emfocon85 standart cadernob - site.ucdb.br · de muita dança, poesia e exaltação. os veteranos...

8
Jornal Em Foco - Campo Grande - MS - junho de 2008 - Ano VII - Edição 105 Autobiografia O Pantaneiro Góinha veio para a Capital em busca da realização de seus sonhos; livro conta suas histórias Memórias de Góinha Foto: Magna Melo Magna Melo “O nada de meu livro é nada mesmo. É coisa nenhu- ma por escrito: um aviso para o silêncio, um despertar do amanhecer, pessoa apropriada para pedras, o parafuso de ve- ludo, etc. O que eu queria era fazer brinquedos com as pala- vras. Fazer coisas não úteis. Tudo que use abandono por dentro e por fora”. O poeta Manoel de Barros em seus ver- sos expressou com precisão os pensamentos e atitudes do au- tor do livro “O sonho de um Pantaneiro Feliz”, que será lan- çado no dia 26 de agosto deste ano, em Campo Grande. Jeito simples e um sorriso inocente fazem do pantaneiro Gregório Correia, mais conhe- cido como Góinha, uma crian- ça grande de 76 anos de idade e uma vasta história que está sendo contada por ele mesmo em seu livro. No dia do seu aniversário de doze anos não havia bolo nem balões, nada de festa, mas desilusão e tristeza, para ele, sua mãe e seus nove irmãos. Foi o dia do enterro do pai. Enterro de um pai e nasci- mento de um homem. Viven- do no Pantanal sul-mato-gros- sense, em uma época que não havia estradas, só o horizonte verde e cheio de esperanças. Certa noite Goinha sonhou com uma cidade grande, co- nhecia Campo Grande de ou- vir falar, então resolveu reali- zar esse sonho, que foi o de um pantaneiro esperançoso, en- trou no Trem do Pantanal e foi concretizar seu sonho. Com muita dificuldade, chegou na cidade no ano de 1947. Foi trabalhar em uma padaria. Em pouco tempo trouxe os seus familiares para morar na cidade grande. Hoje a família soma mais de 200 pessoas. Em sua vasta caminhada tiveram fatos engraçados. Um desses foi a tentativa de ser vereador, recebendo ajuda do ex-governador do Estado do Mato Grosso do Sul, Pedro Pedrossian, que financiou sua campanha. Gregório Correia se candidatou e saiu pela cidade para fazer campanha, perce- beu que era uma pessoa bem popular, mas o fato curioso é que na época não era aceito apelido na cédula de votação, seus eleitores votaram no Góinha e não no Gregório. Ele obteve mais de 1200 votos, sendo que só 700 foram no seu nome e os outros no apelido que não foram aceitos pelo car- tório eleitoral. Com isso, não conseguiu se eleger. Essa his- tória gerou uma grande decep- ção e nunca mais quis tentar entrar na política. O ideal de escrever o livro surgiu em 1998 e só começou a ser passado para o papel em 2004. Foi um trabalho árduo, com muita luta, fez um verda- deiro trabalho de pesquisa. Como não havia registro de suas origens, procurou uma tia de 94 anos, que foi quem rela- tou a vida de seus antepassa- dos. Com apenas a terceira sé- rie do primário e mesmo com uma máquina de escrever e um computador ao lado não conseguiu digitar nada. Partiu para a caneta, foram quinze ca- dernos de cem folhas cada, so- mando 1,5 mil páginas. Goinha é uma personalidade que faz parte do contexto históri- co da Capital do Estado. É o único restaurador do museu José Antonio Pereira, foi quem trouxe o carnaval para a cidade, fundou uma asso- ciação carnavalesca onde foi presidente por cinco anos, criou a primeira “charanga” do Operário Futebol Clube, e o primeiro trio musical da ci- dade, que fez muito sucesso cantando nas sessões de cine- ma local e na rádio da época que era a PRI-7. Por esses fei- tos, em 2004 recebeu da Câ- mara Municipal de Campo Grande o título de cidadão campo-grandense. O livro está na fase de finalização. Goinha está re- cebendo ajuda de um histo- riador e um escritor. “O so- nho de um pantaneiro feliz”, será um presente para home- nagear os 109 anos da Capi- tal Morena. Homenagem - Góinha recebeu o título de cidadão campo-grandense em 2004 Ídolos novos no samba antigo Júlia de Miranda “Quem não gosta de samba, bom sujeito não é, é ruim da cabeça ou doente do pé”, já diz a canção que traduz o perfil de um sam- bista. Noel Rosa, Cartola, Zé Kéti, Nelson Cavaqui- nho, Elza Soares, Candeia, Clara Nunes, Dona Ivone Lara, Paulinho da Viola, Beth Carvalho, Leci Bran- dão, Clementina de Jesus, fazem parte da extensa lis- ta dos grandes nomes da safra de raiz. E depois de um longo jejum, o gênero volta com tudo e renovado à cena musical. Novos ar- tistas retomam a tradição e fortalecem a identidade musical desse estilo cente- nário. O samba, com suas raí- zes africanas, surgiu na Bahia. Com a transferência de grande número de escra- vos para o Rio de Janeiro, o ritmo ganhou novos contor- nos, instrumentos e históri- cos próprios, de tal forma que hoje apontam seu sur- gimento no início do sécu- lo 20, na cidade do Rio. Esquecido por alguns, a “música oficial” do Brasil voltou com força nos cen- tros urbanos, onde novos cantores e compositores de- clamam sua paixão pelo gê- nero, sempre prestando tri- buto à tradição. Mariana Aydar, Roberta Sá, Teresa Cristina, João Rabello, Fabiana Cozza, Clara More- no, Ana Martins, Diogo No- gueira, Marcelo Powell, Nilze Carvalho, Mariana Baltar, e os grupos Casua- rina, Samba da Rainha, Se- mente e Sururu na Roda são alguns dos exemplos dos jovens que adentraram no universo dos sambistas. Sem contar as cantoras que brincam com o ritmo nos seus trabalhos, são elas Maria Rita, Céu, Paula Lima, Fernanda Porto, Marisa Monte e Emanuelle Araújo. “O samba está na minha veia. Desde pequena via a minha mãe cantando, de- pois meu pai, meus irmãos, a família inteira, não tinha como escapar”, afirma a cantora Mart’ nalia, filha do compositor e cantor Marti- nho da Vila, em entrevista para o jornal Em Foco, no mês de abril, quando apre- sentou seu show na Capital. “É bem melhor tocar aqui, que é a minha casa, gosto do exterior, mas no Brasil o povo é mais caloroso, e sempre prestigia”, ressalta a cantora no seu estilo gozador, considerada a em- baixadora do novo samba. Na Capital sul-mato- grossense, a onda do sam- ba também estacionou. Ba- res, shows, noitadas ao som de muita dança, poesia e exaltação. Os veteranos da Agemaduomi, Juci Ibanez e os garotos do Fuleragem são destaques freqüentes na cena musical de Campo Grande. Para a professora e fre- qüentadora da Confraria do Choro (casa dedicada ao samba e chorinho) Mariza Santos, essa retomada é muito boa. “É uma releitura do samba, não tão longe das raízes, e toda releitura traz a propagação do ritmo”, co- menta Mariza. Karina Pupin, estudante do curso de Odontologia, diz que sempre gostou dos sambas antigos, acha o má- ximo cantar as mesmas mú- sicas que seus pais gostam. “Um sambinha na balada é muito bom, bem melhor que música eletrônica, tem ho- ras que cansa ouvir sempre a mesma coisa sem conteú- do na noite, e esses novos sambistas vieram para fi- car”, conta a estudante. Esse ritmo brasileiro deu origem a outros subgêneros como o samba comum, par- tido alto, pagode, neo-pago- de, samba de breque, sam- ba-exaltação, samba-enre- do, bossa nova e samba reagee. Desde que o samba é samba é assim, sempre des- pertando sentimentos e ad- miradores por onde é toca- do e escutado, emoção é a palavra certa quando se faz referência ao samba, princi- palmente o de raiz. A canção será sempre ecoada: “Não deixe o samba morrer, não deixe o samba acabar, o morro foi feito de samba, de samba pra gente sambar”. Show - Um tributo ao samba tradicional: Mart’nalia mantém a tradição familiar e agrada gerações Foto: Ana Maria Assis Camila Cruz Para preservar o pas- sado político e adminis- trativo da Capital, foi criado o Arquivo Histó- rico de Campo Grande (ARCA), onde são guar- dados documentos im- portantes da antiga ad- ministração pública municipal. A inaugura- ção na época recebeu o apoio da Fundação Mu- nicipal de Cultura (Fundac), que é o setor da Prefeitura responsá- vel também por sua ma- nutenção. O ARCA foi criado em 1991 na gestão do então prefeito Lúdio Martins Coelho e tor- nou-se uma unidade cultural com arquivos principalmente dos anos de 1905 até 1970. Segundo a coordenado- ra do Arquivo Histórico, Dionice Martins, o espaço é voltado para a visitação de estudantes, pesquisadores e para o público em geral e conta com um acervo de ma- nuscritos, cartográficos, co- leção de jornais, fotos e li- vros. Na revista de divulgação do Arquivo Histórico de Campo Grande, Revista ARCA, são produzidos e pu- blicados textos, entrevistas e artigos sobre os fatos histó- ricos que marcaram a evolu- ção do município, sendo um dos mais antigos instrumen- tos de preservação da memó- ria histórica da cidade. Sua publicação é anual, estando em sua 13º edição. “É importante para a popu- lação ter acesso a todo tipo de registro que conta o passado de sua cidade, para entender me- lhor a trajetória pública até os dias de hoje” explicou Márcio Araújo de Castro, pesquisador e visitante do local. ARQUIVO Guardando a história de CG Publicação - A revista Arca ajuda a registrar esse passado Foto: Camila Cruz

Upload: phungkhanh

Post on 07-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: EmfocoN85 Standart CadernoB - site.ucdb.br · de muita dança, poesia e exaltação. Os veteranos da ... Agemaduomi, Juci Ibanez e os garotos do Fuleragem são destaques freqüentes

EM

FO

CO

CA

MP

O G

RA

ND

E -

JU

NH

O D

E 2

008

Jornal Em Foco - Campo Grande - MS -junho de 2008 - Ano VII - Edição 105

Autobiografia

O Pantaneiro Góinha veio para a Capital em busca da realização de seus sonhos; livro conta suas histórias

Memórias

de Góinha

Foto: Magna Melo

Magna Melo

“O nada de meu livro énada mesmo. É coisa nenhu-ma por escrito: um aviso parao silêncio, um despertar doamanhecer, pessoa apropriadapara pedras, o parafuso de ve-ludo, etc. O que eu queria erafazer brinquedos com as pala-vras. Fazer coisas não úteis.Tudo que use abandono pordentro e por fora”. O poetaManoel de Barros em seus ver-sos expressou com precisão ospensamentos e atitudes do au-tor do livro “O sonho de umPantaneiro Feliz”, que será lan-çado no dia 26 de agosto desteano, em Campo Grande.

