empregador _ sucessão

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INTENSIVO SEMESTRAL TRABALHISTA Direito Individual do Trabalho Pedro Sampaio Data: 02/04/2014 Aula 06 INTENSIVO SEMESTRAL TRABALHISTA Anotador(a): Fernando Guilherme Lot Martins Complexo Educacional Damásio de Jesus RESUMO SUMÁRIO 2.6. Empregador: análise do art. 2º da CLT (dirige a prestação pessoal de serviço) 2.7. Grupo econômico 2.7.1. Solidariedade 2.8. Sucessão de empregadores (arts. 10 e 448 da CLT) 2.8.1. Substituição na concessão de um serviço público 2.8.2. Liquidação extrajudicial de instituição financeira 2.8.3. Falência (liquidação judicial) 2.8.4. Recuperação judicial 2.8.5. Cartório Continuação... Poder disciplinar É o poder de aplicar penalidades ao empregado. A lei não especifica quais são essas punições, havendo somente uma referencia implícita no art. 474 da CLT, que classifica como ilícitas as suspensões superiores a 30 dias. Art. 474. A suspensão do empregado por mais de trinta dias consecutivos importa a rescisão injusta do contrato de trabalho. A doutrina e a jurisprudência entendem como válidas a advertência e suspensão. Cuidado: A dispensa por justa causa, embora exista a máxima que se trata da maior punição dada a um empregado, não decorre propriamente do poder disciplinar do empregador. É, na realidade, rescisão por inexecução do contrato. O empregado também pode rescindir o contrato por justa causa. Outras penalidades não são admitidas, tais como, rebaixar o trabalhador de função, colocar o trabalhador em situação humilhante, sob pena de caracterizar-se o assédio moral. A punição para ser válida precisa atender alguns requisitos, a saber: a) Imediatidade: Precisa ser uma reação imediata do empregador. A demora injustificada na aplicação da punição caracteriza o perdão tácito.

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2014resumo OAB

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  • INTENSIVO SEMESTRAL TRABALHISTA

    Direito Individual do Trabalho Pedro Sampaio

    Data: 02/04/2014 Aula 06

    INTENSIVO SEMESTRAL TRABALHISTA

    Anotador(a): Fernando Guilherme Lot Martins Complexo Educacional Damsio de Jesus

    RESUMO

    SUMRIO 2.6. Empregador: anlise do art. 2 da CLT (dirige a prestao pessoal de servio) 2.7. Grupo econmico 2.7.1. Solidariedade 2.8. Sucesso de empregadores (arts. 10 e 448 da CLT) 2.8.1. Substituio na concesso de um servio pblico 2.8.2. Liquidao extrajudicial de instituio financeira 2.8.3. Falncia (liquidao judicial) 2.8.4. Recuperao judicial 2.8.5. Cartrio

    Continuao...

    Poder disciplinar o poder de aplicar penalidades ao empregado. A lei no especifica quais so essas punies, havendo

    somente uma referencia implcita no art. 474 da CLT, que classifica como ilcitas as suspenses superiores a 30

    dias.

    Art. 474. A suspenso do empregado por mais de trinta dias

    consecutivos importa a resciso injusta do contrato de

    trabalho.

    A doutrina e a jurisprudncia entendem como vlidas a advertncia e suspenso.

    Cuidado: A dispensa por justa causa, embora exista a mxima que se trata da maior punio dada a um

    empregado, no decorre propriamente do poder disciplinar do empregador. , na realidade, resciso por

    inexecuo do contrato.

    O empregado tambm pode rescindir o contrato por justa causa.

    Outras penalidades no so admitidas, tais como, rebaixar o trabalhador de funo, colocar o trabalhador em

    situao humilhante, sob pena de caracterizar-se o assdio moral.

    A punio para ser vlida precisa atender alguns requisitos, a saber:

    a) Imediatidade: Precisa ser uma reao imediata do empregador. A demora injustificada na aplicao da

    punio caracteriza o perdo tcito.

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    b) Causalidade: o nexo causal entre falta e punio.

    c) Proporcionalidade: A punio tem que ser proporcional falta. Uma falta mais leve, uma punio mais leve.

