enredos das principais obras da prosa romântica

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Enredos das principais obras da prosa romântica brasileira

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Page 1: Enredos das principais obras da prosa romântica

Enredos das principais obras da prosa

romântica brasileira

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A Moreninha (1844), Joaquim Manuel de Macedo O enredo de “A Moreninha” inicia-se com a ida de um grupo de amigos estudantes – Augusto, Fabrício e Leopoldo – à convite de Filipe, à casa de sua avó – D. Ana – residente numa ilha próxima ao Rio de Janeiro, onde passarão o dia de Sant’Ana e o fim de semana. Filipe aposta que os amigos irão se interessar por suas primas – Joaninha, Quinquina e suas amigas, Gabriela e Clementina – ou por Carolina, sua irmã. Namorador inconstante, Augusto é desafiado por Filipe e seus amigos que lhe propõem uma aposta: caso ele se apaixone por uma das moças, escreverá a história de sua derrota; se não se apaixonar, Filipe é quem deverá escrever sobre a vitória triunfal de seu amigo inconstante. Ao chegar à ilha, Augusto conhece Carolina, por quem fica encantado, enquanto Fabrício o provoca, afirmando ser ele incapaz de amar seriamente. À noite, todos da casa resolvem caminhar pela ilha. Após andar brevemente com Carolina, Augusto junta-se à D. Ana, que o leva a uma gruta próxima, onde havia uma lendária fonte. Ele confidencia-lhe que, há sete anos, quando adolescente conhecera uma jovem na praia: os dois haviam ajudado um pobre velho que, agradecido, profetizou o casamento dos dois no futuro. Num gesto simbólico, o idoso casara-os, fazendo com que trocassem presentes: ele deu-lha um camafeu e ela, uma esmeralda. Trocara juras de amor eterno e de um casamento verdadeiro no futuro. Carolina, porém, a tudo escutava escondida. Em troca da confidência, a avó de Filipe conta-lhe a história de uma índia que se apaixonara por um índio guerreiro, mas não fora correspondida. De tanto chorar, suas lágrimas deram origem àquela fonte. Ao beber dela, o guerreiro se apaixona pela índia e os dois viveram juntos para sempre. No dia da festa de Sant’Ana, Augusto, como namorador que é, declara-se para as quatro moças da casa. Na manhã seguinte, recebe um convite anônimo para um encontro na gruta. Lá ele encontra as quatro moças, bebe da fonte, e passa adivinhar os segredos delas, fazendo parecer que era o poder da fonte. No entanto, ele não faz nada além de contar as peripécias que havia bisbilhotado da conversa das moças. Neste contexto aparece Carolina, que repete o mesmo gesto, passando a contar as verdades íntimas de Augusto, que ela também havia escutado no passeio à noite, na véspera do dia de Sant’Ana. Mas vai embora antes mesmo de Augusto tivesse tempo de declarar que era ela a quem amava. De volta à cidade, não consegue esquecê-la. Passam a se encontrar todos os domingos. Ele chega até a confessar seu amor, mas ela se contém. Como vinha faltando às aulas da faculdade, o pai proibiu-lhe de ir à ilha. No entanto, ele cai doente por vários dias. O pai resolve então atender a vontade de Augusto e ambos combinar de irem juntos, no domingo próximo, à casa de D. Ana. O amor impossível e a mulher idealizada são frequentes na prosa romântica. Para resolver o impasse amoroso, costuma haver duas saídas: o final feliz ou o trágico. Em “A Moreninha”, o impedimento é superado quando, por coincidência, os personagens se conhecem, percebendo serem elas as mesmas personagens de sete anos antes. O resultado é o final feliz. Assim, o final do romance é considerado perfeitamente de acordo com o ideal amoroso romântico e as normas sociais, em virtude de não ter havido adultério ou traição em relação à “primeira esposa”. Resta apenas a Augusto pagar a aposta: que, considerando-se paga, temos o romance “A Moreninha” (Infoescola).