Jeito simples e um sorrisoinocente fazem do pantaneiroGregório Correia, mais conhe-cido como Góinha, uma crian-ça grande de 76 anos de idadee uma vasta história que estásendo contada por ele mesmoem seu livro.

No dia do seu aniversáriode doze anos não havia bolonem balões, nada de festa, masdesilusão e tristeza, para ele,sua mãe e seus nove irmãos.Foi o dia do enterro do pai.

Enterro de um pai e nasci-mento de um homem. Viven-do no Pantanal sul-mato-gros-sense, em uma época que nãohavia estradas, só o horizonteverde e cheio de esperanças.Certa noite Goinha sonhoucom uma cidade grande, co-nhecia Campo Grande de ou-vir falar, então resolveu reali-zar esse sonho, que foi o de umpantaneiro esperançoso, en-trou no Trem do Pantanal e foiconcretizar seu sonho.

Com muita dificuldade,chegou na cidade no ano de1947. Foi trabalhar em umapadaria. Em pouco tempotrouxe os seus familiares paramorar na cidade grande. Hojea família soma mais de 200pessoas.

Em sua vasta caminhadativeram fatos engraçados. Umdesses foi a tentativa de servereador, recebendo ajuda doex-governador do Estado doMato Grosso do Sul, PedroPedrossian, que financiou suacampanha. Gregório Correia secandidatou e saiu pela cidadepara fazer campanha, perce-beu que era uma pessoa bempopular, mas o fato curioso é

que na época não era aceitoapelido na cédula de votação,seus eleitores votaram noGóinha e não no Gregório. Eleobteve mais de 1200 votos,sendo que só 700 foram no seunome e os outros no apelidoque não foram aceitos pelo car-tório eleitoral. Com isso, nãoconseguiu se eleger. Essa his-tória gerou uma grande decep-ção e nunca mais quis tentarentrar na política.

O ideal de escrever o livrosurgiu em 1998 e só começoua ser passado para o papel em

2004. Foi um trabalho árduo,com muita luta, fez um verda-deiro trabalho de pesquisa.Como não havia registro desuas origens, procurou uma tiade 94 anos, que foi quem rela-tou a vida de seus antepassa-dos.

Com apenas a terceira sé-rie do primário e mesmo comuma máquina de escrever eum computador ao lado nãoconseguiu digitar nada. Partiupara a caneta, foram quinze ca-dernos de cem folhas cada, so-mando 1,5 mil páginas.

Goinha é umapersonalidade que fazparte do contexto históri-co da Capital do Estado. É oúnico restaurador do museuJosé Antonio Pereira, foiquem trouxe o carnaval paraa cidade, fundou uma asso-ciação carnavalesca onde foipresidente por cinco anos,criou a primeira “charanga”do Operário Futebol Clube, eo primeiro trio musical da ci-dade, que fez muito sucessocantando nas sessões de cine-ma local e na rádio da época

que era a PRI-7. Por esses fei-tos, em 2004 recebeu da Câ-mara Municipal de CampoGrande o título de cidadãocampo-grandense.

O livro está na fase definalização. Goinha está re-cebendo ajuda de um histo-riador e um escritor. “O so-nho de um pantaneiro feliz”,será um presente para home-nagear os 109 anos da Capi-tal Morena.

H o m e n a g e m - Góinha recebeu o título de cidadão campo-grandense em 2004

Ídolos novos no samba antigoJúlia de Miranda

“Quem não gosta desamba, bom sujeito não é, éruim da cabeça ou doentedo pé”, já diz a canção quetraduz o perfil de um sam-bista. Noel Rosa, Cartola,Zé Kéti, Nelson Cavaqui-nho, Elza Soares, Candeia,Clara Nunes, Dona IvoneLara, Paulinho da Viola,Beth Carvalho, Leci Bran-dão, Clementina de Jesus,fazem parte da extensa lis-ta dos grandes nomes dasafra de raiz. E depois deum longo jejum, o gênerovolta com tudo e renovadoà cena musical. Novos ar-tistas retomam a tradição efortalecem a identidademusical desse estilo cente-nário.

O samba, com suas raí-zes africanas, surgiu naBahia. Com a transferênciade grande número de escra-vos para o Rio de Janeiro, oritmo ganhou novos contor-nos, instrumentos e históri-cos próprios, de tal formaque hoje apontam seu sur-gimento no início do sécu-lo 20, na cidade do Rio.

Esquecido por alguns, a“música oficial” do Brasilvoltou com força nos cen-tros urbanos, onde novoscantores e compositores de-clamam sua paixão pelo gê-nero, sempre prestando tri-buto à tradição. MarianaAydar, Roberta Sá, TeresaCrist ina, João Rabel lo ,Fabiana Cozza, Clara More-no, Ana Martins, Diogo No-gueira, Marcelo Powell,Nilze Carvalho, MarianaBaltar, e os grupos Casua-rina, Samba da Rainha, Se-mente e Sururu na Roda sãoalguns dos exemplos dosjovens que adentraram no

universo dos sambistas.Sem contar as cantoras quebrincam com o ritmo nosseus trabalhos, são elasMaria Rita, Céu, PaulaLima, Fernanda Porto ,Marisa Monte e EmanuelleAraújo.

“O samba está na minhaveia. Desde pequena via aminha mãe cantando, de-pois meu pai, meus irmãos,a família inteira, não tinhacomo escapar”, afirma acantora Mart’ nalia, filha docompositor e cantor Marti-nho da Vila, em entrevistapara o jornal Em Foco, nomês de abril, quando apre-sentou seu show na Capital.“É bem melhor tocar aqui,que é a minha casa, gostodo exterior, mas no Brasil opovo é mais caloroso, esempre prestigia”, ressaltaa cantora no seu est i logozador, considerada a em-baixadora do novo samba.

Na Capital sul-mato-grossense, a onda do sam-ba também estacionou. Ba-res, shows, noitadas ao somde muita dança, poesia eexaltação. Os veteranos daAgemaduomi, Juci Ibanez eos garotos do Fuleragem sãodestaques freqüentes nacena musical de CampoGrande.

Para a professora e fre-qüentadora da Confraria doChoro (casa dedicada aosamba e chorinho) MarizaSantos, essa retomada émuito boa. “É uma releiturado samba, não tão longe dasraízes, e toda releitura traza propagação do ritmo”, co-menta Mariza.

Karina Pupin, estudantedo curso de Odontologia,diz que sempre gostou dossambas antigos, acha o má-ximo cantar as mesmas mú-sicas que seus pais gostam.“Um sambinha na balada é

muito bom, bem melhor quemúsica eletrônica, tem ho-ras que cansa ouvir semprea mesma coisa sem conteú-do na noite, e esses novossambistas vieram para fi-car”, conta a estudante.

Esse ritmo brasileiro deuorigem a outros subgêneroscomo o samba comum, par-tido alto, pagode, neo-pago-de, samba de breque, sam-ba-exaltação, samba-enre-do, bossa nova e sambareagee.

Desde que o samba ésamba é assim, sempre des-pertando sentimentos e ad-miradores por onde é toca-do e escutado, emoção é apalavra certa quando se fazreferência ao samba, princi-palmente o de raiz.

A canção será sempreecoada: “Não deixe o sambamorrer, não deixe o sambaacabar, o morro foi feito desamba, de samba pra gentesambar”.

S h o w - Um tributo ao samba tradicional: Mart’nalia mantém a tradição familiar e agrada gerações

Foto: Ana Maria Assis

Camila Cruz

Para preservar o pas-sado político e adminis-trativo da Capital, foicriado o Arquivo Histó-rico de Campo Grande(ARCA), onde são guar-dados documentos im-portantes da antiga ad-ministração públicamunicipal. A inaugura-ção na época recebeu oapoio da Fundação Mu-nicipal de Cultura(Fundac), que é o setorda Prefeitura responsá-vel também por sua ma-nutenção.

O ARCA foi criadoem 1991 na gestão doentão prefeito LúdioMartins Coelho e tor-nou-se uma unidadecultural com arquivosprincipalmente dosanos de 1905 até 1970.Segundo a coordenado-ra do Arquivo Histórico,

Dionice Martins, o espaço évoltado para a visitação deestudantes, pesquisadores epara o público em geral econta com um acervo de ma-nuscritos, cartográficos, co-leção de jornais, fotos e li-vros.

Na revista de divulgaçãodo Arquivo Histórico deCampo Grande, RevistaARCA, são produzidos e pu-blicados textos, entrevistas eartigos sobre os fatos histó-ricos que marcaram a evolu-ção do município, sendo umdos mais antigos instrumen-tos de preservação da memó-ria histórica da cidade. Suapublicação é anual, estandoem sua 13º edição.

“É importante para a popu-lação ter acesso a todo tipo deregistro que conta o passado desua cidade, para entender me-lhor a trajetória pública até osdias de hoje” explicou MárcioAraújo de Castro, pesquisadore visitante do local.

