entrevista à presidente da câmara municipal de gois

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ENTREVISTA A região de Góis fica no coração da zona Centro de Portugal, no distrito de Coimbra e a cida- de mais próxima, a 40 km. O concelho divide-se em 5 fre- guesias. A sede de concelho é a vila de Góis, onde está a Câmara Municipal. A região tem sensivelmente 150 aldeias, a maior parte das quais possui história com centenas de anos. A área é rica em vestígios arqueológi- cos, com milhares de anos, dos quais são exemplo os petrógli- fos da Idade do Bronze. A riqueza mineral da região foi provavelmente explorada ainda na Idade do Bronze, existindo indícios de minas de ouro desse período. O ouro também fez com que os Roma- nos viessem para a zona, sen- do Góis possivelmente uma vila já existente no período Roma- no. As montanhas circundantes contêm volfrâmio, sendo a sua exploração responsável pelo aumento da população veri- ficada entre 1900-1950 - o ponto alto da exploração mi- neira é o período da II Guer- ra Mundial, devido à elevada procura deste mineral. A maior parte do concelho é florestado, num total de 248km. Os vales criados pela passa- gem do rio e as encostas re- pletas de árvores formam uma combinação perfeita para a prática de todo o tipo de des- portos, desde a caminhada, BTT, canoagem, escalada e equitação. Por todo o lado as vistas são soberbas, e a área possui uma enorme abundân- cia de vida selvagem, tendo também muito para oferecer a artistas, fotógrafos e obser- vadores de animais. Para os menos energéticos, o Rio Cei- ra acalma na parte Norte do Concelho, fornecendo várias praias fluviais. “O Municipal” – Foi homo- logada pelo Ministério da Educação no passado dia 29 de maio, a Carta Educativa do Município de Góis. Quais os objetivos e propostas desta Carta? Maria de Lurdes Oliveira Cas- tanheira – A Carta Educativa do Municipio de Góis foi ho- mologada a 29 de maio de 2006. Tive o privilégio de en- quanto trabalhadora da au- tarquia ter a responsabilidade de coordenar todos os traba- lhos inerentes à elaboração daquele documento. De todos os objetivos in- cluídos na Carta Educativa, saliento os seguintes: minimizar as disparidades inter e intrarre- gionais, promovendo a igual- dade de acesso ao ensino, a adequação da Rede Escolar às características Regionais e Locais, assegurando a coerência dos prin- cípios normativos no todo nacional; Orientar a expansão do sistema educativo no concelho de Góis, em função do desenvolvimento eco- nómico, sócio-cultural e urbanístico, prevendo uma resposta ade- quada às necessidades de redimensionamento da Rede Escolar colo- cadas pela evolução da política educativa, pelas oscilações da procura da educação e rentabilização do parque escolar existen- tes, e ainda, fundamen- tar tecnicamente as tomadas de decisão relativas à construção de novos empreendimentos, en- cerramentos de escolas, recon- versão e adaptação do parque escolar, assim como otimizar a funcionalidade da rede existen- te e a respetiva expansão. Enquanto documento orientador ao planeamento da política de educação do concelho, o mes- mo previa a concretização de propostas, nomeadamente, a da construção de um Centro Esco- lar na Freguesia de Alvares, cuja inauguração promovemos em outubro de 2010. “O Municipal” – Decorreu recen- temente em Góis a 18ª Con- centração Mototurística orga- nizada pelo Góis Moto Clube. Em que consistiu e quais as atrações que chamaram os visitantes? Maria de Lurdes Oliveira Cas- tanheira – Desde o primeiro ano de mandato que o Município tem estabelecido um trabalho de parceria com o Góis Moto Clu- be, tanto ao nível da concentra- ção mototuristica como também da própria Festa do Municipio que engloba a FACIG – Feira Agrícola Comercial e Industrial de Góis. Desta última edição, a 18ª, salientamos os concertos de Quinta do Bill, João Pedro Pais, Tara Perdida, entre outros, a tradicional feira onde é possível encontrar um pouco de tudo, as tasquinhas, onde se pôde apre- ciar a boa e variada cozinha beirã. Paralelamente, são orga- nizados eventos que merecem grande adesão por parte dos participantes, como: 13º Encon- tro Nacional de Mini-Hondas; 7.º Encontro Nacional de Vespas, e ainda o já mítico Passeio/Desfile por alguns locais do concelho e que encerra o evento. MARIA DE LURDES CASTANHEIRA PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE GÓIS 1 O MUNICIPAL

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A região de Góis fica no coração da zona Centro de Portugal, no distrito de Coimbra e a cidade mais próxima, a 40 km. O concelho divide-se em 5 freguesias. A sede de concelho é a vila de Góis, onde está a Câmara Municipal.

