em busca de indicadores tÁticos, tÉcnicos e fÍsicos que ... · desenvolvimento de talentos...

88
EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE INTERPRETEM O DESEMPENHO DE JOVENS JOGADORES DE FUTEBOL: Projeto INEX Tomas Andreas Scheiber Scherer Porto, 2019

Upload: others

Post on 01-Aug-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS

QUE INTERPRETEM O DESEMPENHO DE JOVENS

JOGADORES DE FUTEBOL:

Projeto INEX

Tomas Andreas Scheiber Scherer

Porto, 2019

Page 2: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,
Page 3: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS

QUE INTERPRETEM O DESEMPENHO DE JOVENS

JOGADORES DE FUTEBOL:

Projeto INEX

Dissertação apresentada com vista à obtenção do 2º ciclo

em Treino Desportivo, especialização em Treino de Jovens,

da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, ao

abrigo do Decreto-Lei nº 74/2006, de 24 de março, na

redação dada pelo Decreto-Lei nº 65/2018 de 16 de agosto.

Orientador: Professor Doutor Daniel Barreira

Co-orientador: Mestre Rafael Bagatin

Tomas Andreas Scheiber Scherer

Porto, 2019

Page 4: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

Ficha de Catalogação:

Scheiber, T. (2018). Em busca de indicadores táticos, técnicos e físicos que

interpretem o desempenho de jovens jogadores de Futebol. Projeto INEX. Porto:

T. Scheiber. Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Desporto da

Universidade do Porto.

Palavras-chave: Técnica; Desempenho Físico; Índice de Performance Tático;

Futebol; Jogo reduzido; Projeto INEX.

Page 5: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

V

AGRADECIMENTOS

Mais uma etapa da minha vida acadêmica está chegando ao final. O

percurso foi lindo e divertido, com muitas vitórias diárias ao lado de pessoas

incríveis. Um percurso que transformou minha vida mudou minha maneira de ser

e de ver o mundo. Só tenho um sentimento, o da gratidão.

Este trabalho é especialmente dedicado à minha Mãe Elfride, meu anjo,

que através da sua força de vontade e disciplina nos momentos mais difíceis da

sua vida me inspiraram na busca por mais conhecimento e na concretização

dessa jornada acadêmica.

Muitas foram as pessoas que participaram desse percurso, e nada

melhor do que fazer um breve agradecimento. Agradeço primeiramente a Deus

por ter me brindado a força e perseverança durante essa árdua, mas gratificante

caminhada. Agradeço ao meu pai Helmut, que não mediu esforços para que eu

possa levar em frente esta caminhada, ao meu irmão Markus e a minha irmã

Jenny que também me apoiaram incondicionalmente para enfrentar este desafio,

aos meus familiares Scheiber Scherer pelo constante suporte para a

concretização de um sonho.

Ao meu orientador, Professor Daniel Barreira, pelo suporte, confiança e

paciência que teve comigo ao longo deste trabalho. Pela disponibilidade do seu

tempo, esforço e conhecimento.

Ao meu co-orientador Rafael Bagatin, por acompanhar este trabalho

com sugestões pontuais e estar 24 hs do dia disponível para ser contactado e

trocar uma ideia sobre a pesquisa, por me incentivar e fazer acreditar que era

possível ir mais longe. Pela disponibilidade total não só neste trabalho, mas

também noutros desafios profissionais e pessoais.

A todos os professores do Mestrado em Treino desportivo que me

ajudaram a crescer pessoal e profissionalmente.

Ao Maickel Padilha, pela amizade, companheirismo e pelo suporte que

me brindou tanto no ambiente acadêmico como pessoal.

Page 6: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

VI

Ao F.C. Infesta que foi uma das primeiras instituições que me brindou

uma oportunidade profissional, ao Mister Miguel Fernandes pela possibilidade

de fazer parte da sua comissão técnica. Agradeço pela constante partilha de

conhecimentos, pelos diferentes momentos vivenciados durante a temporada

que sem dúvida foram uma grande contribuição para a minha formação humana

e profissional.

Page 7: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

VII

ÍNDICE GERAL

Agradecimentos ................................................................................................. V

Índice Geral ...................................................................................................... VII

Índice de Figuras ............................................................................................... IX

Índice de Quadros ............................................................................................. XI

Resumo ........................................................................................................... XIII

Abstract ........................................................................................................... XV

Lista de Abreviaturas ..................................................................................... XVII

Capítulo I – Introdução Geral ............................................................................. 1

1. Introdução Geral ....................................................................................... 3

1.1. A identificação do talento ................................................................... 3

1.2. O desempenho multivariado do jovem futebolista ............................. 4

2. Objetivos .................................................................................................. 5

3. Estrutura da Dissertação .......................................................................... 6

Capítulo II – Estudos de investigação ................................................................ 7

1. Estudo 1 ................................................................................................... 9

2. Estudo 2 ................................................................................................. 31

Capítulo III – Discussão ................................................................................... 49

Discussão Geral ..................................................................................... 51

Capítulo IV – Conclusões ................................................................................. 55

Conclusões ............................................................................................. 57

Capítulo V – Referências ................................................................................. 59

Referências ............................................................................................ 61

Page 8: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

VIII

Page 9: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

IX

ÍNDICE DE FIGURAS

Estudo 1

Figura 1: Valores médios e desvio padrão do desempenho tático obtido pelos

grupos de baixo e alto desempenho tático (DT). .............................................. 20

Page 10: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

X

Page 11: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

XI

ÍNDICE DE QUADROS

Estudo 1

Quadro 1. Valores médios e desvio padrão do Índice de Performance Tático

(IPT), Técnico: passe, remate e condução de bola; e Físico: velocidade (T30),

agilidade e salto horizontal, obtidos pelos grupos de baixo e de alto desempenho

tático (DT)......................................................................................................... 20

Estudo 2

Quadro 1. Valores da correlação entre os indicadores táticos, índice de

performance tático (IPT) ofensivo e defensivo, percentual de acerto dos

princípios (% acerto), precisão nos terstes de passe e remate 20 metros (passe

20m, remate 20m). ........................................................................................... 40

Quadro 2. Regresseção Logística Binária dos indicadores táticos, técnicps e

físicos por grupos 20m). ................................................................................... 40

Page 12: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

XII

Page 13: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

XIII

RESUMO

O presente estudo pretendeu indagar os indicadores relativos ao desempenho

tático, técnico e físico mais determinantes para o sucesso no jogo reduzido

GR+4x4+GR de jovens futebolistas. Avaliaram-se 107 jovens futebolistas

divididos em dois grupos em função do desempenho tático no jogo. Com alto

desempenho tático analisaram-se 53 jogadores, enquanto que 54 futebolistas

apresentaram baixo desempenho tático no jogo. Para a avaliação do

comportamento tático utilizou-se o Sistema de Avaliação Tática no Futebol (FUT-

SAT). O desempenho técnico foi avaliado através do Protocolo de Avaliação de

Habilidades de Futebol da Universidade de Queensland. O teste T (agilidade),

teste de velocidade 30 metros (velocidade) e o salto horizontal (força dos

membros inferiores) foram utilizados para avaliar o desempenho físico dos

jogadores. Houve diferenças estatisticamente significativas na idade dos

jogadores em função dos grupos de baixo e alto desempenho tático, tendo o

grupo de alto desempenho menor média de idade. Também se verificaram

diferenças nas quatro variáveis táticas entre os grupos de baixo e alto

desempenho tático. As variáveis técnicas e físicas não apresentaram diferenças

entre grupos. Concluiu-se que os jogadores de alto desempenho tático eram

mais jovens, defenderam e atacaram melhor e foram mais eficazes na realização

dos princípios táticos relativamente aos jogadores de baixo nível tático.

Encontrou-se uma forte correlação positiva entre o Índice de Performance Tático

(IPT) ofensivo e o IPT de jogo, moderada correlação positiva entre o Percentual

de acerto dos princípios táticos com o IPT de jogo, fraca correlação positiva entre

o IPT defensivo e o IPT de jogo e fracas correlações negativas entre o

desempenho no passe e remate e o IPT de jogo. Os jogadores mais jovens com

melhor desempenho tático ofensivo, mais eficazes na realização dos princípios

táticos e com maior impulsão no salto horizontal foram mais propensos a

pertencer ao grupo de alto desempenho tático. Concluiu-se que o desempenho

in situ dos jogadores de futebol no teste de GR+4x4+GR não pode ser previsto

pelo desempenho na bateria de testes técnicos e físicos, consideradas tarefas

descontextualizadas do jogo.

PALAVRAS-CHAVE: Técnica; Desempenho Físico; Índice de Performance

Tática; Jogo reduzido; Projeto INEX.

Page 14: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

XIV

Page 15: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

XV

ABSTRACT

The present study aimed to investigate the indicators that probably predict the

tactical, technical and physical success performance in the GR+4x4+GR small

sided game. A total of 107 young soccer players were divided into two groups

according to their tactical performance in the game. With high tactical

performance 53 players were analyzed, while 54 showed lower tactical

performance. To assess tactical performance, the Football Tactical Assessment

System (FUT-SAT) was applied. Technical performance was assessed through

the University of Queensland Football Skills Assessment Protocol. The T test

(agility), speed test 30 meters (speed) and horizontal jump (lower limb strength)

were used to evaluate the physical performance of the players. There were

statistically significant differences in the age of the players regarding the low and

high tactical performance groups, also the high tactical performance group had

lower average age. There were also differences in the four tactical variables

between the low and high tactical performance groups. The technical and

physical variables showed no differences between groups. It was concluded that

the players in the high tactical performance group were younger, defended and

attacked better and were more effective in achieving tactical principles than low

tactical players. A strong positive correlation was found between offensive

Tactical Performance Index (TPI) and match TPI, moderate positive correlation

between Tactical Principles Hit Percentage and match TPI, weak positive

correlation between Defensive TPI and TPI and poor negative correlations

between passing and shooting performance and the game TPI. Younger players

with better offensive tactical performance, more effective in achieving tactical

principles, and better in horizontal jumping thrust were more likely to belong to

the high tactical performance group. It was concluded that the in-situ performance

of soccer players in the GR+4x4+GR test cannot be predicted by the performance

in the technical and physical tests battery, considered as decontextualized tasks

of the game.

KEYWORDS: Technical; Physical Performance; Tactical Performance Index;

Small-sided game; INEX Project.

Page 16: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

XVI

Page 17: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

XVII

LISTA DE ABREVIATURAS

Abreviatura Nome

CM Centímetros

CTP Conhecimento Tático Processual

DP Desvio Padrão

DT Desempenho Tático

FUT-SAT Sistema de Avaliação Tática no

Futebol

GPS Localização por Satélite

GR Guarda Redes

IPT Índice de Performance Tática

INEX In Search of Excellence in Sport

m Metros

M Média

min Minutos

OR Odds Ratio

TPI Tactial Performance Index

VO2máx Consumo máximo de oxigênio

% acerto Percentual de Acerto

Page 18: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

XVIII

Page 19: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

1

Capítulo I – Introdução Geral

Page 20: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

2

Page 21: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

3

1. Introdução Geral

1.1. A identificação do talento

O desempenho dos jogadores de futebol durante um jogo, e ao longo

das competições, parece ser o resultado da interação de múltiplos fatores.

Entende-se que o alto rendimento do atleta é consequência da interação das

capacidades táticas, técnicas, físicas, psicológicas, biotipológicas e

socioambientais (Reilly et al., 2000), sendo um tema consensual no meio

académico e profissional (Giacomini & Greco, 2008; Gonzalez, 1999; Souza,

1999).

A identificação de fatores relacionados com a oportunidade de prever o

alto rendimento de um futebolista é muito difícil (Ré et al., 2014). Com esta

perspectiva, Reilly et al. (2000) entenderam que identificar a expertise de um

atleta desde uma idade baixa para os jogos de campo está longe de ser um

processo mecanicista. Assim, esta tarefa prevê-se mais complexa em desportos

coletivos do que em desportos individuais (por exemplo, pista e campo, natação,

remo e ciclismo), pois nestes últimos existem medidas objetivas discretas do

desempenho dos atletas. Além disso, através de uma análise mais profunda e

observando-se o ciclo completo do alto desempenho, o sucesso a longo prazo

do futebolista depende de uma série de fatores externos, por exemplo as

oportunidades de prática, a ausência de lesões, a natureza da orientação e treino

fornecidos durante os anos de desenvolvimento, ou os fatores pessoais, sociais

e culturais (Reilly et al., 2000).

Devido à importância crescente que é reconhecida à identificação e

desenvolvimento do talento em futebol em idades baixas, tem-se verificado um

interesse crescente no processo que visa construir programas de identificação e

desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho

dos jogadores nas suas diferentes capacidades, nomeadamente tática, técnica,

física ou outras. Segundo Cobley et al. (2013) estes programas devem selecionar

indivíduos talentosos de uma grande população de atletas jovens que são

considerados atletas potenciais de elite no futuro. Assim, alguns estudos têm

adoptado uma abordagem multivariada em vista à identificação e

desenvolvimento de talentos (Clemente et al., 2016; Vaeyens et al., 2006). Para

Page 22: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

4

isso, numa bateria de testes utilizada incluíram-se varáveis antropométricas,

fisiológicas e psicológicas (Huijgen et al., 2014).

No entanto, verifica-se que a identificação e seleção dos melhores

jogadores das academias tem sido ligada a uma avaliação subjetiva e pré-

concebida da imagem do jogador ideal por parte dos treinadores e dos

observadores de jovens jogadores (Williams & Reilly, 2000). Entretanto, os

estudos na área da identificação de talento no futebol buscam oferecer uma

abordagem mais holística realizando avaliações prioritariamente assentes no

desempenho físico, fisiológico, antropométrico, psicológico e técnico,

observando-se assim uma ausência da avaliação da componente tática, em

particular ao nível da criação e gestão do espaço de jogo (Keller et al., 2016;

McDermott et al., 2015; Padrón-Cabo et al., 2019).

Considerando-se os múltiplos fatores que o Futebol apresenta, a

identificação do nível de desempenho individual e coletivo, bem como a

identificação do desempenho entre diferentes idades de jogadores de futebol

não se afigura uma tarefa fácil. Historicamente a literatura científica tem-se

baseado prioritariamente na avaliação de variáveis fisiológicas (le Gall et al.,

2010), antropométricas (Gil et al., 2007), psicológicas (Williams & Reilly, 2000) e

técnicas (Figueiredo et al., 2009). Com isto, verifica-se escassez na literatura

relativamente à avaliação das variáveis da interação espaço – tempo, ou seja,

que se foquem na dimensão tática do jogo.

1.2. O desempenho multivariado do jovem futebolista

Durante um jogo de futebol os jogadores passam predominantemente a

gerir o espaço e tempo de jogo, com ou sem a posse da bola, em função do

contexto momentâneo da partida (Garganta, 1997; Teoldo et al., 2015). Nas

últimas duas década a literatura científica tem dado destaque à avaliação do

desempenho tático, avaliado principalmente em contexto de jogo (Clemente et

al., 2012; Davids et al., 2013; Víllora et al., 2015).

