em tempo - 9 de novembro de 2014

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VENDA PROIBIDA EXEMPLAR DE ASSINANTE PREÇO DESTA EDIÇÃO R$ 2,00 O JORNAL QUE VOCÊ LÊ ANO XXVII – N.º 8.532 – DOMINGO, 9 DE NOVEMBRO DE 2014 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO FALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700 ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA, ELEIÇÕES E ELENCO. MÁX.: 31 MÍN.: 23 TEMPO EM MANAUS Saiba por que a irreverente perso- nagem da jornalista Tricia Cabral foi inserida no jornalismo e na literatura amazonenses. O livro foi lançado neste sábado (foto) na Valer. D. Maria saracoteia na Valer Duas balsas que transporta- vam gasolina de Manaus para Tabatinga, explodiram próximo ao município de Jutaí. Três pes- soas ficaram feridas, mas não há informação de desaparecidos. Última Hora A2 Balsas com gasolina explodem EM JUTAÍ Na cidade síria de Kobani, as mulheres lutam corpo a corpo com os homens em suas ruas, em um fato excepcional no Oriente Médio. Mundo B7 Kobani, terror dos homens GUERREIRAS A PETROBRAS RASGOU FLORESTAS, VENCEU RIOS, INVESTIU EM HOMENS, MÁQUINAS E GASTOU R$ 4,58 BILHÕES – ANTE UM ORÇAMENTO INICIAL DE R$ 1,2 BILHÃO – PARA FAZER O GASODUTO COARI-MANAUS, UMA MONUMENTAL OBRA DE 667 QUILÔMETROS PARA TRANSPORTAR 4,1 MILHÕES DE METROS CÚBICOS/DIA. ANUNCIADO COMO A “REVOLUÇÃO NA MATRIZ ENERGÉTICA” DO AMAZONAS, O GA- SODUTO TINHA COMO PRINCIPAL FOCO O ABASTECIMENTO DAS SETE USINAS TERME- LÉTRICAS INSTALADAS NO ENTORNO DE MANAUS, EM SUBSTITUIÇÃO AO DIESEL, QUE REDUZIRIA A TARIFA DE ENERGIA ELÉTRICA. A OUTRA MARAVILHA ANUNCIADA GARANTIA QUE, COM A CHEGADA DA PRIMEIRA CARGA DE GÁS NATURAL VEICULAR (GNV) DA ESTAÇÃO PETROLÍFERA DE URUCU, OS TAXISTAS QUE ADE- RISSEM À “CULTURA DO GÁS”, TERIAM COMBUSTÍVEL MAIS BARATO E UMA FONTE DE ENERGIA MAIS LIMPA. CINCO ANOS DEPOIS, A “SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL”, COMO ANUNCIOU O PRESIDENTE LULA, AINDA NÃO ACONTECEU. ESPECIAL GASODUTO GÁS? PARA ONDE FOI O DIVULGAÇÃO FOTOS: DIVULGAÇÃO/PETROBRAS Dois de junho de 2006: o presidente foi a Coari, onde deu, simbolicamente, o primeiro pingo de solda no gasoduto Operários rasgaram matas para levar em frente a tubulação Nas ruas de Manaus, placa de advertência para o perigo Cuidado com o sol de verão A pele é o nosso maior órgão e o sol do Amazonas é inclemente. Cuide-se, antes de pegar um bron- zeado. O câncer de pele é o que mais atinge a população. Máquinas roncam no GP Brasil As cinco vitórias con- secutivas na Fórmula 1 não garantiram a Lewis Hamilton, da Mercedes, a oportunidade de faturar o seu bicampeonato no GP do Brasil de Fórmula 1, em Interlagos. A arte vai ao largo de S. Sebastião Pla teia DIVULGAÇÃO DIVULGAÇÃO A arte toma conta do largo de São Sebastião, neste domingo, com o projeto “Pintura ao Vivo”. Além das tintas e traços, é uma boa opção, também, para curtir jogos de capoeira, dança e teatro. IONE MORENO

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EM TEMPO - Caderno principal do jornal Amazonas EM TEMPO http://www.emtempo.com.br

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VENDA PROIBIDA

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ASSINANTEVENDA PROIBIDA

EXEMPLARDE

ASSINANTE

PREÇO DESTA EDIÇÃO

R$

2,00O JORNAL QUE VOCÊ LÊ

ANO XXVII – N.º 8.532 – DOMINGO, 9 DE NOVEMBRO DE 2014 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO

FALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA, ELEIÇÕES E ELENCO. MÁX.: 31 MÍN.: 23

TEMPO EM MANAUS

Saiba por que a irreverente perso-nagem da jornalista Tricia Cabral foi inserida no jornalismo e na literatura amazonenses. O livro foi lançado neste sábado (foto) na Valer.

D. Maria saracoteia na Valer

Duas balsas que transporta-vam gasolina de Manaus para Tabatinga, explodiram próximo ao município de Jutaí. Três pes-soas fi caram feridas, mas não há informação de desaparecidos. Última Hora A2

Balsas com gasolina explodem

EM JUTAÍ

Na cidade síria de Kobani, as mulheres lutam corpo a corpo com os homens em suas ruas, em um fato excepcional no Oriente Médio. Mundo B7

Kobani, terror doshomens

GUERREIRAS

A PETROBRAS RASGOU FLORESTAS, VENCEU RIOS, INVESTIU EM HOMENS, MÁQUINAS E GASTOU R$ 4,58 BILHÕES – ANTE UM ORÇAMENTO INICIAL DE R$ 1,2 BILHÃO – PARA FAZER O GASODUTO COARI-MANAUS, UMA MONUMENTAL OBRA DE 667 QUILÔMETROS

PARA TRANSPORTAR 4,1 MILHÕES DE METROS CÚBICOS/DIA.

ANUNCIADO COMO A “REVOLUÇÃO NA MATRIZ ENERGÉTICA” DO AMAZONAS, O GA-SODUTO TINHA COMO PRINCIPAL FOCO O ABASTECIMENTO DAS SETE USINAS TERME-LÉTRICAS INSTALADAS NO ENTORNO DE MANAUS, EM SUBSTITUIÇÃO AO DIESEL, QUE REDUZIRIA A TARIFA DE ENERGIA ELÉTRICA.

A OUTRA MARAVILHA ANUNCIADA GARANTIA QUE, COM A CHEGADA DA PRIMEIRA CARGA DE GÁS NATURAL VEICULAR (GNV) DA ESTAÇÃO PETROLÍFERA DE URUCU, OS TAXISTAS QUE ADE-RISSEM À “CULTURA DO GÁS”, TERIAM COMBUSTÍVEL MAIS BARATO E UMA FONTE DE ENERGIA MAIS LIMPA. CINCO ANOS DEPOIS, A “SEGUNDA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL”, COMO ANUNCIOU O PRESIDENTE LULA, AINDA NÃO ACONTECEU. ESPECIAL GASODUTO

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Dois de junho de 2006: o presidente foi a Coari, onde deu, simbolicamente, o primeiro pingo de solda no gasoduto

Operários rasgaram matas para levar em frente a tubulação Nas ruas de Manaus, placa de advertência para o perigo

Cuidado com o solde verão

A pele é o nosso maior órgão e o sol do Amazonas é inclemente. Cuide-se, antes de pegar um bron-zeado. O câncer de pele é o que mais atinge a população.

Máquinasroncam noGP Brasil

As cinco vitórias con-secutivas na Fórmula 1 não garantiram a Lewis Hamilton, da Mercedes, a oportunidade de faturar o seu bicampeonato no GP do Brasil de Fórmula 1, em Interlagos.

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A arte toma conta do largo de São Sebastião, neste domingo, com o projeto “Pintura ao Vivo”. Além das tintas e traços, é uma boa opção, também, para curtir jogos de capoeira, dança e teatro.

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A2 Última Hora MANAUS, DOMINGO, 9 DE NOVEMBRO DE 2014

Três pessoas ficaram gra-vemente feridas após uma balsa que trans-portava combustível ex-

plodir nas proximidades do muni-cípio de Jutaí (a 751 quilômetros de Manaus). O sinistro ocorreu na tarde da sexta-feira (7), quando, segundo informações prelimina-res, a embarcação teve o casco furado por um tronco submerso e na tentativa dos tripulantes de fazer a transferência do mate-rial, ocorreu a explosão.

A Marinha do Brasil, por in-termédio do Comando do 9º Distrito Naval, comunicou que a empresa Cidade Transporte Ltda., enviou, ainda no início da noite de sexta-feira, a Capitania Fluvial da Amazônia Ocidental (CFAOC), uma carta relatando a explosão envolvendo o comboio de duas balsas com o empur-rador “City XIII”.

Segundo o Comando 9º Dis-trito Naval, no documento a empresa informou que o aci-dente com a balsa que trans-portava derivado de petróleo (gasolina) de Manaus a Taba-tinga, no rio Solimões, ocorreu a quatro horas do município de Jutaí-AM, sendo que três pessoas ficaram feridas.

Ainda conforme a nota do comando, a empresa não re-latou a existência de desapa-recidos, mas de acordo com

o despacho realizado pela CFAOC, haviam seis tripu-lantes na embarcação.

As vítimas que tiveram quei-maduras em quase 95% do corpo seriam removidas ontem para Manaus. Até o fecha-mento desta edição ainda não se sabia o estado em que se encontravam as mesmas.

Também ontem pela manhã, uma aeronave da Marinha foi

empregada para condição de Inspetores Navais da Agência Fluvial de Tefé ao local do sinistro. Segundo o comando, os inspetores foram desloca-dos a fim apurar o ocorrido e iniciar os procedimentos para instaurar o competente Inqué-rito Administrativo sobre Fatos da Navegação (IAFN), visando apurar as causas e as respon-sabilidades pelo acidente.

Mais de 180 mil no Enem

O primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensi-no Médio (Enem) aconteceu neste sábado (8) com ques-tões de ciências humanas e ciências da natureza. No Amazonas, aproximadamen-te 185 mil candidatos de 56 municípios e mais a capital participam do certame.

O exame contará com quatro provas objetivas contendo 45 questões cada e uma redação. A duração da prova é de quatro horas.

A saída do local de prova é permitida após duas horas do início do exame, mas para levar o caderno de questões para casa é pre-ciso esperar até 30 minutos antes do término.

Hoje (9), as provas serão de linguagens, códigos e suas tecnologias; matemática e suas tecnologias; e a reda-ção. As provas realizadas no domingo terão cinco horas e meia de duração, uma hora a mais do que o dia anterior.

Os cadernos de questões estarão distribuídos em cinco cores diferentes: azul, ama-relo, branco, rosa e cinza. Cabe ao participante mar-car no cartão de resposta a cor do caderno de questões, assim como transcrever a frase apresentada na capa do caderno. O gabarito oficial do Enem deve ser divulgado no dia 12 de novembro e o resultado final, a partir do dia 28 de dezembro.

ONTEM

Casco da embarcação foi supostamente perfurado por um tronco, provocando a explosão próxima a Jutaí

Explosão em balsa deixa três gravemente feridos

RELATÓRIOMarinha do Brasil co-municou que a empre-sa Cidade Transporte Ltda., enviou, ainda no início da noite de sex-ta-feira, à Capitania Fluvial da Amazônia, uma carta relatando a explosão

Balsa que transportava combustível explodiu ao ter o casco perfurado por um tronco

Rosberg tem recorde em Interlagos

A Mercedes não cansa de quebrar recordes. Na última sessão de treinos livres antes do classifi-catório para o GP do Bra-sil de Fórmula 1, ontem (8), o alemão Nico Ros-berg foi o mais rápido. De quebra, cravou a volta mais rápida da história do circuito na categoria, com 1m10s446.

Para se ter noção do tamanho do domínio da Mercedes, o segundo co-locado no treino, o bri-tânico Lewis Hamilton, também quebou o recorde de 2004, que era de Ru-bens Barrichello na Ferrari (1m10s646). O líder da F-1 neste ano foi o segundo melhor, com 1m10s560.

A terceira colocação fi-cou com o brasileiro da Williams, Felipe Massa, que mostrou novamente que tem carro para brigar na frente neste GP. O bra-sileiro cravou o tempo de 1m10s875, superando seu companheiro de equipe, o finlandês Valtteri Bottas por 179 décimos.

Pelotão da frenteCompletando o pelotão

da frente, esteve o aus-traliano da Red Bull, Da-niel Ricciardo, que marcou 1m11s188, e foi seguido pelo britânico da McLaren, Jenson Button, que ficou na marca de 1m11s210. O finlandês Kimi Rai-kkonen, da Ferrari, foi o sétimo, com 1m11s316. O GP do Brasil será dis-putado hoje (9), com lar-gada prevista ara as 14 horas (12h de Manaus).

FÓRMULA 1

Dona Maria volta à cena em livro

HUMOR ÁCIDO

O livro “As Aventuras de Dona Maria: a Sogra que Ninguém Merece” teve lan-çamento especial na manhã de ontem, na Livraria Valer, no centro de Manaus, com sessão de autógrafos da au-tora, a jornalista e editora-executiva do EM TEMPO, Tricia Cabral.

A obra é uma reunião de 35 crônicas envolvendo a personagem Dona Maria, criada pela jornalista em histórias publicadas nos jornais “O Estado do Ama-zonas”, “Diário do Amazo-nas”, “Correio Amazonen-se” e “EM TEMPO”. “Tenho mais de 60 crônicas, mas resolvi enxugar para essas 35 e dei algumas atualiza-

das para a situação atual”, comenta a autora.

Tricia diz que Dona Maria é uma personagem tragicô-mica e que aborda temas como política e cotidiano com um humor ácido. “Ela é uma personagem pessimis-

ta, mas ao mesmo tempo leve”, justifica.

Dona Maria já tem seus 70 anos, mas não gosta de ser chamada de vó pelos netos, a qual chama de “sobrinhos”; é viúva e costuma se relacio-nar com homens bem mais novos. Uma personagem complexa e que cativa.

“As Aventuras de Dona Maria: a Sogra que Nin-guém Merece” já pode ser adquirido no valor de R$ 30. Por enquanto o livro está à venda somente na Livraria Valer, mas a autora diz que vai conversar com outras editoras para lançamento futuros e fazer com que o livro consiga atingir um público maior.

Jornalista Tricia Cabral lançou versão atualizada das crônicas da personagem Dona Maria

IONE MORENO

CRÔNICASA obra de Tricia Cabral é uma reunião de 35 crônicas envol-vendo a personagem Dona Maria, criada pela jornalista em histórias publicadas em alguns jornais do Amazonas

Vacinação contra sarampo vai até dia 28 em Manaus

A Prefeitura de Manaus realizou ontem o Dia D da Campanha contra a Paralisia Infantil e Sarampo. O evento realizado na Unidade Básica de Saúde Balbina Mestrinho, na Cidade Nova, Zona Norte da cidade, marcou a abertura da 35ª Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomieli-te e Sarampo, promovida em todo o país.

De acordo com o secretário municipal de Saúde, Homero de Miranda Leão, foi monta-do um grande esquema para alcançar aproximadamente 160.807 crianças entre seis meses e cinco anos contra a poliomielite. A meta, segundo ele é vacinar 95% (153.716 crianças), deste público.

No mesmo período também serão vacinadas crianças com idades de 1 a 5 anos contra o sarampo. Segundo o secretá-rio municipal de Saúde o públi-co-alvo são 141.224 crianças e a meta também é vacinar 95% (134.163) do público. “A partir

de hoje (ontem) serão 1.030 postos espalhados em toda a cidade, com mobilização de 5.384 profissionais de saúde para atender as mães que trouxerem os filhos para tomar as vacinas”, informou.

MetaConforme Leão, se a meta

for alcançada a cidade ficará dentro da faixa de segurança que o Ministério da Saúde con-sidera adequado com relação ao controle dessas doenças.

A doméstica Marciane de Almeida, 25, levou o filho de um ano e três meses para re-ceber as vacinas. Segundo ela, sempre trouxe a criança para ser vacinada nas campanhas anteriores. “É importante va-cinar nossos filhos para evitar que fique doente. Eu prefiro vir logo no primeiro dia do que deixar para depois”, afirmou.

A Campanha contra a Parali-sia Infantil e o Sarampo ocorre em todo o Estado e segue até o dia 28 de novembro.

CAMPANHA

Vacinação começou ontem em Manaus e se estende até dia 28

ALBERTO CÉSAR ARAÚJO

REPRODUÇÃO

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MANAUS, DOMINGO, 9 DE NOVEMBRO DE 2014 A3Opinião

Depois de um jantar, quinta-feira 6, com a presidente Dilma Rousseff , o presidente do PT, Rui Falcão, conseguiu articular uma frase que refl ete o pensamento de todos os que participaram do encontro, de quem não esteve lá, de quem não votou na presidente e de quem votou, enfi m, de toda a nação brasileira e observadores estrangeiros: “Todo mundo está curioso para saber o que vai acontecer nos próximos meses”. E mais não disse nem lhe foi perguntado.

O PT saiu das eleições, “magoado” com o distanciamento que a da presidente teria tido com os petistas. Eles querem mais intimidade política com a reeleita, o que não teria havido no primeiro mandato. Durante esse primeiro mandato, a presidente recebeu críticas por não ouvir a sigla na tomada de decisões estratégicas de governo e por não participar mais intensamente das discussões internas do partido. A quem Dilma teria ouvido, então? E por que não teria se recusado a participar do assembleísmo do partido, que marca reunião para marcar reunião?

Dilma saiu vitoriosa com 3,5 milhões a mais de votos (o que não é muita vantagem, quando se avalia o universo de eleitores e o perfi l das duas candidaturas que lhe tiraram o sono... e o humor, que já não é a sua melhor marca), apelando para um diálogo com a nação, mais vazio do que sua proposta de mudança, que foi o top da sua campanha. O que Dilma mudará, que não pôde ter mudado nos últimos quatro anos? Por que se deixou tentar em manter uma infl ação “sob controle”, com medidas absolutamente descontroladas?

Rui Falcão amou o jantar com Dilma. Enfim, ele e todos os companheiros e com-panheiras estiveram perto da presidente, como sempre sonharam. Mas ainda não têm a menor ideia de como será amanhã. Se eles que estiveram perto não sabem, imagine-se quem nunca esteve, nem estará.

Contexto3090-1017/8115-1149 [email protected]

Para as bandas de rock de Manaus, que em torno do show “Ação entre Amigos”, vão se juntar ao Lar das Marias na luta contra o câncer. O dinheiro arrecadado no show será doado à entidade.

Rock solidário

APLAUSOS VAIAS

Para os motoqueiros, que continuam carregando seus capacetes no braço e, por conta dessa irresponsabilidade, a maioria acaba morrendo nos acidentes frequentes nas ruas de Manaus.

Motoqueiro sem capaceteDIVULGAÇÃO DIVULGAÇÃO

[email protected]

O que todo mundo pergunta

Toda decisão é um ato que se processa sob tensão, uma vez que acontece numa situação de encru-zilhada, onde a bifurcação já nos diz que um dos caminhos leva ao sucesso e o outro inevitavelmen-te ao fracasso, senão ao desas-tre. Por vezes, as circunstâncias envolvidas são tão delicadas ou ameaçadoras que fazem parecer melhor não decidir, fugir do risco da opção, o que, afi nal, não deixará de ser também uma decisão.

Esta é uma refl exão que foi defl a-grada pela visita que recebi do inde-fectível Robério Braga, secretário de Cultura de longa duração e inegável sucesso. Aliás, ninguém permanece 18 anos em tão árdua função, sem êxito. De saída, reconheçamos que, à vista do que havia e do que hoje há nesse difícil terreno, a lide foi certamente pesada. Como não é possível ignorar e muito menos ne-gar a realidade cultural que se criou, antes em Manaus e depois em todo o Estado, alguns há que creditam o que foi feito ao puro fato de que foi concedido à gestão todo o tempo de que ela necessitou. É claro que isso contou e muito, pois nessa área nada pode ser construído em curto prazo e de afogadilho.

Na minha avaliação, contudo, o sucesso do trabalho de Robério deveu-se, sobretudo à feliz e rara coincidência da junção de duas qualidades pessoais que difi cil-mente se encontram num mesmo indivíduo: o acervo de conhecimen-to e de erudição que não pode faltar a quem pretenda gerir a cultura e, do outro lado, o talento de gestor, que lhe permitiu planejar e imple-mentar as ações culturais. Isso jun-tado à sensibilidade de respeitar as espontâneas, pré-existentes e naturais manifestações culturais de cada comunidade.

Mas, afi nal, por que iniciei a falar da gravidade e da tensão que en-

volvem as decisões que a vida nos coloca à frente com tanta frequên-cia? Lembremos de que os fi lósofos existencialistas contrapuseram as situações de que a liberdade de escolher é um dado concreto da existência humana, mas que coin-cide com a obrigatoriedade de não poder deixar de escolher.

Robério Braga, desde que recebeu em suas mãos a Secretaria de Cultu-ra, já passou por quatro governado-res, de índoles, estilos e ideologias diferentes e, neste momento, outra eleição se fez e um novo governo se institui para ocupar a cadeira. Fala-se já em renovação, segundo a ética da alternância do poder que, como princípio, é um dos pilares dos governos democráticos.

Há, porém, dois lados nesse pre-ciso caso da Secretaria de Cultura: um aspecto seria a saída de Robério, decidida em nome de um revigo-ramento que, hipoteticamente, se supõe decorra da substituição do antigo pelo novo, o que nem sempre é certo. O outro se prende ao fato subjacente de que o gestor da cul-tura fará dela um extravasamento daquilo que ele mesmo entende e vive como produção cultural e que, não sendo um produto científi co, será sempre defensável e justifi cá-vel, mesmo quando não se mostre o mais adequado e conveniente.

Com absoluta sinceridade, tenho muito medo de que se mudem os padrões culturais, hoje claramente sofi sticados e ricos, que Robério instituiu na sua gestão e, em seu lugar, venha um populismo cultural que sempre se acompanha do sim-plismo e da simploriedade. Muita falta faria a este Estado se nos tirassem a Filarmônica, o Corpo de Baile, o Coral, a Orquestra de Câmara e ainda todos os festivais e eventos que Robério nos deu. Estarí-amos irremediavelmente mutilados no âmbito cultural.

João Bosco Araú[email protected]

João Bosco Araújo

João Bosco Araújo

Diretor Executivo do Amazonas

EM TEMPO

O peso da decisão

[email protected]

Regi

Com absoluta sinceridade, tenho muito medo de que se mudem os padrões culturais, hoje claramente sofi sticados e ricos, que Ro-bério instituiu na sua ges-tão e, em seu lugar, venha um populismo cultural que sempre se acompanha do simplismo e da simplo-riedade”

É meu, é meu, é meu! Se o ministério for parar nas

mãos do PMDB, será inevitável um embate interno entre os se-nadores Eduardo Braga (AM) e Vital do Rêgo (PB) na disputa por essa nova vaga.

Atualmente o Ministério da Integração está sob o comando de Francisco José Coelho Teixei-ra, do Pros.

Meu xodó

Braga pode sair na frente por-que é líder do governo no Senado, cargo que o aproximou de Dilma nos últimos dois anos.

Na verdade, o senador ama-zonense sempre foi xodó de Lula.

Articulação

Depois de perder a eleição, Eduardo começou a se articu-lar para viabilizar como minis-teriável. Ele, contudo, não tem apoio da maioria da bancada peemedebista no Senado, que vê Braga como um articulador que joga apenas para si e não para o partido.

Vozes da seca

Vital do Rêgo, que esteve co-tado para Integração no ano passado, é o favorito do PMDB do Senado para comandar a pasta a partir de 2015.

Pesa a favor dele o fato de o Ministério da Integração ser uma pasta com programas voltados para o Nordeste, especialmente com ações de combate à seca no sertão.

Se hay tucano...

A presidente Dilma terá que re-

ver essa decisão, equivocada, de não enviar dinheiro para Manaus porque o prefeito é um tucano.

De acordo com Arthur Virgílio, se a presidente entendeu o “reca-do das urnas”, ela não terá mais força para perseguir ninguém.

Barriga cheia

Esta semana, pela rádio Ti-radentes, a senadora Vanessa Grazziotin disse que Arthur Neto reclama de barriga cheia quando afi rma que a presidente Dilma Rousseff não manda recursos para Manaus.

Ela citou o mercado Adolpho Lisboa e a Ponta Negra como obras bancadas pelo governo federal.

Sabe de nada!

Cinco minutos depois o prefei-to Arthur Neto entrou ao vivo e disse que Vanessa não sabe o que diz.

Explicou que a Ponta Negra foi construída com recursos da Corporação Andina de Fomento (CAF) e que o mercadão foi terminado após seis anos pa-rado e por conta de um novo acordo com a empresa que havia vencido a licitação em administrações passadas.

Pendura as chuteiras

No fi nal, Arthur mandou um conselho malcriado à senadora:

— Ela deveria é pendurar as chuteiras. Não sabe nem o que se passa na cidade –, disparou Virgílio.

Cara, crachá!

Virou rotina. Em todo jogo na Arena da

Amazônia os responsáveis da

Aclea (Associação de Cronistas e Locutores Esportivos do Ama-zonas) fi cam em frente à entrada da zona mista do estádio “fi scali-zando” se os profi ssionais que vão trabalhar na cobertura dos jogos têm a carteirinha da entidade. Se não tiverem são barrados.

Constrangimento

Aqueles que não batem o pé para exercer livremente sua pro-fi ssão, são constrangidos a pre-encher o formulário de adesão e pagar a taxa de R$ 60 para ter a tal carteirinha.

Para isso, até um guichê foi montado na entrada dos jorna-listas na arena.

Democracia F. C.

No próximo dia 30, Manaus vai receber o duelo entre Flamengo e Vitória.

E a prática deve se repetir.O ideal não seria deixar o jor-

nalista livre para decidir se quer ou não entrar para a Aclea?

Até ela

Até a senadora Vanessa Gra-zziotin, lulista desde pequenina, admite que o projeto político iniciado com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva precisa de ajustes.

Mesmo assim, acredita que ele permitiu que o Brasil enfrentasse a crise internacional preservando empregos e benefícios sociais.

Mudanças

Para Vanessa, o eleitorado bra-sileiro deu a maior parte dos votos a Dilma Rousseff , porque exige o aprofundamento das mudanças e a manutenção do compromisso com a justiça social.

Como alguns pitaqueiros de plantão anunciaram logo depois da eleição, o senador Edu-ardo Braga, candidato derrotado ao governo do Estado, pode vir a ser ministro no segundo governo de Dilma Rousseff .

De acordo com notícias do Planalto, o PMDB está de olho gordo no Ministério da Integração Nacional. E já até considera a pasta como sua, caso a presidente Dilma Rousseff conceda o Ministério da Educação para Cid Gomes (Pros), que deixa no fi nal do ano o governo do Ceará, depois de dois mandatos.

Braga ministeriável

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A4 Opinião MANAUS, DOMINGO, 9 DE NOVEMBRO DE 2014

Frase

Um dia destes recebi uma aula sobre a região do Careiro e os dois municípios que partilham este nome. Tomei conhecimento de que o Castanho é o Careiro e o mais antigo é o da Várzea. Quem me esclareceu com detalhes foi o padre Igínio, missionário, padre, religioso da congregação dos Oblatos de Maria Virgem. A ocasião foi o encontro que tive-mos para celebrar os 50 anos de sua ordenação. Deste meio século, trinta e seis anos foram passados no Careiro, fazendo deste sacer-dote uma das fi guras chaves de toda esta história que acabava de conhecer, exatamente dele, fon-te fi dedigna por que participante dos acontecimentos.

Pe. Igínio é parte de uma ge-ração que viveu um momento histórico fecundo e dramático da história da igreja e do Brasil. Chegando à Amazônia em pleno regime de exceção, mas no qual já apareciam sinais de restabe-lecimento da ordem democrá-tica fi ca ao lado do povo, das multidões e dos pobres. Dando testemunho de pobreza pesso-al, frequentando as casas das pessoas, visitando comunidades de difícil acesso, deixa claro de que lado está, qual a sociedade que deseja, que valores abraça. Empenha-se na formação de pessoas, organiza a ação social para que os mais pobres tenham acesso à educação e a profi s-sionalização. Mas não esquece a educação formal, habilitando-se como professor e assumindo aulas na rede publica.

A igreja também dá uma gui-nada neste período da história. Formado durante a realização do Concilio Vaticano 2º, de que acabamos de celebrar o cin-quentenário, abraça de corpo e alma a renovação da Igreja

que na Amazônia signifi cou a formação de comunidades, in-cluindo aí a formação de lide-ranças que fossem capazes de romper a estrutura do aviamento que tornava todos dependentes dos patrões com seus barra-cões. Com o passar do tempo o nosso homenageado fez um pouco de tudo, mas nos últimos anos empenhou-se na área da comunicação, organizando uma rádio, pupila dos seus olhos, a qual dedica suas madrugadas, se comunicando e anunciando a Boa Nova ao seu povo.

Nada tem de seu. Sua fi gura não lembra em nada os pregadores de sucesso que se enriquecem com a religião. Está mais para o servo inútil do Evangelho, que está convencido de que não fez mais que a sua obrigação, e que encontrou a felicidade e a reali-zação na graça que é participar da Missão, que é de Deus.

Diante dele estamos diante de um seguidor de Jesus, que não é perfeito, pois os perfeitos bastam-se a si mesmos e quan-do servem humilham. Continua com espírito jovem, sonhador, empreendedor, cheio de sonhos. É daqueles que incomodam, por-que tem palavra e por que são coerentes. De sandálias havaia-nas entra nas casas tirando-as como é o hábito nas residências dos pobres. Um gesto que na sua simplicidade indica respeito, dignidade, acolhida.

Como ele tantas pessoas fazem história de forma anônima, mas real. Semeiam verdade, amor, sabedoria, partilha, dignidade, respeito. Sem estas pessoas o mundo seria um caos. São elas que movidas pelo Espírito, o mesmo que pairava sobre o caos primordial, possibilitam a ordem e a vida.

Dom Sérgio Eduardo [email protected]

Dom Sérgio Eduardo Castriani

Dom Sérgio Edu-ardo Castriani

Arcebispo Metropolitano de

Manaus

Diante dele estamos diante de um seguidor de Jesus, que não é perfeito, pois os perfeitos bastam-se a si mesmos e quan-do servem humilham. Continua com espírito jovem, sonha-dor, empreen-dedor, cheio de sonhos. É daqueles que incomodam, porque são coerentes”

Igínio Mazzuchi

Olho da [email protected]

Está congelada, diante dos seus olhos, aquela que pode ser a última imagem de um “jaraqui de rio”, pois essa espécie, que é a mais popular, a mais abundante, a que tem mais ômega 3 do que o salmão e muitos outros peixes fashions dos nossos restaurantes, já foi colocada no defeso, o que signifi ca: até ele será consumido de viveiro. E virá de Roraima...

Quando eu coloco os dados na tela, o criminoso pega aquilo ali e vai olhar onde tem o polígono do desmatamento e aonde vai o Ibama. ‘Ih, o Ibama me pegou. Atenção pessoal, vamos sair da área’.

Muitos dizem que o Ibama esconde os dados: o Iba-ma esconde os dados do bandido, é isso que você

tem que começar a entender

Luciano de Meneses Evaristo, diretor do Ibama, tenta convencer que a não divulgação do aumento do desmatamento na Amazônia, que disparou em agosto e setembro, não tinha

intenção de favorecer a votação da presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição.

PainelVERA MAGALHÃES

A presidente Dilma Rousseff incumbiu o ministro Ricardo Berzoini (Relações Institucionais) de dar dois recados ao PMDB. O primeiro: o governo está disposto a apoiar qualquer depu-tado da base aliada para a presidência da Câmara, desde que o nome não seja o do líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ). O segundo é o apoio total e irrestrito à reeleição de Renan Calheiros (PMDB-AL) no Senado, num gesto para obter ajuda da cúpula do partido para desarmar a bomba da Câmara.

Pista livre Berzoini dirá aos peemedebistas que, se houver um nome de consenso na Câ-mara, o Planalto dissuadirá o PT de lançar candidato. Ele e Aloizio Mercadante (Casa Civil) se reúnem na quinta com a bancada petista para tratar do tema.

Para fora Aécio Neves (PSDB) tem dito a aliados que vai concentrar sua atuação mais no front externo que na tribuna do Senado.

Operação... Dois minis-tros de Dilma dizem que a discussão sobre regulação da mídia, que a petista foi pres-sionada a encampar para o segundo mandato, será feita em câmera lenta.

... Tartaruga O Planalto vai ouvir todos os lados antes de mandar uma proposta ao Congresso. E não moverá uma palha para que, uma vez lá, a proposta ande rápido.

Infantaria O ex-candidato tucano à Presidência lembra que o PSDB terá uma bancada reforçada a partir de janeiro. Deverá caber aos outros ca-ciques o embate com a tropa de choque governista no ple-

nário e nas comissões.

Overbooking 1 Outra ra-zão de insatisfação dos con-selheiros do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) com a gestão de Ricardo Lewando-wski foi uma resolução sobre gastos com viagens.

Overbooking 2 Pela nova regra, viagens para o exterior e para seminários só podem ser aceitas se forem pagas por quem convidou.

No show Lewandowski vetou viagens recentes para intercâmbio de conselheiros para a Espanha e para Hong Kong. No caso da última, o conselheiro Saulo Bahia fez uma justifi cativa de quase uma hora em plenário, mas não obteve autorização.

Portfólio Cotado para o Ministério das Cidades, Gil-berto Kassab (PSD) passou a usar sua conta no Twitter nas últimas semanas para divul-gar ações de prevenção de acidentes de trânsito e planos de habitação popular --dois temas afeitos à pasta.

Pode, Arnaldo? Geraldo Al-ckmin (PSDB) solicitou ao corpo

jurídico do governo paulista que analise as propostas de fusão de secretarias que pretende anun-ciar para o próximo mandato.

Ele não O prefeito Fernan-do Haddad não vê com bons olhos a candidatura do ex-secretário Antonio Donato à presidência da Câmara. Alia-dos do prefeito de São Pau-lo lembram que as relações entre ele e o antigo auxiliar nunca se restabeleceram.

