elpidio pereira_ norte do brasil e o bailado parisiense. revista brasil-europa 121(2009).ed.a.a

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    Venendo allo stile del nostro maestro, diremo che i suoi primi tentativi nell'arte del comporre sono rivolti all'idealit sincera,senza il desiderio e i capricci a imitare i novelli compositori, la cui arte stata causa di tanti disastri e conflitti deplorevoli.

    Dando quindi questa succinta menzione della vita e del talento dell'artista lottatore, non dubitiamo affermare che ElpidioPereira un degno soldato dell'esercito militante dei nostri compositori lavoratori. Meglio ancora, l'afferma lo stesso elencodei suoi lavori, nei quali, se non c' tutto quanto ci vuole per riuscire nel suo intento, traspare il compositore che porta all'artenazionale un tributo simpatico e lodevole.

    Fra le tante sue composizioni, sono da ricordare: Preludio sinfonico, Ouverture de Tiradentes, Aps a victoria, Une nuit labelle toile, Marcha nupcial, Marcha solemne, Marcha triumphal, Marcha do Calvario, A eterna presena, Yan i madmie(ballo pantomima in due atti e tre quadri) e per gli strumenti ad arco: Minuet, A cano do soldado, Meditao, com arpa eharmonium, e la sua opera Calabar, dramma lirico in 3 atti e 4 quadri, libretto di Eugene e Edmond Adenis, episodio dellaguerra olandese in Pernambuco, in cui il brasiliano Calabar si rese il maggior eroe.

    Quest'opera tuttora inedita, ma che un giorno non lontano vendr la luce, dato la tenacia di propositi dell'autore."(Vincenzo Cernicchiaro, Storia della Musica nel Brasile, Milo 1926, 576-577)

    Constata-se, na srie das obras de Elpdio Pereira, que esse compositor no descuidou de assuntos nacionais, pelo contrrio,uma vez que escreveu obras de maior envergadura dedicadas a Tiradentes e a Calabar, alm de Cano do Soldado emarchas militares, uma delas para grande orquestra, denominada de Saldanha da Gama. O desinteresse pela sua obra por

    parte da historiografia de tendncias nacionalistas reside, assim, no na orientao poltica do compositor, mas no aspectomais propriamente esttico da linguagem musical e do estilo. Assim, Lus Heitor Corra de Azevedo testemunhou uma "puraformao francesa" do compositor.

    "Compositor de pura formao francesa Elpdio Pereira, nascido em Caxias, no Estado do Maranho, a 16 de outubro de1872, cujo bailado Les Pommes du Voisin obteve o mais franco sucesso, em Paris, no Teatro de La Gaiet Lyrique, em1923. Residiu longos anos nessa cidade onde estudou com Antoine Taudou, D. Ferroni e Paul Vidal. Sua obra inclui, alm

    do j citado bailado, a pera de assunto colonial brasileiro Calabar, ainda no ouvida integralmente, o noturno em um atol'Eternelle Presence (texto de Andr Dumas), diversas peas sinfnicas, uma Sonata para violino e piano, peas para piano,canto e piano, etc. Afastado da vida artstica, Elidio Pereira passou a viver em uma pequena cidade da Serra do Mar, pertodo Rio de Janeiro." (Luiz Heitor, 150 Anos de Msica no Brasil, Rio de Janeiro 1950, 104)

    Mais recentemente, a pesquisa regional dirigida ao levantamento de fontes histrico-musicais despertou a ateno aosfundamentos culturais brasileiros na formao de Elpdio Pereira e que relativa a afirmao de sua "pura formao francesa".Joo Mohana, no seu trabalho referente msica no Maranho (A grande msica do Maranho, Rio de Janeiro: Agir,1974,43-44), menciona obras levantadas em diferentes acervos de cidades do interior do Estado, alm daquelas conservadasno Museu Artstico e Histrico do Maranho e na Seo de Msica da Biblioteca Nacional. No seu trabalho de local defontes, deu particular ateno a Caxias, cidade de Gonalves Dias (1823-1864), onde atuou Alfredo Belleza, antigo mestreda Banda Euterpe Cariman e de destaque na memria cultural regional. Essa cidade possuiu, no passado, arquivossignificativos, entre les o da Unio Artstica e do Centro Artstico Caxiense, hoje perdidos (op.cit. 19-20).

