emylai brum de meira lima - app.uff.br brum de meira... · formação acadêmica a deus e ao meu...
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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
FACULDADE DE TURISMO E HOTELARIA
DEPARTAMENTO DE TURISMO
CURSO DE TURISMO
EMYLAI BRUM DE MEIRA LIMA
Pão de Açúcar: do cartão postal à Educação Ambiental
NITERÓI
2016
EMYLAI BRUM DE MEIRA LIMA
Pão de Açúcar: do cartão postal à Educação Ambiental
Trabalho de conclusão de curso
apresentado ao Curso de Turismo como
requisito parcial para a obtenção do Título
de Bacharel em Turismo.
Orientador:Prof. Dr.Marcello de Barros Tomé Machado.
NITERÓI
2016
Dedico este trabalho a todos que me
ajudaram direta e indiretamente na minha
formação acadêmica a Deus e ao meu pai, que
queria tanto que estivesse aqui.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente Deus que sem ele nada seria possível,à minha mãe
e meus familiares que estiveram presente esse tempo todo contribuindo para minha
formação principalmente minha mãe que me ensinou a ser quem sou hoje, aos
amigos que estiverem presente nesse caminho que eu percorri, não deixando
desanimar. As pessoas do Pão de Açúcar que me ajudaram demais.
Ao meu orientador Marcello Tomé, o mais sincero obrigada por tudo. Sem
você eu não teria nem tentado terminar, obrigada pela paciência, compreensão e
carinho. E à professora Telma que foi um dos meus primeiros contatos positivos com
professores na faculdade, obrigada por Ouro Preto.
Obrigada especial ao meu avô Aldo e Tio Almir que tornaram meu caminho
até aqui possível.
RESUMO
O Pão de Açúcar é um dos elementos paisagísticos mais destacados do Rio de Janeiro, sendo considerado um dos mais importantes atrativos turísticos da cidade, seja pela singularidade desta formação rochosa, que junto ao litoral compõe um conjunto de rara beleza cênica; seja pela possibilidade de uso de um dos mais modernos teleféricos do mundo; ou pela paisagem que proporciona do Rio de Janeiro e do seu entorno, alcançando visualmente a beleza das praias do Rio e Niterói e das águas da Baía de Guanabara e do Oceano Atlântico. No entanto, além de ser um importante atrativo turístico e cartão-postal carioca, o Pão de Açúcar é uma unidade de conservação, na categoria de Monumento Natural e possui relevante projeto de Educação Ambiental, o Educa Bondinho. É possível um atrativo turístico como o Pão de Açúcar, que recebe milhares de turistas todos os anos, realizar eficientemente um projeto de educação ambiental? Buscando responder este questionamento, definimos como principal objetivo desta pesquisa destacar o papel do Pão de Açúcar não só como atrativo turístico, mas também como instrumento de educação ambiental por meio do projeto Educa Bondinho, que consiste na realização de visitas guiadas e realização de atividades lúdicas orientadas por profissionais vinculados a este projeto. Trata-se de uma pesquisa exploratória de caráter descritivo, pautada em análise bibliográfica e entrevistas estruturadas. Acredita-se que a Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar consegue realizar com eficiência a proposta do projeto Educa Bondinho e de suas outras ações ambientas, minimizando impactos sofridos pela exploração turística da área e conseguindo aumentar a conscientização ecológica dos participantes do projeto ambiental Educa Bondinho. Palavras- chave: Rio de Janeiro. Pão de Açúcar. Educação Ambiental. Turismo.
ABSTRACT
Sugar Loaf is one of the most outstanding landscape elements of Rio de Janeiro, being considered one of the most important tourist attractions of the city, or for the singularity of this rock formation, which together with the coast make up a set of rare scenic beauty; Or by the possibility of using one of the most modern cable cars in the world; Or the panoramic view that provides of Rio de Janeiro and its surroundings, visually reaching the beauty of the beaches of Rio de Janeiro and Niterói and the waters of Guanabara Bay and the Atlantic Ocean. However, besides being an important tourist attraction and Carioca postcard, Sugar Loaf is a conservation unit in the category of Natural Monument and has a relevant Environmental Education project, EducaBondinho. Is it possible to have a tourist attraction like the Sugar Loaf, which receives thousands of tourists each year, efficiently carry out an environmental education project? In order to answer this question, we defined as the main objective of this research to highlight the role of Sugar Loaf not only as a tourist attraction, but also as an instrument of environmental education through the EducaBondinho project, which consists of guided tours and play activities Oriented by professionals linked to this project. It is an exploratory research of descriptive character, based on bibliographic analysis and structured interviews. It is believed that CompanhiaCaminhoAéreoPão de Açúcar is able to efficiently carry out the proposal of the EducaBondinho project and its other environmental actions, minimizing the impacts suffered by the tourist exploration of the area and managing to increase the ecological awareness of the participants of the EducaBondinho environmental project. Key Words: Rio de Janeiro. Sugar Loaf. Environmental Education. Tourism
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Pão de Açúcar. 13
Figura 2: Gnaisse. 15
Figura 3: Praia da Saudade. 20
Figura 4: Vista Aérea da Exposição Nacional de 1908. 23
Figura 5: Pavilhões da Exposição Nacional de 1908 25
Figura 6: Primeiro teleférico de 1912 30
Figura 7: Bondinho de 1972 34
Figura 8: Bondinho de 2008 35
Figura 9: Plano Inclinado 35
Figura 10: Troféu Categoria média empresa 42
Figura 11: Morro da Urca antes do Reflorestamento 43
Figura 12: Morro da Urca depois do Reflorestamento 43
Figura 13: Painéis solares instalados na estação III 44
Figura 14: Painéis solares instalados na parede da estação III 44
Figura 15: Central de Resíduo da CCAPA 45
Figura 16: Compostagem 45
Figura 17: Trilha de acesso ao morro da Urca 46
Figura 18: Trilha de acesso ao morro da Urca 46
Figura 19: Dia da água, jogo interativo. 49
Figura 20: Dia da Mata Atlântica 50
Figura 21: Museu do Cocuruto. 50
Figura 22: Pesquisa de opinião sobre educadores que
acompanharam a visita.
54
Figura 23: Quanto ao conteúdo abordado no projeto. 54
Figura 24: Contribuição do programa a partir do conteúdo
abordado no projeto.
55
Figura 25: Contribuição da CCAPA para uma sociedade mais
sustentável.
56
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................10
1 PÃO DE AÇÚCAR: DA MONTANHA AO CARTÃO POSTAL.........12
1.1 NATUREZA (ORIGEM E FORMAÇÃO).............................................12
1.2
1.2.1
REFERÊNCIAS HISTÓRICAS...........................................................15
CIDADE DE SÃO SEBASTIÃO DO RIO DE JANEIRO E SUA
FORMAÇÃO......................................................................................17
1.2.2 Bairro da Urca e sua história..........................................................20
2 PÃO DE AÇÚCAR COMO ATRATIVO TURÍSTICO.........................22
2.1 EXPOSIÇÃO NACIONAL DE 1908...................................................22
2.2 COMPANHIA CAMINHO AÉREO PÃO DE AÇÚCAR........................25
2.2.1 Teleféricos........................................................................................27
2.2.2 Obras deconstrução dosteleféricos do Pão de Açúcar e seus
“Bondes”...........................................................................................31
3 TURISMO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL............................................37
3.1 MONA – MONUMENTO NATURAL DOS MORROS DO PÃO DE AÇÚCAR E
DA URCA............................................................................................40
3.2 COMPANHIA AÉREA PÃO DE AÇÚCAR E SEUS PROJETOS
AMBIENTAIS......................................................................................41
4 EDUCA BONDINHO..........................................................................48
4.1 ANÁLISE DAS AVALIAÇÕES.............................................................53
CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................58
REFERÊNCIAS.........................................................................................60
10
INTRODUÇÃO
A Educação Ambiental vem se mostrando cada vez mais necessária nos
empreendimentos turísticos de pequeno, médio e grande porte. A exploração mais
consciente das áreas destinadas ao turismo e principalmente à sensibilização do
público quanto à necessidade de se preservar e manter o meio ambiente,para que
possa minimizar os impactos causados pelo turismo tornou-se, nos últimos anos,
uma importante preocupação dos pontos turísticos do estado do Rio de janeiro, mais
especificamente do Monumento Natural do Pão de Açúcar, cuja atividade está
relacionada principalmente coma visualização da paisagem/belezas cênicas do Rio
de Janeiro e o litoral, tanto da cidade do Rio de Janeiro quanto de Niterói.
A Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcaradministra o complexo turístico
do Pão de Açúcar e épopularmente conhecida como “Bondinho”, tendo sido fundada
em 1909 esituada na zona sul da Cidade do Rio de Janeiro, mais precisamente no
bairro da Urca, sendoresponsável pela gestão de um dos pontos turísticos com
maior visitação anual do estado do Rio de Janeiro.
O que poucos sabem é que a CCAPA vem desenvolvendo vários projetos de
sustentabilidade e educação ambiental na companhia. Esse outro lado
desconhecido da maior parte do público que visita o Pão de Açúcar será
apresentado nesse trabalho juntamente com o histórico dessa rocha imponente.
Esses projetos foram desenvolvidos com o intuito de reduzir os impactos ambientais
negativos causados pela exploração turística da área e como forma de integrar
positivamente o público ao local.Desta forma, a CCAPA passou a investir capital
próprio para a preservação da mata,de animais nativos da região, reciclagem do que
é consumido no complexo,uso de fonte de energia alternativa e o principal projeto,
relativo à educação ambiental e foco desta pesquisa, a saber: o Projeto Educa
Bondinho. Para ter êxito nos novos projetos, foi criado um subsetor responsável
prioritariamente pelo meio ambiente e sustentabilidade vinculada ao setor de
engenharia da CCAPA.
Em 1973, os morros do Pão de Açúcar e da Urca foram tombados pelo
IPHAN. No entanto, em2006, a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro oficializou-os
na categoriade Monumento Natural (MONA). Depois desse reconhecimento, a
11
CCAPA passou a investir mais firmemente em projetos ambientas e na melhoria de
projetos já existentes.
A CCAPA conseguiu se adequar às exigências e necessidades do IPHAN
para manter vivo o que tem grande importância no complexo turístico: sua flora e
fauna.
O trabalho está estruturado em quatro capítulos, a primeira parte foi feita
pesquisas bibliográficas acerca dos temas e a segunda parte foi realizada pesquisa
documental e de campo, sendo feitas entrevistas estruturadas com os participantes
do projeto principal em estudo.
O primeiro capítulo relata de forma breve a formação das montanhas do Pão
de Açúcar e da Urca, contextualiza as referências históricas das mesmas, seguindo
do histórico da cidade do Rio de Janeiro e do bairro da Urca. O segundo capítulo
aborda a concretização das montanhas do Pão de Açúcar e da Urca como um dos
principais atrativos turísticos do Rio de Janeiro contextualizando como foi o processo
de criação de um dos teleféricos mais conhecidos do mundo.
O terceiro capítulo aborda o turismo e a educação ambiental, a dualidade de
como deve ser feita essa ligação e como a Companhia Caminho Aéreo Pão de
Açúcardesenvolve seus projetos voltados para a área ambiental. No quarto e último
capítulo é exposto o projeto de estudo principal do trabalho em questão o “Educa
Bondinho” e as análises feitas do mesmo desde na sua implantação em 2015.
12
1.PÃO DE AÇÚCAR: DA MONTANHA AO CARTÃO POSTAL
Neste capitulo, será contextualizada a formação do complexo do Pão de
Açúcar de acordo com estudos geológicos, explicando de forma breve como a
montanha assumiu seu formato atual e por que recebeu o nome de Pão de Açúcar.
Será apresentado também os primeiros relatos históricos de viajantes ao se
depararem com a rocha, em seguida um breve contexto de como a Cidade do Rio de
janeiro se tornou uma das cidades mais importantes do Brasil a partir da
transferência da capital do País da Bahia para o Rio e a vinda da corte portuguesa
fugindo da guerra napoleônica.
O capítulo é finalizado com, a história de criação de um dos bairros mais
importantes e históricos da cidade, que está inserido o Pão de Açúcar, o Bairro da
Urca.
1.1 NATUREZAS (ORIGEM E FORMAÇÃO).
As pedras também são baús, ou arcas que guardam memórias. A memória do mundo, de algum modo,está presente nas pedras. Não estamos falando aqui da memória da natureza, mas da memória cultural do mundo; não estamos considerando as pedras como entes naturais, mas como entes do universo cultural. Na relação com as pedras não encontramos apenas pinturas, escrituras, esculturas e templos, encontramos também faíscas do imaginário e damemória social. Pensemos no Pão de Açúcar, no Corcovado, na Pedra da Gávea, na Pedra Branca, no Morro da Urca, no Pico do Papagaio, no Pico da Tijuca e no Morro dos Dois Irmãos, por exemplo. Todas essas são pedras que nos acompanham e que alcançaram, ao longo do tempo, um lugar proeminente na geografia de nossas memórias, nas nossas paisagens subjetivas. Sem elas, nós não seríamos os mesmos. Elas também nos formam, informam e conformam, e até nos confortam com suas presenças culturais. Nesse sentido, podemos falar numa educação pela pedra. As pedras, essas companheiras de viagem, podem ser boas educadoras (CHAGAS M. E CHAGAS,2004
1).