Diversos autores realizaram estudos com objetivo de comparar a

eficiência do comportamento tático nas categorias de formação, nomeadamente

entre sub-11 e sub-13 (Garganta, 1997; Machado et al., 2013), sub-11 e sub-17

(Américo et al., 2013), sub-13 e sub-15 (Teoldo et al., 2015; Gonçalves & Teoldo,

Page 23: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

5

2013), sub -14 e sub -15 (Brito et al., 2015), sub 11-13-15-17 (Bueno Américo et

al., 2016), sub 13-15-17 (Borges et al., 2017), sub 11-13-15-17-20 (Teoldo et al.,

2010) e sub 13-15-17-19 (Teoldo et al., 2010).

Em relação ao desempenho técnico e físico de jogadores de futebol

diversos autores buscaram fazer comparações entre diferentes níveis

competitivos assim como em diferentes escalões de formação (Póvoas et al.,

2016; Guerra et al., 2019; Vieira et al., 2018). A literatura científica aponta um

melhor desempenho nessas variáveis para os jogadores de elite comparado com

os não-elite (Jovanovic et al., 2011; Le Moal et al., 2014; Paul et al., 2016; Rebelo

et al., 2013; Reilly et al., 2000).

Entretanto, são escassos os estudos que compararam o desempenho

multivariado dos jovens futebolistas na perspectiva tática, técnica e física em

contexto de jogo. Especificamente, verifica-se ausência de estudos que avaliem

o desempenho tático dos jovens jogadores em função de diferentes níveis de

desempenho, bem como a avaliação do desempenho tático em geral, isto é,

levando em consideração a eficiência, o local onde são realizados os princípios

e o resultado das ações coletivas.

2. Objetivos

2.1. Objetivo Geral

Verificar os indicadores do desempenho tático, técnico e físico que se

afiguram mais determinantes para o sucesso de jovens futebolistas de alto e

baixo desempenho tático em situação de jogo reduzido GR+4x4+GR.

2.2. Objetivos Específicos

- Comparar o desempenho tático, técnico e físico de jovens futebolistas

com diferentes níveis de desempenho em situação de jogo reduzido

GR+4x4+GR.

Page 24: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

6

- Identificar os indicadores do desempenho tático, técnico e físico que

explicam o alto desempenho de jovens futebolistas em situação de jogo reduzido

GR+4x4+GR.

3. Estrutura da Dissertação

A presente dissertação encontra-se dividida em cinco capítulos:

I. Introdução: enquadra-se o estudo e traçam-se os objetivos.

II. Estudos de Investigação:

1. Estudo 1: Serão os índices de performance tática, agilidade,

velocidade, força dos membros inferiores, passe, remate e

condução de bola diferentes em jovens futebolistas de alto e

baixo nível de desempenho tático? Projeto INEX.

2. Estudo 2: Quais os preditores do desempenho tático, técnico

e físico que predizem uma performance superior de jovens

futebolistas em jogo GR+4x4+GR ? Projeto INEX.

III. Discussão Geral: apresentam-se e confrontam-se os resultados

dos dois estudos realizados com os obtidos em outros trabalhos

de investigação, encontrando-se, sempre que possível,

confrontação científica.

IV. Conclusões, Aplicação prática, Limitações e futuras linhas de

investigação

V. Referências: elencam-se as obras da literatura consultadas e

apresentadas ao longo da dissertação.

Page 25: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

7

Capítulo II – Estudos de investigação

Page 26: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

8

Page 27: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

9

1. Estudo 1

Título:

Serão os índices de performance tática, agilidade, velocidade, força dos

membros inferiores, passe, remate e condução de bola diferentes em jovens

futebolistas de alto e baixo nível de desempenho tático? Projeto INEX.

Title:

Are tactical performance indexes, agility, speed, lower limb strength, passing,

shooting and ball dribbling different in high- and low-level young soccer players?

The INEX Project.

Artigo a ser submetido na Revista Portuguesa de Ciências do Desporto

Page 28: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

10

Resumo

O presente estudo teve como objetivo comparar o desempenho tático, técnico e

físico de jovens futebolistas com diferentes níveis de desempenho em jogo

reduzido GR+4vs4+GR. Participaram 107 jovens jogadores de futebol com

idades entre 13 e 15 anos divididos em dois grupos de acordo com o nível de

desempenho tático: 1) 53 jogadores com alto desempenho tático (M=13.36;

DP=0.78); 2) 54 jogadores com baixo desempenho tático (M=14.77, DP=0.54)

que participam em competições de nível regional e nacional. Aplicaram-se testes

táticos, técnicos e físicos. Utilizou-se o teste de Kolmogorov-Smirnov para

verificar o padrão de distribuição das amostras e o Teste t de Student para

comparar os desempenhos táticos, técnicos e físicos em função do nível de

desempenho tático no jogo, adotando-se um nível de significância de p<0,05.

Houve diferenças estatisticamente significativas na idade dos jogadores, sendo

que o grupo de alto desempenho tático apresentou menor média de idade.

Houve também diferenças significativas em todas as quatro variáveis táticas (IPT

ofensivo, IPT defensivo, IPT jogo e porcentagem de acerto) entre os grupos de

baixo e alto desempenho tático. As variáveis técnicas e físicas não apresentaram

diferenças significativas entre os dois grupos. Conclui-se que os jogadores do

grupo de alto desempenho tático em jogo reduzido GR+4x4+GR eram mais

jovens, defenderam e atacaram melhor e eram mais eficazes na realização dos

princípios táticos que os jogadores classificados no grupo do baixo desempenho

tático.

Palavras-chave: Nível de desempenho tático, Futebol, talento, jovens, jogo

reduzido, Projeto INEX.

Page 29: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

11

Abstract

This study aimed to compare the tactical, technical and physical performance of

young soccer players with different levels of reduced game performance GR +

4vs4 + GR. Participants were 107 young soccer players aged 13-15 years divided

into two groups according to the level of tactical performance: 1) 53 players with

high tactical performance (M = 13.36; SD = 0.78); 2) 54 players with poor tactical

performance (M = 14.77, SD = 0.54) participating in regional and national level

competitions. Tactical, technical and physical tests were applied. The

Kolmogorov-Smirnov test was used to verify the distribution pattern of the

samples and the Student t test to compare the tactical, technical and physical

performances as a function of the tactical performance level in the game,

adopting a significance level of p <0.05. There were statistically significant

differences in the age of the players, and the high tactical performance group had

lower average age. There were also significant differences in all four tactical

variables (offensive TPI, defensive TPI, game TPI, and hit percentage) between

the low and high tactical performance groups. The technical and physical

variables showed no significant differences between the two groups. It was

concluded that the players in the low-performance tactical high-performance

group GR+4x4+GR were younger, defended and attacked better and were more

effective in achieving tactical principles than the players in the low tactical

performance group.

Keywords: tactical performance index, soccer, talent, youth, small-sided game,

INEX project

Page 30: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

12

Introdução

O jogo de futebol apresenta um elevado número de interações criadas a

partir dos diferentes jogadores em cooperação e oposição, em resposta aos

diferentes cenários emergentes a cada instante do jogo. Exige-se aos

futebolistas a capacidade de adaptação constante, gerindo o tempo e o espaço,

bem como a execução eficiente das tarefas, confluindo na criação de dinâmicas

organizacionais que aproximem as equipas de performances de maior sucesso.

Na procura da excelência no desempenho de futebolistas são

consideradas como fundamentais as capacidades táticas, nomeadamente ao

nível dos processos cognitivos, em permanente sinergia com as habilidades

técnicas, físicas, motoras e emocionais (Bezerra et al., 2011). Thomas e Thomas

(1994) apontam duas componentes como principais para a performance em

Futebol: a cognitiva e a motora, que Garganta (2004) entende como “o que fazer”

e “como fazer” respetivamente, uma vez que a execução de uma técnica

influencia a eleição de uma opção tática em cada situação de jogo. Assim, a

comparação do desempenho de jogadores de maior e menor nível competitivo é

necessário para identificar as qualidades dos jogadores de maior e menor nível

na busca do desenvolvimento do seu talento.

Entende-se que os futebolistas melhoram e aumentam as intervenções

nas ações do jogo em correspondência com o aumento do escalão etário. Teoldo

et al. (2010) confirmam referindo que jogadores mais experientes possuem maior

participação no jogo, realizando uma maior quantidade de ações. A literatura

(Ford & Williams, 2012; Vaeyens et al., 2007; Ward & Williams, 2003) confirma

a importância da qualidade da ação, sustentando que o maior conhecimento dos

jogadores mais qualificados está essencialmente relacionado com o tempo gasto

no processo de treino e na qualidade da prática desportiva, ou seja, numa

formação competente. Estes resultados são sustentados por Helsen et al.

(1998), que estudaram o perfil do histórico de prática de futebolistas

profissionais, semiprofissionais e amadores. Concluíram que a quantidade de

tempo gasto em treino coletivo foi o fator que mais distinguiu os três níveis

competitivos. Almeida et al. (2013) e Víllora et al. (2015), na comparação do

desempenho tático em futebolistas com diferentes níveis de desempenho,

concluíram que jogadores mais experientes apresentam melhores indicadores

Page 31: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

13

no desenvolvimento de sequências ofensivas que os jogadores menos

experientes. Assim, no processo da busca da excelência de futebolistas afigura-

se fundamental avaliar a componente tática nas categorias de formação, para se

perceber as diferenças no comportamento tático de jovens jogadores com

diferentes níveis de desempenho.

Por sua vez, é reconhecida uma grande importância às habilidades

motoras específicas do Futebol no desenvolvimento de jovens futebolistas,

justificando-se a sua avaliação. Conhecem-se propostas de baterias de testes

que objetivam a avaliação das competências técnicas de futebolistas (Caicedo

et al., 2008; Kirkendall et al., 1987; Rosch et al., 2000; Soares et al., 1994; Van

Rossum & Wijbenga, 1993), nomeadamente o controle da bola, cabeceamento,

drible, passe curto e passe longo, precisão e distância do remate, entre outras.

Borges et al. (2015) referem que as informações provenientes dos diferentes

testes podem auxiliar os profissionais a direcionar o processo de formação, pelo

que devido a mudanças constantes nos jovens futebolistas ao longo do processo

de formação desportiva, a respetiva monitorização torna-se fundamental para

seguir a respetiva evolução.

Reilly et al. (2000) aplicaram uma bateria de testes técnicos em jovens

jogadores com o objetivo de distinguir os grupos de elite e de sub elite. Com este

processo estabeleceram dados de referência para jovens jogadores que são

selecionados em programas de desenvolvimento especializados. Já Seabra et

al. (2001) indicam que os resultados médios obtidos na aplicação de uma bateria

de testes técnicos evidencia em todas as habilidades motoras específicas do

Futebol uma superioridade dos futebolistas em relação aos não futebolistas.

Não obstante o grau de importância que as dimensões tática e técnica

possuem na evolução dos jovens jogadores, diversos estudos realizados no

contexto da análise do jogo e do treino de jovens futebolistas tem priorizado a

utilização de variáveis físicas e maturacionais (Castagna et al., 2002; D'ottavio &

Castagna, 2001). A literatura evidencia que a maturidade somática influencia as

capacidades funcionais devido às alterações hormonais e fisiológicas, sendo um

fator determinante na evolução do desempenho motor (Borges et al., 2008;

Tourinho Filho & Tourinho, 1998). Rommers et al. (2019), analisando jovens

jogadores de futebol das categorias sub-10 a sub-15, concluíram que existem

diferenças significativas quando comparadas as várias categorias sucessivas de

Page 32: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

14

idade em todos os grupos de testes. Por exemplo, velocidade e agilidade são

características de desempenho físico frequentemente usadas na identificação de

talentos, verificando-se que estas variáveis parecem ser as mais influenciadas

pelo timming maturacional em favor dos jogadores que amadureceram mais

cedo.

Apesar de se verificar a existência de investigação sobre as dimensões

tática, técnica e física, os estudos que estabelecem a relação entre as variáveis

relativas às diferentes dimensões do rendimento em Futebol parecem ser

escassos e apresentarem conclusões impresumíveis (Borges et al. (2015);

Sousa et al. (2017). Por sua vez, a literatura revela que o desempenho físico de

jovens jogadores é sensível ao nível de desempenho tático, pelo que jogadores

de elite apresentam melhor desempenho na componente física que jogadores

não elite (Rebelo et al., 2013; Vaeyens et al., 2006; Visscher et al., 2006). Seabra

et al. (2001) refere que jovens futebolistas evidenciaram resultados superiores

na componente da aptidão física que os não futebolistas.

Considerando a necessidade de se obterem resultados que possam

contribuir para estabelecer dados de referência para programas de

desenvolvimento na procura da excelência desportiva, no presente estudo

pretendeu-se comparar o desempenho tático, técnico e físico de jovens

futebolistas com diferentes níveis de desempenho tático no jogo GR+4x4+GR.

Métodos

Este estudo resulta de um projeto longitudinal misto intitulado INEX (Em

busca da excelência. Um estudo longitudinal-misto em jovens desportistas),

sendo precedido da seleção dos clubes participantes, reunião com

coordenadores dos clubes e pais dos jogadores para explicar os objetivos,

procedimentos do estudo e consentimento dos participantes da recolha de

dados.

Participantes

Analisou-se um total de 107 futebolistas com idades entre 13 e 15 anos,

e divididos em dois grupo de acordo com o nível de desempenho tático: 1) 53

Page 33: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

15

jogadores de alto desempenho (M=13.36; DP=0.78); 2) 54 jogadores de baixo

desempenho (M=14.77, DP=0.54), que participam em competições de nível

regional e nacional. Definiram-se os seguintes critérios de inclusão: (i) estarem

inscritos em programas sistemáticos de formação desportiva com no mínimo três

sessões de treino por semana e competição; e (ii) não estarem lesionados ou

terem estado lesionados há menos de três meses.

Instrumentos e Procedimentos

(i) Desempenho Tático

Analisou-se o comportamento tático através do Sistema de Avaliação

Tática no Futebol (FUT-SAT) (Teoldo et al. (2011a). O FUT-SAT permite avaliar

as ações táticas, com e sem bola, realizadas pelos jogadores com exceção do

guarda redes, em situação de jogo GR+4x4+GR, num campo de 48 metros de

comprimento e 36 metros de largura. O teste teve uma duração de dois períodos

de 10 minutos com 5 minutos de intervalo. A avaliação dos princípios táticos

incidiu nos primeiros 5 minutos do primeiro período.

A análise tática tem por base os dez princípios táticos fundamentais do jogo de

futebol (Teoldo et al., 2009), divididos em ofensivos: (i) penetração, (ii) cobertura

ofensiva, (iii) espaço, (iv) mobilidade e (v) unidade ofensiva; e defensivos: (vi)

contenção, (vii) cobertura defensiva, (viii) equilíbrio, (ix) concentração, (x)

unidade defensiva. Este sistema de avaliação também considera a qualidade da

ação realizada, a localização da ação no terreno de jogo e o resultado dessa

ação.

