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MARIA DO CARMO PEREIRA DE SOUZA EQUAÇÕES OBTIDAS A PARTIR DAS LEIS DE CONSERVAÇÃO PARA DIMENSIONAMENTO DE DRENOS MOSSORÓ/RN 2013

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MARIA DO CARMO PEREIRA DE SOUZA

EQUAÇÕES OBTIDAS A PARTIR DAS LEIS DE CONSERVAÇÃO PARA

DIMENSIONAMENTO DE DRENOS

MOSSORÓ/RN

2013

MARIA DO CARMO PEREIRA DE SOUZA

EQUAÇÕES OBTIDAS A PARTIR DAS LEIS DE CONSRVAÇÃO PARA

DIMENSIONAMENTO DE DRENOS

Dissertação apresentada à Universidade

Federal Rural do Semi-Árido, como parte das

exigências para obtenção do título de Mestre

em Irrigação e Drenagem.

Orientador: Prof. D. Sc. Walter Martins Rodrigues

Co-orientador: D. Sc. Sérgio Luiz A. Levien

MOSSORÓ/RN

2013

MARIA DO CARMO PEREIRA DE SOUZA

EQUAÇÕES OBTIDAS A PARTIR DAS LEIS DE CONSERVAÇÃO PARA

DIMENSIONAMENTO DE DRENOS

Dissertação apresentada à Universidade

Federal Rural do Semi-Árido, como parte das

exigências para obtenção do título de Mestre

em Irrigação e Drenagem.

Aprovada pela banca examinadora em: 05/03/2013

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________

Prof. D. Sc. David Armando Zavaleta Villanueva - UFRN

Conselheiro

____________________________________________

Prof. D. Sc. Vladimir Batista Figueirêdo - UFERSA

Conselheiro

_____________________________________________

Prof. D. Sc. Sérgio Luiz Aguilar Levien - UFERSA

Co - Orientador

________________________________________________

Prof. D. Sc. Walter Martins Rodrigues - UFERSA Orientador

OFEREÇO

Ao professor Walter Martins Rodrigues, pela

orientação, dedicação, amizade e

companheirismo.

DEDICO

Ao meu esposo Antônio Ronaldo

Gomes Garcia e aos meus filhos

Inácio Antônio e Lara que são

meus amores.

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a Deus, por tudo que conquistei, por tudo que sou, e pelo dom de vida.

Aos meus pais, Felisberto Ferreira de Miranda e Diomara P. de Souza pela vida, pelo exemplo

de pessoas de bem que são, e cujos passos são um caminho a seguir.

À minha mãe, Maria Rosa, pelo apoio indispensável de suas preces, por ser meu bálsamo nas

horas difíceis e pelo amor e carinho sempre presentes.

Ao meu esposo Ronaldo, por tudo que ele fez aos meus filhos Inácio Antônio e Lara, que são

minha grande paixão e o maior presente que Deus me deu.

Ao meu co-orientador Sérgio Luiz Aguilar Levien, pelos conhecimentos transmitidos, pela

orientação, dedicação e paciência com que sempre me tratou.

Ao meu orientador professor Walter Martins Rodrigues, pela orientação, dedicação e

companheirismo.

Aos professores, membros da banca, D. Sc. David Armando Zavaleta Villanueva e D. Sc.

Vladimir Batista Figueirêdo pelas valiosas contribuições ao nosso trabalho.

Ao professor então coordenador do curso, José Francismar de Medeiros, por acreditar em

mim, ao atual coordenador Professor Rafael Oliveira Batista pelo apoio e a secretária do curso

Maria pela delicadeza e simpatia com que trata a todos.

Aos professores Celsemy Eleutério Maia, Francisco de Queiroz Porto Filho, Jorge Mamede,

Luiz César de A. L. Filho, José Francismar de Medeiros, Manoel Januário e Sérgio Luiz A.

Levien, pela atenção que sempre me deram.

Aos meus colegas de turma, André Herman, Antônio Everton, Celso Mariano, Fabrícia

Gratyelli, Giliard Freire, Herlon Bruno, Murilo Anderson, Wesley Santos, pelo

companheirismo e amizade. E um agradecimento especial a Herlon Bruno Ferreira

Barreto pela ajuda em todos os momentos necessários (valeu seu Zé). Enfim a todos os

colegas do curso.

À universidade Federal Rural do Semi-Árido, pela oportunidade de realizar o curso.

A CAPES pelo auxilio financeiro durante a realização deste trabalho.

A todos os familiares e amigos, pela convivência e ajuda. Em especial quero agradecer

ao amigo Odacir Almeida Neves pela ajuda preciosa. A todo o pessoal do CITED pela

amizade e companheirismo nos momentos difíceis. E a todos aqueles que de alguma

forma contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste trabalho os meus

sinceros agradecimentos.

RESUMO

SOUZA, Maria do Carmo Pereira de. Equações de dimensionamento de drenos

associados á simulação e ajuste das leis de conservação. 2013. 65 p. Dissertação

(Mestrado em Irrigação e Drenagem) – Universidade Federal Rural do Semi-Árido

(UFERSA), Mossoró, 2013.

Os modelos matemáticos para dimensionamento e espaçamento de drenos em

regime variável têm mostrado bom desempenho, utilidade e limitações, pois modelo é

apenas uma ferramenta para apoiar decisões; e visam se aproximar ao máximo das

condições físicas reais de campo. Neste trabalho obteve-se uma expressão algébrica

para o modelo de Dumm (1964), onde descreve suas soluções por meio de algoritmo

geométrico. Utilizaram-se as técnicas de identificação de padrões potenciais,

hiperbólicos, lineares e exponenciais por meio de representações em gráficos monolog e

dilog para definir estratégias de ajuste pela técnica dos mínimos quadrados, neste

sentido foram analisados diversos modelos, e identificou-se que os de tipos

(

) e

(

) (

) ajusta muito bem a razão entre os niveis do lençol

freático inicial e após t dias decorridos. Além disso, a identificação de que modelos

potenciais podem ajustar bem o processo, possibilitou gerar, com o uso do Solver,

Office Excel da Microsoft. Inc., modelos simplificados para o problema. No trabalho

propõe-se o ajuste com equações empíricas do tipo para representar o

problema, com o uso das variáveis, condutividade hidráulica, profundidade e tempo

para determinar distância entre drenos, inclusive permite a descrição dessa distância sob

os mesmos parâmetros que o modelo de Glover-Dumm. As soluções encontradas têm

pequenas diferenças, mas nada significativo em comparação aos modelos de Glover,

Dumm e Glover-Dumm.

Palavras-Chave: modelo matemático, equação de Glover-Dumm, drenagem

subterrânea, método dos mínimos quadrados.

ABSTRACT

Souza, Maria do Carmo Pereira de. Equations sizing of drains associated simulation and will

adjust the conservation laws. 2013. 65 p. Dissertation (Master of Science in Irrigation and

Drainage) Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), Mossoró, RN, 2013.

The mathematical models for dimensioning and spacing of drains under variable

regime have shown good performance, usefulness and limitations. The model is only a tool to

support decisions, and aims to get as closer as possible to the physical real field conditions. In

this paper, was obtained an algebraic expression for the Dumm’s model (1964), which

describes its solutions through a geometric algorithm. Were used identifications techniques of

potential patterns, hyperbolic, linear and exponential, through representations in monolog and

dilog graphics, to define adjustment strategies through the least squares technique. In this

sense, different models were analyzed, and it was found that the types

(

) and

(

) (

) fits very well to the ratio between the levels of groundwater baseline

and after t days elapsed. Furthermore, the identification that potential models can fit very fine

on the process, allowed to generate, using the Solver Microsoft Office Excel. Inc., simplified

models to the problem. In this paper is proposed to fit with empirical equations of type

the representation to the problem, with the use of variables like hydraulic

conductivity, depth and time, to determine the distance between drains, including the

description of this distance under same parameters of the Glover-Dumm’s model. The

solutions that have been found present small differences, insignificant compared to Glover’s,

Dumm’s and Glover-Dumm’s models.

Keywords: mathematical model, Glover-Dumm’s equation, subsurface drainage, method of

least squares.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Esquema do processo de etapas da modelação 1

15

Figura 2: Curva indicando a relação entre os parâmetros ⁄ e ⁄ no ponto

médio entre os drenos

2

25

Figura 3: Mudança que ocorre no armazenamento em uma coluna de solo sob a queda

do lençol freático

2

27

Figura 4: Condições de contorno para a equação de Glover-Dumm com um lençol

freático inicialmente horizontal

2

29

Figura 5: Esboço da Secção transversal mostrando os símbolos utilizados na equação

de elipse

3

32

Figura 6: Curva que indicando relação geral entre rendimento específico e

permeabilidade

4

46

Figura 7: Teste da equação de Dumm por aproximação potencial com o modelo (62) 4

48

Figura 8: Ajuste linear do modelo com a razão entre as alturas do lençol freático 5

49

Figura 9: Relação entre rendimento especifico (S), e o ajuste linear feito com o modelo

(65)

5

50

Figura 10: Ajuste do modelo empírico com a equação de Glover (69) 5

50

Figura 11: Ajuste por aproximações polinomial entre os modelos (72) e (69) 5

51

Figura 12: Teste de identidade entre os modelos (72) e (69) 5

51

Figura 13: Teste comparativo entre as equações (69) e (72) 5

52

Figura 14: Teste linear entre os modelos (69) e (73) 5

53

Figura 15: Comparação entre as equações (69), (73) e a região onde o modelo é válido 5

53

Figura 16: Teste de identidade onde se compara Glover-Dumm com a equação (74) 5

54

Figura 17: Comparação das equações (60),(75) e (76) 5

55

Figura 18: Relação linear entre os modelos (60) e (75) 5

55

Figura 19: Relação linear entre os modelos (75) e (76) 5

56

Figura 20: Relação linear entre os modelos (60) e (76) 5

56

Figura 21: Relação linear entre espaçamento calculado com os modelos (21) e (77) 5

