entrevista ao presidente da câmara municipal da azambuja
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De acordo com alguns historiadores do séc. XVIII, a localidade de Azambuja já existia na época romana com o nome de Oleastrum, que significa zambujeiro. No entanto, terão sido os Árabes que a terão designado como Azanbujâ, que significa “oliveira brava”. A sua actual designação terá sido adoptada a partir do início do séc. XIII. Localizado geograficamente como o mais oriental do distrito de Lisboa, o município de Azambuja, constituído por 9 freguesias, é servido de excelentes acessibilidades, quer pela auto-estrada A1, quer pelos caminhos-de-ferro. Banhado a sul pelo rio Tejo, o município goza de uma fertilidade invulgar que lhe permite a cultura do milho, arroz, tomate, melão, entre outras.TRANSCRIPT
e n t r e v i s t a
O MUNICIPAL N.º 361 - Fevereiro/2011
ASSOCIAÇÃO
DOS TÉCNICOS ADMINISTRATIVOS
MUNICIPAIS
na festa. Enfim, são muitos os motivos
para vir à Feira de Maio de Azambuja, para
nós, sem dúvida, a feira mais castiça do
Ribatejo!
“O Municipal” – Soubemos que, no intuito
de promover a prática desportiva por parte
da população, a autarquia criou o PAFT
– Programa Actividade Física para Todos.
Com que frequência se realiza? Qual a
receptividade junto da população?
De facto, a abertura do Programa Actividade
Física para Todos à população foi mais um
passo para a promoção do desporto como
investimento num estilo de vida mais
saudável. Este era, aliás, o objectivo da
iniciativa quando a lançámos também junto
das instituições de apoio à população mais idosa e aos cidadãos
portadores de deficiência. O PAFT para a população acontece
quinzenalmente, aos domingos de manhã, de Outubro a Julho,
com um calendário de actividades que propõem caminhadas,
fitness, cicloturismo e dança, por exemplo, percorrendo várias
freguesias do concelho para que chegue a todos os munícipes.
“O Municipal” – Começa no próximo dia
26 de Maio e decorre até ao dia 30 mais
uma edição da Feira de Maio, na freguesia
de Azambuja. Que tipo de animação
e actividades pode encontrar não só a
população, mas o também o visitante?
Posso dizer que, na Feira de Maio, Azambuja
veste-se “de gala” para os cinco dias mais
animados do ano. Em termos musicais, os
destaques neste ano 2011 são o fadista
Marco Rodrigues, na noite de 5ª feira, e o
grupo Deolinda, a fechar o dia de sábado.
No entanto, os principais ingredientes
de animação são as tradições taurinas de
Azambuja e o espírito de convívio que por
aqui reina ao longo desse período, e até
nos preparativos dos dias anteriores. Há
uma largada de toiros nas ruas todos os dias, há várias dezenas
de tertúlias abertas ao público, há muita animação de rua e
há uma homenagem muito bonita ao Campino na manhã de
domingo. Para além disso, todas as actividades têm entrada
livre, e na 6ªfeira, a partir da meia-noite, há distribuição gratuita
de sardinhas, pão e vinho aos milhares de visitantes que entram
DR. JOAQUIM ANTONIO DE SOUSA NEVES RAMOSPRESIDENTE DA CâMARA MUNICIPAl DE AZAMBUJA
AZAMBUJA
De acordo com alguns historiadores do séc. XVIII, a localidade de Azambuja já existia na época romana com o nome de
Oleastrum, que significa zambujeiro.
No entanto, terão sido os Árabes que a terão designado como Azanbujâ, que significa “oliveira brava”. A sua actual
designação terá sido adoptada a partir do início do séc. XIII.
Localizado geograficamente como o mais oriental do distrito de Lisboa, o município de Azambuja, constituído por 9
freguesias, é servido de excelentes acessibilidades, quer pela auto-estrada A1, quer pelos caminhos-de-ferro.
Banhado a sul pelo rio Tejo, o município goza de uma fertilidade invulgar que lhe permite a cultura do milho, arroz, tomate,
melão, entre outras.