(ii) Desempenho Técnico

Utilizou-se o Protocolo de Avaliação de Habilidades de Futebol da

Universidade de Queensland (Wilson et al., 2016) para avaliar o desempenho

técnico dos jogadores. Elegeram-se os testes de passe, remate e condução de

bola com base no entendimento da lógica interna do jogo, bem como na literatura

em Futebol que demonstra a relevância destas ações técnicas. Rampinini et al.

(2009) mostraram que as equipas de sucesso possuem maior envolvimento com

a bola ao nível dos passes curtos, passes curtos bem-sucedidos, remates e

Page 34: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

16

remates à baliza. A ação de remate é uma habilidade fundamental pois permite

marcar golos, o principal objetivo do ataque (Jinshan et al., 1991). Por sua vez,

segundo Wilson et al. (2016) , a condução da bola é uma habilidade motora

específica exigida a todos os jogadores, mas é especialmente eficaz para os

jogadores atacantes que procuram abrir espaços na defesa adversária.

Os testes de passe, remate e condução de bola são de seguida descritos:

a. Passe 20 metros: avalia a precisão do passe. Cada jogador passa a bola

14 vezes, 7 com cada pé na sequência pé preferido - pé não preferido.

O teste consiste em passar a bola para um alvo localizado a 20 metros.

Antes do passe ser realizado, a bola está colocada 1,5m atrás da linha

de 20m e sugere-se aos jogadores que toquem a bola com apenas um

toque para a frente e depois a passem para o alvo sem que esta

ultrapasse a linha de 20m. O alvo consistiu numa lona com 1,5m de

altura e 4,5m de largura, compreendendo uma série de zonas de

pontuação, em que cada zona tem 1,5m de altura e 0,5m de largura.

Uma bola atingindo a lona recebe os pontos associados à zona de

pontuação que atingiu. No caso de a bola atingir a parte intermédia entre

2 pontuações, atribui-se o valor intermédio (por exemplo, entre 6 e 8

atribui-se o valor de 7 pontos). Cada alvo possui uma pontuação. O

desempenho calcula-se através da pontuação acumulada dividida por

14.

b. Remate 20 metros: utilizado para quantificar a precisão do remate. O

desenvolvimento para medir a precisão do remate a 20 m foi idêntico ao

descrito acima para a precisão de passe de 20 m, exceto que cada

jogador recebeu uma pontuação zero se não usasse a técnica correta.

A técnica a ser empregue para o remate foi a técnica de “in-step” (parte

superior do pé). Igualmente, o desempenho calcula-se através da

pontuação acumulada dividida por 14.

c. Condução de bola: avalia a capacidade de um jogador driblar a bola

rapidamente através de um circuito marcado com mudanças rápidas de

direção. A velocidade de drible foi quantificada registando-se o tempo

total gasto para um indivíduo driblar, através de um curso de agilidade

Page 35: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

17

de 61,2m. Cada jogador teve três tentativas na tarefa com 2,5 minutos

de descanso entre cada uma. A tentativa mais rápida foi considerada

como o desempenho final. Cada jogador começou com a bola atrás do

primeiro cone e avançou pelo circuito o mais rápido possível. O tempo

foi parado quando tanto o jogador quanto a bola cruzaram a linha de

chegada.

(iii) Desempenho Físico

Para avaliar o desempenho físico dos futebolistas utilizaram-se os testes

de sprint 30 metros para avaliar a velocidade, teste T para avaliar a agilidade, e

o teste de salto horizontal para avaliar a força dos membros inferiores:

a. Velocidade 30 metros: utilizou-se o teste sprint 30 metros (Wisloff et al.,

2004) para avaliar a velocidade. Os jogadores partem da posição parado

30 cm antes da linha de partida. Este teste é repetido duas vezes e

considera-se a melhor das duas tentativas. Utilizaram-se células

fotoelétricas para avaliar a velocidade. Sayers (2000) sustenta que a

velocidade e aceleração são qualidades importantes nos desportos de

campo, sendo a velocidade de corrida em curtas distâncias fundamental

para o sucesso.

b. Teste T: utilizou-se o teste T (Raya et al., 2013) para avaliar a agilidade

dos futebolistas. Os jogadores partem da posição parado 30 cm antes

da linha de partida, realizam um percurso com cinco acelerações (10m-

5m-10m-5m-10m) com mudança de direção, num percurso em formato

de “T”, tocando com o pé numa marca colocada em cada uma das

extremidades (C/D). Os jogadores partem do local A e fazem o percurso

pela seguinte ordem: A-B-C-D-B-A. Os jogadores passam sempre por

trás da marca B. O teste é repetido três vezes, sendo a 1ª tentativa de

treino. Nas duas tentativas seguintes considera-se a realizada com o

tempo inferior. Os jogadores recuperam 3 min entre cada uma das

tentativas. Little & Williams (2006) entendem que as ações de alta

velocidade são importantes para o desempenho no futebol, sendo a

agilidade uma categoria destas ações.

Page 36: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

18

c. Salto Horizontal: utilizou-se para avaliar a força dos membros inferiores

(Loturco et al., 2015) O jogador coloca-se com os pés juntos e com as

pontas dos pés na linha correspondente ao zero (da fita métrica). Com a

ajuda do movimento dos membros superiores o jogador deve saltar o

mais longe possível e estabilizar a receção na posição de pé. O ponto

de marcação da distância de salto é na extremidade do calcanhar que

ficou mais recuado. Deve repetir-se a prova 2 vezes e considerar-se o

melhor valor em cm. este teste. A força dos membros inferiores é um

parâmetro importante no futebol já que é uma modalidade com séries

intermitentes de atividade que requerem diferentes componentes

fisiológicas, e que o salto é um parâmetro muito relevante.

Procedimentos de recolha de dados

Os jogadores, os respetivos encarregados de educação, e os

responsáveis dos clubes em avaliação foram contactados previamente à recolha

com a finalidade de se explanar os objetivos e os procedimentos do estudo. A

pesquisa foi conduzida de acordo com a Declaração de Helsínquia, tendo os

participantes assinado o consentimento para participar na investigação.

A aplicação dos testes teve a seguinte ordem: 1) Aplicação da bateria de

testes para avaliar a dimensão técnica dos jogadores num campo de futebol de

relva sintética; 2) Após intervalo de 150 minutos com recuperação passiva

aplicou-se o teste FUT-SAT em situação de jogo reduzido GR+4x4+GR. Neste,

os jogadores foram divididos em duas equipas, sendo constituídas por um

guarda redes e quatro jogadores de campo. A cada equipa foi atribuído um jogo

de coletes numerados e de cores diferentes para facilitar a identificação dos

jogadores em vídeo. Durante a aplicação do teste foi solicitado aos jogadores

que jogassem de acordo com as regras oficiais do jogo, com exceção da regra

de fora-de-jogo. Previamente a cada teste foram concedidos 30 segundos para

a familiarização dos jogadores com o jogo. As imagens foram gravadas por uma

câmera de vídeo (Action Cam, Rollei AC 425, Rollei GmbH & Co. KG,

Norderstedt, Germany) posicionada na diagonal em relação às linhas de baliza

e lateral. No final o material de vídeo foi introduzido em formato digital num

computador portátil (HP pavilion dv4 1430us) via cabo USB, e convertido em

Page 37: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

19

arquivo “avi.” através do software Format Factory Video Converter. Inc. Para o

tratamento das imagens e análise dos jogos foi utilizado o software Soccer

Analyser®; 3) Após intervalo de 150 minutos com recuperação passiva

aplicaram-se os testes físicos.

Análise Estatística

Para analisar a normalidade dos dados recorreu-se ao teste de

Kolmogorov-Smirnov Os grupos foram divididos em alto e baixo desempenho a

partir da variável Índice de Performance Tática de Jogo. Posteriormente, utilizou-

se o teste de Levene para verificar a homogeneidade das variâncias, seguido

dos testes T de medidas independentes para as comparações entre os grupos

de alto e baixo desempenho. Para a análise estatística dos dados foi utilizado o

software estatístico SPSS versão 23.0 (SPSS Inc., Chicago, II), tendo sido

adotado o nível de significância de 5%.

Resultados

As medidas foram categorizadas em três grupos de variáveis: (i) táticas

(IPT ofensivo, IPT defensivo, IPT jogo e porcentagem de acerto); (ii) físicas (teste

velocidade 30 m, teste de agilidade e salto horizontal); e (iii) técnicas (passe 20m,

remate 20m e condução de bola). Como variável dependente foi utilizada a

categoria alto e baixo desempenho tático no jogo. Esta variável foi dividida em

função do Índice de Performance Tática dos jogadores (baixo desempenho e alto

desempenho tático) em jogo GR+4x4+GR. O nível de significância foi

estabelecido em p<0,05.

Os resultados mostram que houve diferenças estatisticamente

significativas na idade dos jogadores em função dos grupos baixo e alto

desempenho tático, sendo que o grupo de alto desempenho tático apresentou

menor média de idade. Também houve diferenças estatisticamente significativas

em todas as quatro variáveis táticas (IPT ofensivo, IPT defensivo, IPT jogo e

porcentagem de acerto) entre os grupos de baixo e alto desempenho tático. As

Page 38: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

20

variáveis técnicas e físicas não apresentaram diferenças significativas entre os

dois grupos (Quadro 1).

Quadro 1. Valores médios e desvio padrão do Índice de Performance Tática (IPT), Técnica:

passe, remate e condução de bola; e Físico: velocidade (T30), agilidade e salto horizontal,

obtidos pelos grupos de baixo e de alto desempenho tático (DT).

Baixo DT Alto DT Effect Size ƞ2

Idade Mês 14.78 (.55)** 13.36 (.79)** .526

IPT Ofensivo 40.57 (8.11)** 53.02 (9.03)** .349

IPT Defensivo 28.51 (7.49)* 31.87 (7.16)* .051

IPT Jogo 34.54 (2.44)** 42.44 (4.23)** .573

% Acerto 64.05 (11.48)** 73.86 (10.69)** .166

Passe 20m 4.58 (1.04) 4.23 (1.14) -

Remate 20m 3.80 (.92) 3.53 (1.15) -

Condução de bola 2.45 (.17) 2.51 (.19) -

T30 (seg) 5.25 (.47) 5.16 (.43) -

Agilidade (seg) 9.60 (.69) 9.57 (.77) -

Salto Horizontal (cm) 181.30 (24.73) 185.09 (22.90) - *Diferenças estatisticamente significativas (p<0,05), **(p<0,01)

Figura 1: Valores médios e desvio padrão do desempenho tático obtido pelos grupos de baixo e alto desempenho tático (DT).

Discussão

Este estudo teve como objetivo comparar o desempenho tático, técnico

e físico de jovens futebolistas entre dois grupos separados pelo nível de

Page 39: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

21

desempenho tático em jogo reduzido GR+4x4+GR. Encontraram-se diferenças

estatisticamente significativas na idade dos jogadores em função dos dois

grupos — baixo e alto desempenho tático —, sendo que o grupo de alto

desempenho tático apresentou menor média de idade.

Quando comparados os desempenhos tático, técnico e físico dos jovens

jogadores, separando-os em grupos de baixo e alto desempenho tático no jogo,

encontraram-se diferenças estatisticamente significativas entre os grupos na

variável tática. Ou seja, verificaram-se diferenças significativas em todas as

variáveis táticas entre os grupos de baixo e alto desempenho, nomeadamente

no IPT ofensivo, IPT defensivo, IPT de jogo e percentual de acerto dos princípios.

Os resultados encontrados no presente estudo corroboram,

parcialmente, os de Cardoso et al. (2019), que observaram que jogadores com

maior desempenho tático eram mais jovens e realizavam menor esforço

cognitivo para tomar decisões em ações de jogo de futebol. Cardoso et al. (2019)

compararam o desempenho tático em função dos constrangimentos ao nível do

indivíduo (i.e. nível competitivo, nível de desempenho) ou da interação destes

constrangimentos com os da tarefa, (i.e. manipulação no número de jogadores,

dimensões do campo) (Almeida et al., 2013; Silva et al., 2014; Silva et al., 2014).

Apesar de não termos recolhido informação acerca de outras variáveis

(e.g. maturacionais e psicológicas), parece que os jogadores mais jovens ao se

depararem com constrangimentos relacionados com a maturação física dos

adversários mais velhos, buscaram criar soluções táticas para obterem êxito nas

ações ofensivas, defensivas, e consequentemente no jogo como um todo, o que

sugere a realização de novos estudos com o objetivo de verificar a influência de

tais variáveis no desempenho dos jovens jogadores.

Também, apesar de não termos evidências científicas, através de

observação dos jogos avaliados percebeu-se que os jogadores mais jovens

evitavam o contacto físico com o adversário, o que pode sugerir também que

eles apresentavam uma maior variabilidade na execução dos princípios táticos

na tentativa de evitar o contacto físico. Sugere-se verificar se os jogadores mais

jovens e com melhor desempenho tático realizam uma maior variabilidade de

princípios táticos do que seus pares.

Os resultados do presente estudo corroboraram os de Silva et al. (2014),

que observou que os jogadores de nível superior foram mais sensíveis a

Page 40: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

22

modificações de dimensão do campo e exibiam maior variabilidade do que

jogadores de nível inferior nos campos pequenos e intermédios. Ao contrário dos

resultados encontrados no presente estudo, Almeida et al. (2013) não

encontraram efeitos de interação no desempenho ofensivo entre o nível

competitivo em função do formato de jogos reduzidos (3x3 e 6x6 mais guarda

redes). Além disso, neste estudo não se encontraram diferenças significativas

na precisão do passe, remate e velocidade de condução de bola entre os grupos

de baixo e alto desempenho tático realizados em testes específicos de passe

fora do contexto de jogo. Ao contrário dos nossos resultados, alguns estudos

mostram diferenças no desempenho técnico quando comparados jogadores de

diferentes níveis competitivos (Le Moal et al., 2014; Rebelo et al., 2013; Vaeyens

et al., 2006). Assim, Le Moal et al. (2014) mostraram diferenças significativas

entre elite, sub-elite e não-elite na precisão do passe avaliado em teste apenas

de passe. Em outro estudo, cujo objetivo foi comparar características

antropométricas, físicas e técnicas, os resultados mostram diferenças entre os

dois grupos elite e não elite nas três categorias de características (Rebelo et al.,

2013).

Relativamente ao desempenho físico, não se encontraram diferenças no

desempenho da velocidade, agilidade e força de membros inferiores entre os

grupos de baixo e alto desempenho tático realizados em testes específicos para

a componente física. Os resultados diferem dos existentes na literatura (e.g.

Seabra et al., 2001; Vaeyens et al., 2006; Rebelo et al., 2013), que mostram

diferenças significativas no desempenho físico dos jogadores em função dos

diferentes níveis de competição.

No estudo de Seabra et al. (2001) os resultados apontam que na

componente da aptidão física os futebolistas evidenciaram resultados superiores

aos não futebolistas. Vaeyens et al. (2006) indica que no desempenho físico os

jogadores de elite apresentaram melhores resultados que os jogadores não elite.