57

Figura 22: Inserção do parâmetro S nos modelos (78) e (79) e comparação com modelo

de Dumm

6

58

Figura 23: Relação linear entre os modelos potencial (62) e o (78) 6

58

Figura 24: Comparação entre as equações (69) e (80) 6

59

Figura 25: Teste de identidade dos modelos (69) e (80) 6

59

Figura 26: Comparação linear entre modelo (82) e o clássico modelo (21) 6

60

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Classificação do desempenho segundo o índice de confiança “c” 35

Tabela 2 Valores encontrados para os coeficientes c, d e r 49

LISTA DE SÍMBOLOS

calor específico do corpo

profundidade saturada abaixo dos drenos

Coeficiente de concordância ou exatidão __

Profundidade da camada impermeável L

Fator de reação T

Altura inicial do lençol freático acima dos drenos L

Altura do lençol freático em uma distância x no tempo t L

Condutividade térmica de um corpo L

Condutividade hidráulica LT-1

Espaçamento entre drenos L

O: Média dos valores observados pelo método padrão L

Oi: Valores estimados pelo método padrão L

Valores estimados pelo método testado L

Fluxo abaixo do nível dos drenos LT-1

Energia térmica de um corpo ML2t-2

Vazão de fluxo L3T

-1

Rendimento especifico %

Tempo T

Distância da linha central do dreno L

Altura inicial do lençol freático acima dos drenos L

Altura do lençol freático no ponto médio entre os drenos em L

Fator de Reação T

Variação no nível freático L

Laplaciano de u no 3 em coordenadas cartesianas __

Variação no armazenamento de água L

Espaço poroso drenável L3

= Região limitada e convexa __

Superfície diferenciável __

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 14

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 15

2.1 O uso de modelagem 15

2.2 Leis de conservação 17

2.3 Equação da difusão de fluidos ou equação do calor 18

2.4 Drenagem agrícola 20

2.5 Parâmetros e variáveis utilizadas na drenagem agrícola 21

2.5.1 Condutividade hidráulica 21

2.5.2 Regimes de escoamento 22

2.6 Equações usadas no calculo do espaçamento entre drenos 23

2.7 Considerações sobre as equações de regime permanente e variável 33

3 METODOLOGIA DESENVOLVIDA 36

3.1 Uma solução analítica para a equação da difusão 37

3.2 Representações algébricas para o modelo do gráfico de Dumm 44

3.3 Desenvolvimentos dos modelos matemáticos 45

4 VALIDAÇÃO DOS MODELOS 48

5 CONCLUSÕES 61

REFERÊNCIAS 62

ANEXO 65

14

1 INTRODUÇÃO

A drenagem subterrânea, também conhecida como drenagem de solo (drenagem

artificial) é usada para controle de nível do lençol freático, na remoção do excesso de água e

sais do solo. É um tema amplamente discutido devido a sua importância e a grande variedade

de problemas que um sistema de drenagem deficiente pode causar ao solo, plantas entre

outros. Os problemas da drenagem agrícola estão relacionados não só com o manejo do

agricultor, mas com os inúmeros problemas estruturais envolvidos na implantação de todo o

sistema. O espaçamento e a profundidade são os principais parâmetros considerados no

dimensionamento de um sistema de drenagem, lembrando que estes dependem de outros

parâmetros envolvidos no processo, como condutividade hidráulica, porosidade, densidade,

entre outros.

Através do estudo de uma equação diferencial que permite gerar uma equação de

mensuração aproximada do movimento de fluido no meio poroso, nesta particular situação se

admite uma solução empírica por aproximações com funções potenciais em duas variáveis.

Em particular a equação diferencial da difusão ou da propagação do calor apresenta esta

potencialidade.

Os modelos matemáticos simulados por computador usando técnicas numéricas

geram bons resultados e com altas correlações com a realidade. Assim, valoriza-se o uso desta

técnica para tratar o problema sob uma geometria plana e com a variável temporal. Através de

simulações se consegue uma boa aproximação por funções potenciais, dependendo apenas de

dois parâmetros. A partir do uso das propriedades algébricas que permite identificar padrões

de funções potenciais, exponenciais e logarítmicas pode-se obter uma expressão geral ao

aplicá-las nos padrões identificados por Dumm, de modo que apresentar-se-ia, assim, como

uma ferramenta útil no dimensionamento do sistema de drenagem.

Devido ao exposto anteriormente, objetivou-se com este trabalho propor um modelo

matemático para simular espaçamento e profundidade de drenos em regime de escoamento

variável no caso em que os drenos estão acima da barreira.

15

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 O USO DE MODELAGEM

Segundo Wendlander (2012) um modelo matemático, muitas vezes, é uma

representação simplificada do fenômeno em estudo, pois representam a natureza do sistema

através de equações matemáticas e são versáteis pela facilidade de se modificar sua lógica

diante das situações, oferecendo soluções diferentes de modo rápido. A solução de um modelo

matemático deve ser compatível com o comportamento e as propriedades do problema

estudado (Figura 1). Em muitos casos não é possível encontrar a solução analítica do modelo

e uma alternativa para solucionar esse problema é usar métodos numéricos. Dentre todos os

métodos numéricos para solucionar equações diferenciais parciais destacamos: método das

diferenças finitas, método dos volumes finitos, método dos elementos finitos, entre outros.

Figura 1 - Esquema do processo de etapas da modelação

Fonte: Wendlander (2012)

16

Os modelos existentes atualmente procuram, além dos métodos que levem a uma

melhor representação dos fenômenos, uma facilidade maior de manuseio. A tecnologia

crescente permite isto. Modelos com grande massa de dados requerida e complexidade de

operação podem se tornar impopulares apesar de uma boa qualidade de informações a que se

propõem. Entre outros quesitos, Batista e Matos (1994), indicam que um bom modelo deve

ser robusto, eficiente e deve apresentar facilidade de uso.

Segundo Kunzler (2007), modelos são ferramentas que visam aproximar ao máximo

as condições físicas reais de campo e são fundamentais para o planejamento e previsão de

situações. Quanto aos tipos são: físicos, analógicos e matemáticos.

Os modelos matemáticos se dividem em analíticos, numéricos e empíricos, de modo

que o primeiro usa soluções analíticas para solução de problemas, o segundo usa soluções

numéricas (um exemplo, usado para aproximações de solução de equações diferenciais

parciais que regem o fluxo de água subterrânea), enquanto o terceiro usa ajustes através de

funções que não têm, necessariamente, nenhuma relação com os processos físicos envolvidos.

O trabalho de compreender melhor a sistemática do movimento de água no solo

exige uma boa interpretação do fenômeno físico em questão. A modelagem é um processo de

traduções, geralmente matemáticas, construída em diferentes etapas, no qual o sucesso de uma

etapa nunca supera o da anterior. Considerando um fenômeno qualquer na natureza, a

primeira e mais fundamental modelagem é a conceitual, seguida da modelagem matemática, a

numérica e finalmente a computacional. Mais precisamente, o trabalho de modelagem parte

em geral da modelagem conceitual que se refere a uma estratégia de formar na mente a

concepção do fenômeno observado, conhecer suas causas e efeitos, compreender as interações

dos agentes intervenientes na sua ocorrência. O modelo pode traduzir mais perfeitamente a

realidade quanto mais compreendermos o fenômeno. A partir daí, pode-se traduzi-lo em

diferentes modelagens (ROSMAN, 1997).

Na solução de problemas de drenagem subterrânea são usados modelos analógicos,

físicos e matemáticos para determinação dos diversos parâmetros de projeto de um sistema de

drenagem subterrânea, como espaçamento e profundidade dos drenos; são normalmente

usadas equações analíticas sujeitas às restrições e assumindo premissas, por vezes pouco

realistas com o problema em estudo. Surgiram assim nas ultimas décadas, acompanhando o

aumento da capacidade de computação informática, a solução das próprias equações

fundamentais do escoamento, a partir de métodos numéricos versáteis (CASTANHEIRA;

SANTOS, 2007).

17

2.2 LEIS DE CONSERVAÇÃO

Na física teórica, a lei ou princípio da conservação de energia estabelece que a

quantidade total de energia em um sistema isolado permanece constante. De modo geral uma

lei de conservação é descrita por uma equação que procura expressar a conservação de

alguma entidade física, tais como massa, energia, momento, população, entre outros. Destaca-

se que o estudo da Mecânica dos Fluídos está intimamente ligada a equações diferenciais

parciais que são usadas geralmente na descrição de modelos matemáticos ligados às leis de

conservação; trata-se de sistemas que surgem na física, tais como conservação de massa,

conservação de energia e conservação de momento.

As três leis físicas básicas que explicam o movimento de fluídos são: Lei da

Conservação de Massa, Segunda Lei de Newton e Primeira Lei da Termodinâmica, que por

sua vez estão diretamente associadas às equações diferenciais fundamentais, Equação da

Continuidade, Equação da Quantidade de Movimento e Equação da Energia, respectivamente.

As leis de conservação de massa nos dizem que a taxa de variação de massa no

sistema é nula; assumindo um referencial estacionário. A segunda lei de Newton nos diz que a

soma de todas as forças externas, que atuam no sistema é igual à taxa da variação da

quantidade de movimento linear do sistema com o tempo. A primeira lei da termodinâmica

assegura que em um sistema fechado existe a conservação de energia total do sistema.

Os fluidos respeitam a conservação de massa, quantidade de movimento ou

momentum linear e momentum angular, de energia, e de entropia. A conservação de

quantidade de movimento é expressa pelas equações de Navier-Stokes, que se trata de um

típico sistema em que não se conhece solução analítica. Levando-se em conta o principio da

continuidade, conservação de massa e de energia pode-se expressar de forma simplificada a

equação da difusão de um fluído em um meio poroso. Originalmente o estudo deste sistema

de equação diferencial parcial foi relacionado ao problema de condução de calor ou

transferência de calor, por isso a equação permite modelar fenômeno de difusão, que é algo

mais geral que apenas a transferência de calor e recebe o nome de equação do calor.

