escala cuisenaire e jogos: uma metodologia ......cuisenaire, teve o objetivo de ensinar aos alunos a...
TRANSCRIPT
-
ESCALA CUISENAIRE E JOGOS: Uma metodologia alternativa para
a compreensão das Operações Fundamentais dos Números
Naturais
Euza Shigueko Sugiyama1
Nilton Roberto Cremasco2
Resumo O artigo apresenta o desenvolvimento do Projeto de intervenção pedagógica no período de 2016 e 2017 tendo como público-alvo os alunos do 6º ano do ensino fundamental realizado no Colégio Estadual Anita Aldeti Pacheco em Figueira, Paraná. Ao observar as dificuldades de aprendizagem apresentadas pelos alunos do 6º ano em relação a matemática formal e abstrata, desvinculada de suas origens e necessidades, foi elaborado o projeto com o intuito de apresentar uma proposta pedagógica diferenciada e voltada aos alunos do 6º ano da sala de apoio que não compreendem os conceitos das operações fundamentais dos números naturais, sendo a proposta a utilização e aplicação de materiais didáticos com a Escala Cuisenaire e Jogos matemáticos como: Boliche com garrafa pet, Batata quente, Bingo dos nove números e Trilha do resto. A implementação do projeto de intervenção pedagógica na escola foi desenvolvido com uma turma de 6º ano regular o motivo foi que no início do ano de 2017 não houve distribuição de aula da sala de apoio e não havia certeza se abriria turma no decorrer do ano, abriu turma somente em Abril/2017, com o risco de não ter sala de apoio essa situação levou a alteração do público-alvo em comum acordo com o orientador a aplicar o projeto na sala regular. O professor tem papel importante nesse processo em planejar e orientar essa prática pedagógica. No decorrer da implementação foi possível notar mais envolvimento e participação dos estudantes favorecendo positivamente na compreensão das operações fundamentais com números naturais. Palavras-chave: Matemática. Aprendizagem. Escala Cuisenaire. Jogos matemáticos. Operações fundamentais.
1 INTRODUÇÃO
No ensino fundamental I e II, em determinadas situações pode-se perceber a
insatisfação de alunos e professores com respeito aos conteúdos e a própria
metodologia de ensino na matemática, que para muitos é complicada, chata e não
raras vezes considerada inútil. Essa ideia errônea que os alunos adquirem durante a
vida escolar em relação à matemática prejudica na aprendizagem e ensino, os
métodos os quais já foram submetidos de conteúdos meramente reproduzidos, sem
vínculos e estímulos cria neles uma imagem de uma matéria isolada, indiferente aos
seus interesses.
1 Professora de Matemática da Rede Pública Estadual de Ensino, Colégio Estadual Anita Aldeti
Pacheco - EFM, Figueira, Paraná. E-mail: [email protected] 2 Professor Orientador, Mestre, Departamento Acadêmico de Matemática, Universidade Estadual do
Norte do Paraná. E-mail: [email protected]
-
São comuns queixas e insatisfações de alunos e professores descontentes com o ensino da matemática: “Os professores não sabem ensinar”, “Os alunos não entendem”, “Os métodos de ensino não permitem a compreensão, mas somente a reprodução”. Essas insatisfações e queixas não são recentes, pois o desafio de aprender e ensinar matemática é algo histórico que acompanha a educação. (LACANALLO, 2011, p. 20).
A matemática faz parte do cotidiano das pessoas, as dificuldades no ensino e
aprendizagem de matemática são um desafio da educação, requer a busca de
novas estratégias, métodos, propostas pedagógicas, materiais e recursos afim de
apresentar aos alunos uma matemática que pode ser compreensível, presente em
todas as situações. Para Selva e Camargo (2009) é necessário propostas
pedagógicas e recursos didáticos para auxiliar os professores e alunos quando
surgem dificuldades no ensino em sua prática docente e na aprendizagem dos
alunos em relação à construção do conhecimento matemático.
Lorenzato (2006) destaca a importância dos materiais didáticos na prática
pedagógica e desenvolvimento dos alunos e também define o papel fundamental do
educador em planejar e orientar a utilização desse recurso.
