entrelinhas nº 66

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Ano XIV Número 66 Abr-Mai-Jun 2014 A dificuldade da Psicologia em atender demandas objetivas e exatas torna essa relação um processo complexo. O EntreLinhas convida a categoria a ampliar o debate sobre o tema, refletindo sobre posicionamento dos profissionais diante de demandas da Justiça. pág. 25 10 anos do currículo amplo: o que de fato mudou na formação do psicólogo? A Psicologia na educação para o trânsito pág. 20 PSICOLOGIA E RELAÇÕES COM A JUSTIÇA

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Abril | Maio | Junho de 2014 Conteúdos extras em www.crprs.org.br/entrelinhas66

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Page 1: EntreLinhas nº 66

Ano XIV

Nuacutemero 66

Abr-Mai-Jun 2014

A dificuldade da Psicologia em atender demandas objetivas e exatas torna essa relaccedilatildeo um processo complexo O

EntreLinhas convida a categoria a ampliar o debate sobre o tema refletindo sobre posicionamento dos profissionais

diante de demandas da Justiccedila

paacuteg 25

10 anos do curriacuteculo amplo o que de fato mudou na formaccedilatildeo do psicoacutelogo

A Psicologia na educaccedilatildeo para o

tracircnsitopaacuteg 20

PSICOLOGIA E RELACcedilOtildeES COM A JUSTICcedilA

2 entre linhas | abr-mai-jun 2014

Publicaccedilatildeo trimestral do Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul

Comissatildeo Editorial Alessandra Xavier Miron Anderson Comin Caroline Martini Kraid Pereira Elisangela Santos e Lucio Fernando Garcia

Jornalista Responsaacutevel Aline Victorino ndash Mtb 11602Estagiaacuteria de Jornalismo Audrey Lockmann Barbosa Redaccedilatildeo Aline VictorinoRelaccedilotildees Puacuteblicas Belisa Z Giorgis CONRERP4ndash3007Naacutedia Miola CONRERP4ndash3008Eventos Adriana BurmannComentaacuterios e sugestotildees imprensacrprsorgbr

Endereccedilos CRPRSSede Av Protaacutesio Alves 2854301 ndash Porto AlegreCEP 90410-006 FoneFax (51) 3334-6799crprscrprsorgbr

Subsede Serra Rua Coronel Flores 749505 ndash Caxias do SulCEP 95034-060 FoneFax (54) 3223-7848caxiascrprsorgbr

Subsede Sul Rua Feacutelix da Cunha 772304 ndash Pelotas CEP 96010-000 FoneFax (53) 3227-4197pelotascrprsorgbr

Subsede Centro-Oeste Rua Marechal Floriano Peixoto 1709401 ndash Santa Maria CEP 97015-373FoneFax (55) 3219-5299santamariacrprsorgbr

Projeto Graacutefico e Diagramaccedilatildeo Tavane Reichert MachadoIlustraccedilotildees Marcia Guimaratildees Spies Ariane Rauber e Liziane Minuzzo Impressatildeo Graacutefica PallottiTiragem 15000 exemplaresDistribuiccedilatildeo gratuita

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editorial + expediente

Fique em dia Em 3105 venceu a uacuteltima parcela da anuidade de 2014 para quem optou pelo pagamento parcelado A partir deste mecircs o CRPRS iniciaraacute os procedi-mentos de cobranccedila (recobranccedila) junto aos psicoacutelogos que ainda natildeo quita-ram a sua anuidade de 2014 Aqueles que precisarem alterar a data de vencimento sugerida no boleto ou a forma de parcelamento devem entrar em contato com o Setor de Cobranccedila pelo telefone (51) 33346799 ou pelo e-mail fiqueemdiacrprsorgbrDeacutebitos anteriores a 2014 eventualmente existentes tambeacutem podem ser ne-gociados evitando a inscriccedilatildeo em diacutevida ativa e cobranccedila judicial Lembramos que o CRPRS estaacute agrave disposiccedilatildeo para encontrar a melhor soluccedilatildeo para cada caso

A dificuldade da Psicologia em atender demandas objetivas e exa-tas torna a relaccedilatildeo com a Justiccedila um processo complexo ldquoCom quem deve ficar a crianccedilardquo ldquoO apenado estaacute preparado para viver em liber-daderdquo ldquoA crianccedila sofreu um abusordquo ldquoO candidato estaacute apto a ser aprovado nesse concurso puacuteblicordquo ldquoEsse motorista estaacute apto a receber a CNHrdquo ldquoEsta pessoa tem condiccedilotildees de ter porte de armasrdquo Esses satildeo exemplos de questionamentos que chegam para a Psicologia demons-trando a simplificaccedilatildeo com que a atuaccedilatildeo do psicoacutelogo eacute muitas vezes vista pelos operadores do Direito e que abordamos na mateacuteria principal desta ediccedilatildeo A reportagem destaca depoimentos de profissionais que mantecircm diferentes formas de relaccedilotildees com a Justiccedila

Outro tema abordado nesta ediccedilatildeo refere-se agrave formaccedilatildeo do Psicoacutelo-go As fragilidades apresentadas na formaccedilatildeo dos profissionais quando inseridos nos mais diversos campos de trabalho satildeo relatadas tanto nos espaccedilos de diaacutelogo com a categoria como o projeto Conversando sobre a Psicologia e o SUAS quanto nas demandas de orientaccedilatildeo feitas agrave Aacuterea Teacutecnica do Conselho

Jaacute o Relato de Experiecircncia contempla o tema da Psicologia Organi-zacional atendendo a uma solicitaccedilatildeo da categoria que participou da Enquete sobre o jornal EntreLinhas

E como estamos em eacutepoca de Copa do Mundo o CRPRS propocircs um debate sobre o tema Psicologia e Esporte A proposta eacute discutir lugares e funccedilotildees que os profissionais tecircm assumido neste campo Aleacutem disso o CRPRS faz um alerta agrave sociedade sobre possiacuteveis violaccedilotildees de direito e o incremento de casos de exploraccedilatildeo sexual de crianccedilas e adolescentes gerados por grandes eventos como a Copa do Mundo Estamos atentos a essas questotildees

Boa leitura

entre linhas | abr-mai-jun 2014 3

sumaacuterio + comunicados

04 FIQUE ATENTO

05 JUSTICcedilA Psicologia e Relaccedilotildees com a Justiccedila

Instituiccedilotildees de Acolhimento e Unidades Socioeducativas

Trabalho Transdisciplinar

Escuta de crianccedilas e adolescentes na Justiccedila

A experiecircncia do Nuacutecleo de Praacuteti-cas Juriacutedicas do Projeto de Atenccedilatildeo Ampliada agrave Sauacutede ndash PAAS

Comissatildeo de Eacutetica

Medida Socioeducativa entre A amp Z

15 RELATO DE EXPERIEcircNCIAConsultoria Organizacional como Dispositivo Cliacutenico

16 ENTREVISTA Psicologia e Esporte

Comunicado sobre o concurso da ACADEPOL

Sumaacuterio

O Conselho Regional de Psico-logia do Rio Grande do Sul (CRPRS) vem a puacuteblico informar que tomou conhecimento de posturas profis-sionais inadequadas que ocorreram durante a etapa de devoluccedilatildeo da Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica do referido concurso Frente aos casos relata-dos a este Conselho foram tomadas providecircncias como orientaccedilotildees aos envolvidos (candidatos banca exa-minadora psicoacutelogos que acompa-nharam candidatos) sobre os aspec-tos legais que envolvem avaliaccedilotildees psicoloacutegicas em concursos puacuteblicos tanto por demanda espontacircnea como por iniciativa desta Autarquia e convocaccedilotildees de psicoacutelogos junto agrave Comissatildeo de Orientaccedilatildeo e Fiscali-zaccedilatildeo a fim de prestarem esclareci-mentos sobre o ocorridoO CRPRS ainda esteve presente no dia das entrevistas devolutivas na instacircncia de recurso da avaliaccedilatildeo psicoloacutegica nas dependecircncias da Academia de PoliacuteciaComunicamos que estamos aten-tos agraves condutas que tecircm sido pra-ticadas tanto pelos profissionais que acompanham os candidatos como pelos profissionais avaliado-res sempre no intuito de orientar fiscalizar e qualificar a praacutetica pro-fissional Lembramos que sempre que preciso o CRPRS tomaraacute as pro-videcircncias legais e administrativas necessaacuterias para uma praacutetica eacutetica e adequada aos ditames da profissatildeo

20 FORMACcedilAtildeO10 anos do curriacuteculo amplo o que de fato mudou na formaccedilatildeo do psicoacutelogo

22 ARTIGOA formaccedilatildeo em psicologia e a psicologia em formaccedilatildeo

24 CREPOPDireitos sexuais e reprodutivos em pauta

25 TRAcircNSITOA Psicologia na educaccedilatildeo para o tracircnsito

27 ORIENTACcedilAtildeOAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica em situaccedilotildees de periacutecia e de recursos administrativos

28 AGENDA

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIACONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA - 7ordf Regiatildeo

A Presidente do Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul Psicoacuteloga Alexandra Maria Campelo Ximendes em cumprimento ao estabelecido no Coacutedigo de Processamento Disciplinar vem por meio deste instrumento aplicar a penalidade de

CENSURA PUacuteBLICA

agrave psicoacuteloga Rosacircngela Maria Jasnievicz Machado CRPRS-2492 por infraccedilatildeo eacutetica ao artigo 1ordm aliacutenea ldquocrdquo do Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo e Resoluccedilatildeo CFP nordm0072009

Porto Alegre 16 de junho de 2014

4 entre linhas | abr-mai-jun 2014

PEC 51

Exploraccedilatildeo Sexual

Estaacute tramitando no Senado Federal a Proposta de Emenda agrave Constituiccedilatildeo nordm 51 de 2013 de autoria do senador Lind-bergh Farias A proposta altera os art 21 24 e 144 da Consti-tuiccedilatildeo acrescenta os art 143-A 144-A e 144-B e reestrutura o modelo de seguranccedila puacutebli-ca a partir da desmilitarizaccedilatildeo do modelo policial

Lembrando o 18 de maio Dia Nacional de Combate ao Abuso e agrave Exploraccedilatildeo Sexual de Crianccedilas e Adolescentes o CRPRS convoca a categoria a ficar atenta agraves accedilotildees de en-frentamento agrave exploraccedilatildeo sexual durante a Copa do Mun-do no Brasil O evento pode agravar situaccedilotildees de vulnera-bilidade entre crianccedilas e adolescentesRecentemente foi lanccedilada a campanha internacional ldquoNatildeo desvie o olharrdquo cujo objetivo eacute proteger os direitos de crianccedilas e adolescentes durante a Copa do Mundo e sen-sibilizar a populaccedilatildeo sobre a importacircncia da denuacutencia A accedilatildeo envolve todo o Brasil especialmente as 12 cidades--sede dos jogos aleacutem de 19 paiacuteses da Europa e AacutefricaDenuacutencias sobre exploraccedilatildeo sexual de crianccedilas e adoles-centes podem ser feitas pelo Disque 100 ou nos Conselhos Tutelares que receberam capacitaccedilotildees do Programa de Accedilotildees Integradas e Referenciais de Enfrentamento agrave Vio-lecircncia Sexual Infanto-Juvenil (PAIR)

Ato Meacutedico Com o argumento de que o PL

612613 conhecido como Novo

Ato Meacutedico natildeo eacute prioridade no

momento para nenhuma profis-

satildeo o deputado Eleuses Paiva

solicitou a rejeiccedilatildeo ao projeto no

iniacutecio de abril durante audiecircncia

puacuteblica na Comissatildeo de Seguri-

dade Social e Famiacutelia A proposta

aguarda definiccedilatildeo de relator

fique atento

O CRPRS recomenda a leitura do texto do psicoacutelogo Rodrigo Lages e Silva que aborda a questatildeo disponiacutevel em httpbitlypec51

Saiba mais acessando relatoacuterio produzido pela ONG Childhood Brasil disponiacutevel em httpbitlychildhood_copa

Fique atento e acompanhe a tramitaccedilatildeo do projeto em wwwcrprsorgbr

entre linhas | abr-mai-jun 2014 5

Psicologia e Relaccedilotildees com a Justiccedila

A dificuldade da Psicologia em produzir respostas objetivas e exatas torna a relaccedilatildeo com a Justiccedila um pro-cesso complexo principalmente pela simplificaccedilatildeo com que a atuaccedilatildeo do psicoacutelogo eacute muitas vezes vista pelos operadores do Direito

ldquoNatildeo conseguimos responder tatildeo objetivamente a muitos dos quesitos formulados pelas partes e pelo proacuteprio Judiciaacuterio Os operadores do Direito em algumas situaccedilotildees exigem respos-

tas de lsquosimrsquo ou lsquonatildeorsquo o estabelecimento de datas de iniacutecio de uma patologia ou de prognoacutestico de doenccedilas mentais que nem sempre atendem de forma satisfatoacuteria aos processos judiciais em virtude da Psicologia natildeo ser uma ci-ecircncia exata que permita respostas tatildeo precisasrdquo afirma Vivian de Medeiros Lagos que desenvolve trabalhos na aacuterea de avaliaccedilatildeo psicoloacutegica forense prestando assessoria teacutecnica a advoga-dos de Direito de Famiacutelia

Vivian de Medeiros LagosGraduada em Direito e em Psicologia Possui especializaccedilatildeo em Psicologia Juriacutedica (Ulbra) e eacute Mestre e Doutora em Psicologia (UFRGS)

justiccedila

6 entre linhas | abr-mai-jun 2014

justiccedila

Para Lindomar Daroacutes psicoacutelo-go na Vara de Infacircncia Juventude e Idoso da Comarca de Satildeo Gonccedilalo no Rio de Janeiro a relaccedilatildeo com o Poder Judiciaacuterio eacute marcada por uma riacutegida hierarquia ldquoA magistratura salvo raras exceccedilotildees trata aqueles que re-presentam outros saberes que natildeo o do Direito de modo subalternizado Temos que afirmar a diferenccedila des-tacando a equidade dos saberes os quais deveriam estar a serviccedilo da po-pulaccedilatildeo atendida natildeo dos represen-tantes do Direitordquo

Conforme Vivian a Psicologia Ju-riacutedica ainda tem muito a se desenvol-ver e por isso a valorizaccedilatildeo e com-preensatildeo do trabalho do psicoacutelogo por parte do Judiciaacuterio ainda encontra-se em construccedilatildeo ldquoOs juiacutezes que solici-tam periacutecias e que a partir das mes-mas conseguem obter informaccedilotildees im portantes para tomar suas decisotildees tendem a solicitar cada vez mais ava-liaccedilotildees e a valorizaacute-las entendendo a necessidade por exemplo de prazos mais longos para a realizaccedilatildeo de pe-riacutecias dependendo da situaccedilatildeo que se apresenta Por outro lado infeliz-

Lindomar DaroacutesPsicoacutelogo ndash Perspectiva Soacutecio-Histoacuterica Doutorando UERJ

ldquoTemos que afirmar a diferenccedila destacando a equidade dos saberes os quais deveriam estar a serviccedilo da populaccedilatildeo atendida natildeo dos representantes do Direitordquo

mente ainda evidenciamos muitos documentos psicoloacutegicos com falhas eacuteticas e teacutecnicas revelando trabalhos de pouca qualidade que pouco con-tribuem para o Judiciaacuterio Esses traba-lhos prejudicam natildeo apenas o caso em si sob avaliaccedilatildeo mas tambeacutem podem acarretar percepccedilotildees distorcidas sobre a avaliaccedilatildeo psicoloacutegica no contexto forenserdquo analisa

Devido agrave carecircncia de instru-mentos especiacuteficos para a avaliaccedilatildeo psicoloacutegica no Judiciaacuterio Vivian defende a pesquisa na aacuterea ldquoOs ins-trumentos utilizados hoje em dia na maior parte das vezes foram de-lineados para o contexto cliacutenico e por isso podem estar mais sujeitos agrave manipulaccedilatildeo dos resultados carac-teriacutestica mais frequente no contexto forense Eacute fundamental que pesqui-sadores se dediquem a explorar essa aacuterea contribuindo com instrumentos adaptados para o contexto forense que minimizem a chance de prejuiacutezo agrave validade dos achados e corroborem a cientificidade das teacutecnicas de ava-liaccedilatildeo psicoloacutegica valorizando nosso trabalho perante o Judiciaacuteriordquo

SAIBA MAISTese de doutorado ldquoConstruccedilatildeo de um sistema de avaliaccedilatildeo do relacionamento parental para situaccedilotildees de disputa de guardardquo de Vivian de Medeiros Lagohttpbitlytese_vivian_lago

Artigo ldquoAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica implicaccedilotildees eacuteticasrdquo de Alexandra Anache e Caroline Reppold publicado no livro do CFP ldquoAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica ndash Diretrizes na Regulamentaccedilatildeo da Profissatildeordquo disponiacutevel em httpbitlyavaliacao_psicologica

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Instituiccedilotildees de Acolhimento e Unidades Socioeducativas

No acircmbito das instituiccedilotildees de aco-lhimento e unidades socioeducativas as demandas passam pelo acolhimen-to institucional e acompanhamento de crianccedilas e adolescentes e de suas respec-tivas famiacutelias pela inserccedilatildeo em progra-mas pelo atendimento cliacutenico e partici-paccedilotildees nas audiecircncias para prestar seu depoimento sobre o caso acompanhado

ldquoRecebemos quantas demandas puderem ser pensadas para lsquoadequarrsquo o sujeito a um modelo considerado desejadordquo afirma Mirela de Cintra psicoacuteloga da Fundaccedilatildeo de Assistecircn-cia Social e Cidadania (FASC) que destaca a dificuldade da Psicologia estabelecer um bom relacionamento com a Justiccedila ldquoO psicoacutelogo se vecirc na intersecccedilatildeo entre o saber juriacutedico a demanda explicita ou velada pela se-gregaccedilatildeo social e todo um complexo sistema de programas de atendimen-to aos adolescentes Campos estes que deveriam se articular para atendecirc-los integralmente mas que em si jaacute satildeo fragmentados e fragmentantesrdquo

Aleacutem dessa dificuldade relatada por Mirela a psicoacuteloga Eduarda Coelho Torres que atua em Casa de Acolhi-mento de Crianccedilas e Adolescentes pela Prefeitura de Novo Hamburgo destaca que a relaccedilatildeo com a Justiccedila torna-se mais estreita no momento da construccedilatildeo do plano individual de atendimento quan-

do a crianccedila ou o adolescente chegam Para produzir o plano eacute feito um estudo do caso e accedilotildees especiacuteficas a serem reali-zadas e como preconiza o ECA as accedilotildees iniciais satildeo sempre em direccedilatildeo ao res-gate ou construccedilatildeo de viacutenculos familia-res Essa construccedilatildeo nem sempre pode ser feita no tempo exiacuteguo imposto pela Justiccedila ldquoO documento eacute encaminhado agrave autoridade judiciaacuteria que passa a acom-panhar todo o trabalho realizado com a crianccedila e sua famiacutelia Esse contato eacute fundamental para que o juiz possa estar bem embasado ao proferir suas senten-ccedilasrdquo explica Eduarda

De acordo com Mirela nas uni-dades de medida socioeducativas a funccedilatildeo do psicoacutelogo deve ser a de criar um espaccedilo propiacutecio agrave elaboraccedilatildeo subjetiva trabalhando a singularida-de de cada um desses adolescentes ldquoDevemos trabalhar na construccedilatildeo de significados com relaccedilatildeo agrave medida fazendo o adolescente entender por que foi necessaacuterio tal ato e por que a sociedade lhe atribuiu uma medida que eacute socioeducativa e natildeo apenas punitiva Se natildeo haacute possibilidade do sujeito questionar-se sobre o que fez as consequecircncias de seus atos e a res-ponsabilidade que cada um tem sobre seu futuro natildeo haacute mudanccedila possiacute-velrdquo Outra atribuiccedilatildeo da Psicologia eacute tentar traduzir aos jovens o momento

Eduarda Coelho TorresPsicoacuteloga na Secretaria do Desenvolvimento Social de Novo Hamburgo jaacute tendo atuado tanto na Proteccedilatildeo Social Baacutesica quanto na Proteccedilatildeo Social Especial de Alta Complexidade

Mirela de CintraGraduada em Psicologia e Direito Especialista em psicologia cliacutenica e direitos humanos pela UFRGS Trabalha haacute 10 anos na Assistecircncia Social do Municiacutepio de Porto Alegre

ECA ndash Estatuto da Crianccedila e do Adolescente httpbitlyEstatuto_Crianccedila_Adolescente

8 entre linhas | abr-mai-jun 2014

justiccedila

de encontro com os operadores de di-reito trabalhando a audiecircncia como uma inserccedilatildeo no simboacutelico ldquoEsse eacute o momento de retomar os fios esgarccedila-dos do laccedilo social que esse possa ser um retorno do adolescente a seu lugar de cidadatildeo e que antes de pagar com o corpo ele pode e deve pagar com palavras ou seja recobrir seus atos com palavrasrdquo acredita Mirela

Eduarda ressalta ser um equiacutevoco acreditar que o psicoacutelogo que trabalha inserido na instituiccedilatildeo de acolhimen-to deva restringir sua ligaccedilatildeo com a

Justiccedila a apenas responder agraves solici-taccedilotildees do poder judiciaacuterio ldquoO profis-sional comprometido com o seu fazer tem amplo conhecimento dos casos que acompanha e estaacute capacitado a posicionar-se criticamente em relaccedilatildeo a eles Eacute fundamental que perceba a importacircncia de seu papel e assuma seu protagonismo nesta rede natildeo agindo simplesmente quando solicitado mas propondo momentos de discussatildeo e reflexatildeo criacutetica O espaccedilo estaacute aberto basta ocupaacute-lo com responsabilidade competecircncia teacutecnica e iniciativardquo

Trabalho TransdisciplinarComo forma de minimizar os con-

flitos gerados na relaccedilatildeo com a Justiccedila Lindomar defende um trabalho trans-disciplinar como potecircncia para produzir diferenccedila tanto nas proacuteprias profissotildees quanto na vida de quem eacute atendido O trabalho em rede eacute visto como o caminho para garantia de direitos de crianccedilas ado-lescentes e idosos ldquoO ato de transdiscipli-narizar rompe com modelos hieraacuterquicos de saberes e setores Deste modo preci-samos estar juntos agrave educaccedilatildeo sauacutede assistecircncia social organizaccedilotildees natildeo go-vernamentais sempre prontos a escutar a diferenccedila afirmando-a notadamente naquilo que nos inquietardquo declara

Como exemplo desse trabalho transdisciplinar Lindomar descreve a parceria estabelecida com os pro-fissionais do Serviccedilo Social na Vara

de Infacircncia Juventude e Idoso da Comarca onde atua como psicoacutelogo produzindo relatoacuterios e pareceres teacutecnicos comuns sem uma delimita-ccedilatildeo especiacutefica das aacutereas ldquoA produccedilatildeo dos documentos se dava na delicade-za do encontro na intervenccedilatildeo Isto sempre se mostrou segundo nossa apreensatildeo potente Poreacutem a partir da Resoluccedilatildeo CFESS 5572009 que exige que o parecer social seja especi-ficado natildeo mais fazemos os pareceres conjuntos apenas os relatoacuterios e ao final sinalizamos o Parecer Psicoloacutegi-co e o Parecer Social os quais acabam por apresentar modos diferentes de apontar aquilo que fora produzido no transdisciplinarizar da intervenccedilatildeo A equipe se enriquece na diferenccedila de perspectivas disciplinares diversasrdquo

SAIBA MAISEntrelinhas nordm 39wwwcrprsorgbrentrelinhas39

Dissertaccedilatildeo de mestrado ldquo(Falecircncia familiar)+(Uso de drogas) = risco e periculosidade a naturalizaccedilatildeo juriacutedica e psicoloacutegica de jovens com medida de internaccedilatildeo compulsoacuteriardquo de Carolina dos Reis httpbitlydissertacao_carolina_reis

Artigo ldquoO carcereiro que haacute em noacutesrdquo de Edson Passeti publicado no livro do CRPRS rdquoEntre garantia de direitos e praacuteticas libertaacuteriasrdquowwwcrprsorgbrgarantiadireitos

entre linhas | abr-mai-jun 2014 9

Escuta de crianccedilas e adolescentes na Justiccedila

Com relaccedilatildeo agrave escuta de crianccedilas e adolescentes na Justiccedila Lindomar Daroacutes esclarece que a praacutetica da Psi-cologia natildeo pode ser confundida com inquiriccedilatildeo ldquoA inquiriccedilatildeo diz de uma posiccedilatildeo no mundo que impotildee agravequele que eacute instado a falar dizer no tem-po de quem pergunta sem silecircncios pausas delongas ou reticecircncias Eu pergunto e vocecirc responde E responde aquilo que lhe pergunto sem maiores explicaccedilotildees caso eu natildeo lhe peccedila de-talhes Quanto agrave escuta diz de uma posiccedilatildeo daquele que se dispotildee a estar com o outro no tempo possiacutevel ao ou-tro para dizer em conformidade com sua demandardquo

Lindomar defende que a entra-da do psicoacutelogo no Poder Judiciaacute-rio deve ser pensada para produzir escuta jaacute que a inquiriccedilatildeo cabe aos operadores do Direito ldquoAo que pa-rece natildeo eacute a escuta que o Tribunal de Justiccedila nos requer mas a inqui-riccedilatildeo Afinal nossos relatoacuterios teacutec-nicos deixaram de ser considerados adequados pois natildeo eram suficien-tes para se condenar Assim dentro da estrutura do Poder Judiciaacuterio em termos macropoliacuteticos ndash o que natildeo re-trata a experiecircncia vivida pela nossa equipe especificamente ndash passaram a nos demandar outra intervenccedilatildeo

que natildeo a escuta psicoloacutegica mas a inquiriccedilatildeo uma lsquoescutarsquo produtora de provas suficiente para condenar Isto segundo minha anaacutelise diz natildeo apenas da escuta de crianccedilas mas de todos os jurisdicionados Cobram dos psicoacutelogos e tambeacutem dos as-sistentes sociais lsquodepoimentos sem danorsquo exames criminoloacutegicos parti-cipaccedilatildeo em comissotildees disciplinares nos presiacutedios Quando resistimos somos apontados como indisciplina-dos Talvez estejamos em boa com-panhia pois haacute notaacuteveis defensores da (in)disciplinardquo

Em 2005 o Conselho Federal de Psicologia iniciou o debate sobre a escuta de crianccedilas e adolescentes na Rede de Proteccedilatildeo Como resulta-do dessa discussatildeo foi publicada a Resoluccedilatildeo 0102010 que vedava ao psicoacutelogo o papel de inquiridor praacute-tica que ficou conhecida como Depoi-mento sem Dano no atendimento de Crianccedilas e Adolescentes em situaccedilatildeo de violecircncia Poreacutem a mesma foi sus-pensa apoacutes o questionamento judicial

A discussatildeo se ampliou para aleacutem do aspecto procedimental e passou-se a questionar se a mudanccedila de ambien-te e de estrateacutegia de fato reassegura direitos visto que coloca crianccedilas e adolescentes apenas como ldquoobjetordquo de

SAIBA MAISOrientaccedilotildees Teacutecnicas para os Serviccedilos de Acolhimento para Crianccedilas e Adolescentes publicaccedilatildeo do Conselho Nacional dos Direitos da Crianccedila e do Adolescente ndash CONANDA e do Conselho Nacional de Assistecircncia Social ndash CNAShttpbitlyorientacoes_CONANDA_CNAS

Publicaccedilatildeo do CFP ldquoA escuta de crianccedilas e adolescentes envolvidos em situaccedilatildeo de violecircncia e a rede de proteccedilatildeordquohttpbitlyescuta_criancas_adolescentes

Nota sobre Resoluccedilatildeo do CFP nordm 0102010httpbitlyresolucao010_2010

10 entre linhas | abr-mai-jun 2014

justiccedila

produccedilatildeo de prova com vistas agrave res-ponsabilizaccedilatildeo do agressor

Haacute consenso entre os que repudiam e os que defendem a criaccedilatildeo de salas especiais para a realizaccedilatildeo do deno-minado ldquodepoimento sem danordquo ou ldquodepoimento especialrdquo de que eacute neces-saacuterio evitar a revitimizaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes que satildeo colocados em sucessivas situaccedilotildees de repeticcedilatildeo da

histoacuteria da violecircncia vivida ou presen-ciada Natildeo haacute consenso entretanto no entendimento de que a inquiriccedilatildeo natildeo seja revitimizante ou violadora de direi-tos mesmo em ambientes mais huma-nizados visto que seu uacutenico objetivo eacute a responsabilizaccedilatildeo do agressor

O CFP defende que natildeo eacute papel do psicoacutelogo realizar inquiriccedilatildeo monito-rado pelo juiz que lhe determina as

SAIBA MAISO V Conversando sobre a Psicologia e o SUAS em Caxias do Sul realizado em agosto de 2013 tratou das Relaccedilotildees com a Justiccedila Confira resumo das questotildees abordadas em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Leia entrevistas na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

entre linhas | abr-mai-jun 2014 11

A experiecircncia do Nuacutecleo de Praacuteticas Juriacutedicas do Projeto de Atenccedilatildeo Ampliada agrave Sauacutede ndash PAAS

QUER AMPLIAR O DEBATE SOBRE O TEMA Participe das Comissotildees de Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica Poliacuteticas Puacuteblicas ou das atividades do CREPOP como o Conversando sobre a Psicologia e o SUAS Acompanhe a agenda de reuniotildees em wwwcrprsorgbrcomissoesegts

ENTRELINHAS RECOMENDA

Filme ldquoO Juiacutezordquo de Maria Augusta Ramos (2007)

Filme ldquoO Contador de Histoacuteriasrdquo de Luiz Villaccedila (2009)

Desenvolvido pela Unisinos o Projeto de Atenccedilatildeo Ampliada agrave Sauacute-

de (PAAS) atua de forma interdisciplinar atendendo agrave comunidade de

Satildeo Leopoldo e regiatildeo aleacutem de constituir-se como campo de estaacutegio

para os acadecircmicos O Nuacutecleo de Praacuteticas Juriacutedicas eacute o responsaacutevel

pela articulaccedilatildeo entre a Psicologia e as demandas do Judiciaacuterio Co-

nheccedila o Projeto acessando wwwcrprsorgbrentrelinhas66

perguntas a serem feitas agrave crianccedila e ao adolescente A inquiriccedilatildeo eacute um proce-dimento juriacutedico constitui-se em um interrogatoacuterio cujo objetivo eacute levantar dados para instruccedilatildeo de um processo judicial visando agrave produccedilatildeo de prova sendo as perguntas feitas agrave crianccedila e ao adolescente orientadas pelas neces-sidades do processo A escuta psicoloacute-gica caracteriza-se por ser uma relaccedilatildeo de cuidado acolhedora e natildeo invasi-va para a qual se requer a disposiccedilatildeo de escutar respeitando-se o tempo de elaboraccedilatildeo da situaccedilatildeo traumaacutetica as peculiaridades do momento do desen-volvimento e sobretudo visando a natildeo revitimizaccedilatildeo A escuta leva em conta a dimensatildeo subjetiva que tambeacutem deve ser considerada na perspectiva dos di-reitos humanos

Ao elaborar a Resoluccedilatildeo 0102010 o Conselho Federal defendia a neces-sidade da escuta sempre ser funda-mentada nos princiacutepios da proteccedilatildeo integral e da prioridade absoluta pre-vistos no ECA em decorrecircncia da si-tuaccedilatildeo peculiar de desenvolvimento em que se encontram crianccedilas e ado-lescentes na legislaccedilatildeo especiacutefica da profissatildeo e nos marcos teoacutericos teacutec-nicos e metodoloacutegicos da Psicologia como ciecircncia e profissatildeo

ldquoA derrubada da resoluccedilatildeo con-figura-se uma intromissatildeo no que diz respeito agrave capacidade teacutecnica dos conselhos de classe das profis-sotildees regulamentadas de dizerem dos limites eacutetico-teacutecnicos-poliacuteticos de suas respectivas profissotildeesrdquo afirma Lindomar

12 entre linhas | abr-mai-jun 2014

Comissatildeo de Eacutetica

Uma urgecircncia coloca-se na relaccedilatildeo que se estabelece sem-pre mais intensa entre as praacute-ticas psicoloacutegicas e o campo juriacutedico Trata-se de trazer para a discussatildeo a dimensatildeo eacutetica do fazer psicoloacutegico colocando em pauta o modo pelo qual efetiva-mos essa relaccedilatildeo e os modos pe-los quais chegamos a instituir novas formas conceituais e pro-cedimentais tanto na produccedilatildeo do conhecimento psi como na atuaccedilatildeo profissional do psicoacutelo-go junto aos tracircmites judiciais Para comeccedilar este debate cabe nos perguntarmos como enten-demos essa dimensatildeo eacutetica

Pensamos que para muito aleacutem de estipular um ldquodever serrdquo nos modos de se produzir conhecimento e de se inserir nas praacuteticas profissionais esta-mos nos referindo agrave reflexatildeo e problematizaccedilatildeo das questotildees e temaacuteticas que nos assolam na contemporaneidade Tais ques-totildees nos levam em muacuteltiplos processos a nos constituirmos de uma determinada forma a sermos ndash sujeitos ndash deste ou da-quele modo ou ainda a sermos chamados e reconhecidos por esta ou aquela marca objetiva e subjetiva de identificaccedilatildeo Natildeo estamos portanto falando de regulamentos para conduzir

justiccedila

comportamentos ou ainda de procedimentos disciplinares relacionados a condutas acadecirc-micas e profissionais desvian-tes ou natildeo na elaboraccedilatildeo de suas atividades

Esse debate se refere tanto a uma identificaccedilatildeo profissio-nal ndash psicoacutelogo que nos coloca em uma multiplicidade de praacute-ticas relativas agrave subjetividade humana como tambeacutem agraves inuacute-meras formas de como somos designados objetivamente em nosso fazer tais como psicoacute-logo especialista na infacircncia ou psicoacutelogo perito judicial ou ainda psicoacutelogo especialis-ta em conflitos parentais e ao mesmo tempo perito em ava-liaccedilatildeo psicoloacutegica e assim por diante No intuito de dar conta das demandas que se formam nos processos poliacutetico-sociais contemporacircneos noacutes psicoacutelo-gos vamos nos organizando e predispondo dentro das possi-bilidades viaacuteveis e com o maior rigor eacutetico-profissional a con-templar tecnicamente o que nos convoca a partir do campo psicoloacutegico e da sociedade No entanto ao mesmo tempo que desenvolvemos um saber espe-ciacutefico no campo da Psicologia vamos produzindo verdades pelo estatuto cientiacutefico que ser-

vem aos mecanismos da Justiccedila para julgar punir e delimitar os merecedores desta ou daquela decisatildeo judicial ou ainda pe-nalidade descrita em lei Eacute dian-te destes enlaces entre as praacuteti-cas em Psicologia e o campo psicoloacutegico que mais uma vez afirmamos a indissociabilidade entre um fazer cientiacutefico e a sua dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ou en-tre ciecircncia e poliacutetica Fazemos sim uma Psicologia implicada nas questotildees sociais e poliacuteticas de nosso tempo entendendo que um embate poliacutetico aiacute se co-loca entre os campos em causa Psicologia e Judiciaacuterio

Sendo assim por que que-remos neste momento trazer a discussatildeo da dimensatildeo eacuteti-ca para a relaccedilatildeo das praacuteticas psicoloacutegicas no campo judiciaacute-rio Esta questatildeo nos convoca fortemente a partir da parti-cipaccedilatildeo na Comissatildeo de Eacutetica do CRPRS para o debate ao nos depararmos com a enor-me demanda de intervenccedilotildees consideradas como faltosas nos aspectos eacuteticos da atuaccedilatildeo profissional em situaccedilotildees que se relacionam com processos ou convocatoacuterias judiciais sejam elas no acircmbito familiar ou do direito administrativo das insti-tuiccedilotildees puacuteblicas

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As denuacutencias que chegam agrave Comissatildeo de Eacutetica versam principalmente sobre ausecircn-cia de guarda de documentos e ausecircncia de realizaccedilatildeo de avaliaccedilatildeo psicoloacutegica na aacuterea do tracircnsito elaboraccedilatildeo de do-cumentos que extrapolam os limites teacutecnicos ou sem funda-mentaccedilatildeo teacutecnica utilizados no acircmbito judicial divulgaccedilatildeo de instrumentos natildeo reconhecidos na aacuterea da Psicologia obtenccedilatildeo de vantagens financeiras a par-tir de processo psicoteraacutepico

Eacute nesta inserccedilatildeo das praacuteti-cas psicoloacutegicas nas demandas que se fazem todos os dias que entendemos a importacircncia da dimensatildeo eacutetica Uma eacutetica que se vincula ao campo da refle-xatildeo a um pensamento atuan-te sobre os processos que nos subjetivam e nos convocam cotidianamente Logo eacute muito mais do que um tecnicismo--instrumental que se constitui para solucionar e legitimar as normatizaccedilotildees afirmadas em muitos processos entrelaccedila-dos no arranjo social Trata-se de uma eacutetica que coloca em questatildeo as formas pelas quais os sujeitos satildeo tomados como objeto em uma determinada relaccedilatildeo de conhecimento ndash o psicoloacutegico ndash e portanto em uma relaccedilatildeo de poder Estamos assim nos referindo agraves formas que determinamos enqua-dramos instituiacutemos e muitas

vezes ateacute legislamos sobre as relaccedilotildees que constituiacutemos na vida ou mais especificamente das formas que determinamos e instituiacutemos a partir de nossa atuaccedilatildeo profissional Este dizer este determinar este legislar passa pelo acircmbito do saber Sa-ber sobre algo saber sobre al-gueacutem Passa por um saber que diz como algueacutem pode ou natildeo se conduzir como pode ou natildeo se reconhecer como pode ou natildeo se comportar etc daiacute uma relaccedilatildeo de saber que tambeacutem se configura em jogos de poder

Abrir questotildees eacuteticas nesta discussatildeo implica em nos per-guntarmos como estatildeo se for-mulando as denuacutencias agrave Comis-satildeo de Eacutetica do CRPRS Em que processos e jogos de interesse se efetivam as intervenccedilotildees psico-loacutegicas consideradas faltosas Quando falamos em interven-ccedilatildeopraacutetica psicoloacutegica de que forma queremos encaminhaacute--las e sob que discursos eacutetico--poliacuteticos nos assentamos para legitimaacute-las Queremos uma atuaccedilatildeo disciplinadora e lega-lista na nossa profissatildeo e na so-ciedade O que queremos com esse processo Quais os efeitos que esperamos que se produ-zam a partir dessa intervenccedilatildeo moral O que faz com que o profissional natildeo produza uma reflexatildeo eacutetica diante do seu co-tidiano de trabalho Queremos uma atuaccedilatildeointervenccedilatildeo que

controle e puna os que escapam aos ditames dos coacutedigos que noacutes mesmos estabelecemos ou seja uma intervenccedilatildeo moral so-bre os psicoacutelogos que desconsi-deraram a reflexatildeo eacutetica em seu proacuteprio fazer Eacute imprescindiacutevel perguntarmo-nos se as nossas produccedilotildees acadecircmicas e profis-sionais estatildeo privilegiando um pensamento criacutetico problema-tizador e abrangente sobre os modos que nos constituiacutemos na sociedade Urge analisarmos como se produzem os efeitos de nossas produccedilotildees acadecircmicas e profissionais em noacutes mesmos com aqueles que nos relacio-namos e com a sociedade em geral Eacute sobre esta relaccedilatildeo de um conhecimento implicado politicamente atuante produ-to e efeito de nossa experiecircncia na vida que estamos falando aqui Falamos aqui de uma re-laccedilatildeo pensada e constituiacuteda na liberdade e natildeo pela lei ou seja na reflexatildeo eacutetica que se faz em muacuteltiplas formas de pensar e experimentar a vida Trata-se de uma discussatildeo aberta e sem-pre a se fazer

Zuleika Koumlhler GonzalesConselheira integrante da Comissatildeo de Eacutetica do CRPRSCRP 078721

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justiccedila

Medida Socioeducativa entre A amp Z

Organizado pelas equipes do Nuacutecleo de Extensatildeo do Pro-grama Interdepartamental de Praacuteticas com Adolescentes e Jo-vens em Conflito com a Lei (PIPA) da UFRGS o livro ldquoMedida Socioeducativa entre A amp Zrdquo surgiu a partir da experiecircncia de profissionais de Psicologia Direito e Educaccedilatildeo com as praacuteticas direcionadas ao puacuteblico adoles-cente que cumpre medida socioeducativa sendo financiado pelo Edital Nacional da Poliacutetica de Extensatildeo (ProextMec2013)

A obra atende agrave linha temaacutetica ldquoeducaccedilatildeo e direitos humanosrdquo desta Poliacutetica de Extensatildeo com vistas agrave elaboraccedilatildeo de material didaacutetico-pedagoacutegico para contribuir em accedilotildees de formaccedilatildeo no atendimento educacional de adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas Apre-senta um glossaacuterio conjunto de verbetes das medidas socioeducativas escritos ldquomenos para dar conta da descriccedilatildeo teacutecnica de termos que designam a vida de adolescentes e de seus atos infra-cionais mais para fazer de vozes solitaacuterias que lutam pela poliacutetica da garantia de direitos de adolescentes uma escrita que pode vir a ser a audiccedilatildeo de muitosrdquo conforme descreve a psicoacuteloga e professora Gislei Domingas R Lazzarotto integrante da equipe organizadora da obra

Confira trechos da definiccedilatildeo de alguns verbetes apresentados na publicaccedilatildeo

Ato Infracional (Carmem Maria Craidy pedago-ga doutora em Educa-

ccedilatildeo) ndash ldquoO que pode parecer um detalhe tem alto significado o adolescente deveraacute ser tratado a partir de sua condiccedilatildeo como pessoa em desenvolvimento com possibilidades muacuteltiplas e natildeo simplesmente a partir do ato in-fracional que tiver cometido Ele natildeo eacute o ato que cometeu e mes-mo se for responsabilizado pelo mesmo deveraacute ser visto e tratado para aleacutem delerdquo

Conselho Tutelar (Este-la Scheinvar socioacuteloga doutora em Educaccedilatildeo)

ndash ldquoSob a loacutegica do direito o dis-tanciamento de um padratildeo eacute um delito que tem que ser julgado sentenciado e punido Natildeo ve-mos todos os setores da socie-dade frequentarem o conselho tutelar e os que laacute vatildeo se carac-terizam sobretudo por natildeo po-derem decidir como fazer a sua vida sendo submetidos a conse-lhos que ressoam como sentenccedilas a serem cumpridasrdquo

Brete (BF e JMG) ndash ldquoNatildeo eacute um quarto Eacute um quadrado Ele tem uma porta de ferro

toda gradeada Jaacute vem com as jegas mas eacute soacute isso que tem dentro A pa-rede eacute toda escrita todo mundo co-loca o nome laacute Dizem que se tu es-crever teu nome chama de volta e tu cai de novo mas isso eacute supersticcedilatildeo A porta se chama portiola Dentro de um lsquobretersquo cabe no maacuteximo 8 gu-ris mas depende tem uns que eacute de 3 Tem janela mas nem passa o dedo do cara pra pegar um vento E no ca-lor Todo mundo se abana melhor eacute dormir no piso que eacute mais geladordquo

Mais informaccedilotildees sobre a obra pelo e-mail ppscufrgsbr

entre linhas | jan-fev-mar 2014 15

Consultoria Organizacional como Dispositivo Cliacutenico

Saindo dos limites que a praacutetica tradi-cional em muitas situaccedilotildees nos impotildee quis experimentar uma outra praacutetica um outro olhar uma outra postura dentro das organi-zaccedilotildees a de ser uma consultora analista Foi entatildeo que busquei os referenciais da psico-logia social e institucional e da filosofia da diferenccedila com o intuito de analisar inter-rogar lanccedilar perguntas experimentar uma outra forma de fazer Psicologia Apresento trecircs recortes que exemplificam essa praacutetica

Numa empresa de grande porte natildeo existia RH apenas Departamento Pessoal em seu aspecto mais antigo sem nenhuma forma de integraccedilatildeo de novos funcionaacuterios Realizei entatildeo um projeto de estruturaccedilatildeo da aacuterea de RH Foi um trabalho grandioso meses de reuniotildees com a diretoria chefia do DP outras pessoas envolvidas dentro da ma-triz e ateacute das filiais que emperrou na execu-ccedilatildeo do ldquomanual de integraccedilatildeordquo na parte que se propunha contar alguns fatos que mar-caram a histoacuteria da organizaccedilatildeo Quando percebi essa dificuldade comecei a realizar entrevistas com uma das diretoras que se apresentava com maior abertura para aquela proposta Realizamos um processo de histo-rizaccedilatildeo da empresa em que apareceram fa-tos de dissoluccedilatildeo de sociedade e outras his-toacuterias de famiacutelia que natildeo poderiam aparecer naquele informativo A partir daiacute o manual pocircde ser concluiacutedo Essa diretora assumiu a aacuterea de RH que tomou outro rumo dentro do funcionamento da organizaccedilatildeo

Dois empresaacuterios que competiam mui-to entre si numa empresa de pequeno por-te queriam que todos que conviviam com eles assumissem o lado de um ou de outro

Realizei um trabalho individual de auto-conhecimento e grupal voltado ao resgate da histoacuteria da empresa a conscientizaccedilatildeo de que a competitividade seria mais eficaz se fosse voltada para o mercado Jaacute no iniacutecio do trabalho comeccedilaram a delimitar o espaccedilo de cada um A relaccedilatildeo de desconfianccedila que havia com os funcionaacuterios tambeacutem mudou

Jaacute numa empresa de meacutedio porte com uma boa estrutura fiacutesica as pessoas estavam completamente desintegradas Os setores funcionavam de forma independente nun-ca realizavam reuniotildees e natildeo se conheciam o que acarretava diversos problemas Apoacutes a devoluccedilatildeo do diagnoacutestico e a realizaccedilatildeo de um plano de accedilatildeo comecei um trabalho com o grupo de gerentes e paralelamente com o empresaacuterio Com o grupo realizei ati-vidades de autogestatildeo autodiagnoacutestico da organizaccedilatildeo e busca de soluccedilotildees para os pro-blemas levantados Foi tambeacutem realizado um trabalho individual com cada gerente Com o empresaacuterio foi trabalhada sua forma de gestatildeo centralizadora sem espaccedilo para os gerentes atuarem e o que isso gerava para os resultados organizacionais Os gerentes con-quistaram um espaccedilo que antes natildeo havia e o que eles propuseram pocircde ser implantado

Nos exemplos citados a consultoria se propocircs a gerar consciecircncia e aprendizagem dos processos que estavam ali em jogo fa-zendo com que as pessoas se apropriassem do conhecimento e do resultado que ia sendo gerado Essa forma de intervenccedilatildeo abre no campo da Psicologia um outro lugar para o psicoacutelogo no mundo do trabalho convocan-do a cliacutenica para o universo laboral ao inveacutes de alimentar a segmentaccedilatildeo deste

relato de experiecircncia

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOA Comissatildeo de Orientaccedilatildeo e Fiscalizaccedilatildeo vem provendo encontros com psicoacutelogos que atuam na aacuterea da Psicologia Organizacional e do Trabalho Fique atento agrave programaccedilatildeo divulgada em nosso site wwwcrprsorgbr e participe

PARTICIPE Envie seu Relato de Experiecircncia para imprensacrprsorgbr

Confira esse relato na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Miriam Corso Minotto Psicoacuteloga Organizacional assessora em desenvolvimento de Recursos Humanos Eacute coordenadora do GT Psicologia do Trabalho participa GT de Histoacuteria e da Comissatildeo Gestora da Subsede Serra do CRPRS

16 entre linhas | abr-mai-jun 2014

entrevista

Em eacutepoca de Copa do Mundo o CRPRS propotildee um debate sobre as diferentes inserccedilotildees da Psicologia no Esporte A proposta eacute discutir lugares e funccedilotildees que os profissionais tecircm assumido e podem assumir neste campo considerando a complexidade das relaccedilotildees estabelecidas entre esportistas familiares instituiccedilotildees de ensino esportivas filantroacutepicas grandes empresas e demais atores sociais envolvidos nesse cenaacuterio O CRPRS convidou quatro profissionais da aacuterea para debater o tema e reproduz aqui no EntreLinhas trechos dessa conversa

Que contribuiccedilotildees a Psicologia do Es-porte traz em suas diferentes aacutereas de atuaccedilatildeo para a sociedade de uma forma geral Benno Becker Jr ndash O trabalho de esporte de alto rendimento eacute o que en-volve mais dinheiro lembrando que satildeo os atletas de alto niacutevel que estatildeo na vitrine e datildeo visibilidade ao espor-

te e consequentemente incentivam a praacutetica esportiva O esporte deve ser trabalhado com toda a sociedade de jovens a idosos como forma de pre-venccedilatildeo de problemas como ansiedade e depressatildeo Quando feito com ade-quaccedilatildeo acredito que o esporte seja o melhor remeacutedio para combater a de-pressatildeo por exemplo

Leia o artigo ldquoA Psicologia do Esporte e do Exerciacutecio para aleacutem da otimizaccedilatildeo da performance atleacuteticardquo produzido por Marcos Daou docente do curso de Psicologia da Unifra mestre em Psicologia graduado em Psicologia e Educaccedilatildeo Fiacutesica em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Acesse wwwcrprsorgbrentrelinhas66 e confira depoimentos gravados nesse encontro e versatildeo estendida da entrevista

Psicologia e Esporte

entre linhas | abr-mai-jun 2014 17

Benno Becker Jr Graduado em Psicologia e em Educaccedilatildeo Fiacutesica mestre em Pedagogia pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul e doutor em Psicologia ndash Universidade de Barcelona Tem diversas publicaccedilotildees na aacuterea wwwbennopsicoesportecombr

Cassiano Pires Psicoacutelogo chefe do departamento de psicologia do projeto social WimBelemDon Tiacutetulo de Master em Psicologia do Esporte e atividade fiacutesica pela Universidade Autocircnoma de Barcelona

Maacutercia Pilla do VallePsicoacuteloga mestre em Psicologia Social e da Personalidade pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul psicoacuteloga membro da ABRAPESP psicoacuteloga esportiva do IGT ndash Instituto Gauacutecho de Tecircnis

Vanessa Rodrigues AlvesPsicoacuteloga especialista em Psicologia do Esporte e Exerciacutecio Fiacutesico e em Sociopsicodrama Eacute professora de Psicologia da Atividade Fiacutesica e do Esporte na Faculdade Sogipa de Educaccedilatildeo Fiacutesica

Cassiano Pires ndash Temos que traba-lhar a importacircncia do esporte no bem estar e na sauacutede da populaccedilatildeo em ge-ral Infelizmente ainda vemos muito crianccedilas ou jovens que por natildeo terem habilidade motricidade ou fiacutesico para atingir um alto niacutevel de rendimento acabarem abandonando a praacutetica por serem mal assessoradas O trabalho com atletas de alto rendimento eacute im-portante mas acredito que o fim do esporte natildeo pode ser soacute o esporte em si deve ser o crescimento e o bem es-tar da pessoa a criaccedilatildeo de habilidades sociais e competecircncias e o desenvolvi-mento da autoestima Diversos desa-fios podem ser vencidos por meio do esporte por isso temos que comeccedilar a tirar o esporte da aacuterea de Turismo e Lazer e comeccedilar a pensaacute-lo na aacuterea de Sauacutede Isso mudaria completamente sua importacircncia e seu sentido para a vida da pessoa Maacutercia Pilla do Valle ndash Haacute uma seacuterie de possibilidades de atuaccedilatildeo para o Psicoacutelogo do Esporte e o campo que atualmente estaacute aberto eacute o que envolve projetos sociais e questotildees ligadas agrave sauacutede e ao espor-te como atividade fiacutesica e natildeo neces-sariamente competitiva Vanessa Rodrigues Alves ndash A Psicologia do Esporte eacute muito abrangente mas ainda se trabalha em poucas aacutereas Poderiacuteamos traba-lhar em instituiccedilotildees como a Susepe a Fase com a educaccedilatildeo em lar de idosos por exemplo

Em que condiccedilotildees se datildeo essas praacute-ticas considerando que muitas ve-zes haacute a pressatildeo de clubes atletas empresaacuterios miacutedia e ateacute da proacutepria sociedade pelo alto rendimento do atleta Ao desenvolver sua praacutetica o psicoacutelogo do esporte estaacute a serviccedilo de quem Maacutercia Pilla do Valle ndash Quando trabalhamos com esporte de alto ren-dimento o limiar entre sauacutede e pato-loacutegico eacute bem tecircnue principalmente em modalidades precoces como a ginaacutes-tica artiacutestica ou a nataccedilatildeo por exem-plo em que tudo acontece muito cedo e a carreira eacute muito curta Temos que trabalhar para que esse processo no qual os atletas jaacute estatildeo inseridos seja o mais saudaacutevel possiacutevel melhorar a relaccedilatildeo da comunicaccedilatildeo do teacutecnico com o atleta e criar um ambiente mo-tivador Tambeacutem eacute preciso avaliar se essa eacute uma vontade do proacuteprio atleta ou se eacute um desejo dos pais que veem no esporte a possibilidade de ascender socialmente de alguma forma Pensan-do nesse contexto devemos estar a ser-viccedilo do atleta e de todas as pessoas que estatildeo envolvidas nesse processo Vanessa Rodrigues Alves ndash A gran-de diferenccedila de nosso trabalho eacute que precisamos ir ateacute as pessoas e saber trabalhar em equipe O profissional que atua nessa aacuterea tem que ter a dis-ponibilidade para querer aprender pois natildeo ficamos em uma salinha es-perando as pessoas temos que ir ao encontro delas

18 entre linhas | abr-mai-jun 2014

Quais os principais desafios e dile-mas eacuteticos enfrentados pelo psicoacutelo-go do esporte Benno Becker Jr ndash O profissional que comeccedila a trabalhar com alto ren-dimento chega acreditando que iraacute de-terminar o seu tempo de trabalho com os atletas e natildeo eacute isso o que acontece O psicoacutelogo do esporte precisa aprovei-tar cada minuto cada intervalo do trei-no Esse eacute o grande desafio Uma boa estrateacutegia de inserccedilatildeo para o psicoacutelogo do esporte eacute ficar proacuteximo ao treina-dor e ao preparador fiacutesico buscando melhorar a comunicaccedilatildeo dele com o atleta estabelecendo uma relaccedilatildeo de transparecircncia Cassiano Pires ndash Temos que saber usar o nosso tempo no dia a dia do atleta Eu trabalho no Projeto WinBe-lemDon na cancha de boneacute do lado do atleta e realmente a gente sofre muito por natildeo ter um tempo exclusi-vo Eacute preciso ser criativo e aproveitar os espaccedilos conversando com o teacutecni-co e o instrumentalizando O psicoacutelo-go precisa estabelecer viacutenculo com a equipe e transmitir a ideia de que faz parte dela Vanessa Rodrigues Alves ndash Tenho que procurar fazer o melhor dentro das minhas possibilidades Vivi um di-lema eacutetico quando o treinador queria ver os resultados dos testes sociomeacute-tricos pedindo para que mostrasse o sociograma das relaccedilotildees e o grupo natildeo liberou isso Ele precisava ver de for-ma mais concreta como estava a rela-

ccedilatildeo com o grupo e eu natildeo podia liberar esse resultado Maacutercia Pilla do Valle ndash Em um clube onde trabalhava encaminhei a uma colega uma menina que vivia uma situaccedilatildeo familiar bem pontual e precisava de atendimento cliacutenico A psicoacuteloga me ligou questionando sobre a rotina de treino argumentan-do que a menina precisava de tempo para brincar e ter outras atividades Foi aiacute que me dei conta que para mim aquilo jaacute era normal vi como eu estava capturada pela cultura es-portiva pois aquilo jaacute natildeo me causa-va mais nenhum incocircmodo Poreacutem percebi que o que estava em questatildeo natildeo era a continuidade dela ou natildeo na ginaacutestica o que precisa ser visto era o lado emocional com relaccedilatildeo a um problema familiar pontual Pela minha identidade cliacutenica muito forte sempre digo que antes de ser psicoacute-loga do esporte eu sou psicoacuteloga e para tomar qualquer decisatildeo preciso estar muito bem comigo mesma e tra-balhar com o seguinte tripeacute conheci-mento teacutecnico (natildeo podemos nunca parar de estudar e de se aprimorar) a supervisatildeo ou a troca com os colegas e o tratamento pessoal

A proximidade de megaeventos no Brasil como a Copa do Mundo e Olimpiacuteadas estaacute ampliando o campo de atuaccedilatildeo da Psicologia do Esporte De que forma vocecircs profissionais da aacuterea estatildeo vendo esses eventos

entrevista

SAIBA MAISConheccedila o Projeto WimBelemDonwwwwimbelemdoncombr

Artigo ldquoA produccedilatildeo de Diferenccedilas pelo esporterdquo de Maacutercia Pilla do Valle httpbitlyproducao_de_diferencas

Artigo ldquoO Esporte de Alto Rendimento Produccedilatildeo de Atletas no Contemporacircneordquo de Maacutercia Pilla do Vallehttpbitlyesporte_alto_rendimento

Artigo ldquoPsicologia do Esporte no contexto do Sistema Conselhosrdquo de Mocircnica drsquoFaacutetima Freires da Silvahttpbitlyesporte_sistema_conselhos

Artigo ldquoEacutetica e Compromisso Social na Psicologia do Esporterdquo de Katia Rubiohttpbitlyetica_compromisso_social

Associaccedilatildeo Brasileira de Psicologia do Esporte ndash ABRAPESP wwwabrapesporgbr

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Considerando isso como a Psicologia do Esporte lida com a questatildeo da es-petacularizaccedilatildeo do esporte Benno Becker Jr ndash Acredito que a Copa do Mundo pode ser muito posi-tiva para a Psicologia do Esporte pois deixaraacute a sensaccedilatildeo de que algo ficou faltando de que a Psicologia poderia ter sido mais envolvida nessa organi-zaccedilatildeo Precisamos mostrar que os psi-coacutelogos do esporte estatildeo agrave disposiccedilatildeo natildeo soacute dos atletas mas da populaccedilatildeo em geral tambeacutem Maacutercia Pilla do Valle ndash Muitas vezes nossa participaccedilatildeo nessa espe-tacularizaccedilatildeo gerada pela miacutedia nos gera um dilema eacutetico Geralmente os jornalistas buscam respostas objetivas querem saber do psicoacutelogo se a equipe ou o atleta ldquoamarelourdquo de fato e natildeo haacute como responder isso Isso acaba abrin-do espaccedilo para a opiniatildeo e manifesta-ccedilatildeo sobre o desempenho das equipes de outros profissionais que assumem o papel de motivadores e criacuteticos Cassiano Pires ndash Eacute importante sa-ber aproveitar o espaccedilo na miacutedia para mostrar a importacircncia do esporte Sabe-mos que poucas coisas ficam de heran-ccedila desses grandes eventos Entatildeo que possamos contribuir para o iniacutecio de uma cultura do esporte mais humani-zada Mostrar que tem muito psicoacutelogo trabalhando e se qualificando e orientar a imprensa sobre esse trabalho Esses grandes eventos demandam uma aten-ccedilatildeo de todas as aacutereas do esporte para que num futuro a sociedade consiga

ver o esporte como algo menos ldquofurio-sordquo com briga disputa morte e mais como uma atividade de lazer Com re-laccedilatildeo aos problemas sociais que surgem devido a esses eventos devemos estar atentos para dar o suporte que as pesso-as envolvidas nisso precisam Para isso as equipes locais que estatildeo organizando a Copa do Mundo por exemplo deve-riam contar com psicoacutelogos Vocecirc acredita que o Esporte pode ser-vir como um meio de garantia dos di-reitos humanos Maacutercia Pilla do Valle ndash Eacute importan-te natildeo pensar o esporte somente como uma atividade de alto rendimento O psicoacutelogo natildeo pode colocar sua praacutetica apenas a serviccedilo do rendimento Te-mos o papel de minimizar sofrimento Busco em minha inserccedilatildeo dentro dos clubes como psicoacuteloga mudar isso e contribuir para tornar o ambiente mais agradaacutevel proporcionando melhores condiccedilotildees da praacutetica esportiva Cassiano Pires ndash Temos que pensar no esporte como algo importante para a inclusatildeo Quando estatildeo praticando esporte as diferenccedilas natildeo existem to-dos satildeo iguais Crianccedilas que fora desse contexto vivem realidades bem dife-rentes (um mora numa casa de muitos andares o outro em uma casa de chatildeo batido por exemplo) quando estatildeo em quadra jogam de igual para igual O esporte nesse sentido eacute muito iguala-dor tem uma questatildeo de inclusatildeo nata que eacute muito legal e temos que saber aproveitar isso

TIacuteTULO DE ESPECIALISTAO tiacutetulo de especialista do CFP eacute concedido por conclusatildeo de curso de especializaccedilatildeo credenciado pelo CFP ou aprovaccedilatildeo em concurso de provas e tiacutetulos promovido periodicamente pelo CFP comprovando experiecircncia profissional de pelo menos 2 anos na aacuterea pretendidawwwcfporgbr

PARTICIPE DAS DISCUSSOtildeES NO CRPRSQuer propor a discussatildeo desse tema Participe das reuniotildees das Comissotildees de Poliacuteticas Puacuteblicas e Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica

20 entre linhas | abr-mai-jun 2014

formaccedilatildeo

10 anos do curriacuteculo amplo o que de fato mudou na formaccedilatildeo do psicoacutelogo

Haacute 10 anos tinha iniacutecio um signi-ficativo processo de mudanccedilas na for-maccedilatildeo do psicoacutelogo com as alteraccedilotildees propostas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) de 2004 Sem distin-ccedilatildeo de habilitaccedilotildees diferentes a forma-ccedilatildeo do psicoacutelogo passou a ser ampla incluindo um nuacutecleo comum estaacutegios baacutesicos estaacutegios especiacuteficos ecircnfases curriculares articulaccedilatildeo de competecircn-cias baacutesicas e dos eixos estruturantes e refinamento das propostas de estaacutegios especiacuteficos Em 2011 a nova DCN man-teve as alteraccedilotildees de 2004 instituindo aleacutem dessas um projeto de formaccedilatildeo complementar para o professor de Psi-cologia em seu 13ordm artigo

Para a Associaccedilatildeo Brasileira de Ensino de Psicologia (ABEP) as ecircnfa-ses curriculares ndash que consistem em um recorte de um conjunto de fazeres (competecircncias) jaacute presentes no nuacutecleo comum concentradas em determina-do conjunto de atividades ndash podem ser consideradas uma forma de atender agrave formaccedilatildeo generalista sem cair no risco da superficialidade Cada curso tem a possibilidade de definir seus encadea-mentos prioritaacuterios independentemen-te das abordagens utilizadas

O CRPRS vem debatendo na Co-missatildeo de Formaccedilatildeo os desafios impli-cados em trabalhar a formaccedilatildeo ampla e ao mesmo tempo respeitar a exigecircncias

das ecircnfases curriculares que culminam na realizaccedilatildeo dos estaacutegios especiacuteficos

A coordenadora da Comissatildeo de Gra-duaccedilatildeo da Psicologia da UFRGS Paula Sandrine Machado lembra que o proces-so de adequaccedilatildeo e renovaccedilatildeo dos proje-tos pedagoacutegicos produziu em muitos cursos certos movimentos interessantes de avaliaccedilatildeo e de discussatildeo sobre o pro-fissional que se quer formar o contexto da Psicologia as competecircncias gerais que a formaccedilatildeo busca contemplar e as espe-cificidades de cada curso A abrangecircncia das diretrizes poreacutem aponta tanto para um profissional capaz de ldquofazer tudordquo quanto para um profissional que precisa saber algumas coisas baacutesicas para poder atuar em diferentes contextos

Para as coordenadoras de curso e de estaacutegio da Unisinos Rosana Cecchini de Castro e Maria Elisabeth Selbach o nuacute-cleo comum as competecircncias baacutesicas e os eixos estruturantes preconizados pe-las DCN tecircm possibilitado uma visatildeo abrangente e plural das muacuteltiplas pers-pectivas e possibilidades de intervenccedilatildeo para o futuro profissional da Psicologia ldquoAs ecircnfases podem ter foco no mercado de trabalho mas natildeo podem se desvin-cular da formaccedilatildeo como um todo sob pena de se tornarem especialidadesrdquo salientam as coordenadoras

Com o objetivo de evitar a especiali-zaccedilatildeo na formaccedilatildeo muitas instituiccedilotildees

Leia os depoimentos dos coordenadores dos cursos de Psicologia na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Resoluccedilatildeo nordm 05 de 15 de marccedilo de 2011 disponiacutevel em httpbitlyDCN2011

ABEPSIwwwabepsiorgbr

SAIBA MAIS Veja o histoacuterico das DCNs em httpbitlyABEP_DCNs

Publicaccedilatildeo do CFP ldquoContribuiccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia agrave discussatildeo sobre a formaccedilatildeo da(o) psicoacuteloga(o)rdquo httpbitlyCFP_Formacao

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de ensino trabalham com a proposta de ecircnfase como aprofundamento de estudo daquilo que jaacute foi contemplado na forma-ccedilatildeo geral do curriacuteculo

Na Univates por exemplo primei-ramente as ecircnfases ocorriam a partir do seacutetimo semestre o que prejudicava a formaccedilatildeo generalista uma vez que os estudos e disciplinas direcionavam para conteuacutedos muito especiacuteficos ldquoAl-teramos para as ecircnfases no uacuteltimo ano do curso Essa mudanccedila trouxe maior conhecimento aos estudantes da proacute-pria atuaccedilatildeo nos mais variados espa-ccedilosrdquo explica a coordenadora do curso de Psicologia da Univates Ana Lucia Bender Pereira

A preocupaccedilatildeo em preparar e for-mar o estudante para o mercado de trabalho eacute apontada pela coordenado-ra da Fisma Baacuterbara Maria Barbosa Silva Segundo ela a formaccedilatildeo pelas universidades natildeo estaacute em concordacircn-cia com a atuaccedilatildeo profissional ldquoIsso se

expressa quando na inserccedilatildeo dos alu-nos nos campos de praacuteticas e estaacutegios visualizamos a negaccedilatildeo ou negligecircncia de muitos campos de atuaccedilatildeo do Psi-coacutelogo para a formaccedilatildeo de alunosrdquo de-clara Baacuterbara Uma estrateacutegia adotada para dar conta dessa demanda eacute criar dentro da proacutepria instituiccedilatildeo de ensi-no espaccedilos destinados a execuccedilatildeo das praacuteticas e estaacutegios

Para o subcoordenador do curso da UNISC Jerto Cardoso da Silva as DCN devem ser pensadas democrati-camente e natildeo de forma autocraacutetica ldquoAs diretrizes devem ser propostas a partir das inquietaccedilotildees dos cursos e construiacutedas com elesrdquo Para ele os cur-sos devem estar atentos ao mercado de trabalho mas natildeo devem ser apenas pautados por ele pois trabalham na formaccedilatildeo de profissionais criacuteticos ou seja que podem ingressar no mercado mas tambeacutem transformaacute-lo e propor novas aacutereas de atuaccedilatildeo

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer ampliar a discussatildeo do tema Participe das reuniotildees ampliadas da Comissatildeo de Formaccedilatildeo Acompanhe a agenda pelo site wwwcrprsorgbrcomissoesegts

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artigo

A formaccedilatildeo em psicologia e a psicologia em formaccedilatildeo

Em pesquisa realizada na deacutecada de 80 sobre a formaccedilatildeo de psicoacutelogos com estudantes do curso de graduaccedilatildeo da Uni-versidade Federal Fluminense (UFF) Luis Antonio Baptista percebeu que ela se de-senvolvia em paralelo ao que se passava agrave sua volta Era uma formaccedilatildeo que pouco incluiacutea as questotildees entatildeo contemporacircneas da sociedade brasileira e tampouco sua histoacuteria (BAPTISTA 2000)

Jaacute nos anos 2000 em nossa experiecircn-cia de formaccedilatildeo no curso de graduaccedilatildeo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) o ldquomundo laacute forardquo parecia fazer-se bastante presente na universidade E era um mundo que se dizia em transformaccedilatildeo

Como natildeo poderia ser diferente em um mundo muacuteltiplo e em uma profissatildeo que vem se autodenominando plural o proje-to de psicologia almejado para a formaccedilatildeo contemporacircnea de psicoacutelogos natildeo era uno De um lado havia o projeto de se alcanccedilar uma psicologia verdadeiramente cientiacutefica e rigorosa contra aquelas praacuteticas profis-sionais calcadas no senso comum De ou-tro a esperanccedila de se alcanccedilar uma psico-logia eacutetica e com compromisso social que passaria justamente pela superaccedilatildeo da psicologia cientificista pois que compro-metida com o modelo neoliberal de socie-dade De um lado a defesa de um modelo de formaccedilatildeo por competecircncias De outro sua criacutetica De um lado modos ditos claacutes-sicos de conhecer De outro aqueles tidos como completamente inovadores

Luiz Claudio Mendonccedila Figueiredo relaciona o ldquoestado um tanto caoacutetico e ine-vitavelmente desarticulado de qualquer curriacuteculo de formaccedilatildeo em psicologiardquo (FI-

GUEIREDO 2009 p17) agraves condiccedilotildees histoacute-ricas desse campo cientiacutefico e profissional indicando o estudo da histoacuteria da psicologia como forma de compreender e transformar essa realidade Gostariacuteamos de apontar tam-beacutem um sentido inverso o estudo desses processos de formaccedilatildeo caoacuteticos e desarticu-lados para compreender a psicologia que te-mos e que vimos produzindo historicamen-te A formaccedilatildeo em psicologia expressando ela mesma uma psicologia em formaccedilatildeo

Essa inversatildeo constituiu nossa pesqui-sa de mestrado (ARALDI 2012) a qual tomando como ponto de partida os impas-ses dilemas e controveacutersias que permeiam as experiecircncias de psicoacutelogos em forma-ccedilatildeo encontrou algumas vias possiacuteveis de se colocar e se recolocar o problema do conhecer e do conhecimento psi Partimos de um dispositivo metodoloacutegico que ins-tigava os estudantes participantes todos da graduaccedilatildeo em psicologia da UFRGS a descreverem e analisarem coletivamente o que faziam nas diferentes praacuteticas de for-maccedilatildeo fossem elas curriculares (de estu-dos leitura pesquisa extensatildeo estaacutegio) ou informais (conversas de corredores ex-periecircncias no Diretoacuterio Acadecircmico etc)

As distinccedilotildees dos estudantes entraram em diaacutelogo com autores do campo dos estu-dos da cogniccedilatildeo e do conhecimento (Kastrup Varela Maturana Latour) que tecircm questio-nado uma forma bastante corrente ao menos nas sociedades ocidentais de se conceber o conhecer e o conhecimento enquanto repre-sentaccedilatildeo efetivada por uma mente indivi-dual de um mundo preacute-existente agrave accedilatildeo do conhecedor O que isso significa Fundamen-talmente implica separar e situar como es-

Etiane AraldiPsicoacuteloga (UFRGS) Mestre em Psicologia Social e Institucional (UFRGS) Analista de Poliacuteticas Sociais na Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo do SUS (PNH) Ministeacuterio da Sauacutede

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secircncias de um lado um sujeito que conhece e de outro um mundo que se daacute a conhecer

As experiecircncias de formaccedilatildeo dos estu-dantes pesquisados sugerem que tal concep-ccedilatildeo de conhecimento tem marcado sobre-maneira o campo psi a comeccedilar pelo modo como os psicoacutelogos se relacionam com o tema das diferentes psicologias as escolas e escolhas teoacutericas Dada a ambiguidade do objeto e da teacutecnica do psicoacutelogo somada agrave divisatildeo do campo entre diferentes psicolo-gias cada qual com concepccedilotildees epistemo-loacutegicas e metodoloacutegicas especiacuteficas acostu-mou-se a aceitar que a teoria eacute a praacutetica do psicoacutelogo sendo os conceitos ferramentas de trabalho e a escolha teoacuterica um passo neces-saacuterio para que o profissional se constitua enquanto tal e para que suas intervenccedilotildees sejam legitimamente designadas psi

Na esteira dessa ideia supotildee-se que as praacuteticas de um psicoacutelogo psicanalista por exemplo possam ser deduzidas diretamen-te da teoria psicanaliacutetica sendo o trabalho do psicoacutelogo em determinada contingecircncia comumente descrito segundo as teorias que supostamente lhe dariam sustentaccedilatildeo

Em nossa pesquisa observamos que tal loacutegica produz a teoria e a praacutetica como domiacutenios de accedilatildeo muito diferentes nessa profissatildeo sendo o trabalho psi dado o seu forte componente relacional entendido em uma dimensatildeo incorporada um co-nhecimento de ldquoorganismordquo que ldquose sen-te na carnerdquo (conforme verbalizaccedilotildees dos estudantes) em contraposiccedilatildeo com o fazer acadecircmico tomado como essencialmente analiacutetico reflexivo ldquoruminanterdquo parecen-do inclusive que o estaacutegio natildeo compunha o curriacuteculo tamanho o confronto entre um mundo e outro O curioso eacute que em-bora sendo situado no discurso como um conhecimento desprovido de corpo as competecircncias acadecircmicas eram transpos-tas em um sentido incorporado ao fazer

dos estaacutegios produzindo nos estudantes atitudes analiacuteticas distanciadas num sen-tido de espectador nas intervenccedilotildees pro-fissionais Inclusive o uso de metaacuteforas relacionadas agraves tecnologias de produccedilatildeo e apreensatildeo de teorias fizeram-se bastante presentes na explicaccedilatildeo do que faz o psi-coacutelogo fazer leituras da realidade era me-taacutefora recorrente na descriccedilatildeo de boa parte das accedilotildees dos estudantes nos estaacutegios

O tema da identificaccedilatildeo foi citado di-versas vezes como criteacuterio para a escolha teoacuterica expressando a busca por uma re-laccedilatildeo de identidade igualdade entre seu suposto ser e a concepccedilatildeo de ser (de sujei-to) supostamente contida nas teorias Mas seriam nossos ldquoeusrdquo e os ldquoeusrdquo (as con-cepccedilotildees de sujeito) das teorias assim tatildeo coerentes Tanto no campo da cogniccedilatildeo quanto no da epistemologia tal suposiccedilatildeo de coerecircncia tem sido questionada

De qualquer modo a ideia de que o ser antecede o fazer parece motivar na psicolo-gia a adoccedilatildeo de uma concepccedilatildeo de sujeito uma visatildeo de homem como necessidade a priori para a atuaccedilatildeo profissional Entretan-to o que observamos entre os estudantes e a instituiccedilatildeo universitaacuteria foi um traba-lho ativo e cotidiano de separaccedilatildeopuri-ficaccedilatildeo dessas concepccedilotildees De modo que nos perguntamos a relaccedilatildeo identitaacuteria do psicoacutelogo com as teorias que compotildeem o campo psi seria decorrente de pressupostos e eacuteticas transcendentes preconizados pela epistemologia ou seria um processo que se ampara mais nas praacuteticas cotidianas de formaccedilatildeo de psicoacutelogos Nossa aposta ao perguntar agrave formaccedilatildeo em psicologia sobre o que ali se faz evidenciou um plano con-creto de produccedilatildeo da psicologia no presen-te que extrapola em muito o leque das te-orias psicoloacutegicas vigentes mas que ainda assim pode ser afirmado como legiacutetimo co-nhecer e fazer psi na contemporaneidade

REFEREcircNCIAS

ARALDI Etiane Das escolas e escolhas teoacutericas agraves poliacuteticas cognitivas legitimando a experiecircncia e a contingecircncia na colocaccedilatildeo do problema do conhecer e do conhecimento psi Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Psicologia Social e Institucional Instituto de Psicologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS Porto Alegre 2012

BAPTISTA Luis Antonio A faacutebrica de interiores a Formaccedilatildeo Psi em Questatildeo Niteroacutei Eduff 2000

FIGUEIREDO Luiz Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos Petroacutepolis Vozes 2009

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Projeto Poliacuteticas Puacuteblicas na Formaccedilatildeo promove aproximaccedilatildeo do CRPRS com o meio acadecircmico

De acordo com pesquisas feitas pelo Centro de Referecircncia Teacutecnica em Psicologia e Poliacuteti-cas Puacuteblicas ndash CREPOPRS a formaccedilatildeo em Psicologia eacute apon-tada como uma das grandes fra-gilidades ainda impostas para atuaccedilatildeo dos psicoacutelogos nas poliacute-ticas puacuteblicas Paradoxalmente o campo das poliacuteticas puacuteblicas atrai um nuacutemero maior de pro-fissionais a cada ano que mui-tas vezes chegam ao mercado desconhecendo marcos legais e marcos loacutegicos que datildeo funda-mento agraves praacuteticas nessa aacuterea

Buscando minimizar esse problema o CREPOP vem de-senvolvendo desde 2013 o Pro-jeto Poliacuteticas Puacuteblicas na For-maccedilatildeo proposta que procura qualificar a formaccedilatildeo para atu-accedilatildeo em diferentes campos das poliacuteticas puacuteblicas por meio da aproximaccedilatildeo entre Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul e estudantes de faculdades de Psicologia do estado A ideia de desenvolver esse trabalho surgiu em 2009 por iniciativa do estagiaacuterio da eacutepoca Edson Murliki

O projeto favorece espaccedilos de debate reflexatildeo e constru-

ccedilatildeo de um pensamento criacutetico junto aos cursos de gradua-ccedilatildeo objetivando a construccedilatildeo de referecircncias teacutecnicas para a formaccedilatildeo em Psicologia e Po-liacuteticas Puacuteblicas ldquoBuscamos fortalecer o diaacutelogo entre o CRPRS e o meio acadecircmico dimensionar a percepccedilatildeo dos estudantes sobre seus conhe-cimentos acerca das poliacuteticas puacuteblicas e incentivar a refle-xatildeo avaliativa sobre a forma-ccedilatildeo profissional do psicoacutelogo para atuar na aacutereardquo declara a ex-assessora teacutecnica do CRE-POP Carolina dos Reis

Para alcanccedilar isso o pro-jeto segue algumas etapas que incluem apresentaccedilatildeo aos coordenadores dos cursos e realizaccedilatildeo de encontros com os estudantes na sede sub-sedes do CRPRS ou nas proacute-prias instituiccedilotildees de ensino ldquoOs registros desses encontros subsidiam a produccedilatildeo de um relatoacuterio que reuacutene as princi-pais questotildees apontadas pelos alunos gerando dessa forma orientaccedilotildees para construccedilatildeo de um instrumento informa-tivo que sistematize os pontos de reflexatildeordquo explica Carolina

crepop

Projeto Formaccedilatildeo na sua faculdade Faculdades de Psicologia que tenham interesse em participar do Projeto de Formaccedilatildeo devem entrar em contato com o CREPOPRS pelo fone (51) 33346799 ou pelo e-mail crepopcrprsorgbr

Os resultados parciais in-dicam a necessidade de maior aprofundamento teoacuterico no assunto bem como reconheci-mento do caraacuteter transversal da temaacutetica dentro da formaccedilatildeo Os alunos tambeacutem demandam ampliaccedilatildeo de espaccedilos de inser-ccedilatildeo que propiciem maior conta-to com a praacutetica dos psicoacutelogos nas poliacuteticas puacuteblicas Indicam ainda a necessidade de uma reformulaccedilatildeo metodoloacutegica no curso do projeto visando a am-pliar o caraacuteter de intervenccedilatildeo do mesmo Seraacute incluiacuteda uma etapa de pactuaccedilotildees entre os diversos atores envolvidos nas instituiccedilotildees participantes de modo a produzir espaccedilos para a construccedilatildeo de soluccedilotildees con-cretas aos desafios emergidos nas rodas de conversas

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tracircnsito

A Psicologia na educaccedilatildeo para o tracircnsito

A Psicologia exerce uma impor-tante funccedilatildeo no tracircnsito ao estudar a mobilidade humana a partir da anaacutelise de diferentes dimensotildees processos e fenocircmenos envolvidos nesse contexto Pensando nisso a Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsi-to e Mobilidade Humana do CRPRS contribuiu na organizaccedilatildeo do 1ordm Se-minaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito realizado pela Prefeitura de Santa Maria em abril O evento voltado a professores da rede puacuteblica de ensi-no do municiacutepio teve como objetivo despertar a conscientizaccedilatildeo de que a educaccedilatildeo pode mudar o comporta-mento das pessoas no tracircnsito

O CRPRS acredita que a Psicolo-gia pode contribuir nesse processo envolvendo os professores e toda a sociedade para que o tema seja tra-balhado de forma ampla Para a Co-missatildeo do CRPRS os professores pre-cisam entender essa transversalidade

para que haja uma real mudanccedila de comportamento da sociedade

O tracircnsito deve ser pensado de maneira ampla considerando todos os envolvidos ldquoQuando falamos em tracircnsito natildeo devemos pensar apenas no fluxo de automoacuteveis mas consi-derar principalmente que o tracircnsi-to eacute composto por todos noacutes Deve-mos pensar no aspecto da mobilidade humana pensar na livre circulaccedilatildeo e no deslocamento com seguranccedila assim como nas relaccedilotildees sociais que se constituem nesse espaccedilo Ao se deslocar pelas ruas com automoacuteveis particulares bens privados as pes-soas muitas vezes natildeo se datildeo conta de que estatildeo circulando em um espa-ccedilo puacuteblico com regras estabelecidas pelo governo e pela proacutepria socieda-de Competem entre si de modo pri-vado por um espaccedilo que eacute puacuteblico e de todosrdquo declara o coordenador da aacuterea teacutecnica do CRPRS assessor da

SAIBA MAISAssista aos viacutedeos do 1ordm Seminaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Artigo ldquoTracircnsito e Sociedaderdquo de Sinara Tres Soares e Lucio Fernando Garcia disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Publicaccedilatildeo do CRPRS ldquoTracircnsito e Mobilidade Humana - Psicologia Educaccedilatildeo e Cidadaniardquo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrlivrotransito

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tracircnsito

Comissatildeo de Tracircnsito Lucio Fernan-do Garcia

Para ele a Psicologia exerce um im-portante papel ao contribuir na refle-xatildeo que abrange conceitos de cidada-nia e suas implicaccedilotildees considerando o tracircnsito como um processo humano e que envolve condiccedilotildees subjetivas ldquoSer cidadatildeo eacute uma escolha que traz impli-caccedilotildees e reflexotildees sobre responsabili-dades obrigaccedilotildees e direitosrdquo

Diversos aspectos psicoloacutegicos interferem na forma como as pesso-as lidam com o tracircnsito A psicoacuteloga Sinara Tres Soares da Escola Puacuteblica de Tracircnsito do DETRAN-RS ressalta que mesmo tendo ciecircncia dos riscos aos quais estatildeo expostas muitas pes-soas optam em correr esse risco por acreditar que vale a pena ldquoCada pes-soa tem uma diferente percepccedilatildeo de risco O que para alguns representa mais seguranccedila para outros pode significar a permissatildeo para correr mais riscos O sistema de freios do tipo ABS por exemplo traz mais se-guranccedila poreacutem algumas pessoas por se sentirem mais seguras com essa tecnologia acabam correndo maisrdquo explica Sinara

Outro aspecto psicoloacutegico en-volvido no tracircnsito diz respeito agrave conduta que autoriza as pessoas a te-rem determinado tipo de comporta-mento contrariando aquilo que elas mesmas acreditamldquoMuitos criticam quando os carros param em fila du-pla Poreacutem quando vatildeo levar o filho

na escola por exemplo agem assim e justificam tal atitude com explica-ccedilotildees como lsquoeacute bem rapidinhorsquo ou lsquofoi soacute dessa vezldquo

Esse tipo de comportamento re-flete a questatildeo do individualismo e da dificuldade das pessoas entende-rem que fazem parte de um todo e que estatildeo inseridas em um contex-to em que seus atos iratildeo atingir o proacuteximo ldquoTemos que trabalhar na sensibilizaccedilatildeo para que cada um compreenda que a sua atitude seu comportamento interfere direta-mente no tracircnsitordquo afirma a colabo-radora da Subsede Centro-Oeste do CRPRS integrante da Comissatildeo do Tracircnsito Aline Baumlumer

Para o evento em Santa Maria o grupo de colaboradores da Subsede Centro-Oeste produziu o viacutedeo ldquoAto-res no Tracircnsitordquo que mostra diferentes pontos de vista que fazem parte do tracircnsito revelando como nossa visatildeo muda dependendo da oacutetica em que a cena eacute vista

A Comissatildeo de Psicologia do Tracircn-sito e Mobilidade Humana do CRPRS estaacute engajada na proposta de desenvol-ver poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave educa-ccedilatildeo para o tracircnsito ldquoQueremos investir na continuidade de projetos e eventos como esse Seminaacuterio Acreditamos que alunos e professores engajados tornam--se multiplicadores de accedilotildees de educa-ccedilatildeo para o tracircnsitordquo afirma a presiden-te da Comissatildeo do CRPRS Elisangela Maria Almeida Santos

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer discutir mais sobre essa relaccedilatildeo entre Psicologia e Tracircnsito Participe da Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsito e Mobilidade Humana Acompanhe a agenda de reuniotildees pelo site httpcrprsorgbrcomissoesegts ou envie e-mail para comissoescrprsorgbr e informe seu interesse

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Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica em situaccedilotildees de periacutecia e de recursos administrativos

orientaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo psicoloacutegica eacute sem duacutevi-da a abordagem mais requisitada nas di-ferentes instacircncias do fazer do psicoacutelogo Ligada principalmente agrave necessidade de uma resposta ocupa um espaccedilo teacutecnico mas tambeacutem muitas vezes se constitui no imaginaacuterio como se pudesse responder a todas e quaisquer questotildees pautadas com base na anaacutelise do comportamento ou de condiccedilotildees emocionais do avaliando Essa condiccedilatildeo eacute produzida na medida em que atualmente a avaliaccedilatildeo psicoloacutegica tem sido cada vez mais usada na condiccedilatildeo de fundamentar periacutecia ou em situaccedilotildees judi-ciais assim como as que ocorrem em con-cursos puacuteblicos no proacuteprio processo ou em situaccedilotildees de recurso administrativo

As avaliaccedilotildees nessas situaccedilotildees seguem o regrado pela profissatildeo atraveacutes do Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo e das Re-soluccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia assim como devem buscar atender ao soli-citado Entretanto essa maacutexima natildeo quer dizer que o psicoacutelogo quando destacado (contratado) como perito deva conceber tal incumbecircncia como fator a definir o resulta-do da avaliaccedilatildeo O ato pericial eacute o de aplicar teacutecnicas e meacutetodos psicoloacutegicos objetivando um resultado decorrente de todo o processo que por meio de instrumentos eou de en-trevistas concluiraacute a avaliaccedilatildeo registrando ao candidato ou periciando as conclusotildees formuladas O psicoacutelogo natildeo advoga pela parte ou seja o resultado da avaliaccedilatildeo psi-coloacutegica poderaacute ser muito diferente do re-sultado almejado pelo candidato ou parte em processo judicial A avaliaccedilatildeo natildeo pode

ser tendenciosa adaptada ou alterada a fim de alcanccedilar o resultado pretendido pelo candidato natildeo eacute uma peccedila de defesa Eacute um procedimento teacutecnicocientiacutefico que con-clui a partir dos dados e teacutecnicas aplicadas objetivando responder ao solicitado dentro de determinados limites descrevendo o ob-servado e orientando o avaliando sobre os resultados obtidos

A conduta do psicoacutelogo em todo o pro-cedimento avaliativo deve estar pautada em princiacutepios de responsabilidade teacutecnica e profissional respaldados em procedimentos cientiacuteficos e validados O profissional deve ainda levar em consideraccedilatildeo aspectos como bem-estar dignidade e responsabilidade so-cial dos envolvidos na avaliaccedilatildeo uma vez que a mesma ocorre em um contexto soacutecio--cultural e de forma geral contempla um processo que envolve a sociedade como um todo especialmente em se tratando de con-cursos puacuteblicos e assessoramento judiciaacuterio

Reco

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Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea TeacutecnicaAdriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga FiscalLeticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Artigo ldquoAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica e Relaccedilotildees com o Judiciaacuteriordquo publicado na ediccedilatildeo nordm 64 do EntreLinhas disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas64

Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcodigoetica

Resoluccedilotildees do CFP disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrresolucoesCFP

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USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

CursosEspecializaccedilatildeo em Psicologia Cliacutenica Terapia Cognitivo ComportamentalChapecoacuteSC Informaccedilotildees (49) 99413800dilmaandrettaunoescedubr wwwunoescedubr

V Ciclo de Estudos em Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica18072014 (iniacutecio moacutedulo 5) 08082014 (iniacutecio moacutedulo 6)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33085453cicloestudosapgmailcom wwwufrgsbrgeapap

Mediaccedilatildeo de Conflitos Novo paradigma agrave construccedilatildeo da pazAteacute 09102014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32226134infoclipmedcombr wwwclipmedcombr Curso de PsicanaacuteliseAteacute 25102014 Passo FundoRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Grupos de EstudoOs contos de fadas como instrumento de conhecimento e desenvolvimento humanoCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500claudiaclinicatessaricombr wwwrecriarnetbr

Introduccedilatildeo agrave Psico-Oncologia com ecircnfase em Psicossomaacutetica e PsiconeuroimunologiaPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92627203 (51) 84041373dhmullerbolcombr danitnunesgmailcompsicossomatica-rsorgbr

Estudos Metapsicoloacutegicos de Freud1306 1807 1508 1909 1010 e 21112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

O que fazer quando recebemos uma crianccedila0407 0108 2908 3110 07112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Mitologia Grega IAteacute 21112014 (encontros mensais)Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500recriarrecriarnetbr

A obra de Wilfred BionAteacute 13122014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr Teoria e Teacutecnica das Paradas e Impasses do TratamentoEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33303845secretariasbpdepaorgbr

Observaccedilatildeo de BebecircsEncontros agraves segundas-feirasNovo Hamburgo RS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Indicadores de Intersubjetividade de 0 a 2 anosEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

O Estudo da Mente na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Conceitos Fundamentais sobre sexualidade na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

DW Winnicott sua pessoa e suas ideias psicanaliacuteticasEncontros agraves quartas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Andreacute GreenEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

Donald WinnicottEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwbionorgbr

Seacuterie Em TerapiaEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr Trabalhos de MetapsicologiaEncontro agraves sextas-feirasCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Freud Reinventando FreudEncontros aos saacutebadosCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

BionEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr D WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

FreudEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Iniciando com WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Introduccedilatildeo ao Aparelho PsiacutequicoEncontros mensaisPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 (51) 33842765contatobionorgbr wwwbionorgbr

Congressos Jornadas Simpoacutesios e Conferecircncias

IV Jornada do Programa da Mulher Depen-dente Quiacutemica02082014Satildeo PauloSP Informaccedilotildees (11) 26618011amandadiasipqhcorgbr omrochaipqhcorgbr wwwceiporgbr

Jornada Constructo 2014 - com Dr Jacques Andregrave15 e 16082014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Congresso SOCERGS 2014 Uniatildeo de conheci-mento e Intercacircmbio multidisciplinar21 a 23082014GramadoRS Informaccedilotildees (51) 33391415 wwwsocergsorgbrcongresso2014

IV Congresso Brasileiro de Psicologia - Ciecircn-cia e Profissatildeo19 a 23112014Satildeo PauloSPwwwcienciaeprofissaocombr

Conferecircncia e Treinamento com a Psicoacuteloga Americana FELICIA CARROLL26 a 29112014Caxias do Sul RS Informaccedilotildees claudiatessarigmailcom wwwrecriarnetbr

Exibiccedilatildeo de filme8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoMorte em Venezardquo02072014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoUacuteltimo Tango Em Parisrdquo13082014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoCanccedilatildeo de Amorrdquo10092014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoAta-merdquo08102014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoO Livro de Cabeceirardquo12112014 Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

OficinaOficina de Produccedilatildeo Psicanaliacutetica e LiteraacuteriaSegundas ou quartas-feiras (6 encontros)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwpaulofernandomonteiroferrazblogspotcom

Agecircncia Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

Page 2: EntreLinhas nº 66

2 entre linhas | abr-mai-jun 2014

Publicaccedilatildeo trimestral do Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul

Comissatildeo Editorial Alessandra Xavier Miron Anderson Comin Caroline Martini Kraid Pereira Elisangela Santos e Lucio Fernando Garcia

Jornalista Responsaacutevel Aline Victorino ndash Mtb 11602Estagiaacuteria de Jornalismo Audrey Lockmann Barbosa Redaccedilatildeo Aline VictorinoRelaccedilotildees Puacuteblicas Belisa Z Giorgis CONRERP4ndash3007Naacutedia Miola CONRERP4ndash3008Eventos Adriana BurmannComentaacuterios e sugestotildees imprensacrprsorgbr

Endereccedilos CRPRSSede Av Protaacutesio Alves 2854301 ndash Porto AlegreCEP 90410-006 FoneFax (51) 3334-6799crprscrprsorgbr

Subsede Serra Rua Coronel Flores 749505 ndash Caxias do SulCEP 95034-060 FoneFax (54) 3223-7848caxiascrprsorgbr

Subsede Sul Rua Feacutelix da Cunha 772304 ndash Pelotas CEP 96010-000 FoneFax (53) 3227-4197pelotascrprsorgbr

Subsede Centro-Oeste Rua Marechal Floriano Peixoto 1709401 ndash Santa Maria CEP 97015-373FoneFax (55) 3219-5299santamariacrprsorgbr

Projeto Graacutefico e Diagramaccedilatildeo Tavane Reichert MachadoIlustraccedilotildees Marcia Guimaratildees Spies Ariane Rauber e Liziane Minuzzo Impressatildeo Graacutefica PallottiTiragem 15000 exemplaresDistribuiccedilatildeo gratuita

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editorial + expediente

Fique em dia Em 3105 venceu a uacuteltima parcela da anuidade de 2014 para quem optou pelo pagamento parcelado A partir deste mecircs o CRPRS iniciaraacute os procedi-mentos de cobranccedila (recobranccedila) junto aos psicoacutelogos que ainda natildeo quita-ram a sua anuidade de 2014 Aqueles que precisarem alterar a data de vencimento sugerida no boleto ou a forma de parcelamento devem entrar em contato com o Setor de Cobranccedila pelo telefone (51) 33346799 ou pelo e-mail fiqueemdiacrprsorgbrDeacutebitos anteriores a 2014 eventualmente existentes tambeacutem podem ser ne-gociados evitando a inscriccedilatildeo em diacutevida ativa e cobranccedila judicial Lembramos que o CRPRS estaacute agrave disposiccedilatildeo para encontrar a melhor soluccedilatildeo para cada caso

A dificuldade da Psicologia em atender demandas objetivas e exa-tas torna a relaccedilatildeo com a Justiccedila um processo complexo ldquoCom quem deve ficar a crianccedilardquo ldquoO apenado estaacute preparado para viver em liber-daderdquo ldquoA crianccedila sofreu um abusordquo ldquoO candidato estaacute apto a ser aprovado nesse concurso puacuteblicordquo ldquoEsse motorista estaacute apto a receber a CNHrdquo ldquoEsta pessoa tem condiccedilotildees de ter porte de armasrdquo Esses satildeo exemplos de questionamentos que chegam para a Psicologia demons-trando a simplificaccedilatildeo com que a atuaccedilatildeo do psicoacutelogo eacute muitas vezes vista pelos operadores do Direito e que abordamos na mateacuteria principal desta ediccedilatildeo A reportagem destaca depoimentos de profissionais que mantecircm diferentes formas de relaccedilotildees com a Justiccedila

Outro tema abordado nesta ediccedilatildeo refere-se agrave formaccedilatildeo do Psicoacutelo-go As fragilidades apresentadas na formaccedilatildeo dos profissionais quando inseridos nos mais diversos campos de trabalho satildeo relatadas tanto nos espaccedilos de diaacutelogo com a categoria como o projeto Conversando sobre a Psicologia e o SUAS quanto nas demandas de orientaccedilatildeo feitas agrave Aacuterea Teacutecnica do Conselho

Jaacute o Relato de Experiecircncia contempla o tema da Psicologia Organi-zacional atendendo a uma solicitaccedilatildeo da categoria que participou da Enquete sobre o jornal EntreLinhas

E como estamos em eacutepoca de Copa do Mundo o CRPRS propocircs um debate sobre o tema Psicologia e Esporte A proposta eacute discutir lugares e funccedilotildees que os profissionais tecircm assumido neste campo Aleacutem disso o CRPRS faz um alerta agrave sociedade sobre possiacuteveis violaccedilotildees de direito e o incremento de casos de exploraccedilatildeo sexual de crianccedilas e adolescentes gerados por grandes eventos como a Copa do Mundo Estamos atentos a essas questotildees

Boa leitura

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sumaacuterio + comunicados

04 FIQUE ATENTO

05 JUSTICcedilA Psicologia e Relaccedilotildees com a Justiccedila

Instituiccedilotildees de Acolhimento e Unidades Socioeducativas

Trabalho Transdisciplinar

Escuta de crianccedilas e adolescentes na Justiccedila

A experiecircncia do Nuacutecleo de Praacuteti-cas Juriacutedicas do Projeto de Atenccedilatildeo Ampliada agrave Sauacutede ndash PAAS

Comissatildeo de Eacutetica

Medida Socioeducativa entre A amp Z

15 RELATO DE EXPERIEcircNCIAConsultoria Organizacional como Dispositivo Cliacutenico

16 ENTREVISTA Psicologia e Esporte

Comunicado sobre o concurso da ACADEPOL

Sumaacuterio

O Conselho Regional de Psico-logia do Rio Grande do Sul (CRPRS) vem a puacuteblico informar que tomou conhecimento de posturas profis-sionais inadequadas que ocorreram durante a etapa de devoluccedilatildeo da Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica do referido concurso Frente aos casos relata-dos a este Conselho foram tomadas providecircncias como orientaccedilotildees aos envolvidos (candidatos banca exa-minadora psicoacutelogos que acompa-nharam candidatos) sobre os aspec-tos legais que envolvem avaliaccedilotildees psicoloacutegicas em concursos puacuteblicos tanto por demanda espontacircnea como por iniciativa desta Autarquia e convocaccedilotildees de psicoacutelogos junto agrave Comissatildeo de Orientaccedilatildeo e Fiscali-zaccedilatildeo a fim de prestarem esclareci-mentos sobre o ocorridoO CRPRS ainda esteve presente no dia das entrevistas devolutivas na instacircncia de recurso da avaliaccedilatildeo psicoloacutegica nas dependecircncias da Academia de PoliacuteciaComunicamos que estamos aten-tos agraves condutas que tecircm sido pra-ticadas tanto pelos profissionais que acompanham os candidatos como pelos profissionais avaliado-res sempre no intuito de orientar fiscalizar e qualificar a praacutetica pro-fissional Lembramos que sempre que preciso o CRPRS tomaraacute as pro-videcircncias legais e administrativas necessaacuterias para uma praacutetica eacutetica e adequada aos ditames da profissatildeo

20 FORMACcedilAtildeO10 anos do curriacuteculo amplo o que de fato mudou na formaccedilatildeo do psicoacutelogo

22 ARTIGOA formaccedilatildeo em psicologia e a psicologia em formaccedilatildeo

24 CREPOPDireitos sexuais e reprodutivos em pauta

25 TRAcircNSITOA Psicologia na educaccedilatildeo para o tracircnsito

27 ORIENTACcedilAtildeOAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica em situaccedilotildees de periacutecia e de recursos administrativos

28 AGENDA

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIACONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA - 7ordf Regiatildeo

A Presidente do Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul Psicoacuteloga Alexandra Maria Campelo Ximendes em cumprimento ao estabelecido no Coacutedigo de Processamento Disciplinar vem por meio deste instrumento aplicar a penalidade de

CENSURA PUacuteBLICA

agrave psicoacuteloga Rosacircngela Maria Jasnievicz Machado CRPRS-2492 por infraccedilatildeo eacutetica ao artigo 1ordm aliacutenea ldquocrdquo do Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo e Resoluccedilatildeo CFP nordm0072009

Porto Alegre 16 de junho de 2014

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PEC 51

Exploraccedilatildeo Sexual

Estaacute tramitando no Senado Federal a Proposta de Emenda agrave Constituiccedilatildeo nordm 51 de 2013 de autoria do senador Lind-bergh Farias A proposta altera os art 21 24 e 144 da Consti-tuiccedilatildeo acrescenta os art 143-A 144-A e 144-B e reestrutura o modelo de seguranccedila puacutebli-ca a partir da desmilitarizaccedilatildeo do modelo policial

Lembrando o 18 de maio Dia Nacional de Combate ao Abuso e agrave Exploraccedilatildeo Sexual de Crianccedilas e Adolescentes o CRPRS convoca a categoria a ficar atenta agraves accedilotildees de en-frentamento agrave exploraccedilatildeo sexual durante a Copa do Mun-do no Brasil O evento pode agravar situaccedilotildees de vulnera-bilidade entre crianccedilas e adolescentesRecentemente foi lanccedilada a campanha internacional ldquoNatildeo desvie o olharrdquo cujo objetivo eacute proteger os direitos de crianccedilas e adolescentes durante a Copa do Mundo e sen-sibilizar a populaccedilatildeo sobre a importacircncia da denuacutencia A accedilatildeo envolve todo o Brasil especialmente as 12 cidades--sede dos jogos aleacutem de 19 paiacuteses da Europa e AacutefricaDenuacutencias sobre exploraccedilatildeo sexual de crianccedilas e adoles-centes podem ser feitas pelo Disque 100 ou nos Conselhos Tutelares que receberam capacitaccedilotildees do Programa de Accedilotildees Integradas e Referenciais de Enfrentamento agrave Vio-lecircncia Sexual Infanto-Juvenil (PAIR)

Ato Meacutedico Com o argumento de que o PL

612613 conhecido como Novo

Ato Meacutedico natildeo eacute prioridade no

momento para nenhuma profis-

satildeo o deputado Eleuses Paiva

solicitou a rejeiccedilatildeo ao projeto no

iniacutecio de abril durante audiecircncia

puacuteblica na Comissatildeo de Seguri-

dade Social e Famiacutelia A proposta

aguarda definiccedilatildeo de relator

fique atento

O CRPRS recomenda a leitura do texto do psicoacutelogo Rodrigo Lages e Silva que aborda a questatildeo disponiacutevel em httpbitlypec51

Saiba mais acessando relatoacuterio produzido pela ONG Childhood Brasil disponiacutevel em httpbitlychildhood_copa

Fique atento e acompanhe a tramitaccedilatildeo do projeto em wwwcrprsorgbr

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Psicologia e Relaccedilotildees com a Justiccedila

A dificuldade da Psicologia em produzir respostas objetivas e exatas torna a relaccedilatildeo com a Justiccedila um pro-cesso complexo principalmente pela simplificaccedilatildeo com que a atuaccedilatildeo do psicoacutelogo eacute muitas vezes vista pelos operadores do Direito

ldquoNatildeo conseguimos responder tatildeo objetivamente a muitos dos quesitos formulados pelas partes e pelo proacuteprio Judiciaacuterio Os operadores do Direito em algumas situaccedilotildees exigem respos-

tas de lsquosimrsquo ou lsquonatildeorsquo o estabelecimento de datas de iniacutecio de uma patologia ou de prognoacutestico de doenccedilas mentais que nem sempre atendem de forma satisfatoacuteria aos processos judiciais em virtude da Psicologia natildeo ser uma ci-ecircncia exata que permita respostas tatildeo precisasrdquo afirma Vivian de Medeiros Lagos que desenvolve trabalhos na aacuterea de avaliaccedilatildeo psicoloacutegica forense prestando assessoria teacutecnica a advoga-dos de Direito de Famiacutelia

Vivian de Medeiros LagosGraduada em Direito e em Psicologia Possui especializaccedilatildeo em Psicologia Juriacutedica (Ulbra) e eacute Mestre e Doutora em Psicologia (UFRGS)

justiccedila

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justiccedila

Para Lindomar Daroacutes psicoacutelo-go na Vara de Infacircncia Juventude e Idoso da Comarca de Satildeo Gonccedilalo no Rio de Janeiro a relaccedilatildeo com o Poder Judiciaacuterio eacute marcada por uma riacutegida hierarquia ldquoA magistratura salvo raras exceccedilotildees trata aqueles que re-presentam outros saberes que natildeo o do Direito de modo subalternizado Temos que afirmar a diferenccedila des-tacando a equidade dos saberes os quais deveriam estar a serviccedilo da po-pulaccedilatildeo atendida natildeo dos represen-tantes do Direitordquo

Conforme Vivian a Psicologia Ju-riacutedica ainda tem muito a se desenvol-ver e por isso a valorizaccedilatildeo e com-preensatildeo do trabalho do psicoacutelogo por parte do Judiciaacuterio ainda encontra-se em construccedilatildeo ldquoOs juiacutezes que solici-tam periacutecias e que a partir das mes-mas conseguem obter informaccedilotildees im portantes para tomar suas decisotildees tendem a solicitar cada vez mais ava-liaccedilotildees e a valorizaacute-las entendendo a necessidade por exemplo de prazos mais longos para a realizaccedilatildeo de pe-riacutecias dependendo da situaccedilatildeo que se apresenta Por outro lado infeliz-

Lindomar DaroacutesPsicoacutelogo ndash Perspectiva Soacutecio-Histoacuterica Doutorando UERJ

ldquoTemos que afirmar a diferenccedila destacando a equidade dos saberes os quais deveriam estar a serviccedilo da populaccedilatildeo atendida natildeo dos representantes do Direitordquo

mente ainda evidenciamos muitos documentos psicoloacutegicos com falhas eacuteticas e teacutecnicas revelando trabalhos de pouca qualidade que pouco con-tribuem para o Judiciaacuterio Esses traba-lhos prejudicam natildeo apenas o caso em si sob avaliaccedilatildeo mas tambeacutem podem acarretar percepccedilotildees distorcidas sobre a avaliaccedilatildeo psicoloacutegica no contexto forenserdquo analisa

Devido agrave carecircncia de instru-mentos especiacuteficos para a avaliaccedilatildeo psicoloacutegica no Judiciaacuterio Vivian defende a pesquisa na aacuterea ldquoOs ins-trumentos utilizados hoje em dia na maior parte das vezes foram de-lineados para o contexto cliacutenico e por isso podem estar mais sujeitos agrave manipulaccedilatildeo dos resultados carac-teriacutestica mais frequente no contexto forense Eacute fundamental que pesqui-sadores se dediquem a explorar essa aacuterea contribuindo com instrumentos adaptados para o contexto forense que minimizem a chance de prejuiacutezo agrave validade dos achados e corroborem a cientificidade das teacutecnicas de ava-liaccedilatildeo psicoloacutegica valorizando nosso trabalho perante o Judiciaacuteriordquo

SAIBA MAISTese de doutorado ldquoConstruccedilatildeo de um sistema de avaliaccedilatildeo do relacionamento parental para situaccedilotildees de disputa de guardardquo de Vivian de Medeiros Lagohttpbitlytese_vivian_lago

Artigo ldquoAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica implicaccedilotildees eacuteticasrdquo de Alexandra Anache e Caroline Reppold publicado no livro do CFP ldquoAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica ndash Diretrizes na Regulamentaccedilatildeo da Profissatildeordquo disponiacutevel em httpbitlyavaliacao_psicologica

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Instituiccedilotildees de Acolhimento e Unidades Socioeducativas

No acircmbito das instituiccedilotildees de aco-lhimento e unidades socioeducativas as demandas passam pelo acolhimen-to institucional e acompanhamento de crianccedilas e adolescentes e de suas respec-tivas famiacutelias pela inserccedilatildeo em progra-mas pelo atendimento cliacutenico e partici-paccedilotildees nas audiecircncias para prestar seu depoimento sobre o caso acompanhado

ldquoRecebemos quantas demandas puderem ser pensadas para lsquoadequarrsquo o sujeito a um modelo considerado desejadordquo afirma Mirela de Cintra psicoacuteloga da Fundaccedilatildeo de Assistecircn-cia Social e Cidadania (FASC) que destaca a dificuldade da Psicologia estabelecer um bom relacionamento com a Justiccedila ldquoO psicoacutelogo se vecirc na intersecccedilatildeo entre o saber juriacutedico a demanda explicita ou velada pela se-gregaccedilatildeo social e todo um complexo sistema de programas de atendimen-to aos adolescentes Campos estes que deveriam se articular para atendecirc-los integralmente mas que em si jaacute satildeo fragmentados e fragmentantesrdquo

Aleacutem dessa dificuldade relatada por Mirela a psicoacuteloga Eduarda Coelho Torres que atua em Casa de Acolhi-mento de Crianccedilas e Adolescentes pela Prefeitura de Novo Hamburgo destaca que a relaccedilatildeo com a Justiccedila torna-se mais estreita no momento da construccedilatildeo do plano individual de atendimento quan-

do a crianccedila ou o adolescente chegam Para produzir o plano eacute feito um estudo do caso e accedilotildees especiacuteficas a serem reali-zadas e como preconiza o ECA as accedilotildees iniciais satildeo sempre em direccedilatildeo ao res-gate ou construccedilatildeo de viacutenculos familia-res Essa construccedilatildeo nem sempre pode ser feita no tempo exiacuteguo imposto pela Justiccedila ldquoO documento eacute encaminhado agrave autoridade judiciaacuteria que passa a acom-panhar todo o trabalho realizado com a crianccedila e sua famiacutelia Esse contato eacute fundamental para que o juiz possa estar bem embasado ao proferir suas senten-ccedilasrdquo explica Eduarda

De acordo com Mirela nas uni-dades de medida socioeducativas a funccedilatildeo do psicoacutelogo deve ser a de criar um espaccedilo propiacutecio agrave elaboraccedilatildeo subjetiva trabalhando a singularida-de de cada um desses adolescentes ldquoDevemos trabalhar na construccedilatildeo de significados com relaccedilatildeo agrave medida fazendo o adolescente entender por que foi necessaacuterio tal ato e por que a sociedade lhe atribuiu uma medida que eacute socioeducativa e natildeo apenas punitiva Se natildeo haacute possibilidade do sujeito questionar-se sobre o que fez as consequecircncias de seus atos e a res-ponsabilidade que cada um tem sobre seu futuro natildeo haacute mudanccedila possiacute-velrdquo Outra atribuiccedilatildeo da Psicologia eacute tentar traduzir aos jovens o momento

Eduarda Coelho TorresPsicoacuteloga na Secretaria do Desenvolvimento Social de Novo Hamburgo jaacute tendo atuado tanto na Proteccedilatildeo Social Baacutesica quanto na Proteccedilatildeo Social Especial de Alta Complexidade

Mirela de CintraGraduada em Psicologia e Direito Especialista em psicologia cliacutenica e direitos humanos pela UFRGS Trabalha haacute 10 anos na Assistecircncia Social do Municiacutepio de Porto Alegre

ECA ndash Estatuto da Crianccedila e do Adolescente httpbitlyEstatuto_Crianccedila_Adolescente

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justiccedila

de encontro com os operadores de di-reito trabalhando a audiecircncia como uma inserccedilatildeo no simboacutelico ldquoEsse eacute o momento de retomar os fios esgarccedila-dos do laccedilo social que esse possa ser um retorno do adolescente a seu lugar de cidadatildeo e que antes de pagar com o corpo ele pode e deve pagar com palavras ou seja recobrir seus atos com palavrasrdquo acredita Mirela

Eduarda ressalta ser um equiacutevoco acreditar que o psicoacutelogo que trabalha inserido na instituiccedilatildeo de acolhimen-to deva restringir sua ligaccedilatildeo com a

Justiccedila a apenas responder agraves solici-taccedilotildees do poder judiciaacuterio ldquoO profis-sional comprometido com o seu fazer tem amplo conhecimento dos casos que acompanha e estaacute capacitado a posicionar-se criticamente em relaccedilatildeo a eles Eacute fundamental que perceba a importacircncia de seu papel e assuma seu protagonismo nesta rede natildeo agindo simplesmente quando solicitado mas propondo momentos de discussatildeo e reflexatildeo criacutetica O espaccedilo estaacute aberto basta ocupaacute-lo com responsabilidade competecircncia teacutecnica e iniciativardquo

Trabalho TransdisciplinarComo forma de minimizar os con-

flitos gerados na relaccedilatildeo com a Justiccedila Lindomar defende um trabalho trans-disciplinar como potecircncia para produzir diferenccedila tanto nas proacuteprias profissotildees quanto na vida de quem eacute atendido O trabalho em rede eacute visto como o caminho para garantia de direitos de crianccedilas ado-lescentes e idosos ldquoO ato de transdiscipli-narizar rompe com modelos hieraacuterquicos de saberes e setores Deste modo preci-samos estar juntos agrave educaccedilatildeo sauacutede assistecircncia social organizaccedilotildees natildeo go-vernamentais sempre prontos a escutar a diferenccedila afirmando-a notadamente naquilo que nos inquietardquo declara

Como exemplo desse trabalho transdisciplinar Lindomar descreve a parceria estabelecida com os pro-fissionais do Serviccedilo Social na Vara

de Infacircncia Juventude e Idoso da Comarca onde atua como psicoacutelogo produzindo relatoacuterios e pareceres teacutecnicos comuns sem uma delimita-ccedilatildeo especiacutefica das aacutereas ldquoA produccedilatildeo dos documentos se dava na delicade-za do encontro na intervenccedilatildeo Isto sempre se mostrou segundo nossa apreensatildeo potente Poreacutem a partir da Resoluccedilatildeo CFESS 5572009 que exige que o parecer social seja especi-ficado natildeo mais fazemos os pareceres conjuntos apenas os relatoacuterios e ao final sinalizamos o Parecer Psicoloacutegi-co e o Parecer Social os quais acabam por apresentar modos diferentes de apontar aquilo que fora produzido no transdisciplinarizar da intervenccedilatildeo A equipe se enriquece na diferenccedila de perspectivas disciplinares diversasrdquo

SAIBA MAISEntrelinhas nordm 39wwwcrprsorgbrentrelinhas39

Dissertaccedilatildeo de mestrado ldquo(Falecircncia familiar)+(Uso de drogas) = risco e periculosidade a naturalizaccedilatildeo juriacutedica e psicoloacutegica de jovens com medida de internaccedilatildeo compulsoacuteriardquo de Carolina dos Reis httpbitlydissertacao_carolina_reis

Artigo ldquoO carcereiro que haacute em noacutesrdquo de Edson Passeti publicado no livro do CRPRS rdquoEntre garantia de direitos e praacuteticas libertaacuteriasrdquowwwcrprsorgbrgarantiadireitos

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Escuta de crianccedilas e adolescentes na Justiccedila

Com relaccedilatildeo agrave escuta de crianccedilas e adolescentes na Justiccedila Lindomar Daroacutes esclarece que a praacutetica da Psi-cologia natildeo pode ser confundida com inquiriccedilatildeo ldquoA inquiriccedilatildeo diz de uma posiccedilatildeo no mundo que impotildee agravequele que eacute instado a falar dizer no tem-po de quem pergunta sem silecircncios pausas delongas ou reticecircncias Eu pergunto e vocecirc responde E responde aquilo que lhe pergunto sem maiores explicaccedilotildees caso eu natildeo lhe peccedila de-talhes Quanto agrave escuta diz de uma posiccedilatildeo daquele que se dispotildee a estar com o outro no tempo possiacutevel ao ou-tro para dizer em conformidade com sua demandardquo

Lindomar defende que a entra-da do psicoacutelogo no Poder Judiciaacute-rio deve ser pensada para produzir escuta jaacute que a inquiriccedilatildeo cabe aos operadores do Direito ldquoAo que pa-rece natildeo eacute a escuta que o Tribunal de Justiccedila nos requer mas a inqui-riccedilatildeo Afinal nossos relatoacuterios teacutec-nicos deixaram de ser considerados adequados pois natildeo eram suficien-tes para se condenar Assim dentro da estrutura do Poder Judiciaacuterio em termos macropoliacuteticos ndash o que natildeo re-trata a experiecircncia vivida pela nossa equipe especificamente ndash passaram a nos demandar outra intervenccedilatildeo

que natildeo a escuta psicoloacutegica mas a inquiriccedilatildeo uma lsquoescutarsquo produtora de provas suficiente para condenar Isto segundo minha anaacutelise diz natildeo apenas da escuta de crianccedilas mas de todos os jurisdicionados Cobram dos psicoacutelogos e tambeacutem dos as-sistentes sociais lsquodepoimentos sem danorsquo exames criminoloacutegicos parti-cipaccedilatildeo em comissotildees disciplinares nos presiacutedios Quando resistimos somos apontados como indisciplina-dos Talvez estejamos em boa com-panhia pois haacute notaacuteveis defensores da (in)disciplinardquo

Em 2005 o Conselho Federal de Psicologia iniciou o debate sobre a escuta de crianccedilas e adolescentes na Rede de Proteccedilatildeo Como resulta-do dessa discussatildeo foi publicada a Resoluccedilatildeo 0102010 que vedava ao psicoacutelogo o papel de inquiridor praacute-tica que ficou conhecida como Depoi-mento sem Dano no atendimento de Crianccedilas e Adolescentes em situaccedilatildeo de violecircncia Poreacutem a mesma foi sus-pensa apoacutes o questionamento judicial

A discussatildeo se ampliou para aleacutem do aspecto procedimental e passou-se a questionar se a mudanccedila de ambien-te e de estrateacutegia de fato reassegura direitos visto que coloca crianccedilas e adolescentes apenas como ldquoobjetordquo de

SAIBA MAISOrientaccedilotildees Teacutecnicas para os Serviccedilos de Acolhimento para Crianccedilas e Adolescentes publicaccedilatildeo do Conselho Nacional dos Direitos da Crianccedila e do Adolescente ndash CONANDA e do Conselho Nacional de Assistecircncia Social ndash CNAShttpbitlyorientacoes_CONANDA_CNAS

Publicaccedilatildeo do CFP ldquoA escuta de crianccedilas e adolescentes envolvidos em situaccedilatildeo de violecircncia e a rede de proteccedilatildeordquohttpbitlyescuta_criancas_adolescentes

Nota sobre Resoluccedilatildeo do CFP nordm 0102010httpbitlyresolucao010_2010

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justiccedila

produccedilatildeo de prova com vistas agrave res-ponsabilizaccedilatildeo do agressor

Haacute consenso entre os que repudiam e os que defendem a criaccedilatildeo de salas especiais para a realizaccedilatildeo do deno-minado ldquodepoimento sem danordquo ou ldquodepoimento especialrdquo de que eacute neces-saacuterio evitar a revitimizaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes que satildeo colocados em sucessivas situaccedilotildees de repeticcedilatildeo da

histoacuteria da violecircncia vivida ou presen-ciada Natildeo haacute consenso entretanto no entendimento de que a inquiriccedilatildeo natildeo seja revitimizante ou violadora de direi-tos mesmo em ambientes mais huma-nizados visto que seu uacutenico objetivo eacute a responsabilizaccedilatildeo do agressor

O CFP defende que natildeo eacute papel do psicoacutelogo realizar inquiriccedilatildeo monito-rado pelo juiz que lhe determina as

SAIBA MAISO V Conversando sobre a Psicologia e o SUAS em Caxias do Sul realizado em agosto de 2013 tratou das Relaccedilotildees com a Justiccedila Confira resumo das questotildees abordadas em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Leia entrevistas na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

entre linhas | abr-mai-jun 2014 11

A experiecircncia do Nuacutecleo de Praacuteticas Juriacutedicas do Projeto de Atenccedilatildeo Ampliada agrave Sauacutede ndash PAAS

QUER AMPLIAR O DEBATE SOBRE O TEMA Participe das Comissotildees de Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica Poliacuteticas Puacuteblicas ou das atividades do CREPOP como o Conversando sobre a Psicologia e o SUAS Acompanhe a agenda de reuniotildees em wwwcrprsorgbrcomissoesegts

ENTRELINHAS RECOMENDA

Filme ldquoO Juiacutezordquo de Maria Augusta Ramos (2007)

Filme ldquoO Contador de Histoacuteriasrdquo de Luiz Villaccedila (2009)

Desenvolvido pela Unisinos o Projeto de Atenccedilatildeo Ampliada agrave Sauacute-

de (PAAS) atua de forma interdisciplinar atendendo agrave comunidade de

Satildeo Leopoldo e regiatildeo aleacutem de constituir-se como campo de estaacutegio

para os acadecircmicos O Nuacutecleo de Praacuteticas Juriacutedicas eacute o responsaacutevel

pela articulaccedilatildeo entre a Psicologia e as demandas do Judiciaacuterio Co-

nheccedila o Projeto acessando wwwcrprsorgbrentrelinhas66

perguntas a serem feitas agrave crianccedila e ao adolescente A inquiriccedilatildeo eacute um proce-dimento juriacutedico constitui-se em um interrogatoacuterio cujo objetivo eacute levantar dados para instruccedilatildeo de um processo judicial visando agrave produccedilatildeo de prova sendo as perguntas feitas agrave crianccedila e ao adolescente orientadas pelas neces-sidades do processo A escuta psicoloacute-gica caracteriza-se por ser uma relaccedilatildeo de cuidado acolhedora e natildeo invasi-va para a qual se requer a disposiccedilatildeo de escutar respeitando-se o tempo de elaboraccedilatildeo da situaccedilatildeo traumaacutetica as peculiaridades do momento do desen-volvimento e sobretudo visando a natildeo revitimizaccedilatildeo A escuta leva em conta a dimensatildeo subjetiva que tambeacutem deve ser considerada na perspectiva dos di-reitos humanos

Ao elaborar a Resoluccedilatildeo 0102010 o Conselho Federal defendia a neces-sidade da escuta sempre ser funda-mentada nos princiacutepios da proteccedilatildeo integral e da prioridade absoluta pre-vistos no ECA em decorrecircncia da si-tuaccedilatildeo peculiar de desenvolvimento em que se encontram crianccedilas e ado-lescentes na legislaccedilatildeo especiacutefica da profissatildeo e nos marcos teoacutericos teacutec-nicos e metodoloacutegicos da Psicologia como ciecircncia e profissatildeo

ldquoA derrubada da resoluccedilatildeo con-figura-se uma intromissatildeo no que diz respeito agrave capacidade teacutecnica dos conselhos de classe das profis-sotildees regulamentadas de dizerem dos limites eacutetico-teacutecnicos-poliacuteticos de suas respectivas profissotildeesrdquo afirma Lindomar

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Comissatildeo de Eacutetica

Uma urgecircncia coloca-se na relaccedilatildeo que se estabelece sem-pre mais intensa entre as praacute-ticas psicoloacutegicas e o campo juriacutedico Trata-se de trazer para a discussatildeo a dimensatildeo eacutetica do fazer psicoloacutegico colocando em pauta o modo pelo qual efetiva-mos essa relaccedilatildeo e os modos pe-los quais chegamos a instituir novas formas conceituais e pro-cedimentais tanto na produccedilatildeo do conhecimento psi como na atuaccedilatildeo profissional do psicoacutelo-go junto aos tracircmites judiciais Para comeccedilar este debate cabe nos perguntarmos como enten-demos essa dimensatildeo eacutetica

Pensamos que para muito aleacutem de estipular um ldquodever serrdquo nos modos de se produzir conhecimento e de se inserir nas praacuteticas profissionais esta-mos nos referindo agrave reflexatildeo e problematizaccedilatildeo das questotildees e temaacuteticas que nos assolam na contemporaneidade Tais ques-totildees nos levam em muacuteltiplos processos a nos constituirmos de uma determinada forma a sermos ndash sujeitos ndash deste ou da-quele modo ou ainda a sermos chamados e reconhecidos por esta ou aquela marca objetiva e subjetiva de identificaccedilatildeo Natildeo estamos portanto falando de regulamentos para conduzir

justiccedila

comportamentos ou ainda de procedimentos disciplinares relacionados a condutas acadecirc-micas e profissionais desvian-tes ou natildeo na elaboraccedilatildeo de suas atividades

Esse debate se refere tanto a uma identificaccedilatildeo profissio-nal ndash psicoacutelogo que nos coloca em uma multiplicidade de praacute-ticas relativas agrave subjetividade humana como tambeacutem agraves inuacute-meras formas de como somos designados objetivamente em nosso fazer tais como psicoacute-logo especialista na infacircncia ou psicoacutelogo perito judicial ou ainda psicoacutelogo especialis-ta em conflitos parentais e ao mesmo tempo perito em ava-liaccedilatildeo psicoloacutegica e assim por diante No intuito de dar conta das demandas que se formam nos processos poliacutetico-sociais contemporacircneos noacutes psicoacutelo-gos vamos nos organizando e predispondo dentro das possi-bilidades viaacuteveis e com o maior rigor eacutetico-profissional a con-templar tecnicamente o que nos convoca a partir do campo psicoloacutegico e da sociedade No entanto ao mesmo tempo que desenvolvemos um saber espe-ciacutefico no campo da Psicologia vamos produzindo verdades pelo estatuto cientiacutefico que ser-

vem aos mecanismos da Justiccedila para julgar punir e delimitar os merecedores desta ou daquela decisatildeo judicial ou ainda pe-nalidade descrita em lei Eacute dian-te destes enlaces entre as praacuteti-cas em Psicologia e o campo psicoloacutegico que mais uma vez afirmamos a indissociabilidade entre um fazer cientiacutefico e a sua dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ou en-tre ciecircncia e poliacutetica Fazemos sim uma Psicologia implicada nas questotildees sociais e poliacuteticas de nosso tempo entendendo que um embate poliacutetico aiacute se co-loca entre os campos em causa Psicologia e Judiciaacuterio

Sendo assim por que que-remos neste momento trazer a discussatildeo da dimensatildeo eacuteti-ca para a relaccedilatildeo das praacuteticas psicoloacutegicas no campo judiciaacute-rio Esta questatildeo nos convoca fortemente a partir da parti-cipaccedilatildeo na Comissatildeo de Eacutetica do CRPRS para o debate ao nos depararmos com a enor-me demanda de intervenccedilotildees consideradas como faltosas nos aspectos eacuteticos da atuaccedilatildeo profissional em situaccedilotildees que se relacionam com processos ou convocatoacuterias judiciais sejam elas no acircmbito familiar ou do direito administrativo das insti-tuiccedilotildees puacuteblicas

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As denuacutencias que chegam agrave Comissatildeo de Eacutetica versam principalmente sobre ausecircn-cia de guarda de documentos e ausecircncia de realizaccedilatildeo de avaliaccedilatildeo psicoloacutegica na aacuterea do tracircnsito elaboraccedilatildeo de do-cumentos que extrapolam os limites teacutecnicos ou sem funda-mentaccedilatildeo teacutecnica utilizados no acircmbito judicial divulgaccedilatildeo de instrumentos natildeo reconhecidos na aacuterea da Psicologia obtenccedilatildeo de vantagens financeiras a par-tir de processo psicoteraacutepico

Eacute nesta inserccedilatildeo das praacuteti-cas psicoloacutegicas nas demandas que se fazem todos os dias que entendemos a importacircncia da dimensatildeo eacutetica Uma eacutetica que se vincula ao campo da refle-xatildeo a um pensamento atuan-te sobre os processos que nos subjetivam e nos convocam cotidianamente Logo eacute muito mais do que um tecnicismo--instrumental que se constitui para solucionar e legitimar as normatizaccedilotildees afirmadas em muitos processos entrelaccedila-dos no arranjo social Trata-se de uma eacutetica que coloca em questatildeo as formas pelas quais os sujeitos satildeo tomados como objeto em uma determinada relaccedilatildeo de conhecimento ndash o psicoloacutegico ndash e portanto em uma relaccedilatildeo de poder Estamos assim nos referindo agraves formas que determinamos enqua-dramos instituiacutemos e muitas

vezes ateacute legislamos sobre as relaccedilotildees que constituiacutemos na vida ou mais especificamente das formas que determinamos e instituiacutemos a partir de nossa atuaccedilatildeo profissional Este dizer este determinar este legislar passa pelo acircmbito do saber Sa-ber sobre algo saber sobre al-gueacutem Passa por um saber que diz como algueacutem pode ou natildeo se conduzir como pode ou natildeo se reconhecer como pode ou natildeo se comportar etc daiacute uma relaccedilatildeo de saber que tambeacutem se configura em jogos de poder

Abrir questotildees eacuteticas nesta discussatildeo implica em nos per-guntarmos como estatildeo se for-mulando as denuacutencias agrave Comis-satildeo de Eacutetica do CRPRS Em que processos e jogos de interesse se efetivam as intervenccedilotildees psico-loacutegicas consideradas faltosas Quando falamos em interven-ccedilatildeopraacutetica psicoloacutegica de que forma queremos encaminhaacute--las e sob que discursos eacutetico--poliacuteticos nos assentamos para legitimaacute-las Queremos uma atuaccedilatildeo disciplinadora e lega-lista na nossa profissatildeo e na so-ciedade O que queremos com esse processo Quais os efeitos que esperamos que se produ-zam a partir dessa intervenccedilatildeo moral O que faz com que o profissional natildeo produza uma reflexatildeo eacutetica diante do seu co-tidiano de trabalho Queremos uma atuaccedilatildeointervenccedilatildeo que

controle e puna os que escapam aos ditames dos coacutedigos que noacutes mesmos estabelecemos ou seja uma intervenccedilatildeo moral so-bre os psicoacutelogos que desconsi-deraram a reflexatildeo eacutetica em seu proacuteprio fazer Eacute imprescindiacutevel perguntarmo-nos se as nossas produccedilotildees acadecircmicas e profis-sionais estatildeo privilegiando um pensamento criacutetico problema-tizador e abrangente sobre os modos que nos constituiacutemos na sociedade Urge analisarmos como se produzem os efeitos de nossas produccedilotildees acadecircmicas e profissionais em noacutes mesmos com aqueles que nos relacio-namos e com a sociedade em geral Eacute sobre esta relaccedilatildeo de um conhecimento implicado politicamente atuante produ-to e efeito de nossa experiecircncia na vida que estamos falando aqui Falamos aqui de uma re-laccedilatildeo pensada e constituiacuteda na liberdade e natildeo pela lei ou seja na reflexatildeo eacutetica que se faz em muacuteltiplas formas de pensar e experimentar a vida Trata-se de uma discussatildeo aberta e sem-pre a se fazer

Zuleika Koumlhler GonzalesConselheira integrante da Comissatildeo de Eacutetica do CRPRSCRP 078721

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justiccedila

Medida Socioeducativa entre A amp Z

Organizado pelas equipes do Nuacutecleo de Extensatildeo do Pro-grama Interdepartamental de Praacuteticas com Adolescentes e Jo-vens em Conflito com a Lei (PIPA) da UFRGS o livro ldquoMedida Socioeducativa entre A amp Zrdquo surgiu a partir da experiecircncia de profissionais de Psicologia Direito e Educaccedilatildeo com as praacuteticas direcionadas ao puacuteblico adoles-cente que cumpre medida socioeducativa sendo financiado pelo Edital Nacional da Poliacutetica de Extensatildeo (ProextMec2013)

A obra atende agrave linha temaacutetica ldquoeducaccedilatildeo e direitos humanosrdquo desta Poliacutetica de Extensatildeo com vistas agrave elaboraccedilatildeo de material didaacutetico-pedagoacutegico para contribuir em accedilotildees de formaccedilatildeo no atendimento educacional de adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas Apre-senta um glossaacuterio conjunto de verbetes das medidas socioeducativas escritos ldquomenos para dar conta da descriccedilatildeo teacutecnica de termos que designam a vida de adolescentes e de seus atos infra-cionais mais para fazer de vozes solitaacuterias que lutam pela poliacutetica da garantia de direitos de adolescentes uma escrita que pode vir a ser a audiccedilatildeo de muitosrdquo conforme descreve a psicoacuteloga e professora Gislei Domingas R Lazzarotto integrante da equipe organizadora da obra

Confira trechos da definiccedilatildeo de alguns verbetes apresentados na publicaccedilatildeo

Ato Infracional (Carmem Maria Craidy pedago-ga doutora em Educa-

ccedilatildeo) ndash ldquoO que pode parecer um detalhe tem alto significado o adolescente deveraacute ser tratado a partir de sua condiccedilatildeo como pessoa em desenvolvimento com possibilidades muacuteltiplas e natildeo simplesmente a partir do ato in-fracional que tiver cometido Ele natildeo eacute o ato que cometeu e mes-mo se for responsabilizado pelo mesmo deveraacute ser visto e tratado para aleacutem delerdquo

Conselho Tutelar (Este-la Scheinvar socioacuteloga doutora em Educaccedilatildeo)

ndash ldquoSob a loacutegica do direito o dis-tanciamento de um padratildeo eacute um delito que tem que ser julgado sentenciado e punido Natildeo ve-mos todos os setores da socie-dade frequentarem o conselho tutelar e os que laacute vatildeo se carac-terizam sobretudo por natildeo po-derem decidir como fazer a sua vida sendo submetidos a conse-lhos que ressoam como sentenccedilas a serem cumpridasrdquo

Brete (BF e JMG) ndash ldquoNatildeo eacute um quarto Eacute um quadrado Ele tem uma porta de ferro

toda gradeada Jaacute vem com as jegas mas eacute soacute isso que tem dentro A pa-rede eacute toda escrita todo mundo co-loca o nome laacute Dizem que se tu es-crever teu nome chama de volta e tu cai de novo mas isso eacute supersticcedilatildeo A porta se chama portiola Dentro de um lsquobretersquo cabe no maacuteximo 8 gu-ris mas depende tem uns que eacute de 3 Tem janela mas nem passa o dedo do cara pra pegar um vento E no ca-lor Todo mundo se abana melhor eacute dormir no piso que eacute mais geladordquo

Mais informaccedilotildees sobre a obra pelo e-mail ppscufrgsbr

entre linhas | jan-fev-mar 2014 15

Consultoria Organizacional como Dispositivo Cliacutenico

Saindo dos limites que a praacutetica tradi-cional em muitas situaccedilotildees nos impotildee quis experimentar uma outra praacutetica um outro olhar uma outra postura dentro das organi-zaccedilotildees a de ser uma consultora analista Foi entatildeo que busquei os referenciais da psico-logia social e institucional e da filosofia da diferenccedila com o intuito de analisar inter-rogar lanccedilar perguntas experimentar uma outra forma de fazer Psicologia Apresento trecircs recortes que exemplificam essa praacutetica

Numa empresa de grande porte natildeo existia RH apenas Departamento Pessoal em seu aspecto mais antigo sem nenhuma forma de integraccedilatildeo de novos funcionaacuterios Realizei entatildeo um projeto de estruturaccedilatildeo da aacuterea de RH Foi um trabalho grandioso meses de reuniotildees com a diretoria chefia do DP outras pessoas envolvidas dentro da ma-triz e ateacute das filiais que emperrou na execu-ccedilatildeo do ldquomanual de integraccedilatildeordquo na parte que se propunha contar alguns fatos que mar-caram a histoacuteria da organizaccedilatildeo Quando percebi essa dificuldade comecei a realizar entrevistas com uma das diretoras que se apresentava com maior abertura para aquela proposta Realizamos um processo de histo-rizaccedilatildeo da empresa em que apareceram fa-tos de dissoluccedilatildeo de sociedade e outras his-toacuterias de famiacutelia que natildeo poderiam aparecer naquele informativo A partir daiacute o manual pocircde ser concluiacutedo Essa diretora assumiu a aacuterea de RH que tomou outro rumo dentro do funcionamento da organizaccedilatildeo

Dois empresaacuterios que competiam mui-to entre si numa empresa de pequeno por-te queriam que todos que conviviam com eles assumissem o lado de um ou de outro

Realizei um trabalho individual de auto-conhecimento e grupal voltado ao resgate da histoacuteria da empresa a conscientizaccedilatildeo de que a competitividade seria mais eficaz se fosse voltada para o mercado Jaacute no iniacutecio do trabalho comeccedilaram a delimitar o espaccedilo de cada um A relaccedilatildeo de desconfianccedila que havia com os funcionaacuterios tambeacutem mudou

Jaacute numa empresa de meacutedio porte com uma boa estrutura fiacutesica as pessoas estavam completamente desintegradas Os setores funcionavam de forma independente nun-ca realizavam reuniotildees e natildeo se conheciam o que acarretava diversos problemas Apoacutes a devoluccedilatildeo do diagnoacutestico e a realizaccedilatildeo de um plano de accedilatildeo comecei um trabalho com o grupo de gerentes e paralelamente com o empresaacuterio Com o grupo realizei ati-vidades de autogestatildeo autodiagnoacutestico da organizaccedilatildeo e busca de soluccedilotildees para os pro-blemas levantados Foi tambeacutem realizado um trabalho individual com cada gerente Com o empresaacuterio foi trabalhada sua forma de gestatildeo centralizadora sem espaccedilo para os gerentes atuarem e o que isso gerava para os resultados organizacionais Os gerentes con-quistaram um espaccedilo que antes natildeo havia e o que eles propuseram pocircde ser implantado

Nos exemplos citados a consultoria se propocircs a gerar consciecircncia e aprendizagem dos processos que estavam ali em jogo fa-zendo com que as pessoas se apropriassem do conhecimento e do resultado que ia sendo gerado Essa forma de intervenccedilatildeo abre no campo da Psicologia um outro lugar para o psicoacutelogo no mundo do trabalho convocan-do a cliacutenica para o universo laboral ao inveacutes de alimentar a segmentaccedilatildeo deste

relato de experiecircncia

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOA Comissatildeo de Orientaccedilatildeo e Fiscalizaccedilatildeo vem provendo encontros com psicoacutelogos que atuam na aacuterea da Psicologia Organizacional e do Trabalho Fique atento agrave programaccedilatildeo divulgada em nosso site wwwcrprsorgbr e participe

PARTICIPE Envie seu Relato de Experiecircncia para imprensacrprsorgbr

Confira esse relato na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Miriam Corso Minotto Psicoacuteloga Organizacional assessora em desenvolvimento de Recursos Humanos Eacute coordenadora do GT Psicologia do Trabalho participa GT de Histoacuteria e da Comissatildeo Gestora da Subsede Serra do CRPRS

16 entre linhas | abr-mai-jun 2014

entrevista

Em eacutepoca de Copa do Mundo o CRPRS propotildee um debate sobre as diferentes inserccedilotildees da Psicologia no Esporte A proposta eacute discutir lugares e funccedilotildees que os profissionais tecircm assumido e podem assumir neste campo considerando a complexidade das relaccedilotildees estabelecidas entre esportistas familiares instituiccedilotildees de ensino esportivas filantroacutepicas grandes empresas e demais atores sociais envolvidos nesse cenaacuterio O CRPRS convidou quatro profissionais da aacuterea para debater o tema e reproduz aqui no EntreLinhas trechos dessa conversa

Que contribuiccedilotildees a Psicologia do Es-porte traz em suas diferentes aacutereas de atuaccedilatildeo para a sociedade de uma forma geral Benno Becker Jr ndash O trabalho de esporte de alto rendimento eacute o que en-volve mais dinheiro lembrando que satildeo os atletas de alto niacutevel que estatildeo na vitrine e datildeo visibilidade ao espor-

te e consequentemente incentivam a praacutetica esportiva O esporte deve ser trabalhado com toda a sociedade de jovens a idosos como forma de pre-venccedilatildeo de problemas como ansiedade e depressatildeo Quando feito com ade-quaccedilatildeo acredito que o esporte seja o melhor remeacutedio para combater a de-pressatildeo por exemplo

Leia o artigo ldquoA Psicologia do Esporte e do Exerciacutecio para aleacutem da otimizaccedilatildeo da performance atleacuteticardquo produzido por Marcos Daou docente do curso de Psicologia da Unifra mestre em Psicologia graduado em Psicologia e Educaccedilatildeo Fiacutesica em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Acesse wwwcrprsorgbrentrelinhas66 e confira depoimentos gravados nesse encontro e versatildeo estendida da entrevista

Psicologia e Esporte

entre linhas | abr-mai-jun 2014 17

Benno Becker Jr Graduado em Psicologia e em Educaccedilatildeo Fiacutesica mestre em Pedagogia pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul e doutor em Psicologia ndash Universidade de Barcelona Tem diversas publicaccedilotildees na aacuterea wwwbennopsicoesportecombr

Cassiano Pires Psicoacutelogo chefe do departamento de psicologia do projeto social WimBelemDon Tiacutetulo de Master em Psicologia do Esporte e atividade fiacutesica pela Universidade Autocircnoma de Barcelona

Maacutercia Pilla do VallePsicoacuteloga mestre em Psicologia Social e da Personalidade pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul psicoacuteloga membro da ABRAPESP psicoacuteloga esportiva do IGT ndash Instituto Gauacutecho de Tecircnis

Vanessa Rodrigues AlvesPsicoacuteloga especialista em Psicologia do Esporte e Exerciacutecio Fiacutesico e em Sociopsicodrama Eacute professora de Psicologia da Atividade Fiacutesica e do Esporte na Faculdade Sogipa de Educaccedilatildeo Fiacutesica

Cassiano Pires ndash Temos que traba-lhar a importacircncia do esporte no bem estar e na sauacutede da populaccedilatildeo em ge-ral Infelizmente ainda vemos muito crianccedilas ou jovens que por natildeo terem habilidade motricidade ou fiacutesico para atingir um alto niacutevel de rendimento acabarem abandonando a praacutetica por serem mal assessoradas O trabalho com atletas de alto rendimento eacute im-portante mas acredito que o fim do esporte natildeo pode ser soacute o esporte em si deve ser o crescimento e o bem es-tar da pessoa a criaccedilatildeo de habilidades sociais e competecircncias e o desenvolvi-mento da autoestima Diversos desa-fios podem ser vencidos por meio do esporte por isso temos que comeccedilar a tirar o esporte da aacuterea de Turismo e Lazer e comeccedilar a pensaacute-lo na aacuterea de Sauacutede Isso mudaria completamente sua importacircncia e seu sentido para a vida da pessoa Maacutercia Pilla do Valle ndash Haacute uma seacuterie de possibilidades de atuaccedilatildeo para o Psicoacutelogo do Esporte e o campo que atualmente estaacute aberto eacute o que envolve projetos sociais e questotildees ligadas agrave sauacutede e ao espor-te como atividade fiacutesica e natildeo neces-sariamente competitiva Vanessa Rodrigues Alves ndash A Psicologia do Esporte eacute muito abrangente mas ainda se trabalha em poucas aacutereas Poderiacuteamos traba-lhar em instituiccedilotildees como a Susepe a Fase com a educaccedilatildeo em lar de idosos por exemplo

Em que condiccedilotildees se datildeo essas praacute-ticas considerando que muitas ve-zes haacute a pressatildeo de clubes atletas empresaacuterios miacutedia e ateacute da proacutepria sociedade pelo alto rendimento do atleta Ao desenvolver sua praacutetica o psicoacutelogo do esporte estaacute a serviccedilo de quem Maacutercia Pilla do Valle ndash Quando trabalhamos com esporte de alto ren-dimento o limiar entre sauacutede e pato-loacutegico eacute bem tecircnue principalmente em modalidades precoces como a ginaacutes-tica artiacutestica ou a nataccedilatildeo por exem-plo em que tudo acontece muito cedo e a carreira eacute muito curta Temos que trabalhar para que esse processo no qual os atletas jaacute estatildeo inseridos seja o mais saudaacutevel possiacutevel melhorar a relaccedilatildeo da comunicaccedilatildeo do teacutecnico com o atleta e criar um ambiente mo-tivador Tambeacutem eacute preciso avaliar se essa eacute uma vontade do proacuteprio atleta ou se eacute um desejo dos pais que veem no esporte a possibilidade de ascender socialmente de alguma forma Pensan-do nesse contexto devemos estar a ser-viccedilo do atleta e de todas as pessoas que estatildeo envolvidas nesse processo Vanessa Rodrigues Alves ndash A gran-de diferenccedila de nosso trabalho eacute que precisamos ir ateacute as pessoas e saber trabalhar em equipe O profissional que atua nessa aacuterea tem que ter a dis-ponibilidade para querer aprender pois natildeo ficamos em uma salinha es-perando as pessoas temos que ir ao encontro delas

18 entre linhas | abr-mai-jun 2014

Quais os principais desafios e dile-mas eacuteticos enfrentados pelo psicoacutelo-go do esporte Benno Becker Jr ndash O profissional que comeccedila a trabalhar com alto ren-dimento chega acreditando que iraacute de-terminar o seu tempo de trabalho com os atletas e natildeo eacute isso o que acontece O psicoacutelogo do esporte precisa aprovei-tar cada minuto cada intervalo do trei-no Esse eacute o grande desafio Uma boa estrateacutegia de inserccedilatildeo para o psicoacutelogo do esporte eacute ficar proacuteximo ao treina-dor e ao preparador fiacutesico buscando melhorar a comunicaccedilatildeo dele com o atleta estabelecendo uma relaccedilatildeo de transparecircncia Cassiano Pires ndash Temos que saber usar o nosso tempo no dia a dia do atleta Eu trabalho no Projeto WinBe-lemDon na cancha de boneacute do lado do atleta e realmente a gente sofre muito por natildeo ter um tempo exclusi-vo Eacute preciso ser criativo e aproveitar os espaccedilos conversando com o teacutecni-co e o instrumentalizando O psicoacutelo-go precisa estabelecer viacutenculo com a equipe e transmitir a ideia de que faz parte dela Vanessa Rodrigues Alves ndash Tenho que procurar fazer o melhor dentro das minhas possibilidades Vivi um di-lema eacutetico quando o treinador queria ver os resultados dos testes sociomeacute-tricos pedindo para que mostrasse o sociograma das relaccedilotildees e o grupo natildeo liberou isso Ele precisava ver de for-ma mais concreta como estava a rela-

ccedilatildeo com o grupo e eu natildeo podia liberar esse resultado Maacutercia Pilla do Valle ndash Em um clube onde trabalhava encaminhei a uma colega uma menina que vivia uma situaccedilatildeo familiar bem pontual e precisava de atendimento cliacutenico A psicoacuteloga me ligou questionando sobre a rotina de treino argumentan-do que a menina precisava de tempo para brincar e ter outras atividades Foi aiacute que me dei conta que para mim aquilo jaacute era normal vi como eu estava capturada pela cultura es-portiva pois aquilo jaacute natildeo me causa-va mais nenhum incocircmodo Poreacutem percebi que o que estava em questatildeo natildeo era a continuidade dela ou natildeo na ginaacutestica o que precisa ser visto era o lado emocional com relaccedilatildeo a um problema familiar pontual Pela minha identidade cliacutenica muito forte sempre digo que antes de ser psicoacute-loga do esporte eu sou psicoacuteloga e para tomar qualquer decisatildeo preciso estar muito bem comigo mesma e tra-balhar com o seguinte tripeacute conheci-mento teacutecnico (natildeo podemos nunca parar de estudar e de se aprimorar) a supervisatildeo ou a troca com os colegas e o tratamento pessoal

A proximidade de megaeventos no Brasil como a Copa do Mundo e Olimpiacuteadas estaacute ampliando o campo de atuaccedilatildeo da Psicologia do Esporte De que forma vocecircs profissionais da aacuterea estatildeo vendo esses eventos

entrevista

SAIBA MAISConheccedila o Projeto WimBelemDonwwwwimbelemdoncombr

Artigo ldquoA produccedilatildeo de Diferenccedilas pelo esporterdquo de Maacutercia Pilla do Valle httpbitlyproducao_de_diferencas

Artigo ldquoO Esporte de Alto Rendimento Produccedilatildeo de Atletas no Contemporacircneordquo de Maacutercia Pilla do Vallehttpbitlyesporte_alto_rendimento

Artigo ldquoPsicologia do Esporte no contexto do Sistema Conselhosrdquo de Mocircnica drsquoFaacutetima Freires da Silvahttpbitlyesporte_sistema_conselhos

Artigo ldquoEacutetica e Compromisso Social na Psicologia do Esporterdquo de Katia Rubiohttpbitlyetica_compromisso_social

Associaccedilatildeo Brasileira de Psicologia do Esporte ndash ABRAPESP wwwabrapesporgbr

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Considerando isso como a Psicologia do Esporte lida com a questatildeo da es-petacularizaccedilatildeo do esporte Benno Becker Jr ndash Acredito que a Copa do Mundo pode ser muito posi-tiva para a Psicologia do Esporte pois deixaraacute a sensaccedilatildeo de que algo ficou faltando de que a Psicologia poderia ter sido mais envolvida nessa organi-zaccedilatildeo Precisamos mostrar que os psi-coacutelogos do esporte estatildeo agrave disposiccedilatildeo natildeo soacute dos atletas mas da populaccedilatildeo em geral tambeacutem Maacutercia Pilla do Valle ndash Muitas vezes nossa participaccedilatildeo nessa espe-tacularizaccedilatildeo gerada pela miacutedia nos gera um dilema eacutetico Geralmente os jornalistas buscam respostas objetivas querem saber do psicoacutelogo se a equipe ou o atleta ldquoamarelourdquo de fato e natildeo haacute como responder isso Isso acaba abrin-do espaccedilo para a opiniatildeo e manifesta-ccedilatildeo sobre o desempenho das equipes de outros profissionais que assumem o papel de motivadores e criacuteticos Cassiano Pires ndash Eacute importante sa-ber aproveitar o espaccedilo na miacutedia para mostrar a importacircncia do esporte Sabe-mos que poucas coisas ficam de heran-ccedila desses grandes eventos Entatildeo que possamos contribuir para o iniacutecio de uma cultura do esporte mais humani-zada Mostrar que tem muito psicoacutelogo trabalhando e se qualificando e orientar a imprensa sobre esse trabalho Esses grandes eventos demandam uma aten-ccedilatildeo de todas as aacutereas do esporte para que num futuro a sociedade consiga

ver o esporte como algo menos ldquofurio-sordquo com briga disputa morte e mais como uma atividade de lazer Com re-laccedilatildeo aos problemas sociais que surgem devido a esses eventos devemos estar atentos para dar o suporte que as pesso-as envolvidas nisso precisam Para isso as equipes locais que estatildeo organizando a Copa do Mundo por exemplo deve-riam contar com psicoacutelogos Vocecirc acredita que o Esporte pode ser-vir como um meio de garantia dos di-reitos humanos Maacutercia Pilla do Valle ndash Eacute importan-te natildeo pensar o esporte somente como uma atividade de alto rendimento O psicoacutelogo natildeo pode colocar sua praacutetica apenas a serviccedilo do rendimento Te-mos o papel de minimizar sofrimento Busco em minha inserccedilatildeo dentro dos clubes como psicoacuteloga mudar isso e contribuir para tornar o ambiente mais agradaacutevel proporcionando melhores condiccedilotildees da praacutetica esportiva Cassiano Pires ndash Temos que pensar no esporte como algo importante para a inclusatildeo Quando estatildeo praticando esporte as diferenccedilas natildeo existem to-dos satildeo iguais Crianccedilas que fora desse contexto vivem realidades bem dife-rentes (um mora numa casa de muitos andares o outro em uma casa de chatildeo batido por exemplo) quando estatildeo em quadra jogam de igual para igual O esporte nesse sentido eacute muito iguala-dor tem uma questatildeo de inclusatildeo nata que eacute muito legal e temos que saber aproveitar isso

TIacuteTULO DE ESPECIALISTAO tiacutetulo de especialista do CFP eacute concedido por conclusatildeo de curso de especializaccedilatildeo credenciado pelo CFP ou aprovaccedilatildeo em concurso de provas e tiacutetulos promovido periodicamente pelo CFP comprovando experiecircncia profissional de pelo menos 2 anos na aacuterea pretendidawwwcfporgbr

PARTICIPE DAS DISCUSSOtildeES NO CRPRSQuer propor a discussatildeo desse tema Participe das reuniotildees das Comissotildees de Poliacuteticas Puacuteblicas e Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica

20 entre linhas | abr-mai-jun 2014

formaccedilatildeo

10 anos do curriacuteculo amplo o que de fato mudou na formaccedilatildeo do psicoacutelogo

Haacute 10 anos tinha iniacutecio um signi-ficativo processo de mudanccedilas na for-maccedilatildeo do psicoacutelogo com as alteraccedilotildees propostas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) de 2004 Sem distin-ccedilatildeo de habilitaccedilotildees diferentes a forma-ccedilatildeo do psicoacutelogo passou a ser ampla incluindo um nuacutecleo comum estaacutegios baacutesicos estaacutegios especiacuteficos ecircnfases curriculares articulaccedilatildeo de competecircn-cias baacutesicas e dos eixos estruturantes e refinamento das propostas de estaacutegios especiacuteficos Em 2011 a nova DCN man-teve as alteraccedilotildees de 2004 instituindo aleacutem dessas um projeto de formaccedilatildeo complementar para o professor de Psi-cologia em seu 13ordm artigo

Para a Associaccedilatildeo Brasileira de Ensino de Psicologia (ABEP) as ecircnfa-ses curriculares ndash que consistem em um recorte de um conjunto de fazeres (competecircncias) jaacute presentes no nuacutecleo comum concentradas em determina-do conjunto de atividades ndash podem ser consideradas uma forma de atender agrave formaccedilatildeo generalista sem cair no risco da superficialidade Cada curso tem a possibilidade de definir seus encadea-mentos prioritaacuterios independentemen-te das abordagens utilizadas

O CRPRS vem debatendo na Co-missatildeo de Formaccedilatildeo os desafios impli-cados em trabalhar a formaccedilatildeo ampla e ao mesmo tempo respeitar a exigecircncias

das ecircnfases curriculares que culminam na realizaccedilatildeo dos estaacutegios especiacuteficos

A coordenadora da Comissatildeo de Gra-duaccedilatildeo da Psicologia da UFRGS Paula Sandrine Machado lembra que o proces-so de adequaccedilatildeo e renovaccedilatildeo dos proje-tos pedagoacutegicos produziu em muitos cursos certos movimentos interessantes de avaliaccedilatildeo e de discussatildeo sobre o pro-fissional que se quer formar o contexto da Psicologia as competecircncias gerais que a formaccedilatildeo busca contemplar e as espe-cificidades de cada curso A abrangecircncia das diretrizes poreacutem aponta tanto para um profissional capaz de ldquofazer tudordquo quanto para um profissional que precisa saber algumas coisas baacutesicas para poder atuar em diferentes contextos

Para as coordenadoras de curso e de estaacutegio da Unisinos Rosana Cecchini de Castro e Maria Elisabeth Selbach o nuacute-cleo comum as competecircncias baacutesicas e os eixos estruturantes preconizados pe-las DCN tecircm possibilitado uma visatildeo abrangente e plural das muacuteltiplas pers-pectivas e possibilidades de intervenccedilatildeo para o futuro profissional da Psicologia ldquoAs ecircnfases podem ter foco no mercado de trabalho mas natildeo podem se desvin-cular da formaccedilatildeo como um todo sob pena de se tornarem especialidadesrdquo salientam as coordenadoras

Com o objetivo de evitar a especiali-zaccedilatildeo na formaccedilatildeo muitas instituiccedilotildees

Leia os depoimentos dos coordenadores dos cursos de Psicologia na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Resoluccedilatildeo nordm 05 de 15 de marccedilo de 2011 disponiacutevel em httpbitlyDCN2011

ABEPSIwwwabepsiorgbr

SAIBA MAIS Veja o histoacuterico das DCNs em httpbitlyABEP_DCNs

Publicaccedilatildeo do CFP ldquoContribuiccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia agrave discussatildeo sobre a formaccedilatildeo da(o) psicoacuteloga(o)rdquo httpbitlyCFP_Formacao

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de ensino trabalham com a proposta de ecircnfase como aprofundamento de estudo daquilo que jaacute foi contemplado na forma-ccedilatildeo geral do curriacuteculo

Na Univates por exemplo primei-ramente as ecircnfases ocorriam a partir do seacutetimo semestre o que prejudicava a formaccedilatildeo generalista uma vez que os estudos e disciplinas direcionavam para conteuacutedos muito especiacuteficos ldquoAl-teramos para as ecircnfases no uacuteltimo ano do curso Essa mudanccedila trouxe maior conhecimento aos estudantes da proacute-pria atuaccedilatildeo nos mais variados espa-ccedilosrdquo explica a coordenadora do curso de Psicologia da Univates Ana Lucia Bender Pereira

A preocupaccedilatildeo em preparar e for-mar o estudante para o mercado de trabalho eacute apontada pela coordenado-ra da Fisma Baacuterbara Maria Barbosa Silva Segundo ela a formaccedilatildeo pelas universidades natildeo estaacute em concordacircn-cia com a atuaccedilatildeo profissional ldquoIsso se

expressa quando na inserccedilatildeo dos alu-nos nos campos de praacuteticas e estaacutegios visualizamos a negaccedilatildeo ou negligecircncia de muitos campos de atuaccedilatildeo do Psi-coacutelogo para a formaccedilatildeo de alunosrdquo de-clara Baacuterbara Uma estrateacutegia adotada para dar conta dessa demanda eacute criar dentro da proacutepria instituiccedilatildeo de ensi-no espaccedilos destinados a execuccedilatildeo das praacuteticas e estaacutegios

Para o subcoordenador do curso da UNISC Jerto Cardoso da Silva as DCN devem ser pensadas democrati-camente e natildeo de forma autocraacutetica ldquoAs diretrizes devem ser propostas a partir das inquietaccedilotildees dos cursos e construiacutedas com elesrdquo Para ele os cur-sos devem estar atentos ao mercado de trabalho mas natildeo devem ser apenas pautados por ele pois trabalham na formaccedilatildeo de profissionais criacuteticos ou seja que podem ingressar no mercado mas tambeacutem transformaacute-lo e propor novas aacutereas de atuaccedilatildeo

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer ampliar a discussatildeo do tema Participe das reuniotildees ampliadas da Comissatildeo de Formaccedilatildeo Acompanhe a agenda pelo site wwwcrprsorgbrcomissoesegts

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artigo

A formaccedilatildeo em psicologia e a psicologia em formaccedilatildeo

Em pesquisa realizada na deacutecada de 80 sobre a formaccedilatildeo de psicoacutelogos com estudantes do curso de graduaccedilatildeo da Uni-versidade Federal Fluminense (UFF) Luis Antonio Baptista percebeu que ela se de-senvolvia em paralelo ao que se passava agrave sua volta Era uma formaccedilatildeo que pouco incluiacutea as questotildees entatildeo contemporacircneas da sociedade brasileira e tampouco sua histoacuteria (BAPTISTA 2000)

Jaacute nos anos 2000 em nossa experiecircn-cia de formaccedilatildeo no curso de graduaccedilatildeo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) o ldquomundo laacute forardquo parecia fazer-se bastante presente na universidade E era um mundo que se dizia em transformaccedilatildeo

Como natildeo poderia ser diferente em um mundo muacuteltiplo e em uma profissatildeo que vem se autodenominando plural o proje-to de psicologia almejado para a formaccedilatildeo contemporacircnea de psicoacutelogos natildeo era uno De um lado havia o projeto de se alcanccedilar uma psicologia verdadeiramente cientiacutefica e rigorosa contra aquelas praacuteticas profis-sionais calcadas no senso comum De ou-tro a esperanccedila de se alcanccedilar uma psico-logia eacutetica e com compromisso social que passaria justamente pela superaccedilatildeo da psicologia cientificista pois que compro-metida com o modelo neoliberal de socie-dade De um lado a defesa de um modelo de formaccedilatildeo por competecircncias De outro sua criacutetica De um lado modos ditos claacutes-sicos de conhecer De outro aqueles tidos como completamente inovadores

Luiz Claudio Mendonccedila Figueiredo relaciona o ldquoestado um tanto caoacutetico e ine-vitavelmente desarticulado de qualquer curriacuteculo de formaccedilatildeo em psicologiardquo (FI-

GUEIREDO 2009 p17) agraves condiccedilotildees histoacute-ricas desse campo cientiacutefico e profissional indicando o estudo da histoacuteria da psicologia como forma de compreender e transformar essa realidade Gostariacuteamos de apontar tam-beacutem um sentido inverso o estudo desses processos de formaccedilatildeo caoacuteticos e desarticu-lados para compreender a psicologia que te-mos e que vimos produzindo historicamen-te A formaccedilatildeo em psicologia expressando ela mesma uma psicologia em formaccedilatildeo

Essa inversatildeo constituiu nossa pesqui-sa de mestrado (ARALDI 2012) a qual tomando como ponto de partida os impas-ses dilemas e controveacutersias que permeiam as experiecircncias de psicoacutelogos em forma-ccedilatildeo encontrou algumas vias possiacuteveis de se colocar e se recolocar o problema do conhecer e do conhecimento psi Partimos de um dispositivo metodoloacutegico que ins-tigava os estudantes participantes todos da graduaccedilatildeo em psicologia da UFRGS a descreverem e analisarem coletivamente o que faziam nas diferentes praacuteticas de for-maccedilatildeo fossem elas curriculares (de estu-dos leitura pesquisa extensatildeo estaacutegio) ou informais (conversas de corredores ex-periecircncias no Diretoacuterio Acadecircmico etc)

As distinccedilotildees dos estudantes entraram em diaacutelogo com autores do campo dos estu-dos da cogniccedilatildeo e do conhecimento (Kastrup Varela Maturana Latour) que tecircm questio-nado uma forma bastante corrente ao menos nas sociedades ocidentais de se conceber o conhecer e o conhecimento enquanto repre-sentaccedilatildeo efetivada por uma mente indivi-dual de um mundo preacute-existente agrave accedilatildeo do conhecedor O que isso significa Fundamen-talmente implica separar e situar como es-

Etiane AraldiPsicoacuteloga (UFRGS) Mestre em Psicologia Social e Institucional (UFRGS) Analista de Poliacuteticas Sociais na Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo do SUS (PNH) Ministeacuterio da Sauacutede

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secircncias de um lado um sujeito que conhece e de outro um mundo que se daacute a conhecer

As experiecircncias de formaccedilatildeo dos estu-dantes pesquisados sugerem que tal concep-ccedilatildeo de conhecimento tem marcado sobre-maneira o campo psi a comeccedilar pelo modo como os psicoacutelogos se relacionam com o tema das diferentes psicologias as escolas e escolhas teoacutericas Dada a ambiguidade do objeto e da teacutecnica do psicoacutelogo somada agrave divisatildeo do campo entre diferentes psicolo-gias cada qual com concepccedilotildees epistemo-loacutegicas e metodoloacutegicas especiacuteficas acostu-mou-se a aceitar que a teoria eacute a praacutetica do psicoacutelogo sendo os conceitos ferramentas de trabalho e a escolha teoacuterica um passo neces-saacuterio para que o profissional se constitua enquanto tal e para que suas intervenccedilotildees sejam legitimamente designadas psi

Na esteira dessa ideia supotildee-se que as praacuteticas de um psicoacutelogo psicanalista por exemplo possam ser deduzidas diretamen-te da teoria psicanaliacutetica sendo o trabalho do psicoacutelogo em determinada contingecircncia comumente descrito segundo as teorias que supostamente lhe dariam sustentaccedilatildeo

Em nossa pesquisa observamos que tal loacutegica produz a teoria e a praacutetica como domiacutenios de accedilatildeo muito diferentes nessa profissatildeo sendo o trabalho psi dado o seu forte componente relacional entendido em uma dimensatildeo incorporada um co-nhecimento de ldquoorganismordquo que ldquose sen-te na carnerdquo (conforme verbalizaccedilotildees dos estudantes) em contraposiccedilatildeo com o fazer acadecircmico tomado como essencialmente analiacutetico reflexivo ldquoruminanterdquo parecen-do inclusive que o estaacutegio natildeo compunha o curriacuteculo tamanho o confronto entre um mundo e outro O curioso eacute que em-bora sendo situado no discurso como um conhecimento desprovido de corpo as competecircncias acadecircmicas eram transpos-tas em um sentido incorporado ao fazer

dos estaacutegios produzindo nos estudantes atitudes analiacuteticas distanciadas num sen-tido de espectador nas intervenccedilotildees pro-fissionais Inclusive o uso de metaacuteforas relacionadas agraves tecnologias de produccedilatildeo e apreensatildeo de teorias fizeram-se bastante presentes na explicaccedilatildeo do que faz o psi-coacutelogo fazer leituras da realidade era me-taacutefora recorrente na descriccedilatildeo de boa parte das accedilotildees dos estudantes nos estaacutegios

O tema da identificaccedilatildeo foi citado di-versas vezes como criteacuterio para a escolha teoacuterica expressando a busca por uma re-laccedilatildeo de identidade igualdade entre seu suposto ser e a concepccedilatildeo de ser (de sujei-to) supostamente contida nas teorias Mas seriam nossos ldquoeusrdquo e os ldquoeusrdquo (as con-cepccedilotildees de sujeito) das teorias assim tatildeo coerentes Tanto no campo da cogniccedilatildeo quanto no da epistemologia tal suposiccedilatildeo de coerecircncia tem sido questionada

De qualquer modo a ideia de que o ser antecede o fazer parece motivar na psicolo-gia a adoccedilatildeo de uma concepccedilatildeo de sujeito uma visatildeo de homem como necessidade a priori para a atuaccedilatildeo profissional Entretan-to o que observamos entre os estudantes e a instituiccedilatildeo universitaacuteria foi um traba-lho ativo e cotidiano de separaccedilatildeopuri-ficaccedilatildeo dessas concepccedilotildees De modo que nos perguntamos a relaccedilatildeo identitaacuteria do psicoacutelogo com as teorias que compotildeem o campo psi seria decorrente de pressupostos e eacuteticas transcendentes preconizados pela epistemologia ou seria um processo que se ampara mais nas praacuteticas cotidianas de formaccedilatildeo de psicoacutelogos Nossa aposta ao perguntar agrave formaccedilatildeo em psicologia sobre o que ali se faz evidenciou um plano con-creto de produccedilatildeo da psicologia no presen-te que extrapola em muito o leque das te-orias psicoloacutegicas vigentes mas que ainda assim pode ser afirmado como legiacutetimo co-nhecer e fazer psi na contemporaneidade

REFEREcircNCIAS

ARALDI Etiane Das escolas e escolhas teoacutericas agraves poliacuteticas cognitivas legitimando a experiecircncia e a contingecircncia na colocaccedilatildeo do problema do conhecer e do conhecimento psi Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Psicologia Social e Institucional Instituto de Psicologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS Porto Alegre 2012

BAPTISTA Luis Antonio A faacutebrica de interiores a Formaccedilatildeo Psi em Questatildeo Niteroacutei Eduff 2000

FIGUEIREDO Luiz Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos Petroacutepolis Vozes 2009

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Projeto Poliacuteticas Puacuteblicas na Formaccedilatildeo promove aproximaccedilatildeo do CRPRS com o meio acadecircmico

De acordo com pesquisas feitas pelo Centro de Referecircncia Teacutecnica em Psicologia e Poliacuteti-cas Puacuteblicas ndash CREPOPRS a formaccedilatildeo em Psicologia eacute apon-tada como uma das grandes fra-gilidades ainda impostas para atuaccedilatildeo dos psicoacutelogos nas poliacute-ticas puacuteblicas Paradoxalmente o campo das poliacuteticas puacuteblicas atrai um nuacutemero maior de pro-fissionais a cada ano que mui-tas vezes chegam ao mercado desconhecendo marcos legais e marcos loacutegicos que datildeo funda-mento agraves praacuteticas nessa aacuterea

Buscando minimizar esse problema o CREPOP vem de-senvolvendo desde 2013 o Pro-jeto Poliacuteticas Puacuteblicas na For-maccedilatildeo proposta que procura qualificar a formaccedilatildeo para atu-accedilatildeo em diferentes campos das poliacuteticas puacuteblicas por meio da aproximaccedilatildeo entre Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul e estudantes de faculdades de Psicologia do estado A ideia de desenvolver esse trabalho surgiu em 2009 por iniciativa do estagiaacuterio da eacutepoca Edson Murliki

O projeto favorece espaccedilos de debate reflexatildeo e constru-

ccedilatildeo de um pensamento criacutetico junto aos cursos de gradua-ccedilatildeo objetivando a construccedilatildeo de referecircncias teacutecnicas para a formaccedilatildeo em Psicologia e Po-liacuteticas Puacuteblicas ldquoBuscamos fortalecer o diaacutelogo entre o CRPRS e o meio acadecircmico dimensionar a percepccedilatildeo dos estudantes sobre seus conhe-cimentos acerca das poliacuteticas puacuteblicas e incentivar a refle-xatildeo avaliativa sobre a forma-ccedilatildeo profissional do psicoacutelogo para atuar na aacutereardquo declara a ex-assessora teacutecnica do CRE-POP Carolina dos Reis

Para alcanccedilar isso o pro-jeto segue algumas etapas que incluem apresentaccedilatildeo aos coordenadores dos cursos e realizaccedilatildeo de encontros com os estudantes na sede sub-sedes do CRPRS ou nas proacute-prias instituiccedilotildees de ensino ldquoOs registros desses encontros subsidiam a produccedilatildeo de um relatoacuterio que reuacutene as princi-pais questotildees apontadas pelos alunos gerando dessa forma orientaccedilotildees para construccedilatildeo de um instrumento informa-tivo que sistematize os pontos de reflexatildeordquo explica Carolina

crepop

Projeto Formaccedilatildeo na sua faculdade Faculdades de Psicologia que tenham interesse em participar do Projeto de Formaccedilatildeo devem entrar em contato com o CREPOPRS pelo fone (51) 33346799 ou pelo e-mail crepopcrprsorgbr

Os resultados parciais in-dicam a necessidade de maior aprofundamento teoacuterico no assunto bem como reconheci-mento do caraacuteter transversal da temaacutetica dentro da formaccedilatildeo Os alunos tambeacutem demandam ampliaccedilatildeo de espaccedilos de inser-ccedilatildeo que propiciem maior conta-to com a praacutetica dos psicoacutelogos nas poliacuteticas puacuteblicas Indicam ainda a necessidade de uma reformulaccedilatildeo metodoloacutegica no curso do projeto visando a am-pliar o caraacuteter de intervenccedilatildeo do mesmo Seraacute incluiacuteda uma etapa de pactuaccedilotildees entre os diversos atores envolvidos nas instituiccedilotildees participantes de modo a produzir espaccedilos para a construccedilatildeo de soluccedilotildees con-cretas aos desafios emergidos nas rodas de conversas

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tracircnsito

A Psicologia na educaccedilatildeo para o tracircnsito

A Psicologia exerce uma impor-tante funccedilatildeo no tracircnsito ao estudar a mobilidade humana a partir da anaacutelise de diferentes dimensotildees processos e fenocircmenos envolvidos nesse contexto Pensando nisso a Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsi-to e Mobilidade Humana do CRPRS contribuiu na organizaccedilatildeo do 1ordm Se-minaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito realizado pela Prefeitura de Santa Maria em abril O evento voltado a professores da rede puacuteblica de ensi-no do municiacutepio teve como objetivo despertar a conscientizaccedilatildeo de que a educaccedilatildeo pode mudar o comporta-mento das pessoas no tracircnsito

O CRPRS acredita que a Psicolo-gia pode contribuir nesse processo envolvendo os professores e toda a sociedade para que o tema seja tra-balhado de forma ampla Para a Co-missatildeo do CRPRS os professores pre-cisam entender essa transversalidade

para que haja uma real mudanccedila de comportamento da sociedade

O tracircnsito deve ser pensado de maneira ampla considerando todos os envolvidos ldquoQuando falamos em tracircnsito natildeo devemos pensar apenas no fluxo de automoacuteveis mas consi-derar principalmente que o tracircnsi-to eacute composto por todos noacutes Deve-mos pensar no aspecto da mobilidade humana pensar na livre circulaccedilatildeo e no deslocamento com seguranccedila assim como nas relaccedilotildees sociais que se constituem nesse espaccedilo Ao se deslocar pelas ruas com automoacuteveis particulares bens privados as pes-soas muitas vezes natildeo se datildeo conta de que estatildeo circulando em um espa-ccedilo puacuteblico com regras estabelecidas pelo governo e pela proacutepria socieda-de Competem entre si de modo pri-vado por um espaccedilo que eacute puacuteblico e de todosrdquo declara o coordenador da aacuterea teacutecnica do CRPRS assessor da

SAIBA MAISAssista aos viacutedeos do 1ordm Seminaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Artigo ldquoTracircnsito e Sociedaderdquo de Sinara Tres Soares e Lucio Fernando Garcia disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Publicaccedilatildeo do CRPRS ldquoTracircnsito e Mobilidade Humana - Psicologia Educaccedilatildeo e Cidadaniardquo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrlivrotransito

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tracircnsito

Comissatildeo de Tracircnsito Lucio Fernan-do Garcia

Para ele a Psicologia exerce um im-portante papel ao contribuir na refle-xatildeo que abrange conceitos de cidada-nia e suas implicaccedilotildees considerando o tracircnsito como um processo humano e que envolve condiccedilotildees subjetivas ldquoSer cidadatildeo eacute uma escolha que traz impli-caccedilotildees e reflexotildees sobre responsabili-dades obrigaccedilotildees e direitosrdquo