    A formao brasileira de Elpdio Pereira surge assim estreitamente vinculada com a esfera da prtica musical de bandas demeados do sculo XIX, merecendo assim ser melhor examinada a partir de critrios adequados a essa prtica nas suasimplicaes histrico-culturais, polticas e sociais. O repertrio dessas corporaes, ainda que de relevante significado naconfigurao de gneros que posteriormente seriam identificados como nacionais, compunha-se de marchas, dobrados e degneros provenientes do repertrio de danas difundidas no Brasil, tais como polcas, schottische e valsas, alm de arranjosde aberturas e outras obras de maior envergadura do repertrio europeu. Sob esse pano de fundo, compreende-se que ummsico assim formado tivesse uma outra concepo da cultura brasileira relativamente quela posteriormente designadacomo nacional.

    Com essa proximidade banda de msica, o universo cultural de Elpdio Pereira foi marcado necessariamente pela atuaodessas corporaes em procisses, desfiles polticos e escolares, feiras populares, retretas, festejos tradicionais em praas,

    parques de diverso e circos, o que abre caminhos para a compreenso de sua futura insero em determinadas correntesculturais e estticas da Frana. O elo que manteve com a vida comunitria de sua cidade natal se manifesta, entre outrostestemunhos, no fato de ter escrito um Hino Caxiense, com letra de Th. Ribeiro Jnior.

    H, porm, um outro contexto de sua formao brasileira que no deveria ser ignorado: o da msica sacra. A esferatradicional por excelncia nas comunidades do interior do Brasil era a da prtica musical nas igrejas, cultivada por mestres

    conscientes do passado local e do repertrio, tambm nas suas conotaes emocionais e no seu significado para a identidadecultural de localidades e regies. Elpdio Pereira teve a sua formao em poca de transio na histria da msica sacra,quando a prtica coro-orquestral passou a ser criticada como demasiadamente profana e susbstituida por obras corais semacompanhamento instrumental de maior porte ou somente pelo rgo ou harmnio.

    Elpdio Pereira teve porm a sua socializao na esfera da tradio orquestral como pice da vida musical comunitria, comoindica o fato de ter escrito obras religiosas, entre elas uma Missa de Nossa Senhora da Conceio. Tambm seria a partirdessa insero na prtica orquestral de igreja que se compreende o fato de ter-se dedicado ao violino. Fora da participaoem execues por ocasio de missas solenes, novenas e grandes festas religiosas, havia para um executante de violinoapenas possibilidades de atuao no mbito da msica domstica e de salo. No levantamento de Mohana, tem-se a citaoda primeira composio de Elpdio Pereira, uma valsa intitulada Recordao. Uma outra valsa, de ttulo Vicentina de Paulo,e peas de ttulos como Dolente, Garbosa e Saltitante sugerem que o compositor inseriu-se na sua juventude numa culturaurbana de salo que, como se conhece de outras regies, foi marcada por dedicaes a pessoas e instituies de destaque nacomunidade e pelos gneros mais em voga na sua poca.

    Sob esse pano de fundo contextual que se poderia considerar mais adequadamente o fato de Elpdio Pereira surgir comoum dos relativamente poucos compositores brasileiros de sua poca que escreveram para violino. H, porm, um aspecto quemereceria ser melhor examinado e que diz respeito relao entre a flauta e o violino na obra de Elpdio Pereira, umrelacionamento que tem dado margens a mal-entendidos. possvel que o compositor haja tambm dominado a flauta na sua

    prtica de banda de msica ou por razes da formao instrumental mltipla que recebiam os msicos no ensino tradicionalproporcionado pelos antigos mestres. Assim, a sua produo da poca inclui uma Legenda para flauta com acompanhamentode piano, dedicada a seu colega Adelman Correa, com transcrio feita pelo prprio autor para violino e piano. O violino,aqui, substitui da flauta como instrumento meldico. A mesma funo exerce o violino na pea Nostalgia, sendo aqui

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    acompanhado por piano e violoncelo e, sobretudo, na Sonata para violino e piano. O instrumento utilizado assim tanto natradio camerstica como na solstica.

