umanova dose para se aliviar. Freqüentemente, só depoisde alguns anos, quando está bem acabado, ele procuraajuda. Desse modo vai se tornando prisioneiro no únicolugar que deveria ser sempre livre: dentro de si mesmo.

Nos primeiros dois anos de uso de cocaína,Marcos se gabava de ser o mais controlado do grupo.Chegava a dar uma bronca nos amigos que usavamdemais. Tinha medo de que morressem por umaoverdose. Overdose é uma superdose da droga. Nocaso da cocaína, ela pode parar a respiração. É umaloucura. O usuário sente falta de ar, fica roxo, desmaia,enrola a língua, vira o olho. Às vezes, pode até estourara parede do seu coração .

Marcos já tinha perdido alguns amigos por causade overdose. Tinha muito medo de que issoacontecesse com ele. E... aconteceu. Certa noite, bemdeprimido, esqueceu-se de sua preocupação e usouuma overdose. O coração parecia que ia sair pela boca,estava ofegante e, de repente, desmaiou. Os colegascomeçaram a gritar. Precisou ser levado às pressas aopronto socorro. A chama da vida quase se apagou.Escapou por um triz.

O jovem gastou seu dinheiro e seu futuro comas drogas. O dinheiro que torrou daria para comprarum carro novo e um apartamento. Seus pais, um dia,resolveram cortar-lhe completamente a mesada. Mas

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não adiantou. Passou a roubar. Roubava as coisas desua própria casa para enriquecer o traficante.

No terceiro ano de uso de cocaína, um amigo ausou nas veias na sua frente. Então, como estava muitoansioso, fez a primeira aplicação. Sentiu que a cenaera horrível. O sangue, a droga e a seringa produziramuma imagem macabra. Disse que nunca mais faria issode novo. Como as drogas e a mentira são duas amigasinseparáveis, traiu novamente o que dissera e se picououtra vez...

Em dois meses, passou a se aplicar todos osdias. No quinto ano de uso de cocaína, passou a seaplicar vinte vezes por dia. As veias do braçoendureceram. Então, sem nenhum respeito pelo seucorpo, começou a se picar nas veias do pé, das mãose do pescoço. Marcos não vivia, vegetava. Sua vidaperdera o encanto. Tornou-se um céu sem cor.

Por usar diariamente uma dose grande decocaína, começou a fazer pequenos tráficos para poderconsumir. Passava cinco gramas de cocaína para oscolegas e ganhava um grama do traficante. Um dia,como era de se esperar, foi pego pela polícia commais de vinte gramas. Foi preso. Gritava na prisão,mas ninguém o ouvia. Por fora, as barras de ferro oprendiam. Por dentro era pior, as algemas dadependência o esmagavam. Que prisão é pior? A dedentro, a do cárcere da emoção.

A prisão ficou pequena para um jovem que sesentia o mais infeliz dos homens. No julgamento, ojuiz, compreendendo que ele era um dependente, ficou

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comovido. Deu-lhe uma chance para se tratar. Marcosagradeceu, caiu em si. Disse, no tribunal: “Doutor,não vou decepcioná-lo”. Não queria voltar para o lugarfrio, úmido e solitário da prisão. Esse, definitivamente,não era seu lugar.

Ao ver seus pais no tribunal, correu para seusbraços e os beijou prolongadamente. Parecia umacriança. A escola da vida apertou-lhe a alma e por issoele disse-lhes: “Desculpem-me se os fiz perder tantasnoites de sono. Perdoem-me, porque não meimportei com seus sentimentos. Refleti muito naprisão. Sei que joguei minha vida no lixo...” Nãoconseguiu falar mais nada. As lágrimas falaram porele.Comovida, sua mãe lhe disse: “Todo mundo erra,meu filho”.

A luta foi grande. O tratamento foi complexo.Precisou da ajuda dos pais, dos amigos, de profissionaise do Autor da vida. Marcos recaiu algumas vezes, masaprendeu algo fundamental para quem quer ser livre:ser honesto. Toda vez que recaía era honesto comseus pais e seu psiquiatra. Aprendeu a banir a mentirados becos de sua existência.

