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GUIA DE INVESTIMENTO EM MOçAMBIQUE ASPECTOS LEGAIS E FISCAIS em parceria com Couto Graça e Associados

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Guia de investimento em moçamBiQue

Aspectos legAis e fiscAis

em parceria com Couto Graça e associados

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Edição de fevereiro de 2013

este documento é uma compilação de informação preparada pela cuatrecasas, gonçalves pereira, Rl e pela couto graça & Associados para efeitos estritamente informativos. consequentemente, a informação e comentários contidos no mesmo não constituem qualquer tipo de assessoria ou conselho jurídico.

A cuatrecasas, gonçalves pereira, Rl é a titular exclusiva de todos os direitos de autor relativos à presente publicação, em todo o mundo e por todo o tempo de duração dos referidos direitos, podendo a mesma exercer os direitos patrimoniais de autor sobre a obra, através de todas e quaisquer faculdades ou modos de utilização e exploração existentes, actualmente conhecidos ou que de futuro o venham a ser, quer resultantes do desenvolvimento técnico ou de alteração legislativa.

É proibida qualquer utilização da obra, seja a que título for, sem o prévio consentimento escrito da cuatrecasas, gonçalves pereira, Rl.

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Guia de investimento em moçamBiQue

Aspectos legAis e fiscAis

em parceria com couto graça e Associados

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INTERNACIONAL

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CONTACTO

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ÍNdICE

1. INTROduÇÃO 9

1.1 informação geral sobre Moçambique 9

1.2 A economia moçambicana 9

1.3 comércio externo e investimento estrangeiro 10

2. ASPECTOS RELATIVOS AO INVESTIMENTO ESTRANgEIRO 11

2.1 investimento privado 11

2.1.1 lei do investimento 11

2.1.2 lei cambial 12

2.2 principais formas de estabelecimento 15

2.2.1 Meios legais de representação 15

2.2.2 procedimentos de constituição 16

2.2.2.1 sociedades comerciais 16

2.2.2.2 Representação comercial 19

2.3 Relações laborais 19

2.3.1 trabalhadores nacionais 19

2.3.2 trabalhadores estrangeiros 20

2.4 sistema tributário 20

2.4.1 imposto sobre o Rendimento das pessoas colectivas (iRpc) 21

2.4.2 imposto sobre o Rendimento das pessoas singulares (iRps) 25

2.4.3 tributação indirecta 28

2.4.3.1 imposto sobre o Valor Acrescentado (iVA) 28

2.5 protecção da propriedade intelectual 29

2.6 Direito imobiliário 30

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2.7 As parcerias público-privadas em Moçambique (ppp’s) 32

2.7.1 Regime das parcerias público-privadas (ppp) 33

2.7.2 Regime dos projectos de grande Dimensão (pgD) 34

2.7.3 Regime das concessões empresariais (ce) 34

2.7.4 Modalidades contratuais 35

2.7.5 partilha de Benefícios 36

2.8 Regimes específicos 38

2.8.1 energia 38

2.8.2 petróleo e gás 39

2.8.2.1 operações petrolíferas 39

2.8.2.2 titulares do direito de exercício de operações petrolíferas 40

2.8.2.3 tipos de contratos 40

2.8.2.4 Unificação 41

2.8.2.5 tributação 41

2.8.3 Minas 42

2.8.3.1 títulos mineiros 42

2.8.3.2 tributação 43

2.8.3.3 incentivos fiscais 44

2.9 Resolução de conflitos 44

2.9.1 contencioso judicial 44

2.9.2 Arbitragem 45

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1. INTROduÇÃO

1.1. informação geral sobre moçambique

localizado na costa oriental de áfrica e partilhando fronteiras terrestres com a tanzânia, o Malawi, a Zâmbia, o Zimbabwe, a áfrica do sul e a suazilândia, Moçambique tem uma faixa costeira de cerca de 2 470 km2 e uma área total terrestre de, aproximadamente, 801 590 km2. com 11 províncias, a capital de Moçambique, cidade de Maputo, situa-se no sul do país.

Moçambique é membro da comunidade para o Desenvolvimento da áfrica Austral (sADc), da British Commonwealth, da comunidade dos países de língua portuguesa (cplp), da organização da cooperação islâmica, da União Africana, das Nações Unidas, dos países Africanos de língua oficial portuguesa (pAlop), do fundo Monetário internacional, do World Bank, da organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (fAo), da organização internacional de comércio e da organização internacional do trabalho.

o sistema político de Moçambique é o de uma democracia multipartidária, tendo como 3 principais partidos: a fReliMo, a ReNAMo e o MDM.

1.2. a economia moçambicana

A moeda moçambicana é o Metical. Actualmente, 1 euro corresponde a, aproximadamente, 35 Meticais e 1 Dólar Norte Americano a, aproximadamente, 28,50 Meticais.

De acordo com o instituto Nacional de estatística (“iNe”), a taxa de crescimento do produto interno Bruto (piB), em 2011, situou-se em 7.32% e as estimativas do iNe apontam para um crescimento anual nos próximos anos na ordem dos 6%.

9Guia de Investimento em Moçambique

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por outro lado, ainda de acordo com o iNe, a inflação, medida pela variação anual de preços da cidade de Maputo, encontrava-se, em Novembro de 2011, em 7,74%, um valor consideravelmente mais baixo do que no ano de 2010, em que a inflação atingiu aproximadamente os 16%. esta redução da inflação resultou, entre outros factores, de uma moeda mais estável, de uma maior oferta interna de produtos nacionais como a fruta e os vegetais, e de uma maior confiança dos agentes económicos na economia moçambicana.

Dotado de ricos e vastos recursos naturais, tais como o mar e rios, gás, carvão, minerais, madeiras e extensas terras agrícolas, a economia moçambicana que até muito recentemente se baseava essencialmente na agricultura, cada vez mais se baseia na indústria, com especial incidência nas áreas petrolíferas e mineiras.

1.3. Comércio externo e investimento estrangeiro

Moçambique oferece importantes oportunidades de investimento em diversos sectores, designadamente na agricultura, na pesca e aquacultura, na indústria extractiva, no turismo, nas infra-estruturas públicas, nos recursos minerais e na energia. o investimento, incluindo o investimento estrangeiro, é objecto de legislação específica.

A lei do investimento, o seu Regulamento e o código de Benefícios fiscais definem o quadro legal aplicável aos investimentos estrangeiros e nacionais.

o cpi (centro de promoção de investimentos) disponibiliza um guia geral para o investimento através da sua página na internet www.cpi.co.mz.

o maior parceiro internacional e fonte de investimento em Moçambique é actualmente a áfrica do sul, logo seguido pelo Reino Unido. o investimento português encontra-se também fortemente representado na economia moçambicana e com uma tendência crescente.

10 Guia de Investimento em Moçambique

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2. ASPECTOS RELATIVOS AO INVESTIMENTO ESTRANgEIRO

2.1. investimento privado

2.1.1. Lei do investimento

Aos investimentos privados estrangeiros e nacionais são oferecidos um conjunto de benefícios, os quais incluem, entre outros, deduções à matéria colectável em sede de iRpc e isenções de direitos aduaneiros sobre as importações.

o valor mínimo de investimento directo estrangeiro elegível, para efeitos dos benefícios acima referidos, é o correspondente a 2.500.000 Meticais (aproximadamente 71.500 euros).

É considerado investimento directo estrangeiro qualquer forma de contribuição de capital estrangeiro, susceptível de avaliação pecuniária, proveniente do exterior e destinada à realização de um projecto de investimento em Moçambique, através de uma entidade registada e a operar em Moçambique.

o investimento pode assumir uma das seguintes formas: i) numerário (moeda externa livremente convertível); ii) infra-estruturas, equipamentos e respectivos acessórios, materiais e outros bens importados; iii) cedência de exploração de direitos sobre concessões, licenças e outros direitos de natureza económica, comercial ou tecnológica; iv) empréstimos, suprimentos e prestações suplementares; e v) cedência dos direitos de utilização de terra, tecnologias patenteadas e marcas registadas.

os projectos de investimento aprovados no âmbito da legislação aplicável ao investimento em Moçambique, são elegíveis, em função da localização e/ou actividade, à atribuição dos seguintes benefícios: i) garantia de protecção dos direitos de propriedade; ii) garantia de transferência de fundos (lucros ou dividendos, royalties, amortizações e juros de empréstimos e capital estrangeiro investido e reexportável) para o exterior; iii) concessão de

11Guia de Investimento em Moçambique

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benefícios fiscais.

os benefícios fiscais incluem: (i) isenção de direitos aduaneiros e do imposto sobre o valor acrescentado na importação de bens de equipamento classificados na classe “K” da pauta Aduaneira; (ii) crédito fiscal por investimento; (iii) amortizações e reintegrações aceleradas; (iv) deduções à matéria colectável de investimentos realizados na modernização e introdução de novas tecnologias; e (v) deduções à materia colectável de investimentos realizados com formação profissional.

os benefícios fiscais subdividem-se em genéricos, aplicáveis à generalidade dos investimentos, e específicos, em função da actividade desenvolvida ou do local onde a actividade é desenvolvida.

são objecto de regimes específicos: (i) a criação de infra-estruturas básicas; (ii) o comércio e indústria nas Zonas Rurais; (iii) a indústria transformadora e de montagem; (iv) a agricultura e pescas; (v) a actividade hoteleira e turismo; (vi) os parques de ciência e tecnologia; (vii) os projectos de grande dimensão (que representem um investimento superior a 12.500.000.000 Meticais); (viii) os projectos desenvolvidos em Zonas de Rápido Desenvolvimento (Vale do Rio Zambeze, província do Niassa, Distrito de Nacala, ilha de Moçambique e ilha do ibo); (ix) os projectos desenvolvidos nas Zonas francas industriais; e (x) os projectos desenvolvidos nas Zonas económicas especiais.

os regimes fiscais específicos não são cumuláveis, entre si, nem com o regime genérico.

