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Entre a formação académica e a experiência profissional:
estabilização dos conceitos de Revisão e de Revisor
Liliana Lucas Pereira
Setembro, 2016
Trabalho de Projeto de Mestrado
em Consultoria e Revisão Linguística
Trabalho de Projeto apresentado para cumprimento dos requisitos necessários
à obtenção do grau de Mestre em Consultoria e Revisão Linguística realizado
sob a orientação científica da Professora Doutora Matilde Gonçalves
DECLARAÇÃO
Declaro que este Trabalho de Projeto é o resultado da minha investigação pessoal
e independente. O seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão
devidamente mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia.
A candidata,
____________________
Lisboa, .... de setembro de 2016
Declaro que este Trabalho de Projeto se encontra em condições de ser apreciado
pelo júri a designar.
A orientadora,
____________________
Lisboa, .... de setembro de 2016
Aos meus pais, José e Lucília
E às minhas irmãs, Cristiana e Mariana
AGRADECIMENTOS
À minha orientadora, Professora Doutora Matilde Gonçalves, por confiar e
acreditar na minha proposta de trabalho, pela dedicação e interesse com que me
orientou, pela sua sinceridade, pelas críticas construtivas e pelas palavras de força no
momento certo, por compreender e respeitar o meu ritmo de trabalho, por ser uma
pessoa acessível, com espírito jovem, alguém que considero um exemplo a seguir.
Às Professoras do Mestrado em Consultoria e Revisão Linguística, pela partilha
de conhecimentos, pelo contributo de cada uma no meu percurso académico.
Aos meus colegas de Mestrado, em especial à Fátima e à Cecília.
Ao Jorge Baptista, à Inês Felício, à Rute Rosa e à Marta Fidalgo pela ajuda
prestada na procura de revisores para o pré-teste do inquérito.
Às Revisoras Cristina Silveira de Carvalho, Joana Ambulate e ao Revisor
António Barrancos, que se disponibilizaram para participar no pré-teste do inquérito.
A Afonso Reis Cabral e a todos aqueles que deram o seu contributo,
reencaminhando e partilhando o inquérito com outros colegas revisores.
A todos os Revisores e Revisoras que gentilmente participaram no inquérito,
pelo seu valioso contributo com o testemunho único da sua experiência profissional e
por tornarem possível a realização deste trabalho.
Aos meus pais e às minhas irmãs, pelo amor e apoio incondicionais, por
proporcionarem todas as condições e meios necessários ao meu percurso pessoal e
profissional.
A todos aqueles que, direta ou indiretamente, ajudaram na concretização deste
projeto.
ENTRE A FORMAÇÃO ACADÉMICA E A EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL:
ESTABILIZAÇÃO DOS CONCEITOS DE REVISÃO E DE REVISOR
LILIANA LUCAS PEREIRA
RESUMO
PALAVRAS-CHAVE: revisão, revisor, estabilização de conceitos, inquérito, editor de
texto
Este trabalho visa estabilizar os conceitos de revisão e de revisor em Portugal. Nesse
sentido, construímos um projeto aliando a formação académica à experiência
profissional, para obter uma definição relativamente consolidada e mais próxima da
realidade inerente a esta profissão. Assim, numa primeira parte do trabalho, analisamos
a bibliografia existente em português sobre esta área, discutindo os conceitos de revisão,
revisor e apresentando uma distinção em relação ao conceito de editor de texto. Numa
segunda parte, apresentamos e discutimos os resultados do inquérito aos revisores
profissionais do distrito de Lisboa, com o intuito de perceber como é que pensam e
definem a sua própria profissão. Posteriormente, apresentamos o produto final deste
projeto, designadamente as definições estabilizadas dos conceitos de revisão e de
revisor.
BETWEEN THE ACADEMIC TRAINING AND THE PROFESSIONAL
EXPERIENCE: STABILIZATION OF THE REVISION AND REVISER
CONCEPTS
LILIANA LUCAS PEREIRA
ABSTRACT
KEYWORDS: revision, reviser, stabilization of concepts, survey, editor
This work aims to stabilize the concepts of revision and reviser in Portugal. In this
sense, we built a project that combining academic training with professional experience,
to get a relatively consolidated definition and closer to reality inherent in this
profession. Thus, in the first part of the work, we analyze the existing bibliography in
Portuguese about this area, discussing the revision and reviser concepts, and featuring a
distinction to the concept of editor. In a second part, we present and discuss the results
of the survey at the professional revisers of the district of Lisbon, in order to understand
how they think and define their own profession. Subsequently, we present the final
product of this project, particularly the definitions of stabilized concepts of revision and
reviser.
ÍNDICE
Questões Pertinentes ............................................................................................. i
Introdução ........................................................................................................... 1
PARTE I . .......................................................................................................... 2
I. 1. Fundamentação teórica para a realização deste projeto ................... 2
I. 2. Estado da Arte dos conceitos de Revisão e de Revisor ...................... 7
I. 2. 1. O conceito de Revisão ..................................................... 7
I. 2. 2. O conceito de Revisor .................................................... 16
I. 3. Estado da Arte do conceito de Editor de Texto ................................ 20
PARTE II ......................................................................................................... 26
II. 1. Caracterização inicial da amostra ................................................... 26
II. 2. A construção do inquérito. ............................................................. 26
II. 2. 1. Sobre a construção no Google Docs ............................ 27
II. 2. 2. Sobre a construção das perguntas ................................ 27
II. 3. Pré-teste ........................................................................................... 30
II. 4. Envio do inquérito (contacto com a amostra) ................................ 30
II. 5. Sobre o tratamento de dados .......................................................... 31
II. 6. Resultados do inquérito .................................................................. 33
II. 6. 1. Análise dos dados ......................................................... 33
II. 6. 1. 1. Perguntas fechadas ....................................... 33
II. 6. 1. 2. Perguntas abertas ......................................... 38
II. 6. 1. 2. 1. Conceito de Revisão .................... 38
II. 6. 1. 2. 2. Conceito de Revisor ..................... 41
II. 6. 1. 2. 3. Conceito de Editor de Texto ........ 44
II. 7. Discussão ........................................................................................ 46
II. 8. Limitações do estudo e perspetivas futuras ................................... 52
Estabilização dos conceitos de Revisão e de Revisor ...................................... 54
Conclusão .......................................................................................................... 56
Referências Bibliográficas ............................................................................... 58
Anexos ................................................................................................................. i
Anexo I: Inquérito aos Revisores Profissionais de Lisboa ................................ ii
Anexo II: Gráficos (resultados do inquérito) ..................................................... ix
i
QUESTÕES PERTINENTES
Depois de concluída a componente letiva do Mestrado, chegou o momento de
avançarmos para a componente não letiva. A ideia de optar pela modalidade Trabalho
de Projeto esteve presente logo desde o início do Mestrado, aquando da nossa
assistência à defesa pública de dois trabalhos de projeto nesta área (Fidalgo, 2014;
Marques, 2014) e foi-se firmando cada vez mais à medida que o curso decorria. Esta
ideia surgiu inicialmente de duas coisas: em primeiro lugar, o nosso objetivo era
elaborar um projeto que, de alguma forma (e à semelhança dos dois estudos acima
referidos), aproximasse a formação académica da prática profissional, dando voz aos
próprios revisores através da aplicação de um inquérito. Em segundo lugar, as palavras
de um colega no seu trabalho de projeto de certo modo nos instigaram e motivaram
ainda mais a realizar este trabalho:
Por fim, seria útil que o efeito último dos nossos esforços se traduza num
estímulo para a reflexão conjunta dos profissionais e para a subsequente criação
de uma associação que forme e defenda direitos, estabelecendo uma tabela
salarial e estipulando um modelo de contrato, talvez inspirado na proposta que
apresentámos, para uma atividade que até ao momento se tem visto privada de
ambos, para seu grande prejuízo.
(Marques, 2014: 47)
Nesse sentido, por se tratar da “concepção e desenvolvimento pelo aluno de uma
aplicação original dos conhecimentos e competências adquiridas à satisfação de fins
sociais, culturais e/ou económicos identificados”1, o Trabalho de Projeto constituiu a
nossa escolha, uma vez que pretendíamos apresentar o “planeamento de uma
intervenção versando um problema prático identificado num domínio da realidade social
pertinente à área de especialidade do mestrado”2 e que irá decorrer numa fase posterior
a este projeto: a criação de uma associação profissional de revisores em Portugal.
1 Cf. http://intranet.fcsh.unl.pt/alunos-informacao-academica/mestrados/normas-
regulamentares/regulamento-interno-componente-nao-lectiva-trabalho-de-projecto [Consultado em 06 de junho de 2016].
2 Cf. http://intranet.fcsh.unl.pt/alunos-informacao-academica/mestrados/normas-regulamentares/regulamento-interno-componente-nao-lectiva-trabalho-de-projecto [Consultado em 06 de junho de 2016].
ii
Contudo, a ausência de uma associação que defenda os direitos e os deveres dos
revisores não foi o único problema prático que encontrámos. A verdade é que, para criar
uma associação, convém primeiro definir a profissão. Conforme se verá na Parte I, os
conceitos de revisão e de revisor não se encontram bem definidos. Por isso, o foco
principal deste trabalho será a estabilização destes conceitos.
O plano inicial encontrava-se dividido em três partes. A Parte I era referente ao
enquadramento teórico dos conceitos de revisão e revisor; a Parte II era relativa à
aplicação do inquérito e a Parte III era sobre questões relacionadas com a associação.
Todavia, as limitações de tempo e de páginas levaram à tomada de algumas
decisões importantes, que resultaram na opção de centrar este projeto apenas na
estabilização dos conceitos de revisão e de revisor, suprimindo assim a Parte III, relativa
à criação da associação numa fase posterior ao presente trabalho.
Nesse sentido, apesar de esta proposta ser o “planeamento de uma intervenção”,
considerámos mais adequada a designação “pré-planeamento de uma intervenção”, uma
vez que o “planeamento” implicaria sobretudo a existência da Parte III. Além disso, este
projeto consiste na sistematização dos conceitos de revisão e de revisor, cujas definições
estabilizadas apresentamos no final, e que constarão, futuramente, nos estatutos e na
página da associação.
Como não nos é apresentada uma distinção entre o formato de apresentação da
dissertação e do trabalho de projeto, a solução passou pela observação de outros
trabalhos de projeto desta área, a fim de melhor percebermos o desenho do formato.
Assim, este trabalho obedece aos critérios definidos no regulamento para esta
modalidade, na medida em que apresenta uma parte mais teórica e de análise crítica da
bibliografia; a “exposição fundamentada dos meios materiais e humanos previstos para
a sua concretização”3, que é a parte relativa ao inquérito; e a “exposição dos
resultados”4, que é a apresentação das definições estabilizadas no final.
3 Cf. http://intranet.fcsh.unl.pt/alunos-informacao-academica/mestrados/normas-regulamentares/regulamento-interno-componente-nao-lectiva-trabalho-de-projecto [Consultado em 06 de junho de 2016].
4 Cf. http://intranet.fcsh.unl.pt/alunos-informacao-academica/mestrados/normas-regulamentares/regulamento-interno-componente-nao-lectiva-trabalho-de-projecto [Consultado em 06 de junho de 2016].
iii
Salientamos que grande parte dos autores consultados na Parte I é referente ao
português na norma brasileira; todavia, não nos pareceu que isso levantasse questões de
natureza cultural ou social que pudessem não se aplicar no português europeu.
Por último, gostaríamos de chamar a atenção para o facto de termos optado por
respeitar as decisões linguísticas dos autores citados. Por esse motivo, apesar de este
trabalho estar redigido segundo o novo Acordo Ortográfico, existem muitas citações
redigidas segundo o antigo Acordo.
1
INTRODUÇÃO
Este trabalho de projeto tem dois objetivos principais: i) sistematizar os
conceitos de revisão e de revisor; ii) observar como é que os revisores profissionais
pensam os conceitos de revisão e de revisor (através da aplicação de um inquérito a
revisores que atuam profissionalmente no distrito de Lisboa). E os seguintes objetivos
específicos: i) distinguir um editor de texto de um revisor; ii) discutir que tipos de
revisão existem; iii) discutir as competências do revisor e os limites da sua intervenção.
O presente trabalho está dividido em duas partes. Na Parte I, analisamos a
bibliografia existente em português para a estabilização dos conceitos de revisão e de
revisor. De seguida, apresentamos uma tabela que enfatiza a grande indistinção
terminológica dos conceitos. Procedemos também a uma análise sobre o conceito de
editor de texto, com o objetivo de distinguirmos esta profissão da profissão de revisor,
pois alguns autores afirmam que o revisor, com o passar do tempo, foi agregando ao seu
perfil as funções de editor de texto (Guedes, 2013; Ribeiro, 2009; Yamazaki, 2007) e
“fica evidente a dificuldade de definir quem é esse profissional do texto, que ora é
revisor, ora é editor ou editor de texto, ora é preparador” (Yamazaki, 2007: 6).
Na Parte II, damos voz aos próprios revisores, mediante a aplicação de um
inquérito, “estabelecendo assim uma inter-relação entre o mundo vivenciado por eles no
dia-a-dia profissional e as concepções teóricas cristalizadas sobre revisão de textos”
(Oliveira, 2007: 27). À semelhança de Oliveira (2007), houve outros estudos5 que nos
inspiraram na realização do inquérito. Nesta segunda parte, discutimos as opiniões dos
diversos profissionais, através da análise e discussão dos dados. No final, apresentamos
as definições estabilizadas dos conceitos de revisão e de revisor.
O trabalho é composto ainda por dois anexos: o Anexo I, onde consta o inquérito
realizado; e o Anexo II, onde são apresentados os gráficos relativos ao inquérito.
5 Leite, 2014; Lemos, 2014; Oliveira, 2007; Rocha, 2012; Sousa, 2015.
2
PARTE I
A primeira parte deste projeto divide-se em três secções. Na primeira secção,
com base nos autores lidos, contextualizamos os vários motivos que contribuem para
uma indefinição do conceito de revisão e, consequentemente, do conceito de revisor e
de outros profissionais do texto (como o editor de texto). Na segunda secção, discutimos
os conceitos de revisão e de revisor e apresentamos as tabelas com as várias designações
para os termos revisão e revisor, com o objetivo de mostrar que existe, de facto, uma
grande diversidade terminológica no que diz respeito a estes conceitos. Na terceira e
última secção, discutimos o conceito de editor de texto com o objetivo de apresentar
uma distinção em relação ao conceito de revisor.
I. 1. Fundamentação teórica para a realização deste projeto
Após uma leitura inicial da bibliografia, reparámos que muitos autores
criticavam a falta de reconhecimento da profissão (Alves e Andrada, 2006; Fidalgo,
2014; Marques, 2014; Oliveira, 2007), a ausência de uma associação que defenda os
direitos do revisor (Lemos, 2014; Macedo, 2013; Marques, 2014) e a consequente falta
de regulamentação (Alves e Andrada, 2006; Fidalgo, 2014; Sousa, 2015). A título de
exemplo, Sousa (2015) menciona questões muito importantes como, por exemplo, a
informalidade da profissão (são muitos os que exercem este ofício como uma atividade
secundária) e a incompreensão e dúvidas dos próprios revisores (que preços praticar,
dúvidas sobre os limites da sua atuação). Passos e Santos (2010) criticam o facto de as
editoras terem substituído os pares de revisores por apenas um e ainda se exigir deste
profissional preços baixos e rapidez no desempenho das funções.
Outros autores apontam as novas tecnologias como uma das razões que conduz à
alteração do conceito de revisão e consequentemente a uma indistinção. A título de
exemplo do que acabamos de referir, Macedo (2013) enfatiza que a chegada do
computador veio alterar o trabalho do revisor, pois “o texto e a imagem passaram a ser
processados (e tramitados) pela tecnologia digital […]” (Macedo, 2013: 29). Tal como
refere, no “mundo-rápido-moderno” (Macedo, 2013: 33), o revisor deixa de ser apenas
3
o cumpridor da norma para passar a ser o profissional “com capacidade de
questionamentos multimodais ou ideológicos” (Macedo, 2013: 40). Menciona ainda que
o facto de ter existido uma especialização cada vez maior dos profissionais que
trabalham com o texto (devido ao aparecimento da imprensa e também devido à
revolução industrial) fez com que o conceito de revisão se tornasse “vazio” (Macedo,
2013: 40). Assim, Macedo (2013) frisa que a imprecisão da definição de revisão advém
“da natureza híbrida da origem das funções dos profissionais do texto em épocas pré-
industriais, da especialização da Era Industrial, que o reduziu a vigiador da norma, mas,
também do caráter vago e limitador dos próprios manuais de revisão” (Macedo, 2013:
41). A autora aponta a inovação tecnológica como sendo uma razão forte o suficiente
para induzir a profissão do revisor numa “diluição das fronteiras entre as funções dos
profissionais do texto e […] alargamento das responsabilidades do revisor diante do
texto em sua concepção mais ampla, incluindo formas não verbais” (Macedo, 2013: 48).
Também salienta que a sociedade atual pede uma mudança, uma “redefinição […] do
papel do revisor” (Macedo, 2013: 65), pois, segundo ela, o revisor não pode exercer a
sua profissão como se ainda estivesse no tempo dos copistas. Hoje, com a rápida
transmissão e produção da informação, com a era da imprensa, o revisor tem de lidar
com “frases, imagens, cores” (Macedo, 2013: 66) que circulam entre autores, revisores,
editores, paginadores, entre outros, muitas vezes à distância de um clique, de maneira
que “as práticas e os limites de revisão de texto nunca mais serão as mesmas” (Macedo,
2013: 66). À semelhança de Macedo (2013), também Passos e Santos (2010)
mencionam a necessidade de mudança e adequação deste profissional face ao mundo
onde imperam as novas tecnologias. No Boletim da INCM, Matriz 12 (2011), é possível
ver as mudanças que a profissão sofreu em Portugal. Se há uns anos só se exigia do
revisor o 12.º ano, bons conhecimentos de português, francês e inglês e a revisão era
feita em pares, em que um revisor lia o texto em voz alta e o outro acompanhava no
original, atualmente a revisão faz-se em suporte digital e é frequente receber-se
materiais dos clientes nesse formato. Isto conduz-nos a pensar como esta profissão se
alterou e como se torna necessária a adequação do revisor às novas formas de trabalhar,
acompanhando as novas tecnologias.