A cada recaída ele ficava frustrado, mas eraestimulado a continuar lutando. Seu maior desafio paraencontrar a liberdade não era parar de usar as drogasexteriormente, mas terminar o romance que tinha comelas dentro de si, na sua memória, no seu inconsciente.Assim, pouco a pouco, foi destruindo as favelas desua memória e plantando jardins nos solos de suaemoção.

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O jovem Marcos foi deixando de ser vítima paraser o líder da sua história...

Hoje ele dá palestras sobre drogas para muitosjovens nas escolas. Ele gosta de deixar um recado: Osdependentes de drogas não são felizes. Por nada nomundo vendam a sua própria liberdade. Nuncadeixem que os outros controlem a sua vida...

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Num dia de 1895, o físico alemãoWilhelm Roentgen levou um susto. Quasedesmaiou. Não era para menos: ele conseguiuver os ossos de sua própria mão. Parecia coisade fantasma. Empenhado em estudar apassagem da eletricidade por um tubo de vidro,o ousado cientista descobriu uma espécie de luzcapaz de atravessar o corpo.

O raio era tão misterioso que mereceu sechamar Raio X. Foi uma descoberta de arrepiar.Revolucionou a medicina. Podemos observar oorganismo por dentro sem precisar abri-lo.Desse modo, os médicos podem fazerdiagnósticos de fraturas, úlceras,tumores.

Use sua inteligênciapara preservar a vida e nãopara se destruir. Invente,imagine, crie. Creio que omundo ficará melhor comsuas descobertas! Professor

Estressildo

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"A verdadeira viagem não consiste em sair à procurade novas paisagens, mas em possuir novos olhos..."

Marcel Proust

Capítulo 7O MILAGRE DO AMOR E

O ESPETÁCULO DODIÁLOGO

O MILAGRE DO AMOR EO ESPETÁCULO DO

DIÁLOGO

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J orge era um pediatra sensível e que apreciavao diálogo. Tinha uma filha chamada Carol de catorzeanos. Carol era impaciente e gostava de exageros.Sempre que tinha uma dor, ela a aumentava, sentindocomo se fosse “morrer”. Quando queria alguma roupa,insistia tanto que parecia que seu guarda-roupa estavavazio.

Paciente com Carol, seu pai sempre conversavasobre seus exageros. Embora fosse ansiosa, era umajovem amável, principalmente com ele. Achava quesua mãe pegava muito no seu pé. Como ela demoravaa atender as solicitações de sua mãe, Dr. Jorge eraquem freqüentemente impunha-lhe limites.

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Ele é que pedia para ela tomar banho, escovaros dentes, se levantar. Carol era gentil e teimosa aomesmo tempo. Beijava os pais, mas queria fazer tudono horário dela. Fazê-la desligar a TV para dormir erauma batalha!

Os pais do Dr. Jorge moravam em um sítio.Carol gostava de passar os finais de semanaprolongados com eles. Gostava de ouvir os pássaros,aguar as plantas, correr no campo com as primas.

Certa vez, o feriado caiu na sexta-feira. Elacombinou com os avós que seu pai iria levá-la duranteo dia. Mas como ele esteve ocupado, deixou para levá-la à noite. Era uma noite escura, sem luar, mal se viamalgumas estrelas. A noite prometia uma boa chuva.

No meio do trajeto, Carol se lembrou de quetinha se esquecido de colocar a escova de dente namala. Recebeu uma pequena bronca do seu pai que,mais uma vez, disse que se ela não escovasse os dentes,as bactérias se proliferariam, destruiriam o esmaltedentário e, assim, produziriam as cáries.

Como estava distante de casa, Dr. Jorge pediuque ela enxaguasse bem a boca e usasse o fio dentalapós as refeições. “A higiene bucal é muitoimportante, minha filha”, reafirmou. Ela disse: “Tábom, pai. Você já falou isso mil vezes”, resmungou.

Dois quilômetros antes de chegar à casa dosavós, começou a chover. No início chovia mansinho,mas logo se intensificou. De repente, o carro encravou.Dr. Jorge acelerou e... nada. O carro dançava pra cá e

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pra lá, mas quanto mais dançava, mais atolava. Carolcomeçou a entrar em pânico. Parecia que o mundo iaacabar.

O pai ficou irritado e lhe deu uma bronca: “Parede exagerar, menina”. Acelerou o carro outras vezes,fazia um barulhão e nada... O carro paroucompletamente de se mover. As duas rodas traseirasse afundaram no barro. Lá fora uma torrente de águacaía sem parar. Carol começou a chorar alto. O painovamente deu-lhe uma bronca: “Já estou preocupadocom o carro e você ainda dá esse escândalo!”