Diversos aspectos psicoloacutegicos interferem na forma como as pesso-as lidam com o tracircnsito A psicoacuteloga Sinara Tres Soares da Escola Puacuteblica de Tracircnsito do DETRAN-RS ressalta que mesmo tendo ciecircncia dos riscos aos quais estatildeo expostas muitas pes-soas optam em correr esse risco por acreditar que vale a pena ldquoCada pes-soa tem uma diferente percepccedilatildeo de risco O que para alguns representa mais seguranccedila para outros pode significar a permissatildeo para correr mais riscos O sistema de freios do tipo ABS por exemplo traz mais se-guranccedila poreacutem algumas pessoas por se sentirem mais seguras com essa tecnologia acabam correndo maisrdquo explica Sinara

Outro aspecto psicoloacutegico en-volvido no tracircnsito diz respeito agrave conduta que autoriza as pessoas a te-rem determinado tipo de comporta-mento contrariando aquilo que elas mesmas acreditamldquoMuitos criticam quando os carros param em fila du-pla Poreacutem quando vatildeo levar o filho

na escola por exemplo agem assim e justificam tal atitude com explica-ccedilotildees como lsquoeacute bem rapidinhorsquo ou lsquofoi soacute dessa vezldquo

Esse tipo de comportamento re-flete a questatildeo do individualismo e da dificuldade das pessoas entende-rem que fazem parte de um todo e que estatildeo inseridas em um contex-to em que seus atos iratildeo atingir o proacuteximo ldquoTemos que trabalhar na sensibilizaccedilatildeo para que cada um compreenda que a sua atitude seu comportamento interfere direta-mente no tracircnsitordquo afirma a colabo-radora da Subsede Centro-Oeste do CRPRS integrante da Comissatildeo do Tracircnsito Aline Baumlumer

Para o evento em Santa Maria o grupo de colaboradores da Subsede Centro-Oeste produziu o viacutedeo ldquoAto-res no Tracircnsitordquo que mostra diferentes pontos de vista que fazem parte do tracircnsito revelando como nossa visatildeo muda dependendo da oacutetica em que a cena eacute vista

A Comissatildeo de Psicologia do Tracircn-sito e Mobilidade Humana do CRPRS estaacute engajada na proposta de desenvol-ver poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave educa-ccedilatildeo para o tracircnsito ldquoQueremos investir na continuidade de projetos e eventos como esse Seminaacuterio Acreditamos que alunos e professores engajados tornam--se multiplicadores de accedilotildees de educa-ccedilatildeo para o tracircnsitordquo afirma a presiden-te da Comissatildeo do CRPRS Elisangela Maria Almeida Santos

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer discutir mais sobre essa relaccedilatildeo entre Psicologia e Tracircnsito Participe da Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsito e Mobilidade Humana Acompanhe a agenda de reuniotildees pelo site httpcrprsorgbrcomissoesegts ou envie e-mail para comissoescrprsorgbr e informe seu interesse

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Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica em situaccedilotildees de periacutecia e de recursos administrativos

orientaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo psicoloacutegica eacute sem duacutevi-da a abordagem mais requisitada nas di-ferentes instacircncias do fazer do psicoacutelogo Ligada principalmente agrave necessidade de uma resposta ocupa um espaccedilo teacutecnico mas tambeacutem muitas vezes se constitui no imaginaacuterio como se pudesse responder a todas e quaisquer questotildees pautadas com base na anaacutelise do comportamento ou de condiccedilotildees emocionais do avaliando Essa condiccedilatildeo eacute produzida na medida em que atualmente a avaliaccedilatildeo psicoloacutegica tem sido cada vez mais usada na condiccedilatildeo de fundamentar periacutecia ou em situaccedilotildees judi-ciais assim como as que ocorrem em con-cursos puacuteblicos no proacuteprio processo ou em situaccedilotildees de recurso administrativo

As avaliaccedilotildees nessas situaccedilotildees seguem o regrado pela profissatildeo atraveacutes do Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo e das Re-soluccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia assim como devem buscar atender ao soli-citado Entretanto essa maacutexima natildeo quer dizer que o psicoacutelogo quando destacado (contratado) como perito deva conceber tal incumbecircncia como fator a definir o resulta-do da avaliaccedilatildeo O ato pericial eacute o de aplicar teacutecnicas e meacutetodos psicoloacutegicos objetivando um resultado decorrente de todo o processo que por meio de instrumentos eou de en-trevistas concluiraacute a avaliaccedilatildeo registrando ao candidato ou periciando as conclusotildees formuladas O psicoacutelogo natildeo advoga pela parte ou seja o resultado da avaliaccedilatildeo psi-coloacutegica poderaacute ser muito diferente do re-sultado almejado pelo candidato ou parte em processo judicial A avaliaccedilatildeo natildeo pode

ser tendenciosa adaptada ou alterada a fim de alcanccedilar o resultado pretendido pelo candidato natildeo eacute uma peccedila de defesa Eacute um procedimento teacutecnicocientiacutefico que con-clui a partir dos dados e teacutecnicas aplicadas objetivando responder ao solicitado dentro de determinados limites descrevendo o ob-servado e orientando o avaliando sobre os resultados obtidos

A conduta do psicoacutelogo em todo o pro-cedimento avaliativo deve estar pautada em princiacutepios de responsabilidade teacutecnica e profissional respaldados em procedimentos cientiacuteficos e validados O profissional deve ainda levar em consideraccedilatildeo aspectos como bem-estar dignidade e responsabilidade so-cial dos envolvidos na avaliaccedilatildeo uma vez que a mesma ocorre em um contexto soacutecio--cultural e de forma geral contempla um processo que envolve a sociedade como um todo especialmente em se tratando de con-cursos puacuteblicos e assessoramento judiciaacuterio

Reco

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Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea TeacutecnicaAdriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga FiscalLeticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Artigo ldquoAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica e Relaccedilotildees com o Judiciaacuteriordquo publicado na ediccedilatildeo nordm 64 do EntreLinhas disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas64

Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcodigoetica

Resoluccedilotildees do CFP disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrresolucoesCFP

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USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

CursosEspecializaccedilatildeo em Psicologia Cliacutenica Terapia Cognitivo ComportamentalChapecoacuteSC Informaccedilotildees (49) 99413800dilmaandrettaunoescedubr wwwunoescedubr

V Ciclo de Estudos em Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica18072014 (iniacutecio moacutedulo 5) 08082014 (iniacutecio moacutedulo 6)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33085453cicloestudosapgmailcom wwwufrgsbrgeapap

Mediaccedilatildeo de Conflitos Novo paradigma agrave construccedilatildeo da pazAteacute 09102014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32226134infoclipmedcombr wwwclipmedcombr Curso de PsicanaacuteliseAteacute 25102014 Passo FundoRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Grupos de EstudoOs contos de fadas como instrumento de conhecimento e desenvolvimento humanoCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500claudiaclinicatessaricombr wwwrecriarnetbr

Introduccedilatildeo agrave Psico-Oncologia com ecircnfase em Psicossomaacutetica e PsiconeuroimunologiaPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92627203 (51) 84041373dhmullerbolcombr danitnunesgmailcompsicossomatica-rsorgbr

Estudos Metapsicoloacutegicos de Freud1306 1807 1508 1909 1010 e 21112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

O que fazer quando recebemos uma crianccedila0407 0108 2908 3110 07112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Mitologia Grega IAteacute 21112014 (encontros mensais)Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500recriarrecriarnetbr

A obra de Wilfred BionAteacute 13122014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr Teoria e Teacutecnica das Paradas e Impasses do TratamentoEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33303845secretariasbpdepaorgbr

Observaccedilatildeo de BebecircsEncontros agraves segundas-feirasNovo Hamburgo RS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Indicadores de Intersubjetividade de 0 a 2 anosEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

O Estudo da Mente na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Conceitos Fundamentais sobre sexualidade na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

DW Winnicott sua pessoa e suas ideias psicanaliacuteticasEncontros agraves quartas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Andreacute GreenEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

Donald WinnicottEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwbionorgbr

Seacuterie Em TerapiaEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr Trabalhos de MetapsicologiaEncontro agraves sextas-feirasCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Freud Reinventando FreudEncontros aos saacutebadosCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

BionEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr D WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

FreudEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Iniciando com WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Introduccedilatildeo ao Aparelho PsiacutequicoEncontros mensaisPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 (51) 33842765contatobionorgbr wwwbionorgbr

Congressos Jornadas Simpoacutesios e Conferecircncias

IV Jornada do Programa da Mulher Depen-dente Quiacutemica02082014Satildeo PauloSP Informaccedilotildees (11) 26618011amandadiasipqhcorgbr omrochaipqhcorgbr wwwceiporgbr

Jornada Constructo 2014 - com Dr Jacques Andregrave15 e 16082014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Congresso SOCERGS 2014 Uniatildeo de conheci-mento e Intercacircmbio multidisciplinar21 a 23082014GramadoRS Informaccedilotildees (51) 33391415 wwwsocergsorgbrcongresso2014

IV Congresso Brasileiro de Psicologia - Ciecircn-cia e Profissatildeo19 a 23112014Satildeo PauloSPwwwcienciaeprofissaocombr

Conferecircncia e Treinamento com a Psicoacuteloga Americana FELICIA CARROLL26 a 29112014Caxias do Sul RS Informaccedilotildees claudiatessarigmailcom wwwrecriarnetbr

Exibiccedilatildeo de filme8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoMorte em Venezardquo02072014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoUacuteltimo Tango Em Parisrdquo13082014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoCanccedilatildeo de Amorrdquo10092014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoAta-merdquo08102014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoO Livro de Cabeceirardquo12112014 Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

OficinaOficina de Produccedilatildeo Psicanaliacutetica e LiteraacuteriaSegundas ou quartas-feiras (6 encontros)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwpaulofernandomonteiroferrazblogspotcom

Agecircncia Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

Page 3: EntreLinhas nº 66

entre linhas | abr-mai-jun 2014 3

sumaacuterio + comunicados

04 FIQUE ATENTO

05 JUSTICcedilA Psicologia e Relaccedilotildees com a Justiccedila

Instituiccedilotildees de Acolhimento e Unidades Socioeducativas

Trabalho Transdisciplinar

Escuta de crianccedilas e adolescentes na Justiccedila

A experiecircncia do Nuacutecleo de Praacuteti-cas Juriacutedicas do Projeto de Atenccedilatildeo Ampliada agrave Sauacutede ndash PAAS

Comissatildeo de Eacutetica

Medida Socioeducativa entre A amp Z

15 RELATO DE EXPERIEcircNCIAConsultoria Organizacional como Dispositivo Cliacutenico

16 ENTREVISTA Psicologia e Esporte

Comunicado sobre o concurso da ACADEPOL

Sumaacuterio

O Conselho Regional de Psico-logia do Rio Grande do Sul (CRPRS) vem a puacuteblico informar que tomou conhecimento de posturas profis-sionais inadequadas que ocorreram durante a etapa de devoluccedilatildeo da Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica do referido concurso Frente aos casos relata-dos a este Conselho foram tomadas providecircncias como orientaccedilotildees aos envolvidos (candidatos banca exa-minadora psicoacutelogos que acompa-nharam candidatos) sobre os aspec-tos legais que envolvem avaliaccedilotildees psicoloacutegicas em concursos puacuteblicos tanto por demanda espontacircnea como por iniciativa desta Autarquia e convocaccedilotildees de psicoacutelogos junto agrave Comissatildeo de Orientaccedilatildeo e Fiscali-zaccedilatildeo a fim de prestarem esclareci-mentos sobre o ocorridoO CRPRS ainda esteve presente no dia das entrevistas devolutivas na instacircncia de recurso da avaliaccedilatildeo psicoloacutegica nas dependecircncias da Academia de PoliacuteciaComunicamos que estamos aten-tos agraves condutas que tecircm sido pra-ticadas tanto pelos profissionais que acompanham os candidatos como pelos profissionais avaliado-res sempre no intuito de orientar fiscalizar e qualificar a praacutetica pro-fissional Lembramos que sempre que preciso o CRPRS tomaraacute as pro-videcircncias legais e administrativas necessaacuterias para uma praacutetica eacutetica e adequada aos ditames da profissatildeo

20 FORMACcedilAtildeO10 anos do curriacuteculo amplo o que de fato mudou na formaccedilatildeo do psicoacutelogo

22 ARTIGOA formaccedilatildeo em psicologia e a psicologia em formaccedilatildeo

24 CREPOPDireitos sexuais e reprodutivos em pauta

25 TRAcircNSITOA Psicologia na educaccedilatildeo para o tracircnsito

27 ORIENTACcedilAtildeOAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica em situaccedilotildees de periacutecia e de recursos administrativos

28 AGENDA

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIACONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA - 7ordf Regiatildeo

A Presidente do Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul Psicoacuteloga Alexandra Maria Campelo Ximendes em cumprimento ao estabelecido no Coacutedigo de Processamento Disciplinar vem por meio deste instrumento aplicar a penalidade de

CENSURA PUacuteBLICA

agrave psicoacuteloga Rosacircngela Maria Jasnievicz Machado CRPRS-2492 por infraccedilatildeo eacutetica ao artigo 1ordm aliacutenea ldquocrdquo do Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo e Resoluccedilatildeo CFP nordm0072009

Porto Alegre 16 de junho de 2014

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PEC 51

Exploraccedilatildeo Sexual

Estaacute tramitando no Senado Federal a Proposta de Emenda agrave Constituiccedilatildeo nordm 51 de 2013 de autoria do senador Lind-bergh Farias A proposta altera os art 21 24 e 144 da Consti-tuiccedilatildeo acrescenta os art 143-A 144-A e 144-B e reestrutura o modelo de seguranccedila puacutebli-ca a partir da desmilitarizaccedilatildeo do modelo policial

Lembrando o 18 de maio Dia Nacional de Combate ao Abuso e agrave Exploraccedilatildeo Sexual de Crianccedilas e Adolescentes o CRPRS convoca a categoria a ficar atenta agraves accedilotildees de en-frentamento agrave exploraccedilatildeo sexual durante a Copa do Mun-do no Brasil O evento pode agravar situaccedilotildees de vulnera-bilidade entre crianccedilas e adolescentesRecentemente foi lanccedilada a campanha internacional ldquoNatildeo desvie o olharrdquo cujo objetivo eacute proteger os direitos de crianccedilas e adolescentes durante a Copa do Mundo e sen-sibilizar a populaccedilatildeo sobre a importacircncia da denuacutencia A accedilatildeo envolve todo o Brasil especialmente as 12 cidades--sede dos jogos aleacutem de 19 paiacuteses da Europa e AacutefricaDenuacutencias sobre exploraccedilatildeo sexual de crianccedilas e adoles-centes podem ser feitas pelo Disque 100 ou nos Conselhos Tutelares que receberam capacitaccedilotildees do Programa de Accedilotildees Integradas e Referenciais de Enfrentamento agrave Vio-lecircncia Sexual Infanto-Juvenil (PAIR)

Ato Meacutedico Com o argumento de que o PL

612613 conhecido como Novo

Ato Meacutedico natildeo eacute prioridade no

momento para nenhuma profis-

satildeo o deputado Eleuses Paiva

solicitou a rejeiccedilatildeo ao projeto no

iniacutecio de abril durante audiecircncia

puacuteblica na Comissatildeo de Seguri-

dade Social e Famiacutelia A proposta

aguarda definiccedilatildeo de relator

fique atento

O CRPRS recomenda a leitura do texto do psicoacutelogo Rodrigo Lages e Silva que aborda a questatildeo disponiacutevel em httpbitlypec51

Saiba mais acessando relatoacuterio produzido pela ONG Childhood Brasil disponiacutevel em httpbitlychildhood_copa

Fique atento e acompanhe a tramitaccedilatildeo do projeto em wwwcrprsorgbr

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Psicologia e Relaccedilotildees com a Justiccedila

A dificuldade da Psicologia em produzir respostas objetivas e exatas torna a relaccedilatildeo com a Justiccedila um pro-cesso complexo principalmente pela simplificaccedilatildeo com que a atuaccedilatildeo do psicoacutelogo eacute muitas vezes vista pelos operadores do Direito

ldquoNatildeo conseguimos responder tatildeo objetivamente a muitos dos quesitos formulados pelas partes e pelo proacuteprio Judiciaacuterio Os operadores do Direito em algumas situaccedilotildees exigem respos-

tas de lsquosimrsquo ou lsquonatildeorsquo o estabelecimento de datas de iniacutecio de uma patologia ou de prognoacutestico de doenccedilas mentais que nem sempre atendem de forma satisfatoacuteria aos processos judiciais em virtude da Psicologia natildeo ser uma ci-ecircncia exata que permita respostas tatildeo precisasrdquo afirma Vivian de Medeiros Lagos que desenvolve trabalhos na aacuterea de avaliaccedilatildeo psicoloacutegica forense prestando assessoria teacutecnica a advoga-dos de Direito de Famiacutelia

Vivian de Medeiros LagosGraduada em Direito e em Psicologia Possui especializaccedilatildeo em Psicologia Juriacutedica (Ulbra) e eacute Mestre e Doutora em Psicologia (UFRGS)

justiccedila

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justiccedila

Para Lindomar Daroacutes psicoacutelo-go na Vara de Infacircncia Juventude e Idoso da Comarca de Satildeo Gonccedilalo no Rio de Janeiro a relaccedilatildeo com o Poder Judiciaacuterio eacute marcada por uma riacutegida hierarquia ldquoA magistratura salvo raras exceccedilotildees trata aqueles que re-presentam outros saberes que natildeo o do Direito de modo subalternizado Temos que afirmar a diferenccedila des-tacando a equidade dos saberes os quais deveriam estar a serviccedilo da po-pulaccedilatildeo atendida natildeo dos represen-tantes do Direitordquo

Conforme Vivian a Psicologia Ju-riacutedica ainda tem muito a se desenvol-ver e por isso a valorizaccedilatildeo e com-preensatildeo do trabalho do psicoacutelogo por parte do Judiciaacuterio ainda encontra-se em construccedilatildeo ldquoOs juiacutezes que solici-tam periacutecias e que a partir das mes-mas conseguem obter informaccedilotildees im portantes para tomar suas decisotildees tendem a solicitar cada vez mais ava-liaccedilotildees e a valorizaacute-las entendendo a necessidade por exemplo de prazos mais longos para a realizaccedilatildeo de pe-riacutecias dependendo da situaccedilatildeo que se apresenta Por outro lado infeliz-

Lindomar DaroacutesPsicoacutelogo ndash Perspectiva Soacutecio-Histoacuterica Doutorando UERJ

ldquoTemos que afirmar a diferenccedila destacando a equidade dos saberes os quais deveriam estar a serviccedilo da populaccedilatildeo atendida natildeo dos representantes do Direitordquo

mente ainda evidenciamos muitos documentos psicoloacutegicos com falhas eacuteticas e teacutecnicas revelando trabalhos de pouca qualidade que pouco con-tribuem para o Judiciaacuterio Esses traba-lhos prejudicam natildeo apenas o caso em si sob avaliaccedilatildeo mas tambeacutem podem acarretar percepccedilotildees distorcidas sobre a avaliaccedilatildeo psicoloacutegica no contexto forenserdquo analisa

Devido agrave carecircncia de instru-mentos especiacuteficos para a avaliaccedilatildeo psicoloacutegica no Judiciaacuterio Vivian defende a pesquisa na aacuterea ldquoOs ins-trumentos utilizados hoje em dia na maior parte das vezes foram de-lineados para o contexto cliacutenico e por isso podem estar mais sujeitos agrave manipulaccedilatildeo dos resultados carac-teriacutestica mais frequente no contexto forense Eacute fundamental que pesqui-sadores se dediquem a explorar essa aacuterea contribuindo com instrumentos adaptados para o contexto forense que minimizem a chance de prejuiacutezo agrave validade dos achados e corroborem a cientificidade das teacutecnicas de ava-liaccedilatildeo psicoloacutegica valorizando nosso trabalho perante o Judiciaacuteriordquo

SAIBA MAISTese de doutorado ldquoConstruccedilatildeo de um sistema de avaliaccedilatildeo do relacionamento parental para situaccedilotildees de disputa de guardardquo de Vivian de Medeiros Lagohttpbitlytese_vivian_lago

Artigo ldquoAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica implicaccedilotildees eacuteticasrdquo de Alexandra Anache e Caroline Reppold publicado no livro do CFP ldquoAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica ndash Diretrizes na Regulamentaccedilatildeo da Profissatildeordquo disponiacutevel em httpbitlyavaliacao_psicologica

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Instituiccedilotildees de Acolhimento e Unidades Socioeducativas

No acircmbito das instituiccedilotildees de aco-lhimento e unidades socioeducativas as demandas passam pelo acolhimen-to institucional e acompanhamento de crianccedilas e adolescentes e de suas respec-tivas famiacutelias pela inserccedilatildeo em progra-mas pelo atendimento cliacutenico e partici-paccedilotildees nas audiecircncias para prestar seu depoimento sobre o caso acompanhado

ldquoRecebemos quantas demandas puderem ser pensadas para lsquoadequarrsquo o sujeito a um modelo considerado desejadordquo afirma Mirela de Cintra psicoacuteloga da Fundaccedilatildeo de Assistecircn-cia Social e Cidadania (FASC) que destaca a dificuldade da Psicologia estabelecer um bom relacionamento com a Justiccedila ldquoO psicoacutelogo se vecirc na intersecccedilatildeo entre o saber juriacutedico a demanda explicita ou velada pela se-gregaccedilatildeo social e todo um complexo sistema de programas de atendimen-to aos adolescentes Campos estes que deveriam se articular para atendecirc-los integralmente mas que em si jaacute satildeo fragmentados e fragmentantesrdquo

Aleacutem dessa dificuldade relatada por Mirela a psicoacuteloga Eduarda Coelho Torres que atua em Casa de Acolhi-mento de Crianccedilas e Adolescentes pela Prefeitura de Novo Hamburgo destaca que a relaccedilatildeo com a Justiccedila torna-se mais estreita no momento da construccedilatildeo do plano individual de atendimento quan-

do a crianccedila ou o adolescente chegam Para produzir o plano eacute feito um estudo do caso e accedilotildees especiacuteficas a serem reali-zadas e como preconiza o ECA as accedilotildees iniciais satildeo sempre em direccedilatildeo ao res-gate ou construccedilatildeo de viacutenculos familia-res Essa construccedilatildeo nem sempre pode ser feita no tempo exiacuteguo imposto pela Justiccedila ldquoO documento eacute encaminhado agrave autoridade judiciaacuteria que passa a acom-panhar todo o trabalho realizado com a crianccedila e sua famiacutelia Esse contato eacute fundamental para que o juiz possa estar bem embasado ao proferir suas senten-ccedilasrdquo explica Eduarda

De acordo com Mirela nas uni-dades de medida socioeducativas a funccedilatildeo do psicoacutelogo deve ser a de criar um espaccedilo propiacutecio agrave elaboraccedilatildeo subjetiva trabalhando a singularida-de de cada um desses adolescentes ldquoDevemos trabalhar na construccedilatildeo de significados com relaccedilatildeo agrave medida fazendo o adolescente entender por que foi necessaacuterio tal ato e por que a sociedade lhe atribuiu uma medida que eacute socioeducativa e natildeo apenas punitiva Se natildeo haacute possibilidade do sujeito questionar-se sobre o que fez as consequecircncias de seus atos e a res-ponsabilidade que cada um tem sobre seu futuro natildeo haacute mudanccedila possiacute-velrdquo Outra atribuiccedilatildeo da Psicologia eacute tentar traduzir aos jovens o momento

Eduarda Coelho TorresPsicoacuteloga na Secretaria do Desenvolvimento Social de Novo Hamburgo jaacute tendo atuado tanto na Proteccedilatildeo Social Baacutesica quanto na Proteccedilatildeo Social Especial de Alta Complexidade

Mirela de CintraGraduada em Psicologia e Direito Especialista em psicologia cliacutenica e direitos humanos pela UFRGS Trabalha haacute 10 anos na Assistecircncia Social do Municiacutepio de Porto Alegre

ECA ndash Estatuto da Crianccedila e do Adolescente httpbitlyEstatuto_Crianccedila_Adolescente

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justiccedila

de encontro com os operadores de di-reito trabalhando a audiecircncia como uma inserccedilatildeo no simboacutelico ldquoEsse eacute o momento de retomar os fios esgarccedila-dos do laccedilo social que esse possa ser um retorno do adolescente a seu lugar de cidadatildeo e que antes de pagar com o corpo ele pode e deve pagar com palavras ou seja recobrir seus atos com palavrasrdquo acredita Mirela

Eduarda ressalta ser um equiacutevoco acreditar que o psicoacutelogo que trabalha inserido na instituiccedilatildeo de acolhimen-to deva restringir sua ligaccedilatildeo com a

Justiccedila a apenas responder agraves solici-taccedilotildees do poder judiciaacuterio ldquoO profis-sional comprometido com o seu fazer tem amplo conhecimento dos casos que acompanha e estaacute capacitado a posicionar-se criticamente em relaccedilatildeo a eles Eacute fundamental que perceba a importacircncia de seu papel e assuma seu protagonismo nesta rede natildeo agindo simplesmente quando solicitado mas propondo momentos de discussatildeo e reflexatildeo criacutetica O espaccedilo estaacute aberto basta ocupaacute-lo com responsabilidade competecircncia teacutecnica e iniciativardquo

Trabalho TransdisciplinarComo forma de minimizar os con-

flitos gerados na relaccedilatildeo com a Justiccedila Lindomar defende um trabalho trans-disciplinar como potecircncia para produzir diferenccedila tanto nas proacuteprias profissotildees quanto na vida de quem eacute atendido O trabalho em rede eacute visto como o caminho para garantia de direitos de crianccedilas ado-lescentes e idosos ldquoO ato de transdiscipli-narizar rompe com modelos hieraacuterquicos de saberes e setores Deste modo preci-samos estar juntos agrave educaccedilatildeo sauacutede assistecircncia social organizaccedilotildees natildeo go-vernamentais sempre prontos a escutar a diferenccedila afirmando-a notadamente naquilo que nos inquietardquo declara

Como exemplo desse trabalho transdisciplinar Lindomar descreve a parceria estabelecida com os pro-fissionais do Serviccedilo Social na Vara

de Infacircncia Juventude e Idoso da Comarca onde atua como psicoacutelogo produzindo relatoacuterios e pareceres teacutecnicos comuns sem uma delimita-ccedilatildeo especiacutefica das aacutereas ldquoA produccedilatildeo dos documentos se dava na delicade-za do encontro na intervenccedilatildeo Isto sempre se mostrou segundo nossa apreensatildeo potente Poreacutem a partir da Resoluccedilatildeo CFESS 5572009 que exige que o parecer social seja especi-ficado natildeo mais fazemos os pareceres conjuntos apenas os relatoacuterios e ao final sinalizamos o Parecer Psicoloacutegi-co e o Parecer Social os quais acabam por apresentar modos diferentes de apontar aquilo que fora produzido no transdisciplinarizar da intervenccedilatildeo A equipe se enriquece na diferenccedila de perspectivas disciplinares diversasrdquo

SAIBA MAISEntrelinhas nordm 39wwwcrprsorgbrentrelinhas39

Dissertaccedilatildeo de mestrado ldquo(Falecircncia familiar)+(Uso de drogas) = risco e periculosidade a naturalizaccedilatildeo juriacutedica e psicoloacutegica de jovens com medida de internaccedilatildeo compulsoacuteriardquo de Carolina dos Reis httpbitlydissertacao_carolina_reis

Artigo ldquoO carcereiro que haacute em noacutesrdquo de Edson Passeti publicado no livro do CRPRS rdquoEntre garantia de direitos e praacuteticas libertaacuteriasrdquowwwcrprsorgbrgarantiadireitos

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Escuta de crianccedilas e adolescentes na Justiccedila

Com relaccedilatildeo agrave escuta de crianccedilas e adolescentes na Justiccedila Lindomar Daroacutes esclarece que a praacutetica da Psi-cologia natildeo pode ser confundida com inquiriccedilatildeo ldquoA inquiriccedilatildeo diz de uma posiccedilatildeo no mundo que impotildee agravequele que eacute instado a falar dizer no tem-po de quem pergunta sem silecircncios pausas delongas ou reticecircncias Eu pergunto e vocecirc responde E responde aquilo que lhe pergunto sem maiores explicaccedilotildees caso eu natildeo lhe peccedila de-talhes Quanto agrave escuta diz de uma posiccedilatildeo daquele que se dispotildee a estar com o outro no tempo possiacutevel ao ou-tro para dizer em conformidade com sua demandardquo

Lindomar defende que a entra-da do psicoacutelogo no Poder Judiciaacute-rio deve ser pensada para produzir escuta jaacute que a inquiriccedilatildeo cabe aos operadores do Direito ldquoAo que pa-rece natildeo eacute a escuta que o Tribunal de Justiccedila nos requer mas a inqui-riccedilatildeo Afinal nossos relatoacuterios teacutec-nicos deixaram de ser considerados adequados pois natildeo eram suficien-tes para se condenar Assim dentro da estrutura do Poder Judiciaacuterio em termos macropoliacuteticos ndash o que natildeo re-trata a experiecircncia vivida pela nossa equipe especificamente ndash passaram a nos demandar outra intervenccedilatildeo

que natildeo a escuta psicoloacutegica mas a inquiriccedilatildeo uma lsquoescutarsquo produtora de provas suficiente para condenar Isto segundo minha anaacutelise diz natildeo apenas da escuta de crianccedilas mas de todos os jurisdicionados Cobram dos psicoacutelogos e tambeacutem dos as-sistentes sociais lsquodepoimentos sem danorsquo exames criminoloacutegicos parti-cipaccedilatildeo em comissotildees disciplinares nos presiacutedios Quando resistimos somos apontados como indisciplina-dos Talvez estejamos em boa com-panhia pois haacute notaacuteveis defensores da (in)disciplinardquo

Em 2005 o Conselho Federal de Psicologia iniciou o debate sobre a escuta de crianccedilas e adolescentes na Rede de Proteccedilatildeo Como resulta-do dessa discussatildeo foi publicada a Resoluccedilatildeo 0102010 que vedava ao psicoacutelogo o papel de inquiridor praacute-tica que ficou conhecida como Depoi-mento sem Dano no atendimento de Crianccedilas e Adolescentes em situaccedilatildeo de violecircncia Poreacutem a mesma foi sus-pensa apoacutes o questionamento judicial

A discussatildeo se ampliou para aleacutem do aspecto procedimental e passou-se a questionar se a mudanccedila de ambien-te e de estrateacutegia de fato reassegura direitos visto que coloca crianccedilas e adolescentes apenas como ldquoobjetordquo de

SAIBA MAISOrientaccedilotildees Teacutecnicas para os Serviccedilos de Acolhimento para Crianccedilas e Adolescentes publicaccedilatildeo do Conselho Nacional dos Direitos da Crianccedila e do Adolescente ndash CONANDA e do Conselho Nacional de Assistecircncia Social ndash CNAShttpbitlyorientacoes_CONANDA_CNAS

Publicaccedilatildeo do CFP ldquoA escuta de crianccedilas e adolescentes envolvidos em situaccedilatildeo de violecircncia e a rede de proteccedilatildeordquohttpbitlyescuta_criancas_adolescentes

Nota sobre Resoluccedilatildeo do CFP nordm 0102010httpbitlyresolucao010_2010

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justiccedila

produccedilatildeo de prova com vistas agrave res-ponsabilizaccedilatildeo do agressor

Haacute consenso entre os que repudiam e os que defendem a criaccedilatildeo de salas especiais para a realizaccedilatildeo do deno-minado ldquodepoimento sem danordquo ou ldquodepoimento especialrdquo de que eacute neces-saacuterio evitar a revitimizaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes que satildeo colocados em sucessivas situaccedilotildees de repeticcedilatildeo da

histoacuteria da violecircncia vivida ou presen-ciada Natildeo haacute consenso entretanto no entendimento de que a inquiriccedilatildeo natildeo seja revitimizante ou violadora de direi-tos mesmo em ambientes mais huma-nizados visto que seu uacutenico objetivo eacute a responsabilizaccedilatildeo do agressor

O CFP defende que natildeo eacute papel do psicoacutelogo realizar inquiriccedilatildeo monito-rado pelo juiz que lhe determina as

SAIBA MAISO V Conversando sobre a Psicologia e o SUAS em Caxias do Sul realizado em agosto de 2013 tratou das Relaccedilotildees com a Justiccedila Confira resumo das questotildees abordadas em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Leia entrevistas na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

entre linhas | abr-mai-jun 2014 11

A experiecircncia do Nuacutecleo de Praacuteticas Juriacutedicas do Projeto de Atenccedilatildeo Ampliada agrave Sauacutede ndash PAAS

QUER AMPLIAR O DEBATE SOBRE O TEMA Participe das Comissotildees de Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica Poliacuteticas Puacuteblicas ou das atividades do CREPOP como o Conversando sobre a Psicologia e o SUAS Acompanhe a agenda de reuniotildees em wwwcrprsorgbrcomissoesegts

ENTRELINHAS RECOMENDA

Filme ldquoO Juiacutezordquo de Maria Augusta Ramos (2007)

Filme ldquoO Contador de Histoacuteriasrdquo de Luiz Villaccedila (2009)

Desenvolvido pela Unisinos o Projeto de Atenccedilatildeo Ampliada agrave Sauacute-

de (PAAS) atua de forma interdisciplinar atendendo agrave comunidade de

Satildeo Leopoldo e regiatildeo aleacutem de constituir-se como campo de estaacutegio

para os acadecircmicos O Nuacutecleo de Praacuteticas Juriacutedicas eacute o responsaacutevel

pela articulaccedilatildeo entre a Psicologia e as demandas do Judiciaacuterio Co-

nheccedila o Projeto acessando wwwcrprsorgbrentrelinhas66

perguntas a serem feitas agrave crianccedila e ao adolescente A inquiriccedilatildeo eacute um proce-dimento juriacutedico constitui-se em um interrogatoacuterio cujo objetivo eacute levantar dados para instruccedilatildeo de um processo judicial visando agrave produccedilatildeo de prova sendo as perguntas feitas agrave crianccedila e ao adolescente orientadas pelas neces-sidades do processo A escuta psicoloacute-gica caracteriza-se por ser uma relaccedilatildeo de cuidado acolhedora e natildeo invasi-va para a qual se requer a disposiccedilatildeo de escutar respeitando-se o tempo de elaboraccedilatildeo da situaccedilatildeo traumaacutetica as peculiaridades do momento do desen-volvimento e sobretudo visando a natildeo revitimizaccedilatildeo A escuta leva em conta a dimensatildeo subjetiva que tambeacutem deve ser considerada na perspectiva dos di-reitos humanos

Ao elaborar a Resoluccedilatildeo 0102010 o Conselho Federal defendia a neces-sidade da escuta sempre ser funda-mentada nos princiacutepios da proteccedilatildeo integral e da prioridade absoluta pre-vistos no ECA em decorrecircncia da si-tuaccedilatildeo peculiar de desenvolvimento em que se encontram crianccedilas e ado-lescentes na legislaccedilatildeo especiacutefica da profissatildeo e nos marcos teoacutericos teacutec-nicos e metodoloacutegicos da Psicologia como ciecircncia e profissatildeo

ldquoA derrubada da resoluccedilatildeo con-figura-se uma intromissatildeo no que diz respeito agrave capacidade teacutecnica dos conselhos de classe das profis-sotildees regulamentadas de dizerem dos limites eacutetico-teacutecnicos-poliacuteticos de suas respectivas profissotildeesrdquo afirma Lindomar

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Comissatildeo de Eacutetica

Uma urgecircncia coloca-se na relaccedilatildeo que se estabelece sem-pre mais intensa entre as praacute-ticas psicoloacutegicas e o campo juriacutedico Trata-se de trazer para a discussatildeo a dimensatildeo eacutetica do fazer psicoloacutegico colocando em pauta o modo pelo qual efetiva-mos essa relaccedilatildeo e os modos pe-los quais chegamos a instituir novas formas conceituais e pro-cedimentais tanto na produccedilatildeo do conhecimento psi como na atuaccedilatildeo profissional do psicoacutelo-go junto aos tracircmites judiciais Para comeccedilar este debate cabe nos perguntarmos como enten-demos essa dimensatildeo eacutetica

Pensamos que para muito aleacutem de estipular um ldquodever serrdquo nos modos de se produzir conhecimento e de se inserir nas praacuteticas profissionais esta-mos nos referindo agrave reflexatildeo e problematizaccedilatildeo das questotildees e temaacuteticas que nos assolam na contemporaneidade Tais ques-totildees nos levam em muacuteltiplos processos a nos constituirmos de uma determinada forma a sermos ndash sujeitos ndash deste ou da-quele modo ou ainda a sermos chamados e reconhecidos por esta ou aquela marca objetiva e subjetiva de identificaccedilatildeo Natildeo estamos portanto falando de regulamentos para conduzir

justiccedila

comportamentos ou ainda de procedimentos disciplinares relacionados a condutas acadecirc-micas e profissionais desvian-tes ou natildeo na elaboraccedilatildeo de suas atividades

Esse debate se refere tanto a uma identificaccedilatildeo profissio-nal ndash psicoacutelogo que nos coloca em uma multiplicidade de praacute-ticas relativas agrave subjetividade humana como tambeacutem agraves inuacute-meras formas de como somos designados objetivamente em nosso fazer tais como psicoacute-logo especialista na infacircncia ou psicoacutelogo perito judicial ou ainda psicoacutelogo especialis-ta em conflitos parentais e ao mesmo tempo perito em ava-liaccedilatildeo psicoloacutegica e assim por diante No intuito de dar conta das demandas que se formam nos processos poliacutetico-sociais contemporacircneos noacutes psicoacutelo-gos vamos nos organizando e predispondo dentro das possi-bilidades viaacuteveis e com o maior rigor eacutetico-profissional a con-templar tecnicamente o que nos convoca a partir do campo psicoloacutegico e da sociedade No entanto ao mesmo tempo que desenvolvemos um saber espe-ciacutefico no campo da Psicologia vamos produzindo verdades pelo estatuto cientiacutefico que ser-

vem aos mecanismos da Justiccedila para julgar punir e delimitar os merecedores desta ou daquela decisatildeo judicial ou ainda pe-nalidade descrita em lei Eacute dian-te destes enlaces entre as praacuteti-cas em Psicologia e o campo psicoloacutegico que mais uma vez afirmamos a indissociabilidade entre um fazer cientiacutefico e a sua dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ou en-tre ciecircncia e poliacutetica Fazemos sim uma Psicologia implicada nas questotildees sociais e poliacuteticas de nosso tempo entendendo que um embate poliacutetico aiacute se co-loca entre os campos em causa Psicologia e Judiciaacuterio

Sendo assim por que que-remos neste momento trazer a discussatildeo da dimensatildeo eacuteti-ca para a relaccedilatildeo das praacuteticas psicoloacutegicas no campo judiciaacute-rio Esta questatildeo nos convoca fortemente a partir da parti-cipaccedilatildeo na Comissatildeo de Eacutetica do CRPRS para o debate ao nos depararmos com a enor-me demanda de intervenccedilotildees consideradas como faltosas nos aspectos eacuteticos da atuaccedilatildeo profissional em situaccedilotildees que se relacionam com processos ou convocatoacuterias judiciais sejam elas no acircmbito familiar ou do direito administrativo das insti-tuiccedilotildees puacuteblicas

entre linhas | abr-mai-jun 2014 13

As denuacutencias que chegam agrave Comissatildeo de Eacutetica versam principalmente sobre ausecircn-cia de guarda de documentos e ausecircncia de realizaccedilatildeo de avaliaccedilatildeo psicoloacutegica na aacuterea do tracircnsito elaboraccedilatildeo de do-cumentos que extrapolam os limites teacutecnicos ou sem funda-mentaccedilatildeo teacutecnica utilizados no acircmbito judicial divulgaccedilatildeo de instrumentos natildeo reconhecidos na aacuterea da Psicologia obtenccedilatildeo de vantagens financeiras a par-tir de processo psicoteraacutepico

Eacute nesta inserccedilatildeo das praacuteti-cas psicoloacutegicas nas demandas que se fazem todos os dias que entendemos a importacircncia da dimensatildeo eacutetica Uma eacutetica que se vincula ao campo da refle-xatildeo a um pensamento atuan-te sobre os processos que nos subjetivam e nos convocam cotidianamente Logo eacute muito mais do que um tecnicismo--instrumental que se constitui para solucionar e legitimar as normatizaccedilotildees afirmadas em muitos processos entrelaccedila-dos no arranjo social Trata-se de uma eacutetica que coloca em questatildeo as formas pelas quais os sujeitos satildeo tomados como objeto em uma determinada relaccedilatildeo de conhecimento ndash o psicoloacutegico ndash e portanto em uma relaccedilatildeo de poder Estamos assim nos referindo agraves formas que determinamos enqua-dramos instituiacutemos e muitas

vezes ateacute legislamos sobre as relaccedilotildees que constituiacutemos na vida ou mais especificamente das formas que determinamos e instituiacutemos a partir de nossa atuaccedilatildeo profissional Este dizer este determinar este legislar passa pelo acircmbito do saber Sa-ber sobre algo saber sobre al-gueacutem Passa por um saber que diz como algueacutem pode ou natildeo se conduzir como pode ou natildeo se reconhecer como pode ou natildeo se comportar etc daiacute uma relaccedilatildeo de saber que tambeacutem se configura em jogos de poder

Abrir questotildees eacuteticas nesta discussatildeo implica em nos per-guntarmos como estatildeo se for-mulando as denuacutencias agrave Comis-satildeo de Eacutetica do CRPRS Em que processos e jogos de interesse se efetivam as intervenccedilotildees psico-loacutegicas consideradas faltosas Quando falamos em interven-ccedilatildeopraacutetica psicoloacutegica de que forma queremos encaminhaacute--las e sob que discursos eacutetico--poliacuteticos nos assentamos para legitimaacute-las Queremos uma atuaccedilatildeo disciplinadora e lega-lista na nossa profissatildeo e na so-ciedade O que queremos com esse processo Quais os efeitos que esperamos que se produ-zam a partir dessa intervenccedilatildeo moral O que faz com que o profissional natildeo produza uma reflexatildeo eacutetica diante do seu co-tidiano de trabalho Queremos uma atuaccedilatildeointervenccedilatildeo que

controle e puna os que escapam aos ditames dos coacutedigos que noacutes mesmos estabelecemos ou seja uma intervenccedilatildeo moral so-bre os psicoacutelogos que desconsi-deraram a reflexatildeo eacutetica em seu proacuteprio fazer Eacute imprescindiacutevel perguntarmo-nos se as nossas produccedilotildees acadecircmicas e profis-sionais estatildeo privilegiando um pensamento criacutetico problema-tizador e abrangente sobre os modos que nos constituiacutemos na sociedade Urge analisarmos como se produzem os efeitos de nossas produccedilotildees acadecircmicas e profissionais em noacutes mesmos com aqueles que nos relacio-namos e com a sociedade em geral Eacute sobre esta relaccedilatildeo de um conhecimento implicado politicamente atuante produ-to e efeito de nossa experiecircncia na vida que estamos falando aqui Falamos aqui de uma re-laccedilatildeo pensada e constituiacuteda na liberdade e natildeo pela lei ou seja na reflexatildeo eacutetica que se faz em muacuteltiplas formas de pensar e experimentar a vida Trata-se de uma discussatildeo aberta e sem-pre a se fazer

Zuleika Koumlhler GonzalesConselheira integrante da Comissatildeo de Eacutetica do CRPRSCRP 078721

14 entre linhas | abr-mai-jun 2014

justiccedila

Medida Socioeducativa entre A amp Z

Organizado pelas equipes do Nuacutecleo de Extensatildeo do Pro-grama Interdepartamental de Praacuteticas com Adolescentes e Jo-vens em Conflito com a Lei (PIPA) da UFRGS o livro ldquoMedida Socioeducativa entre A amp Zrdquo surgiu a partir da experiecircncia de profissionais de Psicologia Direito e Educaccedilatildeo com as praacuteticas direcionadas ao puacuteblico adoles-cente que cumpre medida socioeducativa sendo financiado pelo Edital Nacional da Poliacutetica de Extensatildeo (ProextMec2013)

A obra atende agrave linha temaacutetica ldquoeducaccedilatildeo e direitos humanosrdquo desta Poliacutetica de Extensatildeo com vistas agrave elaboraccedilatildeo de material didaacutetico-pedagoacutegico para contribuir em accedilotildees de formaccedilatildeo no atendimento educacional de adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas Apre-senta um glossaacuterio conjunto de verbetes das medidas socioeducativas escritos ldquomenos para dar conta da descriccedilatildeo teacutecnica de termos que designam a vida de adolescentes e de seus atos infra-cionais mais para fazer de vozes solitaacuterias que lutam pela poliacutetica da garantia de direitos de adolescentes uma escrita que pode vir a ser a audiccedilatildeo de muitosrdquo conforme descreve a psicoacuteloga e professora Gislei Domingas R Lazzarotto integrante da equipe organizadora da obra

Confira trechos da definiccedilatildeo de alguns verbetes apresentados na publicaccedilatildeo

Ato Infracional (Carmem Maria Craidy pedago-ga doutora em Educa-

ccedilatildeo) ndash ldquoO que pode parecer um detalhe tem alto significado o adolescente deveraacute ser tratado a partir de sua condiccedilatildeo como pessoa em desenvolvimento com possibilidades muacuteltiplas e natildeo simplesmente a partir do ato in-fracional que tiver cometido Ele natildeo eacute o ato que cometeu e mes-mo se for responsabilizado pelo mesmo deveraacute ser visto e tratado para aleacutem delerdquo

Conselho Tutelar (Este-la Scheinvar socioacuteloga doutora em Educaccedilatildeo)

ndash ldquoSob a loacutegica do direito o dis-tanciamento de um padratildeo eacute um delito que tem que ser julgado sentenciado e punido Natildeo ve-mos todos os setores da socie-dade frequentarem o conselho tutelar e os que laacute vatildeo se carac-terizam sobretudo por natildeo po-derem decidir como fazer a sua vida sendo submetidos a conse-lhos que ressoam como sentenccedilas a serem cumpridasrdquo

Brete (BF e JMG) ndash ldquoNatildeo eacute um quarto Eacute um quadrado Ele tem uma porta de ferro

toda gradeada Jaacute vem com as jegas mas eacute soacute isso que tem dentro A pa-rede eacute toda escrita todo mundo co-loca o nome laacute Dizem que se tu es-crever teu nome chama de volta e tu cai de novo mas isso eacute supersticcedilatildeo A porta se chama portiola Dentro de um lsquobretersquo cabe no maacuteximo 8 gu-ris mas depende tem uns que eacute de 3 Tem janela mas nem passa o dedo do cara pra pegar um vento E no ca-lor Todo mundo se abana melhor eacute dormir no piso que eacute mais geladordquo

Mais informaccedilotildees sobre a obra pelo e-mail ppscufrgsbr

entre linhas | jan-fev-mar 2014 15

Consultoria Organizacional como Dispositivo Cliacutenico

Saindo dos limites que a praacutetica tradi-cional em muitas situaccedilotildees nos impotildee quis experimentar uma outra praacutetica um outro olhar uma outra postura dentro das organi-zaccedilotildees a de ser uma consultora analista Foi entatildeo que busquei os referenciais da psico-logia social e institucional e da filosofia da diferenccedila com o intuito de analisar inter-rogar lanccedilar perguntas experimentar uma outra forma de fazer Psicologia Apresento trecircs recortes que exemplificam essa praacutetica

Numa empresa de grande porte natildeo existia RH apenas Departamento Pessoal em seu aspecto mais antigo sem nenhuma forma de integraccedilatildeo de novos funcionaacuterios Realizei entatildeo um projeto de estruturaccedilatildeo da aacuterea de RH Foi um trabalho grandioso meses de reuniotildees com a diretoria chefia do DP outras pessoas envolvidas dentro da ma-triz e ateacute das filiais que emperrou na execu-ccedilatildeo do ldquomanual de integraccedilatildeordquo na parte que se propunha contar alguns fatos que mar-caram a histoacuteria da organizaccedilatildeo Quando percebi essa dificuldade comecei a realizar entrevistas com uma das diretoras que se apresentava com maior abertura para aquela proposta Realizamos um processo de histo-rizaccedilatildeo da empresa em que apareceram fa-tos de dissoluccedilatildeo de sociedade e outras his-toacuterias de famiacutelia que natildeo poderiam aparecer naquele informativo A partir daiacute o manual pocircde ser concluiacutedo Essa diretora assumiu a aacuterea de RH que tomou outro rumo dentro do funcionamento da organizaccedilatildeo

Dois empresaacuterios que competiam mui-to entre si numa empresa de pequeno por-te queriam que todos que conviviam com eles assumissem o lado de um ou de outro

Realizei um trabalho individual de auto-conhecimento e grupal voltado ao resgate da histoacuteria da empresa a conscientizaccedilatildeo de que a competitividade seria mais eficaz se fosse voltada para o mercado Jaacute no iniacutecio do trabalho comeccedilaram a delimitar o espaccedilo de cada um A relaccedilatildeo de desconfianccedila que havia com os funcionaacuterios tambeacutem mudou

Jaacute numa empresa de meacutedio porte com uma boa estrutura fiacutesica as pessoas estavam completamente desintegradas Os setores funcionavam de forma independente nun-ca realizavam reuniotildees e natildeo se conheciam o que acarretava diversos problemas Apoacutes a devoluccedilatildeo do diagnoacutestico e a realizaccedilatildeo de um plano de accedilatildeo comecei um trabalho com o grupo de gerentes e paralelamente com o empresaacuterio Com o grupo realizei ati-vidades de autogestatildeo autodiagnoacutestico da organizaccedilatildeo e busca de soluccedilotildees para os pro-blemas levantados Foi tambeacutem realizado um trabalho individual com cada gerente Com o empresaacuterio foi trabalhada sua forma de gestatildeo centralizadora sem espaccedilo para os gerentes atuarem e o que isso gerava para os resultados organizacionais Os gerentes con-quistaram um espaccedilo que antes natildeo havia e o que eles propuseram pocircde ser implantado

Nos exemplos citados a consultoria se propocircs a gerar consciecircncia e aprendizagem dos processos que estavam ali em jogo fa-zendo com que as pessoas se apropriassem do conhecimento e do resultado que ia sendo gerado Essa forma de intervenccedilatildeo abre no campo da Psicologia um outro lugar para o psicoacutelogo no mundo do trabalho convocan-do a cliacutenica para o universo laboral ao inveacutes de alimentar a segmentaccedilatildeo deste

relato de experiecircncia

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOA Comissatildeo de Orientaccedilatildeo e Fiscalizaccedilatildeo vem provendo encontros com psicoacutelogos que atuam na aacuterea da Psicologia Organizacional e do Trabalho Fique atento agrave programaccedilatildeo divulgada em nosso site wwwcrprsorgbr e participe

PARTICIPE Envie seu Relato de Experiecircncia para imprensacrprsorgbr

Confira esse relato na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Miriam Corso Minotto Psicoacuteloga Organizacional assessora em desenvolvimento de Recursos Humanos Eacute coordenadora do GT Psicologia do Trabalho participa GT de Histoacuteria e da Comissatildeo Gestora da Subsede Serra do CRPRS

16 entre linhas | abr-mai-jun 2014

entrevista

Em eacutepoca de Copa do Mundo o CRPRS propotildee um debate sobre as diferentes inserccedilotildees da Psicologia no Esporte A proposta eacute discutir lugares e funccedilotildees que os profissionais tecircm assumido e podem assumir neste campo considerando a complexidade das relaccedilotildees estabelecidas entre esportistas familiares instituiccedilotildees de ensino esportivas filantroacutepicas grandes empresas e demais atores sociais envolvidos nesse cenaacuterio O CRPRS convidou quatro profissionais da aacuterea para debater o tema e reproduz aqui no EntreLinhas trechos dessa conversa

Que contribuiccedilotildees a Psicologia do Es-porte traz em suas diferentes aacutereas de atuaccedilatildeo para a sociedade de uma forma geral Benno Becker Jr ndash O trabalho de esporte de alto rendimento eacute o que en-volve mais dinheiro lembrando que satildeo os atletas de alto niacutevel que estatildeo na vitrine e datildeo visibilidade ao espor-

te e consequentemente incentivam a praacutetica esportiva O esporte deve ser trabalhado com toda a sociedade de jovens a idosos como forma de pre-venccedilatildeo de problemas como ansiedade e depressatildeo Quando feito com ade-quaccedilatildeo acredito que o esporte seja o melhor remeacutedio para combater a de-pressatildeo por exemplo

Leia o artigo ldquoA Psicologia do Esporte e do Exerciacutecio para aleacutem da otimizaccedilatildeo da performance atleacuteticardquo produzido por Marcos Daou docente do curso de Psicologia da Unifra mestre em Psicologia graduado em Psicologia e Educaccedilatildeo Fiacutesica em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Acesse wwwcrprsorgbrentrelinhas66 e confira depoimentos gravados nesse encontro e versatildeo estendida da entrevista

Psicologia e Esporte

entre linhas | abr-mai-jun 2014 17

Benno Becker Jr Graduado em Psicologia e em Educaccedilatildeo Fiacutesica mestre em Pedagogia pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul e doutor em Psicologia ndash Universidade de Barcelona Tem diversas publicaccedilotildees na aacuterea wwwbennopsicoesportecombr

Cassiano Pires Psicoacutelogo chefe do departamento de psicologia do projeto social WimBelemDon Tiacutetulo de Master em Psicologia do Esporte e atividade fiacutesica pela Universidade Autocircnoma de Barcelona

Maacutercia Pilla do VallePsicoacuteloga mestre em Psicologia Social e da Personalidade pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul psicoacuteloga membro da ABRAPESP psicoacuteloga esportiva do IGT ndash Instituto Gauacutecho de Tecircnis

Vanessa Rodrigues AlvesPsicoacuteloga especialista em Psicologia do Esporte e Exerciacutecio Fiacutesico e em Sociopsicodrama Eacute professora de Psicologia da Atividade Fiacutesica e do Esporte na Faculdade Sogipa de Educaccedilatildeo Fiacutesica

Cassiano Pires ndash Temos que traba-lhar a importacircncia do esporte no bem estar e na sauacutede da populaccedilatildeo em ge-ral Infelizmente ainda vemos muito crianccedilas ou jovens que por natildeo terem habilidade motricidade ou fiacutesico para atingir um alto niacutevel de rendimento acabarem abandonando a praacutetica por serem mal assessoradas O trabalho com atletas de alto rendimento eacute im-portante mas acredito que o fim do esporte natildeo pode ser soacute o esporte em si deve ser o crescimento e o bem es-tar da pessoa a criaccedilatildeo de habilidades sociais e competecircncias e o desenvolvi-mento da autoestima Diversos desa-fios podem ser vencidos por meio do esporte por isso temos que comeccedilar a tirar o esporte da aacuterea de Turismo e Lazer e comeccedilar a pensaacute-lo na aacuterea de Sauacutede Isso mudaria completamente sua importacircncia e seu sentido para a vida da pessoa Maacutercia Pilla do Valle ndash Haacute uma seacuterie de possibilidades de atuaccedilatildeo para o Psicoacutelogo do Esporte e o campo que atualmente estaacute aberto eacute o que envolve projetos sociais e questotildees ligadas agrave sauacutede e ao espor-te como atividade fiacutesica e natildeo neces-sariamente competitiva Vanessa Rodrigues Alves ndash A Psicologia do Esporte eacute muito abrangente mas ainda se trabalha em poucas aacutereas Poderiacuteamos traba-lhar em instituiccedilotildees como a Susepe a Fase com a educaccedilatildeo em lar de idosos por exemplo

Em que condiccedilotildees se datildeo essas praacute-ticas considerando que muitas ve-zes haacute a pressatildeo de clubes atletas empresaacuterios miacutedia e ateacute da proacutepria sociedade pelo alto rendimento do atleta Ao desenvolver sua praacutetica o psicoacutelogo do esporte estaacute a serviccedilo de quem Maacutercia Pilla do Valle ndash Quando trabalhamos com esporte de alto ren-dimento o limiar entre sauacutede e pato-loacutegico eacute bem tecircnue principalmente em modalidades precoces como a ginaacutes-tica artiacutestica ou a nataccedilatildeo por exem-plo em que tudo acontece muito cedo e a carreira eacute muito curta Temos que trabalhar para que esse processo no qual os atletas jaacute estatildeo inseridos seja o mais saudaacutevel possiacutevel melhorar a relaccedilatildeo da comunicaccedilatildeo do teacutecnico com o atleta e criar um ambiente mo-tivador Tambeacutem eacute preciso avaliar se essa eacute uma vontade do proacuteprio atleta ou se eacute um desejo dos pais que veem no esporte a possibilidade de ascender socialmente de alguma forma Pensan-do nesse contexto devemos estar a ser-viccedilo do atleta e de todas as pessoas que estatildeo envolvidas nesse processo Vanessa Rodrigues Alves ndash A gran-de diferenccedila de nosso trabalho eacute que precisamos ir ateacute as pessoas e saber trabalhar em equipe O profissional que atua nessa aacuterea tem que ter a dis-ponibilidade para querer aprender pois natildeo ficamos em uma salinha es-perando as pessoas temos que ir ao encontro delas

18 entre linhas | abr-mai-jun 2014

Quais os principais desafios e dile-mas eacuteticos enfrentados pelo psicoacutelo-go do esporte Benno Becker Jr ndash O profissional que comeccedila a trabalhar com alto ren-dimento chega acreditando que iraacute de-terminar o seu tempo de trabalho com os atletas e natildeo eacute isso o que acontece O psicoacutelogo do esporte precisa aprovei-tar cada minuto cada intervalo do trei-no Esse eacute o grande desafio Uma boa estrateacutegia de inserccedilatildeo para o psicoacutelogo do esporte eacute ficar proacuteximo ao treina-dor e ao preparador fiacutesico buscando melhorar a comunicaccedilatildeo dele com o atleta estabelecendo uma relaccedilatildeo de transparecircncia Cassiano Pires ndash Temos que saber usar o nosso tempo no dia a dia do atleta Eu trabalho no Projeto WinBe-lemDon na cancha de boneacute do lado do atleta e realmente a gente sofre muito por natildeo ter um tempo exclusi-vo Eacute preciso ser criativo e aproveitar os espaccedilos conversando com o teacutecni-co e o instrumentalizando O psicoacutelo-go precisa estabelecer viacutenculo com a equipe e transmitir a ideia de que faz parte dela Vanessa Rodrigues Alves ndash Tenho que procurar fazer o melhor dentro das minhas possibilidades Vivi um di-lema eacutetico quando o treinador queria ver os resultados dos testes sociomeacute-tricos pedindo para que mostrasse o sociograma das relaccedilotildees e o grupo natildeo liberou isso Ele precisava ver de for-ma mais concreta como estava a rela-

ccedilatildeo com o grupo e eu natildeo podia liberar esse resultado Maacutercia Pilla do Valle ndash Em um clube onde trabalhava encaminhei a uma colega uma menina que vivia uma situaccedilatildeo familiar bem pontual e precisava de atendimento cliacutenico A psicoacuteloga me ligou questionando sobre a rotina de treino argumentan-do que a menina precisava de tempo para brincar e ter outras atividades Foi aiacute que me dei conta que para mim aquilo jaacute era normal vi como eu estava capturada pela cultura es-portiva pois aquilo jaacute natildeo me causa-va mais nenhum incocircmodo Poreacutem percebi que o que estava em questatildeo natildeo era a continuidade dela ou natildeo na ginaacutestica o que precisa ser visto era o lado emocional com relaccedilatildeo a um problema familiar pontual Pela minha identidade cliacutenica muito forte sempre digo que antes de ser psicoacute-loga do esporte eu sou psicoacuteloga e para tomar qualquer decisatildeo preciso estar muito bem comigo mesma e tra-balhar com o seguinte tripeacute conheci-mento teacutecnico (natildeo podemos nunca parar de estudar e de se aprimorar) a supervisatildeo ou a troca com os colegas e o tratamento pessoal

A proximidade de megaeventos no Brasil como a Copa do Mundo e Olimpiacuteadas estaacute ampliando o campo de atuaccedilatildeo da Psicologia do Esporte De que forma vocecircs profissionais da aacuterea estatildeo vendo esses eventos

entrevista

SAIBA MAISConheccedila o Projeto WimBelemDonwwwwimbelemdoncombr

Artigo ldquoA produccedilatildeo de Diferenccedilas pelo esporterdquo de Maacutercia Pilla do Valle httpbitlyproducao_de_diferencas

Artigo ldquoO Esporte de Alto Rendimento Produccedilatildeo de Atletas no Contemporacircneordquo de Maacutercia Pilla do Vallehttpbitlyesporte_alto_rendimento

Artigo ldquoPsicologia do Esporte no contexto do Sistema Conselhosrdquo de Mocircnica drsquoFaacutetima Freires da Silvahttpbitlyesporte_sistema_conselhos

Artigo ldquoEacutetica e Compromisso Social na Psicologia do Esporterdquo de Katia Rubiohttpbitlyetica_compromisso_social

Associaccedilatildeo Brasileira de Psicologia do Esporte ndash ABRAPESP wwwabrapesporgbr

entre linhas | abr-mai-jun 2014 19

Considerando isso como a Psicologia do Esporte lida com a questatildeo da es-petacularizaccedilatildeo do esporte Benno Becker Jr ndash Acredito que a Copa do Mundo pode ser muito posi-tiva para a Psicologia do Esporte pois deixaraacute a sensaccedilatildeo de que algo ficou faltando de que a Psicologia poderia ter sido mais envolvida nessa organi-zaccedilatildeo Precisamos mostrar que os psi-coacutelogos do esporte estatildeo agrave disposiccedilatildeo natildeo soacute dos atletas mas da populaccedilatildeo em geral tambeacutem Maacutercia Pilla do Valle ndash Muitas vezes nossa participaccedilatildeo nessa espe-tacularizaccedilatildeo gerada pela miacutedia nos gera um dilema eacutetico Geralmente os jornalistas buscam respostas objetivas querem saber do psicoacutelogo se a equipe ou o atleta ldquoamarelourdquo de fato e natildeo haacute como responder isso Isso acaba abrin-do espaccedilo para a opiniatildeo e manifesta-ccedilatildeo sobre o desempenho das equipes de outros profissionais que assumem o papel de motivadores e criacuteticos Cassiano Pires ndash Eacute importante sa-ber aproveitar o espaccedilo na miacutedia para mostrar a importacircncia do esporte Sabe-mos que poucas coisas ficam de heran-ccedila desses grandes eventos Entatildeo que possamos contribuir para o iniacutecio de uma cultura do esporte mais humani-zada Mostrar que tem muito psicoacutelogo trabalhando e se qualificando e orientar a imprensa sobre esse trabalho Esses grandes eventos demandam uma aten-ccedilatildeo de todas as aacutereas do esporte para que num futuro a sociedade consiga

ver o esporte como algo menos ldquofurio-sordquo com briga disputa morte e mais como uma atividade de lazer Com re-laccedilatildeo aos problemas sociais que surgem devido a esses eventos devemos estar atentos para dar o suporte que as pesso-as envolvidas nisso precisam Para isso as equipes locais que estatildeo organizando a Copa do Mundo por exemplo deve-riam contar com psicoacutelogos Vocecirc acredita que o Esporte pode ser-vir como um meio de garantia dos di-reitos humanos Maacutercia Pilla do Valle ndash Eacute importan-te natildeo pensar o esporte somente como uma atividade de alto rendimento O psicoacutelogo natildeo pode colocar sua praacutetica apenas a serviccedilo do rendimento Te-mos o papel de minimizar sofrimento Busco em minha inserccedilatildeo dentro dos clubes como psicoacuteloga mudar isso e contribuir para tornar o ambiente mais agradaacutevel proporcionando melhores condiccedilotildees da praacutetica esportiva Cassiano Pires ndash Temos que pensar no esporte como algo importante para a inclusatildeo Quando estatildeo praticando esporte as diferenccedilas natildeo existem to-dos satildeo iguais Crianccedilas que fora desse contexto vivem realidades bem dife-rentes (um mora numa casa de muitos andares o outro em uma casa de chatildeo batido por exemplo) quando estatildeo em quadra jogam de igual para igual O esporte nesse sentido eacute muito iguala-dor tem uma questatildeo de inclusatildeo nata que eacute muito legal e temos que saber aproveitar isso

TIacuteTULO DE ESPECIALISTAO tiacutetulo de especialista do CFP eacute concedido por conclusatildeo de curso de especializaccedilatildeo credenciado pelo CFP ou aprovaccedilatildeo em concurso de provas e tiacutetulos promovido periodicamente pelo CFP comprovando experiecircncia profissional de pelo menos 2 anos na aacuterea pretendidawwwcfporgbr

PARTICIPE DAS DISCUSSOtildeES NO CRPRSQuer propor a discussatildeo desse tema Participe das reuniotildees das Comissotildees de Poliacuteticas Puacuteblicas e Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica

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formaccedilatildeo

10 anos do curriacuteculo amplo o que de fato mudou na formaccedilatildeo do psicoacutelogo

Haacute 10 anos tinha iniacutecio um signi-ficativo processo de mudanccedilas na for-maccedilatildeo do psicoacutelogo com as alteraccedilotildees propostas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) de 2004 Sem distin-ccedilatildeo de habilitaccedilotildees diferentes a forma-ccedilatildeo do psicoacutelogo passou a ser ampla incluindo um nuacutecleo comum estaacutegios baacutesicos estaacutegios especiacuteficos ecircnfases curriculares articulaccedilatildeo de competecircn-cias baacutesicas e dos eixos estruturantes e refinamento das propostas de estaacutegios especiacuteficos Em 2011 a nova DCN man-teve as alteraccedilotildees de 2004 instituindo aleacutem dessas um projeto de formaccedilatildeo complementar para o professor de Psi-cologia em seu 13ordm artigo

Para a Associaccedilatildeo Brasileira de Ensino de Psicologia (ABEP) as ecircnfa-ses curriculares ndash que consistem em um recorte de um conjunto de fazeres (competecircncias) jaacute presentes no nuacutecleo comum concentradas em determina-do conjunto de atividades ndash podem ser consideradas uma forma de atender agrave formaccedilatildeo generalista sem cair no risco da superficialidade Cada curso tem a possibilidade de definir seus encadea-mentos prioritaacuterios independentemen-te das abordagens utilizadas

O CRPRS vem debatendo na Co-missatildeo de Formaccedilatildeo os desafios impli-cados em trabalhar a formaccedilatildeo ampla e ao mesmo tempo respeitar a exigecircncias

das ecircnfases curriculares que culminam na realizaccedilatildeo dos estaacutegios especiacuteficos

A coordenadora da Comissatildeo de Gra-duaccedilatildeo da Psicologia da UFRGS Paula Sandrine Machado lembra que o proces-so de adequaccedilatildeo e renovaccedilatildeo dos proje-tos pedagoacutegicos produziu em muitos cursos certos movimentos interessantes de avaliaccedilatildeo e de discussatildeo sobre o pro-fissional que se quer formar o contexto da Psicologia as competecircncias gerais que a formaccedilatildeo busca contemplar e as espe-cificidades de cada curso A abrangecircncia das diretrizes poreacutem aponta tanto para um profissional capaz de ldquofazer tudordquo quanto para um profissional que precisa saber algumas coisas baacutesicas para poder atuar em diferentes contextos

Para as coordenadoras de curso e de estaacutegio da Unisinos Rosana Cecchini de Castro e Maria Elisabeth Selbach o nuacute-cleo comum as competecircncias baacutesicas e os eixos estruturantes preconizados pe-las DCN tecircm possibilitado uma visatildeo abrangente e plural das muacuteltiplas pers-pectivas e possibilidades de intervenccedilatildeo para o futuro profissional da Psicologia ldquoAs ecircnfases podem ter foco no mercado de trabalho mas natildeo podem se desvin-cular da formaccedilatildeo como um todo sob pena de se tornarem especialidadesrdquo salientam as coordenadoras

Com o objetivo de evitar a especiali-zaccedilatildeo na formaccedilatildeo muitas instituiccedilotildees

Leia os depoimentos dos coordenadores dos cursos de Psicologia na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Resoluccedilatildeo nordm 05 de 15 de marccedilo de 2011 disponiacutevel em httpbitlyDCN2011

ABEPSIwwwabepsiorgbr

SAIBA MAIS Veja o histoacuterico das DCNs em httpbitlyABEP_DCNs

Publicaccedilatildeo do CFP ldquoContribuiccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia agrave discussatildeo sobre a formaccedilatildeo da(o) psicoacuteloga(o)rdquo httpbitlyCFP_Formacao

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de ensino trabalham com a proposta de ecircnfase como aprofundamento de estudo daquilo que jaacute foi contemplado na forma-ccedilatildeo geral do curriacuteculo

Na Univates por exemplo primei-ramente as ecircnfases ocorriam a partir do seacutetimo semestre o que prejudicava a formaccedilatildeo generalista uma vez que os estudos e disciplinas direcionavam para conteuacutedos muito especiacuteficos ldquoAl-teramos para as ecircnfases no uacuteltimo ano do curso Essa mudanccedila trouxe maior conhecimento aos estudantes da proacute-pria atuaccedilatildeo nos mais variados espa-ccedilosrdquo explica a coordenadora do curso de Psicologia da Univates Ana Lucia Bender Pereira

A preocupaccedilatildeo em preparar e for-mar o estudante para o mercado de trabalho eacute apontada pela coordenado-ra da Fisma Baacuterbara Maria Barbosa Silva Segundo ela a formaccedilatildeo pelas universidades natildeo estaacute em concordacircn-cia com a atuaccedilatildeo profissional ldquoIsso se

expressa quando na inserccedilatildeo dos alu-nos nos campos de praacuteticas e estaacutegios visualizamos a negaccedilatildeo ou negligecircncia de muitos campos de atuaccedilatildeo do Psi-coacutelogo para a formaccedilatildeo de alunosrdquo de-clara Baacuterbara Uma estrateacutegia adotada para dar conta dessa demanda eacute criar dentro da proacutepria instituiccedilatildeo de ensi-no espaccedilos destinados a execuccedilatildeo das praacuteticas e estaacutegios

Para o subcoordenador do curso da UNISC Jerto Cardoso da Silva as DCN devem ser pensadas democrati-camente e natildeo de forma autocraacutetica ldquoAs diretrizes devem ser propostas a partir das inquietaccedilotildees dos cursos e construiacutedas com elesrdquo Para ele os cur-sos devem estar atentos ao mercado de trabalho mas natildeo devem ser apenas pautados por ele pois trabalham na formaccedilatildeo de profissionais criacuteticos ou seja que podem ingressar no mercado mas tambeacutem transformaacute-lo e propor novas aacutereas de atuaccedilatildeo

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer ampliar a discussatildeo do tema Participe das reuniotildees ampliadas da Comissatildeo de Formaccedilatildeo Acompanhe a agenda pelo site wwwcrprsorgbrcomissoesegts

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artigo

A formaccedilatildeo em psicologia e a psicologia em formaccedilatildeo

Em pesquisa realizada na deacutecada de 80 sobre a formaccedilatildeo de psicoacutelogos com estudantes do curso de graduaccedilatildeo da Uni-versidade Federal Fluminense (UFF) Luis Antonio Baptista percebeu que ela se de-senvolvia em paralelo ao que se passava agrave sua volta Era uma formaccedilatildeo que pouco incluiacutea as questotildees entatildeo contemporacircneas da sociedade brasileira e tampouco sua histoacuteria (BAPTISTA 2000)

Jaacute nos anos 2000 em nossa experiecircn-cia de formaccedilatildeo no curso de graduaccedilatildeo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) o ldquomundo laacute forardquo parecia fazer-se bastante presente na universidade E era um mundo que se dizia em transformaccedilatildeo

Como natildeo poderia ser diferente em um mundo muacuteltiplo e em uma profissatildeo que vem se autodenominando plural o proje-to de psicologia almejado para a formaccedilatildeo contemporacircnea de psicoacutelogos natildeo era uno De um lado havia o projeto de se alcanccedilar uma psicologia verdadeiramente cientiacutefica e rigorosa contra aquelas praacuteticas profis-sionais calcadas no senso comum De ou-tro a esperanccedila de se alcanccedilar uma psico-logia eacutetica e com compromisso social que passaria justamente pela superaccedilatildeo da psicologia cientificista pois que compro-metida com o modelo neoliberal de socie-dade De um lado a defesa de um modelo de formaccedilatildeo por competecircncias De outro sua criacutetica De um lado modos ditos claacutes-sicos de conhecer De outro aqueles tidos como completamente inovadores

Luiz Claudio Mendonccedila Figueiredo relaciona o ldquoestado um tanto caoacutetico e ine-vitavelmente desarticulado de qualquer curriacuteculo de formaccedilatildeo em psicologiardquo (FI-

GUEIREDO 2009 p17) agraves condiccedilotildees histoacute-ricas desse campo cientiacutefico e profissional indicando o estudo da histoacuteria da psicologia como forma de compreender e transformar essa realidade Gostariacuteamos de apontar tam-beacutem um sentido inverso o estudo desses processos de formaccedilatildeo caoacuteticos e desarticu-lados para compreender a psicologia que te-mos e que vimos produzindo historicamen-te A formaccedilatildeo em psicologia expressando ela mesma uma psicologia em formaccedilatildeo

Essa inversatildeo constituiu nossa pesqui-sa de mestrado (ARALDI 2012) a qual tomando como ponto de partida os impas-ses dilemas e controveacutersias que permeiam as experiecircncias de psicoacutelogos em forma-ccedilatildeo encontrou algumas vias possiacuteveis de se colocar e se recolocar o problema do conhecer e do conhecimento psi Partimos de um dispositivo metodoloacutegico que ins-tigava os estudantes participantes todos da graduaccedilatildeo em psicologia da UFRGS a descreverem e analisarem coletivamente o que faziam nas diferentes praacuteticas de for-maccedilatildeo fossem elas curriculares (de estu-dos leitura pesquisa extensatildeo estaacutegio) ou informais (conversas de corredores ex-periecircncias no Diretoacuterio Acadecircmico etc)

As distinccedilotildees dos estudantes entraram em diaacutelogo com autores do campo dos estu-dos da cogniccedilatildeo e do conhecimento (Kastrup Varela Maturana Latour) que tecircm questio-nado uma forma bastante corrente ao menos nas sociedades ocidentais de se conceber o conhecer e o conhecimento enquanto repre-sentaccedilatildeo efetivada por uma mente indivi-dual de um mundo preacute-existente agrave accedilatildeo do conhecedor O que isso significa Fundamen-talmente implica separar e situar como es-

Etiane AraldiPsicoacuteloga (UFRGS) Mestre em Psicologia Social e Institucional (UFRGS) Analista de Poliacuteticas Sociais na Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo do SUS (PNH) Ministeacuterio da Sauacutede

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secircncias de um lado um sujeito que conhece e de outro um mundo que se daacute a conhecer

As experiecircncias de formaccedilatildeo dos estu-dantes pesquisados sugerem que tal concep-ccedilatildeo de conhecimento tem marcado sobre-maneira o campo psi a comeccedilar pelo modo como os psicoacutelogos se relacionam com o tema das diferentes psicologias as escolas e escolhas teoacutericas Dada a ambiguidade do objeto e da teacutecnica do psicoacutelogo somada agrave divisatildeo do campo entre diferentes psicolo-gias cada qual com concepccedilotildees epistemo-loacutegicas e metodoloacutegicas especiacuteficas acostu-mou-se a aceitar que a teoria eacute a praacutetica do psicoacutelogo sendo os conceitos ferramentas de trabalho e a escolha teoacuterica um passo neces-saacuterio para que o profissional se constitua enquanto tal e para que suas intervenccedilotildees sejam legitimamente designadas psi

Na esteira dessa ideia supotildee-se que as praacuteticas de um psicoacutelogo psicanalista por exemplo possam ser deduzidas diretamen-te da teoria psicanaliacutetica sendo o trabalho do psicoacutelogo em determinada contingecircncia comumente descrito segundo as teorias que supostamente lhe dariam sustentaccedilatildeo

Em nossa pesquisa observamos que tal loacutegica produz a teoria e a praacutetica como domiacutenios de accedilatildeo muito diferentes nessa profissatildeo sendo o trabalho psi dado o seu forte componente relacional entendido em uma dimensatildeo incorporada um co-nhecimento de ldquoorganismordquo que ldquose sen-te na carnerdquo (conforme verbalizaccedilotildees dos estudantes) em contraposiccedilatildeo com o fazer acadecircmico tomado como essencialmente analiacutetico reflexivo ldquoruminanterdquo parecen-do inclusive que o estaacutegio natildeo compunha o curriacuteculo tamanho o confronto entre um mundo e outro O curioso eacute que em-bora sendo situado no discurso como um conhecimento desprovido de corpo as competecircncias acadecircmicas eram transpos-tas em um sentido incorporado ao fazer

dos estaacutegios produzindo nos estudantes atitudes analiacuteticas distanciadas num sen-tido de espectador nas intervenccedilotildees pro-fissionais Inclusive o uso de metaacuteforas relacionadas agraves tecnologias de produccedilatildeo e apreensatildeo de teorias fizeram-se bastante presentes na explicaccedilatildeo do que faz o psi-coacutelogo fazer leituras da realidade era me-taacutefora recorrente na descriccedilatildeo de boa parte das accedilotildees dos estudantes nos estaacutegios

O tema da identificaccedilatildeo foi citado di-versas vezes como criteacuterio para a escolha teoacuterica expressando a busca por uma re-laccedilatildeo de identidade igualdade entre seu suposto ser e a concepccedilatildeo de ser (de sujei-to) supostamente contida nas teorias Mas seriam nossos ldquoeusrdquo e os ldquoeusrdquo (as con-cepccedilotildees de sujeito) das teorias assim tatildeo coerentes Tanto no campo da cogniccedilatildeo quanto no da epistemologia tal suposiccedilatildeo de coerecircncia tem sido questionada

De qualquer modo a ideia de que o ser antecede o fazer parece motivar na psicolo-gia a adoccedilatildeo de uma concepccedilatildeo de sujeito uma visatildeo de homem como necessidade a priori para a atuaccedilatildeo profissional Entretan-to o que observamos entre os estudantes e a instituiccedilatildeo universitaacuteria foi um traba-lho ativo e cotidiano de separaccedilatildeopuri-ficaccedilatildeo dessas concepccedilotildees De modo que nos perguntamos a relaccedilatildeo identitaacuteria do psicoacutelogo com as teorias que compotildeem o campo psi seria decorrente de pressupostos e eacuteticas transcendentes preconizados pela epistemologia ou seria um processo que se ampara mais nas praacuteticas cotidianas de formaccedilatildeo de psicoacutelogos Nossa aposta ao perguntar agrave formaccedilatildeo em psicologia sobre o que ali se faz evidenciou um plano con-creto de produccedilatildeo da psicologia no presen-te que extrapola em muito o leque das te-orias psicoloacutegicas vigentes mas que ainda assim pode ser afirmado como legiacutetimo co-nhecer e fazer psi na contemporaneidade

REFEREcircNCIAS

ARALDI Etiane Das escolas e escolhas teoacutericas agraves poliacuteticas cognitivas legitimando a experiecircncia e a contingecircncia na colocaccedilatildeo do problema do conhecer e do conhecimento psi Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Psicologia Social e Institucional Instituto de Psicologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS Porto Alegre 2012

BAPTISTA Luis Antonio A faacutebrica de interiores a Formaccedilatildeo Psi em Questatildeo Niteroacutei Eduff 2000

FIGUEIREDO Luiz Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos Petroacutepolis Vozes 2009

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Projeto Poliacuteticas Puacuteblicas na Formaccedilatildeo promove aproximaccedilatildeo do CRPRS com o meio acadecircmico

De acordo com pesquisas feitas pelo Centro de Referecircncia Teacutecnica em Psicologia e Poliacuteti-cas Puacuteblicas ndash CREPOPRS a formaccedilatildeo em Psicologia eacute apon-tada como uma das grandes fra-gilidades ainda impostas para atuaccedilatildeo dos psicoacutelogos nas poliacute-ticas puacuteblicas Paradoxalmente o campo das poliacuteticas puacuteblicas atrai um nuacutemero maior de pro-fissionais a cada ano que mui-tas vezes chegam ao mercado desconhecendo marcos legais e marcos loacutegicos que datildeo funda-mento agraves praacuteticas nessa aacuterea

Buscando minimizar esse problema o CREPOP vem de-senvolvendo desde 2013 o Pro-jeto Poliacuteticas Puacuteblicas na For-maccedilatildeo proposta que procura qualificar a formaccedilatildeo para atu-accedilatildeo em diferentes campos das poliacuteticas puacuteblicas por meio da aproximaccedilatildeo entre Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul e estudantes de faculdades de Psicologia do estado A ideia de desenvolver esse trabalho surgiu em 2009 por iniciativa do estagiaacuterio da eacutepoca Edson Murliki

O projeto favorece espaccedilos de debate reflexatildeo e constru-

ccedilatildeo de um pensamento criacutetico junto aos cursos de gradua-ccedilatildeo objetivando a construccedilatildeo de referecircncias teacutecnicas para a formaccedilatildeo em Psicologia e Po-liacuteticas Puacuteblicas ldquoBuscamos fortalecer o diaacutelogo entre o CRPRS e o meio acadecircmico dimensionar a percepccedilatildeo dos estudantes sobre seus conhe-cimentos acerca das poliacuteticas puacuteblicas e incentivar a refle-xatildeo avaliativa sobre a forma-ccedilatildeo profissional do psicoacutelogo para atuar na aacutereardquo declara a ex-assessora teacutecnica do CRE-POP Carolina dos Reis

Para alcanccedilar isso o pro-jeto segue algumas etapas que incluem apresentaccedilatildeo aos coordenadores dos cursos e realizaccedilatildeo de encontros com os estudantes na sede sub-sedes do CRPRS ou nas proacute-prias instituiccedilotildees de ensino ldquoOs registros desses encontros subsidiam a produccedilatildeo de um relatoacuterio que reuacutene as princi-pais questotildees apontadas pelos alunos gerando dessa forma orientaccedilotildees para construccedilatildeo de um instrumento informa-tivo que sistematize os pontos de reflexatildeordquo explica Carolina

crepop

Projeto Formaccedilatildeo na sua faculdade Faculdades de Psicologia que tenham interesse em participar do Projeto de Formaccedilatildeo devem entrar em contato com o CREPOPRS pelo fone (51) 33346799 ou pelo e-mail crepopcrprsorgbr

Os resultados parciais in-dicam a necessidade de maior aprofundamento teoacuterico no assunto bem como reconheci-mento do caraacuteter transversal da temaacutetica dentro da formaccedilatildeo Os alunos tambeacutem demandam ampliaccedilatildeo de espaccedilos de inser-ccedilatildeo que propiciem maior conta-to com a praacutetica dos psicoacutelogos nas poliacuteticas puacuteblicas Indicam ainda a necessidade de uma reformulaccedilatildeo metodoloacutegica no curso do projeto visando a am-pliar o caraacuteter de intervenccedilatildeo do mesmo Seraacute incluiacuteda uma etapa de pactuaccedilotildees entre os diversos atores envolvidos nas instituiccedilotildees participantes de modo a produzir espaccedilos para a construccedilatildeo de soluccedilotildees con-cretas aos desafios emergidos nas rodas de conversas

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tracircnsito

A Psicologia na educaccedilatildeo para o tracircnsito

A Psicologia exerce uma impor-tante funccedilatildeo no tracircnsito ao estudar a mobilidade humana a partir da anaacutelise de diferentes dimensotildees processos e fenocircmenos envolvidos nesse contexto Pensando nisso a Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsi-to e Mobilidade Humana do CRPRS contribuiu na organizaccedilatildeo do 1ordm Se-minaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito realizado pela Prefeitura de Santa Maria em abril O evento voltado a professores da rede puacuteblica de ensi-no do municiacutepio teve como objetivo despertar a conscientizaccedilatildeo de que a educaccedilatildeo pode mudar o comporta-mento das pessoas no tracircnsito

O CRPRS acredita que a Psicolo-gia pode contribuir nesse processo envolvendo os professores e toda a sociedade para que o tema seja tra-balhado de forma ampla Para a Co-missatildeo do CRPRS os professores pre-cisam entender essa transversalidade

para que haja uma real mudanccedila de comportamento da sociedade

O tracircnsito deve ser pensado de maneira ampla considerando todos os envolvidos ldquoQuando falamos em tracircnsito natildeo devemos pensar apenas no fluxo de automoacuteveis mas consi-derar principalmente que o tracircnsi-to eacute composto por todos noacutes Deve-mos pensar no aspecto da mobilidade humana pensar na livre circulaccedilatildeo e no deslocamento com seguranccedila assim como nas relaccedilotildees sociais que se constituem nesse espaccedilo Ao se deslocar pelas ruas com automoacuteveis particulares bens privados as pes-soas muitas vezes natildeo se datildeo conta de que estatildeo circulando em um espa-ccedilo puacuteblico com regras estabelecidas pelo governo e pela proacutepria socieda-de Competem entre si de modo pri-vado por um espaccedilo que eacute puacuteblico e de todosrdquo declara o coordenador da aacuterea teacutecnica do CRPRS assessor da

SAIBA MAISAssista aos viacutedeos do 1ordm Seminaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Artigo ldquoTracircnsito e Sociedaderdquo de Sinara Tres Soares e Lucio Fernando Garcia disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Publicaccedilatildeo do CRPRS ldquoTracircnsito e Mobilidade Humana - Psicologia Educaccedilatildeo e Cidadaniardquo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrlivrotransito

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tracircnsito

Comissatildeo de Tracircnsito Lucio Fernan-do Garcia

Para ele a Psicologia exerce um im-portante papel ao contribuir na refle-xatildeo que abrange conceitos de cidada-nia e suas implicaccedilotildees considerando o tracircnsito como um processo humano e que envolve condiccedilotildees subjetivas ldquoSer cidadatildeo eacute uma escolha que traz impli-caccedilotildees e reflexotildees sobre responsabili-dades obrigaccedilotildees e direitosrdquo

Diversos aspectos psicoloacutegicos interferem na forma como as pesso-as lidam com o tracircnsito A psicoacuteloga Sinara Tres Soares da Escola Puacuteblica de Tracircnsito do DETRAN-RS ressalta que mesmo tendo ciecircncia dos riscos aos quais estatildeo expostas muitas pes-soas optam em correr esse risco por acreditar que vale a pena ldquoCada pes-soa tem uma diferente percepccedilatildeo de risco O que para alguns representa mais seguranccedila para outros pode significar a permissatildeo para correr mais riscos O sistema de freios do tipo ABS por exemplo traz mais se-guranccedila poreacutem algumas pessoas por se sentirem mais seguras com essa tecnologia acabam correndo maisrdquo explica Sinara

Outro aspecto psicoloacutegico en-volvido no tracircnsito diz respeito agrave conduta que autoriza as pessoas a te-rem determinado tipo de comporta-mento contrariando aquilo que elas mesmas acreditamldquoMuitos criticam quando os carros param em fila du-pla Poreacutem quando vatildeo levar o filho

na escola por exemplo agem assim e justificam tal atitude com explica-ccedilotildees como lsquoeacute bem rapidinhorsquo ou lsquofoi soacute dessa vezldquo

Esse tipo de comportamento re-flete a questatildeo do individualismo e da dificuldade das pessoas entende-rem que fazem parte de um todo e que estatildeo inseridas em um contex-to em que seus atos iratildeo atingir o proacuteximo ldquoTemos que trabalhar na sensibilizaccedilatildeo para que cada um compreenda que a sua atitude seu comportamento interfere direta-mente no tracircnsitordquo afirma a colabo-radora da Subsede Centro-Oeste do CRPRS integrante da Comissatildeo do Tracircnsito Aline Baumlumer

Para o evento em Santa Maria o grupo de colaboradores da Subsede Centro-Oeste produziu o viacutedeo ldquoAto-res no Tracircnsitordquo que mostra diferentes pontos de vista que fazem parte do tracircnsito revelando como nossa visatildeo muda dependendo da oacutetica em que a cena eacute vista

A Comissatildeo de Psicologia do Tracircn-sito e Mobilidade Humana do CRPRS estaacute engajada na proposta de desenvol-ver poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave educa-ccedilatildeo para o tracircnsito ldquoQueremos investir na continuidade de projetos e eventos como esse Seminaacuterio Acreditamos que alunos e professores engajados tornam--se multiplicadores de accedilotildees de educa-ccedilatildeo para o tracircnsitordquo afirma a presiden-te da Comissatildeo do CRPRS Elisangela Maria Almeida Santos

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer discutir mais sobre essa relaccedilatildeo entre Psicologia e Tracircnsito Participe da Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsito e Mobilidade Humana Acompanhe a agenda de reuniotildees pelo site httpcrprsorgbrcomissoesegts ou envie e-mail para comissoescrprsorgbr e informe seu interesse

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Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica em situaccedilotildees de periacutecia e de recursos administrativos

orientaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo psicoloacutegica eacute sem duacutevi-da a abordagem mais requisitada nas di-ferentes instacircncias do fazer do psicoacutelogo Ligada principalmente agrave necessidade de uma resposta ocupa um espaccedilo teacutecnico mas tambeacutem muitas vezes se constitui no imaginaacuterio como se pudesse responder a todas e quaisquer questotildees pautadas com base na anaacutelise do comportamento ou de condiccedilotildees emocionais do avaliando Essa condiccedilatildeo eacute produzida na medida em que atualmente a avaliaccedilatildeo psicoloacutegica tem sido cada vez mais usada na condiccedilatildeo de fundamentar periacutecia ou em situaccedilotildees judi-ciais assim como as que ocorrem em con-cursos puacuteblicos no proacuteprio processo ou em situaccedilotildees de recurso administrativo

As avaliaccedilotildees nessas situaccedilotildees seguem o regrado pela profissatildeo atraveacutes do Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo e das Re-soluccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia assim como devem buscar atender ao soli-citado Entretanto essa maacutexima natildeo quer dizer que o psicoacutelogo quando destacado (contratado) como perito deva conceber tal incumbecircncia como fator a definir o resulta-do da avaliaccedilatildeo O ato pericial eacute o de aplicar teacutecnicas e meacutetodos psicoloacutegicos objetivando um resultado decorrente de todo o processo que por meio de instrumentos eou de en-trevistas concluiraacute a avaliaccedilatildeo registrando ao candidato ou periciando as conclusotildees formuladas O psicoacutelogo natildeo advoga pela parte ou seja o resultado da avaliaccedilatildeo psi-coloacutegica poderaacute ser muito diferente do re-sultado almejado pelo candidato ou parte em processo judicial A avaliaccedilatildeo natildeo pode

ser tendenciosa adaptada ou alterada a fim de alcanccedilar o resultado pretendido pelo candidato natildeo eacute uma peccedila de defesa Eacute um procedimento teacutecnicocientiacutefico que con-clui a partir dos dados e teacutecnicas aplicadas objetivando responder ao solicitado dentro de determinados limites descrevendo o ob-servado e orientando o avaliando sobre os resultados obtidos

A conduta do psicoacutelogo em todo o pro-cedimento avaliativo deve estar pautada em princiacutepios de responsabilidade teacutecnica e profissional respaldados em procedimentos cientiacuteficos e validados O profissional deve ainda levar em consideraccedilatildeo aspectos como bem-estar dignidade e responsabilidade so-cial dos envolvidos na avaliaccedilatildeo uma vez que a mesma ocorre em um contexto soacutecio--cultural e de forma geral contempla um processo que envolve a sociedade como um todo especialmente em se tratando de con-cursos puacuteblicos e assessoramento judiciaacuterio

Reco

rte

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Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea TeacutecnicaAdriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga FiscalLeticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Artigo ldquoAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica e Relaccedilotildees com o Judiciaacuteriordquo publicado na ediccedilatildeo nordm 64 do EntreLinhas disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas64

Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcodigoetica

Resoluccedilotildees do CFP disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrresolucoesCFP

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USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

CursosEspecializaccedilatildeo em Psicologia Cliacutenica Terapia Cognitivo ComportamentalChapecoacuteSC Informaccedilotildees (49) 99413800dilmaandrettaunoescedubr wwwunoescedubr

V Ciclo de Estudos em Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica18072014 (iniacutecio moacutedulo 5) 08082014 (iniacutecio moacutedulo 6)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33085453cicloestudosapgmailcom wwwufrgsbrgeapap

Mediaccedilatildeo de Conflitos Novo paradigma agrave construccedilatildeo da pazAteacute 09102014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32226134infoclipmedcombr wwwclipmedcombr Curso de PsicanaacuteliseAteacute 25102014 Passo FundoRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Grupos de EstudoOs contos de fadas como instrumento de conhecimento e desenvolvimento humanoCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500claudiaclinicatessaricombr wwwrecriarnetbr

Introduccedilatildeo agrave Psico-Oncologia com ecircnfase em Psicossomaacutetica e PsiconeuroimunologiaPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92627203 (51) 84041373dhmullerbolcombr danitnunesgmailcompsicossomatica-rsorgbr

Estudos Metapsicoloacutegicos de Freud1306 1807 1508 1909 1010 e 21112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

O que fazer quando recebemos uma crianccedila0407 0108 2908 3110 07112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Mitologia Grega IAteacute 21112014 (encontros mensais)Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500recriarrecriarnetbr

A obra de Wilfred BionAteacute 13122014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr Teoria e Teacutecnica das Paradas e Impasses do TratamentoEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33303845secretariasbpdepaorgbr

Observaccedilatildeo de BebecircsEncontros agraves segundas-feirasNovo Hamburgo RS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Indicadores de Intersubjetividade de 0 a 2 anosEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

O Estudo da Mente na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Conceitos Fundamentais sobre sexualidade na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

DW Winnicott sua pessoa e suas ideias psicanaliacuteticasEncontros agraves quartas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Andreacute GreenEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

Donald WinnicottEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwbionorgbr

Seacuterie Em TerapiaEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr Trabalhos de MetapsicologiaEncontro agraves sextas-feirasCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Freud Reinventando FreudEncontros aos saacutebadosCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

BionEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr D WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

FreudEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Iniciando com WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Introduccedilatildeo ao Aparelho PsiacutequicoEncontros mensaisPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 (51) 33842765contatobionorgbr wwwbionorgbr

Congressos Jornadas Simpoacutesios e Conferecircncias

IV Jornada do Programa da Mulher Depen-dente Quiacutemica02082014Satildeo PauloSP Informaccedilotildees (11) 26618011amandadiasipqhcorgbr omrochaipqhcorgbr wwwceiporgbr

Jornada Constructo 2014 - com Dr Jacques Andregrave15 e 16082014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Congresso SOCERGS 2014 Uniatildeo de conheci-mento e Intercacircmbio multidisciplinar21 a 23082014GramadoRS Informaccedilotildees (51) 33391415 wwwsocergsorgbrcongresso2014

IV Congresso Brasileiro de Psicologia - Ciecircn-cia e Profissatildeo19 a 23112014Satildeo PauloSPwwwcienciaeprofissaocombr

Conferecircncia e Treinamento com a Psicoacuteloga Americana FELICIA CARROLL26 a 29112014Caxias do Sul RS Informaccedilotildees claudiatessarigmailcom wwwrecriarnetbr

Exibiccedilatildeo de filme8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoMorte em Venezardquo02072014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoUacuteltimo Tango Em Parisrdquo13082014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoCanccedilatildeo de Amorrdquo10092014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoAta-merdquo08102014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoO Livro de Cabeceirardquo12112014 Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

OficinaOficina de Produccedilatildeo Psicanaliacutetica e LiteraacuteriaSegundas ou quartas-feiras (6 encontros)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwpaulofernandomonteiroferrazblogspotcom

Agecircncia Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

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4 entre linhas | abr-mai-jun 2014

PEC 51

Exploraccedilatildeo Sexual

Estaacute tramitando no Senado Federal a Proposta de Emenda agrave Constituiccedilatildeo nordm 51 de 2013 de autoria do senador Lind-bergh Farias A proposta altera os art 21 24 e 144 da Consti-tuiccedilatildeo acrescenta os art 143-A 144-A e 144-B e reestrutura o modelo de seguranccedila puacutebli-ca a partir da desmilitarizaccedilatildeo do modelo policial

Lembrando o 18 de maio Dia Nacional de Combate ao Abuso e agrave Exploraccedilatildeo Sexual de Crianccedilas e Adolescentes o CRPRS convoca a categoria a ficar atenta agraves accedilotildees de en-frentamento agrave exploraccedilatildeo sexual durante a Copa do Mun-do no Brasil O evento pode agravar situaccedilotildees de vulnera-bilidade entre crianccedilas e adolescentesRecentemente foi lanccedilada a campanha internacional ldquoNatildeo desvie o olharrdquo cujo objetivo eacute proteger os direitos de crianccedilas e adolescentes durante a Copa do Mundo e sen-sibilizar a populaccedilatildeo sobre a importacircncia da denuacutencia A accedilatildeo envolve todo o Brasil especialmente as 12 cidades--sede dos jogos aleacutem de 19 paiacuteses da Europa e AacutefricaDenuacutencias sobre exploraccedilatildeo sexual de crianccedilas e adoles-centes podem ser feitas pelo Disque 100 ou nos Conselhos Tutelares que receberam capacitaccedilotildees do Programa de Accedilotildees Integradas e Referenciais de Enfrentamento agrave Vio-lecircncia Sexual Infanto-Juvenil (PAIR)

Ato Meacutedico Com o argumento de que o PL

612613 conhecido como Novo

Ato Meacutedico natildeo eacute prioridade no

momento para nenhuma profis-

satildeo o deputado Eleuses Paiva

solicitou a rejeiccedilatildeo ao projeto no

iniacutecio de abril durante audiecircncia

puacuteblica na Comissatildeo de Seguri-

dade Social e Famiacutelia A proposta

aguarda definiccedilatildeo de relator

fique atento

O CRPRS recomenda a leitura do texto do psicoacutelogo Rodrigo Lages e Silva que aborda a questatildeo disponiacutevel em httpbitlypec51

Saiba mais acessando relatoacuterio produzido pela ONG Childhood Brasil disponiacutevel em httpbitlychildhood_copa

Fique atento e acompanhe a tramitaccedilatildeo do projeto em wwwcrprsorgbr

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Psicologia e Relaccedilotildees com a Justiccedila

A dificuldade da Psicologia em produzir respostas objetivas e exatas torna a relaccedilatildeo com a Justiccedila um pro-cesso complexo principalmente pela simplificaccedilatildeo com que a atuaccedilatildeo do psicoacutelogo eacute muitas vezes vista pelos operadores do Direito

ldquoNatildeo conseguimos responder tatildeo objetivamente a muitos dos quesitos formulados pelas partes e pelo proacuteprio Judiciaacuterio Os operadores do Direito em algumas situaccedilotildees exigem respos-

tas de lsquosimrsquo ou lsquonatildeorsquo o estabelecimento de datas de iniacutecio de uma patologia ou de prognoacutestico de doenccedilas mentais que nem sempre atendem de forma satisfatoacuteria aos processos judiciais em virtude da Psicologia natildeo ser uma ci-ecircncia exata que permita respostas tatildeo precisasrdquo afirma Vivian de Medeiros Lagos que desenvolve trabalhos na aacuterea de avaliaccedilatildeo psicoloacutegica forense prestando assessoria teacutecnica a advoga-dos de Direito de Famiacutelia

Vivian de Medeiros LagosGraduada em Direito e em Psicologia Possui especializaccedilatildeo em Psicologia Juriacutedica (Ulbra) e eacute Mestre e Doutora em Psicologia (UFRGS)

justiccedila

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justiccedila

Para Lindomar Daroacutes psicoacutelo-go na Vara de Infacircncia Juventude e Idoso da Comarca de Satildeo Gonccedilalo no Rio de Janeiro a relaccedilatildeo com o Poder Judiciaacuterio eacute marcada por uma riacutegida hierarquia ldquoA magistratura salvo raras exceccedilotildees trata aqueles que re-presentam outros saberes que natildeo o do Direito de modo subalternizado Temos que afirmar a diferenccedila des-tacando a equidade dos saberes os quais deveriam estar a serviccedilo da po-pulaccedilatildeo atendida natildeo dos represen-tantes do Direitordquo

Conforme Vivian a Psicologia Ju-riacutedica ainda tem muito a se desenvol-ver e por isso a valorizaccedilatildeo e com-preensatildeo do trabalho do psicoacutelogo por parte do Judiciaacuterio ainda encontra-se em construccedilatildeo ldquoOs juiacutezes que solici-tam periacutecias e que a partir das mes-mas conseguem obter informaccedilotildees im portantes para tomar suas decisotildees tendem a solicitar cada vez mais ava-liaccedilotildees e a valorizaacute-las entendendo a necessidade por exemplo de prazos mais longos para a realizaccedilatildeo de pe-riacutecias dependendo da situaccedilatildeo que se apresenta Por outro lado infeliz-

Lindomar DaroacutesPsicoacutelogo ndash Perspectiva Soacutecio-Histoacuterica Doutorando UERJ

ldquoTemos que afirmar a diferenccedila destacando a equidade dos saberes os quais deveriam estar a serviccedilo da populaccedilatildeo atendida natildeo dos representantes do Direitordquo

mente ainda evidenciamos muitos documentos psicoloacutegicos com falhas eacuteticas e teacutecnicas revelando trabalhos de pouca qualidade que pouco con-tribuem para o Judiciaacuterio Esses traba-lhos prejudicam natildeo apenas o caso em si sob avaliaccedilatildeo mas tambeacutem podem acarretar percepccedilotildees distorcidas sobre a avaliaccedilatildeo psicoloacutegica no contexto forenserdquo analisa

Devido agrave carecircncia de instru-mentos especiacuteficos para a avaliaccedilatildeo psicoloacutegica no Judiciaacuterio Vivian defende a pesquisa na aacuterea ldquoOs ins-trumentos utilizados hoje em dia na maior parte das vezes foram de-lineados para o contexto cliacutenico e por isso podem estar mais sujeitos agrave manipulaccedilatildeo dos resultados carac-teriacutestica mais frequente no contexto forense Eacute fundamental que pesqui-sadores se dediquem a explorar essa aacuterea contribuindo com instrumentos adaptados para o contexto forense que minimizem a chance de prejuiacutezo agrave validade dos achados e corroborem a cientificidade das teacutecnicas de ava-liaccedilatildeo psicoloacutegica valorizando nosso trabalho perante o Judiciaacuteriordquo

SAIBA MAISTese de doutorado ldquoConstruccedilatildeo de um sistema de avaliaccedilatildeo do relacionamento parental para situaccedilotildees de disputa de guardardquo de Vivian de Medeiros Lagohttpbitlytese_vivian_lago

Artigo ldquoAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica implicaccedilotildees eacuteticasrdquo de Alexandra Anache e Caroline Reppold publicado no livro do CFP ldquoAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica ndash Diretrizes na Regulamentaccedilatildeo da Profissatildeordquo disponiacutevel em httpbitlyavaliacao_psicologica

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Instituiccedilotildees de Acolhimento e Unidades Socioeducativas

No acircmbito das instituiccedilotildees de aco-lhimento e unidades socioeducativas as demandas passam pelo acolhimen-to institucional e acompanhamento de crianccedilas e adolescentes e de suas respec-tivas famiacutelias pela inserccedilatildeo em progra-mas pelo atendimento cliacutenico e partici-paccedilotildees nas audiecircncias para prestar seu depoimento sobre o caso acompanhado

ldquoRecebemos quantas demandas puderem ser pensadas para lsquoadequarrsquo o sujeito a um modelo considerado desejadordquo afirma Mirela de Cintra psicoacuteloga da Fundaccedilatildeo de Assistecircn-cia Social e Cidadania (FASC) que destaca a dificuldade da Psicologia estabelecer um bom relacionamento com a Justiccedila ldquoO psicoacutelogo se vecirc na intersecccedilatildeo entre o saber juriacutedico a demanda explicita ou velada pela se-gregaccedilatildeo social e todo um complexo sistema de programas de atendimen-to aos adolescentes Campos estes que deveriam se articular para atendecirc-los integralmente mas que em si jaacute satildeo fragmentados e fragmentantesrdquo

Aleacutem dessa dificuldade relatada por Mirela a psicoacuteloga Eduarda Coelho Torres que atua em Casa de Acolhi-mento de Crianccedilas e Adolescentes pela Prefeitura de Novo Hamburgo destaca que a relaccedilatildeo com a Justiccedila torna-se mais estreita no momento da construccedilatildeo do plano individual de atendimento quan-

do a crianccedila ou o adolescente chegam Para produzir o plano eacute feito um estudo do caso e accedilotildees especiacuteficas a serem reali-zadas e como preconiza o ECA as accedilotildees iniciais satildeo sempre em direccedilatildeo ao res-gate ou construccedilatildeo de viacutenculos familia-res Essa construccedilatildeo nem sempre pode ser feita no tempo exiacuteguo imposto pela Justiccedila ldquoO documento eacute encaminhado agrave autoridade judiciaacuteria que passa a acom-panhar todo o trabalho realizado com a crianccedila e sua famiacutelia Esse contato eacute fundamental para que o juiz possa estar bem embasado ao proferir suas senten-ccedilasrdquo explica Eduarda

De acordo com Mirela nas uni-dades de medida socioeducativas a funccedilatildeo do psicoacutelogo deve ser a de criar um espaccedilo propiacutecio agrave elaboraccedilatildeo subjetiva trabalhando a singularida-de de cada um desses adolescentes ldquoDevemos trabalhar na construccedilatildeo de significados com relaccedilatildeo agrave medida fazendo o adolescente entender por que foi necessaacuterio tal ato e por que a sociedade lhe atribuiu uma medida que eacute socioeducativa e natildeo apenas punitiva Se natildeo haacute possibilidade do sujeito questionar-se sobre o que fez as consequecircncias de seus atos e a res-ponsabilidade que cada um tem sobre seu futuro natildeo haacute mudanccedila possiacute-velrdquo Outra atribuiccedilatildeo da Psicologia eacute tentar traduzir aos jovens o momento

Eduarda Coelho TorresPsicoacuteloga na Secretaria do Desenvolvimento Social de Novo Hamburgo jaacute tendo atuado tanto na Proteccedilatildeo Social Baacutesica quanto na Proteccedilatildeo Social Especial de Alta Complexidade

Mirela de CintraGraduada em Psicologia e Direito Especialista em psicologia cliacutenica e direitos humanos pela UFRGS Trabalha haacute 10 anos na Assistecircncia Social do Municiacutepio de Porto Alegre

ECA ndash Estatuto da Crianccedila e do Adolescente httpbitlyEstatuto_Crianccedila_Adolescente

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justiccedila

de encontro com os operadores de di-reito trabalhando a audiecircncia como uma inserccedilatildeo no simboacutelico ldquoEsse eacute o momento de retomar os fios esgarccedila-dos do laccedilo social que esse possa ser um retorno do adolescente a seu lugar de cidadatildeo e que antes de pagar com o corpo ele pode e deve pagar com palavras ou seja recobrir seus atos com palavrasrdquo acredita Mirela

Eduarda ressalta ser um equiacutevoco acreditar que o psicoacutelogo que trabalha inserido na instituiccedilatildeo de acolhimen-to deva restringir sua ligaccedilatildeo com a

Justiccedila a apenas responder agraves solici-taccedilotildees do poder judiciaacuterio ldquoO profis-sional comprometido com o seu fazer tem amplo conhecimento dos casos que acompanha e estaacute capacitado a posicionar-se criticamente em relaccedilatildeo a eles Eacute fundamental que perceba a importacircncia de seu papel e assuma seu protagonismo nesta rede natildeo agindo simplesmente quando solicitado mas propondo momentos de discussatildeo e reflexatildeo criacutetica O espaccedilo estaacute aberto basta ocupaacute-lo com responsabilidade competecircncia teacutecnica e iniciativardquo

Trabalho TransdisciplinarComo forma de minimizar os con-

flitos gerados na relaccedilatildeo com a Justiccedila Lindomar defende um trabalho trans-disciplinar como potecircncia para produzir diferenccedila tanto nas proacuteprias profissotildees quanto na vida de quem eacute atendido O trabalho em rede eacute visto como o caminho para garantia de direitos de crianccedilas ado-lescentes e idosos ldquoO ato de transdiscipli-narizar rompe com modelos hieraacuterquicos de saberes e setores Deste modo preci-samos estar juntos agrave educaccedilatildeo sauacutede assistecircncia social organizaccedilotildees natildeo go-vernamentais sempre prontos a escutar a diferenccedila afirmando-a notadamente naquilo que nos inquietardquo declara

Como exemplo desse trabalho transdisciplinar Lindomar descreve a parceria estabelecida com os pro-fissionais do Serviccedilo Social na Vara

de Infacircncia Juventude e Idoso da Comarca onde atua como psicoacutelogo produzindo relatoacuterios e pareceres teacutecnicos comuns sem uma delimita-ccedilatildeo especiacutefica das aacutereas ldquoA produccedilatildeo dos documentos se dava na delicade-za do encontro na intervenccedilatildeo Isto sempre se mostrou segundo nossa apreensatildeo potente Poreacutem a partir da Resoluccedilatildeo CFESS 5572009 que exige que o parecer social seja especi-ficado natildeo mais fazemos os pareceres conjuntos apenas os relatoacuterios e ao final sinalizamos o Parecer Psicoloacutegi-co e o Parecer Social os quais acabam por apresentar modos diferentes de apontar aquilo que fora produzido no transdisciplinarizar da intervenccedilatildeo A equipe se enriquece na diferenccedila de perspectivas disciplinares diversasrdquo

SAIBA MAISEntrelinhas nordm 39wwwcrprsorgbrentrelinhas39

Dissertaccedilatildeo de mestrado ldquo(Falecircncia familiar)+(Uso de drogas) = risco e periculosidade a naturalizaccedilatildeo juriacutedica e psicoloacutegica de jovens com medida de internaccedilatildeo compulsoacuteriardquo de Carolina dos Reis httpbitlydissertacao_carolina_reis

Artigo ldquoO carcereiro que haacute em noacutesrdquo de Edson Passeti publicado no livro do CRPRS rdquoEntre garantia de direitos e praacuteticas libertaacuteriasrdquowwwcrprsorgbrgarantiadireitos

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Escuta de crianccedilas e adolescentes na Justiccedila

Com relaccedilatildeo agrave escuta de crianccedilas e adolescentes na Justiccedila Lindomar Daroacutes esclarece que a praacutetica da Psi-cologia natildeo pode ser confundida com inquiriccedilatildeo ldquoA inquiriccedilatildeo diz de uma posiccedilatildeo no mundo que impotildee agravequele que eacute instado a falar dizer no tem-po de quem pergunta sem silecircncios pausas delongas ou reticecircncias Eu pergunto e vocecirc responde E responde aquilo que lhe pergunto sem maiores explicaccedilotildees caso eu natildeo lhe peccedila de-talhes Quanto agrave escuta diz de uma posiccedilatildeo daquele que se dispotildee a estar com o outro no tempo possiacutevel ao ou-tro para dizer em conformidade com sua demandardquo

Lindomar defende que a entra-da do psicoacutelogo no Poder Judiciaacute-rio deve ser pensada para produzir escuta jaacute que a inquiriccedilatildeo cabe aos operadores do Direito ldquoAo que pa-rece natildeo eacute a escuta que o Tribunal de Justiccedila nos requer mas a inqui-riccedilatildeo Afinal nossos relatoacuterios teacutec-nicos deixaram de ser considerados adequados pois natildeo eram suficien-tes para se condenar Assim dentro da estrutura do Poder Judiciaacuterio em termos macropoliacuteticos ndash o que natildeo re-trata a experiecircncia vivida pela nossa equipe especificamente ndash passaram a nos demandar outra intervenccedilatildeo

que natildeo a escuta psicoloacutegica mas a inquiriccedilatildeo uma lsquoescutarsquo produtora de provas suficiente para condenar Isto segundo minha anaacutelise diz natildeo apenas da escuta de crianccedilas mas de todos os jurisdicionados Cobram dos psicoacutelogos e tambeacutem dos as-sistentes sociais lsquodepoimentos sem danorsquo exames criminoloacutegicos parti-cipaccedilatildeo em comissotildees disciplinares nos presiacutedios Quando resistimos somos apontados como indisciplina-dos Talvez estejamos em boa com-panhia pois haacute notaacuteveis defensores da (in)disciplinardquo

Em 2005 o Conselho Federal de Psicologia iniciou o debate sobre a escuta de crianccedilas e adolescentes na Rede de Proteccedilatildeo Como resulta-do dessa discussatildeo foi publicada a Resoluccedilatildeo 0102010 que vedava ao psicoacutelogo o papel de inquiridor praacute-tica que ficou conhecida como Depoi-mento sem Dano no atendimento de Crianccedilas e Adolescentes em situaccedilatildeo de violecircncia Poreacutem a mesma foi sus-pensa apoacutes o questionamento judicial

A discussatildeo se ampliou para aleacutem do aspecto procedimental e passou-se a questionar se a mudanccedila de ambien-te e de estrateacutegia de fato reassegura direitos visto que coloca crianccedilas e adolescentes apenas como ldquoobjetordquo de

SAIBA MAISOrientaccedilotildees Teacutecnicas para os Serviccedilos de Acolhimento para Crianccedilas e Adolescentes publicaccedilatildeo do Conselho Nacional dos Direitos da Crianccedila e do Adolescente ndash CONANDA e do Conselho Nacional de Assistecircncia Social ndash CNAShttpbitlyorientacoes_CONANDA_CNAS

Publicaccedilatildeo do CFP ldquoA escuta de crianccedilas e adolescentes envolvidos em situaccedilatildeo de violecircncia e a rede de proteccedilatildeordquohttpbitlyescuta_criancas_adolescentes

Nota sobre Resoluccedilatildeo do CFP nordm 0102010httpbitlyresolucao010_2010

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justiccedila

produccedilatildeo de prova com vistas agrave res-ponsabilizaccedilatildeo do agressor

Haacute consenso entre os que repudiam e os que defendem a criaccedilatildeo de salas especiais para a realizaccedilatildeo do deno-minado ldquodepoimento sem danordquo ou ldquodepoimento especialrdquo de que eacute neces-saacuterio evitar a revitimizaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes que satildeo colocados em sucessivas situaccedilotildees de repeticcedilatildeo da

histoacuteria da violecircncia vivida ou presen-ciada Natildeo haacute consenso entretanto no entendimento de que a inquiriccedilatildeo natildeo seja revitimizante ou violadora de direi-tos mesmo em ambientes mais huma-nizados visto que seu uacutenico objetivo eacute a responsabilizaccedilatildeo do agressor

O CFP defende que natildeo eacute papel do psicoacutelogo realizar inquiriccedilatildeo monito-rado pelo juiz que lhe determina as

SAIBA MAISO V Conversando sobre a Psicologia e o SUAS em Caxias do Sul realizado em agosto de 2013 tratou das Relaccedilotildees com a Justiccedila Confira resumo das questotildees abordadas em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Leia entrevistas na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

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A experiecircncia do Nuacutecleo de Praacuteticas Juriacutedicas do Projeto de Atenccedilatildeo Ampliada agrave Sauacutede ndash PAAS

QUER AMPLIAR O DEBATE SOBRE O TEMA Participe das Comissotildees de Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica Poliacuteticas Puacuteblicas ou das atividades do CREPOP como o Conversando sobre a Psicologia e o SUAS Acompanhe a agenda de reuniotildees em wwwcrprsorgbrcomissoesegts

ENTRELINHAS RECOMENDA

Filme ldquoO Juiacutezordquo de Maria Augusta Ramos (2007)

Filme ldquoO Contador de Histoacuteriasrdquo de Luiz Villaccedila (2009)

Desenvolvido pela Unisinos o Projeto de Atenccedilatildeo Ampliada agrave Sauacute-

de (PAAS) atua de forma interdisciplinar atendendo agrave comunidade de

Satildeo Leopoldo e regiatildeo aleacutem de constituir-se como campo de estaacutegio

para os acadecircmicos O Nuacutecleo de Praacuteticas Juriacutedicas eacute o responsaacutevel

pela articulaccedilatildeo entre a Psicologia e as demandas do Judiciaacuterio Co-

nheccedila o Projeto acessando wwwcrprsorgbrentrelinhas66

perguntas a serem feitas agrave crianccedila e ao adolescente A inquiriccedilatildeo eacute um proce-dimento juriacutedico constitui-se em um interrogatoacuterio cujo objetivo eacute levantar dados para instruccedilatildeo de um processo judicial visando agrave produccedilatildeo de prova sendo as perguntas feitas agrave crianccedila e ao adolescente orientadas pelas neces-sidades do processo A escuta psicoloacute-gica caracteriza-se por ser uma relaccedilatildeo de cuidado acolhedora e natildeo invasi-va para a qual se requer a disposiccedilatildeo de escutar respeitando-se o tempo de elaboraccedilatildeo da situaccedilatildeo traumaacutetica as peculiaridades do momento do desen-volvimento e sobretudo visando a natildeo revitimizaccedilatildeo A escuta leva em conta a dimensatildeo subjetiva que tambeacutem deve ser considerada na perspectiva dos di-reitos humanos

Ao elaborar a Resoluccedilatildeo 0102010 o Conselho Federal defendia a neces-sidade da escuta sempre ser funda-mentada nos princiacutepios da proteccedilatildeo integral e da prioridade absoluta pre-vistos no ECA em decorrecircncia da si-tuaccedilatildeo peculiar de desenvolvimento em que se encontram crianccedilas e ado-lescentes na legislaccedilatildeo especiacutefica da profissatildeo e nos marcos teoacutericos teacutec-nicos e metodoloacutegicos da Psicologia como ciecircncia e profissatildeo

ldquoA derrubada da resoluccedilatildeo con-figura-se uma intromissatildeo no que diz respeito agrave capacidade teacutecnica dos conselhos de classe das profis-sotildees regulamentadas de dizerem dos limites eacutetico-teacutecnicos-poliacuteticos de suas respectivas profissotildeesrdquo afirma Lindomar

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Comissatildeo de Eacutetica

Uma urgecircncia coloca-se na relaccedilatildeo que se estabelece sem-pre mais intensa entre as praacute-ticas psicoloacutegicas e o campo juriacutedico Trata-se de trazer para a discussatildeo a dimensatildeo eacutetica do fazer psicoloacutegico colocando em pauta o modo pelo qual efetiva-mos essa relaccedilatildeo e os modos pe-los quais chegamos a instituir novas formas conceituais e pro-cedimentais tanto na produccedilatildeo do conhecimento psi como na atuaccedilatildeo profissional do psicoacutelo-go junto aos tracircmites judiciais Para comeccedilar este debate cabe nos perguntarmos como enten-demos essa dimensatildeo eacutetica

Pensamos que para muito aleacutem de estipular um ldquodever serrdquo nos modos de se produzir conhecimento e de se inserir nas praacuteticas profissionais esta-mos nos referindo agrave reflexatildeo e problematizaccedilatildeo das questotildees e temaacuteticas que nos assolam na contemporaneidade Tais ques-totildees nos levam em muacuteltiplos processos a nos constituirmos de uma determinada forma a sermos ndash sujeitos ndash deste ou da-quele modo ou ainda a sermos chamados e reconhecidos por esta ou aquela marca objetiva e subjetiva de identificaccedilatildeo Natildeo estamos portanto falando de regulamentos para conduzir

justiccedila

comportamentos ou ainda de procedimentos disciplinares relacionados a condutas acadecirc-micas e profissionais desvian-tes ou natildeo na elaboraccedilatildeo de suas atividades

Esse debate se refere tanto a uma identificaccedilatildeo profissio-nal ndash psicoacutelogo que nos coloca em uma multiplicidade de praacute-ticas relativas agrave subjetividade humana como tambeacutem agraves inuacute-meras formas de como somos designados objetivamente em nosso fazer tais como psicoacute-logo especialista na infacircncia ou psicoacutelogo perito judicial ou ainda psicoacutelogo especialis-ta em conflitos parentais e ao mesmo tempo perito em ava-liaccedilatildeo psicoloacutegica e assim por diante No intuito de dar conta das demandas que se formam nos processos poliacutetico-sociais contemporacircneos noacutes psicoacutelo-gos vamos nos organizando e predispondo dentro das possi-bilidades viaacuteveis e com o maior rigor eacutetico-profissional a con-templar tecnicamente o que nos convoca a partir do campo psicoloacutegico e da sociedade No entanto ao mesmo tempo que desenvolvemos um saber espe-ciacutefico no campo da Psicologia vamos produzindo verdades pelo estatuto cientiacutefico que ser-

vem aos mecanismos da Justiccedila para julgar punir e delimitar os merecedores desta ou daquela decisatildeo judicial ou ainda pe-nalidade descrita em lei Eacute dian-te destes enlaces entre as praacuteti-cas em Psicologia e o campo psicoloacutegico que mais uma vez afirmamos a indissociabilidade entre um fazer cientiacutefico e a sua dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ou en-tre ciecircncia e poliacutetica Fazemos sim uma Psicologia implicada nas questotildees sociais e poliacuteticas de nosso tempo entendendo que um embate poliacutetico aiacute se co-loca entre os campos em causa Psicologia e Judiciaacuterio

Sendo assim por que que-remos neste momento trazer a discussatildeo da dimensatildeo eacuteti-ca para a relaccedilatildeo das praacuteticas psicoloacutegicas no campo judiciaacute-rio Esta questatildeo nos convoca fortemente a partir da parti-cipaccedilatildeo na Comissatildeo de Eacutetica do CRPRS para o debate ao nos depararmos com a enor-me demanda de intervenccedilotildees consideradas como faltosas nos aspectos eacuteticos da atuaccedilatildeo profissional em situaccedilotildees que se relacionam com processos ou convocatoacuterias judiciais sejam elas no acircmbito familiar ou do direito administrativo das insti-tuiccedilotildees puacuteblicas

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As denuacutencias que chegam agrave Comissatildeo de Eacutetica versam principalmente sobre ausecircn-cia de guarda de documentos e ausecircncia de realizaccedilatildeo de avaliaccedilatildeo psicoloacutegica na aacuterea do tracircnsito elaboraccedilatildeo de do-cumentos que extrapolam os limites teacutecnicos ou sem funda-mentaccedilatildeo teacutecnica utilizados no acircmbito judicial divulgaccedilatildeo de instrumentos natildeo reconhecidos na aacuterea da Psicologia obtenccedilatildeo de vantagens financeiras a par-tir de processo psicoteraacutepico

Eacute nesta inserccedilatildeo das praacuteti-cas psicoloacutegicas nas demandas que se fazem todos os dias que entendemos a importacircncia da dimensatildeo eacutetica Uma eacutetica que se vincula ao campo da refle-xatildeo a um pensamento atuan-te sobre os processos que nos subjetivam e nos convocam cotidianamente Logo eacute muito mais do que um tecnicismo--instrumental que se constitui para solucionar e legitimar as normatizaccedilotildees afirmadas em muitos processos entrelaccedila-dos no arranjo social Trata-se de uma eacutetica que coloca em questatildeo as formas pelas quais os sujeitos satildeo tomados como objeto em uma determinada relaccedilatildeo de conhecimento ndash o psicoloacutegico ndash e portanto em uma relaccedilatildeo de poder Estamos assim nos referindo agraves formas que determinamos enqua-dramos instituiacutemos e muitas

vezes ateacute legislamos sobre as relaccedilotildees que constituiacutemos na vida ou mais especificamente das formas que determinamos e instituiacutemos a partir de nossa atuaccedilatildeo profissional Este dizer este determinar este legislar passa pelo acircmbito do saber Sa-ber sobre algo saber sobre al-gueacutem Passa por um saber que diz como algueacutem pode ou natildeo se conduzir como pode ou natildeo se reconhecer como pode ou natildeo se comportar etc daiacute uma relaccedilatildeo de saber que tambeacutem se configura em jogos de poder

Abrir questotildees eacuteticas nesta discussatildeo implica em nos per-guntarmos como estatildeo se for-mulando as denuacutencias agrave Comis-satildeo de Eacutetica do CRPRS Em que processos e jogos de interesse se efetivam as intervenccedilotildees psico-loacutegicas consideradas faltosas Quando falamos em interven-ccedilatildeopraacutetica psicoloacutegica de que forma queremos encaminhaacute--las e sob que discursos eacutetico--poliacuteticos nos assentamos para legitimaacute-las Queremos uma atuaccedilatildeo disciplinadora e lega-lista na nossa profissatildeo e na so-ciedade O que queremos com esse processo Quais os efeitos que esperamos que se produ-zam a partir dessa intervenccedilatildeo moral O que faz com que o profissional natildeo produza uma reflexatildeo eacutetica diante do seu co-tidiano de trabalho Queremos uma atuaccedilatildeointervenccedilatildeo que

controle e puna os que escapam aos ditames dos coacutedigos que noacutes mesmos estabelecemos ou seja uma intervenccedilatildeo moral so-bre os psicoacutelogos que desconsi-deraram a reflexatildeo eacutetica em seu proacuteprio fazer Eacute imprescindiacutevel perguntarmo-nos se as nossas produccedilotildees acadecircmicas e profis-sionais estatildeo privilegiando um pensamento criacutetico problema-tizador e abrangente sobre os modos que nos constituiacutemos na sociedade Urge analisarmos como se produzem os efeitos de nossas produccedilotildees acadecircmicas e profissionais em noacutes mesmos com aqueles que nos relacio-namos e com a sociedade em geral Eacute sobre esta relaccedilatildeo de um conhecimento implicado politicamente atuante produ-to e efeito de nossa experiecircncia na vida que estamos falando aqui Falamos aqui de uma re-laccedilatildeo pensada e constituiacuteda na liberdade e natildeo pela lei ou seja na reflexatildeo eacutetica que se faz em muacuteltiplas formas de pensar e experimentar a vida Trata-se de uma discussatildeo aberta e sem-pre a se fazer

Zuleika Koumlhler GonzalesConselheira integrante da Comissatildeo de Eacutetica do CRPRSCRP 078721

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justiccedila

Medida Socioeducativa entre A amp Z

Organizado pelas equipes do Nuacutecleo de Extensatildeo do Pro-grama Interdepartamental de Praacuteticas com Adolescentes e Jo-vens em Conflito com a Lei (PIPA) da UFRGS o livro ldquoMedida Socioeducativa entre A amp Zrdquo surgiu a partir da experiecircncia de profissionais de Psicologia Direito e Educaccedilatildeo com as praacuteticas direcionadas ao puacuteblico adoles-cente que cumpre medida socioeducativa sendo financiado pelo Edital Nacional da Poliacutetica de Extensatildeo (ProextMec2013)

A obra atende agrave linha temaacutetica ldquoeducaccedilatildeo e direitos humanosrdquo desta Poliacutetica de Extensatildeo com vistas agrave elaboraccedilatildeo de material didaacutetico-pedagoacutegico para contribuir em accedilotildees de formaccedilatildeo no atendimento educacional de adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas Apre-senta um glossaacuterio conjunto de verbetes das medidas socioeducativas escritos ldquomenos para dar conta da descriccedilatildeo teacutecnica de termos que designam a vida de adolescentes e de seus atos infra-cionais mais para fazer de vozes solitaacuterias que lutam pela poliacutetica da garantia de direitos de adolescentes uma escrita que pode vir a ser a audiccedilatildeo de muitosrdquo conforme descreve a psicoacuteloga e professora Gislei Domingas R Lazzarotto integrante da equipe organizadora da obra

Confira trechos da definiccedilatildeo de alguns verbetes apresentados na publicaccedilatildeo

Ato Infracional (Carmem Maria Craidy pedago-ga doutora em Educa-

ccedilatildeo) ndash ldquoO que pode parecer um detalhe tem alto significado o adolescente deveraacute ser tratado a partir de sua condiccedilatildeo como pessoa em desenvolvimento com possibilidades muacuteltiplas e natildeo simplesmente a partir do ato in-fracional que tiver cometido Ele natildeo eacute o ato que cometeu e mes-mo se for responsabilizado pelo mesmo deveraacute ser visto e tratado para aleacutem delerdquo

Conselho Tutelar (Este-la Scheinvar socioacuteloga doutora em Educaccedilatildeo)

ndash ldquoSob a loacutegica do direito o dis-tanciamento de um padratildeo eacute um delito que tem que ser julgado sentenciado e punido Natildeo ve-mos todos os setores da socie-dade frequentarem o conselho tutelar e os que laacute vatildeo se carac-terizam sobretudo por natildeo po-derem decidir como fazer a sua vida sendo submetidos a conse-lhos que ressoam como sentenccedilas a serem cumpridasrdquo

Brete (BF e JMG) ndash ldquoNatildeo eacute um quarto Eacute um quadrado Ele tem uma porta de ferro

toda gradeada Jaacute vem com as jegas mas eacute soacute isso que tem dentro A pa-rede eacute toda escrita todo mundo co-loca o nome laacute Dizem que se tu es-crever teu nome chama de volta e tu cai de novo mas isso eacute supersticcedilatildeo A porta se chama portiola Dentro de um lsquobretersquo cabe no maacuteximo 8 gu-ris mas depende tem uns que eacute de 3 Tem janela mas nem passa o dedo do cara pra pegar um vento E no ca-lor Todo mundo se abana melhor eacute dormir no piso que eacute mais geladordquo

Mais informaccedilotildees sobre a obra pelo e-mail ppscufrgsbr

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Consultoria Organizacional como Dispositivo Cliacutenico

Saindo dos limites que a praacutetica tradi-cional em muitas situaccedilotildees nos impotildee quis experimentar uma outra praacutetica um outro olhar uma outra postura dentro das organi-zaccedilotildees a de ser uma consultora analista Foi entatildeo que busquei os referenciais da psico-logia social e institucional e da filosofia da diferenccedila com o intuito de analisar inter-rogar lanccedilar perguntas experimentar uma outra forma de fazer Psicologia Apresento trecircs recortes que exemplificam essa praacutetica

Numa empresa de grande porte natildeo existia RH apenas Departamento Pessoal em seu aspecto mais antigo sem nenhuma forma de integraccedilatildeo de novos funcionaacuterios Realizei entatildeo um projeto de estruturaccedilatildeo da aacuterea de RH Foi um trabalho grandioso meses de reuniotildees com a diretoria chefia do DP outras pessoas envolvidas dentro da ma-triz e ateacute das filiais que emperrou na execu-ccedilatildeo do ldquomanual de integraccedilatildeordquo na parte que se propunha contar alguns fatos que mar-caram a histoacuteria da organizaccedilatildeo Quando percebi essa dificuldade comecei a realizar entrevistas com uma das diretoras que se apresentava com maior abertura para aquela proposta Realizamos um processo de histo-rizaccedilatildeo da empresa em que apareceram fa-tos de dissoluccedilatildeo de sociedade e outras his-toacuterias de famiacutelia que natildeo poderiam aparecer naquele informativo A partir daiacute o manual pocircde ser concluiacutedo Essa diretora assumiu a aacuterea de RH que tomou outro rumo dentro do funcionamento da organizaccedilatildeo

Dois empresaacuterios que competiam mui-to entre si numa empresa de pequeno por-te queriam que todos que conviviam com eles assumissem o lado de um ou de outro

Realizei um trabalho individual de auto-conhecimento e grupal voltado ao resgate da histoacuteria da empresa a conscientizaccedilatildeo de que a competitividade seria mais eficaz se fosse voltada para o mercado Jaacute no iniacutecio do trabalho comeccedilaram a delimitar o espaccedilo de cada um A relaccedilatildeo de desconfianccedila que havia com os funcionaacuterios tambeacutem mudou

Jaacute numa empresa de meacutedio porte com uma boa estrutura fiacutesica as pessoas estavam completamente desintegradas Os setores funcionavam de forma independente nun-ca realizavam reuniotildees e natildeo se conheciam o que acarretava diversos problemas Apoacutes a devoluccedilatildeo do diagnoacutestico e a realizaccedilatildeo de um plano de accedilatildeo comecei um trabalho com o grupo de gerentes e paralelamente com o empresaacuterio Com o grupo realizei ati-vidades de autogestatildeo autodiagnoacutestico da organizaccedilatildeo e busca de soluccedilotildees para os pro-blemas levantados Foi tambeacutem realizado um trabalho individual com cada gerente Com o empresaacuterio foi trabalhada sua forma de gestatildeo centralizadora sem espaccedilo para os gerentes atuarem e o que isso gerava para os resultados organizacionais Os gerentes con-quistaram um espaccedilo que antes natildeo havia e o que eles propuseram pocircde ser implantado

Nos exemplos citados a consultoria se propocircs a gerar consciecircncia e aprendizagem dos processos que estavam ali em jogo fa-zendo com que as pessoas se apropriassem do conhecimento e do resultado que ia sendo gerado Essa forma de intervenccedilatildeo abre no campo da Psicologia um outro lugar para o psicoacutelogo no mundo do trabalho convocan-do a cliacutenica para o universo laboral ao inveacutes de alimentar a segmentaccedilatildeo deste

relato de experiecircncia

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOA Comissatildeo de Orientaccedilatildeo e Fiscalizaccedilatildeo vem provendo encontros com psicoacutelogos que atuam na aacuterea da Psicologia Organizacional e do Trabalho Fique atento agrave programaccedilatildeo divulgada em nosso site wwwcrprsorgbr e participe

PARTICIPE Envie seu Relato de Experiecircncia para imprensacrprsorgbr

Confira esse relato na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Miriam Corso Minotto Psicoacuteloga Organizacional assessora em desenvolvimento de Recursos Humanos Eacute coordenadora do GT Psicologia do Trabalho participa GT de Histoacuteria e da Comissatildeo Gestora da Subsede Serra do CRPRS

16 entre linhas | abr-mai-jun 2014

entrevista

Em eacutepoca de Copa do Mundo o CRPRS propotildee um debate sobre as diferentes inserccedilotildees da Psicologia no Esporte A proposta eacute discutir lugares e funccedilotildees que os profissionais tecircm assumido e podem assumir neste campo considerando a complexidade das relaccedilotildees estabelecidas entre esportistas familiares instituiccedilotildees de ensino esportivas filantroacutepicas grandes empresas e demais atores sociais envolvidos nesse cenaacuterio O CRPRS convidou quatro profissionais da aacuterea para debater o tema e reproduz aqui no EntreLinhas trechos dessa conversa

Que contribuiccedilotildees a Psicologia do Es-porte traz em suas diferentes aacutereas de atuaccedilatildeo para a sociedade de uma forma geral Benno Becker Jr ndash O trabalho de esporte de alto rendimento eacute o que en-volve mais dinheiro lembrando que satildeo os atletas de alto niacutevel que estatildeo na vitrine e datildeo visibilidade ao espor-

te e consequentemente incentivam a praacutetica esportiva O esporte deve ser trabalhado com toda a sociedade de jovens a idosos como forma de pre-venccedilatildeo de problemas como ansiedade e depressatildeo Quando feito com ade-quaccedilatildeo acredito que o esporte seja o melhor remeacutedio para combater a de-pressatildeo por exemplo

Leia o artigo ldquoA Psicologia do Esporte e do Exerciacutecio para aleacutem da otimizaccedilatildeo da performance atleacuteticardquo produzido por Marcos Daou docente do curso de Psicologia da Unifra mestre em Psicologia graduado em Psicologia e Educaccedilatildeo Fiacutesica em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Acesse wwwcrprsorgbrentrelinhas66 e confira depoimentos gravados nesse encontro e versatildeo estendida da entrevista

Psicologia e Esporte

entre linhas | abr-mai-jun 2014 17

Benno Becker Jr Graduado em Psicologia e em Educaccedilatildeo Fiacutesica mestre em Pedagogia pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul e doutor em Psicologia ndash Universidade de Barcelona Tem diversas publicaccedilotildees na aacuterea wwwbennopsicoesportecombr

Cassiano Pires Psicoacutelogo chefe do departamento de psicologia do projeto social WimBelemDon Tiacutetulo de Master em Psicologia do Esporte e atividade fiacutesica pela Universidade Autocircnoma de Barcelona

Maacutercia Pilla do VallePsicoacuteloga mestre em Psicologia Social e da Personalidade pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul psicoacuteloga membro da ABRAPESP psicoacuteloga esportiva do IGT ndash Instituto Gauacutecho de Tecircnis

Vanessa Rodrigues AlvesPsicoacuteloga especialista em Psicologia do Esporte e Exerciacutecio Fiacutesico e em Sociopsicodrama Eacute professora de Psicologia da Atividade Fiacutesica e do Esporte na Faculdade Sogipa de Educaccedilatildeo Fiacutesica

Cassiano Pires ndash Temos que traba-lhar a importacircncia do esporte no bem estar e na sauacutede da populaccedilatildeo em ge-ral Infelizmente ainda vemos muito crianccedilas ou jovens que por natildeo terem habilidade motricidade ou fiacutesico para atingir um alto niacutevel de rendimento acabarem abandonando a praacutetica por serem mal assessoradas O trabalho com atletas de alto rendimento eacute im-portante mas acredito que o fim do esporte natildeo pode ser soacute o esporte em si deve ser o crescimento e o bem es-tar da pessoa a criaccedilatildeo de habilidades sociais e competecircncias e o desenvolvi-mento da autoestima Diversos desa-fios podem ser vencidos por meio do esporte por isso temos que comeccedilar a tirar o esporte da aacuterea de Turismo e Lazer e comeccedilar a pensaacute-lo na aacuterea de Sauacutede Isso mudaria completamente sua importacircncia e seu sentido para a vida da pessoa Maacutercia Pilla do Valle ndash Haacute uma seacuterie de possibilidades de atuaccedilatildeo para o Psicoacutelogo do Esporte e o campo que atualmente estaacute aberto eacute o que envolve projetos sociais e questotildees ligadas agrave sauacutede e ao espor-te como atividade fiacutesica e natildeo neces-sariamente competitiva Vanessa Rodrigues Alves ndash A Psicologia do Esporte eacute muito abrangente mas ainda se trabalha em poucas aacutereas Poderiacuteamos traba-lhar em instituiccedilotildees como a Susepe a Fase com a educaccedilatildeo em lar de idosos por exemplo

Em que condiccedilotildees se datildeo essas praacute-ticas considerando que muitas ve-zes haacute a pressatildeo de clubes atletas empresaacuterios miacutedia e ateacute da proacutepria sociedade pelo alto rendimento do atleta Ao desenvolver sua praacutetica o psicoacutelogo do esporte estaacute a serviccedilo de quem Maacutercia Pilla do Valle ndash Quando trabalhamos com esporte de alto ren-dimento o limiar entre sauacutede e pato-loacutegico eacute bem tecircnue principalmente em modalidades precoces como a ginaacutes-tica artiacutestica ou a nataccedilatildeo por exem-plo em que tudo acontece muito cedo e a carreira eacute muito curta Temos que trabalhar para que esse processo no qual os atletas jaacute estatildeo inseridos seja o mais saudaacutevel possiacutevel melhorar a relaccedilatildeo da comunicaccedilatildeo do teacutecnico com o atleta e criar um ambiente mo-tivador Tambeacutem eacute preciso avaliar se essa eacute uma vontade do proacuteprio atleta ou se eacute um desejo dos pais que veem no esporte a possibilidade de ascender socialmente de alguma forma Pensan-do nesse contexto devemos estar a ser-viccedilo do atleta e de todas as pessoas que estatildeo envolvidas nesse processo Vanessa Rodrigues Alves ndash A gran-de diferenccedila de nosso trabalho eacute que precisamos ir ateacute as pessoas e saber trabalhar em equipe O profissional que atua nessa aacuterea tem que ter a dis-ponibilidade para querer aprender pois natildeo ficamos em uma salinha es-perando as pessoas temos que ir ao encontro delas

18 entre linhas | abr-mai-jun 2014

Quais os principais desafios e dile-mas eacuteticos enfrentados pelo psicoacutelo-go do esporte Benno Becker Jr ndash O profissional que comeccedila a trabalhar com alto ren-dimento chega acreditando que iraacute de-terminar o seu tempo de trabalho com os atletas e natildeo eacute isso o que acontece O psicoacutelogo do esporte precisa aprovei-tar cada minuto cada intervalo do trei-no Esse eacute o grande desafio Uma boa estrateacutegia de inserccedilatildeo para o psicoacutelogo do esporte eacute ficar proacuteximo ao treina-dor e ao preparador fiacutesico buscando melhorar a comunicaccedilatildeo dele com o atleta estabelecendo uma relaccedilatildeo de transparecircncia Cassiano Pires ndash Temos que saber usar o nosso tempo no dia a dia do atleta Eu trabalho no Projeto WinBe-lemDon na cancha de boneacute do lado do atleta e realmente a gente sofre muito por natildeo ter um tempo exclusi-vo Eacute preciso ser criativo e aproveitar os espaccedilos conversando com o teacutecni-co e o instrumentalizando O psicoacutelo-go precisa estabelecer viacutenculo com a equipe e transmitir a ideia de que faz parte dela Vanessa Rodrigues Alves ndash Tenho que procurar fazer o melhor dentro das minhas possibilidades Vivi um di-lema eacutetico quando o treinador queria ver os resultados dos testes sociomeacute-tricos pedindo para que mostrasse o sociograma das relaccedilotildees e o grupo natildeo liberou isso Ele precisava ver de for-ma mais concreta como estava a rela-

ccedilatildeo com o grupo e eu natildeo podia liberar esse resultado Maacutercia Pilla do Valle ndash Em um clube onde trabalhava encaminhei a uma colega uma menina que vivia uma situaccedilatildeo familiar bem pontual e precisava de atendimento cliacutenico A psicoacuteloga me ligou questionando sobre a rotina de treino argumentan-do que a menina precisava de tempo para brincar e ter outras atividades Foi aiacute que me dei conta que para mim aquilo jaacute era normal vi como eu estava capturada pela cultura es-portiva pois aquilo jaacute natildeo me causa-va mais nenhum incocircmodo Poreacutem percebi que o que estava em questatildeo natildeo era a continuidade dela ou natildeo na ginaacutestica o que precisa ser visto era o lado emocional com relaccedilatildeo a um problema familiar pontual Pela minha identidade cliacutenica muito forte sempre digo que antes de ser psicoacute-loga do esporte eu sou psicoacuteloga e para tomar qualquer decisatildeo preciso estar muito bem comigo mesma e tra-balhar com o seguinte tripeacute conheci-mento teacutecnico (natildeo podemos nunca parar de estudar e de se aprimorar) a supervisatildeo ou a troca com os colegas e o tratamento pessoal

A proximidade de megaeventos no Brasil como a Copa do Mundo e Olimpiacuteadas estaacute ampliando o campo de atuaccedilatildeo da Psicologia do Esporte De que forma vocecircs profissionais da aacuterea estatildeo vendo esses eventos

entrevista

SAIBA MAISConheccedila o Projeto WimBelemDonwwwwimbelemdoncombr

Artigo ldquoA produccedilatildeo de Diferenccedilas pelo esporterdquo de Maacutercia Pilla do Valle httpbitlyproducao_de_diferencas

Artigo ldquoO Esporte de Alto Rendimento Produccedilatildeo de Atletas no Contemporacircneordquo de Maacutercia Pilla do Vallehttpbitlyesporte_alto_rendimento

Artigo ldquoPsicologia do Esporte no contexto do Sistema Conselhosrdquo de Mocircnica drsquoFaacutetima Freires da Silvahttpbitlyesporte_sistema_conselhos

Artigo ldquoEacutetica e Compromisso Social na Psicologia do Esporterdquo de Katia Rubiohttpbitlyetica_compromisso_social

Associaccedilatildeo Brasileira de Psicologia do Esporte ndash ABRAPESP wwwabrapesporgbr

entre linhas | abr-mai-jun 2014 19

Considerando isso como a Psicologia do Esporte lida com a questatildeo da es-petacularizaccedilatildeo do esporte Benno Becker Jr ndash Acredito que a Copa do Mundo pode ser muito posi-tiva para a Psicologia do Esporte pois deixaraacute a sensaccedilatildeo de que algo ficou faltando de que a Psicologia poderia ter sido mais envolvida nessa organi-zaccedilatildeo Precisamos mostrar que os psi-coacutelogos do esporte estatildeo agrave disposiccedilatildeo natildeo soacute dos atletas mas da populaccedilatildeo em geral tambeacutem Maacutercia Pilla do Valle ndash Muitas vezes nossa participaccedilatildeo nessa espe-tacularizaccedilatildeo gerada pela miacutedia nos gera um dilema eacutetico Geralmente os jornalistas buscam respostas objetivas querem saber do psicoacutelogo se a equipe ou o atleta ldquoamarelourdquo de fato e natildeo haacute como responder isso Isso acaba abrin-do espaccedilo para a opiniatildeo e manifesta-ccedilatildeo sobre o desempenho das equipes de outros profissionais que assumem o papel de motivadores e criacuteticos Cassiano Pires ndash Eacute importante sa-ber aproveitar o espaccedilo na miacutedia para mostrar a importacircncia do esporte Sabe-mos que poucas coisas ficam de heran-ccedila desses grandes eventos Entatildeo que possamos contribuir para o iniacutecio de uma cultura do esporte mais humani-zada Mostrar que tem muito psicoacutelogo trabalhando e se qualificando e orientar a imprensa sobre esse trabalho Esses grandes eventos demandam uma aten-ccedilatildeo de todas as aacutereas do esporte para que num futuro a sociedade consiga

ver o esporte como algo menos ldquofurio-sordquo com briga disputa morte e mais como uma atividade de lazer Com re-laccedilatildeo aos problemas sociais que surgem devido a esses eventos devemos estar atentos para dar o suporte que as pesso-as envolvidas nisso precisam Para isso as equipes locais que estatildeo organizando a Copa do Mundo por exemplo deve-riam contar com psicoacutelogos Vocecirc acredita que o Esporte pode ser-vir como um meio de garantia dos di-reitos humanos Maacutercia Pilla do Valle ndash Eacute importan-te natildeo pensar o esporte somente como uma atividade de alto rendimento O psicoacutelogo natildeo pode colocar sua praacutetica apenas a serviccedilo do rendimento Te-mos o papel de minimizar sofrimento Busco em minha inserccedilatildeo dentro dos clubes como psicoacuteloga mudar isso e contribuir para tornar o ambiente mais agradaacutevel proporcionando melhores condiccedilotildees da praacutetica esportiva Cassiano Pires ndash Temos que pensar no esporte como algo importante para a inclusatildeo Quando estatildeo praticando esporte as diferenccedilas natildeo existem to-dos satildeo iguais Crianccedilas que fora desse contexto vivem realidades bem dife-rentes (um mora numa casa de muitos andares o outro em uma casa de chatildeo batido por exemplo) quando estatildeo em quadra jogam de igual para igual O esporte nesse sentido eacute muito iguala-dor tem uma questatildeo de inclusatildeo nata que eacute muito legal e temos que saber aproveitar isso

TIacuteTULO DE ESPECIALISTAO tiacutetulo de especialista do CFP eacute concedido por conclusatildeo de curso de especializaccedilatildeo credenciado pelo CFP ou aprovaccedilatildeo em concurso de provas e tiacutetulos promovido periodicamente pelo CFP comprovando experiecircncia profissional de pelo menos 2 anos na aacuterea pretendidawwwcfporgbr

PARTICIPE DAS DISCUSSOtildeES NO CRPRSQuer propor a discussatildeo desse tema Participe das reuniotildees das Comissotildees de Poliacuteticas Puacuteblicas e Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica

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formaccedilatildeo

10 anos do curriacuteculo amplo o que de fato mudou na formaccedilatildeo do psicoacutelogo

Haacute 10 anos tinha iniacutecio um signi-ficativo processo de mudanccedilas na for-maccedilatildeo do psicoacutelogo com as alteraccedilotildees propostas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) de 2004 Sem distin-ccedilatildeo de habilitaccedilotildees diferentes a forma-ccedilatildeo do psicoacutelogo passou a ser ampla incluindo um nuacutecleo comum estaacutegios baacutesicos estaacutegios especiacuteficos ecircnfases curriculares articulaccedilatildeo de competecircn-cias baacutesicas e dos eixos estruturantes e refinamento das propostas de estaacutegios especiacuteficos Em 2011 a nova DCN man-teve as alteraccedilotildees de 2004 instituindo aleacutem dessas um projeto de formaccedilatildeo complementar para o professor de Psi-cologia em seu 13ordm artigo

Para a Associaccedilatildeo Brasileira de Ensino de Psicologia (ABEP) as ecircnfa-ses curriculares ndash que consistem em um recorte de um conjunto de fazeres (competecircncias) jaacute presentes no nuacutecleo comum concentradas em determina-do conjunto de atividades ndash podem ser consideradas uma forma de atender agrave formaccedilatildeo generalista sem cair no risco da superficialidade Cada curso tem a possibilidade de definir seus encadea-mentos prioritaacuterios independentemen-te das abordagens utilizadas

O CRPRS vem debatendo na Co-missatildeo de Formaccedilatildeo os desafios impli-cados em trabalhar a formaccedilatildeo ampla e ao mesmo tempo respeitar a exigecircncias

das ecircnfases curriculares que culminam na realizaccedilatildeo dos estaacutegios especiacuteficos

A coordenadora da Comissatildeo de Gra-duaccedilatildeo da Psicologia da UFRGS Paula Sandrine Machado lembra que o proces-so de adequaccedilatildeo e renovaccedilatildeo dos proje-tos pedagoacutegicos produziu em muitos cursos certos movimentos interessantes de avaliaccedilatildeo e de discussatildeo sobre o pro-fissional que se quer formar o contexto da Psicologia as competecircncias gerais que a formaccedilatildeo busca contemplar e as espe-cificidades de cada curso A abrangecircncia das diretrizes poreacutem aponta tanto para um profissional capaz de ldquofazer tudordquo quanto para um profissional que precisa saber algumas coisas baacutesicas para poder atuar em diferentes contextos

Para as coordenadoras de curso e de estaacutegio da Unisinos Rosana Cecchini de Castro e Maria Elisabeth Selbach o nuacute-cleo comum as competecircncias baacutesicas e os eixos estruturantes preconizados pe-las DCN tecircm possibilitado uma visatildeo abrangente e plural das muacuteltiplas pers-pectivas e possibilidades de intervenccedilatildeo para o futuro profissional da Psicologia ldquoAs ecircnfases podem ter foco no mercado de trabalho mas natildeo podem se desvin-cular da formaccedilatildeo como um todo sob pena de se tornarem especialidadesrdquo salientam as coordenadoras

Com o objetivo de evitar a especiali-zaccedilatildeo na formaccedilatildeo muitas instituiccedilotildees

Leia os depoimentos dos coordenadores dos cursos de Psicologia na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Resoluccedilatildeo nordm 05 de 15 de marccedilo de 2011 disponiacutevel em httpbitlyDCN2011

ABEPSIwwwabepsiorgbr

SAIBA MAIS Veja o histoacuterico das DCNs em httpbitlyABEP_DCNs

Publicaccedilatildeo do CFP ldquoContribuiccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia agrave discussatildeo sobre a formaccedilatildeo da(o) psicoacuteloga(o)rdquo httpbitlyCFP_Formacao

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de ensino trabalham com a proposta de ecircnfase como aprofundamento de estudo daquilo que jaacute foi contemplado na forma-ccedilatildeo geral do curriacuteculo

Na Univates por exemplo primei-ramente as ecircnfases ocorriam a partir do seacutetimo semestre o que prejudicava a formaccedilatildeo generalista uma vez que os estudos e disciplinas direcionavam para conteuacutedos muito especiacuteficos ldquoAl-teramos para as ecircnfases no uacuteltimo ano do curso Essa mudanccedila trouxe maior conhecimento aos estudantes da proacute-pria atuaccedilatildeo nos mais variados espa-ccedilosrdquo explica a coordenadora do curso de Psicologia da Univates Ana Lucia Bender Pereira

A preocupaccedilatildeo em preparar e for-mar o estudante para o mercado de trabalho eacute apontada pela coordenado-ra da Fisma Baacuterbara Maria Barbosa Silva Segundo ela a formaccedilatildeo pelas universidades natildeo estaacute em concordacircn-cia com a atuaccedilatildeo profissional ldquoIsso se

expressa quando na inserccedilatildeo dos alu-nos nos campos de praacuteticas e estaacutegios visualizamos a negaccedilatildeo ou negligecircncia de muitos campos de atuaccedilatildeo do Psi-coacutelogo para a formaccedilatildeo de alunosrdquo de-clara Baacuterbara Uma estrateacutegia adotada para dar conta dessa demanda eacute criar dentro da proacutepria instituiccedilatildeo de ensi-no espaccedilos destinados a execuccedilatildeo das praacuteticas e estaacutegios

Para o subcoordenador do curso da UNISC Jerto Cardoso da Silva as DCN devem ser pensadas democrati-camente e natildeo de forma autocraacutetica ldquoAs diretrizes devem ser propostas a partir das inquietaccedilotildees dos cursos e construiacutedas com elesrdquo Para ele os cur-sos devem estar atentos ao mercado de trabalho mas natildeo devem ser apenas pautados por ele pois trabalham na formaccedilatildeo de profissionais criacuteticos ou seja que podem ingressar no mercado mas tambeacutem transformaacute-lo e propor novas aacutereas de atuaccedilatildeo

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer ampliar a discussatildeo do tema Participe das reuniotildees ampliadas da Comissatildeo de Formaccedilatildeo Acompanhe a agenda pelo site wwwcrprsorgbrcomissoesegts

22 entre linhas | abr-mai-jun 2014

artigo

A formaccedilatildeo em psicologia e a psicologia em formaccedilatildeo

Em pesquisa realizada na deacutecada de 80 sobre a formaccedilatildeo de psicoacutelogos com estudantes do curso de graduaccedilatildeo da Uni-versidade Federal Fluminense (UFF) Luis Antonio Baptista percebeu que ela se de-senvolvia em paralelo ao que se passava agrave sua volta Era uma formaccedilatildeo que pouco incluiacutea as questotildees entatildeo contemporacircneas da sociedade brasileira e tampouco sua histoacuteria (BAPTISTA 2000)

Jaacute nos anos 2000 em nossa experiecircn-cia de formaccedilatildeo no curso de graduaccedilatildeo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) o ldquomundo laacute forardquo parecia fazer-se bastante presente na universidade E era um mundo que se dizia em transformaccedilatildeo

Como natildeo poderia ser diferente em um mundo muacuteltiplo e em uma profissatildeo que vem se autodenominando plural o proje-to de psicologia almejado para a formaccedilatildeo contemporacircnea de psicoacutelogos natildeo era uno De um lado havia o projeto de se alcanccedilar uma psicologia verdadeiramente cientiacutefica e rigorosa contra aquelas praacuteticas profis-sionais calcadas no senso comum De ou-tro a esperanccedila de se alcanccedilar uma psico-logia eacutetica e com compromisso social que passaria justamente pela superaccedilatildeo da psicologia cientificista pois que compro-metida com o modelo neoliberal de socie-dade De um lado a defesa de um modelo de formaccedilatildeo por competecircncias De outro sua criacutetica De um lado modos ditos claacutes-sicos de conhecer De outro aqueles tidos como completamente inovadores

Luiz Claudio Mendonccedila Figueiredo relaciona o ldquoestado um tanto caoacutetico e ine-vitavelmente desarticulado de qualquer curriacuteculo de formaccedilatildeo em psicologiardquo (FI-

GUEIREDO 2009 p17) agraves condiccedilotildees histoacute-ricas desse campo cientiacutefico e profissional indicando o estudo da histoacuteria da psicologia como forma de compreender e transformar essa realidade Gostariacuteamos de apontar tam-beacutem um sentido inverso o estudo desses processos de formaccedilatildeo caoacuteticos e desarticu-lados para compreender a psicologia que te-mos e que vimos produzindo historicamen-te A formaccedilatildeo em psicologia expressando ela mesma uma psicologia em formaccedilatildeo

Essa inversatildeo constituiu nossa pesqui-sa de mestrado (ARALDI 2012) a qual tomando como ponto de partida os impas-ses dilemas e controveacutersias que permeiam as experiecircncias de psicoacutelogos em forma-ccedilatildeo encontrou algumas vias possiacuteveis de se colocar e se recolocar o problema do conhecer e do conhecimento psi Partimos de um dispositivo metodoloacutegico que ins-tigava os estudantes participantes todos da graduaccedilatildeo em psicologia da UFRGS a descreverem e analisarem coletivamente o que faziam nas diferentes praacuteticas de for-maccedilatildeo fossem elas curriculares (de estu-dos leitura pesquisa extensatildeo estaacutegio) ou informais (conversas de corredores ex-periecircncias no Diretoacuterio Acadecircmico etc)

As distinccedilotildees dos estudantes entraram em diaacutelogo com autores do campo dos estu-dos da cogniccedilatildeo e do conhecimento (Kastrup Varela Maturana Latour) que tecircm questio-nado uma forma bastante corrente ao menos nas sociedades ocidentais de se conceber o conhecer e o conhecimento enquanto repre-sentaccedilatildeo efetivada por uma mente indivi-dual de um mundo preacute-existente agrave accedilatildeo do conhecedor O que isso significa Fundamen-talmente implica separar e situar como es-

Etiane AraldiPsicoacuteloga (UFRGS) Mestre em Psicologia Social e Institucional (UFRGS) Analista de Poliacuteticas Sociais na Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo do SUS (PNH) Ministeacuterio da Sauacutede

Acesse artigo na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

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secircncias de um lado um sujeito que conhece e de outro um mundo que se daacute a conhecer

As experiecircncias de formaccedilatildeo dos estu-dantes pesquisados sugerem que tal concep-ccedilatildeo de conhecimento tem marcado sobre-maneira o campo psi a comeccedilar pelo modo como os psicoacutelogos se relacionam com o tema das diferentes psicologias as escolas e escolhas teoacutericas Dada a ambiguidade do objeto e da teacutecnica do psicoacutelogo somada agrave divisatildeo do campo entre diferentes psicolo-gias cada qual com concepccedilotildees epistemo-loacutegicas e metodoloacutegicas especiacuteficas acostu-mou-se a aceitar que a teoria eacute a praacutetica do psicoacutelogo sendo os conceitos ferramentas de trabalho e a escolha teoacuterica um passo neces-saacuterio para que o profissional se constitua enquanto tal e para que suas intervenccedilotildees sejam legitimamente designadas psi

Na esteira dessa ideia supotildee-se que as praacuteticas de um psicoacutelogo psicanalista por exemplo possam ser deduzidas diretamen-te da teoria psicanaliacutetica sendo o trabalho do psicoacutelogo em determinada contingecircncia comumente descrito segundo as teorias que supostamente lhe dariam sustentaccedilatildeo

Em nossa pesquisa observamos que tal loacutegica produz a teoria e a praacutetica como domiacutenios de accedilatildeo muito diferentes nessa profissatildeo sendo o trabalho psi dado o seu forte componente relacional entendido em uma dimensatildeo incorporada um co-nhecimento de ldquoorganismordquo que ldquose sen-te na carnerdquo (conforme verbalizaccedilotildees dos estudantes) em contraposiccedilatildeo com o fazer acadecircmico tomado como essencialmente analiacutetico reflexivo ldquoruminanterdquo parecen-do inclusive que o estaacutegio natildeo compunha o curriacuteculo tamanho o confronto entre um mundo e outro O curioso eacute que em-bora sendo situado no discurso como um conhecimento desprovido de corpo as competecircncias acadecircmicas eram transpos-tas em um sentido incorporado ao fazer

dos estaacutegios produzindo nos estudantes atitudes analiacuteticas distanciadas num sen-tido de espectador nas intervenccedilotildees pro-fissionais Inclusive o uso de metaacuteforas relacionadas agraves tecnologias de produccedilatildeo e apreensatildeo de teorias fizeram-se bastante presentes na explicaccedilatildeo do que faz o psi-coacutelogo fazer leituras da realidade era me-taacutefora recorrente na descriccedilatildeo de boa parte das accedilotildees dos estudantes nos estaacutegios

O tema da identificaccedilatildeo foi citado di-versas vezes como criteacuterio para a escolha teoacuterica expressando a busca por uma re-laccedilatildeo de identidade igualdade entre seu suposto ser e a concepccedilatildeo de ser (de sujei-to) supostamente contida nas teorias Mas seriam nossos ldquoeusrdquo e os ldquoeusrdquo (as con-cepccedilotildees de sujeito) das teorias assim tatildeo coerentes Tanto no campo da cogniccedilatildeo quanto no da epistemologia tal suposiccedilatildeo de coerecircncia tem sido questionada

De qualquer modo a ideia de que o ser antecede o fazer parece motivar na psicolo-gia a adoccedilatildeo de uma concepccedilatildeo de sujeito uma visatildeo de homem como necessidade a priori para a atuaccedilatildeo profissional Entretan-to o que observamos entre os estudantes e a instituiccedilatildeo universitaacuteria foi um traba-lho ativo e cotidiano de separaccedilatildeopuri-ficaccedilatildeo dessas concepccedilotildees De modo que nos perguntamos a relaccedilatildeo identitaacuteria do psicoacutelogo com as teorias que compotildeem o campo psi seria decorrente de pressupostos e eacuteticas transcendentes preconizados pela epistemologia ou seria um processo que se ampara mais nas praacuteticas cotidianas de formaccedilatildeo de psicoacutelogos Nossa aposta ao perguntar agrave formaccedilatildeo em psicologia sobre o que ali se faz evidenciou um plano con-creto de produccedilatildeo da psicologia no presen-te que extrapola em muito o leque das te-orias psicoloacutegicas vigentes mas que ainda assim pode ser afirmado como legiacutetimo co-nhecer e fazer psi na contemporaneidade

REFEREcircNCIAS

ARALDI Etiane Das escolas e escolhas teoacutericas agraves poliacuteticas cognitivas legitimando a experiecircncia e a contingecircncia na colocaccedilatildeo do problema do conhecer e do conhecimento psi Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Psicologia Social e Institucional Instituto de Psicologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS Porto Alegre 2012

BAPTISTA Luis Antonio A faacutebrica de interiores a Formaccedilatildeo Psi em Questatildeo Niteroacutei Eduff 2000

FIGUEIREDO Luiz Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos Petroacutepolis Vozes 2009

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Projeto Poliacuteticas Puacuteblicas na Formaccedilatildeo promove aproximaccedilatildeo do CRPRS com o meio acadecircmico

De acordo com pesquisas feitas pelo Centro de Referecircncia Teacutecnica em Psicologia e Poliacuteti-cas Puacuteblicas ndash CREPOPRS a formaccedilatildeo em Psicologia eacute apon-tada como uma das grandes fra-gilidades ainda impostas para atuaccedilatildeo dos psicoacutelogos nas poliacute-ticas puacuteblicas Paradoxalmente o campo das poliacuteticas puacuteblicas atrai um nuacutemero maior de pro-fissionais a cada ano que mui-tas vezes chegam ao mercado desconhecendo marcos legais e marcos loacutegicos que datildeo funda-mento agraves praacuteticas nessa aacuterea

Buscando minimizar esse problema o CREPOP vem de-senvolvendo desde 2013 o Pro-jeto Poliacuteticas Puacuteblicas na For-maccedilatildeo proposta que procura qualificar a formaccedilatildeo para atu-accedilatildeo em diferentes campos das poliacuteticas puacuteblicas por meio da aproximaccedilatildeo entre Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul e estudantes de faculdades de Psicologia do estado A ideia de desenvolver esse trabalho surgiu em 2009 por iniciativa do estagiaacuterio da eacutepoca Edson Murliki

O projeto favorece espaccedilos de debate reflexatildeo e constru-

ccedilatildeo de um pensamento criacutetico junto aos cursos de gradua-ccedilatildeo objetivando a construccedilatildeo de referecircncias teacutecnicas para a formaccedilatildeo em Psicologia e Po-liacuteticas Puacuteblicas ldquoBuscamos fortalecer o diaacutelogo entre o CRPRS e o meio acadecircmico dimensionar a percepccedilatildeo dos estudantes sobre seus conhe-cimentos acerca das poliacuteticas puacuteblicas e incentivar a refle-xatildeo avaliativa sobre a forma-ccedilatildeo profissional do psicoacutelogo para atuar na aacutereardquo declara a ex-assessora teacutecnica do CRE-POP Carolina dos Reis

Para alcanccedilar isso o pro-jeto segue algumas etapas que incluem apresentaccedilatildeo aos coordenadores dos cursos e realizaccedilatildeo de encontros com os estudantes na sede sub-sedes do CRPRS ou nas proacute-prias instituiccedilotildees de ensino ldquoOs registros desses encontros subsidiam a produccedilatildeo de um relatoacuterio que reuacutene as princi-pais questotildees apontadas pelos alunos gerando dessa forma orientaccedilotildees para construccedilatildeo de um instrumento informa-tivo que sistematize os pontos de reflexatildeordquo explica Carolina

crepop

Projeto Formaccedilatildeo na sua faculdade Faculdades de Psicologia que tenham interesse em participar do Projeto de Formaccedilatildeo devem entrar em contato com o CREPOPRS pelo fone (51) 33346799 ou pelo e-mail crepopcrprsorgbr

Os resultados parciais in-dicam a necessidade de maior aprofundamento teoacuterico no assunto bem como reconheci-mento do caraacuteter transversal da temaacutetica dentro da formaccedilatildeo Os alunos tambeacutem demandam ampliaccedilatildeo de espaccedilos de inser-ccedilatildeo que propiciem maior conta-to com a praacutetica dos psicoacutelogos nas poliacuteticas puacuteblicas Indicam ainda a necessidade de uma reformulaccedilatildeo metodoloacutegica no curso do projeto visando a am-pliar o caraacuteter de intervenccedilatildeo do mesmo Seraacute incluiacuteda uma etapa de pactuaccedilotildees entre os diversos atores envolvidos nas instituiccedilotildees participantes de modo a produzir espaccedilos para a construccedilatildeo de soluccedilotildees con-cretas aos desafios emergidos nas rodas de conversas

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tracircnsito

A Psicologia na educaccedilatildeo para o tracircnsito

A Psicologia exerce uma impor-tante funccedilatildeo no tracircnsito ao estudar a mobilidade humana a partir da anaacutelise de diferentes dimensotildees processos e fenocircmenos envolvidos nesse contexto Pensando nisso a Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsi-to e Mobilidade Humana do CRPRS contribuiu na organizaccedilatildeo do 1ordm Se-minaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito realizado pela Prefeitura de Santa Maria em abril O evento voltado a professores da rede puacuteblica de ensi-no do municiacutepio teve como objetivo despertar a conscientizaccedilatildeo de que a educaccedilatildeo pode mudar o comporta-mento das pessoas no tracircnsito

O CRPRS acredita que a Psicolo-gia pode contribuir nesse processo envolvendo os professores e toda a sociedade para que o tema seja tra-balhado de forma ampla Para a Co-missatildeo do CRPRS os professores pre-cisam entender essa transversalidade

para que haja uma real mudanccedila de comportamento da sociedade

O tracircnsito deve ser pensado de maneira ampla considerando todos os envolvidos ldquoQuando falamos em tracircnsito natildeo devemos pensar apenas no fluxo de automoacuteveis mas consi-derar principalmente que o tracircnsi-to eacute composto por todos noacutes Deve-mos pensar no aspecto da mobilidade humana pensar na livre circulaccedilatildeo e no deslocamento com seguranccedila assim como nas relaccedilotildees sociais que se constituem nesse espaccedilo Ao se deslocar pelas ruas com automoacuteveis particulares bens privados as pes-soas muitas vezes natildeo se datildeo conta de que estatildeo circulando em um espa-ccedilo puacuteblico com regras estabelecidas pelo governo e pela proacutepria socieda-de Competem entre si de modo pri-vado por um espaccedilo que eacute puacuteblico e de todosrdquo declara o coordenador da aacuterea teacutecnica do CRPRS assessor da

SAIBA MAISAssista aos viacutedeos do 1ordm Seminaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Artigo ldquoTracircnsito e Sociedaderdquo de Sinara Tres Soares e Lucio Fernando Garcia disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Publicaccedilatildeo do CRPRS ldquoTracircnsito e Mobilidade Humana - Psicologia Educaccedilatildeo e Cidadaniardquo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrlivrotransito

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tracircnsito

Comissatildeo de Tracircnsito Lucio Fernan-do Garcia

Para ele a Psicologia exerce um im-portante papel ao contribuir na refle-xatildeo que abrange conceitos de cidada-nia e suas implicaccedilotildees considerando o tracircnsito como um processo humano e que envolve condiccedilotildees subjetivas ldquoSer cidadatildeo eacute uma escolha que traz impli-caccedilotildees e reflexotildees sobre responsabili-dades obrigaccedilotildees e direitosrdquo

Diversos aspectos psicoloacutegicos interferem na forma como as pesso-as lidam com o tracircnsito A psicoacuteloga Sinara Tres Soares da Escola Puacuteblica de Tracircnsito do DETRAN-RS ressalta que mesmo tendo ciecircncia dos riscos aos quais estatildeo expostas muitas pes-soas optam em correr esse risco por acreditar que vale a pena ldquoCada pes-soa tem uma diferente percepccedilatildeo de risco O que para alguns representa mais seguranccedila para outros pode significar a permissatildeo para correr mais riscos O sistema de freios do tipo ABS por exemplo traz mais se-guranccedila poreacutem algumas pessoas por se sentirem mais seguras com essa tecnologia acabam correndo maisrdquo explica Sinara

Outro aspecto psicoloacutegico en-volvido no tracircnsito diz respeito agrave conduta que autoriza as pessoas a te-rem determinado tipo de comporta-mento contrariando aquilo que elas mesmas acreditamldquoMuitos criticam quando os carros param em fila du-pla Poreacutem quando vatildeo levar o filho

na escola por exemplo agem assim e justificam tal atitude com explica-ccedilotildees como lsquoeacute bem rapidinhorsquo ou lsquofoi soacute dessa vezldquo

Esse tipo de comportamento re-flete a questatildeo do individualismo e da dificuldade das pessoas entende-rem que fazem parte de um todo e que estatildeo inseridas em um contex-to em que seus atos iratildeo atingir o proacuteximo ldquoTemos que trabalhar na sensibilizaccedilatildeo para que cada um compreenda que a sua atitude seu comportamento interfere direta-mente no tracircnsitordquo afirma a colabo-radora da Subsede Centro-Oeste do CRPRS integrante da Comissatildeo do Tracircnsito Aline Baumlumer

Para o evento em Santa Maria o grupo de colaboradores da Subsede Centro-Oeste produziu o viacutedeo ldquoAto-res no Tracircnsitordquo que mostra diferentes pontos de vista que fazem parte do tracircnsito revelando como nossa visatildeo muda dependendo da oacutetica em que a cena eacute vista

A Comissatildeo de Psicologia do Tracircn-sito e Mobilidade Humana do CRPRS estaacute engajada na proposta de desenvol-ver poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave educa-ccedilatildeo para o tracircnsito ldquoQueremos investir na continuidade de projetos e eventos como esse Seminaacuterio Acreditamos que alunos e professores engajados tornam--se multiplicadores de accedilotildees de educa-ccedilatildeo para o tracircnsitordquo afirma a presiden-te da Comissatildeo do CRPRS Elisangela Maria Almeida Santos

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer discutir mais sobre essa relaccedilatildeo entre Psicologia e Tracircnsito Participe da Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsito e Mobilidade Humana Acompanhe a agenda de reuniotildees pelo site httpcrprsorgbrcomissoesegts ou envie e-mail para comissoescrprsorgbr e informe seu interesse

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Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica em situaccedilotildees de periacutecia e de recursos administrativos

orientaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo psicoloacutegica eacute sem duacutevi-da a abordagem mais requisitada nas di-ferentes instacircncias do fazer do psicoacutelogo Ligada principalmente agrave necessidade de uma resposta ocupa um espaccedilo teacutecnico mas tambeacutem muitas vezes se constitui no imaginaacuterio como se pudesse responder a todas e quaisquer questotildees pautadas com base na anaacutelise do comportamento ou de condiccedilotildees emocionais do avaliando Essa condiccedilatildeo eacute produzida na medida em que atualmente a avaliaccedilatildeo psicoloacutegica tem sido cada vez mais usada na condiccedilatildeo de fundamentar periacutecia ou em situaccedilotildees judi-ciais assim como as que ocorrem em con-cursos puacuteblicos no proacuteprio processo ou em situaccedilotildees de recurso administrativo

As avaliaccedilotildees nessas situaccedilotildees seguem o regrado pela profissatildeo atraveacutes do Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo e das Re-soluccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia assim como devem buscar atender ao soli-citado Entretanto essa maacutexima natildeo quer dizer que o psicoacutelogo quando destacado (contratado) como perito deva conceber tal incumbecircncia como fator a definir o resulta-do da avaliaccedilatildeo O ato pericial eacute o de aplicar teacutecnicas e meacutetodos psicoloacutegicos objetivando um resultado decorrente de todo o processo que por meio de instrumentos eou de en-trevistas concluiraacute a avaliaccedilatildeo registrando ao candidato ou periciando as conclusotildees formuladas O psicoacutelogo natildeo advoga pela parte ou seja o resultado da avaliaccedilatildeo psi-coloacutegica poderaacute ser muito diferente do re-sultado almejado pelo candidato ou parte em processo judicial A avaliaccedilatildeo natildeo pode

ser tendenciosa adaptada ou alterada a fim de alcanccedilar o resultado pretendido pelo candidato natildeo eacute uma peccedila de defesa Eacute um procedimento teacutecnicocientiacutefico que con-clui a partir dos dados e teacutecnicas aplicadas objetivando responder ao solicitado dentro de determinados limites descrevendo o ob-servado e orientando o avaliando sobre os resultados obtidos

