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SIC EPIDEMIOLOGIA EPIDEMIOLOGIA VOL. 3

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L. 3

Autoria e colaboração

Alex Jones Flores CassenoteGraduado em Biomedicina pelas Faculdades Integradas de Fernandópolis da Fundação Educacional de Fernan-dópolis (FEF). Mestre e doutorando em Ciências pelo Programa de Pós-Graduação em Doenças Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Epidemiologista responsável por diversos projetos de pesquisa na FMUSP e na Universi-dade Federal de São Paulo (UNIFESP). Epidemiologista do Centro de Dados e Pesquisas do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP). Colabora-dor do Laboratório de Epidemiologia e Estatística (LEE) do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia.

Marília LouvisonGraduada em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Especialista em Medicina Preventiva e Social pela UNIFESP. Mestre e doutora em Epidemiologia pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP). Médica da SES/SP - Coordenadora Es-tadual da Área Técnica de Saúde da Pessoa Idosa 2008.

Aline Gil Alves GuillouxGraduada em Medicina Veterinária pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestre e dou-toranda em Ciências pelo Programa de Epidemiologia Experimental e colaboradora de projetos do Laboratório de Epidemiologia e Bioestatística da Faculdade de Me-dicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ/USP).

Augusto César Ferreira de MoraesGraduado em Educação Física pelo Centro Universitá-rio de Maringá (CESUMAR). Especialista em Fisiologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Mestre em Ciências pelo Programa de Pediatria e doutorando em Ciências pelo Programa de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

Nathalia Carvalho de AndradaGraduada em Medicina pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). Especialista em Cardiologia Clínica pela Real e Benemérita Sociedade de Beneficência Portugue-sa de São Paulo. Título de especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).

Thaís MinettGraduada em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Especialista em Clínica Médica e em Neurologia e doutora em Neurologia/Neurociências pela UNIFESP, onde é professora adjunta ao Departa-mento de Medicina Preventiva.

Valéria Troncoso BaltarGraduada em Estatística pelo Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica da Universidade de Campinas (UNICAMP). Especialista em Demografia pelo Centro Latino-Americano e Caribenho de Demografia (CELADE). Mestre em Ciências pelo Instituto de Mate-mática e Estatística da Universidade de São Paulo (IME--USP). Doutora e pós-doutora em Epidemiologia pela Fa-culdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP). Professora adjunta do Departamento de Epidemiologia e Bioestatística do Instituto de Saúde da Comunidade da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Marina GemmaGraduada em Obstetrícia pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH--USP). Mestre em Ciências pela Faculdade de Saúde Pú-blica da Universidade de São Paulo (FSP-USP). Professo-ra assistente junto ao curso de Obstetrícia da EACH-USP.

Assessoria didáticaLicia Milena de Oliveira

Atualização 2017Alex Flores Jones Cassenote

Apresentação

Os desafios da Medicina a serem vencidos por quem se decide pela área são tantos e tão diversos que é impossível tanto determiná-los quanto mensurá-los. O período de aulas práticas e de horas em plantões de vários blocos é apenas um dos antecedentes do que o estudante virá a enfrentar em pouco tempo, como a maratona da escolha por uma especialização e do ingresso em um programa de Residência Médica reconhecido, o que exigirá dele um preparo intenso, minucioso e objetivo.

Trata-se do contexto em que foi pensada e desenvolvida a Coleção SIC Principais Temas para Provas, cujo material didático, preparado por profis-sionais das mais diversas especialidades médicas, traz capítulos com inte-rações como vídeos e dicas sobre quadros clínicos, diagnósticos, tratamen-tos, temas frequentes em provas e outros destaques. As questões ao final, todas comen tadas, proporcionam a interpretação mais segura possível de cada resposta e reforçam o ideal de oferecer ao candidato uma preparação completa.

Um excelente estudo!