2.1.2. Lei Cambial

A legislação cambial moçambicana tem por objecto regular os actos, negócios, transacções e operações de toda a índole que:

a) se realizem entre residentes e não residentes, e que resultem, ou possam

resultar, em pagamentos ou recebimentos sobre o exterior; ou

b) sejam qualificadas por lei como operações cambiais.

são consideradas operações cambiais, as seguintes:

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a) A aquisição ou alienação de ouro ou prata amoedados;

b) A exportação de ouro, prata, platina e de outros metais preciosos em barra,

lingote ou em outra forma não trabalhada;

c) A abertura e movimentação de contas de não residentes em moeda nacional,

quando relacionadas com operações de capitais;

d) A abertura e movimentação de contas de residentes em moeda estrangeira,

ou em unidades de conta utilizadas em compensações ou pagamentos

internacionais;

e) A concessão de crédito a residentes em moeda estrangeira, incluindo por

desconto de letras, livranças, extractos de factura, expressos ou pagáveis em

moeda estrangeira, expressos ou pagáveis em moeda nacional, quando nesses

títulos intervenham não residentes como sacadores, aceitantes, endossantes,

avalistas, quer como subscritores, quer como emitentes;

f) A aquisição ou alienação de cupões de títulos de crédito estrangeiros;

g) As operações expressas em moeda estrangeira, em unidades de conta que

envolvam ou possam envolver liquidação, total ou parcial, de transacções de

capitais, realizadas entre residentes e não residentes1;

h) As operações expressas em moeda nacional em unidades de conta que

envolvam ou possam envolver liquidação, total ou parcial, de transacções de

capitais realizadas por não residentes2;

i) As transferências e o recebimento do exterior de quaisquer valores ou meios

1 Ao abrigo da lei cambial, são operações de capitais:

a) investimento directo estrangeiro;

b) investimento imobiliário;

c) operações sobre certificados de participação em organismos de investimentos colectivos;

d) Abertura e movimentação de contas junto de instituições financeiras no exterior;

e) créditos ligados à transacção de mercadorias ou à prestação de serviços;

f) empréstimos e créditos financeiros;

g) garantias;

h) transferências em execução de contratos de seguros;

i) operações sobre títulos e outros instrumentos transaccionados no mercado monetário e de capitais;

j) importação e exportação de carácter pessoal;

k) outras operações qualificadas de capitais que, como tal, possam vir a ser qualificadas por lei.

2 Vd. nota anterior.

13Guia de Investimento em Moçambique

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de pagamento, que não se tratem de transacções correntes;

j) A arbitragem de taxas de câmbios;

k) A importação, exportação ou reexportação, quando realizadas por instituições

autorizadas a exercer o comércio de câmbios de:

i. Notas ou moedas metálicas estrangeiras em circulação e outros meios

de pagamento;

ii. letras, livranças e extractos de factura, acções ou obrigações, quer

nacionais, quer estrangeiras, ou cupões, bem como títulos de dívida

pública.

A realização de qualquer operação cambial, com excepção de transacções correntes, carece de prévia autorização do Banco de Moçambique e registo subsequente.

As transacções cambiais classificadas como transacções correntes são livres de autorização do Banco de Moçambique, sendo, ainda assim, sujeitas a registo junto da mesma instituição.

são transacções correntes quaisquer pagamentos ou recebimentos em moeda estrangeira, que não sejam realizados para efeitos de transferência de capitais, nomeadamente pagamentos ou recebimentos em conexão com o comércio externo, transferências unilaterais sem contraprestação ou outras não sujeitas à prévia autorização do Banco de Moçambique nos termos da legislação cambial.

É livre a entrada no território nacional de moeda estrangeira e outros meios de pagamento sobre o exterior, devendo os respectivos valores ser declarados, sempre que ultrapassem o montante equivalente a 5.000 Dólares Norte Americanos. A saída de numerário proveniente de jogos de fortuna e azar carece sempre de autorização da inspecção-geral de Jogos.

É livre, para não residentes em Moçambique, a saída de moeda estrangeira, bem como de outros meios de pagamento sobre o exterior, até ao limite declarado à entrada desses não residentes em Moçambique.

14 Guia de Investimento em Moçambique

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As entidades residentes são obrigadas a declarar os valores e direitos adquiridos, gerados ou detidos no estrangeiro, assim como devem remeter para Moçambique as receitas de exportação de bens, serviços e investimento estrangeiro.

As contravenções cambiais encontram-se sujeitas a diversas sanções, as quais variam em função da reincidência e gravidade, e que podem ir desde o pagamento de uma sanção pecuniária de 40.000 Meticais até à perda a favor do estado Moçambicano de bens ou valores utilizados ou obtidos no exercício ilegal de operações cambiais.

A responsabilidade das pessoas colectivas em matéria cambial não exclui a responsabilidade individual, incluindo criminal, dos membros dos respectivos órgãos de gestão, ou dos que actuem em representação legal ou voluntária da pessoa colectiva.

2.2. Principais formas de estabelecimento

o código comercial moçambicano prevê que as pessoas singulares ou colectivas, nacionais ou estrangeiras, possam estabelecer-se em Moçambique sob uma das seguintes formas: (i) empresário individual; (ii) sociedades em nome colectivo; (iii) sociedades em comandita; (iv) sociedades de capital e indústria; (v) sociedades por quotas; (vi) sociedades por quotas unipessoais; (vii) sociedades anónimas; e (viii) consórcio interno ou consórcio externo – este último sem personalidade jurídica e com um regime muito próximo do português.

2.2.1 meios legais de representação

As sociedades estrangeiras podem optar por fazer-se representar em Moçambique através de sucursais, agências ou delegações, muito embora, no âmbito do licenciamento de representações comerciais estrangeiras, todas elas sejam tratadas indistintamente.

15Guia de Investimento em Moçambique

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2.2.2. Procedimentos de constituição

2.2.2.1. sociedades comerciais3

em Moçambique existem cinco tipos de sociedades comerciais: (i) sociedades em nome colectivo; (ii) sociedades em comandita; (iii) sociedades de capital e indústria; (iv) sociedades por quotas; e (v) sociedades anónimas.

As sociedades de capital e indústria representam uma realidade relativamente recente e pouco significativa no panorama económico moçambicano, o que também sucede com as sociedades em nome colectivo e em comandita, sendo, por conseguinte, as sociedades por quotas e as sociedades anónimas que assumem um carácter mais expressivo, até por causa da limitação da responsabilidade dos respectivos sócios. Deste modo, são estes dois últimos tipos de sociedade que vão ser objecto de destaque.

Sociedades por quotas:

As sociedades por quotas moçambicanas deverão ter, na sua designação, a menção obrigatória “limitada” ou, abreviadamente “lda.”, e têm como principais características as seguintes:

a) Capital social mínimo: Não existe um montante mínimo fixado por lei, devendo

o mesmo adequar-se à actividade a ser desenvolvida;

b) Momento da realização do capital social: Quando realizado em dinheiro,

o valor nominal das quotas pode ser diferido até ao limite máximo de 50% e

pelo prazo máximo de 3 anos, no entanto as realizações em espécie não são

passíveis de diferimento;

c) Participações sociais: Representadas por quotas;

3 todos os documentos que sejam emitidos fora de Moçambique, deverão cumprir as seguintes formalidades:

• Autenticação por Notário público;

• legalização junto da embaixada/consulado de Moçambique (conforme aplicável).

caso os documentos sejam elaborados em outra língua, que não a portuguesa, será necessário proceder à tradução para português por tradutor ajuramentado.

