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ENQUADRAR A IMAGEM, MODELAR OS CORPOS, LIBERTAR OS OLHARES:
POSSIBILIDADES DE VISUALIZAR A FOTOGRAFIA ATRAVÉS DE MICHEL
FOUCAULT
Prof. Dr. Thiago F. Sant’Anna
Universidade Federal de Goiás
Campus Cidade de Goiás
Se os desenhos “feitos com a luz” do filósofo Michel Foucault nas inúmeras imagens
fotográficas inusitadas, excepcionais e algumas, extraordinárias, disponíveis no site de busca
Google, se parece com o descrito por Veyne (2009, p. 152), sobre quem “recusava, com uma
frase elegante, ser fotografado”, certamente, são estas imagens que ganham vida ao provocar-
nos com os gestos ao acaso e os sorrisos descontraídos do arqueólogo-genealógico. São,
porém, estes documentos visuais que nos sobraram, que simulam e tornam possível uma
representação aceita e reconhecida de Foucault.
Na contramão da via de mão única, a circulação de fotografias de Michel Foucault – o
pensador que “subverteu, transformou, modificou nossa relação com o saber e com a verdade”
(MOTTA, 2006, p. V) – é experiência distinta em relação à sua escrita sobre a fotografia, pois
o filósofo não escreveu muito sobre o assunto. Seus textos, porém, ao dar condições de
possibilidade para pensar sobre a verdade, o discurso, o poder, a estética, permitem-nos tecer
algumas considerações, mesmo que introdutórias, ao universo teórico-prático da fotografia.
Teórico-prático pois, “a teoria não expressará, não traduzirá, não aplicará uma prática; ela é
uma prática” (FOUCAULT, 2004, p. 71). É, portanto, em busca do entrecruzamento entre
algumas das teorizações (VEIGA NETO, 2001, p. 21) de Foucault e a teoria-prática
fotográfica que nos propomos a tecer essas linhas insólitas, já que a escrita pode ser um
laborioso caminho para saber o que pensar sobre o que desejamos pensar. Nossa proposta,
pautada pelo caráter introdutória e pela busca mais por perguntas e não respostas,
circunscreve a três possibilidades: primeiramente, escrevo sobre os possíveis liames entre as
considerações de Foucault sobre a verdade e a questão do realismo na fotografia; depois,
elucido algumas possibilidades para refletir sobre a fotografia e o conceito molecular de
poder, anunciado por Foucault; por último, levanto uma problematização a partir de uma
experiência de produção de fotografias no Centro Histórico da Cidade de Goiás em curso e
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projeto por mim conduzidos no Campus da Cidade de Goiás da Universidade Federal de
Goiás em 2010.
Verdade e Fotografia
FIGURA 1 – FOTOGRAFIA DA CLASSE DA PROFESSORA MESTRA INHOLA. CIDADE DE GOIÁS. SÉCULO XIX.
Fonte: BRETAS, Genesco Ferreira. História da Instrução Pública em Goiás. Goiânia: CEGRAF/UFG, 1991, Coleção Documentos Goianos n. 21, p. 550.
Não é a primeira vez que a fotografia da classe da professora da Cidade de Goiás,
Pacífica Josephina de Castro, conhecida como Mestra Inhola, nos interpela enquanto fonte
visual construída pelas práticas de escolarização das crianças goianas no final século XIX
(SANT’ANNA; MUNIZ, 2010). Indagar esse documento na busca por encontrar
possibilidades de reflexão sobre a teoria da fotografia e as teorizações de Michel Foucault
pode ser um caminho sugestivo porém, contingente. Percorrer pela leitura da constituição
histórica dos corpos a partir de um documento visual para fazer emergir, na experiência de
enquadramento da imagem, olhares que perpassem pela teoria da fotografia e por algumas
reflexões foucaultianas, é um trajeto cujo mergulho nos levou à clássica e específica relação
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entre o referente externo e a mensagem produzida por esse meio. Tripartida de forma
paradigmática, segundo Dubois (2004), a fotografia pode ser tomada, no tange às relações
entre o referente e a mensagem, como: espelho do real; transformação do real; ou, traço de um
real. Como esses paradigmas podem ser entrosados com a concepção de verdade de Foucault?
