eolica

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Manuel Silva Eng.º Mecânico (http://mlsilva.home.sapo.pt) A ENERGIA EÓLICA O reconhecimento do vento como fonte de energia remonta aos tempos antigos. Exemplos da suas utilização abundam nas civilizações da Antiguidade e na história Portuguesa dos Descobrimentos, como a principal fonte de energia na arte de bem navegar. Bastantes séculos mais tarde, e muitas décadas depois da nossa entrada no mundo moderno da electricidade, o vento foi redescoberto como fonte de energia primária para a produção de electricidade – a energia – tal o seu impacto na sociedade actual. Esta redescoberta do vento só foi possível devido aos avanços tecnológicos e à impossibilidade do desenvolvimento baseado no consumo crescente dos combustíveis fósseis e seus derivados, conforme reconhecido no Protocolo de Kyoto e o efeito cascata por ele provocado, que se traduziu em orientações de politicas de âmbito Europeu e muitas outras de âmbito nacional. A IMPORTÂNCIA DA INDÚSTRIA EÓLICA Pode-se afirmar que a industria eólica é a mais europeia de todas as indústrias. Segundo dados de 2004, as companhias europeias detinham 85% do mercado mundial de aerogeradores e 75% dos parques eólicos encontravam- se instalados na Europa. A taxa de crescimento desta indústria europeia foi de 28%, no período de 1999 a 2004. Para melhor elucidar o nosso leitor acerca desta fabulosa taxa de crescimento, pode-se dizer que foi superior à taxa de crescimento da indústria dos computadores, normalmente considerada como aquela que apresenta a maior taxa de crescimento mundial. A era moderna da indústria eólica tem origem na Dinamarca, o único país que após a crise petrolífera de 1973, manteve a energia eólica como uma das suas áreas de investigação e desenvolvimento. Este facto e os apoios europeus nas décadas de 80 e 90 contribuíram para que esta indústria assumisse a dimensão europeia que tem nos dias de hoje. O grande crescimento desta indústria, só foi possível devido a muitos outros factores, como por exemplo, o aumento da capacidade de produção e consequente redução dos custos de produção dos aerogeradores, a redução do custo do kWh de electricidade de origem eólica, por fim, e provavelmente a mais importante, os desenvolvimentos da tecnologia que permitem com que um único aerogerador produza uma quantidade de electricidade superior a 200 aerogeradores da década de 80. A ENERGIA EÓLICA EM PORTUGAL Apesar da indústria europeia do vento ter as suas origens na Dinamarca, outros países como a Alemanha e mais recentemente a Espanha, se lhe seguiram. Políticas dos governos desses países fizeram da Espanha o país no mundo com mais capacidade instalada em 2004, atingindo nesse ano uma capacidade acumulada equivalente a 20% da capacidade mundial e 50% da instalada na Alemanha.

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Manuel Silva Eng.º Mecânico Apesar da indústria europeia do vento ter as suas origens na Dinamarca, outros países como a Alemanha e mais recentemente a Espanha, se lhe seguiram. Políticas dos governos desses países fizeram da Espanha o país no mundo com mais capacidade instalada em 2004, atingindo nesse ano uma capacidade acumulada equivalente a 20% da capacidade mundial e 50% da instalada na Alemanha. (http://mlsilva.home.sapo.pt)

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Manuel Silva

Eng.º Mecânico

(http://mlsilva.home.sapo.pt)

A ENERGIA EÓLICA

O reconhecimento do vento como

fonte de energia remonta aos tempos antigos. Exemplos da suas utilização abundam nas civilizações da Antiguidade e na história Portuguesa dos Descobrimentos, como a principal fonte de energia na arte de bem navegar. Bastantes séculos mais tarde, e muitas décadas depois da nossa entrada no mundo moderno da electricidade, o vento foi redescoberto como fonte de energia primária para a produção de electricidade – a energia – tal o seu impacto na sociedade actual.

Esta redescoberta do vento só foi possível devido aos avanços tecnológicos e à impossibilidade do desenvolvimento baseado no consumo crescente dos combustíveis fósseis e seus derivados, conforme reconhecido no Protocolo de Kyoto e o efeito cascata por ele provocado, que se traduziu em orientações de politicas de âmbito Europeu e muitas outras de âmbito nacional.

A IMPORTÂNCIA DA INDÚSTRIA EÓLICA

Pode-se afirmar que a industria eólica é a mais europeia de todas as indústrias. Segundo dados de 2004, as companhias europeias detinham 85% do mercado mundial de aerogeradores e 75% dos parques eólicos encontravam-se instalados na Europa. A taxa de crescimento desta indústria europeia foi de 28%, no período de 1999 a 2004. Para melhor elucidar o nosso leitor acerca desta fabulosa taxa de crescimento, pode-se dizer que foi superior à taxa de crescimento da indústria dos computadores,

normalmente considerada como aquela que apresenta a maior taxa de crescimento mundial.