Outro motivo que os autores apontam é o desconhecimento deste profissional na
sociedade, inclusive o imaginário das pessoas e dos próprios revisores acerca da sua
profissão, levando a uma indefinição do conceito de revisão e, consequentemente, a
4
questões relacionadas com a associação. Sousa (2015), na sua análise aos discursos
acerca do Dia do Revisor, critica o facto de esses enunciados refletirem uma imagem do
trabalho do revisor como algo rápido, informal e que não requer grande dificuldade. Ao
analisar um anúncio de serviços de revisão idêntico aos anúncios de trabalhos
espirituais, Sousa (2015) menciona que isso evidencia duas coisas: a primeira é que o
próprio revisor estigmatiza o seu trabalho ao comparar a revisão a um trabalho
espiritual; isso leva os clientes a acreditarem ainda mais na ideia de que o trabalho de
revisão é rápido e fácil, além de que isso evidencia incompreensão por parte do próprio
profissional em relação àquilo que é o seu trabalho. A segunda coisa prende-se com o
facto de que tudo isso contribui para que haja pouco reconhecimento da profissão e,
consequentemente, sejam atribuídos salários baixos ao revisor. Ao trabalharem na
revisão de textos técnicos de Engenharia, Alves e Andrada (2006) mencionam a
desconfiança e desconhecimento que há em relação à revisão por parte dos seus clientes
(engenheiros). Conforme o engenheiro vai vendo que as autoras estabelecem um papel
mediador, em que a decisão final é sempre do autor do texto, parece estabelecer-se uma
relação de confiança entre elas e o engenheiro e este deixa de as ver como um inimigo
do seu texto. Considerámos este exemplo muito pertinente, porque mostra a importância
de se estabilizar o conceito de revisão e o de revisor. As autoras referem ainda outro
aspeto muito relevante: a empresa de engenharia passou a “terceirizar o serviço de
revisão” (Alves e Andrada, 2006: 10) como requisito específico da certificação de
qualidade da empresa e da satisfação do cliente. Isto significa que, à medida que as
pessoas vão conhecendo o trabalho do revisor e as suas funções, deixam de o ver como
um inquisidor e passam a vê-lo como uma verdadeira ajuda ao seu trabalho. Também
Fidalgo (2014) refere que muitos clientes associam a revisão à mera correção da
ortografia e da sintaxe. Isso leva a que as pessoas dispensem os serviços deste
profissional, muitas vezes pela falta de conhecimento. Isso também conduz a uma
indefinição das funções do revisor, contribuindo para que este profissional ocupe as
posições mais baixas dentro da hierarquia profissional e consequentemente acabe por
receber remunerações incompatíveis com o cargo, como, aliás, referimos acima. Torna-
se necessário mudar o imaginário das pessoas acerca do que é o revisor, para bem dos
clientes e para bem do próprio profissional.
Muitos autores criticam ainda a ausência de cursos superiores na área da revisão
(Alves e Andrada, 2006; Fidalgo, 2014; Guedes, 2013; Macedo, 2013; Passos e Santos,
5
2010), não deixando de referir o facto de não ser exigida formação específica ao revisor
e de este poder ser formado em qualquer área e de as universidades não investirem nisso
(Macedo, 2013; Sousa, 2015). A capacidade de rever não é algo inato mas sim algo que
exige formação específica e que requer aperfeiçoamento contínuo (Fidalgo, 2014: 44),
por isso, o revisor deve procurar estar à altura das suas funções, procurando formação
na área (Guedes, 2013), adquirindo novos conhecimentos, ou seja, é necessário que o
revisor esteja em constante atualização. Uma possível solução para que a profissão de
revisor volte a ter prestígio e a ser bem remunerada passa pela criação de mais cursos
superiores na área, por forma a reconhecer que este profissional precisa de ser dotado de
conhecimentos específicos, sobretudo conhecimentos em Linguística (Macedo, 2013).
A par disto, a bibliografia nesta área é escassa e os poucos estudos que existem
são, na sua maioria, de carácter normativo (Alves e Andrada, 2006; Macedo, 2013).
Contudo, começa a haver pontos positivos com o facto de se publicarem cada vez mais
estudos no âmbito do Mestrado em Consultoria e Revisão Linguística.
Posto isto, podemos verificar que são muitos os autores que apontam para uma
necessidade de estabilizar os conceitos de revisão e de revisor. Por isso, esperamos, com
o nosso trabalho, contribuir para essa estabilização, para que todos os revisores sejam
capazes de definir a sua profissão. Assim, facilitaremos e ajudaremos os próprios
revisores e também as empresas e instituições que contratam os serviços de revisão
(mediante a posterior apresentação das definições estabilizadas na página e estatutos da
associação), uma vez que será mais fácil perceber o que se espera de um revisor. Uma
definição do que é a revisão e do papel do revisor irá evitar a sobreposição de tarefas
pelos diferentes profissionais que fazem parte do processo de produção do texto
(Marques, 2014). A estabilização destes dois conceitos ajudará na posterior criação da
associação (só definindo e percebendo o que é a revisão e quem é o revisor é que
poderemos estabelecer os seus direitos e os seus deveres).
Urge então estabilizar estes dois conceitos para que a profissão ganhe o
merecido reconhecimento; para combater a incompreensão e sanar as dúvidas dos
revisores; para que possamos ter uma definição estável e comum a todos; e para que
haja regulamentação, pois qualquer um pode oferecer os serviços de revisão sem que
haja fiscalização. Para não falar do facto de não existir a profissão de revisor no quadro
das profissões em Portugal e de os revisores terem de abrir atividade com “prestação de
serviços” (cf. Fidalgo, 2014; Marques, 2014).
6
Depois de expormos as opiniões dos autores, podemos concluir que há alguns
aspetos comuns a todos, nomeadamente o facto de todos mencionarem que existe falta
de reconhecimento da profissão, de regulamentação, a ausência de uma associação ou
sindicato ou mesmo um grupo de investigação. Como vimos, a criação de uma
associação torna-se necessária para discutir questões como a inexistência de cursos
superiores na área e a falta de formação específica do revisor, discrepâncias entre a
definição do que é o revisor e as funções que na prática lhe são impostas, remuneração
baixa, a falta de fiscalização e a concorrência desleal por parte de revisores não
especializados (qualquer um faz revisão) e daqueles que fazem desta profissão uma
atividade secundária, a substituição de vários revisores por um só, que tem de fazer todo
o trabalho o mais rápido possível, entre muitos outros aspetos. A par da bibliografia
escassa, Fidalgo (2014) e Marques (2014) mencionam a falta de instrumentos, de uma
obra que oriente os revisores. Também vimos que os autores foram unânimes ao afirmar
que as novas tecnologias vieram revolucionar o mundo da revisão, onde se torna
necessária uma redefinição do papel do revisor, que, hoje em dia, lida com textos
multimodais e que, por vezes, chega a exercer/acumular as funções de outros
profissionais (como o editor). Ribeiro (2009) e Yamazaki (2009) mencionam isso
mesmo, essa indefinição e indistinção entre o revisor, o editor e outros profissionais que
trabalham com o texto. Uma estabilização destes dois conceitos iria permitir uma
mudança no imaginário dos próprios revisores (que anunciam os seus serviços como um
trabalho rápido) e dos clientes (que, por norma, tendem a pensar no revisor como
cumpridor da gramática e tendem a desconfiar que este lhes altera o texto sem a menor
consideração pelo autor), assim como uma distinção em relação aos outros profissionais
(tais como o editor, o preparador, etc.), conduzindo a uma redefinição do papel deste
profissional.
7
I. 2. Estado da Arte dos conceitos de Revisão e de Revisor
Passamos agora à análise crítica da bibliografia acerca do conceito de revisão e
do conceito de revisor. Na impossibilidade de obter o acesso aos seis manuais6 de
revisão que inicialmente tínhamos em mente, reduzimos a análise aos dois manuais que
conseguimos consultar (Coelho Neto, 2008; Malta, 2000). Analisámos também diversas
teses de doutoramento, dissertações, relatórios de estágio e trabalhos de projeto de
mestrado, monografias de licenciatura e diversos artigos científicos, com o propósito de
percebermos como é que os vários autores definem e pensam estes dois conceitos.
Todos os textos são referentes ao português, quer na norma europeia quer na norma
brasileira, porque nos interessava ver que estudos já haviam sido realizados para o
português, uma vez que o foco deste trabalho é a revisão e o revisor no caso português.
I. 2. 1. O conceito de Revisão
Depois de averiguarmos os principais motivos que conduziram a uma
indefinição e indistinção desta profissão e de verificarmos que o imaginário das pessoas
em relação a este profissional ainda se baseia num conceito pouco abrangente,
constatamos que o revisor é comummente visto como aquele que tem de:
[…] corrigir gralhas; pontuação; evitar repetições, recorrendo à substituição por
sinónimos; evitar estruturas complexas e de difícil entendimento; verificar
concordâncias; uniformizar o uso de maiúsculas e minúsculas; regular o uso de
estrangeirismos, recorrendo ou não a itálico; identificar galicismos e substituí-
los, ou não, consoante a situação, por palavras em português vernáculo.
(Pacheco, 2013: 16-17)
6 COELHO NETO, Aristides. 2008. Além da revisão: critérios para revisão textual. Brasília: Editora
Senac. MALTA, Luiz Roberto. 2000. Manual do revisor. São Paulo: WVC Editora. MEDEIROS, João Bosco et al. 1995. Manual de redação e revisão. São Paulo: Atlas. MEDEIROS, João Bosco. 2002. Manual de redação e normalização textual: técnicas de editoração e revisão. São Paulo: Atlas. OLIVEIRA, Risoleide Rosa F. de. 2010. Revisão de textos: da prática à teoria. Natal: EDUFRN. PINTO, Ildete Oliveira. 1993. O livro: manual de preparação e revisão. São Paulo: Ática.
8
Entre os próprios revisores ainda existem alguns que entendem que o revisor
apenas tem de seguir a norma e saber fundamentar as suas opções com base em
instrumentos de normalização e nunca de forma impressionista, o que, de certo modo,
nos remete para um conceito de revisão menos abrangente, em que o revisor segue à
risca os instrumentos de normalização e não tem presente a parte discursiva de qualquer
texto:
Caberá, pois, ao revisor verificar os problemas e corrigi-los ao abrigo da norma,
pois, enquanto profissional desta área, o seu trabalho tem obrigatoriamente de
seguir uma linha orientadora, que é a disponibilizada pelos instrumentos. Muito
dificilmente o revisor poderá ultrapassar esta linha, a não ser que tenha
argumentos muito fortes e que sejam apoiados num profundo conhecimento do
funcionamento da língua.
(Pacheco, 2013: 53)
Contudo, estudos mais recentes têm vindo a ser publicados (desde teses,
dissertações e outros artigos) na área da Linguística, e as opiniões dos profissionais têm
vindo a mudar, mostrando que os revisores começam a ter consciência de que, devido a
vários fatores (já mencionados na parte da fundamentação teórica), o foco da revisão
deixou de ser apenas a correção ortográfica e gramatical para passar a ser mais
abrangente. Nesse sentido, os autores evidenciam nos seus estudos a importância de se
distanciar mais da revisão numa perspetiva tradicional (desconstruindo a mesma):
Aplicando-se a teoria de assujeitamento de Althusser (1999) à Revisão de Texto
tradicional, […] pode-se dizer que o revisor é interpelado pela Ideologia das
editoras, não lhe restando liberdade para tomar decisões linguísticas,
discursivas, ideológicas. É por meio desses mecanismos de como o revisor deve
agir ou não agir que a Ideologia, funcionando nos rituais materiais da vida
cotidiana, interpela o profissional, restando-lhe o papel formal, gramaticista,
normalizador e fiscal da língua; em outras palavras, o revisor é visto como um
mero conferente.
(Rocha, 2012: 61)
A fim de fundamentar a sua análise sobre a revisão tradicional, Rocha (2012)
procedeu à análise das imagens em manuais de revisão e chegou à conclusão que a
imagem é vista para fins de formatação e que os autores desses manuais não levam em
consideração a imagem na prática da revisão. (Num conceito mais abrangente da
9
revisão verificamos que é dada grande importância à imagem, que passa a ser vista
como ideológica e não como mera ilustração.) Tal como Rocha (2012), também outros
autores começaram a desconstruir a visão tradicional da revisão e passaram a adotar
uma perspetiva mais abrangente.
Nesse sentido, no que diz respeito à definição do conceito de revisão,
verificamos que alguns autores entendem que a revisão é uma atividade de leitura crítica
(Leite e Magalhães, 2014; Marques, 2014; Rosa, 2015; Rosa e Gonçalves, 2013),
evidenciando a grande importância que a leitura tem nesta profissão:
A leitura é a base da revisão, é o elemento principal deste trabalho. É preciso
estar disposto a ler, parar, pensar, analisar, buscando muitas vezes mais
informações e mais leituras sobre o assunto para que se possa entender a
verdade absoluta do texto lido, a real intenção do autor e do texto. A revisão de
texto só existe por meio da leitura. O revisor recebe o trabalho e passa todo o
tempo voltado ao entendimento do que está ali escrito.
(Rosa e Gonçalves, 2013: 11)
Na mesma linha de pensamento, temos autores que também veem a revisão
como uma atividade de leitura que envolve sempre um conjunto de procedimentos,
operações e alterações a realizar no texto, cujo objetivo é melhorar o texto:
Atividade de leitura crítica de um texto tendo em vista melhorar a sua qualidade
e facilitar a comunicação entre o seu autor e o público-alvo, resolvendo
problemas existentes do ponto de vista formal, organizacional ou informacional,
por meio de operações de adição, supressão, substituição ou deslocação, ou
através da apresentação de sugestões de alternativas.
(Marques, 2014: 17)
Por fim, temos autores (Fidalgo, 2014; Rosa, 2015; Sousa, 2015) que entendem a
revisão como um processo (e não como uma atividade final) e um produto, tendo em
comum o facto de também aqui se terem de fazer operações e alterações ao texto:
[…] a revisão pode ser vista simultaneamente como um processo e um produto
– um processo, porque engloba uma série de procedimentos, técnicas e escolhas
ao longo do respetivo período de execução; um produto, porque é sinónimo do
próprio texto revisto, sendo, por isso, o resultado do processo que o antecedeu.
(Fidalgo, 2014: 6-7)
10
Podemos então verificar que, de forma geral, a revisão é entendida pela maioria
dos autores como um processo de leitura crítica que tem como objetivo melhorar e
aperfeiçoar o texto7 e conferir qualidade ao mesmo8, que acarreta consigo um conjunto
de escolhas a fazer ao longo desse mesmo processo, resultando no texto revisto, ou seja,
no produto e resultado desse processo de leitura.
Todavia, ao aprofundarmos mais este conceito, verificamos que os autores
percorrem diferentes caminhos para mostrar e provar que é possível adotar um conceito
de revisão mais alargado, que ultrapassa em larga medida o conceito de revisão como
correção de ortografia e gramática, seguindo diversas linhas teóricas da área da
Linguística para alcançar uma perspetiva mais abrangente na revisão: “Ao considerar a
revisão como uma atividade de retextualização, operações de diferentes instâncias
concorrem para a realização desse exercício: gramatical, textual, discursiva e
pragmática.” (Santos, 2012: 126) São várias as linhas de pensamento teórico seguidas
pelos autores, mas destacamos o facto de todas apontarem para uma visão da revisão
além da mera correção ortográfica e gramatical.
E é nesta linha de pensamento (em que só a gramática não basta) que
começamos a ver que muitos autores olham para a revisão sob uma perspetiva mais
voltada para a atenção aos recursos semióticos presentes nos textos:
Na perspectiva da Semiótica Social, a comunicação é mediada por uma rede
plural de linguagem: escrita, fala, imagens (formas, volumes, massas,
dimensões), movimentos, direções, traços, linhas, cores (gráficos), luzes,
números, gestos, sons, objetos, expressões, cheiros, texturas, olhar, sensação,
tato. […] Por isso, na Semiótica Social, linguagem quer dizer uma variada e
intrincada de formas sociais de comunicação e de significação.
(Macedo, 2013: 68)
Isto significa que os autores têm noção de que a revisão não é apenas rever um
texto escrito e que é necessário olhar para o texto como um todo, como um conjunto de
aspetos verbais mas também não verbais. Fazer revisão à luz da Semiótica Social “é
olhar para o texto em sua interioridade, sob as várias perspectivas dos vários recursos
7 Guedes, 2013; Passos e Santos, 2010; Rosa, 2015; Rosa e Gonçalves, 2013; Santos, 2012; Sousa, 2015.
8 Alves e Andrada, 2006; Coelho Neto, 2008; Leitão, 2014; Leite, 2014; Marques, 2014; Matriz 12, 2011; Passos e Santos, 2010.
11
semióticos, e em sua exterioridade, nos efeitos causais que gera nas práticas sociais.”
(Macedo, 2013: 83).
Nesse sentido, muitos autores olham para a revisão como uma atividade inserida
num contexto social9; outros encaram a revisão como uma prática social, interativa e
dialógica (Fidalgo, 2014; Macedo, 2013; Santos, 2007); e outros veem a revisão numa
perspetiva multimodal (Rocha, 2012; Santos, 2013).
Juntamente com esta visão mais abrangente do conceito de revisão surgem os
vários tipos de revisão. Os mais comuns são a revisão de tradução (Coelho Neto, 2008;
Fidalgo, 2014; Malta, 2000; Marques, 2014), revisão de provas (Coelho Neto, 2008;
Malta, 2000; Santos, 2012), revisão linguística (Carvalho, 2014; Coelho e Antunes,
2010; Marques, 2014), revisão de normalização (Coelho e Antunes, 2010 Marques,
2014), revisão técnica (Fidalgo, 2014; Carvalho, 2014; Santos, 2012), revisão
tipográfica/gráfica (Coelho e Antunes, 2010; Fidalgo, 2014; Marques, 2014), leitura
final/revisão final (Fidalgo, 2014; Finatto et al., 2015; Santos, 2012), revisão temática
(Santos, 2012), revisão académica (Santos, 2012), revisão de conteúdo (Marques,
2014). A título de exemplo, mencionamos aqui em que consistem alguns tipos de
revisão:
[revisão] i) de questões relacionadas à composição visual e material do texto
(revisão gráfica); ii) de aspectos relacionados à metodologia e à editoração
(revisão normalizadora); iii) de fatores ligados à propriedade e à consistência
das informações apresentadas em função do interlocutor e da situação (revisão
temática), além, é claro; iv) de questões relacionadas aos aspectos gramaticais e
ortográficos do texto (revisão linguística).