16 Guia de Investimento em Moçambique

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d) Número de sócios: são admitidas sociedades por quotas com um único

sócio que seja pessoa singular. Nos demais casos, as sociedades por quotas

deverão ter um mínimo de 2 (dois) sócios e um máximo de 30 (trinta) sócios;

e) Órgãos sociais: A administração é o único órgão social obrigatório. A

administração poderá ser composta por um ou mais administradores. A

nomeação de um conselho fiscal ou fiscal Único é facultativa, salvo nos

casos em que a sociedade tenha 10 (dez) ou mais sócios, em que se torna

obrigatória.

f) direitos de voto: A cada 250 Meticais referente ao valor nominal de cada

quota corresponde um voto.

Sociedades anónimas:

As sociedades anónimas moçambicanas deverão ter, na sua designação, a menção obrigatória “sociedade Anónima” ou, abreviadamente “s.A.”. tradicionalmente mais complexas na sua estrutura e organização do que as sociedades por quotas, aquelas têm as seguintes características:

a) Capital social mínimo: Não existe um montante mínimo fixado por lei, devendo

o mesmo adequar-se à actividade a ser desenvolvida;

b) Momento da realização do capital social: Quando realizadas em dinheiro,

o valor nominal das acções pode ser diferido até ao limite máximo de 75% e

pelo prazo máximo de 5 anos. As realizações em espécie não são passíveis

de diferimento;

c) Participações sociais: o capital social das sociedades anónimas é

representado por acções, todas elas com o mesmo valor nominal, podendo,

quanto à espécie, ser nominativas ou ao portador, quanto à categoria, ser

ordinárias ou preferenciais e, quanto à forma, ser tituladas ou escriturais;

d) Número mínimo de accionistas: 3 (três) accionistas, sem prejuízo das

sociedades anónimas de que o estado seja accionista, directamente ou por

intermédio de empresas públicas, estatais ou de outras entidades equiparadas,

poderem constituir-se com um único accionista;

e) Órgãos da sociedade: Assembleia geral, conselho de Administração, e

conselho fiscal ou fiscal Único;

17Guia de Investimento em Moçambique

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f) direitos de voto: salvo estipulação em contrário nos estatutos da sociedade,

a cada acção corresponderá um voto4.

para a constituição de uma sociedade comercial em Moçambique, serão necessários os seguintes actos/procedimentos, pela ordem cronológica que abaixo se apresenta:

a) Reserva de nome junto da conservatória de Registo das entidades legais;

b) se aplicável, pedido de autorização prévia de importação de capitais junto do

Banco de Moçambique;

c) Abertura de conta bancária junto de instituição de crédito moçambicana, onde será

efectuado o depósito do capital social exigível;

d) outorga de escritura pública ou documento particular de constituição (sempre

que as entradas para o capital social tenham por objecto bens imóveis, será

obrigatória a outorga de escritura pública);

e) Registo junto da conservatória de Registo das entidades legais;

f) publicação dos estatutos em Boletim da República;

g) se aplicável, registo da importação de capitais junto do Banco de Moçambique,

para efeitos de emissão de Boletim de importação de capitais privados

(“Bicp”), ou seja, o documento que, junto do Banco de Moçambique, comprova

a importação de capitais externos;

h) obtenção do Número Único de identificação tributária (“NUit”);

i) licenciamento da actividade comercial, através da obtenção de Alvará;

j) Declaração de início de actividade junto da competente Repartição de finanças;

k) Notificação ao Ministério do trabalho do início de actividade; e

l) inscrição no instituto Nacional de segurança social.

4 os estatutos da sociedade podem fazer corresponder um só voto a um certo número de acções, desde que sejam abrangidas todas as acções emitidas pela sociedade e caiba, pelo menos, um voto a cada 20 Meticais de capital. É proibido o voto plural.

18 Guia de Investimento em Moçambique

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2.2.2.2. Representação comercial:

para efeitos de constituição de uma representação comercial estrangeira em Moçambique, serão necessários os seguintes actos/procedimentos respeitando a ordem cronológica que abaixo se descreve:

a) obtenção de Número Único de identificação tributária (“NUit”);

b) parecer do órgão de tutela, na eventualidade de a actividade a ser exercida

não se enquadrar no âmbito da competência do Ministério da indústria e

comércio;

c) pedido de licenciamento comercial e vistoria dirigido ao Ministério da indústria

e comércio;

d) Registo junto da conservatória do Registo das entidades legais;

e) licenciamento junto da entidade de tutela, na eventualidade da actividade a

ser exercida não se enquadrar no âmbito da competência do Ministério da

indústria e comércio;

f) Declaração de início de actividade junto das finanças;

g) Notificação do Ministério do trabalho; e

h) inscrição no instituto Nacional de segurança social.

2.3. Relações laborais

2.3.1. trabalhadores nacionais

o regime geral das relações laborais em Moçambique apresenta a estrutura contratual aplicável às relações jurídicas de trabalho subordinado estabelecidas entre empregadores e trabalhadores, nacionais e estrangeiros, que exerçam actividade em Moçambique. Assim, as relações de trabalho são formalizadas nos seguintes termos:

a) Contrato de Trabalho a Prazo Certo: tarefas temporárias/substituição

temporária de trabalhadores (o prazo máximo é de 2 anos);

b) Contrato de Trabalho de Prazo Incerto: tarefas em que não seja possível

estabelecer com certeza o período em que cessa a causa que o justifica;

c) Contrato de Trabalho por Tempo Indeterminado: trabalhadores permanentes.

19Guia de Investimento em Moçambique

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2.3.2. trabalhadores estrangeiros

os empregadores podem ter a seu serviço trabalhadores estrangeiros mediante autorização do Ministério do trabalho ou, alternativamente, mediante mera comunicação ao referido Ministério, desde que obedeçam ao seguinte regime de quotas:

a) 5% da totalidade dos trabalhadores, nas grandes empresas (mais de 100

trabalhadores);

b) 8% da totalidade dos trabalhadores, nas médias empresas (entre 10 e 100

trabalhadores);

c) 10% da totalidade dos trabalhadores, nas pequenas empresas (menos de 10

trabalhadores).

fora do âmbito das referidas quotas, os empregadores poderão contratar trabalhadores estrangeiros no âmbito de um projecto de investimento aprovado pelo cpi (centro de promoção de investimentos) e mediante a submissão de pedido de autorização ao Ministério do trabalho, devendo este ser devidamente fundamentado, designadamente no que se refere à inexistência de mão obra nacional qualificada para o exercício das funções a serem exercidas pelo trabalhador estrangeiro.

o contrato de trabalho celebrado com um trabalhador estrangeiro é celebrado por um período máximo de 2 anos, renovável.

os trabalhadores estrangeiros que exerçam a sua actividade profissional em Moçambique gozam de igualdade de tratamento e oportunidades em relação aos trabalhadores moçambicanos, à luz das regras e princípios de direito internacional e em conformidade com as disposições de reciprocidade acordadas entre Moçambique e os países de que são provenientes.

2.4. sistema tributário

A tributação directa dos rendimentos na República de Moçambique é efectuada através dos seguintes impostos:

20 Guia de Investimento em Moçambique

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a) imposto sobre o Rendimentos das pessoas colectivas (iRpc); e

b) imposto sobre o Rendimentos das pessoas singulares (iRps).

2.4.1. imposto sobre o Rendimentos das Pessoas Colectivas (iRPC)

estão sujeitos ao iRpc os rendimentos das sociedades residentes, considerando-se como tal as pessoas colectivas e entidades desprovidas de personalidade jurídica que tenham sede ou direcção efectiva em território moçambicano e que não se encontrem sujeitas ao imposto sobre o Rendimento de pessoas singulares (iRps).

estão, igualmente, sujeitos ao iRpc os rendimentos obtidos em Moçambique por pessoas colectivas e entidades desprovidas de personalidade jurídica que não se encontrem sujeitas ao iRps, ainda que não residentes em Moçambique.

Taxas aplicáveis

(i) Taxa genérica

a) A taxa genérica do iRpc é de 32%.

b) As cooperativas agrárias, de artesanato e culturais são sujeitas à taxa

genérica do iRpc reduzida em 50% (correspondendo a uma taxa efectiva

de 16%).

c) As actividades agrícola e pecuária beneficiam, até 31 de Dezembro de

2015, de uma taxa de iRpc reduzida de 10% (correspondendo a uma taxa

efectiva de 28,8%).

