emulsificantes
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EMULSIFICANTES
Henrique Fernandes
Thiago Mariano
Graziela Vitor de Souza
Flávia Cotrim
DEFINIÇÃO
Por definição, são compostos cuja
função é estabilizar misturas de duas
substâncias imiscíveis, geralmente
óleo e água. Isto ainda depende da
relação quantitativa dos dois líquidos e
da presença de outros ingredientes,
tais como proteínas, amido ou ar.
...NA INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA
Segundo a legislação vigente (Portaria nº 540 de 1997), emulsionante/ emulsificante é a substância que torna possível a formação ou manutenção de uma mistura uniforme de duas ou mais fases imiscíveis no alimento.
Da mesma forma, estabilizante é a substância que torna possível a manutenção de uma dispersão uniforme de duas ou mais substâncias imiscíveis em um alimento. Portanto, todo emulsificante é um estabilizante, mas nem todo estabilizante é um emulsificante.
AÇÃO DOS EMULSIFICANTES
estabilizam óleo em emulsão aquosa;
estabilizam água em emulsão oleosa;
modificam a cristalização da gordura;
modificam a consistência, aderência da massa, além das características de geleificação do amido pela complexação com amido, proteína e açúcares;
lubrificam as massas com baixo teor de gordura.
MOLÉCULA DE UM EMULSIFICANTE
Estrutura típica dos emulsificantes:
molécula anfipática ou ambifílica
INTERAÇÃO COM O MEIO
O meio em que se deseja utilizar o emulsificante definirá
quais suas características ótimas, como maior solubilidade
em água ou em óleo.
FUNÇÕES
Aeração: permite a saturação da superfície do líquido, reduzindo sua tensão superficial o que facilita a entrada de bolhas de ar no líquido;
Estabilização de emulsões: quando adiciona-se emulsificante a uma emulsão de água e óleo, forma-se um filme na interface dos dois componentes. Assim diminui-se a tensão superficial entre eles (tensão interfacial) pela formação de micelas;
Interação com o amido: evitando ou retardando o envelhecimento de massas;
Interação com as proteínas de farinha de trigo: promovendo a elasticidade da proteína aumentando o volume da massa.
ESTABILIZAÇÃO DE EMULSÕES
Ação do emulsificante na
estabilização das emulsões (A) duas fases imiscíveis separadas; (B)
emulsão instável gerada por agitação
mecânica; (C) sistema voltando ao estado
inicial de menor energia; (D) efeito do
emulsificante.
ENERGIA LIVRE DE GIBBS
Numa emulsão a área superficial é muito grande;
As substâncias emulsionadas não se misturam facilmente;
Enorme tensão interfacial;
ΔG muito grande;
Sistema instável;
Espontaneidade do processo inverso (separação de fases.
ESTABILIDADE DE EMULSÕES:
Volume pequeno da fase dispersa: favorece a formação de gotículas
pequenas;
Gotículas pequenas: gotas grandes são menos estáveis (por isso
estouram mais facilmente) devido a sua menor razão de
área/volume, que aumentam a tendência da gota crescer;
Viscosidade alta: diminui as colisões retardando a floculação e
sedimentação.
O aumento da temperatura afeta negativamente a estabilidade da
emulsão, o que é feito quando se quer destruí-la, conjuntamente
com a agitação. Uma outra forma de diminuir a estabilidade da
emulsão seria adicionar-lhe íons, pois estes lhe provocam o colapso
da camada eletrostática dupla (interações hidrofílicas), ou a
hidrólise, para destruir o emulsificante.
ESTABILIZAÇÃO DE EMULSÕES
Tensão superficial baixa: a adsorção de emulsificantes nas interfaces óleo-água diminui a energia interfacial, facilitando o desenvolvimento e aumentando a estabilidade das grandes áreas interfaciais associadas com as emulsões;
Filme interfacial mecanicamente forte e elástico: a estabilidade das emulsões é favorecida pela proteção mecânica dada pelo filme adsorvido ao redor da gota. A elasticidade do filme também é importante para permitir a recuperação após distúrbios locais;
LECITINA
O mercado de emulsificantes naturais é dominado pela lecitina, o que representa uma variedade de fontes, formatos e funcionalidades.
Único emulsificante que não é um éster de ácido graxo, é um fosfolipídio.
Obtida à partir do óleo de soja
A lecitina tem sido aplicada em alimentos devido às suas propriedades emulsificantes e também relacionadas à molhabilidade e dispersibilidade.
BALANÇO HIDRÓFILO-LIPOFÍLICO (BHL)
Auxilia na escolha do tipo de tensoativo
Permite calcular a hidrofilicidade do emulsificante
BHL = 20 x Mh/M onde Mh é a massa molecular da porção hidrofílica da molécula e M é a massa molecular da molécula
inteira
Elevado valor de BHL - Tendem a ser solúveis em água; são utilizados no preparo de emulsão tipo (O/A).
Baixo valor de BHL - Tendem a ser solúveis em óleo; são utilizados no preparo de emulsão tipo (A/O).
