epidemiologia, controle quÍmico e distribuiÇÃo …§ões-teses/teses/2013... · 4 eficiÊncia de...

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical EPIDEMIOLOGIA, CONTROLE QUÍMICO E DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE Sclerotinia sclerotiorum EM MATO GROSSO ROSELI MUNIZ GIACHINI CUIABÁ-MT 2013

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1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E

ZOOTECNIA

Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical

EPIDEMIOLOGIA, CONTROLE QUÍMICO E

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE Sclerotinia sclerotiorum EM

MATO GROSSO

ROSELI MUNIZ GIACHINI

CUIABÁ-MT

2013

2

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E

ZOOTECNIA

Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical

EPIDEMIOLOGIA, CONTROLE QUÍMICO E

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE Sclerotinia sclerotiorum EM

MATO GROSSO

ROSELI MUNIZ GIACHINI

Engenheira Agrônoma

Orientadora: Profª. Drª. MARIA CRISTINA DE F. E ALBUQUERQUE

Co-Orientadores: Prof. Dr. DANIEL CASSETARI NETO

Prof. Dr. MARCELO DE CARVALHO ALVES

CUIABÁ-MT

2013

Tese apresentada à Faculdade de Agronomia, Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso para obtenção do título de Doutora em Agricultura Tropical.

3

FICHA CATALOGRÁFICA

4

5

A meu esposo Vilmar

Aos meus filhos Fernando e Fabiola

Aos meus pais Ladir Lau e Leonor

pelo apoio e força nos momentos difíceis

Dedico...........

6

AGRADECIMENTOS

À Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), pela oportunidade da

realização do curso.

À Faculdade de Agronomia, Medicina Veterinária e Zootecnia (FAMEVZ)

pelas condições oferecidas na realização do curso.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)

pelo apoio financeiro na concessão da bolsa.

À professora Maria Cristina de Figueiredo e Albuquerque, minha

orientadora, pela dedicação, orientação e amizade.

Aos professores Daniel Cassetari Neto e Marcelo de Carvalho Alves, meus

co-orientadores, pela amizade, sugestões e apoio na realização deste trabalho.

A todos os colegas do curso de Pós-graduação em Agricultura Tropical,

pela amizade e alegria no período de convivência.

Aos amigos inseparáveis do Laboratório em especial a Diele, Carmen, Zé

Luis, Marcela, Claudinéia, Rafael, e estagiários, pela amizade, companheirismo e

ajuda na realização dos testes.

Aos funcionários e amigos do Laboratório, Sidnéa (amiga de toda hora) e

Sr. João, pela colaboração e constante amizade.

Aos meus familiares, que nos momentos mais difíceis sempre me apoiaram

para que eu não desistisse.

Ao meu esposo Vilmar e meus filhos Fernando e Fabiola pela paciência,

dedicação, companheirismo, apoio e compreensão nos momentos em que estive

ausente.

À Deus acima de tudo, por ter me guiado até aqui, concebendo a realização

de mais um de meus objetivos.

...Obrigado

7

SUMÁRIO

Página

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 11

2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................. 14

2.1 Podridão na Haste ou Mofo Branco na Cultura da Soja causada por

Sclerotinia sclerotiorum ............................................................................. 14

2.2 Taxonomia............................................................................................ 16

2.3 Aspectos Biológicos ............................................................................ 16

2.3.1 Produção de escleródios .................................................................. 16

2.3.2 Germinação dos escleródios ............................................................ 18

2.4 Mecanismo de Patogenicidade: Produção de Ácido Oxálico .............. 21

2.5 Sintomas e Epidemiologia.................................................................... 22

2.6 Variabilidade do Patógeno .................................................................. 26

2.7 Métodos de Detecção de Sclerotinia sclerotiorum............................... 27

2.8 Controle de Sclerotinia sclerotiorum..................................................... 30

2.9 Geoestatística....................................................................................... 33

2.10 Ocorrência de S. sclerotiorum em Mato Grosso ............................... 34

2.11 Referências Bibliográficas.................................................................. 36

3 CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS E FISIOLÓGICAS DE

Sclerotinia sclerotiorum ISOLADO DA CULTURA DA SOJA E

USO DA RESTRIÇÃO HÍDRICA ........................................................ 46

Resumo..................................................................................................... 46

Abstract...................................................................................................... 47

3.1 Introdução............................................................................................ 48

3.2 Material e Métodos............................................................................... 50

3.3 Resultados e Discussão....................................................................... 56

3.4 Conclusões........................................................................................... 70

3.5 Referências Bibliográficas.................................................................... 71

4 EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS NO CONTROLE DE MOFO BRANCO

DA CULTURA DA SOJA E NA GERMINAÇÃO DE ESCLERÓDIOS

DE Sclerotinia sclerotiorum............................................................ 75

8

Resumo...................................................................................................... 75

Abstract...................................................................................................... 76

4.1 Introdução............................................................................................ 77

4.2 Material e Métodos............................................................................... 79

4.3 Resultados e Discussão....................................................................... 83

4.4 Conclusões........................................................................................... 91

4.5 Referências Bibliográficas.................................................................... 92

5 EFEITO DA TEMPERATURA E UMIDADE EM Sclerotinia

sclerotiorum DA SOJA ...................................................................... 95

Resumo...................................................................................................... 95

Abstract....................................................................................................... 96

5.1 Introdução ............................................................................................ 97

5.2 Material e Métodos .............................................................................. 99

5.3 Resultados e Discussão ...................................................................... 102

5.4 Conclusões .......................................................................................... 113

5.5 Referências Bibliográficas................................................................... 114

6 DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE Sclerotinia sclerotiorum EM

SOJA..................................................................................................... 117

Resumo...................................................................................................... 117

Abstratc...................................................................................................... 118

6.1 Introdução ........................................................................................... 119

6.2 Material e Métodos .............................................................................. 121

6.3 Resultados e Discussão ...................................................................... 124

6.4 Conclusões ......................................................................................... 134

6.5 Referências Bibliográficas.................................................................. 135

9

EPIMEMIOLOGIA, CONTROLE QUÍMICO E DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL

DE Sclerotinia sclerotiorum EM MATO GROSSO

RESUMO - Na cultura da soja, o mofo branco, causado pelo fungo por S.

sclerotiorum, que sempre foi de ocorrência esporádica em áreas de cultivo

no estado de Mato Grosso, não havia causado problemas até a safra

2008/09, pois ocorria em pequenas reboleiras, com poucas plantas

infectadas por hectare. Uma série de fatores como monocultivo, sucessão

de culturas com espécies altamente suscetíveis e o plantio de sementes

infectadas, fizeram com que a doença se tornasse um dos principais

problemas, com perdas significativas na produtividade de soja. Assim,

objetivou-se, neste trabalho, estudar o fungo S. sclerotiorum e os fatores

que influenciam no seu crescimento. Dessa forma, foram verificados (1) a

biometria e germinação de escleródios; (2) inoculação e detecção do

patógeno em sementes; (3) a sensibilidade de escleródios à fungicidas; (4)

o crescimento e desenvolvimento do patógeno em função das temperaturas

e disponibilidade hídrica; e (5) a distribuição espacial de S. sclerotiorum. O

comprimento, a largura e a espessura dos escleródios em soja variam de

2,41 a 13,62 mm; 2,06 a 3,46 mm e 1,58 a 2,38 mm, respectivamente. O

meio mais adequado para inoculação em sementes de soja é o Batata-

Dextrose-Agar sem restrição hídrica. O período mais eficiente para a

inoculação é de 72 horas. O método rolo de papel permite a detecção mais

rápida e eficiente do patógeno em lotes de sementes de soja com 5% de

contaminação. Os fungicidas apresentam eficiência na redução do mofo

branco, mesmo com apenas uma aplicação. O efeito da aplicação de

fungicida na cultura da soja sobre a germinação de escleródios e formação

de apotécios ocorre até os 50 dias de incubação de escleródios. A umidade

do solo afeta a germinação carpogênica, o número de apotécios produzidos

por escleródios, a massa, comprimento e diâmetro dos apotécios. A

variação espacial de S. sclerotiorum ocorre em reboleiras.

Palavras-chave: mofo branco, escleródios, apotécios.

10

EPIDEMIOLOGY, CHEMICAL CONTROL AND SPATIAL DRISTRIBUTION

OF Sclerotinia sclerotiorum IN MATO GROSSO

ABSTRACT - In soybean, the white mold, caused by S. sclerotiorum, which

has always been sporadic in areas of soybean cultivation in the state of

Mato Grosso, there were problems caused by the 2008/09 as occurred in

small foci, with few infected plants per hectare. A number of factors such as

monoculture, crop succession with highly susceptible species and planting of

infected seed, caused the disease became a major problem, with significant

losses in soybean yield. Thus, the aim of this work was to study S.

sclerotiorum and the factors that influence its growth. Thus, it was verified

(1) biometrics and germination of sclerotia, (2) and detection of the pathogen

inoculation of seeds, (3) the sensitivity of the sclerotia fungicides, (4) growth

and development of the pathogen as a function of temperature and water

availability, and (5) the spatial distribution of S. sclerotiorum. The length,

width and thickness of sclerotia in soybean varies from 2.41 to 13.62 mm,

2.06 to 3.46 mm 1.58 to 2.38 mm, respectively. The most appropriate means

of inoculation in soybean seeds is the Potato Dextrose Agar without fluid

restriction. The most effective period for inoculation is 72 hours. The paper

roll method allowed the detection faster and more efficient pathogen in

batches of seeds with 5% contamination. Fungicides have efficiency in

reducing white mold, even with just one application. The effect of fungicide

application on soybean on germination of sclerotia and apothecia formation

occurs up to 50 days of incubation of sclerotia. Soil moisture affects the

germination carpogenic, the number of apothecia produced by sclerotia,

mass, length and diameter of the apothecia. The spatial variation of S.

sclerotiorum occurred in foci.

Keywords: white mold, sclerotia, apothecia.

11

1 INTRODUCÃO

A soja (Glycine max L. Merrill) é a principal espécie cultivada no país.

Na região Centro-Oeste, o Mato Grosso continua líder no ranking de

produção nacional, com estimativa de safra em 21,5 milhões de toneladas

obtidas em 2011/12, com área plantada de 7,89 milhões de hectares e

produção estimada de 24,13 milhões de toneladas para a safra 2012/13

(Imea, 2012). Dentre os fatores que limitam a produtividade, a lucratividade

e o sucesso de produção desta leguminosa destacam-se as doenças

(Juliatti et al., 2004).

Na cultura da soja, o mofo branco, causado pelo fungo Sclerotinia

sclerotiorum (Lib.) de Bary, que sempre foi de ocorrência esporádica em

áreas de cultivo no estado de Mato Grosso, não havia causado problemas

até a safra 2008/09, pois ocorria em pequenas reboleiras, com poucas

plantas infectadas por hectare, na região sul do Estado e em pivôs centrais.

Dessa forma, não havia perdas significativas que justificassem a

preocupação dos agricultores (Silva et al., 2010). Em função de uma série

de fatores como monocultivo, sucessão de culturas com espécies altamente

suscetíveis tais como feijão, girassol, algodão, e o plantio de sementes

infectadas, fizeram com que a doença se tornasse um dos principais

problemas no sul do estado de Mato Grosso na safra 2009/10. Na safra

2009/10, foram constatadas perdas significativas na produtividade de soja

na região.

12

O fungo S. sclerotiorum é considerado um dos fitopatógenos mais

importantes no mundo e está distribuído em todas as regiões produtoras de

soja, sejam elas de regiões temperadas, subtropicais ou tropicais (Leite,

2005). Em regiões de altitudes elevadas, normalmente acima de 800 m,

onde as temperaturas noturnas são amenas e ocorre ampla formação de

orvalho, tem sido comum observar áreas com incidência da doença superior

a 50%.

O controle do mofo branco é considerado difícil em função da

ausência de cultivares resistentes, sobrevivência do fungo no solo por

longos períodos, ampla gama de hospedeiros, grande número de

ascósporos produzidos pelo apotécio e sua rápida disseminação a distância

relativamente longa a partir da fonte produtora e, sobrevivência em

sementes na forma de micélio dormente ou escleródios aderidos ou em

misturas às mesmas.

O fato de o controle ser considerado difícil, como exposto acima,

torna-se necessário que várias medidas sejam adotadas. Entretanto,

segundo McDonald (1997), os sistemas agrícolas impõem um forte

direcionamento de seleção em populações de patógenos para adaptar

constantemente as mudanças em seu ambiente, garantindo sua

sobrevivência. Estas imposições podem ser em decorrência de mudanças

climáticas, aplicações de fungicidas, rotação de culturas, entre outras. No

Brasil, fungicidas para controle de mofo branco em soja só foram liberados

em 2011, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA),

com os princípios ativos Fluazinam e Procimidona, com custo elevado para

a cultura da soja.

De modo geral, os trabalhos com mofo branco na cultura da soja são

necessários devido a importância do patógeno, por isso, é primordial que

pesquisas nessa área de conhecimento continuem acontecendo, como

estudar o desenvolvimento do patógeno a partir da sua estrutura de

resistência, avaliar métodos de detecção do patógeno na semente para

quantificar o percentual de contaminação ou infecção e estudar o efeito de

13

fungicidas sobre escleródios de S. sclerotiorum para melhor direcionamento

de medidas integradas de controle.

Diante disso, o objetivo neste trabalho foi estudar o fungo S.

sclerotiorum e os fatores que influenciam no seu crescimento como: (1) a

biometria e germinação de escleródios; (2) restrição, inoculação e detecção

do patógeno em sementes de soja; (3) a sensibilidade de escleródios à

fungicidas; (4) o crescimento e desenvolvimento do patógeno em função

das temperaturas de incubação e disponibilidade hídrica e (5) a distribuição

espacial de S. sclerotiorum.

14

2 REVISÃO DE LITERATURA

2. 1 Podridão na Haste ou Mofo Branco na Cultura de Soja causada

por Sclerotinia sclerotiorum

O fungo Sclerotinia sclerotiorum é considerado um dos patógenos

mais importantes no mundo e está distribuído em todas as regiões

produtoras, sejam temperadas, subtropicais ou tropicais. O mofo branco

causado pelo fungo S. sclerotiorum (Lib.) de Bary é conhecido e estudado

desde 1837 (Bolton et al., 2006). Entretanto, no Brasil, o primeiro relato da

doença ocorreu em 1921, por Saccá, que diagnosticou o fungo em plantas

de batata (Solanum tuberosum L.), no Estado de São Paulo. Nos anos

seguintes o patógeno foi constatado em diferentes hospedeiros em outros

estados do país (Chaves, 1964).

O fungo afeta várias espécies de plantas, sendo 408 espécies

suscetíveis, pertencentes a 278 gêneros e 75 famílias (Boland e Hall, 1994).

Algumas culturas como a batata (Solanum tuberosum L.), tomate (Solanum

lycopersicum Mill.), ervilha (Pisum sativum L.), amendoim (Arachis hypogea

L.), girassol (Helianthus annuus L.), alface (Lactuca sativa L.) (Purdy, 1979),

e espécies de plantas daninhas como picão (Bidens pilosa), carrapicho

(Acanthospermun hispidum), caruru (Amaranthus spp) e mentrasto

(Ageratum conyzoides) são suscetíveis à S. sclerotiorum (Paula Júnior et

al., 2006).

Com a expansão da fronteira agrícola na região dos cerrados, e com

a agricultura praticada no período frio do ano e sob sistemas irrigados, esta

doença se destacou na cultura do feijão e da ervilha, pois o patógeno

encontrou temperaturas amenas e umidade alta para seu estabelecimento e

desenvolvimento (Café-Filho, 1985; Santos et al., 1990). A doença na

cultura da soja só foi constatada no Brasil em 1975, no Estado do Paraná,

causando perdas de até 70% em lavouras destinadas a produção de

sementes (Ferreira et al., 1981). Neste período, as perdas da produção de

soja devido a doença em lavouras comerciais nos municípios de Castro,

15

Ponta Grossa, Palmeira e Guarapuava, no estado do Paraná, variaram de

70 a 92% do rendimento de grãos, com incidência variando de 20 a 90%

(Homechin, 1982).

No início da década de 1980, foram registradas perdas de até 30%

em lavouras de soja nos municípios de São Gotardo, Rio Parnaíba, e

Carmo do Parnaíba, em Minas Gerais, devido a grande ocorrência de S.

sclerotiorum (Nasser et al., 1984). Em Goiás, os primeiros relatos da doença

aconteceram na safra de 2001/02. Na safra de 2005/06 algumas lavouras

apresentaram altas incidências chegando a ocorrer perdas de até 33%; na

safra de 2007/08, foi observada presença da doença em quase todas as

áreas de cultivo da leguminosa (Görgen, 2009). A doença aumentou

consideravelmente, afetando cerca de 45% da área cultivada na safra de

2009/10 (Campos et al., 2010). De modo geral, nas regiões sudoeste, leste

de Goiás e entorno do Distrito Federal, as perdas já alcançaram 60% nas

produtividades (Nunes Júnior et al., 2009). Perdas de até 60% da

produtividade, tanto em áreas experimentais, quanto dos próprios

agricultores têm sido constatadas no Sudoeste Goiano.

O mofo branco vem, comprovadamente, trazendo prejuízos

significativos aos sojicultores de vários estados produtores, como Minas

Gerais, Goiás, São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Bahia (Furlan,

2008).

No estado de Minas Gerais, a doença que proporcionou principal

atenção na safra de 2007/08 foi o mofo branco, devido a sua alta incidência

nas áreas acima de 900 m de altitude (Zanetti, 2009). Na região de

Chapadão do Sul (MS), o cultivo do girassol safrinha causou grande

disseminação do patógeno comprometendo outras espécies suscetíveis,

dentre elas a soja (Pitol, 2009).

No estado de Mato Grosso na safra 2009/10, principalmente nos

municípios de Campo Verde e Jaciara (região sul do estado), foi constatada

a presença do mofo branco, o qual causou perdas significativas na

produtividade da cultura da soja.

16

2.2 Taxonomia

O patógeno, Sclerotinia sclerotiorum, pertence ao Reino Fungi, filo

Ascomycota, Classe Ascomycetes, ordem Helotiales e família

Sclerotiniaceae (Bolton et al., 2006; Kirk et al., 2008). Do gênero Sclerotinia,

são conhecidas as espécies Sclerotinia sclerotiorum, S. minor, S. borealis,

S. babulbarium, S. glacidis, S. homeocarpa, S. nivalis, S. pirolae, S.

spermophila, S. subarctica, S. tetraspora, S. trifoliorum e S. veratri (NCBI,

2013). A característica mais marcante da Ordem Helotiales é a formação de

escleródios bem desenvolvidos, já a família Sclerotiniaceae caracteriza-se

pela produção, no ciclo sexual, de apotécios com estipe a partir da

germinação dos escleródios. O micélio desse grupo de fungos é constituído

por hifas hialinas, septadas, multinucleadas e ramificadas (Bolton et al.,

2006).

O filo Ascomycotina constitui o grupo mais numeroso de fungos,

apresentando como característica básica a formação, após a meiose, de

esporos sexuais, os ascósporos, dentro de uma estrutura em forma de

saco, o asco (Massola e Krugner, 2011). O fungo produz estruturas de

resistência denominadas de escleródios, que podem sobreviver no solo por

até oito anos (Adams e Ayers, 1979).

2.3 Aspectos Biológicos

2.3.1 Produção de escleródios

Os escleródios são constituídos de agregados de hifas e são

formados em resposta às mudanças na disponibilidade de nutrientes

(LeTourneau, 1979). Estas estruturas apresentam formato irregular,

variando de um a vários milímetros de diâmetro e comprimento, a princípio

de coloração branca e, posteriormente, tornam-se negras e duras (Agrios,

1997). As hifas vegetativas geralmente se desenvolvem de forma

distanciada uma da outra; no início há uma atração entre elas de modo que

ocorre a fusão das mesmas, e com uma mudança na disponibilidade dos

17

nutrientes ocorre a formação dos escleródios. A formação de escleródios

envolve mudanças celulares, mobilização e deposição de muitas

substâncias, sendo que alguns isolados perdem a habilidade de produzir

escleródios após repicagens consecutivas em meio de cultura; isto pode ser

devido à inabilidade do fungo sintetizar compostos específicos exigidos para

a sua formação (Le Tourneau, 1979).

Os estágios de desenvolvimento para formação dos escleródios

podem ser caracterizados em três fases: iniciação, que é a agregação de

hifas para formar uma massa branca chamada de escleródio inicial;

desenvolvimento, caracterizada pelo crescimento das hifas e agregação

para aumentar de tamanho; e a maturação de limitação da superfície,

depósito de melanina e consolidação interna (Bolton et al., 2006).

Os escleródios são compostos por três camadas distintas: uma

parede grossa rica em melanina, responsável pela coloração negra, uma

parede fina (córtex) e a medula branca, que é o micélio dormente do fungo.

Metabólitos presente em Sclerotinia sp., conhecido como “sclerin”, em

combinação com outros compostos, como fenóis, estão envolvidos na

melanogênese e na formação de agregados de hifas (Le Tourneau, 1979).

A melanina confere resistência aos escleródios, às condições adversas do

solo, fazendo com que esses permaneçam viáveis por vários anos, mesmo

na ausência de plantas hospedeiras (Rocha, 2007).

O fungo produz ß-caroteno em baixos e altos níveis durante o estágio

de não diferenciação e diferenciação, respectivamente, em isolados que

produzem escleródios. A produção de ß-caroteno depende das condições

de luz durante os estágios de desenvolvimento, enquanto que em isolados

que não produzem escleródios, a produção de ß-caroteno é muito baixa e

independe de luz e do período de crescimento (Georgiou et al., 2001).

Os escleródios são considerados como estrutura de resistência, de

consistência firme, que desempenham papel importante na sobrevivência

do fungo durante a entressafra, conservando intacto seu poder patogênico.

Esse processo se dá pela constituição física dura, devido à presença da

proteção exterior negra formada pela concentração de melanina, altamente

18

resistente à degradação microbiana, envolvendo a parte interna formada

pelo micélio do fungo, composto por uma matriz fibrosa composta de

carboidratos, quitina e ß-glucanos (Le Tourneau, 1979). Os escleródios

produzidos nas plantas infectadas retornam ao solo pela queda natural dos

mesmos ou após a colheita com os resíduos da cultura, garantindo a

perpetuação do fungo no solo (Schwartz e Steadman, 1978; Leite, 2005).

Os escleródios não são capazes de germinar sem antes maturar

fisiologicamente na mesma safra (Abawi e Grogan, 1979), sugerindo ser o

mofo branco uma doença monocíclica (Souza, 1999). Steadman (1983)

relatou que somente os escleródios localizados nos 5 cm superficiais do

solo são capazes de produzir apotécios. Mas alguns escleródios localizados

até 10 cm também podem produzir apotécios, como citado anteriormente

por Cook et al. (1975). O apotécio tem 3 mm de diâmetro e eleva-se de 3 a

6 mm da superfície do solo (Schwartz e Steadman, 1989).

Segundo Huang (1983), o fungo também pode produzir escleródios

diferenciados em plantas de girassol. O primeiro relato foi em Manitoba, nos

anos de 1977/79, sendo chamados escleródios anormais aqueles que

apresentaram a superfície enrugada quando comparados com escleródios

normais, cuja superfície é lisa. Segundo esse mesmo autor, os escleródios

anormais perderam a viabilidade mais rapidamente, comparando com os

normais, e a redução na longevidade foi proporcional ao grau da má

formação. A viabilidade dos escleródios, na faixa de temperatura de 0,5 a

30 ºC, diminui com o aumento da temperatura e, dentro de cada

temperatura, a viabilidade reduz com o aumento do período de

armazenamento e grau de anomalia do escleródios (Huang e Kozub, 1994).