Penitência A bancada evan-gélica da Câmara Municipal de São Paulo promete obstruir a pauta e difi cultar a vida da prefeitura até que seja regula-rizado o templo de Salomão, da Igreja Universal.

Provisório O templo obteve alvará normalmente concedi-do para eventos para que pu-desse ser inaugurado, mas o aval defi nitivo ainda depende de regularização.

1 + 1 Avançaram as nego-ciações para a fusão entre DEM e Solidariedade, capi-taneadas pelo prefeito de Salvador, ACM Neto. A ideia enfrenta resistências no ex-PFL, a começar do presidente, senador José Agripino.

Tudo menos isso

Contraponto

No segundo turno da disputa presidencial, quando as pesquisas mostravam Aécio Neves (PSDB) numericamente à frente de Dilma Rousseff , o vice Michel Temer e o ministro Moreira Franco (Aviação Civil) participaram de um evento no Rio. Na volta, de helicóptero, sobrevoaram a igreja de Nossa Senhora da Penha, que fi ca no alto de uma escadaria de 382 degraus. Moreira desabafou:– Michel, nós deveríamos fazer uma promessa para ganhar essa eleição...– Que promessa? – perguntou Temer.– Se nós ganharmos, você sobe a escadaria de joelhos!

Publicado simultaneamente com o jornal “Folha de S.Paulo”

Terceirizando o milagre

Tiroteio

DE AÉCIO NEVES (PSDB-MG), candidato derrotado à Presidência, sobre a presidente ado-tar medidas econômicas que, na eleição, atribuía aos opositores.

A Dilma da campanha e esta não parecem ser a mesma pessoa. O eleitor votou em uma e agora está sendo apresentado à outra.

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MANAUS, DOMINGO, 9 DE NOVEMBRO DE 2014 A5Política

Três suplentes estreiam mandato na CMM em 2015Ceará do Santa Etelvina, Doutor Ewerton e Pastora Luciana têm em comum histórias de lideranças em suas comunidades

A Câmara Municipal de Manaus (CMM) conta-rá com a presença de três vereadores nova-

tos a partir de 1º de janeiro de 2015, que prometem en-dossar a voz das comunidades carentes dentro do parlamen-to. Ceará do Santa Etelvina (DEM), Pastora Luciana (PP) e Doutor Ewerton Wander-ley (PSDB), que substituirão Carlos Alberto (PRB), Doutor Gomes (PSD) e Bosco Sarai-va (PSDB), respectivamente, eleitos deputados estaduais nestas últimas eleições.

Com a ascensão destes três vereadores à Assembleia Le-gislativa do Estado (Aleam), eles abrem espaço para os suplentes, que têm o papel de substituir os titulares em caso de vacância do cargo (por morte, renúncia, impedimento, concessão de licença saúde, concessão de licença por inte-resse próprio). Serão 2 anos de mandato para estes suplentes, que irão se tornar titulares e donos em definitivo destas cadeiras.

Médico e natural do Pará, Doutor Ewerton Campos Wanderley obteve 5.665 votos (0,60%) nas eleições municipais de 2012, ficando na suplência do PSDB; Pastora Luciana (PP), suplente da coligação Melhor para Manaus I, obteve 5.654 votos (0,60%) e Ceará do Santa Etelvina (DEM) que ficou como suplente na coligação Renova Manaus, recebeu naquele pleito 2.611 votos (0,28%).

O suplente do vereador Pastor Carlos Alberto, o líder comunitário Ceará do Santa Etelvina, que é casado e pai de oito filhos, chega à vida política com o objetivo de dar continui-dade ao trabalho iniciado jun-

to aos núcleos comunitários. Areas de saneamento básico, educação, saúde e mobilidade urbana devem ser os focos do estreante na Câmara.

“Meu sonho é e sempre foi ver as áreas mais pobres de Manaus oferecendo o míni-mo de dignidade para seus moradores. Comecei a lutar por essa causa dentro da comunidade em que moro e agora terei a oportunidade de estender para o restante da cidade. Nunca tive pretensões políticas, mas com a influência de um amigo, pude perceber que ela é o meio para que as coisas aconteçam”, declarou. Ceará ressaltou que não pre-

tende abandonar as origens e que deve aliar as atividades no parlamento ao trabalho corpo a corpo, junto à população.

Apesar de ocupar um man-dato pela primeira vez, Ceará do Santa Etelvina participou de quatro processos eleitorais. O primeiro em 2008, quando disputou uma vaga na CMM, e saiu com 1.562 votos; 2010, quando tentou uma cadeira na Aleam e terminou com aproxi-madamente cinco mil votos; 2012, quando conseguiu a atual suplência e, neste pleito, onde mais uma vez concorreu a uma das 24 vagas da Aleam. Neste processo, Ceará do Santa Etel-vina angariou 6.597 votos.

Ainda de acordo com o fu-turo vereador, dependendo de como for seu desempenho no Legislativo municipal, existe a possibilidade de tentar a reeleição para o cargo. “Vou trabalhar, fazer o meu melhor, e se achar que realmente vale a pena, posso pensar em uma reeleição”, ponderou.

Luciana Alves da Silva, ou pastora Luciana, como é co-nhecida, é ex-moradora de rua e promete manter o mandato voltado ao resgate dos consi-derados grupos de risco. Ela é a segunda suplente da coli-gação formada entre PP/PSD/PCdoB e ainda nas eleições deste ano concorreu ao cargo de deputada estadual.

No lugar do então presi-dente da CMM, vereador Bos-co Saraiva, entrará o médico Ewerton Wanderley. Casado e pai de dois filhos, o tucano já conhece o parlamento, do qual fez parte entre março e novembro do ano passado, quando assumiu a vaga do ti-tular, Plínio Valério (PSDB) que, por sua vez, havia assumido a suplência do deputado federal Pauderney Avelino (DEM), que estava licenciado à época ocu-pando o cargo de secretário municipal de Educação.

Nesta curta experiência no Legislativo, Doutor Ewerton chegou a apresentar projetos de lei voltados para a captação de energia solar, mobilidade urbana e defesa dos animais.

“Como médico, sempre estou em órgãos públicos com grande circulação de pessoas; dessa experiência, sentia vontade de fazer mais e ajudar mais. Sei que escolhi uma boa casa para isso. Meu partido me dá gran-des exemplos de homens públi-cos, como o prefeito da cidade Arthur Neto, e sei que, como ele, vou poder fazer a diferença na vida das pessoas”, finalizou.

Médico Ewerton Wanderley é o único entre os três que já teve experiência no Legislativo municipal

Ex-moradora de rua, pastora Luciana quer focar seu mandato no resgate de grupos de risco

Ceará do Santa Etelvina promete estender suas bandeiras de lutas para toda a cidade de Manaus

BENEFÍCIOSLíder comunitário, médi-co e pastora evangélica, os três irão receber salário mensal de R$ 15 mil e benefícios para seus respectivos gabi-netes, como a Ceap de R$ 14 mil e verba de gabinete, de R$ 60 mil

Câmara Municipal de Manaus será o ambiente de trabalho dos três suplentes nos próximos 2 anos de mandato. Eles vão integrar o grupo de 41 vereadores que representam o povo de Manaus

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JOELMA MUNIZEquipe EM TEMPO

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A6 Política MANAUS, DOMINGO, 9 DE NOVEMBRO DE 2014

Lobista do PMDB se ofe-receu para depor 3 vezes

Citado como o lobista do PMDB junto à maracutaia da Petrobras, Fernando Soares, o “Fernando Baiano”, já se ofereceu três vezes, por meio dos advogados, para prestar depoimento à Justiça Fede-ral no âmbito da operação Lava Jato. Ainda não obteve resposta. Ansioso, conside-ra fechar acordo de delação premiada para contar tudo o que sabe. Se fi zer isso mesmo, pode comprometer toda a cúpula do PMDB.

Bem longePelo sim, pelo não, “Fernan-

do Baiano” está no exterior, bem distante de uma eventual operação Lava Jato II. Dias atrás foi visto em Miami.

DelaçãoO megadoleiro Alberto

Youssef, que fazia o “varejo” do esquema de corrupção e pagamento de propinas, im-plicou “Fernando Baiano”.

EsclarecimentosO lobista do PMDB disse

a amigos não fazer ideia do que é acusado, por isso pro-curou a Justiça para “prestar esclarecimentos”.

Belos ‘parceiros’Investiga-se a “parceria” de

Fernando Baiano com Nestor Cerveró, ex-diretor da Petro-bras na época da negociata da refi naria de Pasadena.

Processo de Maluf dormi-ta no TSE há um mês

O processo contra Paulo Maluf parou no Tribunal Su-perior Eleitoral desde 2 de outubro, quando foi liberado para ir a plenário pela relato-ra, ministra Luciana Lóssio. O TSE barrou a candidatura de Maluf a deputado federal com base na Lei da Ficha Limpa. A pauta do TSE está bem

enxuta, mas o presidente, mi-nistro DiasToff oli, que defi ne o que vai ou não a julgamento, mantém o recurso longe da apreciação. Pela praxe, regis-tros de candidatura devem ter prioridade máxima.

Vapt-vuptNa quinta (6), a sessão or-

dinária do TSE, onde pendên-cias devem ser apreciadas, foi encerrada em menos de uma hora.

Reversão possívelCom a demora, Maluf e seus

advogados podem trabalhar para reverter algum voto con-trário. A votação contra ele foi apertada: 4x3.

Na mira da InterpolPaulo Maluf não pode sair do

país para não ser preso pela Interpol, que está à espreita. A França irá julgá-lo por lava-gem de dinheiro.

Bem me quer, mal me querLula prefere o ex-presidente

do Banco Central Henrique Meirelles, mas a “nova” Dilma só aceita na Fazenda quem tem tímpano complacente, como Guido Mantega, que além de ouvir seus gritos sem reclamar, ainda se sujeita a “chás de cadeira” que chegam a quatro horas.

Mais do que nuncaLíder da oposição, Domin-

gos Sávio (MG) defende o compartilhamento das dela-ções premiadas da Lava Jato com a CPMI da Petrobras, “até para dissipar a ideia de conluio para livrar quem quer que seja”.

‘Prost!’O parlamento alemão apro-

vou a prorrogação por cinco anos do acordo nuclear Bra-sil-Alemanha, sob protesto do Partido Verde. Assinado na

ditadura, o acordo garante mais R$ 3 bilhões para a encrencada usina Angra II. A Alemanha está fechando suas usinas nucleares.

Fumo de roloDilma recebeu na sexta (7) o

presidente do Uruguai. Parece que José Mujica tentou em vão calçar nela suas sandálias da humildade. Ele, que de bobo não tem nada, quer vender o excedente de gás ao Brasil.

Apenas barbeiragem?Tucanos criticam os erros do

deputado Carlos Sampaio (SP), que teria agido sozinho ao pedir ao TSE a auditoria do resultado das eleições e ao fazer acordo com o PT para matar a CPMI da Petrobras.

Fora do padrãoHabituados ao tempera-

mento difícil de Dilma, par-lamentares e governadores do PT fi caram surpresos com o aparente bom humor dela-na confraternização (inédita, em quatro anos) na última quinta (6).

Fraude no PronafO deputado Nilson Leitão

(PSDB-MT) tentará aprovar na Comissão de Agricultura a convocação do ministro Guido Mantega (Fazenda) para expli-car desvios no Programa de Agricultura Familiar (Pronaf).

‘Tamos’ aí O senador Waldemir Moka

(PMDB-MS) topa disputar a pre-sidência do Senado, após Renan Calheiros (AL) negar interesse em novo mandato. Há pelo me-nos outros cinco candidatos ao cargo, só no PMDB.

Pensando bem......se Renan Calheiros não

fosse mesmo candidato a novo mandato de dois anos na presidência do Senado, ele jamais diria isso.

Cláudio HumbertoCOM ANA PAULA LEITÃO E TERESA BARROS

Jornalista

www.claudiohumberto.com.br

O governo começa com a herança maldita que ele mesmo criou”

SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-DF), criti-cando os desacertos do governo Dilma

PODER SEM PUDOR

A mão da HistóriaA mão trêmula de José Sarney, nas ima-

gens do seu voto em Aécio Neves (PSDB), no 2º turno das eleições presidenciais de 2014, lembra outro momento histórico: sua posse na Presidência da República, em 1985. Sarney estava devastado com a morte de Tancredo Neves e assustado com a “herança”. Percebendo seu nervosismo instantes do juramento (que faria com a mesma mão trêmula, es-tendida), o então presidente da Câmara, Ulysses Guimarães, sob testemunho do fiel escudeiro Heráclito Fortes, deu uma força:

- Vamos lá, Sarney, isto é como a primeira vez em que uma donzela faz sexo: dói, mas é bom...

As gargalhadas o fi zeram relaxar, e Sarney prestou o juramento e entrou para a História.

Responsável pelo marketing político do senador eleito Omar Aziz, Jeff erson Coronel fala da trajetória da eleição

Marqueteiro aposta em campanha humanizada

Experiente, Jeff erson Coronel foi um dos responsáveis pela eleição vitoriosa de Omar Aziz (PSD)

A campanha política das eleições 2014 no Ama-zonas não produziu apenas os vitoriosos

nas urnas, mas sobretudo um conceito de marketing eleitoral que gira em torno das caracte-rísticas do próprio candidato. Foi isso que o marqueteiro Jeff erson Coronel e sua equipe da JCoronel Comunicação e Marketing aplicou na candi-datura do ex-governador Omar Aziz (PSD) ao Senado.

Eleito senador com quase um milhão de votos, o equivalente a 58,5% da totalidade das urnas apuradas, a campanha de Omar é tratada como um “case” pelo marqueteiro. Se-gundo Coronel, não foi sua expertise que construiu a can-didatura do ex-governador, mas sim o próprio Omar, com suas características e experi-ência de vida. “Eu não construo campanha. Junto as peças de um quebra-cabeça e formulo uma proposta de marketing, de comunicação, a partir da história do candidato. Não fi -zemos nada diferente do que é a personalidade do Omar”, explicou o marqueteiro.

Segundo ele, a trajetória da campanha do senador eleito foi toda baseada numa linha editorial que priorizava o lado mais humano do candidato, da sua experiência positiva como gestor e o contato direto com a população. “A ideia foi fazer uma campanha com cara de gente. Do Omar se relacionan-do com as pessoas, interagin-do, conversando. Mostrar uma pessoa que havia promovido uma grande mudança de ati-tude do governo, o qual se

voltou mais para a prestação de serviço do que somente para a construção de obras ou produção de números”, disse. Coronel acrescentou que o pró-prio candidato participou da construção de seu programa eleitoral e do marketing polí-tico de sua campanha.

Ele acrescenta ainda que a mulher de Omar, Nejmi Aziz, teve papel fundamental nes-sa vitória e arrisca dizer que, mesmo ela não tendo mandato político, é o ser político mais carismático desse Estado.

O empresário frisou que o

marketing adotado por ele ao seu cliente não foi a cria-ção de uma imagem falsa e sim potencializar no vídeo as características do candida-to. E ele cita como um de-sastre de carreira política o marketing aplicado ao então candidato à presidente da República nas eleições presi-denciais de 1989, Fernando Collor de Mello (PTB).

“O marketing do Collor des-truiu sua carreira política por-que criaram um fantoche que, quando chegou ao governo, não funcionou. Muito embora ele seja hoje um senador, Fer-

nando Collor é um homem de um semblante pesado. E, na-quela época, ele era um político de futuro”, analisou Coronel. Na sua avaliação, a meteóri-ca ascensão do ex-presidente Collor vista por marqueteiros como um grande “case” nada foi senão uma aula de como destruir uma carreira política.

UFC eleitoralCom 24 anos atuando no

marketing político, com 13 campanhas eleitorais no currí-culo e oito vezes secretário de Comunicação seja do Estado ou da Prefeitura de Manaus, o gaúcho de nascimento, mas amazonense de coração, Jeff er-son Coronel, avalia que nestas eleições 2014 o que se viu foi um verdadeiro “UFC eleitoral”. “Está valendo tudo em campa-nha, infelizmente. As pessoas estão perdendo o limite daquilo que pode ser levado para o vídeo e daquilo que pode ser explorado durante uma campanha eleito-ral. Virou um vale-tudo. Um UFC eleitoral”, analisou.

Mas ele fez questão de fri-sar que essa tática da “panca-daria” não foi característica da campanha de seu cliente. “Os programas eleitorais do Omar foram todos positivos. A única fugidinha que nós de-mos foi um direito de respos-ta que ganhamos na Justiça Eleitoral”, acrescentou.

Segundo ele, a “pancadaria degradante” que houve em muitas candidaturas, não só do Amazonas, mas em nível de Brasil, atribui-se muito ao estilo do PT, não da presidente Dilma Rousseff . “A frase de Lula: ‘vocês não sabem do que somos capazes de fazer para ganhar a eleição’ balizou um pouco o marketing eleitoral”, afi rmou.

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VALÉRIA COSTAEquipe EM TEMPO

A ideia foi fazer uma campanha com

cara de gente. Do Omar se relacionan-do com as pessoas, interagindo, conver-

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Jeff erson Coronel, empresário

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MANAUS, DOMINGO, 9 DE NOVEMBRO DE 2014 A7Com a palavra

É importante acabar de vez com essa discussão de que querem controlar conteúdo (...). Nossa proposta é exatamente o contrário: não haverá lei que pos-sa limitar a liberdade de expressão”

Nossa prio-ridade é combater a desigualda-de social e desenvolver a economia por meio da geração de emprego, in-vestindo em educação e saúde, como vem sendo feito desde 2003”

Ministro-chefe da Secretaria de Re-lações Institucio-nais do governo da

presidente Dilma Rousseff , o petista Ricardo Berzoini é um dos quadros mais infl uentes do Partido dos Trabalhadores (PT). Com um extenso currículo de serviços prestados à legen-da – ele já foi presidente do partido por duas vezes – Ber-zoini desponta, hoje, como um dos cotados para assumir o Ministério das Comunicações e levar a cabo o projeto de re-gulação da mídia, matéria que tem causado tanta polêmica neste período pós-eleição, em que os ânimos ainda estão extremamente exaltados.

Entrevistado pelo EM TEM-PO numa conversa por e-mail, o ministro das Relações Insti-tucionais defende o governo Dilma das acusações do pre-feito de Manaus, Arthur Neto (PSDB), de que não estaria recebendo verbas federais para o município. Segundo ele, a gestão petista tem uma postura “completamente re-publicana” na distribuição dos recursos. Questionado sobre os projetos do governo fe-deral para o Amazonas, ele afi rma que a Região Norte é uma das prioridades.

EM TEMPO – Na qualida-de de ministro das Relações Institucionais, como o se-nhor vem trabalhando as demandas do Amazonas e da cidade de Manaus junto ao governo federal?

Ricardo Berzoini - A Re-gião Norte é uma das prio-ridades do governo federal desde o primeiro governo Lula, devido aos enormes gargalos acumulados durante anos dos governos passados. No Ama-zonas, por exemplo, há mais de mil empreendimentos do PAC 2 - dos quais 170 já foram concluídos. Só em Manaus são 242 empreendimentos. Há um diálogo permanente com os prefeitos e governadores da região, que já resultou em várias parcerias.

EM TEMPO - O prefeito de Manaus, Arthur Neto, do PSDB, tem afi rmado ter tido muita difi culda-de, desde que assumiu a prefeitura, de conseguir recursos federais para cá

ou mesmo diálogo com a presidente Dilma. Como o senhor explica isso?

RB - Isso não é verda-de. Nosso governo tem uma postura completamente re-publicana na distribuição de recursos. A administração da presidente Dilma já repassou quase R$ 5 bilhões a Manaus desde 2011 - só neste ano já houve um repasse de mais de R$ 1 bilhão. Basta consultar o Portal da Transparência na internet. O que é preciso dei-xar claro é que o governo não pode passar um cheque em branco para os governantes - é preciso que haja projetos prontos para que, aí, sim, o governo federal entre com os recursos. Milhares de prefei-tos em todo o país, de diversos partidos, são contemplados com recursos federais, con-tanto que apresentem bons projetos. Os investimentos da Copa do Mundo são um exemplo disso.

EM TEMPO - O senhor poderia, então, enumerar recursos e articulações tra-tadas no âmbito de seu ministério para a nossa região?

RB - Só em Manaus, mais de dez mil estudantes se ma-tricularam no Pronatec para obter ensino técnico gratuito e de qualidade. Educação é uma prioridade. Já são mais de 23 mil manauenses bene-fi ciados pelo ProUni e outros 21 mil atendidos pelo Fies. O Ciência Sem Fronteiras já concedeu bolsas a mais de 600 estudantes na capital do Ama-zonas. Além disso, entre 2010 e 2013, os repasses para a saúde cresceram quase 50%, saltando de R$ 113 milhões para R$ 166 milhões. Há ain-da 101 médicos do programa Mais Médicos no município. Mais de 1,5 mil ligações de energia elétrica foram feitas em Manaus pelo programa Luz para Todos desde 2011. Na cidade também temos 129 mil famílias atendidas pelo Bolsa Família - um acréscimo de quase 15 mil famílias desde o início do governo Dilma.

EM TEMPO - Uma gran-de “grita” entre prefeitos de todo o Brasil, inclusive do Amazonas, é sobre os recursos do FPM. Tramita no Congresso projeto que reajusta o percentual des-te repasse. O Planalto vai

apoiar este projeto?RB - Um acordo entre o

nosso governo e uma maioria no Congresso pode possibi-litar às prefeituras de todo o Brasil um incremento de R$ 3,8 bilhões em repasses diretos entre 2015 e 2016. Se aprovado, isso será obtido com o reajuste do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que será feito em 2 anos: 0,5 ponto no primeiro e 0,5 ponto no segundo. Com isso, o repasse total aos muni-cípios, hoje de 23,5%, passará a 24,5%. (Na semana passada, num acordo entre líderes e governo, a Câmara Federal aprovou em primeiro turno este projeto).

EM TEMPO - Desde que o ex-presidente Lula foi elei-to, em 2002, o Amazonas sempre tem sido generoso com votos para o projeto do PT. E este ano não foi di-ferente. Como o Amazonas está nos planos de governo da presidente Dilma?

RB - Nossa prioridade é combater a desigualdade social e desenvolver a eco-nomia por meio da gera-ção de emprego, investindo em educação e saúde, como vem sendo feito desde 2003, quando o ex-presidente Lula iniciou no Brasil um novo modelo de desenvolvimento que traz como foco princi-pal a expansão social dos que sempre foram excluídos, uma verdadeira mudança de paradigma. Hoje, há mais de 554 mil vagas formais de em-prego na cidade - um recorde absoluto que representa uma alta de 112% em relação a janeiro de 2003, no fi m do governo FHC. Recentemente, comemoramos a aprovação da PEC que renova a Zona Franca de Manaus por mais 50 anos, bem como os be-nefícios concedidos para as companhias instaladas na re-gião. O fi m deles estava pre-visto para 2023, mas agora serão prorrogados até 2073. Ao mesmo tempo, aprovamos a prorrogação aos incentivos da Lei de Informática por mais dez anos. A indústria de informática terá redução de 80% do Imposto sobre Produ-tos Industrializados (IPI) até 2024; de 75% até 2026, e de 70% até 2029. Isso vai gerar empregos e continuar a desenvolver a economia de toda a Região Norte.

EM TEMPO - Nos bastido-res, o senhor é cotado para assumir o Ministério das Comunicações. O senhor confi rma? Tem interesse em dirigir esta pasta?

RB - Eu estou à disposição da presidente Dilma e do meu partido para qualquer mis-são no governo. Não há nada de concreto. Por enquanto é tudo especulação.

EM TEMPO - Com a ree-leição da presidente Dilma e os recentes acontecimentos envolvendo sua candidatu-ra e a imprensa, veio à tona pelo governo levar a cabo o projeto de regulação da mídia. O senhor é a favor dessa iniciativa? Por quê?

RB -Sou favorável à regula-mentação para o cumprimento do que está na Constituição. É importante acabar de vez com essa discussão de que querem controlar conteúdo, fazer cen-sura, porque a nossa proposta é exatamente o contrário disso: não haverá lei que possa limitar a liberdade de expressão, de comunicação. É isso que nós defendemos. O que nós esta-mos querendo discutir é o papel econômico da Comunicação e o amplo direito de defesa da sociedade, da mesma forma que já foi feito em países como Portugal e Inglaterra.

EM TEMPO - Nesta elei-ção, fi cou mais evidente a polarização entre PT e PSDB. Qual a estratégia do PT para se reinventar na política partidária e dar um novo ar ao segundo manda-to de Dilma?

RB - O PT seguirá lutando para implementar o projeto de desenvolvimento com in-clusão iniciado há 12 anos, mas sempre com a certeza de que ainda temos muito a fazer, sabendo que estamos longe daquilo que conside-ramos ideal. Queremos um segundo governo da presi-dente Dilma pautado pelo diálogo com todos os setores da sociedade. Há tempos eu não via uma juventude tão ávida por política de qualida-de, por participação e isso é um excelente sinal - acho que o caminho para um governo de sucesso passa por ou-virmos muito e praticarmos aquilo que foi pactuado com a sociedade nas urnas. Tenho certeza que ao final de 4 anos teremos sucesso.

‘A RegiãoNORTE É uma das PRIORIDADES do governo FEDERAL’

Ricardo BERZOINI

No Amazonas, por exemplo, há mais de mil empreendimentos do PAC 2, dos quais 170 já foram concluí-dos. Só em Manaus são 242 empreendimentos. Há um diálogo perma-nente com os prefeitos e governadores da re-gião, que já resultou em várias parcerias”

VALÉRIA COSTAEquipe EM TEMPO

FOTOS: THAMYRES FERREIRA/SRI/PR

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A8 Política MANAUS, DOMINGO, 9 DE NOVEMBRO DE 2014

PSDB ensaia apresentar relatório paralelo de CPMIConclusão oficial da comissão parlamentar será elaborado pelo relator, deputado Marco Maia (PT), para votação em dezembro

O PSDB poderá apre-sentar um relató-rio paralelo ao final da Comissão

Parlamentar Mista de Inqué-rito (CPMI) da Petrobras, em dezembro. A informação foi dada pelo deputado Izalci (PSDB-DF), que é vice-líder do partido.

“Já sabemos que houve car-tel, superfaturamentos, vários aditivos maiores do que os contratos originais, notas emitidas por empresas fan-tasmas e desvios”, disse Izalci. Ele afirmou que ainda falta sa-ber, no entanto, para onde foi o dinheiro e quais autoridades foram beneficiadas.

A CPMI quer identificar os beneficiários do dinheiro des-viado da Petrobras por meio do acesso à delação premiada do ex-diretor de Abastecimen-to da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef. Esse acesso depen-derá da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, que aguarda manifestação do procurador-geral da Repúbli-ca, Rodrigo Janot.

Na tentativa de identificar os beneficiários mesmo sem o acesso à delação premiada, o deputado Izalci apresentou

requerimento, neste mês, para convocar o presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do Ministério da Fazenda. O deputado argumenta que houve vários saques na boca do caixa que poderiam ser identificados, caso a regra do Coaf de registro de saques acima de R$ 10 mil esteja sendo cumprida.

Nova CPMIA CPMI da Petrobras já

dispõe de assinaturas (de 27 senadores e 171 deputados) para prorrogar seus traba-lhos de 23 deste mês até 22 de dezembro. Além disso, os líderes do PSDB, do DEM, do PPS e do Solidariedade (SDD) anunciaram a coleta de assinaturas para a criação de uma nova CPMI da Petrobras, logo no início da próxima legislatura, em 2015.

Esses partidos divulgaram nota para esclarecer que não fizeram acordo para proteger políticos na CPMI. Em nota ofi-cial, o PSDB afirma defender “a responsabilização de todos que cometeram eventuais cri-mes, independentemente da filiação partidária”.

O relator da CPMI, deputado Marco Maia (PT-RS), anunciou

nesta semana um acordo dos parlamentares para focar o período restante de trabalho nas irregularidades da Petro-bras relacionadas ao esque-ma de lavagem de dinheiro e evasão de divisas investigado na operação Lava Jato, da Po-lícia Federal. Diante do acordo, os depoimentos de políticos, tesoureiros e dirigentes par-tidários que possam estar citados nas delações pre-miadas de Costa e Youssef foram descartados.

“Foi um acordo político feito por todos os presentes, de to-dos os partidos. Resolveu-se, em função da falta de densi-dade das denúncias que foram feitas, não produzir nenhum tipo de convocação de oitiva [de políticos] neste momento”, disse Marco Maia.

ProrrogaçãoEnquanto a CPI mista quer

prorrogar o prazo das investi-gações, a comissão de inqué-rito que acontece somente no Senado conseguiu, na última sexta-feira, prorrogar os tra-balhos da CPI da Petrobras para até 22 de dezembro.

A manobra foi dos integran-tes do PMDB que integram a comissão como forma de pres-sionar o Palácio do Planalto. Deputado do PSDB disse que seu partido vai apresentar relatório paralelo da CPMI da Petrobras

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[email protected], DOMINGO, 9 DE NOVEMBRO DE 2014 (92) 3090-1045

A Petrobras rasgou florestas, venceu rios, investiu em homens, máquinas e gastou 2,4 bilhões para fazer o gasoduto chegar a Manaus. Mas até hoje o gás não entrou na vida do amazonense

A REVOLUÇÃO QUE NÃO ACONTECEUGASODUTO

A largada para que o gasoduto Coari-Manaus rasgasse a Floresta Amazô-

nica e atravessasse rios em direção à capital foi dada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 2 de junho de 2006. Com um sorriso que ia de ponta a ponta da orelha e ao lado do também feliz governa-dor da época, Eduardo Braga (PMDB), o presidente deu o pingo de solda simbólico na obra. O gesto, aplaudido por políticos, empresários e ope-rários que foram a Coari para o dia simbólico, marcava o início das obras.

Apesar de ser apenas um pingo de solda, o presidente fez um desabafo como se a obra já estivesse sendo inaugurada. Disse que não foi fácil chegar até ali. Isto porque rolou muita discussão e demora no licenciamento ambiental para a realização do gasoduto. Por isso o tra-balho só pôde ser iniciado naquele junho de 2006, com a expectativa de que fi caria pronto em 2008, isto é, no prazo de 21 meses. Sendo assim, o gasoduto já come-çava atrasado.

— Não pensem que foi fácil. Foram mais de dois anos entre planejar essa obra e executá-la. Foram brigas e mais brigas, na Justiça Estadual, na Justiça Federal, no Ibama, no Ministério Pú-blico Federal, uma confusão. Depois teve briga com as empresas para que baixas-sem os preços.

Ao jogar na cara daqueles que “não acreditam e torciam contra o gasoduto ”, o presi-dente exagerou, chamando o gás de Coari de “a segunda revolução industrial que o Estado do Amazonas vive”.

- A primeira foi a Zona Franca – disse, empolgado, Lula.

Após o pingo de solda pre-sidencial, começava a mais fantástica aventura na sel-va. A “segunda revolução in-dustrial”, como chamou Lula. Com aproximadamente 520 quilômetros de extensão (in-cluindo ramais), o gasodu-to Coari–Manaus começou a avançar vencendo todas as intempéries da hostil Floresta Amazônica. Como uma serpente se arrastan-do no capinzal, atravessou os municípios de Coari, Co-dajás, Anamã, Caapiranga, Manacapuru e Iranduba, até “boiar” em Manaus. Adicio-nado ao trecho já existente do Urucu, o gasoduto atin-giria uma extensão total de 667 quilômetros.

Para se ter ideia da saga na fl oresta, a Petrobras também implantou medidas adicio-nais para preservação dos rios e igarapés da região. Nos 661 quilômetros de extensão da linha tronco do gasoduto, foram realizados 19 furos direcionais, obras especiais onde o gasoduto é enterrado abaixo do leito do rio. O mais longo e profundo foi o do rio Solimões. Foram 1.841, 72 metros de extensão, sob 102 metros de profundidade.

A operação do gasoduto foi feita pela Transpetro que, por conta das condições espe-cífi cas da Amazônia, treinou uma equipe de operadores

durante dois anos para as-sumir o trabalho. Assim como os demais gasodutos sob a responsabilidade operacio-nal da Transpetro, o Urucu-Coari-Manaus também foi operado de forma remota e automatizada por meio do Centro Nacional de Contro-le Operacional (CNCO), com sede no Rio de Janeiro.

Mas, enquanto homens e máquinas enterravam tubos na solo da fl oresta e no leito dos rios, os políticos vendiam na mídia o passo a passo daquela incrível revolução na matriz energética do Ama-zonas. O governo federal e

o governo do Estado garan-tiam que o gás que estava sendo trazido pelo gasoduto das reservas da Petrobras em Urucu, no meio da sel-va amazônica, priorizaria o abastecimento das sete usi-nas termelétricas instaladas no entorno de Manaus. Isso tudo a um custo de R$ 4,58 bilhões - ante um orçamento inicial de R$ 1,2 bilhão.

Diziam também que, com a substituição do diesel nas sete termoelétricas que ge-ram energia para Manaus, o preço da conta de luz ia cair,

beneficiando a população, a indústria e o comércio. Mas isso não aconteceu. O gás chegou sim, mas parcial-mente, a algumas termo-elétricas. Outras continuam utilizando o Diesel. E o ama-zonense continua pagando uma das mais caras contas de energia do país.

Uma outra maravilha do gasoduto garantiria que, com a chegada da primeira carga de Gás Natural Veicu-lar (GNV) da estação petro-lífera de Urucu, os taxistas que aderissem à “ cultura do gás” seriam benefi ciados, economicamente, além de adotar um combustível mais barato e limpo. Mas, quan-do o gás chegou a Manaus, pela primeira vez, apenas 246 taxistas se inscreveram no Projeto Experimental de Gás Natural Veicular, da Zona Franca Verde, a menina dos olhos do governador Edu-ardo Braga. Eles passaram a abastecer seus veículos com o gás que seria trazido de 15 em 15 dias, do Urucu, em Coari. Cinco anos depois, existem apenas três postos de abastecimento a gás.