(ii) Taxas de retenção na fonte

os rendimentos sujeitos a retenção na fonte são tributados em 20%. o iRpc é

objecto de retenção na fonte, relativamente aos seguintes rendimentos obtidos

em território moçambicano:

a) Rendimentos provenientes da propriedade intelectual ou industrial, e

bem assim da prestação de informações respeitantes a uma experiência

adquirida no sector industrial, comercial ou científico;

21Guia de Investimento em Moçambique

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b) Rendimentos derivados do uso ou da concessão do uso de equipamento

agrícola, industrial, comercial ou científico;

c) Rendimentos de aplicação de capitais não abrangidos nas alíneas anteriores

e rendimentos prediais, tal como são definidos para efeitos de iRps,

quando o seu devedor seja sujeito passivo de iRpc, ou quando os mesmos

constituam encargo relativo à actividade comercial, industrial ou agrícola

de sujeitos passivos de iRps que devam possuir contabilidade organizada;

d) Remunerações auferidas na qualidade de membros de órgãos estatutários

de pessoas colectivas e outras entidades;

e) prémios de jogo, lotarias, rifas e apostas mútuas, bem como importâncias

ou prémios atribuídos em quaisquer sorteios ou concursos, definidos na

lei dos Jogos de Diversão social;

f) Rendimentos provenientes da intermediação na celebração de quaisquer

contratos, e rendimentos de outras prestações de serviços realizados ou

utilizados em território moçambicano.

(iii) Taxas liberatórias

tratando-se de rendimentos de entidades que não tenham sede nem direcção

efectiva em território moçambicano e não possuam estabelecimento estável em

Moçambique ao qual os mesmos sejam imputáveis, estes são tributados à taxa

liberatória geral de 20%, com excepção dos rendimentos abaixo identificados

que são tributados à taxa liberatória específica de 10%:

a) Rendimentos derivados de telecomunicações e transportes internacionais,

bem como os resultantes de montagem e instalação de equipamentos;

b) Rendimentos derivados da construção e reabilitação de infra-estruturas de

produção, transporte e distribuição de energia eléctrica nas zonas rurais

no âmbito de projectos públicos de electrificação rural;

c) Rendimentos derivados do fretamento de embarcações marítimas para a

realização das actividades pesqueira e de cabotagem;

d) Rendimentos de títulos cotados na Bolsa de Valores de Moçambique.

Na tributação dos rendimentos obtidos em território moçambicano por entidades que não tenham sede nem direcção efectiva em território moçambicano, e não possuam estabelecimento estável em Moçambique ao

22 Guia de Investimento em Moçambique

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qual os mesmos sejam imputáveis, importa ter em atenção as disposições das convenções para evitar a dupla tributação e prevenir a evasão fiscal em matéria de impostos sobre rendimentos, que estabelecem o local da tributação dos rendimentos e, em algumas situações, a aplicação de taxas reduzidas comparativamente às previstas na legislação nacional.

As referidas convenções não se aplicam de forma automática, carecendo da certificação da residência do beneficiário dos rendimentos pela Administração tributária dos respectivos países, que deverá ser posteriormente confirmada pela Autoridade tributária Moçambicana, mediante o preenchimento dos modelos próprios para o efeito aprovados pelo Ministério das finanças.

Até à presente data, Moçambique celebrou convenções para evitar a dupla tributação e prevenir a evasão fiscal em matéria de impostos sobre rendimentos com a áfrica do sul, Botswana, emirados árabes Unidos, Índia, itália, Macau, Maurícias, portugal e Vietname.

Preços de transferência

A Administração tributária pode efectuar correcções à determinação do lucro tributável sempre que, em virtude das relações especiais entre o contribuinte e outra entidade, sujeita ou não a iRpc, tenham sido estabelecidas condições diferentes das que seriam normalmente acordadas entre entidades independentes, conduzindo a que o lucro apurado com base na contabilidade seja diverso do que seria apurado na ausência de tais relações.

Não se encontram, porém, estabelecidos critérios objectivos e normas de funcionamento e controlo dos preços de transferência, para efeitos da correcção do lucro tributável.

Subcapitalização

Quando o endividamento de um contribuinte para com uma entidade não residente, com a qual existam relações especiais, for excessivo, os

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juros suportados relativamente à parte considerada em excesso não são dedutíveis para efeitos de determinação do lucro tributável.

existem relações especiais quando: a) a entidade não residente detenha uma participação directa ou indirecta no capital do sujeito passivo de, pelo menos, 25%; b) a entidade não residente exerça, de facto, uma influência significativa na gestão do sujeito passivo; e c) a entidade não residente e o sujeito passivo estejam sob o controlo da mesma entidade, nomeadamente em virtude de por esta serem participados directa ou indirectamente5.

considera-se que existe excesso de endividamento, quando o valor das dívidas seja superior ao dobro do valor da correspondente participação no capital próprio do sujeito passivo.

para o cálculo do endividamento são consideradas todas as formas de crédito, em numerário ou em espécie, qualquer que seja o tipo de remuneração acordada, concedido pelas entidades com as quais se considera existir relações especiais com o sujeito passivo, incluindo os créditos resultantes das operações comerciais, quando decorridos mais de seis meses após a data do respectivo vencimento.

Ainda assim, serão dedutíveis para efeitos da determinação do lucro tributável, os juros suportados relativamente à parte considerada em excesso, se o sujeito passivo demonstrar que, tendo em conta o tipo de actividade, o sector em que se insere, a dimensão das empresas e outros critérios pertinentes, poderia ter obtido o mesmo nível de endividamento e em condições análogas junto de uma entidade independente.

5 É equiparada à existência de relações especiais, a situação de endividamento do sujeito passivo para com um terceiro não residente em território moçambicano, em que tenha havido prestação de aval ou garantia por parte de uma das entidades com as quais se considera existirem relações especiais com o sujeito passivo, nos termos acima mencionados.

24 Guia de Investimento em Moçambique

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2.4.2. imposto sobre o Rendimento das Pessoas singulares (iRPs)

Natureza e incidência

o iRps é um imposto directo que incide sobre o valor global anual dos rendimentos das seguintes categorias, depois de feitas as correspondentes deduções e abatimentos:

a) primeira categoria: rendimentos de trabalho dependente;

b) segunda categoria: rendimentos empresariais e profissionais;

c) terceira categoria: rendimentos de capitais e das mais-valias;

d) Quarta categoria: rendimentos prediais; e

e) Quinta categoria: outros rendimentos.

As pessoas singulares residentes em Moçambique estão sujeitas ao iRps pelos rendimentos obtidos quer em Moçambique, quer em qualquer país estrangeiro.

para os não residentes, o iRps incide unicamente sobre os rendimentos obtidos em território moçambicano. A residência é determinada em função do período da estadia em território moçambicano. são considerados residentes em território moçambicano para efeitos fiscais, as pessoas que no ano a que respeitem os rendimentos:

a) hajam nele permanecido mais de 180 dias, seguidos ou interpolados;

b) tendo permanecido por menos tempo, aí disponham de habitação em

condições que façam supor a intenção de a manter e ocupar como residência

permanente;

c) Desempenhem no estrangeiro funções ou comissões de carácter público ao

serviço da República de Moçambique;

d) sejam tripulantes de navios ou aeronaves que estejam ao serviço de entidades

com residência, sede ou direcção efectiva no território moçambicano.

Rendimento colectável

o rendimento colectável em iRps é o que resulta do englobamento dos

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rendimentos das várias categorias auferidos em cada ano, depois de feitas as deduções e os abatimentos previstos no código do iRps.

Taxas aplicáveis

As taxas do iRps variam entre 10% e 32%, dependendo do valor dos rendimentos colectáveis anuais.

As taxas do iRps aplicam-se aos rendimentos líquidos englobados, determinados de acordo com as disposições do código do iRps, depois de efectuados os abatimentos previstos no referido código, sendo o imposto apurado objecto de deduções relativas à situação pessoal e familiar, dupla tributação internacional e retenções na fonte efectuadas.

As deduções relativas à situação pessoal e familiar e a dupla tributação internacional aplicam-se apenas aos sujeitos passivos residentes em território moçambicano.