Carol, então, começou a soluçar baixinho. Dr.Jorge se acalmou, dominou seus pensamentos,controlou sua ansiedade e percebeu que dessa vez haviasido injusto com sua filha.

Ele era tão tolerante com os adolescentes quetinham medo de ir ao médico, de ser internados, detomar uma injeção e de tantas outras coisas, mas nãoestava sendo paciente com sua querida filha. Porém,ele tinha uma grande qualidade. Diferente de muitospais, não tinha medo de reconhecer seus erros e pedirdesculpas para seus filhos. Aliás, achava que os paisque pedem desculpas para os filhos ensinam-nos ausar suas falhas para crescer.

Por isso, voltou-se para a Carol, tomou-a nosbraços, beijou-a e lhe disse: “Filha, me desculpe. Eunão fui compreensivo com você”. Em seguida, entrouno mundo da sua emoção. Perguntou o que ela estavasentindo e pensando. Ela disse-lhe que tinha medo de

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raios. Comentou que ficava apavorada ao imaginarque um raio poderia cair sobre o carro.

O pai procurou tirá-la do foco de tensão, ouseja, do seu medo. Ele levou-a a pensar: “Filha, umlavrador deve ter medo dos raios ou elogiar a chuva?”Ela pensou e respondeu: “Elogiar a chuva”. “Muitobem,” disse ele.

E acrescentou: “Os perdedores vêem os raiose os vencedores vêem na chuva a oportunidade decultivar. Veja a chuva. Veja sempre o lado positivodas coisas que parecem negativas”. Dr. Jorgecontinuou, explicando que a chuva era um dos maioresmistérios da natureza. Era um dos mais belos presentesde Deus para a manutenção da vida. Ele pediu paraque ela imaginasse um mundo sem chuva, sem água.Ela disse: “Seria um grande deserto. Sem plantas,sem pássaros, sem vida...”

“É isso mesmo, querida”. Dr. Jorge ficou alegreporque Carol, diferentemente das outras vezes,começou a raciocinar no foco de tensão, diante de umreal problema.

Em seguida, ele comentou que as plantas lá foraestavam profundamente agradecidas pela chuva. “Porque então deveríamos nós ficar apavorados?”,refletiu.

Carol começou a viajar nas idéias do pai e foimais longe. Disse-lhe: “Papai, como é que estão ospássaros? Eles estão lá fora. Não têm um carro ouuma casa para se proteger. Eles não estão

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reclamando, ao passo que eu reclamo muitas vezespor coisas tão pequenas.”

Dr. Jorge ficou impressionado com asconclusões da filha. Elogiou-a e perguntou: “O que ospássaros fazem logo pela manhã ao passarem poruma longa noite de tempestade?” Ela disse: “Elescantam sem parar! Eu me lembro de ouvi-los cantarnas manhãs de domingo apesar de ter caído umaforte chuva na noite anterior”.

O pai concordou: “É isso mesmo, filha. Ospássaros talvez tivessem todos os motivos do mundopara acordar tristes, sem nenhum canto, mas fazemuma grande festa. Eles se alegram diante das suasdificuldades, enquanto nós, que somos uma espécieinteligente, ficamos aborrecidos e angustiados. Nósdetestamos os problemas e não sabemos extrair delesa alegria.”

Carol, mais uma vez, viajou na sabedoria do paie comentou: “Papai, lembra-se de que esqueci aescova de dente?” Ele respondeu: “Claro!”

E concluiu: “De que me adianta evitar as cáriesse não sei superar meu medo?” O pai ficou mudodiante do raciocínio da filha. Carol estava aprendendoa pensar.

Dr. Jorge ficou tão feliz que convidou sua filha asair do carro e a andar na chuva. Ela topou. Elesatolaram os pés no barro. Caíram na lama.Levantaram-se, se abraçaram e começaram a cantarcomo se fossem as pessoas mais felizes do mundo.

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Deixaram o carro na lama e resolveram caminharà noite até à casa dos avós. Eram dois quilômetros.Nunca a lama e a tempestade produziram tanta alegria.