    Segundo Mohana, o Museu Artstico e Histrico do Maranho tambm conserva algumas composies com ttulo emfrancs, entre elas um Romance Sans Paroles N 1, para violoncelo e piano, um Romance Sans Paroles N 2; a peal'ternelle Prsence e um Noturno em um ato, msica de cena com libreto de Andr Dumas. Tudo indica que taiscomposies foram criadas j na Europa e trazidas ao Maranho quando do retorno do compositor. O fato de ter escritoromances sem palavras indica a sua orientao romntica, uma vez que sugere as canes sem palavras de FelixMendelssohn-Bartholdy (1809-1847), termo tambm utilizado por outros compositores, tais como P.Tschaikowsky (1840-1893). Digno de ser examinado com maior ateno se um melodismo da tradio seresteira do ambiente de formao deElpdio Pereira aqui se relaciona com o melodismo cantvel das canes sem palavras da tradio europia.

    Mohana menciona tambm algumas obras de Elpdio Pereira conservadas na seo de msica da Biblioteca Nacional, entreelas composies para canto e piano, p..e. Berceuse, texto de Antonio Salles, Rapelle Toi, romance com versos de Alfred deMusset (1810-1857) e Rosas, com texto de Belmiro Braga, alm do drama lrico Calabar, em reduo feita pelo autor e,sobretudo, a msica do bailado Les Pommes du Voisin, em dois atos.

    Maranho-Portugal-Frana

    Alm de considerar-se a sua primeira formao no ambiente tradicional das bandas de msica, da msica de igreja e damodesta prtica domstica da msica de sua cidade natal, Caxias, onde foi aprendiz dos mestres Antonio Cariman e AntonioCoutinho, Elpdio Pereira necessitaria ser examinado luz da vida musical de So Lus, centro musical de particularrelevncia na segunda metade do sculo XIX e tambm de Lisboa. Sabe-se que j estava na capital maranhense em 1890,onde empenhou-se em conseguir meios que pudessem financiar uma viagem de estudos Europa.

    O objetivo, como sempre, era o de poder realizar um aperfeioamento na Frana. Para isso, porm, reconhecia-se anecessidade que se preparasse adequadamente para prestar os exames de admisso no Conservatrio de Paris. Ao contrrio

    de outros msicos de sua poca, que primeiramente se dirigiram ao Rio de Janeiro, Elpdio Pereira foi enviadoprimeiramente a Portugal, passando ento a Paris.

    No Conservatrio, foi admitido como aluno-ouvinte. Passou a assistir cursos de harmonia com Antoine-Barthlmy Taudou(1846-1925). Taudou era violinista e pedagogo de nome, formado no Conservatrio. Como compositor, alcanara, em 1869,o primeiro prmio de Roma com a cantata Franoise da Rimini. Era, desde 1883, professor de harmonia. Elpdio Pereira,com le estudando, inseriu-se numa srie de discpulos que inclui, entre outros, Francisco Braga (1868-1945), CharlesKoechlin (1867-1950), Jacques de la Presle (1888-1969), Joseph-Ermend Bonnal (1880-1944) e Louis de Serres (1864-1942).

    Diferentemente de Francisco Braga, Elpdio Pereira nele encontrou um mestre que executava o mesmo instrumento seu eque atuava em diferentes orquestras de teatros, de concertos e que dirigia um quarteto de cordas que trazia o seu nome(Quatour Taudou). Tratava-se de um msico que possuia uma certa proximidade msica de teatro como autor de LeLuthier de Crmone, de Franois Coppe (1842-1908), escritor de tendncias polticas, que se empenhara no caso Dreifus,fundador da Liga Francesa de Direitos Humanos e interessado na vida do homem simples e de meios sociais modestos dacapital francesa. Tudo indica ter sido na esfera social e cultural do teatro de la Porte Saint-Martin, a cuja orquestra pertenciao seu professor, que Elpdio Costa integrou-se na vida musical parisiense de operetas e de comdias.

