em ano eleitoral é o desafio -...

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ÓRGÃO OFICIAL DA FORÇA SINDICAL Ano 22 – N o 88 – dez de 2013 – DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – www.fsindical.org.br – www.twitter.com/centralsindical CAMPANHA SALARIAL Apesar do aumento da inflação, as categorias conseguiram fechar a Campanha Salarial com ganhos reais Nos ‘16 Dias de Ativismo’ foram realizadas manifestações, panfletagens e uma audiência pública em Brasília pelo fim da violência contra a mulher na Comissão de Trabalho da Câmara O objetivo das Centrais Sindicais será manter a unidade na luta em 2014, período em que o processo eleitoral poderá pôr forças do movimento sindical em lados opostos. Este ano, os sindicatos fecharam bons acordos salariais e impediram a regressão dos direitos Págs. 4 e 5 MANTER A UNIDADE em ano eleitoral é o desafio Págs. 6 e 7 Pág. 10 MULHER Félix Pereira Arquivo Força/GO Arquivo Força

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ÓRGÃO OFICIAL DA FORÇA SINDICAL Ano 22 – No 88 – dez de 2013 – DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – www.fsindical.org.br – www.twitter.com/centralsindical

Campanha salarialApesar do aumento da inflação, as categorias conseguiram fechar aCampanha Salarial com ganhos reais

Nos ‘16 Dias de Ativismo’ foram realizadas manifestações, panfletagense uma audiência pública em Brasília pelo fim da violência contra a mulher na Comissão de Trabalho da Câmara

O objetivo das CentraisSindicais será mantera unidade na luta em2014, período em que o processo eleitoral poderá pôr forças do movimento sindical em lados opostos. Este ano, os sindicatos fecharam bons acordos salariais e impediram a regressão dos direitos

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www.fsindical.org.brdezembro de 2013jornal da força sindical — no 88

Manter a unidade para barrar a ofensiva patronalO sindicalismo brasileiro vai

enfrentar grandes desa-fios em 2014. Um dos

principais será a manutenção da unidade de ação num ano marcado pelas eleições gerais. Entendemos que os interes-ses partidários não poderão ultrapassar os interesses dos trabalhadores, para impedir a divisão do movimento sindical.

Só assim será mantido o protagonismo das Centrais Sindicais tendo em vista a luta para emplacar a Agenda Unitária da Classe Trabalhadora e por um País mais justo.

A união das várias correntes do sindicalismo foi fundamental para a regulamentação das Cen-trais e para a aprovação da po-lítica de recuperação do poder de compra do salário mínimo.

A unidade facilitou a nego-ciação com o então presidente Lula para que ele adotasse as

A Federação dos Vigilantes defla-grou campanha pela aprovação do Projeto de Lei 039/99, que

trata da regulamentação da profissão de Agente de Segurança Privada.

Os profissionais da segurança privada estão organizados, são con-trolados e fiscalizados pela Polícia Federal, e somam mais de 2 milhões de trabalhadores no País. São habilita-dos para atuar na segurança privada.

Por não terem sua profissão re-gulamentada, estão perdendo seus postos de trabalho. Já lançamos campanhas alertando a sociedade dos riscos da contratação ilegal, mas nossos esforços não foram suficientes para evitar a proliferação da informalidade.

propostas dos trabalhadores para superar a crise econômica. Com a valorização do mercado interno, do salário, aumento da oferta de crédito e o corte de impostos, o País superou a crise econômica muito antes das nações ricas.

Se rechaçar todas as pro-postas divisionistas, ficaremos mais fortes para enfrentar as investidas patronais sobre os di-reitos trabalhistas. Eles querem aprovar no Congresso um con-

Miguel TorresPresidente da Força Sindical

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Vigilante quer regulamentar a profissão

DIRETORIA EXECUTIVA:

Melquíades de Araújo, Antonio de Sousa Ramalho, Levi Fernandes Pinto, Eunice Cabral, Almir Munhoz, João Batista Inocentini, Paulo Roberto Ferrari, Carlos Alberto dos Reis, Wilmar Gomes dos Santos,Antonio Silvan Oliveira, Abraão Lincoln Ferreira da Cruz,Carlos Antonio Figueiredo Souza, Valdir de Souza Pestana,Terezinho Martins da Rocha, Fernando Destito Francischini,Maria Augusta C. Marques, José Lião, Francisco Soares de Souza, Gidalvo Gonçalves Silva,Luiz Carlos Gomes Pedreira, Rubens Romão Fagundes,Nilton Rodrigues da Paixão Jr., Nilton S. da Silva (Neco),Geraldino dos Santos Silva, Anderson Teixeira, José Pereira dos Santos, Arnaldo Gonçalves, Paulo José Zanetti, Maria Auxiliadora dos Santos,Jefferson Tiego da Silva, Aparecido de Jesus Bruzarrosco,Adalberto Souza Galvão, Ruth Coelho Monteiro, Helena Ribeiro da Silva, Luiz Carlos Anastácio, Hebert Passos Filho, Carlos Cavalcante Lacerda, Elmo Silveira Léscio, Walzenir Oliveira Falcão,Valdir Pereira da Silva, Milton Baptista de Souza Filho,Jamil Dávila e Eliana Aparecida C. Santos

AssEssORIA POlíTICA: Antonio Rogério Magri, Hugo Perez,

João Guilherme Vargas, Marcos Perioto

DIRETOR RESPONSáVEL: João C. Gonçalves (Juruna) JORNALISTA RESPONSáVEL: Antônio Diniz (MTb: 12967/SP)

EDITOR DE ARTE: Jonas de lima REDAçãO: Dalva Ueharo, Fábio Casseb

e Val Gomes REVISãO: Edson Baptista Colete ASSISTENTE: Rodrigo lico

FORÇA SINDICAL NOS ESTADOS (PRESIDENTES)