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Page 1: Entrevista à Presidente da Câmara Municipal de Gois

ENTREVISTA

A região de Góis fica no coração da zona Centro de Portugal, no

distrito de Coimbra e a cida-de mais próxima, a 40 km. O concelho divide-se em 5 fre-guesias. A sede de concelho é a vila de Góis, onde está a Câmara Municipal.

A região tem sensivelmente 150 aldeias, a maior parte das quais possui história com centenas de anos. A área é rica em vestígios arqueológi-cos, com milhares de anos, dos quais são exemplo os petrógli-fos da Idade do Bronze.

A riqueza mineral da região foi provavelmente explorada ainda na Idade do Bronze, existindo indícios de minas de ouro desse período. O ouro também fez com que os Roma-nos viessem para a zona, sen-do Góis possivelmente uma vila já existente no período Roma-no. As montanhas circun dantes contêm volfrâmio, sendo a sua exploração responsável pelo aumento da população veri-ficada entre 1900-1950 - o ponto alto da exploração mi-neira é o período da II Guer-ra Mundial, devido à elevada procura deste mineral.

A maior parte do concelho é florestado, num total de 248km. Os vales criados pela passa-gem do rio e as encostas re-pletas de árvores formam uma

combinação perfeita para a prática de todo o tipo de des-portos, desde a caminhada, BTT, canoagem, escalada e equitação. Por todo o lado as vistas são soberbas, e a área possui uma enorme abundân-cia de vida selvagem, tendo também muito para oferecer a artistas, fotógrafos e obser-vadores de animais. Para os menos energéticos, o Rio Cei-ra acalma na parte Norte do Concelho, fornecendo várias praias fluviais.

“O Municipal” – Foi homo-logada pelo Ministério da Educação no passado dia 29 de maio, a Carta Educativa do Município de Góis. Quais os objetivos e propostas desta Carta?

Maria de Lurdes Oliveira Cas­

tanheira – A Carta Edu cativa do Municipio de Góis foi ho-mologada a 29 de maio de 2006. Tive o privilégio de en-quanto trabalhadora da au-tarquia ter a responsabilidade de coor denar todos os traba-lhos inerentes à elaboração da quele documento.

De todos os objetivos in-cluídos na Carta Educativa, saliento os seguintes: minimizar as disparidades inter e intrarre-gionais, promovendo a igual-dade de acesso ao ensino, a adequação da Rede Escolar às características Regionais

e Locais, assegurando a coerência dos prin-cípios normativos no todo nacional; Orientar a ex pansão do sistema educativo no concelho de Góis, em função do desenvolvimento eco-nómico, sócio-cultural e urbanístico, pre vendo uma resposta ade-quada às necessidades de redimensionamento da Rede Escolar colo-cadas pela evolução da política educativa, pelas oscilações da procura da edu cação e rentabilização do parque escolar existen-tes, e ainda, fundamen-tar tecnicamente as tomadas de decisão rela tivas à construção de novos empreendimentos, en-cerramentos de escolas, recon-versão e adaptação do parque esco lar, assim como otimizar a fun cionalidade da rede existen-te e a respetiva expansão.

Enquanto documento orientador ao planeamento da política de educação do concelho, o mes-mo previa a concretização de propostas, nomeadamente, a da construção de um Centro Esco-lar na Freguesia de Alvares, cuja inauguração promovemos em outubro de 2010.

“O Municipal” – Decorreu re cen-temente em Góis a 18ª Con-

centração Mototurística orga-nizada pelo Góis Moto Clube. Em que consistiu e quais as atrações que chamaram os visi tantes?

