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EMPREGO DE SIMULAÇÃO PARA
AUMENTO DA LUCRATIVIDADE EM
UMA MICRO-EMPRESA DE FACAS
INDUSTRIAIS
Cristiano Chiste (UNICAMP )
Matheus Pereira Garuti Mauricio (UNICAMP )
Rodolfo Cunha Oliveira (UNICAMP )
Luis Antonio de Santa-Eulalia (UNICAMP )
Michael Eduardo Fernando Hamilton dos Santos Macha
(UNICAMP )
Apesar de a simulação de sistemas ser uma abordagem amplamente
utilizada em diversos setores da economia brasileira, a literatura
dispõe de poucas aplicações em micro empresas, especialmente
relacionadas o setor de ferramentas e facas industriais. Sendo assim,
visando demonstrar o poder da simulação em um estudo de caso
industrial, este trabalho apresenta um modelo de simulação
computacional para uma empresa de pequeno porte produtora de facas
industriais. Busca-se encontrar estratégias para incrementar a
produtividade da empresa e avaliar o impacto das mesmas na sua
estrutura financeira. Os principais problemas encontrados na empresa
foram: a falta de conhecimento por parte dos trabalhadores para
utilização do Centro de Usinagem na empresa e o gargalo gerado na
utilização da Retifica Reta, a qual é utilizada em momentos diferentes
da produção. Após a formulação e validação do modelo, foram
comparadas a situação atual com dois cenários propostos, com o
objetivo de sanar essas questões. Os resultados encontrados foram
condizentes com o esperado, confirmando a capacidade ociosa do
maquinário e os aumentos na lucratividade decorrentes da
implementação dos cenários. Concluiu-se o trabalho reconhecendo a
importância da aplicação dessa ferramenta neste tipo de empresas e
possíveis estudos futuros a serem desenvolvidos.
Palavras-chaves: (Simulação, Usinagem, Facas industriais, Flexsim)
XXXIV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Engenharia de Produção, Infraestrutura e Desenvolvimento Sustentável: a Agenda Brasil+10
Curitiba, PR, Brasil, 07 a 10 de outubro de 2014.
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1. Introdução
As micro e pequenas empresas (MPEs) destacam-se no cenário nacional pela sua
representatividade, pois elas representam, segundo o Anuário do Trabalho na Micro e
Pequena Empresa-2012, 99% das empresas brasileiras atualmente, e juntas produzem parte
significativa do PIB (Produto Interno Bruto) nacional. Estas empresas na sua grande maioria
possuem gestão familiar e estão presentes em todos os setores da economia, proporcionando a
diversidade necessária para o crescimento econômico de qualquer nação (SOLOMON, 1986).
Dentre os diversos setores da econômica destaca-se o setor metalúrgico, que segundo Anuário
Estatístico do Setor Metalúrgico-2012, apresentou em 2011 um faturamento de US$58,7
bilhões, e seu PIB avançou 1,6% em relação ao ano anterior. Esses dados ratificam a
importância da cadeia produtiva dos produtos ligados à metalurgia, usinagem, e produção de
manufaturados metálicos, que juntos, compõem a base para atividades relevantes do país
como a indústria da construção civil, máquinas e equipamentos além de bens de capital.
Este cenário de crescimento tem exigido das empresas investimentos e mudanças em melhoria
contínua, contudo as MPEs apresentam dificuldades em acompanhar as mudanças impostas
pelo mercado no que tange ao aumento da eficiência e competitividade (LIMA, et. al, 2000).
Isso ocorre devido a sua característica de baixa profissionalização que acaba gerando um
gargalo que impede a diferenciação e culmina em uma luta diária pela sobrevivência do
negócio (FERNANDES, 2001).