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O noviço (1845, teatro), Martins Pena

O Noviço é dividido em três atos, passados no RJ. No primeiro apresentam-se o hipócrita e interesseiro Ambrósio, que casou com a crédula Florência ; o noviço Carlos que com mais vocação para militar fugiu do convento para casar-se com Emília [filha de Florência e sua prima]. Aparece também Rosa, primeira esposa de Ambrósio [não havia divórcio na época], que foi abandonada por ele após ter seus bens roubados. Carlos encontra Rosa e esta fornece-lhe meios para chantagear Ambrósio e permitir-lhe sair corretamente do convento, retirar Emília e Juca [irmão mais novo de Emília] da vida religiosa que Ambrósio planejava para eles e casar com Emília. A chantagem ocorre no segundo ato, junto com a revelação a Florência de que o marido é bígamo; Ambrósio foge. No terceiro ato, após muita confusão, Ambrósio é preso, Carlos liberto de ir ao convento ou ser preso [ele atacara um frade na fuga] e o casal fica livre para casar. A peça toda lembra as comédias pastelões dos anos 10, com personagens caricatos, situações mirabolantes, perseguições e violência gratuita. O Juiz de Paz da Roça O Juiz de Paz da Roça se passa, logicamente, na roça e tem apenas um ato. Conta sobre Aninha e José. Aninha e José amam-se e planejam casar em segredo, mas José é capturado para tornar-se soldado contra a Revolução Farroupilha. Após algumas deliberações sobre as disputas locais entre os lavradores, o juiz ordena Manuel João, pai de Aninha, a levar José a manter-lhe em casa por um dia e levá-lo quartel a seguir [ninguém sabe do amor do casal]. No meio da noite o Aninha e José fogem e casam-se em segredo. Após descobrirem o fato consumado os pais perdoam a jovem e vão até o juiz esclarecer o caso. O rapaz fica assim desobrigado de servir e a peça acaba com todos comemorando. Quem casa, quer casa. Quem casa, quer casa é um 'provérbio' em ato único, passado no Rio de Janeiro de 1845. Mas os dois casais da peça não seguem o ditado, já que nela uma família passa o tempo todo brigando. Motivo: o casal de filhos de Dona Fabiana casou-se com o casal de filhos de Anselmo e nenhum dos quatro faz nada além de brigar. Os cinco [os dois casais e Fabiana] passam a peça toda aos gritos enquanto o marido de Dona Fabiana, um carola molengão, faz nada. Ao final Anselmo aparece e acaba com a briga [que já havia escalado ao nível da agressão física generalizada] e entrega a chave de duas casas alugadas aos filhos (Algosobre).

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Memórias de um sargento de milícias (1852-1853), Manuel Antônio de Almeida Leonardo, o personagem de Memórias, nasceu no tempo do rei (início do século XIX), era filho de uma pisadela e de um beliscão, entre um meirinho (oficial de justiça de nível inferior), Leonardo Pataca, e uma “saloia” (camponesa) chamada Maria da Hortaliça. No batizado do “herói” aparece a polícia...Os pais se separaram e ele é criado pelo barbeiro, que lhe devota muito amor, cuida de sua educação, embora com dinheiro roubado...Leonardo não se interessa pelos estudos nem pelo trabalho, preferindo as malandragens que vão caracterizar seu comportamento ao longo de todo o livro. Quando cresce, várias vezes vai para a cadeia, embora consiga ser solto por intermédio de favores que acabam por transformá-lo num Sargento de Milícias... Luzinha, devido a fofocas e sabotagens, em vez de casar-se com Leonardo, casa-se com outro homem...Leonardo passa então bons tempos namorando Vidinha, mulata, até ocorrer a viuvez de Luizinha. Assim, os protagonistas reencontram-se e o major Vidigal, responsável por todas as prisões de Leonardo, por interferência de sua ex-amante, não só o solta mas também arranja-lhe o emprego de sargento.