Retenção na fonte

estão sujeitos a retenção na fonte, a título definitivo, os rendimentos, abaixo identificados, obtidos em território moçambicano por não residentes:

Rendimentos Não residentes

Rendimentos de acções, nominativas ou ao portador (dividendos) 20%

Trabalho dependente 20%

Prestação de serviço, por conta própria 20%

Indemnizações conexas com a actividade empresarial ou profissional 20%

Cessão temporária de estabelecimento 20%

Lucros colocados à disposição dos associados ou titulares 20%

Pensões 20%

De swaps 20%

Quaisquer rendimentos de capitais não tributados a taxa diferente 20%

26 Guia de Investimento em Moçambique

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Propriedade intelectual ou industrial, prestação de informações respeitante a experiência adquirida no sector industrial, comercial ou científico, assistência técnica no âmbito da transferência de know-how, quando auferidos pelo titular originário

20%

Uso ou concessão do uso de equipamento nos sectores agrícola e industrial, comercial ou científico, quando não constituam rendimentos prediais e os provenientes da cedência de equipamentos e redes informáticas, incluindo a transmissão de dados ou disponibilização de capacidade informática instalada

20%

Comissões por intermediação na celebração de contratos 20%

Rendimentos de prestação de serviços realizados ou utilizados em território moçambicano, com excepção de transportes ou actividade financeira, devidos por entidades residentes

20%

Títulos de dívida, incluindo as obrigações, bem como os rendimentos de operações de reporte, cessões de crédito, contas de títulos com garantia de preços ou de outras operações similares e afins

10%

Taxas de retenção a título de pagamento por conta:

Rendimentos Residentes Não residentes

Trabalho dependente, com excepção do subsídio de residência, do rendimento de uso de viaturas e das gratificações distribuídas por pessoa diferente da entidade patronal

De acordo com as tabelas de retenção, anualmente actualizadas por Diploma Ministerial do Ministério das Finanças, dependendo a aplicação das taxas previstas nas referidas tabelas dos seguintes factores: a) estado civil do sujeito passivo; b) montante da remuneração; e c) número de dependentes

20% - Taxa liberatória

Pensões

De acordo com as tabelas de retenção anualmente actualizadas por Diploma Ministerial do Ministério das Finanças, dependendo a aplicação das taxas previstas nas referidas tabelas dos seguintes factores: a) estado civil do sujeito passivo; b) montante da remuneração; e c) número de dependentes

20% - Taxa liberatória

27Guia de Investimento em Moçambique

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Propriedade intelectual, industrial, prestação de informações respeitante a experiência adquirida no sector industrial, comercial ou científico, auferidos por titulares originários

20%, quando a entidade pagadora disponha ou deva dispor de contabilidade organizada

20% - Taxa liberatória

Trabalho independente

20%, quando a entidade pagadora disponha ou deva dispor de contabilidade organizada

20% - Taxa liberatória

Comissões por intermediação na celebração de contratos

20%, quando a entidade pagadora disponha ou deva dispor de contabilidade organizada

20% - Taxa liberatória

De capitais

20%, quando a entidade pagadora disponha ou deva dispor de contabilidade organizada, se não retidos a taxas liberatórias

20% - Taxa liberatória

Prediais

20%, quando a entidade pagadora disponha ou deva dispor de contabilidade organizada

20% quando a entidade pagadora disponha ou deva dispor de contabilidade organizada – taxa não liberatória

2.4.3. tributação indirecta

2.4.3.1. imposto sobre o valor acrescentado (iva)

o iVA é um dos impostos sobre a despesa previstos na legislação moçambicana, sendo, os outros, o imposto sobre consumos específicos (ice), o imposto de selo e os Direitos Aduaneiros.

o iVA incide sobre o valor das transmissões de bens e prestações de serviços, onerosas, realizadas no território moçambicano, bem como sobre as importações.

estão isentas do iVA as seguintes operações:

a) as exportações; e

b) o consumo de certos bens e serviços cuja natureza e essencialidade justifiquem

a isenção, nos termos estabelecidos no código do iVA (ciVA).

28 Guia de Investimento em Moçambique

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A taxa única do iVA está fixada em 17%.

2.5. Protecção da Propriedade intelectual

em Moçambique, os direitos inerentes à propriedade intelectual, que compreende a propriedade industrial e os direitos autorais, são constitucionalmente reconhecidos e garantidos.

o regime relativo aos direitos autorais tem por objecto a protecção das obras literárias, artísticas e cientificas e dos direitos dos respectivos autores, artistas intérpretes ou executantes, produtores de fonogramas e de videogramas e dos originais de radiodifusão, bem como a estimulação da criação e produção do trabalho intelectual na área da literatura, da arte e da ciência.

Nos termos da legislação aplicável, os direitos autorais compreendem direitos de carácter patrimonial e de carácter não patrimonial (de natureza pessoal):

a) Direitos de carácter patrimonial – correspondem à faculdade que o autor tem

de disponibilizar, fruir e/ou utilizar a sua obra, incluindo a faculdade exclusiva

de a poder explorar economicamente, e/ou de autorizar terceiros a fruir da sua

obra total ou parcialmente. estes direitos podem ser alienados e/ou renunciados

e prescrevem 70 anos após o falecimento do autor, ainda que a obra tenha

sido publicada a título póstumo.

b) Direitos de carácter não patrimonial – correspondem ao direito que o autor tem

de reivindicar a autoria da sua obra, decidir sobre a sua divulgação, permanecer

anónimo, escolher um pseudónimo, opor-se a qualquer modificação não

autorizada da obra. estes direitos não são alienáveis, nem podem ser objecto

de renúncia, e têm um carácter vitalício e imprescritível.

todos os actos constitutivos de direitos autorais, bem assim os actos de transmissão, modificação ou extinção de direitos patrimoniais estão sujeitos a registo.

29Guia de Investimento em Moçambique

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o regime relativo à propriedade industrial tem por objecto a protecção dos direitos relativos às criações de aplicação industrial mediante a concessão de patentes de invenção, de modelos de utilidade e registo de marcas, desenhos industriais, insígnias de estabelecimento, nomes comerciais, denominações de origem, indicações geográficas, logótipos e recompensas.

os referidos direitos estão sujeitos a registo junto do instituto de propriedade intelectual, que é a entidade que tutela os direitos de propriedade intelectual, podem ser transmitidos, gratuita ou onerosamente e extinguem-se por renúncia, anulabilidade, nulidade ou caducidade.

A vigência dos direitos de propriedade industrial depende do direito que estiver em causa, podendo ir de 5 anos (para os desenhos industriais) até 20 anos (para as patentes). Não obstante o período de vigência dos direitos de propriedade industrial, estes caducam sempre que se verifique falta de pagamento das taxas devidas pelo seu registo.

2.6. direito imobiliário

o estado moçambicano reconhece e garante, a nível da constituição da República, o direito de propriedade, como um direito fundamental, consagrando ao mesmo tempo o direito dos cidadãos a uma habitação condigna. Não obstante, a terra é propriedade do estado, não podendo ser vendida ou, por qualquer outra forma, alienada, hipotecada ou penhorada.

em 1976, os imóveis abandonados assim como os imóveis de rendimento6

foram nacionalizados, tendo, em 1979, sido aprovada a lei de Arrendamento dos imóveis do estado, de acordo com a qual apenas o estado poderia assumir a posição de senhorio nos contratos de arrendamento.

em 1991, houve lugar a uma liberalização do mercado imobiliário, passando a ser permitida a propriedade de imóveis de rendimento por parte de

6 consideram-se “imóveis de rendimento” aqueles que, sendo destinados a habitação ou outros fins, designadamen-te, comércio, indústria ou agricultura, não sejam ocupados pelos proprietários ou por usufrutuários.

30 Guia de Investimento em Moçambique

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sujeitos de direito privado. Não obstante, os imóveis que até então haviam pertencido ao estado, apenas podem ser transmitidos a favor de pessoas singulares ou colectivas de nacionalidade moçambicana.

No que diz respeito ao arrendamento urbano, a tendência prevalecente da jurisprudência é a de considerar vigente a lei do inquilinato de 1961, a qual estabelece limitações significativas quanto à possibilidade de denúncia dos contratos de arrendamento por parte dos senhorios, bem como à actualização das rendas.

sendo a terra propriedade do estado, o uso e aproveitamento de mesma é devidamente regulado, podendo ser titulares de um direito de uso e aproveitamento de terra, os sujeitos nacionais, bem como os sujeitos estrangeiros que tenham um projecto de investimento devidamente aprovado em Moçambique e, tratando-se de pessoas singulares, residam em Moçambique há pelo menos 5 anos.

o direito de uso e aproveitamento de terra é concedido pelo prazo máximo de 50 anos, renovável por igual período, quando concedido para fins de actividades económicas, não estando sujeito a qualquer prazo quando adquirido por ocupação das comunidades locais, desde que destinado a habitação própria ou exploração familiar exercida por pessoas singulares nacionais.

o direito de uso e aproveitamento de terra é transmissível por morte.

o direito de uso e aproveitamento de terra é, ainda, transmissível entre vivos nos seguintes termos:

a) em zonas rurais, com a transmissão de imóvel, infra-estruturas, construções ou

benfeitorias, existentes sobre a área que constitua objecto do direito de uso e

aproveitamento de terra, mediante autorização prévia da entidade concedente;

b) em zonas urbanas:

i. com a transmissão de imóvel existente sobre a área que constitua objecto

do direito de uso e aproveitamento de terra; ou

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ii. com a transmissão de infra-estruturas, construções ou benfeitorias,

existentes sobre a área que constitua objecto do direito de uso e

aproveitamento de terra e mediante autorização prévia da entidade

concedente.

2.7. as Parcerias Público-Privadas em moçambique (PPP’s)

A lei Moçambicana inclui legislação específica relativa ao regime de contratação, implementação e monitorização de projectos em regime de parcerias público-privadas (“ppp”), projecto de grande Dimensão (“pgD”) e concessão empresarial (“ce”). exclui-se do âmbito desta legislação, a contratação do simples fornecimento de bens e serviços a instituições do estado, incluindo a contratação de empreitadas de obras públicas e de serviços de consultoria, bem como as parcerias público privadas de natureza altruísta, social, humanitária, cultural, desportiva ou outra similar sem fins lucrativos.