O Pão de Açúcar é um importante cartão postal e elemento presente no
cotidiano carioca e daqueles que vivenciam constantemente a cidade do Rio de
Janeiro. Pensá-lo como objeto de estudo de um trabalho científico é um desafio
estimulante.O cartão-postal desejado por turistas, desafio dos escaladores e
admirado pelos cariocas nada mais é do que um imenso pontão gnáissico,
1Chagas, M. ; Chagas, V. 2004. Memória Rupestre ou do Caminho no Meio da Pedra. Revista Museu.
13
constituído basicamente de gnaisse2, assim como vários outras montanhas da
Cidade do Rio de janeiro, um exemplo é o corcovado constituído pelo mesmo tipo de
rocha magmática.
Pelo formato “pontudo” o Pão de Açúcar foi denominado pelos geólogos
de“Inselberges”,que significa ‘montes insulares’ em alemão, suas principais
características são as encostas “nuas” e íngremes, topos “aguçados” e
arredondados, e em alguns casos recobertos por vegetação. Por sua forma
grandiosa, geólogos brasileiros tem denominado genericamente como pães-de-
açúcar, e virou uma denominação para morros com essas
características(CAMPOS,2007).
Existem algumas versões históricas que justificam o nome da montanha.
No século XVI, o açúcar transportado da ilha da madeira para o consumo na Europa era preservado em cones conhecidos como pães de açúcar. Esses cones eram moldados em vasos cuja forma lembrava um sino de igreja. Ao olho da gente quinhentista, a pedra monumental de granito que flanqueia a entrada da Baía de Guanabara era muito semelhante a esse cone. Dai a Ideia do batismo. (LASMAR, et al,2007, p.20).[Figura 1]
Figura 1: Pão de Açúcar
Fonte: Banco de imagem do Museu Histórico Nacional, 2003.
Versões oficiosas enveredam por outros caminhos. De acordo com a página
oficial do Bondinho3 uma das outras explicações para o nome da montanha é o
2Rocha de origem metamórfica, resultante da deformação de sedimentos arcósicos ou de granitos.
Algumas das rochas mais antigas do mundo são gnaisses
14
nome “Pau-nh-açuquã” da língua Tupi, dado pelos Tamoios, os primitivos habitantes
da Baía de Guanabara, significando “morro alto, isolado e pontudo”.
Há 245 milhões de anos, o planeta Terra era formado por uma única massa
chamada Pangéia4. Não havia, portanto, separação entre continentes. Em
determinado momento, essa gigantesca massa dividiu-se um duas partes:
Laurásia5e Gondwana6(BIGARELLA, 1973). Os grandes movimentos das placas
tectônicas deram origem ao que conhecemos hoje como Oceano Atlântico e também
a Serra do Mar e a Serra Carioca no Rio de Janeiro, lugar que está inserido o Pão
de Açúcar, formado também na decorrência dos movimentos tectônicos. A 60
milhões de anos atrás, uma intensa erosão precipitou o aspecto atual dessas serras.
A deposição desses sedimentos erodidos na plataforma continental dos estados de
São Paulo e Rio de Janeiro provocou o recuo da escarpa da Serra do Mar.Todos os
“pontões” rochosos do Estado do Rio de Janeirosãoresultado de processo erosivo
lento e persistente comuns nos climas tropicais(CAMPOS, 2007).
O Pão de açúcar é segundo o site oficial do bondinho formado por um
processo chamado de metamorfismo, que consiste no resfriamento do magma da
profundeza da crosta terrestre e foi se transformando por uma intensa deformação
dando origem a montanha como conhecemos hoje. No ano 2000 foi reconhecido
como um dos principais monumentos geológicos do mundo. Caracterizando essa
“imponência” 7 morfológica.
Formado como resultado dá colisão de diversas placas que se aglutinaram
para moldar a parte ocidental da Gondwana. Toda vez que as placas colidiam, seus
limites extremos se acavalavam, originando cordilheiras. As rochas preexistentes
3 Extraído do site oficial da Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar.
http://www.bondinho.com.br/historia-e-curiosidades/ 4 Continente que, descrito pela deriva continental, existiu há 200 ou 540 milhões de anos, durante a
era Paleozoica, segundo os relatos. A palavra origina-se do fato de todos os continentes estarem juntos (pan do grego = todo, inteiro) e exprime a noção de totalidade, universalidade, formando um único bloco de terra. Ver Paleocorrentes e deriva continental (comparação entre África e América do Sul). Boletim Paranaense de Geociências, v. 31, p. 141-224, 1973.BIGARELLA, J. L. 5Laurásia surgiu logo após a divisão de Pangeia, supercontinente que incluía o que hoje constitui o
Hemisfério Norte, incluindo a América do Norte, Europa e Ásia do Norte. 6Gondwanasupercontinente do Hemisfério Sul, incluindo a Antártida, América do Sul, África,
Madagáscar, Seicheles, Índia, Austrália, Nova Guiné, Nova Zelândia, e Nova Caledónia. 7A imponência do Pão de Açúcar é citada no texto Geologia do Pão de Açúcar, do Professor e Diretor
do Museu de Ciências da Terra, Diógenes de Almeida Campos. "A imponência do Pão de Açúcar não permite desconfiar dos processos geológicos que culminaram com o seu aspecto atual. Apesar das informações sobre a forma e a composição de suas rochas serem importantes para o conhecimento da geologia do Pão de Açúcar, isso, ainda é pouco para o curso da história geológica do morro."
15
foram transformadas pela pressão e pelo calor resultante deste processo. Os
gnaisses que encontramos hoje nasceram desta dinâmica (CAMPOS, 2007).
O gnaisse facoidial – gnaisse [figura 2] específico na formação do Pão de
Açúcar - é uma rocha ortoderivada bastante resistente ao intemperismo e que, por
essa razão, destaca-se no relevo, estando presente também, por exemplo, em
grande parte dos monumentos históricos, fachadas, molduras de portas e janelas, e
o meio-fio, a cidade do Rio de Janeiro foi constituída e ornamentada com o uso do
gnaisse facoidal. Dentre os motivos para essas preferênciasentão o menor custo, a
maciez e a versatilidades para sua utilização(MANSUR, CARVALHO, DELPHIM,
BARROSO, 2008).
O Pão de Açúcar, foi durante anos inacessível para a maior parte dos
brasileiros e estrangeiros que visitavam a Cidade do Rio de Janeiro. Muitos
relataram o que viram em forma de cartas descrevendo a grandiosidade da
montanha, outros fizeram pintas e alguns anos mais tarde o pão de açúcar foi
fotografado de diversos ângulos diferente. Podemos ver alguns relatos a seguir...
Figura 2: Gnaisse
Fonte: Google Imagens, 2016.
1.2 REFERÊNCIAS HISTÓRICAS
Como relata o Historiador Pedro Cunha e Mendes (2011) no vídeo existente
no museu do Cocuruto localizado no topo do Morro da Urca: “Imponente e grandioso
o Pão de Açúcar tem atraído a atenção dos viajantes que chegavam ao Rio de
Janeiro vindo do mar desde o século XVI e que ficavam espantados em frente ao
Pão de Açúcar”.
Esses viajantes na grande maioria deixavam registrados de várias maneiras
diferentes o que viam e se impressionavam. O europeu Padre José Anchieta no
16
século XVI registrou em carta a sua primeira impressão obre a montanha do Pão de
Açúcar: “Ao entrar na barra tem uma pedra mui larga ao modo de um pão de
assucar e assim se chama e de mais de 100braças em alto que é cousa admirável.”
(LASMAR, et al, 2007, p.22). Outros visitantes também se impressionaram com as
montanhas do Morro da Urca e do Pão de Açúcar e relataram o que viram. O
aquarelista inglês Oswaldo Brierly que visitou o Rio de Janeiro em 1842, 1851 e
1869 escreveu:
O dia estava magnífico quando passamos pelo notável Pão de Açúcar e adentramos o magnifico cenário que é aquela baía encantadora, com seus picos arborizados servindo de pano de fundo escurecido. O efeito do nascer do sol sobre o Pão de Açúcar e as montanhas ao redor é muito grandioso. Cada pequeno fragmento de detalhe se perde quando a massa escura é empurrada para cima pelo sol ou é encoberta parcialmente pela névoa. Nesse momento tudo fica com um aspecto mais sublime do que em qualquer outra hora do dia. Fiz um cuidadoso esboço do Pão de Açúcar (CUNHA E MENDES, 2006).
A admiração pela montanha e juntamente pela Cidade do Rio de Janeiro não
é algo que foi relatado apenas na descoberta do novo mundo e sim admiração que
se propaga até os dias de hoje. Muitas pessoas que moram na cidade não querem
sair por sua beleza cênica e muitos que não moram tem o desejo de morar ou pelos
menos de visitar. Um relato de um morador da Cidade do Rio de Janeiro que se
recusou a deixá-la foi de Cassiano Ricardo, políticos que deveria mudar-se para
Brasília na década de 1950 quando Juscelino Kubitschek (governante da época)
transferiu a capital do Brasil para Brasília. Cassiano Ricardo justificou sua não
mudança assim:
O Pão de Açúcar nunca foi de açúcar, mas ficou sendo, comose fosse doce por amar no amor.Por que ficar triste?O Rio não deixa.Quer-se ser mau, maso Pão de Açúcarnão deixa.Quer-se ficar em casa(fechada)mas é tanta a beleza, lá fora,nas ilhas, nas ruas,que o Rio não deixa (Lasmar. et al. 2007, p. 22; 27.).
A relação do Pão de Açúcar com a cidade do Rio de Janeiro sempre foi muito
intensa como foi possível verificar através dos relatos de quem avistava esse morro
pela primeira vez ou não. É impossível tratar o Pão de Açúcar como algo periférico
para a Cidade mesmo nos dias atuais. A formação da cidade do Rio de janeiro
desde seus primórdios nos ajuda a entender como essa rocha se tornou a “mais
17
carioca das rochas”(MANSUR, CARVALHO, DELPHIM, BARROSO, 2008)como é
possível verificar a seguir...
1.2.1Cidadede São Sebastião do Rio de Janeiro e suaformação.
A baía atual não se compara, entretanto, àquela de águas límpidas, contornada e adornada por pequenas enseadas, tendo como fundo a densa floresta tropical: uma visão do paraíso que extasiou os portugueses que a contemplaram pela primeira vez em 1502(KELMAN, 2005, p. 1).
Dois anos após a descoberta do Brasil liderada por Pedro Alvarez Cabral em
1500, a corte portuguesa enviou uma expedição para fazer o reconhecimento
litorâneo do Brasil. A Baía de Guanabara foi erroneamente concebida como a foz de
um rio, e como tal engano teria ocorrido no mês de janeiro, esta região recebeu o
nome de Rio de Janeiro (CANEDO, 2005).Guanabara é palavra de origem indígena
e significa "seio de mar muito fértil, cheio de vida" como a baia na época do
descobrimento era um local de abundancia de peixes e água muito limpa recebeu
esse nome (NOGUEIRA, 2014).
O interesse por essas terras não eram apenas dos portugueses, europeus
das mais diversas nacionalidades também desejavam parte (ou mesmo a totalidade)
do território recentemente descoberto.Muitos descreveram o que viam em formas de
cartas aos seus reis. Dentre essas, destaca-se a cartade Américo Vespúcio:
“Venhamos aos animais racionais. Julgamos ser toda a terra habitada de gente toda nua, assim os Homens como as Mulheres, sem se cobrirem vergonha nenhuma. São de corpos bem dispostos e proporcionados, de cor branca e de cabelos pretos e de pouca barba ou nenhuma.. Muito me esforcei em entender sua vida e costumes, porque 27 dias comi e dormi entre eles e o que conheci deles é em comparação o seguinte: não tem lei nem fé nenhuma e vivem segundo à Natureza. Não conhecem a imortalidade da Alma; não tem entre eles bens próprios, porque tudo é comum. Não tem limites de Reinos e de Províncias; não tem Rei; não obedecem à ninguém. Cada um é senhor de si. Nem favor nem graça a qual não lhes é necessária, porque não reina entre eles a cobiça.”(VESPÚCIO, 2003, P. 95).
Com tudo, amaior ameaça à posse do Brasil a Portugal veio dos franceses. A
França não reconhecia o Tratado de Tordesilhas8, e para os franceses quem
ocupasse a área seria o possuidor da mesma (FAUSTO, 1995).