    Uma falta mais grave, uma punio mais grave.

    Ateno: Quando se tratar de dispensa por justa causa, esse requisito chamado de gravidade.

    A jurisprudncia j sedimentou posio de que o juiz no interfere no requisito da proporcionalidade, ou seja,

    o juiz no pode graduar a penalidade, examinando apenas a validade ou no da punio, cancelando-a, se caso

    for.

    d) Duplicidade de punio: Trata-se de requisito negativo, ou seja, no pode haver duplicidade de punio. As

    duas penalidades sero consideradas invlidas, se aplicadas.

    2.7. Grupo econmico

    2.7.1. Solidariedade

    Grupo econmico urbano (art. 2, 2 da CLT).

    Art. 2 - Considera-se empregador a empresa, individual ou

    coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econmica,

    admite, assalaria e dirige a prestao pessoal de servio.

    2 - Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada

    uma delas, personalidade jurdica prpria, estiverem sob a

    direo, controle ou administrao de outra, constituindo

    grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade

    econmica, sero, para os efeitos da relao de emprego,

    solidariamente responsveis a empresa principal e cada uma

    das subordinadas.

    Ocorre quando duas ou mais empresas, com personalidade jurdica prpria, sob a direo de uma delas,

    constiturem grupo econmico, sero solidariamente responsveis para os efeitos da relao de emprego.

    Quando as empresas atuam num grupo econmico, elas sero solidariamente responsveis para os efeitos da

    relao de emprego. Assim, o trabalhador poder cobrar de qualquer uma das empresas pertencentes ao

    mesmo grupo econmico.

    O art. 2, 2 da CLT, pareece exigir a necessidade de uma empresa dirigente e empresas dirigidas. Deve

    haver uma subordinao interna entre as empresas.

    Grupo econmico rural (art. 3, 2 da Lei 5.889/73)

    Art. 3 - Considera-se empregador, rural, para os efeitos desta

    Lei, a pessoa fsica ou jurdica, proprietrio ou no, que explore

    atividade agro-econmica, em carter permanente ou

    temporrio, diretamente ou atravs de prepostos e com auxlio

    de empregados.

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    2 Sempre que uma ou mais empresas, embora tendo cada

    uma delas personalidade jurdica prpria, estiverem sob

    direo, controle ou administrao de outra, ou ainda quando,

    mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo

    econmico ou financeiro rural, sero responsveis

    solidariamente nas obrigaes decorrentes da relao de

    emprego.

    A lei do rural, conforme se observa, exige apenas uma relao de coordenao entre empresas do grupo para

    se aplicar a regra da solidariedade. Trata-se de um conceito mais amplo. No precisa haver empresa dirigente

    e empresas dirigidas, como no grupo econmico urbano.

    Caso tpico o consorcio de proprietrios rurais, onde todos os proprietrios do consorcio respondem

    solidariamente.

    Nos ltimos 2 (dois) anos o TST vm aplicando a regra da coordenao no grupo econmico urbano.

    GRUPO ECONMICO POR COORDENAO. Desnecessria a verticalidade da relao mantida entre empresas

    cuja composio societria comum revela a realizao de atividades coordenadas, principalmente se tais

    atividades so afins ou conexas entre si. (TRT-1 - RO: 14558920115010283 RJ, Relator: Alexandre Teixeira de

    Freitas Bastos Cunha, Data de Julgamento: 18/04/2012, Stima Turma, Data de Publicao: 2012-04-27).

    A doutrina tenta explicar a natureza da solidariedade. Vejamos:

    1 corrente: Solidariedade ativa - O grupo econmico empregador nico, ou seja, o empregador no a

    empresa que contratou, mas o grupo.

    Vide S. 129, TST

    Smula n 129 do TST CONTRATO DE TRABALHO. GRUPO ECONMICO (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003

    A prestao de servios a mais de uma empresa do mesmo grupo econmico, durante a mesma jornada de trabalho, no caracteriza a coexistncia de mais de um contrato de trabalho, salvo ajuste em contrrio.