A conduta do psicoacutelogo em todo o pro-cedimento avaliativo deve estar pautada em princiacutepios de responsabilidade teacutecnica e profissional respaldados em procedimentos cientiacuteficos e validados O profissional deve ainda levar em consideraccedilatildeo aspectos como bem-estar dignidade e responsabilidade so-cial dos envolvidos na avaliaccedilatildeo uma vez que a mesma ocorre em um contexto soacutecio--cultural e de forma geral contempla um processo que envolve a sociedade como um todo especialmente em se tratando de con-cursos puacuteblicos e assessoramento judiciaacuterio

Reco

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Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea TeacutecnicaAdriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga FiscalLeticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Artigo ldquoAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica e Relaccedilotildees com o Judiciaacuteriordquo publicado na ediccedilatildeo nordm 64 do EntreLinhas disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas64

Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcodigoetica

Resoluccedilotildees do CFP disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrresolucoesCFP

28 entre linhas | abr-mai-jun 2014

USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

CursosEspecializaccedilatildeo em Psicologia Cliacutenica Terapia Cognitivo ComportamentalChapecoacuteSC Informaccedilotildees (49) 99413800dilmaandrettaunoescedubr wwwunoescedubr

V Ciclo de Estudos em Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica18072014 (iniacutecio moacutedulo 5) 08082014 (iniacutecio moacutedulo 6)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33085453cicloestudosapgmailcom wwwufrgsbrgeapap

Mediaccedilatildeo de Conflitos Novo paradigma agrave construccedilatildeo da pazAteacute 09102014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32226134infoclipmedcombr wwwclipmedcombr Curso de PsicanaacuteliseAteacute 25102014 Passo FundoRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Grupos de EstudoOs contos de fadas como instrumento de conhecimento e desenvolvimento humanoCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500claudiaclinicatessaricombr wwwrecriarnetbr

Introduccedilatildeo agrave Psico-Oncologia com ecircnfase em Psicossomaacutetica e PsiconeuroimunologiaPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92627203 (51) 84041373dhmullerbolcombr danitnunesgmailcompsicossomatica-rsorgbr

Estudos Metapsicoloacutegicos de Freud1306 1807 1508 1909 1010 e 21112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

O que fazer quando recebemos uma crianccedila0407 0108 2908 3110 07112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Mitologia Grega IAteacute 21112014 (encontros mensais)Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500recriarrecriarnetbr

A obra de Wilfred BionAteacute 13122014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr Teoria e Teacutecnica das Paradas e Impasses do TratamentoEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33303845secretariasbpdepaorgbr

Observaccedilatildeo de BebecircsEncontros agraves segundas-feirasNovo Hamburgo RS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Indicadores de Intersubjetividade de 0 a 2 anosEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

O Estudo da Mente na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Conceitos Fundamentais sobre sexualidade na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

DW Winnicott sua pessoa e suas ideias psicanaliacuteticasEncontros agraves quartas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Andreacute GreenEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

Donald WinnicottEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwbionorgbr

Seacuterie Em TerapiaEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr Trabalhos de MetapsicologiaEncontro agraves sextas-feirasCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Freud Reinventando FreudEncontros aos saacutebadosCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

BionEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr D WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

FreudEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Iniciando com WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Introduccedilatildeo ao Aparelho PsiacutequicoEncontros mensaisPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 (51) 33842765contatobionorgbr wwwbionorgbr

Congressos Jornadas Simpoacutesios e Conferecircncias

IV Jornada do Programa da Mulher Depen-dente Quiacutemica02082014Satildeo PauloSP Informaccedilotildees (11) 26618011amandadiasipqhcorgbr omrochaipqhcorgbr wwwceiporgbr

Jornada Constructo 2014 - com Dr Jacques Andregrave15 e 16082014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Congresso SOCERGS 2014 Uniatildeo de conheci-mento e Intercacircmbio multidisciplinar21 a 23082014GramadoRS Informaccedilotildees (51) 33391415 wwwsocergsorgbrcongresso2014

IV Congresso Brasileiro de Psicologia - Ciecircn-cia e Profissatildeo19 a 23112014Satildeo PauloSPwwwcienciaeprofissaocombr

Conferecircncia e Treinamento com a Psicoacuteloga Americana FELICIA CARROLL26 a 29112014Caxias do Sul RS Informaccedilotildees claudiatessarigmailcom wwwrecriarnetbr

Exibiccedilatildeo de filme8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoMorte em Venezardquo02072014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoUacuteltimo Tango Em Parisrdquo13082014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoCanccedilatildeo de Amorrdquo10092014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoAta-merdquo08102014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoO Livro de Cabeceirardquo12112014 Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

OficinaOficina de Produccedilatildeo Psicanaliacutetica e LiteraacuteriaSegundas ou quartas-feiras (6 encontros)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwpaulofernandomonteiroferrazblogspotcom

Agecircncia Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

Page 5: EntreLinhas nº 66

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Psicologia e Relaccedilotildees com a Justiccedila

A dificuldade da Psicologia em produzir respostas objetivas e exatas torna a relaccedilatildeo com a Justiccedila um pro-cesso complexo principalmente pela simplificaccedilatildeo com que a atuaccedilatildeo do psicoacutelogo eacute muitas vezes vista pelos operadores do Direito

ldquoNatildeo conseguimos responder tatildeo objetivamente a muitos dos quesitos formulados pelas partes e pelo proacuteprio Judiciaacuterio Os operadores do Direito em algumas situaccedilotildees exigem respos-

tas de lsquosimrsquo ou lsquonatildeorsquo o estabelecimento de datas de iniacutecio de uma patologia ou de prognoacutestico de doenccedilas mentais que nem sempre atendem de forma satisfatoacuteria aos processos judiciais em virtude da Psicologia natildeo ser uma ci-ecircncia exata que permita respostas tatildeo precisasrdquo afirma Vivian de Medeiros Lagos que desenvolve trabalhos na aacuterea de avaliaccedilatildeo psicoloacutegica forense prestando assessoria teacutecnica a advoga-dos de Direito de Famiacutelia

Vivian de Medeiros LagosGraduada em Direito e em Psicologia Possui especializaccedilatildeo em Psicologia Juriacutedica (Ulbra) e eacute Mestre e Doutora em Psicologia (UFRGS)

justiccedila

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justiccedila

Para Lindomar Daroacutes psicoacutelo-go na Vara de Infacircncia Juventude e Idoso da Comarca de Satildeo Gonccedilalo no Rio de Janeiro a relaccedilatildeo com o Poder Judiciaacuterio eacute marcada por uma riacutegida hierarquia ldquoA magistratura salvo raras exceccedilotildees trata aqueles que re-presentam outros saberes que natildeo o do Direito de modo subalternizado Temos que afirmar a diferenccedila des-tacando a equidade dos saberes os quais deveriam estar a serviccedilo da po-pulaccedilatildeo atendida natildeo dos represen-tantes do Direitordquo

Conforme Vivian a Psicologia Ju-riacutedica ainda tem muito a se desenvol-ver e por isso a valorizaccedilatildeo e com-preensatildeo do trabalho do psicoacutelogo por parte do Judiciaacuterio ainda encontra-se em construccedilatildeo ldquoOs juiacutezes que solici-tam periacutecias e que a partir das mes-mas conseguem obter informaccedilotildees im portantes para tomar suas decisotildees tendem a solicitar cada vez mais ava-liaccedilotildees e a valorizaacute-las entendendo a necessidade por exemplo de prazos mais longos para a realizaccedilatildeo de pe-riacutecias dependendo da situaccedilatildeo que se apresenta Por outro lado infeliz-

Lindomar DaroacutesPsicoacutelogo ndash Perspectiva Soacutecio-Histoacuterica Doutorando UERJ

ldquoTemos que afirmar a diferenccedila destacando a equidade dos saberes os quais deveriam estar a serviccedilo da populaccedilatildeo atendida natildeo dos representantes do Direitordquo

mente ainda evidenciamos muitos documentos psicoloacutegicos com falhas eacuteticas e teacutecnicas revelando trabalhos de pouca qualidade que pouco con-tribuem para o Judiciaacuterio Esses traba-lhos prejudicam natildeo apenas o caso em si sob avaliaccedilatildeo mas tambeacutem podem acarretar percepccedilotildees distorcidas sobre a avaliaccedilatildeo psicoloacutegica no contexto forenserdquo analisa

Devido agrave carecircncia de instru-mentos especiacuteficos para a avaliaccedilatildeo psicoloacutegica no Judiciaacuterio Vivian defende a pesquisa na aacuterea ldquoOs ins-trumentos utilizados hoje em dia na maior parte das vezes foram de-lineados para o contexto cliacutenico e por isso podem estar mais sujeitos agrave manipulaccedilatildeo dos resultados carac-teriacutestica mais frequente no contexto forense Eacute fundamental que pesqui-sadores se dediquem a explorar essa aacuterea contribuindo com instrumentos adaptados para o contexto forense que minimizem a chance de prejuiacutezo agrave validade dos achados e corroborem a cientificidade das teacutecnicas de ava-liaccedilatildeo psicoloacutegica valorizando nosso trabalho perante o Judiciaacuteriordquo

SAIBA MAISTese de doutorado ldquoConstruccedilatildeo de um sistema de avaliaccedilatildeo do relacionamento parental para situaccedilotildees de disputa de guardardquo de Vivian de Medeiros Lagohttpbitlytese_vivian_lago

Artigo ldquoAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica implicaccedilotildees eacuteticasrdquo de Alexandra Anache e Caroline Reppold publicado no livro do CFP ldquoAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica ndash Diretrizes na Regulamentaccedilatildeo da Profissatildeordquo disponiacutevel em httpbitlyavaliacao_psicologica

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Instituiccedilotildees de Acolhimento e Unidades Socioeducativas

No acircmbito das instituiccedilotildees de aco-lhimento e unidades socioeducativas as demandas passam pelo acolhimen-to institucional e acompanhamento de crianccedilas e adolescentes e de suas respec-tivas famiacutelias pela inserccedilatildeo em progra-mas pelo atendimento cliacutenico e partici-paccedilotildees nas audiecircncias para prestar seu depoimento sobre o caso acompanhado

ldquoRecebemos quantas demandas puderem ser pensadas para lsquoadequarrsquo o sujeito a um modelo considerado desejadordquo afirma Mirela de Cintra psicoacuteloga da Fundaccedilatildeo de Assistecircn-cia Social e Cidadania (FASC) que destaca a dificuldade da Psicologia estabelecer um bom relacionamento com a Justiccedila ldquoO psicoacutelogo se vecirc na intersecccedilatildeo entre o saber juriacutedico a demanda explicita ou velada pela se-gregaccedilatildeo social e todo um complexo sistema de programas de atendimen-to aos adolescentes Campos estes que deveriam se articular para atendecirc-los integralmente mas que em si jaacute satildeo fragmentados e fragmentantesrdquo

Aleacutem dessa dificuldade relatada por Mirela a psicoacuteloga Eduarda Coelho Torres que atua em Casa de Acolhi-mento de Crianccedilas e Adolescentes pela Prefeitura de Novo Hamburgo destaca que a relaccedilatildeo com a Justiccedila torna-se mais estreita no momento da construccedilatildeo do plano individual de atendimento quan-

do a crianccedila ou o adolescente chegam Para produzir o plano eacute feito um estudo do caso e accedilotildees especiacuteficas a serem reali-zadas e como preconiza o ECA as accedilotildees iniciais satildeo sempre em direccedilatildeo ao res-gate ou construccedilatildeo de viacutenculos familia-res Essa construccedilatildeo nem sempre pode ser feita no tempo exiacuteguo imposto pela Justiccedila ldquoO documento eacute encaminhado agrave autoridade judiciaacuteria que passa a acom-panhar todo o trabalho realizado com a crianccedila e sua famiacutelia Esse contato eacute fundamental para que o juiz possa estar bem embasado ao proferir suas senten-ccedilasrdquo explica Eduarda

De acordo com Mirela nas uni-dades de medida socioeducativas a funccedilatildeo do psicoacutelogo deve ser a de criar um espaccedilo propiacutecio agrave elaboraccedilatildeo subjetiva trabalhando a singularida-de de cada um desses adolescentes ldquoDevemos trabalhar na construccedilatildeo de significados com relaccedilatildeo agrave medida fazendo o adolescente entender por que foi necessaacuterio tal ato e por que a sociedade lhe atribuiu uma medida que eacute socioeducativa e natildeo apenas punitiva Se natildeo haacute possibilidade do sujeito questionar-se sobre o que fez as consequecircncias de seus atos e a res-ponsabilidade que cada um tem sobre seu futuro natildeo haacute mudanccedila possiacute-velrdquo Outra atribuiccedilatildeo da Psicologia eacute tentar traduzir aos jovens o momento

Eduarda Coelho TorresPsicoacuteloga na Secretaria do Desenvolvimento Social de Novo Hamburgo jaacute tendo atuado tanto na Proteccedilatildeo Social Baacutesica quanto na Proteccedilatildeo Social Especial de Alta Complexidade

Mirela de CintraGraduada em Psicologia e Direito Especialista em psicologia cliacutenica e direitos humanos pela UFRGS Trabalha haacute 10 anos na Assistecircncia Social do Municiacutepio de Porto Alegre

ECA ndash Estatuto da Crianccedila e do Adolescente httpbitlyEstatuto_Crianccedila_Adolescente

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justiccedila

de encontro com os operadores de di-reito trabalhando a audiecircncia como uma inserccedilatildeo no simboacutelico ldquoEsse eacute o momento de retomar os fios esgarccedila-dos do laccedilo social que esse possa ser um retorno do adolescente a seu lugar de cidadatildeo e que antes de pagar com o corpo ele pode e deve pagar com palavras ou seja recobrir seus atos com palavrasrdquo acredita Mirela

Eduarda ressalta ser um equiacutevoco acreditar que o psicoacutelogo que trabalha inserido na instituiccedilatildeo de acolhimen-to deva restringir sua ligaccedilatildeo com a

Justiccedila a apenas responder agraves solici-taccedilotildees do poder judiciaacuterio ldquoO profis-sional comprometido com o seu fazer tem amplo conhecimento dos casos que acompanha e estaacute capacitado a posicionar-se criticamente em relaccedilatildeo a eles Eacute fundamental que perceba a importacircncia de seu papel e assuma seu protagonismo nesta rede natildeo agindo simplesmente quando solicitado mas propondo momentos de discussatildeo e reflexatildeo criacutetica O espaccedilo estaacute aberto basta ocupaacute-lo com responsabilidade competecircncia teacutecnica e iniciativardquo

Trabalho TransdisciplinarComo forma de minimizar os con-

flitos gerados na relaccedilatildeo com a Justiccedila Lindomar defende um trabalho trans-disciplinar como potecircncia para produzir diferenccedila tanto nas proacuteprias profissotildees quanto na vida de quem eacute atendido O trabalho em rede eacute visto como o caminho para garantia de direitos de crianccedilas ado-lescentes e idosos ldquoO ato de transdiscipli-narizar rompe com modelos hieraacuterquicos de saberes e setores Deste modo preci-samos estar juntos agrave educaccedilatildeo sauacutede assistecircncia social organizaccedilotildees natildeo go-vernamentais sempre prontos a escutar a diferenccedila afirmando-a notadamente naquilo que nos inquietardquo declara

Como exemplo desse trabalho transdisciplinar Lindomar descreve a parceria estabelecida com os pro-fissionais do Serviccedilo Social na Vara

de Infacircncia Juventude e Idoso da Comarca onde atua como psicoacutelogo produzindo relatoacuterios e pareceres teacutecnicos comuns sem uma delimita-ccedilatildeo especiacutefica das aacutereas ldquoA produccedilatildeo dos documentos se dava na delicade-za do encontro na intervenccedilatildeo Isto sempre se mostrou segundo nossa apreensatildeo potente Poreacutem a partir da Resoluccedilatildeo CFESS 5572009 que exige que o parecer social seja especi-ficado natildeo mais fazemos os pareceres conjuntos apenas os relatoacuterios e ao final sinalizamos o Parecer Psicoloacutegi-co e o Parecer Social os quais acabam por apresentar modos diferentes de apontar aquilo que fora produzido no transdisciplinarizar da intervenccedilatildeo A equipe se enriquece na diferenccedila de perspectivas disciplinares diversasrdquo

SAIBA MAISEntrelinhas nordm 39wwwcrprsorgbrentrelinhas39

Dissertaccedilatildeo de mestrado ldquo(Falecircncia familiar)+(Uso de drogas) = risco e periculosidade a naturalizaccedilatildeo juriacutedica e psicoloacutegica de jovens com medida de internaccedilatildeo compulsoacuteriardquo de Carolina dos Reis httpbitlydissertacao_carolina_reis

Artigo ldquoO carcereiro que haacute em noacutesrdquo de Edson Passeti publicado no livro do CRPRS rdquoEntre garantia de direitos e praacuteticas libertaacuteriasrdquowwwcrprsorgbrgarantiadireitos

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Escuta de crianccedilas e adolescentes na Justiccedila

Com relaccedilatildeo agrave escuta de crianccedilas e adolescentes na Justiccedila Lindomar Daroacutes esclarece que a praacutetica da Psi-cologia natildeo pode ser confundida com inquiriccedilatildeo ldquoA inquiriccedilatildeo diz de uma posiccedilatildeo no mundo que impotildee agravequele que eacute instado a falar dizer no tem-po de quem pergunta sem silecircncios pausas delongas ou reticecircncias Eu pergunto e vocecirc responde E responde aquilo que lhe pergunto sem maiores explicaccedilotildees caso eu natildeo lhe peccedila de-talhes Quanto agrave escuta diz de uma posiccedilatildeo daquele que se dispotildee a estar com o outro no tempo possiacutevel ao ou-tro para dizer em conformidade com sua demandardquo

Lindomar defende que a entra-da do psicoacutelogo no Poder Judiciaacute-rio deve ser pensada para produzir escuta jaacute que a inquiriccedilatildeo cabe aos operadores do Direito ldquoAo que pa-rece natildeo eacute a escuta que o Tribunal de Justiccedila nos requer mas a inqui-riccedilatildeo Afinal nossos relatoacuterios teacutec-nicos deixaram de ser considerados adequados pois natildeo eram suficien-tes para se condenar Assim dentro da estrutura do Poder Judiciaacuterio em termos macropoliacuteticos ndash o que natildeo re-trata a experiecircncia vivida pela nossa equipe especificamente ndash passaram a nos demandar outra intervenccedilatildeo

que natildeo a escuta psicoloacutegica mas a inquiriccedilatildeo uma lsquoescutarsquo produtora de provas suficiente para condenar Isto segundo minha anaacutelise diz natildeo apenas da escuta de crianccedilas mas de todos os jurisdicionados Cobram dos psicoacutelogos e tambeacutem dos as-sistentes sociais lsquodepoimentos sem danorsquo exames criminoloacutegicos parti-cipaccedilatildeo em comissotildees disciplinares nos presiacutedios Quando resistimos somos apontados como indisciplina-dos Talvez estejamos em boa com-panhia pois haacute notaacuteveis defensores da (in)disciplinardquo

Em 2005 o Conselho Federal de Psicologia iniciou o debate sobre a escuta de crianccedilas e adolescentes na Rede de Proteccedilatildeo Como resulta-do dessa discussatildeo foi publicada a Resoluccedilatildeo 0102010 que vedava ao psicoacutelogo o papel de inquiridor praacute-tica que ficou conhecida como Depoi-mento sem Dano no atendimento de Crianccedilas e Adolescentes em situaccedilatildeo de violecircncia Poreacutem a mesma foi sus-pensa apoacutes o questionamento judicial

A discussatildeo se ampliou para aleacutem do aspecto procedimental e passou-se a questionar se a mudanccedila de ambien-te e de estrateacutegia de fato reassegura direitos visto que coloca crianccedilas e adolescentes apenas como ldquoobjetordquo de

SAIBA MAISOrientaccedilotildees Teacutecnicas para os Serviccedilos de Acolhimento para Crianccedilas e Adolescentes publicaccedilatildeo do Conselho Nacional dos Direitos da Crianccedila e do Adolescente ndash CONANDA e do Conselho Nacional de Assistecircncia Social ndash CNAShttpbitlyorientacoes_CONANDA_CNAS

Publicaccedilatildeo do CFP ldquoA escuta de crianccedilas e adolescentes envolvidos em situaccedilatildeo de violecircncia e a rede de proteccedilatildeordquohttpbitlyescuta_criancas_adolescentes

Nota sobre Resoluccedilatildeo do CFP nordm 0102010httpbitlyresolucao010_2010

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justiccedila

produccedilatildeo de prova com vistas agrave res-ponsabilizaccedilatildeo do agressor

Haacute consenso entre os que repudiam e os que defendem a criaccedilatildeo de salas especiais para a realizaccedilatildeo do deno-minado ldquodepoimento sem danordquo ou ldquodepoimento especialrdquo de que eacute neces-saacuterio evitar a revitimizaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes que satildeo colocados em sucessivas situaccedilotildees de repeticcedilatildeo da

histoacuteria da violecircncia vivida ou presen-ciada Natildeo haacute consenso entretanto no entendimento de que a inquiriccedilatildeo natildeo seja revitimizante ou violadora de direi-tos mesmo em ambientes mais huma-nizados visto que seu uacutenico objetivo eacute a responsabilizaccedilatildeo do agressor

O CFP defende que natildeo eacute papel do psicoacutelogo realizar inquiriccedilatildeo monito-rado pelo juiz que lhe determina as

SAIBA MAISO V Conversando sobre a Psicologia e o SUAS em Caxias do Sul realizado em agosto de 2013 tratou das Relaccedilotildees com a Justiccedila Confira resumo das questotildees abordadas em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Leia entrevistas na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

entre linhas | abr-mai-jun 2014 11

A experiecircncia do Nuacutecleo de Praacuteticas Juriacutedicas do Projeto de Atenccedilatildeo Ampliada agrave Sauacutede ndash PAAS

QUER AMPLIAR O DEBATE SOBRE O TEMA Participe das Comissotildees de Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica Poliacuteticas Puacuteblicas ou das atividades do CREPOP como o Conversando sobre a Psicologia e o SUAS Acompanhe a agenda de reuniotildees em wwwcrprsorgbrcomissoesegts

ENTRELINHAS RECOMENDA

Filme ldquoO Juiacutezordquo de Maria Augusta Ramos (2007)

Filme ldquoO Contador de Histoacuteriasrdquo de Luiz Villaccedila (2009)

Desenvolvido pela Unisinos o Projeto de Atenccedilatildeo Ampliada agrave Sauacute-

de (PAAS) atua de forma interdisciplinar atendendo agrave comunidade de

Satildeo Leopoldo e regiatildeo aleacutem de constituir-se como campo de estaacutegio

para os acadecircmicos O Nuacutecleo de Praacuteticas Juriacutedicas eacute o responsaacutevel

pela articulaccedilatildeo entre a Psicologia e as demandas do Judiciaacuterio Co-

nheccedila o Projeto acessando wwwcrprsorgbrentrelinhas66

perguntas a serem feitas agrave crianccedila e ao adolescente A inquiriccedilatildeo eacute um proce-dimento juriacutedico constitui-se em um interrogatoacuterio cujo objetivo eacute levantar dados para instruccedilatildeo de um processo judicial visando agrave produccedilatildeo de prova sendo as perguntas feitas agrave crianccedila e ao adolescente orientadas pelas neces-sidades do processo A escuta psicoloacute-gica caracteriza-se por ser uma relaccedilatildeo de cuidado acolhedora e natildeo invasi-va para a qual se requer a disposiccedilatildeo de escutar respeitando-se o tempo de elaboraccedilatildeo da situaccedilatildeo traumaacutetica as peculiaridades do momento do desen-volvimento e sobretudo visando a natildeo revitimizaccedilatildeo A escuta leva em conta a dimensatildeo subjetiva que tambeacutem deve ser considerada na perspectiva dos di-reitos humanos

Ao elaborar a Resoluccedilatildeo 0102010 o Conselho Federal defendia a neces-sidade da escuta sempre ser funda-mentada nos princiacutepios da proteccedilatildeo integral e da prioridade absoluta pre-vistos no ECA em decorrecircncia da si-tuaccedilatildeo peculiar de desenvolvimento em que se encontram crianccedilas e ado-lescentes na legislaccedilatildeo especiacutefica da profissatildeo e nos marcos teoacutericos teacutec-nicos e metodoloacutegicos da Psicologia como ciecircncia e profissatildeo

ldquoA derrubada da resoluccedilatildeo con-figura-se uma intromissatildeo no que diz respeito agrave capacidade teacutecnica dos conselhos de classe das profis-sotildees regulamentadas de dizerem dos limites eacutetico-teacutecnicos-poliacuteticos de suas respectivas profissotildeesrdquo afirma Lindomar

12 entre linhas | abr-mai-jun 2014

Comissatildeo de Eacutetica

Uma urgecircncia coloca-se na relaccedilatildeo que se estabelece sem-pre mais intensa entre as praacute-ticas psicoloacutegicas e o campo juriacutedico Trata-se de trazer para a discussatildeo a dimensatildeo eacutetica do fazer psicoloacutegico colocando em pauta o modo pelo qual efetiva-mos essa relaccedilatildeo e os modos pe-los quais chegamos a instituir novas formas conceituais e pro-cedimentais tanto na produccedilatildeo do conhecimento psi como na atuaccedilatildeo profissional do psicoacutelo-go junto aos tracircmites judiciais Para comeccedilar este debate cabe nos perguntarmos como enten-demos essa dimensatildeo eacutetica

Pensamos que para muito aleacutem de estipular um ldquodever serrdquo nos modos de se produzir conhecimento e de se inserir nas praacuteticas profissionais esta-mos nos referindo agrave reflexatildeo e problematizaccedilatildeo das questotildees e temaacuteticas que nos assolam na contemporaneidade Tais ques-totildees nos levam em muacuteltiplos processos a nos constituirmos de uma determinada forma a sermos ndash sujeitos ndash deste ou da-quele modo ou ainda a sermos chamados e reconhecidos por esta ou aquela marca objetiva e subjetiva de identificaccedilatildeo Natildeo estamos portanto falando de regulamentos para conduzir

justiccedila

comportamentos ou ainda de procedimentos disciplinares relacionados a condutas acadecirc-micas e profissionais desvian-tes ou natildeo na elaboraccedilatildeo de suas atividades

Esse debate se refere tanto a uma identificaccedilatildeo profissio-nal ndash psicoacutelogo que nos coloca em uma multiplicidade de praacute-ticas relativas agrave subjetividade humana como tambeacutem agraves inuacute-meras formas de como somos designados objetivamente em nosso fazer tais como psicoacute-logo especialista na infacircncia ou psicoacutelogo perito judicial ou ainda psicoacutelogo especialis-ta em conflitos parentais e ao mesmo tempo perito em ava-liaccedilatildeo psicoloacutegica e assim por diante No intuito de dar conta das demandas que se formam nos processos poliacutetico-sociais contemporacircneos noacutes psicoacutelo-gos vamos nos organizando e predispondo dentro das possi-bilidades viaacuteveis e com o maior rigor eacutetico-profissional a con-templar tecnicamente o que nos convoca a partir do campo psicoloacutegico e da sociedade No entanto ao mesmo tempo que desenvolvemos um saber espe-ciacutefico no campo da Psicologia vamos produzindo verdades pelo estatuto cientiacutefico que ser-

vem aos mecanismos da Justiccedila para julgar punir e delimitar os merecedores desta ou daquela decisatildeo judicial ou ainda pe-nalidade descrita em lei Eacute dian-te destes enlaces entre as praacuteti-cas em Psicologia e o campo psicoloacutegico que mais uma vez afirmamos a indissociabilidade entre um fazer cientiacutefico e a sua dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ou en-tre ciecircncia e poliacutetica Fazemos sim uma Psicologia implicada nas questotildees sociais e poliacuteticas de nosso tempo entendendo que um embate poliacutetico aiacute se co-loca entre os campos em causa Psicologia e Judiciaacuterio

Sendo assim por que que-remos neste momento trazer a discussatildeo da dimensatildeo eacuteti-ca para a relaccedilatildeo das praacuteticas psicoloacutegicas no campo judiciaacute-rio Esta questatildeo nos convoca fortemente a partir da parti-cipaccedilatildeo na Comissatildeo de Eacutetica do CRPRS para o debate ao nos depararmos com a enor-me demanda de intervenccedilotildees consideradas como faltosas nos aspectos eacuteticos da atuaccedilatildeo profissional em situaccedilotildees que se relacionam com processos ou convocatoacuterias judiciais sejam elas no acircmbito familiar ou do direito administrativo das insti-tuiccedilotildees puacuteblicas

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As denuacutencias que chegam agrave Comissatildeo de Eacutetica versam principalmente sobre ausecircn-cia de guarda de documentos e ausecircncia de realizaccedilatildeo de avaliaccedilatildeo psicoloacutegica na aacuterea do tracircnsito elaboraccedilatildeo de do-cumentos que extrapolam os limites teacutecnicos ou sem funda-mentaccedilatildeo teacutecnica utilizados no acircmbito judicial divulgaccedilatildeo de instrumentos natildeo reconhecidos na aacuterea da Psicologia obtenccedilatildeo de vantagens financeiras a par-tir de processo psicoteraacutepico

Eacute nesta inserccedilatildeo das praacuteti-cas psicoloacutegicas nas demandas que se fazem todos os dias que entendemos a importacircncia da dimensatildeo eacutetica Uma eacutetica que se vincula ao campo da refle-xatildeo a um pensamento atuan-te sobre os processos que nos subjetivam e nos convocam cotidianamente Logo eacute muito mais do que um tecnicismo--instrumental que se constitui para solucionar e legitimar as normatizaccedilotildees afirmadas em muitos processos entrelaccedila-dos no arranjo social Trata-se de uma eacutetica que coloca em questatildeo as formas pelas quais os sujeitos satildeo tomados como objeto em uma determinada relaccedilatildeo de conhecimento ndash o psicoloacutegico ndash e portanto em uma relaccedilatildeo de poder Estamos assim nos referindo agraves formas que determinamos enqua-dramos instituiacutemos e muitas

vezes ateacute legislamos sobre as relaccedilotildees que constituiacutemos na vida ou mais especificamente das formas que determinamos e instituiacutemos a partir de nossa atuaccedilatildeo profissional Este dizer este determinar este legislar passa pelo acircmbito do saber Sa-ber sobre algo saber sobre al-gueacutem Passa por um saber que diz como algueacutem pode ou natildeo se conduzir como pode ou natildeo se reconhecer como pode ou natildeo se comportar etc daiacute uma relaccedilatildeo de saber que tambeacutem se configura em jogos de poder

Abrir questotildees eacuteticas nesta discussatildeo implica em nos per-guntarmos como estatildeo se for-mulando as denuacutencias agrave Comis-satildeo de Eacutetica do CRPRS Em que processos e jogos de interesse se efetivam as intervenccedilotildees psico-loacutegicas consideradas faltosas Quando falamos em interven-ccedilatildeopraacutetica psicoloacutegica de que forma queremos encaminhaacute--las e sob que discursos eacutetico--poliacuteticos nos assentamos para legitimaacute-las Queremos uma atuaccedilatildeo disciplinadora e lega-lista na nossa profissatildeo e na so-ciedade O que queremos com esse processo Quais os efeitos que esperamos que se produ-zam a partir dessa intervenccedilatildeo moral O que faz com que o profissional natildeo produza uma reflexatildeo eacutetica diante do seu co-tidiano de trabalho Queremos uma atuaccedilatildeointervenccedilatildeo que

controle e puna os que escapam aos ditames dos coacutedigos que noacutes mesmos estabelecemos ou seja uma intervenccedilatildeo moral so-bre os psicoacutelogos que desconsi-deraram a reflexatildeo eacutetica em seu proacuteprio fazer Eacute imprescindiacutevel perguntarmo-nos se as nossas produccedilotildees acadecircmicas e profis-sionais estatildeo privilegiando um pensamento criacutetico problema-tizador e abrangente sobre os modos que nos constituiacutemos na sociedade Urge analisarmos como se produzem os efeitos de nossas produccedilotildees acadecircmicas e profissionais em noacutes mesmos com aqueles que nos relacio-namos e com a sociedade em geral Eacute sobre esta relaccedilatildeo de um conhecimento implicado politicamente atuante produ-to e efeito de nossa experiecircncia na vida que estamos falando aqui Falamos aqui de uma re-laccedilatildeo pensada e constituiacuteda na liberdade e natildeo pela lei ou seja na reflexatildeo eacutetica que se faz em muacuteltiplas formas de pensar e experimentar a vida Trata-se de uma discussatildeo aberta e sem-pre a se fazer

Zuleika Koumlhler GonzalesConselheira integrante da Comissatildeo de Eacutetica do CRPRSCRP 078721

14 entre linhas | abr-mai-jun 2014

justiccedila

Medida Socioeducativa entre A amp Z

Organizado pelas equipes do Nuacutecleo de Extensatildeo do Pro-grama Interdepartamental de Praacuteticas com Adolescentes e Jo-vens em Conflito com a Lei (PIPA) da UFRGS o livro ldquoMedida Socioeducativa entre A amp Zrdquo surgiu a partir da experiecircncia de profissionais de Psicologia Direito e Educaccedilatildeo com as praacuteticas direcionadas ao puacuteblico adoles-cente que cumpre medida socioeducativa sendo financiado pelo Edital Nacional da Poliacutetica de Extensatildeo (ProextMec2013)

A obra atende agrave linha temaacutetica ldquoeducaccedilatildeo e direitos humanosrdquo desta Poliacutetica de Extensatildeo com vistas agrave elaboraccedilatildeo de material didaacutetico-pedagoacutegico para contribuir em accedilotildees de formaccedilatildeo no atendimento educacional de adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas Apre-senta um glossaacuterio conjunto de verbetes das medidas socioeducativas escritos ldquomenos para dar conta da descriccedilatildeo teacutecnica de termos que designam a vida de adolescentes e de seus atos infra-cionais mais para fazer de vozes solitaacuterias que lutam pela poliacutetica da garantia de direitos de adolescentes uma escrita que pode vir a ser a audiccedilatildeo de muitosrdquo conforme descreve a psicoacuteloga e professora Gislei Domingas R Lazzarotto integrante da equipe organizadora da obra

Confira trechos da definiccedilatildeo de alguns verbetes apresentados na publicaccedilatildeo

Ato Infracional (Carmem Maria Craidy pedago-ga doutora em Educa-

ccedilatildeo) ndash ldquoO que pode parecer um detalhe tem alto significado o adolescente deveraacute ser tratado a partir de sua condiccedilatildeo como pessoa em desenvolvimento com possibilidades muacuteltiplas e natildeo simplesmente a partir do ato in-fracional que tiver cometido Ele natildeo eacute o ato que cometeu e mes-mo se for responsabilizado pelo mesmo deveraacute ser visto e tratado para aleacutem delerdquo

Conselho Tutelar (Este-la Scheinvar socioacuteloga doutora em Educaccedilatildeo)

ndash ldquoSob a loacutegica do direito o dis-tanciamento de um padratildeo eacute um delito que tem que ser julgado sentenciado e punido Natildeo ve-mos todos os setores da socie-dade frequentarem o conselho tutelar e os que laacute vatildeo se carac-terizam sobretudo por natildeo po-derem decidir como fazer a sua vida sendo submetidos a conse-lhos que ressoam como sentenccedilas a serem cumpridasrdquo

Brete (BF e JMG) ndash ldquoNatildeo eacute um quarto Eacute um quadrado Ele tem uma porta de ferro

toda gradeada Jaacute vem com as jegas mas eacute soacute isso que tem dentro A pa-rede eacute toda escrita todo mundo co-loca o nome laacute Dizem que se tu es-crever teu nome chama de volta e tu cai de novo mas isso eacute supersticcedilatildeo A porta se chama portiola Dentro de um lsquobretersquo cabe no maacuteximo 8 gu-ris mas depende tem uns que eacute de 3 Tem janela mas nem passa o dedo do cara pra pegar um vento E no ca-lor Todo mundo se abana melhor eacute dormir no piso que eacute mais geladordquo

Mais informaccedilotildees sobre a obra pelo e-mail ppscufrgsbr

entre linhas | jan-fev-mar 2014 15

Consultoria Organizacional como Dispositivo Cliacutenico

Saindo dos limites que a praacutetica tradi-cional em muitas situaccedilotildees nos impotildee quis experimentar uma outra praacutetica um outro olhar uma outra postura dentro das organi-zaccedilotildees a de ser uma consultora analista Foi entatildeo que busquei os referenciais da psico-logia social e institucional e da filosofia da diferenccedila com o intuito de analisar inter-rogar lanccedilar perguntas experimentar uma outra forma de fazer Psicologia Apresento trecircs recortes que exemplificam essa praacutetica

Numa empresa de grande porte natildeo existia RH apenas Departamento Pessoal em seu aspecto mais antigo sem nenhuma forma de integraccedilatildeo de novos funcionaacuterios Realizei entatildeo um projeto de estruturaccedilatildeo da aacuterea de RH Foi um trabalho grandioso meses de reuniotildees com a diretoria chefia do DP outras pessoas envolvidas dentro da ma-triz e ateacute das filiais que emperrou na execu-ccedilatildeo do ldquomanual de integraccedilatildeordquo na parte que se propunha contar alguns fatos que mar-caram a histoacuteria da organizaccedilatildeo Quando percebi essa dificuldade comecei a realizar entrevistas com uma das diretoras que se apresentava com maior abertura para aquela proposta Realizamos um processo de histo-rizaccedilatildeo da empresa em que apareceram fa-tos de dissoluccedilatildeo de sociedade e outras his-toacuterias de famiacutelia que natildeo poderiam aparecer naquele informativo A partir daiacute o manual pocircde ser concluiacutedo Essa diretora assumiu a aacuterea de RH que tomou outro rumo dentro do funcionamento da organizaccedilatildeo

Dois empresaacuterios que competiam mui-to entre si numa empresa de pequeno por-te queriam que todos que conviviam com eles assumissem o lado de um ou de outro

Realizei um trabalho individual de auto-conhecimento e grupal voltado ao resgate da histoacuteria da empresa a conscientizaccedilatildeo de que a competitividade seria mais eficaz se fosse voltada para o mercado Jaacute no iniacutecio do trabalho comeccedilaram a delimitar o espaccedilo de cada um A relaccedilatildeo de desconfianccedila que havia com os funcionaacuterios tambeacutem mudou

Jaacute numa empresa de meacutedio porte com uma boa estrutura fiacutesica as pessoas estavam completamente desintegradas Os setores funcionavam de forma independente nun-ca realizavam reuniotildees e natildeo se conheciam o que acarretava diversos problemas Apoacutes a devoluccedilatildeo do diagnoacutestico e a realizaccedilatildeo de um plano de accedilatildeo comecei um trabalho com o grupo de gerentes e paralelamente com o empresaacuterio Com o grupo realizei ati-vidades de autogestatildeo autodiagnoacutestico da organizaccedilatildeo e busca de soluccedilotildees para os pro-blemas levantados Foi tambeacutem realizado um trabalho individual com cada gerente Com o empresaacuterio foi trabalhada sua forma de gestatildeo centralizadora sem espaccedilo para os gerentes atuarem e o que isso gerava para os resultados organizacionais Os gerentes con-quistaram um espaccedilo que antes natildeo havia e o que eles propuseram pocircde ser implantado

Nos exemplos citados a consultoria se propocircs a gerar consciecircncia e aprendizagem dos processos que estavam ali em jogo fa-zendo com que as pessoas se apropriassem do conhecimento e do resultado que ia sendo gerado Essa forma de intervenccedilatildeo abre no campo da Psicologia um outro lugar para o psicoacutelogo no mundo do trabalho convocan-do a cliacutenica para o universo laboral ao inveacutes de alimentar a segmentaccedilatildeo deste

relato de experiecircncia

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOA Comissatildeo de Orientaccedilatildeo e Fiscalizaccedilatildeo vem provendo encontros com psicoacutelogos que atuam na aacuterea da Psicologia Organizacional e do Trabalho Fique atento agrave programaccedilatildeo divulgada em nosso site wwwcrprsorgbr e participe

PARTICIPE Envie seu Relato de Experiecircncia para imprensacrprsorgbr

Confira esse relato na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Miriam Corso Minotto Psicoacuteloga Organizacional assessora em desenvolvimento de Recursos Humanos Eacute coordenadora do GT Psicologia do Trabalho participa GT de Histoacuteria e da Comissatildeo Gestora da Subsede Serra do CRPRS

16 entre linhas | abr-mai-jun 2014

entrevista

Em eacutepoca de Copa do Mundo o CRPRS propotildee um debate sobre as diferentes inserccedilotildees da Psicologia no Esporte A proposta eacute discutir lugares e funccedilotildees que os profissionais tecircm assumido e podem assumir neste campo considerando a complexidade das relaccedilotildees estabelecidas entre esportistas familiares instituiccedilotildees de ensino esportivas filantroacutepicas grandes empresas e demais atores sociais envolvidos nesse cenaacuterio O CRPRS convidou quatro profissionais da aacuterea para debater o tema e reproduz aqui no EntreLinhas trechos dessa conversa

Que contribuiccedilotildees a Psicologia do Es-porte traz em suas diferentes aacutereas de atuaccedilatildeo para a sociedade de uma forma geral Benno Becker Jr ndash O trabalho de esporte de alto rendimento eacute o que en-volve mais dinheiro lembrando que satildeo os atletas de alto niacutevel que estatildeo na vitrine e datildeo visibilidade ao espor-

te e consequentemente incentivam a praacutetica esportiva O esporte deve ser trabalhado com toda a sociedade de jovens a idosos como forma de pre-venccedilatildeo de problemas como ansiedade e depressatildeo Quando feito com ade-quaccedilatildeo acredito que o esporte seja o melhor remeacutedio para combater a de-pressatildeo por exemplo

Leia o artigo ldquoA Psicologia do Esporte e do Exerciacutecio para aleacutem da otimizaccedilatildeo da performance atleacuteticardquo produzido por Marcos Daou docente do curso de Psicologia da Unifra mestre em Psicologia graduado em Psicologia e Educaccedilatildeo Fiacutesica em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Acesse wwwcrprsorgbrentrelinhas66 e confira depoimentos gravados nesse encontro e versatildeo estendida da entrevista

Psicologia e Esporte

entre linhas | abr-mai-jun 2014 17

Benno Becker Jr Graduado em Psicologia e em Educaccedilatildeo Fiacutesica mestre em Pedagogia pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul e doutor em Psicologia ndash Universidade de Barcelona Tem diversas publicaccedilotildees na aacuterea wwwbennopsicoesportecombr

Cassiano Pires Psicoacutelogo chefe do departamento de psicologia do projeto social WimBelemDon Tiacutetulo de Master em Psicologia do Esporte e atividade fiacutesica pela Universidade Autocircnoma de Barcelona

Maacutercia Pilla do VallePsicoacuteloga mestre em Psicologia Social e da Personalidade pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul psicoacuteloga membro da ABRAPESP psicoacuteloga esportiva do IGT ndash Instituto Gauacutecho de Tecircnis

Vanessa Rodrigues AlvesPsicoacuteloga especialista em Psicologia do Esporte e Exerciacutecio Fiacutesico e em Sociopsicodrama Eacute professora de Psicologia da Atividade Fiacutesica e do Esporte na Faculdade Sogipa de Educaccedilatildeo Fiacutesica

Cassiano Pires ndash Temos que traba-lhar a importacircncia do esporte no bem estar e na sauacutede da populaccedilatildeo em ge-ral Infelizmente ainda vemos muito crianccedilas ou jovens que por natildeo terem habilidade motricidade ou fiacutesico para atingir um alto niacutevel de rendimento acabarem abandonando a praacutetica por serem mal assessoradas O trabalho com atletas de alto rendimento eacute im-portante mas acredito que o fim do esporte natildeo pode ser soacute o esporte em si deve ser o crescimento e o bem es-tar da pessoa a criaccedilatildeo de habilidades sociais e competecircncias e o desenvolvi-mento da autoestima Diversos desa-fios podem ser vencidos por meio do esporte por isso temos que comeccedilar a tirar o esporte da aacuterea de Turismo e Lazer e comeccedilar a pensaacute-lo na aacuterea de Sauacutede Isso mudaria completamente sua importacircncia e seu sentido para a vida da pessoa Maacutercia Pilla do Valle ndash Haacute uma seacuterie de possibilidades de atuaccedilatildeo para o Psicoacutelogo do Esporte e o campo que atualmente estaacute aberto eacute o que envolve projetos sociais e questotildees ligadas agrave sauacutede e ao espor-te como atividade fiacutesica e natildeo neces-sariamente competitiva Vanessa Rodrigues Alves ndash A Psicologia do Esporte eacute muito abrangente mas ainda se trabalha em poucas aacutereas Poderiacuteamos traba-lhar em instituiccedilotildees como a Susepe a Fase com a educaccedilatildeo em lar de idosos por exemplo

Em que condiccedilotildees se datildeo essas praacute-ticas considerando que muitas ve-zes haacute a pressatildeo de clubes atletas empresaacuterios miacutedia e ateacute da proacutepria sociedade pelo alto rendimento do atleta Ao desenvolver sua praacutetica o psicoacutelogo do esporte estaacute a serviccedilo de quem Maacutercia Pilla do Valle ndash Quando trabalhamos com esporte de alto ren-dimento o limiar entre sauacutede e pato-loacutegico eacute bem tecircnue principalmente em modalidades precoces como a ginaacutes-tica artiacutestica ou a nataccedilatildeo por exem-plo em que tudo acontece muito cedo e a carreira eacute muito curta Temos que trabalhar para que esse processo no qual os atletas jaacute estatildeo inseridos seja o mais saudaacutevel possiacutevel melhorar a relaccedilatildeo da comunicaccedilatildeo do teacutecnico com o atleta e criar um ambiente mo-tivador Tambeacutem eacute preciso avaliar se essa eacute uma vontade do proacuteprio atleta ou se eacute um desejo dos pais que veem no esporte a possibilidade de ascender socialmente de alguma forma Pensan-do nesse contexto devemos estar a ser-viccedilo do atleta e de todas as pessoas que estatildeo envolvidas nesse processo Vanessa Rodrigues Alves ndash A gran-de diferenccedila de nosso trabalho eacute que precisamos ir ateacute as pessoas e saber trabalhar em equipe O profissional que atua nessa aacuterea tem que ter a dis-ponibilidade para querer aprender pois natildeo ficamos em uma salinha es-perando as pessoas temos que ir ao encontro delas

18 entre linhas | abr-mai-jun 2014

Quais os principais desafios e dile-mas eacuteticos enfrentados pelo psicoacutelo-go do esporte Benno Becker Jr ndash O profissional que comeccedila a trabalhar com alto ren-dimento chega acreditando que iraacute de-terminar o seu tempo de trabalho com os atletas e natildeo eacute isso o que acontece O psicoacutelogo do esporte precisa aprovei-tar cada minuto cada intervalo do trei-no Esse eacute o grande desafio Uma boa estrateacutegia de inserccedilatildeo para o psicoacutelogo do esporte eacute ficar proacuteximo ao treina-dor e ao preparador fiacutesico buscando melhorar a comunicaccedilatildeo dele com o atleta estabelecendo uma relaccedilatildeo de transparecircncia Cassiano Pires ndash Temos que saber usar o nosso tempo no dia a dia do atleta Eu trabalho no Projeto WinBe-lemDon na cancha de boneacute do lado do atleta e realmente a gente sofre muito por natildeo ter um tempo exclusi-vo Eacute preciso ser criativo e aproveitar os espaccedilos conversando com o teacutecni-co e o instrumentalizando O psicoacutelo-go precisa estabelecer viacutenculo com a equipe e transmitir a ideia de que faz parte dela Vanessa Rodrigues Alves ndash Tenho que procurar fazer o melhor dentro das minhas possibilidades Vivi um di-lema eacutetico quando o treinador queria ver os resultados dos testes sociomeacute-tricos pedindo para que mostrasse o sociograma das relaccedilotildees e o grupo natildeo liberou isso Ele precisava ver de for-ma mais concreta como estava a rela-

ccedilatildeo com o grupo e eu natildeo podia liberar esse resultado Maacutercia Pilla do Valle ndash Em um clube onde trabalhava encaminhei a uma colega uma menina que vivia uma situaccedilatildeo familiar bem pontual e precisava de atendimento cliacutenico A psicoacuteloga me ligou questionando sobre a rotina de treino argumentan-do que a menina precisava de tempo para brincar e ter outras atividades Foi aiacute que me dei conta que para mim aquilo jaacute era normal vi como eu estava capturada pela cultura es-portiva pois aquilo jaacute natildeo me causa-va mais nenhum incocircmodo Poreacutem percebi que o que estava em questatildeo natildeo era a continuidade dela ou natildeo na ginaacutestica o que precisa ser visto era o lado emocional com relaccedilatildeo a um problema familiar pontual Pela minha identidade cliacutenica muito forte sempre digo que antes de ser psicoacute-loga do esporte eu sou psicoacuteloga e para tomar qualquer decisatildeo preciso estar muito bem comigo mesma e tra-balhar com o seguinte tripeacute conheci-mento teacutecnico (natildeo podemos nunca parar de estudar e de se aprimorar) a supervisatildeo ou a troca com os colegas e o tratamento pessoal

A proximidade de megaeventos no Brasil como a Copa do Mundo e Olimpiacuteadas estaacute ampliando o campo de atuaccedilatildeo da Psicologia do Esporte De que forma vocecircs profissionais da aacuterea estatildeo vendo esses eventos

entrevista

SAIBA MAISConheccedila o Projeto WimBelemDonwwwwimbelemdoncombr

Artigo ldquoA produccedilatildeo de Diferenccedilas pelo esporterdquo de Maacutercia Pilla do Valle httpbitlyproducao_de_diferencas

Artigo ldquoO Esporte de Alto Rendimento Produccedilatildeo de Atletas no Contemporacircneordquo de Maacutercia Pilla do Vallehttpbitlyesporte_alto_rendimento

Artigo ldquoPsicologia do Esporte no contexto do Sistema Conselhosrdquo de Mocircnica drsquoFaacutetima Freires da Silvahttpbitlyesporte_sistema_conselhos

Artigo ldquoEacutetica e Compromisso Social na Psicologia do Esporterdquo de Katia Rubiohttpbitlyetica_compromisso_social

Associaccedilatildeo Brasileira de Psicologia do Esporte ndash ABRAPESP wwwabrapesporgbr

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Considerando isso como a Psicologia do Esporte lida com a questatildeo da es-petacularizaccedilatildeo do esporte Benno Becker Jr ndash Acredito que a Copa do Mundo pode ser muito posi-tiva para a Psicologia do Esporte pois deixaraacute a sensaccedilatildeo de que algo ficou faltando de que a Psicologia poderia ter sido mais envolvida nessa organi-zaccedilatildeo Precisamos mostrar que os psi-coacutelogos do esporte estatildeo agrave disposiccedilatildeo natildeo soacute dos atletas mas da populaccedilatildeo em geral tambeacutem Maacutercia Pilla do Valle ndash Muitas vezes nossa participaccedilatildeo nessa espe-tacularizaccedilatildeo gerada pela miacutedia nos gera um dilema eacutetico Geralmente os jornalistas buscam respostas objetivas querem saber do psicoacutelogo se a equipe ou o atleta ldquoamarelourdquo de fato e natildeo haacute como responder isso Isso acaba abrin-do espaccedilo para a opiniatildeo e manifesta-ccedilatildeo sobre o desempenho das equipes de outros profissionais que assumem o papel de motivadores e criacuteticos Cassiano Pires ndash Eacute importante sa-ber aproveitar o espaccedilo na miacutedia para mostrar a importacircncia do esporte Sabe-mos que poucas coisas ficam de heran-ccedila desses grandes eventos Entatildeo que possamos contribuir para o iniacutecio de uma cultura do esporte mais humani-zada Mostrar que tem muito psicoacutelogo trabalhando e se qualificando e orientar a imprensa sobre esse trabalho Esses grandes eventos demandam uma aten-ccedilatildeo de todas as aacutereas do esporte para que num futuro a sociedade consiga

ver o esporte como algo menos ldquofurio-sordquo com briga disputa morte e mais como uma atividade de lazer Com re-laccedilatildeo aos problemas sociais que surgem devido a esses eventos devemos estar atentos para dar o suporte que as pesso-as envolvidas nisso precisam Para isso as equipes locais que estatildeo organizando a Copa do Mundo por exemplo deve-riam contar com psicoacutelogos Vocecirc acredita que o Esporte pode ser-vir como um meio de garantia dos di-reitos humanos Maacutercia Pilla do Valle ndash Eacute importan-te natildeo pensar o esporte somente como uma atividade de alto rendimento O psicoacutelogo natildeo pode colocar sua praacutetica apenas a serviccedilo do rendimento Te-mos o papel de minimizar sofrimento Busco em minha inserccedilatildeo dentro dos clubes como psicoacuteloga mudar isso e contribuir para tornar o ambiente mais agradaacutevel proporcionando melhores condiccedilotildees da praacutetica esportiva Cassiano Pires ndash Temos que pensar no esporte como algo importante para a inclusatildeo Quando estatildeo praticando esporte as diferenccedilas natildeo existem to-dos satildeo iguais Crianccedilas que fora desse contexto vivem realidades bem dife-rentes (um mora numa casa de muitos andares o outro em uma casa de chatildeo batido por exemplo) quando estatildeo em quadra jogam de igual para igual O esporte nesse sentido eacute muito iguala-dor tem uma questatildeo de inclusatildeo nata que eacute muito legal e temos que saber aproveitar isso

TIacuteTULO DE ESPECIALISTAO tiacutetulo de especialista do CFP eacute concedido por conclusatildeo de curso de especializaccedilatildeo credenciado pelo CFP ou aprovaccedilatildeo em concurso de provas e tiacutetulos promovido periodicamente pelo CFP comprovando experiecircncia profissional de pelo menos 2 anos na aacuterea pretendidawwwcfporgbr

PARTICIPE DAS DISCUSSOtildeES NO CRPRSQuer propor a discussatildeo desse tema Participe das reuniotildees das Comissotildees de Poliacuteticas Puacuteblicas e Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica

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formaccedilatildeo

10 anos do curriacuteculo amplo o que de fato mudou na formaccedilatildeo do psicoacutelogo

Haacute 10 anos tinha iniacutecio um signi-ficativo processo de mudanccedilas na for-maccedilatildeo do psicoacutelogo com as alteraccedilotildees propostas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) de 2004 Sem distin-ccedilatildeo de habilitaccedilotildees diferentes a forma-ccedilatildeo do psicoacutelogo passou a ser ampla incluindo um nuacutecleo comum estaacutegios baacutesicos estaacutegios especiacuteficos ecircnfases curriculares articulaccedilatildeo de competecircn-cias baacutesicas e dos eixos estruturantes e refinamento das propostas de estaacutegios especiacuteficos Em 2011 a nova DCN man-teve as alteraccedilotildees de 2004 instituindo aleacutem dessas um projeto de formaccedilatildeo complementar para o professor de Psi-cologia em seu 13ordm artigo

Para a Associaccedilatildeo Brasileira de Ensino de Psicologia (ABEP) as ecircnfa-ses curriculares ndash que consistem em um recorte de um conjunto de fazeres (competecircncias) jaacute presentes no nuacutecleo comum concentradas em determina-do conjunto de atividades ndash podem ser consideradas uma forma de atender agrave formaccedilatildeo generalista sem cair no risco da superficialidade Cada curso tem a possibilidade de definir seus encadea-mentos prioritaacuterios independentemen-te das abordagens utilizadas

O CRPRS vem debatendo na Co-missatildeo de Formaccedilatildeo os desafios impli-cados em trabalhar a formaccedilatildeo ampla e ao mesmo tempo respeitar a exigecircncias

das ecircnfases curriculares que culminam na realizaccedilatildeo dos estaacutegios especiacuteficos

A coordenadora da Comissatildeo de Gra-duaccedilatildeo da Psicologia da UFRGS Paula Sandrine Machado lembra que o proces-so de adequaccedilatildeo e renovaccedilatildeo dos proje-tos pedagoacutegicos produziu em muitos cursos certos movimentos interessantes de avaliaccedilatildeo e de discussatildeo sobre o pro-fissional que se quer formar o contexto da Psicologia as competecircncias gerais que a formaccedilatildeo busca contemplar e as espe-cificidades de cada curso A abrangecircncia das diretrizes poreacutem aponta tanto para um profissional capaz de ldquofazer tudordquo quanto para um profissional que precisa saber algumas coisas baacutesicas para poder atuar em diferentes contextos

Para as coordenadoras de curso e de estaacutegio da Unisinos Rosana Cecchini de Castro e Maria Elisabeth Selbach o nuacute-cleo comum as competecircncias baacutesicas e os eixos estruturantes preconizados pe-las DCN tecircm possibilitado uma visatildeo abrangente e plural das muacuteltiplas pers-pectivas e possibilidades de intervenccedilatildeo para o futuro profissional da Psicologia ldquoAs ecircnfases podem ter foco no mercado de trabalho mas natildeo podem se desvin-cular da formaccedilatildeo como um todo sob pena de se tornarem especialidadesrdquo salientam as coordenadoras

Com o objetivo de evitar a especiali-zaccedilatildeo na formaccedilatildeo muitas instituiccedilotildees

Leia os depoimentos dos coordenadores dos cursos de Psicologia na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Resoluccedilatildeo nordm 05 de 15 de marccedilo de 2011 disponiacutevel em httpbitlyDCN2011

ABEPSIwwwabepsiorgbr

SAIBA MAIS Veja o histoacuterico das DCNs em httpbitlyABEP_DCNs

Publicaccedilatildeo do CFP ldquoContribuiccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia agrave discussatildeo sobre a formaccedilatildeo da(o) psicoacuteloga(o)rdquo httpbitlyCFP_Formacao

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de ensino trabalham com a proposta de ecircnfase como aprofundamento de estudo daquilo que jaacute foi contemplado na forma-ccedilatildeo geral do curriacuteculo

Na Univates por exemplo primei-ramente as ecircnfases ocorriam a partir do seacutetimo semestre o que prejudicava a formaccedilatildeo generalista uma vez que os estudos e disciplinas direcionavam para conteuacutedos muito especiacuteficos ldquoAl-teramos para as ecircnfases no uacuteltimo ano do curso Essa mudanccedila trouxe maior conhecimento aos estudantes da proacute-pria atuaccedilatildeo nos mais variados espa-ccedilosrdquo explica a coordenadora do curso de Psicologia da Univates Ana Lucia Bender Pereira

A preocupaccedilatildeo em preparar e for-mar o estudante para o mercado de trabalho eacute apontada pela coordenado-ra da Fisma Baacuterbara Maria Barbosa Silva Segundo ela a formaccedilatildeo pelas universidades natildeo estaacute em concordacircn-cia com a atuaccedilatildeo profissional ldquoIsso se

expressa quando na inserccedilatildeo dos alu-nos nos campos de praacuteticas e estaacutegios visualizamos a negaccedilatildeo ou negligecircncia de muitos campos de atuaccedilatildeo do Psi-coacutelogo para a formaccedilatildeo de alunosrdquo de-clara Baacuterbara Uma estrateacutegia adotada para dar conta dessa demanda eacute criar dentro da proacutepria instituiccedilatildeo de ensi-no espaccedilos destinados a execuccedilatildeo das praacuteticas e estaacutegios

Para o subcoordenador do curso da UNISC Jerto Cardoso da Silva as DCN devem ser pensadas democrati-camente e natildeo de forma autocraacutetica ldquoAs diretrizes devem ser propostas a partir das inquietaccedilotildees dos cursos e construiacutedas com elesrdquo Para ele os cur-sos devem estar atentos ao mercado de trabalho mas natildeo devem ser apenas pautados por ele pois trabalham na formaccedilatildeo de profissionais criacuteticos ou seja que podem ingressar no mercado mas tambeacutem transformaacute-lo e propor novas aacutereas de atuaccedilatildeo

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer ampliar a discussatildeo do tema Participe das reuniotildees ampliadas da Comissatildeo de Formaccedilatildeo Acompanhe a agenda pelo site wwwcrprsorgbrcomissoesegts

22 entre linhas | abr-mai-jun 2014

artigo

A formaccedilatildeo em psicologia e a psicologia em formaccedilatildeo

Em pesquisa realizada na deacutecada de 80 sobre a formaccedilatildeo de psicoacutelogos com estudantes do curso de graduaccedilatildeo da Uni-versidade Federal Fluminense (UFF) Luis Antonio Baptista percebeu que ela se de-senvolvia em paralelo ao que se passava agrave sua volta Era uma formaccedilatildeo que pouco incluiacutea as questotildees entatildeo contemporacircneas da sociedade brasileira e tampouco sua histoacuteria (BAPTISTA 2000)

Jaacute nos anos 2000 em nossa experiecircn-cia de formaccedilatildeo no curso de graduaccedilatildeo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) o ldquomundo laacute forardquo parecia fazer-se bastante presente na universidade E era um mundo que se dizia em transformaccedilatildeo

Como natildeo poderia ser diferente em um mundo muacuteltiplo e em uma profissatildeo que vem se autodenominando plural o proje-to de psicologia almejado para a formaccedilatildeo contemporacircnea de psicoacutelogos natildeo era uno De um lado havia o projeto de se alcanccedilar uma psicologia verdadeiramente cientiacutefica e rigorosa contra aquelas praacuteticas profis-sionais calcadas no senso comum De ou-tro a esperanccedila de se alcanccedilar uma psico-logia eacutetica e com compromisso social que passaria justamente pela superaccedilatildeo da psicologia cientificista pois que compro-metida com o modelo neoliberal de socie-dade De um lado a defesa de um modelo de formaccedilatildeo por competecircncias De outro sua criacutetica De um lado modos ditos claacutes-sicos de conhecer De outro aqueles tidos como completamente inovadores

Luiz Claudio Mendonccedila Figueiredo relaciona o ldquoestado um tanto caoacutetico e ine-vitavelmente desarticulado de qualquer curriacuteculo de formaccedilatildeo em psicologiardquo (FI-

GUEIREDO 2009 p17) agraves condiccedilotildees histoacute-ricas desse campo cientiacutefico e profissional indicando o estudo da histoacuteria da psicologia como forma de compreender e transformar essa realidade Gostariacuteamos de apontar tam-beacutem um sentido inverso o estudo desses processos de formaccedilatildeo caoacuteticos e desarticu-lados para compreender a psicologia que te-mos e que vimos produzindo historicamen-te A formaccedilatildeo em psicologia expressando ela mesma uma psicologia em formaccedilatildeo

Essa inversatildeo constituiu nossa pesqui-sa de mestrado (ARALDI 2012) a qual tomando como ponto de partida os impas-ses dilemas e controveacutersias que permeiam as experiecircncias de psicoacutelogos em forma-ccedilatildeo encontrou algumas vias possiacuteveis de se colocar e se recolocar o problema do conhecer e do conhecimento psi Partimos de um dispositivo metodoloacutegico que ins-tigava os estudantes participantes todos da graduaccedilatildeo em psicologia da UFRGS a descreverem e analisarem coletivamente o que faziam nas diferentes praacuteticas de for-maccedilatildeo fossem elas curriculares (de estu-dos leitura pesquisa extensatildeo estaacutegio) ou informais (conversas de corredores ex-periecircncias no Diretoacuterio Acadecircmico etc)

As distinccedilotildees dos estudantes entraram em diaacutelogo com autores do campo dos estu-dos da cogniccedilatildeo e do conhecimento (Kastrup Varela Maturana Latour) que tecircm questio-nado uma forma bastante corrente ao menos nas sociedades ocidentais de se conceber o conhecer e o conhecimento enquanto repre-sentaccedilatildeo efetivada por uma mente indivi-dual de um mundo preacute-existente agrave accedilatildeo do conhecedor O que isso significa Fundamen-talmente implica separar e situar como es-

Etiane AraldiPsicoacuteloga (UFRGS) Mestre em Psicologia Social e Institucional (UFRGS) Analista de Poliacuteticas Sociais na Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo do SUS (PNH) Ministeacuterio da Sauacutede

Acesse artigo na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

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secircncias de um lado um sujeito que conhece e de outro um mundo que se daacute a conhecer

As experiecircncias de formaccedilatildeo dos estu-dantes pesquisados sugerem que tal concep-ccedilatildeo de conhecimento tem marcado sobre-maneira o campo psi a comeccedilar pelo modo como os psicoacutelogos se relacionam com o tema das diferentes psicologias as escolas e escolhas teoacutericas Dada a ambiguidade do objeto e da teacutecnica do psicoacutelogo somada agrave divisatildeo do campo entre diferentes psicolo-gias cada qual com concepccedilotildees epistemo-loacutegicas e metodoloacutegicas especiacuteficas acostu-mou-se a aceitar que a teoria eacute a praacutetica do psicoacutelogo sendo os conceitos ferramentas de trabalho e a escolha teoacuterica um passo neces-saacuterio para que o profissional se constitua enquanto tal e para que suas intervenccedilotildees sejam legitimamente designadas psi

Na esteira dessa ideia supotildee-se que as praacuteticas de um psicoacutelogo psicanalista por exemplo possam ser deduzidas diretamen-te da teoria psicanaliacutetica sendo o trabalho do psicoacutelogo em determinada contingecircncia comumente descrito segundo as teorias que supostamente lhe dariam sustentaccedilatildeo

Em nossa pesquisa observamos que tal loacutegica produz a teoria e a praacutetica como domiacutenios de accedilatildeo muito diferentes nessa profissatildeo sendo o trabalho psi dado o seu forte componente relacional entendido em uma dimensatildeo incorporada um co-nhecimento de ldquoorganismordquo que ldquose sen-te na carnerdquo (conforme verbalizaccedilotildees dos estudantes) em contraposiccedilatildeo com o fazer acadecircmico tomado como essencialmente analiacutetico reflexivo ldquoruminanterdquo parecen-do inclusive que o estaacutegio natildeo compunha o curriacuteculo tamanho o confronto entre um mundo e outro O curioso eacute que em-bora sendo situado no discurso como um conhecimento desprovido de corpo as competecircncias acadecircmicas eram transpos-tas em um sentido incorporado ao fazer

dos estaacutegios produzindo nos estudantes atitudes analiacuteticas distanciadas num sen-tido de espectador nas intervenccedilotildees pro-fissionais Inclusive o uso de metaacuteforas relacionadas agraves tecnologias de produccedilatildeo e apreensatildeo de teorias fizeram-se bastante presentes na explicaccedilatildeo do que faz o psi-coacutelogo fazer leituras da realidade era me-taacutefora recorrente na descriccedilatildeo de boa parte das accedilotildees dos estudantes nos estaacutegios

O tema da identificaccedilatildeo foi citado di-versas vezes como criteacuterio para a escolha teoacuterica expressando a busca por uma re-laccedilatildeo de identidade igualdade entre seu suposto ser e a concepccedilatildeo de ser (de sujei-to) supostamente contida nas teorias Mas seriam nossos ldquoeusrdquo e os ldquoeusrdquo (as con-cepccedilotildees de sujeito) das teorias assim tatildeo coerentes Tanto no campo da cogniccedilatildeo quanto no da epistemologia tal suposiccedilatildeo de coerecircncia tem sido questionada

De qualquer modo a ideia de que o ser antecede o fazer parece motivar na psicolo-gia a adoccedilatildeo de uma concepccedilatildeo de sujeito uma visatildeo de homem como necessidade a priori para a atuaccedilatildeo profissional Entretan-to o que observamos entre os estudantes e a instituiccedilatildeo universitaacuteria foi um traba-lho ativo e cotidiano de separaccedilatildeopuri-ficaccedilatildeo dessas concepccedilotildees De modo que nos perguntamos a relaccedilatildeo identitaacuteria do psicoacutelogo com as teorias que compotildeem o campo psi seria decorrente de pressupostos e eacuteticas transcendentes preconizados pela epistemologia ou seria um processo que se ampara mais nas praacuteticas cotidianas de formaccedilatildeo de psicoacutelogos Nossa aposta ao perguntar agrave formaccedilatildeo em psicologia sobre o que ali se faz evidenciou um plano con-creto de produccedilatildeo da psicologia no presen-te que extrapola em muito o leque das te-orias psicoloacutegicas vigentes mas que ainda assim pode ser afirmado como legiacutetimo co-nhecer e fazer psi na contemporaneidade

REFEREcircNCIAS

ARALDI Etiane Das escolas e escolhas teoacutericas agraves poliacuteticas cognitivas legitimando a experiecircncia e a contingecircncia na colocaccedilatildeo do problema do conhecer e do conhecimento psi Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Psicologia Social e Institucional Instituto de Psicologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS Porto Alegre 2012

BAPTISTA Luis Antonio A faacutebrica de interiores a Formaccedilatildeo Psi em Questatildeo Niteroacutei Eduff 2000

FIGUEIREDO Luiz Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos Petroacutepolis Vozes 2009

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Projeto Poliacuteticas Puacuteblicas na Formaccedilatildeo promove aproximaccedilatildeo do CRPRS com o meio acadecircmico

De acordo com pesquisas feitas pelo Centro de Referecircncia Teacutecnica em Psicologia e Poliacuteti-cas Puacuteblicas ndash CREPOPRS a formaccedilatildeo em Psicologia eacute apon-tada como uma das grandes fra-gilidades ainda impostas para atuaccedilatildeo dos psicoacutelogos nas poliacute-ticas puacuteblicas Paradoxalmente o campo das poliacuteticas puacuteblicas atrai um nuacutemero maior de pro-fissionais a cada ano que mui-tas vezes chegam ao mercado desconhecendo marcos legais e marcos loacutegicos que datildeo funda-mento agraves praacuteticas nessa aacuterea

Buscando minimizar esse problema o CREPOP vem de-senvolvendo desde 2013 o Pro-jeto Poliacuteticas Puacuteblicas na For-maccedilatildeo proposta que procura qualificar a formaccedilatildeo para atu-accedilatildeo em diferentes campos das poliacuteticas puacuteblicas por meio da aproximaccedilatildeo entre Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul e estudantes de faculdades de Psicologia do estado A ideia de desenvolver esse trabalho surgiu em 2009 por iniciativa do estagiaacuterio da eacutepoca Edson Murliki

O projeto favorece espaccedilos de debate reflexatildeo e constru-

ccedilatildeo de um pensamento criacutetico junto aos cursos de gradua-ccedilatildeo objetivando a construccedilatildeo de referecircncias teacutecnicas para a formaccedilatildeo em Psicologia e Po-liacuteticas Puacuteblicas ldquoBuscamos fortalecer o diaacutelogo entre o CRPRS e o meio acadecircmico dimensionar a percepccedilatildeo dos estudantes sobre seus conhe-cimentos acerca das poliacuteticas puacuteblicas e incentivar a refle-xatildeo avaliativa sobre a forma-ccedilatildeo profissional do psicoacutelogo para atuar na aacutereardquo declara a ex-assessora teacutecnica do CRE-POP Carolina dos Reis

Para alcanccedilar isso o pro-jeto segue algumas etapas que incluem apresentaccedilatildeo aos coordenadores dos cursos e realizaccedilatildeo de encontros com os estudantes na sede sub-sedes do CRPRS ou nas proacute-prias instituiccedilotildees de ensino ldquoOs registros desses encontros subsidiam a produccedilatildeo de um relatoacuterio que reuacutene as princi-pais questotildees apontadas pelos alunos gerando dessa forma orientaccedilotildees para construccedilatildeo de um instrumento informa-tivo que sistematize os pontos de reflexatildeordquo explica Carolina

crepop

Projeto Formaccedilatildeo na sua faculdade Faculdades de Psicologia que tenham interesse em participar do Projeto de Formaccedilatildeo devem entrar em contato com o CREPOPRS pelo fone (51) 33346799 ou pelo e-mail crepopcrprsorgbr

Os resultados parciais in-dicam a necessidade de maior aprofundamento teoacuterico no assunto bem como reconheci-mento do caraacuteter transversal da temaacutetica dentro da formaccedilatildeo Os alunos tambeacutem demandam ampliaccedilatildeo de espaccedilos de inser-ccedilatildeo que propiciem maior conta-to com a praacutetica dos psicoacutelogos nas poliacuteticas puacuteblicas Indicam ainda a necessidade de uma reformulaccedilatildeo metodoloacutegica no curso do projeto visando a am-pliar o caraacuteter de intervenccedilatildeo do mesmo Seraacute incluiacuteda uma etapa de pactuaccedilotildees entre os diversos atores envolvidos nas instituiccedilotildees participantes de modo a produzir espaccedilos para a construccedilatildeo de soluccedilotildees con-cretas aos desafios emergidos nas rodas de conversas

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tracircnsito

A Psicologia na educaccedilatildeo para o tracircnsito

A Psicologia exerce uma impor-tante funccedilatildeo no tracircnsito ao estudar a mobilidade humana a partir da anaacutelise de diferentes dimensotildees processos e fenocircmenos envolvidos nesse contexto Pensando nisso a Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsi-to e Mobilidade Humana do CRPRS contribuiu na organizaccedilatildeo do 1ordm Se-minaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito realizado pela Prefeitura de Santa Maria em abril O evento voltado a professores da rede puacuteblica de ensi-no do municiacutepio teve como objetivo despertar a conscientizaccedilatildeo de que a educaccedilatildeo pode mudar o comporta-mento das pessoas no tracircnsito

O CRPRS acredita que a Psicolo-gia pode contribuir nesse processo envolvendo os professores e toda a sociedade para que o tema seja tra-balhado de forma ampla Para a Co-missatildeo do CRPRS os professores pre-cisam entender essa transversalidade

para que haja uma real mudanccedila de comportamento da sociedade

O tracircnsito deve ser pensado de maneira ampla considerando todos os envolvidos ldquoQuando falamos em tracircnsito natildeo devemos pensar apenas no fluxo de automoacuteveis mas consi-derar principalmente que o tracircnsi-to eacute composto por todos noacutes Deve-mos pensar no aspecto da mobilidade humana pensar na livre circulaccedilatildeo e no deslocamento com seguranccedila assim como nas relaccedilotildees sociais que se constituem nesse espaccedilo Ao se deslocar pelas ruas com automoacuteveis particulares bens privados as pes-soas muitas vezes natildeo se datildeo conta de que estatildeo circulando em um espa-ccedilo puacuteblico com regras estabelecidas pelo governo e pela proacutepria socieda-de Competem entre si de modo pri-vado por um espaccedilo que eacute puacuteblico e de todosrdquo declara o coordenador da aacuterea teacutecnica do CRPRS assessor da

SAIBA MAISAssista aos viacutedeos do 1ordm Seminaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Artigo ldquoTracircnsito e Sociedaderdquo de Sinara Tres Soares e Lucio Fernando Garcia disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Publicaccedilatildeo do CRPRS ldquoTracircnsito e Mobilidade Humana - Psicologia Educaccedilatildeo e Cidadaniardquo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrlivrotransito

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tracircnsito

Comissatildeo de Tracircnsito Lucio Fernan-do Garcia

Para ele a Psicologia exerce um im-portante papel ao contribuir na refle-xatildeo que abrange conceitos de cidada-nia e suas implicaccedilotildees considerando o tracircnsito como um processo humano e que envolve condiccedilotildees subjetivas ldquoSer cidadatildeo eacute uma escolha que traz impli-caccedilotildees e reflexotildees sobre responsabili-dades obrigaccedilotildees e direitosrdquo

Diversos aspectos psicoloacutegicos interferem na forma como as pesso-as lidam com o tracircnsito A psicoacuteloga Sinara Tres Soares da Escola Puacuteblica de Tracircnsito do DETRAN-RS ressalta que mesmo tendo ciecircncia dos riscos aos quais estatildeo expostas muitas pes-soas optam em correr esse risco por acreditar que vale a pena ldquoCada pes-soa tem uma diferente percepccedilatildeo de risco O que para alguns representa mais seguranccedila para outros pode significar a permissatildeo para correr mais riscos O sistema de freios do tipo ABS por exemplo traz mais se-guranccedila poreacutem algumas pessoas por se sentirem mais seguras com essa tecnologia acabam correndo maisrdquo explica Sinara

Outro aspecto psicoloacutegico en-volvido no tracircnsito diz respeito agrave conduta que autoriza as pessoas a te-rem determinado tipo de comporta-mento contrariando aquilo que elas mesmas acreditamldquoMuitos criticam quando os carros param em fila du-pla Poreacutem quando vatildeo levar o filho

na escola por exemplo agem assim e justificam tal atitude com explica-ccedilotildees como lsquoeacute bem rapidinhorsquo ou lsquofoi soacute dessa vezldquo

Esse tipo de comportamento re-flete a questatildeo do individualismo e da dificuldade das pessoas entende-rem que fazem parte de um todo e que estatildeo inseridas em um contex-to em que seus atos iratildeo atingir o proacuteximo ldquoTemos que trabalhar na sensibilizaccedilatildeo para que cada um compreenda que a sua atitude seu comportamento interfere direta-mente no tracircnsitordquo afirma a colabo-radora da Subsede Centro-Oeste do CRPRS integrante da Comissatildeo do Tracircnsito Aline Baumlumer

Para o evento em Santa Maria o grupo de colaboradores da Subsede Centro-Oeste produziu o viacutedeo ldquoAto-res no Tracircnsitordquo que mostra diferentes pontos de vista que fazem parte do tracircnsito revelando como nossa visatildeo muda dependendo da oacutetica em que a cena eacute vista

A Comissatildeo de Psicologia do Tracircn-sito e Mobilidade Humana do CRPRS estaacute engajada na proposta de desenvol-ver poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave educa-ccedilatildeo para o tracircnsito ldquoQueremos investir na continuidade de projetos e eventos como esse Seminaacuterio Acreditamos que alunos e professores engajados tornam--se multiplicadores de accedilotildees de educa-ccedilatildeo para o tracircnsitordquo afirma a presiden-te da Comissatildeo do CRPRS Elisangela Maria Almeida Santos

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer discutir mais sobre essa relaccedilatildeo entre Psicologia e Tracircnsito Participe da Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsito e Mobilidade Humana Acompanhe a agenda de reuniotildees pelo site httpcrprsorgbrcomissoesegts ou envie e-mail para comissoescrprsorgbr e informe seu interesse

entre linhas | abr-mai-jun 2014 27

Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica em situaccedilotildees de periacutecia e de recursos administrativos

orientaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo psicoloacutegica eacute sem duacutevi-da a abordagem mais requisitada nas di-ferentes instacircncias do fazer do psicoacutelogo Ligada principalmente agrave necessidade de uma resposta ocupa um espaccedilo teacutecnico mas tambeacutem muitas vezes se constitui no imaginaacuterio como se pudesse responder a todas e quaisquer questotildees pautadas com base na anaacutelise do comportamento ou de condiccedilotildees emocionais do avaliando Essa condiccedilatildeo eacute produzida na medida em que atualmente a avaliaccedilatildeo psicoloacutegica tem sido cada vez mais usada na condiccedilatildeo de fundamentar periacutecia ou em situaccedilotildees judi-ciais assim como as que ocorrem em con-cursos puacuteblicos no proacuteprio processo ou em situaccedilotildees de recurso administrativo

As avaliaccedilotildees nessas situaccedilotildees seguem o regrado pela profissatildeo atraveacutes do Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo e das Re-soluccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia assim como devem buscar atender ao soli-citado Entretanto essa maacutexima natildeo quer dizer que o psicoacutelogo quando destacado (contratado) como perito deva conceber tal incumbecircncia como fator a definir o resulta-do da avaliaccedilatildeo O ato pericial eacute o de aplicar teacutecnicas e meacutetodos psicoloacutegicos objetivando um resultado decorrente de todo o processo que por meio de instrumentos eou de en-trevistas concluiraacute a avaliaccedilatildeo registrando ao candidato ou periciando as conclusotildees formuladas O psicoacutelogo natildeo advoga pela parte ou seja o resultado da avaliaccedilatildeo psi-coloacutegica poderaacute ser muito diferente do re-sultado almejado pelo candidato ou parte em processo judicial A avaliaccedilatildeo natildeo pode

ser tendenciosa adaptada ou alterada a fim de alcanccedilar o resultado pretendido pelo candidato natildeo eacute uma peccedila de defesa Eacute um procedimento teacutecnicocientiacutefico que con-clui a partir dos dados e teacutecnicas aplicadas objetivando responder ao solicitado dentro de determinados limites descrevendo o ob-servado e orientando o avaliando sobre os resultados obtidos

A conduta do psicoacutelogo em todo o pro-cedimento avaliativo deve estar pautada em princiacutepios de responsabilidade teacutecnica e profissional respaldados em procedimentos cientiacuteficos e validados O profissional deve ainda levar em consideraccedilatildeo aspectos como bem-estar dignidade e responsabilidade so-cial dos envolvidos na avaliaccedilatildeo uma vez que a mesma ocorre em um contexto soacutecio--cultural e de forma geral contempla um processo que envolve a sociedade como um todo especialmente em se tratando de con-cursos puacuteblicos e assessoramento judiciaacuterio

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Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea TeacutecnicaAdriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga FiscalLeticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Artigo ldquoAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica e Relaccedilotildees com o Judiciaacuteriordquo publicado na ediccedilatildeo nordm 64 do EntreLinhas disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas64

Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcodigoetica

Resoluccedilotildees do CFP disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrresolucoesCFP

28 entre linhas | abr-mai-jun 2014

USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

CursosEspecializaccedilatildeo em Psicologia Cliacutenica Terapia Cognitivo ComportamentalChapecoacuteSC Informaccedilotildees (49) 99413800dilmaandrettaunoescedubr wwwunoescedubr

V Ciclo de Estudos em Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica18072014 (iniacutecio moacutedulo 5) 08082014 (iniacutecio moacutedulo 6)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33085453cicloestudosapgmailcom wwwufrgsbrgeapap

Mediaccedilatildeo de Conflitos Novo paradigma agrave construccedilatildeo da pazAteacute 09102014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32226134infoclipmedcombr wwwclipmedcombr Curso de PsicanaacuteliseAteacute 25102014 Passo FundoRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Grupos de EstudoOs contos de fadas como instrumento de conhecimento e desenvolvimento humanoCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500claudiaclinicatessaricombr wwwrecriarnetbr

Introduccedilatildeo agrave Psico-Oncologia com ecircnfase em Psicossomaacutetica e PsiconeuroimunologiaPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92627203 (51) 84041373dhmullerbolcombr danitnunesgmailcompsicossomatica-rsorgbr

Estudos Metapsicoloacutegicos de Freud1306 1807 1508 1909 1010 e 21112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

O que fazer quando recebemos uma crianccedila0407 0108 2908 3110 07112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Mitologia Grega IAteacute 21112014 (encontros mensais)Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500recriarrecriarnetbr

A obra de Wilfred BionAteacute 13122014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr Teoria e Teacutecnica das Paradas e Impasses do TratamentoEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33303845secretariasbpdepaorgbr

Observaccedilatildeo de BebecircsEncontros agraves segundas-feirasNovo Hamburgo RS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Indicadores de Intersubjetividade de 0 a 2 anosEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

O Estudo da Mente na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Conceitos Fundamentais sobre sexualidade na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

DW Winnicott sua pessoa e suas ideias psicanaliacuteticasEncontros agraves quartas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Andreacute GreenEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

Donald WinnicottEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwbionorgbr

Seacuterie Em TerapiaEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr Trabalhos de MetapsicologiaEncontro agraves sextas-feirasCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Freud Reinventando FreudEncontros aos saacutebadosCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

BionEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr D WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

FreudEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Iniciando com WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Introduccedilatildeo ao Aparelho PsiacutequicoEncontros mensaisPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 (51) 33842765contatobionorgbr wwwbionorgbr

Congressos Jornadas Simpoacutesios e Conferecircncias

IV Jornada do Programa da Mulher Depen-dente Quiacutemica02082014Satildeo PauloSP Informaccedilotildees (11) 26618011amandadiasipqhcorgbr omrochaipqhcorgbr wwwceiporgbr

Jornada Constructo 2014 - com Dr Jacques Andregrave15 e 16082014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Congresso SOCERGS 2014 Uniatildeo de conheci-mento e Intercacircmbio multidisciplinar21 a 23082014GramadoRS Informaccedilotildees (51) 33391415 wwwsocergsorgbrcongresso2014

IV Congresso Brasileiro de Psicologia - Ciecircn-cia e Profissatildeo19 a 23112014Satildeo PauloSPwwwcienciaeprofissaocombr

Conferecircncia e Treinamento com a Psicoacuteloga Americana FELICIA CARROLL26 a 29112014Caxias do Sul RS Informaccedilotildees claudiatessarigmailcom wwwrecriarnetbr

Exibiccedilatildeo de filme8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoMorte em Venezardquo02072014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoUacuteltimo Tango Em Parisrdquo13082014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoCanccedilatildeo de Amorrdquo10092014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoAta-merdquo08102014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoO Livro de Cabeceirardquo12112014 Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

OficinaOficina de Produccedilatildeo Psicanaliacutetica e LiteraacuteriaSegundas ou quartas-feiras (6 encontros)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwpaulofernandomonteiroferrazblogspotcom

Agecircncia Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

Page 6: EntreLinhas nº 66

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justiccedila

Para Lindomar Daroacutes psicoacutelo-go na Vara de Infacircncia Juventude e Idoso da Comarca de Satildeo Gonccedilalo no Rio de Janeiro a relaccedilatildeo com o Poder Judiciaacuterio eacute marcada por uma riacutegida hierarquia ldquoA magistratura salvo raras exceccedilotildees trata aqueles que re-presentam outros saberes que natildeo o do Direito de modo subalternizado Temos que afirmar a diferenccedila des-tacando a equidade dos saberes os quais deveriam estar a serviccedilo da po-pulaccedilatildeo atendida natildeo dos represen-tantes do Direitordquo

Conforme Vivian a Psicologia Ju-riacutedica ainda tem muito a se desenvol-ver e por isso a valorizaccedilatildeo e com-preensatildeo do trabalho do psicoacutelogo por parte do Judiciaacuterio ainda encontra-se em construccedilatildeo ldquoOs juiacutezes que solici-tam periacutecias e que a partir das mes-mas conseguem obter informaccedilotildees im portantes para tomar suas decisotildees tendem a solicitar cada vez mais ava-liaccedilotildees e a valorizaacute-las entendendo a necessidade por exemplo de prazos mais longos para a realizaccedilatildeo de pe-riacutecias dependendo da situaccedilatildeo que se apresenta Por outro lado infeliz-

Lindomar DaroacutesPsicoacutelogo ndash Perspectiva Soacutecio-Histoacuterica Doutorando UERJ

ldquoTemos que afirmar a diferenccedila destacando a equidade dos saberes os quais deveriam estar a serviccedilo da populaccedilatildeo atendida natildeo dos representantes do Direitordquo

mente ainda evidenciamos muitos documentos psicoloacutegicos com falhas eacuteticas e teacutecnicas revelando trabalhos de pouca qualidade que pouco con-tribuem para o Judiciaacuterio Esses traba-lhos prejudicam natildeo apenas o caso em si sob avaliaccedilatildeo mas tambeacutem podem acarretar percepccedilotildees distorcidas sobre a avaliaccedilatildeo psicoloacutegica no contexto forenserdquo analisa

Devido agrave carecircncia de instru-mentos especiacuteficos para a avaliaccedilatildeo psicoloacutegica no Judiciaacuterio Vivian defende a pesquisa na aacuterea ldquoOs ins-trumentos utilizados hoje em dia na maior parte das vezes foram de-lineados para o contexto cliacutenico e por isso podem estar mais sujeitos agrave manipulaccedilatildeo dos resultados carac-teriacutestica mais frequente no contexto forense Eacute fundamental que pesqui-sadores se dediquem a explorar essa aacuterea contribuindo com instrumentos adaptados para o contexto forense que minimizem a chance de prejuiacutezo agrave validade dos achados e corroborem a cientificidade das teacutecnicas de ava-liaccedilatildeo psicoloacutegica valorizando nosso trabalho perante o Judiciaacuteriordquo

SAIBA MAISTese de doutorado ldquoConstruccedilatildeo de um sistema de avaliaccedilatildeo do relacionamento parental para situaccedilotildees de disputa de guardardquo de Vivian de Medeiros Lagohttpbitlytese_vivian_lago

Artigo ldquoAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica implicaccedilotildees eacuteticasrdquo de Alexandra Anache e Caroline Reppold publicado no livro do CFP ldquoAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica ndash Diretrizes na Regulamentaccedilatildeo da Profissatildeordquo disponiacutevel em httpbitlyavaliacao_psicologica

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Instituiccedilotildees de Acolhimento e Unidades Socioeducativas

No acircmbito das instituiccedilotildees de aco-lhimento e unidades socioeducativas as demandas passam pelo acolhimen-to institucional e acompanhamento de crianccedilas e adolescentes e de suas respec-tivas famiacutelias pela inserccedilatildeo em progra-mas pelo atendimento cliacutenico e partici-paccedilotildees nas audiecircncias para prestar seu depoimento sobre o caso acompanhado

ldquoRecebemos quantas demandas puderem ser pensadas para lsquoadequarrsquo o sujeito a um modelo considerado desejadordquo afirma Mirela de Cintra psicoacuteloga da Fundaccedilatildeo de Assistecircn-cia Social e Cidadania (FASC) que destaca a dificuldade da Psicologia estabelecer um bom relacionamento com a Justiccedila ldquoO psicoacutelogo se vecirc na intersecccedilatildeo entre o saber juriacutedico a demanda explicita ou velada pela se-gregaccedilatildeo social e todo um complexo sistema de programas de atendimen-to aos adolescentes Campos estes que deveriam se articular para atendecirc-los integralmente mas que em si jaacute satildeo fragmentados e fragmentantesrdquo

Aleacutem dessa dificuldade relatada por Mirela a psicoacuteloga Eduarda Coelho Torres que atua em Casa de Acolhi-mento de Crianccedilas e Adolescentes pela Prefeitura de Novo Hamburgo destaca que a relaccedilatildeo com a Justiccedila torna-se mais estreita no momento da construccedilatildeo do plano individual de atendimento quan-

do a crianccedila ou o adolescente chegam Para produzir o plano eacute feito um estudo do caso e accedilotildees especiacuteficas a serem reali-zadas e como preconiza o ECA as accedilotildees iniciais satildeo sempre em direccedilatildeo ao res-gate ou construccedilatildeo de viacutenculos familia-res Essa construccedilatildeo nem sempre pode ser feita no tempo exiacuteguo imposto pela Justiccedila ldquoO documento eacute encaminhado agrave autoridade judiciaacuteria que passa a acom-panhar todo o trabalho realizado com a crianccedila e sua famiacutelia Esse contato eacute fundamental para que o juiz possa estar bem embasado ao proferir suas senten-ccedilasrdquo explica Eduarda

De acordo com Mirela nas uni-dades de medida socioeducativas a funccedilatildeo do psicoacutelogo deve ser a de criar um espaccedilo propiacutecio agrave elaboraccedilatildeo subjetiva trabalhando a singularida-de de cada um desses adolescentes ldquoDevemos trabalhar na construccedilatildeo de significados com relaccedilatildeo agrave medida fazendo o adolescente entender por que foi necessaacuterio tal ato e por que a sociedade lhe atribuiu uma medida que eacute socioeducativa e natildeo apenas punitiva Se natildeo haacute possibilidade do sujeito questionar-se sobre o que fez as consequecircncias de seus atos e a res-ponsabilidade que cada um tem sobre seu futuro natildeo haacute mudanccedila possiacute-velrdquo Outra atribuiccedilatildeo da Psicologia eacute tentar traduzir aos jovens o momento

Eduarda Coelho TorresPsicoacuteloga na Secretaria do Desenvolvimento Social de Novo Hamburgo jaacute tendo atuado tanto na Proteccedilatildeo Social Baacutesica quanto na Proteccedilatildeo Social Especial de Alta Complexidade

Mirela de CintraGraduada em Psicologia e Direito Especialista em psicologia cliacutenica e direitos humanos pela UFRGS Trabalha haacute 10 anos na Assistecircncia Social do Municiacutepio de Porto Alegre

ECA ndash Estatuto da Crianccedila e do Adolescente httpbitlyEstatuto_Crianccedila_Adolescente

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justiccedila

de encontro com os operadores de di-reito trabalhando a audiecircncia como uma inserccedilatildeo no simboacutelico ldquoEsse eacute o momento de retomar os fios esgarccedila-dos do laccedilo social que esse possa ser um retorno do adolescente a seu lugar de cidadatildeo e que antes de pagar com o corpo ele pode e deve pagar com palavras ou seja recobrir seus atos com palavrasrdquo acredita Mirela

Eduarda ressalta ser um equiacutevoco acreditar que o psicoacutelogo que trabalha inserido na instituiccedilatildeo de acolhimen-to deva restringir sua ligaccedilatildeo com a

Justiccedila a apenas responder agraves solici-taccedilotildees do poder judiciaacuterio ldquoO profis-sional comprometido com o seu fazer tem amplo conhecimento dos casos que acompanha e estaacute capacitado a posicionar-se criticamente em relaccedilatildeo a eles Eacute fundamental que perceba a importacircncia de seu papel e assuma seu protagonismo nesta rede natildeo agindo simplesmente quando solicitado mas propondo momentos de discussatildeo e reflexatildeo criacutetica O espaccedilo estaacute aberto basta ocupaacute-lo com responsabilidade competecircncia teacutecnica e iniciativardquo

Trabalho TransdisciplinarComo forma de minimizar os con-

flitos gerados na relaccedilatildeo com a Justiccedila Lindomar defende um trabalho trans-disciplinar como potecircncia para produzir diferenccedila tanto nas proacuteprias profissotildees quanto na vida de quem eacute atendido O trabalho em rede eacute visto como o caminho para garantia de direitos de crianccedilas ado-lescentes e idosos ldquoO ato de transdiscipli-narizar rompe com modelos hieraacuterquicos de saberes e setores Deste modo preci-samos estar juntos agrave educaccedilatildeo sauacutede assistecircncia social organizaccedilotildees natildeo go-vernamentais sempre prontos a escutar a diferenccedila afirmando-a notadamente naquilo que nos inquietardquo declara

Como exemplo desse trabalho transdisciplinar Lindomar descreve a parceria estabelecida com os pro-fissionais do Serviccedilo Social na Vara

de Infacircncia Juventude e Idoso da Comarca onde atua como psicoacutelogo produzindo relatoacuterios e pareceres teacutecnicos comuns sem uma delimita-ccedilatildeo especiacutefica das aacutereas ldquoA produccedilatildeo dos documentos se dava na delicade-za do encontro na intervenccedilatildeo Isto sempre se mostrou segundo nossa apreensatildeo potente Poreacutem a partir da Resoluccedilatildeo CFESS 5572009 que exige que o parecer social seja especi-ficado natildeo mais fazemos os pareceres conjuntos apenas os relatoacuterios e ao final sinalizamos o Parecer Psicoloacutegi-co e o Parecer Social os quais acabam por apresentar modos diferentes de apontar aquilo que fora produzido no transdisciplinarizar da intervenccedilatildeo A equipe se enriquece na diferenccedila de perspectivas disciplinares diversasrdquo

SAIBA MAISEntrelinhas nordm 39wwwcrprsorgbrentrelinhas39

Dissertaccedilatildeo de mestrado ldquo(Falecircncia familiar)+(Uso de drogas) = risco e periculosidade a naturalizaccedilatildeo juriacutedica e psicoloacutegica de jovens com medida de internaccedilatildeo compulsoacuteriardquo de Carolina dos Reis httpbitlydissertacao_carolina_reis

Artigo ldquoO carcereiro que haacute em noacutesrdquo de Edson Passeti publicado no livro do CRPRS rdquoEntre garantia de direitos e praacuteticas libertaacuteriasrdquowwwcrprsorgbrgarantiadireitos

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Escuta de crianccedilas e adolescentes na Justiccedila

Com relaccedilatildeo agrave escuta de crianccedilas e adolescentes na Justiccedila Lindomar Daroacutes esclarece que a praacutetica da Psi-cologia natildeo pode ser confundida com inquiriccedilatildeo ldquoA inquiriccedilatildeo diz de uma posiccedilatildeo no mundo que impotildee agravequele que eacute instado a falar dizer no tem-po de quem pergunta sem silecircncios pausas delongas ou reticecircncias Eu pergunto e vocecirc responde E responde aquilo que lhe pergunto sem maiores explicaccedilotildees caso eu natildeo lhe peccedila de-talhes Quanto agrave escuta diz de uma posiccedilatildeo daquele que se dispotildee a estar com o outro no tempo possiacutevel ao ou-tro para dizer em conformidade com sua demandardquo

Lindomar defende que a entra-da do psicoacutelogo no Poder Judiciaacute-rio deve ser pensada para produzir escuta jaacute que a inquiriccedilatildeo cabe aos operadores do Direito ldquoAo que pa-rece natildeo eacute a escuta que o Tribunal de Justiccedila nos requer mas a inqui-riccedilatildeo Afinal nossos relatoacuterios teacutec-nicos deixaram de ser considerados adequados pois natildeo eram suficien-tes para se condenar Assim dentro da estrutura do Poder Judiciaacuterio em termos macropoliacuteticos ndash o que natildeo re-trata a experiecircncia vivida pela nossa equipe especificamente ndash passaram a nos demandar outra intervenccedilatildeo

que natildeo a escuta psicoloacutegica mas a inquiriccedilatildeo uma lsquoescutarsquo produtora de provas suficiente para condenar Isto segundo minha anaacutelise diz natildeo apenas da escuta de crianccedilas mas de todos os jurisdicionados Cobram dos psicoacutelogos e tambeacutem dos as-sistentes sociais lsquodepoimentos sem danorsquo exames criminoloacutegicos parti-cipaccedilatildeo em comissotildees disciplinares nos presiacutedios Quando resistimos somos apontados como indisciplina-dos Talvez estejamos em boa com-panhia pois haacute notaacuteveis defensores da (in)disciplinardquo

Em 2005 o Conselho Federal de Psicologia iniciou o debate sobre a escuta de crianccedilas e adolescentes na Rede de Proteccedilatildeo Como resulta-do dessa discussatildeo foi publicada a Resoluccedilatildeo 0102010 que vedava ao psicoacutelogo o papel de inquiridor praacute-tica que ficou conhecida como Depoi-mento sem Dano no atendimento de Crianccedilas e Adolescentes em situaccedilatildeo de violecircncia Poreacutem a mesma foi sus-pensa apoacutes o questionamento judicial

A discussatildeo se ampliou para aleacutem do aspecto procedimental e passou-se a questionar se a mudanccedila de ambien-te e de estrateacutegia de fato reassegura direitos visto que coloca crianccedilas e adolescentes apenas como ldquoobjetordquo de

SAIBA MAISOrientaccedilotildees Teacutecnicas para os Serviccedilos de Acolhimento para Crianccedilas e Adolescentes publicaccedilatildeo do Conselho Nacional dos Direitos da Crianccedila e do Adolescente ndash CONANDA e do Conselho Nacional de Assistecircncia Social ndash CNAShttpbitlyorientacoes_CONANDA_CNAS

Publicaccedilatildeo do CFP ldquoA escuta de crianccedilas e adolescentes envolvidos em situaccedilatildeo de violecircncia e a rede de proteccedilatildeordquohttpbitlyescuta_criancas_adolescentes

Nota sobre Resoluccedilatildeo do CFP nordm 0102010httpbitlyresolucao010_2010

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justiccedila

produccedilatildeo de prova com vistas agrave res-ponsabilizaccedilatildeo do agressor

Haacute consenso entre os que repudiam e os que defendem a criaccedilatildeo de salas especiais para a realizaccedilatildeo do deno-minado ldquodepoimento sem danordquo ou ldquodepoimento especialrdquo de que eacute neces-saacuterio evitar a revitimizaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes que satildeo colocados em sucessivas situaccedilotildees de repeticcedilatildeo da

histoacuteria da violecircncia vivida ou presen-ciada Natildeo haacute consenso entretanto no entendimento de que a inquiriccedilatildeo natildeo seja revitimizante ou violadora de direi-tos mesmo em ambientes mais huma-nizados visto que seu uacutenico objetivo eacute a responsabilizaccedilatildeo do agressor

O CFP defende que natildeo eacute papel do psicoacutelogo realizar inquiriccedilatildeo monito-rado pelo juiz que lhe determina as

SAIBA MAISO V Conversando sobre a Psicologia e o SUAS em Caxias do Sul realizado em agosto de 2013 tratou das Relaccedilotildees com a Justiccedila Confira resumo das questotildees abordadas em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Leia entrevistas na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

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A experiecircncia do Nuacutecleo de Praacuteticas Juriacutedicas do Projeto de Atenccedilatildeo Ampliada agrave Sauacutede ndash PAAS

QUER AMPLIAR O DEBATE SOBRE O TEMA Participe das Comissotildees de Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica Poliacuteticas Puacuteblicas ou das atividades do CREPOP como o Conversando sobre a Psicologia e o SUAS Acompanhe a agenda de reuniotildees em wwwcrprsorgbrcomissoesegts

ENTRELINHAS RECOMENDA

Filme ldquoO Juiacutezordquo de Maria Augusta Ramos (2007)

Filme ldquoO Contador de Histoacuteriasrdquo de Luiz Villaccedila (2009)

Desenvolvido pela Unisinos o Projeto de Atenccedilatildeo Ampliada agrave Sauacute-

de (PAAS) atua de forma interdisciplinar atendendo agrave comunidade de

Satildeo Leopoldo e regiatildeo aleacutem de constituir-se como campo de estaacutegio

para os acadecircmicos O Nuacutecleo de Praacuteticas Juriacutedicas eacute o responsaacutevel

pela articulaccedilatildeo entre a Psicologia e as demandas do Judiciaacuterio Co-

nheccedila o Projeto acessando wwwcrprsorgbrentrelinhas66

perguntas a serem feitas agrave crianccedila e ao adolescente A inquiriccedilatildeo eacute um proce-dimento juriacutedico constitui-se em um interrogatoacuterio cujo objetivo eacute levantar dados para instruccedilatildeo de um processo judicial visando agrave produccedilatildeo de prova sendo as perguntas feitas agrave crianccedila e ao adolescente orientadas pelas neces-sidades do processo A escuta psicoloacute-gica caracteriza-se por ser uma relaccedilatildeo de cuidado acolhedora e natildeo invasi-va para a qual se requer a disposiccedilatildeo de escutar respeitando-se o tempo de elaboraccedilatildeo da situaccedilatildeo traumaacutetica as peculiaridades do momento do desen-volvimento e sobretudo visando a natildeo revitimizaccedilatildeo A escuta leva em conta a dimensatildeo subjetiva que tambeacutem deve ser considerada na perspectiva dos di-reitos humanos

Ao elaborar a Resoluccedilatildeo 0102010 o Conselho Federal defendia a neces-sidade da escuta sempre ser funda-mentada nos princiacutepios da proteccedilatildeo integral e da prioridade absoluta pre-vistos no ECA em decorrecircncia da si-tuaccedilatildeo peculiar de desenvolvimento em que se encontram crianccedilas e ado-lescentes na legislaccedilatildeo especiacutefica da profissatildeo e nos marcos teoacutericos teacutec-nicos e metodoloacutegicos da Psicologia como ciecircncia e profissatildeo

ldquoA derrubada da resoluccedilatildeo con-figura-se uma intromissatildeo no que diz respeito agrave capacidade teacutecnica dos conselhos de classe das profis-sotildees regulamentadas de dizerem dos limites eacutetico-teacutecnicos-poliacuteticos de suas respectivas profissotildeesrdquo afirma Lindomar

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Comissatildeo de Eacutetica

Uma urgecircncia coloca-se na relaccedilatildeo que se estabelece sem-pre mais intensa entre as praacute-ticas psicoloacutegicas e o campo juriacutedico Trata-se de trazer para a discussatildeo a dimensatildeo eacutetica do fazer psicoloacutegico colocando em pauta o modo pelo qual efetiva-mos essa relaccedilatildeo e os modos pe-los quais chegamos a instituir novas formas conceituais e pro-cedimentais tanto na produccedilatildeo do conhecimento psi como na atuaccedilatildeo profissional do psicoacutelo-go junto aos tracircmites judiciais Para comeccedilar este debate cabe nos perguntarmos como enten-demos essa dimensatildeo eacutetica

Pensamos que para muito aleacutem de estipular um ldquodever serrdquo nos modos de se produzir conhecimento e de se inserir nas praacuteticas profissionais esta-mos nos referindo agrave reflexatildeo e problematizaccedilatildeo das questotildees e temaacuteticas que nos assolam na contemporaneidade Tais ques-totildees nos levam em muacuteltiplos processos a nos constituirmos de uma determinada forma a sermos ndash sujeitos ndash deste ou da-quele modo ou ainda a sermos chamados e reconhecidos por esta ou aquela marca objetiva e subjetiva de identificaccedilatildeo Natildeo estamos portanto falando de regulamentos para conduzir

justiccedila

comportamentos ou ainda de procedimentos disciplinares relacionados a condutas acadecirc-micas e profissionais desvian-tes ou natildeo na elaboraccedilatildeo de suas atividades

Esse debate se refere tanto a uma identificaccedilatildeo profissio-nal ndash psicoacutelogo que nos coloca em uma multiplicidade de praacute-ticas relativas agrave subjetividade humana como tambeacutem agraves inuacute-meras formas de como somos designados objetivamente em nosso fazer tais como psicoacute-logo especialista na infacircncia ou psicoacutelogo perito judicial ou ainda psicoacutelogo especialis-ta em conflitos parentais e ao mesmo tempo perito em ava-liaccedilatildeo psicoloacutegica e assim por diante No intuito de dar conta das demandas que se formam nos processos poliacutetico-sociais contemporacircneos noacutes psicoacutelo-gos vamos nos organizando e predispondo dentro das possi-bilidades viaacuteveis e com o maior rigor eacutetico-profissional a con-templar tecnicamente o que nos convoca a partir do campo psicoloacutegico e da sociedade No entanto ao mesmo tempo que desenvolvemos um saber espe-ciacutefico no campo da Psicologia vamos produzindo verdades pelo estatuto cientiacutefico que ser-

vem aos mecanismos da Justiccedila para julgar punir e delimitar os merecedores desta ou daquela decisatildeo judicial ou ainda pe-nalidade descrita em lei Eacute dian-te destes enlaces entre as praacuteti-cas em Psicologia e o campo psicoloacutegico que mais uma vez afirmamos a indissociabilidade entre um fazer cientiacutefico e a sua dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ou en-tre ciecircncia e poliacutetica Fazemos sim uma Psicologia implicada nas questotildees sociais e poliacuteticas de nosso tempo entendendo que um embate poliacutetico aiacute se co-loca entre os campos em causa Psicologia e Judiciaacuterio

Sendo assim por que que-remos neste momento trazer a discussatildeo da dimensatildeo eacuteti-ca para a relaccedilatildeo das praacuteticas psicoloacutegicas no campo judiciaacute-rio Esta questatildeo nos convoca fortemente a partir da parti-cipaccedilatildeo na Comissatildeo de Eacutetica do CRPRS para o debate ao nos depararmos com a enor-me demanda de intervenccedilotildees consideradas como faltosas nos aspectos eacuteticos da atuaccedilatildeo profissional em situaccedilotildees que se relacionam com processos ou convocatoacuterias judiciais sejam elas no acircmbito familiar ou do direito administrativo das insti-tuiccedilotildees puacuteblicas

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As denuacutencias que chegam agrave Comissatildeo de Eacutetica versam principalmente sobre ausecircn-cia de guarda de documentos e ausecircncia de realizaccedilatildeo de avaliaccedilatildeo psicoloacutegica na aacuterea do tracircnsito elaboraccedilatildeo de do-cumentos que extrapolam os limites teacutecnicos ou sem funda-mentaccedilatildeo teacutecnica utilizados no acircmbito judicial divulgaccedilatildeo de instrumentos natildeo reconhecidos na aacuterea da Psicologia obtenccedilatildeo de vantagens financeiras a par-tir de processo psicoteraacutepico

Eacute nesta inserccedilatildeo das praacuteti-cas psicoloacutegicas nas demandas que se fazem todos os dias que entendemos a importacircncia da dimensatildeo eacutetica Uma eacutetica que se vincula ao campo da refle-xatildeo a um pensamento atuan-te sobre os processos que nos subjetivam e nos convocam cotidianamente Logo eacute muito mais do que um tecnicismo--instrumental que se constitui para solucionar e legitimar as normatizaccedilotildees afirmadas em muitos processos entrelaccedila-dos no arranjo social Trata-se de uma eacutetica que coloca em questatildeo as formas pelas quais os sujeitos satildeo tomados como objeto em uma determinada relaccedilatildeo de conhecimento ndash o psicoloacutegico ndash e portanto em uma relaccedilatildeo de poder Estamos assim nos referindo agraves formas que determinamos enqua-dramos instituiacutemos e muitas

vezes ateacute legislamos sobre as relaccedilotildees que constituiacutemos na vida ou mais especificamente das formas que determinamos e instituiacutemos a partir de nossa atuaccedilatildeo profissional Este dizer este determinar este legislar passa pelo acircmbito do saber Sa-ber sobre algo saber sobre al-gueacutem Passa por um saber que diz como algueacutem pode ou natildeo se conduzir como pode ou natildeo se reconhecer como pode ou natildeo se comportar etc daiacute uma relaccedilatildeo de saber que tambeacutem se configura em jogos de poder

Abrir questotildees eacuteticas nesta discussatildeo implica em nos per-guntarmos como estatildeo se for-mulando as denuacutencias agrave Comis-satildeo de Eacutetica do CRPRS Em que processos e jogos de interesse se efetivam as intervenccedilotildees psico-loacutegicas consideradas faltosas Quando falamos em interven-ccedilatildeopraacutetica psicoloacutegica de que forma queremos encaminhaacute--las e sob que discursos eacutetico--poliacuteticos nos assentamos para legitimaacute-las Queremos uma atuaccedilatildeo disciplinadora e lega-lista na nossa profissatildeo e na so-ciedade O que queremos com esse processo Quais os efeitos que esperamos que se produ-zam a partir dessa intervenccedilatildeo moral O que faz com que o profissional natildeo produza uma reflexatildeo eacutetica diante do seu co-tidiano de trabalho Queremos uma atuaccedilatildeointervenccedilatildeo que

controle e puna os que escapam aos ditames dos coacutedigos que noacutes mesmos estabelecemos ou seja uma intervenccedilatildeo moral so-bre os psicoacutelogos que desconsi-deraram a reflexatildeo eacutetica em seu proacuteprio fazer Eacute imprescindiacutevel perguntarmo-nos se as nossas produccedilotildees acadecircmicas e profis-sionais estatildeo privilegiando um pensamento criacutetico problema-tizador e abrangente sobre os modos que nos constituiacutemos na sociedade Urge analisarmos como se produzem os efeitos de nossas produccedilotildees acadecircmicas e profissionais em noacutes mesmos com aqueles que nos relacio-namos e com a sociedade em geral Eacute sobre esta relaccedilatildeo de um conhecimento implicado politicamente atuante produ-to e efeito de nossa experiecircncia na vida que estamos falando aqui Falamos aqui de uma re-laccedilatildeo pensada e constituiacuteda na liberdade e natildeo pela lei ou seja na reflexatildeo eacutetica que se faz em muacuteltiplas formas de pensar e experimentar a vida Trata-se de uma discussatildeo aberta e sem-pre a se fazer

Zuleika Koumlhler GonzalesConselheira integrante da Comissatildeo de Eacutetica do CRPRSCRP 078721

14 entre linhas | abr-mai-jun 2014

justiccedila

Medida Socioeducativa entre A amp Z

Organizado pelas equipes do Nuacutecleo de Extensatildeo do Pro-grama Interdepartamental de Praacuteticas com Adolescentes e Jo-vens em Conflito com a Lei (PIPA) da UFRGS o livro ldquoMedida Socioeducativa entre A amp Zrdquo surgiu a partir da experiecircncia de profissionais de Psicologia Direito e Educaccedilatildeo com as praacuteticas direcionadas ao puacuteblico adoles-cente que cumpre medida socioeducativa sendo financiado pelo Edital Nacional da Poliacutetica de Extensatildeo (ProextMec2013)

A obra atende agrave linha temaacutetica ldquoeducaccedilatildeo e direitos humanosrdquo desta Poliacutetica de Extensatildeo com vistas agrave elaboraccedilatildeo de material didaacutetico-pedagoacutegico para contribuir em accedilotildees de formaccedilatildeo no atendimento educacional de adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas Apre-senta um glossaacuterio conjunto de verbetes das medidas socioeducativas escritos ldquomenos para dar conta da descriccedilatildeo teacutecnica de termos que designam a vida de adolescentes e de seus atos infra-cionais mais para fazer de vozes solitaacuterias que lutam pela poliacutetica da garantia de direitos de adolescentes uma escrita que pode vir a ser a audiccedilatildeo de muitosrdquo conforme descreve a psicoacuteloga e professora Gislei Domingas R Lazzarotto integrante da equipe organizadora da obra

Confira trechos da definiccedilatildeo de alguns verbetes apresentados na publicaccedilatildeo

Ato Infracional (Carmem Maria Craidy pedago-ga doutora em Educa-

ccedilatildeo) ndash ldquoO que pode parecer um detalhe tem alto significado o adolescente deveraacute ser tratado a partir de sua condiccedilatildeo como pessoa em desenvolvimento com possibilidades muacuteltiplas e natildeo simplesmente a partir do ato in-fracional que tiver cometido Ele natildeo eacute o ato que cometeu e mes-mo se for responsabilizado pelo mesmo deveraacute ser visto e tratado para aleacutem delerdquo

Conselho Tutelar (Este-la Scheinvar socioacuteloga doutora em Educaccedilatildeo)

ndash ldquoSob a loacutegica do direito o dis-tanciamento de um padratildeo eacute um delito que tem que ser julgado sentenciado e punido Natildeo ve-mos todos os setores da socie-dade frequentarem o conselho tutelar e os que laacute vatildeo se carac-terizam sobretudo por natildeo po-derem decidir como fazer a sua vida sendo submetidos a conse-lhos que ressoam como sentenccedilas a serem cumpridasrdquo

Brete (BF e JMG) ndash ldquoNatildeo eacute um quarto Eacute um quadrado Ele tem uma porta de ferro

toda gradeada Jaacute vem com as jegas mas eacute soacute isso que tem dentro A pa-rede eacute toda escrita todo mundo co-loca o nome laacute Dizem que se tu es-crever teu nome chama de volta e tu cai de novo mas isso eacute supersticcedilatildeo A porta se chama portiola Dentro de um lsquobretersquo cabe no maacuteximo 8 gu-ris mas depende tem uns que eacute de 3 Tem janela mas nem passa o dedo do cara pra pegar um vento E no ca-lor Todo mundo se abana melhor eacute dormir no piso que eacute mais geladordquo

Mais informaccedilotildees sobre a obra pelo e-mail ppscufrgsbr

entre linhas | jan-fev-mar 2014 15

Consultoria Organizacional como Dispositivo Cliacutenico

Saindo dos limites que a praacutetica tradi-cional em muitas situaccedilotildees nos impotildee quis experimentar uma outra praacutetica um outro olhar uma outra postura dentro das organi-zaccedilotildees a de ser uma consultora analista Foi entatildeo que busquei os referenciais da psico-logia social e institucional e da filosofia da diferenccedila com o intuito de analisar inter-rogar lanccedilar perguntas experimentar uma outra forma de fazer Psicologia Apresento trecircs recortes que exemplificam essa praacutetica

Numa empresa de grande porte natildeo existia RH apenas Departamento Pessoal em seu aspecto mais antigo sem nenhuma forma de integraccedilatildeo de novos funcionaacuterios Realizei entatildeo um projeto de estruturaccedilatildeo da aacuterea de RH Foi um trabalho grandioso meses de reuniotildees com a diretoria chefia do DP outras pessoas envolvidas dentro da ma-triz e ateacute das filiais que emperrou na execu-ccedilatildeo do ldquomanual de integraccedilatildeordquo na parte que se propunha contar alguns fatos que mar-caram a histoacuteria da organizaccedilatildeo Quando percebi essa dificuldade comecei a realizar entrevistas com uma das diretoras que se apresentava com maior abertura para aquela proposta Realizamos um processo de histo-rizaccedilatildeo da empresa em que apareceram fa-tos de dissoluccedilatildeo de sociedade e outras his-toacuterias de famiacutelia que natildeo poderiam aparecer naquele informativo A partir daiacute o manual pocircde ser concluiacutedo Essa diretora assumiu a aacuterea de RH que tomou outro rumo dentro do funcionamento da organizaccedilatildeo

Dois empresaacuterios que competiam mui-to entre si numa empresa de pequeno por-te queriam que todos que conviviam com eles assumissem o lado de um ou de outro

Realizei um trabalho individual de auto-conhecimento e grupal voltado ao resgate da histoacuteria da empresa a conscientizaccedilatildeo de que a competitividade seria mais eficaz se fosse voltada para o mercado Jaacute no iniacutecio do trabalho comeccedilaram a delimitar o espaccedilo de cada um A relaccedilatildeo de desconfianccedila que havia com os funcionaacuterios tambeacutem mudou

Jaacute numa empresa de meacutedio porte com uma boa estrutura fiacutesica as pessoas estavam completamente desintegradas Os setores funcionavam de forma independente nun-ca realizavam reuniotildees e natildeo se conheciam o que acarretava diversos problemas Apoacutes a devoluccedilatildeo do diagnoacutestico e a realizaccedilatildeo de um plano de accedilatildeo comecei um trabalho com o grupo de gerentes e paralelamente com o empresaacuterio Com o grupo realizei ati-vidades de autogestatildeo autodiagnoacutestico da organizaccedilatildeo e busca de soluccedilotildees para os pro-blemas levantados Foi tambeacutem realizado um trabalho individual com cada gerente Com o empresaacuterio foi trabalhada sua forma de gestatildeo centralizadora sem espaccedilo para os gerentes atuarem e o que isso gerava para os resultados organizacionais Os gerentes con-quistaram um espaccedilo que antes natildeo havia e o que eles propuseram pocircde ser implantado

Nos exemplos citados a consultoria se propocircs a gerar consciecircncia e aprendizagem dos processos que estavam ali em jogo fa-zendo com que as pessoas se apropriassem do conhecimento e do resultado que ia sendo gerado Essa forma de intervenccedilatildeo abre no campo da Psicologia um outro lugar para o psicoacutelogo no mundo do trabalho convocan-do a cliacutenica para o universo laboral ao inveacutes de alimentar a segmentaccedilatildeo deste

relato de experiecircncia

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOA Comissatildeo de Orientaccedilatildeo e Fiscalizaccedilatildeo vem provendo encontros com psicoacutelogos que atuam na aacuterea da Psicologia Organizacional e do Trabalho Fique atento agrave programaccedilatildeo divulgada em nosso site wwwcrprsorgbr e participe

PARTICIPE Envie seu Relato de Experiecircncia para imprensacrprsorgbr

Confira esse relato na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Miriam Corso Minotto Psicoacuteloga Organizacional assessora em desenvolvimento de Recursos Humanos Eacute coordenadora do GT Psicologia do Trabalho participa GT de Histoacuteria e da Comissatildeo Gestora da Subsede Serra do CRPRS

16 entre linhas | abr-mai-jun 2014

entrevista

Em eacutepoca de Copa do Mundo o CRPRS propotildee um debate sobre as diferentes inserccedilotildees da Psicologia no Esporte A proposta eacute discutir lugares e funccedilotildees que os profissionais tecircm assumido e podem assumir neste campo considerando a complexidade das relaccedilotildees estabelecidas entre esportistas familiares instituiccedilotildees de ensino esportivas filantroacutepicas grandes empresas e demais atores sociais envolvidos nesse cenaacuterio O CRPRS convidou quatro profissionais da aacuterea para debater o tema e reproduz aqui no EntreLinhas trechos dessa conversa

Que contribuiccedilotildees a Psicologia do Es-porte traz em suas diferentes aacutereas de atuaccedilatildeo para a sociedade de uma forma geral Benno Becker Jr ndash O trabalho de esporte de alto rendimento eacute o que en-volve mais dinheiro lembrando que satildeo os atletas de alto niacutevel que estatildeo na vitrine e datildeo visibilidade ao espor-

te e consequentemente incentivam a praacutetica esportiva O esporte deve ser trabalhado com toda a sociedade de jovens a idosos como forma de pre-venccedilatildeo de problemas como ansiedade e depressatildeo Quando feito com ade-quaccedilatildeo acredito que o esporte seja o melhor remeacutedio para combater a de-pressatildeo por exemplo

Leia o artigo ldquoA Psicologia do Esporte e do Exerciacutecio para aleacutem da otimizaccedilatildeo da performance atleacuteticardquo produzido por Marcos Daou docente do curso de Psicologia da Unifra mestre em Psicologia graduado em Psicologia e Educaccedilatildeo Fiacutesica em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Acesse wwwcrprsorgbrentrelinhas66 e confira depoimentos gravados nesse encontro e versatildeo estendida da entrevista

Psicologia e Esporte

entre linhas | abr-mai-jun 2014 17

Benno Becker Jr Graduado em Psicologia e em Educaccedilatildeo Fiacutesica mestre em Pedagogia pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul e doutor em Psicologia ndash Universidade de Barcelona Tem diversas publicaccedilotildees na aacuterea wwwbennopsicoesportecombr

Cassiano Pires Psicoacutelogo chefe do departamento de psicologia do projeto social WimBelemDon Tiacutetulo de Master em Psicologia do Esporte e atividade fiacutesica pela Universidade Autocircnoma de Barcelona

Maacutercia Pilla do VallePsicoacuteloga mestre em Psicologia Social e da Personalidade pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul psicoacuteloga membro da ABRAPESP psicoacuteloga esportiva do IGT ndash Instituto Gauacutecho de Tecircnis

Vanessa Rodrigues AlvesPsicoacuteloga especialista em Psicologia do Esporte e Exerciacutecio Fiacutesico e em Sociopsicodrama Eacute professora de Psicologia da Atividade Fiacutesica e do Esporte na Faculdade Sogipa de Educaccedilatildeo Fiacutesica

Cassiano Pires ndash Temos que traba-lhar a importacircncia do esporte no bem estar e na sauacutede da populaccedilatildeo em ge-ral Infelizmente ainda vemos muito crianccedilas ou jovens que por natildeo terem habilidade motricidade ou fiacutesico para atingir um alto niacutevel de rendimento acabarem abandonando a praacutetica por serem mal assessoradas O trabalho com atletas de alto rendimento eacute im-portante mas acredito que o fim do esporte natildeo pode ser soacute o esporte em si deve ser o crescimento e o bem es-tar da pessoa a criaccedilatildeo de habilidades sociais e competecircncias e o desenvolvi-mento da autoestima Diversos desa-fios podem ser vencidos por meio do esporte por isso temos que comeccedilar a tirar o esporte da aacuterea de Turismo e Lazer e comeccedilar a pensaacute-lo na aacuterea de Sauacutede Isso mudaria completamente sua importacircncia e seu sentido para a vida da pessoa Maacutercia Pilla do Valle ndash Haacute uma seacuterie de possibilidades de atuaccedilatildeo para o Psicoacutelogo do Esporte e o campo que atualmente estaacute aberto eacute o que envolve projetos sociais e questotildees ligadas agrave sauacutede e ao espor-te como atividade fiacutesica e natildeo neces-sariamente competitiva Vanessa Rodrigues Alves ndash A Psicologia do Esporte eacute muito abrangente mas ainda se trabalha em poucas aacutereas Poderiacuteamos traba-lhar em instituiccedilotildees como a Susepe a Fase com a educaccedilatildeo em lar de idosos por exemplo

Em que condiccedilotildees se datildeo essas praacute-ticas considerando que muitas ve-zes haacute a pressatildeo de clubes atletas empresaacuterios miacutedia e ateacute da proacutepria sociedade pelo alto rendimento do atleta Ao desenvolver sua praacutetica o psicoacutelogo do esporte estaacute a serviccedilo de quem Maacutercia Pilla do Valle ndash Quando trabalhamos com esporte de alto ren-dimento o limiar entre sauacutede e pato-loacutegico eacute bem tecircnue principalmente em modalidades precoces como a ginaacutes-tica artiacutestica ou a nataccedilatildeo por exem-plo em que tudo acontece muito cedo e a carreira eacute muito curta Temos que trabalhar para que esse processo no qual os atletas jaacute estatildeo inseridos seja o mais saudaacutevel possiacutevel melhorar a relaccedilatildeo da comunicaccedilatildeo do teacutecnico com o atleta e criar um ambiente mo-tivador Tambeacutem eacute preciso avaliar se essa eacute uma vontade do proacuteprio atleta ou se eacute um desejo dos pais que veem no esporte a possibilidade de ascender socialmente de alguma forma Pensan-do nesse contexto devemos estar a ser-viccedilo do atleta e de todas as pessoas que estatildeo envolvidas nesse processo Vanessa Rodrigues Alves ndash A gran-de diferenccedila de nosso trabalho eacute que precisamos ir ateacute as pessoas e saber trabalhar em equipe O profissional que atua nessa aacuterea tem que ter a dis-ponibilidade para querer aprender pois natildeo ficamos em uma salinha es-perando as pessoas temos que ir ao encontro delas

18 entre linhas | abr-mai-jun 2014

Quais os principais desafios e dile-mas eacuteticos enfrentados pelo psicoacutelo-go do esporte Benno Becker Jr ndash O profissional que comeccedila a trabalhar com alto ren-dimento chega acreditando que iraacute de-terminar o seu tempo de trabalho com os atletas e natildeo eacute isso o que acontece O psicoacutelogo do esporte precisa aprovei-tar cada minuto cada intervalo do trei-no Esse eacute o grande desafio Uma boa estrateacutegia de inserccedilatildeo para o psicoacutelogo do esporte eacute ficar proacuteximo ao treina-dor e ao preparador fiacutesico buscando melhorar a comunicaccedilatildeo dele com o atleta estabelecendo uma relaccedilatildeo de transparecircncia Cassiano Pires ndash Temos que saber usar o nosso tempo no dia a dia do atleta Eu trabalho no Projeto WinBe-lemDon na cancha de boneacute do lado do atleta e realmente a gente sofre muito por natildeo ter um tempo exclusi-vo Eacute preciso ser criativo e aproveitar os espaccedilos conversando com o teacutecni-co e o instrumentalizando O psicoacutelo-go precisa estabelecer viacutenculo com a equipe e transmitir a ideia de que faz parte dela Vanessa Rodrigues Alves ndash Tenho que procurar fazer o melhor dentro das minhas possibilidades Vivi um di-lema eacutetico quando o treinador queria ver os resultados dos testes sociomeacute-tricos pedindo para que mostrasse o sociograma das relaccedilotildees e o grupo natildeo liberou isso Ele precisava ver de for-ma mais concreta como estava a rela-

ccedilatildeo com o grupo e eu natildeo podia liberar esse resultado Maacutercia Pilla do Valle ndash Em um clube onde trabalhava encaminhei a uma colega uma menina que vivia uma situaccedilatildeo familiar bem pontual e precisava de atendimento cliacutenico A psicoacuteloga me ligou questionando sobre a rotina de treino argumentan-do que a menina precisava de tempo para brincar e ter outras atividades Foi aiacute que me dei conta que para mim aquilo jaacute era normal vi como eu estava capturada pela cultura es-portiva pois aquilo jaacute natildeo me causa-va mais nenhum incocircmodo Poreacutem percebi que o que estava em questatildeo natildeo era a continuidade dela ou natildeo na ginaacutestica o que precisa ser visto era o lado emocional com relaccedilatildeo a um problema familiar pontual Pela minha identidade cliacutenica muito forte sempre digo que antes de ser psicoacute-loga do esporte eu sou psicoacuteloga e para tomar qualquer decisatildeo preciso estar muito bem comigo mesma e tra-balhar com o seguinte tripeacute conheci-mento teacutecnico (natildeo podemos nunca parar de estudar e de se aprimorar) a supervisatildeo ou a troca com os colegas e o tratamento pessoal

A proximidade de megaeventos no Brasil como a Copa do Mundo e Olimpiacuteadas estaacute ampliando o campo de atuaccedilatildeo da Psicologia do Esporte De que forma vocecircs profissionais da aacuterea estatildeo vendo esses eventos

entrevista

SAIBA MAISConheccedila o Projeto WimBelemDonwwwwimbelemdoncombr

Artigo ldquoA produccedilatildeo de Diferenccedilas pelo esporterdquo de Maacutercia Pilla do Valle httpbitlyproducao_de_diferencas

Artigo ldquoO Esporte de Alto Rendimento Produccedilatildeo de Atletas no Contemporacircneordquo de Maacutercia Pilla do Vallehttpbitlyesporte_alto_rendimento

Artigo ldquoPsicologia do Esporte no contexto do Sistema Conselhosrdquo de Mocircnica drsquoFaacutetima Freires da Silvahttpbitlyesporte_sistema_conselhos

Artigo ldquoEacutetica e Compromisso Social na Psicologia do Esporterdquo de Katia Rubiohttpbitlyetica_compromisso_social

Associaccedilatildeo Brasileira de Psicologia do Esporte ndash ABRAPESP wwwabrapesporgbr

entre linhas | abr-mai-jun 2014 19

Considerando isso como a Psicologia do Esporte lida com a questatildeo da es-petacularizaccedilatildeo do esporte Benno Becker Jr ndash Acredito que a Copa do Mundo pode ser muito posi-tiva para a Psicologia do Esporte pois deixaraacute a sensaccedilatildeo de que algo ficou faltando de que a Psicologia poderia ter sido mais envolvida nessa organi-zaccedilatildeo Precisamos mostrar que os psi-coacutelogos do esporte estatildeo agrave disposiccedilatildeo natildeo soacute dos atletas mas da populaccedilatildeo em geral tambeacutem Maacutercia Pilla do Valle ndash Muitas vezes nossa participaccedilatildeo nessa espe-tacularizaccedilatildeo gerada pela miacutedia nos gera um dilema eacutetico Geralmente os jornalistas buscam respostas objetivas querem saber do psicoacutelogo se a equipe ou o atleta ldquoamarelourdquo de fato e natildeo haacute como responder isso Isso acaba abrin-do espaccedilo para a opiniatildeo e manifesta-ccedilatildeo sobre o desempenho das equipes de outros profissionais que assumem o papel de motivadores e criacuteticos Cassiano Pires ndash Eacute importante sa-ber aproveitar o espaccedilo na miacutedia para mostrar a importacircncia do esporte Sabe-mos que poucas coisas ficam de heran-ccedila desses grandes eventos Entatildeo que possamos contribuir para o iniacutecio de uma cultura do esporte mais humani-zada Mostrar que tem muito psicoacutelogo trabalhando e se qualificando e orientar a imprensa sobre esse trabalho Esses grandes eventos demandam uma aten-ccedilatildeo de todas as aacutereas do esporte para que num futuro a sociedade consiga

ver o esporte como algo menos ldquofurio-sordquo com briga disputa morte e mais como uma atividade de lazer Com re-laccedilatildeo aos problemas sociais que surgem devido a esses eventos devemos estar atentos para dar o suporte que as pesso-as envolvidas nisso precisam Para isso as equipes locais que estatildeo organizando a Copa do Mundo por exemplo deve-riam contar com psicoacutelogos Vocecirc acredita que o Esporte pode ser-vir como um meio de garantia dos di-reitos humanos Maacutercia Pilla do Valle ndash Eacute importan-te natildeo pensar o esporte somente como uma atividade de alto rendimento O psicoacutelogo natildeo pode colocar sua praacutetica apenas a serviccedilo do rendimento Te-mos o papel de minimizar sofrimento Busco em minha inserccedilatildeo dentro dos clubes como psicoacuteloga mudar isso e contribuir para tornar o ambiente mais agradaacutevel proporcionando melhores condiccedilotildees da praacutetica esportiva Cassiano Pires ndash Temos que pensar no esporte como algo importante para a inclusatildeo Quando estatildeo praticando esporte as diferenccedilas natildeo existem to-dos satildeo iguais Crianccedilas que fora desse contexto vivem realidades bem dife-rentes (um mora numa casa de muitos andares o outro em uma casa de chatildeo batido por exemplo) quando estatildeo em quadra jogam de igual para igual O esporte nesse sentido eacute muito iguala-dor tem uma questatildeo de inclusatildeo nata que eacute muito legal e temos que saber aproveitar isso

TIacuteTULO DE ESPECIALISTAO tiacutetulo de especialista do CFP eacute concedido por conclusatildeo de curso de especializaccedilatildeo credenciado pelo CFP ou aprovaccedilatildeo em concurso de provas e tiacutetulos promovido periodicamente pelo CFP comprovando experiecircncia profissional de pelo menos 2 anos na aacuterea pretendidawwwcfporgbr

PARTICIPE DAS DISCUSSOtildeES NO CRPRSQuer propor a discussatildeo desse tema Participe das reuniotildees das Comissotildees de Poliacuteticas Puacuteblicas e Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica

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formaccedilatildeo

10 anos do curriacuteculo amplo o que de fato mudou na formaccedilatildeo do psicoacutelogo

Haacute 10 anos tinha iniacutecio um signi-ficativo processo de mudanccedilas na for-maccedilatildeo do psicoacutelogo com as alteraccedilotildees propostas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) de 2004 Sem distin-ccedilatildeo de habilitaccedilotildees diferentes a forma-ccedilatildeo do psicoacutelogo passou a ser ampla incluindo um nuacutecleo comum estaacutegios baacutesicos estaacutegios especiacuteficos ecircnfases curriculares articulaccedilatildeo de competecircn-cias baacutesicas e dos eixos estruturantes e refinamento das propostas de estaacutegios especiacuteficos Em 2011 a nova DCN man-teve as alteraccedilotildees de 2004 instituindo aleacutem dessas um projeto de formaccedilatildeo complementar para o professor de Psi-cologia em seu 13ordm artigo

Para a Associaccedilatildeo Brasileira de Ensino de Psicologia (ABEP) as ecircnfa-ses curriculares ndash que consistem em um recorte de um conjunto de fazeres (competecircncias) jaacute presentes no nuacutecleo comum concentradas em determina-do conjunto de atividades ndash podem ser consideradas uma forma de atender agrave formaccedilatildeo generalista sem cair no risco da superficialidade Cada curso tem a possibilidade de definir seus encadea-mentos prioritaacuterios independentemen-te das abordagens utilizadas

O CRPRS vem debatendo na Co-missatildeo de Formaccedilatildeo os desafios impli-cados em trabalhar a formaccedilatildeo ampla e ao mesmo tempo respeitar a exigecircncias

das ecircnfases curriculares que culminam na realizaccedilatildeo dos estaacutegios especiacuteficos

A coordenadora da Comissatildeo de Gra-duaccedilatildeo da Psicologia da UFRGS Paula Sandrine Machado lembra que o proces-so de adequaccedilatildeo e renovaccedilatildeo dos proje-tos pedagoacutegicos produziu em muitos cursos certos movimentos interessantes de avaliaccedilatildeo e de discussatildeo sobre o pro-fissional que se quer formar o contexto da Psicologia as competecircncias gerais que a formaccedilatildeo busca contemplar e as espe-cificidades de cada curso A abrangecircncia das diretrizes poreacutem aponta tanto para um profissional capaz de ldquofazer tudordquo quanto para um profissional que precisa saber algumas coisas baacutesicas para poder atuar em diferentes contextos

Para as coordenadoras de curso e de estaacutegio da Unisinos Rosana Cecchini de Castro e Maria Elisabeth Selbach o nuacute-cleo comum as competecircncias baacutesicas e os eixos estruturantes preconizados pe-las DCN tecircm possibilitado uma visatildeo abrangente e plural das muacuteltiplas pers-pectivas e possibilidades de intervenccedilatildeo para o futuro profissional da Psicologia ldquoAs ecircnfases podem ter foco no mercado de trabalho mas natildeo podem se desvin-cular da formaccedilatildeo como um todo sob pena de se tornarem especialidadesrdquo salientam as coordenadoras

Com o objetivo de evitar a especiali-zaccedilatildeo na formaccedilatildeo muitas instituiccedilotildees

Leia os depoimentos dos coordenadores dos cursos de Psicologia na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Resoluccedilatildeo nordm 05 de 15 de marccedilo de 2011 disponiacutevel em httpbitlyDCN2011

ABEPSIwwwabepsiorgbr

SAIBA MAIS Veja o histoacuterico das DCNs em httpbitlyABEP_DCNs

Publicaccedilatildeo do CFP ldquoContribuiccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia agrave discussatildeo sobre a formaccedilatildeo da(o) psicoacuteloga(o)rdquo httpbitlyCFP_Formacao

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de ensino trabalham com a proposta de ecircnfase como aprofundamento de estudo daquilo que jaacute foi contemplado na forma-ccedilatildeo geral do curriacuteculo

Na Univates por exemplo primei-ramente as ecircnfases ocorriam a partir do seacutetimo semestre o que prejudicava a formaccedilatildeo generalista uma vez que os estudos e disciplinas direcionavam para conteuacutedos muito especiacuteficos ldquoAl-teramos para as ecircnfases no uacuteltimo ano do curso Essa mudanccedila trouxe maior conhecimento aos estudantes da proacute-pria atuaccedilatildeo nos mais variados espa-ccedilosrdquo explica a coordenadora do curso de Psicologia da Univates Ana Lucia Bender Pereira

A preocupaccedilatildeo em preparar e for-mar o estudante para o mercado de trabalho eacute apontada pela coordenado-ra da Fisma Baacuterbara Maria Barbosa Silva Segundo ela a formaccedilatildeo pelas universidades natildeo estaacute em concordacircn-cia com a atuaccedilatildeo profissional ldquoIsso se

expressa quando na inserccedilatildeo dos alu-nos nos campos de praacuteticas e estaacutegios visualizamos a negaccedilatildeo ou negligecircncia de muitos campos de atuaccedilatildeo do Psi-coacutelogo para a formaccedilatildeo de alunosrdquo de-clara Baacuterbara Uma estrateacutegia adotada para dar conta dessa demanda eacute criar dentro da proacutepria instituiccedilatildeo de ensi-no espaccedilos destinados a execuccedilatildeo das praacuteticas e estaacutegios

Para o subcoordenador do curso da UNISC Jerto Cardoso da Silva as DCN devem ser pensadas democrati-camente e natildeo de forma autocraacutetica ldquoAs diretrizes devem ser propostas a partir das inquietaccedilotildees dos cursos e construiacutedas com elesrdquo Para ele os cur-sos devem estar atentos ao mercado de trabalho mas natildeo devem ser apenas pautados por ele pois trabalham na formaccedilatildeo de profissionais criacuteticos ou seja que podem ingressar no mercado mas tambeacutem transformaacute-lo e propor novas aacutereas de atuaccedilatildeo

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer ampliar a discussatildeo do tema Participe das reuniotildees ampliadas da Comissatildeo de Formaccedilatildeo Acompanhe a agenda pelo site wwwcrprsorgbrcomissoesegts

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artigo

A formaccedilatildeo em psicologia e a psicologia em formaccedilatildeo

Em pesquisa realizada na deacutecada de 80 sobre a formaccedilatildeo de psicoacutelogos com estudantes do curso de graduaccedilatildeo da Uni-versidade Federal Fluminense (UFF) Luis Antonio Baptista percebeu que ela se de-senvolvia em paralelo ao que se passava agrave sua volta Era uma formaccedilatildeo que pouco incluiacutea as questotildees entatildeo contemporacircneas da sociedade brasileira e tampouco sua histoacuteria (BAPTISTA 2000)

Jaacute nos anos 2000 em nossa experiecircn-cia de formaccedilatildeo no curso de graduaccedilatildeo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) o ldquomundo laacute forardquo parecia fazer-se bastante presente na universidade E era um mundo que se dizia em transformaccedilatildeo

Como natildeo poderia ser diferente em um mundo muacuteltiplo e em uma profissatildeo que vem se autodenominando plural o proje-to de psicologia almejado para a formaccedilatildeo contemporacircnea de psicoacutelogos natildeo era uno De um lado havia o projeto de se alcanccedilar uma psicologia verdadeiramente cientiacutefica e rigorosa contra aquelas praacuteticas profis-sionais calcadas no senso comum De ou-tro a esperanccedila de se alcanccedilar uma psico-logia eacutetica e com compromisso social que passaria justamente pela superaccedilatildeo da psicologia cientificista pois que compro-metida com o modelo neoliberal de socie-dade De um lado a defesa de um modelo de formaccedilatildeo por competecircncias De outro sua criacutetica De um lado modos ditos claacutes-sicos de conhecer De outro aqueles tidos como completamente inovadores

Luiz Claudio Mendonccedila Figueiredo relaciona o ldquoestado um tanto caoacutetico e ine-vitavelmente desarticulado de qualquer curriacuteculo de formaccedilatildeo em psicologiardquo (FI-

GUEIREDO 2009 p17) agraves condiccedilotildees histoacute-ricas desse campo cientiacutefico e profissional indicando o estudo da histoacuteria da psicologia como forma de compreender e transformar essa realidade Gostariacuteamos de apontar tam-beacutem um sentido inverso o estudo desses processos de formaccedilatildeo caoacuteticos e desarticu-lados para compreender a psicologia que te-mos e que vimos produzindo historicamen-te A formaccedilatildeo em psicologia expressando ela mesma uma psicologia em formaccedilatildeo

Essa inversatildeo constituiu nossa pesqui-sa de mestrado (ARALDI 2012) a qual tomando como ponto de partida os impas-ses dilemas e controveacutersias que permeiam as experiecircncias de psicoacutelogos em forma-ccedilatildeo encontrou algumas vias possiacuteveis de se colocar e se recolocar o problema do conhecer e do conhecimento psi Partimos de um dispositivo metodoloacutegico que ins-tigava os estudantes participantes todos da graduaccedilatildeo em psicologia da UFRGS a descreverem e analisarem coletivamente o que faziam nas diferentes praacuteticas de for-maccedilatildeo fossem elas curriculares (de estu-dos leitura pesquisa extensatildeo estaacutegio) ou informais (conversas de corredores ex-periecircncias no Diretoacuterio Acadecircmico etc)

As distinccedilotildees dos estudantes entraram em diaacutelogo com autores do campo dos estu-dos da cogniccedilatildeo e do conhecimento (Kastrup Varela Maturana Latour) que tecircm questio-nado uma forma bastante corrente ao menos nas sociedades ocidentais de se conceber o conhecer e o conhecimento enquanto repre-sentaccedilatildeo efetivada por uma mente indivi-dual de um mundo preacute-existente agrave accedilatildeo do conhecedor O que isso significa Fundamen-talmente implica separar e situar como es-

Etiane AraldiPsicoacuteloga (UFRGS) Mestre em Psicologia Social e Institucional (UFRGS) Analista de Poliacuteticas Sociais na Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo do SUS (PNH) Ministeacuterio da Sauacutede

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secircncias de um lado um sujeito que conhece e de outro um mundo que se daacute a conhecer

As experiecircncias de formaccedilatildeo dos estu-dantes pesquisados sugerem que tal concep-ccedilatildeo de conhecimento tem marcado sobre-maneira o campo psi a comeccedilar pelo modo como os psicoacutelogos se relacionam com o tema das diferentes psicologias as escolas e escolhas teoacutericas Dada a ambiguidade do objeto e da teacutecnica do psicoacutelogo somada agrave divisatildeo do campo entre diferentes psicolo-gias cada qual com concepccedilotildees epistemo-loacutegicas e metodoloacutegicas especiacuteficas acostu-mou-se a aceitar que a teoria eacute a praacutetica do psicoacutelogo sendo os conceitos ferramentas de trabalho e a escolha teoacuterica um passo neces-saacuterio para que o profissional se constitua enquanto tal e para que suas intervenccedilotildees sejam legitimamente designadas psi

Na esteira dessa ideia supotildee-se que as praacuteticas de um psicoacutelogo psicanalista por exemplo possam ser deduzidas diretamen-te da teoria psicanaliacutetica sendo o trabalho do psicoacutelogo em determinada contingecircncia comumente descrito segundo as teorias que supostamente lhe dariam sustentaccedilatildeo

Em nossa pesquisa observamos que tal loacutegica produz a teoria e a praacutetica como domiacutenios de accedilatildeo muito diferentes nessa profissatildeo sendo o trabalho psi dado o seu forte componente relacional entendido em uma dimensatildeo incorporada um co-nhecimento de ldquoorganismordquo que ldquose sen-te na carnerdquo (conforme verbalizaccedilotildees dos estudantes) em contraposiccedilatildeo com o fazer acadecircmico tomado como essencialmente analiacutetico reflexivo ldquoruminanterdquo parecen-do inclusive que o estaacutegio natildeo compunha o curriacuteculo tamanho o confronto entre um mundo e outro O curioso eacute que em-bora sendo situado no discurso como um conhecimento desprovido de corpo as competecircncias acadecircmicas eram transpos-tas em um sentido incorporado ao fazer

dos estaacutegios produzindo nos estudantes atitudes analiacuteticas distanciadas num sen-tido de espectador nas intervenccedilotildees pro-fissionais Inclusive o uso de metaacuteforas relacionadas agraves tecnologias de produccedilatildeo e apreensatildeo de teorias fizeram-se bastante presentes na explicaccedilatildeo do que faz o psi-coacutelogo fazer leituras da realidade era me-taacutefora recorrente na descriccedilatildeo de boa parte das accedilotildees dos estudantes nos estaacutegios

O tema da identificaccedilatildeo foi citado di-versas vezes como criteacuterio para a escolha teoacuterica expressando a busca por uma re-laccedilatildeo de identidade igualdade entre seu suposto ser e a concepccedilatildeo de ser (de sujei-to) supostamente contida nas teorias Mas seriam nossos ldquoeusrdquo e os ldquoeusrdquo (as con-cepccedilotildees de sujeito) das teorias assim tatildeo coerentes Tanto no campo da cogniccedilatildeo quanto no da epistemologia tal suposiccedilatildeo de coerecircncia tem sido questionada

De qualquer modo a ideia de que o ser antecede o fazer parece motivar na psicolo-gia a adoccedilatildeo de uma concepccedilatildeo de sujeito uma visatildeo de homem como necessidade a priori para a atuaccedilatildeo profissional Entretan-to o que observamos entre os estudantes e a instituiccedilatildeo universitaacuteria foi um traba-lho ativo e cotidiano de separaccedilatildeopuri-ficaccedilatildeo dessas concepccedilotildees De modo que nos perguntamos a relaccedilatildeo identitaacuteria do psicoacutelogo com as teorias que compotildeem o campo psi seria decorrente de pressupostos e eacuteticas transcendentes preconizados pela epistemologia ou seria um processo que se ampara mais nas praacuteticas cotidianas de formaccedilatildeo de psicoacutelogos Nossa aposta ao perguntar agrave formaccedilatildeo em psicologia sobre o que ali se faz evidenciou um plano con-creto de produccedilatildeo da psicologia no presen-te que extrapola em muito o leque das te-orias psicoloacutegicas vigentes mas que ainda assim pode ser afirmado como legiacutetimo co-nhecer e fazer psi na contemporaneidade

REFEREcircNCIAS

ARALDI Etiane Das escolas e escolhas teoacutericas agraves poliacuteticas cognitivas legitimando a experiecircncia e a contingecircncia na colocaccedilatildeo do problema do conhecer e do conhecimento psi Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Psicologia Social e Institucional Instituto de Psicologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS Porto Alegre 2012

BAPTISTA Luis Antonio A faacutebrica de interiores a Formaccedilatildeo Psi em Questatildeo Niteroacutei Eduff 2000

FIGUEIREDO Luiz Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos Petroacutepolis Vozes 2009

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Projeto Poliacuteticas Puacuteblicas na Formaccedilatildeo promove aproximaccedilatildeo do CRPRS com o meio acadecircmico

De acordo com pesquisas feitas pelo Centro de Referecircncia Teacutecnica em Psicologia e Poliacuteti-cas Puacuteblicas ndash CREPOPRS a formaccedilatildeo em Psicologia eacute apon-tada como uma das grandes fra-gilidades ainda impostas para atuaccedilatildeo dos psicoacutelogos nas poliacute-ticas puacuteblicas Paradoxalmente o campo das poliacuteticas puacuteblicas atrai um nuacutemero maior de pro-fissionais a cada ano que mui-tas vezes chegam ao mercado desconhecendo marcos legais e marcos loacutegicos que datildeo funda-mento agraves praacuteticas nessa aacuterea

Buscando minimizar esse problema o CREPOP vem de-senvolvendo desde 2013 o Pro-jeto Poliacuteticas Puacuteblicas na For-maccedilatildeo proposta que procura qualificar a formaccedilatildeo para atu-accedilatildeo em diferentes campos das poliacuteticas puacuteblicas por meio da aproximaccedilatildeo entre Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul e estudantes de faculdades de Psicologia do estado A ideia de desenvolver esse trabalho surgiu em 2009 por iniciativa do estagiaacuterio da eacutepoca Edson Murliki

O projeto favorece espaccedilos de debate reflexatildeo e constru-

ccedilatildeo de um pensamento criacutetico junto aos cursos de gradua-ccedilatildeo objetivando a construccedilatildeo de referecircncias teacutecnicas para a formaccedilatildeo em Psicologia e Po-liacuteticas Puacuteblicas ldquoBuscamos fortalecer o diaacutelogo entre o CRPRS e o meio acadecircmico dimensionar a percepccedilatildeo dos estudantes sobre seus conhe-cimentos acerca das poliacuteticas puacuteblicas e incentivar a refle-xatildeo avaliativa sobre a forma-ccedilatildeo profissional do psicoacutelogo para atuar na aacutereardquo declara a ex-assessora teacutecnica do CRE-POP Carolina dos Reis

Para alcanccedilar isso o pro-jeto segue algumas etapas que incluem apresentaccedilatildeo aos coordenadores dos cursos e realizaccedilatildeo de encontros com os estudantes na sede sub-sedes do CRPRS ou nas proacute-prias instituiccedilotildees de ensino ldquoOs registros desses encontros subsidiam a produccedilatildeo de um relatoacuterio que reuacutene as princi-pais questotildees apontadas pelos alunos gerando dessa forma orientaccedilotildees para construccedilatildeo de um instrumento informa-tivo que sistematize os pontos de reflexatildeordquo explica Carolina

crepop

Projeto Formaccedilatildeo na sua faculdade Faculdades de Psicologia que tenham interesse em participar do Projeto de Formaccedilatildeo devem entrar em contato com o CREPOPRS pelo fone (51) 33346799 ou pelo e-mail crepopcrprsorgbr

Os resultados parciais in-dicam a necessidade de maior aprofundamento teoacuterico no assunto bem como reconheci-mento do caraacuteter transversal da temaacutetica dentro da formaccedilatildeo Os alunos tambeacutem demandam ampliaccedilatildeo de espaccedilos de inser-ccedilatildeo que propiciem maior conta-to com a praacutetica dos psicoacutelogos nas poliacuteticas puacuteblicas Indicam ainda a necessidade de uma reformulaccedilatildeo metodoloacutegica no curso do projeto visando a am-pliar o caraacuteter de intervenccedilatildeo do mesmo Seraacute incluiacuteda uma etapa de pactuaccedilotildees entre os diversos atores envolvidos nas instituiccedilotildees participantes de modo a produzir espaccedilos para a construccedilatildeo de soluccedilotildees con-cretas aos desafios emergidos nas rodas de conversas

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tracircnsito

A Psicologia na educaccedilatildeo para o tracircnsito

A Psicologia exerce uma impor-tante funccedilatildeo no tracircnsito ao estudar a mobilidade humana a partir da anaacutelise de diferentes dimensotildees processos e fenocircmenos envolvidos nesse contexto Pensando nisso a Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsi-to e Mobilidade Humana do CRPRS contribuiu na organizaccedilatildeo do 1ordm Se-minaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito realizado pela Prefeitura de Santa Maria em abril O evento voltado a professores da rede puacuteblica de ensi-no do municiacutepio teve como objetivo despertar a conscientizaccedilatildeo de que a educaccedilatildeo pode mudar o comporta-mento das pessoas no tracircnsito

O CRPRS acredita que a Psicolo-gia pode contribuir nesse processo envolvendo os professores e toda a sociedade para que o tema seja tra-balhado de forma ampla Para a Co-missatildeo do CRPRS os professores pre-cisam entender essa transversalidade

para que haja uma real mudanccedila de comportamento da sociedade

O tracircnsito deve ser pensado de maneira ampla considerando todos os envolvidos ldquoQuando falamos em tracircnsito natildeo devemos pensar apenas no fluxo de automoacuteveis mas consi-derar principalmente que o tracircnsi-to eacute composto por todos noacutes Deve-mos pensar no aspecto da mobilidade humana pensar na livre circulaccedilatildeo e no deslocamento com seguranccedila assim como nas relaccedilotildees sociais que se constituem nesse espaccedilo Ao se deslocar pelas ruas com automoacuteveis particulares bens privados as pes-soas muitas vezes natildeo se datildeo conta de que estatildeo circulando em um espa-ccedilo puacuteblico com regras estabelecidas pelo governo e pela proacutepria socieda-de Competem entre si de modo pri-vado por um espaccedilo que eacute puacuteblico e de todosrdquo declara o coordenador da aacuterea teacutecnica do CRPRS assessor da

SAIBA MAISAssista aos viacutedeos do 1ordm Seminaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Artigo ldquoTracircnsito e Sociedaderdquo de Sinara Tres Soares e Lucio Fernando Garcia disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Publicaccedilatildeo do CRPRS ldquoTracircnsito e Mobilidade Humana - Psicologia Educaccedilatildeo e Cidadaniardquo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrlivrotransito

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tracircnsito

Comissatildeo de Tracircnsito Lucio Fernan-do Garcia

Para ele a Psicologia exerce um im-portante papel ao contribuir na refle-xatildeo que abrange conceitos de cidada-nia e suas implicaccedilotildees considerando o tracircnsito como um processo humano e que envolve condiccedilotildees subjetivas ldquoSer cidadatildeo eacute uma escolha que traz impli-caccedilotildees e reflexotildees sobre responsabili-dades obrigaccedilotildees e direitosrdquo

Diversos aspectos psicoloacutegicos interferem na forma como as pesso-as lidam com o tracircnsito A psicoacuteloga Sinara Tres Soares da Escola Puacuteblica de Tracircnsito do DETRAN-RS ressalta que mesmo tendo ciecircncia dos riscos aos quais estatildeo expostas muitas pes-soas optam em correr esse risco por acreditar que vale a pena ldquoCada pes-soa tem uma diferente percepccedilatildeo de risco O que para alguns representa mais seguranccedila para outros pode significar a permissatildeo para correr mais riscos O sistema de freios do tipo ABS por exemplo traz mais se-guranccedila poreacutem algumas pessoas por se sentirem mais seguras com essa tecnologia acabam correndo maisrdquo explica Sinara

Outro aspecto psicoloacutegico en-volvido no tracircnsito diz respeito agrave conduta que autoriza as pessoas a te-rem determinado tipo de comporta-mento contrariando aquilo que elas mesmas acreditamldquoMuitos criticam quando os carros param em fila du-pla Poreacutem quando vatildeo levar o filho

na escola por exemplo agem assim e justificam tal atitude com explica-ccedilotildees como lsquoeacute bem rapidinhorsquo ou lsquofoi soacute dessa vezldquo

Esse tipo de comportamento re-flete a questatildeo do individualismo e da dificuldade das pessoas entende-rem que fazem parte de um todo e que estatildeo inseridas em um contex-to em que seus atos iratildeo atingir o proacuteximo ldquoTemos que trabalhar na sensibilizaccedilatildeo para que cada um compreenda que a sua atitude seu comportamento interfere direta-mente no tracircnsitordquo afirma a colabo-radora da Subsede Centro-Oeste do CRPRS integrante da Comissatildeo do Tracircnsito Aline Baumlumer

Para o evento em Santa Maria o grupo de colaboradores da Subsede Centro-Oeste produziu o viacutedeo ldquoAto-res no Tracircnsitordquo que mostra diferentes pontos de vista que fazem parte do tracircnsito revelando como nossa visatildeo muda dependendo da oacutetica em que a cena eacute vista

A Comissatildeo de Psicologia do Tracircn-sito e Mobilidade Humana do CRPRS estaacute engajada na proposta de desenvol-ver poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave educa-ccedilatildeo para o tracircnsito ldquoQueremos investir na continuidade de projetos e eventos como esse Seminaacuterio Acreditamos que alunos e professores engajados tornam--se multiplicadores de accedilotildees de educa-ccedilatildeo para o tracircnsitordquo afirma a presiden-te da Comissatildeo do CRPRS Elisangela Maria Almeida Santos

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer discutir mais sobre essa relaccedilatildeo entre Psicologia e Tracircnsito Participe da Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsito e Mobilidade Humana Acompanhe a agenda de reuniotildees pelo site httpcrprsorgbrcomissoesegts ou envie e-mail para comissoescrprsorgbr e informe seu interesse

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Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica em situaccedilotildees de periacutecia e de recursos administrativos

orientaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo psicoloacutegica eacute sem duacutevi-da a abordagem mais requisitada nas di-ferentes instacircncias do fazer do psicoacutelogo Ligada principalmente agrave necessidade de uma resposta ocupa um espaccedilo teacutecnico mas tambeacutem muitas vezes se constitui no imaginaacuterio como se pudesse responder a todas e quaisquer questotildees pautadas com base na anaacutelise do comportamento ou de condiccedilotildees emocionais do avaliando Essa condiccedilatildeo eacute produzida na medida em que atualmente a avaliaccedilatildeo psicoloacutegica tem sido cada vez mais usada na condiccedilatildeo de fundamentar periacutecia ou em situaccedilotildees judi-ciais assim como as que ocorrem em con-cursos puacuteblicos no proacuteprio processo ou em situaccedilotildees de recurso administrativo

As avaliaccedilotildees nessas situaccedilotildees seguem o regrado pela profissatildeo atraveacutes do Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo e das Re-soluccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia assim como devem buscar atender ao soli-citado Entretanto essa maacutexima natildeo quer dizer que o psicoacutelogo quando destacado (contratado) como perito deva conceber tal incumbecircncia como fator a definir o resulta-do da avaliaccedilatildeo O ato pericial eacute o de aplicar teacutecnicas e meacutetodos psicoloacutegicos objetivando um resultado decorrente de todo o processo que por meio de instrumentos eou de en-trevistas concluiraacute a avaliaccedilatildeo registrando ao candidato ou periciando as conclusotildees formuladas O psicoacutelogo natildeo advoga pela parte ou seja o resultado da avaliaccedilatildeo psi-coloacutegica poderaacute ser muito diferente do re-sultado almejado pelo candidato ou parte em processo judicial A avaliaccedilatildeo natildeo pode

ser tendenciosa adaptada ou alterada a fim de alcanccedilar o resultado pretendido pelo candidato natildeo eacute uma peccedila de defesa Eacute um procedimento teacutecnicocientiacutefico que con-clui a partir dos dados e teacutecnicas aplicadas objetivando responder ao solicitado dentro de determinados limites descrevendo o ob-servado e orientando o avaliando sobre os resultados obtidos

A conduta do psicoacutelogo em todo o pro-cedimento avaliativo deve estar pautada em princiacutepios de responsabilidade teacutecnica e profissional respaldados em procedimentos cientiacuteficos e validados O profissional deve ainda levar em consideraccedilatildeo aspectos como bem-estar dignidade e responsabilidade so-cial dos envolvidos na avaliaccedilatildeo uma vez que a mesma ocorre em um contexto soacutecio--cultural e de forma geral contempla um processo que envolve a sociedade como um todo especialmente em se tratando de con-cursos puacuteblicos e assessoramento judiciaacuterio

Reco

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Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea TeacutecnicaAdriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga FiscalLeticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Artigo ldquoAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica e Relaccedilotildees com o Judiciaacuteriordquo publicado na ediccedilatildeo nordm 64 do EntreLinhas disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas64

Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcodigoetica

Resoluccedilotildees do CFP disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrresolucoesCFP

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USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

CursosEspecializaccedilatildeo em Psicologia Cliacutenica Terapia Cognitivo ComportamentalChapecoacuteSC Informaccedilotildees (49) 99413800dilmaandrettaunoescedubr wwwunoescedubr

V Ciclo de Estudos em Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica18072014 (iniacutecio moacutedulo 5) 08082014 (iniacutecio moacutedulo 6)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33085453cicloestudosapgmailcom wwwufrgsbrgeapap

Mediaccedilatildeo de Conflitos Novo paradigma agrave construccedilatildeo da pazAteacute 09102014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32226134infoclipmedcombr wwwclipmedcombr Curso de PsicanaacuteliseAteacute 25102014 Passo FundoRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Grupos de EstudoOs contos de fadas como instrumento de conhecimento e desenvolvimento humanoCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500claudiaclinicatessaricombr wwwrecriarnetbr

Introduccedilatildeo agrave Psico-Oncologia com ecircnfase em Psicossomaacutetica e PsiconeuroimunologiaPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92627203 (51) 84041373dhmullerbolcombr danitnunesgmailcompsicossomatica-rsorgbr

Estudos Metapsicoloacutegicos de Freud1306 1807 1508 1909 1010 e 21112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

O que fazer quando recebemos uma crianccedila0407 0108 2908 3110 07112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Mitologia Grega IAteacute 21112014 (encontros mensais)Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500recriarrecriarnetbr

A obra de Wilfred BionAteacute 13122014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr Teoria e Teacutecnica das Paradas e Impasses do TratamentoEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33303845secretariasbpdepaorgbr

Observaccedilatildeo de BebecircsEncontros agraves segundas-feirasNovo Hamburgo RS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Indicadores de Intersubjetividade de 0 a 2 anosEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

O Estudo da Mente na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Conceitos Fundamentais sobre sexualidade na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

DW Winnicott sua pessoa e suas ideias psicanaliacuteticasEncontros agraves quartas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Andreacute GreenEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

Donald WinnicottEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwbionorgbr

Seacuterie Em TerapiaEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr Trabalhos de MetapsicologiaEncontro agraves sextas-feirasCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Freud Reinventando FreudEncontros aos saacutebadosCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

BionEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr D WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

FreudEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Iniciando com WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Introduccedilatildeo ao Aparelho PsiacutequicoEncontros mensaisPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 (51) 33842765contatobionorgbr wwwbionorgbr

Congressos Jornadas Simpoacutesios e Conferecircncias

IV Jornada do Programa da Mulher Depen-dente Quiacutemica02082014Satildeo PauloSP Informaccedilotildees (11) 26618011amandadiasipqhcorgbr omrochaipqhcorgbr wwwceiporgbr

Jornada Constructo 2014 - com Dr Jacques Andregrave15 e 16082014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Congresso SOCERGS 2014 Uniatildeo de conheci-mento e Intercacircmbio multidisciplinar21 a 23082014GramadoRS Informaccedilotildees (51) 33391415 wwwsocergsorgbrcongresso2014

IV Congresso Brasileiro de Psicologia - Ciecircn-cia e Profissatildeo19 a 23112014Satildeo PauloSPwwwcienciaeprofissaocombr

Conferecircncia e Treinamento com a Psicoacuteloga Americana FELICIA CARROLL26 a 29112014Caxias do Sul RS Informaccedilotildees claudiatessarigmailcom wwwrecriarnetbr

Exibiccedilatildeo de filme8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoMorte em Venezardquo02072014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoUacuteltimo Tango Em Parisrdquo13082014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoCanccedilatildeo de Amorrdquo10092014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoAta-merdquo08102014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoO Livro de Cabeceirardquo12112014 Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

OficinaOficina de Produccedilatildeo Psicanaliacutetica e LiteraacuteriaSegundas ou quartas-feiras (6 encontros)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwpaulofernandomonteiroferrazblogspotcom

Agecircncia Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

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Instituiccedilotildees de Acolhimento e Unidades Socioeducativas

No acircmbito das instituiccedilotildees de aco-lhimento e unidades socioeducativas as demandas passam pelo acolhimen-to institucional e acompanhamento de crianccedilas e adolescentes e de suas respec-tivas famiacutelias pela inserccedilatildeo em progra-mas pelo atendimento cliacutenico e partici-paccedilotildees nas audiecircncias para prestar seu depoimento sobre o caso acompanhado

ldquoRecebemos quantas demandas puderem ser pensadas para lsquoadequarrsquo o sujeito a um modelo considerado desejadordquo afirma Mirela de Cintra psicoacuteloga da Fundaccedilatildeo de Assistecircn-cia Social e Cidadania (FASC) que destaca a dificuldade da Psicologia estabelecer um bom relacionamento com a Justiccedila ldquoO psicoacutelogo se vecirc na intersecccedilatildeo entre o saber juriacutedico a demanda explicita ou velada pela se-gregaccedilatildeo social e todo um complexo sistema de programas de atendimen-to aos adolescentes Campos estes que deveriam se articular para atendecirc-los integralmente mas que em si jaacute satildeo fragmentados e fragmentantesrdquo

Aleacutem dessa dificuldade relatada por Mirela a psicoacuteloga Eduarda Coelho Torres que atua em Casa de Acolhi-mento de Crianccedilas e Adolescentes pela Prefeitura de Novo Hamburgo destaca que a relaccedilatildeo com a Justiccedila torna-se mais estreita no momento da construccedilatildeo do plano individual de atendimento quan-

do a crianccedila ou o adolescente chegam Para produzir o plano eacute feito um estudo do caso e accedilotildees especiacuteficas a serem reali-zadas e como preconiza o ECA as accedilotildees iniciais satildeo sempre em direccedilatildeo ao res-gate ou construccedilatildeo de viacutenculos familia-res Essa construccedilatildeo nem sempre pode ser feita no tempo exiacuteguo imposto pela Justiccedila ldquoO documento eacute encaminhado agrave autoridade judiciaacuteria que passa a acom-panhar todo o trabalho realizado com a crianccedila e sua famiacutelia Esse contato eacute fundamental para que o juiz possa estar bem embasado ao proferir suas senten-ccedilasrdquo explica Eduarda

De acordo com Mirela nas uni-dades de medida socioeducativas a funccedilatildeo do psicoacutelogo deve ser a de criar um espaccedilo propiacutecio agrave elaboraccedilatildeo subjetiva trabalhando a singularida-de de cada um desses adolescentes ldquoDevemos trabalhar na construccedilatildeo de significados com relaccedilatildeo agrave medida fazendo o adolescente entender por que foi necessaacuterio tal ato e por que a sociedade lhe atribuiu uma medida que eacute socioeducativa e natildeo apenas punitiva Se natildeo haacute possibilidade do sujeito questionar-se sobre o que fez as consequecircncias de seus atos e a res-ponsabilidade que cada um tem sobre seu futuro natildeo haacute mudanccedila possiacute-velrdquo Outra atribuiccedilatildeo da Psicologia eacute tentar traduzir aos jovens o momento

Eduarda Coelho TorresPsicoacuteloga na Secretaria do Desenvolvimento Social de Novo Hamburgo jaacute tendo atuado tanto na Proteccedilatildeo Social Baacutesica quanto na Proteccedilatildeo Social Especial de Alta Complexidade

Mirela de CintraGraduada em Psicologia e Direito Especialista em psicologia cliacutenica e direitos humanos pela UFRGS Trabalha haacute 10 anos na Assistecircncia Social do Municiacutepio de Porto Alegre

ECA ndash Estatuto da Crianccedila e do Adolescente httpbitlyEstatuto_Crianccedila_Adolescente

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justiccedila

de encontro com os operadores de di-reito trabalhando a audiecircncia como uma inserccedilatildeo no simboacutelico ldquoEsse eacute o momento de retomar os fios esgarccedila-dos do laccedilo social que esse possa ser um retorno do adolescente a seu lugar de cidadatildeo e que antes de pagar com o corpo ele pode e deve pagar com palavras ou seja recobrir seus atos com palavrasrdquo acredita Mirela

Eduarda ressalta ser um equiacutevoco acreditar que o psicoacutelogo que trabalha inserido na instituiccedilatildeo de acolhimen-to deva restringir sua ligaccedilatildeo com a

Justiccedila a apenas responder agraves solici-taccedilotildees do poder judiciaacuterio ldquoO profis-sional comprometido com o seu fazer tem amplo conhecimento dos casos que acompanha e estaacute capacitado a posicionar-se criticamente em relaccedilatildeo a eles Eacute fundamental que perceba a importacircncia de seu papel e assuma seu protagonismo nesta rede natildeo agindo simplesmente quando solicitado mas propondo momentos de discussatildeo e reflexatildeo criacutetica O espaccedilo estaacute aberto basta ocupaacute-lo com responsabilidade competecircncia teacutecnica e iniciativardquo

Trabalho TransdisciplinarComo forma de minimizar os con-

flitos gerados na relaccedilatildeo com a Justiccedila Lindomar defende um trabalho trans-disciplinar como potecircncia para produzir diferenccedila tanto nas proacuteprias profissotildees quanto na vida de quem eacute atendido O trabalho em rede eacute visto como o caminho para garantia de direitos de crianccedilas ado-lescentes e idosos ldquoO ato de transdiscipli-narizar rompe com modelos hieraacuterquicos de saberes e setores Deste modo preci-samos estar juntos agrave educaccedilatildeo sauacutede assistecircncia social organizaccedilotildees natildeo go-vernamentais sempre prontos a escutar a diferenccedila afirmando-a notadamente naquilo que nos inquietardquo declara

Como exemplo desse trabalho transdisciplinar Lindomar descreve a parceria estabelecida com os pro-fissionais do Serviccedilo Social na Vara

de Infacircncia Juventude e Idoso da Comarca onde atua como psicoacutelogo produzindo relatoacuterios e pareceres teacutecnicos comuns sem uma delimita-ccedilatildeo especiacutefica das aacutereas ldquoA produccedilatildeo dos documentos se dava na delicade-za do encontro na intervenccedilatildeo Isto sempre se mostrou segundo nossa apreensatildeo potente Poreacutem a partir da Resoluccedilatildeo CFESS 5572009 que exige que o parecer social seja especi-ficado natildeo mais fazemos os pareceres conjuntos apenas os relatoacuterios e ao final sinalizamos o Parecer Psicoloacutegi-co e o Parecer Social os quais acabam por apresentar modos diferentes de apontar aquilo que fora produzido no transdisciplinarizar da intervenccedilatildeo A equipe se enriquece na diferenccedila de perspectivas disciplinares diversasrdquo

SAIBA MAISEntrelinhas nordm 39wwwcrprsorgbrentrelinhas39

Dissertaccedilatildeo de mestrado ldquo(Falecircncia familiar)+(Uso de drogas) = risco e periculosidade a naturalizaccedilatildeo juriacutedica e psicoloacutegica de jovens com medida de internaccedilatildeo compulsoacuteriardquo de Carolina dos Reis httpbitlydissertacao_carolina_reis

Artigo ldquoO carcereiro que haacute em noacutesrdquo de Edson Passeti publicado no livro do CRPRS rdquoEntre garantia de direitos e praacuteticas libertaacuteriasrdquowwwcrprsorgbrgarantiadireitos

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Escuta de crianccedilas e adolescentes na Justiccedila

Com relaccedilatildeo agrave escuta de crianccedilas e adolescentes na Justiccedila Lindomar Daroacutes esclarece que a praacutetica da Psi-cologia natildeo pode ser confundida com inquiriccedilatildeo ldquoA inquiriccedilatildeo diz de uma posiccedilatildeo no mundo que impotildee agravequele que eacute instado a falar dizer no tem-po de quem pergunta sem silecircncios pausas delongas ou reticecircncias Eu pergunto e vocecirc responde E responde aquilo que lhe pergunto sem maiores explicaccedilotildees caso eu natildeo lhe peccedila de-talhes Quanto agrave escuta diz de uma posiccedilatildeo daquele que se dispotildee a estar com o outro no tempo possiacutevel ao ou-tro para dizer em conformidade com sua demandardquo

Lindomar defende que a entra-da do psicoacutelogo no Poder Judiciaacute-rio deve ser pensada para produzir escuta jaacute que a inquiriccedilatildeo cabe aos operadores do Direito ldquoAo que pa-rece natildeo eacute a escuta que o Tribunal de Justiccedila nos requer mas a inqui-riccedilatildeo Afinal nossos relatoacuterios teacutec-nicos deixaram de ser considerados adequados pois natildeo eram suficien-tes para se condenar Assim dentro da estrutura do Poder Judiciaacuterio em termos macropoliacuteticos ndash o que natildeo re-trata a experiecircncia vivida pela nossa equipe especificamente ndash passaram a nos demandar outra intervenccedilatildeo

que natildeo a escuta psicoloacutegica mas a inquiriccedilatildeo uma lsquoescutarsquo produtora de provas suficiente para condenar Isto segundo minha anaacutelise diz natildeo apenas da escuta de crianccedilas mas de todos os jurisdicionados Cobram dos psicoacutelogos e tambeacutem dos as-sistentes sociais lsquodepoimentos sem danorsquo exames criminoloacutegicos parti-cipaccedilatildeo em comissotildees disciplinares nos presiacutedios Quando resistimos somos apontados como indisciplina-dos Talvez estejamos em boa com-panhia pois haacute notaacuteveis defensores da (in)disciplinardquo