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Lucíola (1862), José de Alencar

Lucíola era Maria da Glória, uma menina que foi obrigada a prostituir-se para salvar a vida de sua família, dizimada pela febre amarela. Ao mudar de nome – de Maria da Glória para Lúcia, uma amiga “sem família” que morreu em sua casa – Lucíola transforma-se de “anjo” em “demônio”, pagando com a vida, e também com a vida do filho através do qual pretendeu merecer, como uma “mulher comum”, o amor de Paulo, o “pecado” de ter se apaixonado... Lucíola é uma espécie de Dama das Camélias (romance francês, de Alexandre Dumas Filho) brasileira, uma mulher que converge em si as imagens do bem e do mal e cujo sofrimento não ilustra apenas a transposição romântica entre “pecado” do corpo e a “pureza” da alma. Esse romance antecipa, pelos conflitos psicológicos que envolve, a responsabilidade social perante tais conflitos – a prostituição como uma questão de sociedade, e não do indivíduo – a literatura realista, sobretudo empenhada na denúncia das contradições do mundo burguês (AMARAL et alii.)

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O guarani (1857), José de Alencar A obra se articula a partir de alguns fatos: a devoção e fidelidade de Peri, índio goitacá, a Cecília; o amor de Isabel por Álvaro, e o amor deste por Cecília; a morte acidental de uma índia aimoré por D. Diogo e a consequente revolta e ataque dos aimorés, tudo isso ocorrendo com uma rebelião dos homens de D. Antônio, liderados pelo ex-frei Loredano, homem ambicioso e mau-caráter, que deseja saquear a casa e raptar Cecília. Álvaro, que já conhecia o amor de Isabel por ele e também já a amava, se machuca na batalha contra os aimorés. Isabel, vendo o corpo do amado tenta se matar asfixiada junto com o corpo de Álvaro, quando o vê vivo tenta salvá-lo, porém ele não permite e morrem juntos. Durante o ataque, D. Antônio, ao perceber que não havia mais condições de resistir, incumbe Peri à salvar Cecília, após tê-lo batizado como cristão. Os dois partem, com Ceci adormecida e Peri vê, ao longe, a casa explodir. A Cecília só resta Peri. Durante dias Peri e Cecília rumam para destino desconhecido e são surpreendidos por uma forte tempestade, que se transforma em dilúvio. Abrigados no topo de uma palmeira, Cecília espera a morte chegar, mas Peri conta uma lenda indígena segundo a qual Tamandaré e sua esposa se salvaram de um dilúvio abrigando-se na copa de uma palmeira desprendida da terra e alimentando-se de seus frutos. Ao término da enchente, Tamandaré e esposa descem e povoam a Terra. As águas sobem, Cecília se desespera. Peri com uma grande força arranca a palmeira e faz dela uma canoa para poderem continuar pelo rio, deixando subentendido que a lenda de Tamandaré se repetiu com Peri e Cecília e estes sobreviveram, dando início à população brasileira (Wikipédia).

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Iracema (1865), José de Alencar