A era moderna da indústria eólica tem origem na Dinamarca, o único país que após a crise petrolífera de 1973, manteve a energia eólica como uma das suas áreas de investigação e desenvolvimento. Este facto e os apoios europeus nas décadas de 80 e 90 contribuíram para que esta indústria assumisse a dimensão europeia que tem nos dias de hoje.

O grande crescimento desta indústria, só foi possível devido a muitos outros factores, como por exemplo, o aumento da capacidade de produção e consequente redução dos custos de produção dos aerogeradores, a redução do custo do kWh de electricidade de origem eólica, por fim, e provavelmente a mais importante, os desenvolvimentos da tecnologia que permitem com que um único aerogerador produza uma quantidade de electricidade superior a 200 aerogeradores da década de 80.

A ENERGIA EÓLICA EM PORTUGAL

Apesar da indústria europeia do vento ter as suas origens na Dinamarca, outros países como a Alemanha e mais recentemente a Espanha, se lhe seguiram. Políticas dos governos desses países fizeram da Espanha o país no mundo com mais capacidade instalada em 2004, atingindo nesse ano uma capacidade acumulada equivalente a 20% da capacidade mundial e 50% da instalada na Alemanha.

Portugal iniciou o seu caminho no sentido de aproveitamento do vento como fonte de energia em 1988, com a construção do primeiro parque eólico em Santa Maria (Açores). Actualmente a distribuição destas centrais abrange quase todo o território nacional com aproximadamente 708 MW de potência instalada até Maio de 2005, o que equivale a 81 parques eólicos e 521 aerogeradores. No entanto, cerca de metade dos parques eólicos (48%) são de pequena dimensão, com potências entre 1 a 10 MW, sendo que apenas existe um parque eólico com uma potência superior a 50 MW.

Recentes estudos, concluíram que o recurso energético eólico disponível em Portugal é de 4800 MW, tendo em conta um cenário de restrição ambiental moderada. Apesar deste potencial, têm existido uma série de barreiras que contribuiriam para o fraco desenvolvimento da energia eólica em Portugal. Passo a salientar os três obstáculos fundamentais para o atraso Português: primeiro obstáculo, a ligação à rede eléctrica, o segundo obstáculo prende-se com os impactos ambientais tão empolados pelos ambientalistas portugueses e por último, o maior obstáculo português a burocracia.

O FUTURO DA ENERGIA EÓLICA EM PORTUGAL

Tendo em conta a necessidade do cumprimento da Directiva Comunitária respeitante ao acordo de Kyoto, que impõe como meta 39% de produção de energia eléctrica com base nas energias renováveis até 2010, assim como as recentes medidas de apoio, como a remuneração da energia produzida para níveis perto do praticado nos países Europeus, prevê-se a instalação de cerca de 4.500 MW de capacidade de geração em energia eólica.

Actualmente estão aprovados mais 748 MW de energia eólica, o que, tendo em conta o tempo de licenciamento, poderá elevar a potência eólica instalada até 2.000 MW em 2007. No entanto é imperativo e necessário a centralização dos processos de licenciamento em apenas um único organismo, que coordenaria e teria a cargo todo o procedimento administrativo, por forma a diminuir os prazos de implementação dos projectos os quais, actualmente, rondam os 2 a 4 anos.

A energia eólica mostra-se como uma das fontes renováveis com maior potencialidade e maior desenvolvimento futuro, não apenas pelas metas estabelecidas, mas também pelo interesse que desperta nas entidades e empresas o desenvolvimento de projectos de grande envergadura e visibilidade, além do retorno financeiro bastante atractivo.

CASO DE SUCESSO NA IMPLEMENTAÇÃO DA ENERGIA EÓLICA.

Este último item serve para salientar um caso de sucesso na implementação da energia eólica como fonte de energia. Assim sendo, permitam-me felicitar a Câmara Municipal de Mafra, por esta ter apostado na produção de energia eólica, instalando para esse efeito estruturas que servem o Município em termos de produção de energia eléctrica, de forma não poluente. Neste momento este concelho tem 3 parques eólicos instalados.

Espero com este artigo ter estimulado os Municípios da nossa região a seguir o exemplo louvável do Município de Mafra. Chega a hora, e quando cada vez mais se fala de cortes orçamentais para os Municípios, de apostar em fontes de energia renováveis que puderam servir como fontes de desenvolvimento regional sustentável.