emerson aula 3 concurso editado

94
CONCURSO PÚBLICO DIREITO PENAL PROF. EMERSON MALHEIRO

Upload: bacanadu

Post on 18-Jun-2015

597 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Emerson Aula 3 Concurso Editado

CONCURSO PÚBLICODIREITO PENAL

PROF. EMERSON MALHEIRO

Page 2: Emerson Aula 3 Concurso Editado

Lesões Corporais

1. Lesão corporal – conceito: -qualquer dano ocasionado à normalidade funcional do corpo humano, seja anatômico, fisiológico ou mental (ex.: impedir o sono por períodos prolongados).

2. Bem jurídico protegido: - integridade física e psíquica da pessoa humana.

Page 3: Emerson Aula 3 Concurso Editado

3. Sujeito ativo:- qualquer pessoa, menos o próprio ofendido, visto que a lei penal considera irrelevante a auto-lesão.- a auto-lesão só será crime se ofender outro direito. Assim, se a pessoa lesa o próprio corpo ou a saúde, com o fim de obter indenização ou valor de seguro, comete o delito do art. 171, parágrafo 2.º, inciso V, CP.4. Sujeito passivo:

- qualquer pessoa humana, que não o agente, desde que viva, a partir do início do parto.

Page 4: Emerson Aula 3 Concurso Editado

5. Elemento objetivo:•crime de forma livre.•ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem.

6. Elemento subjetivo:•dolo. É o denominado “animus laedendi” ou “nocendi”.•culpa.

Page 5: Emerson Aula 3 Concurso Editado

7. Consumação:•crime material: consuma-se com a lesão efetiva ao corpo ou à saúde de outrem.

8. Tentativa:•admissível.Exemplos:. se uma pessoa desfere um soco em outra, mas um terceiro o apara ou o “encaixa”, o agente realizou uma tentativa de lesão leve.. se certa mulher atira ácido sulfúrico ao rosto do amante, que, entretanto, se esquiva, terá praticado tentativa de lesão gravíssima.

Page 6: Emerson Aula 3 Concurso Editado

9. Ação penal:•pública condicionada: há necessidade de representação nos casos de lesões corporais leves e lesões corporais culposas (art. 88, lei 9099/95).•pública incondicionada: nos demais casos.

10. Lesão corporal leve:- “caput”. É o dano ao corpo ou à saúde que não chegou a ser lesão grave (§1.º) ou gravíssima (§2.º).- difere também das vias de fato, que se caracterizam pela violência sem dano corpóreo (exemplo: mero empurrão), constituindo simples contravenção (art. 21, Lei das Contravenções Penais).

Page 7: Emerson Aula 3 Concurso Editado

11. Lesões corporais graves:- o Código Penal, em verdade, não diferencia as lesões graves das gravíssimas. São, a uma primeira leitura, todas graves. A doutrina realizou a distinção para efeito puramente didático.- lesões corporais graves, acorde com a doutrina, são aquelas definidas no parágrafo 1.º, do art. 129, CP:Se o crime resulta:

I – incapacidade permanente para as ocupações habituais, por mais de 30 dias: - ocupação habitual não é só o trabalho, mas a atividade costumeira, pois, ao contrário, estariam excluídos a criança e o ancião;- deve ser realizado um exame complementar decorridos 30 dias da data do crime para a confirmação do ilícito penal nessa modalidade.

Page 8: Emerson Aula 3 Concurso Editado

II – perigo de vida:- o perigo de vida não se presume, compete ao perito médico legal essa verificação.III – debilidade permanente de membro, sentido ou função:- debilidade: enfraquecimento, redução, diminuição de capacidade que deve ser duradoura, não, porém, perpétua.. membros: partes do corpo que se prendem ao tronco. São superiores: braço, antebraço e mão. E inferiores: coxa, perna e pé.. sentido: faculdade de percepção: vista, audição, olfato, paladar e tato.. função: atuação própria de um órgão. Divide-se em respiratória, circulatória, digestiva, secretora, locomotora, reprodutora e sensitiva.. a perda de um dos órgãos duplos (v.g.: um olho) configura a lesão grave; se a perda é de ambos, se compatível com a vida, consubstancia-se a lesão gravíssima.

Page 9: Emerson Aula 3 Concurso Editado

IV – aceração de parto: - a lei quis falar sobre a antecipação de parto, pois quando se fala em aceleração, pressupõe-se apressar um ato que já está ocorrendo, o que não é o caso.- a aceleração de parto: expulsão do feto, que já tem capacidade de vida extra-uterina, antes do tempo em que aquela se teria verificado em condições normais.- a aceleração do parto deve ocorrer em virtude da agressão causada, para que se fale em lesão grave, o que pode ser comprovado pericialmente.

Page 10: Emerson Aula 3 Concurso Editado

12. Lesões corporais gravíssimas:Lesões corporais gravíssimas, acorde com a doutrina, são aquelas definidas no parágrafo 2.º, do art. 129, CP:Se o crime resulta:I – incapacidade permanente para o trabalho: - total impossibilidade de exercer qualquer atividade laborativa e não apenas aquela que anteriormente era exercida. - se a vítima não puder mais exercer a atividade anterior, mas pode dedicar-se a outro trabalho, sem grande prejuízo, não se caracteriza a lesão gravíssima.- pode ser o inciso III do parágrafo 1.º.- a incapacidade não precisa ser perpétua, mas duradoura. Basta o prognóstico da impossibilidade de trabalhar por tempo que não se possa avaliar.

Page 11: Emerson Aula 3 Concurso Editado

II – enfermidade incurável: - trata-se do processo patológico cuja probabilidade é séria de não haver cura.III – perda ou inutilização de membro, sentido ou função: - trata-se aqui da perda completa, que pode ocorrer através de mutilação ou amputação.- a mutilação ocorre no momento do ato delitivo.- a amputação ocorre após, através de intervenção cirúrgica, em razão do ato delitivo.- na inutilização, o membro permanece ligado ao corpo, mas incapaz de sua atividade própria ou função.

Page 12: Emerson Aula 3 Concurso Editado

IV – deformidade permanente:- deformidade: prejuízo estético visível;- permanente: deformidade irreparável, não se descaracterizando pela dissimulação (uso de cabelos postiços ou disfarces, como a barba).V – aborto: - neste caso, a lesão é querida e o aborto não. - trata-se de crime preterdoloso.

