enfermagem em estomaterapia: manejo clínico da úlcera …
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FACULDADE CESMAC DO SERTÃO
JOHN FRANCK SANTOS BARROS THAMYRES SOARES DE ALBUQUERQUE
ENFERMAGEM EM ESTOMATERAPIA: manejo clínico
da úlcera venosa
PALMEIRA DOS ÍNDIOS-AL 2019.1
JOHN FRANCK SANTOS BARROS THAMYRES SOARES DE ALBUQUERQUE
ENFERMAGEM EM ESTOMATERAPIA: manejo clínico
da úlcera venosa
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito final para conclusão do curso de graduação em Enfermagem da Faculdade Cesmac do Sertão, sob a orientação da professora Ma. Marisete de Queiroz Melo.
PALMEIRA DOS ÍNDIOS-AL 2019.1
JOHN FRANCK SANTOS BARROS THAMYRES SOARES DE ALBUQUERQUE
ENFERMAGEM EM ESTOMATERAPIA: manejo clínico
da úlcera venosa
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito final para conclusão do curso de graduação em Enfermagem da Faculdade Cesmac do Sertão, sob a orientação da professora Ma. Marisete de Queiroz Melo.
APROVADO EM: __/__/__
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Prof. (a). Ma. Marisete de Queiroz Melo Orientadora
BANCA EXAMINADORA
–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Avaliador(a) externo
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Avaliador(a) interno
AGRADECIMENTOS
Quero iniciar demonstrando minha gratidão a Deus, que me deu força para não
desistir nos momentos mais difíceis. Quero agradecer a esta instituição de ensino que
me proporcionou de braços abertos momentos e ensinamentos que vou levar comigo
para sempre. Aos meus professores, deixo também meu agradecimento por tudo que
aprendi com vocês. Agradeço a minha orientadora pela paciência, pela dedicação, por
nunca ter desistido de mim. Agradeço a minha tia Lúcia e madrinha Wêrbenia, quero
que saibam que reconheço tudo que fizeram por mim, a força que incutiram no meu
pensamento para não desistir e o conforto de saber que nunca estarei só e serei
sempre capaz de tudo por maiores que sejam as dificuldades. Obrigada aos meus
pais, irmãos е sobrinhos, que nos momentos de ausência dedicando-me аоs estudos,
sempre fizeram entender que о futuro é feito а partir da constante dedicação no
presente! Meus agradecimentos as companheiras e amigas Thamyres, Amanda e
Gabriella, que fizeram parte da minha formação е que vão continuar presentes em
minha vida para sempre como amigas-irmãs. A todos que mesmo indiretamente
fizeram parte da minha formação, о meu muito obrigado.
John Franck Santos Barros
Grata a Deus por ter me dado sabedoria e forças para superar as dificuldades
e concluir esse trabalho, pois foi dádiva dele que permitiu que tudo isso acontecesse.
Em especial a minha sogra Luzia pelo amor, incentivo e apoio incondicional, uma
grande heroína que me deu apoio em todos os momentos e nas horas mais difíceis
de desânimo e cansaço esteve ao meu lado. Obrigado meu esposo Jorge que nos
momentos de ausência dedicados aos meus estudos, sempre entendeu que o futuro
é feito de dedicação no presente. Agradeço grandemente ao meu amigo e dupla John
Franck, pois se fez presente ao meu lado para que juntos pudéssemos construir esse
trabalho e realizar nossos sonhos juntos. Aos professores e orientadora eu deixo uma
palavra de gratidão e muito orgulho por ter tido mestres tão bons e pacientes com a
nossa formação acadêmica. Por fim agradeço a todas as pessoas que de forma direta
ou indiretamente tocaram meu coração e fizeram parte do meu percurso como
discente e na minha vida.
Thamyres Soares de Albuquerque
ENFERMAGEM EM ESTOMATERAPIA: manejo clínico da úlcera venosa NURSING IN STOMATHERAPY: clinical management of venous ulcer
John Franck Santos Barros1
E-mail: [email protected] Thamyres Soares de Albuquerque1
E-mail: thamyres_prettygirl@hotmail,com 1Graduandos do curso de Enfermagem CESMAC
Orientador: Ma. Marisete de Queiroz Melo E-mail: [email protected]
RESUMO A ocorrência de Úlcera Venosa (UV) no Brasil tem sido identificada como um problema sério de saúde pública e que os postos de saúde atendem diariamente um número elevado de pacientes para realização de curativos. Apesar da alta prevalência e da importância da úlcera venosa, ela é frequentemente negligenciada e abordada de maneira inadequada. Este estudo teve como objetivo delinear o manejo clínico da úlcera venosa e as atribuições do enfermeiro por meio da literatura vigente. Trata-se de uma revisão integrativa de artigos publicados em língua portuguesa, entre 2006 a 2018 nas bases de dados BDENF, LILACS e SCIELO. Considerando a importância de um atendimento adequado a esta população, há necessidade da atuação de uma equipe multiprofissional, na qual está inserido o enfermeiro, que se destaca por prestar atendimento, na avaliação ampliada das pessoas com UV. Concluiu-se que as úlceras venosas são frequentes, que estão diretamente relacionadas à morbimortalidade e que existe a necessidade de adotar medidas de intervenções e recomendações
para modificar essa tendência e evitar esta complicação, então o tratamento das úlceras venosas é
complexo e requer habilidades técnicas e teóricas, desse modo o enfermeiro, tem papel essencial por assistir e avaliar diariamente o portador de ferida, pois a utilização de técnicas corretas quanto ao manejo clínico, tendo assim impacto positivo no processo de cicatrização.