    2 corrente: Solidariedade passiva a ideia da solidariedade passiva do Cdigo Civil, ou seja, empregador

    apenas a empresa que contratou. As demais empresas no so empregadoras, mas respondem solidariamente

    nas dvidas trabalhistas da empresa que contratou.

    Vide antiga S. 205, TST

    Smula n 205 do TST - GRUPO ECONMICO. EXECUO.

    SOLIDARIEDADE (cancelada) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e

    21.11.2003O responsvel solidrio, integrante do grupo

    econmico, que no participou da relao processual como

    reclamado e que, portanto, no consta no ttulo executivo

  • 4 de 9

    judicial como devedor, no pode ser sujeito passivo na

    execuo.

    A jurisprudncia, desde o cancelamento do verbete em estudo, passou admitir a execuo de outra empresa

    do grupo econmico na qual no participou da fase de conhecimento. Dessa forma, vem prevalecendo a tese

    do empregador nico.

    Equiparao salarial: A tese do empregador nico traz reflexos na equiparao salarial. 2 empregados que

    trabalham para empresas distintas do mesmo grupo econmico, se preenchidos os demais requisitos do art.

    461 da CLT, podem ter o reconhecimento da equiparao salarial.

    RECURSO DE EMBARGOS. EQUIPARAO SALARIAL. GRUPO ECONMICO. EMPRESAS DISTINTAS. RECURSO

    DE REVISTA PARCIALMENTE PROVIDO. REQUISITO MESMO EMPREGADOR. O fato de o reclamante e o

    empregado paradigma prestarem servios a empresas distintas, ainda que integrantes do mesmo grupo

    econmico, impede o deferimento da equiparao salarial, notadamente quando o trabalho se realiza,

    independente do grupo, diretamente a uma e outra empresa integrante do grupo econmico, em locais

    diversos, com distino de trabalho e funo. Isso porque as empresas que formam o grupo econmico

    constituem empregadores distintos, tm personalidade jurdica prpria, com organizao e estrutura funcional

    independentes, impossibilitando a presena da identidade funcional, exigida por lei para o reconhecimento do

    direito equiparao salarial. Todavia, diante da existncia de trabalho direto ao grupo econmico, no

    possvel afastar o direito equiparao salarial apenas pelo aspecto formal relativo ao contrato de trabalho

    realizado com empresas distintas, em face de paragonado e paradigma. Necessrio verificar os requisitos do

    art. 461 da CLT, exatamente como entendeu a c. Turma, j que o conceito de mesmo empregador tambm

    pode alcanar o trabalho dirigido diretamente ao grupo econmico, quando efetivamente no local da

    prestao de servios existe atribuio e funo idntica. Embargos conhecidos e desprovidos. (PROCESSO N

    TST-RR-30-24.2010.5.02.0254 - FASE ATUAL: E-ED)

    RECURSO DE REVISTA. EQUIPARAO SALARIAL. GRUPO ECONMICO. EMPRESAS DISTINTAS. SMULA

    129/TST. POSSIBILIDADE. O grupo econmico enseja solidariedade ativa e passiva (solidariedade dual), entre

    os seus integrantes, formando o chamado empregador nico. Tal entendimento est sedimentado na Smula

    129 do TST, que preceitua: "A prestao de servios a mais de uma empresa do mesmo grupo econmico,

    durante a mesma jornada de trabalho, no caracteriza a coexistncia de mais de um contrato de trabalho,

    salvo ajuste em contrrio." Desse modo, vivel falar-se em equiparao entre empregados contratados por

    diferentes empresas do grupo, desde que presentes os demais requisitos da figura do art. 461 da CLT. Contudo,

    no caso vertente, verifica-se que o Juzo de 1 Grau no analisou o caso concreto quanto existncia dos

    demais requisitos da equiparao salarial pretendida, quais sejam, identidade de funo exercida, identidade

    de localidade de exerccio das funes e simultaneidade nesse exerccio, construdos pela comparao entre as