Page 13: Emerson Aula 3 Concurso Editado

13. Lesão corporal seguida de morte:- 129, § 3.º;-crime preterdoloso ou preterintencional.

14. Lesão corporal privilegiada:-129, § 4.º;

15. Casos de substituição de pena:- 129, §5.º; •se for privilegiada; • se as lesões forem recíprocas.

Page 14: Emerson Aula 3 Concurso Editado

16. Lesão corporal culposa:- art. 129, § 6.º;-se da imprudência, negligência ou imperícia do agente derivou a lesão corporal na vítima, o agente é punido com pena de detenção de dois meses a um ano.

17. Lesão corporal culposa na direção de veículo automotor:-art. 303, Lei n.º 9.503/97.

18. Causas de aumento de pena na lesão corporal culposa:- art. 129, § 7.º;- aplica-se o art. 121, § 4.º.

Page 15: Emerson Aula 3 Concurso Editado

19. Perdão Judicial:- art. 129, §8.º;-aplica-se o art. 121, §5.º.

20. Violência doméstica:- art. 129, § 9.º;-Lei n.º 11.340/2006.

21. Causa de aumento de pena na lesão dolosa:- art. 129, § 10.º;- grave (§1.º);- gravíssima (§2.º);- seguida de morte (§3.º);- nas circunstâncias do § 9.º = aumento de 1/3.

Page 16: Emerson Aula 3 Concurso Editado

Calúnia

1.Calúnia – conceito: Art. 138, CP: Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime.Pena: detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa.

2.Bem jurídico protegido (objetividade jurídica):Honra objetiva (reputação).

Page 17: Emerson Aula 3 Concurso Editado

3.Sujeito ativo:Qualquer pessoa física.

4.Sujeito passivo:a)pessoa(s) física certa(s) e determinada(s): - calúnia contra os “católicos”, “comunistas”, não

é crime;b)pessoa jurídica:- art. 225, parágrafo 3.º, CF;- Lei 9.605/98 (crimes contra o meio ambiente);3.contra os mortos (art. 138, parágrafo 2.º, CP):- sujeito passivo é o CADI;- o morto é o objeto material do delito.

Page 18: Emerson Aula 3 Concurso Editado

5. Elementos objetivos do tipo:

a) art. 138, “caput”, CP: imputar: atribuir a alguém.

b) art. 138, parágrafo 1.º, CP: propalar: relato verbal; divulgar: tornar conhecido por qualquer outro

meio (meio simbólico, desenhos, fotografias, gráficos etc.).

Page 19: Emerson Aula 3 Concurso Editado

6. Elemento subjetivo:

dolo genérico (Aníbal Bruno): vontade de imputar a outrem, falsamente, fato definido como crime.

dolo eventual: há dúvida sobre a autenticidade do fato (apenas no “caput”, não se admite no parágrafo 1.º, pois a lei faz expressa referência à expressão “sabendo falsa”, que diz respeito ao dolo direto).

dolo específico (E. M. Noronha): “animus diffamandi vel injuriandi” (elemento subjetivo do injusto – Damásio), exige a seriedade, a vontade do agente de caluniar, tripudiar sobre a vítima, ofender, causar dano à honra alheia.

Page 20: Emerson Aula 3 Concurso Editado

7.Elemento normativo do tipo:

falsamente: pessoa / fato.O imputado pode não ser totalmente inocente e

ainda assim haverá calúnia. Ex 1: se alguém furtou e diz-se também que

estuprou.Ex 2: se um crime é culposo e a atribuição é

dolosa.Ex 3: imputa-se homicídio a alguém, sabendo-se

que agiu em legítima defesa.Se o agente acredita na veracidade da

imputação: erro de tipo (art. 20, CP)

Page 21: Emerson Aula 3 Concurso Editado

8. Consentimento do ofendido:O consentimento do ofendido afasta o crime, se

contemporâneo. Se posterior, há crime, mas pode ocorrer renúncia ao direito de queixa, perdão ou reconciliação (art. 520, CPP).

9. Consumação:Ocorre no instante em que terceiro tome conhecimento da

imputação.

10.Tentativa: possível, quando o crime for plurissubsistente: via

escrita. impossível: quando o crime for unissubsistente: via

verbal.

Page 22: Emerson Aula 3 Concurso Editado

11.Exceção da verdade:

A exceção da verdade exclui o crime, em virtude da falta do elemento normativo “falsamente”, salvo:

a)se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível (art. 138, parágrafo 3.º, inciso I);

b)se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no n.I do art. 141 (art. 138, parágrafo 3.º, inciso II);

c)se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível (art. 138, parágrafo 3.º, inciso III): se ocorreu extinção da punibilidade, a exceção da verdade é cabível, já que não houve apreciação do mérito.

Page 23: Emerson Aula 3 Concurso Editado

12.Ação penal:Privada, em regra.

13.Exceção da notoriedade do fato (art. 523, CPP):

Se o fato é de domínio público, não há como se atentar contra a honra objetiva.

Page 24: Emerson Aula 3 Concurso Editado

Difamação

1.Difamação – conceito: Art. 139, CP: “Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação”.Pena: detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa.

2.Bem jurídico protegido (objetividade jurídica):Honra objetiva (reputação).

3.Sujeito ativo:Qualquer pessoa física.

Page 25: Emerson Aula 3 Concurso Editado

4. Sujeito passivo:Pessoa certa e determinada: difamação contra os

“católicos”, “comunistas”, não é crime.Pessoa física: qualquer pessoa.Pessoa jurídica: pode ser vítima (Costa Jr., Damásio,

Capez).- STF já se manifestou nesse sentido.No entanto, Ney Moura Telles argumenta que o crime

está localizado no Título I do Código Penal – Dos crimes contra a pessoa – que referem-se ao ser humano, pois “alguém” é ser vivo nascido de mulher. Assim como o “matar alguém” do art. 121, CP restringe-se ao ser humano. Se se deseja tutelar a honra objetiva da pessoa jurídica, deve-se criar novo tipo incriminador.