Um forte indicativo desta realidade é a taxa de mortalidade dos novos negócios brasileiros,
que segundo o Sistema Brasileiro de Apoio a Micro e Pequena Empresa (SEBRAE, 2013)
está em 24,4% para empresas constituídas em 2007. Vários autores citam o gerenciamento
inábil e inexperiente, o processo de tomada de decisão deficiente, a falta de planejamento e a
dificuldade de fazer a gestão financeira e de estoques como uns dos principais problemas
relacionados à falência desses negócios (SOLOMON, 1986; ZIMMERER e
SCARBOROUGH, 1994). Apesar de ser uma ferramenta utilizada amplamente em grandes
empresas para resolver este tipo de problemas, a simulação de sistemas tem sido objeto de
poucos estudos em micro e pequenas empresas.
Diante de tais considerações, esse trabalho ira abordar o emprego da modelagem e simulação
computacional em uma micro empresa metalúrgica, fabricante de facas industriais, situada na
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região metropolitana de Campinas, interior de São Paulo. Este trabalho visa demonstrar o
potencial do uso de simulação de sistemas por meio de um modelo que avalia diferentes
estratégias para incrementar a produtividade da empresa e avaliar o impacto das mesmas na
sua estrutura financeira.
Tal modelo simulado visa responder a seguinte pergunta: o emprego da simulação dos
processos produtivos de uma MPE pode contribuir para o aumento da lucratividade do
negócio? Deste modo será testada a seguinte hipótese da pesquisa: se for possível modelar
todas as atividades da fabricação de uma faca, então, será possível construir um modelo
simulado que reproduza a produção do estágio atual, proporcionando condições de testar
novas estratégias para melhorar a lucratividade da empresa.
A simulação, segundo Chwif (2006), proporciona a possibilidade de testar diversas estratégias
de melhoria em um ambiente computacional, sem a necessidade de alteração real do sistema
empresarial, o que garante aos tomadores de decisão uma agilidade e diminuição das
incertezas no processo de tomada de decisão.
O trabalho está organizado em 7 seções. Na seção 2 são apresentados os aspectos
metodológicos do trabalho. Na seção 3 abordam-se a história da empresa e sua problemática.
A seção 4 apresenta a descrição do processo produtivo atual. A seção 5 trata da construção do
modelo simulado e a formulação das estratégias de melhoria. A seção 6 demonstra os
resultados da simulação. Por fim, na seção 7 apresenta-se conclusões sobre a análise
realizada.
2. Metodologia
Metodologia é definida por Gil (1999 p.26) como o caminho para se chegar a determinado
fim, e o método científico como o conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adotados
para se atingir o conhecimento. Assim, a finalidade da pesquisa cientifica é chegar a uma
determinada verdade, por intermédio de hipóteses que são pontes entre a observação da
realidade e a teoria científica (LAKATOS, 2004).
Deste modo esta pesquisa utilizou-se, além de uma pesquisa bibliográfica, de informações da
empresa como os tempos de processamento e sua estrutura de custos. Assim ela é classificada
como pesquisa aplicada, uma vez que busca solucionar um problema concreto.
A pesquisa é classificada ainda como descritiva, ou seja, ela observa, registra e analisa fatos,
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indicando a relação entre as variáveis. Gil (1999, p. 44) define pesquisa descritiva como
aquela que visa descobrir a existência de associações entre variáveis. A pesquisa é
classificada, ainda, como documental - devido à sua característica da coleta de dados, feita in
loco. Quanto ao tipo de pesquisa ela é classificada como estudo de caso, em função do estudo
detalhado de um único caso (YIN, 2010; MIGUEL et. al, 2010).
Quanto à natureza dos dados, a pesquisa é classificada como quali-quantitativa, devido à
utilização de análise gráfica, tabulação de dados, simulação matemática dos dados e melhoria
do layout.