2.3.2 Germinação dos escleródios

Vários fatores influenciam a germinação do escleródio, tais como: os

nutrientes do substrato no qual este é formado, a sua idade, os fatores

ambientais como umidade, temperatura, luz, pH do solo e aeração, e a

profundidade em que se encontra no solo (Willetts e Wong, 1980; Philips,

1987).

19

As condições favoráveis ao desenvolvimento da doença são

temperaturas amenas, abaixo de 20 °C, e alta umidade relativa, acima de

70%. Nestas condições, os apotécios liberam os ascósporos, que são

responsáveis pela infecção da parte aérea (Leite, 2005). Outro fator

importante para que os escleródios sejam formados é a umidade do solo.

Em geral, umidade do solo correspondendo a tensão acima de 5 bar

favorecem a formação de apotécios (Boland e Hall, 1987a).

Os escleródios podem germinar na forma miceliogênica e

carpogênica. Na forma miceliogênica ocorre a produção de micélio hialino e

septado (Purdy, 1979), e não há formação de esporos. Na forma

carpogênica ocorre a formação dos apotécios (Schwartz e Steadman, 1989;

Napoleão, 2001; Napoleão et al., 2005). O escleródio pode produzir um ou

mais apotécios, nos quais estão os ascos contendo os ascósporos

(Schwartz e Steadman, 1989).

Venette (1998) observou que, em situações de limitações de

nutrientes, pode ser desencadeada a germinação carpogênica; já com a

disponibilidade de nutrientes, os escleródios podem germinar formando um

novo micélio.

A germinação carpogênica inicia-se ativando o desenvolvimento do

fungo na região do córtex esclerodial ou medular; assim as células fúngicas

crescem formando primórdios que rompem a capa do escleródio e

continuam o crescimento como ramificações em forma de tubo,

denominados estipes (Bolton et al., 2006). Esse processo ocorre sob

condições de alta umidade, temperatura amena entre 18 a 22 °C e

luminosidade moderada (Boland e Hall, 1987b). As estipes sob o efeito da

luz, especialmente a ultravioleta (< 390 nm), diferenciam os apotécios, ou

seja, a ponta da estipe expande para formar uma superfície superior

(himênio), dando origem ao aparecimento do apotécio, uma estrutura em

forma de taça (Bolton et al., 2006). Logo serão produzidos dentro das

ascas, os ascósporos (esporos sexuais) que são a principal fonte de inóculo

de S. sclerotiorum (Boland e Hall, 1987b).

20

Os apotécios são a maior fonte de inóculo do fungo, pois produzem

grande quantidade de ascósporos que, ejetados, são facilmente

transportados pelo vento e podem infectar plantas em um raio de 50 m a

100 m da fonte produtora (Steadman, 1983). Cada apotécio contém

centenas de ascos de forma cilíndrica. Em cada asco, há oito ascósporos,

que são ovóides (Schwartz e Steadman, 1989).

O apotécio libera ascósporos continuamente por 2 a 17 dias, com

média de 9 dias. A produção máxima de ascósporos ocorre em intervalo de

2 a 3 dias entre o quarto e nono dia de vida ativa do apotécio (Schwartz e

Steadman, 1978). Um apotécio descarrega, simultaneamente, 10.000 a

30.000 ascósporos maduros, e que podem produzir, em cinco a dez dias de

vida funcional, mais de 2.000.000 novos esporos (Steadman, 1983).

A influência do tamanho dos escleródios na germinação carpogênica

apresenta resultados contraditórios. Para Budge e Whipps (1991), maior

produção de apotécios foi obtida em escleródios com massa menor que 10

mg e 2 mm de diâmetro. Em escleródios maiores a produção de apotécios

também é maior, sendo que um escleródio de 13 x 5 mm, dá origem a 15

apotécios (Bedi, 1963). Dillard et al. (1995) observaram que quanto maiores

os escleródios maior a porcentagem de escleródios germinados e maior o

número de apotécios produzidos.

Os escleródios produzidos em plantas infectadas vão retornar ao solo

após a colheita agregados aos resíduos das culturas, podendo então

garantir a perpetuação do fungo nos próximos cultivos (Schwartz e

Steadman, 1978). Quando ocorre estresse hídrico, logo após a iniciação da

germinação dos escleródios, pode ocorrer o retardamento da formação dos

apotécios (Abawi e Grogan, 1975).

Quando os ascósporos estão maduros dentro dos ascos, um ligeiro

decréscimo da umidade relativa do ar provoca a liberação por ejeção (Natti,

1978). No apotécio também são formadas numerosas ascas estéreis,

denominadas de paráfises, que podem servir como estruturas de suporte.

Dentro das ascas, um vacúolo que é responsável pelo aumento da pressão

hidrostática forma-se abaixo dos ascósporos e à medida que a pressão

21

aumenta, a asca se expande, porém a sua pressão lateral é limitada pela

paráfise e ascas vizinhas. Entretanto a expansão continua relativamente

além da paráfise e, em algum momento, a pressão excedente torna-se

insuportável pela parede dilatada, então as ascas se rompem e liberam os

ascósporos para o ambiente (Venette, 1998).

2.4 Mecanismo de Patogenicidade: Produção de Ácido Oxálico

A patogenicidade pode ser facilitada em seus hospedeiros pela

produção de uma ampla gama de enzimas degradantes da parede celular,

que incluem pectinases, ß-1,3-glucanases, glicosidases, celulases,

xilanases e cutinases, dando grande flexibilidade ao patógeno para a

penetração e colonização do hospedeiro (Bolton et al., 2006).

A capacidade de sintetizar o ácido oxálico tem sido um fator

determinante para a patogenicidade; plantas de feijão e girassol tratadas

com ácido oxálico sintético e um filtrado de S. sclerotiorum apresentaram os

mesmos sintomas exibidos por plantas naturalmente infectadas em campo

(Noyes e Hancoock, 1981).

O ácido oxálico é um composto que pode ser encontrado na forma de

ácido livre, em forma solúvel, como oxalato de sódio e potássio e, insolúvel,

como oxalato de cálcio, que é frequentemente associado a desordens

metabólicas e doenças infecciosas (Guimarães e Stolz, 2004). Um grande

número de fungos fitopatogênicos secreta o ácido oxálico incluindo as

espécies S. sclerotiorum e S. minor.

O ácido oxálico e as enzimas pectolíticas estão associados com o

desenvolvimento do mofo branco causado por S. sclerotiorum. O ácido

oxálico secretado pelo patógeno penetra no tecido ao redor da lesão,

reduzindo o pH de aproximadamente 6,8 para 4,0, fornecendo um pH ótimo

para a ação da enzima pectolítica (Echandi e Walker, 1957; Maxwell e

Lumsden, 1970; Lumsden, 1979). As diferenças na tolerância ao ácido

oxálico e/ou resistência à sua difusão no tecido do hospedeiro podem

resultar em regiões de encharcamento variáveis ao redor das lesões (Tu,

22

1980; Beversdorf, 1982). Espécies de Sclerotinia podem tolerar ampla faixa

de pH, mas se adaptam melhor ao substrato ácido. O ácido oxálico é

produzido por S. sclerotiorum no tecido do hospedeiro e em cultura,

contribuindo para o decréscimo do pH de substratos alcalinos (Willetts e

Wong, 1980). A produção do ácido durante a infecção altera o

funcionamento da célula guarda, causando a abertura dos estômatos e

avanço das hifas no tecido infectado (Guimarães e Stolz, 2004).

2.5 Sintomas e Epidemiologia

A doença conhecida como mofo branco recebe esse nome em

função dos sintomas e sinais externos causados na planta. Na cultura do

feijoeiro, assim como na soja, o sintoma inicial é a murcha de algumas

plantas, resultado do apodrecimento do caule causado pelo fungo.

Posteriormente, folhas, hastes e vagens apresentam manchas

encharcadas, de coloração parda e consistência mole, seguidas de

crescimento de micélio branco de aspecto cotonoso, cobrindo porções dos

tecidos (Leite, 2005; Paula Júnior et al., 2006; Paula Júnior et al., 2008).

Com o progresso da doença, em poucos dias, o micélio transforma-

se em escleródio, facilmente visível, podendo ser formado tanto na

superfície, como no interior da haste e das vagens infectadas (Almeida et

al., 2005; Paula Júnior et al., 2006; Paula Júnior et al., 2008). Desta forma,

os tecidos tornam-se secos, leves e quebradiços. As sementes infectadas

são pequenas, sem brilho, descoloridas, enrugadas, ou não apresentam

sintomas (Paula Júnior et al., 2008). Na soja, os sintomas ocorrem

geralmente no terço médio das plantas, atingindo a haste principal,

pecíolos, folhas e vagens (Leite, 2005).

Os sintomas atingem outros órgãos da planta e pode envolver toda a

haste, impedindo o fluxo de água e nutrientes, levando a planta à morte

(Grau, 1989).

A fase mais vulnerável da cultura da soja vai do estádio da floração

plena (R2) ao início da formação das vagens (R3/R4). O fungo é capaz de

23

infectar qualquer parte da planta, porém, as infecções iniciam-se com mais

frequência a partir das inflorescências e das axilas das folhas e dos ramos

laterais (Almeida et al., 2005), cujos sintomas, geralmente, ocorrem no terço

médio das plantas (Leite, 2005), momento em que o patógeno encontra

fonte exógena de energia nas flores senescentes para os ascósporos

germinarem (Vieira, 1994). Nesta fase, o microclima é mais favorável ao

patógeno, devido ao maior índice de área foliar. Além disso, a maior

cobertura foliar durante o fechamento da cultura permite que plantas

doentes entrem em contato com plantas sadias, aumentando os focos da

doença e/ou a sua disseminação radial (Garcia, 2008).

Tecidos vegetais jovens e, principalmente flores e fragmentos de

flores, órgãos que possuem altas concentrações de α-celulose, são a base

nutritiva para o início da colonização do fungo (Sutton e Deveral, 1983).

Os ascósporos liberados pelos apotécios constituem a fonte primária

de infecção de plantas (Abawi e Grogan, 1979). Os ascósporos colonizam

as flores em dois a três dias, e o micélio do fungo infecta tecidos de folhas,

caule e vagens que entra em contato. Geralmente, numerosos escleródios

são produzidos na superfície do micélio, de sete a dez dias após a

colonização (Abawi e Grogan, 1979). Caso os ascósporos sejam liberados

antes que a planta floresça, estes podem sobreviver por cerca de duas

semanas na superfície da planta ou do solo. Uma vez colonizadas as flores,

o micélio permanece viável por até um mês (Steadman, 1983). Além do

vento, as abelhas também podem servir como agente de disseminação dos

ascósporos.

Uma substância mucilaginosa é liberada junto com os ascósporos, o

que auxilia na sua adesão aos tecidos dos hospedeiros ou a outros

obstáculos encontrados durante o seu percurso aéreo. A maioria dos

ascósporos fica retido dentro do dossel das plantas, possibilitando alto

potencial de infecção local. A liberação dos ascósporos ocorre tanto durante

o dia quanto à noite, no entanto, a duração entre cada liberação pode variar

de 36 a 168 horas, havendo declínio quando a umidade relativa do ar atinge

valores entre 65 a 75% (Clarkson et al., 2003). A germinação constante de

24

escleródios e a liberação contínua dos ascósporos de cada apotécio

asseguram adequado potencial de infecção, superior a duas semanas

(Vieira, 1994).

Após os ascósporos serem depositados sobre os tecidos florais

senescentes, germinam, infectam e formam o micélio que invadem também

outros tecidos sadios do hospedeiro (Lu, 2003). Essa colonização também

poderá ocorrer por escleródios que germinam na forma miceliogênica no

solo, produzindo hifas e colonizando diretamente a matéria orgânica em

decomposição, formando um micélio que, em contanto com a planta

hospedeira, provoca a infecção. No entanto, isso ocorre devido à produção

de alguns compostos voláteis produzidos pela decomposição, estimulando a

germinação dos escleródios (Punja, 1985).

A infecção do tecido sadio do hospedeiro depende da formação do

apressório, que pode ser simples ou complexo, dependendo da estrutura da

superfície do hospedeiro. Na maioria dos casos, a penetração ocorre

diretamente através da cutícula e não através dos estômatos. O apressório

desenvolve-se da ramificação dicotômica das hifas que crescem na

superfície do hospedeiro e consiste de um aglomerado mucilaginoso de

hifas largas, multi-septadas e curtas. Embora a penetração da cutícula seja

um processo puramente mecânico, a degradação enzimática da cutícula

auxilia no processo de penetração, afetando a lamela média das células

(Lumsden, 1979; Hegedus e Rimmer, 2005). A Figura 1 resume de forma

esquemática o ciclo de vida do mofo branco da soja causado por Sclerotinia

sclerotiorum, incluindo os processos de infecção via germinação

miceliogênica e carpogênica.

25

FIGURA 1. Esquema do ciclo de vida do fungo Sclerotinia

sclerotiorum, agente causal do mofo branco da soja.

Adaptado de Wharton e Kirk (2007).

Quanto aos escleródios, estes podem ser disseminados pelo

transporte de solo contaminado, água de irrigação, e misturados às

sementes e fezes de animais que se alimentaram de plantas doentes (Tu,

1998).

Em áreas livres do patógeno, quando o inóculo não está presente no

solo, uma epidemia da doença pode ser iniciada por meio de sementes

contaminadas internamente pelo micélio dormente do fungo, ou com

escleródios associados ao lote de sementes. O micélio dormente, presente

na testa e nos cotilédones das sementes, pode manter sua viabilidade por

mais de três anos; quando semeadas, e sob condições favoráveis de

umidade e temperatura, o micélio se desenvolve e dá início à infecção.

Muitas das sementes contaminadas podem não germinar, mas o patógeno

associado pode produzir micélio e escleródios. Cada semente infectada

pode produzir de três a seis escleródios, aumentando a quantidade de

inóculo no solo (Tu, 1998).

26

Os primeiros sintomas nas folhas são manchas de anasarca que

evoluem para coloração castanho-clara (Yorinori, 1997). Sobre as áreas

afetadas, desenvolvem abundante formação de micélio branco e de aspecto

cotonoso. Esses são formados tanto na superfície, como no interior da

haste e das vagens infectadas (Almeida et al., 2005). Os escleródios, por

sua vez, podem germinar produzindo micélio ou apotécios e atacar grande

número de plantas.

Todavia, a transmissão por escleródios pode ser reduzida, uma vez

que, durante o beneficiamento de sementes, grande parte destes pode ser

removida. Ainda que a taxa de transmissão por micélio dormente seja

bastante baixa em um lote de sementes, a sua importância reside na

possibilidade da introdução do inóculo em novas áreas de cultivo (Henning,

2004).

2.6 Variabilidade do Patógeno

O fungo S. sclerotiorum foi estudado por mais de 150 anos e muitas

informações foram geradas sobre sua biologia, sintomatologia,

patogenicidade e morfologia. Entretanto, ainda se sabe pouco sobre seus

aspectos genéticos (Arbaqui et al., 2008). Assim, a variabilidade quanto à

agressividade entre isolados de S. sclerotiorum em soja tem sido muito

demandado em estudos de melhoramento visando resistência ao patógeno

(Kull et al., 2004).

Estudos em população de S. sclerotiorum demonstram a diversidade

genética e fornecem evidência para a reprodução clonal e sexual.

Geralmente, a reprodução clonal predomina em regiões de clima temperado

(Cubeta et al., 1997; Hambleton et al., 2002), enquanto que a recombinação

sexual ocorre em regiões de temperaturas amenas (Atallah et al., 2004;

Malvárez et al., 2007). Kohn et al. (1990), estudando a compatibilidade

micelial entre 35 isolados de S. sclerotiorum, de diferentes localidades,

verificaram que 23 isolados foram incompatíveis com todos os outros, sendo

27

que 12 isolados formaram cinco grupos de compatibilidade, com dois a três

isolados por grupo, denotando heterogeneidade genética dentro da espécie.

Kohli et al. (1992) verificaram que, em um único campo, pode haver

mais de um clone de S. sclerotiorum, e que em diferentes campos e

distâncias geográficas relativamente longas pode-se encontrar um único

clone. No Brasil, entre 40 isolados coletados em diferentes localidades

brasileiras, foi verificada a formação de cinco grupos de compatibilidade

micelial, sugerindo elevada variabilidade genética e recombinação sexual

entre os isolados estudados (Litholdo Júnior et al., 2011).

Outros estudos também demonstraram variabilidade genética em

populações de S. sclerotiorum. Meinhardt et al. (2002) observaram dois

grupos de compatibilidade entre 23 isolados, sendo 21 isolados de feijoeiro,

um isolado de batata e um isolado de pimenta, além de polimorfismo entre

os isolados dentro de um mesmo grupo de compatibilidade micelial.

Diversidade genética em 79 isolados coletados em áreas de feijoeiro,

no Cerrado brasileiro, por meio de marcadores microssatélites também foi

verificada por Gomes et al. (2011).

Kull et al. (2004) constataram 42 grupos de compatibilidade micelial

entre 299 isolados provenientes de Diverse, DeKalb, Watseka Sets e

Argentina. Estes grupos de compatibilidade apresentaram diferenças quanto

à agressividade em plantas de soja. Otto-Hanson et al. (2011) também

verificaram a existência de 64 grupos de compatibilidade micelial em uma

amostra de 156 isolados coletados em diferentes regiões, dos 64 grupos, 36

grupos foram formados de um único isolado.

2.7 Métodos de Detecção de Sclerotinia sclerotiorum

O conhecimento prévio das formas de interação do inóculo de

patógenos com sementes é importante em patologia de sementes, dentre

vários aspectos, para a escolha de métodos de detecção destes agentes.

De modo geral, o transporte de microrganismos por sementes em um dado

lote pode se dar de três maneiras. No primeiro caso, o microrganismo,

28

separado ou não, encontra-se em mistura com as sementes, fazendo parte

da fração impura do lote. Fazem parte desta fração: fragmentos vegetais,

sementes de plantas invasoras e partículas do solo que podem, todos, ser

portadoras de micélio dormente, corpos frutíferos e esporos de fungos,

cistos ou galhas de nematóides, células bacterianas e partículas de vírus,

escleródios ou estromas fúngicos. Uma segunda maneira pela qual certos

patógenos podem se associar e ser(em) transportados pelas sementes é

por adesão passiva à superfície destas. A terceira forma de associação de

microrganismos com sementes é a presença do inóculo nos tecidos das

sementes, seja em estruturas superficiais ou mais interno no embrião. Essa

é a forma de interação e transporte mais comum entre os agentes

transmitidos por sementes. É preciso salientar que, apesar da distinção que

se faz entre esses três tipos de interação de inóculo com as sementes, um

mesmo patógeno pode estar presente em um lote, sob uma ou mais dessas

formas de associação (Brasil, 2009b).

O objetivo dos métodos é determinar o estado sanitário de uma

amostra de sementes e, consequentemente, do lote, obtendo-se

informações confiáveis para comparar a qualidade de diferentes lotes,

fornecendo informações para programas de certificação, serviços de

vigilância vegetal, tratamento de sementes, melhoramento de plantas e

outros (Henning, 1994; Machado, 2000).

Há três métodos mais utilizados, citados em Brasil (2009b) e por

Nasser et al. (1995). O primeiro é a Incubação em Substrato de Papel ou

método do Papel de Filtro (“blotter test”), onde as sementes dispostas

individualmente sobre camada de papel de filtro umedecido em recipientes

como placas de Petri, gerboxes ou equivalentes, por sete a oito dias (Brasil,

2009b). Para reduzir o processo de germinação das sementes de espécies

de dicotiledôneas, durante o período de incubação, o substrato de papel

pode ser umedecido em solução de sal de 2,4-D (2,4-diclorofenoxiacetato

de sódio) a 5 ppm de concentração. Em alguns casos é necessário

prolongar o período de incubação, por exemplo, para detectar Sclerotinia

sclerotiorum em sementes de soja e feijão, por mais uma semana a

29

temperatura de 10-15 ºC, com umedecimento adicional do substrato (Brasil,

2009b).

O segundo método é a Incubação em rolo de papel, que é utilizado

para detecção de S. sclerotiorum tanto para sementes de soja quanto de

feijão. São usadas folhas de papel de germinação, em forma de rolo, por 14

dias. A desinfestação superficial das sementes é recomendada por meio de

solução 1% de hipoclorito de sódio por três minutos. Para a avaliação das

sementes, deve-se observar a presença de micélio tipicamente branco do

fungo, com formação de escleródios negros, os quais apresentam forma

esférica, sendo irregulares e de tamanho de 2 mm a 10 mm, ao redor das

sementes infectadas (Brasil, 2009b).

O terceiro método Incubação em meio Agar-Bromofenol (Neon),

proposto por Nasser et al. (1995), utiliza um meio de cultura denominado

meio neon, para detecção da viabilidade de escleródios de S. sclerotiorum.

Esse meio é composto de 1,0 L de BDA (batata-dextrose-ágar) autoclavado

+ 150 mg de azul de bromofenol + 150 mg de penicilina G + 150 mg de

estreptomicina, pH ajustado com HCl para 4,7. O princípio de sua utilização

baseia-se na mudança de cor do meio, do azul para o amarelo, devido ao

ácido oxálico produzido pelo patógeno.

Nasser et al. (1999) fizeram alterações em sua composição (1,0 L de

BDA autoclavado + 75 mg de azul de bromofenol + 75 mg de cloranfenicol +

75 mg de ácido 2,4 diclorofenoxiacético (2,4-D), sendo o pH ajustado com

HCl para 4,7). Napoleão et al. (2006) modificaram o meio neon e o

denominaram de neon-S. Os autores procuravam um antibiótico de amplo

espectro e uma forma do ácido 2,4 D que suportassem a autoclavagem

para serem incorporados ao novo meio. Desta maneira, o meio neon-S

constitui-se de 1,0 L de BDA + 50 mg de azul de bromofenol + 50 mg de

cloranfenicol + 50 mg de ácido livre 2,4-D. Faz-se a autoclavagem à 121°C

por 20 minutos, a incubação das sementes à 19°C ±1°C no escuro, sendo a

leitura realizada de sete a doze dias. Todos os novos ingredientes são

adicionados antes da autoclavagem e o ajuste de pH é dispensado. As

Regras para Análise de Sementes (RAS) recomendam a incubação em

30

meio ágar-bromofenol (meio neon), no qual algumas modificações foram

feitas com base nos meios anteriormente descritos (Brasil, 2009b). A partir

do terceiro dia de incubação das sementes, as observações começam a ser

realizadas para verificar a formação de halos amarelo avermelhados ao

redor das sementes. A visualização de micélio superficial sobre o meio na

zona do halo amarelado, partindo das sementes, confirma a presença do

fungo em foco. Este método é específico para detecção de S. sclerotiorum,

porém algumas espécies de Aspergillus, Rhizopus e Sclerotium podem

também provocar alteração da cor do meio. Nestes casos, a formação de

frutificações típicas dessas espécies pode ser facilmente distinguida de

Sclerotinia (Brasil, 2009b).