(Coelho e Antunes, 2010: 209)
Depois desta observação, cabe-nos tirar algumas conclusões. O primeiro ponto
prende-se com o facto de todos os autores evidenciarem uma visão da revisão muito
idêntica. Apesar de terem seguido caminhos diferentes na sua análise – Macedo (2013)
fez a sua análise à luz da Análise do Discurso Crítica, da Teoria Semiótica Social da
Multimodalidade e Gramática Visual; Oliveira (2007) analisou à luz da Linguística
Aplicada e de noções de interação socioverbal, géneros do discurso, alteridade e
exotopia do Círculo de Bakhtin; Rocha (2012) à luz da Análise do Discurso Crítica,
9 Fidalgo, 2014; Macedo, 2013; Oliveira, 2007; Rocha, 2012; Rosa, 2015; Santos, 2013.
12
Teoria dos Géneros Textuais, Teoria da Multimodalidade, Teoria de Assujeitamento de
Althusser (1999) através da noção de ideologia; Rosa (2015) fez a sua análise à luz da
Psicologia Cognitiva e do Interacionismo Sociodiscursivo; Santos (2012) analisou à luz
da Linguística Textual, de critérios de textualidade e da retextualização de Marcuschi;
Santos (2013) à luz da Análise do Discurso Crítica, da Multimodalidade e da Gramática
Visual; Sousa (2015) à luz da Análise do Discurso através das noções de interlíngua,
regimes de genericidade, ethos discursivo de Dominique Maingueneau e usando
também a noção de ritos genéticos editoriais de Salgado (2011) – os autores mostram,
de maneira geral, que a revisão é uma atividade de leitura profissional que serve para
melhorar, aperfeiçoar e conferir qualidade a um texto e que extrapola os limites da
correção ortográfica e gramatical. Nesse sentido, a revisão traz clareza, coerência e
coesão aos textos. Todos os autores evidenciam que a revisão deve ir além da simples
correção gramatical e ortográfica, sendo que aqui encontramos duas variações: por um
lado, temos autores que reconhecem a existência da norma e da variação linguística; por
outro lado, temos autores que enfatizam que a revisão deve ter em conta aspetos
linguísticos e aspetos discursivos.
Para alguns autores, na revisão é necessário dar igual atenção à macroestrutura e
à microestrutura do texto, sendo que na sua ótica, “o revisor deveria trabalhar qualquer
texto, partindo do pólo do enunciado para depois analisar o pólo da oração […]”
(Oliveira, 2007: 71), observando, em primeiro lugar, como estão expostas as ideias do
autor, o sentido do texto, a quem o texto se destina, e só depois o revisor deve estar
atento à parte linguística do texto, “pois o procedimento inverso poderia descaracterizar
a entonação apreciativa do autor ou das outras vozes que ele orquestra […]” (Oliveira,
2007: 154). Neste sentido, todos os autores concordam que no processo de revisão é
necessário ter em conta o género do texto e todas as suas características, de forma a
verificar se o mesmo é adequado ou não. Um dos autores, Rocha (2012), atreve-se a
sugerir que o revisor deveria ser não revisor de texto mas sim um revisor de géneros, tal
é a importância dada ao género de texto na revisão.
Todavia, mais do que prestar atenção ao texto, na revisão é de suma importância
prestar atenção ao autor do texto, pois o texto será adequado ao seu objetivo
comunicativo, às suas intenções, afinal, o texto é o resultado da sua criação. Dentro
13
dessa perspetiva, a revisão terá sempre em conta o respeito pelo estilo, ideologia e
intenção comunicativa do autor, no sentido de adequar o texto ao público-alvo10.
Todos os autores demonstram que a revisão abarca também o aspeto gráfico do
texto11, incluindo nesta secção os elementos semióticos presentes, sobretudo as
imagens, as quais os autores defendem que “[…] devem ser vistas como ideológicas, e
não como meramente ilustrativas, pois têm importante dimensão semântica” (Macedo,
2013: 164) (cf. também Rocha, 2012).
Do mesmo modo, os autores foram unânimes ao considerar o contexto da
publicação, o suporte, a área temática, o contexto de produção, circulação e receção do
texto como elementos igualmente importantes a ter em conta no processo de revisão.
Assim, podemos perceber que a revisão é uma atividade de leitura vista como um
processo de interação entre o autor e o revisor (e noutros casos, entre o revisor e o
editor, ou o cliente intermédio), o que contraria a visão da revisão como um processo
final. Por ser um processo de mediação entre o autor e o seu público, a revisão estará
sempre inserida num contexto social, e desse modo será analisada como uma prática
social, interativa, dialógica e multimodal, porque leva em consideração o texto como
um todo, desde a escrita aos recursos semióticos, visando a melhoria e o
aperfeiçoamento do texto, conferindo qualidade ao mesmo. Como processo que é, a
revisão terá sempre em vista a intenção comunicativa do autor, admitindo a existência
da norma mas também da variação linguística e levando em consideração todos os
aspetos relativos ao texto, tais como o género, o contexto de produção, circulação e
publicação do mesmo. Estamos perante uma definição de revisão mais ou menos
estabilizada/uniforme/comum.
No sentido de evidenciar toda a “flutuação terminológica” (Marques, 2014) do
conceito de revisão, apresentamos a seguinte tabela com as designações para este
conceito, de todos os autores que analisámos.
10
Araújo, 2014; Carvalho, 2014; Coelho e Antunes, 2010; Costa et al., 2011; Fidalgo, 2014; Guedes, 2013; Leite, 2014; Leite e Magalhães, 2014; Lemos, 2014; Macedo, 2013; Marques, 2014; Oliveira, 2007; Rocha, 2012; Rosa, 2015; Salgado e Muniz, 2011; Santos, 2013; Sousa, 2015.
11 Coelho Neto, 2008; Costa et al., 2011; Finatto et al., 2015; Malta, 2000; Matriz 12, 2011; Rocha, 2012.
14
Designação para revisão Nome do autor
revisão
Alves e Andrada (2006), Angelino (2012), Bento (2013),
Bragança (2005), Carvalho (2014), Coelho e Antunes (2010),
Costa (2012), Costa et al. (2011), Dias (2010), Dourado (2008),
Fidalgo (2014), Finatto et al. (2015), Guedes (2013), Lameiras
(2008), Leitão (2014), Leite (2014), Leite e Magalhães (2014),
Lemos (2014), Macedo (2013), Marques (2012), Marques (2014),
Matriz 12 (2011), Miranda (2012), Morais (2013), Oliveira
(2007), Oliveira e Macedo (2011), Pacheco (2013), Passos e
Santos (2010), Pithon (2012), Ribeiro (2007), Ribeiro (2009),
Rocha (2012), Rodrigues (2013), Rosa (2015), Rosa e Gonçalves
(2013), Santos (2007), Santos (2012), Santos (2013), Simões
(2012), Soares (2013), Sousa (2015), Tibério (2011), Valério
(2014), Yamazaki (2009)
revisão linguística
Araújo (2014), Carvalho (2014), Coelho e Antunes (2010), Dias
(2010), Marques (2014), Rosa (2015), Valério (2014), Yamazaki
(2009)
revisão de textos
Alves e Andrada (2006), Carvalho (2014), Costa et al. (2011),
Dias (2010), Dourado (2008), Fidalgo (2014), Guedes (2013),
Leite (2014), Lemos (2014), Macedo (2013), Marques (2012),
Miranda (2012), Oliveira (2007), Rocha (2012), Rodrigues
(2013), Rosa e Gonçalves (2013), Santos (2013), Sousa (2015),
Valério (2014)
revisão textual
Alves e Andrada (2006), Coelho e Antunes (2010), Costa et al.
(2011), Dourado (2008), Guedes (2013), Leite (2014), Macedo
(2013), Morais (2013), Passos e Santos (2010), Rosa (2015), Rosa
e Gonçalves (2013), Santos (2012), Santos (2013), Sousa (2015)
revisão de texto
Antunes e Coelho (2011), Bento (2013), Carvalho (2014), Costa
(2012), Dias (2010), Dourado (2008), Leitão (2014), Lemos
(2014), Macedo (2013), Marques (2012), Marques (2014), Morais
(2013), Oliveira (2007), Pacheco (2013), Ribeiro (2009), Rocha
(2012), Rosa (2015), Santos (2012), Simões (2012), Yamazaki
15
(2009)
revisão de provas
Araújo (2014), Carvalhas (2013), Lameiras (2008), Marques
(2014), Miranda (2012), Santos (2012), Tibério (2011), Yamazaki
(2009)
revisão tipográfica Araújo (2014), Dias (2010), Marques (2014), Miranda (2012),
Yamazaki (2009)
revisão gráfica Coelho e Antunes (2010), Costa (2012), Fidalgo (2014),
Yamazaki (2009)
revisão técnica Finatto et al. (2015), Oliveira (2007), Santos (2012), Yamazaki
(2007), Yamazaki (2009)
revisão ortográfica Costa (2012), Dourado (2008), Lameiras (2008), Oliveira (2007)
revisão de tradução Dias (2010), Marques (2014), Rodrigues (2013), Santos (2007),
Tibério (2011), Yamazaki (2007), Yamazaki (2009)
revisão de conteúdo Costa (2012), Marques (2014)
revisão bilingue Fidalgo (2014), Marques (2014)
revisão parcial Dourado (2008), Fidalgo (2014)
revisão final Passos e Santos (2010), Marques (2012)
revisão técnica de textos Lameiras (2008), Miranda (2012)
revisão de normalização Coelho e Antunes (2010), Marques (2014)
revisão primária Marques (2012), Santos (2012)
revisão secundária Marques (2012), Santos (2012)
revisão gramatical Macedo (2013), Rocha (2012)
copydesk, copidesque ou
revisão inicial Pacheco (2013), Rocha (2012)
Tabela n.º 1: Designações para o conceito de revisão.
16
I. 2. 2. O conceito de Revisor
Depois de termos aprofundado um pouco mais o conceito de revisão, segue-se
uma reflexão sobre o conceito de revisor.
Os autores veem a revisão como um processo de leitura cujo objetivo é a
melhoria e qualidade do texto, e olham para o revisor “como aquele que tem a tarefa de
corrigir e aprimorar o texto de outrem, fazendo as modificações e adequações
necessárias, em diálogo aberto com o autor, de forma a contribuir para a qualidade da
publicação” (Leite, 2014: 20). Para tal, este profissional deve possuir algumas
competências:
[…] os revisores são uma espécie de controlo de qualidade gráfico e literário,
para o qual são indispensáveis conhecimentos sólidos da língua portuguesa e
das artes gráficas, alguma cultura geral e alguns conhecimentos de informática.
(Matriz 12, 2011: 6)
Todavia, possuir conhecimentos gráficos e informáticos não é suficiente; deve
procurar ler bastante sobre as mais diversas áreas, uma vez que isso lhe confere um
maior grau de compreensão sobre os vários assuntos, além de que os “conhecimentos
prévios sobre o conteúdo de um texto facilitam a sua compreensão” (Passos e Santos,
2010: 5). É igualmente importante que o revisor domine e conheça os géneros de texto e
todas as suas características para assim poder auxiliar o autor (que, muitas vezes, não
conhece todas as caraterísticas de determinado género). Deve procurar sempre o diálogo
com o autor, de forma a perceber a sua intenção comunicativa e a finalidade do texto, ao
mesmo tempo que assume uma visão exotópica do texto, pois assim pode ajudar o autor
a ver aspetos que este último não veria por estar muito familiarizado com o próprio
texto. Deve discutir os problemas do texto com o autor, antes de proceder a qualquer
alteração, respeitando a visão de mundo do autor, as suas ideias e o que ele quer dizer
no texto (cf. Oliveira, 2007). É, assim, importante que o revisor tenha presente a questão
da alteridade (cf. Oliveira, 2007), isto é, ter em conta o autor e a sua visão de mundo e
posição social, ter em conta qual é a visão do autor do seu público-alvo, perceber para
quem o texto se destina, qual é o enquadramento do texto no contexto social.
17
[…] o revisor deve ter a liberdade para agir, há de ter poder de decisão, e não
ficar limitado à preocupação com a conferência, o cotejo, a mancha gráfica.
Mas o revisor deve se ater ao padrão estilístico do autor, à tendência da obra. A
interferência também na diagramação quebra o paradigma de que o revisor deve
preocupar-se com o escrito. Nesse sentido, o revisor é um avocador da natureza
global do texto, e não apenas da escrita.
(Rocha, 2012: 96)
Depois de analisar e observar como estão expostas as ideias do autor, o sentido
do texto, depois de ver para quem o texto se destina, é que o revisor deve estar atento à
parte linguística do texto (cf. Oliveira, 2007).
Nesse sentido, o revisor é o profissional que possui um profundo conhecimento
gramatical, não descurando a existência de variação linguística. É a pessoa que lê o
texto de outra pessoa, adotando uma postura de reflexão e pensamento crítico, a fim de
melhorar o texto do autor. Por isso, deve ter um olhar crítico e ter capacidade de
pesquisa na hora de fundamentar as suas opções ou mesmo dúvidas (cf. Lemos, 2014).
O revisor é, assim, o mediador entre o autor e o leitor, facilitando a compreensão da
leitura a este último (cf. Rosa e Gonçalves, 2013). Deve ter em mente que o autor é o
dono do texto e que por esse motivo todas as alterações ao texto devem estar conforme
o desejo do autor, sendo que, em caso de dúvida, o revisor deve interagir e dialogar com
ele. Além de respeitar a vontade do autor, o revisor pode também apresentar sugestões
ao invés de se limitar a corrigir o texto (cf. Passos e Santos, 2010).
Nessa perspetiva, Rocha (2012) defende que o revisor
deve ter uma visão crítica diante do gênero textual a ser revisado e levar em
consideração, não só os aspectos verbais escritos, e, ainda, outros recursos
semióticos (não verbais) também responsáveis pela construção de sentido e de
efeitos discursivos em contextos sociais.
(Rocha, 2012: 231)
Deste modo, podemos constatar que todos os autores veem o revisor como
aquele que tem em conta não só a parte linguística do texto mas também a parte
discursiva. É visto como o profissional que, atendendo às características dos géneros de
18
texto12, tem em mente a visão de mundo do autor e respeita o seu estilo e intenções
comunicativas13. Adequa o texto ao tipo de público e assume sempre uma visão
exotópica, procurando distanciar-se do texto. Assume uma postura reflexiva e cuidadosa
relativamente aos instrumentos de normalização, justificando as suas escolhas de forma
fundamentada e nunca impressionista, mas também tendo em atenção o facto de que os
próprios instrumentos nem sempre são consensuais ou esclarecem todas as dúvidas.
Tem consciência de que a variação linguística existe e caso surjam dúvidas, a interação
e o diálogo com o autor são fundamentais. O revisor contribui para melhorar a coesão e
coerência do texto, conferindo qualidade ao mesmo. Além do género do texto e da
dimensão linguística, o revisor também está atento à componente gráfica do texto,
analisando todos os elementos semióticos que existem; tendo presente a noção de que as
imagens não são meras ilustrações e que também devem ser alvo da sua atenção.
Temos, assim, uma definição relativamente estabilizada do conceito de revisor.
No sentido de evidenciar toda a “flutuação terminológica” (Marques, 2014) do
conceito de revisor, apresentamos a seguinte tabela com as designações para o conceito,
de todos os autores que analisámos.
12
Alves e Andrada, 2006; Antunes e Coelho, 2011; Coelho e Antunes, 2010; Costa et al., 2011; Dourado, 2008; Fidalgo, 2014; Guedes, 2013; Leitão, 2014; Leite, 2014; Leite e Magalhães, 2014; Lemos, 2014; Macedo, 2013; Marques, 2014; Oliveira, 2007; Oliveira e Macedo, 2011; Passos e Santos, 2010; Rocha, 2012; Rosa, 2015; Salgado e Muniz, 2011; Sousa, 2015; Valério, 2014.
13 Alves e Andrada, 2006; Araújo, 2014; Carvalho, 2014; Dourado, 2008; Fidalgo, 2014; Guedes, 2013;
Leitão, 2014; Leite, 2014; Lemos, 2014; Macedo, 2013; Matriz 12, 2011; Oliveira, 2007; Oliveira e Macedo, 2011; Passos e Santos, 2010; Rocha, 2012; Rosa, 2015; Rosa e Gonçalves, 2013; Salgado e Muniz, 2011; Santos, 2012; Sousa, 2015.
19
Tabela n.º 2: Designações para o conceito de revisor.
Designação para
revisor Nome do autor
revisor
Alves e Andrada (2006), Angelino (2012), Araújo (2014), Bento (2013),
Carvalhas (2013), Carvalho (2014), Coelho e Antunes (2010), Costa
(2012), Dias (2010), Dourado (2008), Fidalgo (2014), Finatto et al
(2015), Guedes (2013), Lameiras (2008), Leitão (2014), Leite (2014),
Leite e Magalhães (2014), Lemos (2014), Macedo (2013), Marques
(2012), Marques (2014), Matriz 12 (2011), Miranda (2012), Morais
(2013), Oliveira (2007), Oliveira e Macedo (2011), Pacheco (2013),
Passos e Santos (2010), Pithon (2012), Ribeiro (2007), Ribeiro (2009),
Rocha (2012), Rodrigues (2013), Rosa (2015), Rosa e Gonçalves (2013),
Salgado e Muniz (2011), Santos (2007), Santos (2012), Santos (2013),
Simões (2012), Soares (2013), Sousa (2015), Tibério (2011), Yamazaki
(2007), Yamazaki (2009)
revisor linguístico Araújo (2014), Carvalho (2014)
revisor de textos
Coelho e Antunes (2010), Costa et al. (2011), Dourado (2008), Fidalgo
(2014), Guedes (2013), Leite (2014), Leite e Magalhães (2013), Lemos
(2014), Oliveira (2007), Ribeiro (2009), Rosa e Gonçalves (2013), Santos
(2013), Sousa (2015)
revisores de textos Dourado (2008), Leitão (2014), Leite (2014), Macedo (2013), Santos
(2012), Sousa (2015)
revisor de texto
Leitão (2014), Macedo (2013), Marques (2014), Oliveira (2007), Pacheco
(2013), Rocha (2012), Rosa e Gonçalves (2013), Santos (2012),
Yamazaki (2007)
revisores de texto Lemos (2014), Macedo (2013), Marques (2014), Pacheco (2013), Sousa
(2015)
revisor textual Dourado (2008), Guedes (2013), Passos e Santos (2010), Rosa e
Gonçalves (2013), Santos (2013)
revisor de provas Ribeiro (2007), Yamazaki (2007), Yamazaki (2009)
20
I. 3. Estado da Arte do conceito de Editor de Texto
Com o intuito de estabelecermos uma distinção entre o conceito de revisor e o de
editor de texto (uma vez que são profissões muito parecidas), procedemos à recolha e
análise de alguns artigos científicos e relatórios de estágio (a maioria dos trabalhos
publicados são relatórios de estágio) da área de Edição de Texto.