    Um ponto a ser melhor esclarecido pela pesquisa o estudo de composio que teria desenvolvido com Domenico Ferroni.J V. Cernicchiaro observara que aqui poderia haver algum engano, uma vez que Ferroni seria sobretudo flautista ("Ferroni,violinista? Non esatto. Lo strumento prediletto dell'insigne maestro il flauto"). (V. Cernicchiaro, Storia della Musica nelBrasile, op.cit. 575-576). Elpdio Pereira teria obtido aulas particulares de harmonia com esse msico, podendo-se supor terantes recebido uma formao acadmica, sem maiores ambies estticas e inovadoras. As relaes entre Elpdio Pereira eFerroni foram porm bastante estreitas, uma vez que o msico brasileiro, retornando posteriormente Europa para dar

    prosseguimento a seus estudos, voltou a procurar esse professor.

    Amazonas poca do apogeu da borracha

    A volta ao Brasil, j em 1892, foi causada por problemas financeiros que atingiu a sua famlia com a crise econmica dosprimeiros anos da Repblica. Possibilidades mais promissoras de vida e de trabalho oferecia a Amaznia, ento no perodode florescimento da extrao e da exportao da borracha. Dirigiu-se primeiramente ao Par, lecionando por algum tempo

    em Belm matrias tericas e violino. Seguiu dali a Manaus, onde j viviam parentes e amigos, em particular o negocianteJoaquim Antnio de Freitas, influente personalidade local que havia obtido, do rei D. Carlos I de Portugal, em 1893, ottulo de Visconde de Vila Gio.

    Elpdio Pereira inseriu-se, assim, por caminhos complexos, corrente de migrantes do Maranho e do Nordeste do Brasilque se dirigiam ao Amazonas nesses anos de expanso econmica da regio. O apoio que recebeu em Manaus deveu-se emgrande parte a Adelelmo Nascimento (1848-1898), violinista e regente baiano de prestgio nacional. Havia-se aperfeioadocom um msico italiano de passagem em Salvador e salientara-se como regente de obras lricas no teatro So Joo. Atuarano Par, onde formara uma orquestra e gozara o apoio do Govrno, enviando-o Europa com o objetivo de estudar osmtodos mais modernos de ensino. Passou os seus ltimos anos em Manaus como diretor do Conservatrio e como

    personalidade acatada no Ginsio Amazonense e na Escola Normal. (V. Cernicchiaro, op.cit. 472-473)

    Em Manaus, apresentou a sua Serenade Brsilienne para violino e piano, criada em Paris, no mbito de um recital deAdelelmo do Nascimento. Essa composio, de ttulo traduzido para Serenata Brasileira, foi adaptada para canto e piano, em1904, com o ttulo de Minha Terra, baseada na Cano do Exlio, de Gonalves Dias. Alis, a adaptao dessa poesia a

    diversas melodias, incluindo casos curiosos como a de "Deutschland ber alles" j foi apontada por alguns pesquisadores(Renato Almeida, Histria da Msica Brasileira 2a. ed., Rio de Janeiro 1942, pg. 356, nota 411).

    Realizou a seguir, no mbito de uma visita sua cidade natal no Maranho, apresentaes em Belm, Teresina e So Lus.Nesta cidade, a convite de Joaquim Franco, passou a pertencer a uma orquestra de companhia de peras que percorria oNorte do pas. Estabeleceu residncia por dois anos em Belm, transferindo-se para Manaus acompanhando o seu pai, entoagente da Companhia de Navegao Maranhense. Elpdio Pereira passou a exercer funes de professor do GinsioAmazonense. Tomou parte tambm em apresentaes realizadas na Catedral de Manaus.