2.8 Controle de Sclerotinia sclerotiorum

O controle do mofo branco é considerado difícil devido à ausência de

cultivares resistentes, produção de estruturas de resistência do fungo,

sobrevivência do mesmo no solo por vários anos na ausência de

hospedeiros ou sob condições desfavoráveis, ampla gama de hospedeiros,

elevado número de ascósporos produzidos por apotécio e sua rápida e

longa disseminação a partir da fonte produtora, sobrevivência nas sementes

sob a forma de micélio dormente ou escleródios aderidos às mesmas e

devido à dificuldade de se atingir os sítios de infecção através do controle

químico. Desta forma, o controle mais efetivo baseia-se em um programa

integrado de diversas práticas culturais (Leite, 2005).

Uma medida de controle refere-se ao beneficiamento de sementes, o

qual pode ajudar a reduzir a quantidade de inóculo que poderia retornar à

área de plantio, tanto na forma de sementes infectadas, como de

escleródios (Napoleão, 2001; Napoleão et al., 2005). Para sementes de

soja, no beneficiamento pode-se fazer a separação dos escleródios pelo

uso do separador espiral seguido da mesa de gravidade (Henning, 2004;

Leite, 2005). Considerando-se que o mofo branco é uma doença

monocíclica, ou seja, apenas o inóculo inicial é responsável pela quantidade

31

de doença, o beneficiamento pode representar um grande passo para a

redução deste inóculo e, consequentemente, da doença.

Yang et al. (1999) verificaram que a incidência de S. sclerotiorum em

cultivares de soja está relacionada com grupos de maturação. Segundo

esses autores, cultivares de ciclo longo são mais suscetíveis, devido o

período de florescimento ser maior, período no qual se tem bastante

infecção, em função da liberação dos ascósporos.

A utilização do controle químico, integrado a outras práticas culturais,

pode prevenir o aparecimento da doença, visando proteger as flores da

infecção pelos ascósporos produzidos em apotécios. Entretanto, na prática,

o controle químico para essa doença tem sido extremamente difícil, seja

pela ausência de informações ou pela própria natureza do fungo, que pode

sobreviver até 11 anos no solo (Farias Neto, 2012).

Segundo Furlan (2008), o fungicida a ser aplicado, seja de ação de

contato ou sistêmico, deve ser posicionado no alvo no momento correto e

de forma adequada para se obter controle econômico e racional da doença.

As pulverizações devem ser realizadas uniformemente, com boa

distribuição nos tecidos da planta e, se possível, alcançando a superfície do

solo, onde surgem os apotécios e desenvolvem os micélios. A primeira

pulverização deve ser feita preventivamente, na abertura das primeiras

flores.

A sensibilidade de S. sclerotiorum à determinados fungicidas também

tem sido relatada na literatura (Gindrat, 1993; Mueller et al., 2002). Menten

et al. (1995) avaliaram a eficiência in vitro de alguns fungicidas no controle

de S. sclerotiorum do feijoeiro comum. Esses autores verificaram para os

fungicidas clorotalonil, tebuconazole, procimidone, iprodione, tiofanato

metílico + clorotalonil, captan, vinclozolin, tiofanato metílico e benomyl que a

DL50 foi menor que 1 μg.mL-1 de ingrediente ativo, portanto, considerados

altamente eficientes, enquanto que para os fungicidas fentin-acetato,

mancozeb e óxido cuproso as DL50 foram respectivamente, 1-10 μg.mL-1,

10-50 μg.mL-1 e maior que 50 μg.mL-1 de ingrediente ativo, considerados

moderadamente eficiente, pouco eficiente e ineficiente.

32

Campos et al. (2008) demonstraram que a eficácia do controle

químico depende do princípio ativo utilizado, do número de aplicações, do

momento da aplicação e da tecnologia utilizada. De acordo com os

resultados de pesquisa já obtidos, melhor controle da doença tem sido

verificado com fungicidas pertencentes aos grupos químicos

dicarboximidas, benzimidazóis e fenilpirimidinamida. Porém, vale chamar a

atenção para o manejo de resistência de fungos a fungicidas, pois

Sclerotinia é um fungo altamente adaptável, e a utilização de um manejo

inadequado dos ingredientes ativos no controle da doença, poderá induzir a

seleção de isolados para a resistência a esses produtos. Para isso,

aconselha-se a associação de medida de controle, como por exemplo:

controle cultural, controle químico e controle biológico concomitantemente,

além de realizar uma alternância entre os ingredientes ativos utilizados

(Fundação Bahia, 2011).

Atualmente no mercado não existem variedades de soja resistentes

ao mofo branco, porém existem características morfológicas e fisiológicas

da planta que ajudam a reduzir a incidência da mesma, como arquitetura

ereta, plantas precoces, resistentes ao acamamento, entre outros (Campos

et al., 2010). Como o patógeno pode atacar todas as partes da planta, um

genótipo que apresenta resistência a uma forma de ataque à planta pode

apresentar suscetibilidade a outro mecanismo de ataque (Tourvieille e Vear,

1990).

O controle genético também é uma ferramenta útil a ser utilizada

para o controle de mofo branco. Diferenças entre cultivares de soja quanto à

reação à S. sclerotiorum têm sido avaliadas em condições de campo, casa

de vegetação e laboratório, sendo observadas respostas variadas ao

patógeno.

Zito et al. (2005) verificaram em condições de campo, em

Sacramento, MG, que as cultivares BR97-11548 e Potenza foram mais

suscetíveis ao mofo branco do que BRSMG Garantia, Monarca, MG/BR 46

(Conquista) e MGBR99-4656. Boland e Hall (1987b) verificaram diferença

de suscetibilidade entre 42 cultivares de soja em condições de campo. Os

33

autores observaram que a incidência da doença foi correlacionada com a

altura da cultivar, maturidade e número de apotécios sob o dossel,

indicando que o escape à doença é um mecanismo importante que afeta

algumas cultivares de soja.

2.9 Geoestatística

Existe forte estrutura de dependência espacial entre plantas durante

o progresso espacial de doenças, em função da origem e da disseminação

do inóculo, principalmente quando existem reboleiras (Campbell e Madden,

1990; Alves et al., 2006). Portanto, cada valor carrega consigo forte

interferência dos valores de sua vizinhança, de maneira a ilustrar a

continuidade espacial (Isaaks e Srivastava, 1989). Havendo dependência

espacial, podem-se estimar valores da variável em estudo para os locais

não amostrados, sem tendenciosidade e com variância mínima, por meio do

método da krigagem (Vieira, 2000).

Como ao longo do espaço existe correlação espacial entre plantas no

progresso de epidemias, a geoestatística tem sido aplicada para modelar

padrões espaço-temporais e gerar hipóteses sobre aspectos ecológicos e

epidemiológicos de doenças de plantas (Chellemi et al., 1988; Larkin et al.,

1995; Nelson et al., 1999; Wallace e Hawkins, 1994; Jaime-Garcia et al.,

2001; Charest et al., 2002; Alves et al., 2006). A geoestatística tem se

destacado no estudo de patógenos presentes no solo, principalmente para a

confecção de mapas de gradiente e também para determinar o padrão de

distribuição da doença, devido ao caráter agregado do inóculo e da doença

(Alves et al., 2006).

Issaks e Srivastava (1989) afirmaram que na teoria fundamental da

geoestatística espera-se que, na média, as amostras próximas no tempo e

no espaço sejam mais similares entre si do que as que estiverem distantes.

As técnicas geoestatísticas podem ser usadas para descrever e modelizar

padrões espaciais (variografia), para predizer valores em locais não

amostrados (krigagem), para obter a incerteza associada a um valor

34

estimado em locais não amostrados (variância de krigagem) e para otimizar

malhas de amostragem (Andriotti, 2003).

O semivariograma é a técnica mais usada para descrever a

dependência espacial na geoestatistica, o qual descreve a associação

espacial dos pontos amostrais em função da distância entre eles. É uma

técnica exploratória que auxilia os métodos geoestatisticos, contribuindo na

modelagem da dependência espacial, determinando os parâmetros básicos

do modelo: alcance, efeito pepita e patamar (Ribeiro Jr e Diggle, 2001).

Entre os diversos modelos de semivariogramas os mais utilizados são o

esférico, o exponencial e o gaussiano.

O padrão espacial de doença é definido como arranjo ou

posicionamento das plantas doentes, umas em relação às outras (Gilligan,

1983) e depende não só da forma de dispersão do patógeno, como também

da arquitetura das plantas hospedeiras e do arranjo destas no campo

(Gilligan,1982). Assim, é possível relacionar, indiretamente, o padrão

espacial encontrado às práticas de manejo adotadas nos locais estudados

por meio de técnicas estatísticas (Laranjeira, 2002). Basicamente a

distribuição espacial de uma doença no campo pode apresentar três tipos

de padrões: regular, casualizado (aleatório) e agregado (agrupado)

(Bergamin Filho et al., 2002).

2.10 Ocorrência de S. sclerotiorum em Mato Grosso

Na safra 2007/08 havia informação de ocorrência de mofo

branco em Campo Verde-MT, entretanto somente na safra 2008/09

observou-se maior incidência nas avaliações onde ocorreu quantificação da

doença, no final do ciclo da cultura da soja. Verificou-se incidência de até

65,4% em talhão com a cultivar Tabarana. A partir da safra 2009/10

algumas lavouras apresentaram altas incidências de mofo branco, o qual

causou perdas significativas na produtividade da cultura da soja,

principalmente em Campo Verde e Jaciara. Na região Norte do estado em

35

2008, contatou-se a presença do patógeno somente em áreas de feijão

irrigado com pivô central no período de entressafra da soja.

36

2.11 Referências Bibliográficas

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46

3 CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS E FISIOLÓGICAS DE

Sclerotinia sclerotiorum ISOLADO DA CULTURA DA SOJA E USO

DA RESTRIÇÃO HÍDRICA

RESUMO - Os objetivos neste trabalho foram caracterizar, fisicamente,

escleródios de S. sclerotiorum em soja, pela avaliação do tamanho e da

massa de escleródios; estudar a germinação de escleródios e formação de

apotécios em relação ao tamanho do escleródio; determinar o potencial

osmótico e o período adequado para inoculação artificial de S. sclerotiorum

em sementes e verificar a viabilidade dos métodos de detecção “blotter

test”, neon e rolo de papel para detecção do patógeno em lotes de

sementes de soja contaminadas. A partir de amostras de escleródios, os

mesmos foram separados visualmente em quatro tamanhos. Após foram

determinados o comprimento, a largura e a espessura. Para determinar o

potencial osmótico foi utilizado o soluto NaCl com BDA, nos potenciais: 0,0;

-0,4; -0,6; -0,8; -1,0; e -1,2 MPa. As variáveis analisadas foram índice de

velocidade de crescimento micelial, quantificação e massa de escleródios.

Para determinação do tempo adequado de inoculação, os tratamentos

usados foram cinco períodos: 24, 48, 72, 96 e 120 h, mais o controle O

comprimento, a largura e a espessura dos escleródios de S. sclerotiorum

em soja variam de 2,41 a 13,62 mm; 2,06 a 3,46 mm e 1,58 a 2,38 mm,

respectivamente. Com o aumento do tamanho dos escleródios, o número e

comprimento de apotécios produzidos por escleródio também aumenta. O

meio mais adequado para inoculação de S. sclerotiorum em sementes de

soja é o BDA sem potencial osmótico. O período mais eficiente para a

inoculação é 72 horas e o método rolo de papel detecta de forma eficiente o

patógeno em lotes com 5% de contaminação.

Palavras-chave: Glycine max, mofo branco, germinação carpogênica.

47

MORPHOLOGICAL AND PHYSIOLOGICAL CHARACTERISTICS OF

ISOLATED Sclerotinia sclerotiorum SOYBEAN CROP AND USE OF

WATER RESTRICTION

ABSTRACT - The objectives of this study were to characterize physically

sclerotia of S. sclerotiorum in soybean by evaluating the size and mass of

sclerotia ; study the germination and the formation of sclerotia apothecia in

relation to the size of sclerodia; osmotic potential and determine the suitable

period for artificial inoculation S. sclerotiorum in seeds and verify the

feasibility of the detection methods " blotter test " , neon and scroll to detect

the pathogen in seed lots contaminated soybeans. From samples of

sclerotia, they were separated visually in four sizes. After were determined

length, width and thickness. To determine the osmotic potential was used

with NaCl solute PDA, the potentials of 0.0, -0.4, -0.6 , -0.8, -1.0 , and -1.2

MPa . The variables were speed index mycelial growth, quantification and

mass of sclerotia. For determining the timing of inoculation , treatments used

were five periods : 24, 48 , 72, 96 and 120 h , most control the length, width

and thickness of the sclerotia of S. sclerotiorum in soybean varies from 2.41

to 13.62 mm, 2.06 to 3.46 mm 1.58 to 2.38 mm, respectively . With the

increase in size of sclerotia the number and length of apothecia produced by

sclerotia also increases. The most appropriate means of inoculation of S.

sclerotiorum in soybean seeds is the PDA without osmotic potential. The

most effective period for inoculation is 72 hours and the paper roll method to

efficiently detect the pathogen batch with 5% contamination.

Keywords: Glycine max, white mold, carpogenic germination.

48

3.1 Introdução

O mofo branco, causado pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum, é hoje

no Brasil um dos principais problemas nas áreas produtoras de soja,

principalmente no sul e no centro do Brasil. Nesses locais o fungo encontra

condições ótimas de crescimento em temperaturas mais amenas de 15 a 25

°C, e ambientes com alta umidade, condições essas favoráveis para o

desenvolvimento da doença (Purdy, 1979).

O escleródio é um agregado de hifas com o exterior preto formado

por melanina, que desempenha papel importante no ciclo da doença, sendo

a principal estrutura de sobrevivência do patógeno a longo prazo (Willetts e

Wong, 1980). Segundo Reis e Tomazini (2005), o período de sobrevivência

dos escleródios no solo, em condições de campo, varia com a sua

profundidade. Escleródios apresentam maior viabilidade quando enterrados

a 10 cm do solo e a mantém por até 35 meses e, quando mantidos na

superfície do solo, por 13 meses. Alguns autores, como Adams e Ayres

(1979), citaram a persistência dos escleródios no solo por mais de oito

anos.

Apesar de sua importância no ciclo da doença, não há referências

sobre as características biométricas dos escleródios de S. sclerotiorum em

soja e de informações sobre a germinação e formação de apotécios.

A utilização da restrição hídrica, por meio dos solutos Manitol, NaCl e

KCl, revela-se como um procedimento promissor para impedir ou reduzir a

germinação de sementes de soja por ocasião do teste de incubação em

substrato de papel visando a detecção dos principais fungos associados às

sementes desta espécie (Machado et al., 2003). Os testes de sanidade

aplicados para detectar S. sclerotiorum em sementes baseiam-se na

presença ou ausência de escleródio em uma amostra de sementes, sem

considerar a presença do micélio do patógeno no interior ou na superfície

das sementes, sendo esta a principal forma de trasmissão da doença

(Peres, 1996). Prejuízos causados por este fungo à cultura da soja têm

exigido estudos sobre os métodos de inoculação artificial que representem

49

com maior eficiência tanto a detecção do patógeno como a inoculação

natural. Em lotes de sementes infectadas naturalmente, ou seja, oriundas

de lotes provenientes de áreas infectadas com S. sclerotiorum, geralmente

o patógeno não é facilmente detectado (Nasser et al., 1999; Henning et al.,

2009), havendo necessidade de aumentar o período de incubação de sete

dias para trinta dias (Brasil, 2009), quando se utiliza o método de detecção

“blotter test”.

Machado et al. (2007) desenvolveram uma metodologia de

inoculação de sementes de soja com os fungos Colletotrichum truncatum,

Phomopsis sojae e Sclerotinia sclerotiorum por meio da técnica de potencial

osmótico, de modo a obter sementes infectadas por estes patógenos.

Napoleão et al. (2006) e Parisi et al. (2006) evidenciaram a necessidade de

modificação dos testes de detecção, neon e rolo de papel, para efetivar a

identificação do patógeno e reduzir o tempo de detecção em sementes

inoculadas com 100% de infecção.

Em condições naturais de campo, lotes de semente de soja

contaminados com S. sclerotiorum apresentam baixa incidência do

patógeno na semente, em torno de 2%, quando submetidos a testes de

sanidade (Peres, 1996). Para Hennenberg et al. (2011), é necessária a

realização de estudos envolvendo métodos de detecção mais sensíveis de

S. sclerotiorum em sementes de soja. Portanto, os testes de detecção

devem ser sensíveis, reprodutíveis e viáveis economicamente. Dessa

forma, tornam-se importantes pesquisas sobre a capacidade de

recuperação de S. sclerotiorum por meio dos testes de detecção em lotes

de sementes de soja com baixos níveis de contaminação.

Este estudo objetivou caracterizar morfologicamente escleródios de

S. sclerotiorum em soja provenientes da região de Jaciara-MT, verificar a

germinação e formação de apotécios em relação ao tamanho do escleródio,

determinar o potencial osmótico e o período adequado para inoculação

artificial de S. sclerotiorum em sementes e verificar a viabilidade dos

métodos de detecção “blotter test”, neon e rolo de papel para detecção do

patógeno em lotes de sementes de soja.

50

3.2 Material e Métodos

3.2.1 Escleródios – biometria, germinação e formação de apotécios

Foram avaliados 5.000 escleródios provenientes de área

naturalmente infectada com mofo branco, na Fazenda São Jorge, município

de Jaciara-MT, cujas coordenadas geográficas são: 15º 48’ 51,05”S e 55º

12’ 86,96”W e altitude média de 750 m. Os escleródios foram coletados no

dia da colheita de soja da variedade P 98Y11, em um talhão com alta

incidência e severidade da doença na safra 2011/12. Os escleródios foram

coletados nas plantas e na massa de grãos na hora da colheita. Nessa

área, durante a condução da cultura da soja foram realizadas duas

aplicações de fungicida (Azoxtrobin+Ciproconazol) para controle da

ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi).

No Laboratório de Sementes da Faculdade de Agronomia, Medicina

Veterinária e Zootecnia (FAMEVZ) da Universidade Federal de Mato Grosso

(UFMT), Cuiabá – MT, os escleródios coletados foram separados

visualmente em quatro tamanhos (Figura 2): muito pequeno (MP), pequeno

(P), médio (M) e grande (G). Após foram determinados o comprimento

(mm), a largura (mm), a espessura (mm), todos com uso de paquímetro

digital de precisão de 0,01, e a massa de escleródios (g) com o uso de

balança digital, de precisão de 0,0001 g. As médias dos dados biométricos

dos escleródios foram calculadas com 100 unidades por tamanho.

51

FIGURA 2. Separação dos escleródios muito pequeno (MP), pequeno (P),

médio (M) e grande (G) de S. sclerotiorum, coletados em

lavoura de soja. UFMT, Cuiabá-MT, 2012.

Foi utilizado o delineamento experimental inteiramente casualizado

com quatro tratamentos (tamanhos de escleródios) e cinco repetições.

Para o teste de germinação de escleródios, para cada tamanho (MP,

P, M e G), foram utilizadas 100 unidades em cinco subamostras de 20

escleródios. Estes foram colocados para germinar em solo tipo Latossolo

Vermelho textura argilosa coletado na região da fazenda, mas sem

infestação de escleródios. O solo foi esterelizado e, após, distribuído em

caixas de plástico tipo “gerbox”. Cada parcela foi composta por uma caixa

contendo 250 g de solo e sobre esse substrato, os escleródios (20 por

caixa) foram distribuídos equidistantemente. O solo foi umedecido com

100% da capacidade de campo com base na massa (Brasil, 2009) e

reumedecido semanalmente. Essas caixas foram incubadas à temperatura

de 20 °C ± 2 °C com fotoperíodo de 12 horas luz, por 100 dias.

Foram realizadas avaliações do número de escleródios germinados,

número de estipes e número de apotécios por escleródio e tamanho de

apotécios aos 27, 40, 51, 70 e 100 dias após o início da incubação (DAI). A

MP P M G

52

massa (g) de apotécios dos escleródios foi avaliada com o uso de balança

digital, de precisão de 0,0001 g e o comprimento com paquímetro digital de

precisão de 0,01, aos 51 DAI.

Os resultados foram analisados pelo teste F e as médias comparadas

pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, utilizando-se o programa

computacional SISVAR 4.2 (Ferreira, 2003).

3.2.2 Determinação do potencial osmótico, do período adequado para

inoculação artificial de S. sclerotiorum em sementes de soja e da

viabilidade dos métodos “blotter test”, neon e rolo de papel para

detecção do patógeno em lotes de sementes de soja contaminados

Para esses experimentos foram utilizadas sementes de soja da

variedade SYN 9070 RR, nos Laboratórios de Sementes e de Fitopatologia

da FAMEVZ/ UFMT, em Cuiabá - MT.

3.2.2.1 Determinação do potencial osmótico para o desenvolvimento

de S. sclerotiorum

O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente

casualizado com seis tratamentos (potenciais osmóticos) e 20 repetições.

O fungo S. sclerotiorum foi isolado de sementes de soja submetidas a

análise de rotina (blotter test), no laboratório de Fitopatologia, e colocado

em meio de cultura BDA (extrato de 200 g de batata, 20 g de dextrose e 20

g de ágar), ao qual foi adicionado o soluto NaCl nos potenciais osmóticos:

0,0 (controle); -0,4; -0,6; -0,8; -1,0 e -1,2 MPa .

O meio BDA+NaCl, nos referidos potenciais, foi distribuído em placas

de Petri de 15 cm de diâmetro, na proporção de 50 mL por placa, sendo em

seguida transferido, para cada meio, um disco de 0,6 cm de diâmetro da

colônia pura do fungo. As placas foram colocadas para incubação a 20 ± 2

°C e fotoperíodo de 12 horas por 10 dias.

As avaliações foram realizadas por meio do índice de velocidade de

crescimento micelial (IVCM), quantificação e massa de escleródios. Para o

53

IVCM, as avaliações foram feitas diariamente durante o período de

incubação, medindo-se o diâmetro médio das colônias e aplicando a

fórmula utilizada por Oliveira (1991):

IVCM = C1/N1+ C2/N2 + ... + Cn/Nn (1)

Em que:

IVCM = índice de velocidade de crescimento micelial;

C1, C2 e Cn = crescimento micelial na primeira, segunda e n-ésima

avaliação;

N1, N2 e Nn = número de dias de avaliação.

A quantificação foi realizada pelo número de escleródios formados

por repetição e a massa por meio de balança com precisão de 0,0001 g.

3.2.2.2 Período adequado de inoculação de S. sclerotiorum em

sementes de soja e viabilidade dos métodos de detecção “blotter test”,

neon e rolo de papel para recuperação do patógeno em lotes de

sementes de soja

Logo após a determinação do potencial osmótico para inoculação, foi

verificado o período de inoculação de S. sclerotiorum em sementes de soja,

em delineamento inteiramente casualizado com seis tratamentos e quatro

repetições. Os tratamentos foram cinco períodos de inoculação (24, 48, 72,

96 e 120 h) mais a testemunha em quatro repetições, compondo o total de

24 parcelas.

Trabalhou-se com o mesmo isolado de S. sclerotiorum com meio

BDA sem restrição em placas de Petri de 15 cm de diâmetro. Após o

período de desenvolvimento do fungo no meio, as sementes de soja foram

inoculadas pelo período estabelecido nos tratamentos. Cada placa continha

150 sementes distribuídas sobre a colônia do fungo, em camada única, e

levemente prensadas com os dedos, sobre o meio.