8 Tratado entre a Coroa portuguesa e espanhola assinado em junho de 1494, que estabelecia a
demarcação de um meridiano localizado a 370 léguas a oeste da ilha de Cabo Verde. Os territórios a
18
Ao contrário dos portugueses, a expedição francesa de 1555, comandada por
Nicolau Durand de Villegagnon, tinha missão colonizadora e não exploradora como
a dos portugueses. A aliança formada entre os índios e os franceses alertou a coroa
portuguesa que, em resposta, esforçou-se por expulsar os franceses e fundar a
cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, no primeiro dia de março de 1565, por
Estácio de Sá (CUNHA E MENEZES, 2006.).O local escolhido para a solenidade de
fundação foi à várzea existente entre o Morro Cara de Cão e o Pão de Açúcar, local
estratégico na entrada da Baía de Guanabara e bem protegido, que ajudou os
portugueses a resistir às tentativas de invasão dos franceses e seus aliados os
Tamoios. Posteriormente, a sede da cidade ainda seria várias vezes transferidas
para: Morro do Descaso (Alto da Sé), Alto de São Sebastião, Morro de São Januário
e Morro do Castelo. A fim de expandir a ocupação do município, Mem de Sá
distribuiu sesmarias9 aos colonos e introduziu a prática da criação de gado
(LASMAR,et al, 2007).
Á medida que a população ia se fixando nos morros, fez-se imprescindível
aterrar lagoas e pântanos ali existentes. As redondezas, por sua vez, foram
transformadas em engenhos de açúcar e receberam os primeiros negros
escravizados vindos da África (LASMAR, et al, 2007). Os Jesuítas já faziam parte do
Brasil nessa época e posteriormente três importantes ordens religiosas se
estabeleceram na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, construindo,suas
igrejas: O Mosteiro de São Bento (monges beneditinos), O Convento de Santo
Antônio (frades franciscanos), e o Convento do Carmelo (irmãs carmelitas).
(GUMIEIRO, 2013). Posteriormenteno ano de 1759 o rei determinou o confisco geral
de todos os bens, rendas ordinárias, pensões e qualquer outra atividade dos
Jesuítas em toda a extensão das terras coloniais. Os Engenhos de Santa Cruz,
Engenho Velho, Engenho Novo e São Cristóvão que pertenciam aos Jesuítas foram
divididos e loteados; este fato marcou o surgimento das zonas sul (Botafogo) e norte
(São Cristóvão) da cidade (SERAFIM, 1938).
Com todas as mudanças e o desenvolvimento da cidade, o vice-rei português
decide mudar a capital do vice-reino da Bahia para a cidade de São Sebastião do
oeste seriam explorados pelos espanhóis; e as terras a leste deveriam ser controladas pelos lusitanos. 9 Instituto jurídico português que normatizava a distribuição de terras destinadas à produção agrícola.
Sem capacidade para organizar a produção de alimentos, decide legar a particulares essa função. Este sistema surgira em Portugal durante o século XIV, com a Lei das Sesmarias de 1375.
19
Rio de Janeiros em 1763, o que ajudou a relativizar a importância da Cidade, assim
permanecendo por quase cinco décadas, até a chegada da Família Real portuguesa
em 1808 (SILVA, 2012). Porémas benfeitorias implantadas neste período de quase
50 anos não acompanharam o grande crescimento da cidade(CUNHA E MENESES,
2009).
Em 1808, a capital do Vice-reino contava 50 mil habitantes. Não obstante, seu
progresso era ínfimo. A Corte Portuguesa exigia restrições extremas: estavam
proibidas as manufaturas de seda, algodão, linho ou lã, o trabalho de ourivesaria, a
tipografia bem como o desembarque de navios estrangeiros. Os cafezais
dominavam as áreas rurais. O perímetro urbano, por sua vez, contava apenas 46
ruas, 4 travessas, 6 becos e 19 campos ou largos (ABREU, 2013).
Em 1808, sem condições para enfrentar a invasão francesa vinculada à
guerra Napoleônica o príncipe regente de Portugal D. João (à frente da Família Real
Portuguesa) aportaram no Rio de Janeiro acompanhados por centenas de súditos e
serviçais: o desenvolvimento da cidade havia sido "definido" pela investida do
general francês Napoleão Bonaparte sobre as terras lusitanas. Escoltados pela
esquadra inglesa, os portugueses atravessaram todo o Oceano Atlântico, fizeram
escala em Salvador e, dirigiram-se à cidade do Rio de Janeiro, com eles trouxeram
obras de arte, dinheiro, documentos, livros (FARIAS, 2008).
Em retribuição a ajuda recebida dos ingleses, o livre comércio entre a colônia
e a Inglaterra foi autorizado a partir do decreto da Abertura dos Portos10. Em 1815, a
cidade do Rio de Janeiro foi alçada à categoria de capital do Reino Unido de
Portugal e, por isso foi mais bem desenvolvida a partir do momento em que D. João
VI adotou várias medidas econômicas que favoreceram o desenvolvimento
brasileiro. Entre as principais, podemos citar: estímulo ao estabelecimento de
indústrias no Brasil, construção de estradas, cancelamento da lei que não permitia a
criação de fábricas no Brasil, reformas em portos, criação do Banco do Brasil e
instalação da Junta de Comércio (FARIAS,2008).
A possibilidade de transformar o país em nação veio com a declaração de
Independência por D. Pedro I em 7 de setembro de 1822.
10
Promulgada por meio de uma Carta Régia, pelo príncipe regente, D. João, em 28 de janeiro de 1808. O decreto foi assinado quatro dias após a chegada da Família Real e da Corte portuguesa onde autorizava o comercio com as nações amigas de Portugal.
20
1.2.2O Bairro da Urca e sua história.
A Criação do bairro da Urca foi de suma importância para a consagração do
Pão de Açúcar com um dos principais pontos turísticos do Rio de janeiro, não só
pela sua localização privilegiada aos pés dos morros, mas também por ser um bairro
litorâneo e com potencial utilização para proteção da própria cidade. A antiga Praia
da Saudade, além de ser utilizada por banhistas, abrigou pavilhões da Exposição de
1908 e foi palco de competições de regatas. No entanto, a praia foi aterrada em
1930 para a construção de um clube náutico e já não existe mais [Figura 03].
Figura 03: Praia da Saudade.
Fonte: 1893 J. Gutierrez.
Os primeiros prédios que existiram no bairro da Urca mais especificadamente
na Praia Vermelha foram construídos estrategicamente para fins de defesa
militar,desde a fundação da cidade por Estácio de Sá. Tão logo iniciado o século
XVIII foi construído um forte. Sucessivamente, a partir de 1856, instalaram-se o
Batalhão de Engenheiros e a Escola Militar e de Aplicação. O acesso aos civis foi
liberado apenas em 1938, com a criação da Praça General Tibúrcio (AIZEN, 1990).
O bairro da Urca, tal qual o conhecemos hoje, não existia até o final do
século XIX. As águas da Baía de Guanabara batiam diretamente nas rochas que
circundavam os morros da Urca e o Pão de Açúcar.A história começa a se
transformar quando o comerciante português Domingos Fernandes Pinto, entre os
anos de 1870 e 1880, investe na ideia de construir um novo bairro, com prédios
21
obedecendo "a um novo estilo, elegante e artístico". Ele assina um contrato com o
município, em 2 de março de 1895, para a construção de um cais, estabelecendo a
ligação entre a praia da Saudade, em frente ao Instituto Benjamin Constant, à
Escola de Aprendizes de Artilheiros, na Fortaleza de São João. A obra foi
embargada pelo Exército, segundo a justificativa de que ela prejudicaria a defesa do
Forte. Um embate judicial teve início. Quando finalmente, em 1919, um novo
contrato foi assinado com a prefeitura, Domingos Fernandes Pinto não pôde cumpri-
lo.11
Ainda segundo o site oficial do Bairro da Urca no ano de 1921, o engenheiro
Oscar de Almeida Gama constitui a Sociedade Anônima Empresa da Urca para os
mesmos fins pretendidos por Domingos. Dentre as inúmeras exigências presentes
no contrato, estava a construção de uma escola para 200 alunos, que veio a ser a
Escola Minas Gerais, até hoje existente no bairro.
O presidente da República, Epitácio Pessoa, inaugura oficialmente a Avenida
Portugal em 1920. Na mesma época, a antiga praia da Saudade recebia nova
denominação com nome de Avenida Pasteur.
A urbanização da Urca foi aprovada apenas em 1922. O Hotel Balneário,
construído no local, se tornou muito famoso quando transformado em cassino em
1933. Naquela época, o cassino da Urca apresentava shows de artistas nacionais e
internacionais. Em 1946 o Presidente Dutra promulgava uma lei que extinguiu os
jogos de azar e, por consequência, o Cassino da Urca, assim como os demais
cassinos do país, fecharam as portas. Da década de 1950 até julho de 1980
funcionou naquele edifício a TV TUPI, canal 6, dos Diários e Emissoras Associadas
(ABREU,2013).
Importantes instituições públicas e privadas têm sua sede na Urca, o que
torna o bairro um tanto particular neste quesito. Dentre elas podemos citar:
Companhia de Pesquisas e Recursos Minerais, Instituto Militar de Engenharia,
Centro de Educação Física do Exército, Instituto Benjamin Constant, Escola Superior
de Guerra, Universidade do Rio de Janeiro - UNIRIO e a Universidade Federal do
Rio de Janeiro. Mas nada se compara ao imponente Pão de Açúcar (AIZEN, 1990).
11
Informações extraídas do site oficial do Bairro da Urca - http://www.urca.net
22
2.PÃO DE AÇÚCAR SE TORNA ATRATIVO TURÍSTICO DO RIO DE JANEIRO.
As montanhas do pão de açúcar e da Urca como já foram apresentadas,
sempre tiveram grande importância para a Cidade do Rio de Janeiro e despertaram
o interesse de muitos residentes e visitantes. Pessoas importantes e visionárias
também tiveram esse interesse despertado. Escaladores, empresários, políticos,
engenheiros tiveram vontade de explorar o morro que é conhecido hoje em dia como
uma das mais belas paisagens do Rio de janeiro. O Pão de Açúcar tornou-se objeto
de desejo de muito e com o passar dos anos transformou-se em um dos principais
pontos turísticos do Brasil (LASMAR, et al, 2007).
Para que se concretizasse como tal, foi preciso que alguém de visão,
coragem e experiência tornasse viável a realização desse sonho, que começou a
tomar forma durante a Exposição Nacional de 1908.
2.1.EXPOSIÇÃO NACIONAL DE 1908.
Em 1908, a cidade do Rio de Janeiro foi sede da exposição nacional de
comemoração do centenário da abertura dos portos às nações amigas –objeto de
decreto realizado pelo então príncipe-regente de Portugal Dom João de Bragança
(28 de janeiro de 1808, em Salvador). Foi também a primeira carta Régia
promulgada pelo príncipe regente no Brasil. Tal ato marcou o fim do pacto colonial,
acordo que obrigava todos os produtos brasileiros a passarem pelas alfandegas em
Portugal, fato que teria beneficiado principalmente o comércio com a Inglaterra.
A Exposição Nacional de 1908, organizada pelo governo federal,tinha o intuito
de exibir matérias primas e produtos manufaturados oriundo de diversos estados
brasileiros, também possibilitou a confecção deum inventário da economia do País,
porém, o principal objetivoera apresentar a nova Capital da República (NEVES,
1973).
A cidade do Rio de Janeiro havia sido finalmente urbanizada pelo então
prefeito Pereira Passos e, simultaneamente, saneada por Oswaldo Cruz.
Osvisitantes da exposição estariam expostos a uma nova imagem do País, até então
marcada pelas doenças. Desta forma, o principal objetivo dos administradores foi
alcançado: marcar definitivamente o Rio de Janeiro como uma das principais
cidades do mundo a atrair novos visitantes (LASMAR,et al,2007).
23
A realização da Exposição Nacional de 1908 e ascomemorações do primeiro centenário da abertura dos portos do país ao livre comércio foi um momento forte nesse processo. O evento pode ser considerado como o grandfinale de um primeiro tempo de interações econômicas e culturais do Brasil com um mundo cada vez mais urbano e cosmopolita, que teve nas reformas do Rio de Janeiro, entre 1903 e 1906 uma das suas maiores expressões (PEREIRA, 2001, p. 7).
Vários locais da cidade foram estudados para a viabilidade da construção da
exposição, porém muitos descartados pelo tamanho ou pelo custo de construção.
Por fim em uma área de 182.000 metros quadrados da Praia da Saudade (atual
Avenida Pasteur)foi decidido como melhor local para a realização da exposição,
então foram construídos diversos prédios para abrigar a Exposição Nacional [Figura
4], local no qual até então só existia o “velho casarão” da Escola Militar e a Escola
Superior de Guerra. A área era pouco conhecida pelos cariocas,a despeito do fato
de que desde maio de 1902 o bonde elétrico já circulava pela Praia da Saudade
(PEREIRA, 2001).