O romance conta, de forma poética, o amor quase impossível entre um branco, Martim Soares Moreno, pela bela índia Iracema, a virgem dos lábios de mel e de cabelos mais negros que a asa da graúna e explica poeticamente as origens da terra natal do autor, o Ceará. Iracema é uma "Lenda do Ceará". O encontro da natureza (Iracema) e da civilização (Martim) projeta-se na duplicidade da marcação temporal. Há em Iracema um tempo poético, marcado pelos ritmos da natureza e pela percepção sensorial de sua passagem (as estações, a lua, o sol, a brisa), e que predomina no corpo da narrativa, e um tempo histórico, cronológico. O tempo histórico situa-se nos primeiros anos do século XVII, quando Portugal ainda estava sob o domínio espanhol (União Ibérica), e por forças da união das coroas ibéricas, a dinastia castelhana ou filipina reinava em Portugal e em suas colônias ultramarinas. A ação inicia-se entre 1603 e o começo de 1604, e prolonga-se até 1611. O episódio amoroso entre Martim e Iracema, do encontro à morte da protagonista, dá-se em 1604 e ocupa quase todo o romance, do capítulo II ao XXXII. A relação do casal serviria de alegoria para a formação da nação brasileira. A índia Iracema representaria a natureza virgem e a inocência, enquanto o colonizador Martim (referência explicita ao deus romano da guerra Marte) representa a cultura europeia. Da junção dos dois surgirá a nação brasileira, representada alegoricamente, pelo filho do casal, Moacir ("filho da dor"). A palavra Iracema é um anagrama de América. Para alguns críticos, esse anagrama é proposital, e o livro trata-se pois de uma metáfora sobre a colonização americana pelos europeus. O desenvolvimento da história e, principalmente, o final, remetem fortemente à história local (Wikipedia).

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Inocência (1872), Visconde de Taunay

Uma obra de transição para o Naturalismo. A história conta sobre Cirino, um falso médico que errava pelo sertão e acaba na casa de Pereira, um sertanejo machista e ignorante. Ele cura a filha deste, Inocência, de malária e apaixona-se. Aparece depois Meyer, um entomólogo alemão que, após inocentemente elogiar a beleza de Inocência, passa a ser vigiado incessantemente por Pereira. Ele fica por lá por recomendações do irmão de Pereira e sai mais tarde de volta a Saxônia para apresentar uma nova espécie de rara beleza que encontrou, ao qual dá o nome de Papilio Innocentia. Cirino sofre porque Inocência é prometida e depois se encontra castamente com ela algumas vezes. Ela lhe pede que fale com seu padrinho para que por eles interceda. Enquanto Cirino está fora ela e Manecão, seu noivo, se encontram e ela se recusa a viver com ele. A suposta desonra leva Manecão a matar Cirino, que morrendo encontra o padrinho de Inocência que vinha lhe ajudar. Esta obra pode ser considerada de transição para o Naturalismo por causa de uma grande e infalível característica: o homem é produto do meio.

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O gaúcho (1873), José de Alencar

O Gaúcho narra em terceira pessoa a história de um menino, Manuel Canho, que admira muito a seu pai, grande conhecedor de cavalos, que é assassinado. O filho nunca o esquece. Odeia o padrasto e, após a morte desse, busca vingar o assassinato do pai. Na execução deste projeto de vingança o gaúcho Manuel Canho vive peripécias ligadas à Guerra dos Farrapos, mais particularmente a Bento Gonçalves. Depois de vingado, Manuel apaixona-se por Catita. Durante uma viagem de Manuel, a moça deixa-se envolver por outro homem, mas, quando Manuel regressa, Catita arroja-se a seus pés, protestando-lhe o amor. Manuel afasta-se no seu cavalo, mas a moça lança-se à garupa e o livro termina com os dois cavalgando pelo pampa infinito, numa louca carreira, em meio a uma paisagem apoteótica de céu encoberto, relâmpagos cortando e ventos zunindo. No capítulo II do livro I podemos contemplar a paisagem do sul do Brasil: O gaúcho a cavalo correndo pelos pampas. Este romance, publicado em 1870, foi o primeiro da série com qual Alencar tentou um retrato do Brasil, focalizando ambientes brasileiros afastados do bulício da corte (Netsaber)

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O sertanejo (1873), José de Alencar