Rebelo et al. (2013) concluíram também que os jogadores diferiram em

características antropométricas e aptidão física por nível competitivo em

posições de jogo. Dugdale et al. (2018) realizaram uma pesquisa procurando

discriminar os jogadores como identificados ou não identificados para uma

carreira de jogador profissional por meio de testes físicos. Entre os resultados,

Page 41: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

23

encontraram diferenças estatisticamente significativas entre os três níveis de

competição (amador, desenvolvimento e performance).

Sousa et al. (2017) analisaram a correlação entre a capacidade aeróbica

e a eficácia tática em jovens jogadores de futebol e concluíram que as duas

variáveis não possuem correlação. Borges et al. (2015) analisaram jogadores

sub-15 e sub-17 e verificaram que as variáveis funcionais, maturacionais e de

conhecimento tático processual (CTP) encontram-se correlacionadas. Os

resultados apontam que tanto a capacidade aeróbica quanto o tempo de corrida

em 50 metros são importantes atributos na manifestação do CTP e da tomada

de decisão no futebol.

Entretanto, no presente estudo o nível competitivo foi determinado

através da avaliação individual em desempenho tático coletivo em jogo reduzido,

enquanto que geralmente a literatura avalia o nível competitivo que a equipa

coletivamente apresenta.

Conclusões

Os jogadores do grupo do alto desempenho tático são mais jovens que

os jogadores do grupo de baixo desempenho. Das três variáveis incluídas na

investigação encontraram-se diferenças significativas no desempenho tático. Os

jogadores do grupo de alto desempenho tático em jogos reduzidos defenderam

e atacaram melhor que os jogadores classificados no grupo do baixo

desempenho tático.

Resultados semelhantes encontraram-se no desempenho total do jogo

e no percentual de acerto das ações táticas, já que os jogadores de alto

desempenho tático apresentaram maior acerto nas ações táticas.

Sugere-se a realização de futuras pesquisas relacionadas com os

comportamentos táticos dos jogadores recolhendo-se informação sobre a

qualidade e tempo de prática, bem como um conjunto de indicadores sobre a

infraestrutura do clube onde são desenvolvidos os treinos.

O estudo apresenta as seguintes limitações: i) as diferentes variáveis

foram recolhidas no mesmo dia; ii) a amostra é limitada para comparações entre

Page 42: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

24

diferentes categorias; e iii) existe ausência de jogadores de seleções distritais ou

nacionais, ou seja, de nível superior.

Page 43: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

25

Referências

Almeida, C. H., Ferreira, A. P., & Volossovitch, A. (2013). Offensive sequences

in youth soccer: effects of experience and small-sided games. Journal of

Human Kinetics, 36(1), 97-106.

Bezerra, E. S., Machado, J. C. B. P., Netto, J. M. A., & Domingues, W. J. R.

(2011). Processo seletivo no futebol de campo sub-17: interrelação dos

aspectos físicos e técnicos. Journal of Physical Education, 22(1), 47-55.

Borges, F. S., Matsudo, S. M., & Matsudo, V. K. (2008). Perfil antropométrico e

metabólico de rapazes pubertários da mesma idade cronológica em

diferentes níveis de maturação sexual. Revista Brasileira de Ciência e

Movimento, 12(4), 7-12.

Borges, P. H., Avelar, A., & Rinaldi, W. (2015). Conhecimento tático processual,

desempenho físico e nível de maturidade somática em jovens jogadores

de futebol. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, 23(3), 88-96.

Caicedo, J. G., Matsudo, S. M., & Matsudo, V. K. (2008). Teste específico para

mensurar agilidade em futebolistas, e sua correlação com o desempenho

no passe em situação real de jogo. Revista Brasileira de Ciencia e

Movimento, 7(2), 7-15.

Cardoso, F. D. S., Víllora, S. G., Guilherme, J., & Teoldo, I. (2019). Young Soccer

Players With Higher Tactical Knowledge Display Lower Cognitive Effort.

Perceptual and Motor Skills, 126(3), 499-514.

Castagna, C., Abt, G., & D'ottavio, S. (2002). Relation between fitness tests and

match performance in elite Italian soccer referees. Journal of Strength and

Conditioning Research, 16(2), 231-235.

D'ottavio, S., & Castagna, C. (2001). Analysis of match activities in elite soccer

referees during actual match play. The Journal of Strength & Conditioning

Research, 15(2), 167-171.

Dugdale, J. H., Arthur, C. A., Sanders, D., & Hunter, A. M. (2018). Reliability and

validity of field-based fitness tests in youth soccer players. European

Journal of Sport Science. 19(6),745-756.

Ford, P. R., & Williams, A. M. (2012). The developmental activities engaged in by

elite youth soccer players who progressed to professional status

Page 44: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

26

compared to those who did not. Psychology of Sport and Exercise, 13(3),

349-352.

Garganta, J. (2004). Conhecimento e acção nos jogos desportivos. Revista

Portuguêsa de Ciências do Desporto, 4(2), 15-102

Víllora, S. G., Olivares, J. S., Vicedo, J. C. P., & Da Costa, I. T. (2015). Review

of the tactical evaluation tools for youth players, assessing the tactics in

team sports: football. Springer Plus, 4(1), 663.

Helsen, W. F., Starkes, J. L., & Hodges, N. J. (1998). Team sports and the theory

of deliberate practice. Journal of Sport and Exercise Psychology, 20(1),

12-34.

Jinshan, X., Matsumoto, M., Xiaoke, C., & Yamanaka, K. (1991). Analysis of the

goals in the 14º Word Cup. In A. Stibbe; J. Clarys; T. Reylly (Eds), Science

and Football II. Proceedings of the Second World Congress of Science

and Football. Eindhoven, Netherlands, 1991. London. E & F.N. Spon

Kirkendall, D. R., Gruber, J. J., & Johnson, R. E. (1987). Measurement and

Evaluation for Physical Educators: Human Kinetics Publishers.

Le Moal, E., Rué, O., Ajmol, A., Abderrahman, A. B., Hammami, M. A., Ounis, O.

B., Kebsi, W., & Zouhal, H. (2014). Validation of the Loughborough Soccer

Passing Test in young soccer players. The Journal of Strength &

Conditioning Research, 28(5), 1418-1426.

Loturco, I., Pereira, L. A., Abad, C. C. C., D'Angelo, R. A., Fernandes, V.,

Kitamura, K., Kobal, R., & Nakamura, F. Y. (2015). Vertical and horizontal

jump tests are strongly associated with competitive performance in 100-m

dash events. The Journal of Strength & Conditioning Research, 29(7),

1966-1971.

Rampinini, E., Impellizzeri, F. M., Castagna, C., Coutts, A. J., & Wisloff, U. (2009).

Technical performance during soccer matches of the Italian Serie A

league: Effect of fatigue and competitive level. Journal of Science and

Medicine in Sport, 12(1), 227-233.

Raya, M. A., Gailey, R. S., Gaunaurd, I. A., Jayne, D. M., Campbell, S. M., Gagne,

E., Manrique, P. G., Muller, D. G., & Tucker, C. (2013). Comparison of

three agility tests with male servicemembers: Edgren Side Step Test, T-

Test, and Illinois Agility Test. Journal of Rehabilitation Research &

Development, 50(7), 951-960.

Page 45: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

27

Rebelo, A., Brito, J., Maia, J., Silva, M. C., Figueiredo, A., Bangsbo, J., Malina,

R. M., & Seabra, A. (2013). Anthropometric characteristics, physical

fitness and technical performance of under-19 soccer players by

competitive level and field position. International Journal of Sports

Medicine, 34(4), 312-317.

Reilly, T., Williams, A. M., Nevill, A., & Franks, A. (2000). A multidisciplinary

approach to talent identification in soccer. Journal of Sports Sciences,

18(9), 695-702.

Rommers, N., Mostaert, M., Goossens, L., Vaeyens, R., Witvrouw, E., Lenoir, M.,

& D’Hondt, E. (2019). Age and maturity related differences in motor

coordination among male elite youth soccer players. Journal of Sports

Sciences, 37(2), 196-203.

Rosch, D., Hodgson, R., Peterson, L., Graf-Baumann, T., Junge, A., Chomiak, J.,

& Dvorak, J. (2000). Assessment and evaluation of football performance.

The American Journal of Sports Medicine, 28(5), 29-39.

Sayers, M. (2000). Running techniques for field sports players. Sports Coach,

23(1), 26-27.

Seabra, A., Maia, J., & Garganta, R. (2001). Crescimento, maturação, aptidão

física, força explosiva e habilidades motoras específicas. Estudo em

jovens futebolistas e não futebolistas do sexo masculino dos 12 aos 16

anos de idade. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 1(2), 22-35.

Silva, P., Aguiar, P., Duarte, R., Davids, K., Araújo, D., & Garganta, J. (2014).

Effects of pitch size and skill level on tactical behaviours of Association

Football players during small-sided and conditioned games. International

Journal of Sports Science & Coaching, 9(5), 993-1006.

Silva, P., Duarte, R., Sampaio, J., Aguiar, P., Davids, K., Araújo, D., & Garganta,

J. (2014). Field dimension and skill level constrain team tactical behaviours

in small-sided and conditioned games in football. Journal of Sports

Sciences, 32(20), 1888-1896.

Sousa, R. B., Praça, G. M., & Greco, P. J. (2017). Avaliação de jogadores de

futebol: relação entre a capacidade aeróbica e eficácia tática. Revista

Brasileira de Futsal e Futebol, 9(33), 190-196.

Page 46: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

28

Teoldo, I., Garganta, J., Greco, P. J., Mesquita, I., & Maia, J. (2011a). Sistema

de avaliação táctica no Futebol (FUT-SAT): Desenvolvimento e validação

preliminar. Motricidade, 7(1), 69-84.

Teoldo, I., Garganta, J., Greco, P.J., Mesquita, I., Silva, B., & Müller, E. (2010).

Análise da performance táctica de futebolistas de quatro escalões de

formação. Lecturas Educacíon Física y Deportes, 15(144).

Thomas, K. T., & Thomas, J. R. (1994). Developing expertise in sport: The

relation of knowledge and performance. International Journal of Sport

Psychology, 25, 295-312.

Tourinho Filho, H., & Tourinho, L. (1998). Crianças, adolescentes e atividade

física: aspectos maturacionais e funcionais. Revista Paulista de

Educação. Física, 12(1), 71-84.

Vaeyens, R., Lenoir, M., Williams, A. M., Mazyn, L., & Philippaerts, R. M. (2007).

The effects of task constraints on visual search behavior and decision-

making skill in youth soccer players. Journal of Sport and Exercise

Psychology, 29(2), 147-169.

Vaeyens, R., Malina, R. M., Janssens, M., Van Renterghem, B., Bourgois, J.,

Vrijens, J., & Philippaerts, R. M. (2006). A multidisciplinary selection model

for youth soccer: the Ghent Youth Soccer Project. British Journal of Sports

Medicine, 40(11), 928-934.

Van Rossum, J., & Wijbenga, D. (1993). Soccer skills technique tests for youth

players: construction and implications. Science and football II, 313-318.

Visscher, C., Gemser, M. E., & Lemmink, K. (2006). Interval endurance capacity

of talented youth soccer players. Perceptual and motor skills, 102(1), 81-

86.

Ward, P., & Williams, A. M. (2003). Perceptual and cognitive skill development in

soccer: The multidimensional nature of expert performance. Journal of

Sport and Exercise Psychology, 25(1), 93-111.

Wilson, R. S., James, R. S., David, G., Hermann, E., Morgan, O. J., Niehaus, A.

C., Hunter, A., Thake, D., & Smith, M. D. (2016). Multivariate analyses of

individual variation in soccer skill as a tool for talent identification and

development: utilising evolutionary theory in sports science. Journal of

Sports Sciences, 34(21), 2074-2086.

Page 47: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

29

Wisloff, U., Castagna, C., Helgerud, J., Jones, R., & Hoff, J. (2004). Strong

correlation of maximal squat strength with sprint performance and vertical

jump height in elite soccer players. British Journal of Sports Medicine,

38(3), 285-288.

Page 48: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

30

Page 49: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

31

2. Estudo 2

Título:

Quais os preditores do desempenho tático, técnico e físico que explicam uma

performance superior de jovens futebolistas em jogo GR+4x4+GR? Projeto

INEX.

Title:

Which predictors of tactical, technical and physical performance that can explain

the superior performance of young players in the game? The INEX Project.

Artigo a ser submetido no Journal of Human Kinetics

Page 50: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

32

Page 51: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

33

Resumo

O presente teve como objetivos indagar as relações entre as variáveis técnicas

e físicas em relação ao desempenho tático, assim como examinar quão bem o

desempenho in situ em um jogo reduzido de futebol GR+4x4+GR poderia ser

previsto usando testes técnicos e físicos fora do contexto de jogo. Avaliaram-se

107 jovens jogadores, que foram divididos em dois grupos em função do nível

de desempenho tático no jogo. No grupo de alto desempenho de jogo

analisaram-se 53 jogadores (M=13.36; DP=0.78), enquanto que no grupo de

baixo desempenho tático no jogo analisaram-se 54 jogadores (M=14.77,

DP=0.54). Aplicaram-se testes táticos, técnicos e físicos aos dois grupos de

futebolistas. Para a análise estatística utilizou-se o teste de Correlação e

Regressão Logística, com um nível de significância de p<0,05. Encontrou-se

uma forte correlação positiva entre o desempenho tático ofensivo com o

desempenho em jogo, fraca correlação positiva entre o desempenho tático

defensivo e o desempenho tático no jogo, moderada correlação positiva entre o

desempenho tático defensivo e o percentual de acerto dos princípios e fracas

correlações negativas entre o desempenho no jogo com o desempenho nos

testes de passe de 20 metros e remate 20 metros realizado fora do contexto de

jogo. Os resultados referente à regressão apontam que os jogadores mais jovens

(OR=0.20, p<0,001), com melhor desempenho tático ofensivo (OR=1.191,

p<0,002), mais eficazes na realização dos princípios táticos (OR=1.090,

p<0,042) e com maior impulsão no salto horizontal (OR=1.061, p<0,018) eram

mais propensos a pertencer ao grupo de alto desempenho tático no jogo.

Concluímos que o desempenho in situ dos jogadores de futebol no teste de 5x5

não pode ser previsto pelo desempenho na bateria de testes técnicos e físicos

descontextualizados do jogo.

Palavras-chave: Técnica; Desempenho Físico; Índice de Performance Tática;

Jovens Futebolistas; Jogo reduzido; Projeto INEX.

