entra. medo. · e lisboa, em coimbra. ... tituições estrangeiras de grande nível». ... ção...

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Director: Gonçalo Sousa Uva | Terça-feira 25 de Maio 2004 | N.º 2 | Quinzenal | DISTRIBUIÇÃO GRATUITA | www.mundouniversitario.pt Lisboa, Por- to e Coim- bra. É sem- pre a bombar. P. 12-14 [noites e copos] [jukebox] entra. não tenhas medo. Queres ser um delegado Mundo Universitário e fazer a ponte entre o jornal e a tua faculdade? Manda os teus contactos e nome da tua faculdade para: [email protected] [toma nota] Fim às dores de cabeça. Damos dicas para estuda- res. P. 22-23 Rock in Rio contra SuperBock. O duelo final. P. 28-29 PUB Sempre crítico e provocador. A favor da diferença. P. 18-19 [flash] [c.v.] Próxima edição: 8 de Junho.

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Director: Gonçalo Sousa Uva | Terça-feira 25 de Maio 2004 | N.º 2 | Quinzenal | DISTRIBUIÇÃO GRATUITA | www.mundouniversitario.pt

Lisboa, Por-to e Coim-bra. É sem-pre abombar.P. 12-14

[noites e copos][jukebox]

entra.não tenhasmedo.

Queres ser um delegadoMundo Universitário efazer a ponte entre o jornale a tua faculdade? Mandaos teus contactos e nomeda tua faculdade para: [email protected]

[toma nota]Fim às doresde cabeça.Damos dicaspara estuda-res.P. 22-23

Rock in RiocontraSuperBock.O duelofinal.P. 28-29

PUB

Semprecrítico eprovocador.A favor dadiferença.P. 18-19

[flash][c.v.]

Próxima edição: 8 de Junho.

[ índice ]2 | 25 MAIO 2004

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a04 [ intervenção ] A opinião que interessa.

08 [ conversas fictícias ] O Zézé é o convidado.Camarinha como convém.

10 [ noites e copos ] Gente gira aos molhos. É votar.

16 [ Radical ] Ericeira Billabong Girls. Um sonho.

18 [ c.v. ] Tomás Taveira. Sobre o euro,Portugal, a arquitectura e tudo o resto.

20 [ webmail ] Manda mais uma. Sempre.

22 [ flash ] Hora de estudar hora de marrar.Exames em dose grande.

25 [ play ] Os jogos do momento.

26 [ 5.ª dimensão ] A loja dos 300 que a gentequeria.

27 [ cultura ] Não, não aborrece. É da boa. E está tudo aqui.

30 [ 7.ª arte ] O dia depois de amanhã.E tu onde estarás?

[ ídolos ]Markl e o cão. Ou talvez não. «Portugalinspira piadas» e «até apetece rebentarcom tudo». Tens piada, tens...

06

[ noites e copos ]Estamos em todo o lado. No Porto, e Lisboa, em Coimbra. Miúdas giras,gajos engraçados. Não somos nós,descansem.

12

[ c.v. ]Tomás Taveira. Polémico, crítico,inconformista, arquitecto. Em exclusivopara o Mundo Universitário.

18

[ Flash ]Exames, exames, já cá faltavam osexames. Querem dicas? Perguntámosa quem sabe. Marcelo Rebelo deSousa, Francisco Louçã e ManuelaFerreira Leite. Ainda querem mais?

22

[ Jukebox ]Rock-in-Rio ou Super Bock. Já faltapouco. O frente-a-frente que faltava, as melhores opções para a carteira.

28

Painel de Ouro

O Mundo Universitário deve-se também aoapoio e contributo das marcas apresentadasno Painel de Ouro.

Nova Universidade em Viseu

O primeiro-ministro, Durão Barroso, anunciou a criação da primeiraUniversidade Pública em Viseu, cuja implementação deverá começarem 2005. Até 30 de Setembro, um grupo de trabalho presidido peloex-ministro da educação, Veiga Simão, vai estudar qual o modelo quea universidade deverá adoptar. Durão Barroso garantiu, no entanto,que será «uma universidade tecnológica muito avançada, ligada a ins-tituições estrangeiras de grande nível». O governo cumpre assim umdos seus compromissos eleitorais e põe fim a 14 anos de reivindica-ção por parte do presidente da câmara municipal de Viseu.

Troféus Europeus da Inovação

A empresa francesa Innovact, em parceria com a revista L'Étudiant,volta a organizar o concurso Troféus Europeus da Inovação, quevisa premiar estudantes europeus que apresentem projectos ino-vadores em qualquer área de investigação. O concurso, cujo pré-mio principal pode ascender aos 1500 euros, tem ainda por objec-tivo estabelecer relações entre os jovens premiados e empresasinteressadas em desenvolver os seus projectos. As inscrições ter-minam a 2 de Julho. Mais informações: www.innovact.com ouwww.letudiant.fr (rubrica "Trophées Awards")

Incentivos à criação de empresasA ministra da Ciência e Ensino Superior, Graça Carvalho, anun-ciou que a partir de 2005 o Estado vai pagar salários a todos osdoutorados que decidirem criar uma empresa de base tecnológi-ca. Quanto aos montantes disponíveis para beneficiar as empre-sas que adiram ao mecenato científico, a ministra não quis adian-tar o valor dizendo que «essa será uma decisão a tomar emconjunto com os ministérios da Economia e Finanças».

Novo estatuto do bolseiroA partir do próximo mês, os cerca de sete mil bolseiros de investi-gação existentes em Portugal vão continuar a receber a bolsa emperíodo de suspensão, justificada por paragem de actividade pormotivos profissionais ou de saúde. O novo estatuto do bolseiro foianunciado pela ministra da Ciência e do Ensino Superior, GraçaCarvalho, durante a conferência "Emprego Científico em Portugal- Que Futuro”. Por contemplar neste novo estatuto ficou a conta-gem do tempo de serviço.

[ notícias ]

[ intervenção ]4 | 25 MAIO 2004

PODER À PALAVRA.A opinião que interessa.

Apregoa-se por todo o lado que o Rock in Rio e o Euro 2004 são fac-tores catalizadores do ânimo nacional,fortemente abalado pelos casos judi-ciais que têm afectado personalidadesda vida pública, pelo crescimento dodesemprego, pela crise económica.Assunto de televisão, jornal e revista,o nosso estado de espírito colectivoparece oscilar ao sabor da maré,

ou das fases da lua. Ora em alta,orgulhoso de si, cheio de confiança no futuro, ora em baixa, entristecido,desanimado, receoso e fatalista. O diagnóstico não é reservado. Qual-quer comentador, ou “opinion maker”,está capacitado para o traçar, a qual-quer momento. Em todo o caso, a rea-lidade deste ânimo nacional pareceindiscutível. Sentados no sofá, ouvi-mos falar sobre o estado de espíritogeral dos portugueses. Mas quemserão estes portugueses? Será algumde nós? Pessoalmente, creio abusivoexpor assim a nossa intimidade.Aquela que será a base do nosso sen-timento nacional, fundamento e razãode ser da identidade da nossa nação,é certamente outra coisa, e mesmoessa está longe de ser inquestionável.

Miguel Silva, Univ. Católica de Lisboa

Venho falar-vos de loiras de 33cl compostas por cevada e não das que usambatom e base. Ou seja, venho falar-vos daquela que é considerada uma peçabasilar para os estudantes. É vê-los nas horas vagas ou de calor, alguns faltandoàs aulas, a pôr a conversa em dia com a sua loira... Na minha faculdade há atéum espaço temporal que é denominado "hora da loira". Imaginem então esta horado dia: são loiras e mais loiras, umas cheias, outras vazias, umas quentes, outrasfrias... Mas desenganem-se. Não estou a escrever este artigo para promoção dacerveja. Escrevo-o sim para demonstrar que a cerveja é a bebida mais consumidapelos estudantes, pois mesmo qualquer um que até à sua entrada na universida-de nunca tenha bebido cerveja, quando entra converte-se logo em “cervejólico”.Suponho que agora estão a pensar: «Deves passar a vida a beber!» Mas issonão é verdade e é feio apontar o dedo quando todos já bebemos a nossa cerveji-nha académica. Defendo até que se deve beber com moderação e que não nospodemos esquecer que as universidades não são apenas para consumir cervejae falar com os amigos. São sim lugares de culto, que merecem todo o respeito.Assim como quem lecciona e nos proporciona um futuro promissor.Props para todos os estudantes. Luis Miguel Santos (Univ. Lusófona de Humanidades e Tecnologias)

Ânimo Nacional

Critica.A bem ou a mal.

NÓSPUBLICAMOS

NA [email protected]

Tive hoje acesso ao n.º 1 do Mundo Universitário. Gostei do con-ceito e da imagem do jornal. Acho que é um projecto com futuro,e deixo aqui o meu "voto de confiança". Vi a referência para os"delegados" do jornal e talvez esteja interessado. Gostava desaber qual é a vossa ideia para o trabalho enquanto delegado. E saber quais serão os "critérios" para o ser. :)Daniel Gonçalves, Univ. Lusíada do Porto

Queres saber mais? www.mundouniversitario.pt

Temos delegados

Jovem... Jeitoso... Solteiro... Nacio-nalidade portuguesa... Natural donorte... Morada actual em Lisboa...Quarto gentilmente cedido pela tiaAlice, essa velha chata... Licenciatu-ra paga inteiramente pelos pais e concluída há seis meses comalgum mérito, sim porque ao menosconsegui não chumbar nem sequerum ano. Não sou como o meu primoAntónio que tem 40 anos e aindaanda a estudar... “First Certificate” no curso de inglês, que custou osolhos da cara e os sábados demanhã, completamente ressacado,durante um ano... Carta de conduçãopaga pelo padrinho, mas sem viaturaprópria visto já ser difícil conseguircomprar os DVD´s que quero com a miséria de mesada que os meuspais me dão, quanto mais um carro –Pai: «terás um carro quando tiveres

dinheiro para o sustentar, que istonão é só a gasolina! Há o seguro, as revisões, etc.» ( no entanto,conheço as estações do metro de olhos fechados)... Desejo conhe-cer Empregos sérios para relaciona-mento duradouro... Boas intenções e muita vontade de sair da porcariado quarto da tia Alice que cheira amijo de gato e a naftalina... Abundan-te experiência profissional... Tele-markting, inquéritos de rua, trabalhosa partir de casa, colagem de selosem envelopes, telepizza e pizza-hut,jardinagem e afins... Pelo meio,namora-se um bocadinho. Às vezespara passar o tempo. Ou não. Masprometo fazer tudo para o agradarem troca de um emprego. O meunome?... Universitário... "Mi Liga, Vai!"