A

RQ

UIV

O Guardando a

história de CG

P u b l i c a ç ã o - A revista Arca ajuda a registrar esse passado

Foto: Camila Cruz

Page 2: EmfocoN85 Standart CadernoB - site.ucdb.br · de muita dança, poesia e exaltação. Os veteranos da ... Agemaduomi, Juci Ibanez e os garotos do Fuleragem são destaques freqüentes

EM

FO

CO

CA

MP

O G

RA

ND

E -

JU

NH

O D

E 2

008

10CULTURA

Movimentos culturais que marcaram a vida de jovens a partir da década de 60 com nova roupagem

Contemporâneo

Contracultura no século XXIFoto: Pedro Martinez

Pedro Martinez

Era uma vez 1968...eé até hoje. Jimi Hendrix,Janis Joplin, Os Beatles,Os Mutantes, Tropicá-lia, psicodelismo, dro-gas abrindo a cabeça,LSD, hippies, ioga, me-ditação transcendental:essa era a cena da modaem 1968 e tinha em re-sumo o nome “contra-cultura”. Foi um anochave.

Como foi descrito nolivro “Contraculturaatravés dos tempos”, de

Ken Goffman e DanJoy, no período de1968 a 1972 acon-teceu nos EstadosUnidos uma mobi-lização repressivacontra os hippies,os novos esquer-distas e os PanterasNegras, um gruporadical da raça ne-gra. Nessa época osjovens começarama difundir essa talcontracultura. “Se-jam realistas, pe-çam o impossível”,era o slogan dos re-volucionários quecomeçaram naFrança. “Nessa

época o que importava era onovo. E a maior novidade erao querer ser livre, o protesto ea revolução. A prova de quetodo o esforço deu certo estáaí...a contracultura sobreviveaté hoje com a psicodelia dosgrafites nas ruas, ou até nasfestas rave”, conta MarceloAmaral, um grafiteiro quehoje vive em São Paulo.

E hoje em dia todo esse le-gado é encontrado vivo poraí. Movimentos ecológicos,feministas e até musicais sãointimamente ligados a essascontraculturas. Na propa-ganda o uso de grafismospouco usuais, coloridís-simos; nas raves, luzes de to-das as cores, cabelos e rou-pas de todas as formas e oesctasy; e no grafite as ima-gens sobrepostas cheias deconceitos e letras. É um re-flexo mais amadurecido dascoisas de 68. “Hoje, mais doque nunca as coisas do pas-sado voltam principalmentepor causa dessa nossa mistu-ra de valores existente atual-mente. As revoluções do pas-sado influenciam até justa-mente por terem sido real-mente geniais. O colorido deantes está voltando para ta-par esse vermelho sangue doséculo 21”, disse a recém for-mada em psicologia pela

R e t r ô - Segundo a estudante de psicologia Sandra Salles, as revoluções do passado influenciam e o colorido de antes está voltando

UFMS, Sandra Salles Cou-tinho.

A nova geração de con-tracultura não segue líderescomo a anterior, mas tembastante influência da co-brança revolucionária, e deacordo com R.U.Sirius, queescreveu um artigo para a

edição de 9 de novembro de1998 da revista Time, “anova contracultura não temlíderes aprovados pelamídia”. Sirius acredita queexistem diversos segmentosdentro desse novo movimen-to muito mais sofisticado enão conformista do que a

Nação Woodstock já foi. “Acontracultura atual não temum objetivo comum como aque combateu a guerra doVietnã e os adolescentes dehoje nem sempre crescemouvindo a mensagem doconsenso geral, uniforme,construída e transmitida por

uma mídia centralizada mas,agora existem tevês a cabo eInternet para os jovens inter-nautas estarem informados,podendo assim expressar suaopinião”, afirma João PauloBueno, estudioso da contra-cultura e acadêmico de His-tória na UFRJ.

Thiago Dal Moro

Dia mundial doRock, 13 de Julho.Essa é uma datamuito especial co-memorada por to-dos os amantes doRock n´Roll nomundo inteiro. Es-se dia é comemora-do desde 1985, nolendário Live Aid,um festival realiza-do pelo f im dafome na Etiópia.

O Live Aid foirealizado simulta-neamente na Fila-délfia e em Lon-dres, no festival seapresentaram asbandas mais famo-sas da época, comoBlack Sabbath(com Ozzy), StatusQuo, INXS, Loud-ness, Mick Jagger,David Bowie, DireStrai ts , Queen,Judas Priest, BobDylan, Duran Du-ran, Santana, TheWho e Phil Collinsentre muitos ou-tros.

Para muitaspessoas, o rock nãoé só um estilo mu-sical, e sim um ele-mento essencialem suas vidas. “Eunão consigo me

Rock’n Roll tem 23anos de comemoração

imaginar vivendo sem escu-tar rock, já faz parte da mi-nha vida”, diz o roqueiroMario Cardozo.

Segundo Douglas Azeve-do, integrante da bandaStatus, o rock sempre foiseu estilo musical preferido,é roqueiro desde criança ehoje em dia, as músicas quesua banda toca são influen-ciadas por seus ídolos.

O rock n´roll tem umalonga história e a cada déca-da que passa surgem novasbandas, com estilos musicaisdiferenciados e inovadoresque aos poucos vão diversi-ficando o mundo do rock econquistando seus fãs.

Cada geração de roquei-ros tem seus ídolos, na dé-cada de 60 surgiram os TheBeatles, talvez a maior ban-da de rock que já existiu. De-pois deles ainda no mesmoperíodo, vieram os TheRolling Stones, Pink Floyd,The Doors, entre outros. Nadécada de 70 surgiram asbandas com batidas maisfortes, ali nascia o heavymetal, estilo que consagroubandas como Black Sabath,Deep Purple e Led Zeppelin.Logo depois surgiu o punkrock, com o Ramones.

Desde então surgirambandas com vários ritmosdiferentes, U2, Red HotChili Peppers, Nirvana dobadalado Kurt Cobain,Oasis, Green Day, etc. Por

ultimo, no século 20, sur-giu o rock melódico, repre-sentado pelo público emo,e por bandas com Blink 182e Simple Plan.

P o n t o Fo r t e

No Brasil, o ponto fortedo rock foi na década de80, quando surgiram Capi-tal Inicial, Barão Vermelho,Ultraje a Rigor, Ira, RPM,entre outros. Hoje algumasdessas bandas ainda conti-nuam na ativa, mesmo queo rock não passe por umgrande momento.

O empresário MarcosAlexandre Andrade, de 25anos, diz que é bem ecléticoquanto ao estilo de rockque escuta, ele ouve de IronMaiden a Avril Lavigne.

O rock n´roll tem seusídolos que mesmo não es-tando mais entre nós, serãolembrados para semprecomo John Lenon, KurtCobain e Joe Ramone, queaté hoje influenciam e ale-gram jovens e adultos detoda parte do planeta comsuas músicas.

Por isso no dia 13 de ju-lho é comemorado no mun-do todo por várias pessoas,e classe social diferente,esse estilo musical que, so-bre o lema “paz e amor”,como no famoso festival deWoodstock em 1969, mu-dou o mundo e continuamudando até hoje.

Fe s t a - Independente dos estilos, roqueiros de todo o mundo comemoram o “Dia do Rock”

Juliana Gonçalves

Preços, tipos de filmes econforto. O campo-gran-dense escolhe entre estasqualidades para poder ir aocinema. A Capital possuihoje quatro cinemas e o ex-tinto Auto Cine localizado naUniversidade Federal deMato Grosso do Sul (UFMS).São eles: o Cine cultura, CineCenter, Cine Campo Grandee Cinemark. Mas todos estesespaços recorrem às promo-ções para conquistar o públi-co de diversas idades, atraí-dos pela magia do cinema,descoberta graças aos irmãosLumiére.

O Auto Cine foi a sensa-ção de moças e rapazes mo-torizados dos anos 70. A úl-tima tentativa de reavivá-lofoi há mais de dez anos, masos filmes não agradaram opúblico. Hoje o espaço estáabandonado ficando apenasna memória daqueles que fi-zeram parte desta época.

A Rodoviária apesar docenário de abandono já teveseus tempos de glória e dis-põe de dois cinemas. O ex-tinto Cine Plaza, está apenasna lembrança de quem assis-tiu a filmes nos anos 80, hojea bilheteria desativada e o le-treiro antigo transportam notempo quem passa pelo lo-cal. Já o Cine Center, inau-gurado em 1978, com umasala e capacidade para 600pessoas continua em ativida-de. Ele acabou herdando fil-mes como E.T. e Rambo doCine Plaza, chegando até aexibir Tinanic, sem sucesso,mas no momento só exibe fil-mes com conteúdo erótico.São exibidos dois filmes porsemana com sessões que vãodas 11 às 20 horas, com in-gressos a R$ 5,00 e R$ 2,50para estudantes.

De acordo com o aten-dente Dauro Dreger, de 38anos, “geralmente são pesso-as com mais de 24 anos quevêm assistir aos filmes, emuitos casais, que dizem

não poder ver os filmes emcasa por causa das crianças”,explicou ele.

Realidade totalmente dife-rente é a do Cinemark, umluxo para poucos, pois os in-gressos custam R$ 15,00 a in-teira depois das 17 horas e R$13,00 as sessões que se inici-am antes das 17 horas. O lo-cal também aceita meia entra-da. A empresa tem como prin-cipal chamariz promoçõesque dão descontos em deter-minados dias da semana, eclaro seu ponto torna-se favo-recido por se localizar no úni-co shopping da cidade.

E quem não se encantapor sentar naquela poltronae esperar apagar as luzes parase deparar com aquela telona.Fernando de Almeida, de 45anos, pai de dois filhos é umdestes, mas se queixa. “Émuito caro, raramente assis-timos juntos e quando issoacontece tem que ser um fil-me que agrade os três, nor-malmente meu filho que éadolescente vem sozinho porcausa da meia entrada e mi-nha filha por ser criança coma avó que tambem tem des-conto”, revela ele.

A estudante Larissa Tei-xeira, de 21 anos, tambémconcorda que ir ao cinema noshopping custa caro. “Quan-do se trata de cinema emCampo Grande, o Cinemarké bem mais caro, ingressos,pipoca, aqui o público maioracaba sendo de estudantes

por conta da meia entrata.Cinema é cultura e o brasi-leiro é muito carente, todasas camadas deveriam teracesso”, analisa ela.