AC – Luiz Anute dos Santos; Al – Albegemar Casimiro Costa;AM – Vicente de Lima Filizzola; AP – Moisés Rivaldo Pereira;BA – Nair Goulart; CE – Raimundo Nonato Gomes; DF – Carlos Alves dos Santos (Carlinhos); Es – Alexandro Martins Costa; GO – Rodrigo Alves Carvelo (Rodrigão); MA – José Ribamar Frazão Oliveira; MG – Luiz Carlos de Miranda Faria; Ms – Idelmar da Mota Lima; MT – Manoel de Souza; PA – Ivo Borges de Freitas; PB – Evanilton Almeida de Araújo; PE – Aldo Amaral de Araújo; PI – Vanderley Cardoso Bento; PR – Nelson Silva Souza (Nelsão); RJ – Francisco Dal Prá; RN – José Antonio de Souza; RO – Francisco de Assis Pinto Rodrigues; RR – José Nilton Pereira da Silva; Rs – Marcelo Avencurt Furtado; sP – Danilo Pereira da Silva; sC – Osvaldo Olavo Mafra; sE – Willian Roberto Cardoso Arditti; TO – Carlos Augusto Melo de Oliveira

ESCRITÓRIO NACIONAL DA FORÇA SINDICAL EM BRASÍLIA:SCS (Setor Comercial Sul) – Quadra 02 – Ed. Jamel Cecílio3o andar – Sala 303 – ASA Sul – 70302-905 Fax: (61) 3037-4349 – Telefone: (61) 3202-0074

é uma publicação mensal da central de trabalhadores FORçA SINDICAL

Rua Rocha Pombo, 94 – liberdade – CEP 01525-010Fone: (11) 3348-9000 – s. Paulo/sP – Brasil

FUNDADOR: Luiz Antonio de Medeiros PREsIDENTE: Miguel Eduardo Torres sECRETÁRIO-GERAl: João Carlos Gonçalves (Juruna) TEsOUREIRO: Luiz Carlos Motta

expediente

youtube.com/user/centralsindical

facebook.com/Centralsindical

flickr.com/photos/forca_sindical

[email protected]

twitter.com/centralsindical

fsindical.org.br

e d i to r i a l s e g u r o d e s e m p r e g o

junto de propostas que visam eliminar, reduzir e flexibilizar direitos e garantias trabalhistas e sindicais previstos na Cons-tituição da República em leis ordinárias, em convenções da OIT, em decretos e em súmulas de tribunais, entre outros.

Por isto, precisamos lutar unidos para barrar a ofensiva patronal e, ao mesmo tempo, emplacar nossas propostas, como o fim do Fator Previden-ciário, a redução da jornada de trabalho, impedir a terceirização sem limites e exigir mais inves-timentos em saúde, educação, segurança e mobilidade urbana.

Na economia defendemos estímulos ao crescimento eco-nômico, geração de empregos e distribuição de renda, o que não se coaduna com a polí-tica de juros altos. Só assim teremos um País mais justo e solidário.

a r t i g o

Apenas 30% dos 100 mil vigilan-tes cadastrados no Estado estão no mercado de trabalho. O PL tramita há 14 anos no Congresso e os parla-mentares ainda não se deram conta da importância da sua aprovação.

A campanha estadual foi apresen-tada em 17 municípios gaúchos, con-quistando apoio de todos. A segunda etapa será direcionada para a bancada gaúcha no Congresso.

Para participar da campanha em busca da regulamentação da profissão, pedimos que acessem o site www.fepsprs.com.br

Enviem mensagens para os deputados da sua região. Vamos lutar para conquistar a regulamen-tação da nossa profissão.

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Claudiomir da Silva Brum, presidente da Federação dos Vigilantes do Estado do RS

MuDANÇA NA LEI vai gerar manifestações

tação pelo Brasil da Convenção 158 da OIT, que impede a demissão imotivada.

“Só vamos aprovar a Convenção com muita pressão e luta”, acredita Serginho. “Esta medida (aprovar a Convenção 158) já seria importante para conter a dispensa de pessoal e, consequentemente, os gastos

Taxa de Rotatividade do Mercado Formal de TrabalhoAnos selecionados (em %)

ANOS Taxa de rotatividade

Taxa de rotatividade descontada1

2001 45,1 34,5

2004 43,6 32,9

2007 46,8 34,3

2008 52,5 37,5

2009 49,4 36,0

2010 53,3 37,3

Nota: 1) Exclui quatro motivos de desligamentos: transferências, aposentadoria, falecimento e demissão voluntária

Font

e: M

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AIS

com o seguro-desemprego”, diz Serginho.

Ele sugere ainda a adoção de medidas capazes de melho-rar a intermediação de mão de obra, a criação de empregos, a elevação da escolaridade e da qualificação profissional, e que as empresas sejam obrigadas a conceder contrapartidas sociais quando beneficiadas por desonerações fiscais e tributárias.

O sindicalista lembrou, também, que a Força Sindi-cal, por intermédio de suas Confederações, entrou com Ação Direta de Inconstitu-cionalidade no Supremo Tri-

bunal Federal (STF) contra as mudanças na concessão do seguro-desemprego. Pela nova legislação, o desempregado terá de fazer curso de qualificação se, num período de 10 anos, solicitar pela segunda vez o benefício. Antes do de-creto, era na terceira vez.

Serginho: o rombo nas contas do FAT decorre do aumento da rotatividade da mão de obra

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A redução da rotatividade de mão de obra será uma das principais rei-

vindicações da Pauta Trabalhis-ta em 2014, e vai desembocar em fortes manifestações de massa. O objetivo será pres-sionar o Congresso e o gover-no federal a aprovar medidas que protejam os empregos, como a Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que impede a demissão imotivada.

A decisão, anunciada pelo presidente da Fequimfar e conselheiro titular da Força Sindical no Codefat (Con-selho Deliberativo do FAT), Sérgio Luiz Leite, o Serginho, tem o obje-tivo de mudar a legislação de acesso dos desempregados ao seguro-desemprego, hoje dificultado por um decreto do gover-no federal.

O imbróglio é o seguinte: o governo alegou fraudes e gastos excessivos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) com o seguro-desemprego para mudar a lei, obrigando o desempregado a fazer curso de qualificação quando solicitar duas vezes o mesmo benefício em 10 anos.