Page 52: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

34

Abstract

This study aimed to verify the relationships between technical and physical

variables in relation to tactical performance, as well as to examine how well in

situ performance in a reduced soccer game could be predicted using technical

and physical batteries tests. We evaluated 107 players divided into two groups

according to the level of performance in the game. In the high-performance group

there were 53 players (M = 13.36; SD = 0.78) and in the low tactical performance

group 54 players (M = 14.77, SD = 0.54). Tactical, technical and physical tests

were applied. For statistical analysis we used the correlation and logistic

regression test. A significance level of p <0.05 was adopted. We found a strong

positive correlation between offensive tactical performance and game

performance, weak positive correlation between defensive tactical performance

and tactical game performance, moderate positive correlation between defensive

tactical performance and principle hit percentage, and weak negative

correlations. between in-game performance and 20-meter pass test performance

and 20-meter shot taken outside the game context. Regression results indicate

that younger players (OR = 0.20, p <0.001) with better offensive tactical

performance (OR = 1.191, p <0.002) were more effective in achieving tactical

principles (OR = 1.090, p < 0.042) and with greater horizontal jump thrust (OR =

1.061, p <0.018) were more likely to belong to the high tactical performance group

in the game. We conclude that the in-situ performance of soccer players in the

5x5 test cannot be predicted by the battery performance of decontextualized

physical and technical tests of the game.

Keywords: Technical; Physical Performance; Tactical Performance Index; Youth

Soccer Players; Small-sided game; INEX Project.

Page 53: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

35

Introdução

É exigente a demanda de jovens futebolistas que são considerados

potenciais atletas de elite nas Instituições que desenvolvem programas de

identificação e desenvolvimento de talentos (Cobley et al., 2013). Englobando os

desportos populares, o processo de seleção de talentos é um grande desafio já

que a taxa de jovens praticantes é muito alta e à proporção dos atletas que serão

selecionados para jogar nos mais altos níveis é relativamente baixa (Höner &

Votteler, 2016).

A seleção de talentos é normalmente conduzida por treinadores de

futebol experientes, que avaliam subjetivamente o potencial dos jovens

jogadores (Christensen, 2009). São várias as dimensões que podem ser

avaliadas em jovens atletas, tanto para identificar um potencial jogador para

acompanhar o seu desenvolvimento, como para monitorizar o respetivo

desempenho. Garganta et al. (1996), através de 50 especialistas em futebol de

vários países do mundo, identificaram que os aspetos táticos são os principais

responsáveis para a melhor performance de uma equipa, seguidos pelos fatores

físicos, técnicos e psicológicos, respetivamente.

Durante um jogo, o jogador deve saber “o que fazer”, e para resolver o

problema subsequente, exige-se o “como fazer”, ou seja, o jogador deve

selecionar e usar a resposta motora mais adequada de forma inteligente e / ou

criativa (Greco, 2007). Assim, as ações técnicas características de um jogo de

futebol, como o remate, passe e drible, emergem dos processos decisórios, ou

seja, a escolha do “que fazer” (Silva et., 2010).

O conhecimento das interações entre habilidades motoras específicas

(técnica) e o conhecimento tático no futebol é fundamental para a compreensão

do desempenho esportivo coletivo e, consequentemente, para a adaptação dos

processos de ensino e aprendizagem às demandas desportivas (Praça et al.,

2015). Empiricamente imagina-se que os conhecimentos táticos, habilidades

técnicas e físicas estejam estreitamente relacionadas por meio de uma ação no

jogo, pelo que se considera relevante verificar a relação entre as habilidades

táticas, técnicas e físicas. No estudo de Aquino et al. (2016) verificou-se uma

fraca associação entre o conhecimento tático ofensivo e as habilidades técnicas.

Page 54: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

36

No contexto do alto rendimento os comportamentos e execuções

durante o jogo acontecem de uma forma cada vez mais rápida e dinâmica.

Assim, Silva et al. (2011) sustentam que a forma rápida como as ações

acontecem evidencia a influência positiva que a capacidade tática exerce no

desempenho, assim como a capacidade aeróbica assume um papel importante

para a performance dos jogadores de futebol (Helgerud et al., 2001; Hoff et al.,

2002).

Clemente et al. (2016) pesquisaram sobre as associações entre

variáveis físicas, técnicas e táticas de jovens jogadores sub-14. Os resultados

indicam que correlações pequenas e moderadas entre o desempenho físico,

técnico e os níveis táticos de proeminência foram encontradas. Na tentativa de

identificar se indicadores técnicos e físicos influenciam o desempenho no jogo,

Feltrin e Machado (2009) verificaram que as habilidades técnicas não explicam

o desempenho no jogo. Como principais preditores aparecem o salto vertical e o

VO2 máximo. Os resultados de Maarseveen et al. (2016) apontam que o

desempenho in situ de jogadores de futebol não pode ser previsto pelo seu

desempenho nos testes de habilidades perceptivo-cognitivos.

Os resultados diversificados mostram a contribuição ainda controversa

das avaliações de indicadores de desempenho fora do contexto de jogo. Desta

forma, pensando no processo de identificação e desenvolvimento de talentos e

a importância de avaliações em contexto de jogo na formação, objetivou-se

neste estudo verificar as relações entre as variáveis técnicas e físicas em relação

ao desempenho tático, assim como de examinar se o desempenho in situ em um

jogo reduzido de futebol poderia ser previsto usando testes técnicos e físicos

descontextualizados do jogo.

Métodos

Em um primeiro momento foram selecionados os clubes participantes de

este projeto, com os quais realizou-se uma reunião (coordenadores dos clubes

e pais dos jogadores) para explicar os objetivos e procedimentos. Os

participantes também assinaram um Protocolo de Consentimento Informado

para a recolha de dados. Este estudo resulta de um projeto longitudinal misto

Page 55: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

37

intitulado INEX (Em busca da excelência. Um estudo longitudinal-misto em

jovens desportistas).

Participantes

Os participantes de este estudo são 107 futebolistas de 13 a 15 anos de

idade. Os grupos foram divididos em função do nível de desempenho tático,

ficando 53 jogadores no grupo do alto desempenho (M=13.36; DP=0.78), e 54

jogadores no grupo do baixo desempenho (M=14.77, DP=0.54). Os jogadores

participam em competições de nível regional e nacional. Definiram-se os

seguintes critérios de inclusão: (i) estarem inscritos em programas sistemáticos

de formação desportiva com no mínimo três sessões de treino por semana e

competição; e (ii) não estarem lesionados ou terem estado lesionados há menos

de três meses.

Instrumentos e Procedimentos

Desempenho Tático

A traves do Sistema de Avaliação Tática no Futebol (FUT-SAT) (Teoldo

et al., 2011a) analisou-se o comportamento tático. Este sistema permite avaliar

as ações táticas, com e sem bola, realizadas pelos jogadores com exceção do

guarda redes, em situação de jogo GR+4x4+GR. As dimensões do campo são

de 48 metros de comprimento e 36 metros de largura. O teste teve uma duração

de dois períodos de 10 minutos com 5 minutos de intervalo. A avaliação dos

princípios táticos incidiu nos primeiros 5 minutos do primeiro período.

Para a análise tática são utilizados os dez princípios táticos fundamentais

do jogo de futebol (Costa et al., 2009) divididos em ofensivos: (i) penetração, (ii)

cobertura ofensiva, (iii) espaço, (iv) mobilidade e (v) unidade ofensiva; e

defensivos: (vi) contenção, (vii) cobertura defensiva, (viii) equilíbrio, (ix)

concentração, (x) unidade defensiva. Este sistema de avaliação também

considera a qualidade da ação realizada, a localização da ação no terreno de

jogo e o resultado dessa ação.

Page 56: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

38

Desempenho Técnico

Para avaliar o desempenho técnico dos jogadores utilizamos o Protocolo

de Avaliação de Habilidades de Futebol da Universidade de Queensland (Wilson

et al., 2016), sendo que elegemos os testes de passe, remate e condução de

bola com base no entendimento da lógica interna do jogo, bem como na literatura

em Futebol que demonstra a relevância destas ações técnicas. (Jinshan et al.,

1991; Rampinini et al., 2009; Wilson et al., 2016).

Desempenho Físico

De acordo com o evidenciado na literatura acerca da avaliação do

desempenho físico dos jogadores utilizamos os testes de sprint de 30 metros

para avaliar a velocidade (Wisloff et al., 2004), teste T para avaliar a agilidade

(Sayers, 2000; Raya et al., 2013), e o teste de salto horizontal para avaliar a

força dos membros inferiores (Little & Williams 2006; Loturco et al., 2015).

Procedimentos de recolha de dados

Previamente à recolha dos dados e com a finalidade de se explicar os

objetivos e os procedimentos do estudo, os envolvidos na pesquisa foram

contactados, nomeadamente os jogadores, os respetivos encarregados de

educação, e os responsáveis dos clubes em avaliação. A pesquisa foi conduzida

de acordo com a Declaração de Helsínquia, tendo os participantes assinado o

consentimento para participar na investigação.

A aplicação dos testes foi dividida em três etapas distintas sendo que teve a

seguinte ordem:

1) Aplicação da bateria de testes para avaliar a dimensão técnica dos jogadores

num campo de futebol de relva sintética;

2) intervalo de 150 minutos com recuperação passiva, de seguida aplicou-se o

teste FUT-SAT em situação de jogo reduzido GR+4x4+GR. Sendo que os

jogadores foram divididos em duas equipas constituídas por um guarda redes e

quatro jogadores de campo. Para facilitar a identificação dos jogadores em vídeo

cada equipa recebeu um jogo de coletes numerados e de cores diferentes. Foi

Page 57: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

39

solicitado aos jogadores que jogassem de acordo com as regras oficiais do jogo,

com exceção da regra de fora-de-jogo. Foram concedidos 30 segundos para a

familiarização dos jogadores com o jogo, previamente a cada teste. As imagens

foram gravadas por uma câmera de vídeo (Action Cam, Rollei AC 425, Rollei

GmbH & Co. KG, Norderstedt, Germany) posicionada na diagonal em relação às

linhas de baliza e lateral. No final o material de vídeo foi introduzido em formato

digital num computador portátil (HP pavilion dv4 1430us) via cabo USB, e

convertido em arquivo “avi.” através do software Format Factory Video

Converter. Inc. Para o tratamento das imagens e análise dos jogos foi utilizado

o software Soccer Analyser®;

3) Novamente foi respeitado um intervalo de 150 minutos com recuperação

passiva antes da aplicação dos testes físicos.

Análise Estatística

Para verificar as associações entre as variáveis táticas, técnicas e físicas

utilizou-se o teste de correlação e para analisar se as variáveis técnicas ou

físicas podem predizer o alto desempenho tático foi utilizado o teste da regressão

logística. Os grupos foram divididos em alto e baixo desempenho a partir da

variável Índice de Performance Tática de Jogo. Para a análise estatística dos

dados foi utilizado o software estatístico SPSS versão 23.0 (SPSS Inc., Chicago,

II), tendo sido adoptado o nível de significância de 5%.

Resultados

De acordo com os resultados apresentados no quadro 1, verifica-se uma

forte correlação positiva entre o Índice de Performance Tático (IPT) ofensivo e o

IPT de jogo, moderada correlação positiva entre o Percentual de acerto (%

acerto) dos princípios táticos com o IPT de jogo, fraca correlação positiva entre

o IPT defensivo e o IPT de jogo e fracas correlações negativas entre o

desempenho nos testes de passe e remate à 20 metros e o IPT de jogo.

Page 58: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

40

Quadro 1: Valores da correlação entre os indicadores táticos, índice de performance tático (IPT) ofensivo e defensivo, percentual de acerto dos princípios (% acerto), precisão nos testes de passe e remate 20 metros (passe 20m, remate 20m).

IPT Jogo Valor de p

IPT ofensivo ,747** <0,001

IPT defensivo ,345** <0,001

% Acerto ,529** <0,001

Passe 20m -,224* <,022

Remate 20m -,220* <,024

O modelo de regressão logística foi estatisticamente significante

(X2=19.50; p=0.012, Pseudo-R2=0.837), e classificou corretamente 94.3% dos

jogadores em ambos os grupos. De acordo com os resultados expostos no

quadro 2, os jogadores mais jovens (OR=0.20), com melhor desempenho tático

ofensivo (OR=1.191), mais eficazes na realização dos princípios táticos

(OR=1.090) e com maior impulsão no salto horizontal (OR=1.061) eram mais

propensos a pertencer ao grupo de alto desempenho tático no jogo.

Quadro 2: Regressão Logística Binária dos indicadores táticos, técnicos e físicos por grupos.

β S.E. Valor

de p

Odds Ratio (95% IC) Nagelkerke R2

Idade -3.889 1.107 .000 .020 (.002-.179)

.837

IPT

ofensivo

.175 .057 .002 1.191 (1.065-1.333)

% acerto .086 .042 .042 1.090 (1.003-1.184)

Salto

Horizontal

.059 .025 .018 1.061 (1.010-1.113)

Discussão

Pretendeu-se no presente estudo verificar as relações entre as variáveis

técnicas e físicas em função do desempenho tático, assim como examinar quão

bem o desempenho in situ em um jogo reduzido de futebol poderia ser previsto

usando baterias de testes técnicos e físicos.

Relativamente às relações entre as variáveis do desempenho tático,

técnico e físico, encontramos uma forte correlação positiva entre o desempenho

Page 59: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

41

tático ofensivo com o desempenho em jogo, fraca correlação positiva entre o

desempenho tático defensivo e o desempenho tático no jogo, moderada

correlação positiva entre o desempenho tático defensivo e o percentual de acerto

dos princípios. E ao contrário do esperado encontramos fracas correlações

negativas entre o desempenho no jogo com o desempenho nos testes de passe

de 20 metros e remate 20 metros realizado fora do contexto de jogo.

Os resultados deste estudo foram similares aos da pesquisa de Aquino

et al. (2016) quando examinou as associações entre o conhecimento tático

ofensivo e o desempenho das habilidades motoras específicas do futebol.

Concluíram que houve uma fraca associação entre as habilidades técnicas e o

conhecimento tático ofensivo. Igualmente no estudo de Rubajczyk e Rokita

(2015) os resultados apontam correlações baixas a moderadas entre testes

específicos e avaliações de habilidades relacionadas a jogos. Por sua vez, Praça

et al. (2015) observaram uma correlação de baixa intensidade entre os Índices

de Performance Tática ofensivo e defensivo e o desempenho nos testes de

remate, passe e condução, como uma baixa correlação entre condução,

penetração e espaço com bola e remates à baliza.

Os resultados de Sousa et al. (2017) diferiram dos resultados

encontrados neste estudo sendo que não houve correlação entre os parâmetros

físicos e táticos analisados. Os resultado de Clemente et al. (2016) diferiram

parcialmente dos resultados do presente estudo, já que estes autores

encontraram correlações moderadas entre os indicadores físicos e táticos.

Entretanto os resultados da pesquisa citada acima corroboram os resultados

deste estudo sendo que encontraram fracas correlações entre os indicadores

técnicos e táticos. Vale ressaltar que nessa pesquisa a variável tática foi avaliada

com recurso à dispositivos de localização por satélite (GPS), e os indicadores

táticos referem-se aos padrões coletivos e na nossa pesquisa utilizamos valores

individuais de desempenho tático.

Ré et al. (2016) acharam correlações fracas e moderadas nos

indicadores técnicos e físicos com o envolvimento da bola (qualquer situação em

que o jogador estivesse em contato físico com a bola ou sob pressão direta sobre

um oponente na posse da bola, penetração e contenção) durante um jogo 5x5.