3. Histórico da empresa e situação problemática
Este estudo foi conduzido em uma fábrica de facas industriais de pequeno porte, situada na
região metropolitana de Campinas, interior de São Paulo. O mercado em que a empresa atua
tem passado nos últimos anos por um momento de crescimento, contudo a empresa não tem
conseguido atender a essa demanda, o que tem acarretado problemas financeiros, levando o
sócio responsável pelo setor administrativo a fazer uso do adiantamento dos recebíveis em
instituições financeiras, visando equilibrar o caixa. Essa estratégia levou a empresa a uma
situação de iminente insolvência.
A análise detalhada de sua estrutura demonstra que o adiantamento de recebíveis tem
agravado o problema devido à falta de recursos do caixa da empresa, porém, essa situação
somente persiste devido à baixa produtividade, que é agravada pela falta de continuidade do
fornecimento da matéria prima.
Na próxima seção será elaborado um modelo simulado visando a mitigação da problemática
na sua causa primaria que é a produtividade da empresa bem como seu impacto na
lucratividade da empresa.
4. Descrição do processo produtivo
Para a definição do processo produtivo, foi mapeado a produção da faca reta mais vendida
pela empresa. A variação dos tempos entre os modelos de facas não é significativa, segundo o
responsável pelo setor de produção da empresa. Assim, o processo produtivo da faca reta com
seus respectivos tempos está descrito na Tabela 1.
TABELA 1 – Processo de produção com tempos de produção e recursos do estágio atual.
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Tempo médio Número de Peças
Operação Recurso Setup Operação Por Operação
Conferência Operador 1 0:10 1
Corte da faca no comprimento Plaina limadora 0:20 0:25 1
Desbastar e furar Centro de usinagem 0:20 0:30 1
Acabamento retifica Retifica Reta 1 0:30 0:20 1
Rosqueamento Rosqueadeira 0:10 0:20 1
Colocar massa na rosca Operador 2 0:01 1
Tempera Forno 0:05 3:00 5
Revenimento Forno 0:20 4:30 5
Endireitar Operador 3 0:30 1
Medição da dureza Operador 4 0:05 1
Acabamento retifica Retifica Reta 1 0:10 4:00 1
Tirar rebarba Operador 5 0:07 1
Conferência Operador 1 0:10 1
Expedição Operador 6 1
Fonte: Elaborada pelos autores
A Produção começa com a conferência da matéria prima pelo operador 1, após este estágio, a
faca segue para o corte no comprimento solicitado pelo cliente, este corte é feito pela Plaina
Limadora. Na próxima operação são feitos os desbastes e furos na faca, executado pelo
Centro de Usinagem. Uma vez terminado o trabalho do Centro, os furos da faca são
preenchidos com uma massa especial para que a rosca suporte as altas temperaturas do Forno.
O processo da têmpera proporciona ao material a dureza necessária para que a faca corte os
objetos, esse processo ocorre no forno e possui duas fases: aquecimento, e o resfriamento ou
revenimento.
Este último é necessário para que o material resfrie sem danos estruturais. Depois a faca é
endireitada manualmente com o auxílio de uma marreta por um operador, e segue para
medição da dureza para verificar se o material está de acordo com as especificações
pretendidas. Após esses passos, a faca segue mais uma vez para a Retífica Reta, onde é feito o
acabamento final. Por último é retirado a rebarba, conferida e expedida para o cliente.
Para mensurar os custos de produção foram levantados os valores para cada operação,
considerando a hora em produção e ociosa. Esses valores foram obtidos com base em
informações de mercado e do custo/hora dos operários da empresa e estão organizadas na
Tabela 2.
TABELA 2 – Valores por hora trabalhada e tempo ocioso.
Nome Valor / Hora Valor / Hora
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Manufatura Ociosa
Operador 1 para realizar a conferência R$ 15,00 R$ 15,00
Plaina Limadora R$ 80,00 R$ 35,00
Centro de Usinagem R$ 160,00 R$ 60,00
Retifica Reta R$ 100,00 R$ 50,00
Rosqueadeira R$ 80,00 R$ 35,00
Operador 2 para colocar massa na rosca R$ 15,00 R$ 15,00
Forno R$ 85,00 R$ 42,50
Operador 3 para Endireitar R$ 15,00 R$ 42,50
Operador 4 para medir a dureza R$ 15,00 R$ 15,00
Operador 5 para tirar a rebarba R$ 15,00 R$ 15,00
Operador 6 para a expedição R$ 15,00 R$ 15,00
Fonte: Elaborada pelos autores
5. Modelo simulado
Foram simulados 3 cenários diferentes fazendo uso do Software Flexsim® v.