Maria de Lurdes Oliveira Cas­

tanheira – Desde o primeiro ano de mandato que o Município tem estabelecido um trabalho de parceria com o Góis Moto Clu-be, tanto ao nível da concentra-ção mototuristica como também da própria Festa do Municipio que engloba a FACIG – Feira Agrícola Comercial e Industrial de Góis. Desta última edição, a 18ª, salientamos os concertos de Quinta do Bill, João Pedro Pais, Tara Perdida, entre outros, a tradicional feira onde é possível encontrar um pouco de tudo, as tasquinhas, onde se pôde apre-ciar a boa e variada cozinha beirã. Paralelamente, são orga-nizados eventos que merecem grande adesão por parte dos participantes, como: 13º Encon-tro Nacional de Mini-Hondas; 7.º Encontro Nacional de Vespas, e ainda o já mítico Passeio/Desfile por alguns locais do concelho e que encerra o evento.

MARIA dE LuRdES CASTANhEIRApRESIdENTE dA CâMARA MuNICIpAL dE góIS

1O MuNICIpAL

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ENTREVISTA

disso, esta caminhada – Rota das Tradições do Xisto – permite então efetuar uma ligação entre o conjunto das quatro aldeias através de trilhos antigos.

Na aldeia da Aigra Nova po-derá usufruir de uma visita ao nú-cleo de interpretação ambiental da Serra da Lousã, à maternida-de das árvores, loja da aldeia do xisto – valências da Lousitâ-nea – Liga dos Amigos da Ser-ra da Lousã. Esta associação possui também uma unidade de turismo rural – A casa de campo da Comareira.

A aldeia da Pena encontra-se localizada relativamente próxi-ma dos penedos de Góis, esta imponente e majestosa monta-nha encontra-se a uma altitude de 1040 metros, trata-se de espaço idílico para a realiza-ção de desportos aventura (escalada, rappel, slide, entre outros). Cumulativamente, esta aldeia encontra-se banhada pela ribeira da Pena, a qual permite, para além da realiza-ção de percursos interpretativos de fauna e flora nas suas mar-gens, visita a moinhos de água e a realização de canyoning. Relativamente a alojamento, nes ta aldeia en contram-se duas unidades de turismo rural, Casas de Campo, unidades privadas, a Casa da Cerejinha e a Casa do Neveiro.

“O Municipal” – Os jovens goien-ses que pretendam fazer o ensi-no secundário, onde o poderão fazer, visto que Góis só tem es-cola até ao 2º e 3º ciclos?

Maria de Lurdes Oliveira Casta­

Perdiz, Rã-ibéria, Tritão-marmo-rado, Sapo-comum, Cobra-de--água-viperina, Salamandra--lusitânica, Licranço, Osga, Carocha, Borboleta diurna e a Cigarra-do-freixo. Em termos de Flora podemos encontrar: a Orquídea, o Medronheiro, o Carvalho-roble, o Azevinho, a Esteva, o Salgueiro, o Casta-nheiro, o Narciso e o Tortulho.

“O Municipal” – Na Serra da Lousã, podem-se fazer cami-nhadas pela Rota das Tradi-ções do Xisto. O que se pode encontrar e que tradições se podem aprender nestes pas-seios?

Maria de Lurdes Oliveira Cas­

tanheira – Para além de se usufruir duma paisagem esplen-dorosa, dada a sua riqueza de fauna e flora, as aldeias en-contram-se situadas na Serra da Lousã e parte dessa zona encontra-se integrada na rede natura 2000, uma rede euro-peia de sítios protegidos, que tem como propósito assegurar a biodiversidade, conservan-do e estabelecendo habitats naturais, plantas e animais selvagens, de modo a manter as características típicas dos locais.

Além das caraterísticas natu-rais, um passeio por estas al-deias do xisto (Comareira, Ai-gra Nova; Aigra Velha e Pena) permite ao visitante e/ou tu-rista uma aproximação com estas gentes e com o seu na-tural modo de vida, cujo quo-tidiano contempla tarefas as-sociadas à pastorícia, à agri-cultura, entre outras, para além

gastronomia tradicional, o des-taque vai para as Sopas de Castanha e Serrana. Em termos de pratos de carne: o cabrito assado no forno; a chanfana; o bucho recheado; a galinha corada; e os torresmos com mi-gas de castanha. Como pratos de peixe podemos saborear o arroz de sardinha, as papas de nabos com sardinha frita, a tru-ta de escabeche e a tiborna-da. Quanto à doçaria, desta-camos o arroz doce; bolo de Góis; filhós e a tigelada.