O primeiro paradigma da teoria da fotografia define a relação existente entre a foto e o
referente – no caso, a imagem fotográfica da classe da Mestra Inhola; e o momento, no
passado, em que ela e seus/suas alunos/as se reuniram em sua escola para fazer a tal foto – e
foi marcada pelo que Dubois (2004, p. 27) designou como discurso da mimese ou princípio da
semelhança. Esse princípio é o primeiro discurso (e o mais primário) sobre a fotografia – e
sua origem remonta ao século XIX – quando as experiências com a fotografia possibilitaram
que artistas concluíssem que a busca pela representação perfeita da realidade tornasse
apanágio da fotografia e não mais da pintura. Seu fundamento esteve assentado na concepção
de que a fotografia satisfaria as aspirações artísticas que buscavam a perfeita imitação da
realidade, diferenciando-a da pintura. Doravante, teriam sido abertas as portas para que a
fotografia percorresse pelos passos semelhantes aos da ciência positivista ao ser definida
como “simples instrumento de uma memória documental do real” (DUBOIS, 2004, p. 29) e
“resultado objetivo da neutralidade de um aparelho, enquanto a pintura seria o produto
subjetivo da sensibilidade de um artista e de sua habilidade” (DUBOIS, 2004, p. 32).
Como representação fiel da realidade, a fotografia da classe da Mestra Inhola se
prestaria à “simples instrumento de uma memória documental do real”, longe de ser uma
produção artística a alcançar a “pura criação imaginária” (DUBOIS, 2004, p. 29-30).
Libertação recíproca: emancipada da arte, a fotografia adensou sua técnica adaptada à crença
na reprodução mimética do mundo; libertada da fotografia, a arte dispensou sua obsessão na
caça pela semelhança. A distinção era clara, segundo Dubois: à fotografia, “resultado objetivo
da neutralidade de um aparelho”, a função “documental, a referência, o concreto, o conteúdo;
à pintura, “produto subjetivo da sensibilidade de um artista e de sua habilidade”, a busca “o
formal, a arte, o imaginário” (DUBOIS, 2004, p. 32).
Nessa perspectiva, a fotografia da classe da Mestra Inhola poderia ser vista como
operação objetiva resultante da ausência do sujeito, desprovida da habilidade interpretativa e
hierarquizadora, apenas produzida pela regência das leis da ótica e da química. Como signo
dotado de credibilidade objetiva, a fotografia assumia a posição de ícone, pautado pela
semelhança fiel ao objeto representado e pela ausência do sujeito a testemunhar
irredutivelmente a existência do referente. O real literal exibido na fotografia – as alunas, os
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alunos e professoras, reunidas em torno de Mestra Inhola – designaria uma mensagem sem
código, absoluta e perfeita, pronta a ocupar espaço nas paredes da Igreja da Abadia, na Cidade
de Goiás, onde atualmente a fotografia se encontra.
No entanto, seria possível tangenciar esse “olhar” para a fotografia da Mestra Inhola se
nos pautarmos no segundo paradigma que toma a imagem como mecanismo de transformação
do real. Codificada técnica, cultural e esteticamente, a fotografia se prestaria à idéia de
transformação do real, se contrapondo ao discurso da mimese e da transparência (DUBOIS,
2004, p. 37). Sob esse viés, a fotografia da classe da Mestra Inhola esmaeceria sua noção de
realismo e de “fixação empírica” dela constituinte para destacar seu princípio nuclear, provido
de uma “verdade interior” (DUBOIS, 2004, p. 37). Longe de reproduzir o real tal como
realmente é, a fotografia passou a ser marcada pela sua inaptidão em exibir toda a “sutileza
das nuanças luminosas” e apenas reduzir o espectro de cores a “simples jogos de degradés do
preto ao branco” (DUBOIS, 2004, p. 38). Ao falhar na sua pretensa representação perfeita do
mundo real, a fotografia da classe da Mestra Inhola não faria mais do que oferecer ao mundo
“uma imagem determinada ao mesmo tempo pelo ângulo de visão escolhido, por sua distância
do objeto e pelo enquadramento” (DUBOIS, 2004, p. 38). A tridimensionalidade do objeto
real seria deformada, restringida a uma imagem bidimensional e, por outro, todo o “campo
das variações cromáticas”, reduzido a um contraste branco e preto. Finalmente, espaço-tempo
seriam coordenadas a sofrer uma interrupção precisa, puramente visual, e a excluir de outros
sentidos como a fala, o olfato ou o tato (DUBOIS, 2004, p. 38).