O gás de Coari também era cantado em verso e prosa como a “segunda maior re-serva de gás natural do país” e o gasoduto Coari-Manaus teria capacidade inicial para transportar 4,1 milhões de metros cúbicos/dia. “Com a instalação de duas estações de compressão intermediá-rias entre Urucu e Coari, será alcançado 5,5 milhões, a ca-pacidade total contratada, em setembro de 2010–11”, antecipava a Petrobras. Isso também não aconteceu.

AVENTURA NA FLORESTA

Enquanto homens e máquinas enterravam tubos na solo da fl ores-ta e no leito dos rios, o governo vendia, na mídia, as maravilhas daquela incrível revolu-ção na “matriz energéti-ca do Amazonas”

Para Braga faltou ‘vontade política’

GASODUTOCOARI-MANAUS

Junho de 2006, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve em Coari para fazer simbolicamente a primeira solda do gasoduto Urucu-Manaus, simbolizando o início das obrasFO

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Trazido para o Estado na gestão do ex-governador Edu-ardo Braga (PMDB), o gás natural, segundo o senador, não teve grandes avanços nos últimos anos. Durante entre-vista ao grupo EM TEMPO ainda quando era candidato ao governo do Amazonas, o peemdebista destacou que fez implantações no setor, mas que os investimentos não fo-ram levados em frente.

Questionado durante entre-vista ao programa Agora, da TV EM TEMPO, porque a “re-volução à matriz energética do Amazonas” não aconteceu, o senador contra-atacou dizen-do que não houve vontade po-lítica. “O gás chegou a Manaus e pertencente a uma empresa do Estado, a Cigás, mas ainda assim o governo abandonou esse projeto que iniciei e não colocou o gás veicular para os

taxistas”, destacou Braga. Outro investimento levan-

tado pelo senador foi que, du-rante o seu governo, conse-guiu junto ao governo federal mudar a matriz energética do Estado onde gerou energia a base do gás com uma usina de 600 megawatts, mas que agora está parada devido à falta de diálogo entre o governo do Amazonas e o setor federal. “A construção desta obra está completa-mente parada e não vemos uma voz, seja no Executivo ou em outra esfera se ma-nifestar sobre a questão”, indagou o senador.

Ao deixar o governo, Edu-ardo Braga ressaltou que implementou o gasoduto em Manaus, inaugurou trans-formadores e distribuiu ge-radores para os produtores independentes, além de fazer a distribuição nos ramais onde precisavam instalar novos postos para passar o gás.

MÁRIO ADOLFOEquipe EM TEMPO

ISABELLA SIQUEIRAEquipe EM TEMPO

Eduardo culpa governos passados pelo fato do gás não ter entrado na vida dos amazonenses

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B2 Economia MANAUS, DOMINGO, 9 DE NOVEMBRO DE 2014

O presidente Lula parece que estava profetizando o que aconteceria no futuro. O amazonense ainda não

usufruiu da “nova matriz energética”

“O gasodutosó vai ter sentidose vocês

usufruírem”

GASODUTOCOARI-MANAUS

Lula com os trabalhadores do gasoduto: “O país vivia um crescente desenvolvimento, por con-sequência, o Amazonas, com o gás, em uma nova fase”, disse o presidente

O primeiro compro-misso que não foi honrado no sonho do gasoduto Coa-

ri-Manaus foi quanto à data de inauguração. De acordo com o discurso de 2006 do presidente Lula, a expecta-tiva era de que a obra fica-ria pronta em 2008. Mas, depois de tantas batalha, a cerimônia de inauguração do gasoduto Urucu-Coari-Manaus só viria a acontecer no dia 26 de novembro de 2009, com a presença do presidente Lula e da então ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. O palco da solenidade foi a Refinaria Isaac Sabbá (Reman), da Pe-trobras, a primeira unidade a receber o gás natural.

O segundo grande erro foi quanto ao valor do gasodu-to. Inicialmente, ele deveria custar R$ 1,2 bilhão, passou para 2,4 bilhões e chegou

a Manaus sangrando em R$ 4,58 bilhões os cofres públicos. Uma diferença de 84%, de acordo com de um relatório do comitê de re-presentantes da Eletrobras, Petrobras, Manaus Energia e Cigás (Companhia de Gás

do Amazonas), encarrega-do de avaliar o custo do transporte do gás natural, publicado pelo jornal “Folha de S. Paulo”.

Na festa de inauguração, os discursos eram os mais otimistas. A previsão era de

que a Reman dava a larga-da com um consumo de 77 mil metros cúbicos por dia. Mas a partir de janeiro de 2010, alcançará 253 mil. O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, como um dos “pais” do projeto, lambia a cria:

— Tivemos muitos de-safios para construir essa obra. Principalmente os primeiros operários que no meio da floresta fizeram as buscas iniciais pelo gás. Du-rante os trabalhos mantive-mos uma relação de respeito com a natureza. Urucu é um orgulho para a Petrobras. É um orgulho para o Amazo-nas – discursou Gabtrielli, explicando que o gasoduto terminou com 661 quilôme-tros de extensão na linha tronco, que liga Urucu a Manaus, e sete ramais para atendimento às cidades de Coari, Anori, Anamã, Caapi-ranga, Manacapuru e Iran-duba, com 140 quilômetros de extensão.

O governador Eduardo Braga, ao lado do pre-sidente e da sua futura sucessora, garantiu que o gasoduto representava o “resgate de uma dívi-da social que o gover-no brasileiro tinha com o Amazonas”.

— Muitos prometeram e não cumpriram. Foi pre-ciso o senhor (Lula) assu-mir este país para tornar realidade o sonho desse Estado. Isso é valorizar a floresta. Isso é valorizar o homem desta terra. Hoje foi fundamentada uma nova pedra para as futu-ras gerações do Amazo-nas e do Brasil – discursou o governador.

O presidente Lula fechou

a cerimônia com chave de ouro, destacando a impor-tância do gás. Para ele, aquela obra mostrava que o país vivia um crescente desenvolvimento e que, por consequência, o Ama-zonas, com o gás, “entrava em uma nova fase”.

— Porém, o gás e o ga-soduto só vão ter sentido se vocês usufruírem. Usu-fruir o gás significa que é acreditar que o Amazonas vai gerar mais desenvolvi-mento, mais riquezas e vai deixar de ser visto apenas por conta da Zona Franca. Queremos o melhor para este Estado. Essa obra co-meçou conosco e terminou conosco. Eu vi o sacrifício com que os trabalhadores

ficavam na floresta. E vi também a responsabili-dade com que a empresa fez a obra. Esse é um momento glorioso. Hoje é dia de festa. Eu trabalho com um sonho: que este país não pode ter uma parte mais rica e outra mais pobre. E essa obra faz parte desse trabalho–, arregaçou Lula.

Cinco anos depois que o gasoduto chegou a Ma-naus, revolvendo terras e asfalto, sem cumprir quase nenhuma de sua promes-sas da propaganda “revolu-ção na matriz energética”, está na hora de perguntar: “para onde foi parar a se-gunda revolução industrial, presidente Lula?”.

Resgate de uma dívida

MÁRIO ADOLFOEquipe EM TEMPO

DÍVIDA SOCIALAo lado do presidente Lula e da sua futura sucessora, Eduardo Braga garantiu que o gasoduto representa-va o “resgate de uma dívida social que o go-verno brasileiro tinha com o Amazonas”

O relatório do comitê de representantes da Eletrobras, Petrobras, Manaus Energia e Cigás, traça, passo a passo, o que elevou os custos do gasoduto Coari–Manaus. Entenda o caso:

1 Para administrar os 660 quilômetros de extensão, a Petrobras criou uma empresa de propósito específico chamada Transportadora Urucu-Manaus S/A, que contratou três consórcios de empreiteiras para executar o serviço. As contratações foram por sistema de convite, em que a estatal escolhe as

empresas que apresentam propostas.

2 Segundo o relatório obtido pela Folha, o custo total do projeto, em 2006, era de R$ 2.487 bilhões, dos quais R$ 1.438 bilhão referia-se aos contratos com as empreiteiras. Com os aditivos autorizados pela Petrobras, o valor dos contratos com as empreiteiras já somava R$ 2.240 bilhões em março

de 2009.

3 O primeiro trecho do gasoduto, de 279 quilômetros, foi entregue ao con-sórcio da Gasam, formado por OAS e Etesco. O contrato foi assinado no valor de R$ 342.590 milhões, em julho de 2006. Ele sofreu um aditivo de aumento de preço em setembro de 2007, de R$ 49,4 milhões, e dois no

ano passado: de R$ 31.970 milhões, em junho, e de R$ 159.520 milhões, em dezembro. Assim, o valor subiu para R$ 583.480 milhões.

4 O segundo trecho, de 196 quilômetros, foi entregue ao consórcio formado pelas construtoras Andrade Gutierrez e Carioca Engenharia. Este foi conside-rado o trajeto mais complicado da obra, com áreas alagadas. O valor inicial do contrato, assinado em julho de 2006, era de R$ 666.780 milhões.

5 Em 2007, a Petrobras fez um aditivo no valor de R$ 563.480 milhões (84,5% de aumento), para compensar custos não previstos, como o gasto de R$ 85 milhões com helicópteros e a paralisação dos trabalhos por causa de chuvas.

6 O terceiro trecho, de 186 quilômetros, entre Anamã e Manaus, foi o único que não teve aumento de preço. O contrato com o consórcio Gasoduto Amazonas (Camargo Corrêa e Skanska Brazil) foi assinado em julho de 2007, com preço de R$ 428 milhões. Segundo o relatório, pelas medições

realizadas naquela época, houve variação de 3,19% sobre os preços contratados.

7 A obra também acumulou mais de um ano de atraso. Em junho de 2006, o prazo para conclusão era março de 2008. Em setembro do 2008, a Petrobras anunciou que o gasoduto entraria em operação em setembro de 2009.

Para entender os custos

Apesar da “relação de respeito com a natureza”, as obras no meioda Floresta Amazônica acabaram atrasando o gasoduto

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B3EconomiaMANAUS, DOMINGO, 9 DE NOVEMBRO DE 2014

Levantamento com mais de 20 mil e-consumidores no país aponta que esses produtos serão os mais procurados

Eletrônicos são a preferência para o Black Friday do Brasil

contos - http://www.busca-descontos.com.br - reúne as principais ofertas dos maiores players do e-commerce nacio-nal. O portal conta com uma base de 12 milhões de usuários cadastrados, que recebem as principais ofertas por e-mail. O canal traz ao consumidor descontos em eletrônicos, eletrodomésticos, informáti-ca, celulares, CDs e DVDs, livros, games, vestuários, per-fumes, móveis, viagens, entre outras categorias.

O Busca Descontos também promove uma série de datas importantes para o comércio eletrônico, as chamadas “big dates”, como Black Friday, Bo-xing Day, Brasil Game Day e Web Fashion Day. Por meio delas, o portal ajuda a alavan-car as vendas no e-commerce brasileiro ao mesmo tempo em que traz descontos e opor-tunidades aos consumidores.

Nos EUA, o Black Friday transforma as lojas em arena de “selvagens e loucos” por descontos

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Pesquisa realizada pelo Busca Descontos - criadora do www.bla-ckfriday.com.br - que

ouviu 20.841 e-consumidores, entre agosto e outubro, apon-ta que os produtos eletrônicos serão os mais procurados du-rante o Black Friday brasileiro, que este ano acontece em 28

de novembro. A preferência dos e-consumidores segue com produtos do segmento de Informática que motivam 13% dos planos para as promoções no varejo, telefonia (12%) e eletrodomésticos (11%).

Portal com foco em promo-ções e que conglomera cupons de descontos, o Busca Des-

Na expectativa do Bla-ck Friday, o Peixe Urbano, uma das maiores empre-sas do país de e-commer-ce, usa da estratégia do aquecimento para man-ter os e-consumidores ligados nas ofertas. A empresa traz uma nova oferta por dia durante todo o mês de novembro com descontos superio-res aos já aplicados re-gularmente no site.

O foco da campanha será em ofertas de pro-dutos, entre eles arti-gos de moda, fotografia, casa & decoração e fit-ness, além de diversos tipos de eletrônicos e seus assessórios. “A in-tenção é oferecer ao usuário um aperitivo do que teremos no próprio dia 28 – uma pequena prévia dos descontos ainda maiores e mais variados que estarão disponíveis em come-moração a essa data” diz Adalberto Da Pieve, novo diretor de marke-ting do Peixe Urbano

No site, desde a pri-meira edição do Black Friday em 2011, a ação cresce em termos de tra-fego e vendas a cada ano. Em 2013, o site observou um aumento de 38% no número de cupons vendidos por dia durante o mês de novem-bro comparado com o mesmo período no ano anterior. As principais buscas foram por câme-ras fotográficas, revela-ção de fotos, HD externo, smartphones, bicicletas e acessórios para celu-lares e tablets.

Este ano, a expectati-va é de crescimento de duplos dígitos novamen-te, segundo Da Pieve. A previsão de grande procura pelos mesmos tipos de produto, incluin-do eletrônicos e artigos de moda, casa e fitness, já que muitos usuários utilizam esta oportu-nidade para antecipar suas compras de Natal.

Peixe Urbano faz esquenta com ofertas

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B4 Economia MANAUS, DOMINGO, 9 DE NOVEMBRO DE 2014 B5

A distribuição de gás natural, que há 4 anos começou a operar em Manaus, com a pro-

messa de baratear o custo da energia para o consumidor amazonense, até hoje dimi-nuiu apenas o custo Brasil para o governo federal. Se-gundo dados da Eletrobras Amazonas Energia, 57,5% da energia distribuída na cidade é gerada pelo gás natural.

No entanto, a diminuição do valor da energia não chegou ao consumidor fi nal na conta do amazonense, de acordo com o diretor técnico comer-cial da Companhia de Gás do Amazonas (Cigás), Clovis Correa Junior, porque a cidade, que ainda hoje opera como sistema isolado do Sistema Interligado Nacional (SIN), conseguia funcionar a partir do subsídio concedido pelo governo federal chamado Conta de Compensação de Combustíveis Fósseis (CCC).

O CCC é um encargo inse-rido nas contas de energia elétrica do consumidor brasi-leiro, criado para bancar a di-ferença de preço dos sistemas isolados que geram energia por meio do óleo combustível. “O custo desse óleo fazia com que a nossa energia custasse até cinco vezes mais caro que a energia gerada pelo SIN. Com o CCC, o Amazonas con-seguia ter o megawatts mais barato que o do Nordeste”, explica Clovis.

À medida que o gás natu-ral começou a ser distribuí-do para as termelétricas de Manaus, de responsabilida-de da Eletrobras Amazonas Energia, em substituição ao óleo combustível, a tarifa não baixou para o consumidor por-que a Medida Provisória 579, anunciada pelo governo fede-ral no ano passado, interferiu sobre o subsídio do CCC.

“Uma das medidas tinha a ver com a diminuição da cobrança do CCC nas contas dos brasileiros dos outros Es-

tados. O repasse do subsídio diminuiu para o Amazonas, primeiro por conta da troca da matriz energética para o gás natural e, segundo, pela interligação de Manaus ao SIN pelo Linhão de Tucuruí, que já chegou, mas ainda não está 100% em uso”, observa o diretor da Cigás.

Com a troca do óleo com-bustível pelo gás natural, se-gundo Clovis, a economia da geradora de energia alcançou valor na ordem de R$ 800 milhões (última atualização

repassada à Cigás pela Eletro-bras Amazonas Energia), des-de dezembro de 2010. “Isso não signifi ca que a energia elétrica vai fi car mais barata, porque a tendência é que nós reduzamos por completo esse subsídio [o CCC] que hoje é pago pelo Brasil”, avalia.

Atualmente chega a Ma-naus, conforme dados da Cigás, aproximadamente 3,6 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia, oriundos da Usina Petrolífera de Urucu, no município de Coari (a 363 quilômetros de Manaus).

Desse total, as termelétri-cas da Eletrobras Amazonas Energia são as maiores re-ceptoras do gás que chega através dos mais de 70 qui-lômetros de dutos já constru-ídos em Manaus, frutos do in-vestimento de valor na ordem de R$ 200 milhões sobre as obras que iniciaram em 2007. Elas consomem 3,5 milhões de metros cúbicos/ dia.

O diretor técnico comercial da Cigás diz que a companhia tem condições, por meio do gasoduto de Urucu, de am-pliar o volume de gás na-tural para Manaus, contudo, depende da demanda da ge-radora de energia da cidade e de novos contratos com a indústria e o comércio.

“Quem dita o volume é quem compra. A Amazonas Energia tem uma térmica em cons-trução que, se entrar, agre-gará aproximadamente mais 2 milhões de metro cúbico/ dia, um volume extremamente interessante”, aponta.

EMERSON QUARESMAEquipe EM TEMPO

GERAÇÃOHoje, 15 termelétricas no AM trabalham com gás natural. São elas: Mauá, Aparecida, Tambaqui, Manauara, Jaraqui, Gera, e Cristiano Rocha, em Manaus, e Codajás, Caapiranga, Anamã e Anori, no interior

A Cigás possui hoje 48 con-tratos com empresas para distribuição de gás natu-ral, entre as termelétricas, fábricas do Polo Industrial de Manaus (PIM) e comér-cio. O total de 32 já opera com gás natural. O PIM é o segundo maior cliente da companhia. Os atuais 51,5 mil metros cúbicos consumi-dos pelo setor, diariamente, são resultado dos contratos com 16 empresas.

As fábricas instaladas em Manaus que funcionam com gás natural são: Ambev, Carboman, Ceras Johnson, Coca-Cola, Neotec, Proco-ating, Videolar, Honda via CDGN, Keihin, EMS - No-vamed, Flax Fitas, Houston - Bikenorte, Metalfi no, Cli-mazon, Weber Quartizolit - Saint Gobain, e DDW. A maioria no Distrito 1, Zona Sul, onde já foram cons-truídos 26 quilômetros de gasoduto, de novembro de 2013 a outubro de 2014.

Para 2015, segundo o dire-tor técnico comercial, a Cigás alcançará o total de 25 fábri-cas distribuídas nos Distritos 1, 2 e 3. As nove empresas com os contratos fechados que passarão a funcionar com gás natural são: Samsung, Hevi Embalagens, Yamaha, Brasjuta, Nissin Brake, Bi-pacel, Videolar IV, WapMetal Componentes e Showa.

Somente no Distrito 2, Zona Leste, para atender os novos contratos, a compa-nhia segue com construção de mais 22 quilômetros de gasodutos. Investimento na ordem de R$ 40 milhões, até o fi nal de 2015. Soma-dos os contratos do PIM, com os das termoelétricas e do comércio, a meta da Cigás, de acordo com Clovis, é chegar em 2017 com mais de 300 empresas operando com gás natural.

No comércio, a Cigás aten-de atualmente o Shopping Ponta Negra, no bairro de

mesmo nome, Zona Oeste, e já tem contrato com a Lavande-ria Lavasecpassa. Para 2016, a companhia estima novo in-vestimento de R$ 25 milhões em obras de gasoduto em Manaus. Desta vez, com foco voltado para projeto de dis-tribuição de gás natural para residências. Segundo Clovis, o projeto piloto começará pelo conjunto Vieiralves, bairro Nossa Senhora das Graças, Zona Centro-Sul.

A região foi escolhida por conta do adensamento de edi-fi cações verticalizadas e sho-ppings que, de acordo com ele, ajudam a não impactar na ta-rifa. “Casa residente consome meio metro cúbico por dia, um posto (de combustível) conso-me 3 mil metros cúbicos/dia. Inicialmente para não afetar a tarifa, começamos pelas termelétricas, que é o maior volume, depois a indústria, depois postos e residências verticais e por último as resi-dências horizontais”, explica.

Fábricas operam com gás naturalMuita procura para pouca oferta

Antes de chegar à capi-tal amazonense, o gaso-duto Coari/Manaus passa por sete municípios que, de acordo com a assessoria da Petrobras, também são abastecidos de gás natu-ral. No mês de outubro, a estatal informa que Ma-naus recebeu 3,8 milhões de metros cúbicos do pro-duto, enquanto nos muni-cípios de Coari, Codajás, Anori, Anamã, Caapiranga, Manacapuru, e Iranduba a média de consumo no mês período foi de 0,04 milhão de metros cúbicos.

O gás natural produzido em Urucu é transportado pelo gasoduto Urucu-Co-ari-Manaus, que tem uma extensão de 663,2 quilôme-

tros. Considerado um dos maiores empreendimentos para o transporte de gás natural do país, o gasodu-to foi obra integrante do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Ele via-biliza o transporte de gás natural produzido na Bacia do Solimões, interligando as unidades de produção do Polo Arara, em Urucu, à cidade de Manaus.

Conforme a Petrobras, além da linha tronco do gasoduto, foram construí-das duas estações de com-pressão (Juaruna e Coari) e nove ramais, com extensão total de 139 quilômetros para abastecimento das cidades localizadas ao lon-go do seu traçado. São 12

pontos de entrega por onde são realizados o controle e a medição do gás fornecido aos consumidores. Segundo a assessoria, em Manaus, os pontos de entrega são dois em Aparecida, dois em Mauá, e um na Reman.

Com capacidade inicial para transportar 4,1 milhões de metros cúbicos, o gasodu-to iniciou sua operação em 9 de novembro de 2009, com a primeira entrega de gás natural para a refi naria Isaac Sabá (Reman), em Manaus. Em setembro de 2010, com a entrada em operação das estações de Juaruna e Coari, a capacidade de transporte do gasoduto Urucu-Coari-Manaus foi elevada para 6,8 milhões de metros cúbicos.

Oito cidades recebem o gás

A Videolar, da avenida Torquato Tapajós, é uma das fábricas do PIM que funciona com gás natural A termelétrica Jaraqui é uma das 11 que geram energia elétrica no Amazonas com gás natural

Grandes fi las de táxis se formam nos postos devido ao baixo número de bombas de GNV

A energia de Manaus é 57,5% gerada por meio do gás natural, mas a única redução de preço ocorreu no custo Brasil, que subsidiava os altos valores do óleo combustível

A energia não barateou para o amazonense como o prometido

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Um dos argumentos polí-ticos usados para justificar a construção do gasoduto Coari/Manaus foi a insta-lação de bombas de Gás Natural Veicular (GNV) nos postos de combustí-vel de Manaus. Inicialmen-te o governo incentivou os taxistas a transforma-rem seus sistemas para a recepção do GNV.

Contudo, hoje há apenas três postos com bombas de GNV, sendo dois das bandei-ras BR Distribuidora, que são o Posto San Remo, próximo à Bola da Suframa, bairro Dis-trito 1, Zona Sul, e o Vitória Régia, na avenida Constan-tino Nery, bairro Chapada, Zona Centro-Oeste, e da Distribuidora Equador, o San Remo, na avenida Torquato Tapajós, Zona Norte.

As poucas bombas de GNV são alvo de muita reclama-

ção por parte dos taxistas que optaram pelo gás na-tural. Para o taxista Marco Antônio Holanda, 44, o maior problema são as grandes fi -las que a categoria enfrenta para abastecer. Há 25 anos na praça, Marco conta que há três anos investiu R$ 5,5 mil no sistema. “São poucas bombas e as fi las fi cam qui-lométricas”, reclama.

Por outro lado, ela co-memora a economia que faz. “Apesar de tudo, valeu muito a pena para um táxi como o meu, que faz de 250 a 300 quilômetros por dia. Chegou a economizar de 30% a 40%, dependendo do trânsito”, diz.

De acordo com o diretor técnico comercial da Cigás, Clovis Correa, a companhia já entregou nesse ano o sistema e as bombas da GNV para três novos postos. Para

entrar em funcionamento dependem apenas de ajus-tes de responsabilidade dos seus proprietários. São eles: o Posto Torquato II, da Atem Distribuidora, na avenida Torquato Tapajós, o Posto Constantino Nery também Atem, na avenida Constan-tino Nery, e o Posto Ponta Negra, da BR Distribuidor, na avenida Coronel Teixeira, próximo ao Dulcilas.

Segundo a gerente do posto Atem da Constantino, Lilian Cordeiro, a previsão de funcionamento das bombas de GNV é até o fi nal de no-vembro, uma vez que a ins-talação está na fase fi nal da parte elétrica e de segurança. “Iniciadas as obras para a instalação das duas bombas de GNV em agosto. Por conta da presença das bombas a procura pelo gás natural é muito grande”, conta.

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B4 Economia MANAUS, DOMINGO, 9 DE NOVEMBRO DE 2014 B5

A distribuição de gás natural, que há 4 anos começou a operar em Manaus, com a pro-

messa de baratear o custo da energia para o consumidor amazonense, até hoje dimi-nuiu apenas o custo Brasil para o governo federal. Se-gundo dados da Eletrobras Amazonas Energia, 57,5% da energia distribuída na cidade é gerada pelo gás natural.

No entanto, a diminuição do valor da energia não chegou ao consumidor fi nal na conta do amazonense, de acordo com o diretor técnico comer-cial da Companhia de Gás do Amazonas (Cigás), Clovis Correa Junior, porque a cidade, que ainda hoje opera como sistema isolado do Sistema Interligado Nacional (SIN), conseguia funcionar a partir do subsídio concedido pelo governo federal chamado Conta de Compensação de Combustíveis Fósseis (CCC).

O CCC é um encargo inse-rido nas contas de energia elétrica do consumidor brasi-leiro, criado para bancar a di-ferença de preço dos sistemas isolados que geram energia por meio do óleo combustível. “O custo desse óleo fazia com que a nossa energia custasse até cinco vezes mais caro que a energia gerada pelo SIN. Com o CCC, o Amazonas con-seguia ter o megawatts mais barato que o do Nordeste”, explica Clovis.

À medida que o gás natu-ral começou a ser distribuí-do para as termelétricas de Manaus, de responsabilida-de da Eletrobras Amazonas Energia, em substituição ao óleo combustível, a tarifa não baixou para o consumidor por-que a Medida Provisória 579, anunciada pelo governo fede-ral no ano passado, interferiu sobre o subsídio do CCC.

“Uma das medidas tinha a ver com a diminuição da cobrança do CCC nas contas dos brasileiros dos outros Es-

tados. O repasse do subsídio diminuiu para o Amazonas, primeiro por conta da troca da matriz energética para o gás natural e, segundo, pela interligação de Manaus ao SIN pelo Linhão de Tucuruí, que já chegou, mas ainda não está 100% em uso”, observa o diretor da Cigás.

Com a troca do óleo com-bustível pelo gás natural, se-gundo Clovis, a economia da geradora de energia alcançou valor na ordem de R$ 800 milhões (última atualização

repassada à Cigás pela Eletro-bras Amazonas Energia), des-de dezembro de 2010. “Isso não signifi ca que a energia elétrica vai fi car mais barata, porque a tendência é que nós reduzamos por completo esse subsídio [o CCC] que hoje é pago pelo Brasil”, avalia.

Atualmente chega a Ma-naus, conforme dados da Cigás, aproximadamente 3,6 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia, oriundos da Usina Petrolífera de Urucu, no município de Coari (a 363 quilômetros de Manaus).

Desse total, as termelétri-cas da Eletrobras Amazonas Energia são as maiores re-ceptoras do gás que chega através dos mais de 70 qui-lômetros de dutos já constru-ídos em Manaus, frutos do in-vestimento de valor na ordem de R$ 200 milhões sobre as obras que iniciaram em 2007. Elas consomem 3,5 milhões de metros cúbicos/ dia.

O diretor técnico comercial da Cigás diz que a companhia tem condições, por meio do gasoduto de Urucu, de am-pliar o volume de gás na-tural para Manaus, contudo, depende da demanda da ge-radora de energia da cidade e de novos contratos com a indústria e o comércio.

“Quem dita o volume é quem compra. A Amazonas Energia tem uma térmica em cons-trução que, se entrar, agre-gará aproximadamente mais 2 milhões de metro cúbico/ dia, um volume extremamente interessante”, aponta.

EMERSON QUARESMAEquipe EM TEMPO

GERAÇÃOHoje, 15 termelétricas no AM trabalham com gás natural. São elas: Mauá, Aparecida, Tambaqui, Manauara, Jaraqui, Gera, e Cristiano Rocha, em Manaus, e Codajás, Caapiranga, Anamã e Anori, no interior

A Cigás possui hoje 48 con-tratos com empresas para distribuição de gás natu-ral, entre as termelétricas, fábricas do Polo Industrial de Manaus (PIM) e comér-cio. O total de 32 já opera com gás natural. O PIM é o segundo maior cliente da companhia. Os atuais 51,5 mil metros cúbicos consumi-dos pelo setor, diariamente, são resultado dos contratos com 16 empresas.

As fábricas instaladas em Manaus que funcionam com gás natural são: Ambev, Carboman, Ceras Johnson, Coca-Cola, Neotec, Proco-ating, Videolar, Honda via CDGN, Keihin, EMS - No-vamed, Flax Fitas, Houston - Bikenorte, Metalfi no, Cli-mazon, Weber Quartizolit - Saint Gobain, e DDW. A maioria no Distrito 1, Zona Sul, onde já foram cons-truídos 26 quilômetros de gasoduto, de novembro de 2013 a outubro de 2014.

Para 2015, segundo o dire-tor técnico comercial, a Cigás alcançará o total de 25 fábri-cas distribuídas nos Distritos 1, 2 e 3. As nove empresas com os contratos fechados que passarão a funcionar com gás natural são: Samsung, Hevi Embalagens, Yamaha, Brasjuta, Nissin Brake, Bi-pacel, Videolar IV, WapMetal Componentes e Showa.

Somente no Distrito 2, Zona Leste, para atender os novos contratos, a compa-nhia segue com construção de mais 22 quilômetros de gasodutos. Investimento na ordem de R$ 40 milhões, até o fi nal de 2015. Soma-dos os contratos do PIM, com os das termoelétricas e do comércio, a meta da Cigás, de acordo com Clovis, é chegar em 2017 com mais de 300 empresas operando com gás natural.

No comércio, a Cigás aten-de atualmente o Shopping Ponta Negra, no bairro de

mesmo nome, Zona Oeste, e já tem contrato com a Lavande-ria Lavasecpassa. Para 2016, a companhia estima novo in-vestimento de R$ 25 milhões em obras de gasoduto em Manaus. Desta vez, com foco voltado para projeto de dis-tribuição de gás natural para residências. Segundo Clovis, o projeto piloto começará pelo conjunto Vieiralves, bairro Nossa Senhora das Graças, Zona Centro-Sul.

A região foi escolhida por conta do adensamento de edi-fi cações verticalizadas e sho-ppings que, de acordo com ele, ajudam a não impactar na ta-rifa. “Casa residente consome meio metro cúbico por dia, um posto (de combustível) conso-me 3 mil metros cúbicos/dia. Inicialmente para não afetar a tarifa, começamos pelas termelétricas, que é o maior volume, depois a indústria, depois postos e residências verticais e por último as resi-dências horizontais”, explica.

Fábricas operam com gás naturalMuita procura para pouca oferta

Antes de chegar à capi-tal amazonense, o gaso-duto Coari/Manaus passa por sete municípios que, de acordo com a assessoria da Petrobras, também são abastecidos de gás natu-ral. No mês de outubro, a estatal informa que Ma-naus recebeu 3,8 milhões de metros cúbicos do pro-duto, enquanto nos muni-cípios de Coari, Codajás, Anori, Anamã, Caapiranga, Manacapuru, e Iranduba a média de consumo no mês período foi de 0,04 milhão de metros cúbicos.

O gás natural produzido em Urucu é transportado pelo gasoduto Urucu-Co-ari-Manaus, que tem uma extensão de 663,2 quilôme-

tros. Considerado um dos maiores empreendimentos para o transporte de gás natural do país, o gasodu-to foi obra integrante do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Ele via-biliza o transporte de gás natural produzido na Bacia do Solimões, interligando as unidades de produção do Polo Arara, em Urucu, à cidade de Manaus.

Conforme a Petrobras, além da linha tronco do gasoduto, foram construí-das duas estações de com-pressão (Juaruna e Coari) e nove ramais, com extensão total de 139 quilômetros para abastecimento das cidades localizadas ao lon-go do seu traçado. São 12

pontos de entrega por onde são realizados o controle e a medição do gás fornecido aos consumidores. Segundo a assessoria, em Manaus, os pontos de entrega são dois em Aparecida, dois em Mauá, e um na Reman.

Com capacidade inicial para transportar 4,1 milhões de metros cúbicos, o gasodu-to iniciou sua operação em 9 de novembro de 2009, com a primeira entrega de gás natural para a refi naria Isaac Sabá (Reman), em Manaus. Em setembro de 2010, com a entrada em operação das estações de Juaruna e Coari, a capacidade de transporte do gasoduto Urucu-Coari-Manaus foi elevada para 6,8 milhões de metros cúbicos.

Oito cidades recebem o gás

A Videolar, da avenida Torquato Tapajós, é uma das fábricas do PIM que funciona com gás natural A termelétrica Jaraqui é uma das 11 que geram energia elétrica no Amazonas com gás natural

Grandes fi las de táxis se formam nos postos devido ao baixo número de bombas de GNV

A energia de Manaus é 57,5% gerada por meio do gás natural, mas a única redução de preço ocorreu no custo Brasil, que subsidiava os altos valores do óleo combustível

A energia não barateou para o amazonense como o prometido

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Um dos argumentos polí-ticos usados para justificar a construção do gasoduto Coari/Manaus foi a insta-lação de bombas de Gás Natural Veicular (GNV) nos postos de combustí-vel de Manaus. Inicialmen-te o governo incentivou os taxistas a transforma-rem seus sistemas para a recepção do GNV.

Contudo, hoje há apenas três postos com bombas de GNV, sendo dois das bandei-ras BR Distribuidora, que são o Posto San Remo, próximo à Bola da Suframa, bairro Dis-trito 1, Zona Sul, e o Vitória Régia, na avenida Constan-tino Nery, bairro Chapada, Zona Centro-Oeste, e da Distribuidora Equador, o San Remo, na avenida Torquato Tapajós, Zona Norte.