Já na previsão (regressão)os resultados apontam que os jogadores mais

jovens (OR=0.20), com melhor desempenho tático ofensivo (OR=1.191), mais

Page 60: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

42

eficazes na realização dos princípios táticos (OR=1.090) e com maior impulsão

no salto horizontal (OR=1.061) eram mais propensos a pertencer ao grupo de

alto desempenho tático no jogo. Ou seja, nenhum dos indicadores de

desempenho técnico ou físico utilizados neste estudo pode predizer o

desempenho de jogo in situ em um jogo reduzido de futebol.

Nesse sentido Maarseveen et al. (2016) realizaram um estudo com o

objetivo de examinar quão bem o desempenho in situ em jogo de futebol de

pequeno porte poderia ser previsto usando testes de habilidades perceptivos

cognitivos baseados em vídeo, ou seja, fora do contexto de jogo. Os autores

encontraram que os resultados do desempenho in situ de jogadores de futebol

não pode ser previsto pelo seu desempenho nos testes de habilidades percepto-

cognitivos, o que vai de encontro com os resultados da nossa pesquisa.

Feltrin & Machado (2009) acharam resultados parecidos aos desta

pesquisa quando encontraram correlação do salto vertical e o VO2 máximo com

o desempenho no jogo. Concluíram que as habilidades técnicas não foram

preponderantes para o desempenho de jogo enquanto a aptidão física mostrou-

se capaz de explicar boa parte do desempenho esportivo.

Baterias de testes técnicos e físicos avaliados fora do contexto de jogo

parecem não ser bons indicadores para prever o desempenho dos jogadores de

futebol em jogo, já que no futebol exige-se a execução de muitos aspectos da

habilidade em um contexto dinâmico. Embora existam algumas "habilidades

fechadas" (por exemplo, execução de bolas paradas), o futebol é

predominantemente um jogo de "habilidade aberta" (Knapp, 1963). Essa

diferença implica que as ferramentas de avaliação devem se adaptar e ter

sucesso para avaliar o desempenho da ação em seu contexto real, isto é, com

oposição (Collet et al., 2011; Teoldo et al., 2011b; Prudente et al., 2004) ou em

contextos controlados e predeterminados (Ali et al., 2008; Figueiredo et al., 2011;

Mor & Christian, 1979).

Conclusões

Baseado nos resultados percebemos que houve uma forte correlação

positiva entre o IPT ofensivo e o IPT de jogo, moderada correlação positiva entre

Page 61: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

43

o Percentual de acerto dos princípios táticos com o IPT de jogo, fraca correlação

positiva entre o IPT defensivo e o IPT de jogo e fracas correlações negativas

entre o desempenho nos testes de passe e remate à 20 metros e o IPT de jogo.

De acordo os resultados da regressão observamos que jogadores mais

jovens, com melhor desempenho tático ofensivo, mais eficazes na realização

dos princípios táticos e com maior impulsão no salto horizontal eram mais

propensos a pertencer ao grupo de alto desempenho tático no jogo. Desta forma,

respaldado pelos resultados de esta pesquisa concluímos que o desempenho in

situ dos jogadores de futebol no teste de GR+4x4+GR não pode ser previsto pelo

desempenho na bateria de testes técnicos e físicos descontextualizados do jogo.

Estes resultados mostram a necessidade de refletir sobre o uso de testes

para avaliar habilidades técnicas e físicas em esportes coletivos, uma vez que

eles não levam em conta a variabilidade e imprevisibilidade das ações do jogo e

desconsideram as necessidades inerentes de avaliar o desempenho dessas

habilidades no jogo

O estudo apresenta as seguintes limitações: i) ausência de nível

competitivo mais distantes (nível competitivo mais alto e mais baixo da

categoria), visto que a pesar da diferença no desempenho os jogadores da nossa

amostra pertencia a um mesmo nível competitivo; ii) recolher os dados de

maneira que sejam evitados conflitos entre a avaliação e o período de treinos

dos jogadores.

Para futuras pesquisas sugere-se verificar se os indicadores técnicos e

físicos desempenhados pelos jogadores durante o jogo podem predizer o nível

de desempenho no jogo. Isto pode ser realizado a traves de análise notacional

para as variáveis técnicas e análise do padrão de deslocamento utilizando GPS.

Page 62: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

44

Referências

Ali, A., Foskett, A., & Gant, N. (2008). Validation of a soccer skill test for use with

females. International Journal of Sports Medicine, 29(11), 917-921.

Aquino, R., Marques, R., Petiot, G., Gonçalves, L., Moraes, C., Santiago, P., &

Puggina, E. (2016). Relationship between procedural tactical knowledge

and specific motor skills in young soccer players. Sports, 4(4), 52.

Christensen, M. K. (2009). “An eye for talent”: Talent identification and the

“practical sense” of top-level soccer coaches. Sociology of Sport Journal,

26(3), 365-382.

Clemente, F. M., Figueiredo, A. J., Martins, F. M. L., Mendes, R. S., & Wong, D.

P. (2016). Physical and technical performances are not associated with

tactical prominence in U14 soccer matches. Research in Sports Medicine,

24(4), 352-362.

Cobley, S., Schorer, J., & Baker, J. (2013). Identification and development of

sport talent: A brief introduction to a growing field of research and practice.

In J. Baker, S. Cobley & J. Schorer (Eds.), Talent Identification and

Development in Sport (pp. 21-30): London: Routledge.

Collet, C., Nascimento, J. V. d., Ramos, V., & Stefanello, J. M. F. (2011).

Construction and validation of a technical-tactical performance evaluation

instrument in volleyball. Revista Brasileira de Cineantropometria &

Desempenho Humano, 13(1), 43-51.

Teoldo, I., Garganta, J., Greco, P. J., Mesquita, I., & Maia, J. (2011a). Sistema

de avaliação táctica no Futebol (FUT-SAT): Desenvolvimento e validação

preliminar. Motricidade, 7(1), 69-84.

Teolado, I., Garganta, J., Greco, P. J., Mesquita, I., & Maia, J. (2011b). Sistema

de avaliação táctica no Futebol (FUT-SAT): Desenvolvimento e validação

preliminar. Motricidade, 7(1).

Silva , C. J. A. D. M., & Greco, P. J. (2010). Cognição & ação nos jogos esportivos

coletivos. Ciências & Cognição, 15(1), 252-271.

Feltrin, Y., & Machado, D. (2009). Habilidade técnica e aptidão física de jovens

futebolistas. Revista Brasileira de Futebol, 2(1), 45-59.

Page 63: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

45

Figueiredo, A., Coelho e Silva, M., & Malina, R. (2011). Predictors of functional

capacity and skill in youth soccer players. Scandinavian Journal of

Medicine & Science in Sports, 21(3), 446-454.

Garganta, J., Maia, J., & Marques, A. (1996). Acerca da investigação dos fatores

do rendimento em futebol. Revista Paulista de Educação Física, 10(2),

146-158.

Greco, P. J. (2007). Tomada de decisão nos jogos esportivos coletivos: o

conhecimento tático-técnico como eixo de um modelo pendular. Revista

Portuguesa de Ciências do Desporto, 7(1), 16.

Helgerud, J., Engen, L. C., Wisloff, U., & Hoff, J. (2001). Aerobic endurance

training improves soccer performance. Medicine and science in sports and

exercise, 33(11), 1925-1931.

Hoff, J., Wisloff, U., Engen, L. C., Kemi, O. J., & Helgerud, J. (2002). Soccer

specific aerobic endurance training. British Journal of Sports Medicine,

36(3), 218-221.

Höner, O., & Votteler, A. (2016). Prognostic relevance of motor talent predictors

in early adolescence: A group-and individual-based evaluation considering

different levels of achievement in youth football. Journal of Sports

Sciences, 34(24), 2269-2278.

Jinshan, X., Matsumoto, M., Xiaoke, C., & Yamanaka, K. (1991). Analysis of the

goals in the 14º Word Cup. In A. Stibbe; J. Clarys; T. Reylly (Eds), Science

and Football II. Proceedings of the Second World Congress of Science

and Football. Eindhoven, Netherlands, 1991. London. E & F.N. Spon

Knapp, B. (1963). Skill in sport: the attainment of proficiency: Routledge & K.

Paul.

Little, T., & Williams, A. G. (2006). Effects of differential stretching protocols

during warm-ups on high speed motor capacities in professional soccer

players. Journal of Strength and Conditioning Research, 20(1), 203-207.

Loturco, I., Pereira, L. A., Abad, C. C. C., D'Angelo, R. A., Fernandes, V.,

Kitamura, K., Kobal, R., & Nakamura, F. Y. (2015). Vertical and horizontal

jump tests are strongly associated with competitive performance in 100-m

dash events. The Journal of Strength & Conditioning Research, 29(7),

1966-1971.

Page 64: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

46

Mor, D., & Christian, V. (1979). The development of a skill test battery to measure

general soccer ability. North Carolina Journal of Health and Physical

Education, 15(1), 30.

Praça, G., Soares, V., Matias, C., Teoldo, I., & Greco, P. (2015). Relação entre

desempenhos tático e técnico em jovens jogadores de futebol. Revista

Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, 17(2), 136.

Praça, G. M., Soares, V. V., Matias, C. J. A. d. S., Teoldo, I., & Greco, P. J.

(2015). Relationship between tactical and technical performance in youth

soccer players. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho

Humano, 17(2), 136-144.

Prudente, J., Garganta, J., & Anguera, M. T. (2004). Desenho e validação de um

sistema de observação no Andebol. Revista portuguesa de Ciencias do

Desporto, 4(3), 49-65.

Rampinini, E., Impellizzeri, F. M., Castagna, C., Coutts, A. J., & Wisloff, U. (2009).

Technical performance during soccer matches of the Italian Serie A

league: Effect of fatigue and competitive level. Journal of Science and

Medicine in Sport, 12(1), 227-233.

Raya, M. A., Gailey, R. S., Gaunaurd, I. A., Jayne, D. M., Campbell, S. M., Gagne,

E., Manrique, P. G., Muller, D. G., & Tucker, C. (2013). Comparison of

three agility tests with male servicemembers: Edgren Side Step Test, T-

Test, and Illinois Agility Test. Journal of Rehabilitation Research &

Development, 50(7), 951-960.

Ré, A. H. N., Cattuzzo, M. T., Henrique, R. d. S., & Stodden, D. F. (2016).

Physical characteristics that predict involvement with the ball in

recreational youth soccer. Journal of Sports Sciences, 34(18), 1716-1722.

Rubajczyk, K., & Rokita, A. (2015). Relationships between results of soccer-

specific skill tests and game-related soccer skill assessment in young

players aged 12 and 15 years. Trends Sport Sciences, 4(22), 197-206.

Sayers, M. (2000). Running techniques for field sports players. Sports Coach,

23(1), 26-27.

Silva, M. V., Ré, A. H. N., Silva, C. J. A. D. M., & Greco, P. J. (2011). Estratégia

e tática no futsal: uma análise crítica. Caderno de Educação Física e

Esporte, 10(19), 75-84.

Page 65: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

47

Sousa, R. B., Praça, G. M., & Greco, P. J. (2017). Avaliação de jogadores de

futebol: relação entre a capacidade aeróbica e eficácia tática. Revista

Brasileira de Futsal e Futebol, 9(33), 190-196.

Van Maarseveen, M. J., Oudejans, R. R., Mann, D. L., & Savelsbergh, G. J.

(2016). Perceptual-cognitive skill and the in situ performance of soccer

players. The Quarterly Journal of Experimental Psychology, 1-17.

Wilson, R. S., James, R. S., David, G., Hermann, E., Morgan, O. J., Niehaus, A.

C., Hunter, A., Thake, D., & Smith, M. D. (2016). Multivariate analyses of

individual variation in soccer skill as a tool for talent identification and

development: utilising evolutionary theory in sports science. Journal of

Sports Sciences, 34(21), 2074-2086.

Wisloff, U., Castagna, C., Helgerud, J., Jones, R., & Hoff, J. (2004). Strong

correlation of maximal squat strength with sprint performance and vertical

jump height in elite soccer players. British Journal of Sports Medicine,

38(3), 285-288.

Page 66: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

48

Page 67: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

49

Capítulo III – Discussão

Page 68: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

50

Page 69: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

51

Discussão Geral

Os objetivos desta dissertação centraram-se em verificar os indicadores

do desempenho tático, técnico e físico mais determinantes para o sucesso de

jovens futebolistas de alto e baixo desempenho tático no jogo reduzido

GR+4x4+GR. Neste sentido, buscamos: i) comparar o desempenho tático,

técnico e físico de jovens futebolistas com diferentes níveis de desempenho

tático no jogo; e ii) verificar as relações entre as variáveis técnicas e físicas em

relação ao desempenho tático, para assim perceber se o desempenho em jogo

reduzido de Futebol pode ser previsto usando testes técnicos e físicos em

contextos analíticos de avaliação.

Comparando-se a idade, os desempenhos tático, técnico e físico em

função do nível de desempenho tático no jogo (IPT de jogo), encontraram-se

diferenças estatisticamente significativas na idade e em todas as variáveis do

desempenho tático dos jogadores. O grupo de alto desempenho tático

apresentou menor média de idade, melhor desempenho ofensivo (IPT ofensivo),

defensivo (IPT defensivo), de jogo (IPT de jogo) e percentual de acerto na

realização dos princípios táticos (% acerto).

Não foram encontradas diferenças na precisão do passe curto, remate e

velocidade de condução de bola entre os grupos de baixo e alto desempenho

tático através da utilização de baterias de testes específicos de passe.

Similarmente, não se encontraram diferenças estatisticamente significativas no

desempenho da velocidade, agilidade e força de membros inferiores entre os

grupos de baixo e alto desempenho tático no jogo (IPT de jogo) realizados em

testes específicos para a componente física. Os resultados encontrados diferem

dos de alguns estudos já publicados (e.g. Seabra et al., 2001; Rebelo et al.,

2013), que evidenciam diferenças significativas no desempenho físico dos

jogadores em função dos diferentes níveis de competição.

Os resultados do presente estudo corroboram os de Cardoso et al.

(2019), que observaram que jogadores com maior desempenho tático eram mais

jovens, além do que estes jogadores mais jovens realizavam menor esforço

cognitivo para tomar decisões em ações de jogo de futebol. Entretanto, nem

sempre são encontradas diferenças significativas em comparações entre

diferentes níveis competitivos, como foi o caso de Almeida et al. (2013) que não

Page 70: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

52

encontraram efeitos de interação no desempenho ofensivo entre o nível

competitivo em função do formato de jogos reduzidos (GR+3x3+GR e

GR+6x6+GR). Já no estudo de Silva, et al. (2014a) observa-se que os jogadores

de nível superior foram mais sensíveis a modificações de dimensão e exibiam

maior variabilidade no seu comportamento do que jogadores de nível inferior em

campos pequenos e intermédios.