Para muitos, principal-mente quando se trata deum casal e filhos, a saídaestá em frenqüentar o CineCampo Grande que tem ape-nas duas salas, uma comcapacidade para 310 pesso-as e outra para 270. Os fil-mes são os mesmos exibidosno outro cinema, e o valordo ingresso é mais em con-ta. Na quarta-feira épromocional R$ 2,50 nosoutros dias variam entre R$5,00 e R$ 4,00 para todos.“Eu não pago meia entradae nem meu marido e quan-do levamos as crianças o jei-to é vir aqui, por causa dovalor mesmo, meus filhosficam com vontade de ir nodo shopping mas eu expli-co e eles acabam entenden-do, o fato de ser centraliza-do ajuda bastante”, explicaa secretária Márcia de Oli-veira, de 37 anos.

I n t e l e c t u a lOutra alternativa para

assistir filmes no cinemaem Campo Grande é o CineCultura, antigamente loca-lizado no prédio da UCDBna Rua Barão do Rio Bran-co, hoje situado no PátioAvenida. A programação dáespaço ao que não se en-contra no circuito conven-cional, apresentando filmesde vários países e até pro-duções locais, dando espa-ço a filmes premiados masque não têm vez nos outroscinemas. Filmes alternati-vos também possuem des-taque e o Cine Cultura ain-da incentiva a cultura pro-movendo festivais. “Aquivôce consegue ver filme dequalidade, esquecido pelamídia”, a psicóloga MariaLuiza, de 26 anos destaca.

CINEMAS

Ve r s á t i l - Capital tem mais de três cinemas comerciais ativos

Fotos: Juliana Gonçalves

Magia para todosgostos e bolsos

Montagem: Maria Helena Benites

Page 3: EmfocoN85 Standart CadernoB - site.ucdb.br · de muita dança, poesia e exaltação. Os veteranos da ... Agemaduomi, Juci Ibanez e os garotos do Fuleragem são destaques freqüentes

EM

FO

CO

CA

MP

O G

RA

ND

E -

JU

NH

O D

E 2

008

11

ESPORTE

Ginástica Olímpica ganha pólo

Foto

: A

rq

uiv

o F

ed

era

çã

o d

e G

iná

sti

ca

do M

ato

Grosso d

o S

ul

Evellyn Abelha

A Confederação Brasilei-ra de Ginástica (CBG), jun-tamente com a Caixa Econô-mica Federal, está viabili-zando a implantação de umpólo de Ginástica Artística eRítmica em Campo Grande.O investimento irá atendercerca de 300 crianças na fai-xa etária de cinco a dez anos,sendo 150 na ginástica artís-tica e as outras 150 na rít-mica. Além disso, ofereceráo material necessário para aprática dos esportes, espaçofísico, uniforme para os par-ticipantes e monitores capa-citados.

“O projeto será de gran-de importância para o de-senvolvimento da ginásticano Estado, visto que atual-mente existem poucos locaisde prática destas modalida-des, tanto na capital comono interior”, afirma Sarita deMendonça Bacciotti, 29anos, presidente da Federa-ção de Ginástica de MatoGrosso do Sul, (FGMS).

Para o professor de ginás-tica artística, Eloy Figueire-do, de 29 anos, o novo póloirá contribuir de forma sig-nificativa na vida das crian-ças envolvidas. Ele contaque a prática esportiva vaialém do corpo. “A ginásticaé um dos esportes mais com-

pletos, ela abrange aspectoscognitivo, afetivo social emotor, proporciona ao alunotambém a ajuda mútua, cui-dado e respeito com o próxi-mo, além de desenvolver aauto-estima”.

O novo projeto abriráoportunidade às crianças, àprática de atividade física eainda ocupará um tempoque, por vezes, torna-se oci-oso. Cinthia Yumi Ide, de 14anos, há cinco anos treina gi-nástica artística. Viu achance de entrar no esporteatravés de um projeto reali-zado em sua escola e assimocupar seu tempo com umaatividade saudável. Ela con-ta que além das aulas ga-nhou outros benefícios. “Euadoro a ginástica, atravésdela fiz muitos amigos, osprofessores são legais e nãotenho intenção de parar tãocedo”, afirma a estudante.

Essa iniciativa representaum acréscimo na tentativa detornar a ginástica sul-mato-grossense reconhecida nopaís. Atualmente o ProjetoAtleta do Futuro, mantidopela Fundação Municipal deEsporte (Funesp), oferece au-las para atletas entre seis e 14anos na modalidade. “Nossosonho é formar ginastas quecomponham a seleção brasi-leira nas suas diversas cate-gorias. Com a chegada do

projeto Centro de Excelênciae Jovem Talento penso que aGinástica do MS dará mais

um passo importantena busca deste sonho”,finaliza Sarita.

P e r s i s t ê n c i a -Meninas treinam durante várias horas por dia

Pedro Martinez

Há dois meses, o jornalis-ta Renan Portes, teve a idéiade montar o primeiro time deFutebol Americano de MatoGrosso do Sul: o CampoGrande Gravediggers. Comalguns poucos treinos realiza-dos, o time ainda encontra-seem formação.

Apesar do esforço paramanter viva a paixão pelo es-porte, ainda assim, é compli-cada a prática do mesmo. Adificuldade está principal-mente na falta de locais ade-quados para os treinos e nacompra e aquisição de equi-pamentos necessários. “As di-ficuldades são muitas: a co-meçar por não termos um lo-cal fixo para treinar. Depoistem a falta de apoio gerandoa impossibilidade de poder-mos comprar o equipamentoque tem de ser importado epor fim, o mais difícil é a fal-ta de informação, quando fa-lamos de futebol americanoas pessoas pensam que somosloucos sem saber que futebolamericano é mais que sótrombadas’, lamenta Renan.

O Futebol Americano éum dos esportes que dámais renda nos EstadosUnidos e seu campeonatonacional é um dos mais as-

Nasce primeiro time defutebol americano em MS

sistidos no mundo. Seus fãssão os mais fanáticos e noBrasil não poderia ser dife-rente. Aqui existe até umaassociação nacional aAFAB que organiza campe-onatos anualmente com até18 times em algumas fede-rações estaduais. Além damodalidade na grama, tam-bém é praticado o esportena praia, no estilo flag (ban-deiras) e na versão para asmulheres.

“O mais interessante éque a dinâmica do jogo separece com táticas de guer-ra. Mas não como as batalhasde hoje com bombas e sim,como as lutas medievais, que

tinham como aspecto de vi-tória ou derrota a qualidadede sua estratégia de ataque/defesa”, afirma o publicitá-rio e apreciador do esporte,Kuca Moraes.

Desde o final da década de90, os canais ESPN, com suasfiliais no Brasil, começaram atransmitir os jogos para os bra-sileiros, trazendo assim umanova mania. Para Lucas Mar-ques, dono da comunidadeNFL Brasil, a televisão ajudana difusão do jogo. “A ESPNjá transmite há vários anos oesporte aqui no Brasil, e cadavez mais ele está crescendopor causa dessas transmis-sões”, afirma Marques.

D i f e r e n t e s - Jogadores se movimentam como em lutas medievais

Foto: Renan Portes

José Luiz Alves

Debaixo de muito sol, oCene foi derrotado peloCorinthians por 3 a 0 na tar-de do último sábado do mêsde abril, dia 26. A partida,que começou às 16 horas noestádio Morenão, foi apenasum amistoso visando mantero ritmo de jogo de ambas asequipes, que folgaram emsuas competições oficiais,além de manter os elencos ematividade. Os times aindaaproveitaram para lucrarcom a renda da partida.

O jogo começou com umasurpresa: o furacão amarelocomandava as ações ofensi-vas. Aproveitando a indeci-são no desarme entre Carlão

e André Santos pela ala es-querda do alvinegropaulista, o Cene investia nasinfiltrações por aquele setor,obrigando o goleiro Felipe afazer boas defesas. Como osegundo volante Fabinho -responsável pela saída debola corinthiana – erravamuitos passes, a criativida-de ofensiva do Corinthiansficou comprometida. Aindana primeira etapa, Carlãosentiu uma contusão e cedeuseu lugar ao jovem Lulinha.Conforme o sol foi se pondo,a temperatura do jogo tam-bém caiu e a primeira parteterminou sem grandes emo-ções.

Na etapa derradeira doconfronto, Mano Menezes

mandou seu time aoataque. Diogo Rin-cón saiu para a es-tréia do meia Dou-glas (ex-São Caeta-no) e Finazzi foi sa-cado para a entradade Acosta. As mu-danças logo surtiramefeito e o Timão pas-sou a dominar a par-tida. Logo aos 19 mi-nutos, Douglas pas-sou para Acosta que,pela esquerda, cru-zou para Lulinhacomplementar de ca-beça e abrir o placar,para a explosão doscerca de oito mil fi-éis torcedores. De-pois, aos 33, Fabinholançou Herrera. Oatacante se aprovei-tou da indecisão dazaga adversária e fezum belo gol de meia-bicicleta. Ainda an-tes do fim de jogo,Lulinha fez jogadaindividual e chutou.O goleiro Bruno reba-teu e Acosta, livre, fe-chou a conta noMorenão.

O Cene continuana disputa pelo Cam-peonato Sul-mato-grossense, que estáem sua segunda fase.Já o Corinthians so-freu derrota na Copado Brasil e participado Campeonato Bra-sileiro da série B, quecomeçou dia 10 demaio.

José Luiz Alves

Tornar-se umgrande time e reper-cutir nacionalmente:esse é o objetivo doClube Esportivo NovaEsperança, o Cene,formado em 1999,quando ainda tinhasua sede na cidade deJardim, no interior doEstado. Com novacasa em Campo Gran-de, o furacão amarelo,apelido que a torcidadeu para o time pelacor de sua camiseta,recentemente des-pontou na mídia por

Tradição x Incentivo

D i s p u t a - Torcedores enchem Morenão para assistir amistoso

P e r f e i ç ã o - Exercícios são treinados com firmeza

Jovens Talentos

Centro esportivo é implementado em Campo Grande para ajudar meninas na ginástica artística e rítmica

fazer jogos com dois grandesclubes brasileiros: Palmeirase Corinthians.