Ribeiro (2007; 2009) e Yamazaki (2007; 2009) são apenas alguns dos autores
que afirmam que as profissões de editor de texto, revisor, preparador e copidesque são
de difícil distinção14, muito provavelmente devido à fusão das mesmas por causa das
novas tecnologias e da era digital em que estamos. Essa fusão e indistinção de funções é
notória, quando percebemos que, antigamente, o revisor não se limitava à correção
ortográfica e gramatical, chegando mesmo a exercer a função do editor de texto, e que,
hoje em dia, o editor de texto também exerce as funções do revisor:
Ao afirmar que o editor de texto era o antigo revisor, Houaiss considera que, ao
longo da história do livro, revisor era aquele que acompanhava o processo de
preparação de originais, responsabilizando-se também pelas condições formais
dos textos até a impressão da obra. O revisor não se detinha, como hoje,
‘apenas’ na correção das provas (para identificar e eliminar erros no texto
impresso) e no zelo pela disposição gráfica, pela composição das páginas. O
revisor abarcava, portanto, o conceito de editor no sentido primitivo da palavra,
segundo Houaiss.
(Yamazaki, 2007: 6-7)
Não obstante, cada vez mais há tendência para substituir os vários profissionais
por um só, exigindo-se a mesma rapidez na execução de tarefas (Passos e Santos, 2010;
Yamazaki, 2007). Este cenário é visível tanto no Brasil como em Portugal (cf. a análise
bibliográfica que temos vindo a fazer também sobre o conceito de revisão). A
14
Segundo Rocha (2012), além da revisão, existem outras tarefas parecidas. São elas a conferência, a paráfrase e o copidesque. Segundo o autor, a conferência não deve ser confundida com a revisão, já que tem mais a ver com conferir a versão original com outra versão do mesmo texto. Já a paráfrase é inerente à revisão, sendo uma tarefa mais complexa do que a revisão, uma vez que o revisor transforma o texto original num texto de fácil compreensão mas sem com isso elaborar um texto inédito, já que convém ter um texto parafraseado com base no original. Por fim, o copidesque é uma atividade que é muito parecida à de um editor de texto. É praticamente uma revisão inicial (como nos diz o autor), em que se adapta as informações de um texto, segundo as normas editoriais, de forma a que o texto fique objetivo.
21
substituição dos profissionais acaba por também contribuir para a fusão e indistinção
entre a revisão e a edição, por exemplo.
De igual modo, existe alguma discordância entre alguns autores sobre a
definição de editor. Araújo apud Bragança (2005) menciona que no inglês existem duas
palavras para designar o editor: o editor seria o profissional que organiza, seleciona
textos de originais, prepara, revê, supervisiona todo o processo de publicação do livro e
pode mesmo chegar a fazer os prefácios e comentários em edições anotadas; o
publisher seria o profissional que trata da parte de divulgação, publicação, distribuição
e venda do livro. Para Bragança (2005) parece que essas duas designações se
condensaram na palavra ‘editor’, usando a designação “editor de texto” nos casos em
que possa existir ambiguidade face a editores de outras áreas (televisão, imagens, etc.).
“Houaiss mantém a distinção entre editor e publisher, mas para se referir a eles usa, em
português, os termos ‘editor de texto’ e ‘editor’, respectivamente.” (Yamazaki, 2007: 6).
A expressão “edição de texto” foi usada para nomear uma das etapas que
compõem o tratamento editorial do texto durante a produção de um livro e
também como termo que pode abranger todo o processo de intervenção por que
passa o texto até virar livro, o que inclui, portanto, a preparação e a revisão de
provas.
(Yamazaki, 2009: 12)
Yamazaki (2007) menciona algo muito pertinente sobre esta indistinção entre
revisor e editor de texto: a autora refere que o editor de texto é o profissional que se
preocupa mais com a clareza do texto e a sua adequação ao público leitor, e não tanto
com a correção dos erros (cf. também Yamazaki, 2009). Claro que também pode
corrigir algum erro que detete, mas o seu propósito é mesmo conhecer a fundo as
características do público, nomeadamente que tipo de público é, e da obra,
nomeadamente o “formato do volume, presença de iconografia, quantidade de cores de
impressão, entre outros elementos.” (Yamazaki, 2007: 8) Ao contrário de um revisor, o
editor de texto, muitas vezes por conta dos prazos curtos, não lê o texto na íntegra,
sendo que a maioria destes profissionais leem ou a parte inicial do texto ou então
pequenos trechos aleatórios. Um pouco à semelhança da revisão, a autora destaca três
etapas na edição de texto: a leitura, a avaliação e a interferência. Segundo a autora, o
editor de texto deve guiar-se pela finalidade do texto e pelo estilo do autor para proceder
às modificações necessárias. “Como a atuação do editor de texto não se restringe a
22
alterações gramaticais, ele deve ter em mente um espectro mais amplo de interferência,
que pode até atingir o estilo do autor […]” (Yamazaki, 2007: 9). Tal como o revisor, o
editor de texto tem à sua disposição as obras de referência (dicionários, gramáticas), os
manuais de estilo das várias empresas e ainda a internet, caso necessite de realizar
alguma pesquisa. Este profissional deve estar a par da existência de variação linguística,
por forma a, juntamente com o reconhecimento de que cada texto e cada autor são
diferentes, poder atuar de modo a tornar o texto acessível ao leitor. A par das alterações
ao texto, o editor de texto tem de ter em atenção a forma física que o texto tomará,
verificando se é necessário colocar um índice, imagens, gráficos, prefácios, anotações,
verificando outras características mais gráficas como a iconografia. Para a autora, o
editor de texto é o profissional que acompanha todo o processo de produção do livro,
desde a preparação, a revisão até à sua publicação e venda ao público. Nesse sentido,
este profissional pode fazer as tarefas de um revisor (cf. também Ribeiro, 2007), por
exemplo, sem que isso invalide a existência e necessidade de um revisor no processo.
Para confirmar/confrontar o que foi dito acima, procedemos a uma leitura e
análise de vários relatórios de estágio (pois não havia dissertações nesta área publicadas
e só encontrámos um trabalho de projeto) na área da Edição de Texto. Através de uma
descrição minuciosa das tarefas concretizadas, é possível concluir que grande parte dos
aspirantes a editores de texto executa somente tarefas de revisão15 e muito poucos
exerceram apenas funções de editor (Cabral, 2012; Frade, 2015; Soares, 2013).
Contudo, houve muitos autores que, a par da revisão, atuaram como paginadores e
também como editores (Costa, 2012; Lameiras, 2008; Miranda, 2012; Rodrigues, 2013;
Tibério, 2011). Temos depois três casos isolados, em que atuaram como paginadores e
revisores (Angelino, 2012; Marques, 2012), e apenas um atuou como editor e revisor
(Morgado, 2013). Isto significa que não só é comum, em contexto de estágio, a revisão
ser a tarefa mais solicitada aos mestrandos na área da Edição de Texto, como também é
habitual exercerem funções de editor, revisor e paginador.
Os autores que desempenharam funções de revisor realizaram sobretudo revisão
a nível da ortografia e do conteúdo (Costa, 2012; Dias, 2010; Lameiras, 2008; Miranda,
2012; Morgado, 2013), revisão técnica (Lameiras, 2008; Miranda, 2012) e de provas
(Lameiras, 2008; Marques, 2012; Miranda, 2012). Porém, a revisão de tradução ou o
cotejo entre o texto original e o texto traduzido foi o tipo de revisão realizado por
15
Bento, 2013; Carvalhas, 2013; Dias, 2010; Morais, 2013; Pithon, 2012; Simões, 2012.
23
grande parte dos mestrandos desta área16. Apesar de haver autores que entendem que a
revisão se estende apenas à ortografia e ao conteúdo do texto, também temos autores
que demonstram uma visão da revisão um pouco além disso, entendendo-a como uma
uniformização a nível linguístico e tipográfico (Carvalhas, 2013; Dias, 2010; Miranda,
2012), tendo em conta o estilo do autor, a qualidade do texto e a sua compreensão por
parte do público, sem descurar a norma (Carvalhas, 2013; Costa, 2012; Dias, 2010;
Marques, 2012; Miranda, 2012).
Enquanto para uns “rever não é só corrigir erros ortográficos e tipográficos, é
também, dar coerência ao texto na relação à forma de escrever/falar a língua em que
está redigido, respeitando sempre o estilo do autor” (Marques, 2012: 11), para outros a
revisão não se revelou difícil e bastou pôr os conhecimentos de uma única aula de
revisão (de um seminário do mestrado) em prática:
Apesar de ser um trabalho no qual não tinha experiência profissional alguma
aquando do estágio realizado, notei não ser um trabalho de todo difícil de
realizar. Deveu-se isto, creio, ao facto de ter adquirido algumas bases de revisão
de texto, mesmo que poucas, durante a componente lectiva do curso, resultado
de alguns exercícios efectuados no decurso de uma aula de Edição Crítica,
cadeira leccionada pelo Professor Fernando Cabral Martins, sendo que, durante
o estágio, apenas tive de colocar estes ensinamentos em prática.
(Simões, 2012: 5)
A nosso ver, isto revela desconhecimento do que é a revisão e contribui para que
a profissão seja desvalorizada e pouco reconhecida.
No que respeita à edição de texto, os mestrandos desempenharam tarefas
idênticas. Na sua maioria, as tarefas passam por adequar os textos às normas e critérios
editoriais (Bento, 2013; Carvalhas, 2013; Lameiras, 2008; Miranda, 2012; Morgado,
2013), revisão, uniformização a nível gráfico, verificando títulos, secções, tipos de letra,
cores do texto, a adequação das imagens e respetivas legendas (Cabral, 2012; Costa
(2012), leitura, análise e tratamento de originais, seleção de títulos para integração em
catálogo e adaptação de textos (Miranda, 2012; Pithon, 2012; Tibério, 2011),
acompanhamento do processo de produção do livro, desde a revisão, paginação até ao
final, estabelecimento de parcerias comerciais e novos contactos, auxílio na parte de
distribuição, venda e lançamento de livros, promoção de eventos e autores (Frade, 2015; 16
Bento, 2013; Dias, 2010; Morais, 2013; Pithon, 2012; Rodrigues, 2013; Tibério, 2011.
24
Pithon, 2012; Rodrigues, 2013; Simões, 2012; Tibério, 2011) e pesquisa de opiniões
sobre os livros publicados, análise e tratamento de questionários, estudos de mercado
(Lameiras, 2008; Miranda, 2012), pesquisa e recolha de novas informações (Costa,
2012; Frade, 2015; Lameiras, 2008; Miranda, 2012; Rodrigues, 2013), redação de notas,
textos para capas, contracapas, sinopses de livros e elaboração de conteúdos para o site
da empresa17.
Depois de analisarmos os diversos artigos, relatórios de estágio, trabalho de
projeto da área da edição de texto, resta-nos apontar algumas conclusões. Em primeiro
lugar, reparámos que todos os autores que realizaram estágio como editores de texto
acabaram a fazer revisão como uma das principais tarefas. Alguns autores definem a
edição de forma muito idêntica à revisão, ao referirem que na edição é necessário ter em
conta o género do texto, o tipo de público, a ortografia e a gramática, entre outros
aspetos.
Contudo, ainda que os autores não apresentassem uma definição concreta do
editor de texto, através da descrição das atividades conseguimos retirar algumas noções
do que define este profissional. Percebemos que o editor de texto em Portugal integra os
dois termos do inglês editor e publisher, no sentido em que é o profissional que
acompanha o processo de publicação do início ao fim, podendo mesmo assumir a
coordenação desse processo; é o profissional que seleciona, adapta textos, prepara os
originais a nível ortográfico, gramatical, estilístico e tipográfico, escreve as anotações,
os prefácios, as sinopses, adequa o texto conforme o estilo e a intenção do autor, dando
mais atenção aos aspetos gráficos do texto, tais como o tipo de letra, o espaçamento
entre linhas, as notas de rodapé, os cabeçalhos, a formatação do texto, mas também dá
especial relevo às características físicas da obra, tais como a capa, a contracapa, o tipo
de papel, o suporte da obra, as cores, o título, gráficos, etc., e ainda faz a revisão do
texto e revisão de traduções, a distribuição e venda da obra e todo o processo relativo à
comunicação e marketing. E dentro desta última categoria (comunicação e marketing), o
editor de texto pode mesmo chegar a participar no lançamento do livro, pode ter de
selecionar títulos para um catálogo, pode ter de estabelecer contactos e parcerias com
autores e empresas, pode, eventualmente, prestar auxílio na promoção de eventos e de
autores, enfim, todo o processo relativo à parte da distribuição, produção, publicação e
17
Bento, 2013; Costa, 2012; Frade, 2015; Pithon, 2012; Rodrigues, 2013; Tibério, 2011.
25
venda do livro. Temos então, claramente, uma distinção entre o revisor e o editor de
texto.
Depois de fazermos o levantamento bibliográfico sobre os conceitos de revisão e
de revisor e de termos estabelecido uma distinção entre o editor de texto e o revisor,
passamos à segunda parte deste trabalho, designadamente a aplicação de um inquérito a
revisores profissionais portugueses da região de Lisboa.
26
PARTE II
Depois de observarmos as perspetivas dos vários autores, passamos à segunda
parte deste trabalho, a aplicação de um inquérito. Primeiramente, expomos todo o
processo de construção do inquérito. De seguida, analisamos e interpretamos os dados.
Posteriormente, discutimos os resultados e apresentamos as limitações e perspetivas
deste estudo. Por último, apresentamos as definições estabilizadas dos conceitos de
revisão e de revisor. O inquérito encontra-se em anexo a este trabalho (Anexo I).
II. 1. Caracterização inicial da amostra
Por questões de tempo e espaço, selecionámos o distrito de Lisboa para
constituir a nossa amostra. O alvo deste estudo são os revisores que atuam
profissionalmente nesse distrito, tanto em jornais e revistas como em editoras, outras
empresas ou enquanto trabalhadores independentes. Por desconhecermos a totalidade da
amostra, definimos um limite de mais ou menos 50 participantes. Responderam ao
inquérito 47 revisores (contando já com os três revisores que testaram o inquérito).
II. 2. A construção do inquérito
A escolha pelo método do inquérito por questionário online prende-se com o
facto de: i) ser mais fácil o processo de comunicação com os revisores; ii) poupar-se
tempo no tratamento de dados; iii) haver uma menor interferência da nossa parte (uma
vez que não fazemos as perguntas pessoalmente); iv) preservar a privacidade dos
revisores que responderem; v) proporcionar o anonimato dos mesmos.
27
II. 2. 1. Sobre a construção no Google Docs
Escolhemos esta aplicação pelo facto de ser relativamente fácil de utilizar.
Construímos o modelo do inquérito o mais simples possível. Atribuímos o título
Inquérito aos Revisores Profissionais de Lisboa, pois, em poucas palavras, dissemos do
que se tratava: um inquérito que se destina aos revisores que atuam profissionalmente
em Lisboa.
Elaborámos o texto de apresentação/introdutório (Anexo I) tendo como critério
apresentar algumas informações relevantes, tais como a apresentação do inquérito como
uma investigação no âmbito de um mestrado, explicando a finalidade do mesmo, os
destinatários e as suas características, a quantidade de perguntas, o tempo de resposta e
a data limite para preenchimento.
II. 2. 2. Sobre a construção das perguntas
Elaborámos as perguntas e opções de resposta deste inquérito tendo por base a
revisão bibliográfica do primeiro capítulo, nomeadamente os relatórios de estágio de
revisão e de edição de texto. Procurámos elaborar os itens sem ambiguidades (sem
termos técnicos) ou juízos de valor, por forma a não apresentarem nada que levasse ao
condicionamento ou influência nas respostas. O uso de linguagem simples surge assim
para proporcionar uma leitura adequada e uma boa compreensão.
O inquérito divide-se em duas partes: a primeira sobre informações pessoais (5
perguntas); a segunda sobre a revisão e o revisor (7 perguntas). Porque pretendíamos
um inquérito que não tomasse muito tempo aos revisores e para que o processo de
tratamento de dados não fosse demasiado moroso, optámos por fechar algumas
perguntas. Assim, tentámos ser flexíveis ao usar vários tipos de resposta, por forma a
obter um inquérito diversificado e mais apelativo à resposta. Deste modo, construímos
um inquérito com três tipos de resposta: respostas para selecionar só uma opção
(perguntas 1 – Sexo, 2 – Idade, 5 – Experiência profissional, 12 – Suporte em que faz
revisão), respostas de escolha múltipla com opção “Outro” (3 – Formação, 4 –
Funções, 8 – Competências, 9 – Limites, 10 – Formação), respostas abertas (6 –
28
Definição de revisão, 7 – Definição de revisor, 11 – Distinção entre editor de texto e
revisor). Deixámos três perguntas com resposta aberta, uma vez que constituíam o foco
principal desta investigação e queríamos obter dados inéditos.
As perguntas 1 – Sexo, 2 – Idade, 5 – Tempo de experiência profissional como
revisor/a servem para efeitos de comparação de dados das várias perguntas, resultando
também elas em informações relevantes sobre os revisores (nomeadamente o sexo, a
faixa etária predominante e o tempo de experiência profissional como revisores).
A pergunta 3 – Que formação tem? serve para vermos qual a área de formação
dos revisores. Se são formados em Linguística ou não, se têm formação em Revisão, se
possuem apenas a escolaridade obrigatória ou não. Colocámos a maioria das opções
dentro das Humanidades, pelo facto de grande parte dos revisores, de acordo com o que
lemos, ter formação nessas áreas. No entanto, também abrimos opção para as outras
áreas (Economia, Direito, Artes, Ciências…). O revisor poderá preencher a opção
“Outro” no caso de a sua área de formação não se encontrar nas opções.