A literatura científica tem buscado comparar o desempenho tático em

função do nível competitivo e nível de desempenho (Cardoso et al., 2019), e

também em função da interação do nível competitivo com constrangimentos da

tarefa, (i.e. manipulação no número de jogadores, dimensões do campo)

(Almeida et al., 2013; Silva, et al., 2014a; Silva, et al., 2014b). Alguns estudos

mostram diferenças no desempenho técnico quando comparados jogadores de

diferentes níveis competitivos (Le Moal et al., 2014; Rebelo et al., 2013; Vaeyens

et al., 2006). Por sua vez, Le Moal et al. (2014) mostraram diferenças

significativas entre elite, sub-elite e não-elite na precisão do passe avaliado em

teste apenas de passe. Estes estudos contrariam os resultados encontrados no

presente estudo.

Seabra et al. (2001) referem que na componente da aptidão física os

futebolistas evidenciaram resultados superiores aos não futebolistas. Também

Vaeyens et al. (2006), em relação ao desempenho físico, indicam que os

jogadores de elite apresentam melhores resultados que os jogadores não elite.

Igualmente, Rebelo et al. (2013) concluíram que os jogadores diferiram em

características antropométricas e aptidão física por nível competitivo e quanto ao

estatuto posicional. Dugdale et al. (2018) realizaram uma pesquisa procurando

discriminar os jogadores como identificados ou não identificados para uma

carreira de jogador profissional por meio de testes físicos. Entre os resultados,

encontraram diferenças estatisticamente significativas entre os três níveis de

competição (amador, desenvolvimento e performance).

Relativamente aos objetivos de verificar as relações entre as variáveis

técnicas e físicas em relação ao desempenho tático, encontraram-se correlações

fortes e positivas, moderadas e positivas e fracas e negativas, sendo elas: forte

correlação positiva entre o IPT ofensivo com o IPT de jogo; fraca correlação

positiva entre o IPT defensivo e o IPT de jogo; e moderada correlação positiva

entre o IPT defensivo e o percentual de acerto dos princípios. Encontraram-se

Page 71: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

53

também fracas correlações negativas entre o IPT de jogo e o desempenho nos

testes de passe de 20 metros e remate 20 metros realizados fora do contexto de

jogo. Também se encontrou que os jogadores mais jovens, com melhor

desempenho tático ofensivo, mais eficazes na realização dos princípios táticos

e com maior impulsão no salto horizontal, eram mais propensos a pertencer ao

grupo de alto desempenho tático no jogo. Ainda de acordo com os resultados,

parece que os indicadores de desempenho técnico e físico não são preditores

de desempenho tático de jogo in situ em um jogo reduzido de futebol.

Os resultados deste estudo foram similares aos da pesquisa de Aquino

et al. (2016), que encontraram uma fraca associação entre as habilidades

técnicas e o conhecimento tático ofensivo. Igualmente, Rubajczyk & Rokita

(2015) encontraram resultados que reportam correlações baixas a moderadas

entre testes específicos e avaliações de habilidades relacionadas com jogo. No

estudo de Praça et al. (2015), os autores observaram uma fraca correlação entre

os IPT ofensivo e defensivo e o desempenho nos testes de remate, passe e

condução, como uma fraca correlação entre condução, penetração e espaço

com bola e remates à baliza.

Outros estudos diferiram dos resultados encontrados na presente

pesquisa, tal como Sousa et al. (2017) que observaram a ausência de correlação

entre os parâmetros físicos e táticos analisados. Os resultado de Clemente et al.

(2016) diferiram parcialmente dos resultados do presente estudo, pois

encontraram correlações moderadas entre os indicadores físicos e táticos.

Entretanto, os nossos resultados corroboram os de Clemente et al. (2016) uma

vez que encontraram fracas correlações entre os indicadores técnicos e táticos.

O desempenho in situ parece não poder ser previsto através do

desempenho em testes realizados fora do contexto de jogo, pois tais testes

acabam por isolar e descontextualizar uma ação que poder ser realizada em

jogo, mas que não tem previsão de ocorrer, quer seja de tempo, quer da forma.

Os resultados encontrados corroboram os de Maarseveen et al. (2016) pois

encontraram que os resultados do desempenho in situ de jogadores de futebol

não pode ser previsto pelo seu desempenho nos testes de habilidades percepto-

cognitivos e avaliados através de testes de vídeo.

Encontrou-se que os indicadores físicos, e força de membros inferiores,

foram capazes de predizer o nível de desempenho no jogo, corroborando Feltrin

Page 72: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

54

& Machado (2009), que encontraram uma correlação da força de membros

inferiores e a capacidade aeróbica com o desempenho no jogo. Os autores

também concluíram que as habilidades técnicas não foram preponderantes para

o desempenho de jogo enquanto que a aptidão física mostrou-se capaz de

explicar boa parte do desempenho desportivo.

Page 73: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

55

Capítulo IV – Conclusões

Page 74: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

56

Page 75: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

57

Conclusões

Constatou-se com este estudo que das variáveis táticas, técnicas e

físicas incluídas encontraram-se diferenças significativas na variável do

desempenho tático. Isto quer dizer que os jogadores do grupo do alto

desempenho tático em jogos reduzidos defenderam e atacaram melhor e

apresentaram maior acerto nas ações táticas durante o jogo que os jogadores

do grupo do baixo desempenho tático.

Verificou-se uma forte correlação positiva entre o IPT ofensivo e o IPT

de jogo, moderada correlação positiva entre o Percentual de acerto dos

princípios táticos com o IPT de jogo, fraca correlação positiva entre o IPT

defensivo e o IPT de jogo e fracas correlações negativas entre o desempenho

nos testes de passe e remate à 20 metros e o IPT de jogo. Observou-se que

jogadores mais jovens apresentam melhor desempenho tático ofensivo, são

mais eficazes na realização dos princípios táticos e têm maior impulsão no salto

horizontal, sendo mais propensos a pertencer ao grupo de alto desempenho

tático no jogo. Assim, concluiu-se que o desempenho dos jogadores durante um

jogo de futebol GR+4x4+GR não pode ser previsto pelo desempenho nas

baterias de testes técnicos e testes físicos fora do contexto de jogo.

Desta forma, os testes técnicos e físicos avaliados fora do contexto de

jogo parecem não indicar o desempenho dos jogadores em jogo GR+4x4+GR,

já que no futebol exige-se a execução de muitos aspetos da habilidade em um

contexto dinâmico. Embora existam algumas "habilidades fechadas" (por

exemplo, execução de bolas paradas), o futebol é predominantemente um jogo

de "habilidade aberta" (Knapp, 1963). Essa diferença implica que as ferramentas

de avaliação devem adaptar-se e ter sucesso para avaliar o desempenho da

ação em seu contexto real, isto é, com oposição (Collet et al., 2011; Teoldo et

al., 2011b; Prudente et al., 2004) ou em contextos controlados e

predeterminados (Ali et al., 2008; Figueiredo et al., 2011; Mor & Christian, 1979).

Estes indicativos podem incentivar a repensar o olhar e mudar a abordagem nas

avaliações, tentar buscar uma avaliação mais holística sem deixar de levar em

consideração o contexto imprevisível e aleatório do jogo.

O estudo apresenta as seguintes limitações: i) ausência de jogadores de

seleções distritais ou nacionais; ii) ausência de nível competitivo mais distantes

Page 76: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

58

(nível competitivo mais alto e mais baixo da categoria); e iii) recolher os dados

de maneira que sejam evitados conflitos entre a avaliação e o período de treinos

dos jogadores.

É importante ressaltar a possibilidade de futuros estudos relacionadas

com os comportamentos táticos dos jogadores recolhendo-se informação sobre

a qualidade e tempo de prática, bem como um conjunto de indicadores sobre a

infraestrutura do clube onde são desenvolvidos os treinos. Também, sugere-se

verificar se os indicadores técnicos e físicos identificados nos jogadores durante

o jogo podem predizer o nível de desempenho no jogo. Isto pode ser realizado

através de análise notacional para as variáveis técnicas e análise do padrão de

deslocamento utilizando a ferramenta GPS.

Page 77: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

59

Capítulo V – Referências Bibliográficas

Page 78: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

60

Page 79: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

61

Referências

Ali, A., Foskett, A., & Gant, N. (2008). Validation of a soccer skill test for use with

females. International Journal of Sports Medicine, 29(11), 917-921.

Almeida, C. H., Ferreira, A. P., & Volossovitch, A. (2013). Offensive sequences

in youth soccer: effects of experience and small-sided games. Journal of

Human Kinetics, 36(1), 97-106.

Américo, H. B., Machado, G. F., & Teoldo, I. (2013). Comparação do

comportamento tático de jogadores de futebol entre categorias sub-11 e

sub-17. Revista Mineira de Educacao Fisica, 9, 715-721.

Aquino, R., Marques, R., Petiot, G., Gonçalves, L., Moraes, C., Santiago, P., &

Puggina, E. (2016). Relationship between procedural tactical knowledge

and specific motor skills in young soccer players. Sports, 4(4), 52.

Bezerra, E. S., Machado, J. C. B. P., Netto, J. M. A., & Domingues, W. J. R.

(2011). Processo seletivo no futebol de campo sub-17: interrelação dos

aspectos físicos e técnicos. Journal of Physical Education, 22(1), 47-55.

Borges, F. S., Matsudo, S. M., & Matsudo, V. K. (2008). Perfil antropométrico e

metabólico de rapazes pubertários da mesma idade cronológica em

diferentes níveis de maturação sexual. Revista Brasileira de Ciência e

Movimento, 12(4), 7-12.

Borges, P. H., Avelar, A., & Rinaldi, W. (2015). Conhecimento tático processual,

desempenho físico e nível de maturidade somática em jovens jogadores

de futebol. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, 23(3), 88-96.

Borges, P. H., Guilherme, J., Rechenchosky, L., Costa, L. C. A., & Rinadi, W.

(2017). Fundamental Tactical Principles of Soccer: a Comparison of

Different Age Groups. Journal of human kinetics, 58(1), 207-214.

Brito, R., Soares, V. D. O. V., Praça, G. M., Silva Matias, C. J. A., da Teoldo, I.,

& Greco, P. J. (2015). Avaliação do comportamento tático no futebol:

princípios táticos fundamentais nas categorias sub-14 e sub-15. Revista

Brasileira de Ciência e Movimento, 23(2), 59-65.

Américo, H. B., Silva, F. L. C., Machado, G., Andrade, M. O. C., Resende, E. R.,

& Teoldo, I. (2016). Analysis of the tactical behaivor of youth academy

soccer players. Revista da Educação Física, 27(1).

Page 80: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

62

Cabo, A. P., Rey, E., Ferreirós, A. P., & Kalén, A. (2019). Test–Retest Reliability

of Skill Tests in the F-MARC Battery for Youth Soccer Players. Perceptual

and Motor Skills, 126(5) 1006-1023.

Caicedo, J. G., Matsudo, S. M., & Matsudo, V. K. (2008). Teste específico para

mensurar agilidade em futebolistas, e sua correlação com o desempenho

no passe em situação real de jogo. Revista Brasileira de Ciencia e

Movimento, 7(2), 7-15.

Cardoso, F. D. S., Víllora, S. G., Guilherme, J., & Teoldo, I. (2019). Young Soccer

Players With Higher Tactical Knowledge Display Lower Cognitive Effort.

Perceptual and Motor Skills, 126(3), 499-514.

Castagna, C., Abt, G., & D'ottavio, S. (2002). Relation between fitness tests and

match performance in elite Italian soccer referees. Journal of Strength and

Conditioning research, 16(2), 231-235.

Christensen, M. K. (2009). “An eye for talent”: Talent identification and the

“practical sense” of top-level soccer coaches. Sociology of Sport Journal,

26(3), 365-382.

Clemente, F., Couceiro, M. S., Martins, F. M., & Mendes, R. (2012). The

usefulness of small-sided games on soccer training. Journal of Physical

Education and Sport, 12(1), 93.

Clemente, F. M., Figueiredo, A. J., Martins, F. M. L., Mendes, R. S., & Wong, D.

P. (2016). Physical and technical performances are not associated with

tactical prominence in U14 soccer matches. Research in Sports Medicine,

24(4), 352-362.

Cobley, S., Schorer, J., & Baker, J. (2013). Identification and development of

sport talent: A brief introduction to a growing field of research and practice.

In J. Baker, S. Cobley & J. Schorer (Eds.), Talent Identification and

Development in Sport (pp. 21-30): London: Routledge.

Collet, C., Nascimento, J. V. d., Ramos, V., & Stefanello, J. M. F. (2011).

Construction and validation of a technical-tactical performance evaluation

instrument in volleyball. Revista Brasileira de Cineantropometria &

Desempenho Humano, 13(1), 43-51.

Costa, B. R. S., de Almeida, R. F., & Teoldo, I. (2015). Estudo comparativo do

comportamento tático desempenhado por jogadores de futebol das

Page 81: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

63

categorias sub-13 e sub-15. Journal of Physical Education, 26(4), 557-

566.

D'ottavio, S., & Castagna, C. (2001). Analysis of match activities in elite soccer

referees during actual match play. The Journal of Strength & Conditioning

Research, 15(2), 167-171.

Davids, K., Araújo, D., Correia, V., & Vilar, L. (2013). How small-sided and

conditioned games enhance acquisition of movement and decision-

making skills. Exercise and Sport Sciences Reviews, 41(3), 154-161.

Dugdale, J. H., Arthur, C. A., Sanders, D., & Hunter, A. M. (2018). Reliability and

validity of field-based fitness tests in youth soccer players. European

Journal of Sport Science. 19(6),745-756.

Feltrin, Y., & Machado, D. (2009). Habilidade técnica e aptidão física de jovens

futebolistas. Revista Brasileira de Futebol, 2(1), 45-59.

Figueiredo, A., Silva, M.C., & Malina, R. (2011). Predictors of functional capacity

and skill in youth soccer players. Scandinavian Journal of Medicine &

Science in Sports, 21(3), 446-454.

Figueiredo, A. J., Gonçalves, C. E., Silva, M. J. C., & Malina, R. M. (2009).

Characteristics of youth soccer players who drop out, persist or move up.

Journal of Sports Sciences, 27(9), 883-891.

Ford, P. R., & Williams, A. M. (2012). The developmental activities engaged in by

elite youth soccer players who progressed to professional status

compared to those who did not. Psychology of Sport and Exercise, 13(3),

349-352.

Garganta, J. (2004). Conhecimento e acção nos jogos desportivos. Revista

Portuguêsa de Ciências do Desporto, 4(2), 15-102

Garganta, J., Maia, J., & Marques, A. (1996). Acerca da investigação dos fatores

do rendimento em futebol. Revista Paulista de Educação Física, 10(2),

146-158.

Garganta, J. (1997). Modelação táctica do jogo de futebol: Estudo da

organização da fase ofensiva em equipas de alto rendimento. Faculdade

de Ciências do Desporto e de Educação Física da Universidade do Porto,

Porto, 312.

Page 82: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

64

Giacomini, D. S., & Greco, P. J. (2008). Comparação do conhecimento tático

processual em jogadores de futebol de diferentes categorias e posições.

Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 8(1), 126-136.

Gil, S., Ruiz, F., Irazusta, A., Gil, J., & Irazusta, J. (2007). Selection of young

soccer players in terms of anthropometric and physiological factors.