As placas de Petri contendo o fungo com as sementes de soja foram

vedadas com filme de polipropileno e distribuídas em BOD com temperatura

de 20 °C ± 2 ºC pelo período estabelecido nos tratamentos, sob escuro

contínuo.

54

Ao término de cada período de inoculação, as sementes foram

retiradas das placas, secadas em temperatura ambiente por 24 horas,

colocadas diretamente em sacos de papel e misturadas às sementes

sadias, tendo-se obtido seis lotes de sementes com 5% de contaminação,

na proporção de cinquenta sementes para mil sementes, para cada período

de inoculação, com finalidade de representar a contaminação natural em

campo. Os lotes de sementes contaminados artificialmente foram

armazenados em câmara refrigerada à temperatura de 18 ± 2 ºC e 75 ± 4%

de umidade relativa. Após 30 dias, foram realizados os testes de sanidade

“blotter test” e Neon, para detecção do patógeno e confirmação da

inoculação. Foi realizado o teste padrão de germinação (Brasil, 2009a) dos

lotes de sementes de soja inoculados e avaliada a influência do período de

inoculação sobre a porcentagem de germinação após 30 dias de

inoculação.

Para verificar a viabilidade dos métodos “blotter test”, neon e rolo de

papel para detecção do patógeno em lotes de sementes de soja

contaminados, foi realizado um experimento em delineamento inteiramente

casualizado, com dezoito tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos

foram seis periodos de inoculação de sementes com 5% de sementes

contaminadas, cada lote representando um período de inoculação (24, 48,

72, 96 e 120 h) mais a testemunha, submetidos a três testes de detecção de

patógenos em sementes em quatro repetições, compondo o total de 72

parcelas.

Blotter test: Duzentas sementes de soja inoculadas com S.

sclerotiorum de cada tratamento (50 sementes/sub-amostra) foram

distribuídas em placas de Petri (15 cm) contendo três folhas de papel de

filtro qualitativo previamente umedecidas com solução de NaCl a - 0,8 MPa

acrescido de ágar (0,2 g de ágar diluído em 1.000 mL de água e 10,3 g de

NaCl) e incubadas por sete dias à 22 oC, sob fotoperíodo de 12 horas

(lâmpadas fluorescentes tipo “luz do dia” e negra “NUV”) conforme Brasil

(2009a). Após o período de incubação, foi avaliado sob microscópio

55

estereoscópico a presença e ausência do fungo nas sementes, sendo os

resultados expressos em porcentagem.

Incubação em rolo de papel: seguindo as mesmas recomendações

do teste de germinação conforme Brasil (2009a), porém sendo mantidos em

câmara de incubação por 14 dias a 15 ºC, em posição vertical, na ausência

de luz, e acondicionados em recipientes com atmosfera próxima a

saturação (Brasil, 2009a).

Incubação em meio ágar-bromofenol (Neon-S): Foi utilizado o

meio BDA (extrato de 200 g de batata, 20 g de dextrose e 20 g de ágar)

fundido (50 °C) após autoclavagem sendo adicionado 150 mg/L de azul de

bromofenol, 50 g de clorafenicol e pH final ajustado para 4,7 com HCl.

Posteriormente foram colocados 20 mL do meio por placa de Petri de 9 cm

de diâmetro e depois as sementes foram distribuídas sobre o meio. As

placas ficaram expostas a luz negra, com 12 horas de fotoperíodo a 20 ºC

por 8 dias (Brasil, 2009a). A partir do terceiro dia de incubação, foram

observadas a formação de halos amarelo-avermelhados ao redor das

sementes. Para a confirmação da presença de S. sclerotiorum, foi feito a

visualização do micélio superficial sobre o meio de cultura na zona do halo

amarelado, partindo das sementes.

Os resultados foram previamente submetidos aos testes de

normalidade (Lillefors) e de homogeneidade (Cochran), e posteriormente

realizada a análise de variância. A análise dos dados foi feita pelo teste F e

as médias comparadas pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.

Quando necessário os dados de porcentagem foram transformados para

.

Para a análise foi usado o programa estatístico SISVAR 4.2 (Ferreira,

2003).

56

3.3 Resultados e Discussão

3.3.1 Escleródios – biometria, germinação e formação de apotécios

Nas amostras onde foram separados visualmente os escleródios em

quatro tamanhos (Figura 2), observou-se microescleródios que não foram

medidos por serem menores que um milimetro de comprimento e espessura

(Figura 3), constatando-se grande quantidade desses microescleródios nas

amostras originadas da lavoura de soja. Por serem muito pequenos esses

microescleródios podem estar infestando lotes de sementes sem serem

detectados, aderidos às sementes, e não são separados das mesmas, em

áreas onde produtores usam sementes “salvas”, sem beneficiamento.

FIGURA 3. Amostra contendo escleródios muito pequeno, pequeno, médio,

grande e microescleródios (no círculo) de S. sclerotiorum,

coletados em lavoura de soja. UFMT, Jaciara-MT, 2012.

Outro aspecto importante relacionado aos microescleródios é a sua

dispersão dentro do talhão e para outros locais da propriedade favorecido

pela pequena massa e reduzido tamanho. Como são muito pequenos

podem ser levados pela chuva, vento, implementos e máquinas agrícolas,

57

além da dipersão a longa distância proporcionadas pelos dejetos de animais

alimentados com materiais contaminados como resíduos da limpeza de

grãos e de sementes de soja, que contribui para sua disseminação em

novas áreas (Brustolin et al., 2012).

Os dados biométricos dos escleródios de S. sclerotiorum em soja

indicam que os dados da amostragem foram tomados com precisão, uma

vez que os valores do desvio padrão, para as características avaliadas,

foram pequenos (Tabela 1).

O comprimento, a largura e a espessura dos escleródios variaram em

média de 2,41 a 13,62 mm; 2,06 a 3,46 mm e 1,58 a 2,82 mm,

respectivamente conforme tamanho. Esses resultados não diferiram dos

valores médios de 2 a 15 mm de diâmetro citados por Leite (2005).

TABELA 1. Valores* máximo, mínimo, média, desvio-padrão, coeficiente

de variação e variância, referentes à caracterização biométrica

de escleródios de Sclerotinia sclerotiorum isolado de soja.

UFMT, Cuiabá-MT, 2012.

Determinações

Máximo

Mínimo

Média

Desvio-padrão

Coeficiente de variação

(%)

Variância

Escleródios MP

Comprimento (mm)

3,02 1,95 2, 41 0,330 13,81 0,11056

Largura (mm) 2,59 1,78 2,06 0,240 11,42 0,05537 Espessura (mm) 1,87 1,15 1,58 0,250 15,61 0,06080 Massa (g) 0,0073 0,0031 0,0047 0,001 26,69 0,00000 Escleródios P Comprimento (mm)

6,14 3,78 4, 93 0,930 18,95 0,87201

Largura (mm) 4,07 2,49 3,05 0,540 17,62 0,28874 Espessura (mm) 2,78 1,87 2,21 0,290 12,95 0,08220 Massa (g) 0,0297 0,013 0,0186 0,006 31,88 0,00004 Escleródios M Comprimento (mm)

10,52 7,72 9,01 0,890 9,86 0,78891

Largura (mm) 3,92 2,94 3,43 0,440 12,76 0,19152 Espessura (mm) 3,68 1,95 2,82 0,550 19,47 0,30234 Massa (g) 0,0623 0,0309 0,0465 0,010 20,92 0,0000 Escleródios G (Comprimento mm)

18,89 11,50 13,62 2,510 18,40 6,27801

Largura (mm) 4,86 2,88 3,46 0,580 16,76 0,33718 Espessura (mm) 3,00 1,78 2,38 0,400 16,89 0,16135 Massa (g) 0,0825 0,0529 0,0660 0,011 16,53 0,00012

*Médias de 100 escleródios

58

Para a massa dos esclerodios, foi constatada uma grande variação

entre tamanhos, 0,0047 a 0,0660 g, ainda que o desvio padrão tenha

expressado os menores valores. Os maiores valores de desvio padrão

indicam que há maior variância amostral para os comprimentos de

escleródios, em relação às demais características avaliadas (Tabela 1).

As formas e dimensões dos escleródios variam em função do

hospedeiro onde eles são produzidos. Na cultura do girassol, por exemplo,

os escleródios podem variar de 1 a 35 cm de diâmetro, podendo tomar

dimensões semelhantes às de um capítulo floral. Na cultura do feijão

observaram-se escleródios globosos variando de 2 a 10 mm de diâmetro

(Bolton et al., 2006).

No teste de germinação verificou-se que aproximadamente 100% dos

escleródios germinaram. Observou-se que não houve diferença entre os

tamanhos de escleródios quanto à germinação carpogênica, pois ambos os

tamanhos germinaram, entretanto os escleródios de tamanho grande

produziram estipes em maior quantidade em relação aos tamanhos

menores (Tabela 2).

TABELA 2. Números de escleródios, de estipes e de apotecios nos

tamanhos muito pequeno (MP), pequeno (P), médio (M) e

grande (G) de S. sclerotiorum. UFMT, Cuiabá-MT, 2012.

DAI (dias após incubação). Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem estatitiscamente

pelo teste Tukey a 5% de probabilidade.

Houve diferença entre tamanho de escleródios na formação de

estipes (p<0,05). Decorridos 27 dias após a incubação, observou-se que

Tamanho de

escleródios

Escleródios germinados

(27 DAI)

Escleródios germinados

(51 DAI)

Estipes (27 DAI)

Estipes (40 DAI)

Estipes (51 DAI)

Estipes (70 DAI)

Estipes (100DAI)

estipes/ escleródio (27 DAI)

MP 19,4ns

20ns

96,6 b 105,6 b 114,4 c 99,8 c 89,0 c 5,0 b P 20,0 20 107,6 b 136,0 a 154,0 b 143,6 a 123,8 a 5,9 ab

M 19,0 20 101,6 b 138,0 a 148,6 b 130,2 b 99,6 b 5,3 ab

G 20,0 20 133,0 a 145,4 a 159,8 a 141,6 a 121,0 a 6,7 a

CV % 3,42 - 6,69 4,01 2,98 2,69 5,38 12,9

59

havia grande quantidade de estipes e todos os escleródios haviam

germinado, entretanto sem formação de apotécio. A proporção de estipes

por escleródios foi superior nos escleródios de tamanho grande, com média

de 6,7 estipes por escleródios (Tabela 2), porém não diferiram dos

tamanhos P e M.

Na avaliação aos 51 dias, os escleródios grandes, de tamanho G,

formaram apotécios com média de 12,7 mm de comprimento, e diferenciou

do número de apotécios formados dos demais tamanhos (Tabela 3).

Embora não diferenciem do tamanho M em comprimento médio de

apotécios, os escleródios grande, diferenciaram na velocidade de formação

da estrutura de reprodução que formam os ascósporos. Não houve

regressão de estipes e sim transformaram-se em apotécios.

TABELA 3. Número de apotécios produzidos de S. sclerotiorum a partir de

escleródios, muito pequenos (PP), escleródios pequenos (P),

médios (M) e grandes (G). UFMT, Cuiabá-MT, 2012.

Tamanho de escleródios

Apotécios* (40 DAI)

Apotécios* (51 DAI)

Apotécios* (70 DAI)

Apotécios* (100 DA)

Comprimento apotécios (mm)

(51 DAI)

MP 1,0 c 7,4 c 7,6 c 8,8 c 9,3 b P 1,0 c 32,6 b 16,8 b 22,0 b 10,6 b M 1,8 b 35,2 b 15,4 b 43,6 a 13,2 a G 3,0 a 62,0 a 19,8 a 24,8 b 12,7 a

CV % 10,62 19,6 8,56 29,52 12,99 DAI (dias após incubação). *número de apotécios por escleródio. Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Houve diferença no número total de apotécios formados (p<0,5). Os

escleródios tamanho G formaram maior número e comprimento de

apotécios, importantes no processo de infecção na planta e esses tinham

estipes mais longas. Schwartz e Steadman (1989) verificaram que o

apotécio com 3 mm de diâmetro eleva-se de 3 a 6 mm da superfície do solo.

Neste trabalho verificou-se que os escleródios com comprimento acima de 3

mm elevaram-se, em média a valores superiores a 9 mm. Os escleródios de

tamanho MP e P formaram apotécios pequenos, diferenciando

significativamente dos tamanhos M e G (Tabela 3). Assim, esses

escleródios com tamanho reduzido têm menor capacidade de se elevar se

60

situados em camadas mais profundas no solo, ou se estiverem recobertos

por palhada, devido ao comprimento da estipe ser menor.

A massa média dos escleródios G foi 66 mg (Tabela 1) e os mesmos

produziram apotécios com massa média de 0,0234 g (dados não

apresentados), discordando de Budge e Whipps (1991), que obtiveram

maior produção de apotécios em escleródios com peso menor que 10 mg e

2 mm de diâmetro.

O número de apotécios produzidos pelos escleródios foi

significativamente maior para os escleródios grandes, exceto na avaliação

aos 100 DAI, e decresceu com o tamanho de escleródios. Escleródios muito

pequenos produziram, aos 51 DAI, cinco vezes menos apotécios que os

escleródios pequenos e médios e oito vezes menos que escleródios

grandes (Tabela 3). Resultados semelhantes foram observados por Dillard

et al. (1995), em que os escleródios pequenos produziram cinco vezes

menos apotécios que escleródios grandes. O número de apotécios

produzidos por escleródio, citado por esses autores, foi significativamente

maior em escleródios grandes e decresceram com o tamanho. Essa

diferença entre tamanho de escleródios do trabalho citado e os tamanhos

dos escleródios utilizados neste estudo (Tabela 1), possivelmente se deve a

produção dos mesmos em ambiente diferentes e diferença de isolados.

Neste estudo, os apotécios mediram de 9,3 mm a 13,2 mm e

diferiram entre apotécios formados de escleródios muito pequenos em

relação aos escleródios médios e grandes. Escleródios que variaram de

1,95 mm a 6,14 mm formaram apotécios menores que escleródios médios e

grandes (Tabela 3). De forma semelhante, Bedi (1963) observou que em

escleródios maiores a produção de apotécios também é maior, sendo que

um escleródio de 13 mm de comprimento por 5 mm de largura, originou 15

apotécios. Na Figura 4 verifica-se a diferença visual entre a produção de

apotécios de escleródios pequenos com média de 2,4 mm e grandes com

média de 13,6 mm após 51 dias de incubação.

61

FIGURA 4. Escleródios de Sclerotinia sclerotiorum de tamanho muito

pequeno (esquerda) e grande (direita) com produção de

estipes e apotécios aos 51 dias após incubação. UFMT,

Cuiabá-MT, 2012.

Com o aumento do tamanho dos escleródios, o número de estipes

formadas e apotécios produzidos por escleródio também aumentou

(Tabelas 2 e 3). Esses resultados estão em acordo com os de Ben-Yephet

et al. (1993), que observaram que houve aumento significativo no número

de apotécios produzido por escleródios com o aumento do peso.

Em estudos com escleródios, Görgen et al. (2010) verificaram, em

condições naturais, que o escleródio pode ser formado e atingir sua

maturidade funcional em diferentes períodos de tempo, influenciado pelas

condições ambientais. Em avaliações em campo, esses autores observaram

escleródios menores do que 2 mm que apresentavam apotécios. Em outro

estudo, Hao et al. (2003) relataram a produção de apotécios em escleródios

grandes (>4,75 mm), médios (2,0 a 4,75 mm), e pequenos (<2.0 mm) e

verificaram, ainda, que o número de apotécios produzidos é proporcional ao

tamanho do escleródio de S. sclerotiorum. Embora a biometria dos

escleródios se diferenciem dos encontrados no presente estudo, as

respostas são semelhantes em relação ao tamanho dos escleródios.

62

Resultados semelhantes foram obtidos por Huang e Kozub (1994),

em estudo com escleródios, onde verificaram que o número de estipes

produzidos por S. sclerotiorum foi altamente correlacionado com o tamanho

dos escleródios. Os resultados sugeriram que existe um limite de tamanho

de escleródios abaixo do qual os apotécios não são produzidos. Houve

germinação de 100% para escleródios maiores e de 30% para escleródios

menores.

Como a produção de apotécios foi diretamente proporcional ao

tamanho de escleródios, o uso de medidas de controle que reduzam a

germinação e o tamanho de escleródios podem reduzir apotécios formados.

Menor número de apotécios formados, por sua vez, produziriam menor

quantidade de ascósporos (Abawi e Grogan, 1979), porque cada apotécio

pode produzir de 2 a 30 milhões de ascósporos durante um período de até

10 dias (Clarkson et al., 2003). A cobertura do solo pode funcionar como

barreira física, reduzindo a entrada de luz necessária à formação dos

apotécios (Görgen et al., 2009; Paula Júnior et al., 2009) e

consequentemente a liberação de ascósporos, reduzindo a germinação e a

elevação de apotécios originados de escleródios pequenos.

Em estudo comparando a germinação de escleródios na presença e

ausência de Brachiaria ruziziensis, Görgen et al. (2009) também verificaram

redução no número de apotécios formados pela utilização da cobertura

vegetal. Para Lobo Junior et al. (2009), a redução do número de apotécios

formados sobre o solo, devido à camada de palha, é o efeito mais notável e

imediato capaz de reduzir a severidade do mofo branco.

Com exceção do cártamo, constata-se que o uso de cobertura

vegetal do solo reduz o número de estipes e apotécios de S. sclerotiorum.

As coberturas com braquiária, girassol e nabo forrageiro aumentam o

período de tempo até a formação do apotécio, porém, somente braquiária

reduz a porcentagem de apotécios formados (Venturoso, 2013). Entretanto

é importante considerar que o número de estipes por escleródio de S.

sclerotiorum não é alterado pelos sistemas de manejo (Gorgen et al., 2010).

63

Os resultados deste estudo estabeleceram claramente que o

tamanho de escleródios é um dos principais determinantes para a formação

de estipes e apotécios. Mesmo que os escleródios menores sejam menos

eficazes em produzir apotécios (Huang e Kozub, 1994; Dillard et al. 1995), a

produção de apotécios, varia com o tamanho dos escleródios.

Este é o primeiro estudo que identifica a importância do escleródio

proveniente de lavoura de soja, como um fator fundamental para a produção

de apotécios de S. sclerotiorum, embora os fragmentos menores

(microescleródios) possam não possuir reserva suficiente para a produção

de apotécios (Hao et al., 2003). Em vez disso, pode ocorrer a germinação

miceliogênica quando as condições de solo são apropriadas (Abawi e

Grogan, 1979).

O tamanho de escleródios é um dos fatores que pode ter papel

importante na indução da produção de apotécios. Fatores que afetam a

germinação de escleródios e a sobrevivência são também importantes para

a infecção subsequente de S. sclerotiorum. Após a germinação

carpogênica, vários fatores afetam como a liberação de ascósporos,

propagação, germinação e infecção (Abawi et al., 1979; Hao et al., 2003).

Assim em estudos de epidemiologia de S. sclerotiorum devem ser evitados

o uso de pequenos escleródios (<3mm) para a produção de ascósporos

(Dillard et al., 1995), por terem reduzida produção de apotécios.

3.3.2 Determinação do potencial osmótico para o desenvolvimento de

S. sclerotiorum

Verificou-se que não houve diferença entre os tratamentos de

restrição hídrica para o número de escleródios produzidos, mas houve

redução na massa de escleródios em relação à testemunha com BDA,

evidenciando o efeito da restrição hídrica com NaCl. Pelos resultados,

observou-se que o índice de velocidade de crescimento micelial (IVCM)

reduziu para as restrições a partir de -1,0 MPa de NaCl (Tabela 4).

64

TABELA 4. Médias de número de escleródios, massa (g) e índice de

velocidade de crescimento micelial (IVCM) de S. sclerotiorum,

submetidos a batata-dextrose-ágar(BDA)+NaCl em diferentes

potenciais. Cuiabá-MT, 2012.

Médias seguidas de mesmas letras minúsculas, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Scott- Knott (p ≤ 0,05).

A massa de escleródios no meio BDA sem NaCl foi maior que a dos

demais tratamentos. Mesmo sem diferir significativamente, o número de

escleródios no meio BDA sem NaCl (sem restrição) foi 102,4% maior do que

no meio BDA com NaCl na concentração de -1,0 MPa. Em relação ao

IVCM, apesar de não diferir estatisticamente, entre as médias de BDA até -

0,8 MPa, houve efeito significativo em tratamentos com potenciais

osmóticos mais negativos a partir de -1,0 MPa (Tabela 4). Conforme

Machado et al. (2007), o crescimento micelial dos fungos Botriodiplodia

theobroma, Fusarium oxysporum e S. sclerotiorum em meio agarizado foi

reduzido nos potenciais osmóticos a partir de - 0,6 MPa, indicando efeito

tóxico desse sal no crescimento dos fungos. Assim, possivelmente pode

haver diferença entre isolados de S. sclerotiorum na resposta à restrição.

A redução da massa de escleródios no potencial osmótico acima de -

0,4 MPa pode ter sido em função da concentração de NaCl. Provavelmente

potenciais osmóticos mais elevados afetam o desenvolvimento normal do

fungo. Desse modo, observou-se que o potencial osmótico acima de -1,0

MPa é inviável para isolar S. sclerotiorum por reduzir tanto a massa como o

crescimento do fungo. Assim concentrações menores além de serem

favoráveis ao desenvolvimento do patógeno não interferem na germinação

das sementes inoculadas, como verificaram Machado et al. (2007) com o

emprego da restrição hídrica induzida por manitol e NaCl, nos potenciais

Tratamentos Escleródios Massa (g) IVCM

BDA sem NaCl 189,75 a 1,50 a 4,58 a BDA + NaCl (- 0,4 MPa) 155,75 a 1,15 b 4,65 a BDA + NaCl (- 0,6 MPa) 142,75 a 1,11 b 4,00 a BDA + NaCl (- 0,8 MPa) 145,25 a 1,17 b 4,18 a BDA + NaCl (- 1,0 MPa) 93,75 a 0,93 b 3,00 b BDA + NaCl (- 1,2 MPa) 138,40 a 1,23 b 1,63 c

CV(%) 24,19 14,23 14,00

65

osmóticos -0,6 MPa, -0,8 MPa, -1,0 MPa e -1,2 MPa, que reduziram o

processo de germinação de sementes de algodoeiro.

Diferenças entre os solutos quanto à eficiência em reduzir e/ou

retardar a germinação de sementes foram relatadas por Heydecker et al.

(1975), e a redução acentuada da germinação de sementes em maiores

concentrações de soluções osmóticas tem sido atribuída à redução da

quantidade de água absorvida pelas sementes em meio salino, em

decorrência da redução do potencial osmótico das soluções (Braccini et al.,

1996).

Em relação a Sclerotinia sclerotiorum, Machado et al. (2001)

observaram que houve comportamento semelhante, ou seja, as sementes

que ficaram menos tempo em contato com o inóculo do fungo apresentaram

germinação abaixo de 20% e nos potenciais de -0,6; -0,8 e -1,0 MPa

praticamente não houve germinação, com mais de 90% de sementes

mortas.

Assim, de acordo com os resultados encontrados, para índice de

velocidade de crescimento micelial, massa e número de escleródios em

meio BDA, não se recomenda o uso de NaCl nos referidos potenciais

osmóticos para inoculação de S. sclerotiorum em sementes de soja. É mais

prático a utilização do método sem a adição de NaCl, sem necessidade de

custos adicionais e é uma alternativa economicamente viável, além de ser

um meio eficiente para o desenvolvimento do fungo por proporcionar maior

massa de escleródios (g) em sete dias de incubação.