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    Passagem do sculo na Frana (1898-1902)

    Gozando da amizade de Raul de Azevedo, escritor e crtico teatral, chefe de gabinete do Govrno, alcanou uma bolsa doEstado do Amazonas para uma nova estadia destinada a completar os seus estudos na Europa. Elpdio Pereira foi assim umdos brasileiros que vivenciou a passagem do sculo na Frana, onde permaneceu como bolsista de 1898 a 1902. Alcanou nofim de sua estada o sucesso de ver executadas as suas composies em concerto levado a efeito na sala Hoche, onde regeuconjunto formado por elementos da orquestra dos Concerts Lamoureaux. O solista desse concerto regido por Elpdio Pereirafoi o violinista Edgardo Guerra, msico de prestgio nacional, que havia estudado com J. White e se aperfeioado na Europa.Em 1903, realizou-se um novo concerto na mesma sala. Elpdio Pereira pertenceu, assim, aos vrios compositores jovensque tiveram as suas obras apresentadas em concertos no incio do sculo em Paris, entre outros o brasileiro Sylvio DeolindoFres (Veja artigo nesta edio). Passando por Lisboa, a caminho do Brasil, apresentou-se tambm na capital portuguesa.

    Atividades em Manaus e em outras cidades do Brasil

    Em Manaus, as suas obras foram apresentadas no Teatro Amazonas com grupo de cmara formado por msicos de destaqueno meio, em grande parte da Academia Amazonense de Belas Artes. Em maio de 1904, Elpdio Pereira apresentou-se comoregente e compositor em So Paulo e no Rio de Janeiro, aqui no Instituto Nacional de Msica. Em 1906, retornou a Manaus,tendo a esperana de alcanar uma nova bolsa para estudos na Europa, considerando o perodo promissor sob o govrno deAntonio Constantino Nery . Na capital amazonense, atuou tambm como crtico, sob o pseudnimos de Elpis, escrevendocomentrios sobre a temporada de 1907 para o jornal A Plata. Apresentou-se em concertos na Catedral de Manaus, com a

    participao de msicos da Companhia Lrica Francesa, cuja vinda havia sido organizada pelo maestro Joaquim Franco.Comps o Hino Escolar do Amazonas, executado em 1907 por duas bandas militares e um coro de ca. de mil escolares. Em1908, realizou uma excurso pelo Norte e Nordeste do Brasil

    No dia 19 de maro de 1907, Elpdio Pereira realizou um concerto no Teatro Amazonas com a colaborao de msicoslocais. Por adoecimento, o tenente Paulo Silva foi substitudo pela sra. Schiavinato, cantora. O programa constou die obras

    para violino e piano, executados por Elpdio Pereira e Celeste Ramos, entre elas Scne de Ballet, de Ch. de Briot (1802-

    1870). Incluiu obras para conjunto de cordas e piano, sendo aquele formado por Elpdio Pereira, R. Felgueiras, GentilBittencourt, Csar Vesce, D. Roque, Pedro Belfort e Fulgncio Souza; para flauta e violino com acompanhamento de piano,executados por Adelaide C. Costa (piano), Paulino de Melo (Violino), Sobreira Lima (Flauta); peas de Wieniawsky (1835-1880),por Elpdio Pereira e Edelvira Praguer (piano); peas para piano solo, de Moskowsky (1854-1925), por AdelaideCarneiro Costa; peas para piano solo de Chaminade (1857-1944) por Celeste Ramos; obras de Chopin, B. Godard (1849-1895) pela pianista Edelvira Praguer; Quarteto para flautas de F. Kuhlau (1786-1832), executado por R. Benayon, SalesVieira, Manuel de Campos e Sobreira Lima.

    A ltima parte constou de abertura de Tannhuser para piano a quatro mos, violino e violoncelo, por Edelvira Praguer,Adelaide C. Costa, Csar Vesce e Elpdio Pereira; Vision e Am Bach, quinteto de cordas e flauta, de G. Cornetto,constituido por Paulino de Melo, Gentil Bittencourt, Pedro Belfort, Csar Vesce, Fulgncio Soua, Sobreira Lima e G.Cornetto; peas de Kubelik (1880-1940) para piano e violino, por Elpdio Pereira e Celeste Ramos; conjunto de instrumentosde cordas, quatro flautas e piano, formado por Elpdio Pereira, Paulino de Melo, R. Felgueiras, Gentil Bittencourt, PedroBelfort, CesarVesce, Fulgncio Sousa, Benayon, Sales Vieir, Sobreira Lima, M. Campos, Domingos Roque e G. Cornetto(Mrio Ypiranga Monteiro, Teatro Amazonas, 3vol. Manaus: Govrno do Estado do Amazonas, 1966, 758)