A norte, com freguesias de características rurais, predomina a policultura intensiva, com destaque para o pequeno
proprietário agrícola que se dedica a uma agricultura familiar.
Para melhor sabermos o que se faz por este município localizado à beira Tejo entre a província do Ribatejo e o Distrito de
Lisboa, entrevistámos o Dr. Joaquim Neves Ramos, Presidente da Câmara Municipal da Azambuja.
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A Loja Social aguarda a colaboração de empresas e particulares
que queiram oferecer bens em bom estado destinados a essas
famílias mais carenciadas.
“O Municipal” – O Município da Azambuja integra o “Projecto
MAIS Lezíria”. Quais os municípios envolvidos e em que consiste
este Projecto?
O projecto MAIS Lezíria nasceu da vontade da Comunidade
Intermunicipal da Lezíria do Tejo, da qual Azambuja é associada
assim como os municípios de Almeirim, Alpiarça, Benavente,
Cartaxo, Chamusca, Coruche, Golegã, Rio Maior, Salvaterra de
Magos e Santarém. O grande objectivo é reunir a população
de toda a região em inúmeros convívios desportivos, onde se
pretende promover a saúde como meio de uma vida com mais
qualidade. Recordo que no passado dia 10 de Abril, Azambuja
foi o palco do “Mais Lezíria” com uma grande comemoração
do Dia Mundial da Saúde, em que participaram mais de 400
pessoas de todas as idades em diversas actividades desportivas
e rastreios médicos no espaço do nosso Jardim Urbano.
“O Municipal” – Está, actualmente no seu último mandato
como Presidente da Câmara Municipal da Azambuja. Ao longo
destes anos, à frente dos destinos da autarquia local, pode
salientar algumas das iniciativas que lhe tenham dado especial
prazer e orgulho em realizar? Que outros projectos gostava de
ver concluídos?
Dez anos é muito tempo à frente de um Município e, de facto,
tocámos em praticamente todos os aspectos da vida comunitária.
Penso que em diversas áreas tivemos uma intervenção muito
profunda, contribuindo decisivamente para a melhoria da
qualidade de vida das nossas populações. Elegeria como áreas
que me deram uma maior realização a Educação, a Regeneração
Urbana, o Ambiente, a recuperação do Património e a Intervenção
Social. Confesso que tenho algum “amargo de boca” por não ter
ainda conseguido ganhar a frente ribeirinha do Tejo como um pólo
de Turismo Ambiental e Desportivo importante. Mas, de facto, os
fundamentalismos e a confusão que reina na gestão destas bacias
fluviais inviabilizam tudo, incluindo a própria sustentação dos
sistemas.
“O Municipal” - Que análise faz da evolução das competências
e atribuições das autarquias locais?
A adesão tem sido significativa e há muitos participantes que
repetem a presença e elogiam bastante a iniciativa.
O Municipal” – Em 30 Novembro de 2010 foi inaugurada a Loja
Social da Cerci – Flor da Vida de Azambuja. Tendo como um dos
objectivos a promoção da melhoria das condições de vida de
pessoas/famílias em situação de maior vulnerabilidade social,
qual o balanço que faz destes quase 4 meses de existência desta
parceria entre o Município da Azambuja e a Cerci?
Deixe-me referir que esta parceria não é inédita. O Município
de Azambuja mantém uma colaboração estreita, não só com
a CERCI-Flor da Vida mas também com todas as Instituições
Particulares de Solidariedade Social existentes no concelho.
A abertura da “Loja Social” constitui mais uma resposta no
âmbito da difícil conjuntura social que já se verificava no final
do ano passado. O balanço diz-nos que a concretização da ideia
foi uma boa iniciativa. A loja já prestou perto de meia centena
de apoios, principalmente a nível de vestuário e mobiliário,
que é a vocação deste serviço. Também há solicitações de
apoio alimentar, mas são encaminhados para instituições que
trabalham nessa área. Aliás, refira-se que o apoio social é um
trabalho integrado, em rede entre diversas instituições. Por
outro lado, o papel da chamada sociedade civil é fundamental.