Marta Salavisa, Univ. Nova de Lisboa

Relax

As loiras

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[ ídolos ]6 | 25 MAIO 2004

Sempre a rir. Falou dos seus desejos, inquietações, fetiches.Pelo meio, corou e confessou ter medo de se esgotar e de

desiludir. Nuno Markl sabe que é “um pirata”. Da rádio. E dopaís, onde muitos estão rendidos aos seus encantos.

| ENTREVISTA Miguel Aragão e Sara Gomes

| FOTOS Alexandre Nobre

Mundo Universitário | Dizes sempreque a rádio é a tua paixão. Há algu-ma coisa que te levasse a ser infiel?Nuno Markl | Não... Nunca. Já váriasvezes me vi tentado a fazer uma pausana rádio, por questões de falta de tem-po e porque é o trabalho que me obri-ga a levantar mais cedo, mas não soucapaz. É impossível pensar em traiçãoà telefonia.MU | O que é que a rádio tem de tãoespecial?NM | A vantagem da rádio é que aspersonagens podem viver mais do quena televisão. Como não as estamos aver, pode-se fazer com elas o que sequiser.Tudo é trabalhado com o som eo resto fica à conta da imaginação daspessoas.MU | Fizeste o teu primeiro progra-ma de rádio “caseiro” aos quatroanos. Qual era a receita?NM | Muito simples. Pegava num gra-

vador, daqueles dos anos 70, e numatelefonia. Depois, falava para o grava-dor, ligava um rádio a pilhas parasupostamente passar os discos e reza-va para que alguém estivesse a pôrum disco numa rádio qualquer.MU | E fazias entrevistas?NM | Quando a minha irmã nasceu,entrevistava-a. Mas nunca ficaram

grande coisa. Ela era bebé e diziaumas coisas sem sentido... (risos).MU | Ainda em criança, também cos-tumavas desenhar personagens...NM | Copiava aquelas que via na tele-visão. Primeiro, o Donald, a PanteraCor de Rosa, e depois os políticos...Mais tarde, achei que devia criar as

minhas personagens e comecei ainventar umas histórias malucas.MU | Aos 14 anos, ganhaste um pré-mio por causa de um desenho doPateta. Que parecenças há entrevocês?NM: (risos) Sou capaz de ser um boca-dinho mais inteligente do que ele, masem termos de falta de jeito somos

parecidos.MU | O teu pai também fazia cari-caturas...NM | Se calhar herdei isso dele, masele trabalha numa área completamen-te diferente. É historiador de arte, temum óptimo sentido de humor e imensojeito para desenhar.

MU | Achas que eras sobredotado?NM | Eh pá, fui visto por um psicólogopara crianças que disse aos meuspais que sim (risos). Pelo menos tinhaos sintomas todos, porque aprendi aler e a desenhar muito cedo. Não con-seguia era atinar com a matemática.Mas nunca foi muito aprofundado seera sobredotado ou não. Por isso, fuifazendo a minha vidinha...MU | Mais tarde, participas na “Vozde Benfica”, que era uma rádio pira-ta. Ainda te consideras um pirata? NM | Acho que sim... Eh pá, convémnunca perder esse espírito, sobretudonuma altura em que a rádio está muitonormalizada e toda a gente se rege porplay lists. Tenho muitas saudades dofim dos anos 80 quando havia rádiospiratas em todo o lado, mas o CavacoSilva resolveu pôr-lhes um fim e pum-ba, pôs mesmo!MU | Voltando ao teu percurso, não

«Este país inspira piadasa cada instante»

« Há uma grande falta de ideais. Assistimosa uma rebeldia de plástico.»

| 725 MAIO 2004

[ ídolos ]

entras para a faculdade...NM: Não tinha média. Passava muitotempo a fazer rádio pirata.MU | ... e vais parar ao Cenjor. NM | A melhor coisa que me aconte-ceu. Aquilo era tão prático que pare-cia que estavas a trabalhar numaredacção. Acho que me preparoumelhor do que se tivesse feito umcurso de comunicação social, que àsvezes é demasiado teórico. Eu nemqueria ser jornalista, mas tive que ir amuita conferência de imprensa atécomeçar a fazer as coisas que queriaem rádio.MU | Então é indispensável ter for-mação, mesmo que não seja a tradi-cional...NM | Sim, cá em Portugal liga-se mui-to à história do curso. Mas no casoespecífico da comunicação social, oCenjor deu-me a embalagem práticatoda. Foi uma espécie de recruta.Uma vez ia sendo preso e tudo...MU | Preso?NM | Uma vez fui fazer uma reporta-gem na noite dos Santos Popularesconvencido de que podia gravar tudo.Ás tantas, começa uma zaragata e euparvamente comecei a gravar. A polí-cia não gostou e queria levar-me pre-so... Foi uma confusão!MU | Os estudantes estão confor-mados com ideia do canudo?NM | Se calhar, se calhar. Há casos ecasos. Mas esta obsessão com oscanudos faz-me confusão. E nãoestou a dizer para não se tirar cursossuperiores, até porque há muitasáreas em que não podia ser de outramaneira, mas há cursos não universi-tários que são melhores.MU | De uma maneira geral, comovês a juventude portuguesa? NM | Inquieta-me a indiferença. Háuma grande falta de ideais. Assistimosa uma rebeldia de plástico. Não háobjectivos, não há paixões.MU | E tu que és um apaixonadopela rádio, como é que vais parar àtelevisão?NM | Foi um convite do Nuno ArturSilva das Produções Fictícias. Mas,ao contrário do que as pessoaspodem pensar, escrever comédiapara televisão não é nenhum paraí-so. Fazemos um texto genial quedepois chega a uma equipa de pro-dução e é tão alterado que quandosai pela boca do actor já não é nadadaquilo que fizemos. O Joni Bigodefoi assim... MU | E hoje em dia?NM | É um bocadinho diferente. Possoescolher mais o que quero, emboracontinue a ser difícil. Só na rádio é quesou mais patrão de mim mesmo.MU | Estivestes na RTP e agora apa-reces nos ecrãs da SIC Radical e da

TVI. Como é que consegues estarbem com toda a gente?NM | É demente (risos)... Mas a SICRadical é um canal por cabo e, porisso, não há uma sobreposição.MU | Falta um programa a solo...NM | Nunca pensei nisso... Tenho sau-dades é de ir para os bastidoresescrever comédia.MU | Referências?NM | A nível radiofónico, e sei que époliticamente incorrecto dizer isto,sou fã do “Pão com Manteiga” doCarlos Cruz. Depois havia os progra-mas do Herman e “As Noites Lon-gas” com o António Santos naComercial. Já a nível televisivo, gos-to muito dos Monty Python.MU | Achas que a actual

patente do riso em Portugal é dasProduções Fictícias? NM | Eh pá... É óbvio que contribuírampara a revolução do humor no país,mas era saudável que aparecessemmais equipas a escrever comédia.MU | Das tuas personagens e pro-gramas, qual é o filho pródigo?NM | É difícil responder, mas a trilogia“Herman Enciclopédia”, “Paraíso Fil-mes” e “O Programa da Maria” sãoaquelas de que mais me orgulho. É claro que tenho um carinho especialpelo “Homem que Mordeu o Cão”.MU | A área da comédia começa aestar sobrelotada?NM | Ainda não. Até há pouco tempo,à excepção do Herman, não havia nin-guém. E só agora com o stand-up éque começaram a aparecer pessoas. MU | Vai acontecer uma triagem?NM | Neste momento, ainda estamos

na fase da enchente. Daqui a unstempos, ficarão só os melhores.MU | Não tens medo de perder agraça?NM | Claro. Todos os anos, quandoas férias se aproximam, começo aperder a graça. O meu maior receioé que um dia me esgote de talmaneira que quando regressar deférias já não tenha piada. É um riscoque se corre.MU | O cinema continua a ser o teutrabalho com menos projecção. O que ainda podemos esperar?NM | É muito difí-cil fazer cinemaem Portugal,mas tenho

um guião todo escrito, que é muito,muito bizarro. É um musical de ficçãocientífica de série B passado no tempodo Antigo Regime, em 1958, no dia emque a Rádio Renascença fez a guerrados mundos, quando o Matos Maiasimulou uma invasão extraterrestre.MU | Há pouco tempo jantaste como Presidente da República comorepresentante da geração pós 25 deAbril. Se escolhesses, sentavas-te àdireita ou à esquerda dele?NM | Eh pá... Não sei, não sei. Politi-camente, talvez à esquerda. É queera um bocado chato sentar-me aocolo dele.MU | Vês-te como o produto de umarevolução ou um revolucionário?NM | Talvez um produto, porque aminha carreira não seria nada do queé sem o 25 Abril. Mas é óbvio que aambição de quem faz humor é serrevolucionário e rebentar com tudo.MU | Como vês a actual situaçãosocio-económica do país?NM | É um misto de amor e ódio.Ódio, porque isto de facto está muito

MARKL EM TOP FILMES

Dr. Strangelove, or: How I Learned

To Stop Worrying And Love The

Bomb, do Stanley Kubrick. «É amaneira ideal de usar a comédia paratransmitir uma mensagem.»

Blade Runner, do Ridley Scott. «Jáé quase karaoke ver esse filme. Sei asfrases de cor.»

MÚSICATalking Heads, Enrio Morrico-ne, Elvis Costello.

JOGOSGrand Theft Auto3, Tetris,Arkanoid (que tem no telemó-vel), Pac-Man (acima de tudoum fanático) e todos os quesejam sangrentos.

EH PÁ, E O..Herman: «Um mestre.»Scolari: «É pá, futebol não...»Morais Sarmento: «Uma figurade culto do ‘Homem da Conspi-ração’ e cada vez mais umafigura de ficção.»Valentim Loureiro: «Outrafigura de ficção...»Pedro Tochas: «Foi o primeiro a fazer stand-up. Um alucinado!»Carlos Cruz: «Não sei se estáculpado ou inocente, mas éuma referência.»Paulo Portas: «Gosto mais dosirmãos.»

FETICHE?“A minha colecção de ‘gadgets’.

Tenho o cão da NASA, o EduardoMãos de Tesoura, os Cães Danados.

Não gosto que toquem neles.”

DESEJO?“Fazer uma partida de Pac-Man

humano em Lisboa!”

mau, mas amor porque quanto pioristo estiver mais material tenho paragozar. Este país inspira um manan-cial de piadas a cada instante.MU | Se mandasses, o que muda-vas?NM | O “orgulhosamente sós”. Temosmedo de ser alguma coisa e depoisficamos irritados porque há america-nos que pensam que Portugal fica naEspanha...MU | Existe um «marklismo»?NM | Não tenho uma estratégia paraconquistar o planeta. Gosto de fazer oque me dá gozo. Mas tenho medos.Não me quero esticar além do aceitá-vel e deixar uma má recordação. |

«A ambição de quem fazhumor é rebentar

com tudo.»

[ conversas fictícias ]8 | 25 MAIO 2004

Orgulho nacionalBoa tarde sr. Zézé Camari-

nha. Posso fazer umas per-guntinhas?

Zézé Camarinha | Outravez? Que raio. Já tou fartode dizer que tudo não pas-sou de um ataque contramim! Uma cabala! Queremarruinar a minha vida...Desculpe mas não estou

a perceber. Do que está afalar?

Z.C. | Ai sabe, sabe. Vocêssabem bem...

Mas juro que não sei. Acal-me-se. Não quer explicar o queaconteceu?