Índice

Capítulo 1 - Conceitos básicos e defi nições ....15

1. Introdução ...................................................................16

2. Defi nições, conceitos básicos e usos ................... 17

3. Relação entre Medicina Preventiva e Epidemiologia ...........................................................20

4. Relação entre Clínica Médica e Epidemiologia .....22

5. Raciocínio, método e prática ................................ 24

6. As bases do conhecimento em Epidemiologia 28

7. Conquistas e perspectivas da Epidemiologia .. 30

8. Apresentação do material .................................... 30

Resumo .............................................................................32

Capítulo 2 - Saúde e doença ...........................33

1. Introdução .................................................................. 34

2. Conceito de “saúde” e “doença” ........................... 34

3. Os modelos explicativos do processo saúde–doença (MSD) ...............................................35

4. Outros modelos explicativos do processo saúde–doença .......................................................... 46

Resumo .............................................................................47

Capítulo 3 - Medidas de frequência I: morbidade ......................................................... 49

1. Introdução .................................................................. 50

2. Incidência .................................................................... 50

3. Taxa de ataque ......................................................... 54

4. Prevalência ................................................................ 54

5. Relação entre prevalência e incidência ............. 56

Resumo ............................................................................ 59

Capítulo 4 - Medidas de frequência II: mortalidade e outros indicadores ................. 61

1. Introdução .................................................................. 62

2. Construção de indicadores ................................... 63

3. Principais indicadores de saúde ......................... 66

Resumo ............................................................................ 82

Capítulo 5 - Dinâmica de transmissão e distribuição de doenças .................................. 85

1. Introdução .................................................................. 86

2. Modo de transmissão de doenças ......................88

3. Distribuição temporal.............................................90

4. Tendência histórica ou secular .............................91

5. Variações cíclicas ..................................................... 92

6. Variações sazonais .................................................. 92

7. Variações irregulares ...............................................93

Resumo .......................................................................... 103

Capítulo 6 - Vigilância em saúde com ênfase em vigilância epidemiológica ......... 105

1. Introdução .............................................................106

2. Componentes e ações da vigilância em saúde .....106

3. Vigilância Epidemiológica .................................... 109

4. Doenças de notifi cação compulsória ................ 116

5. Vigilância epidemiológica de agravos não transmissíveis ..........................................................124

Resumo ...........................................................................126

Capítulo 7 - Transição epidemiológica, demográfi ca e nutricional .............................129

1. Introdução ................................................................ 130

2. Transição demográfi ca ......................................... 130

3. Transição epidemiológica .....................................135

4. Transição nutricional .............................................139

Resumo ..........................................................................140

Questões:Organizamos, por capítulo, questões de instituições de todo o Brasil.

Anote:O quadrinho ajuda na lembrança futura sobre o domínio do assunto e a possível necessidade de retorno ao tema.

QuestõesCirurgia do Trauma

Atendimento inicial ao politraumatizado

2015 - FMUSP-RP1. Um homem de 22 anos, vítima de queda de moto em ro-dovia há 30 minutos, com trauma de crânio evidente, tra-zido pelo SAMU, chega à sala de trauma de um hospital terciário com intubação traqueal pelo rebaixamento do nível de consciência. A equipe de atendimento pré-hos-pitalar informou que o paciente apresentava sinais de choque hipovolêmico e infundiu 1L de solução cristaloide até a chegada ao hospital. Exame físico: SatO2 = 95%, FC = 140bpm, PA = 80x60mmHg e ECG = 3. Exames de imagem: raio x de tórax e bacia sem alterações. A ultrassonografia FAST revela grande quantidade de líquido abdominal. A melhor forma de tratar o choque desse paciente é:a) infundir mais 1L de cristaloide, realizar hipotensão permissiva, iniciar transfusão de papa de hemácias e en-caminhar para laparotomiab) infundir mais 3L de cristaloide, aguardar exames labo-ratoriais para iniciar transfusão de papa de hemácias e encaminhar para laparotomiac) infundir mais 3L de cristaloide, realizar hipotensão permissiva, iniciar transfusão de papa de hemácias e plasma fresco congelado e encaminhar para laparotomiad) infundir mais 1L de cristaloide, iniciar transfusão de papa de hemácias e plasma fresco congelado e encami-nhar o paciente para laparotomia