Em suma, a câmera escura que teria congelado essa imagem não poderia ser vista
como neutra e inocente, mas como “uma máquina de efeitos deliberados” (DUBOIS, 2004, p.
40), um “dispositivo codificado culturalmente” (SEKULLA apud DUBOIS, 2004, p. 42). A
fotografia dela resultante passaria a ser vista como um aparelho codificador de mensagens
cuja significação de suas mensagens é determinada culturalmente, o que exige um
aprendizado dos códigos de leitura para sua recepção. A imagem fotográfica da classe da
Mestra Inhola não poderia mais ser observada como espelho e mimese da realidade, mas
símbolo, signo dotado de convenções as quais a própria fotografia participa na sua fabricação.
Aqui, por exemplo, as roupas das alunas, dos alunos e das professoras, seus gestos, suas
expressões faciais, seriam imbuídas de um significado a ser descoberto.
Ícone e símbolo, o enquadramento da fotografia da classe da Mestra Inhola a partir
desses dois paradigmas – como “espelho do mundo ou como operação de codificação das
aparências” (DUBOIS, 2004, p. 45) – carregam como denominador comum a consideração da
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imagem fotográfica como portadora de um valor absoluto, ou pelo menos geral, seja por
semelhança, seja por convenção. Tal enunciação acolhe aqui a noção de verdade, seja exterior
– no caso da mimese – seja na interior – no caso do significado; passível de remontar ao mito
platônico da caverna, ao “assinalar a desconfiança quanto à objetividade, à neutralidade e à
naturalidade do meio fotográfico na sua reprodução da realidade empírica” (DUBOIS, 2004,
p. 44). Trata-se da verdade como realidade ou significado nuclear pré-discursivos, a serem,
respectivamente, reproduzida ou descoberta.
A ancoragem de esses dois paradigmas à noção de verdade permite-nos lançar mão
das reflexões de Foucault para quem “a verdade é deste mundo”, “produzida nele graças a
múltiplas coerções e nele produz efeitos regulamentados de poder” (FOUCAULT, 2001, p.
12). Sob essa ótica, percorrer pelas teorizações de Foucault levar-nos-ia a recusar esses dois
paradigmas, pois não haveria uma verdade exterior manifesta sob a atitude neutra do
fotógrafo diante da realidade e nem ao menos uma verdade interior localizada no universo do
significado a espera da descoberta pelo investigador. Estar, ou “dentro” ou “fora”, da imagem
fotográfica não são balizas pertinentes para analisar a fotografia, mas as representações ali
emanadas, os enunciados constituídos/constituidores delas, atravessam-na, não estão tão
legíveis, nem totalmente obscuros; estariam, logo, atreladas/os à sua “economia política” de
verdade, ou seja: as instituições que o produzem; a incitação econômica e política; a difusão e
o consumo; a produção e transmissão sob controle, “não exclusivo, mas dominante, de alguns
grandes aparelhos políticos ou econômicos”; enfim, as “lutas ideológicas” existentes no
debate político e no confronto social, conforme enumera Foucault (2001, p. 13).
Tais considerações sobre a verdade, elencadas por Foucault, são relevantes para
pensarmos a teoria-prática fotográfica, pois nos permitiriam problematizar a respeito da
fotografia da classe da Mestra Inhola: que atividades científicas e/ou institucionais – no caso o
atendimento escolar proporcionado pelo Estado Imperial do Brasil – presidem esta
experiência fotográfica? A que interesses políticos e econômicos a disposição espacial de
alunos/as e professoras, a escolha dos gestos, das roupas e das expressões faciais, servem?
Como ela se torna alvo dos aparelhos de informação, como é exercido o controle de sua
circulação e de sua produção? Como ela se torna objeto de um debate político e de confronto
social? Questionamentos esses nos levaram à análise dos discursos sobre experiência de
escolarização goiana no século XIX (SANT’ANNA, 2010).