Z.C. | Moce, o que se passou éque me quiseram apanhar e mon-taram-me uma armação. Mas des-cobria-a a tempo. Lá porque tinhabebido uns uísques e já estavameio zonzo com aquelas luzestodas da boite e com a altura damúsica... um homem deixa-selevar... percebe...

Pode ser mais claro?Z.C. | Xiça, mas tenho de con-

tar tudo? Que tapadinho que vocême saiu. Pronto, até parecia umamulher, com aquelas mamocas eaquelas pernas... sabia lá que afi-nal... depois quando descobri queela era.... bah.... Uma cabala!

Pois, interessante... Masestou aqui para o entrevistaracerca do seu cargo de promo-tor do Euro 2004.

Z.C. | Ah caramba. Já podia terdito homem... bem, vamos láentão.

Primeiro, gostaria de sabercomo conseguiu esse posto?

Z.C. | Li um anúncio nos classi-ficados do jornal, respondi e cha-maram-me para uma entrevistacom o Madaíl. Modéstias à partemas aqui o man não deu hipótesesaos outros tipos.

Quer explicar porquê?Z.C. | Entrei a matar... mostrei

logo o meu corricolo. Sabe quetoda a vida tive ligado às relaçõespúblicas... O Madaíl ainda agoradeve tar de boca aberta de espan-to eheheh...

Mas afinal já trabalhou...Z.C. | Pois tá claro. Olha

este... não tenho feito outra coi-sa por todo esse Algarve. Até játive convites pra ir pra fora, próestrangeiro e tudo. Mas era ain-da muita novo. Ainda tava muitoverde. Se soubesse o que seihoje. O tempo passa e uma pes-soa envelhece. Mas ainda tou aíprás curvas, não deixo passarnada.É sempre a facturar.

Pois... e com a falta de pontasde lança na selecção... Já perce-bi porque ficou com o lugar.

Z.C. | Dentro ou fora do campocomigo tá sempre lá dentro, semprea marcar ehehehe... nunca falha.

Mas diga, existe algum segre-do para tão grande eficácia?

Z.C. | Ó amigo não quer que lhediga tudo, não? O segredo é aalma do negócio, não sabe? Pos-so-lhe dizer que a dedicação e oempenho é que fizeram de mim oque sou hoje. E se aceitei este car-go no Euro foi só por amor à cami-sola e por patriotismo, porquedigam o que disserem sou umgranda português e tenho feitomais por este país do que muitosdesses dotores. Horas e horas pas-sei eu a ensinar a nossa língua àsestrangeiras. Suecas, francesas,alemãs, inglesas, quenianas, sei lá.Noites e noites sem dormir a aper-feiçoar e desenvolver novas técni-cas de promoção do português jun-to das turistas. Amigo, deixe quelhe diga que não há ninguém capazde pôr Portugal na boca do mundomelhor do que eu. Ainda tá pranascer quem me faça frente.

Acabou de fazer referência àsestrangeiras e notei que os seusclientes são maioritariamente dosexo feminino. Estima-se que opúblico que se desloque aoEuro 2004 seja predominante-mente masculino. Como vairesolver esta questão?

Z.C. | Mas não existe nenhumproblema. Isto tá tudo pensado. Asmulheres vêm cá ter comigo háanos. E há anos que eu me dedicoa ensinar-lhes as técnicas do por-tuguês. O que se passa é quequando elas voltam para os seuspaíses, as ensinam aos seus mari-dos. E é normal elas voltaremoutra vez para se actualizarem.Sabe que isto de uma língua não éuma coisa parada, vai sempre evo-luíndo com os tempos. De modosque se um bife tiver uma mulherque goste mesmo da língua portu-guesa, de certeza que ela já cávoltou mais vezes. E quem vemuma vez ganha-lhe o gosto.

Enviado por: Henrique Esteves

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Fala com. quem quiseres.

NÓSPUBLICAMOS

NA [email protected]

[ escaldante ]10 | 25 MAIO 2004

É VOTAR é votar!!Ele é caras bonitas, ele é gente gira. Sem medos nem pudores, o Mundo Universitário lança-se na escolha das caras que fazem furor por esse país fora.

Os prémios?Estes telemóveis Siemens M55 e C62 para o vencedor e vencedora.

Para votares? Envia um sms para o 4478 com as iniciais MU e o númerodo candidato (a). Exemplo: para votares na Sofia Costa, 22 anos, escreve "MU(espaço) 8". Também podes votar on-line em www.mundouniversitario.pt.

Tens a mania que és giro ou gira? Queres ganhar um telemóvel? Na próxima edição vamos eleger o(a) mais belo(a)da cidade de Coimbra.

Envia a tua fotografia e dados pessoais (nome, Universidade etelefone) para [email protected]. Os dados sãoconfidenciais. Os prémios é que não.

José Miguel Velho, 27anos, Lusíada do Porto

Sandra Lopes, 19 anos,Univ. Fernando Pessoa

Mora da Silva, 21 anos,Fac. de Eng. do Porto

Raquel Borges, 24 anos,Inst. Cont. e Administração

Rui Magalhães, 21anos, Fac. Eng. Porto

Ségio Modesto, 23 anos,Inst. Cont. e Administração

COM O APOIO DE

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A vencedora da semanaTelma Quintino, 22 anos

O vencedor da semanaRui Guilherme, 19 anos

«Ganhei? A sério? Não acredito!» E foi assim, um telefonemaum telemóvel, dois dedos de conversa com o Mundo Universi-tário. «Ligaram-me pessoas que já não via há imenso tempo,a dizerem-me que me tinham visto no jornal, que estava muitogira». Sobre o concurso? «Eu não concordo muito com a ideiados concursos de beleza, de que há pessoas mais giras queoutras, mas foi engraçado. Na altura pensei que fosse maispara a palhaçada. Nunca pensei que ia ganhar.» Garante quesó votou uma vez nela própria e nós confirmamos. .

Há uns anos vinha a sair do liceu e foi convidado a fazerum book. Por isso, diz já estar «habituado a coisas dogénero», mas nunca pensou que ia ganhar. Até porque,Tinha um adversário de peso: «o António Paisana». A pri-meira reacção? «Oh, meu Deus! A sério?» Sim. A sério. Eparece que ele já não passa despercebido. «Uma destasnoites fui à Kapital e houve duas raparigas que olharampara mim a noite inteira.» Não teve foi coragem para meterconversa. «Sou muito envergonhado...»

W, Indochina, Docks, Konvento. Tudo em noites seguidas, tudo para aproveitar o calor. A roupadiminui e a vontade aumenta. De sair à noite, claro.

Lisboa

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Gostamos

Enganou-se no estádio Esse loiro é faaaantástico!!!

Só bombons, só bombons!

A trix?

Eraaa desseee tamanhooooSem pêlos, sem espinhas

Tens futuro nos correios, tens...

“Sanduichada” perfeita!

O fotógrafo devia estar vestido de palhaço

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[ noites e copos ]12 | 25 MAIO 2004

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| 1325 MAIO 2004

Coimbra

Agarra uma... ...agarra outra

Eu? Dou no ferro, claro.Não é cerveja, nem é loira. É miúda mesmo. Tens aí uma coisa, querido

Tão queridos...

Qual ressaca da Queima, qual quê? Coimbra soma e segue.

[ noites e copos ]

14 | 25 MAIO 2004

Foi Via Rápida, foi Twins, foi uma festa. Estivemos e vamos voltar. Na próxima terça-feira, o Mundo Universitário vai voltara a estar em grande no Porto. Durante o dia nas Universidades, à noite... bem, à noite não prometemos nada. Os comentários às fotografias são da exclusiva responsabilidade da redacção.

Porto

Ai, ai. Palavras para quê. É a musa desta edição.

Tira a mãozinha daí, eu sei que é bom mas não é para ti!

São três, são. Segundo as vozes femininas da redacção, são eles que salvam esta página.

Chama-me rosa, chama-me o que quiseres, mas no meio é que está a virtude

Faltam pentes lá em caixa Sol a mais

Já vi esta t-shirt branca em algum lado Trinca-me o corn-flake! Olé!

Devias estar na nossa página do escaldante! No rules... great scotch Mais vale uma na mão que duas a voar...

[ noites e copos ]

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[ radical ]16 | 25 MAIO 2004

O maior evento português de surffeminino vai ter lugar na Ericeira, de 15a 18 de Julho, na praia da Foz doLizandro. No total, vão ser 200 surfis-tas, dos 5 aos 55 anos, com alguma ounenhuma experiência em cima de umaprancha. Sob o lema "Puro Surf, PuraVida", o Ericeira Billabong Girls 2004destina-se «especialmente a quemnunca pegou numa prancha, mas tam-bém às praticantes que pretendemmelhorar as suas manobras», segun-do Rita Rocha, uma das organizadorasdo evento. «A iniciativa nasce da von-tade de levar a modalidade, os seusvalores a cada vez mais mulheres»,garante, e vai ter como instrutoras algu-mas das melhores surfistas portugue-sas da actualidade, casos de Vanessa

Monteiro, Joana Andrade, JoanaRocha e Patrícia Lopes. No cardápioestão ainda espectáculos de free surf,aulas de shape – para quem tem curio-sidade em ver como se faz uma pran-cha – e até de yoga. Para mostrar queo mundo do surf não são só ondas,estão também agendadas palestrascom directores de programas de televi-são, revistas e sites de surf. Embaixa-dores do evento, João Catarré, o "Pipo"dos "Morangos com Açúcar", e RitaAndrade, apresentadora do Curto Cir-cuito. Para o final, a organização reser-va uma prova. Tudo para que «as par-ticipantes sintam o stress competição»,segundo Rita Rocha. Para os homens,também ficou um apelo. «Têm de lá ir!É bom! É só mulheres!» |

InscriçõesPreços:110 euros – 4 dias com tudo incluído 90 euros – 4 dias sem dormida90 euros – 2 dias com tudo incluído

Com direito a:Estadia no Hotel Villa GalléPequeno almoço, almoço e jantarAulas teóricas e práticas de surfMaterial técnico para as aulas de surfPrémios para todas as participantes

Contactos:Joana Rocha – 919 251 235Rita Rocha – 918 882 805

[email protected] em www.surftotal.com

Mulheres ao mar!Um sonho? Nem por isso. É o Ericeira Billabong Girls 2004. Duzentassurfistas na mesma praia e outras tantas oportunidades para começar asurfar. Homens só nas dunas, que o mar é no feminino.| MIGUEL ARAGÃO

Há prémios, há prémiosÉ pra ela, é pra ela. Toalhas, mochilas e calções. Tudo da Billabong. É ligar, é ligar, 214112300, mas só a partir das 10 da manhã de quarta-feira (dia 26). Asprimeiras ganham, as outras é que já não.