PALAVRAS-CHAVE: Úlcera venosa. Manejo clínico. Cuidados. Enfermagem. Estomaterapia. ABSTRACT In the case of Ulcer Venosa (UV), Brazil has not been identified as a serious problem of public health and that you have received a large number of patients every day for the healing process. Despite the high prevalence and importance of the venous ulcer, it is frequently neglected and approached inappropriately. This study has the objective of delineating or clinical management of venous ulcers and the attributions of nursing in current literature. It is about an integrative review of articles published in Portuguese language, between 2006 to 2018 nas databases BDENF, LILACS and SCIELO. Considering the importance of a proper service to this population, a multidisciplinary equipment needs to be installed, in which it is inserted or nursing, which stands out for providing assistance, an extended health assessment with UV. I conclude that venous ulcers are frequent, which are directly related to morbimortality and that there is a need to adhere to measures of intervention and recommendations to modify this tendency and avoid this complication, treatment or treatment of venous ulcers, and requires technical and technical skills. Theoretical, desse modo or enferiro, ess essencial role to assist and evaluate daily or carrier of ferida, pois a usoção of correct techniques as ao clinical management, tendo assim positive impact no cicatriz process of cicatrização.
KEY WORDS: Venous ulcer. Clinical management. Nursing Care. Stomatherapy.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 6
2 METODOLOGIA..................................................................................................... 8
3 RESULTADOS........................................................................................................ 10
4 DISCUSSÃO........................................................................................................... 16
5 CONCLUSÃO......................................................................................................... 23
REFERÊNCIAS.......................................................................................................... 24
6
1 INTRODUÇÃO
A Doença Venosa Crônica (DVC) é provocada por incompetência valvular ou
obstrução com interrupção do fluxo sanguíneo de retorno venoso nas veias profundas
dos membros inferiores, fator que gera hipertensão venosa e compromete a irrigação
sanguínea dos tecidos no membro afetado, podendo levar ao surgimento de uma
Úlcera Venosa (UV), também conhecida como úlceras de estase, úlceras varicosas e
úlceras flebopáticas (DIAS et al, 2014).
A UV é uma das manifestações mais graves da insuficiência venosa crônica
(IVC) dos membros inferiores, doença de grande importância para a saúde pública,
por sua elevada incidência e prevalência e pelo alto impacto socioeconômico que
provoca ao ser de difícil tratamento e exigir absenteísmo laboral prolongado. Essa
morbidade frequentemente se apresenta associada à presença de varizes e de lesões
tróficas dos membros inferiores (BELCZAK, 2011).
A UV provoca diversas alterações na vida das pessoas, em decorrência de
dificuldade de locomoção para realizar atividades diárias, dor, exsudato e odor. Essas
alterações têm como efeito mudança do humor, como a tristeza e revolta, e alterações
no relacionamento familiar e em sua participação no convívio social, causada pela
alteração da imagem corporal (SALOMÉ; FERREIRA, 2012).
Nesse contexto, as UV podem estar relacionadas a distúrbios psicossociais por
assumirem uma grande importância na vida dos pacientes acometidos, uma vez que
a ocorrência desse tipo de lesões podem causar deformidades no local da ferida,
podem interferir na vida sexual do portador da morbidade, além das necessidades de
mudanças de hábitos para conviver com a ferida (SALOMÉ; FERREIRA, 2012).
As úlceras flebopáticas causam significante impacto social e econômico devido
à natureza recorrente e do longo tempo decorrido entre sua abertura e cicatrização.
Quando não manejadas adequadamente, cerca de 30% das UV cicatrizadas recorrem
no primeiro ano, após dois anos essa taxa sobe para 78%. Apesar da alta prevalência
e da importância da UV, ela é regularmente negligenciada e abordada de maneira
inadequada (ABBADE; LASTORIA, 2006).
No Brasil a prevalência de IVC é estimada em 47,6%, sendo a 14ª causa de
afastamento do trabalho, e causa constante de internação. No ano 2009 foram 84.000
internações em hospitais públicos e conveniados, que geraram gastos da ordem de
7
R$ 48 milhões ao Sistema Único de Saúde (SUS), sem contar os atendimentos
ambulatoriais e curativos (BELCZAK et al., 2011).
No Brasil vale a pena considerar o fato de que as úlceras têm representado
um problema sério de saúde pública e que os postos de saúde atendem diariamente
um número elevado de pacientes para realização de curativos. Dessa forma temos
uma triste realidade, onde falta investimento do poder público para o melhor
tratamento (SANTOS et al., 2015).
Apesar da alta prevalência e da importância da úlcera venosa, ela é
frequentemente negligenciada e abordada de maneira inadequada. A abordagem dos
pacientes com úlcera venosa, por questões didáticas, pode ser feita pelos pontos de
vista diagnósticos e terapêuticos (ABBADE; LASTORIA, 2006).
Considerando a importância de um atendimento adequado a esta população,
há necessidade da atuação de uma equipe multiprofissional, na qual está inserida a
Enfermagem, que se destaca por prestar atendimento, na avaliação ampliada das
pessoas com UV, avaliação das lesões, realização de curativos e encaminhamentos
necessários, além de ações educativas para evolução favorável do processo de
cicatrização e prevenção do aparecimento de lesões e ocorrência de recidivas
(SANTANA et al., 2012).