O trajeto para destruir o fantasma da verdade pré-discursiva, recusar a mimese entre a
representação fotográfica e certa realidade e banir a busca por descortinar o significado
nuclear, conduz-nos ao paradigma do discurso do índice e da referência, passível de pensar a
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fotografia como “traço de um real”. Nesse paradigma, recorremos à natureza indiciária e
descontínua da foto, dotada de um “valor todo singular ou particular, pois determinado
unicamente por seu referente e só por este: traço de um real” (DUBOIS, 2004, p. 45). Retomar
a questão do realismo referencial, porém, sem cair na angústia do ilusionismo mimético, do
significado oculto ou da realidade pré-discursiva implica tomar a pregnância, a emanação e a
presença do referente dentro da foto, reconhecendo que o “referente fotográfico” não é “a
coisa facultativamente real a que uma imagem ou um signo remete, mas a coisa
necessariamente real que foi colocada diante da objetiva, na falta do que não haveria
fotografia” (BARTHES apud DUBOIS, 2004, p. 48).
Na busca por fugir da armadilha do referencialismo, Dubois propõe “relativizar mais o
campo e o domínio da referência”. Para ele, a condição de índice da imagem fotográfica é
marcada, na relação entre os signos indiciais e o objeto referencial, por quatro princípios: a
conexão física, a singularidade, a designação e a atestação. Sob essa ótica, a imagem
fotográfica “remete apenas a um único referente determinado”, o qual ela faz dele uma
impressão: “o mesmo que a causou, do qual ela resulta física e quimicamente” (DUBOIS,
2004, p. 51-52). A partir disso, ela designa – “isso é isso, é aquilo!” e a atesta a experiência
de uma realidade. E isso faz a fotografia ser algo “essencialmente pragmática” (DUBOIS,
2004, p. 52) e não semântica. Nesse sentido, “as fotografias propriamente ditas não têm
significação nelas mesmas: seu sentido lhes é exterior, é essencialmente determinado por sua
relação efetiva com o seu objeto e com sua situação de enunciação” (DUBOIS, 2004, p. 52).
[...] a foto-índice afirma a nossos olhos a existência do que ela representa (o “isso foi” de Barthes), mas nada nos diz sobre o sentido dessa representação; ela não nos diz “isso que dizer aquilo”. O referente é colocado pela foto como uma realidade empírica, mas “branca”, se for possível se expressar assim: sua significação continua enigmática para nós, a não ser que sejamos participantes da situação de enunciação de onde a imagem provém. Como índice, a imagem fotográfica não teria semântica que não sua própria pragmática. (DUBOIS, 2004, p. 52)
Este paradigma que toma a fotografia como índice e traço de um real possibilita-nos ir
ao encontro de perspectivas apontadas por Michel Foucault, pois, ao recusar a busca pela
verdade e evidências ou o descortinar de um núcleo de interior (o significado), indica-nos o
caminho para tomar a fotografia como discurso descontínuo, não como efeito das condições
econômicas e políticas, mas constituídas por condições de produção singulares, alinhavas às
instituições, às práticas discursivas, às redes de poder, ao regime político de verdade que a
preside. Analisar a imagem fotográfica enquanto discurso descontínuo conduz-nos a
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desconstruir os desenhos dos elementos por ela constituídos, implica rachar as pequenas
imagens (ou poderíamos dizer, infra-imagens), “para extrair delas os enunciados”, nunca
totalmente ocultos, não diretamente visíveis, sequer dizíveis, conforme a leitura que Deleuze
faz de Foucault (DELEUZE, 2006, p. 61). Seria como fazer emergir as várias posições de
sujeito, dentre elas as posições do locutor e do receptor, a formação discursiva à qual estão
inscritos enunciados ali mobilizados, a exterioridade constitutivas destes, em suma, as
condições de visibilidade que determina os “complexos de ações e de paixões, de ações e de
reações, de complexos multisensoriais que vêm à luz” (DELEUZE, 2006, p. 68).
A fotografia da classe da Mestra Inhola seria vista aqui como “superfícies que
pretendem representar algo” (FLUSSER, 2002, p. 22), de forma polissêmica, ou seja,
providas de “uma cadeia flutuante de significados, dos quais o leitor pode escolher uns e
ignorar outros” (LEITE, 1998, p. 42). A fotografia apresenta linguagens, institui relações,
poderes, lugares, produz uma gramática cuja leitura demanda um olhar que circule tanto entre
elementos para nós preferenciais, portadores de significações, como outros periféricos.