O trabalho foi desenvolvido nas aulas de matemática para torna-las mais
estimulantes, incentivar a autoestima e perseverança, destacar a importância da
utilização de jogos e de materiais manipuláveis na construção dos conceitos das
operações fundamentais com números naturais, confeccionar o material a ser
utilizado juntamente com os alunos para estimular desde o início a interação com a
matemática e o cálculo.
Na implementação do projeto de intervenção pedagógica foram necessárias
algumas adequações no decorrer do seu desenvolvimento, alteração do público-alvo
do 6º ano da sala de apoio para 6º ano da sala do ensino regular, o motivo foi que no
início do ano de 2017 não houve distribuição de aula da sala de apoio e a incerteza
se abriria turma no decorrer do ano, abriu turma somente em Abril/2017, com o risco
de não ter sala de apoio essa situação levou a alteração do público-alvo em comum
acordo com o orientador a aplicar o projeto na sala regular.
O desenvolvimento da produção didático pedagógica com a Escala
Cuisenaire e jogos matemáticos motivou os alunos que foram participativos,
apresentaram mais interesse em aprender matemática, melhorou a interação entre
os alunos e favoreceu a compreensão do conteúdo trabalhado, os resultados serão
descritos mais adiante.
-
2 MATERIAL E MÉTODO
A implementação do projeto de intervenção pedagógica iniciou-se com a aplicação
de uma avaliação diagnóstica aos 30 alunos do 6º ano do ensino fundamental do
Colégio Estadual Anita Aldeti Pacheco em Figueira, Paraná para verificar os
conhecimentos prévios dos mesmos, que foi analisada juntamente com avaliação
final ao termino da implementação.
O projeto tem o objetivo de auxiliar no processo de ensino e aprendizagem
das operações fundamentais com números naturais a partir da utilização de
materiais manipuláveis Escala Cuisenaire e os jogos didáticos: Boliche com garrafa
pet, Batata quente, Bingo dos nove números, Trilha do resto.
A implementação do projeto foi dividida em módulos e momentos, sendo o
primeiro módulo com 5 momentos sobre a Escala Cuisenaire tendo Hora da
conversa, Apresentação da Escala Cuisenaire, Familiarização e Revisão dos
conceitos de ordem e classe numérica, Conceito das operações fundamentais e
passo a passo da resolução das operações com números naturais com a utilização
das Barras Cuisenaire. E o segundo módulo constitui-se dos jogos matemáticos
tendo a confecção do material e realizados os jogos como atividades
complementares em relação ao que os alunos aprenderam no módulo anterior sobre
as operações fundamentais com números naturais.
2.1 TRABALHANDO COM OS MATERIAIS DIDÁTICOS – A ESCALA CUISENAIRE
O módulo 1 iniciou-se com o Primeiro momento – Hora da conversa constitui-
se de uma interação com troca de ideias com os alunos afim de verificar qual era o
conhecimento deles em relação ao material didático e sobre a Escala Cuisenaire, o
material didático os alunos conheciam e até citaram exemplos. Para esclarecer
melhor o que é material didático foi apresentado aos alunos a definição de acordo
com Lorenzato (2006, p. 18) "Material didático (MD) é qualquer instrumento útil ao
processo de ensino-aprendizagem. (...)”
Mas em relação a Escala Cuisenaire apenas um aluno disse já ter visto sobre
esse material e também foi realizada a apresentação do Projeto de intervenção
pedagógica ESCALA CUISENAIRE E JOGOS: Uma metodologia alternativa para a
-
compreensão das Operações Fundamentais dos Números Naturais.
No Segundo momento Apresentação da Escala Cuisenaire foi descrito a
história, seu criador, o motivo que influenciou o desenvolvimento desse material,
suas características, foi levado aos alunos uma imagem e o material manipulável a
Escala Cuisenaire em que os alunos puderam ter contato com as barras e conhecê-
la, também foi apresentado a representação do valor numérico de cada barra, em
que os alunos registraram em seus cadernos conforme descrito em Sugiyama
(2016).