Em 2005 o Conselho Federal de Psicologia iniciou o debate sobre a escuta de crianccedilas e adolescentes na Rede de Proteccedilatildeo Como resulta-do dessa discussatildeo foi publicada a Resoluccedilatildeo 0102010 que vedava ao psicoacutelogo o papel de inquiridor praacute-tica que ficou conhecida como Depoi-mento sem Dano no atendimento de Crianccedilas e Adolescentes em situaccedilatildeo de violecircncia Poreacutem a mesma foi sus-pensa apoacutes o questionamento judicial

A discussatildeo se ampliou para aleacutem do aspecto procedimental e passou-se a questionar se a mudanccedila de ambien-te e de estrateacutegia de fato reassegura direitos visto que coloca crianccedilas e adolescentes apenas como ldquoobjetordquo de

SAIBA MAISOrientaccedilotildees Teacutecnicas para os Serviccedilos de Acolhimento para Crianccedilas e Adolescentes publicaccedilatildeo do Conselho Nacional dos Direitos da Crianccedila e do Adolescente ndash CONANDA e do Conselho Nacional de Assistecircncia Social ndash CNAShttpbitlyorientacoes_CONANDA_CNAS

Publicaccedilatildeo do CFP ldquoA escuta de crianccedilas e adolescentes envolvidos em situaccedilatildeo de violecircncia e a rede de proteccedilatildeordquohttpbitlyescuta_criancas_adolescentes

Nota sobre Resoluccedilatildeo do CFP nordm 0102010httpbitlyresolucao010_2010

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justiccedila

produccedilatildeo de prova com vistas agrave res-ponsabilizaccedilatildeo do agressor

Haacute consenso entre os que repudiam e os que defendem a criaccedilatildeo de salas especiais para a realizaccedilatildeo do deno-minado ldquodepoimento sem danordquo ou ldquodepoimento especialrdquo de que eacute neces-saacuterio evitar a revitimizaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes que satildeo colocados em sucessivas situaccedilotildees de repeticcedilatildeo da

histoacuteria da violecircncia vivida ou presen-ciada Natildeo haacute consenso entretanto no entendimento de que a inquiriccedilatildeo natildeo seja revitimizante ou violadora de direi-tos mesmo em ambientes mais huma-nizados visto que seu uacutenico objetivo eacute a responsabilizaccedilatildeo do agressor

O CFP defende que natildeo eacute papel do psicoacutelogo realizar inquiriccedilatildeo monito-rado pelo juiz que lhe determina as

SAIBA MAISO V Conversando sobre a Psicologia e o SUAS em Caxias do Sul realizado em agosto de 2013 tratou das Relaccedilotildees com a Justiccedila Confira resumo das questotildees abordadas em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Leia entrevistas na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

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A experiecircncia do Nuacutecleo de Praacuteticas Juriacutedicas do Projeto de Atenccedilatildeo Ampliada agrave Sauacutede ndash PAAS

QUER AMPLIAR O DEBATE SOBRE O TEMA Participe das Comissotildees de Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica Poliacuteticas Puacuteblicas ou das atividades do CREPOP como o Conversando sobre a Psicologia e o SUAS Acompanhe a agenda de reuniotildees em wwwcrprsorgbrcomissoesegts

ENTRELINHAS RECOMENDA

Filme ldquoO Juiacutezordquo de Maria Augusta Ramos (2007)

Filme ldquoO Contador de Histoacuteriasrdquo de Luiz Villaccedila (2009)

Desenvolvido pela Unisinos o Projeto de Atenccedilatildeo Ampliada agrave Sauacute-

de (PAAS) atua de forma interdisciplinar atendendo agrave comunidade de

Satildeo Leopoldo e regiatildeo aleacutem de constituir-se como campo de estaacutegio

para os acadecircmicos O Nuacutecleo de Praacuteticas Juriacutedicas eacute o responsaacutevel

pela articulaccedilatildeo entre a Psicologia e as demandas do Judiciaacuterio Co-

nheccedila o Projeto acessando wwwcrprsorgbrentrelinhas66

perguntas a serem feitas agrave crianccedila e ao adolescente A inquiriccedilatildeo eacute um proce-dimento juriacutedico constitui-se em um interrogatoacuterio cujo objetivo eacute levantar dados para instruccedilatildeo de um processo judicial visando agrave produccedilatildeo de prova sendo as perguntas feitas agrave crianccedila e ao adolescente orientadas pelas neces-sidades do processo A escuta psicoloacute-gica caracteriza-se por ser uma relaccedilatildeo de cuidado acolhedora e natildeo invasi-va para a qual se requer a disposiccedilatildeo de escutar respeitando-se o tempo de elaboraccedilatildeo da situaccedilatildeo traumaacutetica as peculiaridades do momento do desen-volvimento e sobretudo visando a natildeo revitimizaccedilatildeo A escuta leva em conta a dimensatildeo subjetiva que tambeacutem deve ser considerada na perspectiva dos di-reitos humanos

Ao elaborar a Resoluccedilatildeo 0102010 o Conselho Federal defendia a neces-sidade da escuta sempre ser funda-mentada nos princiacutepios da proteccedilatildeo integral e da prioridade absoluta pre-vistos no ECA em decorrecircncia da si-tuaccedilatildeo peculiar de desenvolvimento em que se encontram crianccedilas e ado-lescentes na legislaccedilatildeo especiacutefica da profissatildeo e nos marcos teoacutericos teacutec-nicos e metodoloacutegicos da Psicologia como ciecircncia e profissatildeo

ldquoA derrubada da resoluccedilatildeo con-figura-se uma intromissatildeo no que diz respeito agrave capacidade teacutecnica dos conselhos de classe das profis-sotildees regulamentadas de dizerem dos limites eacutetico-teacutecnicos-poliacuteticos de suas respectivas profissotildeesrdquo afirma Lindomar

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Comissatildeo de Eacutetica

Uma urgecircncia coloca-se na relaccedilatildeo que se estabelece sem-pre mais intensa entre as praacute-ticas psicoloacutegicas e o campo juriacutedico Trata-se de trazer para a discussatildeo a dimensatildeo eacutetica do fazer psicoloacutegico colocando em pauta o modo pelo qual efetiva-mos essa relaccedilatildeo e os modos pe-los quais chegamos a instituir novas formas conceituais e pro-cedimentais tanto na produccedilatildeo do conhecimento psi como na atuaccedilatildeo profissional do psicoacutelo-go junto aos tracircmites judiciais Para comeccedilar este debate cabe nos perguntarmos como enten-demos essa dimensatildeo eacutetica

Pensamos que para muito aleacutem de estipular um ldquodever serrdquo nos modos de se produzir conhecimento e de se inserir nas praacuteticas profissionais esta-mos nos referindo agrave reflexatildeo e problematizaccedilatildeo das questotildees e temaacuteticas que nos assolam na contemporaneidade Tais ques-totildees nos levam em muacuteltiplos processos a nos constituirmos de uma determinada forma a sermos ndash sujeitos ndash deste ou da-quele modo ou ainda a sermos chamados e reconhecidos por esta ou aquela marca objetiva e subjetiva de identificaccedilatildeo Natildeo estamos portanto falando de regulamentos para conduzir

justiccedila

comportamentos ou ainda de procedimentos disciplinares relacionados a condutas acadecirc-micas e profissionais desvian-tes ou natildeo na elaboraccedilatildeo de suas atividades

Esse debate se refere tanto a uma identificaccedilatildeo profissio-nal ndash psicoacutelogo que nos coloca em uma multiplicidade de praacute-ticas relativas agrave subjetividade humana como tambeacutem agraves inuacute-meras formas de como somos designados objetivamente em nosso fazer tais como psicoacute-logo especialista na infacircncia ou psicoacutelogo perito judicial ou ainda psicoacutelogo especialis-ta em conflitos parentais e ao mesmo tempo perito em ava-liaccedilatildeo psicoloacutegica e assim por diante No intuito de dar conta das demandas que se formam nos processos poliacutetico-sociais contemporacircneos noacutes psicoacutelo-gos vamos nos organizando e predispondo dentro das possi-bilidades viaacuteveis e com o maior rigor eacutetico-profissional a con-templar tecnicamente o que nos convoca a partir do campo psicoloacutegico e da sociedade No entanto ao mesmo tempo que desenvolvemos um saber espe-ciacutefico no campo da Psicologia vamos produzindo verdades pelo estatuto cientiacutefico que ser-

vem aos mecanismos da Justiccedila para julgar punir e delimitar os merecedores desta ou daquela decisatildeo judicial ou ainda pe-nalidade descrita em lei Eacute dian-te destes enlaces entre as praacuteti-cas em Psicologia e o campo psicoloacutegico que mais uma vez afirmamos a indissociabilidade entre um fazer cientiacutefico e a sua dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ou en-tre ciecircncia e poliacutetica Fazemos sim uma Psicologia implicada nas questotildees sociais e poliacuteticas de nosso tempo entendendo que um embate poliacutetico aiacute se co-loca entre os campos em causa Psicologia e Judiciaacuterio

Sendo assim por que que-remos neste momento trazer a discussatildeo da dimensatildeo eacuteti-ca para a relaccedilatildeo das praacuteticas psicoloacutegicas no campo judiciaacute-rio Esta questatildeo nos convoca fortemente a partir da parti-cipaccedilatildeo na Comissatildeo de Eacutetica do CRPRS para o debate ao nos depararmos com a enor-me demanda de intervenccedilotildees consideradas como faltosas nos aspectos eacuteticos da atuaccedilatildeo profissional em situaccedilotildees que se relacionam com processos ou convocatoacuterias judiciais sejam elas no acircmbito familiar ou do direito administrativo das insti-tuiccedilotildees puacuteblicas

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As denuacutencias que chegam agrave Comissatildeo de Eacutetica versam principalmente sobre ausecircn-cia de guarda de documentos e ausecircncia de realizaccedilatildeo de avaliaccedilatildeo psicoloacutegica na aacuterea do tracircnsito elaboraccedilatildeo de do-cumentos que extrapolam os limites teacutecnicos ou sem funda-mentaccedilatildeo teacutecnica utilizados no acircmbito judicial divulgaccedilatildeo de instrumentos natildeo reconhecidos na aacuterea da Psicologia obtenccedilatildeo de vantagens financeiras a par-tir de processo psicoteraacutepico

Eacute nesta inserccedilatildeo das praacuteti-cas psicoloacutegicas nas demandas que se fazem todos os dias que entendemos a importacircncia da dimensatildeo eacutetica Uma eacutetica que se vincula ao campo da refle-xatildeo a um pensamento atuan-te sobre os processos que nos subjetivam e nos convocam cotidianamente Logo eacute muito mais do que um tecnicismo--instrumental que se constitui para solucionar e legitimar as normatizaccedilotildees afirmadas em muitos processos entrelaccedila-dos no arranjo social Trata-se de uma eacutetica que coloca em questatildeo as formas pelas quais os sujeitos satildeo tomados como objeto em uma determinada relaccedilatildeo de conhecimento ndash o psicoloacutegico ndash e portanto em uma relaccedilatildeo de poder Estamos assim nos referindo agraves formas que determinamos enqua-dramos instituiacutemos e muitas

vezes ateacute legislamos sobre as relaccedilotildees que constituiacutemos na vida ou mais especificamente das formas que determinamos e instituiacutemos a partir de nossa atuaccedilatildeo profissional Este dizer este determinar este legislar passa pelo acircmbito do saber Sa-ber sobre algo saber sobre al-gueacutem Passa por um saber que diz como algueacutem pode ou natildeo se conduzir como pode ou natildeo se reconhecer como pode ou natildeo se comportar etc daiacute uma relaccedilatildeo de saber que tambeacutem se configura em jogos de poder

Abrir questotildees eacuteticas nesta discussatildeo implica em nos per-guntarmos como estatildeo se for-mulando as denuacutencias agrave Comis-satildeo de Eacutetica do CRPRS Em que processos e jogos de interesse se efetivam as intervenccedilotildees psico-loacutegicas consideradas faltosas Quando falamos em interven-ccedilatildeopraacutetica psicoloacutegica de que forma queremos encaminhaacute--las e sob que discursos eacutetico--poliacuteticos nos assentamos para legitimaacute-las Queremos uma atuaccedilatildeo disciplinadora e lega-lista na nossa profissatildeo e na so-ciedade O que queremos com esse processo Quais os efeitos que esperamos que se produ-zam a partir dessa intervenccedilatildeo moral O que faz com que o profissional natildeo produza uma reflexatildeo eacutetica diante do seu co-tidiano de trabalho Queremos uma atuaccedilatildeointervenccedilatildeo que

controle e puna os que escapam aos ditames dos coacutedigos que noacutes mesmos estabelecemos ou seja uma intervenccedilatildeo moral so-bre os psicoacutelogos que desconsi-deraram a reflexatildeo eacutetica em seu proacuteprio fazer Eacute imprescindiacutevel perguntarmo-nos se as nossas produccedilotildees acadecircmicas e profis-sionais estatildeo privilegiando um pensamento criacutetico problema-tizador e abrangente sobre os modos que nos constituiacutemos na sociedade Urge analisarmos como se produzem os efeitos de nossas produccedilotildees acadecircmicas e profissionais em noacutes mesmos com aqueles que nos relacio-namos e com a sociedade em geral Eacute sobre esta relaccedilatildeo de um conhecimento implicado politicamente atuante produ-to e efeito de nossa experiecircncia na vida que estamos falando aqui Falamos aqui de uma re-laccedilatildeo pensada e constituiacuteda na liberdade e natildeo pela lei ou seja na reflexatildeo eacutetica que se faz em muacuteltiplas formas de pensar e experimentar a vida Trata-se de uma discussatildeo aberta e sem-pre a se fazer

Zuleika Koumlhler GonzalesConselheira integrante da Comissatildeo de Eacutetica do CRPRSCRP 078721

14 entre linhas | abr-mai-jun 2014

justiccedila

Medida Socioeducativa entre A amp Z

Organizado pelas equipes do Nuacutecleo de Extensatildeo do Pro-grama Interdepartamental de Praacuteticas com Adolescentes e Jo-vens em Conflito com a Lei (PIPA) da UFRGS o livro ldquoMedida Socioeducativa entre A amp Zrdquo surgiu a partir da experiecircncia de profissionais de Psicologia Direito e Educaccedilatildeo com as praacuteticas direcionadas ao puacuteblico adoles-cente que cumpre medida socioeducativa sendo financiado pelo Edital Nacional da Poliacutetica de Extensatildeo (ProextMec2013)

A obra atende agrave linha temaacutetica ldquoeducaccedilatildeo e direitos humanosrdquo desta Poliacutetica de Extensatildeo com vistas agrave elaboraccedilatildeo de material didaacutetico-pedagoacutegico para contribuir em accedilotildees de formaccedilatildeo no atendimento educacional de adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas Apre-senta um glossaacuterio conjunto de verbetes das medidas socioeducativas escritos ldquomenos para dar conta da descriccedilatildeo teacutecnica de termos que designam a vida de adolescentes e de seus atos infra-cionais mais para fazer de vozes solitaacuterias que lutam pela poliacutetica da garantia de direitos de adolescentes uma escrita que pode vir a ser a audiccedilatildeo de muitosrdquo conforme descreve a psicoacuteloga e professora Gislei Domingas R Lazzarotto integrante da equipe organizadora da obra

Confira trechos da definiccedilatildeo de alguns verbetes apresentados na publicaccedilatildeo

Ato Infracional (Carmem Maria Craidy pedago-ga doutora em Educa-

ccedilatildeo) ndash ldquoO que pode parecer um detalhe tem alto significado o adolescente deveraacute ser tratado a partir de sua condiccedilatildeo como pessoa em desenvolvimento com possibilidades muacuteltiplas e natildeo simplesmente a partir do ato in-fracional que tiver cometido Ele natildeo eacute o ato que cometeu e mes-mo se for responsabilizado pelo mesmo deveraacute ser visto e tratado para aleacutem delerdquo

Conselho Tutelar (Este-la Scheinvar socioacuteloga doutora em Educaccedilatildeo)

ndash ldquoSob a loacutegica do direito o dis-tanciamento de um padratildeo eacute um delito que tem que ser julgado sentenciado e punido Natildeo ve-mos todos os setores da socie-dade frequentarem o conselho tutelar e os que laacute vatildeo se carac-terizam sobretudo por natildeo po-derem decidir como fazer a sua vida sendo submetidos a conse-lhos que ressoam como sentenccedilas a serem cumpridasrdquo

Brete (BF e JMG) ndash ldquoNatildeo eacute um quarto Eacute um quadrado Ele tem uma porta de ferro

toda gradeada Jaacute vem com as jegas mas eacute soacute isso que tem dentro A pa-rede eacute toda escrita todo mundo co-loca o nome laacute Dizem que se tu es-crever teu nome chama de volta e tu cai de novo mas isso eacute supersticcedilatildeo A porta se chama portiola Dentro de um lsquobretersquo cabe no maacuteximo 8 gu-ris mas depende tem uns que eacute de 3 Tem janela mas nem passa o dedo do cara pra pegar um vento E no ca-lor Todo mundo se abana melhor eacute dormir no piso que eacute mais geladordquo

Mais informaccedilotildees sobre a obra pelo e-mail ppscufrgsbr

entre linhas | jan-fev-mar 2014 15

Consultoria Organizacional como Dispositivo Cliacutenico

Saindo dos limites que a praacutetica tradi-cional em muitas situaccedilotildees nos impotildee quis experimentar uma outra praacutetica um outro olhar uma outra postura dentro das organi-zaccedilotildees a de ser uma consultora analista Foi entatildeo que busquei os referenciais da psico-logia social e institucional e da filosofia da diferenccedila com o intuito de analisar inter-rogar lanccedilar perguntas experimentar uma outra forma de fazer Psicologia Apresento trecircs recortes que exemplificam essa praacutetica

Numa empresa de grande porte natildeo existia RH apenas Departamento Pessoal em seu aspecto mais antigo sem nenhuma forma de integraccedilatildeo de novos funcionaacuterios Realizei entatildeo um projeto de estruturaccedilatildeo da aacuterea de RH Foi um trabalho grandioso meses de reuniotildees com a diretoria chefia do DP outras pessoas envolvidas dentro da ma-triz e ateacute das filiais que emperrou na execu-ccedilatildeo do ldquomanual de integraccedilatildeordquo na parte que se propunha contar alguns fatos que mar-caram a histoacuteria da organizaccedilatildeo Quando percebi essa dificuldade comecei a realizar entrevistas com uma das diretoras que se apresentava com maior abertura para aquela proposta Realizamos um processo de histo-rizaccedilatildeo da empresa em que apareceram fa-tos de dissoluccedilatildeo de sociedade e outras his-toacuterias de famiacutelia que natildeo poderiam aparecer naquele informativo A partir daiacute o manual pocircde ser concluiacutedo Essa diretora assumiu a aacuterea de RH que tomou outro rumo dentro do funcionamento da organizaccedilatildeo

Dois empresaacuterios que competiam mui-to entre si numa empresa de pequeno por-te queriam que todos que conviviam com eles assumissem o lado de um ou de outro

Realizei um trabalho individual de auto-conhecimento e grupal voltado ao resgate da histoacuteria da empresa a conscientizaccedilatildeo de que a competitividade seria mais eficaz se fosse voltada para o mercado Jaacute no iniacutecio do trabalho comeccedilaram a delimitar o espaccedilo de cada um A relaccedilatildeo de desconfianccedila que havia com os funcionaacuterios tambeacutem mudou

Jaacute numa empresa de meacutedio porte com uma boa estrutura fiacutesica as pessoas estavam completamente desintegradas Os setores funcionavam de forma independente nun-ca realizavam reuniotildees e natildeo se conheciam o que acarretava diversos problemas Apoacutes a devoluccedilatildeo do diagnoacutestico e a realizaccedilatildeo de um plano de accedilatildeo comecei um trabalho com o grupo de gerentes e paralelamente com o empresaacuterio Com o grupo realizei ati-vidades de autogestatildeo autodiagnoacutestico da organizaccedilatildeo e busca de soluccedilotildees para os pro-blemas levantados Foi tambeacutem realizado um trabalho individual com cada gerente Com o empresaacuterio foi trabalhada sua forma de gestatildeo centralizadora sem espaccedilo para os gerentes atuarem e o que isso gerava para os resultados organizacionais Os gerentes con-quistaram um espaccedilo que antes natildeo havia e o que eles propuseram pocircde ser implantado

Nos exemplos citados a consultoria se propocircs a gerar consciecircncia e aprendizagem dos processos que estavam ali em jogo fa-zendo com que as pessoas se apropriassem do conhecimento e do resultado que ia sendo gerado Essa forma de intervenccedilatildeo abre no campo da Psicologia um outro lugar para o psicoacutelogo no mundo do trabalho convocan-do a cliacutenica para o universo laboral ao inveacutes de alimentar a segmentaccedilatildeo deste

relato de experiecircncia

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOA Comissatildeo de Orientaccedilatildeo e Fiscalizaccedilatildeo vem provendo encontros com psicoacutelogos que atuam na aacuterea da Psicologia Organizacional e do Trabalho Fique atento agrave programaccedilatildeo divulgada em nosso site wwwcrprsorgbr e participe

PARTICIPE Envie seu Relato de Experiecircncia para imprensacrprsorgbr

Confira esse relato na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Miriam Corso Minotto Psicoacuteloga Organizacional assessora em desenvolvimento de Recursos Humanos Eacute coordenadora do GT Psicologia do Trabalho participa GT de Histoacuteria e da Comissatildeo Gestora da Subsede Serra do CRPRS

16 entre linhas | abr-mai-jun 2014

entrevista

Em eacutepoca de Copa do Mundo o CRPRS propotildee um debate sobre as diferentes inserccedilotildees da Psicologia no Esporte A proposta eacute discutir lugares e funccedilotildees que os profissionais tecircm assumido e podem assumir neste campo considerando a complexidade das relaccedilotildees estabelecidas entre esportistas familiares instituiccedilotildees de ensino esportivas filantroacutepicas grandes empresas e demais atores sociais envolvidos nesse cenaacuterio O CRPRS convidou quatro profissionais da aacuterea para debater o tema e reproduz aqui no EntreLinhas trechos dessa conversa

Que contribuiccedilotildees a Psicologia do Es-porte traz em suas diferentes aacutereas de atuaccedilatildeo para a sociedade de uma forma geral Benno Becker Jr ndash O trabalho de esporte de alto rendimento eacute o que en-volve mais dinheiro lembrando que satildeo os atletas de alto niacutevel que estatildeo na vitrine e datildeo visibilidade ao espor-

te e consequentemente incentivam a praacutetica esportiva O esporte deve ser trabalhado com toda a sociedade de jovens a idosos como forma de pre-venccedilatildeo de problemas como ansiedade e depressatildeo Quando feito com ade-quaccedilatildeo acredito que o esporte seja o melhor remeacutedio para combater a de-pressatildeo por exemplo

Leia o artigo ldquoA Psicologia do Esporte e do Exerciacutecio para aleacutem da otimizaccedilatildeo da performance atleacuteticardquo produzido por Marcos Daou docente do curso de Psicologia da Unifra mestre em Psicologia graduado em Psicologia e Educaccedilatildeo Fiacutesica em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Acesse wwwcrprsorgbrentrelinhas66 e confira depoimentos gravados nesse encontro e versatildeo estendida da entrevista

Psicologia e Esporte

entre linhas | abr-mai-jun 2014 17

Benno Becker Jr Graduado em Psicologia e em Educaccedilatildeo Fiacutesica mestre em Pedagogia pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul e doutor em Psicologia ndash Universidade de Barcelona Tem diversas publicaccedilotildees na aacuterea wwwbennopsicoesportecombr

Cassiano Pires Psicoacutelogo chefe do departamento de psicologia do projeto social WimBelemDon Tiacutetulo de Master em Psicologia do Esporte e atividade fiacutesica pela Universidade Autocircnoma de Barcelona

Maacutercia Pilla do VallePsicoacuteloga mestre em Psicologia Social e da Personalidade pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul psicoacuteloga membro da ABRAPESP psicoacuteloga esportiva do IGT ndash Instituto Gauacutecho de Tecircnis

Vanessa Rodrigues AlvesPsicoacuteloga especialista em Psicologia do Esporte e Exerciacutecio Fiacutesico e em Sociopsicodrama Eacute professora de Psicologia da Atividade Fiacutesica e do Esporte na Faculdade Sogipa de Educaccedilatildeo Fiacutesica

Cassiano Pires ndash Temos que traba-lhar a importacircncia do esporte no bem estar e na sauacutede da populaccedilatildeo em ge-ral Infelizmente ainda vemos muito crianccedilas ou jovens que por natildeo terem habilidade motricidade ou fiacutesico para atingir um alto niacutevel de rendimento acabarem abandonando a praacutetica por serem mal assessoradas O trabalho com atletas de alto rendimento eacute im-portante mas acredito que o fim do esporte natildeo pode ser soacute o esporte em si deve ser o crescimento e o bem es-tar da pessoa a criaccedilatildeo de habilidades sociais e competecircncias e o desenvolvi-mento da autoestima Diversos desa-fios podem ser vencidos por meio do esporte por isso temos que comeccedilar a tirar o esporte da aacuterea de Turismo e Lazer e comeccedilar a pensaacute-lo na aacuterea de Sauacutede Isso mudaria completamente sua importacircncia e seu sentido para a vida da pessoa Maacutercia Pilla do Valle ndash Haacute uma seacuterie de possibilidades de atuaccedilatildeo para o Psicoacutelogo do Esporte e o campo que atualmente estaacute aberto eacute o que envolve projetos sociais e questotildees ligadas agrave sauacutede e ao espor-te como atividade fiacutesica e natildeo neces-sariamente competitiva Vanessa Rodrigues Alves ndash A Psicologia do Esporte eacute muito abrangente mas ainda se trabalha em poucas aacutereas Poderiacuteamos traba-lhar em instituiccedilotildees como a Susepe a Fase com a educaccedilatildeo em lar de idosos por exemplo

Em que condiccedilotildees se datildeo essas praacute-ticas considerando que muitas ve-zes haacute a pressatildeo de clubes atletas empresaacuterios miacutedia e ateacute da proacutepria sociedade pelo alto rendimento do atleta Ao desenvolver sua praacutetica o psicoacutelogo do esporte estaacute a serviccedilo de quem Maacutercia Pilla do Valle ndash Quando trabalhamos com esporte de alto ren-dimento o limiar entre sauacutede e pato-loacutegico eacute bem tecircnue principalmente em modalidades precoces como a ginaacutes-tica artiacutestica ou a nataccedilatildeo por exem-plo em que tudo acontece muito cedo e a carreira eacute muito curta Temos que trabalhar para que esse processo no qual os atletas jaacute estatildeo inseridos seja o mais saudaacutevel possiacutevel melhorar a relaccedilatildeo da comunicaccedilatildeo do teacutecnico com o atleta e criar um ambiente mo-tivador Tambeacutem eacute preciso avaliar se essa eacute uma vontade do proacuteprio atleta ou se eacute um desejo dos pais que veem no esporte a possibilidade de ascender socialmente de alguma forma Pensan-do nesse contexto devemos estar a ser-viccedilo do atleta e de todas as pessoas que estatildeo envolvidas nesse processo Vanessa Rodrigues Alves ndash A gran-de diferenccedila de nosso trabalho eacute que precisamos ir ateacute as pessoas e saber trabalhar em equipe O profissional que atua nessa aacuterea tem que ter a dis-ponibilidade para querer aprender pois natildeo ficamos em uma salinha es-perando as pessoas temos que ir ao encontro delas

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Quais os principais desafios e dile-mas eacuteticos enfrentados pelo psicoacutelo-go do esporte Benno Becker Jr ndash O profissional que comeccedila a trabalhar com alto ren-dimento chega acreditando que iraacute de-terminar o seu tempo de trabalho com os atletas e natildeo eacute isso o que acontece O psicoacutelogo do esporte precisa aprovei-tar cada minuto cada intervalo do trei-no Esse eacute o grande desafio Uma boa estrateacutegia de inserccedilatildeo para o psicoacutelogo do esporte eacute ficar proacuteximo ao treina-dor e ao preparador fiacutesico buscando melhorar a comunicaccedilatildeo dele com o atleta estabelecendo uma relaccedilatildeo de transparecircncia Cassiano Pires ndash Temos que saber usar o nosso tempo no dia a dia do atleta Eu trabalho no Projeto WinBe-lemDon na cancha de boneacute do lado do atleta e realmente a gente sofre muito por natildeo ter um tempo exclusi-vo Eacute preciso ser criativo e aproveitar os espaccedilos conversando com o teacutecni-co e o instrumentalizando O psicoacutelo-go precisa estabelecer viacutenculo com a equipe e transmitir a ideia de que faz parte dela Vanessa Rodrigues Alves ndash Tenho que procurar fazer o melhor dentro das minhas possibilidades Vivi um di-lema eacutetico quando o treinador queria ver os resultados dos testes sociomeacute-tricos pedindo para que mostrasse o sociograma das relaccedilotildees e o grupo natildeo liberou isso Ele precisava ver de for-ma mais concreta como estava a rela-

ccedilatildeo com o grupo e eu natildeo podia liberar esse resultado Maacutercia Pilla do Valle ndash Em um clube onde trabalhava encaminhei a uma colega uma menina que vivia uma situaccedilatildeo familiar bem pontual e precisava de atendimento cliacutenico A psicoacuteloga me ligou questionando sobre a rotina de treino argumentan-do que a menina precisava de tempo para brincar e ter outras atividades Foi aiacute que me dei conta que para mim aquilo jaacute era normal vi como eu estava capturada pela cultura es-portiva pois aquilo jaacute natildeo me causa-va mais nenhum incocircmodo Poreacutem percebi que o que estava em questatildeo natildeo era a continuidade dela ou natildeo na ginaacutestica o que precisa ser visto era o lado emocional com relaccedilatildeo a um problema familiar pontual Pela minha identidade cliacutenica muito forte sempre digo que antes de ser psicoacute-loga do esporte eu sou psicoacuteloga e para tomar qualquer decisatildeo preciso estar muito bem comigo mesma e tra-balhar com o seguinte tripeacute conheci-mento teacutecnico (natildeo podemos nunca parar de estudar e de se aprimorar) a supervisatildeo ou a troca com os colegas e o tratamento pessoal

A proximidade de megaeventos no Brasil como a Copa do Mundo e Olimpiacuteadas estaacute ampliando o campo de atuaccedilatildeo da Psicologia do Esporte De que forma vocecircs profissionais da aacuterea estatildeo vendo esses eventos

entrevista

SAIBA MAISConheccedila o Projeto WimBelemDonwwwwimbelemdoncombr

Artigo ldquoA produccedilatildeo de Diferenccedilas pelo esporterdquo de Maacutercia Pilla do Valle httpbitlyproducao_de_diferencas

Artigo ldquoO Esporte de Alto Rendimento Produccedilatildeo de Atletas no Contemporacircneordquo de Maacutercia Pilla do Vallehttpbitlyesporte_alto_rendimento

Artigo ldquoPsicologia do Esporte no contexto do Sistema Conselhosrdquo de Mocircnica drsquoFaacutetima Freires da Silvahttpbitlyesporte_sistema_conselhos

Artigo ldquoEacutetica e Compromisso Social na Psicologia do Esporterdquo de Katia Rubiohttpbitlyetica_compromisso_social

Associaccedilatildeo Brasileira de Psicologia do Esporte ndash ABRAPESP wwwabrapesporgbr

entre linhas | abr-mai-jun 2014 19

Considerando isso como a Psicologia do Esporte lida com a questatildeo da es-petacularizaccedilatildeo do esporte Benno Becker Jr ndash Acredito que a Copa do Mundo pode ser muito posi-tiva para a Psicologia do Esporte pois deixaraacute a sensaccedilatildeo de que algo ficou faltando de que a Psicologia poderia ter sido mais envolvida nessa organi-zaccedilatildeo Precisamos mostrar que os psi-coacutelogos do esporte estatildeo agrave disposiccedilatildeo natildeo soacute dos atletas mas da populaccedilatildeo em geral tambeacutem Maacutercia Pilla do Valle ndash Muitas vezes nossa participaccedilatildeo nessa espe-tacularizaccedilatildeo gerada pela miacutedia nos gera um dilema eacutetico Geralmente os jornalistas buscam respostas objetivas querem saber do psicoacutelogo se a equipe ou o atleta ldquoamarelourdquo de fato e natildeo haacute como responder isso Isso acaba abrin-do espaccedilo para a opiniatildeo e manifesta-ccedilatildeo sobre o desempenho das equipes de outros profissionais que assumem o papel de motivadores e criacuteticos Cassiano Pires ndash Eacute importante sa-ber aproveitar o espaccedilo na miacutedia para mostrar a importacircncia do esporte Sabe-mos que poucas coisas ficam de heran-ccedila desses grandes eventos Entatildeo que possamos contribuir para o iniacutecio de uma cultura do esporte mais humani-zada Mostrar que tem muito psicoacutelogo trabalhando e se qualificando e orientar a imprensa sobre esse trabalho Esses grandes eventos demandam uma aten-ccedilatildeo de todas as aacutereas do esporte para que num futuro a sociedade consiga

ver o esporte como algo menos ldquofurio-sordquo com briga disputa morte e mais como uma atividade de lazer Com re-laccedilatildeo aos problemas sociais que surgem devido a esses eventos devemos estar atentos para dar o suporte que as pesso-as envolvidas nisso precisam Para isso as equipes locais que estatildeo organizando a Copa do Mundo por exemplo deve-riam contar com psicoacutelogos Vocecirc acredita que o Esporte pode ser-vir como um meio de garantia dos di-reitos humanos Maacutercia Pilla do Valle ndash Eacute importan-te natildeo pensar o esporte somente como uma atividade de alto rendimento O psicoacutelogo natildeo pode colocar sua praacutetica apenas a serviccedilo do rendimento Te-mos o papel de minimizar sofrimento Busco em minha inserccedilatildeo dentro dos clubes como psicoacuteloga mudar isso e contribuir para tornar o ambiente mais agradaacutevel proporcionando melhores condiccedilotildees da praacutetica esportiva Cassiano Pires ndash Temos que pensar no esporte como algo importante para a inclusatildeo Quando estatildeo praticando esporte as diferenccedilas natildeo existem to-dos satildeo iguais Crianccedilas que fora desse contexto vivem realidades bem dife-rentes (um mora numa casa de muitos andares o outro em uma casa de chatildeo batido por exemplo) quando estatildeo em quadra jogam de igual para igual O esporte nesse sentido eacute muito iguala-dor tem uma questatildeo de inclusatildeo nata que eacute muito legal e temos que saber aproveitar isso

TIacuteTULO DE ESPECIALISTAO tiacutetulo de especialista do CFP eacute concedido por conclusatildeo de curso de especializaccedilatildeo credenciado pelo CFP ou aprovaccedilatildeo em concurso de provas e tiacutetulos promovido periodicamente pelo CFP comprovando experiecircncia profissional de pelo menos 2 anos na aacuterea pretendidawwwcfporgbr

PARTICIPE DAS DISCUSSOtildeES NO CRPRSQuer propor a discussatildeo desse tema Participe das reuniotildees das Comissotildees de Poliacuteticas Puacuteblicas e Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica

20 entre linhas | abr-mai-jun 2014

formaccedilatildeo

10 anos do curriacuteculo amplo o que de fato mudou na formaccedilatildeo do psicoacutelogo

Haacute 10 anos tinha iniacutecio um signi-ficativo processo de mudanccedilas na for-maccedilatildeo do psicoacutelogo com as alteraccedilotildees propostas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) de 2004 Sem distin-ccedilatildeo de habilitaccedilotildees diferentes a forma-ccedilatildeo do psicoacutelogo passou a ser ampla incluindo um nuacutecleo comum estaacutegios baacutesicos estaacutegios especiacuteficos ecircnfases curriculares articulaccedilatildeo de competecircn-cias baacutesicas e dos eixos estruturantes e refinamento das propostas de estaacutegios especiacuteficos Em 2011 a nova DCN man-teve as alteraccedilotildees de 2004 instituindo aleacutem dessas um projeto de formaccedilatildeo complementar para o professor de Psi-cologia em seu 13ordm artigo

Para a Associaccedilatildeo Brasileira de Ensino de Psicologia (ABEP) as ecircnfa-ses curriculares ndash que consistem em um recorte de um conjunto de fazeres (competecircncias) jaacute presentes no nuacutecleo comum concentradas em determina-do conjunto de atividades ndash podem ser consideradas uma forma de atender agrave formaccedilatildeo generalista sem cair no risco da superficialidade Cada curso tem a possibilidade de definir seus encadea-mentos prioritaacuterios independentemen-te das abordagens utilizadas

O CRPRS vem debatendo na Co-missatildeo de Formaccedilatildeo os desafios impli-cados em trabalhar a formaccedilatildeo ampla e ao mesmo tempo respeitar a exigecircncias

das ecircnfases curriculares que culminam na realizaccedilatildeo dos estaacutegios especiacuteficos

A coordenadora da Comissatildeo de Gra-duaccedilatildeo da Psicologia da UFRGS Paula Sandrine Machado lembra que o proces-so de adequaccedilatildeo e renovaccedilatildeo dos proje-tos pedagoacutegicos produziu em muitos cursos certos movimentos interessantes de avaliaccedilatildeo e de discussatildeo sobre o pro-fissional que se quer formar o contexto da Psicologia as competecircncias gerais que a formaccedilatildeo busca contemplar e as espe-cificidades de cada curso A abrangecircncia das diretrizes poreacutem aponta tanto para um profissional capaz de ldquofazer tudordquo quanto para um profissional que precisa saber algumas coisas baacutesicas para poder atuar em diferentes contextos

Para as coordenadoras de curso e de estaacutegio da Unisinos Rosana Cecchini de Castro e Maria Elisabeth Selbach o nuacute-cleo comum as competecircncias baacutesicas e os eixos estruturantes preconizados pe-las DCN tecircm possibilitado uma visatildeo abrangente e plural das muacuteltiplas pers-pectivas e possibilidades de intervenccedilatildeo para o futuro profissional da Psicologia ldquoAs ecircnfases podem ter foco no mercado de trabalho mas natildeo podem se desvin-cular da formaccedilatildeo como um todo sob pena de se tornarem especialidadesrdquo salientam as coordenadoras

Com o objetivo de evitar a especiali-zaccedilatildeo na formaccedilatildeo muitas instituiccedilotildees

Leia os depoimentos dos coordenadores dos cursos de Psicologia na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Resoluccedilatildeo nordm 05 de 15 de marccedilo de 2011 disponiacutevel em httpbitlyDCN2011

ABEPSIwwwabepsiorgbr

SAIBA MAIS Veja o histoacuterico das DCNs em httpbitlyABEP_DCNs

Publicaccedilatildeo do CFP ldquoContribuiccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia agrave discussatildeo sobre a formaccedilatildeo da(o) psicoacuteloga(o)rdquo httpbitlyCFP_Formacao

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de ensino trabalham com a proposta de ecircnfase como aprofundamento de estudo daquilo que jaacute foi contemplado na forma-ccedilatildeo geral do curriacuteculo

Na Univates por exemplo primei-ramente as ecircnfases ocorriam a partir do seacutetimo semestre o que prejudicava a formaccedilatildeo generalista uma vez que os estudos e disciplinas direcionavam para conteuacutedos muito especiacuteficos ldquoAl-teramos para as ecircnfases no uacuteltimo ano do curso Essa mudanccedila trouxe maior conhecimento aos estudantes da proacute-pria atuaccedilatildeo nos mais variados espa-ccedilosrdquo explica a coordenadora do curso de Psicologia da Univates Ana Lucia Bender Pereira

A preocupaccedilatildeo em preparar e for-mar o estudante para o mercado de trabalho eacute apontada pela coordenado-ra da Fisma Baacuterbara Maria Barbosa Silva Segundo ela a formaccedilatildeo pelas universidades natildeo estaacute em concordacircn-cia com a atuaccedilatildeo profissional ldquoIsso se

expressa quando na inserccedilatildeo dos alu-nos nos campos de praacuteticas e estaacutegios visualizamos a negaccedilatildeo ou negligecircncia de muitos campos de atuaccedilatildeo do Psi-coacutelogo para a formaccedilatildeo de alunosrdquo de-clara Baacuterbara Uma estrateacutegia adotada para dar conta dessa demanda eacute criar dentro da proacutepria instituiccedilatildeo de ensi-no espaccedilos destinados a execuccedilatildeo das praacuteticas e estaacutegios

Para o subcoordenador do curso da UNISC Jerto Cardoso da Silva as DCN devem ser pensadas democrati-camente e natildeo de forma autocraacutetica ldquoAs diretrizes devem ser propostas a partir das inquietaccedilotildees dos cursos e construiacutedas com elesrdquo Para ele os cur-sos devem estar atentos ao mercado de trabalho mas natildeo devem ser apenas pautados por ele pois trabalham na formaccedilatildeo de profissionais criacuteticos ou seja que podem ingressar no mercado mas tambeacutem transformaacute-lo e propor novas aacutereas de atuaccedilatildeo

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer ampliar a discussatildeo do tema Participe das reuniotildees ampliadas da Comissatildeo de Formaccedilatildeo Acompanhe a agenda pelo site wwwcrprsorgbrcomissoesegts

22 entre linhas | abr-mai-jun 2014

artigo

A formaccedilatildeo em psicologia e a psicologia em formaccedilatildeo

Em pesquisa realizada na deacutecada de 80 sobre a formaccedilatildeo de psicoacutelogos com estudantes do curso de graduaccedilatildeo da Uni-versidade Federal Fluminense (UFF) Luis Antonio Baptista percebeu que ela se de-senvolvia em paralelo ao que se passava agrave sua volta Era uma formaccedilatildeo que pouco incluiacutea as questotildees entatildeo contemporacircneas da sociedade brasileira e tampouco sua histoacuteria (BAPTISTA 2000)

Jaacute nos anos 2000 em nossa experiecircn-cia de formaccedilatildeo no curso de graduaccedilatildeo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) o ldquomundo laacute forardquo parecia fazer-se bastante presente na universidade E era um mundo que se dizia em transformaccedilatildeo

Como natildeo poderia ser diferente em um mundo muacuteltiplo e em uma profissatildeo que vem se autodenominando plural o proje-to de psicologia almejado para a formaccedilatildeo contemporacircnea de psicoacutelogos natildeo era uno De um lado havia o projeto de se alcanccedilar uma psicologia verdadeiramente cientiacutefica e rigorosa contra aquelas praacuteticas profis-sionais calcadas no senso comum De ou-tro a esperanccedila de se alcanccedilar uma psico-logia eacutetica e com compromisso social que passaria justamente pela superaccedilatildeo da psicologia cientificista pois que compro-metida com o modelo neoliberal de socie-dade De um lado a defesa de um modelo de formaccedilatildeo por competecircncias De outro sua criacutetica De um lado modos ditos claacutes-sicos de conhecer De outro aqueles tidos como completamente inovadores

Luiz Claudio Mendonccedila Figueiredo relaciona o ldquoestado um tanto caoacutetico e ine-vitavelmente desarticulado de qualquer curriacuteculo de formaccedilatildeo em psicologiardquo (FI-

GUEIREDO 2009 p17) agraves condiccedilotildees histoacute-ricas desse campo cientiacutefico e profissional indicando o estudo da histoacuteria da psicologia como forma de compreender e transformar essa realidade Gostariacuteamos de apontar tam-beacutem um sentido inverso o estudo desses processos de formaccedilatildeo caoacuteticos e desarticu-lados para compreender a psicologia que te-mos e que vimos produzindo historicamen-te A formaccedilatildeo em psicologia expressando ela mesma uma psicologia em formaccedilatildeo

Essa inversatildeo constituiu nossa pesqui-sa de mestrado (ARALDI 2012) a qual tomando como ponto de partida os impas-ses dilemas e controveacutersias que permeiam as experiecircncias de psicoacutelogos em forma-ccedilatildeo encontrou algumas vias possiacuteveis de se colocar e se recolocar o problema do conhecer e do conhecimento psi Partimos de um dispositivo metodoloacutegico que ins-tigava os estudantes participantes todos da graduaccedilatildeo em psicologia da UFRGS a descreverem e analisarem coletivamente o que faziam nas diferentes praacuteticas de for-maccedilatildeo fossem elas curriculares (de estu-dos leitura pesquisa extensatildeo estaacutegio) ou informais (conversas de corredores ex-periecircncias no Diretoacuterio Acadecircmico etc)

As distinccedilotildees dos estudantes entraram em diaacutelogo com autores do campo dos estu-dos da cogniccedilatildeo e do conhecimento (Kastrup Varela Maturana Latour) que tecircm questio-nado uma forma bastante corrente ao menos nas sociedades ocidentais de se conceber o conhecer e o conhecimento enquanto repre-sentaccedilatildeo efetivada por uma mente indivi-dual de um mundo preacute-existente agrave accedilatildeo do conhecedor O que isso significa Fundamen-talmente implica separar e situar como es-

Etiane AraldiPsicoacuteloga (UFRGS) Mestre em Psicologia Social e Institucional (UFRGS) Analista de Poliacuteticas Sociais na Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo do SUS (PNH) Ministeacuterio da Sauacutede

Acesse artigo na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

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secircncias de um lado um sujeito que conhece e de outro um mundo que se daacute a conhecer

As experiecircncias de formaccedilatildeo dos estu-dantes pesquisados sugerem que tal concep-ccedilatildeo de conhecimento tem marcado sobre-maneira o campo psi a comeccedilar pelo modo como os psicoacutelogos se relacionam com o tema das diferentes psicologias as escolas e escolhas teoacutericas Dada a ambiguidade do objeto e da teacutecnica do psicoacutelogo somada agrave divisatildeo do campo entre diferentes psicolo-gias cada qual com concepccedilotildees epistemo-loacutegicas e metodoloacutegicas especiacuteficas acostu-mou-se a aceitar que a teoria eacute a praacutetica do psicoacutelogo sendo os conceitos ferramentas de trabalho e a escolha teoacuterica um passo neces-saacuterio para que o profissional se constitua enquanto tal e para que suas intervenccedilotildees sejam legitimamente designadas psi

Na esteira dessa ideia supotildee-se que as praacuteticas de um psicoacutelogo psicanalista por exemplo possam ser deduzidas diretamen-te da teoria psicanaliacutetica sendo o trabalho do psicoacutelogo em determinada contingecircncia comumente descrito segundo as teorias que supostamente lhe dariam sustentaccedilatildeo

Em nossa pesquisa observamos que tal loacutegica produz a teoria e a praacutetica como domiacutenios de accedilatildeo muito diferentes nessa profissatildeo sendo o trabalho psi dado o seu forte componente relacional entendido em uma dimensatildeo incorporada um co-nhecimento de ldquoorganismordquo que ldquose sen-te na carnerdquo (conforme verbalizaccedilotildees dos estudantes) em contraposiccedilatildeo com o fazer acadecircmico tomado como essencialmente analiacutetico reflexivo ldquoruminanterdquo parecen-do inclusive que o estaacutegio natildeo compunha o curriacuteculo tamanho o confronto entre um mundo e outro O curioso eacute que em-bora sendo situado no discurso como um conhecimento desprovido de corpo as competecircncias acadecircmicas eram transpos-tas em um sentido incorporado ao fazer

dos estaacutegios produzindo nos estudantes atitudes analiacuteticas distanciadas num sen-tido de espectador nas intervenccedilotildees pro-fissionais Inclusive o uso de metaacuteforas relacionadas agraves tecnologias de produccedilatildeo e apreensatildeo de teorias fizeram-se bastante presentes na explicaccedilatildeo do que faz o psi-coacutelogo fazer leituras da realidade era me-taacutefora recorrente na descriccedilatildeo de boa parte das accedilotildees dos estudantes nos estaacutegios

O tema da identificaccedilatildeo foi citado di-versas vezes como criteacuterio para a escolha teoacuterica expressando a busca por uma re-laccedilatildeo de identidade igualdade entre seu suposto ser e a concepccedilatildeo de ser (de sujei-to) supostamente contida nas teorias Mas seriam nossos ldquoeusrdquo e os ldquoeusrdquo (as con-cepccedilotildees de sujeito) das teorias assim tatildeo coerentes Tanto no campo da cogniccedilatildeo quanto no da epistemologia tal suposiccedilatildeo de coerecircncia tem sido questionada

De qualquer modo a ideia de que o ser antecede o fazer parece motivar na psicolo-gia a adoccedilatildeo de uma concepccedilatildeo de sujeito uma visatildeo de homem como necessidade a priori para a atuaccedilatildeo profissional Entretan-to o que observamos entre os estudantes e a instituiccedilatildeo universitaacuteria foi um traba-lho ativo e cotidiano de separaccedilatildeopuri-ficaccedilatildeo dessas concepccedilotildees De modo que nos perguntamos a relaccedilatildeo identitaacuteria do psicoacutelogo com as teorias que compotildeem o campo psi seria decorrente de pressupostos e eacuteticas transcendentes preconizados pela epistemologia ou seria um processo que se ampara mais nas praacuteticas cotidianas de formaccedilatildeo de psicoacutelogos Nossa aposta ao perguntar agrave formaccedilatildeo em psicologia sobre o que ali se faz evidenciou um plano con-creto de produccedilatildeo da psicologia no presen-te que extrapola em muito o leque das te-orias psicoloacutegicas vigentes mas que ainda assim pode ser afirmado como legiacutetimo co-nhecer e fazer psi na contemporaneidade

REFEREcircNCIAS

ARALDI Etiane Das escolas e escolhas teoacutericas agraves poliacuteticas cognitivas legitimando a experiecircncia e a contingecircncia na colocaccedilatildeo do problema do conhecer e do conhecimento psi Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Psicologia Social e Institucional Instituto de Psicologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS Porto Alegre 2012

BAPTISTA Luis Antonio A faacutebrica de interiores a Formaccedilatildeo Psi em Questatildeo Niteroacutei Eduff 2000

FIGUEIREDO Luiz Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos Petroacutepolis Vozes 2009

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Projeto Poliacuteticas Puacuteblicas na Formaccedilatildeo promove aproximaccedilatildeo do CRPRS com o meio acadecircmico

De acordo com pesquisas feitas pelo Centro de Referecircncia Teacutecnica em Psicologia e Poliacuteti-cas Puacuteblicas ndash CREPOPRS a formaccedilatildeo em Psicologia eacute apon-tada como uma das grandes fra-gilidades ainda impostas para atuaccedilatildeo dos psicoacutelogos nas poliacute-ticas puacuteblicas Paradoxalmente o campo das poliacuteticas puacuteblicas atrai um nuacutemero maior de pro-fissionais a cada ano que mui-tas vezes chegam ao mercado desconhecendo marcos legais e marcos loacutegicos que datildeo funda-mento agraves praacuteticas nessa aacuterea

Buscando minimizar esse problema o CREPOP vem de-senvolvendo desde 2013 o Pro-jeto Poliacuteticas Puacuteblicas na For-maccedilatildeo proposta que procura qualificar a formaccedilatildeo para atu-accedilatildeo em diferentes campos das poliacuteticas puacuteblicas por meio da aproximaccedilatildeo entre Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul e estudantes de faculdades de Psicologia do estado A ideia de desenvolver esse trabalho surgiu em 2009 por iniciativa do estagiaacuterio da eacutepoca Edson Murliki

O projeto favorece espaccedilos de debate reflexatildeo e constru-

ccedilatildeo de um pensamento criacutetico junto aos cursos de gradua-ccedilatildeo objetivando a construccedilatildeo de referecircncias teacutecnicas para a formaccedilatildeo em Psicologia e Po-liacuteticas Puacuteblicas ldquoBuscamos fortalecer o diaacutelogo entre o CRPRS e o meio acadecircmico dimensionar a percepccedilatildeo dos estudantes sobre seus conhe-cimentos acerca das poliacuteticas puacuteblicas e incentivar a refle-xatildeo avaliativa sobre a forma-ccedilatildeo profissional do psicoacutelogo para atuar na aacutereardquo declara a ex-assessora teacutecnica do CRE-POP Carolina dos Reis

Para alcanccedilar isso o pro-jeto segue algumas etapas que incluem apresentaccedilatildeo aos coordenadores dos cursos e realizaccedilatildeo de encontros com os estudantes na sede sub-sedes do CRPRS ou nas proacute-prias instituiccedilotildees de ensino ldquoOs registros desses encontros subsidiam a produccedilatildeo de um relatoacuterio que reuacutene as princi-pais questotildees apontadas pelos alunos gerando dessa forma orientaccedilotildees para construccedilatildeo de um instrumento informa-tivo que sistematize os pontos de reflexatildeordquo explica Carolina

crepop

Projeto Formaccedilatildeo na sua faculdade Faculdades de Psicologia que tenham interesse em participar do Projeto de Formaccedilatildeo devem entrar em contato com o CREPOPRS pelo fone (51) 33346799 ou pelo e-mail crepopcrprsorgbr

Os resultados parciais in-dicam a necessidade de maior aprofundamento teoacuterico no assunto bem como reconheci-mento do caraacuteter transversal da temaacutetica dentro da formaccedilatildeo Os alunos tambeacutem demandam ampliaccedilatildeo de espaccedilos de inser-ccedilatildeo que propiciem maior conta-to com a praacutetica dos psicoacutelogos nas poliacuteticas puacuteblicas Indicam ainda a necessidade de uma reformulaccedilatildeo metodoloacutegica no curso do projeto visando a am-pliar o caraacuteter de intervenccedilatildeo do mesmo Seraacute incluiacuteda uma etapa de pactuaccedilotildees entre os diversos atores envolvidos nas instituiccedilotildees participantes de modo a produzir espaccedilos para a construccedilatildeo de soluccedilotildees con-cretas aos desafios emergidos nas rodas de conversas

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tracircnsito

A Psicologia na educaccedilatildeo para o tracircnsito

A Psicologia exerce uma impor-tante funccedilatildeo no tracircnsito ao estudar a mobilidade humana a partir da anaacutelise de diferentes dimensotildees processos e fenocircmenos envolvidos nesse contexto Pensando nisso a Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsi-to e Mobilidade Humana do CRPRS contribuiu na organizaccedilatildeo do 1ordm Se-minaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito realizado pela Prefeitura de Santa Maria em abril O evento voltado a professores da rede puacuteblica de ensi-no do municiacutepio teve como objetivo despertar a conscientizaccedilatildeo de que a educaccedilatildeo pode mudar o comporta-mento das pessoas no tracircnsito

O CRPRS acredita que a Psicolo-gia pode contribuir nesse processo envolvendo os professores e toda a sociedade para que o tema seja tra-balhado de forma ampla Para a Co-missatildeo do CRPRS os professores pre-cisam entender essa transversalidade

para que haja uma real mudanccedila de comportamento da sociedade

O tracircnsito deve ser pensado de maneira ampla considerando todos os envolvidos ldquoQuando falamos em tracircnsito natildeo devemos pensar apenas no fluxo de automoacuteveis mas consi-derar principalmente que o tracircnsi-to eacute composto por todos noacutes Deve-mos pensar no aspecto da mobilidade humana pensar na livre circulaccedilatildeo e no deslocamento com seguranccedila assim como nas relaccedilotildees sociais que se constituem nesse espaccedilo Ao se deslocar pelas ruas com automoacuteveis particulares bens privados as pes-soas muitas vezes natildeo se datildeo conta de que estatildeo circulando em um espa-ccedilo puacuteblico com regras estabelecidas pelo governo e pela proacutepria socieda-de Competem entre si de modo pri-vado por um espaccedilo que eacute puacuteblico e de todosrdquo declara o coordenador da aacuterea teacutecnica do CRPRS assessor da

SAIBA MAISAssista aos viacutedeos do 1ordm Seminaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Artigo ldquoTracircnsito e Sociedaderdquo de Sinara Tres Soares e Lucio Fernando Garcia disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Publicaccedilatildeo do CRPRS ldquoTracircnsito e Mobilidade Humana - Psicologia Educaccedilatildeo e Cidadaniardquo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrlivrotransito

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tracircnsito

Comissatildeo de Tracircnsito Lucio Fernan-do Garcia

Para ele a Psicologia exerce um im-portante papel ao contribuir na refle-xatildeo que abrange conceitos de cidada-nia e suas implicaccedilotildees considerando o tracircnsito como um processo humano e que envolve condiccedilotildees subjetivas ldquoSer cidadatildeo eacute uma escolha que traz impli-caccedilotildees e reflexotildees sobre responsabili-dades obrigaccedilotildees e direitosrdquo

Diversos aspectos psicoloacutegicos interferem na forma como as pesso-as lidam com o tracircnsito A psicoacuteloga Sinara Tres Soares da Escola Puacuteblica de Tracircnsito do DETRAN-RS ressalta que mesmo tendo ciecircncia dos riscos aos quais estatildeo expostas muitas pes-soas optam em correr esse risco por acreditar que vale a pena ldquoCada pes-soa tem uma diferente percepccedilatildeo de risco O que para alguns representa mais seguranccedila para outros pode significar a permissatildeo para correr mais riscos O sistema de freios do tipo ABS por exemplo traz mais se-guranccedila poreacutem algumas pessoas por se sentirem mais seguras com essa tecnologia acabam correndo maisrdquo explica Sinara

Outro aspecto psicoloacutegico en-volvido no tracircnsito diz respeito agrave conduta que autoriza as pessoas a te-rem determinado tipo de comporta-mento contrariando aquilo que elas mesmas acreditamldquoMuitos criticam quando os carros param em fila du-pla Poreacutem quando vatildeo levar o filho

na escola por exemplo agem assim e justificam tal atitude com explica-ccedilotildees como lsquoeacute bem rapidinhorsquo ou lsquofoi soacute dessa vezldquo

Esse tipo de comportamento re-flete a questatildeo do individualismo e da dificuldade das pessoas entende-rem que fazem parte de um todo e que estatildeo inseridas em um contex-to em que seus atos iratildeo atingir o proacuteximo ldquoTemos que trabalhar na sensibilizaccedilatildeo para que cada um compreenda que a sua atitude seu comportamento interfere direta-mente no tracircnsitordquo afirma a colabo-radora da Subsede Centro-Oeste do CRPRS integrante da Comissatildeo do Tracircnsito Aline Baumlumer

Para o evento em Santa Maria o grupo de colaboradores da Subsede Centro-Oeste produziu o viacutedeo ldquoAto-res no Tracircnsitordquo que mostra diferentes pontos de vista que fazem parte do tracircnsito revelando como nossa visatildeo muda dependendo da oacutetica em que a cena eacute vista

A Comissatildeo de Psicologia do Tracircn-sito e Mobilidade Humana do CRPRS estaacute engajada na proposta de desenvol-ver poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave educa-ccedilatildeo para o tracircnsito ldquoQueremos investir na continuidade de projetos e eventos como esse Seminaacuterio Acreditamos que alunos e professores engajados tornam--se multiplicadores de accedilotildees de educa-ccedilatildeo para o tracircnsitordquo afirma a presiden-te da Comissatildeo do CRPRS Elisangela Maria Almeida Santos

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer discutir mais sobre essa relaccedilatildeo entre Psicologia e Tracircnsito Participe da Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsito e Mobilidade Humana Acompanhe a agenda de reuniotildees pelo site httpcrprsorgbrcomissoesegts ou envie e-mail para comissoescrprsorgbr e informe seu interesse

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Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica em situaccedilotildees de periacutecia e de recursos administrativos

orientaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo psicoloacutegica eacute sem duacutevi-da a abordagem mais requisitada nas di-ferentes instacircncias do fazer do psicoacutelogo Ligada principalmente agrave necessidade de uma resposta ocupa um espaccedilo teacutecnico mas tambeacutem muitas vezes se constitui no imaginaacuterio como se pudesse responder a todas e quaisquer questotildees pautadas com base na anaacutelise do comportamento ou de condiccedilotildees emocionais do avaliando Essa condiccedilatildeo eacute produzida na medida em que atualmente a avaliaccedilatildeo psicoloacutegica tem sido cada vez mais usada na condiccedilatildeo de fundamentar periacutecia ou em situaccedilotildees judi-ciais assim como as que ocorrem em con-cursos puacuteblicos no proacuteprio processo ou em situaccedilotildees de recurso administrativo

As avaliaccedilotildees nessas situaccedilotildees seguem o regrado pela profissatildeo atraveacutes do Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo e das Re-soluccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia assim como devem buscar atender ao soli-citado Entretanto essa maacutexima natildeo quer dizer que o psicoacutelogo quando destacado (contratado) como perito deva conceber tal incumbecircncia como fator a definir o resulta-do da avaliaccedilatildeo O ato pericial eacute o de aplicar teacutecnicas e meacutetodos psicoloacutegicos objetivando um resultado decorrente de todo o processo que por meio de instrumentos eou de en-trevistas concluiraacute a avaliaccedilatildeo registrando ao candidato ou periciando as conclusotildees formuladas O psicoacutelogo natildeo advoga pela parte ou seja o resultado da avaliaccedilatildeo psi-coloacutegica poderaacute ser muito diferente do re-sultado almejado pelo candidato ou parte em processo judicial A avaliaccedilatildeo natildeo pode

ser tendenciosa adaptada ou alterada a fim de alcanccedilar o resultado pretendido pelo candidato natildeo eacute uma peccedila de defesa Eacute um procedimento teacutecnicocientiacutefico que con-clui a partir dos dados e teacutecnicas aplicadas objetivando responder ao solicitado dentro de determinados limites descrevendo o ob-servado e orientando o avaliando sobre os resultados obtidos

A conduta do psicoacutelogo em todo o pro-cedimento avaliativo deve estar pautada em princiacutepios de responsabilidade teacutecnica e profissional respaldados em procedimentos cientiacuteficos e validados O profissional deve ainda levar em consideraccedilatildeo aspectos como bem-estar dignidade e responsabilidade so-cial dos envolvidos na avaliaccedilatildeo uma vez que a mesma ocorre em um contexto soacutecio--cultural e de forma geral contempla um processo que envolve a sociedade como um todo especialmente em se tratando de con-cursos puacuteblicos e assessoramento judiciaacuterio

Reco

rte

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Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea TeacutecnicaAdriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga FiscalLeticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Artigo ldquoAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica e Relaccedilotildees com o Judiciaacuteriordquo publicado na ediccedilatildeo nordm 64 do EntreLinhas disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas64

Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcodigoetica

Resoluccedilotildees do CFP disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrresolucoesCFP

28 entre linhas | abr-mai-jun 2014

USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

CursosEspecializaccedilatildeo em Psicologia Cliacutenica Terapia Cognitivo ComportamentalChapecoacuteSC Informaccedilotildees (49) 99413800dilmaandrettaunoescedubr wwwunoescedubr

V Ciclo de Estudos em Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica18072014 (iniacutecio moacutedulo 5) 08082014 (iniacutecio moacutedulo 6)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33085453cicloestudosapgmailcom wwwufrgsbrgeapap

Mediaccedilatildeo de Conflitos Novo paradigma agrave construccedilatildeo da pazAteacute 09102014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32226134infoclipmedcombr wwwclipmedcombr Curso de PsicanaacuteliseAteacute 25102014 Passo FundoRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Grupos de EstudoOs contos de fadas como instrumento de conhecimento e desenvolvimento humanoCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500claudiaclinicatessaricombr wwwrecriarnetbr

Introduccedilatildeo agrave Psico-Oncologia com ecircnfase em Psicossomaacutetica e PsiconeuroimunologiaPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92627203 (51) 84041373dhmullerbolcombr danitnunesgmailcompsicossomatica-rsorgbr

Estudos Metapsicoloacutegicos de Freud1306 1807 1508 1909 1010 e 21112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

O que fazer quando recebemos uma crianccedila0407 0108 2908 3110 07112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Mitologia Grega IAteacute 21112014 (encontros mensais)Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500recriarrecriarnetbr

A obra de Wilfred BionAteacute 13122014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr Teoria e Teacutecnica das Paradas e Impasses do TratamentoEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33303845secretariasbpdepaorgbr

Observaccedilatildeo de BebecircsEncontros agraves segundas-feirasNovo Hamburgo RS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Indicadores de Intersubjetividade de 0 a 2 anosEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

O Estudo da Mente na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Conceitos Fundamentais sobre sexualidade na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

DW Winnicott sua pessoa e suas ideias psicanaliacuteticasEncontros agraves quartas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Andreacute GreenEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

Donald WinnicottEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwbionorgbr

Seacuterie Em TerapiaEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr Trabalhos de MetapsicologiaEncontro agraves sextas-feirasCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Freud Reinventando FreudEncontros aos saacutebadosCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

BionEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr D WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

FreudEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Iniciando com WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Introduccedilatildeo ao Aparelho PsiacutequicoEncontros mensaisPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 (51) 33842765contatobionorgbr wwwbionorgbr

Congressos Jornadas Simpoacutesios e Conferecircncias

IV Jornada do Programa da Mulher Depen-dente Quiacutemica02082014Satildeo PauloSP Informaccedilotildees (11) 26618011amandadiasipqhcorgbr omrochaipqhcorgbr wwwceiporgbr

Jornada Constructo 2014 - com Dr Jacques Andregrave15 e 16082014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Congresso SOCERGS 2014 Uniatildeo de conheci-mento e Intercacircmbio multidisciplinar21 a 23082014GramadoRS Informaccedilotildees (51) 33391415 wwwsocergsorgbrcongresso2014

IV Congresso Brasileiro de Psicologia - Ciecircn-cia e Profissatildeo19 a 23112014Satildeo PauloSPwwwcienciaeprofissaocombr

Conferecircncia e Treinamento com a Psicoacuteloga Americana FELICIA CARROLL26 a 29112014Caxias do Sul RS Informaccedilotildees claudiatessarigmailcom wwwrecriarnetbr

Exibiccedilatildeo de filme8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoMorte em Venezardquo02072014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoUacuteltimo Tango Em Parisrdquo13082014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoCanccedilatildeo de Amorrdquo10092014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoAta-merdquo08102014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoO Livro de Cabeceirardquo12112014 Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

OficinaOficina de Produccedilatildeo Psicanaliacutetica e LiteraacuteriaSegundas ou quartas-feiras (6 encontros)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwpaulofernandomonteiroferrazblogspotcom

Agecircncia Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

Page 8: EntreLinhas nº 66

8 entre linhas | abr-mai-jun 2014

justiccedila

de encontro com os operadores de di-reito trabalhando a audiecircncia como uma inserccedilatildeo no simboacutelico ldquoEsse eacute o momento de retomar os fios esgarccedila-dos do laccedilo social que esse possa ser um retorno do adolescente a seu lugar de cidadatildeo e que antes de pagar com o corpo ele pode e deve pagar com palavras ou seja recobrir seus atos com palavrasrdquo acredita Mirela

Eduarda ressalta ser um equiacutevoco acreditar que o psicoacutelogo que trabalha inserido na instituiccedilatildeo de acolhimen-to deva restringir sua ligaccedilatildeo com a

Justiccedila a apenas responder agraves solici-taccedilotildees do poder judiciaacuterio ldquoO profis-sional comprometido com o seu fazer tem amplo conhecimento dos casos que acompanha e estaacute capacitado a posicionar-se criticamente em relaccedilatildeo a eles Eacute fundamental que perceba a importacircncia de seu papel e assuma seu protagonismo nesta rede natildeo agindo simplesmente quando solicitado mas propondo momentos de discussatildeo e reflexatildeo criacutetica O espaccedilo estaacute aberto basta ocupaacute-lo com responsabilidade competecircncia teacutecnica e iniciativardquo

Trabalho TransdisciplinarComo forma de minimizar os con-

flitos gerados na relaccedilatildeo com a Justiccedila Lindomar defende um trabalho trans-disciplinar como potecircncia para produzir diferenccedila tanto nas proacuteprias profissotildees quanto na vida de quem eacute atendido O trabalho em rede eacute visto como o caminho para garantia de direitos de crianccedilas ado-lescentes e idosos ldquoO ato de transdiscipli-narizar rompe com modelos hieraacuterquicos de saberes e setores Deste modo preci-samos estar juntos agrave educaccedilatildeo sauacutede assistecircncia social organizaccedilotildees natildeo go-vernamentais sempre prontos a escutar a diferenccedila afirmando-a notadamente naquilo que nos inquietardquo declara

Como exemplo desse trabalho transdisciplinar Lindomar descreve a parceria estabelecida com os pro-fissionais do Serviccedilo Social na Vara

de Infacircncia Juventude e Idoso da Comarca onde atua como psicoacutelogo produzindo relatoacuterios e pareceres teacutecnicos comuns sem uma delimita-ccedilatildeo especiacutefica das aacutereas ldquoA produccedilatildeo dos documentos se dava na delicade-za do encontro na intervenccedilatildeo Isto sempre se mostrou segundo nossa apreensatildeo potente Poreacutem a partir da Resoluccedilatildeo CFESS 5572009 que exige que o parecer social seja especi-ficado natildeo mais fazemos os pareceres conjuntos apenas os relatoacuterios e ao final sinalizamos o Parecer Psicoloacutegi-co e o Parecer Social os quais acabam por apresentar modos diferentes de apontar aquilo que fora produzido no transdisciplinarizar da intervenccedilatildeo A equipe se enriquece na diferenccedila de perspectivas disciplinares diversasrdquo

SAIBA MAISEntrelinhas nordm 39wwwcrprsorgbrentrelinhas39

Dissertaccedilatildeo de mestrado ldquo(Falecircncia familiar)+(Uso de drogas) = risco e periculosidade a naturalizaccedilatildeo juriacutedica e psicoloacutegica de jovens com medida de internaccedilatildeo compulsoacuteriardquo de Carolina dos Reis httpbitlydissertacao_carolina_reis

Artigo ldquoO carcereiro que haacute em noacutesrdquo de Edson Passeti publicado no livro do CRPRS rdquoEntre garantia de direitos e praacuteticas libertaacuteriasrdquowwwcrprsorgbrgarantiadireitos

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Escuta de crianccedilas e adolescentes na Justiccedila

Com relaccedilatildeo agrave escuta de crianccedilas e adolescentes na Justiccedila Lindomar Daroacutes esclarece que a praacutetica da Psi-cologia natildeo pode ser confundida com inquiriccedilatildeo ldquoA inquiriccedilatildeo diz de uma posiccedilatildeo no mundo que impotildee agravequele que eacute instado a falar dizer no tem-po de quem pergunta sem silecircncios pausas delongas ou reticecircncias Eu pergunto e vocecirc responde E responde aquilo que lhe pergunto sem maiores explicaccedilotildees caso eu natildeo lhe peccedila de-talhes Quanto agrave escuta diz de uma posiccedilatildeo daquele que se dispotildee a estar com o outro no tempo possiacutevel ao ou-tro para dizer em conformidade com sua demandardquo

Lindomar defende que a entra-da do psicoacutelogo no Poder Judiciaacute-rio deve ser pensada para produzir escuta jaacute que a inquiriccedilatildeo cabe aos operadores do Direito ldquoAo que pa-rece natildeo eacute a escuta que o Tribunal de Justiccedila nos requer mas a inqui-riccedilatildeo Afinal nossos relatoacuterios teacutec-nicos deixaram de ser considerados adequados pois natildeo eram suficien-tes para se condenar Assim dentro da estrutura do Poder Judiciaacuterio em termos macropoliacuteticos ndash o que natildeo re-trata a experiecircncia vivida pela nossa equipe especificamente ndash passaram a nos demandar outra intervenccedilatildeo

que natildeo a escuta psicoloacutegica mas a inquiriccedilatildeo uma lsquoescutarsquo produtora de provas suficiente para condenar Isto segundo minha anaacutelise diz natildeo apenas da escuta de crianccedilas mas de todos os jurisdicionados Cobram dos psicoacutelogos e tambeacutem dos as-sistentes sociais lsquodepoimentos sem danorsquo exames criminoloacutegicos parti-cipaccedilatildeo em comissotildees disciplinares nos presiacutedios Quando resistimos somos apontados como indisciplina-dos Talvez estejamos em boa com-panhia pois haacute notaacuteveis defensores da (in)disciplinardquo

Em 2005 o Conselho Federal de Psicologia iniciou o debate sobre a escuta de crianccedilas e adolescentes na Rede de Proteccedilatildeo Como resulta-do dessa discussatildeo foi publicada a Resoluccedilatildeo 0102010 que vedava ao psicoacutelogo o papel de inquiridor praacute-tica que ficou conhecida como Depoi-mento sem Dano no atendimento de Crianccedilas e Adolescentes em situaccedilatildeo de violecircncia Poreacutem a mesma foi sus-pensa apoacutes o questionamento judicial

A discussatildeo se ampliou para aleacutem do aspecto procedimental e passou-se a questionar se a mudanccedila de ambien-te e de estrateacutegia de fato reassegura direitos visto que coloca crianccedilas e adolescentes apenas como ldquoobjetordquo de

SAIBA MAISOrientaccedilotildees Teacutecnicas para os Serviccedilos de Acolhimento para Crianccedilas e Adolescentes publicaccedilatildeo do Conselho Nacional dos Direitos da Crianccedila e do Adolescente ndash CONANDA e do Conselho Nacional de Assistecircncia Social ndash CNAShttpbitlyorientacoes_CONANDA_CNAS

Publicaccedilatildeo do CFP ldquoA escuta de crianccedilas e adolescentes envolvidos em situaccedilatildeo de violecircncia e a rede de proteccedilatildeordquohttpbitlyescuta_criancas_adolescentes

Nota sobre Resoluccedilatildeo do CFP nordm 0102010httpbitlyresolucao010_2010

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justiccedila

produccedilatildeo de prova com vistas agrave res-ponsabilizaccedilatildeo do agressor

Haacute consenso entre os que repudiam e os que defendem a criaccedilatildeo de salas especiais para a realizaccedilatildeo do deno-minado ldquodepoimento sem danordquo ou ldquodepoimento especialrdquo de que eacute neces-saacuterio evitar a revitimizaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes que satildeo colocados em sucessivas situaccedilotildees de repeticcedilatildeo da

histoacuteria da violecircncia vivida ou presen-ciada Natildeo haacute consenso entretanto no entendimento de que a inquiriccedilatildeo natildeo seja revitimizante ou violadora de direi-tos mesmo em ambientes mais huma-nizados visto que seu uacutenico objetivo eacute a responsabilizaccedilatildeo do agressor

O CFP defende que natildeo eacute papel do psicoacutelogo realizar inquiriccedilatildeo monito-rado pelo juiz que lhe determina as

SAIBA MAISO V Conversando sobre a Psicologia e o SUAS em Caxias do Sul realizado em agosto de 2013 tratou das Relaccedilotildees com a Justiccedila Confira resumo das questotildees abordadas em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Leia entrevistas na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

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A experiecircncia do Nuacutecleo de Praacuteticas Juriacutedicas do Projeto de Atenccedilatildeo Ampliada agrave Sauacutede ndash PAAS

QUER AMPLIAR O DEBATE SOBRE O TEMA Participe das Comissotildees de Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica Poliacuteticas Puacuteblicas ou das atividades do CREPOP como o Conversando sobre a Psicologia e o SUAS Acompanhe a agenda de reuniotildees em wwwcrprsorgbrcomissoesegts

ENTRELINHAS RECOMENDA

Filme ldquoO Juiacutezordquo de Maria Augusta Ramos (2007)

Filme ldquoO Contador de Histoacuteriasrdquo de Luiz Villaccedila (2009)

Desenvolvido pela Unisinos o Projeto de Atenccedilatildeo Ampliada agrave Sauacute-

de (PAAS) atua de forma interdisciplinar atendendo agrave comunidade de

Satildeo Leopoldo e regiatildeo aleacutem de constituir-se como campo de estaacutegio

para os acadecircmicos O Nuacutecleo de Praacuteticas Juriacutedicas eacute o responsaacutevel

pela articulaccedilatildeo entre a Psicologia e as demandas do Judiciaacuterio Co-

nheccedila o Projeto acessando wwwcrprsorgbrentrelinhas66

perguntas a serem feitas agrave crianccedila e ao adolescente A inquiriccedilatildeo eacute um proce-dimento juriacutedico constitui-se em um interrogatoacuterio cujo objetivo eacute levantar dados para instruccedilatildeo de um processo judicial visando agrave produccedilatildeo de prova sendo as perguntas feitas agrave crianccedila e ao adolescente orientadas pelas neces-sidades do processo A escuta psicoloacute-gica caracteriza-se por ser uma relaccedilatildeo de cuidado acolhedora e natildeo invasi-va para a qual se requer a disposiccedilatildeo de escutar respeitando-se o tempo de elaboraccedilatildeo da situaccedilatildeo traumaacutetica as peculiaridades do momento do desen-volvimento e sobretudo visando a natildeo revitimizaccedilatildeo A escuta leva em conta a dimensatildeo subjetiva que tambeacutem deve ser considerada na perspectiva dos di-reitos humanos

Ao elaborar a Resoluccedilatildeo 0102010 o Conselho Federal defendia a neces-sidade da escuta sempre ser funda-mentada nos princiacutepios da proteccedilatildeo integral e da prioridade absoluta pre-vistos no ECA em decorrecircncia da si-tuaccedilatildeo peculiar de desenvolvimento em que se encontram crianccedilas e ado-lescentes na legislaccedilatildeo especiacutefica da profissatildeo e nos marcos teoacutericos teacutec-nicos e metodoloacutegicos da Psicologia como ciecircncia e profissatildeo

ldquoA derrubada da resoluccedilatildeo con-figura-se uma intromissatildeo no que diz respeito agrave capacidade teacutecnica dos conselhos de classe das profis-sotildees regulamentadas de dizerem dos limites eacutetico-teacutecnicos-poliacuteticos de suas respectivas profissotildeesrdquo afirma Lindomar

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Comissatildeo de Eacutetica

Uma urgecircncia coloca-se na relaccedilatildeo que se estabelece sem-pre mais intensa entre as praacute-ticas psicoloacutegicas e o campo juriacutedico Trata-se de trazer para a discussatildeo a dimensatildeo eacutetica do fazer psicoloacutegico colocando em pauta o modo pelo qual efetiva-mos essa relaccedilatildeo e os modos pe-los quais chegamos a instituir novas formas conceituais e pro-cedimentais tanto na produccedilatildeo do conhecimento psi como na atuaccedilatildeo profissional do psicoacutelo-go junto aos tracircmites judiciais Para comeccedilar este debate cabe nos perguntarmos como enten-demos essa dimensatildeo eacutetica

Pensamos que para muito aleacutem de estipular um ldquodever serrdquo nos modos de se produzir conhecimento e de se inserir nas praacuteticas profissionais esta-mos nos referindo agrave reflexatildeo e problematizaccedilatildeo das questotildees e temaacuteticas que nos assolam na contemporaneidade Tais ques-totildees nos levam em muacuteltiplos processos a nos constituirmos de uma determinada forma a sermos ndash sujeitos ndash deste ou da-quele modo ou ainda a sermos chamados e reconhecidos por esta ou aquela marca objetiva e subjetiva de identificaccedilatildeo Natildeo estamos portanto falando de regulamentos para conduzir

justiccedila

comportamentos ou ainda de procedimentos disciplinares relacionados a condutas acadecirc-micas e profissionais desvian-tes ou natildeo na elaboraccedilatildeo de suas atividades

Esse debate se refere tanto a uma identificaccedilatildeo profissio-nal ndash psicoacutelogo que nos coloca em uma multiplicidade de praacute-ticas relativas agrave subjetividade humana como tambeacutem agraves inuacute-meras formas de como somos designados objetivamente em nosso fazer tais como psicoacute-logo especialista na infacircncia ou psicoacutelogo perito judicial ou ainda psicoacutelogo especialis-ta em conflitos parentais e ao mesmo tempo perito em ava-liaccedilatildeo psicoloacutegica e assim por diante No intuito de dar conta das demandas que se formam nos processos poliacutetico-sociais contemporacircneos noacutes psicoacutelo-gos vamos nos organizando e predispondo dentro das possi-bilidades viaacuteveis e com o maior rigor eacutetico-profissional a con-templar tecnicamente o que nos convoca a partir do campo psicoloacutegico e da sociedade No entanto ao mesmo tempo que desenvolvemos um saber espe-ciacutefico no campo da Psicologia vamos produzindo verdades pelo estatuto cientiacutefico que ser-

vem aos mecanismos da Justiccedila para julgar punir e delimitar os merecedores desta ou daquela decisatildeo judicial ou ainda pe-nalidade descrita em lei Eacute dian-te destes enlaces entre as praacuteti-cas em Psicologia e o campo psicoloacutegico que mais uma vez afirmamos a indissociabilidade entre um fazer cientiacutefico e a sua dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ou en-tre ciecircncia e poliacutetica Fazemos sim uma Psicologia implicada nas questotildees sociais e poliacuteticas de nosso tempo entendendo que um embate poliacutetico aiacute se co-loca entre os campos em causa Psicologia e Judiciaacuterio

Sendo assim por que que-remos neste momento trazer a discussatildeo da dimensatildeo eacuteti-ca para a relaccedilatildeo das praacuteticas psicoloacutegicas no campo judiciaacute-rio Esta questatildeo nos convoca fortemente a partir da parti-cipaccedilatildeo na Comissatildeo de Eacutetica do CRPRS para o debate ao nos depararmos com a enor-me demanda de intervenccedilotildees consideradas como faltosas nos aspectos eacuteticos da atuaccedilatildeo profissional em situaccedilotildees que se relacionam com processos ou convocatoacuterias judiciais sejam elas no acircmbito familiar ou do direito administrativo das insti-tuiccedilotildees puacuteblicas

entre linhas | abr-mai-jun 2014 13

As denuacutencias que chegam agrave Comissatildeo de Eacutetica versam principalmente sobre ausecircn-cia de guarda de documentos e ausecircncia de realizaccedilatildeo de avaliaccedilatildeo psicoloacutegica na aacuterea do tracircnsito elaboraccedilatildeo de do-cumentos que extrapolam os limites teacutecnicos ou sem funda-mentaccedilatildeo teacutecnica utilizados no acircmbito judicial divulgaccedilatildeo de instrumentos natildeo reconhecidos na aacuterea da Psicologia obtenccedilatildeo de vantagens financeiras a par-tir de processo psicoteraacutepico

Eacute nesta inserccedilatildeo das praacuteti-cas psicoloacutegicas nas demandas que se fazem todos os dias que entendemos a importacircncia da dimensatildeo eacutetica Uma eacutetica que se vincula ao campo da refle-xatildeo a um pensamento atuan-te sobre os processos que nos subjetivam e nos convocam cotidianamente Logo eacute muito mais do que um tecnicismo--instrumental que se constitui para solucionar e legitimar as normatizaccedilotildees afirmadas em muitos processos entrelaccedila-dos no arranjo social Trata-se de uma eacutetica que coloca em questatildeo as formas pelas quais os sujeitos satildeo tomados como objeto em uma determinada relaccedilatildeo de conhecimento ndash o psicoloacutegico ndash e portanto em uma relaccedilatildeo de poder Estamos assim nos referindo agraves formas que determinamos enqua-dramos instituiacutemos e muitas

vezes ateacute legislamos sobre as relaccedilotildees que constituiacutemos na vida ou mais especificamente das formas que determinamos e instituiacutemos a partir de nossa atuaccedilatildeo profissional Este dizer este determinar este legislar passa pelo acircmbito do saber Sa-ber sobre algo saber sobre al-gueacutem Passa por um saber que diz como algueacutem pode ou natildeo se conduzir como pode ou natildeo se reconhecer como pode ou natildeo se comportar etc daiacute uma relaccedilatildeo de saber que tambeacutem se configura em jogos de poder

Abrir questotildees eacuteticas nesta discussatildeo implica em nos per-guntarmos como estatildeo se for-mulando as denuacutencias agrave Comis-satildeo de Eacutetica do CRPRS Em que processos e jogos de interesse se efetivam as intervenccedilotildees psico-loacutegicas consideradas faltosas Quando falamos em interven-ccedilatildeopraacutetica psicoloacutegica de que forma queremos encaminhaacute--las e sob que discursos eacutetico--poliacuteticos nos assentamos para legitimaacute-las Queremos uma atuaccedilatildeo disciplinadora e lega-lista na nossa profissatildeo e na so-ciedade O que queremos com esse processo Quais os efeitos que esperamos que se produ-zam a partir dessa intervenccedilatildeo moral O que faz com que o profissional natildeo produza uma reflexatildeo eacutetica diante do seu co-tidiano de trabalho Queremos uma atuaccedilatildeointervenccedilatildeo que

controle e puna os que escapam aos ditames dos coacutedigos que noacutes mesmos estabelecemos ou seja uma intervenccedilatildeo moral so-bre os psicoacutelogos que desconsi-deraram a reflexatildeo eacutetica em seu proacuteprio fazer Eacute imprescindiacutevel perguntarmo-nos se as nossas produccedilotildees acadecircmicas e profis-sionais estatildeo privilegiando um pensamento criacutetico problema-tizador e abrangente sobre os modos que nos constituiacutemos na sociedade Urge analisarmos como se produzem os efeitos de nossas produccedilotildees acadecircmicas e profissionais em noacutes mesmos com aqueles que nos relacio-namos e com a sociedade em geral Eacute sobre esta relaccedilatildeo de um conhecimento implicado politicamente atuante produ-to e efeito de nossa experiecircncia na vida que estamos falando aqui Falamos aqui de uma re-laccedilatildeo pensada e constituiacuteda na liberdade e natildeo pela lei ou seja na reflexatildeo eacutetica que se faz em muacuteltiplas formas de pensar e experimentar a vida Trata-se de uma discussatildeo aberta e sem-pre a se fazer

Zuleika Koumlhler GonzalesConselheira integrante da Comissatildeo de Eacutetica do CRPRSCRP 078721

14 entre linhas | abr-mai-jun 2014

justiccedila

Medida Socioeducativa entre A amp Z

Organizado pelas equipes do Nuacutecleo de Extensatildeo do Pro-grama Interdepartamental de Praacuteticas com Adolescentes e Jo-vens em Conflito com a Lei (PIPA) da UFRGS o livro ldquoMedida Socioeducativa entre A amp Zrdquo surgiu a partir da experiecircncia de profissionais de Psicologia Direito e Educaccedilatildeo com as praacuteticas direcionadas ao puacuteblico adoles-cente que cumpre medida socioeducativa sendo financiado pelo Edital Nacional da Poliacutetica de Extensatildeo (ProextMec2013)

A obra atende agrave linha temaacutetica ldquoeducaccedilatildeo e direitos humanosrdquo desta Poliacutetica de Extensatildeo com vistas agrave elaboraccedilatildeo de material didaacutetico-pedagoacutegico para contribuir em accedilotildees de formaccedilatildeo no atendimento educacional de adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas Apre-senta um glossaacuterio conjunto de verbetes das medidas socioeducativas escritos ldquomenos para dar conta da descriccedilatildeo teacutecnica de termos que designam a vida de adolescentes e de seus atos infra-cionais mais para fazer de vozes solitaacuterias que lutam pela poliacutetica da garantia de direitos de adolescentes uma escrita que pode vir a ser a audiccedilatildeo de muitosrdquo conforme descreve a psicoacuteloga e professora Gislei Domingas R Lazzarotto integrante da equipe organizadora da obra

Confira trechos da definiccedilatildeo de alguns verbetes apresentados na publicaccedilatildeo

Ato Infracional (Carmem Maria Craidy pedago-ga doutora em Educa-

ccedilatildeo) ndash ldquoO que pode parecer um detalhe tem alto significado o adolescente deveraacute ser tratado a partir de sua condiccedilatildeo como pessoa em desenvolvimento com possibilidades muacuteltiplas e natildeo simplesmente a partir do ato in-fracional que tiver cometido Ele natildeo eacute o ato que cometeu e mes-mo se for responsabilizado pelo mesmo deveraacute ser visto e tratado para aleacutem delerdquo

Conselho Tutelar (Este-la Scheinvar socioacuteloga doutora em Educaccedilatildeo)

ndash ldquoSob a loacutegica do direito o dis-tanciamento de um padratildeo eacute um delito que tem que ser julgado sentenciado e punido Natildeo ve-mos todos os setores da socie-dade frequentarem o conselho tutelar e os que laacute vatildeo se carac-terizam sobretudo por natildeo po-derem decidir como fazer a sua vida sendo submetidos a conse-lhos que ressoam como sentenccedilas a serem cumpridasrdquo

Brete (BF e JMG) ndash ldquoNatildeo eacute um quarto Eacute um quadrado Ele tem uma porta de ferro

toda gradeada Jaacute vem com as jegas mas eacute soacute isso que tem dentro A pa-rede eacute toda escrita todo mundo co-loca o nome laacute Dizem que se tu es-crever teu nome chama de volta e tu cai de novo mas isso eacute supersticcedilatildeo A porta se chama portiola Dentro de um lsquobretersquo cabe no maacuteximo 8 gu-ris mas depende tem uns que eacute de 3 Tem janela mas nem passa o dedo do cara pra pegar um vento E no ca-lor Todo mundo se abana melhor eacute dormir no piso que eacute mais geladordquo

Mais informaccedilotildees sobre a obra pelo e-mail ppscufrgsbr

entre linhas | jan-fev-mar 2014 15

Consultoria Organizacional como Dispositivo Cliacutenico

Saindo dos limites que a praacutetica tradi-cional em muitas situaccedilotildees nos impotildee quis experimentar uma outra praacutetica um outro olhar uma outra postura dentro das organi-zaccedilotildees a de ser uma consultora analista Foi entatildeo que busquei os referenciais da psico-logia social e institucional e da filosofia da diferenccedila com o intuito de analisar inter-rogar lanccedilar perguntas experimentar uma outra forma de fazer Psicologia Apresento trecircs recortes que exemplificam essa praacutetica

Numa empresa de grande porte natildeo existia RH apenas Departamento Pessoal em seu aspecto mais antigo sem nenhuma forma de integraccedilatildeo de novos funcionaacuterios Realizei entatildeo um projeto de estruturaccedilatildeo da aacuterea de RH Foi um trabalho grandioso meses de reuniotildees com a diretoria chefia do DP outras pessoas envolvidas dentro da ma-triz e ateacute das filiais que emperrou na execu-ccedilatildeo do ldquomanual de integraccedilatildeordquo na parte que se propunha contar alguns fatos que mar-caram a histoacuteria da organizaccedilatildeo Quando percebi essa dificuldade comecei a realizar entrevistas com uma das diretoras que se apresentava com maior abertura para aquela proposta Realizamos um processo de histo-rizaccedilatildeo da empresa em que apareceram fa-tos de dissoluccedilatildeo de sociedade e outras his-toacuterias de famiacutelia que natildeo poderiam aparecer naquele informativo A partir daiacute o manual pocircde ser concluiacutedo Essa diretora assumiu a aacuterea de RH que tomou outro rumo dentro do funcionamento da organizaccedilatildeo

Dois empresaacuterios que competiam mui-to entre si numa empresa de pequeno por-te queriam que todos que conviviam com eles assumissem o lado de um ou de outro

Realizei um trabalho individual de auto-conhecimento e grupal voltado ao resgate da histoacuteria da empresa a conscientizaccedilatildeo de que a competitividade seria mais eficaz se fosse voltada para o mercado Jaacute no iniacutecio do trabalho comeccedilaram a delimitar o espaccedilo de cada um A relaccedilatildeo de desconfianccedila que havia com os funcionaacuterios tambeacutem mudou

Jaacute numa empresa de meacutedio porte com uma boa estrutura fiacutesica as pessoas estavam completamente desintegradas Os setores funcionavam de forma independente nun-ca realizavam reuniotildees e natildeo se conheciam o que acarretava diversos problemas Apoacutes a devoluccedilatildeo do diagnoacutestico e a realizaccedilatildeo de um plano de accedilatildeo comecei um trabalho com o grupo de gerentes e paralelamente com o empresaacuterio Com o grupo realizei ati-vidades de autogestatildeo autodiagnoacutestico da organizaccedilatildeo e busca de soluccedilotildees para os pro-blemas levantados Foi tambeacutem realizado um trabalho individual com cada gerente Com o empresaacuterio foi trabalhada sua forma de gestatildeo centralizadora sem espaccedilo para os gerentes atuarem e o que isso gerava para os resultados organizacionais Os gerentes con-quistaram um espaccedilo que antes natildeo havia e o que eles propuseram pocircde ser implantado

Nos exemplos citados a consultoria se propocircs a gerar consciecircncia e aprendizagem dos processos que estavam ali em jogo fa-zendo com que as pessoas se apropriassem do conhecimento e do resultado que ia sendo gerado Essa forma de intervenccedilatildeo abre no campo da Psicologia um outro lugar para o psicoacutelogo no mundo do trabalho convocan-do a cliacutenica para o universo laboral ao inveacutes de alimentar a segmentaccedilatildeo deste

relato de experiecircncia

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOA Comissatildeo de Orientaccedilatildeo e Fiscalizaccedilatildeo vem provendo encontros com psicoacutelogos que atuam na aacuterea da Psicologia Organizacional e do Trabalho Fique atento agrave programaccedilatildeo divulgada em nosso site wwwcrprsorgbr e participe

PARTICIPE Envie seu Relato de Experiecircncia para imprensacrprsorgbr

Confira esse relato na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Miriam Corso Minotto Psicoacuteloga Organizacional assessora em desenvolvimento de Recursos Humanos Eacute coordenadora do GT Psicologia do Trabalho participa GT de Histoacuteria e da Comissatildeo Gestora da Subsede Serra do CRPRS

16 entre linhas | abr-mai-jun 2014

entrevista

Em eacutepoca de Copa do Mundo o CRPRS propotildee um debate sobre as diferentes inserccedilotildees da Psicologia no Esporte A proposta eacute discutir lugares e funccedilotildees que os profissionais tecircm assumido e podem assumir neste campo considerando a complexidade das relaccedilotildees estabelecidas entre esportistas familiares instituiccedilotildees de ensino esportivas filantroacutepicas grandes empresas e demais atores sociais envolvidos nesse cenaacuterio O CRPRS convidou quatro profissionais da aacuterea para debater o tema e reproduz aqui no EntreLinhas trechos dessa conversa

Que contribuiccedilotildees a Psicologia do Es-porte traz em suas diferentes aacutereas de atuaccedilatildeo para a sociedade de uma forma geral Benno Becker Jr ndash O trabalho de esporte de alto rendimento eacute o que en-volve mais dinheiro lembrando que satildeo os atletas de alto niacutevel que estatildeo na vitrine e datildeo visibilidade ao espor-

te e consequentemente incentivam a praacutetica esportiva O esporte deve ser trabalhado com toda a sociedade de jovens a idosos como forma de pre-venccedilatildeo de problemas como ansiedade e depressatildeo Quando feito com ade-quaccedilatildeo acredito que o esporte seja o melhor remeacutedio para combater a de-pressatildeo por exemplo

Leia o artigo ldquoA Psicologia do Esporte e do Exerciacutecio para aleacutem da otimizaccedilatildeo da performance atleacuteticardquo produzido por Marcos Daou docente do curso de Psicologia da Unifra mestre em Psicologia graduado em Psicologia e Educaccedilatildeo Fiacutesica em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Acesse wwwcrprsorgbrentrelinhas66 e confira depoimentos gravados nesse encontro e versatildeo estendida da entrevista

Psicologia e Esporte

entre linhas | abr-mai-jun 2014 17

Benno Becker Jr Graduado em Psicologia e em Educaccedilatildeo Fiacutesica mestre em Pedagogia pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul e doutor em Psicologia ndash Universidade de Barcelona Tem diversas publicaccedilotildees na aacuterea wwwbennopsicoesportecombr

Cassiano Pires Psicoacutelogo chefe do departamento de psicologia do projeto social WimBelemDon Tiacutetulo de Master em Psicologia do Esporte e atividade fiacutesica pela Universidade Autocircnoma de Barcelona

Maacutercia Pilla do VallePsicoacuteloga mestre em Psicologia Social e da Personalidade pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul psicoacuteloga membro da ABRAPESP psicoacuteloga esportiva do IGT ndash Instituto Gauacutecho de Tecircnis

Vanessa Rodrigues AlvesPsicoacuteloga especialista em Psicologia do Esporte e Exerciacutecio Fiacutesico e em Sociopsicodrama Eacute professora de Psicologia da Atividade Fiacutesica e do Esporte na Faculdade Sogipa de Educaccedilatildeo Fiacutesica

Cassiano Pires ndash Temos que traba-lhar a importacircncia do esporte no bem estar e na sauacutede da populaccedilatildeo em ge-ral Infelizmente ainda vemos muito crianccedilas ou jovens que por natildeo terem habilidade motricidade ou fiacutesico para atingir um alto niacutevel de rendimento acabarem abandonando a praacutetica por serem mal assessoradas O trabalho com atletas de alto rendimento eacute im-portante mas acredito que o fim do esporte natildeo pode ser soacute o esporte em si deve ser o crescimento e o bem es-tar da pessoa a criaccedilatildeo de habilidades sociais e competecircncias e o desenvolvi-mento da autoestima Diversos desa-fios podem ser vencidos por meio do esporte por isso temos que comeccedilar a tirar o esporte da aacuterea de Turismo e Lazer e comeccedilar a pensaacute-lo na aacuterea de Sauacutede Isso mudaria completamente sua importacircncia e seu sentido para a vida da pessoa Maacutercia Pilla do Valle ndash Haacute uma seacuterie de possibilidades de atuaccedilatildeo para o Psicoacutelogo do Esporte e o campo que atualmente estaacute aberto eacute o que envolve projetos sociais e questotildees ligadas agrave sauacutede e ao espor-te como atividade fiacutesica e natildeo neces-sariamente competitiva Vanessa Rodrigues Alves ndash A Psicologia do Esporte eacute muito abrangente mas ainda se trabalha em poucas aacutereas Poderiacuteamos traba-lhar em instituiccedilotildees como a Susepe a Fase com a educaccedilatildeo em lar de idosos por exemplo

Em que condiccedilotildees se datildeo essas praacute-ticas considerando que muitas ve-zes haacute a pressatildeo de clubes atletas empresaacuterios miacutedia e ateacute da proacutepria sociedade pelo alto rendimento do atleta Ao desenvolver sua praacutetica o psicoacutelogo do esporte estaacute a serviccedilo de quem Maacutercia Pilla do Valle ndash Quando trabalhamos com esporte de alto ren-dimento o limiar entre sauacutede e pato-loacutegico eacute bem tecircnue principalmente em modalidades precoces como a ginaacutes-tica artiacutestica ou a nataccedilatildeo por exem-plo em que tudo acontece muito cedo e a carreira eacute muito curta Temos que trabalhar para que esse processo no qual os atletas jaacute estatildeo inseridos seja o mais saudaacutevel possiacutevel melhorar a relaccedilatildeo da comunicaccedilatildeo do teacutecnico com o atleta e criar um ambiente mo-tivador Tambeacutem eacute preciso avaliar se essa eacute uma vontade do proacuteprio atleta ou se eacute um desejo dos pais que veem no esporte a possibilidade de ascender socialmente de alguma forma Pensan-do nesse contexto devemos estar a ser-viccedilo do atleta e de todas as pessoas que estatildeo envolvidas nesse processo Vanessa Rodrigues Alves ndash A gran-de diferenccedila de nosso trabalho eacute que precisamos ir ateacute as pessoas e saber trabalhar em equipe O profissional que atua nessa aacuterea tem que ter a dis-ponibilidade para querer aprender pois natildeo ficamos em uma salinha es-perando as pessoas temos que ir ao encontro delas

18 entre linhas | abr-mai-jun 2014

Quais os principais desafios e dile-mas eacuteticos enfrentados pelo psicoacutelo-go do esporte Benno Becker Jr ndash O profissional que comeccedila a trabalhar com alto ren-dimento chega acreditando que iraacute de-terminar o seu tempo de trabalho com os atletas e natildeo eacute isso o que acontece O psicoacutelogo do esporte precisa aprovei-tar cada minuto cada intervalo do trei-no Esse eacute o grande desafio Uma boa estrateacutegia de inserccedilatildeo para o psicoacutelogo do esporte eacute ficar proacuteximo ao treina-dor e ao preparador fiacutesico buscando melhorar a comunicaccedilatildeo dele com o atleta estabelecendo uma relaccedilatildeo de transparecircncia Cassiano Pires ndash Temos que saber usar o nosso tempo no dia a dia do atleta Eu trabalho no Projeto WinBe-lemDon na cancha de boneacute do lado do atleta e realmente a gente sofre muito por natildeo ter um tempo exclusi-vo Eacute preciso ser criativo e aproveitar os espaccedilos conversando com o teacutecni-co e o instrumentalizando O psicoacutelo-go precisa estabelecer viacutenculo com a equipe e transmitir a ideia de que faz parte dela Vanessa Rodrigues Alves ndash Tenho que procurar fazer o melhor dentro das minhas possibilidades Vivi um di-lema eacutetico quando o treinador queria ver os resultados dos testes sociomeacute-tricos pedindo para que mostrasse o sociograma das relaccedilotildees e o grupo natildeo liberou isso Ele precisava ver de for-ma mais concreta como estava a rela-

ccedilatildeo com o grupo e eu natildeo podia liberar esse resultado Maacutercia Pilla do Valle ndash Em um clube onde trabalhava encaminhei a uma colega uma menina que vivia uma situaccedilatildeo familiar bem pontual e precisava de atendimento cliacutenico A psicoacuteloga me ligou questionando sobre a rotina de treino argumentan-do que a menina precisava de tempo para brincar e ter outras atividades Foi aiacute que me dei conta que para mim aquilo jaacute era normal vi como eu estava capturada pela cultura es-portiva pois aquilo jaacute natildeo me causa-va mais nenhum incocircmodo Poreacutem percebi que o que estava em questatildeo natildeo era a continuidade dela ou natildeo na ginaacutestica o que precisa ser visto era o lado emocional com relaccedilatildeo a um problema familiar pontual Pela minha identidade cliacutenica muito forte sempre digo que antes de ser psicoacute-loga do esporte eu sou psicoacuteloga e para tomar qualquer decisatildeo preciso estar muito bem comigo mesma e tra-balhar com o seguinte tripeacute conheci-mento teacutecnico (natildeo podemos nunca parar de estudar e de se aprimorar) a supervisatildeo ou a troca com os colegas e o tratamento pessoal

A proximidade de megaeventos no Brasil como a Copa do Mundo e Olimpiacuteadas estaacute ampliando o campo de atuaccedilatildeo da Psicologia do Esporte De que forma vocecircs profissionais da aacuterea estatildeo vendo esses eventos

entrevista

SAIBA MAISConheccedila o Projeto WimBelemDonwwwwimbelemdoncombr

Artigo ldquoA produccedilatildeo de Diferenccedilas pelo esporterdquo de Maacutercia Pilla do Valle httpbitlyproducao_de_diferencas

Artigo ldquoO Esporte de Alto Rendimento Produccedilatildeo de Atletas no Contemporacircneordquo de Maacutercia Pilla do Vallehttpbitlyesporte_alto_rendimento

Artigo ldquoPsicologia do Esporte no contexto do Sistema Conselhosrdquo de Mocircnica drsquoFaacutetima Freires da Silvahttpbitlyesporte_sistema_conselhos

Artigo ldquoEacutetica e Compromisso Social na Psicologia do Esporterdquo de Katia Rubiohttpbitlyetica_compromisso_social

Associaccedilatildeo Brasileira de Psicologia do Esporte ndash ABRAPESP wwwabrapesporgbr

entre linhas | abr-mai-jun 2014 19

Considerando isso como a Psicologia do Esporte lida com a questatildeo da es-petacularizaccedilatildeo do esporte Benno Becker Jr ndash Acredito que a Copa do Mundo pode ser muito posi-tiva para a Psicologia do Esporte pois deixaraacute a sensaccedilatildeo de que algo ficou faltando de que a Psicologia poderia ter sido mais envolvida nessa organi-zaccedilatildeo Precisamos mostrar que os psi-coacutelogos do esporte estatildeo agrave disposiccedilatildeo natildeo soacute dos atletas mas da populaccedilatildeo em geral tambeacutem Maacutercia Pilla do Valle ndash Muitas vezes nossa participaccedilatildeo nessa espe-tacularizaccedilatildeo gerada pela miacutedia nos gera um dilema eacutetico Geralmente os jornalistas buscam respostas objetivas querem saber do psicoacutelogo se a equipe ou o atleta ldquoamarelourdquo de fato e natildeo haacute como responder isso Isso acaba abrin-do espaccedilo para a opiniatildeo e manifesta-ccedilatildeo sobre o desempenho das equipes de outros profissionais que assumem o papel de motivadores e criacuteticos Cassiano Pires ndash Eacute importante sa-ber aproveitar o espaccedilo na miacutedia para mostrar a importacircncia do esporte Sabe-mos que poucas coisas ficam de heran-ccedila desses grandes eventos Entatildeo que possamos contribuir para o iniacutecio de uma cultura do esporte mais humani-zada Mostrar que tem muito psicoacutelogo trabalhando e se qualificando e orientar a imprensa sobre esse trabalho Esses grandes eventos demandam uma aten-ccedilatildeo de todas as aacutereas do esporte para que num futuro a sociedade consiga

ver o esporte como algo menos ldquofurio-sordquo com briga disputa morte e mais como uma atividade de lazer Com re-laccedilatildeo aos problemas sociais que surgem devido a esses eventos devemos estar atentos para dar o suporte que as pesso-as envolvidas nisso precisam Para isso as equipes locais que estatildeo organizando a Copa do Mundo por exemplo deve-riam contar com psicoacutelogos Vocecirc acredita que o Esporte pode ser-vir como um meio de garantia dos di-reitos humanos Maacutercia Pilla do Valle ndash Eacute importan-te natildeo pensar o esporte somente como uma atividade de alto rendimento O psicoacutelogo natildeo pode colocar sua praacutetica apenas a serviccedilo do rendimento Te-mos o papel de minimizar sofrimento Busco em minha inserccedilatildeo dentro dos clubes como psicoacuteloga mudar isso e contribuir para tornar o ambiente mais agradaacutevel proporcionando melhores condiccedilotildees da praacutetica esportiva Cassiano Pires ndash Temos que pensar no esporte como algo importante para a inclusatildeo Quando estatildeo praticando esporte as diferenccedilas natildeo existem to-dos satildeo iguais Crianccedilas que fora desse contexto vivem realidades bem dife-rentes (um mora numa casa de muitos andares o outro em uma casa de chatildeo batido por exemplo) quando estatildeo em quadra jogam de igual para igual O esporte nesse sentido eacute muito iguala-dor tem uma questatildeo de inclusatildeo nata que eacute muito legal e temos que saber aproveitar isso

TIacuteTULO DE ESPECIALISTAO tiacutetulo de especialista do CFP eacute concedido por conclusatildeo de curso de especializaccedilatildeo credenciado pelo CFP ou aprovaccedilatildeo em concurso de provas e tiacutetulos promovido periodicamente pelo CFP comprovando experiecircncia profissional de pelo menos 2 anos na aacuterea pretendidawwwcfporgbr

PARTICIPE DAS DISCUSSOtildeES NO CRPRSQuer propor a discussatildeo desse tema Participe das reuniotildees das Comissotildees de Poliacuteticas Puacuteblicas e Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica

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formaccedilatildeo

10 anos do curriacuteculo amplo o que de fato mudou na formaccedilatildeo do psicoacutelogo

Haacute 10 anos tinha iniacutecio um signi-ficativo processo de mudanccedilas na for-maccedilatildeo do psicoacutelogo com as alteraccedilotildees propostas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) de 2004 Sem distin-ccedilatildeo de habilitaccedilotildees diferentes a forma-ccedilatildeo do psicoacutelogo passou a ser ampla incluindo um nuacutecleo comum estaacutegios baacutesicos estaacutegios especiacuteficos ecircnfases curriculares articulaccedilatildeo de competecircn-cias baacutesicas e dos eixos estruturantes e refinamento das propostas de estaacutegios especiacuteficos Em 2011 a nova DCN man-teve as alteraccedilotildees de 2004 instituindo aleacutem dessas um projeto de formaccedilatildeo complementar para o professor de Psi-cologia em seu 13ordm artigo

Para a Associaccedilatildeo Brasileira de Ensino de Psicologia (ABEP) as ecircnfa-ses curriculares ndash que consistem em um recorte de um conjunto de fazeres (competecircncias) jaacute presentes no nuacutecleo comum concentradas em determina-do conjunto de atividades ndash podem ser consideradas uma forma de atender agrave formaccedilatildeo generalista sem cair no risco da superficialidade Cada curso tem a possibilidade de definir seus encadea-mentos prioritaacuterios independentemen-te das abordagens utilizadas

O CRPRS vem debatendo na Co-missatildeo de Formaccedilatildeo os desafios impli-cados em trabalhar a formaccedilatildeo ampla e ao mesmo tempo respeitar a exigecircncias

das ecircnfases curriculares que culminam na realizaccedilatildeo dos estaacutegios especiacuteficos

A coordenadora da Comissatildeo de Gra-duaccedilatildeo da Psicologia da UFRGS Paula Sandrine Machado lembra que o proces-so de adequaccedilatildeo e renovaccedilatildeo dos proje-tos pedagoacutegicos produziu em muitos cursos certos movimentos interessantes de avaliaccedilatildeo e de discussatildeo sobre o pro-fissional que se quer formar o contexto da Psicologia as competecircncias gerais que a formaccedilatildeo busca contemplar e as espe-cificidades de cada curso A abrangecircncia das diretrizes poreacutem aponta tanto para um profissional capaz de ldquofazer tudordquo quanto para um profissional que precisa saber algumas coisas baacutesicas para poder atuar em diferentes contextos

Para as coordenadoras de curso e de estaacutegio da Unisinos Rosana Cecchini de Castro e Maria Elisabeth Selbach o nuacute-cleo comum as competecircncias baacutesicas e os eixos estruturantes preconizados pe-las DCN tecircm possibilitado uma visatildeo abrangente e plural das muacuteltiplas pers-pectivas e possibilidades de intervenccedilatildeo para o futuro profissional da Psicologia ldquoAs ecircnfases podem ter foco no mercado de trabalho mas natildeo podem se desvin-cular da formaccedilatildeo como um todo sob pena de se tornarem especialidadesrdquo salientam as coordenadoras

Com o objetivo de evitar a especiali-zaccedilatildeo na formaccedilatildeo muitas instituiccedilotildees

Leia os depoimentos dos coordenadores dos cursos de Psicologia na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Resoluccedilatildeo nordm 05 de 15 de marccedilo de 2011 disponiacutevel em httpbitlyDCN2011

ABEPSIwwwabepsiorgbr

SAIBA MAIS Veja o histoacuterico das DCNs em httpbitlyABEP_DCNs

Publicaccedilatildeo do CFP ldquoContribuiccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia agrave discussatildeo sobre a formaccedilatildeo da(o) psicoacuteloga(o)rdquo httpbitlyCFP_Formacao

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de ensino trabalham com a proposta de ecircnfase como aprofundamento de estudo daquilo que jaacute foi contemplado na forma-ccedilatildeo geral do curriacuteculo

Na Univates por exemplo primei-ramente as ecircnfases ocorriam a partir do seacutetimo semestre o que prejudicava a formaccedilatildeo generalista uma vez que os estudos e disciplinas direcionavam para conteuacutedos muito especiacuteficos ldquoAl-teramos para as ecircnfases no uacuteltimo ano do curso Essa mudanccedila trouxe maior conhecimento aos estudantes da proacute-pria atuaccedilatildeo nos mais variados espa-ccedilosrdquo explica a coordenadora do curso de Psicologia da Univates Ana Lucia Bender Pereira

A preocupaccedilatildeo em preparar e for-mar o estudante para o mercado de trabalho eacute apontada pela coordenado-ra da Fisma Baacuterbara Maria Barbosa Silva Segundo ela a formaccedilatildeo pelas universidades natildeo estaacute em concordacircn-cia com a atuaccedilatildeo profissional ldquoIsso se

expressa quando na inserccedilatildeo dos alu-nos nos campos de praacuteticas e estaacutegios visualizamos a negaccedilatildeo ou negligecircncia de muitos campos de atuaccedilatildeo do Psi-coacutelogo para a formaccedilatildeo de alunosrdquo de-clara Baacuterbara Uma estrateacutegia adotada para dar conta dessa demanda eacute criar dentro da proacutepria instituiccedilatildeo de ensi-no espaccedilos destinados a execuccedilatildeo das praacuteticas e estaacutegios

Para o subcoordenador do curso da UNISC Jerto Cardoso da Silva as DCN devem ser pensadas democrati-camente e natildeo de forma autocraacutetica ldquoAs diretrizes devem ser propostas a partir das inquietaccedilotildees dos cursos e construiacutedas com elesrdquo Para ele os cur-sos devem estar atentos ao mercado de trabalho mas natildeo devem ser apenas pautados por ele pois trabalham na formaccedilatildeo de profissionais criacuteticos ou seja que podem ingressar no mercado mas tambeacutem transformaacute-lo e propor novas aacutereas de atuaccedilatildeo

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer ampliar a discussatildeo do tema Participe das reuniotildees ampliadas da Comissatildeo de Formaccedilatildeo Acompanhe a agenda pelo site wwwcrprsorgbrcomissoesegts

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artigo

A formaccedilatildeo em psicologia e a psicologia em formaccedilatildeo

Em pesquisa realizada na deacutecada de 80 sobre a formaccedilatildeo de psicoacutelogos com estudantes do curso de graduaccedilatildeo da Uni-versidade Federal Fluminense (UFF) Luis Antonio Baptista percebeu que ela se de-senvolvia em paralelo ao que se passava agrave sua volta Era uma formaccedilatildeo que pouco incluiacutea as questotildees entatildeo contemporacircneas da sociedade brasileira e tampouco sua histoacuteria (BAPTISTA 2000)

Jaacute nos anos 2000 em nossa experiecircn-cia de formaccedilatildeo no curso de graduaccedilatildeo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) o ldquomundo laacute forardquo parecia fazer-se bastante presente na universidade E era um mundo que se dizia em transformaccedilatildeo

Como natildeo poderia ser diferente em um mundo muacuteltiplo e em uma profissatildeo que vem se autodenominando plural o proje-to de psicologia almejado para a formaccedilatildeo contemporacircnea de psicoacutelogos natildeo era uno De um lado havia o projeto de se alcanccedilar uma psicologia verdadeiramente cientiacutefica e rigorosa contra aquelas praacuteticas profis-sionais calcadas no senso comum De ou-tro a esperanccedila de se alcanccedilar uma psico-logia eacutetica e com compromisso social que passaria justamente pela superaccedilatildeo da psicologia cientificista pois que compro-metida com o modelo neoliberal de socie-dade De um lado a defesa de um modelo de formaccedilatildeo por competecircncias De outro sua criacutetica De um lado modos ditos claacutes-sicos de conhecer De outro aqueles tidos como completamente inovadores

Luiz Claudio Mendonccedila Figueiredo relaciona o ldquoestado um tanto caoacutetico e ine-vitavelmente desarticulado de qualquer curriacuteculo de formaccedilatildeo em psicologiardquo (FI-

GUEIREDO 2009 p17) agraves condiccedilotildees histoacute-ricas desse campo cientiacutefico e profissional indicando o estudo da histoacuteria da psicologia como forma de compreender e transformar essa realidade Gostariacuteamos de apontar tam-beacutem um sentido inverso o estudo desses processos de formaccedilatildeo caoacuteticos e desarticu-lados para compreender a psicologia que te-mos e que vimos produzindo historicamen-te A formaccedilatildeo em psicologia expressando ela mesma uma psicologia em formaccedilatildeo

Essa inversatildeo constituiu nossa pesqui-sa de mestrado (ARALDI 2012) a qual tomando como ponto de partida os impas-ses dilemas e controveacutersias que permeiam as experiecircncias de psicoacutelogos em forma-ccedilatildeo encontrou algumas vias possiacuteveis de se colocar e se recolocar o problema do conhecer e do conhecimento psi Partimos de um dispositivo metodoloacutegico que ins-tigava os estudantes participantes todos da graduaccedilatildeo em psicologia da UFRGS a descreverem e analisarem coletivamente o que faziam nas diferentes praacuteticas de for-maccedilatildeo fossem elas curriculares (de estu-dos leitura pesquisa extensatildeo estaacutegio) ou informais (conversas de corredores ex-periecircncias no Diretoacuterio Acadecircmico etc)

As distinccedilotildees dos estudantes entraram em diaacutelogo com autores do campo dos estu-dos da cogniccedilatildeo e do conhecimento (Kastrup Varela Maturana Latour) que tecircm questio-nado uma forma bastante corrente ao menos nas sociedades ocidentais de se conceber o conhecer e o conhecimento enquanto repre-sentaccedilatildeo efetivada por uma mente indivi-dual de um mundo preacute-existente agrave accedilatildeo do conhecedor O que isso significa Fundamen-talmente implica separar e situar como es-

Etiane AraldiPsicoacuteloga (UFRGS) Mestre em Psicologia Social e Institucional (UFRGS) Analista de Poliacuteticas Sociais na Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo do SUS (PNH) Ministeacuterio da Sauacutede

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secircncias de um lado um sujeito que conhece e de outro um mundo que se daacute a conhecer

As experiecircncias de formaccedilatildeo dos estu-dantes pesquisados sugerem que tal concep-ccedilatildeo de conhecimento tem marcado sobre-maneira o campo psi a comeccedilar pelo modo como os psicoacutelogos se relacionam com o tema das diferentes psicologias as escolas e escolhas teoacutericas Dada a ambiguidade do objeto e da teacutecnica do psicoacutelogo somada agrave divisatildeo do campo entre diferentes psicolo-gias cada qual com concepccedilotildees epistemo-loacutegicas e metodoloacutegicas especiacuteficas acostu-mou-se a aceitar que a teoria eacute a praacutetica do psicoacutelogo sendo os conceitos ferramentas de trabalho e a escolha teoacuterica um passo neces-saacuterio para que o profissional se constitua enquanto tal e para que suas intervenccedilotildees sejam legitimamente designadas psi

Na esteira dessa ideia supotildee-se que as praacuteticas de um psicoacutelogo psicanalista por exemplo possam ser deduzidas diretamen-te da teoria psicanaliacutetica sendo o trabalho do psicoacutelogo em determinada contingecircncia comumente descrito segundo as teorias que supostamente lhe dariam sustentaccedilatildeo

Em nossa pesquisa observamos que tal loacutegica produz a teoria e a praacutetica como domiacutenios de accedilatildeo muito diferentes nessa profissatildeo sendo o trabalho psi dado o seu forte componente relacional entendido em uma dimensatildeo incorporada um co-nhecimento de ldquoorganismordquo que ldquose sen-te na carnerdquo (conforme verbalizaccedilotildees dos estudantes) em contraposiccedilatildeo com o fazer acadecircmico tomado como essencialmente analiacutetico reflexivo ldquoruminanterdquo parecen-do inclusive que o estaacutegio natildeo compunha o curriacuteculo tamanho o confronto entre um mundo e outro O curioso eacute que em-bora sendo situado no discurso como um conhecimento desprovido de corpo as competecircncias acadecircmicas eram transpos-tas em um sentido incorporado ao fazer

dos estaacutegios produzindo nos estudantes atitudes analiacuteticas distanciadas num sen-tido de espectador nas intervenccedilotildees pro-fissionais Inclusive o uso de metaacuteforas relacionadas agraves tecnologias de produccedilatildeo e apreensatildeo de teorias fizeram-se bastante presentes na explicaccedilatildeo do que faz o psi-coacutelogo fazer leituras da realidade era me-taacutefora recorrente na descriccedilatildeo de boa parte das accedilotildees dos estudantes nos estaacutegios

O tema da identificaccedilatildeo foi citado di-versas vezes como criteacuterio para a escolha teoacuterica expressando a busca por uma re-laccedilatildeo de identidade igualdade entre seu suposto ser e a concepccedilatildeo de ser (de sujei-to) supostamente contida nas teorias Mas seriam nossos ldquoeusrdquo e os ldquoeusrdquo (as con-cepccedilotildees de sujeito) das teorias assim tatildeo coerentes Tanto no campo da cogniccedilatildeo quanto no da epistemologia tal suposiccedilatildeo de coerecircncia tem sido questionada

De qualquer modo a ideia de que o ser antecede o fazer parece motivar na psicolo-gia a adoccedilatildeo de uma concepccedilatildeo de sujeito uma visatildeo de homem como necessidade a priori para a atuaccedilatildeo profissional Entretan-to o que observamos entre os estudantes e a instituiccedilatildeo universitaacuteria foi um traba-lho ativo e cotidiano de separaccedilatildeopuri-ficaccedilatildeo dessas concepccedilotildees De modo que nos perguntamos a relaccedilatildeo identitaacuteria do psicoacutelogo com as teorias que compotildeem o campo psi seria decorrente de pressupostos e eacuteticas transcendentes preconizados pela epistemologia ou seria um processo que se ampara mais nas praacuteticas cotidianas de formaccedilatildeo de psicoacutelogos Nossa aposta ao perguntar agrave formaccedilatildeo em psicologia sobre o que ali se faz evidenciou um plano con-creto de produccedilatildeo da psicologia no presen-te que extrapola em muito o leque das te-orias psicoloacutegicas vigentes mas que ainda assim pode ser afirmado como legiacutetimo co-nhecer e fazer psi na contemporaneidade

REFEREcircNCIAS

ARALDI Etiane Das escolas e escolhas teoacutericas agraves poliacuteticas cognitivas legitimando a experiecircncia e a contingecircncia na colocaccedilatildeo do problema do conhecer e do conhecimento psi Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Psicologia Social e Institucional Instituto de Psicologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS Porto Alegre 2012

BAPTISTA Luis Antonio A faacutebrica de interiores a Formaccedilatildeo Psi em Questatildeo Niteroacutei Eduff 2000

FIGUEIREDO Luiz Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos Petroacutepolis Vozes 2009

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Projeto Poliacuteticas Puacuteblicas na Formaccedilatildeo promove aproximaccedilatildeo do CRPRS com o meio acadecircmico

De acordo com pesquisas feitas pelo Centro de Referecircncia Teacutecnica em Psicologia e Poliacuteti-cas Puacuteblicas ndash CREPOPRS a formaccedilatildeo em Psicologia eacute apon-tada como uma das grandes fra-gilidades ainda impostas para atuaccedilatildeo dos psicoacutelogos nas poliacute-ticas puacuteblicas Paradoxalmente o campo das poliacuteticas puacuteblicas atrai um nuacutemero maior de pro-fissionais a cada ano que mui-tas vezes chegam ao mercado desconhecendo marcos legais e marcos loacutegicos que datildeo funda-mento agraves praacuteticas nessa aacuterea

Buscando minimizar esse problema o CREPOP vem de-senvolvendo desde 2013 o Pro-jeto Poliacuteticas Puacuteblicas na For-maccedilatildeo proposta que procura qualificar a formaccedilatildeo para atu-accedilatildeo em diferentes campos das poliacuteticas puacuteblicas por meio da aproximaccedilatildeo entre Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul e estudantes de faculdades de Psicologia do estado A ideia de desenvolver esse trabalho surgiu em 2009 por iniciativa do estagiaacuterio da eacutepoca Edson Murliki

O projeto favorece espaccedilos de debate reflexatildeo e constru-

ccedilatildeo de um pensamento criacutetico junto aos cursos de gradua-ccedilatildeo objetivando a construccedilatildeo de referecircncias teacutecnicas para a formaccedilatildeo em Psicologia e Po-liacuteticas Puacuteblicas ldquoBuscamos fortalecer o diaacutelogo entre o CRPRS e o meio acadecircmico dimensionar a percepccedilatildeo dos estudantes sobre seus conhe-cimentos acerca das poliacuteticas puacuteblicas e incentivar a refle-xatildeo avaliativa sobre a forma-ccedilatildeo profissional do psicoacutelogo para atuar na aacutereardquo declara a ex-assessora teacutecnica do CRE-POP Carolina dos Reis

Para alcanccedilar isso o pro-jeto segue algumas etapas que incluem apresentaccedilatildeo aos coordenadores dos cursos e realizaccedilatildeo de encontros com os estudantes na sede sub-sedes do CRPRS ou nas proacute-prias instituiccedilotildees de ensino ldquoOs registros desses encontros subsidiam a produccedilatildeo de um relatoacuterio que reuacutene as princi-pais questotildees apontadas pelos alunos gerando dessa forma orientaccedilotildees para construccedilatildeo de um instrumento informa-tivo que sistematize os pontos de reflexatildeordquo explica Carolina

crepop

Projeto Formaccedilatildeo na sua faculdade Faculdades de Psicologia que tenham interesse em participar do Projeto de Formaccedilatildeo devem entrar em contato com o CREPOPRS pelo fone (51) 33346799 ou pelo e-mail crepopcrprsorgbr

Os resultados parciais in-dicam a necessidade de maior aprofundamento teoacuterico no assunto bem como reconheci-mento do caraacuteter transversal da temaacutetica dentro da formaccedilatildeo Os alunos tambeacutem demandam ampliaccedilatildeo de espaccedilos de inser-ccedilatildeo que propiciem maior conta-to com a praacutetica dos psicoacutelogos nas poliacuteticas puacuteblicas Indicam ainda a necessidade de uma reformulaccedilatildeo metodoloacutegica no curso do projeto visando a am-pliar o caraacuteter de intervenccedilatildeo do mesmo Seraacute incluiacuteda uma etapa de pactuaccedilotildees entre os diversos atores envolvidos nas instituiccedilotildees participantes de modo a produzir espaccedilos para a construccedilatildeo de soluccedilotildees con-cretas aos desafios emergidos nas rodas de conversas

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tracircnsito

A Psicologia na educaccedilatildeo para o tracircnsito

A Psicologia exerce uma impor-tante funccedilatildeo no tracircnsito ao estudar a mobilidade humana a partir da anaacutelise de diferentes dimensotildees processos e fenocircmenos envolvidos nesse contexto Pensando nisso a Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsi-to e Mobilidade Humana do CRPRS contribuiu na organizaccedilatildeo do 1ordm Se-minaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito realizado pela Prefeitura de Santa Maria em abril O evento voltado a professores da rede puacuteblica de ensi-no do municiacutepio teve como objetivo despertar a conscientizaccedilatildeo de que a educaccedilatildeo pode mudar o comporta-mento das pessoas no tracircnsito

O CRPRS acredita que a Psicolo-gia pode contribuir nesse processo envolvendo os professores e toda a sociedade para que o tema seja tra-balhado de forma ampla Para a Co-missatildeo do CRPRS os professores pre-cisam entender essa transversalidade

para que haja uma real mudanccedila de comportamento da sociedade

O tracircnsito deve ser pensado de maneira ampla considerando todos os envolvidos ldquoQuando falamos em tracircnsito natildeo devemos pensar apenas no fluxo de automoacuteveis mas consi-derar principalmente que o tracircnsi-to eacute composto por todos noacutes Deve-mos pensar no aspecto da mobilidade humana pensar na livre circulaccedilatildeo e no deslocamento com seguranccedila assim como nas relaccedilotildees sociais que se constituem nesse espaccedilo Ao se deslocar pelas ruas com automoacuteveis particulares bens privados as pes-soas muitas vezes natildeo se datildeo conta de que estatildeo circulando em um espa-ccedilo puacuteblico com regras estabelecidas pelo governo e pela proacutepria socieda-de Competem entre si de modo pri-vado por um espaccedilo que eacute puacuteblico e de todosrdquo declara o coordenador da aacuterea teacutecnica do CRPRS assessor da

SAIBA MAISAssista aos viacutedeos do 1ordm Seminaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Artigo ldquoTracircnsito e Sociedaderdquo de Sinara Tres Soares e Lucio Fernando Garcia disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Publicaccedilatildeo do CRPRS ldquoTracircnsito e Mobilidade Humana - Psicologia Educaccedilatildeo e Cidadaniardquo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrlivrotransito

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tracircnsito

Comissatildeo de Tracircnsito Lucio Fernan-do Garcia

Para ele a Psicologia exerce um im-portante papel ao contribuir na refle-xatildeo que abrange conceitos de cidada-nia e suas implicaccedilotildees considerando o tracircnsito como um processo humano e que envolve condiccedilotildees subjetivas ldquoSer cidadatildeo eacute uma escolha que traz impli-caccedilotildees e reflexotildees sobre responsabili-dades obrigaccedilotildees e direitosrdquo

Diversos aspectos psicoloacutegicos interferem na forma como as pesso-as lidam com o tracircnsito A psicoacuteloga Sinara Tres Soares da Escola Puacuteblica de Tracircnsito do DETRAN-RS ressalta que mesmo tendo ciecircncia dos riscos aos quais estatildeo expostas muitas pes-soas optam em correr esse risco por acreditar que vale a pena ldquoCada pes-soa tem uma diferente percepccedilatildeo de risco O que para alguns representa mais seguranccedila para outros pode significar a permissatildeo para correr mais riscos O sistema de freios do tipo ABS por exemplo traz mais se-guranccedila poreacutem algumas pessoas por se sentirem mais seguras com essa tecnologia acabam correndo maisrdquo explica Sinara

Outro aspecto psicoloacutegico en-volvido no tracircnsito diz respeito agrave conduta que autoriza as pessoas a te-rem determinado tipo de comporta-mento contrariando aquilo que elas mesmas acreditamldquoMuitos criticam quando os carros param em fila du-pla Poreacutem quando vatildeo levar o filho

na escola por exemplo agem assim e justificam tal atitude com explica-ccedilotildees como lsquoeacute bem rapidinhorsquo ou lsquofoi soacute dessa vezldquo

Esse tipo de comportamento re-flete a questatildeo do individualismo e da dificuldade das pessoas entende-rem que fazem parte de um todo e que estatildeo inseridas em um contex-to em que seus atos iratildeo atingir o proacuteximo ldquoTemos que trabalhar na sensibilizaccedilatildeo para que cada um compreenda que a sua atitude seu comportamento interfere direta-mente no tracircnsitordquo afirma a colabo-radora da Subsede Centro-Oeste do CRPRS integrante da Comissatildeo do Tracircnsito Aline Baumlumer

Para o evento em Santa Maria o grupo de colaboradores da Subsede Centro-Oeste produziu o viacutedeo ldquoAto-res no Tracircnsitordquo que mostra diferentes pontos de vista que fazem parte do tracircnsito revelando como nossa visatildeo muda dependendo da oacutetica em que a cena eacute vista

A Comissatildeo de Psicologia do Tracircn-sito e Mobilidade Humana do CRPRS estaacute engajada na proposta de desenvol-ver poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave educa-ccedilatildeo para o tracircnsito ldquoQueremos investir na continuidade de projetos e eventos como esse Seminaacuterio Acreditamos que alunos e professores engajados tornam--se multiplicadores de accedilotildees de educa-ccedilatildeo para o tracircnsitordquo afirma a presiden-te da Comissatildeo do CRPRS Elisangela Maria Almeida Santos

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer discutir mais sobre essa relaccedilatildeo entre Psicologia e Tracircnsito Participe da Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsito e Mobilidade Humana Acompanhe a agenda de reuniotildees pelo site httpcrprsorgbrcomissoesegts ou envie e-mail para comissoescrprsorgbr e informe seu interesse

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Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica em situaccedilotildees de periacutecia e de recursos administrativos

orientaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo psicoloacutegica eacute sem duacutevi-da a abordagem mais requisitada nas di-ferentes instacircncias do fazer do psicoacutelogo Ligada principalmente agrave necessidade de uma resposta ocupa um espaccedilo teacutecnico mas tambeacutem muitas vezes se constitui no imaginaacuterio como se pudesse responder a todas e quaisquer questotildees pautadas com base na anaacutelise do comportamento ou de condiccedilotildees emocionais do avaliando Essa condiccedilatildeo eacute produzida na medida em que atualmente a avaliaccedilatildeo psicoloacutegica tem sido cada vez mais usada na condiccedilatildeo de fundamentar periacutecia ou em situaccedilotildees judi-ciais assim como as que ocorrem em con-cursos puacuteblicos no proacuteprio processo ou em situaccedilotildees de recurso administrativo

As avaliaccedilotildees nessas situaccedilotildees seguem o regrado pela profissatildeo atraveacutes do Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo e das Re-soluccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia assim como devem buscar atender ao soli-citado Entretanto essa maacutexima natildeo quer dizer que o psicoacutelogo quando destacado (contratado) como perito deva conceber tal incumbecircncia como fator a definir o resulta-do da avaliaccedilatildeo O ato pericial eacute o de aplicar teacutecnicas e meacutetodos psicoloacutegicos objetivando um resultado decorrente de todo o processo que por meio de instrumentos eou de en-trevistas concluiraacute a avaliaccedilatildeo registrando ao candidato ou periciando as conclusotildees formuladas O psicoacutelogo natildeo advoga pela parte ou seja o resultado da avaliaccedilatildeo psi-coloacutegica poderaacute ser muito diferente do re-sultado almejado pelo candidato ou parte em processo judicial A avaliaccedilatildeo natildeo pode

ser tendenciosa adaptada ou alterada a fim de alcanccedilar o resultado pretendido pelo candidato natildeo eacute uma peccedila de defesa Eacute um procedimento teacutecnicocientiacutefico que con-clui a partir dos dados e teacutecnicas aplicadas objetivando responder ao solicitado dentro de determinados limites descrevendo o ob-servado e orientando o avaliando sobre os resultados obtidos

A conduta do psicoacutelogo em todo o pro-cedimento avaliativo deve estar pautada em princiacutepios de responsabilidade teacutecnica e profissional respaldados em procedimentos cientiacuteficos e validados O profissional deve ainda levar em consideraccedilatildeo aspectos como bem-estar dignidade e responsabilidade so-cial dos envolvidos na avaliaccedilatildeo uma vez que a mesma ocorre em um contexto soacutecio--cultural e de forma geral contempla um processo que envolve a sociedade como um todo especialmente em se tratando de con-cursos puacuteblicos e assessoramento judiciaacuterio

Reco

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Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea TeacutecnicaAdriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga FiscalLeticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Artigo ldquoAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica e Relaccedilotildees com o Judiciaacuteriordquo publicado na ediccedilatildeo nordm 64 do EntreLinhas disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas64

Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcodigoetica

Resoluccedilotildees do CFP disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrresolucoesCFP

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USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

CursosEspecializaccedilatildeo em Psicologia Cliacutenica Terapia Cognitivo ComportamentalChapecoacuteSC Informaccedilotildees (49) 99413800dilmaandrettaunoescedubr wwwunoescedubr

V Ciclo de Estudos em Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica18072014 (iniacutecio moacutedulo 5) 08082014 (iniacutecio moacutedulo 6)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33085453cicloestudosapgmailcom wwwufrgsbrgeapap

Mediaccedilatildeo de Conflitos Novo paradigma agrave construccedilatildeo da pazAteacute 09102014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32226134infoclipmedcombr wwwclipmedcombr Curso de PsicanaacuteliseAteacute 25102014 Passo FundoRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Grupos de EstudoOs contos de fadas como instrumento de conhecimento e desenvolvimento humanoCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500claudiaclinicatessaricombr wwwrecriarnetbr

Introduccedilatildeo agrave Psico-Oncologia com ecircnfase em Psicossomaacutetica e PsiconeuroimunologiaPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92627203 (51) 84041373dhmullerbolcombr danitnunesgmailcompsicossomatica-rsorgbr

Estudos Metapsicoloacutegicos de Freud1306 1807 1508 1909 1010 e 21112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

O que fazer quando recebemos uma crianccedila0407 0108 2908 3110 07112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Mitologia Grega IAteacute 21112014 (encontros mensais)Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500recriarrecriarnetbr

A obra de Wilfred BionAteacute 13122014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr Teoria e Teacutecnica das Paradas e Impasses do TratamentoEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33303845secretariasbpdepaorgbr

Observaccedilatildeo de BebecircsEncontros agraves segundas-feirasNovo Hamburgo RS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Indicadores de Intersubjetividade de 0 a 2 anosEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

O Estudo da Mente na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Conceitos Fundamentais sobre sexualidade na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

DW Winnicott sua pessoa e suas ideias psicanaliacuteticasEncontros agraves quartas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Andreacute GreenEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

Donald WinnicottEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwbionorgbr

Seacuterie Em TerapiaEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr Trabalhos de MetapsicologiaEncontro agraves sextas-feirasCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Freud Reinventando FreudEncontros aos saacutebadosCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

BionEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr D WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

FreudEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Iniciando com WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Introduccedilatildeo ao Aparelho PsiacutequicoEncontros mensaisPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 (51) 33842765contatobionorgbr wwwbionorgbr

Congressos Jornadas Simpoacutesios e Conferecircncias

IV Jornada do Programa da Mulher Depen-dente Quiacutemica02082014Satildeo PauloSP Informaccedilotildees (11) 26618011amandadiasipqhcorgbr omrochaipqhcorgbr wwwceiporgbr

Jornada Constructo 2014 - com Dr Jacques Andregrave15 e 16082014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Congresso SOCERGS 2014 Uniatildeo de conheci-mento e Intercacircmbio multidisciplinar21 a 23082014GramadoRS Informaccedilotildees (51) 33391415 wwwsocergsorgbrcongresso2014

IV Congresso Brasileiro de Psicologia - Ciecircn-cia e Profissatildeo19 a 23112014Satildeo PauloSPwwwcienciaeprofissaocombr

Conferecircncia e Treinamento com a Psicoacuteloga Americana FELICIA CARROLL26 a 29112014Caxias do Sul RS Informaccedilotildees claudiatessarigmailcom wwwrecriarnetbr

Exibiccedilatildeo de filme8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoMorte em Venezardquo02072014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoUacuteltimo Tango Em Parisrdquo13082014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoCanccedilatildeo de Amorrdquo10092014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoAta-merdquo08102014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoO Livro de Cabeceirardquo12112014 Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

OficinaOficina de Produccedilatildeo Psicanaliacutetica e LiteraacuteriaSegundas ou quartas-feiras (6 encontros)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwpaulofernandomonteiroferrazblogspotcom

Agecircncia Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

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Escuta de crianccedilas e adolescentes na Justiccedila

Com relaccedilatildeo agrave escuta de crianccedilas e adolescentes na Justiccedila Lindomar Daroacutes esclarece que a praacutetica da Psi-cologia natildeo pode ser confundida com inquiriccedilatildeo ldquoA inquiriccedilatildeo diz de uma posiccedilatildeo no mundo que impotildee agravequele que eacute instado a falar dizer no tem-po de quem pergunta sem silecircncios pausas delongas ou reticecircncias Eu pergunto e vocecirc responde E responde aquilo que lhe pergunto sem maiores explicaccedilotildees caso eu natildeo lhe peccedila de-talhes Quanto agrave escuta diz de uma posiccedilatildeo daquele que se dispotildee a estar com o outro no tempo possiacutevel ao ou-tro para dizer em conformidade com sua demandardquo

Lindomar defende que a entra-da do psicoacutelogo no Poder Judiciaacute-rio deve ser pensada para produzir escuta jaacute que a inquiriccedilatildeo cabe aos operadores do Direito ldquoAo que pa-rece natildeo eacute a escuta que o Tribunal de Justiccedila nos requer mas a inqui-riccedilatildeo Afinal nossos relatoacuterios teacutec-nicos deixaram de ser considerados adequados pois natildeo eram suficien-tes para se condenar Assim dentro da estrutura do Poder Judiciaacuterio em termos macropoliacuteticos ndash o que natildeo re-trata a experiecircncia vivida pela nossa equipe especificamente ndash passaram a nos demandar outra intervenccedilatildeo

que natildeo a escuta psicoloacutegica mas a inquiriccedilatildeo uma lsquoescutarsquo produtora de provas suficiente para condenar Isto segundo minha anaacutelise diz natildeo apenas da escuta de crianccedilas mas de todos os jurisdicionados Cobram dos psicoacutelogos e tambeacutem dos as-sistentes sociais lsquodepoimentos sem danorsquo exames criminoloacutegicos parti-cipaccedilatildeo em comissotildees disciplinares nos presiacutedios Quando resistimos somos apontados como indisciplina-dos Talvez estejamos em boa com-panhia pois haacute notaacuteveis defensores da (in)disciplinardquo

Em 2005 o Conselho Federal de Psicologia iniciou o debate sobre a escuta de crianccedilas e adolescentes na Rede de Proteccedilatildeo Como resulta-do dessa discussatildeo foi publicada a Resoluccedilatildeo 0102010 que vedava ao psicoacutelogo o papel de inquiridor praacute-tica que ficou conhecida como Depoi-mento sem Dano no atendimento de Crianccedilas e Adolescentes em situaccedilatildeo de violecircncia Poreacutem a mesma foi sus-pensa apoacutes o questionamento judicial

A discussatildeo se ampliou para aleacutem do aspecto procedimental e passou-se a questionar se a mudanccedila de ambien-te e de estrateacutegia de fato reassegura direitos visto que coloca crianccedilas e adolescentes apenas como ldquoobjetordquo de

SAIBA MAISOrientaccedilotildees Teacutecnicas para os Serviccedilos de Acolhimento para Crianccedilas e Adolescentes publicaccedilatildeo do Conselho Nacional dos Direitos da Crianccedila e do Adolescente ndash CONANDA e do Conselho Nacional de Assistecircncia Social ndash CNAShttpbitlyorientacoes_CONANDA_CNAS

Publicaccedilatildeo do CFP ldquoA escuta de crianccedilas e adolescentes envolvidos em situaccedilatildeo de violecircncia e a rede de proteccedilatildeordquohttpbitlyescuta_criancas_adolescentes

Nota sobre Resoluccedilatildeo do CFP nordm 0102010httpbitlyresolucao010_2010

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justiccedila

produccedilatildeo de prova com vistas agrave res-ponsabilizaccedilatildeo do agressor

Haacute consenso entre os que repudiam e os que defendem a criaccedilatildeo de salas especiais para a realizaccedilatildeo do deno-minado ldquodepoimento sem danordquo ou ldquodepoimento especialrdquo de que eacute neces-saacuterio evitar a revitimizaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes que satildeo colocados em sucessivas situaccedilotildees de repeticcedilatildeo da

histoacuteria da violecircncia vivida ou presen-ciada Natildeo haacute consenso entretanto no entendimento de que a inquiriccedilatildeo natildeo seja revitimizante ou violadora de direi-tos mesmo em ambientes mais huma-nizados visto que seu uacutenico objetivo eacute a responsabilizaccedilatildeo do agressor

O CFP defende que natildeo eacute papel do psicoacutelogo realizar inquiriccedilatildeo monito-rado pelo juiz que lhe determina as

SAIBA MAISO V Conversando sobre a Psicologia e o SUAS em Caxias do Sul realizado em agosto de 2013 tratou das Relaccedilotildees com a Justiccedila Confira resumo das questotildees abordadas em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Leia entrevistas na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

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A experiecircncia do Nuacutecleo de Praacuteticas Juriacutedicas do Projeto de Atenccedilatildeo Ampliada agrave Sauacutede ndash PAAS

QUER AMPLIAR O DEBATE SOBRE O TEMA Participe das Comissotildees de Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica Poliacuteticas Puacuteblicas ou das atividades do CREPOP como o Conversando sobre a Psicologia e o SUAS Acompanhe a agenda de reuniotildees em wwwcrprsorgbrcomissoesegts

ENTRELINHAS RECOMENDA

Filme ldquoO Juiacutezordquo de Maria Augusta Ramos (2007)

Filme ldquoO Contador de Histoacuteriasrdquo de Luiz Villaccedila (2009)

Desenvolvido pela Unisinos o Projeto de Atenccedilatildeo Ampliada agrave Sauacute-

de (PAAS) atua de forma interdisciplinar atendendo agrave comunidade de

Satildeo Leopoldo e regiatildeo aleacutem de constituir-se como campo de estaacutegio

para os acadecircmicos O Nuacutecleo de Praacuteticas Juriacutedicas eacute o responsaacutevel

pela articulaccedilatildeo entre a Psicologia e as demandas do Judiciaacuterio Co-

nheccedila o Projeto acessando wwwcrprsorgbrentrelinhas66

perguntas a serem feitas agrave crianccedila e ao adolescente A inquiriccedilatildeo eacute um proce-dimento juriacutedico constitui-se em um interrogatoacuterio cujo objetivo eacute levantar dados para instruccedilatildeo de um processo judicial visando agrave produccedilatildeo de prova sendo as perguntas feitas agrave crianccedila e ao adolescente orientadas pelas neces-sidades do processo A escuta psicoloacute-gica caracteriza-se por ser uma relaccedilatildeo de cuidado acolhedora e natildeo invasi-va para a qual se requer a disposiccedilatildeo de escutar respeitando-se o tempo de elaboraccedilatildeo da situaccedilatildeo traumaacutetica as peculiaridades do momento do desen-volvimento e sobretudo visando a natildeo revitimizaccedilatildeo A escuta leva em conta a dimensatildeo subjetiva que tambeacutem deve ser considerada na perspectiva dos di-reitos humanos

Ao elaborar a Resoluccedilatildeo 0102010 o Conselho Federal defendia a neces-sidade da escuta sempre ser funda-mentada nos princiacutepios da proteccedilatildeo integral e da prioridade absoluta pre-vistos no ECA em decorrecircncia da si-tuaccedilatildeo peculiar de desenvolvimento em que se encontram crianccedilas e ado-lescentes na legislaccedilatildeo especiacutefica da profissatildeo e nos marcos teoacutericos teacutec-nicos e metodoloacutegicos da Psicologia como ciecircncia e profissatildeo

ldquoA derrubada da resoluccedilatildeo con-figura-se uma intromissatildeo no que diz respeito agrave capacidade teacutecnica dos conselhos de classe das profis-sotildees regulamentadas de dizerem dos limites eacutetico-teacutecnicos-poliacuteticos de suas respectivas profissotildeesrdquo afirma Lindomar

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Comissatildeo de Eacutetica

Uma urgecircncia coloca-se na relaccedilatildeo que se estabelece sem-pre mais intensa entre as praacute-ticas psicoloacutegicas e o campo juriacutedico Trata-se de trazer para a discussatildeo a dimensatildeo eacutetica do fazer psicoloacutegico colocando em pauta o modo pelo qual efetiva-mos essa relaccedilatildeo e os modos pe-los quais chegamos a instituir novas formas conceituais e pro-cedimentais tanto na produccedilatildeo do conhecimento psi como na atuaccedilatildeo profissional do psicoacutelo-go junto aos tracircmites judiciais Para comeccedilar este debate cabe nos perguntarmos como enten-demos essa dimensatildeo eacutetica

Pensamos que para muito aleacutem de estipular um ldquodever serrdquo nos modos de se produzir conhecimento e de se inserir nas praacuteticas profissionais esta-mos nos referindo agrave reflexatildeo e problematizaccedilatildeo das questotildees e temaacuteticas que nos assolam na contemporaneidade Tais ques-totildees nos levam em muacuteltiplos processos a nos constituirmos de uma determinada forma a sermos ndash sujeitos ndash deste ou da-quele modo ou ainda a sermos chamados e reconhecidos por esta ou aquela marca objetiva e subjetiva de identificaccedilatildeo Natildeo estamos portanto falando de regulamentos para conduzir

justiccedila

comportamentos ou ainda de procedimentos disciplinares relacionados a condutas acadecirc-micas e profissionais desvian-tes ou natildeo na elaboraccedilatildeo de suas atividades

Esse debate se refere tanto a uma identificaccedilatildeo profissio-nal ndash psicoacutelogo que nos coloca em uma multiplicidade de praacute-ticas relativas agrave subjetividade humana como tambeacutem agraves inuacute-meras formas de como somos designados objetivamente em nosso fazer tais como psicoacute-logo especialista na infacircncia ou psicoacutelogo perito judicial ou ainda psicoacutelogo especialis-ta em conflitos parentais e ao mesmo tempo perito em ava-liaccedilatildeo psicoloacutegica e assim por diante No intuito de dar conta das demandas que se formam nos processos poliacutetico-sociais contemporacircneos noacutes psicoacutelo-gos vamos nos organizando e predispondo dentro das possi-bilidades viaacuteveis e com o maior rigor eacutetico-profissional a con-templar tecnicamente o que nos convoca a partir do campo psicoloacutegico e da sociedade No entanto ao mesmo tempo que desenvolvemos um saber espe-ciacutefico no campo da Psicologia vamos produzindo verdades pelo estatuto cientiacutefico que ser-

vem aos mecanismos da Justiccedila para julgar punir e delimitar os merecedores desta ou daquela decisatildeo judicial ou ainda pe-nalidade descrita em lei Eacute dian-te destes enlaces entre as praacuteti-cas em Psicologia e o campo psicoloacutegico que mais uma vez afirmamos a indissociabilidade entre um fazer cientiacutefico e a sua dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ou en-tre ciecircncia e poliacutetica Fazemos sim uma Psicologia implicada nas questotildees sociais e poliacuteticas de nosso tempo entendendo que um embate poliacutetico aiacute se co-loca entre os campos em causa Psicologia e Judiciaacuterio

Sendo assim por que que-remos neste momento trazer a discussatildeo da dimensatildeo eacuteti-ca para a relaccedilatildeo das praacuteticas psicoloacutegicas no campo judiciaacute-rio Esta questatildeo nos convoca fortemente a partir da parti-cipaccedilatildeo na Comissatildeo de Eacutetica do CRPRS para o debate ao nos depararmos com a enor-me demanda de intervenccedilotildees consideradas como faltosas nos aspectos eacuteticos da atuaccedilatildeo profissional em situaccedilotildees que se relacionam com processos ou convocatoacuterias judiciais sejam elas no acircmbito familiar ou do direito administrativo das insti-tuiccedilotildees puacuteblicas

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As denuacutencias que chegam agrave Comissatildeo de Eacutetica versam principalmente sobre ausecircn-cia de guarda de documentos e ausecircncia de realizaccedilatildeo de avaliaccedilatildeo psicoloacutegica na aacuterea do tracircnsito elaboraccedilatildeo de do-cumentos que extrapolam os limites teacutecnicos ou sem funda-mentaccedilatildeo teacutecnica utilizados no acircmbito judicial divulgaccedilatildeo de instrumentos natildeo reconhecidos na aacuterea da Psicologia obtenccedilatildeo de vantagens financeiras a par-tir de processo psicoteraacutepico

Eacute nesta inserccedilatildeo das praacuteti-cas psicoloacutegicas nas demandas que se fazem todos os dias que entendemos a importacircncia da dimensatildeo eacutetica Uma eacutetica que se vincula ao campo da refle-xatildeo a um pensamento atuan-te sobre os processos que nos subjetivam e nos convocam cotidianamente Logo eacute muito mais do que um tecnicismo--instrumental que se constitui para solucionar e legitimar as normatizaccedilotildees afirmadas em muitos processos entrelaccedila-dos no arranjo social Trata-se de uma eacutetica que coloca em questatildeo as formas pelas quais os sujeitos satildeo tomados como objeto em uma determinada relaccedilatildeo de conhecimento ndash o psicoloacutegico ndash e portanto em uma relaccedilatildeo de poder Estamos assim nos referindo agraves formas que determinamos enqua-dramos instituiacutemos e muitas

vezes ateacute legislamos sobre as relaccedilotildees que constituiacutemos na vida ou mais especificamente das formas que determinamos e instituiacutemos a partir de nossa atuaccedilatildeo profissional Este dizer este determinar este legislar passa pelo acircmbito do saber Sa-ber sobre algo saber sobre al-gueacutem Passa por um saber que diz como algueacutem pode ou natildeo se conduzir como pode ou natildeo se reconhecer como pode ou natildeo se comportar etc daiacute uma relaccedilatildeo de saber que tambeacutem se configura em jogos de poder

Abrir questotildees eacuteticas nesta discussatildeo implica em nos per-guntarmos como estatildeo se for-mulando as denuacutencias agrave Comis-satildeo de Eacutetica do CRPRS Em que processos e jogos de interesse se efetivam as intervenccedilotildees psico-loacutegicas consideradas faltosas Quando falamos em interven-ccedilatildeopraacutetica psicoloacutegica de que forma queremos encaminhaacute--las e sob que discursos eacutetico--poliacuteticos nos assentamos para legitimaacute-las Queremos uma atuaccedilatildeo disciplinadora e lega-lista na nossa profissatildeo e na so-ciedade O que queremos com esse processo Quais os efeitos que esperamos que se produ-zam a partir dessa intervenccedilatildeo moral O que faz com que o profissional natildeo produza uma reflexatildeo eacutetica diante do seu co-tidiano de trabalho Queremos uma atuaccedilatildeointervenccedilatildeo que

controle e puna os que escapam aos ditames dos coacutedigos que noacutes mesmos estabelecemos ou seja uma intervenccedilatildeo moral so-bre os psicoacutelogos que desconsi-deraram a reflexatildeo eacutetica em seu proacuteprio fazer Eacute imprescindiacutevel perguntarmo-nos se as nossas produccedilotildees acadecircmicas e profis-sionais estatildeo privilegiando um pensamento criacutetico problema-tizador e abrangente sobre os modos que nos constituiacutemos na sociedade Urge analisarmos como se produzem os efeitos de nossas produccedilotildees acadecircmicas e profissionais em noacutes mesmos com aqueles que nos relacio-namos e com a sociedade em geral Eacute sobre esta relaccedilatildeo de um conhecimento implicado politicamente atuante produ-to e efeito de nossa experiecircncia na vida que estamos falando aqui Falamos aqui de uma re-laccedilatildeo pensada e constituiacuteda na liberdade e natildeo pela lei ou seja na reflexatildeo eacutetica que se faz em muacuteltiplas formas de pensar e experimentar a vida Trata-se de uma discussatildeo aberta e sem-pre a se fazer

Zuleika Koumlhler GonzalesConselheira integrante da Comissatildeo de Eacutetica do CRPRSCRP 078721

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justiccedila

Medida Socioeducativa entre A amp Z

Organizado pelas equipes do Nuacutecleo de Extensatildeo do Pro-grama Interdepartamental de Praacuteticas com Adolescentes e Jo-vens em Conflito com a Lei (PIPA) da UFRGS o livro ldquoMedida Socioeducativa entre A amp Zrdquo surgiu a partir da experiecircncia de profissionais de Psicologia Direito e Educaccedilatildeo com as praacuteticas direcionadas ao puacuteblico adoles-cente que cumpre medida socioeducativa sendo financiado pelo Edital Nacional da Poliacutetica de Extensatildeo (ProextMec2013)

A obra atende agrave linha temaacutetica ldquoeducaccedilatildeo e direitos humanosrdquo desta Poliacutetica de Extensatildeo com vistas agrave elaboraccedilatildeo de material didaacutetico-pedagoacutegico para contribuir em accedilotildees de formaccedilatildeo no atendimento educacional de adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas Apre-senta um glossaacuterio conjunto de verbetes das medidas socioeducativas escritos ldquomenos para dar conta da descriccedilatildeo teacutecnica de termos que designam a vida de adolescentes e de seus atos infra-cionais mais para fazer de vozes solitaacuterias que lutam pela poliacutetica da garantia de direitos de adolescentes uma escrita que pode vir a ser a audiccedilatildeo de muitosrdquo conforme descreve a psicoacuteloga e professora Gislei Domingas R Lazzarotto integrante da equipe organizadora da obra

Confira trechos da definiccedilatildeo de alguns verbetes apresentados na publicaccedilatildeo

Ato Infracional (Carmem Maria Craidy pedago-ga doutora em Educa-

ccedilatildeo) ndash ldquoO que pode parecer um detalhe tem alto significado o adolescente deveraacute ser tratado a partir de sua condiccedilatildeo como pessoa em desenvolvimento com possibilidades muacuteltiplas e natildeo simplesmente a partir do ato in-fracional que tiver cometido Ele natildeo eacute o ato que cometeu e mes-mo se for responsabilizado pelo mesmo deveraacute ser visto e tratado para aleacutem delerdquo

Conselho Tutelar (Este-la Scheinvar socioacuteloga doutora em Educaccedilatildeo)

ndash ldquoSob a loacutegica do direito o dis-tanciamento de um padratildeo eacute um delito que tem que ser julgado sentenciado e punido Natildeo ve-mos todos os setores da socie-dade frequentarem o conselho tutelar e os que laacute vatildeo se carac-terizam sobretudo por natildeo po-derem decidir como fazer a sua vida sendo submetidos a conse-lhos que ressoam como sentenccedilas a serem cumpridasrdquo

Brete (BF e JMG) ndash ldquoNatildeo eacute um quarto Eacute um quadrado Ele tem uma porta de ferro

toda gradeada Jaacute vem com as jegas mas eacute soacute isso que tem dentro A pa-rede eacute toda escrita todo mundo co-loca o nome laacute Dizem que se tu es-crever teu nome chama de volta e tu cai de novo mas isso eacute supersticcedilatildeo A porta se chama portiola Dentro de um lsquobretersquo cabe no maacuteximo 8 gu-ris mas depende tem uns que eacute de 3 Tem janela mas nem passa o dedo do cara pra pegar um vento E no ca-lor Todo mundo se abana melhor eacute dormir no piso que eacute mais geladordquo

Mais informaccedilotildees sobre a obra pelo e-mail ppscufrgsbr

entre linhas | jan-fev-mar 2014 15

Consultoria Organizacional como Dispositivo Cliacutenico

Saindo dos limites que a praacutetica tradi-cional em muitas situaccedilotildees nos impotildee quis experimentar uma outra praacutetica um outro olhar uma outra postura dentro das organi-zaccedilotildees a de ser uma consultora analista Foi entatildeo que busquei os referenciais da psico-logia social e institucional e da filosofia da diferenccedila com o intuito de analisar inter-rogar lanccedilar perguntas experimentar uma outra forma de fazer Psicologia Apresento trecircs recortes que exemplificam essa praacutetica

Numa empresa de grande porte natildeo existia RH apenas Departamento Pessoal em seu aspecto mais antigo sem nenhuma forma de integraccedilatildeo de novos funcionaacuterios Realizei entatildeo um projeto de estruturaccedilatildeo da aacuterea de RH Foi um trabalho grandioso meses de reuniotildees com a diretoria chefia do DP outras pessoas envolvidas dentro da ma-triz e ateacute das filiais que emperrou na execu-ccedilatildeo do ldquomanual de integraccedilatildeordquo na parte que se propunha contar alguns fatos que mar-caram a histoacuteria da organizaccedilatildeo Quando percebi essa dificuldade comecei a realizar entrevistas com uma das diretoras que se apresentava com maior abertura para aquela proposta Realizamos um processo de histo-rizaccedilatildeo da empresa em que apareceram fa-tos de dissoluccedilatildeo de sociedade e outras his-toacuterias de famiacutelia que natildeo poderiam aparecer naquele informativo A partir daiacute o manual pocircde ser concluiacutedo Essa diretora assumiu a aacuterea de RH que tomou outro rumo dentro do funcionamento da organizaccedilatildeo

Dois empresaacuterios que competiam mui-to entre si numa empresa de pequeno por-te queriam que todos que conviviam com eles assumissem o lado de um ou de outro

Realizei um trabalho individual de auto-conhecimento e grupal voltado ao resgate da histoacuteria da empresa a conscientizaccedilatildeo de que a competitividade seria mais eficaz se fosse voltada para o mercado Jaacute no iniacutecio do trabalho comeccedilaram a delimitar o espaccedilo de cada um A relaccedilatildeo de desconfianccedila que havia com os funcionaacuterios tambeacutem mudou

Jaacute numa empresa de meacutedio porte com uma boa estrutura fiacutesica as pessoas estavam completamente desintegradas Os setores funcionavam de forma independente nun-ca realizavam reuniotildees e natildeo se conheciam o que acarretava diversos problemas Apoacutes a devoluccedilatildeo do diagnoacutestico e a realizaccedilatildeo de um plano de accedilatildeo comecei um trabalho com o grupo de gerentes e paralelamente com o empresaacuterio Com o grupo realizei ati-vidades de autogestatildeo autodiagnoacutestico da organizaccedilatildeo e busca de soluccedilotildees para os pro-blemas levantados Foi tambeacutem realizado um trabalho individual com cada gerente Com o empresaacuterio foi trabalhada sua forma de gestatildeo centralizadora sem espaccedilo para os gerentes atuarem e o que isso gerava para os resultados organizacionais Os gerentes con-quistaram um espaccedilo que antes natildeo havia e o que eles propuseram pocircde ser implantado

Nos exemplos citados a consultoria se propocircs a gerar consciecircncia e aprendizagem dos processos que estavam ali em jogo fa-zendo com que as pessoas se apropriassem do conhecimento e do resultado que ia sendo gerado Essa forma de intervenccedilatildeo abre no campo da Psicologia um outro lugar para o psicoacutelogo no mundo do trabalho convocan-do a cliacutenica para o universo laboral ao inveacutes de alimentar a segmentaccedilatildeo deste

relato de experiecircncia

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOA Comissatildeo de Orientaccedilatildeo e Fiscalizaccedilatildeo vem provendo encontros com psicoacutelogos que atuam na aacuterea da Psicologia Organizacional e do Trabalho Fique atento agrave programaccedilatildeo divulgada em nosso site wwwcrprsorgbr e participe

PARTICIPE Envie seu Relato de Experiecircncia para imprensacrprsorgbr

Confira esse relato na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Miriam Corso Minotto Psicoacuteloga Organizacional assessora em desenvolvimento de Recursos Humanos Eacute coordenadora do GT Psicologia do Trabalho participa GT de Histoacuteria e da Comissatildeo Gestora da Subsede Serra do CRPRS

16 entre linhas | abr-mai-jun 2014

entrevista

Em eacutepoca de Copa do Mundo o CRPRS propotildee um debate sobre as diferentes inserccedilotildees da Psicologia no Esporte A proposta eacute discutir lugares e funccedilotildees que os profissionais tecircm assumido e podem assumir neste campo considerando a complexidade das relaccedilotildees estabelecidas entre esportistas familiares instituiccedilotildees de ensino esportivas filantroacutepicas grandes empresas e demais atores sociais envolvidos nesse cenaacuterio O CRPRS convidou quatro profissionais da aacuterea para debater o tema e reproduz aqui no EntreLinhas trechos dessa conversa

Que contribuiccedilotildees a Psicologia do Es-porte traz em suas diferentes aacutereas de atuaccedilatildeo para a sociedade de uma forma geral Benno Becker Jr ndash O trabalho de esporte de alto rendimento eacute o que en-volve mais dinheiro lembrando que satildeo os atletas de alto niacutevel que estatildeo na vitrine e datildeo visibilidade ao espor-

te e consequentemente incentivam a praacutetica esportiva O esporte deve ser trabalhado com toda a sociedade de jovens a idosos como forma de pre-venccedilatildeo de problemas como ansiedade e depressatildeo Quando feito com ade-quaccedilatildeo acredito que o esporte seja o melhor remeacutedio para combater a de-pressatildeo por exemplo

Leia o artigo ldquoA Psicologia do Esporte e do Exerciacutecio para aleacutem da otimizaccedilatildeo da performance atleacuteticardquo produzido por Marcos Daou docente do curso de Psicologia da Unifra mestre em Psicologia graduado em Psicologia e Educaccedilatildeo Fiacutesica em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Acesse wwwcrprsorgbrentrelinhas66 e confira depoimentos gravados nesse encontro e versatildeo estendida da entrevista

Psicologia e Esporte

entre linhas | abr-mai-jun 2014 17

Benno Becker Jr Graduado em Psicologia e em Educaccedilatildeo Fiacutesica mestre em Pedagogia pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul e doutor em Psicologia ndash Universidade de Barcelona Tem diversas publicaccedilotildees na aacuterea wwwbennopsicoesportecombr

Cassiano Pires Psicoacutelogo chefe do departamento de psicologia do projeto social WimBelemDon Tiacutetulo de Master em Psicologia do Esporte e atividade fiacutesica pela Universidade Autocircnoma de Barcelona

Maacutercia Pilla do VallePsicoacuteloga mestre em Psicologia Social e da Personalidade pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul psicoacuteloga membro da ABRAPESP psicoacuteloga esportiva do IGT ndash Instituto Gauacutecho de Tecircnis

Vanessa Rodrigues AlvesPsicoacuteloga especialista em Psicologia do Esporte e Exerciacutecio Fiacutesico e em Sociopsicodrama Eacute professora de Psicologia da Atividade Fiacutesica e do Esporte na Faculdade Sogipa de Educaccedilatildeo Fiacutesica

Cassiano Pires ndash Temos que traba-lhar a importacircncia do esporte no bem estar e na sauacutede da populaccedilatildeo em ge-ral Infelizmente ainda vemos muito crianccedilas ou jovens que por natildeo terem habilidade motricidade ou fiacutesico para atingir um alto niacutevel de rendimento acabarem abandonando a praacutetica por serem mal assessoradas O trabalho com atletas de alto rendimento eacute im-portante mas acredito que o fim do esporte natildeo pode ser soacute o esporte em si deve ser o crescimento e o bem es-tar da pessoa a criaccedilatildeo de habilidades sociais e competecircncias e o desenvolvi-mento da autoestima Diversos desa-fios podem ser vencidos por meio do esporte por isso temos que comeccedilar a tirar o esporte da aacuterea de Turismo e Lazer e comeccedilar a pensaacute-lo na aacuterea de Sauacutede Isso mudaria completamente sua importacircncia e seu sentido para a vida da pessoa Maacutercia Pilla do Valle ndash Haacute uma seacuterie de possibilidades de atuaccedilatildeo para o Psicoacutelogo do Esporte e o campo que atualmente estaacute aberto eacute o que envolve projetos sociais e questotildees ligadas agrave sauacutede e ao espor-te como atividade fiacutesica e natildeo neces-sariamente competitiva Vanessa Rodrigues Alves ndash A Psicologia do Esporte eacute muito abrangente mas ainda se trabalha em poucas aacutereas Poderiacuteamos traba-lhar em instituiccedilotildees como a Susepe a Fase com a educaccedilatildeo em lar de idosos por exemplo

Em que condiccedilotildees se datildeo essas praacute-ticas considerando que muitas ve-zes haacute a pressatildeo de clubes atletas empresaacuterios miacutedia e ateacute da proacutepria sociedade pelo alto rendimento do atleta Ao desenvolver sua praacutetica o psicoacutelogo do esporte estaacute a serviccedilo de quem Maacutercia Pilla do Valle ndash Quando trabalhamos com esporte de alto ren-dimento o limiar entre sauacutede e pato-loacutegico eacute bem tecircnue principalmente em modalidades precoces como a ginaacutes-tica artiacutestica ou a nataccedilatildeo por exem-plo em que tudo acontece muito cedo e a carreira eacute muito curta Temos que trabalhar para que esse processo no qual os atletas jaacute estatildeo inseridos seja o mais saudaacutevel possiacutevel melhorar a relaccedilatildeo da comunicaccedilatildeo do teacutecnico com o atleta e criar um ambiente mo-tivador Tambeacutem eacute preciso avaliar se essa eacute uma vontade do proacuteprio atleta ou se eacute um desejo dos pais que veem no esporte a possibilidade de ascender socialmente de alguma forma Pensan-do nesse contexto devemos estar a ser-viccedilo do atleta e de todas as pessoas que estatildeo envolvidas nesse processo Vanessa Rodrigues Alves ndash A gran-de diferenccedila de nosso trabalho eacute que precisamos ir ateacute as pessoas e saber trabalhar em equipe O profissional que atua nessa aacuterea tem que ter a dis-ponibilidade para querer aprender pois natildeo ficamos em uma salinha es-perando as pessoas temos que ir ao encontro delas

18 entre linhas | abr-mai-jun 2014

Quais os principais desafios e dile-mas eacuteticos enfrentados pelo psicoacutelo-go do esporte Benno Becker Jr ndash O profissional que comeccedila a trabalhar com alto ren-dimento chega acreditando que iraacute de-terminar o seu tempo de trabalho com os atletas e natildeo eacute isso o que acontece O psicoacutelogo do esporte precisa aprovei-tar cada minuto cada intervalo do trei-no Esse eacute o grande desafio Uma boa estrateacutegia de inserccedilatildeo para o psicoacutelogo do esporte eacute ficar proacuteximo ao treina-dor e ao preparador fiacutesico buscando melhorar a comunicaccedilatildeo dele com o atleta estabelecendo uma relaccedilatildeo de transparecircncia Cassiano Pires ndash Temos que saber usar o nosso tempo no dia a dia do atleta Eu trabalho no Projeto WinBe-lemDon na cancha de boneacute do lado do atleta e realmente a gente sofre muito por natildeo ter um tempo exclusi-vo Eacute preciso ser criativo e aproveitar os espaccedilos conversando com o teacutecni-co e o instrumentalizando O psicoacutelo-go precisa estabelecer viacutenculo com a equipe e transmitir a ideia de que faz parte dela Vanessa Rodrigues Alves ndash Tenho que procurar fazer o melhor dentro das minhas possibilidades Vivi um di-lema eacutetico quando o treinador queria ver os resultados dos testes sociomeacute-tricos pedindo para que mostrasse o sociograma das relaccedilotildees e o grupo natildeo liberou isso Ele precisava ver de for-ma mais concreta como estava a rela-

ccedilatildeo com o grupo e eu natildeo podia liberar esse resultado Maacutercia Pilla do Valle ndash Em um clube onde trabalhava encaminhei a uma colega uma menina que vivia uma situaccedilatildeo familiar bem pontual e precisava de atendimento cliacutenico A psicoacuteloga me ligou questionando sobre a rotina de treino argumentan-do que a menina precisava de tempo para brincar e ter outras atividades Foi aiacute que me dei conta que para mim aquilo jaacute era normal vi como eu estava capturada pela cultura es-portiva pois aquilo jaacute natildeo me causa-va mais nenhum incocircmodo Poreacutem percebi que o que estava em questatildeo natildeo era a continuidade dela ou natildeo na ginaacutestica o que precisa ser visto era o lado emocional com relaccedilatildeo a um problema familiar pontual Pela minha identidade cliacutenica muito forte sempre digo que antes de ser psicoacute-loga do esporte eu sou psicoacuteloga e para tomar qualquer decisatildeo preciso estar muito bem comigo mesma e tra-balhar com o seguinte tripeacute conheci-mento teacutecnico (natildeo podemos nunca parar de estudar e de se aprimorar) a supervisatildeo ou a troca com os colegas e o tratamento pessoal

A proximidade de megaeventos no Brasil como a Copa do Mundo e Olimpiacuteadas estaacute ampliando o campo de atuaccedilatildeo da Psicologia do Esporte De que forma vocecircs profissionais da aacuterea estatildeo vendo esses eventos

entrevista

SAIBA MAISConheccedila o Projeto WimBelemDonwwwwimbelemdoncombr

Artigo ldquoA produccedilatildeo de Diferenccedilas pelo esporterdquo de Maacutercia Pilla do Valle httpbitlyproducao_de_diferencas

Artigo ldquoO Esporte de Alto Rendimento Produccedilatildeo de Atletas no Contemporacircneordquo de Maacutercia Pilla do Vallehttpbitlyesporte_alto_rendimento

Artigo ldquoPsicologia do Esporte no contexto do Sistema Conselhosrdquo de Mocircnica drsquoFaacutetima Freires da Silvahttpbitlyesporte_sistema_conselhos

Artigo ldquoEacutetica e Compromisso Social na Psicologia do Esporterdquo de Katia Rubiohttpbitlyetica_compromisso_social

Associaccedilatildeo Brasileira de Psicologia do Esporte ndash ABRAPESP wwwabrapesporgbr

entre linhas | abr-mai-jun 2014 19

Considerando isso como a Psicologia do Esporte lida com a questatildeo da es-petacularizaccedilatildeo do esporte Benno Becker Jr ndash Acredito que a Copa do Mundo pode ser muito posi-tiva para a Psicologia do Esporte pois deixaraacute a sensaccedilatildeo de que algo ficou faltando de que a Psicologia poderia ter sido mais envolvida nessa organi-zaccedilatildeo Precisamos mostrar que os psi-coacutelogos do esporte estatildeo agrave disposiccedilatildeo natildeo soacute dos atletas mas da populaccedilatildeo em geral tambeacutem Maacutercia Pilla do Valle ndash Muitas vezes nossa participaccedilatildeo nessa espe-tacularizaccedilatildeo gerada pela miacutedia nos gera um dilema eacutetico Geralmente os jornalistas buscam respostas objetivas querem saber do psicoacutelogo se a equipe ou o atleta ldquoamarelourdquo de fato e natildeo haacute como responder isso Isso acaba abrin-do espaccedilo para a opiniatildeo e manifesta-ccedilatildeo sobre o desempenho das equipes de outros profissionais que assumem o papel de motivadores e criacuteticos Cassiano Pires ndash Eacute importante sa-ber aproveitar o espaccedilo na miacutedia para mostrar a importacircncia do esporte Sabe-mos que poucas coisas ficam de heran-ccedila desses grandes eventos Entatildeo que possamos contribuir para o iniacutecio de uma cultura do esporte mais humani-zada Mostrar que tem muito psicoacutelogo trabalhando e se qualificando e orientar a imprensa sobre esse trabalho Esses grandes eventos demandam uma aten-ccedilatildeo de todas as aacutereas do esporte para que num futuro a sociedade consiga

ver o esporte como algo menos ldquofurio-sordquo com briga disputa morte e mais como uma atividade de lazer Com re-laccedilatildeo aos problemas sociais que surgem devido a esses eventos devemos estar atentos para dar o suporte que as pesso-as envolvidas nisso precisam Para isso as equipes locais que estatildeo organizando a Copa do Mundo por exemplo deve-riam contar com psicoacutelogos Vocecirc acredita que o Esporte pode ser-vir como um meio de garantia dos di-reitos humanos Maacutercia Pilla do Valle ndash Eacute importan-te natildeo pensar o esporte somente como uma atividade de alto rendimento O psicoacutelogo natildeo pode colocar sua praacutetica apenas a serviccedilo do rendimento Te-mos o papel de minimizar sofrimento Busco em minha inserccedilatildeo dentro dos clubes como psicoacuteloga mudar isso e contribuir para tornar o ambiente mais agradaacutevel proporcionando melhores condiccedilotildees da praacutetica esportiva Cassiano Pires ndash Temos que pensar no esporte como algo importante para a inclusatildeo Quando estatildeo praticando esporte as diferenccedilas natildeo existem to-dos satildeo iguais Crianccedilas que fora desse contexto vivem realidades bem dife-rentes (um mora numa casa de muitos andares o outro em uma casa de chatildeo batido por exemplo) quando estatildeo em quadra jogam de igual para igual O esporte nesse sentido eacute muito iguala-dor tem uma questatildeo de inclusatildeo nata que eacute muito legal e temos que saber aproveitar isso