O diretor de futebol doCene, Paulo Telles, que foi otécnico do time na partidacontra o Palmeiras, quandoperdeu por 2 a 0, afirmou quea importância desse destaquenacional não é somente parasua equipe, mas para a cida-de de Campo Grande.”O gan-ho não é só do Cene, é da ci-dade. Campo Grande maisuma vez demonstra que éparceira dos grandes eventose está se preparando para aCopa do Mundo de 2014", de-clara Telles. O dirigente dis-se ainda que o grande foco do

clube nestes jogos é conquis-tar novos adeptos. “O nossoobjetivo é usar a tradição dosclubes grandes para o Cenecaptar torcedores novos”,afirma.

Vindo a Campo Grandepara acompanhar a delega-ção do Corinthians, o ex-za-gueiro da seleção brasileira eagora diretor técnico doalvinegro paulista AntônioCarlos Zago analisa que otime de Mato Grosso do Sulestá no rumo certo para rea-lizar seus planos. Para Zago,o mais importante já está sen-do realizado: levar o trabalhoa sério. “Mesmo quando ascoisas não dão certo, o pla-

nejamento tem de continuare por aquilo que eu estouacompanhando de longe, otrabalho está sendo bem fei-to”, complementa AntônioCarlos. Já o técnico do Cene,Valter Ferreira, acredita naforça da experiência adquiri-da para montar um time com-petitivo. “O certo é trabalhardentro do que o futebol apre-senta hoje. Eu venho de trêscampeonatos cariocas, o úl-timo deles pelo Volta Redon-da e nós procuramos montarum time pra esse campeona-to (sul-mato-grossense) jápara ser campeão”, dizFerreira.

Para o prefeito de CampoGrande, Nelson Trad Filho, acidade pode auxiliar nesseprojeto. “Eu entendo que é a

demonstração de que a soci-edade campo-grandense,quando chamada, participa”,diz Nelsinho Trad, destacan-do o ânimo dos torcedorespresentes no estádio doMorenão na partida contra oCorinthians.

F

UTE

BO

L

Clube de CG busca reconhecimento No fim das contas,com mais um atrativona Capital, o ganhadoré o público que vai as-sistir às partidas. “Euacho que o ganhadordisso é o torcedor”, fi-naliza Paulo Telles.

P ú b l i c o - Cene conquista pela simpatia e ganha torcedores

Foto: José Luiz Alves

Foto: José Luiz Alves

Foto

: A

rq

uiv

o F

ed

era

çã

o d

e G

iná

sti

ca

do M

ato

Grosso d

o S

ul

Page 4: EmfocoN85 Standart CadernoB - site.ucdb.br · de muita dança, poesia e exaltação. Os veteranos da ... Agemaduomi, Juci Ibanez e os garotos do Fuleragem são destaques freqüentes

EM

FO

CO

CA

MP

O G

RA

ND

E -

JU

NH

O D

E 2

008

12UNIVERSIDADE

Vestibular de

Julho na UCDB

Educação Foto: Arquivo Assessoria de Imprensa UCDB

Abertas as inscrições para processo seletivo

Assessoria de Imprensa

A Universidade Ca-tólica Dom Bosco(UCDB) realiza no dia 6de julho o Vestibular deInverno 2008, com qua-tro cursos de graduaçãona modalidade presen-

cial e cinco na mo-dalidade Educação adistância, sendoquatro lançamentosna área tecnológica.As inscrições ficamabertas até o dia 1ºde julho.

Os cursos presen-ciais oferecidos noprocesso seletivo sãoAdministração no-turno (70 vagas), Di-reito matutino e no-turno (com 60 vagascada), Educação Fí-sica noturno (70 va-

gas) e Psicologia noturno (70vagas).

Além dos cursos presen-ciais, são outros cinco emEducação a distância, sendoquatro tecnológicos novos:Tecnologia em Gestão Públi-ca, Tecnologia em GestãoAmbiental, Tecnologia emNegócios Imobiliários e Tec-nologia em Gestão Financei-ra, todos com 200 vagas. Ou-tro curso a distância é o deCiências Contábeis que tam-bém oferece 200 vagas.

In s c r i ç õ e sPara quem efetuar a ins-

crição até o dia 18, o valorserá de R$ 30,00. Após essadata o preço da inscrição seráde R$ 40,00 e poderão ser efe-tivadas através do sitewww.vestibular. ucdb.br ouna Agência do Futuro Acadê-mico - AFA, localizada na

entrada principal do campusda Católica.

O resultado do ProcessoSeletivo será divulgado nodia 8 de julho, no campus daUCDB e na Internet. Para osaprovados, as matriculas po-derão ser efetuadas nos dias9, 10 e 11 de julho, das 9h às19h, no estande da AFA, nobloco Administrativo.

P r o v a sAs provas serão realizadas

no dia 6 de julho, no campusda UCDB de Campo Grande,com início às 8h e término às12h. Os portões serão abertosàs 7h e fechados às 8h,impreterivelmente.

Outras informações sobreo Vestibular de InvernoUCDB 2008 podem ser obti-das pelo telefone 0800-6477003 ou ainda pelo [email protected]. R e f e r ê n c i a - Acadêmicos satisfeitos com o ensino de Graduação oferecido pela Universidade Católica

Assessoria deImprensa

A restrição ali-mentar pode repre-sentar um transtor-no muito grandepara milhares de

pessoas. Um exemplosão os celíacos, pesso-as para as quais aingestão de alimentosque contêm glútendanifica a superfícieda mucosa do intesti-no delgado, que ficaincapacitado para ab-sorver proteínas, gor-duras, carboidratos,vitaminas e sais mine-rais. Pensando nestepúblico, a Universi-dade Católica DomBosco está desenvol-vendo vários tipos dealimentos prontos àbase de mandioca quesubstitui a farinha detrigo em pães e barrasenergéticas.

A síndrome celía-ca atinge uma de cada500 pessoas no mun-do. O mercado brasi-leiro, no entanto, ain-da é carente de produ-tos específicos que

Pesquisa da Universidade beneficia celíacos

atendam às necessidades des-se público especial. De acor-do com dados da Associaçãodos Celíacos do Brasil, 40%das pessoas com a síndromeapresentam os primeiros sin-tomas na faixa etária de 1 a10 anos e 26% dos casos, nafaixa de 11 a 20 anos. O tra-tamento requer exclusão rigo-rosa do glúten do trigo, da

cevada e da aveia da dieta,por toda a vida.

Entre os diversos produtosalimentícios que constituema dieta dos celíacos, o maisdifícil de ser substituído é opão, base da alimentação demuitas pessoas. Utilizando aexperiência com polvilhoazedo, a professora Dra.Marney Pascoli Cereda, cola-

boradores, técnicos e acadê-micos desenvolveram umpão sem glúten baseado emderivados de mandioca. Essaformulação é baseada na re-ceita tradicional de padariapara pão de queijo. O uso depré-mistura, segundo aorientadora da pesquisa, éuma tendência da panifica-ção atual e permite uma am-pla distribuição, para quepossa atingir o disperso mer-cado dos celíacos.

Com apoio do CNPq, oCentro de Tecnologias para oAgronegócio (Ceteagro) tam-bém desenvolveu barrinhassemelhantes àquelas à basede cereais usando farinha demandioca para proporcionarestrutura ecompressibilidade no lugardas fibras e laminados de ce-reais que conferem leveza àsbarras denominadas energé-ticas. Podem ser utilizadas,inclusive, frutas desidratadase castanhas de forma a obterum alimento de restauraçãomais equilibrado. Além dediversificar os produtos ali-mentares para celíacos, onovo produto valoriza a cul-tura da mandioca no MatoGrosso do Sul.

De acordo com os pesqui-

sadores, apesar de haver de-manda específica para os ali-mentos sem glúten, outros ti-pos de público podem apro-veitar a existência destes pro-dutos especiais, como é ocaso de pessoas com autismoe reações alérgicas a outrostipos de alimentos. Outro as-pecto é quanto à dependên-cia da farinha de trigo impor-tada de países de clima tem-perado, com é o caso de paí-ses da América do Sul, Cen-tral, Caribe e África que nãosão auto-suficientes na pro-dução de trigo.

P e s q u i s a sO projeto foi iniciado em

2005 com financiamento doCNPq, que permitiu estabele-cer a formulação da pré-mis-tura que tem como base amandioca. A justificativa ba-seia-se em um mercado pro-vável superior a 300.000celíacos que não podem seratendidos por produtos àbase de cereais. O desafio estáem produzir um produto quepossa permanecer maior tem-po nas prateleiras sob condi-ções ambientes de luz, umi-dade relativa e temperatura,mantendo boas qualidadesfísico-químicas, microbianas

e sensoriais.O polvilho azedo tem van-

tagens sobre outros produtospesquisados pelo seu poderde expansão sem fermentoquímico ou biológico e porser livre de glúten. Os pãesproduzidos apresentam boaviscoelasticidade, com eleva-do conteúdo de ácido láticoe qualidade semelhante aopão de trigo. Este projeto temcomo orientadora a professo-ra Marney e participação daacadêmica de NutriçãoJaqueline Santos Moreira Lei-te e dos técnicos Jean Carlosde Oliveira e Ismael Tho-mazinn Júnior.

Já as barras energéticas àbase de farinha de mandiocasuprem uma necessidade deprodutos práticos e rápidospara alimentação e podem serconsumidas durante exercíci-os físicos ou após a prática deatividades esportivas. Esteprojeto teve como acadêmicaparticipante Viviane dos San-tos Sobrinho. O professor Dr.Olivier Vilpoux participa dosprojetos estabelecendo o cus-to dos produtos e apoiandoestudos de mercado, dentrodo foco do Centro de Pesqui-sa Ceteagro de buscar alter-nativas sustentáveis.

Sem Glúten- Barras feitas com farinha de mandioca é alternativa

NOONONONO Estudo analisa óleo da bocaiúva

Assessoria deImprensa

Uma dasmais popularespalmeiras dasregiões de cer-rado é a bo-caiúva, que deacordo compesquisas ela-boradas peloPrograma deMestrado emBiotecnologiada Universida-de CatólicaDom Boscopode se tornara palmeira ole-aginosa maisimportante co-mercialmenteno Brasil.