Quanto ao artesanato local, podemos ainda encontrar as tradicionais colheres de pau, trabalhos em estanho, miniatu-ras de xisto, fiação/trabalhos de lã, miniaturas de alfaias agrícolas, artesanato em corti-ça, trapologia, tape çaria, ren-das e os bordados.

“O Municipal” – Viajando pe-los meandros da natureza, podem-se vislumbrar espécies fantásticas, de fauna e flora, com interesse científico. Quais as mais vistas?

Maria de Lurdes Oliveira Cas­

tanheira – Podemos dizer que o território se encontra em gran-de parte em estado “puro”, quer seja ao nível dos recursos hídricos, quer seja ao nível da floresta. Este facto protege não só a fauna como a flora, daí a riqueza e a diversidade que pode ser encontrada no concelho de Góis. Ao nível da Fauna, saliento a presença de Corços, Veados, Javalis, Águia--de-asas-redondas, Coruja--das-torres, Guarda-rios, Lon-tra, Raposa, Melro-de-água,

“O Municipal” – Durante os meses quentes de verão, a região de Góis e os seus encantadores rios Ceira, Sinhel e Sótão, que ofertas e infra estruturas têm para oferecer?

Maria de Lurdes Oliveira

Castanheira – A autarquia está neste momento a de-senvolver um projeto de infraestruturas de apoio à praia fluvial de Alvares. Paralelamente temos vindo a trabalhar no sentido de implementar uma praia com-pletamente nova na locali-dade de Ponte do Sótão. Quanto às já existentes da Peneda, do Stº António e do Pego Escuro em Góis, a das Canaveias em Vila Nova do Ceira, a da Ca-breira e a do Colmeal no Vale do Ceira, são cartões de visita de excelência para todos quanto as pro-curam no verão para uns belos mergulhos. Mas apro-veito para salientar que a beleza destes locais não se esgota no verão, tam-bém nas outras épocas do ano podemos deslumbrar as paisagens encantado-ras que o rio e a serra nos tem para oferecer.

“O Municipal” – Em todo o concelho é possível apre-ciar os pratos tradicionais e observar as atividades artesanais. Quais os pratos mais típicos e qual o artesa-nato mais produzido?

Maria de Lurdes Oliveira

Castanheira – Da vasta

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mandato deparamo-nos com a situação de que o contrato com o Ministério da Educação ha-via sido assinado pelo anterior executivo e que iria iniciar-se a 1 de janeiro de 2010. Podemos hoje afirmar que a Câmara Muni-cipal conseguiu integrar o pes-soal não docente no seu mapa de pessoal, e que as questões que não estavam bem esclareci-das ou que suscitavam dúvidas foram sendo dirimidas dado o trabalho desenvolvido entre a autarquia e a própria DREC.

“O Municipal” - Qual é a sua opinião sobre a perda de man-dato por não avaliação dos trabalhadores?

Maria de Lurdes Oliveira

Casta nheira – Numa primeira leitura, poderá parecer algo ex-cessivo, mas, concordo, no caso do fator que determinou a não avaliação dos trabalhadores se ficar a dever à inércia ou à não aplicação da legislação por parte dos dirigentes políticos.

“O Municipal” - A respeito da Lei n.º 55-A/2010, de 31 de dezem-bro, que aprovou o Orça mento do Estado para 2011, que co-mentário faz às disposições apli-cáveis aos trabalhadores do setor público, em especial, as que se referem à redução das remunerações e à proibição de valorizações remuneratórias, não esquecendo a forma como passa a ser efetuada a determi-nação do posicionamento, no âmbito dos procedimentos con-cursais?

Maria de Lurdes Oliveira Cas­

tanheira – A proibição de va-

se poderá promover a transfe-rência de competências sem que as mes mas tenham cor-respondência financeira, pois sabemos que os recursos das autarquias locais são cada vez mais exíguos para as ne-cessidades das po pulações e que a própria evolução impõe.

“O Municipal” - A propósito da reorganização da rede de escolas do 1.º ciclo do ensino básico, que comentário faz sobre o encerramento de al-gumas e a concentração dos alunos em estabelecimentos de maior dimensão?