No exercício de sua profissão, o enfermeiro encontra-se diante de desafios
cada vez mais exigentes e complexos devido ao aumento da expectativa de vida e,
consequentemente, ao aumento de doenças crônicas como é o caso da úlcera
venosa. Essa problemática tem seu fundamento no fato de estimar-se que 1,5 a 3
indivíduos em cada 1000, têm úlcera de perna e essa prevalência aumenta para 20
em cada 1000 pessoas com mais de 80 anos (FONSECA et al., 2012)
Justifica-se a relevância do presente estudo no que diz respeito à ampliação do
conhecimento frente à úlcera venosa e o manejo ideal, percebendo também a
necessidade do profissional enfermeiro se manter atualizado para oferecer um
cuidado de qualidade embasado cientificamente, sendo assim uma melhor atuação
como enfermeiro estomaterapeuta. Esta discussão é de suma relevância nos dias
atuais, pois os conhecimentos sobre o manejo da úlcera venosa subsidiam medidas
que evitam a ocorrência da reincidência da mesma.
Salienta-se a importância em ter boas práticas no manejo da ferida e da pele
do paciente com úlcera venosa, além da prevenção de recidivas, pois diante da
literatura observa-se um aumento das ocorrências das mesmas e nota-se que as
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pessoas com essa determinada enfermidade terão alterações no convívio social e
pessoal, sendo assim, surgiu a motivação em realizar esse estudo tendo como
objetivo delinear o manejo clínico da úlcera venosa e as atribuições do enfermeiro
diante da literatura vigente.
2 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo do tipo revisão de integrativa, de caráter descritivo, com
abordagem qualitativa, através da técnica de busca bibliográfica. E para atender os
princípios da pesquisa de revisão integrativa o estudo foi desenvolvido a partir da
execução das seis etapas de revisão integrativa.
A delimitação do problema desenvolveu-se a partir da questão norteadora: Qual
o manejo adequando para úlcera venosa pelo enfermeiro frente a essa morbidade?
A coleta de dados foi realizada por meio de consulta a publicações de autores
de referência no assunto e posterior leitura criteriosa dos títulos e dos resumos,
refletindo assim acerca da relevância dos mesmos para o debate em questão.
As buscas foram realizadas a partir de janeiro a maio de 2019, nas bases de
dados da: BDENF (Base de Dados em Enfermagem), Literatura Latino Americana e
do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Eletronic Library OnLine
(SCIELO), utilizando os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): ((“Úlcera Venosa”
OR “Ulcera por Estase” OR “Ulcera Varicosa”) AND (“Cuidado de Enfermagem” OR
“Assistência de Enfermagem” OR “Atendimento de Enfermagem”) AND (Intervenção
OR “Intervenção na Crise” OR “Interrogatório em Incidente Crítico com Estresse”)).
Foram encontrados um total de 817 produções científicas
(artigos/dissertações/monografias) indexados nas bases de dados citadas no
parágrafo acima. Com a leitura dos títulos e resumos foram selecionados um total de
34 produções para serem lidos na íntegra. Após o levantamento do material, foram
realizadas leituras minuciosas e selecionados 22 produções que colaboraram para a
construção desta revisão integrativa, os demais, foram excluídos por não citarem a
úlcera venosa, quanto ao seu manejo clínico e assistência do enfermeiro.
A seguir apresenta-se um fluxograma demonstrando como ocorreu a triagem
dos artigos envolvidos neste estudo.
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Figura 1: Fluxograma. Amostragem das produções científicas para a construção da revisão integrativa.
Fonte: Dados da pesquisa.
Os critérios de inclusão foram: Artigos com textos completos e disponíveis,
idiomas em língua portuguesa, tendo como foco artigos que dispõe sobre úlceras
venosas nos membros inferiores e a forma de manejo das mesmas, publicados no
período de 2006 a 2018, visto que os artigos encontrados nesse espaço de tempo
foram enriquecedores para o estudo da temática, Concebe-se a necessidade da
abordagem dos artigos selecionados no presente estudo, uma vez que o mesmo
compõe o bojo de situações vivenciadas pelo/a enfermeiro/a cotidianamente.
Os critérios de exclusão foram: Artigos repetidos nas bases de dados,
incompletos ou aqueles que não contemplaram os objetivos do presente estudo.
Foi utilizado um instrumento específico para o registro das informações dos
estudos selecionados que constou: Título do artigo, Base de dados, Autores, Ano de
publicação e Manejo clínico das Úlceras Venosas.
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3 RESULTADOS
Vê-se que a figura 1, dispõe numericamente de quantos artigos foram
encontrados e sua forma de seleção frisando a forma de exclusão dos mesmos, desse
modo os dados foram selecionados a partir do estudo em questão. As etapas
elencadas anteriormente mostraram-se imprescindíveis para nortear a condução da
presente pesquisa.
Quadro 1: Artigos que foram selecionados de acordo com título do artigo, bases de dados, autores, ano de publicação e o objetivo dos mesmos.
TÍTULO DO ARTIGO
BASE DE DADOS
AUTORES ANO DE
PUBLICAÇÃO
RESULTADOS
Abordagem de pacientes com úlcera da perna de etiologia venosa
SCIELO ABBADE, Luciana Patrícia Fernandes; LASTÓRIA, Sidnei.
2006 O grande avanço no conhecimento da fisiopatogenia das úlceras venosas tem permitido o desenvolvimento de novas modalidades de tratamento clínico e cirúrgico.
Técnicas para avaliação do processo cicatricial de feridas.
BDENF OLIVEIRA, Beatriz Guitton; CASTRO, Joyce Beatriz de Abreu; ANDRADE, Nelson Carvalho.
2006 A observação sistematizada, minuciosa das úlceras através do decalque, da medida simples, da fotografia e dos registros de enfermagem possibilitam avaliar o processo cicatricial de feridas de várias etiologias.
Revisão sistemática do tratamento tópico da úlcera venosa.
BDENF BORGES, Eline Lima et al.
2007 Evidenciou-se que a terapia compressiva aumenta a taxa de cicatrização da úlcera devendo ser usado em pacientes sem comprometimento arterial. Não é claro qual a melhor terapia tópica, porém, as diferentes opções devem ser associadas à terapia compressiva.