Nessa direção, o cruzamento desta fonte visual com outros tipos de fontes implicaria
“organizar, recortar, distribuir, ordenar e repartir em níveis, estabelecer séries, distinguir o que
é pertinente do que não é, identificar elementos, definir unidades, descrever relações”
(FOUCAULT, 2000, p. 07). Seria fazer uma interpretação que nos permitisse tomar a
fotografia como “monumento”, como indício, portador de suas referências e valores inscritos
nas diversas dimensões do social. Ou seja, a fotografia não é menos do que condição de
possibilidade da experiência de escolarização das meninas e dos meninos goianas/os no
século XIX. Como “monumento”, a fotografia da classe da Mestra Inhola é, portanto, um
“acontecimento discursivo”, no qual as várias leituras admissíveis sobre a fonte nos apontam
para uma história possível dos indícios e não uma história impossível das evidências. Com
base nessa perspectiva de análise da imagem fotográfica, nunca mais teríamos o passado que
realmente teria acontecido, a não ser a construção discursiva desse passado, por mais que
buscássemos interpretar, compreender ou desvendar (COSTA, 1994, p. 189). Retomando o
próprio Foucault,
“por mais que se diga o que se vê, o que se vê não se aloja jamais no que se diz, e por mais que se faça ver o que se está dizendo por imagens, metáforas, comparações, o lugar onde estas resplandecem não é aquele que os olhos descortinam, mas o que as sucessões da sintaxe definem”; “é preciso admitir, entre a figura e o texto, toda uma série de entrecruzamentos, ou antes ataques lançados de um ao outro, flechas dirigidas contra o alvo adversário,
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operações de solapamento e de destruição, golpes de lança e os ferimentos, uma batalha” (FOUCAULT apud DELEUZE, 2006, p. 74-75)
Tomar a fotografia como “traço de um real” conduz-nos a uma proposta metodológica
invertida, quiçá subversiva, de libertação para múltiplos olhares, por meio da qual não
buscaríamos o contexto sócio-econômico que teria produzido uma imagem fotográfica, nem o
significado interior presente nos signos que ela constitui, nem a motivação pessoal e a
intencionalidade do fotógrafo, muito menos a busca pela descrição fiel da realidade ali
representada, mas analisaríamos as condições de possibilidades de uma realidade possível,
discursiva e imageticamente. Nessa perspectiva, tomaríamos a imagem fotográfica como
discurso produtor de um real possível, existência material de funções enunciativas e de
enunciados (FOUCAULT, 2000), não como dado a-priori, mas como discurso constituidor
desse real possível. Em suma, a fotografia poder ser pensada como uma prática discursiva,
cujas regras anônimas, históricas, determinadas no tempo e no espaço, podem definir, em
certa época e para determinada e específica área social, econômica, geográfica, lingüística e
também visual, as condições de existência da função enunciativa, ou seja, a formação dos
objetos, a formação das posições subjetivas, a formação dos conceitos e a formação da
escolhas estratégicas (FOUCAULT, 2000).
Poder e Fotografia
“os estudos culturais se preocupam não apenas com quem está olhando (ou observando, ou controlando a circulação de imagens, ou seja o que for), mas com a quem a sociedade dá o poder de olhar e ser olhado e como o ato de olhar produz conhecimento que, por sua vez, constitui a sociedade” (BANKS, 2009, p. 61).