Figura 4: Vista aérea da Exposição nacional de 1908.
Fonte: Acervo CCAPA
Para divulgar a Exposição Nacional, foram impressos 23 cartões postais –
muitos deles aquarelados – que circularam pelo Brasil e pelo mundo, com a planta
baixa do local e fotografias dos edifícios(HEIZER, 2007).
O acesso do público ao local era feito por terra e mar. O antigo cais da Praia
da Saudade foi ampliado e nele construída uma ponte e uma marina para atracar
embarcações, bem como uma estação para embarque e desembarque de
passageiros trazidos do Cais Pharoux (atual Praça XV).
24
Dentre os inúmeros pavilhões construídos como é possível visualizar na
figura 5, destacou-se ainda: Palácio da Bahia, Palácio da Sociedade Nacional de
Agricultura, Palácio de Minas Gerais, Palácio das Indústrias, Palácio dos Estados,
Pavilhão Manuelino (de Portugal) e, anexo a este, o Pavilhão Egípcio (da Música),
Teatro João Caetano e o Restaurante Pão de Açúcar. Após o término da Exposição
Nacional, os prédios foram demolidos. Restou apenas o Palácio das Indústrias –
antigo edifício da Escola Militar – que teve o mesmo fim em 1935, após ter sido
bombardeado durante a Intentona Comunista. Atualmente, ainda cumprindo
funções, embora não totalmente preservados: o Palácio dos Estados – hoje
abrigando a Companhia de Pesquisas e Recursos Minerais (CPRM) – antigo Serviço
Geológico, e o Pavilhão das Máquinas (hoje Escola de Teatro da UNIRIO)
(LASMAR, et al, 2007).
Pelo tamanho do investimento, a Exposição Nacional permaneceu por curto
período de tempo aberta para visitação, que ocorreu de 28 de janeiro a 15 de
novembro de 1908, alcançando sucesso absoluto de público e de negócios (Heizer,
2007).Devido aos processos de urbanização pelos quais a cidade passou, o Rio de
Janeiro recebeu, a denominação que se perpetuaria: o escritor Coelho Neto a
chamou “Cidade Maravilhosa”.
Durante dos três meses de exposição foi realizado um “inventário” da cidade
para os próprios brasileiros, a exposição foi vista por mais de um milhão de pagantes
muito oriundos de territórios diferente do Brasil e do mundo. Foi criado um
BolletimComemorativo da Exposição Nacional, e dizia que o Brasil foi apresentado
em todos os seus aspectos – físicos, demográficos, econômicos e sociais. O Rio de
Janeiro, por ser o local da realização do evento, mereceu destaque em especial no
referido Bolletim(PEREIRA, 2001). A esmerada publicação, com versões em francês
e em esperanto, nos mostra aspectos interessantes como taxa de imigração,
distribuição e densidade populacional, índices de nupcialidade, natalidade e
mortalidade.12
Durante a Exposição o Pão de açúcar foi contemplado por muito que
visitavam, aguçando a criatividade e o desejo de conhecer o a montanha por um
ângulo doferente.
12
BolletimCommemorativo da Exposição Nacional de 1908. Inspetoria Geral de Estatística. Rio de Janeiro: Ministério da Viação e Obras Públicas.
25
Figura 5: Pavilhões da Exposição Nacional de 1908.
Fonte: Acervo CCAPA
2.2. COMPANHIA CAMINHO AÉREO PÃO DE AÇÚCAR.
Durante as obras de construção dos pavilhões da Exposição Nacional de
1908, muitos visitantes foram “inspirados pela exposição” (LASMAR, et al, 2007, p.
41) o Engenheiro Augusto Ferreira Ramos foi um deles. A cada visita que fazia a
exposição nacional de 1908 (que fora um dos organizadores), se impressionava com
os morros do Pão de Açúcar, da Urca e da Babilônia,
De tanto observar os contornos do Pão de Açúcar e dos morros da Urca e da Babilônia e de mesclar sua fascinação e seus sonhos com seus sólidos conhecimentos de engenharia, Augusto Ramos, numa visão além do seu tempo, intuiu que era possível fazer a ligação entre eles por meio de cabos de aço suspensos, como os teleféricos para transporte de passageiros que sabia terem sido recém-estabelecidos na Europa (LASMAR, et al, 2007, p. 41).
Culto, com um currículo extenso e com vasta experiência advinda de viagens
internacionais tinha ciência de teleféricos construídos para transporte de passageiros
na Suíça e na Espanha inicialmente. Considerou então que era viável o projeto de
construção do teleférico ligando os morros por meio de cabos de aço suspensos. Um
26
sonho que viria a se materializar, finalmente em 14 de junho de 1911, na Companhia
Caminho Aéreo Pão de Açúcar (LASMAR,et al, 2007).
O Decreto Municipal número 1260 que autorizava a construção e exploração
de um caminho aéreo entre a antiga Escola Militar e o alto do Morro da Urca, com
ramais para o Pão de Açúcar e o Morro da Babilônia foi publicado em 29 de maio de
1909, um ano depois da ideia da construção do teleférico. Associado ao industrial
Manuel Antônio Galvão, Augusto Ferreira Ramos assinou no mesmo ano com o
Governo Federal o contrato de concessão para exploração da área por 30 anos. Em
28 de outubro de 1909 após desenvolver o projeto e analisar sua viabilidade o Dr.
Serzedelo Correia prefeito do então Distrito Federal concedeu as licenças
necessárias e aprovou a construção. Deu-se então início a desafiadora empreitada
para a realização do sonho: escaladas dos morros, obras e encomenda de
equipamentos. (site oficial do Bondinho13).
A obra eravista para a época como grande avanço e de difícil execução, ao se
tornar pública, foi motivo de chacota pela população e pelas classes políticas e
empresariais da época que não acreditavam no projeto.
Tratavam Augusto Ramos por louco e com sarcasmo chegaram a sugerir que a linha do teleférico ligasse o Pão de Açúcar diretamente ao Hospício Nacional, que então funcionava onde está hoje o palácio da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LASMAR, et al, 2007, p. 44).
Mesmo com a descrença de alguns não desistiu de levar a diante sua ideia, e
foi em busca de parceirospara levantar o capital inicial de 180 contos de réis em 900
ações integralizadas de 200 mil réis cada. “Desempenhou essa tarefa, verdadeira
operação de engenharia financeira e política, com a mesma competência que
projetaria a obra de engenharia civil” (LASMAR,et al, 2007, p. 43).
Os investimentos da Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar não se
limitaram as áreas de concessão da CCAPAComo a região era desprovida de
conforto e acesso para os futuros visitantes, preocupou-se fazer melhorias em seu
entorno para benefício dos seus visitantes(LASMAR, et al, 2007).
Então. Porém Augusto Ramos enfrentou vários desafios e dificuldade para a
realização do seu sonho, o fabricante Pohlig – empresa da cidade alemã de Colônia
contratada para desenvolver o projeto, fabricar e montar os equipamentos devido à
13
www.bondinho.com.br/oteleferico
27
falta na indústria brasileira - vinha protelando a entrega dos equipamentos
encomendados devido a um incêndio que havia sofrido em suas instalações que
destruiu os desenhos originais e os modelos das partes metálicas. Peças para a
fundação foram para o porto de Santos extraviadas; despesas extras para
concretagem do vão aberto no morro da Babilônia e a abertura da previsão de
duplicação das linhas consumiu “muitos contos de réis”, precisou-se então que os
acionistas fizessem um empréstimo de 120 contos de réis à Companhia para cobrir
as despesas imprevistas(BONDINHO 100 ANOS, 2012).14
Porémo maior desafio enfrentado foi à própria instalação do sistema. Viu-se
necessário cravar espigões nas rochas do Pão de Açúcar e Morro da Urca para levar
as peças para a montagem do guincho que auxiliaria na subida de todo o material
para a construção das estações a instalação do teleférico de carga e posteriormente
o de passageiros, o carro de transporte também foi utilizado para transportar os
operários até o cume dos morros. Para o funcionamento desse carro ancorava-se
primeiro um cabo mais forte e um mais leve no pico, o mais forte servia de cabo-
suporte para o carro de serviço, que era puxado pelo cabo mais leve.
As obras de construção das estações duraram três anos e foram levadas
quatro mil toneladas de equipamento e materiais de construção para o alto dos
morros ao custo total de dois milhões de réis. Os bondes originais de 1912 eram
feitos de madeira maciça e vieram prontos da Alemanha e, na medida em que os
anos se passavam, eles iam se deteriorando. Assim novos bondes metálicos foram
fabricados pelos operários da CCAPA (LASMAR,et al, 2007).
2.2.1 Teleféricos
Devido à escassez de material de pesquisa específico para os temas dos
subcapítulos 2.2.1 e 2.2.2, foi utilizado para a produção material de publicação
interna da CCAPA de uso institucional e restrito, cedido a funcionários da companhia
com nome de “Bondinho 100 anos: material de treinamento. 2012”. Essa publicação
não respeita as citações bibliográficas da ABNT não podendo assim especificar o
autor da mesma, considerando com isso que as citações são feitas por meio no
nome do material e seu ano de produção. 14
Bondinho 100 anos, material de treinamento. 2012 - Material cedido pela CCAPA para treinamento de funcionários de uso institucional e restrito. Não respeita regras gerais da ABNT e não contem fonte explicita.
28
É indicado que esse meio de transporte por teleféricos teve sua origem na
China: cestos eram deslocados para transportar as pessoas e cargas.A definição
internacional mais aceita é a de que o teleférico configura-se como um sistema de
transporte de carga ou de passageiros, constituído por cabines fixadas em um
sistema de cabos que se encarregam de fazer avançar as unidades através de
estações - embarque e desembarque - ligando um monte a outro, ou um monte a um
ponto baixo, ou ambos.A situação topográfica e o número de passageiros a serem
transportados por um determinado período de tempo são os determinantes para o
tipo de sistema adotado. Fabricantes de teleféricos usualmente não os operam, mas
produzem os modelos de acordo com as necessidades declaradas pelos solicitantes
(MARIANO, 1998).
Na Europa existem cerca de 19 mil caminhos aéreos, com destaque para
França, Áustria, Suiça e Itália, nos Alpes. Os teleféricos são muito utilizados em
estações de esqui, locais nos quais são praticados os chamados esportes de
inverno ou de montanha - em geral, os turistas (ou atletas profissionais) são
transportados morro acima através dos teleféricos; na sequência, descem utilizando-
se de esqui ou artefatos similares. Em diversas localidades, fora da temporada de
esqui, esses caminhos aéreos permanecem desativados. Além da possibilidade
acima descrita, há teleféricos instalados em áreas industriais a fim de escoar
mercadorias e produtos manufaturados (BONDINHO 100 ANOS, 2012).
O primeiro sistema teleférico instalado no Brasil ocorreu com a criação da
Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar, em 1909, na cidade do Rio de Janeiro
(LASMAR,et al, 2007). Atualmente, os registros oficiais dão conta de 25 teleféricos
em funcionamento no país, 15 deles configurados como "cadeirinhas"(BONDINHO
100 ANOS, 2012).
O bondinho do Pão de Açúcar teve seu trecho inicial - da Praia Vermelha ao
Morro da Urca - inaugurado em 27 de outubro de 1912. Pela extensão de 528
metros, 577 passageiros foram transportados pagando pelos bilhetes de ida e volta
um total de 2 mil réis. O trecho seguinte - fazendo a ligação entre o Morro da Urca e
o Pão de Açúcar - foi inaugurado no dia 18 de janeiro do ano seguinte. Nesta
segunda etapa, percorrida em números totais 750 metros, construída pelo mesmo
processo de lançamento de cabos, 449 passageiros foram os primeiros afortunados
a completar a ligação definitiva entre o solo, o morro e o penedo. A terceira e
derradeira linha do projeto inicial - que ligaria o Morro da Urca ao Morro da Babilônia
29
- embora tivesse suas obras iniciadas, não chegou a ser concluída: o Ministério da
Guerra daquela época alegou que a área em questão era prioritária para a
segurança nacional (LASMAR, et al, 2007).
A inauguração do teleférico da Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar teve repercussão nacional e internacional por diversos motivos: o desafio tecnológico, as dificuldades de acesso, o ineditismo e a falta de mão-de-obra qualificada no Brasil (LASMAR, et al, 2007 p. 49;50).
Quando o teleférico foi inaugurado, em 27 de outubro de 1912, só havia dois
daquele tamanho no mundo: um na Suiça (Wellerhorn) com extensão total de 560
metros e desnível aproximado de 420 metros (construído em 1908), e outro na
Espanha (Monte Ulia) com extensão máxima de 280 metros e desnível de 28
metros, construído em 1907. “Foi um escândalo para a época, porque o Brasil era
muito atrasado tecnologicamente” [Figura 6] (LASMAR, et al, 2007. p. 50).