Entre 2002 e 2012, o número de bene-ficiários do seguro-desemprego cresceu 72%, e o volume de gastos 157%. Estes resultados têm correlação com o mercado formal de trabalho, que subiu 66%, ge-rando 20 milhões de empregos, e com o crescimento salarial.

Ao contrário do governo, a Força Sindical e as demais Centrais consideram que o rombo nas contas do FAT decorre da eleva-da rotatividade da mão de obra, que alcan-çou 37,4% no ano passado. Só a título de exemplo: o setor sucroalcooleiro registrou rotatividade de 50,9% no mesmo ano. Para reduzir o corte de pessoal, o movimento sindical sugere a aprovação e a regulamen-

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www.fsindical.org.brjornal da força sindical — no 88 dezembro de 2013

Fevereiro – Greve nacional dos 60 mil portuários.

março – 50 mil ocupam Brasília pelos direitos trabalhistas na 7ª Marcha das Centrais Sindicais; PLR até R$ 6 mil isenta de IR; regulamentação da profissão de comerciário.

abril – Manifestações nacionais contra o aumento dos juros; Congressos Estaduais visam fortalecer o 7º Congresso Nacional da Força Sindical; acordos salariais têm ganho real.

maio/junho – Centrais Sindicais criticam a alta da inflação no 1º de Maio unitário; Central entra na Justiça para recuperar perdas do FGTS.

julho – Centrais organizam o Dia Nacional de Luta com Greves e Mobilização, a ser realizado no dia 11 de julho; greves garantem aumento real.

Manifestações unitárias de 11 de julho sacodem o País e mobilizam milhões de trabalhadores por direitos e reforma econômica.

agosto – Os delegados presentes no 7° Congresso Nacional da Força Sindical deliberam que o centro da luta é a manutenção e a ampliação dos direitos trabalhistas; Centrais e Sindnapi saem às ruas de novo contra a terceirização; plenária nacional das mulheres da Central decide intensificar a luta por igualdade.

setembro – No Dia Nacional de Mobilização e Luta, mais uma vez milhões de trabalhadores protestam contra a terceirização.

outubro/novembro – Miguel Torres sucede Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, na Presidência da Força Sindical; Centrais vão às ruas pela correção da tabela do Imposto de Renda; Central protesta contra a importação de produtos têxteis e de confecção da China; Força participa de Conferência Mundial sobre o Trabalho Infantil, em Brasília.

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ano de lutase Conquistas

Manter a unidade para avançar

Patrão aposta em documento da Cni

liderados pela Força Sindical, os pro-testos de novembro das Centrais Sin-dicais contra o aumento da taxa de ju-

ros, pelo fim do Fator Previdenciário e pela correção da tabela do Imposto de Renda (IR) fecharam 2013, um ano agitado pela luta nacional dos trabalhadores e pelas manifestações populares de junho e julho.

O movimento sindical manteve viva a sua capacidade de luta e a unidade em torno de suas demandas específicas e gerais, que constam da Agenda da Clas-se Trabalhadora.

As manifestações priorizaram aumento salarial e um projeto nacional de desen-volvimento com valorização do trabalho e distribuição de renda. Houve greves, para-lisações parciais e a interrupção do tráfego em avenidas, estradas e rodovias.

Campanha salarial“As Campanhas Salariais do ano foram

bem-sucedidas”, avalia o presidente da For-ça Sindical, Miguel Torres. Cálculos prelimi-nares do Dieese mostram que os acordos coletivos do segundo semestre de 2013

O movimento sindical bra-sileiro precisa reunir for-ças para encarar a ofen-

siva patronal sobre os direitos dos trabalhadores, que deverá ser uma das marcas de 2014. Ao mesmo tempo, terá de im-pedir que os interesses políti-cos, que se manifestam com amplitude num ano eleitoral, dividam os trabalhadores.

Os empresários vão jogar suas fi-chas numa proposta da Confede-ração Nacional da Indústria (CNI),

que aponta para a regressão de direitos. Trata-se do documento “101 Propostas para Modernização Trabalhista”, que prevê a eliminação, a redução e a flexibilização de direitos e garantias trabalhistas e sindi-

r e t r o s p e c t i va

venceram a inflação. De janeiro a junho, 85% das convenções coletivas assinadas garantiram aumentos acima da inflação.

As Centrais Sindicais organizaram uma série de mobilizações e manifestações de protesto numa tentativa de emplacar a Pauta Trabalhista. Exigiram da Presidên-cia da República e do Congresso apoio as suas reivindicações. Conseguiram barrar no Congresso a aprovação do Projeto de Lei 4330, que amplia a terceirização.

Mas os trabalhadores querem mais: plei-teiam a revogação da lei que criou o Fator Previdenciário, a jornada de trabalho de 40 horas com a manutenção dos salários, rea-juste digno para os aposentados e reforma agrária, entre outras demandas.

Outro dado importante diz respeito à ação das Centrais Sindicais na luta pela valorização do salário, do emprego e do mercado interno. Esta postura aumentou o consumo, a produção e o trabalho for-mal. Hoje, o índice de desemprego recuou para 5,2%, e os trabalhadores com carteira assinada representam 63% dos assalaria-dos, ante 53% em 2003.

Miguel, no protesto contra os juros altos, afirmou que o movimento sindical manteve viva a sua capacidade de luta

Geraldino: “Eleger políticos comprometidos com os trabalhadores”

Araújo: “Nenhuma

reivindicação, como a jornada

de 40 horas, foi atendida”

Rosangela: “O desafio é barrar a

ofensiva patronal para

garantir direitos”

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cais previstos na Constituição em leis ordiná-rias, em convenções da OIT, em decretos e em súmulas de tribunais, entre outros.

Os patrões também pretendem revo-gar a política de recuperação do poder de compra do salário mínimo, pois defendem o falso argumento de que a correção anu-al aumenta a inflação. Cabe lembrar que a política de recuperação do salário mínimo, instituída pela Lei 12.382, de 2011, só tem validade até 2015.