Nos termos da referida legislação, considera-se:

a) ppp – todo o empreendimento em área de domínio público, excluindo o de

recursos minerais e petrolíferos, ou em área de prestação de serviço público;

b) pgD – todo o empreendimento de investimento autorizado ou contratado pelo

governo, cujo valor exceda, com referência a 1 de Janeiro de 2009, a quantia

de 12.500.000.000 Meticais; e

c) ce – todo o empreendimento que tenha por objecto a prospecção, pesquisa,

extracção e/ou a exploração de recursos naturais ou outros recursos ou bens

patrimoniais nacionais.

Mais prevê a lei que, ainda que se verifiquem os elementos essenciais coincidentes que caracterizam as ppp, os pgD e as ce e sem prejuízo do gozo dos benefícios fiscais previstos em legislação específica para cada tipo de empreendimento:

(i) o enquadramento de um empreendimento como ppp, em área de domínio

público, excluindo as áreas de recursos minerais e petrolíferos, afasta o seu

tratamento como ce;

32 Guia de Investimento em Moçambique

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(ii) o enquadramento de um empreendimento como ce, em área de recursos

minerais e petrolíferos, bem como em área que não seja de domínio público,

afasta o seu tratamento como ppp.

o empreendimento de ppp ou de ce pode elevar-se a empreendimento de pgD quando o valor do investimento exceda 12.500.000.000,00 Meticais (reportado a 1 de Janeiro de 2009).

2.7.1. Regime das Parcerias Público-Privadas (PPP)

o regime geral de contratação de empreendimentos de ppp é o de concurso público, aplicando-se, subsidiariamente, as regras que regem as contratações públicas. excepcionalmente e sujeita a prévia autorização expressa do governo, a contratação de empreendimentos de ppp pode assumir a forma de negociação ou ajuste directo.

No âmbito de um empreendimento na modalidade de ppp, a entidade concorrente e a entidade contratada devem prestar garantias financeiras que assegurem: (i) o pleno cumprimento das obrigações assumidas, nomeadamente, a boa fé e seriedade da participação no concurso, até à celebração do contrato; (ii) a correcta e integral implementação do empreendimento; e (iii) a devolução do empreendimento, no termo ou extinção do contrato, em boas condições de conservação e operacionais.

A duração do contrato de ppp é determinada em função da sua atractividade económico-financeira, do tempo necessário para a sua implementação e do período de recuperação do capital investido, não devendo, em caso algum, exceder o prazo máximo de (i) 30 anos, para os contratos de concessão de empreendimentos de raiz, podendo este prazo ser prorrogado até ao limite máximo de 10 anos, quando se trate de empreendimentos de raiz em projectos de grande dimensão e a longevidade e exigências tecnológicas ou biológicas do processo da sua implementação ou gestação assim o exijam; (ii) de 20 anos, para os contratos de concessão e de cessão de exploração de empreendimentos existentes que requeiram a sua

33Guia de Investimento em Moçambique

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reabilitação ou expansão; ou (iii) de 10 anos, para os contratos de gestão de empreendimentos em situação operacional.

2.7.2. Regime dos Projectos de Grande dimensão (PGd)

os empreendimentos de pgD têm por finalidade principal o desenvolvimento, no país, da capacidade nacional de exploração e aproveitamento eficiente dos recursos e de outros bens e factores de produção, nacionais ou importados, com vista ao fornecimento de bens ou serviços para a satisfação de necessidades do mercado interno ou externo, propiciando a geração ou poupança de recursos financeiros e cambiais para o país.

os potenciais investidores e concessionários gozam do direito de livre iniciativa privada em levar a cabo empreendimentos de pgD, salvo nos casos expressamente reservados à propriedade ou exploração exclusiva do estado, ou da iniciativa de investimento do sector público e aqueles em que a lei determine a realização de concurso.

A modalidade contratual do empreendimento de pgD que não envolva a concessão da exploração de recursos nacionais reveste, nos termos da legislação específica sobre investimentos, a forma de Autorização de projecto de investimento.

A duração do contrato relativo ao empreendimento objecto de pgD em área que não seja de domínio público, ou de prestação de serviços públicos, é determinado de acordo com a legislação do sector em que o empreendimento se enquadre.

2.7.3. Regime das Concessões empresariais (Ce)

os empreendimentos objecto de ce têm por finalidade principal o desenvolvimento, no país, da capacidade nacional de exploração e aproveitamento eficiente dos recursos naturais, laborais e outros bens patrimoniais nacionais, com vista à provisão de bens ou serviços para a satisfação de necessidades do mercado interno ou externo, propiciando a geração ou poupança de recursos financeiros e cambiais para o país.

34 Guia de Investimento em Moçambique

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A contratação dos empreendimentos de ce sujeita-se à observância das regras e modalidade de contratação previstas na legislação sectorial específica, bem como aos princípios gerais aplicáveis às contratações públicas.

2.7.4. modalidades Contratuais

o contrato de ppp reveste a forma de contrato de concessão, contrato de cessão de exploração ou contrato de gestão, podendo o contrato de concessão assumir umas das seguintes sub-modalidades de concessão:

a) construção, operação e Devolução (BOT – Build, Operate and Transfer);

b) concepção, construção, operação e Devolução (DBOT – Design, Build,

Operate and Transfer);

c) construção, posse, operação e Devolução (BOOT – Build, Own, Operate and

Transfer);

d) concepção, construção, posse, operação e Devolução (DBOOT - Design,

Build, Own, Operate and Transfer);

e) Reabilitação, operação e Devolução (ROT – Rehabilitate, Operate and Transfer); ou

f) Reabilitação, posse, operação e Devolução (ROOT - Rehabilitate, Operate,

Own and Transfer).

o contrato de ce, que inclua um pgD, envolvendo a concessão para a exploração de recursos nacionais, reveste uma das seguintes modalidades contratuais:

a) contrato de concessão sob uma das sub-modalidades de concessão

identificadas nas alíneas a), b), e) acima ou qualquer uma das seguintes:

(i) construção, posse e operação (BOO – Build, Own and Operate);

(ii) concepção, construção, posse e operação (DBOO - Design, Build, Own

and Operate); ou

(iii) Reabilitação, posse e operação (ROO - Rehabilitate, Operate and Own).

35Guia de Investimento em Moçambique

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b) contrato de cessão de exploração, na modalidade de cessão de exploração,

dos direitos e obrigações objecto da contratação;

c) contrato de gestão do empreendimento, infra-estruturas e bens patrimoniais

do estado ou de outra entidade pública;

d) Qualquer outra forma de titulação dos direitos concedidos pelo governo para

prospecção, pesquisa e extracção ou exploração de recursos naturais ou

outros bens patrimoniais nacionais.

sem prejuízo da salvaguarda da confidencialidade da informação comercial, estratégica e concorrencial do empreendimento, o contrato principal de ppp e o contrato de ce estão sujeitos à emissão do Visto de fiscalização pelo tribunal Administrativo, bem como à publicação dos termos principais do contrato no Boletim da República.

2.7.5. Partilha de Benefícios

os benefícios aplicáveis, consoante as particularidades de cada empreendimento objecto de ppp, pgD e ce, compreendem os benefícios financeiros e os benefícios sócio-económicos.

os benefícios financeiros, para o país, dos empreendimentos desenvolvidos em ppp, pgD e ce devem constar expressamente do contrato a celebrar entre o contratante e o contratado, nomeadamente:

a) A participação no capital social do empreendimento ou no consórcio (quer

esteja ou não esteja envolvido investimento estrangeiro) reservada para

alienação, via mercado bolsista e em termos comerciais de mercado, a favor

preferencialmente de pessoas singulares moçambicanas, deve ser garantida:

(i) pelo estado ou outra entidade pública por aquele indicada, através de

uma participação não inferior a 5% nem superior a 20% do referido capital

ou consórcio; ou

(ii) pela entidade implementadora do empreendimento, que garante que o

mesmo nível de participação será reservada para alienação incondicional,

nos termos e condições acima mencionados.