S e g u n d opesquisas pre-liminares, osfrutos da Bo-caiúva forne-cem entre 20%e 30% de óleo,5% de farinha

comestível, 35% de tortasforrageiras e 35% de com-bustível de alto podercalórico. A bocaiúva é con-siderada uma das espéciesnativas com alta poten-cialidade de fornecimentode óleo para a produção debiodiesel por sua elevadaprodutividade.

De acordo com a profes-sora Simone Palma Favaro,responsável pelo projeto, osresultados das pesquisas po-dem mostrar os benefíciosque o óleo da bocaiúva podetrazer à saúde. “Pesquisasfeitas por outros gruposmostram que o óleo da pol-pa da bocaiúva tem uma si-milaridade muito grandecom o azeite de oliva, que éum produto reconhecida-mente importante para pes-soas que têm um teor decolesterol elevado, pois aju-da a reduzir o “mal” e au-mentar o “bom” colesterol”.Então, nossa hipótese éque´, se esse óleo tem umacomposição similar ao doazeite de oliva, talvez possa

ter o mesmo efeito na saúdehumana”, comentou.

P e s q u i s a sDurante a pesquisa serão

analisados o óleo bruto ob-tido da polpa dos frutos porprensagem a frio e o óleo re-finado que passa por proces-sos de purificação. “Os óle-os que usamos na alimenta-ção, são óleos refinados quepassam por uma série de es-tágios em que se eliminamsubstâncias que para o serhumano conferem ao óleocaracterísticas de sabor in-desejáveis. Porém, esse pro-cesso de purificação acabaeliminando substâncias quepoderiam contribuir paraum efeito positivo na saúde.Esse é o motivo para traba-lharmos com o óleo bruto eo óleo refinado”, afirmou apesquisadora.

Simone Palma destacouainda que os testes para aobtenção dos resultados se-rão feitos com ratos. “Algunsratos serão induzidos a umaumento no teor do coles-

terol e outros continuarãosadios. Então teremos ani-mais sadio e animais com“hiperlipidemia”, a partirdos quais vamos analisar osdois óleos. Além disso,usaremos o azeite de olivacomo referência padrão. Va-mos comparar o que acon-tece nas condições de expe-rimentação com o azeite deoliva e com óleo bruto e re-finado da palmeira debocaiúva”.

Para a realização destapesquisa que contará com aparticipação do professorDr. Olivier François Vil-poux, a UCDB, por meio doMestrado em Biotecnologiaestá firmando um termo decooperação com o Ministé-rio da Agricultura, Pecuáriae Abastecimento (MAPA)para exploração da bocaiú-va. Pela parceria, o Ministé-rio irá contribuir com incen-tivo na parte de obtençãodos frutos e articulação comas comunidades que tenhaminteresse na exploração,mas não com os recursos fi-nanceiros para a pesquisa.Esta parceria será para o es-tudo das potencialidadesdestas comunidades e de

sua viabilidade econômica.“Estamos firmando essa

parceria, porque no Ministé-rio da Agricultura há um seg-mento voltado para o forta-lecimento da produção orgâ-nica que inclui a exploraçãodas palmeiras nativas. Estesegmento tem um diferenci-al que é a busca pela redu-ção dos custos dos alimen-tos, qualidade na alimenta-

ção e qualidade de vida. OMinistério está tentando ar-ticular e fortalecer esta áreada produção. Além disso, onão-uso de veneno eleva opreço do produto para umpatamar mais elevado. En-tão, a idéia é que o ministé-rio possa entrar com o fi-nanciamento e nós com ostrabalhos de pesquisa”, fi-nalizou.

Foto: Arquivo Ceteagro

E s t u d o - Mestrandos em Biotecnologia avaliam óleo da bocaiúva

Foto: Arquivo Assessoria de Imprensa UCDB

Page 5: EmfocoN85 Standart CadernoB - site.ucdb.br · de muita dança, poesia e exaltação. Os veteranos da ... Agemaduomi, Juci Ibanez e os garotos do Fuleragem são destaques freqüentes

EM

FO

CO

CA

MP

O G

RA

ND

E -

JU

NH

O D

E 2

008

13

FUTURIDADE

Eles vão

vencer as

barreiras

Perspectivas

Indígenas lutam para manter cultura

Tatiana Gimenes

Prever como estarão os in-dígenas e suas terras daqui a10 anos é uma questão que,por vezes, parece ter respostaincerta. Além de garantirem avida e a cultura dos povos quenelas habitam, as terras dos in-dígenas são importantes paraa conservação da vegetaçãonativa.

Assessor de imprensa daFundação Nacional do Índioem Mato Grosso do Sul(FUNAI-MS), Geraldo DuarteFerreira, de 48 anos, diz queos indígenas preservam suasterras e brigam por elas. Sãouma das poucas comunidadesque lutam pelo que é seu. Paraele, faltam projetos que aten-dam aos índios.

Hoje existem seis etnias e58 municípios possuem co-munidades indígenas em MS.Geraldo afirma que é necessá-rio ainda conhecer o índiocomo cidadão, saber que elesforam expulsos de suas terras,mas que elas precisam ser de-volvidas a eles. “Falta umaaceitação maior da sociedadesul-mato-grossense em ver oíndio como um ser humano.Entender a questão de cadapovo. Eles querem voltar prasterras que eram deles”, con-cluiu.

I n d í g e n a sPara o professor indígena

Fidelino García Martines, de 33anos, morador da Aldeia PortoLindo em Japorã, a cultura dapreservação de terras não vaiacabar porque os índios cresce-ram com esta consciência. “Sóo indígena preservou essa mata,os animais. Hoje já não tem tan-to pássaro, frutas e pesca”.Fidelino acrescenta que o indí-gena está precisando dessa ter-ra, depois que o “homem bran-co” invadiu seu espaço não sevê mais o meio ambiente comoera antes. “Com esse desma-tamento, tem muita enfermida-de, falta ar puro e nós indíge-nas não colocamos produto tó-xico na planta, porque ela dácomida pra terra”.

Já o estudante índio Antô-nio Vera, de 28 anos, tambémmorador da Aldeia Porto Lin-do, destaca que os indígenasprecisam de um projeto de va-lorização de cultura, onde elesprocurem saber seus direitos.Sobre a terra indígena, Antônioreforça que o que plantam nãotem adição de substâncias quí-micas. Ele destaca a importân-cia de se ter sua própria terra.“Primeira coisa pra você produ-zir e ficar contente, você temque ter a sua terra. Hoje vocênão tem um rio pra pescar. An-tônio fala que os políticos têmque olhar por eles e tambémrespeitar os seus direitos. “Euvi na televisão vários patríciosmorrendo por briga de terra,cada um tem direito e cada um

tem que se respeitar”, comple-tou. O estudante ainda acres-centa que duas coisas são im-portantes, “estudar e valorizarnossa cultura”. Ele diz que nãopensa em morar na cidade. “Eunasci e cresci aqui na Aldeia evou passar isso para os meusfilhos”, argumentou.

P e r s p e c t i v a sO antropólogo e professor

Antonio Brand, de 59 anos,doutor em História, coordenaum dos programas de pesquisae extensão desenvolvido juntoàs sociedades indígenas do Es-tado: Programa Kaiowá-Guarani, do Núcleo de Estudose Pesquisas das Populações In-dígenas da Universidade Cató-lica Dom Bosco (NEPPI/UCDB). Ele afirma que as ter-ras são absolutamente insufici-entes para eles viverem e man-ter a cultura, além disso diz queé impossível prever o futuro daspopulações sem as demarca-ções das terras indígenas. “NoMS a situação é extremamentegrave, de impasse total. Daqui10 anos, não dá pra imaginaressa situação a não ser que o go-verno assuma sua responsabi-lidade e cumpra com a Consti-

tuição”.Segundo Brand, o cresci-

mento da violência entre os po-vos indígenas é um dos fatoresque agrava a situação em quese encontram. Em abril desteano, o Conselho IndigenistaMissionário (CIMI) constatouque aumentaram em 99% oscasos de violência entre osKaiowá-Guarani. “Isso indicaum profundo mal-estar, umagrande tensão no interior dascomunidades”, relatou.

Quanto à alimentação des-ses povos, o professor ressalta ofornecimento de cestas básicase diz que a população necessitadeste benefício. “As comunida-des dependem hoje de um pro-fundo caráter que tenha o assis-tencialismo”.

Por outro lado, Brand defen-de que há muitas possibilidadesde futuro, uma delas é a buscaem todas as aldeias por umaeducação de qualidade. Ele des-taca a busca crescente dos in-dígenas pela universidade. “Au-mentou o número de acadêmi-cos índios em todas as univer-sidades. Eles estão efetivamen-te assumindo cada vez mais oseu papel na sociedade, estão secapacitando”.

O professor acredita queo melhor serviço que se pos-sa fazer é oferecer as melho-res condições para eles as-sumirem suas lutas. Ele dizque esses povos reconquis-

E d u c a ç ã o - Estudos contribuem com a inclusão social dos índios

Fotos: Tatiana Gimenes

Va l o r i z a ç ã o - Crianças mantêm tradição da etnia

Rogério Valdez

Museu, etimologicamenteum templo de musas. Popu-larmente um local conhecidopor abrigar coisas antigas. Empleno século XXI esta visãotende a se transformar, amodernidade agora faz parteda essência do local que guar-da as relíquias que contam ahistória do nosso passado.

Aliar tecnologia e funcio-nalidade é comum ao nossodia-a-dia, nos museus essaprática veio a calhar tanto naparte de conservação quantona de exposição do acervo.Um exemplo está aqui mes-mo em Campo Grande. Refe-rência em cultura indígena,o Museu das Culturas DomBosco vem inovar em tudo oque se tem idéia em matériade museu dentro do Estado.

Ainda em fase de desen-volvimento, o Museu das Cul-turas Dom Bosco, quandoconcluir mais uma de suassalas, trará ao visitante nãoapenas a chance de apreciaras peças expostas, mas inter-agir com a informação. Umadas propostas do projeto édisponibilizar um banco dedados digital que fornece vá-rias informações sobre umdado objeto, uma ficha técni-ca que mostra subsídios im-portantes, como tipos de ma-teriais utilizados para a con-fecção de uma peça, a técnicaaplicada, de que ano é, qual ahistória, e se ainda não forsuficiente, o visitante poderáutilizar palmtops (computa-dores de mão) que, a partir deum número de identificaçãoda peça, apresentarão infor-mações complementares.Tudo produzido por um sof-tware especialmente desen-volvido para o museu, servin-

Tecnologia e informação inovam museu

do como banco de dados etambém para a comunicação.