Chegaram à meia noite. Bateram à porta. Oavô, assustado, atendeu. Quando os viu pensou quefossem extraterrestres. Estavam sujos da cabeça aospés. Estavam bêbados de alegria. Brincaram com oavô, correram atrás dele. Foi uma festa. Um momentoinesquecível.

O milagre do amor gera o espetáculo dodiálogo...

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Leonardo Da Vinci foi um dos maioresgênios da humanidade. Vivia fabricando idéias.Parecia estar em outro planeta. Conte quantasfunções ele exerceu: arquiteto, escultor, mecânico,urbanista, engenheiro, fisiólogo, químico,botânico, geólogo, cartógrafo, físico. Ninguémsegurava esse homem. Ele arrasava.

Ainda arranjou tempo para ser um dosmaiores pintores do mundo. A “Mona Lisa” coma expressão de “faz de conta que não fui eu” foipintada por ele.

Tome o exemplo desse grande gênio. Vocêpode praticar esporte, ouvir música, reunir-secom os amigos e ainda arranjartempo para ser um excelenteestudante.

Lembrete: Não arrumedesculpa! Planeje sua vidaque você construirá umabela história...

ProfessorEstressildo

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Capítulo 8OS JOVENS, O

HOLOCAUSTO E OSDIREITOS HUMANOS

OS JOVENS, OHOLOCAUSTO E OS

DIREITOS HUMANOS

"A maior represália contra um inimigo é perdoá-lo.Se o perdoamos, ele morre como inimigo e renasce

a nossa paz. O perdão nutre a tolerância e asabedoria..." Augusto Cury

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M ário não respeitava muito o direito dosoutros. O mundo tinha de girar em torno dele. Umdia, começou a conversar alto com os amigos no fundoda classe. Ninguém conseguia prestar atenção no quea professora Maria Lúcia ensinava. Ela pediu silêncio,mas ele não se importou. De repente, ela chamou suaatenção e ele a enfrentou, gritando: “Você não mandaem mim!”

A professora sabia lidar com os conflitos emsala de aula. Ao invés de ficar agressiva ou chateada,protegeu-se. Não permitiu que a agressividade do seualuno invadisse sua emoção. Sabia que o desrespeito

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que ele apresentava em classe não era com ela, masrevelava um problema que ele tinha dentro de si. Márionão respeitava os outros porque não sabia se respeitar.

Todos esperavam que ela o mandasse para forada classe ou lhe desse uma grande bronca. Mas, aoinvés disso, ela o olhou fixamente e, posteriormente,para toda classe. Em seguida, interrompeu a aula econtou uma breve história que parecia que não tinhanada a ver com o acontecido. Uma história que falavasobre os direitos humanos. Ela sabia educar a emoçãodos jovens.

Disse-lhes: “Vou contar uma triste história, masmuito importante para que possamos aprenderalgumas lições de vida: a história do holocaustojudeu. Uma história em que os direitos humanosforam completamente destruídos”.

Comentou que durante a Segunda GuerraMundial, na Alemanha e em muitos países da Europa,os judeus e outras minorias perderam todos os seusdireitos. Os nazistas, que eram do partido de Hitler,queriam exterminar com todos os judeus, como se elesnão fizessem parte da espécie humana. Foi uma coisahorrível.

Muitos judeus foram enviados para os camposde concentração, um depósito humano, pior do queum chiqueiro. Faltava comida, água e cama. Elesemagreceram tanto que ficaram pele e ossos. Muitospais foram separados dos seus filhos. Lágrimasencharcaram aqueles solos.

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Será que pelo menos os jovens e as criançasjudias foram bem tratados? Não! Receberam umtratamento pior do que os nazistas davam aos animais.Eles foram retirados das suas casas com violência. Nãopodiam andar nas ruas, comprar, ter amigos e ir paraa escola. Não podiam beijar seus pais, ter o carinhode suas mães. Perderam tudo. Nunca se viram criançastão tristes...

Por fim, foram aprisionadas nos campos deconcentração. Foi dramático. Elas choravam alto, masninguém as ouvia. Sentiam dores, mas ninguém asaliviava. Passavam frio, mas ninguém as aquecia.Gemiam de fome, mas ninguém as saciava. Um pedaçode pão era um paraíso. Muitos jovens de hoje têmfartura de alimentos, mas a desprezam.