Nos primeiros capítulos do livro o narrador apresenta primeiro a paisagem do sertão, para depois aparecer com o personagem principal e enredo. A história de O sertanejo se passa no nordeste e tem como personagem-narrador Severino, uma pessoa que tenta se definir ao longo da obra mas não consegue, então passa a ser uma figura genérica que representa o povo daquela região. Ele é representante de um povo sofrido, que luta contra a fome, sede e miséria. O personagem principal é Arnaldo Loureiro, um vaqueiro cearense, simples, mas que luta pelo que quer e enfrenta tudo pelo amor e seus ideais. O vaqueiro trabalha para o capitão-mor, de nome Arnaldo Campelo. Arnaldo enfrenta todos os riscos necessários com a esperança de um dia conquistar a simpatia da meia irmã do capitão-mor, Dona Flor. Arnaldo é descrito ao longo da obra como arredio, simples e bom. Chega a ser uma figura misteriosa, atenta a todos os pedidos de seu patrão e se mostrando um funcionário exemplar, ele tem o hábito de dormir no alto de arvores na mata. Sua submissão é reconhecida como digna. O único rival de Arnaldo se chama Marcos Fragoso, e Dona Flor é prometida para Leandro barbilho. No dia do casamento, inimigos do capitão-mor surgem, acontece um tiroteio onde Leandro Barbilho morre. Arnaldo tenta consolar Flor enquanto ela lamenta. A história acontece no sertão de Quixeramobim, Ceará. No final o capitão-mor reconhece a bravura e dignidade de Arnaldo, e permite que ele use seu sobrenome, Campelo (web)

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Ubirajara (1874), José de Alencar

O jovem caçador araguaia, Jaguarê, procura em terras alheias um inimigo para desafiar e combater. Levando um prisioneiro para sua taba ele conseguirá seu título de guerreiro. Ao contrário do que esperava, encontra uma índia tocantim, filha do chefe, de nome Araci. Ela diz que em sua nação há cem guerreiros que vão disputar seu amor. Jaguarê é convidado a alistar-se entre eles, mas prefere dizer à virgem que mande todos seus pretendentes para combatê-lo. Após a partida de Araci, aparece um índio tocantim, Pojucã, que aceita o desafio de Jaguarê. O índio araguaia vence e aprisiona o guerreiro tocantim com sua lança, intitulando-se a partir de então, Ubirajara, o senhor da lança. Ubirajara deixa o prisioneiro em sua taba, dando-lhe como esposa do túmulo a jovem Jandira, que até aquele instante era sua noiva. Em seguida, parte o guerreiro para a nação dos tocantins. Jandira não aceita ser esposa de outro que não Ubirajara e foge para a floresta. Ubirajara chega à taba de Araci e, como a lei da hospitalidade permite, não se identifica, adotando o nome de Jurandir, o que veio trazido pela luz. Compete com os demais e ganha o direito de casar-se com Araci, mas antes da noite nupcial é obrigado a identificar-se. Cria-se uma situação constrangedora, pois seu prisioneiro é irmão de Araci. Declara-se a guerra. Ubirajara liberta Pojucã para que possa lutar ao lado de seu povo. Quando os araguaias vão atacar, surgem os tapuias que, por justiça, têm o direito de guerrear antes dos araguaias, que devem esperar. O chefe dos tocantins, Itaquê, vence o chefe tapuia, mas fica cego, não podendo liderar seu povo. Para sucedê-lo, os guerreiros devem dobrar seu arco e atirar como ele. Como os guerreiros de seu próprio povo não conseguem, convidam Ubirajara a fazê-lo. O guerreiro araguaia, genro de Itaquê, consegue com tal destreza e força que emociona o velho Itaquê. Assim, Ubirajara une os dois arcos e as duas nações, araguaia e tocantim, dando origem à grande nação ubirajara. Como prêmio, ganha também duas esposas: Araci e Jandira.