Page 26: Emerson Aula 3 Concurso Editado

Há entendimento do STJ nos dois sentidos.Na mesma esteira, Júlio Fabbrini Mirabete afirma que as ofensas dirigidas contra a pessoa jurídica não ficam impunes, pois lesam a honra das pessoas físicas que as compõem.Contra os mortos: não há previsão legal e não é possível a aplicação da analogia “in malam partem” do crime de calúnia (138, parágrafo 2.º, CP).

Page 27: Emerson Aula 3 Concurso Editado

5. Consentimento do ofendido:Idem à calúnia.A pessoa deve ser capaz de consentir. Consentimento de

inimputável não afasta o delito.

6. Elementos objetivos: imputar: atribuir a alguém fato determinado, lícito ou

ilícito, desde que não seja crime. Não importa se é verdadeiro ou não, pois não há interesse social na descoberta.

Propalar ou divulgar: os verbos não estão descritos no tipo, mas quem os utiliza, pratica nova difamação. Portanto, há crime. Para Fernando Capez e E. Magalhães Noronha, não há delito por ausência de previsão legal.

Page 28: Emerson Aula 3 Concurso Editado

7. Elemento subjetivo: dolo genérico: vontade de imputar a outrem fato

ofensivo à sua reputação. dolo eventual: há dúvida sobre a ofensividade do

fato. dolo específico (E. M. Noronha): “animus

diffamandi vel injuriandi” (elemento subjetivo do injusto – Damásio), exige a seriedade, a vontade do agente de difamar, tripudiar sobre a vítima, ofender, causar dano à honra alheia.

8. Consumação:Idem à calúnia.

9. Tentativa:Idem à calúnia.

Page 29: Emerson Aula 3 Concurso Editado

10.Exceção da verdade (art. 139, parágrafo único, CP):Ao contrário da calúnia, não se admite a exceção da

verdade, salvo se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções. Há exclusão da antijuridicidade do fato. Existe interesse social na fiscalização da conduta moral daquele que exerce cargo público.

No tempo da exceção, o ofendido tem que ser funcionário público.

A Lei de Imprensa (art. 21, parágrafo 1.º), ampliou os casos de exceção da verdade:

a)se o crime é cometido contra órgão ou entidade que exerça funções de autoridade pública;

b)se o ofendido permite a prova.

Page 30: Emerson Aula 3 Concurso Editado

11.Ação penal:

Privada, em regra.

Page 31: Emerson Aula 3 Concurso Editado

Injúria

1.Injúria – conceito:Art. 140, CP: “Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro”Pena: detenção, de 1 a 6 meses e multa.

2.Objetividade jurídica:Honra subjetiva. Eventualmente, pode ser atingida também a honra objetiva da vítima, mas trata-se de resultado indiferente à caracterização do delito.

3.Sujeito ativo:•qualquer pessoa física.

Page 32: Emerson Aula 3 Concurso Editado

4.Sujeito passivo:qualquer pessoa física que tenha compreensão da

ofensa. Assim, inimputáveis que não tiverem entendimento da injúria não poderão ser vítimas do crime.

contra os mortos: não configura injúria, pois não se pode estender o critério da calúnia (art. 138, parágrafo 2.º, CP) por analogia. Pode ocorrer o crime do art. 212, CP (vilipêndio a cadáver). Vilipendiar significa tratar com desprezo, ultrajar.

pessoa jurídica: em regra, não é possível, apenas na lei de imprensa(art. 23, III, Lei 5.250/67).

Page 33: Emerson Aula 3 Concurso Editado

5.Elemento objetivo:injuriar: ofender a honra subjetiva, atingindo

seus atributos morais (dignidade – ex.: ladrão) ou físicos, intelectuais e sociais (decoro – ex.: beldroegas).

Há ofensa que manifesta um conceito depreciativo sobre a vítima.

Pode se injuriar de diversas maneiras. Gestos, desenhos, comportamentos etc. Ex.: com a intenção de ferir a dignidade, jogar lixo no quintal da casa vizinha, jogar líquido no rosto da vítima etc.

Page 34: Emerson Aula 3 Concurso Editado

6. Elemento subjetivo:Idem à calúnia / difamação.

7. Exceção da verdade: inadmissível.

8. Consumação:Crime formal: não se exige a ocorrência do dano

para sua configuração. Assim sendo, basta que a ofensa seja idônea a ofender a vítima, que toma conhecimento do insulto. Despisciendo que ela fique chateada, triste etc.

Page 35: Emerson Aula 3 Concurso Editado

9.Tentativa:fala-se possível na forma oral, em duas

hipóteses:. o agente profere o insulto, que não é ouvido pela

vítima;. o agente profere o vitupério diante de terceiros,

que não levam a ofensa ao conhecimento da vítima.

é possível na forma escrita, quando uma missiva é interceptada por terceiro.

Contudo, sabe-se tratar de crime de ação privada, que exige da vítima o conhecimento da ofensa.

Page 36: Emerson Aula 3 Concurso Editado

10.Perdão judicial (art. 140, parágrafo 1.º, CP):Art. 140, parágrafo 1.º, CP:“O juiz pode deixar de aplicar a pena:I – quando o ofendido, de forma reprovável, provocou

diretamente a injúria”: a provocação pode ser lícita (gracejou a irmã do agente) ou ilícita (lesão, ameaça). A provocação censurável deve ter sido efetuada na presença do autor da injúria.

“II – no caso de retorsão imediata que consista em outra injúria”: é a injúria em razão da injúria. O retruque deve ser contemporâneo, caso contrário, haverá reciprocidade de crimes, que não aceita o perdão judicial. As partes devem estar presentes, não se admitindo a injúria por escrito (salvo Damásio, que admite).

Page 37: Emerson Aula 3 Concurso Editado

11. Injúria real (art. 140, parágrafo 2.º, CP):

11.1 Conceito:É a injúria em que o agente escolhe uma agressão capaz de causar vergonha, desonra, para ofender a vítima. 11.2 Objeto jurídico:honra individual;incolumidade física: violência e vias de fato.

11.3 Elemento subjetivo:dolo: a violência ou as vias de fato devem ser utilizadas com o objetivo de ofender a honra. Se não for assim, outro crime estará configurado. Ex.: lesão corporal, contravenção de vias de fato etc.)