No terceiro momento Familiarização, os alunos receberam um papel sulfite,
régua, tesoura e lápis para eles primeiramente praticar a coordenação motora,
noções de medidas, desenho e recorte. A confecção pelos alunos foi participativa e
demonstrou cooperação entre eles, aqueles com facilidade se dispuseram a auxiliar
os alunos com dificuldade no manuseio dos materiais necessários para construção
da Escala. Depois foi distribuído o material de EVA com as cores: Branco, vermelho,
verde-claro, lilás, amarelo, verde-escuro, preto, castanho, azul e laranja; Tesoura;
Régua e Lápis para ser confeccionada a Escala Cuisenaire que foi utilizada nas
atividades propostas no decorrer da implementação.
Figura 1 – Estudantes realizando a confecção da Escala Cuisenaire. Fonte: A autora
Ainda nesse momento os alunos realizaram uma atividade impressa de 6
páginas com o intuito deles conhecerem melhor a representação do valor numérico
de cada barra em relação a cor, e ao tamanho. As atividade descrita estão contidas
em Sugiyama (2016) e foram realizadas para que os alunos familiarizassem com a
Escala Cuisenaire.
O quarto momento Revisão dos conceitos de ordem e classe numérica foi
começado a partir de uma conversa com os alunos para verificar o conhecimento
deles em relação aos conceitos de ordem e classe numérica com algumas
perguntas, por exemplo: “Vocês conhecem o sistema numérico decimal?” e “Aonde
utilizamos esse sistema numérico?” e sobre ordem e classe, no qual alguns alunos
-
alegaram que não lembravam desses conceitos. A partir dessa interação na aula
houve uma revisão sobre as noções de ordens e classes reforçando que a posição
do algarismo no número e nas operações fundamentais é muito importante. Foram
citados exemplos e realizadas atividades no caderno. Para facilitar o processo das
operações fundamentais foi utilizado uma tabela (em anexo na produção didática) da
ordem dos números primeiramente trabalhada com números e no momento seguinte
utilizada como auxiliar as operações de adição e subtração realizadas com a Escala
Cuisenaire.
O quinto momento Conceito das operações fundamentais e passo a passo da
resolução das operações com números naturais com a utilização das Barras
Cuisenaire, teve o objetivo de ensinar aos alunos a utilizar a Escala Cuisenaire para
resolver as operações de adição, subtração, multiplicação e divisão com números
naturais afim de construir conceitos básicos de matemática.
A primeira operação a ser trabalhada foi a adição relembrado o conceito e
definição e então explicado no quadro negro o passo a passo da operação com as
barras da Escala Cuisenaire conforme Sugiyama (2016), os alunos já com os
materiais foram fazendo o passo a passo juntamente com a professora, foi
importante o uso da tabela auxiliar da ordem dos números pois assim os estudantes
resolviam o cálculo e visualizavam a soma em cada ordem facilitando a
compreensão. Uma pratica durante o projeto que auxiliou na implementação foi
solicitar aos estudantes a irem até o quadro negro demonstrar o algoritmo das
operações com a Escala Cuisenaire, essa alternativa colaborou para a participação
de todos.
Os estudantes foram ensinados a resolver as operações de adição com a
utilização do material manipulável conforme passo a passo descrito em Sugiyama
(2016), na adição por exemplo dos números 3+7, é necessário dispor as barras
Cuisenaire uma embaixo da outra conforme a operação solicitada, de acordo com a
ordem das classes em cada parcela, inicia-se o processo de resolução pela ordem
da unidade e fazendo a medida para verificar o resultado a partir da barra laranja
(valor correspondente 10), nota-se visualmente que ambas tem o mesmo tamanho e
são equivalentes, sendo o resultado 10. Quando a adição tem parcela com mais de
um algarismo a operação é armada com as barras correspondente a cada algarismo
dos números das parcelas e utilizado a tabela auxiliar da ordem dos números, o
primeiro passo é iniciar a operação pela ordem da unidade e depois as demais
-
ordens. Na adição sempre utilizamos a maior barra laranja (valor correspondente 10)
para facilitar a verificação a partir da equivalência entre as barras para soma. Outro
ponto importante é que os alunos conseguem ver quando tem uma barra
correspondente a 10 na ordem das unidades o que significa uma dezena e por isso
é substituída a barra laranja (valor correspondente 10) e disposta uma barra branca
(valor correspondente 1) na ordem das dezenas (o chamado “vai um 1”.) e fica o 0
na ordem da unidade.