Atualidades na assistência de enfermagem a portadores
SCIELO CARMO, Sara da Silva et al.
2007 Os avanços no conhecimento sobre o tratamento de feridas têm permitido a integralidade do cuidado, busca pela autonomia do portador de úlcera venosa e ênfase na
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de úlcera venosa.
qualidade da assistência para favorecer a relação custo/benefício.
Enfermagem em estomaterapia: cuidados clínicos ao portador de úlcera venosa
SCIELO SILVA, Francisca Alexandra Araújo et al.
2009 O cuidado úlcera venosa é expresso em alguns aspectos na pesquisa de enfermagem, mas o assunto ainda é pouco pesquisado e existem poucas pesquisas qualitativas que abordam esse conteúdo.
Diretrizes para o tratamento da úlcera venosa.
SCIELO BARBOSA, Guimarães; CAMPOS, Nogueira.
2010 As principais diretrizes para o tratamento da úlcera venosa deve estar amparadas em quatro condutas: tratamento da estase venosa, utilizando o repouso e a terapia compressiva; terapia tópica, com escolha de coberturas locais que mantenham úmido e limpo o leito da ferida e sejam capazes de absorver o exsudato; controle da infecção com antibioticoterapia sistêmica e prevenção de recidivas.
Tratamento da úlcera varicosa dos membros inferiores mediante cirurgia e bota de Unna: uma economia para o sistema de saúde brasileiro.
SCIELO BELCZAK, Sergio Quilici et al
2011 O emprego da cirurgia radical de varizes associado ao uso de bota de Unna provou-se expressivamente menos dispendioso para a saúde pública do que o acompanhamento clínico com curativos diários.
Assistência aos portadores de feridas: caracterização dos protocolos existentes no Brasil.
SCIELO DANTAS, Daniele Vieira; TORRES, Gilson de Vasconcelos, DANTAS, Rodrigo Assis Neves.
2011 as feridas necessitam da utilização de protocolos clínicos para padronização das ações de assistência, no sentido de favorecer o processo cicatricial.
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Pessoa com úlcera de perna, Intervenção estruturada dos Cuidados de Enfermagem: Revisão Sistemática da Literatura.
LILACS FONSECA, Cláudia et al.
2012 Como intervenções associadas à cicatrização da úlcera de perna de qualquer etiologia, destacou-se: relação terapêutica enfermeiro/cliente, individualização de cuidados e monitoramento da dor.
Avaliação de sintomas depressivos em pessoas com úlcera venosa.
SCIELO SALOMÉ, Geraldo Magela; FERREIRA, Lydia Masako.
2012 Os resultados obtidos por meio do Inventário de Avaliação de Depressão de Beck permitiram concluir que pacientes com úlcera venosa apresentam níveis diferentes de sintomas depressivos.
Úlceras venosas: caracterização clínica e tratamento em usuários atendidos em rede ambulatorial.
SCIELO SANTANA, Sílvia Maria Soares Carvalho et al.
2012 Os resultados mostraram lesões com más condições de cicatrização e o tratamento em desacordo com as principais recomendações da literatura na área. É necessário repensar a organização dos serviços para atender melhor essa população.
Manejo clínico de úlceras venosas na atenção primária à saúde.
SCIELO SILVA, Marcelo Henrique da et al.
2012 São usados para a limpeza produtos que agridem o tecido de granulação, como coberturas com várias substâncias, dentre elas o óleo de girassol e pomadas antibióticas; a maioria dos usuários não utiliza medidas para controle do edema.
Pessoas com úlceras vasculogênicas em atendimento ambulatorial de enfermagem: estudo das variáveis clínicas e sociodemográficas.
SCIELO MALAQUIAS, Suelen Gomes et al.
2012 Houve associação entre o escore da PUSH (p=0,019) e profundidade da lesão (p=0,027) com exercício de atividade ocupacional na atualidade, assim como entre o histórico de tabagismo e o gênero (p=0,049).
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Cuidados aos portadores de Úlcera Venosa: percepção dos enfermeiros da estratégia de saúde da família.
SCIELO LOPES, Figueiredo.
2012 Os dados apontam a necessidade de uma capacitação dos profissionais em relação ao tema, melhores condições de trabalho, adoção de um protocolo de tratamento e substituição do modelo biomédico por uma visão mais integral do cuidado.
Úlceras crônicas de membros inferiores: avaliação e tratamento.
SCIELO LEITE, Carla Carolina da Silva
2013 A fotografia digital padronizada revelou-se método rápido, preciso e não-invasivo capaz de estimar a área afetada por úlceras. A avaliação das medidas fotográficas dos contornos das úlceras deve ser preferida em relação à análise de sua fotografia direta.
Avaliação da qualidade de vida de pacientes com e sem úlcera venosa.
LILACS DIAS, Thalyne Yurí Araújo Farias et al
2014 Todos os aspectos da qualidade de vida estavam mais comprometidos nas pessoas com úlcera. Estes achados podem contribuir para melhor compreensão dos efeitos da doença venosa crônica na qualidade de vida e melhor direcionamento das intervenções terapêuticas nessa população.
Influência da Úlcera Venosa na Qualidade de Vida dos Pacientes: Revisão Integrativa
LILACS SANTOS, Lívia da Silva Firmino et al.
2015 É possível melhorar a qualidade de vida desses pacientes pela assistência, utilização de tratamentos comprovadamente eficazes como a utilização de terapia compressiva e investindo em novas pesquisas que possibilitem maiores conhecimentos acerca das dificuldades enfrentadas pelos pacientes.
O enfermeiro no manejo clínico de pacientes com úlcera venosa: revisão integrativa de literatura.