As poucas bombas de GNV são alvo de muita reclama-

ção por parte dos taxistas que optaram pelo gás na-tural. Para o taxista Marco Antônio Holanda, 44, o maior problema são as grandes fi -las que a categoria enfrenta para abastecer. Há 25 anos na praça, Marco conta que há três anos investiu R$ 5,5 mil no sistema. “São poucas bombas e as fi las fi cam qui-lométricas”, reclama.

Por outro lado, ela co-memora a economia que faz. “Apesar de tudo, valeu muito a pena para um táxi como o meu, que faz de 250 a 300 quilômetros por dia. Chegou a economizar de 30% a 40%, dependendo do trânsito”, diz.

De acordo com o diretor técnico comercial da Cigás, Clovis Correa, a companhia já entregou nesse ano o sistema e as bombas da GNV para três novos postos. Para

entrar em funcionamento dependem apenas de ajus-tes de responsabilidade dos seus proprietários. São eles: o Posto Torquato II, da Atem Distribuidora, na avenida Torquato Tapajós, o Posto Constantino Nery também Atem, na avenida Constan-tino Nery, e o Posto Ponta Negra, da BR Distribuidor, na avenida Coronel Teixeira, próximo ao Dulcilas.

Segundo a gerente do posto Atem da Constantino, Lilian Cordeiro, a previsão de funcionamento das bombas de GNV é até o fi nal de no-vembro, uma vez que a ins-talação está na fase fi nal da parte elétrica e de segurança. “Iniciadas as obras para a instalação das duas bombas de GNV em agosto. Por conta da presença das bombas a procura pelo gás natural é muito grande”, conta.

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B6 País MANAUS, DOMINGO, 9 DE NOVEMBRO DE 2014

Brasil tem 220 mil pessoas mantidas como escravas Em 2013, pela primeira vez, o número de resgatados de situações de escravidão nas cidades foi maior que no setor rural no país

Dados inéditos da fun-dação internacional Walk Free revelam que cerca de 35,8 mi-

lhões de pessoas são mantidas em situação de escravidão no mundo. O relatório de 2014 da organização ainda será lança-do no dia 18 de novembro e a versão em português será apresentada em 1º de dezem-bro, no Rio de Janeiro, durante a entrega do Prêmio João Ca-nuto, de direitos humanos.

Em entrevista à “Agência Brasil”, a representante da Walk Free no país, Diana Ma-ggiore, conta que o número de pessoas escravizadas hoje cresceu 20%, em relação aos 29,8 milhões de pessoas apon-tadas no The Global Slavery Index 2013, o primeiro rela-tório da organização.

Segundo a Walk Free, no Brasil há cerca de 220 mil pessoas trabalhando como escravos. Diana Maggiore explicou que, em 2013, pela primeira vez, o número de pessoas resgatadas de situações de escravidão no setor urbano foi maior que no setor rural no país. “Por causa dos eventos esportivos, tivemos muitos registros na construção civil e a tendência deve continuar até as Olimpíadas. O Brasil está crescendo, daqui a alguns anos

pode ser diferente”, disse.

Tráfico de pessoasEntre as formas de escravi-

dão estão o tráfico de pessoas, o trabalho infantil, a explo-ração sexual, o recrutamento de pessoas para conflitos ar-mados e o trabalho forçado em condições degradantes, com extensas jornadas, sob coerção, violência, ameaça ou dívida fraudulenta. Os últimos dados da Organização Inter-nacional do Trabalho (OIT), de 2012, apontam que quase 21 milhões de crianças e adultos estão presos em regimes de escravidão em todo o mundo.

O maior número de traba-lhadores forçados, segundo a OIT, está na Ásia e região do Pacífico, com 11,7 milhões de pessoas nessas condições. No último dia 23 de outubro, Sandra Miranda, de Brasília, recebeu uma encomenda do site chinês AliExpress com um pedido de socorro: “I slave. Help me (Sou escravo, ajude-me)”. A filha da advogada colocou a foto da mensagem nas redes sociais e já teve mais de 15 mil compartilha-mentos. “Fiquei perplexa, pensei até que fosse brincadeira, mas o pacote estava muito bem fe-chado, então veio mesmo de quem embalou”, disse.

Trabalhadores submetidos a atividades análogas à escravidão somam mais de 220 mil no Brasil, segundo a fundação Walk Free

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A Embaixada da China no Brasil respondeu dizendo que o país asiático tem leis que proíbem rigorosamente o tra-balho escravo e um órgão que atua para sua erradica-ção, similar ao Ministério do

Trabalho e Emprego (MTE) no Brasil. Sobre o pedido de socorro no pacote de Sandra Miranda, não há solução, se-gundo a embaixada, já que no bilhete não havia nome, nem nada que pudesse levar

à identificação da vítima.A mensagem, entretan-

to, chamou atenção para a situação dos trabalhado-res daquele país. Segundo o coordenador Nacional do Programa de Combate ao

Trabalho Forçado da OIT no Brasil, Luiz Machado, já hou-ve outras mensagens seme-lhantes, não só no Brasil, e mostra um problema grave que deve ser endereçado às autoridades chinesas.

Chineses fazem pedido de socorro a brasileiros

Sarampo pode voltar, alerta ministroApesar de o Brasil não re-

gistrar casos autóctones de sarampo desde o ano 2000, a chance de reintrodução da doença no país é grande, caso não haja forte adesão à vacinação. O alerta é do ministro da Saúde, Arthur Chioro. Dados indicam que o Brasil identificou, entre 2013 e 2014, 755 casos im-portados de sarampo (pes-soas que chegaram ao país já contaminados), 503 no Ceará e 224 em Pernambuco. Em todo o mundo, ocorreram mais de 150 mil casos, ape-nas nos últimos meses.

Em entrevista, Chioro con-vocou pais e responsáveis para que, a partir do início do período de vacinação contra o sarampo e a poliomielite levem as crianças maiores de seis meses e menores de cinco anos aos postos de saúde para serem imu-

nizadas. “Todas as crianças, mesmo as que estão com a carteira de vacinação em dia, devem ser imunizadas. É um reforço”, explicou.

O ministro lembrou que, no caso específico da polio-mielite, também conhecida como paralisia infantil, o Brasil não tem ocorrências desde 1990. No entanto, países da África e da Ásia ainda notificam a circulação do vírus. “Não podemos di-minuir um esforço que deu esse resultado maravilhoso de ter erradicado a pólio no país”, reforçou Chioro.

EficáciaSobre a segurança e eficá-

cia de ambas as doses, Chio-ro destacou que o programa de imunização adotado pela pasta é reconhecido como exemplo pela Organização Mundial da Saúde. Segundo

ele, as vacinas são consi-deradas extremamente se-guras. Há contraindicação apenas para crianças com infecções agudas, com febre acima de 38 graus, com hi-persensibilidade a algum dos componentes da vacina, com deficiência imunológica ou em tratamento para doen-ças como câncer e aids.

Força-tarefa“Teremos dois dias de mo-

bilização, dois sábados, 8 e 22 (de novembro), quando mais de 100 mil postos de saúde ficarão abertos para poder ampliar ao máximo a cobertura”, disse. “Quero fa-zer uma convocação de pais e responsáveis de crianças entre 6 meses e menores de 5 anos para que compa-reçam aos postos de saúde munidos com a carteira de vacinação”, concluiu.

VACINAÇÃO

Ministro da Saúde alerta aos pais que levem seus filhos para vacinar durante campanha nacional

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B7MANAUS, DOMINGO, 9 DE NOVEMBRO DE 2014 Mundo

Guerreiras de Kobani lutam em igualdade com homensExemplo é inédito na igualdade de gênero no mundo Árabe: as mulheres lutam ao lado dos homens contra domínio do EI

A cidade síria de Koba-ni, onde a feroz resis-tência ao assédio do Estado Islâmico (EI)

se tornou símbolo de unidade para os curdos, é um exemplo inédito de igualdade para suas mulheres, que lutam corpo a corpo com os homens em suas ruas, em um fato excepcional no Oriente Médio.

Depois de mais de 40 dias de cerco, as imagens de Koba-ni, e especialmente das jovens combatentes das Unidades de Proteção do Povo Curdo (YPG) defendendo sua cidade com um kalashnikov no braço e um sorriso no rosto, deram a volta ao mundo nas redes sociais.

“A resistência de Kobani mo-bilizou toda nossa sociedade e muitos de seus líderes, incluindo eu mesma, são mulheres. Nós que estamos na frente sabemos muito bem como o EI trata as mulheres. Esperamos que todas as mulheres do mundo nos ajudem porque lutamos pelos direitos das mulheres do mundo todo”, escreveu a comandante Meysa Abdo na terça-feira passada no jornal “The New York Times”.

Em artigo intitulado “Uma cidade não pode lutar sozinha contra o Estado Islâmico”, Mey-sa, uma das duas responsáveis

militares da defesa do enclave curdo, pede ao mundo “atenção e ajuda para o povo de Kobani”.

ReconhecidaConhecida por seu nome de

guerra, “Narin Afrin”, a coman-dante, de cerca de 40 anos, é admirada e muito querida por seus milicianos, que a consideram uma líder forte,

capaz de tomar decisões em qualquer circunstância, além de ressaltar sua completa en-trega a seus soldados.

Outro nome de mulher vin-culado a Kobani monopolizou nos últimos dias um grande interesse da mídia: se trata de “Rehana”, apelido de uma combatente curda da qual se diz que conseguiu matar mais de cem milicianos do EI. Parece que

“Rehana” foi capturada recen-temente pelos jihadistas, que a decapitaram e divulgaram uma foto de um de seus membros exibindo sua cabeça.

Embora alguns jornalistas da região digam que se trata de uma montagem, suas com-panheiras de armas já juraram vingá-la. Trata-se de apenas dois exemplos, pois, segundo a televisão catariana “Al Jaze-era”, as mulheres representam pelo menos 35% (cerca de 15 mil milicianas) das forças das YPG que lutam há mais de dois anos na Síria.

E sua presença aumenta sig-nificativamente para entre 50% e 60% nas fileiras da resistência de Kobani, formadas no total por cerca de 2 mil combatentes, segundo fontes curdas.

Elas asseguram que os terro-ristas do EI, além de considerar as mulheres objetos sem ne-nhum direito, acreditam que se forem mortos por uma delas não poderão entrar no paraíso, que é o que mais desejam.

“Os jihadistas distorceram o islã. Em sua filosofia, as mulheres não têm um papel próprio na sociedade. Eles acham que se forem mortos por uma mulher irão para o inferno”, explicou Dalil Derki, responsável por um batalhão feminino.

Pela tradição árabe, um homem não pode ser morto por uma mulher, por isso elas lutam ao lado deles

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RESPEITODepois de mais de 40 dias de cerco, as ima-gens de Kobani, e es-pecialmente das jovens combatentes defenden-do sua cidade com um sorriso no rosto, deram a volta ao mundo nas redes sociais

“Por isso, quando veem uma mulher com uma arma começam a tremer e fogem como ratos”, disse uma de suas combatentes, enquanto Derki ressalta que a metade dos jihadistas na fronteira foram abatidos pelas milicianas e se mostra orgulhosa de suas tro-

pas, que “são um exemplo para as mulheres no mundo todo”. De fato, as mulheres do Cur-distão têm um longo histórico como guerreiras dentro de um povo habituado a lutar contra a opressão. Adela Kham, conhe-cida como “princesa valente”, que governou nos anos 20 os

territórios curdos entre Irã e Iraque ao redor de Halabja, e Leyla Qasim, que em 1974, com 22 anos, foi a primeira mulher executada pelo regime baathista do Iraque por seu envolvimento no movimento estudantil curdo, demonstram esse espírito de luta.

‘Mulher com arma na mão é temida’

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B8 Mundo MANAUS, DOMINGO, 9 DE NOVEMBRO DE 2014

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[email protected], DOMINGO, 9 DE NOVEMBRO DE 2014 (92) 3090-1041Página C7

Drogas preocupam Parintins

Mackenzie quer expandir atividades para o EstadoInstituição paulista vai abrir unidade de ensino médio em Tocantins e analisa oferta de graduação para o Amazonas

Em seus planos de expansão, a Universidade Prebisteriana Mackenzie anunciou implantação de uma unidade de ensino médio em Palmas (TO) e estuda expandir sua atuação até o Amazonas

São Paulo (SP) - Ins-tituição particular pioneira no Brasil, a Universidade Presbi-

teriana Mackenzie tem planos de expandir suas atividades para o norte do país. A prin-cípio, o primeiro Estado a ser contemplado será Tocantins, onde uma unidade de ensi-no médio será instalada em Palmas e, posteriormente, há planos de que o Amazonas seja contemplado com uma unidade física ou com cur-sos de ensino à distância. A iniciativa foi anunciada pelo reitor da universidade, Bene-dito Guimarães Aguiar Neto, em cerimônia esta semana em São Paulo.

De acordo com o reitor, os 42 cursos de graduação, os 19 cursos de pós-graduação, os 60 cursos de especialização, bem como os 40 mil alunos de graduação, aliados aos 144 anos de história na educa-ção credenciam a entidade educacional a expandir ainda mais seus horizontes. Hoje a Mackenzie possui cinco campi, sendo dois em São Paulo, um em Campinas, um em Brasília e um no Rio de Janeiro.

“Nossa política de expan-são está mais consolidada em Recife, Belo Horizonte e Curi-tiba, mas também estamos expandindo para Palmas, só que nesse caso não em nível superior, mas no ensino mé-dio. Estivemos no Amazonas há pouco tempo, mas ainda não defi nimos como e quando pode ser que essa expansão ocorra, isso depende de mui-tos fatores ainda”, afi rmou.

Dentre os fatores que impe-dem essas defi nições está o processo de credenciamento junto ao Ministério da Edu-cação (MEC), que consiste na visitação aos polos onde o projeto de educação deve

ser implementado, bem como análise dessa inserção educa-cional e, por fi m, a autoriza-ção para que a unidade seja instalada ou o tipo de ensino a ser desenvolvido.

“Temos planos de expandir para 18 polos. Até o momento 11 foram visitados, mas esse processo de credenciamento pelo MEC é lento. Talvez so-mente no fi nal do próximo ano novas parcerias com municí-pios possam ser fi rmadas e a Mackenzie então consolide projetos. Para o Amazonas não estamos pensando, a princí-pio, em uma unidade física, mas sim em uma especia-lização com proposta Latu Sensu”, adiantou o reitor.

A Universidade Mackenzie possui cursos de graduação que contemplam diversas áreas do conhecimento, den-

tre as quais se destacam en-genharia, que foi o primeiro curso criado na instituição em 1896, e o de ciência da com-putação. Este último possui um laboratório denominado Apple Mobile, onde são de-senvolvidos, em parceria com a Apple, sistemas IOS para celulares smartphones e onde os alunos têm acesso para as mais sofi sticadas e novas ferramentas de tecnologia de-senvolvidas pela gigante da computação.

* A jornalista viajou a con-vite do Prêmio Santander Universidades

MICHELE GOUVÊA*Equipe EM TEMPO

CREDIBILIDADEDe acordo com o reitor da Mackenzie, Benedito Guimarães Aguiar Neto, o volume de cursos oferecidos e o corpo discente credenciam a institui-ção a expandir mais seus horizontes

Natural de Maceió (AL) e acadêmico de fi sioterapia da Unip, Robson desenvolve projeto de terapia preventiva em casas de repouso

O Santander benefi ciou com 100 bolsas de estudos para alunos de 46 universidades brasileiras, durante a quinta edição do programa Fórmula Santander. A entrega das bol-sas no valor de 5 mil euros, o equivalente a R$ 16 mil, foi fei-ta no autódromo de Interlagos, em São Paulo. O evento contou com a presença do presidente do Santander no Brasil, Jesús Zabalza, e do piloto de Fórmula 1, Fernando Alonso.

Os alunos contemplados po-dem cursar um semestre em uma das mais de 1,1 mil uni-versidades conveniadas em todo o mundo. O programa de bolsas contempla alunos de graduação e de pós-gradu-ação que se destacaram em suas universidades e que não teriam condições fi nanceiras de fazer mobilidade interna-cional por conta própria. O

valor da bolsa é destinado às despesas com transporte, alimentação e hospedagem.

De acordo com Zabalza, em 2014, o Fórmula Santander teve o maior número de inscri-ções, demostrando a confi an-ça do estudante brasileiro no programa de mobilidade inter-nacional oferecido pelo grupo. Neste ano, mais de 17 mil alunos se inscreveram, o que corresponde a 170 estudantes por vaga. O programa envol-ve universidades brasileiras, espanholas e britânicas.

“Somente no Brasil já são mais de 500 bolsas de mobi-lidade internacional oferecida, o que para nós é motivo de muito orgulho e satisfação, além de representar nosso compromisso com o enrique-cimento profi ssional, cultural e pessoal desses estudantes. Sendo assim, peço que eles

aproveitem ao máximo essa oportunidade e o que essa experiência pode gerar para ao longo da vida. Parabéns ao vencedores dessa grande con-corrência e que formem ciclos de desenvolvimento pessoal e acadêmico”, disse.

ContempladoUm dos contemplados pelo

programa de mobilidade in-ternacional do Santander foi o estudante do quarto período de fi sioterapia da Universida-de Paulista (Unip) de Manaus, Robson Fernandes de Lima Filho. Oriundo de Maceió (AL), Robson fi cará de fevereiro a julho de 2015 na Universidade do Porto, em Portugal, onde dará continuidade aos estudos acadêmicos e cursará maté-rias extracurriculares.

Em Portugal, Robson irá aprimorar o projeto de fi sio-

terapia preventiva em casas de repouso de Manaus. Con-forme ele, o projeto, iniciado em março, está em fase em-brionária, será amadurecido durante o intercâmbio e deve-rá ser aplicado, inicialmente, na Fundação Doutor Thomas, Parque 10, Zona Centro-Sul da capital.

“Senti a necessidade de dar atenção a esses idosos. Muitos têm problemas de locomoção ou outras limitações de mobi-lidade que poderiam ser me-lhorados com algumas inter-venções. Estou desenvolvendo o projeto e quero colocá-lo em prática o mais breve possível. Quando voltar deste intercâm-bio, quero atuar como agente disseminador do aprendizado que adquiri lá e incentivar que mais pessoas tenham esse interesse pela pesquisa e pela extensão”, afi rmou.

Estudante amazonense ganha bolsa de estudo

DIVULGAÇÃO

MICHELE GOUVÊA

REPRODUÇÃO/FACEBOOK

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C2 Dia a dia

Rede ainda é ignorada sob os nossos pésTubulações do gasoduto Coari-Manaus atravessam toda a cidade em uma rede complexa de dutos, mas boa parte da população ignora esse fato. Cigás monitora o sistema constantemente, mas garante que riscos de explosão são baixos

Sistemas de proteção indicam o local onde passa o gasoduto, no entanto, muitos moradores ainda desconhecem o fato e até mesmo a origem e importância da fonte de fornecimento de energia

Manaus é dividida, de sul a norte, por 70 quilômetros de dutos com Gás

Natural (GN) extraído da Pro-víncia de Urucu, no município de Coari (a 362 quilômetros da capital) e explorado co-mercialmente pela Compa-nhia de Gás do Amazonas (Cigás). O percurso já atinge 17 bairros, entre áreas co-merciais e residenciais. Mas será que você conhece a rota do combustível responsável por gerar aproximadamente 60% da energia elétrica de Manaus?

Hoje, de acordo com a concessionária estadual de distribuição, são oferecidos 3,6 milhões de metros cú-bicos por dia, extraídos da Província de Urucu, em Co-ari, cruzando os municípios de Codajás, Anori, Anamã, Caapiranga, Manacapuru e Iranduba, até desembocar em Manaus.

Na capital, o gás entra pelo bairro de Aparecida (na usina termelétrica UTE Apa-recida), atravessa o Centro, Chapada, Flores, Colônia Santo Antônio, Novo Israel, Terra Nova, Tarumã e Santa Etelvina, até a barreira poli-cial. Neste percurso, o gás é distribuído a 12 empresas do setor industrial e automotivo e uma UTE.

Após a barreira, a tubula-ção segue por mais 10 quilô-metros pela rodovia BR-174

(Manaus - Boa Vista), onde chega a três empresas do segmento industrial e uma do segmento termoelétrico, estende-se em cinco quilô-metros o gasoduto na AM-010 (Manaus-Itacoatiara), que abastece duas empresas do setor industrial e uma do termoelétrico.

Nesse percurso há um braço, com sete quilôme-tros de extensão, que segue pela Zona Oeste. Nele, o gás passa sob os pés de moradores dos bairros Dom

Pedro, São Jorge, Santo Agostinho e Nova Esperan-ça, até desembocar na Ponta Negra. No trajeto, o gás é utilizado em uma indústria do segmento termoelétrico, uma do comercial e uma do automotivo.

Nas zonas Leste e Sul, o gasoduto parte da UTE de Mauá, no bairro Mauazinho, e se estende a diversas ave-nidas do Distrito 1 e 2. Há previsão de que mais 21 quilômetros de tubulação sejam inseridos no Distrito, atingindo também os bairros

do Armando Mendes, Zumbi, São José, Puraquequara e Jorge Teixeira. E, os investi-mentos para o ano de 2015, estão orçados em R$ 40 milhões.

Nestes bairros, muitas ruas foram rasgadas para a colocação da tubulação. Feitos de aço carbono, re-vestido de polietileno para evitar corrosão, e com es-pessura de no mínimo 3,91 polegadas, os dutos ficam no mínimo a 1,20 metro de profundidade. “A espessura nossa de trabalho é maior que a requerida pela norma, primeiro pela segurança e segundo porque existem di-âmetros mais comerciais e acabam reduzindo o custo também”, explicou o diretor técnico e comercial da Cigás, Clóvis Correia.

Os dutos são inseridos abaixo de areia, de placas de concreto (proteção me-cânica) e de uma rede que vem com o aviso “Perigo não escavar”, soterrados ainda por mais areia compactada e pela pavimentação em asfal-to. “Na hora em que alguém escavar, encontrará a fita e depois a placa de concreto e o duto é em aço. Ele sentirá resistência”, disse o diretor. Na vala, passam também dois tubos com fibra ótica, que são importantes para mandar informações – 24 horas por dias, sete dias por semana - de tudo o que ocorre no sistema para a sala de controle na sede da Cigás, na avenida Torquato Tapajós.

EXTENSÃOO percurso do gasodu-to na área urbana de Manaus já atinge 17 bairros em 70 quilô-metros, entre zonas de comércio e residências, mas as tubulações não abrangem terrenos particulares

Segundo Clóvis Correia, a instalação foi concedida apenas após a licença de vários órgãos como Insti-tuto de Proteção Ambien-tal do Amazonas (Ipaam), Instituto Municipal de Ordem Social e Planeja-mento Urbano (Implurb), Departamento Nacional de Infraestrutura de Trans-portes (Dnit) e Instituto Municipal de Engenharia e Fiscalização do Trânsito (Manaustrans), além de se-guir normas e certificados

nacionais e internacionais. “Duto de gás é extrema-mente normatizado. Esses dutos são bem construí-dos e feitos para durar 30 anos, sem manutenção. Se tomar cuidado, ele dura a vida toda”, afirmou.

De acordo com a conces-sionária, ao longo de todo o trajeto há placas aler-tando para a existência do gasoduto e, segundo a empresa, desde o proces-so de implantação, progra-mas que informaram sobre

a colocação da rede vêm sendo difundidos.

“A única coisa que a pes-soa não pode fazer, e não deve em hipótese nenhu-ma, é escavar no lugar do duto. Sempre têm placas que ficam instaladas na rede e tachões (placas as-sentadas) no asfalto e nos passeios. Temos também nosso telefone 0800 723 3202 descrito nas placas espalhadas em toda a ci-dade”, afirmou o diretor da Cigás.

Obra com cuidados ambientais

Placas indicam locais onde passam as tubulações e onde não são permitidas escavações

FOTOS: IONE MORENO

IVE RYLO E DANIEL AMORIMEquipe EM TEMPO

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MANAUS, DOMINGO, 9 DE NOVEMBRO DE 2014 C3

Rede ainda é ignorada sob os nossos pésApesar da sinalização es-

palhada pelas avenidas, a rota do gasoduto ainda é desconhecida por muitos moradores da capital. “Sei que eles colocaram os tubos na avenida Constantino Nery. Na verdade, não sei nem para que serve isto. Quando implantaram esse negócio, fi quei até me perguntando. Também não sei os cuidados necessários. Alguém pode fumar perto? Pode explodir? Nenhum tipo de informa-ção sobre os cuidados foi passado para a população”, questionou a universitária Jaqueline de Oliveira, 25.

O empresário Luiz Ricar-do Souza de Oliveira, 39, também desconhece grande parte do percurso feito pelo gasoduto. “Sei que ele passa pela Constantino Nery e lá na Ponta Negra também, que faz parte do meu percurso diário. Onde eu moro, no Parque das Laranjeiras, não passa o gasoduto. Nunca obtive nenhuma informação, nem na televisão, de pre-venção e nem como agir se acontecer algum problema na tubulação. Mas me preo-cupo em saber como deveria agir no caso de um acidente”, apontou.

Correia explicou que a ca-nalização nunca é inserida em terrenos particulares, mas sempre nas vias públi-cas. Contudo, na AM-010 já foi registrada invasão so-bre um trecho onde passa o gasoduto. “Não fazemos dentro dos terrenos das pes-soas, mas pode acontecer de ter uma invasão. Temos processo na procuradoria sobre isto. É perigoso esca-var. Fazemos inspeção dia-riamente nos dutos. Vão dois funcionários, um no veículo e outro a pé, roçando a linha para não deixar mato em cima”, afi rmou.

Sinalização em todos os pontos

Mapa mostra o trajeto de 70 quilômetros dos dutos dentro da área urbana da capital

Obras do gasoduto na região da Província Petrolífera de Urucu: alto investimento no Estado

Contudo, de acordo com o diretor técnico Clovis Correia, não existe risco de explosão do gasoduto, uma vez que só corre chance de fogo se houver três ele-mentos juntos: combustível, componente e ignição. “No caso, temos o gás natural, que serve como combustí-vel, mas possui densidade menor que a do ar e se dissipa mais rápido. Por isso, a possibilidade desse tipo de

ocorrência aumenta com o uso do Gás Liquefeito de Pe-tróleo (GLP), cuja densidade é maior”, explica. Segundo a assessoria da empresa, não existem casos de vaza-mento registrados até hoje, apenas suspeitas por parte da população.

“Se eu for escavar - na hipótese de chegar ao gás - dentro da tubulação, tem gás pressurizado a 17 quilos de pressão. Gás sem oxigê-

nio não queima. É só gás. Nem se botar fogo dentro do duto. O gás só queima de 4 a 14%. Ele tem que estar 4% da mistura gás e ar. Ou 14%. Menos que 4%, é uma mistura pobre e não consegue pegar fogo, e mais de 14% é uma mistura muito rica e também não pega fogo e não explode. Den-tro da tubulação não tem oxigênio, é zero”, detalhou Correia.

Risco de explosão não é alto

Monitoramento permite segurança nos dutos instalados pela cidade contra vazamentos

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C4 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 9 DE NOVEMBRO DE 2014 C5

Cuidados para garantir a segurançaApesar de haver registros de fatos relativos a explosões de gasodutos em diversas partes do mundo, inclusive da América Latina, companhia garante que trabalho constante de simulações evita que tragédias possam ocorrer

Em 2010, a Cigás ini-ciou a operação co-mercial do combustí-vel. Contudo, as obras

de implantação do gasoduto iniciaram três anos antes. E foi nessa época que trechos de muitas ruas foram interdi-tadas para a abertura das va-las, o que causou transtornos aos condutores e moradores de bairros que se encontra-vam na rota do gasoduto.

Por essa razão, em 2010 foi assinado um Termo de Ajus-tamento de Conduta (TAC) em ação civil pública aberta pelo Ministério Público do Estado (MPE). Na época, a Cigás repassou à prefeitura uma quantia para o recapeamento das ruas. “Quando a obra teve aqui causou certo transtor-no no trânsito. A prefeitura embargou a obra e exigiu a assinatura do TAC. A Cigás pagou R$ 3 milhões em 2010 para o recapeamento asfál-tico nos locais onde iríamos

passar com o duto”, disse.Como uma espécie de com-

pensação ambiental, a con-cessionária também doou à Prefeitura de Manaus 10,5 mil mudas de plantas nativas para cultivo em áreas afe-tadas pela implantação da rede de dutos na BR-174. De acordo com a empresa, a com-pensação ambiental é exigida em casos de supressão vege-tal, ou seja, quando as obras atingem locais de vegetação. Contudo, praticamente não existiu impacto ambiental na rede de distribuição de gás natural em Manaus.

Além disso, a empresa pro-move um trabalho de educa-ção ambiental a cargo de sua área de Qualidade, Saúde, Meio Ambiente e Segurança e Comunicação. São realizadas visitas às comunidades im-pactadas e realizada a distri-buição de folhetos informati-vos, além de orientações para os devidos cuidados não só no período da obra, mas também após o início da operação.

Durante as reuniões nos centros comunitários, a em-

presa explicou que repassa à população informações sobre o traçado da rede, aspectos de segurança e outros temas relevantes relacionados ao gás natural, além de parti-cipar de atividades culturais das escolas dos bairros e

estar à disposição da comu-nidade por meio do 0800 723 3202, número de atendimen-to divulgado em panfl etagem nos locais.

O gás natural é utilizado nos setores industrial, automo-tivo, hidroviário, comercial e residencial, além de gerar energia nas termoelétricas.

A aplicação do combustível na indústria dá-se para gera-ção de energia em caldeiras, fornos, estufas, refeitório, empilhadeiras, secadores. Também a partir do gás é possível fabricar etanol e me-tanol. É um combustível não tóxico, menos poluente que outras fontes energéticas e, por ser mais leve, se dissipa o que diminui a ocorrência de explosões. “A partir do gás natural pode gerar energia elétrica, água gelada para climatização de ambientes, água quente para processos, vapor e CO2. Na mesma mo-lécula de gás você consegue esta quantidade de utilidade”, afi rmou Correia.

Ele explicou também que a inserção do combustível canalizado retirou das ruas de Manaus 170 carretas que realizavam o transporte de óleo diariamente.

Segundo informações da assessoria, não existem ca-sos registrados até hoje. Ape-sar disso, empresa investe em medidas de controle em caso de vazamentos.

Atividade de simulação de vazamento de gás e atendimento de emergência: trabalho é executado periodicamente para garantir a segurança da população quanto às tubulações do gasoduto

FOTO

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Em julho deste ano, na cida-de de Kaohsiung, em Taiwan, cinco explosões seguidas em um gasoduto deixaram 25 mortos e mais de 270 feridos. Entre as vítimas fatais esta-vam cinco bombeiros, que fa-ziam inspeções, após avisos de vazamento de gás.

Antes das explosões havia muita fumaça com um “chei-ro semelhante a gás” saindo das “bocas” de esgoto. Os da-nos se espalharam por várias

ruas da cidade, que tem 2,8 milhões de habitantes.

Segundo a prefeita de Ka-ohsiung, Chen Chu, “várias empresas petroquímicas instalaram dutos subterrâ-neos paralelos na rede de esgoto do bairro de Chian-Chen, onde há fábricas e edifícios residenciais”. Os sobreviventes fi caram abri-gados em escolas da região. Era a história se repetindo. Moradores de Kaohsiung

chegaram a avisar sobre o vazamento de gás pelo me-nos quatro horas antes das explosões.

No mês seguinte, um ga-soduto que alimenta uma central elétrica na província de Córdoba, na Argentina, deixou sete pessoas grave-mente feridas, com queima-duras de segundo e terceiro graus. Os feridos não eram funcionários do gasoduto, mas pessoas que passavam

próximas ao local. Há 6 anos, 30 famílias foram atingidas por deslizamentos de terras após a explosão do gasoduto Bolívia-Brasil. Por sorte, nin-guém morreu.

Tragédias como essa acen-dem o alerta em relação ao que pode acontecer em Ma-naus, caso medidas preventi-vas e necessárias não sejam tomadas a tempo, apesar da garantia de segurança da empresa responsável.

História trágica se repete em Kaohsiung

Em Guadalajara, em abril de 1992, explosão de gasoduto matou 300 pessoas. Moradores afi rmaram terem sentido odor de gás

Em Kaohsiung, série de explosões em dutos ocorreu em julho

As mensagem de alerta sobre o gasoduto podem suscitar dúvidas quanto aos riscos de vazamento do gás, como explosões, mas o diretor técnico da concessionária, Clo-vis Correia Júnior, reafir-mou que não há motivospara preocupação.

O diretor informa que a Cigás possui um Plano de Ação de Emergência, que consiste em simulações coordenadas com o Corpo

de Bombeiros e a Polícia Militar. O ensaio já foi re-alizado nos bairros Maua-zinho e Santa Etelvina e na avenida Constantino Nery. “Nessas situações, temos a oportunidade de aperfeiço-ar nossa atuação em casos de urgência”, diz Clovis.

Na sede da empresa, lo-calizada na avenida Tor-quato Tapajós, funciona o Centro de Controle Opera-cional (CCO), que monitora o desempenho do sistema

24 horas por dia - incluindo os 32 clientes atendidos. Para alertar a população, o sistema abriga tanques que espalham mercaptano, substância à base de enxo-fre, já que o gás natural é inodoro e não tóxico.

CompactaçãoOs dutos, cuja parte mais

baixa fica a três metros de profundidade, são in-seridos por meio de furo direcional. “Apesar do custo

unitário elevado, trata-se de um sistema mais com-pacto, o que oferece maior velocidade na execução e menor espaço ocupado pela obra”, informa Clovis.

As empreiteiras devem obedecer a uma lista de critérios, como normas sobre o material utilizado. “Para garantir a segurança, nossas normas têm valor dobrado ao especificado pela instruções oficiais”, complementa Clovis.

‘Plano de Emergência’ sempre em andamento

Uma série de explosões na rede de esgoto de Gua-dalajara, no México, causou a morte de pelo menos 300 pessoas. O rastro de destruição se estendeu por oito quilômetros naquela manhã de 22 de abril de 1992. A cidade de 4 milhões de habitantes vivenciou na-quele momento a maior tragédia de sua história.