Após ensinar aos alunos a utilizar as barras na adição eles realizaram
atividades impressas proposta em Sugiyama (2016) que depois foram expostas no
mural da escola para exposição dos trabalhos.
Os educandos apresentaram mais facilidade em aprender as operações de
adição com a Escala Cuisenaire, descreveram que gostaram das atividades
coloridas e depois expostas, e também elogiaram o material manipulável.
Figura 2: Estudantes realizando as atividades com a Escala Cuisenaire Fonte: A autora
Terminadas as atividades de soma, iniciou-se o ensino das operações de
subtração com a Escala Cuisenaire relembrado primeiramente o conceito e definição
de subtração e depois ensinado o passo a passo com auxilio do recurso o quadro
negro de acordo com Sugiyama (2016): Na subtração, por exemplo, dos números 9-
5, é necessário dispor as Barras Cuisenaire lado a lado, a barra azul
(correspondente a 9) e a barra amarela (correspondente a 5), e verificar qual a barra
que completa o tamanho que falta, que no caso será a barra roxa (correspondente a
4), esse é o resultado da subtração. Na subtração dos números com mais de um
algarismo, é necessário dispor as Barras Cuisenaire conforme a operação solicitada,
de acordo com a ordem das classes tanto no minuendo quanto no subtraendo uma
embaixo da outra utilizando a tabela auxiliar da ordem dos números, e depois
efetuar a subtração conforme descrito acima em cada ordem, utilizando as barras
Cuisenaire é possível observar quando o subtraendo for maior que o minuendo
-
temos que retirar uma barra (correspondente a 1) da dezena, e passar para unidade,
como uma dezena corresponde a 10 unidades colocamos a barra laranja
(correspondente a 10) na posição da unidade com isso eles compreendem melhor o
popular “empresta 1”. Os alunos tiveram mais dificuldades na subtração foi
necessário retomar algumas vezes os conceitos e repetir o passo a passo junto com
eles e depois foram realizadas as atividades impressas proposta em Sugiyama
(2016).
O passo a passo da multiplicação pode ser resolvido de dois modos, foram
relembrados os conceitos e definição de multiplicação e iniciou-se a apresentação
desses modos com a Escala Cuisenaire no quadro negro juntamente com os
estudantes, está descrito em Sugiyama (2016): No primeiro modo a resolução é feita
repetindo a quantidade de barras solicitada na operação e somadas, por exemplo,
2x6 duas vezes a barra verde escuro (correspondente a 6) somadas. Como a ordem
dos fatores não altera o produto, pode também 2x6 ser efetuada repetindo 6 barras
vermelhas (correspondente a 2) e depois soma-las conforme o passo a passo da
adição.
No segundo modo pode ser resolvida a multiplicação, por exemplo, 2x6 pela
medida da área formada pelas barras correspondentes aos números da operação.
Então utiliza-se a barra vermelha (correspondente a 2) perpendicular a barra verde
escura (correspondente a 6). O resultado será a soma da quantidade de barras que
preencher o espaço formado, sem considerar as barras iniciais da operação. Pode-
se notar que os alunos gostaram mais desse modo. Na sequencia foram aplicadas
atividades impressas sobre multiplicação contidas em Sugiyama (2016).
Figura 3: Estudantes realizando atividades com a Escala Cuisenaire. Fonte: A autora.
O passo a passo da divisão teve inicio com a revisão do conceito e definição,
-
e foi apresentado no quadro negro como efetuar essa operação com a Escala
Cuisenaire, essa operação foi ensinada com números de valores pequenos e exatos
pois o projeto aborda apenas operações fundamentais com números naturais.
Conforme consta em Sugiyama (2016): na divisão por exemplo dos números 10÷5,
pegamos as barras correspondente aos números da operação a barra laranja
(correspondente a 10) e a barra amarela (correspondente a 5), e verifica-se quantas
vezes a barra amarela cabe no espaço que mede a barra laranja. Cabem 2 barras
amarelas, sendo o resultado 2. Em seguida foram aplicadas atividades impressas
sobre divisão contidas em Sugiyama (2016).