Page 38: Emerson Aula 3 Concurso Editado

11.4 Vias de fato ou violência ofensivas à honra:a) vias de fato: ultraje de caráter físico que não causa

lesão, não prejudica a saúde e nem deixa vestígios (ex.: bofetadas, puxões de cabelos, empurrões etc.). Sem o dolo de insultar, configura a contravenção penal do art. 21, LCP;

b) violência: é a lesão corporal causada no sujeito passivo com o objetivo de vituperá-lo. Nesse caso, existirá concurso de delitos (injúria + lesão corporal), com aplicação cumulativa das penas, conforme se depreende do preceito secundário do art. 140, parágrafo 2.º, CP (“além da pena correspondente à violência”);

Page 39: Emerson Aula 3 Concurso Editado

c) grave ameaça: não configura a injúria real por falta de previsão legal;

d) ofensa à honra: as vias de fato ou a violência devem ser aviltantes:

por sua própria natureza: ex.: rasgar as roupas de uma pessoa, cortar ou puxar cabelo / barba, cavalgar a vítima, virar o paletó do avesso etc.

pelo meio empregado: ex.: dar palmadas na vítima; atirar-lhe bebida, excrementos; jogar objetos inservíveis na vítima ou na sua residência etc.

11.5Retorsão imediata: É possível a aplicação do perdão judicial, conforme

insculpido no art. 140, parágrafo 1.º, inciso II, CP. No caso de lesões corporais, os agentes respondem pelo crime na forma do art. 129, parágrafo 5.º, inciso II, CP.

Page 40: Emerson Aula 3 Concurso Editado

12.Injúria por preconceito (art. 140, parágrafo, 3.º, CP):

A conduta deve ser praticada com o objetivo de ofender o sujeito passivo em virtude de sua raça, cor, etnia, religião, origem etc.

Delito inconfundível com o racismo, que resulta de discriminação. Discriminar significa impedir o exercício de direitos. Ex.: impedir a entrada de alguém num edifício, em razão de sua cor.

Outrossim, é qualificadora do crime a ofensa praticada contra o idoso (indivíduo acima de 60 anos) e pessoa portadora de deficiência. Deve haver nexo de causalidade entre a ofensa e a especial condição pessoal para configurar suposta inferioridade ao ofendido.

Page 41: Emerson Aula 3 Concurso Editado

Disposições Comuns aos Crimes contra a Honra

1.Causas de aumento de pena:Art. 141, CP.As penas dos crimes contra a honra são aumentadas de um terço, se qualquer dos delitos é cometido:a)contra o Presidente da República (inciso I): trata-se de ofensa ao maior representante do Estado. A mácula à honra individual do Presidente da República pode estender-se ao país. Daí a justificativa da majorante.

Se há motivação política e atingimento da segurança interna ou externa do país, o crime será o da LSN.

Page 42: Emerson Aula 3 Concurso Editado

b)contra chefe de governo estrangeiro (inciso I): como a norma penal utiliza o termo “chefe de governo estrangeiro”, tal definição estende-se aos Presidentes da República, primeiros-ministros, chefes de Estado ou qualquer autoridade com tal prerrogativa constitucional. Igualmente, se há motivação política e atingimento da segurança interna ou externa do país, o crime será o da LSN.

c)contra funcionário público, em razão de suas funções (inciso II):

nexo causal;vida particular, não;dentro ou fora do local de trabalho;na presença do funcionário: desacato (art. 331, CP).

Page 43: Emerson Aula 3 Concurso Editado

d) na presença de várias pessoas (inciso III):maior facilidade de divulgação das ofensas irrogadas;maior dano ao ofendido;várias pessoas: no mínimo 03 (três). Quando suficiente 02 (duas), os dispositivos são expressos (ex.: art. 150, parágrafo 1.º; art. 155, parágrafo 4.º, IV, CP). Quando 04 (quatro), também (ex.: art. 288, CP);exceto o ofendido e o(s) ofensor(es).o(s) ofensor(es) deve(m) ter conhecimento da presença de várias pessoas (dolo)

Page 44: Emerson Aula 3 Concurso Editado

e) por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria (inciso III):rádio, TV, jornais, revistas são objetos da Lei de Imprensa (Lei n.º 5.270/67);ex.: pichações, alto-falantes, fotografias, impressos etc.basta o emprego de meio idôneo, desnecessária a prova da efetiva divulgação.

f) contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria (inciso IV): não incidência sobre a injúria, em virtude da qualificadora do art. 140, parágrafo 3.º, CP;deficiente físico ou mental.

Page 45: Emerson Aula 3 Concurso Editado

g) se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa (parágrafo único):motivo torpe (desprezível);qualificadora do homicídio (art. 121, parágrafo 2.º, inciso I, CP);agravante genérica (art. 62, IV, CP);nos crimes contra a honra, causa especial de aumento de pena;paga: recebimento antecipado de dinheiro ou bem econômico;promessa de recompensa: oferta, compromisso de pagar pelo crime. Desnecessária a entrega da recompensa. Respondem pelo delito, com aumento de pena, o mandante e o mandado.

Page 46: Emerson Aula 3 Concurso Editado

2. Exclusão do crime:

Art. 142, CP.Há exclusão da antijuridicidade (Mirabete, Capez)

e não da punibilidade (Noronha). Para Mirabete e Capez, portanto, não há crime. Para Noronha, há, mas impunível.

Apenas com relação à difamação e injúria. Não envolve o crime de calúnia.

Page 47: Emerson Aula 3 Concurso Editado

Hipóteses:a)imunidade judiciária (inciso I): na defesa de seus direitos, a lei concede às partes e procuradores a imunidade.Parte: autor; réu; opoente; litisconsorte; interveniente; assistente; o chamado à autoria etc. e representante do MP, quando atua como parte (e não como custus legis).Procurador: advogado (constituído, dativo, ad hoc) e estagiário.O inciso I traz a hipótese da ofensa irrogada em juízo. Se for proferida fora dele, não há imunidade; exceto se advogado, conforme art. 7.º, parágrafo 2.º, Lei 8.906/94.Não alcança o juiz, escrivães, peritos, oficiais de justiça, delegados de polícia e porteiros de auditório. Poderão estes alegar, se for o caso, a imunidade referida no art. 142, inciso III, CP, ou o exercício regular do direito (art. 23, inciso III, CP).A imunidade também não cobre a ofensa feita ao juiz, salvo se ele está sob suspeição, caso em que o vive, episodicamente, a situação de parte; ou se o juiz ultrapassa os limites do dever legal e o advogado contragolpeando-o, faz uso do “jus retorquendi”.