SCIELO SOUZA, Hosana Fausto de et al.
2015 O enfermeiro - diante do manejo clínico dessas úlceras - tem grande importância desde a avaliação, prevenção de complicações, orientações para o autocuidado, bem como auxiliando na tomada de decisão terapêutica.
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Cuidado clínico de enfermagem à pessoa com úlcera venosa: fundamentação na teoria imogene king.
BDENF TEIXEIRA, Anny Kayline Soares.
2016 Descrever a interação proporcionar envolvimento, promover iniciativas e assumir o compromisso no cuidado clínico efetivo, propiciando melhoria da qualidade de vida.
Associação dos fatores socioeconômicos e clínicos e o resultado integridade tissular em pacientes com úlceras.
SCIELO MEDEIROS, Ana Beatriz de Almeida et al.
2016 O tratamento dos pacientes com úlceras venosas, contribui na redução do tempo úlcera e, consequentemente, do incômodo, das restrições e dos gastos. Assim, devem ser considerados durante a assistência a um paciente com os diagnósticos de enfermagem Integridade da pele prejudicada e/ou Integridade Tissular prejudicada.
Construção e Validação de Tecnologia Educativa sobre Cuidados com Úlcera Venosa
SCIELO BENEVIDES, Jéssica Lima et al.
2016 A cartilha é relevante, pois se trata de uma nova tecnologia educativa para atividades de educação em saúde, no intuito de motivar os pacientes e os familiares na manutenção de boas práticas nos cuidados com as úlceras venosas, podendo ser utilizada por enfermeiros, médicos, nutricionistas e demais profissionais envolvidos nos cuidados com pessoas com úlceras venosas.
Terapia compressiva: bota de Unna aplicada a lesões venosas: uma revisão integrativa da literatura.
SCIELO CARDOSO, Luciana Ventura et al.
2018 Embora outras técnicas compressivas possam mostrar-se mais eficientes do que a bota de Unna, por agregar mais tecnologia, a bota se destaca por ser um curativo tradicional de baixo custo. A bandagem multicamada é uma técnica padrão-ouro. Esta revisão mostrou que a bota de Unna pode não ser a melhor opção, por demandar um tempo superior de cicatrização em comparação à bandagem
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multicamada, mas atende à expectativa com um alto índice de eficiência no tratamento, ainda se comparada ao curativo simples, bandagem simples ou de duas camadas.
Fonte: Dados da pesquisa.
A amostra constituiu-se de 22 produções descritos no quadro 1, sendo nos
mesmos abordado o manejo clínico de úlcera venosa e/ou as atribuições do
enfermeiro diante da literatura, não excluindo considerações gerais que também
contribuem para a melhora do paciente.
Nota-se que as produções mencionadas acima estão inteiramente relacionados
com o objetivo da presente revisão integrativa, sendo essas produções subdividas
quantitativamente da seguinte forma: quatro estão relacionadas ao “manejo clínico”
da úlcera venosa, quatro se relacionam com as “atribuições do profissional
enfermeiro”, um cita ambos objetivos do presente trabalho que é o “manejo clínico e
as atribuições do enfermeiro” em uma mesma tese, enquanto três produções tratam
de aspectos indiretamente relacionados ao cuidado com o portador com UV, como a
questão emocional do paciente portador de úlcera venosa, por ser um dos pontos
essenciais na recuperação, quando agregada ao manejo correto.
Na figura abaixo podemos visualizar essa distribuição de forma clara através
do gráfico de pizza.
Gráfico 1: Distribuição dos artigos selecionados de acordo com o objetivo do presente trabalho.
Fonte: Dados da pesquisa
Manejo Clínico43%
Atribuições do enfermeiro
28%
Ambos5%
Outros24%
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A gráfico 1 possibilita visualizar graficamente a disposição das produções que
integraram a presente pesquisa, bem como a porcentagem de produções
relacionadas aos objetivos do estudo, sendo Manejo clínico 31% dos artigos,
atribuições do enfermeiro 31%, ambos 7% e outros 31%.
4 DISCUSSÃO
A úlcera venosa (UV), lesão crônica de perna, de elevada incidência clínica,
traz não só sofrimento físico ao paciente, como o impede de trabalhar, pois, a lesão
permanece, muitas vezes, aberta por meses ou anos, causando problemas
socioeconômicos, tanto para seu portador como para as organizações de saúde e
sociedade. As úlceras venosas são lesões crônicas associadas com hipertensão
venosa dos membros inferiores e correspondem a um percentual que varia
aproximadamente de 80 a 90% das úlceras encontradas nos membros inferiores
(SILVA et al, 2009).
Considerado um agravo prevalente em países industrializados, estima-se que
a úlcera venosa possa afetar 1% da população adulta. Diante disto, fica clara a
importância do enfermeiro em conhecer as características da pessoa com UV, seus
aspectos clínicos e físicos e as implicações socioeconômicas impostas ao paciente,
pois o conhecimento amplo dessas condições possibilita o planejamento e a execução
da assistência de enfermagem, baseada em um cuidado de forma integral que vise
um tratamento efetivo e ocorra a cicatrização (MALAQUIAS et al., 2012).
O cuidado clínico de enfermagem ao portador de úlcera venosa permeia vários
aspectos. O profissional realiza a coleta de um breve histórico do paciente, detendo-
se nos aspectos relacionados aos membros inferiores, realiza anamnese e exame
físico (SILVA et al, 2009).
O quadro 2 dispõe sobre algumas características relacionadas a anamnese do
portador de úlcera venosa, conforme citado no parágrafo anterior, torna-se relevante
ao profissional enfermeiro conhecer as características do enfermo.