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A escrava Isaura (1875), Bernardo Guimarães O livro trata de Isaura, escrava que nasceu quase branca e é tratada como filha por sua sinhá, alvo da luxúria e paixão de Henrique (fugazmente), Leôncio (maléfica, controladora e luxuriante), Belchior (ridícula, servil e confusa) e Álvaro (pura e amorosamente). Outros sentimentos dirigidos a Isaura incluem a inveja de Rosa (outra escrava, preterida por Leôncio como amante)e o carinho de seu pai Miguel. No começo trata-se do passado de sua mãe, maltratada por seu dono, o pai de Leôncio, que a tem com um ex-feitor de bom coração. Quando estava para ser forra morre este dono e Leôncio a herda, sem intenções de alforriá-la. A esposa deste o deixa e ele manda Isaura para um cativeiro. De lá ela e o pai fogem para Recife onde conhece Álvaro e se apaixona por ele. Vai a um baile da alta sociedade e é muito admirada por seus dotes físicos e culturais, mas é denunciada como escrava pelo ganancioso Martinho. De volta no Rio é presa por dois meses no tronco e seu pai vai para a cadeia. Prestes a ser liberta para se casar obrigada com o deformado Belchior pela liberdade, achando que Álvaro está casado, é impedida por este que liquida os bens de do falido Leôncio, que se mata para fugir da humilhação. A história foi adaptada várias vezes para outras mídias, a mais célebre sendo a novela com Lucélia Santos no papel-título (web).

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Senhora (1875), de José de Alencar

A ênfase no caráter burguês do conflito narrado em Senhora é tão evidente que as partes do livro denominam-se: o preço (após o casamento entre Fernando Seixas e Aurélia Camargo, esta revela que o comprou e que dormirão em quartos separados); quitação e posse (narração em flash-back de toda a vida de Aurélia, antes do casamento: moça pobre, ela se apaixona por Fernando, o qual, embora também a ame, abandona-a por outra, que possui um dote. Uma herança inesperada dá a Aurélia a oportunidade de se vingar de Fernando, comprando-o sem que ele saiba e obrigando-o moralmente a “quitar” sua dívida, a parte do dote que já gastara) e, finalmente, o regate (após o pagamento, a relação entre Aurélia e Seixas oscila entre o amor e o ódio, mas o amor triunfa). Em Senhora, a exploração psicológica da personagem é o aparecimento do mundo burguês, e especificamente o aparecimento de uma questão fundamental nele presente: a questão do dinheiro que “corrói” os sentimentos humanos mostrando as controvérsias, os conflitos, os “cálculos” necessários para vencer (sem garantia de sucesso) numa sociedade onde prevalece o individualismo e um materialismo cujo lado “negativo” começa a aparecer. [AMARAL et alii].

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O Cabeleira (1876), Franklin Távora

Cabeleira é o apelido de José de Gomes, um dos primeiros cangaceiros de Pernambuco. José era naturalmente bom, mas foi ensinado pelo pai, Joaquim Gomes, a ser cruel. Junto com o pai e Teodósio, o traiçoeiro amigo, assim como vários outros comparsas, Cabeleira aterroriza a província de Pernambuco em 1776 (exatos 100 anos antes da publicação do romance). Mas quando ele reencontra Luísa, foge com ela e começa a se reformar, apesar de instintivamente ainda tentar se defender violentamente. Luísa acaba morrendo logo após a fuga, pois estava ferida, e Cabeleira é preso, fraco, faminto e desarmado, num canavial. José Gomes é executado junto com seus antigos comparsas apesar dos apelos da mãe de que a ele servia melhor a penitenciária pois estava reformado.O romance acaba com o autor atacando a pena de morte. A obra inicial da "literatura do Norte" que o autor pretendia fazer, O Cabeleira começa o Regionalismo na nossa literatura e apresenta marcantes qualidades tanto do Romantismo quanto do Naturalismo. Cabeleira é um homem naturalmente bom (como acreditavam os românticos) que é corrompido pelo pai e pelo meio (característica dos naturalistas), age várias vezes por instinto (Naturalismo), mas reforma-se pelo todo-poderoso amor (Romantismo). As mulheres são todas boas (Romantismo), os homens reúnem defeitos e qualidades (Naturalismo) e o protagonista vive perseguido pelo conflito interno. (Uma tendência mais realista esta última; os realistas tinham preocupações sociais como o anteriormente referido ataque a pena de morte.)