“Ao olharem, ou mesmo viajarem, nos antigos bondinhos os turistas não tinham noção da sofisticada obra de engenharia eu lhes era oferecida e eu, embora aparentemente frágil e pouco firme, as condições de segurançarespeitavam todos os padrões vigentes na época.”(LARMAR, et al, 2007. p. 54;55)
No sistema instalado, denominado "vai-e-vem", os "Camarotes Carril" - carros
aéreos, logo denominados "bondinhos" por sua semelhança estética com os bondes
elétricos que circulavam pelas ruas centrais da cidade - deslizavam por meio de 4
pares de roldanas por 2 cabos-trilhos fixos de 41mm cada, compostos por 92 fios de
aço enrolados; desse modo, as superfícies de contato eram mantidas lisas. A
resistência à ruptura dos cabos-trilhos era de 180 toneladas, e sua durabilidade
prevista era estimada em 30 anos. Os freios elétricos, automáticos, proporcionavam
ao sistema a mais completa segurança. No primeiro trecho, a viagem era
completada em 4,5 minutos; no segundo, em 6 minutos. Tudo isso, a uma
velocidade média de 2m/s, conquistada a partir da energia mecânica fornecida por
um motor elétrico de 75hp. (LASMAR,et al, 2007)
30
Figura 6: Primeiro Teleférico de 1992
Fonte: Arquivo CCAPA.
O contrato de concessão de serviços pelo período de 30 anos, assinado entre
a Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar e o Governo do Estado da Guanabara,
em 29 de maio de 1969, concedia à CCAPA o direito de explorar o serviço de
transporte teleférico inaugurado em 1912. Não obstante, apenas renovar o contrato
nas mesmas condições anteriores não era o desejo da direção da CCAPA, que já
possuía consciência das limitações dos serviços prestados aos turistas: enormes
filas de espera devido a pouca capacidade de transporte de passageiros do
bondinho. Para que se tenha ideia dos transtornos, uma visita comum ao Pão de
Açúcar demorava em média 5 horas, sendo que 3 destas os turistas permaneciam
nas filas das estações. Desta forma, o grande entrave ao crescimento das atividades
turísticas no Morro da Urca e Pão de Açúcar estava perfeitamente identificado
(BONDINHO 100 ANOS, 2012).
O empreendimento proposto, então denominado "Novo Pão de Açúcar",
contemplava dois projetos: Projeto Teleférico - implantação de novos caminhos
aéreos - e Projeto Parque Turístico - constituição de uma empresa específica para
viabilizar e gerir o aproveitamento das áreas do Morro da Urca e Pão de Açúcar para
fins de entretenimento e lazer para os turistas - ambos aprovados pela EMBRATUR,
que considerou de relevante interesse para o turismo do Estado do Rio de Janeiro.
Foi necessário um completo levantamento topográfico e geodésico das áreas
servidas pelo caminho aéreo na Praia Vermelha, no Alto da Urca e do Pão de
Açúcar, estudo que fundamentou as propostas de reutilização dos espaços já
existentes (BONDINHO 100 ANOS, 2012).
31
O Projeto Teleférico consistia na substituição da antiga instalação teleférica,
que transportava apenas 115 passageiros por hora, por outro mais moderno, que
transportaria 1.300 passageiros por hora. A CCAPA fez um estudo de mercado para
justificar a duplicação do sistema e concluiu que havia uma demanda reprimida de
passageiros que fundamentava os esforços a serem impressos pela companhia na
construção do novo teleférico. O estudo analisou fatores como o crescimento da
população da Grande Rio, a promoção turística do da cidade, o desenvolvimento do
turismo interno, o crescimento do turismo externo, o impacto da novidade, a
eliminação das filas de espera, a divulgação do novo sistema e as atrações turísticas
que seriam oferecidas (LASMAR, et al, 2007).
No período de 1912 a 1971, respectivamente ano da inauguração do
teleférico e ano do estudo, haviam passado pelo Bondinho 7.679.520 passageiros,
sendo destes 3.600.000 habitantes da Grande Rio. O turismo no Rio de Janeiro,
tanto interno como externo, cresceu muito a partir da década de 1960: de 1967 a
1970 registrou-se um aumento de 50% no movimento da rodoviária Novo Rio. A
EMBRATUR, em suas estatísticas, informou que o crescimento médio de entrada de
turistas estrangeiros no país, entre 1968 e 1970, foi na ordem de 21,3%. E que a
perspectiva do crescimento deste número era maior para os anos seguintes, o que
estimulava os gestores dos atrativos turísticos, principalmente no Rio de Janeiro,
portal de entrada do país. Como reflexo desse aumento, no quinquênio 1965-1971, a
CCAPA recebeu uma média de 255 mil visitantes por ano (BONDINHO 100 ANOS,
2012).
Após apresentar sua argumentações ao governo, em 5 de maio de 1970, o
Termo Aditivo ao Contrato de Concessão de Serviço Público foi assinado. A CCAPA,
então, promoveu uma concorrência internacional para a construção do novo
teleférico. Participaram empresas de várias procedências: alemã (PohlingHeckel),
suíças (Von Roll e Bell), austríacas (Vöest e WaagnerBiro), italiana
(OfficineMechanicheAgudio, de Milão). Venceu a empresa italiana
“OfficeneMechanicheAgudio”, mas todas as especificações do novo teleférico, bem
como das obras civis, foram estabelecidas pela CCAPA (LASMAR, et al, 2012).
32
2.2.2 As obras de construção dos teleféricos do Pão de Açúcar e seus
“Bondes”.
Como relatado anteriormente, o antigo bondinho inaugurado em no ano de
1912foi totalmente trocado, tanto os camarotes carril quanto todo o sistema de
locomoção e as próprias estações também mudaram de lugar. As obras das novas
estações tiveram início em 16 de junho de 1971, segundo relatos da construção,
com a amarração da lança do guindaste, de 18 metros, para subir ao Morro da Urca,
suspensa nos cabos aéreos. As novas estações foram construídas ao lado direito e
encostadas as já existentes, sem interrupção do tráfego. Em cada uma foi instalado
um canteiro de obras, bem equipado (LASMAR, et al, 2007). Para que todo esse
processo fosse realizado, um estudo geológico cuidadoso para obter o exato
conhecimento das camadas da rocha viva dos penedos, foi desmontado três
grandes blocos de pedra do alto do Pão de Açúcar, pesando 1.000 toneladas. Cada
estação, calculada para ser fixada por peso próprio, consumiu, em média, 1.000m de
concreto, o que equivale a um edifício de 10 andares,tendo quatro apartamentos de
1200m por andar. Havia na oficina 4 soldadores para cortar e soldar os vergalhões
das formas de concreto das estações e, na rocha dos morros, foram encravados
300 chumbadores para garantir maior estabilidade das 4 estações (LASMAR, et al,
2007).
Segundo relatos da CCAPA o abastecimento de água para a concretagem
das estações e a instalação de linhas de alta voltagem e telefônicas demandou a
compra de um terreno localizado no sopé do morro, na Avenida São Sebastião,
número 28. Foram construídas duas elevatórias: uma levando água da Praia
Vermelha para o morro da Urca e a outra deste para o Pão de Açúcar, com
capacidade de 17.000 litros / hora cada. Uma estrada, com 200 metros de extensão
e pavimentação em concreto armado, foi construída no Morro da Urca para
transportar o material de construção das estações.Além disso, foi necessária a
duplicação na linha e reconstrução do bondinho cargueiro (novas estações, novos
cabos, novas máquinas), triplicando sua capacidade de carga para 6 toneladas por
hora (BONDINHO 100 ANOS, 2012).
A construção do novo Caminho Aéreo demorou 2 anos para ficar pronta. Foi
uma ousadia da CCAPA fazer o novo Caminho Aéreo, pois não havia estrutura nem
33
condições para receber o novo sistema em todos os aspectos: financeiros, técnicos,
econômicos e administrativos. Havia, porém, uma grande vontade de toda a equipe,
que trabalhou incansavelmente, muitas vezes noite e dia. Não obstante, a realização
profissional foi bem compensatória. Toda mão-de-obra preexistente foi aproveitada;
além disso, operadores de tráfego foram contratados e treinados na empresa.
Diversas empresas e renomados especialistas participaram da empreitada
(LASMAR, et al, 2007)
Em 1972 foi instalado um novo sistema teleférico que funcionou ate 2008,
projetado e instalado pela OfficineMeccanicheAgudioSpa, de Milão (Itália), foi o mais
moderno equipamento existente na década de 1970.
O desenho das cabines do Bondinho era de vanguarda absoluta para a época, tendo sido premiado em 1971, no 4º Salão da Montanha,que se realizou em Turim. Seu formato de bolha fabricada com acrílico plexiglass e estrutura de duralumínio era revolucionário e colocava o Brasil à frente do resto do mundo, pois era exclusividade do Pão de Açúcar (LASMAR, et al, 2007, P. 78).
O novo teleférico, com dois bondinhos em cada linha, circulando no sistema
“vaivém ou jig-back” (LASMAR, et al, 2007, P.82), aumentou a capacidade de
transporte de 115 para 1.360 passageiros por hora. Os bondinhos (cabines) “rolam”
ao longo de dois cabos-trilho de aço, fixos nas estações, com 50mm de diâmetro
cada, resistência de 270 toneladas cada, coeficiente de segurança de 3 e vida útil
segundo a empresa de até 30 anos. Além deles, o bondinho era tracionado por um
cabo tração, com resistência à ruptura de até 50 toneladas, coeficiente de segurança
de 4,5 e vida útil, em média, de 170 mil viagens. Os cabos de aço do primeiro trecho
pesam 9 toneladas e o segundo trecho 12 toneladas. Segundo a CCAPA “o cálculo
de construção de cada estação previu o empuxo de 400 toneladas e as duas
estações motrizes estão situadas no Morro da Urca”(BONDINHO 100 ANOS, 2012,
p. 95).
O novo bondinho media 5,40 metros de comprimento por 3 metros de largura,
podia transportar até 75 passageiros por viagem, em um peso de 10 toneladas
[Figura 7]. A velocidade da viagem era regulável, chegando a 6 metros por segundo
no trecho Praia Vermelha / Morro da Urca, e a 10 metros por segundo no trecho
entre o Morro da Urca e o Pão de Açúcar, o que fazia com que cada estágio
pudesse ser percorrido em 3 minutos. As seis rodas laterais existentes no bondinho
34
tinham a função de permitir uma entrada mais suave nas guias das estações.
Circulou de 1972 a 2008, quando deu lugar aos atuais bondinhos. (LASMAR,et al,
2007)
Figura 7: Bondinho de 1972
Fonte: Meireles Evandro, 2016.
Em 2008,a empresa modernizou ainda mais, o Bondinho italiano utilizado
durante 36 (trinta e seis) anos foi substituído por um modelo suíço com design mais
moderno, contendo sistema de ventilação e vidros fumê anti-reflexo. Foi instalado
um novo sistema digital de comando substituindo o analógico que era utilizado
anteriormente, segundo a empresa, para essa obra foi investido um total de 18
milhões de reais (BONDINHO 100 ANOS, 2012).
“Optou-se, contudo, por manter o mesmo formato de bolha e revolucionou a indústria de teleférico em 1972 e que se tornou uma marca registrada do Pão de Açúcar, estando internalizados na memória e no inconsciente coletivo de brasileiros e estrangeiros.” (LASMAR,et al, 2007, P. 93)
Esse Bondinho mais moderno leva menos pessoas que o anterior, um total de
65 (sessenta e cinco) pessoas mais o cabineiro15, porém com velocidade média de
36 (trinta e seis) KM/H reduziu o tempo de viagem para 2,40 (dois e quarenta)
minutos nos dois trechos, o peso da cabine cheia é de 2150 kg, a resistência dos
cabos permaneceu a mesma em relação ao Bondinho anterior já que apenas a
cabine e a tecnologia mudaram (BONDINHO 100 ANOS, 2012).
15
Pessoa qualifica e responsável pela movimentação do bonde por dentro da cabine.
35
Figura 8: Bondinho de 2008
Fonte: Arquivo CCAPA, 2008.
Com o passar o tempo, a CCAPA foi se modernizando em estrutura e
tecnologia, “nos últimos 5 anos mais de 25 milhões foram investidos em melhorias
nos morros Urca e Pão de Açúcar” (BONDINHO 100 ANOS, 2012, P. 37). Foi
colocado em pratica no ano de 2014 o projeto do Plano Inclinado [Figura 9],
plataformas foram instaladas para facilitar o acesso de pessoas com mobilidade
reduzida e segundo a CCAPA foi investido cerca de R$ 800 mil reais nesse projeto
(BONDINHO 100 ANOS, 2012.).
Figura 9: Plano inclinado.