Por fim, o resultado não poderia ser mais triste:mais de um milhão de crianças e adolescentes judiasmorreram. Imagine o desespero que viveu cada umdesses pequenos e belos seres humanos. O mundonunca mais foi o mesmo. O holocausto na SegundaGrande Guerra foi milhares de vezes pior do que oataque terrorista em 11 de setembro de 2001.

Nossa história foi manchada para sempre. Aviabilidade de nossa espécie foi questionada.Infelizmente, até hoje, os homens se matam por muitopouco. Eles não aprenderam lições na escola da vida.A primeira lição dessa escola é que a vida está acimadas nossas diferenças. A segunda é que acima desermos judeus, árabes, americanos, africanos, somosapenas uma única espécie.

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Nunca as crianças e os adolescentes foram tãoviolentados na história como no holocausto. Roubaram-lhes o direito de viver. Porém, nem todos morreramvítimas do nazismo. Havia um jovem chamado VictorFrankl que estava num dos campos de concentração.Ele também foi abatido pela fome, pelo frio e pelomedo. Seus olhos fundos e sofridos viviam assustados.

Mas Victor Frankl via algo além das trincheiras.Enxergava por detrás das cercas de arames, dos cãese dos guardas. Via as flores das primaveras num áridodeserto. Via as estrelas no céu numa noite sombria.Alimentava sua alma de uma esperança divina. Sonhoucom um mundo livre mesmo diante da morte. Por fim,conseguiu sair vivo de lá. Saiu do cárcere para brilharno mundo.

Ele se tornou um dos principais pensadores dapsicologia da segunda metade do século XX. Seuspensamentos são saturados de esperança. Para ele, abusca do sentido de vida e de Deus devia ocupar amente e o espírito humano.

Ele aprendeu a dar um significado à sua vidaquando a vida valia menos do que nada. Por issopodemos dizer que a vida humana é tão criativa quemesmo na terra do holocausto, a dor ainda conseguiuinspirar algumas belas poesias. O deserto aindaproduziu algumas belíssimas flores. Victor Frankl foiuma delas. Mas não foi a única.

Vocês sabem quem ganhou o prêmio Nobel deliteratura de 2002? Também foi um judeu, vítima dasatrocidades do nazismo. Seu nome é Imre Kertész . A

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dor, o drama, a miséria do jovem Imre Kertész não odestruiu. Pelo contrário, o fez um mestre da literatura.

Quando Maria Lúcia terminou de contar essahistória, os alunos estavam completamente em silêncio.Alguns até choraram. Mário estava emudecido. Entãoela, delicadamente, voltou-se para ele e disse: “Vocêvive num mundo livre. Tem todos os direitos de umjovem. Tem onde dormir, o que comer, pode andar,sair, ter amigos. Mas será que sabe valorizar seusdireitos?”

Mário não deu resposta. Sua voz estavaembargada. Em seguida, a professora completou:“Será que você ama a sua liberdade? Será que nãoestá ferindo o direito dos outros quando reage comagressividade?” Em seguida, continuou sua aula.

Mário pensou. Nunca havia se questionadotanto. Ele foi embora da escola refletindo sobre tudo oque ouvira. Nunca tinha pensado nos muitos jovensque tinham morrido de maneira tão violenta, sem terseus direitos minimamente respeitados. Jamais pensaraque a liberdade fosse tão importante.

Ele entendeu, então, o que era a democracia.Compreendeu que tinha grandes direitos, mas tambémimportantes deveres. Não percebia que quandotumultuava a sala de aula estava perturbando os direitosdos outros. Quando ofendia a professora, ele estavaferindo os direitos dela.

Maria Lúcia era professora de Línguas. Estavapreocupada não apenas com que os alunosaprendessem a gramática e outras regras da língua,

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mas almejava que eles aprendessem a valorizar aliberdade e conhecessem as regras que fundamentamas relações sociais. Ela amava a escola da vida, porisso ensinava seus alunos a viver.

A professora ficou tão entusiasmada com ointeresse dos alunos pelo holocausto que preparou paraeles uma aula específica sobre direitos humanos. Queriaque seus alunos, um dia, fossem capazes de contribuirpara melhorar o mundo, aliviar as injustiças humanas.Eis o resumo dessa aula:

A expressão “Direitos Humanos” ganhou maissignificado após as revoluções francesa e americana.De forma simples, pode-se dizer que essa expressãose refere aos direitos de uma pessoa nas suas relaçõescom as outras e com a natureza.