    Primeira Guerra Mundial. Estudos com Paul Vidal (1863-1931)

    Uma nova e importante fase na vida de Elpdio Pereira deu-se com a sua viagem Europa em 1913, agora como pensionistado Govrno Federal. Foi, assim, um compositor que gozou do apoio tanto do Estado do Amazonas quanto da Unio, aocontrrio de outros compositores e artistas que no receberam auxlios quando da passagem da monarquia Repblica, aindaque contando com renome e prestgio alcanados atravs de obra de valores reconhecidos.

    Em Paris, passou a estudar composio com Paul Vidal (1863-1931). Recebeu, assim, uma formao agora mais altura dastendncias estticas contemporneas. Vidal estudara no Conservatrio com Jules Massenet (1849-1895) e Csar Franck(1822-1890) e ganhara em 1883 o prmio de Roma. Ensinava desde 1884 no Conservatrio e era regente na pera de Paris ena Opra-Comique.

    A sua obra mais conhecida era o Ballett Maladetta, de 1893. Atravs de Vidal, Elpdio Pereira intensificou as suas relaescom o mundo lrico da pera e, sobretudo, da Opra-Comique, o que seria favorvel para os sucessos que alcanaria aps aGuerra. Tambm sob o ponto de vista composicional acentuaram-se as suas tendncias msica para cena e ballet. Como

    aluno de Paul Vidal, inseriu-se no rol de seus muitos discpulos, entre os quais se contam Jacques Ibert (1890-1962) e oviolinista argentino Mario Casella (1891-1948).

    Em 1914, Elpdio Pereira criou a obra que lhe traria maior sucesso, o bailado Les pommes du voisin. A sua atuao junto comunidade brasileira da Frana intensificou-se como regente em festival de msica brasileira no contexto dos concertosMontreux.

    Calabar na Salle des Agriculteurs

    Em 1921, foi nomeado auxiliar do Consulado Geral do Brasil em Paris. Paralelamente, procurou possibilidades para aapresentao de suas obras e retomada de sua carreira no perodo favorvel para artistas de pases aliados. Para isso, muitoauxiliou a amizade que desenvolveu com Joo de Souza Lima (1898-1982), chegado em 1919 a Paris. Com os seuscontactos na pera e na Opra-comique, e com o excepcional talento pianstico de Joo de Souza Lima, desenvolveu-se umrelacionamento que foi para ambos produtivo. Assim, pediu a Souza Lima que apresentasse, ao piano, a elementos do Corpode Baile da pera de Paris. Dessa apresentao surgiram contatos que possibilitaram a Souza Lima que frequentasse

    regularmente as apresentaes realizadas na casa de espetculos.Em outro concerto, na Salle des Agriculteurs, Souza Lima acompanhou, ao piano, cantores franceses quando daapresentao concertante da pera Calabar de Elpdio Pereira. Essa obra, com libretto de Eugne Adenis (1838-1901) eEdmond Adenis havia sido iniciada no Amazonas, terminada porm na Frana, no segundo decnio do sculo XX.

    As dificuldades para a sua apresentao tinham sido muitas, e somente no incio da dcada de 20 o seu autor conseguiu lev-la, ainda que em reduo para piano. Souza Lima deixou um depoimento a respeito dessa apresentao e da orientao

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    estilstica do compositor:

    "Este tornou-se muito meu amigo, e mais ainda, meu admirador. Msico sincero,sem preocupao de escrever obra de vanguarda, nem com feies excntricas, eraaluno do mestre Paul Vidal. Entre suas composies a mais importante era a peraCalabar, que foi apresentada ao pblico em carter de concerto na Salle desAgriculteurs, com intrpretes, todos cantores franceses, fazendo eu, no piano, asvezes de orquestra, naturalmente numa reduo que j se achava impressa. Trata-sede um trabalho sincero, bem arquitetado, porm de construo ainda um poucoacadmica. Seu autor, como j disse, no era dado a arroubos harmnicos, nem afaturas extravagantes. Foi bem cantada, contou com excelentes cantores e o pblicoo recebeu com simpatia, ouvindo com ateno e interesse, tendo sido o libretoredigido pelos conhecidos libretistas irmos Adenis. Trata-se de um episdio danossa histria: a guerra de conquista do Brasil pelos holandeses. A imprensa foi

    bondosa, destacando com elogios alguns de seus trechos, assim como a minhaparticipao". (op.cit.pg. 83)

    Les Pommes du Voisin no Thatre de la Gait

    O maior sucesso de Elpdio Pereira foi a apresentao do bailado Les Pommes duVoisin em 1923, no Thatre de la Gait, onde foi levado 76 vezes. Esse teatro eraconsiderado o teatro de Boulevard por excelncia. Possuia uma histriamovimentada, remontante ao sculo XVIII, ento Thatre des Grands Danseurs duRoi. Atravs de decreto de Napoleo, de 1807, passara a limitar-se apresentao de

    pantomimas, no podendo levar bailados.

    Aps a Restaurao, em edifcio reconstrudo, tornou-se local de apresentao de

    melodramas populares. Aps um incndio, foi reconstrudo e, poca daremodelao de Paris, demolido, em 1861. Em novo edifcio, sob a denominao deThatre de la Gait-Lyrique, tornou-se uma das principais casas dedicadas opereta.O significado do Thatre de la Gait aps a Primeira Guerra Mundial deveu-se apresentao dos Ballets Russes de Sergei Diaghilev (1872-1929), em 1918.

    O considervel sucesso de Les Pommes du Voisin de Elpdio Pereira dirige aateno a uma esfera da cultura francesa, sobretudo daquela de teatros de Boulevarde de espetculos de pantomima e de bailados marcada por um interesse pela cultura

    popular urbana, pelos divertimentos do homem simples das cidades. Se, em crculosde tendncias nacionais do passado e daquelas mais conservadoras o interesse haviasido voltado sobretudo para um folclore regional e rural, houve correntes maisvoltadas vida popular da grande cidade. Essas tendncias seriam gradativamentesuplantadas com a influncia norte-americana na vida cultural urbana.

    "Antes de o Music-hall tomar o lugar que ocupa na sociedade moderna, o honestooperrio voltava para casa e ia pacatamente distrar-se ao som das charangas de feira.Estas msicas de feira eram para o operrio o que so as canes para oscamponeses. Era o tempo dos cavalinhos de pau e dos circos ambulantes. Osmusicistas no deixavam de aproveitar o humor um tanto grosseiro, mas sadiodesses divertimentos. (...) Lus Ganne celebrava com bonomia a gente de circo nosSaltimbancos e Delibes divertia-se a fazer cantar um pitoresco Marchand d'oublies.A verve de Florent Schmitt espalhava a sua alegria s nas seis peas das Msicasforasteiras.Este riso franco e esta ingnua alegria foram pouco a pouco perturbados pelassacudidelas brutais e rgidas dos desengonos inglses e americanos" (AndrCoeuroy, Panorama da Msica Contempornea (...), So Paulo: 1957, 125-126).

    (...) Haver sempre fabricantes de grandes peras. Todavia na pantomima, nacomdia com msica ou no bailado que a gerao nova quer descobrir novoselementos. Quando digo a gerao nova, quero assim designar no s aqueles que

    so novos pela idade, como tambm os compositores exprimentados, que, apesar deprovidos de numerosa bagagem intelectual, no hesitam em abandon-la beira daestrada, para tentarem descobertas e dar curso mocidade de seu esprito. (op.cit.143)

    (...) No por capricho ou por mero acaso que V. d'Indy, aos 75 anos, escreve e regeessoalmente a o ereta O Sonho de Ciniras. ue a msica de o ereta trate ho e de