36
Fonte: skyscrapercity, 2015.
Além de buscar a modernização por meio de novas tecnologias e
equipamentos, a CCAPA buscou desenvolver projetos ecológicos, focados na
conservação da natureza e educação ambiental. Depois que o complexo
foireconhecido como Monumento Natural, vários projetos saíram do papel e um
exemplo foi à instalação de tubulações suspensas no complexo para transporte de
água e esgoto (BONDINHO 100 ANOS, 202). Desta forma foram desenvolvidos,
ampliados e colocados em prática muitos outros projetos, incluindo o que pode ser
considerado de grande importância para a manutenção dos recursos naturais do
local, e desenvolvido um trabalho de conscientização e educação ambiental para os
visitantes participantes do projeto principal de estudo do presente trabalho o Educa
Bondinho. Para se trabalhar a conscientização ambiental e sustentabilidade dentro
da CCAPA foi necessário estudar o como p turismo e a educação ambiental podem
ser trabalhados. Vejamos a seguir.
37
3. TURISMO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL
O conceito de turismo surge no século XVII na Inglaterra (BARRETO, 2013),
“porém há várias definições de turismo e que muitos autores reconhecem a
dificuldade de uma definição precisa e abrangente, o que caracteriza a
complexidade do fenômeno referindo-se a um tipo especial de viagem.” (AZEVEDO,
2014, P 78). Segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT) definiu-se que “[...]
o turismo engloba as atividades das pessoas que viajam e permanecem em lugares
fora de seu ambiente usual durante não mais do que um ano consecutivo, por
prazer, negócios ou outros fins” (IGNARRA, 2013, P. 11).
Como toda e qualquer atividade econômica não planejada, o turismo também
pode promover impactos nocivos ao meio ambiente. Segundo Azevedo, o atual
desafio envolve fazer com que:
A atividade turística maximize seus efeitos positivos sobre o meio natural, tarefa esta que encontra na educação ambiental a principal aliada para fazer com que turistas, operadores do trade turístico, poder público e a comunidade em geral tenham sensibilidade e percepção ambiental necessárias para fazer do turismo uma atividade que valorize o meio ambiente (2014, P.77).
Tais considerações (ressaltando a estreita relação entre turismo e educação
ambientalista) ingressaram definitivamente no campo científico e, a partir daí, no
cenário das políticas públicas como situação de consenso entre cidadãos com os
mais variados interesses. Azevedo assevera que
O turismo depende do papel estimulador da educação ambiental para a utilização de forma racional dos recursos naturais, assim como a educação ambiental encontra no turismo uma forma de transmissão de conhecimentos adquiridos (2014, P.77).
Tal reciprocidade permite que o Turismo e a Educação Ambiental, beneficiem-
se simultaneamente. Do ponto de vista das movimentações financeiras, o turismo
tem-se consagrado cada vez mais como atividade geradora de um montante de
divisas bastante representativo. Basta notar a amplitude das razões pelas quais
alguém planeja uma viajem turística - práticas religiosas, experiências culturais,
buscas históricas, esportes, etc - para verificar o tamanho e a densidade deste
nicho mercadológico. Aqui, precisamos nos atentar ao aspecto bilateral do
38
planejamento: quem viaja costuma se preparar para tal deslocamento; mas os locais
procurados também tendem a se planejar cada vez mais, não apenas para receber
mas sobretudo, para atrair turistas (AZEVEDO,2014).
A fuga da intensa urbanização vivenciada e a procura por ambientes e paisagens naturais são motivos que levam milhares de pessoas a optar pelo turismo em tais áreas, fazendo, assim, com que o mesmo seja um grande consumidor de natureza (Azevedo. 2014. P. 77).
A degradação do meio natural é constante e aguda quando não há
planejamento para receber um número de pessoas que supera a média de
circulação comum naquelas localidades, o que torna imperativa a compreensão de
como o turismo pode evitar os danos ambientais e servir como um instrumento de
promoção à conservação dos espaços naturais (AZEVEDO, 2014). A Educação
Ambiental em harmonia com as práticas turísticas não “predatórias” torna-se a “mola
propulsora” para a reconstrução perceptiva da visão que o sujeito tem do mundo ao
seu redor. Por intermédio desta redução, “o indivíduo obtém o conhecimento da
realidade, reconstrói sua visão de mundo e passa a se perceber como o único
agente capaz de promover a transformação desejada em vários âmbitos, inclusive
na seara ambiental”(AZEVEDO, 2014, P.78).
Radicalizando, a proteção ambiental demandaria a readequação de toda e
qualquer atividade humana direta ou indiretamente em contato com o meio
ambiente. O turismo, obviamente, não foge disto. Fundamental, como diz Azevedo
(2014. P. 78) "é suprimir ou reduzir os efeitos negativos" sobre o meio ambiente. A
resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente define "meio ambiente" como "o
conjunto de condições, leis, influência e interações de ordem física, química,
biológica, social, cultural e urbanística, que permite, abriga e rege a vida em todas as
suas formas" (BRASIL, 2004, p.364).
Neste sentido, seria possível afirmar que turismo consiste num fenômeno
inerente ao espaço geográfico. A atividade turística depende, na sua essência,
primeiramente de um ambiente para acontecer, seja esse ambiente natural ou não, o
que ocasiona o dinamismo, os lugares, as paisagens e as regiões. O espaço
turístico seria, sobretudo, um espaço geográfico que se constitui em um produto
39
social em permanente processo de transformação, por conta da apropriação dos
espaços pela prática social que o turismo requer (NASCIMENTO, 2008).
A qualidade do meio ambiente é crucial para o desenvolvimento da atividade turística; entretanto, a relação do turismo com o meio ambiente é complexa, haja vista que as atividades, por vezes, têm efeitos ambientais diversos (OLIVEIRA, 2008, P. 80).
Nesta linha de raciocínio, Beni (2002) considera que não raramente a
atividade turística pode diminuir e até esgotar determinados atrativos naturais. Desta
forma, "os impactos ambientais causados pelo turismo podem começar desde a
concepção da atividade, ocasionando contínuas modificações na paisagem e
descaracterizando o meio em que fora estabelecido" (AZEVEDO, 2008. P. 81). Não
apenas a estrutura turística, mas o próprio turista comumente provoca graves danos
aos atrativos naturais (BENI, 2002).
Algumas formas negativas de impactos causando pelos turistas ao meio
ambiente podem ser percebidos através do pisoteamento, causando danos à
vegetação e ao solo, e também,
São: o acúmulo de lixo nas margens das trilhas, nas praias, montanhas e rios, contaminação dos mananciais através do lançamento de esgoto e lixo, poluição sonora e ambiental, prática de caça e pesca ilegais em locais e épocas proibidas, extinção e morte dos animais por meio de alimentos ricos em conservantes dados pelos turistas, desenvolvimento de rallys e motocross em ambientes frágeis, destruição de sítios arqueológicos, dentre outros (AZEVEDO, 2014, P.81).
Não obstante, há também o lado oposto. As economias locais e regionais
podem se diversificar, há geração de empregos diretos e indiretos, algo da
infraestrutura básica de transporte e saneamento pode se desenvolver, além da
possibilidade de criação de parques e reservas. Infelizmente, ainda assim, o número
de impactos negativos do turismo são maiores que os positivos. Desta forma,
constitui-se como questão urgente compatibilizar o desenvolvimento econômico com
a conservação do meio ambiente. A chave para a mudança comportamental dos
agentes reside na disseminação de novos conhecimentos e ideias pela educação.
Isso porque o espaço de lazer, sobretudo o ambiental, precisa ser encarado como
caminho para estimular e propagar todo o conhecimento a respeito da
responsabilidade socioambiental que qualquer cidadão deveria ter
40
consciência.(RUSCHMANN, 2007). Ressalta-se que“É imperativa a transformação
dos lugares turísticos em lugares que, de fato, educam, ensinam e que levam os
indivíduos a uma reflexão mais crítica da realidade".(AZEVEDO,2008, P.85)
Como é do conhecimento de poucos, o Pão de açúcar não é reconhecido
apenas como uma das mais belas paisagens do Rio de Janeiro, e também como
referencia em projetos ambientais realizado pela CCAPA no complexo, embasado
na afirmação de Azevedo, pode-se afirmar que a CCAPA conseguiu cumprir as
exigências do IPHAN quando os morros se tornaram Monumento Natural.
3.1. MONA – MONUMENTO NATURAL DOS MORROS DO PÃO DE AÇÚCAR E
DA URCA.
A partir de 1992, o conceito de paisagem cultural foi adotado pela UNESCO
e incorporado como uma nova tipologia de reconhecimento dos bens culturais.
Porém “até então, os sítios reconhecidos mundialmente nessa categoria eram
relacionados a áreas rurais, sistemas agrícolas tradicionais, jardins históricos e
outros locais de cunho simbólico” (PORTAL DO IPHAN, 2014). Apenas depois
desse período áreas urbanas foram incorporadas como paisagens culturais.
O complexo do Pão de Açúcar possui como atração além de suas trilhas,
vias de escaladas e a vista, o teleférico do Pão de Açúcar. O complexo foi tombado16
como patrimônio mundial da Organização das Nações Unidas para Educação,
Ciência e Cultura (UNESCO) em 1973 (PORTAL DO IPHAN, 2014). Esse ato gerou
atribuições jurídicas ao local, nas questões de preservação e manutenção do
espaço. Segundo o Art. 17, do Decreto Lei 25/37, decreto lei federal:
As coisas tombadas não poderão, em caso nenhum ser destruídas, demolidas ou mutiladas, nem, sem prévia autorização especial do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, ser reparadas, pintadas ou restauradas, sob pena de multa de cinquenta por cento do dano causado. Parágrafo único. Tratando-se de bens pertencentes á União, aos Estados ou aos municípios, a autoridade responsável pela infração do presente artigo incorrerá pessoalmente na multa. (BRASIL, 1937)
Muito tempo depois mais especificamente 33 (trinta e três) anos mais tarde,
“após muita luta, que contou com o apoio da CCAPA, foi criado o Momento Natural
16
Ato de reconhecimento do valor histórico de um bem, que o transforma em patrimônio oficial e institui regime jurídico especial de propriedade, levando em conta sua função social. Ver Decreto Lei 25 de 1937.
41
do Pão de Açúcar” (LASMAR, 2007, P. 95), no dia 1° de junho de 2006, a Prefeitura
da Cidade do Rio de Janeiro oficializou como área natural protegida o complexo do
Pão de Açúcar, denominado de Monumento Natura (MONA) dos Morros do Pão de
Açúcar e da Urca. A partir desse momento esforços mútuos foram realizados para
preservação da área e das espécies nativas do local.
A CCAPA começou a investir mais fortemente em projetos ambientais para
manutenção, melhoria e reestruturação da fauna e flora local. Melhorou e projetos já
existentes desenvolveram novos projetos e investiu mais fortemente na área de
sustentabilidade.
3.2. COMPANHIA AÉREA PÃO DE AÇÚCAR E SEUS PROJETOS AMBIENTAIS
A CCAPA transporta 1,5 milhões de turistas por ano, ao cume do Pão de
Açúcar.O resultado do trabalhoresponsável realizado pela CCAPA contribuiu para a
conservação da área, protegida pela Prefeitura do Rio de Janeiro desde 2006. Em
2012 a Companhia foi certificada com o Selo Verde17 da Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT), sendo o primeiro parque temático do Brasil a receber esta
certificação. Desde então a empresa vem aprimorando sua gestão ambiental em
todos os processos relacionados à operação do complexo turístico (INSTITUTO
MOLEQUE MATEIRO, 2015).
Mesmo já existindo trabalhos relacionados à sustentabilidade e Educação
Ambiental realizado por setores da Companhia, percebeu-se a necessidade da
criação de um setor especializado na área ambiental e sustentável, então em 2013
foi contratada Roberta Pena, engenheira ambiental que ficou responsável pelo setor
ambiental da CCAPA.Em sua gestão implementou novos projetos, melhorou e
colocou em práticadiversos programas de sustentabilidade já existentes na
companhia.
17
Selo verde é a ecoetiqueta que atesta a qualidade ecológica, socioambiental, do produto ou serviço que tem o apoio da sociedade civil. É fornecida para empresas que comprovam periodicamente, por meio de laudos técnicos, que seus ciclos de vida são amigáveis para o planeta e a vida que nele habita. Não podem prejudicar a vida e nem utilizar os recursos naturais de forma desregrada, estão preocupadas com os recursos renováveis e obedecem às exigências e consensos internacionais que tratam do socioambiental.
42
Os programas tiveram tanto êxito que a empresa ganhou o prêmio de
Sustentabilidade da Associação Comercial do Rio de Janeiroem 2015 pelos
trabalhos desenvolvidos em 2014 [Figura 10]. De acordo com a própria engenheira:
A gestão eficiente dos resíduos sólidos, consumo de água e energia, inovação na gestão de efluentes, programa de visitação escolar, educação ambiental e adoção de áreas verdes, creditaram a companhia a receber o Prêmio ACRJ de Sustentabilidade 2015, na categoria média empresa (ROBERTA PENA, 2015).