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2015 - SES-RJ2. Para avaliar inicialmente um paciente com traumatis-mo cranioencefálico, um residente utilizou a escala de Glasgow, que leva em conta:a) resposta verbal, reflexo cutâneo-plantar e resposta motorab) reflexos pupilares, resposta verbal e reflexos profundosc) abertura ocular, reflexos pupilares e reflexos profundosd) abertura ocular, resposta verbal e resposta motora

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2015 - UFES3. A 1ª conduta a ser tomada em um paciente politrau-matizado inconsciente é:

a) verificar as pupilasb) verificar a pressão arterialc) puncionar veia calibrosad) assegurar boa via aéreae) realizar traqueostomia

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2015 - UFG4. Um homem de 56 anos é internado no serviço de emergência após sofrer queda de uma escada. Ele está inconsciente, apresenta fluido sanguinolento não coa-gulado no canal auditivo direito, além de retração e movimentos inespecíficos aos estímulos dolorosos, está com os olhos fechados, abrindo-os em resposta à dor, e produz sons ininteligíveis. As pupilas estão isocóricas e fotorreagentes. Sua pontuação na escala de coma de Glasgow é:a) 6b) 7c) 8d) 9

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2015 - UFCG 5. Um homem de 20 anos foi retirado do carro em cha-mas. Apresenta queimaduras de 3º grau no tórax e em toda a face. A 1ª medida a ser tomada pelo profissional de saúde que o atende deve ser:a) aplicar morfinab) promover uma boa hidrataçãoc) perguntar o nomed) lavar a facee) colocar colar cervical

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei dificuldade para responder

2014 - HSPE6. Um pediatra está de plantão no SAMU e é acionado para o atendimento de um acidente automobilístico. Ao chegar ao local do acidente, encontra uma criança de 5 anos próxima a uma bicicleta, sem capacete, dei-tada no asfalto e com ferimento cortocontuso extenso no crânio, após choque frontal com um carro. A criança está com respiração irregular e ECG (Escala de Coma de Glasgow) de 7. O pediatra decide estabilizar a via aérea

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Comentários:Além do gabarito o�cial divulgado pela instituição, nosso

corpo docente comenta cada questão. Não hesite em retornar ao conteúdo caso se sinta inseguro. Pelo

contrário: se achá-lo relevante, leia atentamente o capítulo e reforce o entendimento nas dicas e nos ícones.

ComentáriosCirurgia do Trauma

Atendimento inicial ao politraumatizado

Questão 1. Trata-se de paciente politraumatizado, ins-tável hemodinamicamente, com evidência de hemope-ritônio pelo FAST. Tem indicação de laparotomia explo-radora, sendo que a expansão hemodinâmica pode ser otimizada enquanto segue para o centro cirúrgico.Gabarito = D

Questão 2. A escala de coma de Glasgow leva em con-ta a melhor resposta do paciente diante da avaliação da resposta ocular, verbal e motora. Ainda que a avaliação do reflexo pupilar seja preconizada na avaliação inicial do politraumatizado, ela não faz parte da escala de Glasgow.Gabarito = D

Questão 3. A 1ª conduta no politraumatizado com rebai-xamento do nível de consciência é garantir uma via aérea definitiva, mantendo a proteção da coluna cervical.Gabarito = D

Questão 4. A pontuação pela escala de coma de Glasgow está resumida a seguir:

Abertura ocular (O)

Espontânea 4

Ao estímulo verbal 3

Ao estímulo doloroso 2

Sem resposta 1

Melhor resposta verbal (V)

Orientado 5

Confuso 4

Palavras inapropriadas 3

Sons incompreensíveis 2

Sem resposta 1

Melhor resposta motora (M)

Obediência a comandos 6

Localização da dor 5

Flexão normal (retirada) 4

Flexão anormal (decor-ticação) 3

Extensão (descerebração) 2

Sem resposta (flacidez) 1

Logo, o paciente apresenta ocular 2 + verbal 2 + motor 4 = 8.Gabarito = C

Questão 5. O paciente tem grande risco de lesão térmica de vias aéreas. A avaliação da perviedade, perguntando-se o nome, por exemplo, é a 1ª medida a ser tomada. Em caso de qualquer evidência de lesão, a intubação orotra-queal deve ser precoce.Gabarito = C