36 Guia de Investimento em Moçambique

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b) A oportunidade de participação de pessoas colectivas públicas ou privadas

moçambicanas no capital social do empreendimento ou no consórcio, nos

termos que as partes negociarem e acordarem, sem prejuízo do disposto na

alínea anterior;

c) A geração de efeito cambial positivo para a balança de pagamentos, seja por

via de geração de recursos cambiais, seja pela sua poupança para o país;

d) A geração de receita fiscal e de contributo positivo para o erário público;

e) A geração e distribuição de lucros ou dividendos, nos termos deliberados

pelos órgãos sociais da titular do empreendimento;

f) A parti lha, com equidade, dos benefícios directos extraordinários,

salvaguardando-se a competitividade económica do país e nos termos

contratualmente acordados e em alguma ou na combinação das seguintes

formas: (i) realização de reinvestimento em território nacional; (ii) constituição

de reserva para realização de investimentos adicionais ou para a cobertura

de prejuízos extraordinários do empreendimento, e (iii) aplicações financeiras

efectuadas e mantidas no país.

os contratos de ppp, pgD e ce devem, ainda, conter cláusulas que especifiquem, de forma expressa, os benefícios sócio-económicos a proporcionar por cada empreendimento, a expensas próprias deste, para a economia nacional e para a sociedade moçambicana, nomeadamente, os benefícios relativos a:

a) criação, reabilitação ou ampliação de infra-estruturas de produção ou de

prestação de serviços, em conexão ou associados ao empreendimento;

b) oferta de posto de trabalho e programas de formação profissional para

trabalhadores moçambicanos;

c) programa e acções de formação técnico-profissional e transferência de

tecnologia e de “know how” para o país;

d) incremento e manutenção da capacidade de produção, de exportação e de

abastecimentos a necessidades do mercado interno;

e) contribuição para o desenvolvimento de negócios de pequenas e médias

empresas moçambicanas, via ligações empresariais e tecnológicas entre o

empreendimento e tais empresas;

37Guia de Investimento em Moçambique

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f) Realização de programa de actividades ou projectos de responsabilidade, de

desenvolvimento e de sustentabilidade social junto das comunidades locais,

por conta do próprio empreendimento;

Adicionalmente aos benefícios sócio-económicos acima mencionados, os contratos de ppp, pgD e ce devem conter cláusulas específicas relativas à conservação do meio ambiente, incluindo a reposição dos solos e da vegetação e arranjo do panorama paisagístico que tenham sido removidos ou afectados pelo empreendimento.

os programas de reassentamento e de responsabilidade, desenvolvimento e sustentabilidade sociais, junto das comunidades locais, devem, ainda, ser objecto de entendimento e acordo com as populações afectadas, beneficiárias ou destinatárias desses programas, os quais deverão, posteriormente, ser aprovados pela entidade competente do governo.

2.8. Regimes específicos

2.8.1. energia

A estratégia da energia (“ee”), aprovada pela Resolução 10/2009, de 4 de Junho, que veio estabelecer os princípios orientadores para os domínios da electricidade, petróleo e gás, combustíveis líquidos e biomassa, em alinhamento com a visão do governo da República de Moçambique na luta contra a redução da pobreza, nas políticas ligadas ao desenvolvimento económico, na sustentabilidade, na gestão de recursos, ciência e tecnologia, centrou a sua atenção nas medidas de eficiência e a mobilização da sociedade em torno da questão energética, como mais um instrumento essencial para o desenvolvimento sócio-económico de Moçambique.

o subsector de energia eléctrica é considerado fundamental no contexto da ee, na medida do potencial que Moçambique apresenta neste subsector, constituindo exemplos do mesmo, os projectos de cahora Bassa sul (2075 MW), central Norte (1245 MW), Mphanda Nkuwa (2400 MW), central de carvão de Moatize (1500 MW), central térmica de gás natural de Moamba.

38 Guia de Investimento em Moçambique

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o nível da capacidade de produção nacional acima mencionada, e a situação de défice de energia verificado na região da sADc na ordem dos 4000 MW, constituem importantes factores de incentivo da expansão da capacidade de produção de electricidade em Moçambique, devendo o plano de produção de energia satisfazer, em primeiro lugar, as necessidades nacionais crescentes e, numa segunda fase, promover a exportação para o mercado regional, preferencialmente para o Mercado de electricidade da áfrica Austral (Southern African Power Pool – SAPP).

De forma a assegurar a capacidade necessária para o escoamento de energia eléctrica dos centros de produção para o abastecimento nacional e promoção das trocas com os países da região, torna-se imprescindível o desenvolvimento de infra-estruturas de transporte e distribuição de electricidade.

2.8.2. Petróleo e Gás

Nos termos da legislação aplicável aos petróleos, são considerados “petróleos”, o petróleo bruto, mas também o gás natural e outros hidrocarbonetos produzidos ou susceptíveis de serem produzidos a partir de petróleo bruto, gás natural, argilas ou areias betuminosas, e as “operações petrolíferas” abrangem igualmente as operações de processamento de gás natural.

2.8.2.1. operações Petrolíferas

Nos termos da legislação aplicável às operações petrolíferas em Moçambique, todos os recursos petrolíferos, enquanto recursos naturais localizados no solo e subsolo, nas águas interiores e no mar territorial, na plataforma continental e na zona económica exclusiva, constituem propriedade do estado, reservando-se este o direito de participar nas operações petrolíferas em que esteja envolvida qualquer pessoa jurídica, em qualquer fase das referidas operações.

Deste modo, as actividades das operações petrolíferas são exercidas ao abrigo de uma concessão resultante de concurso público, negociações

39Guia de Investimento em Moçambique

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simultâneas ou directas, no respeito dos interesses nacionais com relação à defesa, navegação, pesquisa e conservação dos recursos marinhos e do ambiente.

2.8.2.2. titulares do direito de exercício de operações petrolíferas

podem ser titulares do direito do exercício de operações petrolíferas, as entidades jurídicas moçambicanas ou estrangeiras, que comprovem ter competência técnica e meios financeiros adequados à condução efectiva de operações petrolíferas. As entidades jurídicas moçambicanas gozam de direito de preferência na atribuição de blocos para a exploração ou produção de petróleos. gozam igualmente de direito de preferência as entidades jurídicas estrangeiras, que se associem a entidades moçambicanas.

Nos termos da lei de petróleos, a pessoa colectiva é considerada nacional se: (i) tiver sido constituída em Moçambique; e (ii) o seu capital social for detido em mais de 50% por entidade jurídica nacional.

2.8.2.3. tipos de contratos

A realização de operações petrolíferas está sujeita à prévia celebração de um contrato, que pode ser (i) de reconhecimento; (ii) de pesquisa e produção; e (iii) de oleoduto ou gasoduto.

a) o contrato de reconhecimento é o contrato pelo qual é concedido a determinada

entidade o direito de realizar trabalhos preliminares de pesquisa e avaliação em

determinada área, através de levantamentos aeroespaciais, terrestres e outros,

incluindo estudos geofísicos, geoquímicos, paleontológicos, geológicos e

topográficos. este contrato é celebrado em regime de exclusividade por um período

máximo de dois anos, e permite a realização de perfurações até à profundidade de

cem metros abaixo da superfície ou do fundo do mar.

b) o contrato de pesquisa e produção é o contrato pelo qual é atribuído o direito exclusivo

de pesquisa e produção de petróleo, bem como o direito não exclusivo de construir

e operar sistemas de oleodutos ou gasodutos para efeitos de transporte de petróleo

bruto ou gás natural produzidos na área abrangida pelo contrato, salvo se houver

disponibilidade de acesso a um sistema de oleoduto ou gasoduto já existente, em

40 Guia de Investimento em Moçambique

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termos e condições comerciais aceitáveis. salvo se for necessário algum tempo

adicional para completar o trabalho levado a cabo para avaliar uma descoberta, o

direito exclusivo de pesquisa de petróleo não deverá exceder oito anos.

c) o contrato de oleoduto ou gasoduto é o contrato pelo qual é concedido o direito de

construir e operar oleodutos ou gasodutos para efeitos de transporte de petróleo

bruto ou gás natural, nos casos em que estas operações não estejam cobertas

por um contrato de pesquisa e produção.

2.8.2.4. unificação

A operação e exploração de depósito de petróleo que se situe em área que seja objecto de dois contratos distintos, deve ser desenvolvida conjuntamente, ao abrigo de um acordo de unificação devidamente aprovado pelo Ministério dos Recursos Minerais (através do instituto Nacional de petróleo).

2.8.2.5. tributação

As pessoas singulares e colectivas titulares do direito do exercício de operações petrolíferas ficam sujeitas ao pagamento dos seguintes encargos fiscais:

a) impostos previstos no código dos impostos sobre o Rendimento;

b) imposto sobre a produção do petróleo (“Royalty”);

c) imposto sobre Valor Acrescentado e imposto sobre consumos específicos;

d) contribuição predial Urbana e sisA;

e) Direitos Aduaneiros previstos na pauta Aduaneira;

f) impostos Autárquicos que forem devidos; e

g) Demais impostos e taxas estabelecidos por lei.

h) De acordo com a legislação aplicável ao imposto sobre a produção, as taxas

de imposto sobre a produção são as seguintes:

- 10% para o petróleo bruto; e

- 6% para o gás natural.