KawaiiiiiiiiRosa com fartura em cores de lingerie cueca. Tons kitschcom cheirinho a pastilha, peluches na cama com olharesinfantis. Não é pedofilia, não. São ventos do Japão, em jeito de pronto-a-vestir. | MIGUEL PACHECO

A Hello Kitty? É Kawaii. A Puc-ca? É Kawaii. A moda para meninae moça que arrasou o Japão e quechega agora em força a Portugal,multiplicada em acessórios e malascom o lema "quanto mais infantil,melhor". Não está estampado, masé como se estivesse, tal a quanti-dade. O rosa impera sempre,menos shocking, mais cueca. Lin-gerie também não falta, nem reló-gios, malas, pulseiras e afins. Kawaii. Em português, "que giro",em inglês, "cute". Duas traduçõespara o mesmo fenómeno de mas-sas no Japão. Consumismos à par-te, na base desta fixação japonesapelo infantil está uma crítica implí-cita ao papel da mulher na socie-dade japonesa. Preteridas noemprego, tratadas como crianças,as mulheres japonesas decidiram

dar corpo à sua indignação e ves-tirem-se como tal. A moda pegou eganhou estatuto de subcultura naweb. Há milhares de páginas sobreo assunto, milhões de “gadjets”,acessórios e bonecos para vender.Só a Hello Kitty rende mais de mil

milhões de euros em vendas portodo o mundo, apesar de concor-rentes como a Pucca e companhia.Mesmo assim, só algumas cruzamo atlântico, para encher as pratelei-ras das lojas. O lucro oblige.Quando é que a loucura começou?

Pensa-se quepor volta dosanos 70 comuns desenhosinfantis muitoespeciais, figu-ras que osespecialistasapelidaram deburikko-ji, emtradução livre,"a escrita in-ventada porcrianças" . O estilo pegou.

Dez anos depois explodem asséries de desenhos animados, nadécada de 90 a moda japonesa tor-na-se mais feminina. Menos cinzen-ta e mais pink. Saias curtas, meiaspelo tornozelo a lembrarem unifor-mes do colégio, em memória de bei-jos atrevidos, piropos batidos, baloi-ços tardios, gritos histéricos,despropositados. Nos dias que cor-rem, uma das principais revistasjaponesas para adolescentes, aCrea, considerou o termo kawaaicomo «uma das mais usadas, ado-radas e habituais palavras da vidajaponesa contemporânea». Por cátambém se adora, usa e abusa.Estende-se a influência do giro,arde o império do sério. Por isso,venha a infância prolongada e dese-jada, venha Kawaii com fartura.Tudo fascina, tudo se usa. |

[ moda ]

Mundo Universitário | Quando éque começou o teu interesse pelafotografia?Duarte Amaral Neto | Foi por voltados 19 anos. Estava completamentedesmotivado com o curso de Direito.Achava que tinha sido uma daquelasdecisões precipitadas, erradas, do11.º ano. Os meus dias eram passa-dos a jogar poker e a beber cervejasna universidade, para depois ir darpasseios para o Castelo dos Mouros.E... por incrível que pareça... querdizer, são aquelas coincidências... omeu pai gostava muito de fotografiae tinha uma máquina, que já nãousava há bastante tempo. Na altura,eu tinha uma namorada que tinha fei-to um curso de Verão no Arco (Cen-tro de Arte e Comunicação Visual).Ela falou-me do curso e eu comeceia interessar-me, a pegar na máquinado meu pai. Às tantas, chego ao fimde dois anos do curso e à conclusãoque não conseguia fazer nada quenão fosse relacionado com aquilo.Quase todas as pessoas na juventu-

de têm necessidade de se exprimirde alguma maneira. Eu já tinha ten-tado a música, mas era um zero àesquerda....MU | Porque é que achas que foina fotografia que encontraste amelhor forma de te exprimires?DAN | Não sei bem porquê, mas temuma coisa que eu gosto muito. Háespaço para o erro e a curva deaprendizagem pode dar rapidamenteum pulo enorme. Portanto, se setiver dinheiro para os rolos e vontadede andar com a máquina pode-seaprender muito rapidamente. Claroque isto não é sempre assim. Mastorna-se mais fácil quando se estámuito interessado em aprender, ape-sar de o mais essencial ser a partedo olhar, que não se aprende dessaforma. Isso não nasce com a técnica,Vem com a pessoa, com a experiên-cia e com o mundo que anda à suavolta.MU | É preciso ter um olhar defotógrafo?DAN | Não, não é de fotógrafo. Basta

ter um olhar próprio, teu. MU | E é fácil transportar esseolhar para a fotografia?DAN |Não, não. A parte mais difícil éconseguir fazer a ponte entre aquiloque se deseja e aquilo que aparece.É isso que a aprendizagem com atécnica pode dar um pouco, porquese começa a ter noção dos limites.Claro que quando era mais novo eramegalómano, mas depois fui-me tor-nando mais contido e mais subtil namaneira de fazer as coisas.MU | O curso do Arco pôs-te emcontacto com os aspectos maispráticos. E o de Comunicação?DAN | Eu fiquei um bocado decep-cionado com os cursos superioresporque no meu entender deviam seruma especialização, e não o são.São o continuar do Liceu. Estavamuito mais à espera de começar aencarreirar dentro de um curso doque de começar a dispersar, que foio que me aconteceu.MU | Uma vez que completaste umcurso superior de Comunicação

Social e Cultural, nunca te interes-saste pelo fotojornalismo?DAN | Interesso-me imenso, não ébem pelo fotojornalismo, mas pelafotografia documental. Gosto muitono sentido em que gosto de construira realidade. Ou seja, não vou à pro-cura de factos nem de nenhuma ver-dade. Acho que a verdade não estácontida nas imagens. MU | As imagens são mentirosas?DAN | Claro, se há tanta coisa quemente porque não as imagens?Todas as imagens que se vêem,mesmo no jornalismo, só fazem sen-tido com um título. Podem mentir eeu até gosto da mentira. Gosto nosentido em que a mentira torna onosso mundo mais singular de algu-ma maneira. Não é uma mentira commaldade, atenção! É uma mentiraque ajuda a construir uma realidademais próxima daquela que se quertransmitir. Só vejo a mentira comoalgo que pode ajudar a passar umainformação. A mentira pode ter piada.E isso é interessante. |

[ iluminados ]| 1725 MAIO 2004

Começou nos supermercados. Folhetos de pro-dutos. «E depois tinha outros trabalhos maispequenos. Num deles passei duas semanas afotografar 2500 brindes.» Licenciado em Comu-nicação Cultural e com o curso avançado defotografia do Arco, Duarte AmaralNetto, 28 anos, dá aulas de fotografia noInstituto Politécnico de Tomar e vai expondoaqui e ali. Em 2003 venceu o Grande Prémiodo Salão de Montrouge - Jovens CriadoresEuropeus - em Paris. E em Dezembro partepara o Sul da Índia onde vai desenvolver umtrabalho como bolseiro da Fundação Oriente. |Miguel Aragão

Aquele olhar

Lisboa 1999

Lisboa 1999 Lisboa 2002 Escócia 2000

[ c.v. ]18 | 25 MAIO 2004

Tomás Taveira. Inconformista, apologista da diferença e deuma arquitectura irreverente. Apostou forte nos estádios parao Euro e ganhou, goste-se ou não. As críticas são sempre um

sinal postivo, garante. Úteis num país que é «um guettoarquitectónico» recheado de cunhas e onde os estudantes

têm pouca liberdade crítica e criativa.

Mundo Universitário | Considera--se um provocador?Tomás Taveira | A provocação estána cabeça de cada um. O facto deeu fazer uma arquitectura não ali-nhada com o “nacional-fundamenta-lismo” gera uma reacção natural. Aspessoas normais e mesmo os inte-lectuais, estão pouco habituados ater que “ler” objectos que não seenquadram no neo-racionalismo.Pior, objectos que os obrigam aestudar estética e filosofia o que éainda extremamente difícil, paragente preguiçosa e tendenciosa.Tudo quanto parece diferente é tidocomo uma “provocação”, o que émanifestamente errado.MU | Nietzche definiu a arquitectu-ra como “música parada no tem-po”. Homem, músico, artista plás-tico e arquitecto, são um e todoso mesmo?TT | Não conheço essa afirmação,mas o homem não é unidimensionale por isso pode ter “descontinuida-des” grandes. O facto de alguém serum bom arquitecto não faz dele umartista. Já o facto de produzir arte,faz com que o arquitecto seja efecti-vamente um artista plástico, masmais uma vez há que distingui-lo do“humano”. Há vários homens numsó, assim como há vários arquitec-tos e artistas num só arquitecto.MU | Há uma cultura do risco nosseus projectos?TT | A estética que eu acredito ser amelhor para a construção dos objec-tos que devem povoar a cidade nãoé o Modernismo nem o neo-Racio-nalismo. É precisamente o contrário.

É uma estética free style, neo-bruta-l ista e expressionista. Os meusobjectos distinguem-se e mostramuma clara rotura com o ambiente dacriação arquitectónica portuguesa enão só.MU | Existe um tirania do “bomgosto” em Portugal?TT | O que existe é efectivamenteuma marginalização nacional e inter-nacional relativamente a todas asestéticas não modernistas. Quem nãoé seguidor de Keneth Frampton – ogrande divulgador da ideia de quetudo quanto se faz deve ser moder-nista – não é publicado, não é convi-dado para concursos internacionais e

não é convidado para dar aulas ouconferências em Universidades reco-nhecidas internacionalmente. Existeefectivamente uma tirania estética –da qual apenas Frank Gehry se con-seguiu libertar -, que em Portugal émantida rigidamente pelos “polícias”culturais da Ordem dos Arquitectos epelos cronistas do jornal Público.Assim destaco alguns nomes que têmdado cabo da hipótese da democraciachegar à arquitectura tais como oManuel Graça Dias, a Ana Tostões, aAna Vaz Milheiro, o João Rodeia (pre-sidente do IPPAR) e naturalmente apresidente da Ordem dos Arquitectos(Helena Roseta).

MU | Em Lisboa, na altura do gran-de incêndio do Chiado, defendeuuma renovação total da zona. Nãohá um risco acrescido nesse tipode intervenção urbanística?TT | Não tenho por hábito “pessoali-zar” as minhas críticas. Muito menosquando está em causa um grandearquitecto [Siza Vieira], que honratudo e todos. A minha ideia de cidadenão conduz a que se abandonem aspré-existências ambientais, mas tam-bém não conduz a que haja relativa-mente a elas uma total subserviênciacomo foi o caso do Chiado. Penso,que uma atitude mais “libertária”,mais inovadora e mais crítica, teriasido importante para manter a vitali-dade daquela área.MU | A Expo’ 98 foi uma oportuni-dade de renovação da cidade bemaproveitada?TT | Aí está um caso em que soususpeito. Primeiro, porque o planogeral foi da autoria de um grandeamigo e grande arquitecto, o LuísVassalo Rosa. Segundo, porque eupróprio planeei a zona central. Con-tudo, a minha parte do plano foi total-mente vandalizada pelo Mega Ferrei-ra e seus sequazes e das suasintenções resta nada. Como ambien-te geral penso que é uma área deLisboa onde não me desagradariaviver.MU | Frank Gehry para o Parque

«Não dão liberdade aosarquitectos portugueses»

«Em Portugal todos fazem a mesma arquitectura,para mostrarem subserviência.»