Para que vá além disso, o governo terá de enviar um projeto de lei, até 31 de dezembro de 2015, dispondo sobre a

valorização do mínimo para o período de 2016 a 2019, conforme determina o Artigo 4º da Lei”, segundo Antônio Augusto de Queiroz, analista político e diretor de Documentação do Diap, no texto ‘Conjuntura de desafios para o movimento sindical’.

“Por causa disso, teremos de eleger políticos comprometidos com os traba-lhadores”, apontou o secretário de Re-lações Sindicais, Geraldino dos Santos Silva, ao prever uma grande pressão dos patrões sobre o Congresso para reduzir direitos.

Outra tarefa prioritária a ser encarada pelos Sindicatos e Centrais Sindicais será eleger uma grande bancada de parla-mentares para a Câmara e Sena-do, para brecar as investidas dos empresários sobre os direitos trabalhistas, emplacar a Agenda da Classe Trabalhadora, aprova-da na Conclat, e pressionar por mudanças na política econômi-

ca (reduzir juros e aumentar o investimento produtivo).

Na opinião do secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, a unidade de ação garantiu a regulamen-tação das Centrais, a política de recuperação do poder de com-pra do salário mínimo, ganhos reais de salário e barrou a ini-ciativa patronal de ampliar a ter-ceirização para retirar direitos. “O nosso protagonismo na luta deve-se à unidade do movimen-to sindical”, avaliou ele.

Atualmente, a bancada sindi-cal no Congresso está resumi-da a 91 parlamentares, ante o exército patronal de 250 con-

gressistas. Este quadro tem dificultado a ação sindical. O presidente da Fetiasp, Melquía- des de Araújo, destacou que os empresários resistiram em ne-gociar salários dignos este ano. E acrescentou sobre a Pauta Trabalhista: “Nenhuma reivin-dicação foi atendida pelo go-verno, especialmente o fim do Fator Previdenciário e a redução da jornada para 40 horas”.

“O movimento sindical terá de atuar no Parlamento e nas bases para garantir os direitos”, afirmou Maria Rosângela Lo-pes, presidente da Federação dos Trabalhadores Metalúrgi-cos de Minas Gerais.

Juruna: o movimento sindical obteve conquistas por causa da unidade das centrais

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www.fsindical.org.brjornal da força sindical — no 88 dezembro de 2013

c a m pa n h a s a l a r i a l

apesar da INFlAçãO,

O aumento da inflação e a redução da atividade econômica dificultaram as campanhas salariais do segun-

do semestre, porém não impediram que sindicatos conquistassem aumento real de salário. A Federação dos Químicos do Estado de SP, por exemplo, fechou acordo prevendo aumento salarial de 7,5% (ganho real de 1,82%) para os cerca de 120 mil trabalhadores dos segmentos químico, plástico, fertilizantes, abrasivos, cosméti-cos e tintas e vernizes.

“O ganho real de salário injetará dinhei-ro na economia de muitas cidades do Inte-rior”, diz Sérgio Luiz Leite, o Serginho, pre-sidente da Fequimfar. “Apesar da inflação, fechamos um bom acordo”, completou.

Os 116 mil comerciários de Porto Ale-gre conquistaram 7,16% de aumento sala-

MOBILIzAÇãO reforça a luta nos EstadosDepois das conquistas nas montado-

ras e autopeças, o Sindicato dos Me-talúrgicos da Grande Curitiba coman-

da a campanha salarial dos trabalhadores das empresas de máquinas e metalurgia.

“Os aeroviários de São Paulo protesta-ram em frente o check-in da Gol e da Tam, no Aeroporto de Congonhas, pleiteando 8% e 10% de reajuste acima da inflação para a categoria”, informou o presidente do Sindicato dos Aeroviários do Estado de São Paulo, Reginaldo Alves de Souza.

O Sindicato dos Metalúrgicos de Catalão

promoveu um panelaço com os trabalhadores da Mitsubishi, RCM e Weldmatic para agitar a campanha salarial. A entidade reivindica 18% de

aumento salarial para os 3.800 empregados da Mitsubishi, redução da jornada de traba-lho, vale alimentação de R$ 350 e abono de R$ 3.500. “Os traba-lhadores querem maior poder de compra dos salários e melhores

condições de trabalho”, diz Carlos Albino, presi-dente do Sindicato.

O Sindicato dos Têx-teis de São Paulo infor-ma que a categoria recu-sou o reajuste de 5,45% proposto pelos patrões. “As empresas têm re-sultados positivos, com reflexos na produtividade e demanda no mercado, e é justo repassar ao trabalha-dor parte desse lucro”, diz o presidente

categorias conquistam

rial e reajuste nos pisos de até 16%, dis-se o presidente do Sindicato da categoria, Nilton Souza da Silva, o Neco. O acordo inclui ainda o fechamento dos shopping cênteres às 22 horas (janeiro a novem-bro), entre outros benefícios. É a vitória do trabalho de cada comerciário, de nos-sa luta nas lojas e capacidade de negocia-ção”, avaliou o sindicalista.

No Estado de São Paulo, os sindicatos de comerciários estão fechando acordos por cidades, informou o presidente da Fe-comerciários, Luiz Carlos Motta, citando como exemplos as entidades de São José do Rio Preto, Baixada Santista e Lorena.

Depois de uma greve, os trabalhadores de Belo Monte e a CCBM (empresa res-ponsável pelas obras na Volta Grande do Xingu) fecharam a convenção coletiva, in-

formou o diretor do Sintrapav, Wébio Cezar. Os empregados vão receber aumento de 30% no vale refeição, PLR com reajuste de 12% e redução de 180 dias para 90 dias de baixada (visita à família), entre outras reivindicações.

alimentaçãoPara os 12 mil trabalhadores da Nestlé em

Araras, Araraquara, Araçatuba, Caçapava, Ma-rília, São Paulo, Cordeirópolis e São Bernardo do Campo, o reajuste alcançado chegou a 7% (ganho real de 1,42%). O auxílio alimentação passou para R$ 6.240 por ano.