Atualmente, o estudo, análise e compreensão da fenomenologia da maior parte dos

problemas em dinâmica de fluidos e em transferência de calor, como macro áreas que

compõem a dinâmica de fluidos, são desenvolvidos através da Modelagem Computacional. A

partir de um sistema de equações diferenciais parciais ou equações diferenciais ordinárias, é

18

desenvolvido um modelo computacional que permite simulações bastante precisas. Esta

solução é condicionada pelas condições iniciais e condições de contorno do problema, que

estabelecem as etapas de evolução deste no tempo e no espaço (FOX; MCDONALD;

PRITCHARD, 2006).

2.3 EQUAÇÃO DA DIFUSÃO DE FLUÍDOS OU EQUAÇÃO DO CALOR

A compreensão de uma dedução da equação do calor de modo geral permite criar

estratégias de solução para resolver problemas ligados ao fenômeno. Atualmente esta equação

tem grande importância e ao fato de ser base dos diversos trabalhos aqui citados terem sidos

desenvolvidos a partir da equação do calor.

Na metade do século XVIII surgiram os primeiros trabalhos que se aproximavam da

que é hoje conhecida como série de Fourier. Mas só em 1807 Fourier formalizou e solucionou

o problema de condução do calor.

A dedução da equação do calor, ou equação da difusão, de uma versão bem geral é

explicada da seguinte forma: seja um corpo, de condutividade térmica k, que ocupa uma

região limitada e conexa ; considerando ainda que sua superfície, é

suficientemente diferenciável.

De acordo com a lei de Fourier para condução de calor, o fluxo de energia térmica

por, , , relaciona-se ao gradiente da temperatura em sua superfície através da seguinte

expressão:

( ) ∮ ( ) ( )

(1)

onde,

( ) é o fluxo por no tempo t;

k é a condutividade térmica do corpo;

( ) é a normal á superfície no ponto ;

( ) é o gradiente da temperatura nesse mesmo ponto.

A relação entre variação de temperatura e transferência de energia térmica em um

dado ponto do corpo é dada por

19

( )

( ) (2)

onde,

Q é a energia térmica;

c é o calor específico do corpo

é a densidade de massa;

Obtém-se a equação do calor a partir das equações (1) e (2). O principio da

conservação de energia garante que no intervalo de tempo entre os instantes e , a energia

térmica transferida através da superfície somada á variação interna de energia térmica é uma

quantia nula.

A quantidade de energia térmica recebida pelo corpo e dada por

∫ ( )

(3)

De algum modo a energia é distribuída pelo corpo, porém supomos que independente

dessa distribuição, a relação entre a sua variação em um ponto e a variação de temperatura

nesse mesmo ponto é dada pela equação (2). Assim a integração da equação (2) é igual a

∫ ∫

( )

(4)

que mede a variação de energia térmica no volume Portanto o princípio da conservação de

energia garante que

∫ ∫

( )

( ) (5)

para todo intervalo ( ) e qualquer região

Substituindo (1) e (2) em (5), tem-se

∫ ∫

( )

∫ ∮ ( ) ( )

(6)

e utilizando o teorema da divergência para a segunda integral da equação anterior

∫ ∫

( )

∫ ∮ ( )

(7)

20

que implica,

∫ ∫ (

( ) ( ))

(8)

onde, é o laplaciano de u (no e em coordenadas cartesianas,

)

Como a integral anterior é nula e independe das regiões de integração, pode-se

concluir que a temperatura do corpo satisfaz a equação;

(9)

que é a equação do calor de um modo mais geral (SOUZA; GUIDI, 2007).

2.4 DRENAGEM AGRÍCOLA

Drenagem agrícola é o processo de aceleração da remoção do excesso de água no

solo; melhorando as condições de aquecimento e aeração do solo que promove a ação

bacteriana essencial para a produção de alimentos para as culturas.

A definição de drenagem agrícola depende de fatores importantes como manejo do

sistema de cultivo e do local. Um sistema de drenagem bem estruturado é muito importante

para o controle do lençol freático e salinidade quando as condições locais não oferecem

drenagem natural adequada, ou seja, há fatores que afetam a drenagem. E esses fatores são

inúmeros, como por exemplo: a topografia, a geologia e as mais variadas obstruções locais

que podem bloquear ou retardar o movimento da água e causar má drenagem. São exemplos

destes fatores locais: a falta de uma área depressional, falta de inclinação, barreiras

superficiais naturais que limitam o fluxo de água, camadas de solo com baixa permeabilidade

que restringe o movimento descendente da água formando pequenas poças na superfície ou

armazenando no perfil do solo. Há ainda as obstruções que são construídas pelo homem, tais

como estradas, pontes, diques e represas com capacidade e profundidade insuficientes.

Também se tem os problemas com as perdas por percolação profunda da água de irrigação,

bem como as perdas por infiltração nos sistemas de canais e valas (SCS-USDA, 1971).

21

Os sistemas de drenagem se dividem em dois: drenagem superficial que é a remoção

de água da superfície e drenagem subterrânea, que intercepta água de percolação profunda, o

que permite a monitorização da qualidade da água, fornecimento de tratamento, se necessário,

controle do lençol freático e salinização em regiões áridas e semi-áridas; assim como redução

de erosão, otimização de área útil para cultivo, redução de sedimentos e poluentes,

principalmente de fósforo e de potássio em solução. Controla melhor a poluição difusa, bem

como melhora a transitabilidade da área facilitando a colheita em períodos de inverno

(USDA, 2001).

O sistema de drenagem superficial é formado por drenos abertos que são escavações

alongadas de perfil trapezoidal, com pequeno declive longitudinal. São rasos e com taludes

bastante inclinados para permitir a passagem de máquinas agrícolas (drenos de alívio).

A drenagem subterrânea utiliza basicamente os drenos tubulares, que tem por intuito

captar a água de percolação presente no perfil do solo (mais utilizada para controle da

salinização).

Segundo Batista et al. (2002), a drenagem subterrânea é importante para evitar o

encharcamento em regiões de baixo déficit hídrico, o encharcamento de modo geral, a

salinização em zonas de alto déficit hídrico, como é a maioria das áreas no Nordeste

brasileiro. E não só áreas irrigadas necessitam de drenagem subterrânea, mas sim qualquer

área que apresente problemas de drenabilidade de perfil, como é o caso das várzeas. Em nosso

país houve um projeto de aproveitamento de várzeas entre os anos 1973 a 1987, onde se

tentou resolver o problema de drenagem através de valas abertas, e constatou-se que valas têm

custo baixo na implementação, mas custo elevado na manutenção sem se falar nas perdas de

áreas de cultivo. Deste modo torna-se mais dispendiosa que aquela efetuada através de

condutos subterrâneos.

2.5 PARÂMETROS E VARIÁVEIS UTILIZADAS NA DRENAGEM AGRÍCOLA

2.5.1 CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA

Toda pesquisa de drenagem de solo envolve condutividade hidráulica (K), um dos

parâmetros mais importantes na pesquisa de campo. É definida como o coeficiente K da lei de

Darcy, (

) porem os valores de K dependem das propriedades do fluido, tais como

22

viscosidade, interações com o meio poroso e redução de porosidade. Também é usada para

especificar a taxa de transmissão de água através do solo.

Medir ou estimar condutividade hidráulica não é algo simples, devido a sua grande

variabilidade espacial. É muito importante ter claro o valor da condutividade hidráulica de

cada teste hidráulico, bem como, a localização dos mesmos dentro da área analisada, pois

assim, se determina o valor ou os valores a serem usados em todos os cálculos de um projeto.

Os termos condutividade hidráulica, permeabilidade e coeficiente de permeabilidade

apesar das diferenças técnicas, são muitas vezes usados com o mesmo sentido. Coeficiente de

permeabilidade é definido como sendo a taxa de fluxo de água através de uma unidade de área

durante certo período de tempo. Condutividade hidráulica já foi definida acima.

Permeabilidade é definida, de modo geral, como sendo a capacidade relativa do solo de

transmitir água.

A condutividade hidráulica pode também se alterar com o passar do tempo, isso é

devido a ações químicas, mecânicas e outras práticas agrícolas (USDA, 2001).

O solo a ser drenado deve ter uma barreira e também é necessário um controle do

lençol freático, ou uma camada impermeável permanente dentro de um intervalo de

profundidade de 10 a 25 m da superfície do solo. Barreira é definida como sendo uma camada

menos permeável e continua ao longo de uma área a ser drenada, com uma espessura que

proporcione um impedimento positivo para a percolação ou infiltração vertical. A

condutividade hidráulica do material da barreira deve ser no mínimo (10%) inferior ao

material sobrejacente, caso contrario não pode ser considerada como uma barreira (SCS-

USDA, 1971).

2.5.2 REGIMES DE ESCOAMENTO

Definem-se águas subterrâneas como sendo um corpo encontrado no solo, cujos

poros são saturados com água. O lugar geométrico dos pontos na água subterrânea cuja

pressão é igual á pressão atmosférica define lençol freático.

Fluxo estável (ou permanente) baseia-se no principio de que a água de descarga e

recarga tem uma relação de constância e igualdade, consequentemente, o lençol freático

permanece na mesma posição, ou seja, a taxa de recarga de água subterrânea é uniforme,

assim o lençol freático fica com a mesma altura, enquanto a recarga acontece (BOS, 1994).

23

Fluxo transiente (ou variável) é não estável, e varia com o tempo em que a água é

armazenada ou liberada do solo. As variações de armazenamento são percebidas tanto na

subida como na descida do lençol freático (RITZEMA, 1994).

Este conceito foi desenvolvido no Bureau of Reclamation, USA, e trabalhado por

Glover e Dumm, entre os anos 50 e 60.

O movimento de água no solo na condição de não saturação, devido a sua

importância ao grau complexidade, tem sido um dos tópicos mais importantes e pesquisados

na Física do Solo nas ultimas décadas. Apesar de grandes avanços teóricos e práticos

significativos, a zona do solo não-saturada permanece sendo um desafio para o entendimento

científico e manejo tecnológico (BIASSUSI, 2001).