“Transmitir informação ali-ando tecnologia, arte e ciência”,esta é a proposta do Museu dasCulturas Dom Bosco, de acor-do com a professora doutora,Aivone Carvalho, curadora domuseu. Ela explica ainda sobreas modernas técnicas de con-servação utilizadas que foramfruto de uma vasta pesquisa ebuscadas até mesmo em outrospaíses, com o aprimoramentoprofissional, chegando a umpatamar elevado em tecnologiade conservação.

O professor Dirceu Mau-rício Van Lonkhuijzen contaque muitos elementos perten-centes ao museu são verda-deiros patrimônios históri-cos, alguns produzidos com

materiais orgânicos, passíveisde decomposição natural.Desta forma a preservaçãodos mesmos é prioridadedentro do espaço de memó-ria. “Algumas peças serão ex-postas em vitrines colocadasabaixo do piso, isso é tambémuma forma de conservação, jáque colocados assim os obje-tos recebem mais umidade,revestidas de manta asfálticae com uma fibra óptica, usa-da como iluminação e impe-dindo que exista umidadejunto com o calor, tudo pen-sado com o que há tambémde mais moderno em termosde construção civil”, explicao professor, ressaltando quetoda a estrutura física do mu-seu, uma vez que diferente deoutros que são prédios anti-

gos, muitos deles tombados,comprometem a conservaçãodo acervo.

O Museu das CulturasDom Bosco foi projetadopara armazenar e apresen-tar de forma mais apropria-da todo o material disponí-vel. “Tudo isso conciliandoconservação, tecnologia e acomunicação artística atra-vés das formas”, conclui.

De forma tradicional oumoderna o museu semprepossui a finalidade de ensi-nar, enriquecer intelectual-mente o visitante. “O princi-pal aqui é o conhecimento,então a tecnologia é o meio, éuma ferramenta para podercomunicar o conhecimento”,enaltece a curadora, AivoneCarvalho.

O b j e t i v o -Museu tem finalidade de ensinar e enriquecer intelectualmente os visitantes

Foto: Arquivo Museu das Culturas

Evillyn Regis

Fenômenos naturais comoventos fortes, enchentes,inundações, estão em toda aparte. Além desses danosmateriais, também é percep-tível o impacto ambiental,econômico e sobre as condi-ções de vida em que vivem aspessoas. Estes fatores são in-cluídos como somatório dasvariáveis climáticas que acon-tecem no mundo e que já es-tão interferindo em CampoGrande.

A metereologia com a De-fesa Civil, Secretaria de Agri-cultura, Secretaria de Saúde,e a Secretaria de Turismo tra-balham com os acontecimen-tos provocados pelas mudan-ças meteorológicas que ocor-rem no Estado. Todos estes se-tores têm como objetivo umsistema de prevenção sufici-ente para a população.

O meteorologista e pro-fessor universitário NatálioAbrão Filho, de 61 anos, queatua na profissão há 37anos, afirma que o principalprognóstico das mudançasclimáticas estão relaciona-das com os sintomas doaquecimento global. “Nósfizemos uma estatística deCampo Grande, através donosso banco de dados, queopera há 48 anos, sobre astemperaturas mínimas, mé-dias e máximas. As tempe-raturas no passado erammelhores, pois CampoGrande há 40 anos tinhauma população menor, emtorno de 200 mil habitantes,e o índice de desmatamentoera mínimo”.

Em questão das tempera-turas, Natálio acrescenta queforam identificados valores detemperaturas entre a décadade 1960 e 2000, e a tempera-tura média de Campo Gran-de, por exemplo, já está 1,5ºacima. “Então, onde antes nóstínhamos 23,5º de temperatu-ra média, hoje já estamos em24,5º ou quase 25º; as máxi-mas que antes tinham uma

média em torno de 30ºhoje já estão 1,7º adi-ante”, explicou ele.

Para a estudante deAgronomia Bruna Sil-va Santos, de 18 anos,o profissional dessaárea está sujeito ao cli-ma. “Nós dependemosdo clima totalmente,pois em algumas plan-tações temos que estarligados no fator dosolo, vento, clima enós trabalhamos e ana-lisamos isso, para quehaja um equilíbrio eco-lógico”.

Conforme NatálioAbraão, o controle dasqueimadas nos próxi-mos anos, devido àmecanização que vaisubstituir essa técnicade manejo do solo.“Mato Grosso do Sul játem 11 usinas de açú-car, a projeção é demais 50, até 2011. Demodo que as regiõesdeverão ter uma adap-tação em termos decultura, onde é maisfavorável à produção eque haja uma reduçãodesses componentespoluidores”.

Para o presidenteda Ecologia e Ação(ECOA), AlessandroMenezes, de 28anos, as alteraçõesclimáticas aconte-cem principalmentepela intervenção hu-mana. “As pessoasem busca de confor-to próprio, acabamcom a natureza. Háuma conscientizaçãoartificial, as pessoasfalam, mas na práticadeixam a desejar e es-tudos mostram queno futuro se continu-ar desse jeito quase to-dos os setores irão so-frer danos por contadisso, principalmen-te as pessoas”, fina-liza Menezes.

tarão seus territóri-os. “Temos firmeconvicção de que osguaranis vão conti-nuar com as suasterras”.

Futuro esquentado

TEMPERATURA

Page 6: EmfocoN85 Standart CadernoB - site.ucdb.br · de muita dança, poesia e exaltação. Os veteranos da ... Agemaduomi, Juci Ibanez e os garotos do Fuleragem são destaques freqüentes

EM

FO

CO

CA

MP

O G

RA

ND

E -

JU

NH

O D

E 2

008

IN

ST

AN

TE

S14

São Paulo o maiorcentro urbano do país

Em contraste com a cidadebranca, Corumbá rica de

natureza por ser margeadapelo Pantanal

Conhecer a Capital e

não andar de metrô é

como ir ao Pantanal e

não ver tuiuiú.

Lá vai uma chalana,

bem longe se vai,

navegando no remanso

do rio Paraguai.

Moderno na criação dearte e atraente pelo

estilo arrojado que acidade transmite.

Curvas encontradas norio Paraguai exuberanteem belezas naturais.

Em um dia atípico na

Capital, crianças

brincam livremente.Diferente do moderno,tranqüilidade e paz se

encontra nas maravilhasdo rio Paraguai.

Levando consigo apaixão pela grande

cidade paulista

Corumbá, pura e

simples cidade histórica

no interior de Mato

Grosso do Sul.

Contrastes entre o grande centro urbano

São Paulo e a beleza natural do Pantanal

Fotos Corumbá:Fernanda Mara

Fotos São Paulo:Júlia de Miranda

Texto:Ederson AlmeidaFernanda Mara

Page 7: EmfocoN85 Standart CadernoB - site.ucdb.br · de muita dança, poesia e exaltação. Os veteranos da ... Agemaduomi, Juci Ibanez e os garotos do Fuleragem são destaques freqüentes

EM

FO

CO

CA

MP

O G

RA

ND

E -

JU

NH

O D

E 2

008

15

RE

SE

NH

A

M ú s i c a - Chico César solando no palco, voz e violão produzem som que embala gerações

A boa música em dose duplaProjeto Canta Brasil traz grandes nomes da música popular brasileira como Arnaldo Antunes e Chico César

Show

P o e s i a - Arnaldo Antunes em letras que viram palavras e desembocam numa arte sem fim

Júlia de Miranda

Inspirador. Massa encefá-lica em excesso na cabeça,um intelectual contemporâ-neo. Como ele consegue sertão inspirador? Da onde vemtanta idéia, poesia, letrasque viram palavras e desem-bocam numa arte sem fim.Sou muito fã e não poderiadeixar de me impressionarno show do Arnaldo Antu-nes. Um som que já curtodas antigas, e aumentou na

primeira vez que eu o vi pes-soalmente declamando poe-mas, e ao vivo ele é aindamelhor.

Numa noite fria o emba-lo e o jogo com as palavrasque só ele sabe fazer, aque-ceu sem igual.

Arnaldo é próprio, é ele,autêntico, o que inova e vaifundo. Um transe, umainquietude de pensamentose sensações. Todo mundoquer tocar, gravar e cantarcom Arnaldo. Parceiro depeso esse, já é uma marca,ele

assinou, se liga que tem qua-lidade.

As letras, as melodias,uma beleza sonora tão explí-cita que o surreal aparececomo cenário. Momentospara delirar como em “Socor-ro”, “Um a Um”,”ContatoImediato” “Sem você”, a lin-da “Pedido de Casamento” eo bis eufórico da lendária“Pulso”. Destaque para osmúsicos que acompanhamArnaldo, Betão Aguiar, ChicoSalem, e o Marcelo Jeneci,que além de ter o próprio tra-

balho, toca com o CidadãoInstigado, Chico César, An-dréia Dias (Dona Zica), Bru-na Caram, Curumin e fez par-ticipação até no Maquinado,projeto do guitar hero da Na-ção, Lúcio Maia. MarceloJeneci arrepiou no acordeom.

Música de maluco? E dizum amigo jornalista que a li-nha que divide a loucura dagenialidade é quase imper-ceptível.

C h i c o C é s a rO outro show da noite,

esse homem arretado quefez ferver os solos. Chico,juntamente com Lenine,Zeca Baleiro e PaulinhoMoska formam o quartetode letristas da geração anos90 da MPB. Uma apresen-tação com muita poesia,efeitos, cultura que trans-borda. “ Deve ser legal sernegrão no Senegal ’ , ou“Branco, se você soubesse ovalor que o preto tem, tu to-mava um banho de piche,branco e, ficava preto tam-bém”, cantados com toda a

força. E viva essabrasil idade! Mo-mentos para regis-trar: Chico voz e vi-olão, solando nopalco, “Quandonão tinha nada, euquis,quando tudoera ausência, espe-rei”, adoro essa mú-sica e novamenteMarcelo Jeneci so-be ao palco para es-tremecer com umforró que fez todomundo dançar.