Para Melquíades de Araújo, presidente da Federação dos Trabalhadores das Indústrias da Alimentação do Estado de SP, “a organização da entidade em secretarias e a mobilização da categoria feita pelos Sindicatos foram funda-mentais”. Wilson Vidoto Manzon, secretário--geral, destaca a conquista de material escolar pago pela Nestlé aos trabalhadores, que já era concedido aos dependentes.

Os 60 mil trabalhadores representados pelo Sindicato dos Trabalhadores da Alimen-tação de São Paulo e Região conquistaram aumentos reais de 1,13% a 2,02%. Para o

presidente Carlos Vi-cente de Oliveira, o Carlão, o setor é um dos que mais cres-cem no País, e os au-mentos reais dos últi-mos 10 anos (média de 22,98%) corres-pondem às perdas na década de 1990. “Os próximos aumentos

serão, portanto, mais representativos para a renda do trabalhador”.

Os 4.800 trabalhadores da BRF, liderados pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indús-trias e Cooperativas de Carnes e Derivados da Alimentação de Lucas do Rio Verde, con-quistaram reajuste de 8% (aumento real de 2,31%). Segundo o presidente Valdeci Sche-rer, a luta prossegue por PLR e auditoria so-bre insalubridade nos ambientes de trabalho, entre outras reivindicações.

GráficosO Sindicato dos Trabalhadores da Indústria

Gráfica de Barueri, Osasco e Região conquis-tou reajuste de 7% (ganho real de 1,34%). “Foram conquistas da persistência e da mo-bilização da categoria”, disse o presidente da entidade Joaquim de Oliveira.

Os 1.500 metalúrgicos de municípios cearenses sem sindicatos na base con-quistaram reajuste de 8%, informou José Fernandes de Lima, presidente da Federa-ção dos Metalúrgicos do Nordeste (filiada à Força Sindical).

Cerca de 7 mil metalúrgicos da Ma-clinea, Blount, Trützchler, Bosch e Giben atrasaram a entrada do turno da manhã para exigir melhores salários. “Enquanto a maioria das empresas da categoria fe-chou a data-base de 2013, a negociação segue emperrada nessas empresas, que insistem em propor reajustes bem abaixo da média nacional e não condizentes com os altos ganhos de produtividade e lucra-

tividade registrados nos últimos meses”, explicou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, Sérgio Butka. O Sindicato dos Metalúrgicos de Duas Barras, Cordeiro e Região (Rio de Janeiro), presidido por Suelen do Carmo, conquistou reajuste de 7,5% e aumento de 10% nos pisos. Os metalúrgicos de Santa Rita de Sapucaí (MG) conquistaram 10% de reajuste em 32 empresas, infor-mou a presidenta do Sindicato da catego-ria, Maria Rosângela Lopes.

Já os servidores de Sumaré (SP) for-malizaram convenção coletiva que conce-de 6,97% de reajuste nos próximos três anos, mais a inflação do período.

da entidade, Sérgio Marques. Diante da posição inflexível dos patrões, as negociações serão por empresa.

Sérgio Marques: trabalhador quer parte dos lucros das empresas

Motta: Sindicatos fazem acordos por cidades

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Diretor Wéubio Cezar fala aos trabalhadores no Sítio Belo Monte, Vitória do Xingu, Pará

Butka diz que as negociações seguem emperradas porque as empresas querem dar reajustes abaixo da média nacional

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Metalúrgicos de Catalão promovem panelaço para agitar a campanha salarial

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www.fsindical.org.brjornal da força sindical — no 88 dezembro de 2013

que as disputas acomodem as diferentes movimentações e di-reções sindicais.

Por exemplo, a política de reajuste do salário mínimo. Em janeiro de 2015 será a sua úl-tima aplicação decorrente da lei vigente. Qualquer que seja a candidatura pela qual se em-penhe tal ou qual entidade (e isto, sem mencionar o caráter plural do movimento), salta aos olhos que o movimento preci-sa ter durante a campanha de 2014 uma posição firme que se exercerá sobre os políticos que serão eleitos ou reeleitos.

A morte de dois operários no Itaquerão escancarou as péssinas condições de trabalho

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s a l Á r i o ac i d e n t e d e t r a b a l h o c a m p o

Relação da renda e produtividade com inflação

Um gol contra o Brasil

Centrais negociam novo enquadramento sindical

Assim que foi publicada a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

(Pnad), dando conta que a renda média real dos brasilei-ros cresceu 8% de 2011 para o ano passado, alguns econo-mistas passaram a difundir a tese segundo a qual a alta da remuneração do trabalho sem aumento da produtividade pro-voca inflação.

No curto prazo, dizem, os pa-trões vão assumir esse ônus di- minuindo suas margens de lucro, porém mais adiante deverão re-passar esse custo aos preços, o que alimentará a inflação com impacto negativo sobre o PIB. O objetivo da avaliação parece ser a disseminação do medo entre os trabalhadores, tornan-do-os mais comedidos nas suas reivindicações salariais.

É importante destacar que a atual política econômica redu-ziu a desigualdade. Segundo a Pnad, em 2012 o aumento da

Com a morte de dois operá-rios no Itaquerão, estádio do Corinthians, já são qua-

tro acidentes fatais em obras de estádios construídos para a Copa do Mundo de 2014 no Brasil. As outras mortes foram no Estádio Nacional de Brasília, em junho de 2012, e na Are-na da Amazônia (Manaus), em março deste ano.

Em grandes obras, ocorre-ram outros acidentes fatais: em abril deste ano, um operário morreu no estádio do Palmei-ras; em outubro, um operário perdeu a vida na ampliação do aeroporto de Viracopos, em Campinas; e, em junho de 2012, morreram dois trabalhadores na linha 5 (Lilás) do Metrô de São Paulo.

Wilmar Gomes dos Santos, presidente da Federação Na-cional dos Trabalhadores nas In-dústrias da Construção Pesada, lembra que nos últimos 10 anos

A Força Sindical e as de-mais Centrais negociam, com o governo federal,

mudanças na Portaria 326/13 para solucionar o impasse da representação sindical existen-te entre os trabalhadores assa-lariados rurais e os da agricultu-ra familiar.