Page 48: Emerson Aula 3 Concurso Editado

b) crítica literária, artística ou científica (inciso II): crítica: mesmo desfavorável e severa, é legítima; tutela-se o elevado interesse da cultura; resguardar a liberdade de crítica em relação às

ciências, artes e letras, indispensável ao aperfeiçoamento dessas manifestações superiores do espírito e a segurança do julgamento histórico sobre elas;

se o propósito do crítico for o de denegrir a reputação ou a boa fama do literato, artista ou cientista, responderá pelo delito.

a excludente é válida se sua conduta for impulsionada, tão somente, pelo “animus criticandi”.

Ex. 1: se diz que um artista pintou seu quadro no escuro ou de olhos fechados há excludente.

Ex.2: aquilo é pintura de asno injuria.

Page 49: Emerson Aula 3 Concurso Editado

c) conceito desfavorável emitido por funcionário público (Inciso III):

funcionário público (art. 327, CP); não configura difamação ou injúria: estrito

cumprimento de dever legal (art. 23, inciso III, CP);

d) publicidade da imunidade judiciária e do conceito desfavorável de funcionário público (parágrafo único):

• se terceiro divulga informações acerca das situações assinaladas, responde pelo crime.

Page 50: Emerson Aula 3 Concurso Editado

3. Retratação:

Art. 143, CP:a) cabível na calúnia ou difamação;b) querelado: - não abrange os crimes de ação penal pública;c) o que é retratação? desdizer-se, retirar o que disse, declarar que

errou;  independe de formalidade especial;  independe da aceitação do ofendido;  deve ser plena: retratação parcial, reticente ou

incerta não exclui a punibildade;  não exige outra publicidade senão aquela

decorrente de seu registro nos autos da ação penal;

Page 51: Emerson Aula 3 Concurso Editado

d)causa extintiva da punibilidade (art. 107, inciso VI, CP):

isenção da penaantes da sentença condenatória de primeira

instância: se praticada durante a fase de eventual recurso, poderá constituir-se em atenuante.

e)não se estende o benefício a eventuais co-autores;f)não atinge a injúria;g)não se exige que a retratação exprima um sincero

arrependimento.

Page 52: Emerson Aula 3 Concurso Editado

4.Pedido de explicações:

Art. 144, CP;a)medida facultativa, preparatória da ação penal;b)ir a juízo para pedir esclarecimentos sobre

alguma declaração de conteúdo dúbio;c)verificar se há ou não alguma ofensa ao

requerente;d)cabível quando não se mostra evidente a

intenção de caluniar, difamar ou injuriar, causando dúvida quanto ao significado da manifestação do autor;

Page 53: Emerson Aula 3 Concurso Editado

e) o juízo não profere decisão, salvo quanto à admissibilidade do pedido;

f) é inadmissível a apreciação sobre o mérito da ofensa irrogada;

g) a expressão “a critério do juiz” refere-se ao magistrado perante o qual é proposta a ação penal subseqüente, e não ao do pedido de explicações;

h) se o interpelado não atender ao pedido, o juiz não poderá coagi-lo a prestar as explicações solicitadas: feita a notificação e realizada a audiência à qual o notificado não comparecer, está esgotada a tarefa judicial.

Page 54: Emerson Aula 3 Concurso Editado

5. Ação Penal:

São cinco hipóteses:a) regra: privada;b) pública incondicionada: injúria real em que resultou

lesão corporal grave;c) pública condicionada à representação: injúria real em

que resultou lesão corporal leve (art. 88, Lei 9.099/95)d) pública condicionada à representação: calúnia ou a

difamação é cometida contra funcionário público no exercício da função. Ver Súmula 714, STF;

e) pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça: quando a conduta for cometido contra o Presidente da República ou Chefe de Governo estrangeiro.

Page 55: Emerson Aula 3 Concurso Editado

Constrangimento Ilegal

1.Conceito:Art. 146, CP.

2.Objetividade jurídica:a)liberdade individual:autodeterminação (de querer);física;psíquica.

Page 56: Emerson Aula 3 Concurso Editado

3. Sujeitos do crime:

a) sujeito ativo: qualquer pessoa.E se for funcionário público? art. 350, CP (exercício arbitrário ou abuso de

poder); Lei 4.898/65 (abuso de autoridade).b) sujeito passivo: qualquer pessoa física que possua

capacidade de autodeterminação, de querer (ou seja, imputável).

E se for funcionário público? se oferecer ou prometer vantagem indevida:

corrupção ativa (art. 333, CP);

E se for criança?a) art. 232, Lei 8.069/90 (ECA).

Page 57: Emerson Aula 3 Concurso Editado

4.Elemento objetivo:

a) Constranger (compelir, forçar, obrigar):violência própria (energia física):direta: contra a própria pessoa (amarrar, lesionar,

amordaçar, tirar a muleta do aleijado etc.);indireta: contra terceira pessoa.E contra coisa?A jurisprudência têm admitido como violência indireta.

Page 58: Emerson Aula 3 Concurso Editado

b) grave ameaça (energia moral): Promessa de mal futuro, iminente, sério e

verossímil. direta: contra a própria pessoa (amarrar,

lesionar, amordaçar, tirar a muleta do aleijado etc.);

indireta: contra terceira pessoa.

Exige a presença da vítima?Não. A ameaça pode ser levada ao seu

conhecimento por escrito ou mediante terceira pessoa.

E se o mal for justo?Não importa. O mal futuro pode ser justo ou injusto.

Page 59: Emerson Aula 3 Concurso Editado

c) violência imprópria: cometida por qualquer outro meio, que não a

violência física ou grave ameaça; capaz de reduzir a capacidade de resistência da

vítima para que ela venha a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda;

exs.: emprego de narcóticos, anestésicos, estimulantes, álcool;

direta: dirigida contra a própria vítima; indireta: dirigida contra coisa ou contra terceiros.