Questão 6. O tiopental é uma opção interessante, pois é um tiobarbitúrico de ação ultracurta. Deprime o sistema nervoso central e leva a hipnose, mas não a analgesia. É usado para proteção cerebral, pois diminui o fluxo sanguí-neo cerebral, o ritmo metabólico cerebral e a pressão in-tracraniana, o que é benéfico para o paciente nesse caso.Gabarito = A

Questão 7. Seguindo as condutas preconizadas pelo ATLS®, a melhor sequência seria:A: via aérea definitiva com intubação orotraqueal, man-tendo proteção à coluna cervical.B: suporte de O2 e raio x de tórax na sala de emergência.C: garantir 2 acessos venosos periféricos, continuar a infusão de cristaloides aquecidos e solicitar hemoderi-vados. FAST ou lavado peritoneal caso o raio x de tórax esteja normal.D: garantir via aérea adequada e manter a oxigenação e a pressão arterial.E: manter o paciente aquecido.Logo, a melhor alternativa é a “c”. Gabarito = C

Questão 8. O chamado damage control resuscitation, que deve ser incorporado na próxima atualização do ATLS®, está descrito na alternativa “a”. Consiste na contenção precoce do sangramento, em uma reposição menos agressiva de cristaloide, mantendo certo grau de hipo-tensão (desde que não haja trauma cranioencefálico as-sociado), e no uso de medicações como o ácido tranexâ-mico ou o aminocaproico.Gabarito = A

Questão 9. O tratamento inicial de todo paciente poli-traumatizado deve sempre seguir a ordem de priorida-des proposta pelo ATLS®. A 1ª medida deve ser sempre garantir uma via aérea pérvia com proteção da coluna cervical. Nesse caso, a fratura de face provavelmente in-viabiliza uma via aérea não cirúrgica, e o paciente é can-didato a cricotireoidostomia. Após essa medida, e garan-

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Conceitos básicos e defi nições

Marília LouvisonThaís Minett

Neste capítulo inicial sobre Epidemiologia, vamos abor-dar as defi nições principais da disciplina, bem como sua relação e interação com os diversos assuntos das áreas da Saúde e sua importância no contexto da saúde coletiva, nos processos saúde–doença e na educação médica. 1

Alex Jones F. CassenoteMarina Gemma

sic epidemiologia16

1. IntroduçãoA Epidemiologia agrega variadas linhas de conhecimento, que serão discutidas a seguir e que emergiram fortemente a partir do século XVII. Naomar de Almeida Filho, epidemiologista brasileiro de destaque in-ternacional, explica que o século em questão foi inovador nos senti-dos político e social, pois a necessidade de “calcular” a população passa a ser fundamental para o Estado (por questões políticas e questões militares). Nesse contexto, surgem linhas como a “aritmética política” de William Petty (1623-1697) e a “estatística médica” de John Graunt (1620-1674) (ALMEIDA FILHO, 1986).

John Graunt foi o primeiro a quantificar os padrões de natalidade e mor-talidade e a ocorrência de doenças, identificando características impor-tantes, entre elas: existência de diferenças entre os sexos e na distribuição urbano-rural, elevada mortalidade infantil e variações sazonais existen-tes. Foi ele o responsável pelas primeiras estimativas de população e a elaboração de uma tábua de mortalidade, também conhecida como tábua de vida (procedimento para estimar expectativa de vida da população).

O trabalho que marcou não somente o início formal da Epidemiologia, como também uma das mais espetaculares conquistas, foi a desco-berta, por John Snow, de que o risco de contrair cólera estava rela-cionado ao consumo de água de uma fonte específica (BEAGLEHOLE; BONITA; KJELLSTRÖM, 2010). Snow marcou a moradia de cada pessoa que morreu de cólera em Londres entre 1848 e 1849 e 1853 e 1854, ana-lisando a relação entre a distância das fontes de água e a ocorrência de óbitos (Figura 1). Foi com base nessa investigação que o médico cons-truiu uma teoria sobre a transmissão das doenças infecciosas, suge-rindo que a cólera era disseminada por meio da água contaminada, fato que antecede a descoberta do Vibrio cholerae e evidencia que, desde 1850, os estudos epidemiológicos têm indicado as medidas apropriadas de saúde pública a serem adotadas.