TIacuteTULO DE ESPECIALISTAO tiacutetulo de especialista do CFP eacute concedido por conclusatildeo de curso de especializaccedilatildeo credenciado pelo CFP ou aprovaccedilatildeo em concurso de provas e tiacutetulos promovido periodicamente pelo CFP comprovando experiecircncia profissional de pelo menos 2 anos na aacuterea pretendidawwwcfporgbr

PARTICIPE DAS DISCUSSOtildeES NO CRPRSQuer propor a discussatildeo desse tema Participe das reuniotildees das Comissotildees de Poliacuteticas Puacuteblicas e Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica

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formaccedilatildeo

10 anos do curriacuteculo amplo o que de fato mudou na formaccedilatildeo do psicoacutelogo

Haacute 10 anos tinha iniacutecio um signi-ficativo processo de mudanccedilas na for-maccedilatildeo do psicoacutelogo com as alteraccedilotildees propostas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) de 2004 Sem distin-ccedilatildeo de habilitaccedilotildees diferentes a forma-ccedilatildeo do psicoacutelogo passou a ser ampla incluindo um nuacutecleo comum estaacutegios baacutesicos estaacutegios especiacuteficos ecircnfases curriculares articulaccedilatildeo de competecircn-cias baacutesicas e dos eixos estruturantes e refinamento das propostas de estaacutegios especiacuteficos Em 2011 a nova DCN man-teve as alteraccedilotildees de 2004 instituindo aleacutem dessas um projeto de formaccedilatildeo complementar para o professor de Psi-cologia em seu 13ordm artigo

Para a Associaccedilatildeo Brasileira de Ensino de Psicologia (ABEP) as ecircnfa-ses curriculares ndash que consistem em um recorte de um conjunto de fazeres (competecircncias) jaacute presentes no nuacutecleo comum concentradas em determina-do conjunto de atividades ndash podem ser consideradas uma forma de atender agrave formaccedilatildeo generalista sem cair no risco da superficialidade Cada curso tem a possibilidade de definir seus encadea-mentos prioritaacuterios independentemen-te das abordagens utilizadas

O CRPRS vem debatendo na Co-missatildeo de Formaccedilatildeo os desafios impli-cados em trabalhar a formaccedilatildeo ampla e ao mesmo tempo respeitar a exigecircncias

das ecircnfases curriculares que culminam na realizaccedilatildeo dos estaacutegios especiacuteficos

A coordenadora da Comissatildeo de Gra-duaccedilatildeo da Psicologia da UFRGS Paula Sandrine Machado lembra que o proces-so de adequaccedilatildeo e renovaccedilatildeo dos proje-tos pedagoacutegicos produziu em muitos cursos certos movimentos interessantes de avaliaccedilatildeo e de discussatildeo sobre o pro-fissional que se quer formar o contexto da Psicologia as competecircncias gerais que a formaccedilatildeo busca contemplar e as espe-cificidades de cada curso A abrangecircncia das diretrizes poreacutem aponta tanto para um profissional capaz de ldquofazer tudordquo quanto para um profissional que precisa saber algumas coisas baacutesicas para poder atuar em diferentes contextos

Para as coordenadoras de curso e de estaacutegio da Unisinos Rosana Cecchini de Castro e Maria Elisabeth Selbach o nuacute-cleo comum as competecircncias baacutesicas e os eixos estruturantes preconizados pe-las DCN tecircm possibilitado uma visatildeo abrangente e plural das muacuteltiplas pers-pectivas e possibilidades de intervenccedilatildeo para o futuro profissional da Psicologia ldquoAs ecircnfases podem ter foco no mercado de trabalho mas natildeo podem se desvin-cular da formaccedilatildeo como um todo sob pena de se tornarem especialidadesrdquo salientam as coordenadoras

Com o objetivo de evitar a especiali-zaccedilatildeo na formaccedilatildeo muitas instituiccedilotildees

Leia os depoimentos dos coordenadores dos cursos de Psicologia na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Resoluccedilatildeo nordm 05 de 15 de marccedilo de 2011 disponiacutevel em httpbitlyDCN2011

ABEPSIwwwabepsiorgbr

SAIBA MAIS Veja o histoacuterico das DCNs em httpbitlyABEP_DCNs

Publicaccedilatildeo do CFP ldquoContribuiccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia agrave discussatildeo sobre a formaccedilatildeo da(o) psicoacuteloga(o)rdquo httpbitlyCFP_Formacao

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de ensino trabalham com a proposta de ecircnfase como aprofundamento de estudo daquilo que jaacute foi contemplado na forma-ccedilatildeo geral do curriacuteculo

Na Univates por exemplo primei-ramente as ecircnfases ocorriam a partir do seacutetimo semestre o que prejudicava a formaccedilatildeo generalista uma vez que os estudos e disciplinas direcionavam para conteuacutedos muito especiacuteficos ldquoAl-teramos para as ecircnfases no uacuteltimo ano do curso Essa mudanccedila trouxe maior conhecimento aos estudantes da proacute-pria atuaccedilatildeo nos mais variados espa-ccedilosrdquo explica a coordenadora do curso de Psicologia da Univates Ana Lucia Bender Pereira

A preocupaccedilatildeo em preparar e for-mar o estudante para o mercado de trabalho eacute apontada pela coordenado-ra da Fisma Baacuterbara Maria Barbosa Silva Segundo ela a formaccedilatildeo pelas universidades natildeo estaacute em concordacircn-cia com a atuaccedilatildeo profissional ldquoIsso se

expressa quando na inserccedilatildeo dos alu-nos nos campos de praacuteticas e estaacutegios visualizamos a negaccedilatildeo ou negligecircncia de muitos campos de atuaccedilatildeo do Psi-coacutelogo para a formaccedilatildeo de alunosrdquo de-clara Baacuterbara Uma estrateacutegia adotada para dar conta dessa demanda eacute criar dentro da proacutepria instituiccedilatildeo de ensi-no espaccedilos destinados a execuccedilatildeo das praacuteticas e estaacutegios

Para o subcoordenador do curso da UNISC Jerto Cardoso da Silva as DCN devem ser pensadas democrati-camente e natildeo de forma autocraacutetica ldquoAs diretrizes devem ser propostas a partir das inquietaccedilotildees dos cursos e construiacutedas com elesrdquo Para ele os cur-sos devem estar atentos ao mercado de trabalho mas natildeo devem ser apenas pautados por ele pois trabalham na formaccedilatildeo de profissionais criacuteticos ou seja que podem ingressar no mercado mas tambeacutem transformaacute-lo e propor novas aacutereas de atuaccedilatildeo

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer ampliar a discussatildeo do tema Participe das reuniotildees ampliadas da Comissatildeo de Formaccedilatildeo Acompanhe a agenda pelo site wwwcrprsorgbrcomissoesegts

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artigo

A formaccedilatildeo em psicologia e a psicologia em formaccedilatildeo

Em pesquisa realizada na deacutecada de 80 sobre a formaccedilatildeo de psicoacutelogos com estudantes do curso de graduaccedilatildeo da Uni-versidade Federal Fluminense (UFF) Luis Antonio Baptista percebeu que ela se de-senvolvia em paralelo ao que se passava agrave sua volta Era uma formaccedilatildeo que pouco incluiacutea as questotildees entatildeo contemporacircneas da sociedade brasileira e tampouco sua histoacuteria (BAPTISTA 2000)

Jaacute nos anos 2000 em nossa experiecircn-cia de formaccedilatildeo no curso de graduaccedilatildeo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) o ldquomundo laacute forardquo parecia fazer-se bastante presente na universidade E era um mundo que se dizia em transformaccedilatildeo

Como natildeo poderia ser diferente em um mundo muacuteltiplo e em uma profissatildeo que vem se autodenominando plural o proje-to de psicologia almejado para a formaccedilatildeo contemporacircnea de psicoacutelogos natildeo era uno De um lado havia o projeto de se alcanccedilar uma psicologia verdadeiramente cientiacutefica e rigorosa contra aquelas praacuteticas profis-sionais calcadas no senso comum De ou-tro a esperanccedila de se alcanccedilar uma psico-logia eacutetica e com compromisso social que passaria justamente pela superaccedilatildeo da psicologia cientificista pois que compro-metida com o modelo neoliberal de socie-dade De um lado a defesa de um modelo de formaccedilatildeo por competecircncias De outro sua criacutetica De um lado modos ditos claacutes-sicos de conhecer De outro aqueles tidos como completamente inovadores

Luiz Claudio Mendonccedila Figueiredo relaciona o ldquoestado um tanto caoacutetico e ine-vitavelmente desarticulado de qualquer curriacuteculo de formaccedilatildeo em psicologiardquo (FI-

GUEIREDO 2009 p17) agraves condiccedilotildees histoacute-ricas desse campo cientiacutefico e profissional indicando o estudo da histoacuteria da psicologia como forma de compreender e transformar essa realidade Gostariacuteamos de apontar tam-beacutem um sentido inverso o estudo desses processos de formaccedilatildeo caoacuteticos e desarticu-lados para compreender a psicologia que te-mos e que vimos produzindo historicamen-te A formaccedilatildeo em psicologia expressando ela mesma uma psicologia em formaccedilatildeo

Essa inversatildeo constituiu nossa pesqui-sa de mestrado (ARALDI 2012) a qual tomando como ponto de partida os impas-ses dilemas e controveacutersias que permeiam as experiecircncias de psicoacutelogos em forma-ccedilatildeo encontrou algumas vias possiacuteveis de se colocar e se recolocar o problema do conhecer e do conhecimento psi Partimos de um dispositivo metodoloacutegico que ins-tigava os estudantes participantes todos da graduaccedilatildeo em psicologia da UFRGS a descreverem e analisarem coletivamente o que faziam nas diferentes praacuteticas de for-maccedilatildeo fossem elas curriculares (de estu-dos leitura pesquisa extensatildeo estaacutegio) ou informais (conversas de corredores ex-periecircncias no Diretoacuterio Acadecircmico etc)

As distinccedilotildees dos estudantes entraram em diaacutelogo com autores do campo dos estu-dos da cogniccedilatildeo e do conhecimento (Kastrup Varela Maturana Latour) que tecircm questio-nado uma forma bastante corrente ao menos nas sociedades ocidentais de se conceber o conhecer e o conhecimento enquanto repre-sentaccedilatildeo efetivada por uma mente indivi-dual de um mundo preacute-existente agrave accedilatildeo do conhecedor O que isso significa Fundamen-talmente implica separar e situar como es-

Etiane AraldiPsicoacuteloga (UFRGS) Mestre em Psicologia Social e Institucional (UFRGS) Analista de Poliacuteticas Sociais na Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo do SUS (PNH) Ministeacuterio da Sauacutede

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secircncias de um lado um sujeito que conhece e de outro um mundo que se daacute a conhecer

As experiecircncias de formaccedilatildeo dos estu-dantes pesquisados sugerem que tal concep-ccedilatildeo de conhecimento tem marcado sobre-maneira o campo psi a comeccedilar pelo modo como os psicoacutelogos se relacionam com o tema das diferentes psicologias as escolas e escolhas teoacutericas Dada a ambiguidade do objeto e da teacutecnica do psicoacutelogo somada agrave divisatildeo do campo entre diferentes psicolo-gias cada qual com concepccedilotildees epistemo-loacutegicas e metodoloacutegicas especiacuteficas acostu-mou-se a aceitar que a teoria eacute a praacutetica do psicoacutelogo sendo os conceitos ferramentas de trabalho e a escolha teoacuterica um passo neces-saacuterio para que o profissional se constitua enquanto tal e para que suas intervenccedilotildees sejam legitimamente designadas psi

Na esteira dessa ideia supotildee-se que as praacuteticas de um psicoacutelogo psicanalista por exemplo possam ser deduzidas diretamen-te da teoria psicanaliacutetica sendo o trabalho do psicoacutelogo em determinada contingecircncia comumente descrito segundo as teorias que supostamente lhe dariam sustentaccedilatildeo

Em nossa pesquisa observamos que tal loacutegica produz a teoria e a praacutetica como domiacutenios de accedilatildeo muito diferentes nessa profissatildeo sendo o trabalho psi dado o seu forte componente relacional entendido em uma dimensatildeo incorporada um co-nhecimento de ldquoorganismordquo que ldquose sen-te na carnerdquo (conforme verbalizaccedilotildees dos estudantes) em contraposiccedilatildeo com o fazer acadecircmico tomado como essencialmente analiacutetico reflexivo ldquoruminanterdquo parecen-do inclusive que o estaacutegio natildeo compunha o curriacuteculo tamanho o confronto entre um mundo e outro O curioso eacute que em-bora sendo situado no discurso como um conhecimento desprovido de corpo as competecircncias acadecircmicas eram transpos-tas em um sentido incorporado ao fazer

dos estaacutegios produzindo nos estudantes atitudes analiacuteticas distanciadas num sen-tido de espectador nas intervenccedilotildees pro-fissionais Inclusive o uso de metaacuteforas relacionadas agraves tecnologias de produccedilatildeo e apreensatildeo de teorias fizeram-se bastante presentes na explicaccedilatildeo do que faz o psi-coacutelogo fazer leituras da realidade era me-taacutefora recorrente na descriccedilatildeo de boa parte das accedilotildees dos estudantes nos estaacutegios

O tema da identificaccedilatildeo foi citado di-versas vezes como criteacuterio para a escolha teoacuterica expressando a busca por uma re-laccedilatildeo de identidade igualdade entre seu suposto ser e a concepccedilatildeo de ser (de sujei-to) supostamente contida nas teorias Mas seriam nossos ldquoeusrdquo e os ldquoeusrdquo (as con-cepccedilotildees de sujeito) das teorias assim tatildeo coerentes Tanto no campo da cogniccedilatildeo quanto no da epistemologia tal suposiccedilatildeo de coerecircncia tem sido questionada

De qualquer modo a ideia de que o ser antecede o fazer parece motivar na psicolo-gia a adoccedilatildeo de uma concepccedilatildeo de sujeito uma visatildeo de homem como necessidade a priori para a atuaccedilatildeo profissional Entretan-to o que observamos entre os estudantes e a instituiccedilatildeo universitaacuteria foi um traba-lho ativo e cotidiano de separaccedilatildeopuri-ficaccedilatildeo dessas concepccedilotildees De modo que nos perguntamos a relaccedilatildeo identitaacuteria do psicoacutelogo com as teorias que compotildeem o campo psi seria decorrente de pressupostos e eacuteticas transcendentes preconizados pela epistemologia ou seria um processo que se ampara mais nas praacuteticas cotidianas de formaccedilatildeo de psicoacutelogos Nossa aposta ao perguntar agrave formaccedilatildeo em psicologia sobre o que ali se faz evidenciou um plano con-creto de produccedilatildeo da psicologia no presen-te que extrapola em muito o leque das te-orias psicoloacutegicas vigentes mas que ainda assim pode ser afirmado como legiacutetimo co-nhecer e fazer psi na contemporaneidade

REFEREcircNCIAS

ARALDI Etiane Das escolas e escolhas teoacutericas agraves poliacuteticas cognitivas legitimando a experiecircncia e a contingecircncia na colocaccedilatildeo do problema do conhecer e do conhecimento psi Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Psicologia Social e Institucional Instituto de Psicologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS Porto Alegre 2012

BAPTISTA Luis Antonio A faacutebrica de interiores a Formaccedilatildeo Psi em Questatildeo Niteroacutei Eduff 2000

FIGUEIREDO Luiz Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos Petroacutepolis Vozes 2009

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Projeto Poliacuteticas Puacuteblicas na Formaccedilatildeo promove aproximaccedilatildeo do CRPRS com o meio acadecircmico

De acordo com pesquisas feitas pelo Centro de Referecircncia Teacutecnica em Psicologia e Poliacuteti-cas Puacuteblicas ndash CREPOPRS a formaccedilatildeo em Psicologia eacute apon-tada como uma das grandes fra-gilidades ainda impostas para atuaccedilatildeo dos psicoacutelogos nas poliacute-ticas puacuteblicas Paradoxalmente o campo das poliacuteticas puacuteblicas atrai um nuacutemero maior de pro-fissionais a cada ano que mui-tas vezes chegam ao mercado desconhecendo marcos legais e marcos loacutegicos que datildeo funda-mento agraves praacuteticas nessa aacuterea

Buscando minimizar esse problema o CREPOP vem de-senvolvendo desde 2013 o Pro-jeto Poliacuteticas Puacuteblicas na For-maccedilatildeo proposta que procura qualificar a formaccedilatildeo para atu-accedilatildeo em diferentes campos das poliacuteticas puacuteblicas por meio da aproximaccedilatildeo entre Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul e estudantes de faculdades de Psicologia do estado A ideia de desenvolver esse trabalho surgiu em 2009 por iniciativa do estagiaacuterio da eacutepoca Edson Murliki

O projeto favorece espaccedilos de debate reflexatildeo e constru-

ccedilatildeo de um pensamento criacutetico junto aos cursos de gradua-ccedilatildeo objetivando a construccedilatildeo de referecircncias teacutecnicas para a formaccedilatildeo em Psicologia e Po-liacuteticas Puacuteblicas ldquoBuscamos fortalecer o diaacutelogo entre o CRPRS e o meio acadecircmico dimensionar a percepccedilatildeo dos estudantes sobre seus conhe-cimentos acerca das poliacuteticas puacuteblicas e incentivar a refle-xatildeo avaliativa sobre a forma-ccedilatildeo profissional do psicoacutelogo para atuar na aacutereardquo declara a ex-assessora teacutecnica do CRE-POP Carolina dos Reis

Para alcanccedilar isso o pro-jeto segue algumas etapas que incluem apresentaccedilatildeo aos coordenadores dos cursos e realizaccedilatildeo de encontros com os estudantes na sede sub-sedes do CRPRS ou nas proacute-prias instituiccedilotildees de ensino ldquoOs registros desses encontros subsidiam a produccedilatildeo de um relatoacuterio que reuacutene as princi-pais questotildees apontadas pelos alunos gerando dessa forma orientaccedilotildees para construccedilatildeo de um instrumento informa-tivo que sistematize os pontos de reflexatildeordquo explica Carolina

crepop

Projeto Formaccedilatildeo na sua faculdade Faculdades de Psicologia que tenham interesse em participar do Projeto de Formaccedilatildeo devem entrar em contato com o CREPOPRS pelo fone (51) 33346799 ou pelo e-mail crepopcrprsorgbr

Os resultados parciais in-dicam a necessidade de maior aprofundamento teoacuterico no assunto bem como reconheci-mento do caraacuteter transversal da temaacutetica dentro da formaccedilatildeo Os alunos tambeacutem demandam ampliaccedilatildeo de espaccedilos de inser-ccedilatildeo que propiciem maior conta-to com a praacutetica dos psicoacutelogos nas poliacuteticas puacuteblicas Indicam ainda a necessidade de uma reformulaccedilatildeo metodoloacutegica no curso do projeto visando a am-pliar o caraacuteter de intervenccedilatildeo do mesmo Seraacute incluiacuteda uma etapa de pactuaccedilotildees entre os diversos atores envolvidos nas instituiccedilotildees participantes de modo a produzir espaccedilos para a construccedilatildeo de soluccedilotildees con-cretas aos desafios emergidos nas rodas de conversas

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tracircnsito

A Psicologia na educaccedilatildeo para o tracircnsito

A Psicologia exerce uma impor-tante funccedilatildeo no tracircnsito ao estudar a mobilidade humana a partir da anaacutelise de diferentes dimensotildees processos e fenocircmenos envolvidos nesse contexto Pensando nisso a Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsi-to e Mobilidade Humana do CRPRS contribuiu na organizaccedilatildeo do 1ordm Se-minaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito realizado pela Prefeitura de Santa Maria em abril O evento voltado a professores da rede puacuteblica de ensi-no do municiacutepio teve como objetivo despertar a conscientizaccedilatildeo de que a educaccedilatildeo pode mudar o comporta-mento das pessoas no tracircnsito

O CRPRS acredita que a Psicolo-gia pode contribuir nesse processo envolvendo os professores e toda a sociedade para que o tema seja tra-balhado de forma ampla Para a Co-missatildeo do CRPRS os professores pre-cisam entender essa transversalidade

para que haja uma real mudanccedila de comportamento da sociedade

O tracircnsito deve ser pensado de maneira ampla considerando todos os envolvidos ldquoQuando falamos em tracircnsito natildeo devemos pensar apenas no fluxo de automoacuteveis mas consi-derar principalmente que o tracircnsi-to eacute composto por todos noacutes Deve-mos pensar no aspecto da mobilidade humana pensar na livre circulaccedilatildeo e no deslocamento com seguranccedila assim como nas relaccedilotildees sociais que se constituem nesse espaccedilo Ao se deslocar pelas ruas com automoacuteveis particulares bens privados as pes-soas muitas vezes natildeo se datildeo conta de que estatildeo circulando em um espa-ccedilo puacuteblico com regras estabelecidas pelo governo e pela proacutepria socieda-de Competem entre si de modo pri-vado por um espaccedilo que eacute puacuteblico e de todosrdquo declara o coordenador da aacuterea teacutecnica do CRPRS assessor da

SAIBA MAISAssista aos viacutedeos do 1ordm Seminaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Artigo ldquoTracircnsito e Sociedaderdquo de Sinara Tres Soares e Lucio Fernando Garcia disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Publicaccedilatildeo do CRPRS ldquoTracircnsito e Mobilidade Humana - Psicologia Educaccedilatildeo e Cidadaniardquo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrlivrotransito

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tracircnsito

Comissatildeo de Tracircnsito Lucio Fernan-do Garcia

Para ele a Psicologia exerce um im-portante papel ao contribuir na refle-xatildeo que abrange conceitos de cidada-nia e suas implicaccedilotildees considerando o tracircnsito como um processo humano e que envolve condiccedilotildees subjetivas ldquoSer cidadatildeo eacute uma escolha que traz impli-caccedilotildees e reflexotildees sobre responsabili-dades obrigaccedilotildees e direitosrdquo

Diversos aspectos psicoloacutegicos interferem na forma como as pesso-as lidam com o tracircnsito A psicoacuteloga Sinara Tres Soares da Escola Puacuteblica de Tracircnsito do DETRAN-RS ressalta que mesmo tendo ciecircncia dos riscos aos quais estatildeo expostas muitas pes-soas optam em correr esse risco por acreditar que vale a pena ldquoCada pes-soa tem uma diferente percepccedilatildeo de risco O que para alguns representa mais seguranccedila para outros pode significar a permissatildeo para correr mais riscos O sistema de freios do tipo ABS por exemplo traz mais se-guranccedila poreacutem algumas pessoas por se sentirem mais seguras com essa tecnologia acabam correndo maisrdquo explica Sinara

Outro aspecto psicoloacutegico en-volvido no tracircnsito diz respeito agrave conduta que autoriza as pessoas a te-rem determinado tipo de comporta-mento contrariando aquilo que elas mesmas acreditamldquoMuitos criticam quando os carros param em fila du-pla Poreacutem quando vatildeo levar o filho

na escola por exemplo agem assim e justificam tal atitude com explica-ccedilotildees como lsquoeacute bem rapidinhorsquo ou lsquofoi soacute dessa vezldquo

Esse tipo de comportamento re-flete a questatildeo do individualismo e da dificuldade das pessoas entende-rem que fazem parte de um todo e que estatildeo inseridas em um contex-to em que seus atos iratildeo atingir o proacuteximo ldquoTemos que trabalhar na sensibilizaccedilatildeo para que cada um compreenda que a sua atitude seu comportamento interfere direta-mente no tracircnsitordquo afirma a colabo-radora da Subsede Centro-Oeste do CRPRS integrante da Comissatildeo do Tracircnsito Aline Baumlumer

Para o evento em Santa Maria o grupo de colaboradores da Subsede Centro-Oeste produziu o viacutedeo ldquoAto-res no Tracircnsitordquo que mostra diferentes pontos de vista que fazem parte do tracircnsito revelando como nossa visatildeo muda dependendo da oacutetica em que a cena eacute vista

A Comissatildeo de Psicologia do Tracircn-sito e Mobilidade Humana do CRPRS estaacute engajada na proposta de desenvol-ver poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave educa-ccedilatildeo para o tracircnsito ldquoQueremos investir na continuidade de projetos e eventos como esse Seminaacuterio Acreditamos que alunos e professores engajados tornam--se multiplicadores de accedilotildees de educa-ccedilatildeo para o tracircnsitordquo afirma a presiden-te da Comissatildeo do CRPRS Elisangela Maria Almeida Santos

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer discutir mais sobre essa relaccedilatildeo entre Psicologia e Tracircnsito Participe da Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsito e Mobilidade Humana Acompanhe a agenda de reuniotildees pelo site httpcrprsorgbrcomissoesegts ou envie e-mail para comissoescrprsorgbr e informe seu interesse

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Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica em situaccedilotildees de periacutecia e de recursos administrativos

orientaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo psicoloacutegica eacute sem duacutevi-da a abordagem mais requisitada nas di-ferentes instacircncias do fazer do psicoacutelogo Ligada principalmente agrave necessidade de uma resposta ocupa um espaccedilo teacutecnico mas tambeacutem muitas vezes se constitui no imaginaacuterio como se pudesse responder a todas e quaisquer questotildees pautadas com base na anaacutelise do comportamento ou de condiccedilotildees emocionais do avaliando Essa condiccedilatildeo eacute produzida na medida em que atualmente a avaliaccedilatildeo psicoloacutegica tem sido cada vez mais usada na condiccedilatildeo de fundamentar periacutecia ou em situaccedilotildees judi-ciais assim como as que ocorrem em con-cursos puacuteblicos no proacuteprio processo ou em situaccedilotildees de recurso administrativo

As avaliaccedilotildees nessas situaccedilotildees seguem o regrado pela profissatildeo atraveacutes do Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo e das Re-soluccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia assim como devem buscar atender ao soli-citado Entretanto essa maacutexima natildeo quer dizer que o psicoacutelogo quando destacado (contratado) como perito deva conceber tal incumbecircncia como fator a definir o resulta-do da avaliaccedilatildeo O ato pericial eacute o de aplicar teacutecnicas e meacutetodos psicoloacutegicos objetivando um resultado decorrente de todo o processo que por meio de instrumentos eou de en-trevistas concluiraacute a avaliaccedilatildeo registrando ao candidato ou periciando as conclusotildees formuladas O psicoacutelogo natildeo advoga pela parte ou seja o resultado da avaliaccedilatildeo psi-coloacutegica poderaacute ser muito diferente do re-sultado almejado pelo candidato ou parte em processo judicial A avaliaccedilatildeo natildeo pode

ser tendenciosa adaptada ou alterada a fim de alcanccedilar o resultado pretendido pelo candidato natildeo eacute uma peccedila de defesa Eacute um procedimento teacutecnicocientiacutefico que con-clui a partir dos dados e teacutecnicas aplicadas objetivando responder ao solicitado dentro de determinados limites descrevendo o ob-servado e orientando o avaliando sobre os resultados obtidos

A conduta do psicoacutelogo em todo o pro-cedimento avaliativo deve estar pautada em princiacutepios de responsabilidade teacutecnica e profissional respaldados em procedimentos cientiacuteficos e validados O profissional deve ainda levar em consideraccedilatildeo aspectos como bem-estar dignidade e responsabilidade so-cial dos envolvidos na avaliaccedilatildeo uma vez que a mesma ocorre em um contexto soacutecio--cultural e de forma geral contempla um processo que envolve a sociedade como um todo especialmente em se tratando de con-cursos puacuteblicos e assessoramento judiciaacuterio

Reco

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Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea TeacutecnicaAdriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga FiscalLeticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Artigo ldquoAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica e Relaccedilotildees com o Judiciaacuteriordquo publicado na ediccedilatildeo nordm 64 do EntreLinhas disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas64

Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcodigoetica

Resoluccedilotildees do CFP disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrresolucoesCFP

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USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

CursosEspecializaccedilatildeo em Psicologia Cliacutenica Terapia Cognitivo ComportamentalChapecoacuteSC Informaccedilotildees (49) 99413800dilmaandrettaunoescedubr wwwunoescedubr

V Ciclo de Estudos em Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica18072014 (iniacutecio moacutedulo 5) 08082014 (iniacutecio moacutedulo 6)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33085453cicloestudosapgmailcom wwwufrgsbrgeapap

Mediaccedilatildeo de Conflitos Novo paradigma agrave construccedilatildeo da pazAteacute 09102014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32226134infoclipmedcombr wwwclipmedcombr Curso de PsicanaacuteliseAteacute 25102014 Passo FundoRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Grupos de EstudoOs contos de fadas como instrumento de conhecimento e desenvolvimento humanoCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500claudiaclinicatessaricombr wwwrecriarnetbr

Introduccedilatildeo agrave Psico-Oncologia com ecircnfase em Psicossomaacutetica e PsiconeuroimunologiaPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92627203 (51) 84041373dhmullerbolcombr danitnunesgmailcompsicossomatica-rsorgbr

Estudos Metapsicoloacutegicos de Freud1306 1807 1508 1909 1010 e 21112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

O que fazer quando recebemos uma crianccedila0407 0108 2908 3110 07112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Mitologia Grega IAteacute 21112014 (encontros mensais)Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500recriarrecriarnetbr

A obra de Wilfred BionAteacute 13122014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr Teoria e Teacutecnica das Paradas e Impasses do TratamentoEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33303845secretariasbpdepaorgbr

Observaccedilatildeo de BebecircsEncontros agraves segundas-feirasNovo Hamburgo RS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Indicadores de Intersubjetividade de 0 a 2 anosEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

O Estudo da Mente na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Conceitos Fundamentais sobre sexualidade na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

DW Winnicott sua pessoa e suas ideias psicanaliacuteticasEncontros agraves quartas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Andreacute GreenEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

Donald WinnicottEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwbionorgbr

Seacuterie Em TerapiaEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr Trabalhos de MetapsicologiaEncontro agraves sextas-feirasCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Freud Reinventando FreudEncontros aos saacutebadosCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

BionEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr D WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

FreudEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Iniciando com WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Introduccedilatildeo ao Aparelho PsiacutequicoEncontros mensaisPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 (51) 33842765contatobionorgbr wwwbionorgbr

Congressos Jornadas Simpoacutesios e Conferecircncias

IV Jornada do Programa da Mulher Depen-dente Quiacutemica02082014Satildeo PauloSP Informaccedilotildees (11) 26618011amandadiasipqhcorgbr omrochaipqhcorgbr wwwceiporgbr

Jornada Constructo 2014 - com Dr Jacques Andregrave15 e 16082014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Congresso SOCERGS 2014 Uniatildeo de conheci-mento e Intercacircmbio multidisciplinar21 a 23082014GramadoRS Informaccedilotildees (51) 33391415 wwwsocergsorgbrcongresso2014

IV Congresso Brasileiro de Psicologia - Ciecircn-cia e Profissatildeo19 a 23112014Satildeo PauloSPwwwcienciaeprofissaocombr

Conferecircncia e Treinamento com a Psicoacuteloga Americana FELICIA CARROLL26 a 29112014Caxias do Sul RS Informaccedilotildees claudiatessarigmailcom wwwrecriarnetbr

Exibiccedilatildeo de filme8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoMorte em Venezardquo02072014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoUacuteltimo Tango Em Parisrdquo13082014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoCanccedilatildeo de Amorrdquo10092014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoAta-merdquo08102014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoO Livro de Cabeceirardquo12112014 Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

OficinaOficina de Produccedilatildeo Psicanaliacutetica e LiteraacuteriaSegundas ou quartas-feiras (6 encontros)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwpaulofernandomonteiroferrazblogspotcom

Agecircncia Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

Page 10: EntreLinhas nº 66

10 entre linhas | abr-mai-jun 2014

justiccedila

produccedilatildeo de prova com vistas agrave res-ponsabilizaccedilatildeo do agressor

Haacute consenso entre os que repudiam e os que defendem a criaccedilatildeo de salas especiais para a realizaccedilatildeo do deno-minado ldquodepoimento sem danordquo ou ldquodepoimento especialrdquo de que eacute neces-saacuterio evitar a revitimizaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes que satildeo colocados em sucessivas situaccedilotildees de repeticcedilatildeo da

histoacuteria da violecircncia vivida ou presen-ciada Natildeo haacute consenso entretanto no entendimento de que a inquiriccedilatildeo natildeo seja revitimizante ou violadora de direi-tos mesmo em ambientes mais huma-nizados visto que seu uacutenico objetivo eacute a responsabilizaccedilatildeo do agressor

O CFP defende que natildeo eacute papel do psicoacutelogo realizar inquiriccedilatildeo monito-rado pelo juiz que lhe determina as

SAIBA MAISO V Conversando sobre a Psicologia e o SUAS em Caxias do Sul realizado em agosto de 2013 tratou das Relaccedilotildees com a Justiccedila Confira resumo das questotildees abordadas em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Leia entrevistas na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

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A experiecircncia do Nuacutecleo de Praacuteticas Juriacutedicas do Projeto de Atenccedilatildeo Ampliada agrave Sauacutede ndash PAAS

QUER AMPLIAR O DEBATE SOBRE O TEMA Participe das Comissotildees de Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica Poliacuteticas Puacuteblicas ou das atividades do CREPOP como o Conversando sobre a Psicologia e o SUAS Acompanhe a agenda de reuniotildees em wwwcrprsorgbrcomissoesegts

ENTRELINHAS RECOMENDA

Filme ldquoO Juiacutezordquo de Maria Augusta Ramos (2007)

Filme ldquoO Contador de Histoacuteriasrdquo de Luiz Villaccedila (2009)

Desenvolvido pela Unisinos o Projeto de Atenccedilatildeo Ampliada agrave Sauacute-

de (PAAS) atua de forma interdisciplinar atendendo agrave comunidade de

Satildeo Leopoldo e regiatildeo aleacutem de constituir-se como campo de estaacutegio

para os acadecircmicos O Nuacutecleo de Praacuteticas Juriacutedicas eacute o responsaacutevel

pela articulaccedilatildeo entre a Psicologia e as demandas do Judiciaacuterio Co-

nheccedila o Projeto acessando wwwcrprsorgbrentrelinhas66

perguntas a serem feitas agrave crianccedila e ao adolescente A inquiriccedilatildeo eacute um proce-dimento juriacutedico constitui-se em um interrogatoacuterio cujo objetivo eacute levantar dados para instruccedilatildeo de um processo judicial visando agrave produccedilatildeo de prova sendo as perguntas feitas agrave crianccedila e ao adolescente orientadas pelas neces-sidades do processo A escuta psicoloacute-gica caracteriza-se por ser uma relaccedilatildeo de cuidado acolhedora e natildeo invasi-va para a qual se requer a disposiccedilatildeo de escutar respeitando-se o tempo de elaboraccedilatildeo da situaccedilatildeo traumaacutetica as peculiaridades do momento do desen-volvimento e sobretudo visando a natildeo revitimizaccedilatildeo A escuta leva em conta a dimensatildeo subjetiva que tambeacutem deve ser considerada na perspectiva dos di-reitos humanos

Ao elaborar a Resoluccedilatildeo 0102010 o Conselho Federal defendia a neces-sidade da escuta sempre ser funda-mentada nos princiacutepios da proteccedilatildeo integral e da prioridade absoluta pre-vistos no ECA em decorrecircncia da si-tuaccedilatildeo peculiar de desenvolvimento em que se encontram crianccedilas e ado-lescentes na legislaccedilatildeo especiacutefica da profissatildeo e nos marcos teoacutericos teacutec-nicos e metodoloacutegicos da Psicologia como ciecircncia e profissatildeo

ldquoA derrubada da resoluccedilatildeo con-figura-se uma intromissatildeo no que diz respeito agrave capacidade teacutecnica dos conselhos de classe das profis-sotildees regulamentadas de dizerem dos limites eacutetico-teacutecnicos-poliacuteticos de suas respectivas profissotildeesrdquo afirma Lindomar

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Comissatildeo de Eacutetica

Uma urgecircncia coloca-se na relaccedilatildeo que se estabelece sem-pre mais intensa entre as praacute-ticas psicoloacutegicas e o campo juriacutedico Trata-se de trazer para a discussatildeo a dimensatildeo eacutetica do fazer psicoloacutegico colocando em pauta o modo pelo qual efetiva-mos essa relaccedilatildeo e os modos pe-los quais chegamos a instituir novas formas conceituais e pro-cedimentais tanto na produccedilatildeo do conhecimento psi como na atuaccedilatildeo profissional do psicoacutelo-go junto aos tracircmites judiciais Para comeccedilar este debate cabe nos perguntarmos como enten-demos essa dimensatildeo eacutetica

Pensamos que para muito aleacutem de estipular um ldquodever serrdquo nos modos de se produzir conhecimento e de se inserir nas praacuteticas profissionais esta-mos nos referindo agrave reflexatildeo e problematizaccedilatildeo das questotildees e temaacuteticas que nos assolam na contemporaneidade Tais ques-totildees nos levam em muacuteltiplos processos a nos constituirmos de uma determinada forma a sermos ndash sujeitos ndash deste ou da-quele modo ou ainda a sermos chamados e reconhecidos por esta ou aquela marca objetiva e subjetiva de identificaccedilatildeo Natildeo estamos portanto falando de regulamentos para conduzir

justiccedila

comportamentos ou ainda de procedimentos disciplinares relacionados a condutas acadecirc-micas e profissionais desvian-tes ou natildeo na elaboraccedilatildeo de suas atividades

Esse debate se refere tanto a uma identificaccedilatildeo profissio-nal ndash psicoacutelogo que nos coloca em uma multiplicidade de praacute-ticas relativas agrave subjetividade humana como tambeacutem agraves inuacute-meras formas de como somos designados objetivamente em nosso fazer tais como psicoacute-logo especialista na infacircncia ou psicoacutelogo perito judicial ou ainda psicoacutelogo especialis-ta em conflitos parentais e ao mesmo tempo perito em ava-liaccedilatildeo psicoloacutegica e assim por diante No intuito de dar conta das demandas que se formam nos processos poliacutetico-sociais contemporacircneos noacutes psicoacutelo-gos vamos nos organizando e predispondo dentro das possi-bilidades viaacuteveis e com o maior rigor eacutetico-profissional a con-templar tecnicamente o que nos convoca a partir do campo psicoloacutegico e da sociedade No entanto ao mesmo tempo que desenvolvemos um saber espe-ciacutefico no campo da Psicologia vamos produzindo verdades pelo estatuto cientiacutefico que ser-

vem aos mecanismos da Justiccedila para julgar punir e delimitar os merecedores desta ou daquela decisatildeo judicial ou ainda pe-nalidade descrita em lei Eacute dian-te destes enlaces entre as praacuteti-cas em Psicologia e o campo psicoloacutegico que mais uma vez afirmamos a indissociabilidade entre um fazer cientiacutefico e a sua dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ou en-tre ciecircncia e poliacutetica Fazemos sim uma Psicologia implicada nas questotildees sociais e poliacuteticas de nosso tempo entendendo que um embate poliacutetico aiacute se co-loca entre os campos em causa Psicologia e Judiciaacuterio

Sendo assim por que que-remos neste momento trazer a discussatildeo da dimensatildeo eacuteti-ca para a relaccedilatildeo das praacuteticas psicoloacutegicas no campo judiciaacute-rio Esta questatildeo nos convoca fortemente a partir da parti-cipaccedilatildeo na Comissatildeo de Eacutetica do CRPRS para o debate ao nos depararmos com a enor-me demanda de intervenccedilotildees consideradas como faltosas nos aspectos eacuteticos da atuaccedilatildeo profissional em situaccedilotildees que se relacionam com processos ou convocatoacuterias judiciais sejam elas no acircmbito familiar ou do direito administrativo das insti-tuiccedilotildees puacuteblicas

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As denuacutencias que chegam agrave Comissatildeo de Eacutetica versam principalmente sobre ausecircn-cia de guarda de documentos e ausecircncia de realizaccedilatildeo de avaliaccedilatildeo psicoloacutegica na aacuterea do tracircnsito elaboraccedilatildeo de do-cumentos que extrapolam os limites teacutecnicos ou sem funda-mentaccedilatildeo teacutecnica utilizados no acircmbito judicial divulgaccedilatildeo de instrumentos natildeo reconhecidos na aacuterea da Psicologia obtenccedilatildeo de vantagens financeiras a par-tir de processo psicoteraacutepico

Eacute nesta inserccedilatildeo das praacuteti-cas psicoloacutegicas nas demandas que se fazem todos os dias que entendemos a importacircncia da dimensatildeo eacutetica Uma eacutetica que se vincula ao campo da refle-xatildeo a um pensamento atuan-te sobre os processos que nos subjetivam e nos convocam cotidianamente Logo eacute muito mais do que um tecnicismo--instrumental que se constitui para solucionar e legitimar as normatizaccedilotildees afirmadas em muitos processos entrelaccedila-dos no arranjo social Trata-se de uma eacutetica que coloca em questatildeo as formas pelas quais os sujeitos satildeo tomados como objeto em uma determinada relaccedilatildeo de conhecimento ndash o psicoloacutegico ndash e portanto em uma relaccedilatildeo de poder Estamos assim nos referindo agraves formas que determinamos enqua-dramos instituiacutemos e muitas

vezes ateacute legislamos sobre as relaccedilotildees que constituiacutemos na vida ou mais especificamente das formas que determinamos e instituiacutemos a partir de nossa atuaccedilatildeo profissional Este dizer este determinar este legislar passa pelo acircmbito do saber Sa-ber sobre algo saber sobre al-gueacutem Passa por um saber que diz como algueacutem pode ou natildeo se conduzir como pode ou natildeo se reconhecer como pode ou natildeo se comportar etc daiacute uma relaccedilatildeo de saber que tambeacutem se configura em jogos de poder

Abrir questotildees eacuteticas nesta discussatildeo implica em nos per-guntarmos como estatildeo se for-mulando as denuacutencias agrave Comis-satildeo de Eacutetica do CRPRS Em que processos e jogos de interesse se efetivam as intervenccedilotildees psico-loacutegicas consideradas faltosas Quando falamos em interven-ccedilatildeopraacutetica psicoloacutegica de que forma queremos encaminhaacute--las e sob que discursos eacutetico--poliacuteticos nos assentamos para legitimaacute-las Queremos uma atuaccedilatildeo disciplinadora e lega-lista na nossa profissatildeo e na so-ciedade O que queremos com esse processo Quais os efeitos que esperamos que se produ-zam a partir dessa intervenccedilatildeo moral O que faz com que o profissional natildeo produza uma reflexatildeo eacutetica diante do seu co-tidiano de trabalho Queremos uma atuaccedilatildeointervenccedilatildeo que

controle e puna os que escapam aos ditames dos coacutedigos que noacutes mesmos estabelecemos ou seja uma intervenccedilatildeo moral so-bre os psicoacutelogos que desconsi-deraram a reflexatildeo eacutetica em seu proacuteprio fazer Eacute imprescindiacutevel perguntarmo-nos se as nossas produccedilotildees acadecircmicas e profis-sionais estatildeo privilegiando um pensamento criacutetico problema-tizador e abrangente sobre os modos que nos constituiacutemos na sociedade Urge analisarmos como se produzem os efeitos de nossas produccedilotildees acadecircmicas e profissionais em noacutes mesmos com aqueles que nos relacio-namos e com a sociedade em geral Eacute sobre esta relaccedilatildeo de um conhecimento implicado politicamente atuante produ-to e efeito de nossa experiecircncia na vida que estamos falando aqui Falamos aqui de uma re-laccedilatildeo pensada e constituiacuteda na liberdade e natildeo pela lei ou seja na reflexatildeo eacutetica que se faz em muacuteltiplas formas de pensar e experimentar a vida Trata-se de uma discussatildeo aberta e sem-pre a se fazer

Zuleika Koumlhler GonzalesConselheira integrante da Comissatildeo de Eacutetica do CRPRSCRP 078721

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justiccedila

Medida Socioeducativa entre A amp Z

Organizado pelas equipes do Nuacutecleo de Extensatildeo do Pro-grama Interdepartamental de Praacuteticas com Adolescentes e Jo-vens em Conflito com a Lei (PIPA) da UFRGS o livro ldquoMedida Socioeducativa entre A amp Zrdquo surgiu a partir da experiecircncia de profissionais de Psicologia Direito e Educaccedilatildeo com as praacuteticas direcionadas ao puacuteblico adoles-cente que cumpre medida socioeducativa sendo financiado pelo Edital Nacional da Poliacutetica de Extensatildeo (ProextMec2013)

A obra atende agrave linha temaacutetica ldquoeducaccedilatildeo e direitos humanosrdquo desta Poliacutetica de Extensatildeo com vistas agrave elaboraccedilatildeo de material didaacutetico-pedagoacutegico para contribuir em accedilotildees de formaccedilatildeo no atendimento educacional de adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas Apre-senta um glossaacuterio conjunto de verbetes das medidas socioeducativas escritos ldquomenos para dar conta da descriccedilatildeo teacutecnica de termos que designam a vida de adolescentes e de seus atos infra-cionais mais para fazer de vozes solitaacuterias que lutam pela poliacutetica da garantia de direitos de adolescentes uma escrita que pode vir a ser a audiccedilatildeo de muitosrdquo conforme descreve a psicoacuteloga e professora Gislei Domingas R Lazzarotto integrante da equipe organizadora da obra

Confira trechos da definiccedilatildeo de alguns verbetes apresentados na publicaccedilatildeo

Ato Infracional (Carmem Maria Craidy pedago-ga doutora em Educa-

ccedilatildeo) ndash ldquoO que pode parecer um detalhe tem alto significado o adolescente deveraacute ser tratado a partir de sua condiccedilatildeo como pessoa em desenvolvimento com possibilidades muacuteltiplas e natildeo simplesmente a partir do ato in-fracional que tiver cometido Ele natildeo eacute o ato que cometeu e mes-mo se for responsabilizado pelo mesmo deveraacute ser visto e tratado para aleacutem delerdquo

Conselho Tutelar (Este-la Scheinvar socioacuteloga doutora em Educaccedilatildeo)

ndash ldquoSob a loacutegica do direito o dis-tanciamento de um padratildeo eacute um delito que tem que ser julgado sentenciado e punido Natildeo ve-mos todos os setores da socie-dade frequentarem o conselho tutelar e os que laacute vatildeo se carac-terizam sobretudo por natildeo po-derem decidir como fazer a sua vida sendo submetidos a conse-lhos que ressoam como sentenccedilas a serem cumpridasrdquo

Brete (BF e JMG) ndash ldquoNatildeo eacute um quarto Eacute um quadrado Ele tem uma porta de ferro

toda gradeada Jaacute vem com as jegas mas eacute soacute isso que tem dentro A pa-rede eacute toda escrita todo mundo co-loca o nome laacute Dizem que se tu es-crever teu nome chama de volta e tu cai de novo mas isso eacute supersticcedilatildeo A porta se chama portiola Dentro de um lsquobretersquo cabe no maacuteximo 8 gu-ris mas depende tem uns que eacute de 3 Tem janela mas nem passa o dedo do cara pra pegar um vento E no ca-lor Todo mundo se abana melhor eacute dormir no piso que eacute mais geladordquo

Mais informaccedilotildees sobre a obra pelo e-mail ppscufrgsbr

entre linhas | jan-fev-mar 2014 15

Consultoria Organizacional como Dispositivo Cliacutenico

Saindo dos limites que a praacutetica tradi-cional em muitas situaccedilotildees nos impotildee quis experimentar uma outra praacutetica um outro olhar uma outra postura dentro das organi-zaccedilotildees a de ser uma consultora analista Foi entatildeo que busquei os referenciais da psico-logia social e institucional e da filosofia da diferenccedila com o intuito de analisar inter-rogar lanccedilar perguntas experimentar uma outra forma de fazer Psicologia Apresento trecircs recortes que exemplificam essa praacutetica

Numa empresa de grande porte natildeo existia RH apenas Departamento Pessoal em seu aspecto mais antigo sem nenhuma forma de integraccedilatildeo de novos funcionaacuterios Realizei entatildeo um projeto de estruturaccedilatildeo da aacuterea de RH Foi um trabalho grandioso meses de reuniotildees com a diretoria chefia do DP outras pessoas envolvidas dentro da ma-triz e ateacute das filiais que emperrou na execu-ccedilatildeo do ldquomanual de integraccedilatildeordquo na parte que se propunha contar alguns fatos que mar-caram a histoacuteria da organizaccedilatildeo Quando percebi essa dificuldade comecei a realizar entrevistas com uma das diretoras que se apresentava com maior abertura para aquela proposta Realizamos um processo de histo-rizaccedilatildeo da empresa em que apareceram fa-tos de dissoluccedilatildeo de sociedade e outras his-toacuterias de famiacutelia que natildeo poderiam aparecer naquele informativo A partir daiacute o manual pocircde ser concluiacutedo Essa diretora assumiu a aacuterea de RH que tomou outro rumo dentro do funcionamento da organizaccedilatildeo

Dois empresaacuterios que competiam mui-to entre si numa empresa de pequeno por-te queriam que todos que conviviam com eles assumissem o lado de um ou de outro

Realizei um trabalho individual de auto-conhecimento e grupal voltado ao resgate da histoacuteria da empresa a conscientizaccedilatildeo de que a competitividade seria mais eficaz se fosse voltada para o mercado Jaacute no iniacutecio do trabalho comeccedilaram a delimitar o espaccedilo de cada um A relaccedilatildeo de desconfianccedila que havia com os funcionaacuterios tambeacutem mudou

Jaacute numa empresa de meacutedio porte com uma boa estrutura fiacutesica as pessoas estavam completamente desintegradas Os setores funcionavam de forma independente nun-ca realizavam reuniotildees e natildeo se conheciam o que acarretava diversos problemas Apoacutes a devoluccedilatildeo do diagnoacutestico e a realizaccedilatildeo de um plano de accedilatildeo comecei um trabalho com o grupo de gerentes e paralelamente com o empresaacuterio Com o grupo realizei ati-vidades de autogestatildeo autodiagnoacutestico da organizaccedilatildeo e busca de soluccedilotildees para os pro-blemas levantados Foi tambeacutem realizado um trabalho individual com cada gerente Com o empresaacuterio foi trabalhada sua forma de gestatildeo centralizadora sem espaccedilo para os gerentes atuarem e o que isso gerava para os resultados organizacionais Os gerentes con-quistaram um espaccedilo que antes natildeo havia e o que eles propuseram pocircde ser implantado

Nos exemplos citados a consultoria se propocircs a gerar consciecircncia e aprendizagem dos processos que estavam ali em jogo fa-zendo com que as pessoas se apropriassem do conhecimento e do resultado que ia sendo gerado Essa forma de intervenccedilatildeo abre no campo da Psicologia um outro lugar para o psicoacutelogo no mundo do trabalho convocan-do a cliacutenica para o universo laboral ao inveacutes de alimentar a segmentaccedilatildeo deste

relato de experiecircncia

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOA Comissatildeo de Orientaccedilatildeo e Fiscalizaccedilatildeo vem provendo encontros com psicoacutelogos que atuam na aacuterea da Psicologia Organizacional e do Trabalho Fique atento agrave programaccedilatildeo divulgada em nosso site wwwcrprsorgbr e participe

PARTICIPE Envie seu Relato de Experiecircncia para imprensacrprsorgbr

Confira esse relato na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Miriam Corso Minotto Psicoacuteloga Organizacional assessora em desenvolvimento de Recursos Humanos Eacute coordenadora do GT Psicologia do Trabalho participa GT de Histoacuteria e da Comissatildeo Gestora da Subsede Serra do CRPRS

16 entre linhas | abr-mai-jun 2014

entrevista

Em eacutepoca de Copa do Mundo o CRPRS propotildee um debate sobre as diferentes inserccedilotildees da Psicologia no Esporte A proposta eacute discutir lugares e funccedilotildees que os profissionais tecircm assumido e podem assumir neste campo considerando a complexidade das relaccedilotildees estabelecidas entre esportistas familiares instituiccedilotildees de ensino esportivas filantroacutepicas grandes empresas e demais atores sociais envolvidos nesse cenaacuterio O CRPRS convidou quatro profissionais da aacuterea para debater o tema e reproduz aqui no EntreLinhas trechos dessa conversa

Que contribuiccedilotildees a Psicologia do Es-porte traz em suas diferentes aacutereas de atuaccedilatildeo para a sociedade de uma forma geral Benno Becker Jr ndash O trabalho de esporte de alto rendimento eacute o que en-volve mais dinheiro lembrando que satildeo os atletas de alto niacutevel que estatildeo na vitrine e datildeo visibilidade ao espor-

te e consequentemente incentivam a praacutetica esportiva O esporte deve ser trabalhado com toda a sociedade de jovens a idosos como forma de pre-venccedilatildeo de problemas como ansiedade e depressatildeo Quando feito com ade-quaccedilatildeo acredito que o esporte seja o melhor remeacutedio para combater a de-pressatildeo por exemplo

Leia o artigo ldquoA Psicologia do Esporte e do Exerciacutecio para aleacutem da otimizaccedilatildeo da performance atleacuteticardquo produzido por Marcos Daou docente do curso de Psicologia da Unifra mestre em Psicologia graduado em Psicologia e Educaccedilatildeo Fiacutesica em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Acesse wwwcrprsorgbrentrelinhas66 e confira depoimentos gravados nesse encontro e versatildeo estendida da entrevista

Psicologia e Esporte

entre linhas | abr-mai-jun 2014 17

Benno Becker Jr Graduado em Psicologia e em Educaccedilatildeo Fiacutesica mestre em Pedagogia pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul e doutor em Psicologia ndash Universidade de Barcelona Tem diversas publicaccedilotildees na aacuterea wwwbennopsicoesportecombr

Cassiano Pires Psicoacutelogo chefe do departamento de psicologia do projeto social WimBelemDon Tiacutetulo de Master em Psicologia do Esporte e atividade fiacutesica pela Universidade Autocircnoma de Barcelona

Maacutercia Pilla do VallePsicoacuteloga mestre em Psicologia Social e da Personalidade pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul psicoacuteloga membro da ABRAPESP psicoacuteloga esportiva do IGT ndash Instituto Gauacutecho de Tecircnis

Vanessa Rodrigues AlvesPsicoacuteloga especialista em Psicologia do Esporte e Exerciacutecio Fiacutesico e em Sociopsicodrama Eacute professora de Psicologia da Atividade Fiacutesica e do Esporte na Faculdade Sogipa de Educaccedilatildeo Fiacutesica

Cassiano Pires ndash Temos que traba-lhar a importacircncia do esporte no bem estar e na sauacutede da populaccedilatildeo em ge-ral Infelizmente ainda vemos muito crianccedilas ou jovens que por natildeo terem habilidade motricidade ou fiacutesico para atingir um alto niacutevel de rendimento acabarem abandonando a praacutetica por serem mal assessoradas O trabalho com atletas de alto rendimento eacute im-portante mas acredito que o fim do esporte natildeo pode ser soacute o esporte em si deve ser o crescimento e o bem es-tar da pessoa a criaccedilatildeo de habilidades sociais e competecircncias e o desenvolvi-mento da autoestima Diversos desa-fios podem ser vencidos por meio do esporte por isso temos que comeccedilar a tirar o esporte da aacuterea de Turismo e Lazer e comeccedilar a pensaacute-lo na aacuterea de Sauacutede Isso mudaria completamente sua importacircncia e seu sentido para a vida da pessoa Maacutercia Pilla do Valle ndash Haacute uma seacuterie de possibilidades de atuaccedilatildeo para o Psicoacutelogo do Esporte e o campo que atualmente estaacute aberto eacute o que envolve projetos sociais e questotildees ligadas agrave sauacutede e ao espor-te como atividade fiacutesica e natildeo neces-sariamente competitiva Vanessa Rodrigues Alves ndash A Psicologia do Esporte eacute muito abrangente mas ainda se trabalha em poucas aacutereas Poderiacuteamos traba-lhar em instituiccedilotildees como a Susepe a Fase com a educaccedilatildeo em lar de idosos por exemplo

Em que condiccedilotildees se datildeo essas praacute-ticas considerando que muitas ve-zes haacute a pressatildeo de clubes atletas empresaacuterios miacutedia e ateacute da proacutepria sociedade pelo alto rendimento do atleta Ao desenvolver sua praacutetica o psicoacutelogo do esporte estaacute a serviccedilo de quem Maacutercia Pilla do Valle ndash Quando trabalhamos com esporte de alto ren-dimento o limiar entre sauacutede e pato-loacutegico eacute bem tecircnue principalmente em modalidades precoces como a ginaacutes-tica artiacutestica ou a nataccedilatildeo por exem-plo em que tudo acontece muito cedo e a carreira eacute muito curta Temos que trabalhar para que esse processo no qual os atletas jaacute estatildeo inseridos seja o mais saudaacutevel possiacutevel melhorar a relaccedilatildeo da comunicaccedilatildeo do teacutecnico com o atleta e criar um ambiente mo-tivador Tambeacutem eacute preciso avaliar se essa eacute uma vontade do proacuteprio atleta ou se eacute um desejo dos pais que veem no esporte a possibilidade de ascender socialmente de alguma forma Pensan-do nesse contexto devemos estar a ser-viccedilo do atleta e de todas as pessoas que estatildeo envolvidas nesse processo Vanessa Rodrigues Alves ndash A gran-de diferenccedila de nosso trabalho eacute que precisamos ir ateacute as pessoas e saber trabalhar em equipe O profissional que atua nessa aacuterea tem que ter a dis-ponibilidade para querer aprender pois natildeo ficamos em uma salinha es-perando as pessoas temos que ir ao encontro delas

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Quais os principais desafios e dile-mas eacuteticos enfrentados pelo psicoacutelo-go do esporte Benno Becker Jr ndash O profissional que comeccedila a trabalhar com alto ren-dimento chega acreditando que iraacute de-terminar o seu tempo de trabalho com os atletas e natildeo eacute isso o que acontece O psicoacutelogo do esporte precisa aprovei-tar cada minuto cada intervalo do trei-no Esse eacute o grande desafio Uma boa estrateacutegia de inserccedilatildeo para o psicoacutelogo do esporte eacute ficar proacuteximo ao treina-dor e ao preparador fiacutesico buscando melhorar a comunicaccedilatildeo dele com o atleta estabelecendo uma relaccedilatildeo de transparecircncia Cassiano Pires ndash Temos que saber usar o nosso tempo no dia a dia do atleta Eu trabalho no Projeto WinBe-lemDon na cancha de boneacute do lado do atleta e realmente a gente sofre muito por natildeo ter um tempo exclusi-vo Eacute preciso ser criativo e aproveitar os espaccedilos conversando com o teacutecni-co e o instrumentalizando O psicoacutelo-go precisa estabelecer viacutenculo com a equipe e transmitir a ideia de que faz parte dela Vanessa Rodrigues Alves ndash Tenho que procurar fazer o melhor dentro das minhas possibilidades Vivi um di-lema eacutetico quando o treinador queria ver os resultados dos testes sociomeacute-tricos pedindo para que mostrasse o sociograma das relaccedilotildees e o grupo natildeo liberou isso Ele precisava ver de for-ma mais concreta como estava a rela-

ccedilatildeo com o grupo e eu natildeo podia liberar esse resultado Maacutercia Pilla do Valle ndash Em um clube onde trabalhava encaminhei a uma colega uma menina que vivia uma situaccedilatildeo familiar bem pontual e precisava de atendimento cliacutenico A psicoacuteloga me ligou questionando sobre a rotina de treino argumentan-do que a menina precisava de tempo para brincar e ter outras atividades Foi aiacute que me dei conta que para mim aquilo jaacute era normal vi como eu estava capturada pela cultura es-portiva pois aquilo jaacute natildeo me causa-va mais nenhum incocircmodo Poreacutem percebi que o que estava em questatildeo natildeo era a continuidade dela ou natildeo na ginaacutestica o que precisa ser visto era o lado emocional com relaccedilatildeo a um problema familiar pontual Pela minha identidade cliacutenica muito forte sempre digo que antes de ser psicoacute-loga do esporte eu sou psicoacuteloga e para tomar qualquer decisatildeo preciso estar muito bem comigo mesma e tra-balhar com o seguinte tripeacute conheci-mento teacutecnico (natildeo podemos nunca parar de estudar e de se aprimorar) a supervisatildeo ou a troca com os colegas e o tratamento pessoal

A proximidade de megaeventos no Brasil como a Copa do Mundo e Olimpiacuteadas estaacute ampliando o campo de atuaccedilatildeo da Psicologia do Esporte De que forma vocecircs profissionais da aacuterea estatildeo vendo esses eventos

entrevista

SAIBA MAISConheccedila o Projeto WimBelemDonwwwwimbelemdoncombr

Artigo ldquoA produccedilatildeo de Diferenccedilas pelo esporterdquo de Maacutercia Pilla do Valle httpbitlyproducao_de_diferencas

Artigo ldquoO Esporte de Alto Rendimento Produccedilatildeo de Atletas no Contemporacircneordquo de Maacutercia Pilla do Vallehttpbitlyesporte_alto_rendimento

Artigo ldquoPsicologia do Esporte no contexto do Sistema Conselhosrdquo de Mocircnica drsquoFaacutetima Freires da Silvahttpbitlyesporte_sistema_conselhos

Artigo ldquoEacutetica e Compromisso Social na Psicologia do Esporterdquo de Katia Rubiohttpbitlyetica_compromisso_social

Associaccedilatildeo Brasileira de Psicologia do Esporte ndash ABRAPESP wwwabrapesporgbr

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Considerando isso como a Psicologia do Esporte lida com a questatildeo da es-petacularizaccedilatildeo do esporte Benno Becker Jr ndash Acredito que a Copa do Mundo pode ser muito posi-tiva para a Psicologia do Esporte pois deixaraacute a sensaccedilatildeo de que algo ficou faltando de que a Psicologia poderia ter sido mais envolvida nessa organi-zaccedilatildeo Precisamos mostrar que os psi-coacutelogos do esporte estatildeo agrave disposiccedilatildeo natildeo soacute dos atletas mas da populaccedilatildeo em geral tambeacutem Maacutercia Pilla do Valle ndash Muitas vezes nossa participaccedilatildeo nessa espe-tacularizaccedilatildeo gerada pela miacutedia nos gera um dilema eacutetico Geralmente os jornalistas buscam respostas objetivas querem saber do psicoacutelogo se a equipe ou o atleta ldquoamarelourdquo de fato e natildeo haacute como responder isso Isso acaba abrin-do espaccedilo para a opiniatildeo e manifesta-ccedilatildeo sobre o desempenho das equipes de outros profissionais que assumem o papel de motivadores e criacuteticos Cassiano Pires ndash Eacute importante sa-ber aproveitar o espaccedilo na miacutedia para mostrar a importacircncia do esporte Sabe-mos que poucas coisas ficam de heran-ccedila desses grandes eventos Entatildeo que possamos contribuir para o iniacutecio de uma cultura do esporte mais humani-zada Mostrar que tem muito psicoacutelogo trabalhando e se qualificando e orientar a imprensa sobre esse trabalho Esses grandes eventos demandam uma aten-ccedilatildeo de todas as aacutereas do esporte para que num futuro a sociedade consiga

ver o esporte como algo menos ldquofurio-sordquo com briga disputa morte e mais como uma atividade de lazer Com re-laccedilatildeo aos problemas sociais que surgem devido a esses eventos devemos estar atentos para dar o suporte que as pesso-as envolvidas nisso precisam Para isso as equipes locais que estatildeo organizando a Copa do Mundo por exemplo deve-riam contar com psicoacutelogos Vocecirc acredita que o Esporte pode ser-vir como um meio de garantia dos di-reitos humanos Maacutercia Pilla do Valle ndash Eacute importan-te natildeo pensar o esporte somente como uma atividade de alto rendimento O psicoacutelogo natildeo pode colocar sua praacutetica apenas a serviccedilo do rendimento Te-mos o papel de minimizar sofrimento Busco em minha inserccedilatildeo dentro dos clubes como psicoacuteloga mudar isso e contribuir para tornar o ambiente mais agradaacutevel proporcionando melhores condiccedilotildees da praacutetica esportiva Cassiano Pires ndash Temos que pensar no esporte como algo importante para a inclusatildeo Quando estatildeo praticando esporte as diferenccedilas natildeo existem to-dos satildeo iguais Crianccedilas que fora desse contexto vivem realidades bem dife-rentes (um mora numa casa de muitos andares o outro em uma casa de chatildeo batido por exemplo) quando estatildeo em quadra jogam de igual para igual O esporte nesse sentido eacute muito iguala-dor tem uma questatildeo de inclusatildeo nata que eacute muito legal e temos que saber aproveitar isso

TIacuteTULO DE ESPECIALISTAO tiacutetulo de especialista do CFP eacute concedido por conclusatildeo de curso de especializaccedilatildeo credenciado pelo CFP ou aprovaccedilatildeo em concurso de provas e tiacutetulos promovido periodicamente pelo CFP comprovando experiecircncia profissional de pelo menos 2 anos na aacuterea pretendidawwwcfporgbr

PARTICIPE DAS DISCUSSOtildeES NO CRPRSQuer propor a discussatildeo desse tema Participe das reuniotildees das Comissotildees de Poliacuteticas Puacuteblicas e Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica

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formaccedilatildeo

10 anos do curriacuteculo amplo o que de fato mudou na formaccedilatildeo do psicoacutelogo

Haacute 10 anos tinha iniacutecio um signi-ficativo processo de mudanccedilas na for-maccedilatildeo do psicoacutelogo com as alteraccedilotildees propostas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) de 2004 Sem distin-ccedilatildeo de habilitaccedilotildees diferentes a forma-ccedilatildeo do psicoacutelogo passou a ser ampla incluindo um nuacutecleo comum estaacutegios baacutesicos estaacutegios especiacuteficos ecircnfases curriculares articulaccedilatildeo de competecircn-cias baacutesicas e dos eixos estruturantes e refinamento das propostas de estaacutegios especiacuteficos Em 2011 a nova DCN man-teve as alteraccedilotildees de 2004 instituindo aleacutem dessas um projeto de formaccedilatildeo complementar para o professor de Psi-cologia em seu 13ordm artigo

Para a Associaccedilatildeo Brasileira de Ensino de Psicologia (ABEP) as ecircnfa-ses curriculares ndash que consistem em um recorte de um conjunto de fazeres (competecircncias) jaacute presentes no nuacutecleo comum concentradas em determina-do conjunto de atividades ndash podem ser consideradas uma forma de atender agrave formaccedilatildeo generalista sem cair no risco da superficialidade Cada curso tem a possibilidade de definir seus encadea-mentos prioritaacuterios independentemen-te das abordagens utilizadas

O CRPRS vem debatendo na Co-missatildeo de Formaccedilatildeo os desafios impli-cados em trabalhar a formaccedilatildeo ampla e ao mesmo tempo respeitar a exigecircncias

das ecircnfases curriculares que culminam na realizaccedilatildeo dos estaacutegios especiacuteficos

A coordenadora da Comissatildeo de Gra-duaccedilatildeo da Psicologia da UFRGS Paula Sandrine Machado lembra que o proces-so de adequaccedilatildeo e renovaccedilatildeo dos proje-tos pedagoacutegicos produziu em muitos cursos certos movimentos interessantes de avaliaccedilatildeo e de discussatildeo sobre o pro-fissional que se quer formar o contexto da Psicologia as competecircncias gerais que a formaccedilatildeo busca contemplar e as espe-cificidades de cada curso A abrangecircncia das diretrizes poreacutem aponta tanto para um profissional capaz de ldquofazer tudordquo quanto para um profissional que precisa saber algumas coisas baacutesicas para poder atuar em diferentes contextos

Para as coordenadoras de curso e de estaacutegio da Unisinos Rosana Cecchini de Castro e Maria Elisabeth Selbach o nuacute-cleo comum as competecircncias baacutesicas e os eixos estruturantes preconizados pe-las DCN tecircm possibilitado uma visatildeo abrangente e plural das muacuteltiplas pers-pectivas e possibilidades de intervenccedilatildeo para o futuro profissional da Psicologia ldquoAs ecircnfases podem ter foco no mercado de trabalho mas natildeo podem se desvin-cular da formaccedilatildeo como um todo sob pena de se tornarem especialidadesrdquo salientam as coordenadoras

Com o objetivo de evitar a especiali-zaccedilatildeo na formaccedilatildeo muitas instituiccedilotildees

Leia os depoimentos dos coordenadores dos cursos de Psicologia na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Resoluccedilatildeo nordm 05 de 15 de marccedilo de 2011 disponiacutevel em httpbitlyDCN2011

ABEPSIwwwabepsiorgbr

SAIBA MAIS Veja o histoacuterico das DCNs em httpbitlyABEP_DCNs

Publicaccedilatildeo do CFP ldquoContribuiccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia agrave discussatildeo sobre a formaccedilatildeo da(o) psicoacuteloga(o)rdquo httpbitlyCFP_Formacao

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de ensino trabalham com a proposta de ecircnfase como aprofundamento de estudo daquilo que jaacute foi contemplado na forma-ccedilatildeo geral do curriacuteculo

Na Univates por exemplo primei-ramente as ecircnfases ocorriam a partir do seacutetimo semestre o que prejudicava a formaccedilatildeo generalista uma vez que os estudos e disciplinas direcionavam para conteuacutedos muito especiacuteficos ldquoAl-teramos para as ecircnfases no uacuteltimo ano do curso Essa mudanccedila trouxe maior conhecimento aos estudantes da proacute-pria atuaccedilatildeo nos mais variados espa-ccedilosrdquo explica a coordenadora do curso de Psicologia da Univates Ana Lucia Bender Pereira

A preocupaccedilatildeo em preparar e for-mar o estudante para o mercado de trabalho eacute apontada pela coordenado-ra da Fisma Baacuterbara Maria Barbosa Silva Segundo ela a formaccedilatildeo pelas universidades natildeo estaacute em concordacircn-cia com a atuaccedilatildeo profissional ldquoIsso se

expressa quando na inserccedilatildeo dos alu-nos nos campos de praacuteticas e estaacutegios visualizamos a negaccedilatildeo ou negligecircncia de muitos campos de atuaccedilatildeo do Psi-coacutelogo para a formaccedilatildeo de alunosrdquo de-clara Baacuterbara Uma estrateacutegia adotada para dar conta dessa demanda eacute criar dentro da proacutepria instituiccedilatildeo de ensi-no espaccedilos destinados a execuccedilatildeo das praacuteticas e estaacutegios

Para o subcoordenador do curso da UNISC Jerto Cardoso da Silva as DCN devem ser pensadas democrati-camente e natildeo de forma autocraacutetica ldquoAs diretrizes devem ser propostas a partir das inquietaccedilotildees dos cursos e construiacutedas com elesrdquo Para ele os cur-sos devem estar atentos ao mercado de trabalho mas natildeo devem ser apenas pautados por ele pois trabalham na formaccedilatildeo de profissionais criacuteticos ou seja que podem ingressar no mercado mas tambeacutem transformaacute-lo e propor novas aacutereas de atuaccedilatildeo

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer ampliar a discussatildeo do tema Participe das reuniotildees ampliadas da Comissatildeo de Formaccedilatildeo Acompanhe a agenda pelo site wwwcrprsorgbrcomissoesegts

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artigo

A formaccedilatildeo em psicologia e a psicologia em formaccedilatildeo

Em pesquisa realizada na deacutecada de 80 sobre a formaccedilatildeo de psicoacutelogos com estudantes do curso de graduaccedilatildeo da Uni-versidade Federal Fluminense (UFF) Luis Antonio Baptista percebeu que ela se de-senvolvia em paralelo ao que se passava agrave sua volta Era uma formaccedilatildeo que pouco incluiacutea as questotildees entatildeo contemporacircneas da sociedade brasileira e tampouco sua histoacuteria (BAPTISTA 2000)

Jaacute nos anos 2000 em nossa experiecircn-cia de formaccedilatildeo no curso de graduaccedilatildeo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) o ldquomundo laacute forardquo parecia fazer-se bastante presente na universidade E era um mundo que se dizia em transformaccedilatildeo

Como natildeo poderia ser diferente em um mundo muacuteltiplo e em uma profissatildeo que vem se autodenominando plural o proje-to de psicologia almejado para a formaccedilatildeo contemporacircnea de psicoacutelogos natildeo era uno De um lado havia o projeto de se alcanccedilar uma psicologia verdadeiramente cientiacutefica e rigorosa contra aquelas praacuteticas profis-sionais calcadas no senso comum De ou-tro a esperanccedila de se alcanccedilar uma psico-logia eacutetica e com compromisso social que passaria justamente pela superaccedilatildeo da psicologia cientificista pois que compro-metida com o modelo neoliberal de socie-dade De um lado a defesa de um modelo de formaccedilatildeo por competecircncias De outro sua criacutetica De um lado modos ditos claacutes-sicos de conhecer De outro aqueles tidos como completamente inovadores

Luiz Claudio Mendonccedila Figueiredo relaciona o ldquoestado um tanto caoacutetico e ine-vitavelmente desarticulado de qualquer curriacuteculo de formaccedilatildeo em psicologiardquo (FI-

GUEIREDO 2009 p17) agraves condiccedilotildees histoacute-ricas desse campo cientiacutefico e profissional indicando o estudo da histoacuteria da psicologia como forma de compreender e transformar essa realidade Gostariacuteamos de apontar tam-beacutem um sentido inverso o estudo desses processos de formaccedilatildeo caoacuteticos e desarticu-lados para compreender a psicologia que te-mos e que vimos produzindo historicamen-te A formaccedilatildeo em psicologia expressando ela mesma uma psicologia em formaccedilatildeo

Essa inversatildeo constituiu nossa pesqui-sa de mestrado (ARALDI 2012) a qual tomando como ponto de partida os impas-ses dilemas e controveacutersias que permeiam as experiecircncias de psicoacutelogos em forma-ccedilatildeo encontrou algumas vias possiacuteveis de se colocar e se recolocar o problema do conhecer e do conhecimento psi Partimos de um dispositivo metodoloacutegico que ins-tigava os estudantes participantes todos da graduaccedilatildeo em psicologia da UFRGS a descreverem e analisarem coletivamente o que faziam nas diferentes praacuteticas de for-maccedilatildeo fossem elas curriculares (de estu-dos leitura pesquisa extensatildeo estaacutegio) ou informais (conversas de corredores ex-periecircncias no Diretoacuterio Acadecircmico etc)

As distinccedilotildees dos estudantes entraram em diaacutelogo com autores do campo dos estu-dos da cogniccedilatildeo e do conhecimento (Kastrup Varela Maturana Latour) que tecircm questio-nado uma forma bastante corrente ao menos nas sociedades ocidentais de se conceber o conhecer e o conhecimento enquanto repre-sentaccedilatildeo efetivada por uma mente indivi-dual de um mundo preacute-existente agrave accedilatildeo do conhecedor O que isso significa Fundamen-talmente implica separar e situar como es-

Etiane AraldiPsicoacuteloga (UFRGS) Mestre em Psicologia Social e Institucional (UFRGS) Analista de Poliacuteticas Sociais na Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo do SUS (PNH) Ministeacuterio da Sauacutede

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secircncias de um lado um sujeito que conhece e de outro um mundo que se daacute a conhecer

As experiecircncias de formaccedilatildeo dos estu-dantes pesquisados sugerem que tal concep-ccedilatildeo de conhecimento tem marcado sobre-maneira o campo psi a comeccedilar pelo modo como os psicoacutelogos se relacionam com o tema das diferentes psicologias as escolas e escolhas teoacutericas Dada a ambiguidade do objeto e da teacutecnica do psicoacutelogo somada agrave divisatildeo do campo entre diferentes psicolo-gias cada qual com concepccedilotildees epistemo-loacutegicas e metodoloacutegicas especiacuteficas acostu-mou-se a aceitar que a teoria eacute a praacutetica do psicoacutelogo sendo os conceitos ferramentas de trabalho e a escolha teoacuterica um passo neces-saacuterio para que o profissional se constitua enquanto tal e para que suas intervenccedilotildees sejam legitimamente designadas psi

Na esteira dessa ideia supotildee-se que as praacuteticas de um psicoacutelogo psicanalista por exemplo possam ser deduzidas diretamen-te da teoria psicanaliacutetica sendo o trabalho do psicoacutelogo em determinada contingecircncia comumente descrito segundo as teorias que supostamente lhe dariam sustentaccedilatildeo

Em nossa pesquisa observamos que tal loacutegica produz a teoria e a praacutetica como domiacutenios de accedilatildeo muito diferentes nessa profissatildeo sendo o trabalho psi dado o seu forte componente relacional entendido em uma dimensatildeo incorporada um co-nhecimento de ldquoorganismordquo que ldquose sen-te na carnerdquo (conforme verbalizaccedilotildees dos estudantes) em contraposiccedilatildeo com o fazer acadecircmico tomado como essencialmente analiacutetico reflexivo ldquoruminanterdquo parecen-do inclusive que o estaacutegio natildeo compunha o curriacuteculo tamanho o confronto entre um mundo e outro O curioso eacute que em-bora sendo situado no discurso como um conhecimento desprovido de corpo as competecircncias acadecircmicas eram transpos-tas em um sentido incorporado ao fazer

dos estaacutegios produzindo nos estudantes atitudes analiacuteticas distanciadas num sen-tido de espectador nas intervenccedilotildees pro-fissionais Inclusive o uso de metaacuteforas relacionadas agraves tecnologias de produccedilatildeo e apreensatildeo de teorias fizeram-se bastante presentes na explicaccedilatildeo do que faz o psi-coacutelogo fazer leituras da realidade era me-taacutefora recorrente na descriccedilatildeo de boa parte das accedilotildees dos estudantes nos estaacutegios

O tema da identificaccedilatildeo foi citado di-versas vezes como criteacuterio para a escolha teoacuterica expressando a busca por uma re-laccedilatildeo de identidade igualdade entre seu suposto ser e a concepccedilatildeo de ser (de sujei-to) supostamente contida nas teorias Mas seriam nossos ldquoeusrdquo e os ldquoeusrdquo (as con-cepccedilotildees de sujeito) das teorias assim tatildeo coerentes Tanto no campo da cogniccedilatildeo quanto no da epistemologia tal suposiccedilatildeo de coerecircncia tem sido questionada

De qualquer modo a ideia de que o ser antecede o fazer parece motivar na psicolo-gia a adoccedilatildeo de uma concepccedilatildeo de sujeito uma visatildeo de homem como necessidade a priori para a atuaccedilatildeo profissional Entretan-to o que observamos entre os estudantes e a instituiccedilatildeo universitaacuteria foi um traba-lho ativo e cotidiano de separaccedilatildeopuri-ficaccedilatildeo dessas concepccedilotildees De modo que nos perguntamos a relaccedilatildeo identitaacuteria do psicoacutelogo com as teorias que compotildeem o campo psi seria decorrente de pressupostos e eacuteticas transcendentes preconizados pela epistemologia ou seria um processo que se ampara mais nas praacuteticas cotidianas de formaccedilatildeo de psicoacutelogos Nossa aposta ao perguntar agrave formaccedilatildeo em psicologia sobre o que ali se faz evidenciou um plano con-creto de produccedilatildeo da psicologia no presen-te que extrapola em muito o leque das te-orias psicoloacutegicas vigentes mas que ainda assim pode ser afirmado como legiacutetimo co-nhecer e fazer psi na contemporaneidade

REFEREcircNCIAS

ARALDI Etiane Das escolas e escolhas teoacutericas agraves poliacuteticas cognitivas legitimando a experiecircncia e a contingecircncia na colocaccedilatildeo do problema do conhecer e do conhecimento psi Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Psicologia Social e Institucional Instituto de Psicologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS Porto Alegre 2012

BAPTISTA Luis Antonio A faacutebrica de interiores a Formaccedilatildeo Psi em Questatildeo Niteroacutei Eduff 2000

FIGUEIREDO Luiz Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos Petroacutepolis Vozes 2009

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Projeto Poliacuteticas Puacuteblicas na Formaccedilatildeo promove aproximaccedilatildeo do CRPRS com o meio acadecircmico

De acordo com pesquisas feitas pelo Centro de Referecircncia Teacutecnica em Psicologia e Poliacuteti-cas Puacuteblicas ndash CREPOPRS a formaccedilatildeo em Psicologia eacute apon-tada como uma das grandes fra-gilidades ainda impostas para atuaccedilatildeo dos psicoacutelogos nas poliacute-ticas puacuteblicas Paradoxalmente o campo das poliacuteticas puacuteblicas atrai um nuacutemero maior de pro-fissionais a cada ano que mui-tas vezes chegam ao mercado desconhecendo marcos legais e marcos loacutegicos que datildeo funda-mento agraves praacuteticas nessa aacuterea

Buscando minimizar esse problema o CREPOP vem de-senvolvendo desde 2013 o Pro-jeto Poliacuteticas Puacuteblicas na For-maccedilatildeo proposta que procura qualificar a formaccedilatildeo para atu-accedilatildeo em diferentes campos das poliacuteticas puacuteblicas por meio da aproximaccedilatildeo entre Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul e estudantes de faculdades de Psicologia do estado A ideia de desenvolver esse trabalho surgiu em 2009 por iniciativa do estagiaacuterio da eacutepoca Edson Murliki

O projeto favorece espaccedilos de debate reflexatildeo e constru-

ccedilatildeo de um pensamento criacutetico junto aos cursos de gradua-ccedilatildeo objetivando a construccedilatildeo de referecircncias teacutecnicas para a formaccedilatildeo em Psicologia e Po-liacuteticas Puacuteblicas ldquoBuscamos fortalecer o diaacutelogo entre o CRPRS e o meio acadecircmico dimensionar a percepccedilatildeo dos estudantes sobre seus conhe-cimentos acerca das poliacuteticas puacuteblicas e incentivar a refle-xatildeo avaliativa sobre a forma-ccedilatildeo profissional do psicoacutelogo para atuar na aacutereardquo declara a ex-assessora teacutecnica do CRE-POP Carolina dos Reis

Para alcanccedilar isso o pro-jeto segue algumas etapas que incluem apresentaccedilatildeo aos coordenadores dos cursos e realizaccedilatildeo de encontros com os estudantes na sede sub-sedes do CRPRS ou nas proacute-prias instituiccedilotildees de ensino ldquoOs registros desses encontros subsidiam a produccedilatildeo de um relatoacuterio que reuacutene as princi-pais questotildees apontadas pelos alunos gerando dessa forma orientaccedilotildees para construccedilatildeo de um instrumento informa-tivo que sistematize os pontos de reflexatildeordquo explica Carolina

crepop

Projeto Formaccedilatildeo na sua faculdade Faculdades de Psicologia que tenham interesse em participar do Projeto de Formaccedilatildeo devem entrar em contato com o CREPOPRS pelo fone (51) 33346799 ou pelo e-mail crepopcrprsorgbr

Os resultados parciais in-dicam a necessidade de maior aprofundamento teoacuterico no assunto bem como reconheci-mento do caraacuteter transversal da temaacutetica dentro da formaccedilatildeo Os alunos tambeacutem demandam ampliaccedilatildeo de espaccedilos de inser-ccedilatildeo que propiciem maior conta-to com a praacutetica dos psicoacutelogos nas poliacuteticas puacuteblicas Indicam ainda a necessidade de uma reformulaccedilatildeo metodoloacutegica no curso do projeto visando a am-pliar o caraacuteter de intervenccedilatildeo do mesmo Seraacute incluiacuteda uma etapa de pactuaccedilotildees entre os diversos atores envolvidos nas instituiccedilotildees participantes de modo a produzir espaccedilos para a construccedilatildeo de soluccedilotildees con-cretas aos desafios emergidos nas rodas de conversas

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tracircnsito

A Psicologia na educaccedilatildeo para o tracircnsito

A Psicologia exerce uma impor-tante funccedilatildeo no tracircnsito ao estudar a mobilidade humana a partir da anaacutelise de diferentes dimensotildees processos e fenocircmenos envolvidos nesse contexto Pensando nisso a Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsi-to e Mobilidade Humana do CRPRS contribuiu na organizaccedilatildeo do 1ordm Se-minaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito realizado pela Prefeitura de Santa Maria em abril O evento voltado a professores da rede puacuteblica de ensi-no do municiacutepio teve como objetivo despertar a conscientizaccedilatildeo de que a educaccedilatildeo pode mudar o comporta-mento das pessoas no tracircnsito

O CRPRS acredita que a Psicolo-gia pode contribuir nesse processo envolvendo os professores e toda a sociedade para que o tema seja tra-balhado de forma ampla Para a Co-missatildeo do CRPRS os professores pre-cisam entender essa transversalidade

para que haja uma real mudanccedila de comportamento da sociedade

O tracircnsito deve ser pensado de maneira ampla considerando todos os envolvidos ldquoQuando falamos em tracircnsito natildeo devemos pensar apenas no fluxo de automoacuteveis mas consi-derar principalmente que o tracircnsi-to eacute composto por todos noacutes Deve-mos pensar no aspecto da mobilidade humana pensar na livre circulaccedilatildeo e no deslocamento com seguranccedila assim como nas relaccedilotildees sociais que se constituem nesse espaccedilo Ao se deslocar pelas ruas com automoacuteveis particulares bens privados as pes-soas muitas vezes natildeo se datildeo conta de que estatildeo circulando em um espa-ccedilo puacuteblico com regras estabelecidas pelo governo e pela proacutepria socieda-de Competem entre si de modo pri-vado por um espaccedilo que eacute puacuteblico e de todosrdquo declara o coordenador da aacuterea teacutecnica do CRPRS assessor da

SAIBA MAISAssista aos viacutedeos do 1ordm Seminaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Artigo ldquoTracircnsito e Sociedaderdquo de Sinara Tres Soares e Lucio Fernando Garcia disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Publicaccedilatildeo do CRPRS ldquoTracircnsito e Mobilidade Humana - Psicologia Educaccedilatildeo e Cidadaniardquo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrlivrotransito

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tracircnsito

Comissatildeo de Tracircnsito Lucio Fernan-do Garcia

Para ele a Psicologia exerce um im-portante papel ao contribuir na refle-xatildeo que abrange conceitos de cidada-nia e suas implicaccedilotildees considerando o tracircnsito como um processo humano e que envolve condiccedilotildees subjetivas ldquoSer cidadatildeo eacute uma escolha que traz impli-caccedilotildees e reflexotildees sobre responsabili-dades obrigaccedilotildees e direitosrdquo

Diversos aspectos psicoloacutegicos interferem na forma como as pesso-as lidam com o tracircnsito A psicoacuteloga Sinara Tres Soares da Escola Puacuteblica de Tracircnsito do DETRAN-RS ressalta que mesmo tendo ciecircncia dos riscos aos quais estatildeo expostas muitas pes-soas optam em correr esse risco por acreditar que vale a pena ldquoCada pes-soa tem uma diferente percepccedilatildeo de risco O que para alguns representa mais seguranccedila para outros pode significar a permissatildeo para correr mais riscos O sistema de freios do tipo ABS por exemplo traz mais se-guranccedila poreacutem algumas pessoas por se sentirem mais seguras com essa tecnologia acabam correndo maisrdquo explica Sinara

Outro aspecto psicoloacutegico en-volvido no tracircnsito diz respeito agrave conduta que autoriza as pessoas a te-rem determinado tipo de comporta-mento contrariando aquilo que elas mesmas acreditamldquoMuitos criticam quando os carros param em fila du-pla Poreacutem quando vatildeo levar o filho

na escola por exemplo agem assim e justificam tal atitude com explica-ccedilotildees como lsquoeacute bem rapidinhorsquo ou lsquofoi soacute dessa vezldquo

Esse tipo de comportamento re-flete a questatildeo do individualismo e da dificuldade das pessoas entende-rem que fazem parte de um todo e que estatildeo inseridas em um contex-to em que seus atos iratildeo atingir o proacuteximo ldquoTemos que trabalhar na sensibilizaccedilatildeo para que cada um compreenda que a sua atitude seu comportamento interfere direta-mente no tracircnsitordquo afirma a colabo-radora da Subsede Centro-Oeste do CRPRS integrante da Comissatildeo do Tracircnsito Aline Baumlumer

Para o evento em Santa Maria o grupo de colaboradores da Subsede Centro-Oeste produziu o viacutedeo ldquoAto-res no Tracircnsitordquo que mostra diferentes pontos de vista que fazem parte do tracircnsito revelando como nossa visatildeo muda dependendo da oacutetica em que a cena eacute vista

A Comissatildeo de Psicologia do Tracircn-sito e Mobilidade Humana do CRPRS estaacute engajada na proposta de desenvol-ver poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave educa-ccedilatildeo para o tracircnsito ldquoQueremos investir na continuidade de projetos e eventos como esse Seminaacuterio Acreditamos que alunos e professores engajados tornam--se multiplicadores de accedilotildees de educa-ccedilatildeo para o tracircnsitordquo afirma a presiden-te da Comissatildeo do CRPRS Elisangela Maria Almeida Santos

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer discutir mais sobre essa relaccedilatildeo entre Psicologia e Tracircnsito Participe da Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsito e Mobilidade Humana Acompanhe a agenda de reuniotildees pelo site httpcrprsorgbrcomissoesegts ou envie e-mail para comissoescrprsorgbr e informe seu interesse

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Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica em situaccedilotildees de periacutecia e de recursos administrativos

orientaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo psicoloacutegica eacute sem duacutevi-da a abordagem mais requisitada nas di-ferentes instacircncias do fazer do psicoacutelogo Ligada principalmente agrave necessidade de uma resposta ocupa um espaccedilo teacutecnico mas tambeacutem muitas vezes se constitui no imaginaacuterio como se pudesse responder a todas e quaisquer questotildees pautadas com base na anaacutelise do comportamento ou de condiccedilotildees emocionais do avaliando Essa condiccedilatildeo eacute produzida na medida em que atualmente a avaliaccedilatildeo psicoloacutegica tem sido cada vez mais usada na condiccedilatildeo de fundamentar periacutecia ou em situaccedilotildees judi-ciais assim como as que ocorrem em con-cursos puacuteblicos no proacuteprio processo ou em situaccedilotildees de recurso administrativo

As avaliaccedilotildees nessas situaccedilotildees seguem o regrado pela profissatildeo atraveacutes do Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo e das Re-soluccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia assim como devem buscar atender ao soli-citado Entretanto essa maacutexima natildeo quer dizer que o psicoacutelogo quando destacado (contratado) como perito deva conceber tal incumbecircncia como fator a definir o resulta-do da avaliaccedilatildeo O ato pericial eacute o de aplicar teacutecnicas e meacutetodos psicoloacutegicos objetivando um resultado decorrente de todo o processo que por meio de instrumentos eou de en-trevistas concluiraacute a avaliaccedilatildeo registrando ao candidato ou periciando as conclusotildees formuladas O psicoacutelogo natildeo advoga pela parte ou seja o resultado da avaliaccedilatildeo psi-coloacutegica poderaacute ser muito diferente do re-sultado almejado pelo candidato ou parte em processo judicial A avaliaccedilatildeo natildeo pode

ser tendenciosa adaptada ou alterada a fim de alcanccedilar o resultado pretendido pelo candidato natildeo eacute uma peccedila de defesa Eacute um procedimento teacutecnicocientiacutefico que con-clui a partir dos dados e teacutecnicas aplicadas objetivando responder ao solicitado dentro de determinados limites descrevendo o ob-servado e orientando o avaliando sobre os resultados obtidos

A conduta do psicoacutelogo em todo o pro-cedimento avaliativo deve estar pautada em princiacutepios de responsabilidade teacutecnica e profissional respaldados em procedimentos cientiacuteficos e validados O profissional deve ainda levar em consideraccedilatildeo aspectos como bem-estar dignidade e responsabilidade so-cial dos envolvidos na avaliaccedilatildeo uma vez que a mesma ocorre em um contexto soacutecio--cultural e de forma geral contempla um processo que envolve a sociedade como um todo especialmente em se tratando de con-cursos puacuteblicos e assessoramento judiciaacuterio

Reco

rte

e co

leci

one

Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea TeacutecnicaAdriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga FiscalLeticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Artigo ldquoAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica e Relaccedilotildees com o Judiciaacuteriordquo publicado na ediccedilatildeo nordm 64 do EntreLinhas disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas64

Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcodigoetica

Resoluccedilotildees do CFP disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrresolucoesCFP

28 entre linhas | abr-mai-jun 2014

USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

CursosEspecializaccedilatildeo em Psicologia Cliacutenica Terapia Cognitivo ComportamentalChapecoacuteSC Informaccedilotildees (49) 99413800dilmaandrettaunoescedubr wwwunoescedubr

V Ciclo de Estudos em Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica18072014 (iniacutecio moacutedulo 5) 08082014 (iniacutecio moacutedulo 6)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33085453cicloestudosapgmailcom wwwufrgsbrgeapap

Mediaccedilatildeo de Conflitos Novo paradigma agrave construccedilatildeo da pazAteacute 09102014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32226134infoclipmedcombr wwwclipmedcombr Curso de PsicanaacuteliseAteacute 25102014 Passo FundoRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Grupos de EstudoOs contos de fadas como instrumento de conhecimento e desenvolvimento humanoCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500claudiaclinicatessaricombr wwwrecriarnetbr

Introduccedilatildeo agrave Psico-Oncologia com ecircnfase em Psicossomaacutetica e PsiconeuroimunologiaPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92627203 (51) 84041373dhmullerbolcombr danitnunesgmailcompsicossomatica-rsorgbr

Estudos Metapsicoloacutegicos de Freud1306 1807 1508 1909 1010 e 21112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

O que fazer quando recebemos uma crianccedila0407 0108 2908 3110 07112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Mitologia Grega IAteacute 21112014 (encontros mensais)Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500recriarrecriarnetbr

A obra de Wilfred BionAteacute 13122014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr Teoria e Teacutecnica das Paradas e Impasses do TratamentoEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33303845secretariasbpdepaorgbr

Observaccedilatildeo de BebecircsEncontros agraves segundas-feirasNovo Hamburgo RS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Indicadores de Intersubjetividade de 0 a 2 anosEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

O Estudo da Mente na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Conceitos Fundamentais sobre sexualidade na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

DW Winnicott sua pessoa e suas ideias psicanaliacuteticasEncontros agraves quartas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Andreacute GreenEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

Donald WinnicottEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwbionorgbr

Seacuterie Em TerapiaEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr Trabalhos de MetapsicologiaEncontro agraves sextas-feirasCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Freud Reinventando FreudEncontros aos saacutebadosCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

BionEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr D WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

FreudEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Iniciando com WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Introduccedilatildeo ao Aparelho PsiacutequicoEncontros mensaisPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 (51) 33842765contatobionorgbr wwwbionorgbr

Congressos Jornadas Simpoacutesios e Conferecircncias

IV Jornada do Programa da Mulher Depen-dente Quiacutemica02082014Satildeo PauloSP Informaccedilotildees (11) 26618011amandadiasipqhcorgbr omrochaipqhcorgbr wwwceiporgbr

Jornada Constructo 2014 - com Dr Jacques Andregrave15 e 16082014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Congresso SOCERGS 2014 Uniatildeo de conheci-mento e Intercacircmbio multidisciplinar21 a 23082014GramadoRS Informaccedilotildees (51) 33391415 wwwsocergsorgbrcongresso2014

IV Congresso Brasileiro de Psicologia - Ciecircn-cia e Profissatildeo19 a 23112014Satildeo PauloSPwwwcienciaeprofissaocombr

Conferecircncia e Treinamento com a Psicoacuteloga Americana FELICIA CARROLL26 a 29112014Caxias do Sul RS Informaccedilotildees claudiatessarigmailcom wwwrecriarnetbr

Exibiccedilatildeo de filme8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoMorte em Venezardquo02072014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoUacuteltimo Tango Em Parisrdquo13082014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoCanccedilatildeo de Amorrdquo10092014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoAta-merdquo08102014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoO Livro de Cabeceirardquo12112014 Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

OficinaOficina de Produccedilatildeo Psicanaliacutetica e LiteraacuteriaSegundas ou quartas-feiras (6 encontros)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwpaulofernandomonteiroferrazblogspotcom

Agecircncia Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

Page 11: EntreLinhas nº 66

entre linhas | abr-mai-jun 2014 11

A experiecircncia do Nuacutecleo de Praacuteticas Juriacutedicas do Projeto de Atenccedilatildeo Ampliada agrave Sauacutede ndash PAAS

QUER AMPLIAR O DEBATE SOBRE O TEMA Participe das Comissotildees de Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica Poliacuteticas Puacuteblicas ou das atividades do CREPOP como o Conversando sobre a Psicologia e o SUAS Acompanhe a agenda de reuniotildees em wwwcrprsorgbrcomissoesegts

ENTRELINHAS RECOMENDA

Filme ldquoO Juiacutezordquo de Maria Augusta Ramos (2007)

Filme ldquoO Contador de Histoacuteriasrdquo de Luiz Villaccedila (2009)

Desenvolvido pela Unisinos o Projeto de Atenccedilatildeo Ampliada agrave Sauacute-

de (PAAS) atua de forma interdisciplinar atendendo agrave comunidade de

Satildeo Leopoldo e regiatildeo aleacutem de constituir-se como campo de estaacutegio

para os acadecircmicos O Nuacutecleo de Praacuteticas Juriacutedicas eacute o responsaacutevel

pela articulaccedilatildeo entre a Psicologia e as demandas do Judiciaacuterio Co-

nheccedila o Projeto acessando wwwcrprsorgbrentrelinhas66

perguntas a serem feitas agrave crianccedila e ao adolescente A inquiriccedilatildeo eacute um proce-dimento juriacutedico constitui-se em um interrogatoacuterio cujo objetivo eacute levantar dados para instruccedilatildeo de um processo judicial visando agrave produccedilatildeo de prova sendo as perguntas feitas agrave crianccedila e ao adolescente orientadas pelas neces-sidades do processo A escuta psicoloacute-gica caracteriza-se por ser uma relaccedilatildeo de cuidado acolhedora e natildeo invasi-va para a qual se requer a disposiccedilatildeo de escutar respeitando-se o tempo de elaboraccedilatildeo da situaccedilatildeo traumaacutetica as peculiaridades do momento do desen-volvimento e sobretudo visando a natildeo revitimizaccedilatildeo A escuta leva em conta a dimensatildeo subjetiva que tambeacutem deve ser considerada na perspectiva dos di-reitos humanos

Ao elaborar a Resoluccedilatildeo 0102010 o Conselho Federal defendia a neces-sidade da escuta sempre ser funda-mentada nos princiacutepios da proteccedilatildeo integral e da prioridade absoluta pre-vistos no ECA em decorrecircncia da si-tuaccedilatildeo peculiar de desenvolvimento em que se encontram crianccedilas e ado-lescentes na legislaccedilatildeo especiacutefica da profissatildeo e nos marcos teoacutericos teacutec-nicos e metodoloacutegicos da Psicologia como ciecircncia e profissatildeo

ldquoA derrubada da resoluccedilatildeo con-figura-se uma intromissatildeo no que diz respeito agrave capacidade teacutecnica dos conselhos de classe das profis-sotildees regulamentadas de dizerem dos limites eacutetico-teacutecnicos-poliacuteticos de suas respectivas profissotildeesrdquo afirma Lindomar

12 entre linhas | abr-mai-jun 2014

Comissatildeo de Eacutetica

Uma urgecircncia coloca-se na relaccedilatildeo que se estabelece sem-pre mais intensa entre as praacute-ticas psicoloacutegicas e o campo juriacutedico Trata-se de trazer para a discussatildeo a dimensatildeo eacutetica do fazer psicoloacutegico colocando em pauta o modo pelo qual efetiva-mos essa relaccedilatildeo e os modos pe-los quais chegamos a instituir novas formas conceituais e pro-cedimentais tanto na produccedilatildeo do conhecimento psi como na atuaccedilatildeo profissional do psicoacutelo-go junto aos tracircmites judiciais Para comeccedilar este debate cabe nos perguntarmos como enten-demos essa dimensatildeo eacutetica

Pensamos que para muito aleacutem de estipular um ldquodever serrdquo nos modos de se produzir conhecimento e de se inserir nas praacuteticas profissionais esta-mos nos referindo agrave reflexatildeo e problematizaccedilatildeo das questotildees e temaacuteticas que nos assolam na contemporaneidade Tais ques-totildees nos levam em muacuteltiplos processos a nos constituirmos de uma determinada forma a sermos ndash sujeitos ndash deste ou da-quele modo ou ainda a sermos chamados e reconhecidos por esta ou aquela marca objetiva e subjetiva de identificaccedilatildeo Natildeo estamos portanto falando de regulamentos para conduzir

justiccedila

comportamentos ou ainda de procedimentos disciplinares relacionados a condutas acadecirc-micas e profissionais desvian-tes ou natildeo na elaboraccedilatildeo de suas atividades

Esse debate se refere tanto a uma identificaccedilatildeo profissio-nal ndash psicoacutelogo que nos coloca em uma multiplicidade de praacute-ticas relativas agrave subjetividade humana como tambeacutem agraves inuacute-meras formas de como somos designados objetivamente em nosso fazer tais como psicoacute-logo especialista na infacircncia ou psicoacutelogo perito judicial ou ainda psicoacutelogo especialis-ta em conflitos parentais e ao mesmo tempo perito em ava-liaccedilatildeo psicoloacutegica e assim por diante No intuito de dar conta das demandas que se formam nos processos poliacutetico-sociais contemporacircneos noacutes psicoacutelo-gos vamos nos organizando e predispondo dentro das possi-bilidades viaacuteveis e com o maior rigor eacutetico-profissional a con-templar tecnicamente o que nos convoca a partir do campo psicoloacutegico e da sociedade No entanto ao mesmo tempo que desenvolvemos um saber espe-ciacutefico no campo da Psicologia vamos produzindo verdades pelo estatuto cientiacutefico que ser-

vem aos mecanismos da Justiccedila para julgar punir e delimitar os merecedores desta ou daquela decisatildeo judicial ou ainda pe-nalidade descrita em lei Eacute dian-te destes enlaces entre as praacuteti-cas em Psicologia e o campo psicoloacutegico que mais uma vez afirmamos a indissociabilidade entre um fazer cientiacutefico e a sua dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ou en-tre ciecircncia e poliacutetica Fazemos sim uma Psicologia implicada nas questotildees sociais e poliacuteticas de nosso tempo entendendo que um embate poliacutetico aiacute se co-loca entre os campos em causa Psicologia e Judiciaacuterio

Sendo assim por que que-remos neste momento trazer a discussatildeo da dimensatildeo eacuteti-ca para a relaccedilatildeo das praacuteticas psicoloacutegicas no campo judiciaacute-rio Esta questatildeo nos convoca fortemente a partir da parti-cipaccedilatildeo na Comissatildeo de Eacutetica do CRPRS para o debate ao nos depararmos com a enor-me demanda de intervenccedilotildees consideradas como faltosas nos aspectos eacuteticos da atuaccedilatildeo profissional em situaccedilotildees que se relacionam com processos ou convocatoacuterias judiciais sejam elas no acircmbito familiar ou do direito administrativo das insti-tuiccedilotildees puacuteblicas

entre linhas | abr-mai-jun 2014 13

As denuacutencias que chegam agrave Comissatildeo de Eacutetica versam principalmente sobre ausecircn-cia de guarda de documentos e ausecircncia de realizaccedilatildeo de avaliaccedilatildeo psicoloacutegica na aacuterea do tracircnsito elaboraccedilatildeo de do-cumentos que extrapolam os limites teacutecnicos ou sem funda-mentaccedilatildeo teacutecnica utilizados no acircmbito judicial divulgaccedilatildeo de instrumentos natildeo reconhecidos na aacuterea da Psicologia obtenccedilatildeo de vantagens financeiras a par-tir de processo psicoteraacutepico

Eacute nesta inserccedilatildeo das praacuteti-cas psicoloacutegicas nas demandas que se fazem todos os dias que entendemos a importacircncia da dimensatildeo eacutetica Uma eacutetica que se vincula ao campo da refle-xatildeo a um pensamento atuan-te sobre os processos que nos subjetivam e nos convocam cotidianamente Logo eacute muito mais do que um tecnicismo--instrumental que se constitui para solucionar e legitimar as normatizaccedilotildees afirmadas em muitos processos entrelaccedila-dos no arranjo social Trata-se de uma eacutetica que coloca em questatildeo as formas pelas quais os sujeitos satildeo tomados como objeto em uma determinada relaccedilatildeo de conhecimento ndash o psicoloacutegico ndash e portanto em uma relaccedilatildeo de poder Estamos assim nos referindo agraves formas que determinamos enqua-dramos instituiacutemos e muitas

vezes ateacute legislamos sobre as relaccedilotildees que constituiacutemos na vida ou mais especificamente das formas que determinamos e instituiacutemos a partir de nossa atuaccedilatildeo profissional Este dizer este determinar este legislar passa pelo acircmbito do saber Sa-ber sobre algo saber sobre al-gueacutem Passa por um saber que diz como algueacutem pode ou natildeo se conduzir como pode ou natildeo se reconhecer como pode ou natildeo se comportar etc daiacute uma relaccedilatildeo de saber que tambeacutem se configura em jogos de poder

Abrir questotildees eacuteticas nesta discussatildeo implica em nos per-guntarmos como estatildeo se for-mulando as denuacutencias agrave Comis-satildeo de Eacutetica do CRPRS Em que processos e jogos de interesse se efetivam as intervenccedilotildees psico-loacutegicas consideradas faltosas Quando falamos em interven-ccedilatildeopraacutetica psicoloacutegica de que forma queremos encaminhaacute--las e sob que discursos eacutetico--poliacuteticos nos assentamos para legitimaacute-las Queremos uma atuaccedilatildeo disciplinadora e lega-lista na nossa profissatildeo e na so-ciedade O que queremos com esse processo Quais os efeitos que esperamos que se produ-zam a partir dessa intervenccedilatildeo moral O que faz com que o profissional natildeo produza uma reflexatildeo eacutetica diante do seu co-tidiano de trabalho Queremos uma atuaccedilatildeointervenccedilatildeo que

controle e puna os que escapam aos ditames dos coacutedigos que noacutes mesmos estabelecemos ou seja uma intervenccedilatildeo moral so-bre os psicoacutelogos que desconsi-deraram a reflexatildeo eacutetica em seu proacuteprio fazer Eacute imprescindiacutevel perguntarmo-nos se as nossas produccedilotildees acadecircmicas e profis-sionais estatildeo privilegiando um pensamento criacutetico problema-tizador e abrangente sobre os modos que nos constituiacutemos na sociedade Urge analisarmos como se produzem os efeitos de nossas produccedilotildees acadecircmicas e profissionais em noacutes mesmos com aqueles que nos relacio-namos e com a sociedade em geral Eacute sobre esta relaccedilatildeo de um conhecimento implicado politicamente atuante produ-to e efeito de nossa experiecircncia na vida que estamos falando aqui Falamos aqui de uma re-laccedilatildeo pensada e constituiacuteda na liberdade e natildeo pela lei ou seja na reflexatildeo eacutetica que se faz em muacuteltiplas formas de pensar e experimentar a vida Trata-se de uma discussatildeo aberta e sem-pre a se fazer

Zuleika Koumlhler GonzalesConselheira integrante da Comissatildeo de Eacutetica do CRPRSCRP 078721

14 entre linhas | abr-mai-jun 2014

justiccedila

Medida Socioeducativa entre A amp Z

Organizado pelas equipes do Nuacutecleo de Extensatildeo do Pro-grama Interdepartamental de Praacuteticas com Adolescentes e Jo-vens em Conflito com a Lei (PIPA) da UFRGS o livro ldquoMedida Socioeducativa entre A amp Zrdquo surgiu a partir da experiecircncia de profissionais de Psicologia Direito e Educaccedilatildeo com as praacuteticas direcionadas ao puacuteblico adoles-cente que cumpre medida socioeducativa sendo financiado pelo Edital Nacional da Poliacutetica de Extensatildeo (ProextMec2013)

A obra atende agrave linha temaacutetica ldquoeducaccedilatildeo e direitos humanosrdquo desta Poliacutetica de Extensatildeo com vistas agrave elaboraccedilatildeo de material didaacutetico-pedagoacutegico para contribuir em accedilotildees de formaccedilatildeo no atendimento educacional de adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas Apre-senta um glossaacuterio conjunto de verbetes das medidas socioeducativas escritos ldquomenos para dar conta da descriccedilatildeo teacutecnica de termos que designam a vida de adolescentes e de seus atos infra-cionais mais para fazer de vozes solitaacuterias que lutam pela poliacutetica da garantia de direitos de adolescentes uma escrita que pode vir a ser a audiccedilatildeo de muitosrdquo conforme descreve a psicoacuteloga e professora Gislei Domingas R Lazzarotto integrante da equipe organizadora da obra

Confira trechos da definiccedilatildeo de alguns verbetes apresentados na publicaccedilatildeo

Ato Infracional (Carmem Maria Craidy pedago-ga doutora em Educa-

ccedilatildeo) ndash ldquoO que pode parecer um detalhe tem alto significado o adolescente deveraacute ser tratado a partir de sua condiccedilatildeo como pessoa em desenvolvimento com possibilidades muacuteltiplas e natildeo simplesmente a partir do ato in-fracional que tiver cometido Ele natildeo eacute o ato que cometeu e mes-mo se for responsabilizado pelo mesmo deveraacute ser visto e tratado para aleacutem delerdquo

Conselho Tutelar (Este-la Scheinvar socioacuteloga doutora em Educaccedilatildeo)

ndash ldquoSob a loacutegica do direito o dis-tanciamento de um padratildeo eacute um delito que tem que ser julgado sentenciado e punido Natildeo ve-mos todos os setores da socie-dade frequentarem o conselho tutelar e os que laacute vatildeo se carac-terizam sobretudo por natildeo po-derem decidir como fazer a sua vida sendo submetidos a conse-lhos que ressoam como sentenccedilas a serem cumpridasrdquo

Brete (BF e JMG) ndash ldquoNatildeo eacute um quarto Eacute um quadrado Ele tem uma porta de ferro

toda gradeada Jaacute vem com as jegas mas eacute soacute isso que tem dentro A pa-rede eacute toda escrita todo mundo co-loca o nome laacute Dizem que se tu es-crever teu nome chama de volta e tu cai de novo mas isso eacute supersticcedilatildeo A porta se chama portiola Dentro de um lsquobretersquo cabe no maacuteximo 8 gu-ris mas depende tem uns que eacute de 3 Tem janela mas nem passa o dedo do cara pra pegar um vento E no ca-lor Todo mundo se abana melhor eacute dormir no piso que eacute mais geladordquo

Mais informaccedilotildees sobre a obra pelo e-mail ppscufrgsbr

entre linhas | jan-fev-mar 2014 15

Consultoria Organizacional como Dispositivo Cliacutenico

Saindo dos limites que a praacutetica tradi-cional em muitas situaccedilotildees nos impotildee quis experimentar uma outra praacutetica um outro olhar uma outra postura dentro das organi-zaccedilotildees a de ser uma consultora analista Foi entatildeo que busquei os referenciais da psico-logia social e institucional e da filosofia da diferenccedila com o intuito de analisar inter-rogar lanccedilar perguntas experimentar uma outra forma de fazer Psicologia Apresento trecircs recortes que exemplificam essa praacutetica

Numa empresa de grande porte natildeo existia RH apenas Departamento Pessoal em seu aspecto mais antigo sem nenhuma forma de integraccedilatildeo de novos funcionaacuterios Realizei entatildeo um projeto de estruturaccedilatildeo da aacuterea de RH Foi um trabalho grandioso meses de reuniotildees com a diretoria chefia do DP outras pessoas envolvidas dentro da ma-triz e ateacute das filiais que emperrou na execu-ccedilatildeo do ldquomanual de integraccedilatildeordquo na parte que se propunha contar alguns fatos que mar-caram a histoacuteria da organizaccedilatildeo Quando percebi essa dificuldade comecei a realizar entrevistas com uma das diretoras que se apresentava com maior abertura para aquela proposta Realizamos um processo de histo-rizaccedilatildeo da empresa em que apareceram fa-tos de dissoluccedilatildeo de sociedade e outras his-toacuterias de famiacutelia que natildeo poderiam aparecer naquele informativo A partir daiacute o manual pocircde ser concluiacutedo Essa diretora assumiu a aacuterea de RH que tomou outro rumo dentro do funcionamento da organizaccedilatildeo

Dois empresaacuterios que competiam mui-to entre si numa empresa de pequeno por-te queriam que todos que conviviam com eles assumissem o lado de um ou de outro

Realizei um trabalho individual de auto-conhecimento e grupal voltado ao resgate da histoacuteria da empresa a conscientizaccedilatildeo de que a competitividade seria mais eficaz se fosse voltada para o mercado Jaacute no iniacutecio do trabalho comeccedilaram a delimitar o espaccedilo de cada um A relaccedilatildeo de desconfianccedila que havia com os funcionaacuterios tambeacutem mudou

Jaacute numa empresa de meacutedio porte com uma boa estrutura fiacutesica as pessoas estavam completamente desintegradas Os setores funcionavam de forma independente nun-ca realizavam reuniotildees e natildeo se conheciam o que acarretava diversos problemas Apoacutes a devoluccedilatildeo do diagnoacutestico e a realizaccedilatildeo de um plano de accedilatildeo comecei um trabalho com o grupo de gerentes e paralelamente com o empresaacuterio Com o grupo realizei ati-vidades de autogestatildeo autodiagnoacutestico da organizaccedilatildeo e busca de soluccedilotildees para os pro-blemas levantados Foi tambeacutem realizado um trabalho individual com cada gerente Com o empresaacuterio foi trabalhada sua forma de gestatildeo centralizadora sem espaccedilo para os gerentes atuarem e o que isso gerava para os resultados organizacionais Os gerentes con-quistaram um espaccedilo que antes natildeo havia e o que eles propuseram pocircde ser implantado

Nos exemplos citados a consultoria se propocircs a gerar consciecircncia e aprendizagem dos processos que estavam ali em jogo fa-zendo com que as pessoas se apropriassem do conhecimento e do resultado que ia sendo gerado Essa forma de intervenccedilatildeo abre no campo da Psicologia um outro lugar para o psicoacutelogo no mundo do trabalho convocan-do a cliacutenica para o universo laboral ao inveacutes de alimentar a segmentaccedilatildeo deste

relato de experiecircncia

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOA Comissatildeo de Orientaccedilatildeo e Fiscalizaccedilatildeo vem provendo encontros com psicoacutelogos que atuam na aacuterea da Psicologia Organizacional e do Trabalho Fique atento agrave programaccedilatildeo divulgada em nosso site wwwcrprsorgbr e participe

PARTICIPE Envie seu Relato de Experiecircncia para imprensacrprsorgbr

Confira esse relato na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Miriam Corso Minotto Psicoacuteloga Organizacional assessora em desenvolvimento de Recursos Humanos Eacute coordenadora do GT Psicologia do Trabalho participa GT de Histoacuteria e da Comissatildeo Gestora da Subsede Serra do CRPRS

16 entre linhas | abr-mai-jun 2014

entrevista

Em eacutepoca de Copa do Mundo o CRPRS propotildee um debate sobre as diferentes inserccedilotildees da Psicologia no Esporte A proposta eacute discutir lugares e funccedilotildees que os profissionais tecircm assumido e podem assumir neste campo considerando a complexidade das relaccedilotildees estabelecidas entre esportistas familiares instituiccedilotildees de ensino esportivas filantroacutepicas grandes empresas e demais atores sociais envolvidos nesse cenaacuterio O CRPRS convidou quatro profissionais da aacuterea para debater o tema e reproduz aqui no EntreLinhas trechos dessa conversa

Que contribuiccedilotildees a Psicologia do Es-porte traz em suas diferentes aacutereas de atuaccedilatildeo para a sociedade de uma forma geral Benno Becker Jr ndash O trabalho de esporte de alto rendimento eacute o que en-volve mais dinheiro lembrando que satildeo os atletas de alto niacutevel que estatildeo na vitrine e datildeo visibilidade ao espor-

te e consequentemente incentivam a praacutetica esportiva O esporte deve ser trabalhado com toda a sociedade de jovens a idosos como forma de pre-venccedilatildeo de problemas como ansiedade e depressatildeo Quando feito com ade-quaccedilatildeo acredito que o esporte seja o melhor remeacutedio para combater a de-pressatildeo por exemplo

Leia o artigo ldquoA Psicologia do Esporte e do Exerciacutecio para aleacutem da otimizaccedilatildeo da performance atleacuteticardquo produzido por Marcos Daou docente do curso de Psicologia da Unifra mestre em Psicologia graduado em Psicologia e Educaccedilatildeo Fiacutesica em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Acesse wwwcrprsorgbrentrelinhas66 e confira depoimentos gravados nesse encontro e versatildeo estendida da entrevista

Psicologia e Esporte

entre linhas | abr-mai-jun 2014 17

Benno Becker Jr Graduado em Psicologia e em Educaccedilatildeo Fiacutesica mestre em Pedagogia pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul e doutor em Psicologia ndash Universidade de Barcelona Tem diversas publicaccedilotildees na aacuterea wwwbennopsicoesportecombr

Cassiano Pires Psicoacutelogo chefe do departamento de psicologia do projeto social WimBelemDon Tiacutetulo de Master em Psicologia do Esporte e atividade fiacutesica pela Universidade Autocircnoma de Barcelona

Maacutercia Pilla do VallePsicoacuteloga mestre em Psicologia Social e da Personalidade pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul psicoacuteloga membro da ABRAPESP psicoacuteloga esportiva do IGT ndash Instituto Gauacutecho de Tecircnis

Vanessa Rodrigues AlvesPsicoacuteloga especialista em Psicologia do Esporte e Exerciacutecio Fiacutesico e em Sociopsicodrama Eacute professora de Psicologia da Atividade Fiacutesica e do Esporte na Faculdade Sogipa de Educaccedilatildeo Fiacutesica

Cassiano Pires ndash Temos que traba-lhar a importacircncia do esporte no bem estar e na sauacutede da populaccedilatildeo em ge-ral Infelizmente ainda vemos muito crianccedilas ou jovens que por natildeo terem habilidade motricidade ou fiacutesico para atingir um alto niacutevel de rendimento acabarem abandonando a praacutetica por serem mal assessoradas O trabalho com atletas de alto rendimento eacute im-portante mas acredito que o fim do esporte natildeo pode ser soacute o esporte em si deve ser o crescimento e o bem es-tar da pessoa a criaccedilatildeo de habilidades sociais e competecircncias e o desenvolvi-mento da autoestima Diversos desa-fios podem ser vencidos por meio do esporte por isso temos que comeccedilar a tirar o esporte da aacuterea de Turismo e Lazer e comeccedilar a pensaacute-lo na aacuterea de Sauacutede Isso mudaria completamente sua importacircncia e seu sentido para a vida da pessoa Maacutercia Pilla do Valle ndash Haacute uma seacuterie de possibilidades de atuaccedilatildeo para o Psicoacutelogo do Esporte e o campo que atualmente estaacute aberto eacute o que envolve projetos sociais e questotildees ligadas agrave sauacutede e ao espor-te como atividade fiacutesica e natildeo neces-sariamente competitiva Vanessa Rodrigues Alves ndash A Psicologia do Esporte eacute muito abrangente mas ainda se trabalha em poucas aacutereas Poderiacuteamos traba-lhar em instituiccedilotildees como a Susepe a Fase com a educaccedilatildeo em lar de idosos por exemplo

Em que condiccedilotildees se datildeo essas praacute-ticas considerando que muitas ve-zes haacute a pressatildeo de clubes atletas empresaacuterios miacutedia e ateacute da proacutepria sociedade pelo alto rendimento do atleta Ao desenvolver sua praacutetica o psicoacutelogo do esporte estaacute a serviccedilo de quem Maacutercia Pilla do Valle ndash Quando trabalhamos com esporte de alto ren-dimento o limiar entre sauacutede e pato-loacutegico eacute bem tecircnue principalmente em modalidades precoces como a ginaacutes-tica artiacutestica ou a nataccedilatildeo por exem-plo em que tudo acontece muito cedo e a carreira eacute muito curta Temos que trabalhar para que esse processo no qual os atletas jaacute estatildeo inseridos seja o mais saudaacutevel possiacutevel melhorar a relaccedilatildeo da comunicaccedilatildeo do teacutecnico com o atleta e criar um ambiente mo-tivador Tambeacutem eacute preciso avaliar se essa eacute uma vontade do proacuteprio atleta ou se eacute um desejo dos pais que veem no esporte a possibilidade de ascender socialmente de alguma forma Pensan-do nesse contexto devemos estar a ser-viccedilo do atleta e de todas as pessoas que estatildeo envolvidas nesse processo Vanessa Rodrigues Alves ndash A gran-de diferenccedila de nosso trabalho eacute que precisamos ir ateacute as pessoas e saber trabalhar em equipe O profissional que atua nessa aacuterea tem que ter a dis-ponibilidade para querer aprender pois natildeo ficamos em uma salinha es-perando as pessoas temos que ir ao encontro delas

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Quais os principais desafios e dile-mas eacuteticos enfrentados pelo psicoacutelo-go do esporte Benno Becker Jr ndash O profissional que comeccedila a trabalhar com alto ren-dimento chega acreditando que iraacute de-terminar o seu tempo de trabalho com os atletas e natildeo eacute isso o que acontece O psicoacutelogo do esporte precisa aprovei-tar cada minuto cada intervalo do trei-no Esse eacute o grande desafio Uma boa estrateacutegia de inserccedilatildeo para o psicoacutelogo do esporte eacute ficar proacuteximo ao treina-dor e ao preparador fiacutesico buscando melhorar a comunicaccedilatildeo dele com o atleta estabelecendo uma relaccedilatildeo de transparecircncia Cassiano Pires ndash Temos que saber usar o nosso tempo no dia a dia do atleta Eu trabalho no Projeto WinBe-lemDon na cancha de boneacute do lado do atleta e realmente a gente sofre muito por natildeo ter um tempo exclusi-vo Eacute preciso ser criativo e aproveitar os espaccedilos conversando com o teacutecni-co e o instrumentalizando O psicoacutelo-go precisa estabelecer viacutenculo com a equipe e transmitir a ideia de que faz parte dela Vanessa Rodrigues Alves ndash Tenho que procurar fazer o melhor dentro das minhas possibilidades Vivi um di-lema eacutetico quando o treinador queria ver os resultados dos testes sociomeacute-tricos pedindo para que mostrasse o sociograma das relaccedilotildees e o grupo natildeo liberou isso Ele precisava ver de for-ma mais concreta como estava a rela-

ccedilatildeo com o grupo e eu natildeo podia liberar esse resultado Maacutercia Pilla do Valle ndash Em um clube onde trabalhava encaminhei a uma colega uma menina que vivia uma situaccedilatildeo familiar bem pontual e precisava de atendimento cliacutenico A psicoacuteloga me ligou questionando sobre a rotina de treino argumentan-do que a menina precisava de tempo para brincar e ter outras atividades Foi aiacute que me dei conta que para mim aquilo jaacute era normal vi como eu estava capturada pela cultura es-portiva pois aquilo jaacute natildeo me causa-va mais nenhum incocircmodo Poreacutem percebi que o que estava em questatildeo natildeo era a continuidade dela ou natildeo na ginaacutestica o que precisa ser visto era o lado emocional com relaccedilatildeo a um problema familiar pontual Pela minha identidade cliacutenica muito forte sempre digo que antes de ser psicoacute-loga do esporte eu sou psicoacuteloga e para tomar qualquer decisatildeo preciso estar muito bem comigo mesma e tra-balhar com o seguinte tripeacute conheci-mento teacutecnico (natildeo podemos nunca parar de estudar e de se aprimorar) a supervisatildeo ou a troca com os colegas e o tratamento pessoal

A proximidade de megaeventos no Brasil como a Copa do Mundo e Olimpiacuteadas estaacute ampliando o campo de atuaccedilatildeo da Psicologia do Esporte De que forma vocecircs profissionais da aacuterea estatildeo vendo esses eventos

entrevista

SAIBA MAISConheccedila o Projeto WimBelemDonwwwwimbelemdoncombr

Artigo ldquoA produccedilatildeo de Diferenccedilas pelo esporterdquo de Maacutercia Pilla do Valle httpbitlyproducao_de_diferencas

Artigo ldquoO Esporte de Alto Rendimento Produccedilatildeo de Atletas no Contemporacircneordquo de Maacutercia Pilla do Vallehttpbitlyesporte_alto_rendimento

Artigo ldquoPsicologia do Esporte no contexto do Sistema Conselhosrdquo de Mocircnica drsquoFaacutetima Freires da Silvahttpbitlyesporte_sistema_conselhos

Artigo ldquoEacutetica e Compromisso Social na Psicologia do Esporterdquo de Katia Rubiohttpbitlyetica_compromisso_social

Associaccedilatildeo Brasileira de Psicologia do Esporte ndash ABRAPESP wwwabrapesporgbr

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Considerando isso como a Psicologia do Esporte lida com a questatildeo da es-petacularizaccedilatildeo do esporte Benno Becker Jr ndash Acredito que a Copa do Mundo pode ser muito posi-tiva para a Psicologia do Esporte pois deixaraacute a sensaccedilatildeo de que algo ficou faltando de que a Psicologia poderia ter sido mais envolvida nessa organi-zaccedilatildeo Precisamos mostrar que os psi-coacutelogos do esporte estatildeo agrave disposiccedilatildeo natildeo soacute dos atletas mas da populaccedilatildeo em geral tambeacutem Maacutercia Pilla do Valle ndash Muitas vezes nossa participaccedilatildeo nessa espe-tacularizaccedilatildeo gerada pela miacutedia nos gera um dilema eacutetico Geralmente os jornalistas buscam respostas objetivas querem saber do psicoacutelogo se a equipe ou o atleta ldquoamarelourdquo de fato e natildeo haacute como responder isso Isso acaba abrin-do espaccedilo para a opiniatildeo e manifesta-ccedilatildeo sobre o desempenho das equipes de outros profissionais que assumem o papel de motivadores e criacuteticos Cassiano Pires ndash Eacute importante sa-ber aproveitar o espaccedilo na miacutedia para mostrar a importacircncia do esporte Sabe-mos que poucas coisas ficam de heran-ccedila desses grandes eventos Entatildeo que possamos contribuir para o iniacutecio de uma cultura do esporte mais humani-zada Mostrar que tem muito psicoacutelogo trabalhando e se qualificando e orientar a imprensa sobre esse trabalho Esses grandes eventos demandam uma aten-ccedilatildeo de todas as aacutereas do esporte para que num futuro a sociedade consiga

ver o esporte como algo menos ldquofurio-sordquo com briga disputa morte e mais como uma atividade de lazer Com re-laccedilatildeo aos problemas sociais que surgem devido a esses eventos devemos estar atentos para dar o suporte que as pesso-as envolvidas nisso precisam Para isso as equipes locais que estatildeo organizando a Copa do Mundo por exemplo deve-riam contar com psicoacutelogos Vocecirc acredita que o Esporte pode ser-vir como um meio de garantia dos di-reitos humanos Maacutercia Pilla do Valle ndash Eacute importan-te natildeo pensar o esporte somente como uma atividade de alto rendimento O psicoacutelogo natildeo pode colocar sua praacutetica apenas a serviccedilo do rendimento Te-mos o papel de minimizar sofrimento Busco em minha inserccedilatildeo dentro dos clubes como psicoacuteloga mudar isso e contribuir para tornar o ambiente mais agradaacutevel proporcionando melhores condiccedilotildees da praacutetica esportiva Cassiano Pires ndash Temos que pensar no esporte como algo importante para a inclusatildeo Quando estatildeo praticando esporte as diferenccedilas natildeo existem to-dos satildeo iguais Crianccedilas que fora desse contexto vivem realidades bem dife-rentes (um mora numa casa de muitos andares o outro em uma casa de chatildeo batido por exemplo) quando estatildeo em quadra jogam de igual para igual O esporte nesse sentido eacute muito iguala-dor tem uma questatildeo de inclusatildeo nata que eacute muito legal e temos que saber aproveitar isso

TIacuteTULO DE ESPECIALISTAO tiacutetulo de especialista do CFP eacute concedido por conclusatildeo de curso de especializaccedilatildeo credenciado pelo CFP ou aprovaccedilatildeo em concurso de provas e tiacutetulos promovido periodicamente pelo CFP comprovando experiecircncia profissional de pelo menos 2 anos na aacuterea pretendidawwwcfporgbr

PARTICIPE DAS DISCUSSOtildeES NO CRPRSQuer propor a discussatildeo desse tema Participe das reuniotildees das Comissotildees de Poliacuteticas Puacuteblicas e Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica

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formaccedilatildeo

10 anos do curriacuteculo amplo o que de fato mudou na formaccedilatildeo do psicoacutelogo

Haacute 10 anos tinha iniacutecio um signi-ficativo processo de mudanccedilas na for-maccedilatildeo do psicoacutelogo com as alteraccedilotildees propostas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) de 2004 Sem distin-ccedilatildeo de habilitaccedilotildees diferentes a forma-ccedilatildeo do psicoacutelogo passou a ser ampla incluindo um nuacutecleo comum estaacutegios baacutesicos estaacutegios especiacuteficos ecircnfases curriculares articulaccedilatildeo de competecircn-cias baacutesicas e dos eixos estruturantes e refinamento das propostas de estaacutegios especiacuteficos Em 2011 a nova DCN man-teve as alteraccedilotildees de 2004 instituindo aleacutem dessas um projeto de formaccedilatildeo complementar para o professor de Psi-cologia em seu 13ordm artigo

Para a Associaccedilatildeo Brasileira de Ensino de Psicologia (ABEP) as ecircnfa-ses curriculares ndash que consistem em um recorte de um conjunto de fazeres (competecircncias) jaacute presentes no nuacutecleo comum concentradas em determina-do conjunto de atividades ndash podem ser consideradas uma forma de atender agrave formaccedilatildeo generalista sem cair no risco da superficialidade Cada curso tem a possibilidade de definir seus encadea-mentos prioritaacuterios independentemen-te das abordagens utilizadas

O CRPRS vem debatendo na Co-missatildeo de Formaccedilatildeo os desafios impli-cados em trabalhar a formaccedilatildeo ampla e ao mesmo tempo respeitar a exigecircncias

das ecircnfases curriculares que culminam na realizaccedilatildeo dos estaacutegios especiacuteficos

A coordenadora da Comissatildeo de Gra-duaccedilatildeo da Psicologia da UFRGS Paula Sandrine Machado lembra que o proces-so de adequaccedilatildeo e renovaccedilatildeo dos proje-tos pedagoacutegicos produziu em muitos cursos certos movimentos interessantes de avaliaccedilatildeo e de discussatildeo sobre o pro-fissional que se quer formar o contexto da Psicologia as competecircncias gerais que a formaccedilatildeo busca contemplar e as espe-cificidades de cada curso A abrangecircncia das diretrizes poreacutem aponta tanto para um profissional capaz de ldquofazer tudordquo quanto para um profissional que precisa saber algumas coisas baacutesicas para poder atuar em diferentes contextos

Para as coordenadoras de curso e de estaacutegio da Unisinos Rosana Cecchini de Castro e Maria Elisabeth Selbach o nuacute-cleo comum as competecircncias baacutesicas e os eixos estruturantes preconizados pe-las DCN tecircm possibilitado uma visatildeo abrangente e plural das muacuteltiplas pers-pectivas e possibilidades de intervenccedilatildeo para o futuro profissional da Psicologia ldquoAs ecircnfases podem ter foco no mercado de trabalho mas natildeo podem se desvin-cular da formaccedilatildeo como um todo sob pena de se tornarem especialidadesrdquo salientam as coordenadoras

Com o objetivo de evitar a especiali-zaccedilatildeo na formaccedilatildeo muitas instituiccedilotildees

Leia os depoimentos dos coordenadores dos cursos de Psicologia na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Resoluccedilatildeo nordm 05 de 15 de marccedilo de 2011 disponiacutevel em httpbitlyDCN2011

ABEPSIwwwabepsiorgbr

SAIBA MAIS Veja o histoacuterico das DCNs em httpbitlyABEP_DCNs

Publicaccedilatildeo do CFP ldquoContribuiccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia agrave discussatildeo sobre a formaccedilatildeo da(o) psicoacuteloga(o)rdquo httpbitlyCFP_Formacao

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de ensino trabalham com a proposta de ecircnfase como aprofundamento de estudo daquilo que jaacute foi contemplado na forma-ccedilatildeo geral do curriacuteculo

Na Univates por exemplo primei-ramente as ecircnfases ocorriam a partir do seacutetimo semestre o que prejudicava a formaccedilatildeo generalista uma vez que os estudos e disciplinas direcionavam para conteuacutedos muito especiacuteficos ldquoAl-teramos para as ecircnfases no uacuteltimo ano do curso Essa mudanccedila trouxe maior conhecimento aos estudantes da proacute-pria atuaccedilatildeo nos mais variados espa-ccedilosrdquo explica a coordenadora do curso de Psicologia da Univates Ana Lucia Bender Pereira

A preocupaccedilatildeo em preparar e for-mar o estudante para o mercado de trabalho eacute apontada pela coordenado-ra da Fisma Baacuterbara Maria Barbosa Silva Segundo ela a formaccedilatildeo pelas universidades natildeo estaacute em concordacircn-cia com a atuaccedilatildeo profissional ldquoIsso se

expressa quando na inserccedilatildeo dos alu-nos nos campos de praacuteticas e estaacutegios visualizamos a negaccedilatildeo ou negligecircncia de muitos campos de atuaccedilatildeo do Psi-coacutelogo para a formaccedilatildeo de alunosrdquo de-clara Baacuterbara Uma estrateacutegia adotada para dar conta dessa demanda eacute criar dentro da proacutepria instituiccedilatildeo de ensi-no espaccedilos destinados a execuccedilatildeo das praacuteticas e estaacutegios

Para o subcoordenador do curso da UNISC Jerto Cardoso da Silva as DCN devem ser pensadas democrati-camente e natildeo de forma autocraacutetica ldquoAs diretrizes devem ser propostas a partir das inquietaccedilotildees dos cursos e construiacutedas com elesrdquo Para ele os cur-sos devem estar atentos ao mercado de trabalho mas natildeo devem ser apenas pautados por ele pois trabalham na formaccedilatildeo de profissionais criacuteticos ou seja que podem ingressar no mercado mas tambeacutem transformaacute-lo e propor novas aacutereas de atuaccedilatildeo

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer ampliar a discussatildeo do tema Participe das reuniotildees ampliadas da Comissatildeo de Formaccedilatildeo Acompanhe a agenda pelo site wwwcrprsorgbrcomissoesegts

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artigo

A formaccedilatildeo em psicologia e a psicologia em formaccedilatildeo

Em pesquisa realizada na deacutecada de 80 sobre a formaccedilatildeo de psicoacutelogos com estudantes do curso de graduaccedilatildeo da Uni-versidade Federal Fluminense (UFF) Luis Antonio Baptista percebeu que ela se de-senvolvia em paralelo ao que se passava agrave sua volta Era uma formaccedilatildeo que pouco incluiacutea as questotildees entatildeo contemporacircneas da sociedade brasileira e tampouco sua histoacuteria (BAPTISTA 2000)

Jaacute nos anos 2000 em nossa experiecircn-cia de formaccedilatildeo no curso de graduaccedilatildeo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) o ldquomundo laacute forardquo parecia fazer-se bastante presente na universidade E era um mundo que se dizia em transformaccedilatildeo

Como natildeo poderia ser diferente em um mundo muacuteltiplo e em uma profissatildeo que vem se autodenominando plural o proje-to de psicologia almejado para a formaccedilatildeo contemporacircnea de psicoacutelogos natildeo era uno De um lado havia o projeto de se alcanccedilar uma psicologia verdadeiramente cientiacutefica e rigorosa contra aquelas praacuteticas profis-sionais calcadas no senso comum De ou-tro a esperanccedila de se alcanccedilar uma psico-logia eacutetica e com compromisso social que passaria justamente pela superaccedilatildeo da psicologia cientificista pois que compro-metida com o modelo neoliberal de socie-dade De um lado a defesa de um modelo de formaccedilatildeo por competecircncias De outro sua criacutetica De um lado modos ditos claacutes-sicos de conhecer De outro aqueles tidos como completamente inovadores

Luiz Claudio Mendonccedila Figueiredo relaciona o ldquoestado um tanto caoacutetico e ine-vitavelmente desarticulado de qualquer curriacuteculo de formaccedilatildeo em psicologiardquo (FI-

GUEIREDO 2009 p17) agraves condiccedilotildees histoacute-ricas desse campo cientiacutefico e profissional indicando o estudo da histoacuteria da psicologia como forma de compreender e transformar essa realidade Gostariacuteamos de apontar tam-beacutem um sentido inverso o estudo desses processos de formaccedilatildeo caoacuteticos e desarticu-lados para compreender a psicologia que te-mos e que vimos produzindo historicamen-te A formaccedilatildeo em psicologia expressando ela mesma uma psicologia em formaccedilatildeo

Essa inversatildeo constituiu nossa pesqui-sa de mestrado (ARALDI 2012) a qual tomando como ponto de partida os impas-ses dilemas e controveacutersias que permeiam as experiecircncias de psicoacutelogos em forma-ccedilatildeo encontrou algumas vias possiacuteveis de se colocar e se recolocar o problema do conhecer e do conhecimento psi Partimos de um dispositivo metodoloacutegico que ins-tigava os estudantes participantes todos da graduaccedilatildeo em psicologia da UFRGS a descreverem e analisarem coletivamente o que faziam nas diferentes praacuteticas de for-maccedilatildeo fossem elas curriculares (de estu-dos leitura pesquisa extensatildeo estaacutegio) ou informais (conversas de corredores ex-periecircncias no Diretoacuterio Acadecircmico etc)

As distinccedilotildees dos estudantes entraram em diaacutelogo com autores do campo dos estu-dos da cogniccedilatildeo e do conhecimento (Kastrup Varela Maturana Latour) que tecircm questio-nado uma forma bastante corrente ao menos nas sociedades ocidentais de se conceber o conhecer e o conhecimento enquanto repre-sentaccedilatildeo efetivada por uma mente indivi-dual de um mundo preacute-existente agrave accedilatildeo do conhecedor O que isso significa Fundamen-talmente implica separar e situar como es-

Etiane AraldiPsicoacuteloga (UFRGS) Mestre em Psicologia Social e Institucional (UFRGS) Analista de Poliacuteticas Sociais na Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo do SUS (PNH) Ministeacuterio da Sauacutede

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secircncias de um lado um sujeito que conhece e de outro um mundo que se daacute a conhecer

As experiecircncias de formaccedilatildeo dos estu-dantes pesquisados sugerem que tal concep-ccedilatildeo de conhecimento tem marcado sobre-maneira o campo psi a comeccedilar pelo modo como os psicoacutelogos se relacionam com o tema das diferentes psicologias as escolas e escolhas teoacutericas Dada a ambiguidade do objeto e da teacutecnica do psicoacutelogo somada agrave divisatildeo do campo entre diferentes psicolo-gias cada qual com concepccedilotildees epistemo-loacutegicas e metodoloacutegicas especiacuteficas acostu-mou-se a aceitar que a teoria eacute a praacutetica do psicoacutelogo sendo os conceitos ferramentas de trabalho e a escolha teoacuterica um passo neces-saacuterio para que o profissional se constitua enquanto tal e para que suas intervenccedilotildees sejam legitimamente designadas psi

Na esteira dessa ideia supotildee-se que as praacuteticas de um psicoacutelogo psicanalista por exemplo possam ser deduzidas diretamen-te da teoria psicanaliacutetica sendo o trabalho do psicoacutelogo em determinada contingecircncia comumente descrito segundo as teorias que supostamente lhe dariam sustentaccedilatildeo

Em nossa pesquisa observamos que tal loacutegica produz a teoria e a praacutetica como domiacutenios de accedilatildeo muito diferentes nessa profissatildeo sendo o trabalho psi dado o seu forte componente relacional entendido em uma dimensatildeo incorporada um co-nhecimento de ldquoorganismordquo que ldquose sen-te na carnerdquo (conforme verbalizaccedilotildees dos estudantes) em contraposiccedilatildeo com o fazer acadecircmico tomado como essencialmente analiacutetico reflexivo ldquoruminanterdquo parecen-do inclusive que o estaacutegio natildeo compunha o curriacuteculo tamanho o confronto entre um mundo e outro O curioso eacute que em-bora sendo situado no discurso como um conhecimento desprovido de corpo as competecircncias acadecircmicas eram transpos-tas em um sentido incorporado ao fazer

dos estaacutegios produzindo nos estudantes atitudes analiacuteticas distanciadas num sen-tido de espectador nas intervenccedilotildees pro-fissionais Inclusive o uso de metaacuteforas relacionadas agraves tecnologias de produccedilatildeo e apreensatildeo de teorias fizeram-se bastante presentes na explicaccedilatildeo do que faz o psi-coacutelogo fazer leituras da realidade era me-taacutefora recorrente na descriccedilatildeo de boa parte das accedilotildees dos estudantes nos estaacutegios

O tema da identificaccedilatildeo foi citado di-versas vezes como criteacuterio para a escolha teoacuterica expressando a busca por uma re-laccedilatildeo de identidade igualdade entre seu suposto ser e a concepccedilatildeo de ser (de sujei-to) supostamente contida nas teorias Mas seriam nossos ldquoeusrdquo e os ldquoeusrdquo (as con-cepccedilotildees de sujeito) das teorias assim tatildeo coerentes Tanto no campo da cogniccedilatildeo quanto no da epistemologia tal suposiccedilatildeo de coerecircncia tem sido questionada

De qualquer modo a ideia de que o ser antecede o fazer parece motivar na psicolo-gia a adoccedilatildeo de uma concepccedilatildeo de sujeito uma visatildeo de homem como necessidade a priori para a atuaccedilatildeo profissional Entretan-to o que observamos entre os estudantes e a instituiccedilatildeo universitaacuteria foi um traba-lho ativo e cotidiano de separaccedilatildeopuri-ficaccedilatildeo dessas concepccedilotildees De modo que nos perguntamos a relaccedilatildeo identitaacuteria do psicoacutelogo com as teorias que compotildeem o campo psi seria decorrente de pressupostos e eacuteticas transcendentes preconizados pela epistemologia ou seria um processo que se ampara mais nas praacuteticas cotidianas de formaccedilatildeo de psicoacutelogos Nossa aposta ao perguntar agrave formaccedilatildeo em psicologia sobre o que ali se faz evidenciou um plano con-creto de produccedilatildeo da psicologia no presen-te que extrapola em muito o leque das te-orias psicoloacutegicas vigentes mas que ainda assim pode ser afirmado como legiacutetimo co-nhecer e fazer psi na contemporaneidade

REFEREcircNCIAS

ARALDI Etiane Das escolas e escolhas teoacutericas agraves poliacuteticas cognitivas legitimando a experiecircncia e a contingecircncia na colocaccedilatildeo do problema do conhecer e do conhecimento psi Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Psicologia Social e Institucional Instituto de Psicologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS Porto Alegre 2012

BAPTISTA Luis Antonio A faacutebrica de interiores a Formaccedilatildeo Psi em Questatildeo Niteroacutei Eduff 2000

FIGUEIREDO Luiz Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos Petroacutepolis Vozes 2009

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Projeto Poliacuteticas Puacuteblicas na Formaccedilatildeo promove aproximaccedilatildeo do CRPRS com o meio acadecircmico

De acordo com pesquisas feitas pelo Centro de Referecircncia Teacutecnica em Psicologia e Poliacuteti-cas Puacuteblicas ndash CREPOPRS a formaccedilatildeo em Psicologia eacute apon-tada como uma das grandes fra-gilidades ainda impostas para atuaccedilatildeo dos psicoacutelogos nas poliacute-ticas puacuteblicas Paradoxalmente o campo das poliacuteticas puacuteblicas atrai um nuacutemero maior de pro-fissionais a cada ano que mui-tas vezes chegam ao mercado desconhecendo marcos legais e marcos loacutegicos que datildeo funda-mento agraves praacuteticas nessa aacuterea

Buscando minimizar esse problema o CREPOP vem de-senvolvendo desde 2013 o Pro-jeto Poliacuteticas Puacuteblicas na For-maccedilatildeo proposta que procura qualificar a formaccedilatildeo para atu-accedilatildeo em diferentes campos das poliacuteticas puacuteblicas por meio da aproximaccedilatildeo entre Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul e estudantes de faculdades de Psicologia do estado A ideia de desenvolver esse trabalho surgiu em 2009 por iniciativa do estagiaacuterio da eacutepoca Edson Murliki

O projeto favorece espaccedilos de debate reflexatildeo e constru-

ccedilatildeo de um pensamento criacutetico junto aos cursos de gradua-ccedilatildeo objetivando a construccedilatildeo de referecircncias teacutecnicas para a formaccedilatildeo em Psicologia e Po-liacuteticas Puacuteblicas ldquoBuscamos fortalecer o diaacutelogo entre o CRPRS e o meio acadecircmico dimensionar a percepccedilatildeo dos estudantes sobre seus conhe-cimentos acerca das poliacuteticas puacuteblicas e incentivar a refle-xatildeo avaliativa sobre a forma-ccedilatildeo profissional do psicoacutelogo para atuar na aacutereardquo declara a ex-assessora teacutecnica do CRE-POP Carolina dos Reis

Para alcanccedilar isso o pro-jeto segue algumas etapas que incluem apresentaccedilatildeo aos coordenadores dos cursos e realizaccedilatildeo de encontros com os estudantes na sede sub-sedes do CRPRS ou nas proacute-prias instituiccedilotildees de ensino ldquoOs registros desses encontros subsidiam a produccedilatildeo de um relatoacuterio que reuacutene as princi-pais questotildees apontadas pelos alunos gerando dessa forma orientaccedilotildees para construccedilatildeo de um instrumento informa-tivo que sistematize os pontos de reflexatildeordquo explica Carolina

crepop

Projeto Formaccedilatildeo na sua faculdade Faculdades de Psicologia que tenham interesse em participar do Projeto de Formaccedilatildeo devem entrar em contato com o CREPOPRS pelo fone (51) 33346799 ou pelo e-mail crepopcrprsorgbr

Os resultados parciais in-dicam a necessidade de maior aprofundamento teoacuterico no assunto bem como reconheci-mento do caraacuteter transversal da temaacutetica dentro da formaccedilatildeo Os alunos tambeacutem demandam ampliaccedilatildeo de espaccedilos de inser-ccedilatildeo que propiciem maior conta-to com a praacutetica dos psicoacutelogos nas poliacuteticas puacuteblicas Indicam ainda a necessidade de uma reformulaccedilatildeo metodoloacutegica no curso do projeto visando a am-pliar o caraacuteter de intervenccedilatildeo do mesmo Seraacute incluiacuteda uma etapa de pactuaccedilotildees entre os diversos atores envolvidos nas instituiccedilotildees participantes de modo a produzir espaccedilos para a construccedilatildeo de soluccedilotildees con-cretas aos desafios emergidos nas rodas de conversas

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tracircnsito

A Psicologia na educaccedilatildeo para o tracircnsito

A Psicologia exerce uma impor-tante funccedilatildeo no tracircnsito ao estudar a mobilidade humana a partir da anaacutelise de diferentes dimensotildees processos e fenocircmenos envolvidos nesse contexto Pensando nisso a Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsi-to e Mobilidade Humana do CRPRS contribuiu na organizaccedilatildeo do 1ordm Se-minaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito realizado pela Prefeitura de Santa Maria em abril O evento voltado a professores da rede puacuteblica de ensi-no do municiacutepio teve como objetivo despertar a conscientizaccedilatildeo de que a educaccedilatildeo pode mudar o comporta-mento das pessoas no tracircnsito

O CRPRS acredita que a Psicolo-gia pode contribuir nesse processo envolvendo os professores e toda a sociedade para que o tema seja tra-balhado de forma ampla Para a Co-missatildeo do CRPRS os professores pre-cisam entender essa transversalidade

para que haja uma real mudanccedila de comportamento da sociedade

O tracircnsito deve ser pensado de maneira ampla considerando todos os envolvidos ldquoQuando falamos em tracircnsito natildeo devemos pensar apenas no fluxo de automoacuteveis mas consi-derar principalmente que o tracircnsi-to eacute composto por todos noacutes Deve-mos pensar no aspecto da mobilidade humana pensar na livre circulaccedilatildeo e no deslocamento com seguranccedila assim como nas relaccedilotildees sociais que se constituem nesse espaccedilo Ao se deslocar pelas ruas com automoacuteveis particulares bens privados as pes-soas muitas vezes natildeo se datildeo conta de que estatildeo circulando em um espa-ccedilo puacuteblico com regras estabelecidas pelo governo e pela proacutepria socieda-de Competem entre si de modo pri-vado por um espaccedilo que eacute puacuteblico e de todosrdquo declara o coordenador da aacuterea teacutecnica do CRPRS assessor da

SAIBA MAISAssista aos viacutedeos do 1ordm Seminaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Artigo ldquoTracircnsito e Sociedaderdquo de Sinara Tres Soares e Lucio Fernando Garcia disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Publicaccedilatildeo do CRPRS ldquoTracircnsito e Mobilidade Humana - Psicologia Educaccedilatildeo e Cidadaniardquo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrlivrotransito

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tracircnsito

Comissatildeo de Tracircnsito Lucio Fernan-do Garcia

Para ele a Psicologia exerce um im-portante papel ao contribuir na refle-xatildeo que abrange conceitos de cidada-nia e suas implicaccedilotildees considerando o tracircnsito como um processo humano e que envolve condiccedilotildees subjetivas ldquoSer cidadatildeo eacute uma escolha que traz impli-caccedilotildees e reflexotildees sobre responsabili-dades obrigaccedilotildees e direitosrdquo

Diversos aspectos psicoloacutegicos interferem na forma como as pesso-as lidam com o tracircnsito A psicoacuteloga Sinara Tres Soares da Escola Puacuteblica de Tracircnsito do DETRAN-RS ressalta que mesmo tendo ciecircncia dos riscos aos quais estatildeo expostas muitas pes-soas optam em correr esse risco por acreditar que vale a pena ldquoCada pes-soa tem uma diferente percepccedilatildeo de risco O que para alguns representa mais seguranccedila para outros pode significar a permissatildeo para correr mais riscos O sistema de freios do tipo ABS por exemplo traz mais se-guranccedila poreacutem algumas pessoas por se sentirem mais seguras com essa tecnologia acabam correndo maisrdquo explica Sinara

Outro aspecto psicoloacutegico en-volvido no tracircnsito diz respeito agrave conduta que autoriza as pessoas a te-rem determinado tipo de comporta-mento contrariando aquilo que elas mesmas acreditamldquoMuitos criticam quando os carros param em fila du-pla Poreacutem quando vatildeo levar o filho

na escola por exemplo agem assim e justificam tal atitude com explica-ccedilotildees como lsquoeacute bem rapidinhorsquo ou lsquofoi soacute dessa vezldquo

Esse tipo de comportamento re-flete a questatildeo do individualismo e da dificuldade das pessoas entende-rem que fazem parte de um todo e que estatildeo inseridas em um contex-to em que seus atos iratildeo atingir o proacuteximo ldquoTemos que trabalhar na sensibilizaccedilatildeo para que cada um compreenda que a sua atitude seu comportamento interfere direta-mente no tracircnsitordquo afirma a colabo-radora da Subsede Centro-Oeste do CRPRS integrante da Comissatildeo do Tracircnsito Aline Baumlumer

Para o evento em Santa Maria o grupo de colaboradores da Subsede Centro-Oeste produziu o viacutedeo ldquoAto-res no Tracircnsitordquo que mostra diferentes pontos de vista que fazem parte do tracircnsito revelando como nossa visatildeo muda dependendo da oacutetica em que a cena eacute vista

A Comissatildeo de Psicologia do Tracircn-sito e Mobilidade Humana do CRPRS estaacute engajada na proposta de desenvol-ver poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave educa-ccedilatildeo para o tracircnsito ldquoQueremos investir na continuidade de projetos e eventos como esse Seminaacuterio Acreditamos que alunos e professores engajados tornam--se multiplicadores de accedilotildees de educa-ccedilatildeo para o tracircnsitordquo afirma a presiden-te da Comissatildeo do CRPRS Elisangela Maria Almeida Santos

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer discutir mais sobre essa relaccedilatildeo entre Psicologia e Tracircnsito Participe da Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsito e Mobilidade Humana Acompanhe a agenda de reuniotildees pelo site httpcrprsorgbrcomissoesegts ou envie e-mail para comissoescrprsorgbr e informe seu interesse

entre linhas | abr-mai-jun 2014 27

Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica em situaccedilotildees de periacutecia e de recursos administrativos

orientaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo psicoloacutegica eacute sem duacutevi-da a abordagem mais requisitada nas di-ferentes instacircncias do fazer do psicoacutelogo Ligada principalmente agrave necessidade de uma resposta ocupa um espaccedilo teacutecnico mas tambeacutem muitas vezes se constitui no imaginaacuterio como se pudesse responder a todas e quaisquer questotildees pautadas com base na anaacutelise do comportamento ou de condiccedilotildees emocionais do avaliando Essa condiccedilatildeo eacute produzida na medida em que atualmente a avaliaccedilatildeo psicoloacutegica tem sido cada vez mais usada na condiccedilatildeo de fundamentar periacutecia ou em situaccedilotildees judi-ciais assim como as que ocorrem em con-cursos puacuteblicos no proacuteprio processo ou em situaccedilotildees de recurso administrativo

As avaliaccedilotildees nessas situaccedilotildees seguem o regrado pela profissatildeo atraveacutes do Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo e das Re-soluccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia assim como devem buscar atender ao soli-citado Entretanto essa maacutexima natildeo quer dizer que o psicoacutelogo quando destacado (contratado) como perito deva conceber tal incumbecircncia como fator a definir o resulta-do da avaliaccedilatildeo O ato pericial eacute o de aplicar teacutecnicas e meacutetodos psicoloacutegicos objetivando um resultado decorrente de todo o processo que por meio de instrumentos eou de en-trevistas concluiraacute a avaliaccedilatildeo registrando ao candidato ou periciando as conclusotildees formuladas O psicoacutelogo natildeo advoga pela parte ou seja o resultado da avaliaccedilatildeo psi-coloacutegica poderaacute ser muito diferente do re-sultado almejado pelo candidato ou parte em processo judicial A avaliaccedilatildeo natildeo pode

ser tendenciosa adaptada ou alterada a fim de alcanccedilar o resultado pretendido pelo candidato natildeo eacute uma peccedila de defesa Eacute um procedimento teacutecnicocientiacutefico que con-clui a partir dos dados e teacutecnicas aplicadas objetivando responder ao solicitado dentro de determinados limites descrevendo o ob-servado e orientando o avaliando sobre os resultados obtidos

A conduta do psicoacutelogo em todo o pro-cedimento avaliativo deve estar pautada em princiacutepios de responsabilidade teacutecnica e profissional respaldados em procedimentos cientiacuteficos e validados O profissional deve ainda levar em consideraccedilatildeo aspectos como bem-estar dignidade e responsabilidade so-cial dos envolvidos na avaliaccedilatildeo uma vez que a mesma ocorre em um contexto soacutecio--cultural e de forma geral contempla um processo que envolve a sociedade como um todo especialmente em se tratando de con-cursos puacuteblicos e assessoramento judiciaacuterio

Reco

rte

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leci

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Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea TeacutecnicaAdriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga FiscalLeticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Artigo ldquoAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica e Relaccedilotildees com o Judiciaacuteriordquo publicado na ediccedilatildeo nordm 64 do EntreLinhas disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas64

Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcodigoetica

Resoluccedilotildees do CFP disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrresolucoesCFP

28 entre linhas | abr-mai-jun 2014

USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

CursosEspecializaccedilatildeo em Psicologia Cliacutenica Terapia Cognitivo ComportamentalChapecoacuteSC Informaccedilotildees (49) 99413800dilmaandrettaunoescedubr wwwunoescedubr

V Ciclo de Estudos em Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica18072014 (iniacutecio moacutedulo 5) 08082014 (iniacutecio moacutedulo 6)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33085453cicloestudosapgmailcom wwwufrgsbrgeapap

Mediaccedilatildeo de Conflitos Novo paradigma agrave construccedilatildeo da pazAteacute 09102014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32226134infoclipmedcombr wwwclipmedcombr Curso de PsicanaacuteliseAteacute 25102014 Passo FundoRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Grupos de EstudoOs contos de fadas como instrumento de conhecimento e desenvolvimento humanoCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500claudiaclinicatessaricombr wwwrecriarnetbr

Introduccedilatildeo agrave Psico-Oncologia com ecircnfase em Psicossomaacutetica e PsiconeuroimunologiaPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92627203 (51) 84041373dhmullerbolcombr danitnunesgmailcompsicossomatica-rsorgbr

Estudos Metapsicoloacutegicos de Freud1306 1807 1508 1909 1010 e 21112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

O que fazer quando recebemos uma crianccedila0407 0108 2908 3110 07112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Mitologia Grega IAteacute 21112014 (encontros mensais)Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500recriarrecriarnetbr

A obra de Wilfred BionAteacute 13122014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr Teoria e Teacutecnica das Paradas e Impasses do TratamentoEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33303845secretariasbpdepaorgbr

Observaccedilatildeo de BebecircsEncontros agraves segundas-feirasNovo Hamburgo RS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Indicadores de Intersubjetividade de 0 a 2 anosEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

O Estudo da Mente na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Conceitos Fundamentais sobre sexualidade na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

DW Winnicott sua pessoa e suas ideias psicanaliacuteticasEncontros agraves quartas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Andreacute GreenEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

Donald WinnicottEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwbionorgbr

Seacuterie Em TerapiaEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr Trabalhos de MetapsicologiaEncontro agraves sextas-feirasCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Freud Reinventando FreudEncontros aos saacutebadosCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

BionEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr D WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

FreudEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Iniciando com WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Introduccedilatildeo ao Aparelho PsiacutequicoEncontros mensaisPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 (51) 33842765contatobionorgbr wwwbionorgbr

Congressos Jornadas Simpoacutesios e Conferecircncias

IV Jornada do Programa da Mulher Depen-dente Quiacutemica02082014Satildeo PauloSP Informaccedilotildees (11) 26618011amandadiasipqhcorgbr omrochaipqhcorgbr wwwceiporgbr

Jornada Constructo 2014 - com Dr Jacques Andregrave15 e 16082014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Congresso SOCERGS 2014 Uniatildeo de conheci-mento e Intercacircmbio multidisciplinar21 a 23082014GramadoRS Informaccedilotildees (51) 33391415 wwwsocergsorgbrcongresso2014

IV Congresso Brasileiro de Psicologia - Ciecircn-cia e Profissatildeo19 a 23112014Satildeo PauloSPwwwcienciaeprofissaocombr

Conferecircncia e Treinamento com a Psicoacuteloga Americana FELICIA CARROLL26 a 29112014Caxias do Sul RS Informaccedilotildees claudiatessarigmailcom wwwrecriarnetbr

Exibiccedilatildeo de filme8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoMorte em Venezardquo02072014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoUacuteltimo Tango Em Parisrdquo13082014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoCanccedilatildeo de Amorrdquo10092014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoAta-merdquo08102014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoO Livro de Cabeceirardquo12112014 Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

OficinaOficina de Produccedilatildeo Psicanaliacutetica e LiteraacuteriaSegundas ou quartas-feiras (6 encontros)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwpaulofernandomonteiroferrazblogspotcom

Agecircncia Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

Page 12: EntreLinhas nº 66

12 entre linhas | abr-mai-jun 2014

Comissatildeo de Eacutetica

Uma urgecircncia coloca-se na relaccedilatildeo que se estabelece sem-pre mais intensa entre as praacute-ticas psicoloacutegicas e o campo juriacutedico Trata-se de trazer para a discussatildeo a dimensatildeo eacutetica do fazer psicoloacutegico colocando em pauta o modo pelo qual efetiva-mos essa relaccedilatildeo e os modos pe-los quais chegamos a instituir novas formas conceituais e pro-cedimentais tanto na produccedilatildeo do conhecimento psi como na atuaccedilatildeo profissional do psicoacutelo-go junto aos tracircmites judiciais Para comeccedilar este debate cabe nos perguntarmos como enten-demos essa dimensatildeo eacutetica

Pensamos que para muito aleacutem de estipular um ldquodever serrdquo nos modos de se produzir conhecimento e de se inserir nas praacuteticas profissionais esta-mos nos referindo agrave reflexatildeo e problematizaccedilatildeo das questotildees e temaacuteticas que nos assolam na contemporaneidade Tais ques-totildees nos levam em muacuteltiplos processos a nos constituirmos de uma determinada forma a sermos ndash sujeitos ndash deste ou da-quele modo ou ainda a sermos chamados e reconhecidos por esta ou aquela marca objetiva e subjetiva de identificaccedilatildeo Natildeo estamos portanto falando de regulamentos para conduzir

justiccedila

comportamentos ou ainda de procedimentos disciplinares relacionados a condutas acadecirc-micas e profissionais desvian-tes ou natildeo na elaboraccedilatildeo de suas atividades

Esse debate se refere tanto a uma identificaccedilatildeo profissio-nal ndash psicoacutelogo que nos coloca em uma multiplicidade de praacute-ticas relativas agrave subjetividade humana como tambeacutem agraves inuacute-meras formas de como somos designados objetivamente em nosso fazer tais como psicoacute-logo especialista na infacircncia ou psicoacutelogo perito judicial ou ainda psicoacutelogo especialis-ta em conflitos parentais e ao mesmo tempo perito em ava-liaccedilatildeo psicoloacutegica e assim por diante No intuito de dar conta das demandas que se formam nos processos poliacutetico-sociais contemporacircneos noacutes psicoacutelo-gos vamos nos organizando e predispondo dentro das possi-bilidades viaacuteveis e com o maior rigor eacutetico-profissional a con-templar tecnicamente o que nos convoca a partir do campo psicoloacutegico e da sociedade No entanto ao mesmo tempo que desenvolvemos um saber espe-ciacutefico no campo da Psicologia vamos produzindo verdades pelo estatuto cientiacutefico que ser-

vem aos mecanismos da Justiccedila para julgar punir e delimitar os merecedores desta ou daquela decisatildeo judicial ou ainda pe-nalidade descrita em lei Eacute dian-te destes enlaces entre as praacuteti-cas em Psicologia e o campo psicoloacutegico que mais uma vez afirmamos a indissociabilidade entre um fazer cientiacutefico e a sua dimensatildeo eacutetico-poliacutetica ou en-tre ciecircncia e poliacutetica Fazemos sim uma Psicologia implicada nas questotildees sociais e poliacuteticas de nosso tempo entendendo que um embate poliacutetico aiacute se co-loca entre os campos em causa Psicologia e Judiciaacuterio

Sendo assim por que que-remos neste momento trazer a discussatildeo da dimensatildeo eacuteti-ca para a relaccedilatildeo das praacuteticas psicoloacutegicas no campo judiciaacute-rio Esta questatildeo nos convoca fortemente a partir da parti-cipaccedilatildeo na Comissatildeo de Eacutetica do CRPRS para o debate ao nos depararmos com a enor-me demanda de intervenccedilotildees consideradas como faltosas nos aspectos eacuteticos da atuaccedilatildeo profissional em situaccedilotildees que se relacionam com processos ou convocatoacuterias judiciais sejam elas no acircmbito familiar ou do direito administrativo das insti-tuiccedilotildees puacuteblicas

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As denuacutencias que chegam agrave Comissatildeo de Eacutetica versam principalmente sobre ausecircn-cia de guarda de documentos e ausecircncia de realizaccedilatildeo de avaliaccedilatildeo psicoloacutegica na aacuterea do tracircnsito elaboraccedilatildeo de do-cumentos que extrapolam os limites teacutecnicos ou sem funda-mentaccedilatildeo teacutecnica utilizados no acircmbito judicial divulgaccedilatildeo de instrumentos natildeo reconhecidos na aacuterea da Psicologia obtenccedilatildeo de vantagens financeiras a par-tir de processo psicoteraacutepico

Eacute nesta inserccedilatildeo das praacuteti-cas psicoloacutegicas nas demandas que se fazem todos os dias que entendemos a importacircncia da dimensatildeo eacutetica Uma eacutetica que se vincula ao campo da refle-xatildeo a um pensamento atuan-te sobre os processos que nos subjetivam e nos convocam cotidianamente Logo eacute muito mais do que um tecnicismo--instrumental que se constitui para solucionar e legitimar as normatizaccedilotildees afirmadas em muitos processos entrelaccedila-dos no arranjo social Trata-se de uma eacutetica que coloca em questatildeo as formas pelas quais os sujeitos satildeo tomados como objeto em uma determinada relaccedilatildeo de conhecimento ndash o psicoloacutegico ndash e portanto em uma relaccedilatildeo de poder Estamos assim nos referindo agraves formas que determinamos enqua-dramos instituiacutemos e muitas

vezes ateacute legislamos sobre as relaccedilotildees que constituiacutemos na vida ou mais especificamente das formas que determinamos e instituiacutemos a partir de nossa atuaccedilatildeo profissional Este dizer este determinar este legislar passa pelo acircmbito do saber Sa-ber sobre algo saber sobre al-gueacutem Passa por um saber que diz como algueacutem pode ou natildeo se conduzir como pode ou natildeo se reconhecer como pode ou natildeo se comportar etc daiacute uma relaccedilatildeo de saber que tambeacutem se configura em jogos de poder

Abrir questotildees eacuteticas nesta discussatildeo implica em nos per-guntarmos como estatildeo se for-mulando as denuacutencias agrave Comis-satildeo de Eacutetica do CRPRS Em que processos e jogos de interesse se efetivam as intervenccedilotildees psico-loacutegicas consideradas faltosas Quando falamos em interven-ccedilatildeopraacutetica psicoloacutegica de que forma queremos encaminhaacute--las e sob que discursos eacutetico--poliacuteticos nos assentamos para legitimaacute-las Queremos uma atuaccedilatildeo disciplinadora e lega-lista na nossa profissatildeo e na so-ciedade O que queremos com esse processo Quais os efeitos que esperamos que se produ-zam a partir dessa intervenccedilatildeo moral O que faz com que o profissional natildeo produza uma reflexatildeo eacutetica diante do seu co-tidiano de trabalho Queremos uma atuaccedilatildeointervenccedilatildeo que

controle e puna os que escapam aos ditames dos coacutedigos que noacutes mesmos estabelecemos ou seja uma intervenccedilatildeo moral so-bre os psicoacutelogos que desconsi-deraram a reflexatildeo eacutetica em seu proacuteprio fazer Eacute imprescindiacutevel perguntarmo-nos se as nossas produccedilotildees acadecircmicas e profis-sionais estatildeo privilegiando um pensamento criacutetico problema-tizador e abrangente sobre os modos que nos constituiacutemos na sociedade Urge analisarmos como se produzem os efeitos de nossas produccedilotildees acadecircmicas e profissionais em noacutes mesmos com aqueles que nos relacio-namos e com a sociedade em geral Eacute sobre esta relaccedilatildeo de um conhecimento implicado politicamente atuante produ-to e efeito de nossa experiecircncia na vida que estamos falando aqui Falamos aqui de uma re-laccedilatildeo pensada e constituiacuteda na liberdade e natildeo pela lei ou seja na reflexatildeo eacutetica que se faz em muacuteltiplas formas de pensar e experimentar a vida Trata-se de uma discussatildeo aberta e sem-pre a se fazer

Zuleika Koumlhler GonzalesConselheira integrante da Comissatildeo de Eacutetica do CRPRSCRP 078721

14 entre linhas | abr-mai-jun 2014

justiccedila

Medida Socioeducativa entre A amp Z

Organizado pelas equipes do Nuacutecleo de Extensatildeo do Pro-grama Interdepartamental de Praacuteticas com Adolescentes e Jo-vens em Conflito com a Lei (PIPA) da UFRGS o livro ldquoMedida Socioeducativa entre A amp Zrdquo surgiu a partir da experiecircncia de profissionais de Psicologia Direito e Educaccedilatildeo com as praacuteticas direcionadas ao puacuteblico adoles-cente que cumpre medida socioeducativa sendo financiado pelo Edital Nacional da Poliacutetica de Extensatildeo (ProextMec2013)

A obra atende agrave linha temaacutetica ldquoeducaccedilatildeo e direitos humanosrdquo desta Poliacutetica de Extensatildeo com vistas agrave elaboraccedilatildeo de material didaacutetico-pedagoacutegico para contribuir em accedilotildees de formaccedilatildeo no atendimento educacional de adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas Apre-senta um glossaacuterio conjunto de verbetes das medidas socioeducativas escritos ldquomenos para dar conta da descriccedilatildeo teacutecnica de termos que designam a vida de adolescentes e de seus atos infra-cionais mais para fazer de vozes solitaacuterias que lutam pela poliacutetica da garantia de direitos de adolescentes uma escrita que pode vir a ser a audiccedilatildeo de muitosrdquo conforme descreve a psicoacuteloga e professora Gislei Domingas R Lazzarotto integrante da equipe organizadora da obra

Confira trechos da definiccedilatildeo de alguns verbetes apresentados na publicaccedilatildeo

Ato Infracional (Carmem Maria Craidy pedago-ga doutora em Educa-

ccedilatildeo) ndash ldquoO que pode parecer um detalhe tem alto significado o adolescente deveraacute ser tratado a partir de sua condiccedilatildeo como pessoa em desenvolvimento com possibilidades muacuteltiplas e natildeo simplesmente a partir do ato in-fracional que tiver cometido Ele natildeo eacute o ato que cometeu e mes-mo se for responsabilizado pelo mesmo deveraacute ser visto e tratado para aleacutem delerdquo

Conselho Tutelar (Este-la Scheinvar socioacuteloga doutora em Educaccedilatildeo)

ndash ldquoSob a loacutegica do direito o dis-tanciamento de um padratildeo eacute um delito que tem que ser julgado sentenciado e punido Natildeo ve-mos todos os setores da socie-dade frequentarem o conselho tutelar e os que laacute vatildeo se carac-terizam sobretudo por natildeo po-derem decidir como fazer a sua vida sendo submetidos a conse-lhos que ressoam como sentenccedilas a serem cumpridasrdquo

Brete (BF e JMG) ndash ldquoNatildeo eacute um quarto Eacute um quadrado Ele tem uma porta de ferro

toda gradeada Jaacute vem com as jegas mas eacute soacute isso que tem dentro A pa-rede eacute toda escrita todo mundo co-loca o nome laacute Dizem que se tu es-crever teu nome chama de volta e tu cai de novo mas isso eacute supersticcedilatildeo A porta se chama portiola Dentro de um lsquobretersquo cabe no maacuteximo 8 gu-ris mas depende tem uns que eacute de 3 Tem janela mas nem passa o dedo do cara pra pegar um vento E no ca-lor Todo mundo se abana melhor eacute dormir no piso que eacute mais geladordquo

Mais informaccedilotildees sobre a obra pelo e-mail ppscufrgsbr

entre linhas | jan-fev-mar 2014 15

Consultoria Organizacional como Dispositivo Cliacutenico

Saindo dos limites que a praacutetica tradi-cional em muitas situaccedilotildees nos impotildee quis experimentar uma outra praacutetica um outro olhar uma outra postura dentro das organi-zaccedilotildees a de ser uma consultora analista Foi entatildeo que busquei os referenciais da psico-logia social e institucional e da filosofia da diferenccedila com o intuito de analisar inter-rogar lanccedilar perguntas experimentar uma outra forma de fazer Psicologia Apresento trecircs recortes que exemplificam essa praacutetica

Numa empresa de grande porte natildeo existia RH apenas Departamento Pessoal em seu aspecto mais antigo sem nenhuma forma de integraccedilatildeo de novos funcionaacuterios Realizei entatildeo um projeto de estruturaccedilatildeo da aacuterea de RH Foi um trabalho grandioso meses de reuniotildees com a diretoria chefia do DP outras pessoas envolvidas dentro da ma-triz e ateacute das filiais que emperrou na execu-ccedilatildeo do ldquomanual de integraccedilatildeordquo na parte que se propunha contar alguns fatos que mar-caram a histoacuteria da organizaccedilatildeo Quando percebi essa dificuldade comecei a realizar entrevistas com uma das diretoras que se apresentava com maior abertura para aquela proposta Realizamos um processo de histo-rizaccedilatildeo da empresa em que apareceram fa-tos de dissoluccedilatildeo de sociedade e outras his-toacuterias de famiacutelia que natildeo poderiam aparecer naquele informativo A partir daiacute o manual pocircde ser concluiacutedo Essa diretora assumiu a aacuterea de RH que tomou outro rumo dentro do funcionamento da organizaccedilatildeo

