Deuteronômio 4.5-8

Introdução

→ A todo momento o mundo nos diz como devemos viver:

E nos diz como viver para vivermos bem, para sermos felizes.

→ Nos diz o que devemos comer, quando e como, que façamos exercícios, como devemos escolher e realizar nosso trabalho, como devemos escolher parceiros amorosos, qual a atitude mais adequada para com a vida.

→ Constantemente somos apresentados a um conjunto vasto de normas, regras e leis sobre como devemos nos orientar em busca de uma vida melhor.

As leis descritas nas Escrituras, por outro lado, são vistas como antipáticas, como se restringissem a liberdade humana e as possibilidades de fruição da vida, como se fossem exteriores à própria vida.

1ª Transição

→ Que tipo de relação há entre a Lei de Deus e a nossa vida?

1ª Leitura

Dt 4.5-9 “Eis que vos tenho ensinado estatutos e juízos, como me mandou o SENHOR, meu Deus, para que assim façais no meio da terra que passais a possuir. Guardai-os, pois, e cumpri-os, porque isto será a vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos povos que, ouvindo todos estes estatutos, dirão: Certamente, este grande povo é gente sábia e inteligente. Pois que grande nação há que tenha deuses tão chegados a si como o SENHOR, nosso Deus, todas as vezes que o invocamos? E que grande nação há que tenha estatutos e juízos tão justos como toda esta lei que eu hoje vos proponho?”

Elucidação

→ Deuteronômio: seu conteúdo é composto de exortações, minúcias da lei, material litúrgico, organizado em três grandes discursos...

a. A memória da saída do Egito e da campanha até a terra de Moab, sob a

liderança de Moisés, com ênfase sobre o cuidado

b. Uma vez trazida à memória o cuidado poderoso de Deus, Moisés evoca

as determinações do pacto – a obediência

c. Esta sessão se inicia com a expressão “ouve!” à qual se atrela “para que

vivais”, completando a série: lembrai → sabei → cumpri → vivei.

→ Neste livro, Moisés recomenda a observância da lei de Deus, melhor designada como instrução [torat], da qual fazem parte as dez palavras [dabar].

Proposição

As “dez palavras” ou os mandamentos do SENHOR produzem vida (AT). Por três

razões (ST) devemos obedecer (PC): (1) porque precisamos de instrução, (2) porque ela

é sábia e justa, e (3) porque constituem nossa intimidade com Deus.

Ora, (a) Considerando que precisamos de instrução

(b) Que a lei é sábia e justa

(c) E que ela envolve a intimidade com Deus

Logo, ela produz a vida em/com Deus!

2ª Transição

→ Como, especificamente, cada aspecto da instrução se refere à vida?

Primeiro Ponto: possuir uma nova terra, ter uma nova vida (v. 5)

→ O texto nos convida a considerar, primeiramente, que entramos em uma nova vida, de muitos contrastes com a vida anterior

– Israel vivia em uma terra que era possessão de outro e lá vigoravam as leis de outro. Submetido a outro, Israel não era livre, mas escravo

– Em diversos lugares as Escrituras nos mostra situações em que Deus nos chama para uma nova terra e isso produz como exigência uma nova vida

Gn 12.1,2 [Ora, disse o SENHOR a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção!]

→ Uma nova vida é sempre acompanhada de uma nova norma de vida, como aconteceu a cada um dos que foram chamados a essa novidade.

– Como ocorreu ao próprio Moisés, como ocorreu as pessoas a quem Jesus chamou: Zaqueu, Pedro, Paulo.

– A liberdade exige e obriga a uma nova orientação da vida.

Primeira Ilustração: [Jo 5.8,9]: “Então, lhe disse Jesus: Levanta-te, toma o teu leito e anda. Imediatamente, o homem se viu curado e, tomando o leito, pôs-se a andar. E aquele dia era sábado.”

Primeira Repetição: A novidade da vida exige e obriga a um novo mandamento para a vida.

Primeira Aplicação: Que nós compreendamos então que não somos livres para andarmos como se fôssemos escravos ou que não fomos curamos para andarmos como doentes. Nossa vida demanda um novo rumo.