    situaes empregatcias reais vivenciadas pelo Reclamante e paradigmas por ele indicados. Satisfez-se com a

    tese de que no havia idntico empregador -- porm em manifesto desrespeito Smula 129 do TST. Nesse

    contexto, considerando-se os limites de cognio em instncia extraordinria e diante da possibilidade de

    incidncia da figura da equiparao salarial envolvendo empregadores vinculados a distintas empresas do

    mesmo grupo, a teor da Smula 129/TST, torna-se necessrio o retorno dos autos ao Juzo de 1 Grau, a fim de

    que analise os requisitos ensejadores da equiparao salarial pretendida entre o Reclamante e os paradigmas.

    Recurso de revista conhecido e parcialmente provido. (TST AIRR - 30-24.2010.5.02.0254, 3 Turma, Relator

    Mauricio Godinho Delgado, Publicao 19/10/2012).

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    2.8. Sucesso de empregadores (arts. 10 e 448 da CLT)

    Art. 10 - Qualquer alterao na estrutura jurdica da empresa

    no afetar os direitos adquiridos por seus empregados.

    Art. 448 - A mudana na propriedade ou na estrutura jurdica

    da empresa no afetar os contratos de trabalho dos

    respectivos empregados.

    Principio da continuidade da empresa: O termo empresa, nesse caso, utilizado de forma correta, ou seja,

    no sentido de continuidade da atividade econmica.

    Qualquer alterao na estrutura jurdica da empresa ou mudana na sua propriedade no afeta o contrato de

    trabalho e no interfere nos direitos do empregado.

    Exemplo: S.A. que se transforma em Ltda., mudana de CNPJ, mudana de propriedade (empresa vendida),

    etc.

    O novo titular o sucessor, j o antigo o sucedido.

    O sucessor responde por todos os direitos decorrentes do contrato de trabalho.

    O sucessor no responde apenas pelos direitos decorrentes dos contratos de trabalho em vigor, mas tambm

    dos contratos de trabalho em vigor ou extintos poca do sucedido.

    Eventual clausula firmada entre sucessor e sucedido de iseno de responsabilidade, no tem efeitos sobre os

    empregados.

    Para caracterizao da sucesso necessrio o prosseguimento na empresa, em seu conjunto.

    2.8.1. Substituio na concesso de um servio pblico

    A jurisprudncia firmou posio que a simples substituio no caracteriza sucesso.

    2.8.2. Liquidao extrajudicial de instituio financeira

    Regulado pela Lei 6.024/74.

    Adquirir o ativo da instituio em liquidao e dar prosseguimento a atividade da instituio financeira.

    Quem adquire o ativo de uma instituio financeira em processo de liquidao extrajudicial responde pela

    dividas trabalhista da instituio liquidada?

    Vide OJ 261 SDI-1/TST Caracteriza-se a sucesso.

    261. BANCOS. SUCESSO TRABALHISTA (inserida em

    27.09.2002)

    As obrigaes trabalhistas, inclusive as contradas poca em

    que os empregados trabalhavam para o banco sucedido, so

    de responsabilidade do sucessor, uma vez que a este foram

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    transferidos os ativos, as agncias, os direitos e deveres

    contratuais, caracterizando tpica sucesso trabalhista.

    HSBC deve herdar dvidas trabalhistas do Bamerindus - 29/11/2004

    O reconhecimento da sucesso trabalhista ocorrida entre o Banco Bamerindus do Brasil S/A e o HSBC Bank

    Brasil S/A Banco Mltiplo levou a 3 Turma a no conhecer recurso de revista interposto por ambos. As

    obrigaes trabalhistas, inclusive as contradas poca em que os empregados trabalhavam para o banco

    sucedido (Bamerindus), so de responsabilidade do sucessor (HSBC), uma vez que a este foram transferidos os

    ativos, as agncias, os direitos e deveres contratuais, caracterizando tpica sucesso trabalhista, afirmou o

    ministro Carlos Alberto Reis de Paula (relator).