Maria de Lurdes Oliveira

Cas ta nheira – No caso do concelho de Góis procuramos sempre envolver as autarquias, o Conselho Executivo do Agru-pamento de Escolas de Góis e a Associação de Pais e Encar-regados de Educação naquilo que são as diretivas da DREC - Direção Regional de Edu-cação do Centro, o que tem possibilitado uma melhor infor-mação junto da população. Saliente-se que o Municipio executou durante o ano de 2011 obras de ampliação e remodelação da EB1 de Góis, criando assim melhores condi-ções para acolhimento dos alunos, nomeadamente, da es-cola de Bordeiro que encerrou no presente ano letivo.

“O Municipal” - Como ava lia a descentralização de com-petências para os muni cípios no domínio da edu cação?

Maria de Lurdes Oliveira Cas­

ta nheira – Quando iniciámos o

locação entre os Concelhos vizinhos. Temos algumas obras a decorrer que são estruturan-tes e que farão com que Góis dê um salto qualitativo. Mas não nos deixamos de preo-cupar com algumas questões básicas, como é o caso do saneamento em algumas lo-calidades, e a requalificação da rede de abastecimento de água de Góis e de Vila Nova do Ceira. Estamos apostados em que a autarquia dinamize e potencie o desenvolvimen-to sustentável do concelho e queremos recolocar Góis no mapa, o que naturalmente in-verterá os dados populacio-nais dos últimos sensos.

Temos tentado empreender uma atitude positiva e pró--ativa, num espírito de promo-ção de uma verdadeira cida-dania ativa e participativa, capaz de mobilizar todos os agentes públicos, privados e a sociedade civil Goiense, em torno de uma visão partilhada de desenvolvimento que é um dos principais desígnios que defendemos para o Concelho de Góis.

“O Municipal” - Que análise faz da evolução das compe-tências e atribuições das au-tarquias locais?

Maria de Lurdes Oliveira

Casta nheira – A Lei n.º159/99 de 14.09 estabeleceu o qua-dro de transferência de atribui-ções e competências para as autarquias locais nos domínios do planeamento, da gestão, do investimento e do licencia-mento. Na minha opi nião não

nheira – A autarquia tem vindo a estudar a possibi-lidade de conseguir imple-mentar algu ma oferta para os alunos que concluem o 3.º ciclo, nomea damente ao nível de cursos profissio-nais. Após a conclusão do 3.º ciclo e dependendo da área que pretendem seguir, os alunos prosseguem os seus estudos em Coimbra, Lousã, Vila Nova de Poia-res ou Arganil. Uma vez que não existe oferta escolar para estes graus de ensino, o Município comparticipa uma parte substancial das despesas de transporte as-sociados às deslocações dos alunos, que de outra forma teriam de ser supor-tadas na sua totalidade pelos encarregados de educação.

“O Municipal” - Este é o pri-meiro mandato como Presi-dente da Câmara Munici-pal. Que iniciativas e proje-tos gostaria de realizar?

Maria de Lurdes Oliveira

Cas ta nheira - A questão das acessi bilidades tem sido madrasta para com o concelho e a sua popula-ção. Há décadas que se fala do novo traçado da EN 342. A requalificação desta via é decisiva para o desenvolvimento da nos-sa Região e além de per-mitir mais acessibilidade aos concelhos do Interior Centro, melhorará substan-cialmente as deslocações Norte/Sul, e facilitará a des-

ENTREVISTA

3O MuNICIpAL

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lo rizações e as reduções remu-neratórias impostas podem even -tualmente conduzir a uma condu-ta de desmotivação por parte de alguns trabalhadores. Tendo em conta que os trabalhadores assumiram nas suas vidas determi-nados compromissos financeiros, vêm agora um decréscimo nos seus rendimentos profissionais sem qualquer outra alternativa possível. O clima que atualmen-te vivemos, de crise financeira e económica, pode conduzir-nos a uma quebra nos níveis de satisfa-ção. Temo que este caminho de austeridade somado a mais aus-teridade não leve Portugal ao crescimento sustentável. Além do mais ficámos na dúvida se os últi-mos cortes nos subsídios de Na-tal seriam realmente necessários. Naturalmente se as pessoas têm menos dinheiro, menos dinheiro é colocado a circular, nomeada-mente no comércio.