Page 60: Emerson Aula 3 Concurso Editado

5. Crime subsidiário:

a) trata-se de um crime subsidiário, de uma figura de reserva;

b) só será punido o constrangimento se não fizer parte de outro crime, como seu elemento essencial ou como agravante:

a violência empregada para privar alguém de sua liberdade concretiza o seqüestro;

a ameaça usada para introduzir-se arbitrariamente no domicílio alheio integra a violação de domicílio;

são casos em que a violência ou ameaça servem de meio para a execução dos vários delitos e são por eles absorvidas.

Page 61: Emerson Aula 3 Concurso Editado

6.Elemento subjetivo:a) dolo específico:vontade livre e consciente de usar violência ou

grave ameaça;sabendo agir ilegitimamente, com o escopo de

constranger outros a fazer algo que a lei não manda, ou a não fazer o que a lei permite.

7.Consumação:a)crime material:a vítima, submetida, toma o comportamento a que

foi obrigada, fazendo o que a lei não manda ou não fazendo o que ela permite.

Page 62: Emerson Aula 3 Concurso Editado

8. Tentativa:a) admissível: o ofendido não cede à vontade do agente,

apesar da violência ou grave ameaça; por desejo próprio ou por intervenção de

terceiro.

9. Ação Penal:a) pública incondicionada.

Page 63: Emerson Aula 3 Concurso Editado

10.Causas de aumento de pena:

Art. 146, parágrafo 1.º, CP.

a)concurso de quatro pessoas, no mínimo:inclui-se o agente principal;pessoas incapazes poderão servir, para completar o

número legal;existe a causa de aumento de pena mesmo sem

concerto prévio entre os co-autores;os co-autores podem, inclusive, ter atuação diversa no

fato criminoso. O importante aqui, é que cada um participe do ato executivo do crime.

Page 64: Emerson Aula 3 Concurso Editado

b) o emprego de armas: é necessário que a arma seja utilizada pelo agente,

para lesionar ou ameaçar; não se configura o agravamento o simples porte

dela; a lei fala em “armas”, não indicando com isso sua

pluralidade, mas tão somente o gênero. arma pode ser própria: armas propriamente ditas,

como as de fogo, os instrumentos perfuro-cortantes etc;

arma pode ser imprópria: instrumentos ou objetos que, não tendo o fim especial de matar, ferir, ou ameaçar, servem, entretanto, para sua realização; como pedras, garrafas, cordas etc.

Page 65: Emerson Aula 3 Concurso Editado

11.Concurso de crimes:

Art. 146, parágrafo 2.º, CP:a)além das penas cominadas, aplicam-se as

correspondentes à violência:o legislador tem em vista aqui somente a

violência física. Isto significa que se o agente, v.g., realizou uma conduta que causou lesão corporal grave, responderá também por este delito.

Page 66: Emerson Aula 3 Concurso Editado

12.Exclusão de crime:

Art. 146, parágrafo 3.º, CP:Dois casos são previstos:a) intervenção médica ou cirúrgica, se iminente o perigo

de vida, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal (inciso I):

o tratamento médico arbitrário é um caso de estado de necessidade em que se viola a liberdade individual para salvar-se a vida do paciente.

b) coação exercida para impedir o suicídio (inciso II): embora o suicídio não constitua fato típico, é ele

antijurídico, motivo que levou o legislador a não tornar criminosa a conduta de quem pratica violência ou ameaça para impedi-lo.

Page 67: Emerson Aula 3 Concurso Editado

Ameaça

1.Conceito:Art. 147, CP.

2.Objetividade jurídica:a)liberdade psíquica:paz de espírito;tranqüilidade e sossego.

Page 68: Emerson Aula 3 Concurso Editado

3. Sujeitos do crime:

a) sujeito ativo: pessoa física imputável; se funcionário público: art. 3.º, Lei 4.898/65.b) sujeito passivo: pessoa física determinada; tenha capacidade de entendimento; se incapaz de sentir o efeito psíquico, não se

pode dizer que o bem jurídico protegido foi atingido.

Page 69: Emerson Aula 3 Concurso Editado

4. Elemento objetivo:

a) ameaçar:b) intimidar, anunciar ou prometer castigo ou

malefício;c) a vítima deve se sentir ameaçada, conforme

jurisprudência dominante;d) deve ser idônea: praga ou esconjuro não configura

o delito;e) deve ser séria: se proferida com “animus jocandi”

ou por espalhafatoso bravateiro, não há delito;f) não pode visar fato pretérito;g) mal injusto e grave;h) palavra, gesto ou qualquer outro meio simbólico;i) subsidiariedade: . absorvida pelo constrangimento ilegal;. é elemento de outros crimes.

Page 70: Emerson Aula 3 Concurso Editado

5.Espécies de ameaça:

a)direta: mal contra a própria vítima;b)indireta (reflexa): mal contra terceiro;c)explícita: inequívoca (ex.: exibição de arma);d)implícita: equívoca (ex.: “cobro minhas dívidas

com sangue”);e)condicional:

Page 71: Emerson Aula 3 Concurso Editado

6.Elemento subjetivo:

a)dolo específico:vontade livre e consciente de enunciar o

desígnio ou propósito de mal injusto e grave;consciência da injustiça do mal por parte do

agente;e o ébrio? . pode ameaçar com eficácia, desde que a

embriaguez não seja completa;. não pode colher risos, compaixão ou desprezo.animo calmo e refletido?. será na cólera a ameaça mais eficiente?

Page 72: Emerson Aula 3 Concurso Editado

7.Consumação:a)crime formal:consuma-se no momento em que a vítima toma

conhecimento da ameaça.

8.Tentativa:a)inadmissível, na forma verbal;b)admissível, por via escrita:só terá importância se a vítima for incapaz; a ação penal

só poderá ser proposta sem conhecimento do ofendido se este tiver, por incapacidade, representante legal.

9.Ação penal:Art. 147, parágrafo único, CP.a)pública condicionada à representação.

Page 73: Emerson Aula 3 Concurso Editado

Redução à Condição Análoga à de Escravo (Plágio)

1.Conceito:Art. 149, CP.Plágio: desvio de escravo.