A questão da liberdade está diretamente ligadaaos direitos humanos. Já no século V, Sófocles falouindiretamente sobre eles. Desde então, odesenvolvimento dessa idéia continua a se desenrolar.

Os grandes momentos em que as chamas dosdireitos humanos foram mais fortes estão naDeclaração de Independência dos Estados Unidos, de1776; na Declaração dos Direitos do Homem e doCidadão, na França, de 1789; e na DeclaraçãoUniversal dos Direitos Humanos aprovada em 1948pela ONU (Organização das Nações Unidas). O dia10 de dezembro é o Dia Universal dos DireitosHumanos. Guarde essa data.

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A professora mandou um recado a cada umdos seus alunos: “Parabéns, você tem muitos direitosna grande escola da vida. Por isso pode cantar,brincar, andar, correr, comprar, estudar e expressarsuas idéias livremente. Mas nunca se esqueça deque você só pode exercer os seus direitos se respeitaros direitos dos outros...”

E finalizou dizendo: “Os direitos humanos sãotão importantes que eles representam o aplauso doartista, a água do sedento, a inspiração do poeta, oamor do romance.

Os direitos humanos não podem estar apenasna lei, devem ser tecidos na alma e esculpidos nocoração...”

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Há duas maneiras de se fazer uma fogueira:com sementes ou com madeira seca. Qual vocêprefere? Muitos preferem a madeira seca. Atravésdela podem fazer rapidamente uma fogueira e seaquecer. Mas um dia a madeira acaba e elescontinuam a ser vitimas do frio.

Qual a melhor opção? As sementes. Se você aescolheu, parabéns! Por quê? Porque plantandoas sementes, você terá uma floresta e nunca irálhe faltar madeira para se aquecer. Não queiratudo na hora. Os resultados rápidos são efêmeros,temporários.

Plante as sementes na sua escola, no trabalho,no namoro, entre seus amigos. Plante sementespara ser um extraordinário ser humano, umfantástico estudante, um fascinanteprofissional...Prefira as sementes.

Como ninguém é de ferro,aqui vai uma piada doprofessor Estressildo: “Vocêé tão lindo(a) como eu! Seuespelho é que está comdefeito!”

ProfessorEstressildo

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Recado aos Leitores

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Um recado aosleitores, principalmente aos jovens. Dr.Augusto Cury é um pesquisador da inteligência.Seus livros são publicados em muitos países e têmajudado inúmeras pessoas.

Ele tem mais de 600 temas catalogados sobreassuntos ligados ao mundo da emoção, ao desenvolvimentoda inteligência e aos temas transversais, como: a educaçãopara a paz, saúde, sexualidade, ética, direitos humanos.

Ele gostaria de saber a sua opinião sobre este livro e sevocê deseja que ele continue a escrever mais sobre a escola davida. Se você desejar, a ESCOLA DA VIDA se tornará umacoleção.

Um lembrete aos professores, pais e jovens. Querparticipar da Escola da Vida? Envie histórias interessantescapazes de nos fazer chorar, rir, amar, refletir, pensar, superar.Elas poderão estar em nosso site e, talvez, quem sabe, poderãoser publicadas.

Contato com o autor:[email protected]

Pedido de livros para escolasEditora Academia de inteligência.

Fone: (017) 3341-8212

E-mail: [email protected] www.academiadeinteligencia.com.br

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A Capital da VidaUma parte significativa dos lucros da Editora Academia

de Inteligência relativos à venda do livro ESCOLA DA VIDA (I)no Brasil foi doada para o Hospital de Câncer de Barretos.Barretos não é apenas a capital internacional do rodeio. Ela estáse tornando a capital da vida. Ela possui um dos maiores centrosde tratamento de câncer da América Latina.

Nosso hospital é mantido pela fundação Pio XII.Realizamos cerca de 25.000 consultas por mês. Quase 100% dospacientes recebem tratamento gratuito e o atendimento é deprimeiro mundo. Em 2000, recebemos o prêmio do Ministérioda Saúde de melhor atendimento ao paciente. Dentre todos oshospitais do país, incluindo os particulares.