Uma das possibilidades de manusear a caixa de ferramentas proporcionadas por
Foucault na teoria analítica da fotografia, conforme a citação de Banks nos aponta, e
descrever as condições de possibilidade das prática discursivas é lançar mão do conceito de
poder pensado pelo filósofo. Em Vigiar e Punir (1977), o filósofo ressignificou o conceito de
“poder”, ao se referir ao “poder disciplinar” e afirmar que ele não se manifesta
exclusivamente nas prisões, mas encontra-se, também, “em outras instituições como o
hospital, o exército, a escola, a fábrica” (MACHADO, 2001, p. XVII). A fotografia, nesse
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sentido, não seria um local privilegiado de atuação desse poder, mas poderia ser uma técnica,
uma estratégia discursiva, um elemento de um dispositivo histórico que atravessa o tecido
social, conforma corpos, gestos, comportamentos e normaliza condutas. Disciplinar, o poder
não se exerce apenas pela força, tolhendo o sujeito do exercício da sua liberdade, mas sua
lógica está fundada no controle de processos orientadores, de modo a convencer os sujeitos a
adotarem comportamentos “corretos”, isto é, conforme o padrão de conduta socialmente
aceito e legitimado; enfim, funciona de modo a normalizar a conduta. Nesse sentido, a “pose”
diante da câmera fotográfica, a aqui podemos observar a fotografia da classe da Mestra
Inhola, carrega um conjunto de normas sobre corpos, comportamentos e relações sociais já
disponíveis, aceitas e recusadas no plano social. Retomamos aqui Barthes, para quem,
[...] a partir do momento que me sinto olhado pela objetiva, tudo muda: ponho-me a “posar”, fabrico-me instantaneamente um outro corpo, metamorfoseio-me antecipadamente em imagem. Essa transformação é ativa: sinto que a Fotografia cria meu corpo ou o mortifica, a seu bel-prazer [...] (BARTHES, 1984, p. 22)
Se os enunciados dispersos nas fotografias produzidas à época, no Brasil e,
particularmente, na Cidade de Goiás, eram presididos por regime de verdade/visibilidade, por
aspectos particulares e não globalizantes de uma cultura visual, tecidos através da experiência
da fotografia, podemos dizer que esta experiência talvez compusesse o traço de um real
possível e seria capaz de fazer funcionar uma operação de produção de efeitos em corpos
alvejados pela sua luz. As imagens dos corpos e o desenho comportamentos tecidos na
fotografia estabeleciam uma relação política entre fotógrafo e fotografado,
constituído/constituinte deste regime de visibilidade porque a
visibilidade não está do lado do objeto (dos elementos sensíveis ou das qualidades visíveis das coisas, das formas que se revelariam à luz) nem do lado do sujeito (de seus aparatos de sensibilidade ou percepção, de seus sentidos, de sua vontade de olhar). (LARROSA, 1994, p. 61)
Ao contrário disso, a visibilidade é um regime que abrange regras capazes de conduzir
as posições de sujeitos ali percepcionadas. Tal regime de visibilidade se estabelece a partir da
máquina ótica que “abre o objeto ao olhar, ao mesmo tempo, o olho que observa”
(LARROSA, 1994, p. 61), determina aquilo que se vê ou se faz ver, e alguém que vê ou que
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faz ver. Dessa forma, cria-se um padrão de exposição e de normatização dos corpos, que
passam a ser objeto do olhar, a ter “qualidades visíveis” assentadas/os nas condições de
produção que, em dada e específica área social, econômica, geográfica, lingüística e visual,
evocavam interesses situados.
A perspectiva de se atentar para o regime de visibilidade não é a de identificar o que o
autor da fotografia pretendeu dar como enfoque e/ou visibilidade e excluiu aquilo que não lhe
interessava – não é buscar as intenções do fotógrafo – e nem o que ele/a escolheu iluminar ou
escurecer. Ao contrário, o trabalho seria o de historicizar as condições de produção das
imagens fotográficas, atentar para as fronteiras diluídas entre o texto e o contexto, articular os
conhecimentos formais, técnicos, como o tamanho, a amplitude, o tipo de fotografias com os
inúmeros contextos possíveis de serem visibilizados pela análise de uma área da sociedade
goiana do século XIX. Dessa forma, torna-se necessário “desconstruir” as fotografias,
desmontá-las, revelar suas condições de produção; ao invés de tomá-las como verdade ou
como esconderijo dos significados. Nessa perspectiva, adotar uma linha foucaultiana de
reflexão e condução da análise da fotografia demanda atentar para as regras anônimas e
históricas que, determinadas no tempo e no espaço, definiram em uma época dada e para
determinada área social, econômica, geográfica ou lingüística, as próprias condições de
existência experiência fotográfica.
De certa forma, isto nos leva a redirecionar o olhar para a imagem das alunas e dos
alunos da Mestra Inhola, na qual passamos a perceber uma linha, desprovida agora de certa
tenuidade, que separava meninos à direita da professora e meninas à esquerda dela.