Na prática, o movimento sindi-cal quer a adequação da Portaria a fim de permitir, por exemplo, a criação de mais de um sindi-cato na mesma base territorial. No caso, uma entidade de assa-

O deputado e presidente licenciado da Força Sindi-cal, Paulo Pereira da Silva,

o Paulinho, foi escolhido pela re-vista ‘Época’ como um dos 100 brasileiros mais influentes em 2013. Paulinho está na categoria “Líderes”, que reúne 28 perso-nalidades, entre as quais a presi-denta Dilma Rousseff, o senador Aécio Neves e o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva.

O texto registra Paulinho como “a voz mais ativa no Congresso Nacional em defe-sa das causas e reivindicações dos trabalhadores brasileiros”. De acordo com o texto da re-vista, Paulinho da Força, ao or-ganizar o partido Solidariedade, preencheu um vazio “antes do-minado por sindicatos e ONGs governistas”.

Para a revista ‘Época’, Pau-lo Pereira da Silva “é uma das mais importantes lideranças sindicais do País e a voz mais

Para que aconteça a tra- gédia, basta que o mo-vimento sindical des-

preze a lição dos últimos anos vitoriosos, em que a unidade de ação garantiu o reconheci-mento das Centrais, a política do salário mínimo, o estabele-cimento da Pauta Unitária da Conclat, o 1º de Maio unifica-do e um conjunto continuado de campanhas salariais com ganhos reais.

Sendo 2014, além de ano eleitoral, ano da Copa do Mundo, é bom que compa-remos o nosso movimento à torcida para a seleção brasi-leira, e não à tal ou qual tor-cida de um clube qualquer.

É impossível passar por 2014 sem a divisão partidária e eleitoral do movimento?

Não, desde que prevale-çam em nossa preocupação estratégica os interesses da Pauta Trabalhista Unitária e

renda tirou 3,5 milhões de pes-soas da pobreza e mais de um milhão saiu da extrema pobreza.

CompetiçãoSegundo a subseção Dieese

da Força Sindical, nada garan-te que haverá inflação porque hoje há pouca margem para elevação dos preços em de-corrência dos mercados, que estão mais competitivos. Além disto, o aumento das vendas tende a produzir uma pressão bem menor sobre os preços.

As Centrais reconhecem ser fundamental o combate à infla-ção, mas sem sacrificar o cres-cimento econômico – meta que será atingida quando o Brasil elevar o investimento dos atuais 18% para 25% do PIB. “O de-safio colocado é desenvolver o País com distribuição de renda e redução da desigualdade. Cres-cer com precarização é repetir o passado, que provocou o au-mento da miséria.

houve um acréscimo de 65% de acidentes fatais no setor. “Morrem de 3 a 4 trabalhadores por dia em obras no País. Uma medida para combater esta trá-gica situação é acabar com a in-formalidade no setor, que é de 50%”, sugere o sindicalista.

O presidente do Sindicato dos trabalhadores do setor, An-tonio Bekeredjian, o Toninho, alerta: “Temos situações aná-logas à escravidão, jornadas extenuantes, falta de lazer e recreação, salários baixos, alo-jamentos subumanos e tempo curto para visitas às famílias”.

Previdência – Conforme da-dos da Previdência Social, em 2012 ocorreram 2.884 mortes no trabalho (os números des-te ano ainda não saíram). O total de acidentes fatais está subestimado porque refere-se apenas aos trabalhadores con-tratados pelo regime da CLT.

O secretário Nacional de Saúde e Segurança no Traba-lho da Força Sindical, Arnaldo Gonçalves, afirma que no ano que vem serão realizados en-contros com as instâncias es-taduais da Força Sindical para debater propostas capazes de reduzir os acidentes, as doen-ças e as mortes no trabalho.

lariados rurais e outra da agricul-tura familiar criadas pelos traba-lhadores.

“Nas regiões onde já existe o sindicato eclético (que reúne as duas categorias) permane-ceria tudo como está”, infor-mou o secretário de Políticas Agrárias e Agricultura Fami-liar, Elmo Silveira Léscio, para quem as partes estão perto de firmar um acordo.

Segundo ele, representan-tes das Centrais Sindicais, da Confederação Nacional dos Tra-

balhadores na Agricultura (Con-tag) e do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) criaram um grupo de trabalho para debater a adequação das mudanças à Portaria.

sindicalizaçãoElmo disse que o País tem 15

milhões de trabalhadores rurais, porém apenas 15% são sindi-calizados. “O trabalho da Força Sindical no campo e a adequa-ção da Portaria para o enqua-dramento sindical destas cate-

gorias permitirão um aumento no índice de sindicalização, e vão melhorar as condições de vida e de trabalho do pessoal da área rural”, acredita ele.

Paulinho é um dos 100brasileiros mais influentes

evitar cair na armadilhada divisão no próximo ano

e l e i ç ã o p o l í t i c a

ativa no Congresso Nacional em defesa das causas e da pauta de reivindicações dos trabalhadores brasileiros”. Tra-ta-se de uma emblemática ex-ceção ao sindicalismo radical chapa-branca.

Continua o texto: “É nesse cenário que floresceu a pro-posta do Solidariedade. A le-genda nasceu grande para pre-encher o vazio de organizações políticas e não governamentais naufragadas no governismo. Como líder político à frente do Solidariedade, dá contribuição crucial para o debate nacional.

Wilmar: acréscimo de

65% de mortes no setor da construção

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Elmo: “Queremos

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pessoal do campo”

Paulinho: “A voz mais ativa no Congresso Nacional “

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Taxa de Investimento, Despesa de Consumo das Famílias e Despesa de Consumo da Administração Pública

(% do PIB), Brasil – 2000-2012

João Guilherme

Vargas Neto, consultor

sindical

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www.fsindical.org.brjornal da força sindical — no 88 dezembro de 2013

Os ‘16 Dias de Ativismo’ pelo fim da violência contra a mulher atingiu os seus objetivos porque foram marcados por manifestações,

passeatas, panfletagens e debates no Brasil e no mundo. As ações, promovidas por diversas enti-dades, entre as quais a Força Sindical e as demais Centrais, têm o objetivo de combater a discrimina-ção da mulher nos locais de trabalho.