A primeira explosão atin-giu a via principal que liga-va os bairros de Olímpicas e Analco. Na sequência, pelo menos quatro ruas adja-centes foram atingidas. Moradores – e por que não dizer sobreviventes? – relataram na época que a primeira impressão era de que Guadalajara havia sido atingida por um forte terremoto.

Dias antes, dezenas de moradores daquela região telefonaram para uma rá-dio local e relataram que um forte cheiro de gás era sentido cada vez que se abria uma das torneiras de suas residências. As au-toridades, então, enviaram técnicos às redes subter-râneas para que fi zessem uma vistoria. A nove metros de profundidade foram de-tectados gases e muita ga-solina. A saída encontrada foi destampar os bueiros.

O cheiro forte de gás persistiu e moradores continuaram reclamando. Funcionários do governo decidiram limpar os buei-ros e destampar todas as redes de esgoto para permitir a circulação dos

fl uidos que estavam reti-dos na área subterrânea. De nada adiantou. No dia 22 de abril a explosão do gasoduto matou 300 pes-soas e feriu mais de 1,5 mil, além de destruir casas e veículos. As ruas atingidas tinham buracos de até 15 metros de profundidade. Veículos foram parar nos telhados das casas e nas copas das árvores.

A primeira suspeita foi em cima da empresa Petróleo Mexicano, que administra-va um gasoduto na cidade, mas a Pemex tratou de se

eximir da culpa e garantiu que nada tinha a ver com as explosões. No entanto, fi cou comprovado o vazamento de gás hexano, considerado letal e insolúvel na água. A fábrica La Central foi res-ponsabilizada pela tragédia e foi fechada.

Os sobreviventes fi ca-ram abrigados em 20 al-bergues e no estádio de futebol de Guadalajara. Os prejuízos chegaram a 75 milhões de dólares.

Uma tragédia em Guadalajara

RESPONSÁVELEm 2010 foi assinado um Termo de Ajusta-mento de Conduta em ação civil pública aber-ta pelo Ministério Pú-blico, quando a Cigás repassou à prefeitura verba para recapea-mento das ruas

IVE RYLO E DANIEL AMORIMEquipe EM TEMPO

FATOExemplo de acidente com estrutura ocor-reu em Guadalajara, no México, em abril de 1992, quando uma explosão no gasoduto matou 300 pessoas e causou prejuízo de US$ 75 milhões

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C4 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 9 DE NOVEMBRO DE 2014 C5

Cuidados para garantir a segurançaApesar de haver registros de fatos relativos a explosões de gasodutos em diversas partes do mundo, inclusive da América Latina, companhia garante que trabalho constante de simulações evita que tragédias possam ocorrer

Em 2010, a Cigás ini-ciou a operação co-mercial do combustí-vel. Contudo, as obras

de implantação do gasoduto iniciaram três anos antes. E foi nessa época que trechos de muitas ruas foram interdi-tadas para a abertura das va-las, o que causou transtornos aos condutores e moradores de bairros que se encontra-vam na rota do gasoduto.

Por essa razão, em 2010 foi assinado um Termo de Ajus-tamento de Conduta (TAC) em ação civil pública aberta pelo Ministério Público do Estado (MPE). Na época, a Cigás repassou à prefeitura uma quantia para o recapeamento das ruas. “Quando a obra teve aqui causou certo transtor-no no trânsito. A prefeitura embargou a obra e exigiu a assinatura do TAC. A Cigás pagou R$ 3 milhões em 2010 para o recapeamento asfál-tico nos locais onde iríamos

passar com o duto”, disse.Como uma espécie de com-

pensação ambiental, a con-cessionária também doou à Prefeitura de Manaus 10,5 mil mudas de plantas nativas para cultivo em áreas afe-tadas pela implantação da rede de dutos na BR-174. De acordo com a empresa, a com-pensação ambiental é exigida em casos de supressão vege-tal, ou seja, quando as obras atingem locais de vegetação. Contudo, praticamente não existiu impacto ambiental na rede de distribuição de gás natural em Manaus.

Além disso, a empresa pro-move um trabalho de educa-ção ambiental a cargo de sua área de Qualidade, Saúde, Meio Ambiente e Segurança e Comunicação. São realizadas visitas às comunidades im-pactadas e realizada a distri-buição de folhetos informati-vos, além de orientações para os devidos cuidados não só no período da obra, mas também após o início da operação.

Durante as reuniões nos centros comunitários, a em-

presa explicou que repassa à população informações sobre o traçado da rede, aspectos de segurança e outros temas relevantes relacionados ao gás natural, além de parti-cipar de atividades culturais das escolas dos bairros e

estar à disposição da comu-nidade por meio do 0800 723 3202, número de atendimen-to divulgado em panfl etagem nos locais.

O gás natural é utilizado nos setores industrial, automo-tivo, hidroviário, comercial e residencial, além de gerar energia nas termoelétricas.

A aplicação do combustível na indústria dá-se para gera-ção de energia em caldeiras, fornos, estufas, refeitório, empilhadeiras, secadores. Também a partir do gás é possível fabricar etanol e me-tanol. É um combustível não tóxico, menos poluente que outras fontes energéticas e, por ser mais leve, se dissipa o que diminui a ocorrência de explosões. “A partir do gás natural pode gerar energia elétrica, água gelada para climatização de ambientes, água quente para processos, vapor e CO2. Na mesma mo-lécula de gás você consegue esta quantidade de utilidade”, afi rmou Correia.

Ele explicou também que a inserção do combustível canalizado retirou das ruas de Manaus 170 carretas que realizavam o transporte de óleo diariamente.

Segundo informações da assessoria, não existem ca-sos registrados até hoje. Ape-sar disso, empresa investe em medidas de controle em caso de vazamentos.

Atividade de simulação de vazamento de gás e atendimento de emergência: trabalho é executado periodicamente para garantir a segurança da população quanto às tubulações do gasoduto

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ÇÃO

Em julho deste ano, na cida-de de Kaohsiung, em Taiwan, cinco explosões seguidas em um gasoduto deixaram 25 mortos e mais de 270 feridos. Entre as vítimas fatais esta-vam cinco bombeiros, que fa-ziam inspeções, após avisos de vazamento de gás.

Antes das explosões havia muita fumaça com um “chei-ro semelhante a gás” saindo das “bocas” de esgoto. Os da-nos se espalharam por várias

ruas da cidade, que tem 2,8 milhões de habitantes.

Segundo a prefeita de Ka-ohsiung, Chen Chu, “várias empresas petroquímicas instalaram dutos subterrâ-neos paralelos na rede de esgoto do bairro de Chian-Chen, onde há fábricas e edifícios residenciais”. Os sobreviventes fi caram abri-gados em escolas da região. Era a história se repetindo. Moradores de Kaohsiung

chegaram a avisar sobre o vazamento de gás pelo me-nos quatro horas antes das explosões.

No mês seguinte, um ga-soduto que alimenta uma central elétrica na província de Córdoba, na Argentina, deixou sete pessoas grave-mente feridas, com queima-duras de segundo e terceiro graus. Os feridos não eram funcionários do gasoduto, mas pessoas que passavam

próximas ao local. Há 6 anos, 30 famílias foram atingidas por deslizamentos de terras após a explosão do gasoduto Bolívia-Brasil. Por sorte, nin-guém morreu.

Tragédias como essa acen-dem o alerta em relação ao que pode acontecer em Ma-naus, caso medidas preventi-vas e necessárias não sejam tomadas a tempo, apesar da garantia de segurança da empresa responsável.

História trágica se repete em Kaohsiung

Em Guadalajara, em abril de 1992, explosão de gasoduto matou 300 pessoas. Moradores afi rmaram terem sentido odor de gás

Em Kaohsiung, série de explosões em dutos ocorreu em julho

As mensagem de alerta sobre o gasoduto podem suscitar dúvidas quanto aos riscos de vazamento do gás, como explosões, mas o diretor técnico da concessionária, Clo-vis Correia Júnior, reafir-mou que não há motivospara preocupação.

O diretor informa que a Cigás possui um Plano de Ação de Emergência, que consiste em simulações coordenadas com o Corpo

de Bombeiros e a Polícia Militar. O ensaio já foi re-alizado nos bairros Maua-zinho e Santa Etelvina e na avenida Constantino Nery. “Nessas situações, temos a oportunidade de aperfeiço-ar nossa atuação em casos de urgência”, diz Clovis.

Na sede da empresa, lo-calizada na avenida Tor-quato Tapajós, funciona o Centro de Controle Opera-cional (CCO), que monitora o desempenho do sistema

24 horas por dia - incluindo os 32 clientes atendidos. Para alertar a população, o sistema abriga tanques que espalham mercaptano, substância à base de enxo-fre, já que o gás natural é inodoro e não tóxico.

CompactaçãoOs dutos, cuja parte mais

baixa fica a três metros de profundidade, são in-seridos por meio de furo direcional. “Apesar do custo

unitário elevado, trata-se de um sistema mais com-pacto, o que oferece maior velocidade na execução e menor espaço ocupado pela obra”, informa Clovis.

As empreiteiras devem obedecer a uma lista de critérios, como normas sobre o material utilizado. “Para garantir a segurança, nossas normas têm valor dobrado ao especificado pela instruções oficiais”, complementa Clovis.

‘Plano de Emergência’ sempre em andamento

Uma série de explosões na rede de esgoto de Gua-dalajara, no México, causou a morte de pelo menos 300 pessoas. O rastro de destruição se estendeu por oito quilômetros naquela manhã de 22 de abril de 1992. A cidade de 4 milhões de habitantes vivenciou na-quele momento a maior tragédia de sua história.

A primeira explosão atin-giu a via principal que liga-va os bairros de Olímpicas e Analco. Na sequência, pelo menos quatro ruas adja-centes foram atingidas. Moradores – e por que não dizer sobreviventes? – relataram na época que a primeira impressão era de que Guadalajara havia sido atingida por um forte terremoto.

Dias antes, dezenas de moradores daquela região telefonaram para uma rá-dio local e relataram que um forte cheiro de gás era sentido cada vez que se abria uma das torneiras de suas residências. As au-toridades, então, enviaram técnicos às redes subter-râneas para que fi zessem uma vistoria. A nove metros de profundidade foram de-tectados gases e muita ga-solina. A saída encontrada foi destampar os bueiros.

O cheiro forte de gás persistiu e moradores continuaram reclamando. Funcionários do governo decidiram limpar os buei-ros e destampar todas as redes de esgoto para permitir a circulação dos

fl uidos que estavam reti-dos na área subterrânea. De nada adiantou. No dia 22 de abril a explosão do gasoduto matou 300 pes-soas e feriu mais de 1,5 mil, além de destruir casas e veículos. As ruas atingidas tinham buracos de até 15 metros de profundidade. Veículos foram parar nos telhados das casas e nas copas das árvores.

A primeira suspeita foi em cima da empresa Petróleo Mexicano, que administra-va um gasoduto na cidade, mas a Pemex tratou de se

eximir da culpa e garantiu que nada tinha a ver com as explosões. No entanto, fi cou comprovado o vazamento de gás hexano, considerado letal e insolúvel na água. A fábrica La Central foi res-ponsabilizada pela tragédia e foi fechada.

Os sobreviventes fi ca-ram abrigados em 20 al-bergues e no estádio de futebol de Guadalajara. Os prejuízos chegaram a 75 milhões de dólares.

Uma tragédia em Guadalajara

RESPONSÁVELEm 2010 foi assinado um Termo de Ajusta-mento de Conduta em ação civil pública aber-ta pelo Ministério Pú-blico, quando a Cigás repassou à prefeitura verba para recapea-mento das ruas

IVE RYLO E DANIEL AMORIMEquipe EM TEMPO

FATOExemplo de acidente com estrutura ocor-reu em Guadalajara, no México, em abril de 1992, quando uma explosão no gasoduto matou 300 pessoas e causou prejuízo de US$ 75 milhões

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C6 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 9 DE NOVEMBRO DE 2014

‘Responsabilidade é das famílias’Para o titular da 3ª Dele-

gacia Interativa de Parintins, Bruno Fraga, a polícia vem fazendo a sua parte no com-bate ao tráfico de drogas na cidade.

Na semana que findou ele e mais três delegados da Polícia Civil, além de poli-ciais militares comandou a operação Brasil Integrado para coibir infrações como o tráfico de drogas no mu-nicípio e região.

“Evidentemente, que nes-se caso em especial a res-ponsabilidade é, sobretudo, dos pais, da família que precisa fiscalizar e acom-panhar os atos dos filhos, estarem atentos”, salienta o delegado.

Quando o delegado diz que a polícia faz a sua parte está se referindo às ações de combate ao tráfico re-alizadas diariamente para estourar bocas de fumo que surgem nos bairros da peri-feria da Ilha.

Atualmente, a delegacia de Parintins conta com cinco delegados, sendo que a de-legada da Mulher, Ana De-nise, está licenciada para tratamento médico.

Sem milagreO bispo de Parintins, dom

Giuliano Frigenne, reconhe-ceu a gravidade da situação e disse que o próprio colégio da Igreja Católica em Pa-rintins já se deparou com o

problema.No seu entendimento, hoje

as famílias não vivem em profundidade com a sua fé. “Nós temos uma fé super-ficial que lota as igrejas, promove o turismo religioso, mas não é capaz de conso-lidar o papel da família na construção da sociedade”.

Dom Giuliano disse ain-da que essa “fé superficial” contribui para a situação lamentável registrada hoje na cidade.

Ele diz que a fragilidade da fé influencia as famílias, que perdem a capacidade de acompanhar os filhos deixando-os vulneráveis. “A escola não faz milagre”, lem-bra o bispo.

Operação Brasil Integrado, realizada na última semana em Parintins, combateu ao tráfico

TADEU DE SOUZA

Consumo de drogas em escolas preocupa ParintinsFoto de estudantes supostamente preparando maconha dentro de escola gerou discussões sobre a luta contra o tráfico

Parintins (AM) – A ima-gem de estudantes consumindo maconha em plena escola, que

circulou durante um dia nas redes sociais em Parintins, cau-sou impacto em quem viu e provocou uma ampla discussão na cidade sobre as drogas na rede pública de ensino depois que a TV EM TEMPO mostrou na última quarta-feira (5) uma reportagem sobre o caso.

Mais forte ainda, no entanto, foi o desabafo da conselhei-ra tutelar Nilciara Barbosa. “Infelizmente essa é a nossa realidade hoje”, diz a experien-te conselheira.

Mesmo com o intenso comba-te por parte das polícias Civil e Militar ao tráfico na cidade de Parintins (a 331 quilômetros de Manaus), os traficantes conti-nuam ousados em suas opera-ções para vender drogas.

A exemplo do que já acon-tece em centros maiores, o tráfico se voltou agora para as escolas onde crianças estão sendo cooptadas pelos trafi-cantes para atuarem como “aviões” das bocas de fumo espalhadas pela cidade.

Na semana passada, alunos, professores, gestores e pais foram surpreendidos com a foto que circulou por uma ma-nhã nas redes sociais, onde três adolescentes preparam supostamente um cigarro de maconha dentro de uma escola da rede estadual de ensino no centro de Parintins.

“Eu já tinha escutado essa história de que crianças estão levando drogas para dentro das salas de aula, mas confesso que imaginei não estar tão avança-

do assim”, disse Carla Santos de Oliveira, mãe de uma aluna.

A conselheira tutelar Nilciara Barbosa revelou que diariamen-te chegam até ela denúncias relacionadas à presença de maconha e pasta-base de co-caína em estabelecimentos de ensino, levadas pelos alunos. “Não é só isso. Muitos desses adolescentes andam armados com facas. É uma realidade que precisa ser combatida, mas o primeiro passo deve ser na família, pois os pais são os responsáveis em acompanhar o cotidiano de seus filhos, não podem simplesmente fechar os olhos para esse fato e jogar toda a responsabilidade nos ombros de professores e ges-tores”, adverte Nilciara.

Outra conselheira tutelar, Edna Garcia, salienta que é importante que os gestores em parceria com o conselho possam organizar eventos de orientação aos pais. “Nós já estamos fazendo palestras com apoio do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), mas não tem sido o suficiente. É preciso que sejamos mais ofensivos em nossa estratégia de combate às drogas nas escolas de Pa-rintins”, ressalta.

O problema já chegou à coor-denação da Secretaria de Edu-cação do Estado em Parintins. A coordenadora Ana Ester Pau-lino contou que, além da droga, os professores hoje se deparam na sala de aula com o alcoolis-mo. “Eu mesma passei por essa experiência ao ministrar uma palestra numa escola e percebi que um aluno retrucava tudo o que eu falava, me aproximei dele e percebi que ele estava completamente embriagado”, informou Ana Ester.

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Coordenador do Proerd, Gildo Assis diz que o programa é uma ferramenta contra o tráfico

TADEU DE SOUZAEquipe EM TEMPO

Uma ferramenta no combate às drogas nas escolas da rede pública de ensino é o Programa Educacional de Resistên-cia às Drogas e à Violên-cia (Proerd), implantado em Parintins em 2002 e já atendeu cerca de 16 mil alunos com palestras e outras atividades.

O programa é coman-dado pelo cabo PM Gildo Assis, formado em jorna-lismo, com os soldados Ozeias Neto e André Bacre. O Proerd funcio-na nas dependências do Pelotão Mirim, no antigo quartel da Polícia Militar, no bairro de São José Operário.

Gildo confirma o trá-fico nas escolas e conta que recentemente um aluno foi flagrado com uma porção de pasta base de cocaína dentro da cueca.

Segundo ele, neste ano o Proerd fecha suas ati-vidades alcançando cer-ca de 2,4 mil alunos. “A droga na escola não é novidade para nós, é uma realidade muito difícil e preocupante. O Proerd está também fazendo o que pode, alertando pais e alunos contra esse mal que infesta a sociedade”, disse.

Ferramentas a favor da consciência

Foto de alunos com maconha, publicada nas redes sociais, provocou muita revolta na cidade

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C7Dia a diaMANAUS, DOMINGO, 9 DE NOVEMBRO DE 2014

Preconceito ainda resiste e agrava casos de câncerFalta de bom senso quanto à seriedade do exame que detecta o câncer de próstata eleva casos da enfermidade

Medo, vergonha e preconceito são fatores determi-nantes para que

muitos homens negligenciem a própria saúde e esqueçam que a detecção precoce é a melhor defesa do corpo. A re-cente pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Urolo-gia (SBU), em parceria com a Bayer, mostra que mais da me-tade dos homens brasileiros (51%) admite não consultar um urologista ou cardiologista regularmente. O número pre-ocupa, especialmente quando o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que, até o final do ano, 68,80 mil homens serão diagnosticados com câncer de próstata.

Conforme o levantamento, o Amazonas contabilizará 510 casos novos referentes à neo-plasia neste período, dos quais 320 somente em Manaus. A taxa de incidência desse tipo de câncer representa 27,94% de todos os casos previstos para os homens do Estado em 2014 (2,25 mil).

A exemplo do “Outubro Rosa”, o Instituto Lado a Lado pela Vida e a SBU de-senvolvem o “Novembro Azul” para desmistificar a doença e conscientizar a população

masculina sobre os cuidados com a saúde.

O microempreendedor Mau-rício Gonçalves, 39, perdeu o pai José Getúlio Gonçalves, 67, há dez anos, vítima da doença. Segundo ele, durante muito tempo, as piadas em relação ao exame realizado (toque retal) impediram que José procurasse um médico especializado. Maurício pon-tua que, quando o pai se deu conta de que sua virilidade não seria perdida por conta do processo, já era tarde de-mais: o diagnóstico mostrou um câncer em fase avançada. “Foi por conta da situação do meu pai que passei a tomar mais cuidado com a minha saúde. Ainda que eu não esteja na fase recomendada, sempre procuro anualmente um uro-logista”, detalhou.

CuidadosA SBU aconselha que ho-

mens a partir de 50 anos procurem seu urologista para discutir a prática e a realização da avaliação. Já os com maior risco da do-ença (aqueles com histórico familiar, por exemplo) devem procurar o especialista a par-tir dos 45 anos.

Segundo o gestor técnico

do Laboratório Sabin, Régis Torres, o check-up periódico é fundamental para identificar a doença ainda em estágio inicial e aumentar as chances de cura. “Todo homem deve fazer uma avaliação periódi-ca que inclui consulta médica e exames como hemograma, glicose, perfil lipídico, ácido úrico, ureia, creatina, PSA, su-mário de urina (EAS) e sangue oculto, para identificar preco-cemente possíveis doenças. Quanto mais precocemente for diagnosticado o câncer de próstata, mais fácil de ser controlado”, afirma.

Régis Torres destaca ainda que os fatores de risco da do-ença incluem idade (acima dos 50 anos), histórico familiar de câncer, tabagismo, obesidade, fatores hormonais e ambien-tais e hábitos alimentares. “É importante estar atento a es-tes fatores, consultar-se regu-larmente com um urologista e caso seja observada alguma anormalidade, como dificulda-de para urinar ou presença de sangue na urina, o paciente deve procurar um médico”. Alimentação balanceada e a prática de exercícios físicos regularmente também são recomendações importantes para prevenir a doença.

DIVULGAÇ

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Campanha “Novembro Azul” foi criada para incentivar a prevenção e o diagnóstico precoce

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C8 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 9 DE NOVEMBRO DE 2014

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MANAUS, DOMINGO, 9 DE NOVEMBRO DE 2014 [email protected] (92) 3090-1010

3 Eles viram o mundo (em 2064)A imaginação futurista de alemães e brasileiros. Págs. 4

2 Tudo o que você disser pode ser usado...O site jornalístico que checa dados na Argentina. Pág. 3

1 Os ângulos de Lothar CharouxE outras 8 indicações culturais. Pág. 2

6

Do arquivo de Sérgio de Carvalho

4 Censores ligados e motores desligadosDiário de Pequim. Pág. 6

O diplomata que interpretou os russos. Pág. 8As bem-traçadas linhas de Kennan

5 João Pessoa, 1997. Pág. 7Capa

Obra da série ‘Lilith’ (1990), de Anselm Kiefer, técnica mista sobre tela

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G2 MANAUS, DOMINGO, 9 DE NOVEMBRO DE 2014

Ilustríssima CiênciaO MELHOR DA CULTURA EM 9 INDICAÇÕES

Ilustríssimos desta edição

Folha.com

CHINASéries estrangeiras como “Do-wnton Abbey” e franquias como “The Voice” fazem sucesso no gigante asiático

FOLHA.COM/ILUSTRISSIMAAtualização diária da página da “Ilustríssima” no site da Folha

DENIS MERKLENLeia a íntegra da entrevista como sociólogo francês que virá à Flupp

>>folha.com/ilustrissima

ALBERT OSTERMAIER, 46, escritor alemão, é co-nhecido sobretudo pela sua poesia e peças teatrais.

ALEXANDER KLUGE, 82, cineasta e escritor alemão, foi um dos fundadores nos anos 1960 do que viria a ser conhecido como o novo cinema alemão.

ANSELM KIEFER, 69, é artista plástico alemão. Uma retrospectiva de sua obra está em cartaz na Royal Academy of Arts, em Londres, até 14/12.

BRUNO MARON, 36, é quadrinista.

CLAUDIUS CECCON, 76, é arquiteto e cartunista.

BRASILEIRO

ESTRANGEIRO

ERU

DIT

O POP

ARQUIVO PESSOAL

JULI ZEH, 40, escritora alemã, autora de peças de teatro, ensaios e romances, como “Juncos” (Record).

LUIS S. KRAUSZ, 53, escritor e tradutor, fi nalista do Prê-mio Jabuti deste ano com o romance “Deserto” (Benvirá).

MARCELO NINIO, 48, é correspondente da Folha em

Pequim.

MARCOS AZAMBUJA, 79, é embaixador brasileiro.

SÉRGIO DE CARVALHO, 47, é diretor do grupo teatral Companhia do Latão e professor de dramaturgia na USP.

SYLVIA COLOMBO, 42, é repórter especial da Folha.

1

LIVRO | DARCY RIBEIROPublicado pela primeira vez em

1988, “Migo” é uma das fi cções que o antropólogo e educador mineiro escreveu, entre títulos como “Maíra” e “O Mulo”. Narrado em primeira pessoa, ele trata das memórias de um escritor.

Global | R$ 55 | 432 págs.

EXPOSIÇÃO | LOTHAR CHAROUXO IAC (Instituto de Arte Contemporânea)

abriga “Razão e Sensibilidade”, que, sob a curadoria de Maria Alice Milliet, reúne 75 obras do artista austríaco que viveu em São Paulo (1912-1987). Estão expostos desenhos em nanquim e guache, pinturas, projetos para painéis, serigrafi as, trabalhos em acrílica sobre papel, esculturas, azulejos e cartões de Natal.

Instituto de Arte Contemporânea | tel. (11) 3255-2009 | seg. a sex., das 10h às 20h; sáb., das 10h às 16h | grátis | até 6/12

EXPOSIÇÃO | CONTÍNUOA coletiva reúne obras recentes de

27 artistas representados pela ga-leria de Ribeirão Preto que chegou a São Paulo neste ano. Há, entre outros, uma instalação inédita de Amélia To-ledo, esculturas em pequeno formato de Ana Paula Oliveira e pinturas inéditas de Luiz Paulo Baravelli e de Deborah Paiva.

galeria Marcelo Guarnieri | tel. (11) 3083-4873 | seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 10h às 17h grátis | até 23/12

EXPOSIÇÃO | CHRISTIAN VIN-CK E MARIANA MAURICIO

“Álbum nº 3/pintura S U D A K A”, individual do artista vene-zuelano, traz pinturas inspiradas em locais do Chile e em pisos e cerâmicas da Venezuela. Já a artista carioca radicada em Lon-dres apresenta instalações e “as-semblages” inéditas feitas com objetos recolhidos pela rua.

Leme | tel. (11) 3093-8184 | seg. a sex., das 10h às 19h | grátis última semana

EVENTO | 25 ANOS DA QUEDA DO MUROA mesa-redonda com os professores Marcio Seligmann-Silva

(teoria literária, Unicamp) e Rainer Schmidt (ciência política, USP) inaugura a série de eventos “Tempos de Mudança”, que segue até outubro de 2015. O debate, evento com apoio do Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação da USP, rememora quatro acontecimentos na Alemanha do dia 9 de no-vembro: a queda do Muro de Berlim em 1989, o início do “pogrom” de novembro em 1938, o putsch de Hitler e Ludendorff em 1923 e a revolução de novembro em 1918, proclamação da república alemã. Leia textos de alemães e brasileiros nas págs. 4 a 6.

Goethe-Institut | tel. (11) 3296-7000 | amanhã (10), às 19h30 | grátis

LANÇAMENTO | ANTONIOPETICOVO artista paulista lança o livro

“Homo Faber”, no qual apresenta suas obras de 1967 a 1987 e uma espécie de guia para elas. Os traba-lhos lidam com questões da mate-mática, da física e do taoismo.

Livraria da Vila - JK Iguatemi tel. (11) 5180-4790 | ter. (11), às 19h

Luste | R$ 90 | 392 págs.

EVENTO | FLIPPA Festa Literária Interna-

cional das Periferias, no Rio, recebe a primeira Rio Poetry Slam, competição de poesia fa-lada, com curadoria de Roberta Estrela D’Alva e participação do britânico Keith Jarrett. O sociólo-go francês Denis Merklen, que estuda leitura e classes populares e participa de mesa na quinta (13), às 14h, responde a três perguntas da “Ilustríssima”.

Escola de Artes Técnicas - Mangueira | fl upp.net.br | de qua. (12) a dom. (16) | grátis

Folha - Qual a importância da leitura hoje?

Denis Merklen - É cada vez mais fundamental. Na revolução digital em que vivemos, os meios de comunicação exigem leitura e escrita para nos comunicarmos. As classes populares dependem das políticas públicas para re-solver uma série de problemas e, para entrar em contato com a burocracia, necessitam poder ler e escrever. A leitura, além disso, continua a veicular um modo de emancipação, de integração social e de relação coletiva que não se faz de outra forma.

A leitura pode ser integração?Ler pode ser uma forma de

se diferenciar do outro, se colo-cando acima de seu interlocutor e construindo fronteiras sociais. Mas, quando a leitura se torna uma ferramenta de troca e de encontro, lemos para estar com os outros.

Qual o papel das bibliotecas?A biblioteca não é um depósito

de livros, ela e os bibliotecários têm o papel de orientar o leitor, de ir buscar na imensa fl oresta de frutas e legumes quais são os frutos preciosos. O bibliotecário é um agente social que devemos cultivar porque ele conhece seu público e, ao mesmo tempo, tem uma formação cultural importan-te. Essa orientação de leitura é mais importante do que a inter-net, que nos dá acesso a tudo. (ÚRSULA PASSOS)

CINEMA | MIX BRASILA 22ª edição do festival de cultura da diversi-

dade tem, além de fi lmes, teatro, dança e leituras dramáticas. Na coreografi a “Blood”, apresentada na Inglaterra ano passado, o dançarino Jean Abreu se apresenta diante de imagens da dupla de artistas plásticos britânicos Gilbert & George. Entre os fi lmes, há os documentários “Nan Goldin - Lembro do seu Rosto”, de Sabine Lidl, sobre as relações da artista com seus amigos que também são temas de suas obras, e “E Agora? - Lembra-me”, do português Joaquim Pinto, em que o cineasta mostra sua busca de 20 anos por tratamento contra o HIV.

Programação completa em mixbrasil.org.br“TRI

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S” (

1973

)

‘Triângulos’ (1973)

Sem título (2014), de Deborah Paiva

FOTOGRAFIA | VICENTE DE MELLO

O livro “Parallaxis” traz 14 séries do fotógrafo ca-rioca com apresentação de Jean-Luc Monterosso, fundador e diretor da Casa Europeia de Fotografi a, em Paris. Em uma das séries, “Slidetrip”, ele mostra fotos em pequeno formato em molduras de slides antigos.

Cosac Naify | R$ 130 | 320 págs.

EDUARDO BARCELLOS/DIVULGAÇÃO

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G3MANAUS, DOMINGO, 9 DE NOVEMBRO DE 2014

2Informação passada a limpo

Jornalismo

Na tarde de 5 de outubro de 2011, uma faixa medindo 10 metros por 20 passou a cobrir parte de um edifício na mo-vimentada avenida Presidente Julio Argentino Roca, em Bue-nos Aires. Os dizeres sobre a fachada do Indec – sigla para Instituto Nacional de Estatís-tica e Censos, equivalente ao IBGE – repetiam o que se lia em cartazes colados na calada da noite nas principais vias da cidade: “Clarín miente”.

A imagem do edifício do órgão estatal de estatísticas – sob intervenção federal des-de 2009 – acusando o mais importante jornal do país de “mentiroso” é um resumo do que tem sido a batalha entre o governo e os meios de co-municação independentes na Argentina desde 2008.

Enquanto o Indec foi desacre-ditado pelo FMI (Fundo Mone-tário Internacional) e pelo mer-cado internacional por maquiar os dados da infl ação, o “Clarín” perde circulação (1/4 dos leito-res desde 2007, segundo dados do IVC - Instituto Verifi cador de Circulação) e credibilidade, ao passo que exagera nas cores e força títulos contra a gestão da presidente Cristina Kirchner.

Nesse cenário de cisão ideoló-gica e política, um grupo de três acadêmicos de distintas forma-ções (química, física e economia) saiu a tentar resgatar, entre os mortos e feridos dessa guerra, a informação factual.

Há quatro anos no ar, o site Chequeado (chequeado.com) confere, dado por dado, informações incluídas em dis-cursos de políticos, reporta-gens de jornais, programas de televisão e entrevistas dadas por empresários.

“Buscamos um equilíbrio; se um dia checamos um pronun-ciamento de Cristina, no outro vamos buscar um opositor, mas sempre obedecendo critérios

SYLVIA COLOMBO

RESUMOSite argentino checa e rebate declarações e textos de políticos, empresários e jorna-listas, transforman-do-se em opção de veículo de informação em meio à guerra en-tre governo e diários independentes. Laura Zommer, diretora do empreendimento, participa, em São Paulo, do Fórum Piauí de Jornalismo, nos dias 15 e 16.

de relevância jornalística, os assuntos importantes daquela semana. É difícil, mas a ideia é criar uma cultura de não acei-tação passiva dos dados”, diz Laura Zommer, 40, diretora-executiva do site. A jornalista participa do Festival Piauí de Jornalismo (festivalpiaui.com.br), que ocorre nos próximos dias 15 e 16, no Colégio Dante Alighieri, em São Paulo.

Zommer explica que o site se-gue um método em oito etapas, que começa com a seleção da frase ou discurso de um determi-nado personagem, passa pelo cruzamento de fontes ofi ciais com alternativas, a explicação do contexto e a formulação de uma qualifi cação.

Num cenário em que as es-tatísticas ofi ciais são contes-tadas, o Chequeado trabalha muito com fontes de bastidores instaladas em ministérios ou outros órgãos de governo.

Com mais de 68 mil segui-dores, o Chequeado tem como inspiração o norte-americano FactCheck.org, criado em 2003 pelo jornalista Brooks Jackson, ex-”Wall Street Journal” e CNN. O site argentino é pioneiro na América Latina, e ajudou a criar o sistema de checagens políti-cas do colombiano La Silla Va-cía (lasillavacia.com), utilizado durante as últimas eleições na-quele país, no primeiro semestre deste ano. A experiência levou o presidente Juan Manuel Santos, então candidato à reeleição, a retifi car dados numéricos rela-cionados ao desemprego.

Inaugurado há pouco mais de um mês, o UYCheck.com seguiu de perto o discurso dos candidatos à Presidência do Uruguai, disputa cujo primeiro turno foi no dia 26 de outubro. O candidato favorito para ven-cer o pleito no próximo dia 30, o socialista Tabaré Vázquez, teve alto índice de acerto em suas afi rmações, como quando disse que “a classe média uru-guaia é proporcionalmente a maior classe média dos países latino-americanos” – de fato: 63% da população.