A pergunta 4 – Que funções desempenha? serve para verificar que, atualmente, é
muito comum um revisor desempenhar mais tarefas do que apenas a revisão. Com base
no que lemos, expusemos uma série de opções gerais do que poderão ser as tarefas de
um revisor. Iremos comparar o número de revisores que apenas se dedica à revisão com
o número de revisores que faz revisão e outras tarefas. Poderá o revisor de hoje em dia
ser mais do que um revisor? Não estará o revisor a fazer o trabalho que compete ao
editor de texto?
As perguntas 6 – O que entende por Revisão? e 7 – Para si, o que é um Revisor?
são perguntas abertas. Queremos uma resposta inédita dos próprios profissionais sobre
como pensam e como definem a atividade que exercem diariamente, e se fazem ou não
referência aos tipos de revisão utilizados.
As perguntas 8 – Na sua opinião, quais são as competências de um Revisor? e 9
– Na sua opinião, quais são os limites de intervenção do Revisor? servem como uma
espécie de complemento das perguntas 6 e 7, pois é provável que os revisores não
definam as competências do revisor nas perguntas anteriores e que tenham diferentes
opiniões sobre até onde o revisor pode intervir num texto. É provável até que muitos
nunca tenham sequer pensado em definir a sua profissão. Expusemos algumas
competências e limites de acordo com o que lemos. No entanto, e para tornar a resposta
29
mais rica, deixamos a opção “Outro” para o revisor poder acrescentar outras
competências e limites de intervenção que considere necessários.
A pergunta 10 – Na sua opinião, que formação deve ter um Revisor? serve para
ver qual seria a formação ideal para o profissional de revisão. Com esta pergunta
averiguaremos a opinião dos profissionais. Será que um revisor deve ter ou não
formação superior? Será que deve ser formado na área da Linguística? Ou em qualquer
área?
A pergunta 11 – Na sua opinião, em que é que um Editor de Texto (pessoa) se
distingue de um Revisor? é aberta. Serve para vermos qual é a distinção entre estes dois
profissionais. De acordo com o que lemos, parece que o editor de texto também faz
revisão, além de outras tarefas. O objetivo é perceber se os revisores sabem distinguir
um editor de texto de um revisor ou se consideram a mesma coisa. Também poderemos
averiguar se não será o caso de o revisor fazer o trabalho do editor de texto ou vice-
versa.
A pergunta 12 – Que suporte utiliza habitualmente para fazer a Revisão? serve
para vermos se se faz mais revisão em suporte digital ou em suporte papel. Ou, se se
utilizam os dois em simultâneo. Isso será importante para o conceito de revisão já que
as metodologias são diferentes, dependendo do suporte. A título de exemplo, a revisão
em suporte digital prescinde do uso da sinalética tradicional de revisão. Com esta
pergunta poderemos confirmar que de facto as novas tecnologias vieram alterar o
trabalho do revisor.
No final, os revisores poderiam deixar sugestões relacionadas com o inquérito
ou com o nosso Trabalho de Projeto e poderiam também deixar o seu contacto.
30
II. 3. Pré-teste
Procedemos à realização de um pré-teste do inquérito por forma a garantir a sua
adequabilidade, a sua clareza e compreensibilidade. Foi aplicado a 3 revisores: um
revisor que trabalha numa editora, uma revisora que trabalha num jornal e uma revisora
independente, pois assim tínhamos um teste relativamente justo, já que os revisores
trabalham em locais diferentes. Contactámos 20 pessoas (entre editoras, sites freelancer
de revisão, jornais), 5 pessoas responderam, mas apenas 3 mostraram disponibilidade
para participar. Assim, três revisores responderam ao inquérito, avaliando se as
perguntas e opções de resposta eram adequadas, se eram claras ou ambíguas e se os
itens de resposta eram passíveis de compreensão por parte de qualquer revisor. Os 3
revisores contaram também o tempo necessário para responder ao inquérito, para que
pudéssemos ter uma ideia do tempo de resposta e colocar esse valor na introdução do
inquérito. Inicialmente, aplicámos o inquérito a duas revisoras e obtivemos dados
relativamente diferentes do que estávamos à espera. Na sequência disso, fizemos
alterações a duas perguntas do inquérito, que tinham gerado ambiguidades. Fechámos
com opções de resposta as perguntas 3 – Que formação tem? e 4 – Que funções
desempenha?, com base nos relatórios de estágio que lemos, nomeadamente a parte que
referia as tarefas que o aluno realizava no estágio. Findo este processo, as antigas
respostas a estas duas perguntas foram substituídas pelas opções que as duas revisoras
selecionaram. Depois aplicámos o teste a mais um revisor por forma a garantir que o
inquérito se encontrava em condições de seguir para todos os revisores. A realização do
pré-teste resultou numa estimativa de cerca de 15 minutos de tempo de preenchimento
do inquérito.
II. 4. Envio do inquérito (contacto com a amostra)
Antecipadamente, consultámos diversos sites, redes sociais e blogues, a fim de
obter os contactos de revisores independentes, jornais, editoras, revistas, instituições
públicas ou privadas, sediados em Lisboa. No total contactámos 41 editoras, 14 jornais,
9 revistas, 5 instituições, 8 sites de serviços de revisão freelancer e 1 grupo na rede
social Facebook.
31
O inquérito foi enviado por correio eletrónico (por forma a ser mais fácil
comunicar com os revisores e com os alunos e fazer o tratamento de dados), mediante
uma breve mensagem acompanhada da hiperligação para aceder ao mesmo. Por forma a
alcançarmos o máximo número de revisores em Lisboa, deixámos um pedido junto com
o inquérito para que o reencaminhassem para outros revisores que conhecessem (ex-
colegas de trabalho que trabalham em Lisboa, por exemplo). O inquérito esteve
disponível para resposta durante 3 semanas: de 23 de fevereiro a 15 de março de 2016.
Finda a data limite, fechámos o inquérito.
II. 5. Sobre o tratamento de dados
Para fazer o tratamento dos dados, optámos por duas soluções. As respostas
abertas (tratamento qualitativo de dados) mereceram da nossa parte uma análise de
conteúdo, morosa e delicada. Por sua vez, para tratar as respostas fechadas (tratamento
quantitativo de dados), utilizámos o programa Microsoft Excel. Construímos tabelas
com os dados que depois transformámos em gráficos com números e percentagens. Não
usámos programas próprios de análise estatística por considerarmos que este estudo é de
carácter geral.
Relativamente à validação das respostas, os dados das perguntas 1, 2, 5 e 12
(perguntas de selecionar apenas uma opção) não sofreram alterações.
Na pergunta 3, na opção “Outro”, considerámos a distinção entre “Linguística” e
“Ciências da Linguagem”, e entre “Comunicação Social” e “Ciências da Comunicação”,
pois os revisores fazem essa distinção e porque podem ser diferentes dependendo da
perspetiva de cada um. Ainda na opção “Outro”, contabilizámos “Curso de revisão de
textos” para a opção “Cursos de revisão oferecidos por empresas”, por considerarmos
que se podia enquadrar. Colocámos a opção “12.º Ano (Escolaridade Obrigatória)”
destinada a revisores que não possuem formação superior. Dos 3 revisores que
selecionaram esta resposta, apenas um não possuía formação superior (embora tenha
selecionado as opções “cursos de revisão oferecidos por empresas” e “cursos,
workshops e formação ao longo da vida sobre questões da língua portuguesa (A. O.,
etc.)”). Ainda assim, contabilizámos as outras duas, porque pode dar-se o caso de os
32
revisores em questão terem apenas frequentado a formação superior, ainda que não a
tenham concluído.
Na pergunta 4, um revisor selecionou a opção “Outro”: “Tradução, Revisão e
Consultoria Linguística”, que contabilizámos para as opções “Revisão e Consultoria
Linguística” e “Tradução e Revisão”.
Na pergunta 8, um revisor selecionou a opção “Outro”: “Questionar sempre o
que não faz sentido no texto e confirmar todos os dados” que não contabilizámos, uma
vez que o revisor já tinha selecionado as opções “Ter espírito crítico” e “Ser
minucioso”. De igual modo procedemos com a opção “Outro” de outro revisor, na qual
ele refere “questionar tudo o que lê em geral”, o que também não contabilizámos, uma
vez que ele tinha selecionado a opção “Ter espírito crítico”. Ainda referente a esta
pergunta, um revisor referiu na opção “Outro”: “claro que ter conhecimentos de
tradução e conhecimentos de informática (do ponto de vista do utilizador) ajuda muito”,
opção que contabilizámos para as seguintes opções: “Ser ou já ter sido tradutor” e
“Possuir conhecimentos de informática”.
Relativamente à pergunta 9, um dos revisores indicou o seguinte na opção
“Outro”: “O equilíbrio entre a correção efetiva da linguagem (e da sua utilização), da
coesão e coerência do conteúdo com a expressão do autor”. Não contabilizámos essa
opção, uma vez que o revisor em questão já tinha selecionado as seguintes opções (que
a nosso ver se enquadram): “Respeitar as ideias e o estilo do autor”, “Dependerá do tipo
de texto e do tipo de intervenção a realizar no texto, no entanto o revisor deve respeitar
o estilo do autor”. Também outro revisor selecionou a opção “Outro”, referindo o
seguinte: “Não efetuar meras alterações estilísticas, demonstrando que não tem
capacidade para distinguir entre o seu estilo e o estilo do tradutor”, opção que
contabilizámos para “Respeitar as ideias e o estilo do autor”. Por último, gostaríamos de
referir que optámos por não contabilizar as seguintes opções “Outro”: “Tenho alguma
dificuldade em responder ao questionário acima porque penso que reflecte um uso
incorrecto do conceito de estilo” e “A última palavra é sempre do autor; no entanto o
revisor, enquanto autor, tem sempre a alternativa de acrescentar aos créditos: «com
opções vencidas»” por considerarmos que não eram relevantes para a análise nem para
os resultados do nosso trabalho. Por último, destacamos o facto de, para efeitos de
contagem dos dados, não termos incluído 14 revisores que selecionaram as duas últimas
opções “Dependerá do tipo de texto e do tipo de intervenção a realizar no texto”,
33
“Dependerá do tipo de texto e do tipo de intervenção a realizar no texto, no entanto o
revisor deve respeitar o estilo do autor”, uma vez que nos interessavam aqueles que
tivessem optado por uma das duas opções.
Na pergunta 10, dois revisores selecionaram a opção “Outro” para referir
“Cursos profissionais de revisão (se possível)” e “Cursos de revisão”, e contabilizámos
ambas para a opção “Cursos de Revisão oferecidos por empresas”. Outro revisor
selecionou a opção “Outro” para referir que “É possível ser-se um bom revisor,
independentemente da área de formação”, que contabilizámos para “Formação em
qualquer área”.
II. 6. Resultados do inquérito
II. 6. 1. Análise dos dados
II. 6. 1. 1. Perguntas fechadas
Passamos agora à análise dos gráficos com os dados e respetiva discussão.
Devido ao grande número de gráficos, à sua dimensão (que conduz a problemas de
formatação, extrapolando os limites das margens) e à limitação do número de páginas,
optámos por apresentar todos os gráficos em anexo a este projeto (Anexo II).
Num total de 47 respostas ao inquérito, 68% (n = 32) dos participantes são do
sexo feminino e 32% (n = 15) são do sexo masculino, o que significa que, em Lisboa,
predomina o sexo feminino na profissão de revisor (Anexo II – Gráfico n.º 1).
Relativamente à variável idade (Anexo II – Gráfico n.º 2), 34% (n = 16) têm
entre 25 e 35 anos; 32% (n = 15) têm entre 36 e 45 anos; 19% (n = 9) têm entre 46 e 55
anos; 9% (n = 4) têm entre 56 e 65 anos; 4% (n = 2) têm mais de 65 anos e 2% (n = 1)
dos inquiridos têm menos de 25 anos. Isto significa que a maioria dos participantes tem
idades compreendidas entre os 25 e os 55 anos.
Se compararmos a variável sexo com a variável idade (Anexo II – Gráfico n.º 3),
verificamos que 28% dos participantes são do sexo feminino e têm entre 36 e 45 anos e
que 17% do sexo feminino e 17% do sexo masculino têm entre 25 e 35 anos. 15% são
34
do sexo feminino e têm entre 46 e 55 anos. As percentagens mais baixas correspondem
aos participantes do sexo masculino.
Verificou-se que 34% da amostra têm entre 5 e 10 anos de experiência
profissional, 23% têm experiência inferior a 5 anos, 21% têm entre 11 e 15 anos de
experiência e 11% têm entre 21 e 25 anos de experiência profissional. As percentagens
mais baixas correspondem a entre 16 e 20 anos (6%), entre 26 e 30 anos (2%) e superior
a 30 anos (2%). Isto significa que a grande maioria dos revisores atua profissionalmente
há relativamente pouco tempo (Anexo II – Gráfico n.º 8).
Se compararmos as variáveis tempo de experiência profissional e idade (cf.
Anexo II – Gráfico n.º 9), constatamos que os revisores que têm entre 25 e 35 anos
possuem experiência profissional inferior a 5 anos (13%) e entre 5 e 10 anos (19%). Os
revisores que têm entre 36 e 45 anos têm entre 11 e 15 anos de experiência (13%), entre
5 e 10 anos (11%) e inferior a 5 anos (6%). Os revisores entre 46 e 55 anos têm entre 21
e 25 anos de experiência profissional (9%). Isto significa que se confirma o facto de os
revisores mais velhos terem mais experiência profissional do que os mais novos.
Do total da amostra, 47% dos inquiridos possuem cursos, workshops, formação
ao longo da vida sobre questões da língua portuguesa (A.O., etc.); 30% dos
participantes possuem formação em Edição de Texto; 30% possuem formação em
Línguas, Literaturas e Culturas; 23% possuem formação em Consultoria e Revisão
Linguística e 23% selecionaram a opção “Outro”; 21% possuem Cursos de Revisão
oferecidos por empresas e 17% possuem formação em Linguística e também em
Tradução; 15% em Estudos Portugueses e 11% em Ciências da Educação e Ensino. As
percentagens mais baixas correspondem à escolaridade obrigatória, Comunicação
Social, Sociologia e Antropologia, História, História da Arte e Arqueologia, Economia,
Gestão, Direito, Contabilidade, Artes e Música, Ciências e Tecnologia. Na opção
“Outro”, verificou-se, de maneira geral, que os participantes têm formação em Ciências
da Linguagem, Ciências da Comunicação e Filosofia. Podemos concluir que a maioria
dos revisores possui formação superior em ciências sociais e humanas (Edição de Texto,
Línguas, Literaturas e Culturas, Consultoria e Revisão Linguística, Linguística,
Tradução), complementada com cursos de revisão oferecidos pelas empresas e
instituições e cursos, workshops e formação ao longo da vida sobre aspetos da língua
(Anexo II – Gráfico n.º 4).
35
Se compararmos a formação que têm com a sua idade (Anexo II – Gráfico n.º 5),
verifica-se que tanto os revisores mais jovens como os mais velhos possuem cursos,
workshops, formação ao longo da vida sobre questões da língua portuguesa (A.O., etc.),
o que significa que todos os revisores optam por adquirir formação ao longo da vida,
mantendo-se em atualização constante em relação à língua portuguesa. Os revisores
mais jovens (entre os 25 e 35 anos), para além da formação ao longo da vida (15%),
possuem sobretudo cursos de revisão oferecidos por empresas (11%), formação em
Edição de Texto (11%) e em Linguística (11%), sendo que apenas 9% possuem também
formação em Consultoria e Revisão Linguística e em Tradução (9%). Os revisores entre
36 e 45 anos, a par da formação ao longo da vida (17%), possuem sobretudo formação
em Edição de Texto (13%) e em Línguas, Literaturas e Culturas (13%). A percentagem
mais alta em revisores com idades compreendidas entre os 46 e 55 anos corresponde à
formação em Línguas, Literaturas e Culturas (11%); nos revisores com idades entre os
56 e 65 anos e com mais de 65 anos a percentagem maior corresponde à formação em
cursos, workshops, formação ao longo da vida sobre questões da língua portuguesa
(A.O., etc.), 6% e 4%, respetivamente. Com isto é possível concluir que os revisores
mais jovens têm mais tendência a investir em formação superior, ao passo que os
revisores mais velhos optam sobretudo pela formação ao longo da vida sobre questões
da língua através de cursos e workshops.
O mesmo podemos verificar ao observarmos os dados relativos à formação que
possuem consoante a experiência profissional (Anexo II – Gráfico n.º 6), onde
sobressaem mais uma vez os cursos, workshops, formação ao longo da vida sobre
questões da língua portuguesa (A.O., etc.), quer nos revisores com pouca experiência
quer nos revisores com muita experiência profissional. Os revisores com experiência
profissional inferior a 5 anos possuem, a par da formação ao longo da vida, formação
em Consultoria e Revisão Linguística (11%), outro tipo de formação (11%), formação
em Edição de texto (9%) e em Linguística (9%). Por sua vez, os revisores com 5 a 10
anos de experiência possuem, a par da formação ao longo da vida (17%), formação em
Edição de texto (15%), em Consultoria e Revisão Linguística (11%), outro tipo de
formação (9%), formação em Linguística (9%), Línguas, Literaturas e Culturas (9%) e
Estudos Portugueses (9%). Porém, os revisores com experiência entre 16 e 20 anos
possuem cursos de revisão oferecidos por empresas (2%), formação do longo da vida
(2%), formação em Línguas, Literaturas e Culturas (2%), em Tradução (2%) e em
36
Economia, Gestão, Direito, Contabilidade (2%). De igual modo, os revisores com mais
de 30 anos de experiência possuem na sua maioria o 12.º ano (escolaridade obrigatória)
(2%), cursos de revisão oferecidos por empresas (2%) e cursos, workshops, formação ao
longo da vida sobre questões da língua portuguesa (2%). Quer isto dizer que os
revisores com menos experiência profissional optam por adquirir cada vez mais
formação superior, sobretudo na área da Edição de Texto, da Linguística, Consultoria e
Revisão Linguística. Os revisores com maior tempo de experiência profissional optam
essencialmente por cursos de revisão oferecidos pelas empresas e pela formação ao
longo da vida.