BHL pode ser modificado modificando-se a cadeia do emulsificante original, ou utilizando uma combinação de emulsificantes com propriedades complementares
BHL
Faixa de BHL Características
< 10 Solúvel em óleo
> 10 Solúvel em água
4 – 8 Agente antiespumante
7 – 11 Emulsificante A/O
12 – 16 Emulsão O/A
11 – 14 Agente umectante
12 – 15 Valor típico de detergente
16 - 20 Solubilizante ou
estabilizante de turbidez
VALORES DE BHL DE ALGUNS EMULSIFICANTES
Emulsificante BHL
Monoestearato de sorbitano 5,7
Monolaurato de sorbitano 6,6
Monolaurato de propilenglicol 4,6
Monoestearato de glicerila 3,7
Monoestearato de diglicerila 5,5
Monooleato de polioxietileno (5)
sorbitano
10,9
Monooleato de polioxietileno (20)
sorbitano
15,8
Monoestearato de polioxietileno de
sorbitano
14,9
Lactopalmitato de glicerila 3,7
Estearoil 2 lactato de sódio 21,0 Lecitina 7,9
ESPUMAS
Espumas são uma emulsão de gases espalhados numa fase líquida contínua.
Emulsificante nesse caso é conhecido como espumante
Reduz a tensão interfacial das duas fases, diminuindo ΔG
Estabilização
Em processos industriais a espuma pode ser benéfica ou não.
CONTROLE DA ESPUMA
As propriedades de estabilização de espuma são necessárias na fabricação de extintores de incêndio e de produtos de limpeza.
Na fermentação do caldo de cana-de-açúcar para produção de etanol há aplicação de antiespumante para controle do nível de espuma.
A espuma causa contaminação e diminui a eficiência do processo
A formação de espumas neste caso está relacionada a alguns fatores tais como:
Temperatura
leveduras contaminantes
viscosidade do meio
concentração de leveduras
presença de partículas orgânicas.
APLICAÇÃO EM ALIMENTOS
Os emulsificantes são aplicados na
produção de:
Produtos de panificação;
Bolos;
Biscoitos;
Sorvetes;
Maionese e molhos;
Produtos instantâneos;
Embutidos;
Chocolates;
Entre outros.
INDÚSTRIA DE ALIMENTOS
A emulsificação tem um papel importante na formação da consistência e textura, bem como na dispersão de fase e na solubilização de aromas.
Os emulsificantes são utilizados no processamento de matérias-primas.
Os agentes tenso-ativos encontram aplicação em panificação e produtos derivados de carne, onde influenciam as características reológicas da farinha e a emulsificação de gorduras.
O bioemulsificante produzido por C. utilis tem sido utilizado em molhos prontos para saladas.
PRODUTOS COM EMULSIFICANTES
FUNÇÕES DESEMPENHADAS PELO
EMULSIFICANTE
Produto Efeito
Margarina Estabilização da emulsão
Maionese Estabilização da emulsão
Sorvete Estabilização da emulsão
Pães e derivados
Melhorias da estrutura da casca, do
volume e da inibição da retrogradação
do amido
Chocolate Inibição da aglomeração da gordura
Pós instantâneos Solubilização
Extrato de especiarias Solubilização
Preparo de multivitaminas Solubilização de vitaminas
lipossolúveis /hidrossolúveis
Salsicha Prevenção da separação da gordura
EMULSIFICANTES NA AGRICULTURA
Os biossurfactantes são usados na agricultura especialmente em formulações de herbicidas e pesticidas.
Os compostos ativos destas formulações são geralmente hidrofóbicos, sendo necessários agentes emulsificantes para dispersá-los em soluções aquosas.
Surfactantes de Bacillus foram utilizados para emulsificar formulações de pesticidas organofosforados imiscíveis.
PANORAMA MUNDIAL
A indústria mundial de alimentos, de forma global, também procura por emulsificantes multifuncionais, ou seja, que executam funções de estabilização e emulsificação.
O mercado de emulsificantes teve um enorme salto com as novas funções implementadas nos produtos, sendo um exemplo lúcido de um mercado maduro, com crescimento revivido através da implementação de inovações estratégicas.
BIBLIOGRAFIA
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Piracicaba, 2005.
Nitschke, M; Pastore G. M. Biossurfactantes: Propriedades e Aplicações. Química
Nova, Vol. 25, Nº 5.
CASTELLAN, G. Fundamentos de físico-química. Tradução: Cristina Maria Pereira dos
Santos, Roberto de Barros Faria. 12. ed. Rio de Janeiro: LTC Livros Técnicos e
Científicos, 2001. p. 476
Emulsificantes: Panorama da Situação
Palma, E. J.; Cichello, M. S. F.; Pavanelli, A. P. Emulsificantes em Panificação
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lecitina acessado em 28/10/11
http://www.pontodaspadarias.com.br/loja/produto.php?nome=emulsificante%203%20kg%20emustab%20a&referencia=57 acessado em 28/10/11