2.2 MÓDULO 2: TRABALHANDO COM OS MATERIAIS DIDÁTICOS – JOGOS
MATEMÁTICOS
Brincar é a descrição de uma atividade não estruturada, que gera prazer, que
possui um fim em si mesma e que pode ter regras implícitas ou explicitas. O jogo
como objeto, será caracterizado como algo que possui regras explicitas e pré-
estabelecidas com fim lúdico, entretanto, como atividade será sinônimo de
brincadeira. (CORDAZZO, VIEIRA 2007, p. 4).
Levar os jogos, para as aulas, como um recurso na educação matemática tem
uma intenção de contribuir com a aprendizagem, propiciar aos alunos situações
diferenciadas das aulas convencionais e tradicionais, abstrair a matemática presente
nas atividades em forma de brincadeiras.
Através dos jogos matemáticos os educandos praticam situações que
estimulam a utilização de símbolos e aprendem a pensar por analogias relacionam e
compreendem os significados dos conteúdos contidos nos jogos. Ao relacionar,
identificar, analisar, planejar e seguir as regras torna-se crítico e capaz de entender e
explicar suas práticas, agir e pensar de forma lógica e estratégica.
Por meio dos jogos as crianças não apenas vivenciam situações que se
repetem, mas aprendem a lidar com símbolos e a pensar por analogia (jogos
simbólicos): os significados das coisas passa a ser imaginados por elas. Ao criarem
essas analogias, tornam-se produtoras de linguagens, criadoras de convenções,
capacitando-se para se submeterem a regras e dar explicações. (BRASIL, 2000, p.
48).
Em condições favoráveis, os jogos na educação, na escola, com preparação
-
previa pelo educador, em ambiente familiar sem pressão e perigo proporciona
condições para aprendizagem e participação, tem-se mais chances de ousar,
conduzir, decidir, criar estratégias sem receio de errar ou ser punido.
O jogo ao ocorrer em situações sem pressão, em atmosfera de familiaridade,
segurança emocional e ausência de tensão ou perigo proporciona condições para
aprendizagem das normas sociais, em situações de menor risco. A conduta lúdica
oferece oportunidades para experimentar comportamentos que, em situações
normais, jamais seriam tentados pelo medo do erro ou punição. (KISHIMOTO, 1998,
p. 140 Apud CORDAZZO; VIEIRA, 2007, p. 5)
Brasil (2000) defende que os jogos tem um aspecto relevante é o desafio
genuíno que eles provocam nos alunos que gera interesse e prazer. Dessa forma é
importante que os jogos façam parte da cultura escolar, e o professor fica
responsável de analisar e avaliar a potencialidade educativa dos diferentes jogos e o
aspecto curricular que se deseja desenvolver. Os jogos juntamente com os alunos
foram confeccionados, ensinadas as regras, apresentados os objetivos, foi planejado
com o intuito de ser realizado como atividade complementar para melhorar a
compreensão das operações fundamentais dos números naturais já realizadas com
a Escala Cuisenaire. Foram desenvolvidos os jogos: Boliche com garrafa pet, Batata
quente, Bingo dos nove números e Trilha do resto.
A batata quente foi confeccionada com os materiais: papel cartão, cartolina e
tesoura, os estudantes foram participativos e demonstraram interesse em construir o
material do jogo. As instruções de como jogar constam em Sugiyama (2016), a
implementação conforme já citado acima ocorreu na turma do 6º ano regular com 30
alunos diferente do planejamento que seria para sala de apoio com menos alunos,
essa atividade tornou-se um pouco tumultuada devido a quantidade de alunos e
alguns estudantes que se empolgavam e jogavam a “batata quente” longe o que
interrompia o jogo, que tinha que ser iniciado novamente. Contudo, o objetivo do
jogo foi alcançado, os educandos realizaram as operações no decorrer do jogo e se
divertiram, se apresentaram empolgados, todos da turma participaram e
demonstraram interesse, envolvimento e empenho para resolver de forma correta as
operações para continuar no jogo e ganhar.