O motivo? Não tratamos de doentes, mas de sereshumanos. Nossos médicos são poetas da vida. Nossosfuncionários consideram a vida como um show. Temos tambémum batalhão de voluntários, heróis anônimos, que nos ajudam.

Além disso, muitos artistas têm dado seu tempo, energiae dinheiro para esse sonho: Gugu Liberato, Xuxa Meneguel,Sandy e Junior, Chitãozinho e Xororó, Leonardo, ZeZé DiCamargo e Luciano, Daniel, Sergio Reis, Alexandre Pires e muitosoutros. Para eles, a vida é um espetáculo maior do que a fama...

Consideramos cada pessoa um ser humanoINSUBSTITUÍVEL, obra-prima de Deus. Tratamos adultos,crianças e jovens. A respeito dos jovens, podemos dizer que elespensam e sonham como você, mas talvez valorizem muito maisa vida do que você. Eles querem vencer o câncer e viverintensamente cada minuto. São vencedores...

Envie e-mails para nós. Participe. Nosso hospital é umagrande Escola da Vida.

Site: www.hcancerbarretos.com.brE-mail: [email protected]

Fone: (17) 3321-6600

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Henrique Duarte Prata

Fundação Pio XII

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Análise da Inteligência de Cristo

O MESTRE DA SENSIBILIDADE(editora Academia de Inteligência, São Paulo 2000)

Ninguém teve uma personalidadetão complexa, misteriosa e difícil de sercompreendida como a de Jesus Cristo.Ainda hoje seus pensamentos são capazesde perturbar a mente de qualquer um quequeira estudá-lo. A vida não o poupou,passou por inúmeros sofrimentos,entretanto irradiava tranqüilidade.Tinhauma habilidade ímpar para gerenciar seuspensamentos e trabalhar suas angústias.Causou a maior revolução da História, semusar de qualquer tipo de violência. Foi, sem dúvida, o mestre dasensibilidade.

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Este livro, ao estudar a inteligência deCristo, resgata uma dívida da Psicologia,que se omitiu até hoje em pesquisá-la,trazendo à luz as características dapersonalidade daquele que dividiu ahistória da humanidade. As pessoas nãotêm idéia de como sua personalidade eraintrigante e sofisticada. Não importa o tipode cultura, escolaridade, religião, statussocial ou econômico que o leitor tenha.Cristo é universal e investigar sua inteligência anima o pensamento,expande a inteligência, estimula a sabedoria e enriquece o prazerde viver.

Análise da Inteligência de Cristo

O MESTRE DOS MESTRES(editora Academia de Inteligência, São Paulo 1999)

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Nesse livro o autor investiga todas asetapas do julgamento do mestre de Nazaré.Quando Cristo deixou de lado seus feitossobrenaturais e sua exímia capacidade deargumentação, foi espantosamentefascinante. Antes de ser crucificado, passoucom coragem e sabedoria por quatro sessõesde tortura para executar o mais espetacularplano da história. Livre, ele fez milagres eproferiu discursos que arrebatarammultidões. Preso, ele usou a ferramenta do

silêncio e produziu olhares e pequenas frasescom tantas implicações que são capazes de nos deixar perplexos.

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Análise da Inteligência de Cristo

O MESTRE DA VIDA(editora Academia de Inteligência, São Paulo 2001)

“O Mestre do Amor” investiga o cerneda alma de Jesus Cristo nas suas últimashoras de vida. No ápice da dor ele atingiuo topo da saúde emocional, da sensibilidade,da sabedoria, do humanismo, da inclusãosocial, e do prazer de viver. O mestre doamor queria ensinar a principal arte dainteligência e a mais difícil de ser aprendida,a arte de amar. O amor renova asesperanças, reanima a alma e reaviva a

emoção. Cristo semeou as mais belas sementesno árido solo da alma humana. Cultivou-as com suas aflições eirrigou-as com seu amor. Foi o primeiro semeador que deu avida por suas sementes.

Análise da Inteligência de Cristo

O MESTRE DO AMOR(editora Academia de Inteligência, São Paulo 2002)

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Nunca tivemos uma indústria delazer tão grande e diversificada, mas ohomem nunca foi tão triste e sujeito atantas doenças psíquicas. Nada é tão beloe complexo quanto a emoção. Ela é capazde tornar ricos em miseráveis e miseráveisem ricos. Não é simples navegar naságuas da emoção, mas você pode treinara sua emoção para ser feliz e tranqüilo,para gerenciar os pensamentos, superara ansiedade e descobrir coragem na dor,força na fragilidade, lições nos fracassos. Felicidade não é umdom, é um treinamento.