Dois empresaacuterios que competiam mui-to entre si numa empresa de pequeno por-te queriam que todos que conviviam com eles assumissem o lado de um ou de outro

Realizei um trabalho individual de auto-conhecimento e grupal voltado ao resgate da histoacuteria da empresa a conscientizaccedilatildeo de que a competitividade seria mais eficaz se fosse voltada para o mercado Jaacute no iniacutecio do trabalho comeccedilaram a delimitar o espaccedilo de cada um A relaccedilatildeo de desconfianccedila que havia com os funcionaacuterios tambeacutem mudou

Jaacute numa empresa de meacutedio porte com uma boa estrutura fiacutesica as pessoas estavam completamente desintegradas Os setores funcionavam de forma independente nun-ca realizavam reuniotildees e natildeo se conheciam o que acarretava diversos problemas Apoacutes a devoluccedilatildeo do diagnoacutestico e a realizaccedilatildeo de um plano de accedilatildeo comecei um trabalho com o grupo de gerentes e paralelamente com o empresaacuterio Com o grupo realizei ati-vidades de autogestatildeo autodiagnoacutestico da organizaccedilatildeo e busca de soluccedilotildees para os pro-blemas levantados Foi tambeacutem realizado um trabalho individual com cada gerente Com o empresaacuterio foi trabalhada sua forma de gestatildeo centralizadora sem espaccedilo para os gerentes atuarem e o que isso gerava para os resultados organizacionais Os gerentes con-quistaram um espaccedilo que antes natildeo havia e o que eles propuseram pocircde ser implantado

Nos exemplos citados a consultoria se propocircs a gerar consciecircncia e aprendizagem dos processos que estavam ali em jogo fa-zendo com que as pessoas se apropriassem do conhecimento e do resultado que ia sendo gerado Essa forma de intervenccedilatildeo abre no campo da Psicologia um outro lugar para o psicoacutelogo no mundo do trabalho convocan-do a cliacutenica para o universo laboral ao inveacutes de alimentar a segmentaccedilatildeo deste

relato de experiecircncia

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOA Comissatildeo de Orientaccedilatildeo e Fiscalizaccedilatildeo vem provendo encontros com psicoacutelogos que atuam na aacuterea da Psicologia Organizacional e do Trabalho Fique atento agrave programaccedilatildeo divulgada em nosso site wwwcrprsorgbr e participe

PARTICIPE Envie seu Relato de Experiecircncia para imprensacrprsorgbr

Confira esse relato na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Miriam Corso Minotto Psicoacuteloga Organizacional assessora em desenvolvimento de Recursos Humanos Eacute coordenadora do GT Psicologia do Trabalho participa GT de Histoacuteria e da Comissatildeo Gestora da Subsede Serra do CRPRS

16 entre linhas | abr-mai-jun 2014

entrevista

Em eacutepoca de Copa do Mundo o CRPRS propotildee um debate sobre as diferentes inserccedilotildees da Psicologia no Esporte A proposta eacute discutir lugares e funccedilotildees que os profissionais tecircm assumido e podem assumir neste campo considerando a complexidade das relaccedilotildees estabelecidas entre esportistas familiares instituiccedilotildees de ensino esportivas filantroacutepicas grandes empresas e demais atores sociais envolvidos nesse cenaacuterio O CRPRS convidou quatro profissionais da aacuterea para debater o tema e reproduz aqui no EntreLinhas trechos dessa conversa

Que contribuiccedilotildees a Psicologia do Es-porte traz em suas diferentes aacutereas de atuaccedilatildeo para a sociedade de uma forma geral Benno Becker Jr ndash O trabalho de esporte de alto rendimento eacute o que en-volve mais dinheiro lembrando que satildeo os atletas de alto niacutevel que estatildeo na vitrine e datildeo visibilidade ao espor-

te e consequentemente incentivam a praacutetica esportiva O esporte deve ser trabalhado com toda a sociedade de jovens a idosos como forma de pre-venccedilatildeo de problemas como ansiedade e depressatildeo Quando feito com ade-quaccedilatildeo acredito que o esporte seja o melhor remeacutedio para combater a de-pressatildeo por exemplo

Leia o artigo ldquoA Psicologia do Esporte e do Exerciacutecio para aleacutem da otimizaccedilatildeo da performance atleacuteticardquo produzido por Marcos Daou docente do curso de Psicologia da Unifra mestre em Psicologia graduado em Psicologia e Educaccedilatildeo Fiacutesica em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Acesse wwwcrprsorgbrentrelinhas66 e confira depoimentos gravados nesse encontro e versatildeo estendida da entrevista

Psicologia e Esporte

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Benno Becker Jr Graduado em Psicologia e em Educaccedilatildeo Fiacutesica mestre em Pedagogia pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul e doutor em Psicologia ndash Universidade de Barcelona Tem diversas publicaccedilotildees na aacuterea wwwbennopsicoesportecombr

Cassiano Pires Psicoacutelogo chefe do departamento de psicologia do projeto social WimBelemDon Tiacutetulo de Master em Psicologia do Esporte e atividade fiacutesica pela Universidade Autocircnoma de Barcelona

Maacutercia Pilla do VallePsicoacuteloga mestre em Psicologia Social e da Personalidade pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul psicoacuteloga membro da ABRAPESP psicoacuteloga esportiva do IGT ndash Instituto Gauacutecho de Tecircnis

Vanessa Rodrigues AlvesPsicoacuteloga especialista em Psicologia do Esporte e Exerciacutecio Fiacutesico e em Sociopsicodrama Eacute professora de Psicologia da Atividade Fiacutesica e do Esporte na Faculdade Sogipa de Educaccedilatildeo Fiacutesica

Cassiano Pires ndash Temos que traba-lhar a importacircncia do esporte no bem estar e na sauacutede da populaccedilatildeo em ge-ral Infelizmente ainda vemos muito crianccedilas ou jovens que por natildeo terem habilidade motricidade ou fiacutesico para atingir um alto niacutevel de rendimento acabarem abandonando a praacutetica por serem mal assessoradas O trabalho com atletas de alto rendimento eacute im-portante mas acredito que o fim do esporte natildeo pode ser soacute o esporte em si deve ser o crescimento e o bem es-tar da pessoa a criaccedilatildeo de habilidades sociais e competecircncias e o desenvolvi-mento da autoestima Diversos desa-fios podem ser vencidos por meio do esporte por isso temos que comeccedilar a tirar o esporte da aacuterea de Turismo e Lazer e comeccedilar a pensaacute-lo na aacuterea de Sauacutede Isso mudaria completamente sua importacircncia e seu sentido para a vida da pessoa Maacutercia Pilla do Valle ndash Haacute uma seacuterie de possibilidades de atuaccedilatildeo para o Psicoacutelogo do Esporte e o campo que atualmente estaacute aberto eacute o que envolve projetos sociais e questotildees ligadas agrave sauacutede e ao espor-te como atividade fiacutesica e natildeo neces-sariamente competitiva Vanessa Rodrigues Alves ndash A Psicologia do Esporte eacute muito abrangente mas ainda se trabalha em poucas aacutereas Poderiacuteamos traba-lhar em instituiccedilotildees como a Susepe a Fase com a educaccedilatildeo em lar de idosos por exemplo

Em que condiccedilotildees se datildeo essas praacute-ticas considerando que muitas ve-zes haacute a pressatildeo de clubes atletas empresaacuterios miacutedia e ateacute da proacutepria sociedade pelo alto rendimento do atleta Ao desenvolver sua praacutetica o psicoacutelogo do esporte estaacute a serviccedilo de quem Maacutercia Pilla do Valle ndash Quando trabalhamos com esporte de alto ren-dimento o limiar entre sauacutede e pato-loacutegico eacute bem tecircnue principalmente em modalidades precoces como a ginaacutes-tica artiacutestica ou a nataccedilatildeo por exem-plo em que tudo acontece muito cedo e a carreira eacute muito curta Temos que trabalhar para que esse processo no qual os atletas jaacute estatildeo inseridos seja o mais saudaacutevel possiacutevel melhorar a relaccedilatildeo da comunicaccedilatildeo do teacutecnico com o atleta e criar um ambiente mo-tivador Tambeacutem eacute preciso avaliar se essa eacute uma vontade do proacuteprio atleta ou se eacute um desejo dos pais que veem no esporte a possibilidade de ascender socialmente de alguma forma Pensan-do nesse contexto devemos estar a ser-viccedilo do atleta e de todas as pessoas que estatildeo envolvidas nesse processo Vanessa Rodrigues Alves ndash A gran-de diferenccedila de nosso trabalho eacute que precisamos ir ateacute as pessoas e saber trabalhar em equipe O profissional que atua nessa aacuterea tem que ter a dis-ponibilidade para querer aprender pois natildeo ficamos em uma salinha es-perando as pessoas temos que ir ao encontro delas

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Quais os principais desafios e dile-mas eacuteticos enfrentados pelo psicoacutelo-go do esporte Benno Becker Jr ndash O profissional que comeccedila a trabalhar com alto ren-dimento chega acreditando que iraacute de-terminar o seu tempo de trabalho com os atletas e natildeo eacute isso o que acontece O psicoacutelogo do esporte precisa aprovei-tar cada minuto cada intervalo do trei-no Esse eacute o grande desafio Uma boa estrateacutegia de inserccedilatildeo para o psicoacutelogo do esporte eacute ficar proacuteximo ao treina-dor e ao preparador fiacutesico buscando melhorar a comunicaccedilatildeo dele com o atleta estabelecendo uma relaccedilatildeo de transparecircncia Cassiano Pires ndash Temos que saber usar o nosso tempo no dia a dia do atleta Eu trabalho no Projeto WinBe-lemDon na cancha de boneacute do lado do atleta e realmente a gente sofre muito por natildeo ter um tempo exclusi-vo Eacute preciso ser criativo e aproveitar os espaccedilos conversando com o teacutecni-co e o instrumentalizando O psicoacutelo-go precisa estabelecer viacutenculo com a equipe e transmitir a ideia de que faz parte dela Vanessa Rodrigues Alves ndash Tenho que procurar fazer o melhor dentro das minhas possibilidades Vivi um di-lema eacutetico quando o treinador queria ver os resultados dos testes sociomeacute-tricos pedindo para que mostrasse o sociograma das relaccedilotildees e o grupo natildeo liberou isso Ele precisava ver de for-ma mais concreta como estava a rela-

ccedilatildeo com o grupo e eu natildeo podia liberar esse resultado Maacutercia Pilla do Valle ndash Em um clube onde trabalhava encaminhei a uma colega uma menina que vivia uma situaccedilatildeo familiar bem pontual e precisava de atendimento cliacutenico A psicoacuteloga me ligou questionando sobre a rotina de treino argumentan-do que a menina precisava de tempo para brincar e ter outras atividades Foi aiacute que me dei conta que para mim aquilo jaacute era normal vi como eu estava capturada pela cultura es-portiva pois aquilo jaacute natildeo me causa-va mais nenhum incocircmodo Poreacutem percebi que o que estava em questatildeo natildeo era a continuidade dela ou natildeo na ginaacutestica o que precisa ser visto era o lado emocional com relaccedilatildeo a um problema familiar pontual Pela minha identidade cliacutenica muito forte sempre digo que antes de ser psicoacute-loga do esporte eu sou psicoacuteloga e para tomar qualquer decisatildeo preciso estar muito bem comigo mesma e tra-balhar com o seguinte tripeacute conheci-mento teacutecnico (natildeo podemos nunca parar de estudar e de se aprimorar) a supervisatildeo ou a troca com os colegas e o tratamento pessoal

A proximidade de megaeventos no Brasil como a Copa do Mundo e Olimpiacuteadas estaacute ampliando o campo de atuaccedilatildeo da Psicologia do Esporte De que forma vocecircs profissionais da aacuterea estatildeo vendo esses eventos

entrevista

SAIBA MAISConheccedila o Projeto WimBelemDonwwwwimbelemdoncombr

Artigo ldquoA produccedilatildeo de Diferenccedilas pelo esporterdquo de Maacutercia Pilla do Valle httpbitlyproducao_de_diferencas

Artigo ldquoO Esporte de Alto Rendimento Produccedilatildeo de Atletas no Contemporacircneordquo de Maacutercia Pilla do Vallehttpbitlyesporte_alto_rendimento

Artigo ldquoPsicologia do Esporte no contexto do Sistema Conselhosrdquo de Mocircnica drsquoFaacutetima Freires da Silvahttpbitlyesporte_sistema_conselhos

Artigo ldquoEacutetica e Compromisso Social na Psicologia do Esporterdquo de Katia Rubiohttpbitlyetica_compromisso_social

Associaccedilatildeo Brasileira de Psicologia do Esporte ndash ABRAPESP wwwabrapesporgbr

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Considerando isso como a Psicologia do Esporte lida com a questatildeo da es-petacularizaccedilatildeo do esporte Benno Becker Jr ndash Acredito que a Copa do Mundo pode ser muito posi-tiva para a Psicologia do Esporte pois deixaraacute a sensaccedilatildeo de que algo ficou faltando de que a Psicologia poderia ter sido mais envolvida nessa organi-zaccedilatildeo Precisamos mostrar que os psi-coacutelogos do esporte estatildeo agrave disposiccedilatildeo natildeo soacute dos atletas mas da populaccedilatildeo em geral tambeacutem Maacutercia Pilla do Valle ndash Muitas vezes nossa participaccedilatildeo nessa espe-tacularizaccedilatildeo gerada pela miacutedia nos gera um dilema eacutetico Geralmente os jornalistas buscam respostas objetivas querem saber do psicoacutelogo se a equipe ou o atleta ldquoamarelourdquo de fato e natildeo haacute como responder isso Isso acaba abrin-do espaccedilo para a opiniatildeo e manifesta-ccedilatildeo sobre o desempenho das equipes de outros profissionais que assumem o papel de motivadores e criacuteticos Cassiano Pires ndash Eacute importante sa-ber aproveitar o espaccedilo na miacutedia para mostrar a importacircncia do esporte Sabe-mos que poucas coisas ficam de heran-ccedila desses grandes eventos Entatildeo que possamos contribuir para o iniacutecio de uma cultura do esporte mais humani-zada Mostrar que tem muito psicoacutelogo trabalhando e se qualificando e orientar a imprensa sobre esse trabalho Esses grandes eventos demandam uma aten-ccedilatildeo de todas as aacutereas do esporte para que num futuro a sociedade consiga

ver o esporte como algo menos ldquofurio-sordquo com briga disputa morte e mais como uma atividade de lazer Com re-laccedilatildeo aos problemas sociais que surgem devido a esses eventos devemos estar atentos para dar o suporte que as pesso-as envolvidas nisso precisam Para isso as equipes locais que estatildeo organizando a Copa do Mundo por exemplo deve-riam contar com psicoacutelogos Vocecirc acredita que o Esporte pode ser-vir como um meio de garantia dos di-reitos humanos Maacutercia Pilla do Valle ndash Eacute importan-te natildeo pensar o esporte somente como uma atividade de alto rendimento O psicoacutelogo natildeo pode colocar sua praacutetica apenas a serviccedilo do rendimento Te-mos o papel de minimizar sofrimento Busco em minha inserccedilatildeo dentro dos clubes como psicoacuteloga mudar isso e contribuir para tornar o ambiente mais agradaacutevel proporcionando melhores condiccedilotildees da praacutetica esportiva Cassiano Pires ndash Temos que pensar no esporte como algo importante para a inclusatildeo Quando estatildeo praticando esporte as diferenccedilas natildeo existem to-dos satildeo iguais Crianccedilas que fora desse contexto vivem realidades bem dife-rentes (um mora numa casa de muitos andares o outro em uma casa de chatildeo batido por exemplo) quando estatildeo em quadra jogam de igual para igual O esporte nesse sentido eacute muito iguala-dor tem uma questatildeo de inclusatildeo nata que eacute muito legal e temos que saber aproveitar isso

TIacuteTULO DE ESPECIALISTAO tiacutetulo de especialista do CFP eacute concedido por conclusatildeo de curso de especializaccedilatildeo credenciado pelo CFP ou aprovaccedilatildeo em concurso de provas e tiacutetulos promovido periodicamente pelo CFP comprovando experiecircncia profissional de pelo menos 2 anos na aacuterea pretendidawwwcfporgbr

PARTICIPE DAS DISCUSSOtildeES NO CRPRSQuer propor a discussatildeo desse tema Participe das reuniotildees das Comissotildees de Poliacuteticas Puacuteblicas e Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica

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formaccedilatildeo

10 anos do curriacuteculo amplo o que de fato mudou na formaccedilatildeo do psicoacutelogo

Haacute 10 anos tinha iniacutecio um signi-ficativo processo de mudanccedilas na for-maccedilatildeo do psicoacutelogo com as alteraccedilotildees propostas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) de 2004 Sem distin-ccedilatildeo de habilitaccedilotildees diferentes a forma-ccedilatildeo do psicoacutelogo passou a ser ampla incluindo um nuacutecleo comum estaacutegios baacutesicos estaacutegios especiacuteficos ecircnfases curriculares articulaccedilatildeo de competecircn-cias baacutesicas e dos eixos estruturantes e refinamento das propostas de estaacutegios especiacuteficos Em 2011 a nova DCN man-teve as alteraccedilotildees de 2004 instituindo aleacutem dessas um projeto de formaccedilatildeo complementar para o professor de Psi-cologia em seu 13ordm artigo

Para a Associaccedilatildeo Brasileira de Ensino de Psicologia (ABEP) as ecircnfa-ses curriculares ndash que consistem em um recorte de um conjunto de fazeres (competecircncias) jaacute presentes no nuacutecleo comum concentradas em determina-do conjunto de atividades ndash podem ser consideradas uma forma de atender agrave formaccedilatildeo generalista sem cair no risco da superficialidade Cada curso tem a possibilidade de definir seus encadea-mentos prioritaacuterios independentemen-te das abordagens utilizadas

O CRPRS vem debatendo na Co-missatildeo de Formaccedilatildeo os desafios impli-cados em trabalhar a formaccedilatildeo ampla e ao mesmo tempo respeitar a exigecircncias

das ecircnfases curriculares que culminam na realizaccedilatildeo dos estaacutegios especiacuteficos

A coordenadora da Comissatildeo de Gra-duaccedilatildeo da Psicologia da UFRGS Paula Sandrine Machado lembra que o proces-so de adequaccedilatildeo e renovaccedilatildeo dos proje-tos pedagoacutegicos produziu em muitos cursos certos movimentos interessantes de avaliaccedilatildeo e de discussatildeo sobre o pro-fissional que se quer formar o contexto da Psicologia as competecircncias gerais que a formaccedilatildeo busca contemplar e as espe-cificidades de cada curso A abrangecircncia das diretrizes poreacutem aponta tanto para um profissional capaz de ldquofazer tudordquo quanto para um profissional que precisa saber algumas coisas baacutesicas para poder atuar em diferentes contextos

Para as coordenadoras de curso e de estaacutegio da Unisinos Rosana Cecchini de Castro e Maria Elisabeth Selbach o nuacute-cleo comum as competecircncias baacutesicas e os eixos estruturantes preconizados pe-las DCN tecircm possibilitado uma visatildeo abrangente e plural das muacuteltiplas pers-pectivas e possibilidades de intervenccedilatildeo para o futuro profissional da Psicologia ldquoAs ecircnfases podem ter foco no mercado de trabalho mas natildeo podem se desvin-cular da formaccedilatildeo como um todo sob pena de se tornarem especialidadesrdquo salientam as coordenadoras

Com o objetivo de evitar a especiali-zaccedilatildeo na formaccedilatildeo muitas instituiccedilotildees

Leia os depoimentos dos coordenadores dos cursos de Psicologia na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Resoluccedilatildeo nordm 05 de 15 de marccedilo de 2011 disponiacutevel em httpbitlyDCN2011

ABEPSIwwwabepsiorgbr

SAIBA MAIS Veja o histoacuterico das DCNs em httpbitlyABEP_DCNs

Publicaccedilatildeo do CFP ldquoContribuiccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia agrave discussatildeo sobre a formaccedilatildeo da(o) psicoacuteloga(o)rdquo httpbitlyCFP_Formacao

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de ensino trabalham com a proposta de ecircnfase como aprofundamento de estudo daquilo que jaacute foi contemplado na forma-ccedilatildeo geral do curriacuteculo

Na Univates por exemplo primei-ramente as ecircnfases ocorriam a partir do seacutetimo semestre o que prejudicava a formaccedilatildeo generalista uma vez que os estudos e disciplinas direcionavam para conteuacutedos muito especiacuteficos ldquoAl-teramos para as ecircnfases no uacuteltimo ano do curso Essa mudanccedila trouxe maior conhecimento aos estudantes da proacute-pria atuaccedilatildeo nos mais variados espa-ccedilosrdquo explica a coordenadora do curso de Psicologia da Univates Ana Lucia Bender Pereira

A preocupaccedilatildeo em preparar e for-mar o estudante para o mercado de trabalho eacute apontada pela coordenado-ra da Fisma Baacuterbara Maria Barbosa Silva Segundo ela a formaccedilatildeo pelas universidades natildeo estaacute em concordacircn-cia com a atuaccedilatildeo profissional ldquoIsso se

expressa quando na inserccedilatildeo dos alu-nos nos campos de praacuteticas e estaacutegios visualizamos a negaccedilatildeo ou negligecircncia de muitos campos de atuaccedilatildeo do Psi-coacutelogo para a formaccedilatildeo de alunosrdquo de-clara Baacuterbara Uma estrateacutegia adotada para dar conta dessa demanda eacute criar dentro da proacutepria instituiccedilatildeo de ensi-no espaccedilos destinados a execuccedilatildeo das praacuteticas e estaacutegios

Para o subcoordenador do curso da UNISC Jerto Cardoso da Silva as DCN devem ser pensadas democrati-camente e natildeo de forma autocraacutetica ldquoAs diretrizes devem ser propostas a partir das inquietaccedilotildees dos cursos e construiacutedas com elesrdquo Para ele os cur-sos devem estar atentos ao mercado de trabalho mas natildeo devem ser apenas pautados por ele pois trabalham na formaccedilatildeo de profissionais criacuteticos ou seja que podem ingressar no mercado mas tambeacutem transformaacute-lo e propor novas aacutereas de atuaccedilatildeo

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer ampliar a discussatildeo do tema Participe das reuniotildees ampliadas da Comissatildeo de Formaccedilatildeo Acompanhe a agenda pelo site wwwcrprsorgbrcomissoesegts

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artigo

A formaccedilatildeo em psicologia e a psicologia em formaccedilatildeo

Em pesquisa realizada na deacutecada de 80 sobre a formaccedilatildeo de psicoacutelogos com estudantes do curso de graduaccedilatildeo da Uni-versidade Federal Fluminense (UFF) Luis Antonio Baptista percebeu que ela se de-senvolvia em paralelo ao que se passava agrave sua volta Era uma formaccedilatildeo que pouco incluiacutea as questotildees entatildeo contemporacircneas da sociedade brasileira e tampouco sua histoacuteria (BAPTISTA 2000)

Jaacute nos anos 2000 em nossa experiecircn-cia de formaccedilatildeo no curso de graduaccedilatildeo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) o ldquomundo laacute forardquo parecia fazer-se bastante presente na universidade E era um mundo que se dizia em transformaccedilatildeo

Como natildeo poderia ser diferente em um mundo muacuteltiplo e em uma profissatildeo que vem se autodenominando plural o proje-to de psicologia almejado para a formaccedilatildeo contemporacircnea de psicoacutelogos natildeo era uno De um lado havia o projeto de se alcanccedilar uma psicologia verdadeiramente cientiacutefica e rigorosa contra aquelas praacuteticas profis-sionais calcadas no senso comum De ou-tro a esperanccedila de se alcanccedilar uma psico-logia eacutetica e com compromisso social que passaria justamente pela superaccedilatildeo da psicologia cientificista pois que compro-metida com o modelo neoliberal de socie-dade De um lado a defesa de um modelo de formaccedilatildeo por competecircncias De outro sua criacutetica De um lado modos ditos claacutes-sicos de conhecer De outro aqueles tidos como completamente inovadores

Luiz Claudio Mendonccedila Figueiredo relaciona o ldquoestado um tanto caoacutetico e ine-vitavelmente desarticulado de qualquer curriacuteculo de formaccedilatildeo em psicologiardquo (FI-

GUEIREDO 2009 p17) agraves condiccedilotildees histoacute-ricas desse campo cientiacutefico e profissional indicando o estudo da histoacuteria da psicologia como forma de compreender e transformar essa realidade Gostariacuteamos de apontar tam-beacutem um sentido inverso o estudo desses processos de formaccedilatildeo caoacuteticos e desarticu-lados para compreender a psicologia que te-mos e que vimos produzindo historicamen-te A formaccedilatildeo em psicologia expressando ela mesma uma psicologia em formaccedilatildeo

Essa inversatildeo constituiu nossa pesqui-sa de mestrado (ARALDI 2012) a qual tomando como ponto de partida os impas-ses dilemas e controveacutersias que permeiam as experiecircncias de psicoacutelogos em forma-ccedilatildeo encontrou algumas vias possiacuteveis de se colocar e se recolocar o problema do conhecer e do conhecimento psi Partimos de um dispositivo metodoloacutegico que ins-tigava os estudantes participantes todos da graduaccedilatildeo em psicologia da UFRGS a descreverem e analisarem coletivamente o que faziam nas diferentes praacuteticas de for-maccedilatildeo fossem elas curriculares (de estu-dos leitura pesquisa extensatildeo estaacutegio) ou informais (conversas de corredores ex-periecircncias no Diretoacuterio Acadecircmico etc)

As distinccedilotildees dos estudantes entraram em diaacutelogo com autores do campo dos estu-dos da cogniccedilatildeo e do conhecimento (Kastrup Varela Maturana Latour) que tecircm questio-nado uma forma bastante corrente ao menos nas sociedades ocidentais de se conceber o conhecer e o conhecimento enquanto repre-sentaccedilatildeo efetivada por uma mente indivi-dual de um mundo preacute-existente agrave accedilatildeo do conhecedor O que isso significa Fundamen-talmente implica separar e situar como es-

Etiane AraldiPsicoacuteloga (UFRGS) Mestre em Psicologia Social e Institucional (UFRGS) Analista de Poliacuteticas Sociais na Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo do SUS (PNH) Ministeacuterio da Sauacutede

Acesse artigo na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

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secircncias de um lado um sujeito que conhece e de outro um mundo que se daacute a conhecer

As experiecircncias de formaccedilatildeo dos estu-dantes pesquisados sugerem que tal concep-ccedilatildeo de conhecimento tem marcado sobre-maneira o campo psi a comeccedilar pelo modo como os psicoacutelogos se relacionam com o tema das diferentes psicologias as escolas e escolhas teoacutericas Dada a ambiguidade do objeto e da teacutecnica do psicoacutelogo somada agrave divisatildeo do campo entre diferentes psicolo-gias cada qual com concepccedilotildees epistemo-loacutegicas e metodoloacutegicas especiacuteficas acostu-mou-se a aceitar que a teoria eacute a praacutetica do psicoacutelogo sendo os conceitos ferramentas de trabalho e a escolha teoacuterica um passo neces-saacuterio para que o profissional se constitua enquanto tal e para que suas intervenccedilotildees sejam legitimamente designadas psi

Na esteira dessa ideia supotildee-se que as praacuteticas de um psicoacutelogo psicanalista por exemplo possam ser deduzidas diretamen-te da teoria psicanaliacutetica sendo o trabalho do psicoacutelogo em determinada contingecircncia comumente descrito segundo as teorias que supostamente lhe dariam sustentaccedilatildeo

Em nossa pesquisa observamos que tal loacutegica produz a teoria e a praacutetica como domiacutenios de accedilatildeo muito diferentes nessa profissatildeo sendo o trabalho psi dado o seu forte componente relacional entendido em uma dimensatildeo incorporada um co-nhecimento de ldquoorganismordquo que ldquose sen-te na carnerdquo (conforme verbalizaccedilotildees dos estudantes) em contraposiccedilatildeo com o fazer acadecircmico tomado como essencialmente analiacutetico reflexivo ldquoruminanterdquo parecen-do inclusive que o estaacutegio natildeo compunha o curriacuteculo tamanho o confronto entre um mundo e outro O curioso eacute que em-bora sendo situado no discurso como um conhecimento desprovido de corpo as competecircncias acadecircmicas eram transpos-tas em um sentido incorporado ao fazer

dos estaacutegios produzindo nos estudantes atitudes analiacuteticas distanciadas num sen-tido de espectador nas intervenccedilotildees pro-fissionais Inclusive o uso de metaacuteforas relacionadas agraves tecnologias de produccedilatildeo e apreensatildeo de teorias fizeram-se bastante presentes na explicaccedilatildeo do que faz o psi-coacutelogo fazer leituras da realidade era me-taacutefora recorrente na descriccedilatildeo de boa parte das accedilotildees dos estudantes nos estaacutegios

O tema da identificaccedilatildeo foi citado di-versas vezes como criteacuterio para a escolha teoacuterica expressando a busca por uma re-laccedilatildeo de identidade igualdade entre seu suposto ser e a concepccedilatildeo de ser (de sujei-to) supostamente contida nas teorias Mas seriam nossos ldquoeusrdquo e os ldquoeusrdquo (as con-cepccedilotildees de sujeito) das teorias assim tatildeo coerentes Tanto no campo da cogniccedilatildeo quanto no da epistemologia tal suposiccedilatildeo de coerecircncia tem sido questionada

De qualquer modo a ideia de que o ser antecede o fazer parece motivar na psicolo-gia a adoccedilatildeo de uma concepccedilatildeo de sujeito uma visatildeo de homem como necessidade a priori para a atuaccedilatildeo profissional Entretan-to o que observamos entre os estudantes e a instituiccedilatildeo universitaacuteria foi um traba-lho ativo e cotidiano de separaccedilatildeopuri-ficaccedilatildeo dessas concepccedilotildees De modo que nos perguntamos a relaccedilatildeo identitaacuteria do psicoacutelogo com as teorias que compotildeem o campo psi seria decorrente de pressupostos e eacuteticas transcendentes preconizados pela epistemologia ou seria um processo que se ampara mais nas praacuteticas cotidianas de formaccedilatildeo de psicoacutelogos Nossa aposta ao perguntar agrave formaccedilatildeo em psicologia sobre o que ali se faz evidenciou um plano con-creto de produccedilatildeo da psicologia no presen-te que extrapola em muito o leque das te-orias psicoloacutegicas vigentes mas que ainda assim pode ser afirmado como legiacutetimo co-nhecer e fazer psi na contemporaneidade

REFEREcircNCIAS

ARALDI Etiane Das escolas e escolhas teoacutericas agraves poliacuteticas cognitivas legitimando a experiecircncia e a contingecircncia na colocaccedilatildeo do problema do conhecer e do conhecimento psi Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Psicologia Social e Institucional Instituto de Psicologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS Porto Alegre 2012

BAPTISTA Luis Antonio A faacutebrica de interiores a Formaccedilatildeo Psi em Questatildeo Niteroacutei Eduff 2000

FIGUEIREDO Luiz Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos Petroacutepolis Vozes 2009

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Projeto Poliacuteticas Puacuteblicas na Formaccedilatildeo promove aproximaccedilatildeo do CRPRS com o meio acadecircmico

De acordo com pesquisas feitas pelo Centro de Referecircncia Teacutecnica em Psicologia e Poliacuteti-cas Puacuteblicas ndash CREPOPRS a formaccedilatildeo em Psicologia eacute apon-tada como uma das grandes fra-gilidades ainda impostas para atuaccedilatildeo dos psicoacutelogos nas poliacute-ticas puacuteblicas Paradoxalmente o campo das poliacuteticas puacuteblicas atrai um nuacutemero maior de pro-fissionais a cada ano que mui-tas vezes chegam ao mercado desconhecendo marcos legais e marcos loacutegicos que datildeo funda-mento agraves praacuteticas nessa aacuterea

Buscando minimizar esse problema o CREPOP vem de-senvolvendo desde 2013 o Pro-jeto Poliacuteticas Puacuteblicas na For-maccedilatildeo proposta que procura qualificar a formaccedilatildeo para atu-accedilatildeo em diferentes campos das poliacuteticas puacuteblicas por meio da aproximaccedilatildeo entre Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul e estudantes de faculdades de Psicologia do estado A ideia de desenvolver esse trabalho surgiu em 2009 por iniciativa do estagiaacuterio da eacutepoca Edson Murliki

O projeto favorece espaccedilos de debate reflexatildeo e constru-

ccedilatildeo de um pensamento criacutetico junto aos cursos de gradua-ccedilatildeo objetivando a construccedilatildeo de referecircncias teacutecnicas para a formaccedilatildeo em Psicologia e Po-liacuteticas Puacuteblicas ldquoBuscamos fortalecer o diaacutelogo entre o CRPRS e o meio acadecircmico dimensionar a percepccedilatildeo dos estudantes sobre seus conhe-cimentos acerca das poliacuteticas puacuteblicas e incentivar a refle-xatildeo avaliativa sobre a forma-ccedilatildeo profissional do psicoacutelogo para atuar na aacutereardquo declara a ex-assessora teacutecnica do CRE-POP Carolina dos Reis

Para alcanccedilar isso o pro-jeto segue algumas etapas que incluem apresentaccedilatildeo aos coordenadores dos cursos e realizaccedilatildeo de encontros com os estudantes na sede sub-sedes do CRPRS ou nas proacute-prias instituiccedilotildees de ensino ldquoOs registros desses encontros subsidiam a produccedilatildeo de um relatoacuterio que reuacutene as princi-pais questotildees apontadas pelos alunos gerando dessa forma orientaccedilotildees para construccedilatildeo de um instrumento informa-tivo que sistematize os pontos de reflexatildeordquo explica Carolina

crepop

Projeto Formaccedilatildeo na sua faculdade Faculdades de Psicologia que tenham interesse em participar do Projeto de Formaccedilatildeo devem entrar em contato com o CREPOPRS pelo fone (51) 33346799 ou pelo e-mail crepopcrprsorgbr

Os resultados parciais in-dicam a necessidade de maior aprofundamento teoacuterico no assunto bem como reconheci-mento do caraacuteter transversal da temaacutetica dentro da formaccedilatildeo Os alunos tambeacutem demandam ampliaccedilatildeo de espaccedilos de inser-ccedilatildeo que propiciem maior conta-to com a praacutetica dos psicoacutelogos nas poliacuteticas puacuteblicas Indicam ainda a necessidade de uma reformulaccedilatildeo metodoloacutegica no curso do projeto visando a am-pliar o caraacuteter de intervenccedilatildeo do mesmo Seraacute incluiacuteda uma etapa de pactuaccedilotildees entre os diversos atores envolvidos nas instituiccedilotildees participantes de modo a produzir espaccedilos para a construccedilatildeo de soluccedilotildees con-cretas aos desafios emergidos nas rodas de conversas

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tracircnsito

A Psicologia na educaccedilatildeo para o tracircnsito

A Psicologia exerce uma impor-tante funccedilatildeo no tracircnsito ao estudar a mobilidade humana a partir da anaacutelise de diferentes dimensotildees processos e fenocircmenos envolvidos nesse contexto Pensando nisso a Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsi-to e Mobilidade Humana do CRPRS contribuiu na organizaccedilatildeo do 1ordm Se-minaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito realizado pela Prefeitura de Santa Maria em abril O evento voltado a professores da rede puacuteblica de ensi-no do municiacutepio teve como objetivo despertar a conscientizaccedilatildeo de que a educaccedilatildeo pode mudar o comporta-mento das pessoas no tracircnsito

O CRPRS acredita que a Psicolo-gia pode contribuir nesse processo envolvendo os professores e toda a sociedade para que o tema seja tra-balhado de forma ampla Para a Co-missatildeo do CRPRS os professores pre-cisam entender essa transversalidade

para que haja uma real mudanccedila de comportamento da sociedade

O tracircnsito deve ser pensado de maneira ampla considerando todos os envolvidos ldquoQuando falamos em tracircnsito natildeo devemos pensar apenas no fluxo de automoacuteveis mas consi-derar principalmente que o tracircnsi-to eacute composto por todos noacutes Deve-mos pensar no aspecto da mobilidade humana pensar na livre circulaccedilatildeo e no deslocamento com seguranccedila assim como nas relaccedilotildees sociais que se constituem nesse espaccedilo Ao se deslocar pelas ruas com automoacuteveis particulares bens privados as pes-soas muitas vezes natildeo se datildeo conta de que estatildeo circulando em um espa-ccedilo puacuteblico com regras estabelecidas pelo governo e pela proacutepria socieda-de Competem entre si de modo pri-vado por um espaccedilo que eacute puacuteblico e de todosrdquo declara o coordenador da aacuterea teacutecnica do CRPRS assessor da

SAIBA MAISAssista aos viacutedeos do 1ordm Seminaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Artigo ldquoTracircnsito e Sociedaderdquo de Sinara Tres Soares e Lucio Fernando Garcia disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Publicaccedilatildeo do CRPRS ldquoTracircnsito e Mobilidade Humana - Psicologia Educaccedilatildeo e Cidadaniardquo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrlivrotransito

26 entre linhas | abr-mai-jun 2014

tracircnsito

Comissatildeo de Tracircnsito Lucio Fernan-do Garcia

Para ele a Psicologia exerce um im-portante papel ao contribuir na refle-xatildeo que abrange conceitos de cidada-nia e suas implicaccedilotildees considerando o tracircnsito como um processo humano e que envolve condiccedilotildees subjetivas ldquoSer cidadatildeo eacute uma escolha que traz impli-caccedilotildees e reflexotildees sobre responsabili-dades obrigaccedilotildees e direitosrdquo

Diversos aspectos psicoloacutegicos interferem na forma como as pesso-as lidam com o tracircnsito A psicoacuteloga Sinara Tres Soares da Escola Puacuteblica de Tracircnsito do DETRAN-RS ressalta que mesmo tendo ciecircncia dos riscos aos quais estatildeo expostas muitas pes-soas optam em correr esse risco por acreditar que vale a pena ldquoCada pes-soa tem uma diferente percepccedilatildeo de risco O que para alguns representa mais seguranccedila para outros pode significar a permissatildeo para correr mais riscos O sistema de freios do tipo ABS por exemplo traz mais se-guranccedila poreacutem algumas pessoas por se sentirem mais seguras com essa tecnologia acabam correndo maisrdquo explica Sinara

Outro aspecto psicoloacutegico en-volvido no tracircnsito diz respeito agrave conduta que autoriza as pessoas a te-rem determinado tipo de comporta-mento contrariando aquilo que elas mesmas acreditamldquoMuitos criticam quando os carros param em fila du-pla Poreacutem quando vatildeo levar o filho

na escola por exemplo agem assim e justificam tal atitude com explica-ccedilotildees como lsquoeacute bem rapidinhorsquo ou lsquofoi soacute dessa vezldquo

Esse tipo de comportamento re-flete a questatildeo do individualismo e da dificuldade das pessoas entende-rem que fazem parte de um todo e que estatildeo inseridas em um contex-to em que seus atos iratildeo atingir o proacuteximo ldquoTemos que trabalhar na sensibilizaccedilatildeo para que cada um compreenda que a sua atitude seu comportamento interfere direta-mente no tracircnsitordquo afirma a colabo-radora da Subsede Centro-Oeste do CRPRS integrante da Comissatildeo do Tracircnsito Aline Baumlumer

Para o evento em Santa Maria o grupo de colaboradores da Subsede Centro-Oeste produziu o viacutedeo ldquoAto-res no Tracircnsitordquo que mostra diferentes pontos de vista que fazem parte do tracircnsito revelando como nossa visatildeo muda dependendo da oacutetica em que a cena eacute vista

A Comissatildeo de Psicologia do Tracircn-sito e Mobilidade Humana do CRPRS estaacute engajada na proposta de desenvol-ver poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave educa-ccedilatildeo para o tracircnsito ldquoQueremos investir na continuidade de projetos e eventos como esse Seminaacuterio Acreditamos que alunos e professores engajados tornam--se multiplicadores de accedilotildees de educa-ccedilatildeo para o tracircnsitordquo afirma a presiden-te da Comissatildeo do CRPRS Elisangela Maria Almeida Santos

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer discutir mais sobre essa relaccedilatildeo entre Psicologia e Tracircnsito Participe da Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsito e Mobilidade Humana Acompanhe a agenda de reuniotildees pelo site httpcrprsorgbrcomissoesegts ou envie e-mail para comissoescrprsorgbr e informe seu interesse

entre linhas | abr-mai-jun 2014 27

Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica em situaccedilotildees de periacutecia e de recursos administrativos

orientaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo psicoloacutegica eacute sem duacutevi-da a abordagem mais requisitada nas di-ferentes instacircncias do fazer do psicoacutelogo Ligada principalmente agrave necessidade de uma resposta ocupa um espaccedilo teacutecnico mas tambeacutem muitas vezes se constitui no imaginaacuterio como se pudesse responder a todas e quaisquer questotildees pautadas com base na anaacutelise do comportamento ou de condiccedilotildees emocionais do avaliando Essa condiccedilatildeo eacute produzida na medida em que atualmente a avaliaccedilatildeo psicoloacutegica tem sido cada vez mais usada na condiccedilatildeo de fundamentar periacutecia ou em situaccedilotildees judi-ciais assim como as que ocorrem em con-cursos puacuteblicos no proacuteprio processo ou em situaccedilotildees de recurso administrativo

As avaliaccedilotildees nessas situaccedilotildees seguem o regrado pela profissatildeo atraveacutes do Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo e das Re-soluccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia assim como devem buscar atender ao soli-citado Entretanto essa maacutexima natildeo quer dizer que o psicoacutelogo quando destacado (contratado) como perito deva conceber tal incumbecircncia como fator a definir o resulta-do da avaliaccedilatildeo O ato pericial eacute o de aplicar teacutecnicas e meacutetodos psicoloacutegicos objetivando um resultado decorrente de todo o processo que por meio de instrumentos eou de en-trevistas concluiraacute a avaliaccedilatildeo registrando ao candidato ou periciando as conclusotildees formuladas O psicoacutelogo natildeo advoga pela parte ou seja o resultado da avaliaccedilatildeo psi-coloacutegica poderaacute ser muito diferente do re-sultado almejado pelo candidato ou parte em processo judicial A avaliaccedilatildeo natildeo pode

ser tendenciosa adaptada ou alterada a fim de alcanccedilar o resultado pretendido pelo candidato natildeo eacute uma peccedila de defesa Eacute um procedimento teacutecnicocientiacutefico que con-clui a partir dos dados e teacutecnicas aplicadas objetivando responder ao solicitado dentro de determinados limites descrevendo o ob-servado e orientando o avaliando sobre os resultados obtidos

A conduta do psicoacutelogo em todo o pro-cedimento avaliativo deve estar pautada em princiacutepios de responsabilidade teacutecnica e profissional respaldados em procedimentos cientiacuteficos e validados O profissional deve ainda levar em consideraccedilatildeo aspectos como bem-estar dignidade e responsabilidade so-cial dos envolvidos na avaliaccedilatildeo uma vez que a mesma ocorre em um contexto soacutecio--cultural e de forma geral contempla um processo que envolve a sociedade como um todo especialmente em se tratando de con-cursos puacuteblicos e assessoramento judiciaacuterio

Reco

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Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea TeacutecnicaAdriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga FiscalLeticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Artigo ldquoAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica e Relaccedilotildees com o Judiciaacuteriordquo publicado na ediccedilatildeo nordm 64 do EntreLinhas disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas64

Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcodigoetica

Resoluccedilotildees do CFP disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrresolucoesCFP

28 entre linhas | abr-mai-jun 2014

USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

CursosEspecializaccedilatildeo em Psicologia Cliacutenica Terapia Cognitivo ComportamentalChapecoacuteSC Informaccedilotildees (49) 99413800dilmaandrettaunoescedubr wwwunoescedubr

V Ciclo de Estudos em Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica18072014 (iniacutecio moacutedulo 5) 08082014 (iniacutecio moacutedulo 6)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33085453cicloestudosapgmailcom wwwufrgsbrgeapap

Mediaccedilatildeo de Conflitos Novo paradigma agrave construccedilatildeo da pazAteacute 09102014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32226134infoclipmedcombr wwwclipmedcombr Curso de PsicanaacuteliseAteacute 25102014 Passo FundoRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Grupos de EstudoOs contos de fadas como instrumento de conhecimento e desenvolvimento humanoCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500claudiaclinicatessaricombr wwwrecriarnetbr

Introduccedilatildeo agrave Psico-Oncologia com ecircnfase em Psicossomaacutetica e PsiconeuroimunologiaPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92627203 (51) 84041373dhmullerbolcombr danitnunesgmailcompsicossomatica-rsorgbr

Estudos Metapsicoloacutegicos de Freud1306 1807 1508 1909 1010 e 21112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

O que fazer quando recebemos uma crianccedila0407 0108 2908 3110 07112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Mitologia Grega IAteacute 21112014 (encontros mensais)Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500recriarrecriarnetbr

A obra de Wilfred BionAteacute 13122014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr Teoria e Teacutecnica das Paradas e Impasses do TratamentoEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33303845secretariasbpdepaorgbr

Observaccedilatildeo de BebecircsEncontros agraves segundas-feirasNovo Hamburgo RS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Indicadores de Intersubjetividade de 0 a 2 anosEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

O Estudo da Mente na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Conceitos Fundamentais sobre sexualidade na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

DW Winnicott sua pessoa e suas ideias psicanaliacuteticasEncontros agraves quartas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Andreacute GreenEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

Donald WinnicottEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwbionorgbr

Seacuterie Em TerapiaEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr Trabalhos de MetapsicologiaEncontro agraves sextas-feirasCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Freud Reinventando FreudEncontros aos saacutebadosCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

BionEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr D WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

FreudEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Iniciando com WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Introduccedilatildeo ao Aparelho PsiacutequicoEncontros mensaisPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 (51) 33842765contatobionorgbr wwwbionorgbr

Congressos Jornadas Simpoacutesios e Conferecircncias

IV Jornada do Programa da Mulher Depen-dente Quiacutemica02082014Satildeo PauloSP Informaccedilotildees (11) 26618011amandadiasipqhcorgbr omrochaipqhcorgbr wwwceiporgbr

Jornada Constructo 2014 - com Dr Jacques Andregrave15 e 16082014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Congresso SOCERGS 2014 Uniatildeo de conheci-mento e Intercacircmbio multidisciplinar21 a 23082014GramadoRS Informaccedilotildees (51) 33391415 wwwsocergsorgbrcongresso2014

IV Congresso Brasileiro de Psicologia - Ciecircn-cia e Profissatildeo19 a 23112014Satildeo PauloSPwwwcienciaeprofissaocombr

Conferecircncia e Treinamento com a Psicoacuteloga Americana FELICIA CARROLL26 a 29112014Caxias do Sul RS Informaccedilotildees claudiatessarigmailcom wwwrecriarnetbr

Exibiccedilatildeo de filme8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoMorte em Venezardquo02072014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoUacuteltimo Tango Em Parisrdquo13082014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoCanccedilatildeo de Amorrdquo10092014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoAta-merdquo08102014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoO Livro de Cabeceirardquo12112014 Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

OficinaOficina de Produccedilatildeo Psicanaliacutetica e LiteraacuteriaSegundas ou quartas-feiras (6 encontros)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwpaulofernandomonteiroferrazblogspotcom

Agecircncia Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

Page 13: EntreLinhas nº 66

entre linhas | abr-mai-jun 2014 13

As denuacutencias que chegam agrave Comissatildeo de Eacutetica versam principalmente sobre ausecircn-cia de guarda de documentos e ausecircncia de realizaccedilatildeo de avaliaccedilatildeo psicoloacutegica na aacuterea do tracircnsito elaboraccedilatildeo de do-cumentos que extrapolam os limites teacutecnicos ou sem funda-mentaccedilatildeo teacutecnica utilizados no acircmbito judicial divulgaccedilatildeo de instrumentos natildeo reconhecidos na aacuterea da Psicologia obtenccedilatildeo de vantagens financeiras a par-tir de processo psicoteraacutepico

Eacute nesta inserccedilatildeo das praacuteti-cas psicoloacutegicas nas demandas que se fazem todos os dias que entendemos a importacircncia da dimensatildeo eacutetica Uma eacutetica que se vincula ao campo da refle-xatildeo a um pensamento atuan-te sobre os processos que nos subjetivam e nos convocam cotidianamente Logo eacute muito mais do que um tecnicismo--instrumental que se constitui para solucionar e legitimar as normatizaccedilotildees afirmadas em muitos processos entrelaccedila-dos no arranjo social Trata-se de uma eacutetica que coloca em questatildeo as formas pelas quais os sujeitos satildeo tomados como objeto em uma determinada relaccedilatildeo de conhecimento ndash o psicoloacutegico ndash e portanto em uma relaccedilatildeo de poder Estamos assim nos referindo agraves formas que determinamos enqua-dramos instituiacutemos e muitas

vezes ateacute legislamos sobre as relaccedilotildees que constituiacutemos na vida ou mais especificamente das formas que determinamos e instituiacutemos a partir de nossa atuaccedilatildeo profissional Este dizer este determinar este legislar passa pelo acircmbito do saber Sa-ber sobre algo saber sobre al-gueacutem Passa por um saber que diz como algueacutem pode ou natildeo se conduzir como pode ou natildeo se reconhecer como pode ou natildeo se comportar etc daiacute uma relaccedilatildeo de saber que tambeacutem se configura em jogos de poder

Abrir questotildees eacuteticas nesta discussatildeo implica em nos per-guntarmos como estatildeo se for-mulando as denuacutencias agrave Comis-satildeo de Eacutetica do CRPRS Em que processos e jogos de interesse se efetivam as intervenccedilotildees psico-loacutegicas consideradas faltosas Quando falamos em interven-ccedilatildeopraacutetica psicoloacutegica de que forma queremos encaminhaacute--las e sob que discursos eacutetico--poliacuteticos nos assentamos para legitimaacute-las Queremos uma atuaccedilatildeo disciplinadora e lega-lista na nossa profissatildeo e na so-ciedade O que queremos com esse processo Quais os efeitos que esperamos que se produ-zam a partir dessa intervenccedilatildeo moral O que faz com que o profissional natildeo produza uma reflexatildeo eacutetica diante do seu co-tidiano de trabalho Queremos uma atuaccedilatildeointervenccedilatildeo que

controle e puna os que escapam aos ditames dos coacutedigos que noacutes mesmos estabelecemos ou seja uma intervenccedilatildeo moral so-bre os psicoacutelogos que desconsi-deraram a reflexatildeo eacutetica em seu proacuteprio fazer Eacute imprescindiacutevel perguntarmo-nos se as nossas produccedilotildees acadecircmicas e profis-sionais estatildeo privilegiando um pensamento criacutetico problema-tizador e abrangente sobre os modos que nos constituiacutemos na sociedade Urge analisarmos como se produzem os efeitos de nossas produccedilotildees acadecircmicas e profissionais em noacutes mesmos com aqueles que nos relacio-namos e com a sociedade em geral Eacute sobre esta relaccedilatildeo de um conhecimento implicado politicamente atuante produ-to e efeito de nossa experiecircncia na vida que estamos falando aqui Falamos aqui de uma re-laccedilatildeo pensada e constituiacuteda na liberdade e natildeo pela lei ou seja na reflexatildeo eacutetica que se faz em muacuteltiplas formas de pensar e experimentar a vida Trata-se de uma discussatildeo aberta e sem-pre a se fazer

Zuleika Koumlhler GonzalesConselheira integrante da Comissatildeo de Eacutetica do CRPRSCRP 078721

14 entre linhas | abr-mai-jun 2014

justiccedila

Medida Socioeducativa entre A amp Z

Organizado pelas equipes do Nuacutecleo de Extensatildeo do Pro-grama Interdepartamental de Praacuteticas com Adolescentes e Jo-vens em Conflito com a Lei (PIPA) da UFRGS o livro ldquoMedida Socioeducativa entre A amp Zrdquo surgiu a partir da experiecircncia de profissionais de Psicologia Direito e Educaccedilatildeo com as praacuteticas direcionadas ao puacuteblico adoles-cente que cumpre medida socioeducativa sendo financiado pelo Edital Nacional da Poliacutetica de Extensatildeo (ProextMec2013)

A obra atende agrave linha temaacutetica ldquoeducaccedilatildeo e direitos humanosrdquo desta Poliacutetica de Extensatildeo com vistas agrave elaboraccedilatildeo de material didaacutetico-pedagoacutegico para contribuir em accedilotildees de formaccedilatildeo no atendimento educacional de adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas Apre-senta um glossaacuterio conjunto de verbetes das medidas socioeducativas escritos ldquomenos para dar conta da descriccedilatildeo teacutecnica de termos que designam a vida de adolescentes e de seus atos infra-cionais mais para fazer de vozes solitaacuterias que lutam pela poliacutetica da garantia de direitos de adolescentes uma escrita que pode vir a ser a audiccedilatildeo de muitosrdquo conforme descreve a psicoacuteloga e professora Gislei Domingas R Lazzarotto integrante da equipe organizadora da obra

Confira trechos da definiccedilatildeo de alguns verbetes apresentados na publicaccedilatildeo

Ato Infracional (Carmem Maria Craidy pedago-ga doutora em Educa-

ccedilatildeo) ndash ldquoO que pode parecer um detalhe tem alto significado o adolescente deveraacute ser tratado a partir de sua condiccedilatildeo como pessoa em desenvolvimento com possibilidades muacuteltiplas e natildeo simplesmente a partir do ato in-fracional que tiver cometido Ele natildeo eacute o ato que cometeu e mes-mo se for responsabilizado pelo mesmo deveraacute ser visto e tratado para aleacutem delerdquo

Conselho Tutelar (Este-la Scheinvar socioacuteloga doutora em Educaccedilatildeo)

ndash ldquoSob a loacutegica do direito o dis-tanciamento de um padratildeo eacute um delito que tem que ser julgado sentenciado e punido Natildeo ve-mos todos os setores da socie-dade frequentarem o conselho tutelar e os que laacute vatildeo se carac-terizam sobretudo por natildeo po-derem decidir como fazer a sua vida sendo submetidos a conse-lhos que ressoam como sentenccedilas a serem cumpridasrdquo

Brete (BF e JMG) ndash ldquoNatildeo eacute um quarto Eacute um quadrado Ele tem uma porta de ferro

toda gradeada Jaacute vem com as jegas mas eacute soacute isso que tem dentro A pa-rede eacute toda escrita todo mundo co-loca o nome laacute Dizem que se tu es-crever teu nome chama de volta e tu cai de novo mas isso eacute supersticcedilatildeo A porta se chama portiola Dentro de um lsquobretersquo cabe no maacuteximo 8 gu-ris mas depende tem uns que eacute de 3 Tem janela mas nem passa o dedo do cara pra pegar um vento E no ca-lor Todo mundo se abana melhor eacute dormir no piso que eacute mais geladordquo

Mais informaccedilotildees sobre a obra pelo e-mail ppscufrgsbr

entre linhas | jan-fev-mar 2014 15

Consultoria Organizacional como Dispositivo Cliacutenico

Saindo dos limites que a praacutetica tradi-cional em muitas situaccedilotildees nos impotildee quis experimentar uma outra praacutetica um outro olhar uma outra postura dentro das organi-zaccedilotildees a de ser uma consultora analista Foi entatildeo que busquei os referenciais da psico-logia social e institucional e da filosofia da diferenccedila com o intuito de analisar inter-rogar lanccedilar perguntas experimentar uma outra forma de fazer Psicologia Apresento trecircs recortes que exemplificam essa praacutetica

Numa empresa de grande porte natildeo existia RH apenas Departamento Pessoal em seu aspecto mais antigo sem nenhuma forma de integraccedilatildeo de novos funcionaacuterios Realizei entatildeo um projeto de estruturaccedilatildeo da aacuterea de RH Foi um trabalho grandioso meses de reuniotildees com a diretoria chefia do DP outras pessoas envolvidas dentro da ma-triz e ateacute das filiais que emperrou na execu-ccedilatildeo do ldquomanual de integraccedilatildeordquo na parte que se propunha contar alguns fatos que mar-caram a histoacuteria da organizaccedilatildeo Quando percebi essa dificuldade comecei a realizar entrevistas com uma das diretoras que se apresentava com maior abertura para aquela proposta Realizamos um processo de histo-rizaccedilatildeo da empresa em que apareceram fa-tos de dissoluccedilatildeo de sociedade e outras his-toacuterias de famiacutelia que natildeo poderiam aparecer naquele informativo A partir daiacute o manual pocircde ser concluiacutedo Essa diretora assumiu a aacuterea de RH que tomou outro rumo dentro do funcionamento da organizaccedilatildeo

Dois empresaacuterios que competiam mui-to entre si numa empresa de pequeno por-te queriam que todos que conviviam com eles assumissem o lado de um ou de outro

Realizei um trabalho individual de auto-conhecimento e grupal voltado ao resgate da histoacuteria da empresa a conscientizaccedilatildeo de que a competitividade seria mais eficaz se fosse voltada para o mercado Jaacute no iniacutecio do trabalho comeccedilaram a delimitar o espaccedilo de cada um A relaccedilatildeo de desconfianccedila que havia com os funcionaacuterios tambeacutem mudou

Jaacute numa empresa de meacutedio porte com uma boa estrutura fiacutesica as pessoas estavam completamente desintegradas Os setores funcionavam de forma independente nun-ca realizavam reuniotildees e natildeo se conheciam o que acarretava diversos problemas Apoacutes a devoluccedilatildeo do diagnoacutestico e a realizaccedilatildeo de um plano de accedilatildeo comecei um trabalho com o grupo de gerentes e paralelamente com o empresaacuterio Com o grupo realizei ati-vidades de autogestatildeo autodiagnoacutestico da organizaccedilatildeo e busca de soluccedilotildees para os pro-blemas levantados Foi tambeacutem realizado um trabalho individual com cada gerente Com o empresaacuterio foi trabalhada sua forma de gestatildeo centralizadora sem espaccedilo para os gerentes atuarem e o que isso gerava para os resultados organizacionais Os gerentes con-quistaram um espaccedilo que antes natildeo havia e o que eles propuseram pocircde ser implantado

Nos exemplos citados a consultoria se propocircs a gerar consciecircncia e aprendizagem dos processos que estavam ali em jogo fa-zendo com que as pessoas se apropriassem do conhecimento e do resultado que ia sendo gerado Essa forma de intervenccedilatildeo abre no campo da Psicologia um outro lugar para o psicoacutelogo no mundo do trabalho convocan-do a cliacutenica para o universo laboral ao inveacutes de alimentar a segmentaccedilatildeo deste

relato de experiecircncia

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOA Comissatildeo de Orientaccedilatildeo e Fiscalizaccedilatildeo vem provendo encontros com psicoacutelogos que atuam na aacuterea da Psicologia Organizacional e do Trabalho Fique atento agrave programaccedilatildeo divulgada em nosso site wwwcrprsorgbr e participe

PARTICIPE Envie seu Relato de Experiecircncia para imprensacrprsorgbr

Confira esse relato na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Miriam Corso Minotto Psicoacuteloga Organizacional assessora em desenvolvimento de Recursos Humanos Eacute coordenadora do GT Psicologia do Trabalho participa GT de Histoacuteria e da Comissatildeo Gestora da Subsede Serra do CRPRS

16 entre linhas | abr-mai-jun 2014

entrevista

Em eacutepoca de Copa do Mundo o CRPRS propotildee um debate sobre as diferentes inserccedilotildees da Psicologia no Esporte A proposta eacute discutir lugares e funccedilotildees que os profissionais tecircm assumido e podem assumir neste campo considerando a complexidade das relaccedilotildees estabelecidas entre esportistas familiares instituiccedilotildees de ensino esportivas filantroacutepicas grandes empresas e demais atores sociais envolvidos nesse cenaacuterio O CRPRS convidou quatro profissionais da aacuterea para debater o tema e reproduz aqui no EntreLinhas trechos dessa conversa

Que contribuiccedilotildees a Psicologia do Es-porte traz em suas diferentes aacutereas de atuaccedilatildeo para a sociedade de uma forma geral Benno Becker Jr ndash O trabalho de esporte de alto rendimento eacute o que en-volve mais dinheiro lembrando que satildeo os atletas de alto niacutevel que estatildeo na vitrine e datildeo visibilidade ao espor-

te e consequentemente incentivam a praacutetica esportiva O esporte deve ser trabalhado com toda a sociedade de jovens a idosos como forma de pre-venccedilatildeo de problemas como ansiedade e depressatildeo Quando feito com ade-quaccedilatildeo acredito que o esporte seja o melhor remeacutedio para combater a de-pressatildeo por exemplo

Leia o artigo ldquoA Psicologia do Esporte e do Exerciacutecio para aleacutem da otimizaccedilatildeo da performance atleacuteticardquo produzido por Marcos Daou docente do curso de Psicologia da Unifra mestre em Psicologia graduado em Psicologia e Educaccedilatildeo Fiacutesica em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Acesse wwwcrprsorgbrentrelinhas66 e confira depoimentos gravados nesse encontro e versatildeo estendida da entrevista

Psicologia e Esporte

entre linhas | abr-mai-jun 2014 17

Benno Becker Jr Graduado em Psicologia e em Educaccedilatildeo Fiacutesica mestre em Pedagogia pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul e doutor em Psicologia ndash Universidade de Barcelona Tem diversas publicaccedilotildees na aacuterea wwwbennopsicoesportecombr

Cassiano Pires Psicoacutelogo chefe do departamento de psicologia do projeto social WimBelemDon Tiacutetulo de Master em Psicologia do Esporte e atividade fiacutesica pela Universidade Autocircnoma de Barcelona

Maacutercia Pilla do VallePsicoacuteloga mestre em Psicologia Social e da Personalidade pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul psicoacuteloga membro da ABRAPESP psicoacuteloga esportiva do IGT ndash Instituto Gauacutecho de Tecircnis

Vanessa Rodrigues AlvesPsicoacuteloga especialista em Psicologia do Esporte e Exerciacutecio Fiacutesico e em Sociopsicodrama Eacute professora de Psicologia da Atividade Fiacutesica e do Esporte na Faculdade Sogipa de Educaccedilatildeo Fiacutesica

Cassiano Pires ndash Temos que traba-lhar a importacircncia do esporte no bem estar e na sauacutede da populaccedilatildeo em ge-ral Infelizmente ainda vemos muito crianccedilas ou jovens que por natildeo terem habilidade motricidade ou fiacutesico para atingir um alto niacutevel de rendimento acabarem abandonando a praacutetica por serem mal assessoradas O trabalho com atletas de alto rendimento eacute im-portante mas acredito que o fim do esporte natildeo pode ser soacute o esporte em si deve ser o crescimento e o bem es-tar da pessoa a criaccedilatildeo de habilidades sociais e competecircncias e o desenvolvi-mento da autoestima Diversos desa-fios podem ser vencidos por meio do esporte por isso temos que comeccedilar a tirar o esporte da aacuterea de Turismo e Lazer e comeccedilar a pensaacute-lo na aacuterea de Sauacutede Isso mudaria completamente sua importacircncia e seu sentido para a vida da pessoa Maacutercia Pilla do Valle ndash Haacute uma seacuterie de possibilidades de atuaccedilatildeo para o Psicoacutelogo do Esporte e o campo que atualmente estaacute aberto eacute o que envolve projetos sociais e questotildees ligadas agrave sauacutede e ao espor-te como atividade fiacutesica e natildeo neces-sariamente competitiva Vanessa Rodrigues Alves ndash A Psicologia do Esporte eacute muito abrangente mas ainda se trabalha em poucas aacutereas Poderiacuteamos traba-lhar em instituiccedilotildees como a Susepe a Fase com a educaccedilatildeo em lar de idosos por exemplo

Em que condiccedilotildees se datildeo essas praacute-ticas considerando que muitas ve-zes haacute a pressatildeo de clubes atletas empresaacuterios miacutedia e ateacute da proacutepria sociedade pelo alto rendimento do atleta Ao desenvolver sua praacutetica o psicoacutelogo do esporte estaacute a serviccedilo de quem Maacutercia Pilla do Valle ndash Quando trabalhamos com esporte de alto ren-dimento o limiar entre sauacutede e pato-loacutegico eacute bem tecircnue principalmente em modalidades precoces como a ginaacutes-tica artiacutestica ou a nataccedilatildeo por exem-plo em que tudo acontece muito cedo e a carreira eacute muito curta Temos que trabalhar para que esse processo no qual os atletas jaacute estatildeo inseridos seja o mais saudaacutevel possiacutevel melhorar a relaccedilatildeo da comunicaccedilatildeo do teacutecnico com o atleta e criar um ambiente mo-tivador Tambeacutem eacute preciso avaliar se essa eacute uma vontade do proacuteprio atleta ou se eacute um desejo dos pais que veem no esporte a possibilidade de ascender socialmente de alguma forma Pensan-do nesse contexto devemos estar a ser-viccedilo do atleta e de todas as pessoas que estatildeo envolvidas nesse processo Vanessa Rodrigues Alves ndash A gran-de diferenccedila de nosso trabalho eacute que precisamos ir ateacute as pessoas e saber trabalhar em equipe O profissional que atua nessa aacuterea tem que ter a dis-ponibilidade para querer aprender pois natildeo ficamos em uma salinha es-perando as pessoas temos que ir ao encontro delas

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Quais os principais desafios e dile-mas eacuteticos enfrentados pelo psicoacutelo-go do esporte Benno Becker Jr ndash O profissional que comeccedila a trabalhar com alto ren-dimento chega acreditando que iraacute de-terminar o seu tempo de trabalho com os atletas e natildeo eacute isso o que acontece O psicoacutelogo do esporte precisa aprovei-tar cada minuto cada intervalo do trei-no Esse eacute o grande desafio Uma boa estrateacutegia de inserccedilatildeo para o psicoacutelogo do esporte eacute ficar proacuteximo ao treina-dor e ao preparador fiacutesico buscando melhorar a comunicaccedilatildeo dele com o atleta estabelecendo uma relaccedilatildeo de transparecircncia Cassiano Pires ndash Temos que saber usar o nosso tempo no dia a dia do atleta Eu trabalho no Projeto WinBe-lemDon na cancha de boneacute do lado do atleta e realmente a gente sofre muito por natildeo ter um tempo exclusi-vo Eacute preciso ser criativo e aproveitar os espaccedilos conversando com o teacutecni-co e o instrumentalizando O psicoacutelo-go precisa estabelecer viacutenculo com a equipe e transmitir a ideia de que faz parte dela Vanessa Rodrigues Alves ndash Tenho que procurar fazer o melhor dentro das minhas possibilidades Vivi um di-lema eacutetico quando o treinador queria ver os resultados dos testes sociomeacute-tricos pedindo para que mostrasse o sociograma das relaccedilotildees e o grupo natildeo liberou isso Ele precisava ver de for-ma mais concreta como estava a rela-

ccedilatildeo com o grupo e eu natildeo podia liberar esse resultado Maacutercia Pilla do Valle ndash Em um clube onde trabalhava encaminhei a uma colega uma menina que vivia uma situaccedilatildeo familiar bem pontual e precisava de atendimento cliacutenico A psicoacuteloga me ligou questionando sobre a rotina de treino argumentan-do que a menina precisava de tempo para brincar e ter outras atividades Foi aiacute que me dei conta que para mim aquilo jaacute era normal vi como eu estava capturada pela cultura es-portiva pois aquilo jaacute natildeo me causa-va mais nenhum incocircmodo Poreacutem percebi que o que estava em questatildeo natildeo era a continuidade dela ou natildeo na ginaacutestica o que precisa ser visto era o lado emocional com relaccedilatildeo a um problema familiar pontual Pela minha identidade cliacutenica muito forte sempre digo que antes de ser psicoacute-loga do esporte eu sou psicoacuteloga e para tomar qualquer decisatildeo preciso estar muito bem comigo mesma e tra-balhar com o seguinte tripeacute conheci-mento teacutecnico (natildeo podemos nunca parar de estudar e de se aprimorar) a supervisatildeo ou a troca com os colegas e o tratamento pessoal

A proximidade de megaeventos no Brasil como a Copa do Mundo e Olimpiacuteadas estaacute ampliando o campo de atuaccedilatildeo da Psicologia do Esporte De que forma vocecircs profissionais da aacuterea estatildeo vendo esses eventos

entrevista

SAIBA MAISConheccedila o Projeto WimBelemDonwwwwimbelemdoncombr

Artigo ldquoA produccedilatildeo de Diferenccedilas pelo esporterdquo de Maacutercia Pilla do Valle httpbitlyproducao_de_diferencas

Artigo ldquoO Esporte de Alto Rendimento Produccedilatildeo de Atletas no Contemporacircneordquo de Maacutercia Pilla do Vallehttpbitlyesporte_alto_rendimento

Artigo ldquoPsicologia do Esporte no contexto do Sistema Conselhosrdquo de Mocircnica drsquoFaacutetima Freires da Silvahttpbitlyesporte_sistema_conselhos

Artigo ldquoEacutetica e Compromisso Social na Psicologia do Esporterdquo de Katia Rubiohttpbitlyetica_compromisso_social

Associaccedilatildeo Brasileira de Psicologia do Esporte ndash ABRAPESP wwwabrapesporgbr

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Considerando isso como a Psicologia do Esporte lida com a questatildeo da es-petacularizaccedilatildeo do esporte Benno Becker Jr ndash Acredito que a Copa do Mundo pode ser muito posi-tiva para a Psicologia do Esporte pois deixaraacute a sensaccedilatildeo de que algo ficou faltando de que a Psicologia poderia ter sido mais envolvida nessa organi-zaccedilatildeo Precisamos mostrar que os psi-coacutelogos do esporte estatildeo agrave disposiccedilatildeo natildeo soacute dos atletas mas da populaccedilatildeo em geral tambeacutem Maacutercia Pilla do Valle ndash Muitas vezes nossa participaccedilatildeo nessa espe-tacularizaccedilatildeo gerada pela miacutedia nos gera um dilema eacutetico Geralmente os jornalistas buscam respostas objetivas querem saber do psicoacutelogo se a equipe ou o atleta ldquoamarelourdquo de fato e natildeo haacute como responder isso Isso acaba abrin-do espaccedilo para a opiniatildeo e manifesta-ccedilatildeo sobre o desempenho das equipes de outros profissionais que assumem o papel de motivadores e criacuteticos Cassiano Pires ndash Eacute importante sa-ber aproveitar o espaccedilo na miacutedia para mostrar a importacircncia do esporte Sabe-mos que poucas coisas ficam de heran-ccedila desses grandes eventos Entatildeo que possamos contribuir para o iniacutecio de uma cultura do esporte mais humani-zada Mostrar que tem muito psicoacutelogo trabalhando e se qualificando e orientar a imprensa sobre esse trabalho Esses grandes eventos demandam uma aten-ccedilatildeo de todas as aacutereas do esporte para que num futuro a sociedade consiga

ver o esporte como algo menos ldquofurio-sordquo com briga disputa morte e mais como uma atividade de lazer Com re-laccedilatildeo aos problemas sociais que surgem devido a esses eventos devemos estar atentos para dar o suporte que as pesso-as envolvidas nisso precisam Para isso as equipes locais que estatildeo organizando a Copa do Mundo por exemplo deve-riam contar com psicoacutelogos Vocecirc acredita que o Esporte pode ser-vir como um meio de garantia dos di-reitos humanos Maacutercia Pilla do Valle ndash Eacute importan-te natildeo pensar o esporte somente como uma atividade de alto rendimento O psicoacutelogo natildeo pode colocar sua praacutetica apenas a serviccedilo do rendimento Te-mos o papel de minimizar sofrimento Busco em minha inserccedilatildeo dentro dos clubes como psicoacuteloga mudar isso e contribuir para tornar o ambiente mais agradaacutevel proporcionando melhores condiccedilotildees da praacutetica esportiva Cassiano Pires ndash Temos que pensar no esporte como algo importante para a inclusatildeo Quando estatildeo praticando esporte as diferenccedilas natildeo existem to-dos satildeo iguais Crianccedilas que fora desse contexto vivem realidades bem dife-rentes (um mora numa casa de muitos andares o outro em uma casa de chatildeo batido por exemplo) quando estatildeo em quadra jogam de igual para igual O esporte nesse sentido eacute muito iguala-dor tem uma questatildeo de inclusatildeo nata que eacute muito legal e temos que saber aproveitar isso

TIacuteTULO DE ESPECIALISTAO tiacutetulo de especialista do CFP eacute concedido por conclusatildeo de curso de especializaccedilatildeo credenciado pelo CFP ou aprovaccedilatildeo em concurso de provas e tiacutetulos promovido periodicamente pelo CFP comprovando experiecircncia profissional de pelo menos 2 anos na aacuterea pretendidawwwcfporgbr

PARTICIPE DAS DISCUSSOtildeES NO CRPRSQuer propor a discussatildeo desse tema Participe das reuniotildees das Comissotildees de Poliacuteticas Puacuteblicas e Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica

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formaccedilatildeo

10 anos do curriacuteculo amplo o que de fato mudou na formaccedilatildeo do psicoacutelogo

Haacute 10 anos tinha iniacutecio um signi-ficativo processo de mudanccedilas na for-maccedilatildeo do psicoacutelogo com as alteraccedilotildees propostas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) de 2004 Sem distin-ccedilatildeo de habilitaccedilotildees diferentes a forma-ccedilatildeo do psicoacutelogo passou a ser ampla incluindo um nuacutecleo comum estaacutegios baacutesicos estaacutegios especiacuteficos ecircnfases curriculares articulaccedilatildeo de competecircn-cias baacutesicas e dos eixos estruturantes e refinamento das propostas de estaacutegios especiacuteficos Em 2011 a nova DCN man-teve as alteraccedilotildees de 2004 instituindo aleacutem dessas um projeto de formaccedilatildeo complementar para o professor de Psi-cologia em seu 13ordm artigo

Para a Associaccedilatildeo Brasileira de Ensino de Psicologia (ABEP) as ecircnfa-ses curriculares ndash que consistem em um recorte de um conjunto de fazeres (competecircncias) jaacute presentes no nuacutecleo comum concentradas em determina-do conjunto de atividades ndash podem ser consideradas uma forma de atender agrave formaccedilatildeo generalista sem cair no risco da superficialidade Cada curso tem a possibilidade de definir seus encadea-mentos prioritaacuterios independentemen-te das abordagens utilizadas

O CRPRS vem debatendo na Co-missatildeo de Formaccedilatildeo os desafios impli-cados em trabalhar a formaccedilatildeo ampla e ao mesmo tempo respeitar a exigecircncias

das ecircnfases curriculares que culminam na realizaccedilatildeo dos estaacutegios especiacuteficos

A coordenadora da Comissatildeo de Gra-duaccedilatildeo da Psicologia da UFRGS Paula Sandrine Machado lembra que o proces-so de adequaccedilatildeo e renovaccedilatildeo dos proje-tos pedagoacutegicos produziu em muitos cursos certos movimentos interessantes de avaliaccedilatildeo e de discussatildeo sobre o pro-fissional que se quer formar o contexto da Psicologia as competecircncias gerais que a formaccedilatildeo busca contemplar e as espe-cificidades de cada curso A abrangecircncia das diretrizes poreacutem aponta tanto para um profissional capaz de ldquofazer tudordquo quanto para um profissional que precisa saber algumas coisas baacutesicas para poder atuar em diferentes contextos

Para as coordenadoras de curso e de estaacutegio da Unisinos Rosana Cecchini de Castro e Maria Elisabeth Selbach o nuacute-cleo comum as competecircncias baacutesicas e os eixos estruturantes preconizados pe-las DCN tecircm possibilitado uma visatildeo abrangente e plural das muacuteltiplas pers-pectivas e possibilidades de intervenccedilatildeo para o futuro profissional da Psicologia ldquoAs ecircnfases podem ter foco no mercado de trabalho mas natildeo podem se desvin-cular da formaccedilatildeo como um todo sob pena de se tornarem especialidadesrdquo salientam as coordenadoras

Com o objetivo de evitar a especiali-zaccedilatildeo na formaccedilatildeo muitas instituiccedilotildees

Leia os depoimentos dos coordenadores dos cursos de Psicologia na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Resoluccedilatildeo nordm 05 de 15 de marccedilo de 2011 disponiacutevel em httpbitlyDCN2011

ABEPSIwwwabepsiorgbr

SAIBA MAIS Veja o histoacuterico das DCNs em httpbitlyABEP_DCNs

Publicaccedilatildeo do CFP ldquoContribuiccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia agrave discussatildeo sobre a formaccedilatildeo da(o) psicoacuteloga(o)rdquo httpbitlyCFP_Formacao

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de ensino trabalham com a proposta de ecircnfase como aprofundamento de estudo daquilo que jaacute foi contemplado na forma-ccedilatildeo geral do curriacuteculo

Na Univates por exemplo primei-ramente as ecircnfases ocorriam a partir do seacutetimo semestre o que prejudicava a formaccedilatildeo generalista uma vez que os estudos e disciplinas direcionavam para conteuacutedos muito especiacuteficos ldquoAl-teramos para as ecircnfases no uacuteltimo ano do curso Essa mudanccedila trouxe maior conhecimento aos estudantes da proacute-pria atuaccedilatildeo nos mais variados espa-ccedilosrdquo explica a coordenadora do curso de Psicologia da Univates Ana Lucia Bender Pereira

A preocupaccedilatildeo em preparar e for-mar o estudante para o mercado de trabalho eacute apontada pela coordenado-ra da Fisma Baacuterbara Maria Barbosa Silva Segundo ela a formaccedilatildeo pelas universidades natildeo estaacute em concordacircn-cia com a atuaccedilatildeo profissional ldquoIsso se

expressa quando na inserccedilatildeo dos alu-nos nos campos de praacuteticas e estaacutegios visualizamos a negaccedilatildeo ou negligecircncia de muitos campos de atuaccedilatildeo do Psi-coacutelogo para a formaccedilatildeo de alunosrdquo de-clara Baacuterbara Uma estrateacutegia adotada para dar conta dessa demanda eacute criar dentro da proacutepria instituiccedilatildeo de ensi-no espaccedilos destinados a execuccedilatildeo das praacuteticas e estaacutegios

Para o subcoordenador do curso da UNISC Jerto Cardoso da Silva as DCN devem ser pensadas democrati-camente e natildeo de forma autocraacutetica ldquoAs diretrizes devem ser propostas a partir das inquietaccedilotildees dos cursos e construiacutedas com elesrdquo Para ele os cur-sos devem estar atentos ao mercado de trabalho mas natildeo devem ser apenas pautados por ele pois trabalham na formaccedilatildeo de profissionais criacuteticos ou seja que podem ingressar no mercado mas tambeacutem transformaacute-lo e propor novas aacutereas de atuaccedilatildeo

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer ampliar a discussatildeo do tema Participe das reuniotildees ampliadas da Comissatildeo de Formaccedilatildeo Acompanhe a agenda pelo site wwwcrprsorgbrcomissoesegts

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artigo

A formaccedilatildeo em psicologia e a psicologia em formaccedilatildeo

Em pesquisa realizada na deacutecada de 80 sobre a formaccedilatildeo de psicoacutelogos com estudantes do curso de graduaccedilatildeo da Uni-versidade Federal Fluminense (UFF) Luis Antonio Baptista percebeu que ela se de-senvolvia em paralelo ao que se passava agrave sua volta Era uma formaccedilatildeo que pouco incluiacutea as questotildees entatildeo contemporacircneas da sociedade brasileira e tampouco sua histoacuteria (BAPTISTA 2000)

Jaacute nos anos 2000 em nossa experiecircn-cia de formaccedilatildeo no curso de graduaccedilatildeo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) o ldquomundo laacute forardquo parecia fazer-se bastante presente na universidade E era um mundo que se dizia em transformaccedilatildeo

Como natildeo poderia ser diferente em um mundo muacuteltiplo e em uma profissatildeo que vem se autodenominando plural o proje-to de psicologia almejado para a formaccedilatildeo contemporacircnea de psicoacutelogos natildeo era uno De um lado havia o projeto de se alcanccedilar uma psicologia verdadeiramente cientiacutefica e rigorosa contra aquelas praacuteticas profis-sionais calcadas no senso comum De ou-tro a esperanccedila de se alcanccedilar uma psico-logia eacutetica e com compromisso social que passaria justamente pela superaccedilatildeo da psicologia cientificista pois que compro-metida com o modelo neoliberal de socie-dade De um lado a defesa de um modelo de formaccedilatildeo por competecircncias De outro sua criacutetica De um lado modos ditos claacutes-sicos de conhecer De outro aqueles tidos como completamente inovadores

Luiz Claudio Mendonccedila Figueiredo relaciona o ldquoestado um tanto caoacutetico e ine-vitavelmente desarticulado de qualquer curriacuteculo de formaccedilatildeo em psicologiardquo (FI-

GUEIREDO 2009 p17) agraves condiccedilotildees histoacute-ricas desse campo cientiacutefico e profissional indicando o estudo da histoacuteria da psicologia como forma de compreender e transformar essa realidade Gostariacuteamos de apontar tam-beacutem um sentido inverso o estudo desses processos de formaccedilatildeo caoacuteticos e desarticu-lados para compreender a psicologia que te-mos e que vimos produzindo historicamen-te A formaccedilatildeo em psicologia expressando ela mesma uma psicologia em formaccedilatildeo

Essa inversatildeo constituiu nossa pesqui-sa de mestrado (ARALDI 2012) a qual tomando como ponto de partida os impas-ses dilemas e controveacutersias que permeiam as experiecircncias de psicoacutelogos em forma-ccedilatildeo encontrou algumas vias possiacuteveis de se colocar e se recolocar o problema do conhecer e do conhecimento psi Partimos de um dispositivo metodoloacutegico que ins-tigava os estudantes participantes todos da graduaccedilatildeo em psicologia da UFRGS a descreverem e analisarem coletivamente o que faziam nas diferentes praacuteticas de for-maccedilatildeo fossem elas curriculares (de estu-dos leitura pesquisa extensatildeo estaacutegio) ou informais (conversas de corredores ex-periecircncias no Diretoacuterio Acadecircmico etc)

As distinccedilotildees dos estudantes entraram em diaacutelogo com autores do campo dos estu-dos da cogniccedilatildeo e do conhecimento (Kastrup Varela Maturana Latour) que tecircm questio-nado uma forma bastante corrente ao menos nas sociedades ocidentais de se conceber o conhecer e o conhecimento enquanto repre-sentaccedilatildeo efetivada por uma mente indivi-dual de um mundo preacute-existente agrave accedilatildeo do conhecedor O que isso significa Fundamen-talmente implica separar e situar como es-

Etiane AraldiPsicoacuteloga (UFRGS) Mestre em Psicologia Social e Institucional (UFRGS) Analista de Poliacuteticas Sociais na Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo do SUS (PNH) Ministeacuterio da Sauacutede

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secircncias de um lado um sujeito que conhece e de outro um mundo que se daacute a conhecer

As experiecircncias de formaccedilatildeo dos estu-dantes pesquisados sugerem que tal concep-ccedilatildeo de conhecimento tem marcado sobre-maneira o campo psi a comeccedilar pelo modo como os psicoacutelogos se relacionam com o tema das diferentes psicologias as escolas e escolhas teoacutericas Dada a ambiguidade do objeto e da teacutecnica do psicoacutelogo somada agrave divisatildeo do campo entre diferentes psicolo-gias cada qual com concepccedilotildees epistemo-loacutegicas e metodoloacutegicas especiacuteficas acostu-mou-se a aceitar que a teoria eacute a praacutetica do psicoacutelogo sendo os conceitos ferramentas de trabalho e a escolha teoacuterica um passo neces-saacuterio para que o profissional se constitua enquanto tal e para que suas intervenccedilotildees sejam legitimamente designadas psi

Na esteira dessa ideia supotildee-se que as praacuteticas de um psicoacutelogo psicanalista por exemplo possam ser deduzidas diretamen-te da teoria psicanaliacutetica sendo o trabalho do psicoacutelogo em determinada contingecircncia comumente descrito segundo as teorias que supostamente lhe dariam sustentaccedilatildeo

Em nossa pesquisa observamos que tal loacutegica produz a teoria e a praacutetica como domiacutenios de accedilatildeo muito diferentes nessa profissatildeo sendo o trabalho psi dado o seu forte componente relacional entendido em uma dimensatildeo incorporada um co-nhecimento de ldquoorganismordquo que ldquose sen-te na carnerdquo (conforme verbalizaccedilotildees dos estudantes) em contraposiccedilatildeo com o fazer acadecircmico tomado como essencialmente analiacutetico reflexivo ldquoruminanterdquo parecen-do inclusive que o estaacutegio natildeo compunha o curriacuteculo tamanho o confronto entre um mundo e outro O curioso eacute que em-bora sendo situado no discurso como um conhecimento desprovido de corpo as competecircncias acadecircmicas eram transpos-tas em um sentido incorporado ao fazer

dos estaacutegios produzindo nos estudantes atitudes analiacuteticas distanciadas num sen-tido de espectador nas intervenccedilotildees pro-fissionais Inclusive o uso de metaacuteforas relacionadas agraves tecnologias de produccedilatildeo e apreensatildeo de teorias fizeram-se bastante presentes na explicaccedilatildeo do que faz o psi-coacutelogo fazer leituras da realidade era me-taacutefora recorrente na descriccedilatildeo de boa parte das accedilotildees dos estudantes nos estaacutegios

O tema da identificaccedilatildeo foi citado di-versas vezes como criteacuterio para a escolha teoacuterica expressando a busca por uma re-laccedilatildeo de identidade igualdade entre seu suposto ser e a concepccedilatildeo de ser (de sujei-to) supostamente contida nas teorias Mas seriam nossos ldquoeusrdquo e os ldquoeusrdquo (as con-cepccedilotildees de sujeito) das teorias assim tatildeo coerentes Tanto no campo da cogniccedilatildeo quanto no da epistemologia tal suposiccedilatildeo de coerecircncia tem sido questionada

De qualquer modo a ideia de que o ser antecede o fazer parece motivar na psicolo-gia a adoccedilatildeo de uma concepccedilatildeo de sujeito uma visatildeo de homem como necessidade a priori para a atuaccedilatildeo profissional Entretan-to o que observamos entre os estudantes e a instituiccedilatildeo universitaacuteria foi um traba-lho ativo e cotidiano de separaccedilatildeopuri-ficaccedilatildeo dessas concepccedilotildees De modo que nos perguntamos a relaccedilatildeo identitaacuteria do psicoacutelogo com as teorias que compotildeem o campo psi seria decorrente de pressupostos e eacuteticas transcendentes preconizados pela epistemologia ou seria um processo que se ampara mais nas praacuteticas cotidianas de formaccedilatildeo de psicoacutelogos Nossa aposta ao perguntar agrave formaccedilatildeo em psicologia sobre o que ali se faz evidenciou um plano con-creto de produccedilatildeo da psicologia no presen-te que extrapola em muito o leque das te-orias psicoloacutegicas vigentes mas que ainda assim pode ser afirmado como legiacutetimo co-nhecer e fazer psi na contemporaneidade

REFEREcircNCIAS

ARALDI Etiane Das escolas e escolhas teoacutericas agraves poliacuteticas cognitivas legitimando a experiecircncia e a contingecircncia na colocaccedilatildeo do problema do conhecer e do conhecimento psi Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Psicologia Social e Institucional Instituto de Psicologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS Porto Alegre 2012

BAPTISTA Luis Antonio A faacutebrica de interiores a Formaccedilatildeo Psi em Questatildeo Niteroacutei Eduff 2000

FIGUEIREDO Luiz Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos Petroacutepolis Vozes 2009

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Projeto Poliacuteticas Puacuteblicas na Formaccedilatildeo promove aproximaccedilatildeo do CRPRS com o meio acadecircmico

De acordo com pesquisas feitas pelo Centro de Referecircncia Teacutecnica em Psicologia e Poliacuteti-cas Puacuteblicas ndash CREPOPRS a formaccedilatildeo em Psicologia eacute apon-tada como uma das grandes fra-gilidades ainda impostas para atuaccedilatildeo dos psicoacutelogos nas poliacute-ticas puacuteblicas Paradoxalmente o campo das poliacuteticas puacuteblicas atrai um nuacutemero maior de pro-fissionais a cada ano que mui-tas vezes chegam ao mercado desconhecendo marcos legais e marcos loacutegicos que datildeo funda-mento agraves praacuteticas nessa aacuterea

Buscando minimizar esse problema o CREPOP vem de-senvolvendo desde 2013 o Pro-jeto Poliacuteticas Puacuteblicas na For-maccedilatildeo proposta que procura qualificar a formaccedilatildeo para atu-accedilatildeo em diferentes campos das poliacuteticas puacuteblicas por meio da aproximaccedilatildeo entre Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul e estudantes de faculdades de Psicologia do estado A ideia de desenvolver esse trabalho surgiu em 2009 por iniciativa do estagiaacuterio da eacutepoca Edson Murliki

O projeto favorece espaccedilos de debate reflexatildeo e constru-

ccedilatildeo de um pensamento criacutetico junto aos cursos de gradua-ccedilatildeo objetivando a construccedilatildeo de referecircncias teacutecnicas para a formaccedilatildeo em Psicologia e Po-liacuteticas Puacuteblicas ldquoBuscamos fortalecer o diaacutelogo entre o CRPRS e o meio acadecircmico dimensionar a percepccedilatildeo dos estudantes sobre seus conhe-cimentos acerca das poliacuteticas puacuteblicas e incentivar a refle-xatildeo avaliativa sobre a forma-ccedilatildeo profissional do psicoacutelogo para atuar na aacutereardquo declara a ex-assessora teacutecnica do CRE-POP Carolina dos Reis

Para alcanccedilar isso o pro-jeto segue algumas etapas que incluem apresentaccedilatildeo aos coordenadores dos cursos e realizaccedilatildeo de encontros com os estudantes na sede sub-sedes do CRPRS ou nas proacute-prias instituiccedilotildees de ensino ldquoOs registros desses encontros subsidiam a produccedilatildeo de um relatoacuterio que reuacutene as princi-pais questotildees apontadas pelos alunos gerando dessa forma orientaccedilotildees para construccedilatildeo de um instrumento informa-tivo que sistematize os pontos de reflexatildeordquo explica Carolina

crepop

Projeto Formaccedilatildeo na sua faculdade Faculdades de Psicologia que tenham interesse em participar do Projeto de Formaccedilatildeo devem entrar em contato com o CREPOPRS pelo fone (51) 33346799 ou pelo e-mail crepopcrprsorgbr

Os resultados parciais in-dicam a necessidade de maior aprofundamento teoacuterico no assunto bem como reconheci-mento do caraacuteter transversal da temaacutetica dentro da formaccedilatildeo Os alunos tambeacutem demandam ampliaccedilatildeo de espaccedilos de inser-ccedilatildeo que propiciem maior conta-to com a praacutetica dos psicoacutelogos nas poliacuteticas puacuteblicas Indicam ainda a necessidade de uma reformulaccedilatildeo metodoloacutegica no curso do projeto visando a am-pliar o caraacuteter de intervenccedilatildeo do mesmo Seraacute incluiacuteda uma etapa de pactuaccedilotildees entre os diversos atores envolvidos nas instituiccedilotildees participantes de modo a produzir espaccedilos para a construccedilatildeo de soluccedilotildees con-cretas aos desafios emergidos nas rodas de conversas

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tracircnsito

A Psicologia na educaccedilatildeo para o tracircnsito

A Psicologia exerce uma impor-tante funccedilatildeo no tracircnsito ao estudar a mobilidade humana a partir da anaacutelise de diferentes dimensotildees processos e fenocircmenos envolvidos nesse contexto Pensando nisso a Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsi-to e Mobilidade Humana do CRPRS contribuiu na organizaccedilatildeo do 1ordm Se-minaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito realizado pela Prefeitura de Santa Maria em abril O evento voltado a professores da rede puacuteblica de ensi-no do municiacutepio teve como objetivo despertar a conscientizaccedilatildeo de que a educaccedilatildeo pode mudar o comporta-mento das pessoas no tracircnsito

O CRPRS acredita que a Psicolo-gia pode contribuir nesse processo envolvendo os professores e toda a sociedade para que o tema seja tra-balhado de forma ampla Para a Co-missatildeo do CRPRS os professores pre-cisam entender essa transversalidade

para que haja uma real mudanccedila de comportamento da sociedade

O tracircnsito deve ser pensado de maneira ampla considerando todos os envolvidos ldquoQuando falamos em tracircnsito natildeo devemos pensar apenas no fluxo de automoacuteveis mas consi-derar principalmente que o tracircnsi-to eacute composto por todos noacutes Deve-mos pensar no aspecto da mobilidade humana pensar na livre circulaccedilatildeo e no deslocamento com seguranccedila assim como nas relaccedilotildees sociais que se constituem nesse espaccedilo Ao se deslocar pelas ruas com automoacuteveis particulares bens privados as pes-soas muitas vezes natildeo se datildeo conta de que estatildeo circulando em um espa-ccedilo puacuteblico com regras estabelecidas pelo governo e pela proacutepria socieda-de Competem entre si de modo pri-vado por um espaccedilo que eacute puacuteblico e de todosrdquo declara o coordenador da aacuterea teacutecnica do CRPRS assessor da

SAIBA MAISAssista aos viacutedeos do 1ordm Seminaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Artigo ldquoTracircnsito e Sociedaderdquo de Sinara Tres Soares e Lucio Fernando Garcia disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Publicaccedilatildeo do CRPRS ldquoTracircnsito e Mobilidade Humana - Psicologia Educaccedilatildeo e Cidadaniardquo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrlivrotransito

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tracircnsito

Comissatildeo de Tracircnsito Lucio Fernan-do Garcia

Para ele a Psicologia exerce um im-portante papel ao contribuir na refle-xatildeo que abrange conceitos de cidada-nia e suas implicaccedilotildees considerando o tracircnsito como um processo humano e que envolve condiccedilotildees subjetivas ldquoSer cidadatildeo eacute uma escolha que traz impli-caccedilotildees e reflexotildees sobre responsabili-dades obrigaccedilotildees e direitosrdquo

Diversos aspectos psicoloacutegicos interferem na forma como as pesso-as lidam com o tracircnsito A psicoacuteloga Sinara Tres Soares da Escola Puacuteblica de Tracircnsito do DETRAN-RS ressalta que mesmo tendo ciecircncia dos riscos aos quais estatildeo expostas muitas pes-soas optam em correr esse risco por acreditar que vale a pena ldquoCada pes-soa tem uma diferente percepccedilatildeo de risco O que para alguns representa mais seguranccedila para outros pode significar a permissatildeo para correr mais riscos O sistema de freios do tipo ABS por exemplo traz mais se-guranccedila poreacutem algumas pessoas por se sentirem mais seguras com essa tecnologia acabam correndo maisrdquo explica Sinara

Outro aspecto psicoloacutegico en-volvido no tracircnsito diz respeito agrave conduta que autoriza as pessoas a te-rem determinado tipo de comporta-mento contrariando aquilo que elas mesmas acreditamldquoMuitos criticam quando os carros param em fila du-pla Poreacutem quando vatildeo levar o filho

na escola por exemplo agem assim e justificam tal atitude com explica-ccedilotildees como lsquoeacute bem rapidinhorsquo ou lsquofoi soacute dessa vezldquo

Esse tipo de comportamento re-flete a questatildeo do individualismo e da dificuldade das pessoas entende-rem que fazem parte de um todo e que estatildeo inseridas em um contex-to em que seus atos iratildeo atingir o proacuteximo ldquoTemos que trabalhar na sensibilizaccedilatildeo para que cada um compreenda que a sua atitude seu comportamento interfere direta-mente no tracircnsitordquo afirma a colabo-radora da Subsede Centro-Oeste do CRPRS integrante da Comissatildeo do Tracircnsito Aline Baumlumer

Para o evento em Santa Maria o grupo de colaboradores da Subsede Centro-Oeste produziu o viacutedeo ldquoAto-res no Tracircnsitordquo que mostra diferentes pontos de vista que fazem parte do tracircnsito revelando como nossa visatildeo muda dependendo da oacutetica em que a cena eacute vista

A Comissatildeo de Psicologia do Tracircn-sito e Mobilidade Humana do CRPRS estaacute engajada na proposta de desenvol-ver poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave educa-ccedilatildeo para o tracircnsito ldquoQueremos investir na continuidade de projetos e eventos como esse Seminaacuterio Acreditamos que alunos e professores engajados tornam--se multiplicadores de accedilotildees de educa-ccedilatildeo para o tracircnsitordquo afirma a presiden-te da Comissatildeo do CRPRS Elisangela Maria Almeida Santos

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer discutir mais sobre essa relaccedilatildeo entre Psicologia e Tracircnsito Participe da Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsito e Mobilidade Humana Acompanhe a agenda de reuniotildees pelo site httpcrprsorgbrcomissoesegts ou envie e-mail para comissoescrprsorgbr e informe seu interesse

entre linhas | abr-mai-jun 2014 27

Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica em situaccedilotildees de periacutecia e de recursos administrativos

orientaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo psicoloacutegica eacute sem duacutevi-da a abordagem mais requisitada nas di-ferentes instacircncias do fazer do psicoacutelogo Ligada principalmente agrave necessidade de uma resposta ocupa um espaccedilo teacutecnico mas tambeacutem muitas vezes se constitui no imaginaacuterio como se pudesse responder a todas e quaisquer questotildees pautadas com base na anaacutelise do comportamento ou de condiccedilotildees emocionais do avaliando Essa condiccedilatildeo eacute produzida na medida em que atualmente a avaliaccedilatildeo psicoloacutegica tem sido cada vez mais usada na condiccedilatildeo de fundamentar periacutecia ou em situaccedilotildees judi-ciais assim como as que ocorrem em con-cursos puacuteblicos no proacuteprio processo ou em situaccedilotildees de recurso administrativo

As avaliaccedilotildees nessas situaccedilotildees seguem o regrado pela profissatildeo atraveacutes do Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo e das Re-soluccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia assim como devem buscar atender ao soli-citado Entretanto essa maacutexima natildeo quer dizer que o psicoacutelogo quando destacado (contratado) como perito deva conceber tal incumbecircncia como fator a definir o resulta-do da avaliaccedilatildeo O ato pericial eacute o de aplicar teacutecnicas e meacutetodos psicoloacutegicos objetivando um resultado decorrente de todo o processo que por meio de instrumentos eou de en-trevistas concluiraacute a avaliaccedilatildeo registrando ao candidato ou periciando as conclusotildees formuladas O psicoacutelogo natildeo advoga pela parte ou seja o resultado da avaliaccedilatildeo psi-coloacutegica poderaacute ser muito diferente do re-sultado almejado pelo candidato ou parte em processo judicial A avaliaccedilatildeo natildeo pode

ser tendenciosa adaptada ou alterada a fim de alcanccedilar o resultado pretendido pelo candidato natildeo eacute uma peccedila de defesa Eacute um procedimento teacutecnicocientiacutefico que con-clui a partir dos dados e teacutecnicas aplicadas objetivando responder ao solicitado dentro de determinados limites descrevendo o ob-servado e orientando o avaliando sobre os resultados obtidos

A conduta do psicoacutelogo em todo o pro-cedimento avaliativo deve estar pautada em princiacutepios de responsabilidade teacutecnica e profissional respaldados em procedimentos cientiacuteficos e validados O profissional deve ainda levar em consideraccedilatildeo aspectos como bem-estar dignidade e responsabilidade so-cial dos envolvidos na avaliaccedilatildeo uma vez que a mesma ocorre em um contexto soacutecio--cultural e de forma geral contempla um processo que envolve a sociedade como um todo especialmente em se tratando de con-cursos puacuteblicos e assessoramento judiciaacuterio

Reco

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Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea TeacutecnicaAdriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga FiscalLeticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Artigo ldquoAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica e Relaccedilotildees com o Judiciaacuteriordquo publicado na ediccedilatildeo nordm 64 do EntreLinhas disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas64

Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcodigoetica

Resoluccedilotildees do CFP disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrresolucoesCFP

28 entre linhas | abr-mai-jun 2014

USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

CursosEspecializaccedilatildeo em Psicologia Cliacutenica Terapia Cognitivo ComportamentalChapecoacuteSC Informaccedilotildees (49) 99413800dilmaandrettaunoescedubr wwwunoescedubr

V Ciclo de Estudos em Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica18072014 (iniacutecio moacutedulo 5) 08082014 (iniacutecio moacutedulo 6)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33085453cicloestudosapgmailcom wwwufrgsbrgeapap

Mediaccedilatildeo de Conflitos Novo paradigma agrave construccedilatildeo da pazAteacute 09102014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32226134infoclipmedcombr wwwclipmedcombr Curso de PsicanaacuteliseAteacute 25102014 Passo FundoRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Grupos de EstudoOs contos de fadas como instrumento de conhecimento e desenvolvimento humanoCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500claudiaclinicatessaricombr wwwrecriarnetbr

Introduccedilatildeo agrave Psico-Oncologia com ecircnfase em Psicossomaacutetica e PsiconeuroimunologiaPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92627203 (51) 84041373dhmullerbolcombr danitnunesgmailcompsicossomatica-rsorgbr

Estudos Metapsicoloacutegicos de Freud1306 1807 1508 1909 1010 e 21112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

O que fazer quando recebemos uma crianccedila0407 0108 2908 3110 07112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Mitologia Grega IAteacute 21112014 (encontros mensais)Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500recriarrecriarnetbr

A obra de Wilfred BionAteacute 13122014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr Teoria e Teacutecnica das Paradas e Impasses do TratamentoEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33303845secretariasbpdepaorgbr

Observaccedilatildeo de BebecircsEncontros agraves segundas-feirasNovo Hamburgo RS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Indicadores de Intersubjetividade de 0 a 2 anosEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

O Estudo da Mente na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Conceitos Fundamentais sobre sexualidade na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

DW Winnicott sua pessoa e suas ideias psicanaliacuteticasEncontros agraves quartas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Andreacute GreenEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

Donald WinnicottEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwbionorgbr

Seacuterie Em TerapiaEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr Trabalhos de MetapsicologiaEncontro agraves sextas-feirasCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Freud Reinventando FreudEncontros aos saacutebadosCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

BionEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr D WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

FreudEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Iniciando com WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Introduccedilatildeo ao Aparelho PsiacutequicoEncontros mensaisPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 (51) 33842765contatobionorgbr wwwbionorgbr

Congressos Jornadas Simpoacutesios e Conferecircncias

IV Jornada do Programa da Mulher Depen-dente Quiacutemica02082014Satildeo PauloSP Informaccedilotildees (11) 26618011amandadiasipqhcorgbr omrochaipqhcorgbr wwwceiporgbr

Jornada Constructo 2014 - com Dr Jacques Andregrave15 e 16082014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Congresso SOCERGS 2014 Uniatildeo de conheci-mento e Intercacircmbio multidisciplinar21 a 23082014GramadoRS Informaccedilotildees (51) 33391415 wwwsocergsorgbrcongresso2014

IV Congresso Brasileiro de Psicologia - Ciecircn-cia e Profissatildeo19 a 23112014Satildeo PauloSPwwwcienciaeprofissaocombr

Conferecircncia e Treinamento com a Psicoacuteloga Americana FELICIA CARROLL26 a 29112014Caxias do Sul RS Informaccedilotildees claudiatessarigmailcom wwwrecriarnetbr

Exibiccedilatildeo de filme8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoMorte em Venezardquo02072014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoUacuteltimo Tango Em Parisrdquo13082014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoCanccedilatildeo de Amorrdquo10092014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoAta-merdquo08102014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoO Livro de Cabeceirardquo12112014 Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

OficinaOficina de Produccedilatildeo Psicanaliacutetica e LiteraacuteriaSegundas ou quartas-feiras (6 encontros)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwpaulofernandomonteiroferrazblogspotcom

Agecircncia Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

Page 14: EntreLinhas nº 66

14 entre linhas | abr-mai-jun 2014

justiccedila

Medida Socioeducativa entre A amp Z

Organizado pelas equipes do Nuacutecleo de Extensatildeo do Pro-grama Interdepartamental de Praacuteticas com Adolescentes e Jo-vens em Conflito com a Lei (PIPA) da UFRGS o livro ldquoMedida Socioeducativa entre A amp Zrdquo surgiu a partir da experiecircncia de profissionais de Psicologia Direito e Educaccedilatildeo com as praacuteticas direcionadas ao puacuteblico adoles-cente que cumpre medida socioeducativa sendo financiado pelo Edital Nacional da Poliacutetica de Extensatildeo (ProextMec2013)

A obra atende agrave linha temaacutetica ldquoeducaccedilatildeo e direitos humanosrdquo desta Poliacutetica de Extensatildeo com vistas agrave elaboraccedilatildeo de material didaacutetico-pedagoacutegico para contribuir em accedilotildees de formaccedilatildeo no atendimento educacional de adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas Apre-senta um glossaacuterio conjunto de verbetes das medidas socioeducativas escritos ldquomenos para dar conta da descriccedilatildeo teacutecnica de termos que designam a vida de adolescentes e de seus atos infra-cionais mais para fazer de vozes solitaacuterias que lutam pela poliacutetica da garantia de direitos de adolescentes uma escrita que pode vir a ser a audiccedilatildeo de muitosrdquo conforme descreve a psicoacuteloga e professora Gislei Domingas R Lazzarotto integrante da equipe organizadora da obra

Confira trechos da definiccedilatildeo de alguns verbetes apresentados na publicaccedilatildeo

Ato Infracional (Carmem Maria Craidy pedago-ga doutora em Educa-

ccedilatildeo) ndash ldquoO que pode parecer um detalhe tem alto significado o adolescente deveraacute ser tratado a partir de sua condiccedilatildeo como pessoa em desenvolvimento com possibilidades muacuteltiplas e natildeo simplesmente a partir do ato in-fracional que tiver cometido Ele natildeo eacute o ato que cometeu e mes-mo se for responsabilizado pelo mesmo deveraacute ser visto e tratado para aleacutem delerdquo

Conselho Tutelar (Este-la Scheinvar socioacuteloga doutora em Educaccedilatildeo)

ndash ldquoSob a loacutegica do direito o dis-tanciamento de um padratildeo eacute um delito que tem que ser julgado sentenciado e punido Natildeo ve-mos todos os setores da socie-dade frequentarem o conselho tutelar e os que laacute vatildeo se carac-terizam sobretudo por natildeo po-derem decidir como fazer a sua vida sendo submetidos a conse-lhos que ressoam como sentenccedilas a serem cumpridasrdquo

Brete (BF e JMG) ndash ldquoNatildeo eacute um quarto Eacute um quadrado Ele tem uma porta de ferro

toda gradeada Jaacute vem com as jegas mas eacute soacute isso que tem dentro A pa-rede eacute toda escrita todo mundo co-loca o nome laacute Dizem que se tu es-crever teu nome chama de volta e tu cai de novo mas isso eacute supersticcedilatildeo A porta se chama portiola Dentro de um lsquobretersquo cabe no maacuteximo 8 gu-ris mas depende tem uns que eacute de 3 Tem janela mas nem passa o dedo do cara pra pegar um vento E no ca-lor Todo mundo se abana melhor eacute dormir no piso que eacute mais geladordquo

Mais informaccedilotildees sobre a obra pelo e-mail ppscufrgsbr

entre linhas | jan-fev-mar 2014 15

Consultoria Organizacional como Dispositivo Cliacutenico

Saindo dos limites que a praacutetica tradi-cional em muitas situaccedilotildees nos impotildee quis experimentar uma outra praacutetica um outro olhar uma outra postura dentro das organi-zaccedilotildees a de ser uma consultora analista Foi entatildeo que busquei os referenciais da psico-logia social e institucional e da filosofia da diferenccedila com o intuito de analisar inter-rogar lanccedilar perguntas experimentar uma outra forma de fazer Psicologia Apresento trecircs recortes que exemplificam essa praacutetica

Numa empresa de grande porte natildeo existia RH apenas Departamento Pessoal em seu aspecto mais antigo sem nenhuma forma de integraccedilatildeo de novos funcionaacuterios Realizei entatildeo um projeto de estruturaccedilatildeo da aacuterea de RH Foi um trabalho grandioso meses de reuniotildees com a diretoria chefia do DP outras pessoas envolvidas dentro da ma-triz e ateacute das filiais que emperrou na execu-ccedilatildeo do ldquomanual de integraccedilatildeordquo na parte que se propunha contar alguns fatos que mar-caram a histoacuteria da organizaccedilatildeo Quando percebi essa dificuldade comecei a realizar entrevistas com uma das diretoras que se apresentava com maior abertura para aquela proposta Realizamos um processo de histo-rizaccedilatildeo da empresa em que apareceram fa-tos de dissoluccedilatildeo de sociedade e outras his-toacuterias de famiacutelia que natildeo poderiam aparecer naquele informativo A partir daiacute o manual pocircde ser concluiacutedo Essa diretora assumiu a aacuterea de RH que tomou outro rumo dentro do funcionamento da organizaccedilatildeo

Dois empresaacuterios que competiam mui-to entre si numa empresa de pequeno por-te queriam que todos que conviviam com eles assumissem o lado de um ou de outro

Realizei um trabalho individual de auto-conhecimento e grupal voltado ao resgate da histoacuteria da empresa a conscientizaccedilatildeo de que a competitividade seria mais eficaz se fosse voltada para o mercado Jaacute no iniacutecio do trabalho comeccedilaram a delimitar o espaccedilo de cada um A relaccedilatildeo de desconfianccedila que havia com os funcionaacuterios tambeacutem mudou

Jaacute numa empresa de meacutedio porte com uma boa estrutura fiacutesica as pessoas estavam completamente desintegradas Os setores funcionavam de forma independente nun-ca realizavam reuniotildees e natildeo se conheciam o que acarretava diversos problemas Apoacutes a devoluccedilatildeo do diagnoacutestico e a realizaccedilatildeo de um plano de accedilatildeo comecei um trabalho com o grupo de gerentes e paralelamente com o empresaacuterio Com o grupo realizei ati-vidades de autogestatildeo autodiagnoacutestico da organizaccedilatildeo e busca de soluccedilotildees para os pro-blemas levantados Foi tambeacutem realizado um trabalho individual com cada gerente Com o empresaacuterio foi trabalhada sua forma de gestatildeo centralizadora sem espaccedilo para os gerentes atuarem e o que isso gerava para os resultados organizacionais Os gerentes con-quistaram um espaccedilo que antes natildeo havia e o que eles propuseram pocircde ser implantado

Nos exemplos citados a consultoria se propocircs a gerar consciecircncia e aprendizagem dos processos que estavam ali em jogo fa-zendo com que as pessoas se apropriassem do conhecimento e do resultado que ia sendo gerado Essa forma de intervenccedilatildeo abre no campo da Psicologia um outro lugar para o psicoacutelogo no mundo do trabalho convocan-do a cliacutenica para o universo laboral ao inveacutes de alimentar a segmentaccedilatildeo deste

relato de experiecircncia

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOA Comissatildeo de Orientaccedilatildeo e Fiscalizaccedilatildeo vem provendo encontros com psicoacutelogos que atuam na aacuterea da Psicologia Organizacional e do Trabalho Fique atento agrave programaccedilatildeo divulgada em nosso site wwwcrprsorgbr e participe

PARTICIPE Envie seu Relato de Experiecircncia para imprensacrprsorgbr

Confira esse relato na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Miriam Corso Minotto Psicoacuteloga Organizacional assessora em desenvolvimento de Recursos Humanos Eacute coordenadora do GT Psicologia do Trabalho participa GT de Histoacuteria e da Comissatildeo Gestora da Subsede Serra do CRPRS

16 entre linhas | abr-mai-jun 2014

entrevista

Em eacutepoca de Copa do Mundo o CRPRS propotildee um debate sobre as diferentes inserccedilotildees da Psicologia no Esporte A proposta eacute discutir lugares e funccedilotildees que os profissionais tecircm assumido e podem assumir neste campo considerando a complexidade das relaccedilotildees estabelecidas entre esportistas familiares instituiccedilotildees de ensino esportivas filantroacutepicas grandes empresas e demais atores sociais envolvidos nesse cenaacuterio O CRPRS convidou quatro profissionais da aacuterea para debater o tema e reproduz aqui no EntreLinhas trechos dessa conversa

Que contribuiccedilotildees a Psicologia do Es-porte traz em suas diferentes aacutereas de atuaccedilatildeo para a sociedade de uma forma geral Benno Becker Jr ndash O trabalho de esporte de alto rendimento eacute o que en-volve mais dinheiro lembrando que satildeo os atletas de alto niacutevel que estatildeo na vitrine e datildeo visibilidade ao espor-

te e consequentemente incentivam a praacutetica esportiva O esporte deve ser trabalhado com toda a sociedade de jovens a idosos como forma de pre-venccedilatildeo de problemas como ansiedade e depressatildeo Quando feito com ade-quaccedilatildeo acredito que o esporte seja o melhor remeacutedio para combater a de-pressatildeo por exemplo

Leia o artigo ldquoA Psicologia do Esporte e do Exerciacutecio para aleacutem da otimizaccedilatildeo da performance atleacuteticardquo produzido por Marcos Daou docente do curso de Psicologia da Unifra mestre em Psicologia graduado em Psicologia e Educaccedilatildeo Fiacutesica em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Acesse wwwcrprsorgbrentrelinhas66 e confira depoimentos gravados nesse encontro e versatildeo estendida da entrevista

Psicologia e Esporte

entre linhas | abr-mai-jun 2014 17

Benno Becker Jr Graduado em Psicologia e em Educaccedilatildeo Fiacutesica mestre em Pedagogia pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul e doutor em Psicologia ndash Universidade de Barcelona Tem diversas publicaccedilotildees na aacuterea wwwbennopsicoesportecombr

Cassiano Pires Psicoacutelogo chefe do departamento de psicologia do projeto social WimBelemDon Tiacutetulo de Master em Psicologia do Esporte e atividade fiacutesica pela Universidade Autocircnoma de Barcelona

Maacutercia Pilla do VallePsicoacuteloga mestre em Psicologia Social e da Personalidade pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul psicoacuteloga membro da ABRAPESP psicoacuteloga esportiva do IGT ndash Instituto Gauacutecho de Tecircnis

Vanessa Rodrigues AlvesPsicoacuteloga especialista em Psicologia do Esporte e Exerciacutecio Fiacutesico e em Sociopsicodrama Eacute professora de Psicologia da Atividade Fiacutesica e do Esporte na Faculdade Sogipa de Educaccedilatildeo Fiacutesica

Cassiano Pires ndash Temos que traba-lhar a importacircncia do esporte no bem estar e na sauacutede da populaccedilatildeo em ge-ral Infelizmente ainda vemos muito crianccedilas ou jovens que por natildeo terem habilidade motricidade ou fiacutesico para atingir um alto niacutevel de rendimento acabarem abandonando a praacutetica por serem mal assessoradas O trabalho com atletas de alto rendimento eacute im-portante mas acredito que o fim do esporte natildeo pode ser soacute o esporte em si deve ser o crescimento e o bem es-tar da pessoa a criaccedilatildeo de habilidades sociais e competecircncias e o desenvolvi-mento da autoestima Diversos desa-fios podem ser vencidos por meio do esporte por isso temos que comeccedilar a tirar o esporte da aacuterea de Turismo e Lazer e comeccedilar a pensaacute-lo na aacuterea de Sauacutede Isso mudaria completamente sua importacircncia e seu sentido para a vida da pessoa Maacutercia Pilla do Valle ndash Haacute uma seacuterie de possibilidades de atuaccedilatildeo para o Psicoacutelogo do Esporte e o campo que atualmente estaacute aberto eacute o que envolve projetos sociais e questotildees ligadas agrave sauacutede e ao espor-te como atividade fiacutesica e natildeo neces-sariamente competitiva Vanessa Rodrigues Alves ndash A Psicologia do Esporte eacute muito abrangente mas ainda se trabalha em poucas aacutereas Poderiacuteamos traba-lhar em instituiccedilotildees como a Susepe a Fase com a educaccedilatildeo em lar de idosos por exemplo

Em que condiccedilotildees se datildeo essas praacute-ticas considerando que muitas ve-zes haacute a pressatildeo de clubes atletas empresaacuterios miacutedia e ateacute da proacutepria sociedade pelo alto rendimento do atleta Ao desenvolver sua praacutetica o psicoacutelogo do esporte estaacute a serviccedilo de quem Maacutercia Pilla do Valle ndash Quando trabalhamos com esporte de alto ren-dimento o limiar entre sauacutede e pato-loacutegico eacute bem tecircnue principalmente em modalidades precoces como a ginaacutes-tica artiacutestica ou a nataccedilatildeo por exem-plo em que tudo acontece muito cedo e a carreira eacute muito curta Temos que trabalhar para que esse processo no qual os atletas jaacute estatildeo inseridos seja o mais saudaacutevel possiacutevel melhorar a relaccedilatildeo da comunicaccedilatildeo do teacutecnico com o atleta e criar um ambiente mo-tivador Tambeacutem eacute preciso avaliar se essa eacute uma vontade do proacuteprio atleta ou se eacute um desejo dos pais que veem no esporte a possibilidade de ascender socialmente de alguma forma Pensan-do nesse contexto devemos estar a ser-viccedilo do atleta e de todas as pessoas que estatildeo envolvidas nesse processo Vanessa Rodrigues Alves ndash A gran-de diferenccedila de nosso trabalho eacute que precisamos ir ateacute as pessoas e saber trabalhar em equipe O profissional que atua nessa aacuterea tem que ter a dis-ponibilidade para querer aprender pois natildeo ficamos em uma salinha es-perando as pessoas temos que ir ao encontro delas

18 entre linhas | abr-mai-jun 2014

Quais os principais desafios e dile-mas eacuteticos enfrentados pelo psicoacutelo-go do esporte Benno Becker Jr ndash O profissional que comeccedila a trabalhar com alto ren-dimento chega acreditando que iraacute de-terminar o seu tempo de trabalho com os atletas e natildeo eacute isso o que acontece O psicoacutelogo do esporte precisa aprovei-tar cada minuto cada intervalo do trei-no Esse eacute o grande desafio Uma boa estrateacutegia de inserccedilatildeo para o psicoacutelogo do esporte eacute ficar proacuteximo ao treina-dor e ao preparador fiacutesico buscando melhorar a comunicaccedilatildeo dele com o atleta estabelecendo uma relaccedilatildeo de transparecircncia Cassiano Pires ndash Temos que saber usar o nosso tempo no dia a dia do atleta Eu trabalho no Projeto WinBe-lemDon na cancha de boneacute do lado do atleta e realmente a gente sofre muito por natildeo ter um tempo exclusi-vo Eacute preciso ser criativo e aproveitar os espaccedilos conversando com o teacutecni-co e o instrumentalizando O psicoacutelo-go precisa estabelecer viacutenculo com a equipe e transmitir a ideia de que faz parte dela Vanessa Rodrigues Alves ndash Tenho que procurar fazer o melhor dentro das minhas possibilidades Vivi um di-lema eacutetico quando o treinador queria ver os resultados dos testes sociomeacute-tricos pedindo para que mostrasse o sociograma das relaccedilotildees e o grupo natildeo liberou isso Ele precisava ver de for-ma mais concreta como estava a rela-

ccedilatildeo com o grupo e eu natildeo podia liberar esse resultado Maacutercia Pilla do Valle ndash Em um clube onde trabalhava encaminhei a uma colega uma menina que vivia uma situaccedilatildeo familiar bem pontual e precisava de atendimento cliacutenico A psicoacuteloga me ligou questionando sobre a rotina de treino argumentan-do que a menina precisava de tempo para brincar e ter outras atividades Foi aiacute que me dei conta que para mim aquilo jaacute era normal vi como eu estava capturada pela cultura es-portiva pois aquilo jaacute natildeo me causa-va mais nenhum incocircmodo Poreacutem percebi que o que estava em questatildeo natildeo era a continuidade dela ou natildeo na ginaacutestica o que precisa ser visto era o lado emocional com relaccedilatildeo a um problema familiar pontual Pela minha identidade cliacutenica muito forte sempre digo que antes de ser psicoacute-loga do esporte eu sou psicoacuteloga e para tomar qualquer decisatildeo preciso estar muito bem comigo mesma e tra-balhar com o seguinte tripeacute conheci-mento teacutecnico (natildeo podemos nunca parar de estudar e de se aprimorar) a supervisatildeo ou a troca com os colegas e o tratamento pessoal

A proximidade de megaeventos no Brasil como a Copa do Mundo e Olimpiacuteadas estaacute ampliando o campo de atuaccedilatildeo da Psicologia do Esporte De que forma vocecircs profissionais da aacuterea estatildeo vendo esses eventos

entrevista

SAIBA MAISConheccedila o Projeto WimBelemDonwwwwimbelemdoncombr

Artigo ldquoA produccedilatildeo de Diferenccedilas pelo esporterdquo de Maacutercia Pilla do Valle httpbitlyproducao_de_diferencas

Artigo ldquoO Esporte de Alto Rendimento Produccedilatildeo de Atletas no Contemporacircneordquo de Maacutercia Pilla do Vallehttpbitlyesporte_alto_rendimento

Artigo ldquoPsicologia do Esporte no contexto do Sistema Conselhosrdquo de Mocircnica drsquoFaacutetima Freires da Silvahttpbitlyesporte_sistema_conselhos

Artigo ldquoEacutetica e Compromisso Social na Psicologia do Esporterdquo de Katia Rubiohttpbitlyetica_compromisso_social

Associaccedilatildeo Brasileira de Psicologia do Esporte ndash ABRAPESP wwwabrapesporgbr

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Considerando isso como a Psicologia do Esporte lida com a questatildeo da es-petacularizaccedilatildeo do esporte Benno Becker Jr ndash Acredito que a Copa do Mundo pode ser muito posi-tiva para a Psicologia do Esporte pois deixaraacute a sensaccedilatildeo de que algo ficou faltando de que a Psicologia poderia ter sido mais envolvida nessa organi-zaccedilatildeo Precisamos mostrar que os psi-coacutelogos do esporte estatildeo agrave disposiccedilatildeo natildeo soacute dos atletas mas da populaccedilatildeo em geral tambeacutem Maacutercia Pilla do Valle ndash Muitas vezes nossa participaccedilatildeo nessa espe-tacularizaccedilatildeo gerada pela miacutedia nos gera um dilema eacutetico Geralmente os jornalistas buscam respostas objetivas querem saber do psicoacutelogo se a equipe ou o atleta ldquoamarelourdquo de fato e natildeo haacute como responder isso Isso acaba abrin-do espaccedilo para a opiniatildeo e manifesta-ccedilatildeo sobre o desempenho das equipes de outros profissionais que assumem o papel de motivadores e criacuteticos Cassiano Pires ndash Eacute importante sa-ber aproveitar o espaccedilo na miacutedia para mostrar a importacircncia do esporte Sabe-mos que poucas coisas ficam de heran-ccedila desses grandes eventos Entatildeo que possamos contribuir para o iniacutecio de uma cultura do esporte mais humani-zada Mostrar que tem muito psicoacutelogo trabalhando e se qualificando e orientar a imprensa sobre esse trabalho Esses grandes eventos demandam uma aten-ccedilatildeo de todas as aacutereas do esporte para que num futuro a sociedade consiga

ver o esporte como algo menos ldquofurio-sordquo com briga disputa morte e mais como uma atividade de lazer Com re-laccedilatildeo aos problemas sociais que surgem devido a esses eventos devemos estar atentos para dar o suporte que as pesso-as envolvidas nisso precisam Para isso as equipes locais que estatildeo organizando a Copa do Mundo por exemplo deve-riam contar com psicoacutelogos Vocecirc acredita que o Esporte pode ser-vir como um meio de garantia dos di-reitos humanos Maacutercia Pilla do Valle ndash Eacute importan-te natildeo pensar o esporte somente como uma atividade de alto rendimento O psicoacutelogo natildeo pode colocar sua praacutetica apenas a serviccedilo do rendimento Te-mos o papel de minimizar sofrimento Busco em minha inserccedilatildeo dentro dos clubes como psicoacuteloga mudar isso e contribuir para tornar o ambiente mais agradaacutevel proporcionando melhores condiccedilotildees da praacutetica esportiva Cassiano Pires ndash Temos que pensar no esporte como algo importante para a inclusatildeo Quando estatildeo praticando esporte as diferenccedilas natildeo existem to-dos satildeo iguais Crianccedilas que fora desse contexto vivem realidades bem dife-rentes (um mora numa casa de muitos andares o outro em uma casa de chatildeo batido por exemplo) quando estatildeo em quadra jogam de igual para igual O esporte nesse sentido eacute muito iguala-dor tem uma questatildeo de inclusatildeo nata que eacute muito legal e temos que saber aproveitar isso

TIacuteTULO DE ESPECIALISTAO tiacutetulo de especialista do CFP eacute concedido por conclusatildeo de curso de especializaccedilatildeo credenciado pelo CFP ou aprovaccedilatildeo em concurso de provas e tiacutetulos promovido periodicamente pelo CFP comprovando experiecircncia profissional de pelo menos 2 anos na aacuterea pretendidawwwcfporgbr

PARTICIPE DAS DISCUSSOtildeES NO CRPRSQuer propor a discussatildeo desse tema Participe das reuniotildees das Comissotildees de Poliacuteticas Puacuteblicas e Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica

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formaccedilatildeo

10 anos do curriacuteculo amplo o que de fato mudou na formaccedilatildeo do psicoacutelogo

Haacute 10 anos tinha iniacutecio um signi-ficativo processo de mudanccedilas na for-maccedilatildeo do psicoacutelogo com as alteraccedilotildees propostas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) de 2004 Sem distin-ccedilatildeo de habilitaccedilotildees diferentes a forma-ccedilatildeo do psicoacutelogo passou a ser ampla incluindo um nuacutecleo comum estaacutegios baacutesicos estaacutegios especiacuteficos ecircnfases curriculares articulaccedilatildeo de competecircn-cias baacutesicas e dos eixos estruturantes e refinamento das propostas de estaacutegios especiacuteficos Em 2011 a nova DCN man-teve as alteraccedilotildees de 2004 instituindo aleacutem dessas um projeto de formaccedilatildeo complementar para o professor de Psi-cologia em seu 13ordm artigo

Para a Associaccedilatildeo Brasileira de Ensino de Psicologia (ABEP) as ecircnfa-ses curriculares ndash que consistem em um recorte de um conjunto de fazeres (competecircncias) jaacute presentes no nuacutecleo comum concentradas em determina-do conjunto de atividades ndash podem ser consideradas uma forma de atender agrave formaccedilatildeo generalista sem cair no risco da superficialidade Cada curso tem a possibilidade de definir seus encadea-mentos prioritaacuterios independentemen-te das abordagens utilizadas

O CRPRS vem debatendo na Co-missatildeo de Formaccedilatildeo os desafios impli-cados em trabalhar a formaccedilatildeo ampla e ao mesmo tempo respeitar a exigecircncias

das ecircnfases curriculares que culminam na realizaccedilatildeo dos estaacutegios especiacuteficos

A coordenadora da Comissatildeo de Gra-duaccedilatildeo da Psicologia da UFRGS Paula Sandrine Machado lembra que o proces-so de adequaccedilatildeo e renovaccedilatildeo dos proje-tos pedagoacutegicos produziu em muitos cursos certos movimentos interessantes de avaliaccedilatildeo e de discussatildeo sobre o pro-fissional que se quer formar o contexto da Psicologia as competecircncias gerais que a formaccedilatildeo busca contemplar e as espe-cificidades de cada curso A abrangecircncia das diretrizes poreacutem aponta tanto para um profissional capaz de ldquofazer tudordquo quanto para um profissional que precisa saber algumas coisas baacutesicas para poder atuar em diferentes contextos

Para as coordenadoras de curso e de estaacutegio da Unisinos Rosana Cecchini de Castro e Maria Elisabeth Selbach o nuacute-cleo comum as competecircncias baacutesicas e os eixos estruturantes preconizados pe-las DCN tecircm possibilitado uma visatildeo abrangente e plural das muacuteltiplas pers-pectivas e possibilidades de intervenccedilatildeo para o futuro profissional da Psicologia ldquoAs ecircnfases podem ter foco no mercado de trabalho mas natildeo podem se desvin-cular da formaccedilatildeo como um todo sob pena de se tornarem especialidadesrdquo salientam as coordenadoras

Com o objetivo de evitar a especiali-zaccedilatildeo na formaccedilatildeo muitas instituiccedilotildees

Leia os depoimentos dos coordenadores dos cursos de Psicologia na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Resoluccedilatildeo nordm 05 de 15 de marccedilo de 2011 disponiacutevel em httpbitlyDCN2011

ABEPSIwwwabepsiorgbr

SAIBA MAIS Veja o histoacuterico das DCNs em httpbitlyABEP_DCNs

Publicaccedilatildeo do CFP ldquoContribuiccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia agrave discussatildeo sobre a formaccedilatildeo da(o) psicoacuteloga(o)rdquo httpbitlyCFP_Formacao

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de ensino trabalham com a proposta de ecircnfase como aprofundamento de estudo daquilo que jaacute foi contemplado na forma-ccedilatildeo geral do curriacuteculo

Na Univates por exemplo primei-ramente as ecircnfases ocorriam a partir do seacutetimo semestre o que prejudicava a formaccedilatildeo generalista uma vez que os estudos e disciplinas direcionavam para conteuacutedos muito especiacuteficos ldquoAl-teramos para as ecircnfases no uacuteltimo ano do curso Essa mudanccedila trouxe maior conhecimento aos estudantes da proacute-pria atuaccedilatildeo nos mais variados espa-ccedilosrdquo explica a coordenadora do curso de Psicologia da Univates Ana Lucia Bender Pereira

A preocupaccedilatildeo em preparar e for-mar o estudante para o mercado de trabalho eacute apontada pela coordenado-ra da Fisma Baacuterbara Maria Barbosa Silva Segundo ela a formaccedilatildeo pelas universidades natildeo estaacute em concordacircn-cia com a atuaccedilatildeo profissional ldquoIsso se

expressa quando na inserccedilatildeo dos alu-nos nos campos de praacuteticas e estaacutegios visualizamos a negaccedilatildeo ou negligecircncia de muitos campos de atuaccedilatildeo do Psi-coacutelogo para a formaccedilatildeo de alunosrdquo de-clara Baacuterbara Uma estrateacutegia adotada para dar conta dessa demanda eacute criar dentro da proacutepria instituiccedilatildeo de ensi-no espaccedilos destinados a execuccedilatildeo das praacuteticas e estaacutegios

Para o subcoordenador do curso da UNISC Jerto Cardoso da Silva as DCN devem ser pensadas democrati-camente e natildeo de forma autocraacutetica ldquoAs diretrizes devem ser propostas a partir das inquietaccedilotildees dos cursos e construiacutedas com elesrdquo Para ele os cur-sos devem estar atentos ao mercado de trabalho mas natildeo devem ser apenas pautados por ele pois trabalham na formaccedilatildeo de profissionais criacuteticos ou seja que podem ingressar no mercado mas tambeacutem transformaacute-lo e propor novas aacutereas de atuaccedilatildeo

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer ampliar a discussatildeo do tema Participe das reuniotildees ampliadas da Comissatildeo de Formaccedilatildeo Acompanhe a agenda pelo site wwwcrprsorgbrcomissoesegts

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artigo

A formaccedilatildeo em psicologia e a psicologia em formaccedilatildeo

Em pesquisa realizada na deacutecada de 80 sobre a formaccedilatildeo de psicoacutelogos com estudantes do curso de graduaccedilatildeo da Uni-versidade Federal Fluminense (UFF) Luis Antonio Baptista percebeu que ela se de-senvolvia em paralelo ao que se passava agrave sua volta Era uma formaccedilatildeo que pouco incluiacutea as questotildees entatildeo contemporacircneas da sociedade brasileira e tampouco sua histoacuteria (BAPTISTA 2000)

Jaacute nos anos 2000 em nossa experiecircn-cia de formaccedilatildeo no curso de graduaccedilatildeo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) o ldquomundo laacute forardquo parecia fazer-se bastante presente na universidade E era um mundo que se dizia em transformaccedilatildeo

Como natildeo poderia ser diferente em um mundo muacuteltiplo e em uma profissatildeo que vem se autodenominando plural o proje-to de psicologia almejado para a formaccedilatildeo contemporacircnea de psicoacutelogos natildeo era uno De um lado havia o projeto de se alcanccedilar uma psicologia verdadeiramente cientiacutefica e rigorosa contra aquelas praacuteticas profis-sionais calcadas no senso comum De ou-tro a esperanccedila de se alcanccedilar uma psico-logia eacutetica e com compromisso social que passaria justamente pela superaccedilatildeo da psicologia cientificista pois que compro-metida com o modelo neoliberal de socie-dade De um lado a defesa de um modelo de formaccedilatildeo por competecircncias De outro sua criacutetica De um lado modos ditos claacutes-sicos de conhecer De outro aqueles tidos como completamente inovadores

Luiz Claudio Mendonccedila Figueiredo relaciona o ldquoestado um tanto caoacutetico e ine-vitavelmente desarticulado de qualquer curriacuteculo de formaccedilatildeo em psicologiardquo (FI-

GUEIREDO 2009 p17) agraves condiccedilotildees histoacute-ricas desse campo cientiacutefico e profissional indicando o estudo da histoacuteria da psicologia como forma de compreender e transformar essa realidade Gostariacuteamos de apontar tam-beacutem um sentido inverso o estudo desses processos de formaccedilatildeo caoacuteticos e desarticu-lados para compreender a psicologia que te-mos e que vimos produzindo historicamen-te A formaccedilatildeo em psicologia expressando ela mesma uma psicologia em formaccedilatildeo

Essa inversatildeo constituiu nossa pesqui-sa de mestrado (ARALDI 2012) a qual tomando como ponto de partida os impas-ses dilemas e controveacutersias que permeiam as experiecircncias de psicoacutelogos em forma-ccedilatildeo encontrou algumas vias possiacuteveis de se colocar e se recolocar o problema do conhecer e do conhecimento psi Partimos de um dispositivo metodoloacutegico que ins-tigava os estudantes participantes todos da graduaccedilatildeo em psicologia da UFRGS a descreverem e analisarem coletivamente o que faziam nas diferentes praacuteticas de for-maccedilatildeo fossem elas curriculares (de estu-dos leitura pesquisa extensatildeo estaacutegio) ou informais (conversas de corredores ex-periecircncias no Diretoacuterio Acadecircmico etc)

As distinccedilotildees dos estudantes entraram em diaacutelogo com autores do campo dos estu-dos da cogniccedilatildeo e do conhecimento (Kastrup Varela Maturana Latour) que tecircm questio-nado uma forma bastante corrente ao menos nas sociedades ocidentais de se conceber o conhecer e o conhecimento enquanto repre-sentaccedilatildeo efetivada por uma mente indivi-dual de um mundo preacute-existente agrave accedilatildeo do conhecedor O que isso significa Fundamen-talmente implica separar e situar como es-

Etiane AraldiPsicoacuteloga (UFRGS) Mestre em Psicologia Social e Institucional (UFRGS) Analista de Poliacuteticas Sociais na Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo do SUS (PNH) Ministeacuterio da Sauacutede

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secircncias de um lado um sujeito que conhece e de outro um mundo que se daacute a conhecer

As experiecircncias de formaccedilatildeo dos estu-dantes pesquisados sugerem que tal concep-ccedilatildeo de conhecimento tem marcado sobre-maneira o campo psi a comeccedilar pelo modo como os psicoacutelogos se relacionam com o tema das diferentes psicologias as escolas e escolhas teoacutericas Dada a ambiguidade do objeto e da teacutecnica do psicoacutelogo somada agrave divisatildeo do campo entre diferentes psicolo-gias cada qual com concepccedilotildees epistemo-loacutegicas e metodoloacutegicas especiacuteficas acostu-mou-se a aceitar que a teoria eacute a praacutetica do psicoacutelogo sendo os conceitos ferramentas de trabalho e a escolha teoacuterica um passo neces-saacuterio para que o profissional se constitua enquanto tal e para que suas intervenccedilotildees sejam legitimamente designadas psi

Na esteira dessa ideia supotildee-se que as praacuteticas de um psicoacutelogo psicanalista por exemplo possam ser deduzidas diretamen-te da teoria psicanaliacutetica sendo o trabalho do psicoacutelogo em determinada contingecircncia comumente descrito segundo as teorias que supostamente lhe dariam sustentaccedilatildeo

Em nossa pesquisa observamos que tal loacutegica produz a teoria e a praacutetica como domiacutenios de accedilatildeo muito diferentes nessa profissatildeo sendo o trabalho psi dado o seu forte componente relacional entendido em uma dimensatildeo incorporada um co-nhecimento de ldquoorganismordquo que ldquose sen-te na carnerdquo (conforme verbalizaccedilotildees dos estudantes) em contraposiccedilatildeo com o fazer acadecircmico tomado como essencialmente analiacutetico reflexivo ldquoruminanterdquo parecen-do inclusive que o estaacutegio natildeo compunha o curriacuteculo tamanho o confronto entre um mundo e outro O curioso eacute que em-bora sendo situado no discurso como um conhecimento desprovido de corpo as competecircncias acadecircmicas eram transpos-tas em um sentido incorporado ao fazer

dos estaacutegios produzindo nos estudantes atitudes analiacuteticas distanciadas num sen-tido de espectador nas intervenccedilotildees pro-fissionais Inclusive o uso de metaacuteforas relacionadas agraves tecnologias de produccedilatildeo e apreensatildeo de teorias fizeram-se bastante presentes na explicaccedilatildeo do que faz o psi-coacutelogo fazer leituras da realidade era me-taacutefora recorrente na descriccedilatildeo de boa parte das accedilotildees dos estudantes nos estaacutegios

O tema da identificaccedilatildeo foi citado di-versas vezes como criteacuterio para a escolha teoacuterica expressando a busca por uma re-laccedilatildeo de identidade igualdade entre seu suposto ser e a concepccedilatildeo de ser (de sujei-to) supostamente contida nas teorias Mas seriam nossos ldquoeusrdquo e os ldquoeusrdquo (as con-cepccedilotildees de sujeito) das teorias assim tatildeo coerentes Tanto no campo da cogniccedilatildeo quanto no da epistemologia tal suposiccedilatildeo de coerecircncia tem sido questionada

De qualquer modo a ideia de que o ser antecede o fazer parece motivar na psicolo-gia a adoccedilatildeo de uma concepccedilatildeo de sujeito uma visatildeo de homem como necessidade a priori para a atuaccedilatildeo profissional Entretan-to o que observamos entre os estudantes e a instituiccedilatildeo universitaacuteria foi um traba-lho ativo e cotidiano de separaccedilatildeopuri-ficaccedilatildeo dessas concepccedilotildees De modo que nos perguntamos a relaccedilatildeo identitaacuteria do psicoacutelogo com as teorias que compotildeem o campo psi seria decorrente de pressupostos e eacuteticas transcendentes preconizados pela epistemologia ou seria um processo que se ampara mais nas praacuteticas cotidianas de formaccedilatildeo de psicoacutelogos Nossa aposta ao perguntar agrave formaccedilatildeo em psicologia sobre o que ali se faz evidenciou um plano con-creto de produccedilatildeo da psicologia no presen-te que extrapola em muito o leque das te-orias psicoloacutegicas vigentes mas que ainda assim pode ser afirmado como legiacutetimo co-nhecer e fazer psi na contemporaneidade

REFEREcircNCIAS

ARALDI Etiane Das escolas e escolhas teoacutericas agraves poliacuteticas cognitivas legitimando a experiecircncia e a contingecircncia na colocaccedilatildeo do problema do conhecer e do conhecimento psi Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Psicologia Social e Institucional Instituto de Psicologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS Porto Alegre 2012

BAPTISTA Luis Antonio A faacutebrica de interiores a Formaccedilatildeo Psi em Questatildeo Niteroacutei Eduff 2000

FIGUEIREDO Luiz Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos Petroacutepolis Vozes 2009

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Projeto Poliacuteticas Puacuteblicas na Formaccedilatildeo promove aproximaccedilatildeo do CRPRS com o meio acadecircmico

De acordo com pesquisas feitas pelo Centro de Referecircncia Teacutecnica em Psicologia e Poliacuteti-cas Puacuteblicas ndash CREPOPRS a formaccedilatildeo em Psicologia eacute apon-tada como uma das grandes fra-gilidades ainda impostas para atuaccedilatildeo dos psicoacutelogos nas poliacute-ticas puacuteblicas Paradoxalmente o campo das poliacuteticas puacuteblicas atrai um nuacutemero maior de pro-fissionais a cada ano que mui-tas vezes chegam ao mercado desconhecendo marcos legais e marcos loacutegicos que datildeo funda-mento agraves praacuteticas nessa aacuterea

Buscando minimizar esse problema o CREPOP vem de-senvolvendo desde 2013 o Pro-jeto Poliacuteticas Puacuteblicas na For-maccedilatildeo proposta que procura qualificar a formaccedilatildeo para atu-accedilatildeo em diferentes campos das poliacuteticas puacuteblicas por meio da aproximaccedilatildeo entre Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul e estudantes de faculdades de Psicologia do estado A ideia de desenvolver esse trabalho surgiu em 2009 por iniciativa do estagiaacuterio da eacutepoca Edson Murliki

O projeto favorece espaccedilos de debate reflexatildeo e constru-

ccedilatildeo de um pensamento criacutetico junto aos cursos de gradua-ccedilatildeo objetivando a construccedilatildeo de referecircncias teacutecnicas para a formaccedilatildeo em Psicologia e Po-liacuteticas Puacuteblicas ldquoBuscamos fortalecer o diaacutelogo entre o CRPRS e o meio acadecircmico dimensionar a percepccedilatildeo dos estudantes sobre seus conhe-cimentos acerca das poliacuteticas puacuteblicas e incentivar a refle-xatildeo avaliativa sobre a forma-ccedilatildeo profissional do psicoacutelogo para atuar na aacutereardquo declara a ex-assessora teacutecnica do CRE-POP Carolina dos Reis

Para alcanccedilar isso o pro-jeto segue algumas etapas que incluem apresentaccedilatildeo aos coordenadores dos cursos e realizaccedilatildeo de encontros com os estudantes na sede sub-sedes do CRPRS ou nas proacute-prias instituiccedilotildees de ensino ldquoOs registros desses encontros subsidiam a produccedilatildeo de um relatoacuterio que reuacutene as princi-pais questotildees apontadas pelos alunos gerando dessa forma orientaccedilotildees para construccedilatildeo de um instrumento informa-tivo que sistematize os pontos de reflexatildeordquo explica Carolina

crepop

Projeto Formaccedilatildeo na sua faculdade Faculdades de Psicologia que tenham interesse em participar do Projeto de Formaccedilatildeo devem entrar em contato com o CREPOPRS pelo fone (51) 33346799 ou pelo e-mail crepopcrprsorgbr

Os resultados parciais in-dicam a necessidade de maior aprofundamento teoacuterico no assunto bem como reconheci-mento do caraacuteter transversal da temaacutetica dentro da formaccedilatildeo Os alunos tambeacutem demandam ampliaccedilatildeo de espaccedilos de inser-ccedilatildeo que propiciem maior conta-to com a praacutetica dos psicoacutelogos nas poliacuteticas puacuteblicas Indicam ainda a necessidade de uma reformulaccedilatildeo metodoloacutegica no curso do projeto visando a am-pliar o caraacuteter de intervenccedilatildeo do mesmo Seraacute incluiacuteda uma etapa de pactuaccedilotildees entre os diversos atores envolvidos nas instituiccedilotildees participantes de modo a produzir espaccedilos para a construccedilatildeo de soluccedilotildees con-cretas aos desafios emergidos nas rodas de conversas

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tracircnsito

A Psicologia na educaccedilatildeo para o tracircnsito

A Psicologia exerce uma impor-tante funccedilatildeo no tracircnsito ao estudar a mobilidade humana a partir da anaacutelise de diferentes dimensotildees processos e fenocircmenos envolvidos nesse contexto Pensando nisso a Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsi-to e Mobilidade Humana do CRPRS contribuiu na organizaccedilatildeo do 1ordm Se-minaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito realizado pela Prefeitura de Santa Maria em abril O evento voltado a professores da rede puacuteblica de ensi-no do municiacutepio teve como objetivo despertar a conscientizaccedilatildeo de que a educaccedilatildeo pode mudar o comporta-mento das pessoas no tracircnsito

O CRPRS acredita que a Psicolo-gia pode contribuir nesse processo envolvendo os professores e toda a sociedade para que o tema seja tra-balhado de forma ampla Para a Co-missatildeo do CRPRS os professores pre-cisam entender essa transversalidade

para que haja uma real mudanccedila de comportamento da sociedade

O tracircnsito deve ser pensado de maneira ampla considerando todos os envolvidos ldquoQuando falamos em tracircnsito natildeo devemos pensar apenas no fluxo de automoacuteveis mas consi-derar principalmente que o tracircnsi-to eacute composto por todos noacutes Deve-mos pensar no aspecto da mobilidade humana pensar na livre circulaccedilatildeo e no deslocamento com seguranccedila assim como nas relaccedilotildees sociais que se constituem nesse espaccedilo Ao se deslocar pelas ruas com automoacuteveis particulares bens privados as pes-soas muitas vezes natildeo se datildeo conta de que estatildeo circulando em um espa-ccedilo puacuteblico com regras estabelecidas pelo governo e pela proacutepria socieda-de Competem entre si de modo pri-vado por um espaccedilo que eacute puacuteblico e de todosrdquo declara o coordenador da aacuterea teacutecnica do CRPRS assessor da

SAIBA MAISAssista aos viacutedeos do 1ordm Seminaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Artigo ldquoTracircnsito e Sociedaderdquo de Sinara Tres Soares e Lucio Fernando Garcia disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Publicaccedilatildeo do CRPRS ldquoTracircnsito e Mobilidade Humana - Psicologia Educaccedilatildeo e Cidadaniardquo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrlivrotransito

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tracircnsito

Comissatildeo de Tracircnsito Lucio Fernan-do Garcia

Para ele a Psicologia exerce um im-portante papel ao contribuir na refle-xatildeo que abrange conceitos de cidada-nia e suas implicaccedilotildees considerando o tracircnsito como um processo humano e que envolve condiccedilotildees subjetivas ldquoSer cidadatildeo eacute uma escolha que traz impli-caccedilotildees e reflexotildees sobre responsabili-dades obrigaccedilotildees e direitosrdquo

Diversos aspectos psicoloacutegicos interferem na forma como as pesso-as lidam com o tracircnsito A psicoacuteloga Sinara Tres Soares da Escola Puacuteblica de Tracircnsito do DETRAN-RS ressalta que mesmo tendo ciecircncia dos riscos aos quais estatildeo expostas muitas pes-soas optam em correr esse risco por acreditar que vale a pena ldquoCada pes-soa tem uma diferente percepccedilatildeo de risco O que para alguns representa mais seguranccedila para outros pode significar a permissatildeo para correr mais riscos O sistema de freios do tipo ABS por exemplo traz mais se-guranccedila poreacutem algumas pessoas por se sentirem mais seguras com essa tecnologia acabam correndo maisrdquo explica Sinara

Outro aspecto psicoloacutegico en-volvido no tracircnsito diz respeito agrave conduta que autoriza as pessoas a te-rem determinado tipo de comporta-mento contrariando aquilo que elas mesmas acreditamldquoMuitos criticam quando os carros param em fila du-pla Poreacutem quando vatildeo levar o filho

na escola por exemplo agem assim e justificam tal atitude com explica-ccedilotildees como lsquoeacute bem rapidinhorsquo ou lsquofoi soacute dessa vezldquo

Esse tipo de comportamento re-flete a questatildeo do individualismo e da dificuldade das pessoas entende-rem que fazem parte de um todo e que estatildeo inseridas em um contex-to em que seus atos iratildeo atingir o proacuteximo ldquoTemos que trabalhar na sensibilizaccedilatildeo para que cada um compreenda que a sua atitude seu comportamento interfere direta-mente no tracircnsitordquo afirma a colabo-radora da Subsede Centro-Oeste do CRPRS integrante da Comissatildeo do Tracircnsito Aline Baumlumer

Para o evento em Santa Maria o grupo de colaboradores da Subsede Centro-Oeste produziu o viacutedeo ldquoAto-res no Tracircnsitordquo que mostra diferentes pontos de vista que fazem parte do tracircnsito revelando como nossa visatildeo muda dependendo da oacutetica em que a cena eacute vista

A Comissatildeo de Psicologia do Tracircn-sito e Mobilidade Humana do CRPRS estaacute engajada na proposta de desenvol-ver poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave educa-ccedilatildeo para o tracircnsito ldquoQueremos investir na continuidade de projetos e eventos como esse Seminaacuterio Acreditamos que alunos e professores engajados tornam--se multiplicadores de accedilotildees de educa-ccedilatildeo para o tracircnsitordquo afirma a presiden-te da Comissatildeo do CRPRS Elisangela Maria Almeida Santos

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer discutir mais sobre essa relaccedilatildeo entre Psicologia e Tracircnsito Participe da Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsito e Mobilidade Humana Acompanhe a agenda de reuniotildees pelo site httpcrprsorgbrcomissoesegts ou envie e-mail para comissoescrprsorgbr e informe seu interesse

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Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica em situaccedilotildees de periacutecia e de recursos administrativos

orientaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo psicoloacutegica eacute sem duacutevi-da a abordagem mais requisitada nas di-ferentes instacircncias do fazer do psicoacutelogo Ligada principalmente agrave necessidade de uma resposta ocupa um espaccedilo teacutecnico mas tambeacutem muitas vezes se constitui no imaginaacuterio como se pudesse responder a todas e quaisquer questotildees pautadas com base na anaacutelise do comportamento ou de condiccedilotildees emocionais do avaliando Essa condiccedilatildeo eacute produzida na medida em que atualmente a avaliaccedilatildeo psicoloacutegica tem sido cada vez mais usada na condiccedilatildeo de fundamentar periacutecia ou em situaccedilotildees judi-ciais assim como as que ocorrem em con-cursos puacuteblicos no proacuteprio processo ou em situaccedilotildees de recurso administrativo

As avaliaccedilotildees nessas situaccedilotildees seguem o regrado pela profissatildeo atraveacutes do Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo e das Re-soluccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia assim como devem buscar atender ao soli-citado Entretanto essa maacutexima natildeo quer dizer que o psicoacutelogo quando destacado (contratado) como perito deva conceber tal incumbecircncia como fator a definir o resulta-do da avaliaccedilatildeo O ato pericial eacute o de aplicar teacutecnicas e meacutetodos psicoloacutegicos objetivando um resultado decorrente de todo o processo que por meio de instrumentos eou de en-trevistas concluiraacute a avaliaccedilatildeo registrando ao candidato ou periciando as conclusotildees formuladas O psicoacutelogo natildeo advoga pela parte ou seja o resultado da avaliaccedilatildeo psi-coloacutegica poderaacute ser muito diferente do re-sultado almejado pelo candidato ou parte em processo judicial A avaliaccedilatildeo natildeo pode

ser tendenciosa adaptada ou alterada a fim de alcanccedilar o resultado pretendido pelo candidato natildeo eacute uma peccedila de defesa Eacute um procedimento teacutecnicocientiacutefico que con-clui a partir dos dados e teacutecnicas aplicadas objetivando responder ao solicitado dentro de determinados limites descrevendo o ob-servado e orientando o avaliando sobre os resultados obtidos

A conduta do psicoacutelogo em todo o pro-cedimento avaliativo deve estar pautada em princiacutepios de responsabilidade teacutecnica e profissional respaldados em procedimentos cientiacuteficos e validados O profissional deve ainda levar em consideraccedilatildeo aspectos como bem-estar dignidade e responsabilidade so-cial dos envolvidos na avaliaccedilatildeo uma vez que a mesma ocorre em um contexto soacutecio--cultural e de forma geral contempla um processo que envolve a sociedade como um todo especialmente em se tratando de con-cursos puacuteblicos e assessoramento judiciaacuterio

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Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea TeacutecnicaAdriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga FiscalLeticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Artigo ldquoAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica e Relaccedilotildees com o Judiciaacuteriordquo publicado na ediccedilatildeo nordm 64 do EntreLinhas disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas64

Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcodigoetica

Resoluccedilotildees do CFP disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrresolucoesCFP

28 entre linhas | abr-mai-jun 2014

USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

CursosEspecializaccedilatildeo em Psicologia Cliacutenica Terapia Cognitivo ComportamentalChapecoacuteSC Informaccedilotildees (49) 99413800dilmaandrettaunoescedubr wwwunoescedubr

V Ciclo de Estudos em Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica18072014 (iniacutecio moacutedulo 5) 08082014 (iniacutecio moacutedulo 6)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33085453cicloestudosapgmailcom wwwufrgsbrgeapap

Mediaccedilatildeo de Conflitos Novo paradigma agrave construccedilatildeo da pazAteacute 09102014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32226134infoclipmedcombr wwwclipmedcombr Curso de PsicanaacuteliseAteacute 25102014 Passo FundoRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Grupos de EstudoOs contos de fadas como instrumento de conhecimento e desenvolvimento humanoCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500claudiaclinicatessaricombr wwwrecriarnetbr

Introduccedilatildeo agrave Psico-Oncologia com ecircnfase em Psicossomaacutetica e PsiconeuroimunologiaPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92627203 (51) 84041373dhmullerbolcombr danitnunesgmailcompsicossomatica-rsorgbr

Estudos Metapsicoloacutegicos de Freud1306 1807 1508 1909 1010 e 21112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

O que fazer quando recebemos uma crianccedila0407 0108 2908 3110 07112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Mitologia Grega IAteacute 21112014 (encontros mensais)Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500recriarrecriarnetbr

A obra de Wilfred BionAteacute 13122014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr Teoria e Teacutecnica das Paradas e Impasses do TratamentoEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33303845secretariasbpdepaorgbr

Observaccedilatildeo de BebecircsEncontros agraves segundas-feirasNovo Hamburgo RS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Indicadores de Intersubjetividade de 0 a 2 anosEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

O Estudo da Mente na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Conceitos Fundamentais sobre sexualidade na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

DW Winnicott sua pessoa e suas ideias psicanaliacuteticasEncontros agraves quartas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Andreacute GreenEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

Donald WinnicottEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwbionorgbr

Seacuterie Em TerapiaEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr Trabalhos de MetapsicologiaEncontro agraves sextas-feirasCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Freud Reinventando FreudEncontros aos saacutebadosCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

BionEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr D WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

FreudEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Iniciando com WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Introduccedilatildeo ao Aparelho PsiacutequicoEncontros mensaisPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 (51) 33842765contatobionorgbr wwwbionorgbr

Congressos Jornadas Simpoacutesios e Conferecircncias

IV Jornada do Programa da Mulher Depen-dente Quiacutemica02082014Satildeo PauloSP Informaccedilotildees (11) 26618011amandadiasipqhcorgbr omrochaipqhcorgbr wwwceiporgbr

Jornada Constructo 2014 - com Dr Jacques Andregrave15 e 16082014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Congresso SOCERGS 2014 Uniatildeo de conheci-mento e Intercacircmbio multidisciplinar21 a 23082014GramadoRS Informaccedilotildees (51) 33391415 wwwsocergsorgbrcongresso2014

IV Congresso Brasileiro de Psicologia - Ciecircn-cia e Profissatildeo19 a 23112014Satildeo PauloSPwwwcienciaeprofissaocombr

Conferecircncia e Treinamento com a Psicoacuteloga Americana FELICIA CARROLL26 a 29112014Caxias do Sul RS Informaccedilotildees claudiatessarigmailcom wwwrecriarnetbr

Exibiccedilatildeo de filme8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoMorte em Venezardquo02072014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoUacuteltimo Tango Em Parisrdquo13082014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoCanccedilatildeo de Amorrdquo10092014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoAta-merdquo08102014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoO Livro de Cabeceirardquo12112014 Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

OficinaOficina de Produccedilatildeo Psicanaliacutetica e LiteraacuteriaSegundas ou quartas-feiras (6 encontros)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwpaulofernandomonteiroferrazblogspotcom

Agecircncia Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

Page 15: EntreLinhas nº 66

entre linhas | jan-fev-mar 2014 15

Consultoria Organizacional como Dispositivo Cliacutenico

Saindo dos limites que a praacutetica tradi-cional em muitas situaccedilotildees nos impotildee quis experimentar uma outra praacutetica um outro olhar uma outra postura dentro das organi-zaccedilotildees a de ser uma consultora analista Foi entatildeo que busquei os referenciais da psico-logia social e institucional e da filosofia da diferenccedila com o intuito de analisar inter-rogar lanccedilar perguntas experimentar uma outra forma de fazer Psicologia Apresento trecircs recortes que exemplificam essa praacutetica

Numa empresa de grande porte natildeo existia RH apenas Departamento Pessoal em seu aspecto mais antigo sem nenhuma forma de integraccedilatildeo de novos funcionaacuterios Realizei entatildeo um projeto de estruturaccedilatildeo da aacuterea de RH Foi um trabalho grandioso meses de reuniotildees com a diretoria chefia do DP outras pessoas envolvidas dentro da ma-triz e ateacute das filiais que emperrou na execu-ccedilatildeo do ldquomanual de integraccedilatildeordquo na parte que se propunha contar alguns fatos que mar-caram a histoacuteria da organizaccedilatildeo Quando percebi essa dificuldade comecei a realizar entrevistas com uma das diretoras que se apresentava com maior abertura para aquela proposta Realizamos um processo de histo-rizaccedilatildeo da empresa em que apareceram fa-tos de dissoluccedilatildeo de sociedade e outras his-toacuterias de famiacutelia que natildeo poderiam aparecer naquele informativo A partir daiacute o manual pocircde ser concluiacutedo Essa diretora assumiu a aacuterea de RH que tomou outro rumo dentro do funcionamento da organizaccedilatildeo

Dois empresaacuterios que competiam mui-to entre si numa empresa de pequeno por-te queriam que todos que conviviam com eles assumissem o lado de um ou de outro

Realizei um trabalho individual de auto-conhecimento e grupal voltado ao resgate da histoacuteria da empresa a conscientizaccedilatildeo de que a competitividade seria mais eficaz se fosse voltada para o mercado Jaacute no iniacutecio do trabalho comeccedilaram a delimitar o espaccedilo de cada um A relaccedilatildeo de desconfianccedila que havia com os funcionaacuterios tambeacutem mudou

Jaacute numa empresa de meacutedio porte com uma boa estrutura fiacutesica as pessoas estavam completamente desintegradas Os setores funcionavam de forma independente nun-ca realizavam reuniotildees e natildeo se conheciam o que acarretava diversos problemas Apoacutes a devoluccedilatildeo do diagnoacutestico e a realizaccedilatildeo de um plano de accedilatildeo comecei um trabalho com o grupo de gerentes e paralelamente com o empresaacuterio Com o grupo realizei ati-vidades de autogestatildeo autodiagnoacutestico da organizaccedilatildeo e busca de soluccedilotildees para os pro-blemas levantados Foi tambeacutem realizado um trabalho individual com cada gerente Com o empresaacuterio foi trabalhada sua forma de gestatildeo centralizadora sem espaccedilo para os gerentes atuarem e o que isso gerava para os resultados organizacionais Os gerentes con-quistaram um espaccedilo que antes natildeo havia e o que eles propuseram pocircde ser implantado

Nos exemplos citados a consultoria se propocircs a gerar consciecircncia e aprendizagem dos processos que estavam ali em jogo fa-zendo com que as pessoas se apropriassem do conhecimento e do resultado que ia sendo gerado Essa forma de intervenccedilatildeo abre no campo da Psicologia um outro lugar para o psicoacutelogo no mundo do trabalho convocan-do a cliacutenica para o universo laboral ao inveacutes de alimentar a segmentaccedilatildeo deste

relato de experiecircncia

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOA Comissatildeo de Orientaccedilatildeo e Fiscalizaccedilatildeo vem provendo encontros com psicoacutelogos que atuam na aacuterea da Psicologia Organizacional e do Trabalho Fique atento agrave programaccedilatildeo divulgada em nosso site wwwcrprsorgbr e participe

PARTICIPE Envie seu Relato de Experiecircncia para imprensacrprsorgbr

Confira esse relato na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Miriam Corso Minotto Psicoacuteloga Organizacional assessora em desenvolvimento de Recursos Humanos Eacute coordenadora do GT Psicologia do Trabalho participa GT de Histoacuteria e da Comissatildeo Gestora da Subsede Serra do CRPRS

16 entre linhas | abr-mai-jun 2014

entrevista

Em eacutepoca de Copa do Mundo o CRPRS propotildee um debate sobre as diferentes inserccedilotildees da Psicologia no Esporte A proposta eacute discutir lugares e funccedilotildees que os profissionais tecircm assumido e podem assumir neste campo considerando a complexidade das relaccedilotildees estabelecidas entre esportistas familiares instituiccedilotildees de ensino esportivas filantroacutepicas grandes empresas e demais atores sociais envolvidos nesse cenaacuterio O CRPRS convidou quatro profissionais da aacuterea para debater o tema e reproduz aqui no EntreLinhas trechos dessa conversa

Que contribuiccedilotildees a Psicologia do Es-porte traz em suas diferentes aacutereas de atuaccedilatildeo para a sociedade de uma forma geral Benno Becker Jr ndash O trabalho de esporte de alto rendimento eacute o que en-volve mais dinheiro lembrando que satildeo os atletas de alto niacutevel que estatildeo na vitrine e datildeo visibilidade ao espor-

te e consequentemente incentivam a praacutetica esportiva O esporte deve ser trabalhado com toda a sociedade de jovens a idosos como forma de pre-venccedilatildeo de problemas como ansiedade e depressatildeo Quando feito com ade-quaccedilatildeo acredito que o esporte seja o melhor remeacutedio para combater a de-pressatildeo por exemplo

Leia o artigo ldquoA Psicologia do Esporte e do Exerciacutecio para aleacutem da otimizaccedilatildeo da performance atleacuteticardquo produzido por Marcos Daou docente do curso de Psicologia da Unifra mestre em Psicologia graduado em Psicologia e Educaccedilatildeo Fiacutesica em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Acesse wwwcrprsorgbrentrelinhas66 e confira depoimentos gravados nesse encontro e versatildeo estendida da entrevista

Psicologia e Esporte

entre linhas | abr-mai-jun 2014 17

Benno Becker Jr Graduado em Psicologia e em Educaccedilatildeo Fiacutesica mestre em Pedagogia pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul e doutor em Psicologia ndash Universidade de Barcelona Tem diversas publicaccedilotildees na aacuterea wwwbennopsicoesportecombr

Cassiano Pires Psicoacutelogo chefe do departamento de psicologia do projeto social WimBelemDon Tiacutetulo de Master em Psicologia do Esporte e atividade fiacutesica pela Universidade Autocircnoma de Barcelona

Maacutercia Pilla do VallePsicoacuteloga mestre em Psicologia Social e da Personalidade pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul psicoacuteloga membro da ABRAPESP psicoacuteloga esportiva do IGT ndash Instituto Gauacutecho de Tecircnis

Vanessa Rodrigues AlvesPsicoacuteloga especialista em Psicologia do Esporte e Exerciacutecio Fiacutesico e em Sociopsicodrama Eacute professora de Psicologia da Atividade Fiacutesica e do Esporte na Faculdade Sogipa de Educaccedilatildeo Fiacutesica

Cassiano Pires ndash Temos que traba-lhar a importacircncia do esporte no bem estar e na sauacutede da populaccedilatildeo em ge-ral Infelizmente ainda vemos muito crianccedilas ou jovens que por natildeo terem habilidade motricidade ou fiacutesico para atingir um alto niacutevel de rendimento acabarem abandonando a praacutetica por serem mal assessoradas O trabalho com atletas de alto rendimento eacute im-portante mas acredito que o fim do esporte natildeo pode ser soacute o esporte em si deve ser o crescimento e o bem es-tar da pessoa a criaccedilatildeo de habilidades sociais e competecircncias e o desenvolvi-mento da autoestima Diversos desa-fios podem ser vencidos por meio do esporte por isso temos que comeccedilar a tirar o esporte da aacuterea de Turismo e Lazer e comeccedilar a pensaacute-lo na aacuterea de Sauacutede Isso mudaria completamente sua importacircncia e seu sentido para a vida da pessoa Maacutercia Pilla do Valle ndash Haacute uma seacuterie de possibilidades de atuaccedilatildeo para o Psicoacutelogo do Esporte e o campo que atualmente estaacute aberto eacute o que envolve projetos sociais e questotildees ligadas agrave sauacutede e ao espor-te como atividade fiacutesica e natildeo neces-sariamente competitiva Vanessa Rodrigues Alves ndash A Psicologia do Esporte eacute muito abrangente mas ainda se trabalha em poucas aacutereas Poderiacuteamos traba-lhar em instituiccedilotildees como a Susepe a Fase com a educaccedilatildeo em lar de idosos por exemplo

Em que condiccedilotildees se datildeo essas praacute-ticas considerando que muitas ve-zes haacute a pressatildeo de clubes atletas empresaacuterios miacutedia e ateacute da proacutepria sociedade pelo alto rendimento do atleta Ao desenvolver sua praacutetica o psicoacutelogo do esporte estaacute a serviccedilo de quem Maacutercia Pilla do Valle ndash Quando trabalhamos com esporte de alto ren-dimento o limiar entre sauacutede e pato-loacutegico eacute bem tecircnue principalmente em modalidades precoces como a ginaacutes-tica artiacutestica ou a nataccedilatildeo por exem-plo em que tudo acontece muito cedo e a carreira eacute muito curta Temos que trabalhar para que esse processo no qual os atletas jaacute estatildeo inseridos seja o mais saudaacutevel possiacutevel melhorar a relaccedilatildeo da comunicaccedilatildeo do teacutecnico com o atleta e criar um ambiente mo-tivador Tambeacutem eacute preciso avaliar se essa eacute uma vontade do proacuteprio atleta ou se eacute um desejo dos pais que veem no esporte a possibilidade de ascender socialmente de alguma forma Pensan-do nesse contexto devemos estar a ser-viccedilo do atleta e de todas as pessoas que estatildeo envolvidas nesse processo Vanessa Rodrigues Alves ndash A gran-de diferenccedila de nosso trabalho eacute que precisamos ir ateacute as pessoas e saber trabalhar em equipe O profissional que atua nessa aacuterea tem que ter a dis-ponibilidade para querer aprender pois natildeo ficamos em uma salinha es-perando as pessoas temos que ir ao encontro delas

18 entre linhas | abr-mai-jun 2014

Quais os principais desafios e dile-mas eacuteticos enfrentados pelo psicoacutelo-go do esporte Benno Becker Jr ndash O profissional que comeccedila a trabalhar com alto ren-dimento chega acreditando que iraacute de-terminar o seu tempo de trabalho com os atletas e natildeo eacute isso o que acontece O psicoacutelogo do esporte precisa aprovei-tar cada minuto cada intervalo do trei-no Esse eacute o grande desafio Uma boa estrateacutegia de inserccedilatildeo para o psicoacutelogo do esporte eacute ficar proacuteximo ao treina-dor e ao preparador fiacutesico buscando melhorar a comunicaccedilatildeo dele com o atleta estabelecendo uma relaccedilatildeo de transparecircncia Cassiano Pires ndash Temos que saber usar o nosso tempo no dia a dia do atleta Eu trabalho no Projeto WinBe-lemDon na cancha de boneacute do lado do atleta e realmente a gente sofre muito por natildeo ter um tempo exclusi-vo Eacute preciso ser criativo e aproveitar os espaccedilos conversando com o teacutecni-co e o instrumentalizando O psicoacutelo-go precisa estabelecer viacutenculo com a equipe e transmitir a ideia de que faz parte dela Vanessa Rodrigues Alves ndash Tenho que procurar fazer o melhor dentro das minhas possibilidades Vivi um di-lema eacutetico quando o treinador queria ver os resultados dos testes sociomeacute-tricos pedindo para que mostrasse o sociograma das relaccedilotildees e o grupo natildeo liberou isso Ele precisava ver de for-ma mais concreta como estava a rela-

ccedilatildeo com o grupo e eu natildeo podia liberar esse resultado Maacutercia Pilla do Valle ndash Em um clube onde trabalhava encaminhei a uma colega uma menina que vivia uma situaccedilatildeo familiar bem pontual e precisava de atendimento cliacutenico A psicoacuteloga me ligou questionando sobre a rotina de treino argumentan-do que a menina precisava de tempo para brincar e ter outras atividades Foi aiacute que me dei conta que para mim aquilo jaacute era normal vi como eu estava capturada pela cultura es-portiva pois aquilo jaacute natildeo me causa-va mais nenhum incocircmodo Poreacutem percebi que o que estava em questatildeo natildeo era a continuidade dela ou natildeo na ginaacutestica o que precisa ser visto era o lado emocional com relaccedilatildeo a um problema familiar pontual Pela minha identidade cliacutenica muito forte sempre digo que antes de ser psicoacute-loga do esporte eu sou psicoacuteloga e para tomar qualquer decisatildeo preciso estar muito bem comigo mesma e tra-balhar com o seguinte tripeacute conheci-mento teacutecnico (natildeo podemos nunca parar de estudar e de se aprimorar) a supervisatildeo ou a troca com os colegas e o tratamento pessoal

A proximidade de megaeventos no Brasil como a Copa do Mundo e Olimpiacuteadas estaacute ampliando o campo de atuaccedilatildeo da Psicologia do Esporte De que forma vocecircs profissionais da aacuterea estatildeo vendo esses eventos

entrevista

SAIBA MAISConheccedila o Projeto WimBelemDonwwwwimbelemdoncombr

Artigo ldquoA produccedilatildeo de Diferenccedilas pelo esporterdquo de Maacutercia Pilla do Valle httpbitlyproducao_de_diferencas

Artigo ldquoO Esporte de Alto Rendimento Produccedilatildeo de Atletas no Contemporacircneordquo de Maacutercia Pilla do Vallehttpbitlyesporte_alto_rendimento

Artigo ldquoPsicologia do Esporte no contexto do Sistema Conselhosrdquo de Mocircnica drsquoFaacutetima Freires da Silvahttpbitlyesporte_sistema_conselhos

Artigo ldquoEacutetica e Compromisso Social na Psicologia do Esporterdquo de Katia Rubiohttpbitlyetica_compromisso_social

Associaccedilatildeo Brasileira de Psicologia do Esporte ndash ABRAPESP wwwabrapesporgbr

entre linhas | abr-mai-jun 2014 19

Considerando isso como a Psicologia do Esporte lida com a questatildeo da es-petacularizaccedilatildeo do esporte Benno Becker Jr ndash Acredito que a Copa do Mundo pode ser muito posi-tiva para a Psicologia do Esporte pois deixaraacute a sensaccedilatildeo de que algo ficou faltando de que a Psicologia poderia ter sido mais envolvida nessa organi-zaccedilatildeo Precisamos mostrar que os psi-coacutelogos do esporte estatildeo agrave disposiccedilatildeo natildeo soacute dos atletas mas da populaccedilatildeo em geral tambeacutem Maacutercia Pilla do Valle ndash Muitas vezes nossa participaccedilatildeo nessa espe-tacularizaccedilatildeo gerada pela miacutedia nos gera um dilema eacutetico Geralmente os jornalistas buscam respostas objetivas querem saber do psicoacutelogo se a equipe ou o atleta ldquoamarelourdquo de fato e natildeo haacute como responder isso Isso acaba abrin-do espaccedilo para a opiniatildeo e manifesta-ccedilatildeo sobre o desempenho das equipes de outros profissionais que assumem o papel de motivadores e criacuteticos Cassiano Pires ndash Eacute importante sa-ber aproveitar o espaccedilo na miacutedia para mostrar a importacircncia do esporte Sabe-mos que poucas coisas ficam de heran-ccedila desses grandes eventos Entatildeo que possamos contribuir para o iniacutecio de uma cultura do esporte mais humani-zada Mostrar que tem muito psicoacutelogo trabalhando e se qualificando e orientar a imprensa sobre esse trabalho Esses grandes eventos demandam uma aten-ccedilatildeo de todas as aacutereas do esporte para que num futuro a sociedade consiga

ver o esporte como algo menos ldquofurio-sordquo com briga disputa morte e mais como uma atividade de lazer Com re-laccedilatildeo aos problemas sociais que surgem devido a esses eventos devemos estar atentos para dar o suporte que as pesso-as envolvidas nisso precisam Para isso as equipes locais que estatildeo organizando a Copa do Mundo por exemplo deve-riam contar com psicoacutelogos Vocecirc acredita que o Esporte pode ser-vir como um meio de garantia dos di-reitos humanos Maacutercia Pilla do Valle ndash Eacute importan-te natildeo pensar o esporte somente como uma atividade de alto rendimento O psicoacutelogo natildeo pode colocar sua praacutetica apenas a serviccedilo do rendimento Te-mos o papel de minimizar sofrimento Busco em minha inserccedilatildeo dentro dos clubes como psicoacuteloga mudar isso e contribuir para tornar o ambiente mais agradaacutevel proporcionando melhores condiccedilotildees da praacutetica esportiva Cassiano Pires ndash Temos que pensar no esporte como algo importante para a inclusatildeo Quando estatildeo praticando esporte as diferenccedilas natildeo existem to-dos satildeo iguais Crianccedilas que fora desse contexto vivem realidades bem dife-rentes (um mora numa casa de muitos andares o outro em uma casa de chatildeo batido por exemplo) quando estatildeo em quadra jogam de igual para igual O esporte nesse sentido eacute muito iguala-dor tem uma questatildeo de inclusatildeo nata que eacute muito legal e temos que saber aproveitar isso