Estaríamos diante de uma escolarização que produz gêneros, que alimenta um arcabouço de
inteligibilidade em um momento e uma área social específicos – a escolar e goiana
oitocentista – capaz de veicular representações sociais de gênero e construir sujeitos meninos
e meninas, homens e mulheres no interior desse processo (SANT’ANNA, 2010)? Que
“repertórios interpretativos”, que “conjunto de termos, descrições, lugares-comuns e figuras
de linguagem” demarcam o rol de possibilidades de construções discursivas dos corpos, dos
comportamentos e das relações sociais exibidas na imagem fotográfica (SPINK; MEDRADO,
2000, p. 47)? Possivelmente, a ordem e o controle na educação, a separação entre os sexos
para uma escolarização diferenciada, fazem emergir uma experiência de assujeitamento
entendido como “resposta individual à interpelação do social que cria as identidades e a
identificação a um grupo, definindo sua inserção no espaço societal” (NAVARRO-SWAIN,
2000, p. 54). Esse assujeitamento dá-nos a perceber como meninas e dos meninos absorviam
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as imagens difundidas no social e como essas imagens inscreviam nos corpos escolarizados a
enunciação da disciplina, da obediência e da docilidade.
A maneira como os corpos nela presentes são posicionados, modelados, eclipsados
pelos gestos insólitos, pelas vestimentas, pelo ajuntamento das pessoas pode ser um caminho.
Uma prática de encapuzar que não cobre os rostos e nem as mãos, mas os rende ao silêncio e
às poucas expressões faciais, aos olhares frontais, às disposições das mãos para baixo e à
ausência de toques entre as pessoas ali presentes. Foram a partir de tais sinais que pudemos
perceber a produção de dos lugares das meninas escolarizadas, cristãs, moralizadas
(SANT’ANNA, 2010).
E mesmo que algumas exceções subtraíssem à regra como a professora Lili, na
extrema esquerda, que encheu as bochechas num disfarçado sorriso, a quarta menina no alto
(da esquerda para a direita) que desviou o olhar para o lado, os meninos embaixo que
seguraram os seus chapéus e as meninas à direita que empunhavam os seus livros, não existia
“divertimento” para crianças que estavam sendo moldadas como meninos e meninas. Apesar
de alguns “não-ditos” como o fato de não terem sido solicitadas/os para dar um sorriso,
embutido no estranhamento dos rostos diante da parafernália do equipamento fotográfico que
captava a imagem, poderíamos lhes dizer: Sorriam, vocês estão sendo fabricadas/os!
Parrhesia e Fotografia
FIGURA 2 – IMAGEM DA VISTA DO CORETO DA PRAÇA NA CIDADE DE GOIÁS Fonte: Acervo do autor
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FIGURA 3 – IMAGEM DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS – PÓLO CIDADE DE GOIÁS Fonte: Acervo do autor
FIGURA 4 – IMAGEM DENTRO DA SALA DE AULA DO COLÉGIO LYCEU DE GOIÁS Fonte: Acervo do autor
As fotografias que antecedem essas linhas – o coreto da praça, o prédio da
Universidade Estadual de Goiás e a sala de aula do Lyceu – não são o que realmente
apresentam, pois na direção de outra incursão pelas possibilidades de encontro entre a teoria-
prática da fotografia e as teorizações de Michel Foucault, descrevo uma experiência de
ensino/pesquisa/extensão realizada no Campus Cidade de Goiás, da Universidade Federal de
Goiás, em 2010 e 2011. O trabalho deu-se por meio de atividades da disciplina “Foucault e
Fotografia” e do projeto de pesquisa e extensão “Cidade de Goiás, Cidade Panóptica: imagens
disciplinares de uma sociedade”. Ali fizemos leituras e pesquisas sobre a teoria da fotografia,
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ministrei um curso técnico de câmera fotográfica e debatemos algumas teorizações de Michel
Foucault. Posteriormente, nos lançamos à caça fotográfica na busca por expressar por meio da
escrita com a luz – a fotografia – algumas das reflexões foucaultianas estudadas. O foco
escolhido foi a expressão do poder panóptico na disposição do espaço urbano da Cidade de
Goiás, conceito pensado pelo filósofo, em referência a experiência da França do século XIX,
como dispositivo que abrangia discursos, instituições, organizações arquitetônicas,
enunciados científicos, dito e não, em suma, uma rede de relações entre esses elementos
(FOUCAULT, 2001, p. 244). Tais expressões do poder panóptico possibilitavam a
organização dos espaços e condução das condutas constituída/constituídas da “sociedade
disciplinar”, relativo às sociedades ocidentais modernas formadas ao longo dos séculos XIX e
XX.