3.3.3 Período adequado de inoculação de S. sclerotiorum em sementes

de soja e viabilidade dos métodos de detecção “blotter test”, neon e

rolo de papel para recuperação do patógeno em sementes de soja

inoculadas

Por meio do método rolo de papel foi possível detectar o fungo S.

sclerotiorum nas sementes de soja inoculadas artificialmente com o

patógeno em menor período de inoculação, após 24 horas, enquanto que a

identificação do patógeno por meio do “blotter test” e teste neon só foram

66

possíveis para sementes inoculadas por período de 48 e 72 horas

respectivamente (Tabela 5).

TABELA 5. Porcentagens de detecção de Sclerotinia sclerotiorum em

sementes de soja inoculadas por diferentes métodos. UFMT,

Cuiabá-MT, 2012.

Médias seguidas de mesmas letras minúsculas na coluna, não diferem entre si pelo teste de Scott- Knott (p ≤ 0,05). Dados originais mas para análise os mesmos foram transformados para raiz de (x + 0,5).

A detecção pelo método rolo de papel apresentou médias de 18 a

36% de incidência em sementes de soja inoculadas com S. sclerotiorum por

96 e 120 horas, acima do percentual inoculado, devido à contaminação

entre sementes pelo patógeno, dentro do rolo, e também pelo maior tempo

de exposição das sementes ao patógeno. Apesar disso, detectou-se 5% de

sementes de soja com a presença do patógeno em lotes contaminados com

sementes inoculadas por 24 horas, demostrando portanto que o teste é

eficiente para detecção em níveis baixos. Porém, a desvantagem está

relacionada à contaminação das sementes dentro do rolo e o período de

execução do teste de 14 dias (Brasil, 2009b), mais demorado em relação

aos outros métodos testados. De acordo com Parisi et al. (2006), apesar do

teste eventualmente superestimar a incidência do fungo, caso ele se

dissemine das sementes infectadas para as sementes ao lado, este fato tem

pouca importância para S. sclerotiorum, cujo padrão de tolerância é zero.

Além da vantagem de ser um método simples e barato, o rolo de papel

apresenta a vantagem de possibilitar a detecção simultânea de S.

Períodos de inoculação (h) “Blotter test”

Neon Rolo de papel

0 0,00 b 0,00 b 0,00 b

24 0,00 b 0,00 b 5,00 b

48 10,00 a 0,00 b 4,50 b

72 5,00 b 1,66 b 6,00 b

96 3,00 b 8,33 a 18,00 b

120 19,00 a 13,33 a 36,00 a

CV(%) 38,5 31,20 28,40

67

sclerotiorum e de outros importantes patógenos transmitidos por sementes

como C. lindemuthianum, Macrophomina phaseolina e Rhizoctonia solani

(Parisi et al., 2006).

Os resultados estão de acordo com os obtidos na literatura, em que a

inoculação artificial da semente foi utilizada para avaliar a sensibilidade dos

métodos rolo, blotter e neon em detectar o fungo (Peres et al., 2002;

Napoleão et al., 2006; Henneberg et al., 2012).

A detecção pelo método neon foi facilitada pela liberação de ácido

oxálico no meio de cultura pelo S. sclerotiorum, formando um halo

amarelado. Porém, a presença de Aspergillus sp. pode prejudicar a

avaliação, sendo esta uma desvantagem do teste. Em estudo realizado por

Peres et al. (2002), a coloração produzida por isolados de S. sclerotiorum

iniciou a partir de 24 horas de incubação por este método. Entretanto, os

isolados de Penicillium sp. e Aspergillus sp. apresentaram coloração média,

e a coloração produzida de S. sclerotiorum foi mais intensa.

As altas porcentagens de S. sclerotiorum, detectados pelos métodos

neon e “blotter test”, ocorreram em sementes de soja inoculadas com o

patógeno por períodos de 96 e 120 horas, podendo estar relacionado ao

maior tempo de exposição das sementes ao patógeno que pode ter

favorecido a contaminação de sementes na placa.

O período mais eficiente, pelos testes de detecção “blotter test” e

neon, para a inoculação de S. sclerotiorum em sementes de soja, foi 72

horas (Tabela 5). Nesse período, observou-se a incidência do patógeno

pelos três métodos de detecção e, ainda em percentuais semelhantes ao

percentual inoculado, exceto o método de detecção neon, que detectou o

patógeno em menores percentuais (1,66%). Também nesse período de

inoculação não houve perdas significativas no potencial germinativo das

sementes de soja (Figura 5). Em 72 horas de inoculação, o “blotter test” foi

o mais preciso, recuperando 5% de incidência do patógeno nos lotes de

sementes de soja com 5% de contaminação.

O teste neon, no período de 72 horas de inoculação, permitiu a

detecção de 1,66% de incidência de S. sclerotiorum após oito dias de

68

execução do teste, o que demonstra a capacidade do método em detectar o

patógeno em lotes de sementes com baixo índice de contaminação.

Entretanto o teste tem limitações devido ao custo e extrema dificuldade em

obter o clorafenicol para preparar o meio, além da contaminação por

Aspergillus spp.

Assim, verificou-se que os métodos rolo de papel e “blotter test”

podem ser utilizados por serem mais sensíveis que o neon.

Sementes de soja inoculadas com S. sclerotiorum apresentaram

redução da germinação proporcional ao aumento do período de inoculação

(Figura 5). Após 120 horas, a germinação das sementes de soja inoculadas

com o patógeno apresentou-se abaixo de 80%, o mínimo exigido para a

comercialização de sementes de soja (MAPA, 2005). Esse período confirma

que quanto mais tempo as sementes ficam em contato com o patógeno

maior a redução da germinação.

FIGURA 5. Porcentagem de germinação de sementes de soja em

função do período de inoculação com S. sclerotiorum.

UFMT, Cuiabá-MT, 2012.

Na principal região produtora de sementes de soja em Mato Grosso

(Serra da Petrovina, Campo Verde e Primavera do Leste) verificou-se

69

aumento da área com incidência de mofo branco, contaminadas tanto por

sementes como por escleródios. Isto ocorreu mesmo com a Portaria no 47,

de 26 de fevereiro de 2009, do Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento, que estabeleceu padrão zero para Sclerotinia

sclerotiorum em sementes de feijão, soja e girassol, não podendo haver

nenhum escleródio no exame da amostra de sementes secas. Também

ocorre a detecção de sementes infectadas pelo fungo, que apesar de baixa

pode vir a infestar áreas isentas.

A contaminação em novas áreas isentas do patógeno pode ser

evitada, sendo necessário o aprimoramento de testes de sanidade para

detecção mais rápida e eficiente do patógeno. Esses testes são ferramentas

úteis no controle de disseminação da doença em novas áreas, quando

efetuados nos lotes de sementes originados dessa região.

Neste estudo comprovou-se que o método rolo de papel é sensível,

simples e de baixo custo, podendo ser utilizado nas análises de rotina,

como medida preventiva da disseminação do patógeno e também poderá

ser utilizado para a detecção de S. sclerotiorum em sementes de outras

culturas (Parisi et al., 2006). Entretanto Henneberg et al. (2012a) verificaram

que os métodos papel de filtro “blotter test”, rolo de papel e neon, não foram

eficientes em detectar o patógeno S. sclerotiorum em sementes de soja

naturalmente contaminadas em níveis até 1% e que não houve relação

entre a incidência do patógeno no campo e a incidência verificada nas

sementes de soja colhidas. Portanto, níveis de incidência do patógeno em

sementes de soja interferem na sensibilidade dos métodos de detecção.

Em outro estudo, Hennerberg et al. (2012b) observaram que os

métodos estudados não apresentaram repetibilidade, sendo pouco

sensíveis para a detecção do patógeno em sementes provenientes de áreas

com incidência da doença; porém, foram eficientes para a detecção em

sementes inoculadas artificialmente.

Assim, a eficiência dos métodos na detecção de S.sclerotiorum, em

amostras com inoculação artificial, pode ser atribuída ao fato de o patógeno

apresentar maior potencial de infecção com esse tipo de inoculação, o que

70

teria facilitado o seu desenvolvimento nas condições de incubação

utilizadas nos testes de sanidade, pois o fungo depende somente do

ambiente favorável para se desenvolver (Sousa et al., 2008).

Esses resultados representam um avanço nos estudos com esse

patógeno associado às sementes, por ser de difícil detecção e apresentar

baixa transmissibilidade da planta para a semente (Henning et al., 2009). A

técnica da restrição hídrica possibilitou a obtenção de sementes

efetivamente infectadas pelo patógeno, as quais poderão ser utilizadas em

estudos, tais como transmissibilidade do patógeno da semente para a

planta, considerando os diferentes níveis de inóculo que a técnica pode

proporcionar.

3.4 Conclusões

O tamanho de escleródios não afeta na germinação carpogênica,

mas influencia no número e comprimento de apotécios.

O meio de cultura adequado para inoculação de S. sclerotiorum em

sementes de soja é o BDA (Batata-Dextrose e Agar) sem restrição hídrica

de NaCl.

Os métodos de detecção, “blotter test”, neon e rolo de papel são

eficientes na detecção de S. sclerotiorum quando sementes de soja foram

inoculadas artificialmente por um período de 72 horas.

O método rolo de papel permite a detecção de forma eficiente de S.

sclerotiorum em lotes de sementes de soja com 5% de incidência.

71

3.5 Referências Bibliográficas

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75

4 EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS NO CONTROLE DE MOFO BRANCO NA

CULTURA DA SOJA E NA GERMINAÇÃO DE ESCLERÓDIOS DE

Sclerotinia sclerotiorum

RESUMO - A incidência e a severidade do mofo branco (Sclerotinia

sclerotiorum) na região sul do estado de Mato Grosso têm aumentado

devido às condições de ambiente favoráveis ao desenvolvimento da

doença. Assim, o objetivo neste trabalho foi avaliar o efeito do controle

químico na incidência e severidade de mofo branco em soja, e verificar o

efeito do tratamento químico com fungicidas sobre a viabilidade dos

escleródios formados. O delineamento foi em blocos ao acaso com quatro

tratamentos, mais a testemunha, e quatro repetições. Os tratamentos foram:

Fluazinam 1,0 L.ha-1, aplicados em R1; duas aplicações de Fluazinam (1,0

L.ha-1) – R1; R1+ 10 dias; duas aplicações de Procimidona (1,0 kg.ha-1) -

R1; R1+10 dias; Fluazinam (1,0 L.ha-1) + Carbendazim (1,0 L.ha-1) em R1 e

segunda aplicação de Procimidona (1,0 kg.ha-1) + Carbendazin (1,0 L.ha-1),

10 dias após a primeira aplicação) e a testemunha sem controle químico.

Para a germinação dos escleródios, foram colocados 250 g de solo em

caixas de plástico tipo “gerbox”, e, posteriormente, foi efetuado o enterrio de

25 escleródios coletados nas parcelas onde foram aplicados os fungicidas

na cultura da soja. Os fungicidas reduziram o crescimento de S.

sclerotiorum, diminuindo a incidência e severidade em relação à

testemunha. O controle de mofo branco foi superior com o uso de

Fluazinam em relação à testemunha e à Procimidona. O efeito da aplicação

de fungicida na cultura da soja sobre a germinação de escleródios e

formação de apotécios ocorreu antes dos 50 dias de incubação. Os

fungicidas aplicados reduzem a incidência e severidade de mofo branco na

soja.

Palavras-chave: mofo branco, incidência, controle químico.

76

FUNGICIDES EFFICIENCY IN CONTROL OF MOLD IN WHITE AND

SOYBEAN CROP OF sclerotial germination Sclerotinia sclerotiorum

ABSTRACT - The incidence and severity of white mold ( Sclerotinia

sclerotiorum ) in the southern state of Mato Grosso have increased due to

environmental conditions favorable for disease development . The objective

of this study was to evaluate the effect of chemical control on the incidence

and severity of white mold in soybeans , and verify the effect of chemical

treatment with fungicides on the viability of sclerotia formed . The

experimental design was a randomized block design with four treatments ,

plus the control , and four replications . The treatments were : 1.0 Fluazinam

L.ha - 1 , applied in R1 , two applications Fluazinam (1.0 L.ha- 1 ) - R1 , R1 +

10 days , two applications Procymidone (1.0 kg ha-1) - R1 , R1 +10 days;

Fluazinam (1.0 L.ha-1 ) + Carbendazim (1.0 L.ha-1) R1 and the second

application Procymidone (1.0 kg ha-1 ) + Carbendazin (1.0 L.ha- 1 ) , 10 days

after the first application ) and control without chemical control . For

germination of sclerotia were placed 250 g of soil in plastic type " gerbox " ,

and was later performed the burial of sclerotia collected in 25 plots where

fungicides were applied on soybean . Fungicides reduced the growth of S.

sclerotiorum , reducing the incidence and severity compared to the control .

The control of white mold was higher with the use of Fluazinam compared to

control and Procymidone . The effect of fungicide application on soybean on

germination of sclerotia and apothecia formation occurred before 50 days of

incubation . Fungicides applied to reduce the incidence and severity of white

mold in soybeans

Keywords: white mold, incidence, chemical control.

77

4.1 Introdução

O mofo branco ou podridão branca da haste, doença causada pelo

fungo Sclerotinia sclerotiorum (Lib.) de Bary, tem se destacado nas

principais regiões produtoras de soja em função dos danos proporcionados

à lavoura. O fungo em condições favoráveis ao seu desenvolvimento, pode

causar perdas expressivas como as relatadas por Almeida et al. (2005) e

Leite (2005).

A partir da safra 2004/05, em lavouras do Sudoeste de Goiás com

alta pressão de inóculo (escleródios) associada às condições climáticas

favoráveis, ocorreram perdas na produção de grãos de soja que

ultrapassaram a 40% (Campos et al., 2008; Meyer e Campos, 2009). No

estado de Mato Grosso, na safra 2009/10, ocorreram várias áreas afetadas

com mofo branco na região Sul do Estado como nos municípios de Campo

Verde e Jaciara, levando a perdas significativas na produtividade da cultura

da soja.

O controle de S. sclerotiorum é considerado difícil devido à ausência

de cultivares de soja resistentes, à produção de estruturas de resistência

que permitem a sobrevivência do fungo no solo por vários anos na ausência

de hospedeiros e/ou sob condições desfavoráveis, a ampla gama de

hospedeiros, ao elevado número de ascósporos produzidos nas

frutificações sexuais (apotécio) e sua rápida e longa disseminação a partir

da fonte produtora, à sobrevivência nas sementes sob a forma de micélio

dormente ou escleródios aderidos às mesmas e devido à dificuldade de se

atingir os sítios de infecção através das pulverizações com fungicidas.

Desta forma, o controle mais efetivo baseia-se em um programa integrado

de diversas práticas (Leite, 2005).

Atualmente, não há disponibilidade de cultivares de soja resistentes

ao mofo branco, com isso, a maioria das medidas é preventiva, devendo-se

adotar sementes certificadas, fazer rotação de culturas com gramíneas,

espaçamento e população de plantas adequadas, uso de fungicidas em

tratamentos de semente e parte aérea.

78

O controle químico dessa doença apresentou diferenças de eficiência

e algumas vezes resultados contraditórios (Gasparotto, 1980; Vieira, 1994).

O uso de fungicida na parte aérea deve ser associado a outras estratégias

de manejo e tem sido necessário em áreas já com a presença do inóculo,

ou seja, com histórico da doença.

Portanto, o conhecimento da atividade dos fungicidas sobre o agente

causal da doença é de fundamental importância para o seu manejo. A

eficiência desses produtos depende de vários fatores, como a densidade de

inóculo no solo, o estágio da doença, o grau de cobertura das plantas pelo

fungicida, o número de pulverizações, a sua fungitoxidade, dose, época,

volume e equipamento de aplicação, espaçamento de plantas, incidência e

severidade da doença (Vieira, 1994).

Até o momento, apenas os ingredientes ativos tiofanato metílico,

Fluazinam, Procimidona e Fluazinam + Tiofanato metílico apresentam

registro junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

(MAPA, 2012) para o controle do mofo branco na cultura da soja. Essa

limitação de produtos pode impossibilitar a recomendação dentro de

programas de aplicações mais efetivos, além de proporcionar riscos da

perda de sensibilidade do fungo aos fungicidas. Esses princípios ativos são

recomendados em outras culturas visando o controle do mesmo patógeno

(Vieira, 1994; Reis et al., 2010). Em outros países, a menor sensibilidade de

S. sclerotiorum a diferentes fungicidas foi evidenciada, conforme

demonstrado para os ingredientes ativos Carbendazim, Iprodione e

Boscalida (Liu et al., 2009; Ma et al., 2009) e Benomyl (Attanayake et al.,

2009). Além de poucos produtos registrados para a cultura da soja, esses,

têm custo elevado e não apresentam controle satisfatório.

Assim sendo, os objetivos neste trabalho foram avaliar o controle

químico na incidência e severidade de mofo branco em soja, e verificar o

efeito do tratamento químico de fungicidas sobre a viabilidade dos

escleródios formados.

79

4.2 Material e Métodos

Os experimentos foram conduzidos na Fazenda Planalto, no

município de Jaciara-MT, cujas coordenadas geográficas são 15º 47’ 25,90”

S e 55º 12’ 46,90” W, em área com histórico de infestação por S.

sclerotiorum, com população acima de 15 escleródios/m2, e no Laboratório

de Fitopatologia da Faculdade de Agronomia, Medicina Veterinária e

Zootecnia (FAMEVZ) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT),

campus Cuiabá-MT, no período de outubro de 2010 a outubro de 2012.

4.2.1 Experimento 1: Avaliação do controle de mofo branco na cultura

da soja com o uso de fungicidas

O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com cinco

tratamentos e quatro repetições, sendo as parcelas de 4,0 x 6,0 m. A

parcela foi constituída de oito linhas espaçadas de 0,50 m com seis metros

de comprimento e a área útil de 12 m2. A variedade semeada foi P98Y11,

grupo de maturação 8.1, com população de 300 mil plantas.hectare-1.

Os tratamentos utilizados foram três ingredientes ativos de fungicidas

em doses distintas e uma testemunha sem fungicida: Fluazinam 1,0 L.ha-1,

aplicados em R1 (início de florescimento); duas aplicações de Fluazinam

(1,0 L.ha-1) – R1; R1+ 10 dias; duas aplicações de Procimidona (1,0 kg.ha-1)

- R1; R1+10 dias; Fluazinam (1,0 L.ha-1) + Carbendazim (1,0 L.ha-1) em R1

e segunda aplicação de Procimidona (1,0 kg.ha-1) + Carbendazin (1,0 L.ha-

1), 10 dias após a primeira aplicação) (Tabela 1).

80

TABELA 1. Ingrediente ativo (i.a), concentração (g i.a.L-1 ou kg-1 do produto

comercial), doses (pf.ha-1) e épocas de aplicações utilizadas no

experimento de controle de Sclerotinia sclerotiorum na cultura da

soja. Jaciara, MT, 2012.

As aplicações foram realizadas com auxílio de pulverizador costal

pressurizado com CO2, pontas de pulverização XR 11002, com pressão de

serviço de 40 psi e volume de calda de 200 L.ha-1. A primeira aplicação dos

fungicidas foi realizada no estádio R1 (início do florescimento) e a segunda

em R1 +10 dias. Também foram feitas duas aplicações de fungicida

Azoxtrobin + Ciproconazol na dose de 0,5 L.ha-1 do produto comercial mais

óleo mineral 0,5% vv, para controle da ferrugem asiática (Phakopsora

pachyrhizi), três aplicações para insetos-praga com misturas de inseticidas

a base de Tiamedoxan e lambdacialotrina e fisiológicos, em toda a área

experimental. As avaliações realizadas foram incidência e severidade,

porcentagem de controle do mofo branco em relação à testemunha, a

produtividade, massa de mil grãos e massa de escleródios por parcela.

Para a incidência da doença foram avaliadas, ao acaso, 100 plantas

por parcela, nos estádios R1, R5 (inicio do enchimento de grãos) e R6 (grão

cheio), e feita a quantificação de plantas infectadas nas linhas da parcela

útil.

Para severidade da doença, adotou-se o critério de porcentagem das

plantas lesionadas, utilizando-se da escala diagramática de severidade para

Tratamentos i.a.L-1

ou kg-1

Dose 1

a

aplicação R1

Dose 2

a

aplicação R1+10 D

Testemunha

- - -

Fluazinam 1x

500 1,0 -

Procimidona 2x

500 1,0 1,0

Fluazinam 2x

500 1,0 1,0

Fluazinam+Carbendazim/ 500-500 1,0+1,0 -

Procimidona+Carbendazim 500-500 - 1,0+1,0

81

mofo branco, adaptada de Azevedo (1998), com as notas: 0- ausência de

sintomas; 1- presença de micélio circundando a base da haste; 2- presença

de micélio e escleródios; 3- micélio aéreo, escleródios, e folhas/ramos

murchos; 4- planta seca. Foram avaliadas ao acaso, 40 plantas por parcela

no estádio R6. O critério de análise percentual de controle da doença em

relação à testemunha foi considerado pela relação entre incidência da

doença na parcela tratada no estádio R6 e a média da incidência na

testemunha.

A colheita foi manual e a produtividade da soja foi dada pelas massas

de grãos obtidas em cada parcela útil, transformadas em kg.ha-1 com ajuste

do teor de água para 13%. Posteriormente, determinou-se a massa de mil

grãos (Brasil, 2009a), com oito subamostras de 100 grãos. A massa (g) de

escleródios foi obtida apenas dos escleródios recolhidos após a trilha das

plantas colhidas em cada parcela.

Os resultados foram previamente submetidos aos testes de

normalidade (Lillefors) e de homogeneidade (Cochran), posteriormente foi

realizada análise de variância com o teste de F, e as médias, comparadas

pelo teste de Scott-Knott a 5%. O processamento estatístico foi realizado

pelo programa computacional ASSISTAT 7.2 versão beta (Silva e Azevedo,

2009).

4.2.2 Experimento 2: Efeito dos fungicidas aplicados na cultura da soja

sobre a germinação carpogênica dos escleródios no solo

O experimento foi montado em 03/05/2012, com amostras de

escleródios obtidas, aleatoriamente, de plantas colonizadas pelo patógeno

nas parcelas de soja infestadas em cada repetição/tratamento do

Experimento 1. A amostra de escleródios foi composta de escleródios

formados nas hastes das plantas, formados externamente e escleródios

obtidos da trilha das parcelas com tratamento de fungicidas. Os escleródios

foram acondicionados em recipientes de vidro, lacrados, identificados e

acondicionados em temperatura de 25 ºC no Laboratório de Fitopatologia da

FAMEVZ (UFMT).

82

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com cinco

tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos foram os mesmos do

Experimento 1 com os escleródios originados de cada parcela tratada com

ingredientes ativos dos fungicidas utilizados no Experimento 1: Fluazinam

1,0 L.ha-1, aplicados em R1; duas aplicações de Fluazinam (1,0 L.ha-1) – R1,

R1+ 10 dias; duas aplicações de Procimidona (1,0 kg.ha-1) - R1, R1+10 dias;

Fluazinam (1,0 L.ha-1) + Carbendazim (1,0 L.ha-1) em R1 e segunda

aplicação de Procimidona (1,0 kg.ha-1) + Carbendazin (1,0 L.ha-1) - 10 dias

após a primeira aplicação) e a testemunha.