No bingo dos nove números os alunos construíram a tabela 3x3 em folha A4
com caneta e régua e anotava-se 9 números em cada parte da tabela, depois foram
instruídas as regras e os objetivos pretendidos, eram jogados dois dados e os
-
valores de cada dado era utilizado na operação e os estudantes poderiam utilizar as
quatro operações que resultassem nos números escrito no inicio na tabela, quem
preenchia primeiro toda a tabela era o vencedor. Esse jogo teve resultados positivos,
estimulou a criatividade, o pensamento rápido e organizado, a concentração,
contribuiu para que eles percebessem as várias possibilidades de resultados das
quatro operações fundamentais com números naturais a partir de analogias.
No jogo a trilha do resto os alunos foram organizados em duplas para
confecção do material utilizou-se EVA, régua, pincel atômico, 1 dado, tampinhas de
garrafa pet de cores diferentes para peões, após a construção foi informado as
regras do jogo conforme proposto em Sugiyama (2016), e os objetivos, sendo alguns
deles auxiliar a aprendizagem das operações de multiplicação e divisão, observar
regularidades e discutir noções de divisibilidade, perceber a função do resto e do
zero na divisão. Pode-se notar que os alunos gostaram da atividade, como a turma é
do ensino regular alguns demonstraram facilidade no desenvolvimento do jogo
efetuaram o cálculo mental e outros utilizaram o caderno para fazer as operações e
descobrir os resultados necessários para o desenvolvimento do jogo, os estudantes
com mais facilidade foram cooperativos com os que apresentavam dificuldade
auxiliando-os nas partidas.
Figura 4: Estudantes confeccionando e participando dos jogos Fonte: A autora.
Na implementação do projeto não foi possível a realização do jogo boliche
com garrafas pet, o motivo foi que ao ser alterado o público alvo o que tornou o
desenvolvimento do trabalho mais amplo, com maior quantidade de participantes
sendo preciso uma demanda de tempo maior em cada etapa para ensinar, atender e
auxiliar os 30 alunos. O tempo é fundamental na realização de toda a
implementação da prática pedagógica, mesmo com o cronograma várias vezes foi
necessário retomar os conteúdos e atividades da aula anterior, algumas vezes até
mesmo reiniciar a atividade relembrando o que já tinha sido apresentado
anteriormente, algumas retomadas do passo a passo da subtração com a utilização
-
da Escala Cuisenaire em que os estudantes demonstraram dificuldades em como
efetuar as operações utilizando as barras devido a defasagem na compreensão
sobre a ordem das classes numéricas no algoritmo e reforços nas definições e
conceitos das operações fundamentais com números naturais durante a
implementação.
3 AVALIAÇÃO
Os estudantes foram avaliados durante toda a implementação, foram
considerados a participação nas atividades, o desenvolvimento de cada momento do
projeto, observado se os alunos compreenderam melhor o conteúdo proposto
desenvolvido a partir dos materiais didáticos descritos no projeto de intervenção.
A avaliação faz parte do processo ensino-aprendizagem possibilita
acompanhar e verificar o desempenho dos alunos, auxilia e permite investigar se
novas propostas pedagógicas apresentam resultados positivos favorecendo a
aprendizagem, também contribui para o professor e para o aluno, uma vez que é
possível observar a partir da avaliação em seus vários modos de ser praticada, as
dificuldades dos alunos e refletir sobre a prática pedagógica.
No processo educativo, a avaliação deve se fazer presente, tanto como meio de diagnóstico do processo ensino-aprendizagem quanto como instrumento de investigação da prática pedagógica. Assim a avaliação assume uma dimensão formadora, uma vez que, o fim desse processo é a aprendizagem, ou a verificação dela, mas também permitir que haja uma reflexão sobre a ação da prática pedagógica. (PARANÁ, 2008, p. 31).
No projeto de intervenção pedagógica foram realizadas duas avaliações em
momentos distintos, a primeira diagnostica, antes da implementação do projeto afim
de verificar a compreensão dos alunos em relação as operações fundamentais com
números naturais, em que apenas 46,6 % dos estudantes realizaram corretamente
acima de 50% das atividades contidas na avaliação diagnóstica. Após concluído os
módulos do projeto aplicou-se a segunda avaliação que demonstrou um
considerável aumento no percentual de acertos nas operações realizadas pelos
alunos em comparação com a diagnostica, conforme pode-se observar pelo gráfico.