Segundo a secretária Nacional de Políticas para as Mulheres da Força, Maria Auxiliadora dos San-tos, as mulheres recebem um salário 30% infe-rior ao dos homens. “Isto é uma violência, é um crime”, indignou-se a secretária, ao destacar que as atividades incluíram manifestações, passeatas, panfletagens e debates no Brasil e no mundo.

Segundo Auxiliadora, a cada duas horas uma

mulher é assassinada no Brasil. Citando dados da Organização das Nações Unidas (ONU), a dirigen-te revelou que cerca de 70% delas sofrem algum tipo de violência no decorrer de sua vida. Estudo do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), mostra mais de 50 mil assassinatos de mu-lheres no Brasil, o que equivale a uma morte a cada hora e meia.

Ela disse ainda que uma em cada cinco mulheres se tornará vítima de estupro ou tentativa de estu-pro no decorrer da vida em todo o mundo. Esta é a realidade da violência física, sexual, psicológica e econômica praticada contra as mulheres, que é clas-sificada como ‘um dos grandes dramas de nosso tempo’, reconheceu Aparecida Carmelita de Souza, 1ª secretária de Políticas para Mulheres da Central.

Fundado em abril de 2009 com a chegada das indús- trias, atraídas por incen-

tivos fiscais e por grandes plantações de eucalipto, o Sin-dicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Papel e Papelão de Três Lagoas (MS) deflagrou a campanha salarial reivindi-cando 6,38% de reposição da inflação e mais 5% de aumen-to real.

O Sindicato, que represen-ta os 1.200 trabalhadores do setor, está com dificuldade de fechar a data-base, 1º de agos-to, por causa da intransigência patronal. “Embora recebendo recursos subsidiados, que é dinheiro do povo, as indústrias querem nos dar migalhas”, acusou o presidente da enti-dade, Almir Morgão.

E acrescentou: “Nos últimos quatro anos, estas empresas concederam aumentos reais sempre abaixo dos negociados nas unidades baseadas em São Paulo e em outros Estados”.

Almir declarou também que os trabalhadores, transferidos

Os direitos sindicais são desrespeitados em todo o mundo, dirigentes são

perseguidos e mortos e os sin-dicatos sofrem campanha de desmoralização. Apesar dos avanços alcançados em função da luta, o movimento sindical brasileiro também enfrenta problemas semelhantes.

“Ainda há muito o que avan-çar”, avaliou a secretária de Ci-dadania e Direitos Humanos da Força Sindical, Ruth Coelho Monteiro, durante o Fórum Mundial de Direitos Humanos, realizado em Brasília. Segundo ela, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) denunciaram no evento que 1.670 lideranças campone-sas foram assassinadas no País de 2004 a 2012.

Além das mortes, existe uma campanha nacional de desmora-lização dos dirigentes sindicais e dos sindicatos, inclusive com a participação do Ministério Públi-co do Trabalho, por meio de ata-ques sobre as formas de finan-ciamento da estrutura sindical.

“A pressão dos patrões e o trabalho de desmoralização das entidades, conduzidas especial-

Violência se destaca nomercado de trabalho

m u l h e r

CSi quer mais mulheres na direção dos sindicatos

MUlhER perde maiscom o Fator

A Confederação Sindical Internacional (CSI) quer mais mulheres nos cargos de decisão do mo-

vimento sindical. Para isso, lançou a campanha in-titulada “Cuente Con Nosotras” (Conte Conosco), que sugere a homens e mulheres sindicalistas a introduzirem mudanças nas práticas sindicais para aumentar a participação feminina nos sindicatos.

A campanha propõe que 100 entidades filiadas à CSI participem, tendo em vista o 3º Congresso Mundial da CSI em Berlim, Alemanha, em maio

de 2014. Para Nair Goulart, presidenta-adjunta da CSI e presidenta da Força Sindical-BA, aumentar a participação das mulheres nas entidades sindicais continua a esbarrar em obstáculos institucionais.

Entre outros, destacam-se a ausência de me-canismos de controle da inclusão das mulheres, reforçando a persistente sub-representação. Nair ainda afirma que “é preciso divulgar esta impor-tante campanha se quisermos realmente mudar este cenário”.

A mulher é tão discrimi- nada no mercado de

trabalho que ela perde mais com o Fator Previ- denciário do que o ho-mem. Em geral, o Fator achata o valor das apo-sentadorias em torno de 30%, porém as mulheres podem perder 40% do valor mensal, enquanto os homens recebem, em média, 28% a menos.

Isto ocorre pelo fato de que o tempo de contribui-ção para a mulher é de 30 anos, cinco a menos do que para os homens, o que im-pacta diretamente no Fator, afirmam especialistas.

A implementação do Fator ocorreu durante a reforma previdenciária de 1999, substituindo a anti-ga forma de cálculo, que era feita com base nas últimas 36 contribuições do segurado. Hoje, o for-mato considera 80% das maiores contribuições.

Nair: “Precisamos mudar este cenário”

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Auxiliadora: as mulheres ganham 30% a menos do que os homens

pa p e l e pa p e l ã o d i r e i to s h u m a n o s

indústrias oferecem migalhas para os papeleiros

brasil avançou, mas há muito o que fazer

de outros Estados atraídos pela promessa de bons salá-rios, passaram a ter seus ren-dimentos rebaixados pela polí-tica de arrocho.

Tanto que nas outras fábri-cas foram concedidos aumen-tos reais entre 1,5% e 1,8%, enquanto para os empregados de Três Lagoas as indústrias oferecem mísero 0,5% de ga-nho real. “É um absurdo, um desrespeito para com os pape-leiros”, indignou-se o presiden-te do Sindicato. “Esta política é própria de empresas de fundo de quintal”, completou ele. As negociações chegaram a um impasse e o Sindicato vai levar o debate para as bases, a fim de decidir o que fazer.