Figura 1 - Mapa de John Snow, que demarca as residências com óbitos por cólera em Londres, no ano de 1854; os pontos azuis indicam bombas d’água, e os vermelhos, residências com morte por cólera. Note os pontos vermelhos agrupados no entorno de uma bomba específicaFonte: http://donboyes.com/2011/10/14/john-snow-and-serendipity/; com modificações.

Dinâmica de transmissão e distribuição de doenças

Alex Jones F. CassenoteMarina Gemma

Neste capítulo, sobre dinâmica de transmissão, serão abordados temas que incluem a relação entre o ser humano, o ambiente onde ele vive e um agente infec-cioso que transita entre eles. Entender como essas relações funcionam é fundamental para entender a cadeia de causalidade e a forma como ocorrem determi-nadas doenças nas populações e com que periodicidade acontecem.

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sic epidemiologia86

1. IntroduçãoAs doenças humanas provenientes da relação entre hospedeiro (pes-soa), agente (bactéria, vírus ou outro agente) e meio ambiente (alimen-tos ou água contaminados) resultam de uma interação entre fatores biológicos e ambientais, com o equilíbrio exato variando conforme as diferentes doenças (embora algumas sejam de origens amplamente ge-néticas). Muitos dos princípios subjacentes que fundamentam a trans-missão das doenças são mais claramente demonstrados utilizando doenças transmissíveis como modelo. Contudo, os conceitos discutidos podem ser extrapolados para doenças não infecciosas ou mesmo a ou-tros agravos à saúde (GORDIS, 2010).

DicaAs doenças são descritas

como resultado de uma tríade epidemiológica, ou

seja, são um produto de interação de um hospe-

deiro humano, um agente infeccioso (ou de outro

tipo) e um ambiente que promova a exposição.

Vetores, como mosquitos e carrapatos, são frequentemente envolvi-dos. Para tal interação ocorrer, o hospedeiro deve estar suscetível. A suscetibilidade humana é determinada por uma infinidade de fatores, incluindo antecedentes genéticos e fatores nutricionais e imunológicos. O estado imunológico de um indivíduo é determinado por muitos fato-res, incluindo contato prévio com o agente, por infecção natural ou por imunização.

Os fatores que podem levar ao desenvolvimento de doenças são bio-lógicos, físicos e químicos, bem como outros tipos, como estresse, que pode ser mais difícil de classificar (Tabela 1). Poder-se-ia pensar na agregação desses fatores em, pelo menos, 3 grandes grupos de doen-ças/agravos à saúde: doenças infecciosas e parasitárias, doenças crôni-cas não transmissíveis e causas externas de morbidade e mortalidade. Todas elas poderiam ser consideradas, de algum modo, dentro do mo-delo clássico da tríade epidemiológica.

Uma doença transmissível (ou infecciosa) é aquela causada pela trans-missão de um agente patogênico específico para um hospedeiro sus-cetível. Agentes infecciosos podem ser transmitidos para humanos: diretamente – de outros humanos ou animais infectados – e indireta-mente – por meio de vetores biológicos ou físicos, partículas aéreas ou outros veículos (BEAGLEHOLE; BONITA; KJELLSTRÖM, 2010).

Figura 1 - Tríade epidemiológica das doençasFonte: GORDIS, 2010; com modificações.

Tabela 1 - Fatores associados ao aumento de risco de doença nos seres humanos

Características do hospedeiro

- Idade;

- Sexo;

- Raça e/ou etnia;

- Religião;

- Costumes;

- Ocupação;

- Perfil genético;

- Estado civil;

- Antecedentes familiares;

- Doenças anteriores;

- Estado imunológico.