2.Objetividade jurídica:a)liberdade individual, sob todas as formas:livre da servidão ou poder de fato de outra pessoa.

Page 74: Emerson Aula 3 Concurso Editado

3. Sujeitos do crime:

a) sujeito ativo: qualquer pessoa e não apenas o empregador. Não é crime próprio;

b) sujeito passivo: qualquer pessoa. e se criança ou adolescente?. art. 149, parágrafo 2.º, I, CP.

4. Elemento objetivo:

a) redução à condição análoga à de escravo:b) sujeitar alguém totalmente à vontade do agente;c) escravização da pessoa humana.d) domínio de um sobre outro, anulando a liberdade;e) e o consentimento do ofendido?. liberdade é indisponível, não exclui a ilicitude do fato.

Page 75: Emerson Aula 3 Concurso Editado

5.Elemento subjetivo:a)dolo específico:vontade livre e consciente de tolher a liberdade;consciência do agente do estado de submissão;e se a finalidade for de criar, corrigir ou proteger uma

pessoa?. ausente o dolo, pode configurar maus-tratos (art. 136,

CP).

6.Consumação:a)crime material:b)consuma-se no momento em que o sujeito passivo é

reduzido por certa duração;c)sujeição instantânea ou momentânea não configura o

delito.

Page 76: Emerson Aula 3 Concurso Editado

7.Tentativa:• admissível.

8.Ação penal:a)pública incondicionada.

9.Outros meios:Art. 149, parágrafo 1.º, CP

10.Causas de aumento de pena:Art. 149, parágrafo 2.º, CP.

Page 77: Emerson Aula 3 Concurso Editado

Violação de domicílio

1.Conceito:Art. 150, CP.

2.Bem jurídico protegido:a)a tranqüilidade doméstica e a paz íntima dos moradores:o “nomem juris” “violação de domicílio” é impróprio, pois a lei penal não tutela apenas o domicílio como vem definido na lei civil, mas todo lugar de habitação ou atividade privada.

Page 78: Emerson Aula 3 Concurso Editado

3. Sujeitos do crime:

a) sujeito ativo: qualquer pessoa, até mesmo o proprietário do

imóvel locado, visto que o bem jurídico protegido não é a propriedade.

b) sujeito passivo: é o morador, aquele que pode impedir a entrada

de outrem em sua casa (locatário, arrendatário, possuidor legítimo, proprietário etc.);

em regra, será o chefe da casa (art. 226, parágrafo 5.º, CF), representado, na sua ausência, pelos demais membros da família ou por empregados domésticos, desde que a vontade destes não seja oposta à daquele;

Page 79: Emerson Aula 3 Concurso Editado

no caso de conflito entre o chefe da casa e os demais membros, prevalece a sua autoridade, desde que do consentimento dele não fique ofendido ou exposto a perigo o direito de liberdade doméstica.Assim, comete o crime de violação de domicílio a empregada que à noite, faz entrar seu amante na residência ou a mulher que, na ausência do marido permite o ingresso do amante na residência.num regime em que todos os moradores são titulares do direito de admitir ou de excluir alguém, como ocorre nas repúblicas de estudantes, havendo divergência entre eles em igualdade de condições, prevalece a proibição.

4. Tipo de crime: crime comum.

Page 80: Emerson Aula 3 Concurso Editado

5. Elemento objetivo:

É crime de ação múltipla. As condutas típicas são entrar ou permanecer. Assim, o crime poderá realizar-se:

com o indivíduo entrando na casa alheia, o que significa nela penetrar, transpor os limites da casa com todo o corpo, não bastando a transposição de apenas parte dele (um braço, uma perna etc.). O que aperfeiçoa o tipo é a introdução física do agente, no recinto circunscrito da habitação.

Page 81: Emerson Aula 3 Concurso Editado

com o indivíduo permanecendo em casa alheia, como quando convidado a sair não o fizer, embora tendo entrado legitimamente. Para que se configure o delito, será mister que persista em permanecer na casa alheia por um certo lapso temporal: uma positiva recalcitrância (resistência com desobediência) e não uma momentânea hesitação ao retirar-se.O ingresso ou permanência indevidos poderão verificar-se tanto na casa quanto em suas dependências (jardim, pátio, quintal, garagem etc.), desde que haja um visível obstáculo à passagem (cercas, telas, correntes etc.).Na violação de pastagem ou campo de propriedade rural, pode-se configurar o delito de esbulho possessório (art. 161, parágrafo 1.º, inciso II, CP).

Page 82: Emerson Aula 3 Concurso Editado

6.Elemento normativo do tipo:

“Contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito”.

O dissenso do morador poderá ser:a)explícito: expresso: quando proclamado pelo ofendido;tácito: quando, do comportamento da vítima se

deduza claramente ser ele contrário à permanência de terceiro, ou de seu ingresso. Ex.: entrada do homicida na residência da viúva.

Page 83: Emerson Aula 3 Concurso Editado

b)implícito: presume-se o dissenso quando o crime é praticado clandestinamente ou astuciosamente.

a forma clandestina da conduta é a entrada ou permanência realizada às ocultas, furtivamente (sempre será clandestina quando se realizou sem ciência do sujeito passivo);

na modalidade astuciosa da conduta, há o emprego de fraude, ardil, artifício (v.g., entrada mediante uniforme de empresa telefônica; permanência mediante alegação de um mal súbito).

Deverá tratar-se de casa alheia e habitada, o que não impede esteja o morador ausente no momento da invasão. Se a casa estiver abandonada ou desabitada (v.g., que está para alugar) não há crime a punir, salvo para Damásio e Mirabete que vislumbram a possibilidade do delito descrito no art. 161, parágrafo 1.º, II, CP.

O patrão tem o direito de penetrar no quarto da empregada, desde que para fins lícitos e morais, ainda que contra a vontade dela. Assim como os pais em relação aos filhos.

Page 84: Emerson Aula 3 Concurso Editado

7.Domicílio civil e domicílio penal:

Há diferença entre o conceito de domicílio para a Lei Civil e aquele protegido pelo Código Penal, pois aquela considera como domicílio apenas o lugar onde as pessoas fixam residência com ânimo definitivo e este o considera como (art. 150, parágrafo 4.º, CP):

I – qualquer compartimento habitado (maloca, barraco, trailer etc.);

II – aposento ocupado de habitação coletiva (quartos de pensão, hotel, motel etc.);

III – compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade.