Quadro 2: Histórico, sinais e sintomas da úlcera venosa.
História • Imobilidade/obesidade/ocupação em pé/trauma.
• Não há claudicação. Inchaço de tornozelo ou perna.
• Desconforto moderado devido à úlcera – aliviado por elevação.
• História de Trombose venosa profunda ou velas varicosas.
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Localização e aparência da
úlcera
• Região ao redor do tornozelo em especial a área do maléolo medial.
• Geralmente superficial com bordas irregulares.
• Presença de tecido de granulação. Edema não depressível.
• É comum secreção intensa quando apresenta edema.
Outros achados na avaliação
• Descoloração do tornozelo/ parte inferior da perna (depósito de hemossiderina). Pode estar presente uma lipodermatoesclerose.
• Veias cheias quando as pernas estão ligeiramente pendentes – abaulamento do tornozelo. Índice de pressão tornozelo braço 0,8 a 1,0.
• Dermatite venosa. Pulsos presentes. Ausência de déficit neurológico.
• Podem ser observadas cicatrizes de úlceras anteriores.
Fonte: (Carmo, 2011).
O quadro 2 explana o histórico, sinais e sintomas e os sintomas decorrentes da
úlcera venosa, sendo os mesmos de grande relevância e contribuição para o manejo
clínico do paciente com úlcera venosa, no que diz respeito a avaliação e
posteriormente o cuidado do enfermeiro estomaterapeuta.
Após detectar os possíveis problemas, traça-se um plano de intervenções e
posteriormente se analisam os resultados de suas ações. Os objetivos do enfermeiro
que cuida de lesões cutâneas, a priori são: cicatrização efetiva da lesão, prevenção
de possíveis complicações, orientação para o autocuidado e redução das recidivas.
Todas essas intervenções de enfermagem se tornam tecnologias de enfermagem
quando realizadas de forma sistematizada e coerente com os preceitos científicos e
éticos (SILVA et al, 2009).
O tratamento das úlceras deixou de ser apenas enfocado na realização da
técnica de curativo, para incorporar toda a metodologia da assistência que o
enfermeiro presta, com avaliação do estado geral do paciente, exame físico
direcionado de acordo com a etiologia da lesão, escolha do tratamento e da cobertura
a ser utilizada. Além do registro de enfermagem e projeção prognóstica. (OLIVEIRA;
CASTRO; ANDRADE, 2006).
Alguns itens devem ser analisados durante a avaliação do estado geral do
paciente como: higiene, estado nutricional, hidratação oral, sono/ repouso,
eliminações, etilismo/ tabagismo, alergias, patologias associadas, medicamentos em
uso, idade, estresse, ansiedade, condições da pele. O enfermeiro pode pesquisar o
diagnóstico da úlcera venosa através da detecção de seus principais sinais e sintomas
seguidos no quadro abaixo. (CARMO et al., 2007)
Assim o enfermeiro deve estar pautado em um processo de sistematização do
cuidado, seguindo uma sequência desde a anamnese, formulação do problema,
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determinação de objetivos, planejamento, escolha da cobertura apropriada, registro
de enfermagem e avaliação do cuidado. Essas ações conduzem a identificação de
fisiopatologias e ao diagnóstico diferenciado com maior segurança, sendo possível
atuar com precisão nas necessidades do paciente (BARBOSA; CAMPOS, 2010).
Quadro 3: Atribuição do enfermeiro estomaterapeuta perante a Úlcera Venosa.
ATRIBUIÇÃO DO ENFERMEIRO
Realizar consulta de enfermagem.
Solicitar exames de acordo com os protocolos da instituição.
Prescrever cuidados com a pele em geral e demais medidas.
Prescrever terapia tópica de acordo com os protocolos.
Realizar desbridamento instrumental conservador.
Prescrever e realizar curativos de acordo com a necessidade do paciente.
Realizar cuidados podálicos (cuidados com as unhas: limpeza,corte adequado, correção de deformidades e remoção de espículas; cuidados com os pés: remoção de calos e calosidades).
Escalas para avaliação da úlcera venosa.
Orientar exercícios, repouso alternado, elevação de membros inferiores, drenagem linfática e medidas de compressão.
Fazer orientação alimentar e hídrica e quando pertinente solicitar avaliação do nutricionista.
Fonte: Dados da pesquisa.
Neste contexto, enfermeiro tem papel fundamental no cuidado clínico e
diferenciado a pessoas com úlcera venosa. O cuidado tem que ser humanizado,
compreendendo um conjunto de atitudes e ações promovidas em parcerias,
fundamentadas em conhecimentos científicos, sistematizados e teóricos, se
apropriando de tecnologias, com a finalidade de buscar melhorar a condição de saúde,
aliviar sofrimento e mantendo a dignidade da pessoa cuidada (TEIXEIRA, 2016).
Deve-se levar em conta a comunicação verbal e não-verbal, bem como um
ambiente caloroso propício a individualização de cuidados. O enfermeiro, ao
aprofundar-se sobre as percepções e expectativas de seus pacientes, relacionado ao
seu estado atual de saúde, os padrões de vida, situação social, econômica e familiar,
conduz ao estabelecimento de confiança e, consequentemente, ao cuidado de
enfermagem eficaz e de excelência (FONSECA et al., 2012).
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A forma como o enfermeiro trata e a atitude como presta o cuidado é observada
pelo usuário à medida que articula as competências da relação interpessoal,
conduzindo a uma relação de confiança que, junto com uma assistência técnico-
científica, gera um ambiente favorável no processo de cicatrização da ferida. Esta
confiança leva a autonomia e ao engajamento da pessoa no seu processo de saúde,
e esse contato deverá ser mantido mesmo após a cicatrização da úlcera, pois esta
relação interpessoal aumenta a confiança nos cuidados (FONSECA et al., 2012).