Ao partirmos dessas noções preliminares, lançamo-nos a observar e fotografar o
Patrimônio Histórico da Humanidade a partir do seu espaço sócio-urbano da Cidade de Goiás
na busca por desconstruir as evidências do patrimônio histórico e possibilitar libertar o olhar
na tentativa de visualizar outras imagens. Aos poucos, os indícios e os traços de outra possível
experiência na ordem do espaço urbano da Cidade de Goiás – o panóptico – ganhou contornos
desenháveis pela luz. A Praça do Coreto, o Colégio Lyceu, o Quartel do 20, a disposição da
antiga Casa de Câmara e Cadeia (local do Judiciário antigamente) e atualmente Museu das
Bandeiras, o pólo da Universidade Estadual de Goiás e as inúmeras frestas e os “minúsculos
observatórios” (FOUCAULT, 2002) das portas e janelas das casas tombadas como patrimônio
revelaram uma outra histórica possível de formação de uma sociedade, no caso, disciplinar. O
Panóptico na Cidade de Goiás exibiu-nos uma “situação de poder” como um traço de um real
possível, na qual seus principais agentes são ao mesmo tempo seu alvo, e uma sujeição real é
constantemente reproduzida, sem o recurso da força, mas apenas pela forma de distribuição
dos indivíduos em seu espaço interior. Tal disposição panóptica do espaço sócio-urbano
elucida posições que produzem sujeitos de observação e sujeitos observados/as. É nesse
sentido que o dispositivo panóptico funciona, de acordo com Foucault, como um vetor de
formação da sociedade disciplinar e como uma maneira de definir as relações do poder na
vida cotidiana das pessoas. Trata-se de uma forma de disposição do espaço sócio-urbano
“capaz de notar as particularidades e, com isto, estabelecer diferenças, máquina que permite o
treinamento das condutas e a modificação dos comportamentos pela criação de hábitos, o
Panóptico, dirá Foucault, “funciona como uma espécie de laboratório de poder”” (Fonseca,
2002, p. 184).
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Não há como negar que este estudo, capaz de permitir-nos perceber as expressões do
modelo do panóptico na “pacata” Cidade de Goiás, Patrimônio Histórico da Humanidade,
demandou-nos um pouco de coragem, sobretudo ao expor tais fotografias na Semana de
Museus no Museu das Bandeiras em maio de 2011, lugar simbólico para os olhares dos
grupos pertencentes às classes privilegiadas daquela cidade. Foucault teria nos inspirado, com
sua atitude crítica e sua re-leitura da parrhésia (GROS, 2004), a desenvolver tal projeto
acadêmico. Pois, esta experiência cobrou-nos uma atitude crítica diante do que estava posto –
o Centro Histórico da Cidade de Goiás visto como Patrimônio Histórico da Humanidade – e
uma atitude parresiasta diante da prática de fotografar franca, corajosa e engajadamente sob
uma perspectiva passível a fazer-nos assumir riscos e perigos.
Se as ruas, as praças, as casas, se os prédios, as escolas, os hospitais e a universidade,
se os inúmeros e minúsculos observatórios presentes nas frestas e nas janelas das casas e
prédios históricos, sugerem a preservação das expressões panópticas da Cidade de Goiás e
apontam-nos para a configuração das redes de poder naquela sociedade, no presente, mas
também, no passado; se o Centro Histórico da Cidade de Goiás revela-nos uma cidade
panóptica, pergunto: ao preservarmos o patrimônio, estaremos também preservando a vida e a
difusão do poder que atravessa o campo das relações sociais, bem como suas inúmeras e
sofisticadas técnicas e estratégias de produção e modelagem de corpos dóceis na vida
cotidiana? Escrever e desenhar com as luzes de Michel Foucault podem ser um bom começo
para refletir...
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