TIacuteTULO DE ESPECIALISTAO tiacutetulo de especialista do CFP eacute concedido por conclusatildeo de curso de especializaccedilatildeo credenciado pelo CFP ou aprovaccedilatildeo em concurso de provas e tiacutetulos promovido periodicamente pelo CFP comprovando experiecircncia profissional de pelo menos 2 anos na aacuterea pretendidawwwcfporgbr

PARTICIPE DAS DISCUSSOtildeES NO CRPRSQuer propor a discussatildeo desse tema Participe das reuniotildees das Comissotildees de Poliacuteticas Puacuteblicas e Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica

20 entre linhas | abr-mai-jun 2014

formaccedilatildeo

10 anos do curriacuteculo amplo o que de fato mudou na formaccedilatildeo do psicoacutelogo

Haacute 10 anos tinha iniacutecio um signi-ficativo processo de mudanccedilas na for-maccedilatildeo do psicoacutelogo com as alteraccedilotildees propostas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) de 2004 Sem distin-ccedilatildeo de habilitaccedilotildees diferentes a forma-ccedilatildeo do psicoacutelogo passou a ser ampla incluindo um nuacutecleo comum estaacutegios baacutesicos estaacutegios especiacuteficos ecircnfases curriculares articulaccedilatildeo de competecircn-cias baacutesicas e dos eixos estruturantes e refinamento das propostas de estaacutegios especiacuteficos Em 2011 a nova DCN man-teve as alteraccedilotildees de 2004 instituindo aleacutem dessas um projeto de formaccedilatildeo complementar para o professor de Psi-cologia em seu 13ordm artigo

Para a Associaccedilatildeo Brasileira de Ensino de Psicologia (ABEP) as ecircnfa-ses curriculares ndash que consistem em um recorte de um conjunto de fazeres (competecircncias) jaacute presentes no nuacutecleo comum concentradas em determina-do conjunto de atividades ndash podem ser consideradas uma forma de atender agrave formaccedilatildeo generalista sem cair no risco da superficialidade Cada curso tem a possibilidade de definir seus encadea-mentos prioritaacuterios independentemen-te das abordagens utilizadas

O CRPRS vem debatendo na Co-missatildeo de Formaccedilatildeo os desafios impli-cados em trabalhar a formaccedilatildeo ampla e ao mesmo tempo respeitar a exigecircncias

das ecircnfases curriculares que culminam na realizaccedilatildeo dos estaacutegios especiacuteficos

A coordenadora da Comissatildeo de Gra-duaccedilatildeo da Psicologia da UFRGS Paula Sandrine Machado lembra que o proces-so de adequaccedilatildeo e renovaccedilatildeo dos proje-tos pedagoacutegicos produziu em muitos cursos certos movimentos interessantes de avaliaccedilatildeo e de discussatildeo sobre o pro-fissional que se quer formar o contexto da Psicologia as competecircncias gerais que a formaccedilatildeo busca contemplar e as espe-cificidades de cada curso A abrangecircncia das diretrizes poreacutem aponta tanto para um profissional capaz de ldquofazer tudordquo quanto para um profissional que precisa saber algumas coisas baacutesicas para poder atuar em diferentes contextos

Para as coordenadoras de curso e de estaacutegio da Unisinos Rosana Cecchini de Castro e Maria Elisabeth Selbach o nuacute-cleo comum as competecircncias baacutesicas e os eixos estruturantes preconizados pe-las DCN tecircm possibilitado uma visatildeo abrangente e plural das muacuteltiplas pers-pectivas e possibilidades de intervenccedilatildeo para o futuro profissional da Psicologia ldquoAs ecircnfases podem ter foco no mercado de trabalho mas natildeo podem se desvin-cular da formaccedilatildeo como um todo sob pena de se tornarem especialidadesrdquo salientam as coordenadoras

Com o objetivo de evitar a especiali-zaccedilatildeo na formaccedilatildeo muitas instituiccedilotildees

Leia os depoimentos dos coordenadores dos cursos de Psicologia na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Resoluccedilatildeo nordm 05 de 15 de marccedilo de 2011 disponiacutevel em httpbitlyDCN2011

ABEPSIwwwabepsiorgbr

SAIBA MAIS Veja o histoacuterico das DCNs em httpbitlyABEP_DCNs

Publicaccedilatildeo do CFP ldquoContribuiccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia agrave discussatildeo sobre a formaccedilatildeo da(o) psicoacuteloga(o)rdquo httpbitlyCFP_Formacao

entre linhas | abr-mai-jun 2014 21

de ensino trabalham com a proposta de ecircnfase como aprofundamento de estudo daquilo que jaacute foi contemplado na forma-ccedilatildeo geral do curriacuteculo

Na Univates por exemplo primei-ramente as ecircnfases ocorriam a partir do seacutetimo semestre o que prejudicava a formaccedilatildeo generalista uma vez que os estudos e disciplinas direcionavam para conteuacutedos muito especiacuteficos ldquoAl-teramos para as ecircnfases no uacuteltimo ano do curso Essa mudanccedila trouxe maior conhecimento aos estudantes da proacute-pria atuaccedilatildeo nos mais variados espa-ccedilosrdquo explica a coordenadora do curso de Psicologia da Univates Ana Lucia Bender Pereira

A preocupaccedilatildeo em preparar e for-mar o estudante para o mercado de trabalho eacute apontada pela coordenado-ra da Fisma Baacuterbara Maria Barbosa Silva Segundo ela a formaccedilatildeo pelas universidades natildeo estaacute em concordacircn-cia com a atuaccedilatildeo profissional ldquoIsso se

expressa quando na inserccedilatildeo dos alu-nos nos campos de praacuteticas e estaacutegios visualizamos a negaccedilatildeo ou negligecircncia de muitos campos de atuaccedilatildeo do Psi-coacutelogo para a formaccedilatildeo de alunosrdquo de-clara Baacuterbara Uma estrateacutegia adotada para dar conta dessa demanda eacute criar dentro da proacutepria instituiccedilatildeo de ensi-no espaccedilos destinados a execuccedilatildeo das praacuteticas e estaacutegios

Para o subcoordenador do curso da UNISC Jerto Cardoso da Silva as DCN devem ser pensadas democrati-camente e natildeo de forma autocraacutetica ldquoAs diretrizes devem ser propostas a partir das inquietaccedilotildees dos cursos e construiacutedas com elesrdquo Para ele os cur-sos devem estar atentos ao mercado de trabalho mas natildeo devem ser apenas pautados por ele pois trabalham na formaccedilatildeo de profissionais criacuteticos ou seja que podem ingressar no mercado mas tambeacutem transformaacute-lo e propor novas aacutereas de atuaccedilatildeo

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer ampliar a discussatildeo do tema Participe das reuniotildees ampliadas da Comissatildeo de Formaccedilatildeo Acompanhe a agenda pelo site wwwcrprsorgbrcomissoesegts

22 entre linhas | abr-mai-jun 2014

artigo

A formaccedilatildeo em psicologia e a psicologia em formaccedilatildeo

Em pesquisa realizada na deacutecada de 80 sobre a formaccedilatildeo de psicoacutelogos com estudantes do curso de graduaccedilatildeo da Uni-versidade Federal Fluminense (UFF) Luis Antonio Baptista percebeu que ela se de-senvolvia em paralelo ao que se passava agrave sua volta Era uma formaccedilatildeo que pouco incluiacutea as questotildees entatildeo contemporacircneas da sociedade brasileira e tampouco sua histoacuteria (BAPTISTA 2000)

Jaacute nos anos 2000 em nossa experiecircn-cia de formaccedilatildeo no curso de graduaccedilatildeo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) o ldquomundo laacute forardquo parecia fazer-se bastante presente na universidade E era um mundo que se dizia em transformaccedilatildeo

Como natildeo poderia ser diferente em um mundo muacuteltiplo e em uma profissatildeo que vem se autodenominando plural o proje-to de psicologia almejado para a formaccedilatildeo contemporacircnea de psicoacutelogos natildeo era uno De um lado havia o projeto de se alcanccedilar uma psicologia verdadeiramente cientiacutefica e rigorosa contra aquelas praacuteticas profis-sionais calcadas no senso comum De ou-tro a esperanccedila de se alcanccedilar uma psico-logia eacutetica e com compromisso social que passaria justamente pela superaccedilatildeo da psicologia cientificista pois que compro-metida com o modelo neoliberal de socie-dade De um lado a defesa de um modelo de formaccedilatildeo por competecircncias De outro sua criacutetica De um lado modos ditos claacutes-sicos de conhecer De outro aqueles tidos como completamente inovadores

Luiz Claudio Mendonccedila Figueiredo relaciona o ldquoestado um tanto caoacutetico e ine-vitavelmente desarticulado de qualquer curriacuteculo de formaccedilatildeo em psicologiardquo (FI-

GUEIREDO 2009 p17) agraves condiccedilotildees histoacute-ricas desse campo cientiacutefico e profissional indicando o estudo da histoacuteria da psicologia como forma de compreender e transformar essa realidade Gostariacuteamos de apontar tam-beacutem um sentido inverso o estudo desses processos de formaccedilatildeo caoacuteticos e desarticu-lados para compreender a psicologia que te-mos e que vimos produzindo historicamen-te A formaccedilatildeo em psicologia expressando ela mesma uma psicologia em formaccedilatildeo

Essa inversatildeo constituiu nossa pesqui-sa de mestrado (ARALDI 2012) a qual tomando como ponto de partida os impas-ses dilemas e controveacutersias que permeiam as experiecircncias de psicoacutelogos em forma-ccedilatildeo encontrou algumas vias possiacuteveis de se colocar e se recolocar o problema do conhecer e do conhecimento psi Partimos de um dispositivo metodoloacutegico que ins-tigava os estudantes participantes todos da graduaccedilatildeo em psicologia da UFRGS a descreverem e analisarem coletivamente o que faziam nas diferentes praacuteticas de for-maccedilatildeo fossem elas curriculares (de estu-dos leitura pesquisa extensatildeo estaacutegio) ou informais (conversas de corredores ex-periecircncias no Diretoacuterio Acadecircmico etc)

As distinccedilotildees dos estudantes entraram em diaacutelogo com autores do campo dos estu-dos da cogniccedilatildeo e do conhecimento (Kastrup Varela Maturana Latour) que tecircm questio-nado uma forma bastante corrente ao menos nas sociedades ocidentais de se conceber o conhecer e o conhecimento enquanto repre-sentaccedilatildeo efetivada por uma mente indivi-dual de um mundo preacute-existente agrave accedilatildeo do conhecedor O que isso significa Fundamen-talmente implica separar e situar como es-

Etiane AraldiPsicoacuteloga (UFRGS) Mestre em Psicologia Social e Institucional (UFRGS) Analista de Poliacuteticas Sociais na Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo do SUS (PNH) Ministeacuterio da Sauacutede

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secircncias de um lado um sujeito que conhece e de outro um mundo que se daacute a conhecer

As experiecircncias de formaccedilatildeo dos estu-dantes pesquisados sugerem que tal concep-ccedilatildeo de conhecimento tem marcado sobre-maneira o campo psi a comeccedilar pelo modo como os psicoacutelogos se relacionam com o tema das diferentes psicologias as escolas e escolhas teoacutericas Dada a ambiguidade do objeto e da teacutecnica do psicoacutelogo somada agrave divisatildeo do campo entre diferentes psicolo-gias cada qual com concepccedilotildees epistemo-loacutegicas e metodoloacutegicas especiacuteficas acostu-mou-se a aceitar que a teoria eacute a praacutetica do psicoacutelogo sendo os conceitos ferramentas de trabalho e a escolha teoacuterica um passo neces-saacuterio para que o profissional se constitua enquanto tal e para que suas intervenccedilotildees sejam legitimamente designadas psi

Na esteira dessa ideia supotildee-se que as praacuteticas de um psicoacutelogo psicanalista por exemplo possam ser deduzidas diretamen-te da teoria psicanaliacutetica sendo o trabalho do psicoacutelogo em determinada contingecircncia comumente descrito segundo as teorias que supostamente lhe dariam sustentaccedilatildeo

Em nossa pesquisa observamos que tal loacutegica produz a teoria e a praacutetica como domiacutenios de accedilatildeo muito diferentes nessa profissatildeo sendo o trabalho psi dado o seu forte componente relacional entendido em uma dimensatildeo incorporada um co-nhecimento de ldquoorganismordquo que ldquose sen-te na carnerdquo (conforme verbalizaccedilotildees dos estudantes) em contraposiccedilatildeo com o fazer acadecircmico tomado como essencialmente analiacutetico reflexivo ldquoruminanterdquo parecen-do inclusive que o estaacutegio natildeo compunha o curriacuteculo tamanho o confronto entre um mundo e outro O curioso eacute que em-bora sendo situado no discurso como um conhecimento desprovido de corpo as competecircncias acadecircmicas eram transpos-tas em um sentido incorporado ao fazer

dos estaacutegios produzindo nos estudantes atitudes analiacuteticas distanciadas num sen-tido de espectador nas intervenccedilotildees pro-fissionais Inclusive o uso de metaacuteforas relacionadas agraves tecnologias de produccedilatildeo e apreensatildeo de teorias fizeram-se bastante presentes na explicaccedilatildeo do que faz o psi-coacutelogo fazer leituras da realidade era me-taacutefora recorrente na descriccedilatildeo de boa parte das accedilotildees dos estudantes nos estaacutegios

O tema da identificaccedilatildeo foi citado di-versas vezes como criteacuterio para a escolha teoacuterica expressando a busca por uma re-laccedilatildeo de identidade igualdade entre seu suposto ser e a concepccedilatildeo de ser (de sujei-to) supostamente contida nas teorias Mas seriam nossos ldquoeusrdquo e os ldquoeusrdquo (as con-cepccedilotildees de sujeito) das teorias assim tatildeo coerentes Tanto no campo da cogniccedilatildeo quanto no da epistemologia tal suposiccedilatildeo de coerecircncia tem sido questionada

De qualquer modo a ideia de que o ser antecede o fazer parece motivar na psicolo-gia a adoccedilatildeo de uma concepccedilatildeo de sujeito uma visatildeo de homem como necessidade a priori para a atuaccedilatildeo profissional Entretan-to o que observamos entre os estudantes e a instituiccedilatildeo universitaacuteria foi um traba-lho ativo e cotidiano de separaccedilatildeopuri-ficaccedilatildeo dessas concepccedilotildees De modo que nos perguntamos a relaccedilatildeo identitaacuteria do psicoacutelogo com as teorias que compotildeem o campo psi seria decorrente de pressupostos e eacuteticas transcendentes preconizados pela epistemologia ou seria um processo que se ampara mais nas praacuteticas cotidianas de formaccedilatildeo de psicoacutelogos Nossa aposta ao perguntar agrave formaccedilatildeo em psicologia sobre o que ali se faz evidenciou um plano con-creto de produccedilatildeo da psicologia no presen-te que extrapola em muito o leque das te-orias psicoloacutegicas vigentes mas que ainda assim pode ser afirmado como legiacutetimo co-nhecer e fazer psi na contemporaneidade

REFEREcircNCIAS

ARALDI Etiane Das escolas e escolhas teoacutericas agraves poliacuteticas cognitivas legitimando a experiecircncia e a contingecircncia na colocaccedilatildeo do problema do conhecer e do conhecimento psi Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Psicologia Social e Institucional Instituto de Psicologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS Porto Alegre 2012

BAPTISTA Luis Antonio A faacutebrica de interiores a Formaccedilatildeo Psi em Questatildeo Niteroacutei Eduff 2000

FIGUEIREDO Luiz Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos Petroacutepolis Vozes 2009

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Projeto Poliacuteticas Puacuteblicas na Formaccedilatildeo promove aproximaccedilatildeo do CRPRS com o meio acadecircmico

De acordo com pesquisas feitas pelo Centro de Referecircncia Teacutecnica em Psicologia e Poliacuteti-cas Puacuteblicas ndash CREPOPRS a formaccedilatildeo em Psicologia eacute apon-tada como uma das grandes fra-gilidades ainda impostas para atuaccedilatildeo dos psicoacutelogos nas poliacute-ticas puacuteblicas Paradoxalmente o campo das poliacuteticas puacuteblicas atrai um nuacutemero maior de pro-fissionais a cada ano que mui-tas vezes chegam ao mercado desconhecendo marcos legais e marcos loacutegicos que datildeo funda-mento agraves praacuteticas nessa aacuterea

Buscando minimizar esse problema o CREPOP vem de-senvolvendo desde 2013 o Pro-jeto Poliacuteticas Puacuteblicas na For-maccedilatildeo proposta que procura qualificar a formaccedilatildeo para atu-accedilatildeo em diferentes campos das poliacuteticas puacuteblicas por meio da aproximaccedilatildeo entre Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul e estudantes de faculdades de Psicologia do estado A ideia de desenvolver esse trabalho surgiu em 2009 por iniciativa do estagiaacuterio da eacutepoca Edson Murliki

O projeto favorece espaccedilos de debate reflexatildeo e constru-

ccedilatildeo de um pensamento criacutetico junto aos cursos de gradua-ccedilatildeo objetivando a construccedilatildeo de referecircncias teacutecnicas para a formaccedilatildeo em Psicologia e Po-liacuteticas Puacuteblicas ldquoBuscamos fortalecer o diaacutelogo entre o CRPRS e o meio acadecircmico dimensionar a percepccedilatildeo dos estudantes sobre seus conhe-cimentos acerca das poliacuteticas puacuteblicas e incentivar a refle-xatildeo avaliativa sobre a forma-ccedilatildeo profissional do psicoacutelogo para atuar na aacutereardquo declara a ex-assessora teacutecnica do CRE-POP Carolina dos Reis

Para alcanccedilar isso o pro-jeto segue algumas etapas que incluem apresentaccedilatildeo aos coordenadores dos cursos e realizaccedilatildeo de encontros com os estudantes na sede sub-sedes do CRPRS ou nas proacute-prias instituiccedilotildees de ensino ldquoOs registros desses encontros subsidiam a produccedilatildeo de um relatoacuterio que reuacutene as princi-pais questotildees apontadas pelos alunos gerando dessa forma orientaccedilotildees para construccedilatildeo de um instrumento informa-tivo que sistematize os pontos de reflexatildeordquo explica Carolina

crepop

Projeto Formaccedilatildeo na sua faculdade Faculdades de Psicologia que tenham interesse em participar do Projeto de Formaccedilatildeo devem entrar em contato com o CREPOPRS pelo fone (51) 33346799 ou pelo e-mail crepopcrprsorgbr

Os resultados parciais in-dicam a necessidade de maior aprofundamento teoacuterico no assunto bem como reconheci-mento do caraacuteter transversal da temaacutetica dentro da formaccedilatildeo Os alunos tambeacutem demandam ampliaccedilatildeo de espaccedilos de inser-ccedilatildeo que propiciem maior conta-to com a praacutetica dos psicoacutelogos nas poliacuteticas puacuteblicas Indicam ainda a necessidade de uma reformulaccedilatildeo metodoloacutegica no curso do projeto visando a am-pliar o caraacuteter de intervenccedilatildeo do mesmo Seraacute incluiacuteda uma etapa de pactuaccedilotildees entre os diversos atores envolvidos nas instituiccedilotildees participantes de modo a produzir espaccedilos para a construccedilatildeo de soluccedilotildees con-cretas aos desafios emergidos nas rodas de conversas

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tracircnsito

A Psicologia na educaccedilatildeo para o tracircnsito

A Psicologia exerce uma impor-tante funccedilatildeo no tracircnsito ao estudar a mobilidade humana a partir da anaacutelise de diferentes dimensotildees processos e fenocircmenos envolvidos nesse contexto Pensando nisso a Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsi-to e Mobilidade Humana do CRPRS contribuiu na organizaccedilatildeo do 1ordm Se-minaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito realizado pela Prefeitura de Santa Maria em abril O evento voltado a professores da rede puacuteblica de ensi-no do municiacutepio teve como objetivo despertar a conscientizaccedilatildeo de que a educaccedilatildeo pode mudar o comporta-mento das pessoas no tracircnsito

O CRPRS acredita que a Psicolo-gia pode contribuir nesse processo envolvendo os professores e toda a sociedade para que o tema seja tra-balhado de forma ampla Para a Co-missatildeo do CRPRS os professores pre-cisam entender essa transversalidade

para que haja uma real mudanccedila de comportamento da sociedade

O tracircnsito deve ser pensado de maneira ampla considerando todos os envolvidos ldquoQuando falamos em tracircnsito natildeo devemos pensar apenas no fluxo de automoacuteveis mas consi-derar principalmente que o tracircnsi-to eacute composto por todos noacutes Deve-mos pensar no aspecto da mobilidade humana pensar na livre circulaccedilatildeo e no deslocamento com seguranccedila assim como nas relaccedilotildees sociais que se constituem nesse espaccedilo Ao se deslocar pelas ruas com automoacuteveis particulares bens privados as pes-soas muitas vezes natildeo se datildeo conta de que estatildeo circulando em um espa-ccedilo puacuteblico com regras estabelecidas pelo governo e pela proacutepria socieda-de Competem entre si de modo pri-vado por um espaccedilo que eacute puacuteblico e de todosrdquo declara o coordenador da aacuterea teacutecnica do CRPRS assessor da

SAIBA MAISAssista aos viacutedeos do 1ordm Seminaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Artigo ldquoTracircnsito e Sociedaderdquo de Sinara Tres Soares e Lucio Fernando Garcia disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Publicaccedilatildeo do CRPRS ldquoTracircnsito e Mobilidade Humana - Psicologia Educaccedilatildeo e Cidadaniardquo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrlivrotransito

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tracircnsito

Comissatildeo de Tracircnsito Lucio Fernan-do Garcia

Para ele a Psicologia exerce um im-portante papel ao contribuir na refle-xatildeo que abrange conceitos de cidada-nia e suas implicaccedilotildees considerando o tracircnsito como um processo humano e que envolve condiccedilotildees subjetivas ldquoSer cidadatildeo eacute uma escolha que traz impli-caccedilotildees e reflexotildees sobre responsabili-dades obrigaccedilotildees e direitosrdquo

Diversos aspectos psicoloacutegicos interferem na forma como as pesso-as lidam com o tracircnsito A psicoacuteloga Sinara Tres Soares da Escola Puacuteblica de Tracircnsito do DETRAN-RS ressalta que mesmo tendo ciecircncia dos riscos aos quais estatildeo expostas muitas pes-soas optam em correr esse risco por acreditar que vale a pena ldquoCada pes-soa tem uma diferente percepccedilatildeo de risco O que para alguns representa mais seguranccedila para outros pode significar a permissatildeo para correr mais riscos O sistema de freios do tipo ABS por exemplo traz mais se-guranccedila poreacutem algumas pessoas por se sentirem mais seguras com essa tecnologia acabam correndo maisrdquo explica Sinara

Outro aspecto psicoloacutegico en-volvido no tracircnsito diz respeito agrave conduta que autoriza as pessoas a te-rem determinado tipo de comporta-mento contrariando aquilo que elas mesmas acreditamldquoMuitos criticam quando os carros param em fila du-pla Poreacutem quando vatildeo levar o filho

na escola por exemplo agem assim e justificam tal atitude com explica-ccedilotildees como lsquoeacute bem rapidinhorsquo ou lsquofoi soacute dessa vezldquo

Esse tipo de comportamento re-flete a questatildeo do individualismo e da dificuldade das pessoas entende-rem que fazem parte de um todo e que estatildeo inseridas em um contex-to em que seus atos iratildeo atingir o proacuteximo ldquoTemos que trabalhar na sensibilizaccedilatildeo para que cada um compreenda que a sua atitude seu comportamento interfere direta-mente no tracircnsitordquo afirma a colabo-radora da Subsede Centro-Oeste do CRPRS integrante da Comissatildeo do Tracircnsito Aline Baumlumer

Para o evento em Santa Maria o grupo de colaboradores da Subsede Centro-Oeste produziu o viacutedeo ldquoAto-res no Tracircnsitordquo que mostra diferentes pontos de vista que fazem parte do tracircnsito revelando como nossa visatildeo muda dependendo da oacutetica em que a cena eacute vista

A Comissatildeo de Psicologia do Tracircn-sito e Mobilidade Humana do CRPRS estaacute engajada na proposta de desenvol-ver poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave educa-ccedilatildeo para o tracircnsito ldquoQueremos investir na continuidade de projetos e eventos como esse Seminaacuterio Acreditamos que alunos e professores engajados tornam--se multiplicadores de accedilotildees de educa-ccedilatildeo para o tracircnsitordquo afirma a presiden-te da Comissatildeo do CRPRS Elisangela Maria Almeida Santos

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer discutir mais sobre essa relaccedilatildeo entre Psicologia e Tracircnsito Participe da Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsito e Mobilidade Humana Acompanhe a agenda de reuniotildees pelo site httpcrprsorgbrcomissoesegts ou envie e-mail para comissoescrprsorgbr e informe seu interesse

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Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica em situaccedilotildees de periacutecia e de recursos administrativos

orientaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo psicoloacutegica eacute sem duacutevi-da a abordagem mais requisitada nas di-ferentes instacircncias do fazer do psicoacutelogo Ligada principalmente agrave necessidade de uma resposta ocupa um espaccedilo teacutecnico mas tambeacutem muitas vezes se constitui no imaginaacuterio como se pudesse responder a todas e quaisquer questotildees pautadas com base na anaacutelise do comportamento ou de condiccedilotildees emocionais do avaliando Essa condiccedilatildeo eacute produzida na medida em que atualmente a avaliaccedilatildeo psicoloacutegica tem sido cada vez mais usada na condiccedilatildeo de fundamentar periacutecia ou em situaccedilotildees judi-ciais assim como as que ocorrem em con-cursos puacuteblicos no proacuteprio processo ou em situaccedilotildees de recurso administrativo

As avaliaccedilotildees nessas situaccedilotildees seguem o regrado pela profissatildeo atraveacutes do Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo e das Re-soluccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia assim como devem buscar atender ao soli-citado Entretanto essa maacutexima natildeo quer dizer que o psicoacutelogo quando destacado (contratado) como perito deva conceber tal incumbecircncia como fator a definir o resulta-do da avaliaccedilatildeo O ato pericial eacute o de aplicar teacutecnicas e meacutetodos psicoloacutegicos objetivando um resultado decorrente de todo o processo que por meio de instrumentos eou de en-trevistas concluiraacute a avaliaccedilatildeo registrando ao candidato ou periciando as conclusotildees formuladas O psicoacutelogo natildeo advoga pela parte ou seja o resultado da avaliaccedilatildeo psi-coloacutegica poderaacute ser muito diferente do re-sultado almejado pelo candidato ou parte em processo judicial A avaliaccedilatildeo natildeo pode

ser tendenciosa adaptada ou alterada a fim de alcanccedilar o resultado pretendido pelo candidato natildeo eacute uma peccedila de defesa Eacute um procedimento teacutecnicocientiacutefico que con-clui a partir dos dados e teacutecnicas aplicadas objetivando responder ao solicitado dentro de determinados limites descrevendo o ob-servado e orientando o avaliando sobre os resultados obtidos

A conduta do psicoacutelogo em todo o pro-cedimento avaliativo deve estar pautada em princiacutepios de responsabilidade teacutecnica e profissional respaldados em procedimentos cientiacuteficos e validados O profissional deve ainda levar em consideraccedilatildeo aspectos como bem-estar dignidade e responsabilidade so-cial dos envolvidos na avaliaccedilatildeo uma vez que a mesma ocorre em um contexto soacutecio--cultural e de forma geral contempla um processo que envolve a sociedade como um todo especialmente em se tratando de con-cursos puacuteblicos e assessoramento judiciaacuterio

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Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea TeacutecnicaAdriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga FiscalLeticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Artigo ldquoAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica e Relaccedilotildees com o Judiciaacuteriordquo publicado na ediccedilatildeo nordm 64 do EntreLinhas disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas64

Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcodigoetica

Resoluccedilotildees do CFP disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrresolucoesCFP

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USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

CursosEspecializaccedilatildeo em Psicologia Cliacutenica Terapia Cognitivo ComportamentalChapecoacuteSC Informaccedilotildees (49) 99413800dilmaandrettaunoescedubr wwwunoescedubr

V Ciclo de Estudos em Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica18072014 (iniacutecio moacutedulo 5) 08082014 (iniacutecio moacutedulo 6)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33085453cicloestudosapgmailcom wwwufrgsbrgeapap

Mediaccedilatildeo de Conflitos Novo paradigma agrave construccedilatildeo da pazAteacute 09102014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32226134infoclipmedcombr wwwclipmedcombr Curso de PsicanaacuteliseAteacute 25102014 Passo FundoRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Grupos de EstudoOs contos de fadas como instrumento de conhecimento e desenvolvimento humanoCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500claudiaclinicatessaricombr wwwrecriarnetbr

Introduccedilatildeo agrave Psico-Oncologia com ecircnfase em Psicossomaacutetica e PsiconeuroimunologiaPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92627203 (51) 84041373dhmullerbolcombr danitnunesgmailcompsicossomatica-rsorgbr

Estudos Metapsicoloacutegicos de Freud1306 1807 1508 1909 1010 e 21112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

O que fazer quando recebemos uma crianccedila0407 0108 2908 3110 07112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Mitologia Grega IAteacute 21112014 (encontros mensais)Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500recriarrecriarnetbr

A obra de Wilfred BionAteacute 13122014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr Teoria e Teacutecnica das Paradas e Impasses do TratamentoEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33303845secretariasbpdepaorgbr

Observaccedilatildeo de BebecircsEncontros agraves segundas-feirasNovo Hamburgo RS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Indicadores de Intersubjetividade de 0 a 2 anosEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

O Estudo da Mente na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Conceitos Fundamentais sobre sexualidade na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

DW Winnicott sua pessoa e suas ideias psicanaliacuteticasEncontros agraves quartas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Andreacute GreenEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

Donald WinnicottEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwbionorgbr

Seacuterie Em TerapiaEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr Trabalhos de MetapsicologiaEncontro agraves sextas-feirasCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Freud Reinventando FreudEncontros aos saacutebadosCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

BionEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr D WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

FreudEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Iniciando com WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Introduccedilatildeo ao Aparelho PsiacutequicoEncontros mensaisPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 (51) 33842765contatobionorgbr wwwbionorgbr

Congressos Jornadas Simpoacutesios e Conferecircncias

IV Jornada do Programa da Mulher Depen-dente Quiacutemica02082014Satildeo PauloSP Informaccedilotildees (11) 26618011amandadiasipqhcorgbr omrochaipqhcorgbr wwwceiporgbr

Jornada Constructo 2014 - com Dr Jacques Andregrave15 e 16082014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Congresso SOCERGS 2014 Uniatildeo de conheci-mento e Intercacircmbio multidisciplinar21 a 23082014GramadoRS Informaccedilotildees (51) 33391415 wwwsocergsorgbrcongresso2014

IV Congresso Brasileiro de Psicologia - Ciecircn-cia e Profissatildeo19 a 23112014Satildeo PauloSPwwwcienciaeprofissaocombr

Conferecircncia e Treinamento com a Psicoacuteloga Americana FELICIA CARROLL26 a 29112014Caxias do Sul RS Informaccedilotildees claudiatessarigmailcom wwwrecriarnetbr

Exibiccedilatildeo de filme8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoMorte em Venezardquo02072014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoUacuteltimo Tango Em Parisrdquo13082014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoCanccedilatildeo de Amorrdquo10092014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoAta-merdquo08102014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoO Livro de Cabeceirardquo12112014 Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

OficinaOficina de Produccedilatildeo Psicanaliacutetica e LiteraacuteriaSegundas ou quartas-feiras (6 encontros)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwpaulofernandomonteiroferrazblogspotcom

Agecircncia Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

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16 entre linhas | abr-mai-jun 2014

entrevista

Em eacutepoca de Copa do Mundo o CRPRS propotildee um debate sobre as diferentes inserccedilotildees da Psicologia no Esporte A proposta eacute discutir lugares e funccedilotildees que os profissionais tecircm assumido e podem assumir neste campo considerando a complexidade das relaccedilotildees estabelecidas entre esportistas familiares instituiccedilotildees de ensino esportivas filantroacutepicas grandes empresas e demais atores sociais envolvidos nesse cenaacuterio O CRPRS convidou quatro profissionais da aacuterea para debater o tema e reproduz aqui no EntreLinhas trechos dessa conversa

Que contribuiccedilotildees a Psicologia do Es-porte traz em suas diferentes aacutereas de atuaccedilatildeo para a sociedade de uma forma geral Benno Becker Jr ndash O trabalho de esporte de alto rendimento eacute o que en-volve mais dinheiro lembrando que satildeo os atletas de alto niacutevel que estatildeo na vitrine e datildeo visibilidade ao espor-

te e consequentemente incentivam a praacutetica esportiva O esporte deve ser trabalhado com toda a sociedade de jovens a idosos como forma de pre-venccedilatildeo de problemas como ansiedade e depressatildeo Quando feito com ade-quaccedilatildeo acredito que o esporte seja o melhor remeacutedio para combater a de-pressatildeo por exemplo

Leia o artigo ldquoA Psicologia do Esporte e do Exerciacutecio para aleacutem da otimizaccedilatildeo da performance atleacuteticardquo produzido por Marcos Daou docente do curso de Psicologia da Unifra mestre em Psicologia graduado em Psicologia e Educaccedilatildeo Fiacutesica em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Acesse wwwcrprsorgbrentrelinhas66 e confira depoimentos gravados nesse encontro e versatildeo estendida da entrevista

Psicologia e Esporte

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Benno Becker Jr Graduado em Psicologia e em Educaccedilatildeo Fiacutesica mestre em Pedagogia pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul e doutor em Psicologia ndash Universidade de Barcelona Tem diversas publicaccedilotildees na aacuterea wwwbennopsicoesportecombr

Cassiano Pires Psicoacutelogo chefe do departamento de psicologia do projeto social WimBelemDon Tiacutetulo de Master em Psicologia do Esporte e atividade fiacutesica pela Universidade Autocircnoma de Barcelona

Maacutercia Pilla do VallePsicoacuteloga mestre em Psicologia Social e da Personalidade pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul psicoacuteloga membro da ABRAPESP psicoacuteloga esportiva do IGT ndash Instituto Gauacutecho de Tecircnis

Vanessa Rodrigues AlvesPsicoacuteloga especialista em Psicologia do Esporte e Exerciacutecio Fiacutesico e em Sociopsicodrama Eacute professora de Psicologia da Atividade Fiacutesica e do Esporte na Faculdade Sogipa de Educaccedilatildeo Fiacutesica

Cassiano Pires ndash Temos que traba-lhar a importacircncia do esporte no bem estar e na sauacutede da populaccedilatildeo em ge-ral Infelizmente ainda vemos muito crianccedilas ou jovens que por natildeo terem habilidade motricidade ou fiacutesico para atingir um alto niacutevel de rendimento acabarem abandonando a praacutetica por serem mal assessoradas O trabalho com atletas de alto rendimento eacute im-portante mas acredito que o fim do esporte natildeo pode ser soacute o esporte em si deve ser o crescimento e o bem es-tar da pessoa a criaccedilatildeo de habilidades sociais e competecircncias e o desenvolvi-mento da autoestima Diversos desa-fios podem ser vencidos por meio do esporte por isso temos que comeccedilar a tirar o esporte da aacuterea de Turismo e Lazer e comeccedilar a pensaacute-lo na aacuterea de Sauacutede Isso mudaria completamente sua importacircncia e seu sentido para a vida da pessoa Maacutercia Pilla do Valle ndash Haacute uma seacuterie de possibilidades de atuaccedilatildeo para o Psicoacutelogo do Esporte e o campo que atualmente estaacute aberto eacute o que envolve projetos sociais e questotildees ligadas agrave sauacutede e ao espor-te como atividade fiacutesica e natildeo neces-sariamente competitiva Vanessa Rodrigues Alves ndash A Psicologia do Esporte eacute muito abrangente mas ainda se trabalha em poucas aacutereas Poderiacuteamos traba-lhar em instituiccedilotildees como a Susepe a Fase com a educaccedilatildeo em lar de idosos por exemplo

Em que condiccedilotildees se datildeo essas praacute-ticas considerando que muitas ve-zes haacute a pressatildeo de clubes atletas empresaacuterios miacutedia e ateacute da proacutepria sociedade pelo alto rendimento do atleta Ao desenvolver sua praacutetica o psicoacutelogo do esporte estaacute a serviccedilo de quem Maacutercia Pilla do Valle ndash Quando trabalhamos com esporte de alto ren-dimento o limiar entre sauacutede e pato-loacutegico eacute bem tecircnue principalmente em modalidades precoces como a ginaacutes-tica artiacutestica ou a nataccedilatildeo por exem-plo em que tudo acontece muito cedo e a carreira eacute muito curta Temos que trabalhar para que esse processo no qual os atletas jaacute estatildeo inseridos seja o mais saudaacutevel possiacutevel melhorar a relaccedilatildeo da comunicaccedilatildeo do teacutecnico com o atleta e criar um ambiente mo-tivador Tambeacutem eacute preciso avaliar se essa eacute uma vontade do proacuteprio atleta ou se eacute um desejo dos pais que veem no esporte a possibilidade de ascender socialmente de alguma forma Pensan-do nesse contexto devemos estar a ser-viccedilo do atleta e de todas as pessoas que estatildeo envolvidas nesse processo Vanessa Rodrigues Alves ndash A gran-de diferenccedila de nosso trabalho eacute que precisamos ir ateacute as pessoas e saber trabalhar em equipe O profissional que atua nessa aacuterea tem que ter a dis-ponibilidade para querer aprender pois natildeo ficamos em uma salinha es-perando as pessoas temos que ir ao encontro delas

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Quais os principais desafios e dile-mas eacuteticos enfrentados pelo psicoacutelo-go do esporte Benno Becker Jr ndash O profissional que comeccedila a trabalhar com alto ren-dimento chega acreditando que iraacute de-terminar o seu tempo de trabalho com os atletas e natildeo eacute isso o que acontece O psicoacutelogo do esporte precisa aprovei-tar cada minuto cada intervalo do trei-no Esse eacute o grande desafio Uma boa estrateacutegia de inserccedilatildeo para o psicoacutelogo do esporte eacute ficar proacuteximo ao treina-dor e ao preparador fiacutesico buscando melhorar a comunicaccedilatildeo dele com o atleta estabelecendo uma relaccedilatildeo de transparecircncia Cassiano Pires ndash Temos que saber usar o nosso tempo no dia a dia do atleta Eu trabalho no Projeto WinBe-lemDon na cancha de boneacute do lado do atleta e realmente a gente sofre muito por natildeo ter um tempo exclusi-vo Eacute preciso ser criativo e aproveitar os espaccedilos conversando com o teacutecni-co e o instrumentalizando O psicoacutelo-go precisa estabelecer viacutenculo com a equipe e transmitir a ideia de que faz parte dela Vanessa Rodrigues Alves ndash Tenho que procurar fazer o melhor dentro das minhas possibilidades Vivi um di-lema eacutetico quando o treinador queria ver os resultados dos testes sociomeacute-tricos pedindo para que mostrasse o sociograma das relaccedilotildees e o grupo natildeo liberou isso Ele precisava ver de for-ma mais concreta como estava a rela-

ccedilatildeo com o grupo e eu natildeo podia liberar esse resultado Maacutercia Pilla do Valle ndash Em um clube onde trabalhava encaminhei a uma colega uma menina que vivia uma situaccedilatildeo familiar bem pontual e precisava de atendimento cliacutenico A psicoacuteloga me ligou questionando sobre a rotina de treino argumentan-do que a menina precisava de tempo para brincar e ter outras atividades Foi aiacute que me dei conta que para mim aquilo jaacute era normal vi como eu estava capturada pela cultura es-portiva pois aquilo jaacute natildeo me causa-va mais nenhum incocircmodo Poreacutem percebi que o que estava em questatildeo natildeo era a continuidade dela ou natildeo na ginaacutestica o que precisa ser visto era o lado emocional com relaccedilatildeo a um problema familiar pontual Pela minha identidade cliacutenica muito forte sempre digo que antes de ser psicoacute-loga do esporte eu sou psicoacuteloga e para tomar qualquer decisatildeo preciso estar muito bem comigo mesma e tra-balhar com o seguinte tripeacute conheci-mento teacutecnico (natildeo podemos nunca parar de estudar e de se aprimorar) a supervisatildeo ou a troca com os colegas e o tratamento pessoal

A proximidade de megaeventos no Brasil como a Copa do Mundo e Olimpiacuteadas estaacute ampliando o campo de atuaccedilatildeo da Psicologia do Esporte De que forma vocecircs profissionais da aacuterea estatildeo vendo esses eventos

entrevista

SAIBA MAISConheccedila o Projeto WimBelemDonwwwwimbelemdoncombr

Artigo ldquoA produccedilatildeo de Diferenccedilas pelo esporterdquo de Maacutercia Pilla do Valle httpbitlyproducao_de_diferencas

Artigo ldquoO Esporte de Alto Rendimento Produccedilatildeo de Atletas no Contemporacircneordquo de Maacutercia Pilla do Vallehttpbitlyesporte_alto_rendimento

Artigo ldquoPsicologia do Esporte no contexto do Sistema Conselhosrdquo de Mocircnica drsquoFaacutetima Freires da Silvahttpbitlyesporte_sistema_conselhos

Artigo ldquoEacutetica e Compromisso Social na Psicologia do Esporterdquo de Katia Rubiohttpbitlyetica_compromisso_social

Associaccedilatildeo Brasileira de Psicologia do Esporte ndash ABRAPESP wwwabrapesporgbr

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Considerando isso como a Psicologia do Esporte lida com a questatildeo da es-petacularizaccedilatildeo do esporte Benno Becker Jr ndash Acredito que a Copa do Mundo pode ser muito posi-tiva para a Psicologia do Esporte pois deixaraacute a sensaccedilatildeo de que algo ficou faltando de que a Psicologia poderia ter sido mais envolvida nessa organi-zaccedilatildeo Precisamos mostrar que os psi-coacutelogos do esporte estatildeo agrave disposiccedilatildeo natildeo soacute dos atletas mas da populaccedilatildeo em geral tambeacutem Maacutercia Pilla do Valle ndash Muitas vezes nossa participaccedilatildeo nessa espe-tacularizaccedilatildeo gerada pela miacutedia nos gera um dilema eacutetico Geralmente os jornalistas buscam respostas objetivas querem saber do psicoacutelogo se a equipe ou o atleta ldquoamarelourdquo de fato e natildeo haacute como responder isso Isso acaba abrin-do espaccedilo para a opiniatildeo e manifesta-ccedilatildeo sobre o desempenho das equipes de outros profissionais que assumem o papel de motivadores e criacuteticos Cassiano Pires ndash Eacute importante sa-ber aproveitar o espaccedilo na miacutedia para mostrar a importacircncia do esporte Sabe-mos que poucas coisas ficam de heran-ccedila desses grandes eventos Entatildeo que possamos contribuir para o iniacutecio de uma cultura do esporte mais humani-zada Mostrar que tem muito psicoacutelogo trabalhando e se qualificando e orientar a imprensa sobre esse trabalho Esses grandes eventos demandam uma aten-ccedilatildeo de todas as aacutereas do esporte para que num futuro a sociedade consiga

ver o esporte como algo menos ldquofurio-sordquo com briga disputa morte e mais como uma atividade de lazer Com re-laccedilatildeo aos problemas sociais que surgem devido a esses eventos devemos estar atentos para dar o suporte que as pesso-as envolvidas nisso precisam Para isso as equipes locais que estatildeo organizando a Copa do Mundo por exemplo deve-riam contar com psicoacutelogos Vocecirc acredita que o Esporte pode ser-vir como um meio de garantia dos di-reitos humanos Maacutercia Pilla do Valle ndash Eacute importan-te natildeo pensar o esporte somente como uma atividade de alto rendimento O psicoacutelogo natildeo pode colocar sua praacutetica apenas a serviccedilo do rendimento Te-mos o papel de minimizar sofrimento Busco em minha inserccedilatildeo dentro dos clubes como psicoacuteloga mudar isso e contribuir para tornar o ambiente mais agradaacutevel proporcionando melhores condiccedilotildees da praacutetica esportiva Cassiano Pires ndash Temos que pensar no esporte como algo importante para a inclusatildeo Quando estatildeo praticando esporte as diferenccedilas natildeo existem to-dos satildeo iguais Crianccedilas que fora desse contexto vivem realidades bem dife-rentes (um mora numa casa de muitos andares o outro em uma casa de chatildeo batido por exemplo) quando estatildeo em quadra jogam de igual para igual O esporte nesse sentido eacute muito iguala-dor tem uma questatildeo de inclusatildeo nata que eacute muito legal e temos que saber aproveitar isso

TIacuteTULO DE ESPECIALISTAO tiacutetulo de especialista do CFP eacute concedido por conclusatildeo de curso de especializaccedilatildeo credenciado pelo CFP ou aprovaccedilatildeo em concurso de provas e tiacutetulos promovido periodicamente pelo CFP comprovando experiecircncia profissional de pelo menos 2 anos na aacuterea pretendidawwwcfporgbr

PARTICIPE DAS DISCUSSOtildeES NO CRPRSQuer propor a discussatildeo desse tema Participe das reuniotildees das Comissotildees de Poliacuteticas Puacuteblicas e Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica

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formaccedilatildeo

10 anos do curriacuteculo amplo o que de fato mudou na formaccedilatildeo do psicoacutelogo

Haacute 10 anos tinha iniacutecio um signi-ficativo processo de mudanccedilas na for-maccedilatildeo do psicoacutelogo com as alteraccedilotildees propostas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) de 2004 Sem distin-ccedilatildeo de habilitaccedilotildees diferentes a forma-ccedilatildeo do psicoacutelogo passou a ser ampla incluindo um nuacutecleo comum estaacutegios baacutesicos estaacutegios especiacuteficos ecircnfases curriculares articulaccedilatildeo de competecircn-cias baacutesicas e dos eixos estruturantes e refinamento das propostas de estaacutegios especiacuteficos Em 2011 a nova DCN man-teve as alteraccedilotildees de 2004 instituindo aleacutem dessas um projeto de formaccedilatildeo complementar para o professor de Psi-cologia em seu 13ordm artigo

Para a Associaccedilatildeo Brasileira de Ensino de Psicologia (ABEP) as ecircnfa-ses curriculares ndash que consistem em um recorte de um conjunto de fazeres (competecircncias) jaacute presentes no nuacutecleo comum concentradas em determina-do conjunto de atividades ndash podem ser consideradas uma forma de atender agrave formaccedilatildeo generalista sem cair no risco da superficialidade Cada curso tem a possibilidade de definir seus encadea-mentos prioritaacuterios independentemen-te das abordagens utilizadas

O CRPRS vem debatendo na Co-missatildeo de Formaccedilatildeo os desafios impli-cados em trabalhar a formaccedilatildeo ampla e ao mesmo tempo respeitar a exigecircncias

das ecircnfases curriculares que culminam na realizaccedilatildeo dos estaacutegios especiacuteficos

A coordenadora da Comissatildeo de Gra-duaccedilatildeo da Psicologia da UFRGS Paula Sandrine Machado lembra que o proces-so de adequaccedilatildeo e renovaccedilatildeo dos proje-tos pedagoacutegicos produziu em muitos cursos certos movimentos interessantes de avaliaccedilatildeo e de discussatildeo sobre o pro-fissional que se quer formar o contexto da Psicologia as competecircncias gerais que a formaccedilatildeo busca contemplar e as espe-cificidades de cada curso A abrangecircncia das diretrizes poreacutem aponta tanto para um profissional capaz de ldquofazer tudordquo quanto para um profissional que precisa saber algumas coisas baacutesicas para poder atuar em diferentes contextos

Para as coordenadoras de curso e de estaacutegio da Unisinos Rosana Cecchini de Castro e Maria Elisabeth Selbach o nuacute-cleo comum as competecircncias baacutesicas e os eixos estruturantes preconizados pe-las DCN tecircm possibilitado uma visatildeo abrangente e plural das muacuteltiplas pers-pectivas e possibilidades de intervenccedilatildeo para o futuro profissional da Psicologia ldquoAs ecircnfases podem ter foco no mercado de trabalho mas natildeo podem se desvin-cular da formaccedilatildeo como um todo sob pena de se tornarem especialidadesrdquo salientam as coordenadoras

Com o objetivo de evitar a especiali-zaccedilatildeo na formaccedilatildeo muitas instituiccedilotildees

Leia os depoimentos dos coordenadores dos cursos de Psicologia na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Resoluccedilatildeo nordm 05 de 15 de marccedilo de 2011 disponiacutevel em httpbitlyDCN2011

ABEPSIwwwabepsiorgbr

SAIBA MAIS Veja o histoacuterico das DCNs em httpbitlyABEP_DCNs

Publicaccedilatildeo do CFP ldquoContribuiccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia agrave discussatildeo sobre a formaccedilatildeo da(o) psicoacuteloga(o)rdquo httpbitlyCFP_Formacao

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de ensino trabalham com a proposta de ecircnfase como aprofundamento de estudo daquilo que jaacute foi contemplado na forma-ccedilatildeo geral do curriacuteculo

Na Univates por exemplo primei-ramente as ecircnfases ocorriam a partir do seacutetimo semestre o que prejudicava a formaccedilatildeo generalista uma vez que os estudos e disciplinas direcionavam para conteuacutedos muito especiacuteficos ldquoAl-teramos para as ecircnfases no uacuteltimo ano do curso Essa mudanccedila trouxe maior conhecimento aos estudantes da proacute-pria atuaccedilatildeo nos mais variados espa-ccedilosrdquo explica a coordenadora do curso de Psicologia da Univates Ana Lucia Bender Pereira

A preocupaccedilatildeo em preparar e for-mar o estudante para o mercado de trabalho eacute apontada pela coordenado-ra da Fisma Baacuterbara Maria Barbosa Silva Segundo ela a formaccedilatildeo pelas universidades natildeo estaacute em concordacircn-cia com a atuaccedilatildeo profissional ldquoIsso se

expressa quando na inserccedilatildeo dos alu-nos nos campos de praacuteticas e estaacutegios visualizamos a negaccedilatildeo ou negligecircncia de muitos campos de atuaccedilatildeo do Psi-coacutelogo para a formaccedilatildeo de alunosrdquo de-clara Baacuterbara Uma estrateacutegia adotada para dar conta dessa demanda eacute criar dentro da proacutepria instituiccedilatildeo de ensi-no espaccedilos destinados a execuccedilatildeo das praacuteticas e estaacutegios

Para o subcoordenador do curso da UNISC Jerto Cardoso da Silva as DCN devem ser pensadas democrati-camente e natildeo de forma autocraacutetica ldquoAs diretrizes devem ser propostas a partir das inquietaccedilotildees dos cursos e construiacutedas com elesrdquo Para ele os cur-sos devem estar atentos ao mercado de trabalho mas natildeo devem ser apenas pautados por ele pois trabalham na formaccedilatildeo de profissionais criacuteticos ou seja que podem ingressar no mercado mas tambeacutem transformaacute-lo e propor novas aacutereas de atuaccedilatildeo

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer ampliar a discussatildeo do tema Participe das reuniotildees ampliadas da Comissatildeo de Formaccedilatildeo Acompanhe a agenda pelo site wwwcrprsorgbrcomissoesegts

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artigo

A formaccedilatildeo em psicologia e a psicologia em formaccedilatildeo

Em pesquisa realizada na deacutecada de 80 sobre a formaccedilatildeo de psicoacutelogos com estudantes do curso de graduaccedilatildeo da Uni-versidade Federal Fluminense (UFF) Luis Antonio Baptista percebeu que ela se de-senvolvia em paralelo ao que se passava agrave sua volta Era uma formaccedilatildeo que pouco incluiacutea as questotildees entatildeo contemporacircneas da sociedade brasileira e tampouco sua histoacuteria (BAPTISTA 2000)

Jaacute nos anos 2000 em nossa experiecircn-cia de formaccedilatildeo no curso de graduaccedilatildeo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) o ldquomundo laacute forardquo parecia fazer-se bastante presente na universidade E era um mundo que se dizia em transformaccedilatildeo

Como natildeo poderia ser diferente em um mundo muacuteltiplo e em uma profissatildeo que vem se autodenominando plural o proje-to de psicologia almejado para a formaccedilatildeo contemporacircnea de psicoacutelogos natildeo era uno De um lado havia o projeto de se alcanccedilar uma psicologia verdadeiramente cientiacutefica e rigorosa contra aquelas praacuteticas profis-sionais calcadas no senso comum De ou-tro a esperanccedila de se alcanccedilar uma psico-logia eacutetica e com compromisso social que passaria justamente pela superaccedilatildeo da psicologia cientificista pois que compro-metida com o modelo neoliberal de socie-dade De um lado a defesa de um modelo de formaccedilatildeo por competecircncias De outro sua criacutetica De um lado modos ditos claacutes-sicos de conhecer De outro aqueles tidos como completamente inovadores

Luiz Claudio Mendonccedila Figueiredo relaciona o ldquoestado um tanto caoacutetico e ine-vitavelmente desarticulado de qualquer curriacuteculo de formaccedilatildeo em psicologiardquo (FI-

GUEIREDO 2009 p17) agraves condiccedilotildees histoacute-ricas desse campo cientiacutefico e profissional indicando o estudo da histoacuteria da psicologia como forma de compreender e transformar essa realidade Gostariacuteamos de apontar tam-beacutem um sentido inverso o estudo desses processos de formaccedilatildeo caoacuteticos e desarticu-lados para compreender a psicologia que te-mos e que vimos produzindo historicamen-te A formaccedilatildeo em psicologia expressando ela mesma uma psicologia em formaccedilatildeo

Essa inversatildeo constituiu nossa pesqui-sa de mestrado (ARALDI 2012) a qual tomando como ponto de partida os impas-ses dilemas e controveacutersias que permeiam as experiecircncias de psicoacutelogos em forma-ccedilatildeo encontrou algumas vias possiacuteveis de se colocar e se recolocar o problema do conhecer e do conhecimento psi Partimos de um dispositivo metodoloacutegico que ins-tigava os estudantes participantes todos da graduaccedilatildeo em psicologia da UFRGS a descreverem e analisarem coletivamente o que faziam nas diferentes praacuteticas de for-maccedilatildeo fossem elas curriculares (de estu-dos leitura pesquisa extensatildeo estaacutegio) ou informais (conversas de corredores ex-periecircncias no Diretoacuterio Acadecircmico etc)

As distinccedilotildees dos estudantes entraram em diaacutelogo com autores do campo dos estu-dos da cogniccedilatildeo e do conhecimento (Kastrup Varela Maturana Latour) que tecircm questio-nado uma forma bastante corrente ao menos nas sociedades ocidentais de se conceber o conhecer e o conhecimento enquanto repre-sentaccedilatildeo efetivada por uma mente indivi-dual de um mundo preacute-existente agrave accedilatildeo do conhecedor O que isso significa Fundamen-talmente implica separar e situar como es-

Etiane AraldiPsicoacuteloga (UFRGS) Mestre em Psicologia Social e Institucional (UFRGS) Analista de Poliacuteticas Sociais na Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo do SUS (PNH) Ministeacuterio da Sauacutede

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secircncias de um lado um sujeito que conhece e de outro um mundo que se daacute a conhecer

As experiecircncias de formaccedilatildeo dos estu-dantes pesquisados sugerem que tal concep-ccedilatildeo de conhecimento tem marcado sobre-maneira o campo psi a comeccedilar pelo modo como os psicoacutelogos se relacionam com o tema das diferentes psicologias as escolas e escolhas teoacutericas Dada a ambiguidade do objeto e da teacutecnica do psicoacutelogo somada agrave divisatildeo do campo entre diferentes psicolo-gias cada qual com concepccedilotildees epistemo-loacutegicas e metodoloacutegicas especiacuteficas acostu-mou-se a aceitar que a teoria eacute a praacutetica do psicoacutelogo sendo os conceitos ferramentas de trabalho e a escolha teoacuterica um passo neces-saacuterio para que o profissional se constitua enquanto tal e para que suas intervenccedilotildees sejam legitimamente designadas psi

Na esteira dessa ideia supotildee-se que as praacuteticas de um psicoacutelogo psicanalista por exemplo possam ser deduzidas diretamen-te da teoria psicanaliacutetica sendo o trabalho do psicoacutelogo em determinada contingecircncia comumente descrito segundo as teorias que supostamente lhe dariam sustentaccedilatildeo

Em nossa pesquisa observamos que tal loacutegica produz a teoria e a praacutetica como domiacutenios de accedilatildeo muito diferentes nessa profissatildeo sendo o trabalho psi dado o seu forte componente relacional entendido em uma dimensatildeo incorporada um co-nhecimento de ldquoorganismordquo que ldquose sen-te na carnerdquo (conforme verbalizaccedilotildees dos estudantes) em contraposiccedilatildeo com o fazer acadecircmico tomado como essencialmente analiacutetico reflexivo ldquoruminanterdquo parecen-do inclusive que o estaacutegio natildeo compunha o curriacuteculo tamanho o confronto entre um mundo e outro O curioso eacute que em-bora sendo situado no discurso como um conhecimento desprovido de corpo as competecircncias acadecircmicas eram transpos-tas em um sentido incorporado ao fazer

dos estaacutegios produzindo nos estudantes atitudes analiacuteticas distanciadas num sen-tido de espectador nas intervenccedilotildees pro-fissionais Inclusive o uso de metaacuteforas relacionadas agraves tecnologias de produccedilatildeo e apreensatildeo de teorias fizeram-se bastante presentes na explicaccedilatildeo do que faz o psi-coacutelogo fazer leituras da realidade era me-taacutefora recorrente na descriccedilatildeo de boa parte das accedilotildees dos estudantes nos estaacutegios

O tema da identificaccedilatildeo foi citado di-versas vezes como criteacuterio para a escolha teoacuterica expressando a busca por uma re-laccedilatildeo de identidade igualdade entre seu suposto ser e a concepccedilatildeo de ser (de sujei-to) supostamente contida nas teorias Mas seriam nossos ldquoeusrdquo e os ldquoeusrdquo (as con-cepccedilotildees de sujeito) das teorias assim tatildeo coerentes Tanto no campo da cogniccedilatildeo quanto no da epistemologia tal suposiccedilatildeo de coerecircncia tem sido questionada

De qualquer modo a ideia de que o ser antecede o fazer parece motivar na psicolo-gia a adoccedilatildeo de uma concepccedilatildeo de sujeito uma visatildeo de homem como necessidade a priori para a atuaccedilatildeo profissional Entretan-to o que observamos entre os estudantes e a instituiccedilatildeo universitaacuteria foi um traba-lho ativo e cotidiano de separaccedilatildeopuri-ficaccedilatildeo dessas concepccedilotildees De modo que nos perguntamos a relaccedilatildeo identitaacuteria do psicoacutelogo com as teorias que compotildeem o campo psi seria decorrente de pressupostos e eacuteticas transcendentes preconizados pela epistemologia ou seria um processo que se ampara mais nas praacuteticas cotidianas de formaccedilatildeo de psicoacutelogos Nossa aposta ao perguntar agrave formaccedilatildeo em psicologia sobre o que ali se faz evidenciou um plano con-creto de produccedilatildeo da psicologia no presen-te que extrapola em muito o leque das te-orias psicoloacutegicas vigentes mas que ainda assim pode ser afirmado como legiacutetimo co-nhecer e fazer psi na contemporaneidade

REFEREcircNCIAS

ARALDI Etiane Das escolas e escolhas teoacutericas agraves poliacuteticas cognitivas legitimando a experiecircncia e a contingecircncia na colocaccedilatildeo do problema do conhecer e do conhecimento psi Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Psicologia Social e Institucional Instituto de Psicologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS Porto Alegre 2012

BAPTISTA Luis Antonio A faacutebrica de interiores a Formaccedilatildeo Psi em Questatildeo Niteroacutei Eduff 2000

FIGUEIREDO Luiz Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos Petroacutepolis Vozes 2009

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Projeto Poliacuteticas Puacuteblicas na Formaccedilatildeo promove aproximaccedilatildeo do CRPRS com o meio acadecircmico

De acordo com pesquisas feitas pelo Centro de Referecircncia Teacutecnica em Psicologia e Poliacuteti-cas Puacuteblicas ndash CREPOPRS a formaccedilatildeo em Psicologia eacute apon-tada como uma das grandes fra-gilidades ainda impostas para atuaccedilatildeo dos psicoacutelogos nas poliacute-ticas puacuteblicas Paradoxalmente o campo das poliacuteticas puacuteblicas atrai um nuacutemero maior de pro-fissionais a cada ano que mui-tas vezes chegam ao mercado desconhecendo marcos legais e marcos loacutegicos que datildeo funda-mento agraves praacuteticas nessa aacuterea

Buscando minimizar esse problema o CREPOP vem de-senvolvendo desde 2013 o Pro-jeto Poliacuteticas Puacuteblicas na For-maccedilatildeo proposta que procura qualificar a formaccedilatildeo para atu-accedilatildeo em diferentes campos das poliacuteticas puacuteblicas por meio da aproximaccedilatildeo entre Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul e estudantes de faculdades de Psicologia do estado A ideia de desenvolver esse trabalho surgiu em 2009 por iniciativa do estagiaacuterio da eacutepoca Edson Murliki

O projeto favorece espaccedilos de debate reflexatildeo e constru-

ccedilatildeo de um pensamento criacutetico junto aos cursos de gradua-ccedilatildeo objetivando a construccedilatildeo de referecircncias teacutecnicas para a formaccedilatildeo em Psicologia e Po-liacuteticas Puacuteblicas ldquoBuscamos fortalecer o diaacutelogo entre o CRPRS e o meio acadecircmico dimensionar a percepccedilatildeo dos estudantes sobre seus conhe-cimentos acerca das poliacuteticas puacuteblicas e incentivar a refle-xatildeo avaliativa sobre a forma-ccedilatildeo profissional do psicoacutelogo para atuar na aacutereardquo declara a ex-assessora teacutecnica do CRE-POP Carolina dos Reis

Para alcanccedilar isso o pro-jeto segue algumas etapas que incluem apresentaccedilatildeo aos coordenadores dos cursos e realizaccedilatildeo de encontros com os estudantes na sede sub-sedes do CRPRS ou nas proacute-prias instituiccedilotildees de ensino ldquoOs registros desses encontros subsidiam a produccedilatildeo de um relatoacuterio que reuacutene as princi-pais questotildees apontadas pelos alunos gerando dessa forma orientaccedilotildees para construccedilatildeo de um instrumento informa-tivo que sistematize os pontos de reflexatildeordquo explica Carolina

crepop

Projeto Formaccedilatildeo na sua faculdade Faculdades de Psicologia que tenham interesse em participar do Projeto de Formaccedilatildeo devem entrar em contato com o CREPOPRS pelo fone (51) 33346799 ou pelo e-mail crepopcrprsorgbr

Os resultados parciais in-dicam a necessidade de maior aprofundamento teoacuterico no assunto bem como reconheci-mento do caraacuteter transversal da temaacutetica dentro da formaccedilatildeo Os alunos tambeacutem demandam ampliaccedilatildeo de espaccedilos de inser-ccedilatildeo que propiciem maior conta-to com a praacutetica dos psicoacutelogos nas poliacuteticas puacuteblicas Indicam ainda a necessidade de uma reformulaccedilatildeo metodoloacutegica no curso do projeto visando a am-pliar o caraacuteter de intervenccedilatildeo do mesmo Seraacute incluiacuteda uma etapa de pactuaccedilotildees entre os diversos atores envolvidos nas instituiccedilotildees participantes de modo a produzir espaccedilos para a construccedilatildeo de soluccedilotildees con-cretas aos desafios emergidos nas rodas de conversas

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tracircnsito

A Psicologia na educaccedilatildeo para o tracircnsito

A Psicologia exerce uma impor-tante funccedilatildeo no tracircnsito ao estudar a mobilidade humana a partir da anaacutelise de diferentes dimensotildees processos e fenocircmenos envolvidos nesse contexto Pensando nisso a Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsi-to e Mobilidade Humana do CRPRS contribuiu na organizaccedilatildeo do 1ordm Se-minaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito realizado pela Prefeitura de Santa Maria em abril O evento voltado a professores da rede puacuteblica de ensi-no do municiacutepio teve como objetivo despertar a conscientizaccedilatildeo de que a educaccedilatildeo pode mudar o comporta-mento das pessoas no tracircnsito

O CRPRS acredita que a Psicolo-gia pode contribuir nesse processo envolvendo os professores e toda a sociedade para que o tema seja tra-balhado de forma ampla Para a Co-missatildeo do CRPRS os professores pre-cisam entender essa transversalidade

para que haja uma real mudanccedila de comportamento da sociedade

O tracircnsito deve ser pensado de maneira ampla considerando todos os envolvidos ldquoQuando falamos em tracircnsito natildeo devemos pensar apenas no fluxo de automoacuteveis mas consi-derar principalmente que o tracircnsi-to eacute composto por todos noacutes Deve-mos pensar no aspecto da mobilidade humana pensar na livre circulaccedilatildeo e no deslocamento com seguranccedila assim como nas relaccedilotildees sociais que se constituem nesse espaccedilo Ao se deslocar pelas ruas com automoacuteveis particulares bens privados as pes-soas muitas vezes natildeo se datildeo conta de que estatildeo circulando em um espa-ccedilo puacuteblico com regras estabelecidas pelo governo e pela proacutepria socieda-de Competem entre si de modo pri-vado por um espaccedilo que eacute puacuteblico e de todosrdquo declara o coordenador da aacuterea teacutecnica do CRPRS assessor da

SAIBA MAISAssista aos viacutedeos do 1ordm Seminaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Artigo ldquoTracircnsito e Sociedaderdquo de Sinara Tres Soares e Lucio Fernando Garcia disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Publicaccedilatildeo do CRPRS ldquoTracircnsito e Mobilidade Humana - Psicologia Educaccedilatildeo e Cidadaniardquo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrlivrotransito

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tracircnsito

Comissatildeo de Tracircnsito Lucio Fernan-do Garcia

Para ele a Psicologia exerce um im-portante papel ao contribuir na refle-xatildeo que abrange conceitos de cidada-nia e suas implicaccedilotildees considerando o tracircnsito como um processo humano e que envolve condiccedilotildees subjetivas ldquoSer cidadatildeo eacute uma escolha que traz impli-caccedilotildees e reflexotildees sobre responsabili-dades obrigaccedilotildees e direitosrdquo

Diversos aspectos psicoloacutegicos interferem na forma como as pesso-as lidam com o tracircnsito A psicoacuteloga Sinara Tres Soares da Escola Puacuteblica de Tracircnsito do DETRAN-RS ressalta que mesmo tendo ciecircncia dos riscos aos quais estatildeo expostas muitas pes-soas optam em correr esse risco por acreditar que vale a pena ldquoCada pes-soa tem uma diferente percepccedilatildeo de risco O que para alguns representa mais seguranccedila para outros pode significar a permissatildeo para correr mais riscos O sistema de freios do tipo ABS por exemplo traz mais se-guranccedila poreacutem algumas pessoas por se sentirem mais seguras com essa tecnologia acabam correndo maisrdquo explica Sinara

Outro aspecto psicoloacutegico en-volvido no tracircnsito diz respeito agrave conduta que autoriza as pessoas a te-rem determinado tipo de comporta-mento contrariando aquilo que elas mesmas acreditamldquoMuitos criticam quando os carros param em fila du-pla Poreacutem quando vatildeo levar o filho

na escola por exemplo agem assim e justificam tal atitude com explica-ccedilotildees como lsquoeacute bem rapidinhorsquo ou lsquofoi soacute dessa vezldquo

Esse tipo de comportamento re-flete a questatildeo do individualismo e da dificuldade das pessoas entende-rem que fazem parte de um todo e que estatildeo inseridas em um contex-to em que seus atos iratildeo atingir o proacuteximo ldquoTemos que trabalhar na sensibilizaccedilatildeo para que cada um compreenda que a sua atitude seu comportamento interfere direta-mente no tracircnsitordquo afirma a colabo-radora da Subsede Centro-Oeste do CRPRS integrante da Comissatildeo do Tracircnsito Aline Baumlumer

Para o evento em Santa Maria o grupo de colaboradores da Subsede Centro-Oeste produziu o viacutedeo ldquoAto-res no Tracircnsitordquo que mostra diferentes pontos de vista que fazem parte do tracircnsito revelando como nossa visatildeo muda dependendo da oacutetica em que a cena eacute vista

A Comissatildeo de Psicologia do Tracircn-sito e Mobilidade Humana do CRPRS estaacute engajada na proposta de desenvol-ver poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave educa-ccedilatildeo para o tracircnsito ldquoQueremos investir na continuidade de projetos e eventos como esse Seminaacuterio Acreditamos que alunos e professores engajados tornam--se multiplicadores de accedilotildees de educa-ccedilatildeo para o tracircnsitordquo afirma a presiden-te da Comissatildeo do CRPRS Elisangela Maria Almeida Santos

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer discutir mais sobre essa relaccedilatildeo entre Psicologia e Tracircnsito Participe da Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsito e Mobilidade Humana Acompanhe a agenda de reuniotildees pelo site httpcrprsorgbrcomissoesegts ou envie e-mail para comissoescrprsorgbr e informe seu interesse

entre linhas | abr-mai-jun 2014 27

Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica em situaccedilotildees de periacutecia e de recursos administrativos

orientaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo psicoloacutegica eacute sem duacutevi-da a abordagem mais requisitada nas di-ferentes instacircncias do fazer do psicoacutelogo Ligada principalmente agrave necessidade de uma resposta ocupa um espaccedilo teacutecnico mas tambeacutem muitas vezes se constitui no imaginaacuterio como se pudesse responder a todas e quaisquer questotildees pautadas com base na anaacutelise do comportamento ou de condiccedilotildees emocionais do avaliando Essa condiccedilatildeo eacute produzida na medida em que atualmente a avaliaccedilatildeo psicoloacutegica tem sido cada vez mais usada na condiccedilatildeo de fundamentar periacutecia ou em situaccedilotildees judi-ciais assim como as que ocorrem em con-cursos puacuteblicos no proacuteprio processo ou em situaccedilotildees de recurso administrativo

As avaliaccedilotildees nessas situaccedilotildees seguem o regrado pela profissatildeo atraveacutes do Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo e das Re-soluccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia assim como devem buscar atender ao soli-citado Entretanto essa maacutexima natildeo quer dizer que o psicoacutelogo quando destacado (contratado) como perito deva conceber tal incumbecircncia como fator a definir o resulta-do da avaliaccedilatildeo O ato pericial eacute o de aplicar teacutecnicas e meacutetodos psicoloacutegicos objetivando um resultado decorrente de todo o processo que por meio de instrumentos eou de en-trevistas concluiraacute a avaliaccedilatildeo registrando ao candidato ou periciando as conclusotildees formuladas O psicoacutelogo natildeo advoga pela parte ou seja o resultado da avaliaccedilatildeo psi-coloacutegica poderaacute ser muito diferente do re-sultado almejado pelo candidato ou parte em processo judicial A avaliaccedilatildeo natildeo pode

ser tendenciosa adaptada ou alterada a fim de alcanccedilar o resultado pretendido pelo candidato natildeo eacute uma peccedila de defesa Eacute um procedimento teacutecnicocientiacutefico que con-clui a partir dos dados e teacutecnicas aplicadas objetivando responder ao solicitado dentro de determinados limites descrevendo o ob-servado e orientando o avaliando sobre os resultados obtidos

A conduta do psicoacutelogo em todo o pro-cedimento avaliativo deve estar pautada em princiacutepios de responsabilidade teacutecnica e profissional respaldados em procedimentos cientiacuteficos e validados O profissional deve ainda levar em consideraccedilatildeo aspectos como bem-estar dignidade e responsabilidade so-cial dos envolvidos na avaliaccedilatildeo uma vez que a mesma ocorre em um contexto soacutecio--cultural e de forma geral contempla um processo que envolve a sociedade como um todo especialmente em se tratando de con-cursos puacuteblicos e assessoramento judiciaacuterio

Reco

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Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea TeacutecnicaAdriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga FiscalLeticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Artigo ldquoAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica e Relaccedilotildees com o Judiciaacuteriordquo publicado na ediccedilatildeo nordm 64 do EntreLinhas disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas64

Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcodigoetica

Resoluccedilotildees do CFP disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrresolucoesCFP

28 entre linhas | abr-mai-jun 2014

USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

CursosEspecializaccedilatildeo em Psicologia Cliacutenica Terapia Cognitivo ComportamentalChapecoacuteSC Informaccedilotildees (49) 99413800dilmaandrettaunoescedubr wwwunoescedubr

V Ciclo de Estudos em Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica18072014 (iniacutecio moacutedulo 5) 08082014 (iniacutecio moacutedulo 6)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33085453cicloestudosapgmailcom wwwufrgsbrgeapap

Mediaccedilatildeo de Conflitos Novo paradigma agrave construccedilatildeo da pazAteacute 09102014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32226134infoclipmedcombr wwwclipmedcombr Curso de PsicanaacuteliseAteacute 25102014 Passo FundoRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Grupos de EstudoOs contos de fadas como instrumento de conhecimento e desenvolvimento humanoCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500claudiaclinicatessaricombr wwwrecriarnetbr

Introduccedilatildeo agrave Psico-Oncologia com ecircnfase em Psicossomaacutetica e PsiconeuroimunologiaPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92627203 (51) 84041373dhmullerbolcombr danitnunesgmailcompsicossomatica-rsorgbr

Estudos Metapsicoloacutegicos de Freud1306 1807 1508 1909 1010 e 21112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

O que fazer quando recebemos uma crianccedila0407 0108 2908 3110 07112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Mitologia Grega IAteacute 21112014 (encontros mensais)Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500recriarrecriarnetbr

A obra de Wilfred BionAteacute 13122014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr Teoria e Teacutecnica das Paradas e Impasses do TratamentoEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33303845secretariasbpdepaorgbr

Observaccedilatildeo de BebecircsEncontros agraves segundas-feirasNovo Hamburgo RS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Indicadores de Intersubjetividade de 0 a 2 anosEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

O Estudo da Mente na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Conceitos Fundamentais sobre sexualidade na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

DW Winnicott sua pessoa e suas ideias psicanaliacuteticasEncontros agraves quartas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Andreacute GreenEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

Donald WinnicottEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwbionorgbr

Seacuterie Em TerapiaEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr Trabalhos de MetapsicologiaEncontro agraves sextas-feirasCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Freud Reinventando FreudEncontros aos saacutebadosCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

BionEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr D WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

FreudEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Iniciando com WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Introduccedilatildeo ao Aparelho PsiacutequicoEncontros mensaisPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 (51) 33842765contatobionorgbr wwwbionorgbr

Congressos Jornadas Simpoacutesios e Conferecircncias

IV Jornada do Programa da Mulher Depen-dente Quiacutemica02082014Satildeo PauloSP Informaccedilotildees (11) 26618011amandadiasipqhcorgbr omrochaipqhcorgbr wwwceiporgbr

Jornada Constructo 2014 - com Dr Jacques Andregrave15 e 16082014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Congresso SOCERGS 2014 Uniatildeo de conheci-mento e Intercacircmbio multidisciplinar21 a 23082014GramadoRS Informaccedilotildees (51) 33391415 wwwsocergsorgbrcongresso2014

IV Congresso Brasileiro de Psicologia - Ciecircn-cia e Profissatildeo19 a 23112014Satildeo PauloSPwwwcienciaeprofissaocombr

Conferecircncia e Treinamento com a Psicoacuteloga Americana FELICIA CARROLL26 a 29112014Caxias do Sul RS Informaccedilotildees claudiatessarigmailcom wwwrecriarnetbr

Exibiccedilatildeo de filme8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoMorte em Venezardquo02072014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoUacuteltimo Tango Em Parisrdquo13082014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoCanccedilatildeo de Amorrdquo10092014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoAta-merdquo08102014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoO Livro de Cabeceirardquo12112014 Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

OficinaOficina de Produccedilatildeo Psicanaliacutetica e LiteraacuteriaSegundas ou quartas-feiras (6 encontros)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwpaulofernandomonteiroferrazblogspotcom

Agecircncia Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

Page 17: EntreLinhas nº 66

entre linhas | abr-mai-jun 2014 17

Benno Becker Jr Graduado em Psicologia e em Educaccedilatildeo Fiacutesica mestre em Pedagogia pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul e doutor em Psicologia ndash Universidade de Barcelona Tem diversas publicaccedilotildees na aacuterea wwwbennopsicoesportecombr

Cassiano Pires Psicoacutelogo chefe do departamento de psicologia do projeto social WimBelemDon Tiacutetulo de Master em Psicologia do Esporte e atividade fiacutesica pela Universidade Autocircnoma de Barcelona

Maacutercia Pilla do VallePsicoacuteloga mestre em Psicologia Social e da Personalidade pela Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul psicoacuteloga membro da ABRAPESP psicoacuteloga esportiva do IGT ndash Instituto Gauacutecho de Tecircnis

Vanessa Rodrigues AlvesPsicoacuteloga especialista em Psicologia do Esporte e Exerciacutecio Fiacutesico e em Sociopsicodrama Eacute professora de Psicologia da Atividade Fiacutesica e do Esporte na Faculdade Sogipa de Educaccedilatildeo Fiacutesica

Cassiano Pires ndash Temos que traba-lhar a importacircncia do esporte no bem estar e na sauacutede da populaccedilatildeo em ge-ral Infelizmente ainda vemos muito crianccedilas ou jovens que por natildeo terem habilidade motricidade ou fiacutesico para atingir um alto niacutevel de rendimento acabarem abandonando a praacutetica por serem mal assessoradas O trabalho com atletas de alto rendimento eacute im-portante mas acredito que o fim do esporte natildeo pode ser soacute o esporte em si deve ser o crescimento e o bem es-tar da pessoa a criaccedilatildeo de habilidades sociais e competecircncias e o desenvolvi-mento da autoestima Diversos desa-fios podem ser vencidos por meio do esporte por isso temos que comeccedilar a tirar o esporte da aacuterea de Turismo e Lazer e comeccedilar a pensaacute-lo na aacuterea de Sauacutede Isso mudaria completamente sua importacircncia e seu sentido para a vida da pessoa Maacutercia Pilla do Valle ndash Haacute uma seacuterie de possibilidades de atuaccedilatildeo para o Psicoacutelogo do Esporte e o campo que atualmente estaacute aberto eacute o que envolve projetos sociais e questotildees ligadas agrave sauacutede e ao espor-te como atividade fiacutesica e natildeo neces-sariamente competitiva Vanessa Rodrigues Alves ndash A Psicologia do Esporte eacute muito abrangente mas ainda se trabalha em poucas aacutereas Poderiacuteamos traba-lhar em instituiccedilotildees como a Susepe a Fase com a educaccedilatildeo em lar de idosos por exemplo

Em que condiccedilotildees se datildeo essas praacute-ticas considerando que muitas ve-zes haacute a pressatildeo de clubes atletas empresaacuterios miacutedia e ateacute da proacutepria sociedade pelo alto rendimento do atleta Ao desenvolver sua praacutetica o psicoacutelogo do esporte estaacute a serviccedilo de quem Maacutercia Pilla do Valle ndash Quando trabalhamos com esporte de alto ren-dimento o limiar entre sauacutede e pato-loacutegico eacute bem tecircnue principalmente em modalidades precoces como a ginaacutes-tica artiacutestica ou a nataccedilatildeo por exem-plo em que tudo acontece muito cedo e a carreira eacute muito curta Temos que trabalhar para que esse processo no qual os atletas jaacute estatildeo inseridos seja o mais saudaacutevel possiacutevel melhorar a relaccedilatildeo da comunicaccedilatildeo do teacutecnico com o atleta e criar um ambiente mo-tivador Tambeacutem eacute preciso avaliar se essa eacute uma vontade do proacuteprio atleta ou se eacute um desejo dos pais que veem no esporte a possibilidade de ascender socialmente de alguma forma Pensan-do nesse contexto devemos estar a ser-viccedilo do atleta e de todas as pessoas que estatildeo envolvidas nesse processo Vanessa Rodrigues Alves ndash A gran-de diferenccedila de nosso trabalho eacute que precisamos ir ateacute as pessoas e saber trabalhar em equipe O profissional que atua nessa aacuterea tem que ter a dis-ponibilidade para querer aprender pois natildeo ficamos em uma salinha es-perando as pessoas temos que ir ao encontro delas

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Quais os principais desafios e dile-mas eacuteticos enfrentados pelo psicoacutelo-go do esporte Benno Becker Jr ndash O profissional que comeccedila a trabalhar com alto ren-dimento chega acreditando que iraacute de-terminar o seu tempo de trabalho com os atletas e natildeo eacute isso o que acontece O psicoacutelogo do esporte precisa aprovei-tar cada minuto cada intervalo do trei-no Esse eacute o grande desafio Uma boa estrateacutegia de inserccedilatildeo para o psicoacutelogo do esporte eacute ficar proacuteximo ao treina-dor e ao preparador fiacutesico buscando melhorar a comunicaccedilatildeo dele com o atleta estabelecendo uma relaccedilatildeo de transparecircncia Cassiano Pires ndash Temos que saber usar o nosso tempo no dia a dia do atleta Eu trabalho no Projeto WinBe-lemDon na cancha de boneacute do lado do atleta e realmente a gente sofre muito por natildeo ter um tempo exclusi-vo Eacute preciso ser criativo e aproveitar os espaccedilos conversando com o teacutecni-co e o instrumentalizando O psicoacutelo-go precisa estabelecer viacutenculo com a equipe e transmitir a ideia de que faz parte dela Vanessa Rodrigues Alves ndash Tenho que procurar fazer o melhor dentro das minhas possibilidades Vivi um di-lema eacutetico quando o treinador queria ver os resultados dos testes sociomeacute-tricos pedindo para que mostrasse o sociograma das relaccedilotildees e o grupo natildeo liberou isso Ele precisava ver de for-ma mais concreta como estava a rela-

ccedilatildeo com o grupo e eu natildeo podia liberar esse resultado Maacutercia Pilla do Valle ndash Em um clube onde trabalhava encaminhei a uma colega uma menina que vivia uma situaccedilatildeo familiar bem pontual e precisava de atendimento cliacutenico A psicoacuteloga me ligou questionando sobre a rotina de treino argumentan-do que a menina precisava de tempo para brincar e ter outras atividades Foi aiacute que me dei conta que para mim aquilo jaacute era normal vi como eu estava capturada pela cultura es-portiva pois aquilo jaacute natildeo me causa-va mais nenhum incocircmodo Poreacutem percebi que o que estava em questatildeo natildeo era a continuidade dela ou natildeo na ginaacutestica o que precisa ser visto era o lado emocional com relaccedilatildeo a um problema familiar pontual Pela minha identidade cliacutenica muito forte sempre digo que antes de ser psicoacute-loga do esporte eu sou psicoacuteloga e para tomar qualquer decisatildeo preciso estar muito bem comigo mesma e tra-balhar com o seguinte tripeacute conheci-mento teacutecnico (natildeo podemos nunca parar de estudar e de se aprimorar) a supervisatildeo ou a troca com os colegas e o tratamento pessoal

A proximidade de megaeventos no Brasil como a Copa do Mundo e Olimpiacuteadas estaacute ampliando o campo de atuaccedilatildeo da Psicologia do Esporte De que forma vocecircs profissionais da aacuterea estatildeo vendo esses eventos

entrevista

SAIBA MAISConheccedila o Projeto WimBelemDonwwwwimbelemdoncombr

Artigo ldquoA produccedilatildeo de Diferenccedilas pelo esporterdquo de Maacutercia Pilla do Valle httpbitlyproducao_de_diferencas

Artigo ldquoO Esporte de Alto Rendimento Produccedilatildeo de Atletas no Contemporacircneordquo de Maacutercia Pilla do Vallehttpbitlyesporte_alto_rendimento

Artigo ldquoPsicologia do Esporte no contexto do Sistema Conselhosrdquo de Mocircnica drsquoFaacutetima Freires da Silvahttpbitlyesporte_sistema_conselhos

Artigo ldquoEacutetica e Compromisso Social na Psicologia do Esporterdquo de Katia Rubiohttpbitlyetica_compromisso_social

Associaccedilatildeo Brasileira de Psicologia do Esporte ndash ABRAPESP wwwabrapesporgbr

entre linhas | abr-mai-jun 2014 19

Considerando isso como a Psicologia do Esporte lida com a questatildeo da es-petacularizaccedilatildeo do esporte Benno Becker Jr ndash Acredito que a Copa do Mundo pode ser muito posi-tiva para a Psicologia do Esporte pois deixaraacute a sensaccedilatildeo de que algo ficou faltando de que a Psicologia poderia ter sido mais envolvida nessa organi-zaccedilatildeo Precisamos mostrar que os psi-coacutelogos do esporte estatildeo agrave disposiccedilatildeo natildeo soacute dos atletas mas da populaccedilatildeo em geral tambeacutem Maacutercia Pilla do Valle ndash Muitas vezes nossa participaccedilatildeo nessa espe-tacularizaccedilatildeo gerada pela miacutedia nos gera um dilema eacutetico Geralmente os jornalistas buscam respostas objetivas querem saber do psicoacutelogo se a equipe ou o atleta ldquoamarelourdquo de fato e natildeo haacute como responder isso Isso acaba abrin-do espaccedilo para a opiniatildeo e manifesta-ccedilatildeo sobre o desempenho das equipes de outros profissionais que assumem o papel de motivadores e criacuteticos Cassiano Pires ndash Eacute importante sa-ber aproveitar o espaccedilo na miacutedia para mostrar a importacircncia do esporte Sabe-mos que poucas coisas ficam de heran-ccedila desses grandes eventos Entatildeo que possamos contribuir para o iniacutecio de uma cultura do esporte mais humani-zada Mostrar que tem muito psicoacutelogo trabalhando e se qualificando e orientar a imprensa sobre esse trabalho Esses grandes eventos demandam uma aten-ccedilatildeo de todas as aacutereas do esporte para que num futuro a sociedade consiga

ver o esporte como algo menos ldquofurio-sordquo com briga disputa morte e mais como uma atividade de lazer Com re-laccedilatildeo aos problemas sociais que surgem devido a esses eventos devemos estar atentos para dar o suporte que as pesso-as envolvidas nisso precisam Para isso as equipes locais que estatildeo organizando a Copa do Mundo por exemplo deve-riam contar com psicoacutelogos Vocecirc acredita que o Esporte pode ser-vir como um meio de garantia dos di-reitos humanos Maacutercia Pilla do Valle ndash Eacute importan-te natildeo pensar o esporte somente como uma atividade de alto rendimento O psicoacutelogo natildeo pode colocar sua praacutetica apenas a serviccedilo do rendimento Te-mos o papel de minimizar sofrimento Busco em minha inserccedilatildeo dentro dos clubes como psicoacuteloga mudar isso e contribuir para tornar o ambiente mais agradaacutevel proporcionando melhores condiccedilotildees da praacutetica esportiva Cassiano Pires ndash Temos que pensar no esporte como algo importante para a inclusatildeo Quando estatildeo praticando esporte as diferenccedilas natildeo existem to-dos satildeo iguais Crianccedilas que fora desse contexto vivem realidades bem dife-rentes (um mora numa casa de muitos andares o outro em uma casa de chatildeo batido por exemplo) quando estatildeo em quadra jogam de igual para igual O esporte nesse sentido eacute muito iguala-dor tem uma questatildeo de inclusatildeo nata que eacute muito legal e temos que saber aproveitar isso

TIacuteTULO DE ESPECIALISTAO tiacutetulo de especialista do CFP eacute concedido por conclusatildeo de curso de especializaccedilatildeo credenciado pelo CFP ou aprovaccedilatildeo em concurso de provas e tiacutetulos promovido periodicamente pelo CFP comprovando experiecircncia profissional de pelo menos 2 anos na aacuterea pretendidawwwcfporgbr

PARTICIPE DAS DISCUSSOtildeES NO CRPRSQuer propor a discussatildeo desse tema Participe das reuniotildees das Comissotildees de Poliacuteticas Puacuteblicas e Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica

20 entre linhas | abr-mai-jun 2014

formaccedilatildeo

10 anos do curriacuteculo amplo o que de fato mudou na formaccedilatildeo do psicoacutelogo

Haacute 10 anos tinha iniacutecio um signi-ficativo processo de mudanccedilas na for-maccedilatildeo do psicoacutelogo com as alteraccedilotildees propostas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) de 2004 Sem distin-ccedilatildeo de habilitaccedilotildees diferentes a forma-ccedilatildeo do psicoacutelogo passou a ser ampla incluindo um nuacutecleo comum estaacutegios baacutesicos estaacutegios especiacuteficos ecircnfases curriculares articulaccedilatildeo de competecircn-cias baacutesicas e dos eixos estruturantes e refinamento das propostas de estaacutegios especiacuteficos Em 2011 a nova DCN man-teve as alteraccedilotildees de 2004 instituindo aleacutem dessas um projeto de formaccedilatildeo complementar para o professor de Psi-cologia em seu 13ordm artigo

Para a Associaccedilatildeo Brasileira de Ensino de Psicologia (ABEP) as ecircnfa-ses curriculares ndash que consistem em um recorte de um conjunto de fazeres (competecircncias) jaacute presentes no nuacutecleo comum concentradas em determina-do conjunto de atividades ndash podem ser consideradas uma forma de atender agrave formaccedilatildeo generalista sem cair no risco da superficialidade Cada curso tem a possibilidade de definir seus encadea-mentos prioritaacuterios independentemen-te das abordagens utilizadas

O CRPRS vem debatendo na Co-missatildeo de Formaccedilatildeo os desafios impli-cados em trabalhar a formaccedilatildeo ampla e ao mesmo tempo respeitar a exigecircncias

das ecircnfases curriculares que culminam na realizaccedilatildeo dos estaacutegios especiacuteficos

A coordenadora da Comissatildeo de Gra-duaccedilatildeo da Psicologia da UFRGS Paula Sandrine Machado lembra que o proces-so de adequaccedilatildeo e renovaccedilatildeo dos proje-tos pedagoacutegicos produziu em muitos cursos certos movimentos interessantes de avaliaccedilatildeo e de discussatildeo sobre o pro-fissional que se quer formar o contexto da Psicologia as competecircncias gerais que a formaccedilatildeo busca contemplar e as espe-cificidades de cada curso A abrangecircncia das diretrizes poreacutem aponta tanto para um profissional capaz de ldquofazer tudordquo quanto para um profissional que precisa saber algumas coisas baacutesicas para poder atuar em diferentes contextos

Para as coordenadoras de curso e de estaacutegio da Unisinos Rosana Cecchini de Castro e Maria Elisabeth Selbach o nuacute-cleo comum as competecircncias baacutesicas e os eixos estruturantes preconizados pe-las DCN tecircm possibilitado uma visatildeo abrangente e plural das muacuteltiplas pers-pectivas e possibilidades de intervenccedilatildeo para o futuro profissional da Psicologia ldquoAs ecircnfases podem ter foco no mercado de trabalho mas natildeo podem se desvin-cular da formaccedilatildeo como um todo sob pena de se tornarem especialidadesrdquo salientam as coordenadoras

Com o objetivo de evitar a especiali-zaccedilatildeo na formaccedilatildeo muitas instituiccedilotildees

Leia os depoimentos dos coordenadores dos cursos de Psicologia na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Resoluccedilatildeo nordm 05 de 15 de marccedilo de 2011 disponiacutevel em httpbitlyDCN2011

ABEPSIwwwabepsiorgbr

SAIBA MAIS Veja o histoacuterico das DCNs em httpbitlyABEP_DCNs

Publicaccedilatildeo do CFP ldquoContribuiccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia agrave discussatildeo sobre a formaccedilatildeo da(o) psicoacuteloga(o)rdquo httpbitlyCFP_Formacao

entre linhas | abr-mai-jun 2014 21

de ensino trabalham com a proposta de ecircnfase como aprofundamento de estudo daquilo que jaacute foi contemplado na forma-ccedilatildeo geral do curriacuteculo

Na Univates por exemplo primei-ramente as ecircnfases ocorriam a partir do seacutetimo semestre o que prejudicava a formaccedilatildeo generalista uma vez que os estudos e disciplinas direcionavam para conteuacutedos muito especiacuteficos ldquoAl-teramos para as ecircnfases no uacuteltimo ano do curso Essa mudanccedila trouxe maior conhecimento aos estudantes da proacute-pria atuaccedilatildeo nos mais variados espa-ccedilosrdquo explica a coordenadora do curso de Psicologia da Univates Ana Lucia Bender Pereira

A preocupaccedilatildeo em preparar e for-mar o estudante para o mercado de trabalho eacute apontada pela coordenado-ra da Fisma Baacuterbara Maria Barbosa Silva Segundo ela a formaccedilatildeo pelas universidades natildeo estaacute em concordacircn-cia com a atuaccedilatildeo profissional ldquoIsso se

expressa quando na inserccedilatildeo dos alu-nos nos campos de praacuteticas e estaacutegios visualizamos a negaccedilatildeo ou negligecircncia de muitos campos de atuaccedilatildeo do Psi-coacutelogo para a formaccedilatildeo de alunosrdquo de-clara Baacuterbara Uma estrateacutegia adotada para dar conta dessa demanda eacute criar dentro da proacutepria instituiccedilatildeo de ensi-no espaccedilos destinados a execuccedilatildeo das praacuteticas e estaacutegios

Para o subcoordenador do curso da UNISC Jerto Cardoso da Silva as DCN devem ser pensadas democrati-camente e natildeo de forma autocraacutetica ldquoAs diretrizes devem ser propostas a partir das inquietaccedilotildees dos cursos e construiacutedas com elesrdquo Para ele os cur-sos devem estar atentos ao mercado de trabalho mas natildeo devem ser apenas pautados por ele pois trabalham na formaccedilatildeo de profissionais criacuteticos ou seja que podem ingressar no mercado mas tambeacutem transformaacute-lo e propor novas aacutereas de atuaccedilatildeo

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer ampliar a discussatildeo do tema Participe das reuniotildees ampliadas da Comissatildeo de Formaccedilatildeo Acompanhe a agenda pelo site wwwcrprsorgbrcomissoesegts

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artigo

A formaccedilatildeo em psicologia e a psicologia em formaccedilatildeo

Em pesquisa realizada na deacutecada de 80 sobre a formaccedilatildeo de psicoacutelogos com estudantes do curso de graduaccedilatildeo da Uni-versidade Federal Fluminense (UFF) Luis Antonio Baptista percebeu que ela se de-senvolvia em paralelo ao que se passava agrave sua volta Era uma formaccedilatildeo que pouco incluiacutea as questotildees entatildeo contemporacircneas da sociedade brasileira e tampouco sua histoacuteria (BAPTISTA 2000)

Jaacute nos anos 2000 em nossa experiecircn-cia de formaccedilatildeo no curso de graduaccedilatildeo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) o ldquomundo laacute forardquo parecia fazer-se bastante presente na universidade E era um mundo que se dizia em transformaccedilatildeo

Como natildeo poderia ser diferente em um mundo muacuteltiplo e em uma profissatildeo que vem se autodenominando plural o proje-to de psicologia almejado para a formaccedilatildeo contemporacircnea de psicoacutelogos natildeo era uno De um lado havia o projeto de se alcanccedilar uma psicologia verdadeiramente cientiacutefica e rigorosa contra aquelas praacuteticas profis-sionais calcadas no senso comum De ou-tro a esperanccedila de se alcanccedilar uma psico-logia eacutetica e com compromisso social que passaria justamente pela superaccedilatildeo da psicologia cientificista pois que compro-metida com o modelo neoliberal de socie-dade De um lado a defesa de um modelo de formaccedilatildeo por competecircncias De outro sua criacutetica De um lado modos ditos claacutes-sicos de conhecer De outro aqueles tidos como completamente inovadores

Luiz Claudio Mendonccedila Figueiredo relaciona o ldquoestado um tanto caoacutetico e ine-vitavelmente desarticulado de qualquer curriacuteculo de formaccedilatildeo em psicologiardquo (FI-

GUEIREDO 2009 p17) agraves condiccedilotildees histoacute-ricas desse campo cientiacutefico e profissional indicando o estudo da histoacuteria da psicologia como forma de compreender e transformar essa realidade Gostariacuteamos de apontar tam-beacutem um sentido inverso o estudo desses processos de formaccedilatildeo caoacuteticos e desarticu-lados para compreender a psicologia que te-mos e que vimos produzindo historicamen-te A formaccedilatildeo em psicologia expressando ela mesma uma psicologia em formaccedilatildeo

Essa inversatildeo constituiu nossa pesqui-sa de mestrado (ARALDI 2012) a qual tomando como ponto de partida os impas-ses dilemas e controveacutersias que permeiam as experiecircncias de psicoacutelogos em forma-ccedilatildeo encontrou algumas vias possiacuteveis de se colocar e se recolocar o problema do conhecer e do conhecimento psi Partimos de um dispositivo metodoloacutegico que ins-tigava os estudantes participantes todos da graduaccedilatildeo em psicologia da UFRGS a descreverem e analisarem coletivamente o que faziam nas diferentes praacuteticas de for-maccedilatildeo fossem elas curriculares (de estu-dos leitura pesquisa extensatildeo estaacutegio) ou informais (conversas de corredores ex-periecircncias no Diretoacuterio Acadecircmico etc)

As distinccedilotildees dos estudantes entraram em diaacutelogo com autores do campo dos estu-dos da cogniccedilatildeo e do conhecimento (Kastrup Varela Maturana Latour) que tecircm questio-nado uma forma bastante corrente ao menos nas sociedades ocidentais de se conceber o conhecer e o conhecimento enquanto repre-sentaccedilatildeo efetivada por uma mente indivi-dual de um mundo preacute-existente agrave accedilatildeo do conhecedor O que isso significa Fundamen-talmente implica separar e situar como es-

Etiane AraldiPsicoacuteloga (UFRGS) Mestre em Psicologia Social e Institucional (UFRGS) Analista de Poliacuteticas Sociais na Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo do SUS (PNH) Ministeacuterio da Sauacutede

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secircncias de um lado um sujeito que conhece e de outro um mundo que se daacute a conhecer

As experiecircncias de formaccedilatildeo dos estu-dantes pesquisados sugerem que tal concep-ccedilatildeo de conhecimento tem marcado sobre-maneira o campo psi a comeccedilar pelo modo como os psicoacutelogos se relacionam com o tema das diferentes psicologias as escolas e escolhas teoacutericas Dada a ambiguidade do objeto e da teacutecnica do psicoacutelogo somada agrave divisatildeo do campo entre diferentes psicolo-gias cada qual com concepccedilotildees epistemo-loacutegicas e metodoloacutegicas especiacuteficas acostu-mou-se a aceitar que a teoria eacute a praacutetica do psicoacutelogo sendo os conceitos ferramentas de trabalho e a escolha teoacuterica um passo neces-saacuterio para que o profissional se constitua enquanto tal e para que suas intervenccedilotildees sejam legitimamente designadas psi

Na esteira dessa ideia supotildee-se que as praacuteticas de um psicoacutelogo psicanalista por exemplo possam ser deduzidas diretamen-te da teoria psicanaliacutetica sendo o trabalho do psicoacutelogo em determinada contingecircncia comumente descrito segundo as teorias que supostamente lhe dariam sustentaccedilatildeo

Em nossa pesquisa observamos que tal loacutegica produz a teoria e a praacutetica como domiacutenios de accedilatildeo muito diferentes nessa profissatildeo sendo o trabalho psi dado o seu forte componente relacional entendido em uma dimensatildeo incorporada um co-nhecimento de ldquoorganismordquo que ldquose sen-te na carnerdquo (conforme verbalizaccedilotildees dos estudantes) em contraposiccedilatildeo com o fazer acadecircmico tomado como essencialmente analiacutetico reflexivo ldquoruminanterdquo parecen-do inclusive que o estaacutegio natildeo compunha o curriacuteculo tamanho o confronto entre um mundo e outro O curioso eacute que em-bora sendo situado no discurso como um conhecimento desprovido de corpo as competecircncias acadecircmicas eram transpos-tas em um sentido incorporado ao fazer

dos estaacutegios produzindo nos estudantes atitudes analiacuteticas distanciadas num sen-tido de espectador nas intervenccedilotildees pro-fissionais Inclusive o uso de metaacuteforas relacionadas agraves tecnologias de produccedilatildeo e apreensatildeo de teorias fizeram-se bastante presentes na explicaccedilatildeo do que faz o psi-coacutelogo fazer leituras da realidade era me-taacutefora recorrente na descriccedilatildeo de boa parte das accedilotildees dos estudantes nos estaacutegios

O tema da identificaccedilatildeo foi citado di-versas vezes como criteacuterio para a escolha teoacuterica expressando a busca por uma re-laccedilatildeo de identidade igualdade entre seu suposto ser e a concepccedilatildeo de ser (de sujei-to) supostamente contida nas teorias Mas seriam nossos ldquoeusrdquo e os ldquoeusrdquo (as con-cepccedilotildees de sujeito) das teorias assim tatildeo coerentes Tanto no campo da cogniccedilatildeo quanto no da epistemologia tal suposiccedilatildeo de coerecircncia tem sido questionada

De qualquer modo a ideia de que o ser antecede o fazer parece motivar na psicolo-gia a adoccedilatildeo de uma concepccedilatildeo de sujeito uma visatildeo de homem como necessidade a priori para a atuaccedilatildeo profissional Entretan-to o que observamos entre os estudantes e a instituiccedilatildeo universitaacuteria foi um traba-lho ativo e cotidiano de separaccedilatildeopuri-ficaccedilatildeo dessas concepccedilotildees De modo que nos perguntamos a relaccedilatildeo identitaacuteria do psicoacutelogo com as teorias que compotildeem o campo psi seria decorrente de pressupostos e eacuteticas transcendentes preconizados pela epistemologia ou seria um processo que se ampara mais nas praacuteticas cotidianas de formaccedilatildeo de psicoacutelogos Nossa aposta ao perguntar agrave formaccedilatildeo em psicologia sobre o que ali se faz evidenciou um plano con-creto de produccedilatildeo da psicologia no presen-te que extrapola em muito o leque das te-orias psicoloacutegicas vigentes mas que ainda assim pode ser afirmado como legiacutetimo co-nhecer e fazer psi na contemporaneidade

REFEREcircNCIAS

ARALDI Etiane Das escolas e escolhas teoacutericas agraves poliacuteticas cognitivas legitimando a experiecircncia e a contingecircncia na colocaccedilatildeo do problema do conhecer e do conhecimento psi Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Psicologia Social e Institucional Instituto de Psicologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS Porto Alegre 2012

BAPTISTA Luis Antonio A faacutebrica de interiores a Formaccedilatildeo Psi em Questatildeo Niteroacutei Eduff 2000

FIGUEIREDO Luiz Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos Petroacutepolis Vozes 2009

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Projeto Poliacuteticas Puacuteblicas na Formaccedilatildeo promove aproximaccedilatildeo do CRPRS com o meio acadecircmico

De acordo com pesquisas feitas pelo Centro de Referecircncia Teacutecnica em Psicologia e Poliacuteti-cas Puacuteblicas ndash CREPOPRS a formaccedilatildeo em Psicologia eacute apon-tada como uma das grandes fra-gilidades ainda impostas para atuaccedilatildeo dos psicoacutelogos nas poliacute-ticas puacuteblicas Paradoxalmente o campo das poliacuteticas puacuteblicas atrai um nuacutemero maior de pro-fissionais a cada ano que mui-tas vezes chegam ao mercado desconhecendo marcos legais e marcos loacutegicos que datildeo funda-mento agraves praacuteticas nessa aacuterea

Buscando minimizar esse problema o CREPOP vem de-senvolvendo desde 2013 o Pro-jeto Poliacuteticas Puacuteblicas na For-maccedilatildeo proposta que procura qualificar a formaccedilatildeo para atu-accedilatildeo em diferentes campos das poliacuteticas puacuteblicas por meio da aproximaccedilatildeo entre Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul e estudantes de faculdades de Psicologia do estado A ideia de desenvolver esse trabalho surgiu em 2009 por iniciativa do estagiaacuterio da eacutepoca Edson Murliki

O projeto favorece espaccedilos de debate reflexatildeo e constru-

ccedilatildeo de um pensamento criacutetico junto aos cursos de gradua-ccedilatildeo objetivando a construccedilatildeo de referecircncias teacutecnicas para a formaccedilatildeo em Psicologia e Po-liacuteticas Puacuteblicas ldquoBuscamos fortalecer o diaacutelogo entre o CRPRS e o meio acadecircmico dimensionar a percepccedilatildeo dos estudantes sobre seus conhe-cimentos acerca das poliacuteticas puacuteblicas e incentivar a refle-xatildeo avaliativa sobre a forma-ccedilatildeo profissional do psicoacutelogo para atuar na aacutereardquo declara a ex-assessora teacutecnica do CRE-POP Carolina dos Reis

Para alcanccedilar isso o pro-jeto segue algumas etapas que incluem apresentaccedilatildeo aos coordenadores dos cursos e realizaccedilatildeo de encontros com os estudantes na sede sub-sedes do CRPRS ou nas proacute-prias instituiccedilotildees de ensino ldquoOs registros desses encontros subsidiam a produccedilatildeo de um relatoacuterio que reuacutene as princi-pais questotildees apontadas pelos alunos gerando dessa forma orientaccedilotildees para construccedilatildeo de um instrumento informa-tivo que sistematize os pontos de reflexatildeordquo explica Carolina

crepop

Projeto Formaccedilatildeo na sua faculdade Faculdades de Psicologia que tenham interesse em participar do Projeto de Formaccedilatildeo devem entrar em contato com o CREPOPRS pelo fone (51) 33346799 ou pelo e-mail crepopcrprsorgbr

Os resultados parciais in-dicam a necessidade de maior aprofundamento teoacuterico no assunto bem como reconheci-mento do caraacuteter transversal da temaacutetica dentro da formaccedilatildeo Os alunos tambeacutem demandam ampliaccedilatildeo de espaccedilos de inser-ccedilatildeo que propiciem maior conta-to com a praacutetica dos psicoacutelogos nas poliacuteticas puacuteblicas Indicam ainda a necessidade de uma reformulaccedilatildeo metodoloacutegica no curso do projeto visando a am-pliar o caraacuteter de intervenccedilatildeo do mesmo Seraacute incluiacuteda uma etapa de pactuaccedilotildees entre os diversos atores envolvidos nas instituiccedilotildees participantes de modo a produzir espaccedilos para a construccedilatildeo de soluccedilotildees con-cretas aos desafios emergidos nas rodas de conversas

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tracircnsito

A Psicologia na educaccedilatildeo para o tracircnsito

A Psicologia exerce uma impor-tante funccedilatildeo no tracircnsito ao estudar a mobilidade humana a partir da anaacutelise de diferentes dimensotildees processos e fenocircmenos envolvidos nesse contexto Pensando nisso a Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsi-to e Mobilidade Humana do CRPRS contribuiu na organizaccedilatildeo do 1ordm Se-minaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito realizado pela Prefeitura de Santa Maria em abril O evento voltado a professores da rede puacuteblica de ensi-no do municiacutepio teve como objetivo despertar a conscientizaccedilatildeo de que a educaccedilatildeo pode mudar o comporta-mento das pessoas no tracircnsito

O CRPRS acredita que a Psicolo-gia pode contribuir nesse processo envolvendo os professores e toda a sociedade para que o tema seja tra-balhado de forma ampla Para a Co-missatildeo do CRPRS os professores pre-cisam entender essa transversalidade

para que haja uma real mudanccedila de comportamento da sociedade

O tracircnsito deve ser pensado de maneira ampla considerando todos os envolvidos ldquoQuando falamos em tracircnsito natildeo devemos pensar apenas no fluxo de automoacuteveis mas consi-derar principalmente que o tracircnsi-to eacute composto por todos noacutes Deve-mos pensar no aspecto da mobilidade humana pensar na livre circulaccedilatildeo e no deslocamento com seguranccedila assim como nas relaccedilotildees sociais que se constituem nesse espaccedilo Ao se deslocar pelas ruas com automoacuteveis particulares bens privados as pes-soas muitas vezes natildeo se datildeo conta de que estatildeo circulando em um espa-ccedilo puacuteblico com regras estabelecidas pelo governo e pela proacutepria socieda-de Competem entre si de modo pri-vado por um espaccedilo que eacute puacuteblico e de todosrdquo declara o coordenador da aacuterea teacutecnica do CRPRS assessor da

SAIBA MAISAssista aos viacutedeos do 1ordm Seminaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Artigo ldquoTracircnsito e Sociedaderdquo de Sinara Tres Soares e Lucio Fernando Garcia disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Publicaccedilatildeo do CRPRS ldquoTracircnsito e Mobilidade Humana - Psicologia Educaccedilatildeo e Cidadaniardquo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrlivrotransito

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tracircnsito

Comissatildeo de Tracircnsito Lucio Fernan-do Garcia

Para ele a Psicologia exerce um im-portante papel ao contribuir na refle-xatildeo que abrange conceitos de cidada-nia e suas implicaccedilotildees considerando o tracircnsito como um processo humano e que envolve condiccedilotildees subjetivas ldquoSer cidadatildeo eacute uma escolha que traz impli-caccedilotildees e reflexotildees sobre responsabili-dades obrigaccedilotildees e direitosrdquo

Diversos aspectos psicoloacutegicos interferem na forma como as pesso-as lidam com o tracircnsito A psicoacuteloga Sinara Tres Soares da Escola Puacuteblica de Tracircnsito do DETRAN-RS ressalta que mesmo tendo ciecircncia dos riscos aos quais estatildeo expostas muitas pes-soas optam em correr esse risco por acreditar que vale a pena ldquoCada pes-soa tem uma diferente percepccedilatildeo de risco O que para alguns representa mais seguranccedila para outros pode significar a permissatildeo para correr mais riscos O sistema de freios do tipo ABS por exemplo traz mais se-guranccedila poreacutem algumas pessoas por se sentirem mais seguras com essa tecnologia acabam correndo maisrdquo explica Sinara

Outro aspecto psicoloacutegico en-volvido no tracircnsito diz respeito agrave conduta que autoriza as pessoas a te-rem determinado tipo de comporta-mento contrariando aquilo que elas mesmas acreditamldquoMuitos criticam quando os carros param em fila du-pla Poreacutem quando vatildeo levar o filho

na escola por exemplo agem assim e justificam tal atitude com explica-ccedilotildees como lsquoeacute bem rapidinhorsquo ou lsquofoi soacute dessa vezldquo

Esse tipo de comportamento re-flete a questatildeo do individualismo e da dificuldade das pessoas entende-rem que fazem parte de um todo e que estatildeo inseridas em um contex-to em que seus atos iratildeo atingir o proacuteximo ldquoTemos que trabalhar na sensibilizaccedilatildeo para que cada um compreenda que a sua atitude seu comportamento interfere direta-mente no tracircnsitordquo afirma a colabo-radora da Subsede Centro-Oeste do CRPRS integrante da Comissatildeo do Tracircnsito Aline Baumlumer

Para o evento em Santa Maria o grupo de colaboradores da Subsede Centro-Oeste produziu o viacutedeo ldquoAto-res no Tracircnsitordquo que mostra diferentes pontos de vista que fazem parte do tracircnsito revelando como nossa visatildeo muda dependendo da oacutetica em que a cena eacute vista

A Comissatildeo de Psicologia do Tracircn-sito e Mobilidade Humana do CRPRS estaacute engajada na proposta de desenvol-ver poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave educa-ccedilatildeo para o tracircnsito ldquoQueremos investir na continuidade de projetos e eventos como esse Seminaacuterio Acreditamos que alunos e professores engajados tornam--se multiplicadores de accedilotildees de educa-ccedilatildeo para o tracircnsitordquo afirma a presiden-te da Comissatildeo do CRPRS Elisangela Maria Almeida Santos

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer discutir mais sobre essa relaccedilatildeo entre Psicologia e Tracircnsito Participe da Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsito e Mobilidade Humana Acompanhe a agenda de reuniotildees pelo site httpcrprsorgbrcomissoesegts ou envie e-mail para comissoescrprsorgbr e informe seu interesse

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Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica em situaccedilotildees de periacutecia e de recursos administrativos

orientaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo psicoloacutegica eacute sem duacutevi-da a abordagem mais requisitada nas di-ferentes instacircncias do fazer do psicoacutelogo Ligada principalmente agrave necessidade de uma resposta ocupa um espaccedilo teacutecnico mas tambeacutem muitas vezes se constitui no imaginaacuterio como se pudesse responder a todas e quaisquer questotildees pautadas com base na anaacutelise do comportamento ou de condiccedilotildees emocionais do avaliando Essa condiccedilatildeo eacute produzida na medida em que atualmente a avaliaccedilatildeo psicoloacutegica tem sido cada vez mais usada na condiccedilatildeo de fundamentar periacutecia ou em situaccedilotildees judi-ciais assim como as que ocorrem em con-cursos puacuteblicos no proacuteprio processo ou em situaccedilotildees de recurso administrativo

As avaliaccedilotildees nessas situaccedilotildees seguem o regrado pela profissatildeo atraveacutes do Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo e das Re-soluccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia assim como devem buscar atender ao soli-citado Entretanto essa maacutexima natildeo quer dizer que o psicoacutelogo quando destacado (contratado) como perito deva conceber tal incumbecircncia como fator a definir o resulta-do da avaliaccedilatildeo O ato pericial eacute o de aplicar teacutecnicas e meacutetodos psicoloacutegicos objetivando um resultado decorrente de todo o processo que por meio de instrumentos eou de en-trevistas concluiraacute a avaliaccedilatildeo registrando ao candidato ou periciando as conclusotildees formuladas O psicoacutelogo natildeo advoga pela parte ou seja o resultado da avaliaccedilatildeo psi-coloacutegica poderaacute ser muito diferente do re-sultado almejado pelo candidato ou parte em processo judicial A avaliaccedilatildeo natildeo pode

ser tendenciosa adaptada ou alterada a fim de alcanccedilar o resultado pretendido pelo candidato natildeo eacute uma peccedila de defesa Eacute um procedimento teacutecnicocientiacutefico que con-clui a partir dos dados e teacutecnicas aplicadas objetivando responder ao solicitado dentro de determinados limites descrevendo o ob-servado e orientando o avaliando sobre os resultados obtidos

A conduta do psicoacutelogo em todo o pro-cedimento avaliativo deve estar pautada em princiacutepios de responsabilidade teacutecnica e profissional respaldados em procedimentos cientiacuteficos e validados O profissional deve ainda levar em consideraccedilatildeo aspectos como bem-estar dignidade e responsabilidade so-cial dos envolvidos na avaliaccedilatildeo uma vez que a mesma ocorre em um contexto soacutecio--cultural e de forma geral contempla um processo que envolve a sociedade como um todo especialmente em se tratando de con-cursos puacuteblicos e assessoramento judiciaacuterio

Reco

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Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea TeacutecnicaAdriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga FiscalLeticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Artigo ldquoAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica e Relaccedilotildees com o Judiciaacuteriordquo publicado na ediccedilatildeo nordm 64 do EntreLinhas disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas64

Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcodigoetica

Resoluccedilotildees do CFP disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrresolucoesCFP

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USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

CursosEspecializaccedilatildeo em Psicologia Cliacutenica Terapia Cognitivo ComportamentalChapecoacuteSC Informaccedilotildees (49) 99413800dilmaandrettaunoescedubr wwwunoescedubr

V Ciclo de Estudos em Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica18072014 (iniacutecio moacutedulo 5) 08082014 (iniacutecio moacutedulo 6)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33085453cicloestudosapgmailcom wwwufrgsbrgeapap

Mediaccedilatildeo de Conflitos Novo paradigma agrave construccedilatildeo da pazAteacute 09102014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32226134infoclipmedcombr wwwclipmedcombr Curso de PsicanaacuteliseAteacute 25102014 Passo FundoRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Grupos de EstudoOs contos de fadas como instrumento de conhecimento e desenvolvimento humanoCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500claudiaclinicatessaricombr wwwrecriarnetbr

Introduccedilatildeo agrave Psico-Oncologia com ecircnfase em Psicossomaacutetica e PsiconeuroimunologiaPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92627203 (51) 84041373dhmullerbolcombr danitnunesgmailcompsicossomatica-rsorgbr

Estudos Metapsicoloacutegicos de Freud1306 1807 1508 1909 1010 e 21112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

O que fazer quando recebemos uma crianccedila0407 0108 2908 3110 07112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Mitologia Grega IAteacute 21112014 (encontros mensais)Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500recriarrecriarnetbr

A obra de Wilfred BionAteacute 13122014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr Teoria e Teacutecnica das Paradas e Impasses do TratamentoEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33303845secretariasbpdepaorgbr

Observaccedilatildeo de BebecircsEncontros agraves segundas-feirasNovo Hamburgo RS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Indicadores de Intersubjetividade de 0 a 2 anosEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

O Estudo da Mente na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Conceitos Fundamentais sobre sexualidade na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

DW Winnicott sua pessoa e suas ideias psicanaliacuteticasEncontros agraves quartas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Andreacute GreenEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

Donald WinnicottEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwbionorgbr

Seacuterie Em TerapiaEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr Trabalhos de MetapsicologiaEncontro agraves sextas-feirasCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Freud Reinventando FreudEncontros aos saacutebadosCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

BionEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr D WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

FreudEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Iniciando com WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Introduccedilatildeo ao Aparelho PsiacutequicoEncontros mensaisPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 (51) 33842765contatobionorgbr wwwbionorgbr

Congressos Jornadas Simpoacutesios e Conferecircncias

IV Jornada do Programa da Mulher Depen-dente Quiacutemica02082014Satildeo PauloSP Informaccedilotildees (11) 26618011amandadiasipqhcorgbr omrochaipqhcorgbr wwwceiporgbr

Jornada Constructo 2014 - com Dr Jacques Andregrave15 e 16082014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Congresso SOCERGS 2014 Uniatildeo de conheci-mento e Intercacircmbio multidisciplinar21 a 23082014GramadoRS Informaccedilotildees (51) 33391415 wwwsocergsorgbrcongresso2014

IV Congresso Brasileiro de Psicologia - Ciecircn-cia e Profissatildeo19 a 23112014Satildeo PauloSPwwwcienciaeprofissaocombr

Conferecircncia e Treinamento com a Psicoacuteloga Americana FELICIA CARROLL26 a 29112014Caxias do Sul RS Informaccedilotildees claudiatessarigmailcom wwwrecriarnetbr

Exibiccedilatildeo de filme8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoMorte em Venezardquo02072014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoUacuteltimo Tango Em Parisrdquo13082014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoCanccedilatildeo de Amorrdquo10092014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoAta-merdquo08102014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoO Livro de Cabeceirardquo12112014 Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

OficinaOficina de Produccedilatildeo Psicanaliacutetica e LiteraacuteriaSegundas ou quartas-feiras (6 encontros)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwpaulofernandomonteiroferrazblogspotcom

Agecircncia Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

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Quais os principais desafios e dile-mas eacuteticos enfrentados pelo psicoacutelo-go do esporte Benno Becker Jr ndash O profissional que comeccedila a trabalhar com alto ren-dimento chega acreditando que iraacute de-terminar o seu tempo de trabalho com os atletas e natildeo eacute isso o que acontece O psicoacutelogo do esporte precisa aprovei-tar cada minuto cada intervalo do trei-no Esse eacute o grande desafio Uma boa estrateacutegia de inserccedilatildeo para o psicoacutelogo do esporte eacute ficar proacuteximo ao treina-dor e ao preparador fiacutesico buscando melhorar a comunicaccedilatildeo dele com o atleta estabelecendo uma relaccedilatildeo de transparecircncia Cassiano Pires ndash Temos que saber usar o nosso tempo no dia a dia do atleta Eu trabalho no Projeto WinBe-lemDon na cancha de boneacute do lado do atleta e realmente a gente sofre muito por natildeo ter um tempo exclusi-vo Eacute preciso ser criativo e aproveitar os espaccedilos conversando com o teacutecni-co e o instrumentalizando O psicoacutelo-go precisa estabelecer viacutenculo com a equipe e transmitir a ideia de que faz parte dela Vanessa Rodrigues Alves ndash Tenho que procurar fazer o melhor dentro das minhas possibilidades Vivi um di-lema eacutetico quando o treinador queria ver os resultados dos testes sociomeacute-tricos pedindo para que mostrasse o sociograma das relaccedilotildees e o grupo natildeo liberou isso Ele precisava ver de for-ma mais concreta como estava a rela-

ccedilatildeo com o grupo e eu natildeo podia liberar esse resultado Maacutercia Pilla do Valle ndash Em um clube onde trabalhava encaminhei a uma colega uma menina que vivia uma situaccedilatildeo familiar bem pontual e precisava de atendimento cliacutenico A psicoacuteloga me ligou questionando sobre a rotina de treino argumentan-do que a menina precisava de tempo para brincar e ter outras atividades Foi aiacute que me dei conta que para mim aquilo jaacute era normal vi como eu estava capturada pela cultura es-portiva pois aquilo jaacute natildeo me causa-va mais nenhum incocircmodo Poreacutem percebi que o que estava em questatildeo natildeo era a continuidade dela ou natildeo na ginaacutestica o que precisa ser visto era o lado emocional com relaccedilatildeo a um problema familiar pontual Pela minha identidade cliacutenica muito forte sempre digo que antes de ser psicoacute-loga do esporte eu sou psicoacuteloga e para tomar qualquer decisatildeo preciso estar muito bem comigo mesma e tra-balhar com o seguinte tripeacute conheci-mento teacutecnico (natildeo podemos nunca parar de estudar e de se aprimorar) a supervisatildeo ou a troca com os colegas e o tratamento pessoal

A proximidade de megaeventos no Brasil como a Copa do Mundo e Olimpiacuteadas estaacute ampliando o campo de atuaccedilatildeo da Psicologia do Esporte De que forma vocecircs profissionais da aacuterea estatildeo vendo esses eventos

entrevista

SAIBA MAISConheccedila o Projeto WimBelemDonwwwwimbelemdoncombr

Artigo ldquoA produccedilatildeo de Diferenccedilas pelo esporterdquo de Maacutercia Pilla do Valle httpbitlyproducao_de_diferencas

Artigo ldquoO Esporte de Alto Rendimento Produccedilatildeo de Atletas no Contemporacircneordquo de Maacutercia Pilla do Vallehttpbitlyesporte_alto_rendimento

Artigo ldquoPsicologia do Esporte no contexto do Sistema Conselhosrdquo de Mocircnica drsquoFaacutetima Freires da Silvahttpbitlyesporte_sistema_conselhos

Artigo ldquoEacutetica e Compromisso Social na Psicologia do Esporterdquo de Katia Rubiohttpbitlyetica_compromisso_social

Associaccedilatildeo Brasileira de Psicologia do Esporte ndash ABRAPESP wwwabrapesporgbr

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Considerando isso como a Psicologia do Esporte lida com a questatildeo da es-petacularizaccedilatildeo do esporte Benno Becker Jr ndash Acredito que a Copa do Mundo pode ser muito posi-tiva para a Psicologia do Esporte pois deixaraacute a sensaccedilatildeo de que algo ficou faltando de que a Psicologia poderia ter sido mais envolvida nessa organi-zaccedilatildeo Precisamos mostrar que os psi-coacutelogos do esporte estatildeo agrave disposiccedilatildeo natildeo soacute dos atletas mas da populaccedilatildeo em geral tambeacutem Maacutercia Pilla do Valle ndash Muitas vezes nossa participaccedilatildeo nessa espe-tacularizaccedilatildeo gerada pela miacutedia nos gera um dilema eacutetico Geralmente os jornalistas buscam respostas objetivas querem saber do psicoacutelogo se a equipe ou o atleta ldquoamarelourdquo de fato e natildeo haacute como responder isso Isso acaba abrin-do espaccedilo para a opiniatildeo e manifesta-ccedilatildeo sobre o desempenho das equipes de outros profissionais que assumem o papel de motivadores e criacuteticos Cassiano Pires ndash Eacute importante sa-ber aproveitar o espaccedilo na miacutedia para mostrar a importacircncia do esporte Sabe-mos que poucas coisas ficam de heran-ccedila desses grandes eventos Entatildeo que possamos contribuir para o iniacutecio de uma cultura do esporte mais humani-zada Mostrar que tem muito psicoacutelogo trabalhando e se qualificando e orientar a imprensa sobre esse trabalho Esses grandes eventos demandam uma aten-ccedilatildeo de todas as aacutereas do esporte para que num futuro a sociedade consiga

ver o esporte como algo menos ldquofurio-sordquo com briga disputa morte e mais como uma atividade de lazer Com re-laccedilatildeo aos problemas sociais que surgem devido a esses eventos devemos estar atentos para dar o suporte que as pesso-as envolvidas nisso precisam Para isso as equipes locais que estatildeo organizando a Copa do Mundo por exemplo deve-riam contar com psicoacutelogos Vocecirc acredita que o Esporte pode ser-vir como um meio de garantia dos di-reitos humanos Maacutercia Pilla do Valle ndash Eacute importan-te natildeo pensar o esporte somente como uma atividade de alto rendimento O psicoacutelogo natildeo pode colocar sua praacutetica apenas a serviccedilo do rendimento Te-mos o papel de minimizar sofrimento Busco em minha inserccedilatildeo dentro dos clubes como psicoacuteloga mudar isso e contribuir para tornar o ambiente mais agradaacutevel proporcionando melhores condiccedilotildees da praacutetica esportiva Cassiano Pires ndash Temos que pensar no esporte como algo importante para a inclusatildeo Quando estatildeo praticando esporte as diferenccedilas natildeo existem to-dos satildeo iguais Crianccedilas que fora desse contexto vivem realidades bem dife-rentes (um mora numa casa de muitos andares o outro em uma casa de chatildeo batido por exemplo) quando estatildeo em quadra jogam de igual para igual O esporte nesse sentido eacute muito iguala-dor tem uma questatildeo de inclusatildeo nata que eacute muito legal e temos que saber aproveitar isso

TIacuteTULO DE ESPECIALISTAO tiacutetulo de especialista do CFP eacute concedido por conclusatildeo de curso de especializaccedilatildeo credenciado pelo CFP ou aprovaccedilatildeo em concurso de provas e tiacutetulos promovido periodicamente pelo CFP comprovando experiecircncia profissional de pelo menos 2 anos na aacuterea pretendidawwwcfporgbr

PARTICIPE DAS DISCUSSOtildeES NO CRPRSQuer propor a discussatildeo desse tema Participe das reuniotildees das Comissotildees de Poliacuteticas Puacuteblicas e Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica

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formaccedilatildeo

10 anos do curriacuteculo amplo o que de fato mudou na formaccedilatildeo do psicoacutelogo

Haacute 10 anos tinha iniacutecio um signi-ficativo processo de mudanccedilas na for-maccedilatildeo do psicoacutelogo com as alteraccedilotildees propostas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) de 2004 Sem distin-ccedilatildeo de habilitaccedilotildees diferentes a forma-ccedilatildeo do psicoacutelogo passou a ser ampla incluindo um nuacutecleo comum estaacutegios baacutesicos estaacutegios especiacuteficos ecircnfases curriculares articulaccedilatildeo de competecircn-cias baacutesicas e dos eixos estruturantes e refinamento das propostas de estaacutegios especiacuteficos Em 2011 a nova DCN man-teve as alteraccedilotildees de 2004 instituindo aleacutem dessas um projeto de formaccedilatildeo complementar para o professor de Psi-cologia em seu 13ordm artigo

Para a Associaccedilatildeo Brasileira de Ensino de Psicologia (ABEP) as ecircnfa-ses curriculares ndash que consistem em um recorte de um conjunto de fazeres (competecircncias) jaacute presentes no nuacutecleo comum concentradas em determina-do conjunto de atividades ndash podem ser consideradas uma forma de atender agrave formaccedilatildeo generalista sem cair no risco da superficialidade Cada curso tem a possibilidade de definir seus encadea-mentos prioritaacuterios independentemen-te das abordagens utilizadas

O CRPRS vem debatendo na Co-missatildeo de Formaccedilatildeo os desafios impli-cados em trabalhar a formaccedilatildeo ampla e ao mesmo tempo respeitar a exigecircncias

das ecircnfases curriculares que culminam na realizaccedilatildeo dos estaacutegios especiacuteficos

A coordenadora da Comissatildeo de Gra-duaccedilatildeo da Psicologia da UFRGS Paula Sandrine Machado lembra que o proces-so de adequaccedilatildeo e renovaccedilatildeo dos proje-tos pedagoacutegicos produziu em muitos cursos certos movimentos interessantes de avaliaccedilatildeo e de discussatildeo sobre o pro-fissional que se quer formar o contexto da Psicologia as competecircncias gerais que a formaccedilatildeo busca contemplar e as espe-cificidades de cada curso A abrangecircncia das diretrizes poreacutem aponta tanto para um profissional capaz de ldquofazer tudordquo quanto para um profissional que precisa saber algumas coisas baacutesicas para poder atuar em diferentes contextos

Para as coordenadoras de curso e de estaacutegio da Unisinos Rosana Cecchini de Castro e Maria Elisabeth Selbach o nuacute-cleo comum as competecircncias baacutesicas e os eixos estruturantes preconizados pe-las DCN tecircm possibilitado uma visatildeo abrangente e plural das muacuteltiplas pers-pectivas e possibilidades de intervenccedilatildeo para o futuro profissional da Psicologia ldquoAs ecircnfases podem ter foco no mercado de trabalho mas natildeo podem se desvin-cular da formaccedilatildeo como um todo sob pena de se tornarem especialidadesrdquo salientam as coordenadoras

Com o objetivo de evitar a especiali-zaccedilatildeo na formaccedilatildeo muitas instituiccedilotildees

Leia os depoimentos dos coordenadores dos cursos de Psicologia na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Resoluccedilatildeo nordm 05 de 15 de marccedilo de 2011 disponiacutevel em httpbitlyDCN2011

ABEPSIwwwabepsiorgbr

SAIBA MAIS Veja o histoacuterico das DCNs em httpbitlyABEP_DCNs

Publicaccedilatildeo do CFP ldquoContribuiccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia agrave discussatildeo sobre a formaccedilatildeo da(o) psicoacuteloga(o)rdquo httpbitlyCFP_Formacao

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de ensino trabalham com a proposta de ecircnfase como aprofundamento de estudo daquilo que jaacute foi contemplado na forma-ccedilatildeo geral do curriacuteculo

Na Univates por exemplo primei-ramente as ecircnfases ocorriam a partir do seacutetimo semestre o que prejudicava a formaccedilatildeo generalista uma vez que os estudos e disciplinas direcionavam para conteuacutedos muito especiacuteficos ldquoAl-teramos para as ecircnfases no uacuteltimo ano do curso Essa mudanccedila trouxe maior conhecimento aos estudantes da proacute-pria atuaccedilatildeo nos mais variados espa-ccedilosrdquo explica a coordenadora do curso de Psicologia da Univates Ana Lucia Bender Pereira

A preocupaccedilatildeo em preparar e for-mar o estudante para o mercado de trabalho eacute apontada pela coordenado-ra da Fisma Baacuterbara Maria Barbosa Silva Segundo ela a formaccedilatildeo pelas universidades natildeo estaacute em concordacircn-cia com a atuaccedilatildeo profissional ldquoIsso se

expressa quando na inserccedilatildeo dos alu-nos nos campos de praacuteticas e estaacutegios visualizamos a negaccedilatildeo ou negligecircncia de muitos campos de atuaccedilatildeo do Psi-coacutelogo para a formaccedilatildeo de alunosrdquo de-clara Baacuterbara Uma estrateacutegia adotada para dar conta dessa demanda eacute criar dentro da proacutepria instituiccedilatildeo de ensi-no espaccedilos destinados a execuccedilatildeo das praacuteticas e estaacutegios

Para o subcoordenador do curso da UNISC Jerto Cardoso da Silva as DCN devem ser pensadas democrati-camente e natildeo de forma autocraacutetica ldquoAs diretrizes devem ser propostas a partir das inquietaccedilotildees dos cursos e construiacutedas com elesrdquo Para ele os cur-sos devem estar atentos ao mercado de trabalho mas natildeo devem ser apenas pautados por ele pois trabalham na formaccedilatildeo de profissionais criacuteticos ou seja que podem ingressar no mercado mas tambeacutem transformaacute-lo e propor novas aacutereas de atuaccedilatildeo

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer ampliar a discussatildeo do tema Participe das reuniotildees ampliadas da Comissatildeo de Formaccedilatildeo Acompanhe a agenda pelo site wwwcrprsorgbrcomissoesegts

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artigo

A formaccedilatildeo em psicologia e a psicologia em formaccedilatildeo

Em pesquisa realizada na deacutecada de 80 sobre a formaccedilatildeo de psicoacutelogos com estudantes do curso de graduaccedilatildeo da Uni-versidade Federal Fluminense (UFF) Luis Antonio Baptista percebeu que ela se de-senvolvia em paralelo ao que se passava agrave sua volta Era uma formaccedilatildeo que pouco incluiacutea as questotildees entatildeo contemporacircneas da sociedade brasileira e tampouco sua histoacuteria (BAPTISTA 2000)

Jaacute nos anos 2000 em nossa experiecircn-cia de formaccedilatildeo no curso de graduaccedilatildeo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) o ldquomundo laacute forardquo parecia fazer-se bastante presente na universidade E era um mundo que se dizia em transformaccedilatildeo

Como natildeo poderia ser diferente em um mundo muacuteltiplo e em uma profissatildeo que vem se autodenominando plural o proje-to de psicologia almejado para a formaccedilatildeo contemporacircnea de psicoacutelogos natildeo era uno De um lado havia o projeto de se alcanccedilar uma psicologia verdadeiramente cientiacutefica e rigorosa contra aquelas praacuteticas profis-sionais calcadas no senso comum De ou-tro a esperanccedila de se alcanccedilar uma psico-logia eacutetica e com compromisso social que passaria justamente pela superaccedilatildeo da psicologia cientificista pois que compro-metida com o modelo neoliberal de socie-dade De um lado a defesa de um modelo de formaccedilatildeo por competecircncias De outro sua criacutetica De um lado modos ditos claacutes-sicos de conhecer De outro aqueles tidos como completamente inovadores

Luiz Claudio Mendonccedila Figueiredo relaciona o ldquoestado um tanto caoacutetico e ine-vitavelmente desarticulado de qualquer curriacuteculo de formaccedilatildeo em psicologiardquo (FI-

GUEIREDO 2009 p17) agraves condiccedilotildees histoacute-ricas desse campo cientiacutefico e profissional indicando o estudo da histoacuteria da psicologia como forma de compreender e transformar essa realidade Gostariacuteamos de apontar tam-beacutem um sentido inverso o estudo desses processos de formaccedilatildeo caoacuteticos e desarticu-lados para compreender a psicologia que te-mos e que vimos produzindo historicamen-te A formaccedilatildeo em psicologia expressando ela mesma uma psicologia em formaccedilatildeo

Essa inversatildeo constituiu nossa pesqui-sa de mestrado (ARALDI 2012) a qual tomando como ponto de partida os impas-ses dilemas e controveacutersias que permeiam as experiecircncias de psicoacutelogos em forma-ccedilatildeo encontrou algumas vias possiacuteveis de se colocar e se recolocar o problema do conhecer e do conhecimento psi Partimos de um dispositivo metodoloacutegico que ins-tigava os estudantes participantes todos da graduaccedilatildeo em psicologia da UFRGS a descreverem e analisarem coletivamente o que faziam nas diferentes praacuteticas de for-maccedilatildeo fossem elas curriculares (de estu-dos leitura pesquisa extensatildeo estaacutegio) ou informais (conversas de corredores ex-periecircncias no Diretoacuterio Acadecircmico etc)

As distinccedilotildees dos estudantes entraram em diaacutelogo com autores do campo dos estu-dos da cogniccedilatildeo e do conhecimento (Kastrup Varela Maturana Latour) que tecircm questio-nado uma forma bastante corrente ao menos nas sociedades ocidentais de se conceber o conhecer e o conhecimento enquanto repre-sentaccedilatildeo efetivada por uma mente indivi-dual de um mundo preacute-existente agrave accedilatildeo do conhecedor O que isso significa Fundamen-talmente implica separar e situar como es-

Etiane AraldiPsicoacuteloga (UFRGS) Mestre em Psicologia Social e Institucional (UFRGS) Analista de Poliacuteticas Sociais na Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo do SUS (PNH) Ministeacuterio da Sauacutede

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secircncias de um lado um sujeito que conhece e de outro um mundo que se daacute a conhecer

As experiecircncias de formaccedilatildeo dos estu-dantes pesquisados sugerem que tal concep-ccedilatildeo de conhecimento tem marcado sobre-maneira o campo psi a comeccedilar pelo modo como os psicoacutelogos se relacionam com o tema das diferentes psicologias as escolas e escolhas teoacutericas Dada a ambiguidade do objeto e da teacutecnica do psicoacutelogo somada agrave divisatildeo do campo entre diferentes psicolo-gias cada qual com concepccedilotildees epistemo-loacutegicas e metodoloacutegicas especiacuteficas acostu-mou-se a aceitar que a teoria eacute a praacutetica do psicoacutelogo sendo os conceitos ferramentas de trabalho e a escolha teoacuterica um passo neces-saacuterio para que o profissional se constitua enquanto tal e para que suas intervenccedilotildees sejam legitimamente designadas psi

Na esteira dessa ideia supotildee-se que as praacuteticas de um psicoacutelogo psicanalista por exemplo possam ser deduzidas diretamen-te da teoria psicanaliacutetica sendo o trabalho do psicoacutelogo em determinada contingecircncia comumente descrito segundo as teorias que supostamente lhe dariam sustentaccedilatildeo

Em nossa pesquisa observamos que tal loacutegica produz a teoria e a praacutetica como domiacutenios de accedilatildeo muito diferentes nessa profissatildeo sendo o trabalho psi dado o seu forte componente relacional entendido em uma dimensatildeo incorporada um co-nhecimento de ldquoorganismordquo que ldquose sen-te na carnerdquo (conforme verbalizaccedilotildees dos estudantes) em contraposiccedilatildeo com o fazer acadecircmico tomado como essencialmente analiacutetico reflexivo ldquoruminanterdquo parecen-do inclusive que o estaacutegio natildeo compunha o curriacuteculo tamanho o confronto entre um mundo e outro O curioso eacute que em-bora sendo situado no discurso como um conhecimento desprovido de corpo as competecircncias acadecircmicas eram transpos-tas em um sentido incorporado ao fazer

dos estaacutegios produzindo nos estudantes atitudes analiacuteticas distanciadas num sen-tido de espectador nas intervenccedilotildees pro-fissionais Inclusive o uso de metaacuteforas relacionadas agraves tecnologias de produccedilatildeo e apreensatildeo de teorias fizeram-se bastante presentes na explicaccedilatildeo do que faz o psi-coacutelogo fazer leituras da realidade era me-taacutefora recorrente na descriccedilatildeo de boa parte das accedilotildees dos estudantes nos estaacutegios

O tema da identificaccedilatildeo foi citado di-versas vezes como criteacuterio para a escolha teoacuterica expressando a busca por uma re-laccedilatildeo de identidade igualdade entre seu suposto ser e a concepccedilatildeo de ser (de sujei-to) supostamente contida nas teorias Mas seriam nossos ldquoeusrdquo e os ldquoeusrdquo (as con-cepccedilotildees de sujeito) das teorias assim tatildeo coerentes Tanto no campo da cogniccedilatildeo quanto no da epistemologia tal suposiccedilatildeo de coerecircncia tem sido questionada

De qualquer modo a ideia de que o ser antecede o fazer parece motivar na psicolo-gia a adoccedilatildeo de uma concepccedilatildeo de sujeito uma visatildeo de homem como necessidade a priori para a atuaccedilatildeo profissional Entretan-to o que observamos entre os estudantes e a instituiccedilatildeo universitaacuteria foi um traba-lho ativo e cotidiano de separaccedilatildeopuri-ficaccedilatildeo dessas concepccedilotildees De modo que nos perguntamos a relaccedilatildeo identitaacuteria do psicoacutelogo com as teorias que compotildeem o campo psi seria decorrente de pressupostos e eacuteticas transcendentes preconizados pela epistemologia ou seria um processo que se ampara mais nas praacuteticas cotidianas de formaccedilatildeo de psicoacutelogos Nossa aposta ao perguntar agrave formaccedilatildeo em psicologia sobre o que ali se faz evidenciou um plano con-creto de produccedilatildeo da psicologia no presen-te que extrapola em muito o leque das te-orias psicoloacutegicas vigentes mas que ainda assim pode ser afirmado como legiacutetimo co-nhecer e fazer psi na contemporaneidade

REFEREcircNCIAS

ARALDI Etiane Das escolas e escolhas teoacutericas agraves poliacuteticas cognitivas legitimando a experiecircncia e a contingecircncia na colocaccedilatildeo do problema do conhecer e do conhecimento psi Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Psicologia Social e Institucional Instituto de Psicologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS Porto Alegre 2012

BAPTISTA Luis Antonio A faacutebrica de interiores a Formaccedilatildeo Psi em Questatildeo Niteroacutei Eduff 2000

FIGUEIREDO Luiz Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos Petroacutepolis Vozes 2009

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Projeto Poliacuteticas Puacuteblicas na Formaccedilatildeo promove aproximaccedilatildeo do CRPRS com o meio acadecircmico

De acordo com pesquisas feitas pelo Centro de Referecircncia Teacutecnica em Psicologia e Poliacuteti-cas Puacuteblicas ndash CREPOPRS a formaccedilatildeo em Psicologia eacute apon-tada como uma das grandes fra-gilidades ainda impostas para atuaccedilatildeo dos psicoacutelogos nas poliacute-ticas puacuteblicas Paradoxalmente o campo das poliacuteticas puacuteblicas atrai um nuacutemero maior de pro-fissionais a cada ano que mui-tas vezes chegam ao mercado desconhecendo marcos legais e marcos loacutegicos que datildeo funda-mento agraves praacuteticas nessa aacuterea

Buscando minimizar esse problema o CREPOP vem de-senvolvendo desde 2013 o Pro-jeto Poliacuteticas Puacuteblicas na For-maccedilatildeo proposta que procura qualificar a formaccedilatildeo para atu-accedilatildeo em diferentes campos das poliacuteticas puacuteblicas por meio da aproximaccedilatildeo entre Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul e estudantes de faculdades de Psicologia do estado A ideia de desenvolver esse trabalho surgiu em 2009 por iniciativa do estagiaacuterio da eacutepoca Edson Murliki

O projeto favorece espaccedilos de debate reflexatildeo e constru-

ccedilatildeo de um pensamento criacutetico junto aos cursos de gradua-ccedilatildeo objetivando a construccedilatildeo de referecircncias teacutecnicas para a formaccedilatildeo em Psicologia e Po-liacuteticas Puacuteblicas ldquoBuscamos fortalecer o diaacutelogo entre o CRPRS e o meio acadecircmico dimensionar a percepccedilatildeo dos estudantes sobre seus conhe-cimentos acerca das poliacuteticas puacuteblicas e incentivar a refle-xatildeo avaliativa sobre a forma-ccedilatildeo profissional do psicoacutelogo para atuar na aacutereardquo declara a ex-assessora teacutecnica do CRE-POP Carolina dos Reis

Para alcanccedilar isso o pro-jeto segue algumas etapas que incluem apresentaccedilatildeo aos coordenadores dos cursos e realizaccedilatildeo de encontros com os estudantes na sede sub-sedes do CRPRS ou nas proacute-prias instituiccedilotildees de ensino ldquoOs registros desses encontros subsidiam a produccedilatildeo de um relatoacuterio que reuacutene as princi-pais questotildees apontadas pelos alunos gerando dessa forma orientaccedilotildees para construccedilatildeo de um instrumento informa-tivo que sistematize os pontos de reflexatildeordquo explica Carolina

crepop

Projeto Formaccedilatildeo na sua faculdade Faculdades de Psicologia que tenham interesse em participar do Projeto de Formaccedilatildeo devem entrar em contato com o CREPOPRS pelo fone (51) 33346799 ou pelo e-mail crepopcrprsorgbr

Os resultados parciais in-dicam a necessidade de maior aprofundamento teoacuterico no assunto bem como reconheci-mento do caraacuteter transversal da temaacutetica dentro da formaccedilatildeo Os alunos tambeacutem demandam ampliaccedilatildeo de espaccedilos de inser-ccedilatildeo que propiciem maior conta-to com a praacutetica dos psicoacutelogos nas poliacuteticas puacuteblicas Indicam ainda a necessidade de uma reformulaccedilatildeo metodoloacutegica no curso do projeto visando a am-pliar o caraacuteter de intervenccedilatildeo do mesmo Seraacute incluiacuteda uma etapa de pactuaccedilotildees entre os diversos atores envolvidos nas instituiccedilotildees participantes de modo a produzir espaccedilos para a construccedilatildeo de soluccedilotildees con-cretas aos desafios emergidos nas rodas de conversas

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tracircnsito

A Psicologia na educaccedilatildeo para o tracircnsito

A Psicologia exerce uma impor-tante funccedilatildeo no tracircnsito ao estudar a mobilidade humana a partir da anaacutelise de diferentes dimensotildees processos e fenocircmenos envolvidos nesse contexto Pensando nisso a Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsi-to e Mobilidade Humana do CRPRS contribuiu na organizaccedilatildeo do 1ordm Se-minaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito realizado pela Prefeitura de Santa Maria em abril O evento voltado a professores da rede puacuteblica de ensi-no do municiacutepio teve como objetivo despertar a conscientizaccedilatildeo de que a educaccedilatildeo pode mudar o comporta-mento das pessoas no tracircnsito

O CRPRS acredita que a Psicolo-gia pode contribuir nesse processo envolvendo os professores e toda a sociedade para que o tema seja tra-balhado de forma ampla Para a Co-missatildeo do CRPRS os professores pre-cisam entender essa transversalidade

para que haja uma real mudanccedila de comportamento da sociedade

O tracircnsito deve ser pensado de maneira ampla considerando todos os envolvidos ldquoQuando falamos em tracircnsito natildeo devemos pensar apenas no fluxo de automoacuteveis mas consi-derar principalmente que o tracircnsi-to eacute composto por todos noacutes Deve-mos pensar no aspecto da mobilidade humana pensar na livre circulaccedilatildeo e no deslocamento com seguranccedila assim como nas relaccedilotildees sociais que se constituem nesse espaccedilo Ao se deslocar pelas ruas com automoacuteveis particulares bens privados as pes-soas muitas vezes natildeo se datildeo conta de que estatildeo circulando em um espa-ccedilo puacuteblico com regras estabelecidas pelo governo e pela proacutepria socieda-de Competem entre si de modo pri-vado por um espaccedilo que eacute puacuteblico e de todosrdquo declara o coordenador da aacuterea teacutecnica do CRPRS assessor da

SAIBA MAISAssista aos viacutedeos do 1ordm Seminaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Artigo ldquoTracircnsito e Sociedaderdquo de Sinara Tres Soares e Lucio Fernando Garcia disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Publicaccedilatildeo do CRPRS ldquoTracircnsito e Mobilidade Humana - Psicologia Educaccedilatildeo e Cidadaniardquo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrlivrotransito

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tracircnsito

Comissatildeo de Tracircnsito Lucio Fernan-do Garcia

Para ele a Psicologia exerce um im-portante papel ao contribuir na refle-xatildeo que abrange conceitos de cidada-nia e suas implicaccedilotildees considerando o tracircnsito como um processo humano e que envolve condiccedilotildees subjetivas ldquoSer cidadatildeo eacute uma escolha que traz impli-caccedilotildees e reflexotildees sobre responsabili-dades obrigaccedilotildees e direitosrdquo

Diversos aspectos psicoloacutegicos interferem na forma como as pesso-as lidam com o tracircnsito A psicoacuteloga Sinara Tres Soares da Escola Puacuteblica de Tracircnsito do DETRAN-RS ressalta que mesmo tendo ciecircncia dos riscos aos quais estatildeo expostas muitas pes-soas optam em correr esse risco por acreditar que vale a pena ldquoCada pes-soa tem uma diferente percepccedilatildeo de risco O que para alguns representa mais seguranccedila para outros pode significar a permissatildeo para correr mais riscos O sistema de freios do tipo ABS por exemplo traz mais se-guranccedila poreacutem algumas pessoas por se sentirem mais seguras com essa tecnologia acabam correndo maisrdquo explica Sinara

Outro aspecto psicoloacutegico en-volvido no tracircnsito diz respeito agrave conduta que autoriza as pessoas a te-rem determinado tipo de comporta-mento contrariando aquilo que elas mesmas acreditamldquoMuitos criticam quando os carros param em fila du-pla Poreacutem quando vatildeo levar o filho

na escola por exemplo agem assim e justificam tal atitude com explica-ccedilotildees como lsquoeacute bem rapidinhorsquo ou lsquofoi soacute dessa vezldquo

Esse tipo de comportamento re-flete a questatildeo do individualismo e da dificuldade das pessoas entende-rem que fazem parte de um todo e que estatildeo inseridas em um contex-to em que seus atos iratildeo atingir o proacuteximo ldquoTemos que trabalhar na sensibilizaccedilatildeo para que cada um compreenda que a sua atitude seu comportamento interfere direta-mente no tracircnsitordquo afirma a colabo-radora da Subsede Centro-Oeste do CRPRS integrante da Comissatildeo do Tracircnsito Aline Baumlumer

Para o evento em Santa Maria o grupo de colaboradores da Subsede Centro-Oeste produziu o viacutedeo ldquoAto-res no Tracircnsitordquo que mostra diferentes pontos de vista que fazem parte do tracircnsito revelando como nossa visatildeo muda dependendo da oacutetica em que a cena eacute vista

A Comissatildeo de Psicologia do Tracircn-sito e Mobilidade Humana do CRPRS estaacute engajada na proposta de desenvol-ver poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave educa-ccedilatildeo para o tracircnsito ldquoQueremos investir na continuidade de projetos e eventos como esse Seminaacuterio Acreditamos que alunos e professores engajados tornam--se multiplicadores de accedilotildees de educa-ccedilatildeo para o tracircnsitordquo afirma a presiden-te da Comissatildeo do CRPRS Elisangela Maria Almeida Santos

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer discutir mais sobre essa relaccedilatildeo entre Psicologia e Tracircnsito Participe da Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsito e Mobilidade Humana Acompanhe a agenda de reuniotildees pelo site httpcrprsorgbrcomissoesegts ou envie e-mail para comissoescrprsorgbr e informe seu interesse

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Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica em situaccedilotildees de periacutecia e de recursos administrativos

orientaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo psicoloacutegica eacute sem duacutevi-da a abordagem mais requisitada nas di-ferentes instacircncias do fazer do psicoacutelogo Ligada principalmente agrave necessidade de uma resposta ocupa um espaccedilo teacutecnico mas tambeacutem muitas vezes se constitui no imaginaacuterio como se pudesse responder a todas e quaisquer questotildees pautadas com base na anaacutelise do comportamento ou de condiccedilotildees emocionais do avaliando Essa condiccedilatildeo eacute produzida na medida em que atualmente a avaliaccedilatildeo psicoloacutegica tem sido cada vez mais usada na condiccedilatildeo de fundamentar periacutecia ou em situaccedilotildees judi-ciais assim como as que ocorrem em con-cursos puacuteblicos no proacuteprio processo ou em situaccedilotildees de recurso administrativo

As avaliaccedilotildees nessas situaccedilotildees seguem o regrado pela profissatildeo atraveacutes do Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo e das Re-soluccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia assim como devem buscar atender ao soli-citado Entretanto essa maacutexima natildeo quer dizer que o psicoacutelogo quando destacado (contratado) como perito deva conceber tal incumbecircncia como fator a definir o resulta-do da avaliaccedilatildeo O ato pericial eacute o de aplicar teacutecnicas e meacutetodos psicoloacutegicos objetivando um resultado decorrente de todo o processo que por meio de instrumentos eou de en-trevistas concluiraacute a avaliaccedilatildeo registrando ao candidato ou periciando as conclusotildees formuladas O psicoacutelogo natildeo advoga pela parte ou seja o resultado da avaliaccedilatildeo psi-coloacutegica poderaacute ser muito diferente do re-sultado almejado pelo candidato ou parte em processo judicial A avaliaccedilatildeo natildeo pode

ser tendenciosa adaptada ou alterada a fim de alcanccedilar o resultado pretendido pelo candidato natildeo eacute uma peccedila de defesa Eacute um procedimento teacutecnicocientiacutefico que con-clui a partir dos dados e teacutecnicas aplicadas objetivando responder ao solicitado dentro de determinados limites descrevendo o ob-servado e orientando o avaliando sobre os resultados obtidos

A conduta do psicoacutelogo em todo o pro-cedimento avaliativo deve estar pautada em princiacutepios de responsabilidade teacutecnica e profissional respaldados em procedimentos cientiacuteficos e validados O profissional deve ainda levar em consideraccedilatildeo aspectos como bem-estar dignidade e responsabilidade so-cial dos envolvidos na avaliaccedilatildeo uma vez que a mesma ocorre em um contexto soacutecio--cultural e de forma geral contempla um processo que envolve a sociedade como um todo especialmente em se tratando de con-cursos puacuteblicos e assessoramento judiciaacuterio

Reco

rte

e co

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Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea TeacutecnicaAdriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga FiscalLeticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Artigo ldquoAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica e Relaccedilotildees com o Judiciaacuteriordquo publicado na ediccedilatildeo nordm 64 do EntreLinhas disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas64

Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcodigoetica

Resoluccedilotildees do CFP disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrresolucoesCFP

28 entre linhas | abr-mai-jun 2014

USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

CursosEspecializaccedilatildeo em Psicologia Cliacutenica Terapia Cognitivo ComportamentalChapecoacuteSC Informaccedilotildees (49) 99413800dilmaandrettaunoescedubr wwwunoescedubr

V Ciclo de Estudos em Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica18072014 (iniacutecio moacutedulo 5) 08082014 (iniacutecio moacutedulo 6)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33085453cicloestudosapgmailcom wwwufrgsbrgeapap

Mediaccedilatildeo de Conflitos Novo paradigma agrave construccedilatildeo da pazAteacute 09102014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32226134infoclipmedcombr wwwclipmedcombr Curso de PsicanaacuteliseAteacute 25102014 Passo FundoRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Grupos de EstudoOs contos de fadas como instrumento de conhecimento e desenvolvimento humanoCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500claudiaclinicatessaricombr wwwrecriarnetbr

Introduccedilatildeo agrave Psico-Oncologia com ecircnfase em Psicossomaacutetica e PsiconeuroimunologiaPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92627203 (51) 84041373dhmullerbolcombr danitnunesgmailcompsicossomatica-rsorgbr

Estudos Metapsicoloacutegicos de Freud1306 1807 1508 1909 1010 e 21112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

O que fazer quando recebemos uma crianccedila0407 0108 2908 3110 07112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Mitologia Grega IAteacute 21112014 (encontros mensais)Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500recriarrecriarnetbr

A obra de Wilfred BionAteacute 13122014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr Teoria e Teacutecnica das Paradas e Impasses do TratamentoEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33303845secretariasbpdepaorgbr

Observaccedilatildeo de BebecircsEncontros agraves segundas-feirasNovo Hamburgo RS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Indicadores de Intersubjetividade de 0 a 2 anosEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

O Estudo da Mente na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Conceitos Fundamentais sobre sexualidade na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

DW Winnicott sua pessoa e suas ideias psicanaliacuteticasEncontros agraves quartas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Andreacute GreenEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

Donald WinnicottEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwbionorgbr

Seacuterie Em TerapiaEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr Trabalhos de MetapsicologiaEncontro agraves sextas-feirasCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Freud Reinventando FreudEncontros aos saacutebadosCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

BionEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr D WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

FreudEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Iniciando com WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Introduccedilatildeo ao Aparelho PsiacutequicoEncontros mensaisPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 (51) 33842765contatobionorgbr wwwbionorgbr

Congressos Jornadas Simpoacutesios e Conferecircncias

IV Jornada do Programa da Mulher Depen-dente Quiacutemica02082014Satildeo PauloSP Informaccedilotildees (11) 26618011amandadiasipqhcorgbr omrochaipqhcorgbr wwwceiporgbr

Jornada Constructo 2014 - com Dr Jacques Andregrave15 e 16082014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Congresso SOCERGS 2014 Uniatildeo de conheci-mento e Intercacircmbio multidisciplinar21 a 23082014GramadoRS Informaccedilotildees (51) 33391415 wwwsocergsorgbrcongresso2014

IV Congresso Brasileiro de Psicologia - Ciecircn-cia e Profissatildeo19 a 23112014Satildeo PauloSPwwwcienciaeprofissaocombr

Conferecircncia e Treinamento com a Psicoacuteloga Americana FELICIA CARROLL26 a 29112014Caxias do Sul RS Informaccedilotildees claudiatessarigmailcom wwwrecriarnetbr

Exibiccedilatildeo de filme8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoMorte em Venezardquo02072014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoUacuteltimo Tango Em Parisrdquo13082014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoCanccedilatildeo de Amorrdquo10092014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoAta-merdquo08102014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoO Livro de Cabeceirardquo12112014 Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

OficinaOficina de Produccedilatildeo Psicanaliacutetica e LiteraacuteriaSegundas ou quartas-feiras (6 encontros)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwpaulofernandomonteiroferrazblogspotcom

Agecircncia Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

Page 19: EntreLinhas nº 66

entre linhas | abr-mai-jun 2014 19

Considerando isso como a Psicologia do Esporte lida com a questatildeo da es-petacularizaccedilatildeo do esporte Benno Becker Jr ndash Acredito que a Copa do Mundo pode ser muito posi-tiva para a Psicologia do Esporte pois deixaraacute a sensaccedilatildeo de que algo ficou faltando de que a Psicologia poderia ter sido mais envolvida nessa organi-zaccedilatildeo Precisamos mostrar que os psi-coacutelogos do esporte estatildeo agrave disposiccedilatildeo natildeo soacute dos atletas mas da populaccedilatildeo em geral tambeacutem Maacutercia Pilla do Valle ndash Muitas vezes nossa participaccedilatildeo nessa espe-tacularizaccedilatildeo gerada pela miacutedia nos gera um dilema eacutetico Geralmente os jornalistas buscam respostas objetivas querem saber do psicoacutelogo se a equipe ou o atleta ldquoamarelourdquo de fato e natildeo haacute como responder isso Isso acaba abrin-do espaccedilo para a opiniatildeo e manifesta-ccedilatildeo sobre o desempenho das equipes de outros profissionais que assumem o papel de motivadores e criacuteticos Cassiano Pires ndash Eacute importante sa-ber aproveitar o espaccedilo na miacutedia para mostrar a importacircncia do esporte Sabe-mos que poucas coisas ficam de heran-ccedila desses grandes eventos Entatildeo que possamos contribuir para o iniacutecio de uma cultura do esporte mais humani-zada Mostrar que tem muito psicoacutelogo trabalhando e se qualificando e orientar a imprensa sobre esse trabalho Esses grandes eventos demandam uma aten-ccedilatildeo de todas as aacutereas do esporte para que num futuro a sociedade consiga

ver o esporte como algo menos ldquofurio-sordquo com briga disputa morte e mais como uma atividade de lazer Com re-laccedilatildeo aos problemas sociais que surgem devido a esses eventos devemos estar atentos para dar o suporte que as pesso-as envolvidas nisso precisam Para isso as equipes locais que estatildeo organizando a Copa do Mundo por exemplo deve-riam contar com psicoacutelogos Vocecirc acredita que o Esporte pode ser-vir como um meio de garantia dos di-reitos humanos Maacutercia Pilla do Valle ndash Eacute importan-te natildeo pensar o esporte somente como uma atividade de alto rendimento O psicoacutelogo natildeo pode colocar sua praacutetica apenas a serviccedilo do rendimento Te-mos o papel de minimizar sofrimento Busco em minha inserccedilatildeo dentro dos clubes como psicoacuteloga mudar isso e contribuir para tornar o ambiente mais agradaacutevel proporcionando melhores condiccedilotildees da praacutetica esportiva Cassiano Pires ndash Temos que pensar no esporte como algo importante para a inclusatildeo Quando estatildeo praticando esporte as diferenccedilas natildeo existem to-dos satildeo iguais Crianccedilas que fora desse contexto vivem realidades bem dife-rentes (um mora numa casa de muitos andares o outro em uma casa de chatildeo batido por exemplo) quando estatildeo em quadra jogam de igual para igual O esporte nesse sentido eacute muito iguala-dor tem uma questatildeo de inclusatildeo nata que eacute muito legal e temos que saber aproveitar isso

TIacuteTULO DE ESPECIALISTAO tiacutetulo de especialista do CFP eacute concedido por conclusatildeo de curso de especializaccedilatildeo credenciado pelo CFP ou aprovaccedilatildeo em concurso de provas e tiacutetulos promovido periodicamente pelo CFP comprovando experiecircncia profissional de pelo menos 2 anos na aacuterea pretendidawwwcfporgbr

PARTICIPE DAS DISCUSSOtildeES NO CRPRSQuer propor a discussatildeo desse tema Participe das reuniotildees das Comissotildees de Poliacuteticas Puacuteblicas e Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica

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formaccedilatildeo

10 anos do curriacuteculo amplo o que de fato mudou na formaccedilatildeo do psicoacutelogo

Haacute 10 anos tinha iniacutecio um signi-ficativo processo de mudanccedilas na for-maccedilatildeo do psicoacutelogo com as alteraccedilotildees propostas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) de 2004 Sem distin-ccedilatildeo de habilitaccedilotildees diferentes a forma-ccedilatildeo do psicoacutelogo passou a ser ampla incluindo um nuacutecleo comum estaacutegios baacutesicos estaacutegios especiacuteficos ecircnfases curriculares articulaccedilatildeo de competecircn-cias baacutesicas e dos eixos estruturantes e refinamento das propostas de estaacutegios especiacuteficos Em 2011 a nova DCN man-teve as alteraccedilotildees de 2004 instituindo aleacutem dessas um projeto de formaccedilatildeo complementar para o professor de Psi-cologia em seu 13ordm artigo

Para a Associaccedilatildeo Brasileira de Ensino de Psicologia (ABEP) as ecircnfa-ses curriculares ndash que consistem em um recorte de um conjunto de fazeres (competecircncias) jaacute presentes no nuacutecleo comum concentradas em determina-do conjunto de atividades ndash podem ser consideradas uma forma de atender agrave formaccedilatildeo generalista sem cair no risco da superficialidade Cada curso tem a possibilidade de definir seus encadea-mentos prioritaacuterios independentemen-te das abordagens utilizadas

O CRPRS vem debatendo na Co-missatildeo de Formaccedilatildeo os desafios impli-cados em trabalhar a formaccedilatildeo ampla e ao mesmo tempo respeitar a exigecircncias

das ecircnfases curriculares que culminam na realizaccedilatildeo dos estaacutegios especiacuteficos

A coordenadora da Comissatildeo de Gra-duaccedilatildeo da Psicologia da UFRGS Paula Sandrine Machado lembra que o proces-so de adequaccedilatildeo e renovaccedilatildeo dos proje-tos pedagoacutegicos produziu em muitos cursos certos movimentos interessantes de avaliaccedilatildeo e de discussatildeo sobre o pro-fissional que se quer formar o contexto da Psicologia as competecircncias gerais que a formaccedilatildeo busca contemplar e as espe-cificidades de cada curso A abrangecircncia das diretrizes poreacutem aponta tanto para um profissional capaz de ldquofazer tudordquo quanto para um profissional que precisa saber algumas coisas baacutesicas para poder atuar em diferentes contextos

Para as coordenadoras de curso e de estaacutegio da Unisinos Rosana Cecchini de Castro e Maria Elisabeth Selbach o nuacute-cleo comum as competecircncias baacutesicas e os eixos estruturantes preconizados pe-las DCN tecircm possibilitado uma visatildeo abrangente e plural das muacuteltiplas pers-pectivas e possibilidades de intervenccedilatildeo para o futuro profissional da Psicologia ldquoAs ecircnfases podem ter foco no mercado de trabalho mas natildeo podem se desvin-cular da formaccedilatildeo como um todo sob pena de se tornarem especialidadesrdquo salientam as coordenadoras

Com o objetivo de evitar a especiali-zaccedilatildeo na formaccedilatildeo muitas instituiccedilotildees

Leia os depoimentos dos coordenadores dos cursos de Psicologia na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Resoluccedilatildeo nordm 05 de 15 de marccedilo de 2011 disponiacutevel em httpbitlyDCN2011

ABEPSIwwwabepsiorgbr

SAIBA MAIS Veja o histoacuterico das DCNs em httpbitlyABEP_DCNs

Publicaccedilatildeo do CFP ldquoContribuiccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia agrave discussatildeo sobre a formaccedilatildeo da(o) psicoacuteloga(o)rdquo httpbitlyCFP_Formacao

entre linhas | abr-mai-jun 2014 21

de ensino trabalham com a proposta de ecircnfase como aprofundamento de estudo daquilo que jaacute foi contemplado na forma-ccedilatildeo geral do curriacuteculo

Na Univates por exemplo primei-ramente as ecircnfases ocorriam a partir do seacutetimo semestre o que prejudicava a formaccedilatildeo generalista uma vez que os estudos e disciplinas direcionavam para conteuacutedos muito especiacuteficos ldquoAl-teramos para as ecircnfases no uacuteltimo ano do curso Essa mudanccedila trouxe maior conhecimento aos estudantes da proacute-pria atuaccedilatildeo nos mais variados espa-ccedilosrdquo explica a coordenadora do curso de Psicologia da Univates Ana Lucia Bender Pereira

A preocupaccedilatildeo em preparar e for-mar o estudante para o mercado de trabalho eacute apontada pela coordenado-ra da Fisma Baacuterbara Maria Barbosa Silva Segundo ela a formaccedilatildeo pelas universidades natildeo estaacute em concordacircn-cia com a atuaccedilatildeo profissional ldquoIsso se

expressa quando na inserccedilatildeo dos alu-nos nos campos de praacuteticas e estaacutegios visualizamos a negaccedilatildeo ou negligecircncia de muitos campos de atuaccedilatildeo do Psi-coacutelogo para a formaccedilatildeo de alunosrdquo de-clara Baacuterbara Uma estrateacutegia adotada para dar conta dessa demanda eacute criar dentro da proacutepria instituiccedilatildeo de ensi-no espaccedilos destinados a execuccedilatildeo das praacuteticas e estaacutegios

Para o subcoordenador do curso da UNISC Jerto Cardoso da Silva as DCN devem ser pensadas democrati-camente e natildeo de forma autocraacutetica ldquoAs diretrizes devem ser propostas a partir das inquietaccedilotildees dos cursos e construiacutedas com elesrdquo Para ele os cur-sos devem estar atentos ao mercado de trabalho mas natildeo devem ser apenas pautados por ele pois trabalham na formaccedilatildeo de profissionais criacuteticos ou seja que podem ingressar no mercado mas tambeacutem transformaacute-lo e propor novas aacutereas de atuaccedilatildeo

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer ampliar a discussatildeo do tema Participe das reuniotildees ampliadas da Comissatildeo de Formaccedilatildeo Acompanhe a agenda pelo site wwwcrprsorgbrcomissoesegts

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artigo

A formaccedilatildeo em psicologia e a psicologia em formaccedilatildeo

Em pesquisa realizada na deacutecada de 80 sobre a formaccedilatildeo de psicoacutelogos com estudantes do curso de graduaccedilatildeo da Uni-versidade Federal Fluminense (UFF) Luis Antonio Baptista percebeu que ela se de-senvolvia em paralelo ao que se passava agrave sua volta Era uma formaccedilatildeo que pouco incluiacutea as questotildees entatildeo contemporacircneas da sociedade brasileira e tampouco sua histoacuteria (BAPTISTA 2000)

Jaacute nos anos 2000 em nossa experiecircn-cia de formaccedilatildeo no curso de graduaccedilatildeo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) o ldquomundo laacute forardquo parecia fazer-se bastante presente na universidade E era um mundo que se dizia em transformaccedilatildeo

Como natildeo poderia ser diferente em um mundo muacuteltiplo e em uma profissatildeo que vem se autodenominando plural o proje-to de psicologia almejado para a formaccedilatildeo contemporacircnea de psicoacutelogos natildeo era uno De um lado havia o projeto de se alcanccedilar uma psicologia verdadeiramente cientiacutefica e rigorosa contra aquelas praacuteticas profis-sionais calcadas no senso comum De ou-tro a esperanccedila de se alcanccedilar uma psico-logia eacutetica e com compromisso social que passaria justamente pela superaccedilatildeo da psicologia cientificista pois que compro-metida com o modelo neoliberal de socie-dade De um lado a defesa de um modelo de formaccedilatildeo por competecircncias De outro sua criacutetica De um lado modos ditos claacutes-sicos de conhecer De outro aqueles tidos como completamente inovadores

Luiz Claudio Mendonccedila Figueiredo relaciona o ldquoestado um tanto caoacutetico e ine-vitavelmente desarticulado de qualquer curriacuteculo de formaccedilatildeo em psicologiardquo (FI-

GUEIREDO 2009 p17) agraves condiccedilotildees histoacute-ricas desse campo cientiacutefico e profissional indicando o estudo da histoacuteria da psicologia como forma de compreender e transformar essa realidade Gostariacuteamos de apontar tam-beacutem um sentido inverso o estudo desses processos de formaccedilatildeo caoacuteticos e desarticu-lados para compreender a psicologia que te-mos e que vimos produzindo historicamen-te A formaccedilatildeo em psicologia expressando ela mesma uma psicologia em formaccedilatildeo

Essa inversatildeo constituiu nossa pesqui-sa de mestrado (ARALDI 2012) a qual tomando como ponto de partida os impas-ses dilemas e controveacutersias que permeiam as experiecircncias de psicoacutelogos em forma-ccedilatildeo encontrou algumas vias possiacuteveis de se colocar e se recolocar o problema do conhecer e do conhecimento psi Partimos de um dispositivo metodoloacutegico que ins-tigava os estudantes participantes todos da graduaccedilatildeo em psicologia da UFRGS a descreverem e analisarem coletivamente o que faziam nas diferentes praacuteticas de for-maccedilatildeo fossem elas curriculares (de estu-dos leitura pesquisa extensatildeo estaacutegio) ou informais (conversas de corredores ex-periecircncias no Diretoacuterio Acadecircmico etc)

As distinccedilotildees dos estudantes entraram em diaacutelogo com autores do campo dos estu-dos da cogniccedilatildeo e do conhecimento (Kastrup Varela Maturana Latour) que tecircm questio-nado uma forma bastante corrente ao menos nas sociedades ocidentais de se conceber o conhecer e o conhecimento enquanto repre-sentaccedilatildeo efetivada por uma mente indivi-dual de um mundo preacute-existente agrave accedilatildeo do conhecedor O que isso significa Fundamen-talmente implica separar e situar como es-

Etiane AraldiPsicoacuteloga (UFRGS) Mestre em Psicologia Social e Institucional (UFRGS) Analista de Poliacuteticas Sociais na Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo do SUS (PNH) Ministeacuterio da Sauacutede

Acesse artigo na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

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secircncias de um lado um sujeito que conhece e de outro um mundo que se daacute a conhecer

As experiecircncias de formaccedilatildeo dos estu-dantes pesquisados sugerem que tal concep-ccedilatildeo de conhecimento tem marcado sobre-maneira o campo psi a comeccedilar pelo modo como os psicoacutelogos se relacionam com o tema das diferentes psicologias as escolas e escolhas teoacutericas Dada a ambiguidade do objeto e da teacutecnica do psicoacutelogo somada agrave divisatildeo do campo entre diferentes psicolo-gias cada qual com concepccedilotildees epistemo-loacutegicas e metodoloacutegicas especiacuteficas acostu-mou-se a aceitar que a teoria eacute a praacutetica do psicoacutelogo sendo os conceitos ferramentas de trabalho e a escolha teoacuterica um passo neces-saacuterio para que o profissional se constitua enquanto tal e para que suas intervenccedilotildees sejam legitimamente designadas psi

Na esteira dessa ideia supotildee-se que as praacuteticas de um psicoacutelogo psicanalista por exemplo possam ser deduzidas diretamen-te da teoria psicanaliacutetica sendo o trabalho do psicoacutelogo em determinada contingecircncia comumente descrito segundo as teorias que supostamente lhe dariam sustentaccedilatildeo