Código penalNo início do mês, a presiden-

te Cristina Kirchner enviou ao Congresso um projeto de lei para endurecer o código penal argentino. Se aprovado, permi-tirá que estrangeiros acusados de cometerem crimes sejam expulsos do país antes mesmo de serem julgados. A ideia en-controu resistência de grupos de direitos humanos e da oposição. O argumento do governo se baseava em uma cifra divulgada pelo Serviço Penitenciário Fede-ral, que dava conta de que 1 em cada 5 presidiários na Argentina era estrangeiro.

O Chequeado retrucou, e a afi rmação foi classifi cada como “enganosa”, por entra-rem na conta apenas as pe-nitenciárias federais, onde há mais condenados por narcotrá-

fi co e, portanto, mais estrangei-ros – responsáveis pela maior parte da operação no país. Se consideradas as prisões provin-ciais, onde está a maioria da população carcerária da Argen-tina, o número diminuiria para 1 em cada 20.

Considerações feitas por co-lunistas de jornais opositores também entram no foco do site. Em 2010, um mês antes da mor-te de Néstor Kirchner (1950-2010), marido e antecessor da presidente Cristina, articulistas do “Clarín” e do “La Nación” atribuíram a doença cardíaca da qual sofria o ex-presidente ao seu temperamento hostil e irritadiço. O Chequeado ouviu médicos e especialistas para concluir que tal afi rmação era “falsa” e não se sustentava em evidências científi cas.

Também fi cou famoso o es-corregão histórico de Cristina quando, em discurso na Feira do Livro de Frankfurt em 2010, disse que a corrente fi losófi ca alemã que leva o nome da cidade havia nascido após a Segunda Guerra (1939-45). Chequeado detectou o erro – a Escola de Frankfurt nasceu nos anos 1920 – e o divulgou.

Em setembro, o chefe de ga-binete do governo argentino, Jorge Capitanich, disse que a indigência havia sido “pratica-mente erradicada” nos últimos dez anos. Chequeado qualifi cou como “falsa” a afi rmação, ao comparar dados do Indec com os de instituições independentes. Para o instituto governamental, só 1,4% da população estaria nessa faixa. Porém investiga-ção considerada tradicional e independente, realizada pela Universidade Católica, aponta 5,5%, dado que foi cruzado e confi rmado com outras fontes alternativas.

Capitanich, que sofre um processo de desgaste no go-verno e teve de desistir de sua ambição de ser candidato à Presidência, teve o erro ex-posto em alguns meios.

Para Zommer, uma amostra da imparcialidade do Cheque-ado é que resultados foram mencionados por lideranças de diferentes vertentes. O ex-vice-presidente argentino Julio Co-bos, da União Cívica Radical, já se retifi cou publicamente após ter tido informação questio-nada, assim como o prefeito direitista de Buenos Aires, Mau-ricio Macri.

Qualifi cação“Antes trabalhávamos apenas

com os conceitos de ‘verdadeiro’ e ‘falso’, mas isso se mostrou insufi ciente para explicar a complexidade de algumas in-formações”, diz Zommer. Hoje, o Chequeado trabalha com nove categorias. Além das duas afi r-mativas, estão “verdadeiro +”, “verdadeiro, mas”, “discutível”, “apressado”, “enganoso”, “exa-gerado” e “insustentável”.

“Vivemos num tempo em que

tanto uma notícia de jornal conceituado como o que sua amiga postou no Facebook são tomados como verdades nas redes sociais. É um ambiente em que emoções e orientações ideológicas podem induzir facil-mente as pessoas. Tentamos ir contra a transformação de lugares-comuns em verdades”, resume a jornalista.

Além das informações políti-cas, o Chequeado tem uma ses-são mais pop: “Mitos & Fraudes”. Ali se questionam desde ex-pressões da sabedoria popular (misturar vinho com melancia mata?) ou lugares-comuns que reforçam preconceitos, como “pobre mora em favela porque não quer pagar nada”.

Como outras iniciativas jor-nalísticas digitais que surgiram nos últimos anos na América La-tina (Animal Político, do México, El Faro, de El Salvador, entre ou-tros), o Chequeado também de-pende de doações particulares. O site aceita dinheiro tanto de indivíduos quanto de empresas, e os doadores são especifi cados e expostos.

Para fechar o orçamento anual de US$ 200 mil, o site realiza também eventos em que se vendem convites. Não há propaganda na página. Na Redação, além de Zommer, há outros nove profi ssionais.

PolarizaçãoPara a cientista social María

O’Donnell, especialista na análi-se de meios de comunicação na Argentina, o cenário no país é ideal para que surjam iniciativas desse tipo.

“A guerra entre governo e meios fez com que as pessoas questionassem mais as infor-mações e as intenções por trás de quem as divulga. Os meios e as redes sociais viraram notícia, e o que o Chequeado faz é pegar carona nessa perda da inocên-cia dos leitores”, avalia.

A estudiosa crê que, no ano que vem, quando haverá elei-ções presidenciais na Argentina, a batalha entre a mídia inde-pendente e o governo viverá um novo capítulo.

O atual confl ito começou quando os jornais tradicionais passaram a criticar a política de arrecadação de impostos no campo defendida por Cris-tina, em 2008. A presidente, por sua vez, vestiu a camisa da necessidade de redemocratizar os meios de comunicação no país – o principal argumento era de que o Grupo Clarín ha-via se tornado um monopólio (com jornais, TV paga, rádios e internet).

O governo estatizou a trans-missão das partidas de futebol (que pertenciam a canal do Grupo Clarín), aprovou uma Lei de Meios que obriga empresas de comunicação a desfazerem-se de negócios e provocou o sufocamento de alguns veículos através da pressão a anuncian-tes. Sua principal arma, porém, foi o fi nanciamento de meios que apoiassem o kirchnerismo. Com isso, o governo se tornou o maior anunciante da mídia argentina, arcando com mais de 90% do custo de alguns jornais impressos. O ofi cialismo, assim, armou uma rede que conta com

mais de 30 jornais e dezenas de canais e emissoras de rádio por todo o país.

“Esse aparato provavelmen-te vai se desmontar com uma possível troca de governo. Pri-meiro, porque já não há mais tantos recursos; depois, porque é difícil que um governo não kirchnerista queira seguir com essa política”, diz Jorge Lanata, mais renomado jornalista do país, que tem um programa crítico ao governo no Canal 13, pertencente ao Grupo Clarín.

Por outro lado, nos últimos anos, a mídia opositora tor-nou-se muito mais agressiva e passou a omitir notícias positi-vas do governo, privilegiando as críticas. “Nunca ‘Clarín’ e ‘La Na-ción’ estiveram tão parecidos”, afi rma María O’Donnell.

Cristina está impedida pela Constituição de concorrer a um terceiro mandato e ainda não escolheu a quem dará apoio. Bem posicionados na disputa estão os peronistas da ala mais conservadora do partido, Daniel Scioli e Sergio Massa, além do prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri (PRO).

Zommer prevê, para 2015, um cenário de mais polariza-ção, em que o noticiário estará mais vulnerável a paixões po-líticas. “Vivemos num mundo com muito mais informações, mas também no qual o emo-cional desempenha papel muito importante. É um cenário que favorece o preconceito e a vio-lência do debate. Espero que o Chequeado colabore para uma discussão mais baseada em fa-tos e mais racional”, conclui.

O site argentino que checa o que se diz e se escreve no país

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G4 MANAUS, DOMINGO, 9 DE NOVEMBRO DE 2014 MANAUS, DOMINGO, 9 DE NOVEMBRO DE 2014 G5

Estes escritos são fruto do projeto “11 Crônicas para o Futuro”, concebido pelo Goethe-Institut. O projeto integra a iniciativa Alemanha+Brasil 2013-2014, promovida pelo Ministério das Re-lações Exteriores da Alemanha, em cooperação com o Goethe, o Ministério de Educação e Pes-quisa da Alemanha, o Ministério da Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha e a Federação das Indústrias Alemãs, para celebrar as relações entre os dois países. Com o apoio da “Ilustríssima”, foram selecionados 11 nomes representativos das culturas alemã e brasileira, que responderam à questão: “Estamos no ano de 2064 e hoje você está celebrando seu 50º aniversário. Como está o mundo neste dia?”.

RESUMO

3Daqui a50 anos

Tenho, agora, 83 anos de idade, mas continuo à caça de grandes ossos de dinos-sauros, na Terra do Fogo. Esse é o meu passatempo fa-vorito. Afastei-me dos meus negócios, dos quais agora quem cuida é minha fi lha mais velha. Agora, no verão de 2064, ela completou 50 anos de idade.

Quando ela nasceu, no verão de 2014, numa noite quente do mês de julho, com um rosto rosado e enrugado e com uma mancha acima do olho direito, eu não poderia imaginar qual seria sua apa-rência dali a 50 anos, nem tampouco esperava ainda estar vivo quando chegasse esse dia. Meus cinco fi lhos são os meus relógios, e é por meio deles que constato que estou envelhecendo. Nada da-quilo que planejei para eles e nada daquilo que eles re-ceberam como educação em

troca dos meus euros tem qualquer tipo de utilidade no ano de 2064. Exceto o fato de que, por sempre terem sido bons cabuladores de aulas, hoje eles sabem improvisar muito bem.

Há 40 anos ainda se dizia: no futuro, 80% das pesso-as viverão em aglomerações urbanas e em megalópoles, ou seja, todos se tornarão citadinos. E, em vez disto, estamos todos espalhados no campo. É uma pena que quase já não existam mais livros. O alfabeto foi substituído por listas e fi leiras de sinais: In / Out / Like / Share / Shit / Next e mais 36 outras fi guras e símbolos autorizados, que não se pode escrever, não se pode pintar, apenas clicar. Estes não são, nem de longe, tão inexatos (e por isso tão fl e-xíveis) e nem tão gramaticais quanto a nossa língua de an-tes, cujos remanescentes eu coleciono assim como meus ossos de dinossauros. Quem

poderia imaginar que a língua anglo-saxã, que no passado foi tão poderosa, agora só seria falada por uma minoria na Escócia, e que, por outro lado, um dialeto do Emsland, na região da Baixa Saxônia, seria uma língua dominante, e que aquela língua dos le-gionários romanos que nós denominamos português se tornaria a mais importante das línguas mundiais?

Ao mesmo tempo, a co-municação global que liga, intimamente, uns aos outros, a todos nós que vivemos como Robinson Crusoé (longe das cidades, que estão em ruí-nas), tornou-se mais artísti-ca, em decorrência do fato de que as interfaces agora não são mais implantadas no cérebro, mas em partes mais convenientes do corpo. Uma mensagem que vai de um dia-fragma a outro diafragma, de um intestino a outro intestino, de uma pele a outra pele é mais poética e mais plásti-

ca do que uma informação que vai de cabeça a cabeça. Como os corpos são capazes de se lembrar muito bem dos fragmentos do espírito, são capazes de narrar melhor do que seria capaz de formular o ser humano inteiro.

Desde que a alimentação espiritual se tornou possí-vel (“nem só de pão vive o homem”), as gigantescas plantações que os chineses estabeleceram na África per-deram seu signifi cado. Em compensação, o planeta es-friou consideravelmente. Não imaginávamos que a catás-trofe climática e o aqueci-mento global, que ainda se manifestavam há 20 anos, seriam superados por uma era glacial. O Mediterrâneo, por exemplo, congelou. E, por isso, as correntes quen-tes provenientes da costa oriental do Brasil se torna-ram ainda mais importantes. Agora, o rio Amazonas corre na direção oposta, passando

pelos Andes, rumo ao oeste. Não sei explicar por quê. Nada acontece da maneira que se esperava. Ainda deveriam existir cardumes de peixes diante da ilha da Terra Nova. Mas não há.

Por outro lado, nós, huma-nos, somos criaturas tenazes. A todo instante, nascem no-vas pessoas, frequentemen-te com olhares confi antes. Contrariando as probabilida-des, sobrevivemos a todas as crises, até mesmo à breve guerra pelas ilhas Spratly, que poderia ter sido fatal para to-dos. Os genes que os pássaros (como répteis emplumados) e que nós mesmos portamos de nossos antepassados (as águas-vivas) são indolentes e tiquetaqueiam em ritmo constante. Talvez seja isso o que nos tenha salvo.

Ainda hoje sentimos as con-sequências da crise ucrania-na de 2014. Naquele tempo, a crise desencadeou uma ex-plosão de postos de trabalho

no funcionalismo público e uma corrida armamentista na Otan e na Rússia que continua até hoje. Mas quem conhece os dinossauros sabe que as armas sempre acabam prejudicando quem as porta. Elas envelhecem.

Seus subprodutos, porém, a corrupção e os campos mina-dos que estão vinculados às armas, têm vida eterna. O único tipo de armamento que considero efi caz é a zaraba-tana, uma arma secreta que atinge a todos os tiranos que se expõem ao público. E, se o tirano não ousar se expor, também deixará de gover-nar. Daí a minha proposta de deixar de tentar resolver os confl itos internacionais por meio de sanções, guerras ou tribunais, e sim por meio de um jogo de futebol ritual e, se isto não funcionar (por causa dos espectadores exaltados), de arbitrar por meio do jogo de azar: a assim chamada solução brasileira.

O futuro do pretério

ALEXANDER KLUGE

ImaginaçãoPROSA, POESIA E TRADUÇÃO

Conseguimos escapar ainda mais uma vez

Para meu 50º aniversário desejei, para mim mesmo, dores nas costas. Queria que não fosse uma dessas manhãs inúteis em que se acorda sem sentir uma dor lancinante nas vértebras cervicais, sem sentir que está cabeceando um pêndulo com as têmporas, sem sentir as dunas da surdez que passeiam pelo corpo. Queria me lembrar de como eram aquelas dores que eu sentia depois de jogar futebol na praia, quando me arrebentava contra as pedras sob a areia, ao me esticar para alcançar a bola, quando cortava as solas dos pés com os cacos de garrafas de cerveja ou quando os dedos dos meus pés se enganchavam na órbita do olho de um semienterrado e meu crânio se precipitava sobre a praia como se fosse uma segunda bola de futebol.

Eles tinham pensado em tudo aqui, nes-tes prédios de apartamentos. As telas que balançavam ao vento mostravam o mar, as ondas que quebravam, vindo em nossa direção e superando os gritos provenientes dos bairros pobres no abismo que há aos nossos pés. Tudo parecia enganosamente verdadeiro: a areia, os sóis, eles tinham pensado até mesmo nas queimaduras de sol nas nossas peles. À noite, era possível despir-se delas, como se fossem tatuagens, caveiras e cobras que partiam do coração e rastejavam pela garganta, até alcançarem o queixo, as asas nas omoplatas no azul do céu, que neste ano foi vendido a um magnata do ramo dos transplantes, cujo logotipo pendia das nuvens como uma marca d’água.

Eu também teria desejado uma gota de água, de água legítima, na ponta da língua, na ponta da sua língua, uma gota que nós pudéssemos esconder do mundo em meio às nossas bocas unidas por um beijo, uma gota de água que você engoliria como se fosse o amor, e que voltasse na forma de uma lágrima, que eu capturaria com um cílio que cairia sobre a minha face, de onde você o retiraria com a ponta do dedo, dando-o de presente para mim, juntamente com um desejo no qual não quero pensar pois, imediatamente, eles haveriam de realizá-lo para mim, ou mandariam me lançar no poço de energia no qual despencamos sempre que

pensamos em qualquer coisa que se pareça a um desejo imaterial.

Que excitante era amar-se depois do jogo de futebol, quando o cansaço saía pela pele, quando o calor das juntas corria pelos membros como um fogo, quando cada beijo signifi cava uma segunda chance e cada sonho tinha um jeito para passar do seu coração para o meu, quando nos desen-caminhávamos um para dentro do outro, estreitando os espaços e nos surpreenden-do, mutuamente, com lances inesperados. Quando então, na manhã seguinte, as costas doíam e o amor doía, porque eu estava só e porque eles tinham apagado você da minha memória, seus lábios, sua boca em minha orelha, seus seios nas palmas das minhas mãos, que ainda conservavam o cheiro da bola, da praia, eu podia comprar minhas memórias de volta, fi ltradas, com o logotipo de um patrocinador sobre as suas costas e com implantes de silicone nos lábios e nos mamilos pontiagudos, sob o decote dourado.

Eles diziam que tudo era para um bom pro-pósito, pois isso permitia aos pobres adquirir novos rostos, e a fome deles, os temores e as preocupações deles seriam cirurgicamente removidos e harmoniosamente substituídos por um sorriso feliz. Não espantaria que, em toda a parte, só se vissem rostos felizes? Até mesmo nos olhos dos mais pobres, quando nós os espiávamos com o rabo dos olhos ou os víamos nos estádios com as bandeiras tremulantes, depois que ele foi declarado imortal e sua múmia quatarizada voltou a ser eleita, ano após ano?

Depois da Guerra dos Trinta Anos entre Google, Amazon e Facebook, eles achavam que tinham tudo sob seu controle, por meio dos dados. Porém não foi possível escanear a minha saudade, não foi possível digitalizá-la, assim como não foi possível escanear ou digitalizar meu amor pela bola de couro, quando a Fifa proibiu o couro, e o Google nos tirou a pele, e o Facebook a selou. Eles cometem erros, e o meu segundo aniversário de 50 anos chegou três anos antes do dia certo, e eu realmente estou sentindo dores nas costas. Vou pegar o tampo da mesa, tomar impulso, arreben-tar a tela de projeção e surfar, lá fora, na grande onda, e todos eles vão ver que, se nós acreditarmos em nós mesmos, no amor e no futebol, poderemos governar o mundo, sem eles!

ALBERT OSTERMAIER

2064

“Bom dia, Juli”, diz Amy. “São 7h30. Hora de levantar. Hoje é dia 30 de junho de 2064. Para-béns pelo seu 50º aniversário. Sua temperatura corporal está em 36,9 graus, seu índice de glicemia em 85 mg/dl, seu bati-mento cardíaco em repouso em 60. Não, 70. Um pouco nervosa agora que sabe que hoje é seu aniversário, não?”

Confi gurei Amy de tal forma que ela fala num tom descon-traído e, às vezes, se permite fazer alguma piada. Mas, para dizer a verdade, mesmo assim, na maior parte do tempo, ela me dá nos nervos. Amy é do tamanho de uma cabeça de alfi nete e mora atrás da minha orelha esquerda. Na verdade, ela se chama E-Me, minha per-sonalidade eletrônica. Ela foi inventada para ser uma “life assistant”, uma secretária par-ticular eletrônica. Há dez anos

que ela me foi imposta.“Agora vamos tomar banho e

fazer a higiene matinal”, diz Amy. “Enquanto isso, vou encarregar a cozinha de preparar um café da manhã vitalizante, com 375 calorias, assim como uma xícara de chá. Se você quiser comer alguma outra coisa, por favor informe imediatamente.”

“Quero torta de ricota e um copo de vinho espumante”, respondo. “Hoje é o dia do meu aniversário”.

Amy ri. Qualquer hora, é pre-ciso proibi-la de fazer isso. É o riso alegre de uma mulher de 30 anos. Soa um pouco como meu próprio riso 20 anos atrás, quando eu ainda investia toda minha energia na batalha po-lítica contra o controle digital dos cidadãos. Os fabricantes de Amy se orgulham dos seus “voice-prints”. Afi nal, os clien-tes devem sentir que lhes está falando uma versão melhor deles mesmos.

“Ainda não se passaram três minutos”, diz Amy, referindo-se ao tempo que passei escovando os dentes. Mesmo assim, coloco

o Dental Service System de volta em seu suporte. Sei que Amy se irrita com isso. O Dental Service System é o melhor amigo dela. Assim como todos os outros aparelhos elétricos da casa.

“Você sabe que vou ser obri-gada a informar o seguro de saúde se isso voltar a aconte-cer”, diz Amy.

Enquanto estou me vestindo, Amy conta como estou. Minha saúde está excelente. Eu me alimento muito bem, pratico duas horas de esporte, todos os dias, apesar dos meus 50 anos. Desde que a política foi abandonada porque, numa so-ciedade otimizada, não há mais a necessidade de tomar nenhum tipo de decisão, eu me ocupo uni-camente com a literatura. Amy não se cansa de enfatizar que vida maravilhosa eu tenho.

“Você é feliz porque você pode se dedicar às coisas belas. Livre de doenças, livre de ameaças, livre de preocupações. Essa é uma vida privilegiada num mundo privilegiado. São 7h43 e você já recebeu 588 votos de parabéns pelo seu aniversário,

que nós vamos ler juntas mais tarde. Você está contente com a videoconferência com sua fa-mília, às 11h30. Nelson e Ada, seus fi lhos, se inscreveram para participar, por dez minutos cada um, de uma seção de Holo-Skype. Até lá, temos que concluir nosso programa de saúde e pre-cisamos nos apressar um pouco. Será que você poderia, por favor, terminar de se vestir?”.

Saio do banheiro, passo pela cozinha, onde me aguardam chá, que acaba de ser prepa-rado, e müsli, e calço os sapatos no corredor.

“O que é que você está fazen-do aí?”, pergunta Amy.

Não respondo e saio de casa. Deixo o carro, pois Amy tem acesso ao computador de bordo e jamais autorizaria o percurso que pretendo fazer.

“Um passeio a pé antes do café da manhã? Incomum, mas aceitável. Posso lhe dar um crédito de dois quilômetros de esporte, mas recomendo-lhe planejar o caminho passando pelo Parque Municipal. Pois o teor de oxigênio do ar, aqui no

centro da cidade...”.Amy emudece porque precisa

fazer cálculos. Há anos que não ando a pé pela cidade, motivo pelo qual o meu incomum e súbito projeto de passeio não se encaixa em meu perfi l. As ruas estão mortas. Desde que as pessoas trabalham em suas casas e o Domestic Providing System se encarrega de for-necer todas as coisas de que precisam, há poucos motivos para andar pela cidade. Já há muito tempo que não existem mais lojas na cidade e, mesmo se as houvesse, a venda de vinho espumante e de torta é ilegal. Mas qualquer idiota sabe onde se pode obter estas coisas. Amy também sabe.

“Juli!”, ela me chama, quando termina seus cálculos. “Essa não é uma boa ideia. Peço-lhe fazer meia-volta imediatamente”.

Apresso meus passos; ago-ra tudo é uma questão de tempo.

“Você está prestes a trans-gredir as leis. Conforme o § 14 Inciso III da Lei de Entorpecen-tes, o vinho espumante é uma

substância que contém álcool, ou seja, uma droga proibida. Torta de ricota consta no § 342 da legislação antiaçúcar. Vou ser obrigada a denunciar suas intenções!”

“Se você tivesse papilas gus-tativas, você calaria a boca e se alegraria”, digo eu. Mas Amy é incapaz de compreender frases como essa.

“Última advertência. Agora farei a denúncia. Denúncia em 5, 4, 3, 2, 1 segundo. Denúncia efetuada”.

À minha frente está a esta-ção de trens, atrás da estação de trens estão os trafi cantes. Estou com água na boca. Torta de ricota e vinho espumante. Já se passaram 20 anos. As notas de e-100 dólares estão prepa-radas. Talvez eu devesse acres-centar mais 1.000 e aproveitar a oportunidade para mandar tirar Amy do lóbulo da minha orelha? Também há especialistas nisso atrás da estação de trens.

“Desvio identifi cado, normali-zação iniciada”, diz Amy, satis-feita. “Chegada da Health Secu-rity prevista em 0,3 minuto”.

JULI ZEH

Amy

Obra da série ‘Lilith’” (1990), técnica mista sobre tela

CHARLES DUPRAT/DIVULGAÇÃO

TRADUÇÃO LUIS S. KRAUSZILUSTRAÇÃO ANSELM KIEFER

G04 E G05 - ILUSTRISSIMA.indd 4-5 8/11/2014 00:14:49

G4 MANAUS, DOMINGO, 9 DE NOVEMBRO DE 2014 MANAUS, DOMINGO, 9 DE NOVEMBRO DE 2014 G5

Estes escritos são fruto do projeto “11 Crônicas para o Futuro”, concebido pelo Goethe-Institut. O projeto integra a iniciativa Alemanha+Brasil 2013-2014, promovida pelo Ministério das Re-lações Exteriores da Alemanha, em cooperação com o Goethe, o Ministério de Educação e Pes-quisa da Alemanha, o Ministério da Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha e a Federação das Indústrias Alemãs, para celebrar as relações entre os dois países. Com o apoio da “Ilustríssima”, foram selecionados 11 nomes representativos das culturas alemã e brasileira, que responderam à questão: “Estamos no ano de 2064 e hoje você está celebrando seu 50º aniversário. Como está o mundo neste dia?”.

RESUMO

3Daqui a50 anos

Tenho, agora, 83 anos de idade, mas continuo à caça de grandes ossos de dinos-sauros, na Terra do Fogo. Esse é o meu passatempo fa-vorito. Afastei-me dos meus negócios, dos quais agora quem cuida é minha fi lha mais velha. Agora, no verão de 2064, ela completou 50 anos de idade.

Quando ela nasceu, no verão de 2014, numa noite quente do mês de julho, com um rosto rosado e enrugado e com uma mancha acima do olho direito, eu não poderia imaginar qual seria sua apa-rência dali a 50 anos, nem tampouco esperava ainda estar vivo quando chegasse esse dia. Meus cinco fi lhos são os meus relógios, e é por meio deles que constato que estou envelhecendo. Nada da-quilo que planejei para eles e nada daquilo que eles re-ceberam como educação em

troca dos meus euros tem qualquer tipo de utilidade no ano de 2064. Exceto o fato de que, por sempre terem sido bons cabuladores de aulas, hoje eles sabem improvisar muito bem.

Há 40 anos ainda se dizia: no futuro, 80% das pesso-as viverão em aglomerações urbanas e em megalópoles, ou seja, todos se tornarão citadinos. E, em vez disto, estamos todos espalhados no campo. É uma pena que quase já não existam mais livros. O alfabeto foi substituído por listas e fi leiras de sinais: In / Out / Like / Share / Shit / Next e mais 36 outras fi guras e símbolos autorizados, que não se pode escrever, não se pode pintar, apenas clicar. Estes não são, nem de longe, tão inexatos (e por isso tão fl e-xíveis) e nem tão gramaticais quanto a nossa língua de an-tes, cujos remanescentes eu coleciono assim como meus ossos de dinossauros. Quem

poderia imaginar que a língua anglo-saxã, que no passado foi tão poderosa, agora só seria falada por uma minoria na Escócia, e que, por outro lado, um dialeto do Emsland, na região da Baixa Saxônia, seria uma língua dominante, e que aquela língua dos le-gionários romanos que nós denominamos português se tornaria a mais importante das línguas mundiais?

Ao mesmo tempo, a co-municação global que liga, intimamente, uns aos outros, a todos nós que vivemos como Robinson Crusoé (longe das cidades, que estão em ruí-nas), tornou-se mais artísti-ca, em decorrência do fato de que as interfaces agora não são mais implantadas no cérebro, mas em partes mais convenientes do corpo. Uma mensagem que vai de um dia-fragma a outro diafragma, de um intestino a outro intestino, de uma pele a outra pele é mais poética e mais plásti-

ca do que uma informação que vai de cabeça a cabeça. Como os corpos são capazes de se lembrar muito bem dos fragmentos do espírito, são capazes de narrar melhor do que seria capaz de formular o ser humano inteiro.

Desde que a alimentação espiritual se tornou possí-vel (“nem só de pão vive o homem”), as gigantescas plantações que os chineses estabeleceram na África per-deram seu signifi cado. Em compensação, o planeta es-friou consideravelmente. Não imaginávamos que a catás-trofe climática e o aqueci-mento global, que ainda se manifestavam há 20 anos, seriam superados por uma era glacial. O Mediterrâneo, por exemplo, congelou. E, por isso, as correntes quen-tes provenientes da costa oriental do Brasil se torna-ram ainda mais importantes. Agora, o rio Amazonas corre na direção oposta, passando

pelos Andes, rumo ao oeste. Não sei explicar por quê. Nada acontece da maneira que se esperava. Ainda deveriam existir cardumes de peixes diante da ilha da Terra Nova. Mas não há.

Por outro lado, nós, huma-nos, somos criaturas tenazes. A todo instante, nascem no-vas pessoas, frequentemen-te com olhares confi antes. Contrariando as probabilida-des, sobrevivemos a todas as crises, até mesmo à breve guerra pelas ilhas Spratly, que poderia ter sido fatal para to-dos. Os genes que os pássaros (como répteis emplumados) e que nós mesmos portamos de nossos antepassados (as águas-vivas) são indolentes e tiquetaqueiam em ritmo constante. Talvez seja isso o que nos tenha salvo.

Ainda hoje sentimos as con-sequências da crise ucrania-na de 2014. Naquele tempo, a crise desencadeou uma ex-plosão de postos de trabalho

no funcionalismo público e uma corrida armamentista na Otan e na Rússia que continua até hoje. Mas quem conhece os dinossauros sabe que as armas sempre acabam prejudicando quem as porta. Elas envelhecem.

Seus subprodutos, porém, a corrupção e os campos mina-dos que estão vinculados às armas, têm vida eterna. O único tipo de armamento que considero efi caz é a zaraba-tana, uma arma secreta que atinge a todos os tiranos que se expõem ao público. E, se o tirano não ousar se expor, também deixará de gover-nar. Daí a minha proposta de deixar de tentar resolver os confl itos internacionais por meio de sanções, guerras ou tribunais, e sim por meio de um jogo de futebol ritual e, se isto não funcionar (por causa dos espectadores exaltados), de arbitrar por meio do jogo de azar: a assim chamada solução brasileira.

O futuro do pretério

ALEXANDER KLUGE

ImaginaçãoPROSA, POESIA E TRADUÇÃO

Conseguimos escapar ainda mais uma vez

Para meu 50º aniversário desejei, para mim mesmo, dores nas costas. Queria que não fosse uma dessas manhãs inúteis em que se acorda sem sentir uma dor lancinante nas vértebras cervicais, sem sentir que está cabeceando um pêndulo com as têmporas, sem sentir as dunas da surdez que passeiam pelo corpo. Queria me lembrar de como eram aquelas dores que eu sentia depois de jogar futebol na praia, quando me arrebentava contra as pedras sob a areia, ao me esticar para alcançar a bola, quando cortava as solas dos pés com os cacos de garrafas de cerveja ou quando os dedos dos meus pés se enganchavam na órbita do olho de um semienterrado e meu crânio se precipitava sobre a praia como se fosse uma segunda bola de futebol.

Eles tinham pensado em tudo aqui, nes-tes prédios de apartamentos. As telas que balançavam ao vento mostravam o mar, as ondas que quebravam, vindo em nossa direção e superando os gritos provenientes dos bairros pobres no abismo que há aos nossos pés. Tudo parecia enganosamente verdadeiro: a areia, os sóis, eles tinham pensado até mesmo nas queimaduras de sol nas nossas peles. À noite, era possível despir-se delas, como se fossem tatuagens, caveiras e cobras que partiam do coração e rastejavam pela garganta, até alcançarem o queixo, as asas nas omoplatas no azul do céu, que neste ano foi vendido a um magnata do ramo dos transplantes, cujo logotipo pendia das nuvens como uma marca d’água.

Eu também teria desejado uma gota de água, de água legítima, na ponta da língua, na ponta da sua língua, uma gota que nós pudéssemos esconder do mundo em meio às nossas bocas unidas por um beijo, uma gota de água que você engoliria como se fosse o amor, e que voltasse na forma de uma lágrima, que eu capturaria com um cílio que cairia sobre a minha face, de onde você o retiraria com a ponta do dedo, dando-o de presente para mim, juntamente com um desejo no qual não quero pensar pois, imediatamente, eles haveriam de realizá-lo para mim, ou mandariam me lançar no poço de energia no qual despencamos sempre que

pensamos em qualquer coisa que se pareça a um desejo imaterial.

Que excitante era amar-se depois do jogo de futebol, quando o cansaço saía pela pele, quando o calor das juntas corria pelos membros como um fogo, quando cada beijo signifi cava uma segunda chance e cada sonho tinha um jeito para passar do seu coração para o meu, quando nos desen-caminhávamos um para dentro do outro, estreitando os espaços e nos surpreenden-do, mutuamente, com lances inesperados. Quando então, na manhã seguinte, as costas doíam e o amor doía, porque eu estava só e porque eles tinham apagado você da minha memória, seus lábios, sua boca em minha orelha, seus seios nas palmas das minhas mãos, que ainda conservavam o cheiro da bola, da praia, eu podia comprar minhas memórias de volta, fi ltradas, com o logotipo de um patrocinador sobre as suas costas e com implantes de silicone nos lábios e nos mamilos pontiagudos, sob o decote dourado.

Eles diziam que tudo era para um bom pro-pósito, pois isso permitia aos pobres adquirir novos rostos, e a fome deles, os temores e as preocupações deles seriam cirurgicamente removidos e harmoniosamente substituídos por um sorriso feliz. Não espantaria que, em toda a parte, só se vissem rostos felizes? Até mesmo nos olhos dos mais pobres, quando nós os espiávamos com o rabo dos olhos ou os víamos nos estádios com as bandeiras tremulantes, depois que ele foi declarado imortal e sua múmia quatarizada voltou a ser eleita, ano após ano?

Depois da Guerra dos Trinta Anos entre Google, Amazon e Facebook, eles achavam que tinham tudo sob seu controle, por meio dos dados. Porém não foi possível escanear a minha saudade, não foi possível digitalizá-la, assim como não foi possível escanear ou digitalizar meu amor pela bola de couro, quando a Fifa proibiu o couro, e o Google nos tirou a pele, e o Facebook a selou. Eles cometem erros, e o meu segundo aniversário de 50 anos chegou três anos antes do dia certo, e eu realmente estou sentindo dores nas costas. Vou pegar o tampo da mesa, tomar impulso, arreben-tar a tela de projeção e surfar, lá fora, na grande onda, e todos eles vão ver que, se nós acreditarmos em nós mesmos, no amor e no futebol, poderemos governar o mundo, sem eles!