Estádio do União de Leiria.

| 1925 MAIO 2004

[ c.v. ]

Mayer, Oscar Niemeyer como hipó-tese para a nova Sé de Lisboa. Fal-ta visibilidade externa aos arquitec-tos portugueses? TT | Há uma tendência “bacoca” paraconvidar arquitectos estrangeiros.Começou com João Soares, quenada sabe de arquitectura, mas é ver-dade que eles podem ajudar a pôrPortugal no mapa. Bilbau não “existia”antes de Frank Gehry ter construído oMuseu Guggenheim. Por analogiapode pensar-se que os arquitectosestrangeiros podem fazer obras queespantem, porque lhes dão toda aliberdade. A verdade é que aos portu-gueses não dão liberdade nenhuma.Muito pelo contrário. Eu, por exemplo,estou há 20 anos à espera que meaprovem um projecto no Areeiro e dezà espera que me aprovem um projec-to no Saldanha.

MU | Existe ainda algum sonho,obra ou projecto que gostasse deconcretizar?TT | Tenho efectivamente váriossonhos e projectos que gostaria deconcretizar em plena liberdade, comosejam o acabar a Marina de Albufeira,a malha 5 da Alta de Lisboa (ZonaCentral), assim como o seu CentroCívico e Cultural. Gostaria ainda departicipar activamente na construçãoda nova cidade de Sesimbra.MU | Incomodam-no as críticas, ouso pejorativo da expressão“Taveirada”?TT | Este tipo de expressão tem dois

tipos de entendimento. Uma que defacto pode ser entendida como“pejorativa” e será usada por men-tes doentias, mas que sentem ape-sar de tudo a diferença da minhaarquitectura face à “outra”, que nemsequer vêem. Outro entendimentopode ser o da comunicação maisfácil entre gente normal, que paramostrar que algo é diferente lheschama “Taveiradas”. Há assim umaparte genuína e outra doente... |

* Esta entrevista foi realizada por email, man-

tendo-se fiel na letra às respostas, críticas e

nomes citados.

MU | Qual é a sua opinião acercada qualidade do ensino da arqui-tectura em Portugal?TT | Naturalmente a pior. Não hádemocracia nas escolas e existemesmo uma hegemonia – comanda-da pela escola do Porto. – que impõeque só se ensine uma “estética”.Nem sequer duas. No fundo existeapenas uma escola, já que em todasse ensina sempre a mesma arquitec-tura, sem crítica. Isto reflecte-se naspublicações e nas exposições ondeas diferentes obras parece serem fei-tas pelo mesmo arquitecto. Em Portu-gal todos fazem a mesma arquitectu-ra, para mostrarem subserviênciaface à Ordem [dos arquitectos].Vivem num “guetto de Varsóvia”arquitectónico.MU | Há pouca continuidade entreo ensino universitário e as pers-pectivas profissionais? Em todosos ramos?TT | As oportunidades de trabalho emPortugal são muito poucas para osjovens arquitectos. Só se salvam osque se “deitam” disciplinadamente

com a Ordem, mas mesmo assimnão há lugar para todos. Restam asafinidades electivas, as cunhas, oslobbies e a sorte.MU | O futuro dos alunos ou recémlicenciados passa por uma maiorabertura ao exterior, por novosvalores?TT | África será um escape como já ofiz em tempos; o Brasil de igual for-ma. A Europa menos.

«Tenho a melhor opiniãosobre o estádio da Luz»

MU | Como é que entende as críticas ao facto de ter concebido 3dos 10 estádios [Alvalade, Leiria e Aveiro] para o Europeu? Qua-tro se contarmos com o projecto para a Luz...TT | Já referi várias vezes que isso se deve ao facto de eu ter finan-ciado esses projectos no momento em que ainda não havia a certezado Euro 2004 vir a ser feito em Portugal. Arrisquei um milhão de eurosem estudos, que não teriam qualquer reembolso se o Euro tivesse idopara Espanha. Assim, substitui-me ao Benfica, à Câmara de Leiria e àCâmara de Aveiro, que só tinham o compromisso natural de assina-rem os contratos comigo se o Euro se decidisse. Arrisquei, algo queestava ao alcance de todos. O que é facto é que esses [críticos earquitectos] “ficaram nas covas” sem arriscarem o seu dinheiro. Foium processo absolutamente transparente. Quanto ao Estádio doSporting devo dizer, que houve um concurso que foi ganho por mim,modestamente...MU | Tem boa opinião sobre o actual estádio da Luz?TT | Tenho a melhor. É um edifício que apenas tem uma estrutura desuspensão da cobertura pouco adequada, e pior, uma cor que a afir-ma ainda mais. A sua visão interna nocturna é particularmente bonita.Penso que o estádio ganharia em impacto visual se não fosse tãoimediatamente “neo-brutalista” e fosse portador de alguns bocados“neo-plásticos” coloridos. Enfim uma opinião que vale o que vale... MU | Com o Euro, Portugal transformou-se subitamente num paísde críticos de arquitectura... TT | Todas as pessoas a partir das “Amoreiras” e da polémica que

suscitaram, passaram a notar quehavia uma arte que até então lhes eradesconhecida e que era a arquitectu-ra. As “Torres das Amoreiras” vierammostrar aos portugueses uma novacategoria de artistas ou de pessoasartistas e, a partir daí, gerou-se natu-ralmente a hipótese da opinião sobrea arquitectura. Na minha opinião ofacto de os portugueses e as portu-guesas poderem afirmar “o seu gosto”através de manifestações de agradoou desagrado, é um sinal positivo,embora o jornal Público distorça todasas genuínas opiniões possíveis.

| BIO |Tomás Taveira. 66 anos. Visionário do free style, apologista da inova-ção , polémico nas formas e cores. Serralheiro, desenhador, profes-sor e catedrático aos 36 anos, um percurso rápido antes de uma via-gem aos Estados Unidos. Regresso em força após o 25 de Abril,inspirado pela arquitectura libertária e de um gosto pelo risco. 1980,Urbanização das Olaias. 1986, Amoreiras, Prémio Valmor. 2003. Alva-lade XXI. Os apontamentos mais conhecidos de uma vasta carreira.Criticada por alguns, elogiada por outros, referida por todos.

A qualidade do ensino

O Euro 2004

Estádio Municipal de Aveiro.

Estádio Alvalade XXI.

[ webmail ]20 | 25 MAIO 2004

Manda duas ou três

MAS [email protected]

M@nda mais uma! TOP|Tens piada,

tens...Um português abre uma filial da sua empresa de pregos emRoma. Comopropaganda fez um outdoor

com a figura de Cristo pregadona cruz e por baixoestava escrito:"PREGOSGARCIA – 2000 ANOS DEGARANTIA".Foi aquele reboliço. O Bispo de Roma foi pessoalmenteconversar com oportuguês, explicar que nãopodia fazer isso. Então oportuguês resolveufazer um novo outdoor. ColocouCristo com uma das mãospregadas na cruz e aoutra solta, dizendo adeus. Embaixo estava escrito:"ADIVINHEEM QUAL MÃO FOI USADOPREGO GARCIA?"Meu Deus do Céu!!! Até o Papafoi conversar com o português.Assim não dá!Não pode usar Jesus Cristocomo meio de propaganda.Invente outra coisa...Então vou fazer novo outdoor...pensou o Português. Colocou a foto da cruzvazia e em baixo estava escrito:"SE O PREGO FOSSE GARCIAO GAJO NÃO FUGIA".

BlógamosDirectamente para nossa caixa do correio com um «Só vos peço 5 minutos da vossa atenção.Obrigado». Mais emwww.arcadobue.blogspot.com

Quarta-feira, Maio 05, 2004A primeira refeição de Carlos Cruz

Não sei se sabem mas a comida na prisa não deixa saudades a ninguém. E Cacá não foge à regra. Quando saiu da prisãopreventiva o seu semblante eraaustero. A prisão domiciliáriasempre lhe dá a oportunidade de se alimentar da comidinhacaseira que tão bem faz a Raquel.Foi a primeira coisa que Carlitosperguntou à esposa: Ó querida qual é o jantar?". "É o teu pratopreferido, a ocasião não é paramenos, Frango à Fricassé". Os seus olhos pareciam órbitasquando ouviu aquelas palavrasmágicas. " Ó Raquel os miúdos são para mim"...F.R// posted by A @ 4:50 PM

Se fosse assim tão fácil...

Controlo de Natalidade

Cães? Isso é para meninos

A polícia multa É seguir a seta

6 milhões a ver

E mais nada

Se fosse assim tão fácil...

22 | 25 MAIO 2004

Os exames estão aí. Para alguns, uma época para pôr à prova os conhecimentos, para

outros, um pesadelo. Gostes ou não, a verdade é que não há alternativa. Por isso,

damos uma ajuda. As técnicas e truques de professores, políticos e famosos. Entre eles:

Marcelo Rebelo de Sousa, Francisco Louçã, Rui Unas. | MIGUEL ARAGÃO E SARA GOMES

Marrar...com calma

Marcelo Rebelo de Sousa não largavaos livros desde o início do ano lectivo.Manuela Ferreira Leite estudava maisnas disciplinas em que tinha dificulda-des. Francisco Louçã fazia resumosda matéria. E João César das Nevesnunca saía de uma aula sem percebertudo. Hoje, são todos profissionais desucesso. Políticos e professores, quenão se esqueceram que um dia jáforam estudantes e que a época deexames significa uma responsabilida-de acrescida. Alguns confessaram atéter tido algumas dores de cabeça, noi-

tes mal dormidas e ter bebido umasdezenas de cafés. Mas, todos elestinham truques. Só cábulas é que não. «Mais importante do que empinarmatéria e desempiná-la, fazer umacadeira é aprender a saber pensar,sentir, agir, exprimir, localizar no tempoe no espaço», afirma o professor Mar-celo, que apesar de militante do PSDe a fama de comentador da TVI, conti-nua a dar aulas na Faculdade deDireito de Lisboa. «Um ano lectivoganha-se ou perde-se até Dezembro-Janeiro», garante. Depois, «é só tentar

reduzir os custos ou remendar bura-cos». Por isso, estudava «desde o iní-cio do ano». Primeiro, com base emfichas escritas, depois em grupo adebater a matéria. No final, emendavaas fichas. Já João César das Neves, professorde Economia, confessa que estudava«muito pouco» na faculdade. «Aminha filosofia era que eu estava apagar um dinheirão para os professo-res me explicarem a matéria, pelo quenão ia gastar o meu tempo a estudarpor livros». O professor, que foi estu-

dante na Universidade Católica ondehoje dá aulas, aconselha os seus alu-nos a «não faltarem» e a estudaremsobretudo «pelos apontamentos».Mais que não seja porque «a universi-dade é um jardim de conhecimento».A opinião é partilhada por ManuelaFerreira Leite, actual ministra dasFinanças, que tinha por método «dis-tribuir o tempo de forma proporcional àdificuldade das matérias», já que«nada se consegue sem sacrifício».Para Ferreira Leite, que acusa a exis-tência de «um clima de facilitismo que

[ exames ]

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| 2325 MAIO 2004

[ exames ]

– As directas dão sempre mau-resultado. Dormir bem é funda-mental, já que segundo algunsestudos, 8 horas de sono equi-valem a mais 25% na nota final.Do rme soz i nho , num qua r t osi lencioso. No dia do exame,não vale a pena levantar muitocedo. Dorme até te apetecer.