Almir: “As empresas

recebem recursos

subsidiados, que é dinheiro

do povo”

Ruth: existe uma campanha

nacional de desmoralização de dirigentes e das entidades

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TRABALHADORESOFERTA DAS EMPRESAS

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45%Retorno de férias, implantação de auxílio medicamento e plano odontológico

Não aceitam incluir novas cláusulas na convenção coletiva

6,38%

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60 a 80%

0,5%

R$ 170,00

40%mente pelos meios de comuni-cação, fazem com que a taxa de sindicalização ainda seja baixa no Brasil, em torno de 18%.

Força sindicalA Força Sindical participou do

Dia Internacional dos Direitos Humanos, no dia 10 de dezem-bro, com um debate sobre ‘Di-reitos Humanos no Mundo do Trabalho – Avanços e Desafios’, no auditório da Central.

Convidado para o evento, Ivan Seixas, presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Huma-na (Condepe) e membro da Comissão Nacional da Verda-de, afirmou: “É preciso fazer justiça e cobrar reparação para aqueles que foram privados de sua liberdade, torturados e para familiares dos mortos”.

Cláudio Prado, Neusa Barbosa, Vanderlei dos Santos, Isabel Pinto e Ivan Seixas participaram do evento

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jornal da força sindical — no 88

É consenso entre políticos, jornalistas, intelectuais e demais interessados na

história do nosso País que o quinto Ato Institucional decretado pelos militares marcou o período mais duro da ditadura de 1964. Consenso também é que a rea- ção do governo perante a intensificação dos movimentos de resistência ao regi-me – em especial as guerrilhas armadas, a guerrilha do Araguaia e as greves de Contagem e de Osasco – sinalizava para o endurecimento da política.

O AI-5, decretado pelo presidente mare-chal Artur da Costa e Silva, inaugurou uma série de Atos Institucionais que fecharam cada vez mais o governo, e deram poderes cada vez mais absolutos para o Executivo.

Basta constatar que os quatro primeiros Atos – que viabilizaram a instituição do re-gime militar – promoveram a perseguição política a instituições e pessoas de perfis divergentes àquele pregado pelos milita-res, e impuseram uma nova Constituição, pautada pela Constituição fascista de 1937 – foram decretados entre abril de 1964 e dezembro de 1966 –, em 31 meses, e os outros treze Atos Institucionais foram de-cretados entre dezembro de 1968 e outu-bro de 1969 – em 10 meses.

Em dezembro de 1968 a conjuntura po-litica brasileira era tensa. Além dos movi-mentos sociais que se manifestavam con-tra o golpe, já começavam a surgir pelo País comitês pela Anistia aos presos políti-cos. E o governo, comandado por aqueles que eram considerados “a linha dura” até mesmo dentro do regime, não aceitava ne-nhum tipo de oposição, mostrando-se dis-posto a usar toda sua força para aniquilá-la.

Foi o que aconteceu no episódio em que o deputado Márcio Moreira Alves, do MDB, proferiu um discurso, na Câmara dos Deputados, no dia 2 de setembro da-quele ano. Moreira Alves lançou um apelo para que o povo não participasse dos des-

m e m ó r i a s i n d i c a l

O Ato Institucional no 5, decretado em 13 de dezembrode 1968, autorizava o presidente da República a uma série de ações arbitrárias, como cassar mandatos parlamentares e suspender os direitos políticos de qualquer cidadão

45 anos do famigerado

Ato Institucional no 5

files militares de 7 de setembro, chamou os quartéis militares de “covis de tortura-dores” entre outras coisas. Sua manifes-tação de repúdio foi endossada por outro deputado do MDB, Hermano Alves, que naquele mesmo período escreveu uma sé-rie de artigos no Correio da Manhã consi-derados provocadores.

Considerando tais demonstrações ofen-sivas o governo iniciou um processo para cassar os dois deputados. Entretanto, eles não haviam infringido a Lei, e a possibili-dade da cassação gerou uma tensão polí-tica que se desenrolou até o dia 12 de de-zembro, quando a Câmara recusou (com colaboração de políticos da própria Arena) o pedido de licença para processar Márcio Moreira Alves.

A recusa deixou a cúpula do governo de mãos atadas. Mas no dia seguinte eles da-riam o xeque-mate, promulgando o Ato Ins-titucional número 5, que autorizava o pre-

sidente da República, em caráter excepcional e, portanto, sem apre-ciação judicial, a uma série de ações arbitrárias, como cassar mandatos parlamentares, suspender, por dez anos, os direitos políticos de qual-quer cidadão, decretar o confisco de bens considerados ilícitos e suspen-der a garantia do habeas-corpus.

No mesmo dia foi decretado o recesso do Congresso Nacional, que só seria reaberto em outubro de 1969, para referendar a escolha do general Emílio Garrastazu Médi-ci para a Presidência da República.

No fim de dezembro de 1968, 11 deputados federais foram cas-sados, entre eles Márcio Moreira Alves e Hermano Alves. A lista de cassações aumentou em janeiro de

1969, atingindo não só parlamentares, mas até ministros do Supremo Tribunal Federal.

Com isto sindicalistas, estudantes e todo tipo de ativista de esquerda foram perseguidos, presos, ou entraram para a clandestinidade.

O famigerado AI-5 só seria revogado dez anos depois, no dia 13 de outubro de 1978, pelo presidente Ernesto Geisel. Através de uma política de distensão paulatina do regi-me, Geisel revogou os Atos Institucionais e complementares que iam contra à Cons-tituição Federal1. Com isso ele conseguiu fazer seu sucessor: João Batista Figueire-do, o último general presidente. Figueire-do substituiu Geisel em meio a uma cres-cente crise econômica acompanhada por uma onda de reivindicações trabalhistas.

*Carolina maria ruy é jornalista, coordenadora de projetos do Centro de Cultura e Memória Sindical

1 Através de uma emenda constitucional que entrou em vigor em 1º de janeiro de 1979.

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