Figura 10: Troféu Média Empresa
Fonte: Acervo CCAPA, 2015.
O diretor geral do bondinho do Pão de Açúcar, Celso Vitrio Florêncio
(esquerda), recebeu troféu pela categoria média empresa das mãos de Marcílio
Marques Moreira (direita).
Destacam-se entre as efetivas ações do CCAPA na esfera ambiental o
reflorestamento, o uso de energias renováveis, a destinação de resíduos sólidos, o
manejo da trilha que leva ao cume do Morro da Urca e da pista Cláudio Coutinho, a
adoção de áreas verdes e o principal projeto em estudo nesse trabalho o projeto de
visitação Educa Bondinho.
Já no tempo em que Cristóvão Leite era presidente da CCAPA Iniciou-se o
plantio de 25.000 mudas de árvores entre o Morro da Urca e o Colo do Pão de
Açúcar, consequentemente a remoção de espécies invasoras18 que impediam o
18
Seguindo a” Convenção sobre a Biodiversidade”, por espécie invasora entender-se-á aquela que, oriunda de certa região, penetra e se aclimata em outra onde não era encontrada antigamente,
43
crescimento dasespécies nativas19 da mata atlântica existente no local.
(DOCUMENTO CCAPA: Reflorestamento. 2014). Porém esse projeto vem sendo
executado de forma gradativa na região, de modo eu não altere o eco sistema e nem
assuste os visitantes com falta da vegetação retirada por ser invasora. Cristóvão
Leite era considerado “amante da natureza” (LASMAR, 2007, P. 95). Em 1995 era
nítida a falta de vegetação dos morros [Figura 11] e 19 anos depois podemos notar
como o reflorestamento da área contribuiu para a mudança da paisagem [Figura 12].
Figura 11: Morro da Urca antes do reflorestamento.
Fonte: Arquivo CCAPA, 1995.
Figura 12: Morro da Urca depois do reflorestamento.
Fonte: Arquivo CCAPA, 2014.
prolifera sem controle e passa a representar ameaça para espécies nativas e para o equilíbrio dos ecossistemas que vai ocupando. 19
Aquelas que estão em seus locais de origem.
44
O uso de energia renovável começou no ano de 2015, quando percebeu que
a CCAPA poderia diminuir seu consumo elétrico utilizando painéis solares. Então em
parceria com a Panasonic a CCAPA instalou 42 painéis solares no morro da Urca,
localizados na estação III sendo 10 instalados na parede lateral da estação e 32 em
cima da estação. A estimativa é de que com os 42 painéis solares a produção
mensal de energia é de 963,9KW[Figura 13 e 14] (DOCUMENTO CCAPA: PAINÉIS
SOLARES, 2015).
Figura 13:Painéis solares instalados sobre a estação III.
Fonte: Arquivo CCAPA, 2015.
Figura 14: 10 Painéis solares instalados na parede da estação III.
Fonte: Arquivo CCAPA, 2015.
O projeto de Gestão de Resíduos Sólidos é considerado de grande
importância segundo a Engenheira Ambiental Roberta Penada (2015) alguns desses
resíduos são: “papelão, papel, garrafas pets, garrafas de vidro, copos descartáveis,
embalagens plásticas e latinhas de alumínio. ”Os resíduos recicláveis são separados
45
na Central de Resíduos da CCAPA [Figura 15] e posteriormente destinados à
reciclagem, 23 mil kg de resíduos foram reciclados em 2015. Os resíduos
orgânicos(folhas secas e restos de alimentos) são destinados à compostagem e o
adubo produzido é utilizado para enriquecimento da flora local [Figura 16] e da horta
orgânica da escola pública Gabriela Mistral (vizinha da CCAPA). (Documento
CCAPA: Gestão De Resíduos Sólidos. 2015)
Figura 15:Central de resíduos da CCAPA
Fonte: Arquivo CCAPA, 2015.
Figura 16:Compostagem
Fonte: Arquivo CCAPA, 2015.
Outro projeto que teve grande diferença visível foi o de manejo da trilha que
dá acesso ao Morro da Urca. De acordo com Roberta Pena (2015) de suma
importância já que uma grande parte dos visitantes optam por subir até o Morro da
46
Urca por ela, a trilha foi degrada por anos de uso desenfreado que após a adoçãoda
pista Claudio Coitinho como parte de sua estrutura de manejo, reconstrução e
preservação, implementou melhorias tantos paras os visitantes quanto para a
vegetação do local, evitando com isso que a degradação fosse irreversível no local.
A adoção foi um trabalho conjunto com a Prefeitura do Rio de Janeiro que
liberou a reconstrução e manutenção da área para as melhorias e manejo das
espécies invasoras. A seguir podemos ver como a trilha era [Figura 17] e como ficou
[Figura 18].
Figura 17: Trilha de acesso ao Morro da Urca antes do Manejo.
Fonte: Acervo CCAPA, 2013.
Figura 18: Trilha de acesso ao Morro da Urca depois do Manejo.
Fonte: Acervo CCAPA, 2016.
Todos esses projetos foram considerados segundo a CCAPA projetos de
grande importância para adequar-se a nova proposta de sustentabilidade, segundo a
Engenheira Roberta Pena os projetos estão sendo executados com muito êxito pela
47
Companhia. Porém todos esses projetos muitas vezes ficam invisíveis aos olhos dos
visitantes que normalmente não tem acesso aos mesmos ou não pode fazer uma
comparação do antes e depois já que não estariam atentos a isso.
Para a companhia ficar apenas com projetos internos não era o ideal, de
acordo com Roberta Pena a ideia de poder propagar a conscientização ambiental
dos visitantes também era desejado. Para isso a engenheira teve a ideia de
aperfeiçoar um projeto já existente há alguns anos na CCAPA, mas de acordo com a
mesma era mal aproveitado. No próximo Capitulo apresento o principal projeto de
estudo do presente trabalho.
48
4. EDUCA BONDINHO
O setor de turismo de natureza é delicado, pois lida com diversos e distintosproblemas de caráter ético e ambiental. Ele se defronta com a tarefa dupla e conflitantede usar áreas naturais e assegurar que a integridade ambiental das mesmas seja mantidae, por esse motivo, está diretamente ligado à ideia de turismo sustentável. (FIGURELLI, PORTO, 2008, p.440)
O turismo deve apresentar característica educativa e de tomada de
consciência social, cultural e ecológica, porém depende de uma postura participativa
das pessoas, seja ela individual ou coletiva. Quando o individuo sai do seu local de
origem, da sua convivência cotidiana e tem a chance de se atentar ao que antes
passavam despercebidas, então se cria uma consciência que antes não era
estimulada no seu cotidiano. Assim a CCAPA optou por trabalhar a conscientização
ambiental no complexo turístico do Pão de Açúcar, a fim de poder influenciar de
forma positiva quanto a importância de se preservar o meio ambiente onde está
inserido, e poder contribuir para além da percepção ambiental e conseguir abranger
a percepção histórica do monumento (FIGURELLI, PORTO, 2008).
A Educação Ambiental é um processo de reconhecimento de valores eclarificação de conceitos, objetivando o desenvolvimento das habilidades emodificando as atitudes em relação ao meio, para entender e apreciar asinter-relações entre os seres humanos, suas culturas e seus meios biofísicos.A Educação Ambiental também está relacionada com a prática das tomadasde decisões e a ética que conduzem para a melhoria da qualidade de vida.(CONFERÊNCIA INTERGOVERNAMENTAL DE TBILISI, 1977 apudSATO, 2004, p. 23-24)
Sendo um dos principais pontos turístico da Cidade do Rio de Janeiro, de
grande visitação anual, o Pão de Açúcar tenta trabalhar a Educação ambiental
atrelada ao turismo, tentando utilizar de forma sustentável o patrimônio natural e
cultural de suas montanhas(FIGURELLI, PORTO, 2008). Para que a conscientização
ambiental e cultural pudesse ser abordada, o setor se sustentabilidade da CCAPA
modificou o projeto de visitação escolar do Pão de Açúcar transformando-o em um
projeto de educação ambiental com inserção cultural. O projeto levou a
denominação de Educa Bondinho e para que esse projeto tivesse sucesso foi criada
49
uma parceria com o Instituto Moleque Mateiro de Educação Ambiental20, que se
responsabiliza pelo acompanhamento dos grupos todo o processo desde a chegada
dos participantes ao complexo turístico até a saída dos mesmos.
“Não basta somente um compromisso com a transformação social, é
primordial uma vivência efetiva de ações realmente transformadoras.”(FIGURELLI,
PORTO, 2008, p. 443) baseado nessa informação o projeto foi desenvolvido para
ser vivenciado pelos participantes de forma lúdica [Figura 19] e não apenas
explicativo para que aja uma maior interação dos participantes [Figura 20]. Os
participantes tem a oportunidade de conhecer um pouco sobre a vegetação e
animais nativos e invasores da área, bem como participar de jogos que auxiliam no
entendimento sobre temas específicos, visitas guiadas a todo com complexo com
explicação sobre a Cidade do Rio de Janeiro, formação das montanhas e
principalmente a historia da construção da CCAPA. [Figura 21]
Figura 19:Dia da água, jogo interativo sobre o tema.
Fonte: Acervo CCAPA, 2015.
20
Instituto de educação ambiental que desenvolve projetos e cursos com ênfase no contato direto com a natureza, tendo em vista a transformação positiva das relações socioambientais.
50
Figura 20: Dia da Mata Atlântica, alunos que participaram do projeto nesse dia
tiveram a chance de plantar mudas.
Fonte: Acervo CCAPA, 2015.
Figura 21: Museu do Cocuruto (espaço que conta a história do complexo).
Fonte: Acervo CCAPA
O Educa Bondinho foi desenvolvido em 2015 e tornou-se, sem dúvida, de
todos os projetos da Companhia Caminho Aéreo Pão de açúcar o mais interessante
e que consegue explorar a educação e conscientização ambiental dos participantes,
porém ele é pouco conhecido pelas entidades que podem se inscrever para
participar, além de pouco conhecido pelas entidades não é difundido para o público
em geral, tornando esse um dos principais pontos ineficiente do projeto. É preciso
propaga-lo mais para que possa abranger um numero maior de público participante.
Através de uma abordagem transdisciplinar, estimulam a sensibilização ambiental e trazem à luz informações dobre as paisagens cariocas, os vários aspectos da fauna e flora local do local, quantidade das águas, urbanização, história da fundação da cidade do Rio de janeiro, preservação
51
de áreas verdes e valores socioambientais. Também são desenvolvidas atividades como observação de aves, oficina de plantio de espécies nativas da Mata Atlântica, catalogação de animais, desenho e jogos interativos (Instituto Moleque Mateiro, 2015. P. 2).
O projeto foi oferecido para todas as escolas que se cadastraram no
programa de visitação escolar da Companhia no início de 2015 sendo gratuito para
as escolas públicas e com desconto especial no bilhete do Bondinho para as escolas
particulares, atendendo aproximadamente duas escolas públicas e uma escola
particular diariamente, de segunda a sexta durante todo o período escolar. O projeto
tem como objetivo:
Promover a responsabilização ambiental da companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar visando à ampliação dos conhecimentos ambientais nas escolas, ampliaçãodos programas de educação ambiental da Companhia, transformar a visitação escolar ao complexo turístico em um projeto de educação ambiental, trabalhar a educação ambiental através da contemplação da natureza vista do cume dos morros do pão de Açúcar e da Urca, agregar valor (ambiental, cultural e social) à visitação escolar no Pão de Açúcar, desenvolver uma análise crítica das questões socioambientais da cidade do Rio de Janeiro, fomentando uma reflexão sobre a percepção ambiental dos alunos, informas aos alunos sobre a importância da conservação da natureza para a qualidade de vida do ser humano(Instituto Moleque Mateiro, 2015. P.2).
Com seus projetos ambientais e principalmente o Educa Bondinho, o Pão de
Açúcar conseguiu se enquadrar como um ponto turístico que consegue promover
educação ambiental de forma eficiente ligada às escolas, porém é deficiente no que
se trata dos visitantes em geral do Pão de Açúcar, que não tem acesso ao Educa
Bondinho, não podendo assim criar uma consciência ambiental a partir do projeto.
De acordo com informações cedidas pela Companhia, o projeto custou no ano
de 2015 para a empresa cerca de 38 mil reais. E funciona da seguinte forma:As
escolas são recepcionadas pelos educadores do Programa anteriormente ao
primeiro embarque de teleférico, quando os profissionais do Educa Bondinho
apresentam aos professores e alunos as normas de conduta e boas práticas dentro
da Unidade de Conservação do Monumento Natural dos Morros do Pão de Açúcar e
da Urca.