Os escleródios foram colocados para incubar, em solo cultivado e

isento de infestação de S. sclerotiorum. O solo foi esterilizado e distribuído

em caixas de plástico tipo “gerbox”. Cada parcela foi composta por uma

caixa contendo camada de 250 g de solo e 25 escleródios de tamanhos

variados equidistantemente distribuídos sobre esse substrato. O substrato

foi com 100% da capacidade de campo, com base na massa (Brasil,

2009a). As caixas foram colocadas em câmara tipo BOD à temperatura de

20 °C ± 2 com fotoperíodo de 12 horas luz, por um período de 100 dias.

As variáveis analisadas foram: percentual de escleródios germinados,

emissão de estipes, número de estipes por escleródios e formação de

apotécios. As avaliações foram efetuadas contando-se o número de estipes

e apotécios formados em cada caixa. As avaliações foram aos 27, 40, 51,

70 e 100 dias após a incubação dos escleródios.

Para análise dos dados, foi realizada análise de variância pelo teste

F, e as médias comparadas pelo teste de Scott-Knott e Tukey a 5% de

probabilidade, utilizando o sistema de análise estatística ASSISTAT, versão

7.2 beta (Silva e Azevedo, 2009).

83

4.3 Resultados e Discussão

4.3.1 Avaliação do controle de mofo branco na cultura da soja com o

uso de fungicidas

Não houve incidência do mofo branco, na primeira aplicação de

fungicida (R1). Na segunda avaliação (R5), vinte dias após a primeira

aplicação dos fungicidas, a incidência atingiu 27% na testemunha,

confirmando a pressão da doença na área (Tabela 2). A testemunha, sem

aplicação de fungicida, apresentou as maiores porcentagens de incidência

quando comparada aos demais tratamentos.

TABELA 2. Incidência (%) de mofo branco em soja, variedade P98Y11,

nos estádios R1, R5 e R6, após controle químico. Jaciara-MT,

2011/12.

*Médias seguidas das mesmas letras, nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.

Após as aplicações dos fungicidas, verificou-se que os tratamentos

com controle químico apresentaram diferenças significativas na incidência

da doença em relação à testemunha, embora não tenham ocorrido

diferenças significativas entre os fungicidas avaliados (Tabela 2).

No estádio R5, a incidência variou de 3,25% no tratamento com

Fluazinam com duas aplicações a 6% no tratamento com Procimidona em

duas aplicações. Observou-se que o controle químico com fungicidas

Tratamentos (i.a) Incidência R1

Incidência* R5

Incidência R6

Testemunha

- 27,0 a 42,75 a

Fluazinam 1x - 3,42 b 8,00 b

Procimidona 2x - 6,00 b 10,50 b

Fluazinam 2x - 3,25 b 5,75 b

Fluazinam+Carbendazim/ Procimidona+Carbendazim

- 4,25 b 6,75 b

CV (%) - 46,65 29,49

84

reduziu o crescimento micelial e inibiu a formação de escleródios de S.

sclerotiorum em relação à testemunha.

Após a avaliação de incidência em R6, verificou-se que a testemunha

apresentava maior incidência da doença mostrando evolução da doença de

27% para 42,7%. Verificou-se nas parcelas sem aplicação de fungicidas

(testemunha), alta disseminação da doença, provavelmente devido às

condições ambientais favoráveis, proporcionando que o micélio do fungo se

multiplicasse indefinidamente (Brustolin et al., 2012).

Resultados de pesquisa sobre a eficiência de fungicidas indicam que

também o Fluazinam, além de Benomyl, Iprodione, Fluopyram,

Procimidona, a mistura Dimoxystrobina + Boscalid e Vinclozolin, foram mais

eficientes no controle de S. sclerotiorum (Vieira et al., 2001; Costa e Costa,

2004; Henning et al., 2009; Paula Júnior et al., 2009).

Em relação à severidade de mofo branco na cultura da soja, todos os

fungicidas avaliados proporcionaram menor severidade da doença em

relação à testemunha. A maior eficiência no controle da doença foi

observada nas parcelas dos tratamentos contendo Fluazinam (Figura 1). A

aplicação preventiva pode ter influenciado na eficiência de controle. Como

uma das principais formas de infecção ocorre pelos ascósporos por meio

das flores das plantas de soja, estas plantas devem estar protegidas por

fungicidas de forma preventiva, principalmente entre os estádios R1 e R4

(Meyer, 2009; Machado e Cassetari Neto, 2010).

85

FIGURA 1. Severidade em R6 de Sclerotinia sclerotiorum na cultura da

soja, variedade P98Y11, após aplicação de Fluazinam (R1),

Procimidona (R1+10 dias), Fluazinam (R1+10 dias) e

Fluazinam com Carbendazim aplicado em R1 e após 10 dias

Procimidona com Carbendazim. Jaciara-MT, 2012.

Observou-se neste trabalho, que uma ou duas aplicações de

Fluazinam não diferiram significaticamente, possivelmente devido ao nível

de severidade da doença (Tabela 3), mas diferiram da testemunha.

A massa de mil grãos não diferiu nas parcelas que receberam os

tratamentos com fungicidas, porém estas parcelas diferiram

significativamente da testemunha (Tabela 3). A testemunha produziu grãos

com menor massa, de 4% a 6% inferior à massa de grãos dos tratamentos

com fungicidas. Dentre as parcelas tratadas com fungicidas Fluazinam,

Procimodona e as misturas, a menor produtividadade foi verificada nas

parcelas contendo somente Procimidona, enquanto as parcelas contendo

Fluazinam, independente do número de aplicações, foram mais produtivas e

diferiram significativamente da testemunha, que produziu 3.092 kg.ha-1.

86

TABELA 3. Severidade (%), controle (%), produtividade (kg.ha-1), massa

de mil grãos (MMG) (g) e massa de escleródios (ME) (g), da

variedade de soja P 98Y11, em resposta aos tratamentos com

fungicidas para controle de mofo branco em soja, safra

2011/2012. Jaciara- MT.

1Severidade de mofo branco em R6.

2Percentual de controle da doença em relação à

testemunha, considerando-se a incidência em R6. 3

MMG = massa de mil grãos. Médias seguidas das mesmas letras, nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.

Nas parcelas que receberam o tratamento com Procimidona, a

produtividade média foi de 3.350 kg.ha-1, significativamente superior à

testemunha. Observou-se também que a porcentagem de controle de mofo

branco em relação à testemunha teve resultado superior com o uso de

Fluazinam em relação à Procimidona (Tabela 3).

A produção de escleródios foi superior na testemunha (2,74 g)

(Tabela 3). Assim, os tratamentos que receberam aplicações de fungicidas

apresentaram redução na massa de escleródios nas parcelas, variando de

78% (Procimidona em duas aplicações) a 89% (Fluazinam) com uma

aplicação (Tabela 3). Dessa forma, observou-se que fungicidas têm efeito

sobre a massa de escleródios, por reduzirem o crescimento micelial do

fungo e essa redução de massa torna-se ainda mais importante, sabendo-

se que o aumento da germinação de escleródios é diretamente proporcional

ao aumento de tamanho e peso dessas estruturas (Dillard et al.,1995).

O fungicida Fluazinam mostrou-se um produto eficiente para controle

do mofo branco em soja, conseguindo deter por mais tempo o avanço da

Tratamentos 1Severidade

(%) R6

2Controle

(%) Produtividade

(kg.ha-1)

3MMG (g)

ME (g)

Testemunha 67,50 a 0 3092 c 155 b 2,74 a

Fluazinam 1x

3,00 b 81 a 3680 a 162 a 0,30 c

Procimidona 2x

6,25 b 75 b 3350 b 164 a 0,60 b

Fluazinam 2x

3,00 b 86 a 3512 a 164 a 0,36 c

Fluazinam+Carbendazim/ Procimidona+Carbendazim

2,50 b 84 a 3637 a 166 a 0,37 c

CV (%) 12,75 3,59 3,24 2,00 10,87

87

incidência e severidade da doença na cultura da soja, reduzindo a massa de

escleródios, principal fonte de inóculo de S. sclerotiorum (Abawi e Grogan,

1979) para a safra seguinte. A eficiência de Fluazinam, também foi

verificada por Vieira et al. (2001) e Vieira et al. (2010) em feijoeiro e por

Henning et al. (2009) em soja. Assim, com o registro desses produtos para

uso na cultura da soja, o produtor deverá avaliar os custos e optar pela

aplicação que tenha eficiência no controle com menor custo.

Com base nesse estudo, o Fluzinam mesmo com uma aplicação foi

superior a Procimidona e às misturas com Carbendazim no controle de

mofo branco em soja (Tabela 3). Em estudo com mofo branco em feijoeiro,

Paula Júnior et al. (2009), verificaram que o fungicida Fluazinam foi mais

eficiente que Procimidona em reduzir o crescimento micelial do patógeno, e

incrementaram a produtividade entre 32 e 41%.

Os resultados satisfatórios da aplicação de Fluazinam observados

por Vieira et al. (2001), na cultura do feijoeiro, foram devido à aplicação do

fungicida na água de irrigação por aspersão. Os autores verificaram que o

Fluazinam sobre o solo mostrou-se eficiente na redução da incidência do

mofo branco em plantas, talvez por inibir a formação de apotécios. Segundo

Furlan (2008), as pulverizações devem ser realizadas uniformemente, com

boa distribuição nos tecidos da planta e, se possível, alcançando a

superfície do solo, onde surgem os apotécios e desenvolvem os micélios.

Assim o controle químico deve atingir os escleródios no solo por terem

efeito na germinação e formação de apotécios. Portanto, a eficiência do

fungicida depende da técnica de aplicação (Venegas e Saad, 2010).

O fungicida Fluazinam apresenta pequena atividade curativa e

sistêmica, mas bom efeito residual e seu mecanismo de ação atua no

sentido de inibir os processos de infecção, tais como a germinação de

esporos e a formação de apressórios, penetração e crescimento de hifas.

Por outro lado, o Procimidona, possui ação sistêmica moderada e ação

curativa e preventiva e seu modo de ação baseia-se na paralisação do

crescimento de hifas (Picinini e Goulart, 2002). Portanto, é necessário que

ocorra uma boa aplicação, pois os fungicidas tornam-se mais eficientes

88

quando há uma boa cobertura ou proteção das flores (Steadman, 1983).

Além disso, é importante que a técnica de aplicação atinja o solo em que se

encontram os escleródios do fungo, alvo indireto de controle da doença.

Como estes fungicidas foram aplicados de forma preventiva, e com baixa

incidência em R1 (27%), os resultados obtidos neste estudo podem ser

alterados se a porcentagem de incidência da doença na lavoura for

diferente da apresentada neste estudo.

4.3.2 Efeito dos fungicidas aplicados na cultura da soja, sobre a

germinacao carpogênica dos escleródios no solo.

Não houve diferença estatística entre os tratamentos de controle

químico com Fluazinam, Procimidona e misturas com Carbendazim, para

mofo branco aplicados na cultura da soja para porcentagem de escleródios

germinados, número de estipes, nem na relação do número de estipes por

número de escleródios germinados (Tabela 4).

Até a segunda avaliação, aos 40 dias após incubação do escleródio,

o Fluazinam em duas aplicações havia sido o melhor tratamento,

apresentando eficiência de 97% na inibição da formação de apotécios em

relação à testemunha (Tabela 4). Houve 100% de formação de estipes, mas

permitiu apenas a formação de estipes inviáveis, resultando em baixa

formação de apotécios. Os outros tratamentos foram menos eficientes na

inibição da germinação carpogênica dos escleródios, mas diferiram

significaticamente da testemunha. Entretanto, o efeito do controle químico

com fungicidas na inibição inicial de formação de estipes, produção de

estipes e apotécios inviáveis foi superado após 50 dias de incubação dos

escleródios.

89

TABELA 4. Número de apotécios formados de escleródios de Sclerotinia

sclerotiorum provenientes da cultura da soja, nas avaliações

do efeito do controle químico com fungicidas. UFMT, Cuiabá-

MT, 2012.

Tratamentos Apotécios 27 DAI

Apotécios 40 DAI

Apotécios 51 DAI

Apotécios 70 DAI

Apotécios 100 DAI

Testemunha - 19,25 a 18,0 ns

22,0 ns

25,0 ns

Fluazinam 1x

- 3,75 bc 24,0 28,0 25,0

Procimidona 2x

- 9,00 b 22,5 27,0 20,0

Fluazinam 2x

- 0,50 c 6,5 11,5 30,0

Fluazinam+Carbendazim/ Procimidona+Carbendazim

- 6,00 bc 7,5 18,0 26,0

CV (%) 47,48 86,79 47,17 47,87

Médias seguidas das mesmas letras, nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Na avaliação aos 51 dias após incubação dos escleródios, os

mesmos produziram estipes e apotécios (Tabela 4).

Neste estudo, ficou evidenciado que o efeito do fungicida aplicado na

planta de soja não interferiu na viabilidade, mas reduziu a massa de

escleródios formados (Tabela 3). Observou-se portanto que a inibição da

germinação dos escleródios só ocorreu na fase inicial, antes dos 50 dias

após incubação. Nas observações posteriores havia a formação de

apotécios, sem efeito significativo do tratamento com fungicidas.

Em estudos de labotarório, Campos (2011), utilizando os fungicidas

Fludioxonil + Mefenoxan + Tiabendazol, Carbendazim, Tiofanato-metilico,

Fluazinam, Fluazinam + Tiofanato-metilico e Fluodioxonil + Metalaxil,

também constatou que os mesmos não permitiram o crescimento miceliano

de S. sclerotiorum.

De forma semelhante, Garcia et al. (2010) observaram inibição do

crescimento micelial utilizando o Fluazinam em doses a partir de 0,1 μg i.a.

mL-1, enquanto que os fungicidas Procimidona e Carbendazim nas doses a

partir de 1,0 μg i.a. mL-1 e Tiofanato metílico na dose a partir de 10 μg i.a.

mL-1.. Em outro estudo, Iqbal et al. (2003), testando os fungicidas Benlate,

90

Ridomil, Tecto 60 e Topsin – M, observaram inibição completa do

crescimento e da germinação dos escleródios nas doses de 50 e 100 ppm.

No entanto, Costa e Costa (2004) observaram a inibição de 100% na

formação de estipes e apotécios de S. sclerotiorum utilizando o fungicida

Vinclozolin. O fungicida Fluazinam permitiu apenas a formação de estipes

inviáveis, não formando apotécios, entretanto para a germinação

miceliogênica, o Tiofanato metílico reduziu 75%, seguido dos fungicidas

Procimidona e Vinclozolin. Os fungicidas Benomyl, Fluazinam e Iprodione

foram menos eficientes.

Neste esperimento, somente ocorreu o efeito inibitório dos fungicidas

sobre a germinação e produção de apotécios na fase inicial da incubação,

possivelmente pelo efeito residual, sendo o efeito dos fungicidas superado

durante o período de avaliação (Figura 3). Portanto seria importante o uso

desses fungicidas na fase mais vulnerável da cultura da soja (R1), com

intervalos de aplicação visando a inibição da germinação dos escleródios e

a liberação de ascósporos pelos apotécios. Verificou-se que o controle

químico com fungicida reduz a formação de escleródios e a emissão de

apotécios, interferindo no progresso da doença, já que cada escleródio pode

produzir de um a 20 apotécios, e, durante o período funcional (de cinco a

dez dias), cada apotécio pode liberar mais de dois milhões de ascósporos

(Schwartz e Steadman, 1978; Steadman 1983). É fundamental utilizar o

controle químico com fungicidas eficientes que reduzam a produção do

escleródio como forma de reduzir o inóculo na área de soja.

A severidade do mofo‑branco em diferentes hospedeiros de S.

sclerotiorum é, em geral, proporcional à densidade de inóculo do patógeno

no solo. Portanto, a redução da população de escleródios é essencial para

o controle efetivo do mofo‑branco, que além disso também deve bloquear a

formação de apotécios e a ejeção de ascósporos e minimizar a produção de

novos escleródios pelo controle preventivo da doença na parte aérea das

plantas (Görgen et al., 2010).

.

91

FIGURA 3. Formação de apotécios de escleródios de S. sclerotiorum

provenientes da cultura da soja, após o controle químico com

fungicidas aos 40, 51, 70 e 100 dias após incubação de

escleródios. Jaciara-MT, 2012. A figura 3 e a tabela 4 informam

a mesma coisa. Decidir somente por uma forma de

apresentação dos dados. Figura ilustra melhor, veja se é

possível colocar letras na mesma.

4.4 Conclusões

Os fungicidas Fluazinam, Procimidona e em misturas com

Carbendazim reduzem a incidência e severidade de mofo branco na cultura

da soja.

A aplicação do fungicida Fluazinam na cultura da soja inibe a

germinação dos escleródios e formação de apotécios somente na fase

inicial de incubação destes escleródios, ou seja, anterior aos 50 dias após o

início da incubação.

92

4.5 Referências Bibliográficas

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95

5 EFEITO DA TEMPERATURA E UMIDADE EM Sclerotinia sclerotiorum

DA SOJA

RESUMO - Os objetivos neste trabalho foram avaliar diferentes

temperaturas e níveis de disponibilidade de água no solo sobre a

germinação carpogênica de S. sclerotiorum e verificar o crescimento do

patógeno isolado da cultura da soja, na presença de restritores hídricos em

diferentes temperaturas. Foram feitos dois ensaios e, no primeiro,

escleródios de S. sclerotiorum, oriundos de área de produção de soja, foram

submetidos em câmara de crescimento (BOD), a diferentes temperaturas

(30, 25 e 20 °C ± 2 °C) e umidades do solo (100, 80, 60, 40 e 20% da

capacidade de campo), com fotoperíodo de 12 horas. Os escleródios foram

avaliados quanto à germinação carpogênica, número de estipes, número de

apotécios por escleródio, comprimento, diâmetro e massa de apotécios nos

diferentes níveis de disponibilidades de água e temperatura. No segundo

ensaio, o crescimento de S. sclerotiorum foi avaliado na presença de

restritores hídricos em diferentes temperaturas. O fungo S. sclerotiorum foi

colocado para desenvolver em meio de cultura BDA com o soluto NaCl nos

potenciais osmóticos: 0,0; - 0,4; - 0,6; - 0,8; - 1,0 e – 1,2 MPa em

germinadores com temperaturas controladas de 5 a 40 °C, por 10 dias e

fotoperíodo de 12 horas. As avaliações foram realizadas por meio do índice

de velocidade de crescimento micelial, quantificação e massa de

escleródios. A quantidade de água disponível no solo afeta a germinação

carpogênica, o número de apotécios produzidos por escleródios, a massa, o

comprimento e diâmetro dos apotécios. A temperatura de 20 °C favorece o

índice de velocidade de crescimento micelial, produção de escleródios e

massa.

Palavras-chave: restrição, escleródios, germinação carpogênica.

96

EFFECT OF TEMPERATURE AND HUMIDITY IN SOY Sclerotinia

sclerotiorum

ABSTRACT- The objective of this study was to evaluate the temperature

variation and different levels of soil water availability on germination of S.

carpogenic sclerotiorum and check the growth of the pathogen isolated from

soybean in the presence of water restriction at different temperatures. Two

experiments were done. In the first, sclerotia of S. sclerotiorum, coming from

the area of soybean production, were submitted in a growth chamber (BOD),

at different temperatures (30, 25 and 20 ° C ± 2 ° C) and soil moisture (100,

80, 60, 40 and 20 % of field capacity), with a photoperiod of 12 hours. The

sclerotia were evaluated for germination carpogenic, number of stems,

number of apothecia per escleródio, length, diameter and mass of apothecia

at different levels of water availability and temperature. In the second

experiment, the growth of S. sclerotiorum was evaluated restrictors in the

presence of water at different temperatures. The fungus S. sclerotiorum was

isolated from soybean seeds from sanity was put in to develop PDA culture

medium with NaCl solute osmotic potentials: 0.0, - 0.4, - 0.6, - 0.8, - and 1.0

- 1.2 MPa in temperature controlled germination of 5, 10,15, 20, 25, 30, 35

and 40 ° C for 10 days and 12 hours photoperiod. The evaluations were

performed using the index mycelial growth rates, quantification and mass of

sclerotia. The amount of water available in the soil affect the germination

carpogenic, the number of apothecia produced by sclerotia, mass, length

and diameter of the apothecia. A temperature of 20 ° C favored the speed

index mycelial growth, sclerotia production and mass.

Keywords: restraint, sclerotia, carpogenic germination.

97

5.1 Introdução

O mofo branco, causado pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum (Lib.) de

Bary, é uma doença que atinge várias culturas de importância econômica

(Boland e Hall, 1994). Os ascósporos são a principal fonte de inóculo desse

patógeno, os quais são produzidos nos apotécios, resultante da germinação

de escleródios, em um processo denominado de germinação carpogênica

(Boland e Hall, 1987).

Para o controle do mofo branco da soja é requerida a integração de

várias medidas, inclusive o manejo cultural em função das condições

ambientes favoráveis à germinação carpogênica, visando o esgotamento do

potencial de inóculo (Meyer e Campos, 2009). A germinação carpogênica

de escleródios é altamente dependente da disponibilidade de água no solo

e pode ocorrer em condições que vão desde solo saturado até

relativamente seco, com tensão de água variando de zero a 750 kPa

(Ferraz et al., 1999). Não só a umidade do solo é importante, mas também o

tempo que o solo se mantém na umidade adequada à germinação

carpogênica (Phillips, 1987).

Em cultivos irrigados, o intervalo entre regas é muito importante, pois

regas mais frequentes, mesmo com volumes menores de água, favorecem

a maior formação de apotécios (Napoleão et al., 2007). Em zonas de clima

temperado, as condições ideais partem de uma combinação de eventos

úmidos e secos, baixas temperaturas e tempo (Bardin e Huang, 2001). Em

contraste, isolados oriundos dos trópicos não requerem frio no processo de

germinação carpogênica. Portanto, a origem geográfica dos isolados é de

fundamental importância em estudos com S. sclerotiorum (Bolton et al.,

2006). Estudos anteriores mostraram que temperatura e umidade do solo

têm influência direta na germinação carpogênica dos escleródios (Huang e

Kozub, 1991; Clarkson et al., 2004).

Os objetivos neste trabalho foram avaliar diferentes temperaturas e

níveis de disponibilidade de água no solo sobre a germinação carpogênica

de S. sclerotiorum e verificar o crescimento do patógeno isolado da cultura

98

da soja da região sul do estado de Mato Grosso, na presença de restritores

hídricos em diferentes temperaturas.

99

5.2 Material e Métodos

O experimento foi conduzido nos Laboratórios de Sementes e de

Fitopatologia da Faculdade de Agronomia, Medicina Veterinária e Zootecnia

(FAMEVZ) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em Cuiabá –

MT, em dois ensaios:

5.2.1 Ensaio 1 - Efeito de diferentes temperaturas e níveis de

disponibilidade de água no solo sobre a germinação carpogênica de S.

sclerotiorum

Escleródios de S. sclerotiorum, oriundos de área de produção de soja

em Campo Verde-MT, foram submetidos em câmara de crescimento (BOD),

a diferentes temperaturas (20, 25 e 30 °C ± 2 °C) e umidade do solo (100,

80, 60, 40 e 20% da capacidade de campo, CC) com fotoperíodo de 12

horas. A capacidade de campo foi calculada segundo Brasil (2009).