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TREINANDO A EMOÇÃOPARA SER FELIZ

(editora Academia de Inteligência, São Paulo 2001)

É um livro apaixonante, esclarecedor.Seu objetivo é mostrar que a pior prisão é aque aprisiona a nossa emoção e nos impedede sermos livres e felizes. Quem é prisioneirono âmago da sua alma, além de perder aliberdade de pensar, faz da sua vida umatoleiro de tédio e angústia. “A pior prisãodo mundo” interessa aos que desejamcompreender com profundidade o cárceredas drogas, as doenças psíquicas, ossegredos do funcionamento da mente

humana, e aos que almejam maior qualidade de vida e ser livresdentro de si mesmos.

A PIOR PRISÃO DO MUNDOSUPERANDO O CÁRCERE DA EMOÇÃO

(editora Academia de Inteligência, São Paulo 2000)

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INTELIGÊNCIA MULTIFOCAL(editora Cultrix, São Paulo 1998)

Inteligência Multifocal traz uma originale revolucionária teoria, que amplia oshorizontes da Psicologia, da Filosofia, daPsiquiatria e da Educação, muda nossosparadigmas e estimula a formação dohomem como pensador e engenheiro deidéias. Abre as janelas da nossa inteligência,estimula-nos a desenvolver a arte de pensare desvenda-nos o complexo funcionamentoda mente humana e da construção dos

pensamentos. Revela-nos que uma pessoa multifocalmenteinteligente desenvolve as funções mais importantes da inteligênciae trabalha com maturidade suas dores e perdas transformandoseus problemas em desafios, destilando sabedoria dos seus errose aprendendo a se colocar no lugar do outro, valorizando acidadania, o humanismo e a democracia das idéias.

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Este livro fala do amor pela vida quepulsa em cada ser humano. Se até hoje suahistória nunca foi contada em um livro, agoraela será , pelo menos em parte. Vocêdescobrirá alguns fatos relevantes que otornaram o maior vencedor do mundo, omais corajoso dos seres, o que mais cometeuloucuras de amor para poder estarvivo.Talvez você não saiba, mas você foiprofundamente “apaixonado” pela vida

desde que o relógio do tempo começou a registrar as fagulhas desua existência. Não é tão simples viver a vida. Às vezes, ela contémcapítulos imprevisíveis e inevitáveis. Mas é possível escrever osprincipais textos de nossas vidas nos momentos mais difíceis denossa existência.

VOCÊ É INSUBSTITUÍVEL(editora Sextante, São Paulo 2002)

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REVOLUCIONE SUAQUALIDADE DE VIDA

(editora Sextante, São Paulo 2002)

Qualidade de vida! Todossonham com ela, mas poucos a alcançam.Todos gostariam de ter um mapa da minapara a felicidade. Só que isso não existe.Tudo que temos são pistas para penetrarno território da emoção, desenvolver nossainteligência e aprender a superar asdificuldades. As pessoas não se dão contadas pequenas mudanças que destroemseus relacionamentos, metas, carreira,saúde física e emocional. O autor nosmostra que a alma humana é um pequeno e infinito mundo ecuidar dele é nossa responsabilidade. Aqui você vai descobrir asferramentas necessárias para tornar-se um líder de si mesmo.

Page 97: Escola da Vida - Augusto Cury -

Para aquisição destes títulos, informe-se:

Bahia(71) 329-0326

Ceará(85) 433-9494

Minas Gerais(31) 3213-7082

Mato Grosso do Sul(67) 721-1675(67) 726-7738

Mato Grosso(65) 531-7192

Pernambuco(81) 3421-3446

Paraná(41) 330-5000

Rio de Janeiro(21) 2628-7148(21) 2288-4498(24) 2233-9000

Santa Catarina(47) 322-9788

São Paulo(11) 289-0811(11) 3145-5788(11) 3833-9172(11) 3931-7270(11) 5576-7362(11) 5081-9333(11) 3649-4600(11) 3768-2956(11) 3846-2544(11) 3107-4333(19) 3236-3610(19) 3459-2000

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