2.6 EQUAÇÕES USADAS NO CALCULO DO ESPAÇAMENTO ENTRE DRENOS

Muitos autores já estudaram as equações de drenagem, com o objetivo de verificar a

que melhor se ajusta às condições de campo e laboratório, ainda assim é difícil saber qual a

melhor diante de tantas propostas. Para o movimento de fluxo permanente se destacam as

equações de Hooghoudt e Ernest (Pizarro, 1978) e, fluxo não permanente, as equações de

Glover-Dumm (Pizarro, 1978), Glover, Boussinesq-Glover, Hammad, Tapp-Moody,

Schilfgaarde e Kirkham (DUARTE; CRUCIANI; CARRARO; et al, 2001).

Segundo Dumm (1964) ao desenvolver a teoria do fluxo transiente mediante um

estudo do lençol freático, feito a partir da instalação de drenos paralelos, percebeu-se que uma

parábola de quarto grau deu uma boa reprodução da forma inicial do mesmo, bem como a

forma mantida ao longo de todo o período de rebaixamento. Foi usado também para

representar as condições iniciais do lençol freático, este foi um estudo desenvolvido por Tapp-

Moody que, segundo Albuquerque (1982), a teoria é recomendada pelo Bureau of

Reclamation USA, quando se tem uma situação de lençol freático instável.

O desenvolvimento matemático se deu com o uso da equação diferencial parcial do

calor tal como se conhece da Física. A equação diferencial relativa á altura do lençol freático,

a difusividade, o tempo e as coordenadas de espaço são:

24

(10)

Como recursos para verificação da teoria, Dumm (1964) usou dados de campo de

pesquisadores australianos e canadenses, tais como descarga, permeabilidade, entre outras.

Usou também dados semelhantes do projeto Gila no Arizona, USA. Como os dados estavam

bem detalhados foi possível fazer boas verificações sobre a aplicação da teoria de fluxo

transiente para condições de campo.

O autor ressalta que apenas através da utilização da teoria de fluxo transiente você

pode-se verificar e calcular a oscilação do lençol freático induzida por drenos e que esta é

uma boa maneira de se calcular espaçamento entre drenos. Ele analisou dois casos: quando os

drenos são colocados acima da barreira e sobre a barreira. A teoria trata os dois casos e faz as

seguintes considerações; quando ⁄ os cálculos de espaçamento deve ser feito com

base no caso onde os drenos são colocados no fundo do aquífero ou sobre a barreira.

Conseguem-se boas correlações onde a profundidade d não é tão grande em

comparação com a profundidade y ou até o ponto em que ⁄ ; onde d é a

profundidade saturada abaixo dos drenos e y0 é a altura inicial do lençol freático acima dos

drenos.

Mas nenhum dado de dreno pesquisado por Dumm apresentou valor de ⁄ dentro

do intervalo entre 0,1 e 0,8. Porém não se sabe ao certo qual caso se deve utilizar para calcular

o espaçamento entre drenos, quando o valor ⁄ cai neste intervalo. Já os australianos

relataram a instalação de drenos em diversos locais dentro do aquífero em alturas acima da

barreira compreendidas entre 0,3 ft até cerca de 6 ft (de 0,09 a 1,8 m) e com valores de ⁄

cerca de 0,1 a 5,9. Neste exemplo foram usadas medidas de permeabilidade que foram

coletadas em vários anos em que o lençol freático esteve em diferentes alturas; estes valores

foram obtidos a partir do ponto médio da curva de rebaixamento do lençol em períodos

específicos de tempo, e o rendimento específico foi obtido pelo calculo de cada período pela

divisão do volume de água descarregada pelo volume de solo seco. Já a média e a

profundidade de fluxo D foram obtidas por

(11)

25

Com estes valores e a curva da Figura 2 (que foi obtida a partir de ajuste de dados de

campo) o espaçamento e as alturas do lençol freático foram calculados e comparados com os

valores medidos.

Figura 2 - Curva indicando a relação entre os parâmetros ⁄ e ⁄ no ponto médio

entre os drenos.

Fonte: Dumm (1964).

Para calcular o espaçamento responsável pelo rebaixamento durante este período de

tempo utilizou-se os valores de (onde S é rendimento especifico e L é o

espaçamento entre drenos).

No calculo do rebaixamento levou-se em conta a construção do dreno e os valores de

. As comparações abrangidas pelo exemplo deram boas correlações.

A teoria relaciona o comportamento do lençol freático em relação ao tempo, às

características físicas da superfície e o espaçamento entre drenos; assim se apresentam como

uma ferramenta útil e flexível.

Foram desenvolvidos dois casos no Bureau of Reclamation, USA, onde eles

fornecem um cálculo de espaçamento entre drenos que é aplicável em qualquer combinação

de recarga, tempo e condições de carga hidráulica. Analisando drenos instalados acima da

barreira, são assumidas 11 condições; tais como profundidade da barreira, de 30 ft, (cerca de 9

m) a profundidade dos drenos 8 ft, (cerca de 2 m) o solo deve ser homogêneo e isotrópico,

permeabilidade de aproximadamente 5 in/h ou 10 ft, e o teste ou avaliação de espaçamento

26

entre drenos deve iniciar em 1450 ft. A escolha de

foi satisfatória para cobrir o

caso intermediário, onde a profundidade d não era grande comparada com a profundidade y0.

É essencial restringir situações em que a quantidade de rebaixamento do lençol

freático é moderada. Este cálculo não considera a redução do espaçamento devido á restrição

ao fluxo causada pela convergência das linhas de fluxo á medida que se aproximam do dreno.

No caso dos drenos instalados sobre a barreira são usados os dados de

permeabilidade, rendimento específico, tempo e quantidade de percolação profunda do caso

anterior. Os cálculos são semelhantes com algumas diferenças e conclui-se que, a restrição

para apenas um rebaixamento moderado do lençol freático é removida. A queda do lençol

freático durante um longo período de drenagem entre os ciclos de irrigação podem ser obtidos

usando um único ou uma série de intervalos de tempo. E não é necessário correção de

convergência neste processo porque ele representa o perfil do lençol freático inicial (Dumm,

1964).

Com base nas hipóteses de Dupuit-Forchheimer, se pode derivar e usar a equação

diferencial de fluxo instável; considera-se uma coluna de solo, que é delimitada pelo lençol

freático no topo e por uma camada impermeável ao fundo, como ilustrado na Figura 3. Se não

houver uma recarga de água subterrânea a mudança no armazenamento do perfil de solo é

dada por

(12)

onde,

∆W é a mudança no armazenamento de água por unidade de área superficial em relação ao

tempo considerado (m);

μ = espaço poroso drenável (ou porosidade drenavel);

∆h = variação no nível do lençol freático durante o tempo considerado (m);

27

Figura 3 - Mudança que ocorre no armazenamento em uma coluna de solo sob a

queda do lençol freático

Fonte: RITZEMA, (1994)

A mudança no armazenamento durante um período de tempo considerado

infinitamente pequeno dt, é

(13)

O princípio da continuidade exige agora que a diferença total de saída menos o fluxo

de entrada nas direções de x e y seja igual à variação no armazenamento. Daí a equação da

continuidade pode ser escrita como:

[

(

)

(

)]

(14)

Esta equação pode ser simplificada se considerarmos h grande em comparação com

as mudanças nos h; assim tomamos h como uma constante D, sendo a espessura média da

camada transmissora de água. E, além disso, considerar o fluxo em apenas uma direção; dai a

equação (14) se escreve como a seguinte equação diferencial de fluxo instável.

28

(15)

Esta equação foi usada por. Dumm (1954) para descrever a queda de um lençol

freático depois de uma subida instantânea a uma altura h0 acima do nível dos drenos. A

solução que ele apresenta é baseada em uma equação desenvolvida por Glover, que descreve

o rebaixamento do lençol freático inicialmente horizontal, ilustrado na Figura 4, como sendo

uma função do tempo, lugar, espaçamento de drenagem e das propriedades do solo.

( )

(16)

onde,

(17)

h(x, t) = altura do lençol freático em uma distância x no tempo t (m);

h0 = altura inicial do lençol freático em t = 0 (m);

α = fator de reação (d-1

);

K = condutividade hidráulica (m/d);

d = profundidade equivalente da camada de solo abaixo do nível dos drenos onde há fluxo

(m);

μ = espaço poroso drenável;

L = espaçamento entre drenos (m);

t = tempo após o aumento instantâneo do lençol freático (d);

n = índice de soma;

29

Figura 4 - Condições de contorno para a equação de Glover-Dumm com um lençol

freático inicialmente horizontal

Fonte: RITZEMA (1994)

Encontra-se a altura do lençol freático no ponto intermediário entre os drenos

substituindo x = L/2 na equação (16). Dai escrevemos;

(

)

(18)

onde (m) é a altura do lençol freático no ponto intermediário entre os drenos em

Se os termos da equação (18) a partir do segundo se tornam pequenos e

podem ser desprezados, assim, a equação reduz-se a

(19)

Se, ao invés de ser horizontal, o lençol freático inicial tiver a forma de uma parábola

de quarto grau a equação (19) torna-se (Dumm 1960).

(20)

Se substituirmos a equação (17) na equação (20), encontramos uma expressão para o

espaçamento entre drenos,

(

)

(

)

(21)

30

a qual é chamada a Equação de Glover-Dumm.

A equação original de Glover-Dumm é baseada no escoamento horizontal e não leva

em conta a resistência radial de fluxo para os drenos que não alcançam a camada

impermeável. Em semelhança com a abordagem de equações de regime regular, no entanto,

pela introdução do conceito de Hooghoudt a profundidade equivalente d nas equações (17) e

(21), que leva em conta a resistência extra causada pelo fluxo convergente em direção aos

drenos (RITZEMA, 1994).

A equação de Zeeuw-Hellinga é utilizada para descrever um lençol freático flutuante.

Nesta abordagem, uma recarga não uniforme é dividida em períodos de tempo mais curto que

a recarga de águas subterrâneas e pode ser considerada constante. Esta é a situação típica de

áreas úmidas com alta intensidade de chuvas concentradas em tempestades discretas.