– Evita os fritos, o álcool, as bebidascom gás e o tabaco. Aposta nossumos, saladas e nas carnes magrasque ajudam a digestão e dão ener-gia. Lê as perguntas. 20% dos errosestão relacionados com faltas deatenção. Uma leitura final, mesmoque custosa, ajuda a eliminar erros efrases nem nexo.

– Esquece o kit "sou-tão-fashion".Usa roupas confortáveis, evita atranspiração, deixa o corpo respirar ealiviar a tensão. A última coisa comque te deves preocupar é se as cal-ças de ganga estão ou não muitoapertadas.

– Aposta no que és mais forte, dei-xa o pior para o fim. Concretiza ospontos certos, desenrasca o resto,até porque se inverteres a lógica,perdes muito tempo.

– Olhar para o lado às vezes dá jei-to, mas também quebra a concentra-ção. As cábulas são belas, perigosase.. básicas. Nas cadeiras onde oespírito crítico é essencial, tenta des-ligar-te dos auxiliares de memória.

João César das Neves, professorna Universidade Católica de Lis-boa«O mais importante é a capacidadede usar os conhecimentos numraciocínio aplicado. Isso é que ésaber. Mas nem sempre é fácilincluir isto nas perguntas de umexame, sobretudo das cadeirasmais básicas, onde se veiculam asbases da ciência. Procuro sempreque o exame seja uma história rea-lista e as perguntas estejam ligadasa casos concretos da vida».

Francisco Louçã, professor naUniversidade Nova de Lisboa«Depende muito das cadeiras. Noexame de uma disciplina técnica,em que as respostas são resolu-ções de problemas matemáticos ede interpretação, o que valorizomais é a exactidão. Já numa cadei-ra de interpretação, em que o quepesa é a capacidade de reflexão, aío que me interessa são as opiniõesfortes dos alunos. Ou seja, perce-ber que um aluno sabe do que está

a falar e consegue ter um posicio-namento crítico face a isso. Valorizoa autonomia, a força intelectual dosestudantes. Só assim se distinguequem está preparado para altasresponsabilidades e qualificações».

não fomenta a aquisição de hábitos detrabalho», o valor da educação «não éfacilmente substituível». Conselhos?«Nunca se deve ser indiferente oudesistir.»A organização e o poder crítico dosalunos são as notas chave do discur-so de Francisco Louçã, dirigente “blo-quista” e professor de Economia.Quando era estudante, fazia resumosda matéria e recorria a bibliografiacomplementar. Mas, porque os pro-fessores também erram, Louçã nãoesquece a vez em que um professorlhe apresentou uma equação de 3.ºgrau, algo que «só pode ser resolvidopelo método aproximativo e é impos-sível de tratar num contexto de exa-mes». «Ao longo da vida, aparece-ram-me muitos testes com perguntaserradas, que é uma das piores coisasque pode acontecer a um aluno.Fica-se sempre na dúvida e chegar àconclusão que um professor estáerrado e ter de lhe dizer implica muitacoragem».Esta situação nunca se colocou a RuiUnas, o conhecido apresentador do"Cabaret da Coxa", que não hesita emdizer que não se considera «um exem-plo» de aluno. "Só estudava no diaanterior aos exames e sempre numa

de empinanço, que é o que o sistemaacaba por incentivar». E cábulas?«Nunca. Tinha boa memória e fazia oindispensável para passar». A "técnica"era a mesma utilizada pelo actor JoséPedro Gomes, que também diz queestudava «só para passar». Ou seja,«para o 10 ou 11». Sempre nos cafés,com os amigos. «Acima de tudo, tenta-va tomar atenção nas aulas, que eramum sitio ondese conseguiaaprender osuficiente». Jáa actriz AnaBustorf eramais respon-sável – pas-sava todas asaulas a limpoe fazia resu-mos da maté-ria. Quandoestava maisaflita, cabula-va. Mas, ga-rante, «foi sóduas ou trêsv e z e s » .«Nunca fuiuma fora-da--lei!».

| Como impressionar |

| Erros e truques |

«Visualize-se caminhando tranquila-mente até à sala e recebendo asprovas. Veja como está confiante,bem preparado, totalmente satisfeitocom seu rendimento. Diga a vocêmesmo: Confio em mim. Tudo o que

p r e c i s osaber já es-tá dentro demim." (co-men tá r iospara quê?»)

«Um bomduche ajudaa despertartodo o cor-po. Esfre-gue-se comuma “bucha”para activara circulação.No final dobanho, umjacto de á-gua fria érea lmenteestimulan-te».

«Tens exame de portugues ou tes-te? sabes qual o tema de desenvol-vimento?Facil, imprimes numa T-shirt umboneco com um balão.. tipo B.D.Mas o texto fica virado ao contráriopa kem tá de fora pk kando olharespara a tua camisa.. conseguirás lertudo na boa e sem stress.. n há pro-fessor nenhum k desconfie...»

«Bem aqui vai a minha dica..simplese eficaz.. (já a utilizo há mt tempo) éassim.. basta fazer a gravação danossa voz para o computador dascábulas pretendidas... passar demp3 para wave.. e copiar para umcd.. no exame levamos um leitor decd's e o respectivo cd.. levamos obelo do auricular.. e é so seleccionara faixa :)»

«– Faz perguntas ao professor, des-pista-os!! Quando se plantam ao teulado e te observam constantemente,desconfiados das tuas capacidades,nada melhor do que fixá-los nosolhos e colocar uma dúvida sobre oexame.!!»

| Há conselhos para tudo |(do que lemos na web)

[ play ]| 2525 MAIO 2004

Dos mesmos criadores do EyeToy, os senhores doestúdio de Londres da Sony, chega agora SingStar, oterror da vizinhança ou uma forma bem original de jun-tar um grupo de amigos lá em casa aos fins-de-sema-na. SingStar é, basicamente, um jogo de karaoke quetanto pode ser usufruído a solo, como em delirantesdespiques mano a mano ou entre equipas. No modocarreira começamos por enfrentar pequenas audiên-cias em bares e clubes nocturnos, até amealharmospontos suficientes para outros voos. Munido de doismicrofones que se ligam à porta USB da PlayStation2,neste jogo o desafio começa pela voz, mais precisa-mente pela forma como conseguimos acompanhar asmudanças de tom nas diferentes músicas disponibiliza-das. O leque é bem variado e inclui cerca de 28 temas- muitos deles acompanhados pelo videoclip original -que vão dos clássicos “Take On Me”, dos A-ah, e“Never Gonna Give You Up”, de Rick Astley, até aosmais actuais “Thank You”, de Dido, e “One Love”, dosBlue. Se preferirem avançar para a versão mais socialdo jogo, então fiquem a saber que poderão recriarautênticos festivais da canção, na companhia de maissete participantes. Além disso, SingStar pode ser asso-ciado ao EyeToy, para que os intérpretes de serviçopossam assistir às suas próprias performances no ecrãdo televisor. Cuidado é com os vizinhos!

Em 2002, Battlefield 1942 foi conside-rado o melhor jogo do ano pela Acade-mia de Artes e Ciências Interactivas.Mas terá este Vietnam qualidade paraombrear com o original? Para quemnão se encontra familiarizado com asérie, Battlefield Vietnam (BV) é umshooter vocacionado para o online eonde o trabalho de equipa é funda-mental. Ao longo da acção, somosconvidados a participar em algumasdas mais emblemáticas batalhas daguerra do Vietnam como La Drang Val-ley, também recriada no filme FomosSoldados. Além de combatermos pelaconquista de pontos estratégicos, per-correndo os cenários de arma em riste,BV permite que assumamos o controlode uma enorme quantidade de veícu-los, incluindo tanques, jipes e aviões.No modo “multiplayer” é possível, porexemplo, juntar vários intervenientesno mesmo helicóptero e e enquantotomamos o controlo da aeronave, dei-xar que dois dos nossos companheirosse ocupem das metralhadoras. Maisdo que os gráficos, o que despertou anossa atenção foi a banda sonora,com algumas das mais famosas músi-cas de intervenção contra a guerra doVietnam. “Fortunate Son”, dos Cree-dence Clearwater Revival e “War”, deEdwin Starr, são apenas dois exem-plos. Quanto a gráficos e graças à tec-

nologia desenvolvida, Vietnam superaa olhos vistos o seu antecessor 1942.No geral, Battlefield Vietnam não desi-lude, bem pelo contrário, mas só mere-ce o investimento de quem pretendeatravessá-lo na companhia de outrosjogadores.

Morrer de surdezCríticas | Miguel Aragão

O MELHOR | Banda sonora; vasto arsenal de veículos.O PIOR | Desenho de alguns mapas; Inteligência Artificial dasforças inimigasNOTA | 14/20

Canta e Encanta PS 2 | SingStar

O MELHOR | O próprio conceito do jogoO PIOR | O leque de músicas que, apesar de razoável, rapidamente se torna repetitivo. NOTA | 13/20

O regresso dos durosPC | Battlefield Vietnam

É cantar, é ganhar!!Sob o risco de surdez precoce, temos um jogo "Singstar" para oferecer.A partir das 10h da manhã de quarta-feira (dia 26) liga para o 214112300e pede para passar a chamada para a redacção do Mundo Universitário.Descobre o refrão da música que está na imagem acima e encanta-noscom os teus dotes vocais. O primeiro ganha, os outros nem por isso.

[ 5.ª dimensão ]26 | 25 MAIO 2004

São giros, são...«Absorvem o impacto.Apoiam o pé. Transferem aenergia para um caminharmais enérgico, mais fácil.Garantem uma superiorestabilidade e melhor tracção».Felizmente que a imagem valemil palavras. Marketing àparte, são giros e 100%personalizáveis, que é comoquem diz, à vontade do freguês. Escolhemosuns amarelos mas podiam ter as cores da bandeira nacional e “ObrigadoScolari” estampado de lado. Ou não. Tudo é adaptável nos novos Nike ShoxTurbo. Menos o preço.P.V.P. 100 euros | www.nike.com

Casaquinhoda moda

«Scottevest, o casado que é tãofuncional que é usado pelos

serviços secretos». O site nãorefere quais, mas o Mundo

Universitário sabe que o SIS nãoé de certeza. Quanto ao

casaco, leva tudo e não deixaquase nada. Telemóvel, PDA,

leitor de MP3, garrafas, cabematé 42 objectos diferentes

espalhados por igual númerode bolsos. É muita fruta para

um casaco só, mas aindafalta o compartimentofrigorífico. Dava jeito...

P.V.P. A partir de 190 euroswww.scottevest.com

Para japonês verJá leram a nossa crítica ao Singstar para a Playstation? Leiam que isto ébem pior. Os japoneses decidiram inventar um novo karaoke-portátil-de-trazer-por-casa. Confusos? O novo V610T da Motorola Vodafone Japanpermite sacar música da internet, ligar o telemóvel à televisão e começar acantar. O microfone é odo telefone, as colunassão as da caixa coloridae a voz de canarachada... enfim... essaé da responsabilidadede quem canta.Só disponível no Japãowww.vodafone.jp

Já não bastava o RubikAcordar acabou de se tornar um pesadelo. Dos

grandes. O novo Puzzle Alarm Clock não se limita adespertar os mais dorminhocos com uma sirene. Não.