ALBERT OSTERMAIER

2064

“Bom dia, Juli”, diz Amy. “São 7h30. Hora de levantar. Hoje é dia 30 de junho de 2064. Para-béns pelo seu 50º aniversário. Sua temperatura corporal está em 36,9 graus, seu índice de glicemia em 85 mg/dl, seu bati-mento cardíaco em repouso em 60. Não, 70. Um pouco nervosa agora que sabe que hoje é seu aniversário, não?”

Confi gurei Amy de tal forma que ela fala num tom descon-traído e, às vezes, se permite fazer alguma piada. Mas, para dizer a verdade, mesmo assim, na maior parte do tempo, ela me dá nos nervos. Amy é do tamanho de uma cabeça de alfi nete e mora atrás da minha orelha esquerda. Na verdade, ela se chama E-Me, minha per-sonalidade eletrônica. Ela foi inventada para ser uma “life assistant”, uma secretária par-ticular eletrônica. Há dez anos

que ela me foi imposta.“Agora vamos tomar banho e

fazer a higiene matinal”, diz Amy. “Enquanto isso, vou encarregar a cozinha de preparar um café da manhã vitalizante, com 375 calorias, assim como uma xícara de chá. Se você quiser comer alguma outra coisa, por favor informe imediatamente.”

“Quero torta de ricota e um copo de vinho espumante”, respondo. “Hoje é o dia do meu aniversário”.

Amy ri. Qualquer hora, é pre-ciso proibi-la de fazer isso. É o riso alegre de uma mulher de 30 anos. Soa um pouco como meu próprio riso 20 anos atrás, quando eu ainda investia toda minha energia na batalha po-lítica contra o controle digital dos cidadãos. Os fabricantes de Amy se orgulham dos seus “voice-prints”. Afi nal, os clien-tes devem sentir que lhes está falando uma versão melhor deles mesmos.

“Ainda não se passaram três minutos”, diz Amy, referindo-se ao tempo que passei escovando os dentes. Mesmo assim, coloco

o Dental Service System de volta em seu suporte. Sei que Amy se irrita com isso. O Dental Service System é o melhor amigo dela. Assim como todos os outros aparelhos elétricos da casa.

“Você sabe que vou ser obri-gada a informar o seguro de saúde se isso voltar a aconte-cer”, diz Amy.

Enquanto estou me vestindo, Amy conta como estou. Minha saúde está excelente. Eu me alimento muito bem, pratico duas horas de esporte, todos os dias, apesar dos meus 50 anos. Desde que a política foi abandonada porque, numa so-ciedade otimizada, não há mais a necessidade de tomar nenhum tipo de decisão, eu me ocupo uni-camente com a literatura. Amy não se cansa de enfatizar que vida maravilhosa eu tenho.

“Você é feliz porque você pode se dedicar às coisas belas. Livre de doenças, livre de ameaças, livre de preocupações. Essa é uma vida privilegiada num mundo privilegiado. São 7h43 e você já recebeu 588 votos de parabéns pelo seu aniversário,

que nós vamos ler juntas mais tarde. Você está contente com a videoconferência com sua fa-mília, às 11h30. Nelson e Ada, seus fi lhos, se inscreveram para participar, por dez minutos cada um, de uma seção de Holo-Skype. Até lá, temos que concluir nosso programa de saúde e pre-cisamos nos apressar um pouco. Será que você poderia, por favor, terminar de se vestir?”.

Saio do banheiro, passo pela cozinha, onde me aguardam chá, que acaba de ser prepa-rado, e müsli, e calço os sapatos no corredor.

“O que é que você está fazen-do aí?”, pergunta Amy.

Não respondo e saio de casa. Deixo o carro, pois Amy tem acesso ao computador de bordo e jamais autorizaria o percurso que pretendo fazer.

“Um passeio a pé antes do café da manhã? Incomum, mas aceitável. Posso lhe dar um crédito de dois quilômetros de esporte, mas recomendo-lhe planejar o caminho passando pelo Parque Municipal. Pois o teor de oxigênio do ar, aqui no

centro da cidade...”.Amy emudece porque precisa

fazer cálculos. Há anos que não ando a pé pela cidade, motivo pelo qual o meu incomum e súbito projeto de passeio não se encaixa em meu perfi l. As ruas estão mortas. Desde que as pessoas trabalham em suas casas e o Domestic Providing System se encarrega de for-necer todas as coisas de que precisam, há poucos motivos para andar pela cidade. Já há muito tempo que não existem mais lojas na cidade e, mesmo se as houvesse, a venda de vinho espumante e de torta é ilegal. Mas qualquer idiota sabe onde se pode obter estas coisas. Amy também sabe.

“Juli!”, ela me chama, quando termina seus cálculos. “Essa não é uma boa ideia. Peço-lhe fazer meia-volta imediatamente”.

Apresso meus passos; ago-ra tudo é uma questão de tempo.

“Você está prestes a trans-gredir as leis. Conforme o § 14 Inciso III da Lei de Entorpecen-tes, o vinho espumante é uma

substância que contém álcool, ou seja, uma droga proibida. Torta de ricota consta no § 342 da legislação antiaçúcar. Vou ser obrigada a denunciar suas intenções!”

“Se você tivesse papilas gus-tativas, você calaria a boca e se alegraria”, digo eu. Mas Amy é incapaz de compreender frases como essa.

“Última advertência. Agora farei a denúncia. Denúncia em 5, 4, 3, 2, 1 segundo. Denúncia efetuada”.

À minha frente está a esta-ção de trens, atrás da estação de trens estão os trafi cantes. Estou com água na boca. Torta de ricota e vinho espumante. Já se passaram 20 anos. As notas de e-100 dólares estão prepa-radas. Talvez eu devesse acres-centar mais 1.000 e aproveitar a oportunidade para mandar tirar Amy do lóbulo da minha orelha? Também há especialistas nisso atrás da estação de trens.

“Desvio identifi cado, normali-zação iniciada”, diz Amy, satis-feita. “Chegada da Health Secu-rity prevista em 0,3 minuto”.

JULI ZEH

Amy

Obra da série ‘Lilith’” (1990), técnica mista sobre tela

CHARLES DUPRAT/DIVULGAÇÃO

TRADUÇÃO LUIS S. KRAUSZILUSTRAÇÃO ANSELM KIEFER

G04 E G05 - ILUSTRISSIMA.indd 4-5 8/11/2014 00:14:49

G6 MANAUS, DOMINGO, 9 DE NOVEMBRO DE 2014

Diário de PequimO MAPA DA CULTURA

4

A marca do dragão e um céu azul artifi cial

Nuvens do passado

“Uma obra de arte deve ser como um raio de sol num céu azul,

uma brisa de primavera que inspire as mentes, aqueça os corações, cultive o bom gosto e limpe os estilos indesejáveis”.

O discurso cheira a anos 40 e parece ter saído da cartilha de Mao Tse-tung, mas é obra do atual líder chinês, Xi Jinping. Numa pregação feita a um grupo de artistas há algumas semanas, Xi lembrou que o Es-tado continua de olho neles.

Foi um encontro da elite cultural chinesa como não se via há décadas. Chamados ao Grande Palácio do Povo, palco principal do protocolo comu-nista, lá estavam nomes con-sagrados – como o Nobel de literatura Mo Yan e o diretor de cinema Chen Kaige, de “Adeus Minha Concubina”. Entre eles, representantes de outras ar-tes, da ópera à caligrafi a, além de militares de alta patente, atentos aos preceitos éticos e estéticos de Xi.

Não é de hoje que líderes chineses propalam diretri-zes para a cultura. Em 1942, sete anos antes de fundar a República comunista, Mao Tse-tung fez o mais célebre discurso sobre o tema.

Na cidade de Yanan, bas-tião histórico do movimento vermelho, Mao reiterou que via a arte como uma das frentes da revolução. Anos depois, essa fi losofi a levaria aos excessos da Revolução Cultural (1966-76), quando in-telectuais foram perseguidos e uma histeria coletiva tomou conta do país.

Todos os sucessores de Mao antes de Xi também tiveram momentos como doutrinado-res da cultura. A diferença é que hoje a retórica tem muito mais obstáculos para contor-nar. Como encaixar a estética socialista no capitalismo de Estado que fez do país a se-gunda economia do mundo? É possível infi ltrar ideologia na arte e usá-la como “sost power”, ou seja, incrementar no mundo o poder de sedução do estilo chinês?

Estranha arquiteturaDesde o início da abertura

econômica em 1978, na res-saca da Revolução Cultural, artistas sofrem menos pres-são do partido. Mas o discurso retrô de Xi fez ressurgir algu-mas nuvens do passado.

Xi defendeu a criação de uma “arte moral” inspira-da no socialismo, criticou o apelo comercial dos artistas que cedem ao “cheiro do

MARCELO NINIO dinheiro” e bateu forte nas construções “estranhas” que proliferam na China na onda da expansão econômica.

Criticou especifi camente o prédio moderno mais famoso de Pequim, conhecido popu-larmente como “Calças” por seu formato e que é a sede da TV estatal. Nesse ponto, deve ter agradado a muitos residentes da capital, incomo-dados com as bizarrices que substituíram parte do tradi-cional casario da cidade.

Sem a marca do dragãoO Festival de Cinema Brasi-

leiro da China sobrevive, ape-sar dos percalços. Em seu quin-to ano, o evento será aberto no fi nal do mês e levará sete fi lmes da produção nacional recente a Pequim e Xangai.

Uma mudança nas regras da censura, porém, atingiu festivais de cinema estran-geiro. O governo passou a exigir legendas em chinês já na pré-seleção dos fi lmes, o que encarece a produção. A opção dos organizadores brasileiros foi abrir mão do selo da censura, necessário para a exibição em lugares públicos, e realizar o festi-val em centros alternativos, como o Instituto Italiano de Cultura e a Academia de Ci-nema de Pequim.

Sem a “marca do dragão”, como é conhecido o selo de aprovação, o festival pôde in-cluir um longa como “Hoje eu Quero Voltar Sozinho”. Com tema gay, difi cilmente teria passado pelo controle ofi cial.

Piratas no armárioUm céu azul olímpico, inco-

mum numa cidade que tem a poluição como cartão-postal, imperou nos últimos dias em Pequim. Lembrou para muitos a Olimpíada de 2008, quando o governo fechou fábricas e limitou o número de carros em circulação para fazer bo-nito para o mundo. Agora o ar fi cou respirável devido a outro evento internacional, a cúpula do fórum Cooperação Econômica Ásia-Pacífi co.

A cidade foi maquiada para receber Barack Oba-ma, Vladimir Putin e os de-mais governantes que virão nos próximos dias. Além do ar, também foram tomadas providências para disfarçar outra mancha na reputação chinesa: a pirataria. Nos bair-ros mais badalados, lojas de DVDs piratas foram tempora-riamente fechadas. Algumas continuam abertas, mas com um acervo bem-comportado: só cópias legais, a maioria de fi lmes clássicos como “Casa-blanca” (1942).

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Arquivo AbertoMEMÓRIAS QUE VIRAM HISTÓRIAS

5 De Ariano para HeleninhaJoão Pessoa, 1997

Em quatro ocasiões me encontrei com o escritor e dramaturgo paraibano Ariano Suassuna (1927-2014). Já na primeira delas, em 1997, na capital da Paraíba, notei que estava diante de uma pessoa admirável. Vi isso num pequeno gesto, uma dedicatória escrita às pressas, quando estava em-baixo de uma lona de circo.

Na segunda e na terceira vez, foram cenas públicas, em que ele atuava como fi gura da cul-tura. Um almoço com políticos da Paraíba, em que constavam, decorativamente, também eu e Antonio Nóbrega. E na abertura de um festival no Recife, quando Suassuna, então secretário do governo pernambucano, teve de enfrentar a vaia bruta de uma plateia após encenação feita por seu sobrinho Romero de Andrade. O coro cresceu com o refrão “abuso de poder”, até virar pateada agressiva. Até hoje não sei se surgiu da precariedade da peça ou do valor do cachê pago. Suassuna teve tranquilidade para se pôr de pé na poltrona e responder sorrindo: “A grande arte sempre provoca revolta”.

Com mais calma, nos en-contramos um ano depois do autógrafo, em seu gabinete ofi cial, em frente ao rio Capi-baribe, no Recife.

Vínhamos num pequeno gru-po da Companhia do Latão para uma entrevista que seria

SÉRGIO DE CARVALHO

publicada na nossa revista, a “Vintém”. Ele folheou alguns exemplares, entendeu logo do que se tratava, não sem algu-ma estranheza (artistas mar-xistas!), e organizou a pauta: “Vocês sabem que eu não gosto de Brecht?”.

Talvez ele tenha se perturba-do com a própria frase. Logo viu que nossas perguntas de-sarmadas pediam histórias de seus anos de formação com Hermilo Borba Filho (1917-76), teórico e artista brilhante, que tanto o infl uenciou em seu começo no teatro. Ou da proxi-midade entre o barroco ibérico e a arte popular brasileira.

Não estávamos ali para inquirição política. Então, do nada, ele lançou: “Não tenho simpatia pela burguesia”. E ex-plicou: “Pertenço a uma classe, o patriarcado rural brasileiro, que gosta do povo”.

No mesmo compasso clas-sista, deu um jeito de falar na derrocada da União Soviética e dizer, para nosso riso, que ti-nha saudades de Stálin. “Quem muito se agacha, o fi ofó lhe aparece”, foi a frase sobre o “bandido” Boris Ieltsin. E sin-tetizou: “A utopia é uma coisa importante. A gente tem que pôr o sonho de liberdade e justiça na frente e caminhar até ele. Então vou começar a relembrar o que Stálin tinha de positivo. Não vou mais brigar”.

A fala ambígua de Suassuna surgia como proposta de rela-ção: um tanto de uma armadilha irônica, outro tanto de desejo de acordo, sempre interessada em nossa reação fraterna.

“Uma peça é um tumulto”, eu

disse a ele. “Você lembra que escreveu isso?”

“Foi, é?”, ele me respondeu. “É mesmo? É mesmo? Um tumulto? Não me lembro mais, não. Mas é isso, os drama-turgos são mais desse outro mundo: da impureza, da mis-turada, não é?”

Entre o confl ito e o encontro, pensei na confusão do teatro e na dedicatória do ano anterior: era uma reunião de palhaços e artistas populares na Paraíba. Nós dois também estávamos presentes, alguém de imagi-nação achou que podíamos contribuir como intelectuais da palhaçada. Eu levava uma encomenda embaixo do braço: uma edição da “Farsa da Boa Preguiça” para ser autografa-da. Era de Helena Albergaria, minha amada companheira, ela sim leitora entusiasmada de Suassuna. Faço o pedido na saída de sua conferência.

Ele abre o exemplar e vê outra dedicatória mais antiga: “À Heleninha, do papai, S. Paulo, setembro de 74”. Pela data, uma menina de dois anos. Um médico deu à fi lha, a brasileiri-nha que havia pouco chegava ao mundo, um livro, aquele livro. Juarez Ricardo morreria muito jovem. Mas viu Helena se tornar atriz.

Suassuna entendeu, antes que eu explicasse. Eu contei a ele a história, aos pedaços, e ele escreveu sua dedicatória embaixo: “Para Helena, refe-rendando o oferecimento do seu Pai, o carinho e o afeto de Ariano Suassuna”. Ainda disse: mande meu abraço a Heleninha.

MARLENE BERGAMO/FOLHAPRESS

Livro dedicado a Helena Albergaria pelo pai (1974) e por Suassuna (1997)

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RESUMOPremiadas memórias de George F. Kennan (1904-2005) ganham tradução brasileira. Obra em dois volu-mes cobre de 1925 a 1963 e é analisa-da por embaixador, que frisa sobretudo como a sensibilidade e as orientações do cientista político e diplomata em Moscou evitaram que a Guerra Fria se tornasse um confl ito bélico.

História

6 Ele combinou com os russos

O “longo telegrama” foi en-viado pela Embaixada dos Es-tados Unidos em Moscou para o Departamento de Estado, em partes, no mês de fevereiro de 1946. Era o “blueprint” do que seria, no essencial, a po-lítica de contenção adotada por sucessivas administrações norte-americanas como res-posta à política expansionista da União Soviética.

MARCOS AZAMBUJA

Memórias do homem que norteou a Guerra Fria

Merecia o nome: era, sem qualquer dúvida, um telegrama e foi, até o momento de sua ex-pedição, o mais extenso texto da história das comunicações telegráfi cas enviadas pelos canais da diplomacia ameri-cana. Seu autor era George F. Kennan; então com 40 anos, ele era a segunda pessoa da hierarquia do posto e respon-sável pelo setor político da representação diplomática de seu país em Moscou.

Poucos textos de análise prospectiva de aspectos do comportamento internacional se revelaram tão prescientes quanto a avaliação original de Kennan, que tem suas “Me-mórias 1925-1963” [trad. Vera Giambastiani e Antonio Sepul-veda, Topbooks; R$ 119; vol. 1, 491 págs. e vol. 2, 297 págs.; não vendidos separadamente] publicadas agora no Brasil.

Kennan partia de uma ava-liação lúcida e informada do que a Rússia era e ambicionava conseguir e, por ser eminente-mente realista, escapava das simplifi cações ou demoniza-ções com que costumavam ser vistos naqueles idos os pro-jetos de Moscou. Embora re-conhecesse as especifi cidades próprias do regime soviético, identifi cava no comportamento russo elementos que transcen-diam as circunstâncias do mo-mento e correspondiam a uma

certa maneira russa de pensar e interpretar o mundo.

As linhas de conduta que pre-conizava e que recomendavam uma política de “containment” da União Soviética serviram como guia de conduta para Washington por várias décadas, funcionando como modelo ao longo dos mais de 40 anos que durou a chamada Guerra Fria, extraordinária prova de longe-vidade em um universo em que os diagnósticos e as terapias que deles derivam costumam ter vida muito mais efêmera.

Embora a Guerra Fria tenha a sua data inicial associada com o bloqueio de Berlim em 1949, é evidente que, em 1946, a refl e-xão dos melhores analistas já havia antevisto e identifi cado o longo ciclo de enfrentamentos e desconfi ança que, com oscila-ções de intensidade, persistiria entre americanos e russos até a queda ao Muro de Berlim em 1989.

Se não tivesse sido escrito o longo telegrama, ou se ele não tivesse sido acolhido como matriz da política que foi per-seguida por Washington por um tão longo período, talvez a palavra “fria” não servisse para descrever a natureza do amplo enfrentamento político, militar e ideológico que existiu entre as duas superpotências daquele tempo e tivéssemos desliza-do tragicamente em direção

a um enfrentamento militar direto entre elas, que poderia se ter transformado na Terceira Guerra Mundial, com sua catas-trófi ca dimensão nuclear.

VitoriososGeorge Kennan perten-

ce àquela geração de jovens americanos que, vitoriosos na Segunda Guerra Mundial, ti-veram o desafi o de organizar o mundo em linhas e espaços que reconhecemos ainda hoje. No campo das relações interna-cionais, os atores decisivos não foram muitos: George Marshall, Dean Acheson, Chester Bow-les, Paul Nitze, John McCloy e Robert Lovett, para reunir os seis contemporâneos que são frequentemente identifi cados como os principais arquitetos da fi losofi a de ação norte-ame-ricana na Guerra Fria.

Mais tarde, seria preciso so-mar John Foster Dulles e Henry Kissinger a essa lista como as pessoas que, de perspecti-vas diversas e em momentos diferentes e com importantes divergências entre si, desenha-ram as linhas gerais do mundo em que vivemos.

Kennan, além de ter sido um dos maiores estrategistas diplomáticos de seu tempo, é também um escritor de estilo fácil e fl uido que refl ete os pontos de vista de uma elite política e cultural dos Estados

Unidos formada nas suas gran-des universidades. Essa elite via seu país como o titular de um destino manifesto e não mostrava um interesse maior ou uma sensibilidade especial senão para as que eram as grandes potências tradicio-nais, negligenciando as que não participassem da equa-ção central da disputa pela hegemonia mundial.

Se o enfrentamento sovié-tico-americano é o confronto central da história mundial na segunda metade do século 20, George Kennan é, ao mesmo tempo, ator privilegiado no desenho dos termos e condi-ções desse enfrentamento e, também, cronista idealmente colocado para contar o que então acontecia e avaliar as consequências daqueles atos sobre o futuro das relações internacionais.

É signifi cativo que o inte-resse pelas memórias de Ken-nan não tenha desaparecido depois de 70 anos passados dos acontecimentos descritos e que, pelo contrário, como os recentes acontecimentos na Crimeia evidenciam, Geor-ge Kennan continue a ser um mestre em identifi car aquela dualidade de comportamento – temeroso e agressivo – que é tão característica do reper-tório tradicional russo.

Algumas das questões ex-

ploradas por Kennan voltaram a ter, em um novo contexto, relevância e atualidade. Uma Rússia revigorada voltou a ado-tar posições que são as que o país costuma quase automa-ticamente assumir quando se sente cercado e ameaçado.

Kennan foi dos primeiros a identifi car aquela característi-ca dualidade de um país que se percebe como um ator in-ternacional poderoso por suas imensas extensões, não meno-res recursos naturais, cultura e população e, ao mesmo tempo, aberto e vulnerável a vários inimigos que se aproveitam das vastas planícies de seu terri-tório como caminhos abertos para a invasão e a conquista.

Os fundos traumas da histó-ria próxima e remota continu-avam a atuar (como acontece até hoje) sobre o espírito e o imaginário russos. Os quase 30 milhões de mortos e feridos na resistência à invasão hitleriana haviam caído um punhado de anos antes. A invasão napoleô-nica estava distante de apenas pouco mais de um século.

O que torna a percepção de Kennan aguda e relevante é que sua profunda compreensão do psiquismo russo não o faz cego para as ameaças que o regime comunista implantado em Moscou representava para o resto da Europa e para a ordem internacional.

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[email protected], DOMINGO, 9 DE NOVEMBRO DE 2014 (92) 3090-1042 Plateia 3

Entrevista com dupla Bruno e Marrone

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AÇÃO

Domingo de arte integrada no largo

O projeto “Pintura ao vivo” ultrapassou o objetivo de reunir artistas visuais e

agora une outros segmentos de arte, como apresentações de capoeira, dança e teatro ao ar livre, todos os domin-gos, a partir das 8h, no largo São Sebastião.

Realizado pela Associação de Cultura do Estado do Ama-zonas (Aceam), o evento teve a primeira edição no dia 28 de setembro e contou com a presença do padrinho da ação, o artista plástico Mo-acyr Andrade. A ideia inicial era, como o próprio nome

sugere, os artistas pintarem seus quadros em tempo real, ao lado dos espectadores, conforme conta a presidente da Aceam, Rosa dos Anjos. “A repercussão foi tão positi-va que atraímos fotógrafos, bailarinos, atores e poetas. A associação quer justamente isso, fazer um trabalho de arte integrada”, comenta.

Em todo o largo, artistas co-locam seus cavaletes para re-alizarem pinturas, bem como expõe quadros e varais de fo-tografi as. Performances tam-bém são realizadas ao ar livre. O movimento tem atraído um público de quase 500 pessoas por domingo, segundo Rosa dos Anjos. “Isso proporciona discussões culturais, entrete-

nimento e também contatos profi ssionais. Muitos artistas já venderam quadros ou mes-mo conseguiram alunos para suas ofi cinas durante essas ações”, disse.

Rosa dos Anjos ressalta que o próximo passo da associa-ção é levar o projeto para os bairros de Manaus, uma forma de descentralizar as atividades culturais que, na opinião dela, se limitam ao redor do Teatro Amazonas. “A arte precisa ir até o público. Precisamos fortalecer a políti-ca cultural para que seja mais acessível a todos”, disse.

Na próxima semana, artis-tas ligados à Aceam irão re-alizar uma exposição na Zona Norte da cidade, por meio do

projeto “Domingo de Arte”. Nomes como Rodney Mar-ques, Hadna Abreu e Marius Bell estão na fi cha técnica. Grafi te, cartum e outras lin-guagem também fazem par-te da programação. “Também estamos participando de edi-tais de cultura para levar os projetos para o interior do Estado”, conta a presidente.

Paralelo às ações culturais, a Aceam está mobilizado ar-tistas e o poder legislativo para que a Lei de Incentivo a Cultura Municipal saia do papel. A proposta prevê 2% do ISS para projetos culturais. “Semana passada nos reuni-mos na Câmara (Municipal de Manaus) para cobrar a aprovação desse projeto de lei

que está parado há 10 anos”, contou Rosa dos Anjos.

Com 150 associados, a Aceam foi fundada em abril deste ano e tem 12 membros na diretoria. O contato pode ser feito pelo e-mail [email protected]. Atualmente, conta com apoio da Secretaria de Estado da Cultura (SEC) e Agência de Fomento do Estado do Ama-zonas (Afeam).

Teatro Além das exposições de artes

visuais, a agenda de hoje tem a apresentação do grupo de teatro Ulha Já, que apresentará espetáculo “O mala da arte”, a partir das 9h, no próprio largo de São Sebastião.

Com a proposta estética de teatro de rua, a montagem é uma comédia que questiona a ética e faz críticas às auto-ridades políticas. O protago-nista, interpretado por Ismael Farias, é o personagem Pedro Malasartes, fi gura folclórica trazido pelos colonizadores portugueses e incorporado à cultura nordestina. Com dire-ção de Emile Nóbrega, o elen-co conta ainda com Adriano Holmes como a personagem espirro do cão, Fabiano Ba-raúna como Foquito e Beariz e Fábio Moura dando vida ao Suspiro do Diabo, além de Laury Gitana como a Dama. A trilha sonora terá Júnior Victorino nos vocais e Alan Silva na percussão.

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LÍDIA FERREIRA Equipe EM TEMPO

A população de Manaus tem motivo a mais para frequentar o largo São Sebastião aos domingos, com a consolidação de uma iniciativa criada no fi m de setembro

Diversas expressões da arte se fazem presentes na programa-

ção, que deve ser expandida para outros bairros

SERVIÇO‘PINTURA AO VIVO’

Quando

Onde

Quanto

Domingo, a partir das 8hlargo de São Sebastião3404-4027Gratuito

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Fernando Coelho [email protected]

- www.conteudochic.com.br

>> A tradicional festa de fi m de ano desta coluna dará o start para a temporada de festas da cidade. Na versão 2014, o evento será temático – uma noite árabe, com todo o luxo que o tema prevê -, no dia 4 de dezembro, no Diamond. O evento irá comemorar 30 anos de colunismo social do editor deste espaço. Aguardem!

>> A querida Florência Ayub estreia idade nova neste do-mingo. Cumprimentos espe-ciais da coluna.

>> Boa notícia para a turma que curte o mar do Caribe: a partir de janeiro, Manaus passa a ter dois voos semanais para Aruba, pela Insel Air, uma subsidiaria da Air Aruba. A Pa-radise Turismo já está fazendo reservas. Oba!

>> Na lista de aniversariantes de amanhã, Robertinho Cami-

nha, Juliana Lengler, Alfredo Filho e Terezinha Frota Uchôa.

>> Zenaldo Mota e Cân-dida Barbosa convidam para o almoço de lançamento de novidades de fi m de ano, no Cândida Buff et, no dia 17.

>> A artista plástica Clio Baraúna de Carvalho terá ver-nissage da exposição “Flores de Clio” na MS Casa.

>> A secretária municipal de Comunicação, Mônica San-taella, será cumprimentadís-sima na terça-feira pelo seu aniversário.

>> O badalado restaurante Alentejo passa a abrir para almoço e jantar a partir do dia 14, para a temporada de fi m de ano. O maitre Geraldo Teixeira recebendo os habitués com a simpatia de sempre.

>> Vitrine

. Já virou tradição uma das co-leções de maquiagem mais de-sejada no final do ano, a Golden Collection da Dior, que foi revela-da, e assim como as coleções an-teriores, está incrível! Composta por batom, paleta de sombras, pó compacto e esmalte, a co-leção promete deixar qualquer mulher muito mais iluminada neste Natal.

O destaque da edição? As no-vas tonalidades de esmalte, o já conhecido top coat e os batons Diorific, que chegam em oito tonalidades diferen-tes e com dois tons em cada um (mate e com microesferas douradas). Para brilhar!

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Objeto de desejo>> Chá e charme

tes e com dois tons em cada um (mate e com microesferas tes e com dois tons em cada

Erika Vieira, Silvia Sodré e Mariana Garcia

Suelem Pacheco com as amigas Mariana Garcia, Mirla Souza, Renata Ruiz, Carla Pacheco, Michelle Carratte, Diana e Raphaela Sampaio

Suelem Pacheco e o amigo Waisser Botelho

Elizandra Xavier, Karla Henderson e a fi lha Manuela

. A bela Suelem Herrera Pacheco pilotou seu chá de baby, quinta-feira, comemorando a chegada de Maitê, sua primeira fi lha com o marido Marcos Pacheco.

. O local escolhido para a fes-ta? A Casa das Artes, que esteve cheio de nomes do time de jovens e bonitas socialites de Manaus. Festa cheia de charme!

teiaChá e charme

Erika Vieira, Silvia Sodré e Mariana GarciaSuelem Pacheco e o amigo Waisser Botelho

. A bela Suelem Herrera Pacheco pilotou seu chá de baby, quinta-feira, comemorando a chegada de Maitê, sua primeira fi lha com o marido Marcos Pacheco.

. O local escolhido para a fes-ta? A Casa das Artes, que esteve cheio de nomes do time de jovens e bonitas socialites de Manaus. Festa cheia de charme!

A anfi triã Suelem Herrera Pacheco, em seu movimen-tado e elegante baby chá

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Bruno & Marrone cantam hits de Os goianos tocarão na festa “Último Sertanejo do Ano”, com Jorge & Mateus, no sambódromo

Manter-se no mercado e continuar fazendo su-cesso, mesmo com tanto tempo de estrada, não é

para qualquer um. Uma dupla goia-na, conhecida por canções cheias de romantismo, ultrapassou barreiras e chegou o topo do sucesso. Com 28 anos de carreira, Bruno & Marrone estarão em Manaus no dia 22 de novembro, para cantar no “Último Sertanejo do Ano”, show que será realizado no sambódromo. A festa promovida pela Fábrica de Eventos contará ainda com a presença de Jorge & Mateus.

A dupla Bruno & Marone já lançou 17 CDs e 7 DVDs ao longo de quase três décadas. Atualmente, eles divul-gam em turnê o CD/DVD “Bruno & Marrone – Agora ao vivo”. O álbum traz cinco faixas inéditas e 18 regravações, sendo quatro delas sertanejas e o restante de outros segmentos.

Em entrevista exclusiva ao EM TEMPO, Bruno destaca que o novo trabalho está sendo bem aceito pelo público. A dupla, que ao longo dos anos já gravou em diversos formatos, desta vez optou pelo intimista.“É positivo ver o ritmo crescer e cada dia mais as pessoas se interessando, não só pelo que toca na atualidade, mas também pelo que já tocou. Os jovens se interessam pelo sertanejo mais antigo, assim como nós, que já estamos há mais tempo, também procuramos nos atualizar”, afirma.

O novo álbum viaja pelo clássico sertanejo até a MPB de Roberto Carlos. Entram no set list, “Fren-

te a Frente” (Chico Roque/Carlos Colla), “Garçom” (Reginaldo Rossi) e “Ausência” (Christian & Ralf). A música “Oceano”, de Djavan, aparece acompanhada pelo choro melódico da sanfona. Outras surpresas apa-recem, como “Apenas mais uma de amor” (Lulu Santos) e “Primeiros erros” (Kiko Zambianchi), que foram as eleitas para representar o rock nacional. Para fechar os anos 90, “Evidências” (Paulo Sérgio Valle/José Augusto) e “Alma gêmea” (Peninha).

Os anos 2000 são representados por outros ritmos como os sambas “Deixa acontecer” (Carlos Caetano/Alex Frei-tas) e “Você me vira a cabeça” (Chico Roque/Paulo Sérgio Valle) e a música baiana aparece com “Quando a chuva passar” (Ramon Cruz) e “Não vou cho-rar” (Alexandre Peixe/Beto Garrido).

A canção “Dormi na Praça” também está presente no álbum e é, sem dú-vida, a música que mudou a vida de Bruno & Marrone.

Público renovado Atualmente, até mesmo a nova ge-

ração de músicos sertanejos acompa-nha com frequência as apresentações da dupla. Para Bruno, o reconheci-mento de outros artistas se deve ao romantismo aplicado nas canções.

“O romantismo nunca acaba. As pessoas ainda buscam ir aos shows e ouvir músicas que tocam o coração, mas também gostam de alegria, então misturamos os momentos. Acredito que foi assim que conse-guimos atingir esse público que tem várias idades”, revela.

DIVULGAÇÃO

28 anos de carreira

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CRÔNICA

PERFIL

Aldisio FilgueirasJornalista e membro da Academia

Amazonense de Letras

Quando vocês aca-barem de ler estas “Aventuras de dona Maria, a sogra que

ninguém merece”, não acredi-tarão que ela tenha existido e que essa mulher, que sonha com a fonte da juventude não passa de simples invenção de uma escritora, cumprindo seu ofício de inventar. Mas a situação é muito pior: dona Maria existe. Ela sobreviveu à Revolução Francesa e, por isso, mais de 200 anos depois de a guilhotina ter separado a cabeça de Maria do corpo de Antonieta, essa ex-caboqui-nha que ora lhes é apresen-tada pela Tricia Cabral ainda acredita que é princesa.

Eu sei que dona Maria existe porque ela é da minha gera-ção, um grupo de estrangeiros que nasceu e continua habi-tando em Manaus, mas para o bem de todos e felicidade geral da nação, está em ex-tinção. Eu sei que ela existe, porque já cruzei com ela (no bom sentido) em várias situ-ações, de ouvir falar ou por estar passando por perto dos acontecimentos. Como prova de que é amazonense, dona Maria costuma anunciar que nasceu no Rio de Janeiro, mas o aquecimento global a trans-feriu para Manaus, ainda nos cueiros, sem noção do que significava a mudança. Eu sei porque ouvi falar de bocas incapazes de mentir.