Constatou-se (cf. Anexo II – Gráfico n.º 7) que 49% dos revisores desempenham
funções de tradução e revisão; 32% desempenham funções de revisão e criação de
conteúdos, elaboração de materiais para o site da empresa e produção de textos; 28%
selecionaram a opção “Outro” (em que os participantes salientam que, a par da tarefa de
revisão, desempenham funções de editor, coordenação editorial e são formadores nessa
área); 26% fazem revisão e consultoria linguística; 23% fazem apenas revisão; 15%
fazem revisão, negociação de possíveis parcerias comerciais, marcação de reuniões,
acompanhamento do processo de divulgação do livro, colaboração em projetos
editoriais e 9% fazem revisão e paginação. Pode-se verificar que os revisores não fazem
apenas revisão, desempenhando outras tarefas. A grande maioria dos participantes é
tradutor e revisor, chegando a elaborar materiais, criar conteúdos e produzir textos. A
par disso, a maioria dos profissionais revela desempenhar funções ligadas à edição de
texto, que passam pela coordenação e formação na área e funções de consultoria
linguística. Podemos constatar que a maioria dos profissionais não faz apenas revisão.
Todavia, 23% dedicam-se exclusivamente à revisão, o que por si só é significativo, uma
vez que também não é das percentagens mais baixas neste gráfico.
Relativamente às competências que um revisor deve ter (cf. Anexo II – Gráfico
n.º 10), os participantes consideram que um revisor deve possuir bons conhecimentos
gramaticais (98%), deve ser minucioso (96%), deve ter capacidade de concentração e de
pesquisa (96%), deve ter espírito crítico (87%) e conhecer e dominar os géneros de
texto (85%), deve ter capacidade de cumprir prazos (77%), ter conhecimentos de língua
estrangeira (66%), conhecer e dominar a sinalética de revisão (60%), deve possuir
conhecimentos de informática (49%) e ter capacidade de trabalhar sozinho (45%).
Apenas 15% dos inquiridos consideram importante que um revisor seja ou já tenha sido
37
tradutor e 13% selecionaram a opção “Outro”, onde sugerem que um revisor deve ter
capacidade de dialogar e negociar, tanto com o autor, como com o tradutor, como com
os seus superiores. A par disso referem também que um revisor deve ter cultura geral,
bom domínio da escrita e conhecimentos/formação tipográfica.
No que diz respeito aos limites de intervenção do revisor (cf. Anexo II – Gráfico
n.º 12), destacam-se as opções Respeitar as ideias e o estilo do autor (74%), Dependerá
do tipo de texto e do tipo de intervenção a realizar no texto, no entanto o revisor deve
respeitar o estilo do autor (64%), Não alterar o conteúdo do texto (57%), Respeitar as
exigências do autor (47%), Reescrever parágrafos inteiros, no caso de o texto estar mal
escrito (30%). De referir que houve 14 revisores que selecionaram as duas opções
(“Dependerá do tipo de texto e do tipo de intervenção a realizar no texto”; “Dependerá
do tipo de texto e do tipo de intervenção a realizar no texto, no entanto o revisor deve
respeitar o estilo do autor”), pelo que não contabilizámos esse valor para efeitos de
contagem de dados (cf. o que referimos na secção de tratamento de dados), uma vez que
nos interessava que os participantes optassem por uma das duas opções.
Sobre a formação que o revisor deve ter (cf. Anexo II – Gráfico n.º 14), destaca-
se a formação em Edição de Texto (57%), formação em Consultoria e Revisão
Linguística (47%), formação em Linguística (34%), cursos de revisão oferecidos por
empresas (32%), formação em Línguas e Literaturas (32%), formação em Estudos
Portugueses (26%) e formação em qualquer área e em Linguística (23%). Dos 5
revisores que selecionaram a opção “Não precisa de ter formação superior”, 2
selecionaram outras opções em conjunto com esta. 15% selecionaram a opção “Outro”,
onde sugerem que um revisor deve procurar formação ao longo da vida, para se manter
sempre atualizado em relação à língua, e cursos de revisão e edição de texto; dois
revisores sugerem que um revisor pode até ter formação na área mas consideram que o
mais importante é “o jeito natural, a atenção ao pormenor e a experiência” – revisor 5,
“o saber de oficina e a formação tipográfica” – revisor 26 e que “é possível ser-se um
bom revisor, independentemente da área de formação” – revisor 8.
Constatou-se que 64% dos inquiridos fazem revisão nos dois suportes (papel e
digital), 34% fazem revisão em suporte digital e apenas 2% fazem revisão em papel (cf.
Anexo II – Gráfico n.º 16). Se, no tempo dos copistas, o revisor apenas revia em suporte
papel, atualmente verifica-se que é comum este profissional trabalhar em suporte
digital. Por outro lado, a chegada das novas tecnologias veio proporcionar ao revisor a
38
oportunidade e a necessidade de se adaptar ao mundo digital, deixando de rever apenas
em papel para passar a rever nos dois suportes.
Se compararmos a idade com o tipo de suporte que utiliza (cf. Anexo II –
Gráfico n.º 17), é possível constatar que os revisores que utilizam o suporte digital têm
entre menos de 25 anos e 55 anos; os revisores que utilizam o suporte digital e o suporte
papel têm entre 25 e mais de 65 anos; apenas um revisor entre os 25 e 35 anos utiliza
somente o suporte papel para rever. Quer isto dizer que predomina a revisão nos dois
suportes, tanto nos mais jovens como nos mais velhos.
II. 6. 1. 2. Perguntas abertas
II. 6. 1. 2. 1. Conceito de Revisão
De modo geral, os revisores entendem a revisão como um processo de leitura,
correção, aperfeiçoamento, melhoramento de um texto, sob o ponto de vista gramatical,
tipográfico, editorial e de conteúdo. Os revisores têm noção da existência de vários tipos
de revisão, sendo a revisão de tradução o tipo de revisão mais referido pelos
profissionais. A maioria refere a importância de se ter em conta o conteúdo da obra, o
estilo do autor, e o tipo de obra e contexto em que é publicada. Mencionam também a
importância de ver se o texto está adequado ao objetivo comunicativo e ao público-alvo.
Os profissionais entendem a revisão como uma atividade de leitura, que visa a qualidade
de um texto e proporciona clareza, coerência e sentido ao mesmo.
Contudo, estamos perante pontos de vista distintos acerca da definição do
conceito de revisão. Por um lado, temos revisores que definem a revisão como sendo
uma atividade de leitura e correção dos textos a vários níveis: ortográfico, gramatical,
de conteúdo, formal, organização do texto, editorial, tipográfico, técnico, científico e
alguns fazem referência à importância de se ter em consideração o género do texto.
Estes mesmos revisores indicaram quase todos a referência à existência de vários tipos
de revisão. Vejamos algumas respostas que o comprovam: “a atividade de revisão visa a
adequação do texto ao propósito comunicativo. A norma linguística e o género textual
em presença devem ser respeitados, sendo que o nível de intervenção (número e tipo de
alterações inseridas) varia consoante o tipo de revisão solicitado” – revisor 36; “ato de
39
correção e melhoramento de um texto de âmbito linguístico, lógico e formal, assim
como de cotejo com texto original no caso de traduções” – revisor 9; “a revisão
consiste no desempenho de tarefas de natureza muito diversa no universo da edição.
Inclui operações de preparação de original, reescrita pontual, arranjos de natureza
terminológica, científica e bibliográfica, e, genericamente, todas as intervenções com
vista à correcção linguística, gráfica e tipográfica de um texto (antes e depois de
paginado)” – revisor 40. Dentro deste grupo, existem alguns revisores que apenas
indicam tipos de revisão sem, contudo, apresentarem uma definição de revisão: “o
trabalho de revisão pode ser editorial, tipográfico ou ambos. Para mim, uma revisão
passa obrigatoriamente pelos dois ‘crivos’” – revisor 4; “no âmbito do meu trabalho
como tradutora e revisora, faço dois tipos de revisão: revisão linguística de textos
redigidos em português (em termos formais e de conteúdos), e revisão de textos
traduzidos de inglês, alemão ou neerlandês para português” – revisor 44. Outros
revisores referem que é importante que se tenha em atenção o estilo do autor e que o
texto esteja adequado ao público a que se destina: “trabalhar o texto de modo a obter um
resultado sem erros (de ortografia, de sintaxe, de semântica, de pontuação), respeitando
o mais possível o estilo do autor e tendo presente o público a que o texto se destina (de
modo a fazer alguma alteração, se necessário)” – revisor 8; “o acto de ver novamente
um determinado texto com o intuito de corrigir eventuais erros, imprecisões,
incompreensões da parte do tradutor e também aperfeiçoar o texto a fim de melhor se
adequar ao público-alvo/finalidade pretendida” – revisor 22; “tal como o nome indica,
trata-se de rever, ou seja, trata-se de ver outra vez o que alguém já viu, no sentido de
conferir a qualquer tipo de material escrito a correção, clareza, concisão e harmonia
necessárias à boa inteligibilidade textual por parte do leitor” – revisor 38.
Por outro lado, temos revisores que, para além de não mencionarem a existência
de vários tipos de revisão, entendem a revisão como uma atividade de correção de erros
e gralhas, deteção de incongruências no texto e possíveis falhas: “correção gramatical e
sintáctica de textos” – revisor 11; “correção de erros do autor e também de palavras ou
expressões incorrectas” – revisor 14; “a possibilidade de examinar e corrigir textos que,
de outro modo, poderiam ser lidos com erros e/ou gralhas” – revisor 35; “leitura e
correção de textos” – revisor 42. Dentro deste grupo, temos revisores que olham para a
revisão como um processo de uniformização, aperfeiçoamento e normalização do texto:
“sobretudo a extrema atenção a gralhas, aperfeiçoamento da língua e uniformizações” –
40
revisor 5; “aperfeiçoamento, adequação, uniformização de um texto” – revisor 18;
“corrigir erros de ortografia, gramática, semântica; melhorar a fluidez dos períodos;
confirmar fatos apresentados no texto; normalizar o texto” – revisor 45. Temos ainda os
revisores que veem a revisão como a correção de erros, ortografia e a análise da
coerência do texto e das frases, não fazendo qualquer referência ao estilo do autor, aos
tipos de revisão, etc., conforme podemos verificar: “ler, perceber e corrigir (sempre que
necessário) textos, olhando à construção de frases e de ideias, de forma a torná-los
perceptíveis” – revisor 47; “revisão atualmente não é igual à do meu início nesta
profissão. Rever é estar atento à ortografia e ao sentido das frases no contexto do
trabalho que se está a rever” – revisor 15; “a revisão é um trabalho de tratamento do
texto. As suas principais características são: 1) identificar gralhas; 2) dar coerência ao
texto, em geral, e às frases, em particular” – revisor 28.
Alguns revisores, ao invés de apresentarem uma definição, optaram por
descrever as tarefas que desempenham em contexto de trabalho: “detetar e corrigir
quaisquer gralhas e/ou erros existentes no texto. Assegurar a fidelidade ao original, no
caso de uma tradução, sem negligenciar a legibilidade e fluidez do texto. Verificar
questões de paginação, nomeadamente que não falta texto e que foram respeitados os
layouts. Seguindo as indicações do editor, aferir da necessidade de encontrar novas
correspondências/soluções para questões levantadas por diferenças culturais” – revisor
33; “na área específica em que trabalho habitualmente, em que os conteúdos provêm de
vários autores, a revisão centra-se numa análise e numa adaptação do material escrito a
uma ‘voz’ homogénea, mas também – e tão, ou mais, importante – a uma confirmação
aprofundada dos factos que ali transmitimos” – revisor 41. Dentro deste contexto,
alguns revisores optaram por descrever as competências de um revisor e transpor isso
para a revisão: “rever é caçar erros. Não, é mais do que isso! Rever é caçar erros, mas
fazê-lo com sensibilidade linguística e literária. Rever é ter atenção ao pormenor, é
saber pesquisar, é cumprir os prazos, é ler e ter cultura geral, é respeitar o autor, é
questionar sempre o que sabe e o que não sabe” – revisor 12.
Por fim, temos revisores que veem a revisão como controlo da qualidade de um
texto, sem, contudo, mencionarem algo mais acerca deste conceito: “a atividade de
leitura e correção cuidadosas de um texto visando o seu aprimoramento a todos os
níveis para poder ser publicado/divulgado com a maior qualidade linguística possível” –
41
revisor 10; “neste contexto, «revisão» é o trabalho que consiste no controlo da
qualidade de um texto que foi escrito por outra pessoa” – revisor 39.
Revisores com experiência profissional inferior a 5 anos, entre 5 e 10 anos, e
entre 11 e 15 anos são os que mais abordam a revisão como uma atividade de leitura e
correção ortográfica e gramatical dos textos, não fazendo qualquer referência ao estilo
do autor e aos tipos de texto e tipos de revisão.
Concluímos que, de forma geral, os revisores que entendem a revisão como uma
atividade de correção de erros têm entre 25 e 55 anos. Verificou-se que este mesmo
grupo possui formação em Estudos Portugueses, Edição de Texto, Língua, Literaturas e
Culturas, Tradução, Economia, Gestão, Direito, Contabilidade. Contudo, os resultados
são contraditórios, uma vez que de igual modo há revisores com formação nestas áreas
que possuem uma visão mais ampla do conceito de revisão. Deste modo, não
poderemos afirmar que a falta de formação na área da Linguística afeta a visão do
conceito de revisão deste grupo de revisores. É também contraditório o facto de estes
revisores, a par da sua visão da revisão como correção, na sua maioria selecionarem, na
pergunta 8, que o revisor deve conhecer e dominar os géneros de texto.
II. 6. 1. 2. 2. Conceito de Revisor
Em relação à definição do conceito de revisor, as opiniões dos profissionais
divergem.
Por um lado, alguns revisores entendem que o revisor é o profissional dotado de
um bom conhecimento da língua, capaz de intervir a nível linguístico, tipográfico e de
conteúdo – “um técnico com conhecimentos da língua que lhe permitem corrigir erros
linguísticos e tipográficos num texto antes de este ser publicado” – revisor 42 – e que
respeita o estilo do autor, tem em conta o público a que se destina e a adequação do
texto na perspetiva do leitor: “alguém que trabalha o texto de modo a obter um resultado
sem erros (de ortografia, de sintaxe, de semântica, de pontuação), respeitando o mais
possível o estilo do autor e tendo presente o público a que o texto se destina (de modo a
fazer alguma alteração, se necessário)” – revisor 8; “um revisor é um mediador dos
sentidos e vozes que se encontram/reúnem no texto. A sua função não deve assentar na
42
crítica sem fundamento, nem na alteração do texto com base em meras opiniões
pessoais (‘achismo’), mas sim numa perspetiva conciliadora que respeite os interesses
do autor, os objetivos do texto e a compreensão deste por parte do leitor final” – revisor
36. Ainda dentro deste grupo, temos revisores que, além de mencionarem tudo isto,
também descrevem as características e competências de um revisor: “o revisor é o
profissional especializado que aplica e vigia normas editoriais nas obras destinadas a
publicação. A sua principal função é corrigir textos de acordo com padrões de língua
adequados à sua tipologia e ao público a que se destinam. O revisor deve ainda estar
munido de bom senso, maturidade e cultura geral acima da média, sendo obrigatório
que possua conhecimentos linguísticos e técnicos sólidos para o exercício da sua
função. De igual modo, o revisor não é destituído de criatividade, pois, sendo a língua a
sua matéria de trabalho e, simultaneamente, a sua ferramenta, ele tem de saber adaptar-
se a vários estilos de escrita e a inúmeros géneros literários e níveis de língua” – revisor
40; “o revisor é alguém que lê de forma minuciosa, duvidando sempre, verificando
sempre. O revisor deve ser paciente, persistente, atento, desconfiado, perfeccionista,
dedicado. Como já foi dito, o revisor é alguém que se distingue-se por um perfil
psicológico, mais do que por um conjunto de conhecimentos e que realiza uma ‘leitura
angustiada’, para que a leitura seja depois mais agradável aos outros” – revisor 20.
Contudo, para alguns, o revisor é o profissional dotado de competências específicas para
o exercício da profissão, mas não chegam a mencionar que características são essas:
“para mim, um revisor é um profissional dotado de conhecimentos e competências
necessários ao desempenho adequado de um processo de revisão” – revisor 16;
“revisor/a – alguém com um conhecimento profundo da língua do texto a intervir (de
preferência nativo dessa língua) e com competências adquiridas na área da revisão” –
revisor 43.
Outros entendem que o revisor é o profissional detentor de um profundo
conhecimento da língua, sem, contudo, apresentarem uma definição para este
profissional: “alguém que, dominando e manuseando a língua a um nível acima da
média, está apto a corrigir com rigor e acuidade os textos que revê” – revisor 10;
“alguém muito perspicaz, com um amplo conhecimento linguístico, e uma cultura geral
alargada, que trabalha sobre textos escritos por outrém” – revisor 34.
Por outro lado, existem revisores para quem o revisor é apenas um dos
intervenientes na cadeia de produção do livro; outros referem que é o último
43
interveniente ou aquele que está encarregue da verificação final do texto antes de ser
publicado: “um (bom) revisor é um dos intervenientes na publicação de um determinado
material, que tem como objetivo melhorar o conteúdo de um texto. É um dos
intervenientes mais importantes na produção de um livro” – revisor 2; “o profissional
que verifica o texto escrito em termos de consistência e conteúdos e que prepara um
texto para ser publicado. É o último da cadeia de preparação de publicações e que tem
por missão verificar tudo e emitir autorização para publicação” – revisor 24; “o revisor
é um dos últimos filtros entre o original / a ideia ou conceito na mente do autor e o
leitor” – revisor 33. Dentro deste perfil, temos alguns revisores que veem o revisor
como uma mais-valia na compreensão do texto, ajudando não só o autor como também
o leitor do texto (tornando a leitura do texto agradável ao leitor): “uma contribuição para
ajudar o leitor e não apenas o autor” – revisor 14; “é o profissional responsável por
tornar a leitura de qualquer texto mais agradável, uma vez que minimiza o mais possível
erros gramaticais, informações erróneas e ruído” – revisor 45. Um pequeno grupo de
revisores descreve o revisor como um elemento necessário; como aquele que se dedica a
aperfeiçoar um texto que não é seu: “alguém que olha o texto com outros olhos, com o
desapego próprio de quem olha para algo que não criou, mas que deseja que esse
produto de outrem seja tão perfeito quanto possível” – revisor 38; “um revisor é um
parceiro a não dispensar na feitura de qualquer trabalho escrito que seja lido pelo
público em geral, seja esse trabalho editado em papel ou noutro suporte qualquer” –
revisor 15; “profissional silencioso, de bastidores, que, pelo seu trabalho linguístico, faz
brilhar o texto e o seu autor” – revisor 7; “um revisor é um profissional que se dedica a
aperfeiçoar o que outros escrevem, esforçando-se por aprender e melhorar
continuamente” – revisor 39.