Não se inclui no conceito, ainda que por extensão do art. 150, parágrafo 4.º, inciso III, CP, o escritório de um advogado, visto que este é aberto ao público. Não sendo aberto ao público, poderá ser considerado domicílio.

Page 85: Emerson Aula 3 Concurso Editado

Ocupa-se o parágrafo 5.º do art. 150, CP, em estabelecer o que não se considera casa:I – hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto aberta, salvo o disposto no inciso II, do parágrafo 4.º;II – taverna, casas de jogo e outras do mesmo gênero (restaurantes, boates, prostíbulos, cassinos etc.)

Page 86: Emerson Aula 3 Concurso Editado

8. Elemento subjetivo: dolo: é a vontade de ingressar ou permanecer na

casa contra a vontade de quem de direito.

9. Consumação: crime de mera conduta: há o perigo presumido na

conduta do agente. O resultado naturalístico não é apenas prescindível, mas impossível.

Consuma-se o crime pela entrada efetiva, transposto pelo agente o limite que separa o domicílio do mundo exterior ou pela permanência, por tempo juridicamente relevante, daquele que toma ciência de que deve sair.

Page 87: Emerson Aula 3 Concurso Editado

10.Tentativa:a)admissível.Sendo o agente surpreendido e impedido, no instante do ingresso, o crime será tentado.Na permanência, o agente é impedido de ficar no local por tempo juridicamente relevante. Há posição no sentido de que nessa hipótese a tentativa é impossível.

11. Ação penal:a)pública incondicionada.

Page 88: Emerson Aula 3 Concurso Editado

12. Formas qualificadas:

O parágrafo 1.º do art. 150, CP, enumerou quatro hipóteses de violação domiciliar qualificadas, em que a pena passa a ser de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à violência:a)se o crime é cometido durante a noite, assim considerado o período que vai do crepúsculo da tarde ao crepúsculo da manhã: justifica-se pelo enfraquecimento da defesa privada durante à noite, o que facilita a violação;b)se o crime é cometido em lugar ermo, assim considerado aquele não freqüentado, afastado e solitário: justifica-se pela dificuldade que a vítima encontrará para buscar auxílio e pela facilidade que o agente encontrará na execução do crime.

Page 89: Emerson Aula 3 Concurso Editado

C) o emprego de violência ou de arma (própria ou imprópria):violência:. empregada contra a pessoa (“vis corporallis”);. empregada contra a coisa (Damásio / Mirabette): quando o legislador quer restringir a expressão "violência”, ele o faz taxativamente, como ocorre nas hipóteses do art. 157, “caput”, e parágrafo 1.º, CP, onde se lê “violência contra a pessoa”.arma (própria ou imprópria).D) se o fato for praticado por duas ou mais pessoas: justifica-se pela maior facilidade que encontra o agente para a prática criminosa, além de que a tendência a associar-se manifesta-se, em geral, nos delinqüentes mais perigosos.

Page 90: Emerson Aula 3 Concurso Editado

13. Causa de aumento de pena:

No parágrafo 2.º do art. 150, CP, foi prevista uma causa de aumento de pena que a majorará em um terço:a)se o fato for cometido por funcionário público, fora dos casos legais;b)se o fato for cometido por funcionário público, com inobservância das formalidades estabelecidas em lei;c)se o fato for cometido por funcionário público, com abuso de poder: verifica-se o abuso de poder quando o funcionário se excede, ultrapassando os limites impostos pela lei, praticando atos desnecessários ao exercício da função.É importante salientar que Fernando Capez defende a aplicabilidade exclusiva do art. 3.º, “b”, Lei 4.898/65 (Lei de Abuso de Autoridade), em face do princípio da especialidade.

Page 91: Emerson Aula 3 Concurso Editado

14. Exclusão da antijuridicidade:

O parágrafo 3.º, do art. 150, CP, enumera os casos legais de entrada ou permanência em casa alheia:a)durante o dia, para efetuar prisão ou outra diligência, observadas as formalidades legais: a expressão diligência compreende não só aquelas de natureza judicial, como as policiais, administrativas (inspeção sanitária), ou fiscais.b)a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime estiver sendo praticado no domicílio alheio, ou na iminência de o ser: trata-se de prisão em flagrante, quando qualquer do povo pode e as autoridades devem prender. A lei fala em crime, mas deve-se compreender também a contravenção, visto que a Constituição Federal, em seu art. 5.º, inciso XI, contempla a exclusão da antijuridicidade em hipóteses de “flagrante delito”.

Page 92: Emerson Aula 3 Concurso Editado

15. Outras excludentes:

Também em outras situações não haverá crime:a)como na legítima defesa própria (v.g.: o agente entra na casa, para impedir a agressão iminente ou atual contra si, por parte do morador) ou de terceiro (v.g.: o agente penetra na casa para defender o morador de agressão de terceiro);b)em estado de necessidade (em que o agente entra na casa para evitar desastre ou prestar socorro); e em exercício regular do direito (v.g.: a entrada do vizinho, mediante aviso, em caso de reparação de sua casa).

Page 93: Emerson Aula 3 Concurso Editado

16. Concurso de crimes:

Comum é a prática do delito de violação de domicílio como meio para a produção de outro crime. Nesse caso, a opinião dominante, na doutrina e na jurisprudência é que o crime-fim absorve a violação de domicílio.Assim sendo, é o crime do art. 150, CP, um delito eminentemente subsidiário, só se apresentando como crime autônomo quando a violação de domicílio:a)seja fim em si mesma;b)sirva a fim não criminoso ou haja dúvida quanto ao verdadeiro fim do agente;c)seja simples ato preparatório de outro crime (v.g.: agente que viola domicílio alheio para agredir a vítima, que não se encontra);d)haja desistência voluntária do agente quanto ao crime-fim;e)seja o crime-fim menos severamente punido (v.g.: penetrar o agente em domicílio alheio visando o exercício arbitrário das próprias razões (art. 345, CP).

Page 94: Emerson Aula 3 Concurso Editado

CONCURSO PÚBLICODIREITO PENAL

PROF. EMERSON MALHEIRO