“O Municipal” - Perante as res-trições em matéria de endi-vidamento municipal, para o ano de 2012, como encara o futuro da gestão autárquica?

Maria de Lurdes Oliveira Casta­

nheira – Tanto as restrições ao nível do endividamento co mo os consecutivos cortes orça mentais nas transferências da Administra-ção Central, fruto das diretivas da Troika, impõem, mais do que nunca, uma mudança de atitude na gestão dos recursos. No caso concreto de Góis temos procu-rado atuar de forma exigente e criteriosa, estabelecendo uma definição clara, objetiva e muito responsável das prioridades.

“O Municipal” - Qual é a sua opi-

nião sobre a reorganização do mapa autárquico, envol vendo a fusão e extinção de freguesias?

Maria de Lurdes Oliveira Casta­

nheira – No concelho de Góis temos vindo a discutir a questão da reforma da Administração lo-cal, nomeadamente a extinção de juntas de freguesia, tendo para esse efeito sido criado no âmbito da Assembleia Munici-pal um Grupo de Trabalho para acompanhamento de todo o processo. Enquanto autarcas do interior com os nossos territórios eminentemente rurais, temos sido resistentes e persistentes, e temos de exercer um papel determinan-te na defesa dos interesses das populações que teimosamente permanecem nestas regiões. Não aceitaremos uma política que di-late as desigualdades entre lito-ral e interior, e jamais aceitaremos haver no nosso país cidadãos de primeira e de segunda, bem como cidadãos excluídos.

“O Municipal” - O que acha da diminuição dos cargos dirigentes, em 15%, até ao final de 2012?

Maria de Lurdes Oliveira Cas­

tanheira – Na verdade, e ge-nericamente, poderemos afirmar que poderão existir casos em que há um exagero no número de cargos dirigentes. No caso con-creto de Góis não existe qual-quer implicação desta di retiva, uma vez que os lugares dotados cumprem com os requisitos nela impostos. No entanto, esta im-posição e os moldes em como é calculada, poderá criar alguns constrangimentos atendendo ao facto de que as autarquias têm vastas e diversas competências

independentemente do seu nú-mero de habitantes.

“O Municipal” - Para além da limi-tação à admissão de novos tra-balhadores, que comentário faz ao objetivo de diminuir o número dos que existem, de forma a atin-gir uma redução anual de 2%, no período de 2012 a 2014?

Maria de Lurdes Oliveira Casta­

nheira – Há muito que assistíamos à necessidade de redução ou de limitação a novos trabalha-dores nos organismos públicos e a verdade é que a Toika obrigou a que se tomassem estas medi-das nesta altura. Contudo e pese embora concorde genericamen-te com esta medida deveremos ter sempre em atenção as neces-sidades das populações para as quais trabalhamos na salvaguar-da do pleno e bom funcionamen-to das instituições. Estas medidas não podem por em causa o pró-prio trabalho que realizamos em prol das pessoas.

“O Municipal” - Ao nível do setor empresarial local, considera ra-zoável a intenção de proceder à redução das entidades atual-mente existentes, por extinção ou fusão?

Maria de Lurdes Oliveira Casta­

nheira – A extinção só é plausí-vel caso se comprove que as mesmas são dispensáveis, isto é, que se comprove que não são necessárias para o desenvolvi-mento do território. No Município de Góis não existe nenhuma em-presa municipal.

“O Municipal” - A respeito do Do-cumento Verde da Reforma da Administração Local, que apre-

ciação faz do mesmo, nomeadamente, em face da discussão que tem gerado?

Maria de Lurdes Oli­

veira Castanheira – O Documento transporta consigo muitas dúvidas, mas enquanto base de discussão, é interessante. Contudo espero que se ouçam os autarcas e as populações. As mudan-ças nele previstas não se podem transformar numa obrigatoriedade delineada a “regra e esquadro” por Lisboa. Alterações à Lei das Finanças locais, à Lei Eleitoral Autárquica, ou à Lei da Tutela Adminis-trativa, quer seja ainda a reorganização do mapa administrativo que o Go-verno se propõe execu-tar, terão de ser, no meu entendimento, assuntos amplamente debatidos e que merecem muita ponderação nas deci-sões finais, a fim de não se perpetuarem os des-fasamentos entre litoral e interior em termos de oportunidades para as populações.