Alguns revisores definem o revisor como o profissional que garante e assegura a
qualidade de um texto: “a linha da frente no controlo de qualidade” – revisor 5;
“profissional responsável por assegurar a qualidade de um texto” – revisor 9; “um
garante de qualidade entre a escrita e a publicação do texto” – revisor 25.
Muitos revisores não responderam à pergunta, remetendo-nos à pergunta relativa
à revisão: “um revisor é uma pessoa especializada nas caraterísticas mencionadas no
ponto anterior” – revisor 28; “o profissional que desempenha as funções indicadas na
resposta anterior” – revisor 23.
44
II. 6. 1. 2. 3. Conceito de Editor de Texto
Relativamente à pergunta sobre se os profissionais distinguem ou não um editor
de texto de um revisor, concluímos que a maioria dos revisores considera que o editor
de texto tem maior liberdade de intervenção do que o revisor.
As opiniões dividem-se: há revisores que consideram que o editor de texto tem
mais liberdade, maior poder de decisão e autoridade e a sua intervenção é mais profunda
no texto, atua mais ao nível do conteúdo do texto. Nestes casos, mencionam que o
revisor tem uma intervenção mais limitada, cingindo-se apenas ao texto a nível
ortográfico e gramatical. Podemos constatar isto nas seguintes respostas: “um Revisor
está mais atento aos erros, às gralhas e ao detalhe, enquanto que um Editor de Texto
preocupa-se mais com o conteúdo do próprio texto” – revisor 2; “o editor de texto está
atento ao conteúdo do texto. O revisor está atento à gramática, às gralhas e também ao
conteúdo” – revisor 3; “o editor de texto manipula o texto em profundidade, enquanto o
revisor o faz apenas à superfície” – revisor 9.
Outros revisores também fazem referência ao maior poder de decisão e
intervenção do editor de texto face ao revisor, acrescentando que o editor de texto tem a
seu cargo tarefas que vão desde a alteração do texto mediante a eliminação de partes do
texto, a reorganização de parágrafos e capítulos, dar ênfase a certas informações do
texto, reescrita de parágrafos, à redação de notas de imprensa, textos e sinopses para
capas de livros, criação de conteúdos e textos, opinião e decisão sobre incluir ou não
novos dados num livro, etc. Vejamos algumas respostas: “um editor de texto, além de
ser capaz de realizar trabalho de revisão (tipográfica, ortográfica e editorial) deverá ser
conseguir criar textos de raiz, como notas de imprensa, textos para capas de livros, etc.”
– revisor 4; “um editor tem mais liberdade para fazer alterações de fundo ao texto,
nomeadamente cortar secções, reorganizar capítulos, sugerir a inclusão de dados ou
desenvolvimento de personagens, entre outros exemplos” – revisor 21.
Outros revisores entendem que o editor de texto se distingue de um revisor
porque exerce funções de coordenação editorial, que vão desde o acompanhamento de
todo o processo de produção e publicação de um livro, desde a edição, revisão, gestão
de projetos editoriais: “o editor tem um trabalho mais amplo, quase de relações
públicas, que pode ir (da noção) da revisão e do ‘editing’ à gestão de projectos
45
editoriais. O revisor tem um trabalho muito específico, de laboratório, que se limita à
intervenção limitada num texto” – revisor 12; “um editor de texto está presente em
todas as fases da preparação de um livro e preocupa-se com todos os aspectos da
escolha da obra à publicação” – revisor 20; “um editor de texto tem um papel mais
interventivo, por vezes no que respeita ao conteúdo, bem como de coordenação
editorial” – revisor 23.
Outros revisores não apresentaram uma distinção entre estas duas profissões,
mencionando que um editor de texto é também um revisor (“pouco. Um editor deve
também ser um revisor” – revisor 25) e as funções de ambos muitas vezes podem
mesmo chegar a cruzar-se: “as tarefas subjacentes às duas funções podem cruzar-se em
determinados contextos profissionais. Contudo, a principal diferença entre um editor de
texto e um revisor reside no facto de o editor ter maior liberdade para alterar o conteúdo
do texto” – revisor 36. Alguns referem mesmo que o revisor também edita os textos,
sendo que o que acontece é que por norma não tem autonomia para o fazer: “o editor de
texto (função que também já cumpri) tem a faculdade de condensar o texto, do qual
pode reescrever trechos, ajustando-o ao público-alvo e à publicação em o texto que se
insere. Um bom revisor tem a capacidade de editar um texto (pode é não ter autonomia
para tal)” – revisor 29. Outros referem que o editor de texto não tem um conhecimento
tão profundo da língua como o revisor, contudo, deve ter as competências do revisor: “o
editor normalmente tem mais preocupações a nível do conteúdo e da organização
textual, no entanto nem sempre tem conhecimentos profundos a respeito da gramática
da língua. O ideal é que o editor tenha as competências do revisor” – revisor 13.
Por último, temos 3 revisores que consideram que ou não há uma forte distinção
ou que, em Portugal, essa distinção não se justifica por ser um mercado tão pequeno:
“muitas vezes a distinção é de facto vaga” – revisor 5; “em Portugal penso que não há
uma forte distinção” – revisor 17.
Podemos então verificar que, de modo geral, os profissionais têm noção das
tarefas de um editor de texto. Por outro lado, é possível vermos ainda algumas opiniões
contraditórias, na medida em que muitos ainda pensam que é função exclusiva do editor
de texto fazer alterações ao nível do conteúdo do texto, de modo a torná-lo melhor e
mais adequado ao público destinado, função essa que, à partida, seria também do
revisor.
46
II. 7. Discussão
Após termos analisado todos os dados relativos ao inquérito, passamos agora à
discussão dos mesmos.
A segunda parte deste trabalho visou a aplicação de um inquérito a revisores
que atuam profissionalmente no distrito de Lisboa, com o objetivo de observar como é
que os profissionais pensam e definem os conceitos de revisão e de revisor, se fazem
referência à existência de vários tipos de revisão, se apresentam uma distinção entre
revisor e editor de texto, e que competências, limites e formação consideram que um
revisor deve ter.
A escolha do método do inquérito por questionário online tem como vantagens a
rapidez e facilidade na comunicação com os participantes, que tendem a ser mais
cooperativos pelo simples facto de este ser um método de fácil acesso e cómodo, uma
vez que é económico e proporciona a privacidade e anonimato dos participantes.
Obteve-se uma boa taxa de resposta ao inquérito (47), tendo em conta o limite por nós
definido de cerca de 50 participantes (dado que desconhecíamos a totalidade da
amostra).
Uma análise dos dados veio revelar a predominância do sexo feminino (68%),
em detrimento do sexo oposto (32%), na profissão de revisor em Lisboa. De igual modo
se constatou que os revisores são relativamente jovens, uma vez que 34% têm entre 25 e
35 anos e 32% têm entre 36 e 45 anos. Este resultado é compatível com o tempo de
experiência profissional dos revisores, que se situa entre os 5 e os 10 anos (34%),
maioritariamente, e 23% têm experiência inferior a 5 anos. Dadas as percentagens
consideravelmente baixas da experiência profissional superior a 30 anos (2%), podemos
concluir que os revisores atuam profissionalmente há relativamente pouco tempo.
Ao analisarmos a pergunta 3, relativa à formação dos revisores, constatou-se que
a maioria (47%) possui cursos, workshops, formação ao longo da vida sobre questões da
língua portuguesa (A.O., etc.), o que significa que tanto os revisores mais jovens como
os mais velhos optam por se manter em constante atualização da língua. Grande parte
dos revisores possui formação na área da Linguística (17%), e na área da Revisão
(Consultoria e Revisão Linguística, 23%; cursos de revisão oferecidos por empresas,
21%), ainda que as percentagens mais altas correspondam à Edição de Texto (30%) e
47
Línguas, Literaturas e Culturas (30%). Esta evidência corrobora o que dissemos
anteriormente (cf. secção sobre as perguntas), mostrando que os revisores possuem e
investem em formação adequada à sua profissão. De igual modo se verificou, em
comparação com a idade e tempo de experiência profissional, que os revisores mais
jovens são os que mais investem em formação superior, em detrimento dos revisores
mais velhos, que optam por adquirir formação ao longo da vida mediante breves cursos
e workshops.
A análise à pergunta 4, relativa às funções desempenhadas, veio comprovar o
facto de, hoje em dia, o revisor desempenhar mais tarefas além da revisão (apenas 23%
fazem revisão a título exclusivo). Verificou-se que 49% dos participantes são tradutores
e revisores, e que, além da revisão, 32% criam conteúdos, elaboram materiais e
produzem textos; 28% desempenham tarefas de edição, coordenação e formação na área
editorial (o que nos leva a pensar na premissa de que talvez o editor esteja a executar
não só as suas tarefas mas também as que competem ao revisor, ou talvez as tarefas de
ambos apenas se cruzem em determinados momentos) e 26% fazem consultoria
linguística.
Os revisores demonstraram ter pontos de vista diferentes em relação a definir a
sua profissão. A maioria vê a revisão como uma atividade de leitura crítica, que abrange
vários níveis (ortográfico, gramatical, de conteúdo, formal, organizacional, editorial,
tipográfico, técnico, científico), levando em consideração o género de texto e as suas
características. Dentro deste grupo, alguns profissionais apenas acrescentaram que é
igualmente importante ter em consideração o estilo do autor e a adequação ao tipo de
público. Outros apenas indicaram tipos de revisão. Quer isto dizer que grande parte dos
revisores é capaz de definir o seu ofício, demonstrando um ponto de vista alargado.
Todavia, alguns profissionais evidenciaram uma visão menos abrangente da
revisão, ao olharem para esta profissão como uma atividade de correção de erros
ortográficos, gralhas, incongruências e possíveis falhas no texto, como processo de
uniformização e normalização do texto, centrando-se na análise de coerência do texto e
das frases. É claro que olhar para o conceito de revisão nesta perspetiva é igualmente
válido, uma vez que o revisor acaba inevitavelmente por normalizar e uniformizar o
texto, verificando possíveis inadequações. Contudo, cremos que é importante ir além do
texto, observando o género do texto e as suas características, o público a que se destina
e ter em consideração o estilo do autor.
48
Alguns revisores optaram por descrever as tarefas que executam em contexto de
trabalho para definir a revisão. Outros apenas se referiram à revisão como sendo uma
atividade que confere qualidade ao texto.
À mesma pergunta obtivemos, tal como prevíamos, respostas diferentes sobre o
conceito de revisão. Verificou-se que, de maneira geral, os revisores têm uma visão
abrangente da sua profissão, evidenciando a existência de mais do que um tipo de
revisão, indo além da simples correção ortográfica e gramatical para dar lugar ao género
do texto, ao respeito pelo estilo do autor e à adequação do texto ao leitor. Alguns
profissionais fazem referência somente à correção de erros ortográficos, gralhas,
uniformização e normalização do texto; outros apenas descrevem as tarefas ao invés de
apresentar uma definição; e há os que veem a revisão apenas como controlo da
qualidade do texto. Isto conduz-nos a pensar que isso se pode dever ao simples facto de
que estes revisores não estão, de alguma forma, habituados a refletir sobre a sua
profissão. Tal como prevíamos, nenhum revisor fez referência aos limites de
intervenção de um revisor. Por outro lado, confirma-se o facto de alguns terem
mencionado as competências do revisor (ainda que não apresentassem uma reflexão
sobre a definição da profissão).
Relativamente ao conceito de revisor, os profissionais evidenciaram pontos de
vista diferentes. À semelhança do que se verificou na definição de revisão, também aqui
os profissionais mostraram ter uma visão abrangente do revisor, vendo-o como um
profissional dotado de um bom conhecimento linguístico, que pode atuar a vários
níveis: linguístico, tipográfico, de conteúdo, entre outros. É o profissional que respeita o
estilo e a intenção comunicativa do autor, tem em consideração a adequação do texto ao
público a que o mesmo se destina. Alguns revisores mencionam isto e acrescentam
algumas competências ao revisor. Dentro deste grupo, alguns profissionais demonstram
ter noção de que o revisor deve ser dotado de competências específicas e adequadas ao
exercício de revisão, contudo, não especificam quais são as competências.
Apesar de a maioria evidenciar uma visão alargada do conceito de revisor,
alguns revisores ainda veem este profissional como um seguidor absoluto da norma, que
deve ser dotado de um profundo conhecimento da língua. Apesar de esta visão ser
pouco ampla, cremos que seria vantajoso se estes mesmos revisores a aliassem a uma
visão mais abrangente da revisão, onde o revisor detém um conhecimento tão profundo
da língua que é capaz de adequar qualquer texto ao género, ao contexto e ao público a
49
que se destina, numa manobra de equilíbrio entre a norma e a variação, respeitando o
estilo e a intenção comunicativa do autor.
O revisor é visto por alguns como um dos intervenientes na produção do livro e
como aquele que faz a verificação final do texto antes de este ser publicado, sendo uma
mais-valia na compreensão do texto, tornando-se uma verdadeira ajuda não só ao autor
como também ao leitor, uma vez que se dedica a aperfeiçoar algo que não é seu. É visto
por outros como aquele que confere qualidade ao texto.
Comprovou-se uma vez mais que, para uma mesma pergunta, se obtiveram
respostas diferentes por parte dos profissionais. A maioria mostra ter uma visão
alargada deste profissional e verifica-se que alguns descrevem competências do mesmo.
São muito poucos os que ainda olham para o revisor como aquele que tem um profundo
conhecimento gramatical, mas evidenciámos e mostrámos que essa visão pode ser
aliada a uma perspetiva abrangente. Nenhum dos revisores fez referência aos limites de
intervenção de um revisor. Embora não tenham definido de forma completa quem é o
revisor, alguns profissionais demonstraram ter noção de que é aquele que confere
qualidade ao texto e que ajuda o autor e também o leitor, ao tornar o texto claro e
passível de compreensão.
Os profissionais consideram que um revisor deve possuir bons conhecimentos
gramaticais, deve ser minucioso, deve ter capacidade de concentração e de pesquisa,
deve ter espírito crítico, conhecer e dominar os géneros de texto, ter capacidade de
cumprir prazos, ter conhecimentos de língua estrangeira, conhecer e dominar a
sinalética de revisão, possuir conhecimentos de informática e ter capacidade de
trabalhar sozinho. Muito poucos consideram que o revisor deve ser ou já ter sido
tradutor (algo que consideramos essencial para a revisão de traduções) e que deve ser
capaz de dialogar com o autor ou os seus superiores, deve dominar a escrita, ter cultura
geral e ter formação a nível tipográfico. Com isto, verificamos que os revisores, de
forma geral, limitaram-se a selecionar as competências que apresentámos, e muito
poucos acrescentaram novas competências, facto este que pode ser justificado com a
possível falta de tempo dos profissionais para responder ao inquérito, ou com o facto de
não estarem habituados a pensar neste tipo de questões.
Relativamente aos limites de intervenção de um revisor, constatou-se que os
profissionais consideram que o revisor deve respeitar as ideias e o estilo do autor,
independentemente do género de texto ou do tipo de intervenção a realizar no mesmo, e
50
não deve alterar o conteúdo do texto. Muitos consideram que o revisor deve respeitar as
exigências do autor, o que pode ser avaliado sob duas perspetivas: por um lado, o
revisor deve respeitar as exigências no sentido de mostrar respeito pelo desejo do autor,
fazendo o que lhe foi solicitado. Por outro lado, o revisor deve estar sempre atento ao
que lhe é solicitado, pois algumas exigências podem não estar de acordo com, por
exemplo, o género do texto, o público a que se destina, etc. e aí cabe, pois, ao revisor
alertar o autor, caso isso aconteça. Alguns profissionais consideram também que o
revisor pode reescrever parágrafos inteiros, no caso de o texto estar mal escrito; pode
fazer alterações que não foram solicitadas pelo cliente e deve limitar-se a seguir o livro
de estilo do cliente. Cremos que não é de todo adequado que o revisor reescreva
parágrafos inteiros, no caso de o texto estar mal escrito, primeiro, porque isso de alguma
forma desrespeita o estilo e ideias do autor; segundo, porque o revisor não deve ser
coautor do texto, uma vez que não é criação sua; terceiro, porque o revisor não deve
alterar o texto sem o consentimento do autor, nem deve reescrever parágrafos inteiros
(uma vez que estaria a reformular parte do texto); deve, sim, sugerir possíveis
alterações. Isto conduz-nos a pensar no ponto seguinte: o revisor pode fazer alterações
que não foram solicitadas pelo cliente. A nosso ver, o revisor deve procurar o diálogo
com o cliente, a fim de alertá-lo sobre o facto de o texto apresentar problemas. Se se
trata de algo que o revisor deseja modificar por ver que o texto se tornará mais fácil de
ler e que essa alteração beneficiará o texto, o revisor deve igualmente dialogar com o
cliente e propor-lhe essa alteração. Quanto a limitar-se a seguir o livro de estilo do
cliente, mais uma vez, cremos que o diálogo com o cliente é fundamental, caso o revisor
encontre algum problema no livro de estilo ou considere inadequado algum ponto. É
igualmente importante que o revisor adote uma postura de reflexão crítica e cuidadosa
perante o livro de estilo, pois nem tudo o que lá está escrito pode estar correto.
Constatou-se que nenhum revisor sugeriu outros possíveis limites de intervenção de um
revisor.
Apesar de 13% dos revisores considerarem que este profissional não necessita de
possuir formação superior, a grande maioria considera que o revisor deve possuir
formação superior nas áreas de Edição de Texto, Consultoria e Revisão Linguística,
Linguística, cursos de revisão oferecidos por empresas, Línguas e Literaturas, Estudos
Portugueses, em qualquer área e em Linguística. Também na opção “Outro” se verificou
que a formação ao longo da vida, os cursos de revisão e edição de texto são os mais
51
referidos. Quer isto dizer que os revisores que atuam profissionalmente em Lisboa
consideram que este profissional deve possuir formação superior adequada à sua área,
indicando as áreas de Edição de Texto, Revisão e Linguística como as mais apropriadas.