O papel do enfermeiro na assistência ao paciente é essencial, para tanto deve
estar munido de fundamentação teórica, conhecimento das características da lesão,
conhecimento das substâncias no processo de cicatrização e orientações ao paciente.
Também devem ser consideradas as queixas do paciente, na perspectiva de buscar
estratégias para atendê-lo de forma holística e não apenas o cuidado direcionado a
lesão (SILVA et al., 2012).
Durante o cuidado ao paciente, o enfermeiro dispõe de uma diversidade de
tratamentos para o manejo clínico, embora haja dúvidas sobre o melhor tipo de
tratamento. Para o paciente não internado, é aconselhado controle da infecção com
terapia sistêmica; terapia compressiva e repouso na estase venosa; terapia tópica
adequada para favorecer a limpeza, absorção de exsudato, manutenção da umidade
no leito da ferida e a prevenção de recidivas (BARBOSA; CAMPOS, 2010).
Para realizar a terapia compressiva é necessária a verificação do índice do
pulso tornozelo/braço para detecção de insuficiência arterial. O índice tornozelo/braço
é um método não invasivo que utiliza um esfigmomanômetro e um aparelho de
ultrassonografia para verificar a pressão arterial na região do tornozelo e do braço.
Essa verificação é extremamente necessária, pois os portadores de úlceras venosas
com insuficiência arterial não devem sofrer compressão na área lesionada. Nesse
caso, deve ser redobrada a atenção do enfermeiro, pois a lesão pode passar por um
grau de agravamento maior (BARBOSA; CAMPOS, 2010).
No que concerne ao cuidado com o portador da úlcera venosa, o enfermeiro
tem um papel muito importante por estar rotineiramente na prestação do cuidado, seja
em ambulatório, hospital ou unidades básicas de saúde. Conviver com uma úlcera
venosa traz muitas implicações ao portador, familiares e à equipe de saúde que muitas
vezes não está preparada para discernir todos os aspectos que englobam essa
patologia (BENEVIDES et al., 2016).
20
Diante dessa perspectiva, o enfermeiro deve realizar o exame físico da perna
não acometida para diagnosticar sinais do aparecimento de novas lesões como: pele
ressecada, com descamação e prurido (SANTANA et al., 2012).
A análise clínica da úlcera venosa é composto pelo histórico e exame físico
considerando: condições socioeconômicas e contexto sociocultural, queixas e
duração dos sintomas, história da patologia atual, características de doenças
anteriores, principalmente, Trombose venosa profunda (TVP), traumas anteriores nos
membros inferiores, existência de doenças varicosas, avaliação das condições
vasculares e da lesão (DANTAS; TORRES; DANTAS, 2011).
A partir disso, existem vários tratamentos tópicos para o manejo clínico, dessa
forma a avaliação clínica realizada pelo enfermeiro, antes de aplicar o curativo tópico,
é primordial e deve levar em conta tempo de cicatrização, o custo dos materiais
utilizados e a frequência das trocas. Assim, quando esse processo é feito em ambiente
inadequado, por profissional não habilitado compromete o manejo e a terapêutica
(BENEVIDES et al., 2016).
Em relação ao tratamento da úlcera venosa, deve ser priorizada a redução da
estase venosa e a prevenção de novas úlceras. Por isso, devem ser adotadas
medidas para melhorar o fluxo venoso. A elevação dos membros inferiores e o uso de
meias compressivas que diminuem o edema, melhoram o retorno venoso e trazem
alívio das dores. Na terapia compressiva, o membro inferior deve ser comprimido de
maneira graduada, com a compressão mais elevada no tornozelo. Outra prática que
favorece a melhora do fluxo é a deambulação, pois é prejudicial ficar em pé ou sentado
em uma mesma posição (SOUZA et al., 2015).
O tratamento das úlceras venosas é complexo e requer uma equipe que atue
com habilidades técnicas. O enfermeiro, como parte dessa equipe, tem papel
essencial por assistir e avaliar diariamente o portador de ferida, pois a utilização de
técnicas corretas no manejo clínico terá impacto no processo de cicatrização (LEITE,
2013).
Prestar o cuidado de enfermagem ao portador de UV é um desafio para o
enfermeiro e toda a equipe, pois através do cuidado humanizado e na busca de
entender a doença em seu contexto, sem esquecer os fatores psicossociais e
humanos, é que o profissional alcançará êxito no cuidado prestado. Faz-se
necessário, então, uma assistência pautada em um modelo holístico, no qual o ser
humano seja atendido dentro das necessidades e problemas que o cercam, e isso
21
requer habilidade, conhecimento e busca pela excelência nas ações desenvolvidas
pelo enfermeiro (SILVA et al., 2009).
Existem vários tratamentos tópicos para o manejo clínico, dessa forma a
avaliação clínica realizada pelo enfermeiro, antes de aplicar o curativo tópico, é
primordial e deve levar em conta tempo de cicatrização, o custo dos materiais
utilizados e a frequência das trocas. Assim, quando esse processo é feito em ambiente
inadequado, por profissional não habilitado compromete o manejo e a terapêutica
(BENEVIDES et al., 2016).
Borges (2007) comenta que ainda persiste a dúvida a respeito do melhor
tratamento para úlcera venosa, gerando uma diversidade de tratamentos. No caso da
úlcera venosa, o tratamento deve estar amparado em quatro condutas: tratamento da
estase venosa, utilizando o repouso e a terapia compressiva; terapia tópica, com
escolha de coberturas locais que mantenham úmido e limpo o leito da ferida e sejam
capazes de absorver o exsudato; controle da infecção com antibioticoterapia sistêmica
e prevenção de recidivas.