Para o calar é preciso levantar o rabo da cama emontar um puzzle de quatro peças que explode àhora combinada. O pior é quando uma das peças

desaparece e o relógio voa pela janela fora.P.V.P. 30 euros | www.firebox.com

Game boyem dose dupla

Depois de ter estado longos meses nosegredo dos deuses, a nova Nintendo DS foi

apresentada na semana passada na E3, aprincipal feira do sector, e o número de pré-

-encomendas já disparou. Para além doecrã duplo, umas das secções da consola

será sensível ao toque, à imagem dosmais tradicionais PDA's. A máquina serve

de resposta ao lançamento anunciado pelaSony da PSP, outra consola portátil de jogos. Quando é

que a DS sai para o mercado é que ainda ninguém sabe.www.nintendo.com

Lanternavermelha

Ser benfiquista é ter na alma...umaCyber-shot P100/R. A câmaradigital da Sony tem 5.1megapixels de resolução, umzoom de 3x e funciona com oMemory Stick da marca. Dentrodo lote de características surgeainda a já habitual opção de gravar filmesmpeg, desta feita com ligação directa à televisão,bem como um microfone interno. 147 gramas de puro peso, quase maisleve que a almofada para sentar no estádio.P.V.P. 400 euros | www.sony.com

Geeks há muitosNão sabes ver as horas em binário? Não és “cromo” o suficiente. Este binary watch funciona com dezindicadores vermelhos - que representam osnúmeros da sequência binária 1, 2, 4, 8, 16, 32 -divididos em duas linhas. A de cima para as horas, ade baixo para os minutos. Os vendedores garantemque o sistema até é fácil. Cada luz representa umnúmero e as horas e minutos são dados pela somadas luzes acesas. Enfim, complicar sem necessidade.P.V.P. 70 euros | www.thinkgeek.com

Nunca mais é NatalA publicidade é à borla, mas os fornecedores não ajudam. Continuamos a acreditar no Pai Natal,

continuamos a querer experimentar tudo o que expomos. Enfim, continuamos resignados nos nossos

sonhos, nas nossas expectativas. Consumistas é certo. E sinceras.

[ cultura ]| 2725 MAIO 2004

| E AINDA.... |

Festa FATALEncerramento do V FATAL com aapresentação de “O Pastor”, deKarl G. & Matze, do Teatron Magic-xus e a selecção musical de um DJuniversitário.LISBOA | Santiago Alquimista. Tel.: 218820259. Dia 3 de Maio, às 22h.Bilhetes a 5 euros.

AgendaCulturalteatro, dança e exposições

NORTE“Dilema”Utilizando a fotografia, ainstalação e o vídeo, VascoAraújo revela em “Dilema” um código antigo – a linguagemdos leques. PORTO | Museu de Serralves.Tel.: 226156500. Até 18 de Julho.Entrada livre.

“Coma Profundo”, do grupo Visões ÚteisOs espectadores, com um par de “headphones” na cabeça, sãoconvidados a viajar por entre asruas da Foz Velha e a mergulharnuma experiência entre o sonho

e a realidade. PORTO | Mercado da Foz. Tel.:222097000. Até 18 de Setembro. Bilhetes a 4 euros.

«O Navio», pela CompanhiaEfémeroInventado a partir de muitas históriasque se passaram em 1962, estemusical retrata uma época quemudou a maneira de pensar de todosos que nelas viveram.AVEIRO | Estaleiro Teatral. Tel.: 234386524. De 26 de Maio a 12 de Junho, às 21h30. Bilhetes a 5 euros.

SULFeira do Livro de Lisboa Para além dos descontos normais,cada stand propõe diariamente umlivro do dia sobre o qual incide umdesconto maior.LISBOA | Parque Eduardo VII – Pç. Marquês de Pombal. Até 6 de Junho.

«T1», de José Vieira Mendes Os Artistas Unidos prosseguem atemporada com uma peça que tem porcenário um apartamento T1, ondevivem três rapazes e uma rapariga. Aolongo da peça pede-se ao espectadorpara acreditar no que não vê.LISBOA | Teatro Taborda. Tel.:218854190. De 6 a 30 de Maio, às 22h.Bilhetes a 8 euros.

«Xavier», de Javier TomeoComposto por 18 histórias, queironizam conceitos como aimaginação e a solidão, a CompanhiaGato que Ladra leva à cena umapeça que reflecte sobre o absurdo daexistência.LISBOA | Teatro Ibérico. Tel.:968382245. De 3 a 20 de Junho, às 22h.Bilhetes a 10 euros.

| LIVROS |

Uma paixão sem fronteirasChama-se "A rádio não acontece... faz-se" e é assinadopor Fernando Correia, um dos grandes nomes do jornalis-mo radiofónico em Portugal. Escrito num tom pessoal,quase intimista, Correia conta as suas experiências aolongo de 50 anos de profissão, sem hesitar em dar opi-niões e fazer alguns desabafos. A liberdade de informa-ção, ou a ausência dela, e o papel da rádio nos nossosdias são apenas alguns dos temas sobre os quais reflecte. Porque, diz «um homem perde-se por não pensar. Eu penso».

Preço: 13,05 euros.

25 Maio“Olhos Desfiados”,de Susana VidalInstituto Superior Técnico

Sabiam que um manequim sem olhosde vidro acredita estar cego? Sabiamque um manequim sem braço podetocar-vos? Dois manequins arrumadosque se tocam suavemente nas mãossão o prelúdio para esta aventura.

26 Maio“Quando o Jantar Bate à Porta”, de Pedro Górgia a partir da BD “The Eaters” de Peter MillighamInstituto Politécnico de Lisboa

Agostinho e Maria do Céu são umcasal feliz. A particularidade destafamília prende-se com os seus hábi-tos alimentares: são canibais. Cas-sandra, a filha mais velha, é quemmais sofre com a situação, uma vezque os seus namorados são o alvopreferido da família...

27 Maio“O Senhor de Pourceaugnac”,de Ana Isabel Augusto, adaptado de Móliere Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa

Maquiavélica comédia, adaptada deum universo imaginário.Trafulhices eartimanhas planeadas por amantes eseus fiéis amigos na luta contra omatrimónio de Júlia com o fidalgo Sr.de Pourceaugnac.

28 Maio“Minimal.Mal Show”,de Juan Luis MiraUniversidade de Alicante

Um simples aceno pode desenca-dear uma catástrofe. Um beijo, amorte. É a vida vista através de umcaleidoscópio que se empenha emdesfazer o previsível e converter umacoisa no seu contrário. Imprevisível.

29 Maio “Uma Boca Cheia de Pássaros”,de Caryl Churchill Universidade de Trás-os-Montese Alto Douro

Uma boca cheia de pássaros toma aforma de sete pessoas que interrom-pem as suas vidas habituais paraviverem “dias sem defesas”, duranteos quais cada uma delas é possuídapor um espírito ou uma paixão.

30 Maio“D. Quixote Revisitado”,de Viriato Morais, adaptado de António José da SilvaUniversidade da Beira Interior

Recorrendo a D. Quixote, figura vivado nosso imaginário, parte-se dapeça escrita para marionetas porAntónio José da Silva, “Vida do gran-de D. Quixote de la Mancha e do gor-do Sancho Pança”, para apresentarum D. Quixote revisitado. E único.LISBOA | Teatro Municipal Maria Matos.

Tel.: 218438606.

ARTE FATALSão jovens, estudantes e talentosos. Estão habituados a assaltar caves, corredores e ruaspara criar e interpretar personagens.Agora, sobem aos palcos do TeatroMunicipal Maria Matos. É o FATAL,o Festival Anual de TeatroAcadémico de Lisboa. Fica aqui o menu, que será servido sempre às 21h e nunca por mais de 5 euros.

[ jukebox ]28 | 25 MAIO 2004

A estrela da pop transformadaem ícone sexual para as mas-sas contra a, não menos proble-mática, menina rebelde do rock--pop americano. Um duelo deestilos que tem chegado aosextremos, musicais e não só.Segundo Lavigne, Britney «ves-te-se como uma showgirl e dan-ça como uma prostituta». Despi-da ou não, 12 mil pessoas

assistiram em Londres à estreiado álbum Toxic, a provar que ape-sar da queda na tabela de vendas,a menina de “Baby One MoreTime” continua a ser um dos íco-nes da música actual. Britney vaiser Rock in Rio, Avril Lavigne nãoescapa ao SuperBock. Vencedo-ra? Venha o diabo e escolha. O look menina-rebelde-quero-ser-mulher já deu o que tinha a dar.

Bilhetes há muitos, euros é que não. Lisboa vai ser tomada de assalto por dois festivais

como Portugal nunca viu. Rock in Rio e SuperBock SuperRock em confronto directo, com

muitas estrelas e música à mistura. É escolher. Ou não.

| MIGUEL ARAGÃO, MIGUEL PACHECO E SARA GOMES

Os primeiros têm pouco mais decinco anos de história, depois davocalista Amy Lee e do ex-guitar-rista Ben Moody se terem conheci-do num campo de férias. A ascen-são foi rápida, a separação dosdois aconteceu pouco depois doconcerto no Pavilhão Atlântico. Nabagagem continua a voz poderosade Amy Lee e o álbum “Fallen”,

que vendeu mais de milhão emeio de cópias. Já os LinkinPark são umas das estrelasSuperBock. Uma mistura de rockalternativo, hip-hop, rap e músicaelectrónica em dose majestosa eem versão estádio para milharesde fãs. No frente a frente, aescolha é difícil. Venham quedepois escolhemos.

Durante a Primavera fizeram par-te da mesma digressão, mas che-gam a Portugal em datas e con-certos separados. Um assalto àcarteira, é o que é. O melhor dohip-hop progressivo em estreiaabsoluta para português ver. NoRock in Rio, os Black-eyed-Peas.Will I.am, Apl. de Ap, Taboo e Fer-gie, a voz feminina de uma bandade Los Angeles que teima emfugir às convenções. Taboo: «Nãosomos o típico hip-hop act. Nãousamos DAT’s, temos uma ban-

da. Não usamos as roupas damoda, as nossas letras não dizemsempre mal sobre as mesmascoisas». No Super Bock, PharrelWilliams, Chad Hugo e Shay, osNERD. Os Neptunes em versãorevolucionária, com remisturas amenos e instrumentos a mais.Hip-hop em versão exploratória,rock em modelo alternativo. Ven-cedores? Esqueçam. Provavel-mente não voltam cá tão cedo.Provavelmente vale mesmo apena comprar dois bilhetes.