Constatou-se que, na sua maioria, os revisores sabem distinguir um editor de
texto e um revisor. A opinião dos profissionais acerca de o editor de texto ter maior
liberdade, poder de decisão e autoridade do que o revisor comprova-se. Todavia, estes
mesmos revisores consideram que o revisor se deve limitar à correção ortográfica do
texto, o que, a nosso ver, revela uma visão pouco abrangente deste profissional. Os
profissionais apresentam claramente uma definição das tarefas que competem ao editor
de texto, ao mencionarem que este tem a seu cargo tarefas que vão desde a alteração do
texto, mediante a eliminação de partes do texto, reorganização de parágrafos, realçar
certas informações no texto, redigir textos para as capas e contracapas dos livros,
opinião sobre incluir ou não certas informações no livro, até à coordenação editorial,
acompanhamento de todo o processo de produção e publicação, venda e distribuição do
livro. Alguns revisores não apresentaram uma distinção, considerando que um editor de
texto é também um revisor, que as funções de ambos se cruzam por vezes, que um
revisor também pode editar textos, pode é não ter autonomia para realizar essa tarefa,
que o editor de texto não tem conhecimentos profundos da língua como o revisor mas
deve possuir as competências de um revisor. Poucos consideram que não há uma forte
distinção ou que esta não se justifica num mercado tão pequeno como o português.
Comprova-se, assim, o que discutimos na Parte I deste trabalho, relativa ao
conceito de editor de texto: os profissionais descreveram as funções do editor de texto
relativas ao termo editor (reorganizar parágrafos, títulos, redigir textos para as capas e
contracapas, etc.) e ao termo publisher (coordenação editorial, acompanhamento do
processo de produção, publicação, distribuição e venda do livro).
Na análise à última pergunta, verificou-se que atualmente é muito comum os
revisores fazerem revisão em suporte digital e papel. Isto comprova o que afirmámos na
Parte I deste trabalho, ou seja, que as novas tecnologias alteraram a profissão,
proporcionando ao revisor a oportunidade e necessidade de começar a rever também em
suporte digital. Por outro lado, isto permite-nos ver que, apesar da chegada das
tecnologias, a revisão em suporte papel ainda se mantém bem viva.
52
II. 8. Limitações do estudo e perspetivas futuras
Quando tratamos e discutimos conceitos e definições, a consulta de vários
autores revela-se importante, por forma a termos uma visão alargada das várias opiniões
que podem existir. Tratando-se dos conceitos de revisão e de revisor, optámos por
procurar e consultar apenas bibliografia na língua portuguesa. Isso pode naturalmente
trazer algumas limitações, dado que grande parte da bibliografia pertence à área da
Linguística do Texto, o que pode ter condicionado/influenciado este trabalho, uma vez
que se defende uma perspetiva abrangente da revisão baseada sobretudo nesta área.
Contudo, justificamos isso com o facto de não termos conhecimento, inicialmente, de
estudos que tivessem sido realizados sobre a revisão nesta língua.
A aplicação de um inquérito por questionário online foi a forma mais rápida
(tendo em conta o pouco tempo de realização deste projeto) e mais fácil que
encontrámos para dar voz aos profissionais. Se, por um lado, esta ideia foi original (no
sentido em que desconhecemos ter sido aplicado um inquérito a revisores em Portugal)
e confere uma visão mais consolidada dos conceitos de revisão e de revisor (uma vez
que tratámos neste trabalho da parte teórica destes conceitos, mas também procurámos
conhecer a opinião dos próprios profissionais, como uma ajuda na sistematização destes
conceitos), por outro lado, o inquérito acaba por ser um estudo não exato. Primeiro,
porque a amostra é reduzida (47 revisores), se compararmos com outros trabalhos de
Mestrado cujas amostras alcançam 600 inquiridos. Foi nesse sentido que justificámos o
facto de não termos usado programas de análise estatística avançada, precisamente
porque este estudo se revelou essencialmente de carácter geral.
Será igualmente importante considerar que poderão ter sido deixadas de fora
muitas outras possíveis questões no inquérito. Apesar de termos apresentado algumas
perguntas abertas, seria profícuo e vantajoso, em trabalhos futuros, realizar entrevistas
aos revisores, por forma a acedermos a aspetos particulares presentes nesta profissão e
que não nos foi de todo possível tratar neste inquérito.
De igual modo se ressalva que, por terem sido construídas com base na leitura de
relatórios de estágio, as perguntas do inquérito poderão apresentar limitações no que
concerne à realidade da profissão: por exemplo, não aprofundarmos muito a revisão no
contexto da tradução (poderíamos ter referido na pergunta 8, relativa às competências,
53
além do ser ou já ter sido tradutor, competências culturais das línguas de partida e de
chegada). No entanto, a opção “Outro” em algumas dessas perguntas servia também o
propósito de colmatar tais limitações.
Será importante salientar que o trabalho pode dar uma ideia de que nos referimos
ao editor de texto em contexto editorial, ainda que o nosso propósito não seja o de
limitar a atividade deste profissional exclusivamente a um contexto de atuação. Isso
deve-se talvez ao facto de grande parte dos estagiários terem atuado em editoras ou
jornais.
Não descurando o facto de que este inquérito possa conter aspetos inerentes à
revisão e ao revisor que eventualmente não foram abordados, com este estudo
obtiveram-se indicadores relativos ao conceito de revisão e de revisor e aos
profissionais que atuam profissionalmente em Lisboa. Por esse motivo, este estudo deve
ser interpretado como uma base útil para futuros estudos e trabalhos que venham a ser
realizados sobre a revisão. O desenvolvimento de inquéritos ou entrevistas
orientados/voltados para a realidade atual da revisão e do revisor seria vantajoso e
profícuo.
54
Estabilização dos conceitos de Revisão e de Revisor
Entende-se por Revisão a atividade profissional que consiste num processo de
leitura crítica de qualquer texto (seja ele uma receita de culinária, a bula de um
medicamento, um cartaz publicitário, um anúncio televisivo, etc.), que acarreta sempre
um conjunto de alterações e/ou de sugestões, com o objetivo de melhorar e conferir
qualidade ao texto. Porque cada texto está sempre inserido num contexto social, a
Revisão é o processo de mediação entre o autor do texto e o seu público e, desse modo,
será sempre entendida como uma prática social, interativa, dialógica e multimodal e
nunca como uma atividade final. Assim, no exercício da Revisão são levados em
consideração o género do texto e as suas características, o objetivo e as intenções
comunicativas do autor, o respeito pelo conteúdo do texto e pelo estilo do autor, o
contexto de produção e de publicação e o público a que o mesmo se destina.
Dependendo do género de texto e do tipo de intervenção a realizar, a Revisão pode ser
de âmbito linguístico, tipográfico, académico, técnico, científico, de conteúdo, de
provas, de tradução, e revisão ou leitura final.
O Revisor é o profissional dotado de competências e formação adequadas ao
exercício da Revisão, que melhora e confere qualidade ao texto que revê. Atendendo às
características do género do texto, à intenção comunicativa do autor, ao contexto em
que o texto se insere e ao público a que se destina, o Revisor adequa o texto à norma em
vigor (consciente da existência de variação linguística), assumindo uma postura de
reflexão crítica e cuidadosa perante os instrumentos de normalização (que nem sempre
são consensuais ou esclarecem todas as dúvidas), justificando e fundamentando as suas
escolhas. Ao adotar uma visão exotópica do texto, o Revisor distancia-se do mesmo, o
que lhe permite observar possíveis problemas que o autor não viu e também assumir o
papel do leitor. Em caso de dúvida, o autor deve ser consultado por meio do diálogo.
Assim, o Revisor é um elemento necessário que ajuda não só o autor mas também o
leitor do texto. Dependendo do género de texto e do tipo de intervenção a realizar, o
Revisor pode fazer revisão de âmbito linguístico, tipográfico, académico, técnico,
científico, de conteúdo, de provas, de tradução, e revisão ou leitura final.
Competências do Revisor: Deve ter uma excelente capacidade de concentração
e de pesquisa, ser minucioso e ter espírito crítico. De igual modo, este profissional deve
55
estar imbuído de um profundo conhecimento da língua e dos géneros de texto, uma vez
que muitos autores desconhecem todas as características de determinado género. Poderá
possuir outras competências secundárias, como, por exemplo, ter conhecimentos de
língua estrangeira, ter um bom domínio da escrita e ter cultura geral.
Formação do Revisor: o Revisor deve possuir uma formação adequada, não só
nas áreas da Revisão e da Linguística (essenciais na aquisição de conhecimentos
relativos à língua, aos géneros de texto e à macro e microestrutura do texto), mas
também na área da Edição de Texto (formação secundária, mas igualmente importante
na aquisição de conhecimentos sobretudo ao nível tipográfico).
Todavia, se se trata de um Revisor de textos traduzidos, é apropriado possuir
também formação na área da Tradução ou de Línguas e Literaturas e ser ou já ter sido
Tradutor, uma vez que isso que lhe confere um maior grau de aptidão ao rever uma
tradução e lhe permitirá compreender melhor as escolhas do Tradutor. Nesse sentido,
deverá possuir conhecimentos de práticas de tradução, de ferramentas de tradução
assistida por computador (entre outros programas), de memórias de tradução, deve ter
competências culturais e linguísticas das línguas de partida e de chegada (o que implica
ter conhecimentos avançados de língua estrangeira) e nunca esquecer que, por princípio
e tal como um Tradutor, o Revisor só deve rever textos de outras línguas para a sua
língua materna.
Suporte de Revisão: O Revisor pode rever textos em suporte digital e/ou em
papel; por isso, possuir conhecimentos informáticos (ao nível do utilizador ou mais
avançados) e conhecer e dominar a sinalética de revisão é uma mais-valia para este
profissional.
Local e tipo de trabalho: Pode exercer por conta de outrem ou de modo liberal
(sendo, neste caso, imprescindível ter capacidade de trabalhar sozinho e de cumprir
prazos), em qualquer empresa (editoras, jornais, instituições públicas ou privadas,
agências de tradução, agências de publicidade, televisão, etc.).18
18
Exemplo de estabilização dos conceitos que poderá figurar nos Estatutos e no site da futura associação de revisores em Portugal.
56
CONCLUSÃO
Porque não é possível criar uma associação sem primeiro definir a profissão,
propusemo-nos sistematizar os conceitos de revisão e de revisor. Todavia, considerámos
que, se conjugássemos a teoria com a prática, teríamos uma definição relativamente
consolidada e mais próxima da realidade inerente a esta profissão.
Nesse sentido, construímos um projeto aliando a formação académica à
experiência profissional. Assim, num primeira parte do trabalho, analisámos a
bibliografia existente em português sobre esta área, discutindo os conceitos de revisão,
revisor e apresentando uma distinção em relação ao conceito de editor de texto. Numa
segunda parte, apresentámos e discutimos os resultados do inquérito aos revisores
profissionais do distrito de Lisboa, com o intuito de perceber como é que pensam e
definem a sua própria profissão. Também aqui analisámos os conceitos de revisão,
revisor e editor de texto, apresentando também as limitações do estudo.
Uma comparação entre a Parte I e a Parte II permitiu-nos concluir que tanto os
autores como os próprios profissionais tendem a ver a revisão e o revisor numa
perspetiva abrangente, indo além da mera correção ortográfica e gramatical. A aplicação
do inquérito permitiu-nos também conhecer a nossa amostra, que é relativamente
jovem, atua profissionalmente há pouco tempo e onde predomina o sexo feminino. Os
revisores demonstraram que um revisor deve possuir competências adequadas ao
exercício da profissão, mostrando que não é suficiente ser apenas detentor de um
conhecimento gramatical profundo; há que ter em consideração o género de texto, a
adequação ao público e o respeito pela intenção comunicativa do autor. De igual modo,
os profissionais demonstraram conhecer bem os limites de intervenção de um revisor e
consideram que este deve possuir formação adequada à profissão, formação essa que
passa essencialmente pelas áreas da Edição de Texto, da Revisão e da Linguística.
Verificámos que, hoje em dia, é usual fazer revisão tanto em suporte digital como em
papel.
Podemos afirmar que conseguimos atingir os objetivos deste trabalho, pois
sistematizámos os conceitos de revisão e de revisor; conhecemos a opinião dos
profissionais mediante a aplicação do inquérito; discutimos o conceito de editor de
texto, as competências, limites e formação de um revisor. Contudo, apresentámos as
57
limitações deste estudo, pois com certeza haveria muito mais a tratar. Ainda assim,
consideramos que este estudo pode servir de base útil para futuros trabalhos e como
uma valiosa contribuição para aproximar ainda mais a formação académica da
experiência profissional.
58
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TIBÉRIO, João de Jesus. 2011. Dom Quixote – Relato de um Estágio Engenhoso. Relatório de Estágio de Mestrado em Edição de Texto. Lisboa: FCSH-UNL.
VALÉRIO, Ana Margarida da Silva Mendonça Neves. 2014. O género textual glossário: problemas para o Consultor e Revisor Linguístico. Dissertação de Mestrado em Consultoria e Revisão Linguística. Lisboa: FCSH-UNL.
YAMAZAKI, Cristina. 2009. Edição de texto na produção editorial de livros: distinções e definições. Dissertação de Mestrado em Ciências da Comunicação. São Paulo: Universidade de São Paulo, Escola de Comunicações e Artes.
Outros Textos/Artigos científicos
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ANTUNES, Leandra Batista e Sueli Maria Coelho. 2011. O papel do gênero na revisão e na avaliação textual. Cadernos de Letras da UFF – Dossiê: Linguagem, usos e ensino, N.º 43, pp. 137-151.
BRAGANÇA, Aníbal. 2005. Sobre o editor: notas para sua história. Porto Alegre: EM QUESTÃO, Vol. 11, N.º 2, jul./dez., pp. 219-237.
CARVALHO, Solange. 2014. Entre a norma e o uso: conflito do revisor. UFPE.
COELHO, Sueli Maria e Leandra Batista Antunes. 2010. Revisão textual: para além da revisão linguística. Belo Horizonte: SCRIPTA, Vol. 14, N.º 26, 1.º semestre, pp. 205-224.
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FINATTO, Maria José Bocorny et al. 2015. Leitura: um guia sobre teoria(s) e prática(s). Porto Alegre: UFRGS.
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RIBEIRO, Ana Elisa. 2007. Em busca do texto perfeito: (in)distinções entre as atividades do editor de texto e do revisor de provas na produção de livros. XII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação da Região Sudeste – Juiz de Fora – Minas Gerais.
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YAMAZAKI, Cristina. 2007. Editor de texto: quem é e o que faz. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares de Comunicação. XXX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Santos: Universidade de São Paulo.
i
ANEXOS
ii
ANEXO I – INQUÉRITO AOS REVISORES PROFISSIONAIS DE LISBOA
iii
iv
v
vi
vii
viii
ix
0
5
10
15
20
25
30
Menos de
25 anos
Entre 25 e
35 anos
Entre 36 e
45 anos
Entre 46 e
55 anos
Entre 56 e
65 anos
Mais de 65
anos
Pe
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%)
Sexo e Idade
Sexo Masculino
Sexo Feminino
ANEXO II – GRÁFICOS: RESULTADOS DO INQUÉRITO
Gráfico n.º 1: Sexo
Gráfico n.º 2: Idade
Gráfico n.º 3: Sexo e idade
2
3432
19
9
4
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Menos de
25 anos
Entre 25 e
35 anos
Entre 36 e
45 anos
Entre 46 e
55 anos
Entre 56 e
65 anos
Mais de 65
anos
Pe
rce
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ge
m (
%)
Idade
Feminino
68%
Masculino
32%
Sexo
Feminino
Masculino
x
Gráfico n.º 4: Formação
6
21
47
23
4
11
30
15
30
17 17
4 42
64
23
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Formação e Idade
Menos de 25 anos
Entre 25 e 35 anos
Entre 36 e 45 anos
Entre 46 e 55 anos
Entre 56 e 65 anos
Mais de 65 anos
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Inferior a 5 anos
Entre 5 e 10 anos
Entre 11 e 15 anos
Entre 16 e 20 anos
Entre 21 e 25 anos
Entre 26 e 30 anos
Superior a 30 anos
Gráfico n.º 6: Formação e Experiência profissional
xiii
Gráfico n.º 7: Funções desempenhadas
2326
32
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Funções desempenhadas
xiv
Gráfico n.º 8: Experiência profissional
Gráfico n.º 9: Experiência profissional e Idade
23
34
21
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Entre 11 e
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Entre 16 e
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Entre 21 e
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Entre 26 e
30 anos
Superior a
30 anos
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Experiência profissional e Idade
Menos de 25 anos
Entre 25 e 35 anos
Entre 36 e 45 anos
Entre 46 e 55 anos
Entre 56 e 65 anos
Mais de 65 anos
xv
Gráfico n.º 10: Competências do Revisor
98
45
85
15
77
60
87
49
66
96 96
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%)
Competências e Experiência profissional
Inferior a 5 anos
Entre 5 e 10 anos
Entre 11 e 15 anos
Entre 16 e 20 anos
Entre 21 e 25 anos
Entre 26 e 30 anos
Superior a 30 anos
xvii
Gráfico n.º 12: Limites de intervenção do Revisor
74
47
30
57
1511
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Gráfico n.º 13: Limites de intervenção e Experiência profissional
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Limites de intervenção e Experiência profissional
Inferior a 5 anos
Entre 5 e 10 anos
Entre 11 e 15 anos
Entre 16 e 20 anos
Entre 21 e 25 anos
Entre 26 e 30 anos
Superior a 30 anos
xix
Gráfico n.º 14: Formação ideal
13
32
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13
26
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Formação ideal
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Gráfico n.º 15: Formação ideal e Experiência profissional
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Formação ideal e Experiência profissional
Inferior a 5 anos
Entre 5 e 10 anos
Entre 11 e 15 anos
Entre 16 e 20 anos
Entre 21 e 25 anos
Entre 26 e 30 anos
Superior a 30 anos
xxi
Gráfico n.º 16: Suporte de revisão
Gráfico n.º 17: Idade e Suporte
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Digital Papel Os dois
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%)
Suporte de revisão
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Menos de
25 anos
Entre 25 e
35 anos
Entre 36 e
45 anos
Entre 46 e
55 anos
Entre 56 e
65 anos
Mais de 65
anos
Pe
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%)
Idade e Suporte
Os dois
Papel
Digital