7.1.0(FLEXSIM, 2013), a seguir apresentaremos cada um deles com suas características.
5.1 Cenário 1
O cenário 1 descreve a situação atual da fábrica. Este cenário será utilizado para a validação
do modelo simulado desenvolvido, visando a confirmação se a quantidade atual de peças
produzidas é igual ao valor de peças geradas pelo modelo simulado. Dessa maneira, foi
realizado a simulação de um período de um mês (220 horas) de funcionamento da empresa, de
forma analisar se a capacidade dos equipamentos está sendo usada plenamente. O layout da
empresa pode ser visto em 3D na Figura 1.
Figura 1 - Layout da empresa no cenário 1.
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Fonte: Elaborada pelos autores
De acordo com o sócio da empresa, sua produção média é de 27 peças por mês. O modelo
simulado gerou uma produção de 26 facas para este período. Esta informação, juntamente
com outras, ajudaram a validar a simulação e os tempos de produção disponíveis na Tabela 1.
5.2 Cenário 2
O segundo cenário proposto é a adição de mais uma máquina Retífica Reta no valor de R$
35.000,00, amortizado em prestações fixas de R$ 900,00 por um período de 48 meses. Este
investimento diminuirá o gargalo gerado pela utilização da Retífica em dois momentos
distintos do processo.
Para fins de modelagem, a Retífica antiga ficou dedicada ao primeiro processo de acabamento
após o Centro de Usinagem, e a segunda Retífica ao segundo processo de acabamento logo
após a medição da dureza, a visualização desta alteração na empresa pode ser visualizada na
Figura 2.
Figura 2 - Layout da empresa no cenário 2.
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Fonte: Elaborada pelos autores
5.3 Cenário 3
O terceiro cenário proposto é a concentração das operações "Corte da faca no comprimento",
"Desbastar e furar", "Acabamento retífica" e "Rosqueamento", no Centro de Usinagem, além
da adição da Retifica do Cenário 2. Essa mudança justifica-se pela possibilidade do uso do
Centro de Usinagem para estas operações, dispensando a necessidade de diversas máquinas
com longos tempos de setup. Para que o Centro possa ser utilizado nesta operação é
necessário um investimento em treinamento para o seu operador, que será feito por um
profissional especializado, ao valor de R$ 10.000,00, divididos em prestações mensais de R$
1.000,00. Este treinamento servirá para configurar cada produto no Centro de Usinagem,
salvando as configurações da peça produzida na memória do Centro, permitindo ao operador
diminuir o tempo de preparação. O operador será capaz de editar e criar novas configurações
de novos produtos. A Tabela 3 apresenta as alterações no processo produtivo.
TABELA 3 –Produção e recursos com a nova função do centro de usinagem.
Tempo médio Número de Peças
Recurso Setup Operação Por Operação
Conferência Operador 1 0:10 1 Corte da faca no
comprimento Plaina limadora
retirada 0:20 0:25 1
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Acabamento retifica Retifica Reta 1 realocada
0:30 0:20 1
Rosqueamento Rosqueadeira retirada
0:10 0:20 1
Corte da faca, desbastar e furar, acabamento e
rosqueamento
Centro de Usinagem realocado
0:20 1:00 1
Colocar massa na rosca Operador 2 0:01 1 Tempera Forno 0:05 3:00 5
Revenimento Forno 0:20 4:30 5 Endireitar Operador 3 0:30 1
Medição da dureza Operador 4 0:05 1 Acabamento retifica Retifica Reta 1 e 2 0:10 4:00 1
Tirar rebarba Operador 5 0:07 1 Conferência Operador 1 0:10 1 Expedição Operador 6 1
Fonte: Elaborada pelos autores
Este novo processo produtivo mais enxuto permitiu a organização do layout da empresa em
um único galpão, o que promovera uma diminuição da movimentação dos materiais e uma
melhor interação entre a equipe. Outro benefício da simulação é a possibilidade alterar o
layout de forma rápida, permitindo diversos testes. A Figura 3 demonstra o novo layout, que
agora segue o fluxo da produção.