Um já assaltou quase todos os fes-tivais de Verão do nosso país, ooutro levou o Estádio do Resteloao rubro há dois anos. Harper con-tra Kravitz é um duelo com muito“fever”. Há quem prefira apaixonar--se pelo “Steal My Kisses” do músi-co californiano ao estilo Jimi Hen-drix que se faz acompanhar pelosThe Innocent Criminals. Há quemprefira deixar-se seduzirpelo “Are you gonna go my

way” da estrela do rock que namo-rou com a Nicole Kidman, acabade lançar “Baptism” e diz nuncalevar roupa interior para um encon-tro romântico. Mas a escolha é difí-cil e só nos atrevemos a aconse-lhar: não percas nenhum dos dois!Muito “Sexual Healing” com Harperno Rock in Rio e “Fly Away” comKravitz no SuperBock SuperRock.vs

vs

vs

Agora escolha

Britney Spears vs Avril Lavigne.

Evanescence vs Linkin Park.

Black Eyed Peas vs NERD. Ben Harper vs Lenny Kravitz.

vs

| 2925 MAIO 2004

[ jukebox ]

A data de lançamento está agenda-da para 31 Maio, mas um dia antesvais poder ouvi-lo no Rock in Rio. É “Húmus Sapiens”, o novo álbumdos Terrakota, que foi gravado noSenegal e cruza várias línguas: por-tuguês, espanhol, indiano, inglês.Falámos com Alex, um dos mem-bros da banda.MU | Têm grandesexpectativas para oRock in Rio? Alex | Estamos àespera que seja umgrande concerto, atéporque vamos tocaralgumas músicas donovo álbum e estamos

curiosos com a reacção das pes-soas... Mas não é um concerto maisimportante do que os outros. MU | Há uma adrenalina especialem concertos desta dimensão?A | Claro. É mais gente, mais eufo-ria, mais energia!MU | A maioria das bandas portu-

guesas não vai estarnos palcos principais.É a tirania do númerode discos vendidos?A | No caso do Rock inRio, não sinto que issoaconteça... É verdadeque é um mega-eventoe não foi pensado paraa música portuguesa,

mas o cartaz é bastante equilibrado.Agora, no que respeita a outros car-tazes, continua a prevalecer a men-talidade portuguesa que o que vemde fora é que é melhor!MU | Há algum músico ou bandaque vos mereça uma atençãoespecial?A | Estou muito curioso quanto aoManu Dibango & Ray Lema, que vãoactuar na Tenda Raízes. No palcoprincipal, gosto do Ben Harper e doPeter Gabriel.MU | E quem é que não vem aoRock in Rio, mas gostavam de verlá?A | A banda reggae alemã Gentle-man.

MU | Expectativas?Valdiju | Dar um concerto de peso,enérgico e “xamânico”.MU | Há uma adrenalina especial? V | Todos os espectáculos transpor-tam adrenalina. Este ultrapassa osníveis admitidos pelo corpo humano.Felizmente que os Blasted não sãohumanos...MU | Há um tirania do número de

discos vendidos? Os nacionaissão relegadas para os palcossecundários...V | Este festival ébastante organizadoe como tal separaramas “águas” de forma aque o valor das ban-das internacionaispossa ser melhor

comunicado. Na nossa linguagemnão existe a palavra principal e

secundário, mas simKarma.MU | Falta cá algumabanda?V | Este cartaz é omelhor de sempre.Não falta ninguém.Está cá toda a gente!

Os monstros do metal contra os pais do nu-metal. Nascidos em 1993, os Korn muitodevem à personalidade excêntrica de Jona-than Davis, líder e vocalista, que vem a cadadia conquistando cada vez mais fãs. Músi-cas como ADIDAS (All Day I Dream AboutSex) começam a ditar novos rumos do rock,preenchendo de alguma maneira um espaçodeixado em aberto por grande ídolos comoos Metallica. O sucesso do grupo lideradopor James Hetfield conheceu o seu pontomais alto ainda não existiam os Korn, pas-

sou por tempos complicados, mudou de bai-xista e regressa a Portugal. “Saint Anger”teve menos sucesso do que os álbuns ante-riores, mas a nova-antiga raiva deve resultarbem em concerto.

Paul McCartney e Sting no Rock inRio. Pixies no SuperBock, Super-Rock. Com eles não há duelo possível– são imortais, inclassificáveis, eter-nos. Um fez parte dos Beatles, viajounum “Yellow Submarine” nos anos 60e arrebatou corações e ódios a cantaro “Love me do”. Isto tudo, sem nuncater actuado em Portugal. Já Sting é oeterno “Police”, que escreveu “Roxan-ne” inspirado pela possibilidade de seapaixonar por uma prostituta e agoradivide o seu tempo entre uma carreiraa solo, lutas humanitárias e sexo tântri-

co com a sua esposade todas as horas, Tru-die Styler. Sempre sempressas, que o senhorque é como o vinho doPorto gosta de ter“tempo para jantar ever uns filmes pelomeio”. E os Pixies?São a mítica banda norte-americanado “indie rock” adorada por KurtCobain, que ressurge depois de maisde 10 anos e que muitos “ex-jovens”vão querer mostrar aos seus filhos.

McCartney,Sting e Pixies,“here comeour men”.

Os Imortais

TERRAKOTA – Rock in Rio

BLASTED MECHANISM – Super Rock

Metallica vs Korn.

vsAgendaConcertos

NORTE

PORTONorton | O Meu Mercedes | 28 Maio |

23h | Tel: 222 082 151

Dat Politics | Urbansound |29 de Maio | 24h

VAGOSZedisaneonlight | Semana da Enfer-

magem | Vagos

PÓVOA DO VARZIM Conjunto António Mafra | 29 Maio |

22h30

CENTRO

FIGUEIRA DA FOZ Yann Tiersen | Centro de Artes

e Espectáculos | 2 Junho | | 22h | 30 euros | Tel : 233407200

SUL

LISBOA

ROCK IN RIO – PALCO MUNDO28 Maio | Paul McCartney, Rao Kyao29 Maio | Peter Gabriel, Ben Harper,

Rui Veloso30 Maio | Foo Fighters, Evanes-

cence, Xutos & Pontapés4 Junho | Mettalica, Slipknot,

Incubus, Moonspell5 Junho | Britney Spears, Sug-

ababes, Black Eyed Peas 6 Junho | Sting, Alicia Keys, Ivete

SangaloBilhete diário – 53 euros

SUPERBOCK SUPERROCK9 Junho | Korn, Linkin Park, Muse, Da Weasel, Blasted Mechanism10 Junho | NERD, Nelly Furtado,Avril Lavigne, David Fonseca

11 Junho | Lenny Kravitz, MassiveAttack, Fatboy Slim, Clã Bilhete diário – 38 euros / Passe 3 dias – 75 euros

ÉVORAAmigos do Nico – Rock Português

| Sociedade Harmonia Eborense | 9 Junho | 22h | Tel: 266 746 874

SETÚBALSloppy Joe | Campus do Instituto

Politécnico | 27 Maio | 22h

PORTIMÃOMurangus | Bar Water Front |

28 Maio

[ 7.ª arte ]30 | 25 MAIO 2004

O mote está lançado, os dadossão reais, a catástrofe um poucomenos. O Dia Depois de Amanhã deRoland Emmerich – o mesmo de ODia da Independência – retoma amagnitude da desgraça e lança-serumo à destruição do planeta em for-mato rápido, com uma vasta dose deefeitos especiais à mistura. Tufões emLos Angeles, tempestades de gelo emNova Deli, mudanças abruptas detemperatura deixam a Humanidade àbeira da extinção e a contas com umanova era glacial. No centro da história

está um cientista – Dennis Quaid –que lança o alerta climático, um paique tenta ir ao encontro do filho dis-tante, uma nação de burocratas incré-dulos quanto à magnitude do proble-ma. A debilidade e impotência humanaperante a força da natureza acabam

por ser os pontos fundamentais numfilme que marca pela grandiosidadedos cenas de destruição em planoaberto, ao género de O Dia da Inde-pendência, um filme que rendeu 900milhões de dólares. Só é pena que aoespectáculo visual das cenas corres-ponda uma certa mediocridade doargumento. Heróis batidos, diálogosmonótonos, muitos gritos, poucasnovidades. O filme sobrevive ao longodas duas horas e os cinco eurosvalem pela dúvida. E se o mundo aca-basse depois de amanhã? | MP

SALVE-SEquem puderO clima enlouqueceu. O planeta vive uma nova era glacial. Milhões de pes-soas lutam pela sobrevivência. E tu, onde estarás?

Teorias do apocalipseBill Gates é o Anticristo. A teoria circu-la na web e defende que a soma dosnúmeros que compõem o seu nomeé igual a 666 – “the number of theBeast” –, de acordo com o AmericanStandart Code for Information Inter-change. Além disso, encaixa na des-crição bíblica “E ele obrigou todos areceberem a sua marca.” A teoria naweb vai mais longe ao garantir queos programas da Microsoft utilizadospelo Pentágono podem ser vítimasde um programa camuflado e dispa-rar todo o arsenal nuclear americano.Só falta provar que Gates tem doisdentes na garganta, como ditam asdescrições do Anticristo.

“A terra e o ar gelarão tanta água,Quando vierem orar à quinta-feira,Aquilo que será jamais tão belocomo foi, das quatro partes virão

prestar-lhe homenagem.” A profecia pertence a Nos-tradamus e data do séculoXVI. À colisão de um aste-róide com a Terra, segundoo vidente, seguir-se-á umInverno rigoroso.

O mundo só vai conhecermais dois Papas depois deJoão Paulo II, segundo a pro-fecia de São Malaquias, bispoirlandês do século XII. Manus-critos descobertos no Museudo Vaticano ditam ainda o fimda civilização. Segundo o profe-ta, Pedro II será o último SumoPontífice. | MA

| A ESTREAR |

Dias de futebolUma comédia despretenciosa doespanhol David Serrano. Jorge tem30 anos e fica sem namorada quan-da a pede em casamento. Miguel épolícia mas quer ser cantor. Ao todosão sete amigos a quem a vida corremal e que decidem ganhar qualquercoisa, nem que seja um torneio defutebol de sete.

Suzie GoldMais um fi lme a lembrar o MyGreek fat Wedding, só que emjudaico. A hist ória de um casamen-to encomendado e indesejado, ahistória de Suzie Gold, apresenta-dora de televisão, refém das expec-tativas dos pais. Expectativas,sonhos e amores fortuitos num fil-me entre a melancolia e a vontadede ser alguém na vida. Uma pro-posta interessante.

Com 700 quilómetros de costa, Por-tugal poderá sofrer os efeitos catas-tróficos da subida do nível das águasem resultado do aquecimento global.Nos últimos quatro mil anos, o nívelmédio elevou-se 125 metros, masagora tudo indica que uma seme-lhante subida será muito mais rápida

– apenas alguns séculos. Num cená-rio hipotético, em que todo o gelo dosdois pólos derretesse e o nível daságuas subisse 100 metros, o Algarveseria a zona mais afectada, ficandolimitado às suas Serras. No centro dopaís, as previsões apontam para odesaparecimento de cidades como

Santarém, Setúbal e Lisboa, bemcomo grande parte da costa atéCoimbra e Leiria. A norte, as conse-quências seriam menos nefastas,mas nem cidades como Aveiro, Vianado Castelo, ou tão pouco o Porto,resistiriam a uma catástrofe destasdimensões. l MA

E se Portugal fosse inundado?