    O posicionamento do TST, fundamentado no texto da Orientao Jurisprudencial n 261 da SDI-1(Subseo de

    Dissdios Individuais 1), resultou na manuteno de deciso tomada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 9

    Regio (com jurisdio no Paran). O acrdo do rgo de segunda instncia registrou, em favor de um ex-

    empregado, que o HSBC comprou o Bamerindus, assumindo _ainda que parcialmente_ o fundo de comrcio,

    compreendendo as instalaes, endereos e atividade econmica do banco sucedido.

    De acordo com o texto da OJ 261, as obrigaes trabalhistas, inclusive as contradas poca em que os

    empregados trabalhavam para o banco sucedido, so de responsabilidade do sucessor, uma vez que a este

    foram transferidos os ativos, as agncias, os direitos e deveres contratuais, caracterizando tpica sucesso

    trabalhista.

    Aquele que compra a empresa, mesmo que apenas sua parte orgnico-funcional, e continua exercendo o

    mesmo ramo de negcio do sucedido, assume todas as obrigaes decorrentes dos contratos de trabalho em

    vigor e/ou extintos, firmados pelo anterior empregador, julgou o TRT em relao aos efeitos da sucesso

    trabalhista.

    O recurso de revista patronal questionou o acrdo regional sob o argumento de que o Bamerindus continuou

    a existir e apenas parte de seu patrimnio foi adquirido pelo HSBC, onde o bancrio nunca trabalhou pois foi

    dispensado em 1996 _um ano antes da instalao do HSBC no Brasil. Tambm afirmou que a Caixa Econmica

    Federal adquiriu a carteira imobiliria do Bamerindus e, nem por isso, falou-se em sucesso neste caso.

    Segundo o ministro Carlos Alberto, o TRT paranaense no emitiu uma tese explcita sobre uma eventual

    sucesso entre Bamerindus e CEF, o que impediu manifestao do TST sobre o tema. Registrou tambm que a

    deciso regional ressaltou a aquisio, mesmo parcial, do Bamerindus pelo HSBC. fato pblico e notrio que

    o Banco HSBC Bamerindus S/A assumiu todo o ativo do Banco Bamerindus do Brasil S/A, e certo que todos os

    funcionrios deste ltimo continuam a trabalhar para aquele primeiro, tendo ocorrido apenas a mudana de

    nome e de logomarca das agncias, acrescentou o relator ao citar deciso precedente sobre o tema em que

    foi o prprio relator.

    A 3 Turma do TST tambm no conheceu o trecho do recurso de revista em que os bancos buscavam cancelar

    condenao ao pagamento das horas de sobreaviso ao ex-empregado.

  • 7 de 9

    O recurso foi deferido apenas para determinar a incidncia dos descontos fiscais sobre o valor total da

    condenao favorvel ao trabalhador e para excluir o cmputo dos juros de mora em relao ao Banco

    Bamerindus, por ser instituio sujeita a liquidao extrajudicial, sujeito s normas da Lei n 6.024/74.

    2.8.3. Falncia (liquidao judicial)

    Lei 11.101/05, art. 141, inciso II: Afastou, expressamente, a sucesso trabalhista no caso da arrematao

    judicial do acervo da massa falida.

    A nova lei de falncias optou privilegiar o prosseguimento da atividade empresarial.

    Por outro lado, a lei de falncia tomou o cuidado para que tal privilgio no fosse usado com artificio para se

    livrar do passivo trabalhista, conforme art. 141, 1 da Lei 11.101/05.

    Art. 141. Na alienao conjunta ou separada de ativos,

    inclusive da empresa ou de suas filiais, promovida sob qualquer

    das modalidades de que trata este artigo:

    I - todos os credores, observada a ordem de preferncia

    definida no art. 83 desta Lei, sub-rogam-se no produto da

    realizao do ativo;

    II - o objeto da alienao estar livre de qualquer nus e no

    haver sucesso do arrematante nas obrigaes do devedor,

    inclusive as de natureza tributria, as derivadas da legislao

    do trabalho e as decorrentes de acidentes de trabalho.