Journal of Sports medicine and Physical Fitness, 47(1), 25.

Gonçalves, E., & Teoldo, I. (2013). Análise do conhecimento tático processual

de jogadores de futebol sub-13 e sub-15. Revista Mineira Educação Física

(9), 828-833.

Gonzalez, F. (1999). Influência do nível de desenvolvimento cognitivo na tomada

de decisão durante jogos motores de situação. Movimento, 5(10), 3-14.

Greco, P. J. (2007). Tomada de decisão nos jogos esportivos coletivos: o

conhecimento tático-técnico como eixo de um modelo pendular. Revista

Portuguesa de Ciências do Desporto, 7(1), 16.

Helgerud, J., Engen, L. C., Wisloff, U., & Hoff, J. (2001). Aerobic endurance

training improves soccer performance. Medicine and Science in Sports

and Exercise, 33(11), 1925-1931.

Helsen, W. F., Starkes, J. L., & Hodges, N. J. (1998). Team sports and the theory

of deliberate practice. Journal of Sport and Exercise Psychology, 20(1),

12-34.

Hoff, J., Wisloff, U., Engen, L. C., Kemi, O. J., & Helgerud, J. (2002). Soccer

specific aerobic endurance training. British Journal of Sports Medicine,

36(3), 218-221.

Höner, O., & Votteler, A. (2016). Prognostic relevance of motor talent predictors

in early adolescence: A group-and individual-based evaluation considering

different levels of achievement in youth football. Journal of Sports

Sciences, 34(24), 2269-2278.

Huijgen, B. C., Gemser, M. T. E., Lemmink, K. A., & Visscher, C. (2014).

Multidimensional performance characteristics in selected and deselected

talented soccer players. European Journal of Sport Science, 14(1), 2-10.

Jinshan, X., Matsumoto, M., Xiaoke, C., & Yamanaka, K. (1991). Analysis of the

goals in the 14º Word Cup. In A. Stibbe; J. Clarys; T. Reylly (Eds), Science

and Football II. Proceedings of the Second World Congress of Science

and Football. Eindhoven, Netherlands, 1991. London. E & F.N. Spon

Page 83: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

65

Jovanovic, M., Sporis, G., Omrcen, D., & Fiorentini, F. (2011). Effects of speed,

agility, quickness training method on power performance in elite soccer

players. The Journal of Strength & Conditioning Research, 25(5), 1285-

1292.

Keller, B. S., Raynor, A. J., Bruce, L., & Iredale, F. (2016). Technical attributes of

Australian youth soccer players: Implications for talent identification.

International Journal of Sports Science & Coaching, 11(6), 819-824.

Kirkendall, D. R., Gruber, J. J., & Johnson, R. E. (1987). Measurement and

Evaluation for Physical Educators: Human Kinetics Publishers.

Knapp, B. (1963). Skill in sport: the attainment of proficiency: Routledge & K.

Paul.

Le Gall, F., Carling, C., Williams, M., & Reilly, T. (2010). Anthropometric and

fitness characteristics of international, professional and amateur male

graduate soccer players from an elite youth academy. Journal of Science

and Medicine in Sport, 13(1), 90-95.

Le Moal, E., Rué, O., Ajmol, A., Abderrahman, A. B., Hammami, M. A., Ounis, O.

B., Kebsi, W., & Zouhal, H. (2014). Validation of the Loughborough Soccer

Passing Test in young soccer players. The Journal of Strength &

Conditioning Research, 28(5), 1418-1426.

Little, T., & Williams, A. G. (2006). Effects of differential stretching protocols

during warm-ups on high speed motor capacities in professional soccer

players. Journal of Strength and Conditioning Research, 20(1), 203-207.

Loturco, I., Pereira, L. A., Abad, C. C. C., D'Angelo, R. A., Fernandes, V.,

Kitamura, K., Kobal, R., & Nakamura, F. Y. (2015). Vertical and horizontal

jump tests are strongly associated with competitive performance in 100-m

dash events. The Journal of Strength & Conditioning Research, 29(7),

1966-1971.

Machado, G., Gonçalves, E., & Teoldo, I. (2013). Comparação entre o

comportamento tático de jogadores de futebol das categorias sub-11 e

sub-13. Revista Mineira de Educacao Fisica, 9, 701-707.

McDermott, G., Burnett, A. F., & Robertson, S. J. (2015). Reliability and validity

of the loughborough soccer passing test in adolescent males: Implications

for talent identification. International Journal of Sports Science &

Coaching, 10(2-3), 515-527.

Page 84: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

66

Mor, D., & Christian, V. (1979). The development of a skill test battery to measure

general soccer ability. North Carolina Journal of Health and Physical

Education, 15(1), 30.

Paul, D. J., Gabbett, T. J., & Nassis, G. P. (2016). Agility in team sports: Testing,

training and factors affecting performance. Sports Medicine, 46(3), 421-

442.

Póvoas, S. C., Castagna, C., Soares, J. M., Silva, P. M., Lopes, M. V., & Krustrup,

P. (2016). Reliability and validity of Yo-Yo tests in 9-to 16-year-old football

players and matched non-sports active schoolboys. European Journal of

Sport Science, 16(7), 755-763.

Praça, G., Soares, V., Matias, C., Teoldo, I., & Greco, P. (2015). Relação entre

desempenhos tático e técnico em jovens jogadores de futebol. Revista

Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, 17(2), 136.

Praça, G. M., Soares, V. V., Matias, C. J. A. D. S., Teoldo, I., & Greco, P. J.

(2015). Relationship between tactical and technical performance in youth

soccer players. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho

Humano, 17(2), 136-144.

Prudente, J., Garganta, J., & Anguera, M. T. (2004). Desenho e validação de um

sistema de observação no Andebol. Revista portuguesa de Ciencias do

Desporto, 4(3), 49-65.

Rampinini, E., Impellizzeri, F. M., Castagna, C., Coutts, A. J., & Wisloff, U. (2009).

Technical performance during soccer matches of the Italian Serie A

league: Effect of fatigue and competitive level. Journal of Science and

Medicine in sport, 12(1), 227-233.

Raya, M. A., Gailey, R. S., Gaunaurd, I. A., Jayne, D. M., Campbell, S. M., Gagne,

E., Manrique, P. G., Muller, D. G., & Tucker, C. (2013). Comparison of

three agility tests with male servicemembers: Edgren Side Step Test, T-

Test, and Illinois Agility Test. Journal of Rehabilitation Research &

Development, 50(7), 951-960.

Ré, A. H. N., Cattuzzo, M. T., Henrique, R. d. S., & Stodden, D. F. (2016).

Physical characteristics that predict involvement with the ball in

recreational youth soccer. Journal of Sports Sciences, 34(18), 1716-1722.

Ré, A. H., Cattuzzo, T. M., Santos, F. M., & Monteiro, C. B. (2014).

Anthropometric characteristics, field test scores and match-related

Page 85: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

67

technical performance in youth indoor soccer players with different playing

status. International Journal of Performance Analysis in Sport, 14(2), 482-

492.

Rebelo, A., Brito, J., Maia, J., Silva, M. C., Figueiredo, A., Bangsbo, J., Malina,

R. M., & Seabra, A. (2013). Anthropometric characteristics, physical

fitness and technical performance of under-19 soccer players by

competitive level and field position. International Journal of Sports

Medicine, 34(4), 312-317.

Reilly, T., Williams, A. M., Nevill, A., & Franks, A. (2000). A multidisciplinary

approach to talent identification in soccer. Journal of Sports Sciences,

18(9), 695-702.

Rommers, N., Mostaert, M., Goossens, L., Vaeyens, R., Witvrouw, E., Lenoir, M.,

& D’Hondt, E. (2019). Age and maturity related differences in motor

coordination among male elite youth soccer players. Journal of Sports

Sciences, 37(2), 196-203.

Rosch, D., Hodgson, R., Peterson, L., Graf-Baumann, T., Junge, A., Chomiak, J.,

& Dvorak, J. (2000). Assessment and evaluation of football performance.

The American Journal of Sports Medicine, 28(5), 29-39.

Rubajczyk, K., & Rokita, A. (2015). Relationships between results of soccer-

specific skill tests and game-related soccer skill assessment in young

players aged 12 and 15 years. Trends Sport Sciences, 4(22), 197-206.

Guerra, S. R. A., Rey, E., Kalén, A., & Peñas, C. L. (2019). Age‐related physical

and technical match performance changes in elite soccer players.

Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports. (29), 1421-1427.

Sayers, M. (2000). Running techniques for field sports players. Sports Coach,

23(1), 26-27.

Seabra, A., Maia, J., & Garganta, R. (2001). Crescimento, maturação, aptidão

física, força explosiva e habilidades motoras específicas. Estudo em

jovens futebolistas e não futebolistas do sexo masculino dos 12 aos 16

anos de idade. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 1(2), 22-35.

Silva , C. J. A. D. M., & Greco, P. J. (2010). Cognição & ação nos jogos esportivos

coletivos. Ciências & Cognição, 15(1), 252-271.

Page 86: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

68

Silva, M. V., Ré, A. H. N., da Silva Matias, C. J. A., & Greco, P. J. (2011).

Estratégia e tática no futsal: uma análise crítica. Caderno de Educação

Física e Esporte, 10(19), 75-84.

Silva, P., Aguiar, P., Duarte, R., Davids, K., Araújo, D., & Garganta, J. (2014).

Effects of pitch size and skill level on tactical behaviours of Association

Football players during small-sided and conditioned games. International

Journal of Sports Science & Coaching, 9(5), 993-1006.

Silva, P., Duarte, R., Sampaio, J., Aguiar, P., Davids, K., Araújo, D., & Garganta,

J. (2014). Field dimension and skill level constrain team tactical behaviours

in small-sided and conditioned games in football. Journal of Sports

Sciences, 32(20), 1888-1896.

Soares, E., Matsudo, V., Ferreira, M., Figueira, A., & Leandro de Araujo, T.

(1994). Relationship among agility tests in junior high soccer players. In

Proceedings of the XIX Simposio Internacional de Ciencias do Esporte. p.

135. Sao Caetano, São Paulo: Centro de Estudos do Laboratorio de

Aptidao Fisica de Sao Caetano do Sul.

Sousa, R. B., Praça, G. M., & Greco, P. J. (2017). Avaliação de jogadores de

futebol: relação entre a capacidade aeróbica e eficácia tática. Revista

Brasileira de Futsal e Futebol, 9(33), 190-196.

Souza, P. R. (1999). Proposta de avaliação e metodologia para o

desenvolvimento do conhecimento tático em esportes coletivos: o

exemplo do futsal. I Prêmio INDESP de Literatura Esportiva, 289-340.

Teoldo, I., Garganta, J., Greco, P. J., & Mesquita, I. (2009). Princípios táticos do

jogo de futebol: conceitos e aplicação. Motriz.15(3), 657-668.

Teoldo, I., Garganta, J., Greco, P. J., Mesquita, I., & Maia, J. (2011a). Sistema

de avaliação táctica no Futebol (FUT-SAT): Desenvolvimento e validação

preliminar. Motricidade, 7(1), 69-84.

Teoldo, I., Garganta, J., Greco, P.J., Mesquita, I., Silva, B., & Müller, E. (2010).

Análise da performance táctica de futebolistas de quatro escalões de

formação. Lecturas Educacíon Física y Deportes, 15(144).

Teoldo, I., Garganta, J., Greco, P. J., Mesquita, I., & Afonso, J. (2010).

Assessment of tactical principles in youth soccer players of different age

groups. Rev Port Cien Desp, 10(1), 147-157.

Page 87: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

69

Teoldo, I., Guilherme, J., & Garganta, J. (2015). Para um futebol jogado com

ideias: Concepção, treinamento e avaliação do desempenho tático de

jogadores e equipes. Vila Mariana: Appris editora.

Thomas, K. T., & Thomas, J. R. (1994). Developing expertise in sport: The

relation of knowledge and performance. International Journal of Sport

Psychology, 25, 295-312.

Tourinho Filho, H., & Tourinho, L. (1998). Crianças, adolescentes e atividade

física: aspectos maturacionais e funcionais. Revista Paulista de

Educação. Física, 12(1), 71-84.

Vaeyens, R., Lenoir, M., Williams, A. M., Mazyn, L., & Philippaerts, R. M. (2007).

The effects of task constraints on visual search behavior and decision-

making skill in youth soccer players. Journal of Sport and Exercise

Psychology, 29(2), 147-169.

Vaeyens, R., Malina, R. M., Janssens, M., Van Renterghem, B., Bourgois, J.,

Vrijens, J., & Philippaerts, R. M. (2006). A multidisciplinary selection model

for youth soccer: the Ghent Youth Soccer Project. British Journal of Sports

Medicine, 40(11), 928-934.

Van Maarseveen, M. J., Oudejans, R. R., Mann, D. L., & Savelsbergh, G. J.

(2016). Perceptual-cognitive skill and the in situ performance of soccer

players. The Quarterly Journal of Experimental Psychology, 1-17.

Van Rossum, J., & Wijbenga, D. (1993). Soccer skills technique tests for youth

players: construction and implications. Science and Football II, 313-318.

Vieira, L. H., Cunha, S. A., Moraes, R., Barbieri, F. A., Aquino, R., Oliveira, L. D.

P., Navarro, M., Bedo, B. L., & Santiago, P. R. (2018). Kicking

performance in young U9 to U20 soccer players: assessment of velocity

and accuracy simultaneously. Research Quarterly for Exercise and Sport,

89(2), 210-220.

Víllora, S. G.,Olivares, J. S., Vicedo, J. C. P., & Teoldo, I. (2015). Review of the

tactical evaluation tools for youth players, assessing the tactics in team

sports: football. SpringerPlus, 4(1), 663.

Visscher, C., Gemser, M. E., & Lemmink, K. (2006). Interval endurance capacity

of talented youth soccer players. Perceptual and motor skills, 102(1), 81-

86.

Page 88: EM BUSCA DE INDICADORES TÁTICOS, TÉCNICOS E FÍSICOS QUE ... · desenvolvimento de talentos buscando-se conhecer a diferença no desempenho dos jogadores nas suas diferentes capacidades,

70

Ward, P., & Williams, A. M. (2003). Perceptual and cognitive skill development in

soccer: The multidimensional nature of expert performance. Journal of

Sport and Exercise Psychology, 25(1), 93-111.

Williams, A. M., & Reilly, T. (2000). Talent identification and development in

soccer. Journal of Sports Sciences, 18(9), 657-667.

Wilson, R. S., James, R. S., David, G., Hermann, E., Morgan, O. J., Niehaus, A.

C., Hunter, A., Thake, D., & Smith, M. D. (2016). Multivariate analyses of

individual variation in soccer skill as a tool for talent identification and

development: utilising evolutionary theory in sports science. Journal of

Sports Sciences, 34(21), 2074-2086.

Wisloff, U., Castagna, C., Helgerud, J., Jones, R., & Hoff, J. (2004). Strong

correlation of maximal squat strength with sprint performance and vertical

jump height in elite soccer players. British Journal of Sports Medicine,

38(3), 285-288.