Figura 3 – Layout da empresa no cenário 3.
Fonte: Elaborada pelos autores.
6. Resultados
Para um melhor entendimento das implicações das mudanças ocorridas nos cenários 2 e 3, foi
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elaborado a Tabela 4 com os resultados dos 3 cenários, possibilitando a avaliação de qual é o
melhor cenário para a empresa.
TABELA 4 – Resultados da simulação
Cenários Peças Produzidas por
semana 44 horas
Custo/Peça Resultado Mensal
Lucratividade mensal da empresa
C1 Cenário 1 26 R$ 3.514,46 R$ -6925,97 -6% C2 Cenário 2 58 R$ 2.203,06 R$ 78.172,40 30%
C3 Cenário 3 73 R$ 1.298,26 R$ 167.551,76 51% Fonte: Elaborada pelos autores
Fica evidente que o incremento da produtividade produz resultados significativos ao
desempenho da empresa, com reflexos na lucratividade, contudo esses não são os únicos
indiciadores de melhora. O simulador abre a possibilidade para a análise dos tempos em cada
estado dos recursos no processo produtivo, essas informações estão disponíveis na Figura 4.
Figura 4 – Gráfico de utilização dos recursos.
Fonte: Elaborada pelos autores
É possível observar que o operador tem uma grande diminuição no seu nível de tempo em
operação nos cenários propostos, o que é indicativo da melhoria no layout da empresa. O
Centro de Usinagem tem uma utilização maior no cenário 3 devido a pré-programação das
facas e ao treinamento do seu operador. O Forno teve um aumento de seu tempo em produção
nos cenários 2 e 3, e, por fim, nos mesmos a Retífica Reta apresentou uma diminuição
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significativa do tempo operação após a aquisição da segunda máquina. Observa-se também
uma melhora no balanceamento do processo produtivo.
7. Conclusão
A aplicação da simulação computacional com o Flexsim® mostrou-se eficiente para tratar
problemas em processos produtivos, podendo projetar situações futuras diferentes sem a
necessidade de gastos reais com recursos materiais e humanos.
Ficou evidente que o Cenário 3 apresenta o melhor desempenho, tanto em produtividade
quanto em lucratividade, com um aumento de 180% no número de peças, demonstrando o
avanço da empresa em termos de competitividade, tendo como outro indicador desta melhoria
a redução do custo por peça de 63,05%.
Desta maneira este trabalho demonstrou que a simulação pode ser empregada nos processos
produtivos de uma MPE, contribuindo para o aumento da sua lucratividade. Assim, a hipótese
de pesquisa pode ser confirmada, pois a empresa pode utilizar esta ferramenta para testar
alternativas de melhoria e tornar o processo de tomada de decisão mais eficiente.
Uma sugestão para trabalhos futuros é o estudo de possíveis otimizações no Centro de
Usinagem e no Forno, pois estas máquinas são utilizadas em sua totalidade no cenário 3.
Qualquer melhoria simultânea nestes dois processos produzirá um ganho significativo de
produtividade, uma vez que as Retíficas ainda possuem espaço para processamento.
Conclui-se que o emprego de simulação computacional contribui para a melhoria de
processos produtivos nas MPEs, garantindo assim um maior nível de competitividade para
estas empresas.
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YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 4 ed. Porto Alegre: Bookman, 2010.
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