    1o O disposto no inciso II do caput deste artigo no se aplica

    quando o arrematante for:

    I - scio da sociedade falida, ou sociedade controlada pelo

    falido;

    II - parente, em linha reta ou colateral at o 4o (quarto) grau,

    consangneo ou afim, do falido ou de scio da sociedade

    falida; ou

    III - identificado como agente do falido com o objetivo de

    fraudar a sucesso.

    2o Empregados do devedor contratados pelo arrematante

    sero admitidos mediante novos contratos de trabalho e o

    arrematante no responde por obrigaes decorrentes do

    contrato anterior.

    2.8.4. Recuperao judicial

    Lei 11.101/05, art. 60, paragrafo nico: Tambm afastou a sucesso.

  • 8 de 9

    possvel o juiz autorizar a venda judicial dos bens.

    Art. 60. Se o plano de recuperao judicial aprovado envolver

    alienao judicial de filiais ou de unidades produtivas isoladas

    do devedor, o juiz ordenar a sua realizao, observado o

    disposto no art. 142 desta Lei.

    Pargrafo nico. O objeto da alienao estar livre de qualquer

    nus e no haver sucesso do arrematante nas obrigaes do

    devedor, inclusive as de natureza tributria, observado o

    disposto no 1o do art. 141 desta Lei.

    2.8.5. Cartrio

    Art. 236, CF

    Art. 236. Os servios notariais e de registro so exercidos em

    carter privado, por delegao do Poder Pblico.

    (Regulamento)

    1 - Lei regular as atividades, disciplinar a responsabilidade

    civil e criminal dos notrios, dos oficiais de registro e de seus

    prepostos, e definir a fiscalizao de seus atos pelo Poder

    Judicirio.

    2 - Lei federal estabelecer normas gerais para fixao de

    emolumentos relativos aos atos praticados pelos servios

    notariais e de registro.

    3 - O ingresso na atividade notarial e de registro depende de

    concurso pblico de provas e ttulos, no se permitindo que

    qualquer serventia fique vaga, sem abertura de concurso de

    provimento ou de remoo, por mais de seis meses.

    O novo titular sucessor do antigo notrio ? As ltimas decises do TST vm reconhecendo a sucesso de

    empregados na atividade notarial.

    RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA RECLAMANTE. SERVIO EXTRAJUDICIAL. TRANSFERNCIA DE

    TITULARIDADE. INTERINO. SUCESSO TRABALHISTA.

    De acordo com a jurisprudncia iterativa, notria e atual da Subseo I Especializada em Dissdios Individuais

    desta Corte Superior, a alterao da titularidade do servio notarial, com a correspondente transferncia da

    unidade econmico-jurdica, alm da continuidade na prestao dos servios, caracteriza a sucesso de

    empregadores prevista nos arts. 10 e 448, da CLT. De modo que o Tabelio sucessor responsvel pelos

    direitos trabalhistas oriundos da relao de emprego vigente poca do repasse, bem como pelos dbitos de

    igual natureza decorrentes de contratos j rescindidos. Os livros de escriturao, folhas soltas ou fichas que os

    substiturem, os documentos arquivados, inclusive microfilmes, e os bancos de dados dos sistemas

    informatizados pertencem ao Estado; no fazem parte do patrimnio dos titulares das serventias extrajudiciais

    e no podem ser garantidores dos crditos trabalhistas eventualmente devidos aos empregados. Logo, a

  • 9 de 9

    aprovao em concurso pblico de provas e ttulos, a opo pelo servio extrajudicial, a delegao, a

    investidura, a posse, o exerccio e a transferncia dos livros e documentos necessrios prestao do servio

    notarial e de registro aos novos titulares, no so suficientes para caracterizar a transferncia do patrimnio

    econmico jurdico dos servios extrajudiciais. necessrio que o novo titular receba tambm os materiais de

    expediente e permanente, computadores, mesas, cadeiras, dentre outros, ou at mesmo o imvel onde

    funcionava o servio notarial ou de registro, para que fique demonstrada a transferncia da unidade

    econmico-jurdica. Recurso de revista parcialmente conhecido e provido. (TST-RR-105300-84.2006.5.03.0016)