Segundo Ponto: a instrução é sábia e justa (vv. 6,8)

→ Não se pode encontrar em nenhuma filosofia nenhum dos princípios identificados àqueles pelos quais podemos associar a prosperidade à boa consciência que não tenha expressão nas Escrituras.

– Prudência, temperança, coragem, honestidade etc.

→ Vai além disso, no entanto. Esta é a sabedoria de quem consegue conduzir a sua própria vida e os seus negócios de modo a leva-los ao sucesso. Por isso, se diz do que do que medida na lei

Sl 1.3 [Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem sucedido]

→ Do mesmo modo, o genuíno cristianismo, historicamente, sempre esteve associado a importantes mudanças sociais e produção de instituições justas.

→ A sabedoria e justiça da lei de Deus consistem na capacidade outorgada a alguém de expressar o caráter do próprio Deus em sua vida

– Por essa razão, pela sabedoria e justiça de suas ações, mediante o cumprimento da instrução de Deus, daremos testemunho de quem Ele é

Segunda Ilustração: [Mt 5.14-16] “Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na casa. Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus”.

Segunda Repetição: Sabedoria e justiça, que consistem na expressão do caráter de Deus, são características da instrução e deve produzir vida

Segunda Aplicação: É preciso entender que meditando na lei encontraremos a Deus e praticando-a expressaremos sua sabedoria e justiça.

Terceiro Ponto: a instrução é correlata da intimidade com Deus (v. 7)

→ Há uma outra diferença fundamental entre a lei em Israel e os outros códigos contemporâneos (segundo Sarna)

Ideia de aliança:

i. (a) nos outros códigos, há uma disjunção fundamental entre o caráter do

legislador e os seus signatários; (b) já os mandamentos expressam o

caráter de Deus.

Disso decorre como motivação para o cumprimento das dez palavras:

ii. (a) não o temor da punição, como nos outros códigos; (b) mas a bênção

da comunhão pactuada e já iniciada graciosamente por Deus.

→ O sentido específico pelo qual a intimidade com Deus é uma razão para que cumpramos as Suas instruções é porque isso O agrada, e O mantém próximo

– A intimidade consiste em conhecer e ser conhecido de alguém, e, quanto a Deus, isso passa por cumprir a Sua vontade

1Jo 2.3,4 [Ora, sabemos que o temos conhecido por isto: se guardamos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu o conheço e não guarda os seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade.]

– O melhor modelo de intimidade que conhecemos e podemos conhecer é o próprio Jesus Cristo, que cumpriu toda a instrução de Deus

→ A lei promove a intimidade na medida em que:

– nos revela o que é a vontade de Deus e como agradá-Lo;

– revela em nós as poluições pecaminosas durante o autoexame pela referência à santa lei de Deus;

– freia em nós os desejos pecaminosos e nos auxilia a santificação;

– assim também aumenta nossa consciência do pecado, de nossa pequenez, da grandeza, santidade e misericórdia de Deus;

– aumenta a nossa consciência da necessidade de Cristo e da graça;

Terceira Ilustração: [Jo 10.30] “Eu e o Pai somo um”

Terceira Repetição: A vida cristã não pode ter a sua origem em outro lugar senão numa vida de intimidade com Deus, o que decorre do cumprimento da lei.

Terceira Aplicação: Assim, busquemos a verdadeira intimidade com Deus.

Discriminação:

Ao crente,

É preciso colher todas as bênçãos que a observação das palavras e da instrução de Deus podem oferecer para o crescimento espiritual e para o benefício da consciência

Ao descrente,

É preciso servir-se do testemunho da lei para o convencimento acerca do pecado, e para o arrependimento, e para a conversão a Cristo, em quem a lei ganha eficácia para levar a salvação.

Conclusão: nossa vida deve ser efetivamente transformada pela instrução

→ Não esqueçamos ser obra da graça de Deus também a obediência

Ez 36.27 [Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis]

– por isso, ansiosamente, desejemos a intimidade com Deus;

– e diligentemente nos empenhemos a encontrá-la em nossa vida devocional, em produzi-la pela submissão de nossos corpos e mentes