De Zeeuw e Hellinga (1958) deduziram que, se a recarga (R), em cada período de

tempo pode ser assumida como sendo constante, a mudança de descarga de dreno é

proporcional ao excesso de recarga ( ), a constante de proporcionalidade sendo o fator

de reação .

( ) (22)

A integração entre os limites ⁄ e ⁄ resulta em

( ) (23)

onde ( ) é o intervalo de tempo durante o qual a recarga é assumida como

sendo constante (d).

Podemos simular a profundidade do lençol freático, introduzindo a equação

simplificada de Hooghoudt, que desconsidera o fluxo acima do nível do dreno,

(24)

Esta equação descreve o fluxo abaixo do nível dos drenos (a camada impermeável

está muito abaixo do nivel dos drenos, ou seja, ).

Usando a equação (17), podemos substituir o quociente, ⁄ por ⁄

e a equação simplificada de Hooghoudt muda para

31

(25)

Substituindo a equação (25) na equação (23) resulta

( ) (26)

Podemos usar as equações (23) e (26) para simular descarga de dreno e flutuações do

lençol freático com base na distribuição de intensidade de uma precipitação crítica obtida a

partir de registros históricos (RITZEMA, 1994).

Depois de se conhecer a profundidade que se deseja instalar os drenos, o

espaçamento pode ser calculado com o uso de equações, existem muitas e entre elas

destacamos a equação da elipse que é muito usada para determinar o espaçamento entre

drenos do tipo alívio (ou descarga), como podemos ver o esquema na Figura 5. A equação é

expressa da seguinte forma,

√ ( )

(27)

onde,

S é o espaçamento entre drenos (em pés);

K é a condutividade hidráulica média (em polegadas por horas);

m é a distância vertical, após o rebaichamento, do lençol freático acima dos drenos no ponto

médio entre as linhas (em pés);

a é a profundidade de barreira abaixo dos drenos (em pés);

q é o coeficiente de drenagem (em polegadas por horas);

d é a profundidade dos drenos (em pés);

c é a profundidade desejada para o lençol freático (em pés).

Nota: as variáveis K e q tem que serem trabalhadas nas mesmas unidades nesta equação.

32

Figura 5 - Esboço da Secção transversal mostrando os símbolos utilizados na equação de

elipse.

Fonte: SCS-USDA (1971)

A equação da elipse é baseada na suposição de que o fluxo que otimiza um sistema

em gravidade é horizontal e que a velocidade do fluxo é proporcional ao gradiente hidráulico

ou a superficie livre da água. Mesmo sabendo que são apenas aproximações, essas suposições

podem se aproximar em muito das condições reais de um determinado local. Por esta razão, a

utilização da equação está limitada a três condições:

1ª Onde o fluxo de água subterrâneo é conhecido como sendo em grande parte em

direção horizontal. Exemplos disso são solos estratificados com camadas relativamente

permeáveis atuando como aqüíferos horizontais.

2ª Onde o solo e os materiais do solo e sub solo são sustentados por uma barreira

com pouca profundidade (duas vezes a profundidade dos drenos ou menos) que restringe o

fluxo vertical e força a água do solo para fluir horizontalmente em direção ao dreno.

3ª Onde as valas abertas são usadas, ou onde drenos com areia, cascalho e filtros

porosos ou materiais de aterro de trincheira são usados. Estas são condições em que existe um

mínimo de restrição de fluxo, em que o dreno em si e onde há convergência de fluxo no dreno

esta é leve. Para as condições em que a convergência é significativa, é necessário modificar a

33

equação da elipse. Modelos para levar em consideração o fluxo radial em torno drenos foram

desenvolvidas por Hooghoudt e Ernst (SCS-USDA, 1971)

2.7 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS EQUAÇÕES DE REGIME PERMANENTE E

VARIÁVEL

A primeira vista as equações de regime variável oferecem vantagens importantes em

comparação com as equações de regime permanente, mas as varias hipoteses levantadas pelas

equações de regime variável restringe o seu uso.

Em primeiro lugar, tanto as equações de Glover-Dumm como a Equação de Zeeuw-

Hellinga pode ser aplicada apenas em solo, com um perfil homogéneo. Em segundo lugar, o

fluxo na região acima dos drenos não é levado em conta. Quando a profundidade do lençol

freático acima do nível dos drenos (h) é grande em comparação com a profundidade da

camada impermeável (D), um erro pode ser introduzido. Isso sem se falar no parâmetro

porosidade drenavel que é quem mais introduz erros aos calculos. Além do fato que essa é

uma propridade do solo muito dificil de medir, devido a grande variabilidade espacial. Por

esta razão as equações de regime variável raramente são usadas de forma direta em projeto de

drenagem subterrânea, mas sim em combinação com as equações de regime permanente (ou

estável). No entanto as equações de regime permanente são muito úteis quando se estuda a

variação no tempo de parâmetros como; elevação do lençol freático e descargas de dreno

depois de uma chuva ou irrigação.

As hipoteses abordadas pelas equações de regime permanente descreve apenas uma

relação constante entre lençol freático e descarga de drenos. Quando na verdade, a recarga do

lençol freático varia com o tempo e como consequencia, o fluxo de águas subterrâneas para os

drenos é variável. E para descrever essa variação do lençol freático como funções do tempo,

usaram as equações de estado instável, (ou de regime variavel) essas são baseadas nas

equações diferenciais para fluxo variável.

E tanto as equações de regime permanente quanto a variável são baseadas nas

mesmas suposições, ou seja, no pricipio de Dupuit–Forchheimer. A única diferença é que a

recarga varia com o tempo na abordagem de regime variável (RITZEMA, 1994).

34

2.8 ÍNDICES DE DESEMPENHO ESTATÍSTICO PARA AVALIAR O GRAU DE

PRECISÃO DE ESTIMATIVAS

Usou-se, neste trabalho, o índice de desempenho estatístico “c” proposto por

Camargo & Sentelhas (CAMARGO & SENTELHAS, 1997) para avaliar o grau de precisão

das estimativas. Tal índice é baseado nos índices comparativo de Willmott (WILLMOTT,

1981) e o coeficiente de correlação (ou índice de precisão (r)) cujo produto define “c”, o

coeficiente comparativo de modelos, dando precisão às variáveis linguísticas de categorização

do grau de similaridade entre modelos. O teste de Willmott quantifica matematicamente a

dispersão dos dados estimados em relação aos valores observados. O coeficiente “r”

determina a precisão do método e indica o grau de dispersão dos pontos em relação á média.

O índice “c” mostra o desempenho dos métodos, agrupando o resultado dos índices d e r.

Sendo o calculo de d feito pela seguinte equação,

[∑( )

∑(| | | |) ] (28)

onde,

d = coeficiente de concordâncias;

Pi = valores estimados pelo método testado

Oi = valores estimados pelo método padrão

O = média dos valores observados pelo método padrão

O índice de confiança “c” é expresso pela seguinte equação;

(29)

onde os valores desse índice variam de 0; nenhuma concordância a 1; concordância perfeita.

Os valores expressos na Tabela 1 quantificam os resultados (GONÇALVES, et al. 2009)

35

Tabela 1 - Classificação do desempenho segundo o índice de confiança “c”

Valor de “c” Desempenho

≥ 0,85 Ótimo

0,76 a 0,85 Muito Bom

0,66 a 0,75 Bom

0,61 a 0,65 Mediano

0,51 a 0,60 Sofrível

0,41 a 0,50 Mau

≤ 0,40 Péssimo

Fonte: Camargo & Sentelhas (1997)

36

3 METODOLOGIA DESENVOLVIDA

Na elaboração deste trabalho buscou-se combinar duas diferentes estratégias para

desenvolver modelos matemáticos que descrevem o rebaixamento do lençol freático em um

sistema de drenagem, e consequentemente o dimensionamento da distância entre drenos em

um sistema de drenagem agrícola. Uma estratégia ligada à determinação de solução analítica,

admitindo certas restrições para o sistema; e outra forma diretamente ligada ao cálculo

computacional, que constitui uma ferramenta útil para projeto de engenharia em geral e, em

particular, para a resolução de problemas de Mecânica de Fluidos e de Transferência de

Energia e de Massa, e, gerar soluções empíricas que valem sob certas condições de limite de

variação para a razão entre o nível do lençol freático inicial e final.

No trabalho de Dumm (1964) foi apresentada uma solução analítica para problema

de dimensionamento de drenos, através da resolução da equação diferencial da transferência

de calor adaptada ao problema de drenagem. Foi usada uma técnica de solução que gerou uma

solução em série de potências, que possui infinitos termos não nulos, onde foi considerado

que o primeiro termo da série se ajustava bem ao problema.

Ainda referindo ao trabalho de Dumm (1964), os recursos gráficos desempenharam

papel fundamental na estruturação de um algoritmo de análise de dimensionamento de drenos,

em razão de não ter sido identificada uma solução em termos elementares. Outro elemento

que se destaca no trabalho de Dumm é o uso da variável S (rendimento especifico ou

porosidade efetiva), nestes termos ⁄ varia em função de ⁄ que por sua vez assume

no domínio ⁄ . A partir da análise destes fatos, identificou-se que seria

possível determinar uma expressão algébrica para representar o esquema gráfico, que

naturalmente tem um maior grau de precisão.

A equação usada por Dumm (1964), com as mesmas condições de contorno, foi

usada na elaboração deste trabalho. Usou-se a equação da difusão com as condições de

contorno de Dirichlet, buscou-se uma solução analítica para o problema através do manejo da

técnica de gerar uma solução que tem a forma de um produto de duas funções, uma que

depende de t e a outra que depende da posição, pelo método da separação de variáveis.

Também se trabalhou o ajuste da solução em série a uma determinada expressão algébrica que

aproxima a solução geral para pelo menos os quatro primeiros termos da série.

Deve-se salientar que só uma pequena percentagem de problemas práticos de

Mecânica de Fluidos, Transferência de Energia e de Massa admite solução analítica. Além

37

disso, para uma grande parte dos casos em que essa solução analítica existe, a sua

complexidade pode ser muito grande. Entretanto, é crucial que não se desvalorize o método

analítico como ferramenta de resolução de problemas práticos da Mecânica de Fluidos,

Transferência de Energia e de Massa, pois as soluções obtidas por este método permitem

fáceis comparações, análises bem gerais, e dentro das hipóteses inseridas a solução é exata.