Foi utilizado o delineamento experimental inteiramente casualizado,

em esquema fatorial 5x3, sendo cinco tratamentos de disponibilidade hídrica

e três temperaturas, com quatro repetições. As parcelas foram compostas

por caixas de plástico, tipo gerbox (11 x 11 x 3,5 cm) com solo cultivado,

retirado da camada de 0-5 cm de profundidade, livre de escleródios. O solo

foi esterilizado, e após, 25 escleródios foram dispostos sobre o substrato,

em caixas com 250 g de solo, equidistantemente distribuídos sobre o

mesmo. A quantidade de água foi determinada pelo método das pesagens.

O solo foi umedecido e mantido semanalmente com as referidas

porcentagens da capacidade de campo, com base na massa.

As avaliações ocorreram até os 78 dias após a incubação. Os

escleródios foram avaliados quanto à germinação carpogênica, número de

estipes, número de apotécios por escleródio, comprimento, diâmetro e

massa de apotécios nos diferentes níveis de disponibilidades de água e

temperatura.

Os dados das variáveis avaliadas foram submetidos à análise de

variância e aquelas afetadas pelo fator temperatura x umidade foram

analisadas por regressão linear. Para descrever o efeito da temperatura e

100

da umidade sobre a germinação de escleródios foi utilizada a análise com

modelo linear com cálculo de superfícies de tendência e equações

polinomiais de superfície de terceira ordem: eq.(1).

Z*= a+bX+cY+dX2+eXY+fY2+gX3+hX2Y+iXY2+jY3 (1)

Em que:

Z*= valor estimado de Z*i para o nó da célula (variável dependente);

X e Y= coordenadas

X= capacidade de campo em porcentagem (CC)

Y = temperatura em graus Celsius (T)

Xi e Yi = variáveis independentes

a....j= coeficientes que proporcionam o melhor ajuste aos dados amostrados

R2 = porcentagem de ajuste da superfície

5.2.2 Ensaio 2 - Crescimento de S. sclerotiorum isolado da cultura da

soja da região sul do estado de Mato Grosso, na presença de

restritores hídricos em diferentes temperaturas

O delineamento foi inteiramente casualizado em esquema fatorial

6x8, sendo seis concentrações de restritores hídricos e oito temperaturas

com três repetições. O fungo S. sclerotiorum foi isolado de sementes de

soja a partir do teste de sanidade e colocado em meio de cultura BDA

(extrato de 200 g de batata, 20 g de dextrose e 20 g de ágar), segundo

Machado et al. (2001), modificado com o uso de potencial osmótico

(Machado et al., 2007), ao qual foi adicionado o soluto NaCl nos potenciais

osmóticos: 0,0; - 0,4; - 0,6; - 0,8; - 1,0 e - 1,2 MPa.

O meio BDA+NaCl, nos referidos potenciais, foi distribuído em placas

de Petri de 9 cm de diâmetro, na proporção de 20 mL por placa, sendo em

seguida, transferido um disco de 0,6 cm de diâmetro da colônia pura do

fungo. Após as placas foram colocadas em germinadores com temperaturas

controladas de 5, 10, 15, 20, 25, 30, 35 e 40 °C, por 10 dias e fotoperíodo

de 12 horas.

101

As avaliações foram realizadas por meio do índice de velocidade de

crescimento micelial (IVCM), quantificação e massa de escleródios. Para o

IVCM, as avaliações foram realizadas diariamente durante o período de

incubação, medindo-se o diâmetro médio das colônias e aplicando a

fórmula utilizada por Oliveira (1991): form. (1).

IVCM = C1/N1+ C2/N2 + ... + Cn/Nn (1)

Em que:

IVCM = índice de velocidade de crescimento micelial;

C1, C2 e Cn = crescimento micelial na primeira, segunda e n-ésima

avaliação;

N1, N2 e Nn = número de dias de avaliação.

O índice de crescimento micelial foi avaliado diariamente até que a

placa fosse tomada pelo micélio. A quantificação foi realizada pelo número

de escleródios formados por repetição e a massa em balança com precisão

de 0,0001 g. Os dados das variáveis avaliadas foram submetidos à análise

de variância e aquelas afetadas pelo fator temperatura x potenciais

osmóticos foram analisadas por regressão linear. Para descrever o efeito da

temperatura e da restrição hídrica sobre o crescimento do patógeno foi

utilizada a análise com modelo linear com cálculo de superfícies de

tendência e equações polinomiais de superfície de terceira ordem: eq. (2).

Z*= a+bX+cY+dX2+eXY+fY2+gX3+hX2Y+iXY2+jY3 ( 2)

Em que:

Z*= valor estimado de Z*i para o nó da célula (variável dependente)

X e Y= coordenadas

X= temperatura em graus Celcius (T)

Y = potencial osmótico (P)

Xi e Yi = variáveis independentes

a....j = coeficientes que proporcionam o melhor ajuste aos dados

amostrados

R2 = porcentagem de ajuste da superfície

102

5.3 Resultados e Discussão

5.3.1 Efeito de diferentes temperaturas e níveis de disponibilidade de

água no solo sobre a germinação carpogênica de S. sclerotiorum

Pela análise de variância, constatou-se existir interação significativa

(p<0,0001) entre os fatores temperatura e umidade do solo (capacidade de

campo - CC) para todas as variáveis analisadas. Assim, as curvas de

respostas ajustadas, obtidas para verificação da germinação carpogênica,

do número de escleródios e número de estipes de S. sclerotiorum,

mostraram que o aumento da disponibilidade de água no solo permitiu

maior germinação de escleródios e maior produção de apotécios (Figuras 1,

2 e 3).

f(CC,T) = - 245,7 + 27,61*CC + 9,15*T - 0,09323*CC2 – 2,61*CC*T – 0,0325*T

2 + 0,00009115*CC

3 +

0,002701*CC2*T + 0,02337*CC*T

2

R2 = 0,97

FIGURA 1. Superfície de resposta ajustada à germinação de escleródios

de Sclerotinia sclerotiorum em função da temperatura e da

disponibilidade de água no solo. UFMT, Cuiabá-MT, 2012.

103

f(CC,T) = - 85,18 +13,55*CC + 0,75*T – 0,05041*CC2 – 0,7606*CC*T + 0,082*T

2 - 0,00001823*CC

3 +

0,001893*CC2*T + 0,0097*CC*T

2

R2 = 0,87

FIGURA 2. Superfície de resposta ajustada do número de estipes em

escleródios de Sclerotinia sclerotiorum em função da

temperatura e da disponibilidade de água no solo. UFMT,

Cuiabá-MT, 2012.

f(CC,T) = -157,9 + 8,356*CC + 10,69*T – 0,00006696*CC2 – 0,6*CC*T – 0,163*T

2 - 0,00009809*CC

3 +

0,000625*CC2*T + 0,00955*CC*T

2

R2= 0,82

104

FIGURA 3. Superfície de resposta ajustada para número de apotécios em

escleródios de Sclerotinia sclerotiorum em função da

temperatura e da umidade do solo. UFMT, Cuiabá-MT, 2012.

Não houve germinação de escleródios na temperatura de 30 °C como

também na capacidade de campo de 20% (Figura 1). Assim, verificou-se

que a umidade exerceu um efeito importante, mesmo quando da incubação

na temperatura de 20 °C; quanto maior a disponibilidade de água, maior a

formação de estipes e apotécios (Figuras 2 e 3). Constatou-se, portanto,

que o efeito da umidade do substrato tende a estimular a germinação dos

escleródios, o que não foi verificado no solo mais seco, onde não houve

sinalização para a germinação dos escleródios nas temperaturas incubadas.

Também, Abawi e Grogan (1975) e Steadman (1983) haviam citado que a

umidade desempenha um papel fundamental no desenvolvimento de S.

scleorotiorum.

A temperatura de 20 °C favoreceu a germinação do maior número de

escleródios, produção de estipes e apotécios (Figuras 1 a 3), corroborando

com o que foi observado por Boland e Hall (1987), que relataram o

desenvolvimento do mofo branco de 15 a 25 °C, sendo mais rapidamente a

20 °C; a 30 °C o mesmo não se desenvolveu.

A partir de 60% CC, a 20 °C, não foram observadas diferenças

significativas no número de escleródios germinados e, a 25 °C, verificou-se

produção esporádica de apotécios. Na umidade do solo com 40% CC, os

escleródios germinaram e formaram apotécios somente a 20 °C (Figura 3).

Possivelmente a temperatura seja fator determinante para que ocorra a

germinação carpogênica, pois mesmo em alta disponibilidade de água no

substrato (100% CC), não ocorreu germinação acima de 25 °C. Observou-

se que as estipes emitidas na temperatura de 25 °C não se desenvolveram

e se desidrataram rapidamente.

O número de apotécios atingiu o seu valor máximo entre 48 e 78

dias, exceto na menor disponibilidade de água (20% CC) (Figura 3). Este

período coincide com o estádio de floração média da maioria das cultivares

105

de soja (cerca de 50 dias), época de maior suscetibilidade da cultura. Na

condição a 40% da capacidade de campo, houve produção de apotécios

durante todo o ensaio, entretanto somente a 20 °C, evidenciando que a

umidade do solo onde estavam os escleródios não foi fator tão determinante

para a germinação dos escleródios, sendo que a temperatura teve efeito

mais direto. Entretanto, Tokeshi et al. (1995) concluíram ser a umidade da

superfície um dos principais fatores no controle da produção de apotécios.

Nos tratamentos incubados a 20 °C, onde o solo foi regado com 60 a

100% da capacidade de campo, 95% dos escleródios germinaram, contra

60% de germinação a 40% CC (Figuras 1, 2 e 3). A mesma tendência foi

observada em relação ao número de estipes e número total de apotécios

(Figuras 2 e 3), onde se verificou que acima de 40% CC, houve aumento na

produção de apotécios. Isso possivelmente explica a capacidade de S.

sclerotiorum para produzir apotécios em solos com níveis relativamente

baixos de umidade. Quando ocorre estresse hídrico, logo após a iniciação

da germinação dos escleródios, pode ocorrer o retardamento da formação

dos apotécios (Abawi e Grogan, 1975). Outros estudos também

confirmaram a correlação positiva existente entre temperatura e umidade

para a germinação carpogênica de escleródios de S. sclerotiorum

(Schuwartz e Steadman, 1978; Tu, 1989; Tokeshi et al.,1995; Mila e Yang,

2008; Wu e Subbaro, 2008).

Foi ajustado um modelo linear (Figuras 1 a 3) para estimar a

germinação de escleródios, produção de estipes e apotécios em função da

umidade e da temperatura do solo. A qualidade do ajuste foi satisfatória

pelas correlações entre os valores observados e estimados pelo modelo,

pois o mesmo apresentou qualidade de ajuste regular (Figura 3). Segundo

esse modelo, condições de temperatura próximas de 20 °C e umidades

acima de 60% CC são mais favoráveis à germinação carpogênica de

escleródios, em condições de ambiente controlado.

Os dados evidenciaram que, embora a disponibilidade de água

aplicada no solo tenha sido importante, a temperatura foi altamente

limitante. Em áreas com alta infestação de escleródios, que tenham

106

disponibilidade hídrica e temperatura em torno de 20 °C haveria condições

necessárias para a germinação carpogênica de escleródios, o que

consequentemente, implicaria na produção de apotécios e aumentaria a

quantidade de inóculo na forma de ascósporos (Abawi et al., 1975). Assim,

o monitoramento da temperatura é fator decisivo para auxiliar no controle

integrado da germinação de escleródios e produção de apotécios. Embora a

temperatura de 20 °C seja a mais favorável para germinação carpogênica

de escleródios, como também verificado por Boland e Hall (1987) e Sun e

Yang (2000), a germinação também ocorre em temperaturas próximas à

temperatura ótima (20 °C).

Na análise de regressão do tamanho de apotécios de S. sclerotiorum

(Figura 4), verificou-se que o comprimento, diâmetro e massa de apotécios

variaram nos tratamentos com umidade do solo. A disponibilidade de água

no solo influenciou significativamente no tamanho do apotécio. O

comprimento, diâmetro e massa foram menores no tratamento 40% CC.

Verificou-se que as respostas do tamanho de apotécios podem ser

estimados pelas equações de regressão. As respostas são proporcionais à

disponibilidade de água até 100% CC.

O comprimento, diâmetro e massa de apotécios aumentaram com a

disponibilidade hídrica. Observou-se que a 100% da capacidade de campo,

quando ocorreu germinação de somente um apotécio por escleródio, esta

estrutura teve diâmetro maior que apotécios formados em escleródios que

continham mais apotécios. Nesta mesma disponibilidade hídrica, verificou-

se maior quantidade formada de estipes, maior número de apotécios, com

diâmetros maiores, do que os formados em 80% CC; entretanto esta

umidade (80% CC) favoreceu a formação de apotécios com comprimento e

diâmetro maiores que os formados a 60% CC.

107

FIGURA 4. Efeito da disponibilidade de água no tamanho de apotécios de

S. sclerotiorum. Comprimento (A), diâmetro (B) e massa (C) de

apotécios formados na temperatura de 20 °C. UFMT, Cuiabá-

MT, 2012.

Nesta condição (60% CC), os escleródios que germinaram formaram

várias estipes com comprimento menor, que não se tornaram apotécios,

B

C

A

108

devido à restrição de água; dessa forma ocorreu a formação de novas

estipes e parte delas se tornou apotécios.

Alguns fatores como temperatura, umidade, aeração e intensidade

luminosa influenciam a germinação carpogênica. Estudos realizados por

Hao et al. (2003) obtiveram germinação carpogênica de 5 a 25 °C com

ótima em 15 °C, enquanto nos estudos de Sun e Yang (2000) a produção

dependeu da intensidade luminosa, além do efeito na produção de

apotécios. Ascósporos somente germinaram em umidade livre por mais de

72 horas (Abawi et al., 1975; Purdy, 1979). A temperatura ótima para

germinação do ascósporo liberado pelo apotécio foi 25 °C, a germinação

boa a 20 °C e fraca a 10 e 30 °C (Abawi e Grogan, 1975). Em ambiente

controlado a doença desenvolveu-se de 15 a 25 °C, mas rapidamente a 20

°C, mas não a 30 °C (Bolland e Hall, 1987). Portanto, como ocorreu neste

trabalho a temperatura de 20 °C foi mais favorável a germinação

carpogênica favorecendo o desenvolvimento do fungo.

O efeito da temperatura na germinação carpogênica varia com o

isolado, principalmente com sua origem geográfica (Huang e Kozub, 1993;

Huang e Kozub, 1991). Assim as respostas obtidas neste trabalho, para os

fatores ambientais estudados, podem estar relacionadas à variabilidade

genética do isolado de S. sclerotiorum dessa região, podendo ser realizadas

novas pesquisas para confirmar a viabilidade dos ascósporos produzidos

com restrição de umidade, pois a produção de apotécios não significa que

todos tenham ascósporos viáveis.

5.3.2 Crescimento de S. sclerotiorum isolado da cultura da soja da

região sul do estado de Mato Grosso, na presença de restritores

hídricos em diferentes temperaturas

Na análise do crescimento de S. sclerotiorum isolado da cultura da

soja da região sul do estado de Mato Grosso, na presença de restritores

hídricos em diferentes temperaturas, observou-se que houve interação

significativa entre temperatura e restrição hídrica para crescimento micelial

(Figuras 5 e 6). O índice de velocidade de crescimento micelial variou de

109

0,38, na temperatura de 15 °C a 4,46, a 30 °C. Verificou-se que na

temperatura de 5 °C, o início do crescimento micelial ocorreu após o quarto

dia de incubação, e observou-se um crescimento lento, possivelmente pela

temperatura desfavorável para o desenvolvimento desse isolado de

Sclerotinia. Na incubação em 10 °C, o crescimento do fungo também foi

lento, no entanto de forma superior ao desenvolvimento em 5 °C (Figura 5).

Quando incubado a 15 °C, o micélio de Sclerotinia se desenvolveu com

mais velocidade que a 10 °C, independente do potencial osmótico.

R2=0,94

FIGURA 5. Superfície de resposta do índice de velocidade de crescimento

micelial (IVCM) de S. sclerotiorum em função da temperatura e

restrição hídrica com NaCl. UFMT, Cuiabá-MT, 2012.

Assim, na superfície de resposta ajustada, verificou-se que quando

há restrição hídrica em temperaturas acima de 20 °C, o fungo S.

sclerotiorum rapidamente se desenvolve na forma micelial. Pelos dados

obtidos do índice de velocidade de crescimento micelial, verificou-se que

nas temperaturas de 15 a 30 °C ocorreu o desenvolvimento de S.

sclerotiorum, entretanto, o patógeno não se desenvolveu de 35 a 40 °C. O

110

maior índice de crescimento micelial foi obtido nas temperaturas de 25 °C e

30 °C. A menor restrição favoreceu mais o desenvolvimento do patógeno,

no entanto, para a produção e massa de escleródios, a menor restrição

(BDA) na temperatura de 20 °C foi mais favorável (Figuras 7 a 10),

possivelmente devido ao efeito da restrição no desenvolvimento do fungo.

Essas informações contribuem para o entendimento do progresso do

mofo branco, pois o patógeno presente no tecido da planta encontra

ambiente favorável ao seu desenvolvimento. Isso possivelmente explicaria

o que se verifica nas condições de campo, onde a temperatura média

ambiente encontra-se próxima aos 30 °C e há crescimento do micélio de S.

sclerotiorum nas plantas de soja.

f(T,P) = - 0,5447 + 0,1441*T - 0,692*P + 0,01433*T2 + 0,09002*T*P – 1,218*P

2 - 0,0004439*T

3 –

0,002581*T2*P - 0,01116*T*P

2 – 0,6936 *P

3

R2= 0, 90

FIGURA 6. Superfície de resposta ajustada do índice de velocidade de

crescimento micelial (IVCM) de Sclerotinia sclerotiorum em

função da temperatura e restrição hídrica com NaCl. UFMT,

Cuiabá-MT, 2012.

111

R2= 0,87

FIGURA 7. Superfície de resposta do número de escleródios desenvolvidos

de Sclerotinia sclerotiorum em função da temperatura e

restrição hídrica com NaCl. UFMT, Cuiabá-MT, 2012.

f(T,P) = -19,56 + 2,58*T + 9,796*P + 0,2164*T2 – 4,614*T*P – 16,44*P

2 – 0,006762*T

3 + 0,1008*T

2*P –

0,04771*T*P2 – ,645*T

3

R2= 0,86

112

FIGURA 8. Superfície de resposta ajustada do número de escleródios

desenvolvidos de Sclerotinia sclerotiorum em função da

temperatura e restrição hídrica com NaCl. UFMT, Cuiabá-MT,

2012.

R2=0,92

FIGURA 9. Superfície de resposta da massa de escleródios desenvolvidos

de Sclerotinia sclerotiorum em função da temperatura e

restrição hídrica com NaCl. UFMT, Cuiabá-MT, 2012.

Quando incubado a 30 °C, o micélio de S. sclerotioum no meio

de cultura sem NaCl, formou menor número de escleródios (Figuras 9 e 10).

Na temperatura de 15 °C após cinco dias de avaliação não havia

desenvolvimento de escleródios devido ao lento desenvolvimento micelial

no período de incubação, entretanto com 10 dias os escleródios estavam

formados.

113

f(T,P) = - 0,8326 + 0,1563*T – 0,8653*P - 0,003819*T2 + 0,03119*T*P – 1,11*P

2 + 0,000008494*T

3 –

0,0006931*T2*P + 0,0000000005.896*T*P

2 – 0,5046*T

3

R2= 0,68

FIGURA 10. Superfície de resposta ajustada da massa de escleródios

desenvolvidos de Sclerotinia sclerotiorum em função da

temperatura e restrição hídrica com NaCl. UFMT, Cuiabá-

MT, 2012.

.

5.4 Conclusões

A quantidade de água disponível no solo afeta a germinação

carpogênica, o número de apotécios produzidos por escleródios, a massa, o

comprimento e o diâmetro dos apotécios.

Há interação entre a disponibilidade de água no solo e a temperatura

para germinação carpogênica.

Há interação significativa entre temperatura e restrição hídrica com

NaCl para crescimento de S. sclerotiorum.

A temperatura de 20 °C favorece o índice de velocidade de

crescimento micelial, produção de escleródios e massa.

114

Há desenvolvimento micelial do fungo S. sclerotiorum em

temperaturas até 30 °C com produção de escleródios.

5.5 Referências Bibliográficas

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115

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117

6 DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE S. sclerotiorum EM SOJA

RESUMO - Neste trabalho o objetivo foi avaliar a variabilidade espacial e

mapear a incidência S. sclerotiorum na cultura da soja, e sua relação com a

textura do solo em Jaciara-MT, por meio da geoestatística. As amostragens

foram realizadas quando a variedade de soja TMG 132 RR estava no

estádio R.9 (ponto de colheita). Os pontos amostrais das áreas foram

demarcados com o auxílio de um GPS de posicionamento absoluto Marca

Garmin 12. Na área da Fazenda São Jorge, as dimensões da grade

amostral foi constituída de pontos distanciados de 20 a 25 m, totalizando 90

pontos. Na Fazenda Planalto, foi realizado um caminhamento aleatório e no

ponto amostral foi realizada a contagem de escleródios na lavoura, em 30

pontos aleatórios em 0,50 m2. Para quantificar, em cada ponto, a incidência

de S. sclerotiorum nas sementes, foram coletadas e debulhadas vagens de

soja para realização dos testes de sanidade das sementes, pelo método de

incubação em rolo de papel e “blotter test”. Nos mesmos pontos amostrais,

foram coletadas amostras de solo, na profundidade de 0 a 20 cm, com trado

holandês, para análise textural. A análise da distribuição espacial foi

realizada através do semivariograma no programa computacional ArcGis,

que definiu o modelo da variabilidade. Com a análise geoestatística é

possível quantificar o grau de dependência espacial e mapear a

variabilidade espacial de escleródios e da incidência de S. sclerotiorum em

soja. A variação espacial de S. sclerotiorum ocorre em reboleiras. Há

correlação positiva da presença de escleródios com a textura argilosa.

Palavras-chave: padrão espacial, escleródios, semivariograma.

118

SPATIAL DISTRIBUTION OF S. sclerotiorum IN SOYBEAN

ABSTRACT - In this study we evaluated the spatial variability and mapping

the incidence S. sclerotiorum in soybean, and its relationship with soil

texture in Jaciara-MT through geostatistics. The study was conducted in

2011/2012 season, in two areas of commercial production of soybeans,

Farm São Jorge and Farm Planalto. Samples were taken when the soybean

variety TMG 132 RR were stage R.9 (point of harvest). The sampling points

were demarcated areas with the aid of a GPS absolute positioning Brand

Garmin 12. In the area of Farm São Jorge, the dimensions of the sampling

grid consisted of points spaced 20-25 m, totaling 90 points. In Farm Planalto,

we performed a random pathway and the sample point were counted

sclerotia in the field, 30 random points at 0.50 m2. To quantify the incidence

at each point S. sclerotiorum in the seeds were collected and threshed

soybean pods for carrying out the tests for seed, by the method of incubation

in paper roll and "blotter test". In the sampling points, soil samples were

collected at a depth 0-20 cm, with Dutch auger for textural analysis. A spatial

distribution analysis was performed using the computer program ArcGIS

semivariogram, which defined the model variability. With geostatistical

analysis is to quantify the degree of spatial dependence and map the spatial

variability of sclerotia and the incidence of S. sclerotiorum in soybean. The

spatial variation of S. sclerotiorum occurs in foci. There is a positive

correlation of the presence of sclerotia with clayey.