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QUESTÕES

Cap. 1 - Conceitos básicos e defi nições .....................149

Cap. 2 - Saúde e doença ..................................................151

Cap. 3 - Medidas de frequência I: morbidade .........156

Cap. 4 - Medidas de frequência II: mortalidade e outros indicadores ...........................................164

Cap. 5 - Dinâmica de transmissão e distribuição de doenças.......................................................... 174

Cap. 6 - Vigilância em saúde com ênfase em vigilância epidemiológica .............................. 180

Cap. 7 - Transição epidemiológica, demográfi ca e nutricional...........................................................188

COMENTÁRIOS

Cap. 1 - Conceitos básicos e defi nições ..................... 193

Cap. 2 - Saúde e doença ................................................. 195

Cap. 3 - Medidas de frequência I: morbidade ........200

Cap. 4 - Medidas de frequência II: mortalidade e outros indicadores .......................................... 207

Cap. 5 - Dinâmica de transmissão e distribuição de doenças..........................................................215

Cap. 6 - Vigilância em saúde com ênfase em vigilância epidemiológica ...............................221

Cap. 7 - Transição epidemiológica, demográfi ca e nutricional...........................................................227

Índice

Epid

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a Q

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õesQuestões

Epidemiologia

Conceitos básicos e defi nições

2016 - UNIRIO1. Das infecções a seguir, aquela que possui baixa infecti-vidade, alta patogenicidade e alta virulência é:a) gripe H1N1b) sarampoc) dengued) difteriae) tétano

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei difi culdade para responder

2016 - UFSC2. Os termos efi ciência, efi cácia e efetividade costumam ser utilizados sem o rigor necessário para que possam ser úteis ao processo de avaliação. No entanto, para que os resultados de uma avaliação sejam bem interpreta-dos e utilizados em um planejamento estratégico, é ne-cessário que se faça distinção entre esses conceitos de resultados. Assinale a alternativa correta sobre efi ciên-cia, efi cácia e efetividade: a) a efi ciência está associada à ideia de avaliação da re-

lação entre os meios utilizados e os produtos b) a efi cácia é um conceito que tenta medir o resultado

mais amplo das ações executadas na realidade da co-munidade considerando todos os seus possíveis im-pactos diretos e indiretos

c) a efetividade é um conceito vinculado ao grau de atendimento da produção com os objetivos e metas previamente defi nidos para o sistema

d) a efi cácia tem um cunho econômico e compara o de-sempenho de determinado arranjo produtivo ao lon-go do tempo, ou de 2 arranjos equivalentes em rela-ção ao que consumiram e produziram

e) a efi ciência é um conceito vinculado ao grau de aten-dimento da produção com os objetivos e metas pre-viamente defi nidos para o sistema

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei difi culdade para responder

2015 - UFRJ3. Com relação ao controle da epidemia de ebola, segun-do porta-voz da OMS, muitos hospitais não têm pessoal qualifi cado sufi ciente para provar o cuidado necessário.

Nesse caso, o componente da qualidade em saúde defi -citário é de:a) processob) resultadoc) estruturad) acesso

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei difi culdade para responder

2015 - AMRIGS4. Na pesquisa clínica, uma boa hipótese deve estar fun-damentada em uma boa questão de pesquisa. A hipóte-se nula é caracterizada pela:a) diferença mínima que o investigador deseja detectar

entre 2 grupos em comparaçãob) probabilidade predefi nida de rejeitar uma hipótesec) formulação da hipótese de pesquisa indicando que

não há diferença entre grupos de comparaçãod) formulação da hipótese de pesquisa indicando que há

diferença entre grupos de comparaçãoe) presença de erro sistemático e aleatório em excesso

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei difi culdade para responder

2015 - UFG5. Para caracterizar a distribuição de um fenômeno de saúde pública em uma população, devem ser estudadas as seguintes dimensões:a) frequência, pessoa, tempob) incidência, prevalência, taxac) mortalidade, morbidade, letalidaded) pessoa, tempo, lugar

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei difi culdade para responder

2015 - HIVS6. A fl uoretação das águas para o consumo humano é uma medida que se enquadra entre os níveis de preven-ção como: a) promoção à saúdeb) proteção específi cac) diagnóstico e tratamento precoced) limitação do danoe) prevenção secundária

