em dezembro de 1941, durante a evacuação do gueto de riga ... · guerra determinou uma caótica...
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Em dezembro de 1941, durante a evacuação do gueto de Riga, os
nazistas mataram a tiros o famoso historiador judeu Simon
Dubnow, então com 81 anos. Consta que suas últimas palavras
foram um apelo aos seus companheiros: “escrevam e lembrem!!!”
Poucos anos depois (1945), a iminente chegada das forças
aliadas aos campos de extermínio nazistas durante o final da
guerra determinou uma caótica política de destruição de tudo e
de todos. Uma estratégia insana ditava que antes de fugir, se
apagassem as provas do que acontecia lá dentro.
A chegada dos aliados, pictórica
reatualização contemporânea da
mítica fronteira entre barbárie e
civilização, coloca o sujeito social
frente a frente com o impensável.
Desde aquele momento, em lenta
caminhada, o homem ocupa-se
com a construção de espaços para
uma figurabilidade possível na
cultura (Botella e Botella, 2001)
para aqueles acontecimentos.
A palavra é, em termos do
psíquico, a expressão
virtual dessa fronteira entre
a barbárie e o civilizatório.
Pensar simbolicamente o
ato violento, expressão do
primitivo (desejos atávicos),
abre espaço para a
consciência civilizatória em
termos do sujeito social.
Consciência civilizatória, noção superegóica que protege contra a erupção do
primitivo, é fenômeno complexo. Como hipótese, dir-se-ia que consciência
civilizatória é produto da capacidade de aprender com a experiência
emocional, ou seja, como fenômeno que é função da capacidade de pensar as
emoções primitivas na dimensão da subjetivação do sujeito social.
SAUL DUQUE, publicitário.
ZH, Caderno PrOA, 7 de junho.
Uma palavra é um agrupamento de letras ou sons de uma determinada
língua. Há sempre uma ideia associada a esse conjunto. E nos utilizamos
destes grupos de letras para dar sentido às coisas que vemos e sentimos.
Palavras podem ser doces ou DURAS. Sutis ou deselegantes. Sábias
ou burras. Maliciosas ou ingênuas. Mas sempre significam algo:
dor, céu, lar, meu, fé, gay.
A publicidade não cria, não impõe e muito menos tem o poder de forçar as
pessoas a adotar costumes. Ao contrário, ela humildemente acompanha a
evolução (ou a involução, conforme o ponto de vista do freguês) e surfa
junto a essa onda. Quando algo chega à publicidade, este é o sinal de que
aquele costume já encontrou casa na sociedade, já é aceito, já faz parte.
SEBASTIÃO SALGADO, da minha terra à Terra, 2013.
“A fotografia é minha vida. Todas as minhas fotos
correspondem a momentos intensamente vividos por
mim. Todas elas existem porque a vida, a minha vida me
levou até elas. porque dentro de mim havia uma raiva
que me levou aquele lugar. [...] fotografo em função de
mim mesmo, daquilo que me passa pela cabeça, daquilo
que estou vivendo e pensando.” (pág. 47)
“A meu ver, minhas imagens nunca estão prontas. O que me
interessa é produzir relatos fotográficos decompostos em diferentes
reportagens, distribuídas ao longo de vários anos. Trabalhar a fundo
numa questão por cinco ou seis anos, e não borboletear.”(p.48)
ANDRÉ LIOHN, Caderno Proa, 2015.
“Há uns cinco anos, um americano chegou a Somália com
algo parecido com um drone. Na época achei muito legal.
[...] o problema é como trazer isso para uma reflexão
humana e não tecnológica, ou estética. Falamos muito
sobre as maravilhas da capacidade tecnológica, mas
ninguém está preocupado em refletir sobre isso a partir de
uma perspectiva humana”.
“As pessoas falam que é só uma ferramenta. Ferramentas tem
impacto. Da mesma maneira que falamos sobre impacto ambiental dos
veículos que usamos, dos remédios e da comida, precisamos começar a
conversar sobre os impactos culturais das imagens que produzimos”.
Edgar Morin, Introdução ao pensamento
complexo, 1990, (2001), p.172.
“Em Le paradigme perdu, digo que a
humanidade tem vários começos. [...]
A idade do ferro planetária indica que
entramos na era onde todas as culturas,
todas as civilizações estão doravante em
interconexão permanente. E ao mesmo
tempo, apesar das intercomunicações, se
está em uma barbárie total nas relações
entre raças, entre culturas, entre etnias,
entre potências, entre nações. Estamos
na pré-história do espírito humano, na
era da barbárie das ideias, e ninguém
sabe se sairemos dela”.