Quando a pessoinha de-

sembarcou na feira da Pa-nair (segundo a versão que ela utiliza para impressionar colunista social), a Panair ain-da era “paner” e não havia feira. De cima do barranco, ouviu-se um coro: “Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça...”. Sim, pois sempre existiu e existirá um Vinicius de Morais de olho nas coisas mais cheias de graça, que vão e que passam. Maria desem-barcou em Manaus podendo, como desembarca podendo todos os anos, vinda sabe-se lá de onde, a Kamélia do Carnaval do Olímpico. Uma cartomante recentemente chegada de Faro foi textual: “Essa menina não se cria”. Foi a primeira vez que uma cartomante errou a profecia, na história de Manaus. Essa uma adivinhou o advento de Gilberto Mestrinho e seus vá-rios monstrinhos, que ainda assombram por aí; mas com Maria, ah, ah, ah, ah...

Maria, que ainda não era dona nem do próprio nariz, se criou, como o livro da Tricia Cabral não me deixa mentir. Lembro de ouvir falar ou por estar passando por perto, faz já muito tempo, do seu aniversário de 5 anos. Ela odiava ter 5 anos; queria ter 15; depois queria ter 20; agora, quer de novo ter cinco. Dentro de um vestido cor de rosa, ela parecia um descon-fortável morango artificial no meio da sala. Maria queria

ser adulta. Foi por isso que fugiu para Belém com um funcioná-rio do Banco da Amazônia, para boicotar a festa de 15 anos, que aconteceria no Salão os Espe-lhos do Rio Negro. Maria debutou assim, mas foi o primeiro e único erro financei-ro que cometeu; nunca mais confundiu bancário com banqueiro.

Dona Maria existe, mas não pode processar a Tricia, por um simples motivo: a ficção é a nossa realidade e o direito não alcança essa sutileza. Dona Maria, a criatura de Tricia, é a mulher à beira de uma crise de nervos. Ligue a tele-visão, leia os suplementos dos jornais, acompanhe a moda, enfim, dê uma chance à mulher que não seja aquela cheia de graça que vem e que passa, e estaremos diante de dona Maria, a Louca; a estressada; a infeliz; a mula sem cabeça, a mulher de branco, a obsessão pela eterna juventude, essa mitologia criada para manter a mulher na retaguarda dos direitos republicanos e na li-nha de frente dos privilégios da monarquia.

Em busca da eternidade, dona Maria pensou em entrar para a Academia Amazonense de Letras. “O que a Mazé

Dona Maria existe, mas não pode processar a Tricia, por um simples mo-tivo: a ficção é a nossa realidade e o direito não alcança essa sutileza”

Mourão tem que eu

não tenho”, pergun-tou-se já investida de imorta-lidade. Mas ao ler o dicionário de biografias dos acadêmicos, escrita pelo Almir Diniz, ela se espantou: “Mas isso não é uma academia, é o Parque dos Dinossauros”. E desistiu.

É nesse contexto que a crô-nica de Tricia Cabral se insere no jornalismo e na literatura amazonenses, na linhagem de um Stanislaw Ponte Preta ou de um Ribamar Bessa Freire, do “Taqui pra ti”. O riso é o anúncio dos desacertos nossos de cada dia.

Bem-vinda à ficção, Tricia. Só ela pode dar conta da nossa triste realidade.

As desventuras de D. Maria

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Canal [email protected]

Flávio Ricco

Colaboração:José Carlos Nery

TV TudoFoi assimHá dois meses, o humo-

rista Ceará se reuniu com Emílio Surita e Tutinha e avisou que iria embora do “Pânico”. Como já havia um desgaste nas relações, entre outras coisas pelo fato de ele continuar li-gado à empresária e irmã de Sabrina Sato, Karina, o comando do programa não criou qualquer objeção e a saída foi acertada. O Ceará se despede em dezembro.

Foi assim 2Curioso é que o Ceará, na-

quele momento, tratou de “distribuir” a notícia para a equipe de produção do “Pânico” e ninguém o levou a sério. Acharam que era brincadeira. Segundo os seus próprios companhei-ros, o humorista anunciou ida para o Multishow, mas na verdade já estaria fe-chado com um programa de fi m de semana da Globo.

Vida que segueNúmero 1 do “Pânico”

na Band, Emílio Surita in-forma que o seu pessoal já está trabalhando nos preparativos de algumas novidades para a tempo-rada de 2015. O progra-ma vai apostar muito em segmentos de competição e também apresentará no-

vos integrantes no decorrer do ano. A última edição ao vivo neste 2014, antes das férias, irá ao ar em 21 de dezembro.

Parceria antigaAs TVs Globo e SIC estão

muitos próximas de fechar um novo contrato para a manutenção da parceria. Sobre o assunto, a asses-soria da Globo não dá mais detalhes, informa apenas que “a SIC é uma parceira de longa data” e que “per-manece tudo como está”.

Porém...Parece que não é bem

assim não. Comenta-se que a SIC planeja reduzir a presença brasileira na sua “grelha” de programação, a partir de 2015. E apostar

mais em produções pró-prias.

Distância regulamentar Wolf Maya é o diretor es-

calado para “Lady Marize-te” e, segundo se informa, desta vez ele pretende tra-balhar com um elenco bem diferente das suas últimas novelas. Isso até para evitar comentários maldosos de que privilegia um determi-nado grupo de atores. Entre as exceções, no entanto, Maria Casadevall – que já possui luz própria.

PremiaçãoMateus Solano foi o es-

colhido para comandar a festa de entrega do prêmio de Responsabilidade So-cial 2014 promovido pela Globo.

DivergênciasSabe aquela do “o que a

personagem tem a ver com você?” É bem por aí o próximo trabalho de Letícia Spiller na Globo, “Lady Marizete”, substituta de “Alto Astral”, que estreia em abril de 2015. Já está tudo acertado para ela viver Soraya, uma perso-nagem “linda e charmosa”, mãe do protagonista. Agora, o que não combina: viúva, odeia favela e os pobres.

Bate-rebate• João Côrtes, o ruivinho dos

comerciais, vai gravar nes-ta segunda-feira entrevista para o “Programa do Jô” na Globo.

• Rodrigo Scarpa, o Vesgo, segue fi rme e forte no “Pâ-nico”. Contrato renovado por mais 2 anos.

• Várias jornalistas da Glo-bo estranharam o enorme interesse nas tatuagens da Poliana Abritta, nova apresen-tadora do “Fantástico”...

• ... As colegas acharam que não era para tanto e que Abrit-ta precisa, nesse importante momento da carreira, ganhar espaço com seu trabalho.

• Ratinho encerra suas ativi-dades deste ano, no SBT, dia 20 de dezembro...

• ... A equipe do apresen-tador retomará os trabalhos do programa exatamente um mês depois.

Da Globo para TV paga

Muitos autores da Globo, quase 250, têm preferido enviar projetos para os canais Globosat – GNT, Viva e Multishow, porque observam ali uma possibilidade mais tranquila e acessível de colocarem as suas ideias, longe da pressão por audiên-cia da TV aberta. Além disso, esses projetos não necessitam da bênção dos Fóruns de Seriado e de Humor, o que torna tudo mais fácil.

Fábio Porchat fala sobre a expectativa de concorrer com Serginho Groisman e Marcos Mion nas noites de sábado. “Se der alguma audiência já está bom”, diverte-se. O humorista vai assinar contrato com o SBT no fi m do mês.

Então é isso. Mas amanhã tem mais. Tchau!

C’est fi ni

GLO

BO

Mário Adolfo

Regi

Elvis

Gilmal

Esta coluna recebeu alguns e-mails a respeito da lucidez com que tratamos a questão da política cultural do nos-so Estado tratados no artigo anterior. Prontamente nos foi solicitado um apro-fundamento maior e um exemplo do que sugerimos. Antes, uma digressão: a notí-cia quetem tomado a todos ultimamente diz respeitoa saída da então ministra da Cultura Marta Suplicy. Sabe-se, porém, que sua demissão já esta0va prevista, afi nal, Suplicy foi uma dasprincipais arti-culadoras do movimento “Volta Lula” na qual se pedia a substituição da candidata do PT ao pleito de 2014, Dilma Roussef, pelo ex-presidente Lula. Como sabemos, Dilma ganhou e, ao que muitos sabem, estamos diante de uma mulher vinga-tiva e perseguidora. Marta jamais seria poupada desta afronta. Mas o pior ainda está por vir: quem será o novo ministro da cultura? Tema para um artigo.

Semana passada pusemos em dis-cussão a questão regional onde, ao que muitos pensam, o então secretário de cultura do Amazonas Robério Bra-ga deixaria o cargo. Não sabemos ao certo do teor destas especulações, o que importa é mensurarmos a política mais do que o político e daí tirarmos de pronto duas conclusões: a primeira é a de que Braga fez muito pela cultura de nosso Estado, nos livrou do primitivismo tacanho e embrionário da mentalidade baré e nos alçou a viagens bastante so-fi sticadas de participação. Pensar, como temos acompanhado nas redes sociais, em acabar com os festivais de ópera ou cinema e dizer que isto faz parte da cultura “elitista” ou pensar que estas manifestações “não tem nada a ver com a gente (sic)” seria o maior atentado à nossa inteligência e à história regional. Robério Braga transformou não apenas os aspectos mais comezinhos da política cultural regional, mas sobretudo o modo de pensar da população sobre as mais diferentes áreas de conhecimento.Tea-tro, dança, cinema, folclore, patrimônio e memória ganharam contornos sinuosos; a ópera ao ar livre atrai mais público em

um dia de evento do que vários dias de Festival Folclórico do Amazonas, ao contrário do que muitos desavisados pensam - elitismo?

O que deve ser repensado, e aí seja quem for o secretário, é o processo de valorização do artista amazonense. Mas não de forma mecânica, afi nal, a medio-cridade não perdoa raízes e nascimento, mas pensemos assim: a cada ópera, por exemplo, teríamos como assistente de direção um diretor amazonense que receberiauma bolsa de estudos onde aprenderia a ler partituras, interpretar os clássicos, técnicas de direção para ópera etc. O mesmo se daria com os cantores, os fi gurinistas, os cenógrafos, etc - até que um dia nós teríamos uma ópera produzida e encenada genuinamente por artistas locais. Não pretendemos sugerir bairrismos. É claro que no programa do Festival teríamos grandes artistas de diferentes latitudes atuando por aqui. Mas negligenciar o talento da nata da casa ou mesmo deixar de experimentar suas vocações seria um truísmo leviano.O melhor exemplo disso foi o que Robério Braga fez com a música erudita. Em 1998, todos os músicos da Orquestra Amazonas Filarmônica eram do Leste Europeu e hoje são em sua esmagadora maioria, nativos da região, de outros estados e uns poucos de outros países. Uma bela composição por sinal!

Uma primeira etapa da história da política cultural do Estado foi cumprida. Temos festivais, espaços artísticos e patrimônio bem unifi cados. Para um segundo momento eu penso na valori-zação do artista local, na inserção des-tes artistas transformados na ponta de lança das ações culturais, na interação do objeto cultural com a comunidade e na difusão das artes para o interior do Amazonas. Além disso, a criação de um Sistema Municipal de Inovação, uma parceria entre três secretarias com um braço de suas políticas de forma inte-grada (educação, ciência e tecnologia e cultura) nos daria um avanço signifi cativo na base da gestão do Estado.

Márcio Braz E-mail: [email protected]

Márcio Braz ator, diretor,

cientista social e membro do Con-

selho Municipal de Política Cultural.

A ópera ao ar livre atrai mais público em um dia de even-to do que vários dias de Festival Folclórico do Ama-zonas, ao contrário do que muitos desavisados pensam - elitismo?”

Os revezes da cultura

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D6 Plateia MANAUS, DOMINGO, 9 DE NOVEMBRO DE 2014

GLOBO

Programação de TV VWVW SBT

4h Santo Culto Em Seu Lar4h30 Desenhos Bíblicos7h30 Record Kids - Pica Pau8h Amazonas Dá Sorte9h Domingo Show13h15 Hora Do Faro17h30 Domingo Espetacular21h15 A Fazenda22h15 Programação Iurd23h15 Manutenção Técnica

HoróscopoGREGÓRIO QUEIROZ

ÁRIES - 21/3 a 19/4 Um dia em que podem acontecer encantos instantâneos com as pessoas. Vocês se en-volvem a partir de alguma afi nidade que é estimulante para seu crescimento pessoal.

TOURO - 20/4 a 20/5 Bom momento para valer-se de recursos materiais para se desvencilhar de pequenos problemas. Use o que tem de melhor para cuidar da saúde e corrigir defi ciências.

GÊMEOS - 21/5 a 21/6 Você deve ser hoje mais afetuoso e huma-no para com as pessoas amigas. Possível fascínio com alguém do ambiente social, talvez até com a conotação de atração amorosa.

CÂNCER - 22/6 a 22/7 Procure seguir a direção profissional que julga mais legítima, mesmo que seja di-fícil. Essa direção pode hoje aparecer por meio de algum interesse que lhe atraia de modo especial.

LEÃO - 23/7 a 22/8 As pessoas lhe ajudam a cultivar os pen-samentos e valores que lhe são neces-sários e lhe fazem crescer como pessoa humana neste momento da vida. Queira bem a todos.

VIRGEM - 23/8 a 22/9 Talvez você tenha que assumir responsabi-lidades que, a princípio, seriam de outras pessoas. Esta é uma maneira positiva de con-tribuir para fi rmar bons relacionamentos.

LIBRA - 23/9 a 22/10 Uma visão ampla a respeito dos relaciona-mentos favorece que estes se estabeleçam em bases mais harmoniosas. Mas será preciso ceder de você para harmonizar a relação.

ESCORPIÃO - 23/10 a 21/11 Você terá facilidade para desenvolver uma atitude mais caridosa e generosa no trabalho. Momentos agradáveis com as pessoas no trabalho e ao longo dos afazeres cotidianos.

SAGITÁRIO - 22/11 a 21/12 Você tende a mostrar seu lado mais encantador e sedutor ao se aproximar das pessoas. Momento de forte atração amorosa e um fascínio que pode vir a ser muito especial.

CAPRICÓRNIO - 22/12 a 19/1 Novidades encantadoras favorecem você a se relacionar melhor com a família. Situações agradáveis no lar, com os fa-miliares e nos afazeres práticos tornam este um dia legal.

AQUÁRIO - 20/1 a 18/2 Hoje, inesperadamente, você pode encontrar alguém por quem sinta um interesse especial. Pode vir a nascer um encanto ou fascínio à primeira vista por algo ou alguém.

PEIXES - 19/2 a 20/3 Um dia de facilidades na lida com questões materiais e para fechar negócios. Um dia também para você usufruir os benefícios materiais que estão a sua disposição.

Cruzadinhas

BAND

Cinema

4h Tartarugas Ninja - “Cabeça De Metal Religado” - “Minhocaos! Parte I E Ii”5h30 Santa Missa No Seu Lar6h30 Sabadão Do Baiano7h Power Rangers + Popeye8h30 Minúsculos8h45 Informercial – Polishop9h45 Verdade E Vida10h Irmão Caminhoneiro – Boletim10h05 Pé Na Estrada

Tim Maia: BRA. 16 anos. Cinemark 2 – 14h, 17h10, 20h30 (diariamente); Cinépolis Millennium 3 – 14h, 19h30 (diariamente), Cinépolis Millennium 5 – 15h10, 18h10, 21h10 (diariamen-te); Cinépolis Plaza 4 – 18h30, 21h25 (diariamente); Cinépolis Ponta Negra 2 – 14h05, 17h05, 20h20 (diariamente), Cinépolis Ponta Negra 8 – 15h, 18h15, 21h20 (diariamente); Kinoplex 5 – 13h10, 18h20 (diariamente); Playarte 9 – 14h, 17h, 20h05 (diariamente), 22h50 (so-mente sexta-feira e sábado).

O Melhor de Mim: EUA. 14 anos. Cinépolis Millennium 7 – 19h, 21h40 (leg/diariamente); Cinépolis Ponta Ne-gra 4 – 21h50 (leg/diariamente).

O Apocalipse: EUA. 12 anos. Ci-nemark 5 - 14h10, 16h40 (dub/diaria-mente), 19h (dub/somente terça-feira), 22h10 (dub/diariamente); Cinépolis Pon-ta Negra 9 – 14h15, 16h45 (dub/dia-riamente); Kinoplex 4 – 13h40, 18h30 (dub/diariamente); Playarte 3 – 13h20,

15h40, 18h, 20h20 (dub/diariamente), 22h40 (dub/somente sexta-feira e sá-bado).

Drácula – A História Nunca Conta-da: EUA. 14 anos. Cinemark 4 – 13h45, 16h10, 18h30, 21h (dub/diariamente); Cinépolis Millennium 4 – 15h20, 17h30, 19h50, 21h55 (leg/diariamente); Ciné-polis Plaza 3 – 15h25, 17h30, 20h, 22h20 (dub/diariamente); Cinépolis Pon-ta Negra 3 – 19h20 (leg/diariamen-te), Cinépolis Ponta Negra 7 – 15h15, 19h45 (dub/diariamente), 17h30, 22h (leg/diariamente); Kinoplex 2 – 17h, 21h30 (dub/diariamente), Kinoplex 5 – 16h (dub/diariamente); Playarte 1 – 21h (leg/exceto sábado e domingo), 23h15 (leg/somente sábado), Playarte 5 – 13h30, 15h30, 17h30, 19h30, 21h30 (dub/diariamente), 23h30 (dub/somente sexta-feira e sábado).

Annabelle: EUA. 14 anos. Cine-mark 1 – 15h, 17h20, 19h40, 22h (dub/diariamente); Cinépolis Millen-

nium 6 – 17h45, 20h, 22h10 (leg/dia-riamente); Cinépolis Plaza 8 – 15h35, 18h, 20h15, 22h30 (dub/diariamen-te); Cinépolis Ponta Negra 10 – 19h (dub/diariamente), 21h30 (leg/diaria-mente); Kinoplex 2 – 14h50, 19h10 (dub/diariamente), Kinoplex 5 – 21h20 (dub/diariamente); Playarte 1 – 15h, 19h (dub/exceto sábado e domingo), 19h15, 21h15 (dub/somente sába-do e domingo), 23h15 (leg/somente sexta-feira).

Alexandre e o Dia Terrível, Horrível, Espantoso e Horroroso: EUA. Livre. Cinemark 8 – 13h55, 15h50 (dub/diaria-mente); Cinépolis Millennium 6 – 15h40 (dub/diariamente).

O Candidato Honesto: BRA. 14 anos. Cinépolis Millennium 7 – 14h30, 16h55 (diariamente); Cinépolis Plaza 4 – 13h30, 16h10 (diariamente); Cinépolis Ponta Negra 10 – 13h45, 16h30 (diaria-mente); Kinoplex 4 – 16h10, 21h (dia-riamente); Playarte 4 – 12h50, 14h55,

17h05, 19h10, 21h20 (diariamente), 23h30 (somente sexta-feira e sábado).

Festa No Céu: EUA. 10 anos. Ci-népolis Ponta Negra 1 – 16h05 (3D/dub/diariamente); Kinoplex 4 – 13h45 (3D/dub/diariamente).

Um Amor de Vizinha: EUA. 12 anos. Playarte 10 – 13h30, 18h30 (leg/diaria-mente), 23h10 (leg/somente sexta-feira e sábado).

O Doador de Memórias: EUA. 12 anos. Playarte 2 – 13h25, 15h25, 17h25, 19h25, 21h25 (dub/diariamen-te), 23h25 (dub/somente sexta-feira e sábado).

A Bela e a Fera: FRA. 12 anos. Playarte 8 – 13h15, 15h45, 18h15, 20h45 (dub/diariamente), 23h15 (dub/somente sexta-feira e sábado).

O Protetor: EUA. 14 anos. Playarte 10 – 15h35, 20h35 (dub/diariamente).

ESTREIAS

CONTINUAÇÕES

Uma Viagem Extraordinária: FRA-CAN. 14 anos. Aos 12 anos, T.S. Spivet é um garoto superdotado, apaixonado por cartografi a. Quando ele ganha um prêmio científi co prestigioso, o garoto decide abandonar sua família em Montana para atravessar sozinho aos Estados Unidos, até chegar a Washington. O único problema é que o júri não sabe que o vencedor ainda é uma criança. Cinépolis Ponta Negra 1 – 18h35 (3D/dub/diariamente), 21h25 (3D/leg/diariamente).

5h Brasil Caminhoneiro5h30 Planeta Turismo6h30 Vrum7h Mundo Pet7h45 Chaves8h Sorteio Amazonas Dá Sorte9h Domingo Legal13h Eliana17h Roda A Roda Jequiti17h45 Sorteio Da Telesena18h Programa Silvio Santos22h De Frente Com Gabi23h Série: Nikita0h15 Série: Rizzola & Isles1h Série: Pessoa De Interesse2h Big Bang2h30 Agora É Festa3h15 Jogo Da Gente4h Igreja Universal RECORD

A Mansão Mágica: EUA. 12 anos. Abandonado pela família, o pequeno Trovão é acolhido na misteriosa mansão do mágico Leonardo. Sem imaginar onde está se metendo, ele encontra um divertido grupo de animais e uma incrível variedade de autô-matos e aparelhos com poderes mágicos, que auxiliam o velho mago em seus truques. Porém, nem todos fi cam felizes com a chegada do novo morador. Inconformados, o coelho Zeca e a rata Nina iniciam planos para expulsar Trovão de uma vez por todas. A situação piora ainda mais quando Leonardo vai parar no hospital e seu sobrinho tenta se aproveitar da situação para lucrar com a venda da mansão. Agora cabe ao jovem Trovão criar um plano para salvar o seu novo lar e provar que também merece um lugar na mansão mágica. Cinemark 3 – 14h20, 16h30, 18h40 (dub/diariamente); Cinépolis Millennium 1 – 14h20, 16h20, 18h20 (dub/diariamente); Cinépolis Plaza 2 – 14h40, 16h40 (3D/dub/diariamente); Cinépolis Ponta Negra 4 – 14h45, 17h, 19h15 (3D/dub/diariamente); Playarte 1 – 11h30, 13h20, 15h10 (3D/dub/somente sábado e domingo), 13h, 17h (3D/dub/exceto sábado e domingo).

Made In China: BRA. 12 anos. Vendedora na Casa São Jorge, a loja de brinquedos de Seu Nazir (Otávio Augusto), que fi ca na Saara, Francis (Regina Casé) decide inves-tigar como os recém-chegados chineses da loja Casa do Dragão vendem mercadorias a preços tão baixos. Para salvar o comércio do patrão e garantir sua clientela, ela vai investigar os concorrentes com a ajuda do namorado Carlos Eduardo (Xande de Pilares) e da companheira de trabalho Andressa (Juliana Alves). Cinemark 7 – 13h50, 16h20, 18h50, 21h15 (diariamente); Cinépolis Millennium 1 – 15h, 17h20, 19h40, 22h (diariamente); Cinépolis Plaza 7 – 13h15, 15h45, 18h10, 20h30 (diariamente); Cinépolis Ponta Negra 6 – 14h, 16h15, 18h30, 20h45 (diariamente); Kinoplex 1 – 14h, 16h15, 18h30, 20h45 (diariamente).

November Man – Um Espião Nunca Morre: EUA. 14 anos. Um ex-agente da CIA é trazido de volta para uma missão de cunho pessoal e se volta contra seu pupilo em uma batalha mortal envolvendo a alta hierarquia da CIA e o presidente da Rússia recém eleito. Cinépolis Millennium 1 – 20h20 (leg/diariamente), Cinépolis Millennium 3 – 17h (dub/diariamente), 22h25 (leg/diariamente); Cinépolis Plaza – 19h20, 21h50 (dub/diaria-mente), Cinépolis Ponta Negra 9 – 19h30, 22h15 (leg/diariamente); Playarte 6 – 13h20, 15h50, 18h20, 20h50 (dub/diariamente), 23h15 (dub/somente sexta-feira e sábado).

Interestelar: EUA. 12 anos. O fi lme narra as aventuras de um grupo de explora-dores que faz uso de um buraco negro recém-descoberto para superar as limitações de uma viagem espacial humana e conquistar as grandes distâncias relacionadas a uma viagem interestelar. Cinemark 3 – 20h45 (dub/diariamente), Cinemark 8 – 18h15, 21h45 (dub/diariamente); Cinépolis Millennium 8 – 14h40, 18h, 21h30 (leg/diariamente); Cinépolis Plaza 1 – 14h30, 17h55, 21h40 (dub/diariamente); Cinépolis Ponta Negra 3 – 15h05, 22h10 (leg/diariamente), Cinépolis Ponta Negra 5 – 14h30 (dub/diariamente), 18h, 21h40 (leg/diariamente); Kinoplex 3 – 13h20, 16h45 (dub/diariamente), 20h10 (leg/diariamente); Playarte 7 – 13h30, 16h50, 20h10 (dub/diariamente), 23h25 (dub/somente sexta-feira e sábado).

DIVULGAÇÃO

3h50 Santa Missa4h50 Amazônia Rural5h20 Pequenas Empresas, Grandes Negócios5h55 Globo Rural6h55 Auto Esporte7h30 Esporte Espetacular“Jumper”, adaptação para o cinema do livro de Steven Gould, está na tela do “Domingo Maior”

FOTOS: DIVULGAÇÃO

10h35 Só Risos12h Band Esporte Clube13h35 Gol: O Grande Momento Do Futebol14h25 Futebol 2014 – Ao Vivo - Campeonato Brasileiro - Sport X Flamengo – Direto Do Estádio Ilha Do Retiro / Recife-pe16h50 3º Tempo19h Só Risos20h Policia 24h21h Pânico Na Band0h Canal Livre1h Alex Deneriaz1h35 Show Business2h25 Ei Arnold!3h Igreja Universal

10h30 Esquenta11h35 Fórmula 1: Grande prêmio do Brasil13h50 Domingão do Faustão15h Futebol 2014: Campeonato Brasileiro - Sport x Flamengo17h Domingão do Faustão (continu-ação)19h Fantástico21h22 Domingo Maior. Filme: Jumper22h51 Sessão de Gala. Filme: Justiça a qualquer preço0h33 Corujão 1. Filme: Hot Rod – Loucos Sobre Rodas2h Corujão 2. Filme: Uma Eleição Muito Atrapalhada3h47 Série

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D7PlateiaMANAUS, DOMINGO, 9 DE NOVEMBRO DE 2014

Carmen Novoa Silva, Yara Lanza, Adiene Vieralves, Liana Mendon-ça, Marita Monteiro, Marinildes e Marcelo Lima conferindo a divertida noite de celebração ao pequeno José Elias Novoa Silva

A desembargado-ra Marinildes Lima, Charles Guerreiro e Terezinha Frota es-tão trocando de idade hoje. Os cumprimen-tos da coluna.

Amanhã, Lino Chíxaro e Norbi Correia estarão aniversariando.

Zenaldo Mota e Cândida Barbosa co-mandarão, no pró-ximo dia 17, almoço batizado de “Sonho de Natal”, para apresen-tação das delícias do cardápio natalino da festejada quituteira do Parque 10.

A Ditoca pilotou (on-tem) um coquetel bada-lado para comemorar os quatro meses de reinau-guração, além de apre-sentar as novas coleções de roupas e acessórios da loja do Vieiralves.

A Coca-Cola e o Grupo Simões esta-rão promovendo o evento “Felicidade em Movimento – Qual é a sua Parada?”, nos próximos dias 15 e 16, com bandas regionais e encerrando no último dia com o cantor Ivo Mozart. O evento, com entrada gratuita, será no Centro de Conven-ções Vasco Vasques, das 14h às 21h.

Sala de EsperaÉ para celebrar a data mais linda e sensível

do ano que a coluna vai orquestrar, no próximo dia 1°, nos domínios do ótimo Zefi nha Bistrô, sua festa de confraternização e celebração dos 21 anos de colunismo deste editor. Uma noite com delícias regionais e muitas amenidades não faltarão. Somente para cem coroados, podendo chegar aos 130, quem sabe!

Então é Natal!Uma das espécies de peixes mais

populares do Amazonas, o jaraqui, vai poder ser consumido normalmente pela população nos próximos meses, sem qualquer restrição na captura e no con-sumo. O Conselho Estadual de Meio Ambiente do Amazonas decidiu, por una-nimidade, adiar para 2015 o período do defeso do delicioso peixe. A reunião do conselho aconteceu no auditó-rio da Suframa com a participação de 42 conselheiros e re-presentantes do setor pesquei-ro do A m a -zonas.

Sem medida

A Importadora Nossa Senhora de Fátima vai pilotar indispensá-veis encontros enograstronômico na cidade. Serão três eventos importantes que irão apresentar as novidades da grife Freixenet. O primeiro evento acontecerá no próximo dia 13, apenas para 40 convivas no Alentejo, com a participação do diretor da Qua-limport, João Palhinha. No dia 19, acontece o lançamento da Nova Proposta Freixenet para Manaus, com coquetel de apresentação para imprensa e cerimonialistas. Seguido do encerramento no dia 21, com jantar de harmonização, para seletos coroados.

Muito chique!

Na semana que passou, mais uma conquista foi carimbada com a escolha do senador Omar Aziz como

líder do PSD, no Senado Federal. Omar e Nejmi vão longe, pois essa honra é fruto de trabalho junto ao povo amazonense. A coluna aplaude de pé!

O casal Aziz está de parabéns!

[email protected] - www.jandervieira.com.br

Os jovens pais Elias Ricardo e Ana Beatriz, com o bambino José Elias, na badalada ses-são parabéns que movimentou a Latorre

A ala empresarial da cidade estava em peso, conferindo a HSM Expomanagement, em Sampa, no Trasamérica Expocenter: Dodó Carvalho, Victor Silva, Ieda Carvalho, Marcia Pinheiro, Vanessa e Mano Cavalcanti, Rodrigo Pinheiro, do Grupo Simões, engros-savam a lista durante o maior fórum de gestão do país

FOTOS: JANDER VIEIRA

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D8 Plateia MANAUS, DOMINGO, 9 DE NOVEMBRO DE 2014

Ao todo, sete bandas de várias vertentes do rock se apresentam no Colégio La Salle, a partir de 19h

Roqueiros unidos na luta contra o câncer

No dia 29 de novembro, bandas reconhecidas do cenário musical amazonense vão se

reunir para ajudar na luta contra o cân-

cer.O even-

to “Ação e n t r e

A m i - gos” foi pro-posto pela Associação de Apoio As Mulheres Portadoras de Câncer, o Lar das Marias, e o di-nheiro arrecadado vai ajudar nas atividades d a instituição.

Ao todo, sete bandas de várias ver-

tentes do rock se apresentarão

no Colégio La Salle, a partir das 19h, entre elas: Anestesia, Ban-da Máfi a, Black Cold, Espanta-lho, 00:00 (Mid-night), Nekrost e The Black-caps. Vocalista do Anestesia, Ehud Abensur afi rma que a partir da

ideia do

Lar das Marias, os músicos se uni-ram rapidamente para participar do evento.“Todos aceitaram tocar gra-tuitamente e o público terá a chance de ouvir rock de qualidade por um bom preço”.

De acordo com Rodrigo Mosca, guitarrista da banda Nekrost, os even-tos benefi centes como esse deveriam receber a colaboração de empresá-rios e produtores. “É algo que pode acontecer com qualquer um e acaba sendo um gesto tão pequeno, mas com resultados signifi cativos para as pessoas que precisam”, declara.

O vocalista da banda Máfi a, Mário Logan, conta que é a primeira vez que o grupo participa de um even-to benefi cente e que os integrantes aceitaram sem hesitar. “Todos da banda são adeptos de ideias que possam ajudar os outros. Quando fi camos sabendo por meio do Ehud, topamos na hora. Nossa banda é re-lativamente nova e, apesar de sermos músicos “carimbados” na cidade, será a primeira vez que vamos tocar em um evento desses”, explica.

Os ingressos para o “Ação Entre Amigos” serão rifas de apenas R$ 10, que darão direito a brindes no dia do evento. “Serão diversos brin-des, desde camisetas, brincos até tatuagens”, diz Ehud.

As rifas para contribuir com a causa benefi cente já estão disponíveis nas lojas Daray, do Amazonas Shopping, Rico Skates, na Avenida Brasil, Com-pensa, e no próprio Lar das Marias, que fi ca na rua Venceslau Brás, 374, no Dom Pedro.

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Cantor Ivo Mozart encerra campanha da Coca-Cola

O evento “Felicidade em Movimento – Qual é a sua Parada?” reunirá bandas re-gionais e o cantor Ivo Mozart conhecido pela música “Va-galumes”, nos dias 15 e 16 de novembro, no Centro de Convenções Vasco Vasques, recentemente inaugurado, ao lado da Arena da Ama-zônia, das 14h às 21h.

O show está inserido na campanha “Descubra sua parada para não fi car pa-rado”, uma iniciativa da Coca-Cola que assumiu o compromisso de ajudar os jovens a saírem do sofá e adotarem um estilo de vida mais ativo.

A ação entra no clima que vai envolver a Coca-Cola, ao longo do próximo ano, duran-te os preparativos para os Jogos Olímpicos Rio 2016.

Para participar da campa-nha, o jovem deve entrar no site www.felicidadeemmovi-mento.com.br, onde poderá escolher as paradas que mais se identifi ca – como algum esporte, dança, ma-labarismo, entre outras – e enviar fotos e vídeos prati-cando a sua parada.

Espaço para bandasO espaço está aberto tam-

bém para as bandas que desejam tocar no evento.

Para isso, basta enviar um vídeo, até o dia 10 de novem-bro, para o canal “Escolha sua Banda” no site www.felicidadeemmovimento.com.br e usar a hashtag #minhabandabombando.

As bandas com os vídeos mais votados serão convida-das a participar dos shows.

MANAUS

Mário Logan afi rma que esta é a primei-ra vez que participa desse tipo de ação

Cantor Ivo Mozart é conhecido pela música “Vagalumes”

DIV

ULG

AÇÃO

SERGIO VICTOREspecial EM TEMPO

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