Pelourinho
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Eu sou um defensor desta descentralização por uma razão
simples: porque o Poder Local é a face do Estado mais perto
das populações, que melhor conhece os seus anseios, é um
poder com rosto, não anónimo. Daí a nossa disponibilidade
para desempenhar funções que o Estado desempenha mal
: na educação, na saúde, na intervenção social, em menor
escala na gestão e ordenamento do território. Agora, todas
essas atribuições, a virem, têm que ser acompanhadas com um
pacote financeiro que as torne sustentáveis.
“O Municipal” - A propósito da reorganização da rede de
escolas do 1.º ciclo do ensino básico, que comentário faz sobre
o encerramento de algumas e a concentração dos alunos em
estabelecimentos de maior dimensão?
Nós somos defensores do modelo da concentração. O que se
ganha em termos pedagógicos, de recursos, de possibilidade de
sistemas complementares de educação é muito superior ao que
se perde em termos de proximidade. Aliás, temos aplicado esse
modelo no Município de Azambuja.
“O Municipal” - Como avalia a descentralização de competências
para os municípios no domínio da educação?
No caso de Azambuja, o processo tem corrido bem. Nós
desempenhamos as nossas novas atribuições, respeitamos os
nossos compromissos e o Ministério da Educação, no nosso
caso, tem assumido os seus.
“O Municipal - O que acha da Proposta de Lei n.º 25/XII, que
altera o regime jurídico da tutela administrativa em vigor? Qual
é a sua opinião sobre a perda de mandato por não avaliação dos
trabalhadores?
Eu acho que o direito à avaliação é um direito de qualquer
trabalhador. Mas também considero que tem havido um rigor
excessivo na penalização do exercício dos Autarcas que não é
extensível à generalidade dos detentores de cargos políticos.
Isto é, quando se quer dar uma imagem de moralização da
classe política, começa-se sempre pelos Autarcas e muitas
vezes fica-se por aí…
“O Municipal” - A respeito da Lei n.º 55-A/2010, de 31 de
Dezembro, que aprovou o Orçamento do Estado para 2011,
que comentário faz às disposições aplicáveis aos trabalhadores
do sector público, em especial, as que se referem à
redução das remunerações e à proibição de valorizações
remuneratórias, não esquecendo a forma como passa a ser
efectuada a determinação do posicionamento, no âmbito dos
procedimentos concursais?
Sobre este tema, o que poderei dizer é que se a crise é nacional,
então todos, funcionários públicos ou não, devem ser solidários
na sua resolução. Ora os trabalhadores dos sector público
sofrem todas as medidas que a generalidade da população: nos
aumentos de impostos, no corte das reformas, etc. Então porque
têm que ser discriminados especificamente? Há necessidade de
haver diminuição ou congelamento de remunerações? Muito
bem, mas deve abranger todos, Sector Público e Privado.
O Municipal” - Perante as restrições em matéria de
endividamento municipal, para o ano de 2011, como encara o
futuro da gestão autárquica?
Considero que o actual modelo das Finanças Locais está
completamente esgotado. De facto, as receitas dos Municípios
assentam em grande parte na actividade imobiliária ( IMT,
taxas de urbanização, loteamentos, etc). Resultou enquanto a
actividade imobiliária esteve em alta. Mas houve uma quebra
brutal dessa actividade e, com ela, uma quebra brutal das
receitas municipais. Considero, portanto, que a não haver
um rapidíssimo novo paradigma no financiamento municipal,
baseado por exemplo em impostos mais estáveis como o IRS e
o IVA, a generalidade dos Municípios entrará a breve prazo em
rotura financeira.
“O Municipal” - Qual é a sua posição sobre a intenção anunciada
pelo Secretário de Estado da Administração Local, de se
reorganizar o mapa autárquico, envolvendo a fusão e extinção
de municípios e freguesias?
Concordo. Há muito que se deveria ter avançado para uma
reestruturação da Administração do Território. Mas tem que se
ter em linha de conta uma série de factores de ordem histórica,
cultural e social que devem nortear essa reorganização. Isto é,
qualquer tentativa de esquadrinhar sobre um mapa uma nova
divisão territorial, a não ser acompanhada por uma análise
ponderada daqueles factores, será condenada ao fracasso.