Esta primeira abordagem é considerada fundamental pela CCAPA para
alcançar o envolvimento dos professores nas atividades educativas durante o
passeio. Porque segundo o Instituto Moleque Mateiro (2015. P.4) “se os professores
52
não se envolverem, o trabalho fica mais difícil e menos proveitoso para ambas as
partes”. E ao final de cada visita escolar, os professores preencheram uma ficha de
avaliação sobre o Educa Bondinho. O que nos permitiu analisar o desenvolvimento
do Projeto e possíveis ajustes.
Além do conteúdo educativo do Educa Bondinho, o projeto é uma grande
oportunidade para crianças e adolescentes de diferentes classes sociais, regiões e
culturas conhecerem um dos cartões postais mais visitados do mundo. Segundo o
Instituto Moleque Mateiro (2015. P.5) “ao longo do ano de 2015 o projeto Educa
Bondinho recebeu no Mona Pão de Açúcar 199 escolas - além de uma ONG e um
grupo de internos do Degase21, atendendo um total de 9283 alunos e 1121
professores/responsáveis.” As escolas, em sua grande maioria pertencentes à rede
pública de ensino, abrangem uma extensa área territorial do Estado do Rio de
Janeiro, se estendendo, além da capital, a 19 municípios, em especial da Região
Metropolitana e da Região Serrana. No município do Rio de Janeiro todas as regiões
foram atendidas (zonas Sul, Norte e Oeste).
Foi recebido um grande número de alunos no ano de 2015, o maior número
de alunos correspondeu na Faixa etária de 6 a 10 anos e 11 a 14 anos, mostrando
um maior interesse nas visitações de turmas do Fundamental I e fundamental II.Para
cada faixa etária é proposto metodologias e abordagem diferente, no intuito de
tornar mais atrativa à visita, e que possa conciliar o eu se aprende na escola com o
conteúdo administrado pelos educadores do Educa Bondinho.
Foram Feitas analises no intuito de tentar determinar o alcance social no
primeiro semestre de 2015. Essas analises nos deram os seguintes resultados: o
Educa Bondinho atendeu 71 escolas da rede pública de ensino e 7 escolas
particulares. Os resultados das análises foram os seguintes: No 1º Semestre de
2015, o Educa Bondinho atendeu 3.586 alunos de e 421 professores.
Podemos notar então que o Pão de açúcar conseguiu alcançar a ideia inicial
do projeto, com a transformação da visitação escolar antes feita sem nenhum apelo
ambiental ou cultural, em um projeto efetivamente de educação ambiental.
21
Departamento Geral de Ações Socioeducativas é um órgão vinculado a Secretaria de Estado de Educação, que tem a responsabilidade de promover socioeducação no Estado do Rio de Janeiro, favorecendo a formação de pessoas autônomas, cidadãos solidários e profissionais competentes, possibilitando a construção de projetos de vida e a convivência familiar e comunitária.
53
4.1. ANÁLISE DAS AVALIAÇÕES:
Para analisar o projeto foram feitascinco perguntas base. Essas perguntas
foram direcionadas aos professores e responsáveis de cada escola que participaram
da visita no primeiro semestre do ano de 2015. As perguntas tiveram como função
identificar os pontos positivos e negativos do projeto, buscando maximizar a
positividade do projeto. Cada responsável respondeu as perguntas ao termino da
visita ao MONA.
Além das perguntas fechadas, foram feitas observações e comentários em
cada pergunta pelos responsáveis. Esses comentários também foram úteis para
ajudar a entender o que cada um pensou e achou do projeto.
As pesquisas foram: 1. Pesquisa de opinião sobre os educadores que
acompanharam na visita (Figura 22); 2. Satisfação do conteúdo abordado na visita
(Figura 23); 3. A contribuição do programa a partir dos assuntos abordados no
projeto (Figura 24); 4. Se acharam que a CCAPA através dos seus programas
ambientais, contribui para uma sociedade mais sustentável (Figura 25).
Já segunda fase do projeto Educa Bondinho que correspondeu aos meses de
agosto a novembro de 2015, achamos necessário desenvolver algumas atividades
especiais, que visavam tornar a visita mais dinâmica e interativa, bem como aferir o
retorno não somente da parte dos professores e responsáveis, mas também por
parte dos participantes do projeto.
Para isso foram feitas perguntas direcionadas aos participantes diretamente.
Essas perguntas foram: O que você mais gostou?; O que mais chamou sua atenção
nesse passeio? O que você mais gostou?.
A seguir serão apresentados os gráficos referentes às perguntas do projeto:
54
Figura 22: Pesquisa de opinião sobre os educadores que acompanharam na
visita:
Fonte: Elaboração Própria, 2015.
Pode-se avaliar que a satisfação quanto aos educadores que
acompanharam a visita foi um número muito satisfatório. Alguns comentários de
responsáveis e professores eu acompanharam o projeto serão expostos nas
análises, porém por questões éticas não será divulgado o nome das instituições e
das pessoas.
Sobre a figura 21, alguns dos comentários foram:
“Rapaziada educada e atenciosa.”
“Monitor educado e paciente.”
Ótima atividade. “O professor que nos orientou foi atencioso, educado e cortes.”
Figura 23:Quanto aos conteúdos abordados no projeto:
Fonte: Elaboração própria, 2015.
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De acordo com as pesquisas o conteúdo abordado no projeto foi muito bom e
conseguiu abranger o que era ministrado em sala de aula. Esse conteúdo é
abordado por faixa etária de acordo com as séries de estudo de cada turma. O
conteúdo corresponde aso seguintes tópicos: Paisagens Cariocas (Pão de Açúcar,
Localização geográfica, Baia de Guanabara e Praias, Principais montanhas, Picos e
Ilhas visualizados, construções relevantes), Abordagem Histórica (Principais
Fortificações, Baia de Guanabara, Franceses e Portugueses, Ilha de Villegangnon,
Rio Carioca), Ecologia (Fauna e Flora, Interações Ecológicas, Espécies Nativas X
Espécies Invasor-Introduzida, Reflorestamento dos Morros da Urca e da Babilônia).
Comentários da figura 22:
“Relevantes historicamente.”
“Complementou no Projeto Político Pedagógico.”
“Para a faixa etária das crianças foi interessante.”
Figura 24: Contribuição do programa a partir dos assuntos abordados no projeto.
:
Fonte: Elaboração Própria, 2015.
Ao analisar o gráfico da figura 23, podemos verificar que o projeto foi bem
aceito com 85% de avaliações considerando “muito boa”. Porém alguns
respondentes ressaltaram o material do projeto ministrado no complexo do Pão de
Açúcar poderia ser disponibilizado com antecedência. Mas de toda forma foi
consideraram adequado o projeto pedagógico.
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Figura 25: Contribuição do CAAPA para uma sociedade mais sustentável.
Fonte: Elaboração própria, 2015.
No capitulo 4, entendemos com o projeto Educa Bondinho, a importância de
promover a Educação Ambiental e a relevância dessa educação para uma
sociedade mais sustentável. Analisando a Figura 24, percebemos que este
entendimento foi transparecido a todos os respondentes que se conscientizaram
com a importância do projeto.
Para atingir o objetivo a conscientização total dos participantes, algumas
ações são tomadas,nas quais podemos citar o alerta dos monitores aos alunos
quanto à importância do descarte de materiais recicláveis corretos e abordagens
significantes, plantio de mata nativa, quanto a abordagem da importância da água,
entre outros.
Na segunda parte do projeto, as perguntas elaboradaspara os participantes
ajudaram a entender o que eles acharam do projeto. A seguir é apresentado
algumas perguntas e respostas:
Pergunta:
O que você aprendeu hoje aqui?
Respostas:
“Eu já havia vindo aqui e visto algo parecido com o “projeto” de vocês; gostei muito
mais de vocês, e tenho certeza que vou levar bastante conhecimento pra casa.”
“Aprendi muitas coisas, além de algumas terem reforçado alguns assuntos que eu já
sabia. Aprendi um pouco mais sobre o pau-brasil, aprendi sobre como foram criados
os bondinhos e a origem do nome do Pão de Açúcar, além de muitas coisas
importantes sobre a nossa cidade.”
“Aprendi a preservar o meio ambiente com as palavras dos instrutores. Vi que o rio
de Janeiro é magnífico e devemos cuidar mais do lugar onde vivemos.”
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Pergunta: O que mais chamou sua atenção nesse passeio? O que você mais
gostou?
Respostas:
“O que mais chamou minha atenção foi à vista e a vegetação que está bem
conservada. Eu gostei das explicações.”
“Eu aprendi como o bondinho foi criado e porque o Pão de Açúcar tem esse nome.”
“Me chamou a atenção a paisagem de lá de cima do Pão de Açúcar. Gostei da
maneira que o pessoal do Educa Bondinho nos tratou no decorrer do passeio .”
Os comentários feitos permitiram que fossem conhecidas com maior
profundidade as percepções,ideias e justificativas construídas pelos participantes da
pesquisa, podendo assim avaliar se o projeto Educa Bondinho alcançou o objetivo
proposto por ele. Analisando de forma Geral os comentários, podemos concluir que
o Educa Bondinho conseguiu sim atingir os objetivos propostos de transformar a
visitação de um dos pontos turísticos de maior importância para a Cidade do Rio de
Janeiro em uma experiência lúdica e auxiliando na construção de uma consciência
ambiental e de conhecimento histórico da Cidade.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Pão de açúcar está inserido em uma das mais belas paisagens da Cidade
do Rio de Janeiro, com uma vista das principais praias cariocas e a orla da Cidade
de Niterói. Localizado no bairro da Urca,conforme já foi destacado, possui plena
relação com a fundação e ocupação da cidade do rio de Janeiro, fundada em 1565,
aos pés do morro.
A construção do teleférico do Pão de Açúcar popularmente conhecida como
“Bondinho” iniciou-se em 1910 e o teleférico foi inaugurado em 1912, transformando
o Morro da Urca e o Pão de Açúcar em um dos principais atrativos turísticos do
Brasil e mais especificadamente da Cidade do Rio de Janeiro. Foi necessária a
modernização dos bondes para suportar os grandes fluxos turísticos que o Pão de
Açúcar recebe. Dessa forma no ano de 1972, com o avanço tecnológico, os
Bondinhos foram modificados para se adequar a nova realidade do novo fluxo
turístico, e em 2008 com o mesmo propósito foi modernizado mais uma vez.
O objetivo proposto por esse trabalho foi de identificar o potencial do Pão de
Açúcar para além de um atrativo turístico de contemplação da paisagem, mostrando
que além de sua beleza ele tem a capacidade e promover a conscientização e a
Educação Ambiental.
Para atingir o objetivo proposto foi necessário contextualizar toda a história
desde a formação da rocha do Pão de Açúcar, até os dias atuais em que se
encontra como um dos Monumentos Naturais e um dos principais pontos turísticos
da Cidade do Rio de Janeiro.
Foram analisados alguns dos principais projetos de sustentabilidade da
companhia, e foi possível avaliar que a CCAPA conseguiu executar com êxito todos
os projetos que foram colocados em pratica em um tempo período curto de tempo.
O principal projeto em estudo do presente trabalho é focado na Educação
Ambiental chamado de Educa Bondinho. Este projeto possibilita não apenas uma
visita turística, mas uma oportunidade de educar ecologicamente o visitante, por
meio da interação com a natureza, da história da companhia, sendo capaz de elevar
o Pão de Açúcar não apenas como um atrativo turístico, mas como um atrativo
turístico capaz de causar uma percepção ambiental.
O projeto Educa Bondinho foi idealizado por profissionais da Companhia
Caminho Aéreo Pão de Açúcar, que tem como proposta promover a Educação
59
ambiental em seus participantes. O projeto foi desenvolvido a partir do antigo
programa de visitação escolar da CCAPA, contando com profissionais do instituto
Moleque Mateiro para a realização de visitas guiadas, onde são desenvolvidos
temas relevantes para a criação de uma conscientização ambiental.
Focalizamos também na importância do turismo para o desenvolvimento
econômico e urbanístico bem como sua nocividade potencial para a natureza
circundante.
A partir do exemplo escolhido, partindo de uma estrutura turística pré-
existente, percebemos que tal base institucional pode servir favoravelmente para o
desenvolvimento de práticas no sentido da educação ambiental.
Por fim, a partir do que pudemos apurar neste trabalho, ficou claro que o Pão
de Açúcar conseguiu se adequar em todos os âmbitos ambientais, e conseguiu
desenvolver de forma eficiente o projeto proposto de Educação Ambiental. Cabe
salientar mais um vez que, como o exemplo do Pão de Açúcar, os grandes pontos
turísticos tem grande potencialidade para desenvolver projetos ambientais e
principalmente conscientizar seus visitantes a cerca da importância e da relevância
da Educação Ambiental seja no seu cotidiano ou não.
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