41Guia de Investimento em Moçambique

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2.8.3. minas

A legislação aplicável a Minas regula o uso e aproveitamento de recursos minerais (com excepção do petróleo) e estabelece o processo de licenciamento de actividades mineiras, sendo ambos supervisionados pelo Ministério dos Recursos Minerais (“MiReM”) e pela Direcção Nacional de Minas (“DNM”).

2.8.3.1. títulos mineiros

De acordo com a constituição de Moçambique, todos os recursos minerais localizados em Moçambique são propriedade do estado.

o MiReM possui competência para atribuir direitos de uso e exploração de recursos minerais, através dos seguintes títulos mineiros:

a) Licença de Reconhecimento – uma licença de reconhecimento pode ser

atribuída a pessoas singulares ou colectivas, moçambicanas ou estrangeiras,

por um período não renovável de dois anos. A atribuição deste título mineiro

confere ao seu titular os direitos de, entre outros: (i) aceder à área da licença;

(ii) obter e recolher amostras; e (iii) ocupar e erigir instalações temporárias na

área abrangida pela licença, para exercício de actividades de reconhecimento.

b) Licença de Prospecção e Pesquisa – esta licença pode ser atribuída a pessoas

singulares ou colectivas, moçambicanas ou estrangeiras, por um período de cinco

anos, renováveis. esta licença confere ao seu titular o direito de, entre outros, (i)

pesquisar minerais na área da licença; (ii) recolher, exportar e vender amostras para

efeitos de prospecção e pesquisa; e (iii) ocupar e edificar instalações temporárias

na área abrangida pela licença.

c) Concessão Mineira – a concessão mineira somente pode ser atribuída a

pessoas colectivas ou sociedades constituídas e registadas em Moçambique,

pelo período de vida útil da mina, mas nunca pode exceder um período inicial de

vinte e cinco anos, renovável. A concessão mineira é transmissível a terceiros

e confere ao seu titular os direitos de, entre outros: (i) explorar os recursos

minerais identificados na fase de prospecção e pesquisa; (ii) utilizar e edificar

as infra-estruturas necessárias; (iii) armazenar, transportar e processar minérios;

e (iv) vender os produtos resultantes da exploração da mina.

42 Guia de Investimento em Moçambique

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d) Certificado mineiro – o certificado mineiro só pode ser atribuído a qualquer

pessoa singular ou colectiva nacional7, com domicílio em Moçambique e com

capacidade para realizar as operações autorizadas por este título mineiro, por

um período de dois anos, renovável. confere aos seus titulares, entre outros,

o direito de (i) executar em regime de exclusividade actividades mineiras de

pequena escala; (ii) edificar as infra-estruturas necessárias para tal actividade;

(iii) armazenar, transportar e processar minérios e respectivos resíduos; e (iv)

vender o produto resultante da exploração mineira.

e) Senha Mineira – A senha mineira somente pode ser atribuída a pessoas

singulares moçambicanas e somente para a realização de actividades em áreas

nas quais o uso de métodos de prospecção não sofisticados é considerado

adequado. A senha mineira tem a duração de um ano, é renovável pelo mesmo

período de tempo, e confere ao seu titular, entre outros, o direito de (i) realizar

actividades mineiras manuais, em regime de não exclusividade; e (ii) armazenar,

transportar e vender os produtos mineiros.

Adicionalmente, o estado pode, igualmente, celebrar contratos mineiros com o titular da licença de reconhecimento, prospecção e pesquisa ou concessão mineira.

2.8.3.2. tributação

As actividades mineiras estão sujeitas a todas as taxas aplicáveis às actividades de natureza comercial, bem como ao imposto sobre a produção (“Royalties”) e ao imposto sobre a superfície.

o imposto sobre a produção incide sobre o valor do produto mineiro resultante da actividade mineira desenvolvida no território nacional, ou que seja comercializado ou utilizado para qualquer fim industrial ou comercial (dentro ou fora de Moçambique). todavia, este imposto não se aplica a titulares de senhas mineiras e certificados mineiros.

7 são consideradas nacionais as pessoas singulares de nacionalidade moçambicana e/ou as pessoas colectivas legalmente constituídas e registadas em Moçambique, cujo capital social seja maioritariamente detido por entidades nacionais.

43Guia de Investimento em Moçambique

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As taxas do imposto sobre a produção são as seguintes:

a) 10% para diamantes;

b) 10% para metais preciosos;

c) 6% para pedras semi-preciosas;

d) 5% para minerais básicos; e

e) 3% para carvão e demais minérios.

o imposto sobre a superfície é um imposto anual aplicável a todos os titulares de títulos mineiros (com excepção dos titulares de senhas mineiras), calculado proporcionalmente à dimensão da área objecto do título mineiro.

2.8.3.3. incentivos fiscais

são concedidos aos investimentos efectuados ao abrigo da lei de Minas, benefícios especiais, tais como isenção de pagamento de direitos aduaneiros na importação de determinado equipamento, aparelhos, materiais e peças sobressalentes para as actividades de reconhecimento, prospecção e pesquisa, produção e exportação de recursos minerais; e isenção de pagamento do iVA e imposto sobre consumo específico sobre tais actos de importação. estes benefícios estão disponíveis por cinco anos, após a data de início das actividades mineiras.

2.9. Resolução de conflitos

2.9.1. Contencioso judicial

os conflitos relativamente aos quais a lei determine imperativamente, como no caso dos direitos indisponíveis, o recurso aos tribunais judiciais, ou cuja resolução as partes não tenham submetido a arbitragem, serão da competência exclusiva dos tribunais judiciais.

em Moçambique existem os seguintes tribunais:

a) tribunais Judiciais de Distrito, que estão divididos em duas categorias, tribunais Judiciais de Distrito de 1ª classe e de 2ª classe;

44 Guia de Investimento em Moçambique

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b) tribunais Judiciais de província;

c) tribunais superiores de Recurso (Maputo, Beira e Nampula);

d) tribunal supremo.

foram criadas secções comerciais em Maputo, Beira e Nampula.

existem ainda secções laborais em todas as províncias de Moçambique.

em matéria de direito administrativo, foram criados os seguintes tribunais:

a) tribunal Administrativo – Maputo;

b) tribunais administrativos – 1ª instância – Maputo, Beira, Nampula;

c) tribunais fiscais;

d) tribunais aduaneiros.

2.9.2. arbitragem

A resolução de conflitos pela via arbitral foi implementada em Moçambique em 1999 e abrangeu, numa primeira fase, todos os litígios de natureza cível e comercial.

No ano de 2007, com a aprovação da nova lei do trabalho, a arbitragem estendeu-se à resolução dos conflitos colectivos de trabalho e à revisão de instrumentos de regulamentação colectiva, bem como à resolução de conflitos emergentes de relações individuais de trabalho.

No caso de relações de investimento entre um investidor estrangeiro e o estado Moçambicano, a lei de investimento moçambicana admite expressamente que conflitos delas emergentes sejam dirimidos com recurso a arbitragem, de acordo com as seguintes regras:

a) regras da convenção de Washington, de 15 de Março de 1965, sobre a

Resolução de Diferendos Relativos a investimentos entre estados e Nacionais

de outros estados, bem como do respectivo centro internacional de Resolução

de Diferendos Relativos a investimentos entre estados e Nacionais de outros

estados (icsiD);

45Guia de Investimento em Moçambique

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b) regras fixadas no Regulamento do Mecanismo suplementar, aprovado a 27 de

setembro de 1978, pelo conselho de Administração do icsiD, se a entidade

estrangeira não preencher as condições de nacionalidade previstas no artigo

25 da convenção de Washington;

c) regras de arbitragem da câmara de comércio internacional, com sede em

paris.

As cláusulas arbitrais usualmente adoptadas contemplam o recurso a um tribunal ad hoc (constituído especificamente para dirimir um determinado conflito), ou à arbitragem institucionalizada, que funciona num centro de arbitragem com regras próprias, que se aplicam ao processo.

Na presente data, existe apenas um centro de Arbitragem comercial em Moçambique, o centro de Arbitragem, conciliação e Mediação (cAcM) com sede em Maputo.

As decisões proferidas pelos tribunais arbitrais são definitivas e executórias, podendo apenas ser objecto de declaração de nulidade por parte dos tribunais judiciais com base em fundamentos de ordem formal e processual, estabelecidos na lei, que se resumem, essencialmente, ao desrespeito de formalidades com impacto no exercício dos direitos de defesa, em especial, o princípio do contraditório.

em caso de incumprimento da decisão arbitral, a parte lesada pode requerer a sua execução junto do tribunal Judicial.

No caso especifico dos contratos administrativos, incluindo os contratos de concessão, a legislação aplicável permite igualmente o recurso à arbitragem.

46 Guia de Investimento em Moçambique

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* Cuatrecasas, Gonçalves Pereira, olivencia-Ballester

** em colaboração com dra. elsa sousa Rodrigues

*** em colaboração com Couto, Graça & associados

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