Tenho domínio do assunto Refazer essa questãoReler o comentário Encontrei difi culdade para responder

ComentáriosEpidemiologia

Conceitos básicos e defi nições

Questão 1. Infectividade é o nome que se dá à capaci-dade de certos organismos de penetrarem e de se de-senvolverem ou de se multiplicarem no novo hospedeiro, ocasionando infecção. Patogenicidade é a qualidade que tem o agente infeccioso de, uma vez instalado no orga-nismo do homem e de outros animais, produzir sintomas em maior ou menor proporção dentre os hospedeiros infectados. E virulência é a capacidade de um bioagente produzir casos graves ou fatais. Analisando as alternativas:a), b) e c) Têm alta infectividade, logo estão incorretas.d) Difteria tem baixa patogenicidade, logo incorreta. e) Tétano tem baixa infectividade e altas patogenicidade e virulência, assim correta.Gabarito = E

Questão 2. Analisando as alternativas:a) Correta. Efi ciência está associada à ideia de avaliação da relação entre os meios utilizados e os produtos, ou seja, envolve a ideia de custo para gerar o produto. b) Incorreta. A efetividade é um conceito que tenta medir o resultado mais amplo das ações executadas na realida-de da comunidade considerando todos os seus possíveis impactos diretos e indiretos. c) e e) Incorretas. A efi cácia é um conceito vinculado ao grau de atendimento da produção com os objetivos e metas previamente defi nidos para o sistema. d) Incorreta. A efi ciência tem um cunho econômico e compara o desempenho de determinado arranjo produ-tivo ao longo do tempo, ou de 2 arranjos equivalentes em relação ao que consumiram e produziram. Gabarito = A

Questão 3. Analisando as alternativas:a) Incorreta. Os processos referem-se a organização e documentação, protocolos, normas e rotinas.b) Incorreta. O impacto da assistência refere-se a situa-ção de saúde, conhecimento e comportamento do pa-ciente, na dimensão epidemiológica, e utiliza de indica-dores como taxa de mortalidade e de infecção, média de permanência etc.c) Correta. Trata-se da estrutura, ou seja, existência de recursos físicos (instalações), humanos (pessoal) e orga-

nizacionais (comitês, protocolos assistenciais etc.) ade-quados.d) Incorreta. O acesso refere-se à possibilidade de os in-divíduos entrarem para o serviço de saúde e assim rece-berem os cuidados necessários. Gabarito = C

Questão 4. Analisando as alternativas:a) Incorreta. A diferença mínima que o investigador de-seja detectar entre 2 grupos em comparação será cha-mada magnitude da associação. b) Incorreta. O nível de signifi cância é a probabilidade predefi nida de rejeitar uma hipótese. c) Correta. A hipótese nula partirá sempre do princípio de que não existe diferença entre grupos de compara-ção, placebo versus experimental.d) Incorreta. A formulação da hipótese de pesquisa indi-cando que há diferença entre grupos de comparação é chamada de hipótese alternativa. e) Incorreta. A presença de erro sistemático e aleatório em excesso não tem nenhuma relação com a hipótese do estudo.Gabarito = C

Questão 5. Analisando as alternativas:a), b) e c) Incorretas. Consideram alguns indicadores de saúde específi cos.d) Correta. Epidemiologia descritiva estuda a variabilida-de da frequência das doenças ao nível coletivo, em fun-ção de variáveis ligadas ao tempo, ao espaço (ambientais e populacionais) e à pessoa. Refere-se às circunstâncias em que as doenças e os agravos à saúde ocorrem nas coletividades. A epidemiologia descritiva objetiva res-ponder onde, quando e sobre quem ocorre determinado agravo à saúde. Gabarito = D

Questão 6. Trata-se da proteção específi ca, haja vista que a fl uoretação tem um único objetivo, prevenir a cárie dentária. Promoção à saúde não tem alvo específi co; os demais itens são relacionados a prevenção secundária e terciária do modelo ecológico do processo saúde–doença.Gabarito = B

Questão 7. Analisando as alternativas:a) Incorreta. O ambiente da unidade básica de saúde se-ria mais focado na assistência primária ao indivíduo, e

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