-
Gráfico 1: Quantidade de alunos que obtiveram resultados maior igual a 50% corretos em cada avaliação
Os resultados apresentados pelos alunos foram satisfatórios em todo o
processo de avaliação, tiveram melhor desempenho nas atividades desenvolvidas
juntamente com material didático a Escala Cuisenaire e os jogos matemáticos.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desde o início do projeto de intervenção pedagógica em todas as suas etapas
e desenvolvimento possibilitou novas experiências, a busca de novas metodologias,
vivenciar novas práticas, proporcionou um tempo para estudar, refletir e perceber as
práticas pedagógicas passadas e melhorar a partir dessa percepção, acrescentou na
formação em conhecimentos, métodos e materiais.
Os estudantes são parte de um sistema educacional novo e alternativo, em
época diferente do ensino tradicional em que se as práticas não se renovarem
dificilmente será possível alcançar melhorias no processo de ensino-aprendizagem.
Para implementação do projeto na sala do ensino regular é necessário
alterações e adaptações em relação ao tempo, quantidade de estudantes e conciliar
o desenvolvimento com os demais conteúdos matemáticos, o projeto ESCALA
CUISENAIRE E JOGOS: Uma metodologia alternativa para a compreensão das
Operações Fundamentais dos Números Naturais na integra foi elaborado para a sala
de apoio.
Utilizar uma prática pedagógica diferenciada é desafiador, requer mais
determinação, trabalho e estudo, pois o processo difere do tradicional é necessário
pesquisa, análise, planejamento dos objetivos pretendidos, dos materiais a serem
46,60%
76,60%
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
AVALIAÇÃODIAGNOSTICA
AVALIAÇÃOFINAL
RESULTADO DAS AVALIAÇÕES APLICADAS ANTES E APÓS
IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA
PORCENTAGEM DOSALUNOS QUEOBTIVERAMRESULTADO CORRETOMAIOR IGUAL A 50%EM CADA AVALIAÇÃO
-
utilizados, do tempo, do púbico alvo, dos métodos, da avaliação, entre outros.
Contudo, utilizar novos métodos é compensador, pode-se notar bons resultados em
relação a aprendizagem e uma redução nas dificuldades e no preconceito que os
alunos tem em relação a matemática.
Na implementação do projeto de intervenção pedagógica os objetivos foram
satisfatórios favoreceu a compreensão das operações fundamentais de matemática
com números naturais através dos materiais manipuláveis e dos jogos didáticos
propostos no projeto, foi possível notar no desenvolvimento do trabalho que os
alunos apresentaram mais interesse, motivação, participação, prazer, cooperação
entre eles, o material manipulável possibilita o aluno vivenciar e visualizar melhor a
matemática, diminui a resistência que eles demonstram quando a disciplina é
apresentada de maneira formal e abstrata distante da realidade.
5 REFERÊNCIAS
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Introdução. Ensino Fundamental. – 2. Ed. – Rio de Janeiro: DP&A, 2000. CORDAZZO, S. T. D.; VIEIRA, M. L. A Brincadeira e suas implicações nos processos de aprendizagem e de desenvolvimento. Revista Estudos e Pesquisas em Psicologia, v. 7, n. 1-9, 2007. Disponível em: < http://www.revispsi.uerj.br/v7n1/artigos/html/v7n1a09.htm> LACANALLO, L. F. O jogo no ensino da matemática: contribuições para o desenvolvimento do pensamento teórico. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Estadual de Maringá, 2011. Disponível em: LORENZATO, S. O laboratório de ensino de matemática na formação de professores. Coleção formação de professores, Campinas, SP: Autores associados, 2006. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Diretrizes curriculares da educação básica matemática. Curitiba: SEED, 2008. SELVA, K. R; CAMARGO, M. O jogo matemático como recurso para a Construção do conhecimento. Disponível em:
-
SUGIYAMA, E. S. ESCALA CUISENAIRE E JOGOS: Uma metodologia alternativa para a compreensão das Operações Fundamentais dos Números Naturais, voltado aos alunos de 6º ano do Colégio Estadual Anita Aldeti Pacheco no Município de Figueira – PR. Projeto de Pesquisa – Caderno Pedagógico. Secretaria de Estado da Educação. Universidade Estadual do Norte do Paraná. Programa Desenvolvimento Educacional. 2016.