Foto: lazer.hsw.uol.comFoto: Divulgação

Page 8: EmfocoN85 Standart CadernoB - site.ucdb.br · de muita dança, poesia e exaltação. Os veteranos da ... Agemaduomi, Juci Ibanez e os garotos do Fuleragem são destaques freqüentes

EM

FO

CO

CA

MP

O G

RA

ND

E -

JU

NH

O D

E 2

008

16

A difícil arte de “adolescer”

Adolescentes

O período da adolescência é mais que descobertas, é uma fase que o jovem quer reivindicar a tudo

NO

SS

O

FO

CO

Juliana Morais

Gritos, birras, re-beldia, baladas, gru-pos sociais. A fase daadolescência é o perí-odo de quebrar as re-gras sociais e reivindi-car espaço na socie-dade. “É muito sim-plório alegar apenas aquestão relacionadaaos hormônios paraexplicar o comporta-mento dos jovens”,alega o psiquiatra JoséCarlos Souza.

Ele explica que oshormônios são con-trolados também pe-los fatores externoscomo a disciplina eos fatores famili-ares.”A falta de limi-tes e de disciplina nainfância se reflete nocomportamento naadolescência”, afir-ma Souza.

A dona de casaFátima de Almeida,cria o neto de apenasum ano de idade eafirma que desdecedo já impõe regrasao menino e jura nãoser avó do tipo queestraga a criança.“Meus filhos me de-ram muito trabalhona adolescência e foiculpa minha quesempre os mimeimuito, não quero re-petir o mesmo errocom meu neto”, diz adona de casa.

Para a psicólogaKátia Bassano, os jo-vens deste século es-tão sem expressão, vi-vendo uma crise deidentidade, não secomprometendo a ne-

nhum valor e quando estesestão em grupos se agregame adotam o valor do grupo.Segundo ela, os adolescentesmuitas vezes se sentem ex-cluídos na sociedade e bus-cam diversos movimentos degrupos de jovens tais como osemos, punks, roqueiros,hippies, entre outros, para sesentirem mais a vontade emdemonstrar seus sentimentosdesde o mais íntimo até aomais superficial.

Mayana Duim, de 18 anos,vive entre amigos, e afirmaque quase não fica em casa.“Meus amigos sabem muitomais sobre minha vida do quemeus próprios pais, me sintoaté mais a vontade em meabrir com eles do que comminha mãe”.

A psicóloga alega que amídia tem grande parcela deculpa nesta crise que o jovemtem passado nos dias de hoje.“Antes a sociedade era maisorganizada, com as mudan-ças tecnológicas, tais como atelevisão e internet, tudo estámuito rápido, não deixandotempo de preparação socialpara receber novas tecnologi-as”, afirma.

A utilização de tecnologi-as que permitem relaciona-mentos virtuais mudou aconcepção dos jovens. KátiaBassano diz que com a rapi-dez de encontrar soluçõespara problemas os jovens per-dem a motivação de esforço.“Hoje em dia a garotada en-tra no universo virtual e temtudo na mão”, acredita a psi-cóloga.

Algumas décadas atrás,quando a internet não era so-lução para tudo, os jovenseram mais ativos. Fazer umtrabalho, não era simples-mente fazer uma pesquisa“Google” e sim pesquisas

embasadas em livros e arti-gos. O jovem está preguiçosoaté na hora de conhecer ami-gos, deixam de sair na ruapara ficarem em bate paposna internet, durante horas ehoras do dia.

A dica da psicóloga é quea família acompanhe o dia adia do filho, oriente qual omelhor caminho, acompanhesua programação e tenteinteragir com o adolescente demaneira descontraída. “Sem-pre que posso acompanhomeu filho, vejo o que ele estáassistindo, supervisiono suasamizades, e como mãe amiga,alerto-o sobre a realidade davida”, explica Bassano quealém de psicóloga é mãe deum adolescente.

Acesso livre e fácil para jovens

DISCUSSÃO

Camila Cruz

Em um mundoglobalizado o compor-tamento dos jovens temmudado. Eles estãocada vez mais rebeldes.Os pais destes adoles-centes, na juventude,viviam situações e pro-blemas diferentes, po-rém com mais limites epreocupações dentrode uma educação maisrígida.

“Na minha adoles-cência as coisas não

eram tão liberais, meu pai erasério e exigia uma postura cor-reta dos filhos, controlava oshorários, com quem e aondeiam e acima de tudo, era ne-cessário seguir suas regras”,contou a professora de educa-ção artística, Márcia MariaLopes Ferreira, de 51 anos.

Segundo a psicóloga KátiaBassano, a sociedade era maisorganizada, porque os paishoje não têm tempo para fazero acompanhamento adequadodo crescimento de seus filhos,causando assim uma mudan-ça no modo de ser e estar. Ela

disse ainda que a mudançade comportamento foi causa-da pela rapidez de comuni-cação, em que a globalizaçãodá acesso a um mundo infi-nito de novos caminhos paraos jovens, hoje acostumadosa terem tudo na hora que de-sejam.

Para o estudante, FelipeAraujo, de 22 anos, o mundomoderno tem seus pontos po-sitivos e negativos, pois tudoagora é mais livre e fácil, masa preocupação com o futuroprofissional e com a violênciasão cada vez maiores.

E n t u r m a d o s - Para psicóloga, adolescentes vivem crise de identidade e adotam valor do grupo de convívio para demonstrar sentimentos

Incômodos do inverno

podem ser amenizadosWanessa Derzi

Espirros, dor de garganta,coceiras, gripe, pele seca equilos a mais são incômodoscaracterísticos para uma par-cela da população nas esta-ções que têm temperaturasmais baixas. Mas os especia-listas têm algumas soluçõessimples que podem amenizarestes problemas que devem seacentuar a partir do dia 20deste mês, com a chegada doinverno.

As alergias em geral são oca-sionadas por uma bactéria mi-croscópica chamada ácaro, quese alimenta através da esca-mação da pele e se armazenamem diversos lugares comocarpetes, cortinas, roupas guar-dadas, bichos de pelúcia.

“As roupas guardadas, co-bertas, tapetes, necessitam decuidados, devem ser lavados,expostos ao sol, para diminuira quantidade de ácaro”, orien-ta o pediatra e alergista Clo-doaldo Conrado.

No frio as pessoas perdem

aptidão por alimentos comoas verduras, frutas e legumese acabam mudando o hábitoalimentar por comidas maisgordurosas e acabam engor-dando.

“Uma maneira de não dei-xar de consumir salada no frioé, cozinhar os legumes e ser-vi-los quentes, colocar caldode feijão em cima das folhas,para dar mais vontade de co-mer”, sugere a nutricionistaAline Baldan.

Nas estações mais frias aspessoas não têm animo parafazer atividades físicas e con-somem muitas calorias, por-tanto, segundo Aline, é neces-sária muita força de vontadepara fazer um regime duran-te o inverno. Mas além doscuidados estéticos, consumiraçúcar e gordura em excessodurante o inverno é um riscopara a saúde.

P e l eOutra dificuldade é em re-

lação à pele que fica seca e pa-rece não existir creme que re-

solva, e não é apenas por es-tética, mas a pele seca podegerar feridas em alguns casos.

“Usar sabonetes com hi-dratantes, ou sabonetes infan-tis ajuda a hidratar sem reti-rar o óleo natural da pele esem agredir. Evitar banhosquentes e demorados”, reco-menda a dermatologista, ElzaGarcia da Silva. Ao comprarcremes, a dermatologista in-dica algumas substâncias,como a uréia, lactado de amô-nia e vitamina E, mas o ade-quado é usar o creme indica-do para cada tipo de pele. Adermatologista também pedeo não esquecimento do filtrosolar, pois os raios ultraviole-tas agem em qualquer estaçãodo ano.

Tanto para pele, quantopara evitar alergias e os qui-los a mais no inverno um re-médio barato e natural foiaconselhado por todos os es-pecialistas: consumir no mí-nimo 2 litros de água ao dia,pois com a temperatura friaalgumas pessoas não bebem.

Pedro Martinez

Nesse outono, afriagem chegou comtudo fazendo as pesso-as se prepararem maiscedo para um invernorigoroso, e por causadesse fato inesperado,as mudanças de humo-res são um ponto emcomum. “O frio, quan-do muito intenso econstante, causa mu-danças de comporta-mento nas pessoas”, ex-plica o psicólogo JorgeHenrique Fernandes,formado na Universi-dade de Brasília (UNB)e que hoje vive em Salt

Foto: www.sxc.hu

Lake City, nos Estados Uni-dos da América (EUA).

Esse clima traz alguns sin-tomas comuns: a preguiça, a“rabugice” e principalmente,a vontade de se manter quie-to e ocioso para se esquentar.Com isso, até as baladas desempre acabam ficando delado, fator que agrava mais amudança de humor devidoao tédio da falta de vontadedo que fazer.

Exemplos disso podem-seencontrar até em outros países.Maiara Gonçalves, que fez umano de intercâmbio na Finlân-dia, fala do comportamentodos naturais daquela terra fria.“Normalmente lá as pessoassão um pouco fechadas, meio

Frio modifica humores

C h a t i c e -O clima frio pode alterar o comportamento das pessoas que se tornam irritadiças

que têm uma preguiça até defalar para não se mexeremmuito. É um povo hospitalei-ro sim, mas que demora paramostrar os sentimentos, nãopor maldade, é claro”.

O que nos resta fazer nes-ses tempos é a boa e velha ener-gia positiva, e idéias novaspara distração, como jogos detabuleiro, ou um bom filme noDVD. “O frio parece chato, masna verdade é só uma mudan-ça boa na rotina, que nós, bonsvivants, adoramos ter espora-dicamente em nosso dia-a-dia”, acredita o, professor deinglês Adriano Silveira, quegosta bastante do clima ame-no além de ser um bom vivantde carteirinha.

Ilustração: www.lezio.junior.zip.net

Foto: www.flickr.com/photos/8637836@N07/943379879/