Keywords: spatial pattern, sclerotia, semivariogram.

119

6.1 Introdução

As sementes são uma das principais fontes de inóculo, disseminação

e sobrevivência de microrganismos fitopatogênicos, e podem provocar

redução na germinação, vigor e originar focos primários de infecção. Goulart

(2005) afirmou que a maioria das doenças de importância econômica que

ocorrem na cultura da soja são causadas por patógenos disseminados

pelas sementes. Entre esses, Bolton et al. (2006) ressaltaram o patógeno

Sclerotinia sclerotiorum (Lib) de Barry causador do mofo branco ou podridão

branca da haste, que sobrevive no solo por meio de estruturas de

resistência, escleródios, e ser hospedeiro de mais de 400 espécies de

plantas, destacando-se soja, feijão, algodão e girassol. Por causa disto, o

índice de tolerância para este patógeno em sementes é zero, de acordo

com programas de certificação de sementes no Brasil (MAPA, 2009).

De acordo com Furlan (2010), levantamentos de áreas de cultura de

soja contaminadas por S. sclerotiorum no Brasil indicam extensões

superiores a 500 mil hectares a partir da safra 2007/08. Essa grande

extensão de área afetada pode ter ocorrido pela forma de disseminação do

fungo, ou pelas condições favoráveis à manutenção das estruturas de

resistência do patógeno e pela dificuldade de controle da doença.

Em decorrência da importância dessa doença, alguns trabalhos

necessitam ser desenvolvidos, abordando principalmente a incidência do

patógeno no campo, porém estudos voltados à avaliação da dependência

espacial de S. sclerotiorum, nas lavouras de soja, são escassos. Para

estudar a dependência espacial, a geoestatística é a ferramenta mais

adequada, pois considera a posição no espaço da variável em estudo

(Liebhold et al., 1993). Com o uso da geoestatística, é possível determinar a

dependência espacial da doença, através da elaboração de

semivariogramas que são ajustados a um modelo que fornece o raio de

agregação de plantas doentes ou escleródios no solo e, a partir desse

semivariograma, é feita a elaboração de mapas que mostram como ocorre a

expansão da doença na área.

120

A análise do padrão de incidência no campo é precursor da

investigação de estratégias amostrais e da análise dos dados que elas

geram (Hughes e Gottwald, 1998). Estudos de estimativas mais precisas

sobre o crescimento da doença, no tempo e no espaço, atentando para a

localização e tamanho dos focos, podem viabilizar o controle da doença nas

áreas de localização desses focos da doença ao invés da ação em área

total. O estudo do padrão espacial de plantas doentes gera informações

sobre a importância do inóculo primário, os mecanismos de dispersão do

patógeno, a direção e a distância de propagação da doença e sobre o efeito

de fatores ambientais na epidemia (Wu et al., 2001).

A geoestatística é uma importante ferramenta de análise da

distribuição espacial de doenças (Alves et al., 2006). O processo de

georreferenciamento e a utilização de SIG (Sistema de Informação

Geográfica) permitem o armazenamento, processamento e análise dos

dados relativos à variabilidade espacial e auxiliam na modelagem e

confecção de mapas de variabilidade espacial de doenças. Nesse contexto,

o conhecimento da dinâmica espacial de doenças de plantas, bem como

dos fatores ambientais que podem influenciar a epidemia, é de grande

importância para a definição de estratégias de manejo eficiente e

sustentável. Sendo assim, objetivou-se avaliar a variabilidade espacial e

mapear a incidência S. sclerotiorum na cultura da soja, e sua relação com a

textura do solo em Jaciara-MT, por meio da geoestatística.

121

6.2 Material e Métodos

O estudo foi realizado na safra 2011/2012, em duas áreas de

produção comercial de soja, na Fazenda São Jorge, coordenadas

geográficas 15º 48’ 51,05” S e 55º 12’ 86,96” W, e Fazenda Planalto,

coordenadas 15º 47’ 25,90”S e 55º 12’ 46,90” W, localizadas no município

de Jaciara, Mato Grosso. O solo das áreas foi classificado como Latossolo

Vermelho distrófico, de textura muito argilosa. As áreas vêm sendo

manejadas há muitos anos sob plantio direto, e cultivadas com soja, milho

ou algodão com histórico de incidência de mofo branco. Na Fazenda

Planalto houve duas aplicações de Fluazinam para controle de S.

sclerotiorum e, na Fazenda São Jorge, não houve aplicação visando

controle de mofo branco. As amostragens foram realizadas quando a

variedade de soja TMG 132 RR estava no estádio R.9 (ponto de colheita).

Os pontos amostrais das áreas foram demarcados com o auxílio de

um GPS de posicionamento absoluto Marca Garmin 12. Na área da

Fazenda São Jorge, as dimensões da grade amostral foi constituída de

pontos distanciados de 20 a 25 m e o número de pontos totalizou 90 pontos

amostrais (Figura 1). A amostragem foi realizada no dia 11/02/2012 e para

quantificar em cada ponto a incidência de S. sclerotiorum nas sementes,

foram coletadas e debulhadas vagens de soja para realização dos testes de

sanidade das sementes, pelo método de incubação em rolo de papel e

“blotter test”. Nos mesmos pontos amostrais, foram coletadas amostras de

solo, na profundidade de 0 a 20 cm, com trado holandês, para análise

textural.

Para a realização do experimento e coleta das amostras da Fazenda

Planalto, foi realizado um caminhamento aleatório e no ponto amostral foi

realizada a contagem de escleródios na lavoura, em 30 pontos aleatórios

em 0,50m2 (Figura 1). Nos mesmos pontos, também foram coletadas

amostras de solo, na profundidade de 0 a 20 cm, com trado holandês, para

análise textural e coletadas e debulhadas vagens de soja para teste de

sanidade das sementes, pelo método de incubação em rolo de papel.

122

FIGURA 1. Malha amostral da área experimental da Fazenda São Jorge

(esquerda) e Fazenda Planalto (direita). Jaciara-MT, 2012.

A análise textural do solo foi executada pelo método do densímetro,

em 25 g de massa de solo seco ao ar, em um vidro contendo 12,5 mL de

NaOH e 50 mL de água destilada, seguido por agitações por 16 horas, com

100 agitações por minuto. Após esse período, transferiu-se a solução para

uma proveta de 500 mL e completou-se o volume da proveta com água

destilada, estando o densímetro junto com a solução. Depois, retirou-se o

densímetro e agitou-se a solução por 1 minuto até ficar homogênea, e

deixou-se em repouso anotando o tempo da sedimentação. Após quatro

minutos, foi feita a 1ª leitura (silte+argila) com o densímetro. Após duas

horas do início da sedimentação, foi feita a 2ª leitura (argila).

Para verificar a incidência de S. sclerotiorum, pelo teste de sanidade

“blotter test”, 200 sementes de cada ponto (50 sementes/subamostra) foram

distribuídas em placas de Petri (15 cm) contendo três folhas de papel de

filtro qualitativo previamente umedecidas com solução de NaCl a - 0,8 MPa

(0,2 g de ágar diluído em 1.000 mL de água e 10,3 g de NaCl) e incubadas

por 10 dias à 22 oC ± 2, sob fotoperíodo de 12 horas (Brasil, 2009). Após o

período de incubação, foi observada em microscópio estereoscópico a

presença do fungo nas sementes, sendo os resultados expressos em

123

porcentagem de incidência do patógeno. Para o método de incubação em

rolo de papel foram usadas as recomendações do teste de germinação para

sementes de soja (Brasil, 2009), porém sendo mantidos em câmara de

incubação por 14 dias a 15 ºC ± 2, em posição vertical e na ausência de luz,

e acondicionados em recipientes com atmosfera próxima a saturação

(Brasil, 2009).

As coordenadas geográficas dos pontos amostrais foram locadas por

meio de sistema de posicionamento global por satélite (GPS). Com os

dados efetuou-se a estatística descritiva, onde se calculou média, mínimo,

máximo, desvio padrão e coeficiente de variação. Com base nos valores, foi

realizada a análise de correlação (correlação de Pearson) entre os dados,

por meio do programa Statistic 7.0.

Posteriormente, de posse dos dados de análise textural de solos,

testes de sanidade e número de escleródios, elaborou-se uma tabela

contendo as coordenadas geográficas (x e y) dos pontos amostrais e os

valores correspondentes a cada variável estudada. Após, para a análise

geoestatística, onde foi ajustado o semivariograma esférico e exponencial

procedeu-se à verificação da existência de dependência espacial, por meio

do semivariograma, estimado conforme a eq.(1).

2)(

1)()(

)(2

1)(

hN

i ii hxZxZhN

hy (1)

Em que: N(h) representa o número de pares de valores medidos [Z(xi), Z(xi

+ h)] separados por um vetor h. Para o estudo em questão, os valores de Z

foram as variáveis estudadas, enquanto os valores de xi e xi + h foram

definidos de acordo com as posições das amostras no campo.

A análise da dependência espacial é baseada na suposição de que

medições separadas por distâncias pequenas são mais semelhantes umas

às outras, que aquelas separadas por distâncias maiores. A distância limite

de dependência espacial, denominada alcance (A), indica que amostras

localizadas a distâncias menores que o alcance são correlacionadas umas

124

com as outras. O alcance depende do tamanho da área amostrada e da

escala de observação realizada, sendo tanto maior quanto maior for o

intervalo entre medidas (Trangmar et al., 1985).

Os parâmetros dos semivariogramas foram representados nos

gráficos pelo efeito pepita (Co), patamar (Co+C) e alcance (A). Para a

análise do grau de dependência espacial das variáveis, foi utilizada a

classificação de Cambardella et al. (1994), em que é considerado forte

dependência espacial o semivariograma que tem efeito pepita 25% do

patamar, moderada quando está entre 25 e 75% e de fraca quando for

>75%.

A análise da distribuição espacial foi realizada por meio do

semivariograma no programa computacional ArcGis, que definiu o modelo

da variabilidade.

6.3 Resultados e Discussão

Após análise dos dados da estatística descritiva das variáveis

(média, mínimo, máximo, desvio padrão e coeficiente de variação) foi

realizada a análise dos variogramas. A média da incidência de S.

sclerotirum detectada pelo método rolo de papel, na Fazenda Planalto, foi

de 5,33%, variando de zero ao máximo de 11% de incidência. Maior

variação ocorreu na presença de escleródios nos pontos amostrais, com

amostras variando de zero a 206 escleródios e média de 72 escleródios por

ponto amostral. O coeficiente de variação obtido foi alto, para as variáveis

avaliadas, e essa alta variação de incidência deve-se possivelmente ao fato

dos métodos de detecção não apresentarem os mesmos resultados nas

repetições, sendo pouco sensíveis para a detecção do patógeno em

sementes provenientes de áreas com incidência da doença (Henneberg et

al., 2012) e da dispersão das estruturas de resistência do fungo por

máquinas e implementos em pontos aleatórios.

Verificou-se que na Fazenda São Jorge, a média de incidência de

mofo branco nas sementes de soja variou de 5,2% detectado pelo método

125

“blotter test” a 3,3% no rolo de papel, entretanto no campo verificou-se que

em 71% dos pontos amostrados havia incidência da doença pela presença

de plantas com sintomas. Dos 90 pontos amostrados, foi observado que

somente em 44% desses pontos foram detectados incidência de S.

sclerotiorum nas sementes pelo método “blotter test” e 41% pelo rolo de

papel. Assim, embora houvesse alta incidência na lavoura, os métodos não

foram sensíveis em detectar todos os pontos que haviam plantas com

sintoma no campo (Figura 2).

FIGURA 2. Mapeamento da distribuição espacial da incidência de S.

sclerotiorum detectada em sementes de soja pelo

método de rolo de papel superior (esquerda), “blotter

test” superior (direita) e incidência em plantas no campo

(inferior), por meio de sistema de posicionamento global.

Jaciara-MT, Cuiabá, 2012.

incidência

não incidência

126

Foram adotados semivariogramas isotrópicos. Para cada variável

estudada, ajustou-se o modelo pelo método dos mínimos quadrados.

Com base nos parâmetros de ajuste (Tabela 1), efeito pepita (Co),

patamar (Co + C), alcance (a), e nos modelos ajustados aos

semivariogramas individuais descritos anteriormente, foi possível a

construção dos mapas para cada variável, caracterizando assim, o

comportamento espacial de cada variável no campo.

TABELA 1. Coeficientes e parâmetros estimados dos semivariogramas

ajustados de variáveis amostradas em área experimental da

Fazenda São Jorge e Fazenda Planalto. Jaciara-MT, 2012.

Parâmetros Coeficiente

Variável Modelo (Co) (C) (Co+C) (A) Co/Co+C GDE

F. S. Jorge

Argila Esférico 777,42 1969,29 2746,71 168 0,28 Moderado Blotter Test

Esférico 158,44 829,77 988,21 35,36 0,16 Forte

Rolo de papel

Esférico 340,24 678,67 1018,91 35,36 0,33 Moderado

F. Planalto

Escleródio Exponencial 0 34,6 34,6 17,07 0 Forte Argila Exponencial 2,82 3,77 6,59 72,66 0,42 Moderado

Rolo de papel

Exponencial 8,51 2,69 11,20 126,55 0,75 Moderado

Co – efeito pepita, C – Contribuição, Co+C – patamar, A – Alcance, Co/Co+C – razão (k) indicativa do grau de dependência espacial.

As variáveis estudadas apresentaram variabilidade espacial,

evidenciado pelo grau de dependência moderado e forte ao longo da área

amostrada.

Os alcances de dependência espacial para a incidência de S.

sclerotiorum nas duas áreas do estudo foram distintos, onde se observou

que na Fazenda São Jorge o alcance foi de 35,36 m para a incidência de

mofo branco nas sementes, detectada em “blotter test” e rolo de papel, e

modelo esférico, mas sem relação direta com a textura, demonstrando

assim, uma relativa continuidade na distribuição espacial da incidência de

127

mofo branco, possivelmente em função da dispersão da doença de forma

diferenciada em função do manejo adotado de controle da doença.

Para a variável argila, o ajuste de dados ao modelo esférico refletiu-

se num maior alcance para a dependência espacial, que foi de 168 m.

Na área experimental da Fazenda Planalto, foi constatada

dependência espacial entre os dados de incidência de mofo branco

detectado pelo método rolo de papel. O padrão agregado de dispersão foi

constatado por meio do ajuste de modelo de semivariograma aos dados,

pois o valor absoluto da diferença entre duas amostras observadas cresceu

com o aumento da distância entre elas, até um valor no qual os efeitos

locais não apresentam mais influência (Andriotti, 2003; Alves et al., 2006).

O semivariograma isotrópico esférico foi ajustado para incidência de

S. sclerotiorum, com alta dependência espacial e alcance de 126,55 m para

a Fazenda Planalto (Figura 3). Observou-se que o alcance para a incidência

de escleródio foi de 17,07 m e forte grau de dependência espacial, com

modelo exponencial. Nessa área experimental, o alcance da incidência de

esclerotinia detectada pelo rolo de papel foi maior que na área da Fazenda

São Jorge, com modelo exponencial.

128

FIGURA 3. Semivariogramas e mapas de distribuição espacial de argila

(superior), S. sclerotiorum detectada no blotter test (meio) e rolo

de papel (inferior). Fazenda São Jorge, Jaciara-MT, 2013.

129

Com relação à incidência de S. sclerotiorum, pelos testes de

sanidade de sementes nas áreas experimentais, constatou-se padrão de

variabilidade espacial semelhante entre os métodos. Não houve correlação

com a textura do solo, possivelmente devido ao alto teor de argila das áreas

(Tabela 2).

TABELA 2. Coeficientes de correlação (r) de Pearson entre argila,

escleródios e incidência de S. sclerotiorum pelo testes de

sanidade rolo de papel e “blotter test”. Cuiabá-MT, 2012.

Fazenda Variável Escleródios Rolo de papel “Blotter test”

Planalto Argila 0,54* 0,21 -

Areia -0,58* -0,34 -

São Jorge Argila - 0,21 0,10

Areia - -0,34 0,05

P* significativo a 1%.

O estudo da variabilidade espacial dos escleródios no solo

proporcionou o mapeamento da área de estudo na Fazenda Planalto, onde

se verificou que há dependência espacial e correlação positiva com teor de

argila, possivelmente devido a maior retenção de água (Figuras 4 e 5),

favorecendo a germinação carpogênica de escleródios e a incidência da

doença.

Em solo com textura franco-argilosa, a variância de sobrevivência de

escleródios e apotécios foram explicadas principalmente pela estrutura

espacial de atributos físicos e químicos do solo, enquanto o índice de

severidade da doença não distribuiu esta estrutura espacial, e foi em grande

parte explicado pelos efeitos da rotação com milho (Rousseau et al., 2006).

De acordo com os mapas de krigagem, gerados após o ajuste dos

semivariogramas isotrópicos experimentais, pode-se observar o padrão

agregado da incidência do patógeno, mas não houve correlação com a

textura do solo nas duas áreas experimentais.

130

FIGURA 4. Semivariogramas exponenciais de escleródio (topo), argila

(meio), rolo (inferior). Fazenda Planalto, Jaciara-MT, 2012.

131

FIGURA 5. Mapas krigagem de escleródio (superior esquerdo), argila

(superior direito), rolo (inferior esquerdo) e malha amostral

(inferior direito). Fazenda Planalto, Jaciara-MT, 2012.

132

Embora as áreas sejam próximas e possuam textura muito argilosa,

o manejo adotado para controle da doença foi diferente. Na Fazenda São

Jorge não houve aplicação de fungicidas visando ao controle do mofo

branco, pois o produtor não tinha conhecimento da ocorrência da doença na

área. Na Fazenda Planalto houve controle preventivo, pois já havia sido

observada a ocorrência da doença na área.

A distribuição de escleródios normalmente não ocorre de modo

uniforme nas áreas infestadas e sua variabilidade espacial e localização

puderam ser determinadas por análises geoestatísticas. Mesmo assim,

houve dispersão dos escleródios ao longo da linha de plantio pelas

máquinas e implementos, alterando a dispersão do fungo e o seu padrão

agregado. Nesse estudo, observou-se a ocorrência da incidência de

escleródios ao longo da linha de plantio, provavelmente devido à dispersão

pelas máquinas na semeadura, na aplicação de defensivos e colheita.

O efeito pepita foi um parâmetro importante na análise do

semivariograma e indicou variabilidade não explicada, considerando a

distância de amostragem utilizada (McBratney e Webster, 1986). Esse

parâmetro foi expresso como porcentagem do patamar, objetivando facilitar

a comparação do grau de dependência espacial das variáveis em estudo

(Trangmar et al., 1985).

Para análise do grau de dependência espacial dessas variáveis,

utilizou-se a classificação de Cambardella et al. (1994). O alcance foi uma

medida importante para o planejamento e avaliação experimental, já que

pôde auxiliar na definição de procedimento de amostragem (Burgess et al.,

1981; Webster, 1985). Esse parâmetro representou a distância, em metros,

em que os pontos amostrais foram correlacionados entre si (Journel e

Huijbregts, 1991).

Conforme Cambardella et al. (1994), as variáveis que apresentaram

forte dependência espacial são mais influenciadas pela dispersão do

patógeno e pelo padrão agregado da doença, como número de escleródios.

Por outro lado, as variáveis com fraca dependência foram mais

influenciadas por fatores externos, tais como: presença ou não do patógeno

133

da semente, transmissibilidade e ainda a sensibilidade do teste para

detectar o fungo na semente, ou seja, pelas condições controladas do teste

de sanidade. A partir dos parâmetros dos modelos de semivariogramas

ajustados para cada variável, foram estimados os valores em locais não

amostrados por meio do interpolador geoestatístico krigagem. A magnitude

baixa do efeito pepita foi fundamental nesse processo, pois, quanto maior

for a diferença do efeito pepita em relação ao patamar do semivariograma,

maior será a continuidade do fenômeno e menor a variância da estimativa,

ou seja, maior a confiança que se pode ter na estimativa gerada (Isaaks e

Srivastava, 1989). Com os valores estimados por krigagem, foram gerados

os mapas com a espacialização do número de escleródios, incidência de

sclerotinia e teor de argila (Figuras 2 e 4).

A análise geoestatística foi utilizada para estudar a dependência

espacial de outros patógenos, causadores de doenças, como antracnose.

Alves et al. (2006) estudaram a dinâmica espaço-temporal da antracnose

em feijoeiro (Colletotrichum lindemuthianum) e da ramulose do algodão (C.

gossypii (South) var. cephalosporioides), e, também encontraram padrão

agregado dessas doenças da parte aérea veiculadas por sementes. Outros

patógenos também foram estudados, como Fusarium oxysporum em

tomateiro (Rekah et al., 1999), Phytophthora infestans em tomateiro e

batateira (Jaime-Garcia et al., 2001), Venturia inaequalis em macieira

(Charest et al., 2002) e Greening em citrus (Leal et al., 2010).

Em outros estudos com dependência espacial de plantas doentes,

Amaral Mello (2007) constatou o fitoplasma associado ao enfezamento do

repolho e, utilizando sequências ordinárias, concluiu que o padrão espacial

da doença foi agregado. Noetzold (2011) também verificou por meio dos

mapas de distribuição de C. truncatum, padrão espacial agregado na

primeira avaliação de incidência dos folíolos de soja para os inóculos

testados.

A caracterização do padrão espacial da doença e do patógeno pode

gerar informações essenciais na elaboração de estratégias de manejo do

mofo branco da soja. Como a variação espacial de S. sclerotiorum ocorreu

134

em reboleiras (focos), padrão agregado, poderia se utilizar controle químico

com fungicida em taxa variável e avaliar a eficiência de controle baseado na

incidência de plantas com sintomas nas zonas de manejo, o que evitaria

aplicação de fungicida para controle da doença em área total, reduzindo o

custo de aplicação.

Embora não tenha sido avaliada a produtividade da cultura da soja, a

ocorrência de S. sclerotiorum em lavoura de soja com alta incidência pode

afetar a produtividade (Lee et al., 2000; Kurle et al., 2001; Mueller et al.,

2004; Lee et al., 2005) pelo efeito do patógeno nas plantas com incidência,

além do aumento do inóculo para a próxima safra. Após a colheita, a

dispersão de escleródios na área pelas máquinas e implementos pode

aumentar os focos de incidência para a safra seguinte, dependendo das

condições climáticas, manejo da cultura e do potencial de inóculo na área. A

associação entre o padrão espacial da incidência de plantas infectadas por

S. sclerotiorum e da incidência de sementes com o patógeno, levantadas na

mesma oportunidade, não leva à relação infecção-infestação devido à baixa

transmissibilidade da planta para a semente, mas a relação infestação de

escleródios e incidência no campo é diretamente proporcional.

6.4 Conclusões

Com a análise geoestatística é possível quantificar o grau de

dependência espacial e mapear a variabilidade espacial de escleródios e da

incidência de S. sclerotiorum em soja.

A variação espacial de S. sclerotiorum ocorre em reboleiras. O

padrão da incidência da doença é agregado.

Não há relação da incidência da doença pelos testes de sanidade

blotter test e rolo de papel com a textura do solo.

Há correlação positiva da presença de escleródios de S. sclerotiorum

com a textura argilosa da área.

135

6.5 Referências Bibliográficas

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