Por outro lado, sabe-se que as soluções analíticas exigem simplificações

significativas no problema de modelagem, assim apesar de sua descrição exata pode

apresentar discrepâncias importantes com a realidade. No tocante ao movimento de água no

solo, por exemplo, nos problemas de infiltração, tem-se importantes modelos empíricos, cujas

equações não estão necessariamente associadas a problematização, mas que na prática

representa muito bem a solução do problema. Levando em conta este aspecto da importância

prática da solução do problema em questão, buscou-se também trabalhar soluções empíricas

para o problema de dimensionamento de drenos, para a escolha dos padrões de funções que

podiam gerar soluções aproximadas, foram utilizadas as tradicionais técnicas de linearização

de funções potenciais, exponenciais, entre outras.

Todas as funções que modelam o problema que foram obtidas neste trabalho, tanto as

provindas de soluções analíticas como as empíricas, foram comparadas com o modelo de

Glover-Dumm.

Nas seções a seguir são apresentadas as bases do desenvolvimento dos modelos

matemáticos deste trabalho.

3.1 UMA SOLUÇÃO ANALÍTICA PARA A EQUAÇÃO DA DIFUSÃO

Devido a existência de diversos fatores que podem dificultar a compreensão da

origem dos modelos analíticos que foram estudadas neste trabalho, apresenta-se a seguir de

forma sucinta a técnica de determinação de solução analítica que foi utilizada. Trata-se da

técnica de separação de variáveis descrita para o problema da condução de calor. Como já foi

destacado anteriormente, diversas áreas do conhecimento se valem da equação da condução

de calor para obter novos avanços tecnológicos. Trata-se de uma equação diferencial parcial

(EDP) parabólica, em nosso caso unidimensional que modela a variação de temperatura,

( ) em uma barra metálica retilínea e de material homogêneo (que se assemelha a nossa

38

situação de solo considerada) com a posição x e o tempo t, estando aquecida ao longo do eixo

x.

Dentre as diversas aplicações desta EDP, uma que se destaca é o estudo da variação

de temperatura no solo, pois é muito útil em diversos setores da agricultura, visto que a

temperatura influencia diversos processos químicos, físicos e biológicos do solo. Assim temos

o presente trabalho baseado em Glover-Dumm, que por sua vez foi desenvolvido a partir da

equação do calor.

Das inúmeras soluções que esta equação possui, dependente das condições de

contorno, procurou-se dar ênfase a uma estratégia de determinação de soluções analíticas, que

é a mesma utilizada na dedução da solução apresentada por Dumm (1964).

Partindo da EDP que descreve o processo de difusão, , relacionando a

taxa de variação da temperatura com a segunda derivada da mesma em relação a direção x.

A temperatura em uma barra metálica é descrita pela equação da difusão, busca-se

uma solução que represente a distribuição de temperatura na barra. A distribuição de

temperatura deve depender da temperatura inicial ao longo da barra metálica e essa

distribuição de temperatura é a condição inicial do problema. Assumindo que e a

temperatura ao longo da barra conhecida, escrevemos ( ) ( ), onde [ ] é

uma função que descreve a temperatura nos vários pontos da barra no instante . Além

dessa condição, é necessário saber o que acontece nas extremidades da barra, pois elas não

estão isoladas termicamente, podendo haver perdas e ganhos de calor influenciando assim o

valor da equação da difusão. Portanto temos que enunciar as condições de contorno ou de

fronteira, que também pode ser de vários tipos. Suponhamos que a barra está isolada nas

laterais e a temperatura nas extremidades é mantida a , ou seja, e , temos

então a condição de contorno ( ) e ( ) , logo ( ) ( ) .

Assumimos que a barra tem seção transversal perpendicular ao eixo x, com área A,

supomos que, a seção transversal da barra é tão pequena que u é constante em cada seção

transversal; a superfície lateral da barra é isolada de modo que não passe calor através dela; A

barra tem comprimento L e que sua função-temperatura é f (x) no instante ; deste modo

combinando tudo, temos o problema de Cauchy:

{

( ) ( )

( ) ( )

(30)

39

onde, k é condutividade térmica do material da barra. A equação (30) modela a variação de

temperatura ( ) com a posição x e o tempo t numa barra aquecida que se estende ao longo

do eixo x.

Vamos procurar uma solução de (30) não nula na forma de um produto de funções,

ou seja, vamos resolver pelo método de Fourier das variáveis separáveis isto é, procuremos a

solução na forma

( ) ( ) ( ) (31)

onde F(x) e G(t) são funções a determinar.

De (31) obtemos

( )

(32)

Substituindo estas expressões na equação (30), obtemos

(33)

Na igualdade anterior a parte esquerda não depende de x e aparte direita não depende

de t, por isto

(34)

Desta forma, as funções F(x) e G(t) satisfazem as EDOs,

(35)

(36)

onde μ é uma constante.

Como estamos procurando soluções que satisfazem ( ) ( )

então para todo t, temos

( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) (37)

se supusermos que ( ) então ( ) para todo x e t.

Lembremos que queremos soluções não triviais, por isto, existe ao menos um t, tal

que ( ) mas então

40

( ) ( ) (38)

Assim, chegamos ao seguinte problema: devemos encontrar tais μ, para os quais a

equação (35) possui solução não nula no intervalo [0, L]. Este problema é conhecido como

problema de Shturm-Luiville.

Primeiramente vamos supor que Neste caso os números são as raízes da

equação característica da equação (35), por isso, escrevemos a solução geral de (35) na

seguinte forma

( ) (39)

Das condições de contorno, encontramos donde,

e

Para obter solução não trivial, devemos exigir e portanto ( ) ou

seja donde ⁄ e ⁄ . A cada k corresponde a solução

( ) ( ⁄ ) . Agora se a EDO (35) possui somente solução

trivial. De fato, quando a solução geral da equação (35) se escreve na forma,

( )

(40)

Das condições de contorno, encontramos

(40a)

(40b)

O determinante deste sistema

|

| (40c)

por isso, o sistema somente possui soluções triviais . Isto significa que a equação

(35) com as condições de contorno tem solução trivial se .

Se então a equação característica possui raiz nula de multiplicidade dois, e por

isso a solução geral da equação (35) pode escrever-se como

( ) (41)

Considerando as condições de contorno, obtemos e donde

e ( ) .

41

Agora vamos resolver a equação (36) quando

(42)

e

( )

(42a)

assim,

( )

(43)

e , é uma solução particular da equação (30) satisfazendo as condições de contorno.

É fácil ver que a soma finita

( ) ∑

(44)

também é solução da equação (30). Mas a série infinita

( ) ∑

(45)

é solução da equação (30). Agora se escolhermos de tal forma que

( ) ( ) ∑

(46)

com . Os números podem ser encontrados de forma única pela equação

∫ ( )

(47)

ou seja eles devem ser coeficientes de Fourier da função f no intervalo [0, L].

Exceto em grandes cavernas e fendas, o escoamento subterrâneo é quase sempre

laminar. Neste tipo de escoamento as velocidades são relativamente pequenas e a água

percola lentamente pelos poros do aquífero. O escoamento é dominado pelas forças viscosas

do líquido e a perda de carga que varia linearmente com a velocidade (WENDLAND, 2003).

Baseados nessa premissa e no trabalho de. Dumm (1964) desenvolveu-se um modelo

matemático para simplificar o calculo de espaçamento entre drenos, utilizando-se um menor

número de variáveis.

Segundo Dumm (1964) o estudo do lençol freático, feito a partir da instalação de

drenos paralelos, mostrou que uma parábola de quarto grau deu uma boa reprodução da forma

inicial, bem como da forma mantida ao longo de todo o período de rebaixamento. Mesmo

42

tendo usado incialmente uma equação de Glover onde ele considera o lençol freático como

sendo horizontal.

Glover (1966) afirma que um projeto de sistema de drenagem pode ser facilitado se

usarmos equações baseadas no princípio de Dupuit-Forchheimer. Quando a condição de

continuidade é expressa em função deste principio e de uma profundidade saturada invariável,

as equações diferenciais obtidas têm a forma idêntica das equações da teoria de condução de

calor em sólidos. As primeiras aproximações de soluções são ou podem ser disponibilizadas

para cobrir praticamente qualquer necessidade concebível na área de drenagem.

Assim foi usado também para representar as condições iniciais do lençol freático,

que foi um estudo desenvolvido por inicialmente por Tapp - Moody. A equação diferencial

relativa á altura do lençol freático, a difusividade, o tempo e as coordenadas de espaço é a

equação (10) abaixo já citada anteriormente.

(10)

As condições iniciais e de contorno que satisfazem o problema em específico são:

( ): e a equação abaixo são os dados iniciais.

( ) (48)

Esta equação descreve uma parábola de quarto grau que passa através do ponto

e , ou seja, ( ), ( ) e tem uma ordenada máxima em

⁄ . Com as condições de contorno ( ), temos e , ou

seja ( ) ( ) Dai ele mostra uma solução da equação (10) satisfazendo as

condições iniciais e de contorno.

( )

( )

{ ( )

}

( )

(49)

onde,

: difusividade do aquífero (

);

K: permeabilidade;

d: profundidade saturada abaixo do dreno;

S: Rendimento específico (ou porosidade efetiva) do aquífero (por cento em volume);

L: espaçamento entre drenos;

altura do lençol freático acima dos drenos;

43

t: tempo;

x: distância da linha central do dreno;

c: ponto denotando subscrito, onde ⁄ ;

m, n: índices de soma, ;

Substituindo ⁄ na expressão a seguir se calcula o valor de y no ponto médio

entre drenos:

∑ ( )

{

} (50)

Usando um valor apropriado de lençol freático inicial a solução da equação (50), é

obtida, descartando todos, exceto o primeiro termo da série, os termos tornam-se pequenos e

podem ser desprezados, por exemplo, quando podemos desprezar os termos a partir

do segundo, uma vez que tornam-se suficientemente pequenos.