Enquanto que Benevides et al (2016), acredita que antes de iniciar o tratamento
com as coberturas tópicas deve-se lavar a ferida com água tépida, sabão e soro
fisiológico morno sob pressão. Dentre os insumos utilizados no tratamento tópico, tem-
se os antissépticos, como o polivil-pirrolidona iodo a 10% (PVPI 10%) e a clorexidina
a 4%%, que atualmente têm sido contraindicados por serem citotóxicos e sobreporem
a atividade bacteriana. O uso de esteroides tópicos é controverso, pois se observa
uma melhora da úlcera, diminuição do tempo de cicatrização e da dor, já outros
consideram prejudicial em todas as etapas do processo de cicatrização (DANTAS;
TORRES; DANTAS, 2011).
No Brasil, recomenda-se a limpeza da ferida com solução fisiológica 0,9%
morna, em jato. Esta técnica é usada para remoção de corpos estranhos, tecidos
frouxos aderidos, além de manter o tecido de granulação recém-formado. Contudo,
estudos internacionais indicam o uso de água potável em temperatura ambiente, pois
a mesma não mostra índice de infecção significativo, quando comparada com solução
salina estéril. A água de torneira também é referendada pelos protocolos da Irlanda e
da Inglaterra para limpeza de úlceras de pernas (SILVA, 2009).
O tratamento de feridas citados acima, precisam ser mais estudados, posto em
meios avançados, que estejam baseados em uma análise holística, onde enfermeiros
e demais profissionais de saúde encontrem-se dispostos a sistematizar sua prática
22
por meio de evidências, através de conteúdos científicos pautados na assistência
multiprofissional.
A enfermagem exerce um contato mais próximo com os pacientes com úlceras
venosas, convivendo diariamente com esse problema de saúde pública, nota-se o
elevado número de morbidade entre os pacientes seguidos de uma diminuição da
qualidade de vida e aumento dos recursos a serem utilizados pelo sistema de saúde
no tratamento, relevando o quão essencial é, o profissional enfermeiro na amplitude
de cuidados (LOPES, 2012).
A assistência baseada em cuidados nas úlceras venosas conduz uma
avaliação minuciosa da ferida e também do paciente como um todo, optando por
produtos e processos de cuidado, através de tecnologia que produza
desenvolvimento no processo que concerne à eficácia. Pois a instabilidade do
sistema venoso encontra-se associada a outras demais causas como varizes,
sequelas de trombose, e outras que podem está envolvidas (MEDEIROS, 2016).
O tratamento adequado é vital para o cuidado de usuários com úlceras
venosas, proporcionando maior rapidez da cicatrização e prevenção de
recorrências. Estudos demonstram que o tratamento de excelência é a terapia
compressiva, já que esta pode contribuir para o aumento da taxa de cicatrização.
Os sistemas de compressão em multicamadas são as formas mais eficazes nessa
linha de tratamento (BORGE et al., 2007).
Portanto a perspectiva do tratamento é dispendioso e possui a iniciativa de
propor terapêuticas que se enquadrem a situação do paciente mesmo que muitas
vezes o sistema de saúde pública não ofereça esse suporte, na tentativa de evoluir
ao máximo, casos de úlceras venosas que tendem a crescer significativamente
diminuindo a qualidade de vida desses pacientes e consequentemente abrindo
portas para uma enorme complexidade ao serviço de saúde. A proposta é realizar
um diagnóstico preciso que seja condizente ao paciente e aos recursos disponíveis,
partindo de fatores socioeconômicos, sociodemográficos e a temida falta de adesão
por parte dos pacientes, buscando conduzi-los a um longo processo terapêutico.
Uma das principais formas de prevenção é manter hábitos alimentares
adequados, realizar atividade física, elevar as pernas acima do nível do coração por
aproximadamente 20 minutos e usar meia elástica compressiva, indicada por um
profissional de saúde capacitado (CARDOSO et al.,, 2018).
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5 CONCLUSÃO
Para delinear o manejo clínico da UV pelo enfermeiro se faz necessário recorrer
à saúde baseada em evidências com o objetivo de se atualizar, pois é possível tratar
e impedir a reincidência da úlcera venosa, através do manejo clínico adequado para
que não haja complicações ou retardo evolucional do paciente frente ao processo de
melhoria, respeitando-se o ritmo natural do ser humano.
O enfermeiro dentre suas atribuições atua no cuidado direto da úlcera venosa,
durante a consulta de enfermagem, avaliando e diagnosticando os riscos em
pacientes com insuficiência venosa e oferecendo suporte com desenvolvimento de
planos de cuidados em geral, proporcionando a melhora de forma eficaz, fornecendo
aos pacientes no manejo de seus cuidados a preservação da integridade cutânea, a
eliminação de tecido não viável, o fortalecimento dos tecidos do membro afetado, além
de prescrições de acordo com os protocolos da unidade e orientações gerais.
Deste modo, para um cuidado clínico de enfermagem eficaz, o enfermeiro que
oferece cuidado ao paciente com lesão de pele terá o dever de inteirar o paciente
neste processo, fazendo com que ele se sinta responsável pela sua saúde, além de
promover a educação e estimular o autocuidado. Neste sentido, o cuidado deverá ser
capaz de levar em consideração o sujeito em sua singularidade.
Portanto, ao alcançar os objetivos outrora mencionados, o presente estudo
proporcionará uma contribuição para a riqueza teórico da categoria profissional
através dos resultados obtidos, bem como, convocar os/as demais colegas de
profissão à unirem-se ao debate em busca de aperfeiçoamento e maior eficácia para
o exercício prático e cotidiano, de manejar e colocar em prática suas atribuições.
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