Em nossa pesquisa observamos que tal loacutegica produz a teoria e a praacutetica como domiacutenios de accedilatildeo muito diferentes nessa profissatildeo sendo o trabalho psi dado o seu forte componente relacional entendido em uma dimensatildeo incorporada um co-nhecimento de ldquoorganismordquo que ldquose sen-te na carnerdquo (conforme verbalizaccedilotildees dos estudantes) em contraposiccedilatildeo com o fazer acadecircmico tomado como essencialmente analiacutetico reflexivo ldquoruminanterdquo parecen-do inclusive que o estaacutegio natildeo compunha o curriacuteculo tamanho o confronto entre um mundo e outro O curioso eacute que em-bora sendo situado no discurso como um conhecimento desprovido de corpo as competecircncias acadecircmicas eram transpos-tas em um sentido incorporado ao fazer

dos estaacutegios produzindo nos estudantes atitudes analiacuteticas distanciadas num sen-tido de espectador nas intervenccedilotildees pro-fissionais Inclusive o uso de metaacuteforas relacionadas agraves tecnologias de produccedilatildeo e apreensatildeo de teorias fizeram-se bastante presentes na explicaccedilatildeo do que faz o psi-coacutelogo fazer leituras da realidade era me-taacutefora recorrente na descriccedilatildeo de boa parte das accedilotildees dos estudantes nos estaacutegios

O tema da identificaccedilatildeo foi citado di-versas vezes como criteacuterio para a escolha teoacuterica expressando a busca por uma re-laccedilatildeo de identidade igualdade entre seu suposto ser e a concepccedilatildeo de ser (de sujei-to) supostamente contida nas teorias Mas seriam nossos ldquoeusrdquo e os ldquoeusrdquo (as con-cepccedilotildees de sujeito) das teorias assim tatildeo coerentes Tanto no campo da cogniccedilatildeo quanto no da epistemologia tal suposiccedilatildeo de coerecircncia tem sido questionada

De qualquer modo a ideia de que o ser antecede o fazer parece motivar na psicolo-gia a adoccedilatildeo de uma concepccedilatildeo de sujeito uma visatildeo de homem como necessidade a priori para a atuaccedilatildeo profissional Entretan-to o que observamos entre os estudantes e a instituiccedilatildeo universitaacuteria foi um traba-lho ativo e cotidiano de separaccedilatildeopuri-ficaccedilatildeo dessas concepccedilotildees De modo que nos perguntamos a relaccedilatildeo identitaacuteria do psicoacutelogo com as teorias que compotildeem o campo psi seria decorrente de pressupostos e eacuteticas transcendentes preconizados pela epistemologia ou seria um processo que se ampara mais nas praacuteticas cotidianas de formaccedilatildeo de psicoacutelogos Nossa aposta ao perguntar agrave formaccedilatildeo em psicologia sobre o que ali se faz evidenciou um plano con-creto de produccedilatildeo da psicologia no presen-te que extrapola em muito o leque das te-orias psicoloacutegicas vigentes mas que ainda assim pode ser afirmado como legiacutetimo co-nhecer e fazer psi na contemporaneidade

REFEREcircNCIAS

ARALDI Etiane Das escolas e escolhas teoacutericas agraves poliacuteticas cognitivas legitimando a experiecircncia e a contingecircncia na colocaccedilatildeo do problema do conhecer e do conhecimento psi Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Psicologia Social e Institucional Instituto de Psicologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS Porto Alegre 2012

BAPTISTA Luis Antonio A faacutebrica de interiores a Formaccedilatildeo Psi em Questatildeo Niteroacutei Eduff 2000

FIGUEIREDO Luiz Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos Petroacutepolis Vozes 2009

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Projeto Poliacuteticas Puacuteblicas na Formaccedilatildeo promove aproximaccedilatildeo do CRPRS com o meio acadecircmico

De acordo com pesquisas feitas pelo Centro de Referecircncia Teacutecnica em Psicologia e Poliacuteti-cas Puacuteblicas ndash CREPOPRS a formaccedilatildeo em Psicologia eacute apon-tada como uma das grandes fra-gilidades ainda impostas para atuaccedilatildeo dos psicoacutelogos nas poliacute-ticas puacuteblicas Paradoxalmente o campo das poliacuteticas puacuteblicas atrai um nuacutemero maior de pro-fissionais a cada ano que mui-tas vezes chegam ao mercado desconhecendo marcos legais e marcos loacutegicos que datildeo funda-mento agraves praacuteticas nessa aacuterea

Buscando minimizar esse problema o CREPOP vem de-senvolvendo desde 2013 o Pro-jeto Poliacuteticas Puacuteblicas na For-maccedilatildeo proposta que procura qualificar a formaccedilatildeo para atu-accedilatildeo em diferentes campos das poliacuteticas puacuteblicas por meio da aproximaccedilatildeo entre Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul e estudantes de faculdades de Psicologia do estado A ideia de desenvolver esse trabalho surgiu em 2009 por iniciativa do estagiaacuterio da eacutepoca Edson Murliki

O projeto favorece espaccedilos de debate reflexatildeo e constru-

ccedilatildeo de um pensamento criacutetico junto aos cursos de gradua-ccedilatildeo objetivando a construccedilatildeo de referecircncias teacutecnicas para a formaccedilatildeo em Psicologia e Po-liacuteticas Puacuteblicas ldquoBuscamos fortalecer o diaacutelogo entre o CRPRS e o meio acadecircmico dimensionar a percepccedilatildeo dos estudantes sobre seus conhe-cimentos acerca das poliacuteticas puacuteblicas e incentivar a refle-xatildeo avaliativa sobre a forma-ccedilatildeo profissional do psicoacutelogo para atuar na aacutereardquo declara a ex-assessora teacutecnica do CRE-POP Carolina dos Reis

Para alcanccedilar isso o pro-jeto segue algumas etapas que incluem apresentaccedilatildeo aos coordenadores dos cursos e realizaccedilatildeo de encontros com os estudantes na sede sub-sedes do CRPRS ou nas proacute-prias instituiccedilotildees de ensino ldquoOs registros desses encontros subsidiam a produccedilatildeo de um relatoacuterio que reuacutene as princi-pais questotildees apontadas pelos alunos gerando dessa forma orientaccedilotildees para construccedilatildeo de um instrumento informa-tivo que sistematize os pontos de reflexatildeordquo explica Carolina

crepop

Projeto Formaccedilatildeo na sua faculdade Faculdades de Psicologia que tenham interesse em participar do Projeto de Formaccedilatildeo devem entrar em contato com o CREPOPRS pelo fone (51) 33346799 ou pelo e-mail crepopcrprsorgbr

Os resultados parciais in-dicam a necessidade de maior aprofundamento teoacuterico no assunto bem como reconheci-mento do caraacuteter transversal da temaacutetica dentro da formaccedilatildeo Os alunos tambeacutem demandam ampliaccedilatildeo de espaccedilos de inser-ccedilatildeo que propiciem maior conta-to com a praacutetica dos psicoacutelogos nas poliacuteticas puacuteblicas Indicam ainda a necessidade de uma reformulaccedilatildeo metodoloacutegica no curso do projeto visando a am-pliar o caraacuteter de intervenccedilatildeo do mesmo Seraacute incluiacuteda uma etapa de pactuaccedilotildees entre os diversos atores envolvidos nas instituiccedilotildees participantes de modo a produzir espaccedilos para a construccedilatildeo de soluccedilotildees con-cretas aos desafios emergidos nas rodas de conversas

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tracircnsito

A Psicologia na educaccedilatildeo para o tracircnsito

A Psicologia exerce uma impor-tante funccedilatildeo no tracircnsito ao estudar a mobilidade humana a partir da anaacutelise de diferentes dimensotildees processos e fenocircmenos envolvidos nesse contexto Pensando nisso a Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsi-to e Mobilidade Humana do CRPRS contribuiu na organizaccedilatildeo do 1ordm Se-minaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito realizado pela Prefeitura de Santa Maria em abril O evento voltado a professores da rede puacuteblica de ensi-no do municiacutepio teve como objetivo despertar a conscientizaccedilatildeo de que a educaccedilatildeo pode mudar o comporta-mento das pessoas no tracircnsito

O CRPRS acredita que a Psicolo-gia pode contribuir nesse processo envolvendo os professores e toda a sociedade para que o tema seja tra-balhado de forma ampla Para a Co-missatildeo do CRPRS os professores pre-cisam entender essa transversalidade

para que haja uma real mudanccedila de comportamento da sociedade

O tracircnsito deve ser pensado de maneira ampla considerando todos os envolvidos ldquoQuando falamos em tracircnsito natildeo devemos pensar apenas no fluxo de automoacuteveis mas consi-derar principalmente que o tracircnsi-to eacute composto por todos noacutes Deve-mos pensar no aspecto da mobilidade humana pensar na livre circulaccedilatildeo e no deslocamento com seguranccedila assim como nas relaccedilotildees sociais que se constituem nesse espaccedilo Ao se deslocar pelas ruas com automoacuteveis particulares bens privados as pes-soas muitas vezes natildeo se datildeo conta de que estatildeo circulando em um espa-ccedilo puacuteblico com regras estabelecidas pelo governo e pela proacutepria socieda-de Competem entre si de modo pri-vado por um espaccedilo que eacute puacuteblico e de todosrdquo declara o coordenador da aacuterea teacutecnica do CRPRS assessor da

SAIBA MAISAssista aos viacutedeos do 1ordm Seminaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Artigo ldquoTracircnsito e Sociedaderdquo de Sinara Tres Soares e Lucio Fernando Garcia disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Publicaccedilatildeo do CRPRS ldquoTracircnsito e Mobilidade Humana - Psicologia Educaccedilatildeo e Cidadaniardquo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrlivrotransito

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tracircnsito

Comissatildeo de Tracircnsito Lucio Fernan-do Garcia

Para ele a Psicologia exerce um im-portante papel ao contribuir na refle-xatildeo que abrange conceitos de cidada-nia e suas implicaccedilotildees considerando o tracircnsito como um processo humano e que envolve condiccedilotildees subjetivas ldquoSer cidadatildeo eacute uma escolha que traz impli-caccedilotildees e reflexotildees sobre responsabili-dades obrigaccedilotildees e direitosrdquo

Diversos aspectos psicoloacutegicos interferem na forma como as pesso-as lidam com o tracircnsito A psicoacuteloga Sinara Tres Soares da Escola Puacuteblica de Tracircnsito do DETRAN-RS ressalta que mesmo tendo ciecircncia dos riscos aos quais estatildeo expostas muitas pes-soas optam em correr esse risco por acreditar que vale a pena ldquoCada pes-soa tem uma diferente percepccedilatildeo de risco O que para alguns representa mais seguranccedila para outros pode significar a permissatildeo para correr mais riscos O sistema de freios do tipo ABS por exemplo traz mais se-guranccedila poreacutem algumas pessoas por se sentirem mais seguras com essa tecnologia acabam correndo maisrdquo explica Sinara

Outro aspecto psicoloacutegico en-volvido no tracircnsito diz respeito agrave conduta que autoriza as pessoas a te-rem determinado tipo de comporta-mento contrariando aquilo que elas mesmas acreditamldquoMuitos criticam quando os carros param em fila du-pla Poreacutem quando vatildeo levar o filho

na escola por exemplo agem assim e justificam tal atitude com explica-ccedilotildees como lsquoeacute bem rapidinhorsquo ou lsquofoi soacute dessa vezldquo

Esse tipo de comportamento re-flete a questatildeo do individualismo e da dificuldade das pessoas entende-rem que fazem parte de um todo e que estatildeo inseridas em um contex-to em que seus atos iratildeo atingir o proacuteximo ldquoTemos que trabalhar na sensibilizaccedilatildeo para que cada um compreenda que a sua atitude seu comportamento interfere direta-mente no tracircnsitordquo afirma a colabo-radora da Subsede Centro-Oeste do CRPRS integrante da Comissatildeo do Tracircnsito Aline Baumlumer

Para o evento em Santa Maria o grupo de colaboradores da Subsede Centro-Oeste produziu o viacutedeo ldquoAto-res no Tracircnsitordquo que mostra diferentes pontos de vista que fazem parte do tracircnsito revelando como nossa visatildeo muda dependendo da oacutetica em que a cena eacute vista

A Comissatildeo de Psicologia do Tracircn-sito e Mobilidade Humana do CRPRS estaacute engajada na proposta de desenvol-ver poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave educa-ccedilatildeo para o tracircnsito ldquoQueremos investir na continuidade de projetos e eventos como esse Seminaacuterio Acreditamos que alunos e professores engajados tornam--se multiplicadores de accedilotildees de educa-ccedilatildeo para o tracircnsitordquo afirma a presiden-te da Comissatildeo do CRPRS Elisangela Maria Almeida Santos

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer discutir mais sobre essa relaccedilatildeo entre Psicologia e Tracircnsito Participe da Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsito e Mobilidade Humana Acompanhe a agenda de reuniotildees pelo site httpcrprsorgbrcomissoesegts ou envie e-mail para comissoescrprsorgbr e informe seu interesse

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Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica em situaccedilotildees de periacutecia e de recursos administrativos

orientaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo psicoloacutegica eacute sem duacutevi-da a abordagem mais requisitada nas di-ferentes instacircncias do fazer do psicoacutelogo Ligada principalmente agrave necessidade de uma resposta ocupa um espaccedilo teacutecnico mas tambeacutem muitas vezes se constitui no imaginaacuterio como se pudesse responder a todas e quaisquer questotildees pautadas com base na anaacutelise do comportamento ou de condiccedilotildees emocionais do avaliando Essa condiccedilatildeo eacute produzida na medida em que atualmente a avaliaccedilatildeo psicoloacutegica tem sido cada vez mais usada na condiccedilatildeo de fundamentar periacutecia ou em situaccedilotildees judi-ciais assim como as que ocorrem em con-cursos puacuteblicos no proacuteprio processo ou em situaccedilotildees de recurso administrativo

As avaliaccedilotildees nessas situaccedilotildees seguem o regrado pela profissatildeo atraveacutes do Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo e das Re-soluccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia assim como devem buscar atender ao soli-citado Entretanto essa maacutexima natildeo quer dizer que o psicoacutelogo quando destacado (contratado) como perito deva conceber tal incumbecircncia como fator a definir o resulta-do da avaliaccedilatildeo O ato pericial eacute o de aplicar teacutecnicas e meacutetodos psicoloacutegicos objetivando um resultado decorrente de todo o processo que por meio de instrumentos eou de en-trevistas concluiraacute a avaliaccedilatildeo registrando ao candidato ou periciando as conclusotildees formuladas O psicoacutelogo natildeo advoga pela parte ou seja o resultado da avaliaccedilatildeo psi-coloacutegica poderaacute ser muito diferente do re-sultado almejado pelo candidato ou parte em processo judicial A avaliaccedilatildeo natildeo pode

ser tendenciosa adaptada ou alterada a fim de alcanccedilar o resultado pretendido pelo candidato natildeo eacute uma peccedila de defesa Eacute um procedimento teacutecnicocientiacutefico que con-clui a partir dos dados e teacutecnicas aplicadas objetivando responder ao solicitado dentro de determinados limites descrevendo o ob-servado e orientando o avaliando sobre os resultados obtidos

A conduta do psicoacutelogo em todo o pro-cedimento avaliativo deve estar pautada em princiacutepios de responsabilidade teacutecnica e profissional respaldados em procedimentos cientiacuteficos e validados O profissional deve ainda levar em consideraccedilatildeo aspectos como bem-estar dignidade e responsabilidade so-cial dos envolvidos na avaliaccedilatildeo uma vez que a mesma ocorre em um contexto soacutecio--cultural e de forma geral contempla um processo que envolve a sociedade como um todo especialmente em se tratando de con-cursos puacuteblicos e assessoramento judiciaacuterio

Reco

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Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea TeacutecnicaAdriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga FiscalLeticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Artigo ldquoAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica e Relaccedilotildees com o Judiciaacuteriordquo publicado na ediccedilatildeo nordm 64 do EntreLinhas disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas64

Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcodigoetica

Resoluccedilotildees do CFP disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrresolucoesCFP

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USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

CursosEspecializaccedilatildeo em Psicologia Cliacutenica Terapia Cognitivo ComportamentalChapecoacuteSC Informaccedilotildees (49) 99413800dilmaandrettaunoescedubr wwwunoescedubr

V Ciclo de Estudos em Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica18072014 (iniacutecio moacutedulo 5) 08082014 (iniacutecio moacutedulo 6)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33085453cicloestudosapgmailcom wwwufrgsbrgeapap

Mediaccedilatildeo de Conflitos Novo paradigma agrave construccedilatildeo da pazAteacute 09102014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32226134infoclipmedcombr wwwclipmedcombr Curso de PsicanaacuteliseAteacute 25102014 Passo FundoRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Grupos de EstudoOs contos de fadas como instrumento de conhecimento e desenvolvimento humanoCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500claudiaclinicatessaricombr wwwrecriarnetbr

Introduccedilatildeo agrave Psico-Oncologia com ecircnfase em Psicossomaacutetica e PsiconeuroimunologiaPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92627203 (51) 84041373dhmullerbolcombr danitnunesgmailcompsicossomatica-rsorgbr

Estudos Metapsicoloacutegicos de Freud1306 1807 1508 1909 1010 e 21112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

O que fazer quando recebemos uma crianccedila0407 0108 2908 3110 07112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Mitologia Grega IAteacute 21112014 (encontros mensais)Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500recriarrecriarnetbr

A obra de Wilfred BionAteacute 13122014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr Teoria e Teacutecnica das Paradas e Impasses do TratamentoEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33303845secretariasbpdepaorgbr

Observaccedilatildeo de BebecircsEncontros agraves segundas-feirasNovo Hamburgo RS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Indicadores de Intersubjetividade de 0 a 2 anosEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

O Estudo da Mente na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Conceitos Fundamentais sobre sexualidade na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

DW Winnicott sua pessoa e suas ideias psicanaliacuteticasEncontros agraves quartas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Andreacute GreenEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

Donald WinnicottEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwbionorgbr

Seacuterie Em TerapiaEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr Trabalhos de MetapsicologiaEncontro agraves sextas-feirasCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Freud Reinventando FreudEncontros aos saacutebadosCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

BionEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr D WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

FreudEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Iniciando com WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Introduccedilatildeo ao Aparelho PsiacutequicoEncontros mensaisPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 (51) 33842765contatobionorgbr wwwbionorgbr

Congressos Jornadas Simpoacutesios e Conferecircncias

IV Jornada do Programa da Mulher Depen-dente Quiacutemica02082014Satildeo PauloSP Informaccedilotildees (11) 26618011amandadiasipqhcorgbr omrochaipqhcorgbr wwwceiporgbr

Jornada Constructo 2014 - com Dr Jacques Andregrave15 e 16082014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Congresso SOCERGS 2014 Uniatildeo de conheci-mento e Intercacircmbio multidisciplinar21 a 23082014GramadoRS Informaccedilotildees (51) 33391415 wwwsocergsorgbrcongresso2014

IV Congresso Brasileiro de Psicologia - Ciecircn-cia e Profissatildeo19 a 23112014Satildeo PauloSPwwwcienciaeprofissaocombr

Conferecircncia e Treinamento com a Psicoacuteloga Americana FELICIA CARROLL26 a 29112014Caxias do Sul RS Informaccedilotildees claudiatessarigmailcom wwwrecriarnetbr

Exibiccedilatildeo de filme8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoMorte em Venezardquo02072014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoUacuteltimo Tango Em Parisrdquo13082014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoCanccedilatildeo de Amorrdquo10092014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoAta-merdquo08102014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoO Livro de Cabeceirardquo12112014 Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

OficinaOficina de Produccedilatildeo Psicanaliacutetica e LiteraacuteriaSegundas ou quartas-feiras (6 encontros)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwpaulofernandomonteiroferrazblogspotcom

Agecircncia Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

Page 20: EntreLinhas nº 66

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formaccedilatildeo

10 anos do curriacuteculo amplo o que de fato mudou na formaccedilatildeo do psicoacutelogo

Haacute 10 anos tinha iniacutecio um signi-ficativo processo de mudanccedilas na for-maccedilatildeo do psicoacutelogo com as alteraccedilotildees propostas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) de 2004 Sem distin-ccedilatildeo de habilitaccedilotildees diferentes a forma-ccedilatildeo do psicoacutelogo passou a ser ampla incluindo um nuacutecleo comum estaacutegios baacutesicos estaacutegios especiacuteficos ecircnfases curriculares articulaccedilatildeo de competecircn-cias baacutesicas e dos eixos estruturantes e refinamento das propostas de estaacutegios especiacuteficos Em 2011 a nova DCN man-teve as alteraccedilotildees de 2004 instituindo aleacutem dessas um projeto de formaccedilatildeo complementar para o professor de Psi-cologia em seu 13ordm artigo

Para a Associaccedilatildeo Brasileira de Ensino de Psicologia (ABEP) as ecircnfa-ses curriculares ndash que consistem em um recorte de um conjunto de fazeres (competecircncias) jaacute presentes no nuacutecleo comum concentradas em determina-do conjunto de atividades ndash podem ser consideradas uma forma de atender agrave formaccedilatildeo generalista sem cair no risco da superficialidade Cada curso tem a possibilidade de definir seus encadea-mentos prioritaacuterios independentemen-te das abordagens utilizadas

O CRPRS vem debatendo na Co-missatildeo de Formaccedilatildeo os desafios impli-cados em trabalhar a formaccedilatildeo ampla e ao mesmo tempo respeitar a exigecircncias

das ecircnfases curriculares que culminam na realizaccedilatildeo dos estaacutegios especiacuteficos

A coordenadora da Comissatildeo de Gra-duaccedilatildeo da Psicologia da UFRGS Paula Sandrine Machado lembra que o proces-so de adequaccedilatildeo e renovaccedilatildeo dos proje-tos pedagoacutegicos produziu em muitos cursos certos movimentos interessantes de avaliaccedilatildeo e de discussatildeo sobre o pro-fissional que se quer formar o contexto da Psicologia as competecircncias gerais que a formaccedilatildeo busca contemplar e as espe-cificidades de cada curso A abrangecircncia das diretrizes poreacutem aponta tanto para um profissional capaz de ldquofazer tudordquo quanto para um profissional que precisa saber algumas coisas baacutesicas para poder atuar em diferentes contextos

Para as coordenadoras de curso e de estaacutegio da Unisinos Rosana Cecchini de Castro e Maria Elisabeth Selbach o nuacute-cleo comum as competecircncias baacutesicas e os eixos estruturantes preconizados pe-las DCN tecircm possibilitado uma visatildeo abrangente e plural das muacuteltiplas pers-pectivas e possibilidades de intervenccedilatildeo para o futuro profissional da Psicologia ldquoAs ecircnfases podem ter foco no mercado de trabalho mas natildeo podem se desvin-cular da formaccedilatildeo como um todo sob pena de se tornarem especialidadesrdquo salientam as coordenadoras

Com o objetivo de evitar a especiali-zaccedilatildeo na formaccedilatildeo muitas instituiccedilotildees

Leia os depoimentos dos coordenadores dos cursos de Psicologia na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Resoluccedilatildeo nordm 05 de 15 de marccedilo de 2011 disponiacutevel em httpbitlyDCN2011

ABEPSIwwwabepsiorgbr

SAIBA MAIS Veja o histoacuterico das DCNs em httpbitlyABEP_DCNs

Publicaccedilatildeo do CFP ldquoContribuiccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia agrave discussatildeo sobre a formaccedilatildeo da(o) psicoacuteloga(o)rdquo httpbitlyCFP_Formacao

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de ensino trabalham com a proposta de ecircnfase como aprofundamento de estudo daquilo que jaacute foi contemplado na forma-ccedilatildeo geral do curriacuteculo

Na Univates por exemplo primei-ramente as ecircnfases ocorriam a partir do seacutetimo semestre o que prejudicava a formaccedilatildeo generalista uma vez que os estudos e disciplinas direcionavam para conteuacutedos muito especiacuteficos ldquoAl-teramos para as ecircnfases no uacuteltimo ano do curso Essa mudanccedila trouxe maior conhecimento aos estudantes da proacute-pria atuaccedilatildeo nos mais variados espa-ccedilosrdquo explica a coordenadora do curso de Psicologia da Univates Ana Lucia Bender Pereira

A preocupaccedilatildeo em preparar e for-mar o estudante para o mercado de trabalho eacute apontada pela coordenado-ra da Fisma Baacuterbara Maria Barbosa Silva Segundo ela a formaccedilatildeo pelas universidades natildeo estaacute em concordacircn-cia com a atuaccedilatildeo profissional ldquoIsso se

expressa quando na inserccedilatildeo dos alu-nos nos campos de praacuteticas e estaacutegios visualizamos a negaccedilatildeo ou negligecircncia de muitos campos de atuaccedilatildeo do Psi-coacutelogo para a formaccedilatildeo de alunosrdquo de-clara Baacuterbara Uma estrateacutegia adotada para dar conta dessa demanda eacute criar dentro da proacutepria instituiccedilatildeo de ensi-no espaccedilos destinados a execuccedilatildeo das praacuteticas e estaacutegios

Para o subcoordenador do curso da UNISC Jerto Cardoso da Silva as DCN devem ser pensadas democrati-camente e natildeo de forma autocraacutetica ldquoAs diretrizes devem ser propostas a partir das inquietaccedilotildees dos cursos e construiacutedas com elesrdquo Para ele os cur-sos devem estar atentos ao mercado de trabalho mas natildeo devem ser apenas pautados por ele pois trabalham na formaccedilatildeo de profissionais criacuteticos ou seja que podem ingressar no mercado mas tambeacutem transformaacute-lo e propor novas aacutereas de atuaccedilatildeo

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer ampliar a discussatildeo do tema Participe das reuniotildees ampliadas da Comissatildeo de Formaccedilatildeo Acompanhe a agenda pelo site wwwcrprsorgbrcomissoesegts

22 entre linhas | abr-mai-jun 2014

artigo

A formaccedilatildeo em psicologia e a psicologia em formaccedilatildeo

Em pesquisa realizada na deacutecada de 80 sobre a formaccedilatildeo de psicoacutelogos com estudantes do curso de graduaccedilatildeo da Uni-versidade Federal Fluminense (UFF) Luis Antonio Baptista percebeu que ela se de-senvolvia em paralelo ao que se passava agrave sua volta Era uma formaccedilatildeo que pouco incluiacutea as questotildees entatildeo contemporacircneas da sociedade brasileira e tampouco sua histoacuteria (BAPTISTA 2000)

Jaacute nos anos 2000 em nossa experiecircn-cia de formaccedilatildeo no curso de graduaccedilatildeo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) o ldquomundo laacute forardquo parecia fazer-se bastante presente na universidade E era um mundo que se dizia em transformaccedilatildeo

Como natildeo poderia ser diferente em um mundo muacuteltiplo e em uma profissatildeo que vem se autodenominando plural o proje-to de psicologia almejado para a formaccedilatildeo contemporacircnea de psicoacutelogos natildeo era uno De um lado havia o projeto de se alcanccedilar uma psicologia verdadeiramente cientiacutefica e rigorosa contra aquelas praacuteticas profis-sionais calcadas no senso comum De ou-tro a esperanccedila de se alcanccedilar uma psico-logia eacutetica e com compromisso social que passaria justamente pela superaccedilatildeo da psicologia cientificista pois que compro-metida com o modelo neoliberal de socie-dade De um lado a defesa de um modelo de formaccedilatildeo por competecircncias De outro sua criacutetica De um lado modos ditos claacutes-sicos de conhecer De outro aqueles tidos como completamente inovadores

Luiz Claudio Mendonccedila Figueiredo relaciona o ldquoestado um tanto caoacutetico e ine-vitavelmente desarticulado de qualquer curriacuteculo de formaccedilatildeo em psicologiardquo (FI-

GUEIREDO 2009 p17) agraves condiccedilotildees histoacute-ricas desse campo cientiacutefico e profissional indicando o estudo da histoacuteria da psicologia como forma de compreender e transformar essa realidade Gostariacuteamos de apontar tam-beacutem um sentido inverso o estudo desses processos de formaccedilatildeo caoacuteticos e desarticu-lados para compreender a psicologia que te-mos e que vimos produzindo historicamen-te A formaccedilatildeo em psicologia expressando ela mesma uma psicologia em formaccedilatildeo

Essa inversatildeo constituiu nossa pesqui-sa de mestrado (ARALDI 2012) a qual tomando como ponto de partida os impas-ses dilemas e controveacutersias que permeiam as experiecircncias de psicoacutelogos em forma-ccedilatildeo encontrou algumas vias possiacuteveis de se colocar e se recolocar o problema do conhecer e do conhecimento psi Partimos de um dispositivo metodoloacutegico que ins-tigava os estudantes participantes todos da graduaccedilatildeo em psicologia da UFRGS a descreverem e analisarem coletivamente o que faziam nas diferentes praacuteticas de for-maccedilatildeo fossem elas curriculares (de estu-dos leitura pesquisa extensatildeo estaacutegio) ou informais (conversas de corredores ex-periecircncias no Diretoacuterio Acadecircmico etc)

As distinccedilotildees dos estudantes entraram em diaacutelogo com autores do campo dos estu-dos da cogniccedilatildeo e do conhecimento (Kastrup Varela Maturana Latour) que tecircm questio-nado uma forma bastante corrente ao menos nas sociedades ocidentais de se conceber o conhecer e o conhecimento enquanto repre-sentaccedilatildeo efetivada por uma mente indivi-dual de um mundo preacute-existente agrave accedilatildeo do conhecedor O que isso significa Fundamen-talmente implica separar e situar como es-

Etiane AraldiPsicoacuteloga (UFRGS) Mestre em Psicologia Social e Institucional (UFRGS) Analista de Poliacuteticas Sociais na Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo do SUS (PNH) Ministeacuterio da Sauacutede

Acesse artigo na iacutentegra em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

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secircncias de um lado um sujeito que conhece e de outro um mundo que se daacute a conhecer

As experiecircncias de formaccedilatildeo dos estu-dantes pesquisados sugerem que tal concep-ccedilatildeo de conhecimento tem marcado sobre-maneira o campo psi a comeccedilar pelo modo como os psicoacutelogos se relacionam com o tema das diferentes psicologias as escolas e escolhas teoacutericas Dada a ambiguidade do objeto e da teacutecnica do psicoacutelogo somada agrave divisatildeo do campo entre diferentes psicolo-gias cada qual com concepccedilotildees epistemo-loacutegicas e metodoloacutegicas especiacuteficas acostu-mou-se a aceitar que a teoria eacute a praacutetica do psicoacutelogo sendo os conceitos ferramentas de trabalho e a escolha teoacuterica um passo neces-saacuterio para que o profissional se constitua enquanto tal e para que suas intervenccedilotildees sejam legitimamente designadas psi

Na esteira dessa ideia supotildee-se que as praacuteticas de um psicoacutelogo psicanalista por exemplo possam ser deduzidas diretamen-te da teoria psicanaliacutetica sendo o trabalho do psicoacutelogo em determinada contingecircncia comumente descrito segundo as teorias que supostamente lhe dariam sustentaccedilatildeo

Em nossa pesquisa observamos que tal loacutegica produz a teoria e a praacutetica como domiacutenios de accedilatildeo muito diferentes nessa profissatildeo sendo o trabalho psi dado o seu forte componente relacional entendido em uma dimensatildeo incorporada um co-nhecimento de ldquoorganismordquo que ldquose sen-te na carnerdquo (conforme verbalizaccedilotildees dos estudantes) em contraposiccedilatildeo com o fazer acadecircmico tomado como essencialmente analiacutetico reflexivo ldquoruminanterdquo parecen-do inclusive que o estaacutegio natildeo compunha o curriacuteculo tamanho o confronto entre um mundo e outro O curioso eacute que em-bora sendo situado no discurso como um conhecimento desprovido de corpo as competecircncias acadecircmicas eram transpos-tas em um sentido incorporado ao fazer

dos estaacutegios produzindo nos estudantes atitudes analiacuteticas distanciadas num sen-tido de espectador nas intervenccedilotildees pro-fissionais Inclusive o uso de metaacuteforas relacionadas agraves tecnologias de produccedilatildeo e apreensatildeo de teorias fizeram-se bastante presentes na explicaccedilatildeo do que faz o psi-coacutelogo fazer leituras da realidade era me-taacutefora recorrente na descriccedilatildeo de boa parte das accedilotildees dos estudantes nos estaacutegios

O tema da identificaccedilatildeo foi citado di-versas vezes como criteacuterio para a escolha teoacuterica expressando a busca por uma re-laccedilatildeo de identidade igualdade entre seu suposto ser e a concepccedilatildeo de ser (de sujei-to) supostamente contida nas teorias Mas seriam nossos ldquoeusrdquo e os ldquoeusrdquo (as con-cepccedilotildees de sujeito) das teorias assim tatildeo coerentes Tanto no campo da cogniccedilatildeo quanto no da epistemologia tal suposiccedilatildeo de coerecircncia tem sido questionada

De qualquer modo a ideia de que o ser antecede o fazer parece motivar na psicolo-gia a adoccedilatildeo de uma concepccedilatildeo de sujeito uma visatildeo de homem como necessidade a priori para a atuaccedilatildeo profissional Entretan-to o que observamos entre os estudantes e a instituiccedilatildeo universitaacuteria foi um traba-lho ativo e cotidiano de separaccedilatildeopuri-ficaccedilatildeo dessas concepccedilotildees De modo que nos perguntamos a relaccedilatildeo identitaacuteria do psicoacutelogo com as teorias que compotildeem o campo psi seria decorrente de pressupostos e eacuteticas transcendentes preconizados pela epistemologia ou seria um processo que se ampara mais nas praacuteticas cotidianas de formaccedilatildeo de psicoacutelogos Nossa aposta ao perguntar agrave formaccedilatildeo em psicologia sobre o que ali se faz evidenciou um plano con-creto de produccedilatildeo da psicologia no presen-te que extrapola em muito o leque das te-orias psicoloacutegicas vigentes mas que ainda assim pode ser afirmado como legiacutetimo co-nhecer e fazer psi na contemporaneidade

REFEREcircNCIAS

ARALDI Etiane Das escolas e escolhas teoacutericas agraves poliacuteticas cognitivas legitimando a experiecircncia e a contingecircncia na colocaccedilatildeo do problema do conhecer e do conhecimento psi Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Psicologia Social e Institucional Instituto de Psicologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS Porto Alegre 2012

BAPTISTA Luis Antonio A faacutebrica de interiores a Formaccedilatildeo Psi em Questatildeo Niteroacutei Eduff 2000

FIGUEIREDO Luiz Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos Petroacutepolis Vozes 2009

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Projeto Poliacuteticas Puacuteblicas na Formaccedilatildeo promove aproximaccedilatildeo do CRPRS com o meio acadecircmico

De acordo com pesquisas feitas pelo Centro de Referecircncia Teacutecnica em Psicologia e Poliacuteti-cas Puacuteblicas ndash CREPOPRS a formaccedilatildeo em Psicologia eacute apon-tada como uma das grandes fra-gilidades ainda impostas para atuaccedilatildeo dos psicoacutelogos nas poliacute-ticas puacuteblicas Paradoxalmente o campo das poliacuteticas puacuteblicas atrai um nuacutemero maior de pro-fissionais a cada ano que mui-tas vezes chegam ao mercado desconhecendo marcos legais e marcos loacutegicos que datildeo funda-mento agraves praacuteticas nessa aacuterea

Buscando minimizar esse problema o CREPOP vem de-senvolvendo desde 2013 o Pro-jeto Poliacuteticas Puacuteblicas na For-maccedilatildeo proposta que procura qualificar a formaccedilatildeo para atu-accedilatildeo em diferentes campos das poliacuteticas puacuteblicas por meio da aproximaccedilatildeo entre Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul e estudantes de faculdades de Psicologia do estado A ideia de desenvolver esse trabalho surgiu em 2009 por iniciativa do estagiaacuterio da eacutepoca Edson Murliki

O projeto favorece espaccedilos de debate reflexatildeo e constru-

ccedilatildeo de um pensamento criacutetico junto aos cursos de gradua-ccedilatildeo objetivando a construccedilatildeo de referecircncias teacutecnicas para a formaccedilatildeo em Psicologia e Po-liacuteticas Puacuteblicas ldquoBuscamos fortalecer o diaacutelogo entre o CRPRS e o meio acadecircmico dimensionar a percepccedilatildeo dos estudantes sobre seus conhe-cimentos acerca das poliacuteticas puacuteblicas e incentivar a refle-xatildeo avaliativa sobre a forma-ccedilatildeo profissional do psicoacutelogo para atuar na aacutereardquo declara a ex-assessora teacutecnica do CRE-POP Carolina dos Reis

Para alcanccedilar isso o pro-jeto segue algumas etapas que incluem apresentaccedilatildeo aos coordenadores dos cursos e realizaccedilatildeo de encontros com os estudantes na sede sub-sedes do CRPRS ou nas proacute-prias instituiccedilotildees de ensino ldquoOs registros desses encontros subsidiam a produccedilatildeo de um relatoacuterio que reuacutene as princi-pais questotildees apontadas pelos alunos gerando dessa forma orientaccedilotildees para construccedilatildeo de um instrumento informa-tivo que sistematize os pontos de reflexatildeordquo explica Carolina

crepop

Projeto Formaccedilatildeo na sua faculdade Faculdades de Psicologia que tenham interesse em participar do Projeto de Formaccedilatildeo devem entrar em contato com o CREPOPRS pelo fone (51) 33346799 ou pelo e-mail crepopcrprsorgbr

Os resultados parciais in-dicam a necessidade de maior aprofundamento teoacuterico no assunto bem como reconheci-mento do caraacuteter transversal da temaacutetica dentro da formaccedilatildeo Os alunos tambeacutem demandam ampliaccedilatildeo de espaccedilos de inser-ccedilatildeo que propiciem maior conta-to com a praacutetica dos psicoacutelogos nas poliacuteticas puacuteblicas Indicam ainda a necessidade de uma reformulaccedilatildeo metodoloacutegica no curso do projeto visando a am-pliar o caraacuteter de intervenccedilatildeo do mesmo Seraacute incluiacuteda uma etapa de pactuaccedilotildees entre os diversos atores envolvidos nas instituiccedilotildees participantes de modo a produzir espaccedilos para a construccedilatildeo de soluccedilotildees con-cretas aos desafios emergidos nas rodas de conversas

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tracircnsito

A Psicologia na educaccedilatildeo para o tracircnsito

A Psicologia exerce uma impor-tante funccedilatildeo no tracircnsito ao estudar a mobilidade humana a partir da anaacutelise de diferentes dimensotildees processos e fenocircmenos envolvidos nesse contexto Pensando nisso a Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsi-to e Mobilidade Humana do CRPRS contribuiu na organizaccedilatildeo do 1ordm Se-minaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito realizado pela Prefeitura de Santa Maria em abril O evento voltado a professores da rede puacuteblica de ensi-no do municiacutepio teve como objetivo despertar a conscientizaccedilatildeo de que a educaccedilatildeo pode mudar o comporta-mento das pessoas no tracircnsito

O CRPRS acredita que a Psicolo-gia pode contribuir nesse processo envolvendo os professores e toda a sociedade para que o tema seja tra-balhado de forma ampla Para a Co-missatildeo do CRPRS os professores pre-cisam entender essa transversalidade

para que haja uma real mudanccedila de comportamento da sociedade

O tracircnsito deve ser pensado de maneira ampla considerando todos os envolvidos ldquoQuando falamos em tracircnsito natildeo devemos pensar apenas no fluxo de automoacuteveis mas consi-derar principalmente que o tracircnsi-to eacute composto por todos noacutes Deve-mos pensar no aspecto da mobilidade humana pensar na livre circulaccedilatildeo e no deslocamento com seguranccedila assim como nas relaccedilotildees sociais que se constituem nesse espaccedilo Ao se deslocar pelas ruas com automoacuteveis particulares bens privados as pes-soas muitas vezes natildeo se datildeo conta de que estatildeo circulando em um espa-ccedilo puacuteblico com regras estabelecidas pelo governo e pela proacutepria socieda-de Competem entre si de modo pri-vado por um espaccedilo que eacute puacuteblico e de todosrdquo declara o coordenador da aacuterea teacutecnica do CRPRS assessor da

SAIBA MAISAssista aos viacutedeos do 1ordm Seminaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Artigo ldquoTracircnsito e Sociedaderdquo de Sinara Tres Soares e Lucio Fernando Garcia disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Publicaccedilatildeo do CRPRS ldquoTracircnsito e Mobilidade Humana - Psicologia Educaccedilatildeo e Cidadaniardquo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrlivrotransito

26 entre linhas | abr-mai-jun 2014

tracircnsito

Comissatildeo de Tracircnsito Lucio Fernan-do Garcia

Para ele a Psicologia exerce um im-portante papel ao contribuir na refle-xatildeo que abrange conceitos de cidada-nia e suas implicaccedilotildees considerando o tracircnsito como um processo humano e que envolve condiccedilotildees subjetivas ldquoSer cidadatildeo eacute uma escolha que traz impli-caccedilotildees e reflexotildees sobre responsabili-dades obrigaccedilotildees e direitosrdquo

Diversos aspectos psicoloacutegicos interferem na forma como as pesso-as lidam com o tracircnsito A psicoacuteloga Sinara Tres Soares da Escola Puacuteblica de Tracircnsito do DETRAN-RS ressalta que mesmo tendo ciecircncia dos riscos aos quais estatildeo expostas muitas pes-soas optam em correr esse risco por acreditar que vale a pena ldquoCada pes-soa tem uma diferente percepccedilatildeo de risco O que para alguns representa mais seguranccedila para outros pode significar a permissatildeo para correr mais riscos O sistema de freios do tipo ABS por exemplo traz mais se-guranccedila poreacutem algumas pessoas por se sentirem mais seguras com essa tecnologia acabam correndo maisrdquo explica Sinara

Outro aspecto psicoloacutegico en-volvido no tracircnsito diz respeito agrave conduta que autoriza as pessoas a te-rem determinado tipo de comporta-mento contrariando aquilo que elas mesmas acreditamldquoMuitos criticam quando os carros param em fila du-pla Poreacutem quando vatildeo levar o filho

na escola por exemplo agem assim e justificam tal atitude com explica-ccedilotildees como lsquoeacute bem rapidinhorsquo ou lsquofoi soacute dessa vezldquo

Esse tipo de comportamento re-flete a questatildeo do individualismo e da dificuldade das pessoas entende-rem que fazem parte de um todo e que estatildeo inseridas em um contex-to em que seus atos iratildeo atingir o proacuteximo ldquoTemos que trabalhar na sensibilizaccedilatildeo para que cada um compreenda que a sua atitude seu comportamento interfere direta-mente no tracircnsitordquo afirma a colabo-radora da Subsede Centro-Oeste do CRPRS integrante da Comissatildeo do Tracircnsito Aline Baumlumer

Para o evento em Santa Maria o grupo de colaboradores da Subsede Centro-Oeste produziu o viacutedeo ldquoAto-res no Tracircnsitordquo que mostra diferentes pontos de vista que fazem parte do tracircnsito revelando como nossa visatildeo muda dependendo da oacutetica em que a cena eacute vista

A Comissatildeo de Psicologia do Tracircn-sito e Mobilidade Humana do CRPRS estaacute engajada na proposta de desenvol-ver poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave educa-ccedilatildeo para o tracircnsito ldquoQueremos investir na continuidade de projetos e eventos como esse Seminaacuterio Acreditamos que alunos e professores engajados tornam--se multiplicadores de accedilotildees de educa-ccedilatildeo para o tracircnsitordquo afirma a presiden-te da Comissatildeo do CRPRS Elisangela Maria Almeida Santos

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer discutir mais sobre essa relaccedilatildeo entre Psicologia e Tracircnsito Participe da Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsito e Mobilidade Humana Acompanhe a agenda de reuniotildees pelo site httpcrprsorgbrcomissoesegts ou envie e-mail para comissoescrprsorgbr e informe seu interesse

entre linhas | abr-mai-jun 2014 27

Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica em situaccedilotildees de periacutecia e de recursos administrativos

orientaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo psicoloacutegica eacute sem duacutevi-da a abordagem mais requisitada nas di-ferentes instacircncias do fazer do psicoacutelogo Ligada principalmente agrave necessidade de uma resposta ocupa um espaccedilo teacutecnico mas tambeacutem muitas vezes se constitui no imaginaacuterio como se pudesse responder a todas e quaisquer questotildees pautadas com base na anaacutelise do comportamento ou de condiccedilotildees emocionais do avaliando Essa condiccedilatildeo eacute produzida na medida em que atualmente a avaliaccedilatildeo psicoloacutegica tem sido cada vez mais usada na condiccedilatildeo de fundamentar periacutecia ou em situaccedilotildees judi-ciais assim como as que ocorrem em con-cursos puacuteblicos no proacuteprio processo ou em situaccedilotildees de recurso administrativo

As avaliaccedilotildees nessas situaccedilotildees seguem o regrado pela profissatildeo atraveacutes do Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo e das Re-soluccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia assim como devem buscar atender ao soli-citado Entretanto essa maacutexima natildeo quer dizer que o psicoacutelogo quando destacado (contratado) como perito deva conceber tal incumbecircncia como fator a definir o resulta-do da avaliaccedilatildeo O ato pericial eacute o de aplicar teacutecnicas e meacutetodos psicoloacutegicos objetivando um resultado decorrente de todo o processo que por meio de instrumentos eou de en-trevistas concluiraacute a avaliaccedilatildeo registrando ao candidato ou periciando as conclusotildees formuladas O psicoacutelogo natildeo advoga pela parte ou seja o resultado da avaliaccedilatildeo psi-coloacutegica poderaacute ser muito diferente do re-sultado almejado pelo candidato ou parte em processo judicial A avaliaccedilatildeo natildeo pode

ser tendenciosa adaptada ou alterada a fim de alcanccedilar o resultado pretendido pelo candidato natildeo eacute uma peccedila de defesa Eacute um procedimento teacutecnicocientiacutefico que con-clui a partir dos dados e teacutecnicas aplicadas objetivando responder ao solicitado dentro de determinados limites descrevendo o ob-servado e orientando o avaliando sobre os resultados obtidos

A conduta do psicoacutelogo em todo o pro-cedimento avaliativo deve estar pautada em princiacutepios de responsabilidade teacutecnica e profissional respaldados em procedimentos cientiacuteficos e validados O profissional deve ainda levar em consideraccedilatildeo aspectos como bem-estar dignidade e responsabilidade so-cial dos envolvidos na avaliaccedilatildeo uma vez que a mesma ocorre em um contexto soacutecio--cultural e de forma geral contempla um processo que envolve a sociedade como um todo especialmente em se tratando de con-cursos puacuteblicos e assessoramento judiciaacuterio

Reco

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Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea TeacutecnicaAdriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga FiscalLeticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Artigo ldquoAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica e Relaccedilotildees com o Judiciaacuteriordquo publicado na ediccedilatildeo nordm 64 do EntreLinhas disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas64

Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcodigoetica

Resoluccedilotildees do CFP disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrresolucoesCFP

28 entre linhas | abr-mai-jun 2014

USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

CursosEspecializaccedilatildeo em Psicologia Cliacutenica Terapia Cognitivo ComportamentalChapecoacuteSC Informaccedilotildees (49) 99413800dilmaandrettaunoescedubr wwwunoescedubr

V Ciclo de Estudos em Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica18072014 (iniacutecio moacutedulo 5) 08082014 (iniacutecio moacutedulo 6)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33085453cicloestudosapgmailcom wwwufrgsbrgeapap

Mediaccedilatildeo de Conflitos Novo paradigma agrave construccedilatildeo da pazAteacute 09102014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32226134infoclipmedcombr wwwclipmedcombr Curso de PsicanaacuteliseAteacute 25102014 Passo FundoRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Grupos de EstudoOs contos de fadas como instrumento de conhecimento e desenvolvimento humanoCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500claudiaclinicatessaricombr wwwrecriarnetbr

Introduccedilatildeo agrave Psico-Oncologia com ecircnfase em Psicossomaacutetica e PsiconeuroimunologiaPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92627203 (51) 84041373dhmullerbolcombr danitnunesgmailcompsicossomatica-rsorgbr

Estudos Metapsicoloacutegicos de Freud1306 1807 1508 1909 1010 e 21112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

O que fazer quando recebemos uma crianccedila0407 0108 2908 3110 07112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Mitologia Grega IAteacute 21112014 (encontros mensais)Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500recriarrecriarnetbr

A obra de Wilfred BionAteacute 13122014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr Teoria e Teacutecnica das Paradas e Impasses do TratamentoEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33303845secretariasbpdepaorgbr

Observaccedilatildeo de BebecircsEncontros agraves segundas-feirasNovo Hamburgo RS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Indicadores de Intersubjetividade de 0 a 2 anosEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

O Estudo da Mente na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Conceitos Fundamentais sobre sexualidade na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

DW Winnicott sua pessoa e suas ideias psicanaliacuteticasEncontros agraves quartas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Andreacute GreenEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

Donald WinnicottEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwbionorgbr

Seacuterie Em TerapiaEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr Trabalhos de MetapsicologiaEncontro agraves sextas-feirasCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Freud Reinventando FreudEncontros aos saacutebadosCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

BionEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr D WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

FreudEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Iniciando com WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Introduccedilatildeo ao Aparelho PsiacutequicoEncontros mensaisPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 (51) 33842765contatobionorgbr wwwbionorgbr

Congressos Jornadas Simpoacutesios e Conferecircncias

IV Jornada do Programa da Mulher Depen-dente Quiacutemica02082014Satildeo PauloSP Informaccedilotildees (11) 26618011amandadiasipqhcorgbr omrochaipqhcorgbr wwwceiporgbr

Jornada Constructo 2014 - com Dr Jacques Andregrave15 e 16082014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Congresso SOCERGS 2014 Uniatildeo de conheci-mento e Intercacircmbio multidisciplinar21 a 23082014GramadoRS Informaccedilotildees (51) 33391415 wwwsocergsorgbrcongresso2014

IV Congresso Brasileiro de Psicologia - Ciecircn-cia e Profissatildeo19 a 23112014Satildeo PauloSPwwwcienciaeprofissaocombr

Conferecircncia e Treinamento com a Psicoacuteloga Americana FELICIA CARROLL26 a 29112014Caxias do Sul RS Informaccedilotildees claudiatessarigmailcom wwwrecriarnetbr

Exibiccedilatildeo de filme8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoMorte em Venezardquo02072014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoUacuteltimo Tango Em Parisrdquo13082014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoCanccedilatildeo de Amorrdquo10092014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoAta-merdquo08102014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoO Livro de Cabeceirardquo12112014 Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

OficinaOficina de Produccedilatildeo Psicanaliacutetica e LiteraacuteriaSegundas ou quartas-feiras (6 encontros)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwpaulofernandomonteiroferrazblogspotcom

Agecircncia Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

Page 21: EntreLinhas nº 66

entre linhas | abr-mai-jun 2014 21

de ensino trabalham com a proposta de ecircnfase como aprofundamento de estudo daquilo que jaacute foi contemplado na forma-ccedilatildeo geral do curriacuteculo

Na Univates por exemplo primei-ramente as ecircnfases ocorriam a partir do seacutetimo semestre o que prejudicava a formaccedilatildeo generalista uma vez que os estudos e disciplinas direcionavam para conteuacutedos muito especiacuteficos ldquoAl-teramos para as ecircnfases no uacuteltimo ano do curso Essa mudanccedila trouxe maior conhecimento aos estudantes da proacute-pria atuaccedilatildeo nos mais variados espa-ccedilosrdquo explica a coordenadora do curso de Psicologia da Univates Ana Lucia Bender Pereira

A preocupaccedilatildeo em preparar e for-mar o estudante para o mercado de trabalho eacute apontada pela coordenado-ra da Fisma Baacuterbara Maria Barbosa Silva Segundo ela a formaccedilatildeo pelas universidades natildeo estaacute em concordacircn-cia com a atuaccedilatildeo profissional ldquoIsso se

expressa quando na inserccedilatildeo dos alu-nos nos campos de praacuteticas e estaacutegios visualizamos a negaccedilatildeo ou negligecircncia de muitos campos de atuaccedilatildeo do Psi-coacutelogo para a formaccedilatildeo de alunosrdquo de-clara Baacuterbara Uma estrateacutegia adotada para dar conta dessa demanda eacute criar dentro da proacutepria instituiccedilatildeo de ensi-no espaccedilos destinados a execuccedilatildeo das praacuteticas e estaacutegios

Para o subcoordenador do curso da UNISC Jerto Cardoso da Silva as DCN devem ser pensadas democrati-camente e natildeo de forma autocraacutetica ldquoAs diretrizes devem ser propostas a partir das inquietaccedilotildees dos cursos e construiacutedas com elesrdquo Para ele os cur-sos devem estar atentos ao mercado de trabalho mas natildeo devem ser apenas pautados por ele pois trabalham na formaccedilatildeo de profissionais criacuteticos ou seja que podem ingressar no mercado mas tambeacutem transformaacute-lo e propor novas aacutereas de atuaccedilatildeo

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer ampliar a discussatildeo do tema Participe das reuniotildees ampliadas da Comissatildeo de Formaccedilatildeo Acompanhe a agenda pelo site wwwcrprsorgbrcomissoesegts

22 entre linhas | abr-mai-jun 2014

artigo

A formaccedilatildeo em psicologia e a psicologia em formaccedilatildeo

Em pesquisa realizada na deacutecada de 80 sobre a formaccedilatildeo de psicoacutelogos com estudantes do curso de graduaccedilatildeo da Uni-versidade Federal Fluminense (UFF) Luis Antonio Baptista percebeu que ela se de-senvolvia em paralelo ao que se passava agrave sua volta Era uma formaccedilatildeo que pouco incluiacutea as questotildees entatildeo contemporacircneas da sociedade brasileira e tampouco sua histoacuteria (BAPTISTA 2000)

Jaacute nos anos 2000 em nossa experiecircn-cia de formaccedilatildeo no curso de graduaccedilatildeo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) o ldquomundo laacute forardquo parecia fazer-se bastante presente na universidade E era um mundo que se dizia em transformaccedilatildeo

Como natildeo poderia ser diferente em um mundo muacuteltiplo e em uma profissatildeo que vem se autodenominando plural o proje-to de psicologia almejado para a formaccedilatildeo contemporacircnea de psicoacutelogos natildeo era uno De um lado havia o projeto de se alcanccedilar uma psicologia verdadeiramente cientiacutefica e rigorosa contra aquelas praacuteticas profis-sionais calcadas no senso comum De ou-tro a esperanccedila de se alcanccedilar uma psico-logia eacutetica e com compromisso social que passaria justamente pela superaccedilatildeo da psicologia cientificista pois que compro-metida com o modelo neoliberal de socie-dade De um lado a defesa de um modelo de formaccedilatildeo por competecircncias De outro sua criacutetica De um lado modos ditos claacutes-sicos de conhecer De outro aqueles tidos como completamente inovadores

Luiz Claudio Mendonccedila Figueiredo relaciona o ldquoestado um tanto caoacutetico e ine-vitavelmente desarticulado de qualquer curriacuteculo de formaccedilatildeo em psicologiardquo (FI-

GUEIREDO 2009 p17) agraves condiccedilotildees histoacute-ricas desse campo cientiacutefico e profissional indicando o estudo da histoacuteria da psicologia como forma de compreender e transformar essa realidade Gostariacuteamos de apontar tam-beacutem um sentido inverso o estudo desses processos de formaccedilatildeo caoacuteticos e desarticu-lados para compreender a psicologia que te-mos e que vimos produzindo historicamen-te A formaccedilatildeo em psicologia expressando ela mesma uma psicologia em formaccedilatildeo

Essa inversatildeo constituiu nossa pesqui-sa de mestrado (ARALDI 2012) a qual tomando como ponto de partida os impas-ses dilemas e controveacutersias que permeiam as experiecircncias de psicoacutelogos em forma-ccedilatildeo encontrou algumas vias possiacuteveis de se colocar e se recolocar o problema do conhecer e do conhecimento psi Partimos de um dispositivo metodoloacutegico que ins-tigava os estudantes participantes todos da graduaccedilatildeo em psicologia da UFRGS a descreverem e analisarem coletivamente o que faziam nas diferentes praacuteticas de for-maccedilatildeo fossem elas curriculares (de estu-dos leitura pesquisa extensatildeo estaacutegio) ou informais (conversas de corredores ex-periecircncias no Diretoacuterio Acadecircmico etc)

As distinccedilotildees dos estudantes entraram em diaacutelogo com autores do campo dos estu-dos da cogniccedilatildeo e do conhecimento (Kastrup Varela Maturana Latour) que tecircm questio-nado uma forma bastante corrente ao menos nas sociedades ocidentais de se conceber o conhecer e o conhecimento enquanto repre-sentaccedilatildeo efetivada por uma mente indivi-dual de um mundo preacute-existente agrave accedilatildeo do conhecedor O que isso significa Fundamen-talmente implica separar e situar como es-

Etiane AraldiPsicoacuteloga (UFRGS) Mestre em Psicologia Social e Institucional (UFRGS) Analista de Poliacuteticas Sociais na Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo do SUS (PNH) Ministeacuterio da Sauacutede

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secircncias de um lado um sujeito que conhece e de outro um mundo que se daacute a conhecer

As experiecircncias de formaccedilatildeo dos estu-dantes pesquisados sugerem que tal concep-ccedilatildeo de conhecimento tem marcado sobre-maneira o campo psi a comeccedilar pelo modo como os psicoacutelogos se relacionam com o tema das diferentes psicologias as escolas e escolhas teoacutericas Dada a ambiguidade do objeto e da teacutecnica do psicoacutelogo somada agrave divisatildeo do campo entre diferentes psicolo-gias cada qual com concepccedilotildees epistemo-loacutegicas e metodoloacutegicas especiacuteficas acostu-mou-se a aceitar que a teoria eacute a praacutetica do psicoacutelogo sendo os conceitos ferramentas de trabalho e a escolha teoacuterica um passo neces-saacuterio para que o profissional se constitua enquanto tal e para que suas intervenccedilotildees sejam legitimamente designadas psi

Na esteira dessa ideia supotildee-se que as praacuteticas de um psicoacutelogo psicanalista por exemplo possam ser deduzidas diretamen-te da teoria psicanaliacutetica sendo o trabalho do psicoacutelogo em determinada contingecircncia comumente descrito segundo as teorias que supostamente lhe dariam sustentaccedilatildeo

Em nossa pesquisa observamos que tal loacutegica produz a teoria e a praacutetica como domiacutenios de accedilatildeo muito diferentes nessa profissatildeo sendo o trabalho psi dado o seu forte componente relacional entendido em uma dimensatildeo incorporada um co-nhecimento de ldquoorganismordquo que ldquose sen-te na carnerdquo (conforme verbalizaccedilotildees dos estudantes) em contraposiccedilatildeo com o fazer acadecircmico tomado como essencialmente analiacutetico reflexivo ldquoruminanterdquo parecen-do inclusive que o estaacutegio natildeo compunha o curriacuteculo tamanho o confronto entre um mundo e outro O curioso eacute que em-bora sendo situado no discurso como um conhecimento desprovido de corpo as competecircncias acadecircmicas eram transpos-tas em um sentido incorporado ao fazer

dos estaacutegios produzindo nos estudantes atitudes analiacuteticas distanciadas num sen-tido de espectador nas intervenccedilotildees pro-fissionais Inclusive o uso de metaacuteforas relacionadas agraves tecnologias de produccedilatildeo e apreensatildeo de teorias fizeram-se bastante presentes na explicaccedilatildeo do que faz o psi-coacutelogo fazer leituras da realidade era me-taacutefora recorrente na descriccedilatildeo de boa parte das accedilotildees dos estudantes nos estaacutegios

O tema da identificaccedilatildeo foi citado di-versas vezes como criteacuterio para a escolha teoacuterica expressando a busca por uma re-laccedilatildeo de identidade igualdade entre seu suposto ser e a concepccedilatildeo de ser (de sujei-to) supostamente contida nas teorias Mas seriam nossos ldquoeusrdquo e os ldquoeusrdquo (as con-cepccedilotildees de sujeito) das teorias assim tatildeo coerentes Tanto no campo da cogniccedilatildeo quanto no da epistemologia tal suposiccedilatildeo de coerecircncia tem sido questionada

De qualquer modo a ideia de que o ser antecede o fazer parece motivar na psicolo-gia a adoccedilatildeo de uma concepccedilatildeo de sujeito uma visatildeo de homem como necessidade a priori para a atuaccedilatildeo profissional Entretan-to o que observamos entre os estudantes e a instituiccedilatildeo universitaacuteria foi um traba-lho ativo e cotidiano de separaccedilatildeopuri-ficaccedilatildeo dessas concepccedilotildees De modo que nos perguntamos a relaccedilatildeo identitaacuteria do psicoacutelogo com as teorias que compotildeem o campo psi seria decorrente de pressupostos e eacuteticas transcendentes preconizados pela epistemologia ou seria um processo que se ampara mais nas praacuteticas cotidianas de formaccedilatildeo de psicoacutelogos Nossa aposta ao perguntar agrave formaccedilatildeo em psicologia sobre o que ali se faz evidenciou um plano con-creto de produccedilatildeo da psicologia no presen-te que extrapola em muito o leque das te-orias psicoloacutegicas vigentes mas que ainda assim pode ser afirmado como legiacutetimo co-nhecer e fazer psi na contemporaneidade

REFEREcircNCIAS

ARALDI Etiane Das escolas e escolhas teoacutericas agraves poliacuteticas cognitivas legitimando a experiecircncia e a contingecircncia na colocaccedilatildeo do problema do conhecer e do conhecimento psi Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Psicologia Social e Institucional Instituto de Psicologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS Porto Alegre 2012

BAPTISTA Luis Antonio A faacutebrica de interiores a Formaccedilatildeo Psi em Questatildeo Niteroacutei Eduff 2000

FIGUEIREDO Luiz Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos Petroacutepolis Vozes 2009

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Projeto Poliacuteticas Puacuteblicas na Formaccedilatildeo promove aproximaccedilatildeo do CRPRS com o meio acadecircmico

De acordo com pesquisas feitas pelo Centro de Referecircncia Teacutecnica em Psicologia e Poliacuteti-cas Puacuteblicas ndash CREPOPRS a formaccedilatildeo em Psicologia eacute apon-tada como uma das grandes fra-gilidades ainda impostas para atuaccedilatildeo dos psicoacutelogos nas poliacute-ticas puacuteblicas Paradoxalmente o campo das poliacuteticas puacuteblicas atrai um nuacutemero maior de pro-fissionais a cada ano que mui-tas vezes chegam ao mercado desconhecendo marcos legais e marcos loacutegicos que datildeo funda-mento agraves praacuteticas nessa aacuterea

Buscando minimizar esse problema o CREPOP vem de-senvolvendo desde 2013 o Pro-jeto Poliacuteticas Puacuteblicas na For-maccedilatildeo proposta que procura qualificar a formaccedilatildeo para atu-accedilatildeo em diferentes campos das poliacuteticas puacuteblicas por meio da aproximaccedilatildeo entre Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul e estudantes de faculdades de Psicologia do estado A ideia de desenvolver esse trabalho surgiu em 2009 por iniciativa do estagiaacuterio da eacutepoca Edson Murliki

O projeto favorece espaccedilos de debate reflexatildeo e constru-

ccedilatildeo de um pensamento criacutetico junto aos cursos de gradua-ccedilatildeo objetivando a construccedilatildeo de referecircncias teacutecnicas para a formaccedilatildeo em Psicologia e Po-liacuteticas Puacuteblicas ldquoBuscamos fortalecer o diaacutelogo entre o CRPRS e o meio acadecircmico dimensionar a percepccedilatildeo dos estudantes sobre seus conhe-cimentos acerca das poliacuteticas puacuteblicas e incentivar a refle-xatildeo avaliativa sobre a forma-ccedilatildeo profissional do psicoacutelogo para atuar na aacutereardquo declara a ex-assessora teacutecnica do CRE-POP Carolina dos Reis

Para alcanccedilar isso o pro-jeto segue algumas etapas que incluem apresentaccedilatildeo aos coordenadores dos cursos e realizaccedilatildeo de encontros com os estudantes na sede sub-sedes do CRPRS ou nas proacute-prias instituiccedilotildees de ensino ldquoOs registros desses encontros subsidiam a produccedilatildeo de um relatoacuterio que reuacutene as princi-pais questotildees apontadas pelos alunos gerando dessa forma orientaccedilotildees para construccedilatildeo de um instrumento informa-tivo que sistematize os pontos de reflexatildeordquo explica Carolina

crepop

Projeto Formaccedilatildeo na sua faculdade Faculdades de Psicologia que tenham interesse em participar do Projeto de Formaccedilatildeo devem entrar em contato com o CREPOPRS pelo fone (51) 33346799 ou pelo e-mail crepopcrprsorgbr

Os resultados parciais in-dicam a necessidade de maior aprofundamento teoacuterico no assunto bem como reconheci-mento do caraacuteter transversal da temaacutetica dentro da formaccedilatildeo Os alunos tambeacutem demandam ampliaccedilatildeo de espaccedilos de inser-ccedilatildeo que propiciem maior conta-to com a praacutetica dos psicoacutelogos nas poliacuteticas puacuteblicas Indicam ainda a necessidade de uma reformulaccedilatildeo metodoloacutegica no curso do projeto visando a am-pliar o caraacuteter de intervenccedilatildeo do mesmo Seraacute incluiacuteda uma etapa de pactuaccedilotildees entre os diversos atores envolvidos nas instituiccedilotildees participantes de modo a produzir espaccedilos para a construccedilatildeo de soluccedilotildees con-cretas aos desafios emergidos nas rodas de conversas

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tracircnsito

A Psicologia na educaccedilatildeo para o tracircnsito

A Psicologia exerce uma impor-tante funccedilatildeo no tracircnsito ao estudar a mobilidade humana a partir da anaacutelise de diferentes dimensotildees processos e fenocircmenos envolvidos nesse contexto Pensando nisso a Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsi-to e Mobilidade Humana do CRPRS contribuiu na organizaccedilatildeo do 1ordm Se-minaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito realizado pela Prefeitura de Santa Maria em abril O evento voltado a professores da rede puacuteblica de ensi-no do municiacutepio teve como objetivo despertar a conscientizaccedilatildeo de que a educaccedilatildeo pode mudar o comporta-mento das pessoas no tracircnsito

O CRPRS acredita que a Psicolo-gia pode contribuir nesse processo envolvendo os professores e toda a sociedade para que o tema seja tra-balhado de forma ampla Para a Co-missatildeo do CRPRS os professores pre-cisam entender essa transversalidade

para que haja uma real mudanccedila de comportamento da sociedade

O tracircnsito deve ser pensado de maneira ampla considerando todos os envolvidos ldquoQuando falamos em tracircnsito natildeo devemos pensar apenas no fluxo de automoacuteveis mas consi-derar principalmente que o tracircnsi-to eacute composto por todos noacutes Deve-mos pensar no aspecto da mobilidade humana pensar na livre circulaccedilatildeo e no deslocamento com seguranccedila assim como nas relaccedilotildees sociais que se constituem nesse espaccedilo Ao se deslocar pelas ruas com automoacuteveis particulares bens privados as pes-soas muitas vezes natildeo se datildeo conta de que estatildeo circulando em um espa-ccedilo puacuteblico com regras estabelecidas pelo governo e pela proacutepria socieda-de Competem entre si de modo pri-vado por um espaccedilo que eacute puacuteblico e de todosrdquo declara o coordenador da aacuterea teacutecnica do CRPRS assessor da

SAIBA MAISAssista aos viacutedeos do 1ordm Seminaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Artigo ldquoTracircnsito e Sociedaderdquo de Sinara Tres Soares e Lucio Fernando Garcia disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Publicaccedilatildeo do CRPRS ldquoTracircnsito e Mobilidade Humana - Psicologia Educaccedilatildeo e Cidadaniardquo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrlivrotransito

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tracircnsito

Comissatildeo de Tracircnsito Lucio Fernan-do Garcia

Para ele a Psicologia exerce um im-portante papel ao contribuir na refle-xatildeo que abrange conceitos de cidada-nia e suas implicaccedilotildees considerando o tracircnsito como um processo humano e que envolve condiccedilotildees subjetivas ldquoSer cidadatildeo eacute uma escolha que traz impli-caccedilotildees e reflexotildees sobre responsabili-dades obrigaccedilotildees e direitosrdquo

Diversos aspectos psicoloacutegicos interferem na forma como as pesso-as lidam com o tracircnsito A psicoacuteloga Sinara Tres Soares da Escola Puacuteblica de Tracircnsito do DETRAN-RS ressalta que mesmo tendo ciecircncia dos riscos aos quais estatildeo expostas muitas pes-soas optam em correr esse risco por acreditar que vale a pena ldquoCada pes-soa tem uma diferente percepccedilatildeo de risco O que para alguns representa mais seguranccedila para outros pode significar a permissatildeo para correr mais riscos O sistema de freios do tipo ABS por exemplo traz mais se-guranccedila poreacutem algumas pessoas por se sentirem mais seguras com essa tecnologia acabam correndo maisrdquo explica Sinara

Outro aspecto psicoloacutegico en-volvido no tracircnsito diz respeito agrave conduta que autoriza as pessoas a te-rem determinado tipo de comporta-mento contrariando aquilo que elas mesmas acreditamldquoMuitos criticam quando os carros param em fila du-pla Poreacutem quando vatildeo levar o filho

na escola por exemplo agem assim e justificam tal atitude com explica-ccedilotildees como lsquoeacute bem rapidinhorsquo ou lsquofoi soacute dessa vezldquo

Esse tipo de comportamento re-flete a questatildeo do individualismo e da dificuldade das pessoas entende-rem que fazem parte de um todo e que estatildeo inseridas em um contex-to em que seus atos iratildeo atingir o proacuteximo ldquoTemos que trabalhar na sensibilizaccedilatildeo para que cada um compreenda que a sua atitude seu comportamento interfere direta-mente no tracircnsitordquo afirma a colabo-radora da Subsede Centro-Oeste do CRPRS integrante da Comissatildeo do Tracircnsito Aline Baumlumer

Para o evento em Santa Maria o grupo de colaboradores da Subsede Centro-Oeste produziu o viacutedeo ldquoAto-res no Tracircnsitordquo que mostra diferentes pontos de vista que fazem parte do tracircnsito revelando como nossa visatildeo muda dependendo da oacutetica em que a cena eacute vista

A Comissatildeo de Psicologia do Tracircn-sito e Mobilidade Humana do CRPRS estaacute engajada na proposta de desenvol-ver poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave educa-ccedilatildeo para o tracircnsito ldquoQueremos investir na continuidade de projetos e eventos como esse Seminaacuterio Acreditamos que alunos e professores engajados tornam--se multiplicadores de accedilotildees de educa-ccedilatildeo para o tracircnsitordquo afirma a presiden-te da Comissatildeo do CRPRS Elisangela Maria Almeida Santos

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer discutir mais sobre essa relaccedilatildeo entre Psicologia e Tracircnsito Participe da Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsito e Mobilidade Humana Acompanhe a agenda de reuniotildees pelo site httpcrprsorgbrcomissoesegts ou envie e-mail para comissoescrprsorgbr e informe seu interesse

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Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica em situaccedilotildees de periacutecia e de recursos administrativos

orientaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo psicoloacutegica eacute sem duacutevi-da a abordagem mais requisitada nas di-ferentes instacircncias do fazer do psicoacutelogo Ligada principalmente agrave necessidade de uma resposta ocupa um espaccedilo teacutecnico mas tambeacutem muitas vezes se constitui no imaginaacuterio como se pudesse responder a todas e quaisquer questotildees pautadas com base na anaacutelise do comportamento ou de condiccedilotildees emocionais do avaliando Essa condiccedilatildeo eacute produzida na medida em que atualmente a avaliaccedilatildeo psicoloacutegica tem sido cada vez mais usada na condiccedilatildeo de fundamentar periacutecia ou em situaccedilotildees judi-ciais assim como as que ocorrem em con-cursos puacuteblicos no proacuteprio processo ou em situaccedilotildees de recurso administrativo

As avaliaccedilotildees nessas situaccedilotildees seguem o regrado pela profissatildeo atraveacutes do Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo e das Re-soluccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia assim como devem buscar atender ao soli-citado Entretanto essa maacutexima natildeo quer dizer que o psicoacutelogo quando destacado (contratado) como perito deva conceber tal incumbecircncia como fator a definir o resulta-do da avaliaccedilatildeo O ato pericial eacute o de aplicar teacutecnicas e meacutetodos psicoloacutegicos objetivando um resultado decorrente de todo o processo que por meio de instrumentos eou de en-trevistas concluiraacute a avaliaccedilatildeo registrando ao candidato ou periciando as conclusotildees formuladas O psicoacutelogo natildeo advoga pela parte ou seja o resultado da avaliaccedilatildeo psi-coloacutegica poderaacute ser muito diferente do re-sultado almejado pelo candidato ou parte em processo judicial A avaliaccedilatildeo natildeo pode

ser tendenciosa adaptada ou alterada a fim de alcanccedilar o resultado pretendido pelo candidato natildeo eacute uma peccedila de defesa Eacute um procedimento teacutecnicocientiacutefico que con-clui a partir dos dados e teacutecnicas aplicadas objetivando responder ao solicitado dentro de determinados limites descrevendo o ob-servado e orientando o avaliando sobre os resultados obtidos

A conduta do psicoacutelogo em todo o pro-cedimento avaliativo deve estar pautada em princiacutepios de responsabilidade teacutecnica e profissional respaldados em procedimentos cientiacuteficos e validados O profissional deve ainda levar em consideraccedilatildeo aspectos como bem-estar dignidade e responsabilidade so-cial dos envolvidos na avaliaccedilatildeo uma vez que a mesma ocorre em um contexto soacutecio--cultural e de forma geral contempla um processo que envolve a sociedade como um todo especialmente em se tratando de con-cursos puacuteblicos e assessoramento judiciaacuterio

Reco

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Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea TeacutecnicaAdriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga FiscalLeticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Artigo ldquoAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica e Relaccedilotildees com o Judiciaacuteriordquo publicado na ediccedilatildeo nordm 64 do EntreLinhas disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas64

Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcodigoetica

Resoluccedilotildees do CFP disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrresolucoesCFP

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USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

CursosEspecializaccedilatildeo em Psicologia Cliacutenica Terapia Cognitivo ComportamentalChapecoacuteSC Informaccedilotildees (49) 99413800dilmaandrettaunoescedubr wwwunoescedubr

V Ciclo de Estudos em Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica18072014 (iniacutecio moacutedulo 5) 08082014 (iniacutecio moacutedulo 6)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33085453cicloestudosapgmailcom wwwufrgsbrgeapap

Mediaccedilatildeo de Conflitos Novo paradigma agrave construccedilatildeo da pazAteacute 09102014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32226134infoclipmedcombr wwwclipmedcombr Curso de PsicanaacuteliseAteacute 25102014 Passo FundoRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Grupos de EstudoOs contos de fadas como instrumento de conhecimento e desenvolvimento humanoCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500claudiaclinicatessaricombr wwwrecriarnetbr

Introduccedilatildeo agrave Psico-Oncologia com ecircnfase em Psicossomaacutetica e PsiconeuroimunologiaPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92627203 (51) 84041373dhmullerbolcombr danitnunesgmailcompsicossomatica-rsorgbr

Estudos Metapsicoloacutegicos de Freud1306 1807 1508 1909 1010 e 21112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

O que fazer quando recebemos uma crianccedila0407 0108 2908 3110 07112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Mitologia Grega IAteacute 21112014 (encontros mensais)Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500recriarrecriarnetbr

A obra de Wilfred BionAteacute 13122014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr Teoria e Teacutecnica das Paradas e Impasses do TratamentoEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33303845secretariasbpdepaorgbr

Observaccedilatildeo de BebecircsEncontros agraves segundas-feirasNovo Hamburgo RS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Indicadores de Intersubjetividade de 0 a 2 anosEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

O Estudo da Mente na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Conceitos Fundamentais sobre sexualidade na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

DW Winnicott sua pessoa e suas ideias psicanaliacuteticasEncontros agraves quartas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Andreacute GreenEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

Donald WinnicottEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwbionorgbr

Seacuterie Em TerapiaEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr Trabalhos de MetapsicologiaEncontro agraves sextas-feirasCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Freud Reinventando FreudEncontros aos saacutebadosCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

BionEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr D WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

FreudEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Iniciando com WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Introduccedilatildeo ao Aparelho PsiacutequicoEncontros mensaisPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 (51) 33842765contatobionorgbr wwwbionorgbr

Congressos Jornadas Simpoacutesios e Conferecircncias

IV Jornada do Programa da Mulher Depen-dente Quiacutemica02082014Satildeo PauloSP Informaccedilotildees (11) 26618011amandadiasipqhcorgbr omrochaipqhcorgbr wwwceiporgbr

Jornada Constructo 2014 - com Dr Jacques Andregrave15 e 16082014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Congresso SOCERGS 2014 Uniatildeo de conheci-mento e Intercacircmbio multidisciplinar21 a 23082014GramadoRS Informaccedilotildees (51) 33391415 wwwsocergsorgbrcongresso2014

IV Congresso Brasileiro de Psicologia - Ciecircn-cia e Profissatildeo19 a 23112014Satildeo PauloSPwwwcienciaeprofissaocombr

Conferecircncia e Treinamento com a Psicoacuteloga Americana FELICIA CARROLL26 a 29112014Caxias do Sul RS Informaccedilotildees claudiatessarigmailcom wwwrecriarnetbr

Exibiccedilatildeo de filme8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoMorte em Venezardquo02072014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoUacuteltimo Tango Em Parisrdquo13082014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoCanccedilatildeo de Amorrdquo10092014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoAta-merdquo08102014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoO Livro de Cabeceirardquo12112014 Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

OficinaOficina de Produccedilatildeo Psicanaliacutetica e LiteraacuteriaSegundas ou quartas-feiras (6 encontros)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwpaulofernandomonteiroferrazblogspotcom

Agecircncia Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

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22 entre linhas | abr-mai-jun 2014

artigo

A formaccedilatildeo em psicologia e a psicologia em formaccedilatildeo

Em pesquisa realizada na deacutecada de 80 sobre a formaccedilatildeo de psicoacutelogos com estudantes do curso de graduaccedilatildeo da Uni-versidade Federal Fluminense (UFF) Luis Antonio Baptista percebeu que ela se de-senvolvia em paralelo ao que se passava agrave sua volta Era uma formaccedilatildeo que pouco incluiacutea as questotildees entatildeo contemporacircneas da sociedade brasileira e tampouco sua histoacuteria (BAPTISTA 2000)

Jaacute nos anos 2000 em nossa experiecircn-cia de formaccedilatildeo no curso de graduaccedilatildeo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) o ldquomundo laacute forardquo parecia fazer-se bastante presente na universidade E era um mundo que se dizia em transformaccedilatildeo

Como natildeo poderia ser diferente em um mundo muacuteltiplo e em uma profissatildeo que vem se autodenominando plural o proje-to de psicologia almejado para a formaccedilatildeo contemporacircnea de psicoacutelogos natildeo era uno De um lado havia o projeto de se alcanccedilar uma psicologia verdadeiramente cientiacutefica e rigorosa contra aquelas praacuteticas profis-sionais calcadas no senso comum De ou-tro a esperanccedila de se alcanccedilar uma psico-logia eacutetica e com compromisso social que passaria justamente pela superaccedilatildeo da psicologia cientificista pois que compro-metida com o modelo neoliberal de socie-dade De um lado a defesa de um modelo de formaccedilatildeo por competecircncias De outro sua criacutetica De um lado modos ditos claacutes-sicos de conhecer De outro aqueles tidos como completamente inovadores

Luiz Claudio Mendonccedila Figueiredo relaciona o ldquoestado um tanto caoacutetico e ine-vitavelmente desarticulado de qualquer curriacuteculo de formaccedilatildeo em psicologiardquo (FI-

GUEIREDO 2009 p17) agraves condiccedilotildees histoacute-ricas desse campo cientiacutefico e profissional indicando o estudo da histoacuteria da psicologia como forma de compreender e transformar essa realidade Gostariacuteamos de apontar tam-beacutem um sentido inverso o estudo desses processos de formaccedilatildeo caoacuteticos e desarticu-lados para compreender a psicologia que te-mos e que vimos produzindo historicamen-te A formaccedilatildeo em psicologia expressando ela mesma uma psicologia em formaccedilatildeo

Essa inversatildeo constituiu nossa pesqui-sa de mestrado (ARALDI 2012) a qual tomando como ponto de partida os impas-ses dilemas e controveacutersias que permeiam as experiecircncias de psicoacutelogos em forma-ccedilatildeo encontrou algumas vias possiacuteveis de se colocar e se recolocar o problema do conhecer e do conhecimento psi Partimos de um dispositivo metodoloacutegico que ins-tigava os estudantes participantes todos da graduaccedilatildeo em psicologia da UFRGS a descreverem e analisarem coletivamente o que faziam nas diferentes praacuteticas de for-maccedilatildeo fossem elas curriculares (de estu-dos leitura pesquisa extensatildeo estaacutegio) ou informais (conversas de corredores ex-periecircncias no Diretoacuterio Acadecircmico etc)

As distinccedilotildees dos estudantes entraram em diaacutelogo com autores do campo dos estu-dos da cogniccedilatildeo e do conhecimento (Kastrup Varela Maturana Latour) que tecircm questio-nado uma forma bastante corrente ao menos nas sociedades ocidentais de se conceber o conhecer e o conhecimento enquanto repre-sentaccedilatildeo efetivada por uma mente indivi-dual de um mundo preacute-existente agrave accedilatildeo do conhecedor O que isso significa Fundamen-talmente implica separar e situar como es-

Etiane AraldiPsicoacuteloga (UFRGS) Mestre em Psicologia Social e Institucional (UFRGS) Analista de Poliacuteticas Sociais na Poliacutetica Nacional de Humanizaccedilatildeo do SUS (PNH) Ministeacuterio da Sauacutede

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secircncias de um lado um sujeito que conhece e de outro um mundo que se daacute a conhecer

As experiecircncias de formaccedilatildeo dos estu-dantes pesquisados sugerem que tal concep-ccedilatildeo de conhecimento tem marcado sobre-maneira o campo psi a comeccedilar pelo modo como os psicoacutelogos se relacionam com o tema das diferentes psicologias as escolas e escolhas teoacutericas Dada a ambiguidade do objeto e da teacutecnica do psicoacutelogo somada agrave divisatildeo do campo entre diferentes psicolo-gias cada qual com concepccedilotildees epistemo-loacutegicas e metodoloacutegicas especiacuteficas acostu-mou-se a aceitar que a teoria eacute a praacutetica do psicoacutelogo sendo os conceitos ferramentas de trabalho e a escolha teoacuterica um passo neces-saacuterio para que o profissional se constitua enquanto tal e para que suas intervenccedilotildees sejam legitimamente designadas psi

Na esteira dessa ideia supotildee-se que as praacuteticas de um psicoacutelogo psicanalista por exemplo possam ser deduzidas diretamen-te da teoria psicanaliacutetica sendo o trabalho do psicoacutelogo em determinada contingecircncia comumente descrito segundo as teorias que supostamente lhe dariam sustentaccedilatildeo

Em nossa pesquisa observamos que tal loacutegica produz a teoria e a praacutetica como domiacutenios de accedilatildeo muito diferentes nessa profissatildeo sendo o trabalho psi dado o seu forte componente relacional entendido em uma dimensatildeo incorporada um co-nhecimento de ldquoorganismordquo que ldquose sen-te na carnerdquo (conforme verbalizaccedilotildees dos estudantes) em contraposiccedilatildeo com o fazer acadecircmico tomado como essencialmente analiacutetico reflexivo ldquoruminanterdquo parecen-do inclusive que o estaacutegio natildeo compunha o curriacuteculo tamanho o confronto entre um mundo e outro O curioso eacute que em-bora sendo situado no discurso como um conhecimento desprovido de corpo as competecircncias acadecircmicas eram transpos-tas em um sentido incorporado ao fazer

dos estaacutegios produzindo nos estudantes atitudes analiacuteticas distanciadas num sen-tido de espectador nas intervenccedilotildees pro-fissionais Inclusive o uso de metaacuteforas relacionadas agraves tecnologias de produccedilatildeo e apreensatildeo de teorias fizeram-se bastante presentes na explicaccedilatildeo do que faz o psi-coacutelogo fazer leituras da realidade era me-taacutefora recorrente na descriccedilatildeo de boa parte das accedilotildees dos estudantes nos estaacutegios

O tema da identificaccedilatildeo foi citado di-versas vezes como criteacuterio para a escolha teoacuterica expressando a busca por uma re-laccedilatildeo de identidade igualdade entre seu suposto ser e a concepccedilatildeo de ser (de sujei-to) supostamente contida nas teorias Mas seriam nossos ldquoeusrdquo e os ldquoeusrdquo (as con-cepccedilotildees de sujeito) das teorias assim tatildeo coerentes Tanto no campo da cogniccedilatildeo quanto no da epistemologia tal suposiccedilatildeo de coerecircncia tem sido questionada

De qualquer modo a ideia de que o ser antecede o fazer parece motivar na psicolo-gia a adoccedilatildeo de uma concepccedilatildeo de sujeito uma visatildeo de homem como necessidade a priori para a atuaccedilatildeo profissional Entretan-to o que observamos entre os estudantes e a instituiccedilatildeo universitaacuteria foi um traba-lho ativo e cotidiano de separaccedilatildeopuri-ficaccedilatildeo dessas concepccedilotildees De modo que nos perguntamos a relaccedilatildeo identitaacuteria do psicoacutelogo com as teorias que compotildeem o campo psi seria decorrente de pressupostos e eacuteticas transcendentes preconizados pela epistemologia ou seria um processo que se ampara mais nas praacuteticas cotidianas de formaccedilatildeo de psicoacutelogos Nossa aposta ao perguntar agrave formaccedilatildeo em psicologia sobre o que ali se faz evidenciou um plano con-creto de produccedilatildeo da psicologia no presen-te que extrapola em muito o leque das te-orias psicoloacutegicas vigentes mas que ainda assim pode ser afirmado como legiacutetimo co-nhecer e fazer psi na contemporaneidade

REFEREcircNCIAS

ARALDI Etiane Das escolas e escolhas teoacutericas agraves poliacuteticas cognitivas legitimando a experiecircncia e a contingecircncia na colocaccedilatildeo do problema do conhecer e do conhecimento psi Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Psicologia Social e Institucional Instituto de Psicologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS Porto Alegre 2012

BAPTISTA Luis Antonio A faacutebrica de interiores a Formaccedilatildeo Psi em Questatildeo Niteroacutei Eduff 2000

FIGUEIREDO Luiz Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos Petroacutepolis Vozes 2009

24 entre linhas | abr-mai-jun 2014

Projeto Poliacuteticas Puacuteblicas na Formaccedilatildeo promove aproximaccedilatildeo do CRPRS com o meio acadecircmico

De acordo com pesquisas feitas pelo Centro de Referecircncia Teacutecnica em Psicologia e Poliacuteti-cas Puacuteblicas ndash CREPOPRS a formaccedilatildeo em Psicologia eacute apon-tada como uma das grandes fra-gilidades ainda impostas para atuaccedilatildeo dos psicoacutelogos nas poliacute-ticas puacuteblicas Paradoxalmente o campo das poliacuteticas puacuteblicas atrai um nuacutemero maior de pro-fissionais a cada ano que mui-tas vezes chegam ao mercado desconhecendo marcos legais e marcos loacutegicos que datildeo funda-mento agraves praacuteticas nessa aacuterea

Buscando minimizar esse problema o CREPOP vem de-senvolvendo desde 2013 o Pro-jeto Poliacuteticas Puacuteblicas na For-maccedilatildeo proposta que procura qualificar a formaccedilatildeo para atu-accedilatildeo em diferentes campos das poliacuteticas puacuteblicas por meio da aproximaccedilatildeo entre Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul e estudantes de faculdades de Psicologia do estado A ideia de desenvolver esse trabalho surgiu em 2009 por iniciativa do estagiaacuterio da eacutepoca Edson Murliki

O projeto favorece espaccedilos de debate reflexatildeo e constru-

ccedilatildeo de um pensamento criacutetico junto aos cursos de gradua-ccedilatildeo objetivando a construccedilatildeo de referecircncias teacutecnicas para a formaccedilatildeo em Psicologia e Po-liacuteticas Puacuteblicas ldquoBuscamos fortalecer o diaacutelogo entre o CRPRS e o meio acadecircmico dimensionar a percepccedilatildeo dos estudantes sobre seus conhe-cimentos acerca das poliacuteticas puacuteblicas e incentivar a refle-xatildeo avaliativa sobre a forma-ccedilatildeo profissional do psicoacutelogo para atuar na aacutereardquo declara a ex-assessora teacutecnica do CRE-POP Carolina dos Reis

Para alcanccedilar isso o pro-jeto segue algumas etapas que incluem apresentaccedilatildeo aos coordenadores dos cursos e realizaccedilatildeo de encontros com os estudantes na sede sub-sedes do CRPRS ou nas proacute-prias instituiccedilotildees de ensino ldquoOs registros desses encontros subsidiam a produccedilatildeo de um relatoacuterio que reuacutene as princi-pais questotildees apontadas pelos alunos gerando dessa forma orientaccedilotildees para construccedilatildeo de um instrumento informa-tivo que sistematize os pontos de reflexatildeordquo explica Carolina

crepop

Projeto Formaccedilatildeo na sua faculdade Faculdades de Psicologia que tenham interesse em participar do Projeto de Formaccedilatildeo devem entrar em contato com o CREPOPRS pelo fone (51) 33346799 ou pelo e-mail crepopcrprsorgbr

Os resultados parciais in-dicam a necessidade de maior aprofundamento teoacuterico no assunto bem como reconheci-mento do caraacuteter transversal da temaacutetica dentro da formaccedilatildeo Os alunos tambeacutem demandam ampliaccedilatildeo de espaccedilos de inser-ccedilatildeo que propiciem maior conta-to com a praacutetica dos psicoacutelogos nas poliacuteticas puacuteblicas Indicam ainda a necessidade de uma reformulaccedilatildeo metodoloacutegica no curso do projeto visando a am-pliar o caraacuteter de intervenccedilatildeo do mesmo Seraacute incluiacuteda uma etapa de pactuaccedilotildees entre os diversos atores envolvidos nas instituiccedilotildees participantes de modo a produzir espaccedilos para a construccedilatildeo de soluccedilotildees con-cretas aos desafios emergidos nas rodas de conversas

entre linhas | abr-mai-jun 2014 25

tracircnsito

A Psicologia na educaccedilatildeo para o tracircnsito

A Psicologia exerce uma impor-tante funccedilatildeo no tracircnsito ao estudar a mobilidade humana a partir da anaacutelise de diferentes dimensotildees processos e fenocircmenos envolvidos nesse contexto Pensando nisso a Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsi-to e Mobilidade Humana do CRPRS contribuiu na organizaccedilatildeo do 1ordm Se-minaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito realizado pela Prefeitura de Santa Maria em abril O evento voltado a professores da rede puacuteblica de ensi-no do municiacutepio teve como objetivo despertar a conscientizaccedilatildeo de que a educaccedilatildeo pode mudar o comporta-mento das pessoas no tracircnsito

O CRPRS acredita que a Psicolo-gia pode contribuir nesse processo envolvendo os professores e toda a sociedade para que o tema seja tra-balhado de forma ampla Para a Co-missatildeo do CRPRS os professores pre-cisam entender essa transversalidade

para que haja uma real mudanccedila de comportamento da sociedade

O tracircnsito deve ser pensado de maneira ampla considerando todos os envolvidos ldquoQuando falamos em tracircnsito natildeo devemos pensar apenas no fluxo de automoacuteveis mas consi-derar principalmente que o tracircnsi-to eacute composto por todos noacutes Deve-mos pensar no aspecto da mobilidade humana pensar na livre circulaccedilatildeo e no deslocamento com seguranccedila assim como nas relaccedilotildees sociais que se constituem nesse espaccedilo Ao se deslocar pelas ruas com automoacuteveis particulares bens privados as pes-soas muitas vezes natildeo se datildeo conta de que estatildeo circulando em um espa-ccedilo puacuteblico com regras estabelecidas pelo governo e pela proacutepria socieda-de Competem entre si de modo pri-vado por um espaccedilo que eacute puacuteblico e de todosrdquo declara o coordenador da aacuterea teacutecnica do CRPRS assessor da

SAIBA MAISAssista aos viacutedeos do 1ordm Seminaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Artigo ldquoTracircnsito e Sociedaderdquo de Sinara Tres Soares e Lucio Fernando Garcia disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Publicaccedilatildeo do CRPRS ldquoTracircnsito e Mobilidade Humana - Psicologia Educaccedilatildeo e Cidadaniardquo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrlivrotransito

26 entre linhas | abr-mai-jun 2014

tracircnsito

Comissatildeo de Tracircnsito Lucio Fernan-do Garcia

Para ele a Psicologia exerce um im-portante papel ao contribuir na refle-xatildeo que abrange conceitos de cidada-nia e suas implicaccedilotildees considerando o tracircnsito como um processo humano e que envolve condiccedilotildees subjetivas ldquoSer cidadatildeo eacute uma escolha que traz impli-caccedilotildees e reflexotildees sobre responsabili-dades obrigaccedilotildees e direitosrdquo

Diversos aspectos psicoloacutegicos interferem na forma como as pesso-as lidam com o tracircnsito A psicoacuteloga Sinara Tres Soares da Escola Puacuteblica de Tracircnsito do DETRAN-RS ressalta que mesmo tendo ciecircncia dos riscos aos quais estatildeo expostas muitas pes-soas optam em correr esse risco por acreditar que vale a pena ldquoCada pes-soa tem uma diferente percepccedilatildeo de risco O que para alguns representa mais seguranccedila para outros pode significar a permissatildeo para correr mais riscos O sistema de freios do tipo ABS por exemplo traz mais se-guranccedila poreacutem algumas pessoas por se sentirem mais seguras com essa tecnologia acabam correndo maisrdquo explica Sinara

Outro aspecto psicoloacutegico en-volvido no tracircnsito diz respeito agrave conduta que autoriza as pessoas a te-rem determinado tipo de comporta-mento contrariando aquilo que elas mesmas acreditamldquoMuitos criticam quando os carros param em fila du-pla Poreacutem quando vatildeo levar o filho

na escola por exemplo agem assim e justificam tal atitude com explica-ccedilotildees como lsquoeacute bem rapidinhorsquo ou lsquofoi soacute dessa vezldquo

Esse tipo de comportamento re-flete a questatildeo do individualismo e da dificuldade das pessoas entende-rem que fazem parte de um todo e que estatildeo inseridas em um contex-to em que seus atos iratildeo atingir o proacuteximo ldquoTemos que trabalhar na sensibilizaccedilatildeo para que cada um compreenda que a sua atitude seu comportamento interfere direta-mente no tracircnsitordquo afirma a colabo-radora da Subsede Centro-Oeste do CRPRS integrante da Comissatildeo do Tracircnsito Aline Baumlumer

Para o evento em Santa Maria o grupo de colaboradores da Subsede Centro-Oeste produziu o viacutedeo ldquoAto-res no Tracircnsitordquo que mostra diferentes pontos de vista que fazem parte do tracircnsito revelando como nossa visatildeo muda dependendo da oacutetica em que a cena eacute vista

A Comissatildeo de Psicologia do Tracircn-sito e Mobilidade Humana do CRPRS estaacute engajada na proposta de desenvol-ver poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave educa-ccedilatildeo para o tracircnsito ldquoQueremos investir na continuidade de projetos e eventos como esse Seminaacuterio Acreditamos que alunos e professores engajados tornam--se multiplicadores de accedilotildees de educa-ccedilatildeo para o tracircnsitordquo afirma a presiden-te da Comissatildeo do CRPRS Elisangela Maria Almeida Santos

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer discutir mais sobre essa relaccedilatildeo entre Psicologia e Tracircnsito Participe da Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsito e Mobilidade Humana Acompanhe a agenda de reuniotildees pelo site httpcrprsorgbrcomissoesegts ou envie e-mail para comissoescrprsorgbr e informe seu interesse

entre linhas | abr-mai-jun 2014 27

Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica em situaccedilotildees de periacutecia e de recursos administrativos

orientaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo psicoloacutegica eacute sem duacutevi-da a abordagem mais requisitada nas di-ferentes instacircncias do fazer do psicoacutelogo Ligada principalmente agrave necessidade de uma resposta ocupa um espaccedilo teacutecnico mas tambeacutem muitas vezes se constitui no imaginaacuterio como se pudesse responder a todas e quaisquer questotildees pautadas com base na anaacutelise do comportamento ou de condiccedilotildees emocionais do avaliando Essa condiccedilatildeo eacute produzida na medida em que atualmente a avaliaccedilatildeo psicoloacutegica tem sido cada vez mais usada na condiccedilatildeo de fundamentar periacutecia ou em situaccedilotildees judi-ciais assim como as que ocorrem em con-cursos puacuteblicos no proacuteprio processo ou em situaccedilotildees de recurso administrativo

As avaliaccedilotildees nessas situaccedilotildees seguem o regrado pela profissatildeo atraveacutes do Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo e das Re-soluccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia assim como devem buscar atender ao soli-citado Entretanto essa maacutexima natildeo quer dizer que o psicoacutelogo quando destacado (contratado) como perito deva conceber tal incumbecircncia como fator a definir o resulta-do da avaliaccedilatildeo O ato pericial eacute o de aplicar teacutecnicas e meacutetodos psicoloacutegicos objetivando um resultado decorrente de todo o processo que por meio de instrumentos eou de en-trevistas concluiraacute a avaliaccedilatildeo registrando ao candidato ou periciando as conclusotildees formuladas O psicoacutelogo natildeo advoga pela parte ou seja o resultado da avaliaccedilatildeo psi-coloacutegica poderaacute ser muito diferente do re-sultado almejado pelo candidato ou parte em processo judicial A avaliaccedilatildeo natildeo pode

ser tendenciosa adaptada ou alterada a fim de alcanccedilar o resultado pretendido pelo candidato natildeo eacute uma peccedila de defesa Eacute um procedimento teacutecnicocientiacutefico que con-clui a partir dos dados e teacutecnicas aplicadas objetivando responder ao solicitado dentro de determinados limites descrevendo o ob-servado e orientando o avaliando sobre os resultados obtidos

A conduta do psicoacutelogo em todo o pro-cedimento avaliativo deve estar pautada em princiacutepios de responsabilidade teacutecnica e profissional respaldados em procedimentos cientiacuteficos e validados O profissional deve ainda levar em consideraccedilatildeo aspectos como bem-estar dignidade e responsabilidade so-cial dos envolvidos na avaliaccedilatildeo uma vez que a mesma ocorre em um contexto soacutecio--cultural e de forma geral contempla um processo que envolve a sociedade como um todo especialmente em se tratando de con-cursos puacuteblicos e assessoramento judiciaacuterio

Reco

rte

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Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea TeacutecnicaAdriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga FiscalLeticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Artigo ldquoAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica e Relaccedilotildees com o Judiciaacuteriordquo publicado na ediccedilatildeo nordm 64 do EntreLinhas disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas64

Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcodigoetica

Resoluccedilotildees do CFP disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrresolucoesCFP

28 entre linhas | abr-mai-jun 2014

USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

CursosEspecializaccedilatildeo em Psicologia Cliacutenica Terapia Cognitivo ComportamentalChapecoacuteSC Informaccedilotildees (49) 99413800dilmaandrettaunoescedubr wwwunoescedubr

V Ciclo de Estudos em Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica18072014 (iniacutecio moacutedulo 5) 08082014 (iniacutecio moacutedulo 6)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33085453cicloestudosapgmailcom wwwufrgsbrgeapap

Mediaccedilatildeo de Conflitos Novo paradigma agrave construccedilatildeo da pazAteacute 09102014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32226134infoclipmedcombr wwwclipmedcombr Curso de PsicanaacuteliseAteacute 25102014 Passo FundoRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Grupos de EstudoOs contos de fadas como instrumento de conhecimento e desenvolvimento humanoCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500claudiaclinicatessaricombr wwwrecriarnetbr

Introduccedilatildeo agrave Psico-Oncologia com ecircnfase em Psicossomaacutetica e PsiconeuroimunologiaPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92627203 (51) 84041373dhmullerbolcombr danitnunesgmailcompsicossomatica-rsorgbr

Estudos Metapsicoloacutegicos de Freud1306 1807 1508 1909 1010 e 21112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

O que fazer quando recebemos uma crianccedila0407 0108 2908 3110 07112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Mitologia Grega IAteacute 21112014 (encontros mensais)Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500recriarrecriarnetbr

A obra de Wilfred BionAteacute 13122014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr Teoria e Teacutecnica das Paradas e Impasses do TratamentoEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33303845secretariasbpdepaorgbr

Observaccedilatildeo de BebecircsEncontros agraves segundas-feirasNovo Hamburgo RS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Indicadores de Intersubjetividade de 0 a 2 anosEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

O Estudo da Mente na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Conceitos Fundamentais sobre sexualidade na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

DW Winnicott sua pessoa e suas ideias psicanaliacuteticasEncontros agraves quartas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Andreacute GreenEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

Donald WinnicottEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwbionorgbr

Seacuterie Em TerapiaEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr Trabalhos de MetapsicologiaEncontro agraves sextas-feirasCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Freud Reinventando FreudEncontros aos saacutebadosCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

BionEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr D WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

FreudEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Iniciando com WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Introduccedilatildeo ao Aparelho PsiacutequicoEncontros mensaisPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 (51) 33842765contatobionorgbr wwwbionorgbr

Congressos Jornadas Simpoacutesios e Conferecircncias

IV Jornada do Programa da Mulher Depen-dente Quiacutemica02082014Satildeo PauloSP Informaccedilotildees (11) 26618011amandadiasipqhcorgbr omrochaipqhcorgbr wwwceiporgbr

Jornada Constructo 2014 - com Dr Jacques Andregrave15 e 16082014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Congresso SOCERGS 2014 Uniatildeo de conheci-mento e Intercacircmbio multidisciplinar21 a 23082014GramadoRS Informaccedilotildees (51) 33391415 wwwsocergsorgbrcongresso2014

IV Congresso Brasileiro de Psicologia - Ciecircn-cia e Profissatildeo19 a 23112014Satildeo PauloSPwwwcienciaeprofissaocombr

Conferecircncia e Treinamento com a Psicoacuteloga Americana FELICIA CARROLL26 a 29112014Caxias do Sul RS Informaccedilotildees claudiatessarigmailcom wwwrecriarnetbr

Exibiccedilatildeo de filme8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoMorte em Venezardquo02072014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoUacuteltimo Tango Em Parisrdquo13082014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoCanccedilatildeo de Amorrdquo10092014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoAta-merdquo08102014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoO Livro de Cabeceirardquo12112014 Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

OficinaOficina de Produccedilatildeo Psicanaliacutetica e LiteraacuteriaSegundas ou quartas-feiras (6 encontros)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwpaulofernandomonteiroferrazblogspotcom

Agecircncia Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

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secircncias de um lado um sujeito que conhece e de outro um mundo que se daacute a conhecer

As experiecircncias de formaccedilatildeo dos estu-dantes pesquisados sugerem que tal concep-ccedilatildeo de conhecimento tem marcado sobre-maneira o campo psi a comeccedilar pelo modo como os psicoacutelogos se relacionam com o tema das diferentes psicologias as escolas e escolhas teoacutericas Dada a ambiguidade do objeto e da teacutecnica do psicoacutelogo somada agrave divisatildeo do campo entre diferentes psicolo-gias cada qual com concepccedilotildees epistemo-loacutegicas e metodoloacutegicas especiacuteficas acostu-mou-se a aceitar que a teoria eacute a praacutetica do psicoacutelogo sendo os conceitos ferramentas de trabalho e a escolha teoacuterica um passo neces-saacuterio para que o profissional se constitua enquanto tal e para que suas intervenccedilotildees sejam legitimamente designadas psi

Na esteira dessa ideia supotildee-se que as praacuteticas de um psicoacutelogo psicanalista por exemplo possam ser deduzidas diretamen-te da teoria psicanaliacutetica sendo o trabalho do psicoacutelogo em determinada contingecircncia comumente descrito segundo as teorias que supostamente lhe dariam sustentaccedilatildeo

Em nossa pesquisa observamos que tal loacutegica produz a teoria e a praacutetica como domiacutenios de accedilatildeo muito diferentes nessa profissatildeo sendo o trabalho psi dado o seu forte componente relacional entendido em uma dimensatildeo incorporada um co-nhecimento de ldquoorganismordquo que ldquose sen-te na carnerdquo (conforme verbalizaccedilotildees dos estudantes) em contraposiccedilatildeo com o fazer acadecircmico tomado como essencialmente analiacutetico reflexivo ldquoruminanterdquo parecen-do inclusive que o estaacutegio natildeo compunha o curriacuteculo tamanho o confronto entre um mundo e outro O curioso eacute que em-bora sendo situado no discurso como um conhecimento desprovido de corpo as competecircncias acadecircmicas eram transpos-tas em um sentido incorporado ao fazer

dos estaacutegios produzindo nos estudantes atitudes analiacuteticas distanciadas num sen-tido de espectador nas intervenccedilotildees pro-fissionais Inclusive o uso de metaacuteforas relacionadas agraves tecnologias de produccedilatildeo e apreensatildeo de teorias fizeram-se bastante presentes na explicaccedilatildeo do que faz o psi-coacutelogo fazer leituras da realidade era me-taacutefora recorrente na descriccedilatildeo de boa parte das accedilotildees dos estudantes nos estaacutegios

O tema da identificaccedilatildeo foi citado di-versas vezes como criteacuterio para a escolha teoacuterica expressando a busca por uma re-laccedilatildeo de identidade igualdade entre seu suposto ser e a concepccedilatildeo de ser (de sujei-to) supostamente contida nas teorias Mas seriam nossos ldquoeusrdquo e os ldquoeusrdquo (as con-cepccedilotildees de sujeito) das teorias assim tatildeo coerentes Tanto no campo da cogniccedilatildeo quanto no da epistemologia tal suposiccedilatildeo de coerecircncia tem sido questionada

De qualquer modo a ideia de que o ser antecede o fazer parece motivar na psicolo-gia a adoccedilatildeo de uma concepccedilatildeo de sujeito uma visatildeo de homem como necessidade a priori para a atuaccedilatildeo profissional Entretan-to o que observamos entre os estudantes e a instituiccedilatildeo universitaacuteria foi um traba-lho ativo e cotidiano de separaccedilatildeopuri-ficaccedilatildeo dessas concepccedilotildees De modo que nos perguntamos a relaccedilatildeo identitaacuteria do psicoacutelogo com as teorias que compotildeem o campo psi seria decorrente de pressupostos e eacuteticas transcendentes preconizados pela epistemologia ou seria um processo que se ampara mais nas praacuteticas cotidianas de formaccedilatildeo de psicoacutelogos Nossa aposta ao perguntar agrave formaccedilatildeo em psicologia sobre o que ali se faz evidenciou um plano con-creto de produccedilatildeo da psicologia no presen-te que extrapola em muito o leque das te-orias psicoloacutegicas vigentes mas que ainda assim pode ser afirmado como legiacutetimo co-nhecer e fazer psi na contemporaneidade

REFEREcircNCIAS

ARALDI Etiane Das escolas e escolhas teoacutericas agraves poliacuteticas cognitivas legitimando a experiecircncia e a contingecircncia na colocaccedilatildeo do problema do conhecer e do conhecimento psi Dissertaccedilatildeo de Mestrado em Psicologia Social e Institucional Instituto de Psicologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS Porto Alegre 2012

BAPTISTA Luis Antonio A faacutebrica de interiores a Formaccedilatildeo Psi em Questatildeo Niteroacutei Eduff 2000

FIGUEIREDO Luiz Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos Petroacutepolis Vozes 2009

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Projeto Poliacuteticas Puacuteblicas na Formaccedilatildeo promove aproximaccedilatildeo do CRPRS com o meio acadecircmico

De acordo com pesquisas feitas pelo Centro de Referecircncia Teacutecnica em Psicologia e Poliacuteti-cas Puacuteblicas ndash CREPOPRS a formaccedilatildeo em Psicologia eacute apon-tada como uma das grandes fra-gilidades ainda impostas para atuaccedilatildeo dos psicoacutelogos nas poliacute-ticas puacuteblicas Paradoxalmente o campo das poliacuteticas puacuteblicas atrai um nuacutemero maior de pro-fissionais a cada ano que mui-tas vezes chegam ao mercado desconhecendo marcos legais e marcos loacutegicos que datildeo funda-mento agraves praacuteticas nessa aacuterea

Buscando minimizar esse problema o CREPOP vem de-senvolvendo desde 2013 o Pro-jeto Poliacuteticas Puacuteblicas na For-maccedilatildeo proposta que procura qualificar a formaccedilatildeo para atu-accedilatildeo em diferentes campos das poliacuteticas puacuteblicas por meio da aproximaccedilatildeo entre Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul e estudantes de faculdades de Psicologia do estado A ideia de desenvolver esse trabalho surgiu em 2009 por iniciativa do estagiaacuterio da eacutepoca Edson Murliki

O projeto favorece espaccedilos de debate reflexatildeo e constru-

ccedilatildeo de um pensamento criacutetico junto aos cursos de gradua-ccedilatildeo objetivando a construccedilatildeo de referecircncias teacutecnicas para a formaccedilatildeo em Psicologia e Po-liacuteticas Puacuteblicas ldquoBuscamos fortalecer o diaacutelogo entre o CRPRS e o meio acadecircmico dimensionar a percepccedilatildeo dos estudantes sobre seus conhe-cimentos acerca das poliacuteticas puacuteblicas e incentivar a refle-xatildeo avaliativa sobre a forma-ccedilatildeo profissional do psicoacutelogo para atuar na aacutereardquo declara a ex-assessora teacutecnica do CRE-POP Carolina dos Reis

Para alcanccedilar isso o pro-jeto segue algumas etapas que incluem apresentaccedilatildeo aos coordenadores dos cursos e realizaccedilatildeo de encontros com os estudantes na sede sub-sedes do CRPRS ou nas proacute-prias instituiccedilotildees de ensino ldquoOs registros desses encontros subsidiam a produccedilatildeo de um relatoacuterio que reuacutene as princi-pais questotildees apontadas pelos alunos gerando dessa forma orientaccedilotildees para construccedilatildeo de um instrumento informa-tivo que sistematize os pontos de reflexatildeordquo explica Carolina

crepop

Projeto Formaccedilatildeo na sua faculdade Faculdades de Psicologia que tenham interesse em participar do Projeto de Formaccedilatildeo devem entrar em contato com o CREPOPRS pelo fone (51) 33346799 ou pelo e-mail crepopcrprsorgbr

Os resultados parciais in-dicam a necessidade de maior aprofundamento teoacuterico no assunto bem como reconheci-mento do caraacuteter transversal da temaacutetica dentro da formaccedilatildeo Os alunos tambeacutem demandam ampliaccedilatildeo de espaccedilos de inser-ccedilatildeo que propiciem maior conta-to com a praacutetica dos psicoacutelogos nas poliacuteticas puacuteblicas Indicam ainda a necessidade de uma reformulaccedilatildeo metodoloacutegica no curso do projeto visando a am-pliar o caraacuteter de intervenccedilatildeo do mesmo Seraacute incluiacuteda uma etapa de pactuaccedilotildees entre os diversos atores envolvidos nas instituiccedilotildees participantes de modo a produzir espaccedilos para a construccedilatildeo de soluccedilotildees con-cretas aos desafios emergidos nas rodas de conversas

entre linhas | abr-mai-jun 2014 25

tracircnsito

A Psicologia na educaccedilatildeo para o tracircnsito

A Psicologia exerce uma impor-tante funccedilatildeo no tracircnsito ao estudar a mobilidade humana a partir da anaacutelise de diferentes dimensotildees processos e fenocircmenos envolvidos nesse contexto Pensando nisso a Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsi-to e Mobilidade Humana do CRPRS contribuiu na organizaccedilatildeo do 1ordm Se-minaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito realizado pela Prefeitura de Santa Maria em abril O evento voltado a professores da rede puacuteblica de ensi-no do municiacutepio teve como objetivo despertar a conscientizaccedilatildeo de que a educaccedilatildeo pode mudar o comporta-mento das pessoas no tracircnsito

O CRPRS acredita que a Psicolo-gia pode contribuir nesse processo envolvendo os professores e toda a sociedade para que o tema seja tra-balhado de forma ampla Para a Co-missatildeo do CRPRS os professores pre-cisam entender essa transversalidade

para que haja uma real mudanccedila de comportamento da sociedade

O tracircnsito deve ser pensado de maneira ampla considerando todos os envolvidos ldquoQuando falamos em tracircnsito natildeo devemos pensar apenas no fluxo de automoacuteveis mas consi-derar principalmente que o tracircnsi-to eacute composto por todos noacutes Deve-mos pensar no aspecto da mobilidade humana pensar na livre circulaccedilatildeo e no deslocamento com seguranccedila assim como nas relaccedilotildees sociais que se constituem nesse espaccedilo Ao se deslocar pelas ruas com automoacuteveis particulares bens privados as pes-soas muitas vezes natildeo se datildeo conta de que estatildeo circulando em um espa-ccedilo puacuteblico com regras estabelecidas pelo governo e pela proacutepria socieda-de Competem entre si de modo pri-vado por um espaccedilo que eacute puacuteblico e de todosrdquo declara o coordenador da aacuterea teacutecnica do CRPRS assessor da

SAIBA MAISAssista aos viacutedeos do 1ordm Seminaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Artigo ldquoTracircnsito e Sociedaderdquo de Sinara Tres Soares e Lucio Fernando Garcia disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Publicaccedilatildeo do CRPRS ldquoTracircnsito e Mobilidade Humana - Psicologia Educaccedilatildeo e Cidadaniardquo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrlivrotransito

26 entre linhas | abr-mai-jun 2014

tracircnsito

Comissatildeo de Tracircnsito Lucio Fernan-do Garcia

Para ele a Psicologia exerce um im-portante papel ao contribuir na refle-xatildeo que abrange conceitos de cidada-nia e suas implicaccedilotildees considerando o tracircnsito como um processo humano e que envolve condiccedilotildees subjetivas ldquoSer cidadatildeo eacute uma escolha que traz impli-caccedilotildees e reflexotildees sobre responsabili-dades obrigaccedilotildees e direitosrdquo

Diversos aspectos psicoloacutegicos interferem na forma como as pesso-as lidam com o tracircnsito A psicoacuteloga Sinara Tres Soares da Escola Puacuteblica de Tracircnsito do DETRAN-RS ressalta que mesmo tendo ciecircncia dos riscos aos quais estatildeo expostas muitas pes-soas optam em correr esse risco por acreditar que vale a pena ldquoCada pes-soa tem uma diferente percepccedilatildeo de risco O que para alguns representa mais seguranccedila para outros pode significar a permissatildeo para correr mais riscos O sistema de freios do tipo ABS por exemplo traz mais se-guranccedila poreacutem algumas pessoas por se sentirem mais seguras com essa tecnologia acabam correndo maisrdquo explica Sinara

Outro aspecto psicoloacutegico en-volvido no tracircnsito diz respeito agrave conduta que autoriza as pessoas a te-rem determinado tipo de comporta-mento contrariando aquilo que elas mesmas acreditamldquoMuitos criticam quando os carros param em fila du-pla Poreacutem quando vatildeo levar o filho

na escola por exemplo agem assim e justificam tal atitude com explica-ccedilotildees como lsquoeacute bem rapidinhorsquo ou lsquofoi soacute dessa vezldquo

Esse tipo de comportamento re-flete a questatildeo do individualismo e da dificuldade das pessoas entende-rem que fazem parte de um todo e que estatildeo inseridas em um contex-to em que seus atos iratildeo atingir o proacuteximo ldquoTemos que trabalhar na sensibilizaccedilatildeo para que cada um compreenda que a sua atitude seu comportamento interfere direta-mente no tracircnsitordquo afirma a colabo-radora da Subsede Centro-Oeste do CRPRS integrante da Comissatildeo do Tracircnsito Aline Baumlumer

Para o evento em Santa Maria o grupo de colaboradores da Subsede Centro-Oeste produziu o viacutedeo ldquoAto-res no Tracircnsitordquo que mostra diferentes pontos de vista que fazem parte do tracircnsito revelando como nossa visatildeo muda dependendo da oacutetica em que a cena eacute vista

A Comissatildeo de Psicologia do Tracircn-sito e Mobilidade Humana do CRPRS estaacute engajada na proposta de desenvol-ver poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave educa-ccedilatildeo para o tracircnsito ldquoQueremos investir na continuidade de projetos e eventos como esse Seminaacuterio Acreditamos que alunos e professores engajados tornam--se multiplicadores de accedilotildees de educa-ccedilatildeo para o tracircnsitordquo afirma a presiden-te da Comissatildeo do CRPRS Elisangela Maria Almeida Santos

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer discutir mais sobre essa relaccedilatildeo entre Psicologia e Tracircnsito Participe da Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsito e Mobilidade Humana Acompanhe a agenda de reuniotildees pelo site httpcrprsorgbrcomissoesegts ou envie e-mail para comissoescrprsorgbr e informe seu interesse

entre linhas | abr-mai-jun 2014 27

Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica em situaccedilotildees de periacutecia e de recursos administrativos

orientaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo psicoloacutegica eacute sem duacutevi-da a abordagem mais requisitada nas di-ferentes instacircncias do fazer do psicoacutelogo Ligada principalmente agrave necessidade de uma resposta ocupa um espaccedilo teacutecnico mas tambeacutem muitas vezes se constitui no imaginaacuterio como se pudesse responder a todas e quaisquer questotildees pautadas com base na anaacutelise do comportamento ou de condiccedilotildees emocionais do avaliando Essa condiccedilatildeo eacute produzida na medida em que atualmente a avaliaccedilatildeo psicoloacutegica tem sido cada vez mais usada na condiccedilatildeo de fundamentar periacutecia ou em situaccedilotildees judi-ciais assim como as que ocorrem em con-cursos puacuteblicos no proacuteprio processo ou em situaccedilotildees de recurso administrativo

As avaliaccedilotildees nessas situaccedilotildees seguem o regrado pela profissatildeo atraveacutes do Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo e das Re-soluccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia assim como devem buscar atender ao soli-citado Entretanto essa maacutexima natildeo quer dizer que o psicoacutelogo quando destacado (contratado) como perito deva conceber tal incumbecircncia como fator a definir o resulta-do da avaliaccedilatildeo O ato pericial eacute o de aplicar teacutecnicas e meacutetodos psicoloacutegicos objetivando um resultado decorrente de todo o processo que por meio de instrumentos eou de en-trevistas concluiraacute a avaliaccedilatildeo registrando ao candidato ou periciando as conclusotildees formuladas O psicoacutelogo natildeo advoga pela parte ou seja o resultado da avaliaccedilatildeo psi-coloacutegica poderaacute ser muito diferente do re-sultado almejado pelo candidato ou parte em processo judicial A avaliaccedilatildeo natildeo pode

ser tendenciosa adaptada ou alterada a fim de alcanccedilar o resultado pretendido pelo candidato natildeo eacute uma peccedila de defesa Eacute um procedimento teacutecnicocientiacutefico que con-clui a partir dos dados e teacutecnicas aplicadas objetivando responder ao solicitado dentro de determinados limites descrevendo o ob-servado e orientando o avaliando sobre os resultados obtidos

A conduta do psicoacutelogo em todo o pro-cedimento avaliativo deve estar pautada em princiacutepios de responsabilidade teacutecnica e profissional respaldados em procedimentos cientiacuteficos e validados O profissional deve ainda levar em consideraccedilatildeo aspectos como bem-estar dignidade e responsabilidade so-cial dos envolvidos na avaliaccedilatildeo uma vez que a mesma ocorre em um contexto soacutecio--cultural e de forma geral contempla um processo que envolve a sociedade como um todo especialmente em se tratando de con-cursos puacuteblicos e assessoramento judiciaacuterio

Reco

rte

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leci

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Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea TeacutecnicaAdriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga FiscalLeticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Artigo ldquoAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica e Relaccedilotildees com o Judiciaacuteriordquo publicado na ediccedilatildeo nordm 64 do EntreLinhas disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas64

Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcodigoetica

Resoluccedilotildees do CFP disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrresolucoesCFP

28 entre linhas | abr-mai-jun 2014

USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

CursosEspecializaccedilatildeo em Psicologia Cliacutenica Terapia Cognitivo ComportamentalChapecoacuteSC Informaccedilotildees (49) 99413800dilmaandrettaunoescedubr wwwunoescedubr

V Ciclo de Estudos em Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica18072014 (iniacutecio moacutedulo 5) 08082014 (iniacutecio moacutedulo 6)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33085453cicloestudosapgmailcom wwwufrgsbrgeapap

Mediaccedilatildeo de Conflitos Novo paradigma agrave construccedilatildeo da pazAteacute 09102014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32226134infoclipmedcombr wwwclipmedcombr Curso de PsicanaacuteliseAteacute 25102014 Passo FundoRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Grupos de EstudoOs contos de fadas como instrumento de conhecimento e desenvolvimento humanoCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500claudiaclinicatessaricombr wwwrecriarnetbr

Introduccedilatildeo agrave Psico-Oncologia com ecircnfase em Psicossomaacutetica e PsiconeuroimunologiaPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92627203 (51) 84041373dhmullerbolcombr danitnunesgmailcompsicossomatica-rsorgbr

Estudos Metapsicoloacutegicos de Freud1306 1807 1508 1909 1010 e 21112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

O que fazer quando recebemos uma crianccedila0407 0108 2908 3110 07112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Mitologia Grega IAteacute 21112014 (encontros mensais)Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500recriarrecriarnetbr

A obra de Wilfred BionAteacute 13122014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr Teoria e Teacutecnica das Paradas e Impasses do TratamentoEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33303845secretariasbpdepaorgbr

Observaccedilatildeo de BebecircsEncontros agraves segundas-feirasNovo Hamburgo RS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Indicadores de Intersubjetividade de 0 a 2 anosEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

O Estudo da Mente na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Conceitos Fundamentais sobre sexualidade na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

DW Winnicott sua pessoa e suas ideias psicanaliacuteticasEncontros agraves quartas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Andreacute GreenEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

Donald WinnicottEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwbionorgbr

Seacuterie Em TerapiaEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr Trabalhos de MetapsicologiaEncontro agraves sextas-feirasCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Freud Reinventando FreudEncontros aos saacutebadosCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

BionEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr D WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

FreudEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Iniciando com WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Introduccedilatildeo ao Aparelho PsiacutequicoEncontros mensaisPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 (51) 33842765contatobionorgbr wwwbionorgbr

Congressos Jornadas Simpoacutesios e Conferecircncias

IV Jornada do Programa da Mulher Depen-dente Quiacutemica02082014Satildeo PauloSP Informaccedilotildees (11) 26618011amandadiasipqhcorgbr omrochaipqhcorgbr wwwceiporgbr

Jornada Constructo 2014 - com Dr Jacques Andregrave15 e 16082014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Congresso SOCERGS 2014 Uniatildeo de conheci-mento e Intercacircmbio multidisciplinar21 a 23082014GramadoRS Informaccedilotildees (51) 33391415 wwwsocergsorgbrcongresso2014

IV Congresso Brasileiro de Psicologia - Ciecircn-cia e Profissatildeo19 a 23112014Satildeo PauloSPwwwcienciaeprofissaocombr

Conferecircncia e Treinamento com a Psicoacuteloga Americana FELICIA CARROLL26 a 29112014Caxias do Sul RS Informaccedilotildees claudiatessarigmailcom wwwrecriarnetbr

Exibiccedilatildeo de filme8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoMorte em Venezardquo02072014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoUacuteltimo Tango Em Parisrdquo13082014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoCanccedilatildeo de Amorrdquo10092014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoAta-merdquo08102014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoO Livro de Cabeceirardquo12112014 Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

OficinaOficina de Produccedilatildeo Psicanaliacutetica e LiteraacuteriaSegundas ou quartas-feiras (6 encontros)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwpaulofernandomonteiroferrazblogspotcom

Agecircncia Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

Page 24: EntreLinhas nº 66

24 entre linhas | abr-mai-jun 2014

Projeto Poliacuteticas Puacuteblicas na Formaccedilatildeo promove aproximaccedilatildeo do CRPRS com o meio acadecircmico

De acordo com pesquisas feitas pelo Centro de Referecircncia Teacutecnica em Psicologia e Poliacuteti-cas Puacuteblicas ndash CREPOPRS a formaccedilatildeo em Psicologia eacute apon-tada como uma das grandes fra-gilidades ainda impostas para atuaccedilatildeo dos psicoacutelogos nas poliacute-ticas puacuteblicas Paradoxalmente o campo das poliacuteticas puacuteblicas atrai um nuacutemero maior de pro-fissionais a cada ano que mui-tas vezes chegam ao mercado desconhecendo marcos legais e marcos loacutegicos que datildeo funda-mento agraves praacuteticas nessa aacuterea

Buscando minimizar esse problema o CREPOP vem de-senvolvendo desde 2013 o Pro-jeto Poliacuteticas Puacuteblicas na For-maccedilatildeo proposta que procura qualificar a formaccedilatildeo para atu-accedilatildeo em diferentes campos das poliacuteticas puacuteblicas por meio da aproximaccedilatildeo entre Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul e estudantes de faculdades de Psicologia do estado A ideia de desenvolver esse trabalho surgiu em 2009 por iniciativa do estagiaacuterio da eacutepoca Edson Murliki

O projeto favorece espaccedilos de debate reflexatildeo e constru-

ccedilatildeo de um pensamento criacutetico junto aos cursos de gradua-ccedilatildeo objetivando a construccedilatildeo de referecircncias teacutecnicas para a formaccedilatildeo em Psicologia e Po-liacuteticas Puacuteblicas ldquoBuscamos fortalecer o diaacutelogo entre o CRPRS e o meio acadecircmico dimensionar a percepccedilatildeo dos estudantes sobre seus conhe-cimentos acerca das poliacuteticas puacuteblicas e incentivar a refle-xatildeo avaliativa sobre a forma-ccedilatildeo profissional do psicoacutelogo para atuar na aacutereardquo declara a ex-assessora teacutecnica do CRE-POP Carolina dos Reis

Para alcanccedilar isso o pro-jeto segue algumas etapas que incluem apresentaccedilatildeo aos coordenadores dos cursos e realizaccedilatildeo de encontros com os estudantes na sede sub-sedes do CRPRS ou nas proacute-prias instituiccedilotildees de ensino ldquoOs registros desses encontros subsidiam a produccedilatildeo de um relatoacuterio que reuacutene as princi-pais questotildees apontadas pelos alunos gerando dessa forma orientaccedilotildees para construccedilatildeo de um instrumento informa-tivo que sistematize os pontos de reflexatildeordquo explica Carolina

crepop

Projeto Formaccedilatildeo na sua faculdade Faculdades de Psicologia que tenham interesse em participar do Projeto de Formaccedilatildeo devem entrar em contato com o CREPOPRS pelo fone (51) 33346799 ou pelo e-mail crepopcrprsorgbr

Os resultados parciais in-dicam a necessidade de maior aprofundamento teoacuterico no assunto bem como reconheci-mento do caraacuteter transversal da temaacutetica dentro da formaccedilatildeo Os alunos tambeacutem demandam ampliaccedilatildeo de espaccedilos de inser-ccedilatildeo que propiciem maior conta-to com a praacutetica dos psicoacutelogos nas poliacuteticas puacuteblicas Indicam ainda a necessidade de uma reformulaccedilatildeo metodoloacutegica no curso do projeto visando a am-pliar o caraacuteter de intervenccedilatildeo do mesmo Seraacute incluiacuteda uma etapa de pactuaccedilotildees entre os diversos atores envolvidos nas instituiccedilotildees participantes de modo a produzir espaccedilos para a construccedilatildeo de soluccedilotildees con-cretas aos desafios emergidos nas rodas de conversas

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tracircnsito

A Psicologia na educaccedilatildeo para o tracircnsito

A Psicologia exerce uma impor-tante funccedilatildeo no tracircnsito ao estudar a mobilidade humana a partir da anaacutelise de diferentes dimensotildees processos e fenocircmenos envolvidos nesse contexto Pensando nisso a Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsi-to e Mobilidade Humana do CRPRS contribuiu na organizaccedilatildeo do 1ordm Se-minaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito realizado pela Prefeitura de Santa Maria em abril O evento voltado a professores da rede puacuteblica de ensi-no do municiacutepio teve como objetivo despertar a conscientizaccedilatildeo de que a educaccedilatildeo pode mudar o comporta-mento das pessoas no tracircnsito

O CRPRS acredita que a Psicolo-gia pode contribuir nesse processo envolvendo os professores e toda a sociedade para que o tema seja tra-balhado de forma ampla Para a Co-missatildeo do CRPRS os professores pre-cisam entender essa transversalidade

para que haja uma real mudanccedila de comportamento da sociedade

O tracircnsito deve ser pensado de maneira ampla considerando todos os envolvidos ldquoQuando falamos em tracircnsito natildeo devemos pensar apenas no fluxo de automoacuteveis mas consi-derar principalmente que o tracircnsi-to eacute composto por todos noacutes Deve-mos pensar no aspecto da mobilidade humana pensar na livre circulaccedilatildeo e no deslocamento com seguranccedila assim como nas relaccedilotildees sociais que se constituem nesse espaccedilo Ao se deslocar pelas ruas com automoacuteveis particulares bens privados as pes-soas muitas vezes natildeo se datildeo conta de que estatildeo circulando em um espa-ccedilo puacuteblico com regras estabelecidas pelo governo e pela proacutepria socieda-de Competem entre si de modo pri-vado por um espaccedilo que eacute puacuteblico e de todosrdquo declara o coordenador da aacuterea teacutecnica do CRPRS assessor da

SAIBA MAISAssista aos viacutedeos do 1ordm Seminaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Artigo ldquoTracircnsito e Sociedaderdquo de Sinara Tres Soares e Lucio Fernando Garcia disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Publicaccedilatildeo do CRPRS ldquoTracircnsito e Mobilidade Humana - Psicologia Educaccedilatildeo e Cidadaniardquo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrlivrotransito

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tracircnsito

Comissatildeo de Tracircnsito Lucio Fernan-do Garcia

Para ele a Psicologia exerce um im-portante papel ao contribuir na refle-xatildeo que abrange conceitos de cidada-nia e suas implicaccedilotildees considerando o tracircnsito como um processo humano e que envolve condiccedilotildees subjetivas ldquoSer cidadatildeo eacute uma escolha que traz impli-caccedilotildees e reflexotildees sobre responsabili-dades obrigaccedilotildees e direitosrdquo

Diversos aspectos psicoloacutegicos interferem na forma como as pesso-as lidam com o tracircnsito A psicoacuteloga Sinara Tres Soares da Escola Puacuteblica de Tracircnsito do DETRAN-RS ressalta que mesmo tendo ciecircncia dos riscos aos quais estatildeo expostas muitas pes-soas optam em correr esse risco por acreditar que vale a pena ldquoCada pes-soa tem uma diferente percepccedilatildeo de risco O que para alguns representa mais seguranccedila para outros pode significar a permissatildeo para correr mais riscos O sistema de freios do tipo ABS por exemplo traz mais se-guranccedila poreacutem algumas pessoas por se sentirem mais seguras com essa tecnologia acabam correndo maisrdquo explica Sinara

Outro aspecto psicoloacutegico en-volvido no tracircnsito diz respeito agrave conduta que autoriza as pessoas a te-rem determinado tipo de comporta-mento contrariando aquilo que elas mesmas acreditamldquoMuitos criticam quando os carros param em fila du-pla Poreacutem quando vatildeo levar o filho

na escola por exemplo agem assim e justificam tal atitude com explica-ccedilotildees como lsquoeacute bem rapidinhorsquo ou lsquofoi soacute dessa vezldquo

Esse tipo de comportamento re-flete a questatildeo do individualismo e da dificuldade das pessoas entende-rem que fazem parte de um todo e que estatildeo inseridas em um contex-to em que seus atos iratildeo atingir o proacuteximo ldquoTemos que trabalhar na sensibilizaccedilatildeo para que cada um compreenda que a sua atitude seu comportamento interfere direta-mente no tracircnsitordquo afirma a colabo-radora da Subsede Centro-Oeste do CRPRS integrante da Comissatildeo do Tracircnsito Aline Baumlumer

Para o evento em Santa Maria o grupo de colaboradores da Subsede Centro-Oeste produziu o viacutedeo ldquoAto-res no Tracircnsitordquo que mostra diferentes pontos de vista que fazem parte do tracircnsito revelando como nossa visatildeo muda dependendo da oacutetica em que a cena eacute vista

A Comissatildeo de Psicologia do Tracircn-sito e Mobilidade Humana do CRPRS estaacute engajada na proposta de desenvol-ver poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave educa-ccedilatildeo para o tracircnsito ldquoQueremos investir na continuidade de projetos e eventos como esse Seminaacuterio Acreditamos que alunos e professores engajados tornam--se multiplicadores de accedilotildees de educa-ccedilatildeo para o tracircnsitordquo afirma a presiden-te da Comissatildeo do CRPRS Elisangela Maria Almeida Santos

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer discutir mais sobre essa relaccedilatildeo entre Psicologia e Tracircnsito Participe da Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsito e Mobilidade Humana Acompanhe a agenda de reuniotildees pelo site httpcrprsorgbrcomissoesegts ou envie e-mail para comissoescrprsorgbr e informe seu interesse

entre linhas | abr-mai-jun 2014 27

Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica em situaccedilotildees de periacutecia e de recursos administrativos

orientaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo psicoloacutegica eacute sem duacutevi-da a abordagem mais requisitada nas di-ferentes instacircncias do fazer do psicoacutelogo Ligada principalmente agrave necessidade de uma resposta ocupa um espaccedilo teacutecnico mas tambeacutem muitas vezes se constitui no imaginaacuterio como se pudesse responder a todas e quaisquer questotildees pautadas com base na anaacutelise do comportamento ou de condiccedilotildees emocionais do avaliando Essa condiccedilatildeo eacute produzida na medida em que atualmente a avaliaccedilatildeo psicoloacutegica tem sido cada vez mais usada na condiccedilatildeo de fundamentar periacutecia ou em situaccedilotildees judi-ciais assim como as que ocorrem em con-cursos puacuteblicos no proacuteprio processo ou em situaccedilotildees de recurso administrativo

As avaliaccedilotildees nessas situaccedilotildees seguem o regrado pela profissatildeo atraveacutes do Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo e das Re-soluccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia assim como devem buscar atender ao soli-citado Entretanto essa maacutexima natildeo quer dizer que o psicoacutelogo quando destacado (contratado) como perito deva conceber tal incumbecircncia como fator a definir o resulta-do da avaliaccedilatildeo O ato pericial eacute o de aplicar teacutecnicas e meacutetodos psicoloacutegicos objetivando um resultado decorrente de todo o processo que por meio de instrumentos eou de en-trevistas concluiraacute a avaliaccedilatildeo registrando ao candidato ou periciando as conclusotildees formuladas O psicoacutelogo natildeo advoga pela parte ou seja o resultado da avaliaccedilatildeo psi-coloacutegica poderaacute ser muito diferente do re-sultado almejado pelo candidato ou parte em processo judicial A avaliaccedilatildeo natildeo pode

ser tendenciosa adaptada ou alterada a fim de alcanccedilar o resultado pretendido pelo candidato natildeo eacute uma peccedila de defesa Eacute um procedimento teacutecnicocientiacutefico que con-clui a partir dos dados e teacutecnicas aplicadas objetivando responder ao solicitado dentro de determinados limites descrevendo o ob-servado e orientando o avaliando sobre os resultados obtidos

A conduta do psicoacutelogo em todo o pro-cedimento avaliativo deve estar pautada em princiacutepios de responsabilidade teacutecnica e profissional respaldados em procedimentos cientiacuteficos e validados O profissional deve ainda levar em consideraccedilatildeo aspectos como bem-estar dignidade e responsabilidade so-cial dos envolvidos na avaliaccedilatildeo uma vez que a mesma ocorre em um contexto soacutecio--cultural e de forma geral contempla um processo que envolve a sociedade como um todo especialmente em se tratando de con-cursos puacuteblicos e assessoramento judiciaacuterio

Reco

rte

e co

leci

one

Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea TeacutecnicaAdriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga FiscalLeticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Artigo ldquoAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica e Relaccedilotildees com o Judiciaacuteriordquo publicado na ediccedilatildeo nordm 64 do EntreLinhas disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas64

Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcodigoetica

Resoluccedilotildees do CFP disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrresolucoesCFP

28 entre linhas | abr-mai-jun 2014

USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

CursosEspecializaccedilatildeo em Psicologia Cliacutenica Terapia Cognitivo ComportamentalChapecoacuteSC Informaccedilotildees (49) 99413800dilmaandrettaunoescedubr wwwunoescedubr

V Ciclo de Estudos em Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica18072014 (iniacutecio moacutedulo 5) 08082014 (iniacutecio moacutedulo 6)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33085453cicloestudosapgmailcom wwwufrgsbrgeapap

Mediaccedilatildeo de Conflitos Novo paradigma agrave construccedilatildeo da pazAteacute 09102014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32226134infoclipmedcombr wwwclipmedcombr Curso de PsicanaacuteliseAteacute 25102014 Passo FundoRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Grupos de EstudoOs contos de fadas como instrumento de conhecimento e desenvolvimento humanoCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500claudiaclinicatessaricombr wwwrecriarnetbr

Introduccedilatildeo agrave Psico-Oncologia com ecircnfase em Psicossomaacutetica e PsiconeuroimunologiaPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92627203 (51) 84041373dhmullerbolcombr danitnunesgmailcompsicossomatica-rsorgbr

Estudos Metapsicoloacutegicos de Freud1306 1807 1508 1909 1010 e 21112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

O que fazer quando recebemos uma crianccedila0407 0108 2908 3110 07112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Mitologia Grega IAteacute 21112014 (encontros mensais)Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500recriarrecriarnetbr

A obra de Wilfred BionAteacute 13122014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr Teoria e Teacutecnica das Paradas e Impasses do TratamentoEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33303845secretariasbpdepaorgbr

Observaccedilatildeo de BebecircsEncontros agraves segundas-feirasNovo Hamburgo RS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Indicadores de Intersubjetividade de 0 a 2 anosEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

O Estudo da Mente na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Conceitos Fundamentais sobre sexualidade na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

DW Winnicott sua pessoa e suas ideias psicanaliacuteticasEncontros agraves quartas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Andreacute GreenEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

Donald WinnicottEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwbionorgbr

Seacuterie Em TerapiaEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr Trabalhos de MetapsicologiaEncontro agraves sextas-feirasCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Freud Reinventando FreudEncontros aos saacutebadosCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

BionEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr D WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

FreudEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Iniciando com WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Introduccedilatildeo ao Aparelho PsiacutequicoEncontros mensaisPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 (51) 33842765contatobionorgbr wwwbionorgbr

Congressos Jornadas Simpoacutesios e Conferecircncias

IV Jornada do Programa da Mulher Depen-dente Quiacutemica02082014Satildeo PauloSP Informaccedilotildees (11) 26618011amandadiasipqhcorgbr omrochaipqhcorgbr wwwceiporgbr

Jornada Constructo 2014 - com Dr Jacques Andregrave15 e 16082014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Congresso SOCERGS 2014 Uniatildeo de conheci-mento e Intercacircmbio multidisciplinar21 a 23082014GramadoRS Informaccedilotildees (51) 33391415 wwwsocergsorgbrcongresso2014

IV Congresso Brasileiro de Psicologia - Ciecircn-cia e Profissatildeo19 a 23112014Satildeo PauloSPwwwcienciaeprofissaocombr

Conferecircncia e Treinamento com a Psicoacuteloga Americana FELICIA CARROLL26 a 29112014Caxias do Sul RS Informaccedilotildees claudiatessarigmailcom wwwrecriarnetbr

Exibiccedilatildeo de filme8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoMorte em Venezardquo02072014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoUacuteltimo Tango Em Parisrdquo13082014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoCanccedilatildeo de Amorrdquo10092014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoAta-merdquo08102014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoO Livro de Cabeceirardquo12112014 Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

OficinaOficina de Produccedilatildeo Psicanaliacutetica e LiteraacuteriaSegundas ou quartas-feiras (6 encontros)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwpaulofernandomonteiroferrazblogspotcom

Agecircncia Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

Page 25: EntreLinhas nº 66

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tracircnsito

A Psicologia na educaccedilatildeo para o tracircnsito

A Psicologia exerce uma impor-tante funccedilatildeo no tracircnsito ao estudar a mobilidade humana a partir da anaacutelise de diferentes dimensotildees processos e fenocircmenos envolvidos nesse contexto Pensando nisso a Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsi-to e Mobilidade Humana do CRPRS contribuiu na organizaccedilatildeo do 1ordm Se-minaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito realizado pela Prefeitura de Santa Maria em abril O evento voltado a professores da rede puacuteblica de ensi-no do municiacutepio teve como objetivo despertar a conscientizaccedilatildeo de que a educaccedilatildeo pode mudar o comporta-mento das pessoas no tracircnsito

O CRPRS acredita que a Psicolo-gia pode contribuir nesse processo envolvendo os professores e toda a sociedade para que o tema seja tra-balhado de forma ampla Para a Co-missatildeo do CRPRS os professores pre-cisam entender essa transversalidade

para que haja uma real mudanccedila de comportamento da sociedade

O tracircnsito deve ser pensado de maneira ampla considerando todos os envolvidos ldquoQuando falamos em tracircnsito natildeo devemos pensar apenas no fluxo de automoacuteveis mas consi-derar principalmente que o tracircnsi-to eacute composto por todos noacutes Deve-mos pensar no aspecto da mobilidade humana pensar na livre circulaccedilatildeo e no deslocamento com seguranccedila assim como nas relaccedilotildees sociais que se constituem nesse espaccedilo Ao se deslocar pelas ruas com automoacuteveis particulares bens privados as pes-soas muitas vezes natildeo se datildeo conta de que estatildeo circulando em um espa-ccedilo puacuteblico com regras estabelecidas pelo governo e pela proacutepria socieda-de Competem entre si de modo pri-vado por um espaccedilo que eacute puacuteblico e de todosrdquo declara o coordenador da aacuterea teacutecnica do CRPRS assessor da

SAIBA MAISAssista aos viacutedeos do 1ordm Seminaacuterio de Educaccedilatildeo para o Tracircnsito disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Artigo ldquoTracircnsito e Sociedaderdquo de Sinara Tres Soares e Lucio Fernando Garcia disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas66

Publicaccedilatildeo do CRPRS ldquoTracircnsito e Mobilidade Humana - Psicologia Educaccedilatildeo e Cidadaniardquo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrlivrotransito

26 entre linhas | abr-mai-jun 2014

tracircnsito

Comissatildeo de Tracircnsito Lucio Fernan-do Garcia

Para ele a Psicologia exerce um im-portante papel ao contribuir na refle-xatildeo que abrange conceitos de cidada-nia e suas implicaccedilotildees considerando o tracircnsito como um processo humano e que envolve condiccedilotildees subjetivas ldquoSer cidadatildeo eacute uma escolha que traz impli-caccedilotildees e reflexotildees sobre responsabili-dades obrigaccedilotildees e direitosrdquo

Diversos aspectos psicoloacutegicos interferem na forma como as pesso-as lidam com o tracircnsito A psicoacuteloga Sinara Tres Soares da Escola Puacuteblica de Tracircnsito do DETRAN-RS ressalta que mesmo tendo ciecircncia dos riscos aos quais estatildeo expostas muitas pes-soas optam em correr esse risco por acreditar que vale a pena ldquoCada pes-soa tem uma diferente percepccedilatildeo de risco O que para alguns representa mais seguranccedila para outros pode significar a permissatildeo para correr mais riscos O sistema de freios do tipo ABS por exemplo traz mais se-guranccedila poreacutem algumas pessoas por se sentirem mais seguras com essa tecnologia acabam correndo maisrdquo explica Sinara

Outro aspecto psicoloacutegico en-volvido no tracircnsito diz respeito agrave conduta que autoriza as pessoas a te-rem determinado tipo de comporta-mento contrariando aquilo que elas mesmas acreditamldquoMuitos criticam quando os carros param em fila du-pla Poreacutem quando vatildeo levar o filho

na escola por exemplo agem assim e justificam tal atitude com explica-ccedilotildees como lsquoeacute bem rapidinhorsquo ou lsquofoi soacute dessa vezldquo

Esse tipo de comportamento re-flete a questatildeo do individualismo e da dificuldade das pessoas entende-rem que fazem parte de um todo e que estatildeo inseridas em um contex-to em que seus atos iratildeo atingir o proacuteximo ldquoTemos que trabalhar na sensibilizaccedilatildeo para que cada um compreenda que a sua atitude seu comportamento interfere direta-mente no tracircnsitordquo afirma a colabo-radora da Subsede Centro-Oeste do CRPRS integrante da Comissatildeo do Tracircnsito Aline Baumlumer

Para o evento em Santa Maria o grupo de colaboradores da Subsede Centro-Oeste produziu o viacutedeo ldquoAto-res no Tracircnsitordquo que mostra diferentes pontos de vista que fazem parte do tracircnsito revelando como nossa visatildeo muda dependendo da oacutetica em que a cena eacute vista

A Comissatildeo de Psicologia do Tracircn-sito e Mobilidade Humana do CRPRS estaacute engajada na proposta de desenvol-ver poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave educa-ccedilatildeo para o tracircnsito ldquoQueremos investir na continuidade de projetos e eventos como esse Seminaacuterio Acreditamos que alunos e professores engajados tornam--se multiplicadores de accedilotildees de educa-ccedilatildeo para o tracircnsitordquo afirma a presiden-te da Comissatildeo do CRPRS Elisangela Maria Almeida Santos

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer discutir mais sobre essa relaccedilatildeo entre Psicologia e Tracircnsito Participe da Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsito e Mobilidade Humana Acompanhe a agenda de reuniotildees pelo site httpcrprsorgbrcomissoesegts ou envie e-mail para comissoescrprsorgbr e informe seu interesse

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Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica em situaccedilotildees de periacutecia e de recursos administrativos

orientaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo psicoloacutegica eacute sem duacutevi-da a abordagem mais requisitada nas di-ferentes instacircncias do fazer do psicoacutelogo Ligada principalmente agrave necessidade de uma resposta ocupa um espaccedilo teacutecnico mas tambeacutem muitas vezes se constitui no imaginaacuterio como se pudesse responder a todas e quaisquer questotildees pautadas com base na anaacutelise do comportamento ou de condiccedilotildees emocionais do avaliando Essa condiccedilatildeo eacute produzida na medida em que atualmente a avaliaccedilatildeo psicoloacutegica tem sido cada vez mais usada na condiccedilatildeo de fundamentar periacutecia ou em situaccedilotildees judi-ciais assim como as que ocorrem em con-cursos puacuteblicos no proacuteprio processo ou em situaccedilotildees de recurso administrativo

As avaliaccedilotildees nessas situaccedilotildees seguem o regrado pela profissatildeo atraveacutes do Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo e das Re-soluccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia assim como devem buscar atender ao soli-citado Entretanto essa maacutexima natildeo quer dizer que o psicoacutelogo quando destacado (contratado) como perito deva conceber tal incumbecircncia como fator a definir o resulta-do da avaliaccedilatildeo O ato pericial eacute o de aplicar teacutecnicas e meacutetodos psicoloacutegicos objetivando um resultado decorrente de todo o processo que por meio de instrumentos eou de en-trevistas concluiraacute a avaliaccedilatildeo registrando ao candidato ou periciando as conclusotildees formuladas O psicoacutelogo natildeo advoga pela parte ou seja o resultado da avaliaccedilatildeo psi-coloacutegica poderaacute ser muito diferente do re-sultado almejado pelo candidato ou parte em processo judicial A avaliaccedilatildeo natildeo pode

ser tendenciosa adaptada ou alterada a fim de alcanccedilar o resultado pretendido pelo candidato natildeo eacute uma peccedila de defesa Eacute um procedimento teacutecnicocientiacutefico que con-clui a partir dos dados e teacutecnicas aplicadas objetivando responder ao solicitado dentro de determinados limites descrevendo o ob-servado e orientando o avaliando sobre os resultados obtidos

A conduta do psicoacutelogo em todo o pro-cedimento avaliativo deve estar pautada em princiacutepios de responsabilidade teacutecnica e profissional respaldados em procedimentos cientiacuteficos e validados O profissional deve ainda levar em consideraccedilatildeo aspectos como bem-estar dignidade e responsabilidade so-cial dos envolvidos na avaliaccedilatildeo uma vez que a mesma ocorre em um contexto soacutecio--cultural e de forma geral contempla um processo que envolve a sociedade como um todo especialmente em se tratando de con-cursos puacuteblicos e assessoramento judiciaacuterio

Reco

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Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea TeacutecnicaAdriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga FiscalLeticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Artigo ldquoAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica e Relaccedilotildees com o Judiciaacuteriordquo publicado na ediccedilatildeo nordm 64 do EntreLinhas disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas64

Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcodigoetica

Resoluccedilotildees do CFP disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrresolucoesCFP

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USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

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VISTO

agenda

CursosEspecializaccedilatildeo em Psicologia Cliacutenica Terapia Cognitivo ComportamentalChapecoacuteSC Informaccedilotildees (49) 99413800dilmaandrettaunoescedubr wwwunoescedubr

V Ciclo de Estudos em Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica18072014 (iniacutecio moacutedulo 5) 08082014 (iniacutecio moacutedulo 6)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33085453cicloestudosapgmailcom wwwufrgsbrgeapap

Mediaccedilatildeo de Conflitos Novo paradigma agrave construccedilatildeo da pazAteacute 09102014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32226134infoclipmedcombr wwwclipmedcombr Curso de PsicanaacuteliseAteacute 25102014 Passo FundoRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Grupos de EstudoOs contos de fadas como instrumento de conhecimento e desenvolvimento humanoCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500claudiaclinicatessaricombr wwwrecriarnetbr

Introduccedilatildeo agrave Psico-Oncologia com ecircnfase em Psicossomaacutetica e PsiconeuroimunologiaPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92627203 (51) 84041373dhmullerbolcombr danitnunesgmailcompsicossomatica-rsorgbr

Estudos Metapsicoloacutegicos de Freud1306 1807 1508 1909 1010 e 21112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

O que fazer quando recebemos uma crianccedila0407 0108 2908 3110 07112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Mitologia Grega IAteacute 21112014 (encontros mensais)Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500recriarrecriarnetbr

A obra de Wilfred BionAteacute 13122014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr Teoria e Teacutecnica das Paradas e Impasses do TratamentoEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33303845secretariasbpdepaorgbr

Observaccedilatildeo de BebecircsEncontros agraves segundas-feirasNovo Hamburgo RS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Indicadores de Intersubjetividade de 0 a 2 anosEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

O Estudo da Mente na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Conceitos Fundamentais sobre sexualidade na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

DW Winnicott sua pessoa e suas ideias psicanaliacuteticasEncontros agraves quartas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Andreacute GreenEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

Donald WinnicottEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwbionorgbr

Seacuterie Em TerapiaEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr Trabalhos de MetapsicologiaEncontro agraves sextas-feirasCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Freud Reinventando FreudEncontros aos saacutebadosCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

BionEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr D WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

FreudEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Iniciando com WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Introduccedilatildeo ao Aparelho PsiacutequicoEncontros mensaisPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 (51) 33842765contatobionorgbr wwwbionorgbr

Congressos Jornadas Simpoacutesios e Conferecircncias

IV Jornada do Programa da Mulher Depen-dente Quiacutemica02082014Satildeo PauloSP Informaccedilotildees (11) 26618011amandadiasipqhcorgbr omrochaipqhcorgbr wwwceiporgbr

Jornada Constructo 2014 - com Dr Jacques Andregrave15 e 16082014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Congresso SOCERGS 2014 Uniatildeo de conheci-mento e Intercacircmbio multidisciplinar21 a 23082014GramadoRS Informaccedilotildees (51) 33391415 wwwsocergsorgbrcongresso2014

IV Congresso Brasileiro de Psicologia - Ciecircn-cia e Profissatildeo19 a 23112014Satildeo PauloSPwwwcienciaeprofissaocombr

Conferecircncia e Treinamento com a Psicoacuteloga Americana FELICIA CARROLL26 a 29112014Caxias do Sul RS Informaccedilotildees claudiatessarigmailcom wwwrecriarnetbr

Exibiccedilatildeo de filme8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoMorte em Venezardquo02072014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoUacuteltimo Tango Em Parisrdquo13082014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoCanccedilatildeo de Amorrdquo10092014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoAta-merdquo08102014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoO Livro de Cabeceirardquo12112014 Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

OficinaOficina de Produccedilatildeo Psicanaliacutetica e LiteraacuteriaSegundas ou quartas-feiras (6 encontros)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwpaulofernandomonteiroferrazblogspotcom

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tracircnsito

Comissatildeo de Tracircnsito Lucio Fernan-do Garcia

Para ele a Psicologia exerce um im-portante papel ao contribuir na refle-xatildeo que abrange conceitos de cidada-nia e suas implicaccedilotildees considerando o tracircnsito como um processo humano e que envolve condiccedilotildees subjetivas ldquoSer cidadatildeo eacute uma escolha que traz impli-caccedilotildees e reflexotildees sobre responsabili-dades obrigaccedilotildees e direitosrdquo

Diversos aspectos psicoloacutegicos interferem na forma como as pesso-as lidam com o tracircnsito A psicoacuteloga Sinara Tres Soares da Escola Puacuteblica de Tracircnsito do DETRAN-RS ressalta que mesmo tendo ciecircncia dos riscos aos quais estatildeo expostas muitas pes-soas optam em correr esse risco por acreditar que vale a pena ldquoCada pes-soa tem uma diferente percepccedilatildeo de risco O que para alguns representa mais seguranccedila para outros pode significar a permissatildeo para correr mais riscos O sistema de freios do tipo ABS por exemplo traz mais se-guranccedila poreacutem algumas pessoas por se sentirem mais seguras com essa tecnologia acabam correndo maisrdquo explica Sinara

Outro aspecto psicoloacutegico en-volvido no tracircnsito diz respeito agrave conduta que autoriza as pessoas a te-rem determinado tipo de comporta-mento contrariando aquilo que elas mesmas acreditamldquoMuitos criticam quando os carros param em fila du-pla Poreacutem quando vatildeo levar o filho

na escola por exemplo agem assim e justificam tal atitude com explica-ccedilotildees como lsquoeacute bem rapidinhorsquo ou lsquofoi soacute dessa vezldquo

Esse tipo de comportamento re-flete a questatildeo do individualismo e da dificuldade das pessoas entende-rem que fazem parte de um todo e que estatildeo inseridas em um contex-to em que seus atos iratildeo atingir o proacuteximo ldquoTemos que trabalhar na sensibilizaccedilatildeo para que cada um compreenda que a sua atitude seu comportamento interfere direta-mente no tracircnsitordquo afirma a colabo-radora da Subsede Centro-Oeste do CRPRS integrante da Comissatildeo do Tracircnsito Aline Baumlumer

Para o evento em Santa Maria o grupo de colaboradores da Subsede Centro-Oeste produziu o viacutedeo ldquoAto-res no Tracircnsitordquo que mostra diferentes pontos de vista que fazem parte do tracircnsito revelando como nossa visatildeo muda dependendo da oacutetica em que a cena eacute vista

A Comissatildeo de Psicologia do Tracircn-sito e Mobilidade Humana do CRPRS estaacute engajada na proposta de desenvol-ver poliacuteticas puacuteblicas voltadas agrave educa-ccedilatildeo para o tracircnsito ldquoQueremos investir na continuidade de projetos e eventos como esse Seminaacuterio Acreditamos que alunos e professores engajados tornam--se multiplicadores de accedilotildees de educa-ccedilatildeo para o tracircnsitordquo afirma a presiden-te da Comissatildeo do CRPRS Elisangela Maria Almeida Santos

PARTICIPE DA DISCUSSAtildeOQuer discutir mais sobre essa relaccedilatildeo entre Psicologia e Tracircnsito Participe da Comissatildeo de Psicologia do Tracircnsito e Mobilidade Humana Acompanhe a agenda de reuniotildees pelo site httpcrprsorgbrcomissoesegts ou envie e-mail para comissoescrprsorgbr e informe seu interesse

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Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica em situaccedilotildees de periacutecia e de recursos administrativos

orientaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo psicoloacutegica eacute sem duacutevi-da a abordagem mais requisitada nas di-ferentes instacircncias do fazer do psicoacutelogo Ligada principalmente agrave necessidade de uma resposta ocupa um espaccedilo teacutecnico mas tambeacutem muitas vezes se constitui no imaginaacuterio como se pudesse responder a todas e quaisquer questotildees pautadas com base na anaacutelise do comportamento ou de condiccedilotildees emocionais do avaliando Essa condiccedilatildeo eacute produzida na medida em que atualmente a avaliaccedilatildeo psicoloacutegica tem sido cada vez mais usada na condiccedilatildeo de fundamentar periacutecia ou em situaccedilotildees judi-ciais assim como as que ocorrem em con-cursos puacuteblicos no proacuteprio processo ou em situaccedilotildees de recurso administrativo

As avaliaccedilotildees nessas situaccedilotildees seguem o regrado pela profissatildeo atraveacutes do Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo e das Re-soluccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia assim como devem buscar atender ao soli-citado Entretanto essa maacutexima natildeo quer dizer que o psicoacutelogo quando destacado (contratado) como perito deva conceber tal incumbecircncia como fator a definir o resulta-do da avaliaccedilatildeo O ato pericial eacute o de aplicar teacutecnicas e meacutetodos psicoloacutegicos objetivando um resultado decorrente de todo o processo que por meio de instrumentos eou de en-trevistas concluiraacute a avaliaccedilatildeo registrando ao candidato ou periciando as conclusotildees formuladas O psicoacutelogo natildeo advoga pela parte ou seja o resultado da avaliaccedilatildeo psi-coloacutegica poderaacute ser muito diferente do re-sultado almejado pelo candidato ou parte em processo judicial A avaliaccedilatildeo natildeo pode

ser tendenciosa adaptada ou alterada a fim de alcanccedilar o resultado pretendido pelo candidato natildeo eacute uma peccedila de defesa Eacute um procedimento teacutecnicocientiacutefico que con-clui a partir dos dados e teacutecnicas aplicadas objetivando responder ao solicitado dentro de determinados limites descrevendo o ob-servado e orientando o avaliando sobre os resultados obtidos

A conduta do psicoacutelogo em todo o pro-cedimento avaliativo deve estar pautada em princiacutepios de responsabilidade teacutecnica e profissional respaldados em procedimentos cientiacuteficos e validados O profissional deve ainda levar em consideraccedilatildeo aspectos como bem-estar dignidade e responsabilidade so-cial dos envolvidos na avaliaccedilatildeo uma vez que a mesma ocorre em um contexto soacutecio--cultural e de forma geral contempla um processo que envolve a sociedade como um todo especialmente em se tratando de con-cursos puacuteblicos e assessoramento judiciaacuterio

Reco

rte

e co

leci

one

Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea TeacutecnicaAdriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga FiscalLeticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Artigo ldquoAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica e Relaccedilotildees com o Judiciaacuteriordquo publicado na ediccedilatildeo nordm 64 do EntreLinhas disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas64

Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcodigoetica

Resoluccedilotildees do CFP disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrresolucoesCFP

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USO EXCLUSIVO DOS CORREIOS

[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

_________________________

VISTO

agenda

CursosEspecializaccedilatildeo em Psicologia Cliacutenica Terapia Cognitivo ComportamentalChapecoacuteSC Informaccedilotildees (49) 99413800dilmaandrettaunoescedubr wwwunoescedubr

V Ciclo de Estudos em Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica18072014 (iniacutecio moacutedulo 5) 08082014 (iniacutecio moacutedulo 6)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33085453cicloestudosapgmailcom wwwufrgsbrgeapap

Mediaccedilatildeo de Conflitos Novo paradigma agrave construccedilatildeo da pazAteacute 09102014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32226134infoclipmedcombr wwwclipmedcombr Curso de PsicanaacuteliseAteacute 25102014 Passo FundoRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Grupos de EstudoOs contos de fadas como instrumento de conhecimento e desenvolvimento humanoCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500claudiaclinicatessaricombr wwwrecriarnetbr

Introduccedilatildeo agrave Psico-Oncologia com ecircnfase em Psicossomaacutetica e PsiconeuroimunologiaPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92627203 (51) 84041373dhmullerbolcombr danitnunesgmailcompsicossomatica-rsorgbr

Estudos Metapsicoloacutegicos de Freud1306 1807 1508 1909 1010 e 21112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

O que fazer quando recebemos uma crianccedila0407 0108 2908 3110 07112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Mitologia Grega IAteacute 21112014 (encontros mensais)Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500recriarrecriarnetbr

A obra de Wilfred BionAteacute 13122014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr Teoria e Teacutecnica das Paradas e Impasses do TratamentoEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33303845secretariasbpdepaorgbr

Observaccedilatildeo de BebecircsEncontros agraves segundas-feirasNovo Hamburgo RS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Indicadores de Intersubjetividade de 0 a 2 anosEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

O Estudo da Mente na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Conceitos Fundamentais sobre sexualidade na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

DW Winnicott sua pessoa e suas ideias psicanaliacuteticasEncontros agraves quartas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Andreacute GreenEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

Donald WinnicottEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwbionorgbr

Seacuterie Em TerapiaEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr Trabalhos de MetapsicologiaEncontro agraves sextas-feirasCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Freud Reinventando FreudEncontros aos saacutebadosCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

BionEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr D WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

FreudEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Iniciando com WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Introduccedilatildeo ao Aparelho PsiacutequicoEncontros mensaisPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 (51) 33842765contatobionorgbr wwwbionorgbr

Congressos Jornadas Simpoacutesios e Conferecircncias

IV Jornada do Programa da Mulher Depen-dente Quiacutemica02082014Satildeo PauloSP Informaccedilotildees (11) 26618011amandadiasipqhcorgbr omrochaipqhcorgbr wwwceiporgbr

Jornada Constructo 2014 - com Dr Jacques Andregrave15 e 16082014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Congresso SOCERGS 2014 Uniatildeo de conheci-mento e Intercacircmbio multidisciplinar21 a 23082014GramadoRS Informaccedilotildees (51) 33391415 wwwsocergsorgbrcongresso2014

IV Congresso Brasileiro de Psicologia - Ciecircn-cia e Profissatildeo19 a 23112014Satildeo PauloSPwwwcienciaeprofissaocombr

Conferecircncia e Treinamento com a Psicoacuteloga Americana FELICIA CARROLL26 a 29112014Caxias do Sul RS Informaccedilotildees claudiatessarigmailcom wwwrecriarnetbr

Exibiccedilatildeo de filme8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoMorte em Venezardquo02072014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoUacuteltimo Tango Em Parisrdquo13082014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoCanccedilatildeo de Amorrdquo10092014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoAta-merdquo08102014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoO Livro de Cabeceirardquo12112014 Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

OficinaOficina de Produccedilatildeo Psicanaliacutetica e LiteraacuteriaSegundas ou quartas-feiras (6 encontros)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwpaulofernandomonteiroferrazblogspotcom

Agecircncia Avenida Protaacutesio Alves - CEP 90410-970

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Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica em situaccedilotildees de periacutecia e de recursos administrativos

orientaccedilatildeo

A avaliaccedilatildeo psicoloacutegica eacute sem duacutevi-da a abordagem mais requisitada nas di-ferentes instacircncias do fazer do psicoacutelogo Ligada principalmente agrave necessidade de uma resposta ocupa um espaccedilo teacutecnico mas tambeacutem muitas vezes se constitui no imaginaacuterio como se pudesse responder a todas e quaisquer questotildees pautadas com base na anaacutelise do comportamento ou de condiccedilotildees emocionais do avaliando Essa condiccedilatildeo eacute produzida na medida em que atualmente a avaliaccedilatildeo psicoloacutegica tem sido cada vez mais usada na condiccedilatildeo de fundamentar periacutecia ou em situaccedilotildees judi-ciais assim como as que ocorrem em con-cursos puacuteblicos no proacuteprio processo ou em situaccedilotildees de recurso administrativo

As avaliaccedilotildees nessas situaccedilotildees seguem o regrado pela profissatildeo atraveacutes do Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo e das Re-soluccedilotildees do Conselho Federal de Psicologia assim como devem buscar atender ao soli-citado Entretanto essa maacutexima natildeo quer dizer que o psicoacutelogo quando destacado (contratado) como perito deva conceber tal incumbecircncia como fator a definir o resulta-do da avaliaccedilatildeo O ato pericial eacute o de aplicar teacutecnicas e meacutetodos psicoloacutegicos objetivando um resultado decorrente de todo o processo que por meio de instrumentos eou de en-trevistas concluiraacute a avaliaccedilatildeo registrando ao candidato ou periciando as conclusotildees formuladas O psicoacutelogo natildeo advoga pela parte ou seja o resultado da avaliaccedilatildeo psi-coloacutegica poderaacute ser muito diferente do re-sultado almejado pelo candidato ou parte em processo judicial A avaliaccedilatildeo natildeo pode

ser tendenciosa adaptada ou alterada a fim de alcanccedilar o resultado pretendido pelo candidato natildeo eacute uma peccedila de defesa Eacute um procedimento teacutecnicocientiacutefico que con-clui a partir dos dados e teacutecnicas aplicadas objetivando responder ao solicitado dentro de determinados limites descrevendo o ob-servado e orientando o avaliando sobre os resultados obtidos

A conduta do psicoacutelogo em todo o pro-cedimento avaliativo deve estar pautada em princiacutepios de responsabilidade teacutecnica e profissional respaldados em procedimentos cientiacuteficos e validados O profissional deve ainda levar em consideraccedilatildeo aspectos como bem-estar dignidade e responsabilidade so-cial dos envolvidos na avaliaccedilatildeo uma vez que a mesma ocorre em um contexto soacutecio--cultural e de forma geral contempla um processo que envolve a sociedade como um todo especialmente em se tratando de con-cursos puacuteblicos e assessoramento judiciaacuterio

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Aacuterea TeacutecnicaLucio Fernando Garcia ndash Coord da Aacuterea TeacutecnicaAdriana Dal Orsoletta ndash Psicoacuteloga FiscalFlavia Cardozo de Mattos ndash Psicoacuteloga FiscalLeticia Giannechini ndash Psicoacuteloga FiscalLucia Regina Cogo ndash Psicoacuteloga Fiscal

Artigo ldquoAvaliaccedilatildeo Psicoloacutegica e Relaccedilotildees com o Judiciaacuteriordquo publicado na ediccedilatildeo nordm 64 do EntreLinhas disponiacutevel em wwwcrprsorgbrentrelinhas64

Coacutedigo de Eacutetica Profissional do Psicoacutelogo disponiacutevel em wwwcrprsorgbrcodigoetica

Resoluccedilotildees do CFP disponiacuteveis em wwwcrprsorgbrresolucoesCFP

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[ ] ausente [ ] endereccedilo insuficiente [ ] falecido [ ] natildeo existe o nuacutemero indicado [ ] recusado [ ] desconhecido [ ] natildeo procurado [ ] infporteirosiacutendico [ ] mudou-se [ ] outros (especificar)

______________ _________________________ data rubrica do responsaacutevel

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CursosEspecializaccedilatildeo em Psicologia Cliacutenica Terapia Cognitivo ComportamentalChapecoacuteSC Informaccedilotildees (49) 99413800dilmaandrettaunoescedubr wwwunoescedubr

V Ciclo de Estudos em Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica18072014 (iniacutecio moacutedulo 5) 08082014 (iniacutecio moacutedulo 6)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33085453cicloestudosapgmailcom wwwufrgsbrgeapap

Mediaccedilatildeo de Conflitos Novo paradigma agrave construccedilatildeo da pazAteacute 09102014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32226134infoclipmedcombr wwwclipmedcombr Curso de PsicanaacuteliseAteacute 25102014 Passo FundoRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Grupos de EstudoOs contos de fadas como instrumento de conhecimento e desenvolvimento humanoCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500claudiaclinicatessaricombr wwwrecriarnetbr

Introduccedilatildeo agrave Psico-Oncologia com ecircnfase em Psicossomaacutetica e PsiconeuroimunologiaPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92627203 (51) 84041373dhmullerbolcombr danitnunesgmailcompsicossomatica-rsorgbr

Estudos Metapsicoloacutegicos de Freud1306 1807 1508 1909 1010 e 21112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

O que fazer quando recebemos uma crianccedila0407 0108 2908 3110 07112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Mitologia Grega IAteacute 21112014 (encontros mensais)Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500recriarrecriarnetbr

A obra de Wilfred BionAteacute 13122014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr Teoria e Teacutecnica das Paradas e Impasses do TratamentoEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33303845secretariasbpdepaorgbr

Observaccedilatildeo de BebecircsEncontros agraves segundas-feirasNovo Hamburgo RS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Indicadores de Intersubjetividade de 0 a 2 anosEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

O Estudo da Mente na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Conceitos Fundamentais sobre sexualidade na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

DW Winnicott sua pessoa e suas ideias psicanaliacuteticasEncontros agraves quartas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

Andreacute GreenEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr

Donald WinnicottEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwbionorgbr

Seacuterie Em TerapiaEncontros agraves sextas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr Trabalhos de MetapsicologiaEncontro agraves sextas-feirasCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Freud Reinventando FreudEncontros aos saacutebadosCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

BionEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr D WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

FreudEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Iniciando com WinnicottEncontros mensaisNovo HamburgoRS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

Introduccedilatildeo ao Aparelho PsiacutequicoEncontros mensaisPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 (51) 33842765contatobionorgbr wwwbionorgbr

Congressos Jornadas Simpoacutesios e Conferecircncias

IV Jornada do Programa da Mulher Depen-dente Quiacutemica02082014Satildeo PauloSP Informaccedilotildees (11) 26618011amandadiasipqhcorgbr omrochaipqhcorgbr wwwceiporgbr

Jornada Constructo 2014 - com Dr Jacques Andregrave15 e 16082014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Congresso SOCERGS 2014 Uniatildeo de conheci-mento e Intercacircmbio multidisciplinar21 a 23082014GramadoRS Informaccedilotildees (51) 33391415 wwwsocergsorgbrcongresso2014

IV Congresso Brasileiro de Psicologia - Ciecircn-cia e Profissatildeo19 a 23112014Satildeo PauloSPwwwcienciaeprofissaocombr

Conferecircncia e Treinamento com a Psicoacuteloga Americana FELICIA CARROLL26 a 29112014Caxias do Sul RS Informaccedilotildees claudiatessarigmailcom wwwrecriarnetbr

Exibiccedilatildeo de filme8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoMorte em Venezardquo02072014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoUacuteltimo Tango Em Parisrdquo13082014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoCanccedilatildeo de Amorrdquo10092014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoAta-merdquo08102014Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom 8 e 12 ensaios sobre cinema e sexualidade filme ldquoO Livro de Cabeceirardquo12112014 Porto Alegre RS Informaccedilotildees cinemaesexualidadegmailcom

OficinaOficina de Produccedilatildeo Psicanaliacutetica e LiteraacuteriaSegundas ou quartas-feiras (6 encontros)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwpaulofernandomonteiroferrazblogspotcom

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V Ciclo de Estudos em Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica18072014 (iniacutecio moacutedulo 5) 08082014 (iniacutecio moacutedulo 6)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33085453cicloestudosapgmailcom wwwufrgsbrgeapap

Mediaccedilatildeo de Conflitos Novo paradigma agrave construccedilatildeo da pazAteacute 09102014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32226134infoclipmedcombr wwwclipmedcombr Curso de PsicanaacuteliseAteacute 25102014 Passo FundoRS Informaccedilotildees (51) 33433364constructoterracombr

Grupos de EstudoOs contos de fadas como instrumento de conhecimento e desenvolvimento humanoCaxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500claudiaclinicatessaricombr wwwrecriarnetbr

Introduccedilatildeo agrave Psico-Oncologia com ecircnfase em Psicossomaacutetica e PsiconeuroimunologiaPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 92627203 (51) 84041373dhmullerbolcombr danitnunesgmailcompsicossomatica-rsorgbr

Estudos Metapsicoloacutegicos de Freud1306 1807 1508 1909 1010 e 21112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

O que fazer quando recebemos uma crianccedila0407 0108 2908 3110 07112014Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 84166397cepserracepdepacombr cepdepacombr

Mitologia Grega IAteacute 21112014 (encontros mensais)Caxias do SulRS Informaccedilotildees (54) 91756500recriarrecriarnetbr

A obra de Wilfred BionAteacute 13122014 Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665contatobionorgbr wwwbionorgbr Teoria e Teacutecnica das Paradas e Impasses do TratamentoEncontros agraves segundas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33303845secretariasbpdepaorgbr

Observaccedilatildeo de BebecircsEncontros agraves segundas-feirasNovo Hamburgo RS Informaccedilotildees (51) 35814055contatoipsicombr

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O Estudo da Mente na PsicanaacuteliseEncontros agraves terccedilas-feirasPorto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 32223900cepdepacepdepacombr cepdepacombr

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Conferecircncia e Treinamento com a Psicoacuteloga Americana FELICIA CARROLL26 a 29112014Caxias do Sul RS Informaccedilotildees claudiatessarigmailcom wwwrecriarnetbr

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OficinaOficina de Produccedilatildeo Psicanaliacutetica e LiteraacuteriaSegundas ou quartas-feiras (6 encontros)Porto AlegreRS Informaccedilotildees (51) 33197665 contatobionorgbr wwwpaulofernandomonteiroferrazblogspotcom

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