Observamos que ao desenvolvermos a equação (50) tem um erro de escrita, pois da

forma como é apresentada, a afirmativa acima não é verdadeira, a série é alternada, ou seja, os

termos não podem ser desprezados, o correto é escrever a equação (50) da maneira

apresentada na equação a seguir:

∑ (

)

{

} (51)

cujo primeiro termo é,

(

) {

} (52)

Os exemplos feitos pelo autor no Bureau of Reclamation mostra um de cálculo de

espaçamento entre drenos que é aplicável em qualquer combinação de recarga, tempo e

condições de carga hidráulica. Para drenos acima da barreira são assumidas onze (11)

condições: como medidas de profundidade, permeabilidade, altura do lençol freático,

espaçamento entre outras.

44

3.2 REPRESENTAÇÕES ALGÉBRICAS PARA O MODELO DO GRÁFICO DE DUMM

Dumm (1964) usa a já referida Figura 2 como base para um algoritmo relacionado ao

gráfico que permite resolver os problemas de espaçamento de drenos. Os cálculos de

espaçamento são válidos desde que seja pequeno se comparado com o valor de d e a

Figura 2 mostra a relação entre os parâmetros adimensionais ⁄ e ⁄ no ponto

médio entre os drenos (drenos acima da barreira).

De modo geral é comum obter-se uma boa representação gráfica para o padrão de

variação de um determinado fenômeno sem explicitar algebricamente a equação associada,

nesta situação pode ser muito difícil determinar com precisão uma função matemática que

melhor descreve a relação de dependência entre uma variável e a outra. O cálculo numérico

dispõe de sofisticadas ferramentas para este fim. No entanto a solução pode ser bastante

simples quando dispõe-se de um indicativo de uma dependência do tipo logarítmica,

potencial, exponencial, ou polinomial de grau pequeno entre a variável dependente e

independente. Nesta situação uma técnica chamada anamorfose, que faz uso das propriedades

algébricas das funções logarítmicas, permite solucionar o problema de modo bem eficaz.

Neste trabalho aplicou-se a anamorfose à representação gráfica utilizada na Figura 2,

e obteve-se uma função matemática que se ajusta bem ao problema, permitindo um

tratamento algébrico para este algoritmo geométrico. Resumidamente, se uma função for do

tipo exponencial ao aplicar o logaritmo neperiano em ambos os membros da equação é

possível evidenciar que o logaritmo natural da variável dependente é uma função de primeiro

grau em função do logaritmo da variável independente inicial, portanto em representação bi-

logarítmica o gráfico é uma reta.

A partir da Figura 2, foi possível determinar um conjunto de pontos da curva descrita

pelo gráfico monologaritmo, dispondo destes dados aplicou-se logaritmo na segunda

componente do vetor posição, definido por estes pontos e observou-se que após esta operação

o conjunto de pontos tinha boa aproximação por uma reta, portanto deveria admitir boas

representações por ajustes potenciais, exponenciais, e de polinômios de grau menor ou igual a

dois sob certas restrições, a Figura 7 mostra o gráfico da aproximação dos pontos do gráfico

da Figura 2, após anamorfose, por uma reta, e do modelo de ajuste proposto na equação (53),

também anaformisadas.

45

3.3 DESENVOLVIMENTOS DOS MODELOS MATEMÁTICOS

Objetivando encontrar uma função matemática que ajustasse bem à representação da

Figura 2, partiu-se da identificação de 12 pontos da curva e com uso da ferramenta “Solver”, e

os principais instrumentos de manejo de funções do software Excel da Microsoft Inc. para

determinar as funções de ajuste numérico aos dados, valendo-se da técnica dos mínimos

quadrados.

Evidenciou-se que o desvio entre ⁄ e uma constante pode ser aproximada por

uma função do tipo potencial, onde se assume a razão ⁄ em escala logarítmica,

quando se calcula o logaritmo do modelo nota-se que tem bom ajuste linear quando

aproximada por uma equação potencial. O citado modelo tem o seguinte aspecto,

(53)

ou ainda se pode escrever assim,

(54)

onde ⁄ é o fator de reação da equação de Glover-Dumm já referido antes como

equação (17). Porém com uma diferença ao invés de μ usamos o S de Dumm (1964).

E ao relacionarmos o modelo com ⁄ que é a razão entre as alturas do lençol

freático, o ajuste linear é ótimo.

Além da Figura 2, Dumm também apresenta resultados com a Figura 6 em que a

curva indica relação geral entre rendimento específico e permeabilidade, ou seja, S e K.

46

Figura 6 - Curva que indicando relação geral entre rendimento específico e permeabilidade

Fonte: Dumm, (1964)

Feita uma analise na figura, usando os valores fornecidos pela mesma, nota-se que a

curva é um logaritmo em escala dilog e pela figura conseguimos modelar algebricamente pelo

modelo de crescimento logístico, por uma função sigmoide, de tal forma que o ajuste é bom e

ainda se pode calcular espaçamento com uma variável a menos o que é satisfatório, pois

oferece uma vantagem em relação às equações clássicas que temos. O modelo logístico se

escreve assim,

( ) (55)

onde ⁄ . O ajuste que se consegue perceber é que S (rendimento especifico de

Dumm.) pode ser aproximado por;

( ) (56)

ou ainda podemos deixar K em função de S facilitando os cálculos.

Com uso da técnica de anamorfose para o quociente inverso foi identificado que o

modelo de Dumm (1964) pode ser ajustado por funções do tipo exponencial, e sob certas

restrições para modelo potencial, polinomiais de primeiro e segundo grau. Portanto, o

desenvolvimento de modelos empíricos, conseguiu-se determinar funções para estimar ⁄

que é a razão inversa da que é considerada na teoria original de Dumm (1964), temos:

47

(57)

e

(58)

Em termos da variável ⁄ o nosso padrão é valido, dentro de algumas

restrições: e com . Para a equação (57), e para a

equação (58) as restrições são , e com o rebaixamento

do lençol freático variando no intervalo: ⁄ deste modo à função empírica se

escreve,

(

)

(

) (59)

e quando comparada com a equação de Glover (equação (60)) o ajuste é ótimo.

(60)

48

4 VALIDAÇÃO DOS MODELOS

São apresentados a seguir os resultados do teste feito com modelo usando o Excel da

Microsoft®. O primeiro resultado evidencia que a menos de uma constante (1,27 ou

1,16) tem boa aproximação por uma função potencial. Na Figura 7 estão representados os

pontos do gráfico da Figura 2 anamorfisados que admite aproximação pela reta

(61)

com A partir deste resultado determinou-se pelo método dos mínimos quadrados

a função dada pela equação (53), cujos dados anamorfisados são descritos no gráfico da

Figura 7 por teste potencial, note que para este conjunto de pontos obteve-se a função de

ajuste

(62)

com .

Figura 7 - Teste da equação de Dumm por aproximação potencial com o modelo (53)

A Figura 8 mostra a representação gráfica da comparação do modelo potencial

descrito pela equação (53) com os dados do gráfico da Figura 2 (identidade do modelo

potencial).

-2

-1,8

-1,6

-1,4

-1,2

-1

-0,8

-0,6

-0,4

-0,2

0

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1

log

10

(y/y

0)

log10 (modelo (53))

teste_potencial

dumm

49

Figura 8 - Ajuste linear do modelo com a razão entre as alturas do lençol freático

O ajuste do modelo potencial (53) com o modelo Dumm é ótimo, de acordo com o

teste de Willmott (1981), e o índice de confiança “c” de Camargo & Sentelhas (1997) Tabela

1, como podemos ver nos valores descritos na Tabela 2.

Tabela 2 Valores encontrados para os coeficientes c, d e r

Coeficientes Valor

d 0,999609082

r 0,99922146

c 0,998830846

A curva descrita pela Figura 6, que descreve graficamente a variação o entre

rendimento especifico (S) e a permeabilidade, foi aproximada pela função matemática

definida pela equação (56), a Figura 9 representa o gráfico de comparação entre os pontos da

Figura 6 e o ajuste empírico definido pela equação (56).

y = 1,0002x + 0,0003 R² = 0,9984

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0 0,2 0,4 0,6 0,8

y/y

0 (

Ad

imen

sio

nal

)

Modelo Potencial (53)

50

Figura 9 - Relação entre rendimento especifico (S), e o ajuste linear feito com o modelo (56)

Após obter as funções matemáticas que se ajustam bem aos gráficos da Figura 2 e

Figura 7, tiveram-se elementos essenciais para trabalhar a comparação pontual de quaisquer

modelos que descrevem ⁄ como os modelos de Glover, Dumm e Glover-

Dumm. A Figura 10 é a representação gráfica da função quadrática

(y=1,0494x2+0,4197x+0,9464) que se aproxima do modelo de Glover para a estimativa de

(com R2=1), trata-se de um modelo empírico com a equação de Glover (equação (60)),

vale sempre que .

Figura 10 - Ajuste do modelo empírico (59) com a equação de Glover (60)

A comparação entre o ajuste por aproximações polinomial

y = 1,0523x + 0,1084 R² = 0,9563

0

5

10

15

20

25

30

35

0 10 20 30 40

S =

29

,73

- 1

/1,0

89

+ 0

,53

k1,5

S = 3(5ln (k + 7) . 9,12)

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

0 1 2 3

y 0/y

t (A

dim

ensi

on

al)

H (Adimensional)

51

(63)

com a função de Glover

com

é representada na Figura 11 e o ajuste linear na Figura 12

Figura 11 Ajuste por aproximações polinomial entre os modelos (63) e (60)

Figura 12 Teste de identidade entre os modelos (63) e (60)

0

2

4

6

8

10

12

0 1 2 3

y o/y

t (A

dim

ensi

on

al)

H (Adimensional)

Série1

"glover"+Hoht!$B$6:$B$

40

Glover

y = 0,8872x + 0,5273 R² = 0,9872

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

0 5 10 15

H (

Adim

ensi

on

al)

y0/yt (Adimensional)

52

Assim, para o caso em que a relação entre yt e y0 é maior que 1/10 este ajuste é bom,

de acordo com índice de confiança de Camargo & Sentelhas. E quando y0 é 10 vezes maior

que yt o ajuste piora, à medida que a razão aumenta. Como o modelo de Glover-Dumm acaba

dependendo do fato de yt ser menor que a profundidade do dreno, esta situação acaba sendo

bem geral.

Ampliando as restrições, consideramos o caso em que yt é até 25% maior que y0, e o

caso em que y0 é o triplo de yt. A função

(

)

(

) (64)

se ajusta ao problema com um pequeno erro, (y = 0,9141x2 +0,3479x +0,8816 e R

2 = 0,9998)

quando comparada com a equação (60), como mostra a Figura 13, inclusive o teste de

identidade, mostrado na Figura 14.

Figura 13 - Teste comparativo entre as equações (60) e (64)

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

0 0,5 1 1,5

y 0/y

t (A

dim

ensi

on

al)

H (Adimensional)

53

Figura 14 – Teste linear entre os modelos (60) e (64)

Logo, para o caso em que a relação entre profundidade de dreno e altura inicial do

lençol freático y0 é maior que 1/3, este ajuste é muito bom.

O caso de maior restrição analisado foi o linear descrito pela equação (65) e os

gráficos da Figura 15 e Figura 16. Situação válida quando o domínio é

, obteve-se e .

(65)

Figura 15 - Comparação entre as equações (60), (65) e a região onde o modelo é valido.

y = 0,9971x + 0,0056 R² = 0,9997

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

0 1 2 3 4

Mo

del

o (

60

)

Modelo (64)

0

5

10

15

20

25

0 1 2 3 4

y 0/y

t (A

dim

ensi

on

al)

H (Adimensional)

Linear

Glover

região do modelo (65)

54

Figura 16 - Teste de identidade onde se compara Glover-Dumm com a equação (65)

Neste trabalho desenvolveram-se também modelos analíticos e aproximações ligadas

ao problema descrito pela equação (10). Pode-se obter uma solução analítica, com a técnica

de separação de variáveis, chegando-se a série definida pela equação (51) para descrever o

quociente ⁄ trabalhando com a razão inversa ⁄ obtém-se uma aproximação da

solução analítica em 16 termos descrita pela equação:

[

( )

( )

]

(

)

(66)

Ao se considerar apenas os quatro primeiros termos da equação (51) obtém-se uma

solução mais resumida para descrever o quociente ⁄

( )

(67)

O gráfico da Figura 17 abaixo representa a comparação das equações (51), (66) e

(67), em que as funções soluções são postas em função de ⁄ .

y = 1,3013x - 0,4505 R² = 0,9751

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

0,5 1 1,5 2 2,5

Model

o (

60)

Modelo (65)

55

Figura 17: Comparação das equações (51), (66) e (67)

A comparação dos valores obtidos de ⁄ pelas soluções das equações (51), (66) e

(67) de duas em duas é representada nos gráficos das Figuras 18, 19 e 20 abaixo.

Figura 18 - Relação linear entre os modelos (51) e (66)

0

5

10

15

20

25

0 1 2 3 4

y 0/y

t (A

dim

ensi

on

al)

H (Adimensional)

glover

sol. analítica

sol. Simplificada

y = 1,0722x + 0,3539 R² = 0,997

0

5

10

15

20

25

0 5 10 15 20

Model

o (

51)

Modelo (66)

56

Figura 19 – Relação linear entre os modelos (66) e (67)

Figura 20 – Relação linear entre os modelos (51) e (67)

No tocante a busca por soluções empíricas que se ajustam ao modelo de

dimensionamento de drenos aproveitou-se o fato de que os modelos baseados em funções

potenciais em duas variáveis estão bem correlacionados com o modelo de Glover-Dumm,

como visto na Figura 8.

Considerando que os intervalos em que estão definidas as variáveis que compõe

⁄ , aplicou-se o método dos mínimos quadrados para determinar uma função do

tipo para estimar o espaçamento L, sendo X e Y variáveis conhecidas X =

condutividade e Y = profundidade,

( ) ( ) (68)

y = 0,8732x - 0,293 R² = 0,997

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

0 5 10 15 20 25

Model

o (

66)

Modelo (67)

y = 0,939x + 3E-15 R² = 1

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

0 5 10 15 20

Model

o (

51)

Modelo (67)

57

O modelo representado pela equação (68) foi comparado com o tradicional método

de Glover-Dumm (dreno acima da barreira impermeável), e obteve-se um ótimo ajuste com o

modelo representado pela equação (21), como mostra a Figura 21.

Figura 21: - Relação linear entre espaçamento calculado com os modelos (21) e (68)

A expressão numérica que representa a variação de ⁄ (Dumm) representada na

Figura 2 (razão entre as alturas do lençol freático) é a seguinte

(69)

Uma solução empírica ajustada ao gráfico da Figura 2 é,

( (

)

(

) )

(70)

É importante destacar que na Figura 22 e a curva da Figura 6 de Dumm (S), refere-se

à situação em que o fator de reação é posto em função do “Specific Yield”, o que gera um

deslocamento nítido no gráfico. Tentou-se estabelecer a relação exata entre os parâmetros μ e

S, mas só se conseguiu uma aproximação entre os mesmos que não é muito interessante

enquanto resultado. Tanto a curva que descreve a solução empírica, equação (70), quanto à

equação de Glover-Dumm (equação (69)) também são representadas na Figura 22.

y = 0,8857x + 1,1578 R² = 0,9952

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

5,00 7,00 9,00 11,00 13,00

L d

e G

lov

er (

m)

L empírico (m)

58

Figura 22 – Inserção do parâmetro S nos modelos (70) e (69) em comparação

com o Modelo de Dumm

Figura 23 – Relação linear entre os modelos potencial (53) e o (69)

A função de Glover-Dumm pode ser aproximada por uma potencial, e o ajuste é mais

abrangente que os estudados acima, a região em que o ajuste é bom contém o intervalo

⁄ , ou seja vale até que y0 seja igual a ⁄

Comparando a equação (60) e o modelo empírico potencial, tem-se ótimo ajuste é o

que mostra a Figura 24 inclusive o ajuste linear mostrado na Figura 25.

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

0,001 0,01 0,1 1 10

y t/y

0 (

Adim

ensi

on

al)

log(KπDt/SL2)

Glover-Dumm

Sol. Emp. Eq (75)

Dumm(S)

Sol. Emp. Eq (70)

y = 1,0012x + 0,0009

R² = 0,9999

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

0,4 0,6 0,8 1

Model

o (

53)

Modelo (69)

59

(

) Equação de Glover (60)

(

)

Equação empírica (71)

Figura 24 - Comparação entre as equações (60) e (71)

Figura 25 – Teste de identidade dos modelos (60) e (71)

Outra vantagem para a representação da equação (71) é poder isolar L ou deixa-lo

em função das outras variáveis com certa facilidade:

(

) (

)

(72)

ou,

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

0 1 2 3 4

y 0/y

t (A

dim

ensi

on

al)

H (Adimensional)

"empiirc pot"

"glover"

y = 1,0338x - 0,2115 R² = 0,9965

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

0 5 10 15 20

Model

o (

60)

Modelo (71)

60

(

) (

)

(73)

Permitindo assim que se possa calcular o espaçamento de forma simples como se faz

usando a clássica equação de Glover-Dumm. O teste comparativo entre os dois modelos é

apresentado na Figura 26.

Figura 26 – Comparação linear entre modelo (73) e o clássico modelo (21)

De modo geral os modelos aqui propostos se ajustam muito bem ao modelo padrão

de Glover-Dumm, basta olhar para os valores de R2, quando aplicamos o teste de Willmott

(1981) e o índice de confiança de Camargo & Sentelhas (1997) o desempenho vai de muito

bom a ótimo, pois os valores do índice “c” estão sempre neste intervalo E

quanto ao erro das equações ele é mínimo, pois para os modelos empíricos basta olhar as

restrições de cada um que esta bem clara no texto e quanto aos analíticos dentro de suas

limitações são exatos.

y = 0,9947x - 0,0171 R² = 0,9999

0

5

10

15

20

25

0 5 10 15 20 25

L (

de

Glo

ver

) (m

)

L (do modelo (73)) (m)

61

5 CONCLUSÕES

As equações de regime variável aparentam ser mais atrativas para o uso no calculo

de dimensionamento de um sistema de drenagem, por representarem melhor as condições

reais de campo e serem de fácil manipulação, mas apesar de tudo isso, dificilmente se pode

usar essas equações em separado das equações de regime permanente, pois suas hipóteses

restringe seu uso, sem se falar no erro que pode ser introduzido se usadas de forma direta em

um projeto de drenagem subterrânea.

A equação algébrica desenvolvida a partir da solução gráfica usada por Dumm

(1964) apresenta ótimas correlações e se ajusta bem com os valores encontrados e descritos na

Figura 2, o que permite a comparação de quaisquer modelos que expressam ⁄

indiretamente com o modelo descrito em Dumm (1964). A técnica de anamorfose utilizada

para entender padrões de ajustes empíricos para a descrição do quociente entre nível freático

inicial e o atingido após certo tempo t de drenagem, permitiu desenvolver bons modelos

empíricos e com claras limitações da região em que o modelo ajustado, está próximo do

modelo clássico de Glover-Dumm.

O modelo empírico do tipo potencial aproxima melhor e com um domínio mais

abrangente do que o modelo de Glover-Dumm, inclusive permite a descrição da distância

entre os drenos sob os mesmos parâmetros que os modelos de Glover, Dumm e Glover-

Dumm. A solução analítica simplificada que foi obtida levou-se em consideração mais termos

da série numérica que define a solução geral, em relação ao modelo de Glover e Dumm, por

isso tem pequenas diferenças, mas não tem diferenças significativas.

62

REFERÊNCIAS

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65

ANEXO

Segue neste anexo os dados utilizados nos cálculos, testes e estimativas referentes

aos modelos empíricos desta dissertação. Os dados de condutividade e profundidade foram

retirados da Tabela 7 apostila de MELLO, (2008).